Lição 14

Ministério pastoral:
especial e essencial
Texto bíblico: Marcos 3.13-14

O ministério pastoral na Igreja também é resposta do amor divino. Pastores e

pastoras são pessoas levantadas por Deus para cuidar, edificar, instruir e orientar
a comunidade de fé, a fim de que ela seja aperfeiçoada e capacitada para a Missão.
Sendo assim, são pessoas levantadas para cuidar do rebanho de Cristo.
Cremos na necessidade e importância de nos deixarmos pastorear por Deus,
através destes homens e mulheres que Ele chama, mas, cremos também na neces-
sidade do cuidado mútuo. Pastores e pastoras também necessitam de cuidados e a
Igreja é chamada a exercer essa função.

9
96 EM
MMMARCHA
A CH
ARC A
 Fundamento bíblico
Em Marcos 3.13-14, temos um re-
lato de que Jesus chamou para si quem
Ele quis e depois os enviou para pregar,
curar e expulsar demônios. Homens e
mulheres são chamados por Deus para
perto de si. Todos eles e elas são desig-
nados igualmente à salvação e ao ser-
viço. Porém, cada pessoa é enviada ao
serviço de Deus conforme o dom que
recebeu e que desenvolve. A diferença
entre as pessoas, portanto, não é quem
é superior ou inferior, mas o tipo de ser-
viço a que cada uma é enviada.
Eu escolhi vocês – este é o chamado
(Marcos 3.13; João 15.16). Ele significa
que Deus, em Cristo, tem para nós um
olhar especial. Cremos que Deus não
tem pessoas favoritas, que Ele chama a
todas elas para um relacionamento com
Ele. Mas, ao mesmo tempo, Ele reco-
nhece em cada uma sua especial forma
de ser, sua singularidade – e Ele dá valor
a isso especialmente. Devemos reco-
nhecer este valor em nós e nas pessoas
ao nosso redor.
Eu designei vocês – este é o envio
(Marcos 3.14). Ser a escolha é receber
o relacionamento vital que capacita.
Receber a designação significa que Deus
reconhece a capacidade humana e a po-
tencializa pelo seu Espírito (Filipenses
1.6, 2.13; Salmo 138.8a) para realizar
aquilo que nós apenas não poderíamos
(João 15.5b). Receber a designação de
Cristo para a tarefa missionária e trans-
formadora de vidas é um privilégio a
compartilhar. Não confiar demais no que
podemos fazer, mas regozijar-nos pelo
que Deus, em Cristo, quer ter conosco
e nos conceder: uma vida plena! Assim,
quando for difícil fazer, corramos para
perto Dele outra vez e enchamo-nos de
novo desta chama viva – seu chamado
para perto.
Dentre as vocações bíblicas, está o
ministério pastoral (Efésios 4.11). Ser
pastor e pastora é uma alegria, um pri-
vilégio e um desafio. “O pastorado é um
dentre os ministérios da Igreja. É uma ins-
tituição apostólica que consagra e ordena
pessoas vocacionadas e reconhecidas
pela Igreja. Esse ministério, desde o Novo
Testamento, passando pela Reforma até
hoje, está voltado para a unidade do cor-
po de Cristo, para a correta ministração
dos sacramentos, para o zelo na prega-
ção da palavra, além de outras tarefas
pastorais” (Colégio Episcopal da Igreja
Metodista, 1997, p. 20).
Palavra que ilumina a
vida
Jesus nos afirma em João 10.1-
13, que existem pastores e mercená-
rios (homens e mulheres que são fiéis
à vocação e homens e mulheres que
subvertem a vocação). O mercenário é
aquele personagem conhecido por ser
contratado por dinheiro. É eficiente, ca-
paz, bem-sucedido na tarefa, mas não
tem apego à missão ou aos valores de
RAÍZES DA NOSSA FÉ 97
quem o contrata. No sentido figurado,
é aquela pessoa que pode estar à fren-
te do rebanho por motivos outros que
não a firmeza do chamado para perto
de Jesus e para o envio ao mundo. Ser
mercenário não é apenas uma questão
de enriquecimento ou de dinheiro, mas
uma questão de ter a missão como cen-
tro de sua atuação ou não.
Há uma tendência muito forte em
se apontar os mercenários e mercená-
rias do nosso tempo e, diante de tantos
agravos muitas vezes a tarefa do bom
pastor e da boa pastora pode passar
ao largo. Os escândalos chamam mais
a atenção do que a fidelidade ao envio
de Cristo, e algumas vezes, o mau teste-
munho de algumas pessoas pode preju-
dicar a imagem de outras.
Contudo, a figura do pastor e da pas-
tora dentro de uma comunidade de fé é de
fundamental importância, tendo em vista
sua incumbência divina de cuidar daque-
les e daquelas a quem Deus lhes confiou
(1Pedro 5.2). Ser pastoreado e pastoreada
é abrir-se para o cuidado divino. Cremos
que quando uma comunidade caminha sob
os cuidados pastorais ela não é somente
disciplinada ou exortada, mas também for-
talecida e aperfeiçoada na obra do Senhor.
Mas, o ministério pastoral, muitas
vezes, é doloroso e solitário. É exigente
e radical. Pastores e pastoras que rece-
beram o chamado e têm essa vocação
sabem, com certeza, que responder a
este chamado é grande bênção na vida.
Porém, não há como negar que as mui-
98 EM MARCHA
tas exigências e preocupações diárias,
por vezes, podem sugar as forças físi-
cas e emocionais de muitos pastores
e pastoras. Muitas vezes, para atender
às demandas da comunidade e da ins-
tituição, a família pastoral é sacrificada.
São verídicas as pesquisas que apontam
que há muitos familiares de pastores e
pastoras que se queixam do ministério
pastoral, por ter alguém tão presente na
igreja e tão distante da família.
O bispo Nelson Luiz Campos Leite,
em seu livro “Pastoreando pastores:
vocação família e ministério”, apresenta
algumas queixas de familiares à respei-
to de pessoas da família que exercem o
ministério pastoral.
• “Casou-se com a igreja e abandou
a esposa (ou o marido) e os filhos/as”.
Essa frase é dita por esposas à respeito
do marido que é pastor, e do marido cuja
esposa é pastora.
• “Papai não me dá atenção. Sempre
está ocupado demais para me conside-
rar”. Frase dita por uma criança, filho de
um pastor.
• “Gostaria de der tempo para a mi-
nha família, mas a Igreja exige demais de
mim, e o pior é que meus familiares não
entendem o meu drama”. Frase dita por
um/a pastor/a. (LEITE, 2005, p.44-45).
Existe uma grande carência relacio-
nal na vida de muitos pastores e pas-
toras, e isso é um dos fatores que nos
levam a ver tantos desses homens e
mulheres de Deus sobrecarregados(as),
cansados(as), doentes do corpo e alma,
e, algumas vezes, deixando o ministério.
É muito importante que nossos pas-
tores e pastoras estejam e se sintam
bem, em todos os sentidos, para que o
seu bem estar, a sua espiritualidade e a
sua alegria reflitam na vida de toda co-
munidade. Talvez você já tenha ouvido
que se as famílias da igreja estiverem fra-
cas, adoecidas, a igreja sofrerá com isso,
podendo também adoecer e enfraquecer.
Imagine então no que diz respeito ao lar
e ao bem estar do pastor e da pastora.
Assim, percebemos que a igreja, que
constantemente é cuidada, também pre-
cisa cuidar de líderes. Esse cuidado abran-
ge as orações, o respeito, a tolerância
diante de falhas, o companheirismo e etc.
Somos Corpo de Cristo e precisamos
nos ajudar mutuamente, incentivando a
fé de todas as pessoas, mas, por vezes,
esquecemos que esse cuidado também
deve ser destinado ao corpo pastoral.
Pastor e pastora são seres humanos, su-
jeitos às mesmas paixões que as demais
pessoas (Tiago 5.17), e a igreja precisa
exercer o ministério do amor e cuidado
para com eles e elas também. Essa empa-
tia produz relacionamento e todo o corpo
cresce. Valorize seu pastor e sua pastora!
Conclusão
Na Bíblia, a tarefa pastoral da Igreja
Primitiva era muito mais simples do
que hoje. O crescimento das institui-
ções e a necessidade de atender a mui-
tas novas demandas, tanto do mundo
em geral quanto dos governos e orga-
nismos, certamente complica um pou-
co mais a tarefa pastoral no dia a dia.
Compreender isso é parte da tarefa
da igreja para que possa contribuir de
modo mais efetivo também no minis-
tério de seu pastor ou pastora.
Existem sim, mercenários e merce-
nárias em nosso mundo, mas, não se
deixe enganar por isso. Observe quantos
homens e mulheres são fiéis à vocação
que receberam. Aprecie essas pessoas.
Ore por elas, manifeste o seu amor.
Para conversar
Essa aula lhes ajudou a olhar para
seu pastor ou pastora com outro olhar?
Conversem um pouco sobre isso e pen-
sem em algo que poderiam fazer hoje
ou essa semana para abençoar a vida de
seu pastor ou pastora.
Leia durante a semana:
Domingo: Marcos 3.13-14
Segunda-feira: Efésios 4.11
Terça-feira: João 10.1-13
Quarta-feira: João 15.5
Quinta-feira: Filipenses 1.6; 2.13;
Sexta-feira: Salmo 138.8
Sábado: Hebreus 13.7 e 17
RAÍZES DA NOSSA FÉ 99