Você está na página 1de 6

1

Pergunta 1 a 3 do BCW–
Introdução:
Crianças, nós, a IPB cremos em uma teologia pactual. Mas que diacho é isso?
Teologia pactual. Teologia é o estudo e o conhecimento da revelação de Deus aos homens,
em especial, a seu povo eleito. Pactual tem a ver com aliança. Deu se revelou e se relaciona
com seu povo através de uma aliança, ou pacto. Nós, presbiterianos, cremos que Deus fez
com os adultos que creem, e com os filhos destes, um pacto eterno de ser o Deus deles e de
fazer deles o seu povo exclusivo sobre a terra. Vocês são herdeiros da aliança de Deus com
seus pais e precisam conhecer a fé de seus pais por meio da revelação de Deus aos homens.
Para isso, as confissões de fé e os catecismos reformados são excelentes ferramentas
para imprimir em nossas mentes. Por isso passaremos os próximos meses estudando o Breve
Catecismo de Westminster, que juntamente com o Catecismo Maior e a Confissão de fé de
Westminster, escritos pelos puritanos no século 17, formam os padrões doutrinárias adotados
pela Igreja Presbiteriana do Brasil.
Se vocês se esmerarem em aprender o Breve Catecismo, eu lhes garanto que a fé de
vocês será robusta e vocês estarão capacitados a responder ao mundo a razão da vossa fé,
muito melhor do que a maioria das pessoas que se auto intitulam pastores em nossos dias.
Conhecendo e guardando a fé reformada que nos é ensinada no Breve Catecismo de
Westminster, associando isso a prática de uma vida piedosa, com uma vida de comunhão
pessoal com Cristo através da leitura das Escrituras e oração, vocês estarão prontos para
receber “louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1.7) . Que o Senhor abençoe nossos
estudos. Amém!
Passemos a primeira das 107 perguntas do nosso Breve Catecismo:

Pergunta 1 - Qual o fim principal do homem?


O fim principal1 do homem é glorificar a Deus e desfrutar da sua presença para
sempre2.

1 - O sentido da palavra “fim”


A palavra “fim” tem sentido de: alvo, intenção, propósito. É muito importante
observarmos como a palavra fim está associado a palavra “principal”. Isso mostra que o homem
tem muitos propósitos nesta vida, mas o principal é glorificar a Deus. A Palavra glória,
traduzida do hebraico e do grego significa algo estimado (valioso), digno de honra, que resulta em
louvor. Então, viver para glorificar a Deus é viver para revelar ao mundo o quanto estimamos,
honramos e apreciamos o valor e caráter de Deus. É viver para mostrar ao mundo que Deus é de
supremo valor na minha vida, por isso, vivo para agradá-lo.
2

Tudo existe para glorificar a Deus, ou seja, para exaltar o valor supremo de Deus, e
isso vale para nós também. Por isso está escrito em Rm 11:36: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são

todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente amém” . Todas a coisas existem para Deus, inclusive você.
Na prática, isso significa que quando você estiver cumprindo seus propósitos, seja nos
estudos, ao brincar, ao fazer amigos, ao pensar em sua profissão, ao assistir TV, ou usando o
celular você deverá ter o consciente desejo de glorificar a Deus. Até quando você está
comendo você deve pensar em glorificar a Deus: “quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa,
faça para a glória de Deus” 1 Co 10:31. Portanto, se você não gosta de comida saudável, como salada
por exemplo, você não honra sua vontade, mas a de Deus, e come salada para fazer bem a seu
corpo, que é criação de Deus e te foi confiado para ser bem cuidado.
Glorificamos a Deus quando fazemos o que fazemos para agradar a Deus e não a nós
primariamente. Muitas vezes, o que nos agrada é desagradável ao Senhor, por isso, devemos
negar nossa vontade e fazer aquilo que fará com que todas as pessoas vejam que amamos a
Deus mais do que todas as coisas. Jesus nos ensinou quando disse a seus discípulos em Mt 5:16,
“Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos

céus”. Quando o mundo vê que amamos a Deus mais do que todas as coisas, inclusive mais do
que nossos próprios desejos, estamos glorificando a Deus.
Glorificar a Deus é viver para a alegria Dele e fazer disso a nossa alegria. Isso pode ser
dito da seguinte forma: “Agrada-te do Senhor” (Sl 37.4) e “tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-
o para em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus” (Cl 3:17).

2 - Por que a palavra “glorificar” vem antes de “deleitar”?


Se a palavra “deleitar-se” viesse antes, correríamos o risco de achar que Deus existe
para o prazer do homem, e não o homem para o prazer de Deus. A Bíblia diz no Sl 16:11“Na tua

presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” . Mas essa alegria vem por estarmos em
um relacionamento correto com Deus, não somente porque ele nos dá coisas. A vontade de
Deus deve sempre vir antes e prevalecer sobre a nossa, exatamente como nos ensina o Sl 37.4:

“Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do seu coração” . Quando nosso desejo for somente por coisas
que agradam a Deus, então podemos pedir ao nosso Pai Celeste certos de que Ele não nos
negará nada que nos ajude a agradá-Lo.
O BCW começa nos ensinando não sobre a salvação, nem sobre as promessas, mas
começa colocando-nos num relacionamento correto de serviço ao Senhor. O dever do homem
é “glorificar a Deus” e o destino dos que vivem para glorificar a Deus segundo sua Palavra é
“desfrutar a sua presença para sempre”.

Pergunta 2 – Que regra Deus nos deu para nos orientar quanto à maneira de glorificá-lo e gozá-lo?
3

Será que existe uma regra geral e absoluta que se aplica a todos os homens, em todas
as nações para todas as épocas? O nosso BCW nos responde dizendo que:

A Palavra de Deus que se encontra nas Escrituras do A.T e N.T 1, é a única regra para
nos orientar na maneira de glorifica-lo e gozá-lo2.

1 – O que é a Palavra de Deus?


O Catecismo Maior de Westminster nos ajuda dizendo que a Bíblia

É a Palavra de Deus revelada nos 66 livros do Antigo e Novo testamento [...]. (Resp. 3
CMW)

Então, podemos resumir dizendo que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus registrada
nos 66 livros do Antigo e do Novo Testamento.

Mas o que são os 66 livros:


A Bíblia está dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento. O A.T testamento
contêm 39 livros, que precedem e apontam para o nascimento de Jesus Cristo.
Todo o A.T aponta para o Messias que haveria de vir e como Deus preparou todas as
coisas para o envio do seu Filho. O N.T com seus 27 livros, é cumprimento da chegado do
Filho de Deus que veio ao mundo para salvar seu povo do pecado, “ele salvará o seu povo dos seus

pecados” (Mt 1:21). Mas devemos tomar algum cuidado com os chamados

Os livros apócrifos:
São os 7 livros extras (Tobias, Judite, 1Macabeus, 2Macabeus, Eclesiástico,
Sabedoria, Baruque) e as 3 histórias extras encontradas nos livros de Ester e Daniel na Bíblia
católica. Esses livros não são considerados inspirados pelo Espírito Santo de Deus, antes, são
contados como frutos da mente humana. E porque não são considerados inspirados? Alguns
motivos são: 1 - Os judeus do Antigo Testamento não reconheceram esses livros como
inspirados. 2 – Alguns ferem diretamente a mandamentos bíblicos. 3 – Jesus Cristo e nenhum
dos outros apóstolos jamais citou qualquer um deles no N.T.

2 - Porque precisamos da Bíblia como uma regra?


Porque apesar da natureza humana e das obras da criação (chamada revelação
geral) claramente testificarem que existe um Deus; porém; elas não são suficientes
para dar ao homem o conhecimento de quem é esse Deus e da sua vontade sobre o
que é necessário para a salvação. (CFW 1.1)

Essa resposta nos ensina que sem a Bíblia não teríamos nada para nos explicar nossa
origem, nosso estado, necessidades e destino. Não saberíamos nada sobre Deus e não teríamos
4

padrões absolutos para determinar o que é bom e o que é mal. Por isso, de acordo a Confissão,
Deus se revelou de duas formas: Ele nos deu uma revelação geral e uma revelação especial.
Na revelação geral Deus se manifesta a todas as pessoas através da natureza:
”Porquanto, o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque
os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade,
claramente se reconhecem desde o princípio do mundo, por meio das coisas que foram criadas. Tais
homens são por isso indesculpáveis” (Rm 1.19-20 e também sl 19.1-4)

A revelação geral, ou natureza, está à disposição de todos os seres humanos. Todos


podem olhar para o mundo, e, observando sua ordem, beleza, variedade, precisão chegar à
conclusão de que tudo isso aponta para uma mente criativa e um braço poderoso. Contudo ela
não é capaz de nos ensinar quem é o Deus que criou todas as coisas, não nos ensina sobre o
pecado, sobre Cristo, o caminho que Deus proveu para nossa salvação e como devemos viver
para agradá-Lo. Por isso, precisamos de uma revelação especial que nos ensine essas coisas.
Precisamos da Bíblia, a revelação especial de Deus para seu povo Is 59.21. Precisamos
de uma regra que sirva para todas as pessoas, em todos os lugares do mundo, em todas as eras
para nos ensinar a mesma coisa sobre quem somos, o que precisamos, e um padrão de como
viver para agradar ao nosso Criador. Para que nossos corações corrompidos não atribuíssem
as obras da criação aos ídolos da nossa mente criativa e enganosa, para que não vivêssemos
cada um segundo seus próprios caminhos egocêntricos e destrutivos, aprouve a Deus revelar-
se por meio da Palavra Escrita: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para
a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16).

Essa revelação especial, isto é, a Bíblia, ainda que tenha sido escrita por homens, é
infalível, porque procede de um Deus perfeito e não meramente da mente humana conforme
aprendemos em 2Pe 1.21: “porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens

santos, falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” . E, de acordo com Jesus Cristo, somente ela
pode nos ensinar o caminho da vida eterna: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e

são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5.39).

Portanto, a autoridade das Escrituras procede dela mesmo, visto ser ela a voz escrita de
Deus, o qual é perfeito. Por isso, a Bíblia é perfeita e infalível, assim como Deus é perfeito e
infalível. A Palavra revelada de Deus é a única regra a ser seguida sobre tudo o que se deve
crer para a salvação e sobre o modo como se deve viver para a glória do Senhor. A Palavra do
Senhor, como regra, é a autoridade máxima na vida do crente . Ninguém pode colocar nada
acima dela, nem a consciência, nem a tradição, nem a igreja, nem homens. Somente a Palavra
é juiz sobre todas as questões de fé e de como se deve viver.
5

Porque é necessária uma regra assim?


Porque sem uma regra absoluta que sirva a toda a humanidade, em todos os tempos,
em todos os lugares, cada um adoraria a Deus de modos não aceitáveis a ele. Além disso,
nunca saberíamos do nosso estado de condeção, a provisão de Deus para a nossa salvação e
como viver uma fé que agrade a Deus. Além do mais, a Bíblia é uma regra absoluta para toda
a humanidade sobre o que é bom e mal, justo e preservo, ensinando os seres humanos padrões
que nos permite estabelecer valores e permite que possamos viver de forma organizada,
praticando a justiça e punido os perversos.

Como sabemos que a Bíblia é a palavra de Deus?


Há muitos motivos que poderiam ser citados, tais como sua harmonia literária ou os
achados arqueológicos, porém, a mais importante evidência para o reconhecimento de que a
Bíblia é a Palavra de Deus é a fé de que “nunca nem jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana,
entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movido pelo Espirito Santo” (2 Pe 1:20) , por isso, pela ação do
Espirito Santo em nossos corações (Jo 16:13-14), cremos que “Toda Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm
3:16), e que essa Escritura é a própria verdade de Deus (Jo 17:17).

Pergunta 3 – Qual é a coisa principal que a Bíblia nos ensina?

As Escrituras principalmente nos ensinam sobre o que o homem deve crer acerca de
Deus1 e o que Deus requer do homem2.

1 – Em que devemos crer? De todas as coisas que a bíblia nos ensina e nas quais
devemos crer, a principal delas é esta: “Viu Deus tudo quanto fizera [incluindo o homem], e eis que era muito

bom” (Gn 1.31), mas o ser humano, criado a imagem de Deus, se rebelou contra seu Criador e
“assim por um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, e assim também morte passou a todos

os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Todos os homens se tornaram cegos para Deus, escravos
de Satanás, condenados em seus pecados (At 26.18), pois “todos pecaram” (Rm 2.23), e por isso, todos
nós estávamos “mortos em vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). Mas “Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do
grande amor com que nos amou” (Ef 2.4), “[...] amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo o

que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3.16) . Isso significa que Jesus Cristo, quando “nós ainda

éramos pecados” (Rm 5.8), nos “amou e a si mesmo se entregou por” nós numa cruz (Gl 2.20). Por isso, agora
que Deus proveu tudo o que é necessário para nossa salvação, ele ordena “aos homens que todos, em

toda parte” (At 17.30): “arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos

pecados” (At 2.38). Mas para isso, é necessário que cada um de nós, confessando “com tua boca... Jesus

como o Senhor” e crendo em seu coração que “Deus o ressuscitou dentre os mortos” (Rm 10.9) . Se assim “crê
no Senhor Jesus[...] serás salvo” (At 16.31).
6

2 – E o que Deus requer de todos os seres humanos? Essa resposta foi muito bem resumida
pelo profeta Miquéias em 6:8, quando explicou que “Ele [Deus] te declarou, ó homem, o que é bom e que é

o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” . Fazer o
que é bom, praticar a justiça e ter misericórdia. Sem a Bíblia não podemos definir o que é
justiça, bondade ou misericórdia.
Nisso devemos crer (1) e assim é como devemos viver para a glória de Deus (2).
Conclusão.
A verdadeira felicidade constitui-se em vivermos para o propósito pelo qual fomos
criados. Quando Adão e Eva se desviaram do propósito pelo qual foram criados, a criação
conheceu a morte, a dor, e o sofrimentos. Nossa felicidade está em viver para a satisfação
daquele que nos criou, mas isso seria impossível sem a Bíblia. É ela que nos explica a causa
de todos os sofrimentos que conhecemos neste mundo: O pecado. É ela também que nos
explica qual é a solução: A obra redentora de Cristo. E é ela também que nos garante, que no
fim dos tempos, quando Cristo voltar, todas as coisas serão restauradas como no princípio
eram. A morte será banida e não haverá mais lágrimas. Além disso, é a Bíblia que nos serve
como uma regra para nos ensinar em que devemos crer, e como devemos viver para a glória
de Deus, que é a única maneira de vivermos para experimentar a verdadeira e eterna
felicidade.
Que vivamos para conhecer a Deus e agradá-Lo segundo o ensino da Sua Palavra.
“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação do todo o dia” Sl 119:97

Aplicação: 1) Memorize o que aprendemos sobre que a Bíblia diz que devemos crer. 2)
Reescreva as perguntas e respostas de cada pergunta estuda e faça um desenho para ilustrar a
resposta.

Você também pode gostar