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Perguntas 4 a 6 do Breve Catecismo de Westminster


Introdução:
Na lição passada aprendemos que o fim principal do homem é glorificar a Deus e
desfrutar da sua presença para sempre. Para isso, era necessário que conhecêssemos a vontade
de Deus, por isso, Ele nos deu a Sua Palavra para ser uma regra sobre tudo o que se deve crer
para a salvação e como viver a fé cristã de modo agradável a Deus. Hoje nosso Catecismo irá
nos ensinar sobre quem é Deus

Pergunta 4 – Quem é Deus?


Se alguém te pedisse para responder essa pergunta, vocês saberiam responde-la, ou
simplesmente diria o mesmo que as pessoas que não conhecem a Deus dizem: Deus é tudo! E
então, o que você diria?
Essa é seguramente uma resposta que todo crente precisa saber, e nosso Breve
Catecismo nos ajuda com isso definindo Deus com 10 palavras:

Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade,
justiça, bondade e verdade.

Com essa resposta temos o suficiente para entendermos o que Deus é e o que ele faz.
João 4:24 nos diz que Deus é Espírito e deve ser adorado segundo a verdade que ele
revelou a cerca de si mesmo: “Deus é espírito, e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.
Já Ex 3:14; Jó 11:7-9; Sl 147:5 nos ensinam que Deus é infinito, inesgotável em si mesmo,
em conhecimento e impossível de se medir. O Sl 9:1-2 no revela que Deus é eterno. O Sl
139:1-14 e Hb 4:13 – nos mostra que Deus sabe de todas coisas (onisciência). Malaquias 3.6 e
Tiago 1.17 afirmam que Deus é imutável, ele pode mudar sua natureza moral (mentir, ser
injusto) e racional (ser ou tornar-se irracional). Jó 12:13 nos fala da eterna sabedoria de Deus.
Apocalipse Ap 4:8 nos conta que Deus é todo-Poderoso, mas 2Tm 2:13 nos diz que isso não
significa que Deus pode fazer qualquer coisa, pois ele não pode, por exemplo, “negar a si mesmo”.

Isso significa que não falta poder para fazer tudo o que ele decretou que irá fazer. Em Isaias
6:3; Ap 15:4 aprendemos que Deus é triplamente santo. Esse é o principal atributo de Deus, o
único triplamente exaltado. Em Rm 2:4 Paulo fala da bondade de Deus e Jo 14.6 afirma que
Deus é a própria verdade.

Por que é fundamental saber quem Deus é e não somente que Deus existe?
Porque segundo Hebreus 11:6 “É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele
existe”. Todavia, se alguém crê que Deus existe, esse alguém precisa crer em Deus conforme
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Ele se revelou em sua Palavra. Caso contrário, ele estará crendo não no Deus da revelação,
mas no Deus da sua criatividade. Sobre isso, João Calvino disse nas Institutas:

Os homens miseráveis, na busca por Deus, não se elevam acima de si, como seria
esperado, mas querem medi-lo segundo a dimensão de seu entorpecimento carnal.
Negligenciando a verdadeira procura [...] passam a vãs especulações. E, assim, não
aprendem a Deus tal como Ele se oferece, mas o imaginam tal como o que fabricam
com sua temeridade... em seu lugar, cultuam, não a Ele mesmo, mas antes a ficções e
sonhos de seus corações. (2008, p. 47).

O que Calvino está dizendo é que o homem, no seu estado não regenerado, ou
miserável, cultua um ídolo criado pelos achismos de mentes corrompidas, e não ao Deus que
se revelou na criação e na sua Palavra. Mas se queremos ser achados verdadeiros adoradores,
precisamos conhecer o Deus da revelação e não o Deus que eu criei conforme minhas
preferências. Para isso precisamos conhecer

Os atributos de Deus
A teologia chama as característica e qualidades de Deus de atributos. Atributos são
particularidades, qualidades e características que são próprias de alguma coisa ou de alguém.
Quando nos referimos aos atributos de Deus, eles se dividem em dois grupos:
 Incomunicáveis – São aqueles que pertencem somente a Deus e não se
encontram em nenhuma de suas criaturas. Ser infinito, Todo-poderoso,
Onisciente, imutável, etc.
 Comunicáveis – São aqueles que, em alguma medida, são encontrados no ser
humano: sabedoria, santidade, justiça, bondade, verdade, amor, etc. É claro
que, em nós, comparados com os de Deus, esses atributos são limitados e
imperfeitos.

Mas podemos saber mais sobre Deus. Por exemplo, com tantas religiões, será que
existe mais de um Deus? Essa é a próxima questão do BCW.

Pergunta 5 – Há mais de um Deus?

Só existe um único Deus, que é o Deus vivo e verdadeiro.

O Credo de Israel, o povo de Deus no Antigo Testamento está resumido em Dt 6:4: “Ouve
o Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” . Este Credo afirma que Yahweh, o Deus cristão, é o um
único Deus que existe. O próprio Yahweh confirma essa verdade em Isaías 45.5 quando diz:
“Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus” . Além Dele não existe outro deus. E no Novo
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Testamento essa é a mesma verdade. Paulo explicou ao crentes em Corinto, que antes da
conversão criam em muitos deuses, que todos os outros são falsos deuses e demônios:
1Co 8.5-6 - “Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra...
todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para que existimos”, e 1Co 10.20 –
“[...] as coisas que eles [gentios] sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero
que vos torneis associados a demônios”.

As Escrituras afirmam que existe um único Deus (Dt 6:4), que a teologia chama de
monoteísmo [mono = um; Theos = Deus], mas o intelecto igualmente prova a existência de um
só Deus. Pense na causa primeira de todas as coisas. Se voltarmos aos nossos pais, e aos pais
dos nossos pais e assim sucessivamente, vamos descobrir que pode existir somente uma única
Causa causadora da existência de tudo o que existe. E essa causa é Deus.
Sim, é verdade que muitos dizem existir outros deuses (politeísmo), mas cremos que a
Bíblia é a revelação do único Criador de todas as coisas e ela afirma existir somente um Deus.
Mas será que esse Deus único é um Deus solitário? Que que nos criou porque precisava de
companhia? Esse é o tema da pergunta número 6 do BCW.

Pergunta 6 – Quantas pessoas há na Divindade?


Há três pessoas na Divindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três pessoas
são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória.
... são, contudo, diferenciadas por suas peculiaridades individuais (CMW pgt. 9)

Há muitos texto nas Escrituras que nos deixam claro que o Deus único também é um
Deus Trino. Ele é uma Triunidade, daí vem o termo Trindade. Em Mt 28:19 temos a formula
batismal: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” . Em 2Co 13:14 Paulo abençoa com a graça de
Cristo, o amor do Pai e com as consolações do Espírito. Em 1Co 8:6, Paulo declara que nosso
Deus é o Pai de Jesus Cristo. Em João 10.30 Jesus afirma que ele e o Pai são um, isto é,
ambos são Deus. Hebreus 1.3 nos é ensinado que Jesus é a “expressão exata” do ser de Deus.
E em Atos 5.3-4 Pedro disse mentir para o Espírito equivale a mentir para Deus.
Muitos outros poderiam ser citados, mas textos das Escrituras são suficientes para
provar essa misteriosa doutrina bíblica chamada Trindade.
Essa doutrina é essencial e vital à fé cristã, porque sem ela, não saberíamos do amor
do Pai, dos méritos de Cristo e da ação regeneradora e santificadora do Espírito Santo que
aplica a redenção aos homens salvos. E apesar de ser um mistério, essa doutrina não é contra a
razão, ela simplesmente está acima do entendimento que agora possuímos.
Nenhuma ilustração, como por exemplo: Água, gelo e vapor, ou clara, gema e casca
devem ser usadas para tentar ilustrar a doutrina da trindade, porque nestas ilustrações os
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elementos não podem ser mais de uma coisa ao mesmo tempo. Já no caso da trindade, ainda
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam pessoas distintas, elas são ao mesmo tempo um só
Deus.

Como todos os três podem ser um só Deus?


As Escrituras ensinam que eles são um em eternidade, onisciência, poder, gloria e
propósitos, tendo sempre existido neles mesmos. Mas também ensinam que essa unidade é tri,
ou seja, é Triuna, pois se manifesta em três pessoas. Um só Deus, uma só substancia
coexistindo em três pessoas.
A doutrina da Trindade é tão importante, que afirmamos que a fé cristã permanece de
pé ou cai juntamente com ela. A Bíblia nos apresenta a salvação como uma aliança entre as
três pessoas da trindade. Se você abrir mão da doutrina da trindade, também deve abandonar
toda esperança da salvação, pois a salvação é obra do único e verdadeiro Deus, mas que nas
Escrituras se revela em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Por isso, devemos aceitar essa
verdade reverente e humildemente, reconhecendo que é uma verdade que, deste lado da
eternidade, está muito acima da nossa compreensão.

Conclusão:
Acreditar em Deus não é o mesmo que acreditar no Deus vivo. Franklin Ferreira diz:

Na Sociedade Brasileira, mais de 90% das pessoas dizem acreditar em Deus... No entanto,
constatar que a grande maioria das pessoas acreditam em Deus não significar dizer que
acreditem no Deus vivo. (T.S p. 155)

Isso significa que para alguém de fato ser um cristão, biblicamente falando, não basta
ela dizer que crê que Deus existe, mas é necessário crer nEle segundo a verdade revelada nas
Escrituras. Crer em Deus do meu jeito, naquilo que gosto, ou aceito, ou entendo é crer em um
ídolo e não no Deus Trino das Escrituras.
Precisamos crer que existe um único Deus, que é espírito, que possui atributos tanto
incomunicáveis como comunicáveis, e que apesar der único Deus verdadeiro, ele coexiste
eternamente em três pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ele é o Criador de tudo que
há, é o Pai de nosso Senhor, e o Juiz de toda a terra, diante de quem, em breve, estaremos de
joelhos para prestarmos contas por nossas vidas. Negar qualquer parte desta verdade é negar
toda a fé cristã. [Memorize].

Aplicação: Desta doutrina de um Deus trino aprendemos três importantes aplicações para
nossas vidas:
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1 – A criação flui do amor de Deus - Deus não criou o universo e tudo o que há
porque era um Deus solitário. Ele sempre existiu num perfeito e completo relacionamento de
amor entre o Pai, o Filho e o Espírito. Ele nos criou não para poder experimentar o amor, pelo
contrário, ele te criou para permitir que você pudesse participar e desfrutar do círculo divino
de amor. Por isso não podemos ser felizes solitários, fomos criados à imagem de um Deus
triuno para nos relacionar segundo o amor que flui dele. A Criação não foi fruto do desejo de
um Deus solitário, pelo contrário, foi o fruto do amor transbordante de Deus. Ele nos criou
para nos regozijarmos do amor que Ele tem em Si mesmo e decidiu compartilhar conosco.
3 – Fomos chamados para viver não uma fé individualista, mas em comunhão uns com
os outros. E por que isso é verdade? Porque como comunidade cristã, fomos salvos para
refletir no mundo a unidade e amor da Santa Trindade. Viver uma fé solitária é negar a
revelação do Deus trino, é negar a fé cristã, é adora-lo como um idólatra e não em verdade e
espírito.
Aplicações tiradas da T.S de Franklin Ferreira, p. 194,195

Exercícios:
1 – Memorize a última parte da nossa conclusão.
2 – Reescreva as perguntas e resposta de 4 a 6 e faça um desenho em cada pergunta
ilustrando a resposta.

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