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FETEC

TEOLOGIA SISTEMÁTICA I

PROF. LUIS MENDONÇA


FONTE: Mayembe Lessa Gerrard
(PROFESSOR DE T.
SISTEMATICA)

TEONTOLOGIA
INTRODUÇÃO À TEONTOLOGIA
[John A. Battle]
Existem diversas crenças a respeito da existência de Deus
Crenças que negam a existência de algum Deus (realmente e/ou
praticamente)
 Ateísmo – Não existe nenhum deus, nenhum ser sobrenatural.
O universo consiste apenas de matéria e energia. Nada deve
ser adorado.
 Agnosticismo – É impossível determinar a existência ou não-
existência de algum ser divino. Portanto, não somos
responsáveis de adorar qualquer suposto deus
Crenças que considerem Deus e o universo como um em essência
 Panteísmo – Deus é todas as coisas, e toda a realidade é Deus. Deus não
é uma personalidade ou qualquer entidade separada do universo.
 Dinamismo – Deus é uma força vital ou energia que domina o universo
e direciona todas as coisas
Crenças que consideram Deus como separado do universo
 Politeísmo – Existem vários deuses com poderes sobrenaturais. Eles
devem ser adorados. Eles direcionam ou influenciam os eventos no
universo
 Animismo – A natureza está repleta de espíritos pessoais que causam os
diversos acontecimentos naturais.
 Idolatria – os espíritos dos deuses habitam em alguns objetos
fabricados por homens, ou são alcançados mediante esses objetos
 Henoteísmo – enquanto existem muitos deuses, o devoto seleciona um
dentre eles para adoração, considerando esse deus como superior aos
demais.
 Dualismo – existem dois deuses sobre o universo, que são iguais em poder,
e no entanto podem opor-se um ao outro.
 Deísmo – Existem apenas um Deus. Esse Deus criou o universo regido por
leis e o deixou seguir o seu curso sem interferência.
 Teísmo finito – Há um único Deus ativo no universo. Embora sobrenatural,
ele não é infinito. Há limites ao seu poder ou tempo.
 Teologia do processo – há um único Deus ativo no universo. Ele realmente
muda com o tempo e se torna mais poderoso, no entanto não onipotente.
 Teísmo Cristão – Existe um único Deus, que se revelou ao homem mediante
Jesus Cristo e na Bíblia. Ele existe em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito
Santo.
A intuição humana da existência de Deus
Existem ideias inatas sobre a existência de Deus – De fato, a ideia da
existência da Divindade é uma crença de toda a raça humana no seu
estado natural.
Calvino afirmou que Deus plantou no coração do ser humano duas coisas
que a queda não destruiu: semen religionis [semente da religião] e
sensus divinitatis [senso de um Ser Divino].
Nenhum ser humano vem ao mundo sem a semente da religião nem sem
o senso da existência de um Ser Divino (Rm 1.18-22; At 17.24-31)
Provas racionais da existência de Deus – Grudem, TS, p.99
As primeiras tentativas de demonstrar a existência de Deus derivam da
filosofia.
As provas naturais da existência de Deus são apresentadas na forma de
quatro principais argumentos:
 Argumento ontológico: Deve existir um ser “maior do que que qualquer
coisa que se possa imaginar”. Deus é esse ser.
 Argumento moral: O ser humano tem senso do certo e do errado, e da
necessidade da justiça. Portanto, deve existir um Deus que seja a fonte do
certo e do errado e que vá algum dia impor a justiça a todas as pessoas”.
Argumento cosmológico: No universo toda coisa tem uma causa. O
próprio universo deve ter uma causa. Deus deve ser a causa do universo.
 Argumento teleológico: A ordem que existe no universo exige um Deus
inteligente que planejou seu funcionamento.
O QUE É DEUS?

“Deus é Espírito, em si e por si infinito em seu ser, glória, bem-


aventurança e perfeição; todo-suficiente, eterno, imutável,
insondável, onipresente, infinito em poder, sabedoria, santidade,
justiça, misericórdia e clemência, longânimo, cheio de bondade e
verdade” [Catecismo Maior de Westminster]
I – A EXISTÊNCIA DE DEUS – Heber
A afirmação da existência de Deus nas Escrituras
A primeira grande pressuposição das Escrituras e da teologia cristã é que Deus existe.
Por isso, as Escrituras começam com a afirmação: “No princípio criou Deus os céus e a
terra” (Gn 1.1).
As Escrituras não se propõem a provar a existência de Deus. Na verdade, não se pode
provar a existência de Deus por uma experiência laboratorial, apenas se pode crer na
sua existência.
Por isso, para todas as coisas relacionadas com Deus, é preciso ter fé. “De fato, sem fé
é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6)
A evidência bíblica mais forte da existência de Deus vem através de Jesus Cristo. Ele é o
revelador supremo de Deus. Ele é expressão exata do ser divino (Cl 1.15;2.9)
Além da evidência trazida por Jesus Cristo, existe a evidência proporcionada pelo
Espírito Santo, que “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16)
II – A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS – Grudem, p.101

Rever a doutrina da revelação nos Prologômenos [slides 38-55]


III – A INCOMPREENSIBILIDADE DE DEUS – Heber
Deus é cognoscível, no entanto, Ele é incompreensível.
Deus é incompreensível pelo que Ele é – Jó 36.26
Deus é incompreensível pelo que faz – Jó 37.5
Deus é incompreensível por causa de suas profundezas insondáveis – Rm
11.33-34
Deus é incompreensível porque é incomparável – Is 40.18,25; 46.5
Deus é incompreensível por estar além dos limites espaciais e temporais –
Is 40.12
Deus é incompreensível por ser o Único Deus – Ex 20.2,3
Deus é incompreensível porque Ele é inacessível – Jo 1.18; 6.46; 1Tm 6.16
Deus é incompreensível porque o finito não pode compreender o infinito
IV - A TRINDADE
INTRODUÇÃO
Embora a palavra Trindade não se encontre na Bíblia, a
Trindade é uma verdade bíblica.
A doutrina da Trindade é uma das mais importantes da fé
cristã.
A doutrina da Trindade se baseia na descrição bíblica de
Deus e de suas atividades.
Essa doutrina nos mostra que, em si mesmo, no seu
próprio ser, Deus existe nas pessoas do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, sendo porém um só Deus.
1 - DEFINIÇÃO
Podemos definir a doutrina da Trindade do seguinte
modo: Deus existe eternamente como três pessoas -
Pai, Filho e Espírito Santo – e cada pessoa é
plenamente Deus, e existe um só Deus.
Três proposições definem a doutrina da Trindade:
1. Deus é três pessoas.
2. Cada pessoa é plenamente Deus.
3. Há um só Deus.
2 – EXPLICAÇÃO DA DEFINIÇÃO
Deus é Pai, Filho e Espírito Santo
O Pai é plenamente Deus
O Filho é plenamente Deus
O Espírito Santo é plenamente Deus
O Pai não é o Filho, o Filho não é o Pai
O Pai não é o Espírito Santo, O Espírito Santo não é o Pai
O Filho não o Espírito Santo, O Espírito Santo não o Filho
 O Pai, O Filho e O Espírito Santo são O ÚNICO DEUS
4 – A TRINDADE NO CREDO DA ATANÁSIO [século IV e V]
1. Todo que for salvo: antes de todas as coisas é necessário que se apegue à fé católica;
2. Tal fé, se não guardada plena e imaculada, sem dúvida trará perdição eterna.
3. E a fé católica é esta: Que nós adoramos um Deus em Trindade , e Trindade na Unidade;
4. Sem confundir as pessoas, sem dividir a Substância.
5. Porque há uma Pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo.
6. Mas a divindade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo é uma só: a glória igual, a
majestade, coeterna.
7. Como o Pai é, tal é o Filho, e tal é o Espírito Santo.
8. O Pai incriado, o Filho incriado, e o Espírito Santo incriado.
9. O Pai incompreensível, o Filho incompreensível, e o Espírito Santo incompreensível.
10. O Pai eterno, o Filho eterno, e o Espirito Santo eterno.
11. No entanto, não são três eternos, mas um eterno.
12. Porque também, não há três incriados nem três incompreensíveis, mas um incriado e um
incompreensível.
13. Assim do mesmo modo o Pai é Todo-Poderoso, o Filho é Todo-Poderoso, e Espirito Santo,
Todo Poderoso.
14. No entanto, não são três Todo-Poderosos, mas um Todo-Poderoso.
15. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus;
16. No entanto, não são três Deuses, mas um Deus.
17. Assim do mesmo modo o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e Espirito Santo, Senhor;
18. Todavia, não são três Senhores, mas um Senhor.
19. Pois assim como somos compelidos pela verdade cristã: reconhecer que cada Pessoa é
por si mesma Deus e Senhor.
20. Também somos proibidos pela religião católica de dizer: Há três Deuses, ou há três
Senhores.
21. O Pai não feito de coisa alguma, nem criado nem gerado.
22. O Filho é do Pai somente; não feito, nem criado, mas gerado.
23. O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não feito, nem criado, nem gerado, mas deles
procede.
24. Assim, há um Pai, e não três Pais; um Filho, e não três Filhos; um Espírito Santo, e não
três Espíritos Santos.
25. E nessa Trindade, nenhum deles é antes ou depois do outro; nenhum é maior ou menor
do que outro.
26. Mas as três Pessoas são coeternas e coiguais.
27. De modo que, em todas as coisas, como dito acima: a unidade na Trindade e a Trindade
na unidade deve ser adorada.
28. Aquele, portanto, que for salvo deve assim pensar sobre a Trindade.
29. [...]
44. Esta é a fé católica: quem nela não crer fielmente não pode ser salvo.
5 – SIGNIFICADO DE ESSÊNCIA E DE PESSOA – Heber, p.127-130
Essência
 A “essência divina” ou “natureza divina” fala daquilo que Deus é, mas nada diz a respeito
do seu caráter tripessoal.
 A “essência” diz respeito ao que há de comum nas três pessoas da Trindade, e não à
particularidade de cada uma delas.
 Cada uma das pessoas da Trindade compartilha da mesma natureza, a divina.
 As pessoas da Trindade são distintas, mas não separadas. São numericamente UM só
“Indivíduo”.
 Essa natureza divina está presente na sua totalidade em cada uma das pessoas, e em todas
coletivamente.
 Por essa razão, não obstante haver três pessoas que subsistem distintamente no ser divino,
há uma só vontade, uma só mente e um só poder. A natureza de Deus aponta para a sua
Unidade.
 Todos, seres humanos, compartilhamos da mesma natureza, a “humana”. Também somos
pessoas distintas. No entanto, não somos numericamente “um indivíduo”, mas sim,
“indivíduos” distintos. Todavia, não é assim com Deus, que apesar de ser Três Pessoas
distintas é numericamente UM.
PESSOA
 Enquanto o termo essência (ou natureza) aponta para a unidade de Deus, o
termo pessoa (ou subsistência) aponta para as distinções que existem no ser
divino.
 A sua natureza permite que Deus exista tripessoalmnte, sem que isso afete a
sua unidade, embora não possamos explicar esse fenômeno, pelo fato de ele
ultrapassar o nosso entendimento.
 Na doutrina da trindade, a palavra “pessoa” simplesmente expressa a verdade
de que as três pessoas da Deidade não são simples modos de manifestação,
mas possuem uma existência real e distinta.
 Não são três indivíduos separados, mas um só indivíduo subsistindo em três
personalidades distintas, sem serem separadas.
 Todas as três constituem o Deus único, vivo e verdadeiro.
4 - BASE BÍBLICA DA DOUTRINA DA TRINDADE – Dr John A. Battle
4.1 No Antigo Testamento 19/03/20
O AT contém clara antecipação da revelação mais completa da Trindade no
Novo Testamento
Passagens mostrando a pluralidade na Divindade
 Gn 1.26 – “Também disse Deus: Façamos o homem À nossa imagem,
conforme a nossa semelhança”
 Gn 3.22 – “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou como
um de nós”
 Gn 11.7 – “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem”
 Is 6.8 – “A quem enviarei, e quem irá por nós?”
Passagens mostrando a interação entre os membros da Divindade
 Sl 45.6-7 – “Por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria”
Observação: aqui o salmista chama o “Messias” de Deus, mas
também reconhece que ele tem um “Deus”. Essa passagem é citada
em Hb 1.8-9 como uma evidência da divindade de Jesus Cristo,
mostrando que é superior aos anjos.

 Sl 110.1 – “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha


direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.
Observação: passagem é citada por Jesus em Mt 22.44 =Mc 12.36 =
Lc 20.42 e por Pedro em At 2.34. Jesus perguntou aos fariseus de
identificar esse “Senhor” de Davi, o escritor do salmo, mas não
puderam responder.
 Pv 30.4 – “Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos em seus
punhos? Quem amarou as águas em sua roupa? Quem estabeleceu todas as
extremidades da terra? Qual é o seu nome, e qual o nome de seu filho, se é
que o sabes?”
Observação: Essa passagem, além de descrever o ser de Deus e perguntar
‘qual o seu nome’, também pergunta ‘qual o nome de seu filho’. Portanto
temos uma afirmação que Deus tem seu próprio Filho.
 Jr 23.5-6 – “Eis que vêm dias, diz o Senhor [Yahweh], em que levantarei a Davi
um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo
e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro;
será este o seu nome, com quem será chamado: Senhor [Yahweh], Justiça
Nossa.”
Observação: Nessa passagem, as duas menções do nome [Yahweh] não se
referem à mesma pessoa. Está claro que a primeira menção se refere ao Pai e
a segunda ao Messias.
4.2 No Novo Testamento
No batismo de Jesus, as três pessoas da Divindade aparecem juntas e distintas
(Mt 3.16-17 =Mc 1.9-11 =Lc 3.21-22 =Jo 1;32-34)
Na fórmula batismal - Mt 28.19
Na bênção apostólica - 2 Co 13.13
Outras passagens – Lc 1.35; Jo 14.16,26; 15.26; Ef 4.4-6

Exercício
1. Relacione 10 passagens do NT que mostram uma distinção clara dos
membros da Trindade
2. Relacione 10 passagens do NT evidenciando a divindade de Jesus
3. Relacione 10 passagens do NT evidenciando a divindade do Espírito santo
4.3 As relações entre as Três Pessoas da Trindade
As três Pessoas da Trindade são iguais em sua essência, possuem os
mesmos atributos, mas exercem funções distintas dentre da
divindade.
Trindade Ontológica
 A Trindade ontológica tem a ver com o que Deus é, ou seja, com sua
essência ou natureza.
 Do ponto de vista ontológico, distinguem-se três tipos de relações na
Divindade: (1) a paternidade de Deus, (2) a geração do Filho pelo
Pai, e (3) a processão do Espírito Santo do Pai e do Filho.
Paternidade
 Deus é Pai eternamente
 Nunca houve época em que a primeira pessoa da Trindade não
tenha sido Deus, o Pai. Nunca Ele veio a tornar-se o que não era
antes.
 O Pai não é gerado, o Filho sim é gerado, mas não no sentido de ser
criado no tempo como as criaturas o são.
 O Filho veio da essência do Pai eternamente. Em contraste com o
Filho, o Pai é não-gerado.
 Eternamente Deus é Pai, nunca se deve pensar que “um dia ele veio
a ser Pai”, como acontece com os seres finitos e temporais.
Filiação
 Esse atributo pessoal é única e exclusivamente relativo ao Filho não
ao ser divino completo.
 Somente ele é Filho do Pai, não o Espírito. Ele é o Filho eterno de
Deus.
 Nunca houve um tempo em que o Filho não fosse Filho. Ele não veio
a ser Filho no tempo. Ele é Filho desde sempre.
 O Filho é eternamente gerado da essência do Pai. Ele não veio à
existência como as outras criaturas.
 EXERCÍCIO: Relacionar textos bíblicos em apoio à geração e filiação
do Filho
Processão
 O atributo de proceder do Pai e do Filho é propriedade pessoal do
Espírito, não da totalidade do ser divino.
 O Espírito Santo procede (ou é espirado) tanto do Pai (Jo 15.26)
como do Filho (Jo 16.7).
 As Escrituras falam algumas vezes do Espírito Santo como Espírito de
Deus, mas também como o Espírito do Filho (Jo 15.26)
Observação: A afirmação da processão do Espírito do Filho foi a
causa principal da divisão entre a Igreja ocidental e a igreja oriental,
em 1054 AD; pois, esta última sustentava que o Espírito Santo
apenas a procedia do Pai, negando que procedesse também do
Filho.
Trindade Econômica
A palavra economia diz respeito ao modo como as coisas são feitas pelas
pessoas da Trindade.
Enquanto as pessoas da Trindade são consubstanciais e iguais em poder e
glória, elas têm funções dentro da Trindade que fazem com que uns sejam
subordinados a outros, desde a eternidade.
 1 Co 8.6
 Ef 2.18
Com base nesses versículos, podemos observar claramente que o Pai é a fonte
e o fim de todas as coisas; o Filho é o agente mediante o qual a vontade do Pai
se cumpre; o Espírito Santo é o meio ou instrumento mediante o qual o Pai e o
Filho cumprem a vontade do Pai.
Essa ordem se verifica em toda obra de Deus, incluindo a criação, providência e
redenção.
O Pai é visto como a pessoa que decreta, planeja, estabelece os
propósitos e comanda tudo quanto a divindade intenta fazer.
O Filho é subordinado ao Pai. Ele é enviado pelo Pai e obedece ao Pai.
Ele está sob a autoridade funcional do Pai (Jo 14.24; 7.29; 14.16,31;
17.2).
O Espírito Santo foi enviado pelo Filho (Jo 16.7) e pelo Pai (Jo 14.26) e
faz somente aquilo que o Filho tem designado (Jo 16.13,14).
Todavia, a obra da criação (Gn 1.1; Jo 1.3; Gn 1.2 e Jó 33.5); da
providência (Jo 5.17; Hb 1.3; Is 40.13,14); e da redenção (1 Pe 1.2; Ef 1.1-
14) é uma obra trinitária. Todas as pessoas da Trindade são partícipes de
toda a obra divina.
4.4 Concepções falsas acerca da Trindade
Monarquianismo modalista ou Sablianismo
Deus é somente um em essência e em pessoa
Deus se revelou de três modos diferentes e agiu de três
modos diferentes
Pai, Filho e Espírito Santo não são três pessoas, mas
modos de manifestação ou modos de revelação do Ser de
Deus: Pai na criação; Filho na encarnação; Espirito na
regeneração e na santificação
Monarquianismo dinâmico
Deus é essencialmente um e uma única pessoa.
O Logos e o Espírito não são pessoas divinas distintas.
O Espírito é um atributo impessoal em Deus, o poder de Deus.
O Filho não e ontologicamente Deus, ele recebe o poder de
Deus no seu batismo, sendo assim elevado a uma categoria
divina.
Jesus é adotado como Filho de Deus. Originalmente Jesus era
um mero homem. A divindade de Jesus é uma divindade de
honra, de adoção e não uma divindade de essência.
Arianismo
 Deus somente é sem começo, não-gerado, não-originado.
 Deus não foi eternamente Pai. Houve um tempo em que ele era só.
Deus veio a ser Pai somente quando ele criou o Filho.
 O Filho é originado, o unigênito, o primogênito. O Filho, portanto,
teve um começo. Antes de sua geração, ele não existia.
 O começo do Filho foi uma criação a partir do nada, antes da
existência do mundo material. Ele foi criado pelo poder e pela
vontade do Pai.
 Embora criado, o Filho veio de cima. Ele veio a tornar-se o criador do
Espírito e do universo físico.
 Portanto, o Filho não é verdadeiramente Deus.
Macedonianismo
 A questão do macedonianismo tem a ver com a divindade do
Espírito Santo.
 Atanásio havia afirmado que o Espírito Santo era homoousios (da
mesma essência) com o Pai, de que não era uma criatura do Filho
como ensinaram os arianos, mas que era inseparável do Pai e da
mesma substância dele.
V - OS NOMES DE DEUS
VI – OS ATRIBUTOS DE DEUS
Heber Campos

INTRODUÇÃO
Já foi estabelecido que Deus pode ser conhecido porque
Ele se revelou especialmente nas Escrituras. Nas
Escrituras, o Ser de Deus nos é revelado mediante os seus
atributos manifestados nos relacionamentos que Ele tem
com a sua criação.
Portanto, o meio de se conhecer a natureza do Ser Divino
é estudar os seus atributos nas Escrituras.
6.1 O QUE É DEUS? – Catecismo Menor de Westminster
Deus é um Espírito, infinito, eterno, e imutável em seu
ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade, e
verdade.
Como está óbvio, não existe outro modo de definir o
Ser de Deus senão mediante a enumeração dos seus
atributos. Daí a importância e a necessidade do estudo
dos atributos de Deus.
6.2 O QUE SÃO OS ATRIBUTOS?
Eles são as “qualidades”, “propriedades”, “virtudes” ou
“perfeiçoes” de uma pessoa em particular ou de um ser.
Sendo Deus um Ser, Ele possui qualidades ou características
que fazem com ele seja o que é. Os atributos não são alguma
coisa acrescida a Deus, mas são qualidades inerentes
essenciais dele.
Segundo Berkhof, atributos de Deus são “as perfeições
atribuídas ao Ser Divino nas Escrituras, ou as que são
visivelmente exercidas por Ele nas obras da Criação,
Providência e Redenção”.
6.3 RELAÇÃO ENTRE O SER E OS ATRIBUTOS DE DEUS
Deus se revela nos seus atributos.
Os atributos não são meros nomes sem significado,
nem partes separadas de um Deus composto.
Os atributos são qualidades essenciais, sem as quais
Deus não pode ser o que é, nas quais o Ser Divino se
revela e mediante as quais é identificado.
Não se pode separar a essência de Deus dos seus
atributos. Os atributos não são algo adicionado à
essência de Deus.
É possível definir o Ser de Deus?
Uma vez que Deus é incompreensível, Ele não pode
ser definido como se define qualquer outro ser ou
coisa.
A única maneira de definir o Ser de Deus é fazer
uma descrição parcial de algumas características
essenciais que conhecemos acerca dele, i.e., de seus
atributos.
6.4 OS ATRIBUTOS DE DEUS REVELAM O SEU SER
Da simplicidade do Ser de Deus se deduz que Deus e seus
atributos são um só.
Como Deus não é um ser composto, os seus atributos não
podem ser tidos como partes que entram na sua composição.
Os atributos de Deus são o próprio Deus segundo ele se nos
revela. A essência de Deus se encontra em cada um dos seus
atributos.
Não se pode dissociar Deus de seus atributos. Os atributos
são verdades determinativas do Ser Divino, são qualidades
inerentes do Ser de Deus.
6.5 OS ATRIBUTOS DE DEUS REVELAM O SEU CARÁTER
Os atributos de Deus revelam como Deus é, como é o
seu caráter.
As Escrituras nos revelam o que Deus julgou suficiente
que soubéssemos ao seu respeito.
Todas as informações que as Escrituras dão acerca de
Deus são verdadeiras, pois correspondem à realidade.
Todavia, uma vez que Deus é infinito, o que as
Escrituras nos dizem acerca dele não é exaustivo.
6.6 DEUS É COGNOSCÍVEL MAS INCOMPREENSÍVEL
Rever os conceitos de cognoscibilidade de Deus e de
incompreensibilidade de Deus, já estudados.
6.7 CLASSIFCAÇÃO DOS ATRIBUTOS DE DEUS
Os atributos de Deus foram classificados de diversas
maneiras na história da teologia sistemática.
Atributos Naturais e Morais – os naturais são atributos
como auto-existência, simplicidade e infinidade que não
dependem da vontade de Deus. Os morais são atributos
como bondade, verdade, misericórdia, justiça,
santidade, que caracterizam Deus como um ser moral.
Objeção – todos os atributos são naturais em Deus e
fazem parte de sua onstituição
Atributos Absolutos e Relativos – os primeiros se
referem à essência de Deus considerado em si
mesmo (auto-existência, imensidão, eternidade,
etc.); os últimos correspondem à essência de Deus
com relação à criação (onipresença, onipotência,
etc.)
Objeção – embora os atributos absolutos existissem
em Deus antes da criação do mundo, eles tem algo a
ver com a criação, pois fazem parte de Deus.
Atributos Imanentes (intransitivos) e Emanentes
(transitivos) – os primeiros não se projetam nem
operam fora da essência divina (imensidão,
simplicidade, eternidade, etc.); os últimos irradiam e
produzem efeitos externos a Deus (onipotência,
benevolência, justiça, etc.)
Objeção – se alguns atributos fossem estritamente
imanentes seria impossível conhece-los.
Atributos Incomunicáveis e Comunicáveis – os
primeiros são aqueles que não encontram nenhuma
analogia no ser humano, e tem a ver com o Ser
Absoluto de Deus (auto-existência, imensidão,
simplicidade, etc.), apontando para a parte oculta de
Deus; os últimos são os que têm alguma analogia nos
seres humanos. Eles são transmitidos, em algum grau
aos seres humanos, e têm a ver com o Ser Pessoal de
Deus (poder, amor, bondade, justiça, etc.) apontando
para a parte revelada de Deus.
Essa é a classificação adotada neste estudo
6.8 OS ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS DE DEUS

DEFINIÇÃO
Os atributos incomunicáveis são aqueles que distinguem
Deus como Deus, sendo ímpar naquilo que é e faz. Esses
atributos são a marca distintiva do Altíssimo que o torna
absolutamente inigualável.
Eles são exclusivos de Deus e não há nenhuma
correspondência aos mesmos na criatura.
Esses atributos não podem ser transferidos aos seres
humanos, pois a finitude destes impede que as possuam.
De fato, o finito não pode compreender o infinito.
Esses atributos são chamados incomunicáveis
porque indicam que de nenhum modo podemos ver
traços deles na nossa personalidade.
Portanto, os atributos incomunicáveis pertencem
exclusivamente a Deus e apresentam a singularidade
de Deus.
Na sequência serão estudados cinco atributos
incomunicáveis de Deus: Espiritualidade,
Independência, Infinidade, Imutabilidade, Unidade.
Os Atributos Incomunicáveis de Deus
Espiritualidade de Deus
 Em João 4.24, o Senhor Jesus disse à mulher samaritana: “Deus é Espírito” – isso significa
que Ele não tem natureza corpórea como os homens.
 Existem diversos modos de existência de um espírito
Espírito humano – as almas dos homens são chamados “espíritos” (Ec 12.7)
Espírito de Cristo – não é a terceira Pessoa da Trindade, mas da alma do Redentor
(Jo19.30; Lc24.39)
Os anjos (Hb 1.13,14)
 Apesar de os anjos, assim como Deus, existirem sem corpo material, a espiritualidade de
Deus é de natureza totalmente diferente da dos anjos; pois Deus
É um espírito puríssimo; alguns anjos pecaram.
É infinito; os anjos são criaturas finitas.
É onipresente, os anjos não.
É onipotente, os anjos não.
É é onisciente, os anjos não, etc.
 Por isso,
 Deus é um Ser incorpóreo – Ele não tem forma, não é mensurável
espacialmente, nem possui qualquer tipo de aparência . Daí a
proibição de se fazer imagem que o representem (Êx 20.3-5). Deus
pode assumir formas temporárias (teofanias) para comunicar-se com
os homens; todavia, elas não são formas essenciais de Deus.
 Deus é um ser Invisível (1Tm 1.17) – Ser invisível é uma das
características da espiritualidade. Por ser Espírito, Deus é invisível.
Portanto, é impossível para o ser humano ver a Deus, porque Ele não
pode ser percebido pelos sentidos visuais. Será que na glória os salvos
verão a Deus?
 Deus é um Ser Imortal (1Tm 1.16), i.e. a sua essência não está sujeita à
degradação (o ser humano é mortal física e espiritualmente; mas é
imortal no sentido de que a morte não é o fim de sua existência).
Deus é um ser simples - i.e. Ele é unitário, não um ser composto
de diversos elementos; seus atributos não podem ser separados
de sua substância; eles são apenas aspectos de sua natureza
divina.
Deus é uma unidade indivisível. Ele sempre foi e sempre
será o mesmo Deus em todos os seus atributos.
Outras criaturas espirituais não possuem a mesma
simplicidade de natureza, pois embora sendo simples
substâncias, muitas de suas características podem mudar;
pois tais características são acidentes e não atributos de
sua essência.
A Bíblia fala da imutabilidade de Deus e de sua unidade
que Lhe são singulares.
Independência ou Auto-existência ou Aseidade de Deus
 Deus nunca veio à existência por vontade alheia nem por sua própria
vontade (se não, sua vontade viria antes de Ele ser). Ele, simples e
eternamente, é. O homem existe porque foi criado, mas Deus é. É a ssim
que Ele se apresentou a Moisés:
“E Deus disse a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de
Israel: EU SOU me enviou a vós”. (Êx 3.14)
 Deus existe por si mesmo e sempre foi da maneira como é, não
necessitando de nada e de ninguém além de si próprio. Sua existência
tem como fundamento sua natureza e não sua vontade.
 A natureza de Deus exige que Ele seja auto-existente, porque todas as
coisas vieram a existir pela sua vontade (Ap 4.11)
 A independência de Deus pode ser vista sob diversos prismas:
Deus é independente na sua existência – tudo no universo tem uma
causa, exceto Deus.
Ele não teve começo, Ele é o Criador incriado. Por isso, Deus se apresenta a
Moisés como “Eu sou o que sou” (Êx 3.13-15)
Deus não é autocausado nem auto-originado. Ele é eterno, não tem começo nem
fim.
Deus é independente no seu relacionamento – Deus é absolutamente
independente.
Ele não precisa relacionar-se com ninguém além de si próprio. Eternamente
sempre viveu relacionando-se consigo mesmo antes de criar o mundo.
Sempre se relacionou como o Ser Tripessoal que é: Pai, Filho e Espírito Santo.
Ele criou o mundo porque quis, no entanto, o mundo noa era necessário para a
existência de Deus.
Deus é independente nos seus pensamentos – não podemos
compreender a mente de Deus; apenas podemos conhecer alguma
coisa do que Ele está fazendo, a partir do que Ele nos revela (Rm
11.33,34)
Deus é independente na formulação dos seus planos – ninguém jamais
foi conselheiro de Deus em todas as coisas que Ele planejou fazer. Toda
a história humana é a realização dos desígnios do Senhor, sendo os
seres humanos plenamente responsáveis pelos seus atos (Is 40.13,14; Sl
33.10,11)
Deus é independente na execução de sua vontade – Deus executa todas
as coisas segundo o conselho de sua vontade. Não podemos impedir
que sua vontade seja feita, por Ele ser Todo-Poderoso (Dn 4.35; Ef
1.5,11; Rm 9.19)
Infinidade de Deus – 27/9/16
 Quando se fala da Infinidade de Deus, refere-se à impossibilidade de se
medir ou quantificar as características do Ser divino.
 Não há limites para Deus. A infinidade de Deus se refere a todos os seus
atributos.
 A infinidade de Deus é aquela perfeição por meio da qual ele fica livre
de todas as limitações.
 A infinidade de Deus deve conceber-se como intensiva e não como uma
extensão ilimitada, como se Deus se expandisse por todo o universo.
 A Infinidade de Deus pode ser vista de duas maneiras: com relação ao
tempo (eternidade); com relação ao espaço (Imensidão ou onipresença)
A Imensidão ou onipresença de Deus
 Deus preenche o espaço, não apenas o nosso universo (espaço-tempo),
mas também todos os universos que possam ou que pudessem existir.
 Significa que Deus está presente na plenitude de sua Pessoa e de seus
atributos em todo ponto do universo.
 Referências bíblicas:
1 Rs 8.27
Sl 139.7-10
Is 57.15
Jr 23.23-24
At 7.48-49
At 17.27-28
A Eternidade de Deus
 É um dos atributos mais difíceis de serem entendidos porque o ser humano
está preso ao tempo e ao espaço.
 O atributo da eternidade, quando relacionado ao tempo, não significa que
Deus vive por muito tempo e sempre viverá, mas que Ele é o mesmo sempre.
 Deus é a própria eternidade. A eternidade de Deus não é nada mais do que a
duração de Deus, e a duração de Deus não é nada mais do que Sua existência
sem fim. A eternidade de Deus não tem começo nem fim.
Sl 90.2; 102.25-27
Hc 1.12
Jo 1.1-3
Jo 17.5
1Tm 1.17
Ap 1.8
Imutabilidade de Deus
 A imutabilidade de Deus é aquela perfeição da qual Deus se despoja de toda
mudança não somente em seu Ser, mas também em seus decretos, promessas e
atributos – Heber, p.188
 A imutabilidade de Deus está intimamente relacionada à sua imensidão e
eternidade.
 Segundo Hodge (TS, p.294-5), como Ser infinito e absoluto, auto-existente e
absolutamente independente, Deus é exaltado acima de todas as causas de
mudança, e ainda acima da possibilidade de mudança.
 Deus é absolutamente imutável em sua essência e atributos. Ele não pode aumentar
nem diminuir. Não está sujeito a nenhum processo de desenvolvimento, nem de
evolução do ego.
 Seu conhecimento e poder nunca podem ser maiores nem menor. Ele nunca pode
ser mais sábio ou mais santo, nem mais justo ou mais misericordioso do que sempre
foi e sempre será.
 Deus é imutável em seus planos, decretos, propósitos, promessas, atributos.
 A imutabilidade de Deus é mencionada em diversas passagens das
Escrituras:
Nm 23.19
1Sm 15.29
Jó 42.2
Sl 33.11
Sl 102.26-27
Pv 19.21
Is 14.24,27
Is 46.8-11
Ml 3.6
Hb 6.17
Hb 13.8
Tg 1.17
As aparentes mudanças em Deus
 A despeito de não haver nenhuma mudança na sua natureza, nos seus
atributos, nos seus decretos e nas suas promessas, não podemos dizer que
Deus é inamovível em tudo o que faz nem que Ele é um Ser estático.
 As Escrituras mostram muitas vezes que Deus muda de atitude para com o
homem. Por exemplo, Deus muda de atitude quando as suas promessas
são condicionadas à obediência dos seres humanos.
 Portanto, uma melhor e mais abrangente definição da imutabilidade de
Deus é a proposta por Grudem: “Deus é imutável em seu ser, suas
perfeições, seus propósitos e suas promessas; todavia, Deus age, e ele o
faz de modo diferente em resposta a diferentes situações”.
Como entender passagens que falam do arrependimento de Deus?
Criação do homem – Gn 6.6-7
Escolha de Saul como rei – 1Sm 15.10-11
Diante do arrependimento de uma nação – Jr 18.8-10
Destruição de Nínive – Jn 3.10
Essas aparentes mudanças ou “arrependimentos” em Deus não indicam que Deus
alterou alguma coisa em seu ser, propósitos, atributos ou promessas.
 Pode tratar-se de antropomorfismos e antropopatismos, i.e. descrições das ações e
dos sentimentos de Deus em termos humanos ou de uma perspectiva humana.
 Está clara em vários textos que o arrependimento atribuído a Deus não tem o
mesmo sentido que o arrependimento atribuído aos homens.
 Por exemplo, o ser humano pode se arrepender de uma decisão errada, o que não é
possível para um Deus onisciente. Portanto, no mínimo, existe um arrependimento
de Deus que não é da mesma natureza que o arrependimento dos seres humanos.
 Pode tratar-se de uma mudança, não do Ser e sim, da providência de Deus com
relação às suas criaturas, baseada numa mudança de atitude por parte das criaturas.
Unidade de Deus [Grudem, TS, p.125]
 A Unidade de Deus pode ser definida da seguinte maneira: “Deus nãos está dividido em
partes; porém percebemos atributos diversos de Deus enfatizados em momentos diferentes”.
 Esse atributo é também denominado Simplicidade divina, sendo a palavra simples
empregado no sentido de “não complexo” ou “não composto de partes” e não no sentido
popular de “fácil de compreender” ou “simplório”.
 Quando as Escrituras falam dos atributos de Deus, jamais destaca um deles como mais
importante que os restantes. Não devemos conceber Deus como uma espécie de coleção dos
vários atributos reunidos.
 Deus em si mesmo é uma unidade, uma pessoa integral, unificada e completamente
integrada, infinitamente perfeita em todos os seus atributos.
 Simultaneamente, Deus é inteiramente (100%) amoroso, inteiramente (100%)
misericordioso, inteiramente (100%) justo, etc. Deus não é mais justo em determinado
período da história e mais amoroso em outros período.
 A doutrina da unidade divina deve nos acautelar de destacar qualquer dos atributos de Deus
como mais importante do que os outros.
6.9 OS ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS DE DEUS
6.9.1 Atributos Intelectuais
 O Conhecimento de Deus – [onisciência]
 A Sabedoria de Deus
 A Veracidade e Fidelidade de Deus
6.9.2 Atributos Morais
 A Bondade de Deus
 O Amor de Deus
 A Paciência de Deus
 A Misericórdia de Deus
 A graça de Deus
 A Santidade de Deus
 A Justiça de Deus
ATRIBUTOS INTELECTUAIS
CONHECIMENTO DE DEUS – ONISCIÊNCIA
“Deus conhece plenamente a si mesmo e todas as coisas reais e
possíveis num ato simples e eterno” - Grudem
 O conhecimento de Deus abrange todo o universo físico e espiritual:
Jó 28.24; 38.17-21, 36-38; 39.1-2; Sl 147.4-5; Is 40.12-14; Mt 10.29-
30; At 15.17b-18
 O conhecimento de Deus inclui todas as nossas vidas, todos os
nossos atos e pensamentos: Sl 33.13-15; 56.8; 94.9-11; 139.1-4, 11-
12, 15-18; Pv 5.21; 15.3,11; Jr 1.5; Hb 4.13; 1 Jo 3.20
 O Conhecimento de Deus abrange todos os acontecimentos possíveis
ou eventuais: 1Sm 23.9-13; Mt 11.21
SABEDORIA DE DEUS
“Dizer que Deus tem sabedoria significa dizer que ele sempre
escolhe as melhores metas e os melhores meios para alcançar essas
metas” – Grudem
 Deus é formalmente conhecido com Sábio: Jó 12.13; Sl 104.24; Rm
16.27; 1 Co 1.21,27,29
 A Sabedoria de Deus está revelada em sua criação: Sl 104.24; Pv
8.22-31
 A Sabedoria de Deus se revela na vida de cada um de nós: Rm
8.28,29
 A Sabedoria de Deus está revelada especialmente na redenção: Rm
11.33
VERACIDADE E FIDELIDADE DE DEUS
“A veracidade divina implica que ele é o Deus verdadeiro, e que todo o
seu conhecimento e todas as suas palavras são ao mesmo tempo
verdadeiros e o parâmetro definitivo da verdade” – Grudem
O termo fidedignidade, que significa “veracidade” ou “confiabilidade”, é
às vezes usado como sinônimo da veracidade divina.
 Ele é o Deus verdadeiro: Jr 10.10-11; Jo 17.3; 1Jo 5.20
 O seu conhecimento é verdadeiro: Jó 37.16; ver outros versículos acima
 Suas palavras são verdadeiras e o parâmetro definitivo da verdade: Deus
é confiável e fiel nas suas palavras e promessas: Nm 23.19; 2Sm 7.28; Pv
30.5; Jo17.17; Hb 6.18
 Implicações: A Palavra de Deus é nossa “Corte Suprema”; devemos imitar
a veracidade de Deus (Cl 3.9-10; Ef 4.25)
ATRIBUTOS MORAIS
BONDADE DE DEUS
“A bondade de Deus é sua disposição favorável para com toda a sua criação” -
Heber Campos
 Bondade para com as criaturas em geral: Jó 38.41; Sl 36; 104.10-23; 145.8,9, 15-
17; Mt 6.26
 Bondade para com os homens: Sl 36.7,8; Jonas 4.6-11; Mt 5.45; At 14.17
 Bondade de Deus para com os angustiados e aflitos – Misericórdia: Ex 33.19;Dt
4.28-31; 2Sm 24.14; 2Co 1.3; Rm 9.15; Hb 4.16; Tg 5.11; 1Pe 1.3
 Bondade de Deus para com os que só merecem castigo – Graça: Rm 3.23-24;
4.16; Ef 2.4-9
 Bondade de Deus no sustar por determinado tempo a punição daqueles que
persistem no pecado – Paciência: Ex 34.6; Nm 14.18; Sl 86.15; Rm 2.4; 9.22; 1Tm
1.16; 1Pe 3.20
 Implicações – Devemos imitar a Deus nesses atributos
 O AMOR DE DEUS - Heber Campos, p.262-73
 A PACIÊNCIA DE DEUS - Heber Campos, p.274-287
 A MISERICÓRDIA DE DEUS - Heber Campos, p.288-301
 A GRAÇA DE DEUS - Heber Campos, p.302-321
 A SANTIDADE DE DEUS - Heber Campos, p.322-338
 A JUSTIÇA DE DEUS - Heber Campos, p.339-64
6.9.3 Atributos da Soberania de Deus
A Soberania de Deus
A soberania de Deus indica o total domínio do Senhor sobre toda a sua
vasta criação.
Como soberano que é, Deus exerce de modo absoluto a sua vontade, sem
ter que prestar contas a qualquer vontade finita.
A soberania de Deus consiste em sua onipotência, expressa em relação ao
mundo criado, mormente no tocante à responsabilidade moral das criaturas
diante dele.
Executando o seu plano eterno para a criação inteira e para os homens,
Deus exerce autoridade absoluta, amoldando todas as coisas e todos os
acontecimentos à semelhança do que o oleiro faz com o mesmo monte de
barro amassado.
Nas Escrituras, Deus é apresentado como aquele que faz a sua vontade, e esta é a
causa última de todas as coisas que há no mundo.
Deus, não somente tem decisões, mas faz vir à existência todas as coisas no mundo,
assim como preserva e governa tudo aquilo que criou.
Tudo existe por causa da sua vontade, e tudo vem a existir pelo seu poder. Tudo
vem dele e depende dele.
Infelizmente, o Deus das Escrituras tem sido um desconhecido de boa parte dos
cristãos da atualidade.
O Deus que é pregado em muitos púlpitos e ensinado nas escolas dominicais, e lido
em grande parte dos livros evangélicos, não é o Deus das Escrituras, mas sim uma
projeção do sentimentalismo humano.
Trata-se de um Deus, cuja vontade pode ser resistida, cujos desígnios podem ser
frustrados e cujos propósitos podem ser derrotados. Esse não é o Deus das
Escrituras.
O Deus das Escrituras é soberano; Ele exerce seu governo absoluto sobre o universo,
de fato e de verdade. – Heber, p.365
As Escrituras comprovam a soberania universal e
absoluta de Deus em diversas passagens. Seguem
algumas:
1Cr 29.10-12
2Cr 20.6
Jó 23.13; 42.2
Sl 33.11; 103.19; 115.3; 135.6
Rm 8.28; 11.36
Ef 1.11
A Vontade soberana de Deus
Definição
 A vontade de Deus pode se referir tanto à sua capacidade de
determinação própria; à regra de vida que Ele traçou para as suas
criaturas racionais ou à expressão do seu prazer ou do seu deleite.
Características - A vontade de Deus:
 É essencial nele, i.e., é inseparável dele
 É eterna como qualquer outro atributo dele
 É poderosa, i.e., não pode ser resistida
 É imutável, porque tudo que é essencial em Deus não muda
 É eficaz (trata-se da vontade decretiva de Deus, a qual não pode ser
contrariada por ninguém) – Is 14.24,27
 É originada exclusivamente nele, nada fora dele origina essa vontade
 É livre e soberana
Distinções aplicadas à vontade de Deus
Apesar de existir apenas uma vontade em Deus, ela pode ser percebida
sob várias óticas, nas Escrituras.
A vontade decretiva e a vontade preceptiva de Deus
 A vontade decretiva é aquela por meio da qual Deus ordena ou decreta tudo
aquilo que decide que tem de acontecer, mediante a sua agência direta ou
indireta e irrestrita de suas criaturas racionais. Nenhuma criatura tem
participação nesse tipo de decisões divinas. Ela é irresistível. Pode ser secreta
ou revelada.
 Base bíblica:
 Is 46.9-11; 53.10
 Dn 4.35
 Mt 26.42
 Ef 1.1,5,11
 Fp 2.13
A vontade preceptiva
 A vontade preceptiva é a norma de conduta estabelecida por Deus para
todas as suas criaturas morais, sejam elas crentes ou não. Nessa vontade
Deus prescreve o que devemos fazer. Essa vontade nem sempre é feita.
Desde Adão, temos desobedecido à vontade preceptiva de Deus.
 Base bíblica:
Mt 7.21
Rm 2.17,18
1 Ts 5.18
1 Pe 2.15

OBSERVAÇÃO
A vontade decretiva (geralmente secreta) sempre se cumpre; a vontade
preceptiva ou revelada é frequentemente desobedecida.
A vontade de prazer e a vontade de propósito
 A vontade de prazer – é aquela que expressa o prazer ou
deleite de Deus em coisas que ele gostaria que acontecessem
na vida dos homens, mas que nem sempre acontecem. Ela
expressa a natureza constitucional de Deus. Esse desejo, que
nem sempre é satisfeito, é constitucional e não pode ser
negado nele.
 Exemplos
 Ez 18.23
 Lc 13.34
 1 Tm 2.4
 2 Pe 3.9
A vontade de propósito – indica o que Deus gostaria que acontecesse, mas
que não depende de uma obediência do homem para acontecer.
Exemplos
Nos exemplos anteriores, o desejo constitucional de Deus de que todos
sejam salvos nem sempre é realizado.
Por razões desconhecidas de nós, Deus determina não satisfazer ou
realizar seu próprio desejo de prazer.
De fato, está nas mãos de Deus salvar o pecador. É ele quem efetua a
regeneração do pecador e o ressuscita espiritualmente. Salvar o pecador
é obra da soberania dele.
No entanto, embora todos mereçam sua justa condenação, ele resolveu
salvar alguns e deixar outros. Essa é sua vontade de propósito, a qual não
anula sua vontade de prazer, que lhe é constitucional, i.e., o seu desejo de
que todos sejam salvos.
A vontade secreta e a vontade revelada de Deus

Dt 29.29 – “As cousas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus,


porém as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para
que cumpramos todas as palavras desta lei”
Vontade secreta – tem a ver com aquilo que Deus faz na nossa vida
pessoal e que é segredo, até que aconteça.
Essa vontade está relacionada com o plano de Deus para na nossa vida
pessoal. Essa vontade não está expressa diretamente nas Escrituras.
Há muitas coisas sobre a nossa vida pessoal que Deus deixou
escondido de nós. Não sabemos o que nos sucederá amanhã. Não
sabemos qual o plano de Deus para nossa vida pessoal, a menos que
ele nos mostre claramente qual. [Pessoalmente, 30 anos atrás, jamais
poderia imaginar que eu viveria aqui no Brasil]
Vontade revelada – a vontade revelada para nossa vida está
absolutamente clara nas Escrituras. As coisas reveladas
mencionadas em Dt 29.29 são coisas que devem ser obedecidas
como norma de comportamento para todo o povo de Deus. Nesse
sentido, a vontade revelada é igual à vontade preceptiva de Deus.
Exemplo:
 Com relação ao casamento:
Posso perguntar: “Senhor, é tua vontade que eu me case
com Fulano?” - Pois, pelo fato de o meu futuro estar oculto
de mim, não sei se é a pessoa certa.
Mas, não posso perguntar: “Senhor, é tua vontade que eu
me divorcie do meu cônjuge?” – As Escrituras não deixam
dúvidas sobre o assunto Mt 19.3-12
Como descobrir a vontade de Deus? - Submeta-se às seguintes
perguntas:
1. O que vou fazer é legítimo? – Existe algum preceito na lei divina
contra o que vou fazer? Não há na Palavra de Deus algo claramente
contra o que pretendo fazer?
2. O que pretendo fazer traz edificação para mim? – O que vou fazer
melhora o meu relacionamento com Jesus Cristo? Melhora o meu
relacionamento com as outras pessoas? Faz-me crescer em
maturidade? (1Co 10.23)
3. O que vou fazer vai ser de grande ajuda para os outros? – (1Co
10.24,33)
4. Há riscos de eu me tornar escravo do que vou fazer? – (1Co 6.12)
5. O que pretendo fazer vai trazer glória ao nome de Deus? – Esta é a
norma magna (1Co 10.31)
O poder soberano de Deus – [onipotência]
Definição
 O poder de Deus é sua capacidade de fazer acontecer aquilo que
deseja e determina que aconteça, seja na área física, moral ou
espiritual.
 A autoridade de Deus é o seu direito de agir poderosamente em
todas as coisas, como lhe apraz. A autoridade de Deus é baseada
naquilo que Ele é, i.e., nos seus atributos essenciais, entre os quais
está o seu poder soberano.
Características do poder de Deus:
 É um poder essencial nele e inerente em Deus – Sl 62.11
 É um poder infinito (Is 40.25,26; Ef 3.20). Não há limite para o poder de
Deus. Todavia, a execução do seu poder é controlada pelos seus decretos.
Deus não pode ser mais poderoso do que é, porque Ele é o poder supremo.
 É um poder eterno (Rm 1.20)
Distinções no poder de Deus
 O Poder Absoluto de Deus - É aquele poder por meio do qual
Deus pode fazer o que não vai fazer, mas que é possível fazer.
É a capacidade de Deus de fazer acontecer qualquer coisa que
deseje, mesmo aquelas que Ele nunca vai realizar.
Mt 3.9 – “... Porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode
suscitar filhos a Abraão”.
 O Poder Ordenado de Deus – É aquele poder por meio do qual
Deus faz o que tem decretado fazer, a saber, o que Ele tem
ordenado ou disposto que se faça. Tudo o que está ordenado
tem que ser feito porque Deus é imutável – Is 46.10b.
Em Mt 26.53,54 ocorrem o registro dos dois tipos de poderes, o
absoluto e o ordenado
ESFERAS DE AÇÃO DO PODER DE DEUS
1. Na criação – Jr 32.17
2. Na propagação dos seres viventes – Sl 139.14
3. Na preservação – Jó 8.11; Sl 36.6b, Hb 1.3
4. Na movimentação das criaturas – At 17.28
5. No governo das autoridades (espirituais e humanas) – Pv 21.1
6. No governo moral do mundo – Deus governa a manifestação do mal moral
no mundo. Este mundo não está entregue a si mesmo; nem é dominado
por Satanás como muitos apregoam. Com o seu poder, Deus tem refreado o
mal, tanto de Satanás quanto dos homens.
7. No governo de sua graça redentora – Na vinda do Redentor (Lc 1.35); na
ressurreição do redentor (1Co 6.14; 2Co 13.4; Ef 1.19,20) – Na aplicação da
salvação aos remidos (Ef 2.8-10)
8. No governo judicial do mundo (Gn 19.24; Ez 22.14-16; Ap 18.8)
OS DECRETOS DE DEUS
TERMINOLOGIA BÍBLICA
No Antigo Testamento
‘sod’, de ‘yasad’ – sentar-se junto para deliberação - Jr 23.18,22
‘chaphets’ – inclinação, vontade, beneplácito - Is 53.10
‘ratson’ – agradar, deleitar-se, e daí, denotar deleite, beneplácito, ou vontade
soberana - Sl 51.19; Is 49.8
No Novo Testamento
‘boule’ – que designa o decreto em geral, indicando também o fato de que o
decreto de Deus se baseia num conselho e deliberação - At 2.23; 4.28; Hb
6.17
‘thelema’ – que, quando aplicado ao conselho de Deus, dá ênfase ao
elemento volitivo, e não ao elemento deliberativo - Ef 1.11
‘eudokia’ – acentua a liberdade do propósito de Deus, às vezes, também o
prazer de que vem acompanhado - Mt 11.26; Lc 2.14; Ef 1.5,9
DEFINIÇÃO
“Os decretos de Deus são Seu eterno propósito ou propósitos,
baseados em Seu mui sábio e santo desígnio, pelo qual Ele livre e
imutavelmente, para Sua própria glória, ordenou eficaz ou
permissivamente, tudo o que acontece.” –Thiessen, p.96
ANÁLISE DA DEFINIÇÃO
 Primeiro, os decretos são o eterno propósito de Deus, isto é:
Deus não faz ou altera Seus planos à medida que a história
humana vai se desenvolvendo;
Ele fez esses planos na eternidade e eles permanecem
inalterados.
 Segundo, os decretos são baseados em Seu mui sábio e santo
desígnio, i.e.:
Deus é onisciente e assim sabe o que é melhor;
Ele é absolutamente santo, e assim não pode ter em Seu
propósito qualquer coisa que seja errada.

 Terceiro, os decretos se originam na liberdade de Deus, i.e.:


Deus não tem obrigação de se propor coisa alguma ad extra;
Se Ele se propuser qualquer coisa, a fará sem nenhuma restrição;
A única necessidade a Ele imposta nesse aspecto é a que resulta
de Seus próprios atributos de Deus sábio e santo.
 Quarto, os decretos têm como finalidade a glória de Deus, i.e.:
Seu objetivo principal não é a felicidade da criatura nem o
aperfeiçoamento dos santos, embora tais coisas estejam incluídas
em Seus objetivos, mas sim na glória de Deus que é absoluta
perfeição.
 Quinto, há dois tipos de decretos: os eficazes e os permissivos; i.e.:
Há coisas que Deus se propõe que Ele também determina
eficazmente fazer acontecer;
Há outras coisas que Ele simplesmente determina permitir. No
entanto, mesmo no caso dos decretos permissivos, Ele tudo
domina para Sua própria glória.
 Sexto, os decretos abrangem tudo que vem a ocorrer; i.e.:
Eles incluem todo o passado, o presente e o futuro;
Contem todas as coisas que Ele eficazmente faz acontecer e
aquilo que Ele simplesmente permite
Outras definições:
“Desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria
vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém
de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da
criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias,
antes estabelecidas.” - Confissão de Fé de Westminster
Pode se definir o decreto de Deus como “o Seu eterno propósito, segundo o
conselho da Sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele predestinou
tudo o que acontece.” – Breve Catecismo de Westminster
Outras expressões usadas para designar os “decretos de Deus”:
“o plano de Deus”
“o propósito de Deus”
“o conselho de Deus”
A NATUREZA DOS DECRETOS DIVINOS
 O Decreto divino é somente um – apesar de se falar de “decretos”,
existe apenas um decreto de Deus (protheisis), um propósito ou
conselho. Por que?
Porque o conhecimento de Deus é imediato e simultâneo
(onisciência) e não sucessivo como o nosso.
Porque existe apenas um plano de Deus, compreensivo, que
abrange tudo o que se passa. De fato, um Deus infinita e
eternamente Onisciente e Sábio não precisa de uma série de
decretos para planejar o que pretende fazer e como pretende
fazê-lo.
 O decreto está intimamente ligado ao conhecimento de Deus
Há em Deus um conhecimento necessário e um conhecimento livre.
O conhecimento necessário inclui todas as causas e resultados possíveis. É
desse conhecimento de todas as coisas possíveis que, com base em sábias
considerações, Deus escolheu, por um ato de sua vontade perfeita, o que
desejava levar à realização.
O decreto de Deus é o fundamento do seu livre conhecimento, i.e., o
conhecimento das coisas conforme se realizam no curso da história.
Enquanto o conhecimento necessário logicamente precede o decreto, o
livre conhecimento segue-se logicamente a ele.
 O decreto se relaciona com Deus e com o homem
 Com Deus – o decreto se refere antes à obra de Deus ad extra e não diz respeito à
obra ad intra de Deus (p.e. Deus não decretou ser santo e justo, nem decretou ser
três pessoas, pois tais coisas são essenciais em Deus)
 O decreto inclui tanto atos realizados por Deus como atos realizados por suas
criaturas livres.
 Entre os atos realizados por Deus, distingue-se aqueles realizados imediatamente
por Ele e aqueles realizados por intermédio de causas secundárias fortalecidas e
vitalizadas pelo seu poder. Deus assume a responsabilidade desses atos.
 No entanto, o decreto abrange coisas que Deus tornou certas, mas que não
decidiu efetuar pessoalmente, como os atos pecaminosos de suas criaturas livres.
O decreto referente a esses atos é chamado de decreto permissivo.
 No caso de atos pecaminosos, Deus permitiu que acontecessem pela livre ação das
suas criaturas racionais. Sendo a total responsabilidade por esses atos das próprias
criaturas.
 O decreto para agir é diferente do ato
Os decretos são um exercício interno dos atributos de Deus, um exercício de
sua vontade, e não devem ser confundidos com a realização dos seus
objetivos na criação, na providência e na redenção.
O decreto é para com a sua realização o que a planta de uma casa é para com
a casa. O decreto para criar não é a criação; nem o decreto para justificar é a
justificação.
O decreto define o curso da ação como o faz um projeto de arquitetura.
Pedreiros, encanadores, pintores, eletricistas etc., que trabalham no projeto,
são responsáveis, cada um, da execução parte que lhe cabe.
Os decretos divinos não são dirigidos aos homens, portanto não coíbem a
livre ação da criatura. Os decretos não têm uma natureza normativa como a
tem as Escrituras. Portanto, eles não impõem compulsão ou obrigação à
vontade dos homens.
CARACTERÍSTICAS DO DECRETO DIVINO
Tem fundamento na sabedoria divina – Ef 3.10,11; Sl 104.24; Pv 3.19
É eterno – At 15.18; Ef 1.4; 2 Tm 1.9
É eficaz – Sl 33.11; Pv 19.21; Is 46.10
 Segundo Hodge: O decreto providencia em cada caso que o evento
será efetuado por causas que agirão de maneira perfeitamente
coerente com a natureza do evento em questão. No caso de todo ato
livre de um agente moral, o decreto provê ao mesmo tempo:
Que o agente seria um agente livre.
Que os seus antecedentes e todos os antecedentes do ato
em questão seriam o que são.
Que todas as presentes condições do ato seriam o que são.
Que a ato seria perfeitamente espontâneo e livre, da parte
do agente.
Que certamente seria um ato do futuro.
É imutável – Jó 23.13,14; Sl 33.11; Is 46.10; Lc 22.22; At 2.23
É incondicional ou absoluto – os meios ou condições de execução de cada
decreto foram determinados no próprio decreto. Deus não precisa fazer
reajustes aos seus decretos em curso da execução – At 2.23; Ef 2.8; 1Pe 1.2
É universal ou totalmente abrangente – o decreto inclui tudo o que se
passa no mundo, quer na esfera física ou na do moral, quer seja bom ou
mau – ele inclui:
As boas ações dos homens – Ef 2.10
Seus atos iníquos – Pv 16.4; At 2.23; 4.27,28
Eventos contingentes – Gn 45.8; 50.20; Pv 16.33
Os meios e o respectivo fim – Sl 119.89-91; 2Ts 2.13; Ef 1.4
A duração da vida do homem – Jó 14.5; Sl 39.4
O lugar da sua habitação – At 17.26
Com relação ao pecado, o decreto é permissivo – Sl 78.29; 106.15; At 14.16;
17.30
O pecado não surgiu como um acidente no percurso da história,
imprevisto por Deus.
O decreto permissivo de Deus acerca do pecado tornou o seu surgimento
um acontecimento certo, mediante uma futura escolha deliberada da
criatura, sem nenhuma incitação nem influência pessoal de Deus.
Isso quer dizer que, Deus não opera positivamente no homem “tanto o
querer como o realizar”, quando o homem vai contra sua vontade
revelada.
Faz parte desse decreto permissivo de Deus, sua determinação de:
1. Não impedir a autodeterminação pecaminosa da vontade finita da
criatura
2. Regular e controlar o resultado dessa autodeterminação pecaminosa
Objeções à doutrina dos decretos
É incoerente com a liberdade moral do homem
 O homem é um agente livre, contudo, o decreto leva consigo a
impossibilidade de ser descumprido. Se Deus decretou todas as coisas,
então Ele decidiu qual o curso da vida do homem por meio disso.
 Resposta:
 Biblicamente, decreto divino e livre ação do homem não são incoerentes
– Gn 50.19,20; At 2.23; 4.27,28
 Foi determinado que os judeus levassem a efeito a crucificação de Jesus;
todavia, eles agiram livremente, e foram responsabilizados por esse
crime.
 Os escritores inspirados não procuram harmonizar os decretos divinos
com a liberdade do homem. As duas verdades são bíblicas, mesmo que
não consigamos conciliá-las.
O decreto elimina todos os motivos para esforço
Se todas as coisas têm que acontecer como Deus as determinou, não é
necessário preocupar-se com o futuro nem fazer esforço para obter a
salvação.
Resposta:
Os decretos divinos não são dirigidos aos homens como uma regra
de ação, e não podem constituir uma regra assim, uma vez que o
conteúdo deles só se torna conhecido pela sua realização, e depois
desta. No entanto, há uma regra de ação incorporada na Lei e no
Evangelho que os homens devem cumprir.
Essa objeção ignora que o decreto inclui não somente os diversos
fatos da vida humana, mas também as livres ações humanas,
logicamente anteriores ao resultados destinados a produzi-las.
Com base direta no decreto, a Escritura nos exorta a utilizar
diligentemente os meios – Fp 2.13; Ef 2.10
O decreto faz de Deus o autor do pecado
Resposta:
Deus não é o autor do pecado. Isso se infere da Escritura – Sl 92.15; Ec 7.29; Tg 1.13;
1 Jo 1.5; da Lei de Deus que proíbe todo pecado, e da santidade de Deus, essencial
nele.
O decreto faz de Deus o Autor de seres morais livres, eles próprios os autores do
pecado.
Deus decreta sustentar a livre agência dos seres morais, regular as circunstâncias da
sua vida, e permitir que a livre agência seja exercida numa multidão de atos, dos
quais alguns são pecaminosos.
Por boas e santas razões, Deus dá certeza ao acontecimento desses atos, mas Ele
não aciona efetivamente esses maus desejos ou más escolhas no homem.
O problema da relação de Deus com o pecado continuará sendo um mistério para
nós.
Todavia, está claro que, embora Deus tenha assegurado a entrada do pecado no
mundo, não significa que Ele tem prazer nele – Ez 18.30-32
CRIAÇÃO
TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO

A TEORIA DA CRIAÇÃO NATURALISTA


O MATERIALISMO

Os materialistas (muitos dos quais são ateus) crêem na criação a partir da
matéria (ex materia)

O PANTEISMO

Os panteístas reivindicam que a criação sai de Deus (ex Deo); uma extensão do
próprio Deus.
MATERIALISMO: criação a partir da matéria
 A visão materialista da criação defende que a matéria (ou energia física) é eterna.
 Há duas subdivisões na visão da “criação a partir da matéria”:
 A que envolve um Deus (p.e. o platonismo)
 A que não envolve um Deus (p.e. o ateísmo; a criação naturalista; a evolução
naturalista)
 Platonismo: Deus criou a partir da matéria preexistente
 A matéria é eterna, i.e., o material básico do universo sempre existiu.
 “Criação” significa formação e não origem, i.e., Deus não origina a matéria; Ele
simplesmente organiza a matéria que sempre existiu.
 O “Criador” é um formador e não um produtor; Criador não significa “originador de
tudo que existe” mas “construtor”. Portanto, Deus é o Arquiteto do universo material
e não a Fonte.
 Consequência: Deus não é o Soberano sobre todas as coisas, pois existe algo eterno
fora dele, a matéria.
Ateísmo: a matéria é eterna
 A matéria é eterna
 Não há necessidade de um Criador; Deus não existe.
 Os seres humanos não são imortais; não há mente, só cérebro; o pensamento é uma
reação química do cérebro. Para os materialistas menos rígidos, quando o corpo
morre, a alma morre também; quando a matéria desintegra, a mente também acaba.
 Os seres humanos não são únicos. Eles são da mesma espécie que os animais, só
diferem deles em grau de evolução.
Exemplo de teoria ateísta
A teoria do Big Bang - Edgar Allan Poe (1809-1849)
Segundo a teoria do big bang, o universo atual resultou da explosão instantânea de
uma partícula, uma espécie de “célula-mãe” do universo”, cujo tamanho era menor
do que um átomo.
OBSERVAÇÃO: A igreja Católica Romana concorda com a teoria do Big Bang, mas afirma ser
Deus o causador do Big Bang.
Criação Naturalista
 A criação naturalista acredita que não há Criador (no sentido teísta) fora do
mundo.
 Existe apenas uma inteligência criativa dentro do universo.
Exemplo dessa visão: a Teoria do Design Inteligente
A palavra “design” significa desenho, projeto, plano, tipo de construção ou
planejamento.
A Teoria do Design Inteligente (TDI) se propõe detectar a informação
encontrada no design da natureza e a maneira como é transmitida; ela procura
detectar empiricamente se o design observado na natureza é produto de uma
inteligência organizada ou um produto do acaso.
A Teoria do Design Inteligente (TDI) é uma teoria científica desprovida de
qualquer compromisso religioso. Ela se limita a estudar o design encontrado
na natureza, sem se importar se existe ou não um designer.
OBSERVAÇÃO: Os criacionistas científicos identificam esse designer como criador
(uma Inteligência presente no universo) que nada tem a ver com o Criador Teísta
(um Deus Pessoal que se revela na Bíblia).
Evolução Naturalista
 A evolução naturalista postula que não há Deus envolvido na criação.
 As coisas emergiram por processos puramente naturais.

Exemplos
O Darwinismo
O Neo-darwinismo

Para mais detalhes sobre essas teorias, consultar as anotações de


antropologia bíblica
 PANTEÍSMO: criação a partir de Deus
Os materialistas afirmam que tudo é matéria; os panteístas acreditam que
que tudo é mente ou espírito.
Os materialistas acreditam na criação a partir da matéria (ex matéria); os
panteístas defendem a criação a partir de Deus (ex Deo).
Os panteístas se dividem em duas categorias: panteísmo absoluto (só existe
a mente; a matéria não existe) e panteísmo não-absoluto (todas as coisas
no mundo emanam do Um=Deus)
Visão panteísta da origem

Não há distinção absoluta entre o Criador e a criação, ambos são um.


Há uma relação eterna entre o Criador e a criação; Deus tem criado para
sempre.
O mundo é do mesmo material que Deus; Deus e mundo são da mesma
substância, Deus-material. A criação faz parte do Criador, é um em natureza
com Deus. Deus é água; Deus é arvores, etc.
Os seres humanos são Deus. Uma vez que toda a criação emana de Deus, os
seres humanos também. A teóloga da Nova Era, Shirley MacLaine acredita
que “você pode usar Eu sou Deus, ou Eu sou Cristo, ou Eu sou o que sou,
como Cristo usou”.
A DOUTRINA DA CRIAÇÃO TEÍSTA

Em contraste com o materialismo e o panteísmo, há a visão judaico-cristã da


criação: a criação ex nhilo, i.e., criação a partir do nada.
De acordo com essa posição, Deus está acima e além do mundo, não meramente
nele e certamente não dele.
Deus não é o mundo. Ele criou o mundo e se manifesta nele

Sl 19.1: “Os céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras
das suas mãos”
De fato, a criação é uma doutrina importante da Bíblia: a primeira declaração da Bíblia se refere
a ela (Gn 1.1)
A base bíblica para a criação
 A palavra criar (bara) é usada com relação a três grandes acontecimentos em Gênesis 1: a
criação da matéria (Gn 1.1), os seres vivos (Gn 1.21) e os seres humanos (Gn 1.27)
A origem da matéria
 “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1)
 As coisas vieram à existência pelo poder e a palavra de Deus (Hb 1.2; 2Co 4.6)
 “pela palavra do Senhor foram feitos os céus [...]Porque falou, e tudo se fez” (Sl 33.6,9)
 “Ele é antes de todas as coisas” e “nele foram criadas todas as coisas” (Cl 1.16,17)
 “Sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3)
 [...] Porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Ap 4.11)
 Deus é Espírito (Jo 4.24); invisível (Jo 1.18; 1Tm 1.17); incorpóreo (Lc 24.39). Mas, o universo
que ele criou é visível e material (Hb 11.3); isso, inclui o corpo humano que foi formado do
pó da terra (Gn 2.7)
A matéria foi criada por Deus e não de Deus (ex Deo).

O universo não é uma extensão de Deus, apesar de ser uma manifestação


evidente da glória de Deus, o seu criador e sustentador.

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como


também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram
criadas” – Rm 1.20
Criação ex nihilo

 As Escrituras afirmam a existência de Deus antes de Ele criar o universo


“Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de
eternidade em eternidade, tu és Deus” – Sl 90.2

“E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto a ti,
antes que houvesse mundo” – Jo 17.5

 Uma vez que Deus existia antes a criação, a criação deve ter-se originado do nada
exceto Deus. Essa é a criação ex nihilo (do nada). Essa criação original é também
designada creatio prima; a criação produzida com base nessa criação original é
designada creatio secunda.
A criação original não resultou do manuseio de alguma matéria pre-existente,
mas de um ato imediato da vontade de Deus.
“Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército
deles” – Ps 33.6

Duas passagens que explicitamente falam da criação ex nihilo se encontram no


NT
“Como está escrito: Por pai de muitas nações te constitui, perante aquele no qual
creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não
existem” Rm 4.17

“Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de
maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” – Hb 11.3
Na visão teísta da criação, há uma diferença absoluta entre o Criador e a
criação.
No panteísmo, Deus é para o mundo o que o mar é para as gotas de
água que estão nele.
No teísmo, Deus é para o mundo o que o pintor é para a pintura.
Criador Criação
 Incriado  Criado
 Infinito  Finito
 Eterno  Temporal
 Imutável  Mutável
 CONCLUSÕES
 1 - A criação teve um começo.

 O universo (tudo menos Deus) teve um começo.


 Jesus falou da glória com o Pai “antes que o mundo existisse” (Jo 17.5)
 O universo tempo-espacial foi trazido à existência.
 O mundo não começou no tempo; o mundo foi o começo do tempo.
 O tempo não existiu antes da criação.
 A única coisa “anterior” ao tempo era a eternidade.
 A criação teve um começo a partir do nada.
 2 - O “Nada” do qual Deus criou era o Nada Absoluto

Quando o teísta afirma que Deus criou “do nada”, ele não quer dizer que
“nada” era algum tipo de algo invisível e imaterial que Deus usou para
fazer o universo material.
Nada significa absolutamente nada, quer dizer, só Deus existia e
totalmente mais nada.
A criação ex nihilo significa que Deus não usou qualquer coisa quando
Ele criou o universo.
 3 - A criação do nada não é a criação pelo nada

O teísmo acredita que o universo veio a ser (existir) do nada, mas só por
Alguém (Deus); não afirma que nada produziu algo.
Para o teísmo, a criação do nada não significa criação pelo nada.
Alguém que usou absolutamente nada causou a criação inteira para
entrar em existência “pela palavra do seu poder”
Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26
Hb 1.3
Tabela comparativa

CATEGORIA TEÍSMO MATERIALISMO PANTEÍSMO


Fonte da criação Criador fora da Sem Criador Criador dentro da
natureza natureza
Método da criação Do nada Do algo De Deus
(ex ninhilo) (ex materia) (ex Deo)
Duração da criação Temporal Eterno Eterno
Relação entre Criador e Criador e criação Sem real Criador Sem real Criador
criação (realmente diferentes)
Controle de Deus Ilimitado Limitado ou Limitado
inexistente
Crença Criação sobrenatural Geração natural Emanação eterna
INTERPRETAÇÕES DE GÊNESIS 1-2
A CRIAÇÃO DE SERES ESPIRITUAIS
Antes da criação do mundo físico e da humanidade, Deus criou
criaturas espirituais chamadas anjos.
O universo é material; os anjos são imateriais.
Os seres humanos têm matéria (corpo) e espírito; os anjos só têm
espírito.
A hierarquia dos seres varia de Deus à matéria inanimada,
passando pelos anjos, os seres humanos e os animais.
Os anjos estão abaixo de Deus, e os seres humanos um pouco
abaixo dos anjos (Hb 2.7), ao passo que todas as criaturas estão
abaixo dos seres humanos.
A origem dos anjos: os anjos não são eternos, eles foram criados.
 Sl 148.2,5
 Cl 1.16
 Ne 9.6
 Certamente foram criados antes da terra, porque é dito que cantavam
quando as bases da terra foram fundadas (Jó 38.6,7)
Os nomes dos anjos: a Bíblia dá diferentes nomes às criaturas
espirituais de Deus; algumas receberam nomes próprios.
 Seres viventes – Ap 4.6
 Anjos ou mensageiros - Dn 4.13
 Anjos de Deus – Jo 1.5
 Anjos eleitos – 1 Tm 5.21
 Anjos santos – Ap 4.10
 Anjos poderosos – 2Ts 1.7
 Primeiros príncipes – Dn 10.13
 Ministros – Sl 104.4
 Filhos de Deus – Jó 1.6; 2.1
 Filhos dos poderosos – Sl 89.6
 Poderosos – Sl 26.9; 103.20
 Deuses (elohim, Sl 8.5)
 Santos – Dn 8.13; Zc 14.5; Jó 15.15
 Estrelas – Jó 38.7; Ap 12.4
 Exércitos (dos céus) – Gn 2.1; Ne 9.6; Lc 2.13
 Carros – Sl 68.17; Zc 6.1-5
 Muitos estudiosos acreditam que os “anciãos” em Ap 4.4, também são anjos
 Miguel, cujo nome significa “Quem é como Deus?”, é chamado “arcanjo” (Jd 9)
 Gabriel, cujo nome significa “Dedicado a Deus”, assiste diante de Deus (Lc 1.19)
 Lúcifer (Is 40.26), chamado “filhos da alva”, que caiu e se tornou o Diabo, também
chamado “o grande dragão, a antiga serpente, o diabo e Satanás” (Ap 12.9)
A natureza dos anjos
 Não têm gênero – Mt 22.30
 Nunca morrem – Lc 20.35,36; Lc 20.35,36
 Têm livre-arbítrio – Jd 6; 2 Pe 2.4
 Têm grande inteligência – 2 Sm 14.20; Mc 13.32; Lc 1.13; Ap 10.5,6; 17.1
 Têm grande poder – Gn 19.10,11; Sl 103.20; Mt 24.31
 São pessoas – Is 6.3; Ap 4.8,9; Lc 15.10
 São bonitos – Ez 28.13,14
O propósito dos Anjos
 Glorificar a Deus – Sl 148.2; Ap 4.11
 Servir Deus – Jó 1.6; 2.1; Cl 1.16
 Refletir os atributos de Deus – Is 6.3; Ez 1.5,28
 Aprender a sabedoria e a graça de Deus – Ef 3.10; 1 Pe 1.12
 Ministrar os eleitos – Hb 1.14; Mt 18.10; Lc 16.22
O número dos anjos
 Existe um numero fixo de anjos, pois não procriam.
 Seu número é vasto – Dt 33.2; Sl 46.7; Lc 2.13; Ap 5.11; Hb 12.22; Dn 10.13-
21
As categorias dos Anjos
 Querubins – Gn 3.24; Ex 25.18,20; 2 Sm 22.11
 Serafins – Is 6.2,3, 6
 Seres Viventes – Ap 4.7,8; Ez 1.6
 Arcanjo - Dn 12.1; 1 Ts 4.16; Jd 9
 Principados e potestades – Ef 3.10; Cl 2.10
 Tronos – Cl 1.16
 Domínios ou soberanias – Ef 1.21; Cl 1.16
 Poderes – Ef 1.21; 1 Pe 3.22
Os anjos maus
 Sua origem:
 2Pe 2.4: “Ora, Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no
inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo”
 Esses anjos pecaram, i.e., transgrediram alguma ordem divina
 Por consequência do seu pecado, Deus:
• Os precipitou no inferno
• Os entregou a abismos de trevas
• Os reservou para juízo
 Jd 6: “E aos anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram
o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o
juízo do grande Dia”
 Tais anjos não guardaram o seu estado original (de santidade)
 Ultrapassaram os limites de sua autoridade prescritos por Deus
 Por consequência, Deus os tem guardado sob trevas, em algemas ternas, para o juízo
do grande Dia.
 Seu chefe:
 Satanás (o Adversário) aparece na Bíblia como o chefe dos anjos decaídos
 Originariamente era um dos poderosos príncipes do mundo angélico, mas se tornou o
líder dos que se rebelaram contra Deus e caíram.
 Ele é o originador do pecado (Gn 3.1,4; Jo 8.44; 2Co 11.3; 1Jo 3.8; Ap 12.9; 20.2,10)
 É o chefe dos que caíram (Mt 25.41; Ef 2.2)
 É o líder das hostes angelicais que arrastou consigo na sua queda e que emprega em
sua obras maléficas contra Cristo e seu reino.
 É chamado “príncipe deste mundo” (não de todo mundo que continua sob o domínio
de Deus, mas o mundo mau separado de Deus – Jo 12.31; 14.30; 16.11)
 Também é chamado de “deus deste mundo” (2Co 4.4); “príncipe da potestade do ra,
do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.2)
 Ele exerce sua influência numa escala ampla, porém limitada (Mt 12.29; Ap 20.2)
 Está destinado a ser lançado no abismo (Ap 20.10)
 Sua atividade:
Procuram cegar e desviar até os eleitos de Deus
Em rebelião contra Deus, pelejam contra tudo que diz respeito a Deus: seu
Ungido, sua obra, sua Palavra
Animam os pecadores em suas práticas pecaminosas
Promovem a proliferação do pecado com maquiagens ideológicas etc.
 Seu fim:
São espíritos perdidos e sem esperança
Estão acorrentados ao inferno e ao abismo de trevas (2Pe 2.4; Jd 6), embora
podendo ainda arrastar suas correntes infernais por onde passam, enquanto
aguardam o Dia do seu juízo.
Eles não vivem soltos nem independentes, podendo ir onde quiserem nem fazer o
que bem entendem. Sua liberdade é como a de encarcerados entre as paraedes
do cárcere.
A ORIGEM DOS SERES VIVOS

TEORIA DA EVOLUÇÃO
Origem da teoria da evolução
É chamada de teoria da evolução a ideia de como a natureza
veio a formar-se.
Evolução significa desdobramento ou desenvolvimento.

Embora a ideia de evolução tenha sido cogitada por alguns


pensadores da Grécia antiga, a moderna teoria da evolução foi
formulada por Charles Darwin em 1859.
Os princípios do Darwinismo (Hodge, TS, p.493)
A lei da herança: Semelhante gera semelhante. No mundo
vegetal e animal a descendência é semelhante aos
progenitores.
A lei da variação: embora essencialmente semelhante aos
progenitores, a descendência difere sempre em grau maior ou
menor do seu progenitor. Essas variações podem ser
deteriorações ou melhoramentos.
A lei da sobrevivência: como plantas e animais aumentam em
proporção geométrica, tendem a exceder os seus meios de
sustento, o que leva a uma contínua luta pela sobrevivência.
A lei da seleção natural: nessa luta sobrevivem os mais aptos;
os indivíduos cujas variações os tornam superiores a seus
semelhantes na luta pela existência e sobrevivência,
transmitem à sua descendência essa peculiaridade.
A teoria darwiniana de evolução:

A matéria com vida apareceu por acidente bilhões de anos atrás.

A primeira matéria com vida era uma criatura extremamente pequena e


simples, um germe primordial, destituído de inteligência inerente.

Sob influências puramente naturais, esse germe primordial deu origem a


toda infinita variedade de organismos vegetais e animais que existem hoje
com todas as suas complexas relações entre si e com o mundo ao redor
deles.
Finalmente, após um processo que se prolongou por bilhões de anos,
apareceram os primatas, os macacos e o homem.
Darwin não só assevera que tudo isso deve a causas naturais, mas
também que os impulsos inferiores da vida vegetal passam, por sensíveis
gradações, para os instintos animais e para a inteligência superior do
homem.
Segundo Darwin, Deus criou a célula viva inteligente, depois disso, tudo
prossegue mediante a lei natural, sem propósito e sem designo.
(Fontes: Andrews, No princípio, Editora FIEL, p.8 e Hodge, TS, p.494)
Objeções à teoria darwiniana (Berkhof, TS, p.169-70)

Várias objeções podem ser levantadas contra a teoria de que o


homem descende evolutivamente dos animais inferiores
A teoria não de baseia em fatos estabelecidos, e sim em
conjecturas, portanto, não passa de uma hipótese não
comprovada.
A teoria foi desacreditada por outros cientistas. Ao passo que
Darwin acreditava na transmissão de caracteres adquiridos pelo
progenitor à descendência, Weissmann provou que os
caracteres adquiridos nunca são herdados.

Enquanto Darwin pressuponha variação interminável em


diversas direções, Mendel demonstrou que as variações ou
mutações nunca retiram o organismo da sua espécie.
Foi provado que as novas espécies dos evolucionistas, não eram de modo
nenhum espécies genuínas, mas apenas espécies alteradas, ou seja,
variedades da mesma espécie.
A ciência comprovou que variações ocorrem dentro das espécies que Deus
criou inicialmente. As variações dentro de cada espécie não contradizem
nada ensinado na Bíblia.
Deus criou um homem e não diversos tipos de homem. Todas as diferenças
ou variações entre humanos devem ter surgido durante o tempo de vida da
raça humana. Este é o claro ensinamento bíblico.
Enquanto, proeminentes evolucionistas admitem francamente, agora, que,
a origem das espécies é um completo mistério para eles, a Bíblia ensina que
Deus criou no início espécies diferentes de animais, árvores e plantas.

Elas não se originaram de uma única forma de vida. As diferentes formas


foram criadas separadamente e não se transformaram de uma espécie para
outra.
O neodarwinismo
Nas décadas de 1930 e 1940, os conhecimentos acerca da
genética (área da biologia que investiga a constituição dos
genes, como se processa a hereditariedade) foram unidos às
ideias evolucionistas de Darwin resultando numa teoria mais
abrangente, que ficou conhecida como teoria moderna da
evolução, ou teoria sintética ou, ainda, Neodarwinismo.
Segundo essa teoria, os fenômenos evolutivos fundamentam-se nas
modificações genéticas, através de mutações (a nível do DNA e
cromossomos) e combinações de genes no ato da fecundação.

Contrariamente ao darwinismo que advogava a macro-evolução


(transformação de uma espécie em outra), o neodarwinismo apenas
reconhece a micro-evolução (mudanças dentro de cada espécie). Isso não é
contra o ensino da Bíblia.
A CRIAÇÃO DOS SERES VIVOS
 A origem da vida
“Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25)
Deus criou “o homem e o animal, os repteis e as aves dos céus” (Gn 6.7)
“Sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3)
 Com base nas Escrituras, literalmente, todos os seres vivos foram criados por Deus.
A CRIAÇÃO DA HUMANIDADE
 Gn 1.26-27: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus,
sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que
rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o
criou; homem e mulher os criou”
 O tema da criação da humanidade será amplamente discutido na antropologia
bíblica
EVOLUÇÃO TEÍSTA versus CRIACIONISMO

 Desde que Charles Darwin publicou A Origem das Espécies por meio da Seleção
Natural, em 1859, um debate se estabeleceu dentro do cristianismo sobre a
compatibilidade do evolucionismo com o ensino histórico bíblico e teológico das
origens.
 Surgiram dois grupos;
Evolução teísta
Criacionismo, divido em dois
 Criacionismo da terra jovem, ou criacionistas da ordem
 Criacionismo da terra velha ou madura, ou criacionista progressistas
 Emergiu um terceiro grupo criacionista
O Movimento do Desígnio Inteligente, ou criacionismo científico
 Um dos propósitos do movimento é proporcionar uma alternativa científica à
macroevolução naturalista, livre da linguagem bíblica e religiosa, mas que
reconhece uma mente inteligente como originadora do universo e tudo que
nele se encontra, sem ser o Deus da Bíblia
Evolução teísta
 A evolução teísta é a crença de que Deus usou a evolução como meio de
produzir as formas de vida física neste planeta, inclusive a vida humana.
 A maioria dos evolucionistas teístas defende pelo menos dois atos da criação:
A criação da matéria do nada
A criação da primeira vida
Depois, disto, supostamente, todos os outros seres vivos, inclusive os
seres humanos, surgiram por processos naturais ordenados por Deus
desde o princípio.
 Certos evolucionistas teístas afirmam que Deus criou a primeira alma
diretamente no primata já evoluído para torná-lo humano e segunda a
imagem de Deus.
 Os católicos romanos adotam o evolucionismo teísta; alguns cientistas
evangélicos também.
Discordâncias entre as Escrituras e a teoria da evolução
A BÍBLIA DIZ A TEORIA DA EVOLUÇÃO DIZ

A CRIAÇÃO FOI PLANEJADA COM UM PROPÓSITO A NATUREZA EVOLUIU POR ACIDENTE OU ACASO

COISAS VIVAS FORAM CRIADAS SEPARADAMENTE, TODAS AS COISAS VIVAS ORIGINARAM-SE DE UMA
CADA UMA SEGUNDO A SUA ESPÉCIE FORMA VIVA SIMPLES ATRAVÉS DA EVOLUÇÃO

O HOMEM FOI UMA CRIAÇÃO ESPECIAL DIFERENTE O HOMEM É SOMENTE MAIS UM ANIMAL QUE
DOS ANIMAIS (FALA, ESCRITA, ARTE, PRODUÇÃO, EVOLUIU DE CRIATURAS SEMELHANTES A
ETC. SÃO PECULIARES AO HOMEM) PRIMATAS
O TRABALHO DA CRIAÇÃO FOI COMPLETADO POR A EVOLUÇÃO TEM CONTINUAMENTE PRODUZIDO
DEUS EM SEIS DIAS NOVAS ESPÉCIES DE COISAS VIVAS ATRAVES DO
TEMPO, O QUE AINDA HOJE ACONTECE
A NATUREZA FOI CRIADA PERFEITA, MAS TORNOU- A NATUREZA TEM-SE TORNADOMELHOR E MAIS
SE DETERIORADA PORQUE ADÂO DESOBEDECEU A PERFEITA POR MUDANÇAS EVOLUTIVAS
DEUS

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