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02- OS DOIS FUNDAMENTOS

Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica, será
comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e
caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto
contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. E todo
aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica, será comparado a
um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva,
transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela
casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína (Mateus 7.24-27).
A Palavra de Deus é o fundamento da vida do cristão, tanto da vida moral
como a espiritual. Por causa da revelação veto e neotestamentária, a Reforma
estabeleceu os primados da confissão de fé e da ética firmados
exclusivamente na Palavra de Deus: A Escritura é a nossa única regra de fé e
norma de conduta.
Esta parábola estabelece os seguintes princípios cristãos:
a- A necessidade de ouvir a Palavra de Deus. O Evangelho da redenção,
que expõe a obra salvadora de Cristo por meio de sua vida ministerial, sua
mensagem, sua morte redentora e sua ressurreição, tem de ser comunicado a
todos os pecadores, penetrando em todos os ouvidos.
Para tal objetivo, o Senhor instituiu a Igreja e a universalizou como comunhão
dos redimidos e agência missionária. A graça revelada atinge o predestinado
à crença em Cristo por meio da pregação. Ouçam o que diz Paulo: Como
invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem
nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E Como pregarão,
se não forem enviados? (Romanos 10.14,15).
O conhecimento revelado penetra a consciência do eleito, modificando o seu
comportamento ético e direcionando a sua fé para o Deus que lhe fala pelas
Escrituras. A mente humana não funciona para gerar os fatos redentores, mas
para apreendê-los, assimilá-los e incorporá-los à consciência e à existência.
As Escrituras são o único meio de entender-se, corretamente, Deus e sua
vontade para conosco; tudo conforme a capacidade humana e suas
necessidades. Elas, portanto, devem ser ensinadas sistematicamente ao povo
de Deus, para que este a pregue às pessoas de seu universo de influência.
b- A necessidade da prática. De nada vale o conhecimento teórico das
verdades bíblicas. Assim como o comandante militar, ao dar uma voz de
comando, o soldado tem de ouvi-la e executá-la imediatamente; Deus,
quando fala ao pecador, sua palavra tem de produzir efeito imediato de
conversão, de ação e de testemunho, pois as ordenações divinas são
absolutamente imperativas, operativas, construtivas e edificativas.
No coração e na mente do eleito os ensinamentos bíblicos causam
transformações, reconstruindo-lhe a vida e garantindo-lhe a permanência na
Igreja militante de Cristo e a segurança da possessão eterna no corpo da
mesma Igreja.
Quem ouve a Palavra de Cristo e a pratica é como o homem prudente que
constrói a sua casa sobre a rocha. Nenhum poder natural ou espiritual,
mesma que se abatam contra ela, não a destruirão.
c- O crente sem testemunho. Aquele que se intitula “crente em Cristo” e se
julga “profundo conhecedor” das Escrituras, mas não lhes pratica os
ensinamentos, é comparado ao imprudente que constrói sua casa sobre a
areia, fundamento frágil.
Vindo o temporal com ventos impetuosos e enchente incontrolável, sua
residência não suporta e desaba, causando prejuízos incalculáveis. Crentes
nominais, para a obra de Deus, são piores que os descrentes, pois arruínam
suas próprias vidas, e causam danos à Igreja. Conhecer e praticar; eis o
binômio do servo de Deus.
Em Cristo a nossa vida eterna está construída sobre a rocha eterna; nossa
casa espiritual jamais desabará. O homem não constrói a sua residência
eterna, pois a salvação é obra da graça, mas ele é salvo para servir a Deus e
ao próximo. Os sinais externos da salvação, operada no interior do salvo, são
as boas obras; por elas o mundo vê a nossa fé real em Cristo. O Verbo
(Logos) de Deus é Cristo, a rocha sobre a qual repousa nossa fé e
fundamenta-se a Igreja.
Quando Cristo diz: “Quem ouve as minhas palavras”, ele quer, no fundo,
dizer: Eu sou o revelador do Pai, quem lê e ouve a Palavra de Deus, lê e ouve
a minha palavra. A solidez da salvação e a certeza da vida eterna trazidas a
este mundo centralizam-se em mim e de mim transfere-se aos pecadores
eleitos, que estão sendo expiados por minha morte vicária. Em suma: A
Rocha sobre a qual constroem-se a Igreja e a fé de cada servo de Deus é
Cristo

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