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Catequese de adultos 28-06

Oração Inicial

Começaremos com perguntas que talvez tenha passado por nossas


cabeças

CRIAÇÃO X EVOLUÇÃO
Quando rezamos o Creio, falamos Creio em Deus Pai criador do céu e da
Terra.

DE ONDE VIEMOS? E PRA ONDE VAMOS?

Ir pra o livro pag 70.


LER GENESIS 1,1-28

O texto foi composto por um catequista hebreu anónimo, a quem os estudiosos


chamam o “yahvista”, provavelmente nos fins do século VII a.C.. Naquele tempo,
nem sequer se tinha ideia da teoria da evolução. Mas, como o seu objetivo não
era oferecer uma explicação científica, mas teológica da origem do ser humano,
o autor escolheu este género de conto em que cada um dos pormenores tem a
sua mensagem religiosa, segundo a menta-lidade daquela época. Tentaremos
averiguar, agora, o que o autor nos quis ensinar com esta narrativa.

O surgimento da vida é um dos maiores enigmas da ciência e o ponto de partida


para a história da evolução. A vida parece ter emergido há cerca de 3,5 bilhões
de anos e o gênero humano surgiu há cerca de 2 milhões de anos.

Já ouvimos alguém dizer: Sou criacionista, aceito a Bíblia logo, não aceito a
evolução. Outros dizem: aceito a evolução, logo questiono a Bíblia e tenho
problemas com o Cristianismo.

Os criacionistas defendem que a espécies teriam surgido prontas e acabadas, e


interpretam os relatos bíblicos como históricos e científicos. A crença na criação
(dogma da criação) é aceita por todos os cristãos mas, a grande maioria deles
não é criacionista.

Já os evolucionistas (Lamarck, Darwin, etc.) afirmam que as espécies surgiram


uma das outras por um longo processo evolutivo discutindo ainda como teria
ocorrido essa evolução.

Para a Teologia, opor evolução e criação, é um equívoco que empobrece nossa


visão de mundo e de Deus, e impossibilita uma posição de diálogo entre religião
e ciência nesta área.

O papa João Paulo II afirmou em 1996 que não há oposição entre evolução e a
doutrina da fé católica [1] . Os conceitos de criação e evolução se explicam
mutuamente. A criação é um artigo da fé dos que crêem que alguém criou, mas
criou de tal modo que o pensamento científico pode representar a criação em
uma série de estágios definidos. É por meio da evolução que a criação se
“desdobra dentro da vontade e da orientação de Deus”. Quanto mais se leva em
conta que as diferentes formas de vida não surgiram ao mesmo tempo, que é o
que se deve aceitar baseado no conhecimento científico atual, mais
inevitavelmente chega-se ao reconhecimento de que Deus não criou tudo de
uma vez. Ele está continuamente criando algo novo.
Evolução é artigo da ciência e pode ser provado, enquanto a CRIAÇÃO é um
artigo da fé, que exige crença para ser afirmada. O importante é que ambas
podem ser aceitas sem contradição tanto pelo cientista que crê como pelo
religioso que busca uma visão científica do Universo.

Origem da vida no livro do Gênesis

Gênesis é uma palavra grega que significa nascimento, origem. O primeiro livro
da Bíblia foi assim chamado porque nele encontramos as narrativas sobre as
origens do mundo, da humanidade e do povo de Deus.
O conteúdo do livro tem o aspecto de uma verdadeira “colcha de retalhos”
formada por lendas, “causos”, historinhas mais ou menos desenvolvidas,
genealogias, materiais diferentes que foram alinhavados. Podemos dizer que o
livro levou quase mil anos para chegar à forma com que nós o conhecemos hoje.
No início do Gênesis encontramos duas narrativas sobre a criação. Pertencem
a épocas diferentes e refletem situações e problemas diferentes. Nenhuma das
duas pretende ser um relato científico das origens do mundo e do homem.
Elas estão preocupadas em responder a determinadas perguntas e problemas
dentro de um determinado tempo e situação. Não foram os primeiros escritos da
Bíblia e não são obras de um mesmo autor.

A 1ª narrativa da criação: Gênesis 1.

Nasceu durante o exílio na Babilônia (586-538 a.C) e é obra de sacerdotes. Os


judeus nesse tempo corriam o risco de perder a própria identidade, cultura e
religião, e assimilar o ambiente estrangeiro. Seu país havia sido ocupado pela
superpotência da época, o templo em Jerusalém destruído, a cidade arrasada.
Diante da desolação, fome, povo sem esperança, sem liberdade, perguntavam-
se:
- Qual o sentido da vida?
- Por que tinham acontecido aquelas desgraças?

Gênesis 1-11 foi escrito para trazer vida e esperança para recomeçar e ser
criativo nas situações mais “caóticas” da existência. Não é uma teoria científica
sobre a origem da vida e do ser humano. A forma literária dessa narração bíblica
tem semelhança com a linguagem usada nas culturas mesopotâmicas, egípcias
e canaanitas.

Descrita com metáforas e mitos é um gênero chamado “parábola histórica”, uma


maneira pré-científica de compreender e de falar. Tudo foi criado pelo poder da
Palavra de Deus (“E Deus disse...”). Na época da redação do texto, os dias
iniciavam ao começar da noite “e houve uma tarde e uma manhã”, ou seja,
quando se podiam contar três estrelas no céu já era considerado um novo dia.
Deus cria até o sexto dia e Deus viu que o que havia criado era bom. Quando
aparece o ser humano, no 6º dia, Deus viu que era “muito” bom. O sétimo dia,
para os judeus, é o ponto alto da Criação, o dia mais Sagrado da semana,
quando Deus descansa. (Para os cristãos, com a Ressurreição de Jesus Cristo,
tem início uma nova Criação. O Domingo, primeiro dia da semana toma o lugar
do Sábado diferenciando-se dos judeus).
Deus criou tudo voltado para a vida, a tarefa do homem é também preservar e
criar mais vida.

O segundo relato da Criação: Gênesis 2, 4b-25.

Embora colocada depois, esta segunda narrativa sobre a criação é muito anterior
à primeira. Ela foi redigida no tempo de Salomão (971-931 A.C) e reflete uma
preocupação com a fertilidade do solo, certamente do agricultor. O próprio Deus
é quem faz, modela o Homem e a Mulher. O ser humano é colocado num jardim
(paraíso), dá nome aos animais que significa ter senhorio, por isso deve guardar
e cuidar da criação. Neste capítulo estão misturados o ideal popular (solo fértil)
e a ideologia do rei (paraíso) para justificar a situação política, econômica e social
do povo no tempo da monarquia.

A função das narrativas da criação, portanto, não é dar uma explicação científica
para as origens do mundo e da humanidade. Elas estão preocupadas em
responder a determinadas perguntas e problemas dentro de um determinado
tempo e situação.

A Ciência não pode negar nem provar a existência de Deus


a Ciência, por mais avançada que se torne, jamais terá instrumentos
adequados para verificar a hipótese de Deus.
Questões relativas aos sentimentos mais nobres humanos, à consciência e à
moral são imateriais. Deus é imaterial. A Ciência, portanto, nada tem a dizer
sobre esses objetos.
Aliás, até mesmo para explicar o mundo material, a Ciência é limitada. A
Ciência moderna, na maioria das vezes, apenas aponta o que é mais provável.
Não prova nada de modo irrefutável e definitivo.
Crer nas conclusões da Ciência certamente é o caminho mais seguro para o
conhecimento do mundo físico, mas não infalível. É exatamente por isso que, de
tempos em tempos, um cientista faz uma nova descoberta e corrige a ideia
anterior sobre aquele objeto - conceito que até estão era ensinado nas escolas
como "a" verdade.
A Ciência é só mais um entre outros métodos para se chegar ao entendimento
sobre a realidade. E, como já demonstramos, não se aplica a todos os objetos
da existência, e nem mesmo pode ser considerada absoluta e infalível em suas
conclusões sobre as coisas materiais.
Apesar disso, muita gente faz da Ciência a sua religião, como se ela tivesse
a capacidade de dar a última palavra sobre tudo, como se pudesse revelar o
sentido de todo e qualquer aspecto da existência.

É preciso compreender que o livro do Gênesis não foi concebido como um


livro de ciências naturais, mas sim como obra de espiritualidade.
De modo especial o “hexaémeron”, a obra dos seis dias (Gn 1, 1-2, 4), foi escrito
para incutir aos israelitas o repouso do Sábado: Deus é mostrado como o Grande
Operário que fez o mundo em seis dias e repousou no sétimo. É uma imagem
apenas (Deus não se cansa nem descansa). O autor sagrado usou o modo de
pensar de sua época em relação ao mundo. Deus não quis lhe revelar como teve
origem o mundo.

O autor sagrado utilizou a imagem do Deus-oleiro, que era muito comum para
os povos antigos. Por exemplo, no poema babilônico de Gilgamesh conta-se
que, para criar Enkidu, a deusa Aruru “plasmou argila”.

Assim, a imagem do Deus-Oleiro, apareceu também na Bíblia como uma


metáfora. Quer dizer que, como o oleiro está para o barro, assim Deus está para
o homem. Não se deve tirar desta passagem algum ensinamento científico.

Sobre a origem da mulher podemos dizer o mesmo.

A metáfora que mostra Eva “extraída de Adão” apenas quer dizer que ela teve o
mesmo princípio do homem. A afirmação de Adão: “Esta é osso dos meus ossos
e carne da minha carne” (Gn 2,23); é metafórica e significa que a mulher tem a
mesma natureza e dignidade do homem, diferente dos demais seres.
Santo Agostinho diz que a metáfora quer nos ensinar que a mulher foi
tirada “do lado” do homem, assim como a Igreja nasceu do lado de Jesus
aberto na cruz. Ela não foi tirada do pé do homem, pois não devia ser-lhe
escrava; mas também não foi tirada da cabeça, pois não devia ser-lhe
chefe. Foi tirada “do lado”, para ser companheira.

O que importa é afirmar que os primeiros pais foram elevados à filiação divina
(justiça original) e que, submetidos a uma prova, não se mantiveram no estado
de amizade com Deus (cometeram o pecado original).
Seria falso, porém, dizer que Adão e Eva nunca existiram ou que são fábula ou
alegoria: são tão reais quanto o gênero humano é real; o texto sagrado nos diz
que Deus tratou com o homem nas suas origens,… com o homem real, e não
com um ser fictício. E a história referente aos primeiros pais é história real,
embora narrada em linguagem figurada (serpente, árvore, fruta…).

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