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Curso: Missões Transculturais EAD

Mês: setembro

 Pr Filipe Santos
 Cristina Piccino Ponte
 Renata Rocha de Lima
 Monalisa Dias Gonçalves

 Mariana Campos Nascentes Coelho


 Waldemir Antonio de Oliveira
 Juliana Simão Santana
 Julia Rocha de Lima
 Luiza Lemes
 Ana Maria de Simoni

 Márcia Marlúcia da Silva Takayama


 Rosilene Araújo Soriani

 Romulo Cabral
 Talita Maria da Silva Ribeiro
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Pr. Filipe Santos

Veremos hoje:

1.1 DEFINIÇÃO DE INTERCESSÃO E BATALHA ESPIRITUAL


1.2 O INTERCESSOR E MISSÕES

2.1 DESAFIO ÁFRICA, AMÉRICA, ÁSIA, EUROPA E PACÍFICO


2.2 VAMOS PARA A GUERRA A PARTIR DA VITÓRIA

3.1 IDOLATRIA
3.2 INJUSTIÇA
3.3 RECONCILIANDO AS NAÇÕES

4.1 A ADORAÇÃO COMO ESTRATÉGIA MISSIONÁRIA


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“Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua


propriedade” (Salmos 2.8).

“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação


de graças por todos os homens. ” (1 Timóteo 2.1).

“Ficarei no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre a muralha; aguardarei


para ver o que ele me dirá e que resposta terei à minha queixa” (Habacuque 2.1).

“Como é feliz a nação que tem o Senhor como Deus, o povo que ele escolheu
para lhe pertencer! ” (Salmos 33.12).

• O que é Intercessão?

A oração de intercessão é aquela que é feita em favor de outros. Interceder é


colocar-se no lugar do outro e pleitear a sua causa, como se fosse sua própria. É
estar entre Deus e os homens, a favor desses, tomando seu lugar e sentindo sua
necessidade de tal maneira que luta em oração até a vitória na vida daquele por
quem intercede, é ver a necessidade da intervenção de Deus nas mais diversas
situações. Intercessão é dar à luz no reino do espírito às promessas e propósitos
de Deus. É uma oração para que a vontade de Deus seja feita na vida de outros;
é descobrir o que está no coração de Deus e orar para que isso se manifeste.

Interceder é ver a necessidade da intervenção de Deus nas mais diversas


situações. É captar a mente de Cristo, de modo a ver as circunstâncias como
Cristo as vê, e unir-se a Ele em súplica para que Deus se mova de tal maneira que
Sua vontade e propósito Divinos sejam cumpridos nas vidas dos homens e das
nações.

Há muitas definições que nós poderíamos dar sobre intercessão. A mais simples
está na Bíblia: “Orai uns pelos outros”. (Tiago 5.16). Ela está cheia de exemplos:
Abraão suplicou por Ló e este foi liberto da destruição de Sodoma e Gomorra;
Moisés intercedeu por Israel apóstata e foi ouvido; Samuel orou constantemente
pela Nação; Daniel orou pela libertação do seu povo do cativeiro; Davi suplicou
pelo povo; Cristo rogou por Seus discípulos e fez especial intercessão por Pedro;
Paulo é exemplo de constante intercessão. Toda a Igreja é chamada ao fascinante
ministério da intercessão.
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Etimologia da Palavra:

• Paga (hebraico) – Vem da raiz de uma palavra que significa ”colidir pela
violência”. Paga, segundo a Concordância de Strong, quer dizer: “colidir,
encontrar, por acidente ou violência, ou (figuradamente) pela
importunação. Vir (entre), suplicar, cair (sobre), fazer intercessão,
interceder, pleitear, prostrar, encontrar com (juntos), suplicar, orar,
alcançar, correr”. É esta palavra usada em Isaías 55.12; Jeremias 7.16; 27.18;
36.25.

• Batalha Espiritual

A verdadeira batalha que ocorre no mundo é espiritual e a arma perfeita para


combatê-la é a oração. Os cristãos perseguidos parecem ter esse conceito bem
vívido em sua mente, tanto que a oração é invariavelmente o primeiro pedido que
eles nos fazem. Como organização, essa também é a primeira contribuição que
pedimos aos parceiros. A oração é fundamental para o ministério e cada detalhe
do trabalho, cada necessidade de cada irmão, é submetida a Deus por meio da
intercessão (Irmão André, Portas Abertas).

O intercessor é um soldado: Estamos numa batalha e nela estamos somente para


vencer, em nome de Jesus;

• Devemos lutar segundo a vontade de Deus e utilizar as armas de ataque e


defesa. “Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir
no dia mal e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo. Assim,
mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a
couraça da justiça e tendo os pés calçados com a prontidão do Evangelho
da paz. Além disso, usem o escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar
todas as setas inflamadas do Maligno. Usem o capacete da salvação e a
espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Orem no Espírito em todas as
ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos
e perseverem na oração por todos os santos” (Efésios 6.13-18).
• Lembre-se que Jesus é vencedor. “Tendo despojado os poderes e as
autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz
(Colossenses 2.15).
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O intercessor não é aquele santo que se enclausura para orar, alheio à realidade.
Antes, ele é aquele que se coloca na torre de vigia (Habacuque 2.1). Ele está no
lugar secreto de oração, mas atento ao progresso tecnológico, aos acordos de
paz entre as nações, à atuação dos governantes para reduzir a fome e a miséria,
aos programas de desarmamento, à luta contra a corrupção. Está atento porque
conhece seu Deus e pode identificar as marcas da atuação divina, por exemplo:
se ele traz ruína como expressão de sua justiça sobre as nações opressoras, como
no caso do Egito, quando os próprios magos confessaram: “Isto é o dedo de
Deus” (Êxodo 8.19). Deus também abençoa e faz prosperar as nações, como o
reino da Babilônia, quando seu rei reconheceu que o Altíssimo reina (Daniel
4.26,32)! Nosso Deus julga e redime as nações. Assim, o intercessor deve ser um
bom observador, pois “oração consiste de atenção; a qualidade da atenção conta
na qualidade da oração”.

Deus intervém nos acontecimentos mundiais e espera que seus servos interajam
nesse contexto e, com sua vida e atitudes, influenciem sua época, isto é, que o
povo de Deus faça história. Os reinos do Egito, da Babilônia e da Pérsia sofreram
sensíveis transformações pela presença do povo judeu no meio deles. Se crermos
que nosso Deus é o Senhor da História e que somos seu instrumento de operação
neste mundo, faremos diferença na comunidade em que estivermos inseridos.

O rei Davi, preocupado em saber os sinais dos tempos e o que Israel devia fazer,
designou a tribo de Issacar para estudar as épocas (1Crônicas12.32). É necessário
conhecer as épocas para distinguir o kairós (“época”, “ocasião não mensurável”)
de Deus. Só assim seremos capazes de seguir seus sinais e atuar em nossa
realidade, cooperando com os planos eternos de Deus.

O mundo a ser alcançado é “um mundo em crise”, basta acompanhar os


noticiários! Podemos ver essa crise por dois ângulos: um positivo e um negativo.
Os diversos indicadores de crise, como a violência, o terrorismo, a expansão do
tráfico de drogas, os sequestros e os assaltos resultam numa desesperada
necessidade de segurança e de qualidade de vida para vencer o medo e o
estresse. A crise socioeconômica torna o ser humano mais receptivo à mensagem
de esperança, principalmente quando essa vem seguida de ação social. As
populações dos países em desenvolvimento estão mais abertas a uma nova
mensagem e buscam uma nova dimensão de vida.
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No entanto, as crises tornam os povos resistentes a Deus. Nos países ricos e


desenvolvidos, a mensagem do Evangelho tornou-se obsoleta. O povo, sem
nenhum escrúpulo, declara não precisar de Deus, enquanto as igrejas lutam
contra o nominalismo e a apatia espiritual.

A ação de Deus não se limita às nações ricas ou pobres, aos povos receptivos ou
resistentes ao Evangelho. “Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações? ” (Jeremias
10.7). O nosso Deus é livre para agir em todo o mundo. Jesus afirmou: “O campo
é o mundo”. Procuremos ver as nações como campos prontos para a colheita e
também como desafios à tarefa missionária da Igreja.

Presenciamos um tempo de grandes transformações e grandes colheitas.


Precisamos atentar para a ordem de Cristo: “Erguei os olhos e vede os campos,
pois já branqueiam para a ceifa” (João 4.35).

De forma dramática, vimos a queda do comunismo no Leste Europeu. A antiga


União Soviética, a Albânia, a Romênia e outras nações dominadas pelo ateísmo
tornaram-se campo missionário com grande recepção à Palavra de Deus. Os que
antecipam a visão do Reino confirmam que foi Deus quem agiu. Não foi Mikhail
Gorbachev o responsável pela abertura dos portões de ferro do comunismo, na
antiga União Soviética, em 1989. Ele foi um instrumento de Deus. A história se
repete, como aconteceu com Ciro, o persa, também um instrumento na mão de
Deus, que permitiu aos judeus regressar do exílio da Babilônia e reedificar a
cidade de Jerusalém, entre 538 e 457 a.C. (Esdras 1.1,2).

A igreja orou! Irmão André, fundador e presidente da Missão Portas Abertas,


lançou a campanha “Sete anos de oração pela União Soviética” em 1984, um
programa de oração a que a Igreja aderiu em várias partes do mundo. No fim do
primeiro ano da campanha, muitos irmãos presos por sua fé foram libertados. Em
1989, aconteceu o que ninguém esperava: o muro de Berlim caiu! Um grande sinal
do desmoronamento da Cortina de Ferro. Não poderíamos imaginar que nossos
olhos contemplariam essa façanha da mão do grande Rei.

A China, país mais populoso do mundo, continua comunista. Por que a Cortina de
Bambu ainda não se abriu? Não devemos ver a mão do Altíssimo apenas quando
ele sinaliza com feitos políticos. Não há sinal mais glorioso que o avanço da Igreja
chinesa; é maior que em muitos países livres, mesmo que custe caro o testemunho
dos fiéis. Em 1949, quando MaoTsé-tung tomou o país comunista, havia 1,8 milhão
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de cristãos. Em 1992, o Bureau de Estatística do Estado da China estimou,


confidencialmente, 63 milhões de cristãos. Nosso Rei tem o domínio dos tempos
e dos modos. Para ele, não há portas fechadas!

Há uma igreja que cresce, explosivamente, no maior país de população


muçulmana do mundo: a igreja da Indonésia. Os muçulmanos
neofundamentalistas, para deter o número crescente de conversões, iniciaram
uma acirrada perseguição à Igreja. Mais de 500 igrejas foram destruídas, lojas
saqueadas, mulheres estupradas, casas de cristãos incendiadas. A mortandade
deixou milhares de órfãos. O crescimento da igreja da Indonésia, mesmo com as
recentes violências, a fome e a miséria pelo colapso econômico, é milagre de
Deus! “Segundo relatórios, os evangelistas não estão conseguindo atender aos
pedidos de batismo. Na história, podemos ver um quadro de aumento de
perseguição, cada aumento seguido por conversões. ”

A maior igreja local do mundo hoje não está na Europa, berço do protestantismo,
nem nos Estados Unidos, país que mais enviou missionários aos demais
continentes. Está na Coreia do Sul, que passou a ser um modelo de crescimento
de igreja, modelo de uma igreja que ora e que implantou um significativo
programa de envio de missionários a vários países. A cidade de Seul há 110 anos
não tinha uma única igreja. Hoje, das dez maiores igrejas do mundo, sete estão na
capital sul-coreana.

Prevê-se que o continente africano, que há 200 anos era considerado um


cemitério de missionários, será o primeiro continente a contabilizar maioria cristã
em sua população. Em 1900, os cristãos africanos eram 8 milhões; atualmente
esse número é de 503,7 milhões de cristãos. A África Oriental tem experimentado
um grande reavivamento. As igrejas Anglicana e Luterana da Zâmbia e da Etiópia
expressam grande fervor espiritual. As denominações pentecostais nativas
crescem extraordinariamente.

A América Latina foi marcada por um notável crescimento da Igreja no século XX.
Em 1980, o número de evangélicos era de 21 milhões, passando para 46 milhões
em 1990. O número dobrou em apenas uma década! O Brasil, em 1960, tinha 4
milhões de evangélicos; em 1990, eram 26 milhões. Atualmente temos 178,6
milhões de cristãos. Cristãos evangélicos 51,3 milhões. E a terceira maior
comunidade evangélica do mundo, a que mais envia missionários e a que possui
maior número de centros de treinamento e agências missionárias em toda a
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América Latina. “O Brasil deixa de ser apenas um campo missionário para se


tornar uma força missionária” (L. BUSH, 1987).

O avanço do Evangelho está cumprindo a profecia de Habacuque 2.14: “A terra


se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar”.
Alegramo-nos com o que Deus está fazendo, mas não nos esqueçamos de que há
muitos clamando: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (Atos 16.9).
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Após Israel vencer dezenas de reinos e nações, conquistar vasta região e se


estabelecer na terra prometida, o Senhor fala a Josué: “Já estás velho, entrado
em dias, e ainda muitíssima terra ficou para se possuir” (Josué 13.1). Há muito que
fazer!

Existem milhares de povos não alcançados, sem uma testemunha de Jesus,


vivendo na Janela 10/40, área geográfica compreendendo norte e noroeste
africano, o sul da Ásia e o Oriente Médio, onde se concentram os três blocos das
maiores religiões do mundo: budismo, islamismo e hinduísmo, cujas barreiras
culturais e políticas representam os maiores desafios contemporâneos à
proclamação do Evangelho.

Intercedamos urgente e insistentemente para que Deus desperte a Igreja.


Roguemos ao Senhor da seara que mande trabalhadores! Em muitos países
fechados para o Evangelho, como o mundo árabe, é proibida a entrada de
missionários, e nos países que sofrem as sequelas da guerra — fome e miséria —
faz-se necessário orar para que o Senhor desperte profissionais liberais,
“fazedores de tendas” dispostos a cumprir a missão como bivocacionais. Há
necessidade de médicos, enfermeiros, técnicos agrícolas, engenheiros,
nutricionistas, professores, pessoas com qualificação profissional e vocação
missionária, a fim de levar ao mundo o Evangelho integral, que alcance, ao mesmo
tempo, o espírito, a alma e o físico daqueles que foram feitos à imagem de Deus.

O apóstolo Paulo tinha os olhos abertos para ver os desafios das nações, mas sua
maior atenção estava naqueles que nunca ouviram a Palavra de Deus. Ele tinha
visão e prontidão para ir aos lugares em que Cristo ainda não fora anunciado.
Oremos pelos pastores e líderes da igreja brasileira e por todos os missionários,
para que sigam o exemplo desse grande missionário do primeiro século e possam
dizer como ele: “Para não construir sobre alicerces colocados por outros, tenho
me esforçado sempre para anunciar o Evangelho nos lugares onde ainda não se
falou de Cristo” (Rm 15.20, NTLH). Intercedamos para fazer cumprida a palavra
profética: “Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo
os que nada tinham ouvido a seu respeito” (Rm 15.21). A responsabilidade é nossa!
A evangelização do mundo precisa ser feita para que se cumpra a profecia do
Senhor Jesus: “Será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, para
testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mateus 24.14). Queremos dizer:
“Maranata! ”. Evangelizemos o mundo em nossa geração.
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Ora eficazmente quem pode ver Deus na História e, assim, acompanha e participa
do programa divino para o estabelecimento completo do seu Reino. “A conexão
entre a intercessão e os eventos mundiais não é fácil de ser estabelecida aqui na
terra, mas, um dia, nós veremos como o poder da oração causou impacto no
mundo. ”

“A grande tragédia da vida não são as orações não respondidas, mas as que não
foram feitas” (F. B. Meyer).

• Desafio África

A grosso modo, podemos dividir a África em duas metades, a metade do meio


para o sul, que é cristã, ou bastante cristianizada, e a parte do meio para o norte
que é muçulmana. No entanto, em todas as duas partes nós temos as religiões
tradicionais africanas, nas quais as pessoas se mantêm em contato com os
espíritos dos antepassados.

Para o africano, tudo tem interferência de espíritos. Não se pode levar a eles um
cristianismo que não tenha resposta de oração. É preciso levar um Cristo que de
fato os ajude, que de fato interfira em seu dia a dia.

O maior desafio por lá é alcançar a população muçulmana. Os muçulmanos


também são bastante ativos como missionários. Vemos isso no radicalismo
islâmico presente na Nigéria. É um grande desafio enviar missionários que possam
pregar o Evangelho em um contexto de pressão, em um contexto de disputa por
pessoas.

A atuação de diversas ações missionárias na África está focada na plantação de


igrejas, apresentação do Evangelho, salvação de vidas para Cristo…, mas também
consiste em ajudar nas coisas do dia a dia, nas necessidades práticas. Então nós
investimos em escolas, atendimento clínico e apoio em geral.

Em Guiné-Bissau, o número de evangélicos não passa de 1,6% da população, e a


língua mais falada não é o português, mas o crioulo. Os missionários se
concentram na plantação de igrejas e no treinamento de líderes, bem como no
trabalho com crianças nos programa socioeducativo e em várias escolas.

Guiné-Bissau é um dos países mais pobres da África, apesar de estar coberto de


cajueiros que aguardam voluntários para fazerem a colheita. Outra colheita que
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precisa ser feita é de vidas. Comunidades inteiras aguardam a chegada de


discípulos de Cristo que lhes anunciem a Palavra e deem crescimento espiritual.

Nos países ao sul do Saara, do Senegal à Somalilândia (Estado não reconhecido


oficialmente) há poucos cristãos, mas os governos não são hostis ao Evangelho
como no Norte. É a região do Sahel, muito seca, quente e muito carente também
de ajuda prática para o desenvolvimento. A região é carente de evangelistas
empresários e profissionais.

Angola precisa de professores de seminário. O Congo pede que a JMM envie


treinadores de líderes; a Libéria pede que instalemos unidades do PEPE. Há lugar
para você na obra missionária.

A África clama por ouvir a voz de Deus. Com seus dons e talentos você pode
fazê-la ecoar até as mais distantes aldeias. Seja parte desta missão.

• Desafio Américas

A obra missionária na América Latina vive um momento importante, o qual tem


nos exigido estudo e preparo para o desenvolvimento de novos projetos, novos
obreiros e novas estratégias. Grande parte de sua população professa a religião
católica. Por outro lado, temos o Uruguai como um dos países mais secularizados
do continente, apesar de cerca de 45% da população confessar a fé católica.

Este país nos chama a atenção por ter apenas 9% de cristãos não católicos e
possuir 44% de ateus ou pessoas que não confessam qualquer religião. Em todo
o mundo, os ateus ou sem religião já somam cerca de 30% da população, estando
atrás apenas do cristianismo e islamismo. Cuba segue na sequência, pois há
pesquisas que apontam que 23% da população estão entre aqueles que não
professam uma religião ou são ateus.

A América Latina possui um misto de realidades religiosas e sociais. No Haiti,


quase toda a população professa a fé cristã, entre católicos e evangélicos, porém
85% admitem ser praticantes do vodu sem reconhecer qualquer conflito entre as
religiões cristãs.

Em outros países da América Central, como Guatemala, Honduras e El Salvador,


encontramos igrejas enfraquecidas e a falta de uma geração jovem de pastores e
líderes para falar a sua geração. Ao mesmo tempo, enfrentam uma realidade de
violência e problemas sociais.
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A América Central divide com o sul da África os piores indicadores de violência


no mundo, a ponto de ter um índice de homicídios quatro vezes maior que o da
média global. Das 30 cidades mais violentas do mundo, 18 países das Américas
ocupam as primeiras posições. Honduras é a nação mais violenta.

Temos sido cada vez mais desafiados a pensar na obra missionária de maneira
integral. Levar a mensagem de salvação em Cristo Jesus e ao mesmo tempo
colocar em prática o amor de Deus tem sido o grande desafio nas Américas.
Precisamos investir no treinamento de líderes nacionais e na revitalização de
igrejas nativas enfraquecidas, a fim de que cresçam dentro de sua própria cultura
e sejam multiplicadoras de novas igrejas, tornando-se relevantes e atentas às
necessidades sociais das comunidades nas quais estão inseridas.

Oro para que Deus levante novos intercessores e parceiros para que superemos
os desafios do continente. Precisamos que novos vocacionados aceitem o
chamado para seguir ao campo, seja como missionário de longo termo ou como
voluntários. Oro para que Deus desperte em todos nós, assim como fez com o
apóstolo Paulo, a consciência e o amor por aqueles que ainda não conhecem a
Jesus, para que sejamos com a nossa vida, voz de Deus às nações.

• Desafio Ásia

Este é o maior e mais populoso continente, com 45 milhões de quilômetros


quadrados de extensão e uma população de mais de 4 bilhões de habitantes
distribuídos por 45 países. A Ásia é o berço de algumas das mais antigas
civilizações e das principais religiões do planeta.

Na Janela 10/40, que se estende do oeste da África até a Ásia, estão os povos
menos evangelizados do planeta. Esta faixa territorial abrange 62 países, com
cerca de 3 bilhões de pessoas. Diversas comunidades religiosas convivem no
mesmo espaço, reverenciando frequentemente um mesmo lugar, como a cidade
de Jerusalém, no Oriente Médio, cultuada por judeus, cristãos e muçulmanos.

Se considerarmos que a região é o berço do islamismo, podemos dizer que é a


mais fechada ao cristianismo. É do Oriente Médio que sai todo o pensamento
religioso acerca da religião muçulmana, inclusive as ideias e os pensamentos
radicais, fundamentalistas e que acabam se espalhando para outros continentes.
A perseguição religiosa tem se tornado o maior desafio no Oriente Médio.
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A questão do desapontamento com o islamismo tem gerado em muitos a questão


da apostasia completa, uma espécie de ateísmo tem crescido no meio
muçulmano, mas por outro lado muitos estão se voltando para Jesus.

Porém falar de Jesus em países asiáticos é um dos maiores desafios missionários,


os quais precisam adotar estratégias que trazem à mente ações de agentes
secretos enviados para salvar vidas. Eles atuam com discrição para, em
determinados países, não despertar a atenção das chamadas “polícias religiosas”
que têm autoridade para prender e interrogar qualquer cidadão que contrarie as
rigorosas e extremas leis de seu território.

Veja o relato de Jessé Carvalho, coordenador da Junta de Missões Mundiais para


o Oriente Médio e Norte da África Missões:

Mundiais têm investido seus esforços, lado a lado com seus parceiros no
Brasil, para tornar o amor do Pai conhecido, mostrar ao mundo que a paz
entre as nações é possível. Duas décadas atrás iniciamos um ministério de
plantação de igrejas através de obreiros da terra numa região que
concentra a maior densidade de povos não alcançados do planeta.

Pela graça de Deus, hoje existe uma associação com 55 igrejas nessa
localidade. Hoje ela é independente de recursos do Brasil e já planeja
expandir o trabalho plantando novas igrejas. Isso significa que o DNA
missionário foi repassado.

Em 2014, inauguramos a segunda casa do projeto Meninas da Índia, para


receber menores em situação de vulnerabilidade social, potenciais vítimas
de tráfico e exploração humana. Somos gratos a Deus pelos parceiros
desse Projeto que têm apoiado e permitido esse avanço. Hoje temos cerca
de 30 meninas assistidas.

Também inauguramos uma escola de futebol numa das regiões mais


fechadas do mundo. Agora nosso obreiro já iniciou os treinamentos e pode
compartilhar das verdades da Palavra para meninos e seus familiares que
ainda não tinham ouvido o Evangelho.

Essas boas notícias devem nos levar aos pés do Senhor em gratidão, mas
que nos sirvam também de ânimo para interceder ainda mais por estas
frentes de trabalho, assim como pelas demais que estão em busca de
unção e estratégias para o ministério.

Rogamos ao Senhor para que mantenha seu coração pulsando pela obra
missionária a tal ponto de contagiar outros também (JMM, 2014).
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• Desafio Europa

À medida que a Europa se torna menos religiosa e mais secular, uma visão de
mundo não religiosa ou uma espiritualidade mista domina o sistema de crenças
de muitas pessoas. Os cristãos declinam em número, e a taxa desse declínio
aumenta a cada ano. Muitos dos que são considerados cristãos não praticam de
fato sua fé, e provavelmente menos de 10% dos europeus frequentam
regularmente uma igreja.

Os líderes religiosos têm apresentado um discurso intelectual, teórico, nada


prático. Uma religiosidade cheia de leis e rituais e que não apresenta algo que
traga paz e alívio ao desiludido pecador. O discurso “faça o que eu digo, mas não
faça o que eu faço” cansou. Por isso o esvaziamento não ocorre somente nas
igrejas católicas. Ela acontece também nas denominações tradicionais.

Hoje não encontramos apenas aqueles que não creem em Deus, mas um outro
grupo crescente que diz: “Eu creio em Deus, mas não acredito na igreja nem na
religião”. Como os missionários atuam neste contexto? Seguindo para onde o
povo está, levando a mensagem de paz e esperança contextualizada

A estratégia é falar sobre Deus, sobre a esperança que Ele nos dá, e não falar
sobre religiosidade. Assim também trabalhamos com os europeus religiosos,
porque a esperança deles está em uma falsa religião, está em um falso Deus, em
costumes, em dogmas, em rezas, em fazer alguma cerimônia.

Outro desafio é despertar vocacionados em seu próprio país. É certo que um


francês falando a outro francês surte mais efeito que um estrangeiro,
principalmente numa época em que o imigrante não é bem-vindo, a maioria é
vista como concorrente a uma vaga de emprego.

O objetivo é levar também à Europa a verdadeira esperança. Uma esperança que


não precisa de pagamento algum, tampouco financeiro.

• Desafio Pacífico

A região do Pacífico consiste em 25.000 ilhas espalhadas por 88 milhões de


quilômetros quadrados de oceano (maior que as áreas da África, Ásia e Europa
combinadas!). Compreende 1 continente (Austrália), 2 grandes massas de terra
(Nova Zelândia e Papua Nova Guiné) e 26 estados e territórios insulares menores.
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Embora Austrália e Nova Zelândia sejam industrializadas, desenvolvidas, e


tenham a maioria dos cristãos do continente, há ainda países dependentes do
extrativismo, guiados por animismo e superstições variadas, além dos desafios de
desastres naturais.

A Papua Nova Guiné, por exemplo, representa um desafio missionário enorme,


pois tendo pouco mais de 7 milhões de pessoas, possui 850 línguas diferentes, o
que não raro representa rivalidade e animosidade entre diversas tribos. Muitas
dessas línguas não possuem sequer escrita, que dirá uma Bíblia traduzida. É
possível que dos 1.250 idiomas da região, 414 ainda precisem de trabalho de
tradução da Bíblia.

O desafio de formar consciência familiar em um país formado por prisioneiros e


órfãos britânicos misturados a povos nativos é também uma grande necessidade.
Há altas taxas de alcoolismo, bem como de violência contra mulheres e crianças,
racismo, população de rua – assuntos que estão nas agendas governamentais
para serem mudadas.

Na opinião de alguns estudiosos, região do pacífico ou Oceania conseguiu


epitomar a dupla condição de paraíso e caos econômico e político pós-colonial.

Deus continua soberano em nosso mundo hoje, tanto agora quanto sempre foi.
Contudo, a oração pode ser um ato difícil para os cristãos. Deus faz diversas
promessas a seu povo, mas o mundo, a carne e o diabo nos colocam em dúvida.
Os noticiários se concentram em guerras, desastres, escassez de alimento,
escândalos, tragédias e toda forma de mal. As coisas belas, sadias e boas, como
as obras de Deus e seus servos, costumam passar desapercebidas ou mesmo
ignoradas. Nossa visão espiritual não está perfeitamente clara. Neste mundo
vemos apenas um reflexo obscuro. (1Corintios 13.12).

Tal como os discípulos na estrada de Emaús (Lucas 24), precisamos que Jesus
nos abra os olhos para a verdade oculta. Deus está respondendo as orações e
fazendo coisas maravilhosas no mundo! Esta tem sido uma geração notável na
história da Igreja. Quem dentre nós, a uns anos atrás, poderia imaginar a
existência de 100 milhões de cristãos chineses, ou movimentos populares imensos
na direção de Cristo no Irã e na Argélia, ou avanços no Camboja e no Nepal?
Somente Deus! Celebramos o agir de Deus no mundo e persistimos em oração
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pelas coisas que, a nossos olhos, parecem impossíveis, porque para Deus nada é
impossível.

Motivos para celebrar:

• O cristianismo evangélico cresceu mais rápido que qualquer outra religião


mundial ou movimento religioso global.
• Muitos dos povos menos alcançados receberam as boas-novas.
• Os trabalhos de ajuda, desenvolvimento e caridade aumentaram no mundo
inteiro.
• A globalização do movimento da Grande Comissão mudou a face das
missões, hoje é mais multicultural e multinacional do que jamais foi.
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Todo intercessor deve conhecer Deuteronômio 27, porque lista as condições sob
as quais a glória de Deus partirá da terra. É, portanto, um texto fundamental para
aqueles que querem ver a cura das feridas da sua nação e a quebra das fortalezas
satânicas. À primeira leitura, essas afirmações podem parecer bizarras. Elas
aparentam ser um estranho sortimento de pecados, casualmente apresentado. É
só quando meditamos nas premissas fundamentais atrás de cada frase, que
começamos a ver porque essas palavras, em particular, foram escolhidas para
expressar um acordo da nação com Deus. Vamos dar uma olhada na lista.

O pecado da idolatria é o primeiro assunto indicado, nesta aliança feita


verdadeiramente pública. Considere o versículo 15: “Maldito quem esculpir uma
imagem ou fizer um ídolo fundido, obra de artesãos, detestável ao Senhor, e
levantá-lo secretamente".

A idolatria está em todo lugar. É idolatria, por exemplo, buscar proteção, provisão
e direção, em instituições humanas, em vez de buscá-las no Pai. É idolatria,
também, buscar livramento em salvadores humanos, em vez de buscá-lo em
Jesus, o Filho. É idolatria, ainda, buscar entendimento em falsas religiões e vãs
filosofias, em vez de recorrer ao Espírito Santo, o qual, traz revelação e
conhecimento. Qualquer coisa que contrafaça a obra e o lugar da Trindade é
idolatria. Não é que Deus tenha necessidade de nossa atenção ou devoção, é só
que Ele nos ama. Ele sabe que as esperanças dos homens são esperanças falsas
se não focalizadas nEle.

Todo pecado é uma violação de algum tipo de relacionamento. A idolatria é um


pecado contra o próprio Deus, mas sempre carrega um subproduto chamado
injustiça. Tudo o que Deus faz e diz promove convergência, harmonia e
intimidade. Todo esquema de satanás converge em relacionamento quebrados,
produzindo alienação e isolamento. O mal, em sua raiz mais profunda, é o orgulho
da autossuficiência, que rejeita a intimidade a favor do controle.

Perceba que todos os próximos onze versículos mencionam pessoas ferindo


pessoas. Cada veículo ilustra um tipo de injustiça.
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Versículo 16: "Maldito quem desonrar o seu pai ou a sua mãe". Falha no dar honra
a quem é devida. Rejeição no relacionando do seu débito para com aqueles que
vieram antes.

Versículo 17: “Maldito quem mudar o marco de divisa da propriedade do seu


próximo". Violar aquilo que é uma questão de aliança solene.

Versículo 18: "Maldito quem fizer o cego errar o caminho". Demonstração de


crueldade ao desamparado, falhando em ensinar o passo apropriado.

Versículo 19: “Maldito quem negar justiça ao estrangeiro, ao órfão ou à viúva".


Exploração das raças minoritárias ou daquelas em desvantagens, e que são fracos
em virtude da tragédia familiar. As histórias de muitas nações estão marcadas
pelo abuso de direitos no governar o debilitado.

Versículo 20: “Maldito quem se deitar com a mulher do seu pai, desonrando a
cama do seu pai". Destruição da integridade família de seu pai. Cobiça ardente,
mais do que sua própria hereditariedade.

Esta e as próximas três declarações tratam de pecados sexuais e violação da


família. A família é a pedra fundamental de uma nação, consistindo em um círculo
de amor comprometido. A família, como uma unidade, quando habitada pelo
Espírito Santo, representa a natureza trinitária de nosso amoroso Deus, de
maneira que não pode ser igualada a um indivíduo, homem ou mulher de Deus,
não importa o quão devoto seja. Por esta razão, a integridade familiar deve ser
preservada.

Versículo 21: "Maldito quem tiver relações sexuais com algum animal". Falhando
em manter a dignidade exclusiva da humanidade, somos carne, mas feitos a
imagem de Deus.

Versículo 22: “Maldito quem se deitar com a sua irmã, filha do seu pai ou da sua
mãe". Uso da intimidade familiar para gratificação fraudulenta. Usurpação dos
privilégios pertencentes a outros. Uso destrutivo de suas forças sexuais.

Versículo 23: "Maldito quem se deitar com a sua sogra". Destruição da integridade
da família de sua esposa; rejeição dos limites que o amor dita; ilegalidade.
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Versículo 24: "Maldito quem matar secretamente o seu próximo". Competição


ilusória e cobiçosa. Em nossos dias, isto é mais evidente na prática de negócios
particularmente em vendas e mercado. Algumas indústrias são notórias por
seduzir as pessoas com ganhos exagerados de valores e, depois, deixá-las com
promessas quebradas e débitos pesados.

Versículo25: "Maldito quem aceitar pagamento para matar um inocente”. Uso de


uma posição de autoridade para perverter a justiça.

Versículo 26: "Maldito quem não puser em prática as palavras desta lei".
Desvalorizar as verdades sagradas através de uma vida de hipocrisia.

Vamos refletir: O que em nossa conduta atual que viola os padrões amorosos de
Deus? Onde existem fortalezas em nossa terra?

Não pense simplesmente nos valores contemporâneos e nos pecados individuais.


Há muita coisa referente a sociedade em geral. Por exemplo, quando olhamos
para nossa nação, vemos grandes razões para o contínuo juízo de Deus. Nada
mais justo!

Temos de pôr o nosso passado atrás de nós, mas temos de fazê-lo biblicamente.
Será que estamos fazendo isto? Feridas que permanecem abertas e sem
tratamento não se curam com o passar do tempo. Pior de tudo, Deus nunca
baixou seus padrões por nenhuma geração ou nação.

Como podemos ver a idolatria e a injustiça são os dois modos básicos que o poder
satânico se estabelece. Os atos de idolatria são designados para conquistar
vantagens sobrenaturais, tais como o sacrifício de bebês a Moloque nos tempos
bíblicos, ou o apaziguamento da ira do deus sol asteca Huitzlopochtli pelo
sacrifício humano em altares elevados do antigo México. Uma barganha unilateral
é travada com os principados do mal, por povos iludidos. Desesperados por ajuda,
ou talvez desejando ardentemente o poder, eles se devotam a deuses cruéis e
entram numa longa escravidão que só pode ser rompida pela expiação de Cristo.

O ídolo mais popular no mundo é Mamom. Esse falso deus é servido quando uma
confiança idólatra é posta no uso geral do câmbio. Os devotos de Mamom
demonstram um desejo cruel de controlar os outros através de manipulação
financeira.

A iniciativa individual e a propriedade privada são liberdades bíblicas que levam


à produção eficiente de bens e serviços, mas a riqueza resultante daí cria poder
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e posição, o desejo ardente por aquilo que se tornaria uma cilada. Muitos
construíram seus altares aqui, desejando riqueza e poder mais do que um
relacionamento amoroso com Deus e uns com os outros.

A segunda oportunidade para o acesso satânico é encontrada quando as pessoas


ferem umas às outras pelo egoísmo e ações injustas. A história humana é cheia
de atrocidades, cometidas em nome de facções religiosas, ideologias, raças e da
própria nação, enquanto Estado. E, claro, o fortalecimento maior de satanás vem
quando alguma violência moral é cometida por aqueles que invocam o nome de
Jesus. A Europa deu origem aos Estados Unidos numa época em que essa
condição estava desenfreada.

O período posterior à Reforma viu uma Europa traumatizada por atos


vergonhosos, perpetuados pelos que pretendiam servir tanto às causas
reformistas como às católicas. A Europa ainda está assediada por essas sombras.
Na França, a notória Catherine de Médici ficou desvairada, quando supôs que seu
filho, o rei Charles IX, se tornaria a marionete do líder huguenote Coligny. Ela
planejou o assassinato de Coligny, mas o encarregado de mata-lo apenas
consegui feri-lo.

Desesperada, Catherine persuadiu o rei Charles de que Coligny era um traidor


junto aos protestantes e preparou uma lista de morte dos líderes huguenotes. O
expurgo político virou um assassinato em massa. Milhares de protestantes em
toda a França foram chacinados, num dos episódios mais sangrentos do período,
e a França foi, uma vez mais, torturada pela guerra civil religiosa. Neste caso, o
caráter de Deus foi difamado diante de todos os povos. Uma profunda
animosidade foi passando às gerações vindouras e uma escuridão espiritual, que
ainda é evidente hoje, caiu sobre a França.

A menos que sejam interrompidas pela graça curadora, as atrocidades do


passado se tornam fantasmas na memória de um povo que clama por justiça. A
amargura se aprofunda e as vítimas geralmente, tornam- se tiranos e assim se
multiplicam. Vejamos um exemplo:

O primeiro holocausto do século XX aconteceu, não na Alemanha nazista, mas na


Armênia turca, onde o governo do Império Otomano ordenou uma campanha
genocida contra os cristãos armênios. Esta tragédia foi esquecida no ocidente,
obscurecida pela proximidade do holocausto judeu que aconteceu em uma escala
bem maior, o qual começou na Europa trinta anos antes.
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Nas cidades armênias, os homens foram levados pela polícia, executados por um
pelotão de fuzilamento e jogados em um rio. Em Morgada, onde agora está o
deserto sírio, cinquenta mil armênios foram mortos num período de diversos dias.
O povo armênio tentou que seu holocausto fosse reconhecido durante 70 anos,
mas a Turquia nunca admitiu sua responsabilidade. Não houve um julgamento,
nenhuma restituição de bens e direitos, apenas um milhão e meio de mortos, cuja
a existência real os turcos, mais tarde, tentariam negar. Os coisas ruins realmente
“se apoiam” num lugar. A injustiça abre portas para a opressão demoníaca, uma
opressão com a qual as pessoas não têm poder para tratar, fora da graça
purificadora e curadora de Deus.

Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos para o campo". Quando estavam lá,
Caim atacou seu irmão Abel e o matou. Então o Senhor perguntou a Caim: "Onde
está seu irmão Abel? " Respondeu ele: "Não sei; sou eu o responsável por meu
irmão? "Disse o Senhor: "O que foi que você fez? Escute! Da terra o sangue do
seu irmão está clamando (Gênesis 4.8-10).

Enquanto estamos tendo essa aula, o mundo está cheio de facções de guerra: a
África do Sul está danificada pela crescente violência entre os negros; Angola,
Cambódia e Índia estão em angustia; o terrorismo traz medo e insegurança a
todos; atrocidades na Coreia do Norte; e a Alemanha está vivenciando um sinistro
derramamento da malevolência contra os imigrantes. O mundo está contaminado
em sua irresoluta culpa e desesperado por purificação. Temos sido surpreendidos
ao ver até mesmo políticos seculares tentando a reconciliação através da
confissão aberta. Mikhail Gorbachev pediu perdão, como russo, pelo massacre de
oficiais poloneses cativos durante a II Guerra Mundial. O líder polonês Lech
Walesa, por sua vez, pediu o perdão dos judeus, num discurso histórico diante do
parlamento de Israel, pela cumplicidade polonesa na carnificina nazista dos
judeus do gueto Warsaw e por séculos de ataques. O governo japonês se
desculpou formalmente com os coreanos pelo domínio colonial severo do Japão,
na península coreana, 1910 a 1945, e a corrente continuará. Contudo, o
reconhecimento da culpa está desatrelando uma ira contida ao invés de trazer
verdadeira cura. Há esperança? O Evangelho de Jesus é a única esperança de
reconciliação.

O poder de Jesus de habilitar o perdão e a reconciliação entre os povos


permanece totalmente único. A graça de Cristo dá resultados totalmente
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contrários às tendências normais do coração humano. O Evangelho revela uma


mensagem de fé, esperança e amor. Fé é receber o conhecimento da habilidade
e do caráter do Pai. Esperança é a expectativa de sua bondade para comigo.
Amor é a expectativa da afeição íntima, o abraço do pai, sua graça derramada.

Mas a promessa do Evangelho só é realizada quando os corações humanos se


identificam com Cristo, nosso grande intercessor, em seu progressivo labor de
oração. É por isso que o intercessor chora. Como Jesus, ele se identifica com Deus
e com o homem. Somos intercessores das nações. Peça ao Senhor uma nação
para você interceder. Interceda por sua nação!

Todos os grandes intercessores da Bíblia se aproximaram de Deus com um senso


genuíno de vergonha e constrangimento. Eles não entraram na presença de Deus
a fim de encobrir pecados, mas para concordar com seu tributo, encarar com
perfeita honestidade a iniquidade da cultura ao seu redor.

A língua deles é como um arco pronto para atirar. É a


falsidade, não a verdade, que prevalece nesta terra. Eles vão
de um crime a outro; eles não me reconhecem, declara o
Senhor. Cuidado com os seus amigos, não confie em seus
parentes. Porque cada parente é um enganador, e cada amigo
um caluniador. Amigo engana amigo, ninguém fala a verdade.
Eles treinaram a língua para mentir; e, sendo perversos, eles se
cansam demais para se converterem (Jeremias 9.3-5).

A intercessão pelas nações não é um escape da realidade. Nossa comunicação


com Deus deve estar enraizada na verdade, a verdade eterna de seus padrões
santos e a verdade horrível da humanidade como Deus a vê. O intercessor
experimenta o coração quebrado de Deus através da presença habitável do
Espírito Santo. O intercessor também se identifica com o pecado, com os pecados
da nação, em arrependimento pessoal e corporativo. Quando Neemias orou pela
restauração de Israel, não orou como se não fosse parte dela. Ele disse: “....
Confesso os pecados que nós, os israelitas, temos cometido contra ti. Sim, eu e o
meu povo temos pecado contra ti” (Neemias 1.6).

Esdras foi além, quando disse: Meu Deus, estou por demais envergonhado e
humilhado para levantar o rosto diante de ti, meu Deus, porque os nossos
pecados cobrem as nossas cabeças e a nossa culpa sobe até aos céus. (Esdras
9.6).
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Buscamos a cura para as feridas do mundo inteiro, não porque ele mereça, mas
porque Jesus merece ver sua recompensa da cruz na reconciliação das pessoas
com o Pai e umas com as outras.
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As missões não representam o alvo principal da Igreja, a adoração sim. As missões


existem porque não existe adoração, esta sim fundamental, pois Deus é essencial,
e não o homem. Quando o tempo neste mundo se encerrar e os incontáveis
milhões de redimidos estiverem perante o trono de Deus, não haverá mais
missões. Elas representam, no momento, uma necessidade temporária, mas a
adoração permanece para sempre.

A adoração é, portanto, o combustível e a meta das missões. É a meta das missões


porque nelas simplesmente procuramos levar as nações ao júbilo inflamado da
glória de Deus. O objetivo das missões é a alegria dos povos na grandiosidade de
Deus. “Reina o Senhor. Regozije-se a terra, alegrem-se as muitas ilhas” (SI 97.1);
“Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te os povos todos. Alegrem-se e exultem
as gentes” (SI 67.3,4).

No entanto, a adoração é também o combustível das missões. A paixão por Deus


na adoração precede a apresentação de Deus por meio da pregação. Você não
pode recomendar o que não aprecia. Os missionários jamais exclamarão:
“Alegrem-se os povos”, se não puderem dizer de coração, “Eu me alegrarei no
Senhor [...] Alegrar-me-ei e exultarei em ti ao teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei
louvores” (SI 104.34; 9.2). As missões começam e terminam com adoração.

Onde a paixão por Deus for fraca, o zelo pelas missões será fraco. As igrejas que
não primam pela exaltação da majestade e beleza de Deus raramente se inflamam
por um desejo fervente de anunciar “entre as nações a sua glória” (SI 96.3).

O aspecto mais difícil das missões é colocar Deus como o centro da vida da Igreja.
Se os cristãos não ficam maravilhados diante da grandeza de Deus, como
poderão ser enviados com a mensagem vibrante de Salmos 96.4: “Grande é o
Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses”? As
missões não são o começo e o fim, mas Deus é. Não são meras palavras. Essa
verdade é a energia vital da inspiração e da perseverança do missionário. William
Carey, o pai das missões modernas, que velejou da Inglaterra à índia, em 1793,
expressa sua experiência:

Quando deixei a Inglaterra, minha esperança de converter a Índia era muito


forte, porém diante de tantos obstáculos ela minguaria, não fosse o
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sustento recebido de Deus. Bem, Deus está comigo, e sua Palavra é


verdadeira. Embora as superstições dos pagãos fossem mil vezes mais
fortes e o exemplo dos europeus mil vezes pior, mesmo diante do
abandono e da perseguição minha fé, posta na segurança da Palavra, ainda
superaria todos os obstáculos e suportaria cada provação. A causa de Deus
triunfará.

Carey e milhares iguais a ele são impelidos pela visão de um Deus grande e
triunfante. Essa visão precisa vir em primeiro lugar, devendo o missionário
experimentá-la na adoração antes de difundi-la nas missões. Isso se resume a
avançar em direção a um grande alvo: a adoração inflamada a Deus e ao seu Filho
por todos os povos da terra. As missões não são esse objetivo. São os meios e,
por essa razão, constituem a segunda maior atividade no mundo.

As missões são o transbordamento de nosso regozijo em Deus porque são o


transbordamento do regozijo de Deus em ser ele mesmo. A razão mais
importante para a adoração ser o alvo das missões é que ela é o objetivo de Deus.
Certificamo-nos desse objetivo pelo registro bíblico da busca incansável de Deus
pelo louvor das nações: “Louvai ao Senhor, vós todos os gentios, louvai-o, todos
os povos” (SI 117.1). Se essa é a meta de Deus, deve ser também a nossa.
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BÍBLIA. Bíblia Sagrada Nova versão Internacional. São Paulo: Vida, 2017.

BOSI. Alfredo. Dialética da comunicação. São Paulo: Companhia das letras, 1992.

BURNS, Bárbara. Costumes e culturas: uma introdução à antropologia


missionária. São Paulo: Vida Nova, 1995.

KELLER, T. Igreja Centrada: desenvolvendo em sua cidade um ministério


equilibrado e centrado no evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2014.

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