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PRIMEIROS PASSOS

1
ENSINAMENTOS FUNDAMENTAIS PARA A VIDA DE UM DISCÍPULO
IGREJA EM PIRACICABA
Índice

O Propósito Eterno de Deus ................................. 3


O Reino de Deus ................................................. 13
A Vida e a Obra de Jesus .................................... 20
Jesus Cristo é o Senhor ...................................... 31
A Porta do Reino de Deus .................................. 36
A Salvação .......................................................... 58
O Que é Um Discípulo ........................................ 68
A Igreja ............................................................... 74
Introdução

A base da edificação de uma vida


Seguir a Jesus é a decisão mais importante que uma pessoa pode tomar. Na
Bíblia, quando alguém estava diante do Senhor e ouvia de seus lábios a sonora
expressão “segue-me”, a pessoa imediatamente deixava todas as demais coisas para
trás e se tornava discípulo de Jesus, acompanhando-o por toda parte. Assim, você
pode comparar a sua vida a uma longa caminhada junto Jesus, na qual aprenderá a
ser como ele e viver de uma forma agradável a Deus.
Toda caminhada começa com os primeiros passos. Por isso, reunimos nesse
material um conjunto mínimo de ensinamentos que todo discipulo deve aprender
logo no início. Como um alicerce, eles constituem a primeira etapa da edificação de
uma vida, a estrutura fundamental que servirá de apoio para toda a obra que Jesus
vai realizar na pessoa. Eles precisam ser firmes, fortes e bem construídos para que o
edifício não desabe.
Bíblia diz que “somos membros da família de Deus, edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra principal,
no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no
Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada
de Deus por seu Espírito” (Efésios2:20-22). O alicerce, ou o fundamento, dos
apóstolos e dos profetas sobre o qual nossas vidas são edificadas é um conjunto de
ensinamentos básicos que Jesus comunicou a seus discípulos e que precisam ser
aprendidos por todos aqueles que desejam segui-lo. Devido a sua importância, é
preciso dedicar tempo para estudá-los e aprendê-los de forma definitiva, a fim de se
obter clareza e revelação do maravilhoso projeto de Deus para sua vida.
Além disso, cada discípulo deve ser capaz de transmitir com clareza e fidelidade
esses ensinamentos a todos aqueles que estão iniciando os primeiros passos. Essa é
um atarefa que todos devem estar preparados para realizar, pois:
▪ O fundamento é necessário para a edificação.
▪ O fundamento não muda com o tempo (são absolutos).
▪ O fundamento deve ser bem aprendido e memorizado.
▪ O fundamento deve ser ensinado a todos os discípulos.
▪ O fundamento deve ser relembrado constantemente.
A| O Propósito Eterno de Deus

A vida de um discípulo de Jesus não é algo estático e sem direção, como se após
ser salvo não lhe restasse mais nada a fazer além de aguardar o momento de “ir para
o céu”. Depois que uma pessoa se torna um discípulo de Jesus ela precisa de
orientação, precisa de uma direção clara para seguir em frente na sua caminhada com
Jesus. Muitas pessoas se desviam ou param no meio do caminho por não terem essa
direção.
Para que isso não aconteça, é preciso que se oriente a partir de uma visão geral
de todo o plano de Deus e que se compreenda o que o Senhor quer de sua vida. Essa
visão é obtida quando conhecemos o Propósito Eterno de Deus e passamos a ver
todas as demais coisas dessa perspectiva. No entanto, isso não pode ser apenas um
estudo bíblico. É necessário que, ao estudar esse assunto nas próximas páginas, você
deixe o Espírito Santo falar ao seu coração enquanto lê os trechos selecionados da
Palavra de Deus para ganhar revelação. A partir daí toda a sua vida será orientada de
acordo com o alvo que o Senhor estabeleceu para sua vida desde o princípio. Isso
trará valor eterno para suas decisões e ações permitindo cooperar ativamente com o
propósito de Deus.

1) Um Erro Muito Comum


Muitos de nós vivemos vários anos sem conhecer o propósito de Deus para
nossas vidas. Aqueles que não criam em Deus, certamente não se preocupavam com
esse assunto. Mas mesmo entre os cristãos, muitos tinham uma visão errada sobre o
que ele queria de suas vidas. Criam equivocadamente que o alvo de um cristão era
chegar ao céu, enxergando a obra de Deus com um enfoque humanista que colocava
o homem e suas necessidades no centro de tudo. Por causa disso, concluíam que o
propósito de Deus era a salvação dos homens. Tudo girando em torno do homem e
de suas necessidades.
Esta visão equivocada ocorreu porque sempre víamos o propósito de Deus
começando com a queda do homem. O homem pecador é o grande problema a ser
resolvido, e dessa perspectiva, a salvação do homem torna-se o aspecto central do
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propósito eterno de Deus. Se esse tipo de visão é que provoca o engano, é aqui que
temos que fazer a correção.
É claro que Deus quer salvar a todos os homens. Isto observamos claramente
nos textos de 1Tm 2.3-4; 2Pe 3.9 e Jo 3.16. Mas nós não devemos confundir aquilo
que Deus deseja com o que é o seu propósito. O propósito de Deus não surgiu com a
queda do homem. É algo que já estava no seu coração antes da fundação do mundo.
Ef 1:3-5,11 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes
da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos
predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito
de sua vontade... nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados
conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade.
Pensemos um pouco sobre a seguinte argumentação: Se, antes da fundação do
mundo, Deus tinha o propósito de salvar o homem, então Deus é cúmplice do pecado,
porque Deus necessitava que o homem pecasse para cumprir o seu propósito.
Quando Deus disse: “não coma deste fruto”, na verdade, queria que o homem
comesse e pecasse, ficando perdido e em trevas. Deste modo Deus poderia cumprir
o seu propósito de salvar o homem e mostrar o seu grande amor.
Ora, tudo isto é uma grande confusão! Deus jamais quis que o homem pecasse!
A salvação não era o propósito do coração de Deus. A redenção foi necessária por
causa da queda, mas a queda não foi “programada” para que houvesse salvação. Para
resolver essa questão, nós precisamos conhecer qual era a primeira intenção de Deus,
qual era o propósito que Ele tinha em seu coração quando criou o homem.

2) Qual o Propósito de Deus ao Criar o


Homem?
Gn 1:26-28 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos,
e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à
sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes
disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre
as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.

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Ef1:3-5

ETERNIDADE ETERNIDADE
PASSADA FUTURA
CRIAÇÃO
Gn1:26-28

Segundo o texto acima, Deus criou o homem e a mulher conforme a sua


imagem e semelhança, deu a eles autoridade sobre a Terra e ordenou que se
multiplicassem. Sabemos que cada ser vivo se reproduz segundo a sua própria
espécie. Então, quando o homem e a mulher de multiplicassem, reproduziriam filhos
à imagem e semelhança de Deus. Assim, toda a terra se encheria da grande família de
Deus.
Isso nos mostra que o grande desejo de Deus era ter filhos com a sua imagem,
com a sua natureza e com a sua vida. E ordenou que eles se multiplicassem, pois
queria que fossem muitos filhos. Ele queria uma grande família que expressasse na
terra a sua glória e autoridade.

3) Como o Pecado Interferiu?


Não se sabe ao certo, quanto tempo o homem e a mulher viveram em
harmonia, expressando a vida de Deus sobre a terra. Mas em determinado momento,
conforme registrado em Genesis 3, eles pecaram e quebraram a ordem e a harmonia
originais. O pecado de Adão foi uma intromissão violenta e diabólica no propósito de
Deus. Por causa do pecado, o homem se tornou culpado, alvo da ira de Deus,
merecedor de castigo eterno, expulso da presença de Deus e sem comunhão com ele.
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
Mas o problema não foi apenas que o homem se tornou culpado diante de
Deus, mas também que a sua própria natureza se corrompeu e se estragou. O homem
perdeu a vida e a imagem de Deus e já não era mais semelhante a ele. Não era mais
o mesmo homem. Nessa nova condição, ao se multiplicar, não geraria filhos
semelhantes a Deus, mas à semelhança de sua própria natureza corrompida. Isso o
tornou inútil para avançar com o propósito de Deus.

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E não foi apenas Adão que se tornou inútil. Depois que Adão se corrompeu ele
teve filhos à sua própria semelhança, à sua imagem. Como consequência, toda a
descendência de Adão ficou arruinada e inútil para o Propósito de Deus.

Ef1:3-5

ETERNIDADE
ETERNIDADE CRIAÇÃO FUTURA
PASSADA Gn1:26-28

QUEDA
Gn3:26
Rm 3:12,23

CONDENAÇÂO
Rm6:23

Gn 5:3 Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua
imagem, e pôs-lhe o nome de Sete.
Rm 3:12 Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não
há nem um só.

4) Deus Não Desistiu do Seu Propósito


Apesar da queda do homem, Deus nunca mudou o seu propósito inicial. Ele não
criou um novo alvo, nem desistiu do que queria desde o princípio. O propósito de
Deus é imutável (Hb 6.17). Aleluia!
Como todos os descendentes do primeiro homem tinham se tornado inúteis
para o seu propósito, Deus criou uma nova raça, com uma nova natureza. Como Deus
fez isto? Pelo novo nascimento (I Co 15.45-48).
No aspecto natural, todos os seres humanos que nascem são pertencentes à
raça de Adão e tem a mesma natureza de Adão, estragada e inútil. Mas pelo novo
nascimento, cada ser humano pode se torna participante de uma nova raça celestial,
com uma nova natureza semelhante à de Jesus, que é à imagem de Deus.

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Adão perdeu a imagem de Deus porque foi rebelde (Gn 3.1,7). Jesus sempre fez
a vontade do Pai (Jo 4.34), em tudo lhe agradou (Jo 8.29) e foi obediente até a morte
(Fp 2.8).

NOVO
NASCIMENTO

Natureza de Natureza de
ADÂO DEUS

2Co 5:17 Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo.
Por meio do novo nascimento, o homem se torna uma nova criatura, recebe a
natureza de Deus (II Pe 1.4) e a imagem daquele que o criou (Cl 3.10). Isso acontece
por causa da obra que Jesus Cristo realizou na cruz. Quando alguém crê em Jesus
Cristo (Jo 6.29), e o recebe como o Senhor de sua vida (Rm 10.9), recebe uma nova
natureza formada em justiça e santidade. A pessoa nasce de novo e uma nova história
se inicia. Isso restaura a esperança para o cumprimento do propósito de Deus, pois o
próprio Jesus vem habitar nela. Por isso, toda a glória do plano de Deus não se perdeu
com o pecado. Ele não desistiu do seu propósito. E a esperança que ele tem para
cumpri-lo é “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).

5) A Salvação é um Meio e Não um Fim


A obra redentora de Cristo Jesus é algo tão tremendo, tão maravilhoso, que
corremos o risco de vê-la como se fosse o todo. Esta salvação é tão grandiosa que
temos a tendência de confundi-la com o próprio propósito de Deus. Mas não é assim.
Jesus Cristo, o Filho de Deus, com sua obra redentora, deu uma nova vida ao
homem, restaurando a semelhança e a comunhão com Deus. Essa obra, que gerou a
Igreja, é o meio para Deus restaurar todas as coisas e continuar avançando com seu
Eterno Propósito. Assim, vemos que a redenção nunca poderia ser um fim em si

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mesmo, mas um meio para que a graça de Deus agisse e começasse a consertar o
grande desvio provocado pelo pecado.

Ef1:3-5

ETERNIDADE CRIAÇÃO ETERNIDADE


PASSADA Gn1:26-28 FUTURA
JESUS

QUEDA
Gn3:26
Rm 3:12,23

SALVAÇÃO
Is 53:5-6
2Co 5:21

CONDENAÇÂO
Rm6:23

Fp 3:12-14 Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo
para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu
mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás
e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado
celestial de Deus em Cristo Jesus.
Para Paulo, a redenção nunca foi o propósito de Deus. Ele entendia que o
propósito de Deus era formar a família eterna. Uma família perfeita em Cristo (Fp
3.12-14). Sua obra para o Senhor não consistia em buscar apenas a redenção do
homem, mas em apresentar este homem perfeito a Deus e atingir o alvo, restaurado
à imagem de Jesus Cristo (Cl 1.28).

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6) Como se Define o propósito de Deus


Hoje?
Ef 1:4 como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus
Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
Rom 8:28-29 E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu,
também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos;
Lendo com atenção os dois textos acima podemos compreender com clareza o
Propósito Eterno de Deus e defini-lo de forma simplificada em uma única frase: Deus
quer ter uma grande família de muitos filhos semelhantes a Jesus.
Devemos guardar essa frase em nossos corações. Não apenas para decorar,
mas para que nunca deixemos de compreender o propósito que move todas as suas
ações. Existe muita coisa nessa frase. Um ensino muito precioso que se desdobra em
três temas principais:
Uma família ...: É importante notarmos que Deus quer uma única família.
Isto nos fala de unidade e é um requisito indispensável para o cumprimento do
propósito de Deus. Embora a unidade não esteja enfatizada no texto acima, sabemos
que filhos à imagem de Jesus não podem vivem em discussões, provocar divisões,
nem viver em contendas. A unidade de família de Deus está muito bem enfatizada em
diversas passagens como Jo 17.20-22; 2Co 1.10-12; 3.1-4;10.16-17; Ef 2.14-16; 3.15;
4.1-6; 4.12-16; Fp 1.27; 2.1-4 e outras mais.
... de muitos filhos ...: Esse outro aspecto nos fala da quantidade, pois
Deus quer muitos filhos. Discípulos devem gerar outros discípulos (Mt 28.28-20).
Onde há vida natural, sempre há multiplicação. O mesmo acontece com a vida
espiritual. Aquele que tem a vida de Cristo, frutifica e reproduz esta vida em outros.
Por isso, não é correta a expressão popular que diz “somos poucos e bons”. Ora, se
somos bons não seremos poucos, porque os que têm a vida de Cristo fazem discípulos
e se multiplicam. Deus quer muitos filhos.
... semelhantes a Jesus: Esse último aspecto se refere a como devem
ser os filhos que Deus quer. Deus não se contenta com quantidade apenas, nem se
satisfaz com números. Ele quer também qualidade. Para isso, é necessária a
edificação, para que seus filhos tenham qualidade de vida e vivam como Jesus. Que
sejam mansos e humildes como Jesus (Mt 11.29), santos como Jesus (2Pe 1.5). Que

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sirvam como Jesus serviu (Jo 13.14), preguem ao mundo como Jesus pregou (Jo
17.18), perdoem como Jesus perdoou (Cl 3.13), amem como Jesus amou (Jo 13.34),
andem como Jesus andou (1Jo 2.6) e orem como Jesus orou (Hb5.7-8).

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7) Qual Nossa Posição Dentro do


Propósito de Deus?
Quando nós compreendemos e abraçamos o propósito de Deus, ele se torna o
nosso chamado e a nossa vocação (2Tm 1.8-9; Rm8.28-29). De uma maneira simples
podemos definir a nossa vocação como um chamado para sermos participantes do
propósito de Deus e cooperadores do seu cumprimento.
▪ Somos chamados para participar da família de muitos filhos que Deus está
formando e termos nossas vidas transformadas para sermos como Jesus.
▪ Somos chamados para colaborar com a formação da família de Deus,
ganhando vidas para Deus, edificando-as em Cristo e vivendo em unidade.
Que Deus ilumine os olhos de nosso coração para compreendermos a
esperança deste chamamento (Ef 1.18), a fim de que o propósito eterno seja para
nós, muito mais que um estudo de uma apostila. Aquele que recebe o propósito de
Deus em seu coração, compreende o seu chamado e torna-se prisioneiro desta
vocação (Fp 3.12-14). Devemos andar de modo digno desta vocação (Ef4.1-3) e nos
esforçarmos para confirmá-la (2Pe 1.10).
2Tm1:8-9 Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que
sou prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do evangelho segundo o poder de Deus,
que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o
seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos.

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B| O Reino de Deus

O Que é um Reino?
Reino é uma forma de governo em que a autoridade reside em um rei. Esse
governo se estende sobre todos os territórios e pessoas que estão debaixo do
domínio do rei. Nos tempos bíblicos, a maioria dos povos era governada por reis. Por
isso, as nações eram chamadas reinos.

O Que é o Reino de Deus?


É o governo de Deus. Deus é a fonte de toda autoridade. Ele é o rei absoluto do
universo por direito inerente, por ser seu criador, dono e sustentador. Ele é a
autoridade suprema sobre tudo que existe, sobre o que é visível, e o que é invisível,
sobre a criação, os anjos, a humanidade, a história, as nações e os eventos futuros.
Sl 93:1-2 O Senhor reina; está vestido de majestade. O Senhor se revestiu, cingiu-se de
fortaleza; o mundo também está estabelecido, de modo que não pode ser abalado. O teu trono está
firme desde a antiguidade; desde a eternidade tu existes.
Sl 97:1-2 O Senhor reina, regozije-se a terra; alegrem-se as numerosas ilhas. Nuvens e
escuridão estão ao redor dele; justiça e equidade são a base do seu trono.
Por ser autoridade, um dia Ele julgara a todos com justiça. Deus é o Rei do
Universo e Rei Eterno (Salmos 99:1; 145:13; 146:10).
Existem dois aspectos do reino de Deus:

a) O governo natural de Deus sobre a criação

Deus exerce seu governo sobre o universo de um modo natural. As galáxias,


constelações, estrelas, sois, a terra, as distintas espécies de fauna e de flora, a vida
biologia em todas as suas variedades (a célula, a molécula, o átomo, etc.). Tudo,
absolutamente tudo é regido por Deus. Ele criou todas as coisas por sua palavra. Ele
mandou e foram feitas.
Hb 11:3 Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo
que o visível não foi feito daquilo que se vê.
Ele sustenta todas as coisas palavra do seu poder (Hb 1:3). A natureza obedece
ao governo de Deus de um modo espontâneo e natural (obviamente não se trata de
uma sujeição consciente e voluntária como no caso do homem).
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b) O governo moral de Deus sobre os homens

O homem é um ser moral, criado por Deus a sua imagem e semelhança, com
atributos de personalidade: espírito, vontade, intelecto e emoções. Deus exerce
governo moral sobre o homem esperando dele uma sujeição consciente e voluntária.
Deus autoridade suprema, expressa sua vontade ao homem por meio de sua palavra.
O homem é um ser criado com responsabilidade moral e capacidade de decisão, é
responsável por obedecer consciente, voluntária e inteligentemente a palavra de
Deus, reconhecendo e acatando, desse modo, o reino de Deus sobre sua vida.

1) A Situação do Homem Diante do Reino


de Deus

A criação do homem
Deus criou o homem e a mulher a sua imagem em semelhança.
Gn 1:26-27 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda
a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem;
à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Gn 2:7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego
da vida; e o homem tornou-se alma vivente.
Já mencionamos que o homem, feito a imagem e semelhança de Deus, tinha
espírito e atributos de personalidade. Além disso, essa imagem divina se via em seus
atributos morais. Em seu estado de inocência perfeita, Adão e Eva refletiam a
santidade, a justiça e o amor de Deus.

Deus exerce seu governo sobre o homem


Em pleno exercício de sua autoridade, Deus governava sobre o homem e sobre
a mulher mediante sua palavra: “frutificai e multiplicai, enchei a terra e sujeitai-a”
(Gn1:28-31). O homem deveria lavrar a terra e cuidar dela (Gn2:15). Podia comer do
fruto das árvores e das plantas. Podia ter relações sexuais com sua esposa, pois eram
uma só carne (Gn2:24-25).
Aquele que era a autoridade suprema estabeleceu limites para a conduta do
homem, dizendo:

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Gn 2:16-17 Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes
comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no
dia em que dela comeres, certamente morrerás.
Tudo era perfeito e bom enquanto o homem e a mulher viviam submissos a
autoridade do Rei Eterno, ou seja, enquanto viviam sob a autoridade do governo
moral de Deus.

A entrada do pecado na vida humana


Enganados por Satanás, primeiro a mulher e depois seu marido, se rebelaram
contra a vontade de Deus, comendo do fruto proibido e pecaram.
Gn 3:6 Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos
olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e
ele também comeu.
O que é o pecado? Justamente isso: rebelião contra Deus. É insubordinação a
sua autoridade. É fazer a minha própria vontade, fazer o que eu quero, aquilo que
para mim parece bem, desconhecendo desse modo a autoridade de Deus. Isso é
exatamente o que Satanás quis e ainda quer alcançar em todo homem.

A condição atual do homem


Do mesmo modo que Adão, todos temos pecado contra Deus, tanto pela
herança pecaminosa que recebemos, como por nossas atitudes pessoas diante de
Deus. Cada um vive como quer, fazendo a própria vontade. As consequências dessa
rebelião estão a vista de todos nós: orgulho, temores, ansiedades, depressões,
enfermidades, iras, inseguranças, ódios, crimes, divórcios, mentiras, inimizades,
rancores, problemas familiares, etc. Todos esses são sintomas da morte: morte
espiritual, que finalmente resultará na morte física e logo, a condenação eterna.
Quantos males vieram sobre a humanidade por não viver sob o reino de Deus!
Quão triste é a condição atual dos homens! Para piorar a situação, o homem não tem
em si nenhum recurso para mediar ou reverter esta situação, que essencialmente é
um problema espiritual.

3) O Evangelho do Reino de Deus


Mr 1:14-15 Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galileia pregando o
evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos,
e crede no evangelho.

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Jesus ia por toda parte pregando e ensinando sobre o reino de Deus. Esse era
seu tema principal e quase se poderia dizer, seu único tema. Havendo já considerado
o que é o reino de Deus, cabe agora a pergunta: o que é o evangelho do reino?
Evangelho significa boa notícia (boa nova). Jesus anunciou aos homens a boa
notícia do reino de Deus. Foram boas notícias porque o momento esperado e
anunciado pelos profetas havia chegado. E também são boas notícias porque Deus,
em seu amor, mandou seu Filho, não para condenar o mundo, mas para salvar o
mundo.
Nós homens, excluídos da presença de Deus por nossa rebelião, agora
recebemos a boa notícia de que o reino de Deus chegou sobre nós, e que mediante o
arrependimento – uma mudança total de atitude – e a fé em Cristo, nos é dada a
possibilidade maravilhosa de nascer de novo, por causa da morte e ressurreição de
Cristo, para entrar assim no reino de Deus.
De nossa parte, isso significa um compromisso total de viver sob o governo de
Deus, sujeitando-nos à autoridade de Jesus Cristo. Da parte de Deus, significa o
perdão total de nossos pecados, uma vida nova, ser feitos filhos de Deus e viver o seu
reino aqui e agora, bem como por toda eternidade.

4) Os Dois Reinos
Todos nós vivemos segundo certas normas e hábitos, mesmo que não sejam
mais que simples modas que mudam a cada momento. Podemos classificar os seres
humanos em dois grupos: os que vivem como querem e os que vivem como Deus
quer. São dois conceitos de governo da vida que são diametralmente opostos entre
si. Nas sagradas Escrituras, estes dois governos estão identificados como O IMPÉRIO
DAS TREVAS e o REINO DE DEUS. Esses dois termos aparecem na carta de Paulo aos
Colossenses onde o apóstolo, falando de Deus, afirma:
Cl 1:13 e que nos tirou do império das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho
amado.
A Bíblia também declara que Satanás é o que domina sobre o império das
trevas, enquanto Jesus Cristo exerce o governo sobre o reino da Luz

O Império das Trevas


Aquele que pretende viver segundo seus próprios critérios se engana. Quando
alguém faz o que quer, pensa que está tudo bem, mas na realidade está se destruindo
e caindo na armadilha do diabo. Por isso devemos levar em conta que a raiz do mal

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do homem está em sua rebelião, seu egoísmo, sua pretensa independência de Deus.
Ao não levar em conta a Deus, nem o reconhecer como dono e rei sobre sua vida, está
seguindo o mesmo caminho de Satanás e terminará como consequência, debaixo de
seu domínio.
Satanás é chamado na Bíblia de “o príncipe desse mundo” (Jo12:31, Ef2:2). Com
seus demônios ele exerce uma força espiritual maligna cujo propósito é transtornar,
arruinar e, por fim, destruir o homem. Por isso há tanta confusão e maldade ao nosso
redor, e muitas vezes no próprio ser humano. A atividade de Satanás no mundo é
mostrada em muitos textos bíblicos, como os seguintes: Ef2:1-2,6:11-13, Jo10:10,
2Co6:3-4.
É importante entender que nossos recursos humanos não são suficientes para
fazer-lhe frente ou evitar cair em suas garras. Temos que depender de Cristo. “Para
isso se manifestou o filho de Deus, para destruir as obras do diabo” (1Jo3:8). Lucas
também testemunhou de “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo
e poder, o qual andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos os oprimidos
do diabo” (At10:38).

O Reino de Jesus Cristo


Quando as Escrituras se referem ao reino de Deus, não estão falando do céu ou
do lugar onde Deus habita, senão do governo de Deus. Ele fez o mundo e como
criador, tem o direito de governá-lo. Seu governo é exercido na luz, com justiça,
santidade e amor. O governo sempre reflete o caráter do governante. Nesse caso, é
Jesus Cristo quem governa com a autoridade que surge de sua morte e ressurreição,
pelas quais revelou o amor e a justiça de Deus, e ganhou o direito de reinar sobre o
mundo inteiro.
Além disso, como Deus criou o homem a sua imagem, este nunca poderá viver
bem ou realizar-se aparte da vontade de Deus. Sem ela, não se pode ser a pessoa que
Deus quer que seja.
Todos nós nascemos no reino das trevas por sermos descendentes de Adão
(Ef2:3), mas Deus quer nos transportar para seu Reino. Por isso Ele enviou seu Filho,
que nos chama a segui-lo e sermos seus discípulos. A verdadeira conversão é ser livre
do poder das trevas e transportado para o reino da luz.

As características de cada Reino


No mundo natural cada nação tem suas características que a identificam, bem
como a cada um de seus cidadãos. No mundo espiritual isso também acontece. Tanto
o reino das trevas quanto o reino da luz têm características pelas quais podemos
identificar seus súditos.

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A lei

A lei é um código de conduta que rege a vida dos cidadãos de uma cidade,
estado, pais ou reino:
A lei do reino das trevas: viva como quiser. Cada um vive de acordo com a
própria vontade. Cada um vive como quer, faz o que lhe parece mais correto, o que
lhe convém, o que lhe dá na telha.
A Lei do reino da Luz: viva como Jesus quer. Os discípulos vivem como o Senhor
manda, vivem para agradar a Deus. Não é uma questão de obedecermos quando
quisermos, mas obedecermos em todos os momentos.

O Idioma

A maneira de falar demonstra o que a pessoa tem no coração (Mt12:34).


Observando o idioma que uma pessoa fala é possível identificar a que reino ela
pertence:
O idioma do reino das trevas: reclamação, murmuração, queixa, lamento. O
filho queixa-se contra a mãe; a mãe queixa-se contra os filhos; a esposa contra o
marido e vice-versa. Reclama-se do governo, do emprego, do patrão, do clima, etc.
O idioma do reino da Luz: louvor, gratidão. Louvor não significa cânticos ou
música. A música é apenas uma maneira de se expressar o louvor. Louvor é
contentamento e gratidão ao Senhor por tudo.

A Bandeira

As cores e a disposição das cores na bandeira identificam o país. Normalmente


não são necessárias as palavras, apenas observando a bandeira podemos identificar
o país pelo que vemos.
A bandeira do reino da Luz: amor. Amar os irmãos, o próximo, e até os inimigos.
Este é o sinal que identifica um discípulo (Jo13:34-35). Não é a doutrina o cabelo, a
roupa, mas o fatio de nos amarmos uns aos outros.
A bandeira do reino das trevas: egoísmo. Amo a mim mesmo. Vivo para mim.
Me esforço para mim. Penso apenas em mim. Contanto que comigo esteja tudo bem
que importa os outros?

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Veja no desenho abaixo a ilustração dos dois reinos:

Reino da Luz
Rei: Jesus
Lei: Viva como Jesus quer
Idioma: Louvor, gratidão
Bandeira: Amor

Reino das trevas


Rei: Satanás
Lei: Viva como quiser
Idioma: Reclamação, murmuração
Bandeira: Egoísmo

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C| A Vida e a Obra de Jesus

Jesus é a pessoa mais fascinante que existe. Ele é a pedra fundamental da nossa
fé. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2:3). Sua
vida e sua obra manifestaram ao mundo o amor e o coração do único Deus verdadeiro
(Jo17:3, 14:7). Ele não veio simplesmente mostrar a verdade ou uma forma de viver,
mas abertamente e com a convicção de quem não pode mentir, disse o que nenhum
outro jamais ousou dizer: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Jesus afirmou ser
Ele mesmo a verdade, a vida e também é o único caminho. É impossível alguém
conhecer a Deus Pai se não for por meio de Jesus. Ele é o filho de Deus, que por amor
a nós, entregou-se à morte e triunfou sobre ela ressuscitando para comunicar vida
eterna a humanidade. Para receber esta vida temos que conhecê-lo, saber quem Ele
é, de onde veio, o que Ele falou, o que Ele fez e onde Ele está agora. A fé cristã está
apoiada na revelação de Quem é Jesus!
Jo 17:3 E a vida eterna e esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo,
a quem enviaste.
Como é importante conhecer e crer no que a palavra de Deus diz acerca de
Jesus! Leia e medite com oração. Peça ao Espírito Santo que lhe ajude a conhecer
Jesus e encontrar o precioso tesouro que Deus reservou para os que o amam.

1) Jesus é Eterno
A história de Jesus começa muito antes de Seu nascimento em Belém da Judéia,
muito além do mais distante passado que nossas mentes podem alcançar. Jesus não
é um ser criado. Ele é eterno. Sempre existiu em unidade com o próprio Deus muito
antes que o Universo existisse. Ele é o criador de todas as coisas, o Verbo eterno de
Deus, a Palavra eterna, através da qual tudo veio a existir.
Jo 1:1-3 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava
no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi
feito se fez.
No evangelho de João, a Bíblia usa, no evangelho de João, a expressão “o
Verbo” para se referir a Jesus e não só diz que “o Verbo estava com Deus”, mas que
“o Verbo era Deus”, fazendo assim uma declaração direta e clara da divindade de
Jesus antes de vir ao mundo como homem. É uma revelação progressiva, que inicia
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dizendo que o Verbo existia desde o princípio, estava com Deus e termina afirmando
que Ele era Deus.
Cl 1:15-17 O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele
foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de
todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas.
Ele existia antes da criação e é superior a criação. Ele é Criador. Sem Jesus nada
existiria. Nem o mundo, nem os animais, nem os homens, nem eu, nem você. Tudo
foi feito por Ele e para Ele.
O homem Jesus de Nazaré teve um início no espaço-tempo quando foi
sobrenaturalmente gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, sua mãe. Mas a
criança que iria nascer em Belém abrigava um ser eterno: o Verbo de Deus.

Grandioso é Jesus! (Leia também Hb 1:1-3)

2) Tornou-se Homem
No meio das mais densas trevas que envolviam a humanidade, raiou uma luz.
A verdadeira luz que ilumina todo homem veio ao mundo e habitou entre nós (Jo1:9).
Para satisfazer o amor e a justiça de Deus, o Verbo Eterno tornou-se um ser humano.
O Criador do universo esvaziou-se de sua divindade e tornou-se uma de Suas
criaturas.
Jo 1:14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a
sua glória, como a glória do unigênito do Pai.
O Verbo Eterno tornou-se Jesus de Nazaré. Ele poderia ter escolhido vir ao
mundo como um rei, com exércitos ao seu comando, riquezas e glória, mas escolheu
nascer num estábulo, numa família pobre, ser carpinteiro e ter a vida e um homem
comum. Jesus foi um homem como nós, de carne e ossos, que sentia fome, sede, frio,
calor, cansaço e dor. Humano como eu e você (Hb2:14-18).Que tremenda é esta
verdade! O Verbo Eterno, criador de todas as coisas, se esvaziou de sua glória e
assumiu a forma de homem.
Fp 2:6-8 O qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a
que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se
semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se
obediente até a morte, e morte de cruz.
Imagine se um homem se transformasse em um verme. Isto ainda seria pouco
para comparar com o que aconteceu a Cristo, porque o homem é criatura e o verme
também. Mas quando o Verbo se fez carne foi algo muito mais tremendo! Foi o

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próprio criador assumindo a forma de uma de suas criaturas. A humilhação de Jesus


não começou na cruz, mas sim em Belém, quando tomou a forma de um simples
homem.
Nunca é demais salientar que nossa fé é no Deus-homem Jesus Cristo. Quando
o verbo se fez carne Ele se esvaziou de sua glória de Deus (Jo 17:5), isto é, Ele se
esvaziou dos atributos (qualidades e capacidades) de Deus, mas nunca deixou de ser
a Pessoa do Verbo. Ele continuou sendo o Verbo, mas agora em carne humana
esvaziado de sua glória, mas não totalmente. Ele tinha em sua humanidade toda glória
possível da verdade e da graça de Deus (Jo1:14). Isto é um mistério.

Maravilhoso é Jesus! (Leia também 1Jo 4:2-3, 1Tm 3:16, Rm 8:3)

3) Foi Perfeito e Irrepreensível


A vida de Jesus neste mundo foi perfeita. Ele não cometeu nenhum pecado nem
falou enganosamente (2Co5:21). Tudo que Ele fez estava em perfeita harmonia com
a vontade de Deus, o Pai. Ele dependeu de Deus em todo Seu procedimento e por isso
sempre O agradou (Mt3:17, Mt17:5).
I Pe 2:22 Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano
Lc 3:21-22 Quando todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando
ele a orar, o céu se abriu; e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba;
e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado.
Primeiro Jesus se esvaziou tornando-se homem. Depois, como homem,
continuou se esvaziando. De que forma? Não fazendo nunca a sua própria vontade.
O texto de Fp 2:6-8 diz: " ... se humilhou, sendo obediente até a morte... ". Qual
foi o pecado de Adão? Abriu mão da vontade de Deus e fez sua própria vontade.
Agora, Jesus, o ultimo Adão (1Co 15:45) veio para fazer sempre a vontade do Pai. Por
isso as Escrituras dizem que Ele nunca cometeu pecado. Porque nunca fez a sua
própria vontade. Ele sujeitou sua vontade à vontade de Deus Pai.
Jo 4:34 Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e
completar a sua obra.
Jo 8:29 E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o
que é do seu agrado.
Lc 22:42 Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas
a tua.

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O diabo tentou Jesus desde o princípio para que Ele fizesse a sua própria
vontade, mas Jesus sempre permaneceu obediente ao Pai até a morte e morte de
cruz.
Hb 4:15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas
fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.

Santo é Jesus! (Leia também Hb 7:26 I Jo 3:5)

4) Fez uma Obra Grandiosa


Na vida de Jesus não admiramos somente a sua santidade, mas também o
poder que se manifestou no seu ministério. Ele fez muitos milagres prodígios e sinais
(At2:22):
▪ Ele curou enfermos (Lc4:40),
▪ Libertou os oprimidos pelo diabo (Lc6:17-18),
▪ Deu a vista aos cegos (Mc10:46-52),
▪ Ressuscitou mortos (Jo11:41-44),
▪ Andou sobre as águas (Mt14:25-27),
▪ Multiplicou alimentos (Mt134:15-20),
▪ Pregou às multidões (Lc5:1-3),
▪ Fez discípulos e ensinou-lhes a agradar o pai (Lc12:15 Mt6:19-21, Mt6:25-
34, Mc8:34-36).

Com que poder Ele fez isto? Ele não fez nada como Deus, pois havia se
esvaziado da forma de Deus e vivia como homem. Portanto ele precisava do poder do
Espírito Santo para fazer a obra de Deus. Por isso o Pai se alegrou tanto no seu
batismo, porque naquele momento veio sobre Ele o Espírito Santo (Mt 3:13-17).
At 10:38 Concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com
poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque
Deus era com ele.
Ele foi um homem perfeito, que agiu sempre pelo poder do Espírito Santo
concedido a Ele sem medida pelo Pai. Tudo que Jesus fez foi pelo poder do Espírito
Santo de Deus.

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Era novamente um esvaziamento de Jesus, assumindo as limitações de homem


e a sua necessidade do Espírito Santo para cumprir o seu Ministério.

Tremendo é Jesus! (Leia também Jo 20:30-31)

5) Morreu Pelos Nossos Pecados


Todas as pessoas falam e até mesmo os incrédulos sabem que Jesus morreu
pelos nossos pecados. Mas não teremos revelação espiritual enquanto não
soubermos por que foi necessária esta morte. Por que Deus exigiu a morte de seu
único filho?
Para conhecermos o amor de deus é necessário conhecer também sua
santidade e justiça. Deus é perfeitamente santo e perfeitamente justo. Não pode
suportar nem mesmo aquilo que para nós seria um "pequeno erro". Sua santidade se
ofende com qualquer forma de pecado e sua justiça exige punição (Rm 1:18). Assim é
Deus.
Se a exigência é assim tão grande, e se só um homem totalmente perfeito pode
agradar a Deus, então quem poderá agradá-lo? Será que existe alguém que preenche
tais condições? A resposta clara da Escritura é NÃO.
Rm 3:10 Não há justo, nem sequer um ...
Rm 5:23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus
E qual a consequência disto?
Rm 6:63. ...o salário do pecado é a morte ...
Esta é a morte eterna, o castigo eterno. Quem está sujeito a este castigo? Toda
a raça humana.
Quando o Espírito Santo nos convence do pecado, da justiça e do juízo, então
entendemos como estamos mau diante de Deus e como é grande a nossa dívida para
com Ele. Conhecemos a nossa culpa e perdemos a paz. Só então começamos a
compreender porque Jesus morreu. Ele morreu para satisfazer a justiça de Deus e
aplacar a sua ira. Nós merecemos ser castigados pelos nossos pecados, mas Jesus
aceitou ser castigado em nosso lugar. Assim Deus satisfez sua justiça.
2Co5:21 Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele
fôssemos feitos justiça de Deus.
Is 53:5-6 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho;
mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.

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Se nós somos culpados diante de Deus, como podemos ter paz com Ele? Só
temos paz quando entendemos que Jesus pagou o nosso castigo: "...o castigo que nos
traz a paz estava sobre Ele . Nele Deus encontrou o homem perfeito capaz de morrer
em favor de toda humanidade. Jesus pagou a nossa dívida. ALELUIA!!!
Vejamos abaixo um quadro completo do significado amplo da morte de Jesus:

Consequências do Pecado A morte de Jesus como solução

1) O homem ofendeu a santidade de Deus e 1) A morte de Jesus foi propiciatória (Rm3:25


provocou a sua ira. (Rm1:18) Hb2:17 IJo2:2 IJo4:10), ou seja, satisfez a
justiça de Deus. (Não significa que a justiça de
Deus foi eliminada, mas sim satisfeita)

2) Por causa disso o homem está condenado 2) A morte de Jesus foi substitutiva. Ele
ao castigo eterno. (Rm6:23) morreu em nosso lugar, foi um sacrifício pelos
nossos pecados (Ef3:24 Ef1:7 1Pe2:24;3:18) .
Foi uma troca: o justo pelos injustos. Isso
significa que o nosso castigo já foi pago.

3) O homem também se tornou escravo de 3) A morte de Jesus foi redentora (Rm3:24


Satanás e do pecado. (Ef2:2-3) Ef1:7). Isto significa que Ele nos resgatou (Gl
3:13). Ele, que não era escravo de Satanás, foi
até o "mercado de escravos" e nos livrou
(Hb2:14-15), nos comprou pagando o preço
do resgate: Seu precioso sangue. (At 20:28 Ap
5:9).

4) O homem perdeu a comunhão com Deus e 4) A morte de Jesus foi reconciliadora (2Co
não pode mais se relacionar com Ele. (Is 59:2) 5:18-21 Cl1:21-22). Reconciliar quer dizer
"fazer a paz". Quer dizer que, afastadas as
barreiras, o homem pode novamente
estabelecer relações com Deus. Como já
houve propiciação, sacrifício, e redenção,
agora Deus reaproxima o homem d'Ele e faz
com que ele goze novamente de sua amizade.

Existe ainda outro aspecto da morte de Jesus: O fato de que fomos incluídos na
sua morte. (Isto é tratado no assunto Batismo).

Amado é Jesus!

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6) Ressuscitou
Depois de ter morrido o Senhor Jesus foi sepultado. Mas ao terceiro dia, Ele
ressurgiu triunfante da morte e se apresentou vivo aos seus discípulos,
permanecendo com eles por vários dias. Ele ressuscitou dentre os mortos!
At 2:24 ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que
fosse retido por ela.
Se a morte de Jesus está coberta de glória, quanto mais a sua ressurreição! As
Escrituras nos mostram vários aspectos da ressurreição e seu amplo significado.
Vamos ver os principais:

a) A ressurreição de Jesus é a sua vitória sobre a morte. (1Co 15:54-57)

O que é a morte? A morte não é deixar de existir. A morte física ocorre quando
o espírito e a alma deixam o corpo. Quando se quebra a unidade entre o espírito, a
alma e o corpo então acontece a morte física.
Para vencer a morte, Jesus precisava de uma ressurreição física, ressurreição
do corpo. Um corpo de carne e osso e não um espírito (Lc 24:39-40). Para provar isso
Jesus comeu na presença dos discípulos (Lc 20:20;24-27). Entretanto, era um corpo
transformado. Não estava preso a espaço nem ao tempo. Podia aparecer e
desaparecer. (Lc 24:31 Jo20:19;26).
Com a ressurreição física Jesus passou a ter novamente a unidade entre seu
corpo, alma e espírito. Desta maneira Ele venceu a morte. (1Co 15:54)

b) A ressurreição é que produz a fé no Senhor. (Rm 10:9)


A fé dos discípulos "entrou em parafuso" depois da morte de Jesus (Jo 20:19;25
Lc 24:21-22). Esta fé foi restabelecida quando Jesus ressurreto apareceu aos
discípulos (Jo 20:8;20). Sem a ressurreição física, quem creria no crucificado? Mas
pela sua ressurreição ele foi comprovado como Filho de Deus (Rm 1:4 At 13:33) e
como juiz universal (At 17:31).

c) A ressurreição de Cristo é o fundamento de nossa união com Ele.

A nossa fé em Jesus não é um simples pensamento de nossa mente, nem é uma


mera aceitação mental das coisas que ouvimos sobre Ele. Nossa fé nele é poderosa
porque nos une a Ele. Toda a nossa vida é "em Cristo" (Paulo usa esta expressão 164
vezes). O pecador só pode ser abençoado pela obra de Cristo quando é unido a Ele.
Entretanto nós somos homens, e a Igreja, apesar de ser um organismo celestial,
é também um organismo humano. Para que Jesus se tornasse o cabeça deste

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organismo humano era necessário ser homem para sempre. Por isso necessitava de
um corpo humano. Sem a ressurreição do corpo, Cristo teria deixado de ser humano.
Pela ressurreição física o Senhor tornou-se homem eternamente, com um corpo
transfigurado e glorificado. Ele agora é o "homem do céu" (1Co15:47) é o Filho do
Homem que está no meio dos candeeiros (Ap 1:13), é o cabeça de uma nova raça (Ef
1:22-23).
A ressurreição de Cristo é, portanto, aquilo que faz a grande diferença entre a
fé cristã e a religião dos homens. Homens como Buda, Maomé, Alan Kardek e outros,
fundaram suas religiões. Mas onde estão eles hoje? Estão mortos. Isto prova que não
venceram o salário no pecado. Os seguidores destes homens não têm nada mais do
que um livro de regras e doutrinas. Eles estão sós. Se este livro não salvou seus
escritores, muito menos salvará seus seguidores. Mas nós não temos uma religião,
um livro de regras e doutrinas morto e sem poder. Temos uma pessoa viva que vive
em nós e nós nele. Esta é a esperança da glória (Cl 1:27).

d) A Ressurreição de Jesus é a base de nossa ressurreição.

A ressurreição do nosso corpo só é possível pela ressurreição do Senhor Jesus.


Pela sua ressurreição Ele glorificou e transfigurou a humanidade nele. Ele é "as
primícias" (1Co15:20;23 Cl1:18). Sua vitória sobre a morte garante a nossa própria
ressurreição (Rm 8:11 ITs 4:14). Seu corpo de glória é o padrão dos nossos futuros
corpos celestiais (Fp3:20-21 ICo 15:48:49).

Glorioso é Jesus!

7) Foi Exaltado
Fp 2:9-11 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre
todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
Que verdade gloriosa! Como gostamos de ler falar, repetir e até cantar esta
palavra: “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor”.
Os homens do tempo de Jesus, inclusive os sacerdotes, o julgaram como
criminoso e o desprezaram. Mas Deus tinha um julgamento totalmente oposto ao dos
homens. Que dia tremendo foi aquele quando Pedro se levantou e disse:
At 2:36 Esteja absolutamente certa, pois, toda casa de Israel de que a este Jesus que vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.

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Há entretanto uma verdade que deve ser lembrada e bem aclarada: Antes de
vir ao mundo, o Verbo tinha toda a glória de Deus; era Deus e não um homem. Agora,
o Verbo encarnado em Jesus, depois do sofrimento da crucificação e da ressurreição
física, é recebido nos céus como homem. Como homem Ele é exaltado. Como homem
Ele se assenta a direita de Deus Pai e recebe um nome acima de todo nome.
ALELUIA! Há um homem sentado no trono do universo! Jesus, o Filho do
Homem, o cabeça de uma raça redimida.
No entanto, nunca esqueçamos do mistério (1Tm 3:16). Jesus é nosso Deus-
homem. Ao ser exaltado ele recebeu de volta toda a glória como Deus (Jo 17:5). Ele
tem toda a divindade (Cl 2:9). Ele tinha afirmado que somente Deus poderia ser
adorado e cultuado (Mt 4:10), entretanto Ele aceitou essa adoração (Mt 14:33;15:9
Jo 20:28 Hb 1:6 Ap 5:8-14).

Ele é onipresente, está em todo lugar


Mt 18:20 Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
Mt 28:20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

Ele é onisciente, sabe todas as coisas


Jo 21:17 Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por
lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas;
tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.
Cl 2:2-3 para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos
da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus - Cristo, no qual estão
escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.

Ele é onipotente, trem todo o poder (Ap 1:18).


Ap 1:17-18 Não temas; eu sou o primeiro e o último, e o que vivo; fui morto, mas eis aqui
estou vivo pelos séculos dos séculos; e tenho as chaves da morte e do hades.
Mt 28:19 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no
céu e na terra.

Ele é Deus
Tt 2:13 aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso
grande Deus e Salvador Cristo Jesus.
Rm 9:5 de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é
sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém.

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1Jo 5:20 Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para
conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
Cl 2:9 porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade
Que coisa incompreensíveis acontecem neste grandioso mundo desconhecido
que chamamos céu! Nossa mente não pode imaginar que coisas tremendas
acontecem do outro lado do véu. Mas basta que a igreja compreenda uma coisa: tudo
o que se opera ali, é feito pela autoridade de seu Senhor e nada se faz sem a sua
iniciativa.

Majestoso é Jesus! (Leia também At 2:33-36)

8) Voltará!
Que bendita esperança! O Senhor glorificado virá e se mostrará ao mundo. Este
será sem dúvida o dia mais tremendo que esta terra terá conhecido. Para muitos será
um dia de terror e lamentação. Para nós, porém, será um dia de júbilo e alegria
incomparável.
O que a bíblia ensina sobre este dia? O Assunto é tão amplo e com tantas
implicações, que alguns textos são motivo de discussão, e dão origem a
interpretações diferentes. A maior parte do ensino, entretanto, se refere a coisas
claras e indiscutíveis. São estes textos claros e sem discussão que queremos
apresentar aqui. Leia cada texto com atenção e alegre-se no Senhor.

a) A vinda do Senhor foi predita (profetizada)


▪ Pelos profetas (Zc 14:3-5)
▪ Por João Batista (Lc3:3-6)
▪ Por Jesus Cristo (Jo 14:2-3)
▪ Pelos anjos (At 1:11)
▪ Pelos apóstolos (Tg 5:7; 1Pe 1:7;13; 1Ts 4:13-18)
b) A vinda do Senhor será:
▪ Pessoal: Não será apenas espiritual, mas corporal. (Jo 14:3; At 1:10-11)
▪ Visível: Será possível vê-lo (Ap 1:7; 1Jo 3:2-3)
▪ Literal: a vinda de Jesus não será simbólica, mas real (1Ts 4:16)
▪ Repentina: ele virá de surpresa (Mt 24:42-44; 1Ts 5:1-3)

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c) O Senhor virá para:


▪ Ressuscitar os mortos em Cristo (1Ts 4:16; 1Co 15:22-23)
▪ Transformar os vivos a imortalidade (2Co 15:51-53)
▪ Arrebatá-los para encontrá-lo nos ares (1Ts 4:17)
▪ Julgar e recompensar os santos (2Co 5:10; 1Co 3:12-15)
▪ Casar com a noiva (Ap 19:7-9; 21:2)
▪ Destruir o anticristo (2Ts 2:8)
▪ Julgar as nações (Mt 25:31-33)
▪ Julgar a todos (2ITm 4:1)
▪ Acorrentar Satanás por mil anos (Ap 20:2-3)
▪ Estabelecer seu reino milenar. (Ap 20:4-6)

Ap 22:20 Certamente venho sem demora. Amém. Vem Senhor Jesus!

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D| Jesus Cristo é o Senhor

Após aprendermos sobre a vida e a obra de Jesus é de vital importância que


entendamos como devemos nos relacionar com Ele hoje. Nós cremos em Jesus Cristo,
mas será que demos a Ele o lugar que realmente deve ocupar em nossas vidas?
Algumas pessoas vêm Jesus apenas como seu Salvador, o filho de Deus que
morreu para lhes salvar. Mas tanto os evangelhos como as cartas dos apóstolos o
apresentam primordialmente como Senhor. No Novo Testamento existem mais de
300 referências a Jesus como Senhor e apenas 3 referências a Ele como Salvador. Isso
não diminui o fato de Ele ser nosso salvador, mas mostra que acima de todas as outras
coisas, Jesus é o Senhor e é esse o lugar que deve ocupar em nossas vidas.
Fp 2:6-8 Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual,
subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas
esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado
na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para
que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
Antes de nascer nesse mundo, Jesus já existia na forma de Deus. Ele era Deus.
Mas mesmo sendo Deus, Ele não se apegou a esse fato, mas despojou-se, esvaziou-
se de sua condição de Deus e veio ao mundo como homem, na condição de homem.
O Ser supremo de todo o Universo, o Criador, tomou forma de criatura. Ele humilhou-
se e assumiu a forma de servo, sendo obediente até a morte na cruz.
Por causa disso, o Pai o exaltou acima de todas as coisas, fazendo-o assentar-
se a sua direita nos céus. E lhe deu um nome que está acima de todo nome, diante do
qual todo joelho se dobrará (nos céus, na terra e debaixo da terra). Todos os seres do
universo: homens, mulheres, crentes, pecadores, ateus, mortos, anjos e demônios,
dobrarão seus joelhos ante a menção desse título supremo que o Pai deu ao Filho
quando o exaltou. E toda língua confessará: Jesus Cristo é o Senhor!

1) O Nome sobre todo nome


Cristo tem vários nomes preciosos: Lírio dos Vales, Rosa de Saron, Estrela da
Manhã, Resplendor da Sua Glória, Sol da Justiça, Bom Pastor, Redentor, Emanuel,
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Conselheiro, Deus Forte, Príncipe da Paz, Jesus, Salvador. Mas entre todos os seus
nomes, há um que está acima de todos os outros, o título que o Pai lhe Deus: SENHOR
No Velho Testamento YHWH era o Senhor. Agora Ele dá este nome ao Filho e
passa a ser chamado de Pai. (vide todas as cartas de Paulo : "...Deus nosso Pai e o
Senhor Jesus Cristo...").
Hoje estamos mal-acostumados com o termo "Senhor". Usamos como
pronome de tratamento: "Sr. Fulano". Mas o que significa "Senhor" no contexto
bíblico?
Nos tempos bíblicos, poucas pessoas eram chamadas de Senhor. Somente os
que possuíam escravos, terras, propriedades e autoridade. A palavra grega aqui é
/kyrios:
Chefe +
Dono +
Amo +
Soberano +
Máxima autoridade
-------------------------- =
Kyrios (Senhor)
Romanos 10:9 Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração
que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo.
Desse modo, quando alguém confessava Jesus como Senhor de sua vida, estava
dizendo: "Jesus, tu és meu chefe, meu dono, meu proprietário, aquele que manda na
minha vida. Sou teu e tudo o que tenho pertence a ti, és meu Amo".
O contrário de Senhor é escravo, e é aí que nós nos encaixamos: O Senhor é o
dono da vida do escravo.
Mas a palavra KYRIOS com letra maiúscula, era usada somente para Cesar, o
Imperador, a autoridade máxima do Império Romano. Na época haviam muitos
escravos, cada um tinha o seu kyrios, mas Cesar era o Kyrios dos kyrios. Ele era dono
de tudo, nada que as pessoas possuíam era delas mesmo, nem suas casas, suas vidas,
nada. Era tudo de "Roma", do Kyrios.
Por outro lado, Paulo viu nos dias do Império Romano, surgir outro Reino, que
começava com força e se estendia sobre toda a Terra: O Reino de Jesus Cristo, o
Senhor! Cada discípulo tinha a revelação clara de que Jesus Cristo era o Senhor de sua
vida. Tinha clareza que nada do que possuía era seu mesmo, nem mesmo a própria
vida. Era tudo do Senhor. (veja como Paulo assina todas as suas cartas, por exemplo
Fp1:1 )

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2) A Conversão ao Senhor
Interessante observar que a proclamação de Jesus era: “Arrependei-vos porque
é chegado o reino dos céus. ”Quando se aproximava de alguém, colocava-o diante de
uma disjuntiva: entrar no reino ou excluir-se dele. Qual a condição que impunha para
alguém entrasse no reino? Subordinando-se, sujeitando-se à autoridade do Rei. Cristo
enfrentava os homens com sua própria autoridade. Em outras palavras, estava
dizendo: “Sujeite-se a mim e reconheça-me como o Senhor de sua vida ou não fará
parte do reino de Deus”. Este foi e sempre será o chamado aos discípulos.

Simão e André

A Simão e André, disse: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”
(Mt 4:19). Jesus não lhes disse: “Se vocês quiserem vir após mim, levantem a mão?”
Não! Não dá detalhes e explicações. Pedro e André estavam diante de uma ordem
objetiva. E,o que se faz com uma ordem? Obedece-a ou não. Não há outra alternativa.
Pedro poderia reagir dizendo: “Mas, quem é este homem? Quem pensa que é? O que
pretende? Eu sou o senhor, o dono da minha própria vida. Até agora, ninguém me
deu ordens. Como vem este homem e me ordena que o siga?” Porém, não foi esta a
sua atitude. Tudo o que compreende é que deveria deixar todas as coisas e seguir a
Jesus. Quanto ao convite para converter-se em pescador de homens, seguramente
não compreendia nada. Seria como dizer: “Vinde, segue-me, vou fazer-te sapateiro de
almas. Sapateiro de almas? Que é isso?” É certo que Pedro, como dono e senhor de
sua vida, fazia o que bem queria. A partir daquele momento, contudo, surge alguém
que pretende converter-se em senhor de sua vida. E suas palavras soam com
autoridade. Que significaria isto para ele? Sujeitaria toda sua vida a Cristo.

Mateus

O mesmo acorreu no chamado de Mateus. Estava trabalhando e, de repente,


alguém surge em sua presença e ordena-lhe: “Segue-me!” Qual deve ter sido sua
reação? Provavelmente, deveria ter inquirido por alguns segundos, no seu íntimo:
“Que significa isto? Que pretende este homem? Quem é este homem? Por que segui-
lo? Para que?” Mas, a sua reação é surpreendente: não dialoga e nem questiona
Jesus; apenas obedece-o. Coloca-se de pé, empurra a mesa e anda na direção de
Jesus.
A conversão significa a rendição total à sua autoridade. Jesus jamais rebaixou
seu mandamento. Sempre exigiu o tudo ou o nada. Não é possível dizer-lhe: “Seguir-
te-ei, mas deixa primeiro...” Não! A resposta de Cristo sempre será: “Se queres seguir-
me, eu sou o primeiro, o tudo, não há nada depois de mim”. Jesus chama homens e
mulheres que se rendam inteiramente a seu chamado. São esses que irão edificar sua

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igreja. Todos devem entender, desde o princípio, que segui-lo significa reconhecê-lo
como Senhor e Rei da sua vida; a autoridade suprema e inquestionável.

Zaqueu

Em Lc 19:1-10, vemos o caso de Zaqueu. Ele era um homem rico e com


autoridade. Era o chefe dos cobradores de impostos. Também era uma pessoa de
mau caráter, pois não era honesto nas coletas e defraudava as pessoas na sua
contribuição. Quando desejou ver Jesus ele se humilhou, subiu numa árvore e o
aguardou passar (imagine só: um chefe, ou um gerente, subindo numa árvore para
ver um pregador). Quando Jesus o avista dá-lhe uma ordem: “Zaqueu, desce
depressa! ”. Ele obedeceu sem questionamentos e recebeu Jesus com alegria. Além
disso, deu parte de seus bens aos pobres e restituiu as pessoas que havia prejudicado.

O Jovem Rico
Por outro lado, em Mc 10:17-22, encontramos certo jovem que também era
rico e possuía muitos bens. Ele se aproximou de Jesus como alguém que já conhecia
os mandamentos, já os observa desde pequeno e queria alcançar a vida eterna
através de algo que ele mesmo deveria fazer – confiava muito em sua capacidade.
Jesus conhecendo o seu coração, sabendo o que o prendia diz: “vai, vende tudo
quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me”.
Uma ordem simples e poderosa. Com ela, Jesus levou-o a fazer as contas: o que vale
mais? Seguir a Jesus ou ficar com meus bens? A resposta certa estava na simples
obediência. Se obedecesse tomaria o caminho certo. Ele, porém, foi embora, pois
tinha muitos bens.
Observe também que Jesus não foi atrás dele dizendo: “Espere um pouco. Acho
que exagerei. Dê só o dízimo e está tudo bem”. Não era a quantia, era a obediência
que era importante, mas isso o jovem ele não fez.

O evangelho que está sendo pregado

É este o evangelho que está sendo pregado? Nos convertemos com esta
mensagem? Em que, então, consiste a debilidade de nossas vidas? O porquê da frieza
de nossas congregações? Cremos em muitas doutrinas a respeito de Jesus Cristo: Ele
morreu pelos nossos pecados; Ele é o Salvador; ressuscitou; responde às nossas
orações; voltará em glória para chamar a sua igreja. Porém, não temos rendido nossas
vidas a Ele; não o temos reconhecido como Senhor; como amo absoluto; dono de
tudo que somos e de tudo o que temos.
Assim, nos convertemos a Cristo reconhecendo-o como o nosso “único e
suficiente Salvador pessoal.” Na igreja primitiva, contudo, as pessoas não se
convertiam a Cristo aceitando-o como Salvador, senão reconhecendo-o como o

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Senhor de suas vidas. Em nossas pregações enfatizamos que Cristo é o Salvador,


Salvador, Salvador. E estamos certos. Mas não era este o título com que os apóstolos
anunciavam a Jesus Cristo. Em todas as epístolas, Paulo fala somente três vezes de
Cristo como Salvador (algumas outras vezes, o termo Salvador refere-se a Deus Pai).
No entanto, a palavra kyrios é usada mais de trezentas vezes. Que proporção! Nós,
ao contrário, apresentamos a Cristo trezentas vezes como Salvador e apenas três
vezes como Senhor. E o resultado é o nosso estado atual.
Naquela época, a conversão não era uma simples questão de palavras: “Eu o
aceito como meu Salvador pessoal”. A conversão implicava, necessariamente, no
senhorio de Cristo sobre a vida do converso. Paulo afirmou em Romanos 10:9: “Se
com a tua boca confessares Jesus como Senhor e, em teu coração creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Como opera a salvação? Confessando a
Jesus Cristo como Senhor e crendo no coração que Deus o ressuscitou dos mortos.
A Palavra nos exorta: “Nem todo o que diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino
dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado
em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de
mim, os que praticais a iniquidade” (Mateus 7:21-23). E ainda: “E todo aquele que
ouve estas minhas palavras e não as pratica (apesar de ouvi-la, de nelas crer, de pregá-
la) será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia, e
caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra
aquela casa; e ela desabou, sendo grande sua ruína” (Mateus 7:26,27). Edificar sobre
a rocha é reconhecer a Cristo como Senhor da vida e viver cada dia evidenciando este
reconhecimento.

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E| A Porta do Reino de Deus

Como parte do plano de Deus de voltar a unir todas as coisas sob um único
cabeça – Cristo, o Senhor (Ef1:9-10) – a proclamação do Evangelho do Reino convoca
a pessoa a se entregar ao senhorio de Jesus Cristo, numa profunda dependência do
Espírito Santo e viver sob o governo de Deus. Mas para entrarmos no Reino de Deus,
existe uma porta pela qual devemos passar. Ninguém se coloca sob o governo de Deus
sem passar por ela.
Em At 2:22-39, imediatamente após o derramamento do Espírito Santo, vemos
a Igreja começando a obedecer a ordem do Senhor para fazer discípulos. Nessa
ocasião, uma poderosa proclamação do evangelho resultou na conversão de três mil
pessoas. Podemos observar também qual foi o procedimento dos apóstolos para com
aqueles que creram: eles os conduziram para a Porta do Reino de Deus.
Pondo-se de pé, juntamente com os outros apóstolos, Pedro iniciou
proclamando sobre Jesus. Essa foi a primeira parte da mensagem. Ele falou sobre:
▪ Seus milagres, prodígios e sinais (v22, obra tremenda e grandiosa)
▪ Sua morte na cruz (v23, mostrando que o Pai o entregou)
▪ Sua ressurreição (v24-32, usando duas provas: as promessas feitas a Davi e
o testemunho deles mesmos, que viram a Jesus ressuscitado)
▪ Sua exaltação (v33-35).
▪ O senhorio de Jesus Cristo (v36).
Esta proclamação sobre Jesus, sua vida, morte, ressurreição, exaltação e
senhorio é que produz fé no coração daquele que ouve. Ninguém pode experimentar
o novo nascimento se não for pela fé no Senhor ressuscitado (Rm8:9).
(Isso não pode ser algo formal, acadêmico ou decorado. Mas deve ser simples,
cheio de alegria, autoridade e unção do Espírito Santo. Aquele que proclama deve
estar cheio de fé, para produzir fé naquele que ouve).
Quando os que ouviram Pedro creram na sua palavra e temeram (v37), ele lhes
deu a segunda parte da mensagem (v38). Na primeira parte (v22-36) ele falou do que
Jesus fez. Agora ele vai falar do que Jesus quer que nós façamos.
At 2:38 Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.
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Aqui há uma indicação clara. São três realidades distintas que devem ser
experimentadas logo no início de nossa vida com Cristo.
▪ As duas primeiras são condições para entrarmos no Reino de Deus.
▪ A terceira é uma promessa de Deus para aqueles que preenchem as
condições.
Podemos dizer que esta é a Porta do Reino. A fé na proclamação de Jesus não
é a própria entrada no reino. A fé é a base, aquilo que vai me dar poder para entrar,
vai me dar poder para ser um filho de Deus (Jo1:12).
→ A fé não é a porta do reino, ela é o que dá poder para entrar.
A porta de entrada do Reino de Deus constitui em:
▪ Arrepender-se
▪ Ser batizado em nome de Jesus
▪ Receber o dom do Espírito Santo
Em resumo, Pedro falou de duas coisas: Jesus e a Porta do Reino. Isto é o que
devemos falar para fazer discípulos.
Falar da obra de Jesus na esperança de que os homens creiam sem colocar as
condições para sejam discípulos, produz uma fé que não tem como se expressar e
logo se torna uma fé morta. Este tem sido um dos principais erros da Igreja neste
século.
Por outro lado, falar das demandas (exigências) do reino, sem comunicar a
graça de Jesus Cristo produz uma religiosidade legalista e sem poder. Do mesmo
modo que estar arrependido e batizado sem receber o Espírito Santo implica numa
vida infrutífera no desempenho do seu serviço.
É necessário comunicar a verdade sobre Jesus (v22-36), os mandamentos e a
promessa (v38). A verdade produz fé para a obediência, os mandamentos direcionam
essa obediência e a promessa capacita para o testemunho.

Arrependimento

Batismo Dom do
Nas Águas Espírito Santo

Vejamos agora, cada um dos três componentes da Porta do Reino de Deus.

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1) Arrependimento
É muito importante entendermos bem o que é arrependimento. Nós estamos
rodeados de conceitos do mundo e de conceitos religiosos que não definem
exatamente nosso problema com Deus. Ora, se não entendermos bem qual é o
problema como podermos saber qual é a solução? Todos que ouvirem o evangelho
devem ter esta luz, este entendimento: qual é o seu problema com Deus, e qual a
solução do problema.
Para poder compreender, devemos analisar como tudo começou, como foi a queda
do homem (Gn 3.1-7). Aqui nós temos a descrição da entrada do pecado no mundo.
Geralmente se diz que o pecado de Adão foi a desobediência, mas isto não define
exatamente o problema. Na verdade, a desobediência já é um fruto do pecado, é uma
consequência do pecado e não o próprio pecado.

A Raiz do Problema
A chave para chegarmos a este entendimento está nas palavras: “…como Deus,
sereis conhecedores do bem e do mal.” (vs.5) e “…árvore desejável para dar
entendimento” (vs.6). Por que o conhecimento era tão tentador para Adão? Por que
queria tanto ter entendimento, a ponto de se arriscar ao castigo da morte que Deus tinha
prometido? É simples. Até aquele momento, ele vivia numa relação de total
dependência de Deus, necessitava da orientação de Deus para tudo, era dirigido por
Deus e pela sua sabedoria (ver Pv 8.22-31). Para que ele queria o conhecimento e a
sabedoria que vinham de uma árvore e não de Deus? Adão queria dirigir a própria vida,
queria fazer sua própria vontade, ser seu próprio Deus. Adão queria INDEPENDÊNCIA.
Isto não foi algo que Adão fez, foi uma decisão interior no seu coração. Uma
disposição de ser INDEPENDENTE, de ser o dono de sua própria vida. O pecado foi
consumado pela sua desobediência, mas foi gerado por uma atitude interior de
rebelião.
Quando Adão pecou, sua própria natureza humana se degenerou. O pecado se
tornou parte de sua natureza, e, portanto, a herança de toda raça humana, pois todos são
descendentes dele.
Rm 5:12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado
a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.
Gn 5:3 Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua
imagem, e pôs-lhe o nome de Sete.
O problema de Adão, agora é o problema de toda raça humana. Qual é o nosso
problema então?

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O nosso maior problema aos olhos de Deus não está nas coisas erradas que
fazemos, mas sim na nossa atitude interior de INDEPENDÊNCIA e rebelião. Todos os pecados
que cometemos são consequência desta disposição interior. Quando no meu interior há
uma atitude de independência (sou dono da minha vida, faço a minha vontade), como
consequência disto, os meus atos e as coisas que vou fazer no meu dia a dia não vão
agradar a Deus. Entendemos então, que o problema principal é A INDEPENDÊNCIA (o pecado),
enquanto que os atos pecaminosos (os pecados) são a consequência.
Aqui cabe uma pergunta: É suficiente que o homem abandone alguns pecados
mais grosseiros (como os vícios, a orgia e a idolatria), e creia em Jesus para o perdão
dos pecados, sem, no entanto, resolver o seu problema fundamental que é a
independência? A resposta é NÃO. Deus quer atingir a raiz do problema. Ele quer que
mudemos de atitude, que abandonemos a INDEPENDÊNCIA e nos tornemos DEPENDENTES
de Deus. A palavra do evangelho de Jesus, não é para curar superficialmente a ferida
do homem. Deus quer tratar a causa do problema e não apenas a consequência. E
para isto Ele mandou o seu filho Jesus. Ele não veio trazer apenas o perdão dos
pecados, mas veio trazer a solução do problema do pecado e da rebelião. E como fez
isto? Pregando o evangelho do reino (Mt 4.23; 9.35; Mc 1.14,15; Lc 4.43; 8.1; 9.60;
16.16). Os apóstolos também pregaram o evangelho do reino (At 8.12; 19.8; 20.25;
28.23,30,31).O que é o evangelho do reino? O evangelho do reino é o fim da rebelião
e da independência do homem. Deus quer perdoar, mas também quer governar, quer
reinar sobre o homem.

O que é Arrependimento?
E este é o significado do arrependimento. No grego a palavra que aparece é
“metanóia”, que significa mudança de mente, mudança de atitude interior. Que
mudança é esta? É a troca de uma atitude de INDEPENDÊNCIA para uma atitude de
DEPENDÊNCIA. Da atitude de rebelião (faço o que eu quero) para a atitude de submissão
(pertenço a Deus para fazer a sua vontade). Quando mudamos a nossa atitude para
com Deus, mudam também os nossos atos. Quando mudamos somente os nossos
atos (deixamos de fazer algumas coisas que consideramos muito erradas), mas
continuamos no interior com uma atitude de independência, estamos ainda em
rebelião e necessitamos de arrependimento.

Vejamos abaixo a ilustração da árvore:

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roubo
mentira
adultério
inveja
fofoca
embriaguez
violência avareza

ira etc.

atos

ARREPENDIMENTO

atitude
INDEPENDÊNCIA

Nesta ilustração, os galhos representam os pecados (os atos pecaminosos), e o


tronco da árvore representa o pecado ( a atitude de rebelião e independência). Se
cortarmos os galhos (os pecados), mas deixarmos o tronco (o pecado), o problema
continua e logo os galhos vão começar a crescer novamente. Necessitamos é de cortar
o tronco. Como fazer isto? Arrependendo-se. Isto é, abandonando a
independência.

atitude anterior atitude nova

INDEPENDÊNCIA DEPENDÊNCIA
DE DEUS DE DEUS

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O que o arrependimento produz?


Pelo conceito comum, arrependimento é um mero sentimento de tristeza pelos
pecados cometidos. Agora, Deus está nos revelando algo mais sólido: por meio do
verdadeiro arrependimento, temos o nosso interior totalmente mudado, vivemos
uma nova vida, estamos com uma atitude correta diante do nosso Senhor. ALELUIA!
Toda a pregação de Jesus estava impregnada dessa mensagem. Jesus não
pregava um evangelho “fofinho”, um evangelho de ofertas, mas pregava um
evangelho contundente e extremamente exigente. Toda a sua pregação visava levar
o homem a um verdadeiro arrependimento, a uma revolução interior. Ele mostrou de
que maneira prática o homem poderia experimentar este arrependimento.

O que é necessário para se arrepender?


Mc 8:34-35 E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.
Lc 14:33 Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não
pode ser meu discípulo.
Que é necessário para se arrepender e se tornar um discípulo de Jesus?
Basicamente quatro coisas:
▪ Negar-se a Si mesmo (Mc 8.34). Não é negar apenas alguns pecados. É...
▪ Tomar a cruz (Mc 8.34). Mas que é tomar a cruz? É...
▪ Perder a vida (Mc 8.35). Como ocorre isto? Devo morrer literalmente? Não.
Esta é uma realidade espiritual, é o próprio arrependimento. Até hoje, a vida
era minha, eu era meu dono. Mas agora, eu perco minha vida porque a entrego
para Deus. A partir de hoje Ele é o meu dono. Deus só pode governar a minha
vida se eu a entrego voluntariamente. Mas para fazer isto eu devo estar
disposto a perdê-la. Mas arrependimento também envolve...
▪ Renunciar a tudo que possui (Lc 14.33). Se eu próprio já não pertenço a mim
mesmo, muito mais as coisas que eu possuía. Agora tudo pertence a Deus.
Família, emprego, casa, móveis, automóvel, salário, poupança, etc, tudo é
de Deus.
Mas agora temos mais uma pergunta a responder: É esta a mensagem que a
igreja tem pregado? Lamentavelmente não. A pregação da igreja tem sido muito mais
a de um evangelho de ofertas do que do evangelho do reino. Mas alguém diria que
não. Alguém diria que ultimamente Deus tem levantado a muitos na igreja falando
sobre o reino e proclamando que Jesus é o Senhor. Bem, isto é verdade. Mas na
essência a igreja não tem mudado muito a sua mensagem. Vamos analisar isto:

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Quando Jesus colocava as condições do reino, Ele sempre começava com “se
alguém quer ser meu discípulo…”, e logo a seguir vinham as condições. Estas eram
condições para ser um discípulo, para ser um convertido, um salvo. Eram condições para
entrar no reino de Deus. Não era uma opção para ser mais consagrado, para crescer na
fé, ou para se tornar pastor. O arrependimento, com tudo o que ele significa e produz,
está na PORTA DE ENTRADA e não no caminho. Muitos estão pregando um evangelho
“fofinho” (creia e mais nada), e depois querem estreitar o caminho. Mas quem vai querer
perder a vida se na entrada já lhe prometeram salvação e vida eterna sem condição
nenhuma? Esta pregação tem enchido a igreja de religiosos que não estão submissos a
autoridade de Jesus. Devemos mudar esta situação, e o principal para isto é entender
que:
➔ A Submissão Total a Autoridade de Jesus não é uma Opção para o Salvo, mas
uma Condição para Ser Salvo.

Três tipos de pessoas


Em face desta verdade podemos observar que hoje há no mundo três tipos de
homem. O primeiro não quer saber de Deus. O segundo está muito interessado em
Deus. O terceiro vive para Deus. São eles:

dinheiro dinheiro dinheiro


estudos família estudos família estudos família

casa EU amigos casa EU amigos casa JESUS amigos

lazer etc. Deus etc. EU etc.


trabalho trabalho trabalho

INCRÉDULO RELIGIOSO DISCÍPULO

O Incrédulo: Não quer dizer necessariamente ateu. É alguém que não tem
interesse em Deu. Qual é o seu problema? É que governa a sua vida. Controla todas
as áreas de sua vida conforme a sua vontade e para seu próprio prazer. Tem o EU no
centro de sua vida. Ele vive para si mesmo.
O Religioso: É muito diferente do incrédulo. Acredita em Deus, lê a Bíblia, ora,
canta, vai a reuniões, chama Jesus de Senhor, etc. Mas qual o seu problema? O
mesmo do incrédulo. Tem o EU no centro. Vive para si mesmo. E Deus? Deus existe
para abençoá-lo, curá-lo, servi-lo e salvá-lo. É um quebra-galho. Este está pior que o
incrédulo porque está se enganando.

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O Discípulo: Não vive mais para si mesmo. Vive para Deus. Toda sua vida está
estruturada em função da vontade de Deus. Jesus é o SEU SENHOR. Este experimentou
um verdadeiro arrependimento. Que diferença entre um discípulo e um religioso!
Que amor! Que prontidão! Que docilidade! Como cresce e frutifica! Graças a Deus
pela revelação do seu reino!
➔ O verdadeiro arrependimento tira o homem do centro e coloca Jesus no
centro de tudo.
Você deve ler com atenção os textos abaixo para ter mais esclarecimento e
capacitação para ensinar a outros: Mt 5.20; 6.25-34; 7.13; 7.21-23; 8.18-22; 9.9;
10.37-39; 11.28-30; 13.44,45; 16.24,25; 19.29; Lc 9.23-26; 9.57-62; 12.29-34; 14.25-
33; 18.18-30; Jo 12.24-26; At 3.19; 17.30.

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2) Batismo nas Águas


Este é outro passo que está associado à porta do reino. Não é um passo do
caminho. Não é para depois de algum tempo de vida cristã. Está na P ORTA. Quando
falamos sobre arrependimento necessitamos esclarecer a diferença entre o que a
Bíblia ensina e alguns conceitos errados que a igreja tem abraçado. Agora, ao falar
sobre o batismo, também necessitamos este esclarecimento, porque este assunto do
batismo, também está carregado de conceitos humanos que retiraram do batismo a
sua tremenda importância e o rebaixaram a um plano inferior, afirmando que não
passa de um mero “símbolo” de nossa morte com Cristo, ou, pior ainda, um simples
testemunho público de nossa fé.
Mas o batismo é mais do que isto? Afirmamos que sim. O batismo está revestido
de sentido e de realidade espiritual. Isto é o que nos afirma Jesus e os apóstolos. Vejamos
passo a passo o que as escrituras nos ensinam:

A Palavra de Jesus
Mt 28.18-20 "E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade
no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e
eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos."
Mc 16.16 "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado."
No texto de Mateus, Jesus colocou o batismo no início da vida com Ele. Primeiro
batizar e depois ensinar a guardar as coisas que Ele ordenou. Não diz que é para
primeiro ensinar e depois batizar.
O texto de Marcos é mais forte, e muito claro: “Quem crer e for batizado será
salvo”. A igreja vive como se Jesus tivesse falado: “Quem crer e for salvo, deve ser
batizado”. Que autoridade temos para trocar as palavras do Senhor? Porque a maior
parte da igreja crê que o batismo não é importante para a salvação? Se o batismo fosse
apenas o que a igreja tem ensinado, Jesus nunca diria o que disse. Será que Ele estava
entusiasmado e exagerou um pouco? Sabemos que não. Portanto, vamos devolver-lhe
a autoridade. Vejamos como os apóstolos interpretaram o ensino de Jesus sobre o
batismo.

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A Prática dos Apóstolos


Em todo o livro de Atos dos Apóstolos nós encontramos nove casos de batismo.
Analisando todos estes casos nós podemos perceber um fato muito significativo. É
algo comum a todos eles: em todos os casos o batismo foi imediatamente após
receberem a palavra. Os apóstolos não esperavam nem sequer um dia. Há alguns
casos que são até estranhos. Vamos vê-los:
No pentecostes (At 2.38,41): batizaram três mil em um só dia. Por que isto? Por
que não foram batizando aos poucos? Por que não procuraram primeiro conhecer toda
aquela gente? (havia muitos que eram de outras cidades)
Os samaritanos (At 8.12): o único requisito era dar crédito a palavra do reino e
ao nome de Jesus. Não era necessário passar por provas nem necessitavam de meses
de estudos bíblicos.
O etíope eunuco (At 8.36-38): Era um gentio. Filipe nem o conhecia. Talvez por
isso havia uma pergunta: Há algo que impede que eu seja batizado? A resposta foi: é
lícito te batizares. Novamente não necessitava de uma escolinha para batismo.
Paulo (At 9.17,18; 22.13-16): Foi o caso que mais demorou (três dias). Mas isto
porque ele estava isolado e cego. Não havia quem o batizasse. Ainda assim, quando
Ananias foi até ele, perguntou: Por que te demoras? (vs. 22.16).
Cornélio e a família (At 10.44-48): Aqui eram muitos gentios que Pedro não
conhecia, mas ele mandou batizá-los imediatamente, mesmo sabendo que os judeus em
Jerusalém iriam estranhar e questionar (ver cap. 11).
Lídia e a família (At 16.13-15): Novamente um batismo imediato. E era uma
mulher gentia.
O carcereiro e a família (At 16.30-34): Este é o caso mais interessante. O vs. 25
mostra que tudo começou por volta da meia-noite quando se sucederam uma série
de acontecimentos (vs. 26-31). Depois Paulo e Silas pregaram para toda a família do
carcereiro (vs. 32). A seguir o carcereiro foi lavar os vergões dos açoites de Paulo e
Silas. E então foram batizados naquela mesma noite (vs. 33). Mas era madrugada!
Para que tanta pressa? Paulo não podia nem mesmo esperar o amanhecer? O que os
apóstolos viam de tão importante no batismo para serem tão apressados em batizar?
Certamente que para eles não era apenas um símbolo. Tampouco era um testemunho
público de fé (em vários casos não havia público nenhum). Mas que era então?
Vejamos primeiro outros casos.
Crispo e outros (At 18.8): Novamente a única condição para ser batizado era
receber a palavra (criam e eram batizados). Apesar de que aqui não fala que eram
batizados no mesmo dia, também não fala o contrário. Certamente que os apóstolos
tinham uma só prática.

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Os doze efésios (At 19.4,5): Logo que foram ensinados sobre Jesus, foram
batizados.
Vimos então que a prática dos apóstolos era muito diferente do que a igreja
pratica hoje. Para eles o batismo era algo tão importante, tão fundamental e
indispensável, que quando alguém recebia a palavra era batizado imediatamente, não
importando quem fosse, nem que horas eram. O que era o batismo para eles? Isto é
o que veremos no próximo ponto...

O Ensino dos Apóstolos


Há vários textos nas cartas dos apóstolos que nos dão indicações e ensino sobre
o batismo. A maioria destes textos fala das realidades espirituais que estão associadas
ao batismo, sem dizer claramente o que É o batismo. Mas o texto de Gálatas 3.27
lança uma luz sobre o assunto:
Gl 3:27 “Porque todos quanto fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes”.
Os apóstolos não viam apenas um batismo nas águas, mas um batismo em
Cristo. Era mais que um símbolo, porque aquele que se batizava, pela fé era unido a
Cristo, mergulhado em Cristo, enxertado em Cristo e revestido de Cristo.
Alguém poderia perguntar: Mas o que nos une a Cristo não é a fé? A resposta
é sim. Mas o batismo foi a maneira que Jesus determinou para esta fé se expressar e
se consumar. A água do batismo não tem nenhum poder em si mesma. Se alguém não
creu, nem se arrependeu (ou também uma criança), entrar nesta água, não acontece
nada. Mas se alguém desce a estas águas com fé, pela fé é unido a Cristo Jesus.
Aleluia!
Muitos na igreja hoje pensam que há duas realidades separadas: uma realidade
espiritual interior e um sinal exterior que não passa de um símbolo. Quando a pessoa
crê, é unida a Cristo. Depois vem o batismo como um símbolo do que já aconteceu.
Por isso demoram tanto para batizar os novos. Mas os apóstolos não viam assim. Eles
viam que juntamente com o sinal exterior operava uma graça interior pela fé daquele
que era batizado. Por isso tinham tanta urgência. A igreja hoje trocou o sinal exterior
que Jesus estabeleceu por outros sinais como “levantar a mão” e “ir na frente”.
Outro texto que também lança luz sobre o assunto é Rm 6.3. É interessante
notar que aqui Paulo fala de duas coisas: uma que os romanos já sabiam e outra que
talvez ignorassem. O que eles já sabiam? Que haviam sido batizados em Cristo (esta
é a essência do batismo). O que eles ignoravam? Que como consequência estavam
mortos com Cristo (esta era uma das verdades associadas ao batismo).

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Muitos têm ensinado que o batismo significa morte e ressurreição com Cristo.
Isto tem boa dose de verdade, mas confunde um pouco o próprio batismo com as
suas consequências.
➔ O batismo é basicamente uma coisa: união com Cristo.
Ser mergulhado n’Ele. A morte do velho homem e a ressurreição de uma nova
vida são, juntamente com outras coisas, a consequência direta e imediata de sermos
unidos a Ele.
Enumeramos abaixo todas as realidades espirituais que estão diretamente
associadas ao batismo.
▪ A morte de Jesus é a nossa morte. Portanto estamos mortos para o pecado
(Rm 6.3,4,6; Cl 2.12; 3.3), para o mundo (Gl 6.14) e para a lei (Rm 7.4; Gl
2.19).
▪ A sua ressurreição é a nossa nova vida para servimos a Deus (Rm 6.4,8,11;
2Co 5.17; Ef 2.5,6; Cl 2.12).
▪ Sua exaltação é a nossa vitória sobre todas as potestades (Ef 1.20-23; 2.6).
Embora estes textos não se refiram ao batismo, é evidente que a nossa
posição é n’Ele. E foi no batismo que fomos colocados nesta posição.
▪ Temos o perdão dos pecados (At 2.38).
▪ Somos lavados e purificados (At 22.16). Aqui caberia a pergunta: Mas o que
nos purifica do pecado é o batismo ou é o sangue de Cristo? Certamente
que é o sangue de Jesus. Mas quando? Quando somos unidos a Ele pelo
batismo.
▪ Somos salvos (Mc 16.16; 1Pe 3.21).
▪ Somos introduzidos no corpo de Cristo que é a igreja (1Co 12.13). Quando
estávamos no mundo éramos independentes de Deus e independentes dos
homens (ninguém tem o direito de se meter na vida de ninguém). Agora,
não nos tornamos apenas dependentes de Deus, mas também da sua igreja
(submissão de uns aos outros).

Conclusão
Deus tem uma grande obra para fazer em nós. Mas Ele não faz nada em nós
separados de Cristo Jesus. Deus não nos trata isoladamente. Toda a obra que Deus
tem para fazer em nossas vidas é em Cristo. Ele nos colocou em Cristo e toda a
experiência dele se tornou a nossa experiência (lembre o exemplo da folhinha dentro
do livro).

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Como podemos aniquilar a velha natureza? Não podemos. Mas Deus crucificou
o nosso velho homem com Cristo. Como podemos produzir uma nova vida? Não
podemos. Mas Deus nos deu a vida juntamente com Cristo. Como podemos vencer a
Satanás? Em nós mesmos é impossível, mas Deus nos colocou assentados nos lugares
celestiais (acima de Satanás) em Cristo Jesus. Toda essa tremenda vitória é possível
porque nós fomos Batizados em Cristo Jesus.
➔ A firmeza e edificação de um discípulo de pende diretamente da revelação
que ele tem de sua união com Cristo

Algumas Colocações Finais


▪ A fé e o arrependimento são condições indispensáveis para o batismo (Mc
16.16; At 2.38). Por isso não devemos batizar crianças.
▪ Se alguém pergunta como o ladrão da cruz foi salvo sem ser batizado, a resposta
é que Deus pode abrir exceções, mas nós não temos essa autoridade.
▪ Se você encontra algum irmão que crê ou pratica de uma forma diferente sobre
o batismo, você deve recebê-lo como irmão. O que ele faz, o faz porque crê
assim. Ele age conforme a sua consciência. É uma questão de fé e não uma
questão de vivência ou de pecado. Devemos, portanto, recebê-lo como irmão.
▪ Ninguém pode se batizar “de novo”. Se alguém crê que o seu batismo não foi
válido (porque era uma criança ou porque não havia verdadeiramente se
convertido), então não foi batizado, foi molhado. Deve, portanto, se batizar.
▪ Se alguém diz: “Mas eu conheço casos de pessoas que não foram batizadas
e vivem em santidade”. Ou então diz: “Mas Lutero era homem de Deus e
cria no seu batismo infantil”. Nossa resposta deve ser que não podemos nos
dirigir pela experiência dos homens, mas pela palavra de Deus.
▪ A palavra batismo tem origem na palavra grega bapto/, que significa
mergulhar submergir. Mesmo em português é possível perceber esse
significado (Mc1:5, Jo3:23, At 8:36). Não se mergulha alguém num copo
d’água, muito menos em algumas gotas d’água. Por isso o batismo por
imersão. Pois é a forma mais próxima da realidade. Não importa se ele é
feito numa banheira, numa piscina, num rio ou lago. O importante é que
haja água para mergulhar a pessoa. Em alguns casos, por impossibilidade
(pessoas mais velhas, por exemplo) o batismo pode ser feito despejando-se
água sobre o batizando. Este é chamado batismo por derramamento.

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3) Dom do Espírito Santo


Este é outro ensino fundamental que Satanás tem procurado anular
distorcendo e confundindo. Mas ele não é vitorioso. Vitorioso é o Espírito Santo que
tem sido conhecido e experimentado cada vez mais. Deus tem derrubado barreiras e
tradições humanas para que o seu povo possa conhecer esta tremenda experiência
de revestimento e poder. As mentiras e enganos do diabo são anuladas pela Bíblia.
O Batismo no Espírito Santo é uma experiência simples, é para todos os filhos
de Deus e deve ser encarado de forma prática. Não adianta saber tudo sobre o Espírito
Santo e não ter uma experiência com Ele1.

O Espírito Santo
Antes de falarmos sobre o batismo no Espírito Santo, vamos conhecer quem é
o Espírito Santo:
O nosso Deus, o Deus em quem nós cremos, é um Deus Triuno, ou seja, um
único Deus em três pessoas inseparáveis. (o Altíssimo, Aquele que nos fez, o Grande
Eu sou, onisciente, onipotente, onipresente)
2 Co 13:13 “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo sejam com todos vós.”
Jd 1:20 “Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito
Santo, conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo
para a vida eterna.”.

(Veja Também 1Pe1:2)


➔ Um único Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Muitas vezes o Espírito Santo aparece na bíblia representado por um símbolo,
por exemplo: (fogo Lc 3:16, vento At 2:2, água, rio, chuva Jo7:37-39, óleo Zc4:2-6, selo
Ef 1:13, pomba Mt 3:16). Porém, o Espírito Santo não é nenhum desses símbolos. Ele
apenas aparece representado por eles nestas passagens.

O Espírito Santo é Deus

Alguns fazem uma tremenda confusão, dizendo que o Espírito Santo é uma
energia cósmica, um anjo, uma substância nebulosa, uma nuvem que paira sobre a
cabeça dos cristãos e muitos outros enganos. Isso porque não O conhecem, não

1
O Batismo no Espírito Santo não é o nosso diploma de formatura da “faculdade espiritual". É o
certificado de matrícula no “jardim da infância” da fé.

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dependem dele, não dão espaço para Ele, andando, dessa maneira, por tantos
caminhos errados e caindo em tantas contradições.
Mas a verdade é apresentada pela Palavra de Deus. Nela vemos que o Espírito
Santo é Deus, do mesmo modo que o Pai e que o Filho:
▪ Ele é Eterno (Hb 9:14).
▪ Ele é Onipresente (Sl 139:7-10).
▪ Ele é Onisciente (1Co 2:10).
▪ Ele é Onipotente (Lc 1:35).

O Espírito Santo é uma pessoa

Jesus quando fala sobre o Espírito Santo o apresenta como uma pessoa, alguém
semelhante a Ele, que estaria conosco para sempre:
Jo 14:15 - “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador a fim de que esteja convosco
para sempre”
Nesse texto, a palavra usada para “consolador” vem do grego
parakletos/, que significa alguém semelhante, que fica ao lado, junto.
Esta palavra traz o sentido de aconselhador, exortador, intercessor, estimulador,
consolador, fortalecedor.
O Espírito Santo tem todas as características de uma pessoa: Ele ama Rm15:30,
fala Ap2:7 Hb3:7, ensina 1Co2:13, se entristece Ef4:30, auxilia 2Tm1:14, intercede por
nós Rm8:26-27, tem vontade própria 1Co12:11, podemos ter comunhão com Ele
2Co13:13.

O Espírito Santo no Antigo Testamento

O Espírito Santo está presente na obra de Deus desde sempre até hoje. Só no
Velho Testamento aparece em mais ou menos 88 citações, como por exemplo: Gn
1:2;26, Nm 11:16;24-30, Dt 34:9, Jz 6:34, I Sm 16:13, Ez 36:26-27, Ez 37:1-5.
No V. T. eram manifestações fortes, repentinas e sobrenaturais, capacitando
uma pessoa para uma determinada tarefa e depois o Espírito se retirava. Mas Senhor
diz que derramará do seu Espírito sobre toda carne, sobre todo seu povo, dando a
eles um novo coração e finalmente vindo habitar dentro de cada um. Joel viu a
transição de um período para outro:
Jl 2:28-29 "Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões;
e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito."

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A obra de Jesus e a promessa do Espírito Santo

Logo no início do Novo Testamento vemos o Espírito Santo operando em Maria,


em João Batista e no próprio Jesus.
Jesus era um homem com um corpo de carne e osso, como o nosso. Ele sentia
fome, sede, frio, se cansava, chorava, se alegrava, sentia dor, etc. Jesus era Deus e é
Deus, mas enquanto esteve em carne, ele não operava nem agia segundo a sua
divindade, tinha se esvaziado Fp2:6-8. O Verbo se fez carne, se fez homem, e como
homem dependia do Espírito Santo para pregar, curar, orar, etc. Tudo que Ele fez e
ensinou foi pelo poder do Espírito Santo.
At 10:38 "...concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com
poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e [curando a todos ]os oprimidos do Diabo,
porque Deus era com ele."
Lc 3:21-23 “Quando todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando
ele a orar, o céu se abriu; e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba;
e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo. Ora, Jesus, ao começar o
seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo (como se cuidava) filho de José, filho de Eli”
Depois disso Ele começa a ensinar, curar, operar milagres e fazer discípulos. Ele
prometeu envia o Espírito Santo sobre todos que cressem no seu nome:
Jo 7:38-39 “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água
viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o
Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.”

Jo 14:15-20 “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele


vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. a saber, o Espírito da verdade, o
qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele
habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós. Ainda um pouco, e o mundo
não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que
estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.”
Jesus então se entregou por nós, tomou sobre si os nossos pecados e morreu
na cruz. Ao terceiro dia Ele ressurgiu dentre os mortos, RESSUCITOU e esteve com os
discípulos por 40 dias. Nesse período, Ele disse a eles para esperarem em Jerusalém
até que fossem revestidos com o poder do Espírito Santo:
Lc 24:44-49 “Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco,
que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e
nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e disse-lhes: Assim
está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; e que em seu
nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por
Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai;
ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.”

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At 1:3-8 “Aos quais também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas
provas infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das coisas
concernentes ao reino de Deus. Estando com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de
Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na
verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias.
Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe, dizendo: Senhor, é nesse tempo que
restauras o reino a Israel? Respondeu-lhes: A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas,
que o Pai reservou à sua própria autoridade. Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito
Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os
confins da terra.”

O Cumprimento da Promessa

Os Discípulos então permaneceram em Jerusalém juntos, orando, unânimes.


Eram cerca de 120 pessoas, quando no dia da festa do Pentecostes, algo aconteceu:
At 2:1-6 “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
sentados. E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um
deles pousou uma. E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas,
conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Habitavam então em Jerusalém judeus, homens
piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo-se, pois, aquele ruído, ajuntou-se a
multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.”
Quando as pessoas viram o que estava acontecendo, ficaram todos perplexos
e perguntavam: “...que quer dizer isso? “. Então Pedro se levantou e disse que era o
cumprimento da profecia de Joel (Jl 2:28-29 / At2:14-21), por causa da ressurreição e
exaltação de Jesus (At 2:32-33) e encaminhou os que creram para a porta do Reino
(At2:38)

Quais As Bases Bíblicas Do Batismo Com O Espírito Santo?


▪ João Batista falou que Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mt 3.11).
▪ O próprio Jesus fez esta promessa (At 1.4,5,8).
▪ Esta foi a experiência dos apóstolos (At 2.1-4).
▪ Pedro disse que esta promessa era para todos os chamados por Deus (At
2.38). Alguns dizem que esta experiência foi só para o tempo dos apóstolos,
que hoje Deus não age mais assim. Mas isto não está escrito em nenhum
lugar da Bíblia. O Espírito Santo é que dá poder. É o “motor” da igreja. Se
Deus nos tirasse o motor a igreja ficaria parada. A verdade é que a promessa
é para todos os chamados de Deus.
▪ Esta foi também a experiência de Cornélio e outros na sua casa (At
10.44-47).

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▪ Quando os que se convertiam não tinham esta experiência, os apóstolos os


guiavam a isto (At 8.14-17 - os samaritanos; At 9.17 - Paulo; At 19.1-7 - os
efésios).
Estes textos, junto com At 2:38, desfazem dois enganos muito comuns na igreja.

1º - Engano:

Os grupos tradicionais costumam rejeitar a ideia ensinada pelos grupos


pentecostais, de que há uma experiência a mais, além da conversão, chamada
“Batismo com o Espírito Santo”. Para isso, se apoiam, e com muita razão em At 2:38,
dizendo que se o homem cumpre as duas condições (arrependimento e batismo), o
terceiro ingrediente (o dom do Espírito Santo) é dado automaticamente pelo Senhor,
visto que é uma promessa, e Deus não pode falhar. Eles dizem: “Todo aquele que creu
e se batizou já tem o dom do Espírito Santo, não necessita outra experiência”.
Entretanto, esta argumentação tropeça nos textos de At 8: 14-17 e 19. 1-7. Se
fosse assim, como Paulo perguntaria aos efésios se receberam o Espírito Santo
quando creram? E como explicar o fato dos samaritanos já batizados no nome de
Jesus não terem recebido o Espírito Santo?

2º Engano:

Os grupos pentecostais, apoiados nos textos acima, pregam corretamente que


há uma experiência a mais. Há algo além de se arrepender e ser batizado. Entretanto,
geralmente acrescentam At 1: 4 (“esperassem a promessa”), e falam da “espera”,
dando a entender que este dom deve ser esperado, buscado e até suplicado. Este
ensino vai para o outro extremo, porque ignora que o dom do Espírito Santo já foi
dado a todos os que creram (At 2: 38-39), porque Jesus já foi glorificado (Jo 7: 39).
Onde está o ponto de equilíbrio? Está em entender que por um lado o dom do
Espírito Santo já foi dado a todos os que creram, e que, portanto, não necessitamos
esperar nem buscar aquilo que Deus já nos deu. Mas, por outro lado, quando alguém
se converte ao Senhor, ele deve ser instruído a respeito deste dom, receber imposição
de mãos, e se apossar da promessa de tal maneira que ela seja evidente, palpável e
consciente (At 2: 4; 8: 17-18; 10: 44-47; 19: 2,6). Não é uma busca e uma espera, mas
também não é algo automático e inconsciente.
Se não é automático, por quê dizemos que está na porta? Acontece que, não é
automático mas deve ser imediato. Não é necessário esperar dias, meses ou anos. Faz
parte da porta. É para ser experimentado no início de nossa vida com Jesus. Na
verdade, deveria ser no mesmo dia em que nos batizamos em Cristo Jesus.
Ilustração: Alguém recebe uma caixa de presente no seu aniversário. Ele não
sabe que essa caixa contém três objetos. Pega os dois primeiros, fica maravilhado e

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dá graças a Deus. Entretanto não vê o terceiro objeto na caixa, e a fecha colocando a


de lado. Depois começa a orar a Deus pedindo justamente o objeto que está na caixa
e ele não sabe. Ou seja, já lhe foi dado o presente, mas ele não tomou posse, não o
recebeu por ignorância. Quando ele for devidamente informado, irá abrir a caixa, e
“receber” aquilo que “já lhe fora dado”.
Na verdade, quando alguém crê no Senhor e se batiza, recebe o Espírito Santo.
Mas esta é a habitação do Espírito. O Espírito vem morar em seu interior. Todos os
que creem tem o Espírito Santo habitando em seu interior. Nascem de novo (1Pe 1:
23; Tg 1: 18; Jo 3: 3-6). Mas aqueles que já têm a habitação do Espírito Santo devem
agora receber o revestimento de poder que é o dom do Espírito Santo.

O que é o Batismo com o Espírito Santo?


Há vários termos diferentes que Jesus, João Batista e os apóstolos usaram para
se referir a esta experiência:
▪ Batismo com o Espírito Santo (Mt 3.11; At 1.5).
▪ Receber o dom do Espírito Santo (At 2.38; 10.45).
▪ A promessa do Pai (Lc 24.49; At 1.4; 2.33,39).
▪ Ficar cheio do Espírito Santo (At 2.4).
▪ Receber o Espírito Santo (At 8.17; 10.47).
▪ Caiu o Espírito Santo (At 10.44; 11.15).
▪ O Espírito Santo derramado (At 2.17,18,33; 10.45).
Este batismo é um dom, isto é, um presente. Não é um prêmio. Um prêmio é
dado para alguém que merece; um presente não tem nada a ver com merecimento.
A virtude é daquele que dá e não daquele que recebe.
Também é uma experiência definida e pessoal. Aquele que recebe fica
consciente disto (At 19.2). É um revestimento de poder (Lc 24.49). É a capacitação
para ser uma testemunha de Cristo (At 1.8).
O batismo com o Espírito Santo não é tudo, não é um atestado de maturidade.
Isto explica porque muitas vezes encontramos irmãos que pregam e ensinam com
unção, ou outros que são usados com manifestações de poder e de milagres, mas
quando vamos conhecê-los na intimidade nos decepcionamos com suas vidas. Seu
relacionamento em casa com a esposa e filhos e na igreja como os irmãos, não
demonstra o caráter de Cristo. O batismo com Espírito Santo não opera nenhuma
mudança no caráter. Isto requer um contínuo esvaziamento, uma contínua operação
da cruz de Cristo, um quebrantamento contínuo que vem pela aceitação das

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determinações de Deus em nossas vidas, com louvor e ações de graças (Ef 5: 18-20).
Já o batismo com o Espírito Santo, é uma capacitação para fazer a obra (At 1: 8).
O Ser cheio do Espírito como uma manifestação do caráter de Jesus, você vai
aprender mais adiante, em outra apostila. Nesta apostila vamos ficar só como o
aspecto do Batismo com o Espírito Santo. Esta experiência é para o início da vida
cristã. É necessário ser recebida logo que se entra no Reino de Deus, pois só assim os
novos discípulos estarão capacitados para o serviço a Deus. Isto nos leva a próxima
pergunta:

O Batismo com o Espírito Santo é a mesma coisa que ser


Cheio do Espírito?
Quando a Bíblia fala de ser cheio do Espírito, nem sempre está falando de uma
mesma experiência. Quando lemos o Novo Testamento na língua em que foi escrito (o
grego), vemos ali duas palavras diferentes que descrevem experiências diferentes, mas
que são traduzidas para o português como se fossem uma experiência só: “o enchimento
do Espírito”.
A primeira palavra é “PÌMPLEIMI”, que aparece em textos como Lc 1.15 - João
Batista; Lc 1.41 - Isabel; Lc 1.67,68 - Zacarias; At 2.3,4 - Pentecostes; At 4.8 - Pedro; At
4.31 - os discípulos; At 9.17 - Paulo; At 13.9-11 - Paulo novamente. Esta palavra significa
“ficar cheio”, mas dá a entender que antes não estava cheio. É uma experiência
repentina e momentânea, mas não uma continuidade. É dada para cumprir um
determinado trabalho. É revestido de poder para testemunhar, para profetizar, para
fazer a obra de Deus.
A outra palavra é “PLEIROS”, que aparece nos textos de Lc 4.1 - Jesus; At 6.3 - os
diáconos; At 7.55 - Estêvão; At 11.24 - Barnabé; Ef 5.18 - a ordem para se encher do
Espírito. Esta palavra significa “ser cheio”, mas não como uma experiência do momento,
e sim como uma continuidade. Não está relacionada com uma obra a fazer mas sim com
a vida.
Os textos onde aparecem a primeira palavra (PIMLEIMI), dão a idéia de ser enchido
“de fora para dentro” (o que combina com as palavras “caiu” e “derramado”). A outra
palavra (PLEIROS), dá a entender um enchimento de dentro para fora.
▪ A primeira é um derramamento, a segunda é um trasbordamento.
▪ A primeira nos dá poder, a segunda nos enche de vida.
▪ A primeira é para testemunhar falando de Cristo, a segunda é para mostrar
o caráter de Cristo.

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▪ A primeira nos capacita para manifestar os dons do Espírito Santo descritos


em 1Co 12.7-11, a segunda nos capacita para manifestar o futuro do Espírito
descrito em G1 5.22, 23.
▪ A primeira é uma experiência definida. A segunda é um processo de
crescimento.
Mas a maior diferença é que a primeira se recebe na porta, sem nenhuma
condição além do arrependimento e do batismo, e a segunda requer um contínuo
esvaziamento, uma contínua operação da cruz de Cristo, um quebrantamento, contínuo
que vem pela aceitação das determinações de Deus em nossas vidas, com louvor e ações
de graças (Ef 5.18-20).
Este discernimento é importante para entender que em Ef 4.18 Paulo está falando
de outra coisa diferente do batismo com o Espírito Santo. O batismo com o Espírito Santo
não é tudo, não é um atestado de maturidade. Isto explica porque muitas vezes
encontramos irmãos que pregam e ensinam com unção, ou outros que são usados com
manifestações de poder e de milagres, mas quando vamos conhecê-los na intimidade nos
decepcionamos com suas vidas. Seu relacionamento em casa com a esposa e filhos e na
igreja com os irmãos, não demonstra o caráter de Cristo. A explicação é que estes irmãos
são cheios “de fora para dentro”, um enchimento momentâneo para fazer uma
determinada obra. Este revestimento não opera nenhuma mudança no caráter, é para
fazer uma obra, e quando a obra termina o revestimento se vai.
Este aspecto, de ser cheio do Espírito como uma experiência de
transbordamento, você vai aprender mais adiante, em outra apostila. Nesta apostila
vamos ficar só com o primeiro aspecto: o derramamento do Espírito. Esta experiência
é para o início da vida cristã. Está na porta do reino. Isto nos leva a próxima pergunta:

Para receber o Dom do Espírito Santo é necessário falar em


línguas?
Da lista de manifestações do Espírito Santo aparece em 1Co 12.7-10, a única
que não aparece no Velho Testamento é o falar em línguas. Tudo indica que Deus
reservou este dom para o derramamento do Espírito, porque só no pentecostes que
ele surgiu.
No pentecostes eles falaram em línguas (At 2.4). Na casa de Cornélio eles
falaram em línguas (At 10.46). Em Éfeso eles falaram em línguas (At 19.6). Em Samaria
não diz o que aconteceu, mas houve alguma manifestação exterior, visível (At
8.17,18). Sobre Paulo é que não fala nada (At 9.17), mas em 1 Coríntios vemos que
ele falava em línguas.

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Não há nenhum texto que fale claramente que só recebe o dom do Espírito Santo
quem fala em línguas. Não há nenhum ensino de doutrina sobre isto; só temos descrição
de experiências. Por isso nós devemos estar abertos para aceitar que alguém seja batizado
no Espírito Santo sem ter falado em línguas. Mas diante das evidências apresentadas no
livro dos atos dos apóstolos devemos considerar como exceção e não como regra.
Também é bom salientar que os casos que conhecemos, de irmãos que só depois
de algum tempo de batizados com o Espírito Santo, manifestaram o dom de línguas.

Como receber o Batismo com o Espírito Santo?


Voltamos a salientar que esta experiência é para o início da vida cristã. Alguns
irmãos creem que é necessário ficar esperando. Supostamente baseados nas palavras
de Jesus em Lc 24.49 e At 1.4. Mas Jesus mandou esperar porque o Espírito Santo
ainda não havia sido derramado. Hoje já não é necessário esperar, pois o Espírito já
foi enviado porque Jesus já foi exaltado (ver Jo 7.38,39). ALELUIA! Que é necessário
então?
▪ Nunca esquecer que esta é uma promessa, mas também é um mandamento
(At 1.4). Não é opcional. Todo discípulo deve receber este dom.
▪ Primeiro é necessário ouvir com fé e crer na promessa de Deus (Gl 3.2,14).
▪ Pedir com fé (Lc 11.9-13; Mc 11.24; Tg 1.6,7).
▪ Depois de pedir não é para ficar esperando, mas é para receber o dom
dando graças, louvando e falando em línguas.
É importante orar pelos novos discípulos impondo as mãos comunicando o dom
do Espírito Santo para que receba com fé, confiando que o Espírito Santo vai revesti-
lo com poder.

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F| A Salvação

Após tudo que falamos sobre o reino de Deus e como entrar nele, podemos
afirmar que todos os que passaram pela porta do reino estão salvos. O que vamos ver
agora é em que significa estar salvo e quais os aspectos práticos da obra redentora de
Cristo em nossa vida.

O que é salvação?
Salvação significa ato ou efeito de salvar.
Salvar → Pôr a salvo; livrar da morte; tirar de perigo; preservar de dano,
destruição, perda, ruína etc.; curar-se.
Por uma pessoa precisa ser salva?
Porque está perdida
Por que o homem está perdido?
Porque desobedeceu a Deus e seu estado de pecado o conduz a morte.

Gn 2:16-17 “Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes
comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no
dia em que dela comeres, certamente morrerás.”
Como já vimos anteriormente, ao desobedecer esta ordem, por causa do
desejo do seu coração de ser independente de Deus, Adão trouxe sérias
consequências para a humanidade.
Rm 5:12 “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado
a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.”
Quando ele pecou, sua natureza humana se degenerou. O pecado tornou-se
parte de sua natureza e também herança de toda a raça humana, pois todos são
descendentes de Adão. (Gn 5:1-2)
Rm 5:19 “Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram
constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos.”
Todos são pecadores, pois todos vêm de Adão, logo todos precisam de cura
para a esta doença chamada pecado. Esta CURA é a SALVAÇÃO proporcionada pela obra
completa de Jesus na Cruz.
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O texto que lemos de Rm5:12 mostra que "por um só homem entrou O PECADO
no mundo", depois diz que "por isso todos pecaram", ou cometeram pecados. Isso
significa que primeiro entra O PECADO, depois o homem começa a cometer PECADOS.
▪ O Pecado : Atitude interior de ser independente de Deus
▪ Pecados : Atos pecaminosos causados por ser independente de Deus
O pecado está na natureza do homem, no seu íntimo, por isso ele comete
pecados. Podemos ainda dizer que todo ser humano tem dois problemas básicos:
Seus pecados (atos que ofendem a Deus) e o Pecado (a fábrica de pecados )
A obra de Cristo na Cruz resolve também estes dois problemas. Perdoa nossos
pecados e nos liberta do pecado (fecha a fábrica).

O Sangue
Quando a luz de Deus brilha pela primeira vez em nossos corações, clamamos
por perdão, porque compreendemos que cometemos pecados diante dele. Esse
primeiro problema é resolvido com o sangue de Cristo, que foi derramado para
perdão dos nossos pecados. O sangue trata com os nossos pecados e nos justifica à
vista de Deus conforme declara as seguintes passagens: Romanos 5:8-9; 3:24-26.
O pecado se manifesta na forma de desobediências, para criar, em primeiro
lugar, separação entre o homem e Deus. Em segundo lugar o pecado comunica ao
homem um sentimento de culpa, de afastamento de Deus. E ainda não é tudo, porque
o pecado oferece também a Satanás uma possibilidade de acusação diante de Deus.
Portanto temos três problemas que precisam ser solucionados:
1o. Nossa separação de Deus
2o. As acusações de nossa consciência.
3o. As acusações de Satanás

1) O Sangue é Primariamente Para Deus

É a santidade de Deus, a justiça de Deus que exige que uma vida sem pecado
seja dada em favor do homem. Há vida no sangue, e aquele Sangue tem que ser
derramado em favor de mim, pelos meus pecados. Deus requer que o Sangue seja
apresentado com o fim de satisfazer a sua própria justiça, e é Ele que diz:
“Vendo eu o Sangue passarei por cima de vós” Êxodo 12:13.
O Sangue de Cristo SATISFAZ A DEUS INTEIRAMENTE. É necessário esquecermos o
valor que nós damos ao Sangue para visualizarmos o quanto Deus dá valor ao Sangue.

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a) No antigo testamento, o sangue de animais satisfazia, temporariamente, a


justiça de Deus: “ Porque, se a aspersão do sangue de bodes e de touros, e
das cinzas duma novilha santificava os contaminados, quanto à purificação
da carne,” Hebreus 9:13 (Ex.: O dia da expiação - o sangue era para Deus . a
congregação não via)
b) na nova aliança não há outra coisa que satisfaça a justiça de Deus senão o
Sangue.

“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua
justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos; para
demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador
daquele que tem fé em Jesus. ” Rm3:24-26
Portanto o Sangue resolve nosso problema de separação de Deus. Por meio do
Sangue temos livre acesso ao Senhor.

➔ Não existe outro meio pelo qual possamos nos aproximar de Deus a não ser
pelo precioso Sangue de Cristo.

2) O Sangue Satisfaz a Nossa Consciência

Agora temos que considerar que, em nossa condição de incrédulos não éramos
tão molestados pela nossa consciência, até que a Palavra de Deus começou a nos
despertar. Quando cremos a nossa consciência pode se tornar extremamente
sensível, e isto pode vir a ser real problema para nós. O sentimento de pecado ou de
culpa pode se tornar tão grande, tão terrível, que quase nos paralisa porque nos faz
perder de vista a verdadeira eficácia do Sangue.
Algumas vezes chegamos ao ponto de imaginar que os nossos pecados são
maiores que a eficácia do Sangue. Por que isso?
a) Não sabemos o valor que Deus dá ao Sangue. Isso nós já consideramos no
item anterior. Devemos estar fundamentados nisso, crendo que só o Sangue
de Cristo satisfaz a justa exigência de Deus.
b) Não aceitamos a avaliação que Deus faz do Sangue. Podemos saber o valor
que Deus dá ao Sangue, mas não aceitarmos isso. Achamos que não é
possível que seja assim, que devemos fazer algo mais e assim nossa
consciência não se cala porque ainda queremos fazer algo mais para nos
justificarmos diante de Deus.

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c) Muitas vezes não avaliamos o Sangue pela visão que Deus tem dele, mas
procuramos avaliá-lo pelos nossos sentimentos. Algumas vezes sentimos,
outras vezes não.

Portanto é necessário CALAR A NOSSA CONSCIÊNCIA demonstrando a ela o valor que


Deus dá ao Sangue e ainda mais, que cremos nessa avaliação. Temos que crer que o
Sangue é precioso para Deus por que Ele assim o diz:
Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da
vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue,
como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo, 1Pe1:18,19
Portanto devemos ter nossa consciência purificada pelo Sangue. Não importa
se nossos sentimentos dizem o contrário. Se confessamos o nosso pecado, pondo-o
na luz, temos que crer que o Sangue de Cristo já atuou e que não precisamos
confessar, confessar e confessar até nossos sentimentos avaliarem se estamos ou não
perdoados.

3) O Sangue Vence as Acusações De Satanás

Em face do que temos dito, podemos agora voltar-nos para encarar o inimigo,
porque há um outro aspecto do Sangue que diz respeito a satanás. A bíblia diz que
ele é “o acusador dos irmãos” (Apocalipse 12:10), e o nosso Senhor o enfrenta como
tal em seu ministério de Sumo Sacerdote, pelo seu próprio Sangue (Hebreus 9:12).
Como é então que o sangue opera contra satanás?
a) Colocando Deus ao lado do homem. Com a queda, foi introduzido no
homem algo que impedia Deus de, moralmente, defender o homem. Eram
nossos pecados diante de Deus que não permitiam que Deus pudesse estar
ao nosso lado contra satanás. Mas o Sangue removeu essa barreira; nós
agora estamos certos com Deus, e com Deus ao nosso lado podemos encarar
satanás sem tremor.
b) “O Sangue de Jesus Seu Filho, nos purifica de todo pecado” 1Jo1:7. Não é
“todo pecado” no seu sentido geral, é cada pecado, um por um. Deus está
na luz, e a medida que andamos na luz, tudo fica exposto e patente a ela de
modo que Deus pode ver tudo; e nessas condições o Sangue nos purifica de
todo pecado. Com os pecado perdoados não há acusação de satanás que
prevaleça.
É este o fundamento que nos firmamos: Nunca devemos procurar estar limpos
diante de Deus, de nossa consciência e vencer as acusações de satanás tendo por base

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a nossa boa conduta e sim, confiando no Sangue. Que possamos ver mais do valor do
precioso Sangue de Cristo, aos olhos de Deus, pois assim venceremos até o final.
Ap 12:11 "E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e
não amaram as suas vidas até a morte."

A Cruz
Vimos, pois, que o Sangue trata objetivamente com os nossos pecados. Porém,
notamos que isso não basta para caminharmos em rumo ao propósito de Deus. Só
com o Sangue, continuaríamos a pecar e confessar, pecar e confessar e pecar e
confessar indefinidamente. Por isso é necessário que não só nossos pecados sejam
tratados, mas o pecador seja tratado. E aí que entra a cruz de Cristo.
Não somos pecadores porque cometemos pecados e sim pecamos por sermos
pecadores. É mais por constituição do que por ação. Há pecadores maus e pecadores
bons, pecadores morais e pecadores corruptos, mas todos são igualmente pecadores.
O problema não é no que fazemos, mas no que nós somos. A cruz nos liberta daquilo
que somos.
Como ela atua?
Há quatro condições ou passos que precisamos entender claramente:
1o. Sabendo
2o. Considerando-nos
3o. Oferecendo-nos a Deus
4o. Andando no Espírito

Vamos ver cada um deles em sua ordem.

1) Sabendo
Rm6:6 “...sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo
do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.”
Em primeiro lugar precisamos saber que fomos crucificados com Cristo e para
isso responderemos as seguintes perguntas:

▪ Quem foi crucificado


▪ Quando fomos crucificados

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Sabendo isto estaremos eliminando o primeiro passo ou condição para


desfrutarmos daquilo que temos no Senhor e sermos vitoriosos no Senhor.
a) Quem foi crucificado. Há muita confusão a esse respeito pois alguns
confundem o pecado com o velho homem, com o ego e etc.. Precisamos saber quem
é o alvo da crucificação. A Palavra de Deus diz que o pecado habita em nós (Romanos
7:20). Paulo fala isso no tempo presente demonstrando que ele, mesmo sendo um
discípulo, tinha “o pecado”. Portanto, por eliminação, vemos que o pecado não é
crucificado. Quem então é crucificado? É o empregado do pecado que é crucificado
e esse empregado é o velho homem. O próprio texto diz isso: sabendo isto que o
nosso velho homem foi crucificado com Ele. (v 6) E ainda mais: para que o corpo do
pecado fosse desfeito.(v 6b). Veja que o alvo não é o pecado como princípio ativo
produtor de pecados e sim o servo do pecado que é o velho homem. O que é o velho
homem? Quando não conhecíamos o Senhor não nos preocupávamos se estávamos
agradando ou não a Deus; não fazia, para nós, a menor diferença se o que fazíamos
agradava ou ofendia a Deus. Esse é o velho homem em quem o pecado tinha toda
liberdade de agir. Esse é o alvo da crucificação.
b) Quando fomos crucificados. Esse ponto é chave para alicerçarmos nossa fé
no Senhor. Primeiramente precisamos entender que a cruz é um instrumento de
morte. Ninguém sai vivo da cruz; quando se passa pela cruz se tem a certeza que tal
pessoa jamais viverá. O versículo diz que fomos crucificados e não que seremos
crucificados. Portanto já sabemos que, pela Palavra, foi no passado. Porém quando
no passado? O mesmo capítulo de Romanos diz: “Ou, porventura, ignorais que todos
quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois,
sepultados com ele pelo batismo na morte” (Rm 6:3,4). Fomos mortos no batismo! A
cruz é um instrumento de morte e ela operou no batismo. Não podemos deixar de
saber disso. Esse foi um momento crucial de nossa vida com Deus, por isso não
podemos deixar de encarar com seriedade.
Muitos, por não saberem disso ficam pedindo continuamente para que Deus os
coloque na cruz. Objetivamente isso já ocorreu. Nosso velho homem foi crucificado
para que andemos nós também em novidade de vida v.4b. É claro que há um outro
aspecto da cruz descrita por Jesus que é subjetiva, mas isso veremos mais adiante.

2) Considerando-se
Rm6:11 "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para
Deus, em Cristo Jesus."

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Veja que estamos seguindo a ordem natural do capítulo seis de Romanos, onde
vemos que primeiro precisamos saber para depois considerar-nos. Infelizmente,
quando se trata desse assunto a ênfase é no considerar sem ver que há uma ordem
no texto: primeiro SABER depois CONSIDERAR. Não adianta ficarmos declarando para nós
mesmos que estamos crucificados se não soubermos que isso já aconteceu;
considerar-se não é isso. O que é então considerar?
Considerar é:
a) No grego é atribuir, imputar, dando a idéia de fazer as contas. Portanto
entendemos que, de maneira exata, não precisamos só saber, mas temos
que tomar uma atitude e essa atitude é de considerar que a nossa inclusão
na crucificação de Jesus é um fato verdadeiro. Nunca olhar para nós
mesmos, mas para o que Cristo fez por nós em nossa inclusão nEle.
b) Ter fé prática. Aplicar o que sabemos acerca de nossa crucificação, crendo
diariamente nisso e não dando ouvidos aos sussurros acusadores do diabo.
Vamos sempre lembrar que não estamos lidando com promessas e sim com
fatos. As promessas de Deus nos são reveladas pelo Espírito, afim de que nos
apropriemos delas; os fatos, porém, permanecem fatos, quer creiamos neles ou não.
Qualquer coisa que contradiga a Palavra de Deus deve ser considerada mentira
do diabo. Estamos, pelo batismo, mortos em Cristo, quer sintamos ou não.

3) Apresentando-nos
Rm6:12,13 "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas
concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de
iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a
Deus, como instrumentos de justiça."
Agora, na mesma sequência do capítulo seis de Romanos, estamos no terceiro
passo que é apresentar-nos. Quando realmente sabemos que fomos crucificados com
Ele, então espontaneamente me considero morto (vs. 6 e 11) e quando sei que
ressuscitei com Ele de entre os mortos então considero-me vivo para Deus em Cristo
Jesus (vs. 9 e 11). Quando chegamos então a esse ponto podemos então apresentar
os nossos membros como instrumento de justiça. Deus não aceita a consagração da
velha natureza. Nada que venha de Adão é aceitável a Deus, porém agora temos uma
outra natureza e é essa que eu apresento a Deus como rediviva dentre os mortos.
O que é, basicamente, apresentar-nos?
a) Ser separado para o Senhor. Quando algo era consagrado no AT não podia
mais ser usado para nada a não ser para o Senhor. Nossas mãos não nos

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pertencem, nossos pés não podem andar para onde eu quero porque não
são meus, são instrumentos de justiça.
b) Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da
impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos
membros como servos da justiça para santificação (Romanos 6:19).
Apresentar-se é a verdadeira santificação no sentido objetivo. Deve ser um
ato inicial e fundamental, feito na porta. Depois, dia a dia, devemos
prosseguir, dando-nos a Ele, sem nos queixar do uso que Ele faz de nós, mas
aceitando, com grato louvor, mesmo aquilo contra o qual a carne se revolta.
Esse é o caminho da cruz.
Vamos, então, ter essa atitude diária de oferecer-nos a Deus como redivivos
dentre os mortos.

4) O Andar no Espírito
Rm8:3-7 "Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus
enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne
condenou o pecado, para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos
segundo a carne, mas segundo o Espírito. Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas
da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne
é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade
contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser;"
Ef5:18-21 "E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do
Espírito, falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao
Senhor no vosso coração, sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor
Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo."
Portanto quando somos cheios do espírito podemos com maior tranquilidade
saber que estamos descansando nele e que assim andamos no Espírito. E já sabemos
qual é o fruto de tudo isso.
Gl 5:16-18; 22-25 "Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da
carne. Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao
outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da
lei. Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a
fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos
também pelo Espírito

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O Novo Nascimento
Tudo isso acontece porque nós nascemos de novo através do batismo. Com o
novo nascimento nos tornamos filhos de Deus e toda essa obra de perdão e libertação
se realiza em nós. Foi o que Jesus disse a Nicodemos:

Jo 3:1-7 “Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos
judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois
ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: Em
verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a
entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se
alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da
carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: Necessário
vos é nascer de novo.”
O objetivo de Deus tornar cada ser humano parte de sua grande família de
muitos filhos, mas para isso é necessário que cada um seja nascido de Deus. Para
trazer o homem de volta ao seu propósito Ele proporcionou uma solução:
Jo 1:12-13 "Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome (Jesus), deu-lhes
o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do varão, mas de Deus.”

➔ Para se tornar filho de Deus é necessário nascer de novo crendo em Jesus.

Nós então nascemos de novo e passamos a ser filhos de Deus. Deus nos
comunica suas qualidades e somos participantes da natureza de Cristo (nosso irmão
mais velho). Deus nos dá a sua vida, a Vida Eterna; e começamos a viver essa vida
agora consagrando todo nosso ser a Ele. Vivamos, pois como filhos de Deus!!

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A Salvação

IRA DE DEUS
Jo 3:36 Rm 4:24-25 SUBSTITUIÇÃO
RECONCILIAÇÂO
Is 53:5-6 Cristo
Amor, Vida,
Rm 5:8-10 Morreu por mim
Comunhão, Paz,
Justificação
Santidade
Nova Natureza
SANGUE
Livre do domínio
do pecado

Fé Graça
E
C
A
D
Jo 3:16 Ef 2:8-9 O Velha Natureza
Morta na cruz e
crucificada com
CRUZ Cristo

Libertação
Rm 6:3-4 Eu morri com
Rm 6:6;11 Cristo
INCLUSÃO Rm 5:1-10
CONDENAÇÃO Rm 6:7-8

NASCER DE NOVO Ef 4:22-24

Castigo Eterno Vida Eterna


G| O Que é Um Discípulo

Introdução
Jesus não apenas informou e ensinou. Ele formou discípulos. A Igreja do Senhor
Jesus é composta de discípulos.
Jesus sempre teve a multidão ao seu redor, mas Ele não se iludia com a
multidão, Pois a multidão vem e vai. Mas Ele se dedicou a um grupo pequeno de
pessoas, próximas a Ele, que estavam dispostos a tudo por Ele: OS DISCÍPULOS.
Jesus procurou enraizar neles a visão do Pai e fez dos discípulos pessoas capazes
de dar continuidade a sua obra. Através de um relacionamento intenso com o Mestre
os discípulos aprenderam tudo e aplicaram da mesma maneira à Igreja.
Não vamos encontrar na bíblia as palavras “membro de igreja”, nem
"evangélico" como referência aos cristãos, mas sim discípulos. Sempre que a Igreja
estava reunida, ali estavam reunidos os discípulos de Jesus.
Mesmo antes de Jesus a Bíblia nos mostra pessoas que tinham um
relacionamento de discípulos.
▪ Moisés e Josué Ex 24:13 Ex 33:11 Nm 27:18-21
▪ Elias e Eliseu II Re 2:1-9

Is 50:4 “O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma
palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu
ouça como discípulo.”

O que é um discípulo?
➔É aquele que CRÊ em tudo que Cristo disse e FAZ tudo que Cristo manda.
Aquele que creu, se arrependeu, foi batizado e recebeu o dom do Espírito Santo
a bíblia chama de discípulo.
É importante entender que no contexto do Novo Testamento não existe uma
pessoa que seja convertida e não seja discípulo.
Primeiros Passos
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Salvo, convertido, discípulo, todos são termos que se referem a uma mesma
pessoa. Cada um desses termos tem um sentido diferente, mas são aplicados a uma
mesma pessoa.
▪ A palavra “convertido” aparece 2 vezes no VT
▪ A palavra “crente” aparece 15 vezes no NT
▪ A palavra “discípulo” aparece 3 vezes no VT e 258 vezes no NT
▪ “Evangélico” não aparece em lugar nenhum.
Significado dos termos:
▪ Salvo: o que foi libertado do poder de da condenação do pecado.
▪ Convertido: o que mudou de atitude e mentalidade (arrependimento).
▪ Discípulo: o seguidor, praticante dos ensinos do mestre, submisso.
▪ Crente: aquele que crê

É comum encontrarmos pessoas que se dizem convertidas, creem


sinceramente que são salvas, mas se você perguntar se elas desejam se submeter e
obedecer a Cristo em tudo, elas vão dizer: “ainda não...” , “talvez um dia em me
consagre totalmente…” .
Isto é uma grande contradição, pois como alguém pode se considerar salvo ou
convertido se ainda não se entregou total e incondicionalmente a Jesus Cristo para
viver em total obediência a Ele, renunciando a tudo quanto tem e até sua própria vida.
➔Um convertido é mais do que um crente, é um discípulo.
Mt 9:9 “Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-
lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.”
Entregou-se completamente, largou tudo que estava fazendo e seguiu.
Mt 7:21 “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
É necessário obedecer, fazer a vontade do Pai. Isso não significa que temos que
ser perfeitos para seguir a Jesus, mas sim, que devemos nos colocar totalmente sob
o seu governo e obedecê-lo
Existe hoje em meio a Igreja um espírito de falsa profecia, semelhante ao que
havia em Israel nos tempos de Jeremias, quando o povo estava sob condenação de
Deus por causa de sua rebelião, e os falsos profetas diziam que todos estavam em paz
com Deus, levando o povo ao auto- engano.

Jr 6:14 "Também se ocupam em curar superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz,
paz; quando não há paz."

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Jr 23:16-17 "Assim diz o Senhor dos exércitos: Não deis ouvidos as palavras dos profetas, que
vos profetizam a vós, ensinando-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do
Senhor. Dizem continuamente aos que desprezam a palavra do Senhor: Paz tereis; e a todo o que
anda na teimosia do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós."
Deus, nestes dias está restaurando as realidades básicas do Evangelho do Reino
para que se cumpram as palavras proféticas dadas por Malaquias.
Ml 3:18 "Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus,
e o que o não serve."
Se alguém pretende ser salvo ou convertido sem se tornar um discípulo, não
encontrou tal pretensão nas escrituras.
➔Todo salvo é um discípulo, ninguém é salvo se não for discípulo.
Podemos nos referir a uma pessoa que está no Reino de Deus usando qualquer
um dos termos que aparecem nas escrituras, mas devemos nos acostumar a usar o
termo discípulo porque:
1. É o Termo mais abrangente, que expressa com mais exatidão a realidade de
vida de alguém que pertence ao Reino de Deus.
2. É o termo que Jesus, os apóstolos e os nossos primeiros irmãos escolheram.

As cinco características de um discípulo


Existem cinco características que Jesus quer ver em todos os seus discípulos.

1) Amar a Jesus sobre todas as coisas


Lc 14:26 “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e
irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.”
▪ Jesus não admite o segundo lugar em nada.
▪ Aborrecer → amar menos
▪ Não significa deixar de amar, e sim amar mais a Jesus.
▪ Quando o discípulo tem que optar ele sabe por quem optar.

2) Renunciar a tudo quanto tem


Lc 14:33 “Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não
pode ser meu discípulo.”
▪ Bens, propriedades, dinheiro (muitos amam até aquilo que desejam ter)
▪ Projetos e ideias
▪ Tempo (renunciar o seu tempo, usar o seu tempo para Deus)
▪ Como você tem usado seu tempo?
▪ É Jesus quem governa o seu tempo?
▪ Devemos saber como usar o nosso tempo para a glória de Deus.

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Primeiros Passos
Igreja em Piracicaba

Os discípulos passavam todo o seu tempo com Jesus.


Ex.: Mc 4 a 7
▪ Acalma a tempestade
▪ Expulsa demônios
▪ Cura a filha de Jairo
▪ Cura uma mulher no caminho
▪ Percorrem várias aldeias
▪ Alimenta uma multidão, etc
Foram 4 dias. Os discípulos quase não dormiram, não comeram, atravessaram
o mar e andaram a pé cerca de 100Km.

3) Obediência à Palavra de Deus


Jo 8:31 “Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha
palavra, verdadeiramente sois meus discípulos”
▪ Permanecer na palavra
▪ Ouvir e obedecer.
▪ Não basta so acreditar, achar bonitas as coisas que Ele fala. É preciso
conhecer sua palavra e obedecer a sua palavra.
“E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?” Lc 6:46
O conhecimento e a prática da Palavra de Deus devem ser notórios na vida dos
discípulos.

4) Amar como Ele amou


Jo 13:34-35 “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.”
▪ Amar com o amor de Jesus
▪ Amar com amor ágape (amor incondicional, não espera retorno)
▪ Amar os irmãos
▪ Amar o próximo
▪ Amar os inimigos
▪ O amor deve ser a nossa principal motivação
▪ Expressar o amor de Jesus através de nossas atitudes. (prática e não
sentimento )
➔Amar uma pessoa é negar a si mesmo em favor dela (1Jo3:16)
Ef 2:9 → “... não por obras...”
Ef 210 → “... criados em Cristo Jesus para boas obras...”

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Primeiros Passos
Igreja em Piracicaba

Assim é que nós conhecemos os que são discípulos de Jesus


▪ Se eu sou discípulo eu amo.
▪ Se eu amo eu sou discípulo.

5) Multiplicar a vida de Jesus


Jo 15:7-8 “Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi
o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis
meus discípulos.”
Dar frutos → reproduzir a vida de Jesus primeiramente em nós depois nas
outras pessoas. Não é o fruto do espírito, é ganhar discípulos para Cristo.
Jo 15:16“Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que
vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu
nome, ele vo-lo conceda”
O fruto é o resultado de estarmos na videira
▪ O discípulo permanece em Jesus
▪ A palavra permanece no discípulo
▪ O discípulo dá fruto
▪ O fruto permanece.
➔Frutificar é consequência de uma vida sob o governo de Jesus
Não só o fruto, mas só conseguiremos ser verdadeiros discípulos de Jesus se
estivermos nele. Obedecendo a Ele, servindo a Ele, envolvidos com ele.

A ordem que Jesus nos deu


Mt 28:18-20 "E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade
no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado;
e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos."
Esta foi a última palavra de Jesus aos seus discípulos. Até parece que este é o
ponto mais alto do Novo Testamento. É como se o senhor estivesse todo o tempo
preparando o terreno para dar esta palavra. Depois de fazer tudo o que o Pai lhe
encomendara, finalmente o Senhor podia dar esta ordem:
➔Fazer discípulos de todas as nações.
Podemos negligenciar este mandamento? Ou podemos fazê-lo de qualquer
jeito, ou da maneira que acharmos melhor? NÃO. Devemos buscar com toda
diligência e procurar entender bem. O Senhor ressuscitado nos deu uma ordem e
devemos cumpri-la a risca.

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Primeiros Passos
Igreja em Piracicaba

O Senhor não nos mandou juntar gente para fazer reuniões. As reuniões são
importantes, assim como a cura dos enfermos. Os sermões têm o seu lugar, e
certamente devemos cantar e louvar. Contudo o fundamental é fazer discípulos. A
não ser que isto seja bem entendido, todas as outras coisas importantes serão a casca
de uma fruta oca. Serão um amontoado de atividades sem propósito e sem valor
eterno.
Que Deus crie em nós o coração de um verdadeiro discípulo, um coração
voltado para o Senhor, liberto, disposto a obedecer, nos capacitando a viver a vida de
Jesus e reproduzi-la em todas as pessoas que estão a nossa volta.
➔ Seja discípulo e faça discípulos!!

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H| A Igreja

Antes de prosseguir com esse estudo é bom ler o livro de Atos para ver como a
Igreja era na sua origem. Notar como os apóstolos agiam e qual era a atitude dos
discípulos naquela época.

Introdução
A maioria das pessoas tem uma ideia errada sobre o que é a Igreja. Precisamos
então esquecer tudo que julgamos saber, olhar unicamente para a Palavra de Deus e
pedir ao Senhor que nos mostre, em Cristo, a sua Igreja. Conhecendo a Cristo,
conheceremos também a Igreja, que é o seu corpo.
Tal como Deus mostrou um modelo do tabernáculo para Moisés no monte Sinai
e disse: “faça tudo segundo o modelo que viste no monte.”, assim também precisamos
que Ele nos mostre a Igreja conforme a sua própria visão.
Nossa referência para conhecer da igreja não é a igreja dos séculos passados,
nem sequer a igreja do primeiro século. Nossa referência é a igreja anterior a todos
os séculos, a igreja que Deus se propôs a ter antes da fundação do mundo.
A igreja é o projeto eterno de Deus. Ela não nasceu na mente de Deus há 2.000
anos, quando enviou o Seu Filho ao mundo. A igreja estava na mente e no coração de
Deus desde os séculos eternos, desde “antes da fundação do mundo”.
A igreja não foi o “Plano B” de Deus depois da queda do homem. A igreja é o
“Plano A” de Deus desde antes de existirem homens ou demônios. A queda foi um
desvio, um atentado contra o projeto eterno de Deus. A redenção fez as coisas
voltarem ao plano original.

O que é a Igreja?
Precisamos compreender que a igreja não é um edifício, um templo, uma
construção ou um local para reuniões. Também não é uma instituição ou organização
religiosa. Veja o que a bíblia diz:
Ef 2:22-23 “E sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as
coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as
coisas.”
Primeiros Passos
Igreja em Piracicaba

➔A Igreja é o CORPO DE CRISTO, do qual Ele próprio é o CABEÇA.


Rm12:4-5 “Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros
têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente
uns dos outros.”
1Co12:12-23 “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros
do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Pois em um só Espírito fomos
todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos
nós foi dado beber de um só Espírito.”
➔A Igreja é o CORPO DE CRISTO, e nós somos MEMBROS desse corpo, ligados uns
aos outros.
A Igreja é a parcela da humanidade que tem Jesus Cristo como o Cabeça, ou
seja, como o Senhor de suas vidas. É o conjunto de TODAS as pessoas que são salvas e
redimidas pelo sangue de Jesus. Que tem COMPROMISSO umas com as outras e com
Deus. Pessoas que CREEM no Seu nome e OBEDECEM às Suas ordens.
Ef4:15-16“Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.”
A igreja é a FAMÍLIA que Deus se propôs a ter segundo o seu beneplácito,
segundo a sua vontade, segundo as abundantes riquezas da sua graça.

O que Jesus disse sobre a Igreja


A Igreja é o mistério que esteve oculto por séculos e só foi plenamente revelado
no Novo Testamento por meio do Espírito Santo. O Povo de Israel foi concebido para
trazer ao mundo o messias. E o messias (Jesus) trouxe à luz a Igreja. Jesus não falou
muito sobre a Igreja. Só encontramos duas referências diretas nos evangelhos:
Mt 16:15-19 "Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simão
Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será
ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus."
Neste primeiro texto, Jesus fala sobre a Igreja em toda a terra. Todos aqueles
que são salvos e redimidos pelo seu sangue → IGREJA UNIVERSAL.
Aqui vemos que a Igreja:

▪ É sua Igreja. (e não nossa)

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▪ É uma única Igreja (Jesus só tem uma Igreja, e não muitas)


▪ Edificada pelo próprio Cristo.
▪ Edificada sobre a Rocha (verdade espiritual) que é Jesus.
▪ Está fundamentada sobre a revelação de que quem é Jesus, o filho do Deus
vivo.
▪ É triunfante sobre as portas do inferno
▪ É Revestida de autoridade para ligar e desligar na terra e no céu.

Mt 18:15-20 "Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás
ganho teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou
três testemunhas toda palavra seja confirmada. Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também
recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo: Tudo quanto
ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. Ainda
vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes
será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, ali estou no meio deles."
Este texto fala sobre a Igreja em uma determinada localidade → IGREJA LOCAL
Aqui aprendemos que a Igreja:
▪ É composta de irmãos.
▪ É envolvida em áreas de disciplina.
▪ É suprida de um governo local.
▪ É um corpo definido do qual uma pessoa pode ser expulsa.
▪ É um corpo que tem poder para ligar e desligar no céu e na terra.
▪ É unida em fé e oração
▪ É um grupo de pessoas identificadas com o NOME de Cristo.
▪ Um povo no qual Cristo promete estar.

Como Nasceu a Igreja


A Igreja já estava no coração de Deus desde antes da criação do mundo, mas
ela foi trazia a existência pelo ministério de Jesus e pela operação do Espírito Santo.
Jesus formou os discípulos e, com sua morte e ressurreição, preparou as condições
necessárias para a vinda do Espírito Santo e o surgimento da Igreja.
At 2:1-3 "Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
sentados. E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um
deles pousou uma."
At 2: 37-47 "E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e
aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada
um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o
dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão

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longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar. E com muitas outras palavras dava testemunho, e os
exortava, dizendo: salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que
receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas; e perseveravam na
doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor,
e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham
tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a
necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em
casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o
povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos."
Com a vinda do Espírito Santo, aquele primeiro grupo de discípulos nasceu de
novo e foi revestido com poder espiritual para viver e proclamar o que haviam
recebido de Jesus. Eles eram a Igreja original, o resultado primeiro da obra de Jesus
Cristo. Formavam uma comunidade que expressava a vida de Jesus ao mundo e
proclamava a sua palavra.
At 2:44-47 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e
nas orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos.
Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens
e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os
dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a
Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo
salvos.”
Esse texto nos mostra que entre os primeiro irmãos havia:
▪ Ensino da palavra
▪ Comunhão (relacionamento)
▪ Partir do pão (ceia)
▪ Orações
▪ Realização de milagres
▪ Unidade
▪ Partilha (suprimento mútuo)
▪ Expressão pública (no pátio do templo dos judeus)
▪ Trabalho nas casas
▪ Louvor a Deus
▪ Crescimento numérico

Decadência e Restauração
Olhando para a Igreja atual (de um modo geral), vemos que ela está longe de
ser a Igreja gloriosa que encontramos no livro de Atos. A Igreja primitiva cria, pregava
e praticava literalmente todo o Conselho de Deus. Eles permaneciam na doutrina dos

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Igreja em Piracicaba

apóstolos, no partir do pão, na comunhão e nas orações; e Deus testemunhava


através deles com poder.
Como, então, a Igreja falhou? Como ela de desviou da sã doutrina e entrou em
densas trevas?
A Igreja começou a se enfraquecer quando abdicou da separação total das
coisas do mundo, perdendo o poder espiritual, permitindo assim uma mistura com o
fermento mundano (filosofias, costumes, concessões, interesses) que comprometeu
a sua pureza e originalidade. Muitas crenças e doutrinas foram acrescentadas
posteriormente, durante os anos de decadência e provocaram sérios desvios e muitos
danos à humanidade. Muitos dessas crenças e costumes perduram até hoje.
Mas Deus está trabalhando para curar sua Igreja e trazê-la de volta ao projeto
original. Estamos hoje em um processo de restauração.
Restaurar é trazer de volta ao estado original. (ex: uma pintura)
Três aspectos:
▪ Abandonar tido que foi agregado pelos homens.
▪ Manter as verdades que são originais e legítimas.
▪ Recuperar as verdades que foram perdidas com o tempo.
Estamos em pleno processo de restauração. Ainda não estamos prontos, mas
estamos sendo transformados. Não podemos nos apegar a nada que não faça parte
do plano original de Deus para seu povo. Precisamos prosseguir para ser a Igreja que
Ele quer. Ainda hoje esse processo de mudanças continua (estruturas da Igreja,
discipulado, relação com Deus, dons, doutrinas etc.) e continuará até que a Igreja
atinja a plenitude de Cristo.
➔A Igreja que Jesus virá buscar será uma Igreja santa e única. Jo 17

Uma só Igreja na cidade


I Co 1:2 "À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados
para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
Senhor deles e nosso"
Fp 1:1 "Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão
em Filipos, com os bispos e diáconos"
Estes e outros textos mostram que a Igreja em uma determinada localidade é
única. A referência é sempre no singular e nunca no plural, pois só existe uma igreja
em uma determinada localidade. A Igreja só está separada por localidades geográficas
(cidades) e não por templos ou nomes.
Ap 1:11"Que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a
Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia."

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Ásia é um continente e as localidades citadas são cidades. No livro de Atos e em


todo o novo testamento a Igreja não tinha nome. Todos os discípulos de Jesus fazem
parte da mesma Igreja, quer sejam batistas, metodistas, católicos, das assembleias de
Deus, etc.
De que igreja você é?
→ Da Igreja de Jesus
Temos um privilégio por não pertencermos a nenhuma denominação. Quando
alguém nos pergunta de que Igreja somos, temos a oportunidade de falar de Jesus, e
não da organização religiosa.
Nós não somos a única Igreja na cidade, somos apenas parte dela, junto com
todos os outros irmãos, independente da denominação. (O fato de não adotarmos
um nome não pode ser uma barreira de separação, mas um facilitador para a unidade)
Mesmo havendo muitas barreiras de doutrina, de organização, de
entendimento e outras mais, só existe uma Igreja em nossa cidade espalhada em
várias congregações. Deus olha para a cidade e vê uma única Igreja. Nossa carnalidade
é que a divide.

Local de reuniões não é templo


Antes de Jesus as pessoas iam uma vez por ano até Jerusalém para oferecer
sacrifícios pelos seus pecados e para adorar a Deus. Havia ali um templo dividido em
3 partes (Átrio, Santo Lugar e Santo dos Santos) que representava a presença de Deus.
Havia um véu que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar e só o sumo-sacerdote
podia entra lá para oferecer sacrifício pelo povo. É comum encontrarmos na bíblia
diversas associações entre Deus e o templo em expressões como “Deus está no
templo”, “sua glória está no templo” e muitas outras.
Mas quando Jesus morreu, o véu do templo se rasgou de alto a baixo, iniciando
uma nova aliança que não dependia mais de um lugar específico para o culto a Deus.
Deus não está no templo. Com o fim dos rituais e tradições judaicas, todos nós
podemos ter acesso à presença de Deus por meio de Jesus a toda ora e em todo lugar.
Jo 4:21-24 “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e é
necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”
Deus não está num templo. Ele é onipresente e podemos adorá-lo em espirito
em qualquer lugar que estivermos. Existe um costume errado de se chamar de
templo, o local onde a Igreja se reúne. O prédio ou salão onde a igreja se reúne não
templo, é apenas uma construção, um edifício. Ele não tem nada de santo ou sagrado

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e não abriga a presença de Deus. Por mais solene que seja é apenas um edifício e não
um templo.
Atos 7:48-49 mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o
profeta: O céu é meu trono, e a terra o estrado dos meus pés.

Local de reuniões não é Igreja


Outro erro comum é chamar de Igreja o local de reuniões da Igreja. Daí surgem
expressões como “vou á igreja” ou “em que igreja você vai?”, como se a igreja fosse
um lugar. Esse conceito é tão forte que Igreja passou ater até endereço. Mas a igreja
não é um edifício, nem um lugar. A Igreja são as pessoas. Nós não vamos à igreja, nós
somos a igreja (ou parte dela).
A Igreja são as pessoas que tem Jesus Cristo como seu cabeça, como seu
Senhor. A Igreja é o corpo de Cristo e nós somos membros uns dos outros.
Ef 1:22-23 “…e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas
as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as
coisas.”
Rm 12:5 “…assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente
membros uns dos outros.”
A Igreja é um conjunto de pessoas salvas e redimidas por Jesus, com
compromisso umas com as outras e com Deus e que estão envolvidas na sua cidade
para testemunhar de Cristo e proclamar a sua Palavra.

Nós somos o templo


1Co 3:16 Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?
1Co 6:19 Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós,
o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?
A Igreja é formada por pessoas nas quais habita o Espírito de Deus. Assim, a
Igreja é o templo de Deus. Deus habita na Igreja, nas pessoas. Onde quer que
estejamos, carregamos conosco a presença de Deus!
Ef 2:19-22 Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos
dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício bem
ajustado cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para
morada de Deus no Espírito

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A Igreja nas casas


A igreja que vemos no início do livro de Atos, formada por mais de 3.000
pessoas, não tinha salão de reuniões nem endereço, mas impactou a cidade com sua
vida e se expandiu para o mundo todo. Como eles se reuniam? Como se edificavam?
Onde se encontravam?
At 2:44-47 “Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas
propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando
unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de
coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor
os que iam sendo salvos.”
A Igreja se reunia no templo e nas casas. O templo aqui não era da igreja. Era o
templo dos judeus, usado para os rituais judaicos e a igreja não podia entrar nele. Mas
havia ali uma área externa, de livre acesso, semelhante a uma praça pública e os
irmãos se encontravam ali para orar, proclamar e se edificar. Também se reunião nas
casas, onde partiam o pão, oravam e se edificavam mutuamente.
Foi o Espírito Santo quem conduziu a Igreja para as casa, pois quando se
iniciaram a perseguição a Igreja se espalhou por toda a região e quanto mais era
perseguida, mais se espalhava, atingindo até a Ásia, Grécia, Acaia e outras regiões.
Onde quer que fosse morar um cristão era pregado o evangelho, ganhava pessoas
para Cristo e a Igreja crescia. Se eles estivessem apegados a um lugar, a um templo,
talvez a história da igreja terminasse aí.
Em toda a bíblia não encontramos nenhum indício de construção de templos
ou salões para as reuniões da igreja. Ela se reunia basicamente nas casas dos irmãos
e em locais públicos.
Act 20:20 como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos
publicamente e de casa em casa,
Rm 16:3-5;14-15 “Saudai a Prisca e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais
pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as
igrejas dos gentios. Saudai também a igreja que está na casa deles. Saudai a Epêneto, meu amado,
que é as primícias da Ásia para Cristo.”
“Saudai a Asíncrito, a Flegonte, a Hermes, a Pátrobas, a Hermes, e aos irmãos que estão com
eles. Saudai a Filólogo e a Júlia, a Nereu e a sua irmã, e a Olimpas, e a todos os santos que com eles
estão.”
I Co 16:15-19 “Agora vos rogo, irmãos - pois sabeis que a família de Estéfanas é as primícias
da Acaía, e que se tem dedicado ao ministério dos santos - que também vos sujeiteis aos tais, e a
todo aquele que auxilia na obra e trabalha. Regozijo-me com a vinda de Estéfanas, de Fortunato e
de Acaico; porque estes supriram o que da vossa parte me faltava. Porque recrearam o meu espírito
assim como o vosso. Reconhecei, pois, aos tais. As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos
afetuosamente no Senhor Aqüila e Prisca, com a igreja que está em sua casa.”.

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Cl 4:15 “Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia, e a Ninfas e a igreja que está em sua
casa.”

Diferenças entre os templos religiosos e a Igreja nas casas.

Templos religiosos Casas dos irmãos


Frios Calor humano
Impessoais Receptivas
Aspecto religioso Demonstram vida
Custam caro Já estão prontas
Separação entre vida natural e vida Introduz a obra de Deus no contexto
cristã da vida natural do discípulo
Massificam a obra Grupos pequenos que produzem
comunhão verdadeira
Fruto da religiosidade do homem Indicação do Espírito Santo para a
Igreja

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