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O

VIVER
DO
HOMEM-DEUS

Witness Lee
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM UM

NASCIDO DE DEUS POR MEIO DA REGENERAÇÃO

Leitura bíblica: Jo 3:16; Ef 1:5, 9; Gn 1:26; Pv 20:27; Gn 2:7; Ec 3:11; Gn 2:9; 3:24; Jo 14:6; Hb
10:19-20; Jo 1:1-5, 11-13; 3:6b, 3, 5

Esboço

I. Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo o que
Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna — a vida divina — Jo 3:16
II. O Seu bom prazer é ser um com o homem e torná-lo igual a Ele em vida e em natureza,
mas não em Sua Deidade — Ef 1:5, 9
III. Ele criou o homem:
A. À Sua imagem e conforme a Sua semelhança — Gn 1:26
B. Com um espírito (sopro de vida — espírito do homem — Pv 20:27) para o homem
recebê-Lo e contê-Lo para que o homem possa viver por Ele como a sua vida
(representado pela árvore da vida) e tudo — Gn 2:7
C. Implantar a eternidade nos seus corações (um sentimento divinamente implantado
com o propósito de funcionar através da eras, no qual nada debaixo do sol, a não
ser Deus, pudesse satisfazer) — Ec 3:11
D. Colocar o homem diante da árvore da vida (representando Deus, o Criador do
homem, para ser a vida do homem) — Gn 2:9.
IV. O caminho para o homem contatar Deus como a árvore da vida foi fechado devido
à queda do homem pela:
A. A glória de Deus, representada pelo querubim.
B. A santidade de Deus, representada pela chama que brilha.
C. A justiça de Deus, representada pela espada destruidora ─ Gn 3:24
V. Esse caminho que estava fechado, foi aberto no Novo Testamento, pelo Senhor, por
meio da Sua morte que cumpriu todos os requisitos da glória, da santidade e da
justiça de Deus. Portanto, agora o Cristo crucificado Se torna o caminho reaberto
para o homem contatar Deus como a árvore da vida — Jo 14:6; Hb 10:19-20.
VI. A maneira do homem-Deus é nascer de Deus por meio da regeneração:
A. Na criação de todas as coisas Cristo como a Palavra de Deus é a vida divina — Jo
1:1-4
B. Essa vida divina em Cristo é a luz dos homens brilhando com a vida divina sobre
eles nas trevas — Jo 1:4-5

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C. Todos os que recebem essa luz brilhante e creem em Cristo como a Palavra de Deus
que contém a vida divina de Deus terão a autoridade para se tornarem filhos de
Deus — Jo 1:11-12
D. Eles são nascidos não do sangue (a vida física); nem da vontade da carne (a vontade
do homem caído depois que o homem se tornou carne), nem da vontade do homem
(a vontade do homem criado por Deus), mas de Deus, que é a origem e a fonte da
vida — Jo 1:13
E. Todos esses filhos são homens-Deus nascidos de Deus.
F. Eles são regenerados por Deus o Espírito para serem espíritos — deuses (Jo 3:6b)
pertencentes a espécie de Deus para que vejam e entrem no reino de Deus (Jo 3:3,5)

Nesta série de mensagens queremos ver o viver do homem-Deus. Este viver inclui
oito pontos principais da salvação orgânica de Cristo: regeneração, apas-centar,
santificação disposional, renovação, transformação, edificação, confor-mação e
glorificação. Quando nos referimos ao viver do homem-Deus significa que falamos desses
oito pontos principais. O princípio do viver do homem-Deus é sermos nascidos de Deus
por meio da regeneração. Precisamos de um começo específico para ter um certo tipo de
viver. O viver deve ter o nascimento como seu começo.

I. DEUS AMA O MUNDO PARA QUE ELES POSSAM TER A VIDA ETERNA

Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, a fim de que eles
pudessem recebê-Lo ao crer Nele para ter a vida eterna — a vida divina (Jo 3:16). João 3:16
diz que Deus amou de tal maneira. Deus amou tanto o mundo, a tal ponto, que Ele deu Seu
Filho unigênito para nós. Isso foi com o propósito de que pudéssemos crer Nele e recebê-
Lo a fim de termos a vida eterna. O amor de Deus por nós tem como objetivo a vida
eterna. Então, podemos ser Seus filhos formando a igreja, resultando no Corpo de Cristo e
consumando na Nova Jerusalém. Isto une o amor de Deus com a Nova Jerusalém. O amor
de Deus está associado à Nova Jerusalém, que é a última consumação do Seu amor.

II. SEU BOM PRAZER

O bom prazer de Deus é ser um com o homem e fazê-lo igual a Ele em vida e natureza mas
não na Sua deidade (Ef 1:5,9). Efésios 1:5 diz que Deus nos predestinou para filiação
segundo o bom prazer da Sua vontade. Para a filiação significa fazer-nos filhos. Deus nos
predestinou, nos marcou, antes da fundação do mundo a fim que pudéssemos nos tornar
Seus filhos segundo o Seu bom prazer. Se perguntarmos, “Deus Pai, qual é o Seu bom
prazer?” Ele diria, “Meu bom prazer é fazer a Mim mesmo um com vocês e fazê-los Meus
filhos.”
Efésios 1:9 também fala do bom prazer de Deus, o qual Ele propôs em Si mesmo. Deus tem
um plano para cumprir, e este plano é ter a igreja como o Corpo de Cristo a qual se
consuma na Nova Jerusalém. Precisamos de toda a Bíblia para entendermos este único

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versículo em Efésios. O prazer de Deus é ter-nos como Seus filhos, e finalmente, todos
esses filhos, se consumarão na Nova Jerusalém. Nós não devemos esquecer estes itens —
primeiro, Deus nos ama e segundo, Ele tem um bom prazer. Segundo a revelação da
Bíblia, o bom prazer de Deus é ter muitos filhos e ter todos estes muitos filhos consumados
como a Nova Jerusalém.

III. A CRIAÇÃO DO HOMEM

Sob a perspectiva do Seu bom prazer para ter muitos filhos consumados como a
Nova Jerusalém, Ele criou o homem de maneira especial.

A. À Sua Imagem e Conforme a Sua Semelhança

Segundo Gênesis 1:26 Deus criou o homem à Sua imagem e conforme à Sua
semelhança.

B. Com um Espírito para o Homem Recebê-Lo e Contê-Lo

Além disso, Deus criou o homem com um espírito para recebê-Lo e contê-Lo a fim
de que o homem possa viver por Ele como a sua vida (representado pela árvore da vida) e
tudo (Gn 2:7). O espírito do homem é o sopro da vida de Deus. A palavra hebraica para
sopro em Gênesis 2:7 é a mesma palavra para espírito em Provérbios 20:27, que diz que o
espírito do homem é a lâmpada do Senhor.

C. Implantar a Eternidade no Seu Coração

Deus criou o homem à Sua imagem e com um espírito humano a fim de que o
homem O receba e O contenha. Eclesiastes 3:11 diz também que Deus colocou a eternidade
no coração do homem. No universo temos principalmente duas categorias de assuntos: os
assuntos temporais e os assuntos eternos. Paulo em 2 Coríntios 4:18 disse, “pois não
atentamos nas coisas que se veem, mas nas que não se veem; porque as que se veem são
passageiras, mas as que não se veem são eternas.” Esse versículo é a explicação adequada
da palavra de Salomão em Eclesiastes 3:11. O rei sábio disse que Deus criou tudo belo ao
seu tempo e colocou também a eternidade no coração do homem. Isso corresponde a nossa
experiência humana. Não importando quão rica ou bem-sucedida uma pessoa se torne, ela
ainda se sente vazia. O homem tem um profundo desejo por coisas permanentes, e
somente as coisas que são permanentes são eternas. A Bíblia Ampliada diz que a
eternidade no coração do homem é “um sentimento divinamente implantado com o
propósito de agir através da eras, no qual nada debaixo do sol, a não ser Deus, pudesse
satisfazer.” Nós temos o sentimento do propósito de Deus de que nada pode satisfazer-nos
a não ser Deus. Apenas Deus pode satisfazer o sentimento do propósito do nosso coração.

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Na criação de Deus do homem há três coisas que se destacam: Sua imagem, nosso
espírito humano para recebê-Lo, e um sentimento divinamente implantado com o
propósito de agir através da eras, no qual nada debaixo do sol possa nos satisfazer, apenas
Deus. O romance descrito em Cântico dos Cânticos não começa da parte do Senhor, mas
do buscador. Uma pessoa se torna tal buscador porque dentro dela há um sentimento com
o propósito de buscar algo eterno. Nada pode preencher ou satisfazer o intento desse
sentimento a não ser o próprio Deus, que é Cristo. Muitas pessoas podem pensar que
estamos perdendo o nosso tempo, mas na verdade estamos remindo o tempo. Aqueles que
buscam coisas temporais estão perdendo o seu tempo. Eles estão ocupados por nada.
Qualquer coisa que os ocupa é temporária, não é eterna. Somente Um em todo o universo
é eterno, o Deus eterno.

D. Colocar o Homem Diante da Árvore da Vida

Deus criou o homem à Sua imagem, com um espírito humano, e com uma
percepção profunda do propósito implantado em seu coração. Então, Deus esse homem
diante da árvore da vida — representado Deus, o criador do homem, para ser a vida do
homem (Gn 2:9).

IV. O CAMINHO PARA O HOMEM CONTATAR DEUS COMO A ÁRVORE DA


VIDA FOI FECHADO DEVIDO À QUEDA DO HOMEM.

O caminho para o homem contatar Deus como a árvore da vida foi fechado devido
à queda do homem pela glória de Deus, representada pelo querubim, a santidade de Deus,
representada pela chama que queima, e a justiça de Deus, representada pela espada
destruidora (Gn 3:24). A espada destruidora é para executar o julgamento da justiça de
Deus. A glória, a santidade e a justiça de Deus, eram os guardiões em volta da árvore da
vida.

V. O CRISTO CRUCIFICADO SE TORNA O CAMINHO REABERTO


PARA O HOMEM CONTATAR DEUS COMO A ÁRVORE DA VIDA

Esse caminho fechado foi aberto pelo Senhor no Novo Testamento por meio da Sua
morte que cumpriu todos os requisitos da glória, santidade e justiça de Deus. Portanto,
agora o Cristo crucificado se torna o caminho reaberto para o homem contatar Deus como
a árvore da vida (Jo 14:6, Hb 10:19-20). Em João 14:6 o Senhor disse, “Eu sou o caminho, e
a realidade, e a vida”. Ele Se tornou o caminho ao ser crucificado. Hebreus 10 diz que hoje
um novo e vivo caminho foi aberto por meio da Sua morte para nós. Cristo, hoje, com a
Sua morte é o caminho reaberto para o homem contatar Deus como a árvore da vida.

VI. A MANEIRA DO HOMEM-DEUS É NASCER DE


DEUS POR MEIO DA REGENERAÇÃO

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A. Na Criação Cristo como a Palavra de Deus é Vida

Agora queremos ver que a maneira do homem-Deus é nascer de Deus por meio da
regeneração, o primeiro item da salvação orgânica de Cristo. Na criação de todas as coisas,
Cristo, como a Palavra de Deus é a vida divina (Jo 1:1-4). Em João, capítulo 1 há cinco
grandes eventos na história do universo: a criação (v. 3), encarnação (v.14), Cristo é o
Cordeiro de Deus para a redenção (v. 29), Cristo se torna o Espírito que dá vida para a
transformação (v. 32,42), e a edificação da casa de Deus com Cristo como a escada
trazendo os céus à terra e unindo a terra aos céus(v.51). Enfim, a consumação da Nova
Jerusalém será a Betel genuína, a casa de Deus. Cristo como a escada é para o trânsito
entre os céus e a terra. Os anjos de Deus, aqueles que servem, sobem e descem nessa
escada para servir-nos. Somos a casa de Deus, os desfrutadores.

Nos escritos sobre Cristo como a Palavra de Deus, falando por Deus e revelando
Deus, João escolhe esses cinco eventos. A criação fala por Deus. O Salmo 19 diz que os
céus declaram a glória de Deus e sem ser ouvida, a criação ainda fala (vs. 1-4). Paulo fala
em Romanos 1:20 que as características divinas e o poder eterno de Deus podem ser vistos
pelo homem por meio da criação. Consequentemente, milhões de itens da criação de Deus
estão louvando a Deus no final da Bíblia (Ap 5:11-14). A criação está falando Deus. Essa é a
palavra de Cristo falando. A encarnação continua a falar e revelar Deus. João 1:29 diz, “Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Isso também é um falar importante.
Então, há o Espírito transformador que transforma homens de barro em pedras para a
edificação de Betel, que será consumada na Nova Jerusalém.

B. A Vida Divina em Cristo é a Luz dos Homens

Esses cinco grandes eventos na história do universo são o “tronco” de João 1. Desse
tronco nasce um pequeno ramo. Esse ramo que está nessa Palavra é vida, e a vida é a luz
que brilha com a vida (vs. 4-5). A vida divina em Cristo é a luz dos homens que brilha
sobre os homens nas trevas.

C. Ter a Autoridade para se Tornarem Filhos de Deus

Todos os que recebem essa luz brilhante e creem em Cristo como a Palavra de Deus
que contém a vida divina terão a autoridade para se tornarem filhos de Deus (vs. 11-12).

D. Nascer de Deus

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Esses não são nascidos do sangue (a vida física), nem da vontade da carne (a
vontade do homem caído depois que este se tornou carne), nem da vontade do homem (a
vontade do homem criado por Deus), mas de Deus, que é a origem da vida e a fonte da
vida (v.13). Deus é a origem da vida. Ele é também a fonte da vida que flui. Nos seus
escritos, João descreve Deus como Aquele que flui. Finalmente, o Deus Triúno flui como o
rio da água da vida, e esse fluir alcança todas as doze portas da Nova Jerusalém nos
quatro lados para satisfazer e nutrir toda a cidade (Ap 22:1). Deus como a fonte, flui como
uma nascente em João 4:14. O Senhor nos dá da água da vida que se torna em nós uma
fonte a jorrar pela vida eterna.

Poucos cristãos têm prestado devida atenção à regeneração como deveriam. Nosso
primeiro nascimento foi dos nossos pais. Então, um dia recebemos Cristo por causa da Sua
luz, e fomos regenerados. Tivemos um outro nascimento. Mas, eu perguntaria; desses dois
nascimentos, qual recebe mais nossa atenção — o primeiro nascimento dos nossos pais ou
o segundo nascimento de Deus? Não deveríamos dar atenção ao nosso primeiro
nascimento. Deveríamos apenas lembrar-nos de um nascimento, nossa regeneração. Dia
após dia, não devemos esquecer que somos filhos de Deus, nascidos não do sangue, nem
da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. Hoje, nós crentes em
Cristo sabemos quem é o nosso Pai. Respeitamos nosso segundo nascimento, no qual
nascemos do próprio Deus.

E. Os Filhos de Deus são homens-Deus

Os filhos de Deus são homens-Deus nascidos de Deus.

F. Pertencer a Espécie de Deus

Nós somos regenerados de Deus, o Espírito, para sermos espíritos ― deuses (Jo
3:6b) pertencer à espécie de Deus para ver e entrar no reino de Deus (vs. 3,5). João,
capítulo um, nos diz como recebemos a autoridade para sermos filhos de Deus. Então,
João, capítulo três fala novamente da regeneração. O versículo 6 diz, “O que é nascido da
carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.” Somos carne e nascemos da carne
em nossa vida natural. Mas fomos nascidos de Deus, o Espírito para sermos espíritos,
deuses. Aquele que nasce de uma vaca é uma vaca. Aquele que nasce de um cavalo é um
cavalo. Nós nascemos do Espírito, e o Espírito é Deus. João 4:24 diz claramente que Deus é
Espírito. Porque nascemos de Deus o Espírito, devemos ser deuses em vida e em natureza,
mas não na Deidade. Se não cremos que nós que nascemos de Deus somos deuses, então o
que somos? Aquele que é nascido do Espírito é espírito.

Nosso segundo nascimento nos proporcionou entrar no reino de Deus para


tornarmo-nos da espécie da Deus. Os animais e as plantas têm as suas espécies

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particulares. Nós somos nascidos de Deus, então somos deuses que pertencem à espécie
de Deus. Devemos sempre lembrar que somos homens-Deus que pertencem à espécie de
Deus. Um homem-Deus não disputa com outros. Isto é um estudo intrínseco da Palavra de
Deus.

A regeneração é o primeiro passo da salvação orgânica de Cristo. O lavar da


regeneração elimina todas as coisas da velha natureza do nosso velho homem (Tt 3:5). Esse
lavar é a salvação orgânica. Sem o lavar regenerador, haveria camadas da velha criação em
nosso ser. Talvez alguns sintam que não são da espécie de Deus, mas da “espécie” dos
americanos. Esta espécie deve ser rejeitada. Precisa-mos ver que a regeneração como o
primeiro passo da salvação orgânica de Cristo é para eliminar as camadas da velha criação
da nossa velha natureza.

Não devemos esquecer que somos homens-Deus que pertencem à espécie de Deus.
Como homens-Deus nascidos de Deus e pertencentes à espécie de Deus, não podemos
falar com nosso cônjuge de qualquer maneira. Um marido deve ser um homem-Deus,
vivendo como um homem-Deus. Ser meramente um bom homem está longe do bom
prazer de Deus. Precisamos ver que somos homens-Deus, nascidos de Deus e pertencemos
à espécie de Deus. Esse é o começo do viver do homem-Deus.
Deus o ama. Deus tem um bom prazer em torná-lo como Ele é. Ele é Deus, assim,
também precisamos ser Deus. O viver do homem-Deus é o viver de Deus. Esse tipo de
ensinamento é muito mais elevado que o ensinamento a respeito de como ser santo ou
vitorioso. Nos meus primeiros dias como crente, vi muitos livros sobre como viver a vida
cristã, mas esses livros não revelavam verdadeiramente o caminho. Como você pode ser
santo? Você pode ser santo vivendo uma vida de homem-Deus. Como você pode ser
vitorioso? É somente por viver uma vida de homem-Deus. Nunca esqueça que você é um
homem-Deus, nascido de Deus e que pertence à espécie de Deus.

O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM DOIS

SOB O NUTRIR E O APASCENTAR ORGÂNICO


DE CRISTO COMO O BOM PASTOR

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Leitura bíblica: Jo 11:25; 14:6; 10:10b-11, 14, 16; 21:15-17; Ef 4:11-4-13; 1Pe 5:4; Hb 13:20;
1Pe 2:25,2; 1Co 3:2; Hb 5:13-14; 1Ts 2:7; Ef 5:29; Cl 1:28; Ef 6:17; 1Co 12:11; Ef 4:4; 1Pe 5:2;
At 20:28

ESBOÇO

I. O evangelho de João, como o evangelho da vida, nos revela que Cristo não é apenas
vida (11:25; 14:6) para ser vida a nós para que possamos através Dele sermos
regenerados por Deus, mas também é um bom Pastor (10:10b-11, 14, 16) que alimenta
e nos pastoreia como Seu rebanho.
II. Depois do seu nascimento espiritual, como bebês recém-nascidos, os crentes precisam
do nutrir e do apascentar de Cristo, como Ele exortou Pedro, Seu primeiro apóstolo,
para cuidar dos crentes como Seus cordeiros e ovelhas por alimentá-los e apascentá-
los — João 21:15-17
III. Na vida da igreja, Cristo como a Cabeça distribui Seus dons para os membros
amadurecidos, entre os quais estão os pastores, a fim de aperfeiçoar os santos e
edificar o Corpo de Cristo — Ef 4:11-12
IV. Cristo, que é o Redentor, Salvador e vida dos crentes, torna-se o Supremo Pastor (1Pe
5:4) e o grande Pastor (Hb 13:20), que apascenta Seus crentes como o seu Supervisor
(1Pe 2:25).
V. Apascentar inclui nutrir, especialmente cuidar dos recém-nascidos, e para nutrir os
recém-nascidos o leite é o melhor alimento (1Pe 2:2; 1Co 3:2a; Hb 5:13); o apóstolo
Paulo comparou-se a uma mãe que cuida (1Ts 2:7).
VI. Tanto o nutrir quanto o apascentar são para o crescimento dos homens-Deus na vida
divina para a salvação diária deles — 1Pe 2:2b.
VII. A nutrição dos pastores não é apenas para o crescimento dos crentes na salvação
diária, mas também para a maturidade deles na vida divina que é necessária a fim de
que os homens-Deus sejam edificados no Corpo de Cristo — Hb 5:14; Ef 4:12-13

VIII. Cristo como a Cabeça do Corpo nos alimenta e cuida (Ef 5:29). O apascentar de Cristo
inclui o alimentar e cuidar; alimentar é para nos nutrir, e cuidar é para nos
confortar, acalmar, educar com um terno amor, e nos encorajar com cuidado
amoroso. Tudo isso nos ajuda a crescer na vida divina a fim de que possamos ser
plenamente crescidos e maduros nela (Cl 1:28; Ef 4:13)
IX. O nutrir de Cristo é para os crentes crescerem na vida divina, e o crescimento dos
homens-Deus na vida divina é para a manifestação das suas funções no Corpo de
Cristo.
X. O crescimento dos crentes na vida divina é pelo nutrir da palavra de Deus, a qual é
também o Espírito de Deus (Ef 6:17), e a manifestação das funções dos crentes no
Corpo de Cristo é também pelo Espírito (1Co 12:11), conse-quentemente, o nutrir de
Cristo está finalmente relacionado ao Espírito que é totalmente para o Corpo de
Cristo (Ef 4:4) para consumar o objetivo máximo da economia eterna de Deus.

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XI. Tal nutrir e apascentar de Cristo deve ser a responsabilidade dos presbíteros para as
igrejas (1Pe 5:2; At 20:28) e a maior parte da função dos grupos vitais hoje.

Na mensagem anterior, salientamos que mesmo desde a eternidade Deus Se


apaixonou pelo homem. O bom prazer de Deus é ser um com o homem, fazer de Si mesmo
um homem, e fazer do homem a Si mesmo em vida e natureza, mas não em Deidade. Para
cumprir Seu bom prazer, Deus criou três coisas impor-tantes para o homem. Primeiro, Ele
criou o homem à Sua imagem, fazendo-o a Sua cópia; segundo, Ele criou o homem com o
espírito humano; e terceiro, Ele colocou a eternidade no coração do homem. A palavra
para eternidade também pode ser traduzida como “as eras”. A Bíblia Amplificada nos dá
uma tradução maravilhosa dessa palavra em Eclesiastes 3:11 dizendo que a eternidade no
coração do homem indica um sentimento com um propósito divinamente colocado por
Deus operando através das eras o qual nada debaixo do sol pode satisfazer, a não ser
Deus.

Após a criação do homem, Deus o colocou defronte a árvore da vida, mas o


caminho a ela foi fechado devido à queda do homem. Mais tarde o Cristo cruci-ficado Se
tornou o caminho reaberto para o homem contatar Deus como a árvore da vida. Quando o
homem recebe a vida de Deus, ele é regenerado. Regeneração é gerar os filhos de Deus.
Apascentar é cuidar dos filhos por nutri-los. Depois do apascentar vem a santificação
disposicional e renovação, transformação e edifica-ção, e conformação à imagem do
primogênito Filho de Deus e glorificação. Estes são os oito itens da salvação orgânica de
Deus.

A salvação orgânica de Deus é a salvação por meio de Sua vida. A linha da vida
interior começou com Madame Guyon e outros místicos. William Law aperfeiçoou esses
escritos místicos, e mais tarde Andrew Murray usou os escritos de William Law. A
Senhora Penn-Lewis, que recebeu muita ajuda dos escritos de Andrew Murray prosseguiu
ao ver a morte subjetiva de Cristo. Seguindo-a, T. Austin-Sparks viu os princípios da vida
em ressurreição. Mas todos esses santos na linha da vida interior nunca consideraram o
apascentar do Senhor como parte da Sua salvação orgânica.
A obra de apascentar é para nutrir. Nutrir é a ocupação das mães que cuidam.
Depois que os pais geram filhos, eles têm que nutri-los de modo que eles possam viver.
Nutrir é uma parte da salvação orgânica de Deus. No viver do homem-Deus,
primeiramente somos nascidos de Deus por meio da regeneração. Então estamos sob o
nutrir orgânico e o apascentar de Cristo como o bom Pastor. Depois do nosso nascimento
precisamos nos alimentar para avançar em vida.

Apascentar e nutrir são uma parte do viver do homem-Deus. Os homens-Deus são


simplesmente os crentes. Na mensagem 1 usamos crentes e homens-Deus alternadamente.
No Novo Testamento não podemos encontrar o termo homem-Deus, mas um sinônimo
para homens-Deus é os filhos de Deus. (Os filhos de Deus é usado dez vezes no Novo

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Testamento). João 1:12 diz, “Mas a todos quantos O receberam, deu-lhes a autoridade para
se tornarem filhos de Deus: aos que crêem no Seu nome”. Romanos 8:16 diz, “O próprio
Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Os filhos de Deus são os
homens-Deus.

Vimos na mensagem um que os filhos de Deus pertencem à espécie de Deus. Uma


espécie é um reino. Há o reino vegetal, o reino animal, o reino humano e o reino de Deus.
João 3 diz que quando nascemos de Deus, vemos e entramos no reino de Deus (v.3,5). A
palavra reino aqui se refere à esfera orgânica, a espécie, não a esfera governamental. O
Senhor disse a Nicodemos que se não fosse regenerado ele não seria capaz de ver, ou
entender, o reino de Deus. Quem pode entender o reino dos leões se ele não é um leão? Se
você nascer de um leão, será um leãozinho, imediatamente você vai ver, entender, o reino
dos leões. Ver é entender intrinsecamente.

Uma vez que nascemos no reino de Deus para sermos filhos de Deus, homens-
Deus, precisamos de nutrição. Não devemos pensar que todo homem-Deus está
plenamente maduro. Os homens-Deus começam sua vida espiritual como bebês. Mas,
independente de nossa maturidade espiritual, todos precisa-mos do nutrir orgânico e do
apascentar de Cristo.

I. CRISTO É O BOM PASTOR

O Evangelho de João, como o evangelho da vida, nos revela que Cristo não é apenas
vida (11:25; 14:6) pois Ele é vida para nós para que por meio Dele possamos ser
regenerados por Deus, mas Ele também é um bom Pastor (10:10b-11, 14, 16) que nos nutre
e apascenta como o Seu rebanho. Em Cânticos dos Cânticos o Senhor instruiu aquele que
O ama para ir ao lugar que Ele apascenta Suas ovelhas seguindo as pegadas do Seu
rebanho (1:7-8). Mais tarde, Ele também apascenta o Seu rebanho entre os lírios, isto é,
entre aqueles que buscam o Senhor e vivem uma vida de confiar em Deus com um coração
puro (2:16; 6:3).

II. OS FILHOS DE DEUS NECESSITAM DO NUTRIR


E DO APASCENTAR DE CRISTO

Depois do seu nascimento espiritual, como bebês recém-nascidos, os filhos de Deus


precisam do nutrir e do apascentar de Cristo, como Ele exortou Pedro, Seu primeiro
apóstolo, para cuidar dos crentes como Suas ovelhas e cordeiros por nutri-los e apascentá-
los (Jo 21:15-17). O capítulo 21 é um apêndice do Evan-gelho de João. Nesse apêndice
Cristo veio em ressurreição aos apóstolos incum-bindo Pedro de nutrir os cordeiros do
Senhor e apascentar Suas ovelhas.

III. OS PASTORES SÃO PARA O APERFEIÇOAMENTO DOS SANTOS

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Na vida da igreja Cristo como a Cabeça distribui Seus dons para aqueles que são
maduros, entre os quais os que são pastores, para o aperfeiçoamento dos santos e a
edificação do Corpo de Cristo (Ef 4:11-12). Todos nós precisamos de alguns pastores para
vir nos aperfeiçoar. Isso é necessário para os grupos vitais. Os grupos vitais devem ser
grupos de homens-Deus.

IV. CRISTO É O SUPREMO PASTOR E O GRANDE PASTOR

Cristo, que é a vida, o Salvador e o Redentor dos crentes Se torna o Supremo Pastor
(1Pe 5:4) e o grande Pastor (Hb 13:20), que apascenta os Seus crentes como o seu
Supervisor (1Pe 2:25). O Supremo Pastor é uma palavra de Pedro; o grande Pastor é uma
palavra de Paulo. Todos os crentes em Deus deveriam estar sob esse único Pastor, que
cuida dos crentes como o seu Supervisor. As igrejas estão tão fracas porque estão carentes
dos grupos vitais com Cristo como o Supremo Pastor e Supervisor. Espero que nos
próximos anos pratiquemos de maneira nova os grupos vitais com os elementos do nutrir
e do apascentar. Se não soubermos como nutrir e apascentar os outros, não podere-mos ter
os grupos vitais.

V. APASCENTAR INCLUI NUTRIR

Apascentar inclui nutrir, especialmente cuidar dos recém-nascidos, e leite é o que


há de melhor para a nutrição dos recém-nascidos, (1Pe 2:2; 1Co 3:2a; Hb 5:13); o apóstolo
Paulo comparou a si mesmo com tal mãe que cuida (1Ts 2:7).

VI. PARA O CRESCIMENTO DOS HOMENS-DEUS NA VIDA DIVINA

Tanto a nutrição quanto o apascentamento são para o crescimento dos homens-


Deus na vida divina para a sua salvação diária (1Pe 2:2b). Nós preci-samos da salvação
orgânica de Deus para ter a nossa salvação diária. Primeira Pedro 2:2 diz que os bebês
recém-nascidos desejam o leite da palavra de Deus de modo que eles possam crescer para
a salvação, a salvação diária. Precisamos ser salvos de tais coisas como perder nosso
temperamento, criticar os outros, maltratá-los, e até mesmo mentir. Precisamos ser salvos
todos os dias de tais práticas pecaminosas. Podemos ser salvos por nutrir-nos com o leite
da palavra.

Mesmo num livro importante e profundo como Efésios, Paulo disse que aquele que
furta não deveria furtar mais (4:28). Um livro tão elevado e profundo ainda tem tal
advertência lamentável. Se houvesse um ladrão entre nós, talvez sentiríamos que ele não é
salvo. Mas Paulo mostrou que tais pessoas salvas têm a necessidade de uma salvação

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diária. Elas precisam ter Efésios 4:28 para o reavi-vamento matinal: “Aquele que furtava
não furte mais”.

Paulo também falou em Efésios sobre honrar nossos pais (6:1-3). Todos os jovens
entre nós precisam dessa palavra. Também, independente da idade que uma pessoa tenha,
ela ainda precisa honrar seus pais. Um irmão fala com seus próprios filhos de uma
maneira, mas com seus pais de outra maneira. A maneira que falamos como nossos pais
deve ser uma maneira honrada. Nos dias de hoje, alguns filhos dirigem-se aos seus pais
pelo primeiro nome. Isso não é uma maneira honrosa ou respeitosa de falar com os pais.
Para tais pecados da vida diária, precisamos da salvação diária pelo nutrir do leite da
palavra. Então podemos crescer para a salvação diária.

VII. O ALIMENTAR DO PASTOR É PARA A


MATURIDADE DOS CRENTES NA VIDA DIVINA

O alimentar do pastor não é somente para o crescimento para a salvação diária dos
crentes, mas também para a maturidade deles na vida divina, a qual é necessária para que
o homem-Deus seja edificado no Corpo de Cristo (Hb 5:14; Ef 4:12-13). Depois de observar
os santos por tantos anos, eu me pergunto como o Corpo de Cristo pode ser edificado.
Alguns presbíteros são muito fortes, enquanto outros são muito fracos. Ambos estão
errados. Se um presbítero é muito forte ou muito fraco, ele está desqualificado do
presbitério. Somente aqueles que são suaves, não muito fortes nem muito fracos, são
qualificados para serem pres-bíteros. Alguns irmãos são muito bons, mas eles não gostam
de falar com as pessoas. Por conhecerem o Senhor e a verdade, deveriam ser membros
fortes nos grupos vitais, mas eles mal falam. Alguns são muito fortes entre nós e outros
são muito fracos. Como resultado, não há edificação. Não há edificação porque não
vivemos a vida de um homem-Deus. O viver do homem-Deus nos ajustará para a
edificação do Corpo de Cristo. Esse viver é o resultado do nosso nutrir do leite da palavra
para que possamos crescer em nossa vida diária para a salvação.

VIII. ALIMENTAR E CUIDAR

Cristo como a Cabeça do Corpo nos alimenta e cuida (Ef 5:29). O apas-centar de
Cristo inclui alimentar e cuidar; alimentar é para nos nutrir, e cuidar é para nos confortar,
nos acalmar, nos educar com ternura, e nos encorajar com cuidado terno. Tudo isto é para
nos ajudar a crescer na vida divina a fim de que possamos ser plenamente crescidos e
maduros. (Cl 1:28; Ef 4:13). Cuidar das pessoas as tornam felizes. Na vida da igreja,
algumas vezes, temos que fazer as pessoas felizes no Senhor.

IX. A MANIFESTAÇÃO DAS FUNÇÕES NO CORPO DE CRISTO

13
O nutrir de Cristo é para o crescimento dos crentes na vida divina, e o crescimento
dos homens-Deus na vida divina é para a manifestação das suas funções no Corpo de
Cristo.

X. O ALIMENTAR DE CRISTO ESTÁ RELACIONADO AO ESPÍRITO, QUE É


COMPLETAMENTE PARA O CORPO DE CRISTO

O crescimento dos crentes na vida divina é pelo nutrir da palavra de Deus, que é o
Espírito de Deus (Ef 6:17), e a manifestação das funções dos crentes no Corpo de Cristo é
também pelo Espírito (1Co 12:11); por isso, o nutrir de Cristo está finalmente relacionado
ao Espírito que é totalmente para o Corpo de Cristo (Ef 4:4) para consumar o objetivo final
e máximo da economia eterna de Deus. O que quer que façamos ao apascentar e nutrir os
outros está relacionado ao Espírito. Tudo no viver dos homens-Deus está relacionado ao
Espírito, então devemos ser homens do Espírito. Somente um homem no Espírito pode ter
um viver adequado do homem-Deus.

XI. A RESPONSABILIDADE DOS PRESBÍTEROS E A


FUNÇÃO IMPORTANTE DOS GRUPOS VITAIS

Tal nutrir e apascentar de Cristo deve ser a responsabilidade dos presbí-teros nas
igrejas (1Pe 5:2; At 20:28) e a função importante dos grupos vitais de hoje. Se alguém não
sabe como alimentar e apascentar outros, esse alguém não está qualificado para ser um
presbítero. A responsabilidade de um presbítero é nutrir e apascentar os santos, e a função
importante dos grupos vitais de hoje é também nutrir e apascentar. Nutrir e apascentar
leva tempo e requer paciência. Nós devemos ter paciência com perseverança para praticar
os grupos vitais. Não devemos esperar resultados rápidos. Frutos rápidos vem e vão. Nós
temos que gastar o nosso tempo para nutrir e apascentar outros. Isso é o que o Senhor está
fazendo conosco.
Mesmo hoje, como um velho seguidor de Cristo, eu preciso do Seu nutrir e
apascentar. Percebo que poucas pessoas compreendem o meu sofrimento com relação à
minha idade. Somente Cristo conhece o meu sofrimento, então eu preciso Dele para me
apascentar e nutrir. Ele é o meu Supremo e grande Pastor. Todos nós precisamos estar
debaixo do nutrir orgânico e apascentar de Cristo e ser um com Ele para nutrir e
apascentar a outros.

14
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM TRÊS

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS


DA MANJEDOURA À CRUZ

(1)

Leitura bíblica: Lucas 2:7-16; Mt 2:1-23; Lucas 2:21-24; Cl 2:11; Lucas 2:25, 34-35, 40, 49,
52; 3:23; Is 53:2-3; 52:14; Hb 4:15b; 2:18; Nm 4:3

ESBOÇO

I. Na Sua infância:
A. Deitado numa manjedoura—Lucas 2:7-16

15
B. A Fuga dos Seus opositores:
1. Da terra de Israel para o Egito—Mt 2:1-15
2. Do Egito de volta para a terra de Israel—Mt 2:16-21
3. De Belém para a Galiléia e estabelecido em Nazaré—Mt 2:22-23
II. Na Sua juventude:
A. Circuncidado no oitavo dia para cortar Sua carne e santificado para o Senhor — Lc
2:21-24; Cl 2:11
B. Simeão, um homem que esperava pela consolação de Israel, profetizou à Maria, Sua
mãe, “Eis que este menino é posto para queda e para levanta-mento de muitos em
Israel, e para sinal de contradição (também uma espada traspassará a tua própria
alma), para que se revelem os pensa-mentos de muitos corações”—Lc 2:25, 34-35
C. Crescer para ser forte, cheio de sabedoria (referindo-se à Sua deidade), e a graça de
Deus (se referindo à graça de Deus em Sua humanidade) sendo sobre Ele—Lc 2:40
D. Com a idade de doze anos Ele disse aos Seus pais, “Não sabíeis que devo ocupar-
me das coisas de Meu Pai?” ou, “Não sabíeis que Me cumpria estar na casa de meu
Pai? (Lc 2:49). Desde cedo, com doze anos, o primeiro homem-Deus estava
envolvido com as coisas do Seu Pai, isto é, as coisas concernentes a casa do Seu Pai,
que é a igreja que resulta no Corpo de Cristo, que consumará na Nova Jerusalém
para o cumprimento da econo-mia eterna de Deus.
E. Seu progresso em sabedoria (se referindo à Sua deidade) e estatura (se referindo à
Sua humanidade em estatura e idade) e na graça manifestada Nele perante Deus e
os homens — Lc 2:52
III. Em Seu silêncio entre a idade de doze anos a trinta anos (Lc 3:23)
A. Seu crescimento como uma planta tenra diante o SENHOR e como uma raiz de uma
terra seca (Is 53:2a), indicando que Ele era de uma família pobre.
B. Não tendo aparência nem majestade pela qual devêssemos olhar para Ele, nem
formosura que fizesse com que O desejássemos (Is 53:2b), significando que tanto
Seu status quanto estatura Ele não tinha atração digna nem aparência desejável.
C. Era desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e que estava
familiarizado com os sofrimentos, não era respeitado por nenhum homem —Is 53:3
D. Sua aparência era desfigurada mais do que de qualquer outro homem, e Seu
aspecto mais do que qualquer dos filhos dos homens—Is 52:14
E. Tentado de todas as formas como nós, contudo sem pecado — Hb 4:15b; 2:18. Todas
as situações e condições mencionadas acima fazem com que as pessoas se silenciem
e fiquem inativas diante da aparência social.
F. Embora o Senhor tivesse uma preocupação pela casa de Deus quando Ele tinha
doze anos, Deus ainda não O tinha comissionado para levar a cabo o ministério com
o propósito de cumprir a Sua economia eterna em cuidar da casa de Deus que
resulta no Corpo de Cristo, que se consumará na Nova Jerusalém.
G. Muitos servos do Senhor não poderiam tolerar tal tempo de silêncio; antes, eles
falhariam em tal teste com Deus. O verdadeiro ministério para cuidar da casa de
Deus, que resulta no Corpo de Cristo, precisa da maturidade de idade (Nm 4:3).

16
Nesta queremos ver o viver do primeiro homem-Deus. Muitos entre nós conhecem
o termo homem-Deus, mas precisamos ser capazes de citar uma porção clara no Novo
Testamento onde este homem-Deus é mencionado. Podemos usar João 1:14 e Mateus 1:23,
mas esses não são os melhores versículos. João 1:14 diz que a Palavra se tornou carne. Esse
versículo envolve o homem-Deus porque a Palavra se refere ao próprio Deus que se
tornou um homem na carne. Mateus 1:23 diz que o nome do Senhor seria Emanuel, que
significa Deus conosco. Ele é Deus e Ele também é Deus encarnado para habitar entre nós.
Mas os melhores versículos que revelam o homem-Deus está em Romanos 1:3 e 4.
Esses versículos dizem que o nosso Senhor Jesus Cristo era da semente de Davi segundo a
carne e foi designado o Filho de Deus segundo o Espírito da santidade da ressurreição da
morte. O Filho de Deus é o próprio Deus. Nosso Cristo tem duas fontes e dois elementos.
Uma é a carne. A outra é o Espírito da santidade. A carne refere-se à Sua humanidade. O
Espírito da santidade refere-se à Sua divindade. Este é o único Homem com duas
naturezas — humana e divina.
Sem Romanos 1:3-4, o qual foi falado por Paulo, nós não teríamos uma visão clara a
respeito de que Cristo é o primeiro homem-Deus com duas naturezas e duas fontes. Esse
homem-Deus é o protótipo de uma reprodução em massa. Ele é o primeiro homem-Deus,
e nós somos os muitos homens-Deus. Segunda Pedro 1:4 diz que somos participantes da
natureza divina. João 1 nos diz que a Palavra, que é Deus, é vida, e essa vida é a luz dos
homens que brilha na escuridão. Qualquer um que receba esse brilhar recebe a vida na
Palavra, e a autoridade é dada a ele para ser um filho de Deus.
Se aqueles que nasceram de Deus como filhos de Deus não são deuses, o que eles
são? Não são os filhos e o Pai da mesma espécie? João 3:6 diz, “Aquele que é nascido da
carne é carne”. Tanto você como seus pais são da mesma espécie, a espécie da carne. O
versículo 6 diz, “Aquele que é nascido do Espírito é espírito”. Os dois espíritos são da
mesma espécie e também da mesma fonte. Nós somos nascidos de Deus para sermos os
muitos homens-Deus, os filhos de Deus. Também, nosso Senhor, em quem cremos,
adoramos e seguimos é o primeiro homem-Deus.
Gênesis 1 fala de Adão como o primeiro homem, e Romanos 1 fala de Cristo como o
primeiro homem-Deus. A origem de Adão foi Deus. A genealogia em Lucas 3 diz que
Adão era o filho de Deus (v.38). Adão era o filho de Deus porque ele carregava a imagem
de Deus e Deus era a sua origem. Em Gênesis 1 todas as coisas foram criadas segundo o
seu tipo, sua espécie. Mas o homem foi criado segundo a espécie de Deus porque ele foi
criado à imagem de Deus e conforme à Sua semelhança (v. 26). Nesse sentido, Adão era o
filho de Deus em imagem e semelhança, mas ele tinha somente a imagem de Deus sem a
vida e a natureza de Deus. Nós somos diferentes. Não somos apenas criados por Deus,
mas também nascidos de Deus, então Deus é o nosso Pai genuíno e verdadeiro, e somos
Seus filhos genuínos e verdadeiros. Nós temos a autoridade para dizer que somos filhos
de Deus. Temos a imagem de Deus e Sua vida e natureza. Romanos 8:16 diz que o Espírito
e nosso espírito testifica que somos filhos de Deus. Isso é uma grande coisa. Os filhos de
Deus são homens-Deus. Quando recebemos o Senhor Jesus e Ele entrou em nosso espírito,

17
imediatamente uma autoridade foi dada à nós. Essa autoridade foi a vida divina e com
essa vida está a natureza divina. Temos a vida e a natureza de Deus, pois somos nascidos
de Deus para sermos Seus filhos. Nós somos homens-Deus.

Não devemos esquecer-nos de nosso status como homens-Deus. Isso afetará a


maneira que vivemos. Nossa aceitação que somos homens-Deus ainda não é tão completa.
Se percebermos que somos homens-Deus e o que isto significa, imediatamente nosso
status será elevado. Um homem-Deus pode brigar com uma vendedora numa loja de
departamentos? Em 1968 eu me naturalizei cidadão americano, e comecei a viajar com um
passaporte americano. Então eu tinha que me comportar como um americano. Eu tinha
que honrar o meu status. É a mesma coisa com o nosso status como homens-Deus.
Vendemos nosso status como homens-Deus muito barato. Precisamos ser levados a um
nível mais elevado, o nível de viver a vida de um homem-Deus. Muitos cristãos têm
vendido seus status de cristãos porque eles vivem como pessoas mundanas. Devemos ser
uma outra classe de cristãos. Hoje somos homens-Deus porque nascemos de Deus. Ele é o
nosso Pai divino, e nós somos os Seus filhos divinos. Com essa percepção, não podemos
nos comportar tão levianamente ou falar tão livremente. Amados santos, qualquer que seja
a nossa profissão, seja professores ou médicos, não devemos nos esquecer que nosso status
é de um homem-Deus. Um homem-Deus precisa ter um viver de um homem-Deus.

O viver do homem-Deus tem um protótipo, o qual deve ser o nosso exemplo. O


viver do primeiro homem-Deus foi da manjedoura até a cruz. No começo e no final de Sua
vida, havia esses dois sinais. Quando era jovem, eu hesitava em dizer se gostava da
manjedoura ou da cruz. Mas hoje eu acho glorioso dizer que vivo uma vida que tem a
manjedoura no começo e a cruz no final. Esse é o viver do homem-Deus. O Senhor tomou
o caminho de humilhar-Se, tornando obediente até a morte, a morte de cruz (Fl 2:8). Ele
escolheu esse tipo de vida, começando com uma manjedoura e terminando com uma cruz.
Pedro disse que uma vez que Cristo sofreu na Sua carne, nós também precisamos
armar-nos cm a mesma mente (1Pe 4:1). Precisamos ter uma mente forte para sofrer. Logo
depois que fui salvo, orei, “Deus, de hoje em diante eu Te quero. Eu não quero outra coisa.
Toda minha vida será para pregar o Teu evangelho. Eu vou carregar a Bíblia e me
satisfazer em beber a água das montanhas e comer as raízes das árvores”. Esse foi o
começo da minha vida cristã. Eu estava pronto para sofrer pelos interesses do Senhor, até
hoje, depois de quase setenta anos, nenhuma pobreza ou sofrimento me atrapalhou.
Devemos nos armar com tal mente, mas isso não deve ser da nossa ousadia natural. Isto é
seguir o Senhor Jesus Cristo que tomou esse caminho estreito de uma manje-doura e uma
cruz.

I. NA SUA INFÂNCIA

A infância do Senhor mostra duas coisas: Seu deitar em uma manjedoura (Lucas 2:7-16)
e Sua fuga dos Seus opositores.

18
A. Deitado numa Manjedoura

Um bebê numa manjedoura, representa a pequenez em humildade, era um sinal da


vida do Salvador-Homem (Lc 2:12).

B. A Fuga dos Seus Opositores

Ele fugiu da terra de Israel para o Egito (Mt 2:1-15), e do Egito voltou para a terra de
Israel (vv. 16-21). Então, Ele fugiu de Belém para a Galiléia e se estabeleceu em Nazaré (vs.
22-23). Galiléia era uma província desprezada. Ele Se tornou conhecido como o Nazareno.
O apelido Nazareno veio da Sua fuga para a cidade insignificante de Nazaré. Eu quero
ajudar nossos jovens treinandos a ver o padrão do viver do primeiro homem-Deus. Não
estamos treinando vocês para ser um príncipe para ir às cidades grandes. Estamos
treinando vocês para fugir. Minha vinda para os Estados Unidos foi a minha fuga. Nos
Estados Unidos tenho a liberdade de falar para ministrar tudo o que o Senhor tem me
mostrado para a propagação da restauração do Senhor.

II. Em Sua Juventude

A. Circuncidado no oitavo dia e Santificando para o Senhor

Na Sua juventude o Senhor Jesus foi circuncidado no oitavo dia para cortar Sua
carne e santificado para o Senhor (Lc 2:21-24; Cl 2:11). Circuncisão é um sinal de que nós
não devemos viver pela nossa carne. Do lado negativo, o Senhor foi circuncidado. Do lado
positivo, Ele foi consagrado ao Senhor para Sua santificação.

B. O Testemunho de Simeão

Também, Simeão, um homem que estava esperando por Cristo como a consolação
de Israel, profetizou para Maria Sua mãe “Eis que este menino é posto para queda e para
levantamento de muitos em Israel, e para sinal de contradição (também uma espada
traspassará a tua própria alma), para que se revelem os pensamentos de muitos corações”
(Lc 2:25, 34-25). Desde a Sua juventude o Senhor Se tornou um sinal para se falar contra,
um tipo de centro de críticas das pessoas. Se nós realmente queremos nos considerar
homens-Deus, seremos o centro do falar das pessoas. Aqueles que falam a nosso respeito
revelarão as razões dos seus corações.

C. Crescer para Ser Forte

19
O primeiro homem-Deus cresceu para ser forte; Ele era cheio de sabedoria
(referindo à Sua deidade), e da graça de Deus (referindo à graça de Deus em Sua
humanidade) estava sobre Ele (Lc 2:40). Nós devemos esperar que nossas crianças cresçam
dessa maneira.

C. Ocupado com as Coisas concernentes a casa de Seu Pai

Com a idade de doze anos Ele disse a seus pais, “Não sabíeis que devo ocupar-me
das coisas de Meu Pai?” ou “Eu devo estar na casa do Meu Pai” (Lc 2:49). Desde cedo, com
a idade de doze anos, o primeiro homem-Deus estava ocupado com as coisas de Seu Pai,
ou seja, as coisas concernentes a casa do Seu Pai, a qual é a igreja que resulta no Corpo de
Cristo, que se consumará na Nova Jerusalém para o cumprimento da economia eterna de
Deus. Na economia eterna de Deus, o centro é a Sua casa. Hoje essa casa é a igreja, que
resulta no Corpo de Cristo e o Corpo de Cristo se consumará na Nova Jerusalém. Quando
o Senhor Jesus tinha apenas doze anos, Ele tinha a preocupação com a economia de Deus.
A Nova Jerusalém é a conclusão total de todos os sessenta e seis livros da Bíblia. Essa
cidade santa é o próprio organismo do Deus Triúno, constituído com o Deus Triúno e com
o Seu redimido.

Deus é muito cuidadoso e resoluto. Ele tem um desejo no coração como Seu bom
prazer, então Ele planejou uma economia. Em 1 Timóteo 1:3-4 Paulo disse a Timóteo para
advertir a alguns a fim de não ensinarem coisas diferentes que não fossem a economia de
Deus. Em Efésios 3 podemos ver o que é a economia de Deus. A economia de Deus é o Seu
plano para distribuir às pessoas as insondáveis riquezas de Cristo a fim de que a igreja seja
produzida (vs. 8-11). Essa igreja resulta no Corpo de Cristo, e esse Corpo de Cristo é
consumado na Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém é a consumação do Corpo de Cristo e a
totali-dade da economia de Deus. Nós estamos aqui vivendo para isso. Temos a
preocupação pela casa do Pai a qual o Senhor Jesus tinha quando tinha doze anos.

D. Crescer em Sabedoria e Estatura

O Senhor Jesus crescia em sabedoria (referindo-se à Sua deidade) e estatura


(referindo-se à Sua humanidade em estatura e idade) e na graça mani-festada Nele perante
Deus e os homens (Lc 2:52). Ele estava crescendo dessa maneira na Sua infância. Mas, hoje
como homens-Deus todos deveriam crescer dessa maneira.

III. EM SEU SILÊNCIO ENTRE A IDADE DE DOZE A TRINTA ANOS

A. Crescer como um Renovo perante o SENHOR e


como uma Raiz de uma Terra Seca

20
O fato de o Senhor ser uma raiz de uma terra seca (Is 53:2a) significa que Ele veio de
uma família pobre.

B. Não era Digno de Atração Nem Tinha Uma Aparência Desejável

Ele não tinha um aspecto atraente nem majestoso que devêssemos olhar para Ele,
nem uma bela aparência que devêssemos desejá-Lo (Is 53:2b), signifi-cando que tanto no
Seu status como em Sua estatura, Ele não tinha atração digna nem aparência desejável.

C. Ser Desprezado e Rejeitado pelos Homens

Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e que sabia o que é
padecer, e não era respeitado por nenhum homem (Is 53:3).

D. Sua Aparência É Desfigurada Mais do Que de Qualquer Outro Homem

Sua aparência era mais desfigurada do que de qualquer outro homem, e Seu
aspecto mais do que os filhos dos homens (Is 52:14).

E. Tentado Ainda Que Sem Pecado

Ele foi tentado em todos os aspectos como nós, ainda que sem pecado (Hb 4:15b;
2:18)

Todas as condições acima mencionadas tornam as pessoas silentes e inati-vas no


aspecto social. Se você se enquadra em todos esses aspectos e condições, você deve ficar
em silêncio, pois ninguém o honra ou aprecia. Ser uma pessoa muito ativa na sociedade,
ser tão social, é perigoso. Quando o Senhor Jesus estava na terra, Ele não tinha esse tipo de
perigo. Ele era desprezado, indesejável na aparência exterior, e não era respeitado por
nenhum homem.

F. Deus Ainda Não O Tinha Comissionado

Apesar de o Senhor ter uma preocupação pela casa de Deus quando tinha doze
anos, Deus ainda não O tinha comissionado para levar a cabo o ministério com o propósito
de cumprir Sua economia eterna em cuidar da casa de Deus que resulta no Corpo de
Cristo, consumada na Nova Jerusalém. O homem move-se rápido demais, mas Deus é
paciente. Ele disse a Adão que viria como a semente da mulher para destruir Satanás, mas
Ele só veio quatro mil anos mais tarde. Quando o Senhor Jesus nasceu, isso foi o
cumprimento da promessa de Deus a Adão em Gênesis 3:15

G. O Ministério Genuíno Precisa da Maturidade de Vida

21
Muitos servos de Deus não puderam tolerar esse tempo de silêncio; antes, falharam
ao serem testados por Deus. O ministério genuíno para cuidar da casa de Deus que resulta
no Corpo de Cristo precisa da maturidade de vida (Nm 4:3). Quanto mais maturidade
você tem, mais sábio será. Os presbíteros devem ser irmãos que têm crescimento com um
certo grau de maturidade. Então, eles estarão qualificados para serem presbíteros. Espero
que todos os jovens sejam treinados para crescerem de acordo com o modelo do primeiro
homem-Deus, o protótipo.

O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM QUATRO

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS


DA MANJEDOURA À CRUZ

(2)

Leitura bíblica: Mt 3:13-17; 21:32; João 1:14; Rm 1:3-4; 8:3; Mt 12:17-19; Hb 1:9; Mt 4:1-11

ESBOÇO

IV. No Seu Ministério:


A. O início do ministério do primeiro homem-Deus para o cumprimento da economia
eterna de Deus:
1. Por meio do Seu batismo através de João Batista — Mt 3:13-17
a. Para cumprir a justiça segundo a maneira da justiça trazida por João — v.15;
21-32
b. Reconhecer que, segundo a Sua carne ( Sua humanidade — Jo 1:14; Rm 1:3;
8:3), Ele não era bom para nada exceto para morrer e ser sepultado.
2. Pela unção de Deus o Pai — vv. 16b-17
a. Abrir os céus, indica que o significado do Seu batismo foi aceito e selado pelos
céus

22
b. Enviar Seu Espírito para descer sobre Ele, indica que o Deus Triúno seria um
com Ele como a fonte, suprimento, poder e autoridade do Seu ministério.
c. Declarar a todo o universo, particularmente aos anjos, que segundo o Espírito de
santidade (Sua divindade — Rm 1:4) Ele é o Filho de Deus, o Amado do Pai, em
quem o Pai se compraz.
d. Baseado na escolha do Pai — Mt 12:17-19
e. Por causa do Seu amor à justiça e do ódio à iniquidade — Hb 1:9
B. Suas tentações:
1. No início do Seu ministério — Mt 4:1-11
a. A tentação sob a liderança do Espírito Santo de Deus planejada por Deus para o
homem-Deus ser testado antes de assumir Seu ministério — v.1a
b. A tentação do diabo — vv. 1b-10
1) O diabo, baseado no que Deus o Pai disse ao ungir o homem-Deus de que Ele era o Seu
Filho amado, tentou-O para fazer uma exibição de Si mesmo como o Filho de Deus para
Sua autoexaltação e a autoglorificação e fazer um milagre ordenando às pedras que se
tornassem pães para saciar Sua fome, mas o homem-Deus o derrotou por não fazer uma
exibição de Si mesmo nem se importar com os pães, mas com a palavra de Deus — vs. 3-4
2) Novamente, o diabo, baseado no que Deus o Pai disse que o homem-Deus era o Seu
filho amado, tentou o homem-Deus para que se atirasse do pináculo do templo para que
Deus ordenasse aos Seus anjos que O sustentassem, mas o homem-Deus o venceu dizendo
a ele que estava escrito, “Não tentarás, o Senhor Teu Deus” — vs. 5-7
3) O diabo levou o homem-Deus a um monte muito alto e mostrou-Lhe todos os reinos do
mundo e a glória deles e Lhe disse, “Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares” mas, o
homem-Deus o subjugou por não amar os reinos do mundo e a gloria deles e disse ao
diabo, “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele
servirás” — vs. 8-10
c. Foi sob a liderança do Espírito de Deus que o primeiro homem-Deus foi levado
para ser tentado pelo diabo para o Seu teste. Com o diabo, o inimigo de Deus, aquela era
uma tentação, mas para Deus, era um teste, que se tornou uma batalha entre Satanás e
Deus a respeito do cumprimento da economia eterna de Deus. Ao saber que Deus queria
destruí-lo por meio do homem, em sua carne, isto é, em sua humanidade, que foi
envenenada e estragada, Satanás, apossou-se da estratégia de tentar o primeiro homem-
Deus para assumir que Ele era o Filho de Deus, afastando-se da posição da Sua
humanidade. Sabendo disso, o primeiro homem-Deus respondeu dizendo “homem” (v.4),
mantendo firme a posição de ser um homem. Isto derrotou a estratégia sutil de Satanás!
Além disso, na segunda e terceira resposta do homem-Deus, Suas respostas, “Não
tentarás, o Senhor Teu Deus” e “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás” (vs. 7,
10) em todas as suas respostas, a ênfase mais forte era que Ele era um homem, uma
criatura de Deus, lidando com Satanás, uma outra criatura de Deus, tomando a posição
forte com Deus para a glória de Deus.

23
d. O homem-Deus ao derrotar as tentações iniciais do tentador é o mesmo que a Sua
aprovação no teste de Deus e O qualifica para ser o Ungido de Deus, o Messias, e o
Cristo para a economia de Deus.
e. Nesta batalha inicial a intenção de Satanás era destruir o Ungido de Deus para a Sua
economia. Mas ele perdeu a guerra e deixou o campo de batalha enver-gonhado
perante os anjos de Deus — v. 11a.
f. Nesta luta inicial pela economia de Deus, o primeiro homem-Deus ganhou a guerra para
a glória de Deus, e os anjos de Deus vieram triunfantemente e ministraram ao homem-
Deus, cuidando do Seu jejum de quarenta dias — v.11b

IV. EM SEU MINISTÉRIO

Mateus 3:13 a 4:11 revela como o Senhor começou a viver o Seu ministério, o qual
começou quando Ele tinha trinta anos (Lc 3:23). O ministério de Cristo não é somente para
salvar pecadores ou fazer coisas boas, mas para cumprir a economia eterna de Deus.
Quando Ele tinha trinta anos, Deus O estabeleceu para levar a cabo o Seu ministério para o
propósito de cumprir a economia eterna de Deus.

O resultado final e máximo dos sessenta e seis livros da Bíblia nos mostra a
conclusão da economia eterna de Deus. Gênesis termina com José em um caixão, mas
Êxodo termina gloriosamente com o Deus glorioso no tabernáculo. Nos dois últimos
capítulos de Apocalipse, que são o final de toda a Escritura, está a cidade santa, a Nova
Jerusalém. A Bíblia, especialmente o Novo Testamento, tem sido estudada, interpretada e
ensinada por aproximadamente vinte séculos. Estamos posicionados sobre os ombros de
muitos que vieram antes de nós e temos visto muitas partes da revelação divina. Hoje
nossa interpretação da Bíblia não é baseada em nossa visão estreita. Ela é baseada na visão
corporativa do Corpo.

Quando os expositores da Bíblia chegam à Nova Jerusalém, é difícil para eles dizerem
se a Nova Jerusalém é literalmente uma cidade ou um sinal. Apocalipse 1:1 diz claramente
que Cristo tornou conhecida Sua revelação a João por meios de sinais. O Cordeiro, que era
Cristo, é um sinal. Os candelabros são sinais. Para a eternidade Cristo em Apocalipse é
chamado de o Cordeiro, o Cordeiro tem uma esposa, e a esposa é a cidade. Como pode
uma cidade ser uma esposa? Certa-mente, baseado no princípio do livro de Apocalipse, a
cidade santa também é um sinal, representando a composição da totalidade do povo
redimido por Deus ao longo das gerações, que foram regenerados, transformados e
glorificados. Não é uma cidade material e sem vida, mas uma pessoa viva corporificada
como uma noiva, tendo Cristo, como uma pessoa maravilhosa, como seu Marido. Esta
cidade santa é a consumação máxima da economia de Deus.

24
A. O Início do Ministério do Primeiro homem-Deus para
Cumprir a Economia Eterna de Deus

Como o primeiro homem-Deus, Cristo viveu na terra de maneira singular para


cumprir a economia eterna de Deus que por fim se consumará na Nova Jerusalém. Cristo é
o verdadeiro centro dos quatro evangelhos. Mateus 1:18 e 20 diz que a concepção deste
homem-Deus foi do Espírito Santo. O homem-Deus era uma pessoa, mas com duas
origens. A primeira origem é divina, e a segunda é humana. Ele era uma pessoa de duas
naturezas — humana e divina.

A seção do final de Mateus 3 até o começo de Mateus 4 mostra-nos como o homem-


Deus viveu e ministrou. Esta seção aborda três coisas: Cristo sendo batizado, Cristo sendo
ungido por Deus, e Cristo sendo tentado pelo diabo. Ele foi tentado pelo diabo, mas foi
conduzido pelo Espírito Santo para ser tentado pelo diabo, Satanás. Você alguma vez
percebeu que a tentação de Cristo foi liderada pelo Espírito Santo? Em outras palavras, foi
o Espírito Santo quem O colocou para ser tentado pelo diabo. Precisamos ver o significado
intrínseco do Seu batismo, unção e tentação.

Cristo começou Seu ministério quando tinha trinta anos de idade, a idade plena
exigida por Deus para servi-Lo. Todos os sacerdotes do Antigo Testamento tinham que ter
trinta anos de idade (Nm 4:3). Se tiver vinte e cinco anos, você poderá ser apenas um
aprendiz, um discípulo, não um sacerdote completo. Lucas 3 diz-nos que quando Cristo
completou trinta anos de idade, Ele se tornou um ministro. Então Ele foi batizado por um
homem, João Batista, ungido por Deus, e tentado por Satanás. O homem, Deus, e Satanás
estavam todos envolvidos no início do ministério do homem-Deus.

1. Por meio do Seu Batismo por João Batista

a. Para Cumprir a Justiça segundo a maneira da Justiça Introduzida por João

Quando João Batista veio, Deus desistiu da lei mosaica. A lei tinha acabado. João
Batista veio com um único caminho, o caminho da justiça. Em Mateus 21:32 o Senhor
disse, “Porque João veio a vós no caminho da justiça”. Temos que prestar atenção a esta
expressão o caminho da justiça. Moisés veio para Israel com mandamentos, estatutos e
ordenanças. Êxodo, Levitico, Números e Deuteronômio abordam todos eles. Mas João
Batista não trouxe nada da lei. Ele veio somente no caminho da justiça. O caminho da
justiça é reconhecer que você não é bom para nada, exceto para morrer e ser sepultado.

A pregação de João foi o começo do evangelho de Jesus Cristo (Mc 1:1). Ele
declarou, “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3:2). Quando as
pessoas se arrependiam, ele as colocava na água para sepultá-las. João batizava as pessoas
com água, indicando que o homem na carne é somente bom para morrer e ser sepultado.

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Mas então o Senhor Jesus veio para colocar as pessoas no Espírito para que tenham vida
(v.11). Este é o Novo Testamento.

Cristo começou Seu ministério pelo batismo (vs. 13-17). Antes de executar qualquer
coisa do Seu ministério, a primeira coisa que Ele fez foi ser batizado para cumprir a justiça
de acordo com o caminho da justiça trazido por João (v. 15; 21:32). Isto significa que
mesmo que Israel tivesse todas as leis de Moisés, todos eles eram injustos perante Deus. A
justiça se tornou falha no meio de Israel. A lei de Moisés não os ajudava a serem justos,
então Deus teve um novo começo enviando um outro homem com o nome de João. Ele era
diferente de Moisés. Moisés era cheio de cultura e educação, mas João era inculto. Ele
comia comida selvagem e usava roupas selvagens. Tal pessoa foi enviada por Deus para
pregar o evangelho do Novo Testamento no seu começo. Ele pregava dizendo às pessoas
que se arrependessem da sua injustiça. Ninguém era justo, então todos precisavam se
arrepender. Quando eles se arrependiam, João os batizava, indicando que eles eram bons
apenas para morrer e ser sepultado. Depois desse sepultamento, eles eram levados para
Aquele que viria após João. Ele os sepultaria no Espírito dando-lhes uma nova vida.

b. Reconhecendo que, segundo Sua carne, Ele não era bom para nada,
a não ser morrer e ser sepultado.

O Senhor Jesus reconheceu que segundo a Sua carne (Sua humanidade — João 1:14;
Rm 1:3; 8:3) Ele era bom somente para morrer e ser sepultado. Jesus precisava ser
batizado, pois Ele se tornou carne, e carne, aos olhos de Deus, é boa somente para morrer
ser sepultada. Sepultar tal pessoa morta pelo batismo é o caminho da justiça, não é o
caminho da lei com seus estatutos e ordenanças.

2. Pela Unção de Deus o Pai

O ministério de Cristo começou por meio do Seu batismo e depois pela unção do
Pai (Mt 3:16b-17). A abertura dos céus indicou que o significado do Seu batismo foi aceito
e selado pelos céus. O Pai enviou Seu Espírito descendo sobre Ele indicando que o Deus
Triúno seria um com Ele como a origem, suprimento, poder, e autoridade do Seu
ministério. Sua unção por Deus o Pai declarou a todo o universo, particularmente aos
anjos, que segundo o Espírito de santidade (Sua divindade — Rm 1:4) Ele é o Filho de
Deus, o Amado do Pai, em que o Pai se compraz.

Na carne Ele era bom somente para morrer e ser sepultado. Mas ao ungi-Lo o Pai
declarou algo segundo uma outra origem, a origem do Espírito de santidade, Sua
divindade. O Pai declarou que Aquele que estava em pé na água, batizado por João, tinha
duas origens: a origem da carne, Sua humanidade, e a origem do Espírito de santidade,
Sua divindade. Segundo a Sua humanidade Ele estava na carne, a qual somente era boa
para morrer e ser sepultado, mas segundo a Sua divindade Ele era o Filho de Deus. No

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Antigo Testamento, os anjos, algumas vezes eram chamados de filhos de Deus. Jó 1 fala de
um determinado momento quando Deus e os anjos tiveram uma conferencia, e se refere
aos anjos como Seu filhos (v.6). Mas, Cristo não é um anjo de Deus. Ele é de origem divina,
divindade. Deus O ungiu e declarou, particularmente aos anjos, que Ele era o Filho de
Deus segundo a Sua divindade.

Sua unção estava baseada na escolha do Pai (Mt 12:17-19) e porque Cristo amou a
justiça e odiou a ilegalidade (Hb 1:9). Deus trouxe o caminho da justiça, então Cristo como
um homem odiou a iniquidade e amou a justiça. Por isso Deus O ungiu particularmente.

B. Suas Tentações

1. No Início do Seu Ministério

a. Sob a Liderança do Espírito Santo de Deus

No início do Seu ministério o Senhor passou por meio da tentação sob a liderança
do Espírito Santo de Deus arranjada por Deus para o homem-Deus ser testado antes de
assumir o Seu ministério (Mt 4:1-11). Poucos viram que Cristo foi tentado pelo diabo sob a
liderança do Espírito Santo e do arranjo de Deus. Este Ungido tinha que ser testado pelo
maligno antes de assumir Seu ministério.

b. A Tentação do Diabo

1) Tentar o homem-Deus a Fazer uma Exibição de Si mesmo como o Filho de Deus

O diabo, baseado no que Deus o Pai disse no Seu ungir do homem-Deus que Ele era
o Filho amado de Deus, tentou-O a fazer uma exibição de Si mesmo sendo o Filho de Deus
para Sua própria exaltação e glorificação e fazer um milagre ao ordenar que as pedras se
tornassem pães para saciar Sua fome, mas o homem-Deus o derrotou por não fazer uma
exibição de Si mesmo e não se importar com os pães, mas pela palavra de Deus (vs. 3-4).
Se qualquer um de nós estivesse no lugar do Senhor, provavelmente teríamos declarado,
“Eu sou filho de Deus”, e então teríamos provado isso ao ordenar que as pedras se
tornassem em pães. Mas Jesus Cristo não considerou a tentação do diabo. Ele era o filho de
Deus, mas não tinha a necessidade de fazer uma exibição disso. Ele assumiu a posição de
homem, que vivia não somente de pão, mas de toda a palavra de Deus. Ele se importava
somente com os interesses de Deus, não pelas Suas necessidades. Este é o significado
intrínseco da primeira parte da tentação do diabo.

2) Tentar o homem-Deus a se Atirar do Pináculo do Templo

Novamente, o diabo, baseado na palavra que Deus o Pai disse que o homem-Deus
era o Seu Filho amado, tentou o homem-Deus a se atirar do pináculo do templo para que

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então Deus desse ordens aos Seus anjos para sustentá-Lo, mas o homem-Deus o venceu
dizendo que estava escrito “Não porás à prova o Senhor teu Deus” (vv. 5-7). O diabo
tentou o Senhor novamente a realizar um milagre que exaltaria e glorificaria o ego, mas o
homem-Deus o venceu dizendo que Ele como homem, não deveria tentar o Senhor Seu
Deus. Ele estava firme na Sua posição como um homem, e não queria fazer coisa alguma
para mostrar que Ele era o Filho de Deus.

Aqueles que são jovens na restauração do Senhor ou no ministério sempre querem


fazer algo maravilhoso. Vocês podem ir a um novo lugar e desejar ter uma reunião de
evangelização com muitas pessoas sendo salvas e com milagres. Mas precisamos perceber
que isto é uma tentação para exaltar e glorificar o ego. Qualquer pensamento de realizar
coisas miraculosas na religião para autoexal-tação é uma tentação do diabo. O Senhor
Jesus disse, “Muitos, naquele dia, Me dirão: Senhor, Senhor! não foi em Teu nome que
profetizamos, e em Teu nome expulsamos demônios, e em Teu nome fizemos muitos
milagres? Então lhes declararei: Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós os que
praticais a iniqui-dade” (7:22-23).

3) Tentar o homem-Deus com os Reinos do Mundo e a Glória Deles

O diabo levou o homem-Deus a um monte muito alto e mostrou-Lhe todos os reinos


do mundo e sua glória e disse-Lhe, “Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares”, mas o
homem-Deus o subjugou por não amar os reinos do mundo e a glória deles e dizendo ao
diabo, “Retira-te, Satanás, porque está escrito: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele
servirás” (4:8-10). O Senhor derrotou o diabo ao permanecer na posição de homem para
adorar e servir somente a Deus.

c. Levado a Ser Tentando pelo Diabo sob a Liderança do Espírito

Foi sob a liderança do Espírito de Deus que o primeiro homem-Deus foi levado
para ser tentado pelo diabo para o Seu teste. Para o diabo, o inimigo de Deus, aquela
tentação era uma tentação, mas para Deus, era um teste, um teste que se tornou uma
batalha entre Satanás e Deus a respeito do cumprimento da economia eterna de Deus.
Sabendo que Deus queria destruí-lo por meio do homem, em sua carne, isto é, em sua
humanidade, que tinha sido envenenada e danificada, Satanás usou a estratégia de tentar
o primeiro homem-Deus a assumir que Ele era o Filho de Deus, se posicionando longe da
posição de Sua humanidade. Sabendo disso, o primeiro homem-Deus lutou contra isso
dizendo, “homem” (v.4), mantendo a posição de ser um homem. Isso derrotou a estratégia
sutil de Satanás! Além disso, na segunda e terceira luta do homem-Deus, Suas respostas,
“Não tentarás o Senhor teu Deus” e “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás”
(vv. 7, 10), tudo isso são Sua ênfase mais forte de que Ele era um homem, uma criatura de
Deus, tratando com Satanás, outra criatura de Deus, tomando a posição mais forte com
Deus para a glória de Deus. Deus não trataria com Satanás como seu Criador. Em vez

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disso, Deus tratou com ele através de outra criatura, o homem. Satanás fez o melhor que
pôde para tentar esse homem a se afastar da Sua posição como homem. Mas o Senhor
Jesus se posicionou firmemente como homem para glorificar a Deus e cumprir a economia
de Deus.

d. Qualificado para ser o Ungido de Deus, o Messias e Cristo

O homem-Deus ao derrotar a tentação inicial do tentador, equivale ao Seu passar


pelo teste de Deus e O qualifica para ser o Ungido de Deus, o Messias, entre Israel, e Cristo
entre os cristãos para a economia de Deus.

e. Satanás Perde a Guerra

Nesta batalha inicial a intenção inicial de Satanás era destruir o Ungido por Deus para
a Sua economia. Mas ele perdeu a guerra e deixou o campo de batalha envergonhado
diante dos anjos de Deus (v. 11a).

f. O Primeiro homem-Deus Vence a Guerra para a Glória de Deus

Em sua batalha inicial para a economia de Deus, o primeiro homem-Deus venceu a


guerra para a glória de Deus, e os anjos de Deus vieram triunfante-mente e ministraram ao
homem-Deus cuidando dos Seus quarenta dias de jejum (v.11b).

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O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM CINCO

UMA PALAVRA DE DEFINIÇÃO

(1)

ESBOÇOS

I. O caminho da justiça:

Leitura bíblica:

Mateus 21:32 “Pois João veio a vós no caminho da justiça”.


A. A dispensação da lei do Antigo Testamento terminou com o início do minis-tério do
primeiro homem-Deus:
1. A lei da dispensação do Antigo Testamento exortava o homem a fazer o bem
segundo a lei para que ele pudesse ser justificado por Deus de acordo com Sua lei
(Lv 18:5) ainda assim, as pessoas procuravam estabelecer sua própria justiça, não
se sujeitando à justiça de Deus — Rm 10:3,5
2. O resultado da lei foi que o homem foi exposto por ser pecaminoso diante do Deus
justo (Rm 4:15; 5:20; Gl 3:19) e nenhum homem na carne poderia ser justificado por Deus
(Rm 3:20)
B. A dispensação do Novo Testamento, a dispensação da graça, isto é, a dispensação do
evangelho de Jesus Cristo, começou pela pregação de João Batista — Mc 1:1-4

1. João veio no caminho da justiça e pregou, “Arrependei-vos, porque está próximo o reino
dos céus” — Mt 3:2

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2. João exortava as pessoas a se arrependerem por causa do reino dos céus. O reino de
Deus é de justiça (Rm 14:17), e o reino dos céus é particularmente baseado na justiça (Mt
5:20). Essa justiça é o fundamento do trono de Deus (Sl 89:14)
3. Quando as pessoas recebiam a pregação de João e vinham a ele para se arrependerem,
logo em seguida ele as batizava colocando-as na água para sepultá-las, indicando que elas
eram homens de carne que não tinham nada de bom (Rm 7:18) e eram bons somente para
serem mortos e sepultados.
4. Seguindo o ministério de João, Jesus Cristo veio e batizou aquelas pessoas com o
Espírito, unindo-as, em ressurreição, a Deus, que as salvavam justifi-cando-as de acordo
com Sua justiça — Rm 1:17; 3:21-25; 1Co 1:30
5. Além disso, depois que Ele morreu judicialmente para aquelas pessoas arre-pendidas,
Cristo ressuscitou para viver interiormente nelas para que pudessem viver pela vida de
Cristo, uma vida de justiça para ser justificado por Deus o todo tempo — Rm 4:25
6. Todas aquelas pessoas são chamadas de “os justos” que resplandecerão como o sol no
reino vindouro (Mt 13:43), e a justiça deles habitará no novo céu e nova terra para sempre
(2Pe 3:13).
7. Deste modo, se arrepender e ser batizado segundo a pregação e a prática de João, foi
ordenada por Deus segundo os requerimentos da Sua economia eterna; portanto, ela é
para cumprir a justiça de Deus (Mt 3:15) com uma questão de eternidade.

II. A base adequada e justa do batismo de João:

Leitura bíblica:
Mateus 3:13-15; “Então veio Jesus da Galiléia ao Jordão, até João, a fim de ser batizado
por ele. João, porém, tentava impedi-Lo, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por Ti,
e Tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, pois assim nos
convém cumprir toda a justiça. Então ele Lho permitiu”.

A. A base para Jesus ser batizado é que Ele considerava a Si mesmo, de acordo com Sua
humanidade, um homem, especialmente um israelita, que é um homem “na carne” (Jo
1:14). Mesmo que Ele fosse somente “em semelhança da carne do pecado” (Rm 8:3), “sem
pecado” (Hb 4:14), contudo Ele estava “na carne” a qual é boa somente para morrer e ser
sepultada. (in the flesh)
B. Baseado nesse fato, no inicio do Seu ministério para Deus, Ele foi voluntário para ser
batizado por João Batista, reconhecendo que de acordo com Sua huma-nidade, Ele era
aquele que não tinha nenhuma qualificação para ser servo de Deus.
C. Como um homem na carne, Ele precisava ser um homem morto nas águas da morte
para cumprir o requerimento do Novo Testamento de Deus segundo a Sua justiça, e Ele
fez isso voluntariamente, considerando-o como o cumprimento da justiça de Deus. Tal
base certamente é adequada e justa.

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Nesta mensagem queremos dar uma palavra de definição com respeito ao caminho
da justiça e a base adequada e justa do batismo de Jesus. Quando eu era jovem,
perguntava por que o Senhor Jesus, que não era um pecador, precisou ser batizado. Essa
questão permaneceu no meu interior por cerca de setenta anos. Eu encontrei a resposta
enquanto estava escrevendo os esboços para essas mensagens.

Também gostaria de salientar que estudar o viver do primeiro homem-Deus é na


verdade estudar todas as tentações por meio das quais Ele passou. Os quatro evangelhos
são o registro de Suas tentações. Ele foi tentado, testado, pelo diabo Satanás, os fariseus,
saduceus, e herodianos. Mesmo os irmãos na carne de Jesus O testaram. Em todo o lugar
que Ele fosse e quem quer que Ele contatasse, havia tentações. Ser um cristão, de certo
modo, não é algo fácil. Isso é por que Deus e nós temos uma parte oponente, Satanás.

Não é fácil entender por que Deus deixa Satanás tão livre. De acordo com Isaías 14,
Deus julgou Satanás (vv. 12-15). Também, de acordo com Hebreus 2:14, Cristo o destruiu
na cruz. Deus o condenou com um forte veredito, e Cristo o destruiu, mas porque ele
ainda está tão livre hoje? Gostaria de responder isso com uma outra pergunta — sem
Satanás, como Deus poderia nos testar? Satanás testou até mesmo Deus, e Deus mesmo
convidou Satanás para testá-Lo. Ele disse a Satanás, “Perguntou ainda o Senhor a Satanás:
Observaste o meu servo Jó? (Jó 1:8, VRA). Depois que Satanás desafiou o Senhor, Ele deu a
Satanás a permissão para testar Jó, dizendo, “Eis que tudo quanto ele tem está em teu
poder; somente contra ele não estendas a tua mão” (v.12). Jó então passou através de um
período de testes que quase ninguém poderia suportar. Na economia de Deus, Ele
planejou ter um inimigo, aquele que testa, que tinha sido um querubim criado por Deus,
designado por Deus, e até mesmo ungido por Deus.

I. O CAMINHO DA JUSTIÇA

Mateus 21:32 diz, “Porque João veio a vós no caminho da justiça”. No Antigo
Testamento, Moisés veio no caminho da condenação. Segunda Coríntios 3 diz claramente
que o ministério do Antigo Testamento era um ministério de condenação e que o Novo
Testamento é um ministério de justiça (v. 9). Todo o Novo Testamento é uma questão de
justiça. João Batista não pertencia ao Antigo Testamento. Alguns têm dito que João Batista
era uma pessoa transicional que não estava nem no Antigo nem no Novo Testamento, mas
isso é errado. Marcos 1 revela que o evangelho de Jesus Cristo começou a partir de João
Batista. O ensinamento de João foi o começo da economia neotestamentária de Deus.

A. A Dispensação da Lei do Antigo Testamento Terminou


no Início do Ministério do Primeiro homem-Deus

1. Incumbir o Homem de Fazer o Bem Segundo a Lei

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A lei da dispensação do Antigo Testamento incumbia o homem de fazer o bem
segundo a lei para que o homem pudesse ser justificado por Deus de acordo com Sua lei
(Lv 18:5), contudo os homens procuravam estabelecer sua própria justiça, não se
sujeitando à justiça de Deus (Rm 10:3,5).

2. O Resultado da Lei

O resultado da lei era que o homem foi exposto por ser pecador diante do Deus
justo (Rm 4:15; 5:20; Gl 3:19) e nenhum homem na carne poderia ser justificado por Deus
(Rm 3:20). A lei não ajudou o povo de Deus a se tornar justo. Em vez disso, ela os expôs.
Ninguém poderia fazer coisas boas para ser justificados por Deus. Antes, todos somos
expostos. Nenhum homem na carne poderia ser justificado por Deus. O resultado, a
consequencia, da lei era absolu-tamente diferente do que se esperava.

B. A Dispensação do Novo Testamento

A dispensação do Novo Testamento é a dispensação da graça, diferente da


dispensação do Antigo Testamento, que foi a dispensação da lei. Todo o Novo Testamento
é a dispensação da graça, que é a dispensação do evangelho de Jesus Cristo. Essa
dispensação começou a partir da pregação de João Batista. Isso é provado por Marcos 1:1-
4: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no profeta
Isaías: “Eis que Eu envio diante da Tua face o Meu mensageiro, o qual preparará o Teu
caminho; voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as Suas
veredas”. Apareceu João batizando no deserto e pregando batismo de arrependimento
para perdão de pecados”. A saída de João para pregar seu evangelho foi considerada
como o começo do evangelho de João Batista.

1. João Veio no Caminho da Justiça

João veio no caminho da justiça e pregou, “Arrependei-vos, porque está proximo o


reino dos céus” (Mt 3:2). Os israelitas que estavam sob o ministério da lei de Moisés
precisavam se arrepender porque todos estavam praticando injustiças. O registro da
sociedade de Israel em Isaías 1 nos mostra quão diabolico o povo tinha se tornado. As
coisas diabolicas vistas na sociedade gentia também podem ser vistas na sociedade de
Israel.

2. O Reino de Deus é de Justiça

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Não havia justiça entre os israelitas, então eles precisavam se arrepender. João
incumbiu o povo de se arrepender por causa do reino dos céus. O reino de Deus é de
justiça (Rm 14:17), e o reino dos céus é particularmente baseado na justiça. Em Mateus 5:20
o Senhor disse, “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e
fariseus, de modo algum entrareis no reino dos céus”. Essa justiça é o fundamento do
trono de Deus (Sl 89:14).

3. Os Homens de Carne São Merecedores Apenas de Morrer e ser sepultado

Quando as pessoas receberam a pregação de João e vieram a ele para se


arrependerem, ele batizou-os imediatamente colocando-os na água para sepultá-los,
indicando que eram homens de carne que não tinham nada de bom (Rm 7:18) e eram
merecedores somente de morrer e ser sepultado. Talvez algumas pessoas pensassem que
deveria haver um bom resultado depois do arrepen-dimente a João. Em vez disso, João
colocou-os na água para sepultá-los, indicando que eles não serviam para nada. Creio que
essa foi a razão pela qual os saduceus e fariseus não vieram a João. Os evangelhos nos
mostra que havia discípulos de três partes: os de João Batista, dos fariseus, e dos saduceus.
Os de João Batista foi um verdadeiro teste para os fariseus e saduceus, nenhum deles
ousavam ir até João.

O primeiro pensamento da dispensação da graça do Novo Testamento, a


dispensação do evangelho de Jesus Cristo, é que todos os homens caídos na carne não
servem para nada, exceto para morrer e ser sepultado. Isso é muito sério.
Lamentavelmente, muitos no cristianismo dão as pessoas um conceito errado em sua
pregação do evangelho. Precisamos ter pessoas pregando o Evan-gelho hoje que são como
João Batista, chamando pessoas ao arrependimento.

4. Jesus Cristo Batiza as Pessoas com o Espírito

Seguindo o ministério de João Batista, Jesus Cristo veio e batizou aquelas pessoas
com o Espírito, unindo-as em ressurreição a Deus, que as salvou justificando-as de acordo
com Sua justiça (Rm 1:17; 3:21-25; 1Co 1:30). O Novo Testamento começa com o
pensamento da pregação de João, isto é, que os homens na carne servem somente para
morrer e ser sepultados. Mas esse não é o pensamento de todo o evangelho do Novo
Testamento. Isso é somente o começo. Esse pensamento continuou com a vinda do Senhor
Jesus para praticar uma outra forma de batismo. Ele batizava as pessoas no Espírito para
uni-las à ressurreição de Deus. No batismo há a pratica do sepultamento na água e então o
ressurgimento da água, significando ressurreição. Através da morte e sepulta-mento
somos terminados, mas então há uma ressurreição. Em ressurreição, Jesus uniu-nos a
Deus. Esse pensamento é maior do que morrer e ser sepultado.

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O primeiro conceito do evangelho do Novo Testamento é que o homem caído na
carne serve somente para morrer e ser sepultado, e o segundo conceito é que se você
reconhecer isso, Jesus Cristo virá para batizá-lo no Deus vivo, unindo-o ao Deus em
ressurreição. Isso salva você por justificá-lo segundo a Sua justiça. O Batizador, Cristo, nos
une a Deus para nos fazer um com Deus, que é justiça. Deus nos justificará somente pela
Sua justiça.
Romanos 1:16 e 17 dizem que o evangelho é o poder de Deus que salva tanto Israel
quanto os gentios porque a justiça de Deus é revelada nela. O batismo é tão poderoso
porque Jesus une os que são batizados a Deus fazendo-os Deus em vida e natureza, mas
não na deidade. Quando uma mulher pobre se une ao seu marido rico em casamento, eles
se tornam um. Ela pode ter sido uma moça pobre, mas no momento em que eles se unem
em casamento ela se torna uma milionaria. Isso é o que acontece quando nos unimos a
Deus no batismo.

O ministério de João Batista é para tratar com a nossa real situação, que somos
homens na carne que servem apenas para morrer e ser sepultados. Mas Cristo, o outro
batizador, veio e nos uniu a Deus em ressurreição. Somos ressurretos com Cristo para ser
um com Deus. Agora somos “milionarios” que estão unidos a outra pessoa. Esse é o
segundo conceito do evangelho da graça do Novo Testamento. O Deus justo deu a Si
mesmo a nós como nossa justiça, e essa justiça nos justifica.

5. Viver Dentro Deles Para Que Possam Viver uma Vida de Justiça

Além disso, depois que Ele morreu judicialmente por essas pessoas que se
arrependeram, Cristo ressuscitou para viver dentro delas para que possam viver a vida de
Cristo, uma vida de justiça para ser justificado por Deus todo tempo. É por isso que
Romanos 4:25 diz que Ele foi levantado para nossa justificação. Nós não temos um
Salvador morto. Temos um salvador que é vivo, e como o Espírito vivo, Ele vive em nós.
Por Sua vida, temos uma vida que Deus tem para nos justificar todo o tempo. Esse é o
viver do homem-Deus.

Deus, o Justo, deu a Si mesmo a nós como nossa justiça. No mesmo princípio, Cristo
foi dado a nós como nossa justiça. Cristo e Deus são um. Primeira Coríntios 1:30 diz que
Cristo, que é dado a nós, é a nossa justiça. Cristo também tem o Seu próprio ato de justiça.
Romanos 5:18 diz que o ato do Cristo justo foi para a justificação de vida para todos os
homens. Cristo tem Sua propria justiça, que O qualifica para ser o nosso Salvador.

Alguns cometem o erro de confundir o ato de justiça de Cristo com o próprio


Cristo, a pessoa. Quando compilamos nosso hinário (Hymns), corrigimos todos esses erros
nos hinos. O hino 265 de Zinzendorf dizia, “Jesus, Teu sangue e justiça/Minha beleza são,

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minha veste gloriosa”. Nós corrigimos isso: “Deus é Cristo, que é minha justiça, /Minha
beleza é, minha veste gloriosa”. Cristo, a pessoa, é nossa justiça.

6. “O Justo” Brilhará como o Sol no Reino Vindouro

Todas essas pessoas são chamadas “os justos” que brilharão como o sol no reino
vindouro (Mt 13:48), e a justiça deles habitarão nos novos céus e nova terra para sempre
(2Pe 3:13). Os justos também são citados em Mateus 10:41 e Lucas 14:14, e o caminho da
justiça também é falado em 2 Pedro 2:21. Lucas 14:14 fala dos rebeldes que conheceram o
caminho da justiça, mas se afastaram de Deus. A dispensação da graça do Novo
Testamento é para produzir o viver do homem-Deus, e o viver do homem-Deus é para
cumprir o requerimento da justiça de Deus.

7. Cumprir a Justiça de Deus por Arrepender-se e Ser Batizado

Então, se arrepender e ser batizado segundo a pregação e pratica de João foi


ordenado por Deus segundo os requerimentos da economia eternal de Deus; portanto, isso
é para cumprir a justiça de Deus (Mt 3:15) como uma questão de eternidade. Ser batizado é
para manter as ordenanças do Novo Testamento de Deus, para reconhecer a si mesmo
diante de Deus segundo a Sua evolução e para cumprir os requirementos da justiça de
Deus.

II. A BASE ADEQUADA E JUSTA DO BATISMO DE JESUS

Mateus 3:13-15 revela a base adequada e justa do batismo de Jesus: “Então, veio
Jesus da Galiléia ao Jordão, até João, a fim de ser batizado por ele. João, porém, O impedia,
dizendo: Eu é que preciso ser batizado por Ti, e Tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu:
Deixa por enquanto, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele Lho
permitiu”.

A. A Base para Jesus Ser Batizado

A base para Jesus ser batizado é que Ele considerou a Si mesmo, de acordo com Sua
humanidade, um homem, especialmente um israelita, que era um homem “na carne” (Jo
1:14). Embora Ele estivesse somente “na semelhança da carne do pecado” (Rm 8:3), “sem
pecado” (Hb 4:15), contudo Ele estava “na carne”, a qual não tem nada de bom, mas serve
apenas para morrer e ser sepultada. Cristo como a Palavra de Deus se tornou carne e carne
é um termo negativo. Certamente, Romanos 8:3 nos diz que Ele era somente a semelhança
da carne de pecado, mas Ele ainda estava na carne. Essa era sua posição em Sua
humanidade. João Batista veio para pregar arrependimento às pessoas em carne. Jesus
admitiu que Ele estivesse na carne. Tudo quanto Ele tinha segundo a carne servia apenas
para morrer e ser sepultado. Ele estava posicionado nessa base, e essa se tornou Sua base
para ser batizado.

36
B. Disposto a Ser Batizado por João Batista

Baseado nesse fato, no começo do Seu ministério para Deus, Jesus estava disposto a
ser batizado por João Batista, reconhecendo assim, que de acordo com Sua humanidade,
Ele era alguém que não tinha qualificação para ser um servo de Deus. Jesus se posicionou
de acordo com a Sua verdadeira situação. Sua verdadeira situação era que Ele era um
homem de carne.

C. Era Necessário Ser um Homem Morto

Como homem na carne, era necessário que Ele fosse um homem morto, sepultado
nas águas da morte para cumprir o requerimento do Novo Testamento de Deus, segundo
a Sua justiça, e Ele fez isto voluntariamente, considerando-o como o cumprimento da
justiça de Deus. Tal base certamente é adequada e justa.

37
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM SEIS

UMA PALAVRA DE DEFINIÇÃO

(2)

ESBOÇOS

III. O primeiro estratagema do diabo ao tentar o primeiro homem-Deus para ignorar o Seu
status humano de ser um homem — Mt 4:3-4

A. Em Sua unção o primeiro homem-Deus, Deus declarou que Ele era o Seu filho amado
— Mt 3:17
B. Baseado nessa declaração de Deus que o primeiro homem-Deus era o Seu Filho amado,
o diabo preparou seu primeiro estratagema, tentando o primeiro homem-Deus a ignorar
que Ele era um homem.
C. Mas o primeiro homem-Deus derrotou Seu tentador se posicionando firme-mente em
Sua posição de homem respondendo a ele dizendo, “Não só de...”, insis-tindo ao mostrar
que Ele era um homem — Mt 4:4.

IV. O segundo estratagema do diabo ao tentar o primeiro homem-Deus a assumir


Sua divindade de ser o Filho de Deus — Mt 4:5-7

A. Novamente, isso estava baseado no que Deus declarou de quem era o primeiro homem-
Deus.
B. O diabo preparou seu segundo estratagema, tentando o primeiro homem-Deus a
assumir Sua divindade para obter um milagre de proteção dos anjos.
C. Mas o primeiro homem-Deus venceu Seu tentador sutil ao dizer, “Não tentarás o
Senhor teu Deus”, indicando fortemente que Ele era um homem diante de Deus que não
tentaria o Senhor Seu Deus.
D. Deus em Sua economia eterna queria ter um homem como um de Suas criaturas para
lidar com Seu inimigo Satanás, outra criatura, mas o inimigo tentou o primeiro homem-
Deus a assumir Sua divindade como o Criador de todas as coisas. Por essa maneira sutil,
Satanás misturou os níveis de Deus como o Criador e ele próprio como criatura.

38
V. O terceiro estratagema do diabo ao seduzir o primeiro homem-Deus para amar a glória
dos reinos do mundo, adorando-o como Deus e o servindo como seu subordinado — Mt
4:8-11; Lc 4:5-8

A. Isto deve ter sido na era preadamica, Deus designou o arcanjo para ser a cabeça da era
preadamica (Ez 28:13-14), e a autoridade e glória dos reinos da terra deveriam ser dados a
ele. Depois que se rebelou contra Deus e se tornou o inimigo de Deus, Satanás, ele foi
julgado por Deus (Is 14:12-15), mas a execução completa do julgamento de Deus sobre ele
não será completada até o final do milênio (Ap 20:7-10). Portanto, até aquele tempo ele
tem autoridade sobre os reinos da terra.
B. Em sua tentação sutil ao Senhor, ele ofereceu os reinos da terra e sua glória ao primeiro
homem-Deus como uma isca para fisgá-Lo para que Ele o adorasse como Deus e o servisse
como seu subordinado.
C. Mas o primeiro homem-Deus viu através da tentação demoníaca um dispo-sitivo para
derrotá-lo, vencê-lo e afugentá-lo, dizendo-lhe de maneira humilde que como homem
diante de Deus Ele deveria adorar e servir apenas a Deus.

Nas mensagens anteriores, vimos as definições do caminho da justiça e a base


adequada e justa do batismo de Jesus. Jesus recebeu o batismo por meio de João Batista,
tendo como base a percepção de que Ele era um homem na carne. É claro que, Jesus não
tinha pecado. Romanos 8:3 diz que Ele estava em semelhança da carne do pecado, mas Ele
era ainda na carne, a qual aos olhos de Deus é completamente condenada, rejeitada, e
serve apenas para morrer e ser sepultada. Jesus permaneceu sobre essa base para receber o
batismo de João.

Antes de o Senhor Jesus começar a fazer algo para Seu ministério, a primeira coisa
que Ele fez foi ir a João para receber tal batismo para declarar a todo o universo que Ele
não dependia da carne para o ministério de Deus. Todos nós devemos ver isso. Ninguém
deve trazer qualquer coisa da sua vida natural, da carne, para o ministério de Deus.
Especialmente os cooperadores e presbíteros precisam perceber que como um homem
natural na carne, não servimos para nada, exceto para morrer e ser sepultado. Precisamos
que nosso ser seja termi-nado de maneira absoluta nas águas do batismo. Esse é o
significado intrínseco da base do batismo de Jesus. Espero que todos os treinandos de
tempo integral, falando espiritualmente, tenham aceitado tal batismo. Todos devemos
declarar em nossa vida e obra: “Sou uma pessoa na carne, aos olhos de Deus digna apenas
de morrer e ser sepultada; então quero que eu seja terminado, crucificado e sepultado”.

Nessa mensagem queremos continuar a ver as três definições abordando as três


seções da tentação do inimigo do primeiro homem-Deus.

III. O PRIMEIRO ESTRATEGEMA DO DIABO AO TENTAR O PRIMEIRO HOMEM-


DEUS PARA IGNORAR SEU STATUS HUMANO DE SER UM HOMEM

39
Jesus foi levado a jejuar por quarenta dias. Depois dos quarenta dias, Ele teve fome.
Então, o tentador, Satanás, disse a Ele, “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se
transformem em pães” (Mt 4:3). Era como se Satanás estivesse dizendo a Jesus, “Deus Te
apontou e declarou que Tu eras Seu Filho amado, o Filho de Deus, quando Tu estavas em
pé nas águas do batismo. Se Tu és o Filho de Deus, diga a essas pedras que se tornem
pães”.
Creio que nós teríamos falhado em tal teste. Nós teríamos feito um milagre para
mostrar a todos que somos filhos de Deus. Mas, se o Senhor tivesse feito isso, Ele teria sido
contra a base do Seu batismo. Ele veio ao deserto para ser tentado como um homem, não
como o Filho de Deus. O Filho de Deus é o próprio Deus. Quem pode tentar a Deus? Jesus
era um homem no deserto. Como o próprio Deus, Ele poderia ter fome? Com Deus não há
fome, mas como homem Jesus tinha fome. O estratagema de Satanás era tentar Jesus a
ignorar Sua posição como homem e assumir Sua posição como o Filho de Deus. Então, o
Senhor respondeu dizendo, “Está escrito: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que procede da boca de Deus” (v.4). Ele derrotou o inimigo ao se posicionar como
um homem.

No Seu ungir o primeiro homem-Deus, Deus declarou que Ele era Seu Filho amado,
o diabo executou seu primeiro estratagema, tentando o primeiro homem-Deus a ignorar
que Ele era um homem. Mas o primeiro homem-Deus derrotou Seu tentador ao se
posicionar firmemente em Sua posição de homem e respondeu a ele dizendo, “Não só
de...,” insistindo ao indicar que Ele era um homem.

Agora precisamos considerar a aplicação do primeiro estratagema de Satanás à


nossa situação. Quando alguns cooperadores visitam outra localidade, eles podem esperar
que os presbíteros o recebam como cooperadores superiores na restauração e convide-os
para dar uma mensagem. O que faríamos em tal situação? Aceitaríamos tal convite ou nos
posicionaríamos na base de que somos homens na carne? Devemos ter a atitude de que
não temos nada de bom e servimos apenas para morrer e ser sepultado. Suponha que
tenhamos a chance de falar e falemos com sucesso. Então, poderíamos declarar, “Eu sou
um verda-deiro filho de Deus”. É nisso que devemos nos posicionar? Devemos nos
posicio-nar na base de que somos homens na carne. O que temos aos olhos de Deus é
digno somente de morrer e ser sepultado.

Depois de passar por dois anos de treinamento, os treinandos de tempo integral


podem sentir-se especiais quando retornam para suas localidades. Talvez eles esperem
que todos saiam numa passeata para recepcioná-los. Mesmo os presbíteros podem se
sentir dessa maneira por serem tão naturais. Eles anun-ciam para a congregação que
determinado treinando retornou e pedirão a ele para dar uma mensagem. O treinando que
retornou pode sentir que essa é sua oportunidade de ouro para mostrar que ele é um filho

40
de Deus. Em princípio isso é como a tentação de Satanás ao Senhor para transformar as
pedras em pães.

Por um lado, se um treinando volta à sua localidade e ninguem presta atenção a ele,
ele pode ficar desapontado e não saber o que fazer ou para onde ir. Para onde ele deve ir?
Ir ás águas para morrer e ser sepultado. Tal tentação é um teste. A palavra grega para é a
mesma para tentação e teste. Para Deus é um teste, para o inimigo é uma tentação.
Quando passamos através da tentação do inimigo, passamos através do teste de Deus para
sermos aprovado por Ele. O primeiro estratagema do inimigo é anular nossa posição
adequada e nos enco-rajar a assumir uma posição mais elevada. Algumas irmãs podem
ficar com ciúmes de outras que receberam mais améns do que elas em resposta às suas
orações. Isso significa que elas precisam de outro sepultamento. Precisamos perceber que
nossa carne não serve para nada a não ser para morrer e ser sepultada.

IV. O SEGUNDO ESTRATAGEMA DO DIABO AO TENTAR O


PRIMEIRO HOMEM-DEUS A ASSUMIR SUA DIVINDADE
DE SER FILHO DE DEUS

Depois do primeiro estratagema do diabo, sua tentação do primeiro homem-Deus


mudou alguma coisa (Mt 4:5-7). Ele levou Jesus ao pináculo do templo, um lugar muito
alto. O tentador disse a Jesus, “Se és Filho de Deus, atira-te abaixo; porque está escrito:
“Aos Seus anjos ordenará a Teu respeito, e eles Te susterão nas mãos, para não tropeçares
em alguma pedra” (v. 6). Essa foi uma tentação sedutora a Jesus para mostrar que o Filho
de Deus estava apto para agir milagrosamente. Muitas das assim chamadas curas no
pentecostalismo são apenas para o propósito de fazer uma exibição e não são genuínas.
Nós podemos ser atraídos pelo Senhor e reagir à Sua atração por amá-Lo e segui-Lo, mas
ao mesmo tempo podemos desejar ter um nome como o do Filho de Deus e uma posição
como a posição divina de Deus. Esse é o nosso problema.

O segundo estratagema do diabo foi novamente baseado sobre o que Deus declarou
que era o primeiro homem-Deus. O diabo então executou seu segundo estratagema. O
primeiro foi para tentar o Senhor a ignorar Sua posição como um homem e assumir Sua
posição divina como Filho de Deus para realizar um milagre. Como isso não funcionou, o
diabo tentou fazê-Lo assumir Sua posição na divindade para mostrar Seu poder e Sua
autoridade para ter o milagre da proteção dos anjos. Mas o primeiro homem-Deus venceu
Seu tentador sutil ao dizer “Não tentarás o Senhor teu Deus” (v. 7), indicando fortemente
que Ele era um homem diante de Deus que não testaria o Senhor Seu Deus. Não testar
significa não tentar. Ele, o primeiro homem-Deus, permaneceu na base da criatura,
reconhecendo que Deus era Seu Senhor. Ele declarou, “Não tentarei Meu Senhor. Ele é
Meu Senhor. Ao ser tentado o Senhor tinha ao menos três status: primeiro, Ele era um
homem; segundo, uma criatura; e terceiro, o Filho de Deus. Como homem, Ele não poderia
testar Seu Senhor.

41
Deus em Sua economia eterna queria ter um homem como umas das suas criaturas
para tratar com o Seu inimigo Satanás, uma outra criatura, mas o inimigo tentou o
primeiro homem-Deus para assumir Sua divindade como o Criador de todas as coisas. Por
essa maneira sutil, Satanás misturou os níveis de Deus como o Criador e o próprio Satanás
como criatura. Podemos ver isso quando Jesus indicou que como um homem, criatura de
Deus, Ele não testaria o Senhor, Seu Criador. Hoje devemos primeiro perceber que somos
um homem na carne digno de nada e segundo que nós somos uma criatura. Deus deseja
usar uma criatura para tratar com Satanás, uma outra criatura. Aqui podemos ver a
sabedoria de Deus. Deus nunca trataria com Satanás diretamente. De acordo com Hebreus
2:14, o Senhor Jesus destruiu Satanás ao participar da carne. Ele destruiu Satanás em Sua
carne. Cristo, como uma criatura, não como Criador, destruiu Satanás. Ele destruiu
Satanás como uma criatura do mesmo nível que Satanás. Por isso, Ele honrou a posição
única de Deus como o Criador. A maneira de Satanás era elevar-se ao nível do Criador.

V. O TERCEIRO ESTRATAGEMA DO DIABO AO SEDUZIR O PRIMEIRO


HOMEM-DEUS PARA AMAR A GLÓRIA DOS REINOS DO MUNDO,
ADORANDO-O COMO DEUS E SERVINDO-O
COMO SEU SUBORDINADO

Após seus dois primeiros estratagemas falharem, Satanás tentou pela terceira vez o
Senhor a amar a glória dos reinos do mundo, adorando-o como Deus e servindo-o como
seu subordinado (Mt 4:8-11; Lc 4:5-8).

O inimigo tenta-nos para amar o mundo levando-nos a considerar o quanto as


pessoas no mundo são bem sucedidas, enquanto nós não somos nada. Comecei a servir o
Senhor em tempo integral em 1933. Cerca de dez anos depois, fui aprisionado quando da
invasão do exercito japonês e depois disso eu contrai tuberculose. Um dia enquanto ainda
estava recuperando da minha doença, eu estava andando com uma bengala sobre uma
ponte quando me veio um pensamento, “Você tem trabalhado para o seu Senhor por dez
anos. O que você ganhou? Tudo o que você tem é uma bengala em suas mãos e nada mais.
Mas olhe o quão bem sucedido seus colegas de escola e outras pessoas se tornaram”. Isso
foi uma tentação. Muitos não podem vencer o terceiro estratagema do inimigo: usar o
mundo como uma isca para nos fisgar. Tenho visto muitos sendo fisgados por essa isca.

Deve ter sido na era pré-adâmica que Deus designou o arcanjo para ser a cabeça da
era pré-adâmica (Ez 28:13-14), e a autoridade e glória dos reinos da terra devem ter sido
dadas a ele. Depois que ele se rebelou contra Deus e se tornou Seu inimigo, Satanás, ele foi
julgado por Deus (Is 14:12-15), mas a execução completa do julgamento sobre ele não será
completa até o final do milênio (Ap 20:7-10). Por isso, até aquele tempo ele terá autoridade
sobre os reinos da terra. Em sua tentação sutil ao Senhor, ele ofereceu os reinos terrenos e
sua glória ao primeiro homem-Deus como uma isca para fisgá-Lo para que Ele o adorasse

42
como Deus e o servisse como seu subordinado. Mas o primeiro homem-Deus viu que por
intermédio da tentação demoníaca do diabo um dispositivo para derrotá-lo e afugentá-lo
ao dizer-lhe que como homem diante de Deus Ele adoraria e serviria somente a Deus.

Espero que essas definições nos ajudem a ver os estratagemas de Satanás. Todos
nós estamos debaixo desses perigos. Diariamente nosso inimigo está ocupado, e ele é
muito diligente.

43
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM SETE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS DA


MANJEDOURA ATÉ A CRUZ

(3)

Leitura bíblica: Mt 22:15-46; 26:57-68

ESBOÇOS

IV. Em Seu ministério

B. Suas tentações:

2. Durante o Seu ministério — Mt 22:15-46:

a. A intenção do tentador — enlaçá-Lo em Suas palavras — v.15

b. Por intermédio dos fariseus com os herodianos — vv. 16-22

1) Os fariseus eram os fundamentalistas do Judaísmo.

2) Os herodianos eram o partido político sob governo o rei Herodes para o impe-rialismo
romano, usurpado pelos fariseus na tentação do primeiro homem-Deus.

3) Eles O tentaram ao perguntar se era lícito pagar tributos a Cesar, o imperador de Roma,
tentando pegá-Lo como Aquele que era contra a Roma imperialista — v.17

4) Ele pediu a eles para mostrar-Lhe uma moeda para o tributo. Quando Lhe mostraram,
Ele perguntou-lhes de quem era a imagem e a inscrição que estavam na moeda; eles
responderam “De César”. Ele respondeu-lhes, “Dai, pois, a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus”. Ele derrotou-os em sua conspiração — vv. 18-22

C. Por intermédio dos saduceus — vv. 23-34

1) Os saduceus eram os modernistas da época na religião judaica, não acreditavam na


ressurreição.

2) Eles tentaram o primeiro homem-Deus ao dizer que entre eles havia sete irmãos que
consecutivamente casaram-se com a mesma mulher. Então eles Lhe perguntaram de quem
44
essa mulher seria esposa na ressurreição. Ele disse que eles estavam enganados, que não
conheciam as Escrituras nem o poder de Deus, pois na ressurreição eles nem se casam nem
se dão em casamento, mas serão como anjos nos céus. Ele ensinou-lhes que Deus como o
Deus de Abrãao, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó não é o Deus dos mortos, mas dos
vivos. Com isso, Ele fechou suas bocas — vv. 23-34

D. Por intermédio de um doutor da lei dos fariseus — vv. 34-40

1) Um doutor da lei dos fariseus, sabendo que o primeiro homem-Deus fechou a boca dos
saduceus, testou-O ao perguntar-Lhe qual era o maior manda-mento na lei — vv. 34-36.

2) Ele respondeu, “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de toda a tua mente”. Esse é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo é semelhante
a este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem
toda a lei e os profetas”. Com isso também Ele derrotou-os — vv. 37-40

E. O primeiro homem-Deus tornou o teste para a eles — vv. 41-46

1) Ele testou-os dizendo, “Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-Lhe
eles: De Davi. Replicou-lhes Jesus: Como, pois, Davi, em espírito, chama-Lhe Senhor [Sl
110:1] ...? Se Davi, pois, Lhe chama Senhor, como é Ele seu filho?” — vv. 41-45
2) Nenhum deles foi capaz de responder-Lhe uma palavra, e ninguém a partir daquele dia
ousou questioná-Lo — v. 46
3) Os fariseus, os herodianos, os saduceus, e o doutor da lei dos fariseus, tentaram o
primeiro homem-Deus com questões relativas ao imperialismo romano, a crença da
religião judaica, e o credo deles, pensando que poderiam enganá-Lo, mas Ele derrotou a
todos eles pela Sua sabedoria e respostas subjugadoras, que os levou a considerar a pessoa
de Cristo que era a verdadeira necessidade deles, não as coisas políticas e religiosas.
4) Quando Ele os testou com a pessoa de Cristo, eles não tinham o conhecimento
adequado, conhecendo Cristo apenas em Sua humanidade como a semente de Davi mas
não em Sua divindade como o Senhor de Davi, que sentará á mão direita de Deus (Sl
110:1). Por fim, Ele fechou a boca de todos e ganhou a vitoria em ambos os testes.

3. No final do Seu ministério — Mt 26:57-68

a. No momento do Seu julgamento pelo Sinédrio Judaico após Ele ser preso pelas
autoridades romanas à noite — vv. 57-58
b. Eles O testaram sobre muitas coisas para que pudessem levá-Lo à morte, mas Ele não
respondeu nada — vv. 59-62
c. Por fim, o sumo sacerdote O testou com respeito de ser Ele o Cristo, o Filho de Deus —
v. 63

45
d. Ele respondeu: “Tu o dissestes; entretanto, Eu vos declaro: Desde agora vereis o Filho
do Homem assentado à direita do Poder [Sl 110:1], e vindo sobre as nuvens do céu” — v.
64.
e. O sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse que Ele tinha blasfemado, e o Sinédrio O
considerou digno de morte — vv. 65-66
f. Eles cuspiram em Sua face e bateram Nele com os seus punhos, e outros O esbofetearam
— vv. 67-68
g. Na última tentação do primeiro homem-Deus por intermédio do sumo sacerdote
usurpado por Satanás, o teste do sumo sacerdote foi no mesmo princípio do diabo no
começo das tentações, tentando o primeiro homem-Deus a assumir Sua posição divina
como o Filho de Deus e ignorar Sua posição humana como homem — Mt 4:3-7
h. O primeiro homem-Deus, conhecendo o estratagema de Satanás, em Sua resposta
novamente não assumiu Sua posição divina como Filho de Deus, mas enfatizou
fortemente Sua posição humana como Filho do Homem para enver-gonhar Satanás e
anulá-lo por meio de Sua humanidade.

4) Concluindo, todas as tentações de Satanás e seus instrumentos usurpadores nos


apresentam um retrato vivo de que o primeiro homem-Deus se comportou de maneira
digna dentro dos limites da Sua posição de acordo com Seu status duplo de homem e
Deus. Sua sabedoria, Sua honestidade, Sua fidelidade a Deus, Sua mente sóbria
concernente à Sua posição e status, e Sua capacidade de vencer e subjugar, foram todas
mostradas nesse retrato repulsivo do Seu inimigo, Satanás, o diabo. O verdadeiro
resultado das tentações por meio dos opositores do primeiro homem-Deus proporcionou a
oportunidade para que Ele pudesse desvendar a eles a pessoa de Cristo em plenitude, que
é tanto Deus como o Senhor de Davi, seu pai respeitável, e homem, uma semente de Davi,
que sentará a destra de Deus (Sl 110:1). Esse Cristo todo-inclusivo era a necessidade real
para suas vidas, mas lamentavelmente eles estavam cegos por Satanás e se tornaram
ignorantes da sua real necessidade e O desprezaram, abandonando-O, e sentenciando-O a
morte por crucificação! (Mt 26:66-67)

Nas mensagens anteriores nós vimos que os estratagemas do diabo ao tentar o


Senhor no começo do Seu ministério. Nessa mensagem queremos ver as tentações sofridas
pelo Senhor durante Seu ministério e no final dele. Apesar de o Senhor ter passado por
outras tentações, os princípios são todos abordados por essas três categorias de tentações.
Espero que prestemos toda nossa atenção à comunhão dessa mensagem e até mesmo
estudá-la com outros.

B. Suas Tentações

2. Durante Seu Ministério

46
Mateus 22:15-46 mostra as tentações por meio das quais o Senhor passou durante
Seu ministério.

a. A intenção do Tentador

A intenção do tentador era pegá-Lo numa armadilha em Suas palavras (v.15).

b. Por Intermedio dos Fariseus com os Herodianos

Os fariseus eram os fundamentalistas do judaísmo. Os herodianos eram o partido


político sob o governo do rei Herodes para o imperialismo romano, usur-pado pelos
fariseus ao tentar o primeiro homem-Deus. Eles O tentaram ao perguntarem se era licito
pagar tributos a César, o imperador de Roma, tentando pegá-Lo como alguém que era
contra a Roma imperialística (vv. 16-17). Os fariseus eram a favor dos judeus, enquanto
que os herodianos eram a favor dos romanos. Essa questão com relação se devia ou não
pagar tributo a César era difícil de responder. Se o Senhor dissesse sim, ele ofenderia os
judeus. Se dissesse não, então ofenderia os romanos. Essa era realmente uma questão
ardilosa. Mas a capacidade do Senhor era tão elevada, Sua sabedoria era tão profunda, e
Sua resposta foi muito subjugadora.

Ele pediu-lhes para mostrar-Lhe uma moeda para o tributo. Isso significa que Ele
não tinha nenhuma moeda de César e pediu a eles para Lhe darem uma. O fato de eles
terem uma moeda romana em seus bolsos significava que eles já tinham perdido o caso. O
Senhor Jesus não mostrou a moeda romana, mas pediu a eles para mostrar-Lhe uma. Pelo
fato de eles possuírem uma das moedas romanas, eles se complicaram. Quando eles a
mostraram, Ele perguntou-lhes de quem era a imagem e inscrição que estavam na moeda;
eles responderam, “De César”. Ele respondeu-lhes, “Dai, pois, a César o que é de César, e
a Deus o que é de Deus”. Ele derrotou-os em sua conspiração (vv. 18-22).

c. Por Intermédio dos Saduceus

Os saduceus eram os modernistas daquele tempo na religião judaica, não criam na


ressurreição. Hoje, entre os cristãos há modernistas. Eles não crêem na Bíblia ou no
nascimento de Cristo por meio de uma virgem. Eles não crêem que Cristo morreu na cruz
pelos nossos pecados, mas que Ele morreu na cruz meramente como um mártir. Eles não
crêem na ressurreição ou em milagres. Os modernistas explicam muito bem todos os
milagres da Bíblia. Aqueles antigos saduceus eram os antigos modernistas.

Eles tentaram o primeiro homem-Deus ao dizer a Ele que entre eles havia sete
irmãos que consecutivamente se casaram com a mesma mulher. Então eles Lhe
perguntaram de quem aquela mulher seria esposa na ressurreição. Ele disse que eles
erravam e não conheciam as escrituras nem o poder de Deus, pois na ressurreição nem se
casam nem se dão em casamento, mas são como anjos no céu. Ele lhes ensinou que Deus

47
como o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó não é o Deus de mortos, mas
dos vivos.

Deus é um Deus de vivos, mas Abraão, Isaque e Jacó estavam mortos. Como Ele
poderia ser o Deus deles? Desde que Deus é chamado de o Deus de três pessoas mortas,
isso indica que eles ressuscitarão. Sem a interpretação do Senhor Jesus, não poderíamos
ver a luz desse título divino indicando ressur-reição. Por essa razão o Senhor disse que os
saduceus não conheciam as Escrituras. Eles a conheciam em suas palavras, mas não em
seu significado intrínseco. Com isso Ele fechou a boca deles (vv. 23-34).

d. Por Intermédio de um Doutor da lei dos Fariseus

Um doutor da lei dos fariseus, sabendo que o primeiro homem-Deus fechou a boca
dos saduceus, testou-O ao perguntar-Lhe qual era o maior mandamento da lei (vv. 34-36).
Ele respondeu, “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e
toda a tua mente. Esse é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a esse,
é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Desses dois mandamentos dependem toda a
lei e os profetas”. Como isso Ele também os derrotou (vv. 37-40).

e. O Primeiro homem-Deus Devolve o Teste para Eles.

Todos aqueles que testaram o Senhor foram derrotados, calados. Na verdade, Ele
era o único qualificado para testar. Ele os testou ao dizer, “Que pensais vós do Cristo? De
quem é filho”? Suas perguntas indicavam que eles estavam preocupados com o
imperialismo romano, sua crença judaica, e seu credo (a lei). O Senhor mostrou que
aquelas coisas não significavam nada. O que importava era Cristo. Ele é o que eles
necessitavam. Quando Ele lhes perguntou de quem Cristo era filho, eles responderam,
“De Davi”. Ele disse, “Como, pois, Davi, em espírito, chama-Lhe Senhor [Sl 110:1]...? Se
Davi, pois, Lhe chama Senhor, como é Ele seu filho?” (vv. 41-45). Nenhum deles foi capaz
de responder-Lhe, daquele dia em diante ninguém mais ousou questioná-Lo (v.46).
Os fariseus, os herodianos, os saduceus, e o doutor da lei dos fariseus tentaram o
primeiro homem-Deus com questões com relação ao imperialismo romano, a crença da
religião judaica e o seu credo pensando que eles poderiam pegá-Lo numa armadilha, mas
Ele os derrotou com Suas sábias e subjugadoras respostas, que os levou a considerar que a
pessoa de Cristo era a sua real necessidade, não as coisas políticas e religiosas. Era como se
o Senhor estivesse dizendo, “Vocês devem considerar suas reais necessidades. A real
necessidade para a vida de vocês é Cristo. Mas lamentavelmente você não O conhece.
Vocês conhecem o imperialismo romano, a crença e o credo judaico. Vocês conhecem
todas as coisas políticas e religiosas, mas não conhecem o próprio Cristo que é a
necessidade real”.

48
Quando Ele os testou com a pessoa de Cristo, eles não tinham o conheci-mento
adequado, conheciam Cristo apenas em Sua humanidade como a semente de Davi, mas
não em Sua divindade como o Senhor de Davi que sentará à destra de Deus (Sl 110:1). Por
fim, Ele calou a boca de todos eles e obteve a vitória nos testes interativos.

3. No Final do Seu Ministério

Agora queremos considerar as tentações por meio das quais o Senhor passou no
final do Seu ministério (Mt 26:57-68). Isso foi na época na qual Ele começou a ser julgado
pelo Sinédrio judaico depois que foi preso pelas autoridades romanas à noite (vv. 57-58).
Eles O testaram sobre muitas coisas para que pudessem condená-lo à morte, mas Ele não
respondeu nada (vv. 59-62). Por fim, o sumo sacerdote O testou com relação se Ele era o
Cristo, o Filho de Deus (v.63). Ele respondeu, “Tu o disseste; entretanto, Eu vos declaro:
Desde agora vereis o Filho do Homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as
nuvens do céu”(v.64). O Senhor Jesus os referiu ao Salmo 110:1, que diz, “Disse o Senhor
ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos
teus pés”. Embora Ele seja um homem, Ele poderia sentar à direita de Deus. Ele estava
dizendo que Ele era igual a Deus, e isso ofendeu os judeus, mas isso foi profetizado por
Davi no Salmo 110:1. Ele também disse que o Filho do Homem viria sobre as nuvens do
céu. Essa palavra, contudo ainda não foi cumprida. Cremos que o Senhor Jesus como o
Filho do Homem virá sobre as nuvens do céu para tomar a terra e possuí-la (Ap 10:1-2).

Quando o sumo sacerdote ouviu esse homem, Jesus de Nazaré, dizendo que Ele
sentaria a direita de Deus, fazendo-se a Si mesmo igual a Deus, o sumo sacerdote rasgou
suas vestes e disse que Ele tinha blasfemado, o Sinédrio O considerou digno de morte (Mt
26:65-66). Eles cuspiram em Sua face e O espancaram com seus punhos, e outros O
esbofetearam (vv. 67-68).

Na última tentação do primeiro homem-Deus pelo sumo sacerdote usurpado por


Satanás, o teste do sumo sacerdote foi em princípio igual aos do diabo no começo das
tentações, tentando o primeiro homem-Deus a assumir Sua posição divina como o Filho de
Deus e ignorar Sua posição humana como homem (Mt 4:3-7). No começo o próprio
Satanás estava tentando o Senhor. No final o sumo sacerdote O estava tentando. Essas
duas tentações eram na verdade a mesma, pois o sumo sacerdote foi usurpado por
Satanás. Sua tentação foi uma repetição da tentação de Satanás. Eles tentaram o Senhor
para assumir Sua posição dada por Deus, a posição da Sua divindade e ignorar a Sua
posição ordenada por Deus, a posição da humanidade. O primeiro homem-Deus, sabendo
do estratagema de Satanás, em Sua resposta novamente não assumiu explicita-mente Sua
posição divina como Filho de Deus, mas enfatizou fortemente Sua posição humana como
Filho do Homem para envergonhar Satanás e anulá-lo pela Sua humanidade. O Senhor se
mantendo na posição de humanidade foi uma arma forte para Ele derrotar Satanás e o
instrumento usurpado por ele.

49
4. Um Retrato Vívido do Primeiro homem-Deus

Concluindo, todas as tentações feitas por Satanás e seus instrumentos usurpa-dores nos
apresentam um retrato vívido de que o primeiro homem-Deus se comportou dignamente
dentro dos limites das Suas posições de acordo com o Seu status duplo de homem e Deus.
Sua sabedoria, Sua honestidade, Sua fidelidade a Deus, Sua sobriedade com relação a Sua
posição e status, e Sua habilidade conquistadora e subjugadora, foram todas mostradas
nesse terrível retrato do Seu inimigo Satanás, o diabo. O resultado real das tentações feita
pelos oposi-tores do primeiro homem-Deus proporcionou uma oportunidade para Ele
desvendar a eles plenamente a pessoa de Cristo, que Ele é tanto Deus quanto o Senhor de
Davi, o honrado pai deles, e homem, a semente de Davi, que sentará a direita de Deus (Sl
110:1). Tal Cristo todo-inclusivo era a verdadeira necessidade para a vida deles, mas
lamentavelmente eles estavam cegos por Satanás e tornaram-se ignorantes em sua
necessidade verdadeira, dessa maneira eles O desprezaram, O abandonaram e O
sentenciaram a morte por meio da crucificação (Mt 26:66-67)

O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM OITO

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS


DA MANJEDOURA ATÉ A CRUZ

(4)

50
Leitura bíblica: Fp 2:8; Mt 11:28-29; 12:16, 19-20; 9:36; 11:5; Lc 4:18-22; Jo 11:35; Lc 9:58, 53-
56; Is 53:3,7; 1Pe 4:1; 2:21-23; Lc 23:34a, 42-43; Hb 2:18; 4:15; Jo 5:19, 30; 8:28; 14:10; 6:38; Mt
26:39, 42; Jo 7:6, 8; 1Tm 3:16a

ESBOÇOS

IV. Em Seu ministério

C. Seu viver para Seu ministério

1. Baseado no significado da água do batismo:


a. Perceber que um homem na carne serve apenas para morrer e ser sepultado.
b. Negar Seu ego e Seu homem natural.
c. Colocar Seu ego na cruz e viver sob a sombra da cruz todo o tempo.
d. Viver uma vida humilde por humilhar a Si mesmo — Fl 2:8
e. Viver sob o jugo de Deus, ser manso e humilde de coração — Mt 11:28-29
f. Exortar as pessoas para não torná-Lo conhecido — Mt 12:16
g. Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas ruas a Sua voz; não quebrara a
cana rachada, nem apagará a mecha que fumega, até que faça triunfar a justiça — Mt
12:19-20
h. Ter uma preocupação pelo rebanho de Deus — Mateus 9:36
1) Fazer milagres para cuidar dos necessitados: “Os cegos veem e os coxos andam;
os leprosos são purificados e os surdos ouvem; os mortos são ressus-citados e aos pobres
está sendo anunciado o evangelho” — Mt 11:5
2) Pregar o evangelho aos pobres com as palavras de graça que saíam da Sua boca
— Lc 4:18-22
3) Simpatizar com os discípulos sofridos e ignorantes, até ao choro — Jo 11:35
i. Não tinha um lugar onde Ele pudesse repousar Sua cabeça, ainda que as raposas tenham
covis, e as aves do céu, ninhos — Lc 9:58
Repreender Seus discípulos para que tenham um espírito adequado para com os rejeitados
— Lc 9:53-56
j. Repreender Seus discípulos para que tenham um espírito adequado para com os
rejeitados — Lc 9:53-56
k. Sofrer aflições sem vingança, deixar um modelo para que possamos seguir os Seus
passos — Is 53:3, 7, 1Pe 4:1; 2:21-23
l. Em Sua crucificação Ele orou por aqueles que estavam crucificando-O, para que o Pai os
perdoasse dos seus pecados de ignorancia — Lc 23:34a
m. Mesmo em Seu sofrimento e morte Ele estendeu Sua salvação a um dos criminosos que
estavam sendo crucificados com Ele — Lc 23: 42-43
n. Ser tentado, mas sem pecado — Hb 2:18; 4:15; 1Pd 2:22
o. Não fazer nada por Si mesmo — Jo 5:19, 30ª; 8:28
p. Não falar nenhuma palavra de Si mesmo — Jo 14:10a

51
q. Não buscar Sua própria vontade, mas a vontade de Deus — Jo 5:30b; 6:38; Mt 26:39, 42:
“Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, e, sim,
como Tu queres”
“Meu Pai, se este cálice não pode passar de Mim sem quem Eu o beba, faça-se a Tua
vontade”
r. Ser obediente a Deus até a morte, e morte de cruz — Fl 2:8

2. Não ter liberdade para viver segundo a Si mesmo:


a. Ele disse aos Seus irmãos, “O Meu tempo ainda não chegou, mas o vosso tempo sempre
está pronto” — Jo 7:6
b. “Subi vós a festa; Eu não subo a essa festa, porque o Meu tempo ainda não está
cumprido” — v.8

3. Coordenar com o Pai que habita e trabalha Nele para o cumprimento da Sua economia
— Jo 14:10b.
4. Manifestar Deus para expressar os atributos de Deus em Suas virtudes humanas — 1Tm
3:16a.

C. Seu Viver para Seu Ministério

Até aqui, nós temos visto o viver do primeiro homem-Deus em Sua infância, Sua
juventude, e em Seu silêncio entre a idade de doze à trinta anos. Também temos visto o
Seu viver no início do Seu ministério e Suas tentações. Nesta mensagem queremos ver o
viver do primeiro homem-Deus para o Seu ministério. Precisamos considerar nosso viver
para o nosso ministério. Hoje, muitas pessoas estão vivendo nesta terra sem nenhum
propósito. Eu vim para os Estados Unidos para viver uma vida para o meu ministério. Se
não fosse pelo ministério, não teria vindo para esse país. Estamos vivendo para o
ministério do Senhor.

1. Com Base no Significado da Água do Batismo

a. Perceber Que um Homem na Carne Serve Apenas para Morrer e Ser Sepultado

Quando iniciou Seu ministério, antes que Ele fizesse alguma coisa, Ele foi até João
para ser batizado. A água do batismo significa que um homem na carne aos olhos de Deus
não serve para nada, exceto para morrer e ser sepultado. O viver de Cristo para Seu
ministério era baseado sobre o significado da água do batismo. Nós precisamos ter a
mesma base em nosso viver.

52
b. Negar Seu Ego e Seu Homem Natural

Com base nesse significado, Cristo negou Seu ego e Seu homem natural. Não
devemos esquecer o que a nossa água do batismo significa. Ela significa que fomos
sepultados. Não devemos tratar com nosso cônjuge da maneira como fazia-mos no
passado. Com base fato de que fomos sepultados, devemos negar nosso ego e nosso
homem natural. Não devemos fazer coisa alguma pela nossa vida natural, porque ela foi
sepultada.

c. Colocar Seu Ego na Cruz

O Senhor colocou Seu ego na cruz e viveu sob a sombra da cruz todo o tempo. Ele
disse, “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me” (Mt
16:24). Nós, seguidores de Cristo devemos aplicar a cruz ao nosso ego todo o tempo.
Devemos continuamente viver sob a sombra da cruz. Por toda a minha vida cristã, tenho
aprendido as lições de colocar o meu ego na cruz e de viver sob a sombra da cruz. Desde o
início quando comecei a seguir o Senhor, me ensinaram a segui-Lo por meio de carregar a
cruz. Não importa se o nosso homem natural seja bom ou ruim. Devemos rejeitar e negar o
nosso homem natural, mesmo se ele seja bom. Não devemos pensar que devemos viver
pela nossa vida natural por ela ser mansa, gentil e boa para as pessoas. Temos que nos
lembrar que a vida mansa e gentil foi sepultada quando fomos batizados. Hoje nossa vida
é Cristo como o Espírito, a vida divina.

d. Viver uma Vida Humilde

Cristo também viveu uma vida humilde por humilhar a Si mesmo (Fl 2:8). Isso
mostra que não devemos ser orgulhosos de coisa nenhuma. Nós não temos nada que seja
digno de orgulho. Foi dado a Paulo um espinho na carne porque Deus estava preocupado
que ele pudesse ficar orgulhoso por causa das reve-lações que tinha visto. Deus permitiu
que um espinho fosse colocado nele para subjugá-lo a fim de que não ficasse orgulhoso.

e. Viver sob o Jugo de Deus

O Senhor em Seu ministério terreno também viveu sob o jugo de Deus, sendo
manso e humilde de coração (Mt 11:28-29). Por causa do nosso ministério, devemos viver
uma vida sob o jugo. Um animal sob o jugo deve trabalhar para arar a terra sob a direção
do mestre. Quando estamos sob o jugo de Deus, não temos liberdade, nem escolha, nem
preferência.

f. Exorta as Pessoas Para Que não O Torne Conhecido

53
Mateus 12:16 diz que o Senhor exortou as pessoas a não torná-Lo conhe-cido. Isso
significa que Ele não queria ser famoso. Todos os cooperadores estão diante de tal
tentação. Alguns gostam de ser famosos, serem conhecidos por todos, mas o Senhor Jesus
era contrário a isso. Ser popular é uma tentação. Quando queremos ser populares, estamos
acabados. Alguns obreiros cristãos não ousam dizer coisa alguma ruim sobre pessoas,
porque eles querem ser populares. Eles não dizem certas coisas com medo de não serem
convidados na próxima vez. Em 1964 fui convidado para falar a um grupo de cristãos em
Dallas. Fui bem recebido por eles porque lhes ministrei Cristo. Por fim, no final do meu
tempo com eles, falei sobre a igreja sendo o Corpo de Cristo. Fui rejeitado por causa disso.
Devemos ser fiéis ao falar as verdades da revelação divina. Um ex-cooperador não ousava
dizer que Cristo como o último Adão se tornou o Espírito que dá vida, pois ele dizia que
isso ofendia as pessoas. Isso é contrário ao viver do primeiro homem-Deus. Ele não estava
buscando ser aceito por todos para fazer um nome para Si mesmo.

g. Não Contenderá, Nem Gritará, Nem Alguém Ouvirá nas Ruas a Sua Voz

Mateus 12:19 e 20 dizem, “Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas
ruas a Sua voz. Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que fumega, até que
faça triunfar a justiça”. Nos tempos antigos, os judeus faziam flautas de cana. Quando a
cana estava rachada, eles a quebravam. Eles também faziam tochas de mechas de linho, os
quais podiam queimar óleo. Quando o óleo acabava, o linho fumegava, e eles o apagavam.
Alguns do povo do Senhor são como uma cana rachada, que não podem dar um som
musical; outros são como linho fumegante, que não podem produzir uma luz brilhante.
Contudo o Senhor não quebrará os que são como cana rachada nem apagará os que são
como mecha fumegante. Alguns desses que são como a cana rachada e linho fumegante
serão usados por Cristo para fazer triunfar a justiça. Se pensarmos que ninguém é útil
exceto nós mesmos, não poderemos levar a cabo a obra do Senhor. Quando escolhemos os
cooperadores, podemos apenas consi-derar como eles aparentam exteriormente, mas eles
podem não ser tão fiéis. O Senhor pode escolher algumas canas rachadas e linhos
fumegantes. Então Ele os aperfeiçoará para que possam se tornar úteis em Suas mãos para
fazer triunfar a justiça. Devemos usar o que o Senhor tem nos dado. Se Ele nos dá boas
pessoas, devemos usá-las. Se Ele nos dá pessoas ruins, devemos usar as pessoas ruins.

h. Ter uma Preocupação com o Rebanho de Deus

Quando o Senhor Jesus viu as multidões, “Vendo Ele as multidões, compa-deceu-se


delas, porque estavam aflitas e errantes, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9:36). Ele
fez milagres cuidando dos necessitados. Ele disse, “os cegos vêem e os coxos andam; os
leprosos são purificados e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados e aos pobres está
sendo anunciado o evangelho” (11:5). Essa é a misericordia exercida pelo Senhor como Seu
pastor cuidando deles. Como ministro do Senhor, devemos aprender a como estar
preocupados com os necessitados. O Senhor também pregava o evangelho aos pobres com

54
palavras de graça que saiam da Sua boca (Lc 4:18-22). Algumas vezes falamos palavras de
censura e condenação no lugar de palavras de graça. Precisamos aprender a ser um com o
Senhor para falarmos palavras de graça. Também, o Senhor simpatizou-Se com os
discípulos ignorantes e sofredores, e até mesmo chorou (Jo 11:35). Marta e Maria perderam
seu irmão Lazaro, mas elas ainda permaneceram ignorantes e isso compeliu o Senhor a
chorar. A palavra chorar aqui significa “chorar silenciosamente”. O Senhor disse a elas que
Lazaro seria ressuscitado, mas Ele foi frustrado pelas opiniões humanas. Marta adiou a
ressurreição para o último dia (v. 24). Desse modo, o Senhor chorou. Muitos cristãos hoje
estão sofrendo, sem saber por que ou que devem fazer sob esse sofrimento. O Senhor
simpatiza com essa situação.

i. Não Ter Lugar para Reclinar Sua cabeça

O Senhor não tinha um lugar para reclinar Sua cabeça, embora as raposas tivessem
covis e as aves do céu tivessem ninhos (Lc 9:58). Devemos aprender a sofrer pobreza dessa
maneira.

j. Corrigir Seus Discípulos para Ter um Espírito Correto

O Senhor corrigiu Seus discípulos para terem um espírito correto para com os
rejeitados. O Senhor e Seus discípulos passavam por uma cidade que não os receberam. Os
dois filhos do trovão, Tiago e João, perguntaram, “Senhor, queres que mandemos descer
fogo do céu e consumi-los?” Então o Senhor disse, “Vós não sabeis de que espírito sois”
(Lc 9:53-56). Isso indica que o Senhor sempre tratou as pessoas com um espírito correto.
Arrependo-me de algumas vezes ter tratado as pessoas com um espírito inadequado.
Devemos aprender a lição para corrigir nosso espírito na maneira pela qual tratamos as
pessoas. Se respon-dermos às pessoas que não nos recebe com um espírito inadequado,
não estaremos qualificados para servi-las. Não poderemos ministrar a palavra de Deus às
pessoas se não tivermos um espírito correto.

Segundo o Novo Testamento, a igreja tem somente uma base local; há somente uma
igreja para uma cidade. Ao praticarmos isso, nós anulamos a posição de todas as
denominações. Por causa disso, elas não nos recebem nem nos dão boas-vindas. Devemos
responder da mesma maneira como Tiago e João fizeram em Lucas 9, com um espírito
inadequado? Precisamos exercitar para ter um espírito correto. O Senhor é o verdadeiro
modelo do viver do homem-Deus.

k. Sofrer Aflições sem Vingança

O Senhor sofreu aflições sem vingança, deixando-nos um modelo para que


pudéssemos seguir os Seus passos (Is 53:3, 7; 1Pe 4:1; 2:21-23). Ele estava sofrendo
silenciosamente como uma ovelha diante dos seus tosquiadores. Quando Ele era injuriado,

55
Ele não injuriava de volta. Hoje, nós cooperadores, devemos aprender desse modelo. Se as
pessoas nos injuriam, não devemos ter qualquer pensamento de vingança ao injuriá-los de
volta.

A palavra grega para modelo significa literalmente “uma cópia escrita, subscrita,
usada pelos estudantes para traçar as letras e com isso aprender a desenhá-las”. O Senhor
colocou Sua vida sofredora diante de nós para que pudéssemos copiá-la por traçá-la e
seguir os Seus passos. Isso não se refere a uma mera imitação Dele e de Sua vida, mas uma
reprodução Dele que vem de desfrutá-Lo como graça em nossos sofrimentos, para que Ele
mesmo como o Espírito interior, com todas as riquezas de Sua vida, reproduza a Si mesmo
em nós. Tornamos-nos a reprodução da cópia escrita original, não uma mera imitação Dele
produzida por tomá-Lo com um modelo exterior.

l. Orar por Aqueles Que O Estavam Crucificando

Em Sua crucificação Ele orou por aqueles que O estavam crucificando, para que o
Pai perdoasse seus pecados de ignorancia (Lc 23:34a).

m. Extender Sua Salvação a Um dos Criminosos

Mesmo em Seu sofrimento e morte, Ele estendeu Sua salvação a um dos criminosos
que estavam sendo crucificados com Ele (23:42-43).

n. Ser Tentado mas sem Pecado

Embora Cristo fosse tentado, Ele estava sem pecado (Hb 2:18; 4:15; 1Pe 2:22).

o. Não Fazer Nada Por Si Mesmo

O Senhor disse que Ele não fazia nada por Si mesmo (Jo 5:19, 30a; 8:28). É por isso
que Ele Se considerava uma pessoa sepultada.

p. Não Falar Nenhuma Palavra por Si Mesmo

O Senhor não falou Suas proprias palavras. Ele falou as palavras do Pai (Jo 14:10a).

q. Não Buscar Sua Propria Vontade, mas a Vontade de Deus

Ele não buscava Sua própria vontade, mas a vontade de Deus (Jo 5:30b; 6:38). Em
Mateus 26:39 Ele disse, “Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja
como Eu quero, e, sim, como Tu queres”. Então no versículo 42 Ele disse, “Meu Pai, se este
cálice não pode passar de Mim sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade”.

56
r. Ser obediente a Deus Mesmo até a Morte

Filipenses 2:8 diz que o Senhor foi obediente até a morte, e morte de cruz.

2. Não Ter Liberdade para Viver segundo a Si mesmo

O Senhor não tinha liberdade para viver segundo a Si mesmo. Ele disse aos Seus
irmãos, “O Meu tempo ainda não chegou, mas o vosso tempo sempre está pronto” (Jo 7:6).
No versículo 8 o Senhor disse, “Subi vós a festa; Eu não subo a essa festa, porque o Meu
tempo ainda não está cumprido”. O Senhor viveu na terra como um homem, sendo
limitado até mesmo pela questão do tempo. Isso mostra que antes de fazermos qualquer
coisa, precisamos contatar o Senhor. Podemos orar, “Senhor, eu tenho um encargo para ir
e ver determinado irmão. Esse é o tempo adequado?” Muitas vezes, quando oro dessa
maneira o Senhor me diz que devo esperar. Eu tinha um encargo de ajudar um irmão, mas
o Senhor não me permitiu que o fizesse. Devemos aprender a lição do tempo. Devemos
aprender a não agir segundo a nossa preferência.

A estrofe 1 do Hino 240 diz respeito à Cristo: “Glorioso Jesus Salvador, És o divinal
resplendor; Deus infinito, eternal, Contudo, homem temporal”. Ele era Deus na
eternidade, sem limitação, mas Ele se tornou um homem nesta terra limitado pelo tempo e
espaço. Ele esteve limitado à cidade de Nazaré em Seu viver por aproximadamente trinta
anos. Nós podemos ser limitados de tal maneira? Podemos ter o encargo de visitar muitos
lugares, mas o Senhor pode não permitir isso. Precisamos aprender a lição de sermos
limitados.

3. Coordenar com o Pai

Tudo que o Senhor Jesus fez foi em coordenação com o Pai que habitava e
trabalhava Nele para o cumprimento de Sua economia. Em João 14:10b o Senhor disse,
“As palavras que Eu vos digo, não as falo de Mim mesmo; mas o Pai, que permanece em
Mim, faz as Suas obras”. Essa era a coordenação com o Pai que vivia e trabalhava Nele.

4. Manifestar Deus para Expressar os Atributos


de Deus em Suas Virtudes Humanas

Ele estava nesta terra vivendo uma vida totalmente para a manifestação de Deus
para expressar os atributos de Deus em Suas virtudes humanas (1Tm 3:16a). Quando o
povo via Suas virtudes, viam os atributos de Deus, e essa era a manifestação de Deus.
Precisamos aplicar todos esses pontos ao nosso viver diario em nosso contato com as
pessoas.

57
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM NOVE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS


DA MANJEDOURA ATÉ A CRUZ
(5)

Leitura bíblica: Mt 3:16; Hb 1:9; At 10:38a; Lc 4:18-19; Mt 12:18a; 4:1-2; Lc 4:1; Jo 3:34; At
10:38b; Mt 12:18b, 28; Ap 1:5; 3:14; 1Tm 3:16; Hb 9:14

ESBOÇOS

IV. Em Seu ministério:

58
D. Seu mover para Seu ministério :

1. Sob a unção do Espírito:

a. Depois que Ele foi batizado na água, Deus O ungiu com o Espírito descendo sobre Ele
como uma pomba — Mt 3:16.

b. Ungido por Deus com o óleo de intensa alegria sobre Seus companheiros — Hb 1:9
c. Ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder — At 10:38a.
d. O Espírito do Senhor estava sobre Ele — Lc 4:18a.
e. Deus tinha posto Seu Espírito sobre Ele — Mt 12:18a.
f. Conduzido pelo Espírito Santo para ser tentado pelo diabo por quarenta dias — Mt 4:1-
2; Lc 4:1.
g. Como o Enviado por Deus, falando as palavras de Deus e dando o Espírito sem medida
— Jo 3:34.
h. Cuidar de fazer o bem e curar todos aqueles que estavam oprimidos pelo diabo — At
10:38a.
i. Anunciar o evangelho aos pobres, proclamar libertação aos cativos, e restaurar a vista ao
cego, e por em liberdade os que estão oprimidos — Lc 4:18-19.
j. Anunciar justiça aos gentios — Mt 12:18b.
k. Expulsar os demônios pelo Espírito de Deus para a vinda do reino de Deus — Mt 12:28.
l. Testemunhar Deus fielmente — Ap 1:5; 3:14.
m. Justificado no Espírito — 1Tm 3:16.
n. Por meio do Espírito eterno Se ofereceu sem mácula a Deus para que possa purificar
nossa consciência com Seu sangue de obras da morte para servirmos ao Deus vivo — Hb
9:14

2. O mover do homem-Deus como o Ungido, Messias, Cristo, sob a unção do Espírito de


Deus é o cumprimento da economia eterna de Deus no ministério do homem-Deus
enquanto Ele estava na carne e na terra.

3. Cristo como o primeiro homem-Deus por um lado vivia pelo Pai, que habitava e
trabalhava Nele, e por outro Se movia e ministrava pelo Espírito. Isso indica que o viver
do primeiro homem-Deus era na verdade o viver e o mover do Deus Triúno processado
no viver humano de Cristo na terra.

D. Seu Mover para Seu Ministério

Agora que temos visto o viver de Cristo para Seu ministério, queremos prosseguir
para ver Seu mover para Seu ministério. Seu viver para Seu ministério está relacionado à
Sua vida. Seu mover para Seu ministério está relacionado à Sua obra. A cruz era o centro
do viver de Cristo. O Espírito era o centro da Sua obra. A cruz veio primeiro, e depois o
Espírito.
59
1. Sob a Unção do Espírito

O mover de Cristo em Sua obra estava inteiramente sob a unção do Espírito.

a. Deus O Unge com o Espírito

Após Ele ter sido batizado na água, Deus O ungiu com o Espírito descendo sobre
Ele como uma pomba (Mt 3:16). Seu batismo significa que Ele tomou a cruz para colocar o
homem de carne para morrer e ser sepultado. Após a cruz, Deus O ungiu como o Espírito.
Isso mostra a operação da Trindade Divina. O Pai ungiu o Filho com o Espírito descendo
sobre Ele como uma pomba mansa e gentil. Essa unção era para equipar Cristo para a Sua
obra e para armá-Lo para Sua luta. A arma para a luta de Cristo não é uma bomba, mas
uma pomba. Também, o instrumento para a Sua obra não é um machado, mas uma
pomba. Hoje estamos lutando para o reino de Deus e trabalhando para Cristo, mas
precisamos lembrar que uma pomba é tanto nossa arma quanto nosso instrumento. Cristo
era uma pomba quando Ele foi preso e quando estava sendo julgado perante o Sinédrio
Judaico. Ele era uma pomba perante Pilatos e Herodes, as autoridades romanas. Ele lutou
e trabalhou com uma pomba. Hoje estamos lutando, trabalhando, laborando e nos
esforçando, mas nossa arma e nosso instrumento devem ser uma pomba. Uma pomba tem
dois olhos, mas ela pode ver somente uma coisa por vez. Isso significa que devemos ter
uma visão única, focando em Deus para confiar Nele continuamente.

b. Ungido por Deus com o Óleo de Intensa Alegria

Cristo foi ungido por Deus como o óleo de intensa alegria entre os Seus
companheiros (Hb 1:9). Se você tem a unção de Deus, você terá intensa alegria. Ele foi
ungido com o óleo de intensa alegria mais do que a Teus companheiros. Não podemos nos
comparar com Ele. Mesmo Pedro e Paulo não podem se comparar com Ele. Ele está acima
de todos nessa questão de unção.

c. Ungido por Deus com Espírito Santo e com Poder

Atos 10:38a diz que Deus ungiu Jesus com Espírito Santo e com poder. Hoje o
Espírito de Deus é tão poderoso. Ninguém pode mensurar Seu poder para subjugar toda a
terra.

d. O Espírito do Senhor É sobre Ele

Em Lucas 4:18a o Senhor disse que o Espírito do Senhor estava sobre Ele.

60
e. Deus Coloca Seu Espírito sobre Ele

Em Mateus 12:18a Deus disse a respeito de Cristo, “Eis aqui o Meu servo, a quem
escolhi, o Meu Amado, em quem a Minha alma se compraz. Porei sobre Ele o Meu
Espírito”. Deus colocou tal Espírito poderoso sobre Cristo na carne na terra — um homem
gentil, manso e humilde.

f. Conduzido pelo Espírito Santo

Ele não estava sujeito somente, mas tambem foi conduzido pelo Espírito Santo para
ser tentado pelo diabo por quarenta dias (Mt 4:1-2; Lc 4:1). No universo, somente o diabo
pode ter esse tipo de transação com Deus como Seu oponente. Deus enviou Seu Filho para
ser um homem com a intenção de derrotar Satanás, mas o Espírito de Deus O conduziu
para ser tentado por Satanás. Esse era um tipo de teste por quarenta dias. Todo escravo
escolhido, ou servo de Deus através dos séculos, tem sido primeiramente testado pelo
diabo. Não devemos pensar que se respondermos ao chamado de Deus, nós seremos
prósperos. A primeira coisa que encontraremos não será prosperidade, mas testes. Isso
não é doce, mas é algo difícil. Não podemos escapar. Temos que passar no teste.

g. Falar as Palavras de Deus e Dar o Espírito Não por Medida

Como o Enviado por Deus, Cristo falou as palavras de Deus e não deu o Espírito
por medida (Jo 3:34). O Espírito foi dado por Deus para Ele, e Ele deu o Espírito não por
medida. O Espírito habita dentro de nós sem limites. Cristo é Aquele que fala a palavra
com o Espírito. Quando Ele fala a palavra de Deus, Ele dá o Espírito sem medida. Quando
nós falamos a palavra, devemos ministrar, dispensar, o Espírito. Sem o dispensar do
Espírito, nossa palavra é vaidade e também morte. Sem o Espírito para acompanhar o falar
da palavra, a palavra falada por nós é letra morta. Podemos ouvir apenas uma mensagem,
mas o Espírito que recebemos do Senhor nessa mensagem pelo Seu falar não é por
medida. Ir às reunião para ouvir a palavra não é vão. Quando ouvimos a palavra de Deus,
o Espírito de Deus vem junto com essa palavra sem medida. Podemos ouvir somente uma
mensagem, mas a medida do Espírito que recebemos é sem limite.

h. Fazer o Bem e Curar Todos Aqueles Que Estavam Sendo Oprimidos pelo Diabo

Ele derrotou o diabo na tentação maligna. Desse tempo em diante, Ele andou
fazendo o bem e curou a todos aqueles que estavam oprimidos pelo diabo (At 10:38b).
Primeiro, Ele derrotou o diabo, em seguida Ele saiu para derrotá-lo libertando os
oprimidos.

i. Anunciar o Evangelho aos Pobres

61
Cristo anunciou o evangelho aos pobres, proclamando libertação aos cativos, e
recuperando a vista aos cegos, e pôr em liberdade os oprimidos (Lc 4:18-19).

j. Anunciar Justiça aos Gentios

Mateus 12:18b diz que Ele anunciou justiça aos gentios. Justiça aqui se refere ao
Cristo todo-inclusivo. Se você tem Cristo, você tem justiça e paz. Com injustiça não há paz
e satisfação. As nações do mundo estão se esforçando e lutando umas contra as outras por
causa da injustiça. Nenhuma delas está satisfeita. Justiça significa que Cristo o satisfaz.
Quando temos Cristo, estamos satisfeitos, e nosso conflito com os outros termina. Quando
anunciamos Cristo como tudo para as pessoas, Cristo as satisfaz e traz a elas justiça. Se há
um sentimento de injustiça entre você e outra pessoa, isso indica que você tem pouco de
Cristo. Você precisa receber mais de Cristo; então haverá justiça.

k. Expulsar os Demônios pelo Espírito de Deus

Cristo, pelo Espírito de Deus, expulsou demônios para a vinda do reino de Deus (Mt
12:28).

l. Testemunhar Deus Fielmente

Apocalipse 1:5 e 3:14 diz que Cristo é a fiel Testemunha. Seu expressar Deus era
Seus testemunho. Muitas pessoas se maravilhavam ao saber quem Ele era.

m. Justificado no Espírito

Primeira Timóteo 3:16 diz que Ele foi justificado no Espírito. Ele foi confrontado,
perseguido e rejeitado pelo homem, mas Ele foi justificado no Espírito. Como Aquele que
estava no Espírito, Ele não poderia ser condenado ou criticado por ninguem.

n. Por meio do Espírito Eterno, Ele Oferece a Si mesmo Sem Mácula a Deus

Por meio do Espírito eterno, Ele ofereceu a Si mesmo sem mácula a Deus para que
pudesse purificar nossa consciência com Seu sangue das obras mortas para servirmos ao
Deus vivo (Hb 9:14). Para Cristo oferecer a Si mesmo a Deus para ser crucificado para
cumprir a redenção trazendo-nos de volta para servir o Deus vivo é algo grandioso. Isso
foi difícil para Ele em Sua humanidade como é visto em Sua oração no Getsêmani. Ele
orou três vezes ao Pai, se possível, passe o calice da morte Dele, mas Ele terminou orando,
“Todavia, não seja como Eu quero, e, sim, como Tu queres” (Mt 26:39-44). Isto indica que
mesmo Ele, Cristo na carne, estava sofrendo algo que não era tão fácil para Sua
humanidade. Ele percebeu a necessidade do fortalecimento do Espírito, então Ele ofereceu
a Si mesmo, incluindo Sua humanidade, para Deus através do Espírito eterno. O que Ele

62
cumpriu em Sua redenção foi eterno, porque foi feito por meio do Espírito eterno. Isso
indica que Ele fez tudo por meio do Espírito.

2. O Cumprimento da Economia Eterna de Deus no Ministério do homem-Deus

O homem-Deus como o Ungido de Deus, Messias, Cristo, Se moveu sob a unção do


Espírito de Deus. Esse era o cumprimento da economia eterna de Deus no ministério do
homem-Deus enquanto Ele estava na carne e na terra.

3. Viver pelo Pai e Mover-Se pelo Espírito

Cristo como o primeiro homem-Deus, por um lado, vivia pelo Pai, que habitava e
trabalhava Nele (Jo 14:10), e por outro, movia-Se e ministrava pelo Espírito. João 14:10 diz,
“Não crês que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as
falo por Mim mesmo; mas o Pai, que permanece em Mim, faz as Suas obras”. Isso prova
que enquanto Cristo estava trabalhando, o Pai estava trabalhando Nele por habitar Nele.
Seu viver pelo Pai e ministrar pelo Espírito indica que o viver do primeiro homem-Deus
foi na verdade o viver e o mover do Deus Triúno processado no viver humano de Cristo
na terra.

O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM DEZ

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS UM HOMEM DE ORAÇÃO

(1)

Leitura bíblica: Fl 3:12-14, 8; Jo 10:30; At 10:38c; Jo 8:29; 16:32; 1Pe 2:23b; Lc 23:46; Jo 14:30b;
Mt 3:13-4:11; 6:5, 16; 17:21, At 13:2-3

ESBOÇOS

I. Um homem de oração:
A. Não como um homem comum orando orações comuns a Deus.
B. Não como um homem devoto, um assim chamado homem piedoso, que ora a Deus
de maneira religiosa.

63
C. Não como homem que busca Deus orando a Deus por realizações e conquistas
divinas.
D. Nem mesmo como um mero buscador de Cristo orando desesperadamente para
ganhar Cristo em Sua excelência — Fl 3:12-14, 8
E. Mas um homem na carne orando ao Deus misterioso na esfera divina e mística, um
homem que é:
1. Um com Deus — João 10:30
2. Viver na presença de Deus sem cessar — At 10:38c; Jo 8:29; 16:32
3. Confiar em Deus e não em Si mesmo, sob qualquer tipo de sofrimento e
perseguição — 1Pe 2:23b; Lc 23:46
4. E em quem Satanás, o príncipe deste mundo, não tinha nada (nem base, nem
oportunidade, nem esperança, nem possibilidade em coisa alguma) — Jo 14:30b
II. Os fatos divinos na vida humana mística do primeiro homem-Deus no registro dos
evangelhos sinópticos concernente ao primeiro homem-Deus como o Salvador-
Rei no reino dos céus, o Salvador-Escravo no serviço do evangelho de Deus, e o
Salvador-Homem na salvação de Deus:
A. Depois de Seu batismo na água, e da unção de Deus dos céus com uma grande
comissão para Ele introduzir o reino dos céus na terra, Ele, sob o direção do
Espírito, foi para o deserto jejuar por quarenta dias e quarenta noites — Mt
3:13—4:11
1. Ele deve ter sentido que:
a. A comissão divina de Seu Pai a Ele a respeito do reino dos céus foi um
grande e crucial encargo para Ele.
b. Ele precisava buscar o conselho de Seu Pai a respeito de como trazer o
reino de Seu Pai nos céus para a raça adâmica caída na terra.
1. Segundo a prática comum de jejuar, ela é sempre acompa-nhada pela
oração — Mt 6:5, 16; 17:21; At 13:2-3

3. Mas não há menção de oração acompanhando o primeiro jejum do


homem-Deus, não apenas nos quarenta dias, mas também nas quarenta
noites.
4. Devemos crer que deveria haver tal oração acompanhando, mas ela
permaneceu em secreto como um mistério e é impossível para nós
sabermos qual era o conteúdo.
5. Isso indica que a oração do primeiro homem-Deus foi na esfera divina e
mística.

Nesta mensagem queremos continuar nossa comunhão sobre o viver do primeiro


homem-Deus vendo-O como um homem de oração.

I. UM HOMEM DE ORAÇÃO

64
O Senhor viveu como um homem de oração. Ele não viveu como um homem
comum orando orações comuns a Deus, um homem devoto, um assim chamado homem
piedoso, orando a Deus de maneira religiosa, ou como um homem que busca a Deus, que
ora a Deus para realizações e conquistas divinas. Ser um homem de oração não é o mesmo
que ser meramente um buscador de Cristo orando desesperadamente para ganhar Cristo
em Sua excelência (Fl 3:12-14, 8). Antes, Ele era um homem na carne que orava ao Deus
misterioso na esfera divina e mística. Os evangelhos nos dizem que muitas vezes Ele ia
para o monte ou se retirava para um lugar privado para orar (Mt 14:23; Mc 1:35; Lc 5:16;
6:12; 9:28).

Segundo o que aprendi, podemos ser um buscador de Cristo, que ora


desesperadamente para ganhar Cristo em Sua excelência, contudo esse ainda não é o puro
padrão do homem de oração revelado nos evangelhos. Se somos um buscador de Cristo,
podemos pensar que somos muito especiais e espirituais. Mas ao descrever o primeiro
homem-Deus como um homem de oração, tenho evitado usar a palavra espiritual. Em vez
disso, tenho usado as palavras divino e místico. Divino é do lado de Deus. Místico é do lado
do homem. Por um lado, Jesus era um homem na carne, contudo Ele orou ao Deus
misterioso na esfera divina e mística.

Ele era um homem de oração, um homem que era um com Deus (Jo 10:30).
Podemos ser um buscador de Cristo, que ora desesperadamente para ganhar Cristo,
contudo podemos não ser um com Deus. Ele também era um homem que vivia na
presença de Deus sem cessar (At 10:38c; João 8:29; 16:32). Ele nos disse que nunca estava
sozinho, mas o Pai estava com Ele. A cada momento Ele via a face do Seu Pai. Podemos
buscar Cristo, mas não viver na presença de Deus tão íntimo e continuamente sem cessar.
Ele também confiava em Deus e não em Si mesmo, sob qualquer tipo de perseguição ou
sofrimento. Primeira Pedro 2:23b diz que no meio dos Seus sofrimentos não falava
palavras ameaçadoras, mas entregava tudo Aquele que julga retamente. Lucas 23:46 diz
que enquanto Ele morria na cruz, Ele orou, “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito”.
Em nossa vida diária, nós confiamos em Deus quando os problemas chegam? Talvez o
façamos até um determinado ponto, mas não absolutamente.

Em João 14:30 o Senhor disse, “Vem o príncipe do mundo, e ele nada tem em Mim”.
Isso significa que no Senhor Jesus, Satanás o príncipe do mundo não tinha terreno,
oportunidade, esperança nem possibilidade em coisa alguma. Se formos iluminados,
admitiremos que Satanás tem muitas coisas em nós. Ele tem terreno, oportunidade e
esperança e a possibilidade de muitas coisas. Mas aqui está um homem de oração que
disse que Satanás, o príncipe do mundo, nada tinha Nele. Essa é uma sentença específica
em toda a Bíblia. Portanto, Cristo era um homem de oração, um homem que era um com
Deus, vivendo na presença de Deus continuamente, confiando em Deus em Seus
sofrimentos e perseguições, e em quem Satanás nada tinha.

65
II. OS FATOS DIVINOS NA VIDA HUMANA
MÍSTICA DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS

Todas as orações do Senhor são fatos divinos. Precisamos perguntar se nossas


orações são fatos divinos. Uma esposa pode pedir ao Senhor para cuidar da sua familia
porque seu marido perdeu o emprego. Tal oração não é divina. Antes, ela pode orar,
“Senhor, como dona de casa eu Te louvo e Te agradeço que nós estamos em Suas mãos.
Confiamos em Ti nessa circunstância.” Essa é uma oração divina. Se orarmos, “Senhor,
hoje há necessidade de pessoas irem para Moscou”, isso não é uma oração divina. Em vez
disso, devemos orar, “Senhor, Te agradecemos que Tu estás agora se expandindo em
Moscou. Senhor, esse é o Seu mover”. Essa é uma oração divina.

Quando consideramos a oração do Senhor em João 17, podemos ver o que é oração
divina. Podemos orar pelas nossas necessidades, mas devemos orar sobre elas de maneira
divina. Devemos orar orações divinas, não orações humanas. Todas as orações que Cristo
orou eram fatos divinos em Sua vida humana mística. Embora sejamos humanos, as
pessoas devem sentir que há algo místico em nós. Nossos companheiros na escola, colegas,
devem sentir que há algo em nós que eles não podem entender. Isso é porque somos
misteriosos, místicos. Aquele que orou a oração registrada em João 17 era Jesus de Nazaré,
um homem na carne, mas Sua oração era mística.

Uma irmã que perdeu seu filho disse certa vez que não podia entender por que que
quanto mais ela amava o Senhor, parecia que mais ela sofria perda. Ela orou, “Senhor, Tu
não sabes que eu Te amo? Por que Tu tiraste meu filho? Essa não é apenas uma oração
humana, mas também uma oração carnal. Baseado nessa luz, devemos considerar nossas
orações. Oramos muitas orações humanas e carnais, não orações divinas. Nenhuma oração
é tão elevada como a oração do Senhor em João 17. Ele orou, “Pai, é chegada a hora,
glorifica o Teu Filho, para que o Filho Te glorifique” (v. 1). A oração de Cristo é divina.
Enquanto Ele morria na cruz, Ele orou, “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”
(Lc 23:34). Ele orou ao Pai para perdoar os Seus crucificadores. Isso foi divino e místico.

Queremos ver os fatos divinos na vida humana mística do primeiro homem-Deus


nos registros dos evangelhos sinópticos. Depois do Seu batismo nas águas e a unção de
Deus do céu com a grande comissão para Ele introduzir o reino dos céus na terra, Ele, sob
a direção do Espírito, foi para o deserto para jejuar por quarenta dias e quarenta noites (Mt
3:13-4:11). Ele deve ter sentido que a comissão divina do Seu Pai para Ele a respeito do
reino dos céus era um encargo importante e definitivo para Ele. Precisava buscar o
conselho do Seu Pai com respeito a como introduzir o reino de Seu Pai nos céus a raça
adâmica caída na terra. Segundo a prática comum de jejuar, ele é sempre acompanhado de
oração (Mt 6:5; 16; 17:21; At 13:2-3). Mas não há menção de oração acompanhando o jejum
do primeiro homem-Deus, não somente nos quarenta dias, mas também nas quarenta
noites. A oração do Senhor que obviamente acompanhou Seu longo periodo de jejum não

66
é registrada. Isso é muito significativo. Devemos crer que havia tal oração, mas é mantida
em segredo como um mistério e é impossível para nós sabermos o seu conteúdo. Isso
indica que a oração do primeiro homem-Deus foi numa esfera divina e mística.

O modelo do primeiro homem-Deus é um homem de oração que mostra que


devemos fazer tudo de maneira divina. Mesmo o amor do esposo por sua esposa deve ser
divino e não humano. Ao comprar um par de sapatos e a maneira com que cortamos nosso
cabelo deve ser divino. Uma parte muito importante da história do primeiro homem-Deus
foi Sua oração. Todas as Suas orações eram divinas, ainda que elas fossem na vida
humana, tornando aquela vida humana mística. Ele viveu uma vida humana mística. Um
marido deve amar sua esposa divinamente, não apenas espiritualmente. É por isso que ele
não a ama à sua maneira, mas à maneira de Deus e não com o seu amor, mas com o amor
de Deus. Como poderia um homem na carne amar sua esposa de maneira divina e com o
amor divino? Isso é místico. Devemos ser pessoas vivendo uma vida que é divina, contudo
mística. Nossa vida deve ser divina contudo humana — não meramente humana, mas
místicamente humana. Isso é o que é revelado na Palavra santa.

Temos um conceito a respeito de espiritualidade que nos cega. Precisamos ver que
não devemos ser meramente espirituais, mas divinos e místicos. Cada crente hoje deve ser
uma pessoa divina e mística. Devemos ser divinos contudo muito misteriosos. Mesmo
aqueles que são intimos de nós devem ser capazes de sentir que há algo sobre nós que é
misterioso e não pode ser entendido. A chave é que embora sejamos humanos, vivemos
divinamente. A verdadeira espirituali-dade deve nos tornar divinos. Isso é elevado.

Algumas vezes quando ouvimos uma jovem irmã dando um testemunho, temos a
sensação de que o seu falar é divino, contudo místico. Tudo em nosso viver deve ser
divino e místico. Isso é o que vemos no Senhor Jesus. Quando as pessoas viam o que Ele
fazia, elas ficavam espantadas e diziam, “Donde Lhe vêm essa sabedoria e essas obras de
poder? Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13:53-54). Isso é porque tudo o que Ele fazia
era divino e místico. Deus vivia por meio Dele. Ele era Deus manifestado na carne. Esse é
um grande mistério. Primeira Timóteo 3:16 diz que o grande mistério da piedade é Deus
manifestado na carne. O divino é manifestado de maneira mística humana.

O titulo homem-Deus indica claramente que Jesus era um homem, mas Ele estava
vivendo Deus. Hoje você é um homem-Deus. Isso significa que você é um homem,
contudo vive Deus e expressa Deus. Você é um homem, mas é Deus que vive em você.
Esse é o significado do titulo homem-Deus. O viver do homem-Deus é um homem que vive
Deus.

67
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM ONZE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS

UM HOMEM DE ORAÇÃO

(2)

Leitura bíblica: Mt 6:5-18; 7:7-8

ESBOÇOS

II. Os fatos divinos na vida humana mística do primeiro homem-Deus nos registros dos
evangelhos sinóticos com respeito ao primeiro homem-Deus como o Salvador-Rei no
reino dos céus, o Salvador-Escravo no serviço do evangelho de Deus, e o Salvador-
Homem na salvação de Deus:
B. Em Seu ensinamento supremo no monte, o primeiro homem-Deus como o
Salvador-Rei no reino dos céus ensinou Seus discípulos duas vezes concernente a
oração:
1. A primeira vez está na parte central do Seu ensinamento supremo, que
desvenda aos Seus discípulos a visão celestial com respeito à oração que é de

68
grande importância na vida do reino, com quatro declarações negativas como
advertências — Mt 6:5-18
a. A oração: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Teu nome; venha o
Teu reino, seja feita a Tua vontade na terra como é feita no céu; o pão nosso
de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
também perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do maligno. Pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre.
Amém” (vv. 9-13). Essa breve, mas importante oração abrange:
1) O nome santo do Pai ser santificado.
2) A vinda reino celestial do Pai.
3) Seja feita a vontade divina do Pai na terra como nos céus.
4) O cuidado do suprimento da nossa necessidade, nosso pão diário.
5) O perdão do Pai de nossas dívidas como nós temos feito com nossos
devedores.
6) Não nos deixa cair em tentação, mas livra-nos do diabo, o maligno.
7) Reconhecer e louvar com reverência que o reino, o poder e a glória
pertencem ao Pai para sempre.
Nota: Tal oração importante certamente aumenta nossa busca do reino dos
céus como o desejo do coração do Pai e nos propor-ciona nossa
necessidade do suprimento divino da graça para cumprir todos os
requerimentos supremos e estritos do reino dos céus para o bom
prazer do Pai.
b. As quatro declarações negativas como advertências- vv. 5-8, 14-18
1) Seus discípulos não deveriam orar como fazem os hipócritas, que
amam fazer uma exibição publica para que possam ser vistos pelos
homens e receberem sua glória segundo o seu de-sejo carnal; os
discípulos deveriam entrar em seus quartos particulares, fecharem
suas portas e orarem ao Pai nos céus para serem vistos e
recompensados por Ele em secreto — vv. 5-6
2) Nem deveriam orar como fazem os gentios, balbuciando palavras
vazias, supondo que por suas muitas palavras eles serão ouvidos; os
discípulos não deveriam ser como eles, pois o Pai dos discípulos sabe
as coisas que eles necessitam antes que Lho peçam — vv. 7-8
3) Se Seus discípulos perdoassem as ofensas dos homens, o Pai celestial
deles também os perdoariam; do contrário, o Pai deles não perdoaria
suas ofensas. Isso anula sua oração ao Pai celestial — vv. 14-15.

4) Seus discípulos não deveriam orar como os hipócritas de rostos


sombrios, desfigurando-os para que o seu jejum pudesse ser visto pelos
homens. Os discípulos deveriam jejuar por ungir suas cabeças e lavar
seus rostos para que o seu jejum não pudesse ser visto pelos homens,

69
mas pelo seu Pai que estava em secreto que os viam e os
recompensariam (vv. 16-18)

2. A segunda vez está na conclusão do Seu ensinamento superior com respeito ao


reino dos céus, quando Ele prometeu aos buscadores do reino dos céus em
Mateus 7:7-8, que eles:
a. “Pedir (indica a oração a distância) e vos será dado”.
b. “Buscar (indica a busca pelo o que se está orando) e achareis”.
c. “Batei (indica alcançar o objetivo do que é pedido) e lhe será aberto”.
Nota: Tal promessa assegura aos buscadores do reino dos céus que
lhes serão dados uma porta aberta para entrar em todas as bençãos do
reino dos céus.

Queremos continuar a ver os fatos divinos da vida humana mística do primeiro


homem-Deus, que era um homem de oração. Sua vida humana mística foi na esfera
divina, e essa esfera é o reino de Deus. A oração genuína e adequada deve ser sempre
divina, não apenas espiritual. Isto significa que o Deus Triúno ora conosco e que nós
oramos por viver com o Deus Triúno. Ele habita em nós e é um conosco. O Novo
Testamento revela claramente que o Espírito consumado, o Espírito de Deus como o
Espírito que dá vida e o Espírito de Cristo, habita em nós (Rm 8:2, 9-11). Segunda Timóteo
4:22 diz que o Senhor é um com nosso espírito. O Deus consumado hoje como o Espírito
composto que dá vida habita em nós. Nós, sem duvida, somos seres humanos, mas a
pessoa divina foi adicio-nada adicionada a nós.

Sermos espirituais é inadequado. Temos que ver que Deus fez a Si mesmo um
conosco e fez-nos um com Ele. Assim, cada um de nós crentes é um homem-Deus. Nesse
sentido, nós somos Deus em vida e natureza, mas certamente, não em Sua deidade. É por
isso temos nascidos Dele para ser Sua espécie (João 1:12-13). Somos uma espécie com Ele.
Baseado nessa revelação, podemos ver que a oração genuína deve ser a expressão divina.
Se orarmos por nós mesmos, essa é a expressão humana. Se orarmos por viver com Deus e
mover com Cristo, nós oraremos a partir dessa Pessoa e nossas orações serão divinas. Eu
sinto que esta é uma nova revelação para nós nesses dias.

Somente uma pessoa divina pode orar, “Pai nosso, que estás nos céus, santificado
seja o Teu nome” (Mt 6:9). Uma pessoa divino-humana é um mistério. Ela é
completamente mística. Há uma esfera no universo que é divina e mística. O povo
mundano não conhece essa esfera. Eles estão no mundo demoníaco, caído, pecador e
físico. Mas nós fomos separados de sermos comuns; fomos santi-ficados e separados para
nosso Deus, que é santo. Agora estamos na esfera divina e mística do Espírito consumado.

B. No Seu Ensino Supremo no Monte, o Primeiro Homem-Deus


Ensina Seus Discípulos Duas Vezes a respeito da Oração

70
O registro de Mateus é a respeito do primeiro homem-Deus como o Salvador-Rei no
reino dos céus. Temos visto o fato divino do Seu jejuar no deserto por quarenta dias e
quarenta noites. Agora queremos ver Seu ensinamento supremo no monte com respeito a
oração. Muitos estudiosos bíblicos o chamam de “o sermão do monte”, mas não gosto da
palavra sermão. Antes, uso o termo ensinamento supremo. Nenhum ensinamento na história
humana é mais elevado do que esse. No Seu ensinamento supremo no monte, o primeiro
homem-Deus como o Salvador-Rei no reino dos céus ensinou Seus discípulos duas vezes
com respeito à oração. A primeira vez no meio do ensinamento supremo, e a segunda vez
conclui Seu ensinamento supremo.

1. A Primeira Vez Desvenda a Visão Celestial Com Respeito


À Oração Que É Crucial Para A Vida Do Reino

Muitas das chamadas igrejas hoje recitam a oração que o Senhor nos ensinou a orar
em Mateus 6 (vv. 5-18), mas a maioria não entende o significado verdadeiro do que eles
estão recitando. Essa oração é importante para a vida do reino, a vida que vive o reino dos
céus. Essa oração é também acompanhada por quatro declarações negativas como
advertências.

a. A Oração

A oração é como segue: “Pai nosso que estás nos céus, santificando seja o Teu nome;
venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade na terra como é feita no céu; o pão nosso de
cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos
aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do maligno. Pois
Teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém” (vv. 9-13). Os que oram devem ser
filhos de Deus, nascidos de Deus, assim eles tem autoridade, o direito, para chamar Deus
de seu Pai. Nós não podemos chamar uma pessoa de nosso pai se não somos nascidos
dele. Nós temos um Pai nos céus que nos gerou. Essa breve, mas importante oração
abrange diversos itens cruciais.

1) O Nome Santo do Pai Seja Santificado

Ser santificado significa ser separado e distinto de tudo o que é comum. Na terra
caída há muitos falsos deuses. As pessoas mundanas consideram nosso Deus como sendo
em comum com esses deuses. Se orarmos para que o nome do nosso Pai seja santificado,
não deveremos apenas expressá-lo com nossas palavras. Para que Seu nome seja
santificado, devemos expressá-Lo em nosso viver. Devemos viver uma vida santificada,
uma vida diária separada do que é comum. Para orar tal oração necessitamos ser pessoas
santificadas, aqueles que são separados do que é comum. Devemos ser distintos,
separados, de todas as pessoas ao nosso redor. Em outras palavras, devemos ser santos.
Como pessoas santificadas, devemos orar, “Pai nosso, santificado seja o Teu nome”.

71
2) Venha o Reino Celestial do Pai

Hoje o mundo não é o reino de Deus, mas do Seu inimigo. Essa é a razão pela qual a
Bíblia diz que Satanás é o príncipe deste mundo (Jo 12:31). No reino de Satanás, o mundo,
não há justiça, paz e alegria. Romanos 14:17 nos diz que a realidade do reino da vida é
justiça, paz e alegria no Espírito Santo. No reino de Satanás hoje, não há alegria, porque
não há paz. Nas Nações Unidas, eles falam todo o tempo de paz, mas não há paz, porque
não há justiça. Paz é o resultado de justiça. Em sua segunda epístola, Pedro nos diz que a
única coisa que habitará nos novos céus e nova terra é justiça (3:13). No reino vindouro, o
milênio, a coisa principal será a justiça. Não há justiça no mundo de hoje, porque esse é o
reino de Satanás, o príncipe maligno.

3) A Vontade Divina do Pai Seja Feita na Terra como nos Céus

Hoje a vontade de Satanás é feita na terra por meio dos homens malignos. Hitler,
Mussolini e Stalin tentaram executar sua vontade junto com muitos dos líderes da terra
hoje. Graças ao Senhor que a vontade de Satanás não é completa-mente executada. Hitler,
Mussolini e Stalin foram destruídos. Napoleão queria que sua vontade fosse feita, mas ele
não conseguiu. Precisamos orar para que a vontade divina do Pai seja feita na terra como
nos céus. Isso é trazer o governo celestial, o reino dos céus a esta terra. Então a vontade do
Pai certamente será feita na terra.

Estas três coisas — o nome, o reino e a vontade — são os atributos do Deus Triúno.
O nome é do Pai, porque o Pai é a origem; o reino é o Filho, e a vontade é do Espírito. Orar
dessa maneira é orar para que o Deus Triúno seja prevalecente na terra assim como Ele é
prevalecente nos céus.

4) O Cuidado do Suprimento da Nossa Necessidade, Nosso Pão Diário

Em Sua oração, o Senhor aborda nossa necessidade diária. Ele nos ensina a orar
pelo nosso pão apenas por um dia. Devemos pedir ao nosso Pai para nos dar hoje o nosso
pão diário, não amanhã ou no próximo mês. Ele não quer que Seu povo se preocupe com o
amanhã. Ele quer que eles orem apenas pelas neces-sidades diárias. Quando era mais
jovem, nós cooperadores na China algumas vezes chegávamos ao final do nosso
suprimento material, e não sabíamos como viveríamos no dia seguinte. Alguma coisa
sempre vinha de encontro à nossa necessidade para aquele dia. O Senhor é fiel para cuidar
do suprimento da nossa necessidade diária.

5) O Perdão do Pai das Nossas Dívidas Como Temos Perdoado Nossos Devedores

Na oração do Senhor, vemos que precisamos cuidar do nosso relaciona-mento os


com outros. Quando pedimos ao Pai para perdoar nossas dívidas, nós devemos perdoar
nossos devedores. Estamos em dívida com Deus, e também temos devedores que nos

72
devem algo. Para manter um relacionamento pacífico com os outros, temos que perdoá-
los. Então, temos que resolver qualquer fator separador entre nós e Deus e entre nós e os
outros.

6) Não Nos Deixe Cair em Tentação, mas Livra-nos do Maligno

Algumas vezes nosso Deus, que é fiel e cuida de nós, leva-nos a uma situação de
tentação para nos testar como o Espírito de Deus fez com o Senhor Jesus (Mt 4:1). Mas
porque conhecemos nossas fraquezas, devemos orar, “Não nos deixes cair em tentação”.
Isso indica nosso conhecimento das nossas fraquezas. Orar para nos livrar do maligno é
tratar com Satanás. A oração do Senhor cuida do Deus Triúno, de nossa necessidade
diária, de nosso relacio-namento com Deus e com os outros, e também com Satanás.

7) Reconhecer e Louvar com Reverência Para que o Reino,


o Poder e a Glória Pertençam ao Pai Eternamente

A oração ao Pai conclui desta maneira: “Pois Teu é o reino, o poder e a glória para
sempre. Amém” (Mt 6:13). Aqui está a concretização e louvor do poder, da glória e do
reino de Deus. Isso também se refere ao Deus Triúno. O reino de Deus é o Filho, que é a
esfera na qual Deus exerce Seu poder. O poder é do Espírito, que executa a intenção de
Deus para que o Pai possa expressar Sua glória. Isso indica que a oração que o Senhor nos
ensinou a orar começa com o Deus Triúno, e na sequência do Pai, o Filho e o Espírito, e
também termina com o Deus Triúno, mas na sequência do Filho, o Espírito e o Pai. Então,
a oração ensinada pelo Senhor em Seu ensinamento supremo começa com Deus o Pai e
também termina com Deus o Pai. Deus o Pai é tanto o começo quanto o fim, o Alfa e o
Ômega.

Tal oração importante certamente aumenta nossa busca do reino dos céus como o
desejo do coração do Pai e nos proporciona nossa necessidade do supri-mento divino de
graça para satisfazer todos os requerimentos supremos e estritos do reino dos céus para o
bom prazer do Pai. De um lado, estamos buscando algo segundo o desejo do coração do
Pai, por outro, temos o suprimento para cumprir algo para o bom prazer do Pai.

b) As Quatro Declarações Negativas como Advertências

1) Não orar como Fazem os Hipócritas

O Senhor advertiu Seus discípulos a não orar como fazem os hipócritas com uma
máscara. Eles amam fazer uma exibição pública para que possam ser vistos pelos homens

73
e receberem glória deles segundo a concupiscência do seu desejo carnal. Em vez disso, os
discípulos deveriam entrar em seus quartos em secreto, fechar suas portas e orar ao Pai
nos céus para serem vistos por Ele em secreto e serem recompensado por Ele (vv. 5-6).
Devemos aprender a sermos pessoas secretas. Devemos orar em nosso lugar particular
para sermos vistos pelo Pai em secreto, não pelos outros para uma exibição pública. Se
orarmos adequadamente, Deus nos retribuirá como uma recompensa. Os hipócritas já
recebem sua recompensa, mas nós queremos receber a recompensa do nosso Deus.

2) Não Orar Como Fazem os Gentios

Os discípulos não deveriam orar como fazem os gentios, balbuciando palavras


vazias, supondo que pela multiplicidade de suas palavras eles serão ouvidos. Isso é
porque o Pai dos discípulos sabe das coisas que eles necessitam antes que eles Lhe peçam
(vv. 7-8). Alguns nos acusam dizendo que o nosso orar-ler da Palavra é repetitivo, mas
orar-ler é o respirar espiritual. Respirar é sempre repetitivo. Se não repetirmos a nossa
respiração, nós morreremos.

3) Perdoar as Ofensas dos Homens

Se Seus discípulos perdoarem as ofensas dos homens, o seu Pai celestial também os
perdoará; de outra maneira, o seu Pai não perdoará suas ofensas. Isso anula a oração deles
ao seu Pai celestial (vv. 14-15).

4) Não Jejuar como os Hipócritas com Rostos Sombrios

Seus discípulos não deveriam orar como os hipócritas de rostos sombrios,


desfigurando-os para que o seu jejum pudesse ser visto pelos homens. Os discí-pulos
deveriam jejuar por ungir suas cabeças e lavar seus rostos para que o seu jejum não
pudesse ser visto pelos homens, mas pelo seu Pai que estava em secreto que os viam e os
recompensariam (vv. 16-18)

3. A Segunda Vez É a Conclusão do Seu Ensinamento


Supremo com respeito ao Reino dos Céus

Agora queremos considerar a segunda vez que o Senhor ensinou os discí-pulos com
respeito à oração em Seu supremo ensinamento no monte. A segunda vez é a conclusão do
Seu ensinamento supremo com respeito ao reino dos céus, quando Ele fez a promessa aos
buscadores do reino dos céus em Mateus 7:7-8. O Senhor disse, “Pedi (indica oração à
distância) e vos será dado; buscai (indica a procura pelo o que está orando) e achareis;
batei, (indica alcançar o objetivo do que está sendo orado) e vós serás aberto”. Tal
promessa assegura aos buscadores do reino dos céus que lhes será dado uma porta aberta
para entrar em todas as bençãos do reino dos céus.

74
Quando lemos o ensinamento supremo do Senhor no monte registrado em Mateus
5-7, podemos ficar desapontados e pensar que não podemos alcançá-los por causa dos
requerimentos supremos, estritos. Então na conclusão, há uma oração que na verdade é
uma promessa. O Senhor nos prometeu que se nós pedirmos, receberemos; se buscarmos,
acharemos, e se batermos, nos será aberto. Se pedirmos, buscarmos e batermos,
entraremos em todas as bençãos no reino dos céus para nossa vida do reino suprema e
estrita. Essa promessa nos proporciona a graça que precisamos para cumprir os
requerimentos supremos e estritos. A porta será aberta largarmente para nós para
entrarmos em todas as benção do reino dos céus.

O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM DOZE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM DEUS

UM HOMEM DE ORAÇÃO

(3)

Leitura biblica: Mt 9:36─10:4; 11:25-30

ESBOÇOS

II. Os fatos divinos na vida humana mística do primeiro homem-Deus no registro dos
evangelhos sinóticos com respeito ao primeiro homem-Deus como o Salvador-Rei
no reino dos céus, o Salvador-Escravo no serviço do evangelho, e o Salvador-
Homem na salvação de Deus:
C. Ele ensinou Seus discípulos com respeito as ovelhas de Deus aflitas e errantes ─
9:36 ─ 10:4
1. O primeiro homem-Deus como Pastor eleito de Deus, vendo que os eleitos de
Deus estavam aflitos e errantes como ovelhas que não tem pastor e sendo
movido com compaixão, encarregou Seus discípulos a rogarem ao Senhor da
seara para que Ele enviasse trabalhadores para Sua seara ─ 9:36-38
2. Então Ele enviou Seus doze discípulos, que foram apontados por Ele como os
doze apóstolos, e lhes deu autoridade para expulsar espíritos imundos e
curar todos os tipos de doenças ─ 10:1-4

75
3. No registro paralelo de Lucas nesse caso, é nos dito que o Próprio Senhor
“saiu para o monte a fim de orar, e passou noite toda em oração a Deus”. No
dia seguinte Ele estabeleceu os doze apóstolos para visitar e cuidar das
pessoas que estavam atormentadas pelos espíritos imundos e curá-las ─ Lc
6:12-18
D. O primeiro homem-Deus, depois de ter repreendido as cidades ao redor por não
querer receber Seu ensinamento e se arrependerem (Mt 11:20-24), orou ao Pai, e
baseado em Sua oração, Ele deu um maravilhoso ensina-mento aos Seus
discípulos ─ Mt 11:25-30
1. Sua oração sobrepujante ao Pai: “Eu Te exalto, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque ocultaste essas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos
pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado” ─ vv. 25-26.
a. Enquanto o primeiro homem-Deus estava repreendendo as cida-des, Ele
teve comunhão com o Pai, agradecendo ao Pai em resposta à Sua oração.
b. Ele exaltou o Pai, reconhecendo o Pai como Senhor dos céus e da terra.
c. Ele louvou ao Pai por Ele ter ocultado todas as coisas mencionadas no
versículo 27 dos sabios e entendidos e as revelado aos peque-ninos.
d. Ele reconheceu que isto tinha sido do agrado do Pai e Se submeteu a ele.
2. Seu ensinamento desvendado aos discípulos ─ vv. 27-30
a. Todas as coisas são entregues a Ele pelo Pai.
b. Ninguém O conhece completamente exceto o Pai, ninguém conhece o Pai
completamente exceto Ele e aquele a quem Ele quer revelá-Lo- v.27
c. Ele chama todos aqueles que estão cansados e sobrecarregados para virem
a Ele, e Ele lhes dará descanso ─ v.28
d. Ele os encarrega para tomarem o Seu jugo sobre eles e aprenderem Dele,
pois Ele é manso e humilde de coração, e eles encontrarão descanso para
suas almas ─ v.29
e. Eles lhes assegura que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve ─ v.30

Nesta mensagem queremos abordar dois exemplos de oração expressados pelo


Senhor Jesus, o primeiro homem-Deus. A primeira oração é concernente as ovelhas de
Deus aflitas e errantes em Mateus 9:36-10:4. A segunda oração, acompanhada pelo
ensinamento maravilhoso, está em Mateus 11:25-30. Neste ensinamento o Senhor nos
encarregou para tomar o Seu jugo sobre nós. Podemos querer tomar o jugo do Senhor
sobre nós mas não sabemos o que é o Seu jugo. O jugo do Senhor é a vontade do Pai. O
Senhor não cuida de outra coisa senão a vontade do Seu Pai (Jo 4:34; 5:30; 6:38). Ele Se
submeteu totalmente a vontade do Pai (Mt 26:39,42) segundo a Sua economia. O Senhor
também exaltou o Pai por Sua economia.

Precisamos nos lembrar que ainda estamos vendo os fatos divinos na vida humana
mística do primeiro homem-Deus. Cada parte do viver do Senhor na terra é um fato
divino. Tudo o que Deus faz é um fato divino, e os fatos divinos estavam vivos numa vida

76
humana, fazendo dela uma vida humana mística. Algo divino na humanidade é místico.
Todos os exemplos da oração do Senhor são fatos divinos expressos por Ele em Sua carne
como o homem Jesus. Um simples ser humano não poderia expressar tais sentenças
divinas. Jesus era um homem-Deus, e tudo o que Ele disse e fez são fatos divinos
executados em Sua vida humana místicamente.

C. Ensina Seus Discípulos a Orar a respeito das


Ovelhas de Deus Aflitas e Errantes

Este é o terceiro caso de oração na vida humana do primeiro homem-Deus. O


primeiro caso está em Mateus 4 concernente ao jejum do Senhor. O segundo está em
Mateus 6 e 7 no supremo ensinamento do Senhor no monte.

1. Rogar ao Senhor da Seara para Mandar Trabalhadores para Sua Seara

O primeiro homem-Deus como o Pastor eleito de Deus, vendo que os eleitos de


Deus estavam aflitos e errantes como ovelhas que não têm pastor e movido de compaixão,
encarregou Seus discípulos para rogar ao Senhor da seara para que Ele enviasse
trabalhadores para Sua seara (Mt 9:36-38). A oração é geral; rogar é particular. O Senhor
da seara aqui é Deus o Pai. Sabemos disso por causa do registro paralelo em Lucas 6:12-18,
que diz que o Senhor passou a noite inteira em oração. Se Ele fosse o único Senhor da
seara, Ele não precisaria orar ao Pai. Sua oração indica que Ele considerava a Si mesmo um
Enviado. Ele se referia ao Pai como Aquele que O enviou (Jo 8:29) e considerava o Pai o
Senhor da seara.

Ele encarregou Seus discípulos de pedirem ao Pai não apenas para enviar, mas a
compelir trabalhadores para a seara. Compelir é muito mais rigoroso do que enviar. Os
amados santos que foram a Moscou no inicio da restauração do Senhor em 1991 foram
compelidos pelo Senhor.

2. Enviar Seus Doze Discípulos

Então Ele enviou Seus doze discípulos, que foram designados por Ele como os doze
apostolos, e lhes deu autoridade para expulsar espíritos imundos e curar todos os tipos de
doenças (Mt 10:1-4). Na verdade, as ovelhas do Senhor estavam sendo afligidas não
apenas pelos homens, mas pelos espíritos imundos. Por um lado, os demônios as estavam
afligindo, por outro, os líderes judeus as estavam expulsando. Então o Senhor enviou os
doze apóstolos para cuidar das ovelhas de Deus que estavam sob a aflição dos espíritos
malignos, demônios, e expulsar os líderes judeus hipócritas.

3. O Registro Paralelo de Lucas

77
No registro paralelo de Lucas desse caso, é nos dito que o próprio Senhor “saiu para
o monte para orar, e passou a noite toda em oração a Deus”. No dia seguinte Ele
estabeleceu os doze apóstolos para visitar e cuidar das pessoas que estavam atormentadas
pelos espíritos imundos e curá-los (Lc 6:12-18). Lucas revela que o enviar do Senhor era
segundo a resposta do Pai a Sua oração. Ele perguntou ao Pai quem entre os Seus
seguidores estaria qualificado para ser apóstolo. Mesmo Judas, o traidor, foi designado
pela decisão do Pai para executar Sua vontade.

O Senhor foi para o monte completamente à parte da sociedade humana para


contatar Seu Pai em oração, e Ele orou por toda a noite. No dia seguinte Ele estabeleceu os
doze apóstolos, então Sua designação dos doze apóstolos deve ter sido segundo a
resposta, decisão e instrução do Pai. Mateus não registrou esse ponto, pois Mateus
desvenda Cristo como o Rei no reino dos céus. Como Rei no reino dos céus, certamente Ele
era o Senhor da seara. Mas na verdade, o verdadeiro Senhor da seara era o Pai do Rei. O
registro de Lucas é sobre Cristo como um ser humano adequado, não o Rei. Em Lucas esse
ser humano foi ao Deus o Pai para orar.

Agora precisamos considerar o que devemos aprender do exemplo do Senhor. Se


virmos que determinado irmão está aflito, atormentado ou doente, o que devemos fazer?
Talvez não tenhamos o coração para cuidar dele. Por um lado, podemos cuidar dele e
querermos fazer algo por Ele na sua necessidade. Como resultado, podemos
apressadamente ver esse irmão e fazer coisas para ele. Isto é o que fazemos de maneira
natural; não é divino. Em vez disso, devemos aprender do Senhor Jesus. Devemos ir ao
Senhor e orar, “Senhor, meu irmão esta muito doente. O que Tu farias, Senhor? Tu me
darias o encargo para cuidar dele? Sendo assim, eu aceitarei o encargo. Se não, não farei
coisa alguma por mim mesmo como um ser humano. Quero cuidar dele Contigo, para
fazer deste cuidado não um feito humano, mas um feito divino.” Algumas vezes quando
vamos ao Senhor sobre determinado irmão necessitado, Ele pode pedir-nos para não
cantatá-lo naquele momento, porque esse irmão está em Suas mãos.

Todos nós que amamos a igreja queremos ajudar os santos quando vemos que eles
estão atormentados. Mas se fizermos isso, à parte de Deus, não é divino. Ser divino é fazer
tudo com Deus, por Deus e em Deus, e por meio de Deus. Quando alguém vem a nós com
um encargo ou um problema, devemos sempre levá-lo ao Senhor. O Senhor pode dizer,
“Deixe essa questão para Mim. Coloque-se de lado. Isso não é algo que você deve fazer”.
Por outro lado, se o Senhor nos encarregar de fazer algo, nosso fazer será divino.

Quando o Senhor viu os eleitos de Deus como o rebanho de Deus aflito e errante,
Seu coração foi movido com compaixão. Mas Ele não encarregou os discípulos para cuidar
diretamente deles. Em vez disso, Ele lhes disse para orar para que o Senhor da seara e
pedir-Lhe para enviar trabalhadores. O próprio Senhor praticou esse princípio. Ele viu a
necessidade de pastores para os eleitos de Deus, então Ele passou toda a noite em oração a

78
Deus. Ele não agiu sem oração. Ele levou esse caso ao Seu Pai, então Ele obteve a decisão
do Pai.

D. Sua Oração Sobrepujante ao Pai e Seu Ensinamento Maravilhoso

O primeiro homem-Deus, depois de repreender as cidades ao redor por não querer


receber Seu ensinamento e se arrependerem (Mt 11:20-24), orou ao Pai, e baseado em Sua
oração, Ele deu um ensinamento maravilhoso aos Seus discípulos (vv. 25-30). Na maior
parte do tempo, não podemos orar depois de repreender pessoas. Se um pai não puder
orar depois de repreender seus filhos, o seu reprovar não foi divino. Mas se ainda
pudermos orar depois que repreen-dermos alguém, a nossa repreensão era divina.

1. Sua Oração Sobrepujante

A oração sobrepujante ao Pai é a seguinte: “Eu Te exalto, ó Pai, Senhor do céu e da


terra, porque ocultaste essas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
Sim, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado” (vv. 25-26). Ninguém na história jamais orou
tal oração.

a. Comunhão com o Pai

Enquanto o primeiro homem-Deus estava repreendendo as cidades, Ele teve


comunhão com o Pai, respondendo ao Pai pela Sua oração. A oração do Senhor era na
verdade Sua resposta ao Pai. Isso indica que enquanto Ele repreendia, Ele estava em
comunhão com o Pai. Quando um pai repreende seus filhos, ele deve permanecer em
comunhão com o Senhor.

b. Exaltar o Pai

Em Sua oração o Senhor exaltou o Pai, reconhecendo-O como o Senhor do céu e da


terra. Exaltar é louvar com reconhecimento. Na maioria das vezes louvamos ao Senhor
sem nenhum reconhecimento, mas o Senhor louvou ao Pai reconhecendo que o Pai é o
Senhor do céu e da terra. Devemos aprender a louvar reconhecendo o Pai em Sua
economia, Sua vontade e Seus feitos.

Quando o povo de Deus era derrotado por seus inimigos, Deus era chamado de “o
Deus dos céus” (Ed 5:12; Dn 2:18, 37). Mas pelo fato de Abraão ser um homem na terra
posicionado por Deus, ele chamou Deus de “o possuidor dos céus e da terra” (Gn
14:19,22). O Senhor como o Filho do Homem chamou o Pai de “Senhor dos céus e da
terra”, indicando que o Senhor estava posicionado na terra pelos interesses de Deus. Seu
Pai poderia ser o Senhor da terra por meio Dele e por meio dos Seus discípulos.

79
c. Louvar o Pai por Revelar Essas Coisas aos Pequeninos

O Senhor louvou ao Pai por Ele ter ocultado todas essas coisas mencio-nadas em
Mateus 11:27 dos sábios e intendidos e as revelado aos pequeninos. Os sábios e intendidos se
referem a todas as pessoas nas cidades que O rejeitaram. Eles eram humanamente e
diabolicamente sábios e intendidos como as pessoas mundanas e intelectuais de hoje. O
Senhor oculta as coisas divinas deles e revela aos discípulos, que são os pequeninos.

d. Agradável Diante do Pai

O Senhor reconheceu que aquilo era agradável diante do Pai e submeteu-Se a ele.

2. Seu Ensinamento Desvendado aos Discípulos

A oração do Senhor é sobrepujante, e Seu ensinamento é desvendado (vv. 27-30).


Como pequeninos, somos desvendados, porque o Senhor tem tirado todos os véus de nós.

a. Todas as Coisas Foram Entregues a Ele pelo Pai

“Todas as coisas” aqui na verdade se refere a todos os discípulos, as pes-soas que


seguem o Senhor. No evangelho de João, o Senhor disse repetidamente que todos aqueles
que vem a Ele e creem Nele foram Lhes dados pelo Pai (6:37,44,65; 17:6b; 18:9). Se o Pai
não tivesse nos dado ao Senhor Jesus, não estaríamos na vida da igreja hoje. Nos tirar das
nossas ocupações mundanas não foi uma coisa fácil. Nós estamos na restauração do
Senhor porque o Pai nos deu ao Senhor Jesus. Nosso estar aqui não é por nós mesmos.

b. Conhecer o Filho e o Pai Requer Revelação

Ninguém conhece totalmente o Filho exceto o Pai; também ninguém conhece


totalmente o Pai exceto o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11:27).
Concernente ao Filho, apenas o Pai tem tal conhecimento, e concer-nente ao Pai, apenas o
Filho e aquele a quem o Filho O revela tem tal conheci-mento. Então, conhecer o Filho
requer que o Pai O revele (16:17), e conhecer o Pai requer que o Filho O revele (Jo 17:6, 26).
Paulo aspirava em Filipenses 3:10 conhecer Cristo. Conhecer Cristo é algo supremo. Cristo
é todo-inclusivo, todo-abrangente e ilimitado.

c. Chamar Todos os Que Estão Cansados e Sobrecarregados para Vir a Ele

O Senhor chamou todos aqueles que estavam cansados e sobrecarregados para


virem a Ele e Ele lhes daria descanso (Mt 11:28). Os religiosos judeus estavam cansados e
sobrecarregados por trabalhar sob a lei. Na terra quem não está cansado e sobrecarregado?

80
Esse mundo é um mundo cansativo, cheio de fardos, então o Senhor nos chamou para
irmos a Ele para descansar. Descansar significa paz perfeita e completa satisfação.

d. Encarrega os Discípulos de Tomar Seu Jugo sobre Eles e Aprender Dele

O Senhor encarregou os discípulos de tomar Seu jugo sobre eles e aprender Dele
porque Ele é manso e humilde de coração e eles achariam descanso para as suas almas
(v.29). Ser manso significa não resistir a oposição, e ser humilde significa não ter estima
própria. O descanso do Senhor é para nossas almas; é o descanso interior, não
simplesmente exterior em natureza. As aflições e os problemas estão em nossa alma. Paulo
nos disse para não sermos ansiosos de coisa alguma e tornar conhecidos todos os nossos
pedidos ao Senhor. Então a paz de Deus guardará nossos corações e nossos pensamentos
em Cristo Jesus (Fl 4:6-7).

e. Assegura a Eles que Seu Jugo é Suave e o Seu Fardo é Leve

O Senhor assegurou aos discípulos que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve (Mt
11:30). A palavra grega para suave significa “adequado para uso”; portanto, bom, bondoso,
suave, brando, fácil, agradável — em contraste com duro, ríspido, severo, penoso. O jugo
da economia de Deus é dessa maneira. Tudo na economia de Deus não é um fardo pesado,
mas um desfrute.

81
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM TREZE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS

UM HOMEM DE ORAÇÃO

(4)

UMA PALAVRA ADICIONAL CONCERNENTE AO PRIMEIRO HOMEM-DEUS


SOBRE SUA ORAÇÃO SOBREPUJANTE AO SEU PAI E SEU ENSINAMENTO
DESVENDADO AOS SEUS SEGUIDORES EM MATEUS 11:25-30

ESBOÇOS

I. Com respeito à economia eterna de Deus — v.27


A. O Pai tem entregado todos os Seus eleitos ao Filho para a edificação do
Corpo do Filho — v.27a; Jo 6:37, 44, 65; 17:6b; 18:9
B. Apenas o Pai conhece o Filho como a centralidade e universalidade da Sua
economia — v.27b; cf. Cl 2:2; Mt 16:15-17; Gl 1:15-16; Ef 3:4; Fl 3:10
C. Apenas o Filho conhece o Pai como a fonte e Criador da Sua economia —
v.27c
D. O Filho revela o Pai aos Seus crentes para a formação do Seu Corpo — v.
27d; Jo 17:6a
II. Com respeito a vontade agradável de Deus- vv. 25-26
A. O Pai ocultou todas as coisas como o conteúdo da Sua economia dos sábios e
intendidos — a mundanalidade — 1Co 1:26
B. Mas Ele revelou essas coisas aos pequeninos — os crentes no Filho —Mt 19:13-
14; 1Co 1:27-28

82
C. Essa é a vontade agradável do Pai.
III. Com respeito ao primeiro homem-Deus como a Cabeça do Corpo, o protótipo, e o
modelo — vv. 26, 29a:
A. Ser absolutamente submisso a Deus e completamente satisfeito com Deus.

B. Ser manso, não resistir aos oponentes, e humildes, humilhar a Si mesmo entre
os homens em Seu coração.

IV. Com respeito aos Seus crentes como membros do Seu Corpo, Sua produção em
massa e Sua duplicação — vv. 28a, 29b-30:
A. Responder Seu chamado em seus corações e vir Ele corporativamente — v.28a
B. Reproduzi-Lo em seu espírito por tomar Seu jugo — a vontade de Deus — e
laborar pela economia de Deus segundo o Seu modelo — v. 29a; 1Pe 2:21
C. Compartilhar em sua alma Seu descanso em satisfação — vv. 28b, 29b, 30

A excelente oração do Senhor e Seu ensinamento revelador em Mateus 11:25-30 são


relativos à quatro itens principais: relativo à economia eterna de Deus, relativo à vontade
agradável de Deus, relativo ao primeiro homem-Deus como a Cabeça do Corpo, o
protótipo e o modelo, e relativo aos Seus crentes como membros do Seu Corpo, Sua
produção em massa e Sua duplicação. A produção em massa está relacionada ao
protótipo, e a duplicação está relacionada ao modelo.

I. CONCERNENTE À ECONOMIA ETERNA DE DEUS

A economia eterna de Deus é vista em Mateus 11:27, onde o Senhor diz, “Tudo Me
foi entregue por Meu Pai. Ninguém conhece plenamente o Filho senão o Pai; e ninguém
conhece plenamente o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho O quiser revelar.”

A. O Pai Entregou Todos Os Seus Eleitos Ao Filho

O Pai entregou todos Seus os eleitos ao Filho para a edificação do Corpo do Filho
(v. 27a; Jo 6:37, 44, 65; 17:6b; 18:9). Deus o Pai deu todos os Seus escolhidos ao Filho, não
para que eles fossem para o céu ou simplesmente para sua salvação, mas para a edificação
do Corpo de Cristo. O Filho precisa de um Corpo e o Deus Triúno precisa de um
organismo. O Corpo de Cristo é o organismo do Deus Triúno para Sua expressão e
ampliação. Fisicamente falando, nosso corpo é nosso aumento. O Corpo de Cristo como o
organismo é o aumento de Cristo como a Cabeça. Todos os eleitos dado ao Filho pelo Pai
são o aumento de Cristo e o organismo do Deus Triúno para expressá-Lo.

A. Somente o Pai Conhece o Filho

Apenas o Pai conhece o Filho como a centralidade e universalidade da Sua


economia (Mt 11:27b; cf Cl 2:2; Mt 16:15-17; Gl 1:15-16; Ef 3:4; Fl 3:10). Cristo o Filho é o

83
mistério de Deus. Deus tem Sua pessoa e Seu propósito. A pessoa de Deus é triúna. Sua
trindade é a Sua pessoa. O conteúdo do Novo Testamento é o Deus Triúno. Cada capítulo
de Efésios revela o Deus Triúno (veja nota 1 de 2 Coríntios 13:14-Versão Restauração). O
capítulo um revela que Deus tem nos abençoado de maneira tríplice. Ele nos escolheu no
Pai, Ele nos redimiu no Filho e Ele nos selou no Espírito e é nossa garantia. A economia do
Deus Triúno é para Ele dispensar a Si mesmo no Seu povo escolhido e redimido para
torná-los Sua expressão.

A economia do Deus Triúno foi feita segundo Seu propósito para o Seu bom prazer,
e Seu bom prazer vem do desejo do Seu coração. Deus é uma pessoa viva, cheia de
sentimentos. Ele tem o desejo do Seu coração. Do desejo do coração de Deus procede o
bom prazer de Deus, desse prazer procede o propósito de Deus e desse propósito procede
Sua economia. A Bíblia toda é o conteúdo da economia de Deus.

Cristo como Deus veio para ser um homem para a economia de Deus. Ele é a
centralidade e universalidade de Deus. Em janeiro de 1934 o irmão Watchman Nee deu
uma conferência sobre Cristo ser a centralidade e universalidade de Deus. Ele é o centro e
a circunferência, e os raios—todo o conteúdo—da econo-mia de Deus. A primeira
conferência que dei nos Estados Unidos foi sobre o Cristo todo-inclusivo tipificado pela
boa terra com apenas três versículos — Deuteronômio 8:7-9. Conhecer Cristo, como Paulo
disse em Filipenses 3:10, não é algo pequeno, porque Ele é tudo. Conhecer qualquer outra
pessoas é simples porque essa pessoa não é todo-inclusiva.

Cristo era Deus que se tornou um homem, e esse homem estava na carne; como o
último Adão, se tornou um Espírito que dá vida (1Co 15:45b). Esse Espírito que dá vida é
composto com a Trindade Divina, divinidade, humanidade, a morte de Cristo com sua
eficácia, e Sua ressurreição com seu poder. Todos esses itens estão compostos no Espírito
composto tipificado pelo óleo da unção em Êxodo 30. Também, esse Espírito composto
que dá vida, tornou-Se sete vezes intensificado (Ap 1:4; 4:5; 5:6). O Novo Testamento
revela Cristo na carne nos evangelhos, Cristo como o Espírito que dá vida nas Epístolas, e
Cristo como o Espírito sete vezes intensificado em Apocalipse. Ninguém pode conhecer
Cristo o Filho de maneira exaustiva exceto o Pai. O Filho é a palavra, explicação, definição
e expressão do Pai.

C. Somente o Filho Conhece o Pai

Somente o Filho conhece o Pai como a origem e o Criador da Sua Economia (Mt
11:27c). Ninguém conhece completamente o Pai exceto o Filho e aqueles crentes a quem o
Filho deseja revelar o Pai. Os quatro evangelhos nos mostram Deus o Pai. Nenhum outro
livro revela o Pai tanto quanto o evangelho de João o faz. Vimos que o Senhor Jesus
exaltou o Pai como o Senhor dos céus e da terra (v.25). Ele louvou o Pai com
reconhecimento.

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D. O Filho Revela o Pai aos Seus Crentes

O Filho revela o Pai aos Seus crentes para a formação do Seu Corpo (v. 27d; Jo
17:6a). A economia de Deus é para a expressão do Pai por meio do Filho com Seu
organismo, o Corpo de Cristo. O Novo Testamento ensina que o Pai como a fonte tem um
desejo de ter um organismo por meio do Filho, e o Filho veio para chamar o eleito de Deus
para vir a Ele para que Ele possa regenerá-los, santificá-los e transformá-los, tornando-os o
Seu Corpo para ser o organismo do Deus Triúno.

O Novo Testamento nos ensina, os membros do Corpo de Cristo, a fazer tudo com
Deus, em Deus, por Deus e por meio de Deus. Ele não nos ensina amar as pessoas de
maneira ética com nosso amor natural. Temos que amar aos outros por Deus e com Deus,
de maneira divina e mística. Seu amor é divino, mas aquele que expressa o amor é um ser
humano místico. A Bíblia nos ensina a viver como pessoas divinas e místicas.

II. CONCERNENTE AO BOM PRAZER DE DEUS

O Pai Oculta o Conteúdo de Sua Economia aos Sábios e Entendidos

O Pai tem ocultado todas as coisas como o conteúdo da Sua economia dos sábios e
intendidos — a mundanalidade. Em 1 Coríntios 1:26 Paulo disse, “Considerai, pois,
irmãos, o vosso chamamento: não há muitos sábios segundo a carne, nem muitos
poderosos, nem muitos de nobre nascimento”. As universi-dades estão cheias de homens
sábios e entendidos que estão cegos com relação à economia de Deus.

B. Revelar Essas Coisas aos Pequeninos

O Pai revelou essas coisas aos pequeninos — os crentes no Filho (Mt 19:13-14; 1Co
1:27-28). Em Mateus 19, quando as pessoas trouxeram as crianças ao Senhor Jesus, os
discípulos as repreenderam. Mas o Senhor disse, “Deixai as crianças e não as impeçais de
vir a Mim, porque das tais é o reino dos céus” (v. 14). Se somos sábios e intendidos e não
como crianças, não há esperança para nós entrarmos no reino dos céus.

B. A Boa Vontade do Pai

Foi da boa vontade do Pai ocultar o conteúdo de Sua economia dos sábios e
intendidos, a mundanalidade, e revelá-las as crianças, os crentes no Filho.

III. CONCERNENTE AO PRIMEIRO HOMEM-DEUS COMO A


CABEÇA DO CORPO, O PROTÓTIPO E O MODELO

O primeiro homem-Deus é a Cabeça do Corpo, o protótipo e o modelo (Mt 11:29a).


Ele veio como um grão de trigo para produzir muitos grãos (Jo 12:24). O único grão era o
protótipo, e os muitos grãos são a produção em massa. A produção em massa é a
85
duplicação do modelo. Pedro nos disse que Cristo é um modelo para os crentes (1Pe 2:21).
A palavra grega para modelo é literalmente uma cópia escrita, uma subscrição usada pelos
estudantes para traçar as letras e com isso aprender a desenhá-las. Tornamo-nos a
reprodução de Cristo como a cópia escrita original. Cristo é o protótipo para produzir a
produção em massa e o modelo para produzir as muitas duplicações.

A. Ser Absolutamente Submisso a Deus e Totalmente Satisfeito com Deus

Cristo foi o primeiro homem-Deus, e nós somos os muitos homens-Deus. Temos


que aprender Dele em Sua submissão absoluta a Deus e Sua máxima satisfação com Deus.
Cristo era completamente submisso e estava satisfeito com o Pai e Sua vontade.

B. Ser Manso, Não resistir aos Oponentes, e Humilde,


Humilhar-Se entre os Homens em Seu Coração

O Senhor era manso, significando que Ele não resistia aos Seus oponentes. Ele
também era humilde, significando que Ele Se humilhava entre os homens em Seu coração.

IV. CONCERNENTE AOS SEUS CRENTES COMO OS CRENTES DO SEU


CORPO, SUA PRODUÇÃO EM MASSA, E SUA DUPLICAÇÃO

A. Responder Seu Chamado em Seus Corações

Os crentes do Senhor respondem Seu chamado em seus corações e veem a Ele


pessoalmente (Mt 11:28a). Vir a Ele pessoalmente significa que todo o nosso ser veio a Ele.
Essa é a razão porque Paulo nos exorta em Romanos 12:1 para apresentar nossos corpos ao
Senhor como sacrificio vivo. Temos que apresentar nossos corpos de maneira prática por
estarmos nas reuniões da igreja. Desde que fui salvo pelo Senhor em 1925, eu vim ao
Senhor com todo o meu corpo.

B. Reproduzí-Lo em Seus Espíritos

Os crentes reproduzem o Senhor em seu espírito ao tomar Seu jugo — a vontade de


Deus — e laboram para a economia de Deus segundo o Seu modelo (Mt 11:29a; 1Pe 2:21).
O Senhor nos disse para aprender Dele. Aprender Dele é reproduzi-Lo, não imitá-Lo
exteriormente. Dessa maneira nós nos tornamos Sua duplicação e produção em massa. O
primeiro requisito ao aprender Dele é tomar Seu jugo, que é a vontade de Deus. A vontade
de Deus tem que nos subjugar, e temos que colocar o nosso pescoço nesse jugo. Setenta
anos atrás como um jovem, eu tomei o jugo de Jesus. Esse jugo tem me protegido nos
últimos setenta anos.

86
Nós também precisamos ser aqueles que laboram para a economia de Deus. Todas
as pessoas mundanas estão sobrecarregadas por muitas coisas. Elas estão muito ocupadas.
O Senhor está chamando aqueles que estão laborando, que tem encargos, e que não tem
satisfação ou descanso, para vir a Ele para que Ele possa dar-lhes um descanso real com
satisfação. O descanso sem satisfação não é um descanso verdadeiro. Precisamos tomar
Seu jugo e laborar para a economia de Deus segundo o Seu modelo, seguindo-O em Seus
pisadas.

C. Compartilhar na Sua Alma Seu Descanso em Satisfação

A coisa mais difícil é descansar em nossa alma. As pessoas perdem o sono porque
sua alma está perturbada. O descanso que encontramos ao tomar o jugo do Senhor e
aprendemos Dele é para nossa alma. Nós compartilhamos em nossa alma do Seu descanso
e satisfação (Mt 11:28b, 29b, 30).

87
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM QUATORZE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS

UM HOMEM DE ORAÇÃO

(5)

Leitura bíblica: Mt 14:19, 23

ESBOÇO

II.Os fatos divinos na vida humana mística do primeiro homem-Deus no relato dos
evangelhos sinóticos concernentes ao primeiro homem-Deus como o Salvador-Rei
no reino dos céus, do Salvador-Servo no serviço do evangelho de Deus e do
Salvador-homem na salvação de Deus:
E. Na execução do milagre de alimentar cinco mil pessoas com cinco pães e dois
peixes, Ele treinou os discípulos a aprenderem Dele (Mt 11:29) que:

1. Antes de executar o milagre, Ele tomou cinco pães e dois peixes, olhou
para os céus (indicando que Ele olhava para Seu Pai no céu), e os abençou
(Mt 14:19, indica que:

a. Como o Filho enviado pelo Pai do céu à terra, Ele era um com o Pai,
confiando no Pai ─ Jo 10:30.
b. Ele não fazia nada de Si mesmo ─ Jo 5:19.
c. Ele não procurava a Sua própria vontade, mas a vontade Daquele que
O enviou ─ Jo 5:30b.
d. Ele não procurava Sua própria glória, mas a glória do Pai que O enviou
─ Jo 7:18.
2. Depois de executar o milagre, Ele foi para o monte para orar sozinho
(Mt 14:23; cf. 6:12), indicando que:

88
a. Ele não permaneceu no resultado do milagre com as multi-dões, mas
foi embora para estar sozinho com o Pai no monte em oração.
b. Ele poderia pedir ao Pai para abençoar todos aqueles que tinham
participado no desfrute no resultado do milagre:
1) Que eles não ficassem satisfeitos com a comida que perece;
2) Mas que eles devessem buscar pelo alimento que perma-nece
para a vida eterna;
3) E reconhecer que Ele não era apenas o Filho do Homem, mas
também o Filho de Deus:
a) Ele foi enviado e selado pelo Pai,
b) E que poderia dar a eles a vida eterna ─ Jo 6:27.

c. Ele poderia receber do Pai algumas instru-ções


concernente a como cuidar das cinco mil pessoas ali-mentadas
pelo Seu milagre.

Nesta mensagem queremos continuar nossa comunhão a respeito do pa-drão do


Senhor como homem de oração no relato de Mateus.

E. Treinar Seus Discípulos para Aprender Dele no


Milagre de Alimentar Cinco Mil Pessoas

1. Tomar os Cinco Pães e Dois Peixes, Olhar para o Céu e Os Abençoar

Ao executar o milagre de alimentar cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes,
Ele treinou Seus discípulos para aprender Dele. Em Mateus 11:29 o Senhor disse aos
discípulos que eles necessitavam aprender Dele, indicando que Ele era o padrão deles.

Mateus 14:19 diz que Ele tomou cinco pães e dois peixes e quando ia abençoá-los,
Ele olhou para o céu. Em outras palavras, Ele abençou o alimento ao olhar para o céu.
Olhar para o céu indica que Ele estava olhando para Seu Pai no céu. Isso indica que Ele
reconhecia que a fonte da benção não era Ele. Ele era o Enviado. O Enviado não deveria
ser a fonte da benção. O Emissor, o Pai, deveria ser a fonte da benção.

Aqui há uma grande lição para nós. Muitos leitores da Bíblia prestam atenção ao
milagre de criar algo do nada executado pelo Senhor Jesus em Mateus 14. Mas devemos
ver o padrão que o Senhor estabeleceu para nós aqui. Devemos lembrar que Ele olhou
para o céu e abençou os cinco pães e dois peixes diante dos Seus discípulos. Depois de
abençoar dessa maneira, Ele disse aos discípulos o que fazer. Sem dúvida, o que Ele fez foi
um padrão para os discípulos apren-derem Dele. Segundo esse padrão, devemos perceber
que não somos o Emissor, mas os enviados por Ele. Não importa o quanto possamos fazer,

89
devemos perceber que ainda precisamos da benção da fonte, do nosso Emissor, para que
possamos passar para os beneficiários. Essa é a grande lição que quero enfatizar.

Um cooperador que é convidado para falar em algum lugar pode pensar que pelo
fato de falar pelo Senhor por tantos anos, ele sabe como falar. Todos nós precisamos deixar
esse tipo de atitude e perceber que nós não somos a fonte. Nenhuma benção procede de
nós. Não importa o quanto possamos fazer ou o quanto sabemos o que fazer, devemos
perceber que precisamos da benção do Emissor sobre o que fazemos por confiar Nele, não
em nós mesmos. Mesmo quando tomamos nossas refeições, devemos aprender do Senhor
a olhar para o Pai como a fonte. Quando abençoamos nosso alimento, devemos abençoá-lo
olhando para a fonte da benção.

a. É Um com o Pai

Seu olhar para o Pai no céu indicava que como Filho na terra enviado pelo Pai no
céu, Ele era um com o Pai, confiando no Pai (Jo 10:30). Esse é um princípio muito
importante. Sempre que eu falo pelo Senhor, devo ter a sensação de que sou um com o
Senhor, confiando Nele. O que eu sei e o que posso fazer não significa nada. Ser um com o
Senhor e confiar Nele significa tudo em nosso ministério. Nunca devemos ministrar a
palavra permanecendo em nós mesmos e confiando no que podemos fazer. Se confiarmos
no que podemos fazer, estaremos terminados. A benção vem somente quando somos um
com o Senhor e confiamos Nele.

b. Não Fazer Nada por Si mesmo

O Senhor não fazia nada por Si mesmo (Jo 5:19). Esse também era um padrão dos
discípulos. Ele era Aquele por meio de quem todo o universo foi criado, mas Ele não fazia
nada por Si mesmo. Esse é o negar do nosso ego, que Ele tanto nos ensinou. Ele disse que
se alguém quiser segui-Lo deve tomar sua cruz e negar a si mesmo (Mt 16:24). Ele viveu
uma vida de negar a Si mesmo.

Os professores instruídos nas universidades fazem muitas coisas para atrair a


atenção das pessoas, expondo o que eles sabem e podem fazer. Mas nós não somos os
professores de hoje; nós somos os homens-Deus de hoje, a duplicação de Jesus. Devemos
negar a nós mesmos e não termos a intenção de fazer algo de nós mesmos, mas ter a
intenção de fazer tudo a partir Dele. Isso é praticar o ensinamento de negar o ego ao fazer
as coisas com o Senhor.

c. Não Buscar a Sua Própria Vontade

O Senhor não buscava a Sua própria vontade, mas a vontade Daquele que O enviou
(Jo 5:30b). Primeiro, Ele negou a Si mesmo; segundo Ele rejeitou Sua idéia, Sua intenção e
Seu propósito. Ele buscou somente a vontade Daquele que O enviou. Todos nós devemos

90
estar em alerta para uma coisa — quando somos enviados para alguma obra, não devemos
agarrar a chance de buscar o nosso objetivo. Quando vamos executar a obra de Deus,
vamos para buscar nosso propósito ou o propósito de Deus? O irmão Nee estava sempre
preocupado que quando ele enviava um irmão para a obra do Senhor, de que o irmão se
agarrasse a oportunidade de executar seu próprio propósito.

Um dia estava me preparando para ir de Xangai para Hangchow. Então o irmão


Nee perguntou, “Witness, com que propósito você vai para Hangchow? Eu respondi que
iria visitar os irmãos lá. Ele disse que essa era a resposta errada. Em vez disso, eu deveria
dizer que iria para executar o propósito do Senhor. Se vai meramente visitar os irmãos,
você pode fazer muitas coisas por si mesmo. Você pode se agarrar a sua visita a eles como
uma oportunidade para cumprir seu propósito em vez de buscar a vontade do Senhor.
Não é fácil ter um coração puro, sem ter nosso propósito, nosso alvo, e nossa intenção.
Devemos somente buscar a intenção, propósito, alvo e finalidae do enviar do Senhor. Isso
requer muito aprendizado da nossa parte.

Algumas vezes alguns irmãos perguntam como me sinto em relação a sua aceitação
do convite para um determinado lugar. Minha consideração é, “Você vai somente para
cumprir o propósito do Senhor, o objetivo do Senhor, o alvo do Senhor, a intenção do
Senhor, a finalidade do Senhor, isto é, a vontade do Senhor, ou se agarrará à oportunidade
para cumprir sua intenção, sua vontade?” Buscar a nossa intenção é absolutamente
impuro. Precisamos ser purificados pela cruz. Devemos orar, “Senhor, salva-me de sair
para algo segundo a minha intenção e finalidade”. O Senhor Jesus nunca buscava Sua
própria intenção, propósito, conceito ou finalidade. Ele somente buscava de maneira pura
a vonta-de do Pai.

d. Não Buscar a Sua Própria Glória

O primeiro homem-Deus não buscava Sua própria glória, mas a glória do Pai que O
enviou (Jo 7:18). Eu estive com o irmão Nee por cerca de trinta anos. O que mais o
pertubava entre os cooperadores era que dificilmente poderia ver um entre eles que não
fosse ambicioso. Ser ambicioso é procurar sua própria glória. No serviço que fazemos ao
Senhor na vida da igreja, há sempre nossa ambição. Um irmão pode ter a ambição de ser
um presbítero. Para se tornar um presbítero, ele sente que primeiro deve tornar-se um
diácono. Ser um diácono está a um passo de ser promovido ao presbíterato. Não devemos
pensar que não somos absolutamente ambiciosos dessa maneira. Todos somos
descendentes caídos de Adão e doentes da mesma doença, o mesmo pecado. A rebelião
que ocorreu entre nós há sete anos foi completamente devido à ambição. Durante anos
tenho visto diversos cooperadores entre nós danificados pela ambição. Pela misericordia
do Senhor, aprendi o segredo de lidar com o ego e com a minha intenção, isso tem me
ajudado a lidar com a minha auto-glorificação.

91
Em João 7:18 o Senhor disse aos fariseus, “Quem fala de si mesmo busca a sua
própria glória; mas o que busca a glória de quem O enviou, esse é verdadeiro, e Nele
não há injustiça”. Os fariseus estavam procurando sua própria glória. Segundo o contexto
desse versículo, o Senhor mostrou a eles que se não estivessem buscando a própria glória,
eles saberiam que Ele foi enviado pelo Seu Pai.

Precisamos ver que nosso ego, nosso propósito e nossa ambição são os três maiores
“vermes” destruidores em nossa obra. Se nós sempre somos usados pelo Senhor em Sua
restauração, nosso ego tem que ser negado, nosso propósito tem que ser rejeitado, e nossa
ambição tem que ser abandonada. Não devemos ter nosso próprio propósito; em vez
disso, devemos ter apenas a vontade do Senhor. Todos nós temos que aprender dessas três
coisas: sem ego, sem propósito e sem ambição. Devemos somente saber laborar, trabalhar
para Ele, por negar nosso ego, rejeitar nosso propósito, e abandonar nossa ambição. Ego,
propósito e ambição são como três serpentes ou escorpiões em nós. Precisamos aprender a
odiá-las.

2. Subir ao Monte Particularmente Para Orar

Depois de realizar o milagre, o Senhor foi para o monte particularmente para orar
(Mt 14:23; cf. Lc 6:12).

a. Não Permanecer no Resultado do Milagre com as Multidões

O Senhor não permaneceu no resultado do milagre com as multidões, mas afastou-


Se delas particularmente para estar com o Pai no monte em oração. Se formos a um
determinado lugar e tivermos um grande sucesso, nós deixaremos imediatamente ou
permaneceremos nesse grande sucesso para desfrutar dele? Precisamos ver e seguir o
padrão do Senhor Jesus. Ele não permaneceu no resul-tado do grande milagre que Ele
executou. Em vez disso, Ele foi para o monte particularmente para orar. A palavra
particularmente é muito significante. Isso significa que Ele não deixou as pessoas saberem
que Ele foi orar.

Caso contrário, eles O teriam seguido. Ele afastou-Se deles particularmente para
estar com o Pai em oração. Eu gosto destas frases: estar com o Pai, no monte, e em oração.
Devemos aprender do padrão do Senhor aqui por exercitar estar com Ele no monte, e em
oração. Sua olhada para o céu significava que Ele não tinha confiança em Si mesmo. Sua
subida para o monte significava que Ele queria estar com o Pai em oração.

Orar com outros é bom, mas frequentemente precisamos orar sozinhos. Quando
oramos com outros, podemos não desfrutar o Senhor tão profundamente quando oramos
ao Senhor particularmente. Mesmo o Senhor Jesus nos disse que quando orarmos
devemos fechar nossa porta particularmente e orar em secreto ao Pai que vê em secreto
(Mt 6:6). Então temos a sensação de quão íntimo Ele é para nós e quão perto estamos Dele.

92
Temos que aprender a deixar as multidões, nossa familia, nossos amigos, e os santos na
igreja para irmos a um nível mais elevado no “monte elevado”. Temos que ir mais alto,
longe das coisas terrenas no nível inferior. Precisamos chegar a um nível mais elevado,
separado da multidão, para estar com o Pai particularmente e secretamente para ter
comunhão intima com Ele. Esse é o significado de estar no monte em oração.

c. Rogar ao Pai para Abençoar Todos Aqueles Que Participaram


no Desfrute do Resultado do Milagre

Precisamos considerar porque o Senhor Jesus foi para o monte logo depois desse
milagre. João 6:27 nos dá a razão. Este versículo diz que depois de realizar o milagre, o
Senhor disse: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece
para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; pois a Este o Pai, Deus, marcou
com o Seu selo”. O Senhor disse para aqueles que Ele alimentou para não buscar a comida
que perece, mas buscar a comida que permanence para a vida eterna. Creio que o Senhor
Jesus foi para o monte para orar desta maneira: “Pai, Eu oro a Ti sob a Tua benção. Por
meio da Tua benção Tu alimentastes cinco mil, mas Pai, eles apenas buscam pela comida
que perece. Eu espero que Tu os abençoe para que eles busquem a comida que permanece
para a vida eterna. Pai, Tu sabes que Eu sou o Teu Enviado. Somente Eu posso dar-lhes a
comida que permanece para a vida eterna, mas eles não Me conhecem dessa maneira. Eles
apenas sabem que Eu posso realizar um milagre para alimentá-los com comida física. Mas
eles não sabem que somente Eu posso dar-lhes a comida que é para a vida eterna”. Creio
que o Senhor orou para abençoá-los além dessa maneira.

Sua ida para o monte para orar particularmente indicou que Sua petição ao Pai para
abençoar todos aqueles que tinham participado do desfrute do resultado do milagre para
que eles não estivessem satisfeitos com a comida que perece, mas que eles devessem
buscar o alimento que permanece para a vida eterna e reconhecessem que Ele não era
apenas o Filho do Homem, mas também o Filho de Deus que foi enviado e selado pelo Pai
e que podia dar a vida eterna a eles. Enquanto os cinco mil estavam sendo alimentados
por Ele, eles reconheceram que Ele o Filho do Homem capaz, mas eles não perceberam
que Ele na verdade era o Filho de Deus que foi não somente enviado, mas também selado
pelo Pai. Ele era o Único que podia dar-lhes o verdadeiro pão que está relacionado a vida
eterna. Por esta razão, Ele tinha outro ensinamento em João 6. Em João 6 o Senhor revelou
que Ele é o pão vindo dos céus, o pão da vida. Por fim, Ele disse-nos que esse pão é apenas
Sua palavra. “As palavras que Eu vos tenho dito são espírito e são vida” (v. 63). João 3:34
diz que Ele é Aquele que fala a palavra e dá o Espírito não por medida. Conhecê-Lo dessa
maneira requer uma revelação, então Ele orou por eles particularmente no monte.

c. Receber Algumas Instruções do Pai

93
Sua subida ao monte para orar particularmente também indicou que Ele queria
receber do Pai alguma instrução com relação de como cuidar das cinco mil pessoas que Ele
tinha alimentado por meio do Seu milagre.

Neste estudo-cristalização de Mateus 14, podemos ver o quanto precisamos de


revelação do Senhor para ver o significado intrínseco da Sua palavra. Para ver o milagre
de alimentar cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes é fácil, mas conhecer as lições
profundas que temos de aprender do Executor desse grande milagre requer revelação.
Essas lições são intrínsecas, profundas e de vida. Conhecer o grande milagre que o Senhor
executou não nos dá nenhuma vida. Podemos apenas admirar o ato exterior do Senhor.
Mas ver todos os pontos detalhados com relação as lições de vida para aprender do
Senhor em Sua maneira de executar o milagre transmite vida vida a nós. Precisamos
aprender estas lições vivas do Senhor para que possamos entrar no viver do homem-Deus.

94
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM QUINZE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS

UM HOMEM DE ORAÇÃO

(6)

Leitura bíblica: Mt 15:36-39; 17:19-21; 18:15-22; 19:13-15

ESBOÇOS

II. Os fatos divinos da vida mística humana do primeiro homem-Deus no registro dos
evangelhos sinóticos com relação ao primeiro homem-Deus como o Salvador-Rei no
reino dos céus, o Salvador-Escravo no serviço do evangelho de Deus, e o Salvador-
Homem na salvação de Deus:

F. Ao executar o milagre de alimentar quatro mil pessoas com sete pães e alguns
pequenos peixes (Mt 15:36-39), Ele novamente treinou os Seus discípulos a
aprender Dele que:

1. Antes de executar o milagre, Ele deu graças (Mt 15:36), indicando que:
a. Ele honrou Seu Pai como a fonte do suprimento das necessidades das
pessoas, estando na posição Daquele que foi enviado por Seu Pai.
b. Ele treinou Seus discípulos para dar graças a Deus o Pai pela
necessidades deles e em tudo (1Ts 5:18; Ef 5:20).
2. Depois de executar o milagre, Ele deixou a multidão e foi para os confins de
Magadã (Mt 15:39), indicando que Ele não permaneceria no resultado do
milagre com a multidão para o desfrute da apre-ciação deles.
G. Ao responder as perguntas de Seus discípulos com relação ao por quê eles não
foram capazes de expulsar um demonio (17:19-21), Ele os treinou para que:
1. Eles deveriam orar com fé—v. 20.
2. Eles deveriam também orar com jejum—v. 21.
H. Ao lidar com o desobediente à igreja (18:15-22), Ele treinou os Seus discípulos:
1. Amarrar o desobediente com sua autoridade celestial por meio de dois ou
três reunidos juntos para orar pelo desobediente em harmo-nia—vv. 18-20.
95
2. Perdoar o ofensor (isso pode indicar o desobediente) setenta vezes sete —
vv. 21-22.
I. Quando o povo trouxe suas crianças para Ele para que impusesse Suas mãos
neles e orar, mas Seus discípulos os repreenderam (19:13-15), Ele os treinou:

1. Corrigindo-os para que não impedissem as crianças, mas que as


permitissem vir a Ele, indicando que o reino dos céus é delas — v. 14.

2. Ao impor Suas mãos sobre as crianças — v. 15.

Temos visto a partir de Mateus 11 que o Senhor disse-nos que temos que aprender
Dele (v. 29). Ele é o nosso protótipo e também o nosso modelo. Temos que ser Sua
reprodução e Sua cópia. Quando o Senhor alimentou os cinco mil com cinco pães e dois
peixes, como registrado em Mateus 14, Ele fez isso para que os discípulos aprenderem
Dele, não apenas para que eles vissem um grande milagre. O Senhor se importa com as
lições de vida.

F. Ao Executar o Milagre de Alimentar Quatro Mil Pessoas

1. Dar Graças antes de Executar o Milagre

Ao executar o milagre de alimentar quatro mil pessoas com sete pães e alguns
pequenos peixes (Mt 15:36-39), Ele treinou Seus discípulos novamente a aprender Dele.
Essa foi a segunda vez que Ele alimentou uma grande multidão. A primeira vez, quando
alimentou os cinco mil, Ele abençou os pães e o peixe, olhando para os céus. Sua benção
estava sob o abençoar do Pai que está no céu. Antes de alimentar os quatro mil, Ele deu
graças a Deus (v.36). Creio que o Senhor fez isso propositadamente para treinar os
discípulos.

a. Honrar Seu Pai como a Fonte

Seu dar graças indicou que Ele honrou Seu Pai como a fonte do suprimento das
necessidades das pessoas, estando na posição de Enviado pelo Pai. Isso indicou aos Seus
discípulos que o Seu Pai, não Ele, era a fonte de todas as necessidades das pessoas. Caso
contrário, as pessoas dariam glória a Ele, pensando que Ele era a fonte. Como o Enviado, o
Senhor Jesus deu graças ao que O enviou. Ele permaneceu na posição de Enviado pelo Seu
Pai.

Satanás é o oposto do Senhor Jesus. O Senhor Jesus permaneceu na Sua posição


como um Enviado, um subordinado, não a fonte. Mas Satanás se rebelou contra a fonte
para exaltar a si mesmo. Isso se tornou uma rebelião que fez com que todo o universo se
tornasse em caos. Não apenas os humanos estão lutando nessa terra, mas também,
segundo Daniel, os anjos estão lutando (10:13, 20). A Bíblia nos mostra claramente que há

96
dois tipos de anjos: os anjos bons que permanecem com Deus e os anjos maus que seguem
Satanás. Em Apocalipse 12 Satanás é comparado com um grande dragão vermelho cuja
cauda arrasta a terça parte das estrelas do céu (vv. 3-4). As estrelas do céu aqui
representam os anjos (Jó 38:7; Is 14:12). A terça parte das estrelas são os anjos caidos que
seguiram Satanás em sua rebelião contra Deus. Há uma guerra acontecendo tanto na terra
como no céu. A terra hoje está cheia de rebelião e luta. Os Estados Unidos tentam
preservar a paz, mas não há maneira de eles fazerem isso. Mesmo na igreja, a desordem
aparece, então segundo o ensinamento do Novo Testamento, o Senhor Jesus estabeleceu
um modelo para preservar a boa ordem. Ele sempre permaneceu na posição de um
Enviado do Pai.

Quando Ele executou milagres, Ele também estava na posição de homem. Durante
os três anos e meio do Seu ministério terreno, Ele agiu como um homem submisso a Deus.
Isso envergonhou Satanás. Por isso o Senhor disse que Satanás não tinha nada Nele (Jo
14:30b). Satanás não tinha nada Nele porque Sua submissão ao Pai mantinha Satanás
afastado. Hoje na restauração do Senhor, devemos aprender a como preservar a ordem
adequada de submissão no Corpo. O irmão Watchman Nee enfatizava isso grandemente.

O Senhor não ensinou muito isso, mas Ele se comportou dessa maneira para treinar
Seus discípulos. Por isso Ele disse aos Seus discípulos para tomar o Seu jugo e aprender
Dele. Hoje nós temos que seguir o padrão do Senhor. Temos que tomá-Lo como um
modelo para reproduzir, honrar o Pai como a fonte de suprimento das pessoas
necessitadas, permanecer na posição de Enviado pelo Seu Pai.

b. Treinar Seus Discípulos para Dar Graças a Deus o Pai

Ele também treinou Seus discípulos para dar graças a Deus o Pai pelas suas
necessidades e em tudo. Tanto em 1 Tessalonicenses 5:18 como em Efésios 5:20 Paulo nos
diz para dar graças a Deus em tudo. Isso é muito importante. Não queremos fazer coisa
alguma como uma mera formalidade. Mas, mesmo ao fazer tudo, mesmo nas coisas
comuns, temos que dizer, “Senhor, eu Te agradeço por isto. Tudo que Tu criastes tem sido
preparado para satisfazer minha necessidade pela Tua misericórdia e pela Tua provisão
divina”. Precisamos agradecer ao Senhor por todas as Suas bençãos físicas e espirituais.

2. Depois de Executar o Milagre, Deixar a


Multidão e Ir ao Confins de Magadã

Depois que Ele alimentou os cinco mil, deixou a multidão para ir ao alto monte
particularmente para orar (Mt 14:23). Depois de alimentar os quatro mil, Ele também
deixou a multidão e foi para os confins de Magadã (15:39), indicando que Ele não
permaneceria no resultado do milagre com a multidão para o desfrute da sua apreciação.
Isso é um modelo para nós. Quando falamos e temos uma boa reunião, queremos
permanecer com a multidão para desfrutar a apre-ciação das pessoas. Isso é carnal. Na

97
primeira multiplicação, o Senhor deixou e foi para o monte particularmente. Na segunda
vez Ele deixou a apreciação da multidão e foi para os confins de Magadã.

G. Responder as Questões dos Seus Discípulos por Eles


Não Serem Capazes de Expulsar um Demônio

1. Orar com Fé

Os discípulos não tiveram sucesso ao tentar expulsar um demônio, então eles


perguntaram ao Senhor porque isso aconteceu. Em Sua resposta a pergunta deles, Ele lhes
ensinou que deveriam orar com fé (17:19-20). Nos anos iniciais na China entre nós, houve
diversos casos de expulsão de demônios, mas não nos anos recentes. Se tentarmos
expulsar demonios, eles nos condenarão. Quando eles nos condenam, podemos perder
nossa segurança, levando-nos a orar sem fé. É por isso que temos que declarar, “Satanás,
você está derrotado. Você é o inimigo derrotado, e o Senhor Jesus crucificou-o na cruz.
Nós temos o sangue do Cordeiro que nos cobre e vence sua acusação.” Essa é a palavra do
nosso testemunho que derrota o inimigo (veja Ap 12:11 e nota 3). Isso nos dá a segurança
para orar com fé.

2. Orar com Jejum

O Senhor também disse que precisamos orar com jejum (Mt 17:21). Algumas vezes
os demônios são muito persistentes e lutam para não irem embora. É por isso que
precisamos orar com fé e também com jejum. Estas duas coisas — fé e jejum — eliminam o
nosso ser natural, nossa carne. Se estamos na carne, não podemos orar nem jejuar de
maneira genuína. Orar com fé é contatar Deus e ser saturado com Ele, que resulta em ter fé
em Deus para a exaltação de Deus, e o jejum é para lidar com o ego, sufocar a nós mesmos.

H. Lidar com Aquele que É Desobediente a Igreja

1. Amarrar o Desobediente com Sua Autoridade Celestial

Ao lidar com aquele que é desobediente a igreja, o Senhor ensinou Seus discípulos a
amarrar o desobediente com a autoridade celestial deles por meio dois ou três reunindo
juntos para orar pelo desobediente em harmonia (18:18-20). Mateus 18:15-22 descreve o
caso de um irmão que foi desobediente primeiro a alguém que queria apascentá-lo. Por ele
não querer ouví-lo, esse apascentador tomou dois ou três com ele. Se ele ainda permanece
rebelde, eles dizem-no a igreja. Se ele não ouvir a igreja, ele perderá a comunhão da igreja
e será como gentio e publicano, aqueles que estão fora da comunhão da igreja.

O Senhor Jesus disse aos discípulos para amarrar tais rebeldes com autoridade
vinda dos céus. O que nós amarrarmos será amarrado nos céus. Os presbíteros
especialmente têm que aprender a como amarrar os rebeldes. Não devemos amarrar

98
alguém exteriormente de maneira carnal. Temos que amarrar com autoridade dos céus
com dois ou três reunindo juntos no princípio do Corpo, não por nós mesmos. Dois ou três
representam a cooperação do Corpo.

Esses dois ou três estão juntos não para discutir fatos, mas para orar em harmonia.
Há a necessidade de harmonia entre os homens para ter a autoridade celestial. Orar em
harmonia é como os sons musicais que estão em harmonia. O que quer que você diga para
amarrar o rebelde deve ser como música para Deus e também para o inimigo Satanás para
que ele seja derrotado. Se interiormente estamos opininando e discordando, o diabo
conhece nossos corações. É muito dificil haver harmonia entre maridos e esposas. Mesmo
na vida da igreja, isso pode ser o mesmo entre os santos. Enquanto os presbíteros não
estiverem em harmonia, o presbiterato estará perdido. Eles não serão capazes de exercer a
autoridade do Senhor.

Todo aquele que não está em harmonia e se rebela, a vida da igreja sofrerá perda. O
Senhor Jesus estabeleceu um exemplo o qual é uma verdadeira vergo-nha para Satanás,
que é o maior rebelde. No universo há uma pessoa com o nome de Jesus Cristo que
submeteu-Se absoluta e continuamente ao Seu Pai, permanecendo em Sua própria posição
para preservar a harmonia entre a Trindade.

2. Perdoar o Ofensor

Mateus 18:21 e 22 diz, “Então Pedro, aproximando-se, Lhe perguntou: Senhor,


quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe hei de perdoar? Até sete vezes?
Respondeu-lhe Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Segundo o
contexto desses versículos, o ofensor deve ser o desobe-diente no seção anterior. Pode ser
que Pedro foi ofendido por um irmão desobe-diente. Porque ele era forte e sincero, Pedro
perguntou ao Senhor quantas vezes ele deveria perdoar seu irmão. O Senhor disse que se
perdoarmos um irmão desobediente, temos que perdoá-lo setenta vezes sete, isto é,
quatrocentos e noventa vezes. Amarrar é fácil, perdoar é dificil. As esposas e os maridos
não devem amarrar um ao outro, mas perdoar um ao outro. Aqueles que vivem na vida
do reino dos céus não tem o sentimento de ficar ofendido. Quanto mais vivemos no reino,
menos sentimos que alguém nos ofende, mesmo que tenha feito muitas coisas erradas a
nós.

I. As Pessoas Trazem Suas Crianças ao Senhor

As pessoas trouxeram suas crianças ao Senhor para que Ele pudesse impor Suas
mãos sobre elas e orar, mas Seus discípulos as repreenderam (Mt 19:13-

99
1. Corrige os Discípulos

O Senhor ensinou os discípulos ao corrigi-los a não impedir os pequeninos, mas


permitir-lhes que viessem a Ele, indicando que o reino dos céus era deles (v.14). Todo o
povo do reino deve ser como criança. Os discípulos repreenderem as crianças que vieram
para o Senhor indica que eles sentiam que eram maduros e especiais. Nunca devemos ser
orgulhosos dessa maneira. Nunca devemos rejeitar os fracos, os caídos, os falhos e os que
retrocedem, ou aqueles que sentimos que não crescem. No serviço do Senhor, temos que
cuidar deles. Paulo em Gálatas 6 nos exorta a restabelecer com espírito de mansidão os que
foram tragados pelo pecado (v. 1).

2. Impor Suas Mãos sobre os Pequeninos

O Senhor também ensinou os discípulos por impor Suas mãos sobre os pequeninos
(Mt 19:15). A benção do Senhor alia-se com Suas mãos. Ao impor Suas mãos sobre os
pequeninos indicava que Ele nunca rejeitaria os fracos, os falhos ou os derrotados, que são
como crianças. O Senhor não os esqueceria, Ele ainda os abençoaria. Todos esses pontos
são muito instrutivos e nos mostram como devemos lidar com as pessoas e estar entre elas
para o interesse do Senhor.

100
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM DEZESSEIS

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS

UM HOMEM DE ORAÇÃO

(7)

Leitura bíblica: Mt 21:18-22; Mc 11:20-24; Mt 24:15-22; 26:20-30, 36-46

ESBOÇOS

II. Os fatos divinos na vida humana mística do primeiro homem-Deus no registro dos
evangelhos sinópticos com relação ao primeiro homem-Deus como o Salvador-Rei no
reino dos céus, o Salvador-Servo no serviço do evangelho de Deus, e o Salvador-
Homem na salvação de Deus:
J. Ao amaldiçoar a figueira dessa maneira ela secou instantaneamente, o primeiro
homem-Deus ensinou os Seus discípulos a como orar com fé ─ Mt 21:12-22; Mc
11:20-24
1. Aqui o ensinamento do primeiro homem-Deus foi segundo a vontade de
Deus para ser executado para o cumprimento da Sua economia:
a. A figueira é o símbolo da nação de Israel (Jr 24:2,5,8).
b. A nação de Israel perdeu sua capacidade de cumprir a economia
de Deus por causa da sua podridão.
c. Por causa da sua condição de não produzir frutos, tendo apenas
folhas, ainda permaneceu após o ministério do primeiro homem-
Deus entre eles, Deus pretendia desistir deles ─ Mt 21:33-43.
d. Nessa conjuntura, o primeiro homem-Deus amaldiçoou-a para
que secasse, segundo a vontade de Deus em cumpri-mento a Sua
economia─Mt 21:19.
2. Baseado nesse pano de fundo, o primeiro homem-Deus ensinou Seus
discípulos a orar para executar a vontade de Deus segundo Sua economia
pela fé ─ Mt 21:21-22.
3. Assim, aquele que ora pode ter fé em Deus sem duvidar, mas crer que
receberá o que pedir, e o terá ─ Mc 11:24.
K. Na profecia do retorno de que Israel no future sofreria na grande tribulação, o
primeiro homem-Deus ensinou-lhes aqui a como fugir por meio da oração ─
Mateus 24:15-22.
1. Eles deveriam pedir a Deus para que a fuga deles não se desse no
inverno ou no sábado ─ v. 20.

101
2. Eles deveriam crer que Deus é Aquele que controla o tempo e as
condições do ambiente.
L. Em Sua oração no Getsêmani antes que Ele fosse preso, julgado e sentenciado
para ser crucificado, Ele orou e ensinou Seus discípulos a aprender Dele a como
orar ─ Mt 26:20-30, 36-46
1. Depois da festa da Páscoa Ele ensinou aos Seus discípulos a como se
lembrar Dele ao partir o pão e beber o cálice ─ vv. 20, 26-29.
2. Ele tinha um pesado encargo de ir para o Getsêmani, um lugar
tranquilo, de madrugada, com Seus discípulos, para orar ─ vv. 30, 36.

3. Ele tomou Pedro, João e Tiago a parte e começou a entristecer-Se e


angustiar-Se profundamente, dizendo-lhes, “A Minha alma está
profundamente triste até a morte” e pediu-lhes para perma-necer ali e
vigiar com Ele ─ vv. 37-38.

a. Ele adiantou-se um pouco, prostrou-se sobre o Seu rosto, orando


e dizendo : “Meu Pai, se é possível, passa de Mim este cálice;
todavia, não seja como Eu quero e sim como Tu queres” ─ v. 39.
b. Retirou-se pela segunda vez e orou, dizendo, “Meu Pai, se este
cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade”
─ v. 42.
c. Ele os deixou e saiu novamente e orou a terceira vez, dizendo de
novo as mesmas palavras ─ v.44.
4. A oração do primeiro homem-Deus aqui, como todas as Suas orações nos
evangelhos sinópticos, foi orada por Ele em Sua humanidade, essa oração
aqui, feita por Ele quando estava extre-mamente triste e profundamente
angustiado, corresponde àquela nos escritos de Paulo em Hebreus 5:7 na
qual Ele ofereceu tanto as petições como as súplicas com forte clamor e
lágrimas, rogando a Deus para salvá-Lo da morte.
5. Essa oração foi feita depois da oração de Cristo em João 17 como a
conclusão do Seu ensinamento divino em João 14-16 concernente à união, o
mesclar e corporificação do Deus Triúno processado e consumado com Seu
povo escolhido e redimido, o qual foi orado na divindade de Cristo. (Nós
abordaremos essa oração no treinamento de verão sobre o Estudo-
Cristalização do Evangelho de João).

Nós temos tido comunhão a respeito das orações do primeiro homem-Deus feitas
por Ele em Sua humanidade como o Salvador-Rei no reino dos céus. Todas as orações
expressadas pelo Senhor em Mateus, Marcos e Lucas — os evangelhos sinópticos — foram
feitas por Cristo em Sua humanidade. Essas orações estão numa categoria diferente da Sua
oração em João 17. Essa oração foi expressa pelo Senhor depois do Seu discurso em João 14
a 16 a respeito da união, do mesclar e da corporificação do Deus Triúno processado e

102
consumado com o Seu povo escolhido e redimido. Isso foi oferecido por Cristo a Deus não
em Sua humanidade, mas em Sua divindade.

Nesta mensagem queremos ver mais três casos da oração de Cristo no evangelho de
Mateus. Precisamos ver que essas orações são relacionadas à vontade de Deus para o
cumprimento da Sua economia.

J. Ao Amaldiçoar a Figueira, Ensina


Seus Discípulos a Como Orar através da Fé

Ao amaldiçoar a figueira para que ela secasse instantaneamente, o primeiro


homem-Deus ensinou Seus discípulos a como orar através da fé (Mt 21:18-22; Mc 11:20-24).

1. Seu Ensinamento É segundo a Vontade de Deus

Aqui o ensinamento do primeiro homem-Deus estava de acordo com a vontade de


Deus para ser realizado para o cumprimento da Sua economia. Muitos não veem que o
ensinamento do Senhor sobre oração está relacionado com a economia de Deus, que é para
ser cumprida pelo Seu povo fiel que faz a Sua vontade. Aquele que ensinou os discípulos a
orarem pela fé era o homem-Deus, Cristo. Ele é o Único que é absolutamente correto aos
olhos de Deus. Para orar tal oração devemos ser pessoas corretas que fazem a vontade de
Deus. Essa vontade de Deus não é para pequenas questões como para onde devemos
mudar, mas Sua grande vontade para o cumprimento da economia de Deus. Muitos
cristãos hoje usam o termo vontade de Deus de maneira muito superficial e leviana.
Devemos ser aqueles que estão levando a cabo a vontade de Deus para cumprir Sua
economia. A economia de Deus é para produzir um organismo para o Seu bom prazer.
Israel desapontou a Deus nessa questão, então Deus veio para a igreja, esperando que a
igreja fosse Seu organismo. Por fim, a igreja, de modo geral, também falhou. Qual é a
verdadeira vontade de Deus que temos que levar a cabo? É cuidar da produção e
edificação do organismo de Deus, que o Corpo de Cristo que se consumará na Nova
Jerusalém.

a. O Símbolo da Figueira

A figueira é um símbolo da nação de Israel (Jr 24:2, 5, 8).

b. Israel Perde Sua Capacidade em Cumprir a Economia de Deus

A nação de Israel perdeu sua capacidade em cumprir a economia de Deus por causa
da sua podridão. Em Apocalipse 2, a primeira epístola do Senhor para a primeira igreja,
em Éfeso, diz que porque a igreja lá perdeu sua capacidade de resplandecer o testemunho
de Jesus, o Senhor removeu o seu candelabro (v. 5). A mesma coisa ocorreu em Israel nos
tempos antigos. Na verdade, Israel era um candelabro, estabelecido por Deus para

103
permanecer por toda a terra para resplandecer o testemunho de Deus (Zc 4:2), mas ele
perdeu essa capacidade por causa da sua podridão.

c. A condição de Não Gerar Fruto

Por causa da condição do povo de Israel de não gerar fruto, mas ter apenas folhas, o
ministério do primeiro homem-Deus ainda permaneceu entre eles, Deus pretendia desistir
deles (Mt 21:33-44). O Senhor ministrou entre eles por três anos e meio. Sem dúvida, Ele
era o principal Ministro e Seu ministério era o ministério principal, mas ele não tinha efeito
sobre essa nação escolhida por Deus, então Deus pretendia desistir deles. O Senhor usou
uma parábola em Mateus 21:33-43 para dizer-lhes que o reino de Deus seria tirado deles e
dado a uma nação que produzisse frutos. Essa nação é a igreja.

d. Amaldiçoou a Figueira Para Que Ela Secasse, segundo


a Vontade de Deus em Cumprimento a Sua Economia

O Senhor Jesus, que é correto aos olhos de Deus, conhece o coração de Deus, então
amaldiçoar a figueira era segundo ao Seu conhecimento da vontade de Deus no
cumprimento da Sua economia para desistir de Israel deteriorado (Mt 21:9).

2. Ensinar Seus Discípulos a Orar

Baseado nesse pano de fundo, o primeiro homem-Deus ensinou Seus discípulos a


orar para executar a vontade de Deus segundo a Sua economia pela fé (Mt 21:21-22).

3. Ter Fé em Deus sem Duvidar

Então, aquele que ora pode ter fé em Deus sem duvidar, mas crer que receberá o
que pedir, e ele o terá (Mc 11:24). Aquele que ora é um com Deus, em união com Deus. Ele
está mesclado com Deus, então Deus se torna sua fé. Isto é o que significa ter fé em Deus,
segundo a palavra do Senhor em Marcos 11:22. Aquele que ora é absolutamente um com
Deus, e Deus se torna sua fé.

Em Marcos 11:24 o Senhor disse: “Por isso vos digo: Tudo quanto orardes e
pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco”. Gostaria de apresentar dois
testemunhos a respeito desse versículo. O primeiro é concernente ao mover do Senhor na
Rússia. Logo depois que os Estados Unidos derrotou o Iraque em 1991, um dia um
pensamento veio até mim: “Por que você não vai para a Rússia? Agora é o momento”.
Quando tive comunhão com os cooperadores sobre isso, todos eles concordaram comigo,
então anunciamos aos santos que seguiríamos a liderança do Senhor de ir para Rússia.
Logo depois houve uma resposta do Corpo para esse mover do Senhor. Esse é um
testemunho que eu tinha plena fé de que seriamos bem sucedidos. Naquela época que
decidimos ir para a Russia, diversos santos foram treinados e preparados para terminar o

104
treinamento de tempo integral em Anaheim. Eles responderam que iriam e em novembro
de 1991 cerca de trinta foram para Russia. Imediatamente o suporte financeiro veio das
igrejas. Hoje na Russia há duas grandes igrejas em Moscou e São Petesburgo. Recente-
mente mais trinta e cinco igrejas foram estabelecidas. Também há diversas locali-dades
com grupos de cristãos buscadores que deixaram as denominações e estão esperando por
nós para visitá-los e ajudá-los a estabelecer como igrejas locais. Os irmãos estimaram que
no final desse ano, haverá cinquenta igrejas bem estabelecidas na Russia. Além da Russia,
o Senhor tem-se movido em outros paises do leste europeu, como por exemplo, Polonia,
Albania, Romenia e Armenia. Isso é o que o Senhor esta fazendo. Nós simplesmente temos
seguido a Sua liderança. A nossa ida à Russia foi da vontade do Senhor para o
cumprimento da Sua economia. Essa é a experiencia de ter fé em Deus sem duvidar, e
crermos que já recebemos o que pedimos, pois já o recebemos. Temos que orar segundo a
vontade de Deus para o cumprimento da Sua economia. Então seremos um com Deus e
pessoas correta aos Seus olhos. Assim, temos a segurança de que temos recebido o que
temos orado.

O segundo testemunho diz respeito à minha experiencia do Senhor em 1943, que foi
um ano critico da guerra entre China e Japão. Eu fui muito oprimido pela policia militar
do exército japonês que invadiu a minha cidade. Uma noite tive um sonho no qual o
Senhor me assegurou de que não seria injuriado por eles. Naquele sonho eu estava
andando e cheguei em uma ladeira com quatro degraus. Depois que desci, um pastor
alemão pulou e colocou suas quatro patas sobre mim, mas o cachorro não me feriu.
Quando ele deixou de incomodar-me, eu vi o dia raiar, como o raiar da manhã, com uma
larga estrada, muito brilhante e muito reta. Depois que acordei, percebi que aquilo não foi
um sonho comum.

Enquanto considerava esse sonho, recebi sua interpretação. Os quatro degraus eram
os últimos quatro anos da guerra, que foram muito dificieis na China. Houve oito anos de
luta entre Japão e China, e os últimos quatro anos, depois que a América entrou na guerra,
se tornou muito dura. A policia militar japonêsa me prendeu, mas antes que eles fizessem
isso, eu tive esse sonho. Eu percebi que o pastor alemão significava que os japonêses me
causariam problemas, mas que por fim não me causariam danos. Depois desse problema
haveria uma larga estrada brilhando sob o alvorecer do dia. Eu então percebi que depois
do problema japonês, o Senhor me levaria para tal estrada.

Tive esse sonho há cinquenta e três anos, quando eu tinha somente trinta e nove
anos, em 1943. Depois de 1943, porque fui aprisionado pelo exército japonês, contraí
tuberculose. O médico me ordenou um repouso absoluto na cama por seis meses. Em
outubro de 1944 deixei Chefoo e permaneci em Tsingtao por um ano e meio até 1945
quando os japonêses se entregaram. Depois da guerra, os irmãos em Xangai e Nanquim
me pediram para visitar as igrejas. Em 1948 a situação política mudou na China e o irmão
Nee tomou a decisão de me enviar. Fui para Taiwan em 1949 para ministrar Cristo para o

105
estabele-cimento e edificação das igrejas ali. Finalmente, vim para os Estados Unidos e
comecei a ministrar aqui para a restauração do Senhor em 1962. Nunca sonhei que estaria
aqui. Hoje toda a terra está aberta para a restauração. Durante todo o meu tempo na vida
da igreja, nunca vi tal harmonia entre as igrejas, entre os presbíteros e entre os
cooperadores como hoje. Pela Sua misericordia e graça, podemos ostentar que hoje em
toda a terra, todas as igrejas, os cooperadores e os presbíteros estão em harmonia. Cada
sinal é um encorajamento. Cada relatório é maravilhoso. O Senhor está trabalhando em
todo o lugar. A porta aberta para a restauração do Senhor é o Seu feito. Por esse mover, eu
tenho orado em descanso, crendo que já tenho a resposta.

Se pedirmos ao Senhor por coisas que satisfazem nosso desejo, não recebe-remos
nada. Isso é porque nossa oração não é segundo a vontade de Deus para o cumprimento
da Sua economia, e nós não somos pessoas corretas. Primeiro, devemos ser pessoas
corretas, absolutamente um com Deus. Uma noite, durante o meu aprisionamento pelo
japoneses por trinta dias, eu olhei para cima e disse, “Senhor, Tu sabes onde eu estou”.
Naquela hora, parecia que o Senhor Jesus estava exatamente diante de mim. Eu tinha a
plena convicção para dizer ao Senhor, “Senhor, eu estou aprisionado por Tua causa”.
Primeiro, devemos ser pessoas corretas diante de Deus, pessoas que são um com Deus.
Então podemos ter Deus como nossa fé e orar segundo o nosso conhecimento da vontade
de Deus para o cumprimento da Sua economia. Se orarmos por algo segundo o nosso
desejo, não segundo a vontade de Deus, para cumprir nosso propósito, não para cumprir a
economia de Deus, nunca poderemos ter a fé em Deus para crer que receberemos o que
pedirmos.

K. Ensina-Os a Como Fugir por meio da Oração

Na profecia de que o Israel que retornou sofrerá a grande tribulação no futuro, o


primeiro homem-Deus ensinou-lhes a como fugir por meio da oração (Mt 24:15-22).
Segundo a economia de Deus, Ele desistiu de Israel, mas não desistiu eternamente. Essa é
uma questão temporária. O Senhor Jesus disse aos líderes de Israel em Mateus 21 que
Deus desistiria deles. Então em Mateus 24 o Senhor profetizou que o Israel disperso, por
fim retornaria à sua terra santa. Mas no final dessa era, por causa do Anticristo, a grande
tribulação (Mt 24:21), ocorrerá na terra santa, então Israel sofrerá. O Senhor disse-lhes para
orar, rogando a Deus para salvá-los.

1. Para que a Fuga Deles Não Fosse ao Inverno nem no Sábado

O Senhor disse-lhes para rogar a Deus para que a fuga deles não fosse no inverno
nem no Sábado (Mt 24:20). O inverno é uma época difícil para fugir. Também, no Sábado

106
só era permitido a alguém andar uma pequena distância (veja Atos 1:12, nota 2), uma
distância que não era adequada para escapar.

2. Crer Que Deus Está no Controle

Eles deveriam crer que Deus é Aquele que controla o tempo e o meio ambiente.
Orar para que a fuga deles não seja no inverno é pedir a Deus para controlar o tempo.
Orar para que a fuga deles não aconteça num Sábado é pedir a Deus para administrar o
ambiente deles. Quando rogamos a Deus para fazer algo, devemos ser pessoas corretas,
pessoas para a economia de Deus nesta terra. Nós também devemos ser um com Deus
para que possamos crer que o próprio Deus a quem oramos controla o tempo e governa a
situação mundial.

F. Sua Oração no Getsêmani

Em Sua oração no Getsêmani antes que Ele fosse preso, julgado e senten-ciado para
ser crucificado, Ele orou e ensinou Seus discípulos a aprenderem Dele como orar (Mt
26:20-30, 36-46).

1. Ensina Seus Discípulos a Como Se Lembrarem Dele

Depois da festa da Páscoa, Ele ensinou Seus discípulos a como se lembra-rem Dele
ao partir o pão e beber o cálice (vv. 20, 26-29). Primeiramente, Ele estava comendo a
Páscoa segundo o Antigo Testamento. Então no final da festa, Ele estabeleceu a mesa do
Senhor para lembrar Dele ao partir o pão e beber o cálice.

2. Com Encargo para Ir ao Getsêmani

Ele estava com encargo para ir ao Getsêmani, um lugar tranquilo, na madrugada,


com Seus discípulos, para orar (vv. 30, 36).

3. Estar Profundamente Triste e Angustiado

Ele levou Consigo a Pedro, João e Tiago e começou a entristecer-se e a angustiar-se


profundamente, e disse-lhes: “A Minha alma está profundamente triste até a morte”, e
rogou a eles para permanecerem ali e vigiar com Ele (vv. 37-38). Ele estava triste, e mesmo
transpirando com gotas como sangue (Lc 22:44), porque Ele percebia o pleno significado
da grande comissão para Ele morrer para o cumprimento da redenção de Deus para o
povo caído de Deus. Esse encargo era muito grande. Não devemos nos esquecer que Ele
era humano. Ser crucificado na cruz era um sofrimento real. Ele também sabia que Judas, o
traidor, traria outros para prendê-Lo. Em Sua humanidade Ele estava excessivamente
triste, angus-tiado até a morte. Ele levou os discípulos para o jardim do Getsêmani para
orar. Quando eles chegaram, Ele levou Consigo Pedro, João e Tiago, os três mais íntimos.

107
Isso mostra que o quanto podemos seguir o Senhor depende da nossa situação com Ele.
Então o Senhor deixou-os por um instante para orar.

Ele se adiantou um pouco, prostrou-se sobre o Seu rosto, orando e dizendo, “Meu
Pai, se é possível passa de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, e sim como
Tu queres” (Mt 26:39). Esse cálice se refere a Sua morte na cruz. Em Sua humanidade Ele era
tão submisso no Seu sofrimento. Em Sua humanidade tal sofrimento era quase
insuportável, contudo Ele orou pela vontade do Pai, não a Sua vontade, fosse feita. Ele foi
uma segunda vez e orou, dizendo, “Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o
beba, faça-se a Tua vontade” (v. 42). Ele os deixou e foi de novo e orou pela terceira vez,
dizendo a mesma palavra novamente (v. 44). Filipenses 2 diz que Ele foi obediente até a
morte, e morte de cruz (v. 8).

4. Clama a Deus para Salvá-Lo da Morte

A oração do primeiro homem-Deus aqui, como todas as Suas orações nos


evangelhos sinópticos, Ele a orou em Sua humanidade, essa oração aqui, feita por Ele
quando estava excessivamente triste e profundamente angustiado, corres-ponde com
aquela escrita por Paulo em Hebreus 5:7 na qual Ele ofereceu tanto petições como súplicas
com forte clamor e lágrimas, rogando a Deus para salvá-Lo da morte. Ele estava orando
sob esse tipo de condição, mas Ele ainda era submisso e obediente ao Pai. Precisamos ver
que o Senhor orou dessa maneira em Sua humanidade, na qual Ele estava angustiado. Em
João 10 Ele é o bom Pastor que dá Sua vida por Suas ovelhas. Ele estava disposto a fazer
isso em Sua divindade. Mas em Sua humanidade, Ele estava triste.

5. A Oração no Getsêmani É Após Sua Oração em João 17

A oração do Senhor no Getsêmani foi após a oração de Cristo em João 17 como a


conclusão do Seu ensinamento divino em João 14-17 concernente à união, mesclar e
corporificação do Deus Triúno processado e consumado com o Seu povo escolhido e
redimido, a qual Ele orou na divindade de Cristo. Temos que fazer uma distinção entre a
oração de Cristo em Sua humanidade e Sua oração em Sua divindade. Todas as orações
em João foram feitas por Cristo em Sua divindade. Por isso os três primeiro evangelhos
estão relacionados a humanidade de Cristo como Rei, Servo e Homem, mas João é
concernente a Cristo como Deus. Então, o que Ele fez em João foi feito por Ele em Sua
divindade. Em João o Senhor disse, “Eu e o Pai somos um” (10:30). Tal palavra não foi
registrada nos primeiros três evangelhos. Então Ele disse que como o Enviado, Ele não
estava só, porque o Emissor, Seu Pai, estava com Ele todo o tempo em Sua divindade
(16:32; 8:16, 29). Abordaremos a oração do Senhor em João 17 no estudo-cristalização do
evangelho de João, no próximo treinamento de verão.

108
O VIVER DO HOMEM-DEUS
MENSAGEM DEZESSETE

O VIVER DO PRIMEIRO HOMEM-DEUS

UM HOMEM DE ORAÇÃO

109
(8)

Leitura bíblica: Mt 26:20-30, 36-46; Lc 23:33-34; Mt 27:46; Lc 23:46

ESBOÇOS

II. Os fatos divinos da vida humana mística do primeiro homem-Deus no registro dos
evangelhos sinópticos a respeito do primeiro homem-Deus como o Salva-dor-Rei no
reino dos céus, o Salvador-Servo no serviço do evangelho de Deus, e o Salvador-
Homem na salvação de Deus:
L. Em Sua oração no Getsêmani antes que Ele fosse preso, julgado e sentenciado
a ser crucificado, Ele orou e ensinou Seus discípulos a aprenderem Dele a como
orar — Mt 26:20-30, 36-46
6. Ele ensinou Seus discípulos a como vigiar e orar:
a. Ele veio aos Seus discípulos e os achou dormindo. Ele disse a
Pedro, “Então não fostes capazes de vigiar Comigo nem por uma
hora? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito
está disposto, mas a carne é fraca”─vv. 40-41.

b. Ele veio novamente e achou-os dormindo, pois os seus olhos


estavam pesados — v. 43

c. Ele veio aos discípulos pela terceira vez e disse-lhes, “Ainda


dormis e repousais? Eis que se aproxima a hora, e o Filho do
Homem está sendo entregue nas mãos de peca-dores. Levantai-
vos, vamos! Eis que se aproxima aquele que Me trai” — vv. 45-46

1. O Senhor levou Consigo Pedro, João e Tiago, os que eram


mais próximos e íntimos Dele (veja Mt 17:1), à parte do
resto dos discípulos particularmente e os encarregou para
vigiar com Ele─vv. 37-38.
2. Eles não guardaram a palavra do Senhor, porque estavam
fracos na sua carne embora eles estivessem dispostos no seu
espírito — vv. 40-41.
3. Isso nos mostra a razão pela qual nós não vigiamos com o
Senhor em nossa oração.

M. Na cruz Cristo orou três vezes:

6. A primeira vez, Ele orou por aqueles que O crucificaram─Lc 23:33-34


a. Isto foi profetizado por Isaías (53:12).

110
b. Isto indica que o primeiro homem-Deus como um genuíno
homem tinha um espírito para perdoar Seus oposi-tores segundo o
que Ele nos ensinou a orar em Mateus 6:12, 14-15.

c. Ele fez isso em Sua humanidade com o divino poder do Espírito


eterno─Hb 9:14.

7. A segunda vez, Ele orou a Deus, dizendo, “Deus Meu, Deus Meu, por
que Me desamparaste?”-Mt 27:46
a. A crucificação de Cristo durou seis horas das 9 horas da manhã
até às 3 horas da tarde (Mc 15:25; Mt 27:45). Nas primeiras três
horas Ele foi perseguido pelos homens para fazer a vontade de
Deus; nas últimas três horas Ele foi julgado por Deus por nossos
pecados (1Co 15:3).
b. Nas últimas três horas da Sua crucificação Deus fez com que a
nossa iniquidade caísse sobre Ele (Is 53:6) e O fez pecado por nós
(2Co 5:21), então Deus O deixou naquele momento.

c. A oração de Cristo aqui parece contradizer Sua palavra que


Deus o Pai estava com Ele enquanto Ele estava na terra (Jo 8:16, 29;
16:32).

d. Isso é devido as diferentes visões dos evangelhos sinóp-ticos e o


evangelho de João. A visão dos evangelhos sinóp-ticos é física
concernente a Cristo em Sua carne, isto é, em Sua humanidade;
enquanto que a visão do evangelho de João é mística concernente a
Cristo em Sua divindade.

e. De acordo com o registro de João na visão mística concernente a


Cristo em Sua divindade, Deus o Pai com Ele e o Espírito como o
Deus Triúno são sempre um essencial-mente, coexistindo e
coinerindo; isso é o que é chamada a Trindade essencial; enquanto
que de acordo com o registro dos evangelhos sinópticos na visão
física concernente a Cristo em Sua humanidade, Deus o Pai O
deixou economi-camente quando Ele foi feito pecado por nós na
cruz; isso é chamado a Trindade economica.

f. Primeira Pedro 3:18 nos desvenda que quando Cristo sofreu por
nossos pecados, de um lado, Ele foi crucificado em Sua carne (em
Sua humanidade), mas por outro lado, Ele foi vivificado no
Espírito (em Sua divindade). Isso prova que a respeito de Cristo há
duas visões diferentes: o primeiro a respeito de Sua humanidade e
o segundo a respeito de Sua dividade.

111
g. Ele expulsou demônios em Sua humanidade pelo Espírito de
Deus (Mt 12:28), e Ele executou os milagres de alimentar os cinco
mil e alimentar os quatro mil em Sua humanidade por meio da
benção do Pai; todos estes provam que o que Cristo fez nos
evangelhos sinópticos foi em Sua humanidade com Sua divindade.
h. Foi em Sua humanidade que Ele orou ao Pai com tristeza e
angústia (Mt 26:37-38), transpirar com gotas como sangue (Lc
22:44), e mesmo chorando com lágrimas, rogando ao Pai para
salvá-Lo da morte (Hb 5:7). Nesse momento, Ele precisou de um
anjo para fortalecê-Lo (Lc 22:43), não é necessário dizer que Ele
precisava do Espírito para sustentá-Lo (Hb 9:14).

8. A terceira vez, Ele chorou com alta voz, antes que expirasse, dizendo,
“Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito” — Lc 23:46:

a. Isso nos diz que o primeiro homem-Deus como um homem


genuíno confiou em Deus até o final da Sua vida humana.
b. Certamente tal oração de Cristo foi feita por Ele em Sua
humanidade.

Muitos leitores da Bíblia pensam que ao estudar os quatro evangelhos, a coisa mais
fácil é estudar a oração de Cristo. Esse conceito é errado. As orações em Mateus, como
temos visto, são difíceis de entender. Elas nos mostram como orar segundo a vontade de
Deus para cumprir a Sua economia.

Nesta mensagem concluiremos nossa comunhão a respeito do viver do homem-


Deus, especialmente acerca de Cristo como um homem de oração. Entre outras coisas,
queremos considerar a oração do Senhor na cruz na qual Ele disse, “Deus Meu, Deus Meu,
por que Me desamparaste?” (Mt 27:46). É difícil recon-ciliar essa porção da Palavra com
aquela que o Senhor disse em João a respeito de Deus o Pai sempre estar com Ele como o
Enviado de Deus (16:32; 8:16, 29). Deus o Pai estava com Ele todo o tempo, mas quando
estava morrendo na cruz, Ele suplicou, “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?
Precisamos ver como reconciliar essas duas porções da Palavra.

Queremos enfatizar que ainda estamos tendo comunhão a respeito dos fatos
divinos na vida humana mística do primeiro homem-Deus. O significado do pão na mesa
do Senhor tem dois aspectos. Um é o aspecto físico, e o outro é o aspecto místico. O pão,
por um lado, significa o corpo humano físico do Senhor em carne e sangue, que Ele deu
por nós na cruz ao morrer por nós e pelos nossos pecados. Ao mesmo tempo, esse pão
significa o Corpo místico de Cristo. O corpo físico é judicial. O Corpo místico é orgânico.
Nós somos o Corpo místico de Cristo. Fomos batizados em um Espírito em um Corpo
(1Co 12:13), e Deus nos colocou e nos mesclou juntos nesse único Corpo místico (vv.
18,24).
112
Tal visão mística pode ser possuida somente pelos cristãos buscadores. Como o
Senhor Jesus, precisamos ser aqueles que são aparentemente fisicos, contudo
invisivelmente místicos. Todas as orações genuínas, orações verdadeiras, orações que
podem ser contadas por Deus, são fatos divinos na vida humana mística. Vimos que antes
de o Senhor alimentar cinco mil, Ele orou olhando para Seu Pai (Mt 14:19). Isso é algo
divino, levado a cabo numa vida humana mística.

6. Ensina Seus Discípulos a Como Vigiar e Orar

Agora queremos concluir nossa comunhão das mensagens anteriores a respeito da


oração do Senhor no Getsêmani, onde Ele ensinou Seus discípulos a aprenderem Dele
como orar (Mt 26:20-30, 36-46).

a. O Espírito Está Disposto mas a Carne é Fraca

No Getsêmani o Senhor veio aos Seus discípulos e os achou dormindo. Ele disse a
Pedro, “Então não fostes capazes de vigiar Comigo nem por uma hora? Vigiai e orai, para
que não entreis em tentação; o espírito está disposto, mas a carne é fraca” (vv. 40-41).
Vigiar e orar é um forte princípio em nossa vida cristã porque o tentador, Satanás, está
sempre à nossa volta. Quanto mais amamos o Senhor, mais o tentador presta atenção em
nós. Uma vez que nos voltamos ao Senhor para amá-Lo, Satanás não para de tentar nos
causar problemas. Há uma batalha e uma luta nesse universo entre Deus e Satanás.

Creio que o Senhor ao dizer aos Seus discípulos para vigiar e orar foi também Sua
advertência a Pedro. Por fim, Pedro caiu na tentação de Satanás na mesma noite. Ele
negou o Senhor na Sua presença por três vezes. Certamente ele não estava vigiando e
orando naquela hora. Na mesma noite, Pedro entrou em tentação devido a não ter vigiado
e orado.

Há um outro princípio dos crentes buscadores de Cristo. Esse princípio é que todo o
tempo o seu espírito está disposto, mas a carne é fraca. Esse é um princípio não apenas em
oração, mas também na totalidade da vida dos buscadores de Cristo. Nosso espírito deseja
ser um vencedor, mas a nossa carne é fraca. Temos o desejo em nosso espírito, mas não
temos a força em nossa carne. Essa é a razão pela qual não devemos confiar na carne, mas
cuidar do nosso espírito.

b. Encontra os Discípulos Dormindo

Quando o Senhor veio novamente aos discípulos, Ele os achou dormindo, pois seus
olhos estavam pesados (v.43).

c. A Razão de Nós Não Vigiarmos com o Senhor em Oração

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O Senhor veio aos discípulos pela terceira vez e disse-lhes, “Ainda dormis e
repousais? Eis que se aproxima a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos
dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que se aproxima aquele que Me trai. (vv. 45-46).
Enquanto os discípulos estavam dormindo, o Senhor estava lutando em Sua oração, a
ponto de suar com gotas como de sangue (Lc 22:44).

O Senhor levou Pedro, João e Tiago, que eram mais íntimos com Ele (veja Mt 17:1),
à parte dos outros discípulos particularmente e os exortou a vigiar com Ele (26:37-38). Eles
não guardaram a palavra do Senhor, por que estavam fracos em sua carne mesmo embora
estivessem dispostos em seu espírito (vv. 40-41). Isso nos mostra a razão pela qual nós não
vigiamos com o Senhor em nossa oração. Nosso espírito está disposto, mas temos um
problema com nossa carne, que inclui nosso ego.

M. Cristo Ora Três Vezes na Cruz

1. Ora por Aqueles Que O Estavam Crucificando

Na cruz Cristo orou por três vezes. Na primeira vez, Ele orou por aqueles que O
estavam crucificando (Lc 23:33-34). Enquanto os perseguidores O estavam crucificando,
Ele perdiu ao Pai para perdoá-los porque não sabiam o que estavam fazendo. Isso foi
profetizado por Isaías (53:12). Isso indica que o primeiro homem-Deus como um genuíno
homem tinha um espírito de perdoar Seus opositores segundo o que Ele nos ensinou a
orar em Mateus 6:12, 14-15. O Senhor ensinou que se nós não perdoarmos nossos
devedores, isso anulará nossa oração. Para ter nossa oração respondida, devemos perdoar
aqueles que estão em dívida conosco.

Cristo orou, rogando ao Pai para perdoar aqueles que O estavam crucifi-cando, em
Sua humanidade com o poder divino do Espírito eterno. Hebreus 9:14 diz que Ele ofereceu
a Si mesmo para Deus pelo Espírito eterno. Para Ele, também como um ser humano, ser
oferecido a Deus como uma oferta queimada e como uma oferta pelos pecado na cruz não
foi algo fácil, então Ele precisava do Espírito eterno para sustentá-Lo. Orar pelo perdão
daqueles que O estavam crucificando não foi algo fácil, mas Ele o fez em Sua humanidade
com o poder divino. Esse é o fato divino levado a cabo na vida humana — contudo não a
vida humana física, mas a vida humana mística — pelo poder divino do Espírito eterno.

2. Orar, “Deus Meu, Deus Meu, Por que Me Desamparaste?

A segunda vez, Ele orou a Deus, dizendo, “Deus Meu, Deus Meu, por que Me
desamparaste?” (Mt 27:46).

a. Perseguido por Homens e Julgado por Deus

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A crucificação de Cristo durou seis horas das 9 horas da manhã até às 3 horas da
tarde (Mc 15:25; 27:45). Nas primeiras três horas Ele foi perseguido por homens por fazer a
vontade de Deus; nas ultimas três horas Ele foi julgado por Deus pelos nossos pecados
(1Co 15:3).

b. Fez Com que a Nossa Iniquidade Caísse sobre Ele

Nas últimas três horas da Sua crucificação Deus fez com que as nossas iniquidades
caíssem sobre Ele (Is 53:6). Pouquíssimos estudiosos da Bíblia tem visto estas duas seções
de tempo. A perseguição do homem, a crucificação, a zombaria e o desprezo estavam nas
primeiras três horas das nove ao meio-dia. Então ao meio-dia todo universo tornou-se
escuro porque naquele momento Deus estava julgando Cristo por causa dos nossos
pecados. A Bíblia nos diz que Ele carregou os nossos pecados porque Deus lançou esse
fardo sobre Ele. Deus fez com que as nossas iniquidades caissem sobre Ele e O fez pecado
por nós (2Co 5:21), então Deus O deixou naquele momento. Ele até mesmo era a totalidade
do pecado. Deus O fez pecado por nós, ainda que Ele mesmo não tivesse pecado. Mesmo
Ele não sabendo o que era pecado.

c. A Oração de Cristo Aqui Parece Contradizer Sua


Palavra de Que Deus o Pai Estava com Ele

A oração de Cristo aqui parece contradizer Sua palavra de que Deus o Pai estava
com Ele enquanto Ele estava na terra (Jo 8:16, 29; 16:32).

d. Devido às Diferentes Visões dos Evangelhos Sinópticos e do Evangelho de João

Isto é devido às visões diferentes dos Evangelhos sinópticos e do evangelho de João.


A visão dos evangelhos sinópticos é física acerca de Cristo em Sua carne, isto é, em Sua
humanidade. Os primeiros três evangelhos — Mateus, Marcos e Lucas — foram escritos
com a visão física a respeito de Cristo em Sua humani-dade como um Rei em Mateus, um
Servo em Marcos, e um Salvador humano em Lucas. Mas a visão do Evangelho de João é
mística a respeito de Cristo em Sua divindade. Somente o evangelho de João foi escrito
com a visão de Cristo sendo Deus.

e. Os Aspectos Essencial e Econômico da Trindade

De acordo com o registro de João na visão mística a respeito de Cristo em Sua


divindade, Deus o Pai com Ele e o Espírito como o Deus Triúno são sempre um
essencialmente, coexistindo e até mesmo coinerindo. Coinerir é habitar mutuamente um
no outro. Os três da Deidade são coinerentes, mesclados e entremesclados como um. Isso é
o que é chamado de a Trindade essencial. Mas de acordo com o registro dos evangelhos
sinópticos na visão física concernente à Cristo em Sua humanidade, Deus o Pai O deixou

115
economicamente quando Ele foi feito pecado por nós na cruz; isso é o que é chamado de a
Trindade econômica.

A Trindade essencial é segundo a essência de Deus. O Trindade econômica é


segundo o mover de Deus. João 14 diz que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai. Os dois
são um. Finalmente, Eles trabalham para nos levar para Eles, isto é, para a união, a mescla
e a corporificação com o Deus Triúno. João revela que fomos unidos, mesclados e até
mesmo corporificados com o Deus Triúno. Mas em Mateus e Lucas, os evangelhos
sinópticos, quando Cristo foi batizado, Ele estava na água na terra orando. Naquele
momento, Deus o Pai falou do céu, e Deus o Espírito pairava no ar (Mt 3:16-17; Lc 3:21-22).
Os três da Trindade Divina estavam em três lugares diferentes. O Pai estava no céu; O
Filho estava na terra; e o Espírito estava pairando no ar. Mesmo Eles estando separados
econômica-mente, Eles ainda eram um essencialmente.

f. Crucificado na Carne e Vivificado no Espírito

Primeira Pedro 3:18 revela-nos que Cristo sofreu pelos nossos pecados, por um lado
Ele foi crucificado em Sua carne (em Sua humanidade), mas por outro, Ele foi vivificado
no Espírito (em Sua divindade). Isso prova que a respeito de Cristo há duas visões
diferentes: a primeira de acordo com a Sua humanidade e a segunda de acordo com Sua
divindade. Cristo é tanto Deus quanto homem, possuindo a natureza divina, divindade, a
natureza humana, humanidade. Quando Ele foi crucificado até a morte, Ele não morreu
em Sua divindade, mas foi morto em Sua humanidade pelos nossos pecados. Enquanto
isso, Ele estavam trabalhando em Sua divindade. Na visão física de Cristo em Sua
humanidade, Ele foi morto. Na visão mística de Cristo em Sua divindade, Ele foi
comissionado com vida.

g. O que Cristo Fez nos Evangelhos Sinópticos


Foi em Sua Humanidade com Sua Divindade

Ele expulsou demônios em Sua humanidade pelo Espírito de Deus (Mt 12:28), e Ele
executou os milagres de alimentar os cinco mil e os quatro mil em Sua humanidade por
meio da benção do Pai; tudo isso prova que o que Cristo fez nos evangelhos sinópticos foi
em Sua humanidade com Sua divindade.

g. Ora em Sua Humanidade e Necessita do Espírito para


Sustentá-Lo e até Mesmo um Anjo para Fortalecê-Lo

Foi em Sua humanidade que Ele orou ao Pai com tristeza e angústia (Mt 26:37-38),
transpirando com gotas como sangue (Lc 22:44), e até mesmo chorou fortemente com

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lágrimas, rogando à Deus para salvá-Lo da morte (Hb 5:7). Naquele momento, Ele
precisou de um anjo para fortalecê-Lo (Lc 22:43), não é necessário dizer que Ele precisava
do Espírito para sustentá-Lo (Hb 9:14). Como um homem Ele ofereceu a Si mesmo em Sua
humanidade a Deus, então Ele necessitava do Espírito eterno para sustentá-Lo.

2. Entrega Seu Espírito nas Mãos do Pai

A terceira vez, Ele chorou em alta voz, antes que Ele expirasse, dizendo, “Pai, nas
Tuas mãos entrego o Meu espírito” (Lc 23:46). Isso diz-nos que o primeiro homem-Deus
como um homem genuíno confiou em Deus até o final da Sua vida humana. Certamente
tal oração de Cristo foi feita por Ele em Sua humanidade.

Precisamos ver que as orações feitas por Cristo nos evangelhos sinópticos foram
feitas por Ele em Sua humanidade com Sua divindade. Mas Sua oração em João 17 não foi
feita em Sua humanidade, mas em Sua divindade. João 17 mostra-nos como Cristo orou
para que Seus crentes praticassem a unidade da Trindade Divina como faz a Trindade
Divina. Ele orou para que o Pai nos fizesse um como Ele e o Pai são um. Para que fossêmos
um Neles como Eles são um (vv. 21-23). Essa é a unidade do Deus Triúno. Não podemos
praticar essa unidade em nós mesmos. Devemos praticá-la no Deus Triúno e segundo o
que o Deus Triúno faz.

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