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O

JUBILEU

© Witness Lee
O JUBILEU

CONTEÚDO

1. A Era do Jubileu
2. A Possessão do Jubileu
3. A Liberdade do Jubileu
4. O Viver do Jubileu

O JUBILEU
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MENSAGEM UM

A ERA DO JUBILEU

Leitura bíblica: Lv 25:8-10, 39-41; Lc 4:16-19; 2Co 6:2; Gl 5:1; Mt 11:28;


Jo 8:34, 36; At 26:18; Rm 8:1-2, 19-23

UMA EXPLICAÇÃO GERAL DA TRADUÇÃO DA BÍBLIA CHINESA

Nestas mensagens consideraremos o ano do jubileu. O termo chinês para jubileu não é
encontrado nos escritos chineses tradicionais; ele foi inventado pelos tradutores da Bíblia
chinesa, que é uma das melhores traduções no mundo. No principio, alguns do
missionários do Ocidente que chegaram a China, conheciam a Bíblia no seu original nas
línguas hebraica e grega. Depois da sua chegada à China, eles aprenderam a língua
chinesa e desejaram traduzir a Bíblia para o chinês. Quando estavam traduzindo a Bíblia,
cada um dos missionários tinha um estudioso chinês como seu assistente. Segundo o seu
conhecimento da língua original da Bíblia, primeiro os missionários usavam o chinês
falado para expressar o significado nas línguas originais e então perguntavam aos seus
assistentes para compor na escrita adequada o que eles tinham expressado no chinês
falado. Sempre que encontravam uma palavra ou frase que não existia em chinês, eles
tinham que inventar uma nova palavra ou frase. Muitos desses termos criados
especificamente são usados hoje de maneira popular e são exepcionalmente valiosos, como
por exemplo os equivalentes em chinês para Jesus, Cristo, justificação, redenção,
santificação, e jubileu. Nós verdadeiramente agradecemos e louvamos o Senhor por todo o
novo vocabulário inventado na Bíblia chinesa.

Muitas pessoas não percebem as dificuldades encontradas na tradução da Bíblia para o


chinês no princípio. Muitas frases nas línguas originais da Bíblia não existem em chinês.
Por exemplo, certas frases no texto original da Bíblia tem o significado de em, tais como
em Deus, em amor, na luz, em vida, e em Cristo. Todavia, tais expressões usadas em não
existem na fraseologia chinesa. Em vez disso, as expressões chinesas usam por, através,
por meio de, sob, e outras palavras. Em chinês, nós dizemos andar por amor em vez de
andar em amor. Nós não dizemos que uma pessoa está em outra. Antes, dizemos que
alguém é por ou por meio de outra pessoa ou que alguém depende da outra. Apesar disso,
em é uma palavra crucial na Bíblia. Por isso, os missionários acharam muito difícil
traduzir a Biblia para o chinês. No entanto, depois de muita consideração, eles começaram
a adotar expressões usando em. Assim, podemos ver expressões tais como por exemplo
em Cristo e em amor na Bíblia chinesa. Mas, muitas vezes a Bíblia chinesa não usa em mas
por. Na Bíblia chinesa, andar por amor, por exemplo, equivale a andar em amor. Todavia,
andar em amor tem uma denotação mais profunda. Fomos salvos em Cristo, não
meramente por Cristo, isto é, não meramente por depender de Cristo. Por exemplo,
quando tomamos um navio à vapor, navegamos no mar e não suspensos sobre o navio.
Logo perderíamos a nossa força se dependessemos do barco, especialmente se viesse uma
forte onda. Antes, navegamos no mar por permanecer no barco. Da mesma maneira,
somos salvos não meramente por depender de Cristo, mas por estar em Cristo.

CRISTO COMO NOSSA BOA TERRA PARA SER A NOSSA HERANÇA

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Na Bíblia chinesa, o termo hsi-nien para o ano do jubileu é uma invenção nova. Hsi-nien é
um bom termo, mas muitas pessoas não compreendem o que ele significa. Visto que esse
termo particular foi inventado durante a tradução da Bíblia em chinês, precisamos voltar
para a Bíblia no seu significado original. Na Bíblia, esse termo é complicado. A primeira
vez que ele é mencionado está em Levítico 25. Naquela época os filhos de Israel foram
redimidos e libertados por Deus da terra do Egito, fora da casa da escravidão.
Anteriormente, eles cairam para a terra do Egito e ficaram servindo como escravos a
Faraó, eles não tinham liberdade nem herança. Isso tipifica que, como descendentes de
Adão, caímos no mundo e nos tornamos cativos de Satanás e escravos do pecado. O Egito
tipifica o mundo; Faraó, o rei do Egito, tipifica Satanás; e os filhos de Israel tipificam o
povo de Deus escravizados no mundo. Hoje as pessoas no mundo caíram nas mãos de
Satanás para serem escravas do pecado. Elas não têm liberdade ou descanso, em vez disso,
estão labutando todo dia. Hoje não apenas vendedores ou porteiros, mas até mesmo
importantes funcionarios e pessoas ilustres estão labutando. Todos estão labutando; a
única diferença é como eles labutam. Porém, o Senhor Jesus como o nosso verdadeiro
Moisés foi enviado por Deus para nos libertar da terra da escravidão para Canaã, uma
terra que mana leite e mel. Essa boa terra, a terra de Canaã, é o próprio Cristo.

Por intermédio de Moisés Deus disse ao Seu povo que os levaria à terra que mana leite e
mel. Tanto o leite como o mel são produzidos por uma combinação de dois tipos de vidas,
a vida animal e a vida vegetal. O leite é produzido pelo gado, que pertence à vida animal.
Porém, o leite não pode ser produzido somente pela vida animal; ele também precisa da
vida vegetal, a erva. Assim, o leite é um produto da vida animal nutrida pela vida vegetal.
O princípio é o mesmo com o mel. As abelhas são animais, mas sem as flores, a vida da
planta, elas não seriam capazes de produzir o mel. Então, a frase leite e mel indica que a
boa terra é cheia, não de cobras ou animais, mas de gado, abelhas, ervas e flores. O que a
boa terra emana como leite e mel indica que essa terra está cheia da vida animal e da vida
vegetal. Em tipo, Cristo é o resultado desses dois tipos de vidas. Quando João Batista viu o
Senhor Jesus, ele disse, Eis, o Cordeiro de Deus (Jo 1:29); isso diz respeito à vida animal. O
Senhor refere-se a Si mesmo como um grão de trigo que morreu (12:24); isso diz respeito à
vida vegetal. Tudo isso significa que Cristo como a boa terra é cheio de vida, rico ao
extremo, para ser nosso suprimento para nosso desfrute.

Deus conduziu Seu povo redimido para fora do Egito, por meio do seu vaguear no
deserto, para a boa terra de Canaã, a terra que mana leite e mel. Depois que os filhos de
Israel conquistaram a terra, Deus, por intermédio de Josué e o sumo sacerdote, dividiram a
boa terra de Canaã em doze porções diferentes, e a cada tribo foi atribuida uma porção. Os
descendentes de José receberam uma porção dobrada por intermédio de Manassés e
Efraim, enquanto que a tribo de Levi não recebeu herança na terra. A terra atribuída para
cada tribo não foi segundo a idéia de cada um; ela era totalmente a decisão de Deus como
que tribo estaria no norte, que tribo estaria no sul, e que tribo estaria no meio. Além disso,
a parte de cada tribo era segundo as famílias. Então, quando os israelitas entraram em
Canaã, cada um tinha a sua própria porção. Não havia proprietários ou capitalistas, nem
havia pobres, mendigos ou devedores.

CRISTO COMO O ANO DO JUBILEU, O ANO DA


GRAÇA PARA O HOMEM CAÍDO

Os israelitas foram redimidos e abençoados por Deus e finalmente foram trazidos para a
boa terra de Canaã, e a cada família foi atribuída a sua porção da terra. Sob o cuidado de
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Deus, não apenas os israelitas foram abençoados, mas até a sua terra foi abençoada. A
cada sete anos a terra não teria frutos para sua produção. Naquele ano os israelitas e a
terra deveriam descansar. No sétimo ano, ninguém semeava seu campo porque esse era o
ano ordenado por Deus como o ano sabático. Então após sete anos sabáticos, havia o ano
do penteconte, o quinquagésimo ano. O ano pentecostal não era apenas o ano sabático, ele
estava além da descrição humana. Por causa disso, os tradutores da Bíblia em chinês
lutaram para inventar o termo chinês hsi-nien, o ano do jubileu, para descrevê-lo. Depois
que os israelitas entraram na terra de Canaã, a cada cinquenta anos era o ano do jubileu
para eles. Cinquenta anos representa todo o percurso da vida humana caída. O ano do
jubileu, que é o quinquagésimo ano, representa a conclusão da nossa vida humana caída.

Como temos visto, os israelitas foram redimidos por Deus; eles deixaram o Egito, viajaram
através do deserto, e entraram em Canaã. Depois de entrarem na terra de Canaã, cada
familia recebia uma porção da boa terra que manava com leite e mel para o seu rico
desfrute. Todavia, algumas pessoas eram preguiçosas e gulosas. Pessoas preguiçosas
gostam de comer, mas não gostam de trabalhar. Certamente, alguém que é preguiçoso e
guloso se torna pobre. Nos tempos antigos as pessoas não tinham muito para vender,
então quando elas ficavam pobres, vendiam sua terra. Porém, se a terra tivesse sido
vendida permanentemente, em apenas algumas gerações haveria uma extrema dispari-
dade entre o rico e o pobre. Então, Deus disse aos israelitas, Também a terra não se
venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e
peregrinos (Lv 25:23). Nao era para eles venderem a sua porção da terra, a possessão que
tinham recebido de Deus, para um proprietário definitivo. Isso é diferente de vender terra
hoje, na qual uma vez que a terra é vendida, ela é vendida para sempre. O periodo mais
longo para que uma porção de terra pudesse ser vendida era de cinquenta anos. Depois
que um homem vendesse sua terra, no quinquagésimo ano, o ano do jubileu, ele como o
proprietário original receberia sua terra de volta.

Além do mais, algumas pessoas eram tão gulosas e preguiçosas que até mesmo depois da
venda da terra elas ainda ficavam na pobreza, e elas não tinham nenhuma alternativa
senão vender a si mesmos como escravos. Todavia, quando o ano do jubileu chegava, elas
não permaneciam mais escravas, mas obtinham a sua liberdade. No ano do jubileu no qual
os israelitas eram santificados, eles proclamavam por toda a terra a todos os seus
habitantes, e cada um retornava para sua possessão e sua família (Lv 25 :9-10). Ninguém
necessitava pagar pela redenção, cada um livremente recuperava sua possessão e sua
liberdade. Então, o ano do jubileu era uma benção para eles.

Isaías 61:2 chama o ano do jubileu de o ano aceitável do Senhor. Isso pode também ser
traduzido como, o ano da graça de Jeová. Esse versículo está incluído na Escritura que o
Senhor Jesus leu em Lucas 4:17-19, onde a frase acima se lê, o ano aceitável do Senhor, o
ano do jubileu. Em Isaías ele é o ano da graça, enquanto que no Novo Testamento é o ano
do jubileu. Então, o ano do jubileu é o ano da graça. Os homens se tornavam pecadores
desprezíveis, não apenas preguiçosos e gulosos, mas também negligentes e sem lei.
Preguiça e gula os tornavam tão pobres que eles tinham de vender suas possessões, e a
negligência e a ilegalidade os induziam a se tornarem tão destituidos que tinham de
vender a si mesmos. Consequentemente, eles cairam numa situação na qual não tinham
nem sua possessão nem sua liberdade. Porém, no ano do jubileu cada proprietário
retornava àquilo que tinha vendido, e todos ganham outra vez sua liberdade.

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Políticos e filósofos têm tentado a melhor maneira possível para encontrar meios para
satisfazer as necessidades das pessoas, mas quanto mais ismos eles inventam, mais as
pessoas sofrem. O que a Bíblia ensina é muito melhor do que qualquer teoria ou ismo. O
que necessitamos não é uma teoria ou ismo mas a vinda do Senhor Jesus para dentro da
humanidade. Em Sua vinda Ele foi ungido por Jeová para anunciar o evangelho aos
pobres, e Ele foi enviado para proclamar liberdade aos cativos e restauração da vista aos
cegos, para por em liberdade os que estão oprimidos, e para proclamar a ano aceitável de
Deus para o homem, o ano do jubileu, que é o ano da graça. O ano do jubileu é a época
que Deus perdoa e aceita o homem.

Como um tipo no Antigo Testamento, o ano do jubileu é registrado em Levítico 25, e é


encontrado como uma profecia em Isaías 61. O tipo foi dado cerca de quinhentos anos
antes da vinda do Senhor Jesus, e a profecia foi dada cerca de setecentos anos antes da Sua
vinda. Durante essa época, contudo, os judeus eram completamente ignorantes quanto ao
significado do ano do jubileu em Levítico 25 e o ano da graça em Isaías 61. Ao longo dos
anos, eles simplesmente guardavam os regulamentos da lei segundo a sua tradição,
adorando em cada dia de sábado e indo às sinagogas para ouvir o ensinamento. Mas um
dia o Senhor veio, e num dia especial de Sábado Ele entrou na sinagoga, pegou o rolo e o
abriu em Isaías 61, que profetizava que Deus ungiria o Senhor Jesus com Seu Espírito para
anunciar o evangelho aos pobres e para proclamar o ano aceitável do Senhor, o ano do
jubileu. Então Jesus disse, Hoje, ao Me ouvirdes, se cumpriu esta Escritura (Lc 4:21). Os
judeus davam testemunho Dele e se maravilhavam das palavras de graça que procediam
da Sua boca (v. 22). Porém, até esse dia eles ainda não entendiam o verdadeiro significado
dessas palavras de graça.

Hoje entendemos o verdadeiro significado das palavras de graça faladas pelo Senhor.
Deus criou o homem com o propósito de que o homem pudesse ser um vaso para contê-Lo
para Sua expressão. Então, imediatemente após o homem ser criado, Deus deu a Si mesmo
para ser a possessão do homem. A herança que Deus nos dá é Ele próprio. Ele não nos dá
algo que não seja Ele mesmo porque, aos olhos de Deus, tudo o mais é refugo. A herança
falada na Bíblia é a herança entre os santos para ser recebida por todos aqueles que crêem
no Senhor (At 26:18). Essa é o próprio Deus. Nós somos aqueles que herdam Deus. Então,
após Deus criar Adão, Ele não disse muita coisa a ele, Ele simplesmente indicou que
queria que Adão O recebesse para ser a sua verdadeira possessão. Porém, devido à queda,
o homem abandonou Deus, perdeu Deus como sua possessão, e caiu no mundo.
Consequentemente, o homem não apenas vendeu sua possessão, mas também a si mesmo.

Quando consideramos a sociedade humana, podemos dividir os seres humanos em três


categorias: otimistas, pessimistas e aqueles que ficam no meio. Muitos otimistas são
sonhadores e pessoas sem sobriedade, e eles são cheios de imaginações sobre tudo. Aos
olhos dos pessimistas, porém, nada é bom. Para eles, a China não é boa, e a América
também não é boa. Quando estão em um lugar, eles dizem que outro o lugar é melhor, e
quando estão em outro lugar, eles dizem que depois de tudo o primeiro lugar era melhor.
Aqueles que estão no meio não são excessivamente otimistas nem excessivamente
pessimistas; eles são muito lúcidos. Eles ensinam seus filhos a estudarem duro, a se esfor-
çarem, para certamente se graduarem na faculdade, e serem aprovados no teste de língua
inglesa para que assim possam ir aos Estados Unidos estudar. Se eles não obtiverem um
Ph.D, ao menos receberão um mestrado. Após obterem esse mestrado, eles trabalharão
ainda mais, se casarão, terão uma família e construirão uma carreira. Todavia, não importa

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se eles são otimistas ou pessimistas, ou no meio, todos eles perderão Deus como possessão
e venderão a si mesmos para serem escravos de Satanás.

Efésios 2:12 diz que as pessoas vivem no mundo hoje sem esperança e sem Deus. Seja
pobre ou rico, nobre ou humilde, civilizado ou bárbaro, todos são iguais; todos não têm
esperança e estão sem Deus. Não só por isso, as pessoas hoje caíram a tal ponto que
vendem a si mesmo para o pecado e Satanás. Algumas pessoas vendem a si mesmos para
as coisas do pecado, por exemplo, comidas e bebidas extravagantes, concupiscência
sexual, jogos e vícios em drogas. Com alguns isso pode não ser tão óbvio; mesmo assim,
eles também vendem a si mesmos e por isso estão sem liberdade, não tem controle sobre a
sua própria vontade. Aqueles que não são casados pensam que casamento é a maneira
para ser liberto dos problemas. Depois do casamento, porém, descobrem que em vez de
obterem liberdade eles entraram num novo tipo de escravidão. O problema básico é que o
homem vendeu a si mesmo e perdeu Deus; assim, ele perdeu completamente sua liber-
dade e sua própria possessão e tornou-se um escravo. Paulo diz em Romanos 7:14, Mas eu
sou carnal, vendido sob o pecado. Não apenas os incrédulos, mas até mesmo os que são
crentes ainda não estão completamente libertos da escravidão de faraó.

Portanto, no ano do jubileu há duas bençãos principais: o retorno de cada pessoa à sua
possessão perdida e a libertação da escravidão. Se quisermos ser verdadeiramente livres e
capazes para desfrutar Deus como nossa possessão, devemos receber o Senhor Jesus como
o verdadeiro jubileu para nós. Se O tivermos, nossa possessão será restaurada e nossa
liberdade voltará para nós. O Senhor Jesus nos libertou para que pudéssemos ter Deus
como nossa possessão e sermos libertos da escravidão do pecado e de Satanás para
podermos ter a verdadeira liberdade. Cada um de nós que tem experienciado a graça do
Senhor pode testificar que antes de sermos salvos, não tinhamos liberdade nem controle
sobre nós mesmos. Agora que fomos salvos, o Senhor nos libertou em nosso interior para
que não mais sejamos escravos. Não apenas isso, fomos introduzidos de volta à Deus
como nossa posssessão. O Senhor Jesus disse em Mateus 11:28, Vinde a Mim todos os que
estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos darei descanso. Não somos aqueles que estão
labutando e sobrecarregados; somos aqueles que tem liberdade e desfrutam descanso.
Além disso, não somos mais pobres; antes, temos Deus como nossa herança (At 26 :18; Ef
1:14; Cl 1:12). Esse é o significado do ano do jubileu.

TUDO É PARA NOSSA SATISFAÇÃO

O Senhor disse a Paulo Eu te envio, para lhes abrir os olhos, para fazê-los voltar-se das
trevas para a luz e da autoridade de Satanás para Deus, a fim de que recebam perdão de
pecados e herança entre os que foram santificados pela fé em Mim (At 26:17b-18). Como
temos visto, a herança referida nesse versículo é o próprio Deus. Em 2 Coríntios 6:2, Paulo
diz, Eis agora o tempo muito aceitável, eis agora o dia da salvação. Paulo nos exorta para
receber o Senhor agora porque agora é o ano aceitável do Senhor, o ano do jubileu. O ano
do jubileu é o ano santo, o ano da graça. Se temos jubileu, temos Deus; se temos Deus,
temos graça.

A palavra chinesa para jubileu significa tudo é para a satisfação de alguém. Quando tudo é
para nossa satisfação, nós estamos no jubileu. Jubileu significa não ter preocupação ou
ansiedade ou cuidado, falta ou carência, doença ou calamidade, seja qual for o problema,
mas antes ter todos os benefícios; então, tudo é para nossa satisfação. Hoje como é possível
para uma pessoa ter tudo para sua satisfação? Todos os dias nada na nossa vida humana é
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para a satisfação do desejo do nosso coração. Talvez as coisas sejam satisfatórias hoje, mas
amanhã podem não ser. Por isso, nossa vida humana não é sempre satisfatória, e o nosso
ambiente não é sempre gratificante. Tudo pode ser satisfação para nós apenas quando
temos ganhado o Cristo todo-inclusivo para o nosso desfrute. Em Filipenses 4, Paulo
indica que ele conhecia Cristo e O experienciava a tal ponto que tudo era para sua
satisfação. Ele diz, Pois aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Sei estar
humilhado e sei ter em abundância; em tudo e em todas as coisas aprendi o segredo, tanto
de estar saciado como de passar fome, tanto de ter em abundância como de passar
necessidade. Tudo posso Naquele que me fortalece (vv. 11b-13). Não são as coisas
exteriores, problemas ou pessoas, mas Cristo em nós que nos capacita a ficarmos calmos e
livres de preocupações quando enfrentamos todos os tipos de situações.

Na era do Antigo Testamento, a qual era a era da lei antes da vinda de Cristo, o homem
estava na condição de um escravo. Isto foi não até a vinda de Cristo que Ele proclamou a
vinda do jubileu (Lc 4:16-21). É fácil entender o ano do jubileu como a duração de apenas
um ano. Porém, a palavra ano implica uma era. Podemos dizer que o ano do jubileu
refere-se a era do jubileu, não apenas por um ano, o quinquagésimo ano. Esse ano tipifica
uma era. Na dispensação, o ano do jubileu é dividido em dois períodos. Um período é a
era do Novo Testamento, que é a era da graça hoje; o outro periodo é a era do milênio, que
é a plenitude do jubileu.

Segundo a dispensação, Cristo já veio, assim a era do jubileu está aqui, mas nós não temos
o jubileu ao menos que permitamos o Senhor Jesus vir para dentro de nós. Então, segundo
a experiência, Cristo veio para dentro de nós para ser nosso jubileu. Não apenas isso,
mesmo que tenhamos crido em Cristo e permitamos que Ele venha para dentro de nós, ao
menos que permitamos que Ele viva em nós e ao menos que nós vivamos por Ele, não
estaremos no viver prático do jubileu. Se vivermos por Cristo em determinado problema e
permitirmos que Ele viva em nós, desfrutaremos do jubileu nesse problema. Dessa
maneira tudo em relação a esse problema particular será para nossa satisfação. Em nossa
vida conjugal, por exemplo, se permitirmos que Cristo viva em nós e também vivermos
por Cristo, então tudo em nosso casamento será para nossa satisfação. Tudo o que não tem
prazer tornar-se prazeroso, e tudo o que não satisfaz tornar-se satisfação. O mesmo é
verdade na ida para a escola, ensinar na escola, e ao fazer negócios. Se permitirmos Cristo
viver em nós e nós vivermos por Ele, tudo será para nossa satisfação. Se não, tudo será um
problema, e nada será um jubileu. Em outras palavras, quando Cristo vem a nós, o jubileu
vem a nós. Não pense apenas que porque fomos salvos, temos o jubileu. Cristo é o nosso
jubileu sempre que vivemos por Ele, mas Ele não será nosso jubileu quando não vivemos
por Ele.

O ano do jubileu é Cristo; por isso, o ano do jubileu é o ano da graça, porque a graça é o
próprio Deus em Cristo para ser nosso desfrute. Quando nós ouvimos o evangelho,
ouvimos o jubileu. Uma vez que nos arrependemos e cremos no Senhor, o jubileu entra em
nós. De agora em diante, em qualquer momento e em qualquer problema, ao tratar com
alguém ou alguma coisa, se vivermos Cristo, Cristo será o nosso jubileu. Algumas vezes
podemos ter uma experiência dolorosa de colocar Cristo de lado e então perder Deus
temporariamente. Uma vez que perdemos Deus, nós vendemos a nós mesmos e nos
tornamos escravos novamente. Porém, uma vez que começamos a desfrutar do Senhor
Jesus novamente, temos Deus e desfrutamos liberdade. Seremos felizes e regozijaremos,
prosperaremos e teremos uma vida longa. Este é o significado do jubileu.

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O JUBILEU
MENSAGEM DOIS

A POSSESSÃO DO JUBILEU

Leitura bíblica: Lv 25:9-13; Sl 16:5, 2; 90:1; At 26:18; Ef 1:14; Cl 1:12; Ef 2:12; Lc 15:11-24

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Na mensagem anterior vimos algo acerca da era do jubileu. O jubileu refere-se não apenas
a um dia ou um ano, mas a um período completo de tempo. Em tipologia o jubileu durou
um ano, mas em cumprimento ele se refere a toda a era do Novo Testamento e o milênio.
Para o povo escolhido de Deus, toda a era do Novo Testamento é a era do jubileu. Nesta
mensagem, consideraremos outro ponto crucial, a possessão do jubileu.

A SITUAÇÃO DO HOMEM CAÍDO

A Bíblia chama o quinquagésimo ano entre os israelitas de o ano do jubileu. Naquele ano a
todo proprietário era restituído a sua possessão perdida, e todo aquele que tinha vendido
a si mesmo como escravo ganharia sua liberdade. Êxodo 1 nos mostra que quando o eleito
de Deus, os israelitas, cairam para o Egito, eles não apenas perderam sua possessão, mas
foram afligidos e escravizados por Faraó, rei do Egito. Esse é um retrato que descreve a
condição do homem caído. Uma pessoa que vive na terra tem duas coisas: a si mesmo e
suas possessões. Tudo o que uma pessoa tem pode ser colocado numa dessas duas
categorias. Todos nós temos a nós mesmos; a esse respeito somos todos iguais. Com
relação às nossas possessões, todavia, não somos iguais; alguns podem ter casas,
propriedades, títulos, contas bancárias, uma esposa, filhos e netos como suas possessões.
Porém, o homem caído perdeu tudo e vendeu a si mesmo como um escravo.

Os filhos de Israel cairam da boa terra para o Egito, a terra da escravidão, e finalmente eles
perderam tudo. A terra de Canaã que Deus lhes havia dado não era mais deles. Não foi a
terra que os deixou, mas eles deixaram a terra. Eles deixaram sua possessão, a boa terra de
Canaã, e levaram tudo consigo para o Egito. Depois de perderem a boa terra, perderam a
si mesmos; eles não tinham liberdade e tornaram-se escravos de faraó. Essa é a figura mais
completa na Bíblia que descreve a humanidade caída. Segundo essa descrição, como
humanidade caída temos perdido nossa possessão, e também vende-mos a nós mesmos, e
nos tornamos escravos que não possuem nada. Essa era a situação dos filhos de Israel na
terra do Egito, e também é a situação de toda a raça humana.

O JUBILEU É UMA ERA DE ÊXTASE PARA NOSSA SALVAÇÃO

Na mensagem anterior, definimos o termo chinês para jubileu como tudo é para nossa
satisfação. No jubileu, todas as coisas são agradáveis e satisfazem ao nosso coração, somos
livres de ansiedade, descansamos, somos animados e exultamos. Em inglês, a palavra
jubileu denota regozijo, um grito jubiloso. A palavra hebraica para jubileu é yobel, que
significa um barulho jubiloso, um grito com a explosão de uma trombeta, e uma procla-
mação. É uma proclamação não de aflição ou lamentação, mas do evangelho, boas novas
de grande alegria.

Quando os filhos de Israel, o povo escolhido por Deus, caiu numa situação lamentável,
Deus veio para redimi-los por intermédio de Moisés tirando-os da terra do Egito, para que
eles pudessem ganhar sua liberdade. Quando Deus os conduziu para fora do Egito, Ele
efetuou um grande milagre ao abrir as águas do mar para que pudessem passar por elas.
Então, quando atravessaram o Mar Vermelho, e viram os seus inimigos afogados e
sepultados, eles ficaram em êxtase, pulando e dançando de alegria. Miriã os levou a cantar
com grande júbilo às margens do rio Jordão. Lutar era a obra dos homens, enquanto cantar
era a especialidade das mulheres. Devemos ser mulheres dessa maneira diante de Deus, e
quanto mais animados ficamos, melhor.

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Não devemos permanecer na velhice, adotando a maneira tradicional do cristia-nismo, a
maneira de ter um serviço no domingo pela manhã de maneira rígida. Em ves disso,
devemos exultar como o Salmo 100:1 diz: Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras.
Em hebraico, fazer um barulho jubiloso significa gritar junto com barulho para Jeová.
Todavia, os tradutores chineses não ousaram traduzi-lo dessa maneira e portanto
traduziram-no como um grito de alegria para o Senhor. Esdras é um outro livro da Bíblia
que tem um registro do povo fazendo um barulho jubiloso. Quando o fundamento do
templo foi lançado, depois que os filhos de Israel retornaram de Jerusalém do seu
cativeiro, todo o povo gritava com um grito estrondoso.

Eles poderiam não discernir o som de grito de alegria do som de choro, pois o povo gritou
com um grito forte (3:11-13). Alguns podem perguntar, 1 Coríntios 14:40 não diz que nas
reuniões todas as coisas deveriam ser feitas de maneira conveniente e em ordem? Isso é
verdade, mas a Bíblia não tem somente 1 Coríntios 14 mas também os Salmos. Há muitos
versículos nos Salmos que nos dizem para fazer um barulho jubiloso e regozijar, e não
apenas regozijar, mas também exultar e pular de alegria. Quando o jubileu chegou,
milhões de israelitas fizeram um barulho jubiloso e espontaneamente gritaram de alegria,
ao mesmo tempo. Hoje os coros são disciplinados porque eles cantam de maneira rígida,
sem nenhum júbilo, mas se todos cantarmos com motivação, será muito difícil ficarmos
completamente disciplinado.

O jubileu é a era do êxtase. A era do Novo Testamento é uma era de êxtase, e um cristão é
uma pessoa em êxtase. Há cinquenta anos, o irmão Nee disse, Se, como um cristão, você
nunca alcançou o ponto de estar fora de si, você não está no padrão. Ele adicionou que
devemos estar fora de nós mesmos diante de Deus, mas com a mente sóbria diante dos
homens. Alguns aproveitaram essa palavra e disseram, Veja, o irmão Nee não disse que
devemos ter uma mente sóbria? Sim, precisamos ter uma mente sóbria diante dos homens,
mas já ficamos fora de nós mesmos diante de Deus? A Bíblia tem muitos lados; não
podemos olhar apenas para um deles. Sim, devemos estar com a mente sóbria diante dos
homens, mas estar com a mente sóbria não significa necessariamente ficar quieto. Gritar
nas reuniões não é estar desordenado e gritar de maneira frenética. Podemos gritar de
alegria, e ainda ter uma mente sóbria. Por um lado, nos regozijamos e fazemos um barulho
jubiloso, mas por outro, temos uma mente sóbria, exercitando restrição. Se nós, como
cristãos, nunca alcançamos o ponto de estar fora de nós mesmo ou estar loucos, se nunca
estivermos em êxtase diante de Deus, não estamos no padrão. De certa forma, isso mostra
que nós não temos o desfrute suficiente de Deus. Se tivermos desfrute suficiente de Deus,
saltaremos de alegria. Mesmo como um homem velho muitas vezes eu estou fora de mim
diante de Deus, contudo aqueles que estão a minha volta não estão conscientes disso.
Parece que estou sério todos os dias, indo e vindo conforme a programação prescrita,
contudo Deus conhece a verdadeira condição. Temos uma verdadeira razão para estarmos
fora de nós mesmos. Se não há alegria em nós, não podemos estar fora de nós mesmos,
mas se estivermos sempre desfrutando Deus, atingiremos um ponto onde não podemos
fazer outra coisa senão estarmos fora de nós mesmos. Da mesma maneira, os filhos de
Israel desfrutaram da graça da redenção toda suficiente de Deus, quando cruzaram o Mar
Vermelho, eles gritaram e pularam de alegria, louvaram e cantaram com uma voz alta, e
com incessantes aclamações.

Depois disso, Deus os trouxe por meio do deserto para Canaã e destinou a boa terra de
Canaã para eles. Cada tribo recebia um porção da terra, e cada família dentro de cada tribo
também recebia uma porção. Além disso, cada familia dentro de cada tribo desfrutava sua
11
porção destinada. Por isso, uma vez que eles entraram em Canaã, cada um possuia uma
porção da terra. Não havia pobres ou ricos porque todas as familias eram iguais, cada uma
possuia uma porção da terra. Não havia necessidade de que ninguém se tornasse um
escravo porque cada um era o seu próprio patrão. Além disso, eles viviam uma vida
próspera porque a terra era uma terra que manava leite e mel.

Todavia, depois de receber as suas porções atribuídas da terra, alguns deles decaíram
vagarosamente e se tornaram preguiçosos. Os que eram gulosos e preguiçosos se tornaram
gradativamente pobres. Eles começaram a vender o que possuiam, e mesmo depois de
venderem sua terra, eles por fim tiveram que vender a si mesmos como escravos. Deus,
que é sábio, sabe de antemão de todas essas coisas, Ele então estabeleceu uma simples
ordenança. No quadragésimo nono ano após os filhos de Israel entrarem em Canaã, a
trombeta deveria ser soada no décimo dia do sétimo mês por toda a terra. O décimo dia do
sétimo mês era o dia da propiciação. Baseado na propiciação dos pecados, a liberdade era
proclamada para todos o povo de Israel. Por isso, se alguém tivesse vendido sua terra, ele
deveria retornar para sua terra, e se alguém tinha vendido a si mesmo como escravo, ele
reaveria sua liberdade. Pode ter havido muitos que tivessem vendido sua terra e a si
mesmos. Aqueles que tinham perdido sua possessão e tinham se tornado escravos devem
ter dançado e ficado em êxtase quando ouviram o soar da trombeta, a trombeta de prata,
proclamando o jubileu. Isso mostra o significado do jubileu. A sabedoria de Deus é imensa
e excepcional. Na chegada do quinquagésimo ano, não havia mais venda de terra ou de
pessoas; cada família tinha a sua porção da terra novamente. A cada cinquenta anos havia
um equilíbrio da propriedade da terra; essa era a maneira mais justa para lidar com a
terra.

NA REDENÇÃO DEUS É A NOSSA POSSESSÃO PARA O NOSSO DESFRUTE

Agora devemos considerar qual é a possessão do homem. O Salmo 16:5 diz, O Senhor é a
porção da minha herança e o meu cálice; tu és o arrimo da minha sorte. Uma herança é
uma possessão. A terra não é a nossa possessão verdadeira; mais precisamente, Deus é a
nossa possessão. A terra é meramente um tipo, um símbolo, e uma figura. Como podemos
dizer que Deus é a possessão do homem? Em Gênesis 1:26 e Romanos 9:21-23 podemos
ver claramente que o homem foi criado por Deus para ser Seu vaso. Um vaso como um
recipiente é vazio por si mesmo; portanto, ele precisa de conteúdo. O conteúdo de um
vaso é a sua possessão. Um cálice vazio é um cálice necessitado. Alguém que está com
sede deseja uma bebida, mas um cálice vazio não pode saciar sua sede. Ser vazio é ser
pobre, e ser pobre é ser vazio. O homem é um vaso de Deus; portanto se um homem não
tem Deus, ele é vazio e pobre. O primeiro coro do Hino, #467 diz, Tudo é vão! Tudo
vão! /É atrás do vento correr, é tudo vão. O último coro diz, Sem Jesus, tudo é vão! / Sem
Jesus, tudo é vão! /As coisas todas são vãs; Cristo é real! O homem sem Cristo é vão.
Portanto, a possessão do homem não é a terra ou uma casa, nem é uma esposa ou filhos; a
possessão do homem é Deus. Deus criou o homem como Seu vaso para contê-Lo. Se nós
como um vaso não temos Deus como nosso conteúdo, somos vazios e pobres.

Depois que Deus criou Adão, Ele o colocou diante da árvore da vida, indicando que Ele
queria que ele recebesse a árvore da vida; além disso, Ele indicou um pouco mais para
Adão. O que é a árvore da vida? A árvore da vida é Deus. O Senhor Jesus disse, Eu sou o
pão da vida; o que vem a Mim de modo algum terá fome, e o que crê em Mim jamais terá
sede (Jo 6:35). O Salmo 36:9 também diz, Pois em ti está o manancial da vida. O Senhor é a
árvore da vida e o rio da vida; aquele que Nele crê come e bebe Dele é satisfeito. Esteja
12
certo, Deus é a nossa possessão. Além disso, segundo o Salmo 16:5 Deus não é apenas a
nossa herança, mas também a porção do nosso cálice. Neste versículo herança é uma
expressão geral, enquanto cálice é uma expressão mais pessoal. Deus não é somente nossa
herança, mas também a porção do nosso cálice para o nosso desfrute. Deus não é apenas
nossa possessão, mas também nosso desfrute verdadeiro. Além disso, Deus mantém nossa
porção designada.

Deus apresentou a árvore da vida a Adão, mas Adão não a tomou; por isso, ele perdeu sua
porção do desfrute de Deus. Adão caiu da presença de Deus, e como resultado, todo o
povo do mundo perdeu Deus. Por isso, Efésios 2:12 diz que o povo que vive no mundo
hoje não tem esperança e estão sem Deus. O filho pródigo em Lucas 15:11-32 é um retrato
de toda a humanidade. De reis e presidentes a varredores de rua e mendigos, cada um é
um filho pródigo que se tornou sem dinheiro e que vive com os porcos. A queda do
homem é uma queda de Deus, uma queda da possessão do homem. O homem perdeu
Deus como sua possessão e desfrute. Esse é o primeiro passo da perda do homem.

O segundo passo é que na queda, o homem vendeu a si mesmo para o pecado. Paulo disse
em Romanos 7:14, Eu sou carnal, vendido sob o pecado. Como pecadores caídos,
perdemos Deus, e estamos sem Deus. Não apenas isso, temos vendido nossos membros
para pecar tornando-nos escravos do pecado (6:19). O pecado domina o homem. Hoje as
pessoas no mundo, não importam quem elas são, estão debaixo do domínio do pecado.
Algumas pessoas têm um grau elevado de intelecto e então são controlados por sua razão.
Por amor a sociedade, seus parentes, e seus amigos, eles não são impulsivos
exteriormente, mas ainda são impulsivos em suas mentes. Quem não é vendido ao pecado
em seu coração? Todos vendemos a nos mesmos para o pecado.

Deus chamou Paulo e disse-lhe, Eu te envei, para lhes abrir os olhos, para fazê-los voltar
das trevas para luz e da autoridade de Satanás para Deus, a fim de que recebam perdão de
pecados e herança entre os que foram santificados pela fé em Mim. Esta herança é Deus
como nossa possessão, isto é, Deus como nossa terra com sua rica produção. Hoje os
homens precisam da terra para prover comida para o seu viver e uma habitação para o seu
descanso. Como vimos, o Salmo 16:5 diz, O SENHOR é a porção da minha herança e o
Salmo 90:1 diz, SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Hinos, #313
foi escrito baseado nesses dois salmos. A idéia geral do hino é que Deus é a nossa porção
eterna, nosso tudo eterno, e nossa habitação segura. Deus é nossa terra e nossa habitação.
Não é de se admirar que quando o Senhor Jesus veio, Ele disse, Vinde a Mim todos os que
estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos darei descanso (Mt 11:28). Além disso, em
João 15:4 Ele disse, Permanecei em Mim. Hoje todos os homens perderam Deus como sua
possessão, e eles não tem nenhuma habitação verdadeira. As pessoas caídas são todas
levadas pela correnteza e vagueam sem um lar. Embora elas possam viver em altos
edificios ou grandes casas, dentro delas não há descanso, sem lugar de habitação. O
homem está vagueando porque perdeu Deus. Deus é a verdadeira habitação e a
verdadeira possessão do homem.

A PREGAÇÃO DO EVANGELHO É A PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU DE DEUS,


A FIM DE QUE O HOMEM POSSA SER SALVO E RETORNAR PARA
SUA POSSESSÃO PARA DESFRUTAR DEUS

Quando pregamos o evangelho, proclamos o jubileu de Deus a outros. Em Lucas 4:18-19 o


Senhor Jesus fez uma proclamação a respeito da vinda do jubileu. A proclamação do
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jubileu em Lucas 4 governa o pensamento central de todo o evangelho de Lucas, e a
parábola do filho pródigo em Lucas 15 é uma excelente ilustração do jubileu. Porém, antes
de examinar esta parábola, devemos considerar alguns versículos. Em Efésios 1:13-14,
Paulo diz, Em quem também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação, tendo também crido Nele, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa, o qual é o penhor da nossa herança para a redenção da propriedade adquirida,
para louvor da Sua glória. O que significa ser salvo? Ser salvo é retornar à nossa herança,
retornar a Deus, voltar a Deus e desfrutá-Lo novamente como nossa possessão. Deus é
nossa herança, e depois que fomos salvos, o Espírito de Deus está em nós como o penhor,
a garantia, a prova, e a segurança da nossa herança. Em grego, a palavra para penhor ou
garantia também significa uma amostra. Uma amostra é um antegozo, que garante o gozo
completo no futuro. Hoje o Espírito Santo está em nós como uma garantia, uma amostra,
de Deus como nosso desfrute, nos dando um antegozo e garantia para nosso desfrute
pleno de Deus no futuro. Por isso, ser salvo é ganhar Deus. Não apenas obtemos salvação,
mas ainda mais obtemos Deus. Quando temos Deus, temos tudo; sem Deus não temos
nada. Somos salvos apenas quando temos Deus, e com Deus temos tudo. Por isso, Deus é a
nossa herança.

Além do mais, Colossenses 1:12 diz, Dando graças ao Pai, que vos qualificou para
participardes da porção da herança dos santos na luz. Hoje Deus se tornou nossa porção
abençoada em Cristo. Separados de Cristo, as pessoas que vivem no mundo, não têm
esperança e estão sem Deus. Independentes de Cristo, somos sem Deus no mundo. Nós,
porém, não podemos mais dizer que estamos fora de Cristo. Estamos em Cristo, e temos
Deus. Isto não é meramente um ditado, mas uma realidade. Talvez alguns possam
perguntar, Então, por que é que alguns cristãos ainda são infelizes? Podemos ilustrar isso
com as lâmpadas. Elas podem estar instaladas num edifício, e a eletricidade pode estar
conectada, mas se não usarmos o interruptor para ligá-las, as lâmpadas não brilham. Há
eletricidade, mas não há luz; na prática, isso é o mesmo como não ter eletricidade. Essa é a
situação de muitos cristãos. Mesmo que eles tenham Deus, eles são como lâmpadas que
não brilham porque não ligam o interruptor para tomar Deus como a sua porção.

Como Paulo diz em Efésios 2:12, estavámos sem Cristo, não tínhamos esperança e sem
Deus no mundo. Hoje, porém, não estamos mais separados de Cristo. Antes, estamos em
Cristo. Temos Deus e ligamos o interruptor para desfrutar Deus como nossa possessão. O
jubileu está totalmente relacionado com a nossa possessão, e a nossa possessão é Deus.
Quando temos Deus, temos o jubileu; quando temos Deus, tudo é para nossa satisfação.
Nossa pregação do evangelho é o nosso soar da trombeta da redenção para proclamar ao
mundo, Eis agora o tempo muito aceitável, eis agora o dia da salvação, o ano do jubileu
(2Co 6 :2). Embora o homem tenha caido muito longe de Deus, Deus está esperando por
ele, desejando o seu retorno.

Podemos agora considerar a parábola do filho pródigo em Lucas 15:11-32. Todos somos
muito familirizados com essa parábola do retorno do filho pródigo. Alguns até mesmo a
conhece desde a sua infância. Nesta parábola o Senhor Jesus fala de um certo pai que tem
dois filhos. O mais novo, estando confuso, pediu ao pai para lhe dar a sua parte da
herança. Depois que recebeu sua herança, ele foi embora e viveu dissolutamente até que a
gastou totalmente. Por isso ele não tinha outra escolha, a não ser se juntar a um cidadão,
de um país distante, que significa o mundo satânico. Esse cidadão, que pode ser
comparado a Satanás, foi mais opressor que Faraó e o enviou para alimentar os porcos.
Faraó enviou as pessoas para edificar cidades, mas nessa parábola um cidadão enviou o
14
filho para alimentar os porcos, o que é pior. Edificar cidades é uma questão de suar e fazer
tijolos, mas para alimentar porcos, ele teria e associar-se com eles. Por fim, o filho desejou
comer a alfarroba que os porcos comiam, contudo mesmo assim sua fome não foi
satisfeita. Como resultado, o filho pródigo voltou ao seu discernimento e retornou para a
casa de seu pai.

Um provérbio chinês diz, O retorno de um filho pródigo é mais precioso que o ouro.
Muitas pessoas fazem referência a essa parábola quando pregam o evangelho. Entretanto,
essa parábola não é principalmente a respeito do retorno do filho pródigo, mas a respeito
do pai que procura seu filho e o aceita com abraços e beijos. A aceitação do pai do filho foi
o ano do jubileu para ele. O maior receio do pai é que seu filho possa fugir de casa; isso é
uma coisa muito dolorosa. Apesar de ser doloroso para um único filho fugir de casa,
podemos pensar que o pai de muitos filhos não se importaria muito quanto a um filho.
Porém, um pai aprecia cada um dos seus filhos. Um pai pode até mesmo pode não
suportar quando um filho sai de casa por pouco tempo. Nesta parábola, o pai não apenas
buscava ocasionalmente o seu filho, mas ele deve ter permanecido na porta da sua casa
todos os dias, esperando ansiosamente pelo retorno do seu filho. Por isso, quando o filho
retornou, o pai o viu de longe e imediatamente correu até ele para abraçá-lo e beijá-lo (v.
20). Isso foi a sua aceitação do filho. O dia do retorno do filho pródigo foi o ano do jubileu
para ele. Esse foi o ano da graça, o ano aceitável de Deus. Deus aceita todos os filhos
pródigos caídos e arrependidos.

De acordo com o significado espiritual, essa parábola descreve um homem caído que
perdeu completamente sua possessão da casa de Deus o Pai. Ele deixou sua própria
possessão e vendeu a si mesmo como um escravo. Hoje, todas as pessoas caídas, não
importa sua profissão, quer seja presidentes, reis, ou mendigos, estão alimentando porcos.
Alimentar porcos é se envolver em negócios sujos. Podemos dizer que uma profissão na
política é obscura, mas na realidade qual profissão não é obscura? Se política é a profissão
mais obscura, então o comércio é a segunda mais obscura, mas a educação não é obscura?
Aqueles que tem Ph.D., doutorado em medicina, e todos os outros também estão na
obscuridade. Todos estão alimentando porcos. O resultado mais óbvio de alimentar porcos
é tornar-se sujo; isso indica o envolvimento em coisas sujas. Na sociedade de hoje, qual
profissão não pratica dar e receber subornos? Se você não der subornos, você não tem
caminho para ter sucesso. Qual dinheiro é honesto e absoluta-mente limpo? Não é de se
admirar que o Senhor Jesus deu ao dinheiro um nome, riquezas da injustiça (Lc 16:9). A
verdadeira natureza do dinheiro é a injustiça. Mesmo que uma pessoa pareça ser justa,
desde que ela ganhe dinheiro e adquira uma fortuna, ela está alimentando porcos, ela está
envolvida em negócios sujos. Talvez quando alguns ouvem isso, eles podem dizer, Sendo
assim, de agora em diante vou abandonar a minha escola e abandonar o meu emprego.
Não é isso o que quero dizer. Neste mundo as pessoas têm de trabalhar senão se tornam
errantes e desocupadas. Como você pode comer sem trabalhar? Antes, essa parábola é um
retrato nos mostrando que uma vez que um homem caído deixa Deus, ele vai alimentar
porcos, não importa a profissão que ele tem. Devemos considerar seriamente se estamos
limpos em nosso trabalho. Todas as pessoas caídas que trabalham na sociedade estão
rolando num chiqueiro apesar de alguns comerem melhor alfarroba que os outros. Cada
um está alimentando porcos e comendo alfarroba.

Quando o filho pródigo considerou sua situação, ele pode ter perguntado a si mesmo, Por
que estou fazendo isso? Meu pai é muito rico, então por que devo perecer de fome aqui?
Este é o arrependimento do pecador. Todavia, o conceito de um pecador depois do seu
15
arrependimento é retornar à casa para trabalhar. Por isso, o filho pródigo continuou e
disse, Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de
ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados (vv.
18-19). Então ele levantou-se e foi ao seu pai para falar segundo o que tinha preparado.
Porém, o pai não queria ouvir o que ele tinha a dizer, assim antes que o filho pudesse
terminar seu falar, o pai o interrompeu e disse aos servos, O pai, porém, disse aos seus
servos: Trazei depressa a melhor roupa e vesti-o com ela, ponde-lhe um anel na mão e
sandálias nos pés; trazei também o novilho cevado, matai-o; comamos e regozijemos-nos
(vv. 22-23). O novilho cevado representa Cristo, que é Deus. Deus em Cristo se tornou o
novilho cevado para o desfrute do arrependido e o retorno dos filhos pródigos. Para nós,
este é o jubileu.

Por isso, Lucas 15:11-32 é uma ilustração do jubileu proclamado em Lucas 4:18-19. O filho
pródigo vendeu sua possessão e a si mesmo. Um dia ele retornou à sua possessão e a casa
do seu pai. Aquilo foi o jubileu, uma liberação e tudo tornou-se prazer e satisfação. Na
casa do pai havia apenas desfrute com comida e bebida, não havia trabalho. Isto
corresponde à Levítico 25:11, que diz que o povo não devia semear ou colher no ano do
jubileu; eles deveriam apenas comer e desfrutar. Além disso, eles poderiam apenas comer
do produto diretamente do campo. Isso significa que eles comiam o que Deus supriu sem
a necessidade do seu próprio trabalho. Da mesma forma, o pai em Lucas 15 não deu
ouvidos ao que o filho tinha a dizer sobre ser um dos servos. Em vez disso, o pai desejou
dar ao filho o novilho cevado para que ele comesse e desfrutasse. Ninguém é sem valor;
antes, todos tem valor porque Deus diz, Eu lhe aceitei. O jubileu é a era, a época, da
aceitação de Deus, indicado pela aceitação do pai do filho pródigo em Lucas 15.

O jubileu na Bíblia é a era do evangelho, a qual é essa era. Uma vez que nos arrependemos
e nos voltamos a Deus por receber o Senhor Jesus, nós recebemos Deus no nosso interior.
Isso é o início do nosso jubileu. Desse dia em diante, toda nossa vida é um jubileu, e
desfrutamos o jubileu para sempre. Podemos continuamente desfrutar Deus como nossa
possessão. Agradecemos e louvamos o Senhor que o nosso jubileu será cada vez rico de
agora até a eternidade. Este é o significado da possessão do jubileu.

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O JUBILEU
MENSAGEM TRÊS

A LIBERDADE DO JUBILEU

Leitura bíblica: Lv 25:39-41; Lucas 4:18-19; Atos 26:18; João 8:34, 36;
Rm 7:14; 6:6-7; 8:2; Gl 5:1

DESFRUTAR DEUS COMO POSSESSÃO DO JUBILEU


E OBTER A LIBERDADE DO JUBILEU

No capítulo anterior vimos a possessão do jubileu, e nesta mensagem veremos a liberdade


do jubileu. Possessão e liberdade são coisas positivas, mas há uma diferença entre elas.
Alguns podem dizer que eles preferem ter liberdade que possessão, mas esse conceito não
é correto. Nossa possessão é Deus. Não podemos renunciar Deus, dizer que queremos
liberdade em vez de Deus, porque sem Deus não há liberdade. Nossa possessão é Deus, e
nossa liberdade vem do nosso desfrute de Deus. Quando temos nossa possessão e a
desfrutamos, o resultado é que temos liberdade. A liberdade é para ser sem opressão ou
deficiência. Algumas pessoas aparentemente não são oprimidas, mas elas são pobres.
Apenas aqueles que sofrem a miséria da pobreza realmente sabem o que é pobreza. Ela é
uma enorme escravidão. Nada oprime mais as pessoas que a pobreza; ela pode oprimir as

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pessoas a tal ponto de elas não terem saida. Como agradecemos a Deus que hoje Ele é
nossa possessão, e quando desfrutamos Dele, temos liberdade!

Sem os tipos do Antigo Testamento, não teriamos uma maneira para entender as palavras
simples do Novo Testamento. portanto, as figuras do Antigo Testamento são muito
preciosos para nós. As crianças no jardim de infância podem apreciar figuras e modelos.
Se falarmos sobre aviões, elas podem não entender o que é um avião, mas se mostrarmos a
elas uma imagem ou um exemplar de um avião, elas imediatamente entenderão. A Bíblia
parecer usar o método do jardim de infância: O Novo Testamento contém palavras
simples, e o Antigo Testamento contém retratos. O Novo Testamento contém palavras
simples, e o Antigo Testamento contém ilustrações. O Novo Testamento claramente nos
diz que sem Deus, perdemos nossa possessão; que é, não desfrutarmos Deus e
consequentemente vendermos a nós mesmos para a escravidão. Nós perdemos Deus e
fomos vendidos para o pecado. Todavia, se a Bíblia apenas nos disesse isso sem dar-nos
uma ilustração, ainda não teríamos clareza. Por essa razão os tipos do Antigo Testamento
são úteis. Cada ponto nos tipos corresponde completamente às palavras claras do Novo
Testamento. Precisamos de entendimento adequado para compreender esses tipos.
Algumas pessoas, quando leem os tipos do Antigo Testamento, tais como as ordenanças
acerca do tabernáculo e as ofertas em Êxodo e Levítico, consideram que eles são
insignificantes e difíceis de entender. Quando comecei a ler a Bíblia, me senti dessa
maneira. Sempre que ia para as genelogias, tipos e profecias, eu queria ignorá-las. Hoje,
porém, posso dizer que alguns dos tipos são os mais preciosos itens da Bíblia.

O Antigo Testamento descreve o ano do jubileu muito bem. Levítico 25 é um capitulo


longo, mas ele tem apenas dois pontos principais. O primeiro ponto é que no ano do
jubileu todos aqueles que perderam sua possessão retornavam a ela. A posssessão não era
devolvida ao seu proprietário original, era o proprietário que era devolvido à sua
possessão. Por um lado, o homem deixou e perdeu sua possessão, mas por outro, sua
possessão o perdeu. Nós perdemos Deus, ou Deus nos perdeu? Tanto um como o outro
são verdades; nós perdemos Deus e Deus nos perdeu. Como temos visto, a parábola do
filho pródigo em Lucas 15 é uma ilustração do ano do jubileu. Todos somos os verdadeiros
filhos pródigos. Nesta parábola, o filho perdeu seu pai, ou o pai perdeu seu filho? Essa
parábola não fala particularmente que o filho perdeu o pai. No versículo 24 o pai disse,
Porque este meu filho estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado. Nesse versículo
podemos ver que a perda do filho pelo pai é mais enfatizada do que a perda do pai pelo
filho. Por isso, no ano do jubileu, nós particularmente não temos a nossa possessão
devolvida a nós; antes, somos devolvidos a nossa possessão. Antes de tudo, Deus não é
devolvido a nós; nós somos devolvidos a Deus. A maior benção no ano do jubileu é que
nós somos devolvidos a Deus como nossa possessão. Esse é o ponto principal em Levítico
25.

O HOMEM TEM A VERDADEIRA LIBERDADE POR


DESFRUTAR DEUS COMO SUA POSSESSÃO

O outro ponto principal em Levítico 25 é que nós obtemos liberdade. Porque éramos
pobres, não apenas perdemos Deus como nossa possessão, mas também vendemos a nós
mesmos como escravos. Pelo fato de vendermos a nós mesmos, perdemos nossa liberdade.
Porém, quando o ano do jubileu chega, não apenas retornamos a Deus como nossa
possessão, mas também obtemos liberdade e somos libertos do cativeiro da escravidão.
Hoje muitas pessoas falam sobre liberdade, direitos civis, e direitos humanos, mas se o
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homem não desfrutar Deus, ele não pode ter a verdadeira liberdade. Quando os políticos
de hoje falam sobre a liberdade, eles não dizem sobre sermos devolvidos a Deus como
nossa possessão; por isso, nada do que eles dizem tem um carater adequado. No inicio da
Revolução Francesa duzentos anos atrás, as pessoas buscavam a democracia para obter
liberdade. Porém, quando as pessoas somente falam sobre liberdade sem retornar a Deus,
o resultado é que muitos problemas são produzidos e muitas coisas más são introduzidas.
Quem obteve a verdadeira liberdade? Se alguém diz que é tão livre e que pode ir apostar
livremente, ele não percebe que caiu na escravidão da aposta e está sob mais cativeiro do
que antes. Há setenta anos na China, as mulheres e os jovens tinham pouca liberdade. Eles
tinham que se levantar quando viam seus pais, avós ou tios que entravam na sala, e eles
cediam seus assentos para eles com educação. Hoje, na América, porém, muitos filhos não
cedem seus assentos para os seus pais ou mesmo para os seus avós; neste sentido, eles são
muitos livres. Porém, muitos filhos nos tempos antigos tinham a verdadeira liberdade,
enquanto os filhos de hoje tem a liberdade errada, uma liberdade sob o jugo da escravidão.
No mesmo princípio, o jugo da escravidão carregado por muitas mulheres hoje é pior do
que antes porque muitas mulheres hoje não tem Deus. O princípio bíblico é que primeiro
devemos retornar a Deus antes que tenhamos liberdade. Se quisermos obter liberdade sem
ser devolvidos para Deus, o resultado é que nós não temos a verdadeira liberdade.

A VERDADEIRA CONDIÇÃO HUMANA — POBRE, CATIVA E OPRIMIDA

O homem perdeu Deus e está sem Deus por causa da queda. Por isso, quando a Bíblia fala
do ano do jubileu, a primeira coisa que ela ensina é que o homem deve retornar a Deus.
Então quando temos Deus e O desfrutamos, temos a verdadeira liberdade. Segundo o tipo
no Antigo Testamento, quando o ano do jubileu chegava, aquele que vendeu a si mesma
para escravidão retornava a sua possessão e para sua familia para reunir-se com os seus
parentes, e ao mesmo tempo ela era também liberta do jugo da escravidão e não era mais
um escravo. Na era do Novo Testamento, em Lucas 4, o Senhor falou da condição de três
tipos de pessoas. O versículo 18 diz, O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me
ungiu para anunciar o evangelho aos pobres, enviou-Me para proclamar libertação aos
cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. As três
categorias de pessoas neste versículo são os pobres, os cativos, e os oprimidos. De um
lado, esses são três tipos de pessoas, mas por outro, elas são três condições humanas.
Quando perdemos Deus, nos tornamos pobres, e o resultado da pobreza é que seremos
capturados. Então depois de sermos capturados, seremos oprimidos. Quando o ano do
jubileu chega, porém, obtemos liberdade e somos libertados da pobreza, do cativeiro e da
opressão.

Quando era jovem, não sabia se ser pobre denotava aqueles que são pobres mate-
rialmente ou pobres espiritualmente. Alguns podem dizer que ser pobre denota ser pobre
nas coisas materiais, e pobreza material representa pobreza espiritual. Essa maneira de
explicar este versículo é errada. As pessoas verdadeiramente pobres não são aquelas que
não têm dinheiro. Os verdadeiros pobres são aqueles que não têm Deus. Podemos
considerar os milionários de hoje; mesmo que eles tenham muita riqueza, se o vazio nas
profundezas do seu ser não pode ser satisfeito, eles não são pobres? Estar sem Deus é ser
verdadeiramente pobre. As riquezas materiais não significam nada. Paulo disse que as
questões materiais são como refugo para ele. Ele disse, Por causa de quem sofri a perda de
todas as coisas e as considero com refugo, para ganhar Cristo. (Fp 3 :8) Ele considerava
todas as coisas como refugo por amor de Cristo. O significado da palavra refugo é comida
de cachorro¸ isto é, sujeira e lixo que são jogadas para os cachorros. O que Paulo quer dizer
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com isso é que se um homem na terra não tem Deus, então o que quer que ele desfrute
separado de Deus é como comida para cachorro. Somente Deus é a verdadeira comida. O
Senhor Jesus disse que Ele é o pão da vida. Fora Dele, tudo é comida para cachorro ou pior
que comida para cachorro. Quando o filho pródigo em Lucas 15 deixou seu pai, ele deixou
sua herança. Como resultado, ele teve de comer comida para porco, que pode ser pior que
comida para cachorro. Havia abundância de comida na casa do pai, mas ele mesmo era tão
pobre que tinha de comer comida para porco. Por favor, lembrem-se que não são aqueles
que não têm dinheiro que são pobres; antes, são as pessoas que não têm Deus que são
pobres.

Portanto, a frase anunciar o evangelho aos pobres em Lucas 4 na verdade significa pregar
o evangelho para aqueles que estão sem Deus. Isto corresponde a Efésios 2:12 que diz que
antigamente vivíamos no mundo, não tínhamos esperança e estávamos sem Deus. Por que
não tínhamos esperança? Porque não tínhamos Deus. As pessoas que vivem no mundo
sem Deus não têm esperança. Quer sejam reis, rainhas ou presidentes, todos são pobres
porque vivem no mundo sem Deus. Não devemos interpretar mal a Bíblia. Anunciar o
evangelho aos pobres não se refere a pregar o evangelho para aqueles que são pobres nas
coisas materiais. Do contrário, milionários, banqueiros e presidentes não precisariam do
evangelho, visto que eles não são pobres nas coisas materiais. O significado acurado aqui é
que todos os homens, sejam ricos ou pobres, honrados ou desprezados, precisam do
evangelho, e precisam ganhar Deus.

Além disso, Lucas 4:18 diz, Para proclamar libertação aos cativos. Hoje os Estados Unidos
é o país mais livre; ninguém pode capturar alguém por engano aqui. Na realidade, porém,
quase todos são cativos. Os líderes foram capturados, e as pessoas também foram
capturadas. Quem os capturou? De acordo com Atos 26:18, o Senhor disse a Saulo de
Tarso que Ele o enviaria aos gentios para lhes abrir os olhos, para fazê-los voltar-se das
trevas para a luz e da autoridade de Satanás para Deus. A rigor, todos nós fomos
capturados por Satanás. Todos os seres humanos, sem levar em conta a sua ocupação,
sexo ou idade, são cativos de Satanás e estão sob sua autoridade. Aparentemente, os seres
humanos são livres, mas na verdade em todo o mundo ninguém é livre porque todos estão
cativos sob a autoridade de Satanás. Primeira João 5 :19 diz, O mundo inteiro jaz no
maligno. Todas as pessoas no mundo permanecem passivamente na esfera de influência
do maligno, sob a usurpação e manipulação do maligno.

A Bíblia nunca diz que o povo caído são escravos de Satanás; antes, ela diz que as pessoas
caídas são escravos do pecado e cativos de Satanás. Ele nos capturou, e o pecado nos
escravizou. Ser um cativo é muito parecido com ser um escravo, mas há algumas
diferenças básicas. Em Romanos 7:14 Paulo diz, Eu sou carnal, vendido sob o pecado. Ser
vendido sob o pecado significa que vendemos a nós mesmos como escravos para o
pecado. Todavia, não somos cativos do pecado; somos cativos de Satanás e escravos do
pecado.

Agora precisamos ir adiante para ver o que é o pecado. Uma definição comum é que
estupro, roubo, feitiçaria e fornicação são pecados. Da mesma maneira, comer
exageradamente, bebedice, concupiscência sexual, e jogatina também são pecados. Seme-
lhantemente, assassinar e incendiar propositadamente são pecados; não honrar pai e mãe é
pecado; roubar e saquear são pecados; mentir e enganar são pecados, e amaldiçoar e odiar
são pecados. Porém, no sentido intrínseco, esses não são pecados verdadeiros. O pecado é
algo intrínseco no ser do homem; matar e incendiar são meramente exteriores, atos
20
pecaminosos que são praticados e manifestos. Eles podem ser considerados como resul-
tados do pecado, mas eles não são pecados em si mesmos. O que é, então, o pecado? Os
seguidores chineses de Confúncio estudaram essa questão cuidadosamente. O resultado
dos seus estudos produziram duas grandes e opostas teorias da natureza humana no
confuncionismo: a teoria de que a natureza humana é boa e a teoria de que a natureza
humana é maligna. Advogados da primeira teoria declararam que o homem nasceu bom,
enquanto que os defensores da última sustenta que o homem nasceu maligno. Contudo,
eles não praticam a sua pesquisa a ponto de conhecer o verdadeiro significado do pecado.
Na realidade, o pecado é exatamente Satanás. Romanos 7 diz que o pecado pode habitar
em nós (v. 20). Normalmente dizemos que uma mesa é colocada numa casa; ninguém diz
que uma mesa habita numa casa. Apenas pessoas vivas podem habitar numa casa. O fato
de o pecado habitar em nós prova que o pecado está em nós como uma pessoa viva.
Romanos 7 também diz que o pecado que habita em nós nos mata (v. 11). Uma mesa não
pode matar, mas o pecado mata. Antes de o pecado matar uma pessoa, ele a oprime,
forçado-a a fazer o que ela não deseja fazer. Paulo disse que ele não queria cobiçar, mas o
pecado que habitava nele o tornava incapaz de controlar a si mesmo. Ele disse que querer
fazer o bem estava presente nele, mas fazer o bem não estava; porque alguém que era mais
forte do que ele habita nele. Esse não apenas o venceu, mas também o matou. Dessa
maneira, a Bíblia revela que o pecado é Satanás.

Antes de Satanás entrar no homem, o pecado não estava corporificado; após Satanás
entrar no homem o pecado foi corporificado no homem. Não há escola do pecado para
ensinar pessoas a pecarem. Nenhum pai e mãe ensina seus filhos como pecar, mas é
notável que quando as crianças crescem, elas espontaneamente cometem pecados sem que
ninguém as ensine. Isso é porque o pecado que habita nelas as compelem a cometer
pecados. A medida que a vontade das pessoas se desenvolve, ela pode sentir que pecar
não é bom, e por isso ela não quer mais cometer pecado. Todavia, o pecado dentro dela
não a deixa ir, e ele a força a fazer o que não quer fazer. Podemos ver isso particularmente
naqueles que fumam ópio, bebem e apostam em jogos. Quando algumas pessoas fazem
essas coisas, até mesmo o semblante delas parece demoníaco. Elas têm clareza que se
permanecerem jogando, perderão todo o seu dinheiro e se tornarão pobres, mas o vício
dentro delas as impele e as pressiona para a jogatina. Um vício é uma concuspicência.
Vício em álcool, tabaco, e drogas vem de Satanás. Uma vez que uma pessoa está viciada
em jogatina, não pode parar a si mesmo, e se alguém está viciado ao alcool, ele não pode
parar a si mesmo. Quando seu vício em álcool tem a sua necessidade, ele tem de beber, e
quando o vício de jogar se levanta, ele tem de jogar. Não há exceção para esse padrão.
Depois que o vício diminui e a pessoa volta aos seus sentidos, ela se arrepende do que fez.
Ela se arrepende de ter envergonhado seus pais, esposa e filhos. Então ela pode clamar aos
céus e a terra para testemunhar seu juramento de que nunca mais fará isso novamente.
Porém, apenas algumas horas depois quando o vício retorna, ela não tem força contra ele.

Assim, há um fator pecador, uma dependência ao pecado dentro do homem. Esse fator,
essa dependência, é o próprio Satanás, e o homem é seu cativo. Ele capturou o homem e
habita nele como o pecado que o incita. Primeiro, Satanás nos capturou; então ele veio
para habitar em nós como o incitador, o instigador, dos nossos pecados. O resultado é que
ele se tornou nosso mestre ilegal, e nos tornamos seus cativos até o ponto em que somos
incapazes de fazer o bem e podemos apenas cometer pecados. Na Bíblia, Satanás é
também chamado Belzebu. Segundo a língua original da Bíblia, Belzebu significa o senhor
do monte de esterco, do nome que significa o senhor das moscas. O pico do monte de
esterco é coberto com moscas. Como o senhor do monte de esterco, Satanás se especializa
21
em conduzir as moscas para alimentar de esterco; portanto, ele é também o senhor das
moscas. Desde que ele é o senhor das moscas, todos os pecadores são como moscas que
seguem Satanás para se alimentar de esterco. Eles vão aonde quer que haja um cheiro
forte, seguindo Satanás para se alimentar de esterco. Mesmo as pessoas de classe alta são
como moscas. Belzebu pode se disfarçar com uma aparência de classe alta a fim de que
todas as moscas o sigam e aparentem ser de classe alta. Tais pessoas realizam festas em
lugares de classe alta, mas tais lugares são meramente monte de esterco cultivados. Essas
pessoas se vestem de maneira agradável e são muito cultas, e quando elas dançam
parecem ser muito elegantes. Na realidade, contudo, eles estão comendo esterco.

Todos os descendentes de Adão são cativos de Satanás; todos foram capturados por ele.
Depois que nos capturou, ele entrou em nós como Belzebu, o senhor das moscas, e
começou a nos conduzir a cometer pecados. No fundo do seu coração, ninguém quer
pecar, mas quando uma pessoa se torna dependente e despertada por Belzebu, ela tem de
seguir, permitindo a si mesmo ser conduzida pelo nariz. Depois ela se arrepende e pode
dizer, Eu sou tão estúpido, o que estava fazendo? Por que tive que fazer isso? Apesar de
no fundo do seu coração ninguém queira pecar, por fim todos pecam. Ninguém tem
controle sobre si mesmo, e todos se tornam um escravo do pecado. Por essa razão o Senhor
Jesus disse, Todo o que comete pecado é escravo do pecado (Jo 8 :34).

Aquele que fica irado com alguém e então imediatamente controla sua raiva pode ser
considerado um homem sábio e virtuoso. Logicamente, como salvos, os santos, devem
sobrepujar os sábios e os virtuosos, mas podemos controlar rapidamente a raiva? Não é
fácil voltar ao Senhor depois de ficarmos irados. Talvez uma pessoa possa ser alguém que
aprendeu bem as lições e é capaz de voltar ao Senhor e acalmar sua ira. No entanto, após
tais pessoas deixarem a presença do Senhor, sua raiva pode retornar quando ele ver a
pessoa que o ofendeu. Madeira e pedras não ficam com raiva, mas nenhum ser humano
pode evitar ficar com raiva; somente pessoas mortas não ficam com raiva. Todos esses
problemas são devido ao fato de que o homem está sob a escravidão e não tem liberdade.
O pecado que está dentro de nós é um verdadeiro poder controlador. Em Romanos 7:24
Paulo diz: Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Como
agradeço a Deus por Romanos 8:2, que diz que em Cristo a lei do Espírito da vida nos
liberta da lei do pecado e da morte! Agradecemos ao Senhor por Sua misericórida. Muitos
podem testificar que quando ficam com raiva, eles podem controlá-la rapidamente, e a
raiva não volta. Isso é porque a lei do Espírito da vida nos liberta da escravidão do
pecado !

SER LIBERTO E TER VERDADEIRA LIBERDADE SOMENTE POR


DESFRUTAR DEUS COMO O ESPÍRITO QUE DÁ VIDA

Em Lucas 4:18-19 o Senhor Jesus citou as palavras do profeta Isaias, dizendo, O Espírito do
Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu para anunciar o evangelho aos pobres; enviou-
Me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, para proclamar o ano aceitável do Senhor, o ano do jubileu. Como
temos visto, anunciar o evangelho aos pobres é pregar o evangelho para aqueles que
perderam Deus, e aqueles que estão oprimidos se refere àqueles no cativeiro. Não
devemos pensar que o ano do jubileu veio para nos libertar não apenas no dia que fomos
salvos. Na verdade, a era completa do Novo Testamento é a era do jubileu. Nós temos
toda a nossa vida cristã no jubileu, vivendo uma vida de liberdade, liberados e libertos da
escravidão.
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Anunciar o evangelho aos pobres, proclamar libertação aos cativos, e enviar em liberdade
aqueles que são oprimidos são as liberdades do jubileu. Essas são as bençãos do jubileu, as
bençãos do evangelho. As bençãos do evangelho são o retorno para Deus e ganhar Deus
como nossa possessão. Desde que desfrutamos Deus como nossa possessão, somos livres.
Somente aqueles que desfrutam Deus não cometem pecado e são realmente livres. João
8:36 diz, Como está escrito: Por amor de Ti somos entregues à morte o dia todo; fomos
considerados como ovelhas para o matadouro. Se quisermos ser livres, se não quisermos
cometer pecado, então devemos receber o Filho de Deus e desfrutá-Lo. Hoje o Filho de
Deus é o Espírito que dá vida. Esse Espírito que dá vida é o Espírito da vida, que está em
nós como o Espírito da vida. Por isso, a lei do Espírito da vida é simplesmente o próprio
Senhor, que passou por meio da morte e ressurreição para se tornar o Espírito que dá vida,
o Espírito da vida. Cada vida tem uma lei, então o Espírito da vida também tem uma lei. A
lei do Espírito da vida nos liberta da lei do pecado. Nós desfrutamos o jubileu não
somente no momento em que cremos no Senhor, mas começando desde aquele dia,
devemos desfrutar essa liberdade por toda a nossa vida e pela eternidade. Essa liberdade
vem do nosso desfrute de Deus. Ele se tornou nossa possessão para nosso desfrute, e
quando O desfrutamos, obtemos liberdade. Isso é como ter a verdadeira liberdade e não
mais na escravidão. Todavia, se não desfrutarmos Deus suficientemente, ainda estaremos
na escravidão em muitas coisas.

Em conclusão, o ano do jubileu é para que retornemos a Deus como nossa possessão e
como nosso desfrute a fim de nos tornarmos livres e sermos libertos de toda opressão.
Então, estamos retornamos a Deus da autoridade de Satanás e somos libertos da
escravidão do pecado. Portanto, é inútil lutar e se esforçar. A única maneira efetiva para
nós é crermos no evangelho e desfrutar Deus. Alguns podem dizer, Irei para casa e
decidirei não ficar irado ou perder minha paciencia novamente, mas apesar de alguém
poder decidir em sua mente fazer o bem, ele não tem o poder para efetuá-lo. Decidir em
nossa mente não funciona; devemos desfrutar o Senhor. Devemos aprender a contatar este
Senhor vivo e verdadeiro para desfrutá-Lo. Dessa maneira, Ele se torna nossa liberação
interior e nossa liberdade. Como resultado, nós temos não apenas nossa possessão, mas
também nossa liberdade.

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O JUBILEU
MENSAGEM QUATRO

O VIVER DO JUBILEU

Leitura bíblica: Lv 25:10-12; Sl 90:9-10; 73:14-17; Ec 1:2-3; Rm 8:19-21; Mt 11:28;


Fp 4:6-7, 9; 1Co 5:8; Ef 3:8; Fp 1:19; 2Co 12:9; 13:14

RESTAURAR NOSSA PORÇÃO PERDIDA —


VIVER A VIDA DO JUBILEU NA ERA DO JUBILEU

No primeiro capítulo, vimos que o Senhor veio para introduzir a era do Novo Testamento
como a era do jubileu. No segundo capítulo vimos que a possessão do jubileu é o próprio
Deus. Ele se tornou a nossa herança, a porção do nosso cálice, e nossa eternal habitação em
todas as gerações. Desde que Deus é a nossa herança, nosso desfrute deve ser Deus. No
terceiro capítulo vimos a liberdade do jubileu. Liberdade significa liberar, ser liberto de
toda escravidão, todos encargos pesados, toda opressão e toda escravidão. Paulo disse que
todas as coisas eram licitas para ele, mas não seria levado sob o poder de coisa alguma
para ser seu escravo (1Co 6 :12). Tudo em nossa vida pode ser uma escravidão para nós, e
podemos ser escravos sob qualquer questão. Buscar educação é ser escra-vizado, e não
buscar educação também é ser escravizado. Os pobres são governados pela pobreza,
enquanto os ricos são governados pelo dinheiro; a expressão chinesa para avarento se
refere a alguém que é escravo do dinheiro. O jubileu é uma questão de possessão e
também de liberdade. O jubileu é o retorno daqueles que são pobres e perderam Deus de
volta para Deus como sua possessão, e tambem é para proclamar libertação.

No ano santo, o ano do jubileu, a liberdade é proclamada a todo o povo. Hoje na era da
democracia, as pessoas promovem a liberdade grandemente, mas o resultado é que elas
têm pouca liberdade. Baseado em quase sessenta anos de observação, percebi que as
pessoas são muito mais livres quando elas não buscam liberdade exterior. Podemos
ilustrar isso com a liberdade política. Sessenta anos atrás, havia uma certa quantidade de
liberdade política na China. Ninguém incomodava o outro, as taxas eram simples, e as
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pessoas podiam viajar livremente sem permissão. Hoje, porém, depois de tanta busca pela
liberdade, viajar é mais problemático e há mais restrições. As pessoas falam continua-
mente sobre liberdade e buscam a liberdade, mas por fim elas são escravizadas e restritas
em todos os sentidos. Aonde quer que você vá na terra há escravidão e restrições. As
pessoas muitas vezes usam as pombas para simbolizar liberdade. Pombas libertadoras são
liberadas durante celebrações, mas depois que as pombas são libertadas, elas nunca
retornam. Da mesma maneira, uma vez que a liberdade é liberada, ela voa para longe. Se
não buscarmos liberdade, poderemos desfrutar certa quantidade de liberdade, mas quanto
mais falarmos de liberdade, mas a perderemos. Muitas pessoas consideram que a América
é livre, mas a liberdade na América é uma liberdade irrefreável. Há um pouco de
liberdade verdadeira aqui. A sociedade americana é cheia de entretenimento, crime,
danças, jogatina e outras questões. Tudo isso são escravidão muito forte. Os americanos
cairam na escravidão porque eles são muito livres. Como resultado desse tipo de liber-
dade, eles caíram na indulgência e estão escravizados. A salvação do Senhor nos leva a ter
a verdadeira liberdade. O Senhor Jesus disse, Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeira-
mente sereis livres (Jo 8 :36). Somente podemos desfrutar a liberdade verdadeira quando
temos Cristo, o Filho de Deus.

A VERDADEIRA CONDIÇÃO DA VIDA HUMANA É VAIDADE

Consideraremos o viver do jubileu. O jubileu não é uma mera doutrina ou simples-mente


uma declaração; o jubileu é um tipo de viver. Quando o ano do jubileu veio e a trombeta
soou, a liberdade foi proclamada por toda a terra. Isso conduz à um viver prático, de um
lado, o desfrutar a vida da rica possessão, e por outro lado, o desfrute da liberdade. O
jubileu é um tipo no Antigo Testamento, mas no Novo Testamento é cumprido em todos
aqueles que creram no Senhor. Porém, se não conhecemos a verda-deira condição da vida
humana, não sabemos o quanto precisamos do jubileu. Cada pessoa é como um copo
preenchido com o conteúdo errado. Para o copo conter a bebida correta, ele precisa ser
esvaziado; para conhecer nossa verdadeira condição é necessário ser esvaziado. Por essa
razão

Apresentaremos um retrato claro da Bíblia da condição verdadeira da vida humana. Se


virmos esse retrato, nós não nos enganaremos sobre a vida humana.

O hino #467 que foi escrito baseado em Eclesiastes, descreve a condição atual da vida
humana. A verdadeira condição da vida não é nem boa sorte ou má sorte. Na verdade,
tanto boa sorte como má sorte são inúteis. A verdadeira condição humana pode ser
resumida em uma palavra, vaidade. O sábio rei Salomão disse que o homem não tem
proveito em todo o seu trabalho que ele faz debaixo do sol, e uma geração vai e outra
geração vem, ainda não há lembrança daqueles que foram antes; portanto, tudo é vaidade
das vaidades (Ec 1 :2-11). Todas as coisas da vida humana são vaidade, como buscar por
sombras e correr atrás do vento; elas são efêmeras e de curta duração.

Salmo 90:1 diz, Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Essa
declaração é a proclamação do jubileu, mas o versículo 9 diz, Pois todos os nossos dias se
passam na tua ira; acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. Essas palavras
caracterizam completamente a verdadeira condição da vida humana. Não há nada de
muito valor para cantar em toda a vida do homem. Quando Moisés escreveu esse salmo,
ele tinha mais de oitenta anos, talvez quase cento e vinte anos. Tendo tido a experiência da
vida humana, ele disse que todos os anos da nossa vida se acabam como um breve
25
pensamento. As crianças não sabem sobre a vida humana, portanto elas não supiram.
Porém, os mais velhos sempre suspiram, eles suspiram desde manhã até a noite. Elas
suspiram quando pensam sobre si mesmas, suspiram quando pensam sobre seus filhos e
netos, e suspiram quando pensam sobre seus parentes e amigos. Não há nada que não os
façam suspirar. Mesmo quando elas cantam, não podem cantar por muito tempo, porque
por fim suas músicas se tornam um canto fúnebre ou um lamento. Os dias da vida toda do
homem não é nada a não ser um suspiro. O versículo 10 continua dizendo, Os dias da
nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor
deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos. Essa é uma
palavra de experiência falada por Moisés como um velho homem. Sua descrição da vida
humana é completa. Uma pessoa pode viver até a idade de oitenta anos devido a sua
força, mas tudo que ela pode se orgulhar não é nada a não ser trabalho e sofrimento, pois a
sua vida passa rápido e voa. Mesmo embora eu também tenha oitenta anos, espero viver
por mais quarenta anos, porque eu desfruto do Senhor e tenho esperança. Se alguém vive
até a idade de oitenta anos sem o Senhor, então a frase trabalho e sofrimento… que logo
passa, e nós voamos é uma descrição e um retrato verdadeiro da condição verdadeira da
sua vida humana. A Bíblia é o único livro que fala a verdade; toda filosofia e ismo é um
engano. A Bíblia diz que a verdadeira condição da vida humana é apenas trabalho e
sofrimento... logo passa e nós voamos. Eclesiastes 1:2 diz, Vaidade das vaidades ; tudo é
vaidade. Na língua hebraica, vaidades das vaidades significa vazio dos vazios. As
palavras de Salomão concordam plenamente com as palavras de Moisés. Moisés disse,
Porque tudo passa rapidamente, e nós voamos, enquanto Salomão disse, Tudo é vaidade e
correr atrás do vento (v. 14).

O Salmo 73 foi escrito por um buscador de Deus. No versículo 14 o buscador disse, Pois de
continuo sou afligido e cada manhã, castigado. Antes de sermos iluminados pelo Senhor,
muitos crentes são como esse salmista. Parece para eles que mesmo que estejam buscando
o Senhor e O amando, terminam recebendo pragas e castigos. Mesmo que o salmista
amasse o Senhor com um coração puro, tudo era uma aflição para ele. Consequentemente,
ele apenas poderia dizer que tinha pragas durante todo o dia e era castigado a cada
manhã. Então ele continuou dizendo, Em só refletir para compreender isso, achei mui
pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles (vv.
16-17). Uma vez que entrou no santuário, recebeu iluminação e considerou cuidadosa-
mente essa questão, ele compreendeu. Tendo compreendido, ele continuou dizendo,
Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra (v. 25).
Dessa maneira, ele foi conduzido da vaidade para a realidade, que é somente o próprio
Deus. Pelo fato de ele ter passado pela vaidade, o salmista, que era rico em experiência,
percebeu a verdadeira situação. É como se ele estivesse dizendo, Já que tudo debaixo do
sol é vaidade, porque devemos buscá-las? Fazer isso me torna um tolo. Agora que acordei
para a realidade, não quero fazer nenhuma dessas dessas coisas. O que quero é o Deus que
enche o céu e a terra. Se O tenho, não busco nada mais no céu, e se O tenho, não desejo
nada mais na terra.

Não é fácil para muitos cristãos se entregarem dessa maneira. Isso é porque quando o
homem pensa em Deus, o temor de Deus se levanta nele; e quando ele começa temer a
Deus, ele fica sob o conceito de que Deus será bom para ele e que quanto mais ele temer a
Deus, mais próspero ele se tornará, mais saudável ele será, mais filhos e netos ele terá, e
mais ele terá boa sorte e não má sorte. Quando era criança, muitas vezes ouvi minha mãe
dizer, Dar à luz a um filho dura um momento, mas as preocupações com um filho dura a
vida toda. Tenho experienciado a verdade dessa palavra. Uma vez que um filho nasce,
26
seus pais ficam com medo de ele não sobreviver. Eles ficam com medo de que ele não
possa comer ou beber bem ou que tenha um refriado e fique doente. Depois disso, eles
ficam com medo de que ele não entre numa boa escola elementar, escola secundária e uma
vez que ele está numa boa escola, eles ficam com medo de que ele não possa passar no
vestibular para entrar nma boa universidade. Após ele ser admitido numa boa univer-
sidade, os pais ficam com medo de que ele não passe no exame de inglês para poder ir
para a América, e após ele passar pelo exame, eles ficam com medo de que ele não seja
capaz de entrar numa boa escola para graduados. Além disso, eles ficam com medo de que
ele possa se comportar mal com os amigos ou casar a esposa errada. Tais medos são
infinitos. Por isso, a vida humana não é nada a não ser trabalho e sofrimento e tudo passa
rápido. Não há boa sorte genuína.

Jó é um livro longo de quarenta e dois capítulos. Alguns leitores não compreendem o


significado desse livro, e perdem o interesse quando o leem. As personalidades em Jó
parecem discutir todo o tempo. Primeiro, os três amigos de Jó discutem com ele; mais
tarde Eliú e até mesmo o próprio Deus se junta a eles. Nos últimos anos, contudo, aprendi
a ter mais apreciação pelo livro de Jó. Apesar do considerável tamanho de quarenta e dois
capítulos, ele trata somente com um assunto. Originalmente Jó era um homem abençoado
com possessões e filhos, mas de repente as calamidades vieram uma após a outra – seu
rebanho foi roubado, suas possessões foram queimadas, seus filhos foram mortos de uma
maneira não natural. Desastres naturais e calamidades causadas pelo homem vieram uma
após a outra, levando Jó a ficar sem nada. Não apenas isso, a esposa de Jó lhe causava
problemas. Ela não podia confortá-lo mesmo por um pouco; ao contrário, ela o provocava,
dizendo, Veja, você teme a Deus, mas como você termina? Deus tirou tudo de Jó e o
deixou apenas com uma escarnecedora. Quando uma pessoa é golpeada repetidamente a
ponto de tudo o que ela tem ser destruído, ela verdadeiramente precisa da simpatia dos
outros, mas todos aqueles que poderiam confortá-la tinham morrido. De todos os
sofrimentos de Jó, o mais severo foi o encarnecimento de sua esposa. Isso fez com que Jó
sofresse excessivamente. Parecia que Deus tinha sido extremamente cruel. Apesar de tudo,
depois de passar por todos esses sofrimentos, Jó ganhou Deus. Ele foi capaz de dizer,
Jeová deu e Jeová tomou; bendito seja o nome de Jeová! (1:21). Se Jó não tivesse se
deparado com esse esvaziar e sofrimento, sua experiência e desfrute de Deus não pode-
riam ter sido tão grandes.

O SEGREDO DO DESFRUTE CRISTÃO DE DESCANSO


É GANHAR DEUS COMO SEU DESFRUTE

O livro de Tiago no Novo Testamento diz que precisamos considerar a experiência de Jó e


lembrar como ele perseverou (5:11). Tanto Tiago como Pedro reconheciam que a nossa
vida cristã é totalmente uma vida de dificuldades (1:2; 1Pe 4:12). Deus não prometeu que
nós cristãos teríamos tudo para a nossa satisfação na terra. Talvez depois de ouvir essa
palavra, eles dirão, Você não está contradizendo a si mesmo? Você não nos disse que o
jubileu significa que todas as coisas são para nossa satisfação? Sim, tudo é para nossa
satisfação, mas não as coisas em si mesmas; antes, nossa satisfação é em Deus. Se nós não
temos Deus, nada é para nossa satisfação. Se algo é para nossa satisfação ou não, isso não
depende do nosso ambiente; depende se Deus está lá ou não. Sem Deus, mesmo que todas
as coisa ocorram sem percalços, elas não são para nossa satisfação. Mas uma vez que
temos Deus, mesmo se as coisas não ocorram adequadamente, elas ainda são para nossa
satisfação.

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O que Jó encontrou em sua vida foi muito difícil, mas ele ainda estava satisfeito, e ainda
podia adorar e louvar. Parece que ele estava dizendo, Receber algo ou ter algo tirado é o
mesmo. Não há diferença entre receber muitas possessões e essas possessões serem tiradas
de mim. Não importa se Jeová dá ou tira; para mim, elas são o mesmo. Isso não é fácil de
experimentar. Paulo disse, Sei estar humilhado e sei ter em abundância (Fp 4:12). Não era
importante para Paulo se ele estava pobre ou rico ou se ele tinha escassez ou abundância.
Por isso, ele pôde dizer, Não andeis ansiosos de coisa alguma (v. 6). Se apenas lermos o
versículo 6, podemos pensar que Paulo estava numa boa situação. Mas na realidade não
era assim, porque naquela época ele estava na prisão. Além disso, segundo o contexto, ele
não recebeu um rico suprimento durante o seu aprisionamento. As igrejas receberam sua
provisão, mas elas não o supriram adequadamente. Apenas a igreja em Filipos cuidou
dele. Por essa razão ele disse: Sei estar humilhado e sei estar em abundância; …tudo posso
Naquele que me fortalece (vv. 12-13). Ele estava muito qualificado para nos dizer para não
ficarmos ansiosos de coisa alguma. Mesmo que ele estivesse em circunstâncias miseráveis
em seu aprisionamento e não recebesse o rico suprimento naquela ocasião, ele era capaz
de exortar os santos a não serem ansiosos em coisa alguma. Ele podia não estar ansioso de
coisa alguma porque ele tinha tornado conhecidas a Deus todas as suas petições; então a
paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento do homem, guardou o seu coração e seus
pensamentos em Cristo Jesus (v. 7). Dessa maneira, ele desfrutou a presença do Deus da
paz. Por isso, apenas quando temos Deus, temos a paz verdadeira. Mesmo se não há paz
em nosso ambiente, se temos Deus, temos paz.

O HOMEM PERDE A BENÇÃO ORDENADA QUANDO ELE PERDE DEUS

O homem foi criado por Deus, e Deus é a benção do homem. Todavia, porque o homem
pecou e caiu, ele perdeu Deus e neste caso sua benção. Portanto, toda a vida do homem se
tornou vazia. O homem não apenas perdeu Deus em sua queda, mas também caiu em
escravidão. Podemos dizer que a história da humanidade de seis mil anos é uma história
de perder Deus e estar em escravidão. Pelo fato de o homem não ter Deus, ele luta para
obter desfrute. O resultado da luta e da discórdia do homem é que ele cai em todos os
tipos de escravidão. Tudo na vida humana é uma escravidão. Mesmo nossos parentes se
tornam uma escravidão para nós: nossos pais, filhos, cônjuge, e irmão e irmã são todos
uma escravidão. Por essa razão que o Senhor Jesus disse que se nós não O amarmos acima
de nosso pai ou mãe, filhos ou filhas, irmãos ou irmãs, e marido ou esposa, não somos
dignos de sermos Seus discípulos (Mt 10:37-38). Isto significa que se o nosso ser interior
está ocupado por qualquer pessoa ou coisas, o Senhor não tem terreno em nós. Desde que
o homem foi criado por Deus, ele deveria ser plenamente ocupado com Deus em seu
interior. Porém, isso não significa que não devemos cuidar de nossos filhos e pais ou que
não devemos cuidar dos nossos irmãos ou irmãs, esposa ou marido. O que isso significa é
que todo o espaço em nosso ser deve ser dado ao Senhor. Quando o Senhor ganhar terreno
em nós, seremos seguros. Quando era criança, eu via grandes navios veleiros e admirava
por que seus mastros eram tão altos. Eu pensava que o mastro alto era apenas para
pendurar a vela para pegar o vento. Depois, alguns marinheiros me disseram que o mastro
não era apenas para pendurar a vela, mas também para estabilizar o navio. Um navio
veleiro com um mastro alto não pode emborcar facilmente. Depois que fui salvo, percebi
como isso é totalmente verdadeiro em nossa experiência. Sem o Senhor, somos como um
navio veleiro sem mastro, não temos estabilidade, então somos levados pela corrente sem
objetivo. Se nós não tivermos o Senhor como o nosso mastro o navio da nossa vida
humana é instável e pode ser facilmente emborcado. Nossa vida humana pode ser
emborcada se o nosso interior estiver vazio. Se um copo é preenchido até a borda, as coisas
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impuras não podem entrar. Da mesma maneira, se formos preenchidos com o Senhor, as
coisas que não são Dele não poderão entrar.

Em geral, os cristãos têm um conceito errado, e alguns pregadores até mesmo os


conduzem a este conceito errado. Eles pensam que apesar de haver sofrimentos na vida
humana deles, quando crêem em Jesus, eles terão paz em seu ambiente. Eles consideram
que apesar de a vida ser cheia de sofrimentos e adversidades, Jesus, que é cheio de
compaixão, os salvará exteriormente dos seus sofrimentos quando creem Nele. Esse não é
o conceito bíblico. Na verdade, o que o evangelho diz é que nós que somos caídos temos
todos os tipos de sofrimentos porque perdemos Deus e não O temos em nosso interior.
Mesmo as bençãos exteriores desfrutadas pelos homens caídos são um sofrimento. Depois
da queda do homem, não há benção; antes, tudo é um sofrimento. Além disso, não apenas
o homem caído não tem o Senhor, mas ele também peca contra Ele. Por isso, ele precisa se
arrepender, confessar seus pecados, se voltar para o Senhor, e deixá-Lo entrar nele para
ser sua vida e benção. Essa é a mensagem do evangelho.

Naturalmente, depois de receber o Senhor, alguns experimentam uma virada em seu


casamento falido, outros tem cura de doenças criticas, e outros ainda experiementam uma
melhora em suas situações difíceis. Vi muitos desses casos, mas não é sempre assim.
Depois de receber o Senhor, alguns que estavam gravemente doentes oram continuamente
ao Senhor por cura, contudo o Senhor nunca os curou. A cura não depende de nós, ela
depende Dele. O que o evangelho enfatiza não que nossa doença será curada mas que
necessitamos receber o Senhor e permitir que Ele venha a nós para ser nossa vida e nossa
benção. Algumas vezes podemos clamar ao Senhor a respeito de nossas circunstâncias,
mas Ele pode ou não responder ao nosso clamor. Se Ele responde ou não depende
totalmente Dele. A Bíblia não nos diz que todos aqueles que creem em Jesus terão as suas
doenças curadas. Timóteo, que era o amado jovem cooperador e em quem Paulo o chamou
de seu filho genuíno, tinha uma doença no estomago. No entanto, apesar de Paulo ter
efetuado muitos sinais e milagres e tivesse curado muitas doenças (At 19:11-12), ele disse
ao seu filho espiritual, seu amado Timóteo, para Não continues a beber somente água; usa
um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades (1Tm
5:23). Mesmo Paulo tinha um espinho em sua carne (2Co 12:7). Muitos interpretes bíblicos
dizem que esse espinho era uma doença em seu corpo, mais provavelmente um problema
com seus olhos. Esse espinho permaneceu com Paulo todo o tempo, levando-o a sofrer. Ele
disse, Acerca disso roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim (v. 8). Porém, o
Senhor parecia dizer, Paulo, não me peça mais isso. Eu não responderei sua oração. Eu não
removerei o seu espinho. Antes, ele permanecerá constantemente em você. No entanto,
Minha graça é suficiente em você. Diversas pessoas foram curadas de suas doenças
simplesmente por meio de lenços ou aventais carregados do corpo de Paulo. Contudo, ele
tinha um espinho em sua carne que o levava a sofrer, ele não tinha meios para removê-lo.
Além disso, mais tarde ele se tornou prisioneiro. Em seu primeiro aprisionamento ele
apelou para Cesar e foi liberto por intermédio de César, mas foi aprisionado uma segunda
vez durante a perseguição de César aos cristãos e foi morto logo depois. Essa foi a
experiência de Paulo diante do Senhor.

EXPERIENCIAR DEUS NOS SOFRIMENTOS

Como pessoas caídas, podemos ter o conceito natural caído que se temermos a Deus, O
servirmos, amá-Lo, e O seguirmos, prosperaremos em tudo; o doente se tornará sadio e o

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tolo se tornará sábio. Porém, Deus não prometeu isso. O hino #720 foi escrito por um
cristão experiente. A primeira estrofe e o coro diz:

Não não prometeu Deus céu sempre azul,


Nem mar de rosas, brisas do sul;
Ou sol sem chuva, riso sem dor,
Gozo sem choro, paz sem labor.

Mas prometeu descanso em labor, Luz para


senda, diário vigor ;
Graça e socorro na provação,
Amor infindo e compaixão.

Não prometeu não vermos jamais


Vis tentações e lutas e ais ;
Tampouco disse : “Não haverá
Muitos encargos, lidas, pesar ”.

Não prometeu trilhar a amplidão,


Jornada fácil, sem direção,
Não haver montes para galgar,
Rios para cruzar.

Muitas vezes, Deus tem colocado aqueles que O amam em dificuldades e sofri-mentos
para que possam experimentar mais Dele. Quando tudo está calmo e tranquilo, raramente
pensamos em desfrutar Deus e conhecermos um pouco sobre experienciar o Senhor.
Somente quando caímos em sofrimentos podemos ser humilhados para confiar no Senhor
de todo o coração, invocá-Lo e desfrutá-Lo.

É por essa razão que o homem muitas vezes precisa ser colocado numa situação por Deus
para ser despojado por Ele. Deus pode despojá-lo de sua saúde, levar seus filhos, ou
remover o que ele mais ama. Esse é o tempo de desmamar. Uma criança pequena está
confortável, quente e satisfeita no peito de sua mãe, mas cedo ou tarde ela terá de ser
desmamada. Uma criança fica muito triste durante o periodo de desmame. Muitas vezes,
Deus nos desmama ao levar nossas bençãos exteriores. Nossa saúde pode nos deixar,
podemos perder nossa casa, ou nossas melhores filhos podem morrer enquanto os
desobedientes permanecem. Eu vi isso acontecer. Deus pode não tomar algo inicialmente,
mas quando Ele tomaa, Ele toma o melhor. Ele não toma os filhos tolos – Ele os deixa
conosco para trazer problemas —mas Ele pode tomar aqueles que são inteligentes, capazes
e confortáveis. Deus quer ver se nós nos importamos com Ele ou com nossos filhos.
Somente Deus não é um sofrimento para nós. Tudo o mais, o que quer que amamos, é um
sofrimento para nós. Se comprarmos um carro e o amarmos, esse carro nos sobrecarregará
e nos danificará. Quando compramos uma boa casa, essa casa nos coloca sob escravidão e
traz dor a nós. Mesmo quando compramos boas roupas, elas se tornam uma limitação
para nós. O que quer que o homem ama o danifica, mas se amarmos a Deus, Ele não nos
danificará. Aparentemente, parece que Deus nos fere ao levar o que amamos e o que,
aparentemente, não deveria ser tomado. Na verdade, Ele leva embora o que amamos
porque amamos essa coisa mais do que a Deus. Abraão foi testado por Deus. Um dia,
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Deus disse a Abraão para oferecer seu filho a Ele. Mas, quando Abraão começou a oferecer
seu filho, Deus disse, Isso é suficiente; você pode mantê-lo. Deus não queria mais que ele
oferecesse seu filho. Deus faz o mesmo conosco. Se pudermos dar tudo o que temos para
Deus, Ele também poderá dá-lo de volta a nós. Por isso, temos de mudar o nosso conceito.

O VIVER DO JUBILEU É UM VIVER DE DESFRUTAR DEUS PLENAMENTE

O que é o viver do jubileu? O viver do jubileu é uma vida na qual tomamos Deus em vez
de outras coisas como nosso desfrute e alegria e desfrutamos somente o próprio Deus em
cada situação. Isso não é dizer que não devemos estudar. Ao contrário, devemos estudar
diligentemente. Também não significa que nós não devemos trabalhar; devemos trabalhar
cumprindo nosso dever. Da mesma maneira, isto não significa que não devemos ser pais
adequados que educam nossos filhos; antes, devemos cumprir adequadamente nossas
responsabilidades como pais. Mas, todas essas coisas são apenas para nosso viver, nossa
vida humana exterior, que não é crucial. O que é crucial é interior, o fator primordial da
nossa vida humana é justiça. Se em nosso interior, o fator primordial não é justiça, nossa
vida exterior não será justa. Esse fator primordial não é nada mais que o próprio Deus.
Devemos deixar o próprio Deus ser o fator primordial dentro de nós. Somente então
saberemos como lidar com nossos filhos, como honrar nossos pais, como estudar e como
trabalhar. Se este fator primordial nos dirige interiormente, tudo será simplesmente um
dever para nós, não um encargo ou sofrimento. No final, nos tornaremos cativos e até
mesmos venderemos a nós mesmo como escravos.

Para viver na terra hoje, precisamos ter um carro para transporte e uma casa para morar.
Precisamos de roupa, alimento e casamento. Tudo isso são necessidades. As crianças
devem estudar diligentemente, ser educadas, terminar o colégio, e trabalhar duro.
Entretanto, tudo isso são apenas os deveres da nossa vida humana; eles não devem se
tornar um obstáculo ou uma escravidão para nos escravizar. Porém, se não temos Deus
como nosso fator primordial interior, não podemos evitar sermos escravizados por essas
pessoas, coisas ou questões. Devemos ser encorajados para casar, mas não devemos deixar
que o casamento se torne um obstáculo. Quando escolhemos um parceiro para casar,
nossa atenção não deve ser focada no casamento, como uma sobrecarga, mas em Deus.
Devemos também ser encorajados a estudar, mas estudar deve ser uma obrigação e não
um encargo para nós. Quando estamos desempenhando nosso dever, devemos ter o
Senhor interiormente. Muitas pessoas me perguntarm como elas devem escolher um
parceiro para casar. Há cinquenta anos, eu costumava responder de muitas maneiras, mas
hoje eu não gosto de dar sugestões. Se a pessoa não tem o Senhor, quem quer que ela
escolha será um erro. Mesmo se tudo parecer estar correto no momento de sua escolha,
uma vez que ela estiver casada, poderá sentir que escolheu a pessoa errada.

A vida cristã deve ser uma vida cheia do pleno desfrute do Senhor. Quando desfrutamos o
Senhor plenamente, Ele se torna nosso jubileu; isto é, Ele se torna nossa herança e
liberdade. Não apenas isso, o Senhor também se torna nosso viver. Em tal viver, nós O
amamos ao máximo e O deixamos ser o Senhor. Então Ele se torna o fator primordial e
central em nós para nos conduzir e governar. Dessa maneira, quando passarmos por meio
das situações, não seremos atormentados, escravizados ou domi-nados por elas. Ao
contrário, seremos libertos. Espero que possamos compreender essa palavra. Pela
misericórdia do Senhor hoje eu alcancei a idade de oitenta anos. Passei por meio de todas
as doçuras e amarguras da vida, e tenho trinta a quarenta filhos e netos. Por isso, tenho
muitos problemas e muitos cuidados. Sem o Senhor como meu fator primordial e central
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no meu interior, eu sofreria consideravelmente. Porém, não coloco nenhuma esperança em
meus filhos, netos ou bisnetos porque eu sei que nessa esperança há desapontamento.
Aquele que não tem esperança não será desapontado, mas quanto mais alguém tem
esperança, mais ele será desapontado. Talvez alguns possam dizer, Sendo assim, não há
sentido para a vida humana? Vamos desistir. Aqueles que estudam história percebem a
extensão da confusão entre as pessoas no mundo e muitas vezes dizem que a vida humana
não tem esperança. Todavia, podemos desistir, mas Deus não desistirá. Podemos nos
sentir insignificantes, mas Deus não. Embora, Ele estaja lidando com a humanidade por
seis mil anos, Ele ainda não acabou. Deus não desistirá; Ele ainda está esperando, e para
Ele mil anos são como um dia. Deus está esperando para nos ganhar como aqueles que
foram escolhidos por Ele; e Ele agirá até que os Seus escolhidos na terra não desejem nada
a não ser Ele e nada além Dele.

Para nossa existência não podemos evitar ter uma familia e uma vida de casado. Também
temos a obrigação de obter educação e trabalhar. Mas, tudo isso não é nosso encargo, ao
contrário, eles estão trabalhando para nós para que possamos ser aperfei-çoados para
desfrutar o Senhor cada vez mais. Esse é o viver do jubileu. A vida cristã do jubileu deve
ser uma vida plena do desfrute do Senhor, uma vida que é cheia de alegria e louvor. Se
não podemos regozijar e louvar, isso prova que não estamos vivendo uma vida normal do
jubileu. É por isso que em 1 Tessalonicenses 5:18 diz, Em tudo dai graças. Isto é dar graças
não apenas nas coisas que são bem sucedidas, mas em todas as coisas.

O Senhor veio para que Ele pudesse nos salvar e dispensar a Si mesmo para dentro de nós.
Se nosso coração é colocado em algo que não seja o Senhor, esse algo, seja bom ou ruim, se
torna um sofrimento para nós. Se o nosso coração for colocado em nossos filhos, marido
ou esposa, o resultado será sofrimento. Se nosso coração for colocado em nossa educação,
negócios, casa ou terreno, o resultado será miseria. Se nosso coração for colocado em
qualquer pessoa, coisa ou questão que não seja o Senhor, o final será calamidade. Os
incrédulos não têm o Senhor; eles não receberam o Senhor como sua salvação. Portanto,
eles só podem colocar seu coração em pessoas, coisas e questões. Todavia, desde que
temos sido salvos e temos o Senhor como nosso centro, devemos colocar nosso coração
Nele. Quando o Senhor vem, Ele é a nossa salvação para nos libertar dos sofrimentos.
Todos os sofrimentos vem de pessoas, coisas e questões fora do Senhor. Para aqueles que
estão sem o Senhor, tudo é um sofrimento. Quer sejam coisas ruins ou boas, seja pobreza
ou riqueza, quer seja educado ou ignorante, tudo é sofrimentos. Todavia, quando temos o
Senhor, Ele nos salva de todos esses sofrimentos. Se tomamos o Senhor como nosso centro,
podemos desfrutá-Lo como nossa vida e jubileu.

O viver do jubileu é um viver no desfrute de Cristo. O Senhor é soberano em tudo. Tudo o


que temos está nas mãos soberanas do Senhor e o que quer que Ele arranja para nós não
pode ser engano. Em minha vida de seguir o Senhor por sessenta anos, eu posso testificar
verdadeiramente que onde vamos ou onde estamos não está inteiramente nas nossas mão
mas nas Suas mãos. Podemos pensar que somos o que somos hoje por causa da nossa
perseverança e força, mas devemos perceber que sem o arranjo soberano do Senhor, não
importa quanto nos esforçemos ou perseveremos, não poderíamos ser o que somos. Tudo
está sob a Sua soberania. Portanto, devemos nos esvaziar de nós mesmos de tudo e dizer
ao Senhor: Enche-me, ganha-me e possua-me. Senhor, não importa a situação exterior, eu
só quero desfrutar de Ti. Se estou saudável, eu Te agradeço. Se não tenho saúde, também
Te agradeço. Se tenho filhos, eu Te agradeço, se fico sem filhos, eu também Te agradeço.
Dessa maneira, pobreza ou riqueza, paz ou perigo são todos a mesma coisa para nós. É por
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isso que Paulo disse, Como sempre, também agora, Cristo será engran-decido no meu
corpo, seja pela vida, seja pela morte (Fl 1 :20b). Para nós o viver é Cristo, se morremos ou
vivemos, Ele é magnificado em nós todo o tempo. Dessa maneira, desfru-tamos Deus e
vivemos a vida do jubileu. Que o Senhor possa ter misericórdia de nós para que possamos
ver isso e aprender a desfrutar o Senhor a tal ponto.

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