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SAINDO DA ZONA DE CONFORTO

Texto produzido por Antônio Néres, um homem que está sempre aprendendo a confiar em Deus.

Embora os hebreus tenham ficado por volta de 430 anos no Egito, nem tudo é reclamação, pois lá chegaram
como convidados, através do testemunho e do trabalho de um homem chamado pelos egípcios de “Zafnate-Paneã
(Gênesis 41:45)”, mas que nós o conhecemos melhor como José; simplesmente José.

Pelo bom trabalho que fez no Egito, livrando-o (de acordo com a orientação Divina) da fome que se abateu
por toda as Terras e Nações de então, Faraó, após conhecer toda a história de José, autorizou-o a buscar seus
familiares em Canaã e a levarem-nos para um lugar muito especial dentro do Egito, chamado Gósen (ou o Delta). Ali
era o lugar mais fértil de todo o Egito e ali a família de José foi morar.

Durante anos, mesmo após a morte de José os hebreus, oralmente, levaram adiante as suas tradições e
crenças, lembrando-se de tudo o que Deus fizera por eles através de Jacó e José. O problema, é que quando lá José
chegou, o Egito estava dominado por um povo estranho chamado Hicsos, os quais dominaram a nação por cerca de
120 anos. Passado esse tempo, os egípcios conseguiram fortalecer seu próprio exército, além do fato de que os
hicsos estarem perdendo força em toda a região, e retomaram o poder, expulsando os hicsos de suas terras.

O novo governo, genuinamente egípcio, fazia questão de esquecer qualquer vestígio desse tempo de domínio,
inclusive a própria história de José, afinal, ele trabalhara para os inimigos, que ao seu tempo foram fortalecidos por
sua administração.

Outro fato importante é que, quando lá a família de José chegou, eram em torno de 70 pessoas (Gênesis
46:27), mas com o passar do tempo esse número foi crescendo abruptamente (pensemos no número de filhos que
nasciam na época). Deste modo, conforme o relato da Bíblia em êxodo 1:7, essa família de José se tornou tão
numerosa que ameaçava o próprio domínio e território do Egito. Deste modo, eles, os egípcios, ficaram com medo e
usaram de astúcia para dominá-los, fazendo com que eles se tornassem escravos da nação por cerca de 400 anos.

Assim, passada essa primeira geração de hebreus, pode-se dizer que a partir da segunda ou terceira geração,
todos os que nasciam, já nasciam escravos do novo faraó, de modo que, foram se acostumando com essa situação,
por mais que fosse ruim, pois tinham suas próprias casas, terra e comida. Não se revoltaram, mas adaptaram-se a
esta nova situação, pois por pior que fosse, ela permitia que tivessem as suas famílias normalmente. Estavam felizes
por suas vidas e pouco se lembravam das promessas feitas à Abraão, Isaque e Jacó. Estavam felizes pelo caminho
que percorriam, mas o profeta Isaías, muitos anos depois, declarou que “estes caminhos, não eram os caminhos
escolhidos por Deus; nem mesmo estes pensamentos de contentamento, eram os pensamentos de Deus, pois assim
como os céus são mais altos do que a Terra, também os caminhos de Deus mais altos do que os nossos caminhos; e
os seus pensamentos mais elevados que os nossos pensamentos (Isaías 55:8,9)”. Deus não havia planejado aquela
vida de escravidão para nenhum deles e nem para nós que estamos lendo o texto. O pensamento de conformismo
que domina as nossas mentes hoje em dia, não tem a sua origem nos planos de Deus para as nossas vidas.

A bem da verdade, quanto mais filhos, mais escravos para faraó, o que ajudaria no crescimento da glória do
Egito. Um dia, porém, um destes faraós tem a ideia de diminuir esse crescimento populacional e estabelece uma lei
em que toda a criança hebreia, masculino, deveria ser morto. Aqui entra a história de Moisés, que foi salvo dessa
matança e pra coroar, ainda foi criado como filho da filha do faraó, que aliás, foi quem lhe deu esse nome, pois
significa “tirado das águas (Êxodo 2:10)”, que é como ela o encontrou. Moisés foi adotado e educado na corte como
um príncipe do Egito. Permanece ali por 40 anos, quando mata um feitor egípcio por raiva do mesmo, pois este
estava castigando um compatriota hebreu e, para não morrer, foge para o deserto de Midiã, onde conhece um
sacerdote chamado Jetro e se casa com sua filha Zípora, com quem teve dois filhos. Apesar de seus conhecimentos
do palácio, Moisés torna-se pastor de ovelhas e, um dia, quando apascentava as ovelhas, chegando ao Monte
Horebe, viu uma sarça que pegava fogo, mas não se consumia. Naquele dia, Moisés teve um encontro pessoal com
EU SOU, o Deus Jeová, que o comissiona para "Libertador de Israel".

Moisés volta ao Egito depois de 40 anos e encontra seu meio-irmão como Faraó, pois o antigo havia morrido.
Foi então falar com este novo Faraó, Ramsés II, e falou-lhe que o Senhor Deus ordenara que este deixasse o povo
hebreu ir ao deserto render-lhe culto, mas o faraó simplesmente diz que não conhece e nem reconhece ao Senhor
como Deus, para que aceite as suas ordenanças, e assim, se recusa a permitir. Deus, entretanto, já havia dito a
Moisés que “Faraó, fechará o seu coração e teimará, e não aceitará as minhas ordenanças, de modo que operarei
muitos milagres ali, para que todos saibam quem EU SOU e o poder que Tenho (Êxodo 10:2)”. E deste modo
aconteceu, havendo inclusive, as 10 pragas, que invadiram o Egito, mas não afetaram a vida dos hebreus,
culminando com a morte dos primogênitos e a instituição da Páscoa.

Conseguiram enfim a sua liberdade. Na realidade, foram expulsos do Egito e saíram em direção à Terra Santa,
prometida a Abraão e sua descendência. O primeiro desafio da peregrinação de quase 2 milhões de pessoas, foi um
Mar, não muito grande, nem mesmo tão profundo, até porque era apenas um braço deste Mar, mas mesmo assim
um Mar. Como Homens, mulheres, crianças e animais, além de toda a tralha que carregavam consigo, iria passar por
estas águas? Pra piorar a situação, diz o texto bíblico que Faraó estava indo atrás deles para os destruir. Acontece
então, os primeiros milagres desde saída para a Canaã, a Coluna de Fogo que os separa dos exércitos de Faraó e a
abertura das águas do Mar Vermelho. Os hebreus puderam então passar como se estivessem em terra seca. Cabe
aqui fazer menção a alguns críticos que dizem que na época o mundo estava em grande estiagem, de modo que as
águas estavam poucas e que todos puderam passar pelo mar por causa disso, mas o engraçado é que os egípcios
tentaram fazer o mesmo e morreram afogados. Como explicar isso? Crianças passaram tranquilamente e agora
homens experientes, soldados, não o conseguem fazer? Estranho não? Neste momento fica provado o quão estavam
acomodados e acostumados a vida de escravidão, pois segundo os textos bíblicos de Êxodo 14:11 e 12, os hebreus
começaram a reclamar de sua possível libertação. Ao longo do Livro de Êxodo encontramos outras passagens que
também deixam isso bem claro.

Passado o Mar Vermelho, chegaram ao deserto. E este, por si só, representa o segundo desafio, pois teriam
que enfrentar um sol muito quente durante o dia e um frio intenso durante a noite, pois assim são os desertos; estas
são suas características. Mas a coluna que os separara do exercito egípcio, diz a Bíblia ficou presente em toda o
tempo de peregrinação pelo deserto, durante o dia como uma nuvem que os protegia do calor e da intensidade do
sol e durante a noite como uma coluna de fogo, que servia para iluminar o acampamento e ao mesmo tempo
aquecer (Êxodo 13:21, 22). Embora muitos dos leitores e críticos da Bíblia, digam que o deserto tenha sido um
acidente, a realidade é que não o foi. Por mais incrível que pareça, o deserto foi intencional, ao menos da parte de
Deus, pois até aquele momento estes hebreus conheciam ao Senhor apenas de ouvir falar sobre suas realizações
(aqui faço menção do Patriarca Jó em seu livro, capitulo 42 versículo 5: “Eu te conhecia, oh Deus, apenas de ouvir
falar a respeito de Ti, mas agora os meus olhos Te veem”). Eles precisavam de um momento a sós com Deus e Deus
precisava de um momento a sós com eles. O deserto foi esse momento, pois ali tiveram grandes experiências com
Deus, vendo o seu cuidado e observando suas Leis, ao mesmo tempo que viviam seus milagres. A distância do Egito à
Canaã não é tão grande, de modo que poderiam tê-la feito em poucos dias, mas na verdade gastaram 40 anos, isso
para que Deus se apresentasse a eles e se desse mais a conhecer. O projeto de Deus era que os hebreus não apenas
soubessem de sua existência, mas que também tivessem experiências pessoais com a sua Pessoa. No deserto, faltou
água, Deus providenciou; faltou pão, Deus providenciou; faltou carne, Deus providenciou; Seus sapatos e suas
roupas não envelheceram enquanto durou a peregrinação; não houve doentes; não morreram crianças ao nascer;
enfrentaram exércitos poderosos e venceram. Em toda a região crescia a fama de um povo peregrino que era
protegido por um Deus Único, invisível e extremamente Poderoso.

Às vezes, em nossas vidas, nos deparamos com os nossos desertos existenciais e até mesmo duvidamos que
exista um Deus que esteja nos vendo e percebendo as nossas aflições, são os momentos em que Deus se cala. Nos
sentimos perdidos, abandonados, sozinhos, desolados e, exatamente nestes momentos, vozes estranhas chegam aos
nossos ouvidos, sugerindo propostas diversas, menos a de confiar e depender de Deus. Muitos, ouvindo estas vozes,
chegam a tirar as suas próprias vidas; abandonam suas famílias; entregam-se a depressão e perdem muito de suas
vidas. Outros se conformam à situação e se declaram inferiores, se submetem a tratamentos sub-humanos; ridículas
e absurdas. Aqui, cabe salientar que o texto de Isaías 55:8 e 9 também se aplica às nossas vidas, nos dias de hoje, e a
bem da verdade, a qualquer tempo. Deus pensou o ser humano; Ele o projetou e Ele o criou. Não só isso, passado
um tempo na história humana, o próprio Deus se fez humano, valorizando com isso a raça humana; destacando-a de
toda e qualquer outra raça que possa haver no Universo.
Os desertos de nossas vidas, são os momentos em que Deus tenta nos levar a maturidade. Maturidade esta,
que é diferente da humana, pois nós homens, incentivamos os nossos filhos a soltarem as nossas mãos ao atravessar
às ruas; já com Deus a coisa é diferente, maturidade significa dependência. Quanto mais nos desapegamos daquilo
que vemos e nos apegamos naquilo que cremos, DEUS, mais maduros nos tornamos. Olhemos o exemplo de Pedro,
o Apóstolo, que um dia foi desafiado por Jesus a andar sobre as águas do Mar. Era Jesus um louco para lhe fazer este
desafio? Ele com certeza sabia que Pedro iria falhar, que afundaria, mas mesmo assim Ele o fez. Por Quê Ele o fez, se
Pedro estava em segurança e conforto dentro de um barco, protegido de toda a violência das águas em turbulência
do Mar? A resposta é quase óbvia: Jesus queria tirar Pedro da zona de conforto, o que ele aceitou de pronto. Saiu do
barco e foi ao encontro de Jesus andando por sobre as águas. Não sei quantos metros Pedro andou por sobre as
águas, mas sei que ele andou. O problema, é que neste pequeno espaço de tempo e distância, Pedro também ouviu
vozes diferentes sussurrarem ao seu ouvido. Vozes de medo e de realidade: Do absurdo que estava fazendo. Andar
por sobre águas do Mar enquanto este estava revolto? Terei Pedro ficado louco? Agora, aqui em cima das águas,
percebeu a tormenta; percebeu que era apenas humano: Isso não é para mim. Vozes de dúvida, de
desencorajamento. E assim como Pedro, quantas vezes nós também não duvidamos? Deixar que Deus, só Deus,
cuide de nossas vidas? Não podemos! Pra piorar, temos ainda aqueles que dizem: Deus disse para fazermos da nossa
parte que Ele nos ajudaria. Em nenhum lugar da Bíblia encontramos esta citação. Ela é uma grande mentira
inventada pelo maior inimigo de Deus, pois ao contrário disso, encontramos textos bíblicos que dizem: “ Deleita-te
também no SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia
nele, e o resto ele o fará (Salmos 37:4 e 5)”.

Deus quer que dependamos DEle, pois Ele nos conhece mais do que nós mesmos nos conhecemos e
sabe do nosso tamanho e capacidade e por nos amar, quer nos ajudar e para isto temos que depender
exclusivamente DEle. A Bíblia diz que aquele que se aproxima de Deus precisa ter fé e a Carta aos Romanos e
Hebreus define fé, como sendo algo que nos faz acreditar nas coisas invisíveis de Deus. Sem fé é impossível
agradar a Deus.

Não estou dizendo com isso que sairemos dos nossos empregos e passaremos a depender dos cuidados de
Deus, mas digo que os nossos empregos, bens e contas bancárias não significam que sempre seremos bem-
sucedidos, mas que são apenas meios providos POR DEUS para nos manter. Se os temos, graças a Deus, mas se não
os tivermos, creiamos que Ele, Deus, cuidará de nossas vidas.

Aqui, muitos questionarão sobre os que estão nas ruas, nas esquinas, sem lar, sem comida, sem família. Não
tenho respostas para todos os questionamentos, mas algumas coisas devem ser pensadas. Exemplo, família: Todos
temos família, mesmo quem não a quer. Se não estamos juntos, problemas de relacionamentos devem haver e, isso
não é culpa de Deus, é maldade humana. Alimentos, com certeza há para todos; o problema é a estratificação social
e aqui mais uma vez percebemos a maldade e a ganancia humana, começando a partir das eleições. Os problemas
sociais pelos quais a humanidade passa, tem suas origens nas maldades e ganancias dos próprios homens. Eles
constroem os seus impérios defraudando outros homens. Não consultam a Deus, e a bem da verdade, a maioria vive
uma vida como se Deus nem mesmo existisse. Quando dependemos de nós mesmos; só de nossas forças; lutamos e
derrubamos para existir, pois uma lei satânica foi estabelecida: Sobrevive o mais forte.

Com Deus não é assim: Ama ao teu próximo, como amas a ti mesmo, diz Ele. Quando ajudamos alguém com
nossas cestas básicas, damos o que temos de pior em nossas casas. No geral, e a título de exemplo, ninguém dá
arroz Cristal; ninguém dá café Melita, nem detergente Omo. Damos marcas inferiores e mais baratas. Isso não é
amar igual amamos a nós mesmos. Isso sem contar que o texto bíblico, expresso nas palavras do próprio Jesus em
Mateus 22:37 a 39 dizer que o primeiro mandamento é amar a Deus acima de todas as coisas e o segundo,
semelhante a este, é amar ao próximo como a ti mesmo. O sublinhado iguala a importância e o significado dos dois
mandamentos. Se lutássemos mais pelas nossas comunidades, pelos nossos próximos e pela coletividade, com
certeza teríamos menos violência e menos desigualdade. Mas isso significa que teríamos que confiar mais em Deus,
depender mais de Deus e entregar nossos caminhos e vidas aos seus cuidados. Sair de nossas zonas de conforto e
“vivermos pela fé”.

Estamos prontos pra isso? Cabe a cada um de nós responder a esta pergunta. Nossas vidas, aqui neste mundo,
sempre dependerá de como nós cremos em Deus.

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