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Copyright © 2017 desta edição por Angular Direitos cedidos à Associação

da Igreja Metodista e Publicado pelo: Departamento Editorial da Igreja


Metodista - Angular Editora. É proibida a reprodução total ou parcial do livro, Art. 184 do
Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998.

Secretaria Editorial: Joana D’Arc Meireles Capa | Editoração:


Siano | Fabio N. Marchiori

www.siano.com.br
Revisão:
Vicente de Paulo Ferreira Imagen da capa:
Redesenhada por Cris Marchiori Imagens:
Wellcome Images
Creative Commons Attribution 4.0 International
W5161d Wesley, John
O diário de John Wesley / John Wesley. _ São Bernardo: Editeo, 2017
432 p.: 14 x 21 cm
ISBN 978-85-8046-050-6
1. Autobiografia 2. Igreja Metodista 3. Wesley 4. historia 5.Testemunho I. Título
CDD 287
Celebrando a nossa história:
150 anos de metodismo em terras brasileiras.
Prefácio à Segunda Edição.
A Editora Angular tem a satisfação de oferecer a 2ª Edição de “O Diário de
John Wesley”. A primeira edição dessa publicação aconteceu em 2008,
através do dedicado trabalho coordenado pelo Magno Paganelli, Arte
Editorial, SP, bem como a primorosa tarefa de tradução da Sra. Izilda Bella.
Agradecemos o legado deixado.

O relançamento desta obra acontece no momento histórico muito importante,


quando relembramos os 500 anos da Reforma Protestante (1517-2017),
liderada pelo monge Martinho Lutero, na Alemanha.

A história do movimento metodista/wesleyano comprova que John Wesley,


aprofundou os seus estudos doutrinários a partir dos fundamentos norteadores
da Reforma Protestante do século XVI. Por isso, reafirmamos que o
movimento metodista “procura desenvolver de forma adequada a doutrina do
sacerdócio universal de todos os crentes (1 Pedro 2.9). Reconhece que todo o
povo de Deus é chamado a desempenhar com eficácia, na Igreja e no mundo,
ministérios pelos quais Deus realiza o seu propósito, ministérios essenciais
para a evangelização do mundo, para assistência, nutrição e capacitação dos
crentes, para o serviço e o testemunho no momento histórico em que Deus os
vocaciona (1 Coríntios 12.7-11)”. (Cânones da IGREJA METODISTA 2012-
2016 - Plano para a Vida e Missão, Item A, Letra g, p.85)

Neste ano, a Igreja Metodista, em terras brasileiras, celebra 150 anos de


organização eclesiástica, e são muitas as Igrejas que se organizaram no nosso
país, tendo como inspiração os fundamentos deixados pelo insigne fundador
do movimento metodista, John Wesley.

Ler, reler o diário de Wesley, bem como os seus muitos escritos constitui
uma experiência exuberante de conhecer o mundo que ele viveu, a sua vida e
ministério, sua personalidade, as suas lutas e desafios. Sua determinação para
caminhar no caminho de uma experiência com Cristo imprimiu-lhe um
profundo compromisso com a santidade de vida que conduz a uma
experiência intelectual, a um profundo impacto existencial e ao compromisso
com a vida.

Com gratidão, alegria e esperança oferecemos a segunda edição do “Diário de


Wesley” com a convicção de que este vasto material enriquecerá todas as
pessoas que desejam conhecer melhor uma vida que foi movida pela graça de
Deus.

Relembrando a sua contundente declaração, no dia 2 de março de 1791, aos


oitenta e oito anos de idade: “O melhor de tudo é que Deus está conosco”.

Sororalmente,
Joana D’Arc Meireles Secretária Editorial – Angular Editora.
Apresentação
“Fui instado para pregar o sermão para os condenados em Bristol; consenti
em fazê-lo, mas com pouca esperança de alcançar bons resultados, porque os
criminosos eram impenitentes. Contudo, ficaram banhados em lágrimas, e
não estavam fora do alcance de Deus. ” John Wesley Quarta-feira, 4 de
outubro de 1781

Ter contato com os escritos do Rev. John Wesley sempre foi uma
preocupação del ideranças e denominações cristãs, notadamente as
decorrentes de seu legado histórico, doutrinário, pastoral e missionário.

Sua longa e produtiva vida pastoral, nascido em 1703 e falecido em 1791,


deixaram uma multiplicidade de obras, sermões, diários e estratégias
missionárias, que continuam relevantes e necessárias para os nossos dias.

Uma das primeiras iniciativas nesta direção foi a tradução de trechos de seu
Diário, selecionados pelo missionário metodista Paul Eugene Buyers. Esta
obra foi editada pela Junta Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista, no
ano de 1965, em São Paulo.

Nesta direção de iniciativas,o Pastor Magno Paganelli reelaborou uma nova


síntese do Diário de John Wesley, com tradução deIzilda Bella,sendo esta
obra editada pela Arte Editorial, em 2009, em sua primeira edição.

Agora, a Editora Angular, com aquisição dos direitos autorais desta obra,
lança sua segunda edição, oferecendo aos leitores e leitoras o conhecimento
mais próximo do cotidiano de um pastor que, tendo o coração estranhamente
aquecido, como relata em seu diário no dia 24 de maio de 1738, estendeu que
o mundo, com todos os desafios, potencialidades e fragilidades humanas era
o seu palco de ação, a sua paróquia!

Uma obra que seja de ficção implica, à sua apresentação, um olhar para a
forma e conteúdo literário, percebendo a linha de argumentação que perpassa
o seu enredo, bem como o estilo no qual esta pode se catalogada. Mesmo
uma obra biográfica, ou autobiográfica, tem aspectos determinantes da sua
autoria, tendo em vista o estilo da peça, quanto de seu olhar ao público que
deseja alcançar.

Na obra “Diário de John Wesley”, relatando situações cotidianas do seu


trabalho pastoral,encontramos, mais do que um estilo literário ou relações
com determinada perspectiva de mercado, os fatos, os sentimentos e as ações
relacionadas a trajetória de uma liderança pastoral protagonista de um
movimento de despertamento religioso e de renovação espiritual e eclesial, da
Inglaterra, no Séc. XVIII. Este movimento chamado de Metodista ou
Metodismo. Nele, o ardor pelo anúncio do Evangelho de Cristo, dispôs
Wesley e seus seguidores e seguidoras a reformar a nação, a igreja e estender
os sinais da Graça de Deus, reveladas plenamente em Cristo, por toda a Terra.

Relatos verosímeis sobre a vida pastoral, sobre as relações interpessoais, o


encontro entre o mundo religioso e o mundo secular, se faz presente, pois a
Graça santificadora de Deus atuando sobre o ser humano, também o faz de
forma restauradora sobre a sociedade; unindo santidade pessoal com
santidade social.

Assim, a Editora Angular, está proporcionando aos leitores e leitoras, nesta


nova edição,a oportunidade de revisitarmos o movimento metodista em suas
raízes primordiais, através das experiências que constam do diário do pastor
John Wesley, permitindo-nos vivenciar e sentir, pela leitura desta obra, a
força da Graça restauradora de Deus, cujo sopro benfazejo do Espírito Santo,
tocou e continua a tocar, indelevelmente, a vida de homens mulheres em
todos os continentes, línguas, povos, etnias.

Recomendamos a todos/as, especialmente às novas gerações a leitura desta


obra, na certeza de que será uma fonte de inspiração e de mobilização para
uma consequente vida de testemunho e de serviço, na Igreja e na sociedade,
rumo à perfeição em Cristo.

Bispo Luiz Vergilio Batista da Rosa Presidente do colégio episcopal da Igreja Metodista
Sumário
Prefácio à Segunda Edição. 4
Apresentação 6
Prefácio por John Wesley 11

1735
Do Embarque Para A Geórgia Ao Retorno A Londres 13 Rumo à América 13

1736
Dificuldades a bordo 16 Finalmente Savannah 18 Encontro com os índios 19
Charles Wesley retorna à Inglaterra 27

1737
Dificuldades na Geórgia 32 Mandato de prisão 38 Diante do grande júri 42
Impedido de sair da província 45 Fuga pela floresta 47 Adeus América! 50

1738
De Londres Ao Retorno Da Alemanha 55 Prefácio 56 Em Londres
novamente 58 Encontro com Peter Böhler 62 Nasce a Sociedade de Fetter
Lane 71 “Senti meu coração estranhamente aquecido” 74 Embarque para a
Alemanha 84 Prefácio 87 De volta a Londres 91

1739
Pregações no campo 92 Primeira casa Metodista 94 “O mundo todo é minha
paróquia” 97 Pregação em Gales 107

“Eu curarei a apostasia deles, e os amarei livremente” 115


1 740
1 741

Conflitos com o Sr. Whitefield 130


Conflitos em Gales 134
1 742 Um boi na congregação 139
Pregando sobre a lápide do Rev. Samuel Wesley 144
Sra. Susanna Wesley 146
1 743
Recusado no sacramento em Epworth 149 Cornualha 154 Memorável culto
em Gwennap 154 A turba de Wednesbury 155 Presença de espírito 158

Primeira conferência Metodista 166


1 744
1 745

“Eu sou John Wesley” 170


Grande agitação em Newcastle 172
1756 Discurso ao clero 225
175 7 “Eu, realmente, vivo para pregar!” 243
1790 Os últimos apontamentos 390

1791
Últimas horas por alguém que esteve presente 392 Excerto do livro de
medicina primitiva de John Wesley 397 Prefácio 397 Momentos da vida de
John Wesley 400 O pequeno “Jacky”, ‘um tição tirado do fogo’ 400 O
começo de uma ideia 400 Nasce o Clube Santo 401 Primeira e única visita à
América 401 Sophy Hopley 402 Tempestades emocionais 402

O melhor a fazer era dar adeus à América 403


A influência de Peter Böhler 404
“Eu senti meu coração estranhamente aquecido” 404
Pregação nos campos 404
O amigo Rev. Sr. George Whitefield 405
Lady Huntingdon 406
Nascido de novo 407
Grace Murray 407
Sra. Mary Vazeille –
o desastroso matrimônio de John Wesley 408
Susannah Wesley 409
Pregadores leigos 409
Um homem que nasceu para pregar 410
Notas 413
Prefácio
por John Wesley

Foi em consequência de um conselho dado pelo Bispo Taylor em seu


livro,“Regras para um Viver e Morrer Santo”, que, por volta de quinze anos
atrás, comecei a elaborar um relato mais exato do que eu havia feito e da
maneira como eu passava o tempo
– escrevendo como empreguei cada hora do dia.

Continuei a agir assim, por onde quer que fosse, até o momento de minha
partida da Inglaterra. A variedade de situações pelas quais passei levou-me a
transcrever, de tempos em tempos, as partes mais relevantes do meu Diário,
acrescentando aqui e ali pequenas reflexões à medida que elas ocorreram em
minha mente.

Desse Diário, ocasionalmente compilado, o que segue é um pequeno extrato.


Não é meu objetivo relatar todas as particularidades do que escrevi para meu
uso apenas, e que não teria valor para outros, ainda que sejam importantes
para mim.

Na verdade, não pretendo nem desejo perturbar o mundo com alguns de meus
pequenos assuntos. Devo responder por mim mesmo, como parece a toda
mente imparcial, uma vez que há muito tenho sido rotulado “como alguém
que não ouve”, não obstante o alto e frequente chamado.

Porém, eu não faria isto agora se não tivesse a declaração do Capitão


Williams, publicada tão logo eu deixei a Inglaterra, colocado sobre mim a
obrigação de fazer o que me cabe em obediência ao chamado de Deus: “Não
deixem que falem mal do bem que há em você”.1 Com esta visão eu, por fim,
“respondo a todo homem que me pergunta a razão da esperança que existe
em mim”2 que, em todas essas coisas, “eu tenho uma consciência limpa para
com Deus e para com os homens”.3

Limitei-me até aqui a uma carta, escrita alguns anos atrás, contendo um relato
claro sobre o surgimento daquela pequena sociedade em Oxford, a qual tem
sido apresentada de maneira tão variada. Parte desta foi publicada em 1733;
mas sem meu consentimento ou conhecimento. Ela agora permanece, como
se eu a tivesse escrito sem qualquer adição, diminuição ou correção; sendo
minha única preocupação aqui “declarar a coisa como ela é”.

Talvez, minhas ocupações de outra natureza não me permitam uma resposta


adicional àqueles que “dizem falsamente toda sorte de mal sobre mim”, e
parecem “pensar que realizam a obra de Deus”. É suficiente saber que ambos,
eles e eu, brevemente “daremos um relato àquele que é apto para julgar vivos
e mortos”.*

O resgate do jovem John Wesley *


1Pedro 4.5. ...Os quais hão de prestar contas àquele
Os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e
mortos.que é competente para julgar vivos e mortos.

Do embarque para a Geórgia ao


Do Embarque Para A Geórgia Ao
Retorno A Londres
Rumo à América1735
14/10 – terça-feira. O Sr. Benjamim Ingham, do Queen College, Oxford, Sr.
Charles Delamotte, filho de um magistrado em Londres, que alguns dias
antes havia se oferecido, meu irmão Charles Wesley e eu pegamos um navio
para Gravesend, com a finalidade de embarcarmos para a Geórgia. Nosso
objetivo, ao deixarmos nosso país nativo, não era evitar a escassez (Deus
tem-nos dado bênçãos temporais suficientes), nem ganhar as migalhas ou o
refugo dos ricos, ou obtermos honra; mas simplesmente salvar nossas almas e
viver completamente para a glória de Deus.

À tarde, encontramos o “Simmonds”, que partiria para Gravesend e,


imediatamente, subimos a bordo.

17/10 – sexta-feira. Comecei a aprender alemão, a fim de conversar com os


vinte e seis alemães que estavam a bordo. No domingo, com o tempo
satisfatório e calmo, tivemos os trabalhos da manhã no tombadilho. Primeiro
preguei de improviso e, a seguir, ministrei a Ceia do Senhor para seis ou sete
comungantes.

Um pequeno rebanho. Que possa Deus aumentá-lo!

20/10 – segunda-feira. Confiantes de que a abnegação, ainda que nas


menores coisas, poderia ser-nos útil, pelas bênçãos de Deus deixamos
completamente o uso de carne e vinho e nos limitamos a comer vegetais –
principalmente, arroz e biscoito. À tarde, David Nitschman, bispo dos
alemães, e outros dois começaram a aprender inglês.

Que possamos ser não apenas de uma só língua, mas de uma só mente e
coração.

21/10 – terça-feira. Partimos de Gravesend. Quando estávamos


aproximadamente a meio caminho das areias de Goodwin,4 de repente, o
vento parou. Se a calmaria tivesse continuado até o refluxo, o navio
provavelmente teria se perdido. Mas o vento forte retornou por uma hora e
nos levou para Downs.
Somos um pouco mais regulares agora. Nosso modo simples de viver era
esse: das quatro às cinco horas da manhã, cada um de nós faz sua oração
pessoal; das cinco às sete horas, lemos a Bíblia juntos, comparando-a
cuidadosamente (para não nos apoiarmos em nossas próprias convicções)
com os escritos dos últimos tempos. Às sete horas, tomamos o café da
manhã; às oito horas, lemos as orações públicas; das nove às onze,
habitualmente aprendo alemão, e o Sr. Delamotte, grego. Meu irmão escreve
sermões e o Sr. Ingham instrui as crianças. Ao meio-dia, nos encontramos
para prestarmos contas uns aos outros do que fizemos desde nosso último
encontro e o que pretendemos fazer antes do próximo. Por volta de uma hora
da tarde, almoçamos.

Do horário do almoço até às quatro horas, lemos para aqueles pelos quais
cada um de nós se responsabilizou, ou conversamos com eles, conforme a
necessidade requeira.

Às quatro horas, somos os oradores da tarde, quando a segunda lição é


explicada (o que sempre era feito pela manhã) ou as crianças são
catequizadas e instruídas antes da congregação. Das cinco às seis horas da
tarde, lemos novamente as orações em particular; das seis às sete da noite,
leio em nossa cabine para dois ou três dos passageiros (dos oito ingleses que
haviam a bordo), e cada um dos irmãos lêm para mais alguns deles.

Às sete, reúno-me com os alemães no seu culto público, enquanto o Sr.


Ingham lê entre os conveses para todos que desejam ouvi-lo. Às oito da noite,
encontramo-nos novamente para exortarmos e instruirmos uns aos outros.
Entre nove e dez horas da noite, nos recolhemos onde nem mesmo o rugido
do mar e o movimento do navio podem perturbar o sono refrescante que Deus
nos proporciona.

24/10 – sexta-feira. Com o mar agitado, a maioria dos passageiros sentiu os


efeitos disto. O Sr. Delamotte ficou muito doente por diversos dias, o Sr.
Ingham, por cerca de uma hora. A cabeça de meu irmão doeu muito. Até
agora, no entanto, agradou a Deus que o mar não me perturbasse, nem me
senti impedido, por um quarto de hora sequer, de ler, escrever, compor ou
realizar alguma tarefa que pudesse ser feita em terra firme.

31/10 – sexta-feira. Partimos de Downs. Às onze horas da noite, fui acordado


por um grande barulho. Logo me certifiquei que não havia perigo algum, mas
a simples apreensão disso deu-me uma clara compreensão de como devem
ser aqueles que estão, a todo o momento, à beira da eternidade.

1/11 – sabádo. Chegamos ao porto de St. Helen e, no dia seguinte, estávamos


a caminho de Cowens. O vento era satisfatório, mas esperamos pelo navio de
guerra que velejaria conosco. Foi uma abençoada oportunidade para
instruirmos nossos companheiros de viagem.

Que aquele, de cuja semente semeamos, faça com que ela cresça!

20/11 – quinta-feira. Descemos em direção ao ancoradouro de Yarmouth,


mas no dia seguinte fomos forçados a voltar para Cowes. Durante nossa
estadia ali, tivemos várias tempestades. Em uma delas, duas embarcações que
estavam no ancoradouro de Yarmouth se perderam. Distribuímos alguns
livros entre os muitos que estavam ali, que os receberam com todas as
expressões possíveis de agradecimento.

21/11 – sexta-feira. Uma jovem, recuperando-se de uma perigosa


enfermidade, pediu-me para ser instruída sobre a natureza da Ceia do Senhor.
Eu pensei que caberia a ela, primeiro, ser instruída sobre a natureza do
cristianismo e fixei uma hora por dia para ler o “Tratado Sobre a Perfeição
Cristã”, do Sr. Law.

23/11 – domingo. À noite, fui despertado pelo agito do mar e rugido do


vento, o que me mostrou dolorosamente o quanto eu era incapaz, visto que eu
não estava disposto a morrer.

10/12 – quarta-feira. Hoje, falei reservadamente sobre religião a alguém com


quem havia falado uma ou duas vezes antes. Em seguida, ela me disse, em
lágrimas: “Minha mãe morreu quando eu tinha apenas dez anos. Algumas de
suas últimas palavras foram: ‘Filha, tema a Deus e, embora você me perca,
nunca necessitará de um amigo’. Agora encontrei um amigo quando eu mais
queria e mais esperava por um”.

21/12 – domingo. Tivemos quinze comungantes, o que era nosso número


usual aos domingos. No Natal, tivemos dezenove, mas, no Ano Novo, apenas
quinze.
Dificuldades a bordo1736
15/01 – quinta-feira. Foram feitas queixas ao Sr. Oglethorpe sobre a
distribuição desigual de água entre os passageiros, e ele designou novos
oficiais para se encarregarem disso. Por este motivo, os oficiais anteriores e
seus amigos ficaram grandemente exasperados contra nós, a quem eles
imputaram a mudança. Mas “a fúria do homem será transformada para teu
louvor”.5

17/01 – sábado. Muitas pessoas ficaram muito impacientes devido ao vento


contrário. Às sete horas da noite, elas sossegaram por causa de uma
tempestade, que se tornou cada vez mais forte até às nove horas.
Aproximadamente nesse horário, uma onda mais alta quebrou por sobre o
navio de popa à proa, entrando pelas janelas da cabine cerimonial onde três
ou quatro de nós estávamos, e nos envolveu por toda parte. Entretanto, uma
pequena cômoda com espelho protegeu-me do choque principal.

Por volta das onze horas, deitei-me e, em pouco tempo, adormeci; embora em
dúvida se acordaria vivo e ainda mais envergonhado por causa da minha
relutância em morrer. Quão puro de coração deve ser quem se regozija em
aparecer diante de Deus num momento de perigo! Pela manhã, “Ele
repreendeu os ventos e o mar; e houve uma grande calmaria”(Mateus 8.26(.

18/01 – domingo. Demos graças a Deus pelo nosso livramento, do qual


poucos estavam apropriadamente conscientes. Mas os demais (em meio aos
quais a maioria dos marinheiros) negaram que estivéssemos em algum
perigo. Mal pude acreditar que tão pouco bem havia sido feito em face do
terror em que estiveram antes.

Porém, não podem obedecer a Deus por muito tempo, devido ao medo,
aqueles que são surdos para as razões do amor.

23/01 – sexta-feira. À noite, começou outra tempestade. De manhã, ela


aumentou tanto que o capitão foi forçado a deixar o leme do navio. Eu nada
pude dizer a não ser: “Como é que tu não tens fé?”, visto estar ainda pouco
disposto a morrer.

Por volta da uma hora da tarde, quase tão logo eu saí da grande porta da
cabine, a onda não quebrou como era usual, mas veio com uma maré cheia e
escorregadia pelo lado da embarcação. Eu fui jogado para o alto e, por um
momento, fiquei tão aturdido que eu mal conseguia erguer minha cabeça,
antes que o mar a devolvesse morta. Mas, graças a Deus, eu não tive
nenhuma lesão, afinal. Aproximadamente à meia-noite, a tempestade cessou.

25/01 – domingo. Ao meio-dia, nossa terceira tempestade começou. Às


quatro horas, ela estava ainda mais violenta que antes. Agora, de fato,
poderíamos dizer: “As ondas eram poderosas e enfureciam-se horrivelmente.
Elas se erguiam até os céus e baixavam-se até o inferno”. Os ventos rugiam
ao nosso redor e (o que nunca ouvi antes) assobiavam, tão distintamente
como se fossem voz humana.

Passamos duas ou três horas, depois das orações, conversando


apropriadamente para a ocasião, confirmando uns aos outros na calma
submissão à sábia, santa e graciosa vontade de Deus. E agora a tempestade
não parecia tão terrível como antes. Abençoado seja o Deus de toda
consolação!6

Às sete horas, fui até os alemães. Há algum tempo, tenho observado a grande
seriedade do comportamento deles. A contínua prova de sua humildade ao
realizarem trabalhos servis em favor de outros passageiros, o que não
acontecia com qualquer um dos ingleses a bordo, pelos quais pediam e não
recebiam pagamento, dizendo que “Isso era bom para seus corações
orgulhosos”, e que “seu amoroso Salvador tinha feito muito mais por eles”. E
que todos os dias ele lhes dava a oportunidade de mostrar mansidão, o que
nenhuma injúria poderia mudar. Se eram empurrados, atingidos ou jogados
ao chão, eles se levantavam novamente e iam embora, mas nenhuma queixa
era encontrada em suas bocas. Houve, então, uma oportunidade de saber se
eles estavam libertos do espírito do medo, assim como do orgulho, raiva e
vingança.

Na metade do Salmo, por meio do qual o trabalho deles começou, uma onda
quebrou sobre o navio, fez a vela principal em pedaços, cobriu o navio e
esparramou-se entre os conveses como se a grande profundeza já os tivesse
tragado. Um terrível grito foi ouvido entre os ingleses. Os alemães, no
entanto, cantaram calmamente. Mais tarde perguntei a um deles: “Você não
estava com medo?”E ele respondeu: “Graças a Deus, não”. E eu perguntei:
“Mas as mulheres e crianças não estavam com medo?” E ele respondeu,
suavemente: “Não, nossas mulheres e crianças não estão com medo de
morrer!”

Logo em seguida, fui até seus vizinhos, que choravam e tremiam, e mostrei-
lhes a diferença, na hora da provação, entre aquele que teme a Deus e aquele
que não o teme. À meia-noite, o vento cessou. Este foi o mais glorioso dia
que eu vi até então.

30/01 – sexta-feira. Tivemos outra tempestade, que não nos causou nenhum
outro dano a não ser rachar o traquete.* Com nossas camas molhadas, eu me
deitei no chão e dormi profundamente até de manhã. Acredito que não
acharei mais necessário ir para a cama (como chamam aquilo).
1/02 – domingo. Falamos com o navio da Carolina; e quarta-feira, dia 4, entramos nos
estreitos. Por volta do meio
-dia, as árvores eram visíveis dos mastros e, à tarde, do convés principal. À
noite, a mensagem foi sobre estas palavras: “Uma grande e eficaz porta está
aberta”.7 Não permita que alguém a feche!

Finalmente Savannah

5/02 – quinta-feira. Entre duas e três horas da tarde, Deus nos levou a salvo
até o rio Savannah. Lançamos âncora perto da ilha Tybee, onde os pinheiros
correm ao longo da orla formando um panorama agradável, que mostra a
florescência da primavera no vigor do inverno.

6/02 – sexta-feira. Aproximadamente às oito da manhã colocamos os pés,


pela primeira vez, em solo americano: uma pequena ilha despovoada, do
outro lado do Tybee. O Sr. Oglethorpe conduziu-nos a uma pequena
elevação, onde nos ajoelhamos para darmos graças. Depois, ele pegou o
barco para Savannah. Quando o restante das pessoas veio à orla, chamamos
nosso pequeno rebanho para orar.
* Designa-se por traquete a vela que se encontra no mastro com o mesmo nome. É a vela de maior
dimensão do mastro de vante. MORAES SILVA, António de. (Diccionario da Lingua Portugueza).

Diversas partes da segunda mensagem,8 foram maravilhosamente


apropriadas para o momento, em especial os relatos sobre a coragem e
sofrimentos de João Batista; as orientações do Senhor aos primeiros
pregadores de seu Evangelho; suas dificuldade no mar; e livramento; com
essas confortáveis palavras: “Sou eu, não temam!”9

7/02 – sábado . O Sr. Oglethorpe retornou de Savannah com o Sr.


Spangenberg, um dos pastores dos alemães. Logo me certifiquei de que
espírito ele era, e lhe pedi conselhos com respeito à minha própria conduta.
Ele me disse:

“Meu irmão, primeiro, devo-lhe fazer uma ou duas perguntas: Você tem
testemunho de si mesmo? O Espírito de Deus testemunha com seu espírito
que você é filho de Deus?” Fiquei surpreso, e não soube o que responder. Ele
observou isto e perguntou: “Você conhece Jesus Cristo?” Pensei um pouco e
respondi: “Eu sei que ele é o Salvador do mundo!” “Verdade!”, ele retrucou.
“Mas você sabia que ele salvou você?” E eu respondi: “Eu espero que ele
tenha morrido para me salvar!” Ele apenas acrescentou: “Você conhece a si
mesmo?” “Eu conheço”, respondi. Mas temo que essas palavras foram vãs.

Encontro com os índios

13/02 – sexta-feira. Alguns índios mandaram um recado sobre sua intenção


de virem até nós. Em nosso curso, tivemos essas palavras: “Assim diz o
Senhor dos Exércitos. Ainda sucederá que virão povos e habitantes de muitas
cidades: E os habitantes de uma cidade irão para outra, dizendo: Vamos
rapidamente orar diante de Deus, e buscar o Senhor dos Exércitos: Eu
também irei. Sim, muitos povos e nações fortes buscarão o Senhor dos
Exércitos em Jerusalém, e orarão, diante do Senhor”.10

14/02 – sábado. Aproximadamente à uma hora da tarde, Tomo-Chachi; o


sobrinho dele, Thleeanouhee; sua esposa, Sinauky, com duas outras mulheres
e duas ou três crianças índias vieram a bordo. Tão logo entramos, todos eles
se levantaram e apertaram nossas mãos, e Tomo-Chachi11 falou:

“Eu me alegro que tenham vindo. Quando estive na Inglaterra, desejei que
alguém pudesse me falar da grande Palavra. Minha nação também desejava
ouvir, mas agora estamos todos confusos. Ainda assim, estou feliz que
tenham vindo. Eu falarei a todos os homens sábios de nossas nações e espero
que eles me ouçam. Mas não queremos ser feitos cristãos, como os espanhóis
fazem cristãos: queremos ser ensinados, antes de sermos batizados”.

Ao que respondi: “Há apenas um, aquele que está nos céus; o único capaz de
ensinar sabedoria aos homens. Embora tenhamos vindo de tão longe, não
sabemos se ele terá prazer em ensiná-los através de nós ou não. Se ele
ensinar, você aprenderá sabedoria, mas nós mesmos não podemos fazer
nada”.

E, então, nos retiramos.

15/02 – domingo. Outro grupo de índios se aproximou, todos altos, bem


afeiçoados, com uma notável delicadeza em seu discurso e gentileza em todo
seu comportamento. À tarde, eles voltaram para casa, a não ser três que
preferiram seguir com o Sr. Oglethorpe.

16/02 – segunda-feira. Sr. Oglethorpe partiu para o novo assentamento no rio


Alatamahaw, e levou consigo cinquenta homens além do Sr. Ingham, Sr.
Hemsdorf e os três índios.

19/02 – quinta-feira. Meu irmão e eu pegamos o barco e, ao passarmos por


Savannah, fizemos nossa primeira visita aos pobres pagãos na América. Mas
nem Tomo-Chachi, nem Sinauki, estavam em casa. De volta, esperamos pelo
Sr. Causton, o Magistrado principal de Savannah. De lá, seguimos com o Sr.
Spangenberg até os irmãos alemães. Às onze, retornamos para o bote, e
viemos para nossa embarcação, chegando por volta das quatro da manhã.

24/02 – terça-feira. Sr. Oglethorpe retornou. No dia seguinte, despedi-me da


maioria dos passageiros do navio, que pareciam sérios.12 Pode ser que nem
todas as sementes tenham caído em solo pedregoso.

À tarde, voltei para Savannah, de onde o Sr. Spangenberg, o Bispo


Nitschman e Andrew Dober seguiram conosco até a residência da Sra.
Musgrove, para escolher o local da pequena casa que o Sr. Oglethorpe
prometera construir para nós. Devido a problemas com nosso barco, fomos
obrigados a passar a noite por ali. Mas onde quer que estejamos é a mesma
coisa, se for pela vontade de nosso Pai que está no céu.

Em nosso retorno, no dia seguinte (Sr. Quincy, em cuja casa estivemos mais
tarde), o Sr. Delamotte e eu aceitamos ficar com os alemães. Tínhamos agora
a oportunidade de observarmos, no dia a dia, todo o seu comportamento, uma
vez que estávamos todos no mesmo quarto, de manhã até à noite, exceto pelo
pouco tempo que passávamos caminhando. Eles estavam sempre ocupados,
sempre contentes e bem humorados uns com os outros; toda raiva, disputa,
ira, amargura, queixa e maledicência eram deixados fora. Eles andavam de
modo digno da vocação para a qual foram chamados,13 e adornavam o
Evangelho de nosso Senhor em todas as coisas.

28/02 – sábado. Os alemães se reuniram para se consultar a respeito dos


assuntos da igreja; Sr. Spangenberg seguiria em breve para a Pensilvânia, e
Bispo Nitschman para a Alemanha. Depois de horas em conferência e oração,
eles passaram à eleição e ordenação de um Bispo. A grande simplicidade e
solenidade quase me fizeram esquecer o intervalo de mil e setecentos anos, e
imaginei-me em uma daquelas assembleias, onde a aparência e a posição não
existiam, mas Paulo, o fazedor de tenda, ou Pedro, o pescador, presidiam com
a demonstração do Espírito e poder.

29/02 – domingo. Ao saber que o Sr. Oglethorpe não voltaria mais para
Savannah, antes que ele fosse para Frederica fui obrigado a voltar para o
navio novamente (o Sr. Spangenberg seguiu-me até lá), onde recebi suas
ordens e instruções sobre diversos assuntos. Depois seguimos para as orações
públicas. Em seguida, fomos revigorados pelas diversas cartas da Inglaterra.
E eu não posso deixar de observar quão cuidadoso é nosso Senhor, no
retribuir o que quer que lhe entreguemos.

Quando deixei a Inglaterra, estava principalmente temeroso por duas coisas:


que eu nunca mais tivesse tantos amigos fiéis quanto os que deixei lá, e que a
chama do amor, acesa em seus corações, esfriasse e morresse.

Porém, quem conhece a misericórdia e poder de Deus? De dez amigos estou


separado por algum tempo, e ele me abriu uma porta em toda a Igreja. E
quanto às pessoas que deixei para trás, seu Espírito seguiu adiante,
ensinando-lhes a não confiarem em homens, mas “naquele que ressuscitou os
mortos e chama as coisas que não existem, como se existissem”.14

Por volta das quatro, depois de me despedir do Sr. Spangenberg, que na


manhã seguinte partiria para Pensilvânia, retornei para Savannah.

7/03 – domingo. Dei início ao meu ministério em Savannah, pregando a


Epístola para o dia.15 Na segunda mensagem,16 foi a predição de nosso
Senhor, quanto ao tratamento que ele mesmo (e, consequentemente, seus
seguidores) encontraria no mundo, e suas graciosas promessas àqueles que
estão satisfeitos em segui-lo: “Verdadeiramente, eu lhes digo: Não há homem
algum que tenha deixado sua casa, seus amigos, irmãos, mulher, ou filhos,
pelo reino de Deus, que não deva receber muito mais, em seu tempo, e vida
eterna, no mundo vindouro”.

Todavia, não obstante essas declarações de nosso Senhor — não obstante


minha própria e repetida experiência — não obstante a experiência de todo o
seguidor sincero de Cristo, com os quais frequentemente falei, li ou ouvi falar
a respeito; mais do que isto, não obstante a razão dar provas da demonstração
de que todo aquele que não ama a luz deve odiar aquele que continuamente
trabalha para derramá-la sobre eles, eu aqui testemunho contra mim mesmo
que, quando vi o número de pessoas aglomerando-se dentro da igreja, a
profunda atenção com que receberam a Palavra e a sinceridade estampada em
suas faces, mal pude refrear-me de desmentir a experiência, a razão e a
Escritura, todas juntas.

Eu dificilmente acreditaria que a maior parte deste povo atento e sério, dali
por diante, pisotearia esta palavra e falsamente diria todo tipo de mal a
respeito daquele que a falou.

Quem pode acreditar no que seus corações abominam? Jesus, Mestre, tenha
misericórdia de nós. Permita-nos amar tua cruz; então, poderemos crer “que
se sofremos contigo, também reinaremos contigo!”17

14/03 – domingo. Depois de anunciar meu desejo de ministrar a santa


comunhão todo domingo e feriado, de acordo com as regras de nossa Igreja,
eu a ministrei a dezoito pessoas. Quais dessas permanecerão até o fim?

15/03 – segunda-feira. Com o Sr. Quincy a caminho da Carolina, mudei-me


para a casa do ministro. Ela é grande o suficiente para uma família maior que
a nossa e tem muitas conveniências, além de um belo jardim. Eu não poderia
deixar de refletir sobre um bem conhecido epigrama: Quão breve será o
tempo, antes que o presente dono seja removido, talvez, para não mais ser
visto!

30/03 – terça-feira. O Sr. Ingham, vindo de Frederica, trouxe-me cartas,


pressionando-me a ir até lá. No dia seguinte, Sr. Delamotte e eu demos início
a um experimento: se a vida poderia ser sustentada por um tipo ou por
diferentes tipos de alimento. Escolhemos fazer a experiência com pão e nunca
nos sentimos mais vigorosos e sadios do que enquanto provávamos nada mais
que isto. “Abençoados os puros de coração”,18 os quais, quer comam ou
bebam, ou o que quer que façam, não tem outra finalidade além de agradarem
a Deus! Para eles, todas as coisas são puras. Toda criatura é boa e nada deve
ser rejeitado. Mas que aqueles que sabem e sentem que não são assim puros
usem de toda ajuda e removam todos os obstáculos, lembrando sempre que
“Aquele que despreza as pequenas coisas, cairá pouco a pouco”.19

4/04 – domingo. Por volta das quatro horas da tarde, parti para Frederica em
uma “pettiawga” — espécie de barcaça de fundo plano. Na noite seguinte,
ancoramos perto da ilha de Skidoway, onde a inundação tinha doze ou
quatorze pés de profundidade. Eu me envolvi da cabeça aos pés em um
capote largo, para evitar os mosquitos pólvora, e me deitei no tombadilho.20
Entre uma e duas horas, permaneci deitado na água, estando tão
profundamente adormecido que não percebi onde estava até minha boca
encher-se de água.

Depois, deixando meu capote, eu não sei como, me arrastei pelo tombadilho
até o outro lado da pettiawga, onde um barco estava amarrado. Subi por uma
corda sem qualquer transtorno a mais do que molhar minhas roupas!

Tu és o Deus de quem provém a salvação: Tu és o Senhor, por meio de quem


escapamos da morte.
17/04 – sábado. Partimos para Savannah e a alcançamos na terça-feira
à tarde. Abençoado
lugar, onde, tendo apenas uma finalidade em vista, dissimulação e fraude não
existem, mas cada um de nós derrama seu coração, sem medo, no seio de seu
irmão.
Sem encontrar, até o momento, qualquer porta aberta para irmos à busca de
nosso principal objetivo, consideramos de que maneira poderíamos ser mais
úteis ao pequeno rebanho em Savannah.

E concordamos...

(1) em aconselharmos os mais responsáveis entre eles a constituírem uma


espécie de pequena sociedade e a se encontrarem uma ou duas vezes por
semana, com o objetivo de reprovarem, instruírem e exortarem uns aos
outros; (2) em selecionarmos, dentre esses, um número menor, para uma
união mais reservada uns com os outros, o que seria incentivado parcialmente
pela nossa conversa com cada um e, parcialmente por convidar todos eles
para nossa casa, o que determinamos fazer todo domingo à tarde.

16/05 – domingo. Fomos surpreendidos com a chegada de meu irmão de


Frederica. Depois de alguma conversa, deliberamos a respeito de como o
pobre povo de lá seria atendido durante sua ausência: finalmente, Sr. Ingham
e eu acertamos nossos turnos para assisti-los; e o primeiro foi concedido a
mim.

Assim sendo, na terça-feira, dia 18, caminhei até Thunderbolt, de onde, na


tarde seguinte, tocamos em Skidoway ,e tive uma pequena, mas atenta,
congregação para juntar-se a nós na oração da tarde.

1/06 – quarta-feira. Depois de orarmos juntos, surpreendime ao me deparar


com uma das mais controversas questões da teologia: o amor desinteressado.
A qual foi resolvida de imediato por um pobre homem idoso, sem educação
ou leitura ou qualquer instrutor, a não ser o Espírito de Deus. Perguntei-lhe o
que ele pensava sobre o paraíso (para o qual ele disse que estava indo), e ele
respondeu: “Para falar com certeza, é um lugar lindo. Mas não me preocupo
com isto. Eu não me preocupo com o lugar onde estou. Que Deus me coloque
onde lhe agradar, ou faça comigo o que ele quiser, contudo, não deixo de
proclamar sua honra e glória”.

3/06 – quinta-feira (Ascensão). Tivemos a santa comunhão; mas apenas a


família do Sr. Hird juntou-se a nós nela. Uma razão porque não havia outras
famílias foram as poucas palavras inadvertidamente faladas por uma mulher
que deixou quase toda a cidade em chamas.
Ai de mim! Como uma cidade pode sustentar-se dividida contra si mesma?21
Onde não existe amor fraternal, brandura, paciência ou perdão de um para
com o outro, mas inveja, malícia, vingança, suspeita, ira, queixa, amargura,
maledicência sem fim!

10/06 – quinta-feira. Em Frederica iniciamos um trabalho, o qual havíamos


concordado realizar em Savannah anteriormente. Nosso objetivo era, aos
domingos à tarde, e todas as tardes depois do culto, passar algum tempo com
os mais sérios dos comungantes; cantando, lendo e conversando. Hoje,
tivemos apenas Mark Hird. Mas no domingo, o Sr. Hird e dois mais pediram
para serem admitidos. Depois do salmo e uma pequena conversa, li a
“Perfeição Cristã”, do Sr. Law, e concluí com outro salmo.

12/06 – sábado. Estive com uma pessoa muito desejosa de conversar comigo
[Sophia], mas não sobre religião, e eu falei com este propósito:

“Suponha que você irá para uma região onde todos falam Latim e não
entendam outra língua, nem gostariam de conversar com alguém que não a
entendesse. Suponha que alguém tenha sido enviado para estar aqui, por
pouco tempo, com o propósito de ensiná-la. Suponha que esta pessoa,
satisfeita com sua companhia, deseje passar seu tempo em brincadeiras com
você e nada ensiná-la do que veio fazer”.

“Isto seria certo? Sim, este é ainda nosso caso. Você vai para uma região
onde todos falam do amor de Deus. Os cidadãos do céu não entendem outra
linguagem. Eles não conversam com ninguém que não a entenda. De fato,
ninguém assim é admitido ali. Eu fui enviado por Deus para ensiná-la nisto.
Alguns poucos dias me foram concedidos para este propósito. Seria correto
de minha parte, porque me agradei de sua companhia, passar este curto
período de tempo brincando e nada ensiná-la do que vim fazer? Deus proíbe!
Eu, antes, não devo conversar com você. Dos dois extremos, este é o
melhor”.

19/06 – sábado. Sr. Oglethorpe retornou para o sul e deu ordens no domingo,
dia 10, para que ninguém profanasse o dia (como era usual antes) pescando
ou caçando. À tarde, resumi o que tinha visto ou ouvido em Frederica,
inconsistente no cristianismo, e, consequentemente, com a prosperidade do
lugar. O evento foi como deveria. Alguns dos ouvintes sentiram-se
beneficiados e os demais profundamente ofendidos.

22/06 – terça-feira. Observando muita frieza no comportamento do Sr. M.,


perguntei-lhe a razão disto, e ele me respondeu: “Eu não gosto de nada do
que você faz. Todos os seus sermões são sátiras sobre pessoas particulares.
Então, nunca mais irei ouvi-lo; e todos pensam como eu; porque não seremos
nós mesmos ridicularizados”. “Além disso, eles dizem que são protestantes.
Mas assim como você, eles não podem dizer de que religião você é. Eles
nunca ouviram de tal religião antes. Eles não sabem o que fazer com ela. E,
quanto ao seu comportamento especificamente, todas as discussões que
temos tido aqui, desde que você chegou, tem sido por sua causa. Realmente,
não há homem algum, nem mulher, nesta cidade que preste atenção a uma
palavra do que você diz. Então, você pode pregar bastante tempo, mas
ninguém virá para ouvi-lo”.

Ele estava muito nervoso para ouvir uma resposta. Então, não tive o que fazer
a não ser agradecer por sua franqueza e ir embora.

Já para deixar Frederica, à tarde, prestei mais atenção a essas palavras na


mensagem para o dia: “A quem eu compararei os homens desta geração? Eles
são como crianças, sentadas nas praças e dizendo: Tocamos flauta para vocês
e vocês não dançaram; lamentamos e não choraram. Porque João Batista não
comia pão, nem bebia vinho; e vocês dizem que ele era um demônio. Veio o
Filho do homem, comendo e bebendo; e vocês dizem: Cuidado com o
comilão, e o bebedor de vinho, um amigo dos publicanos e pecadores!” (Lc
7.31-34).

27/06 – domingo. Por volta de vinte pessoas juntaram-se a nós na oração


matinal. Uma ou duas horas depois, um grande grupo de índios Creek
chegou; o que nos privou de nosso lugar público de oração, posto que ali eles
deveriam ter sua audiência.

30/06 – quarta-feira. Eu esperava que a porta estivesse aberta para seguir


imediatamente até os Choctaws,22 a menos polida, ou a menos corrompida
de todas as nações indígenas. Mas, ao informar o Sr. Oglethorpe do meu
desejo, ele objetou, não apenas pelo perigo de eu ser interceptado ou morto
pelos franceses que ali estavam, mas muito mais pela inconveniência de
deixar Savannah destituída de ministro. Eu relatei essas objeções aos meus
irmãos, à tarde, e eles foram da mesma opinião: “Não podemos ir até lá
ainda!”

1/07 – quinta-feira. Os índios tiveram uma audiência, e outra, no sábado,


quando Chicali, seu chefe, jantou com o Sr. Oglethorpe. Depois do jantar,
perguntei ao velho homem de cabelos cinza se ele sabia para o que fora
criado. Ele disse:

“Aquele que está acima sabe para o que nos fez. Nós não sabemos nada. Nós
estamos na escuridão. Mas o homem branco sabe muito. E, ainda assim, o
homem branco constrói grandes casas como se fosse viver para sempre. Mas
o homem branco não pode viver para sempre. Em pouco tempo, o homem
branco se tornará pó, tanto quanto eu”.

E eu lhe disse: “Se o homem vermelho aprender do livro bom, ele poderá
saber tanto quanto o homem branco. Mas nem eu, nem você, podemos
entender esse livro, a menos que sejamos ensinados por aquele que está nas
alturas: e ele não ensinará até que você descarte o que já sabe que não é
bom”.

E ele respondeu: “Eu acredito nisso. Ele não irá nos ensinar enquanto nossos
corações não forem bons. E nossos homens fazem o que eles sabem que não é
bom. Eles matam seus próprios filhos. E nossas mulheres fazem o que elas
sabem que não é bom: elas matam a criança antes de nascer. Além disso,
aquele que está nas alturas não nos enviou o livro bom”.

20/06 – quarta-feira. Cinco dos índios Choctaws (vinte dos quais estiveram
em Savannah por diversos dias) vieram nos ver, com o Sr. Andrew, seu
intérprete. Todos eles eram guerreiros, quatro deles, líderes. Os dois chefes
eram Paustoobee e Mingo Mattaw.

Charles Wesley retorna à Inglaterra

26/06 – segunda-feira. Meu irmão e eu partimos para Charleston, com o


objetivo de seu embarque para a Inglaterra, mas com o vento contrário, não
alcançamos Port-Royal, quarenta milhas de Savannah, até na quarta-feira à
tarde. Na manhã seguinte, deixamos o porto. Mas o vento estava tão alto pela
tarde, quando cruzamos o pescoço do estreito de St. Helen, que nosso
marinheiro mais velho gritou: “Agora é cada um por si”. E eu respondi:
“Deus cuidará de todos nós!”

Quase ao mesmo tempo em que essas palavras eram faladas, o mastro caiu.
Eu me segurei na extremidade do barco, para me certificar de quando ele
afundasse (o que esperávamos que acontecesse a qualquer momento), embora
com uma pequena perspectiva de nadar até a praia, tanto contra o vento como
contra o mar.

Porém, “como será se tu não tens nenhuma fé?”

No momento em que o mastro caiu, dois homens o pegaram e o puseram


dentro do barco, os outros três remaram com toda força e “Deus deu ordem
ao vento e aos mares”; então, em uma hora estávamos a salvo em terra.

1/08 – segunda-feira. Parti para o assentamento de Lieutenant-Governor,


cerca de trinta milhas de Charlestown, para entregar as cartas do Sr.
Oglethorpe. Ele se estende muito prazerosamente sobre uma pequena colina,
com um vale de cada lado. Em um deles existe uma densa floresta, no outro,
uma plantação de arroz e milho indígena. Eu pretendia voltar para a casa do
Sr. Skeene, que tinha cerca de cinquenta cristãos negros, mas, meu cavalo
cansado, fui obrigado a retornar imediatamente para Charlestown.

Enviei o barco em que viemos de volta para Savannah, esperando uma


passagem para seguir no barco do Coronel Bull. Ele não viria tão cedo, e
então fui para Ashley-Ferry, na quinta-feira, com a intenção de seguir para
Port Royal, mas o Sr. Belinger não só me providenciou um cavalo, como
cavalgou ao meu lado, por dez milhas, e enviou seu filho comigo, até
Cumbee-Ferry, por mais vinte milhas de onde, tendo alugado cavalos e um
guia, me dirigi para Beaufort (ou Port-Royal), na tarde seguinte.

Pegamos o barco de manhã, mas, com o vento contrário e muito alto, não
alcançamos Savannah até a tarde de domingo.

Certificando-me de que o Sr. Oglethorpe tinha saído, fiquei apenas um dia


em Savannah, deixando Sr. Ingham e o Sr. Delamotte por lá, e parti, na terça-
feira pela manhã, para Frederica. No caminho para Thunderbolt, tomei uma
chuva tão pesada que todas as minhas roupas ficaram molhadas como se eu
tivesse atravessado o rio. Nessas ocasiões, eu não posso deixar de observar
aquele erro vulgar concernente aos danos causados pelas chuvas e orvalhos
na América. Fiquei completamente molhado por essas chuvas mais de uma
vez, contudo sem qualquer problema. Deitei-me muitas noites a céu aberto,
recebendo todo o orvalho que caía, de modo que, acredito, qualquer um
poderia fazer o mesmo, se sua constituição não fosse prejudicada por uma
branda e distinta educação.

Em Thunderbolt, pegamos um barco; e, na sexta-feira, 13 de agosto,


chegamos a Frederica, onde entreguei as cartas de Carolina ao Sr.
Oglethorpe.

No dia seguinte, ele partiu para o Forte St. George. Desde então, tive cada
vez menos perspectiva de fazer o bem por ali. Muitos eram extremamente
zelosos e infatigavelmente diligentes para impedirem isso, e poucos dos
demais se atreviam a mostrar outro pensamento por temerem desagradá-los.

28/08 – sábado. Separei alguns poucos livros (do pouco que tínhamos) para a
biblioteca em Frederica. À tarde, caminhei para o Forte do outro lado da Ilha.
Por volta das cinco, voltamos para casa; mas, meu guia, não muito perfeito
no caminho, fez com que logo nos perdêssemos, em meio à floresta. No
entanto, continuamos andando, tanto uanto pudemos, até perto das nove ou
dez horas, quando, terrivelmente cansados e totalmente molhados pelo
orvalho, nos deitamos e dormimos até de manhã.

Ao romper da aurora, no domingo, 29, partimos novamente, nos esforçando


para seguir adiante, e logo depois do amanhecer, nos deparamos com a
Grande Savannah, próxima a Frederica. E esta boa providência também me
livrou de outro medo — o de dormir na floresta; o que a experiência me
mostrou seria, para alguém com tolerável saúde, uma mera questão de
paciência.

2/09 – quinta-feira. Parti em uma chalupa23 e, por volta das dez horas do
domingo de manhã, fui para Skidoway, a qual eu deixei (depois de ler as
orações e pregar para uma pequena congregação) e fui para Savannah à tarde.

13/09 – segunda-feira. Comecei a ler com o Sr. Delamotte a “Compilação


dos Concílios Canônicos”* do Bispo Beveridge. Nada nos teria convencido
mais de que os Concílios podem errar, e tem errado, e que as coisas
ordenadas por eles como necessárias para a salvação não têm força nem
autoridade, exceto se tiradas da Santa Escritura.

20/09 – segunda-feira. Terminamos (o que eu também devo confessar, levei


muito mais em consideração do que deveria) os “Cânones Apostólicos”.
Assim chamados, como o Bispo Beveridge observa, “porque são
parcialmente fundamentados e parcialmente concordam com as tradições
entregues pelos Apóstolos”. Mas ele observa mais (na página 159 de seu
Codex Canonum Ecclesiae Primitive;24 e por que não na primeira página do
livro?): “Eles contém a disciplina usada na Igreja na época em que foram
concluídos, não quando o Concílio de Niceia se reuniu; porque, então, muitas
de suas partes eram inúteis e obsoletas”.

12/10 – terça-feira. Consideramos se alguma coisa ainda podia ser feita pelo
pobre povo de Frederica, e me submeti ao julgamento de meus amigos: que
foi o de que eu deveria fazer outra viagem até lá, com o Sr. Ingham
incumbindo-se de ocupar meu lugar em Savannah. Eu cheguei no sábado, 16,
e encontrei algumas poucas coisas melhores do que esperava. As orações
matutinas e vespertinas, que ainda foram lidas durante algum tempo depois
de minha partida, há muito haviam cessado e, desde então, todas as coisas
pioraram e muitos não mantiveram mais da forma do que do poder da
santidade.

A princípio, senti-me um pouco desencorajado, mas logo me lembrei da


palavra que não pode falhar: “Maior é aquele que está em você do que aquele
que está no mundo”.25 Então, clamei a Deus, para “erguer e manter sua
própria causa”, e, tão logo as orações vespertinas terminaram, convidei
alguns poucos para minha casa; o que fiz todas as noites enquanto estive por
lá. Eu lia para eles algumas exortações de Efraim Syrus: o mais consciente
escritor, creio eu, de todos os primitivos. Concluíamos nossa leitura e
conversa com um salmo; e creio que nosso Deus nos abençoou.

18/10 – segunda-feira.
Certificando-me de que havia diversos alemães em Frederica, que não
entendiam a língua
* Pandectae Canonum Conciliorum
inglesa e não podiam juntar-se na oração pública, pedi que eles se
encontrassem comigo em minha casa; o que eles fizeram todos os dias, ao
meio-dia, desde então. Primeiro, cantávamos um hino em alemão, então
líamos um capítulo no Novo Testamento; em seguida, eu o explicava tanto
quanto podia. Depois, outro hino, e concluíamos com uma oração.

23/11 – quarta-feira. O Sr. Oglethorpe embarcou para a Inglaterra, deixando


o Sr. Ingham, Sr. Delamotte e eu em Savannah, mas com menos perspectiva
de pregar para os índios do que tínhamos no primeiro dia em que colocamos
os pés na América. Sempre que eu mencionava isto, imediatamente se
retrucava:

“Você não pode deixar Savannah sem um ministro!” A isto, minha resposta
era clara: “Eu desconheço que esteja debaixo de qualquer obrigação, ao
contrário. Eu nunca prometi ficar aqui um mês. E declarei isso a ambos,
abertamente, antes e desde sempre que, na minha vinda para cá, eu não iria,
nem poderia me encarregar dos ingleses por muito tempo, até que eu pudesse
ir ter com os índios”.

Se diziam: “Mas os Curadores da Geórgia não o designaram para ser ministro


de Savannah?”. Eu retrucava: “Eles o fizeram, mas não foi por minha
solicitação! Isto aconteceu sem meu desejo e conhecimento! Então, não posso
conceber este compromisso de me colocar debaixo de qualquer obrigação de
continuar por mais tempo, até que a porta seja aberta aos pagãos; e, isso, eu
declarei expressamente, quando consenti em aceitar aquele compromisso”.
Contudo, embora não tivesse nenhuma outra obrigação para não deixar
Savannah agora, a não ser do amor, eu nunca poderia criar obstáculo a isso;
eu não resistiria ao pedido insistente dos meus mais sérios paroquianos para
“vigiar por suas almas um pouco mais”, até que alguém viesse e ocupasse
meu lugar.

E isto eu fiz de boa vontade, porque o tempo de pregar o Evangelho da paz


aos pagãos não havia chegado; todas as suas nações estão fermentando; e
Paustoobee e Mingo Mattaw disseram-me em minha própria casa: “Agora,
nossos inimigos estão sobre nós e não podemos fazer nada, a não ser lutar,
mas quando nos for permitido estar em paz, então ouviremos a grande
palavra!”
22/12 – quarta-feira. Sr. Delamotte e eu, juntamente com um guia,
caminhamos até Cowpen. Depois de duas horas, ele nos informou que não
sabia onde nos encontrávamos. No entanto, acreditando que não estaríamos
muito longe, pensamos que seria melhor seguir adiante. Em uma ou duas
horas, chegamos a um pântano de cipreste que atravessava diretamente nosso
caminho. Não havia tempo para caminhar de volta a Savannah antes do
anoitecer e, assim, caminhamos por ele, com a água na altura de nosso peito.
Quando já havíamos percorrido uma milha, estávamos fora da trilha e já
estava anoitecendo, nos sentamos com a intenção de fazer fogo e
permanecermos até o amanhecer, mas, constatando que nosso isqueiro26
estava molhado, ficamos num impasse. Eu aconselhei que caminhássemos
adiante, porém meus companheiros, exaustos e fracos, escolheram descansar,
o que fizemos concordemente às seis horas. O chão estava tão molhado
quanto nossas roupas que, devido à geada cortante, ficaram logo congeladas.
Entretanto eu dormi até às seis da manhã. Durante a noite, o orvalho caiu tão
branco quanto a neve e nos cobriu totalmente. Uma hora depois do
amanhecer, chegamos a uma plantação e, à tarde, sem qualquer ferimento, a
Savannah.

28/12 – terça-feira. Seguimos para Frederica com um guia melhor. Na


quarta-feira à tarde, chegamos ao Forte Argyle, nas costas do rio Ogeechy.
Na tarde seguinte, atravessamos o rio Cooanoochy em uma pequena canoa.
Nossos cavalos nadaram ao lado dela. Fizemos fogo na margem e, abrigando-
nos da chuva, dormimos tranquilamente até de manhã.
Dificuldades na Geórgia1737
31/01 Nossas provisões diminuíram, nossa viagem tornou-se mais longa do
que esperávamos, mas com pouca carne de urso assada (carne seca ao sol), a
cozinhamos e a consideramos alimento saudável. No dia seguinte,
alcançamos Darién, o assentamento dos montanheses escoceses, um povo
sóbrio, laborioso, amigável, hospitaleiro; cujo ministro, Sr. McLeod, é um
homem sério e, eu espero, piedoso.

Na segunda-feira, à tarde, deixamos Darién e, na quarta-feira, dia 5,


chegamos em Frederica. A maioria aqui, como esperávamos, era fria e
insensível. Não encontramos um que guardasse seu primeiro amor.

Oh! Envia tua luz e tua verdade, para que elas possam guiá-los! Não permita
que eles sigam suas próprias imaginações!

Depois de ter dado socos no ar neste lugar infeliz durante vinte dias, em 26
de janeiro, fiz minha despedida final de Frederica. Não foi por alguma
apreensão acerca do meu próprio perigo, embora minha vida tenha sido
ameaçada muitas vezes, mas pelo desespero absoluto de fazer o bem, o que
me fez lamentar com o pensamento de não mais vê-la.

Em minha volta para casa, procurei o famoso livro (As Obras de Nicholas
Maquiavel), e me propus a ler e considerá-las cuidadosamente. Eu começo
com um preconceito a seu favor, ao ser informado de que ele tem sido
frequentemente mal compreendido e grandemente distorcido. Ponderei os
sentimentos que eram menos comuns, transcrevi as passagens onde foram
inseridos, comparando uma passagem com outra, e me esforcei para formar
um julgamento razoável e imparcial. Conclui que se todas as outras doutrinas
que o diabo tem se comprometido a escrever, desde que as letras estão no
mundo, fossem reunidas em um só volume, elas não atingiriam este objetivo;
e se pudesse um Príncipe ser formado por meio deste livro, que recomenda
tão calmamente a hipocrisia, a infidelidade, a mentira e o assassinato de todos
os tipos, Domiciano ou Nero seriam anjos de luz, comparados a este homem.
31/01 – segunda-feira. Chegamos em Savannah. Na terça-feira,
1º de fevereiro, festa de
aniversário do primeiro comboio a desembarcar na Geórgia, tivemos um
sermão e santa comunhão. Na quinta-feira, 24, concordamos que o Sr.
Ingham fosse para a Inglaterra e se empenhasse em trazer alguns de nossos
amigos, se fosse do agrado de Deus, para fortalecerem nossas mãos na obra.

No dia 26, ele deixou Savannah. Por intermédio do Sr. Ingham, eu escrevi
aos associados do Dr. Bray que enviassem uma livraria paroquial a Savannah.
Espera-se que os ministros que a receberem enviem um relato a seus
benfeitores sobre o método que usamos para catequizar as crianças e instruir
ao jovem em nossas respectivas paróquias. Esta parte da carta foi como
segue:

“Nosso método geral é este: um jovem que veio comigo ensina entre trinta e
quarenta crianças a ler, escrever e calcular. Antes da aula, durante a manhã, e
depois da aula, à tarde, ele catequiza a classe dos menores e se esforça para
fixar alguma coisa do que foi dito no entendimento e memórias deles. À
tarde, ele instrui as crianças maiores. No sábado, à tarde, eu catequizo todos
eles juntos. O mesmo faço no domingo de manhã, antes do culto vespertino.
E na igreja, imediatamente depois da segunda mensagem, eu seleciono um
pequeno número deles para repetir e ser examinado em algumas partes dela,
empenhando-me para explicá-la e reforçá-la mais amplamente, tanto para eles
quanto para a congregação”.

“Algum tempo depois do culto matutino, a pedido de meus paroquianos, nos


reunimos em minha casa (como eles também têm feito às quartas-feiras, à
tarde) e passamos cerca de uma hora em oração, canto, e exortação mútua.
Um pequeno número (principalmente dos que desejam receber a comunhão
no dia seguinte) se reúne aqui, no sábado de manhã, e alguns desses vêm até
mim nas outras tardes e passam meia hora na mesma ocupação”.

4/03 – sexta-feira. Escrevi aos Curadores da Geórgia um relato de nossas


despesas no ano, de 1o de Março de 1736 a 1o de Março de 1737, que,
deduzindo despesas extraordinárias como: reparar a residência do pastor e
viagens para Frederica, somaram, para o Sr. Delamotte e eu, 44 libras, 4
shillings e 4d.27

Das orientações que recebi de Deus nestes dias, no tocante a um assunto da


maior importância, eu não pude deixar de observar, como fiz muitas vezes
antes, o completo equívoco daqueles que afirmam que “Deus não responderá
nossas orações, exceto se nosso coração resignar-se totalmente à sua
vontade”. Meu coração não está totalmente resignado à sua vontade.
Portanto, não me atrevendo a depender de meu próprio julgamento, clamei o
mais sinceramente a ele para suprir o que estava faltando em mim. Sei e estou
seguro de que ele ouviu minha voz, enviando sua luz e sua verdade.

4/04 – segunda-feira. Comecei a aprender espanhol para poder conversar


com meus paroquianos judeus,28 alguns dos quais parecem mais próximos
do pensamento de Cristo do que muitos desses que o chamam de Senhor.

12/04 – terça-feira. Determinado, se possível, a dar um basta aos


procedimentos de uma pessoa na Carolina, que casou muitos dos meus
paroquianos sem o anúncio de casamento nem a licença – o que ele tem feito
até então – parti em uma chalupa para Charleston. Cheguei na quinta-feira e
relatei o caso ao Sr. Garden, Bispo do comissário de Londres, que me
assegurou que cuidaria para que tais irregularidades não ocorressem mais no
futuro.

17/04 – domingo. O Sr. Garden (a quem eu devo reconhecer que estou em


débito pelos muitos ofícios gentis e generosos) pediu-me para pregar, e eu o
fiz sobre a Epístola para o dia: “Quem quer que seja nascido de Deus, vence
o mundo”.29 Devido ao claro relato da condição cristã que essas palavras
naturalmente conduziram-me a dar, um homem de educação e caráter objetou
seriamente (o que é, de fato, uma grande verdade): “Porque, se isto for
cristianismo, um cristão deverá ter mais coragem que Alexandre, o Grande”.

19/04 – terça-feira. Deixamos Charlestown, mas nos deparando com


tempestade e ventos contrários, depois de perdermos nossa âncora e nos
debatermos no mar a noite toda, na quinta-feira, dia 21, com alguma
dificuldade, voltamos para o ancoradouro de Charleston.

22/04 – sexta-feira. Chegando a ocasião da inspeção anual, tive o prazer de


me encontrar com o Clérigo da Carolina do Sul; e à tarde, conversamos por
longas horas sobre “Cristo nossa Justiça”, como eu nunca tinha ouvido em
alguma visita na Inglaterra ou dificilmente em qualquer outra ocasião.
30/04 – sábado. Vim para Savannah e encontrei meu pequeno rebanho em
um estado um pouco melhor do que esperava: Deus tem se agradado
grandemente em abençoar os esforços de meus colaboradores enquanto estive
ausente.

18/05 – quarta-feira. Descobri o primeiro convertido ao deísmo que, eu


acredito, foi feito aqui. Trata-se de uma pessoa que, por algum tempo, tem
sido tão zelosa e exemplarmente religiosa. Mas, iludindo-se em companhia
inocente, ele primeiro sucumbiu de seu zelo, e, então, de sua fé. Desde então,
encontrei vários outros que foram afetados. Eles têm, até agora, mantido sua
causa, mas eu duvido que os apóstolos do diabo, que são tão diligentes,
permitam que eles fiquem entre duas opiniões por muito tempo.

25/05 – quarta-feira. Fui visitado por alguém que foi da Igreja de Roma por
vários anos; mas agora estava profundamente convencido (como vários
outros) pelo que eu ocasionalmente tenho pregado sobre os graves erros em
que aquela Igreja se encontra, e o grande perigo de continuar como membro
dela.

Nesta oportunidade, não poderia deixar de refletir sobre os muitos avisos que
recebi para me precaver quanto ao crescimento do papismo; mas nenhum,
que eu me lembre, para me precaver quanto ao crescimento da infidelidade.
Fiquei completamente surpreso quando considerei:

1. Que em todos os lugares onde já estive, o número de convertidos ao


papismo não tem a mesma proporção que o número de convertidos à
infidelidade.

2. Que por pior que seja a religião do papismo, não ter religião é ainda pior;
um batizado infiel em uma prova é sempre duas vezes pior até mesmo do que
um papista idólatra.

3. Por mais perigosa que seja a situação em que o papista se encontra, com
respeito à eternidade, o deísta está em um estado pior. Se ele não for (sem
arrependimento) um indubitável herdeiro da condenação.

E, finalmente, que tão difícil quanto seja recuperar um papista, é ainda mais
difícil recuperar um infiel. Eu mesmo conheci muitos papistas, mas nunca um
deísta reconvertido.

29/05 – (Domingo de Pentecostes) . Quatro de nossos alunos, tendo sido


instruídos diariamente, durante várias semanas, foram, devido ao sincero e
repetido desejo deles, admitidos à mesa do Senhor. Eu creio que o zelo deles
tem encorajado muitos a se lembrarem de seu Criador nos dias de sua
juventude e remirem o tempo, mesmo em meio a uma geração pecaminosa e
adúltera.

25/06 – sábado. Sr. Causton, lojista e magistrado chefe de Savannah, foi


atacado por uma febre. Eu o atendi todos os dias (como fazia com qualquer
de meus paroquianos que estivesse em alguma enfermidade dolorosa e
perigosa) e fiquei bem esperançoso, pela gratidão que ele demonstrou, de que
meu trabalho não foi em vão.

3/07 – domingo. Imediatamente depois da Santa Comunhão, mencionei para


a Sra. Williamson (sobrinha do Sr. Causton), algumas coisas que considerei
reprovável em seu comportamento. Diante disto, ela pareceu extremamente
furiosa; dizendo que não esperava tal procedimento de minha parte e, no
acesso à rua, em nosso retorno para casa, ela partiu abruptamente.

No dia seguinte, a Sra. Causton esforçou-se para desculpá-la, dizendo que


estava grandemente aflita pelo que se passou no dia anterior, e pediu-me que
dissesse a ela, por escrito, o que eu não gostava; o que fiz, portanto, no dia
que se seguiu.

Porém, primeiro, enviei ao Sr. Causton a seguinte nota:


“Caro Senhor”,

“Até o momento, você tem se mostrado meu amigo. Eu sempre reconheci e


reconhecerei isso. É meu desejo sincero, que aquele que até agora tem me
dado essas bênçãos continue dando. Mas isso não poderá acontecer, a menos
que o senhor me permita um pedido, que não é tão fácil quanto parece. Não
me condene por fazer, no exercício do meu trabalho, o que penso ser meu
dever”.

“Se você me permitir isto, mesmo quando eu ajo sem consideração às


pessoas, estou certo de que não haverá, pelo menos não por muito tempo,
qualquer mal entendido entre nós. Porque mesmo aqueles que buscam isto
não encontrarão, eu creio, motivo contra mim, ‘exceto se for concernente à
lei de meu Deus’”.

Eu sou J. Wesley
5 de Julho, 1737

6/07 – quarta-feira. O Sr. Causton veio até minha casa com o magistrado
principal, Sr. Parker, e o escrivão, e cordialmente perguntou-me: “Como você
pôde pensar que eu possivelmente fosse condená-lo por exercer alguma parte
de seu ofício?” Eu fui breve: “Senhor, o que eu poderia pensar, se é parte do
meu ofício repelir alguém de sua família da Santa Comunhão?” E ele
retrucou: “Se você repelisse a mim, ou à minha esposa, eu poderia requerer
uma razão legal. Mas não devo me preocupar com algum deles. Deixarei que
tomem conta de si mesmos”.

9/07 – sábado. Encontramo-nos com um francês de Nova Orleans, à margem


do Mississipi, que viveu muitos meses em meio aos chickasaws.30 Ele nos
deu um relato completo e específico de muitas coisas que tinham sido
diferentemente relatadas. E, por esta razão, não pude deixar de observar qual
é a religião da natureza, assim chamada; ou aquela que flui da razão natural,
sem o auxílio da Revelação. E mesmo naqueles que têm conhecimento de
muitas verdades; e que convivem com seus amados, dia e noite. Mas tão
claramente aparece, pelos frutos, “que os deuses desses pagãos não deixam
de ser demônios”.31

23/07 – sábado. Refletindo sobre o estado em que me encontrava agora, não


pude deixar de observar em uma carta a um amigo: “Como conseguir ser
crucificado com Cristo, eu não sei, encontrando-me em uma condição em que
não desejo nem espero na América comodidade, honra e abundância.

27/07 – quarta-feira. Regozijei-me em me encontrar, uma vez mais, com


aquele bom soldado de Cristo, August Spangenberg, com quem, na segunda-
feira, 1º de agosto, iniciei minha longa e pretendida jornada a Ebenézer. No
caminho, disse-lhe que a calma que há muito desfrutávamos estava agora
chegando ao fim, que eu esperava que ele brevemente pudesse ver que não
faço (como alguns têm dito a ele) acepção de pessoas, mas estou determinado
(Deus sendo meu ajudador) a comportar-me indiferentemente para com
todos, ricos ou pobres, amigos ou inimigos. Então, perguntei a respeito de seu
conselho quanto à dificuldade que havia citado, e resolvi, pela graça de Deus,
segui-lo.

À tarde, chegamos a New-Ebenézer, onde os pobres Saltzburgher estão


estabelecidos. A diligência destas pessoas é completamente surpreendente.
As sessenta cabanas são asseadas e regularmente construídas, e todo pequeno
pedaço de chão entre elas é cultivado para o melhor proveito. De um lado da
cidade está um campo de milho indígena, do outro, as plantações de diversas
pessoas particulares; todos simultaneamente. Alguém dificilmente pensaria
que era possível para um punhado de gente ter feito aquilo em um ano.

Mandato de prisão
3/08 – quarta-feira. Retornamos para Savannah. No domingo,
dia 7, eu repeli a Sra.
Williamson da Santa Comunhão. E, na segunda, dia 08, o escrivão de
Savannah emitiu um mandato de prisão como segue:

“Geórgia, Savannah”.
“Para todos os Agentes de Polícia, Cobradores e outros. A quem possa
interessar”:

“VOCÊ, e cada um de vocês são, pelo presente, requeridos a prender John


Wesley e trazê-lo diante de um dos xerifes adjuntos da dita cidade, para
responder pela queixa de William Williamson e Sofia, sua esposa, por
difamar a dita Sofia e recusar-se a ministrar-lhe o Sacramento da Ceia do
Senhor numa Congregação pública, sem motivo; pelo que o dito William
Williamson teve um prejuízo de mil libras esterlinas; e, por assim dizer, este
é seu mandato de prisão, certificando o que vocês terão que fazer nas
premissas”.

“Sob os meus cuidados, selado em 8 de Agosto, AD 1737”.


THO. CHRISTIE

9/08 – terça-feira. Sr. Jones, agente de polícia, cumpriu o mandato e levou-


me diante do magistrado Parker e do escrivão. Minha resposta foi a de que
dar ou recusar a Ceia do Senhor é assunto puramente eclesiástico e eu não
poderia reconhecer seu poder de me interrogar sobre isso. Ao que o Sr.
Parker respondeu: “De qualquer forma, você deve comparecer na próxima
Corte, em Savannah”. O Sr. Williamson, que permanecia de pé, disse:
“Senhores, eu desejo que o Sr. Wesley dê garantias de seu comparecimento”.
Mas o Sr. Parker imediatamente replicou: “Senhor, a palavra do Sr. Wesley é
suficiente”.

10/08 – quarta-feira. Sr. Causton (por uma justa consideração, como sua
carta expressa isto, à amizade que subsistiu entre nós até esta questão)
requereu que eu desse as razões, no Palácio da Justiça, acerca do porquê
repeli a Sra. Williamson da santa comunhão. Eu respondi: “Eu compreendo
que muitas consequências prejudiciais podem suscitar por ter feito isto. Que a
causa seja colocada diante dos Curadores”.

11/08 – quinta-feira. O Sr. Causton veio até minha casa e, entre muitas
outras palavras afiadas, disse: “Dê um fim a esse assunto! Faça o melhor que
puder. Minha sobrinha não pode ser usada assim! Eu puxei a espada e não
irei embainhá-la até que esteja satisfeito”. Em seguida, acrescentou: “Dê-me
uma razão para tê-la repelido durante a Congregação”. Ao que respondi:
“Senhor, se insistir nisso, irei e então o senhor poderá ter o prazer de dizer a
ela”. “Escreva para ela e diga-lhe você mesmo”, ele retrucou. “Eu o farei”. E,
antes que ele saísse, escrevi o que segue:

“Sra. Sofia Williamson”:

“Por solicitação do Sr. Causton, escrevo-lhe uma vez mais. As regras por
meio das quais eu procedi são essas: tantos quantos pretendam tomar parte na
Santa Comunhão deverão declarar seus nomes ao coadjutor, pelo menos
alguns dias antes. O que você não fez. E, se qualquer um desses fez alguma
coisa errada ao seu próximo, por palavra ou ação, de maneira que a
Congregação, por esse motivo, sentiu-se ofendida, o coadjutor deverá
adverti-lo, para que seja como for não venha à mesa do Senhor até que tenha
se declarado aberta e verdadeiramente arrependido. Se você se oferecer à
mesa do Senhor no domingo, eu irei adverti-la (o que fiz mais de uma vez)
naquilo que você errou. E, quando você tiver se declarado aberta
verdadeiramente arrependida, ministrarei a você os mistérios de Deus”.

J. Wesley
11 de Agosto de 1737
O Sr. Delamotte entregou a carta. O Sr. Causton disse, entre muitas outras
conversas acaloradas: “Eu sou a pessoa ofendida. A afronta é oferecida a
mim e eu abraçarei a causa da minha sobrinha. Eu fui maltratado e quero uma
satisfação, se isto for possível no mundo”.

De que maneira essa satisfação deveria ser feita eu ainda não compreendi
mas, na sexta e sábado, ela começou a aparecer: O Sr. Causton declarou para
muitas pessoas que “O Sr. Wesley repeliu Sofia da santa comunhão
puramente por desforra, porque ele propôs casamento a ela e ela o rejeitou,
casando-se com o Sr. Williamson”.

Eu não pude deixar de observar a graciosa providência de Deus, no decurso


das mensagens toda esta semana. No domingo, à tarde Deus nos falou nessas
palavras: “Lembrem-se dos dias passados, quando vocês suportaram uma
quantia maior de aflições: parcialmente, enquanto vocês se tornavam
companheiros daqueles que foram assim tão usados. Não joguem fora,
portanto, a confiança de vocês, que tem grande recompensa; porque vocês
necessitam de paciência para que, depois de terem feito a vontade de Deus,
possam receber a promessa”.32

Na terça-feira, a mensagem matutina foi a décima primeira sobre Hebreus;


cuja leitura me encorajou, de modo mais específico, pelo exemplo daquele
que “escolheu antes sofrer aflição, com o povo de Deus, do que desfrutar dos
prazeres do pecado por algum tempo: Considerando a reprovação de Cristo
riqueza maior do que os tesouros do Egito”.33 Na quarta-feira, a mensagem
começou com essas palavras: “Portanto, constatando que estamos cercados
com tão grande nuvem de testemunhas, deixemos de lado a opressão, e
corramos, com paciência, a corrida que está colocada diante de nós: olhando
para Jesus, o autor e consumador de nossa fé; que, pela alegria colocada
diante dele, suportou a cruz, desdenhando a humilhação e está sentado à
direita do trono de Deus”.34

Na quinta-feira, a mensagem foi sobre essas palavras: “Eu nunca te deixarei,


nem abandonarei. De maneira que podemos corajosamente dizer: o Senhor é
meu ajudador, e eu não temerei o que o homem faz junto a mim”.35

As palavras de Tiago, lidas na sexta-feira, foram “Abençoado é o homem


que suporta a tentação”. E essas no sábado: “Meus irmãos, vocês não têm a
fé de nosso Senhor Jesus Cristo – na acepção de pessoas”.36

Estive temeroso de que aqueles que eram fracos “vocês tiraram do caminho”,
pelo menos até o ponto de desistirem de “se reunirem” publicamente. Mas eu
temi onde o medo não estava. Deus cuidou disto também. De maneira que no
domingo, dia 14, mais estiveram presentes nas Orações Públicas do que por
alguns meses antes. Muitos deles observaram aquelas palavras na primeira
mensagem: “Coloquem Nobote no alto, em meio ao povo; e dois homens,
filhos de Belial, diante dele, para testemunharem contra ele”.37

16/08 – terça-feira. A Sra. Williamson jurou e assinou um depoimento,


insinuando muito mais do que afirmou; mas afirmando que o Sr. Wesley
tinha, muitas vezes, lhe proposto casamento, e que todas as suas propostas
foram recusadas. “Disto, eu desejo uma cópia” — o Sr. Causton retrucou —
“Senhor, você pode ter uma de qualquer um dos jornais na América”.

Diante do grande júri

Na quinta e sexta-feira foi entregue uma lista de vinte e seis homens que se
encontraram como um Grande Júri na segunda-feira, 22. Mas essa lista foi
enviada, no dia seguinte, e vinte e quatro nomes foram acrescentados a ela.
Desse Júri principal (quarenta e quatro deles apenas se encontraram)
participavam um francês, que não entendia o inglês; um papista; um pagão
professo; três batistas; dezesseis ou dezessete outros não conformistas e
muitos que tiveram disputas pessoais contra mim e haviam jurado vingança
abertamente.

A este Júri principal, na segunda-feira, 22, o Sr. Causton deu uma longa e
fervorosa incumbência: “para se precaverem da tirania espiritual e oporem-se
à nova e ilegal autoridade que foi usurpada sobre a consciência deles”. A
seguir, o depoimento da Sra. Williamson foi lido; em seguida, o Sr. Causton
entregou ao júri principal um papel intitulado: “Uma Lista de queixas
apresentadas pelo júri principal de Savannah, nesse dia 22 de agosto, 1737”.

Este, a maioria do júri principal alterou em algumas particularidades, e na


quinta-feira, 1o de setembro, ele as entregou novamente à Corte na forma de
duas denúncias contendo dez queixas, que foram então lidas. Nas quais,
afirmaram, sob juramento: “Que John Wesley, clérigo, havia quebrado as leis
do reino, contrariamente à paz de nosso Soberano Senhor o Rei, sua coroa e
dignidade”:

1. Falando e escrevendo para a Sra. Williamson contra o consentimento de


seu marido. 2. Repelindo-a da santa comunhão. 3. Não declarando sua adesão
à Igreja da Inglaterra. 4. Dividindo os cultos matutinos nos domingos. 5.
Recusando-se a batizar o filho do Sr. Parker de outro modo que não por
imersão, exceto se os pais certificassem que ele era fraco e incapaz de
suportá-lo. 6. Repelindo o Sr. William Gough da santa comunhão. 7.
Recusando-se a ler o serviço de sepultamento sobre o corpo de Nathaniel
Polhill. 8. Denominando-se Superior Eclesiástico em Savannah. 9.
Recusando-se a receber William Aglionby como padrinho, apenas porque
não era membro da Igreja. 10. Recusando Jacob Matthews, pela mesma
razão; e batizando uma criança índia de um comerciante com apenas dois
padrinhos (nisto eu reconheço que estava errado, porque eu deveria, a todo o
risco, ter-me recusado a batizá-lo, até que tivesse procurado um terceiro).

2/09 – sexta-feira.
Era a terceira Corte a que eu comparecia desde que fui levado à presença do
Sr. Parker e do escrivão.

Fiz um pedido formal para o imediato interrogatório sobre a primeira queixa,


sendo a única de natureza civil, mas foi recusado. Fiz o mesmo pedido à
tarde, porém, adiado até a audiência seguinte.

Na audiência seguinte, compareci novamente, assim como nas duas Cortes


que se seguiram, mas não pude ser ouvido, porque (o Juiz informou) o Sr.
Williamson saíra da cidade. A compreensão da minoria do grande júri,
(porque eles de maneira alguma eram unânimes), concernente a essas
denúncias, pode parecer do papel seguinte, que foi entregue aos Curadores:

“Aos Honoráveis Curadores da Geórgia”:

“Considerando que foram feitas denúncias: uma, no dia 23 de agosto; e outra,


no dia 31, pelo grande júri da cidade e município de Savannah, na Geórgia,
contra John Wesley, Clérigo; nós, cujos nomes estão subscritos, sendo
membros do dito Grande júri, imploramos humildemente permissão para
expressarmos nosso descontentamento em relação às ditas denúncias e, por
muitas e diferentes circunstâncias, estamos completamente persuadidos de
que toda a acusação contra o Sr. Wesley é um artifício do Sr. Causton,
empenhado preferivelmente em denegrir o caráter do Sr. Wesley do que em
livrar a colônia da tirania religiosa, como lhe agradou em sua acusação
denominá-la. Mas, como essas circunstâncias serão muito tediosas, de
maneira a perturbarem os Meritíssimos Juízes, nós imploramos somente
permissão para darmos as razões de nossa discordância quanto as específicas
denúncias...”.

“Com relação à primeira, compreendemos que o Sr. Wesley não agiu contra
qualquer lei, escrevendo ou falando com a Sra. Williamson, uma vez que não
nos parece que o dito Sr. Wesley tenha falado em privativo, ou escrito à Sra.
Williamson, desde 12 de março (dia de seu casamento), exceto uma carta em
5 de Julho, a pedido de seu tio e na autoridade de Pastor, para exortá-la e
repreendê-la”.

“A segunda, tememos que não seja uma denúncia verdadeira; porque


humildemente entendemos que o Sr. Wesley não usurpou de autoridade
alguma contrária à lei. Porque compreendemos que ‘toda pessoa que pretenda
comungar deve expressar seu nome ao Pároco Auxiliar, pelo menos, algum
tempo antes’; o que a Sra. Williamson não fez, embora o Sr. Wesley tenha
frequentemente declarado, para uma congregação repleta, que ele insistia na
submissão àquela Rubrica, e anteriormente repelira diversas pessoas não
submissas a ela”.

“A terceira, não acreditamos que seja uma denúncia verdadeira; porque


vários de nós fomos seus ouvintes, quando ele declarou sua adesão à Igreja
da Inglaterra de maneira até mais incisiva do que através de uma declaração
formal; explicando e defendendo os Credos Apostólico, de Nice e de
Atanásio, os Trinta e Nove Artigos, todo o Livro Comum de Oração e as
Homilias da dita Igreja; e porque acreditamos que uma declaração formal não
seja requerida, a não ser daqueles que têm recebido instituição
[estabelecimento de um sacramento de Jesus] e indução”.

“O fato alegado na quarta denúncia, não entendemos que seja contrário à lei
existente”.

“A quinta, não consideramos uma denúncia verdadeira, afinal, porque


entendemos que o Sr. Wesley esteja justificado pela Rubrica, ou seja, ‘se
eles’ (os pais) ‘certificarem que a criança está fraca, é suficiente derramar
água sobre ela’. Sugerir (como humildemente supomos) não é suficiente, se
eles não certificarem”.

“A sexta, não pode ser verdadeira; porque o dito Sr. William Gough, um de
nossos membros, ficou surpreso em saber que foi citado sem seu
conhecimento ou consentimento, e declarou publicamente que esta não era
queixa contra ele, porque o Sr. John Wesley tem lhe dado razões com as
quais ele está satisfeito”.

“A sétima, não compreendemos como denúncia verdadeira; porque Nathaniel


Polhill era um anabatista e desejou durante toda sua vida que não fosse
enterrado com o Ofício da Igreja da Inglaterra. E, mais do que isto, nós temos
boa razão para acreditarmos que o Sr. Wesley estava em Frederica ou em seu
retorno de lá, quando Polhill foi enterrado”.

“Quanto à oitava, estamos em dúvida, visto que não conhecemos bem o


significado da palavra ‘Superior Eclesiástico’. Mas com relação à nona e
décima, pensamos que o Sr. Wesley esteja suficientemente justificado pelos
Cânones da Igreja, que proíbem que ‘alguma pessoa seja admitida para ser
padrinho ou madrinha de alguma criança, antes que a dita pessoa tenha
recebido a santa comunhão’; considerando que William Aglionby e Jacob
Matthews nunca asseguraram ao Sr. Wesley que a receberam”.

Isto foi assinado pelos doze membros do grande júri, dos quais, três eram
condestáveis38 e seis oficiais da paz38a, o que, consequentemente, seriam a
maioria, tivesse o júri consistido, como regularmente é feito, de apenas
quinze membros, ou seja, quatro condestáveis e onze oficiais da paz.

30/09 – sexta-feira. Terminei de ler as Homilias e iniciei a leitura, para a


congregação, dos oito sermões do Dr. Rogers, esperando que fossem um
antídoto oportuno contra o veneno da infidelidade, que agora se propagava
com grande empenho em nosso meio.

Impedido de sair da província

7/10 – sexta-feira. Consultei meus amigos se Deus não teria me chamado


para retornar à Inglaterra. A razão pela qual parti não tinha agora nenhuma
força, não havendo possibilidade alguma de instruir os índios; nem tinha, até
agora, encontrado ou ouvido de qualquer índio no continente americano que
tivesse o menor desejo de ser instruído.

E quanto à Savannah, por nunca me ter comprometido, quer por palavra ou


carta, em permanecer ali um dia mais do que julgasse conveniente, nem
alguma vez me responsabilizado pelo povo, diferentemente do que quando de
minha ida até os pagãos, eu me considerei completamente desobrigado, desde
então, por abrir mão daquele objetivo.

Além disso, havia a probabilidade de ser mais útil ao infeliz povo da


Inglaterra do que eu poderia fazer na Geórgia, ao mostrar aos curadores, sem
medo ou favor, o real estado em que a colônia se encontrava.

Depois de considerar profundamente essas coisas, eles decidiram


unanimemente que eu deveria partir, mas não por enquanto. Então, deixei os
pensamentos de lado, por enquanto persuadido de que, quando o tempo
chegasse, Deus “tornaria o caminho claro diante da minha face”.

15/10 – domingo. Em Highgate, um vilarejo distante cinco milhas de


Savannah, consistindo de famílias francesas que me certifiquei conhecerem
pouco da língua inglesa, ofereci-me para ler as orações, em francês, todo
sábado à tarde. E eles aceitaram a oferta alegremente.

No sábado, 22, li as orações igualmente em alemão para os aldeãos alemães


de Homestead, e assim continuei a fazê-lo uma vez por semana.
Começávamos o culto (o de Highgate e Homestead) com canto e salmo.
Então, eu lia e explicava um capítulo no Testamento francês ou alemão e
concluía com orações e outro salmo.

29/10 – sábado. Alguns dos franceses de Savannah estiveram presentes nas


orações em Highgate. No dia seguinte, recebi a mensagem deles: “Que uma
vez que eu lia as orações para os franceses em Highgate, que eram poucos,
eles esperavam que fizesse o mesmo aos de Savannah, onde havia um grande
número que não entendia inglês”.

30/10 - domingo . Atendi os pedidos; agora ocupei completamente o dia


santo. As primeiras orações em inglês duravam das cinco até às seis e meia
ou sete horas. As [orações] em italiano (que eu lia para alguns poucos
vaudoius)39 começavam às nove. O segundo culto para os ingleses
(incluindo o sermão e a santa comunhão) continuava de dez meia ou onze
horas até cerca de doze e trinta ou uma hora da tarde. Às duas, eu catequizava
as crianças. Por volta das três, começava o culto em inglês. Depois que este
terminava, eu tinha a felicidade de me juntar a tantos quantos minha sala
maior poderia conter, para lermos, orarmos e louvarmos. Aproximadamente
às seis, o culto dos morávios, assim chamados, começava. Nele, eu ficava
satisfeito de estar presente, não como professor, mas como um aprendiz.

3/11 – quinta-feira. Compareci novamente ao tribunal, reunido naquele dia, e


novamente ao tribunal da terça-feira, 22 de novembro, no qual o Sr. Causton
desejou falar comigo. Ele leu algumas atestações feitas em 15 de setembro,
último passado, numa das quais se afirmou que eu ofendera ao Sr. Causton,
em sua casa, chamando-o de mentiroso, vilão e assim por diante. E
igualmente repetiu diante de muitas pessoas, o que de fato eu esquecera, que
fui repreendido na última corte por ser um inimigo e perturbador da paz
pública.

Novamente consultei meus amigos, que concordaram comigo que o tempo


que estávamos esperando chegara finalmente. E, na manhã seguinte,
chamando o Sr. Causton, disse-lhe que decidira voltar para a Inglaterra
imediatamente. Então, coloquei um anúncio na Great Square para o mesmo
efeito e, silenciosamente, preparei-me para minha jornada.

2/12 – sexta-feira. Decidi que deixaria a Carolina por volta do meio-dia, com
a maré boa. Mas, por volta das dez, os magistrados vieram até mim e
disseram que eu não poderia sair da província, porque não havia respondido
às alegações que colocaram contra mim. Ao que repliquei: “Eu compareci a
seis ou sete tribunais, sucessivamente, com o propósito de responder a todas
as alegações. Mas não me foi permitido fazê-lo, ainda que tenha tentado isto
repetidas vezes”. Então eles disseram que eu não deveria ir, a menos que eu
garantisse responder àquelas alegações em seus tribunais. Eu perguntei: “Que
garantia?”. Depois de se consultarem, por volta das duas horas, o escrivão
mostrou-me uma espécie de título de dívida, comprometendo-me, sob pena
de cinquenta libras, a comparecer em seus tribunais quando fosse requerido.
E acrescentou: “Mas o Sr. Williamson também nos pediu que você garantisse
responder a essa ação”. Assim sendo, respondi-lhe claramente: “Senhor, você
me trata muito mal, e assim fazem com os curadores. Eu não darei qualquer
garantia, nem qualquer fiança, afinal. Você conhece seu ofício, eu conheço o
meu”.

Fuga pela floresta

À tarde, os magistrados publicaram uma ordem, exigindo que todos os


oficiais e sentinelas me impedissem de sair da província e proibindo qualquer
pessoa de me ajudar a fazê-lo. Sendo agora apenas um prisioneiro livre, em
um lugar onde sabia, pela experiência, que todo dia daria nova oportunidade
para encontrar evidência de palavras que nunca disse e ações que nunca
realizei, vi claramente que chegara a hora de partir. E, tão logo as pregações
noturnas terminaram, por volta das oito horas, com a maré boa, chacoalhei a
poeira dos pés e parti da Geórgia, depois de ter pregado o Evangelho por lá
(não tanto como deveria, mas tanto quanto fui capaz) por aproximadamente
um ano e nove meses.

Durante este tempo, encontrei frequentes oportunidades de fazer muitas


observações e perguntas com respeito ao real estado desta província (que tem
sido representada de maneira tão variada), quanto aos assentamentos ingleses
e aos índios que se relacionam com eles.

3/12 – sábado. Chegamos a Purrysburg, cedo pela manhã, e procuramos por


um guia, até Port-Royal, mas, não encontrando nenhum, partimos uma hora
antes do pôr do sol. Depois de caminharmos duas ou três horas, encontramos
um velho homem que nos levou por um pequeno atalho, perto de uma trilha
marcada (que se faz, cortando parte da casca da árvore), através da qual, ele
disse, poderíamos facilmente chegar a Port-Royal, em cinco ou seis horas.

Éramos quatro; um pretendia ir para a Inglaterra comigo, os outros dois, se


estabelecerem na Carolina. Por volta das onze chegamos a um grande
pântano, onde vagueamos por cerca de duas horas. Então encontramos uma
nova marca e a seguimos até ela se dividir em duas; por uma dessas
continuamos através de um mato trançado quase intransitável, que terminou
uma milha além. Entramos pela floresta novamente e pegamos a outra trilha
de árvores cortadas que também chegou ao fim.
Aproximava-se agora o pôr do sol; então sentamo-nos lânguidos e cansados,
não tendo nos alimentado o dia todo, exceto com um bolo de gengibre, que
eu tinha trazido em meu bolso. Um terço dele dividimos entre nós ao meio-
dia, o outro, comemos agora, e o outro, reservamos para a manhã, mas não
encontramos água o dia todo. Enfiando uma vara no chão e constatando que o
fundo dele estava úmido, dois dos nossos cavaram com suas mãos, e, por
volta de três pés de profundidade, localizamos a água. Agradecemos a Deus,
bebemos e nos sentimos revigorados. O frio da noite estava cortante, no
entanto, não havia queixa entre nós. Depois de termos nos recomendado a
Deus, deitamo-nos um bem perto do outro e (eu, pelo menos) dormimos até
perto das seis da manhã.

4/12 – domingo. Deus renovou nossas forças e acordamos, nem fatigados,


nem fracos, e resolvemos fazer uma tentativa mais de encontrarmos o
caminho até Port-Royal. Dirigimo-nos diretamente para o leste, mas, não
encontrando nem trilha, nem árvores cortadas, e a floresta ficando cada vez
mais espessa, julgamos que seria melhor retornarmos, se pudéssemos, pelo
caminho que viemos.

No dia anterior, na parte mais densa da floresta, eu quebrei muitas árvores


jovens e, eu não sei por que, enquanto caminhávamos ao longo dela: nessas
encontrávamos uma grande ajuda em diversos lugares onde nem trilha podia
ser vista; entre uma e duas horas, Deus nos trouxe, a salvos, à casa do Sr.
Benjamim Arieu, o velho homem que havíamos deixado no dia anterior.

À tarde, li muitas pregações francesas para uma numerosa família, uma milha
da casa do Sr. Arieu, sendo que um deles resolveu nos guiar até Port-Royal.
De manhã, partimos. Por volta do pôr do sol, perguntamos ao nosso guia se
ele sabia dizer onde estávamos, ao que ele francamente respondeu: “Não!”
Porém seguimos em frente até que, por volta das sete, chegamos a uma
plantação e, na tarde seguinte, depois de muitas dificuldades e demoras,
chegamos à ilha de Port Royal.

7/12 – quarta-feira. Caminhamos até Beaufort, onde o Sr. Jones, ministro de


Beaufort, com quem me hospedei durante minha breve permanência aqui,
deu-me uma ideia muito clara da velha hospitalidade inglesa. Na quinta-
feira, o Sr. Delamotte chegou, com quem na sexta, dia 09, pegamos um
barco para Charleston. Depois de uma lenta passagem, por razão dos ventos
contrários e alguns conflitos (nossas provisões ficando cada vez mais
escassas), com fome e frio, chegamos lá, cedo de manhã, na terça-feira, dia
13. Aqui, eu esperei provações de diferentes tipos, muito mais perigosas.
Porque o desprezo e a escassez são fáceis de nascer. Mas quem pode trazer o
respeito e a abundância?

14/12 – quarta-feira. Solicitado a ler as orações públicas, senti-me muito


renovado com aquelas gloriosas promessas contidas no Salmo 72 e na
primeira mensagem, o quadragésimo capítulo de Isaías.40 Sim, “Aqueles que
esperam pelo Senhor, renovarão suas forças; subirão com asas, como águias;
correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão”.

16/12 – sexta-feira. Despedi-me do último daqueles amigos que vieram


comigo para a América: Sr. Charles Delamotte, de quem me separei por
alguns dias desde 14 de outubro de 1735.

18/12 – domingo. Fui atacado por uma violenta coriza, que eu senti, não veio
antes que eu a desejasse. Ainda assim, tive forças suficientes para pregar uma
vez mais para este povo carente, e alguns “creram em nosso relato”.

Adeus América!

22/12 – quinta-feira. Despedi-me da América (embora, se isto agradar a


Deus, não para sempre), indo a bordo do Samuel, Capitão Perey, com um
jovem que ficou poucos meses na Carolina, um dos meus paroquianos de
Savannah e um francês, professor de Purrysburg, que escapou dali por um
triz.

24/12 – sábado. Velejamos pela divisa de Charleston e, por volta do meio-


dia, perdemos a terra de vista.

No dia seguinte, com o vento constante, mas forte, como aconteceu no


domingo, dia 25, quando o mar me afetou mais do que havia feito nas
dezesseis semanas de minha viagem à América, fui obrigado a me deitar a
maior parte do dia, sendo mais confortável permanecer nesta posição.

26/12 – segunda-feira. Comecei a instruir um rapaz negro nos princípios do


cristianismo. No dia seguinte resolvi parar de viver delicadamente e retornei à
minha antiga simplicidade de dieta. Depois de ter feito isso, nem mesmo meu
estômago, ou minha cabeça reclamaram do movimento do navio.

28/12 – quarta-feira. Constatando o crescimento das inúmeras apreensões


que estiveram sobre mim por vários dias, não sei de qual perigo (o vento
sendo pequeno e o mar calmo), eu clamei sinceramente por ajuda; e agradou
a Deus, como de imediato, restaurar a paz de minha alma.

Deixe-me observar isto: 1. Que eu não devo me esquecer de nenhum desses


momentos, até que eu obtenha outro tipo de espírito; um espírito igualmente
desejoso de glorificar a Deus por meio da vida ou da morte. 2. Que quem
quer que se sinta desconfortável em alguma circunstância (excetuando as
dores corporais), carrega em si mesmo sua própria convicção de que tem
sido, até aqui, um descrente. Aquele que está confortável na apreensão da
morte? Aquele que crê que “morrer é ganho” em quaisquer dos eventos da
vida? Então, tem uma crença firme de que “todas as coisas operam para” seu
“bem”.41

E se quiser ser mais exato, ele sempre se certificará de que, além da falta
geral de fé, cada desconforto específico é evidentemente devido à falta de
algum temperamento cristão específico.
1738
1/01 – domingo . Todos no navio (exceto o capitão e o timoneiro) estiveram
presentes, tanto no culto da manhã, quanto no da tarde, e pareceram tão
profundamente atentos quanto o pobre povo de Frederica, enquanto a palavra
de Deus era nova aos seus ouvidos. Pode ser que um ou dois entre esses,
igualmente, possam “produzir frutos com paciência”.42

2/01 – segunda-feira. Sentindo-me melancólico, muito pesado (embora,


possa dar razão particular para isso) e completamente indisposto para falar,
intimamente, com qualquer um do meu pequeno rebanho (por volta de vinte
pessoas), eu estava em dúvida se a minha negligência para com eles não seria
a causa de minha própria opressão. À tarde, portanto, comecei instruindo o
camareiro, depois do que me senti muito mais confortável.

Por diversas vezes, nos dias seguintes, tentei falar com os marinheiros, mas
não pude. O que eu quero dizer é que estava completamente avesso a falar;
não conseguia criar uma oportunidade, e me pareceu bastante absurdo falar
sem ter um motivo. Não é isso o que o homem comumente quer dizer com
“eu não poderia falar?”

E este é motivo suficiente para o silêncio, ou não? Trata-se de uma proibição


do Santo Espírito, tentação da natureza ou tentação do maligno?

8/01 – domingo. Na plenitude de meu coração, escrevi as seguintes palavras:


“Mediante as mais infalíveis provas e sentimentos interiores estou
convencido”: 1. da descrença, não tendo tal fé em Cristo que impeça meu
coração de estar inquieto; 2. do orgulho, durante toda minha vida, porquanto
eu pensei que tivesse o que me certifiquei que não tinha; 3. da grosseira
irreconciliação, uma vez que, em meio a uma tempestade, eu clamo a Deus
todo o momento; e, na calmaria, não; 4. da leviandade e exuberância do
espírito, retornando sempre que a pressão seja retirada, através de minhas
palavras não inclinadas a edificar, mas, na maior parte, através de minha
maneira de falar dos meus inimigos.

“Senhor, salva-me ou perecerei! Salva-me”:


1. Mediante tal fé — que implica paz na vida e na morte. 2. Mediante
humildade — que possa preencher meu coração, desde este momento e para
sempre, com a penetrante e ininterrupta consciência construída,
evidentemente, sem um alicerce. 3. Mediante tal reconciliação — de maneira
a clamar por ti a todo o momento, especialmente quando tudo está em calma:
Dá-me a fé ou morrerei; dá-me um espírito humilde, do contrário, não
viverei. 4. Mediante tal firmeza, serenidade e sobriedade de espírito que
evite, como o fogo, toda palavra inclinada a não edificar; e que fale claro com
alguém que se oponha a mim ou peque contra Deus; sem o que todos os meus
próprios pecados serão lançados diante de minha face.

Esta manhã, depois de explanar sobre Paulo: “Eu imploro, meus irmãos,
pelas misericórdias de Deus, que vocês apresentem seus corpos como um
sacrifício vivo, santo e aceitável para Deus”,43 exortei meus companheiros
de viagem com todo meu poder, a corresponderem com a direção dos
apóstolos. Mas, “deixando-os à mercê de si mesmos, mais tarde”, a seriedade
que eles mostraram a princípio logo desapareceu.

9/01 – segunda-feira. Refleti muito, nos dias que se seguiram, sobre aquele
desejo vão que havia me perseguido, por muitos anos, de me isolar com o
objetivo de me tornar um cristão. Acredito que agora tenho solidão o
suficiente. Mas será que estou mais perto de me tornar um cristão? Não se
Jesus Cristo for o modelo do cristianismo. E receio, de fato, que esteja mais
perto do mistério de Satanás, a quem alguns escritores estão inclinados a
chamar por este nome. Tão perto, que provavelmente mergulhasse totalmente
nele, se não fosse a grande misericórdia de Deus me levantado por meio da
leitura das obras de Cipriano. “Ó, minha alma, não entra no mistério dele!”.
Permanece nos bons e velhos caminhos.

13/01 – sexta-feira. Tivemos uma tempestade terrível, que nos obrigou a


ficarmos todos juntos; com as ondas do mar quebrando sobre o navio
continuamente. A princípio, fiquei com medo, mas clamei a Deus e fui
fortalecido. Antes das dez, eu me deitei; e dei graças a Deus, por não sentir
medo. Por volta da meia-noite, fomos acordados pelo ruído confuso das
ondas, vento e vozes, como nunca ouvira antes.

O ressoar, o levante e a agitação da embarcação muito se assemelhava ao que


é dito dos terremotos. O capitão foi para o convés imediatamente, mas seus
homens não podiam ouvir o que ele dizia. De repente, um furacão típico; que
começa no sudoeste, então vai para oeste, nordeste, norte, e, em um quarto de
hora, contorna do leste para o ponto sudoeste novamente. Ao mesmo tempo,
o mar correndo (por assim dizer) por uma montanha alta, e isto de muitos
pontos diferentes de uma só vez; a embarcação não obedecia ao leme, nem,
de fato, o timoneiro poderia, devido a chuva violenta, verificar a bússola.
Assim, ele foi forçado a deixar a embarcação correr atrás do vento e, em meia
hora, a tensão da tempestade terminou. Por volta do meio-dia, estava tudo
acabado. Mas, primeiro, resolvi, Deus sendo meu ajudador, não apenas
pregar a palavra de Deus a todos, mas aplicá-la a toda alma no navio; e, se
apenas uma, sim, se alguma delas ouvir, sei que “meu trabalho não é em
vão”.44

Tão logo executei esta resolução, meu espírito reavivou-se; de maneira que,
desde esse dia, não tive mais o temor e opressão que antes quase
continuamente me deprimiam. Estou consciente de que para alguém que
pensa estar no orco [no deserto], como eles denominam isto, é um
preparativo indispensável se tornar um cristão. Deveria dizer: melhor seria ter
continuado naquele estado e que este inoportuno alívio é uma maldição, não
uma bênção? Contudo, quem és tu, ó homem, que em favor de uma hipótese
desprezível blasfemas desta forma o bom dom de Deus? Não foi ele próprio
que disse: “Que também é dom de Deus o homem ter poder para se regozijar
em seu trabalho?”45 Sim, Deus colocou seu próprio selo em seus fracos
esforços, enquanto ele “respondeu-lhe na alegria de seu coração”.

24/01 – terça-feira. Falamos com dois navios, rumo ao exterior, dos quais
tivemos notícias de boas-vindas, de nossos ausentes, mas há cento e sessenta
léguas do fim do mundo. Minha mente estava agora cheia de pensamentos.
Parte dos quais eu escrevi a respeito como segue:

“Eu vim para a América para converter os índios, mas quem deverá me
converter? Quem me livrará desse coração pecaminoso pela descrença? Eu
tenho uma justa religião de verão. Eu posso falar bem, e acredito em mim
mesmo enquanto nenhum perigo está por perto: mas deixe a morte olhar em
meu rosto, e meu espírito se perturba”.

“Nem posso dizer: ‘Morrer é um ganho!’”.46


“Eu tenho o pecado do medo de que quando eu tiver de dar meu último
suspiro devo perecer em terra firme! Eu acredito realmente que, se o
Evangelho for verdadeiro, estou salvo: porque não apenas doei e doo todos os
meus bens para alimentar os pobres; e não apenas dou meu corpo para ser
queimado, afogado ou o que quer que Deus designe para mim, mas eu sigo
em busca da caridade (embora não como deveria, mas tanto quanto posso), se
por acaso me é possível obtê-la! Acredito que o Evangelho é verdadeiro! ‘Eu
mostro minha fé pelas minhas obras’,47 apostando tudo que tenho nelas. Eu
faria isso repetidamente, mil vezes, se a escolha ainda puder ser feita. Quem
quer que me veja, vê que eu seria um cristão”.

“Portanto, ‘minhas maneiras não são como as de outros homens’. Eu tenho


sido, sou, e estou satisfeito em ser, ‘de uma máxima, um provérbio de
repreensão’. Mas numa tempestade, eu penso: O que faço se o Evangelho não
for verdadeiro? Então, tu és, de todos os homens, o mais tolo. Por que tu
destes teus bens, teu conforto, teus amigos, tua reputação, tua cidade, tua
vida? Para que tu tens vagado pela face da terra?
– Um sonho! Uma ‘fábula engenhosamente inventada!’”48

“Oh! Quem me livrará desse medo da morte? O que devo fazer? Para onde
devo fugir dele? Devo lutar contra ele, pensando ou não pensando nele? Um
homem sábio advertiu-me algumas vezes: ‘Fique tranquilo e siga em frente’.
Talvez seja melhor olhar para ele como minha cruz; quando ele vier, permitir
que me humilhe e vivifique todas as minhas boas resoluções, especialmente a
de pregar sem cessar; e, em outros momentos, não pensar nisto, mas
calmamente seguir em frente ‘nas obras do Senhor’”.

Seguimos adiante com vento fraco e regular até quinta-feira à tarde e, então,
por meio de sondagem, encontramos uma areia esbranquiçada a setenta e
cinco braças. Mas sem ter qualquer observação por diversos dias, o capitão
ficou intranquilo, temendo que pudéssemos ter entrado sem querer dentro do
Canal de Bristol, ou batido durante a noite nas rochas de Scilly.

28/01 – sábado. Amanheceu outro dia nublado, mas, por volta das dez da
manhã (com o vento seguindo em direção ao sul), as nuvens começaram a se
dissipar, exatamente contrárias ao vento, e, para a surpresa de todos, sob o
céu limpo, ao meio-dia fizemos uma observação exata e constatamos que
estávamos, tanto quanto poderíamos desejar, a cerca de onze léguas ao sul de
Scilly.

29/01 – domingo. Chegamos às terras inglesas, uma vez mais; ao que, por
volta do meio-dia, pareceu ser Lizard-Point. Navegamos em direção a ele
com um vento a favor, e, ao meio-dia do dia seguinte, fizemos a aproximação
final da ilha de Wight.

Aqui o vento virou-se contra nós e, à tarde, soprou moderado, de tal modo
que esperamos (com a maré igualmente forte) sermos dirigidos algumas
léguas para trás, durante a noite. Mas de manhã, para nossa grande surpresa,
vimos Beachy Head exatamente diante de nós e certificamo-nos que
tínhamos seguido adiante por cerca de quarenta milhas.

Ao entardecer, houve uma calmaria. Mas, à noite, um forte vento norte nos
trouxe a salvo para Downs. No dia anterior, o Sr. Whitefield velejou, sem que
soubéssemos alguma coisa um do outro. Às quatro da manhã, tomamos o
barco e, em meia-hora desembarcamos em Deal. Na quarta-feira, 1º de
fevereiro, tivemos a festa de aniversário na Geórgia, pelo desembarque do Sr.
Oglethorpe lá.

De Londres Ao Retorno Da Alemanha

“Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em
mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e
servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.”
(1Timóteo 1.16)

Prefácio

Que os homens me injuriem e digam todas as formas de mal contra mim; que
eu me torne, por assim dizer, um monstro junto a muitos; que o zeloso de
quase toda denominação clame: fora com tal camarada da terra. “Isto não me
traz, com respeito a mim mesmo, qualquer grau de desconforto”. Porque eu
sei que a Escritura deve ser cumprida, “se eles chamam a mim de Mestre da
casa de Belzebu, quanto mais àqueles de sua família?”.49 Mas isto não me
traz preocupação com respeito àqueles que, por meio deste artifício do diabo,
são impedidos de ouvir da palavra que é capaz de salvar suas almas.
Por causa desses, e, de fato, de todos os que desejam ouvir a verdade
daquelas coisas que tem sido relatadas de maneira tão variada, eu me vi
induzido a publicar este relato adicional. E não duvido que parecerá, a partir
daí, a todos os juízes francos e imparciais, que eu tenha até aqui vivido em
toda boa consciência para com Deus.

Eu serei facilmente desculpado por aqueles que tanto amam quanto buscam o
Senhor Jesus, na sinceridade, por falar tão amplamente da Igreja Morávia;50
uma cidade que deveria ser colocada sobre uma colina. A luz deles tem
estado há muito tempo escondida sob um alqueire. Já chegou o tempo em
que, por fim, ela irrompa e “assim brilhe diante de homens, para que outros
também possam glorificar seu Pai que está no céu”.51

Se muitos perguntarem: “Mas você acredita mesmo que esta Igreja seja
perfeita, sem mancha ou mácula ou qualquer outra coisa?” Eu respondo
claramente: “Não; embora eu creia que eles o serão, quando o amor realizar
sua perfeita obra”. Mas não penso que seja certo entreter o mundo com as
máculas dos filhos de Deus.

Frequentemente tem sido perguntado se eu imagino que Deus deva ser


encontrado apenas entre eles. E retruco: “De maneira alguma. Eu sei que
existe um Deus na Inglaterra, e nós não precisamos buscá-lo em terras
estranhas”. Eu sei que em nossa própria terra ele está tão perto de todos que o
invocam e, portanto, considero imprudentes (para não dizer mais) aqueles
que inquirem por ele na Holanda ou Alemanha.

Quando fui para lá, o caso era totalmente diferente. Deus ainda não tinha
“esticado seus braços” diante de nós, como ele tem feito hoje, de uma
maneira (e me atrevo dizer) que não era conhecida quer na Holanda, ou
Alemanha, até aquele momento; quando aquele que ordenou todas as coisas
sabiamente, de acordo com “o conselho de sua própria vontade”,52 agradou-
se de, por meu intermédio, abrir o diálogo entre a Igreja Inglesa e a Morávia.

A razão específica que me obrigou a relatar tanto da conversa que tive com
aqueles homens santos é esta: em setembro de 1738, quando retornei da
Alemanha, exortei todos que pude a seguir em busca daquela grande
salvação, que é através da fé no sangue de Cristo; esperando por ela “em
todas as ordenanças de Deus”, e no “fazer o bem, quando tiverem
oportunidade, a todos os homens”. E muitos encontraram o princípio daquela
salvação, sendo justificados livremente, tendo paz com Deus através de Jesus
Cristo, regozijando-se na esperança da glória de Deus, e tendo seu amor
derramado em seus corações.

Porém, por volta de setembro de 1739, enquanto meu irmão e eu estávamos


ausentes, certos homens rastejaram no meio deles, inesperadamente,
perturbando e subvertendo grandemente suas almas; dizendo-lhes que
estavam iludidos; que enganavam a si mesmos, e não tinham a fé verdadeira.
“Porque”, diziam eles, “não tem qualquer fé justificadora aquele que tem
sempre alguma dúvida ou temor, os quais vocês sabem que têm; ou não tem
um coração limpo, o que vocês sabem que não têm. Nem vocês, algum dia,
terão, esta fé até que abandonem o uso dos meios da graça (assim chamados),
até que vocês deixem de correr para igreja, sacramento, oração, canto e
leitura, quer da Bíblia ou algum outro livro; porque vocês não podem usar
dessas coisas sem confiarem nelas. Portanto, até que vocês as abandonem,
nunca terão a verdadeira fé; nunca poderão, até então, confiar no sangue de
Cristo”.

E esta doutrina, desde o início até hoje, tem sido ensinada como doutrina da
Igreja Morávia. Penso, portanto, que é meu dever sagrado limpar os
Morávios desta calúnia; e mais, porque talvez eu seja a única pessoa na
Inglaterra que tanto pode quanto irá fazer isto.

E, creio eu, é a providência peculiar de Deus que eu o faça. Uma vez que, há
dois anos, os mais eminentes membros daquela Igreja poderiam declarar
completamente tanto sua experiência quanto seu julgamento no tocante aos
mesmos pontos agora em questão.

A somatória do que tem sido afirmado como sendo deles é esta: 1. “Que um
homem não pode ter qualquer medida de fé justificadora, até que ele esteja
totalmente livre de toda dúvida e temor; até que ele tenha, em um sentido
completo e apropriado, um coração novo e limpo”. 2. “Que um homem não
pode usar das ordenanças de Deus,53 da Ceia do Senhor, em especial, antes
que tenha tal fé, de modo a excluir toda dúvida e temor e implicar em um
coração novo e limpo”.

Em clara oposição a isto eu afirmo: 1. “Que um homem pode ter certa medida
de fé justificadora antes que esteja completamente livre de toda dúvida e
medo, e antes que tenha, em um sentido completo e apropriado, um novo e
limpo coração”. 2. “Que um homem pode usar das ordenanças de Deus, da
Ceia do Senhor, em especial, antes que tenha tal fé, de maneira a excluir toda
dúvida e medo, e implique em um coração novo e limpo”.

Eu afirmo mais: “Que isto eu aprendi


(não apenas da Igreja Inglesa) da Igreja Morávia”.

E, por isto, aberta e sinceramente apelo àquela Igreja (e ao Conde Zinzendorf,


em particular, que eu creio não estar envergonhado ou temeroso de confessar
alguma parte do Evangelho de Cristo), para corrigirem-me e explicarem-se,
se eu os tenho entendido mal ou os deturpado.

J. Wesley Londres, 29 de Setembro, 1740 Em Londres novamente

Faz dois anos e quase quatro meses que deixei meu país nativo, com o
objetivo de ensinar os índios da Geórgia sobre a natureza do cristianismo.
Mas o que eu aprendi neste meio tempo? Porque (o que eu, menos que todos,
suspeitei) aquele que foi para a América para converter outros, ele mesmo
nunca se convertera a Deus. “Eu não sou louco”, embora eu fale assim, mas
“falo as palavras da verdade e sobriedade”, se acontecer daqueles que ainda
sonham, acordarem e verem que assim como eu sou eles também são.

Eles são letrados em Filosofia? Assim sou eu. Em línguas modernas e


antigas? Assim também eu sou. Eles são versados em Ciência da Divindade?
Eu também estudei por muitos anos. Eles podem falar fluentemente sobre
coisas espirituais? Igualmente eu posso. Eles são abundantes nos donativos?
Observe, eu dei todos os meus bens para alimentar os pobres. Eles dão do seu
trabalho, como também de seus recursos? Eu tenho trabalhado mais
abundantemente do que todos eles. Eles estão dispostos a sofrer por seus
irmãos? Eu renunciei aos meus amigos, reputação, comodidade, país;
coloquei minha vida em risco, perambulando em terras estranhas; dei meu
corpo para ser devorado pela profundeza, queimado pelo calor, consumido
pela exaustão, fraqueza, ou o que quer que Deus se agrade de trazer sobre
mim.

Porém isto tudo (seja mais ou menos, não importa) faz-me aceitável a Deus?
Tudo que sempre soube ou possa saber, dizer, dar, fazer ou sofrer, justifica-
me aos seus olhos? Sim, ou o constante uso de todos os meios da graça?
(Que, contudo, são apropriados, corretos e nosso dever sagrado). Ou que nada
sei sobre eu mesmo; que sou, no tocante à retidão exterior moral, sem culpa?
Ou (para ser mais específico) o fato de ter uma convicção racional de todas as
verdades do cristianismo? Tudo isto me dá direito ao caráter santo, sagrado e
divino de um cristão?

De maneira alguma. Se os oráculos de Deus forem verdadeiros, se ainda


tivermos de viver mediante a “lei e o testemunho”; todas essas coisas, embora
quando enaltecidas pela fé em Cristo sejam santas, justas e boas; sem ela, são
como “esterco e refugo”, adequados somente para serem lançados fora, ao
“fogo que nunca se extinguirá”.54

Isto, então, eu aprendi nos confins da terra — que eu “não alcancei a glória
de Deus”. Que todo meu coração é “completamente corrupto e
abominável”55 e, consequentemente, toda minha vida (uma vez que “uma
árvore má” não pode “produzir bons frutos”). Que “contrário” como sou à
vida de Deus, eu sou “filho da ira”, um herdeiro do inferno; que minhas
próprias obras, meus sofrimentos, minha própria retidão estão longe de
reconciliarem-me com um Deus ofendido, tão longe de fazer qualquer
sacrifício para o menor desses pecados, que “são maiores em números do que
os cabelos de minha cabeça”; que os mais plausíveis deles necessitam de uma
expiação, ou não poderão suportar seu julgamento justo; que “tendo a
sentença de morte” em meu coração, e nada em mim ou de mim para alegar,
eu não tenho esperança a não ser de ser justificado livremente “por meio da
redenção que está em Jesus”. Não tenho esperança a não ser que a busque e
encontre Cristo, e “seja encontrado nele, sem minha própria retidão, mas
aquela que é por meio da fé em Cristo, a retidão que é de Deus, pela fé”.56

Se fosse dito que tenho fé (porque muitas dessas coisas eu tenho ouvido de
muitos consoladores miseráveis), eu respondo: assim têm os demônios, um
tipo de fé, mas eles ainda são estranhos à promessa divina. Assim os
apóstolos tinham, mesmo em Caná, na Galileia, quando Jesus manifestou sua
glória pela primeira vez; mesmo então, eles de certa forma “creram nele”,
mas não tinham a “fé que vence o mundo”.

A fé que desejo é “a verdadeira confiança e convicção em Deus de que, pelos


méritos de Cristo, meus pecados são perdoados, e estou reconciliado ao favor
de Deus”. Eu quero a fé que Paulo recomenda a todo o mundo, especialmente
em sua Epístola aos Romanos: a fé que capacita qualquer um que a tenha a
gritar: “Eu não vivo, mas Cristo vive em mim; e a vida que eu agora vivo,
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e deu a si mesmo por mim”.57

Eu desejo aquela fé que ninguém pode ter sem saber que a tem (embora
imaginando que a tenham muitos que não a têm); porque quem quer que a
tenha “está livre do pecado” e todo o “corpo do pecado está destruído” nele:
ele está livre do medo, “tendo paz com Deus, através de Cristo, e
regozijando-se na esperança da glória de Deus”.58

E está liberto da dúvida, “tendo o amor de Deus derramado em seu coração,


através do Espírito Santo que é lhe dado”, cujo “Espírito testemunha com seu
espírito que ele é filho de Deus”.

1/02 – quarta-feira. Depois de ler as orações e explicar uma porção da


Escritura para um grande grupo na estalagem, deixei Deal e cheguei, à tarde,
em Feversham, onde li as orações e expliquei a segunda lição para uns
poucos daqueles que eram chamados cristãos, mas, na verdade, eram mais
selvagens no comportamento do que os mais selvagens índios com os quais
me encontrei.

3/02 – sexta-feira. Fui até a casa do Sr. Delamotte, em Blendon, onde


esperava uma recepção fria. Mas Deus preparou o caminho antes e, tão logo
mencionei meu nome, deram-me boas-vindas; de tal maneira que não pude
deixar de dizer: “Seguramente, Deus está nesse lugar e eu não sabia!
Abençoados sejam vocês! Vocês têm mostrado mais generosidade agora que
no começo”.

À tarde, fui mais uma vez para Londres, de onde estive ausente por
aproximadamente dois anos e quatro meses.

Tenho muitas razões para dar graças a Deus, embora o objetivo pelo qual fui
levado àquelas terras estranhas, em desacordo com todas as minhas
resoluções precedentes, não tenha sido alcançado. Mas por meio disto, eu
confio que ele tenha, em alguma medida, “me humilhado, me provado e me
mostrado o que estava em meu coração”.
Por meio dessa experiência, tenho sido ensinado a me “precaver de homens”.
Estou seguramente convicto de que, se “em todos os nossos caminhos
reconhecermos Deus”, ele irá, onde a razão falhar, “dirigir nossos passos”,59
por muitos ou por outros meios os quais ele conhece. Estou livre do medo do
mar, que tem tanto me aterrorizado quanto me aborrecido desde a minha
juventude. Deus tem me feito conhecer muitos de seus servos, especialmente
os da Igreja de Herrnhut (os Morávios). Minha mente está aberta aos escritos
de homens santos no idioma alemão, espanhol e italiano. Eu espero, também,
que algum bem possa vir aos outros desta mesma forma. Todos na Geórgia
tem ouvido a Palavra de Deus. Alguns tem crido e tem-na seguido bem.
Poucos passos têm sido dados em direção à divulgação das boas novas, tanto
aos africanos quanto aos pagãos americanos. Muitas crianças têm aprendido
sobre “como devem servir a Deus” e serem úteis aos seus próximos. E
aqueles aos quais isso mais diz respeito têm a oportunidade de saberem o
verdadeiro estado da sua colônia infantil, e estabelecerem uma proposição
mais firme de paz e felicidade para as próximas gerações.

4/02 – sábado. Eu disse aos meus amigos algumas das razões que apressaram
um pouco meu retorno à Inglaterra. Todos eles concordaram que seria
apropriado relatar todas elas aos Curadores da Geórgia.

Consequentemente, na manhã seguinte, esperei pelo Sr. Oglethorpe, mas não


tive tempo para falar sobre o assunto nessa ocasião. À tarde, estava desejoso
de pregar sobre João Evangelista. E o fiz através dessas fortes palavras: “Se
algum homem está em Cristo, nova criatura é”. (2Co 5.17) Mais tarde, fui
informado que muitos dos melhores paroquianos ficaram tão ofendidos, que
não mais me seria permitido pregar por lá.

6/02 – segunda-feira. Visitei muitos dos meus velhos amigos, como também
muitos dos de minhas relações. Constatei que ainda não havia chegado o
tempo de ser “odiado por todos os homens”.60

Oh! Que eu possa estar preparado para esse dia! Encontro com Peter Böhler

7/02 – terça-feira (esse dia é para ser muito lembrado). Na casa do Sr.
Weinantz, comerciante holandês, conheci Peter Böhler, Schulius Richter e
Wensel Neiser, recém chegados da Alemanha. Certificando-me que eles não
tinham nenhum conhecido na Inglaterra, ofereci-me para conseguir um
alojamento para eles, e o fiz perto da hospedaria do Sr. Hutton, onde eu
estava. Desse momento em diante, de boa vontade, não perdi nenhuma
oportunidade de conversar com eles, enquanto fiquei em Londres.

8/02 – quarta-feira. Fui novamente ao Sr. James Oglethorpe, mas não tive
oportunidade de falar como tinha desejado. Posteriormente, esperei à mesa
dos Depositários61 e lhes dei um pequeno, mas evidente, informe sobre o
estado da colônia; um informe, receio, nem um pouco diferente daqueles que
eles recebiam frequentemente antes, e por isso tenho razões para acreditar
que alguns deles não me perdoaram esse dia.

12/02 – domingo. Preguei na Igreja de St. Andrew, em Holborn: “E, ainda


que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, nada
disso me aproveitaria”. (1Coríntios 13.3) Que fortes declarações! Quem pode
ouvi-las? Aqui, também, parece que não poderei pregar mais.

15/02 – quarta-feira. Esperei pelos Curadores novamente e lhes dei, por


escrito, a essência do que tinha dito no último embarque. Quaisquer que
fossem as questões que eles fizeram, concernente ao estado da província, eu
igualmente respondi o melhor que pude.

17/02 – sexta-feira. Parti para Oxford com o Sr. Peter Böhler, onde fomos
recebidos carinhosamente pelo Sr. Sarney, o único que permaneceu aqui, dos
muitos que, com nosso embarque para a América, foram usados para “levar
doces deliberações” e regozijarem-se em “suportarem a repreensão de
Cristo”.62

18/02 – sábado. Fomos para Stanton Harcourt, até a casa do Sr. Gamboldo.
Certificamo-nos de que meu velho amigo recuperou-se de sua mística ilusão
e convenceu-se de que Paulo era melhor escritor do que Tauler ou Jacob
Behmen. No dia seguinte, preguei mais uma vez no castelo (em Oxford), para
uma numerosa e séria congregação.

Nessa oportunidade, conversei muito com Peter Böhler, mas não o entendi;
por fim ele me disse: “Meu irmão, meu irmão, esta sua filosofia deve ser
lançada fora”.
20/02 – segunda-feira. Retornei a Londres e, na terça-feira, preguei na Great
St. Helen. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada
dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).

22/02 – quarta-feira. Estive com os Curadores novamente, para os quais,


então, fiz um breve relato (e, mais tarde, lhes entreguei a ata por escrito) das
razões porque deixei a Geórgia.

26/02 – domingo. Preguei às seis horas na Igreja St. Lawrence; às dez horas,
na de St. Catherine Cree; e à tarde, na St. John, Wapping. Acredito que
agradou a Deus abençoar mais o primeiro sermão, porque mais ofensivo;
sendo realmente um desafio aberto aos mistérios da iniquidade que o mundo
chama de ‘prudência’, fundamentado nessas palavras de Paulo: “Todos
quantos desejam mostrar boa aparência na carne, os obrigam a serem
circuncidados; apenas por receio de sofrerem perseguição por causa da cruz
de Cristo”.63

27/02 – segunda-feira. Peguei uma carruagem para Salisbury. Tive muitas


oportunidades de conversar seriamente com meus colegas viajantes. Mas,
esforçando-me para restabelecer a sabedoria de Deus, através da sabedoria
mundana de introduzir seriedade com conversa leve, e, mais tarde, seguir
aqueles avisos dos místicos: “Deixem que fiquem consigo mesmos”, tudo o
que eu disse foi escrito na areia. “Senhor não coloque este pecado sob” minha
“responsabilidade!”

28/02 – terça-feira. Vi minha mãe mais uma vez. No dia seguinte, preparei-
me para a minha viagem à casa de meu irmão, em Tiverton. Mas, na quarta-
feira de manhã, 2 de março, uma mensagem de que meu irmão Charles
estava morrendo, em Oxford, obrigou-me a viajar para lá imediatamente.
Chamado a uma casa ímpar, à tarde, eu encontrei muitas pessoas que
pareciam simpatizantes da religião, para as quais falei francamente, como fiz,
à noite, tanto aos servos quanto aos estranhos na minha pousada.

Com respeito a meu próprio comportamento, agora renovei e escrevi minhas


resoluções anteriores. 1. Usar de absoluta franqueza e sem reservas para com
todos aqueles com quem devo conversar. 2. Trabalhar, depois de ininterrupta
seriedade, não favorecendo de boa vontade a mim mesmo no menor
comportamento leviano, ou em dar risadas nem por um momento. 3. Não
falar nenhuma palavra que não vise à glória de Deus, em especial, não falar
de coisas mundanas. Outras eu posso mais do que isto, devo. Mas, o que é
isso para ti? 4. Não ter prazer naquilo que não vise à glória de Deus,
agradecendo a ele, a todo o momento, por tudo que tenho e,
consequentemente, rejeitando todo tipo e condição no qual eu sinta que não
possa ser grato a ele nisso e por isso.

4/03 – sábado. Encontrei meu irmão em Oxford recuperando-se de sua


pleurisia,64 e com ele Peter Böhler; por quem, pelas mãos do grande Deus,
no domingo, dia 5, fui claramente convencido da incredulidade e do desejo
daquela fé por meio da qual somente, somos salvos. Imediatamente golpeou
em minha mente: “Deixe de pregar! Como pode pregar a outros quem não
tem fé ele próprio?”

Então perguntei a Böhler se ele achava que eu deveria deixar isso de fora ou
não. E ele respondeu: “De modo algum!”. Tornei a perguntar: “Mas o que
devo pregar?”. E ele disse: “Pregue a fé, até que você a tenha e, então, porque
a tem, você irá pregar a fé!”.

Consequentemente, no domingo, dia 05, comecei a pregar essa nova


doutrina, embora minha alma voltasse atrás nas obras. A primeira pessoa para
quem ofereci salvação apenas pela fé foi um prisioneiro, sentenciado à morte.
Seu nome era Clifford. Peter Böhler pediu-me muitas vezes que eu falasse
com ele. Mas não pude persuadir-me, então, a fazê-lo, sendo ainda, como
tenho sido há muitos anos, um zeloso defensor da impossibilidade do
arrependimento no leito de morte.

10/03 – sexta-feira. Peter Böhler retornou para Londres. 14/03 – terça-feira.


Parti para Manchester com o Sr.

Kinchin, membro do Corpus Christi,65 e Sr. Fox, recém prisioneiro na prisão


da cidade. Entre cinco e seis horas, visitamos Chapel-on-the-Heath, onde
vivia um pobre homem, algumas vezes prisioneiro no Castelo de Oxford.

Ele não estava em casa, mas sua esposa veio até nós, e o Sr. Kinchin falou-
lhe algumas poucas palavras que de tal forma comoveram seu coração que ela
irrompeu em lágrimas, e seguimos em frente nos regozijando e louvando a
Deus.
Por volta das oito, chovendo e muito escuro, nos perdemos, mas, antes das
nove, chegamos a Shipston, depois de atravessar, não sei como, uma estreita
ponte de pedestres, que se estende por um fosso profundo perto da cidade.
Depois da ceia, li algumas orações para as pessoas da pousada e expliquei a
segunda lição; o que, espero, não tenha sido em vão.

No dia seguinte, jantamos em Birmingham e, logo depois de partirmos,


fomos reprovados por nossa negligência, ao deixarmos aqueles que nos
assistiram irem, sem exortação nem instrução, por causa da severa chuva de
granizo. Em Hedgeford, por volta das cinco, nos esforçamos para sermos
mais fiéis; e todos que ouviram pareceram sérios e afetados.

À noite, chegamos em Stanford. A dona da casa juntou-se a nós nas orações


em família. Na manhã seguinte, um dos criados pareceu profundamente
afetado, assim como o rapaz da estrebaria, antes de partirmos. Logo depois
do café da manhã, entrando no estábulo, falei poucas palavras aos que
estavam lá. Um estranho que me ouviu disse: “Senhor, eu gostaria de viajar
contigo”, e quando entramos na casa, seguiu-me irrompendo abruptamente:
“Senhor, eu acredito que você seja um bom homem e vim para contar-lhe um
pouco de minha vida”. As lágrimas permaneceram em seus olhos todo o
tempo em que ele falou e, esperamos, nenhuma palavra que foi dita por ele
foi perdida.

Em Newcastle, para onde fomos por volta das dez horas, alguns para os quais
falamos, em nossa pousada, estavam muito atentos, mas uma jovem pareceu-
nos completamente desinteressada. No entanto, falamos. Quando estávamos
indo embora, ela fixou seus olhos e não se moveu, nem disse palavra alguma,
mas pareceu tão atônita como se tivesse visto alguém ressuscitar dos mortos.

A caminho da capela de Holms, por volta das três, fomos surpreendidos ao


sermos levados para um quarto, onde roupas e pratos estavam dispostos.
Logo depois que dois homens chegaram para o jantar o Sr. Kinchin lhes disse
que, se lhes agradassem, o cavalheiro pediria uma bênção para eles. Os dois
olharam fixamente e, por assim dizer, consentiram, mas, ainda sentados,
enquanto eu orava, um deles permaneceu de chapéu. Começamos a falar em
nos voltarmos para Deus e prosseguimos, embora eles parecessem totalmente
indiferentes.
Depois de algum tempo, seus semblantes mudaram e um deles, tirando seu
chapéu e colocando-o no chão, atrás de si, disse que tudo o que dissemos era
verdade, que ele tinha sido um terrível pecador e não considerou isso como
deveria, mas que estava resolvido agora, com a ajuda de Deus, a
sinceramente voltar para ele. Nós o exortamos e a seu companheiro, que
igualmente bebeu de toda palavra, a clamarem poderosamente a Deus para
que ele “lhes enviasse ajuda do seu santo lugar”. Tarde da noite alcançamos
Manchester.

Fatigado, à tarde, visitei Altringham e me encontrei inesperadamente com um


quacre,66 muito hábil em controvérsia e, portanto, (como logo constatei)
suficientemente afeiçoado a ela. Depois de passarmos uma hora ali (talvez
não em vão), pedi-lhe que discutisse o menos possível e, preferivelmente,
seguisse em busca da santidade, e caminhado humildemente com seu Deus.
Tarde da noite alcançamos Manchester.

17/03 – sexta-feira. Passamos o dia com Sr. Clayton, por meio de quem,
juntamente com o restante de nossos amigos aqui, fomos muito revigorados e
fortalecidos. Sr. Hoole, reitor da Igreja de St. Ann, adoentado, no dia
seguinte, sábado, 19, o Sr. Kinchin e eu oficiamos na capela de Salford, de
manhã, pelo que o Sr. Clayton ficou livre para realizar o culto da Igreja de St.
Ann e, à tarde, preguei sobre estas palavras de Paulo: “Se algum homem
estiver em Cristo, ele é nova criatura”.67

Logo cedo, deixamos Manchester, levando conosco o irmão do Sr. Kinchin,


motivo pelo qual viemos ser introduzidos em Oxford. Estávamos
completamente determinados a não perder a oportunidade de despertarmos,
instruirmos ou exortarmos qualquer pessoa que pudéssemos encontrar em
nossa jornada. Em Knutsford, paramos. Todos com os quais falamos,
agradecidamente receberam a palavra de exortação.

Porém em Talk-on-the-hill, onde jantamos, a pessoa com quem estávamos


era tão fidalga, que aproximadamente uma hora de nosso trabalho pareceu ter
sido em vão. No entanto, continuamos a falar. De repente, ela olhou como
alguém que acabou de acordar de um sono. Cada palavra tocou fundo em seu
coração. Eu nunca tinha visto uma mudança tão completa em alguém, tanto
nos olhos quanto na maneira de falar, em tão pouco tempo.
Por volta das cinco, o Sr. Kinchin, cavalgando com um homem e sua mulher
montados num mesmo cavalo, o homem disse: “Senhor, você deve agradecer
a Deus por este ter sido um dia propício, porque se tivesse chovido, você
estaria lamentavelmente sujo com seu pequeno cavalo”. Ao que o Sr. Kinchin
respondeu: “Verdade! E devemos agradecer a Deus por nossas vidas, saúde,
alimento, vestuário e todas as coisas”. Ele então montou, o Sr. Fox seguindo
atrás, o homem disse: “Senhor, minha senhora ficaria feliz em conversar um
pouco mais com esses cavalheiros”. Propusemo-nos a isto, e quando eles
chegaram, começaram a sondar um o coração do outro. Eles vieram até nós
novamente à noite, até nossa pousada em Stone, onde expliquei a ambos e a
outros seus conhecidos que tinham vindo junto, a grande verdade
– a santidade tem a promessa, tanto para esta vida quanto para a vindoura.

21/03 – terça-feira. Entre nove e dez horas, chegamos em Hedgeford. À


tarde, alguém nos alcançou; alguém a quem estávamos mais inclinados a falar
do que a ouvir. Entretanto, falamos e não poupamos nada. À tarde,
alcançamos um jovem quacre, que, em seguida, veio até nossa pousada em
Henley, de onde ele mandou recado para os demais de sua família para
juntarem-se a nós em oração: à qual, acrescentei, como de costume, a
exposição da segunda lição.

Nossa outra companhia veio conosco, uma milha ou duas, de manhã, e não
apenas falou menos do que no dia anterior, mas teve, em boa parte, uma séria
precaução contra a verbosidade e a vaidade.

Uma hora mais tarde, fomos surpreendidos por um idoso cavalheiro, que nos
disse que iria matricular seu filho em Oxford. E perguntamos: “Em qual
Faculdade?” Ele respondeu que não sabia, visto que não tinha qualquer
conhecido por lá de cuja recomendação pudesse depender. Depois de alguma
conversa, ele expressou um profundo senso da boa providência de Deus e
disse-nos que sabia que Deus nos tinha colocado em seu caminho, em
resposta à sua oração. À noite, chegamos em Oxford, regozijando-nos de ter
recebido tantos novos exemplos da grande verdade: “Reconhece-o em todos
os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”. (Provérbios 3.6)

23/03 – quinta-feira. Encontrei Peter Böhler novamente, que agora me


maravilhava cada vez mais pelo relato que deu dos frutos da fé viva – a
santidade e a felicidade, – que ele afirmou a tem atendido. Na manhã
seguinte, peguei o Testamento Grego, novamente resolvido a viver pela “lei e
o testemunho”. Eu estava confiante de que Deus, por esta razão, mostrar-me-
ia se essa doutrina é dele.

26/03 – domingo. Preguei em Whitam sobre “a nova criatura” e fui, à tarde, a


uma sociedade em Oxford onde (como era meu costume em todas as
sociedades), depois de usar uma Coleta ou duas e a Oração do Senhor, expus
um capítulo do Novo Testamento e concluí com três ou mais coletas e um
salmo.

27/03 – segunda-feira. O Sr. Kinchin foi comigo a Castle, onde, depois de ler
as orações e pregar sobre “Aos homens é designado morrerem uma vez”
(Hebreus 9.27), oramos com o homem condenado, primeiro nas diversas
formas de oração e, então, com as palavras que nos foram dadas naquela
hora. Ele se ajoelhou com muita opressão e confusão, “nada mais restando
em” seus ossos “por causa de” seus “pecados”. Depois de um tempo, ele se
levantou e disse ansiosamente: “Agora estou pronto para morrer. Sei que
Cristo jogou fora meus pecados e não existe mais qualquer condenação para
mim”. A mesma alegria tranquila ele mostrou quando foi levado para a
execução e, em seus últimos momentos, permaneceu o mesmo, desfrutando
da perfeita paz, confiante de que foi “aceito pelo Amado”.

01/04 – sábado. Na sociedade do Sr. Fox, meu coração estava tão cheio que
eu não poderia me confinar às formas de oração que estávamos acostumados
a usar ali. Nem me propus a restringir-me mais a elas; mas a orar
diferentemente, com uma forma ou sem, conforme achasse adequado às
ocasiões específicas.

2/04 – domingo (Páscoa). Preguei na capela do colégio sobre: “Em verdade,


em verdade vos digo que chegou a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão
a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão” (João 5.25). Preguei de
tarde, primeiro em Castle e depois em Carfax, sobre as mesmas palavras. Eu
vejo a promessa, mas ela ainda está longe.

Acreditando que seria melhor esperar pela compreensão disso em silêncio e


retiro, na segunda, 3, concordei com o desejo do Sr. Kinchin, e fui com ele
para Dummer, em Hamspshire. Mas não me foi permitido permanecer aqui
por muito tempo, sendo seriamente pressionado a ir para Londres, ou fosse
por apenas alguns poucos dias. Para lá, então, retornei na terça-feira, dia 18.

22/04 – sábado. Encontrei-me com Peter Böhler uma vez mais, e agora eu
não fazia qualquer objeção ao que ele disse sobre a natureza da fé; ou seja,
(para usar as palavras de nossa Igreja), “da confiança e convicção que um
homem tem em Deus, de que, através dos méritos de Cristo, seus pecados são
perdoados e ele reconciliado ao favor de Deus”. Nem eu poderia negar a
felicidade ou santidade que ele descreveu como os frutos desta fé viva. “O
próprio Espírito testemunha com nosso espírito que somos filhos de Deus”.68
E, “Aquele que crê que tem o testemunho em si mesmo”,69 convenceu-me
completamente do primeiro: uma vez que, “quem quer que seja nascido de
Deus, não comete pecado”,70 e, “quem quer que creia que seja nascido de
Deus”, do último. Mas eu não pude compreender o que ele falou sobre uma
obra instantânea. Como um homem poderia, de imediato, ser assim
transformado das trevas para a luz, do pecado e miséria para a retidão e
alegria no Espírito Santo?

Eu busquei nas Escrituras, novamente, no tocante a esta mesma coisa,


especialmente nos Atos dos Apóstolos. Mas, para meu completo assombro,
dificilmente encontrei alguns exemplos lá de outras que não conversões
instantâneas; dificilmente alguma tão vagarosa quanto a de Paulo, que ficou
três dias nas dores do novo nascimento. Tive apenas um consolo, ou seja,
“assim, eu garanto, Deus trabalhou nos primeiros anos do cristianismo, mas
os tempos mudaram. Que razão temos para acreditar que ele opera da mesma
forma agora?”

Mas no domingo, 23, voltei atrás nisto também, pela evidente coincidência
de diversas testemunhas; que testificaram que Deus havia assim operado em
si mesmas, dando a elas, de imediato, tal fé no sangue de seu Filho, de
maneira a transportá-las das trevas para a luz, do pecado e temor para a
santidade e felicidade. Aqui terminou meu conflito. Eu poderia agora clamar:
“Senhor, ajuda-me em minha descrença!”71

Perguntei novamente a Peter Böhler se não devia me abster de ensinar a


outros. Ele disse, “Não! Não esconda na terra o talento que Deus deu a você”.
Assim sendo, na terça-feira, dia 25, falei de maneira clara e completa em
Blendon, para a família do Sr. Delamotte, sobre a natureza e frutos da fé. O
Sr. Broughton e meu irmão estavam lá. A grande objeção do Sr. Broughton
era a de que ele nunca poderia pensar que eu não tivesse fé, uma vez que eu
havia feito e sofrido tais coisas.

Meu irmão estava muito irado, e disse-me que eu não sabia do dano que
havia causado falando assim. E, realmente, agradou a Deus acender um fogo,
o qual, eu confio, nunca será extinto.

26/04 – quarta-feira. No dia fixado para meu retorno a Oxford, esperei mais
uma vez pelos Curadores da Geórgia, mas, sendo escasso o tempo, fui
obrigado a deixar os documentos, os quais tinha planejado entregar em suas
próprias mãos. Um destes era o instrumento pelo qual eles tinham me
designado ministro de Savannah; o qual, não tendo nenhum lugar mais
naquelas partes, pensei que não seria certo permanecer por mais tempo.

Peter Böhler caminhou comigo algumas milhas e me exortou a não suspender


a graça de Deus. Em Gerard’s Cross, declarei claramente àqueles que Deus
entregou em minhas mãos a fé como ela é encontrada em Jesus. Como o fiz,
no dia seguinte, a um jovem que encontrei na estrada, e, à noite, a nossos
amigos em Oxford. Uma doutrina estranha que alguns, que não se
preocuparam ainda em contradizer, não souberam o que fazer dela; mas um
ou dois que estavam completamente destruídos pelo pecado, de boa vontade
ouviram e receberam alegremente.

Alguns dias depois, fui muito confirmado na “verdade que é segundo a


santidade”, ouvindo as experiências do Sr. Hutchins, da Faculdade de
Pembroke, e da Sra. Fox: duas testemunhas vivas, às quais Deus pode (se é
que ele não faz sempre!) dar aquela fé que salva, tão de repente como se fosse
um raio caindo do céu.

1/05 – segunda-feira. A reincidência da enfermidade de meu irmão obrigou-


me novamente a acelerar minha ida para Londres. À noite, encontrei-lhe na
casa de James Hutton melhor de saúde do que eu esperava, mas fortemente
avesso ao que ele chamava de “a nova fé”.

Nasce a Sociedade de Fetter Lane


Hoje à noite, nossa pequena sociedade teve início, em Fetter Lane, com Peter
Böhler.
Nossas regras fundamentais são, como segue: Em obediência ao mandamento
de Deus, através de Tiago, a conselho de Peter Böhler, concordamos que:

1. Encontrarmo-nos-íamos uma vez por semana, para “confessarmos nossas


faltas uns aos outros, e orarmos uns pelos outros para que possamos ser
curados”.72

2. As pessoas seriam divididas em diversos grupos, ou em pequenas


companhias, nenhuma delas consistindo de menos que cinco ou mais do que
dez pessoas.

3. Cada um, em ordem, fale livre, clara e concisamente, quanto puder, do real
estado de seu coração com suas diversas tentações e livramentos, desde o
último encontro.

4. Todos os grupos tenham uma conferência, às oito, toda


quarta-feira, começando e terminando com cântico e oração.

5. A alguém que deseje ser admitido nesta sociedade seja perguntado: “Quais
as razões para desejar isto? Você está inteiramente aberto, não usando de
nenhum tipo de reserva? Você tem alguma objeção a alguma de nossas
ordens? (Que podem, então, ser lidas).

6. Quando algum novo membro é proposto, cada um dos presentes fale clara
e livremente sobre a objeção que tem para com ele.

7. Aqueles contra os quais nenhuma objeção razoável apareça, sejam, com o


objetivo de seu teste, formados em um ou mais grupos distintos e algumas
pessoas concordem em assisti-los.

8. Depois de dois meses de prova, se nenhuma objeção aparecer, eles possam


ser admitidos na sociedade.
9. A cada quatro
sábados seja observado como um dia de intercessão geral.
10. No domingo
, sete noites seguidas, seja a festa geral do amor, das sete até às dez da noite.

11. Nenhum membro específico seja admitido, se agir em alguma coisa


contrária a alguma ordem da sociedade. E que, se algumas pessoas, depois de
serem por três vezes admoestadas, não se adequarem a isto, não sejam mais
consideradas como membros.

3/05 – quarta-feira. Meu irmão teve uma longa e particular conversa com
Peter Böhler. E agradou a Deus abrir seus olhos, de forma que ele também
pôde ver claramente a natureza daquela verdadeira fé viva, por meio da qual
apenas “pela graça somos salvos”.

4/05 – quinta-feira. Peter Böhler deixou Londres para embarcar para a


Carolina. Oh! Que trabalho Deus tem começado desde que ele veio para a
Inglaterra! Trabalho que nunca terminará até que céus e terra passem.

7/05 – domingo. Preguei, em St. Lawrence, de manhã, e, posteriormente, na


Igreja de St. Katherine Cree. Senti-me capacitado para falar fortes palavras a
ambas igrejas e fiquei pouco surpreso ao ser informado de que eu não poderia
mais pregar em qualquer uma delas.

9/05 – terça-feira. Preguei em St. Helen, para uma numerosa congregação


sobre: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou
por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?”
(Romanos 8.32). Meu coração agora estava tão preparado para declarar o
amor de Deus a todos que eram oprimidos pelo diabo, que não me surpreendi,
de maneira alguma, quando me foi dito mais tarde: “Senhor, você não deve
pregar mais aqui”.

10/05 – quarta-feira. Sr. Stonehouse, Pároco de Islington, foi convencido da


“verdade como ela é em Jesus”. Desde este dia, até o sábado, dia 13, estive
pesaroso e muito oprimido; sem condições para ler, meditar, cantar, orar, nem
fazer alguma coisa. Ainda assim, senti-me um pouco revigorado por uma
carta de Peter Böhler.

14/05 – domingo. Preguei de manhã em St. Ann, Aldersgate e, à tarde, na


capela em Savoy, a salvação livre através da fé no sangue de Cristo. Fui
rapidamente notificado de que, também em St. Ann, não deveria mais pregar.

19/05 – sexta-feira. Meu irmão teve uma segunda recaída de sua pleurisia.
Alguns de nós passamos o sábado à noite em oração. No dia seguinte,
Domingo de Pentecostes, depois de ouvirmos o Dr. Heylyn pregar um sermão
verdadeiramente cristão (sobre “Eles estavam todos cheios do Espírito
Santo”, “E assim”, disse ele: “Podem todos vocês, se não for por suas
próprias faltas”), e, ajudando-o na santa comunhão (seu pároco auxiliar ficou
doente na igreja), recebi a surpreendente notícia de que meu irmão havia
encontrado descanso para sua alma. Todas as forças retornaram também
desde aquela hora. “Que Deus é mais maravilhoso que o nosso Deus?”

Preguei nas Igrejas de St. John, Wapping, às três horas; e na de St. Bennett e
St. Paul, Wharf, à noite. Nestas igrejas, igualmente, não poderei mais pregar.
Na de St. Antholin, preguei na quarta-feira seguinte. Na segunda, terça e
quarta-feira tive contínua tristeza e opressão em meu coração. Alguma coisa
que descrevi tão abertamente quanto fui capaz, na seguinte carta a um amigo:

“Por que um Deus tão grandioso, tão sábio, tão santo, usaria um instrumento
como eu? Senhor, ‘deixa os mortos enterrarem seus mortos!’73 Será que tu
enviarás o morto para ressuscitar o morto? Sim, tu enviaste aquele que tu
enviarias; e mostrastes misericórdia!”

“Amém! Seja, então, de acordo com tua vontade! Se tu falas a palavra, Judas
expulsa demônios. Eu sinto o que você diz (embora não o suficiente), porque
estou debaixo da mesma condenação. Vejo que toda a lei de Deus é santa,
justa e boa. Sei que cada pensamento, cada temperamento de minha alma
deve trazer a imagem e o endereço de Deus. Mas como estou caído de sua
glória! Eu sinto ‘que estou debaixo do pecado’. Sei também que nada mereço
a não ser a ira. Estou cheio de todas as abominações e sem qualquer coisa boa
em mim para expiar por elas, ou remover a ira de Deus. Todas as minhas
obras, minha retidão, minhas orações, precisam reconciliar-se contigo.
Assim, minha boca está fechada. Não tenho nada a pleitear”.

“Deus é santo, eu não sou. Deus é um fogo ardente, eu sou um completo


pecador, adequado para ser consumido. Ainda assim, ouço uma voz (seria a
voz de Deus?) dizendo ‘Creia, e serás salvo. Aquele que creu, passou da
morte para a vida. Deus, de tal maneira, amou o mundo, que deu seu único
Filho; e quem quer que nele creia não perecerá, mas terá a vida eterna’. Oh!
Não permita que alguém nos engane através de palavras vãs, como se nós já
tivéssemos conseguido essa fé! Pelos frutos poderemos saber”.
“Será que ainda sentimos ‘paz com Deus’, e ‘alegria no Espírito Santo?’
‘Esse Espírito testemunhou com nosso espírito que nós somos filhos de
Deus?’ Ai de mim, com o meu ele não testemunha! Nem, receio, com o de
vocês! Oh! Tu, Salvador de homens, salva-nos de confiar em alguma coisa a
não ser em ti! Traze-nos a ti! Permite-nos ser esvaziados de nós mesmos e,
então, enche-nos com toda a paz e alegria, por crermos; e não permita que
alguma coisa nos separe de teu amor, no tempo ou na eternidade”.

“Senti meu coração


estranhamente aquecido”

O que ocorreu na quarta-feira, 24, penso que seja melhor relatar


minuciosamente, depois de mencionar de antemão o que poderá trazer maior
compreensão. Que aquele que não pode receber isto peça ao Pai das luzes,
para que lhe dê mais conhecimento e a mim também.

Creio que até aproximadamente os dez anos não tive pecado exterior, porque
“completamente lavado no Espírito Santo” que me foi dado, em meu batismo,
tendo sido estritamente educado e cuidadosamente ensinado que poderia ser
salvo apenas “pela obediência universal, em guardar todos os mandamentos
de Deus”, nos quais fui diligentemente instruído. E essas instruções, até onde
concernem às obrigações e pecados exteriores, eu agradavelmente recebi e,
frequentemente, ensinei a respeito. Mas tudo aquilo que falava de obediência
e santidade interior eu nunca entendi, nem me lembrei. De modo que era, de
fato, tão ignorante do verdadeiro significado da lei quanto do Evangelho de
Cristo.

Os seis ou sete anos seguintes, passei na escola, onde, tendo sido removidas
limitações externas fiquei muito mais negligente do que antes, mesmo nas
obrigações exteriores, e quase continuamente culpado dos pecados aparentes,
que eu sabia serem tais, embora não escandalosos aos olhos do mundo.

Entretanto, ainda lia as Escrituras e dizia minhas orações de manhã e à noite.


Esperava agora ser salvo: 1. Não sendo tão mau às outras pessoas. 2. Tendo
ainda uma religião benevolente. E 3. lendo a Bíblia, indo à igreja e dizendo as
orações.

Transferido à Universidade, por cinco anos, eu ainda dizia minhas orações,


em público e privado, e lia, juntamente com as Escrituras, diversos outros
livros de religião, especialmente os comentários do Novo Testamento. Ainda
que não tivesse tudo isto, a não ser uma noção da santidade interior; e
seguisse habitualmente, na maior parte do tempo muito satisfeito em um ou
outro pecado conhecido: na verdade, com alguma intromissão e poucos
conflitos, especialmente antes e depois da santa comunhão, que era obrigado
a receber três vezes por ano.

Não posso dizer o que esperava para ser salvo até aquele momento, quando
continuamente pecava contra aquela pequena luz que tinha, exceto por
aqueles ajustes transitórios, os quais muitos clérigos ensinaram-me a chamar
de arrependimento.

Quando estava com aproximadamente vinte e dois anos, meu pai pressionou-
me a entrar para o clero. Foi quando a providência de Deus dirigiu-me para
Kempis e seu “Imitação de Cristo”, e comecei a ver que a verdadeira religião
situava-se no coração e que as Leis de Deus estendiam-se a todos os nossos
pensamentos, palavras e ações. Eu estava, no entanto, muito aborrecido com
Thomas A. Kempis, por ser tão rigoroso, embora tivesse lido dele apenas as
traduções de Dean Stanhope.

Ainda assim, frequentemente tive muito conforto perceptível em lê-lo, para o


qual eu era um completo estranho antes: e me encontrando igualmente com
os amigos devotos, os quais nunca tive até aquele momento, comecei a
modificar a forma total de minha vida e a me posicionar com sinceridade para
uma nova. Separei uma ou duas horas de isolamento. Comungava toda
semana. E vigiava contra todo pecado, quer em palavra ou ação. Comecei a
clamar e implorar pela santidade interior.

De modo que agora, “fazendo tanto e vivendo uma vida tão boa”, não duvido
que seja um bom cristão.

Transferido, logo depois, para outra Faculdade, pus em prática uma


resolução, pela qual estava convencido que seria da mais extrema
importância livrar-me de imediato de todo entendimento superficial.
Constatei cada vez mais o valor do tempo. Apliquei-me mais intimamente ao
estudo. Vigiei mais cuidadosamente contra os pecados atuais. Aconselhei
outros a serem religiosos, de acordo com aquele método de religião pelo qual
modelei minha própria vida. Mas, encontrando-me agora com o Sr. William
Law e sua “Perfeição Cristã” e “Chamado Sério” (embora estivesse muito
ofendido com muitas partes de ambos ainda), eles me convenceram, mais do
que nunca, da excelente altura, largura e profundidade da lei de Deus.

A luz fluiu de maneira tão poderosa em minha alma, que todas as coisas
pareceram novas ao meu entendimento. Clamei a Deus por ajuda e resolvi
não prolongar o tempo para obedecer-lhe, como nunca tinha feito antes. E,
por meu esforço contínuo “em manter toda a sua lei”, interior e exterior, “ao
extremo que pudesse”, fui persuadido de que poderia ser aceito por ele e que
estaria, mesmo então, em um estado de salvação.

Em 1730, comecei a visitar as prisões; ajudar os pobres e doentes na cidade; e


a fazer o bem tanto quanto pudesse, com minha presença e minha pequena
fortuna, aos corpos e almas de todos os homens. Para essa finalidade, reduzi
todas as superficialidades e muito do que eram consideradas as coisas
necessárias à vida. Logo me tornei um exemplo, por assim fazer, e me
regozijei que “minha reputação tivesse sido banida como o mal”.

Na primavera seguinte, comecei a observar os jejuns da quarta e sexta-feira,


comumente observados pela igreja primitiva; sem experimentar qualquer
refeição até às três horas da tarde. E, até aquele momento, não sabia como
seguir mais adiante. Esforcei-me diligentemente contra todo o pecado. Não
me privei das abnegações que considerava lícitas; e cuidadosamente usei,
tanto em público como em privado, de todos os meios da graça, em todas as
oportunidades. Não me privei de fazer o bem e, por esse motivo, suportei o
mal. E tudo isso, eu sabia ser nada, a menos que fosse direcionado à
santidade interior e exterior.

Consequentemente, a imagem de Deus era o que eu almejava, afinal, fazendo


sua vontade e não a minha. Todavia, depois de continuar por muitos anos
nesse curso, vi-me perto da morte. E não pude me certificar que tudo isto me
deu algum conforto, ou alguma segurança da aceitação para com Deus.
Diante disto, não fiquei nem um pouco surpreso, não imaginando que tivesse
todo este tempo construindo na areia, nem considerando que “outro alicerce,
nenhum homem pode colocar, além daquele colocado” por Deus “e
igualmente por Jesus Cristo”.
Logo depois, um homem contemplativo convenceu-me ainda mais do que eu
estava convencido anteriormente: de que as obras exteriores são nada,
sozinhas; e em diversas conversas, instruiu-me de como seguir ao encalço da
santidade interior, ou da união da alma com Deus. Mas até mesmo com
respeito às suas instruções (embora eu as recebesse como as palavras de
Deus), não pude deixar de observar: a. Que ele falava tão descuidadamente
contra confiar nas obras exteriores, que desencorajou-me de realizá-las afinal.
b. Que ele recomendou (por assim dizer, suprir o que estava faltando nelas)
oração mental, e iguais exercícios, como os meios mais eficazes de purificar a
alma e unir-me com Deus.

Agora, essas na verdade, tanto quanto minhas próprias obras, como o visitar
doentes, ou cobrir o nu, e a união com Deus, assim buscada, eram como
realmente minha própria retidão, como qualquer uma que eu tivesse antes
buscado debaixo de outro nome.

Nesta maneira refinada de confiar em minhas próprias obras e em minha


própria retidão (tão zelosamente inculcada pelos escritores místicos), arrastei-
me pesadamente, não encontrando nenhum conforto ou cura nisso até o
momento de deixar a Inglaterra. A bordo do navio, entretanto, eu novamente
estava ativo nas obras exteriores; onde agradou a Deus, de sua livre
misericórdia, dar-me vinte e seis irmãos morávios por companheiros, que se
esforçaram para me mostrar “um caminho mais excelente”.74

Porém, eu não entendi isso a princípio. Era muito culto e muito sábio. De
maneira que tudo aquilo parecia tolice para mim. Continuava a pregar e
seguir em frente, e a confiar naquela retidão, por meio da qual nenhuma carne
pode ser justificada.

Todo o tempo em que estive em Savannah, estava dando socos no ar.


Ignorante sobre a retidão de Cristo, que, através de uma fé viva nele, traz a
salvação “a todo aquele que crê”,75 procurei estabelecer a minha própria
retidão e, então, trabalhei, no fogo, todos os meus dias. Não estava
propriamente debaixo da lei; sabia que a lei de Deus era espiritual; consentia
com isso, o que era bom. Sim, eu me deleitava nisto, na busca do homem
interior. Ainda assim, eu era “um carnal, vendido à escravidão do pecado”.76

Todos os dias eu era constrangido a clamar alto: “O que eu faço, não aprovo:
porque o que eu deveria, eu não faço, mas o que odeio, isto, eu faço. Porque o
querer está, ‘de fato’, presente em mim. Mas, como executar aquilo que é
bom, eu não encontro. Porque o bem, o qual eu deveria, eu não faço. Eu
encontro uma lei, de que quando eu fizer o bem o mal estará presente
comigo”.77 Assim como “a lei, em meus membros, advertindo-me contra a
lei de minha mente”, e ainda “conduzindo-me para a escravidão da lei do
pecado”.

Contra este estado de escravidão do pecado, vil e abjeto, eu estava, de fato,


lutando continuamente, mas não vencendo. Antes, eu servia ao pecado de boa
vontade; agora, era de má-vontade, mas ainda assim eu o servia. Eu caía e me
levantava, e caía novamente.

Algumas vezes, eu era dominado e me sentia oprimido; algumas vezes eu era


dominado e ficava alegre. Assim, como no estado anterior, eu tive algumas
antecipações dos terrores da lei da mesma forma que tive dos confortos do
Evangelho. Durante toda a luta, entre a natureza e a graça (a qual continuava
agora por mais de dez anos), tive muitos notáveis retornos da oração,
especialmente quando em dificuldades. Eu tive muitos confortos visíveis, os
quais são realmente as antecipações da vida da fé. Mas eu ainda estava
“debaixo da lei”; não “debaixo da graça” (o estado no qual a maioria dos que
se chamam cristãos está contente em viver e morrer).

Visto que eu estava lutando contra o pecado e não me libertando dele; nem
tinha o testemunho do Espírito Santo com meu espírito, e, com certeza, não
poderia, uma vez que eu “buscava isso, não pela fé, mas, por assim dizer,
pelas obras da lei”.

janeiro de 1738, Em meu retorno para a Inglaterra, em


estando em perigo eminente de morte, e muito desconfortável por isto, fui
fortemente convencido de que a causa dessa inquietude era a incredulidade e
que alcançar uma fé verdadeira e viva era a única coisa necessária para mim.
Mas eu ainda não tinha fixado essa fé no objeto certo. Tinha apenas fé em
Deus, não fé em Cristo ou por meio dele.

Novamente, eu não sabia que estava invalidando completamente essa fé; eu


apenas pensava que não tinha suficiente dela. Então, quando Peter Böhler,
que Deus preparou para mim, tão logo cheguei em Londres, falou sobre a fé
verdadeira em Cristo, (a qual é a única) e que tinha dois frutos inseparáveis:
“Domínio sobre o pecado, e constante Paz pela consciência do perdão”, eu
fiquei completamente pasmo e olhei para isto como um novo Evangelho. Se
fosse assim, estava claro que eu não tinha fé.

Porém, eu não estava desejoso de ser convencido disso. Por conseguinte, eu


lutei, com todas as minhas forças, e trabalhei para provar que a fé poderia
estar onde esses não estavam, especialmente onde o senso de perdão não
estava; porque todas as Escrituras relativas a isso, eu fui ensinado a
interpretar de outra forma e a recorrer a todos os Presbiterianos que falavam
de outra forma. Além do mais, eu vi bem (na natureza das coisas) que
ninguém poderia ter tal senso de perdão e não sentir. Se, pois, não existe fé
sem esse senso, todas as minhas pretensões à fé cairiam imediatamente.

Quando me encontrei com Peter Böhler novamente, ele consentiu em colocar


a disputa na questão que eu desejei, isto é, a Escritura e a experiência.
Primeiro consultei a Escritura. Mas, quando coloquei de lado a interpretação
dos homens e simplesmente considerei as palavras de Deus, comparando-as
juntas, esforçando-me para ilustrar o que era de difícil entendimento por meio
de passagens mais claras, me certifiquei de que elas todas estavam contra
mim e fui forçado a recuar da minha última impressão; “essa experiência não
poderia nunca concordar com a interpretação literal daquelas Escrituras. Nem
eu poderia, entretanto, permitir que isso fosse verdade, até que eu encontrasse
algumas testemunhas vivas dela”. Ele replicou que poderia me mostrar, a
qualquer tempo, se eu desejasse até mesmo no dia seguinte. E, de acordo, no
dia seguinte, ele veio novamente com três outros. Todos eles testificaram de
suas próprias experiências pessoais, que a verdadeira fé viva em Cristo é
inseparável do senso de perdão de todos os pecados passados e da liberdade
de todos os pecados presentes.

Eles acrescentaram, a uma só voz, que essa fé era o dom, o dom livre de
Deus; e que Ele poderia, certamente, concedê-la a toda a alma que honesta e
perseverantemente buscasse.

Eu estava agora completamente convencido e, pela graça de Deus, resolvi


buscá-la até o fim. 1. Renunciando absolutamente a dependência, total ou em
parte, de minhas próprias obras ou retidão, nas quais eu realmente havia
plantado a minha esperança de salvação; embora não a conheça, desde a
minha juventude até hoje. 2. Acrescentando o uso constante de todas as
outras formas de graça: oração ininterrupta para esse mesmo fim; a fé
justificadora e salvadora, uma completa dependência do sangue de Cristo,
derramado por mim; a confiança nele como meu Cristo, como minha única
justificação, santificação e redenção.

Continuei assim a buscá-la (embora com uma estranha indiferença,


entorpecimento e frieza incomuns, recaídas frequentes no pecado) até hoje,
quarta-feira, 24 de maio. Eu penso que era por volta das cinco da manhã,
quando eu abri meu Testamento nessas palavras: “Foram dadas, junto a nós,
grandessíssimas e preciosas promessas, para que sejamos participantes da
natureza divina” (2Pedro 1.4). E exatamente quando estava de saída, eu o abri
novamente nestas palavras: “Tu não estás longe do Reino de Deus” (Marcos
12.34).

À tarde, pediram-me que fosse para a Igreja de St. Paul. O salmo era: “Do
abismo, eu tenho chamado por Ti, ó, Senhor. Senhor, ouça minha voz. Oh!
Deixa teus ouvidos considerarem boa a voz da minha queixa. Se, tu, Senhor,
fores rigoroso para marcar o que é feito de errado, ó, Senhor, quem poderá
suportar isso? Porque há misericórdia em ti; por esta razão, tu deves ser
temido. ó, Israel, confia no Senhor, porque com o Senhor há misericórdia, e,
com ele, redenção plena. E ele também deverá redimir Israel de todos os seus
pecados”.78

À noite, fui muito de má vontade até uma sociedade, na Rua Aldersgate, onde
a pessoa estava lendo o prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Por volta
de quinze para as nove, enquanto ele estava descrevendo as mudanças que
Deus opera no coração, pela fé em Cristo, eu senti meu coração
estranhamente aquecido. Senti que confiei em Cristo — Cristo apenas, para a
salvação; e uma garantia me foi dada de que ele tinha tomado meus pecados,
até mesmo os meus, e tinha me salvo da lei do pecado e da morte.

Comecei a orar com todas as minhas forças por aqueles que tiveram, de uma
maneira mais especial, rancorosamente me usado e perseguido.

Então, testemunhei abertamente a todos o que eu agora, pela primeira vez,


sentia em meu coração. Mas não muito tempo antes do inimigo ter sugerido:
“Isto não pode ser fé; pois, onde está a tua alegria?” Então, fui ensinado que a
paz e a vitória sobre o pecado eram essenciais à fé no Capitão de nossa
salvação; mas quanto à transmissão da alegria, que usualmente pertence ao
seu começo, especialmente naqueles que têm lamentado profundamente,
Deus, algumas vezes, a retém, de acordo com as deliberações de sua própria
vontade.

Depois de retornar para casa, fui esbofeteado por muitas tentações, mas eu
clamei e elas fugiram. Elas retornaram repetidas vezes. E tão frequentemente
quanto eu erguia meus olhos, ele “me enviava ajuda do seu santo lugar”. E
nisto eu me certifiquei do que consistia principalmente a diferença deste e
meu estado anterior. Eu me esforçava, sim, lutava, com todas as minhas
forças debaixo da lei, e debaixo da graça. Entretanto, se algumas vezes, ou
mesmo frequentemente, eu era vencido, agora sou sempre um vencedor.

25/05 – quinta-feira. No momento em que despertei, “Jesus, o Mestre”,


estava em meu coração e em minha boca, e recuperei todas as minhas forças
ao manter meus olhos fixos nele, e minha alma atendendo continuamente a
ele. Novamente na Igreja de St. Paul, pela tarde, eu pude testar a boa palavra
de Deus no hino que começou: “Minha canção será sempre sobre a amorosa
generosidade do Senhor. Com minha boca eu mostrarei tua verdade, de uma
geração a outra”.

No entanto, o inimigo injetou-me um medo: “Se tu acreditas, por que não há


uma mudança mais significativa?” Eu respondi (contudo, não eu): “Que eu
não sei! Mas tudo que sei é que eu agora tenho paz com Deus. Não mais peco
hoje, e Jesus, meu Mestre, me proibiu de me preocupar com o amanhã”.

“Porém, qualquer tipo de medo”, continuou o tentador, “não é prova de que


tu ainda não acreditas?” Eu pedi ao meu Mestre para responder por mim, e
abri o livro nessas palavras de Paulo: “Fora existem lutas, dentro existem
medos” (2Co 7.5). Então, concluí que meus medos estavam dentro de mim,
mas eu deveria seguir em frente e colocá-los debaixo dos meus pés.

26/05 – sexta-feira. Minha alma continua em paz, mas ainda oprimida pelas
múltiplas tentações. Perguntei ao Sr. Telchig, o morávio, o que fazer. Ele me
disse: “Você não deve lutar contra elas como você fez antes, mas fugir delas
no momento em que aparecerem, e encontrar refúgio nas machucaduras de
Jesus.
27/05 – sábado. Acreditando que uma razão para minha falta de alegria seja a
falta de tempo para orar, resolvi não realizar tarefa alguma até que fosse à
igreja, de manhã, e continuar a derramar meu coração diante de Deus. Neste
dia, meu espírito foi ampliado, de maneira que, embora seja agora assaltado
por muitas tentações, sou mais que vencedor, ganhando mais poder por meio
disto para confiar e regozijar-me em Deus, meu Salvador.

28/05 – domingo. Caminhei em paz, mas não com alegria. No mesmo estado
silencioso, eu ainda estava à tarde, quando fui atacado asperamente por uma
larga companhia [na casa do Sr. Hutton], como um fanático, um sedutor e um
anunciador de novas doutrinas. Através da bênção de Deus, não fiquei irado,
mas depois de uma resposta tranquila e breve, fui embora; mesmo que não
com tão terna preocupação, como seria devida àqueles que buscavam a morte
no erro de suas vidas.

Hoje, preguei de manhã na Igreja St. George, Bloomsbury, sobre: “Esta é a


vitória que vence o mundo, nossa fé” (1João 5.4) e, à tarde, na capela Long-
Acre, sobre a justificação de Deus para com o descrente — a última vez (eu
entendo) que prego em ambas. “Que não seja como eu quero, mas como tu
desejas”.79

29/05 – segunda-feira. Parti para Dummer com o Sr. Wolf, um dos primeiros
frutos do ministério de Peter Böhler na Inglaterra. Fui muito fortalecido pela
graça de Deus nele. Contudo, seu estado estava tão acima do meu, que eu me
senti frequentemente tentado a duvidar que tivéssemos a mesma fé. Mas, sem
muito raciocinar sobre isto mantive: “Embora a dele seja forte e a minha,
fraca, todavia que Deus tem dado algum grau de fé, até mesmo a mim, eu sei
por seus frutos. Porque tenho paz constante; nenhum pensamento inquieto. E
tenho livramento do pecado; nenhum desejo ímpio”.

Porém, na quarta-feira, afligi o Espírito de Deus, não apenas por não vigiar
em oração, mas igualmente por falar com dureza, em vez de amor terno,
sobre alguém que não era correto na fé. Imediatamente, Deus escondeu sua
face e fiquei perturbado. Nesta opressão continuei até a manhã seguinte, 1º de
junho; quando agradou a Deus, enquanto eu exortava alguém, dar conforto à
minha alma e (depois que passei algum tempo em oração) direcionar-me
àquelas palavras graciosas:
“Tendo, portanto, ousadia para entrarmos no santo dos santos, através do
sangue de Jesus, nos aproximemos da verdade, com um coração verdadeiro,
na completa segurança da fé. Vamos manter firme a profissão de nossa fé,
sem vacilar(porque é fiel aquele que prometeu); e consideremos uns aos
outros, para nos estimularmos no amor e boas obras” (Hebreus 10.19-22).

3/06 – sábado. Fui grandemente atacado por um de meus antigos inimigos,


de modo que quase não tive força para abrir meus lábios, ou mesmo pedir por
ajuda. Mas, depois que orei, fracamente como pude, a tentação desapareceu.

4/06 – domingo. Foi de fato um dia de festa. Porque desde o momento em


que me levantei até uma da tarde, estive orando, lendo as Escrituras,
cantando, ou chamando os pecadores ao arrependimento. Por todos esses
dias, quase não me lembro de ter aberto o Testamento, a não ser em algumas
grandes e preciosas promessas. E vi mais do que nunca que o Evangelho é, na
verdade, uma grande promessa, do começo ao fim.

6/06 – terça-feira. Tive ainda mais conforto, paz e alegria: sobre os quais
temi que começasse a conjeturar. Porque, à tarde, recebi uma carta de Oxford
que me lançou em muita perplexidade. Estava afirmado nela “que nenhuma
dúvida poderia consistir com o menor grau de fé verdadeira; que, quem quer
que, em qualquer tempo, sentiu alguma dúvida ou temor, não estava fraco na
fé, mas não tinha fé afinal: e que ninguém teria alguma fé, até que o Espírito
da vida o tornasse totalmente livre da lei do pecado e da morte.”

Pedindo a Deus que me dirigisse, abri meu Testamento em 1Coríntios 3.1ss.


onde Paulo fala daqueles a quem ele denomina bebês em Cristo, que não
eram capazes de suportar um alimento mais forte, em um sentido carnal; aos
quais, não obstante, ele diz: vocês são a construção de Deus; vocês são o
templo de Deus. Certamente, então, esses homens tinham algum grau de fé,
embora esteja claro que sua fé era fraca.

Depois de passar algumas horas nas Escrituras e oração, senti-me muito


confortado. Contudo, havia uma espécie de tristeza em meu coração, de
maneira que me vi preocupado porque não estava completamente curado. Ó
Deus, me proteja, e todos que são “fracos na fé”, das “disputas
questionáveis”.
Embarque para a Alemanha

7/06 – quarta-feira. Decidi, se Deus me permitisse, retirar-me, por um curto


período, para a Alemanha. De fato, tinha proposto fazê-lo antes de deixar a
Geórgia, se fosse do agrado de Deus trazer-me de volta para a Europa. E
agora vejo claramente que a hora chegou. Minha mente fraca não poderia
aguentar ser, assim, punida.

Eu esperava que a conversa com aqueles homens santos – que são


testemunhas vivas do completo poder da fé, e são ainda mais capazes de
suportar os que são fracos – fosse o meio, abaixo de Deus, para assim firmar
minha alma, de modo que pudesse seguir em frente, de fé em fé, e de “força
em força”.80

8/06 – quinta-feira. Fui para Salisbury, despedir-me de minha mãe. No dia


seguinte, deixei Sarum, e, no sábado, cheguei a Stanton Harcout. Depois de
pregar a fé em Cristo, no domingo, dia 11, fui para Oxford; e de lá, na
segunda-feira, para Londres, onde encontrei o Sr. Ingham na hora da partida.
Entramos a bordo no dia seguinte, terça-feira, dia 13, e descemos para
Gravesend aquela noite. Por volta das quatro da tarde, na quarta-feira,
perdemos a Inglaterra de vista. Alcançamos o Mease às oito na quinta de
manhã e, em uma hora e meia, desembarcamos em Rotterdam.

17/06 – sábado. Era o Dia da Intercessão deles. De manhã, alguns de nossos


irmãos ingleses pediram-me para ministrar a Ceia. O restante do dia
passamos com todos os irmãos e irmãs, ouvindo sobre a maravilhosa obra
que Deus está começando a operar em toda a terra, fazendo nossos pedidos
conhecidos a ele e dando graças pelo poder de seu reino.

19/06 – segunda-feira. Estive em uma das sociedades durante uma hora e


meia. Cerca de seis pessoas estavam presentes. O louvor foi na língua alemã
nativa (Sr. Decknatel traduziu para o alemão parte do Hinário de Hernhuth),
mas as palavras eram tão próximas ao alemão que alguém que entendesse o
original poderia entender a tradução. A exposição foi na língua padrão
germânica. Estive em outra das sociedades, na terça-feira, onde estiveram
presentes cerca do mesmo número. Na quarta-feira, alguém de nosso grupo
certificou-se que uma ovelha havia se perdido. Sua irmã, que vivia por algum
tempo com alguém que amava, e que também a amava. Mas agora estão
ambos resolvidos, pela graça de Deus (o que concordemente executaram, sem
demora) “a arrancar o olho direito, e jogá-los longe”.81

22/06 – quinta-feira. Pegamos o barco às oito horas da noite e, partindo às


quatro da manhã, caminhamos para Uutfass, que deixamos por volta das
duas, com outro garoto acrescido ao nosso número. Um pouco antes das oito,
chegamos a Beurn, uma pequena cidade, mal construída, que pertence ao
Príncipe de Orange. Logo cedo, chegamos a Nimwegen, a última cidade na
Holanda, cerca das duas da tarde; e, depois de a deixarmos, às quatro,
chegamos, antes das oito horas, à nossa estalagem duas horas antes de Cleve.

25/06 – domingo. Depois de passarmos uma hora em louvor e oração,


caminhamos até perto do meio-dia, antes que encontrássemos algum
descanso. A estrada teria parecido extremamente agradável, sendo ampla e
plana, com árvores altas de cada lado, se não fôssemos impedidos pelo
cansaço e chuva. Esperávamos alcançar Reinberg à tarde, mas não pudemos,
e fomos obrigados a parar duas horas antes dela, em uma pequena casa, onde
muitos bons Luteranos estavam concluindo o dia do Senhor (como é usual
entre eles), com perda de tempo e dança!

26/06 – segunda-feira. Tomamos o desjejum em Reinberg, de onde partimos


às onze horas e, às quatro, chegamos a Urding. Muito cansados, descansamos
aqui, de maneira que já era quase dez da noite, quando chegamos a Neus.
Tendo algumas poucas horas de caminhada de lá até Colen, seguimos
facilmente e, às cinco da tarde seguinte, chegamos a uma das mais feias e
sujas cidades que eu já tinha visto.

28/06 – quarta-feira. Fomos para a catedral, que é mero entulho sobre


entulho; uma enorme coisa disforme, que não tem mais da simetria do que da
limpeza. Fiquei um pouco surpreso em observar que, nem nesta, nem em
qualquer outra das igrejas católicas onde estive, existe, propriamente falando,
alguma coisa tal como adoração conjunta, mas alguém ora, em um santuário
ou altar, e outro após outro, sem qualquer consideração ou comunicação uns
com os outros. Quando saímos da igreja, começou uma procissão do outro
lado do pátio. Alguém de nosso grupo teve escrúpulos em tirar seu chapéu,
quando um zeloso católico logo gritou: “Derrubem o cão luterano”. Mas,
impedimos qualquer confronto, retirando-nos da igreja.
Caminhando na margem do Rhein, à tarde, eu vi, para minha grande surpresa
(porque sempre pensei que nenhum Romanista, de maneira alguma,
acreditasse em alguma coisa da história), uma pintura recente, feita o ano
passado, às expensas públicas, do lado de fora do muro da cidade, “em
memória das cabeças de três reis”, dizia a inscrição em latim, “trazidas
através dos portões adjacentes”, o que, de fato, em reverência, pelo que
parece a eles, estão bloqueados desde então.

Às quatro horas, pegamos o barco, quando não pude deixar de observar a


decência dos papistas, superior à nossa, que somos chamados reformadores.
Tão logo nos sentávamos (e assim toda manhã consecutiva), eles tiravam
seus chapéus e cada um fazia uma breve oração para nossa próspera viagem.
Devo fazer esta justiça ao próprio barqueiro (que, junto ao Rhein são
geralmente maus), nunca ouvi um deles tomar o nome de Deus em vão ou
alguém rir quando alguma coisa de religião era mencionada. De maneira que,
eu acredito, a glória de brincar com coisas sagradas é peculiar à nação
inglesa!

6/07 – quinta-feira. O conde conduziu-me até o Conde de Solmes, onde


observei com prazer a sobriedade germânica. Três jovens condessas (embora
adultas) estavam vestidas de linho. O conde e seu filho, com roupa simples.
No jantar do dia seguinte, um copo de vinho e um copo de água foram
colocados para cada um. Se qualquer um ficava vazio, um segundo. Todos
eles conversavam livre e naturalmente. Às dez da noite, tomamos a
carruagem novamente e, de manhã, alcançamos Marienborne.

Hospedei-me com um dos irmãos, em Eckershausen, uma milha inglesa de


Marienbourne, onde passei o dia principalmente conversando com aqueles
que podiam falar latim ou inglês, não me sentindo capaz, por falta de mais
prática, de falar alemão com fluência. E aqui eu continuamente me deparei
com o que buscava, ou seja, provas vivas do poder da fé. Pessoas salvas do
pecado interior e exterior através “do amor de Deus derramado em seus
corações”, e de toda dúvida e medo pelo testemunho do “Espírito Santo dado
a eles”.82

1/08 – terça-feira. Às três da tarde, fui para Hernhuth, cerca de trinta milhas
inglesas de Dresden. Ela se situa na Alta Lusatia, à margem do Bohemia, e
contém cerca de cem casas, construídas sobre um terreno ascendente, com
florestas de sempre-vivas dos dois lados, e colinas altas, a uma pequena
distância. Também uma rua longa, através da qual segue a grande estrada de
Zittau para Lobau. Mais ou menos na metade da rua está o orfanato; na parte
mais baixa, a farmácia; na mais alta, a capela, capaz de acolher seiscentas ou
setecentas pessoas.

Outra coluna de casas situa-se a uma pequena distância de cada extremidade


do orfanato, que, desta forma, divide o restante da cidade (por toda a
extensão da rua longa) em duas quadras. Na extremidade leste está a casa do
conde: uma construção pequena, simples como o restante, com um grande
jardim aos fundos, não para ser visto, mas para o uso da comunidade.

Tivemos uma conveniente estadia na casa designada aos estrangeiros; e tive


muita oportunidade de observar se o que ouvi foi aumentado pelos relatores
ou nada mais é que a pura verdade.

Regozijei-me ao me encontrar com o Sr. Hermsdorf, com quem conversei


muitas vezes na Geórgia. E nada existe em seu poder, que ele não tenha feito
para tornar nossa estadia útil e agradável.

03/08 – quinta-feira. E assim, todos os dias às onze horas, compareci na


Conferência Bíblica, onde o Sr. Muller (recente mestre de uma grande escola
em Zittau, até que ele abandonou tudo para seguir a Cristo) e diversos outros,
liam juntos, como de costume, uma porção das Escrituras no original. Às
cinco horas, tivemos uma conferência para estrangeiros, quando diversas
questões concernentes à justificação foram resolvidas. Esta tarde, o cristão
David foi até lá. Que Deus o faça mensageiro das boas novas!

“Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este
conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não
podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra
Deus. E concordaram com ele.” (At 5.38-39).

Prefácio

Quando, a princípio, os homens começaram a colocar sob minha


responsabilidade coisas que eu desconhecia, frequentemente pensei: “Tivesse
eu dois ou três amigos íntimos, que conhecessem minha vida e como era
minha maneira de viver, eles facilmente falariam o que viram e ouviram, e
tais acusações cairiam por terra”. Mas percebi meu erro, tão logo tive dois ou
três que eram meus amigos de fato não apenas no nome. Porque uma maneira
foi facilmente encontrada para impedir que eles continuassem a ser de
alguma utilidade, como um dia imaginei que seriam. Isto foi feito de um só
golpe, e de uma vez por todas, dando a eles e a mim um novo nome. Um
nome que, embora insignificante em si mesmo, tem seu efeito peculiar para
me incapacitar de remover qualquer acusação que pudesse, no tempo
vindouro, ser lançada sobre mim, invalidando tudo que aqueles que me
conheciam melhor fossem capazes de dizer em meu benefício; mais do que
isto, o que quaisquer outros dissessem. Porque quão notório é que, se um
homem se atreve a abrir sua boca em meu favor, ele precisa apenas ser
contestado: “Eu suponho que você seja metodista também”, e tudo o que ele
diz passe a significar nada!

Consequentemente, por um lado, muitos que conheciam meu modo de vida


ficaram temerosos de declararem a verdade, a fim de que a mesma
reprovação não caísse sobre eles. E aqueles poucos que abriam caminho
através do medo, logo foram incapacitados de declararem isto, com efeito,
por serem imediatamente equiparados aos que eles defendiam. Que homem
imparcial, então, pode recusar-se a dizer: “É permitido a ti, que respondas por
ti mesmo?” Apenas não acrescenta: “Mas tu não me persuadiste, embora tu
me persuadiste: eu estou decidido a pensar como fiz anteriormente”. Não
desta forma, se você for um homem sincero. Você já ouviu um lado, ouça o
outro, pese a ambos, considere a fraqueza humana e, então, julgue como
desejaria ser julgado.

O que desejo no extrato seguinte é declarar abertamente a toda a humanidade


o que os metodistas (assim chamados) têm feito e estão fazendo. Ou antes, o
que Deus tem feito e ainda está fazendo em nossa terra. Porque não é a obra
do homem que tem recentemente aparecido, “esta é a obra que o Senhor tem
feito, e ela é maravilhosa aos nossos olhos”.83

Tal obra tem sido, em muitos aspectos, como nenhum de nós conheceu, nem
mesmo nossos antepassados. Não poucos, cujos pecados eram do tipo mais
flagrante: bêbados, blasfemadores, ladrões, libertinos, adúlteros, têm sido
trazidos “da escuridão para a luz; e do poder do diabo para o poder de
Deus”.84

Muitos desses estavam arraigados em suas perversidades, há muito se


glorificando em sua própria vergonha, talvez, por muitos anos; sim, até que
seus cabelos ficassem brancos. Muitos não tinham mais do que uma fé
imaginária, quer judeus, arianos, deístas, ou ateístas. Nem Deus tem apenas
mostrado seus braços, nesses últimos dias, no interesse dos declarados
publicanos e pecadores, mas muitos “dos fariseus” também “têm crido nele”,
muitos dos “‘retos que não precisam de arrependimento”e que recebem “a
sentença de morte em si mesmos”, têm ouvido a voz que ressuscita os
mortos. Têm sido feitos parceiros de uma religião interior e vital, e
igualmente da “retidão, paz e alegria no Espírito Santo”.85

A maneira como Deus tem realizado esta obra em muitas almas é tão estranha
quanto a obra em si. Ela, geralmente, senão sempre, tem sido realizada de
imediato. “Como a luz que brilha do céu” assim foi “a vinda do Filho do
Homem”,86 quer para trazer paz ou espada; quer para ferir ou curar; quer
para convencer do pecado ou redimi-los por seu sangue.

E outras circunstâncias que dizem respeito a esta obra estão longe daquilo
que a sabedoria humana esperaria. Assim, verdadeiras são aquelas palavras:
“Meus pensamentos não são seus pensamentos; nem seus caminhos, meus
caminhos”.87

Essas extraordinárias circunstâncias parecem ter sido designadas por Deus


para a manifestação posterior de sua obra, para fazer com que seu poder seja
conhecido e desperte a atenção do mundo sonolento. E, ainda assim, mesmo
desses, alguns têm traçado sua grande objeção contra ela: “‘Nunca a vimos’,
dizem eles, ‘desta forma’, portanto, ‘a obra não é de Deus’”. Para provar isto,
eles não apenas tem deturpado muitas circunstâncias que realmente existiram,
mas também tem acrescentado muitas que não existem, frequentemente sem
qualquer respeito, quer com a verdade, quer com a probabilidade. Um mero
recital daqueles fatos, que “não” foram “feitos em qualquer canto”, é a
melhor resposta a estes tipos de objeções. Àqueles que julgo de maior peso,
ocasionalmente tenho dado uma resposta mais específica.

Todavia, sei que até mesmo isto de maneira alguma satisfará a maior parte
dos que estão agora ofendidos. E por uma razão clara: porque eles nunca irão
ler. Eles estão decididos a ouvirem um lado, e apenas um. Também sei que
muitos que lerem isto serão exatamente da mesma opinião que eram antes,
porque eles já fixaram seu julgamento e não consideram o que quer que tal
companheiro possa dizer. Que eles entendam assim. Eu fiz a minha parte.
Livrei minha alma. Sei que muitos ficarão grandemente ofendidos por este
relato. E será assim pela própria natureza das coisas que estão nele contidas.

E a melhor denominação que espero deles é de um tolo, um louco e um


fanático. Tudo que em mim se coloca é relatar a verdade simples, de uma
maneira tão inofensiva quanto puder. Que Deus dê ao relato o efeito que lhe
agradar e que seja mais para sua glória!

Que “aquele que tem a chave da casa de Davi, que abre e nenhum homem
fecha” possa abrir “uma grande e eficaz porta para seu Evangelho eterno”,
através de quem lhe agradar! Que ele possa “enviar aquele a quem ele
enviará”, e assim “continuar sendo glorificado”, mais e mais! Que ele “saia
vitorioso e para vencer”, até que “a plenitude dos gentios” venha e “a terra
seja preenchida com o conhecimento da glória do Senhor, como as águas
cobrem o mar!”88

12/08 – sábado. Era o Dia de Intercessão, quando muitos estrangeiros


estiveram presentes, alguns vindos de vinte ou trinta milhas. Eu alegremente
passaria minha vida aqui. Mas meu Mestre, chamando-me para outra parte de
seu vinhedo, na segunda-feira, dia 14, fui constrangido a me despedir desta
feliz cidade; Martim Döher e alguns outros dos irmãos caminharam conosco
por cerca de uma hora.

Quando este cristianismo cobrirá a terra, como “as águas cobrem o mar?”

31/08 – quinta-feira. Passamos meia hora em uma grande igreja – um


enorme amontoado de construção irregular, cheia de altares adornados (ou
carregados) com abundância de ouro e prata. De saída, observei um papel
sobre a porta, que era de tão extraordinária natureza, que pensei que não seria
trabalho perdido transcrevê-lo:

“Um Completo Livramento Para as Pobres Almas no

Purgatório”
“Sua Santidade Papal, Clemente XII, tem, neste ano,
1738, no dia 7 de Agosto, mais graciosamente privilegiado a
catedral de St. Christopher, em Mentz; de maneira que todo
Sacerdote, tanto secular quanto regular, que ler a missa em
um altar para a alma de um cristão falecido, em qualquer
feriado ou qualquer dia dentro do oitavo dele, ou em dois
dias extraordinários a serem apontados pelo Ordinário, de
qualquer semana no ano, pode, a cada vez, livrar uma alma
do fogo do Purgatório”.

1738 - 1739
Agora, desejo saber se algum romanista de bom senso pode defender ou
aprovar isto?
De volta a Londres

17/09 – domingo (Londres). Comecei novamente a pregar em meu próprio


país as boas-novas da salvação, pregando três vezes por semana e explicando
as Sagradas Escrituras, posteriormente, para uma grande congregação. Na
segunda-feira, regozijei-me por me encontrar com nosso pequeno grupo, que
agora consistia de trinta e duas pessoas.

26/12 – terça-feira. George Whitefield pregou. Nós tivemos o sacramento,


nesse dia, e nos quatro dias seguintes. Na quinta-feira, meu irmão pregou; na
sexta-feira, George Whitefield; no sábado, Sr. Robson. Toda a semana foi
uma festa, realmente um tempo de alegria e santidade junto ao Senhor.
“Nós oramos a ti, ó Deus; porque
reconhecemos que tu és 1739o Senhor”.
1/01 – segunda-feira . Os Srs. Hall, Kinchin, Ingham, Whitefield, Hutchins,
e meu irmão charles Wesley estavam presentes na festa de amor, na
Sociedade Fetter Lane. Por volta das três da manhã, enquanto eu continuava
em oração, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de tal maneira
que muitos gritaram de tanta alegria e muitos caíram ao chão. Tão logo nos
recuperamos um pouco de tal perplexidade na presença de sua Majestade,
irrompemos em uma só voz: “Nós oramos a ti, ó Deus; reconhecemos que tu
és o Senhor”.

14/03 – quarta-feira. Tive oportunidade de pregar novamente para os pobres


prisioneiros em Castle. Na quinta, parti, cedo de manhã, e, à tarde, cheguei
em Londres.

Durante minha estadia ali, fiquei completamente ocupado com nossa própria
sociedade, em Fetter Lane, e muitas outras, onde estive continuamente
desejoso de expor; assim sendo, não pretendia deixar Londres quando recebi,
depois de diversas outras, uma carta do Sr. Whitefield e outra do Sr. Seward,
suplicando-me, da maneira mais incisiva, para ir a Bristol sem demora. Não
estava com pressa de fazer isto e, talvez, um pouco menos inclinado (embora
confie, não considero minha vida preciosa para mim mesmo, de maneira que
possa terminar minha jornada com alegria) em razão das notáveis escrituras
que me foram oferecidas, tão frequentemente quanto inquiri, no tocante a esta
remoção. Provavelmente, permitidas com o propósito de que minha fé fosse
testada. “Sobe esta montanha, e morra no monte ao qual subirás, e reúna o
povo junto a ti”.89 “E os filhos de Israel choraram por Moisés, nas campinas
de Moabe, durante trinta dias”.90 “Eu lhe mostrarei todas as coisas que deves
sofrer por minha causa”.91 “E os homens devotos conduziram Estevão para
seu funeral e lamentaram grandemente sobre ele”.92

Pregações no campo

29/03 – quinta-feira. Parti de Londres e, à noite, expus em uma pequena


sociedade, em Basingstoke. No sábado, dia 31, cheguei em Bristol, à noite, e
encontrei o Sr. Whitefield ali. Mal pude me reconciliar comigo mesmo, a
princípio, por este estranho modo de pregar nos campos, dos quais ele me
apresentou um exemplo no domingo. Tenho sido toda minha vida (até muito
ultimamente) tão tenaz a respeito do que concerne à decência e ordem, que
deveria ter pensado que a salvação das almas é quase um pecado, se não tiver
sido feita numa igreja!

1/04 – domingo . À noite, (Depois que o Sr. Whitefield foi embora) comecei
a expor o Sermão da Montanha, de nosso Senhor (um precedente bem notável
da pregação no campo; entretanto, suponho que também houvesse igrejas
naquela ocasião), a uma pequena sociedade que estava acostumada a se
encontrar uma ou duas vezes na semana, em Nicholas Street.

2/04 – segunda-feira. Às quatro horas da tarde, me submeti a ser mais


desprezível, “Ainda mais desprezível me farei, e me humilharei aos meus
olhos”,93 e proclamei, nas estradas, as boas-novas da salvação, falando de
uma pequena elevação do terreno, junto à cidade, para aproximadamente três
mil pessoas. A Palavra, sobre a qual eu falei, foi essa (é necessário que
alguém seja ignorante para que seja cumprida, em toda a verdade, a
ministração de Cristo?): “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me
ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos
cativos, restaurar a vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos; e
apregoar o ano aceitável do Senhor”.94

Às sete, expus Atos dos Apóstolos para uma sociedade reunida em Baldwin-
Street e, no dia seguinte, o Evangelho de João na capela de Newgate, onde eu
também li diariamente o Culto Matinal da igreja.

14/04 – sábado. Preguei em um albergue, trezentas ou quatrocentas pessoas


estavam dentro dele, e mais de duas vezes este número do lado de fora. Para
eles, expliquei aquelas palavras confortadoras: “Quando eles não tiveram
com o que pagar, ele sinceramente os perdoou a ambos”.95

De lá fui para Baldwin-Street e expus o quarto capítulo de Atos. E clamamos


a Deus para confirmar sua palavra.

Imediatamente, alguém que estava de pé (o que pouco nos surpreendeu)


gritou alto, com a mais extrema veemência, como se estivesse na agonia da
morte. Mas continuei em oração até que uma nova canção me foi colocada na
boca... Logo depois, duas outras pessoas foram imobilizadas com fortes dores
e constrangidas a gemerem pelas inquietações de seus corações.

25/04 – quarta-feira. Para mais de duas mil pessoas, em Baptist-Mills, eu


expliquei aquela gloriosa escritura (descrevendo o estado de todo o crente
verdadeiro em Cristo, cada um que, através da fé, é nascido de Deus): “Vocês
não receberam o espírito de escravidão novamente, mas o Espírito da adoção,
por meio do qual, clamamos: Abba Pai”.96

26/04 – quinta-feira. Enquanto estava pregando em Newgate sobre essas


palavras: “Aquele que crê tem a vida eterna”,97 fui conduzido
inconscientemente, sem qualquer desígnio prévio, a ser assim “salvo”e a orar
para que “se esta não fosse a verdade de Deus, ele não permitisse que saísse
do caminho, mas, se fosse, ele testemunhasse de sua Palavra.

Imediatamente, uma pessoa, depois outra, e ainda outra caíram por terra. Elas
caíam de todos os lados, como que atingidas por um raio. Uma delas gritou
alto; imploramos a Deus seu favor e ele transformou sua aflição em alegria.

30/04 – segunda-feira. Entendemos que muitos ficaram aflitos pelos gritos


daqueles aos quais o poder de Deus veio. Entre eles estava um médico, muito
temeroso que pudesse haver fraude ou embuste no caso. Hoje, uma jovem de
quem ele era conhecido há muitos anos foi a primeira (enquanto eu estava
pregando em Newgate) a irromper “em fortes gritos e lágrimas”. Ele
dificilmente pôde acreditar em seus próprios olhos e ouvidos. Aproximou-se
e ficou de pé perto dela, observando cada sintoma, até grandes gotas de suor
rolarem por sua face, e todos os seus ossos tremerem. Então, não soube o que
pensar, estando claramente convencido de que não se tratava de uma fraude
ou de uma desordem natural. Mas, quando a alma e o corpo dela foram
curados de repente, ele reconheceu o dedo de Deus!

Primeira casa Metodista

9/05 – quarta-feira. Tomamos posse de um pedaço de terra perto do


cemitério da Igreja de St. James, em Horse Fair, Bristol, onde planejamos
construir uma sala larga o suficiente para conter ambas as sociedades de
Nicholas e Baldwin Street, e alguns de seus conhecidos, que desejavam estar
presentes nas ocasiões em que a Escritura era exposta. E no sábado, 12, a
pedra fundamental foi colocada com vozes de louvor e ação de graças.

Eu não tive, a princípio, a menor preocupação ou desejo de me engajar


pessoalmente, quer na despesa da obra, quer em sua direção. Então, designei
onze feudatários, sobre os quais, supus, essas responsabilidades poderiam
recair naturalmente. Mas descobri de imediato meu erro: primeiro, com
relação às despesas, porque se não tivesse tomado sobre mim a
responsabilidade pelo pagamento de todos os operários, todo o
empreendimento ainda estaria parado; de maneira que, antes que soubesse
onde estava, contraí um débito de mais de cento e cinquenta libras. E disto eu
deveria me livrar como pudesse, pois os recursos de ambas as sociedades não
chegavam a um quarto da soma.

E, quanto à direção da obra, recebi cartas de meus amigos em Londres, do Sr.


Whitefield, em particular, apoiando-me com uma mensagem, trazida por
alguém que veio especialmente para isso, onde dizia que nenhum deles teria
coisa alguma a fazer com o edifício, nem contribuiria com sua construção, a
menos que desobrigasse os feudatários imediatamente e fizesse tudo em meu
próprio nome.

Apresentaram muitas razões para isso, mas uma foi suficiente, isto é, a de
“que tais senhores sempre teriam em seu poder, controle sobre mim; e, se eu
não pregasse como lhes agradasse, me tirariam do lugar que eu tinha
construído”.

Portanto, cedi ao conselho deles e, chamando todos os feudatários, cancelei


(nenhum homem se opondo) o instrumento feito anteriormente e tomei toda a
administração em minhas próprias mãos. Dinheiro, a bem da verdade, eu não
tinha, nem qualquer perspectiva ou probabilidade humana de consegui-lo.
Mas sabia que “a terra é do Senhor, e tudo que há nela”,98 e em Seu nome,
colocamo-nos a caminho, em nada duvidando.

Durante todo este tempo fui questionado, quase continuamente, tanto por
aqueles que propositadamente vieram a Bristol inquirir concernente a essa
estranha obra, quanto por meus velhos e novos correspondentes: “Como estas
coisas aconteceram?” E precauções inumeráveis me foram dadas (geralmente
fundamentadas em rudes deturpações das coisas), não considerando visões e
sonhos, ou imaginando as pessoas tendo a remissão dos pecados, por causa
de seus clamores ou lágrimas, ou testemunhando profissões exteriores. A
alguém que muitas vezes me escreveu sobre este assunto, a somatória de
minha resposta foi:

“A questão entre nós torna-se principalmente, se não totalmente, numa


questão de fato. Você nega que Deus opere esses efeitos; pelo menos que ele
opere neles desta maneira. Eu afirmo ambos, porque ouvi e vi (até onde uma
coisa deste tipo pode ser vista) muitas pessoas serem mudadas de repente: do
espírito de medo, horror e desespero para o espírito de amor, alegria e paz. E
do desejo pecador, até então reinando sobre eles, para o puro desejo de dar
testemunho de Deus. Estas são questões de fato, por isso tenho sido, e quase
diariamente sou, testemunha ocular e auditiva”.

“Quanto às visões e sonhos: conheço várias pessoas em quem esta grande


mudança foi forjada em um sonho, ou durante uma forte imagem de Cristo,
tanto na cruz como na glória. Este é o fato, que cada um julgue como lhe
agradar!”

“Que tão grande mudança tinha sido forjada, evidente não das suas lágrimas
vertendo apenas, ou nos ataques e gritos. Estes não são os frutos. Os frutos
são aqueles que aparecem no sentido pleno de suas vidas, que até então eram
caminhos maus, para um tempo santo, justo e bom: eu lhe mostrarei aquele
que era um leão e, agora, é um cordeiro; aquele que era um bêbedo e, agora, é
exemplarmente sóbrio; aquela que era prostituta e, agora, detesta até mesmo
‘o vestuário manchado pela carne”.

“Estes são meus argumentos vivos, pelos quais afirmo que: Deus dá agora,
como dará nos tempos futuros, a remissão dos pecados e o dom do Espírito
Santo, até mesmo para nós e nossos filhos; sim, e sempre repentinamente até
onde eu soube, e frequentemente em sonhos ou em visões de Deus. Se não
for assim, considerar-me-ei uma falsa testemunha diante de Deus. Destas
coisas dou testemunho e, pela sua graça, testemunharei”.

“Talvez, seja devido à dureza dos corações despreparados para receberem


alguma coisa, exceto que vejamos com nossos olhos e ouçamos com nossos
ouvidos, que Deus, na terna condescendência à nossa fraqueza, permitiu
assim muitos sinais exteriores no mesmo instante em que ele forjou a
mudança interior para ser continuamente vista e ouvida por nós. Mas, ainda
que eles vissem “sinais e maravilhas” (porque assim devo determiná-los),
muitos não acreditariam. Eles não podem, na verdade, negar os fatos, mas
eles os explicariam?”

“Alguns dizem: ‘Esses são puramente efeitos naturais; as pessoas desmaiam


apenas devido ao calor e às salas estreitas’. E outros estão ‘certos de que tudo
é uma trapaça. Eles podem ajudar se quisessem, caso contrário, por que essas
coisas acontecem apenas em suas sociedades privativas? Por que não
acontecem à luz do sol?’”.

Hoje, 21 de maio, segunda-feira, nosso Senhor respondeu por ele mesmo.


Porque, enquanto estava reforçando essas palavras: “Aquietai-vos, e sabei
que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra”,99 ele
relevou seu braço, não em uma sala fechada, nem em privativo, mas em
campo aberto e diante de mais de duas mil testemunhas. Uma após outra se
prostraram ao chão, tremendo excessivamente na presença do poder de Deus.
Outras soltaram um grito alto e doloroso: “O que devo fazer para ser
salvo?”100 E, em menos de uma hora, sete pessoas, completamente
desconhecidas por mim até aquele momento, estavam se regozijando e
cantando com toda sua força, dando graças ao Deus de sua salvação.

4/06 – segunda-feira. Muitos vieram até mim e sinceramente me


aconselharam a não pregar nas redondezas à tarde, porque havia um complô
de diversas pessoas que faziam ameaças terríveis. Este relato espalhou-se
amplamente e trouxe muitos até ali, do melhor tipo de pessoas (assim
chamadas), e acrescentaram, eu acredito, mais de mil à congregação comum.
A Escritura que me dirigiu, não de minha escolha, mas da providência de
Deus, foi: “Não temas, porque estou contigo: Não esmoreça, porque eu sou
teu Deus. Eu te fortalecerei; sim, e ajudarei; e te sustentarei com o braço
direito de minha retidão”.101 O poder de Deus veio com sua palavra, de
maneira que ninguém escarneceu, nem interrompeu, ou abriu sua boca.

11/06 – segunda-feira. Recebi uma carta urgente de Londres (como recebera


algumas outras, antes), para partir para lá o mais rápido possível, porque
nossos irmãos, em Fetter Lane, estavam em grande confusão e desejavam a
minha presença. Preguei, então, pela tarde, essas palavras: “Portanto, nos dias
de hoje, eu afirmo que estou limpo do sangue de todos; porque nunca deixei
de vos anunciar todo o conselho de Deus”.102

Depois do sermão, eu os recomendei à graça de Deus, em quem eles criam.


Certamente Deus tem uma obra a ser realizada neste lugar! Nunca encontrei
tanto amor antes – não na Inglaterra, nem um temperamento tão inocente,
sincero e receptível ao ensino, como o que Ele deu a essas pessoas.

Durante todo este tempo, pensei muito quanto à maneira incomum de


ministrar entre eles. Tenho apresentado frequentemente isso perante Deus e
pesado calmamente quaisquer objeções que ouço. Não pude fazer outra coisa
senão me apoiar no que tinha, desde que escrevi a um amigo, que me falou
francamente sobre seus sentimentos sobre esse assunto. Num extrato dessa
carta, compreendi que esse assunto deve ser colocado às claras.

“O mundo todo é minha paróquia”

“Prezado Senhor”

“O melhor retorno que posso dar para o tipo de liberdade que você usa é usar
da mesma liberdade para contigo. Que Deus, a quem servimos, santifique isto
para ambos e nos ensine toda a verdade que está em Jesus!”

“Você diz que não posso conciliar algumas partes de meu comportamento
com o caráter que tenho mantido há muito tempo. Não, e nunca poderei. Por
esta razão, tenho negado esse caráter em toda ocasião possível. Eu disse tudo
em nossa viagem de navio; tudo, em Savannah; tudo, em Frederica; e tudo,
repetidas vezes, expressamente nesses termos: ‘Eu não sou um cristão!
Apenas busco ser, se, por acaso, eu puder alcançar”.

“Quando você estimulava minhas obras e abnegação, eu respondia que:


‘Embora dê todos os meus bens para alimentar o pobre, e meu corpo para ser
queimado, eu nada sou. Porque não tenho amor; não amo a Deus com todo
meu coração’.103 Se eles acrescentavam: “Mas você não pregaria como faz,
se não fosse um cristão’; eu novamente os confrontava citando Paulo:
‘Embora eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tenho amor, nada
sou’”.
“De modo mais sincero, portanto, em público ou em privado, eu refaço: ‘Não
se abalem, ainda que eu caia, porque o alicerce permanece firme’ “.

“Se você me pergunta sobre qual princípio agi, eu respondo: ‘O desejo de ser
um cristão, e uma convicção de que o que quer que eu julgue coerente a isto,
sinto-me constrangido a fazer; onde quer que julgue que possa corresponder
de uma maneira melhor a este propósito, é nessa direção que devo ir’.
Alicerçado neste princípio, parti para a América, visitei a Igreja Morávia; e
estou pronto agora (Deus, como meu ajudador) a seguir para a Abissínia, ou
China, ou onde quer que agrade a Deus, mediante esta convicção, chamar-
me”.

“Quanto ao teu conselho, de que deveria empreender esforços na faculdade;


não tenho nenhum trabalho por lá, nenhum escritório e nenhum aluno, por
agora. E quanto à outra questão de sua proposta, é expediente para mim, isto
é, assumir a responsabilidade pela cura das almas, se houver tempo suficiente
para fazê-lo, quando uma pessoa for oferecida a mim”.

“Porém, enquanto isso, você ainda pensa que devo me estabelecer; porque,
caso contrário, posso invadir o trabalho de outros, interferindo nos assuntos
de outras pessoas e me intrometendo com almas que não me pertencem. Você
me pergunta, então: ‘Como é que reúno os cristãos, que não estão sob os
meus cuidados, para cantar os salmos, orar e ouvir a explanação das
Escrituras?’ Acho difícil justificar que faça isto na paróquia de outros homens
debaixo de princípios católicos”.

“Permita-me falar-lhe francamente: Se por princípios católicos, você quer


dizer qualquer outro que não bíblico, eles não tem valor algum para mim.
Não permito nenhuma outra regra, seja de fé ou de prática, além das
Escrituras Sagradas”.

“Porém, sobre princípios bíblicos, não penso que seja difícil justificar tudo o
que eu faço. Deus, nas Escrituras, ordena-me, de acordo com meu poder, que
instrua o ignorante, reforme o mau, confirme o virtuoso. O homem proíbe-me
de fazer isto na paróquia de outros, ou melhor, de fazer isso em todas as
paróquias, uma vez que não tenho uma paróquia minha e, provavelmente,
nunca terei. Mas a quem devo ouvir, a Deus ou ao homem? ‘Se é justo
obedecer ao homem, preferivelmente a Deus, julgue você. Uma dispensação
do Evangelho é ordenada a mim e, ai de mim, se não pregá-lo’”.

“Porém, onde devo pregar, sobre os princípios que você menciona? Porque
não na Europa, Ásia, África ou América; não em quaisquer partes cristãs,
pelo menos da terra habitável. Porque todas essas serão, daqui a pouco,
divididas em paróquias. É dito: ‘Volte, então, para os pagãos de onde você
veio’. Mas nem mesmo eu posso (sobre seus princípios) pregar para eles,
porque todos os pagãos na Geórgia pertencem à paróquia de Savannah ou de
Frederica”.

“Permita-me agora dizer-te meus princípios sobre esta questão. Eu vejo o


mundo todo como minha paróquia; e o que quero dizer com isto é que, em
qualquer lugar que eu esteja, julgo adequado, correto e meu sagrado dever
declarar, a todos que estiverem desejosos de ouvir, as boas-novas da
salvação”.

“Este é o trabalho para o qual, eu sei, Deus me chamou; e estou certo de que
suas bênçãos atendem a isso. Grande encorajamento eu tenho, portanto, para
ser fiel no cumprindo da obra que ele me incumbiu”.

“Eu sou seu servo e, como tal, estou empregado de acordo com a direção
clara de sua Palavra: ‘Onde quer que tenha oportunidade, devo fazer o bem a
todos os homens’. E sua providência concorda claramente com sua Palavra; o
que me desobriga de todas as outras coisas, para que possa atender apenas a
esta: ‘Seguir em frente, fazendo o bem’”.

“Se você pergunta: ‘Como pode ser isto? Como pode fazer o bem, aquele de
quem os homens falam toda sorte de mal?’

Eu explicarei (embora você saiba disto; sim, e muito firme nessa grande
verdade) que, quanto mais os homens falam coisas ruins de mim, por causa
do Senhor, mais benevolência ele tem para comigo. Que é por causa dele, eu
sei, e ele sabe, e o evento concorda com isto; porque ele poderosamente
confirma as palavras que falei por meio do Espírito Santo dado àqueles que
as ouvem”...

Eu sou J. Wesley
13/06 – quarta-feira. De manhã, cheguei em Londres e, depois de receber a
santa comunhão em Islington, tive, uma vez mais, a oportunidade de ver
minha mãe, a quem eu não via desde meu retorno da Alemanha.

Não posso deixar de mencionar aqui outra circunstância estranha. Li para


minha mãe um papel, em junho do ano passado contendo um pequeno relato
do que tinha se passado em minha alma até poucos dias antes daquela época.
Ela aprovou grandemente e disse que agradecia muito a Deus pela minha
maneira justa de pensar. Enquanto estava na Alemanha, uma cópia desse
papel foi enviada (sem meu conhecimento) para um dos meus conhecidos.
Ele enviou um relatório à minha mãe que, como fiquei sabendo, estava agora
sob estranhos temores com relação a mim, convencida de que “por algumas
informações tiradas de meus próprios papéis, eu tinha me desviado
grandemente da fé”.

Não fazia ideia de que papel se tratava, mas, mediante uma investigação,
fiquei sabendo que era o mesmo que lera anteriormente a ela. Como é difícil
formar um verdadeiro julgamento sobre alguma pessoa ou coisa, por conta de
pareceres de um relator preconceituoso! Sim, embora ele tenha sido sempre
um homem honrado e de inquestionável veracidade. E ainda, pelas suas
sinceras considerações de uns escritos que apareceram diante de seus olhos, a
verdade estava tão mascarada que nem minha mãe sabia que se tratava do
mesmo papel que ela tinha ouvido, do começo ao fim, o qual nem mesmo o
tinha escrito.

14/06 – quinta-feira. Fui com o Sr. Whitefield para Blackheath, onde


estavam, eu acredito, de mil e duzentas a mil e quatrocentas pessoas. Ele me
surpreendeu, pedindo que eu pregasse em seu lugar, o que fiz (embora a
natureza recuasse) sobre o meu assunto favorito, “Jesus Cristo que, de Deus,
foi feito junto a nós sabedoria, retidão, santificação, e redenção”.

16/06 – sábado. Encontramo-nos novamente em Fetter Lane para nos


humilharmos diante de Deus, por ele ter justamente privado seu Espírito de
nós, devido às nossas diversas deslealdades. Reconhecemos que o
molestamos com nossas divisões, ‘um dizendo, eu sou de Paulo, outro, eu sou
de Apolo’. “Quando, pois, alguém diz: eu sou de Paulo; e o outro: Eu, de
Apolo; não fica evidente que andais segundo os homens?”104 Inclinando-nos
novamente às nossas próprias obras e confiando nelas em vez de Cristo;
descansando nestes pequenos começos da santificação, que agradou a ele
operar em nossas almas; e, acima de tudo, blasfemando de sua obra em nosso
meio, imputando-a à natureza, à força da imaginação e fluídos animais, ou
mesmo à ilusão do diabo. Naquele momento, certificamo-nos que Deus
estava conosco, como no princípio! Alguns se prostraram. Outros irromperam
em lágrimas; com um consenso, louvaram alto e deram graças. E muitos
testemunharam abertamente que não houve tal dia desde primeiro de janeiro
último.

É difícil acreditar no proveito que Satanás leve, durante minha ausência de


apenas oito dias. Disputas moveram-se lentamente para dentro de nossa
pequena sociedade, de maneira que o amor de muitos se tornou frio. Eu lhes
mostrei o estado em que se encontravam, no dia seguinte (ambos, em
Newgate e em Baptist-Mills), com estas palavras: “Simão, Simão, observa,
Satanás desejou ter você, para que ele pudesse peneirá-lo como ao trigo”.105
E quando nos encontramos à tarde, em vez de reacendermos a disputa,
dirigimo-nos uns aos outros para orarmos. Nosso Senhor estava conosco. Os
desentendimentos desapareceram. E todos os nossos corações se tornaram tão
docemente reunidos e unidos como no princípio.

22/06 – sexta-feira. Visitei alguém que “corria bem”, até que foi impedido
por alguns dos chamados profetas franceses. “Malditos os profetas, diz o
Senhor, que profetizam em meu nome, e eu não os enviei”.106�Em
Weaver’s Hall esforcei-me para apontá-los e sinceramente exortei todos que
seguiam em busca da santidade a evitar, como ao fogo, aqueles que não falam
de acordo com “a Lei e Testemunho”.

À tarde, preguei na Fish-Ponds, mas não tinha vida ou espírito em mim, e


estava muito em dúvida se Deus não me deixaria de lado e enviaria outros
trabalhadores para sua colheita. Cheguei à sociedade cheio de pensamentos e
comecei, comecei a explicar, com muita fraqueza: “Amados, não creiam em
todo espírito, mas provem-nos, se eles são de Deus”.107 Disse-lhes que não
deveriam julgar o espírito, por meio do qual alguém falou, pelas aparências,
ou pela reputação comum, ou através dos próprios sentimentos interiores;
não, nem por meio de quaisquer sonhos, visões ou revelações, supostamente
feitos para suas almas, não mais do que por meio de suas lágrimas ou alguns
efeitos involuntariamente forjados sobre seus corpos. Eu os adverti que todos
esses, em si mesmos de uma natureza duvidosa e discutível; poderiam ser de
Deus, ou não; e deveriam, portanto, não simplesmente serem confiados (não
mais do que simplesmente condenados), mas deveriam ser provados por uma
regra adicional, serem trazidos para o único teste correto: a Lei e o
Testemunho.

24/06 – domingo. Quando cavalgava até Rose Green, em uma parte lisa e
plana da estrada, meu cavalo de repente lançou sua cabeça para frente e rolou
várias vezes. Não sofri nenhuma outra lesão além de uma contusão em um
dos lados. Que, naquele momento, não senti, mas preguei sem dor para seis
ou sete mil pessoas, sobre: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais
outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.108

6/07 – sexta-feira. À tarde, estive com Sr. Whitefield, recém-chegado de


Londres, com quem fui a Baptist Mills, onde ele pregou concernente a: “O
Espírito Santo, que todo o que crê deve receber”; não sem uma justa, ainda
que severa, censura aos que pregam como se não houvesse Espírito Santo.

7/07 – sábado. Tive oportunidade de falar-lhe a respeito desses sinais


externos que tão frequentemente tem acompanhado a obra interior de Deus.
Na verdade, achei que suas objeções eram fundamentadas, principalmente,
em rudes deturpações do assunto. Mas, no dia seguinte, ele teve oportunidade
de se informar melhor: porque não muito antes dele começar (na aplicação do
seu sermão) a convidar todos os pecadores a crerem em Cristo, quatro
pessoas se prostraram diante dele, quase no mesmo momento. Uma delas,
estendida, sem sentido e movimento. A segunda, tremendo excessivamente.
A terceira teve convulsões fortes por todo o corpo, mas não fez nenhum
ruído, a não ser através de gemidos. A quarta, igualmente convulsionou,
invocando a Deus com gritos fortes e lágrimas. Desde este dia, creio eu,
todos permitiremos que Deus leve adiante sua obra da maneira como lhe
agradar.

21/07 – sábado. Expus, pela segunda vez, o Sermão da Montanha de nosso


Senhor Jesus Cristo. No dia seguinte, quando explicava “Santificado é o
pobre em espírito”109 para aproximadamente três mil pessoas, tivemos a
oportunidade de mostrar a todos os homens de que maneira nosso espírito
era: Em meio ao Sermão, a press-gang110 levou um dos ouvintes (vocês
aprenderam na lei o que vem a ser a Magna Carta, liberdade e propriedade
inglesa?). (Não são estes meros sons, enquanto, sem qualquer pretexto, existe
tal coisa permitida na terra como a press-gang?) Todo o restante permaneceu
quieto e não abriu a boca, levantou a mão para resistir a eles.

27/08 – sexta-feira. Por duas horas, carreguei minha cruz, argumentando com
um homem zeloso e me esforçando para convencê-lo de que não era inimigo
da Igreja da Inglaterra. Ele admitiu que eu não ensinava nenhuma outra
doutrina, se não aquelas da Igreja, mas não poderia perdoar seu ensino do
lado de fora dos muros da igreja.

Admitiu, também (o que, de fato, ninguém que tivesse alguma preocupação


com a verdade, ou o senso da vergonha, poderia negar), que “por meio deste
ensinamento, muitas almas que, até então, ‘pereciam por falta de
conhecimento’ foram e são trazidas das ‘trevas para a luz e do poder de
Satanás para o poder de Deus’; mas ordenou: ‘Ninguém pode dizer o que
pode acontecer daqui por diante e, portanto, digo que essas coisas não devem
ser permitidas’”.

De fato, um boato agora corrente em Bristol, era de que eu fui um papista, se


não um jesuíta. Alguns acrescentaram que eu nasci e cresci em Roma, o que
muitos cordialmente acreditaram. Ó tolos, quando irão entender que pregar a
justificação pela fé somente; admitindo nenhuma causa meritória de nossa
justificação, mas a morte e a retidão de Cristo, e nenhuma causa condicional
ou instrumental a não ser a fé, está destruindo o catolicismo desde os
alicerces?

Quando vocês entenderão que o mais destrutivo de todos esses erros, os quais
Roma, a mãe de todas as abominações, tem produzido (comparados aos quais
a transubstanciação e uma centena mais é ‘mera ninharia’), é o de ‘que somos
justificados pelas obras’, ou (para expressar a coisa mais decentemente) pela
fé e obras?

Agora, preguei isto? Então, por dez anos fui (fundamentalmente) um papista
e não sabia.

Porém, eu testemunho a todos (e é o mesmo ponto para afirmar sobre o que


eu tenho sido, até hoje, questionado): que “nenhuma boa obra pode ser feita
antes da justificação; não há ninguém que não tenha nele a natureza do
pecado”.

Também tenho inquirido quem são os autores desse boato, e constatei que são
tanto idólatras dissidentes, quanto (e eu falo sem temor ou favor) ministros de
nossa própria igreja.

Eu, também pondo com frequência sobre que possível fundamento ou motivo
eles teriam para falar assim, uma vez que poucos homens no mundo têm tido
oportunidade de tão clara e abertamente declarar seus princípios, como tenho
feito pregando, imprimindo e conversando, nos últimos anos. E de forma
alguma posso deixar de pensar que falam assim (para colocar a mais
favorável construção sobre isto) baseados em grosseira ignorância; eles não
sabem o que o papismo é; eles não sabem quais doutrinas são as que os
papistas ensinam; ou eles, de boa vontade, falam o que eles sabem que é
falso, provavelmente “acreditando” que, por meio disto, “prestam um culto a
Deus”.

Agora, tomem isto para si mesmos quem quer que sejam, altos ou baixos,
dissidentes ou membros, clérigos ou leigos, que tenham provocado esta
vergonhosa acusação, e digiram como quiserem.

Se vocês creem que existe um Deus, e que ele conhece os segredos de seus
corações, como não estão temerosos (eu falo agora a vocês, pregadores, mais
especialmente, de qualquer denominação) de declarar tão grosseira e palpável
mentira em nome do Deus da verdade? Eu convoco todos vocês a, diante do
Juiz de toda a terra, publicamente provarem sua acusação, ou publicamente
retratarem-se, e fazerem as mais corretas reparações que puderem, a Deus, a
mim e ao mundo.

Para a mais completa satisfação daqueles que têm sido assim abusados por
esses homens desavergonhados, e quase levados a acreditar em uma mentira,
eu acrescentarei aqui meu sério julgamento com respeito à Igreja de Roma,
que escrevi algum tempo atrás para um sacerdote daquela comunhão [Carta a
um Católico Romano – 1739].

3/09 – segunda-feira (Londres). Conversei com minha mãe, que me disse


que até há pouco tempo dificilmente ouviu tal coisa sobre como perdão dos
pecados, ou o Espírito de Deus testemunhando com nosso espírito, muito
menos imaginou que esses eram privilégios comuns a todos os verdadeiros
crentes. “Então”, disse ela, “eu nunca ousei me perguntar, a não ser duas ou
três semanas atrás, quando meu filho Hall pronunciou essas palavras no
entregar o cálice a mim: ‘O sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, que foi
dado por causa de ti!’ As palavras atravessaram meu coração e eu conheci a
Deus, porque Cristo perdoou todos os meus pecados”.

9/09 – domingo. Declarei para aproximadamente dez mil pessoas, em


Moorfield, o que deveriam fazer para serem salvas. Minha mãe foi conosco,
por volta das cinco horas, para Kennington onde supostamente haveria outras
vinte mil pessoas. Eu insisti novamente naquilo em que se fundamenta toda
nossa esperança: “Creia no Senhor Jesus e tu serás salvo”. De Kennington fui
para uma sociedade, em Lambeth. A casa estava cheia e o restante espalhava-
se pelo jardim. A profunda atenção que eles mostraram deu-me muita
esperança de que não seriam ouvintes esquecidos.

De lá, fui para nossa sociedade em Fetter Lane e os exortei a amarem uns aos
outros. A falta de amor era uma queixa geral. Declaramos isto diante de
nosso Senhor, e logo constatamos que ele nos enviou como resposta da paz.
As cismas desapareceram, a chama foi acesa novamente, como no princípio,
e nossos corações se uniram.

16/09 – domingo. Novamente preguei, em Moorfield, para dez mil pessoas, e


em Kennington Common, acredito, para perto de vinte mil, usando as
palavras do tranquilo judeu a Paulo: “No entanto, bem quiséramos ouvir de ti
o que sentes, porque, quanto a esta seita, notório nos é que, em toda parte, se
fala contra ela”.111

Em ambos os locais, descrevi a real diferença entre o que é geralmente


chamado de cristianismo e o antigo cristianismo verdadeiro que, sob o novo
nome de metodismo, fala-se também contra.

24/09 – segunda-feira. Preguei uma vez mais em Plaistow e despedi-me do


povo daquele lugar. Em meu retorno, uma pessoa galopando rapidamente
veio em cheio contra mim e derrubou homem e cavalo; mas sem ferir
nenhum deles. Glória a Deus que salva homem e animal!

3/10 – quarta-feira. Tive algum tempo livre para dar uma olhada nas
péssimas condições das coisas aqui. Os pobres prisioneiros, no castelo e na
prisão da cidade, não tinham ninguém que se preocupasse com suas almas;
ninguém para instruí-los, aconselhá-los, confortá-los e edificá-los no
conhecimento e no amor do Senhor Jesus. Ninguém restou para visitar os
asilos, onde também costumamos nos deparar com os mais tocantes objetos
de compaixão. Nossa pequena escola, onde uma classe de cerca de vinte
crianças pobres era ensinada, por muitos anos, estava a ponto de ser
destruída, agora não havia ninguém quer para apoiá-la ou atendê-la.

E a maioria daqueles na cidade que estiveram unidos e fortaleciam as mãos


uns dos outros em Deus, estava separada e espalhada nos arredores. “Chegou
o momento, Senhor, de colocares a tua mão!”

7/10 – domingo. Por volta das onze, preguei em Runwick, a sete milhas de
Gloucester. A igreja estava abarrotada. Entretanto, cerca de mil pessoas ou
mais ficaram no pátio. Pela tarde, expus: “O que tenho de fazer para ser
salvo?”112 Acredito que alguns milhares estavam presentes, mais do que
aconteceu de manhã. Entre cinco e seis horas, chamei todos que havia
(aproximadamente três mil) em Stanley, num pequeno gramado perto da
cidade, para aceitarem a Cristo como sua única “sabedoria, retidão,
santificação e redenção”. Senti-me fortalecido para falar, como nunca fizera
antes, e falei por quase duas horas. A escuridão da noite e um pequeno raio
não diminuíram o número de pessoas, mas aumentaram a seriedade dos
ouvintes. Concluí o dia expondo parte do Sermão do Monte a uma pequena e
séria sociedade em Ebly.

9/10 – terça-feira. Meu irmão e eu cavalgamos para Bradford. Constatando


que houve uma distorção de seu último sermão, como se ele tivesse afirmado
reprovação nele, motivo porque muitos ficaram grandemente ofendidos, ele
sentiu-se constrangido a explicar-se sobre o assunto, e mostrar em palavras
claras e fortes que Deus “deseja que todos os homens sejam salvos”. Alguns
ficaram igualmente ofendidos com isto, mas quer os homens ouçam, ou
reprimam, nós não podemos “evitar declarar” aos homens “todo o conselho
de Deus”.

Tivemos um reanimador encontro, à uma hora, com muitos de nossa


sociedade; que não deixaram de observar, conforme a saúde permite, o jejum
semanal de nossa igreja, e assim o farão, pela ajuda de Deus, por quanto
tempo se considerarem membros dela. E queira Deus que todos que
contendem por causa dos ritos e cerimônias da igreja (talvez, com mais zelo
do que humildade de sabedoria), primeiro mostrem seu próprio respeito para
com sua disciplina neste mais importante ramo dela!

Pregação em Gales

15/10 – segunda-feira. Devido a um convite urgente, recebido alguns dias


antes, parti para Gales. Por volta das quatro horas da tarde, preguei em
Devauden (uma colina alta, duas ou três milhas além de Chepstow), para
trezentas ou quatrocentas pessoas sobre “Cristo nossa sabedoria, retidão,
santificação, e redenção”. Depois do sermão, um dos que imagino ser um
velho discípulo de Cristo, de boa vontade nos recebeu em sua casa; para onde
muitos afluíram, e mostrei a todos a necessidade do Salvador nas palavras:
“Santificado é o pobre em espírito”.113 De manhã, descrevi mais
completamente o caminho da salvação: “Acredite no Senhor Jesus e tu serás
salvo”.114 E então, deixando a casa do meu hóspede antes das duas, fui para
Abergavenny.

Sentia uma aversão enorme por pregar ali. Porém, fui até o Sr. W (a pessoa
em cuja igreja o Sr. Whitefield pregou), para pedir permissão para usá-la. Ele
disse com todo seu coração que o ministro não estava disposto a permitir o
uso da igreja. Depois desta recusa (pela qual lhe escrevi uma linha
imediatamente), ele me convidou à sua casa. Um número de mil pessoas
permaneceu, pacientemente (apesar da geada cortante, já ao pôr do sol),
enquanto, a partir de Atos 28.22 – eu simplesmente descrevia a velha religião
da Igreja da Inglaterra, da qual tanto se tem falado contra, sob o novo nome
de metodismo: “No entanto, bem quiséramos ouvir de ti o que sentes; porque,
quanto a esta seita, notório nos é que, em toda parte, fala-se contra ela”.

19/10 – sexta-feira. Preguei de manhã em Newport: “O que devo fazer para


ser salvo”, para as pessoas mais insensíveis e malcriadas que já tinha visto
em Gales. Um velho homem, durante grande parte do sermão, amaldiçoou e
jurou quase incessantemente e, já no final, pegou uma grande pedra, a qual,
muitas vezes, tentou jogar. Mas não pôde fazê-lo. Tais campeões, tais armas,
contra o campo de pregação!

Às quatro horas, preguei novamente em Shire Hall, de Cardiff, onde


encontrei muita pobreza. Raramente tive tanta liberdade para falar como
quando explanava sobre: “Porque o Reino de Deus não é comida, nem
bebida, mas justiça e paz e alegria no Espírito Santo”.115 Às seis horas,
quase a cidade inteira (fui informado) veio juntar-se aos demais, para a qual
expliquei as seis últimas beatitudes. Mas meu coração estava tão cheio que
não soube dar por encerrada a pregação, que acabou se estendendo por três
horas.

Que a semente que eles receberam tenha seus frutos na santidade e,


finalmente, na vida eterna!

20/10 – sábado. Retornei para Bristol. Nunca tinha visto parte alguma da
Inglaterra tão agradável, por sessenta ou setenta milhas, como essas partes de
Gales, nas quais me encontrava. E a maioria dos habitantes realmente está
madura para o Evangelho.

O que quero dizer (se a expressão parece estranha), é que eles estão
sinceramente desejosos de serem instruídos nele, e tão ignorantes dele quanto
os índios Creeks ou Cherokees. Não digo que sejam ignorantes do nome de
Cristo. Muitos deles podem dizer a Oração do Senhor e o Credo. E, alguns,
até o Catecismo. Mas, tire-os da estrada que aprenderam mecanicamente, e
eles não saberão nada mais (nove em dez deles, com quem eu conversei),
quer da salvação evangélica ou da fé por meio da qual somente podemos ser
salvos, do que Chicali ou Tomo-Chachi. Agora, de que espírito é aquele que
antes deixa que estas pobres criaturas pereçam por falta de conhecimento, em
vez de serem salvos pelas exortações de Howel Harris, ou um pregador
itinerante?

23/10 – terça-feira. Cavalgando para Bradford, li sobre o livro do Sr. Law,


sobre o “Novo Nascimento”. Filosófico, especulativo, precário, nulo e vão!
Oh, que queda existe ali!

“Esperei, pois, mas não falam, porque já pararam e não respondem mais.
Também responderei pela minha parte, também declararei a minha opinião.
(...) Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de palavras lisonjeiras para
com o homem! Porque não sei usar de lisonjas; em breve me levaria o meu
Criador”.116
1/11 – quinta-feira . Deixei Bristol, e, no sábado, cheguei a Londres. A
primeira pessoa que encontrei foi alguém que deixei forte na fé e zeloso das
boas obras, mas ela agora me disse que o Sr. Molther a convenceu
completamente de que ela nunca teve qualquer fé, afinal; e aconselhou-a, até
que recebesse a fé, a ficar quieta, cessando de realizar as obras exteriores, o
que ela concordemente tem feito e não duvidou, a não ser por pouco tempo,
que encontraria a vantagem disso.

À tarde, recomendaram ao Sr. Bray que igualmente permanecesse quieto


diante do Senhor. Ele também falou muito sobre o grande perigo do praticar
as obras exteriores e da tolice de se correr atrás de igreja e sacramento,
“como eu”, disse ele, “fiz até muito recentemente”.

7/11 – quarta-feira. Grandemente desejoso de entender o fundamento dessa


questão, tive uma longa conferência com o Sr. Spangenberg. Concordei com
tudo que ele disse sobre o poder da fé. E concordei que “quem quer que”,
pela fé, “é nascido de Deus não comete pecado”.117 Mas não pude concordar
que alguém que esteja propenso a duvidar e temer não tenha fé alguma, ou
que até que a tenhamos devemos nos abster da Ceia do Senhor, ou das
ordenanças de Deus.

Às oito horas, nossa sociedade reuniu-se, em Fetter Lane. Sentamo-nos por


uma hora sem nos falarmos. O restante do tempo passamos em disputa.
Alguém propôs a questão da Ceia do Senhor, que muitos calorosamente
afirmaram que “Ninguém deve recebê-la, até que tenha a garantia completa
da fé”.

Eu observei, todos esses dias, cada vez mais, a vantagem que Satanás obteve
sobre nós. Muitos daqueles que outrora sabiam em quem tinham crido,
estavam agora mergulhados em raciocínios vagos e, por isso, cheios de
dúvidas e medos, dos quais não sabiam como fugir.

Muitos foram induzidos a negar o dom de Deus e a afirmar que nunca


tiveram qualquer fé afinal, especialmente aqueles que tinham caído
novamente no pecado e, em consequência, nas trevas; e quase todos haviam
abandonado os meios de graça, dizendo que deveriam agora cessar de
praticar as próprias obras; que deveriam confiar em Cristo somente; e, posto
que eram pecadores, prostrarem-se aos seus pés.
12/11 – segunda-feira. Deixei Londres e, à tarde, expus em Wycombe a
história do fariseu e do publicano. Na manhã seguinte, um jovem me
alcançou na estrada e, depois de algum tempo, perguntou-me se eu tinha visto
o Diário de Whitefield. Respondi que sim. “E o que você pensa dele?” “Você
não pensa que ele é muito fanático? Eu penso que sim”. Então, perguntei:
“Por que você pensa assim?” Ele respondeu: “Porque ele fala muito em
alegria e coisas desse tipo, e de sentimentos interiores. Como eu espero ser
salvo, não sei o que fazer com isto”. Eu perguntei, “Você sente que o amor de
Deus está em seu coração? Se não, como pode saber o que fazer com isto? O
que quer que se fale da religião do coração e das operações interiores do
Espírito Santo, deve parecer fanatismo para aqueles que não as sentem, ou
seja, se tentarem julgar as coisas que eles mesmos não conhecem”.

Dr. W. disse-me, depois do sermão: “Senhor, você não deve pregar à tarde”.
“Não”, disse ele, “que você pregue alguma falsa doutrina. Admito que tudo
que você tem dito é verdadeiro. E é a doutrina da Igreja da Inglaterra. Mas ela
não é cuidadosa. Ela é perigosa. Ela pode conduzir o povo ao fanatismo ou ao
desespero”.

Não vi prontamente onde a ênfase desta objeção (tão frequentemente


iniciada) estava. Mas, depois de uma pequena reflexão, pude ver claramente.
A verdadeira questão é: acredita-se comumente que a religião consiste de três
coisas: não causar o mal, usando os meios de graça; fazer o bem, como é
chamado; e ajudar nossos próximos, principalmente com donativos. Assim
sendo, um homem religioso é comumente considerado alguém honesto, justo
e fiel em seus feitos; que está constantemente na igreja e participa do
sacramento; e que dá muitos donativos, ou (como é usualmente denominado)
pratica muito o bem.

Agora, ao explicar essas palavras do Apóstolo: “O reino de Deus” (ou a


verdadeira religião, a consequência de Deus habitar e reinar na alma) “não é
carne e bebida”, fui necessariamente conduzido a mostrar que a religião não
consiste propriamente de alguma ou de todas essas três coisas, mas que um
homem pode ser inofensivo, usar dos meios de graça e praticar o bem, e,
ainda assim, não ter religião. Certo é que, tivesse Deus impresso esta grande
verdade em qualquer um que antes fosse ignorante dela, esta impressão teria
ocasionado tal opressão em sua alma, o que o mundo sempre denomina de
desespero.

Novamente, ao explicar essas palavras: “O reino de Deus” (ou a religião


verdadeira) “é retidão, paz, e alegria no Espírito Santo”, insisti que todo
seguidor de Cristo deve esperar e orar por aquela “paz de Deus que ultrapassa
todo entendimento”,118 por “regozijar-se na esperança da glória de Deus”
que, mesmo agora, é “inexplicável e cheia de glória” e, acima de tudo (como
sendo a própria vida e alma da religião, sem o que, é tudo o que o morto
mostra), para que “o amor a Deus espalhe-se em “seu coração, por meio do
Espírito Santo dado a ele”. Mas tudo isso é “fanatismo do começo ao fim”
para os que tem a forma da piedade, mas não o poder.

“Eu sei, na verdade, que existe uma forma de explicar esses textos, de
maneira que eles possam significar exatamente nada; que eles possam
expressar muito menos da religião interior do que os escritos de Platão ou
Hierocles. E quem quer que as “guarde” assim (mas Deus proíbe que eu o
faça) indubitavelmente evitará todo o perigo, quer de levar o povo a este
desespero ou levá-lo a este fanatismo.

27/11 – terça-feira. Escrevi ao Dr. D. (conforme sua solicitação) um pequeno


relatório do que tinha ocorrido em Kingswood e de nosso presente
empreendimento lá. Relatei o seguinte:

“Poucas pessoas que vivem há muito tempo na parte oeste da Inglaterra não
ouviram falar dos mineiros de carvão de Kingswood; um povo notório desde
o início, por não temerem a Deus, nem considerarem o homem. Tão
ignorante das coisas de Deus que parecem descender das bestas que perecem
e, portanto, extremamente sem o desejo de instrução, tanto quanto sem os
meios dela”

“Muitos, no inverno passado, insultuosamente costumavam dizer ao Sr.


Whitefield: Se ele irá converter os pagãos, porque ele não vai até os mineiros
de carvão de Kingswood? Na primavera, ele foi. E como havia milhares que
iam a nenhum lugar público de oração, ele foi em busca deles em seu próprio
deserto, para alcançar e salvar aqueles que estavam perdidos”.

“Quando ele partiu, outros foram para ‘as estradas e recantos, para os
obrigarem a entrar’.119 E, pela graça de Deus, o trabalho não foi em vão. O
cenário já está mudado”.

“Kingswood agora não mais ressoa, como há um ano atrás, com maldição e
blasfêmia. Não mais está cheia com bêbados, sujeira e diversões inúteis – que
naturalmente aconteciam até então. Não está mais cheia de guerras e lutas, de
brado e amargura, de ira e cobiça. Paz e amor estão ali. Grande parte das
pessoas é gentil, moderada e fácil de ser solicitada. Eles ‘não gritam, nem
contendem entre si’, e a voz deles quase não é ‘ouvida nas ruas’; ou, de fato,
em suas próprias florestas, exceto quando estão em suas noites habituais de
diversão, cantando louvores a Deus, seu Salvador”.

“Para que seus filhos também pudessem saber das coisas que trazem sua paz,
foi proposto, há algum tempo, construir uma casa em Kingswood e, depois de
muitas previstas e imprevistas dificuldades, em junho passado a fundação foi
colocada”.

“O lugar escolhido foi no meio da floresta, entre Londres e as estradas de


Bath, e não muito longe de Two-Mile-Hill, e cerca de três milhas de Bristol”.

“Aqui, uma sala espaçosa está sendo construída para uma escola, tendo
quatro outras menores para os professores (e, talvez, se for do agrado de
Deus, para algumas crianças pobres) se hospedarem. Duas pessoas estão
prontas a ensinar tão logo a casa fique pronta para recebê-las. A armação está
quase acabada e todo o restante deve ser completado na primavera, ou no
próximo verão”.

“É verdade, embora os mestres não requeiram pagamento, ainda assim, esse


empreendimento é assistido com grande despesa. Mas, que aquele que
‘alimenta os jovens corvos’ olhe para isto. Ele tem os corações de todos os
homens em suas mãos. Se ele colocou em seu coração ou no de algum de
seus amigos, ajudar a levar esta obra à perfeição, sem buscar neste mundo
nenhuma recompensa, ele cumprirá seu plano, naquele dia, o qual nosso
Senhor disse: ‘Porquanto, quando vocês fizeram isto ao menor desses meus
irmãos, a mim o fizeram”.120

13/12 – quinta-feira. Passei algumas horas conversando com um homem


sério, que ofereceu muitas considerações para me mostrar “que não existem
homens iníquos na terra, nem homens santos, mas na realidade todos os
homens são parecidos, não existindo diferença interior entre eles.”

Primeiro, fiquei em dúvida quanto ao que poderia conduzir um homem culto


e de bom senso a tão espantosa opinião. Mas aquela dúvida logo se dissipou.
Ele havia observado estritamente aqueles que o mundo chama de homens
bons e não pôde deixar de discernir que a diferença entre eles e outros era
meramente externa; seus temperamentos, desejos, iniciativas eram os
mesmos. Ele viu claramente que, embora um homem fosse ladrão,
praguejador comum, bêbado e outro não; embora esta mulher fosse
mentirosa, prostituta, não guardasse o sábado, e outras estivessem limpas
dessas coisas; ainda assim, eles eram amantes do prazer, de elogio do
presente mundo. Ele viu que o “si mesmo” era a única fonte de ação em
ambos, embora se aplicando de diferentes maneiras. E que o amor a Deus não
preenchia e governava mais o coração de um do que de outro.
Consequentemente, ele inferiu bem: “Se essas pessoas são santas, não
existem pessoas iníquas no mundo; uma vez que ladrões e prostitutas têm tão
bom coração quanto esses santos do mundo”. E, considerando que alguns
desses dizem: “Nós temos fé, nós cremos e confiamos em Cristo”, foi
facilmente respondido: “Sim, e que tal fé em Cristo, tal confiança nele para
salvá-los de seus pecados, nove em dez de todos os ladrões e assassinos têm,
dos quais, vocês mesmos dizem: ‘Fora com esses da face da terra’”.

À tarde, fui informado de como os homens sábios e cultos (que não podem,
de certa forma, negar isto, porque nossos Artigos e Homilias ainda não estão
revogados) explicam a justificação pela fé. Eles dizem, 1. Que a justificação é
dupla; a primeira, nesta vida, a segunda, no último dia. 2. Ambas são pela fé
somente, ou seja, pela fé objetiva, ou pelos méritos de Cristo, que são o
objeto de nossa fé. E isto, dizem, é tudo que Paulo e a Igreja querem dizer
por: “Somos justificados pela fé somente”. Mas, acrescentam: 3. não somos
justificados pela fé subjetiva apenas, ou seja, a fé que está em nós. Mas as
obras também devem ser acrescentadas a esta fé, como uma condição
conjunta, tanto da primeira quanto da segunda justificação.

O sentido dessas duras palavras é claramente este: Deus nos aceita agora e
daqui em diante, apenas pelo que Cristo fez e sofreu por nós. Somente esta é
a causa de nossa justificação. Mas a condição é: não a fé somente, mas a fé e
as obras juntas.
Em clara oposição a isto, não posso deixar de manter (pelo menos, até que eu
tenha uma luz mais clara): 1. Que a justificação da qual Paulo fala aos
Romanos e em nossos Artigos não é dupla. Ela é uma só, e não mais. É a
presente remissão de nossos pecados, ou nossa primeira aceitação diante de
Deus. 2. É verdade que os méritos de Cristo são toda a causa desta nossa
justificação: mas não é verdade que isto seja tudo que Paulo e nossa Igreja
querem dizer por sermos justificados pela fé somente; nem é verdade que
tanto Paulo quanto a Igreja querem dizer por fé os méritos de Cristo. Mas, 3.
por sermos justificados pela fé somente, ambos, Paulo e a Igreja, querem
dizer que a condição de nossa justificação é a fé somente, e não as boas
obras; visto que “todas as obras feitas antes da justificação têm nelas a
natureza do pecado”. Por fim, que a fé, que é a única condição da
justificação, é a fé que está em nós pela graça de Deus. É a “confiança certa
que o homem tem de que Cristo o amou e morreu por ele”.

19/12 – quarta-feira. Assim sendo, cheguei a Londres, embora com o


coração pesado. Aqui me deparei, todos os dias, com os terríveis efeitos do
raciocinar e discutir uns com os outros. Dificilmente um em dez reteve seu
primeiro amor, e a maioria do restante estava na mais extrema confusão,
abocanhando e devorando um ao outro. Orei a Deus para que não
consumissem uns aos outros.

Wesley pregando a uma tribo de nativos americanos


1 740
“Eu curarei a apostasia deles,
e os amarei livremente”

1/01 – terça-feira . Esforcei-me para explicar aos nossos irmãos a verdadeira


quietude cristã e bíblica, esclarecendo aquelas solenes palavras: “Aquietai-
vos e sabei que eu sou Deus”.121

2/01 – quarta-feira. Pedi sinceramente que eles “permanecessem nos antigos


passos” e não mais subvertessem a alma uns dos outros, por conta de
controvérsias inúteis e contendas de palavras. Eles pareceram convencidos.
Então, clamamos a Deus para curar nossas apostasias. E ele enviou tal
espírito de paz e amor, como nunca tivemos antes.

3/01 – quinta-feira. Deixei Londres e, na tarde seguinte, cheguei a Oxford,


onde passei os dois dias seguintes examinando rapidamente as cartas que
recebi nos dezesseis ou dezoito anos passados. Quão poucos traços da
religião interior existem aqui! Encontrei apenas um, em meio aos meus
correspondentes, que declarou (o que me lembro bem, naquele tempo, não
sabia como entender) que Deus havia “derramado seu amor em seu coração”,
e novamente lhe deu a “paz que ultrapassa todo entendimento”. Mas quem
acreditou em seu relato? Poderia eu esconder uma triste verdade, ou declará-
la para o proveito de outros?

Ele foi expulso de sua sociedade como louco e, sendo repudiado por seus
amigos, desprezado e ignorado por todos os homens, viveu obscuro e
desconhecido por alguns meses, e, então, foi para aquele que amava sua
alma.

21/01 – segunda-feira. Preguei em Hannam, quatro milhas de Bristol. À


tarde, fiz uma coleta em nossa congregação para o alívio dos pobres do lado
de fora do Portão de Lawford que, não tendo nenhum trabalho (devido à
severa geada) e sem nenhuma assistência da paróquia onde viviam, estavam
reduzidos à extrema miséria. Fiz outra coleta na terça-feira; e uma terceira,
no domingo; através do que, fomos capacitados a alimentar uma centena,
algumas vezes cento e cinquenta, dos que constatamos estar em maior
necessidade.

1/04 – terça-feira (Bristol). Enquanto estava expondo a primeira parte do


terceiro capítulo de Atos (como maravilhosamente serviu à ocasião, embora
não por minha escolha!), as inundações começaram a erguer suas vozes.
Alguns dos filhos de Belial tinham tentado nos perturbar várias noites antes,
mas agora parecia como se todo o exército de opositores chegasse a um
consenso. Não só o tribunal e as ruelas, mas todas as ruas acima e abaixo
estavam cheias com pessoas gritando, amaldiçoando, jurando e prontas para
tragar o solo com ferocidade e ira.

O prefeito enviou uma ordem para que se dispersassem. Mas eles o


nocautearam. O chefe da guarda veio em seguida, pessoalmente (que, até
então, nos prejudicara suficientemente), mas eles o insultaram também, de
uma maneira tão grosseira que, eu acredito, abriu totalmente seus olhos.

Por fim, o prefeito mandou muitos de seus ajudantes, que levaram os líderes
do motim em custódia e não foram embora até que o restante fosse disperso.
Seguramente ele tem sido para nós “um ministro de Deus para o bem”.

2/04 – quarta-feira. Os amotinadores foram levados até o tribunal, nas


sessões trimestrais realizadas naquele dia. Eles começaram se desculpando
por dizerem muitas coisas sobre mim. Mas o prefeito os interrompeu,
dizendo: “O que o Sr. Wesley é não significa nada para vocês! Eu manterei a
paz e não terei nenhuma revolta nessa cidade”.

Chamado a Newgate, à tarde, fui informado de que os pobres miseráveis, sob


sentença de morte, estavam realmente desejosos de falar comigo, mas isso
não seria possível. O vereador Beecher acabara de enviar uma ordem
expressa de que eles não poderiam falar comigo. Intimei o Sr. Beecher a
responder por essas almas no tribunal de Cristo.

9/04 – quarta-feira. Depois de ler as orações na Igreja Lanhithel, preguei


sobre essas palavras: “Eu curarei a apostasia deles, e os amarei livremente”.
À tarde, Howell Harris disse-me como sinceramente muitos se esforçavam
para me prejudicar; especialmente os que tinham respingado todas as estórias
inúteis em Bristol e recontado em suas próprias regiões. E, ainda assim, esses
são bons cristãos! Esses murmuradores, boateiros, caluniadores,
maledicentes! Exatamente tais cristãos, como os assassinos ou adúlteros.
“Exceto se vocês se arrependerem, vocês igualmente perecerão”.122

19/04 – sábado. Recebi uma carta do Sr. Simpson e outra do Sr. William
Oxlee, informando que nossos irmãos em Fetter Lane estavam novamente em
grande confusão e desejando sinceramente que, se fosse possível, viesse a
Londres sem demora.

23/04 – quarta-feira. Fui até o Sr. Simpson. Ele me contou a respeito de toda
a confusão que era devida ao meu irmão, que pregou sobre as ordenanças:
“Considerando que os crentes”, disse ele, “não estão sujeitos às ordenanças, e
os não crentes nada têm a ver com elas, eles ainda deveriam permanecer
quietos, do contrário, serão descrentes, todos os dias de suas vidas”.

Depois de uma infrutífera disputa por cerca de duas horas, retornei para casa
com o coração oprimido. O Sr. Molther estava doente este dia. Acredito que a
mão de Deus estava sobre ele. À tarde, nossa sociedade se reuniu, mas fria,
enfadonha, insensível, morta. Nada encontrei do amor fraternal, mas somente
um espírito áspero, satírico, pesado e estúpido. Por duas horas eles se
entreolharam e, quando se entreolhavam, era como se a metade deles
estivesse com medo da outra metade, e vice-versa; sim, como se uma voz
fosse ouvida em seus ouvidos: “Cuidado cada um com seu próximo. Não
confie em irmão algum, porque cada um deles irá derrubá-lo, e seu próximo
caminhará com caluniadores”.

Acredito que não menos que trinta pessoas falaram comigo nestes dois dias,
às quais foi solicitado fortemente que: 1. Negassem o que Deus fez por suas
almas, reconhecendo que nunca tiveram a fé viva. 2. Permanecessem quietos,
até que tivessem fé; abandonassem todos os meios de graça; não fossem à
igreja; não tomassem a Ceia do Senhor; não buscassem a Escritura, não
usassem de oração privativa, pelo menos não muito, ou não audivelmente, ou
não em algumas ocasiões estabelecidas.

25/04 – sexta-feira. Meu irmão e eu fomos ao Sr. Molther novamente e


passamos duas horas conversando com ele. Também agora ele afirmava
explicitamente: 1. Que não existem graus na fé; que ninguém que tenha
alguma dúvida ou fé tem alguma fé, afinal; e que ninguém é justificado até
que tenha o coração limpo com o habitar perpétuo de Cristo e do Espírito
Santo; e 2. que cada um que não a tenha deve permanecer quieto até que a
tenha: ou seja, como ele explicou, não deve usar das ordenanças ou meios de
graça, assim chamados.

Ele também afirmou expressamente: 1. Que as ordenanças não são uma


obrigação para os que têm o coração limpo. Elas não são ordenadas a eles; e
eles estão livres para as usarem ou não. 2. Que os que não têm um coração
limpo não devem cultivar (especialmente, no comungar), porque Deus nem
ordena, nem pretende que eles possam (ordenando-as a ninguém, e
designandoas apenas para os crentes), e porque elas não são os meios de
graça. Não existem coisas como meios de graça, mas Cristo somente.

Dez ou doze pessoas falaram comigo hoje, e muito mais no dia seguinte,
dizendo que se sentiam grandemente perturbados por este novo evangelho e
atirados na mais extrema opressão; e, de fato, onde quer que fosse,
encontrava mais e mais provas da confusão grave que ele ocasionou; muitos
vindo até mim dia após dia; os mesmos que estiveram cheios de paz e amor
anteriormente, mas agora novamente estavam mergulhados em dúvidas e
temores, sendo dirigidos sempre pela própria sabedoria.

Senti-me completamente perdido quanto a que direção seguir, sem encontrar


descanso para a sola de meus pés. Esses “debatedores inúteis”
importunavam-me, onde quer que eu fosse, e estavam sempre ecoando em
meus ouvidos.

9/05 – sexta-feira. Fiquei um pouco surpreso com alguns que foram


esbofeteados por Satanás de uma maneira incomum, por tal espírito de
gargalhada, que não conseguiam de maneira alguma resistir, embora causasse
dor e aflição a eles. Dificilmente eu acreditaria em tal relato se não tivesse
sabido da mesma coisa dez ou onze anos atrás. Parte do domingo, meu irmão
e eu costumávamos passar o tempo caminhando nas pradarias e cantando
salmos. Mas um dia, exatamente quando começávamos a cantar, ele irrompeu
em uma gargalhada estrondosa. Perguntei-lhe se estava distraído e fiquei
muito bravo, até que, logo depois, comecei a rir tão alto quanto ele.
Possivelmente não poderíamos refrear, embora estivéssemos prontos a nos
rasgarmos em pedaços, mas fomos forçados a seguir para casa sem cantar
outro verso.
22/06 – domingo. Constatando que não havia tempo para demora, sem
destruir completamente a causa de Deus, comecei a executar o que há muito
pretendia: golpear a raiz da grande ilusão. Assim sendo, dessas palavras de
Jeremias: “Coloquem-se a caminho, perguntem pelas antigas veredas”
(Jeremias 6:16), aproveitei a oportunidade para dar um claro relato, tanto da
obra que Deus tem começado em nosso meio quanto da maneira como o
inimigo tem semeado suas pragas, em meio à boa semente, para este efeito:

“Depois de perambularmos durante muitos anos no novo caminho da


salvação pela fé e obras, cerca de dois anos atrás agradou a Deus mostrar-nos
o antigo caminho da salvação pela fé somente. E muitos logo provaram esta
salvação, ‘sendo justificados livremente, tendo paz com Deus, regozijando-se
na esperança de sua glória’ e tendo seu ‘amor derramado em seus
corações’”.123

“Esses agora seguiam o caminho de seus mandamentos: Cumprem todos os


seus deveres para com Deus e para com o homem. Caminham em todas as
ordenanças do Senhor; e, através dos meios que ele havia designado para esta
finalidade, recebem diariamente a graça para ajudarem em tempo de
necessidade e seguiram de fé em fé”.

“Mas, oito ou nove meses atrás, certos homens surgiram, falando contra as
doutrinas que recebemos”.

“Eles afirmam que estamos no caminho errado; que não temos fé, afinal; que
a fé não admite graus e, consequentemente, fé fraca não é fé; que ninguém é
justificado até que tenha um coração limpo e seja incapaz de alguma dúvida
ou temor”.

“E afirmam também que não existe mandamento no Novo Testamento, mas


‘creia’; que nenhuma obrigação é colocada sobre nós; e que, quando um
homem crê, ele não está constrangido ou obrigado a fazer coisa alguma que é
ordenada ali; em especial, que não está sujeito às ordenanças, ou seja (como
explicou): não está constrangido ou obrigado a orar, comungar, ou ler e ouvir
as Escrituras, mas pode ou não fazer uso de algumas dessas coisas (não
estando preso), se sentir seu coração inclinado a isto”.

“E afirmam mais: que um crente não pode usar de alguma dessas como meios
de graça; que, na verdade, não existe tal coisa como os meios de graça; e esta
expressão não tem fundamento na Escritura: que um descrente, ou alguém
que não tenha o coração limpo, não deve usar delas; não deve orar, nem
buscar as Escrituras ou comungar, mas ‘permanecer quieto’, ou seja, deixar
essas ‘obras da lei’ e, então, certamente receberá a fé, que, até que ele esteja
quieto, não poderá ter”.

Eu me propus a considerar todas essas questões:

A primeira foi a de que fé fraca não é fé. “Por fé fraca, eu entendo: 1. Aquela
que está misturada com temor, especialmente a que não dura até o fim. 2.
Aquela que está misturada com dúvida, quer não tenhamos nos enganado,
quer não tenhamos enganado a outros e quer nossos pecados sejam, de fato,
perdoados. 3. Aquela que ainda não purificou o coração totalmente, não de
todos os seus ídolos.

E, assim fraca, encontrei a fé em quase todos os crentes, num curto período


de tempo, logo depois que tiveram paz com Deus. “E que a fé fraca, ainda
assim, é fé, aparece: 1. De Paulo: “Aquele que é fraco na fé, receba’.124 2.
De João, falando dos crentes que eram crianças, assim como dos jovens e
pais. 3. Das próprias palavras de nosso Senhor: ‘Porque estão temerosos, ó,
vocês de pouca fé? Ò, tu de pouca fé, porque duvidas?125 — Eu tenho orado
por ti (Pedro), para que tua fé não desfaleça’.126 Portanto, ele tinha fé.

Ainda assim, tão fraca era aquela fé que não apenas a dúvida e temor, mas o
grosseiro pecado prevaleceu na mesma noite sobre ele. “Não obstante, ele
estava ‘limpo, através da palavra’127 que Cristo ‘lhe falou’, ou seja,
justificado; embora esteja claro que ele não tinha um coração limpo.
“Portanto, existem graus na fé, e fé fraca pode ser fé verdadeira”.

18/07 – sexta-feira. Alguns de nós nos reunimos com minha mãe no grande
sacrifício de ação de graças e, consultados sobre como procedermos com
respeito aos nossos pobres irmãos de Fetter Lane, constatamos que as coisas
estavam caminhando para uma crise e tínhamos, entretanto, unanimemente,
concordado no que fazer.

20/07 – domingo. A pedido sincero do Sr. Seward, preguei uma vez mais em
Moorfields sobre “a obra da fé”, a “paciência da esperança”, e o “trabalho do
amor”. Um homem zeloso foi tão delicado, de maneira a nos livrar da maioria
do barulho dos ouvintes descuidados (ou observadores, preferivelmente),
lendo, entretanto, a uma pequena distância um capítulo de “O Dever do
Homem”. Espero que nem ele, nem eles possam alguma vez ler um livro
pior; embora eu possa dizer-lhes de um melhor – a Bíblia.

À tarde, fui com o Sr. Seward para a Festa do Amor, em Fetter Lane; no
encerramento, sem ter dito coisa alguma até então, li um papel, cuja essência
era o seguinte:

“Cerca de nove meses atrás, alguns de vocês começaram a falar contra a


doutrina que tínhamos até então recebido. A somatória do que vocês
afirmaram é: 1. Que não existe tal coisa como fé fraca: que não existe
justificação pela fé, onde exista qualquer dúvida ou temor, onde não exista,
no sentido apropriado e de maneira completa, um coração novo, limpo”. 2.
Que o homem não deve usar das ordenanças de Deus, as quais nossa igreja
denomina de os ‘meios de graça’, antes que ele tenha tal fé que exclua toda
dúvida e medo, e implique em um coração novo e limpo. ‘Você afirmou que
buscar as Escrituras, orar ou comungar, antes de ter essa fé, é buscar salvação
pelas obras, e até que essas obras sejam colocadas de lado, nenhum homem
poderá receber a fé”.

“Eu acredito que essas afirmações sejam redondamente contrárias à Palavra


de Deus. Tenho advertido vocês desde então, várias vezes, e pedido que
voltem atrás, para a Lei e o Testemunho. Tenho tolerado vocês por muito
tempo, esperando que vocês mudassem. Mas, como tenho encontrado vocês
mais e mais confirmados no erro de seus caminhos, nada resta a não ser
recomendá-los a Deus. Os que forem do mesmo julgamento, que me sigam”.

Então, sem dizer coisa alguma além disso, retirei-me, assim como dezoito ou
dezenove da sociedade.

23/07 – quarta-feira. Nossa pequena companhia encontrou-se na Fundição,


em vez de Fetter Lane. Cerca de vinte e cinco de nossos irmãos, Deus já nos
devolveu todos que pensam e falam a mesma coisa; quarenta e sete ou
quarenta e oito, igualmente, de cinquenta mulheres que estavam no grupo,
desejaram lançar a sorte conosco.
21/08 – quinta-feira. Considerei profundamente aqueles pontos que nossos
irmãos alemães afirmam que erramos a respeito da fé e, remetendo-me ao
quão mais santos alguns deles eram do que eu, ou qualquer pessoa que
tivesse conhecido. Mas fui interrompido por aquelas palavras de Paulo:
“Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que
sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade”.128

Agora as disputas chegaram ao fim e todas as coisas estavam quietas e


calmas; assim, em 1º de Setembro, deixei Londres e, na tarde seguinte,
encontrei meu irmão em Bristol, recuperando-se rapidamente de sua febre. Às
sete, agradou a Deus aplicar aquelas palavras aos corações de muitos
apóstatas: “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como
te faria como Adão? Te poria como Zeboim? Meu coração está comovido,
minhas compaixões se acenderam juntas.129

14/09 – domingo (Londres). Assim que retornei para casa, à noite, mal saí da
carruagem e uma turba que estava reunida em grande número, em volta da
minha porta, rodeou-me totalmente. Regozijei-me e dei graças a Deus,
sabendo que esse era o tempo pelo qual eu esperava e, imediatamente, falei
àqueles que estavam próximos a mim sobre a “retidão e o julgamento que
estão por vir”. A princípio, não muitos deles ouviram, e o barulho ao redor
estava muito alto. Mas o silêncio foi se espalhando para mais e mais longe,
até que tive uma quieta e atenta congregação, e quando os deixei, todos eles
mostraram muito amor e despediram-se de mim com muitas bênçãos.

22/09 – segunda-feira. Desejando algum tempo para um isolamento, o que


era quase impossível para mim em Londres, fui até a residência do Sr. Piers,
em Bexley, onde, nas manhãs e tardes, expus o Sermão do Monte e descansei
durante o restante do dia, com atividades de outros tipos. No sábado, dia 27,
retornei.

30/09 – terça-feira. Quando expunha o décimo segundo capítulo de Atos, um


jovem, com alguns outros, entrou correndo, amaldiçoando e jurando
veementemente; ele perturbou tanto os que estavam perto dele que, depois de
algum tempo, puseram-no para fora. Observei isso e pedi que o deixassem
entrar, para que nosso Senhor ordenasse que suas correntes caíssem. Tão logo
o sermão terminou, ele se aproximou e declarou diante de todos que era um
contrabandista. Então, seguindo naquela obra; como seu disfarce, mostrou a
grande sacola que ele tinha consigo. Mas assegurou que não faria mais isto,
porque estava decidido a ter o Senhor como seu Deus.

3/11 – segunda-feira. Distribuímos a todos que necessitavam, em meio aos


pobres de nossa sociedade, as roupas de diversos tipos, que muitos que
podiam dispor haviam trazido para este propósito.

25/11 – terça-feira (Londres). Depois de diversos métodos propostos para


empregarmos os que estavam desempregados, decidimos fazer uma tentativa
com um método sugerido por diversos de nossos irmãos. Nossa intenção era,
com a menor despesa possível, tirá-los de imediato da necessidade e da
ociosidade; com este propósito, contratamos doze dos mais pobres e um
professor, na sala da sociedade, onde ficaram empregados por quatro meses
no cardar e fiar algodão, até que a primavera chegou. E o objetivo foi
alcançado: eles foram empregados e mantidos com pouco mais que o produto
de seu próprio trabalho.

12/12 – sexta-feira. Tendo recebido muitos relatos desagradáveis


concernentes à nossa pequena sociedade em Kingswood, deixei Londres e,
depois de alguma dificuldade e perigo, em razão do muito gelo na estrada, no
sábado à tarde, cheguei à casa de meu irmão em Bristol, que me confirmou o
que não desejava ouvir.

14/12 – domingo. Fui para Kingswood, pretendendo, se fosse do agrado de


Deus, passar algum tempo lá, se por acaso pudesse ser um instrumento em
sua mão para reparar as brechas que haviam, para que agindo com um só
coração e boca, glorificássemos o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

16/12 – terça-feira. À tarde, preguei sobre “Que a paciência tenha sua


perfeita obra”.130 Na tarde seguinte, o Sr. Cennick voltou da pequena
viagem a Witshire. Fiquei grandemente surpreso, quando fui recebê-lo como
de costume com os braços abertos, ao observá-lo completamente frio, de
maneira que um estranho teria pensado se ele me tinha visto antes.

19/12 – sexta-feira. Eu o pressionei a explicar seu comportamento. Ele me


contou muitas histórias que ouviu a meu respeito. Ainda assim, pareceu-me
que alguma coisa estava por detrás. Assim, pedi que nos encontrássemos
novamente de manhã.
20/12 – sábado. Alguns de nós tivemos uma longa conferência juntos. Sr.
Cennick me disse claramente que não poderia concordar comigo, porque eu
não pregava a verdade, especificamente, com respeito à eleição. Nós, então,
entramos em controvérsia, mas sem efeito.

21/12 – domingo. De manhã, reforcei essas palavras: “Amados, se Deus


assim amou a nós, nós devemos amar uns aos outros”. Vi três de nossas irmãs
durante à tarde, todas acreditando estarem perto da morte e calmamente
regozijando-se na esperança de rapidamente seguir para aquele a quem suas
almas amavam. Na festa do amor que tivemos à tarde em Bristol, setenta ou
oitenta de nossos irmãos e irmãs de Kingswood estavam presentes, sem se
importarem com a neve pesada.

Caminhamos de volta juntos, através da mais violenta tempestade de granizo


e neve de que tenho lembrança. A neve se estendia acima do joelho, profunda
em muitos lugares. Mas nossos corações estavam aquecidos, de maneira que
seguimos adiante, regozijando-nos e louvando a Deus pela consolação.

26/12 – sexta-feira. À tarde, eu li, quase totalmente, um tratado do Dr. John


Edwards sobre “A Deficiência do Conhecimento e do Aprendizado
Humano”. Certamente nunca algum homem escreveu como este homem!
Pelo menos, nenhum dos que tenho visto. Eu não tenho visto escritor tão
arrogante, dominador, pedante, trapaceiro e leviano no mesmo fôlego,
dogmático e opinioso no último grau, e evidentemente tratando os outros com
não melhor maneira que a justiça. Mas, acima de tudo, azedo, malvado,
rabugento sem paralelo, o que, de fato, é seu caráter peculiar. Seja sua
opinião correta ou errada, se o temperamento do Dr. Edward fosse o
temperamento cristão, eu amaldiçoaria o cristianismo para sempre.

31/12 – quarta-feira. Muitos de Bristol vieram até nós e nosso amor foi
grandemente confirmado uns para com os outros. Às oito e meia, a casa
estava cheia de uma extremidade à outra, onde concluímos o ano lutando com
Deus em oração e louvando-o pela maravilhosa obra que já havia sido forjada
sobre
a terra. Pregação de Wesley ao ar livre
19/01 – segunda-feira. Constatei, a partir de
diversos 1 741
relatos, que era absolutamente necessário que estivesse em Londres. Portanto,
pedi à sociedade para se encontrar à tarde e, tendo estabelecido as coisas da
melhor maneira que pude, na terça-feira, parti, e na quarta, à tarde, encontrei
nossos irmãos na Fundição.

28/01 – quarta-feira. Nossos velhos amigos, Sr. Gambold e Sr. Hall, vieram
para ver meu irmão e a mim. A conversa girou totalmente sobre a oração
silenciosa e espera quieta por Deus, as quais eles diziam ser o único caminho
possível para obter-se a fé viva e salvadora. Existiu alguma vez tão agradável
forma? Mas onde ela está escrita? Não em algum desses livros que considero
os Oráculos de Deus. Eu admito que, se existe um caminho melhor até Deus,
este é ele. Mas, com o preconceito da educação tão dependurado sobre mim,
não posso pensar que exista. Devo, portanto, ainda esperar no caminho
bíblico, que difere deste como a luz das trevas.

1/02 – domingo. Grande número de cópias de uma carta particular, escrita a


mim pelo Sr. Whitefied, impressa sem sua permissão ou a minha, foi dado ao
nosso povo na porta e na própria Fundição. Ao encontrar uma delas, relatei o
fato à congregação (depois da pregação) e lhes disse: “Eu farei o que acredito
o Sr. Whitefield faria estivesse aqui”. E rasguei a carta em pedaços diante de
todos. Cada um que a recebeu fez o mesmo. Assim, em dois minutos, não
restou uma cópia inteira.

12/02 – quinta-feira. Meu irmão retornou de Oxford e pregou sobre o


verdadeiro caminho para se esperar por Deus. Assim dispersando, de
imediato, os temores de alguns e as vãs esperanças de outros; que
confidentemente afirmaram que o Sr. Charles Wesley ainda era quietista e
não mais voltaria para Londres.

21/02 – sábado. Atentei tão completamente quanto pude às divisões e ofensas


que, não obstante minhas sinceras precauções, começaram uma vez mais a
irromper em Kingswood. À tarde, encontrei uns poucos dos grupos ali, mas
foi um encontro frio e desconfortável.

25/02 – domingo. Esforcei-me para mostrar-lhes a razão de muitos de seus


equívocos a partir dessas palavras: “Vocês não precisam que algum homem
os ensine, mas que o próprio ungido os ensine”, — um texto que tem sido
frequentemente usado em apoio ao mais declarado fanatismo. O Sr. Cennick
e mais quinze ou vinte outros, vieram até mim depois do sermão. Disse-lhes
que não agiram corretamente ao falarem de mim pelas costas.

Sr. Cennick, Ann A, e Thomas Bissicks, como os demais, responderam que


não disseram mais nas minhas costas do que fariam face a face: que eu prego
a fidelidade do homem e não a fidelidade de Deus.

À tarde, foi a festa do amor em Bristol. Ao término, fizeram menção de que


muitos de nossos irmãos em Kingswood tinham se reunido em uma sociedade
diferente. Relatei-lhes os efeitos das separações que eram feitas de tempos em
tempos, em Londres, e igualmente sua razão, ou seja, o fato do Sr. Cennick
pregar outra doutrina, não a que eles receberam antes. A consequência natural
foi que, quando meu irmão e eu pregamos a mesma doutrina que temos desde
o início, muitos censuraram e falaram contra nós, de onde se levantaram
intermináveis discussões e confusões.

Thomas Bissicks respondeu que é porque pregamos uma falsa doutrina;


pregamos que existe retidão no homem. Eu disse: “E assim acontece, depois
que a retidão de Cristo é imputada a ele por meio da fé. Mas quem lhes disse
que o que nós pregamos é falsa doutrina? A quem vocês creditam isto, a não
ser ao Sr. Cennick?”

Sr. Cennick respondeu: “Você prega a retidão no homem. Eu disse isto e


ainda digo. No entanto, estamos dispostos a nos unirmos a você, mas também
a nos encontrarmos separados de você. Porque nos encontraremos para
confirmarmos um ao outro naquelas verdades, das quais você falou contra”.

Eu respondi: “Você devia ter me dito isto antes e não ter me derrubado em
minha própria casa, roubando os corações das pessoas e, através de acusações
pessoais, separando os próprios amigos”. Ele disse: “Eu nunca acusei você
privativamente”. Eu respondi: “Meus irmãos, julguem”; e li o que segue:
“Ao Rev. Sr. George Whitefield (17 de Janeiro, 1741)

“Meu querido irmão, para que você possa vir rapidamente, eu escrevo uma
segunda vez”.

“Eu me sinto solitário, como Eli, esperando o que acontecerá com a arca. E,
enquanto espero e temo que ela seja carregada para longe de meu povo,
minhas preocupações crescem diariamente. Quão glorioso o Evangelho
pareceu florescer em Kingswood! — Falei do amor eterno de Cristo, com
doce poder. Mas, agora, o irmão Charles se permite abrir a boca contra esta
verdade, enquanto a ovelha amedrontada olha fixamente e foge, como se
nenhum pastor existisse no meio delas. É como se Satanás estivesse agora
guerreando com os santos de uma maneira mais que comum”.

“Ó, ore para que as ovelhas desamparadas, ainda deixadas neste lugar, não
esmoreçam! Certamente esmoreceriam, se a pregação o fizesse (os que agora
atendem aos sermões), a não ser sua própria fidelidade. ‘Com a Redenção
Universal’, o irmão Charles agrada o mundo e o irmão John o segue em todas
as coisas. Eu não acredito que o Ateísta possa pregar mais contra a
Predestinação do que eles. E todo aquele que acredita na eleição é
considerado inimigo de Deus e chamado assim: ‘Fuja, querido irmão. Estou
tão sozinho. Estou no meio da praga. Se Deus te deu permissão, apressa-te’”.

O Sr. Cennick levantou-se e disse: “Esta carta é minha; eu enviei ao Sr.


Whitefield; e não retrato coisa alguma nela, nem me envergonho de tê-la
enviado”.

Percebendo que alguns de nossos irmãos começaram a falar com veemência,


pedi que ele se encontrasse comigo em Kingswood no sábado, onde cada um
de nós poderia falar mais livremente, e que todas as coisas adormecessem até
então.

24/02 – terça-feira. Os grupos se encontraram em Bristol e eu li os nomes da


Sociedade Unida, determinando que nenhum seguidor desordenado
permaneceria nela. Assim sendo, pedi um relato de cada pessoa: 1. Sobre os
que alguma objeção razoável havia sido feita. 2. Quem não fosse conhecido e
recomendado por alguns. Sobre os quais a veracidade dependeria. Àqueles
que eram suficientemente recomendados, foram dados bilhetes nos dias
seguintes. Com a maioria dos demais, estive face a face com seus acusadores;
e os que tanto pareceram inocentes, ou confessaram suas faltas e prometeram
melhor comportamento, foram recebidos na sociedade. Os outros, foram
colocados sob prova novamente, exceto se eles voluntariamente expulsassem
a si mesmos. Por volta de quarenta separaram-se assim de nós, penso que
apenas por algum tempo.

28/02 – sábado. Encontrei-me com os grupos de Kingswood novamente e


ouvi sem pressa todos que desejaram falar comigo. Depois, li o seguinte: “De
acordo com muitas testemunhas, parece que vários membros da sociedade em
Kingswood têm usado como prática comum zombarem da pregação dos Srs.
John e Charles Wesley: que têm censurado e falado mal deles pelas costas, ao
mesmo tempo em que professam amor e estima diante deles: que têm se
esforçado diligentemente para criarem preconceito, por parte de outros
membros desta sociedade, contra eles e, com este objetivo, têm-nos
interpretado mal e difamado em diversas circunstâncias”.

“Portanto, não por causa de suas opiniões, nem por alguma delas (quer
estejam certas ou erradas), mas pelas causas acima mencionadas, ou seja, por
escarnecerem da palavra e dos ministros de Deus, através de sua fofoca,
maledicência, dissimulação, mentira e calúnia, eu, John Wesley, pelo
consenso e aprovação da sociedade em Kingswood, declaro que as pessoas
acima mencionadas não são mais membros dela. Nem serão assim
considerados, até que abertamente declarem sua falta e, por meio disto, façam
o que lhes cabe para removerem o escândalo que causaram”.

Nisto eles pareceram um pouco chocados, a princípio, mas o Sr. Cennick,


Thomas Bissicks e Ann A., logo se recuperaram e disseram que ouviram meu
irmão e eu, muitas vezes, pregarmos o papismo. No entanto, eles se juntariam
a nós, se quiséssemos, mas que não reconheceram que tinham feito qualquer
coisa imprópria.

Pedi-lhes para considerarem isto novamente e nos darem a resposta na tarde


seguinte.
Na manhã seguinte,
1º de março
, eles deram a mesma resposta anterior.
No entanto, não poderia dizer como afastá-los, mas os exortei a esperarem
ainda um pouco mais e pelejei com Deus para que conhecessem sua vontade
concernente a eles.

6/03 – sexta-feira. Ainda temendo fazer qualquer coisa apressadamente ou


contrária à grande Lei do amor, consultei-me novamente com muitos de
nossos irmãos com respeito aos passos que deveria dar em seguida. Em
consequência disto, no sábado, dia 7, com todos que puderam se encontrar na
sociedade, disse-lhes que um procedimento aberto seria o melhor e, portanto,
lhes diria claramente o que pensava (colocando todas as opiniões de lado)
haver de errado em muitos deles, a saber: “1. Menosprezarem os ministros de
Deus e desprezarem suas ordenanças; 2. Não falarem ou orarem, quando se
encontravam, até que se sentissem movidos a isto; 3. O fato de se separarem
de seus irmãos, formando uma nova sociedade”

“Que não poderíamos aprovar a demora deste assunto, porque a confusão


existente crescia diariamente. Que, com tudo isto, acreditávamos que o único
caminho para por fim nesses gemidos diabólicos era cada um fazer sua
escolha e sair de uma sociedade ou de outra.

Thomas Bissicks respondeu: “É o fato de defendermos a eleição, a verdadeira


causa de vocês se separarem de nós”. Eu retruquei: “Você sabe, em sua
própria consciência, que não é isto. Existem vários predestinacionistas em
nossas sociedades em Londres e Bristol, nem eu alguma vez coloquei
qualquer um deles para fora por defenderem esta opinião”.

Ele disse: “Bem, você dissolverá nossa sociedade com a condição de que
receberá e empregará o Sr. Cennick, como fez antes”.

Eu respondi: “Meu irmão tem sido muito injusto comigo. Mas ele não diz:
‘Eu me arrependo’”. Sr. Cennick disse: “Exceto em não falar em sua defesa,
não sei no que tenho sido injusto com você”.

Eu retorqui: “Parece, então, que nada resta a não ser que cada um escolha a
sociedade que lhe agradar”.
Então, depois de algum tempo em oração, o Sr. Cennick saiu e cerca da
metade daqueles que estavam presentes foram com ele.
Conflitos com o Sr. Whitefield

28/03 – sábado. Tendo ouvido muito sobre o indelicado comportamento do


Sr. Whitefield, antes que ele retornasse da Geórgia, fui até ele para ouvi-lo
falar por si mesmo, para que soubesse como julgar. Muito aprovei sua
simplicidade ao falar, dizendo que ele e eu pregávamos dois Evangelhos
diferentes, e que, por esta razão, não somente não iria juntar-se a mim, ou
dar-me a mão direita de companheirismo, mas estava resolvido a
publicamente pregar contra mim e meu irmão, onde quer que ele pregasse. O
Sr. Hall (que foi comigo), lembrou-lhe da promessa que fizera alguns dias
antes, de que qualquer que fosse sua opinião, ele não iria pregar publicamente
contra nós. Mas ele disse que a promessa era apenas um efeito da fraqueza
humana e que, agora, pensava de outra maneira.

4/04 – sábado. Acreditava que o amor e a justiça exigiam que eu falasse


sobre meus sentimentos livremente com o Sr. Whitefield, concernentes à
carta que ele publicou em resposta ao meu “Sermão sobre a Graça Livre”.
Um resumo das observações que fiz é: 1.Que foi completamente imprudente
que ele a publicasse, apenas para colocar as armas nas mãos daqueles que não
amam nem a mim nem a ele. 2. Que se estivesse constrangido a dar seu
testemunho (como ele o denominou) contra o erro em que me encontrava, ele
poderia tê-lo feito, publicando um tratado sobre este assunto, sem expor meu
nome. 3. Que aquilo que ele publicou era uma mera farsa junto a uma
resposta, deixando quatro dos meus argumentos intocados e mantendo os
outros quatro de uma maneira tão gentil, como se estivesse temeroso de
queimar seus dedos. 4. Ele disse o suficiente do que era totalmente estranho à
questão para produzir uma brecha (e provavelmente irreparável) entre mim e
ele.

Uma vez que, “por causa de um ferimento traiçoeiro, e traição dos segredos,
todo amigo irá se separar”.
7/05 – quinta-feira. Lembrei à Sociedade Unida que muitos dos nossos
irmãos e irmãs não tinham alimento necessário; muitos estavam destituídos
de vestuário conveniente; muitos estavam sem trabalho, o que não era por
culpa deles; muitos estavam doentes de morte; e que eu tinha feito o que
podia para alimentar o faminto, vestir o desnudo, empregar o pobre e visitar o
doente, mas que só isso não era suficiente. Por esse motivo, solicitei de todos
aqueles cujos corações fossem como o meu: 1. Trazerem as roupas que
tivessem sobrando para serem distribuídas entre aqueles que necessitavam
mais. 2. Darem mensalmente um penny,131 ou o que pudessem dispor, para
alívio do pobre e do doente.

Meu objetivo, disse-lhes, é empregar todas as mulheres que estão sem


trabalho nos serviços de tricotagem. A essas, primeiro, pagaremos o preço
comum pelo trabalho que executam e, então, acrescentaremos de acordo com
suas necessidades”.

Doze pessoas foram designadas para inspecioná-las, visitarem e


providenciarem as coisas necessárias para os doentes. Cada um visitaria os
doentes dentro do seu distrito, dia sim, dia não, e todos se encontrariam na
terça-feira, à noite, para prestarem contas do que a sociedade tinha feito e o
que mais poderia ser feito ainda.

23/05 – sábado. No encontro dos administradores da sociedade (que recebe e


gasta o que é contribuído semanalmente), constatamos que seria necessário
cortarmos despesas; as contribuições não correspondiam a elas. E
concordamos em despedir dois dos professores de Bristol, visto que o
presente fundo meramente é suficiente para manter dois mestres e uma
mestra aqui, e um mestre e uma mestra em Kingswood.

8/06 – segunda-feira. Parti de Enfield-Chace, para Leicestershire. À noite,


fomos para Northampton e, na tarde seguinte, para a casa do Sr. Ellis, em
Markfield, cinco ou seis milhas depois de Leicester. Durante estes dois dias,
fiz um experimento que tão frequente e sinceramente fui pressionado a fazer,
nada falando a ninguém concernente às coisas de Deus, a menos que meu
coração estivesse livre para isso. E qual foi o evento? Por que: 1. Que eu falei
com ninguém por oitenta milhas, nem mesmo aos que viajavam comigo na
carruagem, a não ser algumas poucas palavras no início da jornada; 2. Que
não tive nenhuma cruz para suportar ou carregar, e em uma hora ou duas
dormi rapidamente; 3. Que tive muito respeito mostrado para comigo, onde
quer que eu fosse, cada um me tratando como a um civil e agradável
cavalheiro. Oh, quão gratificante é tudo isso para a carne e sangue! Você
precisa “rodear o mar e a terra” para fazer “prosélitos” para isso?

15/06 – segunda-feira. Parti de Londres e li, durante o percurso, o famoso


livro de Martinho Lutero “Comentário sobre a Epístola aos Gálatas”. Senti-
me totalmente envergonhado! Como pude considerar este livro, só porque ele
fora recomendado por outros, ou, na melhor das hipóteses, porque li
ocasionalmente algumas das excelentes frases citadas dele!

Porém, o que direi, agora que julguei por mim mesmo? Agora que vejo com
meus próprios olhos? Não apenas porque o autor faz nada em desacordo, não
esclarece nenhuma dificuldade considerável, que é completamente superficial
em suas observações sobre muitas passagens, confuso e embaraçado em
quase todas, mas porque tem toda a aparência de misticismo, do começo ao
fim, e, por conseguinte, sempre perigosamente errado. Para exemplificar, em
apenas um ou dois pontos:

Como ele (quase nas palavras de Tauler) deprecia a razão, certa ou errada,
como inimiga irreconciliável do Evangelho de Cristo! Levando em
consideração que a razão (a faculdade assim chamada), nada mais é do que o
poder da compreensão, julgamento e dissertação? Cujo poder não deve ser
condenado mais do que o ver, ouvir e sentir.

Novamente, com que blasfêmia ele fala das boas obras e da Lei de Deus;
constantemente ligando a Lei ao pecado, morte, inferno ou ao diabo; e
ensinando que Cristo nos livra delas igualmente.

Uma vez que não pode ser provado pela Escritura que Cristo nos livrou da
Lei de Deus mais do que nos livrou da santidade ou do céu. Aqui (eu
compreendo) está a fonte real dos grandes erros dos morávios. Eles seguem
Lutero para o que der e vier. Por esta razão, “Nenhuma obra; nenhuma Lei;
nenhum mandamento”. Mas quem és tu que ‘falas mal da Lei e a
julgas?’”.132

9/07 – quinta-feira. Na Biblioteca Bodleian, deparei-me com os relatos de


Calvino sobre o caso de Michael Servetus; cujas diversas cartas ele insere de
vez em quando, onde Servetus frequentemente declara: “Eu creio que o Pai
seja Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus”. O Sr. Calvino, no
entanto, o retrata como um monstro que ele nunca foi, um ariano blasfemador
e não sei mais o que; além de espalhar sobre ele suas flores de “cão, demônio,
porco” e assim por diante, que são os apelidos comuns que ele dá aos seus
oponentes.

Mas, ainda assim, ele nega extremamente ser ele a causa da morte de
Servetus: “Não”, diz ele, “eu apenas aconselhei nossos magistrados quanto ao
direito de restringirem os heréticos pela espada, aprisioná-los e provarem
aquele herético arcaico. Mas, depois que ele foi condenado, não disse palavra
alguma sobre sua execução!”.

25/07 – sábado (Oxford). É chegada minha vez (o que acontece cerca de uma
vez a cada três anos) de pregar na Igreja de St. Mary, diante da Universidade.
A colheita é verdadeiramente abundante. Tão numerosa congregação
(quaisquer que sejam os motivos pelos quais vieram), raramente tenho visto
em Oxford. Meu texto foi a confissão do pobre Agripa: “E disse Agripa a
Paulo: Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!”,133 e tenho
“lançado meu pão sobre as águas”. Deixe-me “encontrá-lo, novamente,
depois de muitos dias”.

26/08 – quarta-feira (Londres). Fui informado de uma notável conversa, na


qual uma de nossas irmãs estava presente, um ou dois dias antes: um
cavalheiro assegurava aos seus amigos que ele mesmo estava em Charles
Square, quando uma pessoa lhe disse face a face com o Sr. Wesley, que ele
pagou vinte libras por ter sido condenado, por vender em Genebra; e que
agora ele mantinha dois padres católicos em sua casa.

Isto deu oportunidade para que outro mencionasse o que ele mesmo havia
ouvido na casa de um eminente professor não-conformista, ou seja, que sem
qualquer dúvida o Sr. Wesley recebia grandes remessas da Espanha, com o
objetivo de fazer uma festa entre os pobres e que, tão logo os espanhóis
chegaram, ele os reuniu com vinte mil homens.

1/09 terça-feira. Li o relato do Sr. Whitefield sobre os procedimentos de


Deus para com sua alma. Grande parte disto sei que é verdade. “Que a
misericórdia e verdade não te abandonem! Amarra-as em volta do teu
pescoço! Escreve-as na tábua de teu coração!

3/09 – quinta-feira. James Hutton enviou-me um recado de que o conde


Zinzendorf134 se encontraria comigo e, às três da tarde, fui até as alamedas
da estalagem Gray. A parte mais importante de nossa conversa (que não
atrevo esconder) foi a seguinte — excetuando dois ou três parágrafos, que
omiti como menos importantes:

John Wesley, presbítero da igreja de Deus na Inglaterra, para a igreja de Deus


em Herrnhut, na Alta Lusatia.

1. Pode parecer estranho que alguém como eu possa ter o direito de escrever
a vocês. Vocês, eu creio, são filhos queridos de Deus, através da fé que está
em Jesus. A mim, vocês acreditam (como alguns de vocês declararam) ser
‘um filho do diabo, um servo da corrupção’. Ainda assim, o que quer que eu
seja, ou vocês sejam, eu imploro que pesem as seguintes palavras, se, por
acaso, Deus, que enviou através daquele que ele enviaria, puder lhes dar
esclarecimento por meio disto, embora a névoa da escuridão (como um de
vocês afirma) esteja reservada a mim para sempre.

2. Meu objetivo é falar livre e claramente o que quer que tenha visto ou
ouvido no meio de vocês, em qualquer parte de sua Igreja, e que não pareça
de acordo com o Evangelho de Cristo. E a minha esperança é que Deus, a
quem vocês servem, lhes proporcione avaliarem o que for falado e, se alguma
coisa for contrária à verdade, até mesmo isto lhes seja revelado...

Conflitos em Gales

3/10 – sábado. Por volta do meio-dia, chegamos a Ponty-Pool. Um clérigo


interrompeu-me, na primeira rua e alguns mais me descobriram logo depois,
cujo amor não constatei que fosse frio, pelos adversários amargos que havia
entre eles. Verdadeiros esforços tinham sido feitos para colocá-los contra
meu irmão e eu, por homens que “não se sabe de que espírito eram”. Mas, ao
invés de disputas, dirigimo-nos em oração, e todos os corações uniram-se,
como no princípio.

10/10 – sábado. Com sua jornada adiada para segunda-feira, H. Harris veio
até mim, na nova sala. Disse-me que renunciou ao decreto da reprovação e o
abominava totalmente. Quanto ao não cair da graça: 1. Ele acreditava que não
deveria se aplicar ao injustificado, ou alguém que fosse negligente e
descuidado, muito menos ao que vivia no pecado, mas apenas aos
murmuradores sinceros e sem esperança. 2. Ele mesmo acreditava que era
possível que alguém que não fosse “iluminado” por alguns conhecimentos de
Deus, que não “testou do dom divino, e fosse feito parceiro do Espírito
Santo” caísse, e pediu que pudéssemos todos concordar em nos mantermos
próximos, nos pontos controversos às próprias palavras do Espírito Santo. 3.
Que ele não considerava o homem tão justificado de maneira a não cair, até
que tivesse um ódio completo por todo pecado habitando nele, e uma
contínua fome e sede em busca de toda retidão. Abençoado sejas tu, ó
Senhor, tu, ó homem da paz!

15/10 – quinta-feira. Eu me preparava para outra jornada para Gales, que


pretendia para o início da sexta-feira, quando recebi uma mensagem de H.
Harris, pedindo que partisse imediatamente e o encontrasse perto da New-
Passage. Assim sendo, parti ao meio-dia, mas, obrigado a esperar na margem,
não alcancei Will-Creek (o lugar que ele indicou para nosso encontro) até
uma ou duas horas depois do anoitecer. Mas isto foi suficiente; porque ele
não estava lá. Então, voltamos para Mather e, de lá, de manhã, para
Lanmarton, um vilarejo duas milhas distante, onde ouvimos que o Sr. Daniel
Rowlands estaria e, quem, de fato encontramos. Males presumíveis logo
desapareceram e nossos corações estavam unidos em amor. Cavalgamos
juntos para Machan (cinco milhas depois de Newport), a qual alcançamos por
volta do meio-dia. Em uma hora, H. Harris chegou e com ele muitos de seus
amigos, vindos de lugares distantes. Não tivemos discussão de qualquer tipo,
mas o espírito da paz e amor estava entre nós. Às três horas, fomos à igreja.
Tivemos uma vasta multidão de congregados, não obstante as poucas horas
de aviso. Depois das orações, preguei sobre a segunda lição: “A vida que
agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo
por mim” (Gálatas 2.20). Sr. Rowlands, a seguir, pregou em galês sobre
Mateus 28.5 “Não temam, porque vocês buscam Jesus, que foi crucificado”.

Cavalgamos, mais tarde, para a Igreja de St. Bride, em Moors; onde o Sr.
Rowlands pregou novamente. Aqui, fomos encontrados pelo Sr. Humphreys
e Thomas Bissicks, de Kingswood. Por volta das onze horas, alguns de nós
nos retiramos com o objetivo de exortarmos uns aos outros ao amor e às boas
obras. Mas T. Bissicks imediatamente introduziu a disputa e outros o
apoiaram. H. Harris e Sr. Rowlands se opuseram fortemente, mas, vendo que
de nada aproveitava, o Sr. Rowlands recuou. H. Harris os manteve cercados
até cerca da uma da manhã. Então, deixei-os, bem como ao Capitão T.

Por volta das três, eles desistiram no mesmo ponto onde haviam começado.

26/10 – domingo. Depois do sacramento em All-Saints, peguei o cavalo para


Kingswood, mas, antes que chegasse em Lawrence-Hill, meu cavalo caiu e,
tentando levantar-se, caiu novamente sobre mim. Uma ou duas mulheres
correram de uma casa vizinha, e, quando me levantei, ajudaram-me. Eu adoro
a sabedoria de Deus. Nesta casa, estavam três pessoas que começaram a
seguir bem, mas Satanás as impediu. Mas elas resolveram se colocar a
caminho novamente e nenhuma delas olhou para trás desde então.

O grande conforto que encontrei, em público e privado, quase diariamente na


semana seguinte, compreendo que foi para me preparar para o que se seguiu.

Enviei um pequeno relato para Londres, logo depois, em uma carta, cuja
cópia anexei, embora esteja consciente de que existam diversas circunstâncias
nele que alguns podem considerar mero fanatismo e extravagância.

“Querido irmão, toda semana passada eu senti dependurados sobre mim os


efeitos de uma violenta gripe que contraí em Gales:

Não, eu acredito (como o Sr. Turner e Walcam supuseram), por dormir em


uma camada úmida na Igreja de St. Bride, mas antes por cavalgar
continuamente nas noites frias e úmidas e pregar imediatamente depois. Mas
acreditei que ela passaria, e, desta forma, dei-lhe pouca atenção até sexta-
feira de manhã, quando me senti excessivamente doente. E como caminhei
até Baptist-Mills (para orar com Susanna Basil, que estava enferma com
febre) senti o vento perfurar-me. Em meu retorno, achei-me um pouco
melhor. Apenas não podia comer alguma coisa. Ainda assim, eu não senti
falta de força na hora da intercessão, nem às seis da tarde, enquanto abria e
aplicava aquelas palavras: “Sol, detém-te em Gibeom; e tu, lua, no vale de
Ajalom”.135

“Mais tarde, senti-me revigorado e dormi bem de maneira que não percebi
qualquer desordem adicional, mas levantei-me de manhã como de costume e
declarei com uma voz forte e coração amplo: ‘Nem a circuncisão, nem a
incircuncisão tem proveito algum; mas a fé operada pelo amor’”.136

“Por volta das duas da tarde, exatamente quando descia para jantar, um
calafrio veio sobre mim e um pouco de dor em minhas costas mas nenhuma
doença, de maneira que eu comi um pouco e, então, mais aquecido, fui visitar
alguns que estavam enfermos”.

4/11 – quarta-feira. Muitos de meus irmãos concordaram em buscar a Deus,


hoje, por meio de jejum e oração. Por volta da meia-noite, minha febre
começou a piorar. Às duas horas, cochilei um pouco e, de repente, acordei,
em tal desordem (apenas não mais violenta) como aquela da segunda-feira.
O cordão de prata pareceu romper-se exatamente naquele momento, e a roda
junto ao poço quebrar-se.137 O sangue movia-se rapidamente, para cima e
para baixo, como se forçasse seu caminho através de seus vasos,
especialmente no peito. Um excessivo calor ressecava todo meu corpo,
dentro e fora. Por volta das três, de repente a comoção cessou, a quentura
acabou e a dor se foi. Logo depois, aconteceu outro ataque, mas não tão
violento quanto o anterior. Isto durou até quatro e meia, mas desapareceu de
imediato. Assim, adormeci e não acordei até que amanhecesse.

5/11 – quinta-feira. A barulhenta alegria nas ruas não estava de acordo


comigo; embora eu temesse que ela perturbasse suas pobres almas muito
mais do que fazia com meu corpo. Por volta das cinco da tarde, minha tosse
retornou e, logo depois, o calor e outros sintomas, mas, com esta notável
circunstância, por quatorze ou quinze horas seguidas, tive mais ou menos
sono em cada hora. Esta foi a razão porque nunca estive inconsciente, mas
usei de meu discernimento, desde a primeira hora de minha enfermidade até a
última, tão completamente como quando em saúde perfeita.

22/11 – (Bristol). Não sendo permitido ir à Igreja, ainda assim (depois de


uma séria febre), comunguei em casa. E fui aconselhado a ficar ali um tempo
mais longo, mas não pude compreender que isso fosse necessário. Portanto,
na segunda-feira, 23, fomos para a nova sala, onde oramos a Deus pela sua
misericórdia. E expus, por cerca de uma hora (sem qualquer fraqueza ou
cansaço) sobre: “Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem
feito? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor”.138
Preguei uma vez por semana e não vi inconveniência por isso.

7/12 – segunda-feira. Enquanto pregava “Confiai no Senhor perpetuamente,


porque o Senhor Deus é uma rocha eterna”,139 e mostrava a razão porque
devemos confiar no Capitão de nossa salvação, alguém, entre os ouvintes,
gritou: “Quem era seu capitão no outro dia, quando você dependeu de si
mesmo? Eu conheço o homem que o viu quando estava doente”. Essa sábia
história, pelo que parece, tem sido diligentemente espalhada e cordialmente
acreditada por muitos em Bristol. Pedi que eles abrissem espaço para o
homem se aproximar.

Mas, no momento em que viu a porta aberta, ele correu para fora a toda
velocidade, para não olhar mais para trás.

9/12 – quarta-feira. Deus humilhou-nos à tarde, pela perda de mais de trinta


membros de nossa pequena companhia, que fui obrigado a excluir, visto que
não mais adornavam o Evangelho de Cristo. Acreditei ter sido melhor
declarar abertamente seus nomes e as razões porque foram excluídos. Então,
clamamos a Deus para que isto fosse para sua edificação e não destruição.

12/12 – sábado. Retornei para Bristol. À tarde, alguém desejou falar comigo.
Percebi que ele estava em extrema confusão, de forma que, por algum tempo,
não pôde falar. Finalmente, ele disse: “Eu sou aquele que o interrompeu na
nova sala, na segunda-feira. Não tive descanso desde então, dia e noite, e não
poderei ter, até que fale com o senhor. Espero que me perdoe e que isso seja
uma advertência para mim todos os dias de minha vida”.

26/12 – sábado. A congregação de manhã aumentou em cerca de três vezes o


número usual, enquanto eu explicava “Graça seja junto a ti, e paz, de Deus o
Pai, e de nosso Senhor Jesus Cristo”. Em Long-Lane, igualmente, à tarde,
tive uma audiência lotada, para a qual falei sobre “Ó profundidade das
riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são
os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos!”.140

27/12 – domingo. Depois de diligente investigação, removi todos aqueles da


congregação de fiéis cujo comportamento ou espírito não estivessem de
acordo com o Evangelho de Cristo: declarando abertamente as objeções que
tinha com relação a cada um, para que outros temessem e clamassem a Deus
por eles.

31/01
1 742
Depois de uma noite de sono tranquilo, acordei com uma forte febre, mas
sem qualquer enfermidade, sede ou dor. Concordei, no entanto, em ficar
acamado, mas sob a condição de que todos que desejassem, tivessem
liberdade para falar comigo. Acredito que cinquenta ou sessenta pessoas
fizeram isto hoje e não encontrei nenhum inconveniente nisto. À tarde,
mandei um recado a todos dos grupos que estavam na casa para que
pudéssemos magnificar nosso Senhor juntos. Uma pessoa de minha relação
pessoal estava comigo, quando eles vieram, e perguntei-lhe, mais tarde, se ela
ficou ofendida. “Ofendida”, disse ela. “Eu desejo estar sempre com você.
Pensei que estivesse no céu”.

15/02 – segunda-feira. Muitos se reuniram para encontrar um método


apropriado de saldar a dívida pública e ficou assim concordado: 1. Que todo
membro da sociedade que fosse capaz, contribuiria com um penny por
semana; 2. Que toda a sociedade deveria ser dividida em pequenas
companhias ou classes — cerca de doze em cada classe; 3. Que cada pessoa,
em cada classe, poderia receber contribuição do restante e trazê-la aos
mordomos semanalmente.

12/03 – sexta-feira. Li parte do “Método Natural de Curar as Doenças” do


Dr. Cheyne, o qual, não pude deixar de observar, é um dos mais engenhosos
livros que já vi. Mas, que epicurista, alguma vez, se preocupará com ele?
Porque “o homem fala contra boa alimentação e a bebida!”

Um boi na congregação

19/03 – sexta-feira. Cavalguei uma vez mais para Pensford, para atender a
um sincero pedido de várias pessoas sérias. O lugar onde elas pediram que eu
pregasse era um pequeno gramado, próximo à cidade. Mas, mal tinha
começado quando a turba, contratada (como nos certificamos depois) para
esse propósito, veio furiosamente até nós, trazendo um boi, que eles
atormentavam e esforçavam-se para dirigi-lo em meio às pessoas.

Porém, o animal era mais esperto que seus condutores e continuamente corria
de um lado para outro, enquanto cantávamos calmamente louvores a Deus e
orávamos por cerca de uma hora.

Os pobres miseráveis, desapontados, amarraram por fim o fraco e cansado


boi, depois de ter sido, por muito tempo, ferido e açoitado, tanto por cães
como por homens e pela força principal que, em parte o arrastou e, em parte,
o empurrou, em meio às pessoas.

Quando forçaram seu caminho até a pequena mesa onde eu estava,


esforçaram-se várias vezes para jogá-la ao chão, empurrando o impotente
animal contra ela, que levantou não mais que um pedaço de madeira. Uma ou
duas vezes, coloquei de lado sua cabeça com minha mão, para que o sangue
não caísse em minhas roupas, pretendendo ir embora tão logo a correria
acabasse. Mas a mesa caiu. Alguns dos meus amigos me pegaram em seus
braços e me carregaram imediatamente em seus ombros, enquanto os
arruaceiros desafogavam vingança na mesa, rasgando pedaço por pedaço
dela. Fomos para fora, onde terminei meu discurso sem qualquer barulho ou
interrupção.

26/03 – quinta-feira. Designei vários homens sérios e sensatos para se


encontrarem comigo e mostrei-lhes a grande dificuldade que tinha em
conhecer as pessoas que desejavam estar sob meus cuidados. Depois de muita
discussão, todos eles concordaram que a melhor maneira de se conhecer cada
pessoa seria dividindo-as em classes, como em Bristol, sob a inspeção
daqueles em quem eu mais confiava. Essa foi a origem de nossas classes em
Londres, pelo que nunca louvarei suficientemente o Senhor nosso Deus, pela
indizível utilidade da instituição, que tem sido sempre mais e mais manifesta.

9/04 – sexta-feira. Tivemos a primeira noite de vigília, em Londres.


Comumente, escolhemos para esse culto solene as noites de sexta-feira mais
próximas da lua cheia, tanto antes quanto depois, para que os da congregação
que moram distante possam ter claridade até suas casas. O culto começa por
volta das nove e meia e continua até um pouco depois da meia-noite.
Geralmente, há uma profunda reverência junto à congregação, talvez, em
alguma medida, devido ao silêncio da noite, especialmente cantando o hino
com que usualmente concluímos: “Ouçam a solene voz. O terrível grito da
meia-noite. Almas que esperam regozijem-se, regozijem-se. E sintam a
proximidade do Noivo”.
23/04 – sexta-feira. Passei uma hora agradável com o Sr. Whitefield. Creio
que ele seja sincero em tudo que diz com respeito ao seu desejo de juntarmos
as mãos com todos que amam o Senhor Jesus Cristo. Mas, se ele não for
(como alguns me persuadiram), a perda estará toda de seu próprio lado. Eu
sou exatamente como fui; sigo meu próprio caminho, quer ele vá comigo ou
fique para trás.

17/05 – segunda-feira. Pretendia partir para Bristol esta manhã, mas fui
inesperadamente impedido. À tarde, recebi uma carta de Leicestershire,
pressionando-me a ir, sem demora, prestar o último culto de amizade a uma
daquelas almas que estava nas asas da eternidade. Na quinta-feira, 20, parti.
Na tarde seguinte, parei um pouco, em Newport-Pahnell e, depois, cavalguei
em frente, até alcançar um homem sério, com quem imediatamente comecei a
conversar. Ele logo me deixou saber qual era sua opinião, portanto não disse
nada para contradizê-la. No entanto, isso não o satisfez. Ele estava bastante
interessado em saber se eu abraçava a doutrina dos decretos, assim como ele,
mas repetidas vezes lhe disse que “era melhor nos mantermos nas coisas
práticas, a fim de que não nos aborrecêssemos um ao outro”.

E assim fizemos por duas milhas, até que ele me pegou inesperadamente e
me arrastou para uma disputa antes que soubesse onde estava. Ele, então, foi
ficando cada vez mais agitado, dizendo que eu estava podre no coração e que
supunha que eu fosse um dos seguidores de John Wesley. E eu lhe disse:
“Não, eu sou o próprio John Wesley”.

Diante disso, foi como se ele tivesse sido mordido por uma cobra. Ele bem
poderia alegremente ter saído fora, mas, sendo eu o melhor montador dos
dois, mantive-me perto dele e esforcei-me para mostrar-lhe seu coração até
chegarmos na estrada de NorthHampton.
27/05 – quinta-feira. Deixei Birstal e na sexta-feira, dia 28,
cheguei em Newcastle-upon-
Tyre. Li, com grande expectativa, ontem e hoje, o livro de Xenofontes,
“Coisas Memoráveis de Sócrates.” Fiquei totalmente pasmo com sua falta de
julgamento. Quantas dessas coisas Platão nunca teria mencionado! Mas, pode
ser bom que vejamos as sombras da noite também dos quadros mais
brilhantes em toda antiguidade pagã.

Chegamos em Newcastle por volta das seis horas e, depois de um descanso


breve, caminhei pela cidade. Estava surpreso, tantos bêbados, praguejando e
jurando (mesmo vindo da boca de crianças pequenas), como não me lembro
de ter visto ou ouvido antes, em tão pouco espaço de tempo. Certamente, esse
lugar está preparado para aquele que “veio não para chamar os retos, mas os
pecadores ao arrependimento”. (Marcos 2.17)

30/05 – domingo. Às sete horas, caminhei para Sandgate, a mais pobre e


desprezível parte da cidade, e, em pé no final da rua, juntamente com John
Taylor, cantei o Salmo 100. Três ou quatro pessoas vieram para ver o que
estava acontecendo; número este que aumentou para quatrocentas ou
quinhentas. Suponho que havia mil e duzentas, ou mil e quinhentas pessoas,
antes que terminasse a pregação; apliquei nestas solenes palavras: “Mas ele
foi ferido por nossas transgressões e afligido por nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados”.141

Observando as pessoas, quando terminei, em pé, boquiabertas, e encarando-


me com o mais profundo espanto, disse-lhes: “Se vocês desejam saber quem
eu sou, meu nome é John Wesley. Às cinco horas da tarde, com a ajuda de
Deus, pretendo pregar aqui novamente”.

Às cinco horas, a colina onde designei pregar estava coberta do topo ao chão.
Nunca vi tão grande número de pessoas juntas, nem em Moorfields, nem em
Kennington-Common. Eu sabia que não era possível para a metade ouvir,
embora minha voz fosse forte e clara, e posicionei-me de tal maneira a tê-los
em vista enquanto se agrupavam de um lado da colina.

A palavra de Deus que coloquei diante deles foi: “Eu sararei a tua perversão,
eu voluntariamente os amarei, porque a minha ira se apartou dele”.142

Depois da pregação, o pobre povo estava pronto a me pisotear de puro amor e


bondade. Isso foi algum tempo antes que pudesse fugir da pressão. Então,
voltei por outro caminho, diferente do que tinha vindo, mas vários vieram até
nossa pousada, antes de mim, pelos quais fui veementemente importunado a
permanecer com eles, pelo menos alguns dias, ou quem sabe um dia mais.
Mas não pude consentir, dando minha palavra de que estaria em Birstal, com
a permissão de Deus, na terça-feira à noite.
Alguns desses me disseram que tinham sido membros de uma sociedade
religiosa que subsistiu por muitos anos; que tinham seguido sempre de uma
maneira prudente e regular; e tinham sido bem considerados por todos os
homens. Eles igualmente informaram-me da excelente biblioteca; e que o
administrador lia um sermão todo domingo. E, ainda assim, quantos dos
publicanos e meretrizes irão para o reino dos céu antes desses!

4/06 – sexta-feira. Cavalguei para Beeston. Aqui me deparei, uma vez mais,
com as obras de um célebre autor, de quem muitos grandes homens não
podem falar sem êxtase e as mais fortes expressões de admiração. Refiro-me
a Jacob Behmen. O livro que abri era seu “Mysterium Magnum”, ou
“Exposição de Gênesis”. Consciente de minha ignorância, sinceramente pedi
a Deus para iluminar meu entendimento. E honestamente considerei o que li,
esforçando-me para pesar isto na balança do santuário. E o que posso dizer,
concernente à parte que li?

Posso e devo dizer o seguinte (com tanta evidência quanto posso dizer que
dois mais dois são quatro); que se trata do mais sublime absurdo; linguagem
bombástica inimitável; pretensiosa, sem paralelo! Tudo uma peça com sua
inspirada interpretação da palavra Tetragramaton (confundindo-a com o
próprio nome inexprimível, considerando que ela significa apenas uma
palavra consistindo de quatro letras), ele observa com tal gravidade e
solenidade excelente, dizendo a você o significado de cada sílaba dela.

5/06 – sábado. Cavalguei para Epworth. Antes de chegar, terminei o livro de


Madam Guyon,143 “Um Método de Oração Curto e Simples”,144 e “As
Correntes Espirituais”. Ah! Meu irmão! Eu posso responder seu enigma,
agora eu me utilizei de sua novilha para arar. As próprias palavras que tão
frequentemente ouvi alguns de vocês usarem, não são suas, não mais do que
elas sejam de Deus. Elas são apenas recontadas deste pobre quietista; e isto
com a mais extrema fidelidade. Oh! Que vocês saibam o quanto Deus é mais
sábio que o homem! Então, vocês abandonarão quietistas e místicos juntos, e,
sob todo risco, manterão a clara, prática, palavra escrita de Deus.

Faz muito tempo desde que estive em Epworth, e fui a uma estalagem no
centro da cidade, sem saber se restava alguém nela que não estivesse
envergonhado de ser meu conhecido. Mas uma antiga serva de meus pais,
com duas ou três mulheres, logo me descobriu. Perguntei-lhe: “Você conhece
alguém em Epworth que honestamente deseje ser salvo?” Ela respondeu: “Eu
desejo, pela graça de Deus, e sei que sou salva pela fé”. Eu perguntei: “Então,
você tem a paz de Deus? Você sabe que ele perdoou seus pecados?” Ela
respondeu: “Eu agradeço a Deus por saber disto bem. E muitos aqui podem
dizer a mesma coisa”.

Pregando sobre a lápide do


Rev. Samuel Wesley

6/06 – domingo. Pouco depois do culto começar, fui até o Sr. Romley, o
coadjutor, e me ofereci para assisti-lo, tanto pregando como lendo orações.

Porém, o Sr. Romley não quis aceitar minha assistência. A Igreja estava
excessivamente cheia nessa tarde. Um rumor havia sido espalhado de que eu
iria pregar. Mas o sermão sobre 1Tessalonicenses 5.19, “Não extingais o
Espírito” não foi adequado à expectativa de muitos dos ouvintes. O Sr.
Romley disse-me que o modo mais perigoso de se extinguir o Espírito era
pelo fanatismo, e ampliando o caráter de um fanático de maneira muito
florida e retórica.

Depois do sermão, John Taylor, em pé no cemitério da igreja, notificou,


quando as pessoas estavam indo embora, que “não sendo permitido ao Sr.
Wesley pregar dentro da igreja, ele designou pregar ali às seis horas”.

Assim sendo, às seis horas, fui até lá e encontrei uma congregação como
nunca vi antes em Epworth. Permaneci no lado leste, no final da Igreja, perto
da lápide de meu pai, e preguei. “Porque o reino dos céus não é comida, nem
bebida, mas justiça e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Romanos. 14.17)

Às oito horas, fui para a casa de Edward Smith, onde estavam muitos, não
apenas de Epworth, mas também de Burnham, Haxey, Ouston, Belton e
outros vilarejos em volta, que grandemente desejavam que fosse até eles e os
ajudasse. Eu me encontrava agora em um dilema, querendo me apressar
adiante em minha jornada e, ainda assim, sem saber como deixar aquelas
pobres canas quebradas na confusão em que as encontrei.

John Harrison, pelo que parece, e Richard Ridley disseram-lhes


expressamente: “Todas as ordenanças são invenções dos homens e se vocês
forem à igreja ou sacramento serão condenados”.

Muitos, depois disto, abandonaram totalmente a igreja, e outros não sabiam o


que fazer. Por fim, determinei passar alguns dias aqui, para que tivesse tempo
para pregar em cada cidade e falar severamente com aquele, que encontraram
ou esperavam pela salvação em seus próprios lugares.

7/06 – segunda-feira. Preguei em Burnham, uma milha de Epworth, sobre:


“O Filho do homem tem poder sobre a terra para perdoar pecados”.145 Às
oito, estive novamente no túmulo de meu pai (como fiz durante esta semana,
à tarde) e clamei alto para a congregação sinceramente atenta: “Pela graça,
vocês são salvos pela fé”.146

9/06 – quarta-feira. Cavalguei para uma cidade vizinha, a fim de esperar


pelo Juiz de Paz, um homem íntegro e compreensivo; diante de quem (fui
informado) seus vizinhos raivosos tinham levado uma carroçada desses novos
hereges. Mas, quando ele perguntou o que eles tinham feito, houve um
profundo silêncio, porque este era o ponto que seus condutores esqueceram.
Por fim, um deles respondeu: “Eles pretenderam ser melhores que outras
pessoas, e, além disto, oraram de manhã à noite”. Sr. S perguntou: “Mas eles
fizeram alguma coisa mais?” “Sim, senhor”, disse um velho homem: “Eles
converteram minha esposa. Antes que estivesse em meio a eles, ela tinha tal
língua! E agora está quieta como um cordeiro”. “Levem-nos de volta, levem-
nos de volta”, respondeu o Juiz, “e que eles convertam todas as megeras na
cidade”.

Preguei pela última vez no cemitério da Igreja de Epworth (fiquei de deixar a


cidade na manhã seguinte) para uma vasta multidão reunida de todas as
partes, sobre o início do Sermão da Montanha de nosso Senhor. E continuei
com eles por quase três horas; não sabendo como partir. Que ninguém pense
que seu trabalho de amor está perdido, simplesmente porque os frutos não
apareceram de imediato! Por quarenta anos aproximadamente, meu pai
trabalhou aqui. Mas ele viu poucos frutos de todo seu trabalho. Eu me afligi
em meio a este povo também e meu esforço também pareceu em vão. Mas,
agora, o fruto apareceu. Dificilmente exista alguém na cidade que meu pai ou
eu não tenhamos tido algumas dores anteriormente, mas a semente semeada
desde então brotou, produzindo arrependimento e remissão de pecados.
26/06 – sábado. À tarde, preguei na Hampton-Common. Muitos da sociedade
do Sr. Whitefield estiveram lá; aos quais, assim como a todos os outros
pecadores (sem interferir em qualquer de suas opiniões), declarei, em nome
do grande Médico: “Eu curarei a apostasia deles; e os amarei livremente”.

Sra. Susanna Wesley

Deixei Bristol domingo, 18 de julho, à noite e, na terça-feira, cheguei em


Londres e encontrei minha mãe nas asas da eternidade. Mas ela não teve
qualquer dúvida ou medo, nem qualquer desejo a não ser (tão logo Deus
pudesse chamá-la) “partir e estar com Cristo”.

23/07 – sexta-feira. Por volta das três da tarde, fui até minha mãe e achei que
sua partida estava próxima. Sentei-me ao seu lado. Ela estava em seus
últimos momentos, sem condições de falar, mas eu acredito, muito
consciente. Seu olhar estava calmo e sereno, seus olhos fixos no alto,
enquanto encomendávamos sua alma a Deus. Entre três e quatro horas, o
cordão de prata estava se desprendendo e a roda rompendo na cisterna, e
então, sem qualquer luta, sinal ou gemido, sua alma libertou-se.
Permanecemos ao lado da cama, atendendo ao seu último pedido, pouco
antes que perdesse a fala: “Crianças, assim que eu me for, recitem um salmo
de louvor ao nosso Deus!”

1/08 – domingo. Uma multidão quase inumerável reuniu-se, por volta das
cinco da tarde, quando entreguei à terra o corpo de minha mãe, para dormir
com seus pais. A parte das Escrituras que mais tarde falei foi “E vi um grande
trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra
e o céu, e não se achou lugar para eles, e vi os mortos, grandes e pequenos,
que estavam diante do trono, e abriram-se os livros, e abriu-se outro livro,
que é o livro da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam
escritas nos livros, segundo as suas obras”.147

Essa foi uma das mais solenes reuniões que vi, ou espero ver, nesse lado da
eternidade.

16/08 – segunda-feira. Cavalguei para Oxford e, no dia seguinte, para


Evesham. Na quarta e quinta-feira, na volta para Bristol, li o surpreendente
livro “A Vida de Inácio de Loyola”,148 certamente um dos maiores homens
que esteve engajado no apoio de uma causa tão ruim! Eu me surpreendo que
algum homem possa julgá-lo como fanático. Não; mas ele conhecia as
pessoas com as quais tinha de lidar e, pondo-se a caminho (como o Conde
Zinzendorf ), com a completa persuasão de que ele poderia usar de fraude
para promover a glória de Deus, ou (o que ele pensou ser a mesma coisa) o
interesse de sua Igreja, agiu em todas as coisas consistente com seus
princípios.

12/09 – domingo. Pediram-me para pregar em um espaço aberto comumente


chamado de Great Gardens, que se estende entre Whitechapel e Coverlet-
Fields, onde encontrei uma vasta multidão reunida. Constatando que grande
parte estava pouco familiarizada com as coisas de Deus, chamei-lhes nas
palavras de nosso Senhor: “Arrependam-se, e creiam no Evangelho”.149

Muitas das bestas se esforçaram para perturbar aqueles que eram de uma
mente melhor. Eles se empenharam em dirigir um rebanho de vacas no meio
deles. E, então, atiraram grandes chuvas de pedras, uma das quais atingiu-me
exatamente entre os olhos, mas não senti dor nenhuma; e, quando enxuguei o
sangue, testemunhei em voz alta que Deus deu àqueles que creem “não o
espírito do medo, mas do poder, e do amor, e uma mente saudável”. E,
através do espírito que agora apareceu por toda a congregação, vi plenamente
que bênção nos é dada, mesmo no menor grau, para suportarmos por causa de
seu nome.

3/11 – quarta-feira. Dois daqueles que são chamados Profetas pediram para
falar comigo. Disseram-me que foram enviados por Deus, com uma
mensagem de que, muito brevemente, eu nasceria de novo. Um deles
acrescentou que eles ficariam na casa até que isto fosse feito, exceto se eu os
mandasse sair. Eu respondi seriamente: “Não os mandarei embora”, e os
coloquei em prova na sociedade. Estava toleravelmente frio; e eles não
tinham nem alimento, nem bebida. No entanto, lá ficaram de manhã até a
noite. Então, foram embora quietamente e nunca mais ouvi coisa alguma
deles desde então.

1/12 – quarta-feira. Tivemos vários lugares oferecidos para construirmos


uma sala para a sociedade, mas nenhum como queríamos. E, talvez, tenha
havido uma providência em não encontrarmos algum ainda, porque por este
motivo eu me mantive em Newcastle, quer quisesse ou não.
4/12 – sábado. Hoje, um cavalheiro visitou-me e me ofereceu um pedaço de
terra. Na segunda-feira, um contrato foi esboçado, e ele concordava em me
colocar de posse na quinta-feira, por um pagamento de trinta libras.

7/12 – terça-feira. Senti-me tão doente de manhã que fui obrigado a enviar o
Sr. Williams para a Sala. Ele, mais tarde, foi até o Sr. Stephenson, um
comerciante da cidade que tinha uma passagem através do terreno que
pretendíamos comprar. Eu estava desejoso de comprá-lo. Sr. Stephenson
disse-lhe: “Senhor, eu não quero dinheiro. Mas, se o Sr. Wesley quer o
terreno, ele pode ter um pedaço do meu jardim, anexo ao local que você
menciona. Eu dou minha palavra. Por quarenta libras, ele terá dezesseis
jardas na largura e trinta no comprimento”.

8/12 – quarta-feira. Sr. Stephenson e eu assinamos um contrato, e tomei


posse do terreno. Mas não poderia, absolutamente, voltar atrás em meu
acordo com o Sr. Riddle. Assim, tomei posse de seu terreno ao mesmo
tempo. O todo é cerca de quarenta jardas de comprimento; no meio disto,
determinamos construir a casa, deixando espaço para um pequeno pátio
defronte e um pequeno jardim atrás.

13/12 – segunda-feira. Mudei-me para a pousada anexa ao terreno, onde


preparávamos para construir, mas uma violenta geada nos obrigou a adiar a
obra.

Nunca senti um frio tão intenso antes. Na sala, onde um constante fogo era
mantido, apesar de minha escrivaninha estar a cerca de uma jarda da
chaminé, eu não pude escrever por um quarto de hora consecutivo, sem que
minhas mãos ficassem completamente paralisadas.

20/12 – domingo. Colocamos a primeira pedra da casa. Muitos se reuniram,


de todas as partes, para vê-la; mas ninguém ridicularizou ou interrompeu,
enquanto orávamos a Deus e pedíamos que ele fizesse prosperar a obra de
nossas mãos.

Três ou quatro vezes, à tarde, fui forçado a interromper a pregação para que
pudéssemos orar e dar graças a Deus.

23/12 – quinta-feira. Calculando que tal casa, como foi proposta, não estaria
terminada com menos de setecentas libras, muitos estavam certos de que ela
nunca seria terminada afinal; outros, que não viveria para vê-la coberta. Eu
pensava diferente e não duvidava de que como ela foi começada por causa de
Deus, ele providenciaria o que fosse necessário para terminá-la.
Recusado no sacramento em Epworth1 743
2/01 – domingo. À noite, alcancei Epworth. Às cinco horas, preguei sobre:
“Assim é todo aquele que é nascido do Espírito”.150 Por volta das oito,
preguei do túmulo de meu pai: “E não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.”151 Muitos das
cidades vizinhas perguntaram se não seria bom, visto que era o Domingo de
Sacramento, que eles o recebessem. Disse que não teria problema algum, mas
que seria mais respeitoso, primeiro, pedir permissão ao coadjutor, Sr.
Romley; e alguém, em nome dos demais, fez isso. Ao que o coadjutor
respondeu: “Orador, diga ao Sr. Wesley que não lhe darei o sacramento,
porque ele não é adequado”.

Quão sábio é o nosso Deus! Não poderia haver um lugar mais adequado,
debaixo do céu, onde isso pudesse acontecer a mim; primeiro, porque é a casa
de meu pai, o lugar onde nasci, e o mesmo lugar onde “de acordo com a mais
puritana divisão de nossa religião”, tenho, há tanto tempo “sido um fariseu!”
Era tão adequado, no mais alto nível, que aquele que me repeliu dessa mesma
mesa onde tão frequentemente distribuí o pão da vida, fosse alguém que
devia tudo que tinha no mundo ao amor terno que meu pai mostrou aos seus,
assim como pessoalmente a ele mesmo.

Nos dias seguintes, falei com cada membro da sociedade em Kingswood. E


não consigo entender como qualquer ministro pode esperar alguma vez
prestar sua conta com alegria, a não ser que (como Inácio avisa) ele “conheça
todo seu rebanho pelo nome, não negligenciando os criados e criadas”.

2/02 – quarta-feira . Meu irmão e eu começamos a visitar a sociedade juntos,


o que nos ocupou das seis da manhã, todos os dias, até às seis da tarde.

5/02 – domingo. Preguei de manhã sobre: “Enquanto tivermos oportunidade,


façamos o bem a todos os homens” e, à tarde, sobre “Pela manifestação da
verdade, recomendando-nos à consciência de todo homem aos olhos de
Deus”.152 Assim, um sermão severo de caridade, que dificilmente foi ouvido
alguma vez. Mas Deus deu sua bênção, de tal maneira que cinquenta libras
foram ofertadas, com a finalidade de terminarmos a casa em Newcastle.

20/02 – domingo. Expus Atos dos Apóstolos e a Epístola de Paulo aos


Romanos. Na semana seguinte, diligentemente inquiri qual deles não
caminhava de acordo com o Evangelho. Em consequência do que, fui
obrigado a por para fora cerca de cinquenta pessoas. Permaneceram acima de
oitocentas na sociedade.

8/03 – terça-feira. À tarde, preguei em uma parte plana da Colina (ou


Common) perto de Chowden. Constatei que tínhamos entrado na mesma
Kingswood, do norte. Vinte ou trinta crianças selvagens nos cercaram tão
logo chegamos, encarando-nos com espanto. Não se poderia propriamente
dizer se elas estavam vestidas ou nuas. A mais alta (uma garota de quinze
anos) tinha uma peça maltrapilha, um cobertor sujo, de alguma forma
dependurado em volta dela, e uma espécie de capuz em sua cabeça, do
mesmo tecido e cor. Meu coração estava excessivamente expandido em
direção a elas; e elas olharam como se pudessem me engolir; especialmente,
enquanto eu aplicava essas palavras: “Que seja do conhecimento de vocês,
homens e irmãos, que através desse homem está sendo pregado a vocês o
perdão dos pecados”.153

12/03 – sábado. Concluí meu segundo curso de visitação, no qual inquiri


particularmente sobre duas coisas: 1. O caso daqueles que, nessa última
semana, têm clamado alto durante a pregação, todas as noites. 2. Os números
desses que estão separados de nós e a razão e ocasião disso.

Quanto ao primeiro caso, certifiquei-me: 1. Que todos eles (eu penso que sem
exceção) eram pessoas de saúde perfeita e não estavam sujeitas a ataques de
qualquer espécie, até que foram assim afetados. 2. Que isto aconteceu a cada
um deles de repente, sem qualquer aviso prévio, enquanto ouviam a palavra
de Deus e refletiam a respeito do que tinham ouvido. 3. Que no momento em
que caíram ao chão, perderam todas as suas forças e foram tomados por dores
violentas. Isto eles expressaram de diferentes maneiras. Alguns disseram que
caíram como se uma espada os tivesse atravessado; outros, como se tivessem
um grande peso sobre si, a ponto de enfiá-los dentro da terra.

Alguns disseram que ficaram completamente chocados, de maneira que não


puderam respirar, que seus corações se dilataram até quase estourarem.
Outros, que foi como se seus corações e corpos estivessem sendo feitos em
pedaços. Esses sintomas eu não posso mais imputar a alguma causa natural,
senão ao Espírito de Deus. Não posso duvidar; a não ser que o diabo esteja
furioso com eles, visto que estavam vindo para Cristo. E, por isso, seguiram-
se todos esses gritos atrozes, por meio dos quais pretendiam desacreditar a
obra de Deus e aterrorizar as pessoas que ouviam a palavra através da qual
suas almas podiam ser salvas.

Certifiquei-me: 4. Que suas mentes tinham estado tão profundamente


afetadas quanto seus corpos. Disto alguns dificilmente puderam dar algum
relato, afinal; o que imputei também à sabedoria do Espírito,
propositadamente atordoando e confundindo, tanto quanto possível, para que
não fossem capazes de abandonar seus conselhos. Outros deram um relato
muito claro e pessoal, do começo ao fim. A palavra de Deus penetrando em
suas almas e os convencendo dos pecados interiores e exteriores. Eles viram e
sentiram a ira de Deus habitando neles, e estavam temerosos de seus
julgamentos. E aqui o acusador veio com grande poder, dizendo-lhes que não
há esperança e que eles estavam perdidos para sempre. As dores dos corpos,
então, os prenderam por um momento e os exortaram a gritarem alto e
amargamente.

Para o segundo caso, observei que o número dos que tinham deixado a
sociedade, desde
30 de dezembro, foi setenta e seis.

Quatorze desses (principalmente dissidentes) disseram que a deixaram


porque, do contrário, seus ministros não lhes ministrariam o sacramento.
Nove mais, porque seus maridos e esposas não queriam que estivessem aqui.
Doze, porque seus pais não desejavam. Cinco, porque seus mestres e
preceptor não as permitiriam que viessem. Sete, porque seus familiares os
persuadiram a deixá-la. Cinco, porque o povo dizia coisas más da sociedade.
Nove, porque não poderiam gargalhar. Três, porque perderiam a mesada de
pobre. Três mais, porque não tinham tempo para vir. Dois, porque ficava
muito longe. Uma, porque estava temerosa de ter um ataque. Uma, porque o
povo era muito rude na rua. Duas, porque Thomas Naisbit estava na
sociedade. Outro, porque não voltaria atrás em seu batismo. Uma, porque
éramos meros homens da Igreja da Inglaterra. E uma porque havia tempo
suficiente para servir a Deus ainda.

O número dos que foram expulsos da sociedade foi sessenta e quatro. Os


motivos foram: por praguejarem e amaldiçoarem; por causa da quebra
habitual do sábado; por bebedeira; por venderem bebidas; por disputas e
brigas; por baterem na esposa; por mentiras habituais e maldosas; por
dizerem insultos e palavras maldosas; por preguiça e indolência; por
leviandade e descuido.

13/03 – domingo. Fui, de manhã, com o objetivo de falar duramente com os


membros da sociedade em Tanfield. A partir dos exemplos terríveis com que
me deparei aqui (e, na verdade, em todas as partes da Inglaterra), estou mais e
mais convencido de que o próprio diabo deseja nada mais que isso: que as
pessoas de todas as partes fiquem meio acordadas e, então, deixadas à própria
sorte, para caírem no sono novamente. Entretanto, determino que, pela graça
de Deus, não será desferido golpe algum, em qualquer que seja o lugar, onde
não possa acompanhar a florescência.

25/03 – sexta-feira. Passei algumas horas lendo um livro engenhoso,


intitulado “Os Fundamentos da Religião Primitiva”. Nas primeiras trinta
páginas, o autor amontoa Escrituras concernentes aos privilégios da Igreja.
Mas tudo isso açoita o ar, até que ele prova que os católicos são a Igreja, ou
seja, que a parte é o todo. No segundo capítulo, ele traz muitos argumentos
para mostrar que a Escritura não é a única regra de fé, pelo menos não se
interpretada por um julgamento privado, porque o julgamento privado não
tem lugar nos assuntos da religião! Porque, nesse momento, você está
apelando ao meu julgamento pessoal e possivelmente não pode evitar isso. O
fundamento da sua religião, assim como da minha, deve necessariamente
repousar aqui.

Primeiro, você (tanto quanto eu) deve julgar por si mesmo se segue
implicitamente a Igreja ou não e, também, o que é a igreja verdadeira, ou não
é possível dar um passo adiante.

1/04 – Sexta-feira ( Sexta-Feira Santa). Tinha um grande desejo de conhecer


uma vila chamada Placey, cerca de dez milhas ao norte de Newcastle. Ela era
povoada apenas por trabalhadores das minas de carvão e, como tal, ainda se
encontrava no primeiro estágio, devido à ignorância selvagem e maldade de
todo o tipo.

Sua grande assembleia costumava ser no dia do Senhor; quando homens,


mulheres e crianças se encontravam para dançar, lutar, amaldiçoar, praguejar
e brincar com arremesso, jogo de bola, span-farthing,* ou o que viesse à mão.
Senti grande compaixão por aquelas criaturas desde que ouvi falar delas, e
ainda mais porque todos os homens pareciam desesperançados.

Entre sete e oito horas, parti com John Heally, meu guia. O vento norte era
incomumente alto; jogou granizo em nossos rostos, que congelou assim que
caiu e nos envolveu, prontamente.

Quando chegamos a Placey, mal podíamos ficar em pé, mas tão logo senti-
me um pouco recuperado, fui até uma praça e proclamei aquele que ‘foi
ferido por nossas transgressões e injuriado por nossas iniquidades’.154 Os
pobres pecadores se agruparam rapidamente e prestaram bastante atenção às
coisas que eram faladas. E assim fizeram durante à tarde novamente, a
despeito do vento e neve, quando implorei que recebessem a ele como seu
Rei, para ‘arrependerem-se e crerem no Evangelho’.155

Na segunda e terça-feira de Páscoa, preguei ali novamente, com a


congregação continuamente aumentando. E, como a maioria desses nunca em
suas vidas pretendeu qualquer tipo de religião afinal, eles foram os mais
prontos a clamar por Deus, como meros pecadores, pela livre redenção que
está em Jesus.

18/06 – sábado. Recebi um relato completo das terríveis revoltas que


aconteceram em Staffordshire. Não fiquei surpreso, afinal. Nem deveria,
depois dos conselhos que eles frequentemente receberam do púlpito, assim
como da cadeira episcopal, de onde os mais zelosos clérigos superiores se
levantaram e fizeram todos os que eram metodistas em pedaços.

20/06 – segunda-feira. Decidido a assisti-los até onde eu pudesse, parti logo


cedo e, depois de pregar em Wycombe, por volta do meio-dia, à tarde
cheguei em Oxford. Dia 21, terça-feira, cavalgamos para Birmingham e, na
manhã da quarta, 22, para a casa de Francis Ward, em Wednesbury. Embora
soubesse que tudo que tinha sido feito ali fora tão contrário à lei quanto à
justiça e misericórdia, ainda assim, não sabia como aconselhar os pobres
sofredores a procurarem por alguma reparação. Estava pouco familiarizado
com o curso inglês da lei, há muito tendo escrúpulos com relação a ela. Mas,
como muitos desses foram removidos, pensei que seria melhor inquirir se
poderia existir alguma ajuda nas leis da terra. Portanto, cavalguei por
Counselor Littleton, em Tamworth, que nos assegurou que teríamos um
recurso fácil, se resolutamente acionássemos, da maneira como a lei dirigia,
aqueles rebeldes contra Deus e a Lei.
* Span-farthing. Ou span-counter; casta de jogo masculino em que atiram dinheiro a um dado sinal. A
dictionary of the Portuguese and English languages. 2 volumes. Antonio Vieyra, J-P. Aillaud (1813).
N.E

Cornualha156

31/08 – quarta-feira. Falei severamente com todos da sociedade, que eram


cerca de cento e vinte pessoas. Aproximadamente uns cem deles encontraram
paz com Deus: “tal é a bênção de ser perseguido por causa da retidão!”157
Quando estávamos indo para a igreja, às sete horas, um grande grupo, na
praça do mercado, deu-nos as boas-vindas com uma barulhenta aclamação:
graça tão inocente, como a cantiga debaixo da minha janela (composta,
alguém me assegurou, por uma dama da sua própria cidade). “Charles
Wesley chegou à cidade. Para tentar derrubar as igrejas”.

À noite, explanei sobre “a promessa do Pai”. Depois de pregar, muitos


começaram a ficar perturbados, mas John Nelson, no meio deles, conversou
um pouco com os mais barulhentos, que acabaram ficando quietos.

Memorável culto em Gwennap

20/09 – terça-feira. Concluí minha pregação aqui, exortando a todos que


“escapassem da corrupção que está no mundo”, para “acrescentarem à sua fé,
coragem, conhecimento, temperança, paciência, bondade, ternura fraternal e
caridade”. Às onze horas, passei algum tempo com nossos irmãos em oração
e os recomendei à graça de Deus. Em Trezuthan Downs, preguei para duas ou
três mil pessoas sobre “a estrada” do Senhor, o caminho da santidade.
Alcançamos Gwennap um pouco antes das seis e encontramos uma planície
coberta de uma ponta a outra. Era provável que houvesse dez mil pessoas,
para as quais preguei Cristo, nossa “sabedoria, retidão, santificação e
redenção”. Não pudemos concluir até que estava tão escuro que mal
conseguíamos ver uns aos outros. E, de todos os lados havia a mais profunda
atenção; ninguém falando, se mexendo, raramente olhando para o lado.
Certamente aqui, embora em um templo que não foi feito pelas mãos dos
homens, estava a adoração de Deus “na beleza e santidade”.

21/09 – quarta-feira. Fui acordado entre três e quatro horas da manhã, por
uma larga multidão de pecadores que, temendo que pudesse chegar muito
tarde, havia se reunido ao redor da casa, cantando e louvando a Deus. Às
cinco, preguei uma vez mais sobre: “Crê em nosso Senhor Jesus Cristo, e tu
serás salvo”. Todos eles devoraram a Palavra. “Que isto possa ser saúde para
suas almas e tutano para seus ossos!”158

Cavalgamos para Launceston hoje, terça-feira, 22. Quando atravessávamos


uma vila chamada Sticklepath alguém me parou e perguntou abruptamente:
“Teu nome não é John Wesley?” Imediatamente, umas três pessoas vieram e
me disseram que deveria parar ali. Assim fiz e, antes que falássemos algumas
palavras, nossas almas puderam se conhecer. Soube que se tratavam dos
quacres; mas isso não me preocupou, vendo que o amor de Deus estava em
seus corações.

A turba de Wednesbury

20/10 – quinta-feira. Depois de pregar para uma congregação pequena e


atenta, em Birmingham, cavalguei para Wednesbury. Ao meio-dia preguei
em um terreno, perto do centro da cidade, para uma congregação bem maior
do que era esperado, sobre “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e
eternamente”.159 Acredito que todos os presentes sentiram o poder de Deus;
e nenhuma criatura se ofereceu para nos molestar, tanto na vinda como na
volta, mas o Senhor lutou por nós e mantivemos nossa paz.

Eu estava escrevendo na casa de Francis Ward, à tarde, quando um grito


ergueu-se dizendo que a turba tinha atacado a casa. Oramos para que Deus
pudesse dispersá-los e assim aconteceu, um foi por este caminho e outro por
aquele, e, em meia hora, nenhum homem havia sobrado. Disse aos nossos
irmãos: “Agora é hora de irmos embora”; mas eles me pressionaram
excessivamente para ficar. Então, para não magoá-los, fiquei; embora já
previsse o que iria acontecer. Antes das cinco horas, a turba cercou a casa
novamente, em um número maior que antes. O grito de um e de todos os
outros era: “Tragam o ministro para fora, nós queremos o ministro!”

Eu pedi que alguém pegasse o líder deles pela mão e o trouxesse para dentro
da casa. Depois de alguma conversa entre nós, o leão tornou-se um cordeiro.
Então, pedi-lhe para ir até lá e trazer um ou dois dos mais irados. Ele trouxe
outros dois que estavam prontos para tragar o solo com raiva, mas em dois
minutos eles ficaram calmos como ele. Então, ordenei que abrissem caminho
para que eu pudesse sair por entre as pessoas. Tão logo me vi no meio deles
pedi uma cadeira e subi nela, perguntando: “O que qualquer um de vocês
quer comigo?”

“Queremos que você vá conosco ao juiz!” — alguns disseram — Eu


respondi: “Eu farei isso com todo meu coração” — e, então, falei algumas
palavras que Deus aplicou; ao que eles gritaram, com força e autoridade: “O
cavalheiro é um homem honesto e nós iremos derramar nosso sangue em sua
defesa!” Eu perguntei: “Podemos ir ao juiz, hoje à noite, ou de manhã?” — A
maioria gritou:” Hoje à noite, hoje à noite!” — pelo que, fui à frente e duas
ou três centenas me seguiram, o restante retornou para o lugar de onde veio.

A noite chegou antes que tivéssemos caminhado uma milha, debaixo de uma
pesada chuva. De qualquer modo, fomos para Bentley Hall, duas milhas de
Wednesbury. Umas duas pessoas correram para dizer ao Sr. Lane que tinham
trazido o Sr. Wesley diante de sua Excelência. Ao que o Sr. Lane replicou: “E
o que eu tenho a ver com o Sr. Wesley? Vão e levem-no de volta!”

Nesse meio tempo, o chefe do grupo aproximou-se e começou a bater na


porta. Um criado lhe disse que o Sr. Lane estava na cama; quando o filho dele
apareceu e perguntou qual era o problema. Alguém respondeu: “Por acaso
não desagrada a vocês que eles cantem salmos o dia todo; mais do que isto,
que façam com que as pessoas se levantem às cinco horas da manhã? E o que
sua Excelência nos aconselha a fazer?” — “A irem para suas casas”, disse Sr.
Lane, “e ficarem quietos”.

Aqui, eles ficaram completamente sem ação, até que alguém aconselhou a ir à
casa do Magistrado Perse, em Walsal. Todos concordaram com isso, então,
nós corremos até lá e, por volta das sete horas, chegamos em sua casa.
Porém, o Sr. Perse igualmente mandou avisar que estava deitado. Agora, eles
estavam num impasse novamente, mas, por fim, todos concordaram que a
melhor coisa a ser feita era rumarem de volta para suas casas.

Cerca de cinquenta deles concordaram em me escoltar. Mas, não andando


cem jardas quando a turba de Walsal chegou, afluindo como uma inundação,
abrindo caminho, e jogando-se diante deles. A turba de Darlaston defendeu-
se como pode, mas estava cansada, tanto quanto em número menor, então,
em pouco tempo, muitos foram derrubados e o restante fugiu, e me deixou
para trás nas mãos da multidão.

Tentar falar foi em vão, porque o barulho de todos os lados era como o
rugido do mar. Então, eles me arrastaram todo o percurso até que chegamos à
cidade, onde, vendo a porta de uma grande casa aberta, tentei entrar, mas um
homem, pegando-me pelo cabelo, colocou-me de volta no meio da turba.

Eles não pararam até que me carregaram, através da rua principal, de um lado
a outro da cidade. Eu continuava falando todo o tempo para aqueles que
estavam por perto ouvirem, sem sentir dor ou cansaço. No final da parte
oeste, vendo uma porta meio-aberta, tentei entrar por ela, e teria conseguido
se um cavalheiro na loja não tivesse me impedido, dizendo que eles
derrubariam a casa no chão. De qualquer modo, fiquei na porta e perguntei:
“Vocês estão prontos para me ouvir falar?”

“Não, não! Estourem seus miolos! Derrubem-no, matem-no imediatamente”


— muitos gritaram — “Não, mas nós iremos ouvi-lo primeiro!” — outros
diziam.

E comecei a falar: “Que mal eu fiz? Qual de vocês eu maltratei com palavra
ou ação?” — e continuei falando por um quarto de hora, até que minha voz,
de repente, falhou. Então, a inundação começou a erguer a sua voz
novamente, muitos gritando: “Tragam-no para fora! Tragam-no para fora!”

Nesse meio tempo, minhas forças e minha voz retornaram, e irrompi alto em
oração. E, agora, o homem que pouco antes encabeçava a turba virou-se e
disse: “Senhor, eu darei minha vida por você. Siga-me e nenhuma alma aqui
tocará em um fio de cabelo de sua cabeça”.
Dois ou três de seus camaradas confirmaram suas palavras e se aproximaram
de mim imediatamente. Nesse mesmo momento, o cavalheiro na loja gritou:
“Que vergonha! Que vergonha! Deixem-no ir!”

Um honesto açougueiro, que estava um pouco distante, disse que era uma
vergonha agirem assim e empurrou para trás quatro ou cinco, um depois do
outro, que estavam agindo mais violentamente. As pessoas, então, como se
tivessem chegado a um consenso, afastaram-se para a direita e para a
esquerda, enquanto três ou quatro me pegaram e carregaram no meio deles.

Porém, na ponte, a turba reuniu-se novamente; nós seguimos por um lado,


por cima da represa e dali através da pradaria, até que, um pouco antes das
dez, Deus me trouxe a salvo para Wednesbury. Eu tinha perdido apenas a
lapela do meu casaco e um pouco de pele das minhas mãos.

Presença de espírito

Eu nunca tinha visto tal sequência de providências antes, tantas provas


convincentes de que a mão de Deus está sobre cada pessoa e coisa e
intervindo em tudo quanto lhe parece bom.

A pobre mulher em Darlaston, que tinha liderado a turba e jurado que


ninguém me tocaria, quando viu seus seguidores cedendo, correu em direção
ao estúpido deles e derrubou no chão três ou quatro homens, um depois do
outro. Mas muitos a atacaram imediatamente e ela logo foi dominada, e
provavelmente teria sido morta, em poucos minutos (três homens mantendo-a
no chão, bateram nela com toda sua força), não tivesse um homem chamado
um deles: “Espere, Tom, espere!” “Quem está aí?” perguntou Tom. “O que,
honesto Munchin? Não, deixem-na ir”. Então, eles seguraram suas mãos e a
deixaram levantar-se e rastejar para casa, tão bem como pode.

Do começo ao fim, encontrei a mesma presença de espírito, como se


estivesse em minha própria sala de estudos. Mas não coloquei pensamento,
por momento algum, diante do outro. Apenas uma vez veio à minha mente
que, se eles tivessem me atirado dentro do rio, isso deterioraria os papéis que
estavam em meu bolso. Porque eu mesmo não tinha dúvida de que
atravessaria a nado, nada tendo mais que um fino casaco e um leve par de
botas.
Quão gentilmente, Deus nos prepara para sua vontade! Dois anos atrás, um
pedaço de tijolo roçou meus ombros. Um ano depois que uma pedra acertou-
me entre os olhos. O mês passado, eu recebi um murro, e essa noite, dois; um
antes de chegarmos à cidade e outro depois que fomos embora, mas ambos
foram nada: porque um homem me golpeou no peito com toda sua força, e
outro na boca, com tal violência que o sangue esguichou para fora
imediatamente. Eu, porém, não senti mais dor, com ambos os murros, do que
se eles tivessem me tocado com uma palha.

Não deve ser esquecido que, quando o restante da sociedade teve toda aquela
pressa para escapar por suas vidas, quatro apenas não se mexeram, William
Sitch, Edward Slater, John Griffiths e Joan Parks. Esses permaneceram
comigo, decididos a vivermos ou morrermos juntos; e nenhum deles recebeu
um murro, mas William Sitch, que me segurou pelo braço, de um lado da
cidade a outro, foi arrastado e derrubado ao chão, mas logo se levantou e me
segurou novamente. Mais tarde, perguntei-lhe o que ele pensou que poderia
lhe acontecer, quando a turba veio ao nosso encontro. Ele disse: “Morrer por
aquele que tinha morrido por nós”: e não sentiu pressa ou medo, mas
calmamente esperou, até que Deus requeresse sua alma.

Eu perguntei a J. Parks, se ela não ficou com medo quando a arrancaram de


mim, e ela disse: “Não, não mais do que eu estou agora. Eu podia confiar que
Deus era por você, tanto quanto por mim. Desde o começo tive a completa
persuasão de que Deus iria livrá-lo. Eu não sabia como, mas deixei isso com
ele, e tinha tanta certeza como se já tivesse feito!”

Também quis saber se era verdadeiro o relato de que ela tinha lutado por
mim, e ela disse: “Não, eu sabia que Deus iria lutar por seus filhos”. E essas
almas deveriam perecer afinal?

Quando voltei para a casa de Francis Ward, encontrei muitos de nossos


irmãos esperando em Deus; e muitos outros, que nunca tinha visto antes,
vieram se regozijar conosco. Na manhã seguinte, assim que cavalguei através
da cidade a caminho de Nottingham, todos que encontrei expressaram tão
cordial afeição que mal pude acreditar no que vi e ouvi.

Não pude fechar esse capítulo sem inserir, como uma grande curiosidade, que
eu acredito nunca tinha sido visto na Inglaterra; e que surgiu poucos dias
depois da notável ocorrência em Walsal:

“Staffordshire:

“A todos os altos agentes de polícia; ao agente de polícia Petty; e outros dos


oficiais da paz, de sua majestade, dentro do dito Condado, e, particularmente,
ao agente de Polícia de Tipton (próximo a Walsal)”:

“Considerando que nós, juízes de paz, de sua majestade, para o dito Condado
de Stanford, temos recebido informação de que muitas pessoas desordeiras,
nomeando-se pregadores metodistas, andam de um lado para outro incitando
desordens e rebeliões, para o grande dano dos súditos de Sua Majestade, e
contra a paz de nosso Senhor, o Soberano Rei”:

“Esses mandatos são, em nome de sua majestade, para exigir que você, e
cada um de vocês dentro de seu respectivo distrito, façam diligentes buscas
aos ditos pregadores metodistas, para trazê-lo ou a eles diante de alguns de
nós, da justiça de paz de sua majestade, para serem examinados concernentes
às suas ações ilícitas”.

“Transmitido sob nossas mãos e selos, neste dia de Outubro de 1743”.


“J. Lane
“W. Persehouse”
(Obs.: a mesma justiça, a cujas casas fui conduzido e que, severamente,
recusaram-se a me ver!)

26/10 – quarta-feira. Uma tempestade nos encontrou pelo caminho, o navio


fazia água, mas, embora estivéssemos perto do ancoradouro, onde muitas
pessoas se reuniram, ainda assim o mar estava tão excessivamente alto que
foi impossível conseguir qualquer ajuda. A Sra. S. foi vista sentada no
convés; quando o navio gradualmente afundou e, mais tarde, erguendo suas
mãos nas cordas, até que o mastro igualmente desapareceu. Mesmo então,
por alguns momentos, eles puderam observá-la flutuando sobre as ondas, até
que suas roupas, que a faziam boiar, ficaram totalmente molhadas e ela
afundou. — Eu creio, no oceano da misericórdia de Deus.

28/10 – sexta-feira. Cavalgamos com William Holmes, “um israelita de


fato”, de Epworth a Sykehouse. Aqui, preguei às dez e me apressei para
Leeds; de onde, partindo cedo na manhã, tinha esperanças de alcançar
Wensley-Dale antes que anoitecesse, mas não pude. Assim, ao anoitecer,
entendendo que tínhamos cinco ou seis milhas ainda para cavalgar, pensei
que seria melhor procurarmos por um guia. Em menos de uma hora,
extremamente escuro, percebi que tínhamos saído completamente da estrada.
Estávamos em uma grande campina, perto do rio, e (pareceu-me) quase
cercada de água. Perguntei ao nosso guia: “Você sabe onde estamos?” E ele
respondeu sinceramente: “Não”. Então, cavalgamos o quanto pudemos, até
que, por volta das oito horas, chegamos a uma pequena casa, de onde nos
dirigimos em um beco que conduzia a Wensley.

30/10 – domingo. Sr. Clayton leu as Orações, e preguei sobre “O que devo
fazer para ser salvo?” Mostrei, nas palavras mais simples que podia, que a
mera religião exterior não nos leva ao céu; mais do que aqueles que poderiam
ir até lá sem santidade interior, que era obtida apenas pela fé. Quando saí de
volta, pelo cemitério da igreja, muitos da paróquia discutiam de que religião
era este pregador. Alguns disseram:”Ele deve ser um quacre”, outros, “um
anabatista”. Mas, por fim, um estudioso mais profundo que os demais expos
sua opinião de que era um presbiteriano-papista.

17/11 – quinta-feira. Preguei em Spen, sobre Jesus Cristo nossa “sabedoria,


santificação e redenção”. Raramente tenho visto uma audiência tão
grandemente movida, desde o tempo da minha primeira pregação em Bristol.
Homens, mulheres e crianças chorando, murmurando e tremendo
excessivamente: muitos não puderam se conter nesses limites, mas gritaram
alto e choraram amargamente. Foi o mesmo na reunião da sociedade; e
igualmente de manhã, enquanto mostrava a felicidade daqueles “cujas
iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são encobertos”.160 Mais tarde,
falei com doze ou quatorze deles severamente e encontrei boas razões para
crer que Deus os tem feito experimentar o gosto da boa palavra e aos poderes
do mundo que há de vir.

18/11 – sexta-feira. Fui me encontrar com os líderes, uma companhia de


homens jovens, que tinham se preparado através de bebidas fortes,
arrombado a porta e apressando-se para entrar, com fúria extrema. Comecei
orando por eles e nenhum deles abriu sua boca ou levantou o dedo contra nós.
Depois de meia hora, fomos embora, juntos, na maior quietude e amor.
15/02 – quarta-feira.
1 744
Fomos informados da invasão pretendida pela França, que era esperada por
terra a cada hora. Eu, portanto, exortei a congregação, nas palavras de nosso
Senhor: “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por
dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé
diante do Filho do homem”.161

17/02 – sexta-feira. Observamos como um dia de jejum e oração solenes. À


tarde, muitos se encontraram e eu os exortei, enquanto tivessem
oportunidade, a fazerem-se “amigos do espírito de cobiça e da iniquidade”,
no dividirem seu pão com o faminto, vestirem o nu, e não se gloriarem em
sua própria carne. E Deus abriu seus corações, de maneira que eles
contribuíram com cerca de cinquenta libras, as quais gastei comprando linho,
lã e sapatos para aqueles que sabia serem diligentes, mas, mesmo assim,
estavam em necessidade. À tarde, expus Daniel 3, e essas palavras em
especial: “Nosso Deus, a quem servimos, é capaz de nos livrar da fornalha
quente. Mas, se não, não serviremos teus deuses, nem adoraremos a imagem
dourada que tem mostrado”.

27/02 – segunda-feira. Foi o dia em que me programei para sair da cidade,


mas, entendendo que uma proclamação foi publicada, requerendo que todos
os papistas saíssem de Londres antes da sexta-feira seguinte, determinei ficar
outra semana, para que cortasse toda a oportunidade de reprovação. Eu estava
mais desejoso de permanecer, para que pudesse obter mais vestimenta para o
pobre antes de deixar Londres.

Com este propósito, fiz uma segunda coleta, que resultou em cerca de trinta
libras. Mas, percebendo que todo o dinheiro recebido não corresponderia a
um terço da despesa, determinei ir às classes e pedir pelo restante até que
tivesse ido a toda a sociedade.

2/03 – sexta-feira. Coloquei isto em execução. Enquanto estava na casa em


Spitalfields, um juiz de paz foi com os oficiais paroquianos, em busca de
papistas. Tive a oportunidade de falar-lhes sobre nossos princípios e práticas.
Quando saí, uma grande plebe me atendeu à porta da casa, para onde eu
estava indo. Mas eles não me feriram, apenas ficaram boquiabertos,
encarando-me e chamando a atenção tão alto quanto puderam.

5/03 – segunda-feira. Fui muito pressionado a escrever um discurso ao Rei,


que fiz nos seguintes termos:
“À Sua Mais Excelente Majestade, o Rei”
“O humilde discurso das sociedades na Inglaterra e Gales, por menosprezo
denominadas metodistas”.
“Mais Gracioso Soberano”

“Tão insignificantes somos, ‘um povo disperso e desgarrado, pisoteado desde


o início até agora’. Nós não teríamos, de forma alguma, presumido, mesmo
nesta grande ocasião, abrir nossos lábios para vossa majestade se não
tivéssemos sido persuadidos, na verdade, constrangidos a fazê-lo, através de
duas considerações: uma, a de que a despeito de todas as nossas
demonstrações sobre esse assunto, somos continuamente representados como
uma seita peculiar de homens, separando-nos da igreja estabelecida; a outra,
que somos ainda caluniados como inclinados ao papismo e,
consequentemente, desafeiçoados de Vossa Majestade”.

“De acordo com essas considerações, pensamos que seja pertinente a nós, se
devemos nos situar como um corpo distinto de nossos irmãos, oferecermos
nossos mais obedientes respeitos à sua sagrada majestade e declararmos, na
presença daquele a quem servimos, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, que
somos uma parte (o que quer que isso signifique) da igreja protestante
estabelecida nesses reinos. Que nos unimos para esta e nenhuma outra
finalidade: promovermos, tanto quanto sejamos capazes, a justiça,
misericórdia, verdade, a glória de Deus e a paz e boa vontade entre os
homens; detestamos e abominamos as doutrinas fundamentais da Igreja de
Roma e estamos firmemente unidos à pessoa real e à família ilustre de Sua
Majestade”.

“Não podemos, na verdade, dizer ou fazer mais, ou menos, do que


compreendemos ser consistente com a Palavra escrita de Deus, mas estamos
prontos a obedecer à sua majestade ao extremo, em todas as coisas que
concebemos estar de acordo com isto. E exortamos todos com os quais
conversamos para que, assim como eles temem a Deus, que honrem o rei”.
“Nós do clero, em especial, fazemos com que todos os homens tenham em
mente respeitar os mais altos poderes, como vindos de Deus; e continuamente
declaramos: ‘Vocês precisam ser súditos, não apenas por causa do castigo,
mas também por causa da consciência’”.

“Prata e ouro (que a maioria de nós deve possuir) nós não temos, mas o que
temos, imploramos humildemente à Sua Majestade que aceite, juntamente
com nossos corações e orações.162

“Possa aquele que nos comprou com seu sangue, o Príncipe de todos os reis
da terra, lutar contra todos os inimigos de Sua Majestade, com a espada de
dois gumes que sai de sua boca! E quando ele chamar Sua Majestade deste
trono, cheio de anos e vitórias, que possa ser com esta voz: ‘Vem, recebe o
reino preparado para ti, desde o começo do mundo!’”163

“Essas são as contínuas orações do súdito obediente e leal de Sua Majestade”.

J. Wesley
18

17/03 – sábado. Chegamos em Londres. Domingo, dia , foi o dia de


descanso. Terça-feira, dia 20, ao receber as intimações dos juízes de Surrey
para comparecer em sua corte, em St. Margaret’s Hill, eu o fiz. E perguntei:
“Existe alguma coisa de que esteja sendo acusado?” Ninguém deu qualquer
resposta. Por fim, um dos juízes disse: “Senhor, o senhor está desejoso de
fazer os juramentos à sua majestade e assinar a declaração contra o
papismo?” Eu respondi: “Estou”, o que, de acordo, fiz e voltei para casa.

22/03 – quinta-feira. Fiz um relato à sociedade do que tinha sido feito com
respeito aos pobres. Por meio de contribuições e coletas, recebi
aproximadamente cento e setenta libras; com as quais, acima de trezentos e
trinta pobres puderam ser providos com roupa necessária. Trinta ou quarenta
restaram ainda em necessidade, e havendo alguns débitos das roupas já
distribuídas, no dia seguinte, Sexta-Feira Santa, fiz mais uma coleta, de cerca
de vinte e seis libras. Este tesouro, pelo menos, “nem a ferrugem, nem a
traça” consumirão; nem os ladrões minarem e roubarem”.164

7/04 – sábado. Escrevi parte do relato sobre a recente revolta, que (para
mostrar o profundo respeito de seus autores por sua majestade) aconteceu no
mesmo dia em que a proclamação de sua majestade contra os revoltosos foi
lida. Ainda assim, vejo que muito bem tem sido trazido, especialmente a
grande paz que agora desfrutamos.

Por volta das onze horas, John Nance e eu partimos por Morva. Com o vento
e chuva caindo em cheio em nossas faces, ficamos completamente molhados
antes de chegarmos a Rosemargay, onde alguns de nossos irmãos nos
encontraram. Certifiquei-me que houve um estremecimento entre eles,
ocasionado pelas afirmações seguras de alguns, de que viram o Sr. Wesley,
uma ou duas semanas atrás, com o pretendente na França; e outros, que ele
estava em uma prisão em Londres; ainda assim, o corpo principal permanece
firme e junto, e não foi removido da esperança do Evangelho.

16/04 – segunda-feira. Antes que partíssemos, Degory Isbel informou-me de


uma acusação contra mim, corrente naquelas partes. Uma que eu realmente
não esperava, não mais que aquela outra veementemente afirmada em St.
Ives, de ter trazido comigo, no último outono, o pretendente, sob o nome de
John Downes. Foi a de que eu chamei a mim mesmo de John Wesley,
considerando que todos sabiam que o Sr. Wesley já estava morto.
11/05 – sexta-feira. Preguei em Sheffield, no sábado, 12,
por volta das dez horas, em
Barley-Hall. À tarde, cavalguei para Epworth e imediatamente fui até a casa
do Sr. Maw, para agradecer-lhe por seus bons ofícios ao Sr. Downes; e seu
honesto e aberto testemunho pela verdade, diante da respeitável Corte de
Justiça em Kirton.

Não era sua culpa que aqueles honoráveis homens não se preocupassem com
as leis, quer de Deus ou do rei. Mas, como soldados, eles estavam resolvidos
sobre o que seria certo ou errado, porque ele era um pregador. Assim, para
certificarem-se de tudo, eles o mandaram embora, um prisioneiro para a
cadeia de Lincoln.

Meu primeiro objetivo era vir pelo caminho mais curto de Sheffield a
Newcastle. Mas foi melhor que não tenha feito isto, considerando o
inexprimível pânico que se espalhou em todos os lugares.* De maneira que
vim exatamente a tempo de lembrar todas as pobres ovelhas amedrontadas
que “mesmo os cabelos” de nossa “cabeça estão contados”.165
* Pânico. Wesley não dá maiores detalhes sobre a questão, mas é possível considerar como uma
referência a iminente invasão francesa. N.E

28/05 – segunda-feira. Comecei visitando as classes na cidade e, no


domingo, dia 03 de junho, aqueles na região que nunca encontrara antes.
Penso que entre eles não exista nenhum caminhante devasso; e, dificilmente,
exista alguma pessoa leviana.

Primeira conferência Metodista

25/06 – segunda-feira. Os cinco dias que se seguiram, passei em conferência


com muitos de nossos irmãos (vindos de diversos lugares), que pretendiam
nada mais do que salvar suas próprias almas e as dos que os ouviam. E,
certamente, tanto quanto eles puderem continuar pensando desse modo,
menos seu trabalho será em vão, no Senhor!

Na semana seguinte, esforçamo-nos para purgarmos da sociedade todos os


que não caminhavam de acordo com o evangelho. Assim, reduzimos o
número de membros a menos que mil e novecentos. Porém, número é uma
insignificante circunstância. Possa Deus fazê-los crescer na fé e no amor!

9/07 – segunda-feira. Meu irmão partiu para Cornwall. Tive muitos


problemas nas duas semanas seguintes, ao me esforçar para impedir que um
homem imprudente destruísse a sua e muitas outras almas. Na segunda-feira,
23, quando partia para Bristol, persuadi-me de que a obra fora feita, mas em
meu retorno descobri que tinha feito absolutamente nada; de maneira que na
quinta-feira, 2 de agosto, fui constrangido a declarar na sociedade que
Thomas Williams não mais estava em conexão conosco.

24/08 – sexta-feira (Dia de São Bartolomeu). Preguei, suponho, pela última


vez, na Igreja de St. Mary (Oxford). Sendo assim, agora estou limpo do
sangue desses homens: livrei completamente minha própria alma!

Durante todo este verão, nossos irmãos, no oeste, tiveram tantas dificuldades
quanto os no norte da Inglaterra. A guerra contra os metodistas tem sido
levada cada vez com maior vigor do que aquela contra os espanhóis.

1744 - 1745
27/12 – quinta-feira. Visitei o advogado que contratara para o processo
judicial recentemente começado contra mim na corte de justiça; e, aqui, pela
primeira vez, vi aquele sórdido monstro, uma denúncia pertencente à corte de
justiça! Um documento de quarenta e duas páginas, em grande fólio, para
contar uma estória que não precisava ocupar quarenta linhas! E recheado com
mentiras estúpidas, insensatas e improváveis; muitas delas também
completamente estranhas à questão, de modo que, eu creio, teria custado ao
compilador sua própria vida em alguma corte pagã, quer da Grécia ou Roma.
E esta é a equidade no país cristão! Este é o método inglês de redecorar
outras injustiças.
10/03 – domingo. Tivemos um sermão útil
de manhã e outro 1 745
em nossa própria igreja, à tarde. Fui muito revigorado por ambos e unido em
amor, tanto aos dois pregadores quanto ao clero em geral. No dia seguinte,
escrevi a um amigo o seguinte:

“Newcastle-upon-Tyre, 11 de março de 1745”. “A um amigo clérigo”

“Redigi essa manhã um breve relato sobre o caso entre o clérigo e nós; eu te
permito fazer qualquer uso dele, de modo que você acredita que será para a
glória de Deus”:

“1o Por volta de sete anos atrás, começamos pregando a presente salvação
interior, obtida pela fé somente. 2o Por pregarmos essa doutrina, fomos
proibidos de pregar nas igrejas. 3o Então, pregamos em casas particulares,
como a ocasião se apresentava; e, quando as casas não podiam conter as
pessoas, pregávamos ao ar livre. 4o Por isso, muitos dos clérigos pregaram ou
imprimiram contra nós, como sendo heréticos ou cismáticos. 5o Pessoas que
foram convencidas do pecado nos imploraram para aconselhá-los, mais
especificamente, sobre como fugirem da ira vindoura. Nós respondemos que,
se eles pudessem vir todos de uma vez (visto que eram inúmeros),
poderíamos nos empenhar nisso. 6o Por isso, fomos representados, tanto no
púlpito como na imprensa (nós mesmos ouvimos isso, e vimos com os
próprios olhos), como estando introduzindo o papismo; incitando o motim;
maquinando contra a Igreja e o Estado. Enfim, todas as formas diabólicas de
publicidade contra nós, e contra aqueles que estavam acostumados a nos
encontrar. 7o Encontrando alguma verdade nisso, a saber, que alguns dos que
se reuniam conosco caminhavam desordenadamente, imediatamente lhes
pedimos que não viessem mais a nós. 8o E estávamos mais firmemente
desejosos de supervisionar o restante, para que pudéssemos saber se eles
caminhavam de acordo com o Evangelho. 9o Mas, agora, vários bispos
começaram a falar contra nós em conversas, assim como em público. 10o
Nesse encorajamento, diversos clérigos incitaram as pessoas a nos tratarem
como foras-da-lei, ou cães loucos. 11o As pessoas assim o fizeram em
Staffordshire, em Cornualha e em muitos outros lugares. 12o E o fazem
ainda, onde quer que não sejam refreados pelo medo do magistrado secular.

“Assim o caso permanece até o momento. Agora, o que podemos fazer; ou o


que você, nosso irmão, pode fazer com o objetivo de curar essa ferida? O que
é mais altamente desejável, para que possamos nos opor, com força unida, a
ainda crescente inundação de papismo, deísmo e imoralidade? Deseje de nós
qualquer coisa que possamos fazer em sã consciência e faremos
imediatamente. Você nos encontrará aqui? Você obterá de nós o que desejar,
até onde pudermos fazê-lo com a consciência tranquila?” Você está disposto
a fazer o que te pedirmos; com consciência tranquila?

‘Vamos levar isto aos pormenores’:

“1o Você quer que preguemos outra doutrina, ou que desistamos de pregar
esta? Acreditamos que você não deseja isso, uma vez que não seria possível
pretender tal coisa com a consciência tranquila. 2o Quer que desistamos de
pregar em casas particulares ou nos campos? As coisas agora estão
circunstanciadas, porque isto seria o mesmo que desejar que não preguemos,
afinal. 3o Você quer que desistamos de aconselhar aqueles que se encontram
conosco com esse propósito? Ou, em outras palavras, que dissolvamos nossas
sociedades? Nós não podemos fazer isso com a consciência limpa; uma vez
que nós entendemos que muitas almas seriam perdidas dessa forma e que
Deus iria requerer o sangue delas em nossas mãos. 4o Você quer que
aconselhemos apenas um por um? Seria impossível por causa do seu número.
5o Você quer que aceitemos que aqueles que caminham desordenadamente se
misturem com os demais? Nem você pode fazer isto com a consciência
tranquila; porque “os intercâmbios diabólicos corrompem as boas maneiras”.
6o Você quer que desobriguemos os líderes de grupos ou classes (como nós
os denominamos) de supervisionarem o restante? ‘Isto é, de fato, permitir que
os caminhantes irregulares estejam misturados aos demais, o que não
ousamos fazer. Por fim, você quer que nos comportemos com reverência em
relação àqueles que são supervisores da igreja de Deus? E com ternura, tanto
ao caráter quanto à pessoa de nossos irmãos, o clero inferior? Pela graça de
Deus podemos fazer isso, e o faremos. Sim, nossa consciência nos dá
testemunho de que já temos trabalhado com esse objetivo, todo tempo e em
todos os lugares”.

“Se você nos perguntar o que queremos que você faça, responderemos”:

“1o Nós não desejamos que você nos permita pregar em suas igrejas, caso
você acredite que pregamos uma doutrina falsa, ou tenha, acima de qualquer
pretexto, o menor escrúpulo de consciência com respeito a isto. Mas
desejamos que qualquer um que acredite que pregamos a doutrina verdadeira
e que não tenha escrúpulos, nesse sentido, que não seja desencorajado de nos
convidar para pregarmos em sua igreja, tanto pública quanto privadamente.
2o Nós não desejamos que aquele que pensa que somos heréticos ou
cismáticos; e que acredita seja seu dever pregar ou imprimir contra nós como
tal, possa refrear-se disso por quanto tempo pensar que seja essa sua
obrigação (embora, nesse caso, a ferida nunca seja curada). Mas desejamos
que ninguém declare tal sentença, até que tenha calmamente considerado
ambos os lados da questão; que ele não nos condene sem nos ouvir, mas,
primeiro, leia o que temos escrito e ore, sinceramente, para que Deus possa
dirigi-los no caminho correto. 3o Não queremos benefício algum, se qualquer
acusação de papismo, de incitação de motim, ou de imoralidade for provada
contra nós. Mas desejamos que você não dê crédito, sem provas, a nenhuma
dessas estórias insensatas que transitam com o vulgar: e que, não acreditando,
não as relate a outros (o que sabemos tem sido feito). Sim, que você os
confunda quando tiver oportunidade, e desaprove aqueles que ainda as
recontam nas redondezas. 4o. Nós não queremos primazia alguma, benefício
ou recomendação daqueles que estão no poder, tanto na Igreja quanto no
Estado”.

“Mas desejamos: 1. que se alguma coisa material for colocada como de nossa
responsabilidade, que nos seja permitido responder por nós mesmos; 2. que
você impeça seus dependentes de atiçarem a turba contra nós; os quais,
certamente, não são os juízes adequados para esses assuntos. 3. E que você
suprima eficazmente e desencoraje totalmente toda revolta e insurreições
populares, que, evidentemente, atingem o alicerce de todo governo, quer da
Igreja ou do Estado’.

“Agora, essas coisas você certamente pode fazer, e com a consciência


tranquila. De qualquer forma, até que essas coisas sejam feitas, que a
continuidade da ferida seja imputada a você, e tão somente a você’.

6/04 – sábado. O Sr. Stephenson, de quem comprei o terreno, onde a casa


está sendo construída, veio, por fim, depois de uma demora de mais de dois
anos, e assinou a papelada. Então, fiquei livre de uma preocupação a mais.
Possa eu, em tudo, fazer meu pedido conhecido diante de Deus!

16/04 – terça-feira. Preguei, às cinco horas, sobre “Isto é, a justiça de Deus


pela fé em Jesus Cristo, a todos e sobre todos os que creem; porque não há
diferença”,166 para uma grande congregação, parte dela em pé a noite toda,
por medo de que não acordasse na manhã. Muitos deles, eu constatei, eram,
ou tinham sido, papistas. Quão sábios são os caminhos de Deus! Como
trazido, sem qualquer preocupação ou pensamento meu, ao centro dos
papistas, em Yorkshire! Que Deus levante e mantenha sua própria causa; e
remova completamente todos os ídolos!

“Eu sou John Wesley”

Peguei um barco, por volta das seis da tarde. Muitos da turba esperavam no
término da cidade, e, vendo que escapara de suas mãos, puderam apenas se
vingar com suas línguas. Mas alguns dos mais ferozes correram ao longo da
orla para receber-me em meu desembarque. Caminhei pela passagem estreita
do mar até o topo, onde estava o líder. Olhei bem em seu rosto e disse:
“Desejo a você uma boa noite!” Ele não falou, nem moveu um braço ou pé,
até que eu estivesse em meu cavalo. Então, respondeu: “E eu desejo que você
vá para o inferno!” e voltou para trás com seus companheiros.

Tão logo cheguei ao campo de visão de Tolcarn (na paróquia Wendron), onde
pregaria à noite, fui abordado por muitos que vinham correndo, como se
fosse por suas vidas, e me pedindo que não seguisse adiante. Perguntei: “Por
que não?” E eles responderam: “Os curadores e condestáveis, e todos os
líderes da paróquia estão esperando por você no topo da colina, resolvidos a
prendê-lo. Eles têm um mandato especial dos juízes que se encontram em
Helstone e permanecerão ali até que você seja trazido”. Cavalguei
diretamente até o topo da colina e, observando quatro ou cinco homens a
cavalo, bem vestidos, fui direto até eles e perguntei: “Cavalheiros, algum de
vocês tem alguma coisa para me dizer? Eu sou John Wesley!”
Um deles pareceu extremamente irado, presumo que por ter dito “eu sou John
Wesley”. E não sei como teria me saído após tal afirmação corajosa, exceto
pelo fato do Sr. Collins, ministro de Redruth (acidentalmente, como ele disse)
ter vindo, abordar-me e dizer que me conheceu em Oxford. Meu primeiro
antagonista ficou em silêncio e uma disputa de outro tipo começou: se esta
pregação tinha feito algum bem. Apelei para a questão de fato. Ele
reconheceu (depois de muitas palavras): “As pessoas estão bem, no
momento”, mas acrescentou: “Sem dúvidas daqui a pouco, elas estarão muito
mal, se não pior do que antes”.

Quando ele saiu cavalgando, um dos cavaleiros disse: “Senhor, eu gostaria de


falar contigo um pouco. Vamos cavalgar até o portão”.

Assim o fizemos e ele disse: “Senhor, irei lhe dizer a causa disso. Todos os
cavalheiros desses lados disseram que você esteve durante muito tempo na
França e Espanha, e que agora é enviado para cá pelo pretendente ao trono; e
que essas sociedades têm a finalidade de unir-se a ele”. Não, certamente,
“todos os cavalheiros desses lados”, não mentiriam contra suas próprias
consciências!

Cavalguei dali para a casa de um amigo, algumas milhas distante, e soube


que o sono de um trabalhador é doce.

1/08 – quinta-feira. Nos dias seguintes, tivemos nossa Segunda Conferência,


com tantos quantos de nossos irmãos, que trabalham na Palavra, podendo
estar presentes.

12/09 – quinta-feira. Voltei para Leeds e preguei, às cinco, e, às oito horas,


encontrei a sociedade; de volta para casa, a turba nos golpeou com sujeira e
pedras a maior parte do caminho. Na noite seguinte, a congregação estava
muito maior, assim como a turba em nosso retorno; e igualmente com
espíritos alterados, pronta para estourar nossos miolos, pela alegria que o
duque de Tuscany fosse Imperador. Que melancólica consideração é essa!
Que a maior parte da nação inglesa não permita que Deus lhe dê as bênçãos
que ele pode, porque ela as transformaria em maldições. Ele não pode dar-
lhe, por exemplo, sucesso contra seus inimigos, porque ela faria seus próprios
compatriotas em pedaços. Ele não poderia confiar-lhe vitória, para que não
lhe agradeça, assassinando aqueles que estão quietos na terra.
Grande agitação em Newcastle

18/09 – quarta-feira. Por volta das cinco horas, chegamos em Newcastle, em


um tempo aceitável, e encontramos a grande maioria dos habitantes na mais
extrema consternação; notícias haviam acabado de chegar dizendo que, na
manhã anterior, às duas horas, o pretendente entrara em Edimburgo. Uma
grande multidão estava conosco à noite, para quem expus Jonas 3, insistindo
particularmente naquele versículo: “Quem poderá dizer, se Deus irá retornar,
e arrepender-se, e voltar atrás da força de sua ira, para que não pereçamos?”.

19/09 – quinta-feira. O prefeito (Sr. Ridley) convocou todos os chefes de


família a se encontrarem com ele no corredor da cidade e queria tantos
quantos estivessem dispostos a colocar suas assinaturas em um papel,
declarando que se dispunham, sob o risco de seus bens e vidas, defender a
cidade contra um inimigo comum. Medo e escuridão estavam por todos os
lados; mas não nos que tinham visto a luz do semblante de Deus.
Regozijamo-nos, à noite, com alegria solene, enquanto Deus aplicou essas
palavras a muitos corações: “Não temam; pois eu sei que buscam a Jesus
crucificado”.167

9/10 – quarta-feira. Supondo que o perigo tivesse terminado por enquanto,


preguei, às quatro horas, em Gateshead (na casa de John Lyddel) sobre:
“Fiquem firmes na fé, portem-se como homens, e sejam fortes”.168 Então,
peguei o cavalo, com o Sr. Shepherd, e, à noite, alcancei Sandhutton.

2/12 – segunda-feira. Os alarmes ainda aumentavam em Londres, por conta


da aproximação dos rebeldes. Mas quão tranquilas são todas essas coisas para
aqueles que confiaram sua alma e corpo à misericórdia e fidelidade do
Criador!

5/12 – terça-feira. À noite, fui para Leeds e encontrei a cidade cheia de


fogueiras. Pessoas gritando, disparando armas, amaldiçoando e praguejando,
como é a maneira inglesa de guardar o feriado. Imediatamente, enviei um
recado a alguns magistrados sobre o que tinha ouvido na estrada (a respeito
das tropas). Isso percorreu a cidade, como ela estava, em um instante; e penso
que tenha sido um bom sinal. A correria nas ruas foi sufocada rapidamente —
algumas das fogueiras, no entanto, permaneceram, mas dificilmente alguém
era visto em volta delas, exceto algumas poucas crianças esquentando as
mãos.

27/12 – sexta-feira. Recebi uma longa carta do Sr. [Westley] Hall,


sinceramente pressionando meu irmão e a mim a que renunciássemos à Igreja
da Inglaterra (por não condescendermos com o que ela parece abjurar-nos) e
escrevi-lhe o seguinte:

“Querido Irmão, agora você age como um amigo. Há muito é nosso desejo
que você falasse livremente. E nós faremos o mesmo. O que não soubermos
ainda, que Deus possa nos revelar! Você pensa, em primeiro lugar, que
pretendemos defender algumas coisas que não são defensáveis pela palavra
de Deus. Você exemplifica em três e sobre cada uma delas nos explicaremos
tão claramente quanto pudermos.”

“1. Que a validade de nosso ministério depende de uma suposta, sucessão dos
apóstolos e uma autorização derivada do papa de Roma e seus sucessores ou
dependentes”.

“Que acreditamos que não seria certo para nós administrarmos o batismo ou a
ceia do Senhor, exceto se tivéssemos uma autorização para assim fazer dos
bispos aos quais compreendemos estarem em sucessão aos apóstolos”.

“E ainda concedemos que esses bispos são os sucessores daqueles que eram
dependentes do bispo de Roma”.
“Mas, gostaríamos de saber sobre quais razões você acredita que isto seja
inconsistente com a palavra de Deus?”.

“2. Que existe um clero visível e, consequentemente, um sacrifício visível,


ordenado e oferecido pelo bispo de Roma e seus sucessores ou dependentes,
na Igreja da Inglaterra, como vigários e representantes de Cristo”.

“Nós acreditamos que exista, e sempre existiu, em toda igreja cristã (quer
dependentes do bispo de Roma ou não), um sacerdócio visível, ordenado por
Jesus Cristo, e um sacrifício visível oferecido por meio de homens
autorizados a agirem como embaixadores de Cristo e mordomos dos
mistérios de Deus”.

“Sobre quais fundamentos, você acredita que Cristo aboliu este sacerdócio ou
sacrifício?”

“3. Que esta hierarquia papal e prelatura,169 que ainda continua na Igreja da
Inglaterra, é instituição apostólica e autorizada por meio dela, embora não
pela palavra escrita”.

“Nós acreditamos que a ordenação tripla de ministros (que você parece


querer dizer por meio do termo hierarquia papal e prelatura) não é apenas
autorizada, através de sua instituição apostólica, mas também através da
palavra escrita”.

“Ainda estamos desejosos de ouvir e ponderar quaisquer que sejam as razões


que induzem você ao contrário”.

“Você acredita, em segundo lugar, que podemos deixar algumas coisas como
indefensáveis, que são defendidas pela mesma lei e autoridade que
estabelecem as coisas acima mencionadas, tais como são muitas das leis,
costumes e práticas das Cortes eclesiásticas”.

“Nós admitimos: 1. Que essas leis, costumes e práticas são realmente


indefensáveis. 2. Que existem atos do parlamento na defesa delas e também
da ordenação tripla.

Mas você nos mostrará como: 1. Aquelas coisas e essas permanecem ou caem
juntas? Ou, 2. Que não podemos sinceramente defender uma, ainda que
desistamos da outra?”

“Você não omite completamente aqui uma circunstância que poderia ser
chave para todo nosso comportamento? Ou seja, que não olhamos com mais
respeito a esses abusos imundos, que se aderem à nossa igreja, como parte da
construção, do que olhamos com respeito qualquer sujeira que possa se aderir
aos muros da Abadia de Westminster, como parte daquela estrutura.

1 74
“Você pensa, em terceiro lugar, que existem outras coisas que defendemos e
praticamos em declarada contradição às ordens da Igreja da Inglaterra”.
“E você julga uma justa exceção, contra a sinceridade de nossas profissões,
aderirmos a isto”.
“Compare o que professamos com o que praticamos, e você possivelmente
será de outro julgamento”.

“Nós professamos: 1. Que obedeceremos a todas as leis dessa Igreja (tal


como reconhecemos que as rubricas sejam, mas não os costumes das cortes
eclesiásticas) até onde podemos fazê-lo com a consciência tranquila. 2. Que
obedeceremos, com a mesma reserva, aos bispos, como executores dessas
leis. Mas a mera vontade deles, distinta dessas leis, nós não professamos
obedecer.

“Agora, mostre o que existe em nossa prática que seja uma contradição
declarada a essas profissões?”
“É a pregação no campo? Não, afinal, ela não é contrária à lei que
professamos obedecer”.

“É o admitir pregadores leigos? Não, estamos cientes de que isto não seja
contrário a alguma lei. Mas, se for, este é um dos casos em exceção; um em
que não podemos obedecer com a consciência tranquila. Portanto, seja certo
ou errado para outros, ela não é, no entanto, uma justa exceção contra nossa
sinceridade.

“As regras e direções dadas às nossas sociedades, como você diz, é uma
disciplina completamente proibida pelos bispos”.

“Quando e onde, algum bispo proibiu isto? E se algum o fez, foi através de
que lei? Não conhecemos o homem que alguma vez proibiu, ou a lei, através
da qual, ele proibiu”.

“O ‘admitir pessoas (porque você não requer nenhuma) para comungar na


capela, em contradição (você acredita) a todas aquelas rubricas que requerem
que todos atendam sempre em suas próprias paróquias e pastor e recebam
apenas em sua mesa?’”.

“Quais rubricas são essas? Não podemos encontrá-las. E até que essas sejam
produzidas, tudo que é tão frequentemente dito sobre a unidade paroquial, é
meramente feito sem necessidade. Consequentemente, nem isto é uma justa
exceção contra a sinceridade de alguma de nossas profissões.

30 de dezembro, 1745.
J. Wesley.

20/01 – segunda-feira.
1 746
Parti para Bristol. Na estrada, li sobre “O Relato da Igreja Primitiva do
Senhor Rei”. A despeito do veemente preconceito de minha educação, estava
pronto a acreditar que esta era uma sincera e imparcial delineação; mas, se
assim for, os bispos e presbíteros são (essencialmente) de uma ordem; e que
originalmente toda congregação cristã era uma igreja independente de todas
as outras.

1/03 – sábado. Visitei os doentes, que aumentavam diariamente em todos os


cantos da cidade. Supõe-se que dois mil dos soldados estejam morrendo
desde seu acampamento. A febre, ou fluxo varrendo-os das tropas, a despeito
de tudo que os médicos podem fazer.

21/03 – sexta-feira. Fui para Nottingham. Há muito tenho me perguntado o


que tem impedido a obra de Deus aqui. Depois de uma inquirição, o caso
ficou claro. Muitos da sociedade eram tanto levianos quanto caminhantes
desordenados, de modo que a bênção de Deus não poderia repousar sobre
eles assim, fiz um breve trabalho, tirando fora os tais de um só golpe e
deixando apenas um pequeno punhado que (até onde eu pude julgar) estava
realmente desejosos de salvar a própria alma.

6/07 – domingo (Londres). Depois de falar largamente com os homens e


mulheres líderes, concordamos que preveniria grandes gastos, tanto de saúde
como de tempo e dinheiro, se as pessoas pobres de nossa sociedade pudessem
ser persuadidas a deixarem de tomar chá. Resolvemos nós mesmos começar e
dar o exemplo. Eu esperava alguma dificuldade ao quebrar um costume de
vinte e seis anos. E, de acordo, nos três primeiros dias, minha cabeça doeu
mais ou menos o dia todo e eu fiquei sonolento de manhã até à noite. No
terceiro dia, na quarta-feira de manhã, minha memória falhou quase
inteiramente. À noite, encontrei na oração meu remédio. Na quinta-feira de
manhã, minha dor de cabeça foi embora. Minha memória estava tão firme
como antes. E não encontrei inconveniente, mas um sensível benefício em
diversos aspectos desse dia até hoje.
17/06 – quinta-feira. Terminei a pequena coleta, a qual tinha feito entre meus
amigos, para um estoque de empréstimos: ela não somou trinta libras; as
quais algumas pessoas, mais tarde, aumentaram para cinquenta. Com essa
inconsiderável soma, cerca de duzentas e cinquenta pessoas foram assistidas,
em um ano.

21/07 – segunda-feira. Parti para Salisbury, onde, para meu completo


espanto, na quarta-feira, 23, o Sr. Hall pediu-me para pregar. Seu motivo
teria sido apenas para exaltar sua própria causa? Ou, antes, este foi o último
suspiro do amor moribundo?

16/11 – domingo. Pediram-me para orar com alguém em desespero. Eu nunca


a tinha visto antes, mas logo constatei que se tratava de uma mulher sensível
e bem familiarizada com a teoria da religião; ainda assim, quando falei de
alguns dos princípios do cristianismo, ela exclamou como se nunca os tivesse
ouvido antes: “Ouça! Ele diz que eu posso ser salva! Ele diz que Deus me
ama! Que Cristo morreu por mim! E que posso viver com ele no céu! Então,
o que é este mundo? O que é a vida? O que é a dor? Eu não me preocupo com
isto. Que eu morra; que eu tenha de suportar qualquer coisa aqui, mas não
posso deixar de viver com Cristo no céu”.

4/12 – quinta-feira. Mencionei à sociedade meu desejo de fornecer


medicamento aos pobres. Cerca de trinta vieram, no dia seguinte, e, em três
semanas, aproximadamente trezentos. Isto continuei por vários anos, até que
o número de pacientes, tendo aumentado a despesa, ficou maior do que
podíamos suportar. Enquanto isto, através da bênção de Deus, muitos que
estiveram doentes por meses ou anos foram restaurados à perfeita saúde.

15/12 – segunda-feira. A maior parte desta semana, passei em Lewisham,


escrevendo as “Lições para as Crianças”, que consistem das mais práticas
escrituras, com algumas poucas e resumidas notas explicativas.

29/12 – segunda-feira. Retomei minha dieta de vegetais (que havia


suspendido por vários anos) e constatei sua utilidade para minha alma e
corpo; mas, depois de dois anos, um violento fluxo me prendeu na Irlanda e
obrigou-me a retornar ao consumo de carne animal.

18/02 – quarta-feira.
1 74 7
Nosso servo aproximou-se e disse “Senhor, não haverá viagem hoje. Tal
quantidade de neve caiu à noite que as estradas estão intransitáveis”. Disse-
lhe: “Pelo menos podemos caminhar vinte milhas por dia, com nossos
cavalos em nossas mãos”. Assim, em nome de Deus, partimos. O vento
nordeste cortava como uma espada e dirigia a neve em quantidades tão
irregulares, que a estrada principal ficou intransitável. No entanto,
continuamos, a pé ou a cavalo, até chegarmos a White Lion, em Grantham.

1/03 – domingo. Fui para Osmotherley, por volta das dez horas, exatamente
quando o ministro (que mora algumas milhas distante) chegou à cidade.
Ofereci meu serviço a ele e disse-lhe que, se fosse de seu agrado, gostaria de
assisti-lo, quer lendo as orações ou pregando. Ao receber a mensagem, ele
veio até mim imediatamente e disse que prontamente aceitaria minha ajuda.
Quando caminhávamos até a Igreja, ele disse: “Talvez você fique muito
fatigado lendo as orações e pregando”. Respondi-lhe que não; eu escolheria
isto, se o agradasse; com o que ele concordou. Depois do culto, o Sr. D. me
disse: “Senhor, sinto muito que não tenhamos uma casa aqui para acolhê-lo.
Por favor, deixe-me saber quando quer que venha por este caminho”. Como
vários me perguntavam onde pregaríamos à tarde, alguém foi até o Dr. D. e
perguntou se ele estava desejoso que eu pregasse na igreja. E ele respondeu:
“Sim, quando quer que agrade ao Sr. Wesley”. Tivemos uma grande
congregação às três horas. Aqueles que, no passado, tinham sido os mais
amargos contraditores, pareciam agora derretidos em amor. Todos estavam
convencidos de que não éramos papistas. Quão sabiamente Deus ordena
todas as coisas no seu próprio tempo!

1 78
4/03 – quarta-feira (Quarta-Feira de Cinzas). Passei algumas horas lendo
“As Exortações de Ephrem Syrus”. Certamente, nunca algum homem, desde
Davi, nos deu tal quadro de um coração partido e contrito.

Essa semana, li um “Compêndio de Retórica” e um “Sistema de Ética” com


alguns jovens. Não vejo por que um homem de entendimento tolerável não
possa aprender, em seis meses, mais da filosofia sólida do que é comumente
aprendido em Oxford durante quatro (talvez, sete) anos.

Na segunda, terça e quinta-feira, examinei as classes. Frequentemente falei


que distinguir o precioso do vil é impossível, sem um discernimento
miraculoso. Mas agora vejo, mais claramente do que antes, que isto pode ser
feito sem muita dificuldade, supondo apenas duas coisas: primeiro: coragem
e firmeza no examinador. Segundo: bom senso e honestidade comum no líder
de cada classe. Visitei, por exemplo, a classe no recinto da abadia, da qual
Robert Peacock é líder. Eu pergunto: “Essa e essa pessoa, na sua classe, vive
embriagada ou comete algum pecado exterior? Ele vai à igreja e usa os outros
meios da graça? Ele o encontra com frequência, quando tem oportunidade?”.
Se Robert Peacock tiver bom senso, poderá responder essas questões de fato
e, se for honesto, irá. Caso contrário, alguns outros na classe tanto podem
quanto irão responder por ele. Onde está, então, a dificuldade de se certificar
se existe algum caminhante desregrado nessa classe, e, consequentemente,
em qualquer outra? A questão não diz respeito ao coração, mas à vida. E o
teor geral disso, não posso dizer que não possa ser conhecido, mas não pode
ser escondido sem um milagre.

Onde está, então, a necessidade de um discernimento milagroso, com o


objetivo de purgar um desses da sociedade? Mais ainda, onde está a utilidade
disto? Não concordo com o que discirno milagrosamente, mas com o que é
provado em face do sol.

A sociedade que, no primeiro ano, consistia de mais de oitocentos membros,


está agora reduzida para quatrocentos. Mas, de acordo com o antigo
provérbio, a metade é mais do que o todo. Nós não ficaremos envergonhados
por causa destes, quando falamos com nossos inimigos no portão.

13/03 – sexta-feira. Encontrei o Sr. P. Ele e eu quase dissuadidos da doutrina


dos nomes absolutos e conotativos. Eu queria saber se alguém tem paciência
para aprender lógica, a não ser aqueles que fazem isso como princípio de
consciência; a menos que a aprenda como três ou quatro jovens cavalheiros
na universidade fazem, ou seja, dando voltas sem entender uma palavra da
matéria.
Nos dias que se seguiram, ganhei algumas horas para ler “A História dos
Puritanos”. E fiquei pasmo: primeiro, com o espírito execrável de
perseguição, que conduziu esses homens notáveis para fora da Igreja e do
qual o clero da Rainha Elizabeth estava tão profundamente impregnado,
assim como a própria rainha Mary. Segundo, com a fraqueza daqueles santos
confessores, muitos dos quais gastaram tanto de seu tempo e força em
disputas a respeito de sobrepeliz e capuzes, ou ajoelharem-se na ceia do
Senhor.

19/03 – quinta-feira. Considerei, “O que eu faria agora, se tivesse certeza de


que teria apenas dois dias de vida?” Todas as coisas exteriores estão
estabelecidas conforme minha vontade; as casas de Bristol, Kingswood e
Newcastle estão seguras; os documentos, por meio dos quais elas são
transmitidas aos curadores, ficou estabelecido na 5a instância; meu
testamento está feito; o que mais eu tenho a fazer a não ser recomendar minha
a alma a meu Criador misericordioso e fiel?

Alguns dias, em cada semana, passei examinando as sociedades nos arredores


de Newcastle. E grande motivo encontrei para me regozijar a respeito delas.

10/04 – sexta-feira. Depois de organizar as sociedades na região, comecei


examinando as de Newcastle novamente. Era uma preocupação pessoal
remover, se possível, todo obstáculo ao amor fraternal. Encontrei algo
estranho rastejando até nós e que já havia causado muito mal. Ou seja, a ideia
de que não devemos nos justificar (algumas das desovas da Divindade
Mística), justamente contrária à ordem bíblica, “Esteja pronto para dar uma
razão para a esperança que está em você”.170 Por falta de fazer isto no tempo
certo, algumas ofensas tornaram-se agora incuráveis. Achei necessário,
portanto, arrancar isto pela raiz; para explicar esse dever desde o alicerce; e
requerer que todos que desejassem permanecer conosco justifiquem-se,
quando quer que forem injustamente repreendidos, e não aceitem facilmente
a paz e o amor com base na humildade proposital deles.

4/06 – quinta-feira. Reduzi os dezesseis administradores para sete; aos quais


dei as seguintes instruções: 1. Vocês devem ser homens cheios do Espírito
Santo e de sabedoria, para que possam fazer todas as coisas de maneira
aceitável a Deus. 2. Devem estar presentes toda terça e quinta-feira de
manhã, com o objetivo de realizarem os afazeres temporais da sociedade. 3.
Devem começar e terminar todo encontro com oração sincera a Deus,
suplicando sua bênção sobre todas as suas incumbências. 4. Devem
apresentar seus relatórios na primeira terça-feira de cada mês, para que
possam ser transcritos no livro. 5. Devem, mediante rodízio mensal, exercer a
presidência da assembleia. O presidente deve verificar que todas as regras
sejam pontualmente observadas, e imediatamente checar os que as quebram.
6. Não devem fazer nada sem o consentimento do ministro, quer
verdadeiramente ou razoavelmente presumido. 7. Devem considerar, onde
quer que se encontrem, que “Deus está ali”. Portanto, sejam profundamente
sérios; não pronunciem palavra leviana; falem como em sua presença e para a
glória de seu grande nome. 8. Quando alguma coisa for debatida, que o
orador fique em pé e fale, e o restante preste atenção. E que fale alto o
suficiente para ser ouvido, no amor e no espírito de submissão. 9. Devem orar
continuamente e se esforçarem para que a santa harmonia da alma possa, em
todas as coisas, subsistir entre vocês; para que, em cada passo, vocês possam
“manter a unidade do Espírito, nos laços da paz”. 10. Em todos os debates,
devem vigiar seus espíritos, evitando, como o fogo, todo clamar, e contenção;
sendo prontos para ouvir e devagar para falar; cada um preferindo em honra o
outro antes de si mesmo. 11. Se não puderem aliviar, pelo menos não aflijam
o pobre: deem-lhe palavras suaves, se nada mais. Abstenham-se de olhares
sombrios ou palavras ásperas. Que estejam satisfeitos por virem, ainda que
vão embora vazios. Coloquem-se no lugar do pobre e lidem com ele como
Deus lida com vocês.

“Essas instruções, nós, cujos nomes estão subscritos (sendo os atuais


administradores da sociedade em Londres) cordialmente recebemos e a elas
sinceramente desejamos nos sujeitar. Em testemunho disto, colocamos nossas
mãos”.

“Obs. Se algum administrador quebrar qualquer uma das regras acima, depois
de ter sido por três vezes admoestado pelo presidente da assembleia (do que o
ministro deve ser imediatamente notificado), não será mais administrador”.

1/07 – quarta-feira. Falei individualmente com todos os que tinham votos na


eleição. Encontrei-os como esperava. Ninguém iria até mesmo comer ou
beber à custa daquele em quem votou. Cinco guineis foram dados para W. C.,
mas ele os retornou imediatamente. T.M., positivamente, recusou-se a aceitar
qualquer coisa. E, quando ouvimos que sua mãe tinha recebido dinheiro,
pessoalmente, ele não conseguiu descansar até que ela lhe deu os três
guinéis,171 que ele imediatamente devolveu.

15/08 – sábado. Fiquei em casa e falei com todos que vieram. Mas,
dificilmente encontrei um irlandês entre eles. Pelo menos noventa e nove por
cento dos irlandeses nativos permanecem na religião de seus antepassados.
Os protestantes, quer em Dublin ou em qualquer outro lugar, são quase todos
transplantados recentemente da Inglaterra. Nem é de se surpreender que os
que são nascidos papistas geralmente vivem e morrem como tais, enquanto
que os protestantes não encontram maneiras melhores de convertê-los a não
ser pelas Leis penais e os atos do parlamento.

1/01 –
sexta-feira
1 748
. Começamos o ano, às quatro da manhã, com alegria e ação de graças. O
mesmo espírito estava entre nós, ao meio-dia e à tarde. Certamente nos
apresentamos como “um sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus”.172

16/01 – sábado. Encontramos grande motivo para louvarmos a Deus, ao


recebermos um relato concernente aos enfermos. Em um ano, cerca de
trezentas pessoas receberam medicamentos ocasionalmente. Cerca de cem o
tomaram regularmente e se submeteram a uma dieta apropriada. Mais de
noventa desses ficaram inteiramente curados das doenças que há muito os
acometiam. E as despesas dos medicamentos somaram, por todo o ano,
alguns centavos acima de cinquenta libras.

24/04 – domingo. Preguei na ruela de Skinner, às cinco; e no Oxmantown


Green, às oito. Estava fraco no corpo, mas grandemente reavivado pela
seriedade e sinceridade da congregação. Decidido a aproveitar a
oportunidade, avisei que pregaria novamente ali, à tarde; o que fiz a uma
congregação ainda mais numerosa e igualmente atenta. Assim que voltei para
casa, fiquei feliz por me deitar, acometido de uma amidalite aguda
acompanhada de febre. Entretanto, quando a sociedade se encontrou, não
poupei esforços para estar no meio deles. Imediatamente, minha voz foi
restaurada. Falei sem dor por cerca de uma hora e grande foi nosso regozijo
uns com os outros, sabendo que Deus ordenara bem todas as coisas.

25/04 – segunda-feira. Constatei que minha febre aumentou muito e decidi


que seria melhor permanecer na cama e me alimentar com maçãs e chás-de-
maçã. Na terça-feira, estava completamente bem e poderia ter ido pregar,
mas o Dr. Rutty (que esteve comigo duas vezes) insistiu que descansasse por
um tempo. Eu li hoje o que é considerada a mais correta história que existe de
St. Patrick; e, numa consideração mais madura, senti-me muito inclinado a
acreditar que St. Patrick e St. George eram de uma só família. A história toda
cheira a um forte romance. Para tocar apenas em alguns pormenores: eu
objeto seu ponto inicial: o bispo de Roma não tinha tal poder no início do
século quinto como este relato supõe; nem seu tio, o Bispo de Tours, enviou-
o naquela época de Roma com a incumbência de converter a Irlanda, com
tanta autoridade sobre aquela terra como qualquer bispo italiano que fosse.
Além disso, se Deus o enviara até lá, ele não teria, por tanto tempo, enterrado
seu talento na terra. Nunca ouvi antes de um apóstolo que dormisse por trinta
e cinco anos e começasse a pregar aos sessenta. Mas seu sucesso deixa-me
muito confuso. Nenhum sangue de mártir existe aqui; nenhuma reprovação,
nenhum escândalo da cruz; nenhuma perseguição àqueles que viveram
devotadamente. Nada é ouvido a respeito, do começo ao fim, mas os reis,
nobres e guerreiros curvavam-se diante dele. Milhares se converteram, sem
qualquer oposição afinal; mil e duzentos em um só sermão. Se essas coisas
foram assim, não existe, então, o diabo no mundo, ou St. Patrick não pregou
o Evangelho de Cristo.

13/06 – segunda-feira. Passei uma hora ou duas com Dr. Pepusch. Ele
afirmou que a arte da música está perdida, que apenas os antigos a entendiam
em sua perfeição; que ela foi reavivada um pouco no reinado do Rei
Henrique VII, através de Tallys e seus contemporâneos; como também no
reinado da Rainha Elizabeth, que era sua juíza e benfeitora; de maneira que,
depois de seu reinado, a arte da música sucumbiu por sessenta ou setenta
anos, até que Purcell fez algumas tentativas de restaurá-la. Mas, desde então,
a verdadeira arte primitiva, de princípios naturais e matemáticos, não ganhou
terreno. Os mestres atuais não fixaram princípios.
3/08 – quarta-feira. Achei absolutamente necessário publicar o seguinte
anúncio:

“Considerando que Thomas Moor, pseudônimo, Smith, ultimamente


apareceu em Cumberland, e em outras partes da Inglaterra, pregando (como
ele chama isto) com o hábito de clérigo, e, então, recebendo dinheiro de seus
ouvintes, o presente anúncio visa certificar, a quem possa interessar, que o
dito Moor não é clérigo, mas um embusteiro e impostor; e que nenhum
pregador, ligado a mim, direta ou indiretamente, pede dinheiro a quem quer
que seja”.

J. Wesley
4/08 – quinta-feira. Preguei, à tarde, em Spen; sexta-feira, dia
5, por volta do meio-dia, em
Horsley. Quando cavalgava de volta para casa, percebi que minha dor de
cabeça tinha aumentado muito. Mas, como muitas pessoas tinham vindo de
todas as partes (sendo também noite de vigília mensal), não me senti bem em
pedir que fossem embora. Quase esqueci de minhas dores, enquanto estava
falando, mas fui obrigado a ir para a cama tão logo terminei.

6/08 – sábado. As dores ficaram muito piores do que antes. Então, apliquei
compressas, mergulhadas em água fria. Imediatamente, minha cabeça ficou
mais leve, mas eu estava excessivamente doente. Quando me deitava, a dor
retornava e a enfermidade cedia. Quando me levantava, a dor parava mas a
enfermidade retornava. À tarde, tomei dez grãos de ipecacuanha,173 e ela
continuou por dez minutos. No momento em que foi embora, senti-me em
perfeita saúde e não tive mais dor ou enfermidade.

12/08 – sexta-feira. Cavalgando para Newcastle, terminei a décima Ilíada de


Homero. Que genialidade surpreendente tinha esse homem! Escrever com tal
força de pensamento e beleza de expressão, quando não tinha ninguém que o
precedesse! E que veia de devoção corre por todo o trabalho, a despeito de
seus conceitos pagãos! Ninguém pode deixar de observar que tais
impropriedades, intermisturadas, chocam até o último grau!

16/08 – terça-feira. Deixamos Newcastle. Em direção a Leeds, eu li o livro


do Dr. Hodge, “A Epidemia em Londres”. Fiquei surpreso: 1o. Com o fato
dele não ter aprendido, até mesmo dentre os sintomas relatados por ele, que a
primeira parte atacada pela infecção era o estômago. 2o. Com o fato dele, tão
obstinadamente ter preservado um regime quente; embora tenha visto
continuamente o sucesso doentio disso — a maioria dos pacientes morreu sob
seus cuidados.

25/08 – quinta-feira. Cavalguei com o Sr. Grimshaw para Roughlee, onde T.


Colbeck, de Keighley, nos encontraria. Fomos parados repetidas vezes e
solicitados que não seguíssemos adiante devido a uma grande turba de Colne,
que vinha atrás de nós. Seguindo um pouco adiante, entendemos que eles
ainda não haviam alcançado Roughlee. Assim, apressamo-nos para
chegarmos ali antes deles. Todos estavam quietos quando chegamos. Eu
estava um pouco temeroso pelo Sr. Grimshaw, mas não havia necessidade,
pois ele estava pronto para ir à prisão ou morrer pela causa de Cristo.

Às onze e meia, comecei a pregar. Meia hora depois que terminei meu
discurso, a turba começou a se derramar colina abaixo, feito uma inundação.
Depois de trocar algumas palavras com o líder, no intuito de impedir
qualquer confronto, eu o acompanhei, como me foi requerido. Quando
chegamos em Barrowford, duas milhas distante, todo o exército se
posicionou em ordem de batalha, diante da casa para onde eu fora carregado
com dois ou três dos meus amigos. Depois de ter sido detido por mais de uma
hora, o líder saiu e eu o segui, pedindo que me conduzisse de volta, mas,
quando saímos, a turba nos seguiu; ao que ele ficou tão furioso que precisou
voltar e lutar com eles; e, então, me deixou sozinho.

Os acontecimentos posteriores estão contidos numa carta que enviei na


manhã seguinte:

“Widdop, 26 de agosto de 1748”.


“Senhor James Hargrave, Condestável em Barrowford”.
“Senhor”,

“Ontem, entre meio-dia e uma da tarde, enquanto falava com algumas


pessoas tranquilas, sem qualquer barulho ou tumulto, uma populaça bêbada
chegou, armada de porretes e aduelas, de uma maneira tumultuada e
revoltosa. O capitão deles, conhecido por Richard Bocock, disse que era
Representante do Condestável e que viera para me levar até o senhor”.

“Então, segui com ele, mas não tínhamos percorrido dez jardas quando um
homem de sua companhia golpeou meu rosto com seu punho, com toda sua
força; depois, outro atirou uma vara em minha cabeça; então, parei por alguns
momentos, mas outro de seus campeões, amaldiçoando e praguejando da
maneira mais chocante e ameaçando com seu porrete sobre minha cabeça,
gritou: ‘Tragam-no!’”

“Com tal escolta, caminhei até Barrowford, onde fui informado de que você
se encontrava; seus batedores seguindo adiante, para arrastarem toda a plebe
de todos os quartéis”.

“Quando seu representante levou-me para o interior da casa, permitiu que o


Sr. Grimshaw, ministro de Haworth, o Sr. Colbeck, ministro de Keighley e
mais um pudessem ficar comigo, prometendo que nenhum deles seria ferido.
Logo depois, você e seus amigos entraram e exigiram que prometesse que
nunca mais retornaria a Roughlee”.
“Mas eu disse que preferia cortar minha mão fora a fazer tal promessa; nem
empenharia palavra de que algum de meus amigos faria. Depois de muitos
discursos incoerentes (porque não pude convencer você com qualquer um dos
meus argumentos), por volta da uma da tarde até entre três e quatro horas
(nesse meio tempo um de vocês disse francamente: Não, nós não seremos
como Gamaliel, procederemos como os judeus), você pareceu um pouco
satisfeito com minha declaração: ‘Eu não pregarei em Roughlee, por
enquanto’. Então, tentou aquietar a turba, para a qual falou de algumas
poucas punições e o barulho cessou imediatamente. Eu, então, caminhei com
você em direção à porta de trás”.

“Eu deveria ter mencionado que tive, muitas vezes antes, desejado que você
me deixasse ir, mas em vão; e que, quando fazia menção de ir com Richard
Bocock, a turba imediatamente nos seguia com juramentos, maldições e
pedras; de tal modo que uma delas derrubou-me no chão. Quando me
levantei, todos vieram para cima de mim, como leões, forçando-me a voltar
para dentro da casa”.

“Enquanto você e eu saíamos por uma porta, e o Sr. Grimshaw e o Sr.


Colbeck por outra, a população imediatamente os rodeou, sacudindo-os para
frente e para trás. Com extrema violência, jogaram o Sr. Grimshaw no chão e,
sobre os dois lançaram todo tipo de sujeira e lama; sem que algum de seus
amigos se oferecesse para dissuadir seus liderados da perseguição”.

“As demais pessoas quietas e inocentes que me seguiram, a certa distância,


para ver como isso tudo terminaria, foram tratadas ainda pior; não apenas
pelos coniventes, mas por ordens expressas de seu representante. Eles os
fizeram correr por suas vidas, em meio a chuva de sujeira e pedras, sem
qualquer cuidado com idade ou sexo. Alguns deles foram pisoteados na lama
e puxados pelos cabelos, especialmente o Sr. Mackford, que veio comigo de
Newcastle”.

“Muitos deles apanharam de porretes, sem qualquer misericórdia. Um deles


foi forçado a pular de uma pedra, de dez ou onze pés de altura,174 para
dentro de um rio (ou eles teriam arremessado sua cabeça à distância). E,
quando ele rastejou para fora, molhado e contundido, eles juraram que iriam
atirá-lo novamente, o que com dificuldade foram dissuadidos de fazer”.
“Durante todo esse tempo, você ficou muito confortável em seu lugar, sem
tentar ao menos impedi-los. Durante todo esse tempo, a falava de justiça e
lei! Ai de mim, Senhor, mas, suponha que fôssemos dissidentes (o que eu
nego), ou que fôssemos judeus ou turcos, nós não teríamos o benefício das
leis de nosso país? Proceda contra nós pela lei, se você pode e se importa,
mas não através da violência sem lei; não fazendo que se torne uma populaça
amotinada, bêbada, jurando e amaldiçoando, juiz, júri e executor. Essa é uma
flagrante rebelião contra Deus e o rei, como você possivelmente pode
descobrir por si mesmo!”

Eu sou,
Seu verdadeiro amigo
J. Wesley

9/09 – domingo. Comecei examinar as classes em Kingswood; e nunca antes


estive tão completamente convencido da artimanha de Satanás, que
frequentemente nos deixa impotentes, e nossas mentes maldosamente
afetadas com relação aos nossos irmãos. Agora, como dez vezes antes, um
protesto foi realizado: “Que escândalo essas pessoas trazem ao Evangelho!
Que sociedade é esta! Com todos esses beberrões, mexeriqueiros e
maledicentes nela!” Eu esperava, portanto, encontrar uma tarefa pesada sobre
minhas mãos; e para que nenhuma dessas pessoas escandalosas fossem
dissimuladas, primeiro me encontrei com todos os líderes e inquiri
especificamente sobre cada pessoa em todas as classes. E repeti a pergunta
quando a classe se encontrou. E qual era o fundamento de todo este protesto?
Porque duas pessoas reincidiram na bebedeira, em um período de três meses;
e uma mulher ficou provado ter contato ou, pelo menos, relatado, uma estória
inútil concernente a outra. Eu preferivelmente teria esperado vinte e dois
casos do primeiro, e uma centena do último tipo.

2/01 – segunda-feira.
1 74 9
Designei partir com um amigo para Rotterdam, mas, muito pressionado a
responder ao livro do Dr. Middleton contra os Patriarcas, posterguei minha
viagem e passei quase vinte dias nesta desagradável tarefa.

23/02 – quinta-feira. Meu objetivo era ter tantos de nossos pregadores aqui
durante a Quaresma quantos possivelmente estejam dispensados e ler as
preleções para eles, todos os dias, como fiz com meus alunos em Oxford. Eu
tinha dezessete deles ao todo. Esses, eu dividiria em duas classes e leria para
uma o bispo Pearson sobre o Credo, para a outra a Lógica de Aldrich e para
ambas “As Regras para Ação e Elocução”.

19/07 – quarta-feira. Terminei a tradução de “A Vida de Martinho Lutero”.


Sem dúvida, este foi um homem altamente favorecido por Deus e um
abençoado instrumento em sua mão. Mas, oh, que pena que não ter tido um
amigo fiel! Ninguém que pudesse, com todo risco, repreender-lhe clara e
nitidamente por seu áspero e insondável espírito, e o amargo zelo pelas
opiniões, tão grandemente obstrutivo ao trabalho de Deus!

20/07 – quinta-feira. Vi o hospital do Dr. Stephen [o primeiro Hospital


Público, em Dublin] – muito mais limpo e agradável do que qualquer um que
tenha visto em Londres – e o Hospital Real, para os velhos soldados,
situando-se no topo de uma colina, contemplando o Parque Phoenix. Todas as
construções permanecem não apenas em bom estado de conservação, mas, da
mesma forma, absolutamente limpas. O corredor é excessivamente grande; a
capela muito mais bem terminada do que qualquer coisa do tipo em Dublin.
Oh! O que falta para fazer esses homens felizes? Apenas o conhecimento e o
amor de Deus!

Por volta das dez horas da noite, embarcamos para Bristol, em uma pequena
chalupa. Logo adormeci. Quando acordei de manhã, estávamos a muitas
léguas da terra, em um mar bravio e íngreme. No cair da tarde, o vento virou
ainda mais contra nós, de maneira que prosseguimos pouco. Por volta das dez
horas, nos encontrávamos entre “Bispo e seus Sacristãos” (as rochas assim
chamadas) e o ancoradouro Galês; o vento soprou fresco do sul. Assim, o
capitão, temendo que pudéssemos ser dirigidos de encontro à costa rochosa,
conduziu-nos de volta ao mar.

No sábado de manhã, tornamos a nos aproximar de “Bispo e seus


Sacristãos”, e as ondas batiam de um lado para o outro o dia todo. Cerca das
oito da manhã, o vento soprou forte e tivemos um mar ondulante. Não
obstante, às quatro da manhã do domingo, podíamos avistar Minehead. A
maior parte do dia tivemos uma calmaria improdutiva, mas, à tarde, o vento
surgiu e nos levou a Kingroad. No domingo de manhã, desembarcamos no
cais em Bristol.

25/07 – terça-feira. Cavalguei para Kingswood e investiguei especialmente o


estado em que se encontram nossas escolas. Fiquei muito consternado ao ver
que várias de nossas Regras eram habitualmente negligenciadas. Julguei
necessário, então, diminuir a família, não obrigando a permanecer nela aquele
que não estivesse claramente satisfeito com as Regras e determinado a
observá-las.

27/07 – quinta-feira. Li “Sobre o Espírito de Oração”, do Sr. Law. Existem


muitos feitos magistrais nele e o todo é vivo e divertido, mas é outro
evangelho. Porque, se Deus nunca tivesse se irado (como este tratado afirma),
ele nunca teria reconciliado e, consequentemente, toda a doutrina cristã da
reconciliação, por meio de Cristo, cairia ao chão imediatamente. Um
excelente método de converter deístas, por desistir da própria essência do
cristianismo!

28/09 – quinta-feira. Reservamo-nos para jejum e oração. John Brown e Sr.


Hopper estavam comigo. Foi um dia que não deve ser esquecido. Tivemos
livre acesso ao trono da graça e uma firme e indubitável confiança de que
aquele em quem cremos faria todas as coisas bem.

2/10 – segunda-feira. Exatamente antes que eu começasse a pregar, recebi


uma carta do Sr. Whitefield, pedindo-me para encontrá-lo em Leeds, na
quarta-feira de manhã; no mesmo momento em que havia me proposto estar
lá antes. Assim, parti cedo, na terça-feira, 3. Um dos nossos irmãos, que era
do Condado de Yorkshire, incumbiu-se de nos colocar a caminho.
Cavalgamos pouco a pouco até que chegamos em Old Hutton, cerca de
cinquenta milhas de Whitehaven. Ficamos completamente molhados, devido
a uma pesada chuva, por várias horas, mas logo estávamos em camas
aquecidas e tudo ficou bem.

4/10 – quarta-feira. Nosso guia estava resolvido a seguir um pouco mais


adiante ainda, então partimos juntos e cavalgamos para Leeds; embora tivesse
sido um longo dia de viagem, permanecemos completamente ocupados das
cinco da manhã até as nove da noite.

9/10 – segunda-feira. Tendo prometido visitar Newcastle novamente, parti


cedo e fui direto para lá no dia seguinte. Eu estava satisfeito por Deus ter
enviado o Sr. Whitefield até lá num momento aceitável. Muitos daqueles que
pensavam muito pouco a respeito de Deus antes ainda guardam as impressões
que receberam dele.

11/10 – quarta-feira. Regozijei-me ao saber que Deus ainda está conduzindo


sua obra. De manhã e à noite, os corações de muitos queimaram dentro deles,
enquanto se reuniram em Seu nome, e sentiram que sua palavra era “o poder
de Deus na salvação, a todo aquele que crê”.175

18/10 – quarta-feira. Cavalguei, a pedido de John Bennet, para Rochdale, em


Lancashire. Assim que entramos na cidade, encontramos as ruas enfileiradas,
de ambos os lados, com pessoas gritando, jurando, blasfemando e rangendo
seus dentes contra nós. Percebendo que seria impraticável pregar nos
arredores, fui para uma ampla sala – aberta para a rua – e clamei bem alto:
“Deixe o perverso o seu caminho e o injusto seus pensamentos”.176 A
Palavra de Deus prevaleceu sobre a ferocidade do homem. Ninguém se opôs
ou interrompeu; e houve uma notável mudança no comportamento das
pessoas quando, mais tarde, passamos pela cidade.

Às cinco horas da manhã, fomos para Bolton. Mal tínhamos acabado de


entrar na rua principal, quando percebemos que os leões de Rochdale eram
cordeiros, quando comparados àqueles em Bolton. Tal ira e animosidade eu
raramente tinha visto antes, em nenhuma outra criatura nascida na forma
humana. Eles nos seguiram, gritando, até a casa onde entramos e, tão logo
estávamos dentro, ocuparam todas as avenidas, enchendo as ruas do começo
ao fim.
Depois de algum tempo, as ondas não rugiram muito alto. O Sr. P. pensou
que poderia, então, se aventurar a sair. Imediatamente o cercaram e, jogando-
o ao chão, rolaram-no pelo lodo, de maneira que, quando se livrou deles e
entrou na casa novamente, dificilmente alguém poderia dizer o que ou quem
ele era.

Quando a primeira pedra entrou através da janela, esperei a enxurrada que se


seguiria, e pior, porque eles saíram em busca de um sino para conclamarem
todas as suas forças a se juntarem. Mas não pretendiam levar avante o ataque
à distância e, num dado momento, alguém veio até nós e disse que a turba
tinha invadido a casa, e ainda mais, que eles estavam com J. B. entre eles.
Eles o tinham, e ele aproveitou a oportunidade de falhar-lhes sobre “os
terrores do Senhor”.

Nesse meio tempo, D. T. empenhou-se na outra parte dos revoltosos com as


mais calmas e suaves palavras. Acreditando que o momento tinha chegado,
desci as escadas em direção à parte mais densa. Eles tinham agora preenchido
todas as salas abaixo. Então, pedi uma cadeira. Os ventos foram silenciados e
tudo estava calmo e quieto. Meu coração, repleto de amor, meus olhos, de
lágrimas; e minha boca, de argumentos. Eles ficaram pasmos! Estavam
envergonhados! Estavam se dissolvendo! Eles devoraram cada palavra! Que
mudança foi aquela! Como Deus mudou a deliberação do velho Aitofel177
em estupidez e trouxe todos os bêbados, praguejadores, os que não respeitam
o Dia do Senhor e os meros pecadores a este lugar para ouvir de sua redenção
plena!

19/10 – quinta-feira. Abundantemente, mais do que a casa poderia conter,


estiveram presentes até às cinco da manhã; pelo que me senti constrangido a
falar muito mais tempo do que estava acostumado; mas, percebendo que
ainda queriam ouvir, prometi pregar novamente, às nove horas, numa
campina perto da cidade. Para lá eles pipocaram de todos os lados e eu clamei
alto: “Tudo já está pronto; vinde às bodas”.178

Oh! Como poucas horas mudaram o cenário! Podíamos agora atravessar


todas as ruas da cidade. Ninguém nos molestava ou abria a boca, a não ser
para nos agradecer e abençoar!

11/01 – quinta-feira.
1750
Li, sem muita surpresa, o relato dado pelo Monsenhor Montgeron, tanto de
sua conversão quanto de outros milagres forjados na tumba de Abbe
Paris.179 Tenho sempre olhado para toda este assunto como mera lenda, e
suponho que a maioria dos protestantes faça o mesmo. Mas não vejo maneira
possível de negar esses fatos sem invalidar todo o testemunho humano.
Também posso razoavelmente negar que exista tal pessoa como o Sr.
Montgeron, ou tal cidade como Paris, no mundo. De fato, em muitos casos
como esse vejo grande superstição, assim como fé. Mas os “tempos de
ignorância Deus” ainda “faz que não vê”; e abençoa a fé não obstante a
superstição.

E se for dito: “Mas, admitir esses milagres não estabelecerá o papismo?”

Exatamente o contrário. Abbe Paris viveu e morreu em declarada oposição


aos grosseiros erros do papismo, em especial à diabólica Bula Unigenitus,
que destroí todos os alicerces do cristianismo.

28/01 – domingo. Li as orações (em Londres), e o Sr. Whitefield pregou.


Quão sábio é Deus, em dar diferentes talentos a diferentes pregadores!

Mesmo as pequenas impropriedades, tanto na linguagem como na maneira de


ser, foram os meios pelos quais muitos que não poderiam ter sido tocados por
um discurso mais correto ou uma maneira mais calma e regular de falar
tiraram proveito.

9/02 – sexta-feira. Tivemos uma confortável noite de vigília na capela. Por


volta das onze horas, veio-me à lembrança que este era o mesmo dia e hora
em que, quarenta anos atrás, fui tirado das chamas.* Parei e apresentei um
curto relato daquela maravilhosa providência. Voz de louvor e ação de graças
subiram aos céus, e grande foi nosso regozijo diante do Senhor.

12/05 – sábado. Cavalguei para a casa do Sr. Simpson, perto de Oatfield, e,


de noite, preguei em Aghrim, para pessoas bem intencionadas e sonolentas.
Domingo, ofereci-me para tirar alguns deles do sono, pregando da maneira
mais afiada que pude. Tivemos tal congregação na igreja, como (isso foi dito)
nunca se viu antes nestes vinte anos. Depois da igreja, preguei para uma
multidão de católicos, bem como protestantes, e agora eles pareceram um
pouco mais despertos. Por volta das cinco horas da tarde, preguei em
Ahaskra, para uma congregação que se reuniu de todas as partes. Oh! Que
colheita poderia ser feita na Irlanda, não fossem os pobres protestantes
odiarem o cristianismo, muito mais que os católicos ou ateus?

Bandon, 22 de maio de 1750


A Gilbert Boyce (Batista)
“Prezado Senhor,

“Eu não entendo que a Igreja da Inglaterra, ou o povo chamado metodista, ou


qualquer outra sociedade específica, debaixo do céu, seja a verdadeira Igreja
de Cristo. Porque aquela Igreja é a que contém todos os verdadeiros crentes
na terra. Mas entendo que toda sociedade de crentes verdadeiros seja um
ramo da verdadeira Igreja de Cristo. Não é de se admirar que os pregadores
jovens e incultos usem algumas expressões impróprias. Creio que, com
conselho amigável, eles as deixarão de lado. E, assim como eles amadurecem
na idade, amadurecerão no conhecimento. Não tenho inclinação, nem tempo,
para dar início à controvérsia, mas faço aqui algumas considerações com o
objetivo de nosso entendimento e de (eu espero) amarmos um ao outro
melhor”.

“Você pensa que o modo de batismo é ‘necessário à salvação’: Eu nego até


mesmo que o próprio batismo o seja;
* Tirado das chamas. Veja nota na seção Esboço Biográfico.

se fosse assim, todo quacre* estaria condenado, no que não poderia de modo
algum acreditar. Não defendo que qualquer coisa seja necessária
(estritamente falando) à salvação, a não ser a mente que havia em Cristo. Se
não pensasse que tinha uma medida disto, seria alguém que o amaria assim
como um ateu ou um publicano. Aqueles que acreditam na fé operada pelo
amor são filhos de Deus. Não me admiro que Deus permita (não cause) os
menores males em meio a estes, quando observo males muito maiores dentre
eles; porque o pecado é um mal infinitamente maior que a ignorância”.

“Não compreendo que a unidade nos modos de adoração seja tão necessária
entre os filhos de Deus e que não possam ser filhos de Deus sem isto, embora
eu, uma vez, tenha pensado que fosse assim. Não faço uso (até onde eu sei)
de todos os meios de graça que Deus ordenou, exatamente como Deus os
ordenou. Mas aqui está seu grande equívoco: você pensa que meu objetivo é
‘formar uma igreja’. Não, não tenho tal objetivo. Não é meu desígnio nem
desejo que alguém que aceite minha ajuda deixe a igreja da qual é membro.
Fosse eu converter índios, daria todos os passos que Paulo deu, mas não vou.
Portanto, alguns desses passos eu não darei. Assim sendo, ainda me reúno à
Igreja da Inglaterra até onde eu possa; ao mesmo tempo em que eu e meus
amigos usamos de diversas ajudas providenciais que nossa Igreja nem
desfruta, nem proíbe, como sendo em si mesmas de natureza puramente
indiferente”.

“O que digo sobre a generalidade tanto dos professores quanto do povo da


Igreja da Inglaterra, digo também dos professores e dos povos de todas as
outras denominações, ou seja, que até onde os conheço – e tenho conhecido
não poucos na Europa e América – nunca vi uma comunhão sem mistura,
exceto entre os irmãos morávios ou os metodistas. Mesmo assim, que Deus
nos abençoa até quando recebemos a Ceia do Senhor na Igreja de St. Paul,
posso provar através de inúmeros exemplos. Se eu estivesse na Igreja de
Roma, estaria de acordo com todas as suas doutrinas e práticas, até onde elas
não fossem contrárias às Escrituras. E, de acordo com o melhor de meu
julgamento, em conformidade até aí, apenas com as da Igreja da Inglaterra”.

“Tenho me explicado no terceiro volume dos Sermões, no tocante à ênfase


que julgo que deva ser colocada nas opiniões.
* Membro de uma seita protestante inglesa

Isto igualmente aprendi a um preço elevado. No entanto, agradeço a Deus


que tenha aprendido a qualquer preço. Não estou consciente de abraçar
alguma opinião ou prática que não esteja de acordo com a Palavra de Deus e
acredito que a doutrina, adoração e disciplina da Igreja da Inglaterra (até onde
ela vai) sejam concordantes com isto”.

“Espero que seu zelo seja mais bem empregado do que em persuadir os
homens a serem mergulhados ou aspergidos. Eu empregarei o meu, através
da graça de Deus, em persuadi-los a amarem a Deus de todo o seu coração e
ao próximo como a si mesmos.
“Eu não posso responder a Deus, passar alguma parte deste precioso tempo,
cada hora do qual eu posso empregar no que diretamente conduz à promoção
deste amor entre os homens, em ser contrário ou defender esta ou aquela
forma do governo da igreja. Eu ‘provei todas as coisas’ deste tipo por mais de
vinte anos, agora ‘agarro o que é bom’,180 o que, em minha opinião, não
apenas não é contrário à Escritura, mas é estritamente concordante com ela.
Mas, juntamente com princípios fixados, recuso-me absolutamente a entrar
em uma controvérsia formal sobre o assunto. Nisto também estou decidido. E
se, por causa disto, você me julga ser um papista ou um turco, nada posso
fazer”.

“Estou totalmente convencido de que você não falou com ira, mas a partir do
zelo por suas próprias opiniões e modos de adoração; e poderia ser vantajoso
para outro homem disputar esses pontos com você. Mas para mim não é. Sou
chamado para outra obra; não para tornar os homens anglicanos ou batistas,
mas cristãos; homens de fé e amor. Que Deus possa enchê-lo com isto, é a
oração, prezado senhor”,

“De seu afetuoso amigo e irmão”


J. Wesley

25/05 – sexta-feira. Um tal de Roger O’Ferrall fixou um aviso no Mercado


Público, dizendo que estava pronto a encabeçar qualquer desordeiro, com a
finalidade de por abaixo a casa que ousasse abrigar um “encueirado” (nome
dado primeiramente ao Sr. Cennick, por um padre católico, que o ouviu falar
de uma criança embrulhada em cueiros e, provavelmente, não sabia que essa
expressão estava na Bíblia, com a qual ele não estava muito familiarizado!).

Depois de ter falado cerca de quinze minutos, um clérigo, que tinha se


plantado perto de mim com uma grande vara em sua mão, de acordo com o
que havia sido concordado, deu abertura ao espetáculo (Na verdade, seus
amigos asseguraram-me que ele estava bêbado, ou não teria feito isso). Mas,
antes que ele tivesse expressado muitas palavras, duas ou três mulheres
resolutas, com toda força, puxaram-no para dentro de uma casa e, depois de
repreenderem-no um pouco, despacharam-no pelo jardim.

O próximo campeão que apareceu foi um tal de Sr. M., um jovem cavalheiro
da cidade. Duas outras pessoas o assistiram com suas pistolas nas mãos, mas
seu triunfo foi bastante curto; algumas pessoas rapidamente o arrastaram para
fora, dessa vez com mais gentileza e civilidade. O terceiro veio com grande
fúria, mas foi enfrentado por um açougueiro da cidade (nenhum dos
metodistas), que o tratou como se fosse um boi, deferindo-lhe um ou dois
golpes em sua cabeça. Isso esfriou sua coragem, especialmente porque
ninguém se aliou a ele. Então, terminei o meu discurso tranquilamente.

31/05 – quinta-feira. Cavalguei para Rathcormuck. Lá haveria um grande


enterro à tarde, para o qual as pessoas viriam de todas as partes. O Sr. Lloyd
leu parte do culto fúnebre na igreja; depois disto, que preguei sobre: “O fim
de todas as coisas está à mão”. Eu estava excessivamente chocado com o
lamento irlandês que se seguiu (apenas tinha ouvido falar a respeito). Não era
uma canção, suponho, mas um escuro e murmurante grito, colocado diante da
sepultura por quatro vozes estridentes de mulheres, que (pelo que entendi)
eram contratadas para esse propósito. Mas eu não vi pessoa alguma derramar
uma lágrima. Pelo que parece não era o costume deles!

15/06 – sexta-feira – Meu cavalo estava cansado à tarde, então, deixei-o para
trás e tomei emprestado outro de meu companheiro. Às onze horas, fui para
Aymo e, de boa vontade, poderia ter passado o descanso da noite por lá,
porém uma boa senhora não pensava da mesma maneira. A princípio, ficou
calada. Por fim, abriu a porta – ampla o suficiente, e deixou quatro cães
virem para cima de mim. Então cavalguei para Ballybrittas, esperando
igualmente uma áspera saudação de um enorme cão que costumava ficar no
pátio, mas ele não se agitou, até que o criado veio e ele entrou. Por volta das
onze horas, deitei-me. Penso que esse foi o dia mais longo de jornada que já
cavalgara: cinquenta milhas (velha medida irlandesa), que soma cerca de
noventa milhas inglesas.

15/08 – quarta-feira. Convenci-me perfeitamente do que há muito


suspeitava. 1. Que os “montanistas”, no segundo e terceiros séculos, eram
cristãos reais e bíblicos; e 2. que a grande razão pela qual os dons
miraculosos foram tão logo sufocados não foi apenas porque a fé e a
santidade estivessem bem perto de serem perdidas, mas porque os homens
ortodoxos e estéreis começaram a ridicularizar qualquer que fosse o dom que
eles próprios não tivessem e a depreciá-los como loucura ou embuste.

17/09 – segunda-feira. Meu irmão partiu para o norte, mas retornou no dia
seguinte, sentindo-se muito mal. Quão pouco conhecemos dos conselhos de
Deus! Porém, eles são sábios e graciosos.

19/09 – quarta-feira. Quando voltei para casa, à noite, encontrei meu irmão
bem pior. Ele ficou várias noites sem dormir; e não esperava nada de
ninguém, a não ser dos opiatos.181 Fui até nosso irmão (em Cristo) que
estava na sala abaixo e fizemos nosso pedido conhecido diante de Deus.
Quando subi novamente, ele estava num sono profundo, que durou até de
manhã.

23/09 – domingo. Com meu irmão ainda incapacitado para me auxiliar, tive
mais trabalho hoje do que esperava. De manhã, li as orações, preguei e
ministrei o sacramento a uma grande congregação, em Spitalfields. O culto
na West Street continuou das nove até a uma hora da tarde. Em Moorfields,
às cinco horas, chamei os pecadores ao arrependimento. E, quando terminei
meu trabalho, sentia mais vivacidade e força do que às seis horas da manhã.

17/11 – sábado. Terminei de ler aquele tratado muito curioso: “Um Credo
Fundamentado sobre o Bom Senso”. Sua essência, eu admiro como muito
engenhosa, mas ainda não posso acreditar: 1. Que os Dez Mandamentos não
foram designados como uma regra completa de vida e comportamento; ou 2.
Que o Antigo Testamento nunca foi entendido até 1700 anos depois de
Cristo.

3/12 – segunda-feira. Cavalguei para Canterbury e preguei sobre Apocalipse


20. Algumas poucas pessoas turbulentas fizeram barulho e me certifiquei que
isto era habitual. Na noite seguinte, percebendo que haviam se reunido
novamente, tornei a falar-lhes mais livremente.

Pareceram não estar nem um pouco confusos e foram embora quietos como
cordeiros.

5/12 – quarta-feira. Caminhei pela catedral e observei os monumentos dos


antigos homens de renome. Alguém poderia pensar que tal panorama seria
um “balde de água fria” na vaidade humana. O que foi feito do grande, do
justo e do valente? Do guerreiro inigualável? Do poderoso monarca?

“Um monte de poeira é tudo que restou de ti! Isso é tudo que tu és, e tudo que
o orgulhoso deverá ser!”
2/02 – sábado.
1751
Tendo recebido a resposta completa do Sr. P, fiquei completamente
convencido de que deveria me casar. Por muitos anos permaneci solteiro,
porque poderia ser mais útil assim do que estando casado. E louvo a Deus
que me possibilitou agir assim. Mas agora estou plenamente convencido de
que em minhas atuais circunstâncias serei mais útil casado; assim, com essa
clara convicção e por conselho de meus amigos, casei-me poucos dias depois.

10/02 – domingo. Depois de pregar, às cinco horas, apressei-me para


despedir da congregação em Snowsfields, propondo partir de manhã para o
norte; quando, no meio da Ponte de Londres, meus pés escorregaram no gelo
e eu caí com grande força, com o osso do meu tornozelo batendo no topo de
uma pedra. Entretanto, segui em frente, com alguma ajuda até a capela;
resolvido a não desapontar as pessoas. Depois de pregar, tive minha perna
enfaixada por um cirurgião, mas dei um jeito de caminhar até Seven Dials.
Foi com muita dificuldade que cheguei ao púlpito, mas Deus confortou muito
nossos corações!

Voltei, em uma carruagem, para a casa do Sr. B. e de lá, em uma cadeira,


para a fundição; mas não fui capaz de pregar, pois minha torcedura foi
ficando pior. Então me removi para Threadneedle Street, onde passei o
restante da semana; em parte, orando, lendo ou conversando; em parte,
escrevendo a “Gramática Hebraica” e “Lições Para as Crianças”.

17/02 – domingo. Fui carregado para a fundição e preguei de joelhos (visto


que não podia ficar em pé) sobre parte do vigésimo terceiro Salmo: “O
Senhor é o meu pastor e nada me faltará!”182 Meu coração foi ampliado e
minha boca abriu-se para declarar as maravilhas do amor de Deus.

18/02 – segunda-feira. Era o segundo dia que eu havia determinado para


minha jornada, mas me senti desapontado novamente, não sendo ainda capaz
de colocar meus pés no chão. Entretanto, preguei (de joelhos) na terça-feira à
noite, e na quarta-feira de manhã.

4/03 – segunda-feira. Nossa conferência começou, e quanto mais


conversávamos, mais o amor fraternal aumentava. Eu esperava ouvir muitas
objeções às nossas primeiras doutrinas, mas ninguém pareceu ter qualquer
uma. Parecíamos de uma única mente e de um só coração.

15/03 – sexta-feira. Mencionei tudo o que pensei ser inoportuno ou carente a


qualquer um de nossos irmãos. Isso foi recebido, no espírito justo, com muito
amor e atenção séria e sincera. Creio que ninguém saiu da conferência
descontente, mas, pelo contrário, abençoado pela consolação de Deus.

19/03 – terça-feira. Terminado o trabalho pelo qual vim para Bristol, parti
novamente para Londres; onde muitos me solicitaram que passasse alguns
dias mais, antes que me comprometesse com minha jornada para o norte.
Então, fui, na quinta-feira, e depois de acertar todas as minhas tarefas, parti
novamente, na quarta-feira, dia 27. Não posso entender como um pregador
metodista pode responder a Deus, pregar um sermão ou viajar um dia mesmo
sendo casado em vez de solteiro. Neste aspecto, certamente, “é porque
aqueles que têm esposas agem como se eles não tivessem!”

1/04 – segunda-feira. Cavalguei para Dudley. O grito sinistro com que fomos
recebidos na cidade nos deu motivo para esperarmos o mesmo tipo de
recepção que tivemos, quando estivemos ali antes. Comecei a pregar
imediatamente em um terreno, não muito longe da rua principal. Alguns, a
princípio, pareceram inclinados a interromperem, mas, quando ouviram um
pouco, ficaram mais atentos e muito calmos até o fim, embora chovesse
grande parte do tempo.

Eu havia pedido que John Haime pregasse em Wednesburry; mas, quando


cheguei, ele havia começado o hino. Assim, tive uma oportunidade que não
esperava de falar novamente para aquele povo desejoso. Que obra teria
existido em todas essas partes se não fosse por duvidosas disputas! Se os
predestinacionistas não atirassem de volta aqueles que começaram a correr
bem, parcialmente no mundo, parcialmente para os batistas e parcialmente
em disputas intermináveis concernentes aos conselhos de Deus! Enquanto
conduzíamos nossas vidas por nós mesmos, nenhum desses se aproximou. As
ondas eram muito altas para eles; mas, quando tudo estava calmo, eles se
derramaram por todo lado e nos privaram de nossos filhos. Com esses,
formaram uma sociedade aqui, uma em Dudley e outra em Birmingham.
Muitos, na verdade, embora arrancados de nós, não permaneceram com eles,
mas irromperam no mais selvagem fanatismo. Porém, mesmo assim, todos
eles eram chamados metodistas e, por isso todas as suas bebedeiras e
blasfêmias (não imputadas a um crente) foram imputadas a nós.

03/04 – quarta-feira. Terminei de visitar as classes miseravelmente


destruídas por semeadores de estranhas doutrinas. À uma hora, preguei em
Tipton-Green, onde os batistas também têm devastado o rebanho; o que me
constrangeu a falar sobre essas palavras. “Levanta-te, e batiza-te, e lança fora
teus pecados”, com o propósito de passar dez minutos em controvérsia; o que
é mais do que fiz em público por muitos meses (talvez anos) antes.

24/04 – quarta-feira. Alcançamos Musselburgh entre quatro e cinco horas.


Não tinha intenção de pregar na Escócia, nem imaginei que houvesse alguém
que desejasse que eu o fizesse. Mas estava enganado. A curiosidade (se nada
mais) trouxe abundância de pessoas esta noite. E, visto que na igreja (Sra. G.
me informou) é costume haver risadas, e conversas e todas as formas de
grotesca desatenção, foi bem ao contrário aqui; eles permaneceram como
estátuas, do começo ao fim do sermão.

11/05 – sábado. Retornamos para Epworth, para um povo morto e insensível.


Por isto, não me surpreendi, quando fui informado que: 1. alguns de nossos
pregadores tinham diligentemente juntado e recontado tudo de mal que
puderam ouvir a meu respeito; 2. alguns deles tinham quase colocado de lado
nossos hinos, assim como a doutrina que anteriormente pregavam; 3. um
deles falava frequentemente contra nossas regras e os outros negligenciavam-
nas completamente. Nada, portanto, a não ser o grande poder de Deus, teria
mantido as pessoas tão bem quanto estavam.

8/07 – segunda-feira. Escrevi um relato sobre aquele tremendo enganador de


si mesmo e hipócrita, James Wh. Que escândalo sua maldade obstinada
trouxe para o Evangelho! E que maldição sobre sua própria cabeça! Depois
de considerar profundamente o assunto, li o seguinte texto, antes de entregá-
lo em suas mãos:

“25 de junho, 1751.

“Porque você tem trabalhado tolamente em Israel, afligido o Espírito Santo


de Deus, traído sua própria alma na tentação e pecado e as almas de muitos
outros, as quais você deveria, mesmo expondo-se ao perigo, ter protegido de
todo pecado; porque você tem dado oportunidade aos inimigos de Deus
quando quer que eles saibam dessas coisas, de blasfemar dos caminhos e da
verdade de Deus, não podemos, de maneira alguma, recebê-lo como um
colaborador, até que vejamos provas evidentes de seu real e profundo
arrependimento. E isto você ainda não nos deu. Você não nomeou uma única
pessoa, em toda a Inglaterra ou Irlanda, com a qual você se comportou mal,
exceto aquelas que soubemos antes”.

“A menor e mais insignificante prova de tal arrependimento que podemos


exigir é esta: até nossa próxima conferência (que esperamos que aconteça em
outubro) você se absterá tanto de pregar, quanto de praticar medicina. Caso
contrário, esteja certo de que não poderemos responder pelas consequências”.

J. Wesley/Charles Wesley. Devido a alguns que vieram de Lincolnshire, no


início de agosto, escrevi a seguinte carta:
“Londres, 15 de agosto, 1751.
Rev. Senhor Richard Bailey, Vigário de Wrangle

“1. Tomo a liberdade de informá-lo que um pobre homem, professor de sua


paróquia, esteve comigo por algum tempo, assim como estiveram dois outros,
alguns dias atrás, que viviam em Wrangle ou nas redondezas. Se o que eles
afirmaram é verdade, você deve estar muito preocupado com alguns
acontecimentos recentes aí. A história é a seguinte: uma plebe revoltosa, por
várias vezes, especialmente no dia 7 de julho e no dia 4 deste mês,
violentamente assaltou um grupo de pessoas calmas, golpeou muitas delas,
bateu em outras, arrastou algumas para fora, as quais, depois de ultrajada de
várias maneiras, foram atiradas em valas ou em águas profundas, correndo
risco de morte. Porém, não satisfeitos com isto, arrombaram a casa,
arrastaram um pobre homem da cama e o levaram para fora nu; e também
danificaram os bens; ao mesmo tempo que ameaçaram dar a todos o mesmo
tratamento ou algo pior, se não desistissem de adorar a Deus; o que
acreditavam ser o certo e bom”.

“2. Fui informado de que os pobres sofredores suplicaram por socorro ao Juiz
de Paz da vizinhança. Mas não o tiveram. Muito longe disto, o próprio juiz
disse-lhes que o tratamento era bom o suficiente para eles e que, se
prosseguissem (adorando a Deus de acordo com sua própria consciência) a
plebe abusaria deles novamente”.

“3. Admito que algumas dessas pessoas possam ter se comportado com
paixão e de modo grosseiro. Mas, se o fizeram, existe alguma proporção entre
o erro e a punição? Ou, se a punição foi merecida, a lei orienta que uma plebe
revoltosa seja a sua executora?”.

“4. Admito, também, que este cavalheiro – o juiz – supôs que as doutrinas
metodistas (assim chamadas) fossem extremamente más. Mas, ele está seguro
disto? Ele leu seus escritos? Se não, porque pronuncia a sentença antes de
ouvir a evidência? Se sim, e ele crê que elas estão erradas, mesmo assim, será
que este método de refutação deve ser usado em um país cristão, um país
protestante? Especialmente na Inglaterra, onde cada homem pensa por si
mesmo, já que deve dar contas de si mesmo perante Deus?”

“5. O resumo de nossa doutrina, com respeito à religião interior (do modo
como a entendo), está compreendido em dois pontos: amar a Deus de todo
nosso coração e amar nosso próximo como a nós mesmos. E, com respeito à
religião exterior, em mais dois: fazer tudo para a glória de Deus, e o fazer
tudo que desejaríamos que nos fosse feito nas mesmas circunstâncias.”

“Acredito que ninguém refutará facilmente isto por meio da Escritura e da sã


consciência, nem provará que pregamos ou abraçamos qualquer outra
doutrina como necessária para a salvação.”

“6. E penso que seja meu dever, Senhor, apesar de ser um estranho para você,
dizer-lhe tudo isto e requerer duas coisas: 1). que o dano que esse pobre povo
tem suportado seja reparado e, 2). que eles possam, daqui para frente, ser
admitidos para desfrutar do privilégio inglês de servir a Deus de acordo com
os ditames de sua própria consciência. Sob essas condições, eles estão
sinceramente dispostos a esquecer tudo que é passado. Desejando-lhe toda a
felicidade, espiritual e temporal permaneço, Reverendo Senhor, seu afetuoso
irmão e servo”.

J. Wesley

25/08 – domingo. Ouvi na igreja, ao invés de um sermão, parte de “Papistas e


Metodistas Comparados”. Mas isto não diminuiu a congregação. Aos quais
reforcei (com o que eles ficaram de certa forma preocupados): “Que proveito
tem um homem ganhar o mundo todo e perder sua própria alma?”183

2/11 – sábado. O Sr. Arvin, de acordo com minha vontade, informou ao Sr.
M. que estava desejoso de dar-lhe vinte libras por ano para que me assistisse
uma vez por semana. Ele o recusou com a mais extrema indignação e desde
esse dia falou toda sorte de coisas ruins contra mim.

19/11 – terça-feira. Comecei escrevendo uma carta a quem comparo os


católicos aos metodistas. Trabalho árduo, tal como nunca escolhi; mas, que,
algumas vezes, precisa ser feito. Bem diria o ancião: “Deus faz a teologia
prática necessária, o diabo, a polêmica”. Mas é necessário: devemos “resistir
ao diabo ou ele não irá fugir de nós”.184Pregação em uma capela
22/03 – domingo. Depois de pregar, às cinco
horas, retornei 1752
para Birmingham. Muitos estavam apavorados por causa da minha pregação
na rua, esperando não sei quais danos que poderiam ser causados. Medo vão!
Não vi uma pessoa que tivesse se comportado de maneira imprópria enquanto
declarei: “Existe alegria nos céus por causa de um pecador que se
arrepende”.185 À uma hora da tarde, preguei em Tipton Green, para uma
grande congregação, embora o vento estivesse pronto para nos cortar em
dois; e, por volta das cinco horas, para uma congregação ainda maior, em
Wednesbury, onde, a despeito de toda a astúcia do diabo e do artifício dos
homens, o Evangelho claro e genuíno moveu-se e foi glorificado.

26/03 – quinta-feira. Cavalgamos, através do vento e da neve, e alcançamos


Manchester. À noite, fiquei aflito ao ouvir, em todos os lugares desde que
cheguei em Cheshire até agora, que John Bennet ainda falava todo tipo de
mal, assegurando, onde quer que fosse, que o Sr. Wesley não pregava outra
coisa a não ser o Catolicismo Romano e negava a justificação pela fé, e não
considerando a Cristo. Senhor, não deite esse pecado sobre sua
responsabilidade!

31/03 – terça-feira. Thomas Mitchell deu-me um completo relatório de John


Bennet renunciando a toda ligação comigo; e acrescentando: “Em 30 de
dezembro último, depois de ter dito muitas coisas amargas sobre você para a
congregação em Bolton, ele mostrou suas armas e exclamou três vezes:
Papista! Papista! Papista! Eu não estava ligado a ele, nesses três anos, nem
irei me ligar mais. E a mesma coisa ele disse para todos os administradores
na reunião quinzenal, no Réveillon”.

9/06 – terça-feira. Preguei, ao lado de uma montanha, para uma congregação


grande e sincera e, então, segui para Mille Barn. Preguei, às seis horas, na
cidade, e suponho que todos os moradores, jovens e velhos, estavam
presentes. Não tenho visto com tanta frequência uma congregação tão grande,
tão universal e profundamente tocada.
Minha hospedaria não foi exatamente aquela que tinha escolhido, mas o que a
Providência escolhe é sempre bom! Minha cama consideravelmente abaixo
do nível da rua; o quarto servia tanto como quarto de dormir quanto porão. O
abafamento foi mais perturbador, a princípio, que a friagem; mas deixei um
pouco de ar fresco entrar, quebrando um vidro da janela, ou melhor, rasgando
o papel da janela (que foi colocado no lugar do vidro) e, então, dormi
profundamente até de manhã.

14/06 – domingo. Depois de pregar à tarde, aproveitei a ocasião para dizer a


toda a congregação que houve um engano no que diz respeito à casa que John
Bennet imaginou que eu tivesse trabalhado para fazer dela minha
propriedade; mas o Sr. Grimshaw esclareceu, assegurando ao Sr. Bennet 1.
que não sabia do documento relativo à casa até o dia em que ele foi feito; 2.
que não tenho propriedade nela, apenas uma cláusula tinha sido inserida,
onde o Sr. Grimshaw, meu irmão e eu fomos autorizados a designar os
pregadores para aquele lugar.

15/06 – segunda-feira. Tive muitas pequenas experiências nessa jornada, de


um tipo que não conheci antes. Tomei emprestado uma égua jovem e forte,
quando parti de Manchester; mas ela ficou manca antes que chegasse em
Grimsby. Procurei uma outra, mas fiquei a pé novamente entre Newcastle e
Berwick. Em meu retorno para Manchester, peguei a minha égua, mas ela
havia se machucado no pasto. Não obstante, pensei em cavalgar com ela
quatro ou cinco milhas hoje, mas ela fugiu do pasto e não ouvimos mais falar
dela. Entretanto, me confortei, pois tinha uma outra em Manchester, que
havia comprado recentemente; mas, quando lá cheguei, certifiquei-me que
alguém a tinha emprestado também e cavalgado com ela até Chester.

3/07 – sexta-feira. Disse, pela manhã, ao Sr. Parker: “Considerando o bem


que já tem sido feito ali, espero que o povo de Chester esteja bem calmo”. Ele
respondeu: “Não espere que sejam assim sempre”. Portanto, uma das
primeiras coisas que ouvi, depois de ter vindo para a cidade, foi que, duas
noites antes, a turba fora empregada para por abaixo a casa onde eu tinha
pregado. Eu perguntei: “Não existem magistrados na cidade?” Muitos me
responderam: “Fomos até o prefeito, depois da primeira revolta, e pedimos
uma escolta para trazer os desordeiros diante dele, mas ele definitivamente
recusou-se a dar ou tomar quaisquer informações sobre isso”. Assim, não
tendo sido perturbados, eles se reuniram novamente, na noite seguinte, e
terminaram o que vieram fazer.

21/07 – terça-feira. Inquiri sobre as condições da sociedade que ainda


consistia de aproximadamente quatrocentos e vinte membros, embora muitos
estivessem bastantes chocados, principalmente pelas várias opiniões que
alguns, mesmo dentre os nossos próprios pregadores, propagaram.

4/08 – terça-feira. Preguei, por volta do meio-dia, na Street, para uma


congregação cortês despreocupada e, às seis da tarde, em Abidarrig, uma
milha perto de Kenagh. Muitos católicos estiveram presentes e me preocupei
muito com eles, não podendo deixar de me dirigir a eles em particular,
exortando-lhes a confiar plenamente no único Mediador entre Deus e o
homem.

8/08 – sábado. Visitei um jovem animado, que havia recentemente se casado


aos noventa e dois anos de idade. Ele serviu como oficial, tanto na armada do
Rei William, quanto na da Rainha Anna, e, um ou dois anos atrás, começou a
servir ao Príncipe da Paz. Ele tem todas as suas faculdades mentais e
corporais preservadas; trabalha em seu jardim por algumas horas todos os
dias e louva a Deus, que tem prolongado a sua vida para tão bom propósito.

23/08 – domingo. Às oito horas, a casa não pôde conter a congregação, ainda
que eu preferisse uma congregação pequena e pacífica a uma enorme, porém
barulhenta e tumultuada. Na segunda e terça-feira, examinei cuidadosamente
a sociedade e coloquei para fora todos que não caminhavam de acordo com o
Evangelho. Encontrei cerca de trezentos que ainda se esforçavam para ter
“uma consciência livre de ofensa para com Deus e o homem”.

14/09 – quinta-feira. (Assim devemos chamar agora, visto que o Estilo Novo
toma lugar).186 Cavalguei para o pântano de Boira [Paróquia de Kiltnsk],
onde uma porta grande e eficaz está aberta. Na sexta-feira, à tarde,
cavalgamos para Gorey e, no dia seguinte, para Dublin.

24/09 – domingo. À tarde, propus para a sociedade a construção de uma casa


de pregação. No dia seguinte, dez pessoas ofertaram cem libras, outras cem
foram ofertadas em três ou quatro dias e um terreno comprado. Eu vi uma
dupla providência agora, por não termos velejado a semana passada. Se
tivesse ido, provavelmente esta casa nunca seria construída; e nós,
igualmente, teríamos desaparecido. Fomos informados de que, na última
tempestade, cerca de trinta navios se perderam nestas costas.

1752 - 1753
6/10 – sexta-feira. O navio encalhou; então pegamos um barco e chegamos
em Cave, à noite. Com as pousadas todas cheias, alojamo-nos em uma casa
particular; mas acabamos encontrando um inconveniente: não tínhamos nada
para comer, porque nossas provisões tinham ficado à bordo e não havia nada
que pudesse ser comprado na cidade; nem carne, nem peixe, nem manteiga,
nem queijo. Por fim, procuramos alguns ovos e pão e ficamos bem satisfeitos.

30/10 – segunda-feira. Cavalguei para Salisbury e, nos dois dias seguintes


examinei severamente os membros da sociedade; na quinta-feira, deixei-os
determinados a permanecer no bom e velho caminho, em todas as ordenanças
e mandamentos de Deus. À tarde, esforcei-me para reunir o rebanho pequeno
e disperso em Winterbourne.

No restante deste mês e no mês seguinte, preparei os demais livros para a


Biblioteca Cristã, um feito no qual gastei mais de duzentas libras. Talvez, a
próxima geração reconheça o valor disso.
20/01 – sábado. Aconselhei alguém que
esteve preocupado, 1753
durante muitos anos, com uma enfermidade paralítica intratável, para que
tentasse um novo medicamento. Assim sendo, ele foi submetido a choques
elétricos e encontrou imediata ajuda. Através desses mesmos meios, eu soube
de duas pessoas curadas de uma inveterada dor de estômago, e outra de uma
dor no quadril, que tinha desde que era uma criança. Não obstante, quem
pode se admirar que muitos cavalheiros da faculdade, assim como seus bons
amigos, os farmacêuticos, depreciem uma medicina tão grandemente barata e
fácil, tanto quanto mercúrio e água de alcatrão?

3/02 – sábado. Visitei uma pessoa na prisão de Marshalsea; um berçário para


todo tipo de maldades. Oh! Que vergonha para o homem o fato de existir tal
lugar, como um retrato do inferno na terra! E que vergonha para aqueles que
levam o nome de Cristo, o fato da cristandade ainda necessitar de qualquer
prisão afinal!

8/02 – quinta-feira. Uma proposta foi feita para transferir todo trabalho
temporal, livros e tudo mais, inteiramente aos administradores, de maneira
que eu não teria outra preocupação sobre mim (em Londres, pelo menos), a
não ser as almas recomendadas à minha responsabilidade. Oh! Quando isto
acontecerá? A partir de hoje? À tarde, visitei muitos enfermos, mas me
entristeci por ver tal cenário ainda inalterado. Não existe nenhum, como tal, a
ser encontrado em um país pagão. Se algum dos índios na Geórgia estivesse
doente (o que, na verdade, raramente aconteceu até que eles aprendessem a
glutonaria e bebedeira dos cristãos), aqueles que estivessem perto dele lhe
dariam o que precisasse. Meu Deus! Quem converterá o inglês num honesto
pagão? Na sexta e sábado, visitei tantos quanto pude. Encontrei alguns em
suas celas subterrâneas; outros em seus sótãos, subnutridos de água e comida,
acrescidos de fraqueza e dor. Mas não encontrei nenhum entre eles
desocupado que fosse capaz de rastejar pela sala. Tão mal e diabolicamente
falsa é a objeção comum: “Eles são pobres apenas porque são preguiçosos”.
Se você visse essas coisas com seus próprios olhos, você gastaria dinheiro em
ornamentos ou superficialidades?
17/02 – sábado. Aprendi nas “Cartas do Dr. Franklin”:187 1. Que o fogo
elétrico (ou éter) é uma espécie de fogo, infinitamente mais sutil do que
qualquer outro já conhecido. 2. Que ele é difundido, em aproximadamente
iguais proporções, através de quase todas as substâncias. 3. Que, por ampla
que seja a sua difusão, ele não tem efeito discernível. 4. Que, se alguma
quantidade dele for coletada, quer pela arte ou natureza, ele então se torna
visível na forma de fogo, e expressivamente poderoso. 5. Que ele é
essencialmente diferente da luz do sol, porque invade milhares de corpos que
a luz não pode penetrar e, ainda assim, não penetra o vidro, o que a luz
penetra tão livremente. 6. Que o raio não é outro senão que o fogo elétrico,
produzido por uma ou mais nuvens. 7. Que todos os efeitos da luz podem ser
efetuados por um fogo elétrico artificial. 8. Que alguma coisa pontiaguda,
como a ponta mais alta ou árvore, atrai o raio exatamente como uma agulha o
fogo elétrico. 9. Que o fogo elétrico, descarregado em um rato, ou um
pássaro, matará instantaneamente. Mas, descarregado sobre alguém
mergulhado em água, deslizará e não causará dano. Da mesma forma, o raio
que matará um homem instantaneamente, não o machucará se ele estiver
totalmente molhado. Que espantoso cenário está aqui aberto para as gerações
futuras aperfeiçoarem!

21/02 – quarta-feira. Visitei mais pobres doentes. A engenhosidade de


muitos deles me surpreendeu. Vários que eram incapazes de caminhar, eram,
não obstante, capazes de trabalhar; alguns, sem qualquer fogo (amargamente
frio como está), e outros, suspeito, sem qualquer comida; mesmo que não
sem “aquele alimento que durará para a vida eterna”.

28/02 – quarta-feira. Cavalgamos para Bristol. Dei uma olhada no livro do


Sr. Prince “História Cristã”.188 Que diferença espantosa existe entre a
maneira como Deus tem conduzido sua obra na Inglaterra e na América! Lá,
acima de cem clérigos estabelecidos, homens de desenvolvimento intelectual
e experiência, e de maior nota pelo senso de aprendizado naquelas partes,
estão zelosamente engajados na obra. Aqui, quase todo corpo de clérigos de
idade, experiência e aprendizado está zelosamente engajado contra, sem
nome, sem aprendizado ou senso eminente. E, ainda assim, por meio daquele
grande número de homens honrados, a obra raramente floresceu acima de
seis meses, num momento e, então, seguiu-se uma queda lamentável e geral,
antes do seu próximo reavivamento; enquanto, que, esse que Deus tem
forjado através desses instrumentos desprezados, tem continuamente
aumentado por quinze anos consecutivos e, ainda que em algum tempo
decline em algum lugar, ele irá ainda mais eminentemente florescer em
outros.
16/03 – sexta-feira. Retornei para Bristol e, na segunda-feira, dia
19, parti, com minha
esposa, para o norte. Preguei, à tarde, em Wallbridge, perto de Stroud. Como
a casa era muito pequena, muitos permaneceram do lado de fora, mas, nem
antes, nem depois da pregação (muito menos enquanto eu estava pregando),
ouvi o som de alguma voz; nem de qualquer passo; em silêncio tão profundo
eles vieram, ouviram e foram embora.

4/04 – quarta-feira. Terminei a inspeção da sociedade em Manchester, entre


os quais havia dezessete soldados da cavalaria. É notável que esses
estivessem no mesmo regimento que John Haime, em Flanders; mas
desdenharam dele e de seu Mestre, até que foram removidos para
Manchester. Aqui, um e outro entraram, casualmente, sem saber por que,
para ouvir a pregação. Agora, são um padrão de seriedade e zelo em toda
conversa santa.

28 de maio de 1753
A George Whitefield
“Meu querido irmão,

“Entre quarenta e cinquenta de nossos pregadores se encontraram


ultimamente em Leeds, e todos, creio eu, o estimam no amor por causa de sua
obra. Estou desejoso, através deles, de mencionar-lhe alguns detalhes, com o
objetivo de uma união ainda mais firme entre nós”.

“Vários deles tem se afligido com o fato de você mencionar, em meio ao


nosso povo (em conversa privativa, senão em pregação pública), algumas
daquelas opiniões que não acreditamos ser verdadeiras, tais como ‘um
homem pode ser justificado e não saber disto’; ou que ‘não existe
possibilidade de cair da graça’; e que ‘não existe perfeição nesta vida’”.

“Eles compreendem que isto não foi feito como deveria, e que, em vez de
criar paz, trouxe confusão. Eles estão igualmente preocupados com o fato de
você, algumas vezes, falar levianamente sobre a disciplina recebida em nosso
meio em geral, algumas delas em especial. Para eles isto não é delicado, nem
justo, nem consistente com a profissão que você fez em outros tempos”.

“Acima de tudo, estão inquietos com a forma como seus pregadores (assim
eu chamo aqueles que pregam no Tabernáculo) falam muito frequentemente
de meu irmão e de mim, em parte de maneira mais escarnecedora e
desprezível, relatando uma centena de estórias chocantes como fatos
inquestionáveis e propagando-as com diligência e um ar de triunfo de onde
quer que venham”.

“Estava desejoso de mencionar estas coisas por meio de todos os nossos


irmãos. Dois ou três deles pediram-me em particular para mencionar além
disso, que, quando você estava no norte, sua conversa não foi tão útil como
era esperado, visto que geralmente se voltava não para as coisas de Deus, mas
para as coisas insignificantes e indiferentes; que todo seu procedimento não
foi tão sério como eles desejavam, e frequentemente misturado com risos
desnecessários; e que aqueles que abominam qualquer leviandade de
comportamento e se esforçam sempre para falar e agir como que diante de
Deus, você mais enfraqueceu que fortaleceu, afirmando que eles estavam em
escravidão ou eram fracos na fé”.

“Estou certo de que você receberá essas curtas linhas no mesmo sentimento
em que as escrevi. Que você possa prosperar mais e mais, tanto em sua alma
quanto em seu próprio trabalho, é o desejo amoroso, meu querido irmão”,

“De seu afetuoso colaborador”,


J. Wesley

18/07 – quarta-feira. Partimos para o oeste e, na sexta-feira, dia 20,


chegamos em Plymouth Dock. Constatei que muito dano foi causado por
aqui, por conta do zelo amargo de dois ou três que idolatram suas próprias
opiniões. Dois anos antes, eles prometeram, da forma mais solene, abandonar
toda controvérsia; mas, rapidamente depois o fogo irrompeu, sob uma nova
forma, e tem devorado desde então.

21/07 – sábado. Esforcei-me para convencê-los de que estavam destruindo,


ao invés de promover, a obra de Deus, e, no domingo, quando falei com a
sociedade e com um por um, eles pareceram uma vez mais acordados para os
conselhos de Satanás.

24/07 – terça-feira. Cavalgando para Camelford, fui tomado de sangramento


tão intenso em meu nariz, como não tive desde meu retorno da Geórgia. Por
uma milha ou duas, ele aumentou mais e mais, e, então, de repente, parou por
si mesmo. Então, cavalguei confortavelmente (embora o dia estivesse
extremamente quente) e alcancei St. Agnes à tarde.

29/07 – domingo. De manhã, acordei entre duas e três horas da madrugada.


Tenho tido corrimento no nariz há vários dias. No domingo, isso aumentou,
mas eu estava resolvido, com a ajuda de Deus, a pregar onde havia
designado. Tinha agora, juntamente com o fluxo, uma dor de cabeça
contínua, vômitos violentos e diversas vezes no dia câimbra nos meus pés ou
pernas; algumas vezes em ambas as pernas e ambas as coxas ao mesmo
tempo. Mas Deus me capacitou a estar completamente satisfeito e
agradecidamente resignado. Pedi a alguém para pregar em meu lugar em
Ludgvan, ao meio-dia, e em Helston, à tarde; e outro, na terça-feira, ao meio-
dia, em Porkellis; prometendo que, se me sentisse capaz, os encontraria à
tarde.

31/07 – terça-feira. Depois de viver um dia e meio com vinho tinto e água,
senti-me tão melhor que pensei que pudesse cavalgar para Crowan. Não
encontrei qualquer inconveniente na primeira hora, mas, na segunda, minha
enfermidade retornou. Entretanto, continuei em frente, relutante em
desapontar a congregação. Preguei sobre: “Não se preocupe com coisa
alguma”. Depois, segui direto, tão rápido quanto convenientemente pude,
para a casa do Sr. Harris, em Camborne.

1/08 – quarta-feira . Às duas e meia da manhã, minha enfermidade voltou


com mais violência do que nunca. A câimbra igualmente retornou, algumas
vezes em meus pés e mãos, outras em minhas coxas, meu lado e minha
garganta. Sentia também um mal estar contínuo e a sensação de estômago
cheio, como se estivesse ponto de estourar. Eu vomitava, mas dificilmente o
esvaziava todo; nem coisa alguma que tomasse causava qualquer alteração.
Continuei assim o dia todo e durante toda a noite seguinte; mas, apesar disso,
não pude deixar de observar particularmente que não tive dor de cabeça,
cólica ou qualquer dor (apenas câimbra), do começo ao fim.
2/08 – quinta-feira. Percebendo que não tive qualquer melhora, mas, ao
contrário, fui ficando cada vez mais fraco, e meu estômago continuou
piorando, de modo que não podia ficar de pé, nem me deitar, a não ser do
meu lado direito; mandei um recado para o Sr. Carter, de Redruth, que veio
me ver sem demora. Aqui, novamente, vi a providência graciosa de Deus,
pondo-me nas mãos de um homem sensível e habilidoso. Ele me aconselhou
a persistir no mesmo regime em que estava e não me prescreveu
medicamento algum, exceto uma pequena dose de ruibarbo.189 Mas até
mesmo isso (como eu esperava que acontecesse) vomitei imediatamente. Eu
estava muito satisfeito com o melhor conselho que encontrei, embora minha
enfermidade continuasse tanto quanto antes. Mas, por volta das cinco horas
da tarde, ela cessou de repente, sem qualquer causa discernível. A câimbra
também foi embora, meu estômago ficou melhor e eu pude me deitar e
dormir até às seis horas da manhã.

3/08 – sexta-feira. Comecei a recuperar minhas forças, de maneira que pude


me sentar por duas horas seguidas. A partir daí, não senti qualquer
inconveniência, apenas não podia falar ou ficar muito tempo sem repousar.

5/08 – domingo. À tarde, cavalguei para Redruth e preguei para uma grande
congregação, em uma parte aberta da rua. Minha voz estava baixa, mas, com
o dia calmo, acredito que todos puderam me ouvir. Terminada a pregação,
senti-me consideravelmente mais forte do que quando comecei.

11/08 – sábado. A chuva parou ao meio-dia, e tive a oportunidade de pregar


na praça do mercado, em Camelford. Vi apenas uma pessoa na congregação
que não estava profundamente séria. E (o que lamentei ouvir) tratava-se do
pároco auxiliar daquela paróquia. Assim que saímos, enfrentamos uma chuva
como nunca vimos antes na Europa. Mas ela não nos causou dano; chegamos
bem, embora ensopados, em Gennys. Eu ainda não tinha visto tantas pessoas
no domingo nessa igreja; nem falado tão claramente com eles antes. Eles
ouviram, mas quando sentirão? Oh! O que um homem pode fazer para
ressuscitar os corpos e as almas mortas?

No dia 13, a chuva caiu sobre nós por todo o caminho até Launceston.
Preguei, ao meio-dia, mas não fiquei seco até à tarde. Ainda assim, não fiquei
resfriado. O que pode causar dano, sem a permissão de Deus?
14/08 – terça-feira. Aceitei prontamente a oferta para pregar na casa
recentemente construída para o Sr. Whitefield, em Plymouth Dock. Assim,
pareceu-nos apropriado pisarmos na idolatria e no zelo partidário. Não deve
todo aquele que ama a Deus amar também ao próximo?

24/08 – sexta-feira. Esforcei-me, uma vez mais, para trazer ordem à Escola
de Kingswood. Certamente a importância desse objetivo é evidente, mesmo
com as dificuldades que a cercam. Gastei mais dinheiro, tempo e cuidado
com isso do que com quase todos os desígnios que sempre tive; e, ainda
assim, isto exercita toda a paciência que tenho, mas compensa todo o
trabalho. Na segunda-feira, dia 27, fui logo cedo para a New Passage, mas o
vento, mudando de direção, obrigou-me a esperar por aproximadamente seis
horas. Quando estávamos quase chegando, ele mudou novamente, de modo
que não pude aportar até entre seis e sete horas.

14/09 – sexta-feira. Li com atenção os “Princípios Filosóficos da Religião”,


de Chevalier Ramsay. Ele empreendeu resolver todas as dificuldades da
revelação cristã, permitindo-me apenas alguns postulados: 1. que as almas
humanas existiram e pessoalmente pecaram no Paraíso; 2. que as almas dos
brutos são anjos caídos; 3. que a dor é o único meio possível pelo qual o
próprio Deus pode curar o pecado; e 4. que ele irá, no final, através das dores
do purgatório, purificar e restaurar todos os homens, e todos os diabos.
Espantoso trabalho é esse!

5/10 – sexta-feira. Depois da pregação, às seis horas, deixei este povo


benevolente e amável; cavalguei para Cownes e atravessei para Portsmouth.
Aqui, encontrei outro tipo de pessoas, que haviam contendido pelo poder e
pela forma da religião. No entanto, esforcei-me (e não completamente em
vão) para diminuir e compor seus espíritos dissonantes, neste dia à tarde e no
dia seguinte. No domingo, ao meio-dia, preguei na rua, em Fareham. Muitos
prestaram bastante atenção, mas pareceram não sentir nem entender coisa
alguma. Às cinco horas, comecei a pregar em Portsmouth Common. Não me
admirei tanto do grande número de pessoas, quanto da decência de
comportamento incomum que correu por toda congregação. Depois do
sermão, dei-lhes uma longa explicação sobre a natureza e o objetivo de
nossas sociedades e pedi que, se algum deles quisesse, de boa vontade,
juntar-se a nós, que me visitasse, tanto naquela tarde, quanto de manhã. Não
fiz caso daquela sombra da sociedade que existia antes, sem classes, sem
ordem ou regras, nunca tendo visto ou ouvido as regras impressas, que devem
ter sido dadas a eles no primeiro encontro que tiveram.

24/10 – quarta-feira. Preguei, à tarde, sem qualquer inconveniente, e às cinco


horas da manhã; mas, por volta das nove horas, comecei a sentir calafrios
novamente. Depois de uma tremedeira de frio, deitei-me num suor profuso,
até oito horas. Então, gradualmente, fui esfriando, até que adormeci
rapidamente e descansei facilmente até de manhã. No dia 26, estando
determinado a usar aquele intervalo de saúde, procurei uma carruagem e
alcancei Brompton, à tarde. Falei, visto que fui capaz, à noite; e Deus deu
testemunho da palavra de sua graça. Nosábado, dia 27, fui para Londres, não
tendo sofrido nenhum dano, mas ao invés disso, benefício, pela viagem.

1/11 – quinta-feira. Comecei visitando as classes, embora tenha me


certificado, através da perda da minha voz, que as minhas forças corpóreas
ainda não estavam tão restabelecidas como imaginara anteriormente. No
sábado, dia 3, li sobre Andrew Frey e seu livro, “Razões para Deixar os
Irmãos”. A maior parte do que ele diz eu já sabia, ainda que não possa falar
deles (os morávios) da mesma maneira como ele faz. Sinto pena demais para
ser amargo!

8/11 – quinta-feira. À noite, minha enfermidade retornou ainda mais violenta


do que quando deixei Cornualha. Deveria ter tomado ipecacuanha190 (usada
principalmente no tratamento da disenteria amebiana) de manhã, mas, sem
tempo de sobra, porque minhas obrigações estavam agendadas a cada hora,
até quatro da tarde, e com todas as minhas queixas tendo desaparecido,
precisei apenas de um pouco de comida e descanso.

12/11 – segunda-feira. Parti em uma carruagem para Leigh, depois de adiar


minha jornada o quanto pude. Preguei, às sete horas, mas estava
excessivamente frio, o tempo todo com um vento forte vindo da porta, tanto
traseira quanto lateral; de modo que meus pés pareciam estar mergulhados
em água gelada.

13/11 – terça-feira. O aposento em que fiquei, embora com um fogo alto,


estava mais gelado do que o jardim, de modo que não pude permanecer
suficientemente aquecido, mesmo quando perto da lareira. Na volta para casa,
na quarta-feira, dia 14, o vento estava alto e um frio penetrante soprava
direto em nossos rostos, situação que uma carruagem aberta não estava
preparada para evitar; isto deixou meus pés totalmente gelados. Quando
chegamos, tive dores por todo o peito, uma tosse violenta e um pouco de
febre; mas, em um ou dois dias, seguindo as prescrições do Dr. Fothergill,191
estava me sentindo melhor e, no domingo, dia 18, preguei em Spitalfields e
ministrei o sacramento a uma grande congregação.

19/11 – segunda-feira. Retirei-me para Shoreham e recuperei as forças


continuamente, até que, por volta das onze horas da noite, na quarta-feira,
dia 21, fui obrigado, por causa da câimbra, a saltar da cama e caminhar por
algum tempo no quarto, apesar do frio cortante. Por causa disto, minha tosse
voltou com mais violência, tanto durante o dia quanto à noite.

24/11 – sábado. Sentindo-me bem melhor, montei de volta para casa, mas a
tosse foi ficando cada vez pior. A febre voltou por algum tempo, junto com
as dores no lado esquerdo do meu peito. Por isso, provavelmente, deveria ter
permanecido em casa no domingo, dia 25, se não tivesse sido anunciado no
boletim público que iria pregar o sermão da caridade na capela, tanto de
manhã como à tarde. Minha tosse não me interrompeu, enquanto eu pregava
de manhã, mas estava extremamente perturbadora, enquanto ministrava o
sacramento.

À tarde, consultei meus amigos se deveria pregar novamente ou não. Achei


que deveria, visto que isso tinha sido avisado. Então, fui, mas muito poucos
puderam me ouvir. Minha febre aumentou muito enquanto pregava,
entretanto, aventurei-me a encontrar a sociedade, e, por cerca de uma hora
depois, minha voz e minhas forças estavam restauradas, de modo que não
senti nem dor, nem fraqueza.

26/11 – segunda-feira. O Dr. F. me disse francamente que não deveria ficar


na cidade por muito mais tempo, acrescentando que, “se alguma coisa está
fazendo bem a ti, pode ser o ar rural, com repouso, leite de asno e montar
diariamente”. Então, (ainda incapaz de montar), por volta do meio-dia, peguei
uma carruagem para Lewisham. À noite (não sabendo como agradaria a Deus
dispor-se de mim), para impedir o elogio vil, escrevi meu epitáfio como
segue:
AQUI DESCANSA O CORPO DE JOHN WESLEY, UM TIÇÃO TIRADO
DO FOGO, QUE MORREU NA CONSUMAÇÃO DE SEUS CINQUENTA
E UM ANOS DE IDADE, NÃO DEIXANDO, DEPOIS QUE SUAS
DÍVIDAS FOREM PAGAS, DEZ LIBRAS ATRÁS DE SI; ORANDO
PARA QUE DEUS SEJA MISERICORDIOSO COMIGO, UM SERVO
IMPRODUTIVO!192

28/11 – quarta-feira. Não via qualquer chance de melhorar. Os


medicamentos que antes tinham me ajudado já não faziam mais efeito. Por
volta do meio-dia (o momento em que alguns de nossos irmãos, em Londres,
tem se colocado para orar), pensei em fazer um experimento. Então, ordenei
que algumas pedras de enxofre fossem misturadas com clara de ovo e
espalhadas em um papel marrom que apliquei do lado. A dor cessou em cinco
minutos; a febre, em meia hora; e, desse momento em diante, recuperei
minhas forças. No dia seguinte, estava apto a cavalgar, o que fiz
continuadamente até o dia primeiro de janeiro. Nem as condições do clima
me impediram uma vez sequer de cavalgar, sendo bastante toleráveis (como
eram anteriormente) entre onze e uma hora da tarde.

1753 - 1754
14/12 – sexta-feira. Depois de terminar os livros que designara inserir na
“Biblioteca Cristã”, quebrei a ordem médica de não escrever e comecei a
transcrever um Periódico para a imprensa. À noite, fui às orações com a
família, sem encontrar qualquer inconveniente.

20/12 – quinta-feira. Senti um aumento gradual de minhas forças, até que


tomei uma decocção da casca de quina,193 o que não acho (tal é a
peculiaridade de minha constituição) que estaria de acordo comigo, em
qualquer circunstância que fosse. Isso me colocou imediatamente em uma
evacuação intestinal que me deixou abatido novamente por alguns dias e
quase frustrou meus intentos de sair no dia de Natal.
1/01 – terça-feira1754
Na
quarta-feira

. Retornei, mais uma vez, para Londres. , dia 02, parti no trem a vapor e, no
dia seguinte cheguei em Chippenham. Aqui, peguei uma carruagem que
estava a serviço público do correio, na qual alcancei Bristol por volta das oito
da noite.

4/01 – sexta-feira. Comecei bebendo água do Poço Quente (Hot Well),


alojando-me a uma pequena distância dele; e no domingo, dia 06, comecei a
escrever as “Notas do Novo Testamento”, um trabalho que dificilmente teria
feito se não tivesse tão doente e incapacitado para viajar ou pregar, mas,
contudo, tão bem para ler e escrever.

7/01 – segunda-feira. Estabeleci um método regular: levantando-me na


minha hora e escrevendo das cinco às nove horas da noite, com exceção dos
momentos em que estou cavalgando, meia hora para cada refeição, e a hora
entre cinco e seis da tarde.

13/01 – domingo. Fui em uma carruagem para Bristol e fiz uma pequena
exortação à sociedade. No dia 14, à tarde, um ou dois de nossos vizinhos
desejaram juntar-se a nossa oração em família; alguns poucos mais fizeram o
mesmo pedido, de modo que tive uma pequena congregação todas as noites.
Depois de algumas noites, comecei a acrescentar uma breve exortação,
preparando-me para uma congregação maior. No dia 19, o Sr. Bruce veio
com o Sr. Milner, que esteve por algum tempo melancólico e até mesmo
havia perdido a razão, mas, através de uma aplicação apropriada à sua mente,
tanto quanto ao corpo, a enfermidade sensivelmente terminou em pouco
tempo.

No dia 27/02 – quarta-feira, meu irmão veio de Londres e passou alguns dias
comigo, comparando a tradução dos Evangelhos com o original e lendo as
“Preleções” do Dr. Heylyn194 e,”Expositor Familiar”, do Dr. Doddridge
26/03 – quinta-feira. Preguei pela primeira vez depois de um afastamento de
quatro meses. Quantos motivos tenho para louvar a Deus, porque ele não tira
a Palavra da sua verdade totalmente da minha boca!

3/04 – quarta-feira. Realizei todos os serviços que pude e, na manhã


seguinte, retirei-me para Paddington. Aqui, passei algumas semanas
escrevendo; indo à cidade apenas aos sábados à noite, e deixando-a
novamente no domingo de manhã. Nas minhas horas de caminhada, li o livro
do Dr. Calamy, “Compêndio da Vida do Sr. Baxter”. Que cenário está
descortinado aqui! A despeito dos preconceitos da educação, não poderia
deixar de ver que o não-conformista tem sido usado sem justiça ou
misericórdia; e que muitos dos protestantes, bispos do Rei Charles, não têm
mais religião, nem mais humanidade, que os católicos, bispos da Rainha
Mary.

12/05 – domingo. Esforcei-me para convencer o Sr. Green de que ele não
procedeu corretamente ao refutar (como denominou) o sermão que eu tinha
pregado no último domingo, de manhã; e do mesmo púlpito, à tarde; mas ele
estava absolutamente irredutível de convicção. Realmente, eu adoro a
providência de Deus. O Sr. Green se colocou para fora; pedi que ele não
voltasse, até que tivesse um profundo julgamento, ou um espírito mais
receptivo ao ensino.

13/05 – segunda-feira. Comecei a explicar para a congregação matinal as


“Direções para um Caminhar Confortável com Deus”, de Bolton,195 membro
do Conselho do Brasenose College e Reitor de Broughton, Northamptonshire.
Desejava que todos os nossos pregadores, tanto de Londres quanto da Irlanda,
seguissem meu exemplo e frequentemente lessem este texto em público,
reforçando as porções selecionadas da Biblioteca Cristã.

17/06 – segunda-feira. Fiz outra cavalgada até Sundon, e, a caminho, li


Strada De Bella Belgico, um historiador dificilmente inferior, sob qualquer
aspecto, tanto a Lívio quanto a Tácito.196 Quanto à sua religião, prefiro
compará-lo ao primeiro, porque Tácito não era amigo nem da superstição,
nem da crueldade.

5/08 – segunda-feira. Parti para Canterbury. No caminho, li o livro do Sr.


Baxter,197 História dos Concílios.198 É extremamente surpreendente e seria
totalmente inacreditável, mas seus testemunhos estão além de toda exceção.
Que ordinários execráveis têm sido (ninguém pode lhes dar um título mais
brando!) aqueles que têm tomado, em quase todas as épocas, desde
Cipriano,199 o governo da igreja sob seu encargo! Como um Concílio tem
perpetuamente amaldiçoado o outro, entregando tudo a Satanás, tanto
antigamente como hoje, aqueles que não recebem implicitamente suas
determinações, embora geralmente insignificantes, algumas vezes falsas e
frequentemente incompreensíveis ou autocontraditórias! Certamente o
islamismo as deixou para reformarem os cristãos! Eu não conheço, a não ser
Constantinopla, que tenha tido proveito com a mudança.

6/08 – terça-feira. Não me senti bem. Entretanto, preguei à tarde, mas não
pude fazer coisa alguma no dia seguinte. Na quinta-feira, apressei-me de
volta a Londres e cheguei muito bem à fundição. Consultei o Dr. Fothergill
na manhã seguinte, que me aconselhou a voltar para Hot-Well sem demora.

segunda-feira , parti de carruagem e, na terça-feiraNa


à noite (pegando os cavalos em Bath), cheguei em Bristol. Quarta-feira, dia
14, fiquei em uma estalagem em New Hot Well, onde me livrei do barulho e
da correria e tive oportunidade de beber a água, tarde da noite e cedo de
manhã. Mas meu curso de ciência natural esteve perto de ser encerrado, no
dia seguinte, por uma pedra enorme que se desprendeu com o peso de um
guincho. Apliquei panos molhados em água gelada em minha cabeça, o que
estancou o sangramento no mesmo instante e diminuiu o inchaço, que pouco
depois já não me causava qualquer inconveniente.

28/10 – segunda-feira. Livrei minha própria alma, conversando uma vez


mais com Sir James Lowther, cuja essência lhe escrevi no dia seguinte:

“Senhor, se o vir nesta vida ou não, regozijo-me de tê-lo visto uma vez mais;
e que Deus o capacite a ouvir com paciência o que falei na simplicidade de
meu coração. A essência do que tomei a liberdade de mencionar a você esta
manhã foi que você está à beira da sepultura, assim como eu. Brevemente,
compareceremos ambos diante de Deus. Quando me pareceu, alguns meses
atrás, que minha vida estava próxima do fim, fiquei preocupado que não
tivesse lidado claramente com você. Permita-me fazer isto agora, sem
qualquer reserva, no temor e na presença de Deus”.
“Eu o reverencio por seu ofício como Magistrado, e acredito que você seja
um homem honesto e correto. Eu o estimo por ter protegido pessoas
inocentes dos opressores cruéis e ilegais. Mas me sinto ainda mais
constrangido a dizer (embora não julgue, Deus é o juiz) que temo que você
seja avarento, que você ame o mundo. E, se for assim, tão certo quanto a
palavra de Deus é verdadeira, você não se encontra em um estado de
salvação. O teor de sua resposta foi ‘que muitas pessoas exortam outras à
caridade por interesse próprio; que os homens de fortuna devem se preocupar
com sua fortuna; que você não pode sair em busca de pessoas pobres; que
quando você mesmo as vê e as auxilia, elas raramente ficam satisfeitas; que
muitas fazem mau uso daquilo que você lhes concede; que você não pode
confiar no relato que as pessoas dão de si mesmas através de cartas; que, não
obstante, você dá às pessoas privadas, através das mãos do Coronel Hudson e
outros; que você tem dado cem libras a vários hospitais, de uma só vez; mas
que você deve apoiar sua família; que a família Lowther tem continuado por
mais de trezentos anos; que você é para coisas maiores; para as caridades
públicas; e para salvar a nação da ruína; e que outros podem pensar como
quiserem, mas este é seu modo de pensar e tem sido por muitos anos’”.

“A isto respondi: 1. Senhor, eu não tenho interesse pessoal, não tenho


interesse meu, não quero coisa alguma de você, não desejo coisa alguma de
você, não espero coisa alguma de você; mas estou preocupado com seu
espírito imortal, que logo partirá para a eternidade. 2. É verdade que os
homens de fortuna devem se preocupar com sua fortuna, mas não devem
amar o mundo. Se algum homem ama o mundo, o amor do Pai não está
nele.200 3. É verdade, igualmente, que você não deve sair à procura de
pobres, mas você pode ser suficientemente informado sobre eles por aqueles
que o fazem. 4. E se alguns desses nunca ficam satisfeitos, isto não é motivo
para deixar de auxiliar outros. 5. Suponho, também, que, se alguns façam
mau uso que você dá, o prejuízo cai sobre a própria cabeça deles; você não
perderá sua recompensa pelo erro deles. O que você distribui, Deus o pagará
novamente. 6. Ainda assim, você faz bem em ter toda a segurança que puder,
de que aqueles a quem você dá façam igualmente bom uso disso e, portanto,
esperar uma recomendação mais consistente deles que a deles próprios, por
carta ou de outra forma. 7. Eu me regozijo que você tenha dado a muitos,
através de tão precioso homem como o Coronel Hudson, cuja palavra é
certamente suficiente recomendação. 8. Eu me regozijo, igualmente, que você
tenha dado algumas centenas de libras a hospitais, e espero que tenha sido
dez mil. 9. Para o sustento da família não faço objeção, mas peço-lhe a
permissão de perguntar se isto não poderia ser feito sem dar dez mil por ano a
alguém que já tenha tanto? E se você poderá responder por isto a Deus, no
dia em que ele julgar o mundo? 10. Eu igualmente garanto que a família
continuou acima de quatrocentos anos, mas observei, neste meio tempo, que
Deus não se preocupou com um jota mais por conta disto; e que quatrocentos
ou mil anos representam um momento, comparados com a eternidade. 11. Eu
observei, igualmente, que grandes coisas podem ser feitas, e poucas coisas,
não. 12. E, se for este ou algum outro modo de pensar de acordo com a
Escritura, então, é saudável e bom; considerando que, se contrário a ela, não
é, e quanto mais estivermos presos a ele muito pior será para nós”.

“Assim sendo, devo, uma vez mais, sinceramente pedir que você considere a
si mesmo, a Deus e a eternidade. 1. Quanto a si mesmo, você não é
proprietário de coisa alguma, nem de um centavo no mundo. Você é apenas
um mordomo do que outros confiaram a você, para que fosse distribuído, não
de acordo com sua própria vontade, mas a vontade deles. E o que você
pensaria de seus mordomos se eles distribuíssem o que é chamado de seu
dinheiro de acordo com a vontade e prazer deles? 2. E não é Deus o único
proprietário de todas as coisas? E você não deve prestar contas de toda a parte
de seus bens? Ah! Que terrível prestação de contas, se você gastou alguma
parte deles não de acordo com a vontade de Deus, mas segundo sua própria
vontade? 3. A morte não está à mão? E você e eu não estamos a um passo da
eternidade? Não estamos para comparecer na presença de Deus, e isto
despido de todos os bens mundanos? Você, então, se regozijará com o
dinheiro que deixou para trás? Ou naquele que deu para o sustento da família,
ou seja, de fato para sustentar o orgulho, a vaidade, e a luxúria que você
mesmo desprezou em toda sua longa vida? Oh, senhor, lhe peço, pelo amor
de Deus, pelo amor de sua própria alma imortal, examine a si mesmo, se você
não ama o dinheiro? Se for assim, você não pode amar a Deus. E se você
morrer sem temor a Deus, o que resta? Apenas ser banido dele para sempre e
sempre!”

“Eu sou, com respeito verdadeiro, Sir, seu servo, por amor a Cristo”

J. Wesley 3/04 – quarta-feira.


1755
Cavalgamos, à tarde, para Evesham, em meio à chuva pesada e estradas
quase intransitáveis e, na sexta-feira, dia 04, para Birmingham, um lugar
infrutífero, insensível e desconfortável. A maioria das sementes que foram
semeadas, durante tantos anos, foram “arrancados por javalis”; os
antinomianos ferozes, imorais, brutos e blasfemos, recentemente as
destruíram. E as raposas místicas tem feito de tudo para arruinar o que restou,
com seu novo evangelho. Ainda assim, parece que Deus tem uma bênção
para esse lugar; visto que muitos ainda atendem à pregação. Ele está
eminentemente presente com o pequeno número que restou na sociedade.

7/04 – segunda-feira (Wednesbury). Fui avisado para seguir pela rua


Derbyshire até Manchester. Paramos para nos alimentar numa casa, seis
milhas depois de Lichfield. Observando uma mulher sentada na cozinha,
perguntei, “Você não está bem?”, e certifiquei-me que ela estava doente
(estando eu, no seu caminho), com todos os sintomas de uma pleurisia se
aproximando; e ficou feliz em ouvir falar de um medicamento fácil, barato e
(quase) infalível: uma mão cheia de urtigas, fervidas durante poucos minutos
e aplicadas quente no lado do corpo.

Enquanto eu falava, um ancião, vestido consideravelmente bem, entrou.


Sendo questionado, disse-nos que estava viajando, como era possível, à sua
casa perto de Hounslow, na esperança de poder acertar com seus credores,
para quem ele entregou tudo. Mas não sabia como conseguir isso, mesmo
porque não tinha dinheiro e estava com a febre terçã.201 Esperei que a sábia
Providência dirigisse também esse viandante e que ele pudesse ter o remédio
para ambas as suas enfermidades.

13/04 – domingo. Encontrei a sociedade, às cinco horas, e mostrei-lhe o que


temia que eles tivessem feito para afligir o Espírito de Deus e o provocado,
para que ele os entregasse assim, para serem insultados pelas “bestas
humanas”. Então, cavalguei para Hayfield uma vez mais, onde o Sr. B.
[Baddiley] leu as orações e pregou um sermão solene e afetuoso com respeito
à recente providência. À tarde, encontrei novamente grande liberdade de
espírito ao aplicar aquelas palavras tremendas, “Pois que aproveita ao homem
ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?”202

6/05 – terça-feira. Nossa conferência começou em Leeds. O ponto sobre o


qual pedi a todos os pregadores que pensassem foi se deveríamos nos separar
da igreja. O que quer que fosse sugerido, de um lado ou de outro, seria séria e
calmamente considerado; e, no terceiro dia, estávamos todos completamente
de acordo com a conclusão geral: que (o que quer que fosse lícito ou não)
isso estava fora de cogitação.

12/05 – segunda-feira. Cavalgamos (minha esposa e eu) para Northallerton.

13/05 – terça-feira. Cavalguei para Newcastle. Não encontrei as coisas aqui


da maneira como esperava. Muitos estavam a ponto de deixar a igreja, o que
alguns já haviam feito; e, como supunham, sobre minha autoridade! Oh!
Quanta discórdia é causada por uma corda dissonante! Quantos problemas
são causados por um homem que não caminha pelas mesmas regras, nem
concorda no mesmo julgamento com seus irmãos!

23/06 – segunda-feira. Estava considerando quais poderiam ser as razões


pelas quais a mão do Senhor (que não faz nada sem um motivo) estaria quase
inteiramente parada na Escócia e em grande medida na Nova Inglaterra. Não
nos cabe julgar de maneira decisiva, mas, talvez, algumas das razões sejam
essas: 1. muitos deles tornaram-se “sábios aos próprios olhos”; parecem
pensar que são os únicos homens, e que não existe ninguém como eles;
consequentemente, recusaram a liberdade de Deus de enviar aquele através
de quem ele enviaria; e requereram dele operar através de homens cultos ou
não; 2. muitos deles eram idólatras, excessivamente atados às suas próprias
opiniões ou modos de adoração. O próprio Sr. Edwards não é exceção a isto.
Mas os idólatras escoceses, além de todos os outros, colocam o arminianismo
(assim chamado) no mesmo patamar que o deísmo; e a Igreja da Inglaterra
com a de Roma. Consequentemente, eles não apenas apoiam em si mesmos e
em seus irmãos um zelo amargo, mas aplaudem-se nisto: no mostrarem o
mesmo espírito contra todos que diferem deles, como os papistas fizeram
contra nossos antepassados; 3. com orgulho, amargura, idolatria e
autoindulgência reunidas, a abnegação era pouco ensinada e praticada. Seria
bom que alguns deles não desprezassem, nem mesmo condenassem, todo
abnegado nas coisas do bem e mal, assim como no vestuário ou comida, tão
proximamente aliado do Catolicismo Romano. Não é de se admirar, então,
que o Espírito de Deus tenha sido afligido. Que haja proveito para nós no
exemplo deles.

Estava bastante fatigado quando cheguei em Bristol, mas preguei até que
todas as minhas queixas fossem embora. Agora tenho uma pequena folga
para me sentar calmamente e terminar “As Notas sobre o Novo Testamento”.

5/11 – quarta-feira. O Sr. Whitefield solicitou minha presença. As disputas


agora não existem mais; amamos um ao outro e unimos nossas mãos para
promover a causa de nosso Mestre comum.

12/12 – sexta-feira. Enquanto retornávamos de Zoar, fui tão bem como de


costume para Moorfields; mas, minhas forças falharam totalmente, e tal
fraqueza e cansaço apoderaram-se de mim, que fiquei com dificuldades para
voltar. Não pude deixar de pensar em como seria (suponha que estivéssemos
prontos para a noite de núpcias) sumir e secretamente sair de uma vez, sem
qualquer pressa e pompa de morrer! Contudo, é venturoso glorificar a Deus
em nossa morte, tanto quanto em nossa vida.

23/12 – terça-feira. Estava no aposento anexo à casa dos Lordes, quando o


Rei colocou suas mantas.203 Suas sobrancelhas estavam muito enrugadas
devido à idade e completamente nubladas pela preocupação. Isso é tudo o que
o mundo pode dar até mesmo a um rei? O que toda a magnificência pode lhe
dispor? Um cobertor de arminho em volta de seus ombros, tão pesado e
incômodo que ele se move com dificuldade debaixo dele! Uma enorme
peruca de cabelos emprestados com alguns poucos chapeados de ouro e
pedras brilhantes em sua cabeça! Ai de mim! Que quinquilharia é a grandeza
humana! E até isso não irá perdurar!
1/01 – quinta-feira. Tivemos uma grande
congregação às 1756
quatro horas da manhã. Quanto os homens estão divididos em suas
expectativas concernentes ao ano que surge! Será que ele trará grandes
colheitas, calamidades do tempo, ou bênçãos espirituais? Talvez ambas, as
aflições do mundo sendo preparatórias para as bênçãos espirituais.

5/01 – segunda-feira. Essa semana escrevi “Um Discurso ao Clero”, que,


considerando o estado dos interesses públicos, julguei que poderia ser mais
oportuno e mais facilmente conduzido nesse momento que em qualquer
outro.

Discurso ao clero
(excerto)
Londres, 6 fevereiro de 1756
Irmãos e Sacerdotes.

“Que não seja imputado à precipitação, vaidade ou presunção que alguém


que seja de pouca estima na Igreja tome para si dirigir-se ao corpo de
pessoas, a muitas das quais ele deve a mais elevada reverência. Devo um
maior respeito ainda àquele que, eu creio, requer isto de minhas mãos; ao
grande Bispo das almas, diante de quem tanto você quanto eu devemos
brevemente dar contas de nossa mordomia. É um débito, devido ao amor, à
verdadeira e desinteressada afeição, declarar o que há muito tem sido o fardo
de minha alma. E possa o Deus do amor capacitá-lo a ler essas linhas no
mesmo espírito em que elas foram escritas! Facilmente parecerá a um leitor
sem preconceito, que não falo com um espírito de ira ou ressentimento.
Conheço bem, ‘a ira do homem não operada pela retidão de Deus’.204 Muito
menos expressaria uma palavra de desprezo; um espírito justamente
abominado por Deus e pelo homem. Nada disso pode coexistir com aquele
amor sincero e terno, motivo de meu presente empreendimento. Neste
espírito, desejo lançar meu pão nas águas, e é suficiente que eu possa
encontrá-lo novamente depois de muitos dias”.205 “Entretanto, você está
consciente de que o amor não proíbe, mas, antes, requer clareza de discurso.
Isto nunca o constrangeu, assim como a mim, a colocar de lado não apenas a
dissimulação, mas a reserva também, e ‘para a manifestação da verdade,
recomendar a nós mesmos a toda consciência do homem aos olhos de Deus?’.
E enquanto eu me esforço para fazer isto, deixe-me sinceramente pedir pelo
amor de Deus, pelo amor de nossa própria alma, pelo amor das almas
colocadas sob sua responsabilidade, sim, e de toda a Igreja de Cristo, a não
inclinar sua mente ao pensar em quem fala, mas imparcialmente considerar o
que é falado. E, se for falso ou tolo, rejeitar; mas não rejeitar ‘as palavras da
verdade e juízo’”.

“Meu primeiro objetivo foi oferecer alguns poucos pensamentos claros ao


clero de nossa própria Igreja apenas. Mas, depois de refletir um pouco mais,
não vejo motivo para ser tão ‘restrito em meus próprios sentimentos’. Sou um
devedor a todos, e, portanto, embora primeiro fale àqueles com os quais estou
mais imediatamente ligado, ainda assim não gostaria que entendessem que eu
excluo alguém, de qualquer denominação, a quem Deus chamou para ‘vigiar
as almas de outros como se delas tivesse de prestar contas’”.

“Com o objetivo de dar este relato com alegria, não existem duas coisas que
sejam mais importante do que considerar. Primeiro: que tipo de homens nós
devemos ser? Segundo: nós somos deste tipo ou não?”

“Em primeiro lugar, se devemos “vigiar a Igreja de Deus, que foi comprada
com seu próprio sangue”, que tipo de homens nós devemos ser, nos dons
assim como na graça?

1. Vamos começar com os dons e aqueles que são da natureza:

(1) O ministro não deve ter um bom entendimento, uma clara compreensão,
um julgamento sadio e uma capacidade de raciocínio com alguma reserva?
Isto não é necessário, em um grau mais elevado, na obra do ministério? Do
contrário, como ele será capaz de entender os vários estados daqueles sob
seus cuidados, ou guiá-los através de milhares de dificuldades e perigos até o
céu, onde eles deverão estar? Não é necessário, com respeito aos numerosos
inimigos, os quais ele deve enfrentar? Um tolo pode contender com todos os
homens que não conhecem a Deus, e com todos os espíritos da escuridão?
Não, ele nem estará atento quanto às artimanhas de Satanás, nem quanto às
astúcias de seus filhos!”
(2) Não é altamente recomendável que um guia de almas tenha igualmente
alguma clareza e prontidão de pensamento? Ou como ele será capaz, quando
a necessidade requerer, de “responder ao tolo conforme a sua tolice?”206
Quão frequente isto é necessário! Uma vez que, em quase todos os lugares,
nós nos encontramos com essas criaturas vazias, ainda assim petulantes, que
são tão ‘mais sábias aos seus próprios olhos do que sete homens que podem
apresentar uma razão’. O raciocínio, portanto, não é a arma a ser usada com
eles. Você não pode lidar com eles assim. Eles desprezam o fato de serem
convencidos; nem podem ser silenciados, a não ser em sua própria maneira.

(3) Para um entendimento sadio e uma mudança de pensamento eficaz,


deverá se juntar uma boa memória, se for possível, pronta para que você
possa fazer o que quer que lhe ocorra em sua própria leitura ou conversa;
mas, de qualquer modo, retentiva, a fim de que não estejamos “sempre
aprendendo, e nunca sendo capaz de chegar ao conhecimento da
verdade”.207 Do contrário, “cada escriba instruído junto ao reino dos céus”,
cada professor adequado para sua obra, “são como um dono de casa que
exibe de seus tesouros, coisas novas e velhas”.208

2. E, quanto a adquirir dons, pode-se dar um passo correto sem primeiro uma
competente porção de conhecimento?

“ (1) Conhecimento do seu próprio ofício, da alta confiança em que ele se


situa, da importante obra para a qual foi chamado? Existe alguma esperança
de que um homem possa exercer seu ofício bem, se ele não sabe qual é?
Quem poderia desempenhar fielmente e com confiança algo cuja própria
natureza não entende? Ao contrário, se alguém não conhece a obra que Deus
lhe deu para executar, ele não pode terminá-la”.

“ (2) Nem menos necessário é o conhecimento das Escrituras, que nos ensina
como ensinar os outros, sim, um conhecimento de toda a Escritura; uma vez
que a Escritura interpreta a Escritura, uma parte fixa o sentido da outra. De
maneira que, se é verdade ou não que um bom textuário é um bom clérigo, é
certo que não pode ser um bom clérigo quem não é um bom textuário.
Ninguém pode ser mais poderoso nas Escrituras, tanto capaz de instruir
quanto de fechar as bocas dos contraditores”.

“Com o objetivo de fazer isto corretamente, ele não deve conhecer o


significado literal de cada palavra, versículo e capítulo, sem o que não pode
existir um alicerce firme sobre qual significado espiritual possa ser
construído? Ele não deve igualmente ser capaz de deduzir os corolários
apropriados, especulativos e práticos de cada texto, para resolver as
dificuldades que surgem e responder às objeções que se levantam, ou podem
se levantar contra ele, e fazer uma aplicação adequada às consciências de
seus ouvintes?”

“ (3) Mas ele pode fazer isto de modo mais eficaz sem um conhecimento da
língua original? Sem isto, ele frequentemente não está em dúvida até mesmo
com respeito aos textos que dizem respeito à prática apenas? Mas ele estará
em dificuldades ainda maiores, com relação às Escrituras controvertidas. Ele
não será capaz de livrá-las das mãos de algum homem erudito que queira
pervertê-las. Porque, onde quer que um apelo seja feito ao original, sua boca
é fechada imediatamente”.

“ (4) Não é o conhecimento da história profana, de costumes antigos, de


cronologia e de geografia, embora não absolutamente necessário, ainda assim
altamente recomendável para aquele que deseja entender as Escrituras
totalmente? Até porque a falta deste conhecimento é apenas pobremente
suprida pela leitura de comentários de outros homens”.

“ (5) Algum conhecimento das ciências também é, para dizer o mínimo,


igualmente recomendável. Mais do que isto, não podemos dizer que o
conhecimento de uma (se de arte ou de ciência), embora agora
completamente em desuso, é até mesmo necessária e com o objetivo do
conhecimento das próprias Escrituras? Eu me refiro à lógica. Por que o que
ela é, se entendida corretamente, a não ser a arte do bom senso? Da apreensão
das coisas claramente, julgando verdadeiramente e raciocinando
conclusivamente? O que é ela, vista sob outra luz, senão a arte do
aprendizado e ensino, quer convencendo ou persuadindo? O que há, então,
em todo o campo da ciência, a ser desejado em comparação a ela?”

Alguma familiaridade com o que tem sido denominado de segunda arte da


lógica (metafísica); se não tão necessária quanto esta, ainda assim não é
igualmente recomendável, (a) com o objetivo de clarear nossa apreensão
(sem o que é impossível julgar corretamente, raciocinar atentamente ou
conclusivamente), por agrupar ideias sob assuntos gerais? (b) Com o objetivo
de entender muitos escritores úteis, que muito dificilmente podem ser
entendidos sem ela?

“Um ministro não pode estar familiarizado também, pelo menos, com os
fundamentos gerais da filosofia natural? Esta não é uma grande ajuda para o
correto entendimento de diversas passagens das Escrituras? Assistido, através
desta, ele mesmo pode compreender e, nas ocasiões apropriadas, explicar a
outros, como as coisas invisíveis de Deus devem ser vistas, desde a criação
do mundo; como ‘os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento mostra
este trabalho manual’; até que clamem alto: ‘Ó Senhor, quão múltiplas são
tuas obras! Na sabedoria, tu as tens feito todas’”.209

“Mas até onde ele pode ir nisto sem algum conhecimento de geometria? Que
é igualmente necessária, não meramente sobre este relato, mas para dar
clareza à apreensão e um hábito de pensamento estrito e coerente”.

“Deve-se admitir, de fato, que alguns desses ramos do conhecimento não são
tão indispensavelmente necessários quanto o restante e, portanto, nenhum
homem racional condenará os patriarcas da Igreja de Cristo por terem, em
todas as épocas e nações, designado alguns para o ministério, os quais supõe-
se que tivessem capacidade, ainda que não tinham a oportunidade de obtê-los.
Mas que desculpa é esta para alguém que tem a oportunidade e não faz uso
dela? O que pode ser argumentado a favor de uma pessoa que teve uma
educação universitária, se ele não as entende? Certamente, supondo que ele
tenha alguma capacidade de entendimento comum, ele está sem desculpas
diante de Deus e homem”.

“ (6) Pode alguém que passou vários anos nestas cadeiras de aprendizado ser
desculpado, se não acrescentar a isto, as línguas e ciências, o conhecimento
dos Patriarcas? Os mais autênticos comentaristas das Escrituras, tanto mais
perto da fonte quanto eminentemente dotados com aquele Espírito por meio
do qual as Escrituras foram dadas. Será facilmente percebido que falo
principalmente daqueles que escreveram antes do Concílio de Niceia. Mas
quem não desejaria igualmente ter alguma familiaridade com aqueles que os
seguiram? Como Crisóstomo, Basílio, Jerônimo, Austin e, acima de todos, o
homem de um coração quebrantado, Efraim, o Sírio?”

“ (7) Existe ainda outro ramo do conhecimento altamente necessário para um


clérigo, ou seja, o conhecimento do mundo: o conhecimento dos homens, de
suas máximas, temperamentos e maneiras, tal como eles ocorrem na vida
real. Sem isto, ele estará propenso a receber muito dano e capaz de fazer
pouco bem; uma vez que ele não saberá como lidar com homens de acordo
com a vasta variedade de caráter, ou preservar-se daqueles que, em quase
todos os lugares, mentem na esperança de enganar. Quão proximamente
aliado a isto está o discernimento dos espíritos! Até onde pode ser obtido pela
diligente observação. E pode um guia de almas existir sem ele? Se ele está ou
não está propenso a tropeçar em cada passo?”

“ (8) Ele pode ficar sem uma eminente porção de prudência? Aquela coisa
mais incomum que é usualmente chamada de bom senso? Mas, como
deveremos defini-la? Devemos dizer, com os eruditos, que se trata de ‘uma
consideração habitual de todas as circunstâncias de uma coisa’? ‘E a
facilidade de adaptar nosso comportamento às várias combinações delas?’
Como quer que seja definida, não deverá ser estudada com todo o cuidado, e
buscada com toda a sinceridade de aplicação? Porque, que terríveis
inconveniências resultam, onde quer que esteja notavelmente faltando!”

“ (9) Próxima à prudência ou bom senso (se puder ser incluído nisto), um
clérigo deve ter algum grau de boa educação. Eu quero dizer maneiras,
desembaraço e bom comportamento onde quer que sua sorte seja lançada.
Talvez, alguém poderia acrescentar: ele deve ter (embora não a pompa,
porque é ‘servo de todos’) toda a cortesia de um cavalheiro, juntamente com
as correções de um sábio. Precisamos de um modelo disto? Temos um em
Paulo, mesmo diante de Félix, de Festo e do rei Agripa. Alguém dificilmente
deixaria de pensar que ele foi um dos mais bem educados, um dos mais finos
cavalheiros no mundo. Pois que nós, igualmente, tenhamos a habilidade de
‘agradar a todos os homens para a edificação deles!’”.

“Com esse objetivo, especialmente em nossas ministrações públicas, alguém


não pediria por uma voz musical, clara e forte, e uma boa entrega com
respeito à pronúncia e gestos? Citei esses aqui porque são muito mais
adquiríveis do que se tem comumente pensado. Uma voz notavelmente fraca
e desafinada tem, através de uma aplicação firme, se tornado forte e
agradável. Os que gaguejam em quase toda palavra têm aprendido a falar
clara e abertamente. E muitos que foram eminentemente deselegantes em sua
pronúncia e inábeis em seus gestos têm, em algum tempo, pela capacidade e
trabalho, não apenas corrigido essa inaptidão de gesto e falta de elegância na
elocução, mas se tornado excelente, em ambas e, nestes aspectos, igualmente
os ornamentos de sua profissão”.

“O que pode encorajar grandemente os que se entregam ao trabalho com


respeito a todos esses dons, muitos dos quais não podem ser obtidos sem
considerável empenho, é isto: eles estão seguros de serem assistidos em todos
os seus esforços por aquele que ensina ao homem o conhecimento. E quem
ensina como ele? Quem, como ele, dá sabedoria ao simples? Quão fácil é
para ele (se desejarmos e acreditarmos que ele é capaz e está disposto a fazê-
lo), através das influências poderosas, embora secretas, do seu Espírito, abrir
e ampliar nosso entendimento; fortalecer todas as nossas faculdades; trazer à
nossa lembrança as coisas que forem necessárias; e fixar e estimular nossa
atenção nelas. De maneira que possamos nos beneficiar acima de todos que
dependem totalmente de nós, no que quer que possa nos qualificar para a
obra de nosso Mestre!”

“3. Porém, todas essas coisas, não importa quão grandes possam ser em si
mesmas, são pouco em comparação com as que seguem. Por que, o que são
todos os outros dons, quer naturais ou adquiridos, quando comparados à
graça de Deus? E como estes devem animar e governar toda a intenção,
afeição e prática de um ministro de Cristo!”

“ (1) Quanto à sua intenção no empreender este importante ofício e no


executar cada parte dele, não deve ser singularmente com este objetivo:
glorificar a Deus e salvar almas da morte? Isto não é absoluta e
indispensavelmente necessário, antes de tudo e acima de todas as coisas? ‘Se
seus olhos forem puros, todo seu corpo’,210 toda sua alma, toda sua obra,
‘serão cheios de luz’. ‘Deus que ordena que a luz brilhe da escuridão’ brilhará
em seu coração, o dirigirá em todos os seus caminhos e fará com que veja a
angústia de sua alma e fique satisfeito. Mas, se seus olhos e sua intenção não
forem puros, se existir alguma mistura de motivos desprezíveis (quão muito
mais, se esses forem ou são seus motivos guias no empreendimento ou
exercício deste seu alto ofício!) ‘todo seu corpo’, toda sua alma, ‘será cheia
de trevas’, até mesmo tais que saem do abismo sem fim. Que tal homem não
pense que deve ter alguma bênção do Senhor. Não, a maldição de Deus
habita sobre ele. Que ele não espere desfrutar de alguma paz estabelecida,
algum conforto verdadeiro em seu próprio peito, nem espere que haja algum
fruto de seus esforços, alguns pecadores convertidos a Deus”.

“ (2) Quanto às suas afeições. ‘Um mordomo dos mistérios de Deus’, um


pastor de almas pelas quais Cristo morreu, não deve ser dotado com uma
eminente medida de amor a Deus e amor a todos os seus irmãos? Um mesmo
amor, quanto ao tipo, mas em grau muito além daquele dos cristãos comuns?
Ele pode, por outro lado, corresponder ao alto caráter que carrega e a relação
em que ele se situa? Sem isto, como ele pode seguir através de todas as
labutas e dificuldades, que necessariamente atendem a execução fiel de seu
ofício? Seria possível para um pai seguir pela dor e fadiga, conduzir e educar
mesmo um filho se não fosse por aquela afeição veemente, aquele
inexprimível amor paternal, que o Criador tem dado para essa finalidade?
Quanto menos será possível para um Pastor, um pai espiritual, atravessar a
dor e luta da ‘agonia do nascimento’, e educar muitos filhos para a medida da
estatura de Cristo, sem uma grande medida dessa afeição inexprimível que
‘um estranho não intervém!’”.

“Portanto, deve ser totalmente nulo de entendimento, um louco do tipo mais


grave, qualquer que seja a importância, alguém que empreenda este ofício e
seja um estranho a esta afeição. Mais do que isto, tenho frequentemente me
admirado que algum homem, em sã consciência, preferivelmente não trabalhe
ou ocupe-se pelo sustento da vida do que continue nela, exceto se ele sente
pelo menos (o que é extrema linea amare) tal preocupação sincera pela glória
de Deus e tal sede em buscar a salvação de almas, de maneira a estar pronto a
fazer qualquer coisa, a perder qualquer coisa, a sofrer qualquer coisa, a ver
que alguém por quem Cristo morreu pereça”.

“E não é este grau de amor a Deus e ao homem absolutamente inconsistente


com o amor ao mundo, com o amor ao dinheiro ou louvor, com o grau mais
baixo de qualquer ambição ou sensualidade? Quanto menos ele pode consistir
com aquele princípio pobre, vil, irracional e infantil do amor às diversões?
(Certamente até mesmo um homem, não fosse um ministro ou um cristão,
‘deixaria de fora as coisas infantis’).211 Não apenas isto, mas o amor ao
prazer, e o que se situa mais profundo na alma, o amor à comodidade,
desapareceria diante dele”.
“ (3) Quanto à sua prática: ‘Junto ao descrente, diz Deus, porque tu pregas
minhas leis?’. O que é um ministro de Cristo, um pastor de almas, exceto se
ele for todo dedicado a Deus? Exceto se ele se abstém, com o extremo
cuidado e diligência, de toda palavra e obra má; de toda aparência do mal;
sim, da maioria das coisas inocentes, por meio das quais alguém ficaria
ofendido ou se tornaria fraco? Ele não é chamado, acima de outros, ser um
exemplo para o rebanho, em seu caráter privado assim como público? Um
exemplo de todos os temperamentos santos e divinos preenchendo o coração,
de maneira a brilhar através dele? Consequentemente, toda sua vida, se ele
caminha de modo digno de seu chamado, não é um trabalho incessante de
amor; um tratado contínuo de louvor a Deus e ajuda ao homem; uma série de
gratidão e beneficência? Ele não é sempre humilde, sempre sério, embora se
regozijando sempre mais, compassivo, gentil, paciente, moderado? Você não
pode assemelhar-lhe a um anjo guardião, ministrando àqueles ‘que deverão
ser herdeiros da salvação?’ Ele não é alguém enviado por Deus, para estar
entre Deus e o homem; para guardar e assistir ao pobre, aos filhos
desamparados dos homens, para supri-los tanto com a luz quanto com a
força; guiá-los através de muitos perigos conhecidos e desconhecidos até o
momento em que ele retorne, com aqueles comprometidos com sua
incumbência, ao seu Pai que está nos céus?”.

“Oh, quem é capaz de descrever tal mensageiro de Deus, a fé executando


totalmente seu alto ofício? Trabalhando junto com Deus, com o grande
Autor, tanto da velha quanto da nova criação! Veja seu Senhor, o eterno Filho
de Deus, partindo para aquela obra de onipotência, e criando céu e terra
através do sopro de sua boca! Veja o servo a quem ele tem o prazer de
honrar, cumprindo a determinação de sua vontade, e em seu nome falando a
palavra por meio da qual se ergue uma nova criação espiritual. Capacitado
por aquele que diz para as trevas informes e vazias da natureza: ‘Haja luz’; ‘e
houve luz. As coisas velhas se passaram: observe, que todas as coisas se
tornaram novas’.212 Ele está continuamente empregado naquilo que os anjos
de Deus não têm a honra de fazer: cooperar com o Redentor dos homens ‘no
conduzir muitos filhos para a glória’”.213

“Tal é o verdadeiro ministro de Cristo; e tal, além de toda possibilidade de


discussão, devemos ser você e eu”.
“Mas somos tais? O que somos nós nos aspectos acima mencionados? Esta é
uma consideração melancólica, mas necessária. É verdade que muitos têm
escrito sobre este assunto e alguns admiravelmente bem. Ainda assim,
poucos, pelo menos em nossa nação, têm considerado essa pergunta em todas
essas particularidades. Nem sempre de maneira tão clara e tão familiar quanto
a natureza da coisa requer. Mas, por que não fazem isto? Será porque eles
não estão dispostos a causarem dor naqueles que amam? Ou foram impedidos
pelo medo da descortesia, ou de incorrerem em alguma inconveniência
temporal? Temor miserável! Será que alguma inconveniência temporal deve
ser colocada na balança com as almas de nossos irmãos? Ou foram impedidos
pela vergonha que surge da consciência de seus muitos e grandes defeitos?
Sem dúvida, isto atenuaria a falta, mas ela não seria completamente
removida. Porque não é um conselho sábio: ‘Não se sinta envergonhado,
quando isto disser respeito a tua alma?’ Especialmente quando diz respeito às
almas de milhares também? Nesse caso, Deus poderá tornar inabalável nossa
face, como pederneira, endurecer como a um diamante nossa testa”.

“Porém, não existe outro obstáculo? A compaixão e a ternura não nos


impediria de causar dor? Sim, de causar dor desnecessária? Mas que tipo de
ternura é esta? É como a de um cirurgião que deixa seu paciente morrer,
porque se compadeceu muito de examinar suas feridas. Compaixão cruel!”

1. Nós somos, então, tão conscientes como deveríamos ser, (1) com respeito
aos dons naturais? Se fôssemos, quantas pedras de tropeço seriam removidas
do caminho dos infiéis sinceros? Ainda assim, que efeitos terríveis vemos
continuamente da imaginação comum, embora inconscientes. ‘O garoto, se
ele não for capaz para nada mais, será bom o suficiente para ser um Pároco!’
Por esta razão é que vemos (eu pediria a Deus que não houvesse tal exemplo
em toda a Grã Bretanha ou Irlanda!) ministros grosseiros, abatidos, estúpidos;
homens sem vida, sem espírito, sem prontidão de pensamento; que são,
consequentemente, a zombaria de todo tolo atrevido, todo janota vivaz e
afetado que eles encontram. Vemos outros cuja memória não retém coisa
alguma, portanto, nunca poderão ser homens de considerável conhecimento;
nunca poderão saber muito, até mesmo daquelas coisas que estão
escassamente preocupados em conhecer. Ai de mim, eles estão derramando
água em um vaso mal vedado; e a cisterna quebrada não pode reter a água!
Eu não diria com Platão que ‘todo conhecimento é nada, mas memória’.
Ainda assim, é certo que, sem a memória, não podemos ter a menor porção
de conhecimento. E até mesmo aqueles que desfrutam da memória mais
retentiva, encontram grande motivo para assim se queixarem”.

“A habilidade vem tão devagar e a vida tão rápida voa; aprendemos tão
pouco e esquecemos tanto!”.

“E, ainda assim, vemos e lamentamos um defeito ainda maior em alguns que
estão no ministério. Falta-lhes sabedoria; eles são falhos no entendimento; a
capacidade deles é baixa e superficial, sua compreensão é turva e confusa;
como consequência, eles são completamente incapazes de formar um
julgamento verdadeiro das coisas, ou de raciocinar corretamente sobre algo. E
como aqueles que não sabem coisa alguma podem conceder conhecimento a
outros? Como podem instruí-los em toda a variedade de obrigação para com
Deus, seu próximo e eles mesmos? Como podem dirigi-los através de todas
as confusões de erros, através de todos os embaraços do pecado e da
tentação? Como podem se certificar das artimanhas de Satanás, e protegê-los
contra toda a sabedoria do mundo?”

“É fácil perceber que não falo isto por causa deles (porque eles são
incorrigíveis), mas por causa de seus pais, para que possam abrir seus olhos,
e verem que alguém obstinado nunca ‘será bom o suficiente para se tornar um
Pároco’. Ele pode ser bom o suficiente para ser um negociante, tanto quanto
para ganhar cinquenta ou cem mil libras. Ele pode ser bom o suficiente para
ser um soldado; mais do que isto (se você pagar bem), para ser um oficial
bem vestido e bem montado. Ele pode ser bom o suficiente para ser um
marinheiro, e pode brilhar no tombadilho de um navio de guerra. Ele pode ser
bom na capacidade de um advogado ou médico, assim como para dirigir sua
carruagem. Mas não como um ministro, exceto se você quiser trazer uma
mácula sobre sua família, um escândalo sobre nossa igreja e uma reprovação
sobre o Evangelho, que ele pode assassinar, mas não pode ensinar”.

“Somos aquilo que estamos conscientes de que poderíamos ser com respeito
aos dons adquiridos? (2) Aqui o assunto (suponha que tenhamos
entendimento comum) se coloca mais diretamente dentro de nosso próprio
poder. Mas, incluindo este, assim como os assuntos seguintes, penso que não
consideraria afinal quantos ou quão poucos são excelentes ou imperfeitos. Eu
apenas desejaria que cada pessoa que lesse isto o aplicasse em si mesmo.
Certamente, alguém na nação é imperfeito. Eu não sou homem? Que cada um
de nós examine-se seriamente”.

“Eu tenho tal conhecimento das Escrituras, de maneira a explicá-la a outros,


para que elas possam ser uma luz em todos os seus caminhos? Eu tenho uma
visão completa e clara da analogia da fé, que é a chave para me guiar através
do todo? Eu estou familiarizado com as diversas partes das Escrituras; com
todas as partes do Antigo Testamento e do Novo? Na menção de algum texto,
sei o contexto e os lugares paralelos? Eu tenho, pelo menos, aquele sinal de
um bom clérigo, o de ser um bom textuário? Eu conheço a construção
gramatical dos quatro Evangelhos; de Atos; das Epístolas; e sou um mestre
do sentido espiritual (assim como literal) do que li? Eu entendo a extensão de
cada livro e como cada parte dele tende a isto? Eu tenho a habilidade de
traçar as inferências naturais dedutíveis de cada texto? Eu conheço as
objeções que se erguem neles ou deles pelos judeus, deístas,214 papistas,
arianos,215 socinianos216 e todas as outras seitas, que mais ou menos
corrompem ou adulteram a Palavra de Deus? Eu estou pronto a dar uma
resposta satisfatória a cada uma dessas objeções? E aprendi a aplicar cada
parte dos escritos sagrados, segundo requerem os vários estados de meus
ouvintes?”

“Irmãos, este não é nosso chamado porque somos cristãos, mas, mais
eminentemente, porque somos ministros de Cristo? E por que (não direi que
não o cumprimos, mas por que) estamos satisfeitos em não cumpri-lo assim?
Existe alguma necessidade junto a nós de atirar tão infinitamente abaixo
nosso chamado? Quem requereu isto de nossas mãos? Certamente, não
aquele por meio de cuja autoridade ministramos. A vontade dele não é a
mesma com respeito a nós, assim como com respeito aos seus primeiros
embaixadores? O amor dele, e seu poder, não são os mesmos, assim como
foram nos tempos antigos? Não sabemos que Jesus Cristo “é o mesmo ontem,
hoje, e sempre?”217 Por que, então, você não pode ser como ‘lâmpadas que
queimam e brilham’ como aqueles que brilharam mil e setecentos anos atrás?
Você não deseja compartilhar do mesmo amor ardente, da mesma santidade
brilhante? Certamente que sim. Você não pode deixar de ser consciente de
que esta é a maior bênção que pode ser concedida a um filho do homem.
Você deseja isto, anseia por isto, ‘segue para’ esta ‘marca do prêmio do alto
chamado de Deus, em Cristo Jesus?’218 Você constante e sinceramente ora
por isto? Então, assim como o Senhor vive, você a obterá. Apenas nos
permita orar, e ‘permanecer em Jerusalém, até que sejamos revestidos com o
poder do alto’.219 Vamos continuar em todas as ordenanças de Deus,
particularmente na meditação de sua palavra; ‘no negar a nós mesmos e
tomar nossa cruz diariamente’, e, ‘quando tivermos oportunidade, fazer o
bem a todos os homens’;220 e, então, seguramente, nosso ‘grande Pastor’, e
de nosso rebanho, ‘nos fará perfeitos em toda boa obra, para fazer sua
vontade, e operar em nós tudo que é bem agradável à suas vistas!’. Isto eu
desejo e oro. Seu irmão e servo, em nosso Senhor comum”

J. Wesley

20/03 – sábado. Sendo o dia designado para os juízes e seus comissionários


se encontrarem, a cidade estava extremamente cheia e a curiosidade (posto
que não havia motivo melhor) trouxe a maioria dos cavalheiros para a
pregação. Não teria outra oportunidade melhor para discursar a todos os ricos
e importantes do condado. Eles pareceram estar sérios e atenciosos. Talvez
um ou dois possam colocar isso no coração.

1/04 – quinta-feira. Comprei um ou dois livros na casa do

Sr. Smith sobre Blind Quay221 [Dublin]. Quis trocar por um guinéu, mas ele
não poderia dá-lo, assim, tomei emprestadas algumas pratas de meu
companheiro. Na tarde seguinte, um jovem cavalheiro veio até a casa do Sr.
Smith e disse-me que havia deixado um guinéu sobre seu balcão. Tal
exemplo de honestidade eu raramente encontrei, em Bristol ou em Londres.

5/04 – segunda-feira. Questionei, há uns três ou quatro dias, sobre uma crise
de pleurisia violenta e constatei que ele222 estava completamente recuperado
e tinha retornado para sua região. O emplastro de enxofre, em poucos
minutos, levou embora tanto a dor quanto a febre. Oh! Por que os médicos
brincam com a vida de seus pacientes? Será que os outros médicos (assim
como o velho Dr. Cockburm) sabem que, para estancar a hemorragia, na
pleurisia, nenhum resultado melhor é alcançado sem o uso dele? Hoje à noite,
os adormecidos daqui começaram a abrir seus olhos, com os rumores de que
um expresso tinha vindo ao Lorde-Tenente para informar que a França estava
apressando sua preparação, determinada a aportar na Irlanda. E eles irão, se
Deus lhes der permissão. Mas ele tem as rédeas em suas próprias mãos.
11/04 – domingo. Encontrei cerca de uma centena de crianças que estão
sendo doutrinadas publicamente, duas vezes por semana. Thomas Walsh
começou isso há alguns meses e os frutos já apareceram. Que pena que todos
os nossos pregadores, de todos os cantos, não tenham zelo e sabedoria para
seguir seu exemplo!

17/05 – segunda-feira. Caminhando por Red House Walk (que corre entre
duas campinas, com o rio serpenteando através delas, e uma cadeia de colinas
frutíferas do lado direito e esquerdo), vi uma razão óbvia pela qual os
estrangeiros se queixam comumente da insalubridade da água em Cork.
Muitas mulheres estavam enchendo os vasos com água do rio (usada na
cidade para o chá e muitos de outros propósitos) quando a correnteza está
alta. Agora, apesar da água não ser salgada, ainda assim não pode deixar de
afetar o estômago e os intestinos de pessoas delicadas.

16/06 – quarta-feira. Cavalguei para Newmarket e preguei numa


congregação sincera de pessoas pobres. De manhã, a pedido de alguns da
pequena nobreza da vizinhança, transferi a pregação para as dez horas.
Muitos deles estiveram presentes e não pareceram nem um pouco surpresos;
talvez, possam se lembrar dela daqui a algum tempo. À tarde, cavalguei para
Ballingarrane, uma cidade de palatinos que vieram no tempo da Rainha
Anne. Eles mantinham muito do temperamento e maneiras de suas próprias
regiões, não tendo nenhuma semelhança com aqueles entre os quais vivem.
Encontrei muita vida entre esse povo sincero, simples e sério. Toda cidade
veio junto, à tarde, e orou a Deus por consolo. Muitos dos que não estão
juntos conosco caminham na luz do semblante de Deus, sim, tendo dividido a
si mesmos em classes, em imitação aos nossos irmãos, com os quais eles
vivem em harmonia perfeita.

24/06 – quinta-feira. Fui para Ennis, uma cidade que consiste quase toda de
papistas, exceto alguns poucos cavalheiros protestantes. Um deles (o chefe da
cidade) convidou-me para sua igreja e caminhou comigo até o Palácio da
Justiça, onde preguei para uma enorme multidão, selvagem e adormecida, de
protestantes e católicos, muitos dos quais seriam suficientemente rudes se
ousassem.

26/08 – quinta-feira. [A 13a. Conferência] As Regras da Sociedade foram


relidas e cuidadosamente consideradas por cada uma das cinquenta pessoas
presentes, mas não encontramos nenhuma regra que pudesse ser dispensada.
Então todos nós concordamos em cumpri-las e recomendá-las com toda nossa
força. Quando, então, consideramos a necessidade de manter a igreja e usar o
clero com ternura, não houve voz divergente. Deus nos fez todos com um só
objetivo e julgamento.

28/08 – sábado. As Regras da Escola Kingswood foram lidas e consideradas


uma a uma, e nós todos estávamos convencidos de que elas estavam de
acordo com as Escrituras e a razão; consequentemente, concordamos que: 1.
um pequeno relato do objetivo e atual condição da Escola fosse lido por todo
assistente, em todas as sociedades; e 2. sua subscrição fosse iniciada em
todos os lugares, e (se for preciso) uma coleta seja feita todo ano. Meu irmão
e eu encerramos a Conferência com uma solene declaração do nosso
propósito de nunca nos separarmos da Igreja (da Inglaterra) e todos os nossos
irmãos (em Cristo) concordaram com isso.
6/09 – segunda-feira. Parti em uma carruagem e, na terça-feira,
cheguei a Londres.223
Quarta e quinta-feira, realizei meu trabalho temporal. Já se passaram dezoito
anos desde que comecei a escrever e imprimir livros. E qual foi o meu lucro
com esta atividade? Porque, fazendo minhas contas, certifiquei-me que, em
1o março de 1756 (o dia em que deixei Londres pela última vez), ganhei,
imprimindo e pregando, um débito de mil duzentos e trinta e seis libras.

3/10 – domingo. Minha enfermidade retornou mais violenta do que nunca,


mas não me preocupei com ela enquanto estava realizando o culto em
Snowsfields, de manhã, nem mais tarde em Spitalfields; até que fui à Mesa
do Senhor, com o objetivo de ministrar. Um pensamento, então, veio à minha
mente: “Por que não aplico Deus no início, de preferência, em vez de no final
de uma enfermidade?” E assim o fiz e encontrei alívio imediato, de maneira
que não precisei de medicamento posterior.

9/11 – terça-feira. Tendo procurado um dispositivo, de propósito ordenei que


várias pessoas, que estavam doentes de várias desordens, sofressem descargas
elétricas; algumas delas encontraram cura imediata; outras encontraram cura
gradual. A partir desse momento, fixei, primeiro, algumas horas na semana,
e, depois, uma hora a cada dia em que todos que quisessem poderiam
experimentar as virtudes desse surpreendente medicamento.
Dois ou três anos depois, nossos pacientes eram tão numerosos que fomos
obrigados a dividi-los. Então, uma parte era submetida a choques elétricos na
Southward (na parte meridional); outra na fundição; outros perto de St. Paul;
e o restante perto de Seven Dials. O mesmo método usamos desde sempre e,
até esse dia, embora centenas, talvez milhares, tenham recebido inexplicável
bem, não soube de nenhum homem, mulher ou criança que tivesse sido
ferido; de modo que, quando ouço alguém falar do perigo de ser eletrificado
(especialmente quando médicos falam assim), não posso deixar de imputar
isso ao desejo tanto do bom senso quanto da honestidade.

6/12 – segunda-feira. Comecei lendo para nossos pregadores o recente e


excelente tratado do Bispo Cork sobre “O Entendimento Humano”. Na
maioria dos pontos muito mais claro e mais sensato do que o do Sr. Locke,
assim como destinado a levar adiante uma causa melhor.

3/01 – segunda-feira.
175 7
Visitei um pobre apóstata moribundo, cheio de boas resoluções, mas quem
pode dizer quando essas implicarão numa mudança real do coração? E
quando isto não acontece, quando eles recuam por causa do medo apenas,
que proveito eles terão diante de Deus?

28/01 – sexta-feira. O Sr. Meier, capelão de um dos regimentos de Hanover,


visitou-me e passou uma hora comigo. Estou surpreso com a seriedade de
todos os ministros alemães, com os quais tenho oportunidade de conversar.
Completamente diferente daquele atrevimento e afetação do saber que é tão
comum em nossa própria região.

30/01 – domingo. Sabendo que Deus seria capaz de fortalecer-me para seu
próprio trabalho, oficiei em Snowsfields, como de costume, antes de vir para
West Street, onde o culto deixoume em pé entre quatro e cinco horas da
manhã. Preguei à tarde e encontrei a sociedade. Minhas forças se mantiveram
o dia todo. Não senti mais fraqueza à noite do que às oito horas da manhã.

16/02 – quarta-feira. Visitando um amigo, constatei que ele apresentava a


todos os sintomas da pleurisia. Aconselhei que aplicasse emplastro de
enxofre e, em poucas horas, ele estava perfeitamente bem. Agora, por que
esse paciente deveria tomar um punhado de drogas e perder vinte onças de
sangue? Por que o médico e o farmacêutico o obrigam? Chega! Pensem bem!

27/02 – domingo. Depois do culto em Snowsfields, senti-me mais fraco do


que de costume e temi que não fosse capaz de seguir em frente no trabalho do
dia, que consistia em pregar oito vezes. Entretanto, orei a Deus que me
enviasse ajuda e, tão logo comecei a pregar em West Street, um clérigo, que
tinha vindo para a cidade por alguns dias, ofereceu-me seus serviços.

Assim, quando pedi por forças, Deus me enviou forças; quando pedi por
socorro, ele me deu isso também. Já faz algum tempo que tenho desejado ver
o pequeno rebanho em Norwich, mas isso não poderia fazer decentemente até
que fosse capaz de reconstruir parte da Fundição ali, e ao que já estava
engajado pelo arrendamento. A soma suficiente para essa finalidade me foi
agora inesperadamente dada, por alguém que não conhecia pessoalmente.
Dessa forma, parti na segunda-feira, dia 28, e preguei em Norwich na terça-
feira, à tarde, no dia 1o de março.

O Sr. Walsh esteve ali, doze ou quatorze dias, e não sem uma bênção. Depois
da pregação, fiz um contrato com um construtor e lhe dei parte do dinheiro à
vista. Na quarta e na quinta-feira, realizei todos os nossos trabalhos
espirituais e temporais e na sexta-feira e sábado retornei com o Sr. Walsh
para Londres.

6/03 – domingo. Não tive e não precisei de ajuda alguma, visto que Deus
renovou minhas forças. Mas no domingo, dia 13, achando-me cansado em
Snowsfields, orei (se ele achasse bom) que me enviasse ajuda até a Capela e
eu a recebi. Um clérigo, que eu nunca tinha visto antes, veio e me ofereceu
sua assistência, e, tão logo acabei de pregar, o Sr. Fletcher, que tinha
recentemente sido ordenado sacerdote, veio e se apressou para assistir-me,
visto que ele supôs que eu estivesse sozinho.

20/03 – domingo. O Sr. Fletcher ajudou-me novamente. Quão maravilhosos


são os caminhos de Deus! Quando minhas forças corpóreas falharam e
ninguém na Inglaterra foi capaz de me assistir de bom grado, ele me enviou
alguém das montanhas da Suíça, que é meu auxiliador em todos os aspectos.
Onde eu poderia encontrar outro igual?

25/03 – sexta-feira. Depois de ter lido para um clérigo sério a conclusão da


“Doutrina do Pecado Original”, ele pediu que passássemos algum tempo em
oração. Encontrei grande liberdade de espírito ao orar com o Dr. Taylor e
uma forte esperança de que Deus lhe mostraria “a verdade que está em
Jesus”.

30/04 – sábado. Dei uma olhada na Escola Pública, verdadeiramente um


benefício nobre. Aqui, setenta garotos e trinta garotas são inteiramente
providos. A construção toma três lados de uma quadra, e é mais elegante do
que magnífica. As crianças são ensinadas a trabalhar em seus diversos meios,
tanto quanto a ler e a escrever. A escola, as salas de jantar e as acomodações
são todas simples e limpas. Tudo foi presente de um homem, Sr. Blundell,
um negociante de Liverpool.
25/05 – quarta-feira. Fiquei surpreso ao ver não apenas cercas e arbustos
sem uma folha verde, mas uma abundância de árvores igualmente nuas, como
se estivéssemos num inverno rigoroso. Depois de inquirir a respeito, fiquei
sabendo que, algum tempo atrás, um vento violento veio de todos os lados e
não apenas atirou abaixo chaminés, muros e celeiros, arrancando árvores pela
raiz, mas ressecou tudo que era verde, como se fora uma tocha de fogo, de
maneira que todas as folhas caíram imediatamente, não apenas dos arbustos e
árvores frutíferas, mas dos olmeiros, carvalhos e pinheiros, definhando-os
desde as raízes.

13/06 – segunda-feira. Proclamei o amor de Cristo aos pecadores na praça do


mercado, em Morpeth. De lá, cavalgamos para Placey. A sociedade dos
mineiros de carvão deveria ser um modelo para todas as sociedades da
Inglaterra. Nenhuma pessoa perdeu uma só reunião do grupo ou classes; não
há desarmonia de qualquer espécie entre eles, mas apenas um coração e um
propósito: “estimular um ao outro a amar e a realizar as boas obras”. Depois
de pregar, encontrei-me com a sociedade em uma sala, tão quente como
qualquer uma na Geórgia; isso, juntamente com o chamuscado calor do sol
quando cavalgamos, quase exauriu minhas forças. Mas, depois que chegamos
em Newcastle, logo me recuperei e preguei com muito mais facilidade do que
de manhã.

16/06 – quinta-feira. À noite, preguei em Sunderland. Então, encontrei-me


com a sociedade e disse-lhes francamente que ninguém poderia ficar conosco
a menos que se separasse de todo o pecado, especialmente de roubar o Rei,
vendendo ou comprando mercadorias traficadas, com o que não poderia ser
mais tolerante do que se tivesse sendo roubada na estrada. Reforcei isso para
cada membro no dia seguinte. Alguns poucos não prometeram se conter,
então, fui forçado a cortá-los da sociedade. Os outros duzentos e cinquenta
pensavam de modo mais excelente.

“Eu, realmente, vivo para pregar!”

25/07 – segunda-feira. Deixei Epworth com grande satisfação e, por volta da


uma hora, preguei em Clayworth. Penso que ninguém ficou impassível, a não
ser Michael Fenwick, que logo adormeceu debaixo do feno ao lado. De lá,
cavalgamos para Rotherham. Quando entrei, não me restava qualquer força,
nem voz. Entretanto, em uma hora fui capaz de pregar para a maior
congregação que imagino ter sido vista por aqui.

10/10 – segunda-feira. Levantei-me em minha hora usual, mas a


sensibilidade e o inchaço em meu rosto, ocasionado por conta do vento
gelado do sábado, tornaram impraticável a pregação. À tarde, apliquei urtigas
fervidas. Elas levaram embora a dor num instante e o inchaço, em algumas
horas.

19/10 – quarta-feira. Depois de pregar em Freshford, cavalguei em direção a


Kingswood. Na sexta-feira, durante o jantar senti de repente como se um
pequeno osso tivesse ficado preso no palato de minha boca. Nada podia ser
visto, mas o inchaço e a inflamação cresceram a tarde toda (não obstante
todos os meios que puderam ser usados) e, então, espalharam-se para as
amídalas e foi ficando cada vez pior até por volta das oito e meia. Então,
assim como a desordem veio, de repente ela se foi e fiquei tão bem como
antes.

26/11 – sábado. Retornei para Londres. Muita confusão tinha ocorrido em


minha ausência, ocasionada por algumas palavras imprudentes, que foram
faladas por alguém que parecia estar forte na fé. Na segunda-feira, dia 28,
ouvi todos os envolvidos face a face, mas fui extremamente incapaz de julgar
se havia pecado proposital de qualquer lado, ou apenas fraqueza humana. Por
enquanto, deixo isso para o Sondador dos corações, que trará as coisas à luz
no devido tempo.
1758
Na semana do Natal, cavalguei para Bristol, onde no domingo, dia 1o de
janeiro, começamos o ano com uma grande congregação, às quatro horas,
regozijando-se e louvando a Deus. Na terça-feira, dia 3, a pedido de vários
dos meus amigos, escrevi “Uma Carta para um Cavalheiro de Bristol”, com o
objetivo de incentivá-lo a buscar a Deus, de um lado; e a não buscar o
antinomianismo,224 de outro. Não agradeço a esses que apoiam qualquer um
dos extremos a não ser a sabedoria justificada de seus filhos.

13/03 – segunda-feira. Preguei na estrutura da nova casa e, então, parti para


York. As escarpas sobre as quais nos conduzimos estavam prontas para
tragarem tanto homem quanto animal. Entretanto, chegamos a salvo em
York, à tarde. Depois de realizar pequenos afazeres, na quarta-feira, dia 15,
cavalguei para Leeds, onde, à tarde, uma multidão esteve presente. Nunca
tinha visto antes as coisas em tão grande ordem aqui e tomei conhecimento
de que a assistência não tem sido ineficiente. Sentia-me apreensivo, tendo
feito um gasto incomum, de estar ligeiramente limitado pelo dinheiro, mas,
depois da pregação, alguém com quem nunca tinha trocado qualquer palavra
colocou uma carta em minha mão na qual havia dez libras.

9/04 – domingo. Exortei a sociedade a seguir o exemplo de seus irmãos


ingleses e a renovarem comunitariamente sua aliança com Deus. Na terça-
feira à tarde, li as cartas e, em uma delas, o relato de um pobre apóstata que
esteve vagando por onze anos, mas teve seu coração quebrantado e decidiu
retornar para aquele com quem tinha se revoltado tão profundamente.

18/04 – terça-feira. Em meio às cartas que li em público, na última semana,


estava uma do Sr. Gillies, dando um relato de uma sociedade recentemente
formada em Glasgow para promover o conhecimento cristão entre os pobres,
principalmente distribuindo Bíblias e outros livros religiosos. Eu não pude
ajudar, expressando meu espanto de que nada desse tipo tenha sido tentado na
Irlanda, e inquirindo se não era o tempo de tal sociedade ser formada em
Dublin. Essa manhã, o Dr. Tisdale me mostrou um documento que o
Arcebispo225 tinha enviado a cada clérigo, exortando-os a formarem
sociedades para a distribuição de livros entre os pobres. Deus seja louvado
por isso! Se todos formos um, então Deus será conhecido, amado e
obedecido.

20/04 – quinta-feira. À tarde, encontrei todos os homens e mulheres casados


da sociedade. Acredito que chegara o momento, porque muito deles
pareceram saber muito pouco sobre seus deveres, de maneira que trouxe
coisas estranhas aos seus ouvidos, quando reforcei as obrigações dos
maridos, esposas e pais.

1/05 – segunda-feira. Esforcei-me para colocar um fim nas disputas amargas


que quase tem feito a sociedade em pedaços. Ouvi, frente a frente, as partes
conflitantes e pedi-lhes que falassem claramente. Deus deu sua bênção nesse
momento; a armadilha se quebrou, e eles foram cordialmente reconciliados.
Apenas uma pessoa estava alterada e formalmente renunciou a nós todos.
Mas, em uma hora, Deus também quebrantou seu coração e ela pediu perdão
com muitas lágrimas. Por isso, há razão para esperar que eles, no tempo que
está por vir, irão “suportar o fardo uns dos outros”.226 À noite, preguei em
Tullamore, não apenas para uma grande congregação de protestantes, mas de
igual número de católicos, e quase todos os cavalarianos da cidade.

7/05 – domingo. Preguei, às oito e às cinco horas. Mais tarde, estava desejoso
de fazer uma coleta para uma família angustiada. O Sr. Booker, ministro da
paróquia, de boa vontade permaneceu na porta para receber a coleta e
encorajou a todos que passavam a serem misericordiosos, de acordo com suas
posses.227 Na segunda-feira, cavalguei para Newry e preguei, às sete horas,
para uma congregação grande e séria.

9/06 – sexta-feira. Por volta das oito horas, preguei em Ahascragh, para uma
congregação na qual quatro quintos eram papistas. Possa Deus, o Governante,
assegurar a todos os papistas, numa terra de tanta liberdade de consciência,
que ninguém os impeça de ouvir a verdadeira Palavra de Deus! Então,
quando ouvirem, permitir que julguem por si mesmos. À tarde, preguei em
Athlone.

29/06 – quinta-feira. Cavalguei para Clare e, às seis horas, preguei na rua


para muitos papistas pobres e protestantes ricos, quase todos da pequena
nobreza da região. De lá segui para Ennis, e, às dez horas da manhã, tive
outra congregação distinta, no Palácio da Justiça. Em Ennis, muitos
imaginam que não existam menos que cinquenta católicos para um
protestante. Eles estavam prontos para mostrar sua boa vontade, mas o sinal
do Sr. B228 os manteve aterrorizados. Um registro, entretanto, foi espalhado,
a respeito de algumas coisas terríveis que deveriam fazer à noite e muitos
ficaram surpresos de observar que nove em dez pessoas da congregação eram
católicos mas ninguém falou uma palavra indelicada, ou não civilizada, quer
enquanto preguei ou mesmo depois de ter terminado.

2/07 – domingo. Preguei numa ilha perto de Limerick, de manhã e à noite,


permanecendo ao lado de um amplo espaço vazio, anexo ao velho campo. As
partes laterais do terreno erguem-se inclinadas, de maneira que as pessoas se
sentaram na grama, fileira sobre fileira.

Nunca tinha visto tal anfiteatro antes, no qual milhares de ouvintes estavam
tão comodamente situados, e todos pareceram honestamente atender ao
convite de nosso Senhor: “Venha, porque todas as coisas agora estão
prontas!”229

Não tinha observado que havia me excedido, mas, de manhã, estava


extremamente rouco. Isso aumentou todos os dias, junto com o peso e
obstrução em meu peito. Na terça-feira de manhã, comecei a cuspir sangue,
sentindo dor no meu lado esquerdo; uma sensível perda de forças; e uma
tosse profunda e ofegante; os mesmos sintomas que tive alguns anos antes.
Imediatamente apliquei emplastro de enxofre e uma mistura de limão
queimado e mel.

5/07 – quarta-feira. Meu lado esquerdo está completamente bom e minha


rouquidão muito diminuída, assim, à noite, me desloquei para pregar
novamente, embora com dificuldade. Tinha a intenção de pregar no dia
seguinte em Shronell (cerca de vinte e quatro milhas inglesas de Limerick) e
em Clonmel, cerca da mesma distância de Shronell, mas, percebendo que
minhas forças não eram suficientes e cedendo ao conselho de meus amigos,
descansei mais outro dia.

1/08 – terça-feira. O capitão, com quem iríamos embarcar, estava com muita
pressa de colocar nossas coisas a bordo, mas eu não pretendia embarcá-las
enquanto o vento estivesse contra nós. Na quarta-feira, enviei mensagem
após mensagem, então, à noite, fui esperar o barco perto da Passage, mas não
havia nada pronto, ou mesmo perto de estar pronto, para embarcar. Disso
aprendi duas ou três regras muito necessárias para aqueles que viajam entre a
Inglaterra e a Irlanda: (1) nunca pague, até que esteja embarcado; (2) não
entre a bordo, até que o capitão esteja a bordo; (3) não envie sua bagagem a
bordo, até que você mesmo vá levá-la.

9/09 – sábado. Escrevi um relato sobre um monumento extraordinário da


misericórdia divina, Nathaniel Othen, que foi morto por deserção no Castelo
Dover, em outubro de 1757. Na semana seguinte, encontrei-me com o Sr.
Fletcher e os outros pregadores que estavam na casa e passei um tempo
considerável em conversa particular sobre o tema da “Perfeição Cristã”. Em
seguida, escrevi as proposições gerais, com as quais todos concordamos.

5/10 – quinta-feira. Cavalguei por Redbridge e Fareham até Portsmouth,


onde, às sete horas, preguei no Tabernáculo do Sr. Whitefield, para uma
congregação pequena e séria. 30/10 – segunda-feira. Embora não estivesse
completamente recuperado da coxeadura, ocasionada pela queda de meu
cavalo, dei um jeito de cavalgar até Norwich, onde, nos dias que se seguiram,
tive a satisfação de observar que a sociedade não havia diminuído (como
temia), mas, ao contrário, tinha aumentado desde que os deixei. E havia uma
probabilidade de aumentar ainda mais, visto que estão ainda mais fortalecidos
na graça.

8/12 – sexta-feira. O pobre Sr. Goudicheau veio me visitar; em outro tempos


um padre católico, agora, pronto a perecer pela necessidade de pão, embora
de caráter imaculado. Pode alguém se admirar de que não temos muitos
convertidos da Igreja de Roma?

11/12 – segunda-feira. A maior parte desta semana, passei preparando os


materiais para “Um Levantamento da Sabedoria de Deus, na Criação” ou um
“Sistema Completo, Claro, e Correto da Filosofia Natural”.230

27/12 – quarta-feira. Não estava me sentindo muito bem e não sabia como
poderia ir até a igreja. Entre nove e dez horas, fui informado de que alguns
dos homens mais irados da paróquia não iriam consentir que eu pregasse ali.
Vi nisso a mão de Deus e fiquei agradecido, tendo agora um pouco mais de
tempo para descansar. À tarde, o sol irrompeu através do nevoeiro e tivemos
uma agradável cavalgada até Bury, mas ainda me sentia extremamente doente
e, logo depois de ter chegado, não sabia se estaria capacitado a pregar. Uma
hora de sono, no entanto, revigorou-me muito, de maneira que não senti mais
necessidade de força na pregação. Minha enfermidade, de fato, aumentou
durante a noite mas, enquanto estava pregando, de manhã, me senti bem e
não me considerei mais doente, nem queixoso de qualquer outra coisa. À
tarde, alcancei Colchester.

29/12 – sexta-feira. Achei que a sociedade tinha decrescido desde que


Lawrence Coughlan foi embora, não obstante terem tido bons pregadores.
Mas isto não é suficiente. Por meio de experiências recorrentes aprendemos
que, apesar de um homem pregar como um anjo, não conseguirá preservar a
sociedade que reuniu, sem visitá-los de casa em casa.

Hoje, caminhei por todo o famoso castelo (Colchester); talvez a mais antiga
construção na Inglaterra. Uma considerável parte dele tem, sem dúvida, cento
e quatorze ou cento e quinze anos. Ele era, em sua maioria, construído com
tijolos romanos, cada um deles com cerca de duas polegadas de espessura,
sete de largura e treze ou quatorze de comprimento. Lugar dos antigos reis,
britânicos ou romanos, outrora temíveis, de longe ou de perto! Mas, o que são
eles agora? Não é melhor “um cão vivo do que um leão morto?” E o que é
isso de que tanto se orgulhavam, assim como fazem os grandes que vivem
sobre a terra?

1
o
de janeiro, segunda-feira.
175 9
Depois de descansar dois dias (pregando apenas de manhã e à tarde),
examinei severamente os membros da sociedade. Este foi um dos motivos de
ter vindo até aqui. O outro foi conseguir provisão para o pobre. Assim sendo,
no domingo, dia 7, preguei um sermão para eles, ao qual Deus se agradou em
dar suas bênçãos, de modo que a coleta foi consideravelmente maior que o
dobro do que costuma ser.

10/01 – quarta-feira. Terminado meu trabalho em Bristol, cavalguei para


Salisbury e aconselhei nossos irmãos com respeito à casa de pregação que
estavam prestes a construir. Na sexta-feira, dia 12, segui para Whitchurch e
preguei, à uma hora da tarde, para uma congregação grande e séria. Depois,
cavalgamos para Basingstoke, onde as pessoas me fizeram pensar a respeito
das bestas selvagens de Efésios. Ainda que estivessem incomumente atentos
à noite, apesar de muitos deles não poderem ouvir.

27/02 – terça-feira. Meu irmão, Sr. Maxfield e eu fomos para a casa de Lady
Huntingdon. Depois do desjejum, chegaram os Srs. Whitefield, Madan,
Romaine, Jones, Downing e Venn, com algumas pessoas de respeito e alguns
outros poucos. Pensei que o Sr. Whitefield fosse ministrar o sacramento, mas
ele insistiu que eu o fizesse. Depois disso, Lady Huntingdon solicitou-me que
pregasse sobre “O que são os maiores dos homens para o grande Deus?
Como o pó miúdo das balanças”.

7/03 – quarta-feira. Inquiri a respeito das atribuições no Tabernáculo e


encontrei a sociedade, que outrora consistiu de mais de cem membros, vazia.
Dos cento e quinze ou cento e dezesseis inscritos, nem vinte, nem um restou,
mas todos os que se agradaram foram para as galerias, sem que perguntas
fossem feitas. De modo que tudo deveria ser forjado do pó ou,
preferivelmente, das cinzas.

Certamente, qualquer que seja a ajuda a ser prestada aqui, Deus deve executá-
la ele mesmo.

29/03 – quinta-feira. Dividi a sociedade de Norwich em classes, sem


qualquer distinção entre os que pertenceram à fundição ou ao Tabernáculo.

1/04 – domingo. Encontrei-os às seis horas, solicitando a cada um que


mostrasse sua carteira de membro — uma coisa da qual nunca tinham ouvido
falar antes. Do mesmo modo, insisti em um outro regulamento diferente: que
os homens e mulheres se sentassem separados. O terceiro foi feito no mesmo
dia: era costume, desde que o Tabernáculo foi construído, que as galerias
ficassem cheias de observadores enquanto a Ceia do Senhor era ministrada.
Considerei isto absolutamente impróprio, e, por conseguinte, ordenei que
ninguém fosse admitido, a não ser aqueles que desejassem comungar. E achei
bem menos difícil do que esperava submetê-los a isto também.

20/05 – domingo. Preguei, às oito horas, em um local aberto, em Gins, uma


aldeia ao lado da cidade. Muitos que estiveram ali nunca entraram ou
poderiam entrar em uma sala. Oh! Que vitória Satanás teria se pudesse pôr
um fim às pregações no campo! Mas isto, creio eu, ele nunca poderá fazer.
Pelo menos não enquanto minha cabeça estiver erguida.

28/05 – segunda-feira. Na última segunda-feira, fui para Shelford, quatro


milhas de Cambridge, perto de vinte milhas de Everton. A jornada me deixou
completamente doente e tão fraco para cavalgar que fui obrigado a caminhar.
Quando cheguei, uma mesa estava posta para mim, na propriedade, e, para
minha grande surpresa, encontrei perto de dez mil pessoas em volta dela,
entre as quais estavam muitos estudantes de Cambridge. Mal conseguia ficar
em pé e estava extremamente rouco por causa do resfriado. Quando ergui
meus pés para chegar até a mesa, um medo terrível oprimiu-me. Mas, de
repente, fiquei fixo naquilo, e parecia indiferente como uma estátua. Distribuí
meu texto “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei, estão debaixo da
maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em
todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente
que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá
da fé”,231 Fiz uma pausa para pensar em alguma coisa agradável para
começar, mas o Senhor confundiu-me tanto (como realmente foi adequado,
visto que não estava buscando sua glória, mas a minha própria), que me senti
em um perfeito labirinto e pensei que, se eu não começasse imediatamente,
deveria ir embora sem falar.

Entretanto, irrompi com a primeira palavra que me ocorreu, não sabendo se


seria capaz de acrescentar qualquer coisa a mais. Então, o Senhor abriu minha
boca, capacitando-me a falar, por cerca de uma hora, sem qualquer tipo de
perplexidade e tão alto que todos puderam ouvir. A audiência comportou-se
com grande decência. Quando o sermão acabou, achei-me tão calmo e
confortável, tão alegre no espírito e maravilhosamente fortalecido no corpo,
que fui para dentro de uma casa e falei novamente, por mais uma hora, para
aproximadamente duzentas pessoas.

30/05 – quarta-feira. Cavalguei para Dunbar e, às seis horas da tarde, preguei


em um lugar aberto e espaçoso (assim como no dia seguinte). Pobres e ricos
atenderam tranquilamente, embora a maioria deles tremesse com o frio; posto
que o tempo estava tão mudado, em tão poucos dias, que mais parecia
dezembro do que maio. Alojando-me com um homem sensível, questionei-
lhe especificamente quanto à disciplina atual das paróquias escocesas. Em
uma paróquia, parecia que havia doze presbíteros regulares, em outra havia
quatorze. E o que eram esses? Homens de grande senso e experiência
profunda? Nem uma coisa nem outra. Mas eram os homens mais ricos na
paróquia. E os mais ricos são, evidentemente, os melhores e mais sábios
homens? É isto que a Bíblia nos ensina? Temo que não! Que tipo de governo
então devem exercer? Porque são geralmente tão capazes de governar uma
paróquia quanto de comandar o exército.

23/06 – sábado. Falei com cada um da sociedade em Sunderland. A maioria


dos ladrões, comumente chamados de contrabandistas, nos deixou, mas mais
do que o dobro do número de pessoas honestas ainda está vindo para ocupar
seus lugares. E se ninguém vier, ainda assim, não ousaria manter aqueles que
roubam ao Rei e seus súditos.

28/06 – quinta-feira. Tivemos uma reunião geral dos administradores, por


meio de quem me certifiquei que as sociedades, nesse circuito,232 ainda
contém por volta de oitocentos membros. Espero que não muitos desses se
deixem abalar pelos espinhos.

29/06 – sexta-feira. Por volta das onze horas, parti para Swalwell, em uma
manhã agradável e moderada, mas em meia hora a chuva desabou, de modo
que em poucos minutos eu estava molhado da cabeça aos pés; e, quando
cheguei lá, não sabia onde pregar, visto que a casa não poderia conter um
terço das pessoas. Nesse exato momento, o ministro dissidente mandou um
recado, oferecendo o uso de sua casa de reuniões. Fui para lá sem demora.
Havia uma grande congregação e a bênção estava entre eles.

5/08 – domingo. Entre oito e nove horas, alcancei Everton, bastante fraco e
cansado. Durante as orações, como também durante o sermão e a ministração
do sacramento, algumas poucas pessoas gritaram alto, mas não por tristeza ou
medo, mas por amor e alegria. O mesmo observei em diversas partes no culto
da tarde. À noite, preguei na Igreja do Sr. Hicks. Duas ou três pessoas caíram
ao chão e estavam extremamente agitadas, mas ninguém gritou...

7/08 – terça-feira. Depois de pregar, às quatro horas (por causa da colheita),


peguei o cavalo e cavalguei facilmente para Londres. Realmente desejava um
pouco de descanso, tendo cavalgado, em sete meses, cento e vinte e quatro
milhas.

8/08 – quarta-feira. Nossa conferência começou [a 16a Conferência Anual].


Era tempo de nos ocuparmos completamente em examinar se os espíritos e as
vidas de nossos pregadores estavam adequados para sua profissão. No sábado
à tarde, concluímos. A unanimidade e o amor reinaram entre nos
completamente e, se houve alguém que esperava ou temia o contrário, ficou
inteiramente desapontado. Este não é mais um sinal de Deus? Certamente,
enquanto estivermos nos esforçando pela esperança do Evangelho, estaremos
livres da vontade de nossos inimigos.

12/08 – domingo. Aguardava com bastante interesse o trabalho do dia,


sabendo que minhas forças não seriam suficientes para ele, mas Deus cuidou
disso; uma vez que, embora estivesse excessivamente fraco em Snowsfields,
de manhã, estava muito mais forte ao meio-dia e, depois de pregar à tarde
para uma grande multidão em Moorfields e de encontrar a sociedade por
cerca de uma hora, não senti fraqueza ou cansaço. Designei partir, na terça-
feira de manhã, tanto para Norwich quanto para a Cornualha, mas senti que
precisava de um pouco de descanso e, então, determinei protelar minha
jornada.

13/08 – segunda-feira. Fiz um pequeno passeio a Croydon, um dos lugares


do Arcebispo de Canterbury. Não foi ele um dos que ordenou, muitos anos
atrás (porque os caracteres estavam na antiga posição*), que a terrível
inscrição fosse colocada justamente sobre a mesa da comunidade?233
30/08 – quinta-feira. Preguei no Tabernáculo em Norwich, para uma grande,
rude e barulhenta congregação. Tomei conhecimento dos métodos aos quais
os professores estavam acostumados, e determinei repará-los ou exterminá-
los de vez. Assim sendo, na noite seguinte, depois do sermão, lembrei-lhes de
duas coisas: (a) que não era decente falarem alto tão logo os cultos fossem
encerrados e correrem de cá para lá, como se estivessem no jardim da
infância; (b) que era um mau costume recolherem laços depois do sermão e
fazerem do local de adoração uma casa de café. Consequentemente, solicitei
que ninguém falasse debaixo do telhado, mas que fosse embora tranquila e
silenciosamente. E, no domingo, dia 2 de setembro, tive o prazer de observar
que todos saíram quietos, como se tivessem sido acostumados assim há
muitos anos.

3/09 – segunda-feira. Encontrei a sociedade, às cinco horas, e expliquei a


natureza e o uso da reunião em classes. Ao inquirir, certifiquei-me de que
agora temos por volta de quinhentos membros, mas cento e cinquenta desses
não têm intenção de se reunir, afinal. Desses, entretanto, não fiz caso. Eles
estão por um fi o .

9/09 – domingo. Encontrei a sociedade, às sete horas, e lhes disse


francamente que aquela era a mais ignorante, vaidosa, voluntariosa, volúvel,
intratável, desordenada e desconexa sociedade que conheci nos três reinos. E
Deus aplicou isso no coração deles, de modo que muitos foram beneficiados,
mas não encontrei ninguém que ficasse ofendido. Às dez horas, tivemos outra
oportunidade feliz, e muitos corações obstinados se derreteram. Exatamente
às duas horas da tarde, a grande congregação se reuniu e o poder de Deus
estava novamente presente para curar, embora não tão eminentemente, como
às cinco horas, enquanto estava descrevendo “a paz que ultrapassa todo
entendimento”.234
* Veja nota 186, sobre a mudança para o Calendário Gregoriano.

10/09 – segunda-feira. Pegamos o cavalo às quatro e meia da manhã. Antes


das oito horas estava quente, como costuma acontecer em meados do verão, e
a partir das dez horas tivemos o sol em nosso rosto durante todo o caminho
até Colchester. Mas tivemos o vento em nossa face também; de outro modo o
calor teria sido insuportável. Foi no calor do momento que chegamos à casa,
mas não me impediu de pregar na praça e, mais tarde, de me encontrar com a
sociedade. Então, descansei tão logo foi possível, mas não pude dormir
quinze minutos das duas às três horas da manhã. Não me lembro de ter
perdido uma noite de sono anteriormente, estivesse doente ou bem de saúde,
desde que tinha seis anos de idade. Mas tudo significa uma só coisa: que
Deus é capaz de dar forças, seja depois de uma noite bem dormida ou não.
Levantei-me no meu horário usual e preguei, às cinco horas da manhã, sem
qualquer fraqueza ou sonolência.

20/09 – quinta-feira. Em Canterbury, apliquei poderosamente para os


soldados em particular, as palavras: “Aquele que tem o Filho tem a vida;
aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida!”235

No dia seguinte, em meu retorno para Londres, li o Sr. Huygen, “Conjecturas


no Mundo Planetário”. Ele me surpreendeu. Penso que ele claramente prova
que a lua não é habitada, que não há nenhum rio, nem montanha em seu
variado globo, que não existe mar nem água em sua superfície, nem qualquer
atmosfera; e daí, ele mesmo deduz racionalmente que “nem qualquer outro
dos planetas secundários, habitados”. Quem pode provar que os primários
são? Eu sei que a Terra é habitada. Do restante não sei nada!

15/10 – segunda-feira. Caminhei para Knowle, uma milha de Bristol, para


ver os prisioneiros franceses. Fomos informados de que cerca de cento e onze
deles estavam confinados em um pequeno lugar, sem qualquer coisa sobre a
qual se deitarem, mas apenas uma palha suja; nem para se cobrirem, mas
apenas alguns trapos imundos e finos, tanto de dia quanto de noite, de modo
que morriam como ovelhas podres. Fiquei muito sensibilizado e preguei, à
noite, sobre “Também não oprimirás o forasteiro, pois vós conheceis o
coração do forasteiro, visto que vós fostes forasteiros na terra do Egito”.236

Dezoito libras foram conseguidas imediatamente, as quais chegaram a vinte e


quatro no dia seguinte. Com isso, compramos linho e roupas de lã, que
viraram camisas, casacos e calças. Algumas dúzias de meias foram acrescidas
e tudo foi cuidadosamente distribuído, onde houvesse maior necessidade.
Logo depois, a Corporação de Bristol enviou uma grande quantidade de
colchões e cobertores. E isso não foi muito tempo antes das contribuições
serem enviadas pessoalmente para Londres, e em várias partes do reino; de
modo que, acredito, a partir desse momento, eles foram muito bem
guarnecidos, com todas as coisas essenciais da vida.
26/10 – sexta-feira. Cavalguei para Basingstoke. Estava extremamente
cansado quando cheguei, mas muito menos depois de pregar. Então, enviei
um recado, perguntando se havia um lugar vazio em alguma das carruagens
que iam para Londres, no dia seguinte, mas elas estavam todas lotadas e tinha
prometido mandar de volta minha égua para Bristol. A única saída de que me
lembrei foi pegar o cavalo de Joseph Jones e cavalgar com ele atrás de uma
carruagem. Então, solicitei que o cavalo fosse trazido logo depois das quatro
da manhã e fiquei esperando que uma carruagem passasse por lá. Cavalguei
perto dela, embora estivesse tão escuro que mal podia ver a cabeça do meu
cavalo. Entretanto, podia ouvir, o que já era suficiente. Por volta do romper
do dia, a carruagem foi embora, mas daí eu já podia ver a estrada. Choveu
sem cessar desde o momento em que peguei o cavalo até que cheguei na
fundição; estive ensopado durante grande parte do dia. Mas isto não me
trouxe problemas.

23/11 – sexta-feira. As estradas estavam tão extremamente escorregadias que


foi com muita dificuldade que alcançamos Bedford. Tivemos uma bonita e
grande congregação, mas o fedor de porcos debaixo da sala estava
praticamente insuportável. Alguma vez um lugar de pregação tinha sido um
chiqueiro de porcos antes? Certamente ama o Evangelho aquele que vem
ouvi-lo em tal lugar.237

25/11 – domingo. Estava um pouco temeroso de que minhas forças não


fossem suficientes para ler as orações, pregar e ministrar a Ceia do Senhor
sozinho, para um grande número de comungantes, mas tudo deu certo. O Sr.
Hicks começou seu próprio culto cedo e veio antes que eu terminasse meu
sermão. Assim, terminamos tudo antes das duas horas e tive tempo de tomar
fôlego antes do culto da noite. À tarde, Deus estava majestosamente presente
conosco, embora mais para confortar do que para convencer. Mas observei
uma diferença notável na maneira do trabalho, desde que estive aqui antes.
Ninguém estava em êxtase agora; ninguém gritou alto; ninguém caiu ao chão,
nem convulsionou; apenas alguns tremeram excessivamente, um murmúrio
baixo foi ouvido e muitos foram revigorados com abundância de paz. O
perigo está em se considerar essas circunstâncias extraordinárias, tais como
clamores, convulsões, visões, êxtase como se fossem essenciais ao trabalho
interno, de modo que não seria possível prosseguir sem elas. Talvez o perigo
esteja também em considerá-las muito pouco e condená-las completamente,
imaginando que elas têm nada de Deus e que são um impedimento à sua obra.

Considerando que seja verdade: 1. Deus convenceu a muitos, súbita e


poderosamente, de que eles eram pecadores perdidos, e a consequência
natural disso foram os clamores e as fortes convulsões no corpo; 2. para
fortalecer e encorajar aqueles que acreditavam, e tornar a obra de Deus mais
evidente, ele favoreceu diversos deles com sonhos divinos e outros com
transes e visões; 3. em alguns desses casos, após algum tempo, a natureza
misturava-se com a graça; 4. que Satanás imitou essa obra de Deus,
igualmente para desacreditar o trabalho inteiro, porém não é sábio deixar
qualquer parte mais do que deixar o todo. A princípio era, sem dúvida,
completamente de Deus. Em parte é assim até hoje, e ele nos capacitará a
discernir até onde, em cada caso, o trabalho é puro, e até onde está misturado
ou degenerado.

Vamos supor que, em alguns poucos casos, tinha havido uma mistura ou
dissimulação – que pessoas fingiram ver ou sentir o que não viram nem
sentiram, mas imitaram os choros e movimentos convulsivos “daqueles que
estavam realmente dominados pelo Espírito de Deus”; ainda assim, nem
sempre devemos negar ou desvalorizar a obra real do Espírito. A sombra não
está dissociada da matéria; “nem a imitação do diamante real”. Podemos
supor, além disso, que Satanás fez dessas visões uma ocasião para o orgulho.
Mas o que pode ser inferido disso? Nada, a não ser que devemos nos proteger
contra ele; que devemos diligentemente exortar todos a serem pequenos aos
seus próprios olhos, sabendo que nada existe de mais proveitoso para Deus
do que o amor humilde. Mas, ainda assim, fazer pouco caso ou censurar as
visões em geral pode ser tanto irracional quanto anticristão.

12/12 – quarta-feira. Comecei lendo o Testamento Grego e as Notas,


juntamente com meu irmão e muitos outros; cuidadosamente comparando as
traduções com o original e corrigindo ou ampliando as Notas, quando
tínhamos razão para isto. No mesmo dia, passei parte da tarde no Museu
Britânico. Havia uma grande biblioteca, um grande número de manuscritos
curiosos, muitos monumentos incomuns da Antiguidade e uma coleção
completa de conchas, borboletas, besouros, gafanhotos e assim
sucessivamente; a qual o infatigável Sir Hans Sloane, com tantas despesas e
trabalho, obteve em uma vida de oitenta anos.
27/12 – quinta-feira. Comecei a visitar a sociedade e encontrei grande parte
dela mudada, em comparação com um ano atrás. Eles estavam realmente em
menor número, mas agora seu espírito estava aberto ao aprendizado, de
receber, de boa vontade, conselho ou até mesmo reprovação e, se trezentos
desses espíritos permanecerem, terá valido a pena todo o trabalho.

1/01 –
terça-feira.
1760
O culto começou às quatro horas da manhã. Um grande número atendeu, e
Deus esteve no meio de todos, fortalecendo e revigorando as almas.
5/01 – sábado. Preguei, à noite, em Colchester e, no domingo,
dia 6, cavalguei para
Langham (sete milhas de lá), num dia que raramente conheci igual, com o
vento noroeste batendo em cheio em nossos rostos. Entretanto, isso não
desencorajou as pessoas, que se juntaram de todos os cantos. E os que
tiveram muito trabalho para vir não voltaram vazios.

12/03 – quarta-feira. Passei a maior parte do tempo examinando uma por


uma das pessoas das cidades vizinhas, que acreditavam estarem salvas do
pecado. O testemunho de algumas delas não pude receber, mas, de acordo
com a maior parte, é claro (a menos que se suponha que eles digam mentiras
terríveis e deliberadas): 1. eles não sentem pecado interior, segundo o melhor
do conhecimento deles também não cometem pecado exterior; 2. sentem e
amam a Deus todo o momento, e oram, regozijando-se e dando graças
sempre mais; 3. eles têm como claro o testemunho de Deus da santificação,
assim como têm da justificação. Agora, nisto eu também me regozijo, e irei
me regozijar – dê você o nome que lhe agradar – e eu peço a Deus que as
centenas que experimentaram tanto assim, possam experimentar muito mais,
se for do seu agrado.

13/03 – quinta-feira. Cavalgamos pelas montanhas através de um vento e


chuva furiosos, que estavam prontos a atirar longe homem e animal. De
qualquer forma, à tarde, chegamos bem em Manchester. Na sexta-feira, dia
14, sendo o dia nacional do jejum, tivemos culto às cinco horas da manhã, às
sete horas e às cinco horas da tarde, mas não observei aqui nem sinal da
solenidade com o que os jejuns públicos são observados em Londres. Não me
senti muito disposto no sábado, e nada bem no domingo. Contudo, tendo
determinado pregar em Stockport, ao meio-dia, me propus a não quebrar
minha palavra. Como chovia, nossos amigos providenciaram uma carruagem
do correio. Quando já tínhamos alcançado meia milha, um dos cavalos
começou a dar coices, empinar e não prosseguia. Assim, descemos e
seguimos caminhando; mas um outro cocheiro trouxe a carruagem depois e
me transportou para Stockport. Uma grande congregação estava esperando e
recebeu a palavra com toda a prontidão de mente. Durante alguns anos, a
semente pareceu ter sido plantada em vão, mas, por fim, aumentou
consideravelmente. Nos dias seguintes, preguei em diversas cidades vizinhas
e, na quarta-feira à tarde, em Liverpool.

20/03 – quinta-feira. Conversei bastante com o Sr. Newton. Seu caso é muito
peculiar. Nossa igreja requer que os clérigos sejam homens de leitura e, para
esse fim, tenham uma educação universitária. Mas quantos têm educação
universitária e, ainda assim, não são homens de leitura? E tais homens são
ordenados! Enquanto isto, um dos eminentes homens de leitura e de um
comportamento irrepreensível não pode ser ordenado, porque não esteve na
universidade! Que mera farsa é essa! Quem poderia acreditar que qualquer
bispo cristão seria impedido por causa de uma desculpa tão pobre?

10/04 – quinta-feira. Estava sentado com um amigo, quando o pobre Sr.


Cook entrou. Seus olhos, seu olhar, o jeito de seus cabelos como espinhos de
porco-espinho agitado, suas roupas maltrapilhas, sua figura toda, assim como
seu discurso, imediatamente o denunciaram; mas ele era completamente
original e tinha tanta vivacidade, com toques de forte senso, que não me
surpreendo com o cavalheiro do colégio, como ele me disse, ter-lhe dado uma
casa lá. Que estrutura nobre se encontra aqui em ruínas! Que pena que,
quando ele se achou pecador, não teve com quem falar que entendesse seu
caso e pudesse ensinar-lhe o único método de cura!

18/04 – sexta-feira. Fui com a Srta. Freeman ver os prisioneiros franceses,


enviados de Carrickfergus. Eles ficaram surpresos de ouvirem um bom
francês falado em Dublin assim como ouviriam em Paris, e ficaram ainda
mais admirados ao serem exortados à religião do coração, “à fé que opera
pelo amor”.238

28/04 – segunda-feira. Cavalguei para Rathfryland, sete milhas inglesas de


Newry, uma pequena cidade construída no topo de uma montanha, cercada
por um vale profundo e, a uma pequena distância, por montanhas mais altas.
O ministro presbiteriano tinha escrito ao sacerdote católico para manter seu
povo longe de me ouvir, mas eles não fizeram isto: protestantes e católicos se
reuniram na pradaria onde preguei; e se sentaram na grama até à noite,
quando os exortei “para se arrependerem e crerem no Evangelho”. A mesma
atenção se fez presente em toda a congregação em Terryhoogan, à noite,
quando passei uma noite confortável na câmara do profeta – nove pés de
comprimento,239 sete de largura e seis de altura. O teto, chão e paredes eram
todos do mesmo mármore, vulgarmente chamado de barro.

4/05 – segunda-feira.
1761
Por volta do meio-dia, caminhei para o King’s College, em Old Aberdeen.
Ele tem três quadras, graciosamente construídas, não como o Queen’s
College, em Oxford.

Quando subia para ver o corredor, encontrei um grupo de senhoras com


diversos homens. Eles se entreolharam e falaram uns com os outros. Depois,
um dos cavalheiros tomou coragem, veio até mim e disse: “Nós fomos, a
noite passada, ao College Close, mas não pudemos ouvi-lo e ficaríamos
extremamente agradecidos se você pudesse fazer um pequeno discurso aqui”.

Não sabia o que Deus queria fazer e, então, comecei, sem demora, com:
“Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos
homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”.240
Acredito que a palavra não foi perdida, pois caiu como orvalho em um copo
frágil.

15/05 – sexta-feira. Uma multidão de soldados rumavam para a Alemanha.


Muitos desses atenderam à pregação, aos quais não pude deixar de fazer uma
aplicação especial. E quem sabe se o que ouviram seja vantajoso para eles no
dia do julgamento?

17/05 – domingo. Preguei, às oito horas, em Alnwick e, por volta da uma


hora, em Alnmouth — um lugar pobre e estéril, onde não existem frutos do
que foi semeado. Mas existirá, visto que muitos ainda têm boa vontade para
ouvir. À noite, uma multidão e um pequeno exército de soldados se reuniram
na praça do mercado, em Alnwick. De manhã, marcharam para a Alemanha.
Espero que alguns deles tenham vestido suas armaduras.

25/05 – segunda-feira. Cavalguei para Shields e preguei em um lugar aberto


para uma multidão de ouvintes. Muitos deles me seguiram para South-
Shields, onde preguei, à tarde, para quase o dobro da congregação. Quão
maduros para o Evangelho estão estes também! O que é preciso, senão mais
trabalhadores? E mais do que isto! Não existe aqui (como em toda a paróquia
da Inglaterra) um ministério específico que tome conta de todas essas almas?
Existe. E alguém que seja responsável por todas aquelas almas; mas, que tipo
de cuidado ele toma é outra questão. Pode ser que nem saiba, nem se
preocupe, se elas estão indo para o céu ou para o inferno. Ele pergunta a um
homem, mulher ou criança, alguma questão sobre isso de um Natal a outro?
Oh! Que grande relatório tal pároco dará ao Grande Pastor naquele dia?

19/06 – sexta-feira. Foi difícil cavalgar oito milhas (assim chamadas) em


duas horas e meia, com a chuva batendo sobre de nós e através de um
caminho excessivamente escorregadio. Mas esquecemos tudo isso quando
chegamos em Grange, tão grandemente Deus esteve presente com seu povo.
De lá, caminhamos para Darlington. Aqui, estivemos debaixo de dificuldades
novamente; e nem metade das pessoas pôde entrar, com a chuva proibindo de
pregar do lado de fora. Mas, à uma hora (no momento da pregação), a chuva
parou e não voltou até depois das duas, então as pessoas ficaram muito
convenientemente no pátio e muitas nem se preocuparam em ir embora.
Quando entrei, elas se aglomeraram nas portas e janelas e lá ficaram até que
peguei meu cavalo.

22/06 – segunda-feira. Falei com cada um dos membros da sociedade em


Hutton Rudby. Às onze horas, preguei uma vez mais, apesar da grande
fraqueza do corpo e encontrei os administradores de todas as sociedades.
Então cavalguei para Stokesley e, depois de examinar a pequena sociedade,
segui por Guisborough. O sol estava queimando, mas em um quarto de hora
uma nuvem interpôs-se, e ele não nos perturbou mais.

Um cavalheiro da cidade pediu-me que pregasse na praça do mercado, onde


uma mesa me foi colocada, mas eu estava em uma vizinhança ruim, porque
havia um intenso fedor de peixe, como se estivesse pronto para sufocar-me, e
as pessoas rugiam como as ondas do mar. Mas a voz do Senhor foi mais
poderosa e, em poucos minutos, toda a multidão estava quieta e seriamente
atenta, enquanto eu proclamava: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual
se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção”.241

5/07 – domingo. Acreditando que uma obstrução à obra de Deus, em York,


era o negligenciar às pregações no campo, preguei essa manhã, às oito horas,
em um espaço aberto, perto dos muros da cidade. Uma multidão de pessoas
se reuniu para ouvir, muitas das quais profundamente atentas. Uma ou duas
apenas estavam furiosas e jogaram algumas pedras, mas isso foi trabalho
perdido, porque ninguém se preocupou com elas.

24/07 – sexta-feira. Ao falar essas palavras: “em muitas coisas, nós


ofendemos a todos”, observei que: 1. enquanto vivemos, nossa alma está
ligada ao corpo; 2. e enquanto está assim ligada, ela não pode sentir, a não ser
com a ajuda dos órgãos do corpo; 3. visto que esses órgãos são imperfeitos,
nós seremos capazes de cometer enganos, tanto especulativos quanto
práticos; 4. e um erro pode fazer com que eu ame um bom homem menos que
deveria, o que é um defeito, ou seja, um temperamento errado; 5. por tudo
isso precisamos do sangue reconciliador como, de fato, para toda imperfeição
ou omissão. Por conseguinte, 6. todo homem precisa dizer diariamente:
Perdoe-nos por nossas transgressões.

31/12 – quinta-feira. Concluímos o ano, como de costume, com uma solene


noite de vigília. Que possamos concluir nossas vidas da mesma maneira,
orando e dando graças ao Senhor.
31/03 – quarta-feira. Convidado para pregar
em Wem, a 1762
Sra. Glynne ofereceu-me uma carruagem e em pouco mais de uma hora,
estávamos muito rápidos de modo que os cavalos, ao serem freados,
romperam os tirantes. Eu poderia, então, ter caminhado, se estivesse sozinho,
mesmo que a lama estivesse funda e a neve caindo impetuosamente, mas não
podia deixar meu amigo. Então, esperei pacientemente, até que o homem
consertasse os tirantes e os cavalos fossem conduzidos novamente. Assim,
com muita dificuldade, mas não muito depois do tempo designado, cheguei
em Wem.

No entanto, a pessoa que havia me convidado tinha saído da cidade, às quatro


horas da manhã. E não encontrei uma única pessoa que esperasse ou
desejasse minha companhia. Logo depois, perguntei sobre o lugar onde o Sr.
Mather pregava, mas ele estava cheio de cânhamos (linho). Restou-me
apenas ir à praça do mercado, mas nenhum homem, mulher ou criança se
preocupou em nos seguir, porque o vento norte soprou muito forte de todos
os lados e espalhou-se para todos os cantos. Entretanto, antes que terminasse
de cantar, dois ou três arrastaram-se para dentro; e, depois deles, duas ou três
centenas; e o poder de Deus esteve tão presente que creio que muitos se
esqueceram da tempestade.

O vento aumentou ainda mais durante a tarde, de modo que Ficou difícil
sentar em nossos cavalos; ele soprava direto em nossos rostos, mas não pôde
nos impedir de alcançarmos Chester, à noite. Embora fizesse pouco calor, a
sala estava cheia; e cheia de ouvintes sérios e interessados, muitos dos quais
expressaram um desejo ardente pela completa salvação de Deus. Aqui eu
descansei, na terça-feira.

9/04 – Sexta-feira (Sexta-Feira Santa). Quase perdi minha voz por conta do
resfriado. Entretanto, falei como pude até pouco antes da meia-noite (noite de
vigília); quando, então, voltei a falar quase tão bem como sempre. Na Páscoa,
tivemos congregações incomuns, assim como durante toda a semana; e
observei um comportamento mais calmo e sóbrio do que o costume na
maioria das pessoas. Segunda e terça-feira me ocupei em visitar as classes e
me senti muito revigorado entre eles; havia muito apetite e sede em todos os
que tinham provado a graça de Deus, pela busca da renovação completa
conforme sua imagem.

3/05 – segunda-feira. À noite, uma companhia de atores começou a atuar na


parte superior da casa do mercado, justamente quando havíamos começado a
cantar na parte inferior. Este caso é notável. Os presbiterianos, por muito
tempo, tiveram sua casa de adoração pública aqui, mas quando os
caminhantes vieram para a cidade, eles sumiram e, desde aquele tempo, não
existe mais a casa de adoração. Na terça-feira, à noite, a parte inferior estava
também ocupada pelos compradores e vendedores de farinha de aveia, mas
tão logo comecei, as pessoas deixaram seus sacos de farinha e ouviram um
culto de grande importância.

13/05 – quinta-feira. Estava esperançoso de que até mesmo os papistas


tivessem, por fim, conseguido um pastor que cuidasse de suas almas. Ele
parecia mais austero que seus predecessores e era considerado um homem
devoto, tanto quanto culto. Assim sendo, deu ordens expressas para não se
trabalhar no dia do Senhor, mas me certifiquei de que ele permitiu que se
divertissem, como mais lhes agradasse, com jogos de cartas em especial;
mais ainda, assegurou que era sua obrigação assim fazerem, a fim de
restaurarem seus corpos e mentes. Ai de mim! Um líder de cegos, cego! Ele
não comete um pecado mais grave?

3/07 – sábado. Encontrei a sociedade e inquiri o que cada um estava disposto


a ofertar. Uma soma considerável foi ofertada imediatamente. Domingo, dia
04, foi um dia de alegria solene, igual a qualquer um que tenho visto em
Dublin. Na festa de amor, à tarde, pareceu que Deus também tem visitado
Limerick. Cinco pessoas desejaram manifestar seus agradecimentos a Deus,
pelo entendimento claro de seu amor redentor; várias outras, pelo aumento da
fé e por se livrarem das dúvidas e medos. E dois outros deram um relato claro
e simples sobre de que maneira Deus limpou seus corações, de modo que
agora não sentiam raiva ou orgulho, mas amor, oração e louvor contínuos.

17/07 – terça-feira. Fui à pobre e morta Portarlington; e ninguém se


surpreende que assim esteja, uma vez que os pregadores confinam-se numa
sala com vinte ou trinta ouvintes. Fui direto para a praça do mercado e clamei
alto: “Escutem atentamente! Observem um semeador seguindo direto para
semear”. Deus fez sua palavra rápida e poderosa, e “afiada, como uma espada
de dois gumes”. Às cinco da manhã, eles vieram num número maior que a
sala pode conter.

31/07 – sábado. Embora nunca antes tenha sentido tal união de corações com
as pessoas de Dublin, acreditava que meu trabalho na Irlanda tinha terminado
e alegremente os recomendei a Deus e embarquei a bordo do Dorset para
Parkgate. Zarpamos às oito horas da noite. Entre nove e dez horas, no
domingo de manhã, o capitão me perguntou se eu não iria às orações com
eles.242 Todos que eram capazes de se arrastar para fora estavam presentes.
Depois das orações, preguei sobre “Os seus caminhos são caminhos de
delícias, e todas as suas veredas, paz”.243 Raramente tivemos qualquer vento
quando comecei, mas, enquanto estava pregando, ele surgiu e nos levou para
Parkgate, entre seis e sete horas.

6/08 – sexta-feira. Fui informado da chama que irrompeu em Bolton.


Alguém, escrevendo para o Sr. Furz, descreveu um pouco disso nas seguintes
palavras: “Glória seja dada a Deus. Ele está fazendo maravilhas entre nós!
Desde que você nos deixou, sete pessoas (se não mais), foram justificadas e
seis santificadas, na reunião. Duas dessas, eu penso, foram justificadas e
santificadas em menos de três dias. Que encontro foi a nossa última reunião
de classe! Em três minutos ou menos, Deus inexprimivelmente convenceu
um velho opositor da verdade e afligiu a muitos. Nunca senti sua presença
habitando tão poderosamente antes”.

29/08 – domingo. Preguei, às oito horas, na Southernay Green, uma


congregação extremamente quieta. Na catedral, tivemos um sermão muito
útil, e todo o culto celebrado com grande seriedade e decência. Uma espécie
de órgão, que nunca tinha visto ou ouvido antes, muito largo e bonito, era
finamente tocado; e a música “Glória a Deus nas Alturas”, imagino, excedeu
o próprio Messias.244 Eu estava muito grato em dividir a Ceia do Senhor
com meu velho oponente, Bispo Lavington. Oh! Que possamos nos sentar
juntos no Reino de nosso Pai!

A noite veio, logo depois que estávamos a cavalo, e tivemos oito milhas de
cavalgada. Cerca de meia hora mais tarde, ficou tão escuro que não podia ver
minha mão, e chovia incessantemente. Entretanto, um pouco depois das oito
horas, Deus nos conduziu a salvo para Cubert. Preguei na igreja da cidade no
dia seguinte e, na terça-feira cavalguei para Port Isaac. Aqui, os
administradores do circuito oeste se encontraram. Que mudança foi forjada
no decurso de um ano! Aquelas práticas detestáveis de coisas fraudulentas
não são mais encontradas em nossas sociedades. E desde que aquela coisa
execrável foi colocada fora, a obra de Deus tem aumentado em todos os
lugares. Essa sociedade, em especial, aumentou mais do que o dobro; e eles
estão todos vivos para Deus.

28/10 – quinta-feira. Há muitos anos, meu irmão frequentemente diz: “Seu


dia de Pentecostes ainda não chegou completamente, mas não duvido que
chegará; e então, ouvirá falar de pessoas santificadas, tanto quanto você falar
de pessoas justificadas”.245 Qualquer leitor não preconceituoso observará
que o meu dia de Pentecostes já chegou. E, consequentemente, ouvimos falar
de pessoas santificadas em Londres e na maioria das outras partes da
Inglaterra, em Dublin e muitas outras partes da Irlanda, tão frequentemente
quanto de pessoas justificadas; embora exemplos como os últimos têm sido
bem mais comuns agora do que durante os últimos vinte anos. O fato de
muitos desses não terem preservado o dom de Deus não é prova de que ele
não lhes foi dado. Que muitos que o retiveram para esse dia é motivo de
louvor e bênçãos. E muitos foram para aquele a quem amam, louvando-o
com seu último sopro; como o espírito de Ann Steed, a primeira testemunha
da grande salvação em Bristol, que, tendo se fatigado com doença e dores
torturantes, depois que fora recomendada a Deus por todos que estavam à sua
volta, levantou os olhos exclamando alto: “Glória! Aleluia!”, e morreu.

29/10 – sexta-feira. Deixei Bristol e, no dia seguinte, cheguei em Londres.

24/11 – quarta-feira. Determinado a saber por mim mesmo, fiquei onde


poderia ouvir e ver sem que me vissem. George Bell orou, ao todo, cerca de
uma hora; não pude deixar de admirar seu espírito fervoroso. Mais tarde,
disse-lhe o que não admirava, ou seja: 1. seus gritos, ocasionalmente de uma
maneira tão estranha, que alguém dificilmente poderia dizer o que ele falou;
2. ele pensar que tem um discernimento miraculoso; e 3. sua maneira áspera
de condenar seus opositores.

13/12 – segunda-feira. Mencionei isto a alguns amigos e lhes disse qual seria
a consequência, mas não acreditaram. Então, deixei como está; apenas
desejando que se lembrassem do que lhes tinha dito antes.

19/12 – domingo. Usando Mateus 18.3,246 esforcei-me para mostrar àqueles


que usam a palavra sem entendimento, do que se trata a simplicidade cristã
propriamente dita e do que não se trata. Não se trata de ignorância ou tolice;
não se trata de fanatismo ou credulidade. Trata-se da fé, humildade, prontidão
para ser ensinado e libertação do raciocínio diabólico.

22/12 – quarta-feira. Ouvi George Bell uma vez mais, e me convenci de que
ele não devia continuar orando na Fundição. Estou disposto a suportar a
repreensão de Cristo, mas não a reprovação do fanatismo, se puder evitá-
la.247

25/12 – sábado. Encontramo-nos na Capela em Spitalfields para renovar


nossa aliança com Deus, e ele realmente se manifestou no meio da
congregação e respondeu como que pelo fogo.

26/12 – domingo. Para não fazer nada precipitadamente, permiti que George
Bell usasse, uma vez mais (essa tarde), a Capela em West Street; e, uma vez
mais (na quarta-feira à tarde), a fundição. Mas foi ficando cada vez pior; ele
agora fala como vindo de Deus aquilo que sabe que Deus não tem falado. Eu,
entretanto, desejei que ele não fosse mais lá. Espero que isso possa represar
um pouco a impetuosidade de alguns bons, mas equivocados homens;
especialmente considerando o caso de Benjamim Harris, o mais impetuoso
deles. Uma ou duas semanas atrás, quando estava trabalhando em seu jardim,
ele enlouqueceu. Continuou assim até que, terça-feira, dia 21 de dezembro,
deitou-se ainda mais abalado e não pôde falar até a quarta-feira de manhã,
quando seu espírito retornou para Deus.

31/12 – sexta-feira. Refleti sobre o ano que se passou; um ano de


julgamentos e bênçãos incomuns. Muitos se convenceram do pecado; muitos
encontraram paz com Deus; e apenas em Londres, eu acredito, duzentos
foram trazidos à liberdade gloriosa. E, ainda assim, tive mais cuidado e
preocupação do que em todos os outros anos precedentes. Como será o fim
eu não sei, mas é suficiente que Deus saiba!Fundição
21/05 – sábado.
1763
Cheguei em Edimburgo. No dia seguinte, tive a satisfação de passar algum
tempo com o Sr. Whitefield. Humanamente falando, ele está desgastado, mas
deixemos com aquele que tem todo poder nos céus e na terra.

29/05 – domingo. Preguei, às sete horas, no pátio do High School, em


Edimburgo. Era dia de Assembleia Geral, que trouxe não apenas os
ministros, mas uma multidão de nobres e da pequena nobreza; muitos, de
ambos os tipos, estavam presentes, mas muito mais às cinco horas da tarde.
Falei francamente, como sempre fiz em minha vida, e nunca soube de algum
escocês ofendido diante de um procedimento claro. A esse respeito, os
britânicos do norte são um padrão para toda a humanidade.

7/06 – terça-feira. Há algo notável na maneira como Deus reaviva sua obra
por esses lados. Alguns meses atrás, a grande maioria das pessoas nesse
circuito era excessivamente sem vida. Samuel Meggot, percebendo isso,
alertou a Sociedade do Castelo Barnard para observar cada sexta-feira com
jejum e oração. Toda primeira sexta-feira, eles se encontravam e Deus
operou neles de uma maneira maravilhosa, e sua obra tem progredido entre
eles desde então. As sociedades vizinhas, ouvindo falar disso, concordaram
em seguir a mesma regra e logo experimentaram a mesma bênção. Não é a
negligência desse dever óbvio (quero dizer, o jejum, ordenado por nosso
Senhor juntamente com atos de caridade e orações), a causa de
entorpecimento entre os cristãos? Pode qualquer um negligenciá-lo
voluntariamente e continuar inocente?

20/06 – segunda-feira. Preguei em Maxfield por volta do meio-dia. Como


não me sentia muito bem, e ainda não estava completamente recuperado,
nosso irmão insistiu em me enviar em uma carruagem para Burslem. Entre
quatro e cinco horas, deixei a carruagem e peguei meu cavalo. Nesse
momento, ouvi um choro e, olhando para trás, vi uma carruagem caída e
quase despedaçada (a roda havia batido violentamente contra uma pedra). Por
volta das sete horas, preguei para uma grande congregação em Burslem.
Aqueles pobres oleiros, quatro anos atrás, eram tão selvagens e ignorantes
como qualquer um dos mineiros de carvão em Kingswood. “Senhor, Tu tens
poder sobre Tua própria argila!”

25/08 – quinta-feira. Estou mais convencido que nunca de que, pregar como
um apóstolo, sem me reunir com os que estão despertos e treiná-los no
caminho de Deus, é o mesmo que procriar filhos para um assassino.

17/09 – sábado (Bristol). Preguei no gramado de Bedminster. Estou inclinado


a pensar que muitos dos ouvintes dificilmente ouviram um metodista antes,
ou, talvez, qualquer outro pregador. E poderia ser de outra forma, visto que as
pregações no campo são as que podem alcançar esses pecadores? E não são
suas almas preciosas aos olhos de Deus?

18/08 – domingo. Preguei, de manhã, em Princess Street, para uma numerosa


congregação. Dois ou três cavalheiros riram, primeiro, mas, em poucos
minutos, estavam tão sérios quanto o restante. Na segunda-feira à noite,
exortei solenemente aos nossos irmãos para que não “amassem o mundo,
nem as coisas do mundo”. Esse será o grande perigo deles, uma vez que, são
laboriosos e econômicos, sua maior necessidade é aumentar seus bens. Isso já
se manifesta, também, em Londres, Bristol e muitas outras cidades de
comércio. Todos os que estão em atividade profissional têm aumentado seu
patrimônio, sete vezes; alguns deles vinte vezes; até cem vezes. Como tais,
necessitam de constante exortação para que não sejam emaranhados por isto e
venham a perecer!

16/01 – segunda-feira.
1764
Cavalguei para High Wycombe e preguei para uma numerosa e séria
congregação, como eu nunca tinha visto por aqueles lados antes. Deverá
haver ainda outro dia de visitação a essas pessoas carentes?

Às cinco horas da manhã, um grande número de pessoas estava presente, mas


meu rosto e minhas gengivas estavam tão inchados que quase não pude falar.
Depois que peguei o cavalo, eles ficaram piores e piores, até que começou a
chover e fui persuadido a colocar um capuz de tecido impermeável, o qual
manteve-se esfregando continuamente em meu rosto, até que tanto a dor
como o inchaço foram embora.

Entre meio-dia e uma hora, cruzamos a Balsa de Ensham. A água estava


como um mar de ambos os lados. Perguntei ao barqueiro: “Podemos cavalgar
por esse terreno alagadiço?” E ele disse: “Sim, meu senhor, se você se
mantiver no meio”. Mas essa era a dificuldade, visto que toda a beirada da
estrada estava coberta com água de uma considerável profundidade. Em
muitas partes choveu sobre ela com a velocidade e violência de uma
comporta. Num determinado momento, minha égua perdeu o apoio das patas
dianteiras, mas se esticou e recuperou o caminho. Caso contrário, teríamos
tomado um banho, uma vez que a água, de ambos os lados, estava a uns dez
ou doze pés de profundidade. De qualquer forma, depois de uma ou duas
horas de mais mergulhos, atravessamos e chegamos a salvo em Whitney.

16/02 – quinta-feira. Mais uma vez fiz um proveitoso passeio pelos túmulos
da Abadia de Westminster. Que monte de pedra e mármore sem razão de ser!
Mas existe uma tumba que mostra bom senso: a bonita figura do Sr.
Nightingale esforçando-se para proteger sua amada esposa da morte. Aqui,
realmente, o mármore parece falar e as estátuas quase parecem estar vivas!

26/03 – segunda-feira. Pediram-me que pregasse em Walsal. James Jones


ficou alarmado com o movimento e temeu que houvesse muito distúrbio.
Entretanto, determinei que fosse feita uma tentativa. Entrando na casa,
encontrei um bom sinal. Uma mulher estava dizendo à sua vizinha porque
tinha vindo: “Eu quis”, ela disse, “ouvir esse homem, ainda que não ousasse,
porque ouvi muitas coisas ruins sobre ele. Mas essa manhã sonhei que ele
estava orando fervorosamente, e ouvi uma voz dizendo: ‘Veja o oitavo
versículo do primeiro capítulo de João’. Fui até a Bíblia e li: ‘Ele não era a
luz, mas veio para que testificasse da luz’. Levantei-me e vim com todo meu
coração”. Visto que a casa não poderia conter tamanha quantidade de
pessoas, por volta das sete horas preguei nos arredores e não houve opositor,
nem mesmo um escarnecedor pôde ser visto! Todos os presentes estavam
sinceramente atentos. Como Walsal está mudada! Como Deus tem
domesticado as feras selvagens e tem-nas acorrentado ao alto.

27/03 – terça-feira. Cavalgamos para Derby. O Sr. Dobinson acreditou que


seria melhor para mim pregar na praça do mercado, uma vez que lá parecia
ser uma inclinação geral na cidade, até mesmo para as pessoas modernas me
ouvirem. Ele havia mencionado isto ao prefeito, que disse que não previu que
pudesse haver a menor perturbação, mas, em havendo alguma coisa desse
tipo, ele cuidaria de suprimir. A multidão reuniu-se, às cinco horas, e estava
muito quieta até que anunciei meu texto. Então “as bestas” ergueram suas
vozes, açulando e gritando por todos os lados. Certificando-me de que seria
impossível ser ouvido, caminhei suavemente para ir embora, mas uma
inumerável comitiva seguiu-me, porém apenas alguns pedregulhos e pedras
foram lançados e ninguém se machucou. Muitos da turba seguiram até a casa
do Sr. D., mas tudo pareceu sem qualquer propósito malicioso, uma vez que
ficaram completamente imóveis cerca de uma hora e, então, foram embora
tranquilamente.

31/03 – sábado (Rotherham). Outra circunstância ímpar ocorreu durante a


pregação da manhã. Tudo estava bem, apenas com pessoas sérias presentes,
quando um asno caminhou solenemente para o portão, veio até a porta da
casa, levantou sua cabeça e ficou completamente imóvel, numa postura de
profunda atenção. Não poderia “a besta, que é muda, reprovar” muitos que
tiveram bem menos decência e não muito menos entendimento?

Ao meio-dia (com a sala pequena demais para conter tanta gente), preguei no
pátio, perto da ponte, em Doncaster. O vento estava forte e excessivamente
cortante, e soprava ao mesmo tempo em um dos lados da minha cabeça. De
tarde, fui acometido por uma dor de garganta quase tão logo cheguei em
Epworth. Entretanto, preguei, embora com muita dificuldade; depois disso,
mal conseguia falar. No dia seguinte, domingo, dia 1o abril, preguei, por
volta da uma hora, em Westwood Side e, logo depois das quatro, na praça do
mercado, em Epworth, para uma numerosa congregação. A princípio,
realmente, bem poucos puderam ouvir, mas, quanto mais eu falava, mais
minha voz ficava fortalecida, até que, no final da pregação, todas as minhas
dores e fraqueza tinham ido embora, e todos puderam ouvir distintamente.

2/04 – segunda-feira. Tive um dia de descanso.

3/04 – terça-feira. Preguei, por volta das nove, em Scotter, uma cidade seis
ou sete milhas a leste de Epworth, onde uma chama subitamente irrompeu e
muitos foram convencidos do pecado, quase de imediato, e muitos
justificados. Mas havia muitos adversários agitando-se através de um homem
mau que lhes disse: “Não existe lei para os metodistas”. Consequentemente,
revoltas ininterruptas se seguiram, até que, depois de algum tempo, um
honrado magistrado pegou a causa em suas mãos e então mandou, tanto os
amotinadores quanto aquele que os havia iniciado, para o trabalho, de
maneira que têm estado como cordeiros desde então.

5/04 – quinta-feira. Por volta das onze horas, preguei em Elsham. As duas
pessoas mais zelosas e ativas aqui são o mordomo e o jardineiro de um
cavalheiro, a quem o ministro persuadiu a dispensá-los, a menos que
deixassem “esse caminho”. Ele lhes deu uma semana para considerar a
respeito e, ao final, calmamente responderam: “Senhor, nós escolhemos que é
melhor precisar de um pão aqui, do que precisar de ‘uma gota de água’, daqui
por diante”. Ele replicou: “Então, sigam as suas próprias consciências, assim
vocês fazem meu trabalho tanto quanto outrora”.

6/04 – sexta-feira. Preguei na Balsa, às nove horas da manhã e à noite; e, por


volta do meio-dia, no pátio da casa de Sir. N. H., em Gainsborough. Quase
tão logo comecei a falar, um galo começou cocoricar sobre a minha cabeça,
mas logo foi deslocado e toda a congregação, de ricos e pobres, estava quieta
e atenta.

8/04 – domingo. Embora a estrada comum estivesse bloqueada, estando


completamente debaixo d’água, parti para Misterton, encontrando um
caminho para cavalgar ao redor. Às oito horas, preguei, e não vi um ouvinte
desatento. Em nosso retorno, minha égua, arremessando-se violentamente
através do portão, bateu meu calcanhar de encontro a ele e me deixou para
trás, lançando-me ao chão com todo meu peso. Ela ficou parada até que eu
pude me erguer e montar novamente, sem que nenhum de nós dois
estivéssemos machucados.

15/06 – sexta-feira. Partimos, logo cedo, para Dundee, justamente quando o


barco estava saindo. Decidimos nos hospedar em uma casa do outro lado,
mas não encontramos nem comida, nem bebida ou boa camaradagem; assim,
fomos constrangidos a cavalgar para Cupar. Depois de viajar por cerca de
noventa milhas, não me senti cansado, nem nossos cavalos estavam cansados.
Tu, ó Senhor, tem poupado homem e animal!

2/06 – segunda-feira. Dei-me uma justa oportunidade de ser ouvido pelos


nossos irmãos que tinham provocado rupturas. Tais que nós, imediatamente,
excluímos da nossa sociedade, apesar de que não pareceu plenamente por
suas próprias falhas. Ambos estavam em um caminho próspero, até que
caíram em um comércio miserável de contas falsificadas, atividade na qual
nenhum homem continua muito tempo sem ficar completamente arruinado.
Por esse motivo, não sendo suficientemente corretos em suas prestações de
contas, voltaram atrás sem estar conscientes disto. Ainda que fique
completamente claro que I. R. seja um homem honesto, eu esperaria o mesmo
no que concerne aos outros.

21/06 – sábado. Cavalguei para Bilbrook, perto de Wolverhampton, e preguei


entre duas e três da tarde. De lá, fui para Madeley, uma vila excessivamente
prazerosa, circundada com árvores e colinas. Foi um grande conforto para
mim conversar uma vez mais com um metodista do velho selo, negando a si
mesmo, falando de sua cruz e resolvido a ser “completamente cristão”.

22/06 – domingo. Às dez horas, o Sr. Fletcher leu as orações e preguei sobre
as palavras do Evangelho: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida
pelas ovelhas!”248 A igreja não estava nem perto de conter toda a
congregação, mas uma janela, perto do púlpito, foi retirada e os que não
puderam entrar no pátio da igreja, eu acredito, puderam ouvir. A
congregação, disseram-me, costumava ser bem menor à tarde do que de
manhã, mas não vi diferença alguma, tanto no número de pessoas quanto na
seriedade. Encontrei bastante trabalho para fazer nos intervalos das horas,
orando com várias companhias que permanecem insaciavelmente famintas e
sedentas, depois da boa Palavra, ao redor da casa.

25/06 – quarta-feira. Peguei o cavalo um pouco depois das quatro e, por


volta das duas, preguei na praça do mercado, em Llanidloes, quarenta e duas
ou quarenta e três milhas de Shrewsbury. Às três horas, cavalgamos adiante,
através das montanhas de Fountainhead. Pretendia me hospedar por lá, mas
com o Sr. B. bastante relutante, montamos novamente por volta das sete
horas. Depois de cavalgar por uma hora, descobrimos que estávamos
completamente fora do caminho, tendo sido erroneamente direcionados em
nossa partida. Então, fomos aconselhados a cavalgar por alguns lugares, mas
nossa trilha logo terminou em um pântano. Entretanto, conseguimos chegar,
porque um homem honrado, em uma pequena casa, montou em seu cavalo e
galopou à nossa frente, subindo e descendo montanha, até que nos trouxe
para a estrada onde, disse-nos, seríamos conduzidos diretos para Rose Fair.

Estávamos cavalgando até que outra pessoa nos abordou, dizendo: “Não!
Esse é o caminho para Aberystwith. Se você quer ir para Rose Fair, deve
voltar para trás e cavalgar para baixo, para além da ponte”. O proprietário da
pequena casa perto da ponte, então, direcionou-nos para a próxima vila, onde
inquirimos novamente (já tendo passado das nove horas), até descobrir que,
mais uma vez, estávamos no caminho errado. Depois de vagar por uma hora
por cima das montanhas, através das rochas, dos pântanos e precipícios, com
muita dificuldade, voltamos para a pequena casa perto da ponte. Foi em vão
pensar que poderíamos descansar por lá, cheia de bêbados e mineiros
rugindo; além do que havia apenas uma cama na casa e nem grama, nem
feno, nem salga para ser usada. Então, contratamos alguém para ir conosco
até Rose Fair, embora estivesse miseravelmente bêbado, caindo, com todo
seu peso, em um pequeno arroio, fluindo com um som murmurante, ele
recobrou toleravelmente seus sentidos. Entre onze e meia-noite, chegamos à
estalagem, mas nem aqui conseguimos qualquer feno.

Quando estávamos recolhidos em nossa cama, o bom estalajadeiro e um


mineiro resolveram montar nossos animais. Acredito que, não muito antes de
nos levantarmos, eles colocaram os cavalos de volta no estábulo. Mas a mula
estava cortada em diversas partes e minha égua sangrava como uma porca,
devido a um corte na traseira, que tinha duas polegadas de profundidade, e
pareceu ter sido feito por um golpe de forcado (garfão usado na lavoura). Não
sabíamos o que fazer, até que me lembrei que tinha uma carta para um tal Sr.
Nathaniel Williams, que, depois de me informar, descobri que morava a uma
milha fora da cidade. Caminhamos até lá e encontramos “um israelita de
fato”, que agradavelmente nos recebeu, a mim e ao meu animal. Depois de
um breve descanso, o Sr. W. pediu-me que fizesse uma exortação para alguns
poucos vizinhos. Ninguém foi mais tocado que um de sua própria família,
que nunca havia se preocupado com essas coisas antes. Ele enviou um criado
conosco, depois do jantar, para Tregarron, de onde tínhamos planos de
cavalgar para Lampeter.

29/06 – domingo. O ministro da Igreja de St. Mary enviou-me um recado de


que estava muito entusiasmado com a possibilidade de que eu pudesse pregar
em sua igreja, mas, antes que o culto começasse, o prefeito enviou uma
ordem proibindo; então, ele mesmo pregou seu muito útil sermão. O
comportamento do prefeito causou repugnância em algumas pessoas da
pequena nobreza, de maneira que resolveram ouvir-me onde pudessem e se
reuniram à noite, vindos das várias partes da cidade. Talvez o fato de terem
carregado essa cruz, renda-lhes mais do que qualquer sermão que tivesse sido
feito na igreja.

30/06 – segunda–feira. Cavalguei para Haverfordwest, mas nenhum aviso


havia sido dado, nem mesmo alguém na cidade sabia de minha vinda.
Entretanto, depois de algum tempo, caminhei em direção ao castelo e
comecei a cantar um hino. As pessoas correram, vindas de todos os
quarteirões. Tinham curiosidade e alguns, não tenho dúvidas, eram movidos
por princípios nobres. Havia trabalhadores zelosos e ativos aqui, de modo que
a colheita só poderia ser esta, mesmo nesse canto da terra! Retornamos
debaixo de uma chuva pesada para Pembroke.

31/06 – terça-feira. Partimos para Glamorganshire e cavalgamos para cima e


para baixo, por montanhas íngremes e pedregosas, por cerca de cinco horas,
até Larn. Depois de procurar por uma travessia melhor, segui para
Llansteffan Ferry, onde corremos o perigo de ser tragados pela lama, antes
que alcançássemos a água. Entre uma e duas horas chegamos em Kidwelly,
depois de mais de sete horas sobre o cavalo, em cujo tempo poderíamos ter
cavalgado ao redor de Carmarthenshire, de maneira bem mais fácil, tanto
para o homem quanto para o animal. De qualquer forma, despedime dessas
balsas considerando que não economizamos mais tempo atravessando por
elas (mesmo que a travessia estivesse pronta), e, assim, tendo como lucro
certo todos os problemas, perigo e despesas. Espero que todo homem de bom
senso, que tenha passado por essa experiência uma vez, possa cavalgar de
Pembroke para Swansea por qualquer outro caminho a não ser por
Carmarthenshire.

Em Kidwelly, um honrado senhor nos disse que não haveria dificuldades em


cavalgarmos pela praia, então fomos. Em dez minutos, alguém nos alcançou,
acostumado a guiar as pessoas por ela. Foi providencial, ou provavelmente
teríamos sido tragados. Toda a praia está dez milhas acima, com muitos
riachos de areias movediças intermisturadas. Mas nosso guia estava
completamente familiarizado com isto e com a estrada do outro lado. Com
essa ajuda, entre cinco e seis horas, chegamos bastante fatigados em Oxwych,
em Cower.

No domingo, enviei duas pessoas para estarem mais cedo na cidade na


segunda-feira, avisando de minha vinda, mas elas só chegaram em Oxwych
menos de quinze minutos antes de mim. Então, as pobres pessoas não tiveram
aviso, nem havia alguém que pudesse nos hospedar, visto que a pessoa com
quem o pregador costumava hospedar-se estava a três milhas distante da
cidade. Depois de ficarem algum tempo na rua (posto que não havia uma casa
pública sequer), uma pobre mulher nos cedeu uma sala em sua casa.

Sem ter me alimentado a não ser com um café da manhã, estava faminto para
comer e beber, mas simplesmente foi dito que não havia coisa alguma na
casa, a não ser um dracma de gim. Entretanto, mais tarde encontrei chá em
outra casa e me senti mais revigorado. Por volta das sete horas, preguei para
umas poucas pessoas; o que fiz novamente de manhã. Elas estavam todas
atenciosas, e por este punhado de pessoas, não me arrependi de todo o
trabalho que tive hoje.

4/11 – domingo. Propus aos líderes para ajudarmos as sociedades na


reformulação de suas regras e no que se refere ao pesado débito delas. Um
dos quais me perguntou: “Não devemos pagar nossos próprios débitos
primeiro?” Depois de algumas consultas, aceitamos atender a isto. O débito
geral da sociedade, em Londres, ocasionado principalmente pelo reparo da
fundição e das capelas e pela construção em Wapping e Snowfields, estava
por volta de novecentas libras. Apresentei isso diante da sociedade, à noite, e
pedi que colocassem suas mãos no trabalho, e também fizeram uma
contribuição, ofertando o que puderam em 1º de janeiro, fevereiro ou março.

31/12 – segunda-feira. Pensei que valeria a pena tentar uma experiência


ímpar. Lembrando-me de como o leão, em Edimburgo, era
surpreendentemente afeiçoado à música, determinei verificar se este era o
caso com todos os animais do mesmo tipo. Assim, fui para a Torre com um
dos que tocavam flauta germânica. Ele começou tocando perto de quatro ou
cinco leões. Apenas um deles levantou-se (os demais não pareceram se
importar com isso), e veio para frente da jaula e pareceu estar todo atento.
Nesse meio tempo, um leãozinho, na mesma guarida, pulou sobre as costas
do leão, virou-se e correu para debaixo de sua barriga, saltou sobre ele
novamente e, assim, de lá para cá incessantemente. Poderemos aprender, por
conta disso, algum princípio do mecanismo? Poderemos esclarecer isso
afinal?

Forma abreviada da escrita de Wesley

20/01 – domingo.
1765
Empreguei todo meu tempo livre, essa semana, revisando minhas cartas e
papéis. O excedente deles, atirei ao fogo. Talvez, alguns dos restantes possam
servir de luz quando eu tiver partido.

Londres, 10 de fevereiro, 1765


“Ao Editor do ‘St. James’s Chronicle’
“Senhor,

“No St. James’s Chronicle, publicado no último sábado, havia uma coisa
inocente escrita por um chapeleiro em Southwark. Pode ser apropriado
conhecer um pouco mais disto do que ele merece, a fim de que o silêncio não
possa parecer um reconhecimento da acusação”.

“Eu nada insiro nos papéis públicos sem meu nome. Não conheço os autores
do que tem sido ultimamente inserido; parte que não vi, antes que fosse
impresso”.

“Um ano ou dois atrás, encontrei um estranho perecendo por necessidade e


esperando diariamente ser atirado na prisão. Ele me disse que era um bispo
grego. Examinei suas credenciais e fiquei completamente satisfeito”.

“Depois de muita conversa (em latim e grego, porque ele não falava inglês),
determinei assisti-lo efetivamente; o que fiz sem demora, e prometi enviá-lo
de volta para Amsterdã, onde ele tinha diversos amigos de sua própria nação.
E isto eu fiz sem quaisquer pretensões adicionais, mas meramente por
motivos de humanidade. Depois disto, ele ordenou o Sr. John Jones, um
homem bem versado nas línguas e em outras matérias do saber”.

“Quando eu saí da cidade, o Bispo Erasmus foi persuadido a ordenar


Lawrence Coughlan, uma pessoa que não tinha conhecimento algum”.

“Algum tempo depois, o Sr. Maxfield e seus amigos foram enviados por ele a
Amsterdã para ordenarem o Sr. S–t e três outras pessoas, tão iletradas quanto
algum dos apóstolos, mas, eu acredito, não tão inspiradas”.
“Em dezembro último, ele foi solicitado novamente, e ordenou seis outras
pessoas, membros de sua sociedade, mas, de qualquer forma, julgo
desqualificadas para esse ofício. Esses, julguei como meu dever repudiar
(para não citar todas as outras considerações) por falta indesculpável, a
compra de uma ordenação em uma língua desconhecida”.

“Quanto à outra fábula: ‘O bispo disse-me’ (eu imploro, em que língua?


Porque ele não fala inglês, e você não fala grego, não mais que seu intérprete,
assim chamado) ‘que o Sr. Wesley pediu ao Sr. Jones para saber se ele o
consagraria bispo’. O Sr. Jones solenemente declara que ele nunca disse ao
bispo qualquer coisa como esta”.

“Mas, seja como for, o ponto não diz respeito à validade da ordenação, por
um bispo grego, mas sobre a validade da ordenação conseguida por dinheiro
e realizada em uma língua desconhecida”.

“Meu conselho a você é: cale-se, ou procure um defensor melhor para sua


causa”.
J. Wesley

6/07 – sábado. Cavalgamos para Portarlington. Às sete horas, preguei na


Praça do Mercado para uma numerosa congregação. Quase o mesmo número
esteve presente às oito horas da manhã. Tive grande liberdade de discurso, e a
maneira pela qual suportaram a palavra de exortação persuadiu-me que não
seria em vão. Viemos para Mountmelick antes do culto da igreja começar e
ficamos felizes em saber que era o domingo do Sacramento. À noite, preguei
em um dos lados da Praça do Mercado, sobre os lamentos de nosso Senhor
sobre Jerusalém, para quase todos os protestantes na cidade e não poucos
católicos, para os quais fiz uma aplicação especial na conclusão do meu
discurso. De fato, nunca tive tão grande preocupação por eles, desde que vim,
da última vez, para o reino.

28/10 – segunda-feira. Tomei café da manhã com o Sr. Whitefield, que


pareceu envelhecido e com justiça desgastado a serviço do Mestre. Apesar de
não ter muito mais de cinquenta anos. Quanto a mim, tem agradado a Deus
que agora, aos sessenta e três anos, não tenha doença, nem fraqueza, nem
decadência; nenhuma diferença de quando eu tinha vinte e cinco anos; a não
ser o fato de ter poucos dentes e mais cabelos cinza.
18/12 – quarta-feira. Cavalgando para Borough, todas as ferraduras de
minha égua voaram e ela caiu sobre minha perna. Um cavalheiro saiu de sua
loja, ergueu-me e me ajudou. Fiquei excessivamente mal, mas me recuperei
logo com um pouco de amônia e água. Depois de descansar alguns minutos,
peguei uma carruagem, mas quando esfriou, senti-me muito pior, e
contundido em meu braço direito, meu peito, meu joelho, perna e tornozelo,
que incharam excessivamente. Entretanto, segui para Shoreham, onde,
aplicando melaço duas vezes ao dia, todo desconforto foi removido e
recuperei alguma força, de modo a ser capaz de caminhar um pouco em solo
plano.

No sábado, dia 21. Sem condições de cavalgar, retornei em uma carruagem


para Londres.

26/12 – quinta-feira. Ficaria satisfeito com alguns poucos dias de descanso,


mas isto não poderia acontecer nesta ocasião tão ocupada. Entretanto,
submetendo-me a choques elétricos de manhã e à noite, minha capacidade foi
restaurada, se bem que vagarosamente.

1/01 –
quarta-feira
1766
. Uma grande congregação encontrou-se na fundição, às seis horas, e
prenunciou o novo ano com a voz de louvor e ação de graças. À noite nos
encontramos, como de costume, na igreja em Spitafields, para renovarmos
nossa aliança com Deus. Esta é sempre uma época de renovação, em que
alguns prisioneiros são postos em liberdade.

3/01 – sexta-feira. O Sr. B. visitou-me, agora calmo e com uma mente


correta. Deus tem reprimido seu zelo furioso e amargo por meio do Sr.
Whitefield. Ele provocou a primeira brecha entre os metodistas. Ah! Que
Deus possa capacitá-lo a curá-la!

31/01 – sexta-feira. O Sr. Whitefield me chamou. Ele nada mais deseja, a não
ser paz e amor. Fanatismo não pode ficar diante dele, mas o afasta de sua
cabeça onde quer que vá.

5/02 – quarta-feira (Londres). Alguém, que certa feita possuía uma grande
fortuna e estava agora perecendo da necessidade de um pão, mandou me
chamar. Pedi para vesti-lo e enviá-lo de volta para sua própria região, mas o
dinheiro era pouco. Entretanto, designei que me chamasse novamente em
uma hora. E ele assim o fez, mas, antes que viesse, um dos meus, de quem
não esperava nada menos, colocou vinte guinéis em sua mão; então, ordenei
que ele fosse vestido da cabeça aos pés e o enviei direto para Dublin.

12/03 – quarta-feira. Cavalguei para Kingswood e, depois de dizer o que


pensava aos mestres e serventes, falei às crianças de uma maneira mais forte
do que fiz anteriormente. Ou eu mato ou eu curo. Terei uma coisa ou outra –
ou uma escola cristã ou nenhuma.

26/05 – segunda-feira. Passei algumas horas no encontro da Assembleia


Nacional. Estou muito longe de ter a mente do Sr. Whitefield, que dirige a
solenidade deste encontro. Tenho sido pouco menos solene. Fiquei
extremamente chocado com o comportamento de muitos membros. Tivesse
algum pregador se comportado assim em nossa Conferência, ele não mais
teria lugar conosco.
Na quinta-feira, dia 5 de junho, tivemos uma congregação mais numerosa
do que nunca; aos quais, depois de pregar, aproveitei a oportunidade para
repetir as mais plausíveis objeções que tinham sido feitas contra nós na
Escócia. Então, mostrei nossas razões para as coisas que tinham sido
objetadas a nós e todos pareceram completamente satisfeitos. O resumo do
que falei é: “Eu amo a honestidade. Você não? Eu a usarei agora.
Testemunhe comigo. Eu não carrego falsas cores, mas mostro tudo que sou,
tudo que pretendo, tudo que faço. Sou membro da Igreja da Inglaterra, mas
amo os bons homens de todas as igrejas. Meu alicerce é a Bíblia. Sim, eu sou
um fanático pela Bíblia. Eu a sigo em todas as coisas, grandes ou pequenas.
Portanto: 1. Sempre uso de oração privativa breve quando atendo ao culto
público de Deus. Você não faz isto? Por que não? Isto não está de acordo
com a Bíblia? 2. Eu fico de pé onde quer que eu cante um louvor a Deus em
público. A Bíblia não dá a você precedentes claros para isto? 3. Eu sempre
me ajoelho diante do Senhor, meu Mestre, quando oro em público. 4. Eu
geralmente uso da Oração do Senhor em público, porque Cristo ensinou-me
que, quando orasse, assim fizesse. Eu aconselho cada pregador ligado a mim,
na Inglaterra e na Escócia, a trilhar meus passos’.

23/06 – segunda-feira. Cavalgamos em um dia traquilo e agradável para


Thorny-Hill, cerca de sessenta milhas de Glasgow. Aqui me deparei com a
“História da Igreja da Escócia”, do Sr. Knox,249 e poderia algum homem se
surpreender, se seus membros sejam de um espírito mais impetuoso, áspero e
amargo do que alguns deles são?

Que padrão eles têm diante de si! Eu sei que comumente se diz: “A obra a ser
feita precisava de tal espírito”. Não é assim. A obra de Deus não pode, nem
precisa da obra do diabo para colocá-la adiante. E um espírito calmo,
moderado, que prossegue através de uma obra, dura muito mais do que um
espírito furioso. Apesar disto, no entanto, Deus usou, quando da Reforma,
alguns homens ásperos, arrogantes e impetuosos. Ele não os usou porque
eram assim, mas não obstante fossem assim. E não há dúvida, de que os teria
usado muito mais, tivessem sido de um espírito mais humilde e equilibrado.

20/07 – domingo . Depois de pregar às oito, fui para a Igreja de St. Saviour
Gate [em York]. Chegando ao final das orações, o reitor enviou o sacristão
para me dizer que o púlpito estava à minha disposição. Preguei sobre a
conclusão do Evangelho para o dia: “Nem todo o que me diz, Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai,
que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, nós não
profetizamos em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em
teu nome não fizemos muitas maravilhas?”. Vi uma só pessoa rindo ou
sorrindo, embora tivéssemos uma congregação graciosa.250

30/08 – sábado. Cavalgamos para Stallbridge, outrora um lugar de guerra,


devido uma turba insensata e insolente, encorajada por seus superiores, então
chamados para ultrajar seus tranquilos vizinhos. Por quê? Porque os
chamados metodistas eram loucos e, por isto, iriam estourar-lhes os miolos.
Assim, quebraram

1766 - 1767
suas janelas, não deixando uma vidraça inteira; deterioraram seus bens; e
atacaram pessoas com sujeira, ovos podres e pedras, toda vez que apareciam
nas ruas. E nenhum magistrado, embora muitos fossem solicitados, mostrou
misericórdia ou justiça. Por fim, eles me escreveram. E ordenei um advogado
para escrever aos revoltosos. E ele assim o fez, mas não o consideraram.
Então, recorremos à Corte de Justiça do Rei. Através de vários artifícios, eles
conseguiram que o julgamento fosse adiado por dezoito meses. Mas caiu
muito pesado sobre eles quando foram julgados culpados e, desde esse
tempo, achando que existe lei para os metodistas também, eles têm se
sujeitado a ficar em paz.

7/09 – terça-feira. Convidado a pregar no Tabernáculo, em Plymouth,


comecei por volta das duas horas da tarde. À noite, foi-me cedida a sala do
Sr. Whitefield nas docas, mas, apesar de grande como é, não pôde conter a
congregação. Ao término do sermão, uma pedra enorme foi atirada contra
uma das janelas e veio, justamente, atrás de mim, caindo aos meus pés, o
melhor lugar em que poderia ter sido encontrada. De modo que ninguém se
machucou ou ficou assustado, e muitos nem souberam o que havia
acontecido.

17/10 – quarta-feira. Por duas vezes, interrompi um violento sangramento de


um corte, aplicando folha de sarça. A sala em Launceston quase não poderia
conter a congregação, à noite, para os quais eu apliquei o caso do impotente
homem junto ao poço de Bethesda:251 muitos foram sobremodo tocados.
Mas, oh, quão poucos estão dispostos a serem tocados por inteiro!

29/12 – segunda-feira. Às cinco da manhã, comecei novamente um período


de sermões sobre a Perfeição Cristã. Se, por acaso, aquele que tem sede dela
puder retomar o que era tão comum alguns anos atrás! Desde aquela época,
quão profundamente afligimos o Espírito Santo de Deus!

9/04 – quinta-feira.
1767
A casa não conteria as pessoas em Tanderagee, mesmo às cinco da manhã, de
maneira que fui para a praça do mercado, onde Deus nos deu uma solene e
afetuosa partida. Fiquei feliz ao ouvir que alguns dos separatistas haviam se
estabelecido nestas partes também. Os que ainda não caíram, no meu
entender, são mais descaridosos do que os próprios papistas. Nunca encontrei
um papista que declarasse o princípio de matar heréticos, mas um ministro
dissidente, ao ser perguntado: “Se estivesse em seu poder, você não cortaria
as gargantas de todos os metodistas?”respondeu diretamente: “por que não?
Samuel não cortou Agague em pedaços diante do Senhor?”. Não me deparei
com um papista neste reino que me dissesse face a face que todos, a não ser
eles mesmos, devem ser condenados. Mas tenho visto muitos separatistas,
que não têm escrúpulos em afirmar que ninguém pode ser salvo a não ser
eles. E esta é a consequência natural da sua doutrina: Porque, como afirmam:
1. que somos salvos pela fé somente; 2. que fé é manter tais e tais opiniões;
segue-se que todos que não defendem essas opiniões não têm fé e, portanto,
não podem ser salvos.

15/06 – segunda-feira. Cavalguei através de uma prazerosa e bem cuidada


região até Aghrim. Por muitos anos não tenho visto uma congregação tão
grande por aqui e tão notadamente bem-educada.

Nas orações, tanto antes quanto depois do sermão, todos eles se ajoelham na
grama. Alguns pobres católicos, apenas, permaneceram em pé, a alguma
distância do restante das pessoas. Esses viriam em rebanhos, de todos os
lugares, se os padres, tanto quanto o Rei, pudessem garantir a liberdade de
consciência.

21/06 – domingo. Tivemos um encontro solene na sociedade, às cinco horas.


Depois de pregar, às oito horas, poderia, de boa vontade, ter ido à igreja, mas
fui informado que não havia culto há quase dois anos e que não haveria por
um ou dois anos mais, visto que o interior da igreja necessitava de reparo! À
noite, preguei no acampamento. Não me lembro de ter visto tal congregação
em Athlone antes; ricos e pobres, protestantes e católicos, todos juntos, de
todos os lados; e uma profunda atenção estabelecendo-se em todos, enquanto
explicava a declaração solene (parte do Evangelho para o dia): “Se eles não
ouvem Moisés e os Profetas, não serão persuadidos, mesmo que alguém
ressuscite de entre os mortos”.252

25/09 – sexta-feira. Pediram-me para pregar em Freshford, mas as pessoas


não ousaram vir, por causa da varíola; da qual Joseph Allen, “um israelita de
fato”, havia morrido um dia antes. Então colocaram uma mesa no pátio da
igreja, mas mal tinha começado a falar quando o sino começou a tocar,
movido por um cavalheiro indicado pela vizinhança. Entretanto, o trabalho
foi perdido, porque minha voz prevaleceu e o povo pode me ouvir
distintamente.

11/10 – domingo. Preguei na Princess Street e, um pouco antes das cinco,


perto da New Square, onde, não obstante o vento terrível, a congregação era
excessivamente grande. Permiti que todos da sociedade do Sr. Whitefield que
se agradassem, estivessem presentes na festa do amor que se seguiu. Espero
que “não conheçamos mais guerra”, exceto contra o mundo, a carne e o
diabo.

23/11 – segunda-feira. Fui para Canterbury. Aqui, deparei-me com a “A


Vida de Maomé”, escrita, suponho, pelo Conde de Boulanvilliers. Quem quer
que seja o autor, ele é muito petulante, frívolo, barrete de bufão convencido;
notável por coisa alguma exceto por sua imensa convicção e completo
desprezo ao cristianismo. O livro é um romance maçante, indigesto, não
sendo sustentado por nenhuma autoridade, visto que Dean Prideaux (um
escritor com dez vezes mais o seu senso) faz referência às suas autoridades
para tudo que promove.

13/12 – domingo. Hoje encontrei uma pequena inflamação na beirada da


minha língua, a qual, no dia seguinte, se espalhou para minhas gengivas e daí
para meus lábios, que inflamaram, incharam e a pele estourou e sangrou
consideravelmente. Depois disso, o céu da minha boca ficou extremamente
dolorido, de modo que não podia mastigar nada. A isso foi acrescentada uma
contínua cuspidela. Sabia que um pouco de descanso curaria tudo, mas isso
não seria possível, visto que me propus estar em Sheerness, na quarta-feira,
dia 16.
Assim sendo, peguei o cavalo, entre cinco e seis horas da manhã, e cheguei lá
entre cinco e seis horas da tarde. Às seis e meia, comecei a ler as orações
(com o governador me cedendo o uso da capela) e, mais tarde, preguei,
apesar da dificuldade, para uma grande e séria congregação. Na manhã
seguinte, ela estava consideravelmente maior, de modo que a capela ficou
quente como um forno. Saindo para fora, o ar excessivamente cortante quase
levou embora minha voz e, por conta disso, não sabia como seria capaz de ler
as orações ou pregar, no dia seguinte, para uma tão grande congregação.

Porém à tarde, o governador quebrou o trato, enviando-me uma mensagem


dizendo que não deveria mais pregar na capela. Uma sala me foi oferecida e
conteve tantas pessoas quantas seria capaz de pregar. Tivemos uma hora
confortável e muitos pareceram resolvidos a “buscar a Deus enquanto ele
pode ser encontrado”.253 Tanto a cidade quanto as pessoas que vivem nela,
raramente serão encontradas novamente na Inglaterra. No cais anexo ao forte,
havia seis navios de guerra antigos. Esses foram divididos em pequenos
cortiços, quarenta, cinquenta ou sessenta, em cada navio, com pequenas
chaminés e janelas; e cada um deles contém uma família. Em um dos que
fomos chamados vivem um homem, sua esposa e seis pequenas crianças.
Ainda assim, todo o navio é agradável e toleravelmente limpo, muito mais
agradável que a maioria dos navios de viagem em que já estive.

4/01 – segunda-feira.
1768
Nos meus momentos de folga, essa semana, li o engenhoso livro sobre
eletricidade do Dr. Priestley. Ele parece ter reunido e assimilado
cuidadosamente tudo o que é conhecido sobre esse curioso assunto. Mas quão
pouco é tudo isso! Realmente o uso da eletricidade nós conhecemos, pelo
menos em algum grau. Sabemos que ela é mil medicamentos em um, em
particular que é o medicamento mais eficaz nas desordens nervosas de todos
os tipos que têm sido descobertos. Mas, se apontamos para a teoria, não
saberemos nada. Logo estamos perdidos e desorientados na busca infrutífera.

18/03 – sexta-feira. O pároco de Pebworth avisou a igreja, no domingo, que


eu iria pregar na sexta-feira, mas o proprietário das terras da paróquia disse:
“É contrário aos cânones (sábio proprietário!) e não deverá ser feito!” Então,
preguei a uma milha dali, em Broadmarston, ao lado da casa do Sr. Eden. A
congregação era excessivamente numerosa e notavelmente atenta. De manhã,
a capela (como era antigamente) estava bem cheia, às cinco horas. A
simplicidade e a seriedade das pessoas sugerem uma colheita gloriosa!

19/03 – sábado. Cavalgamos para Birmingham. Todo aquele tumulto que


subsistiu aqui, durante tantos anos, está agora completamente suprimido por
um magistrado resoluto. Depois de pregar, fiquei contente em ver um
venerável “monumento da antiguidade”, George Bridgins, no seu centésimo
sétimo aniversário de nascimento. Ele ainda pode caminhar para a pregação,
mantendo seus sentidos e entendendo razoavelmente bem. Mas que sonho
terá sido até mesmo uma vida de cem anos, no momento em que ele acordar
na eternidade!

BIRMINGHAM, 20 de março, 1768.


Ao Sr. John Fletcher
“Prezado Senhor”,

“Ontem, o Sr. Easterbrook informou-me que você está exausto de conversar,


até mesmo com aqueles que professam a religião; ‘que você considera
inaproveitável, se não prejudicial, conversar com eles três ou quatro horas
consecutivas; e algumas vezes está quase determinado a se calar, para causar
menos mal aos dois’. Não me surpreendo com isto, especialmente
considerando com quem você tem conversado há algum tempo, ou seja, os
ouvintes do Sr. Madan e Sr. Romaine (talvez eu possa acrescentar do Sr.
Whitefield). A conversa com esses eu raramente considerei proveitosa para
minha alma. Antes, ela tem refreado meus desejos, tem esfriado minhas
resoluções, eu os tenho comumente deixado com um espírito áspero e
dissoluto”.

“E como podemos esperar que seja do contrário? Por que naturalmente não
compreendemos o espírito daqueles com quem conversamos? E de que
espírito podemos esperar que eles sejam, considerando a pregação a que eles
estão sujeitos? Algumas felizes exceções, eu admito, mas, em geral, será que
os homens colhem uvas de espinhos? Eles colhem constante abnegação
universal, a paciência da esperança, o trabalho do amor, a autodevoção
interior e exterior, da doutrina dos Decretos Absolutos, da Graça Irresistível,
da Perseverança Infalível?”

“Eles obtêm esses frutos da doutrina antinomiana? Ou de alguma que chega


às raias dela? Eles os obtêm daquela maneira amorosa de orar a Cristo, ou de
pregar sua retidão? Eu nunca constatei tal coisa. Pelo contrário, tenho
constatado que mesmo as preciosas doutrinas da salvação pela fé têm
necessidade de serem guardadas com o mais extremo cuidado, ou aqueles que
a ouvem desprezarão a santidade interior e exterior. Darei um passo mais
além: eu raramente julgo proveitoso para mim conversar com alguém que não
tenha sede de perfeição e que não tenha sincera expectativa de recebê-la a
qualquer momento”.

“Agora, você não encontra algum desses em meio àqueles dos quais estamos
falando, mas muitos, ao contrário, estão de várias maneiras, direta ou
indiretamente, opondo-se a toda a obra de Deus; por esta obra, quero dizer
que Deus está realizando por meio do reino, por meio de ‘homens incultos e
ignorantes’. Em consequência disto, sua influência deve em alguma medida
ser removida deles”.

“Novamente, você tem, por algum tempo, conversado consideravelmente


com os das sociedades metodistas. Agora, pouco importa que doutrina eles
ouvem, se eles frequentam a Lock ou West Street. Eles são (quase todos) sal
que perdeu seu sabor, se alguma vez tiveram algum. Eles estão totalmente de
acordo com as máximas, o espírito, os padrões e os costumes do mundo.
Certamente, então, ‘alguém disse: quanto mais frequentemente eu estou em
meio aos homens, eu retorno para casa menos que um homem’ “.

“De qualquer modo, se fossem esses ou aqueles alguma vez de um espírito


tão excelente, você conversou com eles tempo demais. ‘Três ou quatro
horas!’ Alguém precisa ser um anjo, não um homem, para conversar quatro
horas de uma só vez, para qualquer propósito. Na última parte de tal
conversa, sem dúvida, perderemos todo o ganho que conseguimos antes”.

“Mas você não tem um remédio para tudo isto em suas mãos? Com o
objetivo da conversa verdadeiramente aproveitável, você não pode escolher
pessoas limpas, tanto do calvinismo quanto antinomianismo, que estão
vigorosamente trabalhando para a salvação delas; pessoas sedentas da
redenção completa, e a todo o momento esperando, se já não desfrutam
dela?”

“Embora, é verdade, esses comumente serão pobres e desprezíveis, raramente


possuidores de riquezas ou conhecimento, exceto se forem ‘Um pássaro
raramente visto sobre a terra’. Se você conversa com esses de maneira
humilde e simples, uma hora de cada vez, com oração antes e depois, você
não se queixará da conversa inaproveitável, ou encontrará alguma
necessidade de se tornar eremita”.

“Quanto à Conferência em Worcester sobre a pregação leiga, você não


observa que quase todos os pregadores leigos 1. são ligados a mim? 2. são
defensores da redenção universal? ‘Consequentemente, essas lágrimas’. Esses
cavalheiros não me amam e amam a redenção limitada. Se esses pregadores
leigos estivessem ligados a eles, ou se eles fossem calvinistas, tudo estaria
bem. Portanto, eu temo que você tenha duas coisas a fazer: 1. estimular o
argumento, cuja força, eu acredito, está no segundo Apelo e, acima de tudo
na Carta a um Clérigo; 2. recorrer à consciência. Você não ama o Sr. Wesley
o suficiente, você se aprofunda muito em suas opiniões. Do contrário, este
debate nunca teria surgido. Porque é inegável que esses charlatões curam
aqueles a quem não podemos curar; eles salvam pecadores por toda a nação.
Deus está com eles; Deus opera através deles, e tem feito assim por
aproximadamente trinta anos. Portanto, opor-se a eles nem é melhor nem pior
do que lutar contra Deus”.

Eu sou,
Seu sempre afetuoso irmão,
J. Wesley

Em Manchester, à noite [31 de março], e na manhã seguinte, trouxe coisas


desconhecidas aos ouvidos de muitos, concernentes à condução de suas
famílias e educação de seus filhos. Mas muitos ainda dão as mesmas tolas
respostas: “Ah! Mas ele mesmo nem filhos tem!”. Nem Paulo (que eu saiba),
ou algum dos apóstolos. Mas estavam incapacitados de instruir os pais?
Absolutamente! Eles foram capacitados para instruir qualquer um que
quisesse salvar a sua alma!
11/04 – segunda-feira. Cavalguei para Bolton; na quarta-feira,
para Kendal. Metodistas
separados e híbridos têm empanzinado tanto as pessoas aqui, que há pouca
perspectiva de se fazer boas obras. Entretanto, uma vez mais “lancei” meu
“pão sobre as águas”254 e deixei o resultado com Deus.
3/06 – sexta-feira. Descendo as montanhas, ontem, tive

uma torcedura em minha coxa. Ela piorou hoje, mas cavalguei para o Castelo
Barnard, com o sol brilhando tão quente na minha perna que, quando cheguei
à cidade, estava completamente bem. À noite, o oficial comandante deu
ordens para que não houvesse exercício, de forma que toda a milícia de
Durham (que contraste!) estaria livre para ouvir a pregação. Assim, tivemos
um pequeno exército de oficiais e soldados e todos se comportaram bem.
Também, às cinco horas da manhã, um grande número deles esteve presente.

14/08 – domingo. Ao saber que minha esposa estava muito enferma, peguei a
carruagem imediatamente e alcancei a fundição antes da uma da manhã.
Certificando-me de que a febre tinha mudado e o perigo terminado, por volta
das duas horas parti novamente e, à tarde (nada cansado) estava em Bristol.

7/09 – quarta-feira (Penzance).255 Depois da pregação matutina, a exigente


sociedade encontrou-se comigo; um grupo de crentes avivados e cheios de
amor tal como nunca encontrei nessa cidade. Esse e os três dias que se
seguiram, preguei no máximo de lugares que pude, embora estivesse, a
princípio, em dúvida se poderia pregar oito dias consecutivos, a grande
maioria a céu aberto, três a quatro vezes ao dia. Mas minhas forças
correspondiam ao meu trabalho, e raramente senti qualquer fraqueza, da
primeira à última pregação.

11/09 – domingo. Por volta das nove horas, preguei em St. Agnes, e
novamente entre uma e duas horas. A princípio, preguei em meu velho lugar,
em Gwennap, num anfiteatro natural. Supunha que nenhuma voz humana
pudesse comandar tal audiência em uma planície, mas o solo que se ergue ao
redor deu-me tal vantagem que, creio, todos puderam me ouvir distintamente.

14/12 – quarta-feira. Vi os estudantes de Westminster atuando em Adelphi,


de Terence, um divertimento que não desmerece um cristão. Oh! Como esses
pagãos podem nos envergonhar! Suas mesmas comédias contêm tanto um
sentido excelente, os retratos mais vívidos de homens e maneiras, quanto tão
delicados golpes na moralidade genuína, como raramente são encontrados
nos escritores cristãos!

1768 - 1769
20/12 – terça-feira. Fui para Shoreham. Aqui, li o livro do Sr. Arquidiácono
Blackbourne, “As Considerações sobre as Leis Penais Contra os Papistas”.
No apêndice 198, para a minha grande surpresa, li essas palavras ditas terem
sido escritas por um cavalheiro em Paris: “A facção papista vangloria-se do
crescimento dos metodistas e fala dessa seita com êxtase. Até onde os
metodistas e papistas se mantêm ligados quanto aos princípios, eu não sei;
mas acredito, acima de qualquer dúvida, que estejam em constante
correspondência entre eles”. Parece que esta carta foi publicada no “St.
James’s Chronicle”, mas nunca vi ou ouvi a respeito dela, até que essas
palavras foram impressas no “Canterbury Journal”, como sendo do próprio
Sr. Blackbourne. E ele quase as fez suas próprias, através de sua fraca nota:
“Eu prontamente esperaria que algumas dúvidas pudessem surgir disto”. Na
verdade, ele acrescenta: “O Sr. Whitefield tomou cuidado adequado para
impedir todas as suspeitas de ter algumas ligações com o papismo”. Sim, e o
Sr. Wesley muito mais, desde 31 de agosto de 1738. Novamente, em meu
Diário, 27 de agosto de 1739, publiquei a única carta que escrevi a um
sacerdote papista. E isto está como prova desta proposição (uma prova
extraordinária de minhas ligações com o papismo!): “Nenhum católico
romano, como tal, pode esperar ser salvo, de acordo com os termos da aliança
cristã”. Muitas coisas para o mesmo propósito ocorrem nos “Diários” e
“Apelos aos Homens de Razão e Religião”, além daqueles tratados que
publiquei inteiramente sobre o assunto: “Uma Palavra a um Protestante”,
“Catecismo Católico” e “As Vantagens dos Membros da Igreja da Inglaterra
sobre os Membros da Igreja de Roma”.

Que ignorância espantosa então, para não dizer imprudência, recai sobre
qualquer um ao me taxar como tendo alguma conexão com o papismo!

9/01 – segunda-feira.
1769
Passei uma hora confortável e proveitosa com o Sr. Whitefield, trazendo à
lembrança os tempos passados e a maneira como Deus nos preparou para o
trabalho que tinha colocado em nossos corações para serem realizados. 17/02
– sexta-feira (Yarmouth). Resumi o belo livro do

Dr. Watt, “Tratado sobre as Paixões”. Suas cento e setenta e sete páginas
tornaram-se um resumo útil de vinte e quatro. Por que algumas pessoas que
tratam dos mesmos assuntos escrevem livros tão volumosos? Dentre as
muitas razões, esta é a principal: nós não escrevemos do mesmo ponto de
vista. A finalidade principal deles é ganhar dinheiro, a minha é apenas fazer o
bem!

27/02 – segunda-feira (Londres). Tive mais uma agradável conversa com


meu velho amigo e colega de ministério, George Whitefield. Sua alma parece
estar ainda vigorosa, mas seu corpo afunda rapidamente; a menos que Deus
se interponha, ele logo terminará seus trabalhos.

13/03 – segunda-feira. Parti para Northward. Tivemos clima bom, por algum
tempo, mas o vento se levantou e a chuva caiu com toda a força. Estávamos
totalmente molhados antes de chegarmos em Stroud, mas não ficamos
resfriados. Às seis horas, a casa estava, como de costume, completamente
cheia, embora o vento e a chuva tivessem mantido muitos estranhos longe.
As pessoas pareceram estar todas vivas e prontas para devorarem a Palavra.
Depois disso, tivemos uma confraternização, na qual homens e mulheres
falaram com simplicidade daquilo que Deus tem feito por suas almas.

15/03 – quarta-feira. Com meu cavalo manco e parte da estrada muito ruim,
não alcancei a casa do Sr. Lee, de Coton, até o meio-dia. A casa está
deliciosamente situada em seu parque, no topo de uma colina frutífera. Seu
capelão tinha começado a ler as orações. Depois disso, ele me pediu que
fizesse uma exortação. Então, não pude pegar o cavalo até uma e meia da
tarde, embora tivesse, ainda, oito milhas para cavalgar em um cavalo coxo.
No entanto, cheguei em Shrewsbury, entre cinco e seis horas, e preguei para
uma grande e quieta congregação. Quando estávamos retornando, a turba
estava suficientemente barulhenta, mas usaram apenas suas línguas. De modo
que tudo ficou bem.

26/03 – segunda-feira (Páscoa). Muitos sentiram o poder do Espírito que


ressuscitou Jesus dentre os mortos. Na segunda e terça-feira, visitei as
classes, e o resultado de minha mais rigorosa observação foi: 1. Que dos
quinhentos membros que deixei aqui, apenas quatrocentos e cinquenta
permaneceram. 2. Que cerca da metade dos crentes tinha sofrido perda e
muitos desistiram de sua fé. 3. Que os demais estavam mais firmes que nunca
e alguns cresciam rapidamente na graça.

19/06 – segunda-feira. À noite, preguei em Birr e removi alguns mal-


entendidos, os quais se arrastavam dentro da sociedade.256

26/06 – segunda-feira. Por volta do meio-dia, preguei na Green, em Clara,


para uma congregação excessivamente séria e, à noite, em Tullamore. Na
terça-feira, encontrei um pequeno aumento na sociedade, mas não poderia ter
sido maior, sem mais pregações nos campos.

3/07 – segunda-feira. Cavalguei para Coolylough (onde havia uma reunião


trimestral) e preguei às onze horas da manhã e à tarde. Enquanto cantávamos,
fiquei surpreso ao ver os cavalos de todas as partes do terreno reunindo-se à
nossa volta. É mesmo verdade, então, que os cavalos, tanto quanto leões e
tigres, tem ouvido para a música?
30/07 – domingo. Às cinco horas, preguei em Leeds e, na segunda-feira,
dia 31, preparei
todas as coisas para a conferência a seguir. Em 1o de
agosto, ela começou, e
foi a mais amorosa que já tivemos. Na quinta-feira, mencionei o caso de
nossos irmãos de Nova York, que tinham construído a primeira casa de
pregação metodista na América, a qual se encontrava necessitada de dinheiro
e de muito mais pregadores. Dois dos nossos pregadores, Richard Boardman
e Joseph Pillmoor, voluntariamente se ofereceram para o serviço; pelos quais
determinamos enviar-lhes cinquenta libras, como sinal de nosso amor
fraterno.

23/08 – quarta-feira. Fui para Trevecka. Aqui, encontramos uma afluência


de pessoas de todas as partes, vindas para celebrar o aniversário de
nascimento da Condessa de Huntingdon e o aniversário da sua escola, que foi
aberta em 24 de agosto do ano passado. Preguei, à noite, em sua capela, que
era de extremo bom gosto e elegância; como eram a sala de jantar, a escola e
toda a casa, para tantas pessoas quanto era possível estar bem acomodadas.
Por volta das nove, Howell Harris pediu-me que fizesse uma breve exortação
à sua família, o que fiz e, então, voltei para a casa de Milady e deitei-me em
paz.

19/09 – terça-feira. Entre meio-dia e uma hora, preguei em Freshford; e na


Colina White, perto de Bradford, à noite. Por esse motivo, muitos daqueles
que não estiveram na sala tiveram a oportunidade de ouvir. Tinha planejado
pregar ali novamente na noite seguinte, mas um cavalheiro da cidade pediu-
me que pregasse à sua porta. As feras da cidade estavam toleravelmente
quietas, até que terminei a pregação. Então, levantaram suas vozes,
especialmente um, assim chamado cavalheiro, que tinha um pacote cheio de
ovos podres. Mas um jovem, vindo sem que ele percebesse, bateu em suas
mãos e triturou tudo de uma só vez. No mesmo instante, ele ficou todo
perfumado, se bem que aquilo não era tão perfumado quanto bálsamo!

26/12 – terça-feira. Li as cartas de nossos pregadores na América,


informando-nos que Deus começara um glorioso trabalho por lá; tanto em
Nova York como na Filadélfia, multidões ajuntam-se para ouvir e se
comportam com a mais profunda seriedade; e que a sociedade, em cada um
dos lugares, já tem mais que cem membros.

29/12 – sexta-feira. Observamos o dia de jejum e orações, em parte por causa


do estado confuso dos negócios públicos, em parte, como preparação para o
compromisso solene que estávamos a ponto de renovar.

1/01 – segunda-feira
1770
. Cerca de cento e vinte de nós reuniramse; foi a mais solene. Visto que nós
abertamente confirmamos o Senhor como nosso Deus, assim ele nos
confirmou como seu povo. “Hoje, fizeste o Senhor declarar que te será por
Deus, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os
seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos à sua voz. E o Senhor,
hoje, te fez dizer que lhe serás por povo seu próprio, como te disse, e que
guardarás todos os seus mandamentos”.257

17/01 – quarta-feira. Em uma pequena jornada que fiz em Bedfordshire,


terminei o livro do Dr. Burnet, “A Teoria da Terra”. Ele, sem dúvida, é um
dos escritores de primeira classe, tanto pela inteligência quanto pelo estilo;
sua linguagem é notavelmente clara, não afetada, estimulante e elegante. E
quanto a esta teoria, ninguém pode negar que ela é bem desenvolvida e é
consistente em si mesma. É altamente provável que: 1. a terra ressurgiu do
caos, em alguma medida, como ele descreve; 2. a terra antediluviana não
tinha montanhas altas e abruptas e não tinha mar, sendo uma crosta uniforme
que fechava um grande abismo; 3. o Dilúvio foi causado pelo rompimento
desta crosta e seu afundamento no abismo de águas; e 4. o atual estado da
terra, interno e externo, mostra que ela deve ser as ruínas da terra anterior.
Esta é a essência de seus dois livros passados e, até aí, eu concordo com ele.
Não faço objeção ao conteúdo de seu terceiro livro, sobre a Conflagração
Geral, mas acredito que seja um dos mais nobres tratados que existem em
nossa língua. Não objeto muito o quarto, concernente aos novos céus e nova
terra. A essência dele é altamente provável.

3/02 – sábado. Em meus momentos de lazer e nos dias que se seguiram, li


com muita expectativa o célebre livro de Rousseau, “da Educação”.258
Como fiquei desapontado! Certamente o mais consumado “barrete de bufão”
que tenho visto sob o sol! Quão espantosamente cheio de si mesmo! O que
quer que ele fale, pronuncia como um oráculo. Mas muitos dos seus oráculos
são, evidentemente, falsos, como aquele que afirma que “as crianças
pequenas nunca amam as pessoas mais velhas”. Não! Então elas não amam
seus avôs e avós? Frequentemente mais do que seus próprios pais? Realmente
amam a todos quantos as amam, e com mais calor e sinceridade do que
quando se tornam adultas.

Mas eu objeto seu temperamento mais do que seu julgamento: ele é um mero
misantropo;259 um cínico, sobretudo. Tanto quanto é o seu infiel fraterno,
Voltaire, e quase tão grande presunçoso. Mas ele esconde sua teimosia e
vaidade um pouco melhor; visto que aqui ele nos encara continuamente. A
respeito do seu livro, ele é estapafúrdio até o último grau e não se fundamenta
na razão, nem na experiência. Citar passagens específicas seria infinito, mas
qualquer um pode observar, concernente ao todo, que ele aconselha o que é
bom, trivial e comum, apenas disfarçado em novas expressões. E quanto ao
que é novo, o que é realmente de si próprio, são mais claros que a vaidade
por si mesma. Tais descobertas eu sempre espero daqueles que são
demasiados sábios para acreditarem em suas bíblias.

21/03 – quarta-feira. Nos dias que se seguiram, fui bem devagar através de
Staffordshire e Cheshire, para Manchester. Nessa jornada, tanto quanto em
muitas outras, observei um engano que quase universalmente prevalece;
espero que todos os viajantes tomem nota disso, porque poderá salvá-los de
problemas e de perigos. Quase trintas anos atrás, estive pensando: “Como é
que nenhum cavalo tropeça enquanto estou lendo?”

2 93
(História, poesia e filosofia eu comumente leio quando estou montado, tendo
outro trabalho em outros momentos). Nenhuma razão pode ser dada, a não
ser essa: porque eu jogo a rédea no seu pescoço. Então, observei e asseguro
que, cavalgando acima de cem mil milhas, raramente me lembro de qualquer
cavalo (exceto dois, que cairiam saltando de qualquer maneira) cair ou dar
um tropeção considerável, enquanto montei com a rédea frouxa. Imaginar,
consequentemente, que uma rédea apertada impede que o cavalo tropece é
um grande equívoco. Tenho repetido a tentativa, mais frequentemente do que
muitos homens do Reino Unido. Se alguma coisa pode impedir o cavalo de
tropeçar, a rédea frouxa é uma delas, mas, em alguns animais, nada disso é
suficiente.

15/06 – sexta-feira. Fiquei agradavelmente surpreso ao encontrar toda a


estrada de Thirsk a Stokesley, que costuma ser extremamente ruim, melhor
do que muitas que têm pedágios. Os cavalheiros têm se empenhado e
levantado dinheiro suficiente para repará-la eficazmente. Da mesma forma
eles têm feito por algumas centenas de milhas na Escócia e através de toda
Connaught, na Irlanda; e, então, sem dúvida, fariam por toda a Inglaterra,
sem sobrecarregar as pessoas pobres com a imposição vil de pedágios para
sempre. À tarde, chegamos em Whitby. Tendo pregado três vezes ao dia
durante cinco dias, estava disposto a pregar dentro da casa, mas avisaram que
iria pregar na praça do mercado. Então, comecei, às seis horas, para uma
grande congregação, e a maioria das pessoas estava profundamente atenta.

17/06 – domingo. Tivemos um sermão fraco na igreja. Entretanto, voltei de


tarde lembrando as palavras do Sr. Philip Henry: “Se o pregador não conhece
seu dever, dou graças a Deus por conhecer o meu”.

28/06 – quinta-feira. Mal posso acreditar que estou entrando hoje nos meus
sessenta e oito anos de idade. Quão maravilhosos têm sido os caminhos de
Deus! Ele me sustenta desde que eu era uma criança! Dos dez aos treze ou
quatorze, tinha pouco o que comer, a não ser pão, e não em abundância.
Acredito que isso esteve muito longe de me prejudicar, tanto que colocou o
alicerce de uma saúde duradoura. Mais tarde, em consequência de ler o livro
do Dr. Cheyne, decidi comer com moderação e beber água. Então, comecei a
expelir sangue, o que continuou por muitos anos. Um clima quente curou-me
disso. Mais tarde, estive à beira da morte, por causa de uma febre, mas isso
me deixou mais sadio que antes. Onze anos depois, estava em meu terceiro
estágio de consumação. Em três meses, agradou a Deus remover isso
também. Desde esse tempo, não conheço dor nem doença, e estou agora mais
sadio do que estava há quarenta anos. Isso tem Deus forjado!

30/07 – segunda-feira. Preguei em Bingham, dez milhas de Nottingham.


Realmente admiro a estupidez primorosa das pessoas. Elas bocejam e olham
fixamente enquanto estou falando de morte e julgamento, como se nunca
tivessem ouvido essas coisas antes. E não recebem qualquer ajuda dos dois
clérigos ríspidos e rudes, que parecem ser tão sábios quanto elas mesmas. A
congregação em Houghton, à noite, foi mais nobre, comportando-se com a
mais extrema decência.

21/08 – terça-feira. Cavalguei para Tiverton e, de lá, através de Launceston,


Camelford, Port Isaac, Cubert, St. Agnes e Redruth para St. Ives. Aqui, Deus
tem feito nossos inimigos estarem em paz conosco, de modo que teria
pregado em muitas partes dessa cidade. Mas dei preferência a pradaria, onde
os que quisessem poderiam se sentar, tanto na grama como nas cercas vivas,
como o córnico denomina as paredes de pedras largas que usualmente são
cobertas de grama. Aqui apliquei “Tema a Deus e guarde seus mandamentos;
porque esse é o dever do homem”.260

1/09 – sábado. Fiz um passeio ao topo da célebre colina Carn Brae. Aqui
estão muitos monumentos da remota Antiguidade, dificilmente encontrados
em qualquer outra parte da Europa: imensos altares druidas, sendo apenas
pedras enormes, estranhamente suspensas umas sobre as outras, e bacias de
pedras, acompanhando toda a superfície da rocha, que se supõe conter a água
sagrada. É provável que esses são, pelo menos, contemporâneos do teatro de
Pompeia, se não das Pirâmides do Egito. E no que eles são melhores por
isso? Qual a consequência, tanto para os mortos, quanto para os vivos, se tais
lugares têm resistido às devastações do tempo, por três mil ou trezentos anos?

10/11 – sábado. Em meu retorno para Londres, tive a melancólica notícia da


morte do Sr. Whitefield confirmada por seus testamenteiros, que me pediram
que pregasse um sermão em seu funeral, no domingo, dia 18. Com o objetivo
de escrever sobre isto, retirei-me para Lewisham na segunda, e, no domingo
seguinte, fui para a capela em Tottenham Court Road.

Uma imensa multidão estava reunida, vinda de todos os cantos da cidade. Eu


estava um tanto temeroso, a princípio, que a maior parte da congregação não
fosse capaz de me ouvir, mas agradou a Deus que minha voz fosse fortalecida
e até mesmo os que estavam na porta puderam me ouvir distintamente. Foi
um momento notável e todos permaneceram durante toda noite; a maioria
aparentava estar profundamente tocada; e uma impressão foi deixada em
muitos, a de que aquele momento não seria apagado da memória tão
rapidamente.

O tempo designado para o início do ofício fúnebre, no Tabernáculo, era às


cinco e meia da tarde, mas estava completamente cheio às três horas. Então,
comecei a pregar às quatro. A princípio, o barulho era intenso, mas foi
diminuindo quando comecei a falar e minha voz estava novamente
fortalecida, de tal modo que todos que estavam ali puderam ouvir, exceto por
um barulho acidental ter dificultado, aqui ou ali, por alguns momentos.

Oh! Que todos possam ouvir sua voz; com ele estão as questões da vida e da
morte; e é Ele quem, em voz alta, por causa desse inesperado golpe, chama a
todos os seus filhos para amarem uns aos outros!

23/11 – sexta-feira. Tendo sido pedido pelos Curadores do Tabernáculo de


Greenwich para pregar o sermão no ofício fúnebre do Sr. Whitefield, fui até
lá hoje com esse propósito; mas nem mesmo essa casa pôde conter a
congregação. Aqueles que não conseguiram entrar, fizeram algum barulho no
começo, mas, em pouco tempo, foram silenciados. Aqui, igualmente, eu creio
que Deus tem varrido aquela intolerância que prevalecera durante muitos
anos.

2/01 – quarta-feira.
1771
Preguei, à noite, em Deptford, uma espécie de sermão do ofício fúnebre do
Sr. Whitefield. Em todos os lugares, desejo mostrar todo respeito possível à
memória desse grande e bom homem.
3/01 – quinta-feira. Passei uma hora e meia dando socos

no ar, ao discutir com um infiel que me disse: “Creio que Deus seja poderoso
e o Criador de todas as coisas. Mas não me sinto agradecido a ele por ter-me
criado, uma vez que ele fez isto apenas para seu próprio prazer. Nem posso
acreditar que ele seja bom, uma vez que poderia remover todo o mal no
mundo se quisesse. Assim sendo, é culpa de Deus, e de ninguém mais, que
exista algum mal no universo”. Temo que não possamos negar isto, se
admitirmos que Deus “desde toda a eternidade, imutavelmente determinou
todas as coisas, grandes e pequenas, que aconteceriam”.

23/01 – quarta-feira. Não sei o motivo para ela261 ter partido para
Newcastle, propondo “nunca retornar”. Não a deixei, nem a mandei embora;
também não irei chamá-la novamente.

25/01 – sexta-feira. Revisei e transcrevi meu testamento, declarando simples,


clara e brevemente, nada mais, nada menos, “do que eu teria feito com os
meus bens mundanos que deixei para trás”.

14/02 – quinta-feira. Percorri todas as salas da casa de correção, em Londres.


Ela contém cerca de cem crianças, que estão de alguma forma privadas de
suas famílias. E toda a casa é limpa, do topo ao chão, como qualquer casa de
cavalheiro deve ser. E por que todas as creches, em Londres, todas as creches
de todo o Reino Unido, não são do mesmo jeito? Simplesmente pela falta de
senso, ou de honestidade e atividade daqueles que as supervisionam.

14/05 – terça-feira. Cavalguei para Limerick e disse claramente à


congregação: “Se vocês, como é de costume, comparecerem apenas por três
dias, e depois desistirem, empregarei melhor meu tempo em outro lugar. Mas
se continuarem a vir, ficarei mais tempo com vocês”. Eles entenderam
minhas palavras e continuaram a aumentar de manhã e à tarde, por todo o
tempo que permaneci na cidade.

28/06 – segunda-feira. Hoje completei sessenta e nove anos de idade. Ainda


estou maravilhado comigo mesmo. Minha voz e força são as mesmas de
quando tinha vinte e nove. Isso também Deus tem operado!

16/10 – quarta-feira. Em South Lye, há quarenta e seis anos, preguei meu


primeiro sermão. Um homem que esteve presente naquela época ouviu meu
sermão hoje. O restante deles já partira para sua eterna morada.

21/12 – sábado. Encontrei-me com um velho amigo, James Hutton, que não
vejo há vinte e cinco anos. Sinto que este tempo não mudou nada, pois meu
coração estava completamente aberto e o dele pareceu da mesma forma; e nós
conversamos como fazíamos em 1738, quando nos encontrávamos em Fetter
Lane.

30/12 – segunda-feira. A pedido de meu irmão, posei novamente para meu


retrato. Essa melancólica tarefa sempre me faz lembrar daquela reflexão
natural: “Vejam que debilidade podemos ver no homem! Sua sombra está
menos propensa à mudança do que ele”!

14/01 – terça-feira.
1772
Passei uma hora agradável com o Dr. S, o mais antigo conhecido que agora
tenho. Ele é o maior gênio em pequenas coisas de que tenho notícia. Quase
tudo em sua casa é de sua própria invenção, tanto no todo como em parte.
Também seus guarda-fogos, suas luminárias de vários tipos, seus tinteiros,
seus muitos “salva-tudo”. Eu realmente acredito que, se ele estivesse
seriamente empenhado nisso, poderia inventar a melhor armadilha para
apanhar ratos jamais vista no mundo.

10/02 – segunda-feira. Em minha viagem a Dorking, li o engenhoso tratado


do Sr. Jones sobre “Os Animais Puros e Impuros”. Ele realmente parece
provar suas hipóteses, ao tornar racionalmente claro que existe um desígnio
maior na parte da Lei levítica do que é comumente entendido. Que Deus tinha
uma intenção através disto com respeito à moral, às qualidades naturais das
criaturas que ele declarou como impuras; e sua intenção era dar um aviso
permanente ao seu povo contra a ferocidade, a ganância e outras propriedades
danosas, que tão eminentemente pertencem às bestas ou pássaros que eles
foram proibidos de comer ou tocar.

12/02 – quarta-feira.
No retorno, li um livro muito diferente, publicado por um honesto quacre,
sobre aquela

2 98
execrável soma de todas as vilanias, que é comumente chamada de comércio
de escravos. Não li nada parecido no mundo pagão, tanto antigo quanto
moderno, e infinitamente excede, em muitos exemplos, à barbaridade que os
escravos cristãos sofreram em terras maometanas.

14/02 – sexta-feira. Comecei a executar um propósito que, há muito tempo,


tem estado em meus pensamentos: imprimir uma edição de meus trabalhos,
de uma forma tão precisa quanto fosse possível a um editor. Certamente devo
ser tão preciso, pela causa de Deus, como seria pelo dinheiro.
21/02 – sexta-feira. Encontrei-me com meus amigos que tinham começado
um abaixo assinado para impedir minhas cavalgadas, o que não tenho feito
muito bem desde que me machuquei, há alguns meses. Se eles continuarem
com isso, muito bem; se não, terei forças de acordo com minha necessidade.

3/04 – sexta-feira. Parti para Wigan mas, antes que chegássemos em Ashton,
fiquei satisfeito por usar meus próprios pés e deixar os pobres cavalos
arrastarem a carruagem como pudessem. Preguei em Wigan, por volta do
meio-dia, e à tarde, em Bolton. Quão maravilhosamente Deus tem operado
neste lugar! John Bennet, alguns anos atrás, reduziu esta sociedade de setenta
para doze; e agora ressuscitaram para cento e setenta.

14/04 – terça-feira. Parti para Carlisle. A maior parte da estrada estava


miseravelmente ruim. Entretanto, alcançamos a cidade à tarde e encontramos
um pequeno grupo de pessoas simples e amáveis. O lugar onde tinham
designado que eu pregasse ficava fora dos portões; mas, ainda assim, foi
razoavelmente preenchido com ouvintes atentos. Posteriormente,
perguntando sobre a estrada de Glasgow, certifiquei-me que não daria muitas
voltas por Edimburgo; então escolhi aquela estrada e caminhei cinco milhas
essa tarde, até a casa de um de nossos amigos. Aqui recebi cordiais boas-
vindas, debaixo de um teto humilde com doce e quieto descanso.

15/04 – quarta-feira. Apesar de ser uma casa isolada, tivemos uma grande
congregação, às cinco horas da manhã. Depois disso, cavalguei mais de vinte
milhas através da mais agradável região de montanhas férteis erguendo-se de
cada lado e um fluxo claro de água correndo abaixo. À tarde, tivemos uma
tempestade furiosa de raios e neve. Entretanto, alcançamos Selkirk a salvo.
Aqui, observei um pequeno bocado de pomposidade, que era completamente
novo para mim. A governanta veio até mim e disse: “Sir, o “lorde” do
estábulo quer saber se poderia alimentar seus cavalos”. Nós o chamamos de
“criado de estrebaria” na Inglaterra. Depois da ceia, toda a família pareceu
feliz de juntar-se a nós nas orações.

18/04 – sábado. Parti para Glasgow. Alguém poderia pensar que estávamos
em meados de janeiro e não em meados de abril. A neve cobriu as
montanhas de todos os lados e a geada estava excessivamente cortante.
Assim, preguei dentro da casa, à tarde, e no domingo de manhã. Mas, à noite,
a multidão constrangeu-me a ficar na rua. Meu texto foi “Ao que Deus
purificou não consideres comum”.262 Consequentemente, tive a
oportunidade de falar sobre seu fanatismo miserável por opiniões e modos de
adoração. Muitos pareceram não estar nem um pouco convencidos, mas
quanto tempo esta impressão continuará?

20/04 – segunda-feira. Fui para Greenock, uma cidade portuária, vinte


milhas a oeste de Glasgow. Ela é construída de maneira muito parecida com
Plymouth Dock e tem um cais seguro e espaçoso. O comércio e os habitantes,
e, consequentemente, as casas, estão aumentando rapidamente; e também o
praguejamento, as juras, a bebedeira, o desrespeito ao Dia do Senhor e todas
as formas de maldades. Nossa sala é três vezes maior que a de Glasgow, mas
ela mal pode conter a congregação. Falei especialmente claro e sem nenhuma
esperança de que pudéssemos ver alguns frutos entre essa geração de
corações de pedra.

21/05 – quinta-feira. Fui para Bass, sete milhas de Dunbar, que, no horrível
reinado de Charles II, foi a prisão daqueles veneráveis homens que sofreram
a perda de todas as coisas por causa da consciência boa. Ela é uma rocha alta,
cercada pelo mar, com duas ou três milhas de circunferência e situada a cerca
de duas milhas da orla. O forte vento leste tornou a água tão violenta que o
barco mal pôde se aguentar, e quando chegamos ao único lugar de terra firme
(os outros lados são praticamente perpendiculares), foi com muita dificuldade
que conseguimos subir, escalando com nossas mãos e joelhos.

4/06 – quinta-feira. Às cinco horas, pedi minha dispensa dessas pessoas


abençoadas. Olhando atentamente para elas, fiquei um tanto surpreso ao
observar rostos tão bonitos, como eu nunca tinha visto antes numa
congregação; muitas das crianças, em especial doze ou quatorze das quais
(principalmente garotos), causaram-me admiração. Mas, reconheço, muito
mais devido

1772 - 1773
à graça do que à natureza, ao paraíso interior do que ao brilho exterior.

5/06 – sexta-feira. No último verão, a obra de Deus reavivou-se e


gradualmente aumentou até o fim de novembro. Então, Deus começou a
manifestar seu braço de uma maneira extraordinária. Aqueles que eram
estranhos a Deus sentiram-no como se fosse uma espada em seus ossos,
compelindo-os a gritar alto. Aqueles que conheciam a Deus foram
preenchidos com alegria inexprimível e na mesma proporção com louvores e
ações de graça...

27/07 – segunda-feira. Li o engenhoso “Comentário sobre a Primeira Parte


da Epístola dos Romanos”. Fiquei surpreso e aflito. Como o poder está caído!
É a própria quintessência do antinomianismo. Já me surpreendi muito, mas
agora não me surpreendo mais que sua vara não floresça.

21/09 – sexta-feira. Preguei novamente às oito horas e, então, cavalguei de


volta para Harford. Depois do jantar, nos apressamos até a Passagem, mas o
barqueiro não estava com pressa de nos levar. Então me sentei em uma pedra
conveniente e terminei o pequeno tratado que tinha em mãos. De qualquer
forma, cheguei em Pembroke a tempo de pregar no corredor da cidade, onde
tivemos uma oportunidade solene e confortável.

6/09 – domingo. Preguei em uma baia, em Kingswood, e perto da King’s


Square. Nesse dia, a pregação no campo foi uma cruz para mim. Mas
conheço minha missão e não vejo outro modo para “pregar o Evangelho a
cada criatura”.
4/01 – segunda-feira. Comecei revisar
minhas cartas e 1773
papéis. Uma delas foi escrita há mais de cento e cinquenta anos (1619), eu
imagino, pelo avô de meu pai para aquela com quem ele iria se casar em
poucos dias. Muitas foram escritas pelos meus irmãos e eu, quando
estávamos na escola; muitas, enquanto estávamos na universidade,
abundantemente testificando (se isso vale a pena saber) qual era o objetivo de
nossa juventude. 13/05 – quinta-feira. Seguimos em frente pela mais sombria

região até Galway, onde, no último levantamento, habitavam vinte mil


católicos e quinhentos protestantes. Mas qual deles é cristão, tem a mente de
Cristo, e caminha como ele caminhou? Sem isso, quão pouco importa se são
chamados protestantes ou católicos!
21/08 – sábado. Preguei em Illogan e em Redruth; no domingo,
dia 22, às oito horas, na
igreja da cidade em St. Agnes; e às cinco horas, no “anfiteatro”, em
Gwennap. As pessoas cobriram tanto o espaço do “anfiteatro” quanto o chão
à sua volta até uma distância considerável. Supondo que o espaço seja de
oitenta jardas quadradas e suporte cinco pessoas em uma jarda quadrada, lá
haveria mais de trinta e duas mil pessoas: a maior congregação para a qual
preguei. Ainda assim, certifiquei-me perguntando a respeito de todos, se
puderam ouvir mesmo nas extremidades. Talvez seja a primeira vez que um
homem de setenta anos tenha sido ouvido por trinta mil pessoas de uma só
vez!

13/09 – segunda-feira. Ainda gripado, não me sentia capaz de falar. À noite


piorei, o céu da boca e minha garganta estavam intensamente inflamados.
Entretanto, preguei como pude, mas não por muito tempo. Não podia engolir
nem líquidos, nem sólidos, e a minha traqueia parecia quase fechada. Deitei-
me no horário de costume, mas o refluxo de catarro estava tão ininterrupto
que não dormi um minuto até perto das três da manhã. Nos nove dias que se
seguiram, fui melhorando cada vez mais.

29/09 – quarta-feira. Achei que seria capaz de falar para a congregação, o


que fiz por meia hora; mas depois, tive dores do lado esquerdo e no meu
ombro, alternadamente; o mesmo que tive em Canterbury, vinte anos antes.
De manhã, mal podia levar minha mão até minha cabeça, mas, depois de
alguns choques elétricos, estava muito melhor; de modo que preguei com
razoável facilidade à noite e, na noite seguinte, li as cartas, embora minha voz
estivesse fraca. Fui vagarosamente recuperando minha voz e minhas forças,
e, no domingo, preguei sem qualquer problema.

6/10 – quarta-feira. Pegando a carruagem às duas horas da manhã, eu


cheguei bem em Londres, à noite. O restante da semana, fiz muitas perguntas
a respeito do estado de minhas contas. Alguma confusão tinha surgido depois
da morte repentina de meu guarda-livros, mas isso era bem menos do que
fora esperado.
24/01 – segunda-feira. A Sra. Wright, de
Nova York, 1 774
pediu-me que a deixasse fazer minha efígie em cera. Ela tinha as do Sr.
Whitefield e de muitos outros, mas nenhum deles, eu imagino, correspondeu
às expectativas de um bom retrato.

4/06 – sábado. Encontrei uma liberdade incomum em Edimburgo, aplicando


a visão de Ezequiel do vale de ossos secos. Quando caminhava para casa,
dois homens me seguiram, e um deles me disse: “Senhor, você é meu
prisioneiro. Eu tenho um mandado de prisão do Xerife para levá-lo até o
Tollbooth”. A princípio, pensei que ele gracejava, mas, constatando que era
sério,263 pedi a um ou dois de meus amigos para me acompanharem.
Quando estávamos seguramente alojados em uma casa anexa ao Tollbooth,
pedi ao oficial para me deixar ver o mandado. E soube que o promotor era
um tal de George Sutherland, outrora membro da sociedade. Ele tinha
deposto “que Hugh Saunderson, um dos pregadores de John Wesley, levou
cem libras em dinheiro, e trinta libras em bens, de sua mulher; e, além disso,
atormentou-a até a loucura; de forma que, por causa de seu pedido de socorro
e da perda do emprego, ele teve um prejuízo de quinhentas libras”.

Diante do Ilmo. Sr. Xerife Archibald Cockburn, ele depôs “que o dito John
Wesley e Hugh Saunderson, para fugirem da perseguição dele, preparavam-
se para fugir da região; e, por esta razão, solicitava um mandado do Xerife
para procurá-los, prendê-los e encarcerá-los na Tollbooth, até que estivesse
seguro do comparecimento deles”. O xerife consentiu a esse requerimento e
deu-lhe um mandado.

Mas, por que encarcerar John Wesley? Nada está colocado contra ele; nem
menos nem mais. Hugh Saunderson prega em conexão com ele. Mas e daí? O
Xerife não fora estranhamente descuidado?

O Sr. Sutherland insistiu furiosamente que o oficial nos levasse para


Tollbooth sem demora. Entretanto, esperou que dois ou três de nossos amigos
viessem e lhes dessem uma garantia de nosso comparecimento na vigésima
quarta corte. O Sr. Saunderson apareceu, a causa foi ouvida e o promotor o
multou em mil libras.

12/06 – domingo. A chuva dirigiu-nos para dentro da casa, de manhã e à


tarde. Logo depois, encontrei-me com o que restou da seleta sociedade, mas
nenhuma de minhas duas adoráveis crianças, nem Peggy Spencer, nem Sally
Blackburn, estavam lá. Na verdade, uma completa série disto vi
anteriormente, mas três em quatro deles estavam agora tão carentes como
nunca. À tarde, enviei um recado para Peggy Spencer e Sally Blackburn.
Peggy veio e constatei que ela quase recuperou seu chão, caminhando na luz
e tendo uma esperança viva de recuperar tudo que havia perdido. Sally
definitivamente recusou-se a vir e então correu para fora. Ela foi encontrada,
por fim, depois de uma enxurrada de lágrimas e trazida quase à força. Mas
não consegui um olhar e dificilmente uma palavra dela. Ela parecia não ter
esperança. Ainda assim, não está fora do alcance de Deus.

Eu inquiri sobre duas causas para a grave queda na vasta obra de Deus, que
ocorreu por aqui há dois anos; e encontrei diversas: 1. nenhum dos
pregadores que sucedeu foi capaz de ser um pai que alimenta seus recém-
nascidos; 2. Jane Salked, um grande instrumento da obra, casada, foi excluída
dos encontros dos jovens; e, sem alguém que tão naturalmente cuidasse deles,
caíram aos montes; 3. a maioria dos mais avivados na sociedade era de
homens e mulheres solteiras; e vários desses, em pouco tempo, sentiram uma
afeição desordenada uns pelos outros e assim afligiram o Espírito Santo de
Deus, até que ele em grande medida separou-se deles; 4. os homens
levantaram-se em nosso meio, subestimaram a obra de Deus e chamaram a
grande obra da santificação de ilusão. Com isto, afligiram a muitos, e iraram
outros; de maneira que tanto um quanto outro foram muito enfraquecidos.
Por conseguinte, o amor de muitos se esfriou e os pregadores foram
desencorajados; ciúmes, rancores e males presumíveis se multiplicaram cada
vez mais.

Existe, agora, um pequeno avivamento. Deus permita que ele possa crescer!

20/06 – segunda-feira. Por volta das nove horas, parti de Sunderland para
Horsley, com o Sr. Hopper e o Sr. Smith. E levei a Sra. Smith e suas duas
garotinhas comigo na carruagem. Perto de duas milhas da cidade, justamente
no topo da colina, os cavalos dispararam, sem qualquer motivo aparente e
correram colina abaixo, como uma seta que escapou do arco. Em um minuto,
John caiu fora da boleia. Os cavalos, então, seguiram velozes, algumas vezes
para a extremidade à direita do abismo, outras, à esquerda. Uma carroça veio
contra eles e desviaram dela exatamente como se um homem os estivesse
comandando da cocheira. Havia uma ponte aos pés da colina, e eles foram
diretamente de encontro a ela; correndo colina acima com a mesma
velocidade. Muitas pessoas nos encontraram, mas saíram do caminho. Já
perto do topo, havia um portão aberto que conduzia às terras de um
fazendeiro. Os cavalos viraram um pouco, e atravessaram por ele sem
tocarem no portão.

Eu pensei, “sem dúvida, o portão do outro lado da propriedade fica fechado, e


isso irá pará-los”, mas eles dispararam através dele, como se fosse uma teia
de aranha e galoparam em frente, pela plantação de trigo. Duas garotinhas
gritaram: “Vovô, nos salve!” Eu disse a elas: “Nada irá machucar vocês; não
fiquem com medo!” Senti tanto não mais medo ou preocupação (abençoado
seja Deus!) se estivesse sentado em minha sala de estudos. Os cavalos
correram até chegarem à beira do precipício íngreme. Justamente no
momento em que o Sr. Smith, que não pôde nos alcançar antes, galopou entre
eles, pararam num instante. Se os cavalos tivessem ido em frente apenas um
pouquinho, tanto o Sr. Smith quanto nós teríamos ido para baixo juntos!
Estou persuadido de que tanto os maus quanto os bons anjos tiveram uma
partilha grande nesse evento, quão grande foi esta participação não sabemos
agora, mas saberemos futuramente.

28/06 – terça-feira. É o meu primeiro dia de setenta e dois anos de idade e


estive pensando: Como é que me encontro justamente com as mesmas forças
de trinta anos atrás? Como minhas vistas estão consideravelmente melhores
agora e os meus nervos mais firmes do que eram? Como não tenho nenhuma
das enfermidades da velhice e perdi muitas das que tive na minha juventude?
A grande causa disto tudo é o enorme prazer de Deus naquele que faz o que
lhe agrada. Os principais motivos são esses. Meu despertar constante às
quatro horas da manhã, cerca de cinquenta anos. Pregar, geralmente, às cinco
horas da manhã: o exercício mais saudável do mundo. Viajar nunca menos
que quatro mil e quinhentas milhas, por mar ou terra durante o ano.

6/08 – sábado. Caminhei de Newport para Berkeley Castle. É uma bonita


construção, apesar de antiga; e cada parte dela permanece em boas condições,
exceto o local onde se guarda a madeira cortada e a capela que, não sendo
usada há anos, está agora bastante suja. Particularmente admiro as boas
condições e o jardim no topo da casa. Em um dos cantos do castelo está a sala
onde o pobre Ricardo II foi morto. Sua efígie ainda está preservada (dizem ter
sido feita depois de sua morte). Se fosse desse jeito, tinha um semblante
aberto, embora com um ar de melancolia.

13/11 – domingo. Depois de um dia de muito trabalho, deitei-me para


descansar na minha hora de costume (nove e meia da noite). Disse aos meus
criados: “Preciso levantar-me às três horas, porque a carruagem para Norwich
parte às quatro”. Ouvindo um deles batendo antes do que esperava, levantei-
me e me vesti, mas depois disso, olhando meu relógio, descobri que eram dez
e meia da noite. Enquanto estava considerando sobre o que fazer, ouvi um
som confuso de muitas vozes embaixo e, olhando pela janela através do
pátio, vi que estava claro como o dia.

Nesse meio tempo, muitas labaredas enormes voavam continuamente sobre a


casa. Toda a parte posterior era construída de madeira e estava quase tão seca
quanto um fósforo. Numa grande área, a uma pequena distância de nós, havia
fogo; de onde o vento noroeste dirigia as chamas diretamente para a fundição.
E não havia possibilidade de ajuda, porque não havia água. Percebendo que
não seria de grande utilidade, peguei o meu Diário e meus papéis e retirei-me
para a casa de um amigo. Não tive medo, deixando o assunto nas mãos de
Deus e sabendo que ele faria o que fosse melhor. Imediatamente, o vento
virou de noroeste para sudoeste e nossa bomba supriu as máquinas com
abundância de água; então, em pouco mais que duas horas, todo o perigo
havia passado.

25/11 – sexta-feira. Parti, entre oito e nove horas, numa carruagem de um só


cavalo, com o vento bastante alto e frio. Muita neve se estendeu pelo chão, e
uma grande porção caiu na metade em que nos arrastávamos ao longo dos
bancos de pântanos. O honesto Sr. Tubbs precisou andar e conduzir o cavalo
através da água e lama na altura dos joelhos, sorrindo e dizendo: “Nós,
homens do pântano, não nos importamos com um pouco de sujeira!” Cerca
de quatro milhas depois, a estrada não comportava uma carruagem. Então,
tomei emprestado um cavalo e cavalguei em frente, mas não muito longe,
porque o solo estava encharcado.

Aqui, por conseguinte, procurei um barco, no máximo duas vezes mais largo
que uma gamela (cocho). Eu ficava numa extremidade e o garoto, na outra,
remando e me conduzindo a salvo para Erith. Lá, a Srta. L. estava esperando
por mim com uma outra carruagem, para me conduzir a St. Ives. Mas
nenhum metodista, pelo que me disseram, pregou nessa cidade. Então, pensei
que era tempo de começar. Preguei para uma congregação bem vestida e
bem-comportada. De lá, minha nova amiga (quanto tempo ela será assim?)
conduziu-me para Godmanchester, perto de Huntingdon. Um celeiro grande
estava preparado, no qual o Sr. Berridge e o Sr. Venn pregaram. E, embora o
tempo estivesse ainda severo, o celeiro foi preenchido com pessoas
profundamente atentas.

1/07 –
1775
Tivemos uma congregação maior na Renovação da Aliança do que tivemos
por muitos anos. Não sei se alguma vez tivemos uma bênção maior. Mais
tarde, muitos desejaram agradecer pela consciência do perdão, pela completa
salvação, ou por uma manifestação renovada da graça de Deus, curando toda
a apostasia.

13/06 – terça-feira. Não me senti muito bem de manhã, mas acreditei que
isto logo passaria. À tarde, o tempo estava extremamente quente e me deitei
na grama, no orquidário do Sr. Lark, em Cock-Hill. Estou acostumado a fazer
isto há quarenta anos, e nunca me lembrei de ter sofrido qualquer dano.
Apenas nunca me deito sobre o rosto, pois adormeço nesta posição. Caminhei
um pouco e sentia-me um pouco mal, mas preguei com facilidade para uma
multidão.

Mais tarde, estava um pouco pior. No dia seguinte, no entanto, segui algumas
milhas para Grange. A mesa estava colocada ali de tal maneira que, todo o
tempo em que estava pregando, um vento forte e cortante soprou em cheio do
lado esquerdo de minha cabeça; consegui terminar com muita dificuldade.
Então, fui tomado por uma profunda obstrução em meu peito. Meu pulso
estava excessivamente fraco e baixo; tremia de frio, embora o ar estivesse
abafado; e apenas ocasionalmente queimava de febre por alguns minutos. Fui
cedo para a cama, bebi uma dose de melaço e água e apliquei melaço nas
solas dos pés. Deitei-me até às sete horas na quinta-feira, 15, e, então, senti-
me consideravelmente melhor. Mas fui tomado por quase a mesma obstrução
em meu peito. Meu pulso estava fraco novamente; queimava e esfriava por
turnos; e, se me arriscava a tossir, isto chacoalhava minha cabeça
excessivamente. Em minha ida para Derry-Anvil, quis saber qual era o
conteúdo do que estava lendo, porque não conseguia prestar atenção, nem por
três minutos consecutivos, uma vez que meus pensamentos estavam
constantemente mudando. Ainda assim, durante todo o tempo em que preguei
à tarde (embora em pé, a uma correnteza de ar, com o vento assobiando ao
redor de minha cabeça) minha mente ficou tão recomposta quanto sempre.
16/06 – sexta-feira. Entretanto, em minha viagem para Lurgan, novamente
me espantei por não conseguir fixar minha atenção no que lia. Ainda assim,
enquanto pregava, à tarde, constatei que minha mente estava perfeitamente
recomposta; embora chovesse uma grande parte do tempo, o que não estava
perfeitamente de acordo com minha cabeça.

17/06 – sábado. Estava decidido a mandar chamar o Dr. Laws, um médico


consciente e habilidoso. Ele me disse que minha temperatura estava alta e
aconselhou-me a descansar. Mas isto não poderia ser feito, visto que
designara pregar em diversos lugares e fazê-lo por quanto tempo pudesse
falar. Ele, então, prescreveu-me cerveja fresca, com um ou dois grãos de
cânfora, quando meus nervos estivessem totalmente agitados. Levei isto
comigo para Tanderagee, mas, quando cheguei, não fui capaz de pregar, pois
meu entendimento estava completamente confuso e minhas forças tinham
acabado totalmente.

Ainda assim, respirava livremente e não senti a menor sede, nem dor, da
cabeça aos pés.

Mas, com meus amigos duvidando que eu pudesse aguentar tão longa
viagem, fui direto para Derry-Aghy, para o assentamento de um cavalheiro
do lado de uma colina, três milhas além de Lisburn. Aqui, minha natureza
sucumbiu e fui para a cama. Mas não poderia virar-me mais do que um
recém-nascido. Minha memória falhou, tanto quanto minhas forças e quase
meu entendimento. Apenas essas palavras correram em minha mente, quando
eu vi a Srta. Gayer de um lado da cama, olhando para sua mãe do outro: “Ela
se levantou como um paciente em um monumento, sorrindo diante da
aflição”.

No entanto, não senti sede, nenhuma dificuldade em respirar, nenhuma dor,


da cabeça aos pés. Não posso prestar contas do que se seguiu por dois ou três
dias, sentindo-me mais morto do que vivo. Apenas me lembro da dificuldade
para falar, minha garganta estava excessivamente seca. Mas, segundo Joseph
Bradford, eu teria dito na quarta-feira: “Isto será decidido hoje”. A minha
língua estava tão inchada, e tão escura como carvão, e convulsionei o tempo
todo. Por algum tempo, meu coração não batia perceptivelmente, nem havia
qualquer pulso discernível.
Na noite da quinta-feira, 22, Joseph Bradford visitou-me com um cálice e
disse: “Senhor, você deve tomar isto”. Eu pensei: “Eu tomarei, se conseguir
engolir, para agradá-lo; porque aquilo não me faria nem mal, nem bem.
Imediatamente, aquilo me fez vomitar; meu coração e pulso começaram a
bater novamente; e, desde aquele momento, a gravidade dos sintomas
diminuiu. No dia seguinte, levantei-me várias vezes e caminhei quatro ou
cinco vezes ao redor do quarto. No sábado, fiquei em pé o dia todo e
caminhei ao redor do quarto muitas vezes, sem qualquer cansaço; no
domingo, desci as escadas e fiquei muitas horas no gabinete; na segunda-
feira, caminhei fora da casa; na terça-feira, fiz um passeio de carruagem e,
na quarta-feira, confiando em Deus, para o espanto de meus amigos, parti
para Dublin. Não determinei até onde iria naquele dia, sem saber se minhas
forças aguentariam, mas, sentindo-me não muito pior em Bannvridge,
aventurei-me para Newry e, depois de viajar trinta milhas (inglesas), senti-me
mais forte do que de manhã.

4/07 – terça-feira. Sentindo-me um pouco mais forte, preguei pela primeira


vez e acredito que a maioria pôde ouvir. Preguei na quinta-feira novamente e
minha voz estava clara, embora fraca. Assim, no domingo, me aventurei a
pregar duas vezes e não senti fraqueza. Na segunda-feira, 10, retomei meu
curso regular de pregação pela manhã e à noite.

6/08 – domingo. À uma hora, proclamei o glorioso Evangelho para a


congregação usual, em Bristol; e, à noite, em Leeds. Então, julgando ser útil
fazer uma breve visita aos nossos irmãos em Londres, peguei a carruagem
com cinco de meus amigos, por volta das oito horas. Antes das nove, um
cavalheiro, numa carruagem de apenas um cavalo, bateu a roda contra a
nossa. Instantaneamente, o peso dos homens no topo fez com que ela virasse;
de outra forma, um choque dez vezes maior não a teria movido. Mas nem o
cocheiro, nem os homens no topo, nem quem estava dentro se machucaram.
Na terça-feira, à tarde, muitos de nossos amigos nos encontraram em
Hatfield e nos conduziram a salvo para Londres.

11/11 – sábado. Fiz algumas adições em “Um Discurso Calmo Para Nossas
Colônias Americanas”. Alguém precisa perguntar qual o motivo disso ter
sido escrito? Deixe-o olhar à sua volta: a Inglaterra está em chamas! A chama
da malícia e ira contra o Rei, e toda a autoridade abaixo dele. Eu trabalho
para apagar essa chama. Não deveria todo verdadeiro patriota fazer o mesmo?
Não posso impedir que escritores mercenários, de ambos os lados, julguem-
me a partir de si mesmos.

12/11 – domingo. Eu quis pregar em Bethnal Green Church um sermão de


caridade pelas viúvas e órfãos de nossos soldados que foram mortos na
América. Sabendo que muitos procurariam motivo para se ofender, escrevi
meu sermão. Sir John Hawkins, três outros cavalheiros da comissão de paz e
eu jantamos juntos e fiquei agradavelmente surpreso com uma conversa
muito séria, mantida todo o tempo em que permaneci entre eles.

27/11 – segunda-feira. Nessa época, publiquei a seguinte carta no Lloyd’s


Evening Post:
“Senhor”.

“Tenho sido seriamente questionado: ‘Por qual motivo você publicou o seu
‘Discurso Calmo para Nossas Colônias Americanas?’ Eu respondo
sinceramente: não para conseguir dinheiro. Se tivesse sido esse meu motivo,
eu o teria inserido em um panfleto de um xelim e o teria levado aos editores
em Londres. Nem para conseguir promoção, para mim ou para os filhos de
meu irmão. Estou um pouco velho para embasbacar-me comigo mesmo e, se
meu irmão ou eu buscarmos isto para eles, basta que os mostremos ao
mundo”.

“Nem foi para agradar homem algum, de baixa ou alta posição. Conheço a
humanidade muito bem! Eu sei que aqueles que o amam por causa de favores
políticos, amam-no menos que o próprio jantar; e aqueles que odeiam-no, o
odeiam mais que ao diabo. Muito menos escrevi isso com o objetivo de
inflamar quem quer que seja; muito pelo contrário. Eu contribuí com meu
óbolo para apagar a chama que se esparrama por sobre a terra. Isso eu tenho
tido mais oportunidade de observar do que qualquer outro homem na
Inglaterra. Eu vejo com dor a que altura isto tudo ainda se ergue em cada
parte de nossa nação. E vejo muitos derramando combustível nas chamas ao
exclamarem: ‘Quão injustamente, quão cruelmente, o Rei está tratando os
pobres americanos que estão apenas combatendo por sua liberdade e por seus
privilégios legais!”

“Agora, não há possibilidade de se apagar essa chama, nem impedir que ela
se erga mais e mais alto, a não ser mostrando que os americanos não estão
sendo tratados nem com crueldade, nem com injustiça; que eles não estão
injuriados, uma vez que não estão combatendo pela liberdade (isso eles já
tem completa e extensamente, tanto civil quanto religiosa); nem por qualquer
privilégio legal; porque desfrutam de tudo o que suas escrituras garantem.
Mas mostrando que eles combatem por privilégios ilegais, para ficarem
isentos de taxação parlamentária”.

“Um privilégio como este, nenhuma escritura deu a qualquer colônia


americana ainda; e nenhuma escritura pode dar, a não ser que ela seja
confirmada pelo Rei, Lordes e Câmara dos Comuns; o qual, de fato, nossas
colônias nunca tiveram e nunca reivindicaram até o presente reinado”.

“E, provavelmente não a estariam reivindicando agora, se não tivessem sido


incitadas por cartas da Inglaterra. Uma dessas foi lida, de acordo com o
desejo do escritor, não apenas no Congresso Continental, mas igualmente em
muitas congregações por toda parte das Ligas das Províncias. A referida carta
aconselhava-os a prenderem os oficiais do Rei e os exortava: ‘Permaneçam
corajosamente apenas por seis meses e, neste meio tempo, haverá tal
comoção na Inglaterra que vocês poderão estabelecer seus próprios termos’”.

“Sendo esta a real questão, sem quaisquer adornos ou exageros, que homem
imparcial pode culpar o Rei, ou elogiar os americanos? Com a intenção de
diminuir o fogo e imputar a culpa a quem ela é devida, ‘Um Discurso Calmo
às Nossas Colônias’ foi escrito”.

Eu sou, senhor
Seu humilde servo
J. Wesley

1/01 – segunda-feira
1776
. Aproximadamente cento e dezoito de nós nos encontramos em Londres com
o propósito de renovar nossos compromissos com Deus e foi, como de
costume, uma oportunidade muito solene.

Londres, 25 de janeiro, 1776


“Ao Editor do ‘Gazetteer’”.

“Em um aspecto, estou agradecido aos cavalheiros (ou cavalheiro) que


gastaram tanto tempo com a ‘Medicina Básica’; e humildemente peço que
digam alguma coisa a respeito (não importa o que), em meia dúzia mais de
seus papéis. Se nada fosse dito sobre ele, a maioria das pessoas desconheceria
a existência de tal tratado no mundo. Mas sua menção faz com que muitos
perguntem a respeito, e assim o divulga mais e mais”.

“O cavalheiro que assina xxx, em seu último jornal semanal (Provavelmente


Sr. Antídoto), parece agora ter atirado seu último projétil fracamente na
verdade. Mas ele começa magnanimamente: ‘O Sr. Wesley é muito
orgulhoso, muito autosuficiente e muito dedicado à sua autoimportância, para
conceder tanto ao Sr. Caleb Evans quanto a qualquer outro correspondente,
qualquer coisa na forma de resposta’. Quão gravemente este homem tropeça
do começo ao fim! Com que falsidade berrante e palpável ele se levanta! Já
não dei uma resposta direta, quer ao Sr. Evans e Antídoto, ou a S.E. e P.P.
nos jornais públicos?”

“No entanto, estou agradecido por me informar a diferença entre ‘onças,


escrópulo, dracmas e grãos’. Caso contrário, depois de trocar um dracma por
um grão, teria trocado uma onça por um dracma. Mas, uma terrível objeção
vem a seguir: ‘Algumas pessoas leem enquanto fazem um trajeto. Toda a
vida do Sr. Wesley se coloca como prova de que ele é um desse tipo de
leitores. Desta forma ele leu as Escrituras e desta forma ele lê todo livro’.
Existe alguma verdade nisto. Por vários anos, enquanto meu irmão e eu
viajávamos a pé, aquele que caminhava atrás deveria ler em voz alta alguns
livros de história, poesia ou filosofia. Mais tarde, por muitos anos (quando
passava meu tempo em casa principalmente escrevendo), era meu costume ler
coisas de natureza mais leve, principalmente quando estava a cavalo. Nos
últimos anos, depois que um amigo me deu uma carruagem, li-os nela. Mas
não é desta maneira que trato as Escrituras; essas eu leio e medito a respeito
dia e noite. Não foi apressadamente que escrevi duas vezes sobre as Notas do
Novo Testamento (para nada dizer daquelas sobre o Antigo Testamento),
contendo mais de 800 quartos de páginas”.

“Mas, alguma vez foi suposto um erro de impressão de dracma por grão,
corrigido antes que o erro fosse detectado no Gazetteer?”

“Sua próxima questão responde isto”.


“Ou isto se referiu apenas à Errata, de dracma por grão?”

“Eu acrescento uma palavra concernente à primeira objeção. Eu ainda, de


certa forma, me apresso quando leio. Apresso-me, embora não esteja com
pressa. Isto me cabe fazer, já que minha obra é grande e meu tempo é curto.
Porque, quanto mais pode um homem esperar sobreviver, se ele tem entre
setenta e oitenta anos? Não posso esperar por alguma indulgência, mesmo
neste aspecto, se erro em mais pontos do que em um?”

1/03 – sexta-feira. Como não podemos depender de ter a fundição por mais
tempo, encontramo-nos para consultarmo-nos a respeito da construção de
uma nova capela. Nossa petição para a Cidade por um pedaço de chão se
encontra diante do Comitê, mas não sei quando daremos um passo adiante.
Assim, determinei começar meu circuito como de costume, mas prometi
retornar quando recebesse notícia de que nossa petição foi atendida. No
domingo, à tarde, parti e, na terça-feira, alcancei Bristol. No caminho, li
sobre os Sermões do Sr. Boehm, Capelão do Príncipe George da Dinamarca,
marido da Rainha Anne. Ele é uma pessoa de compreensão muito boa e, em
geral, sensata em seu julgamento. Lembro-me de ouvir uma circunstância
muito notável a seu respeito, do Sr. Fraser, então Capelão do Hospital St.
George.

“Um dia”, ele disse, “perguntei ao Sr. Boehm, com quem estava intimamente
familiarizado: ‘Senhor, quando você está cercado por várias pessoas, ouvindo
a um e declarando a outro, toda esta pressa do trabalho não impede sua
comunhão com Deus?’ Ele respondeu: ‘Abençoado seja Deus, pois tenho
exatamente tanta comunhão plena com ele como se estivesse sozinho, de
joelhos, no altar’”.

28/06 – sexta-feira. Tenho setenta e três anos e estou bem mais capacitado
para pregar do que quando tinha vinte e três. Que métodos naturais Deus tem
usado para produzir este efeito tão maravilhoso? 1. Exercício e mudança de
ar contínuos, viajando cerca de quatro mil milhas ao ano; 2. levantar-me
constantemente às quatro horas da manhã; 3. a habilidade (que eu quero
sempre) de dormir imediatamente; 4. nunca perder uma noite de sono; 5. duas
violentas febres e duas consumações profundas. Essas, na verdade, foram
tratadas com medicamentos fortes, mas foram de um serviço admirável,
fazendo-me sentir novamente como uma criança. Posso acrescentar,
finalmente, equilíbrio de temperamento? Eu sinto e me aflijo, mas, pela graça
de Deus, não lamento por nada. Mas, ainda assim, “a ajuda que é feita na
terra, ele próprio faz”. Faz isso em resposta às muitas orações.

24/07 – quarta-feira. Li o admirado tratado do Sr. Jenyns sobre a “Evidência


Interna da Religião Cristã”. Ele é indubitavelmente um excelente escritor,
mas se é um cristão, deísta ou ateísta não posso dizer. Se for um cristão, trai
sua própria causa, assegurando que “toda a Escritura não é dada pela
inspiração de Deus, mas seus escritores foram algumas vezes deixados por
conta de si mesmos e, consequentemente, cometeram alguns erros”. Não. Se
existe algum erro na Bíblia, podem existir milhares. Se existe uma falsidade
nesse livro, ele não veio do Deus da verdade.

6/08 – terça-feira. Nossa conferência começou e terminou na sexta-feira, 9, e


a observamos com jejum e oração, tanto por nossa própria nação quanto pelos
nossos irmãos na América. Nas diversas conferências, tivemos grande amor e
unidade, mas nesta houve, do começo ao fim, tal seriedade e solenidade geral
de espírito como dificilmente tivemos antes.

18/08 – domingo. Sem conseguir atravessar a praia com a carruagem,


cavalguei para St. Agnes, onde a chuva constrangeu-me a pregar dentro da
casa. Quando cavalgamos de volta para Redruth, caiu com toda a força e
encontrou caminho por todas

1776 - 1777
as nossas roupas. Estava cansado quando cheguei, mas, depois de dormir um
quarto de hora, toda a minha fraqueza se foi.

22/09 – domingo. Depois de ler as Orações, pregar e ministrar o sacramento


em Bristol, apressei-me para Kingswood e preguei debaixo de árvores para
tal multidão como não tem sido vista ultimamente por lá. Comecei na King’s
Square, um pouco antes das cinco, onde a Palavra de Deus foi rápida e
poderosa. E não estava mais cansado à noite do que quando me levantei de
manhã. Tal é o poder de Deus!

31/12 – terça-feira. Concluímos o ano com louvor solene a Deus, por


continuar sua grande obra em nossa terra. Ela nunca foi interrompida um ano
ou um mês, desde o ano de 1738; no qual meu irmão e eu começamos a
pregar essa desconhecida doutrina da salvação pela fé.

1/01 – quarta-feira
1777
. Nós nos encontramos, como de costume, para renovar nossos propósitos
para com Deus; uma ocasião solene, onde muitos encontraram seu poder
presente para curar e estavam capacitados para estimular outros com as
próprias forças renovadas.

2/01 – quinta-feira. Comecei a expor, na ordem, o Livro de Eclesiastes.


Nunca antes tive uma visão tão clara, tanto do seu significado quanto das
suas preciosidades. Nem imaginei que as suas diversas partes estivessem
interligadas de maneira tão extraordinária; tudo levando a provar a grande
verdade: que não existe felicidade fora de Deus.

21/01 – segunda-feira. Foi o dia designado para colocar a fundação da nova


capela. A chuva favoreceu-nos muito, por manter afastados milhares que se
propuseram a estar ali. Mas, ainda assim, havia tal multidão, que foi com
grande dificuldade que atravessamos por ela para deitar a primeira pedra.
Sobre ela havia uma placa de metal (coberta com outra pedra), sobre a qual
estava escrito: Esta foi colocada pelo Sr. John Wesley, em 1º de abril de
1777. Provavelmente, isto não será mais visto por algum olho humano, mas
permanecerá lá, até que a terra e as obras sobre ele sejam destruídas.

10/03 – sábado. Depois de viajar entre noventa e cem milhas, voltei para
Malton e, tendo descansado por uma hora, segui para Scarborough e preguei
à tarde. Mas o refluxo que tive aumentou em poucos dias, de tal maneira que,
a princípio, tive dificuldade para falar. Ainda assim, quanto mais falava, mais
forte ficava. Deus não é uma socorro bem presente?

14/04 – segunda-feira. Preguei, por volta do meio-dia, em Warrigton e, à


tarde, em Liverpool, onde muitos navios, há muitos anos empregados na
compra ou roubo de pobres africanos e em sua venda na América como
escravos, estão agora nas docas. Os carniceiros nada têm a fazer com esta
“louvável” ocupação. Desde que a América declarou guerra, não existe
demanda para o rebanho humano. Assim, os africanos, bem como os
europeus, podem desfrutar de sua liberdade nativa.
11/05 – domingo. Experimentei, pela segunda vez, o que chamamos de febre
por insolação. O dia estava frio, mas o sol brilhou quente sobre minhas costas
quando me sentei na janela. Em menos de meia hora, comecei a sentir
calafrios, e, logo depois, tive um forte ataque de febre intermitente. Deitei-me
sob cobertores e bebi uma boa dose de limonada morna. Em dez minutos, o
acesso de calor começou e rapidamente adormeci. Após meia hora, levantei-
me e preguei. Mais tarde, encontrei a sociedade e constatei que não sentia
fraqueza, mas estava tão bem no final quanto no começo.

1/06 – domingo. Às seis horas, preguei em nossa própria sala e, para minha
surpresa, vi todas as senhoras ali. Jovens e mulheres de mais idade estavam
profundamente sensibilizadas; e de bom grado eu teria ficado por mais uma
ou duas horas, mas fui forçado a me apressar para Peeltown, antes que o culto
começasse. O Sr. Corbett disse-me que ficaria contente em me pedir que
pregasse, mas que o bispo o tinha proibido, como também proibiu todos os
seus clérigos a admitirem qualquer pregador metodista na Ceia do Senhor.

Mas está algum clérigo obrigado, tanto pela lei quanto pela consciência, a
obedecer tal proibição? De maneira alguma! A vontade, mesmo do Rei, não
pode refrear qualquer súdito inglês, a menos que seja afiançada por uma lei
expressa. Quão menos a vontade de um bispo! “Mas você não fez um
juramento de obedecê-lo?” Não, nem a qualquer outro clérigo nos três reinos.
Esse é um mero erro vulgar.

É uma vergonha que isso prevaleça quase universalmente!

28/06 – sábado. Completei setenta e quarto anos e, pelo favor peculiar de


Deus, encontro minha saúde e força e todas as minhas faculdades de corpo e
mente, exatamente da mesma forma que estavam aos vinte e quatro anos.

27/09 – sábado. Recebi muitas cartas de Dublin, informando-me que a


sociedade ali estava na mais extrema confusão, devido ao fato dos pregadores
acharem necessário excluir da sociedade alguns dos principais membros.
Acreditando que tudo que pudesse escrever não seria suficiente para sanar o
mal crescente, enxerguei uma única saída: ir até lá pessoalmente tão logo
quanto possível. Assim, no dia seguinte, peguei a carruagem com o Sr.
Goodwin e fui direto para a casa do Sr. Bowen, em Llyngwair,
Pembrokeshire; esperando pegar emprestada sua chalupa e, então, atravessar
para Dublin sem demora. Cheguei a Llyngwair na terça-feira, 30.

4/10 – sábado. Entre sete e oito horas, desembarquei em Ring’s End. O Sr.
M’Kenny encontrou-me e me conduziu até sua casa. Nossos amigos logo se
juntaram de todos os cantos e pareceram igualmente surpresos ao me verem.
Não iniciei disputa, mas pedi que alguns poucos de cada lado se reunissem
comigo, às dez horas na segunda-feira de manhã. À tarde, embora sobre tão
breve advertência, tivemos uma congregação excessivamente grande; aos
quais (abrindo mão de toda questão de contenda) reforcei aquelas solenes
palavras: “Eu devo realizar as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a
noite vem, quando nenhum homem poderá trabalhar”.264

6/10 – segunda-feira. Às dez horas, encontrei-me com as partes conflitantes;


os pregadores de um lado e os membros excluídos do outro, e ouvi-os por
muito tempo. Eles defenderam suas diversas causas com sinceridade e calma
também. Mas, quatro horas foram muito curtas para ouvir o todo da questão,
assim, adiamos para o dia seguinte. Neste meio tempo, com o objetivo de
julgar em que estado a sociedade realmente estava, examinei-os encontrando-
me com parte deles hoje, e com o restante na terça e quarta-feira. Trinta e
quatro pessoas, constatei, tinham sido colocadas para fora ou deixaram a
sociedade. Mas, apesar disto, como havia no último trimestre quatrocentos e
cinquenta e oito membros, agora havia exatamente quatrocentos e cinquenta e
oito ainda. Por solicitação dos membros recentemente excluídos, tracei um
pequeno estudo do caso. Mas não poderia de forma alguma pacificá-los,
apesar de todos eles serem corteses. Mais do que isto, pareciam afetuosos
comigo, mas não poderiam perdoar os pregadores que os haviam excluídos.
Assim, visto que não lhes poderia pedir que retornassem à sociedade,
puderam permanecer apenas amigos à distância.

9/10 – quinta-feira. Alguns de meus amigos me pediram que esclarecesse a


questão da Retidão Imputada. E assim fiz, pregando sobre: “Abraão
acreditava em Deus e isto lhe foi imputado por retidão”.265 Ao declarar essas
palavras, mostrei que fé era aquela imputada a ele como retidão, ou seja, a fé
na promessa de Deus de lhe dar a terra da Canaã; fé na promessa de que Sara
conceberia um menino; e fé por meio da qual ele ofereceu Isaque no altar.
Mas Cristo não é, em quaisquer desses exemplos, o objeto direto e imediato
da fé de Abraão; considerando que ele é o objeto direto e imediato de fé que é
imputada a nós por retidão.

14/11 – segunda-feira. Há quase quarenta anos tenho sido solicitado a


publicar uma revista; e, por fim, aceitei e comecei a reunir materiais para ela.
E, uma vez começada, estou inclinado a pensar que só irá terminar junto com
minha vida.

17/12 – quarta-feira. Um acordo foi feito entre os cocheiros nas ruas de


Bath, especialmente entre aqueles que dirigem durante a noite, para
entregarem seus passageiros aos cuidados de outras mãos. Um condutor
parou em um local que os passageiros tinham designado e alguém esperava
para atacar a carruagem. Em consequência disso, muitos foram roubados,
mas eu tenho um bom Protetor. Tenho viajado por todas as estradas, de dia e
de noite, nesses quarenta anos, e nunca fui interceptado.

27/01 – sexta-feira.
1 778
O dia designado para o jejum nacional foi observado com a devida
solenidade. Todas as lojas estavam fechadas, tudo estava quieto nas ruas,
todos os lugares de adoração pública estavam lotados, nenhum alimento foi
servido na residência do Rei até cinco horas da tarde. Até aqui, pelo menos,
reconhecemos que Deus pode dirigir nossos passos.

28/06 – domingo. Completei hoje setenta e cinco anos de idade e não me


sinto, graças a Deus, mais fraco do que quando tinha vinte e cinco. Isso
também Deus tem forjado!

1/09 – terça-feira . Fui para Tiverton. Estava meditando sobre o que tinha
ouvido um bom homem dizer, faz algum tempo: “Uma vez, em sete anos,
queimei todos os meus sermões; porque é uma vergonha que não possa
escrever sermões melhores agora do que os que pude fazer sete anos atrás”. O
que quer que os outros possam fazer, eu realmente não posso. Não posso
escrever um sermão melhor sobre “O Mordomo Fiel” do que fiz sete anos
atrás; não posso escrever melhor sobre “O Grande Tribunal” do que fiz, há
vinte anos; não posso escrever sobre “O Melhor uso do Dinheiro” do que fiz
há quase trinta anos. Não sei se posso escrever melhor sobre “Circuncisão do
Coração”, do que fiz há quarenta e cinco anos.

Talvez, na verdade, possa ter lido quinhentos ou seiscentos livros até então e
saiba um pouco mais de História ou Filosofia Natural do que sabia, mas não
estou convencido de que isso possa ter feito qualquer adição essencial ao meu
conhecimento da Divindade. Quarenta anos atrás, estou certo, preguei sobre
toda a Doutrina Cristã como prego agora!
15/03 – segunda-feira. Comecei minha
viagem através 1779
da Inglaterra e Escócia, com o tempo agradável, viajando como nenhum
ancião vivo fora visto antes, durante janeiro, fevereiro e meados de março. À
noite, preguei em Stroud; na manhã seguinte, em Gloucester, pretendendo
pregar em Stanley às duas horas e em Tewkesbury, à noite. Mas o ministro de
Gratton (perto de Stanley) enviou-me um recado de que seria bem-vindo para
usar sua igreja. Então, mandei avisar que o culto começaria às seis horas. A
Capela Stanley estava completamente cheia às duas horas. Já faz dezoito
anos, desde que estive por aqui. Muitos dos que vi anteriormente estavam
agora grisalhos e muitos foram para o seio de Abraão. Possamos nós segui-
los, como eles seguiram a Cristo!

25/03 – quinta-feira. Preguei na nova casa que o Sr. Fletcher construiu, em


Madeley Wood. As pessoas aqui assemelham-se exatamente àquelas de
Kingswood, a não ser pelo fato de serem mais simples e receptivas ao ensino.
Mas, devido à necessidade de disciplina, as dores imensas que ele tem tido
com elas não fez o bem que poderia ter sido esperado.

Preguei, em Shrewsbury, à noite e, na sexta-feira, dia 26, por volta do meio-


dia, na sala da assembleia em Broseley. Foi bem melhor estarmos abrigados
na sombra, porque o sol brilhou quente, como usualmente faz em meados do
verão. Caminhamos de lá para Coalbrook Dale e tivemos uma visão da ponte
que brevemente será construída sobre o Severn. Ela é um arco com cem pés
de largura, cinquenta e dois de altura e dezoito de largura; toda de ferro
fundido, pesando muitas centenas de toneladas. Duvido que o Colosso de
Rodes266 pesasse muito mais!

21/07 – quarta-feira. A casa estava cheia às cinco horas e tive outra


oportunidade solene. Por volta das oito, chamado em Hinckley, pretendia
pregar, como também em Forcell, dez ou doze milhas além. Quando cheguei
em Coventry soube que tinham avisado que pregaria no parque, mas a chuva
pesada impediu. Então solicitei ao Prefeito o uso do corredor, o que ele
recusou, embora, no mesmo dia, tivesse permitido seu uso a um professor de
dança. Assim, dirigi-me ao mercado das senhoras. Muitos logo se juntaram e
ouviram com toda seriedade. Preguei

1779 - 1780
ali novamente, na manhã seguinte e novamente à tarde. Depois, peguei a
carruagem para Londres. Fui “suntuosamente” escoltado. Atrás da carruagem
havia dez criminosos convictos, blasfemando alto e chacoalhando suas
correntes; do meu lado sentou-se um homem com um bacamarte
carregado;267 e um outro na parte de cima da carruagem.

8/10 – sexta-feira. Peguei uma carruagem, como é usual, às duas horas, e,


por volta das onze, cheguei em Cobham. Tendo um pouco de folga, pensei
que não poderia empregá-la melhor do que fazendo um passeio nos jardins.
Dizem que eles ocupam mais de quatro acres e são admiravelmente bem
traçados. Eles excedem, em muito, os célebres jardins em Stow. Essa noite,
hospedei-me em uma nova casa, em Londres. Quantas noites mais passarei
por lá?

23/01 – domingo.
1 780
À noite, retirei-me para Lewisham, para preparar uma matéria (quem poderia
acreditar nisso) para uma revista mensal.

12 de janeiro, 1780
City Road
“Ao Editor da ‘Public Advertiser’”.
Senhor,

“Alguns anos atrás, foi-me enviado um panfleto intitulado “Um Apelo da


Associação Protestante ao Povo da Grã-Bretanha”. Um dia ou dois depois,
um tipo de resposta foi colocada em minha mão, que afirmava ‘o estilo
desprezível, raciocínio fútil e malicioso objetivo de tal tratado’. Ao contrário,
penso que seu estilo seja claro, fluente e natural; o raciocínio em geral é forte
e conclusivo; o objetivo, ou desígnio, gentil e benevolente. E, em
consequência deste mesmo tipo e benevolente desígnio, ou seja, preservar
nossa apropriada constituição, esforçar-me-ei para confirmar a essência
daquele tratado por meio de alguns poucos argumentos”.

“Com respeito à perseguição, nada tenho com isto. Não persigo homem
algum por causa de seus princípios religiosos. Que haja ‘tão ilimitada
liberdade na religião’ quanto qualquer homem pode conceber. Mas isto não
toca o ponto. Deixarei a religião, verdadeira ou falsa, completamente fora de
questão. Suponha que a Bíblia, se você quiser, seja uma fábula e o Alcorão
seja a palavra de Deus. Eu não me preocupo se a religião romana é verdadeira
ou falsa. Nada fundamento sobre uma ou outra posição. Portanto, fora com
todas as suas declamações triviais sobre a intolerância e perseguição na
religião! Suponha que toda a palavra do Credo do Papa Pio seja verdadeira;
suponha que o Concílio de Trento tenha sido infalível; mesmo assim, insisto
que nenhum governo não Católico Romano deve tolerar os homens de fé
católica”.

“Provo isto através de um argumento claro (que ele responda, se puder):


nenhum católico romano dá ou pode dar segurança de sua lealdade ou
comportamento pacífico. Eu provo assim: é uma máxima Católica Romana,
estabelecida não por homens particulares, mas por um concílio público, que
‘nenhuma fé deve ser mantida com os heréticos’. Isto foi abertamente
declarado pelo Concílio de Constância, mas nunca foi abertamente repudiado.
Quer as pessoas particulares admitam ou não, esta é uma máxima
estabelecida da Igreja de Roma. Mas até aí nada pode ser mais claro do que o
fato dos membros daquela igreja não darem segurança razoável a qualquer
governante de sua lealdade ou comportamento pacífico. Portanto, eles não
devem ser tolerados por qualquer governo, protestante, maometano ou
pagão”.

“Você pode argumentar: ‘Mas eles farão um juramento de fidelidade’.


Verdade, quinhentos juramentos; mas a máxima: ‘Nenhuma fé deve ser
mantida com heréticos’ elimina todos, como teias de aranha. De maneira que
nenhum governo que não seja católico romano pode ter alguma segurança da
sua fidelidade”.

“Do mesmo modo, aqueles que reconhecem o poder espiritual do Papa não
podem dar segurança de sua fidelidade a qualquer governo. Mas todos os
católicos romanos admitem tal poder; portanto, não podem dar nenhuma
segurança da sua fidelidade”.

1780
“O poder de outorgar perdão para todos os pecados, passados, presentes e
vindouros é, e tem sido por muitos séculos, um ramo do poder espiritual do
Papa. Mas aqueles que reconhecem que ele tem este poder espiritual não
podem dar segurança da sua fidelidade; uma vez que acreditam que o Papa
pode perdoar rebeliões, altas traições e todos os outros pecados, quaisquer
que sejam”.

“O poder de isentar de qualquer promessa, juramento ou voto é outro ramo


do poder espiritual do Papa. E todos que reconhecem seu poder espiritual
devem admitir isto. Mas quem quer que reconheça o poder de isentar do Papa
não pode dar segurança de sua fidelidade a qualquer governo. Juramentos e
promessas não representam coisa alguma; são leves como ar; uma
dispensação os torna nulos e vazios”.
“Mais do que isto, não apenas o Papa, mas até mesmo um sacerdote tem o
poder de perdoar pecados! Esta é a doutrina essencial da Igreja de Roma.
Mas aqueles que admitem isso, possivelmente não possam dar qualquer
segurança da sua fidelidade a qualquer governo. Juramentos não são garantia,
porque o sacerdote pode perdoar tanto o perjúrio quanto a alta traição”.

“Colocando, então, a religião de lado, fica claro, apenas pelo princípios da


razão, que nenhum governante deveria tolerar os homens que não podem dar
qualquer segurança a este governo de sua fidelidade e comportamento
pacífico. Mas isto nenhum romanista pode dar. Não apenas enquanto
defender que ‘nenhuma fé deve ser mantida com heréticos’, mas por quanto
tempo reconhecer a absolvição sacerdotal ou o poder espiritual do Papa”.

“Mas, o recente ‘Ato’, você diz, ‘não tolera nem encoraja os católicos
romanos’. Eu apelo à questão de fato. Os próprios católicos não entendem
isto como uma indulgência? Você sabe que sim. E isto já não os encoraja
(deixe de lado o que pode ser feito depois) a pregar abertamente, construírem
capelas (em Bath e em qualquer outro lugar), construírem seminários e
fazerem numerosos convertidos diariamente aos seus princípios intolerantes e
perseguidores? Eu posso indicar, se preciso for, várias pessoas. E elas estão
crescendo diariamente.

“Mas ‘nada que ameace a liberdade inglesa deve ser temido deles’. Não estou
certo disto. Algum tempo atrás, um sacerdote católico veio até alguém que eu
conhecia e, depois de falar com ela, irrompeu: ‘Você não é herege! Você tem
a experiência de uma cristã verdadeira!’; ‘E você me queimaria viva?’ ela
perguntou: ‘Deus proíbe!’, ele respondeu. ‘Exceto se fosse para o bem da
Igreja!’”.

“Agora, que segurança ela teria para sua vida se dependesse daquele homem?
O bem da Igreja teria rompido todos os laços da verdade, justiça e
misericórdia. Especialmente quando apoiado pela indulgência de um padre,
ou (se necessário fosse) de um perdão papal”.

“Se alguém se agradar de responder a isto e assinar seu nome, provavelmente


responderei, mas as reproduções de escritores anônimos não prometo levar
em consideração”.
“Eu sou, senhor,
Seu humilde servo”
J. Wesley

16/12 – sábado (Londres). Recebi uma segunda mensagem do Lord George


Gordon, sinceramente desejando me ver, e escrevi uma linha para o Lord
Stormont, que, na segunda-feira, dia 18, enviou-me uma autorização para
vê-lo. Na terça-feira, 19, passei uma hora com ele, em seu quarto na Torre.
Nossa conversa girou em torno do Catolicismo Romano e da religião. Ele me
pareceu bem familiarizado com a Bíblia e tinha uma abundância de outros
livros, suficientes para fornecerem um estudo. Fiquei agradavelmente
surpreso ao ver que ele não tinha queixa alguma de qualquer pessoa ou coisa;
não posso deixar de esperar que seu confinamento dê uma direção certa e se
torne uma bênção duradoura para ele.John Wesley

25/01 – quinta-feira.
1 781
Passei uma hora agradável no concerto de meus sobrinhos. Mas senti-me um
pouco fora do meu lugar, entre cavalheiros e damas. Eu amo muito mais a
música e a companhia dos pobres.

28/06 – quinta-feira. Preguei, às onze horas, na rua principal, em Selby, para


uma grande e quieta congregação; e, de tarde, em Thorne. Hoje fiz setenta e
nove anos, e, pela graça de Deus, não sinto mais enfermidades, na minha
velhice, do que sentia com vinte e nove anos de idade.

11/09 – sexta-feira. Fui até a Kingswood. Doce recesso! Onde todas as coisas
agora estão como eu espero. Mas “o homem não nasceu para se deitar na
sombra. Vamos trabalhar agora, para que possamos descansar mais tarde”.

12/09 – sábado. Passei algum tempo com as crianças e todas elas se


comportaram bem. Várias delas estão bastante conscientes, e poucas se
regozijam no favor de Deus.

11/10 – sexta-feira. Fui para Londres e fui informado que minha esposa268
morreu na segunda-feira. Essa tarde foi enterrada, embora não tenha sido
informado disso até um ou dois dias depois.
1 782
29/03 – sexta-feira. (Sexta-Feira Santa). Cheguei em Macclesfield, em tempo
suficiente para assistir ao Sr. Simpson no serviço laborioso do dia. Preguei
para ele, de manhã e à tarde, e ministramos o sacramento para cerca de cento
e treze pessoas. Enquanto estávamos ministrando, ouvi um som baixo, leve e
solene, exatamente como o de uma harpa eólica. Ele continuou por cinco ou
seis minutos, e de tal modo tocou a muitos, que não puderam refrear as
lágrimas. Ele desapareceu gradualmente. Estranho que nenhum organista
(que eu saiba) tenha pensado nisso. À noite, preguei em nossa casa. Aqui
havia tal harmonia que a arte não poderia imitar.

14/05 – terça-feira. Alguns anos atrás, quatro fábricas de fiação e tecelagem


foram estabelecidas em Epworth. Nestas, um grande número de mulheres
jovens, garotos e garotas estavam empregados. Toda a sua conversa era
profana e irresponsável, até o último grau. Mas, alguns, encontrando-se por
acaso numa reunião de oração, foram de repente apunhalados em seus
corações. Nunca mais tiveram descanso, até que conseguissem ganhar seus
companheiros. Toda a cena foi mudada. Em três dessas fábricas, não foram
encontradas mais lascívia ou profanação, porque Deus tem colocado uma
nova canção em seus lábios, e blasfêmias transformaram-se em orações.
Visitei hoje essas três fábricas e me certifiquei que a religião tocou-lhes
profundamente. Nenhuma palavra leviana foi ouvida e eles olhavam uns aos
outros com amor. Foi excessivamente bom ter estado ali e nos regozijamos
juntos no Deus de nossa salvação.

1/06 – sábado. Passei algum tempo com quarenta crianças pobres que Lady
Maxwell mantém na escola. Elas foram colocadas prontamente na leitura e
escrita e aprenderam os princípios da religião. Mas observei nelas todo o
amor ao refino. Mesmo pobres, devem ter algum fragmento de finura. Muitos
não têm sapatos nos pés, mas as garotas maltrapilhas não ficam sem seus
franzidos.

15/06 (em Kelso). Quando estava descendo as escadas, o carpete escorregou


debaixo de meus pés e, não sei como, virou-me, lançando-me para trás, com
minha cabeça primeiro, por seis ou sete degraus. Foi impossível recuperar-me
até que cheguei no solo. Minha cabeça ressaltou, uma ou duas vezes, da
beirada da escada de pedra, mas me senti como se tivesse caído em um coxim
ou um travesseiro. Dr. Douglas correu, bastante aflito, mas não foi
necessário. Levantei-me bem como sempre, não tendo sofrido nenhum dano,
a não ser o esfolamento de um ou dois dos meus dedos. Não tem Deus
mandado seus anjos cuidarem de nós, para nos manter em todos os nossos
caminhos?269

14/07 – domingo. Ouvi um sermão, na antiga Igreja de Birmingham, no qual


o pregador se expressou com muita veemência contra esses “fanáticos
desmiolados e itinerantes”, mas perdeu totalmente sua autenticidade, não
tendo a menor concepção das pessoas a quem pretendia descrever.
17/07 – quarta-feira. Fui para Leicester; terça-feira, dia 18, para Northhampton, e na
sexta-feira, dia 19, para Hinxworth, em Hertfordshire. Anexo à casa da Srta.
Harvey existe um jardim agradável e ela fez um caminho sombreado em volta
das pradarias vizinhas. Quão contente eu ficaria de poder descansar, enquanto
estiver por aqui. Mas o repouso não é para mim nesse mundo! À noite,
muitos dos moradores da vila se juntaram, de modo que o grande corredor de
sua casa estava cheio. Eu esperaria, de bom grado, que alguns deles
recebessem a semente em solo fértil e frutificassem com paciência.
1 783
1/01 – quarta-feira. Possa eu começar a viver hoje!

5/01 – domingo. Nos encontramos para renovar nosso compromisso com


Deus. Nunca nos encontramos numa ocasião como essa, sem uma bênção;
mas não sei se tivemos alguma vez uma congregação tão grande.

19/01 – domingo. Preguei na Igreja de St. Thomas, à tarde, e na de St.


Swithin, à noite. A maré agora virou, e eu tenho mais convites para pregar em
igrejas do que posso aceitar.

21/02 – sexta-feira. Em nossa reunião anual, examinamos nossas contas


anuais e nos certificamos de que o dinheiro (apenas no tocante aos gastos) foi
mais de três mil libras no ano. Mas isto não é nada para mim; o que eu recebo
disso, anualmente, é nada mais, nada menos, que trinta libras.

23/03 – domingo. Constatando que ainda estava febril, com uma opressão em
meu peito e uma contínua tendência à câimbra, consegui um amigo para dar-
me choques elétricos, no corpo todo, através das pernas e peito, várias vezes
ao dia. Deus abençoou isto, de maneira que não tive mais febre ou câimbra,
nem opressão e rigidez em meu peito. À tarde, aventurei-me a pregar três
quartos de uma hora e não constatei qualquer efeito danoso disto.

25/03 – terça-feira. À tarde, alcancei Hilton-Park, cerca de seis milhas ao


norte de Wolberhampton. Aqui me deparei com o “Comentário sobre os
Salmos” do Dr. Horne. Ainda não posso compreender seu engrandecimento
dos Salmos. Eles parecem até mesmo mais importantes para ele que o Novo
Testamento. Em alguns deles, ele dificilmente faz qualquer comentário a
respeito, o octogésimo sétimo em especial.

23/05 – sexta-feira. Parti para Derby, mas o ferreiro tinha tão definitivamente
incapacitado um dos meus cavalos que muitos me disseram que ele nunca
estaria em condições de viajar novamente. Pensei: “Até isto pode ser um
motivo de oração” e parti animado. O cavalo, em vez de piorar, ficou cada
vez melhor e, à tarde (depois de ter pregado em Leek, no caminho), trouxe-
me a salvo para Derby.

1/07 – terça-feira . Visitei tantos amigos quanto foi possível e partimos com
muita afeição. Depois, alugamos um barco, que nos trouxe para Helvoetsluys,
por volta das onze horas do dia seguinte. Às duas horas, embarcamos, mas o
vento virou contra nós e só alcançamos Harwich por volta das nove horas da
manhã de sexta-feira. Depois de um pequeno descanso, procuramos uma
carruagem e alcançamos Londres perto das onze da noite.

Não posso, de maneira alguma, lamentar pelos problemas ou despesas, os que


ocorreram nessa pequena jornada. Isso me abriu um novo caminho, porque
era um novo mundo, onde a terra, as construções, o povo, os costumes, eram
tais, como nunca tinha visto antes. Mas aqueles com quem conversei eram do
mesmo espírito que meus amigos na Inglaterra e eu estava bem mais em casa,
em Utrecht e Amsterdã, do que em Bristol ou Londres.

6/07 – domingo. Nos regozijamos em nos encontrar, uma vez mais, com
nossos amigos ingleses, na nova capela e em ver que estavam revigorados
com o relato do trabalho gracioso que Deus está operando também na
Holanda.

19/07 – terça-feira. Nossa conferência começou, na qual dois pontos


importantes foram considerados: primeiro, o caso da Casa Birstal e; segundo,
o estado da Escola Kingswood. Com respeito ao primeiro, nossos irmãos
desejaram sinceramente que eu mesmo seguisse para Birstal, acreditando que
este seria o caminho mais eficaz de trazer os curadores à razão. Com respeito
ao

1783
último, todos concordaram que as Regras seriam imediatamente observadas
ou a Escola cessaria suas atividades.

5/08 – terça-feira. Cedo de manhã, fui tomado com o mais impetuoso fluxo.
Em poucas horas, ele se juntou a uma violenta e quase contínua câimbra;
primeiro, em meus pés, pernas e coxas, então em meu lado e minha garganta.
Considerado o caso extremo, um grão e meio de ópio me foi dado, em três
doses. Isto especialmente parou a câimbra, mas, ao mesmo tempo, tirou
minha fala, audição e poder de locomoção, travando-me da cabeça aos pés;
de maneira que me deitei como um mero cepo. Enviei um recado ao Dr.
Drummond que, desde aquele momento, atendeu-me duas vezes por dia. Por
alguns dias, fiquei cada vez pior, mas, na sexta-feira, fui removido para a
casa do Sr. Castleman. Contudo, a minha cabeça não foi afetada e não tive
dor, apesar de uma febre contínua. Mas continuei vagarosamente a me
recuperar, de modo que pude ler ou escrever uma ou duas horas de cada vez.
Na quarta-feira, 13, tive um vômito, que quase me fez em pedaços, mas,
contudo, me fez bem. No domingo, 17, e toda a semana seguinte, minha
febre gradualmente diminuiu, mas tive sede contínua e pouca ou nenhuma
força.
Não obstante, por não desejar ficar desocupado, sábado, dia 23,
passei uma hora com os
condenados, e, constatando que não havia piorado, no domingo, 24, preguei
na nova Sala, de manhã e à tarde. E como minhas forças estavam agora, em
alguma medida, restauradas, determinei não demorar mais tempo e partir na
segunda-feira, 25, alcançando Gloucester à tarde. À tarde, preguei na Town-
Hall e, acredito, não foi em vão.

3/09 – quarta-feira. Consultei os pregadores sobre como seria melhor


proceder com os curadores na Casa Bristal, para persuadi-los a estabelecer os
planos metodistas. Todos eles me aconselharam a começar a pregar ali.
Assim sendo, preguei na quinta-feira, à tarde, e me encontrei com a
sociedade. Preguei novamente no domingo. Na sexta-feira, dia 5, por volta
das nove horas, me encontrei com dezenove curadores, e, depois de exortá-
los na paz e no amor, disse: “Tudo que desejo é que esta casa possa ser
estabelecida sob os planos metodistas; e que a mesma cláusula que está
inserida no regimento da Capela de Londres, seja inserida também no
regimento desta casa, a saber: ‘No caso da doutrina ou prática de algum
pregador, na opinião da maioria dos curadores, não estar de acordo com os
Sermões e Notas sobre o Novo Testamento do Sr. Wesley, outro pregador
seja enviado em três meses’”. Cinco dos curadores estavam desejosos de
aceitar nossas primeiras propostas; o restante, não. Embora não obtivesse a
finalidade proposta e, neste sentido, apenas meu trabalho por minhas dores;
ainda assim, não me arrependo da viagem. Fiz minha parte; que os outros
carreguem seus próprios fardos. Retornando quase pelo mesmo caminho,
cheguei no sábado, 13, e alcancei Bristol. Do mesmo modo recebi uma boa
recompensa pelo meu trabalho: a recuperação de minha saúde através de uma
jornada de quinhentas ou seiscentas milhas.

26/09 – sexta-feira. Observando a profunda pobreza de muitos de nossos


irmãos, determinei fazer o que pudesse para aliviá-los. Falei diversas vezes
com alguns que estavam em boas condições e recebi quarenta libras. Em
seguida, inquiri quais eram os mais necessitados, e os visitei em suas próprias
casas. Fiquei surpreso por não encontrar espíritos murmurantes entre eles,
mas muitos estavam verdadeiramente felizes em Deus e todos pareceram
excessivamente agradecidos pelo escasso socorro que receberam.

1/10 – quarta-feira. Preguei em Bath para tal congregação como não tinha
visto ali por um bom tempo. Todas as minhas horas livres, esta semana,
empreguei no visitar o restante dos pobres e no pedir por eles. Com isto,
coletei cerca de cinquenta libras e fui capaz de aliviar a maioria daqueles que
estavam em grande aflição.

27/10 – segunda-feira. Falei com M.F. Tal caso eu nunca tomei


conhecimento antes. Ela estava na sociedade, quase desde o início. Encontrou
paz com Deus vinte e cinco anos atrás. E o amor puro de Deus, alguns poucos
anos depois. Acima de vinte anos, ela tem sido líder de classe e grupo e de
extrema utilidade. Há dez meses, foi acusada de bebedeira e de revelar o
segredo de sua amiga. Informado disto, escrevi para Norwich (visto que
acreditei na acusação), para que ela não fosse mais líder de um grupo ou de
uma classe. O pregador lhe disse mais tarde que, em seu julgamento, ela era
inadequada para ser membro da sociedade.

Com isto, ela devolveu sua autorização de entrada, junto com os papéis do
grupo e de sua classe. Imediatamente, todos os amigos (dos quais parecia que
ela tinha um grande número) a abandonaram de imediato. Ninguém soube
dela, nem falou com ela. Ela era como uma coisa morta esquecida por todos!

1783 - 1784
Ao fazer uma sondagem mais específica, certifiquei-me de que a Sra. W
(anteriormente uma mulher vulgar) havia revelado seu próprio segredo ao Dr.
Hunt e vinte outras pessoas mais. De maneira que a primeira acusação
desapareceu no ar. Quanto à segunda, acredito verdadeiramente que a
embriaguez da qual foi acusada, foi, na realidade, uma queda devido a uma
convulsão. Assim, expulsamos uma das mais úteis líderes que tivemos por
aquelas maravilhosas razões!

19/11 – quarta-feira. Fui uma vez mais a uma agradável família em


Shoreham. Por um pouco mais de tempo, àquele venerável homem tem sido
permitido permanecer aqui, para que o rebanho não se disperse.

Quando estava em Sevenoaks, fiz uma curiosa observação. No ano de 1760,


eu pesava cento e vinte e duas libras; em 1783, não peso nem uma libra a
mais, nem menos.270 Duvido que um exemplo como este seja encontrado na
Grã-Bretanha.

31/12 – quarta-feira, Concluímos o ano na nova capela, com vozes de louvor


e ação de graças.
14/02 – sábado.
1 784
Pedi a todos os nossos pregadores para se encontrarem e considerar a
proposta de enviar missionários para as Índias Orientais. Depois do assunto
ser completamente considerado, fomos unânimes em nosso julgamento de
que não recebemos chamado para ir até lá, nenhum convite, nenhuma
abertura providencial de qualquer tipo.

15/03 – segunda-feira. Deixei Bristol depois de pregar às cinco horas da


tarde, e preguei em Stroud, onde, para minha surpresa, encontrei a pregação
da manhã abandonada, como também nos lugares vizinhos. Se esta é a
situação enquanto estou vivo, o que acontecerá quando me for? Abandone
esta prática e o metodismo se degenerará como uma mera seita,
diferenciando-se apenas por algumas opiniões e modos de adoração.

5/04 – segunda-feira. Fiquei surpreso, quando cheguei em Chester, ao


constatar que lá também as pregações matutinas estavam quase de todo
abandonadas por esta razão: “porque o povo não virá, ou, pelo menos, não no
inverno”. Sendo assim, os metodistas são pessoas falidas. Aqui está a prova.
Eles haviam “perdido seu primeiro amor” e nunca irão, nem poderão
recuperá-lo, até que voltem “a fazer as primeiras obras”.

Tão logo coloquei os pés na Geórgia, comecei a pregar às cinco horas da


manhã; e cada comungante, isto é, cada pessoa séria na cidade compareceu
constantemente durante o ano. Quero dizer, cada manhã, inverno ou verão;
menos em caso de doença. Fizeram assim até que deixei a província.

No ano de 1738, quando Deus começou sua grande obra na Inglaterra,


comecei pregando à mesma hora – inverno e verão – e nunca esperei pela
congregação. Se não compareceram agora, é porque perderam seu zelo e,
neste caso, não posso negar que sejam pessoas caídas.

E, enquanto isto, estamos trabalhando para assegurar a casa de pregação para


a próxima geração! Que Deus me permita, se possível, proteger a presente
geração de traçar seu caminho de volta para a perdição! Permita que todos os
pregadores que ainda estão vivos para Deus se unam como um só homem, em
jejum e oração, levantando suas vozes como uma trombeta; estejam
presentes, a tempo e fora de tempo, para convencer às pessoas de que estão
falidas; e exortá-las constantemente a arrependerem-se e a “praticarem as
primeiras obras”. Isso em especial: levantar-se de manhã, sem o que nem a
alma, nem o corpo delas poderão permanecer com saúde.

4/05 – terça-feira. Alcancei Alberdeen entre quatro e cinco da tarde. No dia


5, quarta-feira, certifiquei-me de que a pregação de manhã tinha sido
descontinuada. Outra vez, os grupos e a seleta sociedade desanimaram. Mas
muitos estavam abatidos e fracos para quererem a pregação da manhã e
encontros de oração, dos quais raramente existem traços na Escócia. À tarde,
falei com os pregadores e mostrei-lhes o dano causado a eles e ao povo,
devido a cada pregador ficar seis ou oito semanas em um mesmo lugar. Nem
ele poderia encontrar assunto para pregar toda manhã e tarde, nem o povo
viria para ouvi-lo. Consequentemente, não se importavam em ficar na cama,
do mesmo modo que as pessoas. Ao passo que, se nunca ficassem mais que
uma quinzena em um lugar, poderiam encontrar bastante assunto e o povo
agradavelmente o ouviria. Eles imediatamente esboçaram tal plano para este
Circuito, o que determinaram adotar.

Dundee, 12 de maio, 1784


“Ao meu sobrinho Charles Wesley”

“Querido Charles, não duvido que Sarah e você estejam com problemas
porque Samuel ‘mudou sua religião’. Mais do que isto – ele mudou suas
opiniões e modo de adoração.

Mas isto não é religião; é completamente diferente. E você pode perguntar:


‘Será que ele não sofreu alguma perda pela mudança?’ Sim, e inexplicável
perda; porque sua nova opinião e modo de adoração são tão desfavoráveis à
religião que a tornam, se não impossível a alguém que outrora conheceu algo
melhor, extremamente difícil. ‘Mas o que então, é religião?’ É a felicidade
em Deus, ou o conhecimento e amor a Deus. É a ‘fé que age pelo amor,
produzindo retidão, paz e alegria no Espírito Santo’. Em outras palavras, é
um coração e vida dedicados a Deus; ou comunhão com Deus, o Pai e com o
Filho; ou a mente que havia em Jesus Cristo, capacitando-nos a caminhar
como ele caminhou. Agora, quer ele tenha esta religião ou não. Se ele a tiver,
finalmente não perecerá, não obstante as opiniões absurdas e não bíblicas que
ele abraçou e os modos supersticiosos e idólatras de adoração. Mas esses são
algemas que grandemente o retardarão na corrida que é colocada diante dele.
Se não tiver esta religião, se não entregou seu coração a Deus, o caso é
inexprimivelmente pior. Duvido que ele alguma vez o fará; porque seus
novos amigos se esforçarão continuamente para impedi-lo de colocar
qualquer coisa neste lugar, encorajando-o a descansar na forma, noções ou
coisas externas, sem nascer de novo, sem ter Cristo nele, a esperança da
glória,271 sem ser renovado segundo a imagem daquele que o criou. Este é o
pecado mortal. Tenho frequentemente lamentado que ele não tenha esta
santidade, sem a qual nenhum homem pode ver o Senhor.272 Porém, embora
ele não a possua, ainda assim, em suas horas tranquilas de reflexão, ele não
espera ir para o céu sem ela. Mas agora ele é ensinado, ou será ensinado, que
somente ele tem a fé correta (ou seja, tais e tais noções) e, acrescente a isto
tais e tais coisas exteriores, e estará completamente salvo. Ele pode, de fato,
revolver-se alguns poucos anos no fogo purgatório,273 mas certamente irá
para o céu no final!”

“Portanto, você e minha querida Sarah têm grande necessidade de lastimá-lo.


Mas vocês não têm necessidade de lastimar por vocês mesmos? Vocês têm
dado a Deus seus corações? Vocês são santos no coração? Vocês têm o reino
de Deus dentro de vocês? Retidão e paz e alegria no Espírito Santo? A única
religião verdadeira sob o céu? Oh, clame junto àquele que é poderoso para
salvar, por esta coisa necessária! Sincera e diligentemente usem de todos os
meios que Deus tem colocado abundantemente em suas mãos! Por outro lado,
não me surpreenderei, se Deus permitir que vocês também a abandonem por
uma forte ilusão. Mas quer você seja ou não protestante ou papista, nem
você, nem ele poderão alguma vez entrar na glória, exceto se estiverem
limpos de toda poluição da carne e do espírito, e santidade perfeita no temor
de Deus!”.

Eu sou, querido Charles,

Seu afetuoso tio,


J. Wesley
19 de agosto de 1784.

Samuel Wesley,
“Como tenho tido preocupação desde que você era uma criancinha,
frequentemente pensei em escrever-lhe. Estou persuadido de que o que é
falado no amor será recebido com amor e, se assim for, se não causar algum
bem em você, também não causará mal algum”.

“Há muitos anos observei que, como agradou a Deus dar-lhe um notável
talento para música, então ele havia dado a você uma sagaz apreensão de
outras coisas, uma capacidade para fazer alguns progressos no aprendizado, e
(o que é de valor muito maior) um desejo de ser cristão. Mas, neste meio
tempo, frequentemente tenho sofrido por você, temendo que não tenha
seguido o caminho correto. Não digo com respeito a esta ou aquela série de
opiniões protestantes ou católicas (todas essas eu pisoteio), mas com respeito
àquelas questões mais significativas, as quais, se você seguir de maneira
errada, quer protestante ou papista, perecerá eternamente. Temi que você não
tivesse nascido de novo, e, ‘exceto se um homem nascer de novo’,274 exceto
se acreditar no Filho de Deus, ‘ele não poderá ver o reino do céu’; exceto se
experimentar aquela mudança interior da mente terrena e sensual para a
mente que estava em Jesus Cristo. Se você tivesse compreendido totalmente a
doutrina bíblica do novo nascimento, sim, e a experimentado; se há muito
tempo você tivesse usado as muitas oportunidades de melhorar aquilo que
Deus colocou em sua mão, enquanto você acreditava que tanto seu pai quanto
eu éramos professores enviados de Deus! Mas, ai de mim! O que você é
agora?”

“Se desta igreja ou daquela, não me preocupo, você pode ser salvo, em
ambas, ou condenado em ambas, mas temo que você não tenha nascido de
novo; e, a não ser que nasça novamente, não poderá ver o reino de Deus.
Você acredita que a Igreja de Roma está correta. E daí? Se não nasceu de
Deus, não é de igreja alguma. Quer Belarmino ou Lutero estejam certos, não
está renovado no espírito de sua mente à semelhança daquele que o criou”.

“Duvido que você nunca esteve convencido da necessidade desta grande


mudança. E existe agora um perigo maior do que aquele em que você estava;
que você seja desviado do pensamento por uma série de novas noções, novas
práticas, novos modos de adoração. Tudo o que, se colocados juntos (não
considere se são bíblicos, supersticiosos e idólatras ou não), tudo, digo-lhe, se
colocados juntos, não correspondem a um grão da religião verdadeira, vital e
espiritual”.

“Oh, Sammy, você está fora do seu caminho! Você está fora do caminho de
Deus! Você não está dando a ele seu coração. Você não o encontrou. Seria
bom que tivesse, da mesma forma buscado a felicidade em Deus! E os pobres
zelotes, enquanto você está neste estado de mente, confundirão você a
respeito desta ou da outra igreja! Os tolos são cegos! Tais guias como esses,
dirigem os homens através de perigos ocultos para o abismo sem fim. Meu
querido Sammy, seu primeiro ponto é arrepender-se e crer no Evangelho”.

“Reconheça-se como um pobre, culpado e impotente pecador! Então,


conheça Jesus Cristo e ele crucificado! Permita que o Espírito de Deus
testemunhe com seu espírito que você é filho de Deus e deixe que o amor a
Deus encha seu coração, através do Espírito Santo que é dado a você; e,
então, se não tiver trabalho melhor, falarei contigo sobre a transubstanciação
ou o purgatório. Enquanto isto, recomendo àquele que é capaz de guiá-lo a
toda a verdade; e eu sou, querido Sammy”.

Seu afetuoso tio


J. Wesley

1/09 – quarta-feira . Depois de ficar claro para mim, tomei medidas, as quais
há algum tempo pesavam minha mente, e designei o Sr. Whatcoat e o Sr.
Vasey para servirem às ovelhas desoladas na América.

2/09 – quinta-feira. Acrescentei a eles três outros, os quais verdadeiramente,


acredito, farão muito para a glória de Deus.

30/09 – quinta-feira. Tive uma longa conversa com John M’Geary, um de


nossos pregadores americanos recém chegado à Inglaterra. Ele deu um relato
agradável da obra de Deus por lá, continuamente aumentando e
veementemente importunando-me a fazer uma visita à América antes de
minha morte. Não farei nenhuma visita ao novo mundo, até que vá para o
mundo dos espíritos.

29/11 – quarta-feira. Encontrei-me com o amável Sr. George, antigamente


membro da sociedade de Londres. O ministro presbiteriano ofereceu-me o
uso de seu templo e eu, de bom grado, aceitei. Este era capaz de acolher, eu
acredito, aproximadamente tantas pessoas quanto a Capela em West-Street,
mas não estava nem perto de conter a congregação. E Deus emitiu sua voz,
sim, e aquela voz poderosa; nem a tristeza, nem a alegria que foi sentida
aquela noite será rapidamente esquecida.

20/12 – segunda-feira. Fui para Hinxworth, onde tive a satisfação de


encontrar o Sr. Simeon, Membro do King’s College, em Cambridge. Ele
passou algum tempo com o Sr. Fletcher, em Madeley; duas almas queridas,
muito se assemelhando uma a outra no fervor do espírito e na sinceridade de
seu discurso. Ele me deu a agradável informação de que existem três
paróquias em Cambridge, onde a verdadeira religião bíblica é pregada, e
vários jovens estão felizes em participar dela.

31/12 – sexta-feira. Tivemos uma solene noite de vigília e prenunciamos o


ano novo com oração e ação de graças.
1o de janeiro. Se esse é o último ou não, que
seja o melhor 1 785ano da minha vida!
4/01 – terça-feira. Nessa ocasião, usualmente distribuímos carvão e pão entre
os pobres da sociedade. Mas, agora, vejo que precisam de roupas, tanto
quanto de comida. Então, hoje, e nos dias que se seguiram, caminhei pela
cidade e pedi duzentas libras para comprar roupas para aqueles que mais
necessitam. Mas este foi um trabalho árduo, porque as ruas estavam cobertas
com neve derretida, que afundavam até meu tornozelo, de maneira que meus
pés ficavam imersos na neve derretida, de manhã até a noite. Resisti muito
bem até sábado à tarde, mas fui acometido de um fluxo violento, que
aumentou a cada hora, até que, às seis horas da manhã, o Dr. Whitehead veio
me ver. Sua primeira inalação me deixou muito bem e, três ou quatro mais,
aperfeiçoaram a cura. Se ele viver alguns anos, espero que seja um dos mais
eminentes médicos na Europa.

Pressupus que minhas jornadas nesse inverno tinham acabado, mas não podia
recusar uma mais e, na terça-feira, dia 17, parti para a pobre Colchester, a
fim de encorajar o pequeno rebanho. Eles tinham muito pouco dos bens do
mundo, mas muitos deles tinham a porção melhor.

23/01 – domingo. Preguei de manhã e a tarde na West Street, e, à noite, na


capela em Knightsbridge. Penso que será a última vez, porque não sei onde vi
uma congregação tão mal-educada!

24/03 – quinta-feira (Worcester). Estive considerando quão estranhamente o


grão de semente de mostrada, plantado há cinquenta anos, tem crescido.275
Ele se espalhou por toda a Grã-Bretanha e Irlanda, à Ilha de Wight e à Ilha de
Man, assim como para a América; das Ilhas Leeward por todo o continente
adentro, do Canadá e Newfoundland. E as sociedades, em todas essas partes,
caminham por uma regra, sabendo que religião é comportamento santo;
esforçando-se para adorar a Deus, não na forma apenas, mas igualmente “em
espírito e em verdade”.276
28/06 – terça-feira. Pela boa providência de Deus, terminei meu octogésimo
segundo ano de vida. Existe alguma coisa muito difícil para ele? Faz, agora,
onze anos, desde que senti tal coisa como cansaço; muitas vezes falo até
minha voz falhar e não consiga falar mais. Frequentemente, caminho até
minhas forças se esgotarem e não poder ir mais longe; ainda assim, não sinto
sensação de cansaço, mas estou perfeitamente bem da cabeça aos pés. Não
atribuo tudo isto a uma causa natural, mas à vontade de Deus.

14/09 – quinta-feira. Preguei, à tarde, no antigo Templo, sobre Salmo 74.12.


Na antiga tradução transcorre assim: “The help that is done upon the earth,
God doeth it himself ”.277 Uma gloriosa e importante verdade! Na nova
tradução: “Operando salvação, por sobre a terra”. Que maravilhosa correção!
Existem muitas correções como esta nesta tradução. Alguém pensaria que o
próprio Rei James as colocou.

5/02 – domingo.
1 786
Esta semana, em viagem, li o livro do Dr. Stuart, “História da Escócia”.
Trata-se de um escritor de fato! Muito acima do Dr. Robertson, tanto quanto
o Dr. Robertson está acima de Oldmixon. Ele afirma acima de qualquer
suspeita, que as acusações contra a Rainha Mary eram totalmente infundadas;
que ela foi traída vilmente por seus próprios servos, do começo ao fim; e que
não foi apenas uma das melhores princesas na Europa, mas uma das mais
irrepreensíveis; sim, e das mais piedosas mulheres!

28/06 – quarta-feira. Meu octogésimo terceiro ano de vida. Estou


maravilhado comigo mesmo. Faz agora doze anos, desde que tive alguma
sensação de fraqueza. Nunca estou cansado (tal é a misericórdia de Deus!),
tanto escrevendo e pregando, quanto viajando. Uma das causas naturais, sem
dúvida, é meu exercício contínuo e a mudança de área. Como o último
contribui para a saúde, eu não sei, mas certamente contribuiu!

30/06 – sexta-feira. Despedi-me de Barnsley, antigamente famosa por toda


sorte de maldade. Eles estavam, então, prontos a fazer qualquer pregador
metodista em pedaços. Agora, nem um cachorro late. Preguei perto da praça
do mercado para uma grande congregação e acredito que a palavra penetrou
em muitos corações. Eles pareceram beber cada palavra. Certamente, Deus
tem um povo neste lugar.

1/07 – sábado. Segui para Bramley, cerca de quatro milhas de Sheffield, onde
um cavalheiro construiu uma esmerada casa de pregação para os pobres, às
suas próprias expensas. Como o aviso foi rápido, não tive necessidade de
pregar nas redondezas.

A congregação estava profundamente séria, enquanto expunha o que era


construir sobre a rocha e o que era construir sobre a areia.278 À tarde, falei
muito claramente para uma audiência lotada, em Sheffield, sobre: “Agora, é
chegado o tempo de acordar ou dormir”.279 Um dos ouvintes escreveu-me
uma carta anônima a respeito disto. Mas não pôde se lembrar de nada do
sermão, a não ser de que “o levantar cedo é bom para os nervos!”
2/07 – domingo. Li as orações, preguei e ministrei o sacramento para
seiscentos ou setecentos ouvintes. Foi um momento solene. Preguei logo
depois das cinco horas da tarde sobre: “Existe alegria no céu, quando um
pecador se arrepende”.280 Mais tarde, fiz um relato do surgimento do
metodismo (que é cristianismo bíblico primitivo) a toda a congregação, de
como a verdade será dita às claras, e o amor aparecerá à luz do sol.

31/08 – segunda-feira. A conferência se reuniu novamente e foi concluída na


terça-feira de manhã. Grandes eram as expectativas de muitos de que
teríamos calorosos debates, mas, pela misericórdia de Deus, não tivemos
nenhum.

Tudo transcorreu com grande calma e partimos como chegamos, em paz e


amor.

25/09 – segunda-feira. Pegamos a carruagem à tarde e, na terça-feira de


manhã, alcançamos Londres. Agora me apliquei de fato a escrever a “Vida do
Sr. Fletcher” e procurei os melhores materiais que pude. A isto dediquei todo
o tempo que pude poupar até novembro, das cinco horas da manhã às oito
horas da noite. Essas são minhas horas de estudo: não posso escrever mais
tempo em um dia, sem ferir meus olhos.

3/10 – sábado. Fui para a cama em meu horário habitual, às nove e meia da
noite e, de acordo com meu entendimento, em perfeita saúde. Mas,
exatamente à meia noite, fui acordado por um impetuoso fluxo, que não me
permitiu descansar por muitos minutos consecutivos.

Constatando que ele mais aumentava do que diminuía, embora (o que nunca
experimentei antes) sem sua velha companhia, a câimbra, pedi para
chamarem o Dr. Whitehead. Ele veio por volta das quatro horas da manhã, e,
pela bênção de Deus, em três horas senti-me tão bem como sempre. Não
encontrei a menor fraqueza ou desânimo, mas preguei de manhã e à tarde sem
qualquer cansaço. De tal maneira que, humanamente, diria como o filho de
Siraque:281 “Honre o médico, porque Deus o designou”.

24/10 – terça-feira. Encontrei as classes em Deptford e fui veementemente


importunado a celebrar o Culto Dominical em nossa Sala, ao mesmo tempo
em que o da igreja aconteceria. É fácil perceber que esta seria uma separação
formal da igreja. Fixamos tanto nosso culto matinal quanto o vespertino, por
toda a Inglaterra, em horas que não interfiram com o da igreja com este
mesmo objetivo — para que os membros da igreja que preferissem,
pudessem participar de ambos. Mas, fixá-lo na mesma hora é obrigá-los a se
separarem, quer da igreja, quer de nós; e isto, julgo que seja não apenas
inconveniente, mas totalmente ilícito fazer.

30/10 – segunda-feira. Nos dias seguintes, visitei as classes. Fui cuidadoso


em obter um relato exato da sociedade. Fiquei surpreso de encontrar apenas
cento e cinquenta e nove. Acredito que sejam o dobro em número. E espero,
com a ajuda de Deus, que dentro de quatro meses não veja alguém
necessitando de alimento ou vestimenta.

3/11 – sexta-feira. Usando da vantagem de uma noite enluarada, desci até a


capela em Rotherhithe. Nunca a vi tão cheia anteriormente, nem com tais
ouvintes sérios e atentos. Existe alguma coisa muito difícil para Deus?

Será que este deserto germinará e florescerá como uma rosa?

24/12 – domingo. Queria pregar em Old Jewry, mas a igreja estava fria e
assim também a congregação. Tivemos outra, de outro tipo, no dia seguinte,
no Natal, às quatro horas e também às cinco horas da tarde, na nova capela e
em West-Street, por volta do meio-dia.

31/12 – domingo. Dessas palavras de Isaías a Ezequias: “Coloque a tua casa


em ordem”,282 exortei a todos que não tinham feito isto a colocarem em
ordem seus assuntos temporais sem demora. A indisciplina é uma estranha
loucura que ainda toma conta de muitos que são, em outros aspectos, homens
de discernimento e que fazem isto no seu dia a dia, até que a morte chega
numa hora em que não estão buscando.
1 787
1/01 – segunda-feira . Começamos o culto às quatro horas da manhã, para
uma congregação incomumente grande. Tivemos outra oportunidade
confortável na nova capela, na hora de costume, e a terceira, à noite, em West
Street.

2/01 – terça-feira. Parti para Deptford, mas pareceu que me encontrava em


um covil de leões.283 A maioria dos principais homens da sociedade estava
louca para se separar da igreja. Empenhei-me para raciocinar com eles, mas
foi em vão; eles não tinham nem bom senso, nem boas maneiras. Por fim,
depois de me encontrar com toda a sociedade, disse-lhes: “Se estiverem
resolvidos, poderão realizar os cultos na hora da igreja, mas lembrem-se,
nesse momento vocês não verão mais meu rosto!” Isso os tocou
profundamente e daquela hora em diante não ouvi mais a respeito de
separação da igreja!

8/01 – segunda-feira. Nos quatro dias que se seguiram, pedi pelos pobres.
Espero ter condições de providenciar alimento e roupas para aqueles da
sociedade que estão em grande necessidade e não tem ganho semanal; esses
eram por volta de duzentos, mas sentiam-se muito desapontados. Seis ou sete
de nossos irmãos deram dez libras cada um. Se quarenta tivessem feito o
mesmo, eu poderia concretizar meu intento. Entretanto, muitas boas obras
foram feitas com duzentas libras e muitos corações entristecidos se
alegraram.

23/04 – segunda-feira. Tem havido ultimamente um grande movimento entre


os ossos secos284 nesse lugar. As congregações estão aumentando muito e
ouvem com profunda atenção; e vários membros têm sido acrescidos à
sociedade. Poderia, de boa vontade, ter pregado na praça, como havia feito
antes, mas o vento e a chuva não permitiram; de maneira que, tantos quantos
puderam, lotaram a casa de pregação. Preguei sobre: “Eu não me envergonho
do Evangelho de Cristo”;285 um assunto, pelo que pareceu, adequado aos
ouvintes, muitos dos quais têm se envergonhado, principalmente com a
vergonha diabólica de serem cristãos completos.
25/04 – quarta-feira. Mais uma vez visitei meus velhos amigos em
Tullamore. Será que todos os barões na Europa têm feito tanto bem para
compensar o mal que um deles fez aqui, um ou dois anos atrás? Ele ateou
fogo e as labaredas caíram sobre as casas de sapé tão rápido que não foi
possível apagá-las até que a maioria da cidade veio abaixo. Preguei na sala da
Assembleia, para uma grande congregação, embora somente alguns poucos
ainda estejam vivos para Deus. De manhã, por causa do mouro Mathew,
preguei em sua sala de visitas, para tantas pessoas quantas fossem possível
conter.

26/04 – quinta-feira. Ao meio-dia, preguei em Portarlington, não na


barulhenta Praça do Mercado, mas em nossa própria casa, completamente
cheia com ouvintes atentos. À noite, preguei na Igreja em Mountmellick, para
uma congregação ainda maior que a de Eyre-Court e as de Aghrim; e toda ela
comportou-se bem. Eu não tinha visto igual, desde que parti de Dublin.

27/04 – sexta-feira. Fui para Kilkenny, vinte e nove milhas irlandesas de


Mountmellick. Aqui, a religião estava em uma maré baixa, e dificilmente
alguma sociedade restara; Deus enviou três unidades de cavalaria, vários dos
quais cheios de fé e amor. Desde que vieram, a obra de Deus tem reavivado.
Nunca vi a casa tão cheia desde que foi construída, e o poder de Deus parece
repousar sobre a congregação, como se ele ainda tivesse pessoas nesse lugar.

04/07 – quarta-feira. Passei uma hora em New Dargle, o assentamento de


um cavalheiro, que fica quatro ou cinco milhas de Dublin. Nunca vi um lugar
tão bonito no Reino Unido. Ele equivale aos arrendados em Warwickshire e
excede grandemente aqueles nas condições. Todos os caminhos se estendem
em cada lado da montanha que controla toda a Baía de Dublin. É uma extensa
e bem variada paisagem. Um pequeno rio corre na parte de trás, o que produz
duas cascatas, a uma pequena distância uma da outra. Embora muitos lugares
o excedam em grandeza, acredito que nenhum o excede em beleza. Logo
depois, conheci a Câmara do Parlamento. A Câmara dos Lordes excede em
muito a de Westminster, e o trono do Lorde Tenente excede em muito o trono
miserável do Rei (como é chamado) na Câmara Inglesa dos Lordes. A
Câmara dos Comuns é um salão realmente nobre. Ele é um octógono,
revestido com carvalho irlandês que envergonha todo o mogno, e possui
galerias em toda sua volta, para a conveniência das senhoras. A cadeira do
orador é muito maior que o trono do Lorde Tenente. Mas, o que me
surpreendeu, acima de tudo, foram as cozinhas da Câmara e o grande aparato
para a boa comida. Mesas foram colocadas de uma extremidade à outra do
corredor largo; pelo que parece, quando o Parlamento se reúne, elas são
diariamente supridas com carne, às quatro ou cinco horas da manhã, para a
acomodação dos membros. Ai de mim, pobre Irlanda! Quem ensinará
sabedoria aos teus próprios senadores? A guerra cessou. Entretanto, mais
cruel do que as armas, a luxúria nos assaltou.

16/08 – quinta-feira. Tive uma congregação muito séria, às cinco horas, em


uma sala ampla na casa do Sr. Jersey. Seus jardins e pomares são de uma
vasta extensão e maravilhosamente prazerosos; não conheço um nobre na Grã
Bretanha que tenha tal variedade das mais excelentes frutas; provenientes da
França e outras partes do continente, ela tem aumentado a cada ano. Qual a
quantidade de frutas ele tem você pode concluir de uma única espécie apenas.
Nesse verão, ele juntou cinquenta libras de morangos diariamente, por seis
semanas consecutivas.

À noite, preguei na outra extremidade da cidade, em nossa própria casa de


pregação. E de tal maneira as pessoas se comprimiram dentro dela (ainda que
nem perto da quantidade que veio), que a sala parecia um forno. No entanto,
ninguém pareceu se importar com isto, porque a Palavra de Deus foi mais
afiada que uma espada de dois gumes.286

17/08 – sexta-feira. Fiz uma visita respeitosa ao governador e passei meia


hora agradável. À tarde, fomos dar um passeio no píer,287 o mais amplo e
bonito que tenho visto. A cidade está crescendo rapidamente, e novas casas
surgindo de todos os lados. À noite, não pude entrar, mas fiquei por perto, no
pátio cercado por árvores altas e sombrosas, e preguei a uma grande
congregação: (Jo 4.24) “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o
adorem em espírito e em verdade”. Eu acredito que muitos tiveram seus
corações cortados nessa hora, e alguns não se sentiram nem um pouco
confortados.

18/08 – sábado.
Dr. Coke e eu jantamos na casa do governador.

Fiquei feliz em ter outra companhia. Conversamos francamente por mais de


uma hora com um homem sensível, bem-educado e agradável. À noite,
preguei para a maior congregação que já vi.

19/08 – domingo. Joseph Bradford pregou às seis horas da manhã, em


Montplaisir Les Terres, para uma congregação numerosa. Preguei às oito e
trinta da manhã, e a casa pôde conter a congregação. Às dez horas, fui para a
Igreja Francesa, onde havia uma grande congregação bem-comportada. Às
cinco da tarde, tivemos a maior de todas!

20/08 – segunda-feira. Embarcamos, entre três e quatro horas da manhã, em


uma chalupa muito pequena e inconveniente, e nenhum marinheiro rápido; de
modo que estávamos há sete horas velejando o que é chamado de sete léguas.
Por volta das onze horas, aportamos em St. Helier e fomos direto para a casa
do Sr. Brackenbury. Ela se situa muito agradavelmente perto da extremidade
da cidade, tem um jardim amplo e conveniente, com uma fileira adorável de
colinas férteis que se erguem a uma pequena distância dela. Preguei à noite
para uma congregação excessivamente séria sobre Mateus 3 (a última parte):
quase todos estiveram presentes, às cinco horas, aos quais exortei a
continuarem em perfeição.

21/08 – terça-feira. Fizemos um passeio até a casa de um de nossos amigos


na cidade. Próximo, fica o que eles chamam de colégio. É uma escola livre,
designada para o treinamento de crianças para a universidade, muito
agradavelmente situada em um retiro tranquilo, cercado por bosques altos.
Não muito longe dele fica, no topo de uma colina alta (eu suponho um monte
romano), uma capela antiga, que se acredita ser a primeira igreja cristã
construída na ilha. De lá, tivemos uma vista total dela, a mais agradável que
tenho visto; bem superior à Ilha de Wight, ou a Ilha de Man. As pequenas
colinas, quase cobertas com árvores enormes, são inexprimivelmente bonitas;
pelo que parece podem ser equiparadas às da Ilha de Guernsey. À noite, fui
obrigado a pregar nos arredores sobre “Porque ele diz: eu te ouvi no tempo da
oportunidade, e te socorri, no dia da salvação”.288 E penso que uma bênção
raramente falha em acompanhar esse assunto.

22/08 – quarta-feira. À noite, a sala não pôde conter as pessoas e fui


obrigado a ficar no pátio, onde preguei sobre “A justiça de Deus mediante a
fé em Cristo Jesus, para todos (e sobre todos) os que creem; porque não há
distinção. Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”;289 e falei com
bastante franqueza; até mesmo a pequena nobreza ouviu com profunda
atenção. Quão pouco traz Deus para Sua própria Glória! Provavelmente
muitos desses se juntaram porque tenho vivido tantos anos. E, talvez, mesmo
isso possa ser o motivo para a vida eterna deles.

27/08 – segunda-feira. Capitão Cabot, o encarregado da chalupa de


Guernsey, visitou-nos cedo, de manhã, e nos disse que, se escolhêssemos
seguir aquele caminho, ele poderia partir entre cinco e seis horas. Mas, com o
vento completamente contrário, julgamos melhor esperarmos um pouco mais.
À noite, designado para pregar às sete horas da noite, fui obrigado a pregar
dentro da casa. Ela estava extremamente lotada, mas o poder de Deus foi
manifestado, enquanto eu declarava, “Mas nós pregamos a Cristo crucificado.
Escândalo para os judeus, loucura para os gentios. Porque decidi nada saber
entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado”,290 logo esquecemos o
calor e ficamos felizes em nos determos um pouco mais do que pretendíamos.
Eu pensei, quando deixei Southampton, em voltar para lá hoje, mas os
pensamentos de Deus não são como os meus pensamentos. Aqui estamos,
presos em Jersey; por quanto tempo não podemos dizer. Mas está tudo bem,
uma vez que tu, Senhor, tens feito isso!

4/09 – terça-feira. A tempestade continuou de forma que não pudemos nos


mexer. Fiz um passeio hoje, através do que é chamado New Ground, onde a
pequena nobreza está acostumada a caminhar à noite. Tanto a parte alta, que
é uma superfície plana e um gramado para jogo de críquete, quanto a parte
baixa, com fileiras de árvores, são maravilhosamente bonitas. À noite, livrei
minha alma completamente, mostrando o que está construído em cima da
rocha.291 Mas ainda não pudemos velejar, com o vento sendo contrário e
muito forte.

Foi o mesmo na quarta-feira. À tarde, bebemos chá na casa de um amigo,


que mencionou que o capitão, que acabou de chegar da França, tinha
proposto velejar de manhã para Penzance, porque o vento poderia servir,
apesar de que não serviria para Southampton. Nisso vimos plenamente a mão
de Deus; então, concordamos com ele imediatamente. Na manhã do dia 6,
embarcamos com um vento a favor e moderado, mas, assim que entramos, o
vento acabou no meio do caminho; então, clamamos a Deus por ajuda, e ele
tornou a soprar a favor, e não cessou até nos conduzir para a Baía de
Penzance.

10/12 – segunda-feira. Estava desejoso de ver o famoso trabalho de cera no


Museu em Spring-Gardens; ele exibe as mais coroadas cabeças da Europa, e
mostra as características de seus semblantes. Senso e majestade aparecem no
Rei da Espanha; entorpecimento e embriaguez no Rei da França; sutileza
infernal no recente Rei da Prússia (tanto quanto no esqueleto de Voltaire);
sossego de espírito e humanidade no Imperador e Rei de Portugal;
excentricidade e estupidez no Príncipe de Orange; e aspereza espantosa, com
tudo que é desagradável, na czarina.

22/12 – sábado. Consenti com a importunação de um pintor, e me sentei por


uma hora e meia para meu retrato. Eu acredito que foi o melhor que tenho
feito, mas o que é o retrato de um homem com mais de oitenta anos?

25/02 – terça-feira.
1 788
Tive uma solene despedida da congregação em West-Street, aplicando, uma
vez mais, o que reforcei cinquenta anos antes: “Pela graça somos salvos,
através da fé”.292 No encontro seguinte, a presença de Deus preencheu o
lugar de uma maneira maravilhosa. Na tarde seguinte, tivemos uma
congregação muito numerosa na nova capela, para a qual declarei todo o
conselho de Deus. Parece que agora terminei minha obra em Londres. Se vê-
los novamente, muito bem, se não, oro a Deus para levantar outros que sejam
mais fiéis e mais bem sucedidos em sua obra!

1/03 – sábado (Ano Bissexto). Considero a diferença em que me encontro,


pelo aumento dos anos: 1. menos atividade; caminho mais devagar,
especialmente nas subidas; 2. minha memória não é tão rápida; 3. não posso
ler tão perfeitamente à luz de velas. Mas dou glórias a Deus, que todos os
meus outros poderes do corpo e mente permanecem exatamente como eram.

3/03 – segunda-feira. Fui para Bristol, e em dois ou três dias tranquilos


terminei meu sermão “Sobre a Consciência”. Na terça-feira, manifestei
minha intenção de pregar na quinta-feira à tarde, sobre (agora um tópico
geral) a Escravatura.

Em consequência disto, na quinta-feira, a casa estava cheia, de uma ponta a


outra, com todo tipo de classe social, ricos e pobres. Preguei sobre a profecia:
“Deus alargará a Jafé. E ele habitará nas tendas de Sem; e Canaã será seu
servo”.293 Por volta do meio do discurso, enquanto ainda havia atenção de
todos os lados, sendo ainda noite, uma voz se levantou veemente no meio da
congregação. O terror e a confusão foram inexplicáveis. Você poderia até
imaginar que se tratasse de uma cidade tomada pela tempestade. O povo
correndo uns sobre os outros com tamanha violência, os bancos sendo feitos
em pedaços e nove décimos da congregação pareceram atingidos pelo mesmo
pânico.

Em aproximadamente cinco minutos, a tempestade cessou tão rapidamente


quanto se levantou e todos ficaram calmos, então, prossegui sem a menor
interrupção.

Foi o mais estranho incidente do tipo que me lembro, e, acredito, ninguém


pode relatá-lo sem supor alguma interferência sobrenatural.

Satanás fugiu, a fim de que seu reino fosse liberto. Separamos a sexta-feira
como um dia de jejum e oração, para que Deus se lembre daqueles pobres
homens banidos; e (o que parece impossível ao homem, considerando a
fortuna e poder de seus opressores) providencie uma forma deles escaparem e
partirem seus grilhões em dois.

15/03 – sábado. À tarde, não tendo outro tempo, preguei uma vez mais no
Templo. Não havia pensado em resolver a controvérsia que ultimamente
incomodou esta cidade, até que li aquelas palavras na Segunda Lição, as
quais me lançaram sobre ela: “Quem será punido eternamente da presença do
Senhor, e da glória de seu poder” 2Tessalonicenses 1.9. E, então, pensei que
seria meu dever falar clara e enfaticamente sobre este assunto.

18/03 – terça-feira. Preguei em Painswick às dez horas da manhã. Aqui


também desejamos uma sala. Às 18 horas, comecei em Gloucester. Aqui
parece que o “escândalo da cruz” (tal é a vontade de Deus) cessou. Pessoas
de todas as classes, ricos e pobres, juntaram-se e parecem devorar a Palavra.
Preguei em uma construção junto a uma rocha, e falei com toda clareza.
Muitos, eu acredito, sentiram seus corações perfurados, porque foi o dia do
poder do Senhor.

19/03 – quarta-feira. Por volta do meio-dia preguei em Tewkesbury, onde


também, não obstante o mercado, a casa estava bem cheia e o povo
profundamente atento.

A obra de Deus segue firme por aqui. Mais e mais são continuamente
convencidos e convertidos a Deus. Mas a casa de pregação é muito pequena,
de maneira que muitos que vieram não puderam entrar. Fomos para
Worcester à tarde, onde também a casa é muito pequena para a congregação.
Os metodistas aqui têm, por meio da beneficência, silenciado totalmente a
ignorância dos homens tolos, de maneira que eles agora estão
abundantemente mais em perigo, devido à honra do que à desonra.
No
dia 29 de março morreu o Reverendo Charles Wesley aos 79 anos.294

1/04 – terça-feira. Segui para Burslem, onde a obra de Deus ainda prospera
grandemente. Pecadores – homens, mulheres, e crianças – são convencidos e
convertidos a Deus todos os dias, e existem muito poucos que voltaram atrás,
visto que estão muito unidos em afeição e vigiam uns aos outros no amor.

À tarde, antes que a hora da pregação chegasse, a casa de pregação estava


mais do que cheia. Certificando-me de que não poderia conter metade das
pessoas, ordenei que uma mesa fosse colocada no jardim, onde eles
permaneceram muito pacientemente, embora o vento estivesse muito forte e
frio. Mais tarde, passei uma hora confortável com a sociedade que encheu
completamente a casa.

19/04 – sábado. Fui para Bolton, onde preguei, à noite, em uma das mais
elegantes casas do Reino, e para uma das mais vívidas congregações.
Francamente, não há tal grupo de cantores em quaisquer das Igrejas
Metodistas nos três Reinos. E não pode haver, porque temos perto de uns cem
desses sopranos – garotas e meninas – selecionados de nossas Escolas
Dominicais, e corretamente ensinados; como não acontece em qualquer outra
capela, catedral ou sala de músicas nesses quatro mares. Além disso, o
espírito com que todos cantam, e a beleza de muitas delas são tão adequada à
melodia que desafio alguém a superá-las, exceto os anjos cantores na casa de
nosso Pai.295

20/04 – domingo. Às oito horas e à uma hora da tarde, a casa estava


totalmente cheia. Por volta da uma hora da tarde, encontrei-me com cerca de
novecentas a mil crianças que pertencem às Escolas Dominicais. Nunca tive
tal visão anteriormente. Todas estavam limpas e simples em suas aparências.
Todas sérias e bem comportadas. Muitos – garotos e garotas – são belos e
acredito que a Inglaterra nem a Europa podem dar-se a esse luxo. Quando
cantaram juntas, e nenhuma delas fora do tom, a melodia estava mais bela do
que qualquer teatro; e, o que é melhor, muitas delas verdadeiramente temem a
Deus e algumas se regozijam de sua salvação.

Elas são exemplo para toda a cidade. A diversão comum delas é visitar os
pobres e doentes (algumas vezes em grupo de seis, oito ou dez), para os
exortar, confortarem e orar com eles. Frequentemente, dez ou mais se reúnem
para cantar e orar por si mesmas; algumas vezes, trinta ou quarenta; e estão
perfeitamente engajadas, alternadamente cantando, orando e clamando, de
maneira que não sabem como se separar. Ao ouvirem isto, por que seus filhos
não podem fazer o mesmo? Deus não está aqui tanto quanto em Bolton?
Deixe Deus se levantar e manter sua causa própria, mesmo “da boca dos
bebês e recém-nascidos!”

22/04 – terça-feira. Por meio de estradas igualmente boas seguimos para


Padiham. Preguei, às onze horas, para uma congregação quieta, embora não
tão viva como em Bolton. De lá, seguimos, à tarde, através de estradas ainda
mais maravilhosas, para Haslingden. Elas tinham condições suficientes para
aleijar quaisquer cavalos e fazer qualquer carruagem em pedaços. Notem
bem: não tentarei atravessar essas estradas novamente, até que elas sejam
efetivamente consertadas!

14/05 – quarta-feira. Às cinco horas da manhã, fui importunado a pregar na


casa de pregação, mas tal como esta nunca vi antes. Ela não tinha janelas. De
maneira que, embora o sol brilhasse forte, não podíamos ver coisa alguma
sem velas. Mas acredito que nosso Senhor brilhou em muitos corações,
enquanto aplicava as palavras: “Eu quero, sê limpo”.296 Meu desjejum foi
com o pobre Sr. Ashton, muitos anos atrás membro de nossa sociedade em
Londres, mas muito mais feliz agora em sua pequena cabana do que alguma
vez em sua prosperidade.

Quando estive na Escócia pela primeira vez mesmo à mesa do nobre


tínhamos apenas um tipo de carne, mas não havia vegetais de qualquer tipo;
no entanto, agora, eles têm tanta fartura quanto na Inglaterra. Próximo à
Dunfries existem cinco pomares públicos grandes, que abastecem a cidade
com verduras e vegetais em abundância.

A congregação, à tarde, está quase o dobro do que tivemos na última e, se for


possível, mais atenta. Na verdade, um ou dois cavalheiros riram a princípio,
mas eles rapidamente desapareceram, e todos estavam quietos, enquanto eu
explicava a adoração a Deus em espírito e verdade. Dois dos clérigos
seguiram-me até minha hospedaria, e me fizeram um convite expresso para ir
até suas casas. Vários outros pretendiam, pelo que parece, fazer o mesmo,
mas com uma longa jornada diante de mim, deixei Dumfries mais cedo do
que eles esperavam.

Partimos na
quinta-feira, 15, às quatro horas, e alcançamos Glasgow na sexta-feira
, 16, antes do meio-dia.

Nossa nova casa de pregação, eu acredito, conterá quase tantos quanto a


capela em Bath. Mas que diferença! Ela tem o púlpito de um lado, e tem
exatamente a aparência de um templo presbiteriano. Ela é a própria irmã de
nossa casa em Brentford. Talvez um presságio do que acontecerá quando eu
partir.

Preguei às sete horas, para uma congregação toleravelmente grande, e para


muitos deles, às cinco da tarde. Às seis horas da tarde, para o quádruplo dela,
mas eu ainda não pude encontrar o caminho para seus corações.

18/05 – domingo. Preguei às onze horas, sobre a parábola do semeador; às


duas e trinta da tarde, sobre o Salmo 23 “O Senhor é o meu pastor, nada me
faltará”; e, à noite, sobre: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o
amor, estes três, mas o maior destes é o amor”.297 Anexei um pequeno relato
sobre o metodismo, insistindo especialmente nas circunstâncias. Não existe
outra sociedade religiosa debaixo do céu, que nada requeira dos homens com
o objetivo de sua admissão a não ser o desejo de salvar suas almas. Olhe à
sua volta e poderá notar que não pode ser admitido em uma igreja, ou
sociedade de presbiterianos, anabatistas, quacres ou quaisquer outras, a
menos que abrace as mesmas opiniões que eles e os mesmos modos de
adoração. Somente os metodistas não insistem que você abrace essa ou
aquela opinião, mas pensam e deixam pensar. Nem impõem algum modo
particular de adoração, mas você continua a adorar da sua maneira anterior,
seja ela como for. Agora, não conheço alguma outra sociedade religiosa,
tanto antiga quanto moderna, na qual tal liberdade de consciência seja
permitida ou tenha sido permitida, desde a era dos apóstolos. Aqui está nossa
glorificação, e uma glorificação peculiar para nós. Qual sociedade divide isso
conosco?

22/05 – quinta-feira. Sendo a casa em Dalkeith, também muito pequena, até


mesmo às oito da manhã, para conter a congregação, preguei no jardim sobre
“Busquem ao Senhor, enquanto se pode achar, invoquem-no, enquanto está
perto”.298 E, devido à zelosa atenção das pessoas, não poderia deixar de
esperar que algum deles recebesse a verdade em amor.

À tarde, preguei na casa em Dunbar, toleravelmente cheia, sobre “Porventura


será o homem de algum proveito para Deus? Antes a si mesmo o prudente
será proveitoso. Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que sejas justo, ou
algum lucro em que tu tornes os teus caminhos perfeitos?”299 Creio
intimamente que o discurso fora convincente, mas muito mais, às cinco
horas, na sexta-feira, 23. E Deus manifestará seu poder em meio a esses
ossos secos também?

Por volta do meio-dia, chegamos em Berwick-upon-Tweed, mas todos


estavam apressados na cidade, por ocasião da feira, de maneira que não
poderia pregar convenientemente no mercado; fiquei contente que o Sr.
Atcheson, ministro presbiteriano, ofereceu-me o uso de sua capela, um lugar
muito cômodo. Vários de seus ouvintes atenderam; para os quais falei
abertamente, à tarde, sobre 1Coríntios 12.3 “Portanto, vos quero fazer
compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é
anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito
Santo”; e de manhã, sobre Isaías 59.1-3 “Eis que a mão do Senhor não está
encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não
poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos
ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos
dedos de iniquidade; os vossos lábios falam falsidade, a vossa língua
pronuncia perversidade”.

2/06 – segunda-feira. Por volta do meio-dia, preguei em Cockermouth.


Nunca tive tal época lá antes. A glória do Senhor pareceu preencher a casa e
o povo estremeceu diante dele. Tivemos outra oportunidade em Sunderland, à
tarde. Certamente Deus será glorificado neste lugar!

6/06 – sexta-feira. Ao sair de minha sala, pisei em falso, inclinei para frente e
bati numa das beiradas da escadaria, um quarto de polegada acima do meu
olho direito, exatamente em minha pálpebra. Coloquei um pequeno papel
branco sobre ela, que imediatamente parou o sangramento, e preguei sem
qualquer inconveniência. A obra de Deus tem crescido aqui ultimamente.
Muitos tem se convencido do pecado, muitos justificados; alguns
aperfeiçoados no amor, e muitos acrescidos à sociedade.

7/06 – sábado. Nossos irmãos acharam que a casa de Pregação não conteria
as pessoas às cinco da manhã, mas, antes que eu começasse a falar, ela ficou
superlotada; e, como a viga principal que a apoiava cedeu, o chão começou a
afundar! Alguns gritaram: “A sala está desabando!”; um homem pulou da
janela; o restante vagarosa e quietamente saiu sem a menor correria ou
confusão; de maneira que nada pôde causar dano, exceto um pobre cão que
estava debaixo da janela. Então, preguei em campo aberto para duas ou três
vezes mais pessoas do que a sala teria abrigado, e todos estiveram atentos.

Quão brancos estão estes campos para a colheita!300

22/06 – domingo. Sr. Clark, vigário, convidou-me para pregar na High


Church; e preguei (o que me ocorreu no Culto do dia) o que é construir nossa
casa sobre a rocha e apliquei isto tão fortemente quanto pude. Jantei na
Vicarage com o Sr. Clark; um homem amistoso e sensato e, eu acredito,
verdadeiramente temente a Deus. E o mesmo, pela peculiar providência de
Deus, são todos os três formais ministros em Hull. Ele disse que nunca viu a
igreja tão cheia antes. No entanto, estava ainda mais cheia à tarde, quando, a
pedido do Sr. Clark, preguei sobre o belo relato de Tiago sobre a sabedoria
que vem do alto.

Às seis horas da tarde, preguei em nossa própria casa, para tantos quantos
puderam entrar (mas muitas pessoas foram embora), sobre “Mas longe esteja
de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual
o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.301

27/06 – sexta-feira. Às nove horas da manhã, preguei na igreja em Swinfleet,


cheia de uma extremidade a outra. Por volta das onze horas, preguei em
Crowle, para uma grande congregação, e espero que exista uma boa colheita
aqui também, uma vez que as quase perpétuas contendas estão no fim. De lá
fui, uma vez mais (talvez, pela última vez), para Epworth; onde, pela
prudência e diligência de T. Tattershall, as pessoas esqueceram suas rixas e
convivem em união.

28/06 – sábado. Hoje entrei em meu octogésimo quinto ano; e louvo a Deus
pelas mil bênçãos espirituais e pelas bênçãos corporais também. Quão pouco
tenho sofrido ainda pelo “avanço de numerosos anos!” É verdade que não
estou tão ágil quanto já estive. Não corro ou caminho tão rápido como fazia;
meus olhos estão um pouco decaídos; meu olho esquerdo está mais opaco e
dificilmente me serve para ler. Tenho algumas dores diárias no globo ocular
de meu olho direito, na minha têmpora direita (ocasionada por um golpe que
recebi há alguns meses), e no meu ombro e braço direitos, que eu imputo
parcialmente a uma torcedura, e parcialmente ao reumatismo. Encontrei,
igualmente, algum declínio em minha memória, com respeito aos nomes e
coisas recentemente passadas, mas não com respeito ao que tenho lido ou
ouvido nesses vinte, quarenta ou sessenta anos; nem encontro declínio em
minha audição, gosto ou apetite (se bem que necessito da terça parte da
comida de que já precisei); nem sinto tal coisa como fraqueza, nem ao viajar
ou pregar. Não estou consciente de nenhum declínio em escrever meus
sermões, o que tenho feito tão prontamente, de bom grado e, acredito, tão
corretamente como sempre. E a que causa posso imputar tudo isso? Porque
sou como sou? Primeiro, sem dúvida, ao poder de Deus, adequando-me ao
trabalho a que fui chamado, por quanto tempo ainda agradar a ele. Depois,
subordinadamente a isto, às orações de seus filhos. Podemos nós não imputar
aos motivos menores? 1. Ao meu constante exercício e mudança de ar? 2. A
nunca ter perdido uma noite de sono, doente ou com saúde, por terra ou por
mar, desde que nasci? 3. Ao fato de que, quando me sinto desgastado, a
qualquer hora, de dia ou de noite, ao meu comando o sono vem? 4. Ao meu
levantar constantemente às quatro horas, por quase sessenta anos? 5. Às
minhas constantes pregações, às cinco horas, nesses quase cinquenta anos? 6.
Por ter tido tão poucas dores em minha vida, e tão pouca tristeza ou
ansiedade para me preocupar?

Mesmo agora, embora tenha dores diárias em meu olho, ou têmpora, ou


braço, ainda assim ela nunca é violenta e raramente permanece por muitos
minutos de cada vez. Se ela me foi enviada como um aviso de que em breve
sairei desse tabernáculo ou não, não sei, mas seja por um motivo ou outro,
tenho apenas que dizer:

“Viverei os dias que me restam louvando aquele que morreu para que o
mundo fosse redimido; poucos ou muitos os meus dias, eu devo a ele; e a ele,
eu os dedicarei”.
Preguei de manhã sobre “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que
alcancemos um coração sábio”;302 à noite, sobre “Notai, pois, que não vos
sobrevenha o que está dito nos profetas: Vede, ó desprezadores, maravilhai-
vos e desvanecei, porque eu realizo, em vossos dias, obra tal que não crereis,
se alguém vo-la contar”.303 E me empenhei em melhorar as horas
intermediárias, para melhor proveito.

29/06 – domingo. Às oito horas da manhã preguei em Misterton, como de


costume; por volta da uma hora da tarde, para uma numerosa congregação em
Newby, perto de Haxey; e, por volta das quatro horas, no meu antigo posto,
na praça do mercado em Epworth, para uma grande congregação.

30/06 – segunda. Por volta das oito horas, preguei em Scotter e achei bom
estar lá. Às onze horas, preguei em Scowby, duas milhas de Brigg, para uma
numerosa e séria congregação. À tarde, seguindo diretamente para aquela
construção curiosa, o Mausoléu do Sr. Pelham, apeei e dei uma olhada, por
dentro e por fora dele. Igual, suponho, não é encontrado na Inglaterra. Ele é
exatamente redondo, cinquenta e dois pés de diâmetro e sessenta e cinco pés
de altura. A parte mais baixa contém, eu acredito, cerca de uma centena de
lugares para os corpos da família Pelham. (Deve ser um conforto para os
mortos, que seus corpos possam apodrecer acima da terra!). Em cima será a
capela. Calcula-se que toda a construção custará sessenta mil libras.

4/07 – sexta-feira. Parti logo cedo de Raithby e, às oito horas preguei em


Horncastle. Meu objetivo era ter pregado seriamente, para qual propósito
escolhi aquele texto: “A colheita já passou, o verão terminou, e não estamos
salvos”;304 mas mudei, e não soube como, para um caminho completamente
diferente, não podendo pregar quase nada, a não ser sobre consolação. Eu
acredito que foi exatamente isto que o povo queria, embora eu não soubesse.

6/07 – domingo. Vim para Epworth antes que o culto da igreja começasse e
fiquei feliz em observar a seriedade com que o Sr. Gibson leu as orações e
pregou um sermão simples e útil. Mas fiquei triste em ver vinte comungantes,
metade dos quais vieram por minha causa. Fui informado, também, que
dificilmente cinquenta pessoas costumam participar dos cultos do domingo.
O que pode ser feito para remediar essa danosa ferida?

De bom grado impediria os membros daqui de deixarem a igreja. Mas não


posso fazer isto. Como o Sr. G — não é um homem devoto, mas, antes, um
inimigo da devoção, e frequentemente prega contra a verdade, não posso,
com toda minha influência persuadir aqueles que a mantêm e amam, a
ouvirem-no ou atenderem ao sacramento administrado por ele. Se não posso
conduzir esta questão enquanto vivo, quem, então, poderá fazer isto, quando
eu morrer? Este é o caso de Epworth e o de todas as igrejas onde o ministro
nem ama, nem prega o Evangelho. Os metodistas não participarão de suas
ministrações. O que, então, deve ser feito?

Às quatro horas da tarde, preguei na praça do mercado sobre “porque o


salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus, nosso Senhor”,305 e veementemente exortei a multidão a
escolher a melhor parte.

4/08 – segunda-feira. Às cinco horas da tarde, tivemos uma boa


congregação; e, acredito, muitos sentiram o poder da Palavra, ou melhor, de
Deus falando através dela. Um dos mais importantes pontos a serem
considerados nessa conferência foi a separação da igreja. A soma da longa
conversa foi: 1. que, no decurso desses cinquenta anos, premeditada ou
voluntariamente, não alteramos dela um artigo sequer referente à doutrina ou
à disciplina; 2. que não estávamos ainda conscientes de termos alterado dela
qualquer ponto da doutrina; 3. que alteramos, no decorrer dos anos, pela
necessidade, não pela escolha, vagarosa e cuidadosamente, alguns pontos da
disciplina, como: pregar nos campos, orações espontâneas, preparar
pregadores, dar forma e regulamentando às sociedades e manter conferências
anuais. Mas não fizemos essas coisas até estar convencidos de que não
poderíamos negligenciá-las por muito tempo, a não ser arriscando nossas
próprias almas.

6/08 – quarta-feira. Nossa conferência terminou assim como começou, em


grande paz! Mantivemos esse dia como um dia de jejum, encontrando-nos às
cinco, nove e a uma hora da tarde para orarmos; e concluindo o dia com uma
solene noite de vigília. Nos três dias seguintes, retirei-me para revisar meus
papéis e terminar todo o trabalho que tive de fazer em Londres.

10/08 – domingo. Estive engajado em um trabalho muito desagradável: a


demissão de uma antiga criada. Ela tem sido minha governanta, na West
Street, por muitos anos, e uma das melhores empregadas que tive, mas seu
marido é um notório bêbado, de modo que não pude mantê-los na casa por
mais tempo. Ela recebeu sua demissão com um espírito excelente, orando a
Deus que nos abençoasse a todos!

De manhã, preguei na West Street para uma grande congregação, e na nova


capela, à noite, para uma congregação ainda maior. Parece que as pessoas, em
geral, não esperavam que eu pudesse permanecer muito tempo entre eles
depois da partida do meu irmão; e, consequentemente, de boa vontade
ouvirão enquanto eles puderem. À noite, parti em minha carruagem postal e,
cedo, de manhã, cheguei a Portsmouth.

6/09 – sábado. Caminhei para a casa do Sr. Henderson, em Hannam e, de lá,


fui para Bristol. Porém meus amigos, mais delicados do que sábios,
dificilmente suportariam isto. Pareceu tão pesaroso caminhar cinco ou seis
milhas! Fico envergonhado que um pregador metodista, com saúde razoável,
possa ter qualquer dificuldade com isso!

20/09 – sábado. Encontrei-me com os curadores da nova Sala que estavam


desejosos de acrescentarem um codicilo ao Seguro de Empréstimo, com o
objetivo de determinar para a conferência (depois de mim) o único direito de
apontar os pregadores nela.

28/11 – sexta-feira. Em uma pequena casa de pregação construída na Igreja


de St. Peter (duas milhas de Margate), avisaram, sem meu conhecimento, que
pregaria ali de manhã. Foi totalmente inconveniente, de acordo com muitos
relatos, o vento estava frio de cortar e o solo coberto de neve. No entanto, não
desapontaria a congregação, de maneira que pregaria às nove horas e me
apressaria para Canterbury, onde a casa estava, como de costume, bem cheia,
e Deus nos deu sua bênção.

10/12 – quarta-feira. Nos dias seguintes corrigi os poemas póstumos de meu


irmão; sendo pequenos salmos (alguns poucos excluídos) [hinos] sobre os
quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos. Eles perfazem cinco volumes,
contendo de mil e oitocentas a mil e novecentas páginas.

15/12 – segunda-feira. À noite, preguei na escola da Srta. Teulon em


Highgate. Penso que esta foi a noite mais fria de que me lembro. A casa onde
estávamos situa-se na beirada da colina, e o vento leste vem em cheio nas
janelas. Por isso, permaneci acordado das onze horas à uma da manhã, e
então fui obrigado a me vestir; com a câimbra ficando mais e mais violenta.
De manhã, no entanto, não apenas a câimbra foi embora, mas igualmente a
coxeadura que costuma segui-la.

Estive refletindo sobre as delicadas etapas por meio das quais a idade nos
assola. Para dar apenas um exemplo. Quatro anos atrás, minhas vistas
estavam tão boas como quando eu tinha vinte e cinco anos. Então, comecei a
observar que não podia ver as coisas tão claramente, com meu olho esquerdo,
quanto com meu olho direito; todos os objetos pareciam um pouco
amarronzados com aquele olho. Depois comecei a ter alguma dificuldade em
ler um pequeno impresso sob a luz da vela. Um ano mais tarde, constatei que
o mesmo acontecia sob a luz do dia.

No inverno de 1786 – não pude ler bem nosso hinário de quatro xelins, a não
ser com uma vela enorme; no ano seguinte, não pude ler letras pequenas ou
mal escritas à mão. No inverno passado, um granulado apareceu no meu olho
esquerdo, e sua visão ficou bastante ofuscada. O olho direito pareceu
inalterado, apenas estou com a vista mais curta do que estava. Assim são
“aqueles que quando olham para fora das janelas veem tudo escuro”; uma das
marcas da idade avançada. Mas dou graças a Deus, “o gafanhoto não é um
peso”.306 Eu ainda sou capaz de viajar e minha memória é a mesma que era,
e dessa forma, eu acredito, meu discernimento.

Esta semana dediquei-me à leitura das obras de meu irmão. São poemas
curtos sobre os Salmos, os quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos.
Alguns são ruins; alguns, razoáveis; alguns, excelentemente bons. Eles dão o
verdadeiro sentido da Escritura, sempre em um bom inglês, geralmente em
bom verso; muitos deles são iguais a maioria, se não a qualquer coisa que ele
sempre escreveu; mas alguns ainda temperados com aquele veneno do
misticismo, com que não nos envenenamos, antes que fôssemos para a
América.

Isto deu um aspecto sombrio, primeiro, à sua mente, e então a muitos de seus
versos. E fez com que ele frequentemente descrevesse a religião como uma
coisa melancólica: e tão frequentemente soou em seus ouvidos “Ao deserto”,
e fortemente o persuadiu a favor da solidão.
31/12 – quarta-feira. Uma companhia numerosa concluiu o ano velho com
uma noite de vigília muito solene. Até aqui Deus tem nos ajudado e nem
vemos, nem sentimos aqueles terríveis julgamentos que alguns disseram que
Deus derramaria sobre a nação por volta da conclusão do ano.

Por dezessete anos observei que antes de alguma guerra ou calamidade


pública a Inglaterra abunda com profetas, que confiantemente predizem
muitas coisas terríveis. Eles geralmente acreditam em si mesmos, mas são
levados por uma vã imaginação. E raramente não se sentem enganados, por
causa do fracasso de suas predições, mas ainda acreditam que elas se
cumprirão em algum momento ou outro.

1/01 –
quinta-feira
1 789
. Se, de acordo com algumas dessas profecias, esse for o último ano de minha
vida, espero que ele seja o melhor! Não estou preocupado com isso, mas de
bom grado recebo o aviso do anjo em Milton:307 “quão bem estás; por
quanto tempo os céus permitam!”

4/01 – domingo. Embora a extrema severidade do tempo tenho afastado


muitas das pessoas mais delicadas, ainda assim tivemos uma grande
congregação à noite, para renovar a aliança com Deus; e sempre constatamos
que, quando reconhecemos que ele é nosso Deus, ele nos reconhece como seu
povo.

5/01 – segunda-feira. Ao sincero desejo da Sra. T., posei mais uma vez para
meu retrato. O Sr. Romney é um artista de fato. Ele imprimiu exata
similitude, de uma só vez, e fez mais em uma hora do que o Sr. Joshua, em
dez.

9/01 – sexta-feira. Não deixei dinheiro para ninguém no meu testamento,


porque não tenho nenhum. Mas, considerando que sempre que estou longe
surge dinheiro pela venda dos livros, acrescentei uma pequena herança,
através de uma cláusula adicional, a ser cumprida assim que puder. Mas de
bom grado faria algum bem enquanto vivesse, porque quem poderá dizer o
que virá depois?

15/01 – quinta-feira. Parti para Camberwell e continuei meu Diário,


provavelmente continuarei a escrevê-lo por quanto tempo eu possa viver. Na
quinta-feira, preguei uma vez mais em Peckham, e não impedi aqueles que
tinham ouvidos de ouvir todo o conselho de Deus.

16/01 – sexta-feira. Observei o mais admirável quadro da religião ateística


que alguma vez vi no relato que o Capitão Wilson deu de Thule, rei de Pelew.
Mas quão extremamente desnecessários são o conhecimento ou a graça de
Deus (consequentemente, que livro inútil é a Bíblia), se um homem estiver
todo aperfeiçoado, de maneira a não ter mais conhecimento de Deus do que
um cavalo, e não mais de sua graça do que um pássaro!
20/01 – terça-feira. Retirei-me com o objetivo de terminar meus relatórios
anuais. Se possível, deveria ser um economista melhor, porque, em vez de ter
qualquer coisa de antemão, estou agora consideravelmente em débito, mas
não gosto disso. De bom grado colocaria em ordem as minhas contas antes de
morrer.

25/01 – domingo. Houve muito do poder de Deus na congregação, de manhã


e à tarde, como também na segunda-feira à tarde, o que me deu uma boa
esperança de que Deus continuará sua própria obra. Diante da sincera
importunidade de nossos amigos, dia 26, quarta-feira, inaugurei a nova casa
de pregação em Rye. Trata-se de um edifício nobre, muito mais imponente
que a maioria de nossas casas, e finamente situado na cabeceira da cidade.
Ela estava totalmente lotada. Tal congregação nunca vi em Rye, e o
comportamento deles foi tão notável quanto o número que, acrescido de um
espírito pacífico e amoroso em que se encontram, tem-se razão para esperar
que haja tal obra aqui, como nunca houve até então.

29/01 – quinta-feira. Segui para Winchelsea, outrora uma cidade grande e


próspera, mas desde que foi queimada pelos dinamarqueses, uma região
pequena e insignificante, embora finamente situada no topo de uma cadeia de
colinas. A nova casa de pregação estava bem cheia, com ouvintes decentes e
sérios, que pareceram receber a verdade no amor.

6/02 – sexta-feira. Dia do encontro trimestral dos pregadores locais, entre


vinte e trinta deles se encontraram na West-Street, e abriram seus corações
uns aos outros. Aproveitando a oportunidade de tê-los todos juntos, na noite
de vigília, fortemente insisti no conselho de Paulo a Timóteo: “Guarda o que
é confiado a ti”;308 especialmente a doutrina da perfeição cristã, que Deus
tem peculiarmente confiado aos metodistas.

13/02 – sexta-feira. Demos uma olhada naquela nobre construção, Colégio


Chelsea, e todas as suas partes. Ele está destinado a abrigar quinhentos
soldados idosos, que serão guarnecidos com todas as coisas necessárias para
a vida e santidade.

25/02 – quarta-feira. Foi o dia em que ordenei a todos os nossos irmãos na


Grã-Bretanha e Irlanda, observarem com jejum e oração em prol da
recuperação da saúde de Sua Majestade. Mas tivemos satisfação de ouvir que
antes que pedíssemos (exceto em privativo) e ele respondeu; de tal maneira
que o tempo pretendido para nos humilharmos transformou-se em um tempo
de agradecimento, e às cinco horas, às nove e uma da tarde estivemos mais
empregados em louvores.

1/03 – domingo . Foi um dia solene. A nova igreja estava suficientemente


lotada, de manhã e à tarde, e poucos que esperaram uma despedida
abençoada ficaram desapontados. Às sete da noite peguei uma carruagem
postal e, com três de nossos irmãos, passamos uma noite confortável;
parcialmente em sono profundo, e parcialmente louvando a Deus. Algum
tempo atrás profetizaram que eu não sobreviveria este mês, pois chegou o
momento de saber se serei enviado a Deus ou não. De qualquer modo, minha
preocupação é estar sempre pronto.

23/03 – segunda-feira. A congregação em Dudley encheu muito bem a nova


casa, onde preguei como fiz em Londres, cinquenta anos atrás. De lá, nos
apressamos para Madeley, onde encontrei a Sra. Fletcher muito melhor do
que ela esteve por muitos anos; e o jovem Sr. Fletcher, muito vivo para Deus
e rapidamente crescendo no espírito de seu tio. Preguei à tarde, depois que o
Sr. Horne leu as orações, para uma congregação profundamente séria, e
novamente às nove horas da noite.

12/04 – (Domingo de Páscoa. Dublin). Tivemos realmente uma assembleia


solene; muitas centenas de comungantes, de manhã e à tarde; muito mais
ouvintes do que nossa sala pôde conter, apesar de consideravelmente maior
agora. Em seguida, encontrei-me com a sociedade e expliquei-lhes sobre o
propósito original do metodismo, a saber, não ser uma parte dissidente, mas
encorajar todas os grupos, cristãos e ateus, a adorarem a Deus em espírito e
verdade; em especial, a Igreja da Inglaterra, à qual pertenceram desde o
início. Com essa visão, tenho uniformemente continuado por cinquenta anos,
nunca alterando a doutrina da igreja; nem sua disciplina por escolha, mas por
necessidade; de modo que, no decorrer dos anos, a necessidade me foi
colocada (como tenho provado em todos os lugares) de: 1. pregar ao ar livre;
2. orar espontaneamente; 3. formar sociedades; 4. aceitar a assistência de
pregadores escolhidos; e, em alguns poucos casos, usar tais motivos para
prevenir ou remover os males que sentimos ou tememos.

14/04 – terça-feira. Tivemos uma boa oportunidade às sete horas, que


encerramos com uma séria e proposital conversa, e, então, fomos para a
Passagem Tyrrell. Embora o vento estivesse penetrante, a multidão obrigou-
me a pregar nos arredores, à noite; logo depois dei-lhes um claro relato do
objetivo do metodismo, ou seja, não se separar da igreja, mas unir-se a todos
os filhos de Deus que estiverem espalhados pelas redondezas.

15/04 – quarta-feira. Por volta das dez horas preguei para uma pequena
congregação no Palácio da Justiça em Molingar. Tivemos uma congregação
bastante diferente, em número e espírito, no Palácio de Justiça de Longford, à
noite; e que pareceu participar prazerosamente dessas palavras: “Aquele que
faz a vontade de Deus, o mesmo é meu irmão, e irmã, e mãe”.309

17/04 – sexta-feira. Fui para a casa de meus velhos amigos em Athlone, mas,
para minha surpresa, encontrei-os em desordem. Odiaria ouvir as partes
conflitantes cara a cara e fiquei espantado em me certificar quão pouco é
preciso para o fogo se acender. Alguns dos líderes tinham, sem motivo
aparente, ofendido o assistente. Ele chamou o Sr. R., e advertiu contra
absorver o mesmo preconceito, dizendo-lhe que: “Se ele fizesse o mesmo,
teria que se precaver da consequência” (com referência ao dano que haveria
entre as pessoas). Entendendo mal essa palavra, ele ficou furioso; outros
tomaram seu partido; e a sociedade estava em alvoroço. Falei-lhe até ele ficar
exausto, mas foi em vão; alguém poderia da mesma forma ter falado com o
vento norte. Então o deixei nas mãos de Deus, e apenas me esforcei para
extinguir a chama entre as pessoas.

21/04 – terça-feira. Por volta das dez horas, preguei na Igreja de Eyre-Court;
tão cheia, como eu suponho, nunca esteve antes; e muitos dos ouvintes
pareceram sentir a palavra. De lá, segui para Birr. Como o cenário está
mudado aqui! Um dos mais melancólicos lugares da Irlanda tornou-se um dos
mais vívidos! Mas não pude pregar nos arredores, à noite, devido à chuva.
Então, fizemos o que foi possível na sala e no pátio, e tivemos a mais solene
oportunidade.

22/04 – quarta-feira. Por volta do meio-dia preguei no belo e novo Palácio


da Justiça, em Tullamore. Profunda atenção estabeleceu-se entre os ricos e
pobres, o mesmo ocorrendo em Coolylough, à noite.

23/04 – quinta-feira. Dia de Ação de Graças pela recuperação da saúde de


Sua Majestade,310 preguei no Palácio da Justiça, em Portarlington, tão logo
o culto da igreja terminou. A congregação estava excessivamente bem
vestida, e ainda mais descuidada e malcriada. Às seis da tarde preguei na
Igreja em Mountmellick, completamente lotada com ouvintes de um tipo
completamente diferente. Eles estavam atentos e, de manhã, encheram o
templo.

1/05 – sexta-feira . Fomos para Capoquin. A chuva impediu-me de pregar


nos arredores, e aceitei a ampla sala que me foi oferecida para pregar, no
quartel. Quando subíamos a rua, tivemos uma muito numerosa comitiva,
chamando a atenção e gritando com toda sua força. Mas a sentinela manteve
a tuba fora, e tivemos uma tranquila congregação dentro. Um cavalheiro
papista convidou-me para hospedar-me em sua casa, e eu passei uma tarde
confortável.

17/05 – domingo. Não me senti muito bem por alguns dias, e pensei em
retornar direto para Londres. Mas julguei melhor tentar um pouco mais, de
maneira que parti para Castlebar. No mesmo momento senti uma completa
mudança, apenas um pouco febril. Mas isto não impediu minha pregação à
tarde, nem a Deus de nos dar uma bênção incomum. O mesmo nos aconteceu
na tarde seguinte, mas mais eminentemente na terça-feira, de manhã e à
tarde; assim como na administração da Ceia do Senhor, no qual dois clérigos
desejaram ser nossos parceiros.

8/06 – segunda-feira. Fomos para Belfast. Primeiramente, pensei em pregar


na Linen-Hall, mas o tempo estava incerto, e fui até os líderes de uma grande
casa de reunião e pedi o uso dela, o que eles concederam da maneira mais
prestativa. Trata-se do lugar mais completo de adoração, que eu alguma vez
vi. Ele é no formato oval; como julguei pelo meu olho, aproximadamente uns
cem pés de comprimento e setenta ou oitenta de largura. E muito imponente,
com duas fileiras de largas janelas de maneira que é tão claro quanto a nova
capela em Londres. E as colunas de pilares, com toda a outra parte, são tão
finamente proporcionais, que se tornam belíssimas.

A casa estava tão lotada, dentro e fora (e, de fato, com algumas das mais
respeitáveis pessoas na cidade) que foi com a mais extrema dificuldade que
entrei, mas então certifiquei-me que não entrei sem o Senhor. Grande foi
minha liberdade de discurso em meio a eles; grande foi nossa glória no
Senhor. De maneira que mencionei, contrário ao meu próprio desejo, minha
intenção de pregar lá novamente de manhã; mas, logo depois, o sacristão
mandou-me um recado de que não seria possível; uma vez que a multidão
danificou a casa, e alguns deles quebraram e carregaram embora a prata que
estava sobre a Bíblia no púlpito. Assim, pedi que um dos nossos pregadores
pregasse em nossa pequena casa, e deixamos Belfast logo cedo.

11/05 – quinta-feira. Preguei em Rathfriland, por volta do meio-dia, e, antes


das duas horas da tarde, parti para Tanderagee. Mas em cerca de meia hora a
parte de ferro do eixo da roda quebrou, de maneira que caminhamos, com
dois de nossos irmãos, o que era mais fácil do que cavalgar, mesmo no cavalo
deles. Mas antes que chegássemos a Brickland, minhas forças estavam tão
exaustas que fiquei feliz em parar um pouco na estalagem, e ser enviado para
Bannbrigde, cerca de duas milhas distante, por uma carruagem do correio.
Cheguei logo depois das seis horas da tarde, e parti imediatamente. Tinha
seguido cerca de uma milha quando a Sra. Lesley encontrou-me com sua
carruagem (que partiu tão logo ouviu que a minha tinha se quebrado), e me
levou consigo para Tanderagee. A multidão estava esperando (duas vezes
tantos quantos estiveram no gramado em Downspatrick); quando, sem
encontrar necessidade de força, sinceramente proclamei “Deus estava em
Cristo, reconciliando o mundo para si mesmo”.311 Tal congregação eu nunca
tinha visto desde então no reino; nem tal lugar prazeroso, sombreado com
árvores altas, frondosas, perto das quais corre um rio claro. E todas as
pessoas ouviram com atenção quieta e profunda [quando convidei] a
“beberem da água da vida livremente”.

28/06 – domingo. Na conclusão de meu culto matinal, tivemos uma bênção


notável; e a mesma à tarde, movendo toda a congregação, como o coração de
um homem. Hoje entrei em meu octogésimo sexto ano. Encontro-me agora
na idade avançada: 1. minhas vistas estão decaídas e não posso ler um
pequeno impresso, a não ser que sob luz forte; 2. minhas forças estão
diminuídas, e eu caminho mais devagar do que fazia alguns anos antes; 3.
minha memória para nomes de pessoas ou lugares está prejudicada, parei um
pouco de lembrá-los. O que devo temer, se levar em consideração o dia
seguinte, é que meu corpo possa oprimir minha mente, de maneira a criar
tanto obstinação pela diminuição de meu discernimento, quanto rabugice pelo
aumento das enfermidades do corpo, mas tu podes responder-me, ó Senhor
meu Deus!

10/07 – sexta-feira. Observei como um dia de jejum e oração, principalmente


pelo crescimento da obra de Deus. Isto foi concluído com uma noite de
vigília muito solene, em que os corações de muitos ficaram grandemente
confortados.

16/07 – quinta-feira. Quando me despedi da família todos começaram a


chorar. Faz muito tempo que não vejo coisa igual. Perto do meio-dia, preguei
para uma grande e muito consciente congregação em Northwich. Uma chama
foi recentemente acessa aqui, tal como nunca foi vista antes. À tarde, preguei
em Manchester.

18/07 – sábado. Consultei o Dr. Easton, porque me achava sedento, e a febre


aumentou muito. Seu medicamento logo fez efeito, e eu estava tão bem na
manhã do domingo, 19, que preguei e, com a assistência do Dr. Coke,
administrei o sacramento para cento e onze ou cento e doze comungantes.
Preguei novamente à tarde, mas foi muito para mim, e minha febre voltou.

1/08 – sábado. Consideramos o caso da Casa de Dewsbury, que os


autodenominados fiduciários roubaram de nós. O ponto de discussão foi este:
que pudessem ter o direito de rejeitar quaisquer pregadores que
desaprovassem. Mas isso, entendemos, destruiria a pregação itinerante.
Então, eles escolheram J. A. para orador, que adotou W. E. – por seu pároco
auxiliar. Nada restou, a não ser construir outra casa de pregação, para a qual
subscrevemos duzentas e seis libras.

8/08 – sábado. Estabeleci todos os meus trabalhos temporais e, em particular,


escolhi uma nova pessoa para preparar a “Revista Arminiana”; a contragosto,
de qualquer modo, fui obrigado a deixar de fora o Sr. O. por essas duas
razões apenas: (1) a errata era insuportável; eu as suportei por todos esses
doze anos, mas não posso fazê-lo por mais tempo. (2) Muitas peças foram
inseridas sem meu conhecimento, tanto em prosa quanto em verso. Devo
tentar, se essas coisas podem ser corrigidas, para o pouco tempo que resta da
minha vida.

23/08 – domingo. Preguei, novamente, de manhã e à noite, no anfiteatro,


suponho, pela última vez. Minha voz não pode agora comandar a ainda
crescente multidão. Supondo que fossem bem mais de vinte e cinco mil,
dificilmente seria possível que todos puderam me ouvir.

26/08 – quarta-feira. Retornei para Redruth e apliquei à grande congregação:


“Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo para si mesmo”.312 Então
me encontrei com a sociedade e expliquei o surgimento e a natureza do
metodismo, e ainda afirmei que nunca li ou ouvi, quer da história antiga ou
moderna, qualquer outra igreja que constrói sobre tão amplo alicerce quanto
os metodistas; que requerem de seus membros nenhuma conformidade, quer
nas opiniões quer nos modos de adoração, mas meramente esta única coisa:
temerem a Deus e agirem em retidão.

Bristol, 11 de setembro de 1789


Ao Povo Metodista

1. Quando, por volta de cinquenta anos atrás, um ou outro jovem se ofereceu


para servir-me como filho no evangelho, apresentei-lhes a seguinte condição:
que trabalhariam onde eu designasse, do contrário, permaneceríamos em
nossos próprios caminhos. Assim começou a pregação itinerante entre nós.
Mas não fomos os primeiros itinerantes na Inglaterra. Doze pregadores foram
designados pela Rainha Elizabeth para viajarem continuamente, com o
objetivo de espalharem a verdadeira religião através do reino; e o ofício e
salário ainda continuam, embora a obra deles seja pouco atendida. O Sr.
Miller, falecido vigário de Chipping, em Lancashire, foi um deles.

2. Como o número de pregadores aumentou, cresceu cada vez mais a


dificuldade de fixar os lugares onde cada um trabalharia de tempos em
tempos. Frequentemente desejei transferir esta tarefa de situar os pregadores,
uma vez por ano ou mais, para eles mesmos. Mas ninguém esteve disposto a
aceitar. Então, carreguei este fardo até que meu combate esteja concluído.

3. Quando as casas de pregação foram construídas, elas imediatamente


ficaram nas mãos dos curadores, que deveriam verificar se aqueles que
pregavam nelas eram os que eu enviara, e ninguém mais; este,
compreendemos, era o único meio pelo qual a itinerância seria regularmente
estabelecida. Mas ultimamente depois que uma nova casa de pregação foi
construída em Dewsbury, em Yorkshire, através de subscrições e
contribuições das pessoas (apenas os curadores não contribuindo com um
quarto do que ela custou), eles se apossaram da casa, e, embora tivessem
prometido o contrário, positivamente recusaram-se a estabelecê-la no plano
metodista, requerendo que teriam o poder de recusar qualquer pregador que
não estivesse de acordo. E sendo assim, não tenho poder de estabelecer os
pregadores de Dewsbury; porque os curadores podem objetar quem eles
quiserem. E eles mesmos, e não eu, devem finalmente julgar essas objeções.

4. Observem, que aqui não existe disputa a respeito do direito das casas. Não
tenho direito a qualquer casa de pregação na Inglaterra. O que reivindico é o
direito de estabelecer os pregadores. Isto esses curadores roubaram de mim,
no presente exemplo. Portanto, apenas um desses dois caminhos pode ser
tomado: entrar com um processo por causa desta casa, ou construir outra.
Preferimos a última, porque é o caminho mais amigável.

Eu peço, portanto, meus irmãos, pelo amor de Deus; por amor a mim, seu
velho e quase fatigado servo; por amor ao metodismo primitivo, que, se a
itinerância for interrompida rapidamente virá o nada. Por amor à justiça, à
misericórdia, e à verdade, que são todos tão gravemente violados pela
detenção desta casa; quem vocês colocarão em seus ombros para a obra
necessária? Não se limitem aos seus próprios interesses. Nunca tivemos tal
motivo antes. Não permitam, então, que homens indelicados, injustos e
fraudulentos tenham motivo para regozijarem-se do seu mau trabalho. Esta é
uma causa comum. Empenhem-se ao máximo. Subscrevi cinquenta libras.
Assim fez Dr. Coke. Os pregadores fizeram tudo que puderam. Que aqueles
que têm muito deem abundantemente! Talvez, esta seja a última obra de amor
que eu possa ter oportunidade de recomendar a vocês.

Que isto, então, se coloque como um motivo a mais de sua gratidão


verdadeira aos mais queridos irmãos,
Seu velho e afetuoso irmão,
J. Wesley

7/10 – quarta-feira. Estou agora tão bem, pela boa providência de Deus,
quanto me é possível estar. Minhas vistas estão tão deficientes que não posso
ler à luz de velas, mas ainda posso escrever tão bem quanto antes. Minhas
forças estão mais diminuídas, de modo que não posso pregar duas vezes ao
dia facilmente. Mas dou graças a Deus, minha memória não está muito pior, e
meu discernimento está tão claro como esteve nesses cinquenta anos.
26/10 – segunda-feira. Parti logo cedo, jantei em Wallingford, exatamente
cinquenta milhas da nova capela, e preguei à tarde para um povo muito maior
do que a casa de pregação poderia conter. Foi um dia do poder de Deus, e
acredito a maioria dos corações resolutos tremeu diante de sua palavra.

29/10 – quinta-feira. Retornei para Oxford e, como aviso tinha sido dado,
embora sem meu conhecimento, de minha pregação ao meio-dia, assim fiz
sobre “Existe único Deus”, para uma congregação muito séria; mas, à tarde,
tal multidão de pessoas pressionou para entrar, de maneira que eles
impediram outros de ouvirem. Eu não sei quando tivemos tanto barulho na
congregação; e na ânsia de ouvirem eles frustraram seu próprio propósito.

16/11 – segunda-feira. Depois de uma interrupção de muitas semanas, apesar


da secura em minha boca, resolvi tentar pregar de manhã, e o fiz não com
muita dificuldade; e agora espero manter um pouco mais.

25/11 – quarta-feira. O ministro dissidente em Towcester, ofereceu-me o uso


de sua igreja, e ela ficou lotada; acredito que nosso Senhor estava presente.
De lá fomos para Northampton, onde passei duas tardes com grande
satisfação, embora o grande homem que esteve tão sensibilizado em Bath o
ano passado, estava, como eu esperava que acontecesse, envergonhado de
ver-me.

1/12 – terça-feira. Ao meio-dia, preguei na nova casa de pregação em


Mitcham, e examinei a pequena e sincera sociedade; quase todos se
regozijando no amor de Deus. Então, retirei-me para uma amorosa família em
Beldham.

13/12 – domingo. Muito preocupado com os pobres apóstatas, esforcei-me


para aplicar as palavras finais da parábola do filho Pródigo: “Este teu irmão
estava morto, e está vivo novamente. Estava perdido, e foi encontrado”;313 e,
à noite, de Oseias “Porquanto Efraim multiplicou os altares para pecar; teve
altares para pecar”.314

16/12 – quarta-feira. Quase rouco, não poderia cantar, nem falar, no entanto,
determinei mostrar-me, por fim, onde havia designado pregar.

Fui para Sandwich, cerca do meio-dia, e constatei que a congregação estava


me esperando, confiei em Deus e comecei a falar: Quando mais eu falava,
mais minha voz ficava fortalecida e, em poucos minutos, penso que todos
puderam ouvir; e muitos, eu acredito, tomaram conhecimento de que o que
eles ouviram não era a palavra do homem, mas de Deus.

Preguei novamente em Margate, à tarde, até que minha voz estava quase tão
clara quanto esteve antes que começasse. O Espírito de Deus esteve conosco.

21/12 – segunda-feira. Fui para Sevenoaks, onde a obra de Deus esteve


parada por muitos anos. Foi uma noite chuvosa; não obstante, a capela lotou
de uma ponta a outra. Deus pareceu repousar de uma maneira incomum sobre
toda a congregação. Eu estava ainda mais surpreso de ver a casa cheia em
uma noite escura e manhã chuvosa; uma visão que não se via por muitos
anos. Certamente Deus está prestes a dar a este pobre e morto povo outra
graciosa visitação.

25/12 – sexta-feira (Natal). Começamos o culto na nova capela às 16 horas,


como de costume; onde preguei novamente, à tarde, depois de ter oficializado
na West-Street, na hora costumeira.

27/12 – domingo. Preguei na Igreja de St. Luke, nossa paróquia, à tarde, para
uma congregação numerosa sobre: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele
que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de
graça a água

1789 - 1790
da vida!”315 De tal modo a mesa virou que agora tenho mais convites para
pregar em igrejas do que posso aceitar.

31/12 – quinta-feira. Preguei na nova capela, mas para evitar a câimbra fui
para cama às dez horas da noite. Fui bem servido. Não sei quando sofri tanto
disso em uma só noite.

1/01 – sexta-feira
1790
. Sou agora um homem idoso; decaído da cabeça aos pés. Meus olhos estão
embaçados; minha mão direita treme muito; minha boca é quente e seca toda
manhã; tenho uma febre vagarosa quase todos os dias; meu movimento é
fraco e lento. Entretanto, graças sejam dadas a Deus, não diminui meu
trabalho; ainda posso pregar e escrever.

2/01 – sábado. Preguei em Snowfields para a maior congregação que vi este


ano, sobre “Eu não estou envergonhado do Evangelho de Cristo”.316

3/01 – domingo. Suponho que perto de duas mil pessoas se encontraram na


nova capela, para renovarem sua aliança com Deus; um meio bíblico da graça
que está agora quase em todos os lugares esquecido, exceto em meio aos
metodistas.

5/01 – terça-feira. Fiz uma visita ao meu velho amigo Mark Davis e, à tarde,
preguei para uma pequena audiência em Leytonstone.

6/01 – quarta-feira. Preguei para a maior e mais desperta congregação em


Stratford.
12/01 – terça-feira. Retirei-me para Highbury, para responder às minhas
cartas.

17/01 – domingo. À tarde, preguei em Great St. Helen, para uma grande
congregação. Eu acredito que faz cinquenta anos, desde que preguei aqui pela
última vez. O que Deus tem feito desde então!

24/01 – domingo. Tivemos uma festa do amor para toda a sociedade, na qual
muitos falaram da sua experiência com muita simplicidade.

25/01 – segunda-feira. Fui para Dorking e esforcei-me para acordar o povo


inocente, honesto e sonolento que, por muitos anos, tem parecido permanecer
sem movimento; nem crescendo, nem decrescendo.

29/01 – sexta-feira. Tivemos nosso encontro trimestral, no qual soubemos


que a sociedade recebia e gastava cerca de três mil libras por ano, mas nossa
despesa ainda não excede nossa renda.

30/01 – sábado. Comecei encontrando as classes, o que tomou esta semana e


a seguinte.

7/02 – domingo. Preguei o sermão do funeral daquele santo de Deus, Robert


Windsor, muitos anos uma luz ardente e brilhante. Ele nasceu poucos meses
depois de mim; um homem prudente, diligente, cheio de misericórdia e bons
frutos; sem parcialidade e sem hipocrisia. Ele pareceu à beira da morte alguns
meses atrás, mas foi subitamente ressuscitado; louvou a Deus sem cessar
alguns poucos dias e, então, deitou-se e morreu.

10/02 – quarta-feira. Encontramos muito da presença de Deus na capela em


Brentford, onde a congregação era excessivamente numerosa. Assim foi na
tarde seguinte, em Lambeth, embora, talvez, não muito viva.

13/02 – sábado. O encontro com os presidiários, durante a tarde, foi


excessivamente solene, como, de fato, geralmente é.

14/02 – domingo. Preguei um sermão para as crianças na capela West-Street.


Elas se reuniram de cada canto, e verdadeiramente Deus estava no meio
delas, aplicando aquelas palavras: “Venham, vocês, criancinhas, escutem-me;
eu lhes ensinarei o temor a Deus”.317

16/02 – terça-feira. Retirei-me para Balham por alguns poucos dias, com o
objetivo de terminar meus sermões e colocar todas as minhas pequenas coisas
em ordem.

18/02 – quinta-feira.
Preguei uma vez mais na pobre

Wandsworth. A casa estava mais cheia do que esteve por vários anos; e eu
não posso deixar de esperar que Deus, uma vez mais, reconstruirá os lugares
debilitados.

19/02 – sexta-feira. Preguei para uma grande audiência em Chelsea, e


examinei a pequena sociedade. Ela não decresceu; ao contrário, cresceu na
graça e fortaleceu-se nas mãos uns dos outros.

21/02 – domingo. Preguei para as crianças na nova capela e acredito que não
em vão.

22/02 – segunda-feira. Tivemos uma confortável oportunidade em West-


Street; e outra, na terça-feira à tarde, na nova capela, onde tivemos também
um solene encontro de líderes.

Me submeti à importunidade e, mais uma vez, posei para meu retrato. Mal
pude acreditar em mim mesmo: o retrato de alguém em seus oitenta e sete
anos!

24/02 – quarta-feira. Preguei uma vez mais, em Wapping, para uma


audiência lotada, e na tarde seguinte, na nova capela igualmente cheia.

26/02 – sexta-feira. Preguei em Rothherhithe, onde também existe um


notável reavivamento da obra de Deus.
27/02 – sábado.
Jantei na casa do Sr. Baker, um dos xerifes de Londres; um homem simples,
que vive no pátio da estalagem!

À tarde, tive tal congregação em Snowfields como não tem havido ali por
muitos anos. Mais tarde, encontrei os penitentes pela ultima vez. Eles quase
lotaram a sala, e Deus estava entre eles.

28/02 – domingo. Desde a renovação da aliança não tínhamos tal


congregação na nova capela; nem tal bênção. Os corações das pessoas
estavam derretidos como cera. A maioria deles, em lágrimas, e eu penso, tão
logo eles não esquecerão a exortação que lhes foi dada. À tarde, preguei na
capela de West-Street, sobre: “Sejam imitadores de Deus, como filhos
amados; e andem em amor, como também Cristo nos amou, e se entregou por
nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”.318 A congregação aqui
também era muito maior do que eu alguma vez vi por aqui, de maneira que
parece que nosso trabalho não foi em vão.

1/03 – segunda-feira. Deixei Brentford de manhã cedo e, à tarde, preguei em


Newbury. A congregação era grande, e a maioria dela atenta, mas alguns
poucos eram tão selvagens como potros indomados. Na manhã seguinte,
nunca tivemos tal congregação como esta em Bath, mas todos estavam sérios
como a morte. Na verdade, a Palavra de Deus pareceu florescer aqui,
intensificando e também se ampliando.

Dr. Pretyman Tomline, Bispo de Londres


Março/1790

“Sou um homem moribundo, já com um pé na sepultura. Humanamente


falando, não posso mais rastejar pela terra, com quase oitenta e nove anos de
idade. Mas não posso morrer em paz antes que tenha realizado este ofício de
amor cristão ao senhor Lorde. Eu escrevo sem cerimônia, não esperando,
nem temendo qualquer coisa do senhor Lorde, ou de qualquer outro homem
vivo. E pergunto, em nome e na presença daquele a quem ambos, você e eu,
brevemente prestaremos contas, por que você se incomoda com aqueles que
estão quietos na terra? Aqueles que temem a Deus e agem em retidão?”

“Sua senhoria sabe quem são os metodistas? Que muitos milhares deles são
membros zelosos da Igreja da Inglaterra, e fortemente ligados não apenas à
Sua Majestade, mas ao seu presente ministro? Por que o senhor Lorde
(coloque a religião fora de questão) expulsaria tal corpo de amigos
respeitáveis? Por causa dos sentimentos religiosos deles? Ai de mim, meu
senhor! É este um tempo de perseguir algum homem por causa de sua
consciência?”

“Eu imploro, meu senhor, faça como você gostaria que fosse feito. Você é
um homem sensato; você é um homem culto; mais do que isto, eu
verdadeiramente acredito (o que é infinitamente mais valioso) você é um
homem piedoso”.

“Então, pense, e deixe pensar. Eu oro a Deus para que abençoe com as mais
selecionadas de suas bênçãos”.
Eu sou, meu senhor,
J. Wesley

4/03 – quinta-feira. Segui para Bristol, onde encontrei um povo preparado


para o Senhor. Os pregadores agiam com seriedade, cujo fruto plenamente
aparece nas congregações.
6/03 – sábado. Preguei à tarde no Templo. O Sr. Basterbrook esteve muito
doente, mas Deus novamente ergueu sua cabeça para ser um pai para o pobre,
um pouco mais.

13/03 – sábado. Esta semana visitei as classes em Bristol. Me surpreendo que


não cresçamos em número, embora muitos estejam convencidos, muitos
justificados e alguns poucos aperfeiçoados no amor. Eu posso imputar esta
falta de crescimento a nada mais a não ser à falta de abnegação. Sem isto, na
verdade, quaisquer que sejam as outras ajudas que tenham, nenhum dos
crentes seguirá adiante.

14/03 – sábado. Foi um dia confortável. De manhã encontrei-me com a


Sociedade Estrangeira, instituída totalmente para aliviar, não nossa
sociedade, mas os pobres, doentes e desamparados estrangeiros. E não sei se
alguma vez ouvi ou li de tal instituição até alguns poucos anos atrás. Assim,
este também é um dos frutos do metodismo.

15/03 – segunda-feira. Parti logo cedo e jantei em Stroud, mas, à tarde, não
sabíamos o que fazer. A casa de pregação era muito pequena para conter a
congregação, de maneira que várias centenas (supôs-se) foram obrigadas a ir
embora. Mas o poder de Deus permaneceu conosco e grande foi nosso
regozijo nele.

16/03 – terça-feira. Ao meio-dia preguei em Painswick para tantos quantos a


casa conteve. À tarde, em Gloucester, tivemos uma grande multidão mas
muitos nem ouviriam nem deixariam outros ouvir. Na verdade, aqueles que
se sentaram nas galerias puderam ouvir bem, mas aqueles que estavam
embaixo ouviram muito pouco.

17/03 – quarta-feira. No caminho para Tewkesbury, por sincero desejo de


Samuel Vernon, o visitei e às suas cinco filhas (todas adultas), que
recentemente se juntaram àquela sociedade; todos são agora sinceros e se
ofereceram para adornarem o Evangelho de Deus nosso Senhor. Preguei em
Tewkesbury, por volta do meio-dia, mas aqui a casa também não pôde conter
a congregação. Fomos para Worcester, à tarde, e encontrei muito conforto em
meio ao povo bem estabelecido. Eles não têm disputas agora, mas todos
mantêm a unidade do Espírito no compromisso da paz.
18/03 – quinta-feira. Seguimos para Stourport, que é agora duas vezes maior
que foi dois anos atrás. A primeira capela foi construída há cerca de três anos,
pelas contribuições conjuntas dos arminianos e calvinistas, concordando que
eles pregariam por turnos. Mas em pouco tempo, não deixaram os pobres
arminianos entrarem. Nisto, um ou dois cavalheiros construíram outra, maior
e mais confortável. Mas ela não era grande o suficiente para contê-los à tarde,
aos quais expliquei aquela solene passagem de Apocalipse: “Eu vi o morto,
pequeno e grande, de pé diante de Deus”. 319 Eles pareceram todos sérios e
atentos, por todo o tempo que falei, mas no momento em que terminei,
oitenta ou cem começaram a falar, todos ao mesmo tempo. Não me lembro de
alguma vez estar presente em tal cenário antes. Isto deve ser corrigido, do
contrário (enquanto viver), não virei mais a Stourport.

19/03 – sexta-feira. Por volta das onze horas, indo em direção a Quinton,
encontrei uma congregação esperando por mim. Então, para que não os
desapontasse, preguei imediatamente sobre “Nós amamos a ele, porque ele
primeiro nos amou”,320 e, então, fomos para Birmingham, que, penso, está
três vezes maior de quando a vi, cinquenta anos atrás.

A congregação, à tarde, estava comprimida dentro da sala, e a maioria


conseguiu entrar. O comportamento do rico e pobre é tal que traz honra à
profissão deles; tão decente, tão sério, tão devoto, do começo ao fim! O
mesmo aconteceu no dia seguinte.

21/03 – domingo. As orações começaram na nova casa por volta das dez e
meia. Ela era um pouco maior que a nova casa em Brompton e
admiravelmente bem construída. Mas várias centenas, eu suponho, não
puderam entrar. Penso que todos que puderam certificaram-se que Deus
estava ali. A grande casa igualmente, à tarde, era completamente insuficiente
para conter a congregação. Mas Deus é capaz de suprir esta necessidade
também, e seu tempo é o melhor.

22/03 – segunda-feira. Fui até meus velhos amigos em Wednesbury, onde a


obra de Deus revive grandemente. Os negócios têm decrescido grandemente,
e a maioria deles deixou a cidade. Tanto mais, o pobre tem crescido na graça
e juntado tesouros no céu. Mas estava muito confuso à tarde. Não poderia
pregar nos arredores depois do pôr do sol, e a casa não poderia conter as
pessoas. No entanto, tantos quantos puderam se espremer para entrar não
viram seu esforço em vão.

23/03 – terça-feira. Por volta da uma hora da tarde preguei na nova casa em
Dudley, uma das mais asseadas na Inglaterra. Foi uma ocasião proveitosa,
onde duas pessoas, me informaram, encontraram paz com Deus. Tivemos
uma prazerosa cavalgada até Wolverhampton. Durante a tarde a chuva
começou, e continuou por cerca de vinte horas, depois de mais de vinte e
quatro semanas de tempo bom; tal inverno nunca vi antes.

24/03 – quarta-feira. Cavalgamos para Madeley através de uma chuva


prazerosa, o que não impediu a igreja de estar totalmente lotada e, acredito,
todos que tinham discernimento espiritual perceberam que ela estava cheia
também com a presença de Deus.

25/03 – quinta-feira. Às nove horas da manhã preguei para uma seleta


congregação, sobre as coisas profundas de Deus e, à tarde, sobre: “Ele é
capaz de salvar perfeitamente todos que se aproximam de Deus, através
dele”. 321

26/03 – sexta-feira. Terminei meu sermão sobre “A Veste Nupcial”,322


talvez o último que escreverei. Meus olhos estão agora embaçados, minhas
forças naturais diminuídas. No entanto, enquanto puder, de bom grado farei
um pouco mais por Deus, antes que me transforme em pó.

28/03 – domingo. Preguei logo depois da uma da tarde no pátio do Sr. Myat,
em Lane-End. A casa não podia conter um quarto das pessoas. Em Burslem,
também fui obrigado a pregar nos arredores, tais eram as multidões.
Certamente o povo deste lugar foi altamente favorecido. A misericórdia os
abraçou de todos os lados.

30/03 – terça-feira. Fui para Macclesfield e preguei para uma audiência


lotada, nesta noite e na noite seguinte. Na quinta-feira de manhã, um dos
meus cavalos morreu. Julguei melhor deixar o outro até que conseguisse um
novo, e peguei a carruagem do correio para Stockport. Uma grande
congregação estava pronta às seis da tarde. De manhã, na Sexta-Feira Santa,
fui para Oldham. A nova casa de maneira alguma conteria a congregação,
mas preguei para tantos quantos ali estavam sobre “Ou não sabeis que o
vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de
Deus, e que não sois de vós mesmos?”;323 e em Manchester, no sábado, 3 de
abril, à tarde, sobre “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho
de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa
confissão”.324

4/04 (Páscoa). Penso que tivemos cerca de seiscentos comungantes. Preguei,


de manhã e à tarde, sem cansaço e, à noite, deitei-me em paz.

5/04 – segunda-feira. Chamado a Altringhan, pediram-me que falasse


algumas poucas palavras ao povo na nova capela, mas tão logo cheguei a
casa estava lotada e, logo depois, superlotada. Assim, preguei “Bendito seja o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande
misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição
de Jesus Cristo dentre os mortos”;325 e muitos louvaram a Deus com lábios
jubilosos.

Perto do meio-dia preguei em uma capela, em Northwich, para uma grande e


muito viva congregação e, à tarde, encontrei meus velhos e afetuosos amigos
em Chester. Nunca tinha visto esta capela mais abarrotada do que aquela
noite, mas, ainda assim, ela nem de perto pôde conter a congregação. Fui
grandemente assistido esta noite, e na noite seguinte, ao declarar o poder da
ressurreição de Cristo; exortar todos a ressuscitarem com ele; e a colocarem
suas afeições nas coisas do alto.

Aqui me deparei com o mais extraordinário fenômeno que alguma vez vi ou


ouvi a respeito. O Sr. Sellers tem em seu pátio uma enorme cadela
Newfoundland e um velho corvo. Eles se apaixonaram um pelo outro e nunca
desejaram se apartar. O pássaro tem aprendido a latir como o cão, de maneira
que poucos podem distingui-los. Ela ficava inconsolável quando ele partia e,
se ele demorasse um dia ou dois, ela juntava todos os ossos e restos que
podia, e os amontoava para ele, até que ele voltasse.

7/04 – quarta-feira. Por volta das onze horas preguei em Warrington. A


capela estava cheia com ouvintes sérios, mas uma congregação ainda maior
se reuniu em Liverpool. Se aqueles que estavam do lado de fora pudessem
entrar, acredito que excederiam até mesmo a de Manchester, e certamente o
poder de Deus estava presente com eles também.
8/04 – quinta-feira. Tal outra congregação tivemos na quinta-feira, com muitas pessoas
que eu nunca tinha visto antes. Eles pareceram extremamente surpresos
quando expliquei “que a fé é a evidência das coisas invisíveis”.326 Eu
acredito que muitos, então, se convenceram, mas, ai de mim, quão logo essa
convicção desaparecerá!

9/04 – sexta-feira. Fomos para Wigan, por muitos anos proverbialmente


chamada de a perversa Wigan. Mas hoje não é mais. Os habitantes em geral
adquiriram um caráter mais afável. A casa, à tarde, estava lotada, e todos que
puderam entrar pareceram grandemente afetados, enquanto eu aplicava
firmemente as palavras de nosso Senhor: “Quero; sê tu limpo”.327

10/04 – sábado. À noite preguei em uma agradável casa em Bolton, para uma
das mais amáveis congregações na Inglaterra; que, pela perseverança em
fazer o bem, transformou o desprezo e ódio em estima geral e boa vontade.

OTLEY, 29 de abril, 1790.


Ao meu Sobrinho, Samuel Wesley
Querido Sammy:

“Há alguns dias você tem estado em meus pensamentos. Sofro por sua causa,
e temo que você possa sentir, quando for muito tarde, que tenho faltado em
minha afeição por você. Por que deveria vê-lo necessitando de alguma coisa e
não me esforçaria para suprir sua necessidade? Do que você precisa? Não
devem ser roupas, ou livros, ou dinheiro. Se for isto, posso logo supri-lo. Mas
eu temo que você necessite (do que você afinal menos suspeita) daquilo que é
o importante
– de religião. Eu não quero dizer a religião externa, mas a religião do
coração; a religião que Kempis, Pascal e Fénelon desfrutaram; aquela vida de
Deus na alma do homem, o caminhar com Deus e ter amizade com o Pai e o
Filho”.

“Quando você contraiu um preconceito em favor da Igreja de Roma não me


importei por você abraçar tais e tais opiniões (fossem elas corretas ou
erradas), mas o fato de você abandonar aquelas instruções que você
especialmente necessitava. Se você tivesse lido apenas uma pequena parte do
que escrevi (e que a Providência recomendou à sua atenção, através de seu
relacionamento comigo), ou se você tivesse tão diligentemente atendido ao
meu ministério, como deveria ter feito, você teria sabido mais dessa religião
do que sabe agora: Cristo em você, a esperança da glória; Cristo, reinando em
seu coração e conquistando todas as coisas para si mesmo. Eu lamento aquele
passo fatal, o abandonar aqueles lugares de adoração, onde somente esta
religião está inculcada; não me preocupo que você seja chamado de papista
ou de protestante, mas estou aflito que tenha se tornado um pagão. É certo
que a religião geral, quer de protestantes ou católicos, não é nada melhor que
o paganismo refinado”.

“Oh, Sammy, você é chamado para alguma coisa melhor do que isto. Você é
chamado para conhecer e amar ao Deus da glória, para viver na eternidade,
caminhar na eternidade e viver a vida que está oculta com Cristo, em Deus.
Escute atentamente ao conselho de alguém que se encontra à beira da
eternidade. A despeito do preconceito, vá e ouça a palavra que é capaz de
salvar sua alma. Dê a Deus seu coração. Considere essas, meu querido
Sammy, como provavelmente as palavras moribundas de seu afetuoso tio”.

J. Wesley

24/05 – segunda-feira. Partimos às quatro horas, e alcançamos Forglen por


perto do meio-dia. A face da cidade está muito mudada, para melhor, desde
que estive aqui. A agricultura progrediu de todos os lados; assim as fábricas,
a indústria, e a limpeza. Mas encontrei a pobre Lady B. (Uma das mais
amáveis mulheres no reino) excessivamente doente, e duvido se irá melhorar
até que se remova para seu próprio país.

Passei uma agradável tarde com uma família amorosa, e preguei para uma
congregação séria.

25/05 – terça-feira. Retornamos para Aberdeen e tive uma solene despedida


de uma audiência lotada. Se me fosse permitido vê-los novamente, muito
bem se não, terei livrado minha própria alma.

26/05 – quarta-feira. Tomando a estrada para o interior, gastamos uma hora


em Lawrence-Kirk; que, de um vilarejo insignificante, pelo cuidado e poder
do senhor Gordon, logo se transformou em uma agradável, asseada e
próspera cidade. O senhor Lorde criou também uma pequena biblioteca aqui,
anexa a uma bonita e bem equipada estalagem. A região de lá para Brechin é
tão agradável como um jardim. Feliz seria a Escócia se ela tivesse tantos
cavalheiros e nobres como este.

À tarde comecei minha pregação em Brechin, na Loja Maçônica; mas eu


estava tão fraco e doente que fui obrigado a diminuir meu discurso.

27/05 – quinta-feira. Seguimos por Forfar (agora uma bela e quase nova
cidade) e Cupar até Auchterarder. Aqui esperávamos acomodações pobres,
mas fomos agradavelmente desapontados. Alimento, camas e tudo o mais
eram tão asseados e limpos como em Aberdeen ou Edimburgo.

28/05 – sexta-feira. Viajamos por uma aprazível região, através Stirling e


Kilsythe, até Glasgow. A congregação era terrivelmente pequena, e constatei
o que frequentemente ouvira antes, que os escoceses amam ternamente a
Palavra do Senhor, mas no Dia do Senhor. Se eu viver para voltar aqui,
cuidarei de passar apenas o Dia do Senhor em Glasgow.

31/05 – segunda-feira. Partimos às duas horas da tarde; chegamos em Moffat


logo depois das três horas. Após pegarmos cavalos novos, alcançamos
Dunfries entre seis e sete horas, e encontramos a congregação esperando.
Assim, depois de alguns minutos, preguei sobre “Porquanto, qualquer um que
fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe”.328

1/06 –terça-feira . O Sr. Mather teve uma boa reunião às cinco horas.
Durante o dia conversei com muitas das pessoas; um povo cândido, humano e
bem comportado, diferente da maioria que encontrei na Escócia. À tarde, a
casa estava cheia; e verdadeiramente Deus pregou aos seus corações.
Certamente Deus terá um povo considerável aqui.

2/06 – quarta-feira. Partimos cedo, e alcançamos Carlisle por volta do meio-


dia. A obra cresceu um pouco por aqui. Um pequeno punhado de gente
manteve-se firme, e aqueles que se opuseram estão despedaçados. Nossa casa
não pôde conter a congregação, e a Palavra de Deus estava com poder.

3/06 – quinta-feira. Cavalgamos para Hexham através de uma das mais


prazerosas regiões que vi ultimamente. A estrada se estende (de Haisle) do
lado de uma montanha frutífera, sombreada com árvores e deslizando para
um rio claro, que corre entre as nossas e outras montanhas frutíferas, bem
arborizadas e cultivadas. Em Hexham, eles construíram recentemente uma
conveniente casa de Pregação, mas também muito pequena já.

Aqui existe um povo amável, muito vivo para Deus e, consequentemente,


crescendo dia a dia.

4/06 – sexta-feira. Alcançamos Newcastle. Nesta e na casa de Kingswood, se


pudesse fazer minha própria vontade, escolheria passar o restante dos meus
dias. Mas não pode ser assim, este não é meu descanso. Nesta e na tarde
seguinte tive uma numerosa congregação, e o povo pareceu muito vivo.

6/06 – domingo. Fui convidado a pregar na Igreja de Lemsley, do lado da


Gateshead-Fell, mas algumas horas depois o ministro mudou de ideia. Assim,
preguei em nossa própria casa de pregação, que conteve a maior parte da
multidão toleravelmente bem; em meio aos quais estavam Sir Henry Lyddal e
sua Lady, com um grande número de criados. A capela estava quente como
um forno, mas nem rico, nem pobre, pareceu se importar com isto; Deus
estava por ali!

O Orfanato ficou igualmente lotado, à tarde, mas a chuva não me permitiu


pregar nos arredores.

8/06 – terça-feira. Redigi uma maneira de estabelecer as casas de pregação,


sem quaisquer palavras supérfluas que possam ser usadas no tempo vindouro
literalmente, para todas as casas com as quais eu contribuo com alguma
coisa. Não encorajarei mais aquela tautologia dos advogados que é escândalo
em nossa nação.

À tarde, preguei para as crianças em nossa Escola Dominical, seiscentas ou


setecentas estavam presentes.

Note bem: Nenhum de nossos mestres e mestras ensina por pagamento: eles
buscam uma recompensa que o homem não pode dar.

9/06 – quarta-feira. Depois de despachar todos os trabalhos que tinha de


fazer aqui, à tarde, fiz uma solene despedida daquele povo amoroso, talvez,
para nunca mais vê-los nesta vida; e parti logo cedo.

10/06 – quinta-feira. Por volta do meio-dia preguei em Wolsingham, em uma


casa completamente lotada, sobre “E ali haverá uma estrada, um caminho que
se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para
aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão”;329 e, à tarde,
em Weardale, que abrigou a congregação com dificuldade. O mesmo espírito
aconteceu ainda na congregação que não via há anos, e muitos sentiram que a
mão do Senhor não está diminuída, de maneira que não possa salvar, nem seu
ouvido duro que não possa ouvir.

11/06 – sexta-feira. Por volta das sete horas da noite preguei em Stanhope;
mas nenhuma casa conteria a congregação. Assim, fiquei do lado de fora,
perto da igreja, e reforcei: “Se algum homem tiver sede, que venha a mim e
beba”.330

12/06 – sábado. Seguimos, por uma agradável região, para Sunderland, onde
preguei, à tarde, para uma numerosa congregação.

13/06 – domingo. De manhã, preguei um sermão sobre a caridade na Igreja


de Monkwearmouth, para a Escola Dominical; a qual já limpou as ruas de
todas as crianças que costumavam brincar por lá nos domingos de manhã até
a tarde.

Preguei às cinco horas da tarde, perto de Pens, para vários milhares. Aqui
está claro que nosso trabalho não tem sido em vão.
15/06 – terça-feira. Recebi um relato adicional da Sra. B., e de duas pessoas
que viveram com ela por um ano e três meses; fiquei totalmente convencido
de que ela desistiu da forte ilusão (se natural ou diabólica, não sei) de
acreditar em uma mentira. Uma prova pode ser suficiente. Algum tempo atrás
ela disse à comunidade, como se fosse de Deus, que o dia do julgamento
aconteceria naquela tarde.

Como ela se saiu já que o evento não aconteceu?

De uma maneira adequadamente fácil: “Moisés”, ela disse, “não pôde ver a
face de Deus até que jejuasse por quarenta dias e quarenta noites. Devemos
todos fazer o mesmo”. Assim, por três semanas ela não ingeriu alimento,
apenas três goles de água por dia; e três semanas mais, tomou três punhados
de mingau diariamente. Foi pela misericórdia que a metade deles não morreu
ao fazer o experimento.
17/06 – quinta-feira. Por volta do meio-dia preguei em Potto, para uma
congregação profundamente séria; e outra tal, à tarde, em Hutton-Rudby. Há
vinte anos esta sociedade era um padrão para toda a região, por sua seriedade
e profunda devoção. Penso que dezessete deles foram aperfeiçoados no amor,
mas apenas três permaneceram, e a maioria abandonou ou tornou-se fria e
morta.

18/06 – sexta-feira. Preguei em Stokesley, de manhã, e segui para Whitby.


Foi muito providencial que parte da montanha anexa caísse e demolisse nossa
velha casa de pregação com muitas casas ao redor, razão porque agora temos
uma das mais bonitas capelas na Grã-Bretanha, finamente situada na encosta
da montanha. Às 18 horas, ela estava completamente lotada, com tal
congregação séria e sincera como não é visto frequentemente. Conversei com
muitos deles na manhã seguinte, e eles estavam muito vivos para Deus.

20/06 – domingo. A casa nos acomodou razoavelmente bem às 19 horas. A


igreja igualmente estava cheia. Mas, à tarde, ficamos muito apertados na sala;
porém, tantos quantos puderam ouvir permaneceram no pavimento. Em toda
a Inglaterra não tenho visto um povo mais afetuoso do que os em Whitby.

21/06 – segunda-feira. Importunados por nossos amigos em Malton, para


fazermos uma visita (sendo apenas trinta milhas fora do nosso caminho),
parti cedo para me prevenir do calor do dia. Em visita a Pickering, alguns da
sociedade logo me encontraram, e fomos até a casa de pregação; que lotou
em poucos minutos. O mesmo aconteceu na casa em Malton, à tarde, onde
encontrei a sociedade mais amorosa e unida do que tinha sido por muitos
anos.

22/06 – terça-feira. Atravessei por Scarborough. A congregação à tarde


estava incomumente pequena, ainda não recuperada dos abençoados frutos da
eleição. Este foi o dia mais quente que tivemos este ano. E, por volta da uma
da tarde, os trovões que há muito se encontravam à distância aproximaram-se
com grossos relâmpagos e chuva impetuosa. O trovão continuou por uma
hora e quinze minutos. Nunca ouvi coisa parecida antes, desde meu retorno
da América.

24/06 – quinta-feira. O ministro dissidente ofereceu-me o uso de sua capela


em Bridlington, duas vezes maior que a nossa (visto que o vento estava muito
forte para permanecer nos arredores). De bom grado aceitei.

25/06 – sexta-feira. Por volta do meio-dia preguei em Beverley, para uma


congregação séria e bem comportada; e, à tarde, para uma igualmente séria e
muito mais numerosa em Hull.

26/06 – sábado. Foi um dia de alegria. Preguei às sete horas e às seis da


tarde, para tantos quanto nossa casa pôde conter; o chão ainda estava
molhado para a congregação permanecer do lado de fora.

28/06 – segunda-feira. – Completei meus oitenta e oito anos. Por mais de


oitenta e seis não encontrei quaisquer das enfermidades da velhice; meus
olhos não estavam embaçados, nem minhas forças naturais diminuídas. Mas
desde agosto último me vejo em uma mudança completa. Meus olhos estão
tão embaçados que nem os óculos me ajudam mais. Minhas forças,
igualmente, quase me abandonaram; e provavelmente não retornarão mais
neste mundo. Mas não sinto dor da cabeça aos pés; apenas parece que a
natureza está exausta; e, humanamente falando, irá sucumbir cada vez mais
até que as cansadas primaveras da vida não mais floresçam.

29/06 – terça-feira. Atravessei por Epworth até Owstone, e passei um dia


confortável com muitos dos pregadores. Esta, que é uma das últimas
sociedades no Circuito, agora é a primeira na graça e também no número de
membros. A nova casa de pregação não foi capaz de conter metade das
pessoas, então, preguei nos arredores, numa tarde calma e moderada e, creio,
Deus aplicou sua palavra a muitos corações.

1/07 – quinta-feira . Fui para Lincoln. Depois do jantar entramos e


caminhamos ao redor de Minster, que realmente acredito seja mais elegante
do que a de York, em várias partes da estrutura, assim como em sua
admirável localização. A nova casa estava completamente cheia à tarde, e
com ouvintes notavelmente sérios. Parece existir uma significativa diferença
entre o povo de Lincoln e o de York. Eles não têm muito fogo e vigor de
espírito, mas têm muito mais humildade e gentileza; razão porque se eles
tivessem as mesmas ajudas exteriores, provavelmente excederiam seus
vizinhos.

A algumas poucas milhas de Londres nosso garoto da diligência parou em


uma estalagem na estrada, para dar água aos seus cavalos. Tão logo entramos,
o estalajadeiro irrompeu em lágrimas, o mesmo fez sua esposa, retorcendo
suas mãos e chorando amargamente. “O que!”, ele disse, “você entrou em
minha casa! Meu pai é John Lester, de Epworth”. Eu me certifiquei de que
ambos tinham estado em nossa sociedade, até que a deixaram. Passamos
algum tempo em oração juntos, e eu creio que não foi em vão.

2/07 – sexta-feira. Por volta das sete horas preguei em Newton, mas a casa
não conteve metade das pessoas. Não choveu durante o tempo da pregação,
mas havia chovido antes, e choveu depois.

Fui surpreendido, em Gainsborough (uma das cidades mais bonitas de


Lincolnshire), com a casa de pregação tão asseada e tão elegante! Exatamente
ocupando um lado de uma pequena e limpa praça. Tive uma liberdade
incomum de discurso, e recebi isto como um sinal para o bem. Certamente
esta pobre sociedade, que tem sido tão miseravelmente oprimida, levantará
sua cabeça novamente!

3/07 – sábado. Alcancei Epworth e, depois de pregar à tarde, encontrei a


sociedade e os lembrei de como eram alguns anos atrás, e como são agora;
mal retendo uma sombra de seu zelo e atividade anteriores em todos os
caminhos de Deus.

4/07 – domingo. Fui para Misterton, onde igualmente a obra de Deus estava
excessivamente decaída. A casa era muito pequena para conter a multidão,
fiquei debaixo de uma árvore e exortei fortemente a “fortaleceram as coisas
que restam” e que estavam “prontas para morrer”.331

De lá, apressei-me de volta para Epworth mas não pude alcançá-la até que o
culto da igreja começasse. Constatou-se que o Sr. Gibson leu as orações com
solenidade incomum; e eu acredito que ele não ficou descontente em ver
cinco vezes mais gente na igreja, na Ceia do Senhor, do que era usual.

Tão logo o culto vespertino terminou, fiz aquela terrível pergunta na praça do
mercado: “Como poderemos escapar, se negligenciarmos tão grande
salvação?”,332 para tal congregação como nunca vi antes em Epworth.

27/08 – sexta-feira. Retornei para Bristol. À tarde, e na noite de vigília, a


casa estava suficientemente cheia. Certificando-me de que o relato da vida e
morte da Sra. Scudamore (uma excelente mulher, embora equivocada neste
ponto) tem revivido em alguns a imaginação da natureza expiatória dos
sofrimentos, e disto, sua absoluta necessidade para salvação, discuti o assunto
largamente e mostrei que ambas as noções tiveram sua origem no papismo, e
que nem uma nem outra tem qualquer fundamento na Escritura.

29/08 – domingo. O Sr. Baddiley seguiu para o norte e o Sr. Collins engajou-
se em algum outro lugar, de maneira que não tive alguém para me assistir no
culto, e não poderia ler as orações, o sermão e a Ceia do Senhor em um
período de três horas. Preguei, à tarde, perto da Praça Real, e os corações se
prostraram diante do Senhor.

30/08 – segunda-feira. Por volta do meio-dia preguei em Castle-Carey.


Desde que estive aqui Deus tomou para si mesmo essa amável mulher, Sra.
Clark, que, a uma delicada pessoa e de bom entendimento, juntou-se um grau
incomum de profunda religião. Isto me inclinou a aplicar sinceramente
Eclesiastes: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas
forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem
conhecimento, nem sabedoria alguma”.333

Mais tarde visitei seu profundamente aflito marido, que passou algumas horas
conosco no dia seguinte. Espero que ele não sofra como alguém que não tem
esperança, mas confie em encontrá-la em um lugar melhor.

À tarde preguei na nova casa em Ditcheat. Ela não conteve a congregação,


mas muitos puderam ouvir das janelas; o que pareciam dispostos a fazer. A
chama pareceu acender-se aqui também. Que Deus garanta que ela possa
continuar e crescer.

31/08 – terça-feira. William Kingston, o homem que nasceu sem os braços,


veio ver-me de sua livre-vontade. Há algum tempo ele recebeu a consciência
clara do favor de Deus; mas, depois de alguns meses, foi persuadido por
alguns de seus velhos companheiros a juntar-se em uma diversão favorita,
por meio da qual ele perdeu a visão de Deus e desistiu de tudo que ganhou.
Mas Deus agora tocou seu coração novamente, e ele deseja mais
sinceramente salvar sua alma. Ele tem peso e estatura mediana, tem uma
aparência e voz agradáveis, e um comportamento tratável e agradável. No
café da manhã ele tirou seus sapatos, o que era feito de propósito, pegou a
xícara de chá com firmeza, e fez muitas coisas com seus pés, o que não
fazemos com nossas mãos. Por volta do meio-dia preguei para uma amorosa
congregação em Shepton Mallet e, à tarde, em Pensford.

A casa estava lotada com ouvintes sinceros, e creio que a Palavra não caiu no
chão.

Nos dois dias seguintes corrigi e resumi um relato sobre a excelente mulher,
Sra. Scudamore; uma luz ardente e brilhante até que os místicos a
persuadiram a esconder seus talentos. Assim, por mais de dois anos ela
renunciou a toda convivência, até mesmo com seus piedosos amigos! Quanto
disto está de acordo com a Escritura? “Todo meu deleite está nos santos que
existem na terra, e com aqueles que excedem em virtude!”. Quão distante
estava a experiência de Jane Cooper, ou Elizabeth Harper, preferível a da tal
solitária!

5/09 – domingo. Às dez horas tivemos uma numerosa congregação, e mais


comungantes do que alguma vez vi aqui antes. A partir deste dia abandonei
aquele vil costume, não sei quando ou como ele começou, do mesmo
pregador pregar três vezes num dia, para a mesma congregação; suficiente
para cansar tanto os corpos quanto mentes dos oradores, assim como dos
ouvintes.

Certamente, Deus está retornando para esta sociedade! Eles agora querem
sinceramente tornar seu chamado e eleição certos.

6/09 – segunda-feira. Esta tarde a congregação era quase tão grande quanto
foi na noite anterior; e o poder de Deus estava poderosamente presente. E
assim foi na terça e quarta-feira à tarde, em Bristol.

9/09 – quinta-feira. Li sobre a experiência de Joseph Humphrys; o primeiro


pregador leigo que me assistiu na Inglaterra, no ano de 1738. Dele aprendi
que foi aperfeiçoado no amor, e assim continuou por pelo menos doze meses.
Mais tarde, tornou-se calvinista e juntou-se ao Sr. Whitefield, e publicou uma
injúria contra meu irmão e contra min no jornal. Em pouco tempo ele
renunciou ao Sr. Whitefield, e foi ordenado ministro presbiteriano. Por fim,
ele recebeu a ordenação episcopal. Ele, então, escarneceu da religião interior
e, quando se lembrou de sua própria experiência, respondeu: “Aquilo foi uma
das coisas mais tolas que escrevi no tempo de minha loucura!”.

18/09 – sábado. Visitei o Sr. Easterbrook, doente de uma enfermidade que os


médicos compreendem que somente Deus poderá curar. Ele é um padrão em
toda Bristol e, de fato, em toda Inglaterra. Tendo além de seus incessantes
trabalhos, que nunca foram interrompidos, pregado em toda casa em sua
paróquia! Foi enquanto ele pregava em sua própria igreja que se sentiu
subitamente golpeado com uma dor violenta em seu peito.

Isto confunde todos os médicos, e nenhum dos seus medicamentos altera isto.
19/09 – domingo. Sr. Collins assistiu-me de manhã, assim tive um dia de
trabalho confortável.

20/09 – segunda-feira. E no dia seguinte, li sobre o tratado do Rei da Suécia,


sobre o “Equilíbrio do Poder na Europa”. Se for realmente dele, ele
certamente é um dos mais conscientes, e um dos mais bravos príncipes na
Europa, e se seu relato for verdadeiro, que mulher é a Czarina! Mas ainda
Deus está sobre todas as coisas!

25/09 – sábado. Na reunião de Lewensmead, o Sr. Hay, ministro


presbiteriano, pediu-me para usar de nossa casa de Pregação aos domingos,
naquelas horas em que não a usamos (próximo às dez horas e das duas horas
da tarde), enquanto sua casa estava sendo reformada. A isto, de bom grado
consenti, e ele pregou um excelente sermão aqui, no dia seguinte às duas da
tarde. Preguei às cinco horas, para mais do que a casa poderia conter
adequadamente.

27/09 – segunda-feira. Deixei Bristol por volta das onze horas, preguei em
Devizes e, à tarde, em Sarum. Não soube de alguma vez ter visto a casa tão
lotada antes, com pessoas de todos os níveis sociais, ricos e pobres: De
maneira que espero que possamos ver fruto aqui também.

1/10 – sexta-feira. Propusemo-nos retornar para Portsmoutgh (cerca de vinte


milhas), numa manhã calma e ensolarada, pela balsa, mas um amigo nos
ofereceu uma espécie de embarcação que prontamente aceitamos. O que foi
bom termos feito, porque, tão logo partimos do ancoradouro, o vento se
levantou e o mar rugiu horrivelmente. Ela logo teria naufragado. As ondas
nos lavaram de ambos os lados. Sem convés, estávamos bem ensopados, da
cabeça aos pés, mas ao meio-dia chegamos a salvo em Portsmouth.

2/10 – sábado. Partimos, como de costume, às 2 horas, e chegamos em


Cobham entre dez e onze horas; encontrei uma festa de nossos amigos de
Londres pronta para nos receber. Caminhamos uma hora nos jardins, mas o
estalajadeiro nos informou que estranhos não eram admitidos, a não ser na
terça e sexta-feira. No entanto, ao sabermos que o Sr. Hopkins estava em
casa, enviei um recado em meu nome e pedi este favor, o que foi
imediatamente atendido. Passamos uma hora agradavelmente naqueles
caminhos prazerosos, mas ainda o olho não estava satisfeito com o que
vimos. Um espírito imortal pode ficar satisfeito com nada, a não ser vendo a
Deus. À tarde, fomos para Londres.

3/10 – domingo. Foi, de fato, um dia confortável. Preguei na nova capela, de


manhã e à tarde, com grande amplidão de espírito. Na festa do amor, que se
seguiu, grande foi nosso regozijo; muitos declararam o que Deus tinha feito
por suas almas; e muitos foram consolados.

Depois de responder minhas cartas e terminar meus outros pequenos afazeres


para o momento, no dia 5, terça-feira, parti para Rye. Embora o aviso fosse
breve, a congregação estava excessivamente grande e comportou-se com
notável seriedade. Enquanto nosso povo misturou-se com os calvinistas aqui,
sempre ficamos perplexos e não ganhamos nenhum alicerce, mas desde que
foram deixados por conta própria, eles têm continuamente crescido na graça e
no número.

7/10 – quinta-feira. Passei por aquele pobre esqueleto do antigo Winchelsea.


Ela está belamente situada no topo de uma colina íngreme, e regularmente
construída nas bordas das ruas, atravessando de uma a outra, circundando
uma praça muito larga, em cujo centro existe uma grande igreja, agora em
ruínas. Fiquei debaixo de uma grande árvore, e chamei a maioria dos
habitantes da cidade: “O reino do céu está à mão; arrependam-se e creiam no
Evangelho”.334

Pareceu que todos que ouviram estavam, naquele momento, quase


persuadidos a serem cristãos.
11/10 – segunda-feira. Fomos para Colchester e ainda encontramos motivo
de humilhação. A sociedade estava diminuída e bastante fria, a pregação
também foi descontinuada, e o espírito do metodismo se foi completamente,
tanto dos pregadores quanto do povo. Ainda assim tivemos uma maravilhosa
congregação, à tarde, rico e pobre, clérigo e laicato. E assim igualmente na
terça-feira à tarde. De maneira que creio que Deus reconstruirá os lugares
destruídos.

13/10 – quarta-feira. Partimos cedo, mas não encontramos cavalos em


Cobdock, assim fomos obrigados a procurar, em Ipswich, e esperarmos por lá
meia hora.

Não obstante, chegamos a Norwich entre duas e três da tarde. Durante o


percurso lemos “As Viagens do Capitão Carrel”, admiravelmente bem escrito
e dando, eu acredito, um relato justo das partes interiores da América do
Norte. Aqui não existe um relato alegre das Ilhas de Pelew, ou Lapita, mas
uma relação clara da questão. Certamente os selvagens do leste e do oeste são
muito parecidos, e alguns bons seriam encontrados no leste assim como no
oeste. Mas, para ver a natureza em perfeição, quer em Pelew ou qualquer
outro lugar, precisamos apenas olhar para os selvagens no Forte William
Henry, assassinando a sangue frio tantas centenas de homens indefesos e
submissos, no mesmo espírito do assassino primitivo.

À tarde preguei em Norwich, mas a casa, de modo algum, podia conter a


congregação. Quão maravilhosamente a maré está mudada! Me tornei um
homem honrado em Norwich. Deus, por fim, fez com que nossos inimigos
estivessem em paz conosco, e apenas os antinomianos abriram suas bocas
contra nós.

14/10 – quinta-feira. Fui para Yarmouth e, por fim, encontrei uma sociedade
em paz e muito unida. À noite a congregação estava bem numerosa para
entrar na casa de pregação, ainda assim eles fizeram muito menos barulho
que o usual. Depois da Ceia, uma pequena companhia veio para orar e o
poder de Deus caiu sobre nós, especialmente quando uma jovem irrompeu
em oração, para a surpresa e conforto de todos.

15/10 – sexta-feira. Fui para Lowestoft, até uma sociedade firme, amorosa e
unida. O mais estranho é que eles não aumentaram, nem diminuíram em
número.

16/10 – sábado. Preguei em Londres, por volta da uma da tarde e, às seis


horas, em Norwich.

17/10 – domingo. Às sete horas, ministrei a Ceia do Senhor para umas cento
e cinquenta pessoas, cerca de duas vezes mais do que tivemos no ano
passado. Soube que os últimos pregadores eram sérios. Logo depois fomos
para nossa própria igreja, embora não houvesse sermão aqui, nem em
qualquer das trinta e seis igrejas na cidade, salvo na Catedral e Igreja de St.
Peter. Preguei às duas horas. Quando terminei, Mr. Horne, que pregou na
catedral de manhã, veio visitar-me; um homem agradável, quanto ao
temperamento e pessoa; e, acredito, muito vivo para Deus. Às cinco e meia
preguei novamente, e mesmo aqueles que não puderam entrar permaneceram
mais quietos e silenciosos do que já os havia visto anteriormente. Deus estava
ali; e eu não tenho dúvida de que ele reviverá sua obra aqui também.

Os últimos apontamentos

18/10 – segunda-feira. Nenhuma carruagem para Lynn sai hoje, e fui


obrigado a pegar uma carruagem do correio. Mas, em Dereham, nenhum
cavalo podia ser usado, então, fomos constrangidos a levarmos os mesmos
cavalos para Swaffham. A congregação estava pronta aqui, a casa estava
cheia, e eles pareciam prontos a receber instrução. Mas aqui também não
pudemos encontrar cavalo de posta, de forma que tivemos de usar uma
carruagem de apenas um cavalo. O vento e a garoa vieram fortes em nossos
rostos, e não pude fazer nada para nos protegermos deles; fiquei totalmente
resfriado, da cabeça aos pés, antes de chegar a Lynn. Mas logo me esqueci
desse inconveniente, porque a sinceridade da congregação trouxe-me grandes
compensações.

19/10 – terça-feira. À noite, todos os clérigos da cidade, exceto um que


estava incapacitado, estiveram presentes na pregação. Todos eles têm uma
predisposição favorável para com os metodistas, como realmente acontece
com a maioria dos cidadãos da cidade; eles deram uma justa prova,
contribuindo com nossas Escolas Dominicais, de modo que havia perto de
vinte libras disponíveis.
20/10 – quarta-feira. Tinha determinado pregar em Diss, uma cidade perto
de Scoleton, mas uma dificuldade surgiu, impedindo-me de pregar.

O ministro estava disposto a permitir que eu pregasse na igreja, mas temia


ofender o bispo, que, indo até Londres, estava há poucas milhas da cidade.
Mas um cavalheiro, perguntando ao bispo se ele fazia alguma objeção a isso,
foi-lhe respondido: “Nenhuma!” Penso que esta igreja é uma das maiores do
condado. Suponho que ela não esteve assim, tão cheia, em todas essas
centenas de anos.

Essa noite, e na próxima, preguei em Bury, para uma congregação


profundamente atenta; muitos dos quais sabem em quem têm crido. De
maneira que aqui também não perdemos todo nosso trabalho!

22/10 – sexta-feira. Retornamos para Londres.

24/10 – domingo. Expliquei para uma numerosa congregação, na Igreja de


Spitalfields, “todas as fortificações de Deus.”335 A Igreja de St. Paul, em
Shadwell, estava ainda mais cheia, à tarde, enquanto eu aplicava aquela
importante verdade, “Uma coisa é necessária”336 e espero que muitos
tenham decidido, mesmo então, escolher a melhor parte.

Wesley em seu leito de morte: “O melhor de tudo é que Deus está conosco”
Últimas horas por alguém 1791
que esteve presente
Balaan, 24 de fevereiro, 1791.
A William Wilberforce

[No dia 22 de fevereiro, a Srta. Ritchie leu para ele, antes do café da manhã, a
vida de um escravo negro, Gustavus Vassa. Em 20 de abril, os Comuns
rejeitaram a moção de Wilberforce, por 163 votos a 88; e não foi até 1807
que a grande vitória foi conseguida].

Prezado Senhor,

“Exceto, se o poder divino o levantou para ser como Atanásio contra o


mundo, não vejo como você pode seguir com sua gloriosa iniciativa de opor-
se a esta execrável vilania, que é escândalo da religião, da Inglaterra e da
natureza humana. Exceto se Deus o levantou para esta mesma coisa, você irá
desgastar-se pela oposição de homens e demônios. Mas, se Deus for por
você, quem poderá ir contra? Todos os homens juntos são mais fortes do que
Deus? Oh, não fraqueje em fazer o bem. Eu continuarei, em nome de Deus, e
no poder de sua força, até que a escravidão americana (a mais vil que alguma
vez viu o sol) seja varrida de diante dele”.

“Lendo esta manhã um tratado escrito por um pobre africano, fiquei


particularmente chocado por esta circunstância, de que um homem que tenha
a pele negra, e sido injustiçado ou ultrajado por um homem branco, não possa
receber reparação; tem sido lei em todas as nossas colônias que o juramento
de um negro contra o branco serve para nada. Que vilania é esta!”

“Que aquele que tem guiado você desde sua juventude, possa continuar a
fortalecê-lo nesta e em todas as coisas, é a oração, querido senhor, de seu
afetuoso servo”.

J. Wesley

Na terça-feira, 24 de fevereiro de 1791 – o Sr. Wesley fez sua última visita


àquele lugar amável e à família do Sr. Wolff, em Balaam, de quem
frequentemente o ouvira falar com muito prazer e afeição. Aqui, o Sr. Rogers
disse que ele estava animado, e parecia quase tão bem como de costume, até
sexta-feira, à hora do café da manhã, quando pareceu muito oprimido.

Por volta das onze horas, a Sra. Wolff o trouxe para casa, e fiquei comovido
com a maneira como ele saiu da carruagem e foi para dentro da casa; mais
ainda quando ele subiu as escadas e se sentou em uma cadeira. Me esforcei
para buscar algum refresco, mas antes que pudesse conseguir alguma coisa
ele mandou o Sr. Rogers para fora de seu quarto, e pediu para não ser
interrompido por meia-hora, acrescentando: “nem mesmo se Joseph Bradford
vier!”

Alguns minutos depois o Sr. Bradford chegou e, tão logo o tempo estipulado
se esgotou, ele entrou no quarto. Logo em seguida saiu e me pediu para
preparar uma bebida quente, feita com vinho, açúcar e condimentos, e levar
para o Sr. Wesley, que bebeu um pouco e pareceu dormir. Alguns minutos
depois, no entanto, ele foi tomado pela doença, jogou o copo para o alto e
disse: “Eu devo me deitar”. Imediatamente mandamos chamar o Dr.
Whitehead; quando de sua chegada o Sr. Wesley sorriu e disse: “Doutor, eles
estão mais apavorados do que afligidos”. Depois, deitou-se a maior parte do
dia, com seu pulso rápido, queimando de febre e extremamente sonolento.

No sábado, dia 26, continuou o mesmo, falou, mas pouco; e, quando se


recuperava para responder uma pergunta, ou tomar um pouco de refresco (o
que raramente era mais que uma colher, a cada vez) logo dormitava
novamente.

No domingo de manhã, com a ajuda do Sr. Bradford, o Sr. Wesley levantou-


se, tomou um copo de chá e pareceu bem melhor. Muitos de seus amigos
estavam esperançosos, ainda que o Dr. Whitehead dissesse que não estava
fora de perigo, devido às suas presentes queixas.
Na segunda-feira, dia 28, sua fraqueza aumentou velozmente e com seus
amigos em geral grandemente alarmados, o Dr. Whitehead lhes pediu que
chamassem outro médico. Ao que o Sr. Bradford mencionou sua intenção a
nosso honrado pai, que absolutamente se recusou dizendo: “Dr. Whitehead
conhece minhas condições melhor do que ninguém, eu estou perfeitamente
satisfeito e não terei nenhum outro médico”. Depois, dormiu o restante do
dia, falou, mas pouco; ainda que pouco testificasse o quanto seu coração
estava tomado de preocupação com suas igrejas, com a glória de Deus e com
as coisas pertinentes a esse reino, para o qual ele estava se apressando. Uma
vez, devagar, mas de uma maneira muito distinta, ele disse: “Não existe
caminho para a santidade, a não ser pelo sangue de Jesus”. Se ele tivesse
forças nesse momento, teria falado ainda mais!

Na terça-feira, 1o de março, depois de uma noite bastante agitada (embora,


quando perguntado, se estava com dor, geralmente respondia “Não!”, e sem
nunca se queixar, exceto, uma vez, quando disse que sentia dor no lado
esquerdo do peito, quando tomava o fôlego), ele começou a cantar: “Toda a
Glória a Deus nos céus, e a paz na Terra será restaurada!”

Após pronunciar dois versos, suas forças falharam; mas, depois de se deitar,
por algum tempo, ele pediu ao Sr. Bradford que providenciasse tinta e caneta,
mas sua mão direta tinha se esquecido de sua astúcia, e aqueles dedos ativos,
que têm sido os instrumentos abençoados da consolação espiritual e instrução
prazerosa de milhares, não puderam mais realizar seu trabalho.

Algum tempo depois ele me disse: “Eu quero escrever!”, e lhe trouxe
novamente a caneta e a tinta; coloquei a caneta na sua mão, e o papel diante
dele, que murmurou: “Não posso!” E respondi: “Deixe-me escrever para o
senhor; diga-me o que gostaria de falar”. “Nada!”, retornou ele, “a não ser
que Deus está conosco”.

De manhã ele disse: “Vou me levantar”. Enquanto suas coisas estavam sendo
preparadas, ele irrompeu de uma maneira que, considerando sua extrema
fraqueza, surpreendeu-nos a todos, nessas abençoadas palavras:

Eu louvarei meu Criador enquanto tiver fôlego, E quando minha voz se


perder na morte, O louvor empregará meus poderes mais nobres; Meus dias
de louvor nunca se acabarão,
Enquanto a vida, e pensamento, e, por último, A imortalidade perdurarem.

Que foram também as últimas palavras que nosso Reverendo e querido pai
anunciou na Capela da City Road; e, na terça-feira à noite, antes da
pregação: “Através do Espírito esperamos”, e, assim por diante. Quando ele
se sentou em sua cadeira, o vimos transformar-se para a morte, mas,
indiferente a esse quadro e com sua voz enfraquecida, disse: “Senhor, dá
forças àqueles que podem falar, e àqueles que não podem. Fala, Senhor, aos
nossos corações, e deixa com que eles saibam que tu libertas as línguas”. E,
então, cantou: “Ao Pai, Filho e Espírito Santo. Que docemente todos
concordam”.

Aqui sua voz falhou e, depois de tomar o fôlego, disse: “Agora que
terminamos, deixe-nos ir”. E fomos obrigados a deitá-lo na cama, de onde
não se levantou mais, mas antes de se deitar e dormir um pouco, ele me
chamou e disse: “Betsy, você, o Sr. Bradford e os outros orem e louvem”.
Nos ajoelhamos e verdadeiramente nos enchemos da presença divina. Logo
depois disse ao Sr. Bradford sobre a chave e os conteúdos da escrivaninha e,
enquanto este atendia à direção dada, o Sr. Wesley me chamou e disse: “Eu
tenho todas as coisas prontas para meu testamenteiro. Sr. Wolff, Sr. Horton e
Sr, Marriott”, aqui sua voz falhou novamente, mas tomando fôlego
continuou: “Não me deixe ser enterrado em coisa alguma a não ser em lã, e
permita que meu corpo seja carregado, em meu caixão, para dentro da
Capela”. Então, como se tudo tivesse sido feito, pediu novamente que
orássemos e louvássemos.

Outro momento tremendo foi o grande esforço que ele fez para que o Sr. B
(que não havia deixado o quarto) compreendesse que desejava ardentemente
que o sermão que tinha escrito sobre o amor de Deus pudesse ser distribuído
nos arredores e dado a todos. Alguma coisa mais ele tentou dizer, mas não foi
possível! Pouco depois, o Sr. Horton entrou; esperamos que, se houvesse
alguma coisa em mente, que ele desejasse comunicar, ele tentasse novamente
visto que tanto o Sr. Horton quanto alguns dos que estavam acostumados a
ouvir a voz de nosso querido pai, poderiam ser capazes de interpretar seu
significado, mas, embora tentasse falar, não tivemos sucesso.

Certificando-se de que não era possível que o entendêssemos, pausou um


pouco e, então, com toda a força remanescente, clamou: “O melhor de tudo é
que Deus está conosco!”; e, assim, como que para assegurar a fidelidade da
promessa mantida por Jeová e confortar os corações de seus pesarosos
amigos, levantando seu braço num sinal de vitória, e erguendo sua voz fraca
como um triunfo divino, a não ser expresso, novamente repetiu com o
coração reavivado as palavras: “O melhor de tudo é que Deus está conosco!”
Algum tempo depois, dando lhe alguma coisa para umedecer os lábios, ele
disse: “Isso não adiantará, precisamos aceitar as consequências; não se
importe com a pobre carcaça”. Pausando um pouco, clamou: “As nuvens
caíram pesadas! O Senhor está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio!”
Ele, então, nos chamou para orarmos. O Sr. Broadbent era, novamente, a
boca de nossos corações cheios, e embora o Sr. Wesley estivesse
grandemente exausto para esses esforços, pareceu ainda mais ardoroso em
espírito. Muitas das noites seguintes, entretanto, ele tentou frequentemente
repetir o Salmo mencionado anteriormente, mas pode apenas dizer: “Eu
louvarei! Eu louvarei!”

Na quarta-feira de manhã estávamos certos de que o cenário final estava


perto. O Sr. Bradford, seu amigo leal, e muitos de seus filhos afetuosos
oraram com ele, e a última palavra que se ouviu articulada foi: “Adeus!”.
Poucos minutos depois, enquanto a Srta. Wesley, o Sr. Horton, o Sr.
Brackenbury, o Sr. e a Sra. Rogers, o Dr. Whitehead, o Sr. Broadbent, o Sr.
Whitefield, o Sr. Bradford, e o E.R. ajoelharam-se em volta de sua cama e, de
acordo com seu desejo frequentemente expresso, sem um gemido
prolongado, esse homem de Deus morreu na presença de seus irmãos!337

Inscrição sobre o ataúde JOHANNES WESLEY, A.M Olim. Soc. Coll. Lin.
Oxon.

Ob. 2do die Martii, 1791 *An. /Et. 88

* John Wesley, Mestre em Ciências Humanas, anteriormente Membro do Lincoln-College, Oxford,


morreu em 2 de março de 1791, aos 88 anos de idade
Excerto do livro de medicina primitiva de John Wesley
Prefácio

1. Quando o homem saiu pela primeira vez das mãos do grande Criador,
vestido tanto no corpo como na alma com imortalidade e integridade, não
havia lugar para a medicina ou a arte de curar. A habitação em que a mente
angelical, a divina partícula áurea, habitava, embora originalmente formada
do pó da terra, não estava inclinada à queda. Não tinha sementes de
corrupção e de dissolução dentro dela. Não havia coisa alguma exterior que
pudesse feri-la: paraíso e terra e todos os seus hóspedes eram brandos,
benignos e amistosos para com a natureza humana. A completa criação esteve
em paz com o homem por quanto tempo o homem esteve em paz com seu
Criador. De maneira que “as estrelas da manhã” poderiam “cantar juntas e
todos os filhos de Deus gritar de alegria”. 2. Mas, desde que o homem
rebelou-se contra o Soberano do céu e terra, quão completamente a cena está
mudada! Da incorruptível estrutura, para a enganosa corrupção; do imortal,
para o mortal. As sementes da fraqueza e dor, da doença e morte, habitam
agora nossa essência interior; de onde milhares de desordens continuamente
brotam, mesmo sem a interferência de qualquer violência externa. E como o
número dessas aumentou através de todas as coisas ao nosso redor! Os céus,
a terra e todas as coisas contidas neles conspiram para punir os rebeldes
contra o seu Criador. O sol e a lua espalham influências insalubres do alto; a
terra exala gases venenosos abaixo; os animais do campo, os pássaros, os
peixes estão em um estado de hostilidade; sim, o alimento que comemos
diariamente enfraquece o alicerce da vida que não pode ser sustentada sem
ele. Assim, tem o Senhor de todos assegurado a execução de seus decretos:
“Pó, tu és, e ao pó, voltarás”.* 3. Porém, será que nada pode ser encontrado
para diminuir essas inconveniências, que já não podem ser totalmente
removidas? Algo que minimize os males da vida e previna, em parte, a
doença e a dor, às quais estamos continuamente sujeitos? É certo que pode
existir. E um grande preventivo da dor e doença dos vários tipos parece
sugerido pelo grande Autor da natureza, na própria sentença que acarretam a
morte sobre nós: “Do suor
* Gênesis 3.19. ... pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.

de tua face comerás o pão, até que retornes ao solo”.* O poder do exercício,
tanto para preservar quanto restaurar a saúde, é maior do que se pode
conceber; especialmente naqueles que acrescentam temperança a ele; de
maneira que, se eles não se confinarem completamente a comer, seja o “pão
ou a erva do campo” (o que Deus não requer que eles façam), observem
atentamente que tipo ou medida de alimento a experiência mostra ser mais
benévolo à saúde e força.

1. A grande regra para se comer e beber é adequar a qualidade e a quantidade


de alimento ao poder da digestão; alimentar-se sempre com tal tipo e medida
de alimento, quanto seja leve e fácil ao estômago. 2. O alimento conservado
em salmoura, defumado, salgado ou muito temperado é insalubre. 3. Nada
conduz mais à saúde do que a abstinência e a comida simples, com o devido
trabalho. 4. Para as pessoas estudiosas, cerca de oito onças** de alimento
animal, doze de vegetais, em vinte horas, é suficiente. 5. A água é a mais
saudável de todas as bebidas; estimula o apetite e fortalece a digestão. 6.
Bebidas fortes e, mais especialmente as alcoólicas, são de certo, um veneno
vagaroso. A experiência mostra que muito raramente existe algum perigo em
abandoná-las imediatamente. 7. Bebidas alcoólicas fortes não previnem o
dano de uma indigestão, nem as eliminam tão eficazmente quanto a água. 8.
Café e chá são muito prejudiciais para as pessoas que tem nervos fracos. 9.
As pessoas delicadas devem comer refeições leves, e isto duas ou três horas
antes de irem para a cama. 10. E devem fazer isto constantemente às nove
horas da noite, e levantar-se às quatro ou cinco horas da manhã. 11. Uma
certa medida de exercício é indispensavelmente necessário para a saúde e
vida longa. 12. Caminhar é o melhor exercício para aqueles que são capazes
de suportar isto; cavalgar, para aqueles que não são. O ar puro, quando o
tempo é favorável, contribui muito para o benefício do exercício. 13.
Podemos fortalecer qualquer parte fraca do corpo através de constante
exercício. Assim, os pulmões podem ser fortalecidos ao falarmos alto ou
subirmos uma ladeira não muito íngreme; a digestão e os nervos, por
cavalgarmos; os braços e coxas, por alongá-los diariamente. 14. As pessoas
que estudam, devem estabelecer tempos para o exercício, pelo menos duas ou
três horas ao dia, a metade disto antes do jantar e a outra, antes de irem para a
cama. 15. Primeiro, o exercício deve ser sempre com o estômago vazio;
segundo, nunca até a exaustão; terceiro, ser diminuído gradualmente, do
contrário, podemos ficar resfriados. 16. A bucha de fricção é o mais útil
exercício, especialmente para fortalecer alguma parte que esteja fraca. 17.
Banho frio traz grande vantagem para a saúde; previne muitos de doenças. As
pessoas delicadas devem derramar água pura sobre a cabeça antes de entrar
no banho e apressarem-se. Entrar, sem esses cuidados, é um grande choque
para a natureza. 18. A saúde não pode durar muito tempo com a prisão de
ventre, portanto, deve-se tomar cuidado para curá-la no início e, quando
curada, impedir seu retorno através de dieta leve, moderada e fresca. 19. O
suor obstruído (vulgarmente chamado de “pegar um resfriado”) é uma das
grandes fontes de doenças. Quando quer que apareça o menor sinal disto, que
seja removido com delicadas transpirações. 20. As paixões tem uma
influência maior sobre a saúde do que a maioria das pessoas está consciente.*
21. Todas as paixões violentas e repentinas predispõem as pessoas ou
verdadeiramente as atiram em enfermidades críticas. 22. As paixões
vagarosas e duradouras, tais como mágoa e desilusão amorosa, trazem
doenças crônicas. 23. Até que a paixão, que causou a doença, seja acalmada,
a medicina é aplicada em vão. 24. O amor a Deus é o medicamento soberano
para todas as misérias e, em especial, previne eficazmente todas as doenças
corpóreas que as paixões introduzem, por manter as próprias paixões dentro
dos devidos limites; e pela inexprimível sabedoria e perfeita calma que
proporciona à mente, ele se torna o mais poderoso de todos os meios de saúde
e vida longa.
* Gênesis 3.19. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado...

** Onça. Trata-se de uma unidade de medida inglesa de massa, com dois valores diferentes,
dependendo do sistema que é utilizado. No sistema avoirdupois(usado para pesar objetos em geral) uma
onça equivale a 28,349523125 gramas. No sistema troy(relativo a metais preciosos e gemas, assim
como medicamentos) a onça equivale a 31,103478 gramas. N.E

* Esse comentário tem sido interpretado, recentemente, por alguns estudiosos, como sendo uma
antecipação feita por Wesley de conceitos que a psicanálise desenvolveria posteriormente.É possível
encontrar alguns trabalhos e pesquisas sobre o tema. N.E

Momentos da vida de John Wesley


O pequeno “Jacky”, ‘um tição tirado do fogo’

No dia 17, de um ensolarado mês de junho, de 1703, a décima primeira


criança e quarto filho de dezenove filhos, de Samuel e Susanna Wesley,
nasce na residência paroquial de Epworth; algumas horas depois de seu
nascimento, de tão fraca, a criança é batizada por seu pai. O bebê recebe o
nome de John Benjamim, depois da morte de duas outras crianças, uma de
nome John e a outra de nome Benjamim. Mas de acordo com a tradição
familiar, Wesley nunca usou o segundo nome [Memorial Metodista de
Crowther].

O pequeno “Jacky”, como era chamado, teve o treinamento comum a todos


os filhos daquela casa. Seu sono na infância era medido – três horas na parte
da manhã, e três à tarde, gradualmente diminuído até que ele não precisasse
dormir durante o dia. No encerramento de seu primeiro ano, ensinaram-lhe a
“temer a vara” e, caso chorasse, o fizesse “suavemente”.

Em seu quinto aniversário, como acontecia com todas as outras crianças,


Wesley começa a ser alfabetizado e lê as lições do primeiro capítulo de
Gênesis.

O começo de uma ideia

Oxford, no entanto, conheceu um Wesley diferente, um jovem professor


brilhante (ele foi eleito membro da Lincoln, antecipadamente, em 1726) –
alguém que não pensava em dançar ou ir às feiras – e que não era muito
sociável.

Que ele era um bom filósofo, e um lógico perturbador, seus amigos íntimos
admitiam, mas por que ele não tomava café com eles, ou participava da
tagarelice e contava piadas intelectuais? Ou permitia seu cabelo curto como
todos os outros? Comungar todo domingo, como ele fazia, era levar a religião
de alguém, ou de si mesmo, muito seriamente. Eles começaram a rir de
Wesley, uma desaprovação que ele odiava.

Nasce o Clube Santo

No início do ano de 1729, ele começa não apenas a ler, mas a estudar a Bíblia
como único padrão de verdade e o único modelo da religião pura. Assim, ele
acreditava ver uma luz cada vez mais clara, a indispensável necessidade de
ter a mente que havia em Cristo; não apenas parte, mas toda ela, e de
caminhar como Cristo caminhou.

Oxford observa com espanto um pequeno círculo social, tomando a doutrina


cristã literalmente; incessantemente orando; rigorosamente observando
jejuns; vivendo com escassez, de maneira a dar tudo que tinham ao pobre; e
pregando, sim, verdadeiramente nas prisões!

Eles se encontravam várias tardes na semana, para lerem o Testamento grego;


suas horas eram rigorosamente distribuídas para as várias formas de trabalho;
eles nunca tinham descanso.

Primeira e única visita à América

Em 21 de outubro de 1735, com 33 anos de idade, ele pega uma embarcação


para Gravesend com o objetivo de alcançar a Geórgia, sob a sanção da
Sociedade para a Propagação do Evangelho em Partes Estrangeiras, com seu
irmão Charles, Sr. Benjamin Ingham, do Queen’s College, Oxford, e Sr.
Charles Delamotte, filho de um mercador em Londres.

Eles não tinham em vista escapar da penúria (Deus dera a eles grande
quantidade de bênçãos temporais), nem ganharem riquezas ou honra, mas
simplesmente salvarem suas almas e viverem totalmente para a glória de
Deus.

Os trabalhos de Wesley não se confinaram a Savannah. Ele tinha melhor


perspectiva disso do que de pregar para os índios, por cujo propósito tinha
ido para a América. Os Fiduciários da Colônia o tinham designado como
ministro de Savannah sem seu conhecimento, mas ele consentiu apenas em
abraçar este posto até que o caminho estivesse aberto para sua missão com os
pagãos.

Os dedicados paroquianos tinham importunamente instigado que ele cuidasse


deles um pouco mais, até que alguém pudesse substituí-lo, e ele estava mais
prontamente disposto a ceder a esse pedido, visto que os índios estavam
envolvidos em uma guerra, o que não lhes deixava tempo, pelo que disseram,
para ouvirem o evangelho.

Sophy Hopley

Mas existia uma paroquiana a quem ele pensou que traria conforto; uma que
esteve muito sob seu cuidado pessoal por algum tempo, Sophy Hopley,
sobrinha da esposa de Causton, magistrado chefe de Savannah, a quem
Wesley rendera-se incondicionalmente.

Ela estava com dezoito anos e sucumbiu ao desânimo de um amor destruído,


e de caráter dúbio, chamado Mellichamp, que furiosamente a ameaçou de
morte se ela se casasse com outro.

A princípio ela se interessou por Wesley e, vestindo-se de branco, desde que


descobrira que sua preferência ia por este caminho, diariamente recorria a ele
por ajuda espiritual; além disto, cuidou dele quando de uma febre, devido à
ingestão de um punhado de carne e um gole de vinho.
Mas pensar em casar-se era tão aflitivo quanto o pensamento de não se casar
com Sophy. Wesley estremeceu com a ideia de que não seria capaz de manter
sua determinação celibatária. “Nu, para seguir o Cristo nu!” era seu ideal, e
não a felicidade conjugal; ele sabia que, caso se casasse, não seria capaz de
resistir às tentações do estado conjugal, à lareira aconchegante. Seus amigos,
a quem ele consultou, deram respostas ambíguas, como fez a Bíblia, da qual
ele buscou orientação por intermédio de escolha ao acaso. Assim, ela
continuou a frequentar sua casa, onde, imediatamente depois do desjejum,
eles se reuniam nas Devoções de Hickes, seguidas pela lição de francês, e
esta novamente por orações.

Mas o desejo de Wesley de salvar sua alma era mais forte que seu desejo de
desposar a Srta. Hopley; ele ignorou a oportunidade oferecida.

Sophy ficou muito grata por tudo que ele fez, e os proclamas anunciaram seu
casamento com o Sr. Williamson, um jovem pretendente, no domingo
seguinte!

Tempestades emocionais

Wesley recusa o sacramento a Sra. Williamson, por considerar que não estava
de acordo com as regras que estabelecera para este evento. Houve um
imediato alvoroço. O Sr. Williamson, sem hesitação, preparou um mandado
para levar Wesley preso por difamação do caráter de sua esposa, e por se
recusar a administrar-lhe o sacramento, pelo que a própria Sra. Willlianson
declarou-se prejudicada no montante de mil libras.

Então, Causton intrometeu-se e, ao entender que a ação de Wesley era um


insulto a sua família, entra prazerosamente em um período glorioso de
subornar testemunhas, no que, uma vez que ele era lojista e o principal
magistrado de Savannah, seus esforços foram coroados com sucesso.

Um terrível grande júri é formado, consistindo de quarenta e quatro pessoas –


quase todo o homem adulto da população de Savannah. O resultado com
respeito a Wesley foi prejulgado; mas houve outro, um curioso, não previsto
por Causton; sendo impopular, seu próprio caráter foi questionado (ele foi,
em consequência, demitido de seu posto); e embora o júri estivesse contra
Wesley, a maioria assinou um documento exonerando-o e imputando todas as
acusações à malícia de Causton.

Wesley estava em uma forte posição; nove em dez acusações contra ele
diziam respeito puramente aos fundamentos eclesiásticos – ele não oficiou
enterros, batizou, conduziu cultos propriamente, e outros mais. Esses, ele
ignorou. Quanto ao décimo, difamar a Sra. Williamson, ele estava preparado
para responder.

O melhor a fazer era dar


adeus à América

Mas estava muito claro para Wesley que ele não estava fazendo o bem aos
seus paroquianos; as pessoas não se preocupavam com suas ministrações. Ele
dera seu coração, sua mente, seu corpo, pela redenção deles; eles
responderam que ele era alguma espécie de papista; que eles eram felizes, até
que ele veio, mas que, desde então, nada a não ser disputas aconteceram; que
suas visitações eram inquisições – eles, afinal, não gostavam deste tipo de
cristianismo.

Mas Wesley deixa a Geórgia como um vencedor, em 22 de dezembro de


1737. Seu intento de pregar para as massas e de ensinar os índios a respeito
de Cristo foi, sob seu ponto de vista, um fracasso. Ele tinha sido intransigente
em suas crenças e padrões; um homem que poderia ter sido persuadido a
mudar seus ideais por meio de coerção. Porém, embora Wesley tenha partido
em desapontamento, ele realizou muito mais do que imaginou naquele tempo.
George Whitefield, um dos amigos de Wesley, continuou seu trabalho em
todo o distrito, como diácono de Savannah e Frederica. Whitefield foi o
fundador de Bethseda, um orfanato para garotos, estabelecido em 1740, e que
prospera hoje em Savannah.

A influência de Peter Böhler

Uma semana depois que Wesley aportou do navio Samuel, retornando da


América, ele encontra Peter Böhler, um missionário morávio. Foi um
momento enriquecedor. Já impressionado com os morávios que ele tinha
encontrado em trânsito para a América, Wesley creu que Böhler tinha uma
palavra de autoridade para ele. Foi Böhler quem ensinou a um Wesley, lento
para concordar, que a fé forja domínio sobre o pecado e a paz constante. Foi
Böhler quem pregou para Wesley “A Graça Livre”; “Creia e você será
salvo”.

“Eu senti meu coração


estranhamente aquecido”

Aldersgate foi, certamente, a mais importante marca de referência no


desenvolvimento espiritual de Wesley. Sua conversão ocorre em 24 de maio
de 1738. Ele soube com sua mente e coração que era um cristão. Ele sente
seu coração “estranhamente aquecido”.

Sim, ele lutou contra períodos de desespero e dúvida; e porque valorizava


tanto o “testemunho interior” ele declara, em momentos subsequentes, que
não tinha fé, nem qualquer amor a Deus ou a Cristo.

Pregação nos campos

Em janeiro de 1739, George Whitefield, Benjamim Ingham, Charles e John


Wesley estavam tomando chá, quando Whitefield relatou uma preocupação
intrigante. No domingo ele havia pregado num subúrbio de Londres, e mais
de mil pessoas ficaram do lado de fora da igreja. Ele pôde vê-las no pátio,
através das janelas, mas não pôde fazer que elas o ouvissem de lá de dentro.
Um pensamento lhe veio à mente, a de que depois do culto ele poderia subir
numa lápide e pregar o sermão novamente. Mas ele não se atreveu. Pregações
ao ar livre não eram conhecidas pelos clérigos. Whitefield tentava agora
sugerir a Wesley que eles poderiam abrir um precedente e pregarem ao ar
livre para alcançar “as pessoas que ficavam de fora... prostitutas, publicanos e
ladrões”. Wesley rejeitou a ideia como “loucura”. Seria uma conduta
inconveniente para um clérigo de uma igreja estabelecida.

Mas escreve, “Às quatro horas da tarde, me submeti a ser mais desprezível, e
proclamei nas estradas as boas-novas da salvação, falando de uma pequena
elevação do terreno, junto à cidade, para aproximadamente três mil pessoas.
A Palavra sobre a qual eu falei foi essa (é possível que qualquer um deva ser
ignorante para que seja cumprida, em toda a verdade, a ministração de
Cristo?).

O “gelo fora quebrado”. Tendo superado sua relutância inicial em pregar nas
colinas, Wesley começa a evangelizar e a organizar as pessoas, dentro e nos
arredores de Bristol, com sua energia infatigável. De abril a junho de 1739,
Wesley passou dez semanas ininterruptas pregando, evangelizando e
“expulsando espíritos demoníacos” no distrito de Bristol e Bath. E se formos
aceitar as próprias estimativas de Wesley, as conversões ao evangelho
passavam de vinte mil pessoas. Ele agora aceitava completamente a
necessidade das pregações ao ar livre, quer a igreja aprovasse ou não.

O amigo Rev. Sr. George Whitefield

George Whitefield (1714-1770) – Whitefield foi um dos maiores pregadores


do século 18. Ele foi influenciado por Thomas a Kempis e William Law; e
membro do Clube Santo, em Oxford, presidindo o clube nos seus últimos
dias. Sua experiência de conversão ocorre em 1735. Depois de ter sido
enviado à Geórgia como missionário e evangelista, retornou para a Inglaterra,
onde se tornou um “pregador ao ar livre”, pregando para vinte mil pessoas de
uma só vez. Conhecido como metodista calvinista, ele pregou em 13 colônias
ao todo, e foi o principal instrumento no Grande Despertar na América.

Wesley construíra seu porto, mas a sociedade ainda se comprimia através de


estreitos perigosos, quase raspando entre a rocha do predestinacionismo, por
um lado, e o redemoinho do moravianismo de outro. Por que, ponderando na
América, Whitefield decidiu que deveria hastear as cores de Calvino? Não,
ele explicou, que houvesse lido alguma coisa de Calvino; não, a doutrina da
eleição fora comunicada a ele mais simplesmente pela atuação de Cristo e
seus apóstolos. De fato, ele a recebeu direto de Deus, que o tinha escolhido.

Assim autorizado, ele implorou a Wesley, cujos pés, ele repetidamente disse,
estaria pronto a lavar, para ler e pensar, e livrar-se de suas noções perniciosas
da “redenção universal”, da “graça livre”, da possível “perfeição sem pecado”
nesta vida.

Mas Wesley alcançara o estágio onde uma diferença doutrinária, dentro dos
limites, não poderia separá-lo de um homem de quem gostasse, e que tivesse
o espírito de regeneração nele. Os dissidentes, mesmos os quacres, eram
admitidos na sociedade. Ele estava adquirindo misericórdia. Embora
Whitefield, por algum tempo, o atacasse, Wesley nunca revidou e, quando
perguntado por que não respondia a um dos primeiros panfletos de seu
discípulo, ele dizia: “Você pode ler Whitefield contra Wesley, mas nunca lerá
Wesley contra Whitefield”. Não foi apenas porque sentiu a controvérsia fútil,
mas porque viu que a diferença pública colocaria uma arma nas mãos de seus
inimigos comuns. Em dois anos os líderes tornaram-se amigos novamente.

Lady Huntingdon

O pilar e a âncora de Whitefield e seus seguidores calvinistas era Selina,


condessa de Huntingdon, uma das figuras mais notáveis na história do
metodismo; a mulher que ganhou de seu elegante amigo, Horace Walpole, o
título meio irônico de a “Rainha dos Metodistas”. Essa fidalga era filha do
Conde de Ferrars e quatro anos mais nova do que John Wesley. Tendo
naturalmente uma mente séria, suas impressões foram aprofundadas pela
experiência de sua irmã, Lady Margareth Hastings, que tinha sido convertida,
por meio de Ingham, o metodista de Oxford. Ela também experimentou a
alegria e a aceitação completa em Cristo, se tornou uma ouvinte de
Whitefield e atendente na Fundição. Embora tenha tomado o partido de
Whitefield na controvérsia calvinista, ela foi amplamente instrumental,
levando os dois líderes à reconciliação e se tornando uma amiga dedicada da
Sra. Charles Wesley.

Ela sobreviveu quatro meses à morte de Wesley, morrendo com a idade de 84


anos na Chapel House, Spa Fields, em 17 de junho de 1791, e sendo
enterrada em Ashby-de-la-Zouch, e coberta com o vestido de seda branco,
com o qual inaugurou a capela em Goodinan’s Fields. “Eu logo estarei em
casa. Devo ir ao meu Pai; pode ele se esquecer de ser gracioso? Existe algum
fim para seu amor terno? Meu trabalho está feito. Eu não tenho mais nada a
fazer do que ir para meu Pai” foram suas últimas palavras.

Nascido de novo

Nascera um novo Wesley; o Wesley real havia emergido; o homem de ação,


indomável e cheio de energia. O pedante Wesley de Oxford, com o pároco
polidamente elegante; o rígido autoritário de Savannah, com o salvador
egoísta de sua alma; o dilacerado e dividido Wesley, o quase fanático teólogo
dos recentes meses, gradualmente desapareceu para dar lugar ao homem que
– a frase é famosa – transformou toda a Inglaterra.
Grace Murray

Em abril de 1749, depois do casamento de Charles Wesley com a Srta. Sarah


Gwynne, filha de um magistrado de Gales, seu irmão escreveu: “Foi um dia
solene, tal como se torna a dignidade de um casamento cristão”. Nesta
ocasião, o próprio John Wesley buscava um casamento feliz. Durante o mês
de agosto do ano anterior, enquanto pregava em Newcastle, devido a uma
enfermidade, ele foi assistido por Grace Murray, uma viúva de 32 anos e uma
cristã fervorosa. Ela era nativa de Newcastle, mas mudara-se para Londres.
Lá ela conheceu e casou-se com um marinheiro, de uma proeminente família
escocesa. A tristeza pela morte de sua criança conduziu a Sra. Murray a ouvir
os pregadores metodistas. A princípio, seu marido opôs-se grandemente à sua
nova crença, mas ela teve sucesso, ganhando-o para a mesma fé.

Depois que seu marido morreu no mar, em 1742, Grace Murray retornou para
Newcastle, onde, mais tarde, cuidou da Casa de Órfãos. Sua boa vontade em
se colocar à disposição de centenas de membros em suas classes, encontrando
um “grupo” todos os dias da semana e viajando para os vilarejos próximos
para ler e orar com as pessoas, inspirou as mais elevadas orações de John
Wesley: “Ela era incansavelmente paciente e inexprimivelmente terna; sagaz,
e hábil; de um comportamento atraente; e de um temperamento brando, vivaz
e alegre, no entanto, sério; enquanto, por fim, seus dons para ser útil eram tais
que ele nunca vira igual”.

Quando ele a pediu em casamento, em agosto de 1748, ela respondeu: “Esta é


também uma grande bênção para mim; mal posso acreditar nisto. É tudo que
poderia desejar debaixo do céu”. No entanto, ela permaneceu um tempo na
paróquia de John Bennet, em Bolton. Bennet também se apaixonou por Grace
Murray, tanto que ela escreveu para Wesley dizendo que considerava seu
dever casar-se com Bennet.

Mas este não seria o único empecilho. Charles Wesley perturbou-se ao pensar
que seu irmão pudesse desposar alguém que tinha sido uma criada; ele
primeiro se apressou para persuadir John desse propósito, o qual ele disse
faria que seus pregadores os deixassem e as sociedades se dispersassem. John
assegurou-lhe que não estava se casando com Grace por causa de seu berço,
mas devido ao seu próprio mérito. Malsucedido em mudar a mente de seu
irmão, Charles determinou persuadir a jovem. Encontrando-a na Colina
Hineley, ele a saudou com “Grace Murray, você partiu meu coração!” Ele a
convenceu a cavalgar consigo para Newcastle, lá ela caiu aos pés de Bennet e
implorou que a perdoasse por tê-lo tratado tão mal. Em uma semana eles se
casaram.

Wesley não a viu novamente até 1788. Bennet separou-se dele logo depois de
seu casamento, falando asperamente a seu respeito e até mesmo acusando-o
de papismo. Ele se tornou pastor em uma igreja calvinista em Warburton,
onde morreu, com a idade de 45 anos.

Novamente consultamos o Sr. Henry Moore para uma palavra a respeito do


último encontro de Wesley com a Sra. Bennet: “O encontro foi comovente,
mas o Sr. Wesley preservou, mais do que de costume, seu autocontrole. Era
fácil ver, não obstante os muitos anos que se interpuseram, que tanto na
delicadeza de espírito quanto na pessoa e maneiras, que ela era o objeto
adequado para as ternas tristezas expressadas em seus versos. A conversa não
continuou por muito tempo, e não me lembro de alguma vez ter ouvido o Sr.
Wesley a mencionar depois disso”.

A perda de Grace Murray foi a tristeza pessoal mais profunda de Wesley.


Sra. Mary Vazeille – o desastroso matrimônio de John Wesley

Se tivesse Wesley se casado com Grace Murray, ele teria escapado de um


desastroso matrimônio que o alcançou, quando se casou com a Sra. Vazeille,
abastada viúva de um comerciante em Londres. John Wesley casa-se com
Mary Vazeille em 2 de fevereiro de 1751. A construção mais caridosa que
pode ser colocada sobre o comportamento malicioso e desarrazoado dela é a
de que ela era, algumas vezes, mentalmente desequilibrada. Ela pegou papéis
e cartas de sua escrivaninha, trocou o estilo em suas cartas e, então, colocou-
as nas mãos de seus inimigos ou as publicou em jornais. É sabido que ela
dirigiu centena de quilômetros, num furor ciumento, para ver quem estava
viajando com ele. Um dos pregadores de Wesley, John Hampson, disse,
depois de observar um de seus acessos de fúria: “Mais que uma vez, ela
deitou com violência as mãos em cima dele e arrancou suas madeixas
respeitáveis...”

Susannah Wesley
A mãe de Wesley era uma mulher notável, embora de uma natureza não
ajustada às nossas mentes hoje em dia. Ela teve dezenove filhos, e muito
orgulhosa de tê-los ensinado, um após outro, por meio dos frequentes
castigos a “chorarem mansamente”.

Ela adotava teorias de educação, força de vontade e de braço para educá-los.


Ela sabia latim e grego e, embora austeros, proibitivos e quase insensíveis
pais, ela foi bem-sucedida em ganhar e conservar não apenas o respeito, mas
o afeto de uma família tão grande quanto a dela, enquanto viveram e se
desenvolveram. Mas dos dezenove filhos, treze logo sucumbiram. A
mortalidade infantil era um dos grandes fatos do século XVIII. A mãe dos
Wesley pensou mais na alma de seus filhos do que em seus corpos.

Pregadores leigos

Com a deserção para os calvinistas e morávios entre os colegas de Wesley no


clero, a incumbência da pregação em todo o reino era, simplesmente, muito
grande como tarefa para John e Charles. A necessidade ditou o meio inovador
da “pregação leiga” ao movimento metodista. Essa ideia não foi uma das que
John aceitou rapidamente, porque ele era tenazmente um tradicionalista. Mas
eventos e necessidades clamavam por evangelistas. Então John indicou mais
pregadores leigos para servirem às sociedades. Ninguém era colocado de lado
para tal serviço, embora não até que eles tivessem sido examinados por
intermédio dos “dons, graça e frutos”.

Um homem que nasceu para pregar

Durante cinquenta anos, sem permissão ou obstáculo, esse apóstolo fiel da


retidão ergueu sua voz; clara em sua verdade e em seus tons; pregando
fielmente quase incessantemente o Evangelho glorioso do abençoado Deus,
em todas as partes do reino; provavelmente para mais pessoas do que outro
pregador do evangelho. Naquele dia de outubro, aquele homem de 87 anos,
ao pé daquele enorme carvalho, debaixo da sombra da antiga Igreja de
Winchelsea, encerra uma obra feliz, santa e útil, na pregação ao ar livre.

Pode-se dizer que a obra, começada no tempo de Wesley, não foi uma obra
nova. Sua obra foi a do avivamento. Ele não criou coisa alguma. Ele não
tinha verdade nova para proclamar, mas uma antiga verdade. Ele visualizava
todos os homens sob a luz de sua experiência. Ele sentiu a necessidade do
evangelho; ele o buscou e encontrou. Ele tentou fazer de si mesmo justo,
pelas regras e desempenho, e fracassou. Pelo mesmo método, tentou mudar o
outro, com resultados similares. Ainda assim, com todas as medidas
corretivas, com todos os rigores de uma autodisciplina, que trouxe para
testemunhar sua própria vida, ele ainda sentia uma grande falta, um desejo
insatisfeito. A necessidade foi suprida em seu pequeno santuário em
Aldersgate. Ele foi, desde então, não mais um teorista. Ele provou
experimentalmente a eficácia desses meios de renovação. Ele o testou pelos
testes mais severos possíveis seu poder para satisfazer as mais profundas
demandas de sua vida. Ele sentiu o poder de uma nova vida, concedida a ele
em resposta da fé.

Depois de sua mudança, quando ele foi capaz de apreciar sua cegueira e
pecaminosidade anterior, e sua necessidade, ele foi capaz também de avaliar
as necessidades, a cegueira e a pecaminosidade do próximo. Abrir os olhos
dos homens cegos como ele mesmo; conduzi-los às fontes onde ele mesmo se
lavou, era a obra para a qual sua vida doravante foi consagrada, como essas
páginas mostraram. Ele teve uma ideia distinta e clara do que cada homem
necessitava. Não foi uma mudança de opinião, mas uma mudança de vida –
uma nova vida.

Do seu ponto de vista, todos estavam espiritualmente mortos até que


recebessem a salvação evangélica. A salvação, ele acreditava, era
providenciada para todos e oferecida a todos; cada um

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era capaz de recebê-la; e era obrigação de cada um aceitá-la. Essas eram suas
verdades fundamentais. Sobre essas, ele empregou força até o fim; e o mundo
viu e se regozijou no seu fruto. Dessas mesmas verdades o mundo precisa
hoje, e precisará sempre, a cada sucessiva geração de homens sobre a face da
terra.

NOTAS
1 1Timóteo 4.12. Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na
palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.

2 - 1Pedro 3.15. Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.

3 - Atos 24.16. Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos
homens.
4 - Região no condado de Kent, Inglaterra. N.R.

5 - Provável menção ao Salmo 7.6. Levanta-te, Senhor, na tua indignação, mostra a tua grandeza contra
a fúria dos meus adversários e desperta-te em meu favor, segundo o juízo que designaste. N.E.

6 - 2Coríntios 1.3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e
Deus de toda consolação!

7 - 1Coríntios 16.9. Porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos
adversários.
8 - Marcos 6.

9 - Mateus 14.27. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!
10 - Zacarias 8.20-22.
11 - Wesley escreve este nome indígena da seguinte forma: Tomo-Chachi. No entanto, a grafia
moderna sofre pequena mudança, para Tomochichi. N.E.

12 - Sérios. Wesley faz uso da expressão, não para indicar um sujeito sisudo. A expressão é
característica do seu vocabulário e diz respeito a alguém com indícios de comprometimento com a
doutrina cristã, que tem dado sinais evidentes de conversão. N.E.

13 - Efésios 4.1. Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a
que fostes chamados.

14 - Romanos 4.17. Aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas
que não existem.
15 - 1Coríntios 13.

16 - Lucas 18.

17 - 2Timóteo 2.12. Se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará.
18 - Mateus 5.8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.

19 - Possível referência a Zacarias 4.10. Pois quem despreza o dia dos humildes começos, esse alegrar-
se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel. Aqueles sete olhos são os olhos do SENHOR, que percorrem
toda a terra. N.E.

20 - Parte superior na popa de um navio usado para alojamento. N.E. 21 - Mateus 12.26. Se Satanás
expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino?
22 - Choctaws são nativos originários do sudeste dos Estados Unidos (Mississipi, Alabama e
Louisiana). N.E.
23 - Uma chalupa é uma embarcação de pequeno porte a remo ou a vela. N.E.
24 - Publicado em Londres, 1678. William Beveridge (1637–1708), bispo de St. Asaph. N.E.
25 - 1João 4.4. Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele
que está em vós do que aquele que está no mundo. 26 - Firelighter: instrumento, ou substância
inflamável, para atear fogo. N.R.

27 - A libra esterlina (em inglês, pound, plural pounds) é a moeda oficial do Reino Unido. Desde 15 de
fevereiro de 1971 e da adoção do sistema decimal, ela é dividida em 100 pence (singular: penny). Antes
dessa data, uma libra esterlina valia 20 shillings (que valiam por sua vez 12 pence cada um), ou 240
pence. Penny, pence e shilling já foram traduzidos em português como dinheiro, dinheiros e xelim,
respectivamente.

28 - Provavelmente cristãos-novos, imigrantes espanhóis ou mesmo descendentes de portugueses que


fugiam da Inquisição. N.E.

29 - 1João 5.4. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo: a nossa fé.
30 - Corruptela de choctaws.

31 - Provável menção a 1Coríntios 10.20. Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios
que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. N.E.

32 - Hebreus 10.32-36. Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados,
sustentastes grande luta e sofrimentos; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto de
tribulações, ora tornando-vos coparticipantes com aqueles que desse modo foram tratados. Porque não
somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos
vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável. Não abandoneis,
portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança,
para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.

33 - Hebreus 11.26. Porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros
do Egito, porque contemplava o galardão.

34 - Hebreus 12.1,2. Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos,
com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da
fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da
ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.

35 - Hebreus 13.5,6. Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele
tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos
confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?

36 - Tiago 2.1. Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em
acepção de pessoas.

37 - 1Reis 21.9,10. E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum e trazei Nabote para a frente do
povo. Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo:
Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra.

38 - Condestável parece advir de condestabre, que por sua vez deriva de um cargo palatino do Império
Romano, comes stabuli, que correspondia ao que depois se chamou estribeiro-mor, o superintendente
nas cavalariças, mas que se tornara um importante cargo militar. Oficiais de paz, subordinados aos
condestáveis. N.E.
39 - Valdoius, provável ser uma variante do francês valdois, valdenses (port.). Os valdenses são um
grupo cristão de seguidores de Pedro Valdo (?–1217). Os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de
ter a Bíblia em sua própria língua. Eles reuniam-se em casas de família ou mesmo em grutas,
clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica. Celebravam a Santa Ceia uma vez por ano.
São considerados como uma igreja pré-reformada. Negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto
às imagens como idolatria. Foram duramente perseguidos na França e na Itália, instalando-se com
maior concentração nos vales alpinos de Piemonte, norte da Itália. N.E.

40 - Isaías 40.31. Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias,
correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.

41 - Romanos 8.28. Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

42 - Tiago 5.7. Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com
paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas.

43 - Romanos 12.1,2. Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso
corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis
com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

44 - 1Coríntios 15.58. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.

45 - Eclesiastes 2.24. Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o
bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus.

46 - Filipenses 1.21. Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.

47 - Tiago 2.18. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e
eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.
48 - 2Pedro 1.16. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo
seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua
majestade.

49 - Mateus 10.25. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se
chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?

50 - Os morávios são os habitantes eslavos da moderna Morávia, a parte mais oriental da República
Tcheca. No entanto, no contexto do cristianismo, a expressão remete ao movimento morávio. Iniciado
em Hernhut, Alemanha, no século XVII, o movimento de oração contínua (24 horas) chamado
Moravianos durou por quase 100 anos. Os moravianos (ou morávios) eram muito dedicados ao Senhor.
Mais de 2150 membros de sua igreja foram enviados como missionários numa ação missionária que
utilizou pessoas simples e comuns. Marcaram o recomeço de um mutirão missionário a todas as nações.
Leia excelente artigo produzido pelo Dr. Alderi Souza de Matos em: http://www.ultimato.com.br/?
pg=show_artigos&secMestre=752&sec=769&num_edicao=287 N.E.

51 - Mateus 5.14. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte.
52 - Efésios 1.11. Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito
daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.
53 - Uma referência ao batismo e a Santa Ceia do Senhor, as duas ordenanças mantidas após a Reforma
Protestante do século XVI. N.E.
54 - Marcos 9.48. ... onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. 55 - Jeremias 17.9. Enganoso
é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?

56 - Filipenses 3.9. E ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é
mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.

57 - Gálatas 2.20. Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora,
tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.

58 - Romanos 8.16. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
59 - Provérbios 3.6. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.

60 - Mateus 10.22. Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até
ao fim, esse será salvo.
61 - Mesa dos Depositários. Como Wesley passou algum tempo nas Treze Colônias (futuros Estados
Unidos), possivelmente, o informe “imperdoável” fosse algo sobre a rebelião das colônias contra a
Inglaterra, o que resultou na independência dos EUA. N.E.

62 - 2Timóteo 3.16. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça.

63 - Gálatas 6.12. Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos
circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.

64 - Pleurisia. Inflamação na pleura, membrana que recobre o pulmão. N.E.

65 - A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’, de 11 de
agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no
domingo depois de Pentecostes. A citação de Wesley é incerta no que se refere “a um membro do
Corpus Christi”, uma vez que entendemos ser uma festa, e não uma organização. N.E.

66 - Quacre ou quaker. Contrários tanto ao catolicismo, a religião da Igreja, como ao protestantismo, a


religião do livro, os quacres promovem uma religiosidade inspirada na busca da manifestação de Deus,
como ocorria no cristianismo primitivo. A fé quacre nasce no ambiente dos “inquiridores” (Seekers)
ingleses, por obra de George Fox, que, em 1647, inicia a sua pregação nas Igrejas dissidentes. O nome
quacre (quakers) deriva do inglês to quake, que significa tremer e refere-se ao temor de Deus ou ao
êxtase da inspiração, no decorrer das assembleias espirituais.

67 - 2Coríntios 5.17. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram;
eis que se fizeram novas.

68 - Romanos 8.16. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
69 - 1João 5.10. Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele que não dá crédito
a Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho.

70 - 1João 5.18. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele
que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.

71 - Marcos 9.24. E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na
minha falta de fé!
72 - Tiago 5.16. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.

73 - Mateus 8.22. Replicou-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios
mortos.

74 - 1Coríntios 12.31. Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda
um caminho sobremodo excelente.
75 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

76 - Romanos 7.14. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à
escravidão do pecado.

77 - Romanos 7.19. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
78 - Salmo 130. Das profundezas clamo a ti, Senhor. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os
teus ouvidos às minhas súplicas. Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?
Contigo, porém, está o perdão, para que te temam. Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu
espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã.
Mais do que os guardas pelo romper da manhã, espere Israel no Senhor, pois no Senhor há
misericórdia; nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniquidades.

79 - Mateus 26.42. Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de
mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.

80 - Romanos 1.17. Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
O justo viverá por fé.
81 - Mates 5.29. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se
perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.

82 - Atos 10.45. E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque
também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo.

83 - Salmo 118.23. Isto procede do SENHOR e é maravilhoso aos nossos olhos.


84 - Colossenses 1.13. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do
seu amor.

85 - Romanos 14.17. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo.
86 - Mateus 24.27. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim
há de ser a vinda do Filho do Homem.

87 - Isaías 55.8. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.

88 - Isaías 11.9. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se
encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.

89 - Deuteronômio 32.49,50. Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de
Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que aos filhos de Israel dou em possessão. E morrerás
no monte, ao qual terás subido, e te recolherás ao teu povo, como Arão, teu irmão, morreu no monte
Hor e se recolheu ao seu povo.
90 - Deuteronômio 34.8. Os filhos de Israel prantearam Moisés por trinta dias, nas campinas de Moabe;
então, se cumpriram os dias do pranto no luto por Moisés.

91 - Atos 9.16. Pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome.
92 - Atos 8.2. Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
93 - 2Samuel 6.22. Ainda mais desprezível me farei e me humilharei aos meus olhos; quanto às servas,
de quem falaste, delas serei honrado.

94 - Lucas 4.18,19. O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.

95 - Lucas 7.42. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles,
portanto, o amará mais?

96 - Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.

97 - 1João 5.12. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida.
98 - Salmo 24.1. Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele
habitam.

99 - Salmo 46.10. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na
terra.

100 - Atos 16.30. Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo?
101 - Isaías 41.10. Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu
te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.

102 - Atos 20.26,27. Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos;
porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus.

103 - 1Coríntios 13.3. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue
o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

104 - 1Coríntios 3.4. Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente
que andais segundo os homens?
105 - Lucas 22.31. Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!

106 - Jeremias 14.14. Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os
enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo
são o que eles vos profetizam.

107 - 1João 4.1. Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de
Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.

108 - 1Coríntios 10.31. Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo
para a glória de Deus.
109 - Mateus 5.3. Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
110 - Press-gang. Grupo de homens destinados a forçar outros a entrarem para a marinha ou exército.
111 - Atos 28.22. Contudo, gostaríamos de ouvir o que pensas; porque, na verdade, é corrente a
respeito desta seita que, por toda parte, é ela impugnada.

112 - Atos 16.30. Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo?

113 - Mateus 5.3. Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
114 - Atos 16.31. Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.

115 - Romanos 14.17. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria
no Espírito Santo.

116 - Jó 32.16. Acaso, devo esperar, pois não falam, estão parados e nada mais respondem? Também
eu concorrerei com a minha resposta; declararei a minha opinião. Não farei acepção de pessoas, nem
usarei de lisonjas com o homem. Porque não sei lisonjear; em caso contrário, em breve me levaria o
meu Criador.

117 - 1João 5.4. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo: a nossa fé.
118 - Filipenses 4.7. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a
vossa mente em Cristo Jesus.

119 - Lucas 14.23. Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para
que fique cheia a minha casa.
120 - Mateus 25.40. O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a
um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

121 - Salmo 46.10. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na
terra.

122 - Lucas 13.3. Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente
perecereis.
123 - Romanos 3.24. Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em
Cristo Jesus.
124 - Provável citação de Romanos 15.1. Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades
dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. 125 - Mateus 14.31. E, prontamente, Jesus, estendendo a
mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?

126 - Lucas 22.32. Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te
converteres, fortalece os teus irmãos.
127 - João 15.3. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.

128 - 1Timóteo 5.21. Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes
conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade.

129 - Oséias 11.8. Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como a
Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as minhas compaixões,
à uma, se acendem.

130 - Tiago 1.4. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em
nada deficientes.
131 - Penny. Ver nota 27.
132 - Provável citação de Romanos 9.20. Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!
Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?

133 - Atos 26.28. Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.
134 - Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700–1760), alemão, foi um nobre cristão, reformador social e
bispo da igreja morávia. Exerceu grande influência na história das missões.

135 - Josué 10.12. Então, Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus nas
mãos dos filhos de Israel; e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale
de Aijalom.

136 - Gálatas 5.6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum,
mas a fé que atua pelo amor.
137 - Eclesiastes 12.6. Antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o
cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço.

138 - Salmo 116.12,13. Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o
cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor.

139 - Isaías 26.4. Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.
140 - Romanos 11.33. Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!
Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!

141 - Isaías 53.5. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

142 - Oséias 14.4. Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se
apartou deles.
143 - Jeanne-Marie Bouvier de la Motte-Guyon nasceu na França, em 1648, e foi educada em
conventos e desde pequena demonstrou desejo de ser fiel ao Senhor. N.E.
144 - Disponível em http://espaco-de-paz.awardspace.com/ metodOracaoMGuyon.pdf [18.08.09]. N.E.
145 - Lucas 5.24. Mas, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para
perdoar pecados – disse ao paralítico: eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.

146 - Efésios 2.8. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.

147 - Apocalipse 20.11,12. Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença
fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos,
postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E
os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.

148 - Inácio de Loyola. Nascido possivelmente a 24 de dezembro de 1491, recebeu o nome de Íñigo
López na localidade de Loiola (em castelhano Loyola), no atual município de Azpeitia, a cerca de vinte
quilômetros a sudoeste de São Sebastião, no País Basco. Inácio foi o mais novo de treze irmãos e irmãs.
Em 1517, tornou-se militar. Gravemente ferido na batalha de Pamplona (20 de maio de 1521), passou
meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação, Inácio procurou ler
livros para passar o tempo, e começou a ler a Vita Christi, de Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea,
sobre a vida dos santos, de Jacopo de Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus
com uma ordem cavalheiresca. A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma vida
dedicada a Deus. Foi o fundador da Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como os
jesuítas, uma ordem religiosa católica romana, que teve grande importância na Reforma Católica.
Atualmente a Companhia de Jesus é a maior ordem religiosa católica no mundo.

149 - Marcos 1.15. ... dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos
e crede no evangelho.
150 - João 3.8. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde
vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.

151 - Hebreus 8.11. E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.

152 - 2Coríntios 4.2. Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não
andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de
todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.

153 - Provável citação de Mateus 11.5. Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os
surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. N.E.

154 - Isaías 53.5. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

155 - Marcos 1.15. ... dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos
e crede no evangelho.

156 - A Cornualha ou Cornuália (ing. Cornwall) é um condado que fica no sudoeste de uma península
da Inglaterra, Reino Unido. Tem fronteiras com o Oceano Atlântico a norte, ao sul com o Canal da
Mancha e a este com o condado de Devon, depois do rio Tamar.

157 - 2Pedro 1.5,6. Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a
virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio
próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade.

158 - Atos 16.31. Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
159 - Hebreus 13.8. Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.

160 - Salmo 32.1. Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
161 - Lucas 21.36. Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas
que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem.

162 - Atos 3.6. Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou:
em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!

163 - Mateus 25.34. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai!
Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.

164 - Mateus 6.19. Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem
corroem e onde ladrões escavam e roubam. 165 - Mateus 10.30. E, quanto a vós outros, até os cabelos
todos da cabeça estão contados.

166 - Romanos 3.22. Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que
creem; porque não há distinção.
167 - Mateus 28.5. Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais
Jesus, que foi crucificado.
168 - 1Coríntios 16.13. Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-
vos .

169 - Cargo do prelado, título honorífico de alguns eclesiásticos; duração do exercício desse cargo.
N.E.
170 - 1Pedro 3.15. Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre
preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.

171 - Guinéis. O guinéu (ing. guinea), cunhado a partir de 1663 e extinto em 1813, foi a primeira
moeda de ouro britânica feita à máquina. Originalmente, a moeda valia uma libra, equivalente a 20
shillings; mas, o aumento no preço do ouro fez com que o valor do guinéu se elevasse para 21 shillings,
tendo atingido picos de até trinta shillings. O nome, não oficial, veio de Guiné, África, de onde se
originava boa parte do ouro usado para cunhar as moedas. N.E.

172 - Romanos 12.1. Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso
corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

173 - A Ipecacuanha é uma planta da família Rubiaceae, muito comum no Brasil. As suas raízes
contém um poderoso emético (estimulante do reflexo do vômito) também denominado ipecacuanha.
Foi introduzida na Europa em 1672 por Legros, um viajante na América do Sul. Foi usada no
tratamento da disenteria e vendida pelo médico francês Claude Adrien Helvétius sob licença de Luis
XIV. Hoje em dia os fármacos purificados, cefaleína e emetina ainda são usados como antieméticos.
Eles estimulam o centro neuronal vomitivo (área postrema medular). N.E.

174 - Pé (ou pés no plural). Unidade de medida de comprimento. Um pé corresponde a doze polegadas,
e três pés são uma jarda. Esse sistema de medida é utilizado atualmente no Reino Unido e nos Estados
Unidos, e em menor escala no Canadá. Esta medida é amplamente usada na aviação, e atualmente
equivale a 30,48 centímetros. N.E.

175 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

176 - Isaías 55.7. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao
Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.

177 - Aitofel. Leia 2Samuel caps. 15-17.

178 - Mateus 22.4. Enviou ainda outros servos, com esta ordem: Dizei aos convidados: Eis que já
preparei o meu banquete; os meus bois e cevados já foram abatidos, e tudo está pronto; vinde para as
bodas.

179 - Abbe Paris. Provável referência a Westminster Abbey, como informalmente é referida a The
Collegiate Church of St Peter at Westminster. Igreja gótica, em Westminster, Londres, na região oeste
do Palácio de Westminster. Ainda hoje é o tradicional local de coroação e sepultamento de monarcas da
Commonwealth Realms, Estados sobreranos. N.E.

180 - 1Tessalonicenses 5.21. Julgai todas as coisas, retende o que é bom.

181 - Opiatos. Os opiatos são uma larga coleção de substâncias encontradas numa goma extraída do
pericarpo da semente da papoula asiática, Papaver somniferum. O ópio é produzido dessa goma. Do
ópio se separam a codeína e a morfina. Como o nome científico sugere, a substância deveria ser
empregada como sonífero, calmante ou algo assim. N.E.

182 - Salmo 23.1. O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. 183 - Mateus 16.26. Pois que aproveitará
o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?
184 - Tiago 4.7. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.

185 - Lucas 15.7. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do
que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

186 - Certamente uma alusão à mudança no calendário, agora, Calendário Gregoriano. Um historiador
encontra dificuldades em acertar as datas corretamente. No século XVIII, na Inglaterra, esta dificuldade
tem uma peculiaridade que afeta muitas datas da vida de Wesley. Em 1582, o calendário foi reformado
pelo papa Gregório XIII, para corrigir um problema inerente ao calendário Juliano. Este último, não
responde de maneira correta o suficiente para o montante de tempo que a Terra leva para dar a volta em
torno do sol, de modo que, por todo o século XVI, um erro de dez dias foi acumulado. Para corrigir
isso, foi instituído o ano bissexto, e o Papa ordenou que, dia 4 de outubro de 1582, fosse recontado
como 15 de outubro aquele ano. Os países protestantes foram relutantes em adotar o plano. A Inglaterra
não o adotou até 1752. N.T.

187 - Benjamim Franklin, “Experimentos e Observações sobre a Eletricidade”, publicada pela primeira
vez no Gentleman’s Magazine.

188 - Thomas Prince, o jovem (1722–48). Editou o primeiro Periódico Americano, “A História Cristã,”
contém relatos sobre a religião avivada na Grã-Bretanha e na América em 1743. Boston, 1744-5; 2
volumes publicados.

189 - Ruibarbo. Planta comestível utilizada como fitoterápico. Digestivo, estimulante do fígado,
estomáquico, laxante (raízes). Indicado para atonia gástrica acompanhada de prisão de ventre. N.E.

190 - Ver nota 173.

191 - Tyerman nos dá um relato interessante desse inteligente, embora excêntrico, médico quaker, que
muito ajudou Wesley em suas crises. Ele prescreveu “ar do campo, com descanso, leite de asno, e
cavalgadas diariamente”, antecipando o mais moderno tratamento para tuberculose, do que todos os
seus amigos acreditavam que Wesley estava morrendo.

192 - Ele ordenou que, se houvesse alguma inscrição, essa fosse colocada em sua tumba.

193 - Casca de quina. A casca da quina passou a ser usada como medida profiláctica para a prevenção
da malária. A indústria de bebidas aproveitou a oportunidade e passou a oferecer produtos contendo
quina. Criaram-se assim o vinho quinado e a água tônica de quinino. As partes usadas são o talo e a
casca da raiz. As cascas podem ser raspadas das plantas no local ou descascada de ramos podados. É
uma erva amarga, adstringente, que abaixa a febre, relaxa espasmos, é antimalárica (quinina), e reduz o
batimento cardíaco (quinidina). A erva é usada medicinalmente, uso oral, para malária, neuralgia,
espasmos musculares, fibrilação cardíaca; é um ingrediente de remédios proprietários para resfriados e
gripes. O seu uso em excesso causa cinchonismo: enxaqueca, brotoeja, dor abdominal, surdez e
cegueira e não deve ser dado às mulheres grávidas, exceto às que sofram de malária. N.E.

194 - Preleções Teológicas na Abadia de Westminster, pelo Dr. John Heylyn, reitor de St. Mary-le-
Strand.

195 - Robert Bolton (1572–1631).


196 - Famianus Strada (1572–1649), um jesuíta católico. N.E.
197 - Richard Baxter (1615–1691). Ministro inglês, bispo de Worcester.
198 - Publicado em Londres, em 1680.

199 - Cipriano de Cartago. Uma das grandes figuras do século III, de família rica de Cartago, capital
romana na África do Norte. Converteu-se ao cristianismo quando contava trinta e cinco anos de idade.
No ano 249, foi escolhido bispo de sua cidade e empenhou-se na organização da Igreja da África.
Revelou-se extraordinário mestre de moral cristã. Deixou diversos escritos, sobretudo cartas, que
constituem preciosa coleção documental sobre fé e culto. Contribuiu para a criação do latim cristão. No
ano 258, foi denunciado, preso, processado e morto. N.E.

200 - 1João 2.15. Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele.

201 - Terçã ou febre terçã. Febre intermitente, típica de quadro de malária, cujos acessos se repetem de
três em três dias. N.E.
202 - Mateus 16.26. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou
que dará o homem em troca da sua alma?

203 - George II (1683–1760). Foi Rei da Grã-Bretanha e Irlanda, duque de Brunswick-Lüneburg


(Hannover) e Archtreasurer e Príncipe eleitor do Sacro Império Romano a partir de 11 junho 1727 até
sua morte. Foi o último monarca britânico de ter nascido fora da Grã-Bretanha. Famoso por seus
numerosos conflitos com seu pai e, posteriormente, com o seu filho. Como rei, exerceu pouco controle
sobre a política em seus primeiros reinados. N.E.

204 - Tiago 1.20. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.

205 - Eclesiastes 11.1. Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.
206 - É provável que, neste item 2 de sua argumentação, Wesley tenha em mente o espírito de
2Corinrios 5.12. Não nos recomendamos novamente a vós outros; pelo contrário, damo-vos ensejo de
vos gloriardes por nossa causa, para que tenhais o que responder aos que se gloriam na aparência e não
no coração. N.E.

207 - 2Timóteo 3.7. que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade.

208 - Mateus 12.35. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau
tesouro tira coisas más.
209 - Salmo 19.1. Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas
mãos.

210 - Mateus 6.22. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será
luminoso.

211 - 1Coríntios 13.11. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava
como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.

212 - Gênesis 1.3. Disse Deus: Haja luz; e houve luz. 2Coríntios 5.17. E, assim, se alguém está em
Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.

213 - Hebreus 2.10. Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem,
conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
214 - Deístas. Os deístas assumem uma postura filosófico religiosa que admite a existência de um Deus
criador, mas questiona a ideia de revelação divina. Sua doutrina considera a razão como uma via capaz
de nos assegurar da existência de Deus, desconsiderando, para tal fim, a prática de alguma religião
denominacional. Um de seus grandes expoentes é o filósofo francês Voltaire (1694–1778). N.E.

215 - Arianos. No transcorrer da história, o arianismo assumiu contornos distintos. Após a Reforma, o
nome arianos foi usado na Polônia para referir a seita Cristã Unitária, a irmandade polaca (Frater
Polonorum). Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do Iluminismo. Arianismo
tem sido um nome aplicado a outros grupos não trinitários, desde então, como as Testemunhas de
Jeová. N.E.

216 - Socinianos. Seguidores de Fausto Socino (falecido na Polônia, em 1604). Desenvolveu sua
teologia inspirada em seu tio Lélio Socino (morto em 1562, em Zurique). A doutrina sociniana é
antitrinitária e considera que em Deus há uma única pessoa e que Jesus de Nazaré é um homem. Suas
crenças, resumida no Catecismo Racoviano, são: 1. a Bíblia era a única autoridade, mas tem que ser
interpretada pela razão; 2. rejeição de mistérios; 3. unidade, eternidade, onipotência, justiça e sabedoria
de Deus; 4. a razão é capaz de compreender Deus para a salvação humana, mas sua imensidão,
onipresença e ser infinito são além da compreensão humana, portanto desnecessárias à salvação; 5.
rejeição da doutrina do pecado original; 6. celebração do batismo e da santa ceia como símbolos
memorativos, sem serem eficazes meios de graça. N.E.

217 - Hebreus 13.8. Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.
218 - Filipenses 3.14. prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus.

219 - Lucas 24.49. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade [de
Jerusalém], até que do alto sejais revestidos de poder.

220 - Lucas 9.23. Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a
sua cruz e siga-me.

221 - Blind Quay. Não sabemos ao certo o que significa esta expressão. O que apuramos é que parece
tratar-se de uma rua em Dublim (Irlanda), onde funcionavam duas tabacarias geridas por huguenotes
(calvinistas franceses). No entanto, admitimos que esta informação não é precisa. N.E.

222 - Não se trata nem de Charles nem de John Wesley. Provavelmente um paroquiano. N.T.
223 Ele foi para Londres com a intenção de imprimir uma nota edição de suas Notas.

224 - Antinomianismo. Expressão de origem grega. Uma vez que Wesley é metódico, disciplinado, a
expressão assume um caráter importante, pois se refere àqueles que são contrários às regras, às normas
(anti+nomos). N.E.

225 - Dr. Charles Cobbe (1687–1765), Arcebispo da Igreja da Irlanda, em Dublin.


226 - Romanos 15.1. Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não
agradar-nos a nós mesmos.
227 - Rev. Moore Booker que, durante o verão de 1759, embarcou de Parkgate, no navio mercante
Chester, que afundou, e todos a bordo pereceram.

228 - Provavelmente Sr. Bindon, defronte de cuja casa ele pregou em 27 de maio de 1762.
229 - Provável menção de Mateus 24.33. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei
que está próximo, às portas.
230 - Este estudo foi publicado em inglês, em dois volumes, mais tarde expandido para três e,
finalmente, para cinco.

231 - Gálatas 3.10,11. Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está
escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las. E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela
fé.

232 - Circuitos. Os primeiros pregadores supervisionados por John Wesley eram itinerantes, e
pregavam em uma paróquia ou distrito, a partir de uma sede. Distritais ou Paroquiais, como
primeiramente eles foram chamados, era o nome natural para a área que eles cobriam. A princípio, eles
eram chamados, depois de seu fundador, de pregador itinerante principal. Por exemplo, ‘Paróquia de
John Bennet’, ou ‘Distrito das Sociedades de William Darney’.

A primeira lista oficial destes circuitos data de 1746, e inclui: 1. Londres (incluindo Surrey, Kent,
Essex, Brentford, Egham, Windsor, Wycombe); 2. Bristol (incluindo Somerset, Portland, Wiltshire,
Oxfordshire, Gloucester); 3. Cornualha 4. Evesham (incluindo Shrewsbury, Leominster, Hereford e, a
partir de Stroud Wednesbury); 5. Yorkshire (incluindo o Cheshire, Lancashire, Derbyshire,
Nottinghamshire, Rutland, Lincolnshire); 6. Newcastle 7. Gales.

Esses circuitos comportavam uma série de “sociedades”. John Wesley não tinha a intenção de constituir
uma nova igreja ou uma nova denominação. Sua visão era de um reavivamento, um movimento dentro
da Igreja da Inglaterra. As sociedades seriam, então, um ajuntamento de pessoas que se reuniriam para
estudo bíblico, oração, encorajamento mútuo, e pregação. Os primeiros circuitos cobriam uma área
muito extensa, mas diminuíram progressivamente, à medida que o número de sociedades aumentou.

233 - Malaquias 2.1-3. Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes e se
não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei
sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não
propondes isso no coração. Eis que vos reprovarei a descendência, atirarei excremento ao vosso rosto,
excremento dos vossos sacrifícios, e para junto deste sereis levados.

234 - Filipenses 4.7. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a
vossa mente em Cristo Jesus.
235 - 1João 5.12. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida.

236 - Êxodo 23.9. Também não oprimirás o forasteiro; pois vós conheceis o coração do forasteiro, visto
que fostes forasteiros na terra do Egito.
237 - John Walsh tinha estado ali no ano anterior, e se certificado de que “muitos tinham partido
porque os porcos ficavam debaixo do cômodo”. A sala, em George Street, Walsall, ficava em cima de
um mercado de porcos.

238 - Gálatas 5.6. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum,
mas a fé que atua pelo amor.
239 - Ver nota 174.

240 - 2Coríntios 5.19. a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.

241 - 1Coríntios 1.30. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus,
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção. 242 - Capitão Caulder.
243 - Provérbios 3.17. Os seus caminhos são caminhos deliciosos, e todas as suas veredas, paz.

244 - O Messias (The Messiah). É um oratório de Georg Friedrich Händel (1685–1759). É sua mais
famosa criação e está entre as mais populares obras corais da literatura ocidental. Narra a vida de Jesus
Cristo. N.E.

245 - Pessoas santificadas e pessoas justificadas. No pensamento teológico de John Wesley, a graça é o
elemento central para a Soteriologia ou Doutrina da Salvação. Entretanto, diferente dos
predestinacionistas, a graça não anula a resposta humana, que deve ser manifestada pela fé. Nesta
perspectiva, Wesley elabora seu raciocínio no qual a salvação acontece em estágios diferentes,
dependendo da manifestação da graça divina e da resposta humana. Assim sendo, ele apresenta sua
compreensão de graça preveniente, graça justificadora e graça santificadora. Os “justificados” são
aqueles que já aceitaram o sacrifício de Cristo na cruz pelos seus pecados. Os “santificados” são
aqueles que permanecem em busca da renovação da imagem de Deus em suas vidas. Sobre este tema,
há inúmeros trabalhos sobre o modo de pensar de John Wesley. N.R.

246 - Mateus 18.3. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes
como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.

247 - Em 23 de dezembro, ele escreveu a seu irmão. Como aconteceu com as outras séries, a carta
parece ser apenas parte do original. A preocupação em Maxfield é ainda um mistério insolúvel e um
obstáculo para o sucesso perfeito. Referindo-se aos convertidos imaginários no Avivamento, ele diz,
“Alguns desses, dois ou três outros, são ainda selvagens. Mas o assunto não vai além daqui. Eu poderia
agir com todos esses se Thomas Maxfield estivesse certo. Ele é o cabeça e fonte do mal. Assim,
obstinado e tão absolutamente não convincente, e mesmo assim (o que é excessivamente estranho)
Deus continua a abençoar seus trabalhos”. N.T.

248 - João 10.11. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.
249 - John Knox (1514–1572). Reformador escocês que liderou uma reforma protestante na Escócia
segundo a linha calvinista. N.E.

250 - No artigo sobre “O Metodismo em York”, por Daniel M’Allum, na Methodist Magazine, julho de
1827, ele diz: “Naquele tempo, o Rev. Cordeux estava incumbido do benefício eclesiástico da Igreja de
St.Saviour; e ele advertiu a congregação contra ouvir ‘aquele velhaco do Wesley pregar’. O Sr. Wesley
chegou na cidade no sábado, pregou na Capela de Peaseholme Green, e novamente no domingo de
manhã; na manhã daquele dia, ele foi para a Igreja de St. Saviour, vestido de seus paramentos
sacerdotais. O clérigo, no decorrer da leitura das orações, viu um clérigo desconhecido, e enviou um
oficial para convidá-lo a vir até o púlpito. Ele aceitou o convite e pregou seu texto do Evangelho do dia
(Mt 7.21). Depois do culto, o vigário perguntou ao clérigo se ele sabia quem era o estranho, ‘senhor’,
ele respondeu, ‘ele é o velhaco Wesley, sobre quem o senhor nos advertiu’”. Informação sem indicação
de fonte (N.E.).

251 - Betesda. Ver João 5.

252 - Lucas 16.31. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se
deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.

253 - Isaías 55.6. Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
254 - Eclesiastes 11.1. Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.

255 - Penzance. Inglaterra. Cidade portuária.


256 - Wesley retornou para ministrar à congregação irlandesa, agora com 3.000 membros, em
comparação com os 400 de 1740.
257 - Deuteronômio 26.17,18. Hoje, fizeste o Senhor declarar que te será por Deus, e que andarás nos
seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos
à sua voz. E o Senhor , hoje, te fez dizer que lhe serás por povo seu próprio, como te disse, e que
guardarás todos os seus mandamentos.

258 - Emile ou Da Educação (Emily or On Education), de Jean-Jacques Rousseau (1712–1778). Uma


das principais obras do filósofo suíço. Em 1762 a obra (bem como O Contrato Social, também de sua
autoria) foram condenadas pelas autoridades, e Rousseau foi perseguido. N.E.

259 - Diz-se daquele que tem aversão à sociedade. N.E.


260 - Eclesiastes 12.13. De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus
mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. 261 - Referindo à sua esposa.
262 - Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum.
263 - Sério. Ver nota 12.
264 - João 9.4. É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem,
quando ninguém pode trabalhar.

265 - Romanos 4.3 Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
266 - Colosso de Rodes. Foi uma estátua de Hélios, deus grego do sol, construída entre 292 a.C. e 280
a.C. por Carés de Lindos. A estátua tinha trinta metros de altura, 70 toneladas e era feita de bronze.
Tornou-se uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. N.E.

267 - Bacamarte. Espingarda de cano curto e largo. N.E.


268 - Sra. Wesley, Mary Vazeille, aos 71 anos.

269 - Salmo 91.11. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os
teus caminhos.
270 - Cerca de 56 kg.

271 - Colossenses 1.27. aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério
entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória.

272 - Hebreus 12.14. Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.

273 Fogo purgatório. Outra expressão com importância no pensamento de Wesley. Diz respeito a fase
da vida de alguém, quando “arde” a dúvida e a incerteza na busca pelo Caminho. No escopo da
doutrina metodista, esta é a fase coberta pela graça preveniente, anterior ao momento da conversão.
N.E.

274 - João 3.5. Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no reino de Deus.
275 - Lucas 13.19. É semelhante a um grão de mostarda que um homem plantou na sua horta; e cresceu
e fez-se árvore; e as aves do céu aninharam-se nos seus ramos.

276 - João 4.23. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.

277 - “O socorro que é dado junto a terra, Deus mesmo o realiza” [da tradutora]. Na Almeida Revista e
Atualizada, temos: “Ora, Deus, meu Rei, é desde a antiguidade; ele é quem opera feitos salvadores no
meio da terra” (Salmo 74.12). É possível que Wesley tivesse adotado em seus sermões a, hoje
mundialmente conhecida, King James Version, por entender que a nova tradução foi uma contribuição
bastante oportuna e “maravilhosa”. N.E.

278 - Mateus 7.24,25. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a
um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a
rocha.

279 - Talvez uma referência à passagem de Gênesis 28.11. Tendo chegado a certo lugar, ali passou a
noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo
para dormir.

280 - Lucas 15.7. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do
que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

281 - Filho de Siraque (ou Eclesiástico, também denominado Sabedoria de Jesus). É obra apócrifa,
comparativamente grande. Escrito em hebraico, o livro tem sido datado entre 290 ou 280 a.C. O seu
autor, Jesus, filho de Siraque de Jerusalém, era avô, ou, tomando a palavra em sentido mais lato,
antecessor remoto do tradutor. A tradução foi feita no Egito no ano 38, quando Evergeto era rei. O
grande tema da obra é a sabedoria. É também um valioso tratado de ética. N.E.

282 - Isaías 38.1. Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com ele o
profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque
morrerás e não viverás.

283 - Daniel 6.
284 - Ezequiel 37.

285 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

286 - Hebreus 4.12. Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada
de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração.

287 - Estrutura costeira, em madeira ou pedra, que avança mar ou oceano adentro, e serve para atracar
embarcações ou mesmo para pescadores. N.E.

288 - 2Coríntios 6.2. Porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da
salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação.

289 - Romanos 3.22,23. Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os
que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.

290 - 1Coríntios 2.2. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.
291 Mateus 7.24,25. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a
um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a
rocha.

292 - Efésios 2.8. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.
293 - Gênesis 9.27. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo .
294 - Nascido em 18 de dezembro de 1707, em Epworth, Lincolnshire, Inglaterra, Charles Wesley foi o
décimo oitavo e o último filho de Samuel e Susannah Wesley. Eles tiveram três filhos que
sobreviveram, o mais velho, John Wesley, nasceu em 1703. Aos 15 meses, a velha Reitoria em
Epworth foi totalmente destruída pelo fogo e, Charles, assim como John, teve de ser resgatado do
inferno. Ele foi rapidamente carregado por uma criada e colocado a salvo nos braços de sua mãe.
Charles morreu em Marylebone, Londres, em 29 de março de 1788, e enterrado no pátio da Paróquia
em Marylebone, contra a vontade de seu irmão, com oito clérigos da Igreja da Inglaterra carregando seu
caixão. Ele se considerava ter vivido e morrido como membro da Igreja da Inglaterra. N.T.

295 - Mateus 21.16. Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da
boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?

296 - Mateus 8.3. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente
ele ficou limpo da sua lepra.
297 - 1Coríntios 13.13. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior
destes é o amor.
298 - Isaías 55.6.

299 - Jó 22.2,3.

300 - João 4.35. Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os
olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.

301 - Gálatas 6.14. Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo,
pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.

302 - Salmo 90.12. Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.

303 - Atos 13.40, 41. Notai, pois, que não vos sobrevenha o que está dito nos profetas. Vede, ó
desprezadores, maravilhai-vos e desvanecei, porque eu realizo, em vossos dias, obra tal que não crereis
se alguém vo-la contar.

304 - Jeremias 8.20. Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.

305 - Romanos 6.23. ... porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

306 - Ele ainda podia alimentar-se razoavelmente.

307 - John Milton (1608–1674), político britânico, dramaturgo, poeta e estudioso das religiões.
308 - 1Timóteo 6.20. E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e
profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam.

309 - Mateus 12.50. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e
mãe.

310 - Referência a George III, do Reino Unido (George William Frederick, 1738–1820). Recebeu o
cognome de o Louco devido à instabilidade mental causada pela doença crônica que sofria (porfiria).

311 - 2Coríntios 5.19. ...a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.

312 - Ibid.

313 - Lucas 15.32. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu
irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.

314 - Oséias 8.11. Porquanto Efraim multiplicou altares para pecar, estes lhe foram para pecar.

315 - Apocalipse 22.17. O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que
tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.

316 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

317 - Salmo 34.11. Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR.

318 - Efésios 5.1,2. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como
também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma
suave.

319 - Apocalipse 20.12. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono.
Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados,
segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.

320 - 1João 4.19. Nós amamos porque ele nos amou primeiro.

321 - Hebreus 7.25. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles.
322 - Mateus 22.

323 - 1 Coríntios 6.19. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em
vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?

324 - Hebreus 4.14. Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou
os céus, conservemos firmes a nossa confissão.

325 - 1Pedro 1.3. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos.

326 - Hebreus 11.1. 1 Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não
veem.

327 - Marcos 1.41. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero,
fica limpo!
328 - Mateus 12.50. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e
mãe.

329 - Isaías 35.8. E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não
passará por ele, pois será somente para o seu povo; quem quer que por ele caminhe não errará, nem
mesmo o louco.
330 - João 3.37. No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem
sede, venha a mim e beba.
331 - Apocalipse 3.2. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado
íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.

332 - Hebreus 2.3. ...como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo
sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram.

333 Eclesiastes 9.10. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no
além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.

334 - Mateus 3.2. Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. 335 - Efésios 6.10-20.

336 - Lucas 10.42. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa
parte, e esta não lhe será tirada.
337 - O falecido Rev. Sr. Richardson, que agora está enterrado juntamente com o Sr. Wesley, no
mesmo ataúde, leu o serviço funeral de uma maneira que o tornou peculiarmente emocionante, quando
chegou naquela parte que diz: “Visto que agradou ao Altíssimo Deus tomar para si mesmo a alma de
nosso querido irmão”, etc., substituindo o epíteto “Irmão”, por “Pai”, o que causou tão poderoso efeito
na congregação, que as lágrimas silenciosas pareceram irromper em pranto.

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