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Revisão:
Vicente de Paulo Ferreira Imagen da capa:
Redesenhada por Cris Marchiori Imagens:
Wellcome Images
Creative Commons Attribution 4.0 International
W5161d Wesley, John
O diário de John Wesley / John Wesley. _ São Bernardo: Editeo, 2017
432 p.: 14 x 21 cm
ISBN 978-85-8046-050-6
1. Autobiografia 2. Igreja Metodista 3. Wesley 4. historia 5.Testemunho I. Título
CDD 287
Celebrando a nossa história:
150 anos de metodismo em terras brasileiras.
Prefácio à Segunda Edição.
A Editora Angular tem a satisfação de oferecer a 2ª Edição de “O Diário de
John Wesley”. A primeira edição dessa publicação aconteceu em 2008,
através do dedicado trabalho coordenado pelo Magno Paganelli, Arte
Editorial, SP, bem como a primorosa tarefa de tradução da Sra. Izilda Bella.
Agradecemos o legado deixado.
Ler, reler o diário de Wesley, bem como os seus muitos escritos constitui
uma experiência exuberante de conhecer o mundo que ele viveu, a sua vida e
ministério, sua personalidade, as suas lutas e desafios. Sua determinação para
caminhar no caminho de uma experiência com Cristo imprimiu-lhe um
profundo compromisso com a santidade de vida que conduz a uma
experiência intelectual, a um profundo impacto existencial e ao compromisso
com a vida.
Sororalmente,
Joana D’Arc Meireles Secretária Editorial – Angular Editora.
Apresentação
“Fui instado para pregar o sermão para os condenados em Bristol; consenti
em fazê-lo, mas com pouca esperança de alcançar bons resultados, porque os
criminosos eram impenitentes. Contudo, ficaram banhados em lágrimas, e
não estavam fora do alcance de Deus. ” John Wesley Quarta-feira, 4 de
outubro de 1781
Ter contato com os escritos do Rev. John Wesley sempre foi uma
preocupação del ideranças e denominações cristãs, notadamente as
decorrentes de seu legado histórico, doutrinário, pastoral e missionário.
Uma das primeiras iniciativas nesta direção foi a tradução de trechos de seu
Diário, selecionados pelo missionário metodista Paul Eugene Buyers. Esta
obra foi editada pela Junta Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista, no
ano de 1965, em São Paulo.
Agora, a Editora Angular, com aquisição dos direitos autorais desta obra,
lança sua segunda edição, oferecendo aos leitores e leitoras o conhecimento
mais próximo do cotidiano de um pastor que, tendo o coração estranhamente
aquecido, como relata em seu diário no dia 24 de maio de 1738, estendeu que
o mundo, com todos os desafios, potencialidades e fragilidades humanas era
o seu palco de ação, a sua paróquia!
Uma obra que seja de ficção implica, à sua apresentação, um olhar para a
forma e conteúdo literário, percebendo a linha de argumentação que perpassa
o seu enredo, bem como o estilo no qual esta pode se catalogada. Mesmo
uma obra biográfica, ou autobiográfica, tem aspectos determinantes da sua
autoria, tendo em vista o estilo da peça, quanto de seu olhar ao público que
deseja alcançar.
Bispo Luiz Vergilio Batista da Rosa Presidente do colégio episcopal da Igreja Metodista
Sumário
Prefácio à Segunda Edição. 4
Apresentação 6
Prefácio por John Wesley 11
1735
Do Embarque Para A Geórgia Ao Retorno A Londres 13 Rumo à América 13
1736
Dificuldades a bordo 16 Finalmente Savannah 18 Encontro com os índios 19
Charles Wesley retorna à Inglaterra 27
1737
Dificuldades na Geórgia 32 Mandato de prisão 38 Diante do grande júri 42
Impedido de sair da província 45 Fuga pela floresta 47 Adeus América! 50
1738
De Londres Ao Retorno Da Alemanha 55 Prefácio 56 Em Londres
novamente 58 Encontro com Peter Böhler 62 Nasce a Sociedade de Fetter
Lane 71 “Senti meu coração estranhamente aquecido” 74 Embarque para a
Alemanha 84 Prefácio 87 De volta a Londres 91
1739
Pregações no campo 92 Primeira casa Metodista 94 “O mundo todo é minha
paróquia” 97 Pregação em Gales 107
1791
Últimas horas por alguém que esteve presente 392 Excerto do livro de
medicina primitiva de John Wesley 397 Prefácio 397 Momentos da vida de
John Wesley 400 O pequeno “Jacky”, ‘um tição tirado do fogo’ 400 O
começo de uma ideia 400 Nasce o Clube Santo 401 Primeira e única visita à
América 401 Sophy Hopley 402 Tempestades emocionais 402
Continuei a agir assim, por onde quer que fosse, até o momento de minha
partida da Inglaterra. A variedade de situações pelas quais passei levou-me a
transcrever, de tempos em tempos, as partes mais relevantes do meu Diário,
acrescentando aqui e ali pequenas reflexões à medida que elas ocorreram em
minha mente.
Na verdade, não pretendo nem desejo perturbar o mundo com alguns de meus
pequenos assuntos. Devo responder por mim mesmo, como parece a toda
mente imparcial, uma vez que há muito tenho sido rotulado “como alguém
que não ouve”, não obstante o alto e frequente chamado.
Limitei-me até aqui a uma carta, escrita alguns anos atrás, contendo um relato
claro sobre o surgimento daquela pequena sociedade em Oxford, a qual tem
sido apresentada de maneira tão variada. Parte desta foi publicada em 1733;
mas sem meu consentimento ou conhecimento. Ela agora permanece, como
se eu a tivesse escrito sem qualquer adição, diminuição ou correção; sendo
minha única preocupação aqui “declarar a coisa como ela é”.
Que possamos ser não apenas de uma só língua, mas de uma só mente e
coração.
Do horário do almoço até às quatro horas, lemos para aqueles pelos quais
cada um de nós se responsabilizou, ou conversamos com eles, conforme a
necessidade requeira.
Que aquele, de cuja semente semeamos, faça com que ela cresça!
Por volta das onze horas, deitei-me e, em pouco tempo, adormeci; embora em
dúvida se acordaria vivo e ainda mais envergonhado por causa da minha
relutância em morrer. Quão puro de coração deve ser quem se regozija em
aparecer diante de Deus num momento de perigo! Pela manhã, “Ele
repreendeu os ventos e o mar; e houve uma grande calmaria”(Mateus 8.26(.
Porém, não podem obedecer a Deus por muito tempo, devido ao medo,
aqueles que são surdos para as razões do amor.
Por volta da uma hora da tarde, quase tão logo eu saí da grande porta da
cabine, a onda não quebrou como era usual, mas veio com uma maré cheia e
escorregadia pelo lado da embarcação. Eu fui jogado para o alto e, por um
momento, fiquei tão aturdido que eu mal conseguia erguer minha cabeça,
antes que o mar a devolvesse morta. Mas, graças a Deus, eu não tive
nenhuma lesão, afinal. Aproximadamente à meia-noite, a tempestade cessou.
Às sete horas, fui até os alemães. Há algum tempo, tenho observado a grande
seriedade do comportamento deles. A contínua prova de sua humildade ao
realizarem trabalhos servis em favor de outros passageiros, o que não
acontecia com qualquer um dos ingleses a bordo, pelos quais pediam e não
recebiam pagamento, dizendo que “Isso era bom para seus corações
orgulhosos”, e que “seu amoroso Salvador tinha feito muito mais por eles”. E
que todos os dias ele lhes dava a oportunidade de mostrar mansidão, o que
nenhuma injúria poderia mudar. Se eram empurrados, atingidos ou jogados
ao chão, eles se levantavam novamente e iam embora, mas nenhuma queixa
era encontrada em suas bocas. Houve, então, uma oportunidade de saber se
eles estavam libertos do espírito do medo, assim como do orgulho, raiva e
vingança.
Na metade do Salmo, por meio do qual o trabalho deles começou, uma onda
quebrou sobre o navio, fez a vela principal em pedaços, cobriu o navio e
esparramou-se entre os conveses como se a grande profundeza já os tivesse
tragado. Um terrível grito foi ouvido entre os ingleses. Os alemães, no
entanto, cantaram calmamente. Mais tarde perguntei a um deles: “Você não
estava com medo?”E ele respondeu: “Graças a Deus, não”. E eu perguntei:
“Mas as mulheres e crianças não estavam com medo?” E ele respondeu,
suavemente: “Não, nossas mulheres e crianças não estão com medo de
morrer!”
Logo em seguida, fui até seus vizinhos, que choravam e tremiam, e mostrei-
lhes a diferença, na hora da provação, entre aquele que teme a Deus e aquele
que não o teme. À meia-noite, o vento cessou. Este foi o mais glorioso dia
que eu vi até então.
30/01 – sexta-feira. Tivemos outra tempestade, que não nos causou nenhum
outro dano a não ser rachar o traquete.* Com nossas camas molhadas, eu me
deitei no chão e dormi profundamente até de manhã. Acredito que não
acharei mais necessário ir para a cama (como chamam aquilo).
1/02 – domingo. Falamos com o navio da Carolina; e quarta-feira, dia 4, entramos nos
estreitos. Por volta do meio
-dia, as árvores eram visíveis dos mastros e, à tarde, do convés principal. À
noite, a mensagem foi sobre estas palavras: “Uma grande e eficaz porta está
aberta”.7 Não permita que alguém a feche!
Finalmente Savannah
5/02 – quinta-feira. Entre duas e três horas da tarde, Deus nos levou a salvo
até o rio Savannah. Lançamos âncora perto da ilha Tybee, onde os pinheiros
correm ao longo da orla formando um panorama agradável, que mostra a
florescência da primavera no vigor do inverno.
“Meu irmão, primeiro, devo-lhe fazer uma ou duas perguntas: Você tem
testemunho de si mesmo? O Espírito de Deus testemunha com seu espírito
que você é filho de Deus?” Fiquei surpreso, e não soube o que responder. Ele
observou isto e perguntou: “Você conhece Jesus Cristo?” Pensei um pouco e
respondi: “Eu sei que ele é o Salvador do mundo!” “Verdade!”, ele retrucou.
“Mas você sabia que ele salvou você?” E eu respondi: “Eu espero que ele
tenha morrido para me salvar!” Ele apenas acrescentou: “Você conhece a si
mesmo?” “Eu conheço”, respondi. Mas temo que essas palavras foram vãs.
“Eu me alegro que tenham vindo. Quando estive na Inglaterra, desejei que
alguém pudesse me falar da grande Palavra. Minha nação também desejava
ouvir, mas agora estamos todos confusos. Ainda assim, estou feliz que
tenham vindo. Eu falarei a todos os homens sábios de nossas nações e espero
que eles me ouçam. Mas não queremos ser feitos cristãos, como os espanhóis
fazem cristãos: queremos ser ensinados, antes de sermos batizados”.
Ao que respondi: “Há apenas um, aquele que está nos céus; o único capaz de
ensinar sabedoria aos homens. Embora tenhamos vindo de tão longe, não
sabemos se ele terá prazer em ensiná-los através de nós ou não. Se ele
ensinar, você aprenderá sabedoria, mas nós mesmos não podemos fazer
nada”.
Em nosso retorno, no dia seguinte (Sr. Quincy, em cuja casa estivemos mais
tarde), o Sr. Delamotte e eu aceitamos ficar com os alemães. Tínhamos agora
a oportunidade de observarmos, no dia a dia, todo o seu comportamento, uma
vez que estávamos todos no mesmo quarto, de manhã até à noite, exceto pelo
pouco tempo que passávamos caminhando. Eles estavam sempre ocupados,
sempre contentes e bem humorados uns com os outros; toda raiva, disputa,
ira, amargura, queixa e maledicência eram deixados fora. Eles andavam de
modo digno da vocação para a qual foram chamados,13 e adornavam o
Evangelho de nosso Senhor em todas as coisas.
29/02 – domingo. Ao saber que o Sr. Oglethorpe não voltaria mais para
Savannah, antes que ele fosse para Frederica fui obrigado a voltar para o
navio novamente (o Sr. Spangenberg seguiu-me até lá), onde recebi suas
ordens e instruções sobre diversos assuntos. Depois seguimos para as orações
públicas. Em seguida, fomos revigorados pelas diversas cartas da Inglaterra.
E eu não posso deixar de observar quão cuidadoso é nosso Senhor, no
retribuir o que quer que lhe entreguemos.
Eu dificilmente acreditaria que a maior parte deste povo atento e sério, dali
por diante, pisotearia esta palavra e falsamente diria todo tipo de mal a
respeito daquele que a falou.
Quem pode acreditar no que seus corações abominam? Jesus, Mestre, tenha
misericórdia de nós. Permita-nos amar tua cruz; então, poderemos crer “que
se sofremos contigo, também reinaremos contigo!”17
4/04 – domingo. Por volta das quatro horas da tarde, parti para Frederica em
uma “pettiawga” — espécie de barcaça de fundo plano. Na noite seguinte,
ancoramos perto da ilha de Skidoway, onde a inundação tinha doze ou
quatorze pés de profundidade. Eu me envolvi da cabeça aos pés em um
capote largo, para evitar os mosquitos pólvora, e me deitei no tombadilho.20
Entre uma e duas horas, permaneci deitado na água, estando tão
profundamente adormecido que não percebi onde estava até minha boca
encher-se de água.
Depois, deixando meu capote, eu não sei como, me arrastei pelo tombadilho
até o outro lado da pettiawga, onde um barco estava amarrado. Subi por uma
corda sem qualquer transtorno a mais do que molhar minhas roupas!
E concordamos...
12/06 – sábado. Estive com uma pessoa muito desejosa de conversar comigo
[Sophia], mas não sobre religião, e eu falei com este propósito:
“Suponha que você irá para uma região onde todos falam Latim e não
entendam outra língua, nem gostariam de conversar com alguém que não a
entendesse. Suponha que alguém tenha sido enviado para estar aqui, por
pouco tempo, com o propósito de ensiná-la. Suponha que esta pessoa,
satisfeita com sua companhia, deseje passar seu tempo em brincadeiras com
você e nada ensiná-la do que veio fazer”.
“Isto seria certo? Sim, este é ainda nosso caso. Você vai para uma região
onde todos falam do amor de Deus. Os cidadãos do céu não entendem outra
linguagem. Eles não conversam com ninguém que não a entenda. De fato,
ninguém assim é admitido ali. Eu fui enviado por Deus para ensiná-la nisto.
Alguns poucos dias me foram concedidos para este propósito. Seria correto
de minha parte, porque me agradei de sua companhia, passar este curto
período de tempo brincando e nada ensiná-la do que vim fazer? Deus proíbe!
Eu, antes, não devo conversar com você. Dos dois extremos, este é o
melhor”.
19/06 – sábado. Sr. Oglethorpe retornou para o sul e deu ordens no domingo,
dia 10, para que ninguém profanasse o dia (como era usual antes) pescando
ou caçando. À tarde, resumi o que tinha visto ou ouvido em Frederica,
inconsistente no cristianismo, e, consequentemente, com a prosperidade do
lugar. O evento foi como deveria. Alguns dos ouvintes sentiram-se
beneficiados e os demais profundamente ofendidos.
Ele estava muito nervoso para ouvir uma resposta. Então, não tive o que fazer
a não ser agradecer por sua franqueza e ir embora.
“Aquele que está acima sabe para o que nos fez. Nós não sabemos nada. Nós
estamos na escuridão. Mas o homem branco sabe muito. E, ainda assim, o
homem branco constrói grandes casas como se fosse viver para sempre. Mas
o homem branco não pode viver para sempre. Em pouco tempo, o homem
branco se tornará pó, tanto quanto eu”.
E eu lhe disse: “Se o homem vermelho aprender do livro bom, ele poderá
saber tanto quanto o homem branco. Mas nem eu, nem você, podemos
entender esse livro, a menos que sejamos ensinados por aquele que está nas
alturas: e ele não ensinará até que você descarte o que já sabe que não é
bom”.
E ele respondeu: “Eu acredito nisso. Ele não irá nos ensinar enquanto nossos
corações não forem bons. E nossos homens fazem o que eles sabem que não é
bom. Eles matam seus próprios filhos. E nossas mulheres fazem o que elas
sabem que não é bom: elas matam a criança antes de nascer. Além disso,
aquele que está nas alturas não nos enviou o livro bom”.
20/06 – quarta-feira. Cinco dos índios Choctaws (vinte dos quais estiveram
em Savannah por diversos dias) vieram nos ver, com o Sr. Andrew, seu
intérprete. Todos eles eram guerreiros, quatro deles, líderes. Os dois chefes
eram Paustoobee e Mingo Mattaw.
Quase ao mesmo tempo em que essas palavras eram faladas, o mastro caiu.
Eu me segurei na extremidade do barco, para me certificar de quando ele
afundasse (o que esperávamos que acontecesse a qualquer momento), embora
com uma pequena perspectiva de nadar até a praia, tanto contra o vento como
contra o mar.
Pegamos o barco de manhã, mas, com o vento contrário e muito alto, não
alcançamos Savannah até a tarde de domingo.
No dia seguinte, ele partiu para o Forte St. George. Desde então, tive cada
vez menos perspectiva de fazer o bem por ali. Muitos eram extremamente
zelosos e infatigavelmente diligentes para impedirem isso, e poucos dos
demais se atreviam a mostrar outro pensamento por temerem desagradá-los.
28/08 – sábado. Separei alguns poucos livros (do pouco que tínhamos) para a
biblioteca em Frederica. À tarde, caminhei para o Forte do outro lado da Ilha.
Por volta das cinco, voltamos para casa; mas, meu guia, não muito perfeito
no caminho, fez com que logo nos perdêssemos, em meio à floresta. No
entanto, continuamos andando, tanto uanto pudemos, até perto das nove ou
dez horas, quando, terrivelmente cansados e totalmente molhados pelo
orvalho, nos deitamos e dormimos até de manhã.
2/09 – quinta-feira. Parti em uma chalupa23 e, por volta das dez horas do
domingo de manhã, fui para Skidoway, a qual eu deixei (depois de ler as
orações e pregar para uma pequena congregação) e fui para Savannah à tarde.
12/10 – terça-feira. Consideramos se alguma coisa ainda podia ser feita pelo
pobre povo de Frederica, e me submeti ao julgamento de meus amigos: que
foi o de que eu deveria fazer outra viagem até lá, com o Sr. Ingham
incumbindo-se de ocupar meu lugar em Savannah. Eu cheguei no sábado, 16,
e encontrei algumas poucas coisas melhores do que esperava. As orações
matutinas e vespertinas, que ainda foram lidas durante algum tempo depois
de minha partida, há muito haviam cessado e, desde então, todas as coisas
pioraram e muitos não mantiveram mais da forma do que do poder da
santidade.
18/10 – segunda-feira.
Certificando-me de que havia diversos alemães em Frederica, que não
entendiam a língua
* Pandectae Canonum Conciliorum
inglesa e não podiam juntar-se na oração pública, pedi que eles se
encontrassem comigo em minha casa; o que eles fizeram todos os dias, ao
meio-dia, desde então. Primeiro, cantávamos um hino em alemão, então
líamos um capítulo no Novo Testamento; em seguida, eu o explicava tanto
quanto podia. Depois, outro hino, e concluíamos com uma oração.
“Você não pode deixar Savannah sem um ministro!” A isto, minha resposta
era clara: “Eu desconheço que esteja debaixo de qualquer obrigação, ao
contrário. Eu nunca prometi ficar aqui um mês. E declarei isso a ambos,
abertamente, antes e desde sempre que, na minha vinda para cá, eu não iria,
nem poderia me encarregar dos ingleses por muito tempo, até que eu pudesse
ir ter com os índios”.
Oh! Envia tua luz e tua verdade, para que elas possam guiá-los! Não permita
que eles sigam suas próprias imaginações!
Depois de ter dado socos no ar neste lugar infeliz durante vinte dias, em 26
de janeiro, fiz minha despedida final de Frederica. Não foi por alguma
apreensão acerca do meu próprio perigo, embora minha vida tenha sido
ameaçada muitas vezes, mas pelo desespero absoluto de fazer o bem, o que
me fez lamentar com o pensamento de não mais vê-la.
Em minha volta para casa, procurei o famoso livro (As Obras de Nicholas
Maquiavel), e me propus a ler e considerá-las cuidadosamente. Eu começo
com um preconceito a seu favor, ao ser informado de que ele tem sido
frequentemente mal compreendido e grandemente distorcido. Ponderei os
sentimentos que eram menos comuns, transcrevi as passagens onde foram
inseridos, comparando uma passagem com outra, e me esforcei para formar
um julgamento razoável e imparcial. Conclui que se todas as outras doutrinas
que o diabo tem se comprometido a escrever, desde que as letras estão no
mundo, fossem reunidas em um só volume, elas não atingiriam este objetivo;
e se pudesse um Príncipe ser formado por meio deste livro, que recomenda
tão calmamente a hipocrisia, a infidelidade, a mentira e o assassinato de todos
os tipos, Domiciano ou Nero seriam anjos de luz, comparados a este homem.
31/01 – segunda-feira. Chegamos em Savannah. Na terça-feira,
1º de fevereiro, festa de
aniversário do primeiro comboio a desembarcar na Geórgia, tivemos um
sermão e santa comunhão. Na quinta-feira, 24, concordamos que o Sr.
Ingham fosse para a Inglaterra e se empenhasse em trazer alguns de nossos
amigos, se fosse do agrado de Deus, para fortalecerem nossas mãos na obra.
No dia 26, ele deixou Savannah. Por intermédio do Sr. Ingham, eu escrevi
aos associados do Dr. Bray que enviassem uma livraria paroquial a Savannah.
Espera-se que os ministros que a receberem enviem um relato a seus
benfeitores sobre o método que usamos para catequizar as crianças e instruir
ao jovem em nossas respectivas paróquias. Esta parte da carta foi como
segue:
“Nosso método geral é este: um jovem que veio comigo ensina entre trinta e
quarenta crianças a ler, escrever e calcular. Antes da aula, durante a manhã, e
depois da aula, à tarde, ele catequiza a classe dos menores e se esforça para
fixar alguma coisa do que foi dito no entendimento e memórias deles. À
tarde, ele instrui as crianças maiores. No sábado, à tarde, eu catequizo todos
eles juntos. O mesmo faço no domingo de manhã, antes do culto vespertino.
E na igreja, imediatamente depois da segunda mensagem, eu seleciono um
pequeno número deles para repetir e ser examinado em algumas partes dela,
empenhando-me para explicá-la e reforçá-la mais amplamente, tanto para eles
quanto para a congregação”.
25/05 – quarta-feira. Fui visitado por alguém que foi da Igreja de Roma por
vários anos; mas agora estava profundamente convencido (como vários
outros) pelo que eu ocasionalmente tenho pregado sobre os graves erros em
que aquela Igreja se encontra, e o grande perigo de continuar como membro
dela.
Nesta oportunidade, não poderia deixar de refletir sobre os muitos avisos que
recebi para me precaver quanto ao crescimento do papismo; mas nenhum,
que eu me lembre, para me precaver quanto ao crescimento da infidelidade.
Fiquei completamente surpreso quando considerei:
2. Que por pior que seja a religião do papismo, não ter religião é ainda pior;
um batizado infiel em uma prova é sempre duas vezes pior até mesmo do que
um papista idólatra.
3. Por mais perigosa que seja a situação em que o papista se encontra, com
respeito à eternidade, o deísta está em um estado pior. Se ele não for (sem
arrependimento) um indubitável herdeiro da condenação.
E, finalmente, que tão difícil quanto seja recuperar um papista, é ainda mais
difícil recuperar um infiel. Eu mesmo conheci muitos papistas, mas nunca um
deísta reconvertido.
Eu sou J. Wesley
5 de Julho, 1737
6/07 – quarta-feira. O Sr. Causton veio até minha casa com o magistrado
principal, Sr. Parker, e o escrivão, e cordialmente perguntou-me: “Como você
pôde pensar que eu possivelmente fosse condená-lo por exercer alguma parte
de seu ofício?” Eu fui breve: “Senhor, o que eu poderia pensar, se é parte do
meu ofício repelir alguém de sua família da Santa Comunhão?” E ele
retrucou: “Se você repelisse a mim, ou à minha esposa, eu poderia requerer
uma razão legal. Mas não devo me preocupar com algum deles. Deixarei que
tomem conta de si mesmos”.
Mandato de prisão
3/08 – quarta-feira. Retornamos para Savannah. No domingo,
dia 7, eu repeli a Sra.
Williamson da Santa Comunhão. E, na segunda, dia 08, o escrivão de
Savannah emitiu um mandato de prisão como segue:
“Geórgia, Savannah”.
“Para todos os Agentes de Polícia, Cobradores e outros. A quem possa
interessar”:
10/08 – quarta-feira. Sr. Causton (por uma justa consideração, como sua
carta expressa isto, à amizade que subsistiu entre nós até esta questão)
requereu que eu desse as razões, no Palácio da Justiça, acerca do porquê
repeli a Sra. Williamson da santa comunhão. Eu respondi: “Eu compreendo
que muitas consequências prejudiciais podem suscitar por ter feito isto. Que a
causa seja colocada diante dos Curadores”.
11/08 – quinta-feira. O Sr. Causton veio até minha casa e, entre muitas
outras palavras afiadas, disse: “Dê um fim a esse assunto! Faça o melhor que
puder. Minha sobrinha não pode ser usada assim! Eu puxei a espada e não
irei embainhá-la até que esteja satisfeito”. Em seguida, acrescentou: “Dê-me
uma razão para tê-la repelido durante a Congregação”. Ao que respondi:
“Senhor, se insistir nisso, irei e então o senhor poderá ter o prazer de dizer a
ela”. “Escreva para ela e diga-lhe você mesmo”, ele retrucou. “Eu o farei”. E,
antes que ele saísse, escrevi o que segue:
“Por solicitação do Sr. Causton, escrevo-lhe uma vez mais. As regras por
meio das quais eu procedi são essas: tantos quantos pretendam tomar parte na
Santa Comunhão deverão declarar seus nomes ao coadjutor, pelo menos
alguns dias antes. O que você não fez. E, se qualquer um desses fez alguma
coisa errada ao seu próximo, por palavra ou ação, de maneira que a
Congregação, por esse motivo, sentiu-se ofendida, o coadjutor deverá
adverti-lo, para que seja como for não venha à mesa do Senhor até que tenha
se declarado aberta e verdadeiramente arrependido. Se você se oferecer à
mesa do Senhor no domingo, eu irei adverti-la (o que fiz mais de uma vez)
naquilo que você errou. E, quando você tiver se declarado aberta
verdadeiramente arrependida, ministrarei a você os mistérios de Deus”.
J. Wesley
11 de Agosto de 1737
O Sr. Delamotte entregou a carta. O Sr. Causton disse, entre muitas outras
conversas acaloradas: “Eu sou a pessoa ofendida. A afronta é oferecida a
mim e eu abraçarei a causa da minha sobrinha. Eu fui maltratado e quero uma
satisfação, se isto for possível no mundo”.
De que maneira essa satisfação deveria ser feita eu ainda não compreendi
mas, na sexta e sábado, ela começou a aparecer: O Sr. Causton declarou para
muitas pessoas que “O Sr. Wesley repeliu Sofia da santa comunhão
puramente por desforra, porque ele propôs casamento a ela e ela o rejeitou,
casando-se com o Sr. Williamson”.
Estive temeroso de que aqueles que eram fracos “vocês tiraram do caminho”,
pelo menos até o ponto de desistirem de “se reunirem” publicamente. Mas eu
temi onde o medo não estava. Deus cuidou disto também. De maneira que no
domingo, dia 14, mais estiveram presentes nas Orações Públicas do que por
alguns meses antes. Muitos deles observaram aquelas palavras na primeira
mensagem: “Coloquem Nobote no alto, em meio ao povo; e dois homens,
filhos de Belial, diante dele, para testemunharem contra ele”.37
Na quinta e sexta-feira foi entregue uma lista de vinte e seis homens que se
encontraram como um Grande Júri na segunda-feira, 22. Mas essa lista foi
enviada, no dia seguinte, e vinte e quatro nomes foram acrescentados a ela.
Desse Júri principal (quarenta e quatro deles apenas se encontraram)
participavam um francês, que não entendia o inglês; um papista; um pagão
professo; três batistas; dezesseis ou dezessete outros não conformistas e
muitos que tiveram disputas pessoais contra mim e haviam jurado vingança
abertamente.
A este Júri principal, na segunda-feira, 22, o Sr. Causton deu uma longa e
fervorosa incumbência: “para se precaverem da tirania espiritual e oporem-se
à nova e ilegal autoridade que foi usurpada sobre a consciência deles”. A
seguir, o depoimento da Sra. Williamson foi lido; em seguida, o Sr. Causton
entregou ao júri principal um papel intitulado: “Uma Lista de queixas
apresentadas pelo júri principal de Savannah, nesse dia 22 de agosto, 1737”.
2/09 – sexta-feira.
Era a terceira Corte a que eu comparecia desde que fui levado à presença do
Sr. Parker e do escrivão.
“Com relação à primeira, compreendemos que o Sr. Wesley não agiu contra
qualquer lei, escrevendo ou falando com a Sra. Williamson, uma vez que não
nos parece que o dito Sr. Wesley tenha falado em privativo, ou escrito à Sra.
Williamson, desde 12 de março (dia de seu casamento), exceto uma carta em
5 de Julho, a pedido de seu tio e na autoridade de Pastor, para exortá-la e
repreendê-la”.
“O fato alegado na quarta denúncia, não entendemos que seja contrário à lei
existente”.
“A sexta, não pode ser verdadeira; porque o dito Sr. William Gough, um de
nossos membros, ficou surpreso em saber que foi citado sem seu
conhecimento ou consentimento, e declarou publicamente que esta não era
queixa contra ele, porque o Sr. John Wesley tem lhe dado razões com as
quais ele está satisfeito”.
Isto foi assinado pelos doze membros do grande júri, dos quais, três eram
condestáveis38 e seis oficiais da paz38a, o que, consequentemente, seriam a
maioria, tivesse o júri consistido, como regularmente é feito, de apenas
quinze membros, ou seja, quatro condestáveis e onze oficiais da paz.
2/12 – sexta-feira. Decidi que deixaria a Carolina por volta do meio-dia, com
a maré boa. Mas, por volta das dez, os magistrados vieram até mim e
disseram que eu não poderia sair da província, porque não havia respondido
às alegações que colocaram contra mim. Ao que repliquei: “Eu compareci a
seis ou sete tribunais, sucessivamente, com o propósito de responder a todas
as alegações. Mas não me foi permitido fazê-lo, ainda que tenha tentado isto
repetidas vezes”. Então eles disseram que eu não deveria ir, a menos que eu
garantisse responder àquelas alegações em seus tribunais. Eu perguntei: “Que
garantia?”. Depois de se consultarem, por volta das duas horas, o escrivão
mostrou-me uma espécie de título de dívida, comprometendo-me, sob pena
de cinquenta libras, a comparecer em seus tribunais quando fosse requerido.
E acrescentou: “Mas o Sr. Williamson também nos pediu que você garantisse
responder a essa ação”. Assim sendo, respondi-lhe claramente: “Senhor, você
me trata muito mal, e assim fazem com os curadores. Eu não darei qualquer
garantia, nem qualquer fiança, afinal. Você conhece seu ofício, eu conheço o
meu”.
À tarde, li muitas pregações francesas para uma numerosa família, uma milha
da casa do Sr. Arieu, sendo que um deles resolveu nos guiar até Port-Royal.
De manhã, partimos. Por volta do pôr do sol, perguntamos ao nosso guia se
ele sabia dizer onde estávamos, ao que ele francamente respondeu: “Não!”
Porém seguimos em frente até que, por volta das sete, chegamos a uma
plantação e, na tarde seguinte, depois de muitas dificuldades e demoras,
chegamos à ilha de Port Royal.
18/12 – domingo. Fui atacado por uma violenta coriza, que eu senti, não veio
antes que eu a desejasse. Ainda assim, tive forças suficientes para pregar uma
vez mais para este povo carente, e alguns “creram em nosso relato”.
Adeus América!
E se quiser ser mais exato, ele sempre se certificará de que, além da falta
geral de fé, cada desconforto específico é evidentemente devido à falta de
algum temperamento cristão específico.
1738
1/01 – domingo . Todos no navio (exceto o capitão e o timoneiro) estiveram
presentes, tanto no culto da manhã, quanto no da tarde, e pareceram tão
profundamente atentos quanto o pobre povo de Frederica, enquanto a palavra
de Deus era nova aos seus ouvidos. Pode ser que um ou dois entre esses,
igualmente, possam “produzir frutos com paciência”.42
Por diversas vezes, nos dias seguintes, tentei falar com os marinheiros, mas
não pude. O que eu quero dizer é que estava completamente avesso a falar;
não conseguia criar uma oportunidade, e me pareceu bastante absurdo falar
sem ter um motivo. Não é isso o que o homem comumente quer dizer com
“eu não poderia falar?”
Esta manhã, depois de explanar sobre Paulo: “Eu imploro, meus irmãos,
pelas misericórdias de Deus, que vocês apresentem seus corpos como um
sacrifício vivo, santo e aceitável para Deus”,43 exortei meus companheiros
de viagem com todo meu poder, a corresponderem com a direção dos
apóstolos. Mas, “deixando-os à mercê de si mesmos, mais tarde”, a seriedade
que eles mostraram a princípio logo desapareceu.
9/01 – segunda-feira. Refleti muito, nos dias que se seguiram, sobre aquele
desejo vão que havia me perseguido, por muitos anos, de me isolar com o
objetivo de me tornar um cristão. Acredito que agora tenho solidão o
suficiente. Mas será que estou mais perto de me tornar um cristão? Não se
Jesus Cristo for o modelo do cristianismo. E receio, de fato, que esteja mais
perto do mistério de Satanás, a quem alguns escritores estão inclinados a
chamar por este nome. Tão perto, que provavelmente mergulhasse totalmente
nele, se não fosse a grande misericórdia de Deus me levantado por meio da
leitura das obras de Cipriano. “Ó, minha alma, não entra no mistério dele!”.
Permanece nos bons e velhos caminhos.
Tão logo executei esta resolução, meu espírito reavivou-se; de maneira que,
desde esse dia, não tive mais o temor e opressão que antes quase
continuamente me deprimiam. Estou consciente de que para alguém que
pensa estar no orco [no deserto], como eles denominam isto, é um
preparativo indispensável se tornar um cristão. Deveria dizer: melhor seria ter
continuado naquele estado e que este inoportuno alívio é uma maldição, não
uma bênção? Contudo, quem és tu, ó homem, que em favor de uma hipótese
desprezível blasfemas desta forma o bom dom de Deus? Não foi ele próprio
que disse: “Que também é dom de Deus o homem ter poder para se regozijar
em seu trabalho?”45 Sim, Deus colocou seu próprio selo em seus fracos
esforços, enquanto ele “respondeu-lhe na alegria de seu coração”.
24/01 – terça-feira. Falamos com dois navios, rumo ao exterior, dos quais
tivemos notícias de boas-vindas, de nossos ausentes, mas há cento e sessenta
léguas do fim do mundo. Minha mente estava agora cheia de pensamentos.
Parte dos quais eu escrevi a respeito como segue:
“Eu vim para a América para converter os índios, mas quem deverá me
converter? Quem me livrará desse coração pecaminoso pela descrença? Eu
tenho uma justa religião de verão. Eu posso falar bem, e acredito em mim
mesmo enquanto nenhum perigo está por perto: mas deixe a morte olhar em
meu rosto, e meu espírito se perturba”.
“Oh! Quem me livrará desse medo da morte? O que devo fazer? Para onde
devo fugir dele? Devo lutar contra ele, pensando ou não pensando nele? Um
homem sábio advertiu-me algumas vezes: ‘Fique tranquilo e siga em frente’.
Talvez seja melhor olhar para ele como minha cruz; quando ele vier, permitir
que me humilhe e vivifique todas as minhas boas resoluções, especialmente a
de pregar sem cessar; e, em outros momentos, não pensar nisto, mas
calmamente seguir em frente ‘nas obras do Senhor’”.
Seguimos adiante com vento fraco e regular até quinta-feira à tarde e, então,
por meio de sondagem, encontramos uma areia esbranquiçada a setenta e
cinco braças. Mas sem ter qualquer observação por diversos dias, o capitão
ficou intranquilo, temendo que pudéssemos ter entrado sem querer dentro do
Canal de Bristol, ou batido durante a noite nas rochas de Scilly.
28/01 – sábado. Amanheceu outro dia nublado, mas, por volta das dez da
manhã (com o vento seguindo em direção ao sul), as nuvens começaram a se
dissipar, exatamente contrárias ao vento, e, para a surpresa de todos, sob o
céu limpo, ao meio-dia fizemos uma observação exata e constatamos que
estávamos, tanto quanto poderíamos desejar, a cerca de onze léguas ao sul de
Scilly.
29/01 – domingo. Chegamos às terras inglesas, uma vez mais; ao que, por
volta do meio-dia, pareceu ser Lizard-Point. Navegamos em direção a ele
com um vento a favor, e, ao meio-dia do dia seguinte, fizemos a aproximação
final da ilha de Wight.
Aqui o vento virou-se contra nós e, à tarde, soprou moderado, de tal modo
que esperamos (com a maré igualmente forte) sermos dirigidos algumas
léguas para trás, durante a noite. Mas de manhã, para nossa grande surpresa,
vimos Beachy Head exatamente diante de nós e certificamo-nos que
tínhamos seguido adiante por cerca de quarenta milhas.
Ao entardecer, houve uma calmaria. Mas, à noite, um forte vento norte nos
trouxe a salvo para Downs. No dia anterior, o Sr. Whitefield velejou, sem que
soubéssemos alguma coisa um do outro. Às quatro da manhã, tomamos o
barco e, em meia-hora desembarcamos em Deal. Na quarta-feira, 1º de
fevereiro, tivemos a festa de aniversário na Geórgia, pelo desembarque do Sr.
Oglethorpe lá.
“Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em
mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e
servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.”
(1Timóteo 1.16)
Prefácio
Que os homens me injuriem e digam todas as formas de mal contra mim; que
eu me torne, por assim dizer, um monstro junto a muitos; que o zeloso de
quase toda denominação clame: fora com tal camarada da terra. “Isto não me
traz, com respeito a mim mesmo, qualquer grau de desconforto”. Porque eu
sei que a Escritura deve ser cumprida, “se eles chamam a mim de Mestre da
casa de Belzebu, quanto mais àqueles de sua família?”.49 Mas isto não me
traz preocupação com respeito àqueles que, por meio deste artifício do diabo,
são impedidos de ouvir da palavra que é capaz de salvar suas almas.
Por causa desses, e, de fato, de todos os que desejam ouvir a verdade
daquelas coisas que tem sido relatadas de maneira tão variada, eu me vi
induzido a publicar este relato adicional. E não duvido que parecerá, a partir
daí, a todos os juízes francos e imparciais, que eu tenha até aqui vivido em
toda boa consciência para com Deus.
Eu serei facilmente desculpado por aqueles que tanto amam quanto buscam o
Senhor Jesus, na sinceridade, por falar tão amplamente da Igreja Morávia;50
uma cidade que deveria ser colocada sobre uma colina. A luz deles tem
estado há muito tempo escondida sob um alqueire. Já chegou o tempo em
que, por fim, ela irrompa e “assim brilhe diante de homens, para que outros
também possam glorificar seu Pai que está no céu”.51
Se muitos perguntarem: “Mas você acredita mesmo que esta Igreja seja
perfeita, sem mancha ou mácula ou qualquer outra coisa?” Eu respondo
claramente: “Não; embora eu creia que eles o serão, quando o amor realizar
sua perfeita obra”. Mas não penso que seja certo entreter o mundo com as
máculas dos filhos de Deus.
Quando fui para lá, o caso era totalmente diferente. Deus ainda não tinha
“esticado seus braços” diante de nós, como ele tem feito hoje, de uma
maneira (e me atrevo dizer) que não era conhecida quer na Holanda, ou
Alemanha, até aquele momento; quando aquele que ordenou todas as coisas
sabiamente, de acordo com “o conselho de sua própria vontade”,52 agradou-
se de, por meu intermédio, abrir o diálogo entre a Igreja Inglesa e a Morávia.
A razão específica que me obrigou a relatar tanto da conversa que tive com
aqueles homens santos é esta: em setembro de 1738, quando retornei da
Alemanha, exortei todos que pude a seguir em busca daquela grande
salvação, que é através da fé no sangue de Cristo; esperando por ela “em
todas as ordenanças de Deus”, e no “fazer o bem, quando tiverem
oportunidade, a todos os homens”. E muitos encontraram o princípio daquela
salvação, sendo justificados livremente, tendo paz com Deus através de Jesus
Cristo, regozijando-se na esperança da glória de Deus, e tendo seu amor
derramado em seus corações.
E esta doutrina, desde o início até hoje, tem sido ensinada como doutrina da
Igreja Morávia. Penso, portanto, que é meu dever sagrado limpar os
Morávios desta calúnia; e mais, porque talvez eu seja a única pessoa na
Inglaterra que tanto pode quanto irá fazer isto.
E, creio eu, é a providência peculiar de Deus que eu o faça. Uma vez que, há
dois anos, os mais eminentes membros daquela Igreja poderiam declarar
completamente tanto sua experiência quanto seu julgamento no tocante aos
mesmos pontos agora em questão.
A somatória do que tem sido afirmado como sendo deles é esta: 1. “Que um
homem não pode ter qualquer medida de fé justificadora, até que ele esteja
totalmente livre de toda dúvida e temor; até que ele tenha, em um sentido
completo e apropriado, um coração novo e limpo”. 2. “Que um homem não
pode usar das ordenanças de Deus,53 da Ceia do Senhor, em especial, antes
que tenha tal fé, de modo a excluir toda dúvida e temor e implicar em um
coração novo e limpo”.
Em clara oposição a isto eu afirmo: 1. “Que um homem pode ter certa medida
de fé justificadora antes que esteja completamente livre de toda dúvida e
medo, e antes que tenha, em um sentido completo e apropriado, um novo e
limpo coração”. 2. “Que um homem pode usar das ordenanças de Deus, da
Ceia do Senhor, em especial, antes que tenha tal fé, de maneira a excluir toda
dúvida e medo, e implique em um coração novo e limpo”.
Faz dois anos e quase quatro meses que deixei meu país nativo, com o
objetivo de ensinar os índios da Geórgia sobre a natureza do cristianismo.
Mas o que eu aprendi neste meio tempo? Porque (o que eu, menos que todos,
suspeitei) aquele que foi para a América para converter outros, ele mesmo
nunca se convertera a Deus. “Eu não sou louco”, embora eu fale assim, mas
“falo as palavras da verdade e sobriedade”, se acontecer daqueles que ainda
sonham, acordarem e verem que assim como eu sou eles também são.
Porém isto tudo (seja mais ou menos, não importa) faz-me aceitável a Deus?
Tudo que sempre soube ou possa saber, dizer, dar, fazer ou sofrer, justifica-
me aos seus olhos? Sim, ou o constante uso de todos os meios da graça?
(Que, contudo, são apropriados, corretos e nosso dever sagrado). Ou que nada
sei sobre eu mesmo; que sou, no tocante à retidão exterior moral, sem culpa?
Ou (para ser mais específico) o fato de ter uma convicção racional de todas as
verdades do cristianismo? Tudo isto me dá direito ao caráter santo, sagrado e
divino de um cristão?
Isto, então, eu aprendi nos confins da terra — que eu “não alcancei a glória
de Deus”. Que todo meu coração é “completamente corrupto e
abominável”55 e, consequentemente, toda minha vida (uma vez que “uma
árvore má” não pode “produzir bons frutos”). Que “contrário” como sou à
vida de Deus, eu sou “filho da ira”, um herdeiro do inferno; que minhas
próprias obras, meus sofrimentos, minha própria retidão estão longe de
reconciliarem-me com um Deus ofendido, tão longe de fazer qualquer
sacrifício para o menor desses pecados, que “são maiores em números do que
os cabelos de minha cabeça”; que os mais plausíveis deles necessitam de uma
expiação, ou não poderão suportar seu julgamento justo; que “tendo a
sentença de morte” em meu coração, e nada em mim ou de mim para alegar,
eu não tenho esperança a não ser de ser justificado livremente “por meio da
redenção que está em Jesus”. Não tenho esperança a não ser que a busque e
encontre Cristo, e “seja encontrado nele, sem minha própria retidão, mas
aquela que é por meio da fé em Cristo, a retidão que é de Deus, pela fé”.56
Se fosse dito que tenho fé (porque muitas dessas coisas eu tenho ouvido de
muitos consoladores miseráveis), eu respondo: assim têm os demônios, um
tipo de fé, mas eles ainda são estranhos à promessa divina. Assim os
apóstolos tinham, mesmo em Caná, na Galileia, quando Jesus manifestou sua
glória pela primeira vez; mesmo então, eles de certa forma “creram nele”,
mas não tinham a “fé que vence o mundo”.
Eu desejo aquela fé que ninguém pode ter sem saber que a tem (embora
imaginando que a tenham muitos que não a têm); porque quem quer que a
tenha “está livre do pecado” e todo o “corpo do pecado está destruído” nele:
ele está livre do medo, “tendo paz com Deus, através de Cristo, e
regozijando-se na esperança da glória de Deus”.58
À tarde, fui mais uma vez para Londres, de onde estive ausente por
aproximadamente dois anos e quatro meses.
Tenho muitas razões para dar graças a Deus, embora o objetivo pelo qual fui
levado àquelas terras estranhas, em desacordo com todas as minhas
resoluções precedentes, não tenha sido alcançado. Mas por meio disto, eu
confio que ele tenha, em alguma medida, “me humilhado, me provado e me
mostrado o que estava em meu coração”.
Por meio dessa experiência, tenho sido ensinado a me “precaver de homens”.
Estou seguramente convicto de que, se “em todos os nossos caminhos
reconhecermos Deus”, ele irá, onde a razão falhar, “dirigir nossos passos”,59
por muitos ou por outros meios os quais ele conhece. Estou livre do medo do
mar, que tem tanto me aterrorizado quanto me aborrecido desde a minha
juventude. Deus tem me feito conhecer muitos de seus servos, especialmente
os da Igreja de Herrnhut (os Morávios). Minha mente está aberta aos escritos
de homens santos no idioma alemão, espanhol e italiano. Eu espero, também,
que algum bem possa vir aos outros desta mesma forma. Todos na Geórgia
tem ouvido a Palavra de Deus. Alguns tem crido e tem-na seguido bem.
Poucos passos têm sido dados em direção à divulgação das boas novas, tanto
aos africanos quanto aos pagãos americanos. Muitas crianças têm aprendido
sobre “como devem servir a Deus” e serem úteis aos seus próximos. E
aqueles aos quais isso mais diz respeito têm a oportunidade de saberem o
verdadeiro estado da sua colônia infantil, e estabelecerem uma proposição
mais firme de paz e felicidade para as próximas gerações.
4/02 – sábado. Eu disse aos meus amigos algumas das razões que apressaram
um pouco meu retorno à Inglaterra. Todos eles concordaram que seria
apropriado relatar todas elas aos Curadores da Geórgia.
6/02 – segunda-feira. Visitei muitos dos meus velhos amigos, como também
muitos dos de minhas relações. Constatei que ainda não havia chegado o
tempo de ser “odiado por todos os homens”.60
Oh! Que eu possa estar preparado para esse dia! Encontro com Peter Böhler
7/02 – terça-feira (esse dia é para ser muito lembrado). Na casa do Sr.
Weinantz, comerciante holandês, conheci Peter Böhler, Schulius Richter e
Wensel Neiser, recém chegados da Alemanha. Certificando-me que eles não
tinham nenhum conhecido na Inglaterra, ofereci-me para conseguir um
alojamento para eles, e o fiz perto da hospedaria do Sr. Hutton, onde eu
estava. Desse momento em diante, de boa vontade, não perdi nenhuma
oportunidade de conversar com eles, enquanto fiquei em Londres.
8/02 – quarta-feira. Fui novamente ao Sr. James Oglethorpe, mas não tive
oportunidade de falar como tinha desejado. Posteriormente, esperei à mesa
dos Depositários61 e lhes dei um pequeno, mas evidente, informe sobre o
estado da colônia; um informe, receio, nem um pouco diferente daqueles que
eles recebiam frequentemente antes, e por isso tenho razões para acreditar
que alguns deles não me perdoaram esse dia.
17/02 – sexta-feira. Parti para Oxford com o Sr. Peter Böhler, onde fomos
recebidos carinhosamente pelo Sr. Sarney, o único que permaneceu aqui, dos
muitos que, com nosso embarque para a América, foram usados para “levar
doces deliberações” e regozijarem-se em “suportarem a repreensão de
Cristo”.62
18/02 – sábado. Fomos para Stanton Harcourt, até a casa do Sr. Gamboldo.
Certificamo-nos de que meu velho amigo recuperou-se de sua mística ilusão
e convenceu-se de que Paulo era melhor escritor do que Tauler ou Jacob
Behmen. No dia seguinte, preguei mais uma vez no castelo (em Oxford), para
uma numerosa e séria congregação.
Nessa oportunidade, conversei muito com Peter Böhler, mas não o entendi;
por fim ele me disse: “Meu irmão, meu irmão, esta sua filosofia deve ser
lançada fora”.
20/02 – segunda-feira. Retornei a Londres e, na terça-feira, preguei na Great
St. Helen. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada
dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
26/02 – domingo. Preguei às seis horas na Igreja St. Lawrence; às dez horas,
na de St. Catherine Cree; e à tarde, na St. John, Wapping. Acredito que
agradou a Deus abençoar mais o primeiro sermão, porque mais ofensivo;
sendo realmente um desafio aberto aos mistérios da iniquidade que o mundo
chama de ‘prudência’, fundamentado nessas palavras de Paulo: “Todos
quantos desejam mostrar boa aparência na carne, os obrigam a serem
circuncidados; apenas por receio de sofrerem perseguição por causa da cruz
de Cristo”.63
28/02 – terça-feira. Vi minha mãe mais uma vez. No dia seguinte, preparei-
me para a minha viagem à casa de meu irmão, em Tiverton. Mas, na quarta-
feira de manhã, 2 de março, uma mensagem de que meu irmão Charles
estava morrendo, em Oxford, obrigou-me a viajar para lá imediatamente.
Chamado a uma casa ímpar, à tarde, eu encontrei muitas pessoas que
pareciam simpatizantes da religião, para as quais falei francamente, como fiz,
à noite, tanto aos servos quanto aos estranhos na minha pousada.
Então perguntei a Böhler se ele achava que eu deveria deixar isso de fora ou
não. E ele respondeu: “De modo algum!”. Tornei a perguntar: “Mas o que
devo pregar?”. E ele disse: “Pregue a fé, até que você a tenha e, então, porque
a tem, você irá pregar a fé!”.
Ele não estava em casa, mas sua esposa veio até nós, e o Sr. Kinchin falou-
lhe algumas poucas palavras que de tal forma comoveram seu coração que ela
irrompeu em lágrimas, e seguimos em frente nos regozijando e louvando a
Deus.
Por volta das oito, chovendo e muito escuro, nos perdemos, mas, antes das
nove, chegamos a Shipston, depois de atravessar, não sei como, uma estreita
ponte de pedestres, que se estende por um fosso profundo perto da cidade.
Depois da ceia, li algumas orações para as pessoas da pousada e expliquei a
segunda lição; o que, espero, não tenha sido em vão.
Em Newcastle, para onde fomos por volta das dez horas, alguns para os quais
falamos, em nossa pousada, estavam muito atentos, mas uma jovem pareceu-
nos completamente desinteressada. No entanto, falamos. Quando estávamos
indo embora, ela fixou seus olhos e não se moveu, nem disse palavra alguma,
mas pareceu tão atônita como se tivesse visto alguém ressuscitar dos mortos.
17/03 – sexta-feira. Passamos o dia com Sr. Clayton, por meio de quem,
juntamente com o restante de nossos amigos aqui, fomos muito revigorados e
fortalecidos. Sr. Hoole, reitor da Igreja de St. Ann, adoentado, no dia
seguinte, sábado, 19, o Sr. Kinchin e eu oficiamos na capela de Salford, de
manhã, pelo que o Sr. Clayton ficou livre para realizar o culto da Igreja de St.
Ann e, à tarde, preguei sobre estas palavras de Paulo: “Se algum homem
estiver em Cristo, ele é nova criatura”.67
Nossa outra companhia veio conosco, uma milha ou duas, de manhã, e não
apenas falou menos do que no dia anterior, mas teve, em boa parte, uma séria
precaução contra a verbosidade e a vaidade.
Uma hora mais tarde, fomos surpreendidos por um idoso cavalheiro, que nos
disse que iria matricular seu filho em Oxford. E perguntamos: “Em qual
Faculdade?” Ele respondeu que não sabia, visto que não tinha qualquer
conhecido por lá de cuja recomendação pudesse depender. Depois de alguma
conversa, ele expressou um profundo senso da boa providência de Deus e
disse-nos que sabia que Deus nos tinha colocado em seu caminho, em
resposta à sua oração. À noite, chegamos em Oxford, regozijando-nos de ter
recebido tantos novos exemplos da grande verdade: “Reconhece-o em todos
os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”. (Provérbios 3.6)
27/03 – segunda-feira. O Sr. Kinchin foi comigo a Castle, onde, depois de ler
as orações e pregar sobre “Aos homens é designado morrerem uma vez”
(Hebreus 9.27), oramos com o homem condenado, primeiro nas diversas
formas de oração e, então, com as palavras que nos foram dadas naquela
hora. Ele se ajoelhou com muita opressão e confusão, “nada mais restando
em” seus ossos “por causa de” seus “pecados”. Depois de um tempo, ele se
levantou e disse ansiosamente: “Agora estou pronto para morrer. Sei que
Cristo jogou fora meus pecados e não existe mais qualquer condenação para
mim”. A mesma alegria tranquila ele mostrou quando foi levado para a
execução e, em seus últimos momentos, permaneceu o mesmo, desfrutando
da perfeita paz, confiante de que foi “aceito pelo Amado”.
01/04 – sábado. Na sociedade do Sr. Fox, meu coração estava tão cheio que
eu não poderia me confinar às formas de oração que estávamos acostumados
a usar ali. Nem me propus a restringir-me mais a elas; mas a orar
diferentemente, com uma forma ou sem, conforme achasse adequado às
ocasiões específicas.
22/04 – sábado. Encontrei-me com Peter Böhler uma vez mais, e agora eu
não fazia qualquer objeção ao que ele disse sobre a natureza da fé; ou seja,
(para usar as palavras de nossa Igreja), “da confiança e convicção que um
homem tem em Deus, de que, através dos méritos de Cristo, seus pecados são
perdoados e ele reconciliado ao favor de Deus”. Nem eu poderia negar a
felicidade ou santidade que ele descreveu como os frutos desta fé viva. “O
próprio Espírito testemunha com nosso espírito que somos filhos de Deus”.68
E, “Aquele que crê que tem o testemunho em si mesmo”,69 convenceu-me
completamente do primeiro: uma vez que, “quem quer que seja nascido de
Deus, não comete pecado”,70 e, “quem quer que creia que seja nascido de
Deus”, do último. Mas eu não pude compreender o que ele falou sobre uma
obra instantânea. Como um homem poderia, de imediato, ser assim
transformado das trevas para a luz, do pecado e miséria para a retidão e
alegria no Espírito Santo?
Mas no domingo, 23, voltei atrás nisto também, pela evidente coincidência
de diversas testemunhas; que testificaram que Deus havia assim operado em
si mesmas, dando a elas, de imediato, tal fé no sangue de seu Filho, de
maneira a transportá-las das trevas para a luz, do pecado e temor para a
santidade e felicidade. Aqui terminou meu conflito. Eu poderia agora clamar:
“Senhor, ajuda-me em minha descrença!”71
Meu irmão estava muito irado, e disse-me que eu não sabia do dano que
havia causado falando assim. E, realmente, agradou a Deus acender um fogo,
o qual, eu confio, nunca será extinto.
26/04 – quarta-feira. No dia fixado para meu retorno a Oxford, esperei mais
uma vez pelos Curadores da Geórgia, mas, sendo escasso o tempo, fui
obrigado a deixar os documentos, os quais tinha planejado entregar em suas
próprias mãos. Um destes era o instrumento pelo qual eles tinham me
designado ministro de Savannah; o qual, não tendo nenhum lugar mais
naquelas partes, pensei que não seria certo permanecer por mais tempo.
3. Cada um, em ordem, fale livre, clara e concisamente, quanto puder, do real
estado de seu coração com suas diversas tentações e livramentos, desde o
último encontro.
5. A alguém que deseje ser admitido nesta sociedade seja perguntado: “Quais
as razões para desejar isto? Você está inteiramente aberto, não usando de
nenhum tipo de reserva? Você tem alguma objeção a alguma de nossas
ordens? (Que podem, então, ser lidas).
6. Quando algum novo membro é proposto, cada um dos presentes fale clara
e livremente sobre a objeção que tem para com ele.
3/05 – quarta-feira. Meu irmão teve uma longa e particular conversa com
Peter Böhler. E agradou a Deus abrir seus olhos, de forma que ele também
pôde ver claramente a natureza daquela verdadeira fé viva, por meio da qual
apenas “pela graça somos salvos”.
19/05 – sexta-feira. Meu irmão teve uma segunda recaída de sua pleurisia.
Alguns de nós passamos o sábado à noite em oração. No dia seguinte,
Domingo de Pentecostes, depois de ouvirmos o Dr. Heylyn pregar um sermão
verdadeiramente cristão (sobre “Eles estavam todos cheios do Espírito
Santo”, “E assim”, disse ele: “Podem todos vocês, se não for por suas
próprias faltas”), e, ajudando-o na santa comunhão (seu pároco auxiliar ficou
doente na igreja), recebi a surpreendente notícia de que meu irmão havia
encontrado descanso para sua alma. Todas as forças retornaram também
desde aquela hora. “Que Deus é mais maravilhoso que o nosso Deus?”
Preguei nas Igrejas de St. John, Wapping, às três horas; e na de St. Bennett e
St. Paul, Wharf, à noite. Nestas igrejas, igualmente, não poderei mais pregar.
Na de St. Antholin, preguei na quarta-feira seguinte. Na segunda, terça e
quarta-feira tive contínua tristeza e opressão em meu coração. Alguma coisa
que descrevi tão abertamente quanto fui capaz, na seguinte carta a um amigo:
“Por que um Deus tão grandioso, tão sábio, tão santo, usaria um instrumento
como eu? Senhor, ‘deixa os mortos enterrarem seus mortos!’73 Será que tu
enviarás o morto para ressuscitar o morto? Sim, tu enviaste aquele que tu
enviarias; e mostrastes misericórdia!”
“Amém! Seja, então, de acordo com tua vontade! Se tu falas a palavra, Judas
expulsa demônios. Eu sinto o que você diz (embora não o suficiente), porque
estou debaixo da mesma condenação. Vejo que toda a lei de Deus é santa,
justa e boa. Sei que cada pensamento, cada temperamento de minha alma
deve trazer a imagem e o endereço de Deus. Mas como estou caído de sua
glória! Eu sinto ‘que estou debaixo do pecado’. Sei também que nada mereço
a não ser a ira. Estou cheio de todas as abominações e sem qualquer coisa boa
em mim para expiar por elas, ou remover a ira de Deus. Todas as minhas
obras, minha retidão, minhas orações, precisam reconciliar-se contigo.
Assim, minha boca está fechada. Não tenho nada a pleitear”.
Creio que até aproximadamente os dez anos não tive pecado exterior, porque
“completamente lavado no Espírito Santo” que me foi dado, em meu batismo,
tendo sido estritamente educado e cuidadosamente ensinado que poderia ser
salvo apenas “pela obediência universal, em guardar todos os mandamentos
de Deus”, nos quais fui diligentemente instruído. E essas instruções, até onde
concernem às obrigações e pecados exteriores, eu agradavelmente recebi e,
frequentemente, ensinei a respeito. Mas tudo aquilo que falava de obediência
e santidade interior eu nunca entendi, nem me lembrei. De modo que era, de
fato, tão ignorante do verdadeiro significado da lei quanto do Evangelho de
Cristo.
Os seis ou sete anos seguintes, passei na escola, onde, tendo sido removidas
limitações externas fiquei muito mais negligente do que antes, mesmo nas
obrigações exteriores, e quase continuamente culpado dos pecados aparentes,
que eu sabia serem tais, embora não escandalosos aos olhos do mundo.
Não posso dizer o que esperava para ser salvo até aquele momento, quando
continuamente pecava contra aquela pequena luz que tinha, exceto por
aqueles ajustes transitórios, os quais muitos clérigos ensinaram-me a chamar
de arrependimento.
Quando estava com aproximadamente vinte e dois anos, meu pai pressionou-
me a entrar para o clero. Foi quando a providência de Deus dirigiu-me para
Kempis e seu “Imitação de Cristo”, e comecei a ver que a verdadeira religião
situava-se no coração e que as Leis de Deus estendiam-se a todos os nossos
pensamentos, palavras e ações. Eu estava, no entanto, muito aborrecido com
Thomas A. Kempis, por ser tão rigoroso, embora tivesse lido dele apenas as
traduções de Dean Stanhope.
De modo que agora, “fazendo tanto e vivendo uma vida tão boa”, não duvido
que seja um bom cristão.
A luz fluiu de maneira tão poderosa em minha alma, que todas as coisas
pareceram novas ao meu entendimento. Clamei a Deus por ajuda e resolvi
não prolongar o tempo para obedecer-lhe, como nunca tinha feito antes. E,
por meu esforço contínuo “em manter toda a sua lei”, interior e exterior, “ao
extremo que pudesse”, fui persuadido de que poderia ser aceito por ele e que
estaria, mesmo então, em um estado de salvação.
Agora, essas na verdade, tanto quanto minhas próprias obras, como o visitar
doentes, ou cobrir o nu, e a união com Deus, assim buscada, eram como
realmente minha própria retidão, como qualquer uma que eu tivesse antes
buscado debaixo de outro nome.
Porém, eu não entendi isso a princípio. Era muito culto e muito sábio. De
maneira que tudo aquilo parecia tolice para mim. Continuava a pregar e
seguir em frente, e a confiar naquela retidão, por meio da qual nenhuma carne
pode ser justificada.
Todos os dias eu era constrangido a clamar alto: “O que eu faço, não aprovo:
porque o que eu deveria, eu não faço, mas o que odeio, isto, eu faço. Porque o
querer está, ‘de fato’, presente em mim. Mas, como executar aquilo que é
bom, eu não encontro. Porque o bem, o qual eu deveria, eu não faço. Eu
encontro uma lei, de que quando eu fizer o bem o mal estará presente
comigo”.77 Assim como “a lei, em meus membros, advertindo-me contra a
lei de minha mente”, e ainda “conduzindo-me para a escravidão da lei do
pecado”.
Visto que eu estava lutando contra o pecado e não me libertando dele; nem
tinha o testemunho do Espírito Santo com meu espírito, e, com certeza, não
poderia, uma vez que eu “buscava isso, não pela fé, mas, por assim dizer,
pelas obras da lei”.
Eles acrescentaram, a uma só voz, que essa fé era o dom, o dom livre de
Deus; e que Ele poderia, certamente, concedê-la a toda a alma que honesta e
perseverantemente buscasse.
À tarde, pediram-me que fosse para a Igreja de St. Paul. O salmo era: “Do
abismo, eu tenho chamado por Ti, ó, Senhor. Senhor, ouça minha voz. Oh!
Deixa teus ouvidos considerarem boa a voz da minha queixa. Se, tu, Senhor,
fores rigoroso para marcar o que é feito de errado, ó, Senhor, quem poderá
suportar isso? Porque há misericórdia em ti; por esta razão, tu deves ser
temido. ó, Israel, confia no Senhor, porque com o Senhor há misericórdia, e,
com ele, redenção plena. E ele também deverá redimir Israel de todos os seus
pecados”.78
À noite, fui muito de má vontade até uma sociedade, na Rua Aldersgate, onde
a pessoa estava lendo o prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Por volta
de quinze para as nove, enquanto ele estava descrevendo as mudanças que
Deus opera no coração, pela fé em Cristo, eu senti meu coração
estranhamente aquecido. Senti que confiei em Cristo — Cristo apenas, para a
salvação; e uma garantia me foi dada de que ele tinha tomado meus pecados,
até mesmo os meus, e tinha me salvo da lei do pecado e da morte.
Comecei a orar com todas as minhas forças por aqueles que tiveram, de uma
maneira mais especial, rancorosamente me usado e perseguido.
Depois de retornar para casa, fui esbofeteado por muitas tentações, mas eu
clamei e elas fugiram. Elas retornaram repetidas vezes. E tão frequentemente
quanto eu erguia meus olhos, ele “me enviava ajuda do seu santo lugar”. E
nisto eu me certifiquei do que consistia principalmente a diferença deste e
meu estado anterior. Eu me esforçava, sim, lutava, com todas as minhas
forças debaixo da lei, e debaixo da graça. Entretanto, se algumas vezes, ou
mesmo frequentemente, eu era vencido, agora sou sempre um vencedor.
26/05 – sexta-feira. Minha alma continua em paz, mas ainda oprimida pelas
múltiplas tentações. Perguntei ao Sr. Telchig, o morávio, o que fazer. Ele me
disse: “Você não deve lutar contra elas como você fez antes, mas fugir delas
no momento em que aparecerem, e encontrar refúgio nas machucaduras de
Jesus.
27/05 – sábado. Acreditando que uma razão para minha falta de alegria seja a
falta de tempo para orar, resolvi não realizar tarefa alguma até que fosse à
igreja, de manhã, e continuar a derramar meu coração diante de Deus. Neste
dia, meu espírito foi ampliado, de maneira que, embora seja agora assaltado
por muitas tentações, sou mais que vencedor, ganhando mais poder por meio
disto para confiar e regozijar-me em Deus, meu Salvador.
28/05 – domingo. Caminhei em paz, mas não com alegria. No mesmo estado
silencioso, eu ainda estava à tarde, quando fui atacado asperamente por uma
larga companhia [na casa do Sr. Hutton], como um fanático, um sedutor e um
anunciador de novas doutrinas. Através da bênção de Deus, não fiquei irado,
mas depois de uma resposta tranquila e breve, fui embora; mesmo que não
com tão terna preocupação, como seria devida àqueles que buscavam a morte
no erro de suas vidas.
29/05 – segunda-feira. Parti para Dummer com o Sr. Wolf, um dos primeiros
frutos do ministério de Peter Böhler na Inglaterra. Fui muito fortalecido pela
graça de Deus nele. Contudo, seu estado estava tão acima do meu, que eu me
senti frequentemente tentado a duvidar que tivéssemos a mesma fé. Mas, sem
muito raciocinar sobre isto mantive: “Embora a dele seja forte e a minha,
fraca, todavia que Deus tem dado algum grau de fé, até mesmo a mim, eu sei
por seus frutos. Porque tenho paz constante; nenhum pensamento inquieto. E
tenho livramento do pecado; nenhum desejo ímpio”.
Porém, na quarta-feira, afligi o Espírito de Deus, não apenas por não vigiar
em oração, mas igualmente por falar com dureza, em vez de amor terno,
sobre alguém que não era correto na fé. Imediatamente, Deus escondeu sua
face e fiquei perturbado. Nesta opressão continuei até a manhã seguinte, 1º de
junho; quando agradou a Deus, enquanto eu exortava alguém, dar conforto à
minha alma e (depois que passei algum tempo em oração) direcionar-me
àquelas palavras graciosas:
“Tendo, portanto, ousadia para entrarmos no santo dos santos, através do
sangue de Jesus, nos aproximemos da verdade, com um coração verdadeiro,
na completa segurança da fé. Vamos manter firme a profissão de nossa fé,
sem vacilar(porque é fiel aquele que prometeu); e consideremos uns aos
outros, para nos estimularmos no amor e boas obras” (Hebreus 10.19-22).
6/06 – terça-feira. Tive ainda mais conforto, paz e alegria: sobre os quais
temi que começasse a conjeturar. Porque, à tarde, recebi uma carta de Oxford
que me lançou em muita perplexidade. Estava afirmado nela “que nenhuma
dúvida poderia consistir com o menor grau de fé verdadeira; que, quem quer
que, em qualquer tempo, sentiu alguma dúvida ou temor, não estava fraco na
fé, mas não tinha fé afinal: e que ninguém teria alguma fé, até que o Espírito
da vida o tornasse totalmente livre da lei do pecado e da morte.”
1/08 – terça-feira. Às três da tarde, fui para Hernhuth, cerca de trinta milhas
inglesas de Dresden. Ela se situa na Alta Lusatia, à margem do Bohemia, e
contém cerca de cem casas, construídas sobre um terreno ascendente, com
florestas de sempre-vivas dos dois lados, e colinas altas, a uma pequena
distância. Também uma rua longa, através da qual segue a grande estrada de
Zittau para Lobau. Mais ou menos na metade da rua está o orfanato; na parte
mais baixa, a farmácia; na mais alta, a capela, capaz de acolher seiscentas ou
setecentas pessoas.
“Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este
conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não
podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra
Deus. E concordaram com ele.” (At 5.38-39).
Prefácio
Tal obra tem sido, em muitos aspectos, como nenhum de nós conheceu, nem
mesmo nossos antepassados. Não poucos, cujos pecados eram do tipo mais
flagrante: bêbados, blasfemadores, ladrões, libertinos, adúlteros, têm sido
trazidos “da escuridão para a luz; e do poder do diabo para o poder de
Deus”.84
A maneira como Deus tem realizado esta obra em muitas almas é tão estranha
quanto a obra em si. Ela, geralmente, senão sempre, tem sido realizada de
imediato. “Como a luz que brilha do céu” assim foi “a vinda do Filho do
Homem”,86 quer para trazer paz ou espada; quer para ferir ou curar; quer
para convencer do pecado ou redimi-los por seu sangue.
E outras circunstâncias que dizem respeito a esta obra estão longe daquilo
que a sabedoria humana esperaria. Assim, verdadeiras são aquelas palavras:
“Meus pensamentos não são seus pensamentos; nem seus caminhos, meus
caminhos”.87
Todavia, sei que até mesmo isto de maneira alguma satisfará a maior parte
dos que estão agora ofendidos. E por uma razão clara: porque eles nunca irão
ler. Eles estão decididos a ouvirem um lado, e apenas um. Também sei que
muitos que lerem isto serão exatamente da mesma opinião que eram antes,
porque eles já fixaram seu julgamento e não consideram o que quer que tal
companheiro possa dizer. Que eles entendam assim. Eu fiz a minha parte.
Livrei minha alma. Sei que muitos ficarão grandemente ofendidos por este
relato. E será assim pela própria natureza das coisas que estão nele contidas.
Que “aquele que tem a chave da casa de Davi, que abre e nenhum homem
fecha” possa abrir “uma grande e eficaz porta para seu Evangelho eterno”,
através de quem lhe agradar! Que ele possa “enviar aquele a quem ele
enviará”, e assim “continuar sendo glorificado”, mais e mais! Que ele “saia
vitorioso e para vencer”, até que “a plenitude dos gentios” venha e “a terra
seja preenchida com o conhecimento da glória do Senhor, como as águas
cobrem o mar!”88
Quando este cristianismo cobrirá a terra, como “as águas cobrem o mar?”
Purgatório”
“Sua Santidade Papal, Clemente XII, tem, neste ano,
1738, no dia 7 de Agosto, mais graciosamente privilegiado a
catedral de St. Christopher, em Mentz; de maneira que todo
Sacerdote, tanto secular quanto regular, que ler a missa em
um altar para a alma de um cristão falecido, em qualquer
feriado ou qualquer dia dentro do oitavo dele, ou em dois
dias extraordinários a serem apontados pelo Ordinário, de
qualquer semana no ano, pode, a cada vez, livrar uma alma
do fogo do Purgatório”.
1738 - 1739
Agora, desejo saber se algum romanista de bom senso pode defender ou
aprovar isto?
De volta a Londres
Durante minha estadia ali, fiquei completamente ocupado com nossa própria
sociedade, em Fetter Lane, e muitas outras, onde estive continuamente
desejoso de expor; assim sendo, não pretendia deixar Londres quando recebi,
depois de diversas outras, uma carta do Sr. Whitefield e outra do Sr. Seward,
suplicando-me, da maneira mais incisiva, para ir a Bristol sem demora. Não
estava com pressa de fazer isto e, talvez, um pouco menos inclinado (embora
confie, não considero minha vida preciosa para mim mesmo, de maneira que
possa terminar minha jornada com alegria) em razão das notáveis escrituras
que me foram oferecidas, tão frequentemente quanto inquiri, no tocante a esta
remoção. Provavelmente, permitidas com o propósito de que minha fé fosse
testada. “Sobe esta montanha, e morra no monte ao qual subirás, e reúna o
povo junto a ti”.89 “E os filhos de Israel choraram por Moisés, nas campinas
de Moabe, durante trinta dias”.90 “Eu lhe mostrarei todas as coisas que deves
sofrer por minha causa”.91 “E os homens devotos conduziram Estevão para
seu funeral e lamentaram grandemente sobre ele”.92
Pregações no campo
1/04 – domingo . À noite, (Depois que o Sr. Whitefield foi embora) comecei
a expor o Sermão da Montanha, de nosso Senhor (um precedente bem notável
da pregação no campo; entretanto, suponho que também houvesse igrejas
naquela ocasião), a uma pequena sociedade que estava acostumada a se
encontrar uma ou duas vezes na semana, em Nicholas Street.
Às sete, expus Atos dos Apóstolos para uma sociedade reunida em Baldwin-
Street e, no dia seguinte, o Evangelho de João na capela de Newgate, onde eu
também li diariamente o Culto Matinal da igreja.
Imediatamente, uma pessoa, depois outra, e ainda outra caíram por terra. Elas
caíam de todos os lados, como que atingidas por um raio. Uma delas gritou
alto; imploramos a Deus seu favor e ele transformou sua aflição em alegria.
Apresentaram muitas razões para isso, mas uma foi suficiente, isto é, a de
“que tais senhores sempre teriam em seu poder, controle sobre mim; e, se eu
não pregasse como lhes agradasse, me tirariam do lugar que eu tinha
construído”.
Durante todo este tempo fui questionado, quase continuamente, tanto por
aqueles que propositadamente vieram a Bristol inquirir concernente a essa
estranha obra, quanto por meus velhos e novos correspondentes: “Como estas
coisas aconteceram?” E precauções inumeráveis me foram dadas (geralmente
fundamentadas em rudes deturpações das coisas), não considerando visões e
sonhos, ou imaginando as pessoas tendo a remissão dos pecados, por causa
de seus clamores ou lágrimas, ou testemunhando profissões exteriores. A
alguém que muitas vezes me escreveu sobre este assunto, a somatória de
minha resposta foi:
“Que tão grande mudança tinha sido forjada, evidente não das suas lágrimas
vertendo apenas, ou nos ataques e gritos. Estes não são os frutos. Os frutos
são aqueles que aparecem no sentido pleno de suas vidas, que até então eram
caminhos maus, para um tempo santo, justo e bom: eu lhe mostrarei aquele
que era um leão e, agora, é um cordeiro; aquele que era um bêbedo e, agora, é
exemplarmente sóbrio; aquela que era prostituta e, agora, detesta até mesmo
‘o vestuário manchado pela carne”.
“Estes são meus argumentos vivos, pelos quais afirmo que: Deus dá agora,
como dará nos tempos futuros, a remissão dos pecados e o dom do Espírito
Santo, até mesmo para nós e nossos filhos; sim, e sempre repentinamente até
onde eu soube, e frequentemente em sonhos ou em visões de Deus. Se não
for assim, considerar-me-ei uma falsa testemunha diante de Deus. Destas
coisas dou testemunho e, pela sua graça, testemunharei”.
“Prezado Senhor”
“O melhor retorno que posso dar para o tipo de liberdade que você usa é usar
da mesma liberdade para contigo. Que Deus, a quem servimos, santifique isto
para ambos e nos ensine toda a verdade que está em Jesus!”
“Você diz que não posso conciliar algumas partes de meu comportamento
com o caráter que tenho mantido há muito tempo. Não, e nunca poderei. Por
esta razão, tenho negado esse caráter em toda ocasião possível. Eu disse tudo
em nossa viagem de navio; tudo, em Savannah; tudo, em Frederica; e tudo,
repetidas vezes, expressamente nesses termos: ‘Eu não sou um cristão!
Apenas busco ser, se, por acaso, eu puder alcançar”.
“Se você me pergunta sobre qual princípio agi, eu respondo: ‘O desejo de ser
um cristão, e uma convicção de que o que quer que eu julgue coerente a isto,
sinto-me constrangido a fazer; onde quer que julgue que possa corresponder
de uma maneira melhor a este propósito, é nessa direção que devo ir’.
Alicerçado neste princípio, parti para a América, visitei a Igreja Morávia; e
estou pronto agora (Deus, como meu ajudador) a seguir para a Abissínia, ou
China, ou onde quer que agrade a Deus, mediante esta convicção, chamar-
me”.
“Porém, enquanto isso, você ainda pensa que devo me estabelecer; porque,
caso contrário, posso invadir o trabalho de outros, interferindo nos assuntos
de outras pessoas e me intrometendo com almas que não me pertencem. Você
me pergunta, então: ‘Como é que reúno os cristãos, que não estão sob os
meus cuidados, para cantar os salmos, orar e ouvir a explanação das
Escrituras?’ Acho difícil justificar que faça isto na paróquia de outros homens
debaixo de princípios católicos”.
“Porém, sobre princípios bíblicos, não penso que seja difícil justificar tudo o
que eu faço. Deus, nas Escrituras, ordena-me, de acordo com meu poder, que
instrua o ignorante, reforme o mau, confirme o virtuoso. O homem proíbe-me
de fazer isto na paróquia de outros, ou melhor, de fazer isso em todas as
paróquias, uma vez que não tenho uma paróquia minha e, provavelmente,
nunca terei. Mas a quem devo ouvir, a Deus ou ao homem? ‘Se é justo
obedecer ao homem, preferivelmente a Deus, julgue você. Uma dispensação
do Evangelho é ordenada a mim e, ai de mim, se não pregá-lo’”.
“Porém, onde devo pregar, sobre os princípios que você menciona? Porque
não na Europa, Ásia, África ou América; não em quaisquer partes cristãs,
pelo menos da terra habitável. Porque todas essas serão, daqui a pouco,
divididas em paróquias. É dito: ‘Volte, então, para os pagãos de onde você
veio’. Mas nem mesmo eu posso (sobre seus princípios) pregar para eles,
porque todos os pagãos na Geórgia pertencem à paróquia de Savannah ou de
Frederica”.
“Este é o trabalho para o qual, eu sei, Deus me chamou; e estou certo de que
suas bênçãos atendem a isso. Grande encorajamento eu tenho, portanto, para
ser fiel no cumprindo da obra que ele me incumbiu”.
“Eu sou seu servo e, como tal, estou empregado de acordo com a direção
clara de sua Palavra: ‘Onde quer que tenha oportunidade, devo fazer o bem a
todos os homens’. E sua providência concorda claramente com sua Palavra; o
que me desobriga de todas as outras coisas, para que possa atender apenas a
esta: ‘Seguir em frente, fazendo o bem’”.
“Se você pergunta: ‘Como pode ser isto? Como pode fazer o bem, aquele de
quem os homens falam toda sorte de mal?’
Eu explicarei (embora você saiba disto; sim, e muito firme nessa grande
verdade) que, quanto mais os homens falam coisas ruins de mim, por causa
do Senhor, mais benevolência ele tem para comigo. Que é por causa dele, eu
sei, e ele sabe, e o evento concorda com isto; porque ele poderosamente
confirma as palavras que falei por meio do Espírito Santo dado àqueles que
as ouvem”...
Eu sou J. Wesley
13/06 – quarta-feira. De manhã, cheguei em Londres e, depois de receber a
santa comunhão em Islington, tive, uma vez mais, a oportunidade de ver
minha mãe, a quem eu não via desde meu retorno da Alemanha.
Não fazia ideia de que papel se tratava, mas, mediante uma investigação,
fiquei sabendo que era o mesmo que lera anteriormente a ela. Como é difícil
formar um verdadeiro julgamento sobre alguma pessoa ou coisa, por conta de
pareceres de um relator preconceituoso! Sim, embora ele tenha sido sempre
um homem honrado e de inquestionável veracidade. E ainda, pelas suas
sinceras considerações de uns escritos que apareceram diante de seus olhos, a
verdade estava tão mascarada que nem minha mãe sabia que se tratava do
mesmo papel que ela tinha ouvido, do começo ao fim, o qual nem mesmo o
tinha escrito.
22/06 – sexta-feira. Visitei alguém que “corria bem”, até que foi impedido
por alguns dos chamados profetas franceses. “Malditos os profetas, diz o
Senhor, que profetizam em meu nome, e eu não os enviei”.106�Em
Weaver’s Hall esforcei-me para apontá-los e sinceramente exortei todos que
seguiam em busca da santidade a evitar, como ao fogo, aqueles que não falam
de acordo com “a Lei e Testemunho”.
24/06 – domingo. Quando cavalgava até Rose Green, em uma parte lisa e
plana da estrada, meu cavalo de repente lançou sua cabeça para frente e rolou
várias vezes. Não sofri nenhuma outra lesão além de uma contusão em um
dos lados. Que, naquele momento, não senti, mas preguei sem dor para seis
ou sete mil pessoas, sobre: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais
outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.108
27/08 – sexta-feira. Por duas horas, carreguei minha cruz, argumentando com
um homem zeloso e me esforçando para convencê-lo de que não era inimigo
da Igreja da Inglaterra. Ele admitiu que eu não ensinava nenhuma outra
doutrina, se não aquelas da Igreja, mas não poderia perdoar seu ensino do
lado de fora dos muros da igreja.
Quando vocês entenderão que o mais destrutivo de todos esses erros, os quais
Roma, a mãe de todas as abominações, tem produzido (comparados aos quais
a transubstanciação e uma centena mais é ‘mera ninharia’), é o de ‘que somos
justificados pelas obras’, ou (para expressar a coisa mais decentemente) pela
fé e obras?
Agora, preguei isto? Então, por dez anos fui (fundamentalmente) um papista
e não sabia.
Também tenho inquirido quem são os autores desse boato, e constatei que são
tanto idólatras dissidentes, quanto (e eu falo sem temor ou favor) ministros de
nossa própria igreja.
Eu, também pondo com frequência sobre que possível fundamento ou motivo
eles teriam para falar assim, uma vez que poucos homens no mundo têm tido
oportunidade de tão clara e abertamente declarar seus princípios, como tenho
feito pregando, imprimindo e conversando, nos últimos anos. E de forma
alguma posso deixar de pensar que falam assim (para colocar a mais
favorável construção sobre isto) baseados em grosseira ignorância; eles não
sabem o que o papismo é; eles não sabem quais doutrinas são as que os
papistas ensinam; ou eles, de boa vontade, falam o que eles sabem que é
falso, provavelmente “acreditando” que, por meio disto, “prestam um culto a
Deus”.
Agora, tomem isto para si mesmos quem quer que sejam, altos ou baixos,
dissidentes ou membros, clérigos ou leigos, que tenham provocado esta
vergonhosa acusação, e digiram como quiserem.
Se vocês creem que existe um Deus, e que ele conhece os segredos de seus
corações, como não estão temerosos (eu falo agora a vocês, pregadores, mais
especialmente, de qualquer denominação) de declarar tão grosseira e palpável
mentira em nome do Deus da verdade? Eu convoco todos vocês a, diante do
Juiz de toda a terra, publicamente provarem sua acusação, ou publicamente
retratarem-se, e fazerem as mais corretas reparações que puderem, a Deus, a
mim e ao mundo.
Para a mais completa satisfação daqueles que têm sido assim abusados por
esses homens desavergonhados, e quase levados a acreditar em uma mentira,
eu acrescentarei aqui meu sério julgamento com respeito à Igreja de Roma,
que escrevi algum tempo atrás para um sacerdote daquela comunhão [Carta a
um Católico Romano – 1739].
De lá, fui para nossa sociedade em Fetter Lane e os exortei a amarem uns aos
outros. A falta de amor era uma queixa geral. Declaramos isto diante de
nosso Senhor, e logo constatamos que ele nos enviou como resposta da paz.
As cismas desapareceram, a chama foi acesa novamente, como no princípio,
e nossos corações se uniram.
3/10 – quarta-feira. Tive algum tempo livre para dar uma olhada nas
péssimas condições das coisas aqui. Os pobres prisioneiros, no castelo e na
prisão da cidade, não tinham ninguém que se preocupasse com suas almas;
ninguém para instruí-los, aconselhá-los, confortá-los e edificá-los no
conhecimento e no amor do Senhor Jesus. Ninguém restou para visitar os
asilos, onde também costumamos nos deparar com os mais tocantes objetos
de compaixão. Nossa pequena escola, onde uma classe de cerca de vinte
crianças pobres era ensinada, por muitos anos, estava a ponto de ser
destruída, agora não havia ninguém quer para apoiá-la ou atendê-la.
7/10 – domingo. Por volta das onze, preguei em Runwick, a sete milhas de
Gloucester. A igreja estava abarrotada. Entretanto, cerca de mil pessoas ou
mais ficaram no pátio. Pela tarde, expus: “O que tenho de fazer para ser
salvo?”112 Acredito que alguns milhares estavam presentes, mais do que
aconteceu de manhã. Entre cinco e seis horas, chamei todos que havia
(aproximadamente três mil) em Stanley, num pequeno gramado perto da
cidade, para aceitarem a Cristo como sua única “sabedoria, retidão,
santificação e redenção”. Senti-me fortalecido para falar, como nunca fizera
antes, e falei por quase duas horas. A escuridão da noite e um pequeno raio
não diminuíram o número de pessoas, mas aumentaram a seriedade dos
ouvintes. Concluí o dia expondo parte do Sermão do Monte a uma pequena e
séria sociedade em Ebly.
Pregação em Gales
Sentia uma aversão enorme por pregar ali. Porém, fui até o Sr. W (a pessoa
em cuja igreja o Sr. Whitefield pregou), para pedir permissão para usá-la. Ele
disse com todo seu coração que o ministro não estava disposto a permitir o
uso da igreja. Depois desta recusa (pela qual lhe escrevi uma linha
imediatamente), ele me convidou à sua casa. Um número de mil pessoas
permaneceu, pacientemente (apesar da geada cortante, já ao pôr do sol),
enquanto, a partir de Atos 28.22 – eu simplesmente descrevia a velha religião
da Igreja da Inglaterra, da qual tanto se tem falado contra, sob o novo nome
de metodismo: “No entanto, bem quiséramos ouvir de ti o que sentes; porque,
quanto a esta seita, notório nos é que, em toda parte, fala-se contra ela”.
20/10 – sábado. Retornei para Bristol. Nunca tinha visto parte alguma da
Inglaterra tão agradável, por sessenta ou setenta milhas, como essas partes de
Gales, nas quais me encontrava. E a maioria dos habitantes realmente está
madura para o Evangelho.
O que quero dizer (se a expressão parece estranha), é que eles estão
sinceramente desejosos de serem instruídos nele, e tão ignorantes dele quanto
os índios Creeks ou Cherokees. Não digo que sejam ignorantes do nome de
Cristo. Muitos deles podem dizer a Oração do Senhor e o Credo. E, alguns,
até o Catecismo. Mas, tire-os da estrada que aprenderam mecanicamente, e
eles não saberão nada mais (nove em dez deles, com quem eu conversei),
quer da salvação evangélica ou da fé por meio da qual somente podemos ser
salvos, do que Chicali ou Tomo-Chachi. Agora, de que espírito é aquele que
antes deixa que estas pobres criaturas pereçam por falta de conhecimento, em
vez de serem salvos pelas exortações de Howel Harris, ou um pregador
itinerante?
“Esperei, pois, mas não falam, porque já pararam e não respondem mais.
Também responderei pela minha parte, também declararei a minha opinião.
(...) Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de palavras lisonjeiras para
com o homem! Porque não sei usar de lisonjas; em breve me levaria o meu
Criador”.116
1/11 – quinta-feira . Deixei Bristol, e, no sábado, cheguei a Londres. A
primeira pessoa que encontrei foi alguém que deixei forte na fé e zeloso das
boas obras, mas ela agora me disse que o Sr. Molther a convenceu
completamente de que ela nunca teve qualquer fé, afinal; e aconselhou-a, até
que recebesse a fé, a ficar quieta, cessando de realizar as obras exteriores, o
que ela concordemente tem feito e não duvidou, a não ser por pouco tempo,
que encontraria a vantagem disso.
Eu observei, todos esses dias, cada vez mais, a vantagem que Satanás obteve
sobre nós. Muitos daqueles que outrora sabiam em quem tinham crido,
estavam agora mergulhados em raciocínios vagos e, por isso, cheios de
dúvidas e medos, dos quais não sabiam como fugir.
Dr. W. disse-me, depois do sermão: “Senhor, você não deve pregar à tarde”.
“Não”, disse ele, “que você pregue alguma falsa doutrina. Admito que tudo
que você tem dito é verdadeiro. E é a doutrina da Igreja da Inglaterra. Mas ela
não é cuidadosa. Ela é perigosa. Ela pode conduzir o povo ao fanatismo ou ao
desespero”.
“Eu sei, na verdade, que existe uma forma de explicar esses textos, de
maneira que eles possam significar exatamente nada; que eles possam
expressar muito menos da religião interior do que os escritos de Platão ou
Hierocles. E quem quer que as “guarde” assim (mas Deus proíbe que eu o
faça) indubitavelmente evitará todo o perigo, quer de levar o povo a este
desespero ou levá-lo a este fanatismo.
“Poucas pessoas que vivem há muito tempo na parte oeste da Inglaterra não
ouviram falar dos mineiros de carvão de Kingswood; um povo notório desde
o início, por não temerem a Deus, nem considerarem o homem. Tão
ignorante das coisas de Deus que parecem descender das bestas que perecem
e, portanto, extremamente sem o desejo de instrução, tanto quanto sem os
meios dela”
“Quando ele partiu, outros foram para ‘as estradas e recantos, para os
obrigarem a entrar’.119 E, pela graça de Deus, o trabalho não foi em vão. O
cenário já está mudado”.
“Kingswood agora não mais ressoa, como há um ano atrás, com maldição e
blasfêmia. Não mais está cheia com bêbados, sujeira e diversões inúteis – que
naturalmente aconteciam até então. Não está mais cheia de guerras e lutas, de
brado e amargura, de ira e cobiça. Paz e amor estão ali. Grande parte das
pessoas é gentil, moderada e fácil de ser solicitada. Eles ‘não gritam, nem
contendem entre si’, e a voz deles quase não é ‘ouvida nas ruas’; ou, de fato,
em suas próprias florestas, exceto quando estão em suas noites habituais de
diversão, cantando louvores a Deus, seu Salvador”.
“Para que seus filhos também pudessem saber das coisas que trazem sua paz,
foi proposto, há algum tempo, construir uma casa em Kingswood e, depois de
muitas previstas e imprevistas dificuldades, em junho passado a fundação foi
colocada”.
“Aqui, uma sala espaçosa está sendo construída para uma escola, tendo
quatro outras menores para os professores (e, talvez, se for do agrado de
Deus, para algumas crianças pobres) se hospedarem. Duas pessoas estão
prontas a ensinar tão logo a casa fique pronta para recebê-las. A armação está
quase acabada e todo o restante deve ser completado na primavera, ou no
próximo verão”.
À tarde, fui informado de como os homens sábios e cultos (que não podem,
de certa forma, negar isto, porque nossos Artigos e Homilias ainda não estão
revogados) explicam a justificação pela fé. Eles dizem, 1. Que a justificação é
dupla; a primeira, nesta vida, a segunda, no último dia. 2. Ambas são pela fé
somente, ou seja, pela fé objetiva, ou pelos méritos de Cristo, que são o
objeto de nossa fé. E isto, dizem, é tudo que Paulo e a Igreja querem dizer
por: “Somos justificados pela fé somente”. Mas, acrescentam: 3. não somos
justificados pela fé subjetiva apenas, ou seja, a fé que está em nós. Mas as
obras também devem ser acrescentadas a esta fé, como uma condição
conjunta, tanto da primeira quanto da segunda justificação.
O sentido dessas duras palavras é claramente este: Deus nos aceita agora e
daqui em diante, apenas pelo que Cristo fez e sofreu por nós. Somente esta é
a causa de nossa justificação. Mas a condição é: não a fé somente, mas a fé e
as obras juntas.
Em clara oposição a isto, não posso deixar de manter (pelo menos, até que eu
tenha uma luz mais clara): 1. Que a justificação da qual Paulo fala aos
Romanos e em nossos Artigos não é dupla. Ela é uma só, e não mais. É a
presente remissão de nossos pecados, ou nossa primeira aceitação diante de
Deus. 2. É verdade que os méritos de Cristo são toda a causa desta nossa
justificação: mas não é verdade que isto seja tudo que Paulo e nossa Igreja
querem dizer por sermos justificados pela fé somente; nem é verdade que
tanto Paulo quanto a Igreja querem dizer por fé os méritos de Cristo. Mas, 3.
por sermos justificados pela fé somente, ambos, Paulo e a Igreja, querem
dizer que a condição de nossa justificação é a fé somente, e não as boas
obras; visto que “todas as obras feitas antes da justificação têm nelas a
natureza do pecado”. Por fim, que a fé, que é a única condição da
justificação, é a fé que está em nós pela graça de Deus. É a “confiança certa
que o homem tem de que Cristo o amou e morreu por ele”.
Ele foi expulso de sua sociedade como louco e, sendo repudiado por seus
amigos, desprezado e ignorado por todos os homens, viveu obscuro e
desconhecido por alguns meses, e, então, foi para aquele que amava sua
alma.
Por fim, o prefeito mandou muitos de seus ajudantes, que levaram os líderes
do motim em custódia e não foram embora até que o restante fosse disperso.
Seguramente ele tem sido para nós “um ministro de Deus para o bem”.
19/04 – sábado. Recebi uma carta do Sr. Simpson e outra do Sr. William
Oxlee, informando que nossos irmãos em Fetter Lane estavam novamente em
grande confusão e desejando sinceramente que, se fosse possível, viesse a
Londres sem demora.
23/04 – quarta-feira. Fui até o Sr. Simpson. Ele me contou a respeito de toda
a confusão que era devida ao meu irmão, que pregou sobre as ordenanças:
“Considerando que os crentes”, disse ele, “não estão sujeitos às ordenanças, e
os não crentes nada têm a ver com elas, eles ainda deveriam permanecer
quietos, do contrário, serão descrentes, todos os dias de suas vidas”.
Depois de uma infrutífera disputa por cerca de duas horas, retornei para casa
com o coração oprimido. O Sr. Molther estava doente este dia. Acredito que a
mão de Deus estava sobre ele. À tarde, nossa sociedade se reuniu, mas fria,
enfadonha, insensível, morta. Nada encontrei do amor fraternal, mas somente
um espírito áspero, satírico, pesado e estúpido. Por duas horas eles se
entreolharam e, quando se entreolhavam, era como se a metade deles
estivesse com medo da outra metade, e vice-versa; sim, como se uma voz
fosse ouvida em seus ouvidos: “Cuidado cada um com seu próximo. Não
confie em irmão algum, porque cada um deles irá derrubá-lo, e seu próximo
caminhará com caluniadores”.
Acredito que não menos que trinta pessoas falaram comigo nestes dois dias,
às quais foi solicitado fortemente que: 1. Negassem o que Deus fez por suas
almas, reconhecendo que nunca tiveram a fé viva. 2. Permanecessem quietos,
até que tivessem fé; abandonassem todos os meios de graça; não fossem à
igreja; não tomassem a Ceia do Senhor; não buscassem a Escritura, não
usassem de oração privativa, pelo menos não muito, ou não audivelmente, ou
não em algumas ocasiões estabelecidas.
Dez ou doze pessoas falaram comigo hoje, e muito mais no dia seguinte,
dizendo que se sentiam grandemente perturbados por este novo evangelho e
atirados na mais extrema opressão; e, de fato, onde quer que fosse,
encontrava mais e mais provas da confusão grave que ele ocasionou; muitos
vindo até mim dia após dia; os mesmos que estiveram cheios de paz e amor
anteriormente, mas agora novamente estavam mergulhados em dúvidas e
temores, sendo dirigidos sempre pela própria sabedoria.
“Mas, oito ou nove meses atrás, certos homens surgiram, falando contra as
doutrinas que recebemos”.
“Eles afirmam que estamos no caminho errado; que não temos fé, afinal; que
a fé não admite graus e, consequentemente, fé fraca não é fé; que ninguém é
justificado até que tenha um coração limpo e seja incapaz de alguma dúvida
ou temor”.
“E afirmam mais: que um crente não pode usar de alguma dessas como meios
de graça; que, na verdade, não existe tal coisa como os meios de graça; e esta
expressão não tem fundamento na Escritura: que um descrente, ou alguém
que não tenha o coração limpo, não deve usar delas; não deve orar, nem
buscar as Escrituras ou comungar, mas ‘permanecer quieto’, ou seja, deixar
essas ‘obras da lei’ e, então, certamente receberá a fé, que, até que ele esteja
quieto, não poderá ter”.
A primeira foi a de que fé fraca não é fé. “Por fé fraca, eu entendo: 1. Aquela
que está misturada com temor, especialmente a que não dura até o fim. 2.
Aquela que está misturada com dúvida, quer não tenhamos nos enganado,
quer não tenhamos enganado a outros e quer nossos pecados sejam, de fato,
perdoados. 3. Aquela que ainda não purificou o coração totalmente, não de
todos os seus ídolos.
Ainda assim, tão fraca era aquela fé que não apenas a dúvida e temor, mas o
grosseiro pecado prevaleceu na mesma noite sobre ele. “Não obstante, ele
estava ‘limpo, através da palavra’127 que Cristo ‘lhe falou’, ou seja,
justificado; embora esteja claro que ele não tinha um coração limpo.
“Portanto, existem graus na fé, e fé fraca pode ser fé verdadeira”.
18/07 – sexta-feira. Alguns de nós nos reunimos com minha mãe no grande
sacrifício de ação de graças e, consultados sobre como procedermos com
respeito aos nossos pobres irmãos de Fetter Lane, constatamos que as coisas
estavam caminhando para uma crise e tínhamos, entretanto, unanimemente,
concordado no que fazer.
20/07 – domingo. A pedido sincero do Sr. Seward, preguei uma vez mais em
Moorfields sobre “a obra da fé”, a “paciência da esperança”, e o “trabalho do
amor”. Um homem zeloso foi tão delicado, de maneira a nos livrar da maioria
do barulho dos ouvintes descuidados (ou observadores, preferivelmente),
lendo, entretanto, a uma pequena distância um capítulo de “O Dever do
Homem”. Espero que nem ele, nem eles possam alguma vez ler um livro
pior; embora eu possa dizer-lhes de um melhor – a Bíblia.
À tarde, fui com o Sr. Seward para a Festa do Amor, em Fetter Lane; no
encerramento, sem ter dito coisa alguma até então, li um papel, cuja essência
era o seguinte:
Então, sem dizer coisa alguma além disso, retirei-me, assim como dezoito ou
dezenove da sociedade.
14/09 – domingo (Londres). Assim que retornei para casa, à noite, mal saí da
carruagem e uma turba que estava reunida em grande número, em volta da
minha porta, rodeou-me totalmente. Regozijei-me e dei graças a Deus,
sabendo que esse era o tempo pelo qual eu esperava e, imediatamente, falei
àqueles que estavam próximos a mim sobre a “retidão e o julgamento que
estão por vir”. A princípio, não muitos deles ouviram, e o barulho ao redor
estava muito alto. Mas o silêncio foi se espalhando para mais e mais longe,
até que tive uma quieta e atenta congregação, e quando os deixei, todos eles
mostraram muito amor e despediram-se de mim com muitas bênçãos.
31/12 – quarta-feira. Muitos de Bristol vieram até nós e nosso amor foi
grandemente confirmado uns para com os outros. Às oito e meia, a casa
estava cheia de uma extremidade à outra, onde concluímos o ano lutando com
Deus em oração e louvando-o pela maravilhosa obra que já havia sido forjada
sobre
a terra. Pregação de Wesley ao ar livre
19/01 – segunda-feira. Constatei, a partir de
diversos 1 741
relatos, que era absolutamente necessário que estivesse em Londres. Portanto,
pedi à sociedade para se encontrar à tarde e, tendo estabelecido as coisas da
melhor maneira que pude, na terça-feira, parti, e na quarta, à tarde, encontrei
nossos irmãos na Fundição.
28/01 – quarta-feira. Nossos velhos amigos, Sr. Gambold e Sr. Hall, vieram
para ver meu irmão e a mim. A conversa girou totalmente sobre a oração
silenciosa e espera quieta por Deus, as quais eles diziam ser o único caminho
possível para obter-se a fé viva e salvadora. Existiu alguma vez tão agradável
forma? Mas onde ela está escrita? Não em algum desses livros que considero
os Oráculos de Deus. Eu admito que, se existe um caminho melhor até Deus,
este é ele. Mas, com o preconceito da educação tão dependurado sobre mim,
não posso pensar que exista. Devo, portanto, ainda esperar no caminho
bíblico, que difere deste como a luz das trevas.
Eu respondi: “Você devia ter me dito isto antes e não ter me derrubado em
minha própria casa, roubando os corações das pessoas e, através de acusações
pessoais, separando os próprios amigos”. Ele disse: “Eu nunca acusei você
privativamente”. Eu respondi: “Meus irmãos, julguem”; e li o que segue:
“Ao Rev. Sr. George Whitefield (17 de Janeiro, 1741)
”
“Meu querido irmão, para que você possa vir rapidamente, eu escrevo uma
segunda vez”.
“Eu me sinto solitário, como Eli, esperando o que acontecerá com a arca. E,
enquanto espero e temo que ela seja carregada para longe de meu povo,
minhas preocupações crescem diariamente. Quão glorioso o Evangelho
pareceu florescer em Kingswood! — Falei do amor eterno de Cristo, com
doce poder. Mas, agora, o irmão Charles se permite abrir a boca contra esta
verdade, enquanto a ovelha amedrontada olha fixamente e foge, como se
nenhum pastor existisse no meio delas. É como se Satanás estivesse agora
guerreando com os santos de uma maneira mais que comum”.
“Ó, ore para que as ovelhas desamparadas, ainda deixadas neste lugar, não
esmoreçam! Certamente esmoreceriam, se a pregação o fizesse (os que agora
atendem aos sermões), a não ser sua própria fidelidade. ‘Com a Redenção
Universal’, o irmão Charles agrada o mundo e o irmão John o segue em todas
as coisas. Eu não acredito que o Ateísta possa pregar mais contra a
Predestinação do que eles. E todo aquele que acredita na eleição é
considerado inimigo de Deus e chamado assim: ‘Fuja, querido irmão. Estou
tão sozinho. Estou no meio da praga. Se Deus te deu permissão, apressa-te’”.
“Portanto, não por causa de suas opiniões, nem por alguma delas (quer
estejam certas ou erradas), mas pelas causas acima mencionadas, ou seja, por
escarnecerem da palavra e dos ministros de Deus, através de sua fofoca,
maledicência, dissimulação, mentira e calúnia, eu, John Wesley, pelo
consenso e aprovação da sociedade em Kingswood, declaro que as pessoas
acima mencionadas não são mais membros dela. Nem serão assim
considerados, até que abertamente declarem sua falta e, por meio disto, façam
o que lhes cabe para removerem o escândalo que causaram”.
Ele disse: “Bem, você dissolverá nossa sociedade com a condição de que
receberá e empregará o Sr. Cennick, como fez antes”.
Eu respondi: “Meu irmão tem sido muito injusto comigo. Mas ele não diz:
‘Eu me arrependo’”. Sr. Cennick disse: “Exceto em não falar em sua defesa,
não sei no que tenho sido injusto com você”.
Eu retorqui: “Parece, então, que nada resta a não ser que cada um escolha a
sociedade que lhe agradar”.
Então, depois de algum tempo em oração, o Sr. Cennick saiu e cerca da
metade daqueles que estavam presentes foram com ele.
Conflitos com o Sr. Whitefield
Uma vez que, “por causa de um ferimento traiçoeiro, e traição dos segredos,
todo amigo irá se separar”.
7/05 – quinta-feira. Lembrei à Sociedade Unida que muitos dos nossos
irmãos e irmãs não tinham alimento necessário; muitos estavam destituídos
de vestuário conveniente; muitos estavam sem trabalho, o que não era por
culpa deles; muitos estavam doentes de morte; e que eu tinha feito o que
podia para alimentar o faminto, vestir o desnudo, empregar o pobre e visitar o
doente, mas que só isso não era suficiente. Por esse motivo, solicitei de todos
aqueles cujos corações fossem como o meu: 1. Trazerem as roupas que
tivessem sobrando para serem distribuídas entre aqueles que necessitavam
mais. 2. Darem mensalmente um penny,131 ou o que pudessem dispor, para
alívio do pobre e do doente.
Porém, o que direi, agora que julguei por mim mesmo? Agora que vejo com
meus próprios olhos? Não apenas porque o autor faz nada em desacordo, não
esclarece nenhuma dificuldade considerável, que é completamente superficial
em suas observações sobre muitas passagens, confuso e embaraçado em
quase todas, mas porque tem toda a aparência de misticismo, do começo ao
fim, e, por conseguinte, sempre perigosamente errado. Para exemplificar, em
apenas um ou dois pontos:
Como ele (quase nas palavras de Tauler) deprecia a razão, certa ou errada,
como inimiga irreconciliável do Evangelho de Cristo! Levando em
consideração que a razão (a faculdade assim chamada), nada mais é do que o
poder da compreensão, julgamento e dissertação? Cujo poder não deve ser
condenado mais do que o ver, ouvir e sentir.
Novamente, com que blasfêmia ele fala das boas obras e da Lei de Deus;
constantemente ligando a Lei ao pecado, morte, inferno ou ao diabo; e
ensinando que Cristo nos livra delas igualmente.
Uma vez que não pode ser provado pela Escritura que Cristo nos livrou da
Lei de Deus mais do que nos livrou da santidade ou do céu. Aqui (eu
compreendo) está a fonte real dos grandes erros dos morávios. Eles seguem
Lutero para o que der e vier. Por esta razão, “Nenhuma obra; nenhuma Lei;
nenhum mandamento”. Mas quem és tu que ‘falas mal da Lei e a
julgas?’”.132
Mas, ainda assim, ele nega extremamente ser ele a causa da morte de
Servetus: “Não”, diz ele, “eu apenas aconselhei nossos magistrados quanto ao
direito de restringirem os heréticos pela espada, aprisioná-los e provarem
aquele herético arcaico. Mas, depois que ele foi condenado, não disse palavra
alguma sobre sua execução!”.
25/07 – sábado (Oxford). É chegada minha vez (o que acontece cerca de uma
vez a cada três anos) de pregar na Igreja de St. Mary, diante da Universidade.
A colheita é verdadeiramente abundante. Tão numerosa congregação
(quaisquer que sejam os motivos pelos quais vieram), raramente tenho visto
em Oxford. Meu texto foi a confissão do pobre Agripa: “E disse Agripa a
Paulo: Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!”,133 e tenho
“lançado meu pão sobre as águas”. Deixe-me “encontrá-lo, novamente,
depois de muitos dias”.
Isto deu oportunidade para que outro mencionasse o que ele mesmo havia
ouvido na casa de um eminente professor não-conformista, ou seja, que sem
qualquer dúvida o Sr. Wesley recebia grandes remessas da Espanha, com o
objetivo de fazer uma festa entre os pobres e que, tão logo os espanhóis
chegaram, ele os reuniu com vinte mil homens.
1. Pode parecer estranho que alguém como eu possa ter o direito de escrever
a vocês. Vocês, eu creio, são filhos queridos de Deus, através da fé que está
em Jesus. A mim, vocês acreditam (como alguns de vocês declararam) ser
‘um filho do diabo, um servo da corrupção’. Ainda assim, o que quer que eu
seja, ou vocês sejam, eu imploro que pesem as seguintes palavras, se, por
acaso, Deus, que enviou através daquele que ele enviaria, puder lhes dar
esclarecimento por meio disto, embora a névoa da escuridão (como um de
vocês afirma) esteja reservada a mim para sempre.
2. Meu objetivo é falar livre e claramente o que quer que tenha visto ou
ouvido no meio de vocês, em qualquer parte de sua Igreja, e que não pareça
de acordo com o Evangelho de Cristo. E a minha esperança é que Deus, a
quem vocês servem, lhes proporcione avaliarem o que for falado e, se alguma
coisa for contrária à verdade, até mesmo isto lhes seja revelado...
Conflitos em Gales
10/10 – sábado. Com sua jornada adiada para segunda-feira, H. Harris veio
até mim, na nova sala. Disse-me que renunciou ao decreto da reprovação e o
abominava totalmente. Quanto ao não cair da graça: 1. Ele acreditava que não
deveria se aplicar ao injustificado, ou alguém que fosse negligente e
descuidado, muito menos ao que vivia no pecado, mas apenas aos
murmuradores sinceros e sem esperança. 2. Ele mesmo acreditava que era
possível que alguém que não fosse “iluminado” por alguns conhecimentos de
Deus, que não “testou do dom divino, e fosse feito parceiro do Espírito
Santo” caísse, e pediu que pudéssemos todos concordar em nos mantermos
próximos, nos pontos controversos às próprias palavras do Espírito Santo. 3.
Que ele não considerava o homem tão justificado de maneira a não cair, até
que tivesse um ódio completo por todo pecado habitando nele, e uma
contínua fome e sede em busca de toda retidão. Abençoado sejas tu, ó
Senhor, tu, ó homem da paz!
Cavalgamos, mais tarde, para a Igreja de St. Bride, em Moors; onde o Sr.
Rowlands pregou novamente. Aqui, fomos encontrados pelo Sr. Humphreys
e Thomas Bissicks, de Kingswood. Por volta das onze horas, alguns de nós
nos retiramos com o objetivo de exortarmos uns aos outros ao amor e às boas
obras. Mas T. Bissicks imediatamente introduziu a disputa e outros o
apoiaram. H. Harris e Sr. Rowlands se opuseram fortemente, mas, vendo que
de nada aproveitava, o Sr. Rowlands recuou. H. Harris os manteve cercados
até cerca da uma da manhã. Então, deixei-os, bem como ao Capitão T.
Por volta das três, eles desistiram no mesmo ponto onde haviam começado.
Enviei um pequeno relato para Londres, logo depois, em uma carta, cuja
cópia anexei, embora esteja consciente de que existam diversas circunstâncias
nele que alguns podem considerar mero fanatismo e extravagância.
“Mais tarde, senti-me revigorado e dormi bem de maneira que não percebi
qualquer desordem adicional, mas levantei-me de manhã como de costume e
declarei com uma voz forte e coração amplo: ‘Nem a circuncisão, nem a
incircuncisão tem proveito algum; mas a fé operada pelo amor’”.136
“Por volta das duas da tarde, exatamente quando descia para jantar, um
calafrio veio sobre mim e um pouco de dor em minhas costas mas nenhuma
doença, de maneira que eu comi um pouco e, então, mais aquecido, fui visitar
alguns que estavam enfermos”.
Mas, no momento em que viu a porta aberta, ele correu para fora a toda
velocidade, para não olhar mais para trás.
12/12 – sábado. Retornei para Bristol. À tarde, alguém desejou falar comigo.
Percebi que ele estava em extrema confusão, de forma que, por algum tempo,
não pôde falar. Finalmente, ele disse: “Eu sou aquele que o interrompeu na
nova sala, na segunda-feira. Não tive descanso desde então, dia e noite, e não
poderei ter, até que fale com o senhor. Espero que me perdoe e que isso seja
uma advertência para mim todos os dias de minha vida”.
31/01
1 742
Depois de uma noite de sono tranquilo, acordei com uma forte febre, mas
sem qualquer enfermidade, sede ou dor. Concordei, no entanto, em ficar
acamado, mas sob a condição de que todos que desejassem, tivessem
liberdade para falar comigo. Acredito que cinquenta ou sessenta pessoas
fizeram isto hoje e não encontrei nenhum inconveniente nisto. À tarde,
mandei um recado a todos dos grupos que estavam na casa para que
pudéssemos magnificar nosso Senhor juntos. Uma pessoa de minha relação
pessoal estava comigo, quando eles vieram, e perguntei-lhe, mais tarde, se ela
ficou ofendida. “Ofendida”, disse ela. “Eu desejo estar sempre com você.
Pensei que estivesse no céu”.
Um boi na congregação
19/03 – sexta-feira. Cavalguei uma vez mais para Pensford, para atender a
um sincero pedido de várias pessoas sérias. O lugar onde elas pediram que eu
pregasse era um pequeno gramado, próximo à cidade. Mas, mal tinha
começado quando a turba, contratada (como nos certificamos depois) para
esse propósito, veio furiosamente até nós, trazendo um boi, que eles
atormentavam e esforçavam-se para dirigi-lo em meio às pessoas.
Porém, o animal era mais esperto que seus condutores e continuamente corria
de um lado para outro, enquanto cantávamos calmamente louvores a Deus e
orávamos por cerca de uma hora.
17/05 – segunda-feira. Pretendia partir para Bristol esta manhã, mas fui
inesperadamente impedido. À tarde, recebi uma carta de Leicestershire,
pressionando-me a ir, sem demora, prestar o último culto de amizade a uma
daquelas almas que estava nas asas da eternidade. Na quinta-feira, 20, parti.
Na tarde seguinte, parei um pouco, em Newport-Pahnell e, depois, cavalguei
em frente, até alcançar um homem sério, com quem imediatamente comecei a
conversar. Ele logo me deixou saber qual era sua opinião, portanto não disse
nada para contradizê-la. No entanto, isso não o satisfez. Ele estava bastante
interessado em saber se eu abraçava a doutrina dos decretos, assim como ele,
mas repetidas vezes lhe disse que “era melhor nos mantermos nas coisas
práticas, a fim de que não nos aborrecêssemos um ao outro”.
E assim fizemos por duas milhas, até que ele me pegou inesperadamente e
me arrastou para uma disputa antes que soubesse onde estava. Ele, então, foi
ficando cada vez mais agitado, dizendo que eu estava podre no coração e que
supunha que eu fosse um dos seguidores de John Wesley. E eu lhe disse:
“Não, eu sou o próprio John Wesley”.
Diante disso, foi como se ele tivesse sido mordido por uma cobra. Ele bem
poderia alegremente ter saído fora, mas, sendo eu o melhor montador dos
dois, mantive-me perto dele e esforcei-me para mostrar-lhe seu coração até
chegarmos na estrada de NorthHampton.
27/05 – quinta-feira. Deixei Birstal e na sexta-feira, dia 28,
cheguei em Newcastle-upon-
Tyre. Li, com grande expectativa, ontem e hoje, o livro de Xenofontes,
“Coisas Memoráveis de Sócrates.” Fiquei totalmente pasmo com sua falta de
julgamento. Quantas dessas coisas Platão nunca teria mencionado! Mas, pode
ser bom que vejamos as sombras da noite também dos quadros mais
brilhantes em toda antiguidade pagã.
Às cinco horas, a colina onde designei pregar estava coberta do topo ao chão.
Nunca vi tão grande número de pessoas juntas, nem em Moorfields, nem em
Kennington-Common. Eu sabia que não era possível para a metade ouvir,
embora minha voz fosse forte e clara, e posicionei-me de tal maneira a tê-los
em vista enquanto se agrupavam de um lado da colina.
A palavra de Deus que coloquei diante deles foi: “Eu sararei a tua perversão,
eu voluntariamente os amarei, porque a minha ira se apartou dele”.142
4/06 – sexta-feira. Cavalguei para Beeston. Aqui me deparei, uma vez mais,
com as obras de um célebre autor, de quem muitos grandes homens não
podem falar sem êxtase e as mais fortes expressões de admiração. Refiro-me
a Jacob Behmen. O livro que abri era seu “Mysterium Magnum”, ou
“Exposição de Gênesis”. Consciente de minha ignorância, sinceramente pedi
a Deus para iluminar meu entendimento. E honestamente considerei o que li,
esforçando-me para pesar isto na balança do santuário. E o que posso dizer,
concernente à parte que li?
Posso e devo dizer o seguinte (com tanta evidência quanto posso dizer que
dois mais dois são quatro); que se trata do mais sublime absurdo; linguagem
bombástica inimitável; pretensiosa, sem paralelo! Tudo uma peça com sua
inspirada interpretação da palavra Tetragramaton (confundindo-a com o
próprio nome inexprimível, considerando que ela significa apenas uma
palavra consistindo de quatro letras), ele observa com tal gravidade e
solenidade excelente, dizendo a você o significado de cada sílaba dela.
Faz muito tempo desde que estive em Epworth, e fui a uma estalagem no
centro da cidade, sem saber se restava alguém nela que não estivesse
envergonhado de ser meu conhecido. Mas uma antiga serva de meus pais,
com duas ou três mulheres, logo me descobriu. Perguntei-lhe: “Você conhece
alguém em Epworth que honestamente deseje ser salvo?” Ela respondeu: “Eu
desejo, pela graça de Deus, e sei que sou salva pela fé”. Eu perguntei: “Então,
você tem a paz de Deus? Você sabe que ele perdoou seus pecados?” Ela
respondeu: “Eu agradeço a Deus por saber disto bem. E muitos aqui podem
dizer a mesma coisa”.
6/06 – domingo. Pouco depois do culto começar, fui até o Sr. Romley, o
coadjutor, e me ofereci para assisti-lo, tanto pregando como lendo orações.
Porém, o Sr. Romley não quis aceitar minha assistência. A Igreja estava
excessivamente cheia nessa tarde. Um rumor havia sido espalhado de que eu
iria pregar. Mas o sermão sobre 1Tessalonicenses 5.19, “Não extingais o
Espírito” não foi adequado à expectativa de muitos dos ouvintes. O Sr.
Romley disse-me que o modo mais perigoso de se extinguir o Espírito era
pelo fanatismo, e ampliando o caráter de um fanático de maneira muito
florida e retórica.
Assim sendo, às seis horas, fui até lá e encontrei uma congregação como
nunca vi antes em Epworth. Permaneci no lado leste, no final da Igreja, perto
da lápide de meu pai, e preguei. “Porque o reino dos céus não é comida, nem
bebida, mas justiça e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Romanos. 14.17)
Às oito horas, fui para a casa de Edward Smith, onde estavam muitos, não
apenas de Epworth, mas também de Burnham, Haxey, Ouston, Belton e
outros vilarejos em volta, que grandemente desejavam que fosse até eles e os
ajudasse. Eu me encontrava agora em um dilema, querendo me apressar
adiante em minha jornada e, ainda assim, sem saber como deixar aquelas
pobres canas quebradas na confusão em que as encontrei.
23/07 – sexta-feira. Por volta das três da tarde, fui até minha mãe e achei que
sua partida estava próxima. Sentei-me ao seu lado. Ela estava em seus
últimos momentos, sem condições de falar, mas eu acredito, muito
consciente. Seu olhar estava calmo e sereno, seus olhos fixos no alto,
enquanto encomendávamos sua alma a Deus. Entre três e quatro horas, o
cordão de prata estava se desprendendo e a roda rompendo na cisterna, e
então, sem qualquer luta, sinal ou gemido, sua alma libertou-se.
Permanecemos ao lado da cama, atendendo ao seu último pedido, pouco
antes que perdesse a fala: “Crianças, assim que eu me for, recitem um salmo
de louvor ao nosso Deus!”
1/08 – domingo. Uma multidão quase inumerável reuniu-se, por volta das
cinco da tarde, quando entreguei à terra o corpo de minha mãe, para dormir
com seus pais. A parte das Escrituras que mais tarde falei foi “E vi um grande
trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra
e o céu, e não se achou lugar para eles, e vi os mortos, grandes e pequenos,
que estavam diante do trono, e abriram-se os livros, e abriu-se outro livro,
que é o livro da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam
escritas nos livros, segundo as suas obras”.147
Essa foi uma das mais solenes reuniões que vi, ou espero ver, nesse lado da
eternidade.
Muitas das bestas se esforçaram para perturbar aqueles que eram de uma
mente melhor. Eles se empenharam em dirigir um rebanho de vacas no meio
deles. E, então, atiraram grandes chuvas de pedras, uma das quais atingiu-me
exatamente entre os olhos, mas não senti dor nenhuma; e, quando enxuguei o
sangue, testemunhei em voz alta que Deus deu àqueles que creem “não o
espírito do medo, mas do poder, e do amor, e uma mente saudável”. E,
através do espírito que agora apareceu por toda a congregação, vi plenamente
que bênção nos é dada, mesmo no menor grau, para suportarmos por causa de
seu nome.
3/11 – quarta-feira. Dois daqueles que são chamados Profetas pediram para
falar comigo. Disseram-me que foram enviados por Deus, com uma
mensagem de que, muito brevemente, eu nasceria de novo. Um deles
acrescentou que eles ficariam na casa até que isto fosse feito, exceto se eu os
mandasse sair. Eu respondi seriamente: “Não os mandarei embora”, e os
coloquei em prova na sociedade. Estava toleravelmente frio; e eles não
tinham nem alimento, nem bebida. No entanto, lá ficaram de manhã até a
noite. Então, foram embora quietamente e nunca mais ouvi coisa alguma
deles desde então.
7/12 – terça-feira. Senti-me tão doente de manhã que fui obrigado a enviar o
Sr. Williams para a Sala. Ele, mais tarde, foi até o Sr. Stephenson, um
comerciante da cidade que tinha uma passagem através do terreno que
pretendíamos comprar. Eu estava desejoso de comprá-lo. Sr. Stephenson
disse-lhe: “Senhor, eu não quero dinheiro. Mas, se o Sr. Wesley quer o
terreno, ele pode ter um pedaço do meu jardim, anexo ao local que você
menciona. Eu dou minha palavra. Por quarenta libras, ele terá dezesseis
jardas na largura e trinta no comprimento”.
Nunca senti um frio tão intenso antes. Na sala, onde um constante fogo era
mantido, apesar de minha escrivaninha estar a cerca de uma jarda da
chaminé, eu não pude escrever por um quarto de hora consecutivo, sem que
minhas mãos ficassem completamente paralisadas.
Três ou quatro vezes, à tarde, fui forçado a interromper a pregação para que
pudéssemos orar e dar graças a Deus.
23/12 – quinta-feira. Calculando que tal casa, como foi proposta, não estaria
terminada com menos de setecentas libras, muitos estavam certos de que ela
nunca seria terminada afinal; outros, que não viveria para vê-la coberta. Eu
pensava diferente e não duvidava de que como ela foi começada por causa de
Deus, ele providenciaria o que fosse necessário para terminá-la.
Recusado no sacramento em Epworth1 743
2/01 – domingo. À noite, alcancei Epworth. Às cinco horas, preguei sobre:
“Assim é todo aquele que é nascido do Espírito”.150 Por volta das oito,
preguei do túmulo de meu pai: “E não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.”151 Muitos das
cidades vizinhas perguntaram se não seria bom, visto que era o Domingo de
Sacramento, que eles o recebessem. Disse que não teria problema algum, mas
que seria mais respeitoso, primeiro, pedir permissão ao coadjutor, Sr.
Romley; e alguém, em nome dos demais, fez isso. Ao que o coadjutor
respondeu: “Orador, diga ao Sr. Wesley que não lhe darei o sacramento,
porque ele não é adequado”.
Quão sábio é o nosso Deus! Não poderia haver um lugar mais adequado,
debaixo do céu, onde isso pudesse acontecer a mim; primeiro, porque é a casa
de meu pai, o lugar onde nasci, e o mesmo lugar onde “de acordo com a mais
puritana divisão de nossa religião”, tenho, há tanto tempo “sido um fariseu!”
Era tão adequado, no mais alto nível, que aquele que me repeliu dessa mesma
mesa onde tão frequentemente distribuí o pão da vida, fosse alguém que
devia tudo que tinha no mundo ao amor terno que meu pai mostrou aos seus,
assim como pessoalmente a ele mesmo.
Quanto ao primeiro caso, certifiquei-me: 1. Que todos eles (eu penso que sem
exceção) eram pessoas de saúde perfeita e não estavam sujeitas a ataques de
qualquer espécie, até que foram assim afetados. 2. Que isto aconteceu a cada
um deles de repente, sem qualquer aviso prévio, enquanto ouviam a palavra
de Deus e refletiam a respeito do que tinham ouvido. 3. Que no momento em
que caíram ao chão, perderam todas as suas forças e foram tomados por dores
violentas. Isto eles expressaram de diferentes maneiras. Alguns disseram que
caíram como se uma espada os tivesse atravessado; outros, como se tivessem
um grande peso sobre si, a ponto de enfiá-los dentro da terra.
Para o segundo caso, observei que o número dos que tinham deixado a
sociedade, desde
30 de dezembro, foi setenta e seis.
Primeiro, você (tanto quanto eu) deve julgar por si mesmo se segue
implicitamente a Igreja ou não e, também, o que é a igreja verdadeira, ou não
é possível dar um passo adiante.
Entre sete e oito horas, parti com John Heally, meu guia. O vento norte era
incomumente alto; jogou granizo em nossos rostos, que congelou assim que
caiu e nos envolveu, prontamente.
Quando chegamos a Placey, mal podíamos ficar em pé, mas tão logo senti-
me um pouco recuperado, fui até uma praça e proclamei aquele que ‘foi
ferido por nossas transgressões e injuriado por nossas iniquidades’.154 Os
pobres pecadores se agruparam rapidamente e prestaram bastante atenção às
coisas que eram faladas. E assim fizeram durante à tarde novamente, a
despeito do vento e neve, quando implorei que recebessem a ele como seu
Rei, para ‘arrependerem-se e crerem no Evangelho’.155
Cornualha156
21/09 – quarta-feira. Fui acordado entre três e quatro horas da manhã, por
uma larga multidão de pecadores que, temendo que pudesse chegar muito
tarde, havia se reunido ao redor da casa, cantando e louvando a Deus. Às
cinco, preguei uma vez mais sobre: “Crê em nosso Senhor Jesus Cristo, e tu
serás salvo”. Todos eles devoraram a Palavra. “Que isto possa ser saúde para
suas almas e tutano para seus ossos!”158
A turba de Wednesbury
Eu pedi que alguém pegasse o líder deles pela mão e o trouxesse para dentro
da casa. Depois de alguma conversa entre nós, o leão tornou-se um cordeiro.
Então, pedi-lhe para ir até lá e trazer um ou dois dos mais irados. Ele trouxe
outros dois que estavam prontos para tragar o solo com raiva, mas em dois
minutos eles ficaram calmos como ele. Então, ordenei que abrissem caminho
para que eu pudesse sair por entre as pessoas. Tão logo me vi no meio deles
pedi uma cadeira e subi nela, perguntando: “O que qualquer um de vocês
quer comigo?”
A noite chegou antes que tivéssemos caminhado uma milha, debaixo de uma
pesada chuva. De qualquer modo, fomos para Bentley Hall, duas milhas de
Wednesbury. Umas duas pessoas correram para dizer ao Sr. Lane que tinham
trazido o Sr. Wesley diante de sua Excelência. Ao que o Sr. Lane replicou: “E
o que eu tenho a ver com o Sr. Wesley? Vão e levem-no de volta!”
Aqui, eles ficaram completamente sem ação, até que alguém aconselhou a ir à
casa do Magistrado Perse, em Walsal. Todos concordaram com isso, então,
nós corremos até lá e, por volta das sete horas, chegamos em sua casa.
Porém, o Sr. Perse igualmente mandou avisar que estava deitado. Agora, eles
estavam num impasse novamente, mas, por fim, todos concordaram que a
melhor coisa a ser feita era rumarem de volta para suas casas.
Tentar falar foi em vão, porque o barulho de todos os lados era como o
rugido do mar. Então, eles me arrastaram todo o percurso até que chegamos à
cidade, onde, vendo a porta de uma grande casa aberta, tentei entrar, mas um
homem, pegando-me pelo cabelo, colocou-me de volta no meio da turba.
Eles não pararam até que me carregaram, através da rua principal, de um lado
a outro da cidade. Eu continuava falando todo o tempo para aqueles que
estavam por perto ouvirem, sem sentir dor ou cansaço. No final da parte
oeste, vendo uma porta meio-aberta, tentei entrar por ela, e teria conseguido
se um cavalheiro na loja não tivesse me impedido, dizendo que eles
derrubariam a casa no chão. De qualquer modo, fiquei na porta e perguntei:
“Vocês estão prontos para me ouvir falar?”
E comecei a falar: “Que mal eu fiz? Qual de vocês eu maltratei com palavra
ou ação?” — e continuei falando por um quarto de hora, até que minha voz,
de repente, falhou. Então, a inundação começou a erguer a sua voz
novamente, muitos gritando: “Tragam-no para fora! Tragam-no para fora!”
Nesse meio tempo, minhas forças e minha voz retornaram, e irrompi alto em
oração. E, agora, o homem que pouco antes encabeçava a turba virou-se e
disse: “Senhor, eu darei minha vida por você. Siga-me e nenhuma alma aqui
tocará em um fio de cabelo de sua cabeça”.
Dois ou três de seus camaradas confirmaram suas palavras e se aproximaram
de mim imediatamente. Nesse mesmo momento, o cavalheiro na loja gritou:
“Que vergonha! Que vergonha! Deixem-no ir!”
Um honesto açougueiro, que estava um pouco distante, disse que era uma
vergonha agirem assim e empurrou para trás quatro ou cinco, um depois do
outro, que estavam agindo mais violentamente. As pessoas, então, como se
tivessem chegado a um consenso, afastaram-se para a direita e para a
esquerda, enquanto três ou quatro me pegaram e carregaram no meio deles.
Presença de espírito
Não deve ser esquecido que, quando o restante da sociedade teve toda aquela
pressa para escapar por suas vidas, quatro apenas não se mexeram, William
Sitch, Edward Slater, John Griffiths e Joan Parks. Esses permaneceram
comigo, decididos a vivermos ou morrermos juntos; e nenhum deles recebeu
um murro, mas William Sitch, que me segurou pelo braço, de um lado da
cidade a outro, foi arrastado e derrubado ao chão, mas logo se levantou e me
segurou novamente. Mais tarde, perguntei-lhe o que ele pensou que poderia
lhe acontecer, quando a turba veio ao nosso encontro. Ele disse: “Morrer por
aquele que tinha morrido por nós”: e não sentiu pressa ou medo, mas
calmamente esperou, até que Deus requeresse sua alma.
Também quis saber se era verdadeiro o relato de que ela tinha lutado por
mim, e ela disse: “Não, eu sabia que Deus iria lutar por seus filhos”. E essas
almas deveriam perecer afinal?
Não pude fechar esse capítulo sem inserir, como uma grande curiosidade, que
eu acredito nunca tinha sido visto na Inglaterra; e que surgiu poucos dias
depois da notável ocorrência em Walsal:
“Staffordshire:
“Considerando que nós, juízes de paz, de sua majestade, para o dito Condado
de Stanford, temos recebido informação de que muitas pessoas desordeiras,
nomeando-se pregadores metodistas, andam de um lado para outro incitando
desordens e rebeliões, para o grande dano dos súditos de Sua Majestade, e
contra a paz de nosso Senhor, o Soberano Rei”:
“Esses mandatos são, em nome de sua majestade, para exigir que você, e
cada um de vocês dentro de seu respectivo distrito, façam diligentes buscas
aos ditos pregadores metodistas, para trazê-lo ou a eles diante de alguns de
nós, da justiça de paz de sua majestade, para serem examinados concernentes
às suas ações ilícitas”.
30/10 – domingo. Sr. Clayton leu as Orações, e preguei sobre “O que devo
fazer para ser salvo?” Mostrei, nas palavras mais simples que podia, que a
mera religião exterior não nos leva ao céu; mais do que aqueles que poderiam
ir até lá sem santidade interior, que era obtida apenas pela fé. Quando saí de
volta, pelo cemitério da igreja, muitos da paróquia discutiam de que religião
era este pregador. Alguns disseram:”Ele deve ser um quacre”, outros, “um
anabatista”. Mas, por fim, um estudioso mais profundo que os demais expos
sua opinião de que era um presbiteriano-papista.
Com este propósito, fiz uma segunda coleta, que resultou em cerca de trinta
libras. Mas, percebendo que todo o dinheiro recebido não corresponderia a
um terço da despesa, determinei ir às classes e pedir pelo restante até que
tivesse ido a toda a sociedade.
“De acordo com essas considerações, pensamos que seja pertinente a nós, se
devemos nos situar como um corpo distinto de nossos irmãos, oferecermos
nossos mais obedientes respeitos à sua sagrada majestade e declararmos, na
presença daquele a quem servimos, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, que
somos uma parte (o que quer que isso signifique) da igreja protestante
estabelecida nesses reinos. Que nos unimos para esta e nenhuma outra
finalidade: promovermos, tanto quanto sejamos capazes, a justiça,
misericórdia, verdade, a glória de Deus e a paz e boa vontade entre os
homens; detestamos e abominamos as doutrinas fundamentais da Igreja de
Roma e estamos firmemente unidos à pessoa real e à família ilustre de Sua
Majestade”.
“Prata e ouro (que a maioria de nós deve possuir) nós não temos, mas o que
temos, imploramos humildemente à Sua Majestade que aceite, juntamente
com nossos corações e orações.162
“Possa aquele que nos comprou com seu sangue, o Príncipe de todos os reis
da terra, lutar contra todos os inimigos de Sua Majestade, com a espada de
dois gumes que sai de sua boca! E quando ele chamar Sua Majestade deste
trono, cheio de anos e vitórias, que possa ser com esta voz: ‘Vem, recebe o
reino preparado para ti, desde o começo do mundo!’”163
J. Wesley
18
22/03 – quinta-feira. Fiz um relato à sociedade do que tinha sido feito com
respeito aos pobres. Por meio de contribuições e coletas, recebi
aproximadamente cento e setenta libras; com as quais, acima de trezentos e
trinta pobres puderam ser providos com roupa necessária. Trinta ou quarenta
restaram ainda em necessidade, e havendo alguns débitos das roupas já
distribuídas, no dia seguinte, Sexta-Feira Santa, fiz mais uma coleta, de cerca
de vinte e seis libras. Este tesouro, pelo menos, “nem a ferrugem, nem a
traça” consumirão; nem os ladrões minarem e roubarem”.164
7/04 – sábado. Escrevi parte do relato sobre a recente revolta, que (para
mostrar o profundo respeito de seus autores por sua majestade) aconteceu no
mesmo dia em que a proclamação de sua majestade contra os revoltosos foi
lida. Ainda assim, vejo que muito bem tem sido trazido, especialmente a
grande paz que agora desfrutamos.
Por volta das onze horas, John Nance e eu partimos por Morva. Com o vento
e chuva caindo em cheio em nossas faces, ficamos completamente molhados
antes de chegarmos a Rosemargay, onde alguns de nossos irmãos nos
encontraram. Certifiquei-me que houve um estremecimento entre eles,
ocasionado pelas afirmações seguras de alguns, de que viram o Sr. Wesley,
uma ou duas semanas atrás, com o pretendente na França; e outros, que ele
estava em uma prisão em Londres; ainda assim, o corpo principal permanece
firme e junto, e não foi removido da esperança do Evangelho.
Não era sua culpa que aqueles honoráveis homens não se preocupassem com
as leis, quer de Deus ou do rei. Mas, como soldados, eles estavam resolvidos
sobre o que seria certo ou errado, porque ele era um pregador. Assim, para
certificarem-se de tudo, eles o mandaram embora, um prisioneiro para a
cadeia de Lincoln.
Meu primeiro objetivo era vir pelo caminho mais curto de Sheffield a
Newcastle. Mas foi melhor que não tenha feito isto, considerando o
inexprimível pânico que se espalhou em todos os lugares.* De maneira que
vim exatamente a tempo de lembrar todas as pobres ovelhas amedrontadas
que “mesmo os cabelos” de nossa “cabeça estão contados”.165
* Pânico. Wesley não dá maiores detalhes sobre a questão, mas é possível considerar como uma
referência a iminente invasão francesa. N.E
Durante todo este verão, nossos irmãos, no oeste, tiveram tantas dificuldades
quanto os no norte da Inglaterra. A guerra contra os metodistas tem sido
levada cada vez com maior vigor do que aquela contra os espanhóis.
1744 - 1745
27/12 – quinta-feira. Visitei o advogado que contratara para o processo
judicial recentemente começado contra mim na corte de justiça; e, aqui, pela
primeira vez, vi aquele sórdido monstro, uma denúncia pertencente à corte de
justiça! Um documento de quarenta e duas páginas, em grande fólio, para
contar uma estória que não precisava ocupar quarenta linhas! E recheado com
mentiras estúpidas, insensatas e improváveis; muitas delas também
completamente estranhas à questão, de modo que, eu creio, teria custado ao
compilador sua própria vida em alguma corte pagã, quer da Grécia ou Roma.
E esta é a equidade no país cristão! Este é o método inglês de redecorar
outras injustiças.
10/03 – domingo. Tivemos um sermão útil
de manhã e outro 1 745
em nossa própria igreja, à tarde. Fui muito revigorado por ambos e unido em
amor, tanto aos dois pregadores quanto ao clero em geral. No dia seguinte,
escrevi a um amigo o seguinte:
“Redigi essa manhã um breve relato sobre o caso entre o clérigo e nós; eu te
permito fazer qualquer uso dele, de modo que você acredita que será para a
glória de Deus”:
“1o Por volta de sete anos atrás, começamos pregando a presente salvação
interior, obtida pela fé somente. 2o Por pregarmos essa doutrina, fomos
proibidos de pregar nas igrejas. 3o Então, pregamos em casas particulares,
como a ocasião se apresentava; e, quando as casas não podiam conter as
pessoas, pregávamos ao ar livre. 4o Por isso, muitos dos clérigos pregaram ou
imprimiram contra nós, como sendo heréticos ou cismáticos. 5o Pessoas que
foram convencidas do pecado nos imploraram para aconselhá-los, mais
especificamente, sobre como fugirem da ira vindoura. Nós respondemos que,
se eles pudessem vir todos de uma vez (visto que eram inúmeros),
poderíamos nos empenhar nisso. 6o Por isso, fomos representados, tanto no
púlpito como na imprensa (nós mesmos ouvimos isso, e vimos com os
próprios olhos), como estando introduzindo o papismo; incitando o motim;
maquinando contra a Igreja e o Estado. Enfim, todas as formas diabólicas de
publicidade contra nós, e contra aqueles que estavam acostumados a nos
encontrar. 7o Encontrando alguma verdade nisso, a saber, que alguns dos que
se reuniam conosco caminhavam desordenadamente, imediatamente lhes
pedimos que não viessem mais a nós. 8o E estávamos mais firmemente
desejosos de supervisionar o restante, para que pudéssemos saber se eles
caminhavam de acordo com o Evangelho. 9o Mas, agora, vários bispos
começaram a falar contra nós em conversas, assim como em público. 10o
Nesse encorajamento, diversos clérigos incitaram as pessoas a nos tratarem
como foras-da-lei, ou cães loucos. 11o As pessoas assim o fizeram em
Staffordshire, em Cornualha e em muitos outros lugares. 12o E o fazem
ainda, onde quer que não sejam refreados pelo medo do magistrado secular.
“1o Você quer que preguemos outra doutrina, ou que desistamos de pregar
esta? Acreditamos que você não deseja isso, uma vez que não seria possível
pretender tal coisa com a consciência tranquila. 2o Quer que desistamos de
pregar em casas particulares ou nos campos? As coisas agora estão
circunstanciadas, porque isto seria o mesmo que desejar que não preguemos,
afinal. 3o Você quer que desistamos de aconselhar aqueles que se encontram
conosco com esse propósito? Ou, em outras palavras, que dissolvamos nossas
sociedades? Nós não podemos fazer isso com a consciência limpa; uma vez
que nós entendemos que muitas almas seriam perdidas dessa forma e que
Deus iria requerer o sangue delas em nossas mãos. 4o Você quer que
aconselhemos apenas um por um? Seria impossível por causa do seu número.
5o Você quer que aceitemos que aqueles que caminham desordenadamente se
misturem com os demais? Nem você pode fazer isto com a consciência
tranquila; porque “os intercâmbios diabólicos corrompem as boas maneiras”.
6o Você quer que desobriguemos os líderes de grupos ou classes (como nós
os denominamos) de supervisionarem o restante? ‘Isto é, de fato, permitir que
os caminhantes irregulares estejam misturados aos demais, o que não
ousamos fazer. Por fim, você quer que nos comportemos com reverência em
relação àqueles que são supervisores da igreja de Deus? E com ternura, tanto
ao caráter quanto à pessoa de nossos irmãos, o clero inferior? Pela graça de
Deus podemos fazer isso, e o faremos. Sim, nossa consciência nos dá
testemunho de que já temos trabalhado com esse objetivo, todo tempo e em
todos os lugares”.
“Se você nos perguntar o que queremos que você faça, responderemos”:
“1o Nós não desejamos que você nos permita pregar em suas igrejas, caso
você acredite que pregamos uma doutrina falsa, ou tenha, acima de qualquer
pretexto, o menor escrúpulo de consciência com respeito a isto. Mas
desejamos que qualquer um que acredite que pregamos a doutrina verdadeira
e que não tenha escrúpulos, nesse sentido, que não seja desencorajado de nos
convidar para pregarmos em sua igreja, tanto pública quanto privadamente.
2o Nós não desejamos que aquele que pensa que somos heréticos ou
cismáticos; e que acredita seja seu dever pregar ou imprimir contra nós como
tal, possa refrear-se disso por quanto tempo pensar que seja essa sua
obrigação (embora, nesse caso, a ferida nunca seja curada). Mas desejamos
que ninguém declare tal sentença, até que tenha calmamente considerado
ambos os lados da questão; que ele não nos condene sem nos ouvir, mas,
primeiro, leia o que temos escrito e ore, sinceramente, para que Deus possa
dirigi-los no caminho correto. 3o Não queremos benefício algum, se qualquer
acusação de papismo, de incitação de motim, ou de imoralidade for provada
contra nós. Mas desejamos que você não dê crédito, sem provas, a nenhuma
dessas estórias insensatas que transitam com o vulgar: e que, não acreditando,
não as relate a outros (o que sabemos tem sido feito). Sim, que você os
confunda quando tiver oportunidade, e desaprove aqueles que ainda as
recontam nas redondezas. 4o. Nós não queremos primazia alguma, benefício
ou recomendação daqueles que estão no poder, tanto na Igreja quanto no
Estado”.
“Mas desejamos: 1. que se alguma coisa material for colocada como de nossa
responsabilidade, que nos seja permitido responder por nós mesmos; 2. que
você impeça seus dependentes de atiçarem a turba contra nós; os quais,
certamente, não são os juízes adequados para esses assuntos. 3. E que você
suprima eficazmente e desencoraje totalmente toda revolta e insurreições
populares, que, evidentemente, atingem o alicerce de todo governo, quer da
Igreja ou do Estado’.
Peguei um barco, por volta das seis da tarde. Muitos da turba esperavam no
término da cidade, e, vendo que escapara de suas mãos, puderam apenas se
vingar com suas línguas. Mas alguns dos mais ferozes correram ao longo da
orla para receber-me em meu desembarque. Caminhei pela passagem estreita
do mar até o topo, onde estava o líder. Olhei bem em seu rosto e disse:
“Desejo a você uma boa noite!” Ele não falou, nem moveu um braço ou pé,
até que eu estivesse em meu cavalo. Então, respondeu: “E eu desejo que você
vá para o inferno!” e voltou para trás com seus companheiros.
Tão logo cheguei ao campo de visão de Tolcarn (na paróquia Wendron), onde
pregaria à noite, fui abordado por muitos que vinham correndo, como se
fosse por suas vidas, e me pedindo que não seguisse adiante. Perguntei: “Por
que não?” E eles responderam: “Os curadores e condestáveis, e todos os
líderes da paróquia estão esperando por você no topo da colina, resolvidos a
prendê-lo. Eles têm um mandato especial dos juízes que se encontram em
Helstone e permanecerão ali até que você seja trazido”. Cavalguei
diretamente até o topo da colina e, observando quatro ou cinco homens a
cavalo, bem vestidos, fui direto até eles e perguntei: “Cavalheiros, algum de
vocês tem alguma coisa para me dizer? Eu sou John Wesley!”
Um deles pareceu extremamente irado, presumo que por ter dito “eu sou John
Wesley”. E não sei como teria me saído após tal afirmação corajosa, exceto
pelo fato do Sr. Collins, ministro de Redruth (acidentalmente, como ele disse)
ter vindo, abordar-me e dizer que me conheceu em Oxford. Meu primeiro
antagonista ficou em silêncio e uma disputa de outro tipo começou: se esta
pregação tinha feito algum bem. Apelei para a questão de fato. Ele
reconheceu (depois de muitas palavras): “As pessoas estão bem, no
momento”, mas acrescentou: “Sem dúvidas daqui a pouco, elas estarão muito
mal, se não pior do que antes”.
Assim o fizemos e ele disse: “Senhor, irei lhe dizer a causa disso. Todos os
cavalheiros desses lados disseram que você esteve durante muito tempo na
França e Espanha, e que agora é enviado para cá pelo pretendente ao trono; e
que essas sociedades têm a finalidade de unir-se a ele”. Não, certamente,
“todos os cavalheiros desses lados”, não mentiriam contra suas próprias
consciências!
“Querido Irmão, agora você age como um amigo. Há muito é nosso desejo
que você falasse livremente. E nós faremos o mesmo. O que não soubermos
ainda, que Deus possa nos revelar! Você pensa, em primeiro lugar, que
pretendemos defender algumas coisas que não são defensáveis pela palavra
de Deus. Você exemplifica em três e sobre cada uma delas nos explicaremos
tão claramente quanto pudermos.”
“1. Que a validade de nosso ministério depende de uma suposta, sucessão dos
apóstolos e uma autorização derivada do papa de Roma e seus sucessores ou
dependentes”.
“Que acreditamos que não seria certo para nós administrarmos o batismo ou a
ceia do Senhor, exceto se tivéssemos uma autorização para assim fazer dos
bispos aos quais compreendemos estarem em sucessão aos apóstolos”.
“E ainda concedemos que esses bispos são os sucessores daqueles que eram
dependentes do bispo de Roma”.
“Mas, gostaríamos de saber sobre quais razões você acredita que isto seja
inconsistente com a palavra de Deus?”.
“Nós acreditamos que exista, e sempre existiu, em toda igreja cristã (quer
dependentes do bispo de Roma ou não), um sacerdócio visível, ordenado por
Jesus Cristo, e um sacrifício visível oferecido por meio de homens
autorizados a agirem como embaixadores de Cristo e mordomos dos
mistérios de Deus”.
“Sobre quais fundamentos, você acredita que Cristo aboliu este sacerdócio ou
sacrifício?”
“3. Que esta hierarquia papal e prelatura,169 que ainda continua na Igreja da
Inglaterra, é instituição apostólica e autorizada por meio dela, embora não
pela palavra escrita”.
“Você acredita, em segundo lugar, que podemos deixar algumas coisas como
indefensáveis, que são defendidas pela mesma lei e autoridade que
estabelecem as coisas acima mencionadas, tais como são muitas das leis,
costumes e práticas das Cortes eclesiásticas”.
Mas você nos mostrará como: 1. Aquelas coisas e essas permanecem ou caem
juntas? Ou, 2. Que não podemos sinceramente defender uma, ainda que
desistamos da outra?”
“Você não omite completamente aqui uma circunstância que poderia ser
chave para todo nosso comportamento? Ou seja, que não olhamos com mais
respeito a esses abusos imundos, que se aderem à nossa igreja, como parte da
construção, do que olhamos com respeito qualquer sujeira que possa se aderir
aos muros da Abadia de Westminster, como parte daquela estrutura.
1 74
“Você pensa, em terceiro lugar, que existem outras coisas que defendemos e
praticamos em declarada contradição às ordens da Igreja da Inglaterra”.
“E você julga uma justa exceção, contra a sinceridade de nossas profissões,
aderirmos a isto”.
“Compare o que professamos com o que praticamos, e você possivelmente
será de outro julgamento”.
“Agora, mostre o que existe em nossa prática que seja uma contradição
declarada a essas profissões?”
“É a pregação no campo? Não, afinal, ela não é contrária à lei que
professamos obedecer”.
“É o admitir pregadores leigos? Não, estamos cientes de que isto não seja
contrário a alguma lei. Mas, se for, este é um dos casos em exceção; um em
que não podemos obedecer com a consciência tranquila. Portanto, seja certo
ou errado para outros, ela não é, no entanto, uma justa exceção contra nossa
sinceridade.
“As regras e direções dadas às nossas sociedades, como você diz, é uma
disciplina completamente proibida pelos bispos”.
“Quando e onde, algum bispo proibiu isto? E se algum o fez, foi através de
que lei? Não conhecemos o homem que alguma vez proibiu, ou a lei, através
da qual, ele proibiu”.
“Quais rubricas são essas? Não podemos encontrá-las. E até que essas sejam
produzidas, tudo que é tão frequentemente dito sobre a unidade paroquial, é
meramente feito sem necessidade. Consequentemente, nem isto é uma justa
exceção contra a sinceridade de alguma de nossas profissões.
30 de dezembro, 1745.
J. Wesley.
20/01 – segunda-feira.
1 746
Parti para Bristol. Na estrada, li sobre “O Relato da Igreja Primitiva do
Senhor Rei”. A despeito do veemente preconceito de minha educação, estava
pronto a acreditar que esta era uma sincera e imparcial delineação; mas, se
assim for, os bispos e presbíteros são (essencialmente) de uma ordem; e que
originalmente toda congregação cristã era uma igreja independente de todas
as outras.
18/02 – quarta-feira.
1 74 7
Nosso servo aproximou-se e disse “Senhor, não haverá viagem hoje. Tal
quantidade de neve caiu à noite que as estradas estão intransitáveis”. Disse-
lhe: “Pelo menos podemos caminhar vinte milhas por dia, com nossos
cavalos em nossas mãos”. Assim, em nome de Deus, partimos. O vento
nordeste cortava como uma espada e dirigia a neve em quantidades tão
irregulares, que a estrada principal ficou intransitável. No entanto,
continuamos, a pé ou a cavalo, até chegarmos a White Lion, em Grantham.
1/03 – domingo. Fui para Osmotherley, por volta das dez horas, exatamente
quando o ministro (que mora algumas milhas distante) chegou à cidade.
Ofereci meu serviço a ele e disse-lhe que, se fosse de seu agrado, gostaria de
assisti-lo, quer lendo as orações ou pregando. Ao receber a mensagem, ele
veio até mim imediatamente e disse que prontamente aceitaria minha ajuda.
Quando caminhávamos até a Igreja, ele disse: “Talvez você fique muito
fatigado lendo as orações e pregando”. Respondi-lhe que não; eu escolheria
isto, se o agradasse; com o que ele concordou. Depois do culto, o Sr. D. me
disse: “Senhor, sinto muito que não tenhamos uma casa aqui para acolhê-lo.
Por favor, deixe-me saber quando quer que venha por este caminho”. Como
vários me perguntavam onde pregaríamos à tarde, alguém foi até o Dr. D. e
perguntou se ele estava desejoso que eu pregasse na igreja. E ele respondeu:
“Sim, quando quer que agrade ao Sr. Wesley”. Tivemos uma grande
congregação às três horas. Aqueles que, no passado, tinham sido os mais
amargos contraditores, pareciam agora derretidos em amor. Todos estavam
convencidos de que não éramos papistas. Quão sabiamente Deus ordena
todas as coisas no seu próprio tempo!
1 78
4/03 – quarta-feira (Quarta-Feira de Cinzas). Passei algumas horas lendo
“As Exortações de Ephrem Syrus”. Certamente, nunca algum homem, desde
Davi, nos deu tal quadro de um coração partido e contrito.
“Obs. Se algum administrador quebrar qualquer uma das regras acima, depois
de ter sido por três vezes admoestado pelo presidente da assembleia (do que o
ministro deve ser imediatamente notificado), não será mais administrador”.
15/08 – sábado. Fiquei em casa e falei com todos que vieram. Mas,
dificilmente encontrei um irlandês entre eles. Pelo menos noventa e nove por
cento dos irlandeses nativos permanecem na religião de seus antepassados.
Os protestantes, quer em Dublin ou em qualquer outro lugar, são quase todos
transplantados recentemente da Inglaterra. Nem é de se surpreender que os
que são nascidos papistas geralmente vivem e morrem como tais, enquanto
que os protestantes não encontram maneiras melhores de convertê-los a não
ser pelas Leis penais e os atos do parlamento.
1/01 –
sexta-feira
1 748
. Começamos o ano, às quatro da manhã, com alegria e ação de graças. O
mesmo espírito estava entre nós, ao meio-dia e à tarde. Certamente nos
apresentamos como “um sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus”.172
13/06 – segunda-feira. Passei uma hora ou duas com Dr. Pepusch. Ele
afirmou que a arte da música está perdida, que apenas os antigos a entendiam
em sua perfeição; que ela foi reavivada um pouco no reinado do Rei
Henrique VII, através de Tallys e seus contemporâneos; como também no
reinado da Rainha Elizabeth, que era sua juíza e benfeitora; de maneira que,
depois de seu reinado, a arte da música sucumbiu por sessenta ou setenta
anos, até que Purcell fez algumas tentativas de restaurá-la. Mas, desde então,
a verdadeira arte primitiva, de princípios naturais e matemáticos, não ganhou
terreno. Os mestres atuais não fixaram princípios.
3/08 – quarta-feira. Achei absolutamente necessário publicar o seguinte
anúncio:
J. Wesley
4/08 – quinta-feira. Preguei, à tarde, em Spen; sexta-feira, dia
5, por volta do meio-dia, em
Horsley. Quando cavalgava de volta para casa, percebi que minha dor de
cabeça tinha aumentado muito. Mas, como muitas pessoas tinham vindo de
todas as partes (sendo também noite de vigília mensal), não me senti bem em
pedir que fossem embora. Quase esqueci de minhas dores, enquanto estava
falando, mas fui obrigado a ir para a cama tão logo terminei.
6/08 – sábado. As dores ficaram muito piores do que antes. Então, apliquei
compressas, mergulhadas em água fria. Imediatamente, minha cabeça ficou
mais leve, mas eu estava excessivamente doente. Quando me deitava, a dor
retornava e a enfermidade cedia. Quando me levantava, a dor parava mas a
enfermidade retornava. À tarde, tomei dez grãos de ipecacuanha,173 e ela
continuou por dez minutos. No momento em que foi embora, senti-me em
perfeita saúde e não tive mais dor ou enfermidade.
Às onze e meia, comecei a pregar. Meia hora depois que terminei meu
discurso, a turba começou a se derramar colina abaixo, feito uma inundação.
Depois de trocar algumas palavras com o líder, no intuito de impedir
qualquer confronto, eu o acompanhei, como me foi requerido. Quando
chegamos em Barrowford, duas milhas distante, todo o exército se
posicionou em ordem de batalha, diante da casa para onde eu fora carregado
com dois ou três dos meus amigos. Depois de ter sido detido por mais de uma
hora, o líder saiu e eu o segui, pedindo que me conduzisse de volta, mas,
quando saímos, a turba nos seguiu; ao que ele ficou tão furioso que precisou
voltar e lutar com eles; e, então, me deixou sozinho.
“Então, segui com ele, mas não tínhamos percorrido dez jardas quando um
homem de sua companhia golpeou meu rosto com seu punho, com toda sua
força; depois, outro atirou uma vara em minha cabeça; então, parei por alguns
momentos, mas outro de seus campeões, amaldiçoando e praguejando da
maneira mais chocante e ameaçando com seu porrete sobre minha cabeça,
gritou: ‘Tragam-no!’”
“Com tal escolta, caminhei até Barrowford, onde fui informado de que você
se encontrava; seus batedores seguindo adiante, para arrastarem toda a plebe
de todos os quartéis”.
“Eu deveria ter mencionado que tive, muitas vezes antes, desejado que você
me deixasse ir, mas em vão; e que, quando fazia menção de ir com Richard
Bocock, a turba imediatamente nos seguia com juramentos, maldições e
pedras; de tal modo que uma delas derrubou-me no chão. Quando me
levantei, todos vieram para cima de mim, como leões, forçando-me a voltar
para dentro da casa”.
Eu sou,
Seu verdadeiro amigo
J. Wesley
2/01 – segunda-feira.
1 74 9
Designei partir com um amigo para Rotterdam, mas, muito pressionado a
responder ao livro do Dr. Middleton contra os Patriarcas, posterguei minha
viagem e passei quase vinte dias nesta desagradável tarefa.
23/02 – quinta-feira. Meu objetivo era ter tantos de nossos pregadores aqui
durante a Quaresma quantos possivelmente estejam dispensados e ler as
preleções para eles, todos os dias, como fiz com meus alunos em Oxford. Eu
tinha dezessete deles ao todo. Esses, eu dividiria em duas classes e leria para
uma o bispo Pearson sobre o Credo, para a outra a Lógica de Aldrich e para
ambas “As Regras para Ação e Elocução”.
Por volta das dez horas da noite, embarcamos para Bristol, em uma pequena
chalupa. Logo adormeci. Quando acordei de manhã, estávamos a muitas
léguas da terra, em um mar bravio e íngreme. No cair da tarde, o vento virou
ainda mais contra nós, de maneira que prosseguimos pouco. Por volta das dez
horas, nos encontrávamos entre “Bispo e seus Sacristãos” (as rochas assim
chamadas) e o ancoradouro Galês; o vento soprou fresco do sul. Assim, o
capitão, temendo que pudéssemos ser dirigidos de encontro à costa rochosa,
conduziu-nos de volta ao mar.
11/01 – quinta-feira.
1750
Li, sem muita surpresa, o relato dado pelo Monsenhor Montgeron, tanto de
sua conversão quanto de outros milagres forjados na tumba de Abbe
Paris.179 Tenho sempre olhado para toda este assunto como mera lenda, e
suponho que a maioria dos protestantes faça o mesmo. Mas não vejo maneira
possível de negar esses fatos sem invalidar todo o testemunho humano.
Também posso razoavelmente negar que exista tal pessoa como o Sr.
Montgeron, ou tal cidade como Paris, no mundo. De fato, em muitos casos
como esse vejo grande superstição, assim como fé. Mas os “tempos de
ignorância Deus” ainda “faz que não vê”; e abençoa a fé não obstante a
superstição.
se fosse assim, todo quacre* estaria condenado, no que não poderia de modo
algum acreditar. Não defendo que qualquer coisa seja necessária
(estritamente falando) à salvação, a não ser a mente que havia em Cristo. Se
não pensasse que tinha uma medida disto, seria alguém que o amaria assim
como um ateu ou um publicano. Aqueles que acreditam na fé operada pelo
amor são filhos de Deus. Não me admiro que Deus permita (não cause) os
menores males em meio a estes, quando observo males muito maiores dentre
eles; porque o pecado é um mal infinitamente maior que a ignorância”.
“Não compreendo que a unidade nos modos de adoração seja tão necessária
entre os filhos de Deus e que não possam ser filhos de Deus sem isto, embora
eu, uma vez, tenha pensado que fosse assim. Não faço uso (até onde eu sei)
de todos os meios de graça que Deus ordenou, exatamente como Deus os
ordenou. Mas aqui está seu grande equívoco: você pensa que meu objetivo é
‘formar uma igreja’. Não, não tenho tal objetivo. Não é meu desígnio nem
desejo que alguém que aceite minha ajuda deixe a igreja da qual é membro.
Fosse eu converter índios, daria todos os passos que Paulo deu, mas não vou.
Portanto, alguns desses passos eu não darei. Assim sendo, ainda me reúno à
Igreja da Inglaterra até onde eu possa; ao mesmo tempo em que eu e meus
amigos usamos de diversas ajudas providenciais que nossa Igreja nem
desfruta, nem proíbe, como sendo em si mesmas de natureza puramente
indiferente”.
“Espero que seu zelo seja mais bem empregado do que em persuadir os
homens a serem mergulhados ou aspergidos. Eu empregarei o meu, através
da graça de Deus, em persuadi-los a amarem a Deus de todo o seu coração e
ao próximo como a si mesmos.
“Eu não posso responder a Deus, passar alguma parte deste precioso tempo,
cada hora do qual eu posso empregar no que diretamente conduz à promoção
deste amor entre os homens, em ser contrário ou defender esta ou aquela
forma do governo da igreja. Eu ‘provei todas as coisas’ deste tipo por mais de
vinte anos, agora ‘agarro o que é bom’,180 o que, em minha opinião, não
apenas não é contrário à Escritura, mas é estritamente concordante com ela.
Mas, juntamente com princípios fixados, recuso-me absolutamente a entrar
em uma controvérsia formal sobre o assunto. Nisto também estou decidido. E
se, por causa disto, você me julga ser um papista ou um turco, nada posso
fazer”.
“Estou totalmente convencido de que você não falou com ira, mas a partir do
zelo por suas próprias opiniões e modos de adoração; e poderia ser vantajoso
para outro homem disputar esses pontos com você. Mas para mim não é. Sou
chamado para outra obra; não para tornar os homens anglicanos ou batistas,
mas cristãos; homens de fé e amor. Que Deus possa enchê-lo com isto, é a
oração, prezado senhor”,
O próximo campeão que apareceu foi um tal de Sr. M., um jovem cavalheiro
da cidade. Duas outras pessoas o assistiram com suas pistolas nas mãos, mas
seu triunfo foi bastante curto; algumas pessoas rapidamente o arrastaram para
fora, dessa vez com mais gentileza e civilidade. O terceiro veio com grande
fúria, mas foi enfrentado por um açougueiro da cidade (nenhum dos
metodistas), que o tratou como se fosse um boi, deferindo-lhe um ou dois
golpes em sua cabeça. Isso esfriou sua coragem, especialmente porque
ninguém se aliou a ele. Então, terminei o meu discurso tranquilamente.
15/06 – sexta-feira – Meu cavalo estava cansado à tarde, então, deixei-o para
trás e tomei emprestado outro de meu companheiro. Às onze horas, fui para
Aymo e, de boa vontade, poderia ter passado o descanso da noite por lá,
porém uma boa senhora não pensava da mesma maneira. A princípio, ficou
calada. Por fim, abriu a porta – ampla o suficiente, e deixou quatro cães
virem para cima de mim. Então cavalguei para Ballybrittas, esperando
igualmente uma áspera saudação de um enorme cão que costumava ficar no
pátio, mas ele não se agitou, até que o criado veio e ele entrou. Por volta das
onze horas, deitei-me. Penso que esse foi o dia mais longo de jornada que já
cavalgara: cinquenta milhas (velha medida irlandesa), que soma cerca de
noventa milhas inglesas.
17/09 – segunda-feira. Meu irmão partiu para o norte, mas retornou no dia
seguinte, sentindo-se muito mal. Quão pouco conhecemos dos conselhos de
Deus! Porém, eles são sábios e graciosos.
19/09 – quarta-feira. Quando voltei para casa, à noite, encontrei meu irmão
bem pior. Ele ficou várias noites sem dormir; e não esperava nada de
ninguém, a não ser dos opiatos.181 Fui até nosso irmão (em Cristo) que
estava na sala abaixo e fizemos nosso pedido conhecido diante de Deus.
Quando subi novamente, ele estava num sono profundo, que durou até de
manhã.
23/09 – domingo. Com meu irmão ainda incapacitado para me auxiliar, tive
mais trabalho hoje do que esperava. De manhã, li as orações, preguei e
ministrei o sacramento a uma grande congregação, em Spitalfields. O culto
na West Street continuou das nove até a uma hora da tarde. Em Moorfields,
às cinco horas, chamei os pecadores ao arrependimento. E, quando terminei
meu trabalho, sentia mais vivacidade e força do que às seis horas da manhã.
17/11 – sábado. Terminei de ler aquele tratado muito curioso: “Um Credo
Fundamentado sobre o Bom Senso”. Sua essência, eu admiro como muito
engenhosa, mas ainda não posso acreditar: 1. Que os Dez Mandamentos não
foram designados como uma regra completa de vida e comportamento; ou 2.
Que o Antigo Testamento nunca foi entendido até 1700 anos depois de
Cristo.
Pareceram não estar nem um pouco confusos e foram embora quietos como
cordeiros.
“Um monte de poeira é tudo que restou de ti! Isso é tudo que tu és, e tudo que
o orgulhoso deverá ser!”
2/02 – sábado.
1751
Tendo recebido a resposta completa do Sr. P, fiquei completamente
convencido de que deveria me casar. Por muitos anos permaneci solteiro,
porque poderia ser mais útil assim do que estando casado. E louvo a Deus
que me possibilitou agir assim. Mas agora estou plenamente convencido de
que em minhas atuais circunstâncias serei mais útil casado; assim, com essa
clara convicção e por conselho de meus amigos, casei-me poucos dias depois.
19/03 – terça-feira. Terminado o trabalho pelo qual vim para Bristol, parti
novamente para Londres; onde muitos me solicitaram que passasse alguns
dias mais, antes que me comprometesse com minha jornada para o norte.
Então, fui, na quinta-feira, e depois de acertar todas as minhas tarefas, parti
novamente, na quarta-feira, dia 27. Não posso entender como um pregador
metodista pode responder a Deus, pregar um sermão ou viajar um dia mesmo
sendo casado em vez de solteiro. Neste aspecto, certamente, “é porque
aqueles que têm esposas agem como se eles não tivessem!”
1/04 – segunda-feira. Cavalguei para Dudley. O grito sinistro com que fomos
recebidos na cidade nos deu motivo para esperarmos o mesmo tipo de
recepção que tivemos, quando estivemos ali antes. Comecei a pregar
imediatamente em um terreno, não muito longe da rua principal. Alguns, a
princípio, pareceram inclinados a interromperem, mas, quando ouviram um
pouco, ficaram mais atentos e muito calmos até o fim, embora chovesse
grande parte do tempo.
“2. Fui informado de que os pobres sofredores suplicaram por socorro ao Juiz
de Paz da vizinhança. Mas não o tiveram. Muito longe disto, o próprio juiz
disse-lhes que o tratamento era bom o suficiente para eles e que, se
prosseguissem (adorando a Deus de acordo com sua própria consciência) a
plebe abusaria deles novamente”.
“3. Admito que algumas dessas pessoas possam ter se comportado com
paixão e de modo grosseiro. Mas, se o fizeram, existe alguma proporção entre
o erro e a punição? Ou, se a punição foi merecida, a lei orienta que uma plebe
revoltosa seja a sua executora?”.
“4. Admito, também, que este cavalheiro – o juiz – supôs que as doutrinas
metodistas (assim chamadas) fossem extremamente más. Mas, ele está seguro
disto? Ele leu seus escritos? Se não, porque pronuncia a sentença antes de
ouvir a evidência? Se sim, e ele crê que elas estão erradas, mesmo assim, será
que este método de refutação deve ser usado em um país cristão, um país
protestante? Especialmente na Inglaterra, onde cada homem pensa por si
mesmo, já que deve dar contas de si mesmo perante Deus?”
“5. O resumo de nossa doutrina, com respeito à religião interior (do modo
como a entendo), está compreendido em dois pontos: amar a Deus de todo
nosso coração e amar nosso próximo como a nós mesmos. E, com respeito à
religião exterior, em mais dois: fazer tudo para a glória de Deus, e o fazer
tudo que desejaríamos que nos fosse feito nas mesmas circunstâncias.”
“6. E penso que seja meu dever, Senhor, apesar de ser um estranho para você,
dizer-lhe tudo isto e requerer duas coisas: 1). que o dano que esse pobre povo
tem suportado seja reparado e, 2). que eles possam, daqui para frente, ser
admitidos para desfrutar do privilégio inglês de servir a Deus de acordo com
os ditames de sua própria consciência. Sob essas condições, eles estão
sinceramente dispostos a esquecer tudo que é passado. Desejando-lhe toda a
felicidade, espiritual e temporal permaneço, Reverendo Senhor, seu afetuoso
irmão e servo”.
J. Wesley
2/11 – sábado. O Sr. Arvin, de acordo com minha vontade, informou ao Sr.
M. que estava desejoso de dar-lhe vinte libras por ano para que me assistisse
uma vez por semana. Ele o recusou com a mais extrema indignação e desde
esse dia falou toda sorte de coisas ruins contra mim.
23/08 – domingo. Às oito horas, a casa não pôde conter a congregação, ainda
que eu preferisse uma congregação pequena e pacífica a uma enorme, porém
barulhenta e tumultuada. Na segunda e terça-feira, examinei cuidadosamente
a sociedade e coloquei para fora todos que não caminhavam de acordo com o
Evangelho. Encontrei cerca de trezentos que ainda se esforçavam para ter
“uma consciência livre de ofensa para com Deus e o homem”.
14/09 – quinta-feira. (Assim devemos chamar agora, visto que o Estilo Novo
toma lugar).186 Cavalguei para o pântano de Boira [Paróquia de Kiltnsk],
onde uma porta grande e eficaz está aberta. Na sexta-feira, à tarde,
cavalgamos para Gorey e, no dia seguinte, para Dublin.
1752 - 1753
6/10 – sexta-feira. O navio encalhou; então pegamos um barco e chegamos
em Cave, à noite. Com as pousadas todas cheias, alojamo-nos em uma casa
particular; mas acabamos encontrando um inconveniente: não tínhamos nada
para comer, porque nossas provisões tinham ficado à bordo e não havia nada
que pudesse ser comprado na cidade; nem carne, nem peixe, nem manteiga,
nem queijo. Por fim, procuramos alguns ovos e pão e ficamos bem satisfeitos.
8/02 – quinta-feira. Uma proposta foi feita para transferir todo trabalho
temporal, livros e tudo mais, inteiramente aos administradores, de maneira
que eu não teria outra preocupação sobre mim (em Londres, pelo menos), a
não ser as almas recomendadas à minha responsabilidade. Oh! Quando isto
acontecerá? A partir de hoje? À tarde, visitei muitos enfermos, mas me
entristeci por ver tal cenário ainda inalterado. Não existe nenhum, como tal, a
ser encontrado em um país pagão. Se algum dos índios na Geórgia estivesse
doente (o que, na verdade, raramente aconteceu até que eles aprendessem a
glutonaria e bebedeira dos cristãos), aqueles que estivessem perto dele lhe
dariam o que precisasse. Meu Deus! Quem converterá o inglês num honesto
pagão? Na sexta e sábado, visitei tantos quanto pude. Encontrei alguns em
suas celas subterrâneas; outros em seus sótãos, subnutridos de água e comida,
acrescidos de fraqueza e dor. Mas não encontrei nenhum entre eles
desocupado que fosse capaz de rastejar pela sala. Tão mal e diabolicamente
falsa é a objeção comum: “Eles são pobres apenas porque são preguiçosos”.
Se você visse essas coisas com seus próprios olhos, você gastaria dinheiro em
ornamentos ou superficialidades?
17/02 – sábado. Aprendi nas “Cartas do Dr. Franklin”:187 1. Que o fogo
elétrico (ou éter) é uma espécie de fogo, infinitamente mais sutil do que
qualquer outro já conhecido. 2. Que ele é difundido, em aproximadamente
iguais proporções, através de quase todas as substâncias. 3. Que, por ampla
que seja a sua difusão, ele não tem efeito discernível. 4. Que, se alguma
quantidade dele for coletada, quer pela arte ou natureza, ele então se torna
visível na forma de fogo, e expressivamente poderoso. 5. Que ele é
essencialmente diferente da luz do sol, porque invade milhares de corpos que
a luz não pode penetrar e, ainda assim, não penetra o vidro, o que a luz
penetra tão livremente. 6. Que o raio não é outro senão que o fogo elétrico,
produzido por uma ou mais nuvens. 7. Que todos os efeitos da luz podem ser
efetuados por um fogo elétrico artificial. 8. Que alguma coisa pontiaguda,
como a ponta mais alta ou árvore, atrai o raio exatamente como uma agulha o
fogo elétrico. 9. Que o fogo elétrico, descarregado em um rato, ou um
pássaro, matará instantaneamente. Mas, descarregado sobre alguém
mergulhado em água, deslizará e não causará dano. Da mesma forma, o raio
que matará um homem instantaneamente, não o machucará se ele estiver
totalmente molhado. Que espantoso cenário está aqui aberto para as gerações
futuras aperfeiçoarem!
28 de maio de 1753
A George Whitefield
“Meu querido irmão,
“Eles compreendem que isto não foi feito como deveria, e que, em vez de
criar paz, trouxe confusão. Eles estão igualmente preocupados com o fato de
você, algumas vezes, falar levianamente sobre a disciplina recebida em nosso
meio em geral, algumas delas em especial. Para eles isto não é delicado, nem
justo, nem consistente com a profissão que você fez em outros tempos”.
“Acima de tudo, estão inquietos com a forma como seus pregadores (assim
eu chamo aqueles que pregam no Tabernáculo) falam muito frequentemente
de meu irmão e de mim, em parte de maneira mais escarnecedora e
desprezível, relatando uma centena de estórias chocantes como fatos
inquestionáveis e propagando-as com diligência e um ar de triunfo de onde
quer que venham”.
“Estou certo de que você receberá essas curtas linhas no mesmo sentimento
em que as escrevi. Que você possa prosperar mais e mais, tanto em sua alma
quanto em seu próprio trabalho, é o desejo amoroso, meu querido irmão”,
31/07 – terça-feira. Depois de viver um dia e meio com vinho tinto e água,
senti-me tão melhor que pensei que pudesse cavalgar para Crowan. Não
encontrei qualquer inconveniente na primeira hora, mas, na segunda, minha
enfermidade retornou. Entretanto, continuei em frente, relutante em
desapontar a congregação. Preguei sobre: “Não se preocupe com coisa
alguma”. Depois, segui direto, tão rápido quanto convenientemente pude,
para a casa do Sr. Harris, em Camborne.
5/08 – domingo. À tarde, cavalguei para Redruth e preguei para uma grande
congregação, em uma parte aberta da rua. Minha voz estava baixa, mas, com
o dia calmo, acredito que todos puderam me ouvir. Terminada a pregação,
senti-me consideravelmente mais forte do que quando comecei.
No dia 13, a chuva caiu sobre nós por todo o caminho até Launceston.
Preguei, ao meio-dia, mas não fiquei seco até à tarde. Ainda assim, não fiquei
resfriado. O que pode causar dano, sem a permissão de Deus?
14/08 – terça-feira. Aceitei prontamente a oferta para pregar na casa
recentemente construída para o Sr. Whitefield, em Plymouth Dock. Assim,
pareceu-nos apropriado pisarmos na idolatria e no zelo partidário. Não deve
todo aquele que ama a Deus amar também ao próximo?
24/08 – sexta-feira. Esforcei-me, uma vez mais, para trazer ordem à Escola
de Kingswood. Certamente a importância desse objetivo é evidente, mesmo
com as dificuldades que a cercam. Gastei mais dinheiro, tempo e cuidado
com isso do que com quase todos os desígnios que sempre tive; e, ainda
assim, isto exercita toda a paciência que tenho, mas compensa todo o
trabalho. Na segunda-feira, dia 27, fui logo cedo para a New Passage, mas o
vento, mudando de direção, obrigou-me a esperar por aproximadamente seis
horas. Quando estávamos quase chegando, ele mudou novamente, de modo
que não pude aportar até entre seis e sete horas.
24/11 – sábado. Sentindo-me bem melhor, montei de volta para casa, mas a
tosse foi ficando cada vez pior. A febre voltou por algum tempo, junto com
as dores no lado esquerdo do meu peito. Por isso, provavelmente, deveria ter
permanecido em casa no domingo, dia 25, se não tivesse sido anunciado no
boletim público que iria pregar o sermão da caridade na capela, tanto de
manhã como à tarde. Minha tosse não me interrompeu, enquanto eu pregava
de manhã, mas estava extremamente perturbadora, enquanto ministrava o
sacramento.
1753 - 1754
14/12 – sexta-feira. Depois de terminar os livros que designara inserir na
“Biblioteca Cristã”, quebrei a ordem médica de não escrever e comecei a
transcrever um Periódico para a imprensa. À noite, fui às orações com a
família, sem encontrar qualquer inconveniente.
. Retornei, mais uma vez, para Londres. , dia 02, parti no trem a vapor e, no
dia seguinte cheguei em Chippenham. Aqui, peguei uma carruagem que
estava a serviço público do correio, na qual alcancei Bristol por volta das oito
da noite.
13/01 – domingo. Fui em uma carruagem para Bristol e fiz uma pequena
exortação à sociedade. No dia 14, à tarde, um ou dois de nossos vizinhos
desejaram juntar-se a nossa oração em família; alguns poucos mais fizeram o
mesmo pedido, de modo que tive uma pequena congregação todas as noites.
Depois de algumas noites, comecei a acrescentar uma breve exortação,
preparando-me para uma congregação maior. No dia 19, o Sr. Bruce veio
com o Sr. Milner, que esteve por algum tempo melancólico e até mesmo
havia perdido a razão, mas, através de uma aplicação apropriada à sua mente,
tanto quanto ao corpo, a enfermidade sensivelmente terminou em pouco
tempo.
No dia 27/02 – quarta-feira, meu irmão veio de Londres e passou alguns dias
comigo, comparando a tradução dos Evangelhos com o original e lendo as
“Preleções” do Dr. Heylyn194 e,”Expositor Familiar”, do Dr. Doddridge
26/03 – quinta-feira. Preguei pela primeira vez depois de um afastamento de
quatro meses. Quantos motivos tenho para louvar a Deus, porque ele não tira
a Palavra da sua verdade totalmente da minha boca!
12/05 – domingo. Esforcei-me para convencer o Sr. Green de que ele não
procedeu corretamente ao refutar (como denominou) o sermão que eu tinha
pregado no último domingo, de manhã; e do mesmo púlpito, à tarde; mas ele
estava absolutamente irredutível de convicção. Realmente, eu adoro a
providência de Deus. O Sr. Green se colocou para fora; pedi que ele não
voltasse, até que tivesse um profundo julgamento, ou um espírito mais
receptivo ao ensino.
6/08 – terça-feira. Não me senti bem. Entretanto, preguei à tarde, mas não
pude fazer coisa alguma no dia seguinte. Na quinta-feira, apressei-me de
volta a Londres e cheguei muito bem à fundição. Consultei o Dr. Fothergill
na manhã seguinte, que me aconselhou a voltar para Hot-Well sem demora.
“Senhor, se o vir nesta vida ou não, regozijo-me de tê-lo visto uma vez mais;
e que Deus o capacite a ouvir com paciência o que falei na simplicidade de
meu coração. A essência do que tomei a liberdade de mencionar a você esta
manhã foi que você está à beira da sepultura, assim como eu. Brevemente,
compareceremos ambos diante de Deus. Quando me pareceu, alguns meses
atrás, que minha vida estava próxima do fim, fiquei preocupado que não
tivesse lidado claramente com você. Permita-me fazer isto agora, sem
qualquer reserva, no temor e na presença de Deus”.
“Eu o reverencio por seu ofício como Magistrado, e acredito que você seja
um homem honesto e correto. Eu o estimo por ter protegido pessoas
inocentes dos opressores cruéis e ilegais. Mas me sinto ainda mais
constrangido a dizer (embora não julgue, Deus é o juiz) que temo que você
seja avarento, que você ame o mundo. E, se for assim, tão certo quanto a
palavra de Deus é verdadeira, você não se encontra em um estado de
salvação. O teor de sua resposta foi ‘que muitas pessoas exortam outras à
caridade por interesse próprio; que os homens de fortuna devem se preocupar
com sua fortuna; que você não pode sair em busca de pessoas pobres; que
quando você mesmo as vê e as auxilia, elas raramente ficam satisfeitas; que
muitas fazem mau uso daquilo que você lhes concede; que você não pode
confiar no relato que as pessoas dão de si mesmas através de cartas; que, não
obstante, você dá às pessoas privadas, através das mãos do Coronel Hudson e
outros; que você tem dado cem libras a vários hospitais, de uma só vez; mas
que você deve apoiar sua família; que a família Lowther tem continuado por
mais de trezentos anos; que você é para coisas maiores; para as caridades
públicas; e para salvar a nação da ruína; e que outros podem pensar como
quiserem, mas este é seu modo de pensar e tem sido por muitos anos’”.
“Assim sendo, devo, uma vez mais, sinceramente pedir que você considere a
si mesmo, a Deus e a eternidade. 1. Quanto a si mesmo, você não é
proprietário de coisa alguma, nem de um centavo no mundo. Você é apenas
um mordomo do que outros confiaram a você, para que fosse distribuído, não
de acordo com sua própria vontade, mas a vontade deles. E o que você
pensaria de seus mordomos se eles distribuíssem o que é chamado de seu
dinheiro de acordo com a vontade e prazer deles? 2. E não é Deus o único
proprietário de todas as coisas? E você não deve prestar contas de toda a parte
de seus bens? Ah! Que terrível prestação de contas, se você gastou alguma
parte deles não de acordo com a vontade de Deus, mas segundo sua própria
vontade? 3. A morte não está à mão? E você e eu não estamos a um passo da
eternidade? Não estamos para comparecer na presença de Deus, e isto
despido de todos os bens mundanos? Você, então, se regozijará com o
dinheiro que deixou para trás? Ou naquele que deu para o sustento da família,
ou seja, de fato para sustentar o orgulho, a vaidade, e a luxúria que você
mesmo desprezou em toda sua longa vida? Oh, senhor, lhe peço, pelo amor
de Deus, pelo amor de sua própria alma imortal, examine a si mesmo, se você
não ama o dinheiro? Se for assim, você não pode amar a Deus. E se você
morrer sem temor a Deus, o que resta? Apenas ser banido dele para sempre e
sempre!”
“Eu sou, com respeito verdadeiro, Sir, seu servo, por amor a Cristo”
Estava bastante fatigado quando cheguei em Bristol, mas preguei até que
todas as minhas queixas fossem embora. Agora tenho uma pequena folga
para me sentar calmamente e terminar “As Notas sobre o Novo Testamento”.
Discurso ao clero
(excerto)
Londres, 6 fevereiro de 1756
Irmãos e Sacerdotes.
“Com o objetivo de dar este relato com alegria, não existem duas coisas que
sejam mais importante do que considerar. Primeiro: que tipo de homens nós
devemos ser? Segundo: nós somos deste tipo ou não?”
“Em primeiro lugar, se devemos “vigiar a Igreja de Deus, que foi comprada
com seu próprio sangue”, que tipo de homens nós devemos ser, nos dons
assim como na graça?
(1) O ministro não deve ter um bom entendimento, uma clara compreensão,
um julgamento sadio e uma capacidade de raciocínio com alguma reserva?
Isto não é necessário, em um grau mais elevado, na obra do ministério? Do
contrário, como ele será capaz de entender os vários estados daqueles sob
seus cuidados, ou guiá-los através de milhares de dificuldades e perigos até o
céu, onde eles deverão estar? Não é necessário, com respeito aos numerosos
inimigos, os quais ele deve enfrentar? Um tolo pode contender com todos os
homens que não conhecem a Deus, e com todos os espíritos da escuridão?
Não, ele nem estará atento quanto às artimanhas de Satanás, nem quanto às
astúcias de seus filhos!”
(2) Não é altamente recomendável que um guia de almas tenha igualmente
alguma clareza e prontidão de pensamento? Ou como ele será capaz, quando
a necessidade requerer, de “responder ao tolo conforme a sua tolice?”206
Quão frequente isto é necessário! Uma vez que, em quase todos os lugares,
nós nos encontramos com essas criaturas vazias, ainda assim petulantes, que
são tão ‘mais sábias aos seus próprios olhos do que sete homens que podem
apresentar uma razão’. O raciocínio, portanto, não é a arma a ser usada com
eles. Você não pode lidar com eles assim. Eles desprezam o fato de serem
convencidos; nem podem ser silenciados, a não ser em sua própria maneira.
2. E, quanto a adquirir dons, pode-se dar um passo correto sem primeiro uma
competente porção de conhecimento?
“ (2) Nem menos necessário é o conhecimento das Escrituras, que nos ensina
como ensinar os outros, sim, um conhecimento de toda a Escritura; uma vez
que a Escritura interpreta a Escritura, uma parte fixa o sentido da outra. De
maneira que, se é verdade ou não que um bom textuário é um bom clérigo, é
certo que não pode ser um bom clérigo quem não é um bom textuário.
Ninguém pode ser mais poderoso nas Escrituras, tanto capaz de instruir
quanto de fechar as bocas dos contraditores”.
“ (3) Mas ele pode fazer isto de modo mais eficaz sem um conhecimento da
língua original? Sem isto, ele frequentemente não está em dúvida até mesmo
com respeito aos textos que dizem respeito à prática apenas? Mas ele estará
em dificuldades ainda maiores, com relação às Escrituras controvertidas. Ele
não será capaz de livrá-las das mãos de algum homem erudito que queira
pervertê-las. Porque, onde quer que um apelo seja feito ao original, sua boca
é fechada imediatamente”.
“Um ministro não pode estar familiarizado também, pelo menos, com os
fundamentos gerais da filosofia natural? Esta não é uma grande ajuda para o
correto entendimento de diversas passagens das Escrituras? Assistido, através
desta, ele mesmo pode compreender e, nas ocasiões apropriadas, explicar a
outros, como as coisas invisíveis de Deus devem ser vistas, desde a criação
do mundo; como ‘os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento mostra
este trabalho manual’; até que clamem alto: ‘Ó Senhor, quão múltiplas são
tuas obras! Na sabedoria, tu as tens feito todas’”.209
“Mas até onde ele pode ir nisto sem algum conhecimento de geometria? Que
é igualmente necessária, não meramente sobre este relato, mas para dar
clareza à apreensão e um hábito de pensamento estrito e coerente”.
“Deve-se admitir, de fato, que alguns desses ramos do conhecimento não são
tão indispensavelmente necessários quanto o restante e, portanto, nenhum
homem racional condenará os patriarcas da Igreja de Cristo por terem, em
todas as épocas e nações, designado alguns para o ministério, os quais supõe-
se que tivessem capacidade, ainda que não tinham a oportunidade de obtê-los.
Mas que desculpa é esta para alguém que tem a oportunidade e não faz uso
dela? O que pode ser argumentado a favor de uma pessoa que teve uma
educação universitária, se ele não as entende? Certamente, supondo que ele
tenha alguma capacidade de entendimento comum, ele está sem desculpas
diante de Deus e homem”.
“ (6) Pode alguém que passou vários anos nestas cadeiras de aprendizado ser
desculpado, se não acrescentar a isto, as línguas e ciências, o conhecimento
dos Patriarcas? Os mais autênticos comentaristas das Escrituras, tanto mais
perto da fonte quanto eminentemente dotados com aquele Espírito por meio
do qual as Escrituras foram dadas. Será facilmente percebido que falo
principalmente daqueles que escreveram antes do Concílio de Niceia. Mas
quem não desejaria igualmente ter alguma familiaridade com aqueles que os
seguiram? Como Crisóstomo, Basílio, Jerônimo, Austin e, acima de todos, o
homem de um coração quebrantado, Efraim, o Sírio?”
“ (8) Ele pode ficar sem uma eminente porção de prudência? Aquela coisa
mais incomum que é usualmente chamada de bom senso? Mas, como
deveremos defini-la? Devemos dizer, com os eruditos, que se trata de ‘uma
consideração habitual de todas as circunstâncias de uma coisa’? ‘E a
facilidade de adaptar nosso comportamento às várias combinações delas?’
Como quer que seja definida, não deverá ser estudada com todo o cuidado, e
buscada com toda a sinceridade de aplicação? Porque, que terríveis
inconveniências resultam, onde quer que esteja notavelmente faltando!”
“ (9) Próxima à prudência ou bom senso (se puder ser incluído nisto), um
clérigo deve ter algum grau de boa educação. Eu quero dizer maneiras,
desembaraço e bom comportamento onde quer que sua sorte seja lançada.
Talvez, alguém poderia acrescentar: ele deve ter (embora não a pompa,
porque é ‘servo de todos’) toda a cortesia de um cavalheiro, juntamente com
as correções de um sábio. Precisamos de um modelo disto? Temos um em
Paulo, mesmo diante de Félix, de Festo e do rei Agripa. Alguém dificilmente
deixaria de pensar que ele foi um dos mais bem educados, um dos mais finos
cavalheiros no mundo. Pois que nós, igualmente, tenhamos a habilidade de
‘agradar a todos os homens para a edificação deles!’”.
“3. Porém, todas essas coisas, não importa quão grandes possam ser em si
mesmas, são pouco em comparação com as que seguem. Por que, o que são
todos os outros dons, quer naturais ou adquiridos, quando comparados à
graça de Deus? E como estes devem animar e governar toda a intenção,
afeição e prática de um ministro de Cristo!”
1. Nós somos, então, tão conscientes como deveríamos ser, (1) com respeito
aos dons naturais? Se fôssemos, quantas pedras de tropeço seriam removidas
do caminho dos infiéis sinceros? Ainda assim, que efeitos terríveis vemos
continuamente da imaginação comum, embora inconscientes. ‘O garoto, se
ele não for capaz para nada mais, será bom o suficiente para ser um Pároco!’
Por esta razão é que vemos (eu pediria a Deus que não houvesse tal exemplo
em toda a Grã Bretanha ou Irlanda!) ministros grosseiros, abatidos, estúpidos;
homens sem vida, sem espírito, sem prontidão de pensamento; que são,
consequentemente, a zombaria de todo tolo atrevido, todo janota vivaz e
afetado que eles encontram. Vemos outros cuja memória não retém coisa
alguma, portanto, nunca poderão ser homens de considerável conhecimento;
nunca poderão saber muito, até mesmo daquelas coisas que estão
escassamente preocupados em conhecer. Ai de mim, eles estão derramando
água em um vaso mal vedado; e a cisterna quebrada não pode reter a água!
Eu não diria com Platão que ‘todo conhecimento é nada, mas memória’.
Ainda assim, é certo que, sem a memória, não podemos ter a menor porção
de conhecimento. E até mesmo aqueles que desfrutam da memória mais
retentiva, encontram grande motivo para assim se queixarem”.
“A habilidade vem tão devagar e a vida tão rápida voa; aprendemos tão
pouco e esquecemos tanto!”.
“E, ainda assim, vemos e lamentamos um defeito ainda maior em alguns que
estão no ministério. Falta-lhes sabedoria; eles são falhos no entendimento; a
capacidade deles é baixa e superficial, sua compreensão é turva e confusa;
como consequência, eles são completamente incapazes de formar um
julgamento verdadeiro das coisas, ou de raciocinar corretamente sobre algo. E
como aqueles que não sabem coisa alguma podem conceder conhecimento a
outros? Como podem instruí-los em toda a variedade de obrigação para com
Deus, seu próximo e eles mesmos? Como podem dirigi-los através de todas
as confusões de erros, através de todos os embaraços do pecado e da
tentação? Como podem se certificar das artimanhas de Satanás, e protegê-los
contra toda a sabedoria do mundo?”
“É fácil perceber que não falo isto por causa deles (porque eles são
incorrigíveis), mas por causa de seus pais, para que possam abrir seus olhos,
e verem que alguém obstinado nunca ‘será bom o suficiente para se tornar um
Pároco’. Ele pode ser bom o suficiente para ser um negociante, tanto quanto
para ganhar cinquenta ou cem mil libras. Ele pode ser bom o suficiente para
ser um soldado; mais do que isto (se você pagar bem), para ser um oficial
bem vestido e bem montado. Ele pode ser bom o suficiente para ser um
marinheiro, e pode brilhar no tombadilho de um navio de guerra. Ele pode ser
bom na capacidade de um advogado ou médico, assim como para dirigir sua
carruagem. Mas não como um ministro, exceto se você quiser trazer uma
mácula sobre sua família, um escândalo sobre nossa igreja e uma reprovação
sobre o Evangelho, que ele pode assassinar, mas não pode ensinar”.
“Somos aquilo que estamos conscientes de que poderíamos ser com respeito
aos dons adquiridos? (2) Aqui o assunto (suponha que tenhamos
entendimento comum) se coloca mais diretamente dentro de nosso próprio
poder. Mas, incluindo este, assim como os assuntos seguintes, penso que não
consideraria afinal quantos ou quão poucos são excelentes ou imperfeitos. Eu
apenas desejaria que cada pessoa que lesse isto o aplicasse em si mesmo.
Certamente, alguém na nação é imperfeito. Eu não sou homem? Que cada um
de nós examine-se seriamente”.
“Irmãos, este não é nosso chamado porque somos cristãos, mas, mais
eminentemente, porque somos ministros de Cristo? E por que (não direi que
não o cumprimos, mas por que) estamos satisfeitos em não cumpri-lo assim?
Existe alguma necessidade junto a nós de atirar tão infinitamente abaixo
nosso chamado? Quem requereu isto de nossas mãos? Certamente, não
aquele por meio de cuja autoridade ministramos. A vontade dele não é a
mesma com respeito a nós, assim como com respeito aos seus primeiros
embaixadores? O amor dele, e seu poder, não são os mesmos, assim como
foram nos tempos antigos? Não sabemos que Jesus Cristo “é o mesmo ontem,
hoje, e sempre?”217 Por que, então, você não pode ser como ‘lâmpadas que
queimam e brilham’ como aqueles que brilharam mil e setecentos anos atrás?
Você não deseja compartilhar do mesmo amor ardente, da mesma santidade
brilhante? Certamente que sim. Você não pode deixar de ser consciente de
que esta é a maior bênção que pode ser concedida a um filho do homem.
Você deseja isto, anseia por isto, ‘segue para’ esta ‘marca do prêmio do alto
chamado de Deus, em Cristo Jesus?’218 Você constante e sinceramente ora
por isto? Então, assim como o Senhor vive, você a obterá. Apenas nos
permita orar, e ‘permanecer em Jerusalém, até que sejamos revestidos com o
poder do alto’.219 Vamos continuar em todas as ordenanças de Deus,
particularmente na meditação de sua palavra; ‘no negar a nós mesmos e
tomar nossa cruz diariamente’, e, ‘quando tivermos oportunidade, fazer o
bem a todos os homens’;220 e, então, seguramente, nosso ‘grande Pastor’, e
de nosso rebanho, ‘nos fará perfeitos em toda boa obra, para fazer sua
vontade, e operar em nós tudo que é bem agradável à suas vistas!’. Isto eu
desejo e oro. Seu irmão e servo, em nosso Senhor comum”
J. Wesley
Sr. Smith sobre Blind Quay221 [Dublin]. Quis trocar por um guinéu, mas ele
não poderia dá-lo, assim, tomei emprestadas algumas pratas de meu
companheiro. Na tarde seguinte, um jovem cavalheiro veio até a casa do Sr.
Smith e disse-me que havia deixado um guinéu sobre seu balcão. Tal
exemplo de honestidade eu raramente encontrei, em Bristol ou em Londres.
5/04 – segunda-feira. Questionei, há uns três ou quatro dias, sobre uma crise
de pleurisia violenta e constatei que ele222 estava completamente recuperado
e tinha retornado para sua região. O emplastro de enxofre, em poucos
minutos, levou embora tanto a dor quanto a febre. Oh! Por que os médicos
brincam com a vida de seus pacientes? Será que os outros médicos (assim
como o velho Dr. Cockburm) sabem que, para estancar a hemorragia, na
pleurisia, nenhum resultado melhor é alcançado sem o uso dele? Hoje à noite,
os adormecidos daqui começaram a abrir seus olhos, com os rumores de que
um expresso tinha vindo ao Lorde-Tenente para informar que a França estava
apressando sua preparação, determinada a aportar na Irlanda. E eles irão, se
Deus lhes der permissão. Mas ele tem as rédeas em suas próprias mãos.
11/04 – domingo. Encontrei cerca de uma centena de crianças que estão
sendo doutrinadas publicamente, duas vezes por semana. Thomas Walsh
começou isso há alguns meses e os frutos já apareceram. Que pena que todos
os nossos pregadores, de todos os cantos, não tenham zelo e sabedoria para
seguir seu exemplo!
17/05 – segunda-feira. Caminhando por Red House Walk (que corre entre
duas campinas, com o rio serpenteando através delas, e uma cadeia de colinas
frutíferas do lado direito e esquerdo), vi uma razão óbvia pela qual os
estrangeiros se queixam comumente da insalubridade da água em Cork.
Muitas mulheres estavam enchendo os vasos com água do rio (usada na
cidade para o chá e muitos de outros propósitos) quando a correnteza está
alta. Agora, apesar da água não ser salgada, ainda assim não pode deixar de
afetar o estômago e os intestinos de pessoas delicadas.
24/06 – quinta-feira. Fui para Ennis, uma cidade que consiste quase toda de
papistas, exceto alguns poucos cavalheiros protestantes. Um deles (o chefe da
cidade) convidou-me para sua igreja e caminhou comigo até o Palácio da
Justiça, onde preguei para uma enorme multidão, selvagem e adormecida, de
protestantes e católicos, muitos dos quais seriam suficientemente rudes se
ousassem.
3/01 – segunda-feira.
175 7
Visitei um pobre apóstata moribundo, cheio de boas resoluções, mas quem
pode dizer quando essas implicarão numa mudança real do coração? E
quando isto não acontece, quando eles recuam por causa do medo apenas,
que proveito eles terão diante de Deus?
30/01 – domingo. Sabendo que Deus seria capaz de fortalecer-me para seu
próprio trabalho, oficiei em Snowsfields, como de costume, antes de vir para
West Street, onde o culto deixoume em pé entre quatro e cinco horas da
manhã. Preguei à tarde e encontrei a sociedade. Minhas forças se mantiveram
o dia todo. Não senti mais fraqueza à noite do que às oito horas da manhã.
Assim, quando pedi por forças, Deus me enviou forças; quando pedi por
socorro, ele me deu isso também. Já faz algum tempo que tenho desejado ver
o pequeno rebanho em Norwich, mas isso não poderia fazer decentemente até
que fosse capaz de reconstruir parte da Fundição ali, e ao que já estava
engajado pelo arrendamento. A soma suficiente para essa finalidade me foi
agora inesperadamente dada, por alguém que não conhecia pessoalmente.
Dessa forma, parti na segunda-feira, dia 28, e preguei em Norwich na terça-
feira, à tarde, no dia 1o de março.
O Sr. Walsh esteve ali, doze ou quatorze dias, e não sem uma bênção. Depois
da pregação, fiz um contrato com um construtor e lhe dei parte do dinheiro à
vista. Na quarta e na quinta-feira, realizei todos os nossos trabalhos
espirituais e temporais e na sexta-feira e sábado retornei com o Sr. Walsh
para Londres.
6/03 – domingo. Não tive e não precisei de ajuda alguma, visto que Deus
renovou minhas forças. Mas no domingo, dia 13, achando-me cansado em
Snowsfields, orei (se ele achasse bom) que me enviasse ajuda até a Capela e
eu a recebi. Um clérigo, que eu nunca tinha visto antes, veio e me ofereceu
sua assistência, e, tão logo acabei de pregar, o Sr. Fletcher, que tinha
recentemente sido ordenado sacerdote, veio e se apressou para assistir-me,
visto que ele supôs que eu estivesse sozinho.
7/05 – domingo. Preguei, às oito e às cinco horas. Mais tarde, estava desejoso
de fazer uma coleta para uma família angustiada. O Sr. Booker, ministro da
paróquia, de boa vontade permaneceu na porta para receber a coleta e
encorajou a todos que passavam a serem misericordiosos, de acordo com suas
posses.227 Na segunda-feira, cavalguei para Newry e preguei, às sete horas,
para uma congregação grande e séria.
9/06 – sexta-feira. Por volta das oito horas, preguei em Ahascragh, para uma
congregação na qual quatro quintos eram papistas. Possa Deus, o Governante,
assegurar a todos os papistas, numa terra de tanta liberdade de consciência,
que ninguém os impeça de ouvir a verdadeira Palavra de Deus! Então,
quando ouvirem, permitir que julguem por si mesmos. À tarde, preguei em
Athlone.
Nunca tinha visto tal anfiteatro antes, no qual milhares de ouvintes estavam
tão comodamente situados, e todos pareceram honestamente atender ao
convite de nosso Senhor: “Venha, porque todas as coisas agora estão
prontas!”229
1/08 – terça-feira. O capitão, com quem iríamos embarcar, estava com muita
pressa de colocar nossas coisas a bordo, mas eu não pretendia embarcá-las
enquanto o vento estivesse contra nós. Na quarta-feira, enviei mensagem
após mensagem, então, à noite, fui esperar o barco perto da Passage, mas não
havia nada pronto, ou mesmo perto de estar pronto, para embarcar. Disso
aprendi duas ou três regras muito necessárias para aqueles que viajam entre a
Inglaterra e a Irlanda: (1) nunca pague, até que esteja embarcado; (2) não
entre a bordo, até que o capitão esteja a bordo; (3) não envie sua bagagem a
bordo, até que você mesmo vá levá-la.
27/12 – quarta-feira. Não estava me sentindo muito bem e não sabia como
poderia ir até a igreja. Entre nove e dez horas, fui informado de que alguns
dos homens mais irados da paróquia não iriam consentir que eu pregasse ali.
Vi nisso a mão de Deus e fiquei agradecido, tendo agora um pouco mais de
tempo para descansar. À tarde, o sol irrompeu através do nevoeiro e tivemos
uma agradável cavalgada até Bury, mas ainda me sentia extremamente doente
e, logo depois de ter chegado, não sabia se estaria capacitado a pregar. Uma
hora de sono, no entanto, revigorou-me muito, de maneira que não senti mais
necessidade de força na pregação. Minha enfermidade, de fato, aumentou
durante a noite mas, enquanto estava pregando, de manhã, me senti bem e
não me considerei mais doente, nem queixoso de qualquer outra coisa. À
tarde, alcancei Colchester.
Hoje, caminhei por todo o famoso castelo (Colchester); talvez a mais antiga
construção na Inglaterra. Uma considerável parte dele tem, sem dúvida, cento
e quatorze ou cento e quinze anos. Ele era, em sua maioria, construído com
tijolos romanos, cada um deles com cerca de duas polegadas de espessura,
sete de largura e treze ou quatorze de comprimento. Lugar dos antigos reis,
britânicos ou romanos, outrora temíveis, de longe ou de perto! Mas, o que são
eles agora? Não é melhor “um cão vivo do que um leão morto?” E o que é
isso de que tanto se orgulhavam, assim como fazem os grandes que vivem
sobre a terra?
1
o
de janeiro, segunda-feira.
175 9
Depois de descansar dois dias (pregando apenas de manhã e à tarde),
examinei severamente os membros da sociedade. Este foi um dos motivos de
ter vindo até aqui. O outro foi conseguir provisão para o pobre. Assim sendo,
no domingo, dia 7, preguei um sermão para eles, ao qual Deus se agradou em
dar suas bênçãos, de modo que a coleta foi consideravelmente maior que o
dobro do que costuma ser.
27/02 – terça-feira. Meu irmão, Sr. Maxfield e eu fomos para a casa de Lady
Huntingdon. Depois do desjejum, chegaram os Srs. Whitefield, Madan,
Romaine, Jones, Downing e Venn, com algumas pessoas de respeito e alguns
outros poucos. Pensei que o Sr. Whitefield fosse ministrar o sacramento, mas
ele insistiu que eu o fizesse. Depois disso, Lady Huntingdon solicitou-me que
pregasse sobre “O que são os maiores dos homens para o grande Deus?
Como o pó miúdo das balanças”.
Certamente, qualquer que seja a ajuda a ser prestada aqui, Deus deve executá-
la ele mesmo.
29/06 – sexta-feira. Por volta das onze horas, parti para Swalwell, em uma
manhã agradável e moderada, mas em meia hora a chuva desabou, de modo
que em poucos minutos eu estava molhado da cabeça aos pés; e, quando
cheguei lá, não sabia onde pregar, visto que a casa não poderia conter um
terço das pessoas. Nesse exato momento, o ministro dissidente mandou um
recado, oferecendo o uso de sua casa de reuniões. Fui para lá sem demora.
Havia uma grande congregação e a bênção estava entre eles.
5/08 – domingo. Entre oito e nove horas, alcancei Everton, bastante fraco e
cansado. Durante as orações, como também durante o sermão e a ministração
do sacramento, algumas poucas pessoas gritaram alto, mas não por tristeza ou
medo, mas por amor e alegria. O mesmo observei em diversas partes no culto
da tarde. À noite, preguei na Igreja do Sr. Hicks. Duas ou três pessoas caíram
ao chão e estavam extremamente agitadas, mas ninguém gritou...
Vamos supor que, em alguns poucos casos, tinha havido uma mistura ou
dissimulação – que pessoas fingiram ver ou sentir o que não viram nem
sentiram, mas imitaram os choros e movimentos convulsivos “daqueles que
estavam realmente dominados pelo Espírito de Deus”; ainda assim, nem
sempre devemos negar ou desvalorizar a obra real do Espírito. A sombra não
está dissociada da matéria; “nem a imitação do diamante real”. Podemos
supor, além disso, que Satanás fez dessas visões uma ocasião para o orgulho.
Mas o que pode ser inferido disso? Nada, a não ser que devemos nos proteger
contra ele; que devemos diligentemente exortar todos a serem pequenos aos
seus próprios olhos, sabendo que nada existe de mais proveitoso para Deus
do que o amor humilde. Mas, ainda assim, fazer pouco caso ou censurar as
visões em geral pode ser tanto irracional quanto anticristão.
1/01 –
terça-feira.
1760
O culto começou às quatro horas da manhã. Um grande número atendeu, e
Deus esteve no meio de todos, fortalecendo e revigorando as almas.
5/01 – sábado. Preguei, à noite, em Colchester e, no domingo,
dia 6, cavalguei para
Langham (sete milhas de lá), num dia que raramente conheci igual, com o
vento noroeste batendo em cheio em nossos rostos. Entretanto, isso não
desencorajou as pessoas, que se juntaram de todos os cantos. E os que
tiveram muito trabalho para vir não voltaram vazios.
20/03 – quinta-feira. Conversei bastante com o Sr. Newton. Seu caso é muito
peculiar. Nossa igreja requer que os clérigos sejam homens de leitura e, para
esse fim, tenham uma educação universitária. Mas quantos têm educação
universitária e, ainda assim, não são homens de leitura? E tais homens são
ordenados! Enquanto isto, um dos eminentes homens de leitura e de um
comportamento irrepreensível não pode ser ordenado, porque não esteve na
universidade! Que mera farsa é essa! Quem poderia acreditar que qualquer
bispo cristão seria impedido por causa de uma desculpa tão pobre?
4/05 – segunda-feira.
1761
Por volta do meio-dia, caminhei para o King’s College, em Old Aberdeen.
Ele tem três quadras, graciosamente construídas, não como o Queen’s
College, em Oxford.
Não sabia o que Deus queria fazer e, então, comecei, sem demora, com:
“Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos
homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”.240
Acredito que a palavra não foi perdida, pois caiu como orvalho em um copo
frágil.
O vento aumentou ainda mais durante a tarde, de modo que Ficou difícil
sentar em nossos cavalos; ele soprava direto em nossos rostos, mas não pôde
nos impedir de alcançarmos Chester, à noite. Embora fizesse pouco calor, a
sala estava cheia; e cheia de ouvintes sérios e interessados, muitos dos quais
expressaram um desejo ardente pela completa salvação de Deus. Aqui eu
descansei, na terça-feira.
9/04 – Sexta-feira (Sexta-Feira Santa). Quase perdi minha voz por conta do
resfriado. Entretanto, falei como pude até pouco antes da meia-noite (noite de
vigília); quando, então, voltei a falar quase tão bem como sempre. Na Páscoa,
tivemos congregações incomuns, assim como durante toda a semana; e
observei um comportamento mais calmo e sóbrio do que o costume na
maioria das pessoas. Segunda e terça-feira me ocupei em visitar as classes e
me senti muito revigorado entre eles; havia muito apetite e sede em todos os
que tinham provado a graça de Deus, pela busca da renovação completa
conforme sua imagem.
31/07 – sábado. Embora nunca antes tenha sentido tal união de corações com
as pessoas de Dublin, acreditava que meu trabalho na Irlanda tinha terminado
e alegremente os recomendei a Deus e embarquei a bordo do Dorset para
Parkgate. Zarpamos às oito horas da noite. Entre nove e dez horas, no
domingo de manhã, o capitão me perguntou se eu não iria às orações com
eles.242 Todos que eram capazes de se arrastar para fora estavam presentes.
Depois das orações, preguei sobre “Os seus caminhos são caminhos de
delícias, e todas as suas veredas, paz”.243 Raramente tivemos qualquer vento
quando comecei, mas, enquanto estava pregando, ele surgiu e nos levou para
Parkgate, entre seis e sete horas.
A noite veio, logo depois que estávamos a cavalo, e tivemos oito milhas de
cavalgada. Cerca de meia hora mais tarde, ficou tão escuro que não podia ver
minha mão, e chovia incessantemente. Entretanto, um pouco depois das oito
horas, Deus nos conduziu a salvo para Cubert. Preguei na igreja da cidade no
dia seguinte e, na terça-feira cavalguei para Port Isaac. Aqui, os
administradores do circuito oeste se encontraram. Que mudança foi forjada
no decurso de um ano! Aquelas práticas detestáveis de coisas fraudulentas
não são mais encontradas em nossas sociedades. E desde que aquela coisa
execrável foi colocada fora, a obra de Deus tem aumentado em todos os
lugares. Essa sociedade, em especial, aumentou mais do que o dobro; e eles
estão todos vivos para Deus.
13/12 – segunda-feira. Mencionei isto a alguns amigos e lhes disse qual seria
a consequência, mas não acreditaram. Então, deixei como está; apenas
desejando que se lembrassem do que lhes tinha dito antes.
22/12 – quarta-feira. Ouvi George Bell uma vez mais, e me convenci de que
ele não devia continuar orando na Fundição. Estou disposto a suportar a
repreensão de Cristo, mas não a reprovação do fanatismo, se puder evitá-
la.247
26/12 – domingo. Para não fazer nada precipitadamente, permiti que George
Bell usasse, uma vez mais (essa tarde), a Capela em West Street; e, uma vez
mais (na quarta-feira à tarde), a fundição. Mas foi ficando cada vez pior; ele
agora fala como vindo de Deus aquilo que sabe que Deus não tem falado. Eu,
entretanto, desejei que ele não fosse mais lá. Espero que isso possa represar
um pouco a impetuosidade de alguns bons, mas equivocados homens;
especialmente considerando o caso de Benjamim Harris, o mais impetuoso
deles. Uma ou duas semanas atrás, quando estava trabalhando em seu jardim,
ele enlouqueceu. Continuou assim até que, terça-feira, dia 21 de dezembro,
deitou-se ainda mais abalado e não pôde falar até a quarta-feira de manhã,
quando seu espírito retornou para Deus.
7/06 – terça-feira. Há algo notável na maneira como Deus reaviva sua obra
por esses lados. Alguns meses atrás, a grande maioria das pessoas nesse
circuito era excessivamente sem vida. Samuel Meggot, percebendo isso,
alertou a Sociedade do Castelo Barnard para observar cada sexta-feira com
jejum e oração. Toda primeira sexta-feira, eles se encontravam e Deus
operou neles de uma maneira maravilhosa, e sua obra tem progredido entre
eles desde então. As sociedades vizinhas, ouvindo falar disso, concordaram
em seguir a mesma regra e logo experimentaram a mesma bênção. Não é a
negligência desse dever óbvio (quero dizer, o jejum, ordenado por nosso
Senhor juntamente com atos de caridade e orações), a causa de
entorpecimento entre os cristãos? Pode qualquer um negligenciá-lo
voluntariamente e continuar inocente?
25/08 – quinta-feira. Estou mais convencido que nunca de que, pregar como
um apóstolo, sem me reunir com os que estão despertos e treiná-los no
caminho de Deus, é o mesmo que procriar filhos para um assassino.
16/01 – segunda-feira.
1764
Cavalguei para High Wycombe e preguei para uma numerosa e séria
congregação, como eu nunca tinha visto por aqueles lados antes. Deverá
haver ainda outro dia de visitação a essas pessoas carentes?
16/02 – quinta-feira. Mais uma vez fiz um proveitoso passeio pelos túmulos
da Abadia de Westminster. Que monte de pedra e mármore sem razão de ser!
Mas existe uma tumba que mostra bom senso: a bonita figura do Sr.
Nightingale esforçando-se para proteger sua amada esposa da morte. Aqui,
realmente, o mármore parece falar e as estátuas quase parecem estar vivas!
Ao meio-dia (com a sala pequena demais para conter tanta gente), preguei no
pátio, perto da ponte, em Doncaster. O vento estava forte e excessivamente
cortante, e soprava ao mesmo tempo em um dos lados da minha cabeça. De
tarde, fui acometido por uma dor de garganta quase tão logo cheguei em
Epworth. Entretanto, preguei, embora com muita dificuldade; depois disso,
mal conseguia falar. No dia seguinte, domingo, dia 1o abril, preguei, por
volta da uma hora, em Westwood Side e, logo depois das quatro, na praça do
mercado, em Epworth, para uma numerosa congregação. A princípio,
realmente, bem poucos puderam ouvir, mas, quanto mais eu falava, mais
minha voz ficava fortalecida, até que, no final da pregação, todas as minhas
dores e fraqueza tinham ido embora, e todos puderam ouvir distintamente.
3/04 – terça-feira. Preguei, por volta das nove, em Scotter, uma cidade seis
ou sete milhas a leste de Epworth, onde uma chama subitamente irrompeu e
muitos foram convencidos do pecado, quase de imediato, e muitos
justificados. Mas havia muitos adversários agitando-se através de um homem
mau que lhes disse: “Não existe lei para os metodistas”. Consequentemente,
revoltas ininterruptas se seguiram, até que, depois de algum tempo, um
honrado magistrado pegou a causa em suas mãos e então mandou, tanto os
amotinadores quanto aquele que os havia iniciado, para o trabalho, de
maneira que têm estado como cordeiros desde então.
5/04 – quinta-feira. Por volta das onze horas, preguei em Elsham. As duas
pessoas mais zelosas e ativas aqui são o mordomo e o jardineiro de um
cavalheiro, a quem o ministro persuadiu a dispensá-los, a menos que
deixassem “esse caminho”. Ele lhes deu uma semana para considerar a
respeito e, ao final, calmamente responderam: “Senhor, nós escolhemos que é
melhor precisar de um pão aqui, do que precisar de ‘uma gota de água’, daqui
por diante”. Ele replicou: “Então, sigam as suas próprias consciências, assim
vocês fazem meu trabalho tanto quanto outrora”.
22/06 – domingo. Às dez horas, o Sr. Fletcher leu as orações e preguei sobre
as palavras do Evangelho: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida
pelas ovelhas!”248 A igreja não estava nem perto de conter toda a
congregação, mas uma janela, perto do púlpito, foi retirada e os que não
puderam entrar no pátio da igreja, eu acredito, puderam ouvir. A
congregação, disseram-me, costumava ser bem menor à tarde do que de
manhã, mas não vi diferença alguma, tanto no número de pessoas quanto na
seriedade. Encontrei bastante trabalho para fazer nos intervalos das horas,
orando com várias companhias que permanecem insaciavelmente famintas e
sedentas, depois da boa Palavra, ao redor da casa.
Estávamos cavalgando até que outra pessoa nos abordou, dizendo: “Não!
Esse é o caminho para Aberystwith. Se você quer ir para Rose Fair, deve
voltar para trás e cavalgar para baixo, para além da ponte”. O proprietário da
pequena casa perto da ponte, então, direcionou-nos para a próxima vila, onde
inquirimos novamente (já tendo passado das nove horas), até descobrir que,
mais uma vez, estávamos no caminho errado. Depois de vagar por uma hora
por cima das montanhas, através das rochas, dos pântanos e precipícios, com
muita dificuldade, voltamos para a pequena casa perto da ponte. Foi em vão
pensar que poderíamos descansar por lá, cheia de bêbados e mineiros
rugindo; além do que havia apenas uma cama na casa e nem grama, nem
feno, nem salga para ser usada. Então, contratamos alguém para ir conosco
até Rose Fair, embora estivesse miseravelmente bêbado, caindo, com todo
seu peso, em um pequeno arroio, fluindo com um som murmurante, ele
recobrou toleravelmente seus sentidos. Entre onze e meia-noite, chegamos à
estalagem, mas nem aqui conseguimos qualquer feno.
Sem ter me alimentado a não ser com um café da manhã, estava faminto para
comer e beber, mas simplesmente foi dito que não havia coisa alguma na
casa, a não ser um dracma de gim. Entretanto, mais tarde encontrei chá em
outra casa e me senti mais revigorado. Por volta das sete horas, preguei para
umas poucas pessoas; o que fiz novamente de manhã. Elas estavam todas
atenciosas, e por este punhado de pessoas, não me arrependi de todo o
trabalho que tive hoje.
20/01 – domingo.
1765
Empreguei todo meu tempo livre, essa semana, revisando minhas cartas e
papéis. O excedente deles, atirei ao fogo. Talvez, alguns dos restantes possam
servir de luz quando eu tiver partido.
“No St. James’s Chronicle, publicado no último sábado, havia uma coisa
inocente escrita por um chapeleiro em Southwark. Pode ser apropriado
conhecer um pouco mais disto do que ele merece, a fim de que o silêncio não
possa parecer um reconhecimento da acusação”.
“Eu nada insiro nos papéis públicos sem meu nome. Não conheço os autores
do que tem sido ultimamente inserido; parte que não vi, antes que fosse
impresso”.
“Depois de muita conversa (em latim e grego, porque ele não falava inglês),
determinei assisti-lo efetivamente; o que fiz sem demora, e prometi enviá-lo
de volta para Amsterdã, onde ele tinha diversos amigos de sua própria nação.
E isto eu fiz sem quaisquer pretensões adicionais, mas meramente por
motivos de humanidade. Depois disto, ele ordenou o Sr. John Jones, um
homem bem versado nas línguas e em outras matérias do saber”.
“Algum tempo depois, o Sr. Maxfield e seus amigos foram enviados por ele a
Amsterdã para ordenarem o Sr. S–t e três outras pessoas, tão iletradas quanto
algum dos apóstolos, mas, eu acredito, não tão inspiradas”.
“Em dezembro último, ele foi solicitado novamente, e ordenou seis outras
pessoas, membros de sua sociedade, mas, de qualquer forma, julgo
desqualificadas para esse ofício. Esses, julguei como meu dever repudiar
(para não citar todas as outras considerações) por falta indesculpável, a
compra de uma ordenação em uma língua desconhecida”.
“Mas, seja como for, o ponto não diz respeito à validade da ordenação, por
um bispo grego, mas sobre a validade da ordenação conseguida por dinheiro
e realizada em uma língua desconhecida”.
1/01 –
quarta-feira
1766
. Uma grande congregação encontrou-se na fundição, às seis horas, e
prenunciou o novo ano com a voz de louvor e ação de graças. À noite nos
encontramos, como de costume, na igreja em Spitafields, para renovarmos
nossa aliança com Deus. Esta é sempre uma época de renovação, em que
alguns prisioneiros são postos em liberdade.
31/01 – sexta-feira. O Sr. Whitefield me chamou. Ele nada mais deseja, a não
ser paz e amor. Fanatismo não pode ficar diante dele, mas o afasta de sua
cabeça onde quer que vá.
5/02 – quarta-feira (Londres). Alguém, que certa feita possuía uma grande
fortuna e estava agora perecendo da necessidade de um pão, mandou me
chamar. Pedi para vesti-lo e enviá-lo de volta para sua própria região, mas o
dinheiro era pouco. Entretanto, designei que me chamasse novamente em
uma hora. E ele assim o fez, mas, antes que viesse, um dos meus, de quem
não esperava nada menos, colocou vinte guinéis em sua mão; então, ordenei
que ele fosse vestido da cabeça aos pés e o enviei direto para Dublin.
Que padrão eles têm diante de si! Eu sei que comumente se diz: “A obra a ser
feita precisava de tal espírito”. Não é assim. A obra de Deus não pode, nem
precisa da obra do diabo para colocá-la adiante. E um espírito calmo,
moderado, que prossegue através de uma obra, dura muito mais do que um
espírito furioso. Apesar disto, no entanto, Deus usou, quando da Reforma,
alguns homens ásperos, arrogantes e impetuosos. Ele não os usou porque
eram assim, mas não obstante fossem assim. E não há dúvida, de que os teria
usado muito mais, tivessem sido de um espírito mais humilde e equilibrado.
20/07 – domingo . Depois de pregar às oito, fui para a Igreja de St. Saviour
Gate [em York]. Chegando ao final das orações, o reitor enviou o sacristão
para me dizer que o púlpito estava à minha disposição. Preguei sobre a
conclusão do Evangelho para o dia: “Nem todo o que me diz, Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai,
que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, nós não
profetizamos em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em
teu nome não fizemos muitas maravilhas?”. Vi uma só pessoa rindo ou
sorrindo, embora tivéssemos uma congregação graciosa.250
1766 - 1767
suas janelas, não deixando uma vidraça inteira; deterioraram seus bens; e
atacaram pessoas com sujeira, ovos podres e pedras, toda vez que apareciam
nas ruas. E nenhum magistrado, embora muitos fossem solicitados, mostrou
misericórdia ou justiça. Por fim, eles me escreveram. E ordenei um advogado
para escrever aos revoltosos. E ele assim o fez, mas não o consideraram.
Então, recorremos à Corte de Justiça do Rei. Através de vários artifícios, eles
conseguiram que o julgamento fosse adiado por dezoito meses. Mas caiu
muito pesado sobre eles quando foram julgados culpados e, desde esse
tempo, achando que existe lei para os metodistas também, eles têm se
sujeitado a ficar em paz.
9/04 – quinta-feira.
1767
A casa não conteria as pessoas em Tanderagee, mesmo às cinco da manhã, de
maneira que fui para a praça do mercado, onde Deus nos deu uma solene e
afetuosa partida. Fiquei feliz ao ouvir que alguns dos separatistas haviam se
estabelecido nestas partes também. Os que ainda não caíram, no meu
entender, são mais descaridosos do que os próprios papistas. Nunca encontrei
um papista que declarasse o princípio de matar heréticos, mas um ministro
dissidente, ao ser perguntado: “Se estivesse em seu poder, você não cortaria
as gargantas de todos os metodistas?”respondeu diretamente: “por que não?
Samuel não cortou Agague em pedaços diante do Senhor?”. Não me deparei
com um papista neste reino que me dissesse face a face que todos, a não ser
eles mesmos, devem ser condenados. Mas tenho visto muitos separatistas,
que não têm escrúpulos em afirmar que ninguém pode ser salvo a não ser
eles. E esta é a consequência natural da sua doutrina: Porque, como afirmam:
1. que somos salvos pela fé somente; 2. que fé é manter tais e tais opiniões;
segue-se que todos que não defendem essas opiniões não têm fé e, portanto,
não podem ser salvos.
Nas orações, tanto antes quanto depois do sermão, todos eles se ajoelham na
grama. Alguns pobres católicos, apenas, permaneceram em pé, a alguma
distância do restante das pessoas. Esses viriam em rebanhos, de todos os
lugares, se os padres, tanto quanto o Rei, pudessem garantir a liberdade de
consciência.
4/01 – segunda-feira.
1768
Nos meus momentos de folga, essa semana, li o engenhoso livro sobre
eletricidade do Dr. Priestley. Ele parece ter reunido e assimilado
cuidadosamente tudo o que é conhecido sobre esse curioso assunto. Mas quão
pouco é tudo isso! Realmente o uso da eletricidade nós conhecemos, pelo
menos em algum grau. Sabemos que ela é mil medicamentos em um, em
particular que é o medicamento mais eficaz nas desordens nervosas de todos
os tipos que têm sido descobertos. Mas, se apontamos para a teoria, não
saberemos nada. Logo estamos perdidos e desorientados na busca infrutífera.
“E como podemos esperar que seja do contrário? Por que naturalmente não
compreendemos o espírito daqueles com quem conversamos? E de que
espírito podemos esperar que eles sejam, considerando a pregação a que eles
estão sujeitos? Algumas felizes exceções, eu admito, mas, em geral, será que
os homens colhem uvas de espinhos? Eles colhem constante abnegação
universal, a paciência da esperança, o trabalho do amor, a autodevoção
interior e exterior, da doutrina dos Decretos Absolutos, da Graça Irresistível,
da Perseverança Infalível?”
“Agora, você não encontra algum desses em meio àqueles dos quais estamos
falando, mas muitos, ao contrário, estão de várias maneiras, direta ou
indiretamente, opondo-se a toda a obra de Deus; por esta obra, quero dizer
que Deus está realizando por meio do reino, por meio de ‘homens incultos e
ignorantes’. Em consequência disto, sua influência deve em alguma medida
ser removida deles”.
“Mas você não tem um remédio para tudo isto em suas mãos? Com o
objetivo da conversa verdadeiramente aproveitável, você não pode escolher
pessoas limpas, tanto do calvinismo quanto antinomianismo, que estão
vigorosamente trabalhando para a salvação delas; pessoas sedentas da
redenção completa, e a todo o momento esperando, se já não desfrutam
dela?”
Eu sou,
Seu sempre afetuoso irmão,
J. Wesley
uma torcedura em minha coxa. Ela piorou hoje, mas cavalguei para o Castelo
Barnard, com o sol brilhando tão quente na minha perna que, quando cheguei
à cidade, estava completamente bem. À noite, o oficial comandante deu
ordens para que não houvesse exercício, de forma que toda a milícia de
Durham (que contraste!) estaria livre para ouvir a pregação. Assim, tivemos
um pequeno exército de oficiais e soldados e todos se comportaram bem.
Também, às cinco horas da manhã, um grande número deles esteve presente.
14/08 – domingo. Ao saber que minha esposa estava muito enferma, peguei a
carruagem imediatamente e alcancei a fundição antes da uma da manhã.
Certificando-me de que a febre tinha mudado e o perigo terminado, por volta
das duas horas parti novamente e, à tarde (nada cansado) estava em Bristol.
11/09 – domingo. Por volta das nove horas, preguei em St. Agnes, e
novamente entre uma e duas horas. A princípio, preguei em meu velho lugar,
em Gwennap, num anfiteatro natural. Supunha que nenhuma voz humana
pudesse comandar tal audiência em uma planície, mas o solo que se ergue ao
redor deu-me tal vantagem que, creio, todos puderam me ouvir distintamente.
1768 - 1769
20/12 – terça-feira. Fui para Shoreham. Aqui, li o livro do Sr. Arquidiácono
Blackbourne, “As Considerações sobre as Leis Penais Contra os Papistas”.
No apêndice 198, para a minha grande surpresa, li essas palavras ditas terem
sido escritas por um cavalheiro em Paris: “A facção papista vangloria-se do
crescimento dos metodistas e fala dessa seita com êxtase. Até onde os
metodistas e papistas se mantêm ligados quanto aos princípios, eu não sei;
mas acredito, acima de qualquer dúvida, que estejam em constante
correspondência entre eles”. Parece que esta carta foi publicada no “St.
James’s Chronicle”, mas nunca vi ou ouvi a respeito dela, até que essas
palavras foram impressas no “Canterbury Journal”, como sendo do próprio
Sr. Blackbourne. E ele quase as fez suas próprias, através de sua fraca nota:
“Eu prontamente esperaria que algumas dúvidas pudessem surgir disto”. Na
verdade, ele acrescenta: “O Sr. Whitefield tomou cuidado adequado para
impedir todas as suspeitas de ter algumas ligações com o papismo”. Sim, e o
Sr. Wesley muito mais, desde 31 de agosto de 1738. Novamente, em meu
Diário, 27 de agosto de 1739, publiquei a única carta que escrevi a um
sacerdote papista. E isto está como prova desta proposição (uma prova
extraordinária de minhas ligações com o papismo!): “Nenhum católico
romano, como tal, pode esperar ser salvo, de acordo com os termos da aliança
cristã”. Muitas coisas para o mesmo propósito ocorrem nos “Diários” e
“Apelos aos Homens de Razão e Religião”, além daqueles tratados que
publiquei inteiramente sobre o assunto: “Uma Palavra a um Protestante”,
“Catecismo Católico” e “As Vantagens dos Membros da Igreja da Inglaterra
sobre os Membros da Igreja de Roma”.
Que ignorância espantosa então, para não dizer imprudência, recai sobre
qualquer um ao me taxar como tendo alguma conexão com o papismo!
9/01 – segunda-feira.
1769
Passei uma hora confortável e proveitosa com o Sr. Whitefield, trazendo à
lembrança os tempos passados e a maneira como Deus nos preparou para o
trabalho que tinha colocado em nossos corações para serem realizados. 17/02
– sexta-feira (Yarmouth). Resumi o belo livro do
Dr. Watt, “Tratado sobre as Paixões”. Suas cento e setenta e sete páginas
tornaram-se um resumo útil de vinte e quatro. Por que algumas pessoas que
tratam dos mesmos assuntos escrevem livros tão volumosos? Dentre as
muitas razões, esta é a principal: nós não escrevemos do mesmo ponto de
vista. A finalidade principal deles é ganhar dinheiro, a minha é apenas fazer o
bem!
13/03 – segunda-feira. Parti para Northward. Tivemos clima bom, por algum
tempo, mas o vento se levantou e a chuva caiu com toda a força. Estávamos
totalmente molhados antes de chegarmos em Stroud, mas não ficamos
resfriados. Às seis horas, a casa estava, como de costume, completamente
cheia, embora o vento e a chuva tivessem mantido muitos estranhos longe.
As pessoas pareceram estar todas vivas e prontas para devorarem a Palavra.
Depois disso, tivemos uma confraternização, na qual homens e mulheres
falaram com simplicidade daquilo que Deus tem feito por suas almas.
15/03 – quarta-feira. Com meu cavalo manco e parte da estrada muito ruim,
não alcancei a casa do Sr. Lee, de Coton, até o meio-dia. A casa está
deliciosamente situada em seu parque, no topo de uma colina frutífera. Seu
capelão tinha começado a ler as orações. Depois disso, ele me pediu que
fizesse uma exortação. Então, não pude pegar o cavalo até uma e meia da
tarde, embora tivesse, ainda, oito milhas para cavalgar em um cavalo coxo.
No entanto, cheguei em Shrewsbury, entre cinco e seis horas, e preguei para
uma grande e quieta congregação. Quando estávamos retornando, a turba
estava suficientemente barulhenta, mas usaram apenas suas línguas. De modo
que tudo ficou bem.
1/01 – segunda-feira
1770
. Cerca de cento e vinte de nós reuniramse; foi a mais solene. Visto que nós
abertamente confirmamos o Senhor como nosso Deus, assim ele nos
confirmou como seu povo. “Hoje, fizeste o Senhor declarar que te será por
Deus, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os
seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos à sua voz. E o Senhor,
hoje, te fez dizer que lhe serás por povo seu próprio, como te disse, e que
guardarás todos os seus mandamentos”.257
Mas eu objeto seu temperamento mais do que seu julgamento: ele é um mero
misantropo;259 um cínico, sobretudo. Tanto quanto é o seu infiel fraterno,
Voltaire, e quase tão grande presunçoso. Mas ele esconde sua teimosia e
vaidade um pouco melhor; visto que aqui ele nos encara continuamente. A
respeito do seu livro, ele é estapafúrdio até o último grau e não se fundamenta
na razão, nem na experiência. Citar passagens específicas seria infinito, mas
qualquer um pode observar, concernente ao todo, que ele aconselha o que é
bom, trivial e comum, apenas disfarçado em novas expressões. E quanto ao
que é novo, o que é realmente de si próprio, são mais claros que a vaidade
por si mesma. Tais descobertas eu sempre espero daqueles que são
demasiados sábios para acreditarem em suas bíblias.
21/03 – quarta-feira. Nos dias que se seguiram, fui bem devagar através de
Staffordshire e Cheshire, para Manchester. Nessa jornada, tanto quanto em
muitas outras, observei um engano que quase universalmente prevalece;
espero que todos os viajantes tomem nota disso, porque poderá salvá-los de
problemas e de perigos. Quase trintas anos atrás, estive pensando: “Como é
que nenhum cavalo tropeça enquanto estou lendo?”
2 93
(História, poesia e filosofia eu comumente leio quando estou montado, tendo
outro trabalho em outros momentos). Nenhuma razão pode ser dada, a não
ser essa: porque eu jogo a rédea no seu pescoço. Então, observei e asseguro
que, cavalgando acima de cem mil milhas, raramente me lembro de qualquer
cavalo (exceto dois, que cairiam saltando de qualquer maneira) cair ou dar
um tropeção considerável, enquanto montei com a rédea frouxa. Imaginar,
consequentemente, que uma rédea apertada impede que o cavalo tropece é
um grande equívoco. Tenho repetido a tentativa, mais frequentemente do que
muitos homens do Reino Unido. Se alguma coisa pode impedir o cavalo de
tropeçar, a rédea frouxa é uma delas, mas, em alguns animais, nada disso é
suficiente.
28/06 – quinta-feira. Mal posso acreditar que estou entrando hoje nos meus
sessenta e oito anos de idade. Quão maravilhosos têm sido os caminhos de
Deus! Ele me sustenta desde que eu era uma criança! Dos dez aos treze ou
quatorze, tinha pouco o que comer, a não ser pão, e não em abundância.
Acredito que isso esteve muito longe de me prejudicar, tanto que colocou o
alicerce de uma saúde duradoura. Mais tarde, em consequência de ler o livro
do Dr. Cheyne, decidi comer com moderação e beber água. Então, comecei a
expelir sangue, o que continuou por muitos anos. Um clima quente curou-me
disso. Mais tarde, estive à beira da morte, por causa de uma febre, mas isso
me deixou mais sadio que antes. Onze anos depois, estava em meu terceiro
estágio de consumação. Em três meses, agradou a Deus remover isso
também. Desde esse tempo, não conheço dor nem doença, e estou agora mais
sadio do que estava há quarenta anos. Isso tem Deus forjado!
1/09 – sábado. Fiz um passeio ao topo da célebre colina Carn Brae. Aqui
estão muitos monumentos da remota Antiguidade, dificilmente encontrados
em qualquer outra parte da Europa: imensos altares druidas, sendo apenas
pedras enormes, estranhamente suspensas umas sobre as outras, e bacias de
pedras, acompanhando toda a superfície da rocha, que se supõe conter a água
sagrada. É provável que esses são, pelo menos, contemporâneos do teatro de
Pompeia, se não das Pirâmides do Egito. E no que eles são melhores por
isso? Qual a consequência, tanto para os mortos, quanto para os vivos, se tais
lugares têm resistido às devastações do tempo, por três mil ou trezentos anos?
Oh! Que todos possam ouvir sua voz; com ele estão as questões da vida e da
morte; e é Ele quem, em voz alta, por causa desse inesperado golpe, chama a
todos os seus filhos para amarem uns aos outros!
2/01 – quarta-feira.
1771
Preguei, à noite, em Deptford, uma espécie de sermão do ofício fúnebre do
Sr. Whitefield. Em todos os lugares, desejo mostrar todo respeito possível à
memória desse grande e bom homem.
3/01 – quinta-feira. Passei uma hora e meia dando socos
no ar, ao discutir com um infiel que me disse: “Creio que Deus seja poderoso
e o Criador de todas as coisas. Mas não me sinto agradecido a ele por ter-me
criado, uma vez que ele fez isto apenas para seu próprio prazer. Nem posso
acreditar que ele seja bom, uma vez que poderia remover todo o mal no
mundo se quisesse. Assim sendo, é culpa de Deus, e de ninguém mais, que
exista algum mal no universo”. Temo que não possamos negar isto, se
admitirmos que Deus “desde toda a eternidade, imutavelmente determinou
todas as coisas, grandes e pequenas, que aconteceriam”.
23/01 – quarta-feira. Não sei o motivo para ela261 ter partido para
Newcastle, propondo “nunca retornar”. Não a deixei, nem a mandei embora;
também não irei chamá-la novamente.
21/12 – sábado. Encontrei-me com um velho amigo, James Hutton, que não
vejo há vinte e cinco anos. Sinto que este tempo não mudou nada, pois meu
coração estava completamente aberto e o dele pareceu da mesma forma; e nós
conversamos como fazíamos em 1738, quando nos encontrávamos em Fetter
Lane.
14/01 – terça-feira.
1772
Passei uma hora agradável com o Dr. S, o mais antigo conhecido que agora
tenho. Ele é o maior gênio em pequenas coisas de que tenho notícia. Quase
tudo em sua casa é de sua própria invenção, tanto no todo como em parte.
Também seus guarda-fogos, suas luminárias de vários tipos, seus tinteiros,
seus muitos “salva-tudo”. Eu realmente acredito que, se ele estivesse
seriamente empenhado nisso, poderia inventar a melhor armadilha para
apanhar ratos jamais vista no mundo.
12/02 – quarta-feira.
No retorno, li um livro muito diferente, publicado por um honesto quacre,
sobre aquela
2 98
execrável soma de todas as vilanias, que é comumente chamada de comércio
de escravos. Não li nada parecido no mundo pagão, tanto antigo quanto
moderno, e infinitamente excede, em muitos exemplos, à barbaridade que os
escravos cristãos sofreram em terras maometanas.
3/04 – sexta-feira. Parti para Wigan mas, antes que chegássemos em Ashton,
fiquei satisfeito por usar meus próprios pés e deixar os pobres cavalos
arrastarem a carruagem como pudessem. Preguei em Wigan, por volta do
meio-dia, e à tarde, em Bolton. Quão maravilhosamente Deus tem operado
neste lugar! John Bennet, alguns anos atrás, reduziu esta sociedade de setenta
para doze; e agora ressuscitaram para cento e setenta.
15/04 – quarta-feira. Apesar de ser uma casa isolada, tivemos uma grande
congregação, às cinco horas da manhã. Depois disso, cavalguei mais de vinte
milhas através da mais agradável região de montanhas férteis erguendo-se de
cada lado e um fluxo claro de água correndo abaixo. À tarde, tivemos uma
tempestade furiosa de raios e neve. Entretanto, alcançamos Selkirk a salvo.
Aqui, observei um pequeno bocado de pomposidade, que era completamente
novo para mim. A governanta veio até mim e disse: “Sir, o “lorde” do
estábulo quer saber se poderia alimentar seus cavalos”. Nós o chamamos de
“criado de estrebaria” na Inglaterra. Depois da ceia, toda a família pareceu
feliz de juntar-se a nós nas orações.
18/04 – sábado. Parti para Glasgow. Alguém poderia pensar que estávamos
em meados de janeiro e não em meados de abril. A neve cobriu as
montanhas de todos os lados e a geada estava excessivamente cortante.
Assim, preguei dentro da casa, à tarde, e no domingo de manhã. Mas, à noite,
a multidão constrangeu-me a ficar na rua. Meu texto foi “Ao que Deus
purificou não consideres comum”.262 Consequentemente, tive a
oportunidade de falar sobre seu fanatismo miserável por opiniões e modos de
adoração. Muitos pareceram não estar nem um pouco convencidos, mas
quanto tempo esta impressão continuará?
21/05 – quinta-feira. Fui para Bass, sete milhas de Dunbar, que, no horrível
reinado de Charles II, foi a prisão daqueles veneráveis homens que sofreram
a perda de todas as coisas por causa da consciência boa. Ela é uma rocha alta,
cercada pelo mar, com duas ou três milhas de circunferência e situada a cerca
de duas milhas da orla. O forte vento leste tornou a água tão violenta que o
barco mal pôde se aguentar, e quando chegamos ao único lugar de terra firme
(os outros lados são praticamente perpendiculares), foi com muita dificuldade
que conseguimos subir, escalando com nossas mãos e joelhos.
1772 - 1773
à graça do que à natureza, ao paraíso interior do que ao brilho exterior.
Diante do Ilmo. Sr. Xerife Archibald Cockburn, ele depôs “que o dito John
Wesley e Hugh Saunderson, para fugirem da perseguição dele, preparavam-
se para fugir da região; e, por esta razão, solicitava um mandado do Xerife
para procurá-los, prendê-los e encarcerá-los na Tollbooth, até que estivesse
seguro do comparecimento deles”. O xerife consentiu a esse requerimento e
deu-lhe um mandado.
Mas, por que encarcerar John Wesley? Nada está colocado contra ele; nem
menos nem mais. Hugh Saunderson prega em conexão com ele. Mas e daí? O
Xerife não fora estranhamente descuidado?
Eu inquiri sobre duas causas para a grave queda na vasta obra de Deus, que
ocorreu por aqui há dois anos; e encontrei diversas: 1. nenhum dos
pregadores que sucedeu foi capaz de ser um pai que alimenta seus recém-
nascidos; 2. Jane Salked, um grande instrumento da obra, casada, foi excluída
dos encontros dos jovens; e, sem alguém que tão naturalmente cuidasse deles,
caíram aos montes; 3. a maioria dos mais avivados na sociedade era de
homens e mulheres solteiras; e vários desses, em pouco tempo, sentiram uma
afeição desordenada uns pelos outros e assim afligiram o Espírito Santo de
Deus, até que ele em grande medida separou-se deles; 4. os homens
levantaram-se em nosso meio, subestimaram a obra de Deus e chamaram a
grande obra da santificação de ilusão. Com isto, afligiram a muitos, e iraram
outros; de maneira que tanto um quanto outro foram muito enfraquecidos.
Por conseguinte, o amor de muitos se esfriou e os pregadores foram
desencorajados; ciúmes, rancores e males presumíveis se multiplicaram cada
vez mais.
Existe, agora, um pequeno avivamento. Deus permita que ele possa crescer!
20/06 – segunda-feira. Por volta das nove horas, parti de Sunderland para
Horsley, com o Sr. Hopper e o Sr. Smith. E levei a Sra. Smith e suas duas
garotinhas comigo na carruagem. Perto de duas milhas da cidade, justamente
no topo da colina, os cavalos dispararam, sem qualquer motivo aparente e
correram colina abaixo, como uma seta que escapou do arco. Em um minuto,
John caiu fora da boleia. Os cavalos, então, seguiram velozes, algumas vezes
para a extremidade à direita do abismo, outras, à esquerda. Uma carroça veio
contra eles e desviaram dela exatamente como se um homem os estivesse
comandando da cocheira. Havia uma ponte aos pés da colina, e eles foram
diretamente de encontro a ela; correndo colina acima com a mesma
velocidade. Muitas pessoas nos encontraram, mas saíram do caminho. Já
perto do topo, havia um portão aberto que conduzia às terras de um
fazendeiro. Os cavalos viraram um pouco, e atravessaram por ele sem
tocarem no portão.
Aqui, por conseguinte, procurei um barco, no máximo duas vezes mais largo
que uma gamela (cocho). Eu ficava numa extremidade e o garoto, na outra,
remando e me conduzindo a salvo para Erith. Lá, a Srta. L. estava esperando
por mim com uma outra carruagem, para me conduzir a St. Ives. Mas
nenhum metodista, pelo que me disseram, pregou nessa cidade. Então, pensei
que era tempo de começar. Preguei para uma congregação bem vestida e
bem-comportada. De lá, minha nova amiga (quanto tempo ela será assim?)
conduziu-me para Godmanchester, perto de Huntingdon. Um celeiro grande
estava preparado, no qual o Sr. Berridge e o Sr. Venn pregaram. E, embora o
tempo estivesse ainda severo, o celeiro foi preenchido com pessoas
profundamente atentas.
1/07 –
1775
Tivemos uma congregação maior na Renovação da Aliança do que tivemos
por muitos anos. Não sei se alguma vez tivemos uma bênção maior. Mais
tarde, muitos desejaram agradecer pela consciência do perdão, pela completa
salvação, ou por uma manifestação renovada da graça de Deus, curando toda
a apostasia.
13/06 – terça-feira. Não me senti muito bem de manhã, mas acreditei que
isto logo passaria. À tarde, o tempo estava extremamente quente e me deitei
na grama, no orquidário do Sr. Lark, em Cock-Hill. Estou acostumado a fazer
isto há quarenta anos, e nunca me lembrei de ter sofrido qualquer dano.
Apenas nunca me deito sobre o rosto, pois adormeço nesta posição. Caminhei
um pouco e sentia-me um pouco mal, mas preguei com facilidade para uma
multidão.
Mais tarde, estava um pouco pior. No dia seguinte, no entanto, segui algumas
milhas para Grange. A mesa estava colocada ali de tal maneira que, todo o
tempo em que estava pregando, um vento forte e cortante soprou em cheio do
lado esquerdo de minha cabeça; consegui terminar com muita dificuldade.
Então, fui tomado por uma profunda obstrução em meu peito. Meu pulso
estava excessivamente fraco e baixo; tremia de frio, embora o ar estivesse
abafado; e apenas ocasionalmente queimava de febre por alguns minutos. Fui
cedo para a cama, bebi uma dose de melaço e água e apliquei melaço nas
solas dos pés. Deitei-me até às sete horas na quinta-feira, 15, e, então, senti-
me consideravelmente melhor. Mas fui tomado por quase a mesma obstrução
em meu peito. Meu pulso estava fraco novamente; queimava e esfriava por
turnos; e, se me arriscava a tossir, isto chacoalhava minha cabeça
excessivamente. Em minha ida para Derry-Anvil, quis saber qual era o
conteúdo do que estava lendo, porque não conseguia prestar atenção, nem por
três minutos consecutivos, uma vez que meus pensamentos estavam
constantemente mudando. Ainda assim, durante todo o tempo em que preguei
à tarde (embora em pé, a uma correnteza de ar, com o vento assobiando ao
redor de minha cabeça) minha mente ficou tão recomposta quanto sempre.
16/06 – sexta-feira. Entretanto, em minha viagem para Lurgan, novamente
me espantei por não conseguir fixar minha atenção no que lia. Ainda assim,
enquanto pregava, à tarde, constatei que minha mente estava perfeitamente
recomposta; embora chovesse uma grande parte do tempo, o que não estava
perfeitamente de acordo com minha cabeça.
Ainda assim, respirava livremente e não senti a menor sede, nem dor, da
cabeça aos pés.
Mas, com meus amigos duvidando que eu pudesse aguentar tão longa
viagem, fui direto para Derry-Aghy, para o assentamento de um cavalheiro
do lado de uma colina, três milhas além de Lisburn. Aqui, minha natureza
sucumbiu e fui para a cama. Mas não poderia virar-me mais do que um
recém-nascido. Minha memória falhou, tanto quanto minhas forças e quase
meu entendimento. Apenas essas palavras correram em minha mente, quando
eu vi a Srta. Gayer de um lado da cama, olhando para sua mãe do outro: “Ela
se levantou como um paciente em um monumento, sorrindo diante da
aflição”.
11/11 – sábado. Fiz algumas adições em “Um Discurso Calmo Para Nossas
Colônias Americanas”. Alguém precisa perguntar qual o motivo disso ter
sido escrito? Deixe-o olhar à sua volta: a Inglaterra está em chamas! A chama
da malícia e ira contra o Rei, e toda a autoridade abaixo dele. Eu trabalho
para apagar essa chama. Não deveria todo verdadeiro patriota fazer o mesmo?
Não posso impedir que escritores mercenários, de ambos os lados, julguem-
me a partir de si mesmos.
“Tenho sido seriamente questionado: ‘Por qual motivo você publicou o seu
‘Discurso Calmo para Nossas Colônias Americanas?’ Eu respondo
sinceramente: não para conseguir dinheiro. Se tivesse sido esse meu motivo,
eu o teria inserido em um panfleto de um xelim e o teria levado aos editores
em Londres. Nem para conseguir promoção, para mim ou para os filhos de
meu irmão. Estou um pouco velho para embasbacar-me comigo mesmo e, se
meu irmão ou eu buscarmos isto para eles, basta que os mostremos ao
mundo”.
“Nem foi para agradar homem algum, de baixa ou alta posição. Conheço a
humanidade muito bem! Eu sei que aqueles que o amam por causa de favores
políticos, amam-no menos que o próprio jantar; e aqueles que odeiam-no, o
odeiam mais que ao diabo. Muito menos escrevi isso com o objetivo de
inflamar quem quer que seja; muito pelo contrário. Eu contribuí com meu
óbolo para apagar a chama que se esparrama por sobre a terra. Isso eu tenho
tido mais oportunidade de observar do que qualquer outro homem na
Inglaterra. Eu vejo com dor a que altura isto tudo ainda se ergue em cada
parte de nossa nação. E vejo muitos derramando combustível nas chamas ao
exclamarem: ‘Quão injustamente, quão cruelmente, o Rei está tratando os
pobres americanos que estão apenas combatendo por sua liberdade e por seus
privilégios legais!”
“Agora, não há possibilidade de se apagar essa chama, nem impedir que ela
se erga mais e mais alto, a não ser mostrando que os americanos não estão
sendo tratados nem com crueldade, nem com injustiça; que eles não estão
injuriados, uma vez que não estão combatendo pela liberdade (isso eles já
tem completa e extensamente, tanto civil quanto religiosa); nem por qualquer
privilégio legal; porque desfrutam de tudo o que suas escrituras garantem.
Mas mostrando que eles combatem por privilégios ilegais, para ficarem
isentos de taxação parlamentária”.
“Sendo esta a real questão, sem quaisquer adornos ou exageros, que homem
imparcial pode culpar o Rei, ou elogiar os americanos? Com a intenção de
diminuir o fogo e imputar a culpa a quem ela é devida, ‘Um Discurso Calmo
às Nossas Colônias’ foi escrito”.
Eu sou, senhor
Seu humilde servo
J. Wesley
1/01 – segunda-feira
1776
. Aproximadamente cento e dezoito de nós nos encontramos em Londres com
o propósito de renovar nossos compromissos com Deus e foi, como de
costume, uma oportunidade muito solene.
“Mas, alguma vez foi suposto um erro de impressão de dracma por grão,
corrigido antes que o erro fosse detectado no Gazetteer?”
1/03 – sexta-feira. Como não podemos depender de ter a fundição por mais
tempo, encontramo-nos para consultarmo-nos a respeito da construção de
uma nova capela. Nossa petição para a Cidade por um pedaço de chão se
encontra diante do Comitê, mas não sei quando daremos um passo adiante.
Assim, determinei começar meu circuito como de costume, mas prometi
retornar quando recebesse notícia de que nossa petição foi atendida. No
domingo, à tarde, parti e, na terça-feira, alcancei Bristol. No caminho, li
sobre os Sermões do Sr. Boehm, Capelão do Príncipe George da Dinamarca,
marido da Rainha Anne. Ele é uma pessoa de compreensão muito boa e, em
geral, sensata em seu julgamento. Lembro-me de ouvir uma circunstância
muito notável a seu respeito, do Sr. Fraser, então Capelão do Hospital St.
George.
“Um dia”, ele disse, “perguntei ao Sr. Boehm, com quem estava intimamente
familiarizado: ‘Senhor, quando você está cercado por várias pessoas, ouvindo
a um e declarando a outro, toda esta pressa do trabalho não impede sua
comunhão com Deus?’ Ele respondeu: ‘Abençoado seja Deus, pois tenho
exatamente tanta comunhão plena com ele como se estivesse sozinho, de
joelhos, no altar’”.
28/06 – sexta-feira. Tenho setenta e três anos e estou bem mais capacitado
para pregar do que quando tinha vinte e três. Que métodos naturais Deus tem
usado para produzir este efeito tão maravilhoso? 1. Exercício e mudança de
ar contínuos, viajando cerca de quatro mil milhas ao ano; 2. levantar-me
constantemente às quatro horas da manhã; 3. a habilidade (que eu quero
sempre) de dormir imediatamente; 4. nunca perder uma noite de sono; 5. duas
violentas febres e duas consumações profundas. Essas, na verdade, foram
tratadas com medicamentos fortes, mas foram de um serviço admirável,
fazendo-me sentir novamente como uma criança. Posso acrescentar,
finalmente, equilíbrio de temperamento? Eu sinto e me aflijo, mas, pela graça
de Deus, não lamento por nada. Mas, ainda assim, “a ajuda que é feita na
terra, ele próprio faz”. Faz isso em resposta às muitas orações.
1776 - 1777
as nossas roupas. Estava cansado quando cheguei, mas, depois de dormir um
quarto de hora, toda a minha fraqueza se foi.
1/01 – quarta-feira
1777
. Nós nos encontramos, como de costume, para renovar nossos propósitos
para com Deus; uma ocasião solene, onde muitos encontraram seu poder
presente para curar e estavam capacitados para estimular outros com as
próprias forças renovadas.
10/03 – sábado. Depois de viajar entre noventa e cem milhas, voltei para
Malton e, tendo descansado por uma hora, segui para Scarborough e preguei
à tarde. Mas o refluxo que tive aumentou em poucos dias, de tal maneira que,
a princípio, tive dificuldade para falar. Ainda assim, quanto mais falava, mais
forte ficava. Deus não é uma socorro bem presente?
1/06 – domingo. Às seis horas, preguei em nossa própria sala e, para minha
surpresa, vi todas as senhoras ali. Jovens e mulheres de mais idade estavam
profundamente sensibilizadas; e de bom grado eu teria ficado por mais uma
ou duas horas, mas fui forçado a me apressar para Peeltown, antes que o culto
começasse. O Sr. Corbett disse-me que ficaria contente em me pedir que
pregasse, mas que o bispo o tinha proibido, como também proibiu todos os
seus clérigos a admitirem qualquer pregador metodista na Ceia do Senhor.
Mas está algum clérigo obrigado, tanto pela lei quanto pela consciência, a
obedecer tal proibição? De maneira alguma! A vontade, mesmo do Rei, não
pode refrear qualquer súdito inglês, a menos que seja afiançada por uma lei
expressa. Quão menos a vontade de um bispo! “Mas você não fez um
juramento de obedecê-lo?” Não, nem a qualquer outro clérigo nos três reinos.
Esse é um mero erro vulgar.
4/10 – sábado. Entre sete e oito horas, desembarquei em Ring’s End. O Sr.
M’Kenny encontrou-me e me conduziu até sua casa. Nossos amigos logo se
juntaram de todos os cantos e pareceram igualmente surpresos ao me verem.
Não iniciei disputa, mas pedi que alguns poucos de cada lado se reunissem
comigo, às dez horas na segunda-feira de manhã. À tarde, embora sobre tão
breve advertência, tivemos uma congregação excessivamente grande; aos
quais (abrindo mão de toda questão de contenda) reforcei aquelas solenes
palavras: “Eu devo realizar as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a
noite vem, quando nenhum homem poderá trabalhar”.264
27/01 – sexta-feira.
1 778
O dia designado para o jejum nacional foi observado com a devida
solenidade. Todas as lojas estavam fechadas, tudo estava quieto nas ruas,
todos os lugares de adoração pública estavam lotados, nenhum alimento foi
servido na residência do Rei até cinco horas da tarde. Até aqui, pelo menos,
reconhecemos que Deus pode dirigir nossos passos.
1/09 – terça-feira . Fui para Tiverton. Estava meditando sobre o que tinha
ouvido um bom homem dizer, faz algum tempo: “Uma vez, em sete anos,
queimei todos os meus sermões; porque é uma vergonha que não possa
escrever sermões melhores agora do que os que pude fazer sete anos atrás”. O
que quer que os outros possam fazer, eu realmente não posso. Não posso
escrever um sermão melhor sobre “O Mordomo Fiel” do que fiz sete anos
atrás; não posso escrever melhor sobre “O Grande Tribunal” do que fiz, há
vinte anos; não posso escrever sobre “O Melhor uso do Dinheiro” do que fiz
há quase trinta anos. Não sei se posso escrever melhor sobre “Circuncisão do
Coração”, do que fiz há quarenta e cinco anos.
Talvez, na verdade, possa ter lido quinhentos ou seiscentos livros até então e
saiba um pouco mais de História ou Filosofia Natural do que sabia, mas não
estou convencido de que isso possa ter feito qualquer adição essencial ao meu
conhecimento da Divindade. Quarenta anos atrás, estou certo, preguei sobre
toda a Doutrina Cristã como prego agora!
15/03 – segunda-feira. Comecei minha
viagem através 1779
da Inglaterra e Escócia, com o tempo agradável, viajando como nenhum
ancião vivo fora visto antes, durante janeiro, fevereiro e meados de março. À
noite, preguei em Stroud; na manhã seguinte, em Gloucester, pretendendo
pregar em Stanley às duas horas e em Tewkesbury, à noite. Mas o ministro de
Gratton (perto de Stanley) enviou-me um recado de que seria bem-vindo para
usar sua igreja. Então, mandei avisar que o culto começaria às seis horas. A
Capela Stanley estava completamente cheia às duas horas. Já faz dezoito
anos, desde que estive por aqui. Muitos dos que vi anteriormente estavam
agora grisalhos e muitos foram para o seio de Abraão. Possamos nós segui-
los, como eles seguiram a Cristo!
1779 - 1780
ali novamente, na manhã seguinte e novamente à tarde. Depois, peguei a
carruagem para Londres. Fui “suntuosamente” escoltado. Atrás da carruagem
havia dez criminosos convictos, blasfemando alto e chacoalhando suas
correntes; do meu lado sentou-se um homem com um bacamarte
carregado;267 e um outro na parte de cima da carruagem.
23/01 – domingo.
1 780
À noite, retirei-me para Lewisham, para preparar uma matéria (quem poderia
acreditar nisso) para uma revista mensal.
12 de janeiro, 1780
City Road
“Ao Editor da ‘Public Advertiser’”.
Senhor,
“Com respeito à perseguição, nada tenho com isto. Não persigo homem
algum por causa de seus princípios religiosos. Que haja ‘tão ilimitada
liberdade na religião’ quanto qualquer homem pode conceber. Mas isto não
toca o ponto. Deixarei a religião, verdadeira ou falsa, completamente fora de
questão. Suponha que a Bíblia, se você quiser, seja uma fábula e o Alcorão
seja a palavra de Deus. Eu não me preocupo se a religião romana é verdadeira
ou falsa. Nada fundamento sobre uma ou outra posição. Portanto, fora com
todas as suas declamações triviais sobre a intolerância e perseguição na
religião! Suponha que toda a palavra do Credo do Papa Pio seja verdadeira;
suponha que o Concílio de Trento tenha sido infalível; mesmo assim, insisto
que nenhum governo não Católico Romano deve tolerar os homens de fé
católica”.
“Do mesmo modo, aqueles que reconhecem o poder espiritual do Papa não
podem dar segurança de sua fidelidade a qualquer governo. Mas todos os
católicos romanos admitem tal poder; portanto, não podem dar nenhuma
segurança da sua fidelidade”.
1780
“O poder de outorgar perdão para todos os pecados, passados, presentes e
vindouros é, e tem sido por muitos séculos, um ramo do poder espiritual do
Papa. Mas aqueles que reconhecem que ele tem este poder espiritual não
podem dar segurança da sua fidelidade; uma vez que acreditam que o Papa
pode perdoar rebeliões, altas traições e todos os outros pecados, quaisquer
que sejam”.
“Mas, o recente ‘Ato’, você diz, ‘não tolera nem encoraja os católicos
romanos’. Eu apelo à questão de fato. Os próprios católicos não entendem
isto como uma indulgência? Você sabe que sim. E isto já não os encoraja
(deixe de lado o que pode ser feito depois) a pregar abertamente, construírem
capelas (em Bath e em qualquer outro lugar), construírem seminários e
fazerem numerosos convertidos diariamente aos seus princípios intolerantes e
perseguidores? Eu posso indicar, se preciso for, várias pessoas. E elas estão
crescendo diariamente.
“Mas ‘nada que ameace a liberdade inglesa deve ser temido deles’. Não estou
certo disto. Algum tempo atrás, um sacerdote católico veio até alguém que eu
conhecia e, depois de falar com ela, irrompeu: ‘Você não é herege! Você tem
a experiência de uma cristã verdadeira!’; ‘E você me queimaria viva?’ ela
perguntou: ‘Deus proíbe!’, ele respondeu. ‘Exceto se fosse para o bem da
Igreja!’”.
“Agora, que segurança ela teria para sua vida se dependesse daquele homem?
O bem da Igreja teria rompido todos os laços da verdade, justiça e
misericórdia. Especialmente quando apoiado pela indulgência de um padre,
ou (se necessário fosse) de um perdão papal”.
25/01 – quinta-feira.
1 781
Passei uma hora agradável no concerto de meus sobrinhos. Mas senti-me um
pouco fora do meu lugar, entre cavalheiros e damas. Eu amo muito mais a
música e a companhia dos pobres.
11/09 – sexta-feira. Fui até a Kingswood. Doce recesso! Onde todas as coisas
agora estão como eu espero. Mas “o homem não nasceu para se deitar na
sombra. Vamos trabalhar agora, para que possamos descansar mais tarde”.
11/10 – sexta-feira. Fui para Londres e fui informado que minha esposa268
morreu na segunda-feira. Essa tarde foi enterrada, embora não tenha sido
informado disso até um ou dois dias depois.
1 782
29/03 – sexta-feira. (Sexta-Feira Santa). Cheguei em Macclesfield, em tempo
suficiente para assistir ao Sr. Simpson no serviço laborioso do dia. Preguei
para ele, de manhã e à tarde, e ministramos o sacramento para cerca de cento
e treze pessoas. Enquanto estávamos ministrando, ouvi um som baixo, leve e
solene, exatamente como o de uma harpa eólica. Ele continuou por cinco ou
seis minutos, e de tal modo tocou a muitos, que não puderam refrear as
lágrimas. Ele desapareceu gradualmente. Estranho que nenhum organista
(que eu saiba) tenha pensado nisso. À noite, preguei em nossa casa. Aqui
havia tal harmonia que a arte não poderia imitar.
1/06 – sábado. Passei algum tempo com quarenta crianças pobres que Lady
Maxwell mantém na escola. Elas foram colocadas prontamente na leitura e
escrita e aprenderam os princípios da religião. Mas observei nelas todo o
amor ao refino. Mesmo pobres, devem ter algum fragmento de finura. Muitos
não têm sapatos nos pés, mas as garotas maltrapilhas não ficam sem seus
franzidos.
23/03 – domingo. Constatando que ainda estava febril, com uma opressão em
meu peito e uma contínua tendência à câimbra, consegui um amigo para dar-
me choques elétricos, no corpo todo, através das pernas e peito, várias vezes
ao dia. Deus abençoou isto, de maneira que não tive mais febre ou câimbra,
nem opressão e rigidez em meu peito. À tarde, aventurei-me a pregar três
quartos de uma hora e não constatei qualquer efeito danoso disto.
23/05 – sexta-feira. Parti para Derby, mas o ferreiro tinha tão definitivamente
incapacitado um dos meus cavalos que muitos me disseram que ele nunca
estaria em condições de viajar novamente. Pensei: “Até isto pode ser um
motivo de oração” e parti animado. O cavalo, em vez de piorar, ficou cada
vez melhor e, à tarde (depois de ter pregado em Leek, no caminho), trouxe-
me a salvo para Derby.
1/07 – terça-feira . Visitei tantos amigos quanto foi possível e partimos com
muita afeição. Depois, alugamos um barco, que nos trouxe para Helvoetsluys,
por volta das onze horas do dia seguinte. Às duas horas, embarcamos, mas o
vento virou contra nós e só alcançamos Harwich por volta das nove horas da
manhã de sexta-feira. Depois de um pequeno descanso, procuramos uma
carruagem e alcançamos Londres perto das onze da noite.
6/07 – domingo. Nos regozijamos em nos encontrar, uma vez mais, com
nossos amigos ingleses, na nova capela e em ver que estavam revigorados
com o relato do trabalho gracioso que Deus está operando também na
Holanda.
1783
último, todos concordaram que as Regras seriam imediatamente observadas
ou a Escola cessaria suas atividades.
5/08 – terça-feira. Cedo de manhã, fui tomado com o mais impetuoso fluxo.
Em poucas horas, ele se juntou a uma violenta e quase contínua câimbra;
primeiro, em meus pés, pernas e coxas, então em meu lado e minha garganta.
Considerado o caso extremo, um grão e meio de ópio me foi dado, em três
doses. Isto especialmente parou a câimbra, mas, ao mesmo tempo, tirou
minha fala, audição e poder de locomoção, travando-me da cabeça aos pés;
de maneira que me deitei como um mero cepo. Enviei um recado ao Dr.
Drummond que, desde aquele momento, atendeu-me duas vezes por dia. Por
alguns dias, fiquei cada vez pior, mas, na sexta-feira, fui removido para a
casa do Sr. Castleman. Contudo, a minha cabeça não foi afetada e não tive
dor, apesar de uma febre contínua. Mas continuei vagarosamente a me
recuperar, de modo que pude ler ou escrever uma ou duas horas de cada vez.
Na quarta-feira, 13, tive um vômito, que quase me fez em pedaços, mas,
contudo, me fez bem. No domingo, 17, e toda a semana seguinte, minha
febre gradualmente diminuiu, mas tive sede contínua e pouca ou nenhuma
força.
Não obstante, por não desejar ficar desocupado, sábado, dia 23,
passei uma hora com os
condenados, e, constatando que não havia piorado, no domingo, 24, preguei
na nova Sala, de manhã e à tarde. E como minhas forças estavam agora, em
alguma medida, restauradas, determinei não demorar mais tempo e partir na
segunda-feira, 25, alcançando Gloucester à tarde. À tarde, preguei na Town-
Hall e, acredito, não foi em vão.
1/10 – quarta-feira. Preguei em Bath para tal congregação como não tinha
visto ali por um bom tempo. Todas as minhas horas livres, esta semana,
empreguei no visitar o restante dos pobres e no pedir por eles. Com isto,
coletei cerca de cinquenta libras e fui capaz de aliviar a maioria daqueles que
estavam em grande aflição.
Com isto, ela devolveu sua autorização de entrada, junto com os papéis do
grupo e de sua classe. Imediatamente, todos os amigos (dos quais parecia que
ela tinha um grande número) a abandonaram de imediato. Ninguém soube
dela, nem falou com ela. Ela era como uma coisa morta esquecida por todos!
1783 - 1784
Ao fazer uma sondagem mais específica, certifiquei-me de que a Sra. W
(anteriormente uma mulher vulgar) havia revelado seu próprio segredo ao Dr.
Hunt e vinte outras pessoas mais. De maneira que a primeira acusação
desapareceu no ar. Quanto à segunda, acredito verdadeiramente que a
embriaguez da qual foi acusada, foi, na realidade, uma queda devido a uma
convulsão. Assim, expulsamos uma das mais úteis líderes que tivemos por
aquelas maravilhosas razões!
“Querido Charles, não duvido que Sarah e você estejam com problemas
porque Samuel ‘mudou sua religião’. Mais do que isto – ele mudou suas
opiniões e modo de adoração.
Samuel Wesley,
“Como tenho tido preocupação desde que você era uma criancinha,
frequentemente pensei em escrever-lhe. Estou persuadido de que o que é
falado no amor será recebido com amor e, se assim for, se não causar algum
bem em você, também não causará mal algum”.
“Há muitos anos observei que, como agradou a Deus dar-lhe um notável
talento para música, então ele havia dado a você uma sagaz apreensão de
outras coisas, uma capacidade para fazer alguns progressos no aprendizado, e
(o que é de valor muito maior) um desejo de ser cristão. Mas, neste meio
tempo, frequentemente tenho sofrido por você, temendo que não tenha
seguido o caminho correto. Não digo com respeito a esta ou aquela série de
opiniões protestantes ou católicas (todas essas eu pisoteio), mas com respeito
àquelas questões mais significativas, as quais, se você seguir de maneira
errada, quer protestante ou papista, perecerá eternamente. Temi que você não
tivesse nascido de novo, e, ‘exceto se um homem nascer de novo’,274 exceto
se acreditar no Filho de Deus, ‘ele não poderá ver o reino do céu’; exceto se
experimentar aquela mudança interior da mente terrena e sensual para a
mente que estava em Jesus Cristo. Se você tivesse compreendido totalmente a
doutrina bíblica do novo nascimento, sim, e a experimentado; se há muito
tempo você tivesse usado as muitas oportunidades de melhorar aquilo que
Deus colocou em sua mão, enquanto você acreditava que tanto seu pai quanto
eu éramos professores enviados de Deus! Mas, ai de mim! O que você é
agora?”
“Se desta igreja ou daquela, não me preocupo, você pode ser salvo, em
ambas, ou condenado em ambas, mas temo que você não tenha nascido de
novo; e, a não ser que nasça novamente, não poderá ver o reino de Deus.
Você acredita que a Igreja de Roma está correta. E daí? Se não nasceu de
Deus, não é de igreja alguma. Quer Belarmino ou Lutero estejam certos, não
está renovado no espírito de sua mente à semelhança daquele que o criou”.
“Oh, Sammy, você está fora do seu caminho! Você está fora do caminho de
Deus! Você não está dando a ele seu coração. Você não o encontrou. Seria
bom que tivesse, da mesma forma buscado a felicidade em Deus! E os pobres
zelotes, enquanto você está neste estado de mente, confundirão você a
respeito desta ou da outra igreja! Os tolos são cegos! Tais guias como esses,
dirigem os homens através de perigos ocultos para o abismo sem fim. Meu
querido Sammy, seu primeiro ponto é arrepender-se e crer no Evangelho”.
1/09 – quarta-feira . Depois de ficar claro para mim, tomei medidas, as quais
há algum tempo pesavam minha mente, e designei o Sr. Whatcoat e o Sr.
Vasey para servirem às ovelhas desoladas na América.
Pressupus que minhas jornadas nesse inverno tinham acabado, mas não podia
recusar uma mais e, na terça-feira, dia 17, parti para a pobre Colchester, a
fim de encorajar o pequeno rebanho. Eles tinham muito pouco dos bens do
mundo, mas muitos deles tinham a porção melhor.
5/02 – domingo.
1 786
Esta semana, em viagem, li o livro do Dr. Stuart, “História da Escócia”.
Trata-se de um escritor de fato! Muito acima do Dr. Robertson, tanto quanto
o Dr. Robertson está acima de Oldmixon. Ele afirma acima de qualquer
suspeita, que as acusações contra a Rainha Mary eram totalmente infundadas;
que ela foi traída vilmente por seus próprios servos, do começo ao fim; e que
não foi apenas uma das melhores princesas na Europa, mas uma das mais
irrepreensíveis; sim, e das mais piedosas mulheres!
1/07 – sábado. Segui para Bramley, cerca de quatro milhas de Sheffield, onde
um cavalheiro construiu uma esmerada casa de pregação para os pobres, às
suas próprias expensas. Como o aviso foi rápido, não tive necessidade de
pregar nas redondezas.
3/10 – sábado. Fui para a cama em meu horário habitual, às nove e meia da
noite e, de acordo com meu entendimento, em perfeita saúde. Mas,
exatamente à meia noite, fui acordado por um impetuoso fluxo, que não me
permitiu descansar por muitos minutos consecutivos.
Constatando que ele mais aumentava do que diminuía, embora (o que nunca
experimentei antes) sem sua velha companhia, a câimbra, pedi para
chamarem o Dr. Whitehead. Ele veio por volta das quatro horas da manhã, e,
pela bênção de Deus, em três horas senti-me tão bem como sempre. Não
encontrei a menor fraqueza ou desânimo, mas preguei de manhã e à tarde sem
qualquer cansaço. De tal maneira que, humanamente, diria como o filho de
Siraque:281 “Honre o médico, porque Deus o designou”.
24/12 – domingo. Queria pregar em Old Jewry, mas a igreja estava fria e
assim também a congregação. Tivemos outra, de outro tipo, no dia seguinte,
no Natal, às quatro horas e também às cinco horas da tarde, na nova capela e
em West-Street, por volta do meio-dia.
8/01 – segunda-feira. Nos quatro dias que se seguiram, pedi pelos pobres.
Espero ter condições de providenciar alimento e roupas para aqueles da
sociedade que estão em grande necessidade e não tem ganho semanal; esses
eram por volta de duzentos, mas sentiam-se muito desapontados. Seis ou sete
de nossos irmãos deram dez libras cada um. Se quarenta tivessem feito o
mesmo, eu poderia concretizar meu intento. Entretanto, muitas boas obras
foram feitas com duzentas libras e muitos corações entristecidos se
alegraram.
18/08 – sábado.
Dr. Coke e eu jantamos na casa do governador.
25/02 – terça-feira.
1 788
Tive uma solene despedida da congregação em West-Street, aplicando, uma
vez mais, o que reforcei cinquenta anos antes: “Pela graça somos salvos,
através da fé”.292 No encontro seguinte, a presença de Deus preencheu o
lugar de uma maneira maravilhosa. Na tarde seguinte, tivemos uma
congregação muito numerosa na nova capela, para a qual declarei todo o
conselho de Deus. Parece que agora terminei minha obra em Londres. Se vê-
los novamente, muito bem, se não, oro a Deus para levantar outros que sejam
mais fiéis e mais bem sucedidos em sua obra!
Satanás fugiu, a fim de que seu reino fosse liberto. Separamos a sexta-feira
como um dia de jejum e oração, para que Deus se lembre daqueles pobres
homens banidos; e (o que parece impossível ao homem, considerando a
fortuna e poder de seus opressores) providencie uma forma deles escaparem e
partirem seus grilhões em dois.
15/03 – sábado. À tarde, não tendo outro tempo, preguei uma vez mais no
Templo. Não havia pensado em resolver a controvérsia que ultimamente
incomodou esta cidade, até que li aquelas palavras na Segunda Lição, as
quais me lançaram sobre ela: “Quem será punido eternamente da presença do
Senhor, e da glória de seu poder” 2Tessalonicenses 1.9. E, então, pensei que
seria meu dever falar clara e enfaticamente sobre este assunto.
A obra de Deus segue firme por aqui. Mais e mais são continuamente
convencidos e convertidos a Deus. Mas a casa de pregação é muito pequena,
de maneira que muitos que vieram não puderam entrar. Fomos para
Worcester à tarde, onde também a casa é muito pequena para a congregação.
Os metodistas aqui têm, por meio da beneficência, silenciado totalmente a
ignorância dos homens tolos, de maneira que eles agora estão
abundantemente mais em perigo, devido à honra do que à desonra.
No
dia 29 de março morreu o Reverendo Charles Wesley aos 79 anos.294
1/04 – terça-feira. Segui para Burslem, onde a obra de Deus ainda prospera
grandemente. Pecadores – homens, mulheres, e crianças – são convencidos e
convertidos a Deus todos os dias, e existem muito poucos que voltaram atrás,
visto que estão muito unidos em afeição e vigiam uns aos outros no amor.
19/04 – sábado. Fui para Bolton, onde preguei, à noite, em uma das mais
elegantes casas do Reino, e para uma das mais vívidas congregações.
Francamente, não há tal grupo de cantores em quaisquer das Igrejas
Metodistas nos três Reinos. E não pode haver, porque temos perto de uns cem
desses sopranos – garotas e meninas – selecionados de nossas Escolas
Dominicais, e corretamente ensinados; como não acontece em qualquer outra
capela, catedral ou sala de músicas nesses quatro mares. Além disso, o
espírito com que todos cantam, e a beleza de muitas delas são tão adequada à
melodia que desafio alguém a superá-las, exceto os anjos cantores na casa de
nosso Pai.295
Elas são exemplo para toda a cidade. A diversão comum delas é visitar os
pobres e doentes (algumas vezes em grupo de seis, oito ou dez), para os
exortar, confortarem e orar com eles. Frequentemente, dez ou mais se reúnem
para cantar e orar por si mesmas; algumas vezes, trinta ou quarenta; e estão
perfeitamente engajadas, alternadamente cantando, orando e clamando, de
maneira que não sabem como se separar. Ao ouvirem isto, por que seus filhos
não podem fazer o mesmo? Deus não está aqui tanto quanto em Bolton?
Deixe Deus se levantar e manter sua causa própria, mesmo “da boca dos
bebês e recém-nascidos!”
Partimos na
quinta-feira, 15, às quatro horas, e alcançamos Glasgow na sexta-feira
, 16, antes do meio-dia.
6/06 – sexta-feira. Ao sair de minha sala, pisei em falso, inclinei para frente e
bati numa das beiradas da escadaria, um quarto de polegada acima do meu
olho direito, exatamente em minha pálpebra. Coloquei um pequeno papel
branco sobre ela, que imediatamente parou o sangramento, e preguei sem
qualquer inconveniência. A obra de Deus tem crescido aqui ultimamente.
Muitos tem se convencido do pecado, muitos justificados; alguns
aperfeiçoados no amor, e muitos acrescidos à sociedade.
7/06 – sábado. Nossos irmãos acharam que a casa de Pregação não conteria
as pessoas às cinco da manhã, mas, antes que eu começasse a falar, ela ficou
superlotada; e, como a viga principal que a apoiava cedeu, o chão começou a
afundar! Alguns gritaram: “A sala está desabando!”; um homem pulou da
janela; o restante vagarosa e quietamente saiu sem a menor correria ou
confusão; de maneira que nada pôde causar dano, exceto um pobre cão que
estava debaixo da janela. Então, preguei em campo aberto para duas ou três
vezes mais pessoas do que a sala teria abrigado, e todos estiveram atentos.
Às seis horas da tarde, preguei em nossa própria casa, para tantos quantos
puderam entrar (mas muitas pessoas foram embora), sobre “Mas longe esteja
de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual
o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.301
28/06 – sábado. Hoje entrei em meu octogésimo quinto ano; e louvo a Deus
pelas mil bênçãos espirituais e pelas bênçãos corporais também. Quão pouco
tenho sofrido ainda pelo “avanço de numerosos anos!” É verdade que não
estou tão ágil quanto já estive. Não corro ou caminho tão rápido como fazia;
meus olhos estão um pouco decaídos; meu olho esquerdo está mais opaco e
dificilmente me serve para ler. Tenho algumas dores diárias no globo ocular
de meu olho direito, na minha têmpora direita (ocasionada por um golpe que
recebi há alguns meses), e no meu ombro e braço direitos, que eu imputo
parcialmente a uma torcedura, e parcialmente ao reumatismo. Encontrei,
igualmente, algum declínio em minha memória, com respeito aos nomes e
coisas recentemente passadas, mas não com respeito ao que tenho lido ou
ouvido nesses vinte, quarenta ou sessenta anos; nem encontro declínio em
minha audição, gosto ou apetite (se bem que necessito da terça parte da
comida de que já precisei); nem sinto tal coisa como fraqueza, nem ao viajar
ou pregar. Não estou consciente de nenhum declínio em escrever meus
sermões, o que tenho feito tão prontamente, de bom grado e, acredito, tão
corretamente como sempre. E a que causa posso imputar tudo isso? Porque
sou como sou? Primeiro, sem dúvida, ao poder de Deus, adequando-me ao
trabalho a que fui chamado, por quanto tempo ainda agradar a ele. Depois,
subordinadamente a isto, às orações de seus filhos. Podemos nós não imputar
aos motivos menores? 1. Ao meu constante exercício e mudança de ar? 2. A
nunca ter perdido uma noite de sono, doente ou com saúde, por terra ou por
mar, desde que nasci? 3. Ao fato de que, quando me sinto desgastado, a
qualquer hora, de dia ou de noite, ao meu comando o sono vem? 4. Ao meu
levantar constantemente às quatro horas, por quase sessenta anos? 5. Às
minhas constantes pregações, às cinco horas, nesses quase cinquenta anos? 6.
Por ter tido tão poucas dores em minha vida, e tão pouca tristeza ou
ansiedade para me preocupar?
“Viverei os dias que me restam louvando aquele que morreu para que o
mundo fosse redimido; poucos ou muitos os meus dias, eu devo a ele; e a ele,
eu os dedicarei”.
Preguei de manhã sobre “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que
alcancemos um coração sábio”;302 à noite, sobre “Notai, pois, que não vos
sobrevenha o que está dito nos profetas: Vede, ó desprezadores, maravilhai-
vos e desvanecei, porque eu realizo, em vossos dias, obra tal que não crereis,
se alguém vo-la contar”.303 E me empenhei em melhorar as horas
intermediárias, para melhor proveito.
30/06 – segunda. Por volta das oito horas, preguei em Scotter e achei bom
estar lá. Às onze horas, preguei em Scowby, duas milhas de Brigg, para uma
numerosa e séria congregação. À tarde, seguindo diretamente para aquela
construção curiosa, o Mausoléu do Sr. Pelham, apeei e dei uma olhada, por
dentro e por fora dele. Igual, suponho, não é encontrado na Inglaterra. Ele é
exatamente redondo, cinquenta e dois pés de diâmetro e sessenta e cinco pés
de altura. A parte mais baixa contém, eu acredito, cerca de uma centena de
lugares para os corpos da família Pelham. (Deve ser um conforto para os
mortos, que seus corpos possam apodrecer acima da terra!). Em cima será a
capela. Calcula-se que toda a construção custará sessenta mil libras.
6/07 – domingo. Vim para Epworth antes que o culto da igreja começasse e
fiquei feliz em observar a seriedade com que o Sr. Gibson leu as orações e
pregou um sermão simples e útil. Mas fiquei triste em ver vinte comungantes,
metade dos quais vieram por minha causa. Fui informado, também, que
dificilmente cinquenta pessoas costumam participar dos cultos do domingo.
O que pode ser feito para remediar essa danosa ferida?
Estive refletindo sobre as delicadas etapas por meio das quais a idade nos
assola. Para dar apenas um exemplo. Quatro anos atrás, minhas vistas
estavam tão boas como quando eu tinha vinte e cinco anos. Então, comecei a
observar que não podia ver as coisas tão claramente, com meu olho esquerdo,
quanto com meu olho direito; todos os objetos pareciam um pouco
amarronzados com aquele olho. Depois comecei a ter alguma dificuldade em
ler um pequeno impresso sob a luz da vela. Um ano mais tarde, constatei que
o mesmo acontecia sob a luz do dia.
No inverno de 1786 – não pude ler bem nosso hinário de quatro xelins, a não
ser com uma vela enorme; no ano seguinte, não pude ler letras pequenas ou
mal escritas à mão. No inverno passado, um granulado apareceu no meu olho
esquerdo, e sua visão ficou bastante ofuscada. O olho direito pareceu
inalterado, apenas estou com a vista mais curta do que estava. Assim são
“aqueles que quando olham para fora das janelas veem tudo escuro”; uma das
marcas da idade avançada. Mas dou graças a Deus, “o gafanhoto não é um
peso”.306 Eu ainda sou capaz de viajar e minha memória é a mesma que era,
e dessa forma, eu acredito, meu discernimento.
Esta semana dediquei-me à leitura das obras de meu irmão. São poemas
curtos sobre os Salmos, os quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos.
Alguns são ruins; alguns, razoáveis; alguns, excelentemente bons. Eles dão o
verdadeiro sentido da Escritura, sempre em um bom inglês, geralmente em
bom verso; muitos deles são iguais a maioria, se não a qualquer coisa que ele
sempre escreveu; mas alguns ainda temperados com aquele veneno do
misticismo, com que não nos envenenamos, antes que fôssemos para a
América.
Isto deu um aspecto sombrio, primeiro, à sua mente, e então a muitos de seus
versos. E fez com que ele frequentemente descrevesse a religião como uma
coisa melancólica: e tão frequentemente soou em seus ouvidos “Ao deserto”,
e fortemente o persuadiu a favor da solidão.
31/12 – quarta-feira. Uma companhia numerosa concluiu o ano velho com
uma noite de vigília muito solene. Até aqui Deus tem nos ajudado e nem
vemos, nem sentimos aqueles terríveis julgamentos que alguns disseram que
Deus derramaria sobre a nação por volta da conclusão do ano.
1/01 –
quinta-feira
1 789
. Se, de acordo com algumas dessas profecias, esse for o último ano de minha
vida, espero que ele seja o melhor! Não estou preocupado com isso, mas de
bom grado recebo o aviso do anjo em Milton:307 “quão bem estás; por
quanto tempo os céus permitam!”
5/01 – segunda-feira. Ao sincero desejo da Sra. T., posei mais uma vez para
meu retrato. O Sr. Romney é um artista de fato. Ele imprimiu exata
similitude, de uma só vez, e fez mais em uma hora do que o Sr. Joshua, em
dez.
15/04 – quarta-feira. Por volta das dez horas preguei para uma pequena
congregação no Palácio da Justiça em Molingar. Tivemos uma congregação
bastante diferente, em número e espírito, no Palácio de Justiça de Longford, à
noite; e que pareceu participar prazerosamente dessas palavras: “Aquele que
faz a vontade de Deus, o mesmo é meu irmão, e irmã, e mãe”.309
17/04 – sexta-feira. Fui para a casa de meus velhos amigos em Athlone, mas,
para minha surpresa, encontrei-os em desordem. Odiaria ouvir as partes
conflitantes cara a cara e fiquei espantado em me certificar quão pouco é
preciso para o fogo se acender. Alguns dos líderes tinham, sem motivo
aparente, ofendido o assistente. Ele chamou o Sr. R., e advertiu contra
absorver o mesmo preconceito, dizendo-lhe que: “Se ele fizesse o mesmo,
teria que se precaver da consequência” (com referência ao dano que haveria
entre as pessoas). Entendendo mal essa palavra, ele ficou furioso; outros
tomaram seu partido; e a sociedade estava em alvoroço. Falei-lhe até ele ficar
exausto, mas foi em vão; alguém poderia da mesma forma ter falado com o
vento norte. Então o deixei nas mãos de Deus, e apenas me esforcei para
extinguir a chama entre as pessoas.
21/04 – terça-feira. Por volta das dez horas, preguei na Igreja de Eyre-Court;
tão cheia, como eu suponho, nunca esteve antes; e muitos dos ouvintes
pareceram sentir a palavra. De lá, segui para Birr. Como o cenário está
mudado aqui! Um dos mais melancólicos lugares da Irlanda tornou-se um dos
mais vívidos! Mas não pude pregar nos arredores, à noite, devido à chuva.
Então, fizemos o que foi possível na sala e no pátio, e tivemos a mais solene
oportunidade.
17/05 – domingo. Não me senti muito bem por alguns dias, e pensei em
retornar direto para Londres. Mas julguei melhor tentar um pouco mais, de
maneira que parti para Castlebar. No mesmo momento senti uma completa
mudança, apenas um pouco febril. Mas isto não impediu minha pregação à
tarde, nem a Deus de nos dar uma bênção incomum. O mesmo nos aconteceu
na tarde seguinte, mas mais eminentemente na terça-feira, de manhã e à
tarde; assim como na administração da Ceia do Senhor, no qual dois clérigos
desejaram ser nossos parceiros.
A casa estava tão lotada, dentro e fora (e, de fato, com algumas das mais
respeitáveis pessoas na cidade) que foi com a mais extrema dificuldade que
entrei, mas então certifiquei-me que não entrei sem o Senhor. Grande foi
minha liberdade de discurso em meio a eles; grande foi nossa glória no
Senhor. De maneira que mencionei, contrário ao meu próprio desejo, minha
intenção de pregar lá novamente de manhã; mas, logo depois, o sacristão
mandou-me um recado de que não seria possível; uma vez que a multidão
danificou a casa, e alguns deles quebraram e carregaram embora a prata que
estava sobre a Bíblia no púlpito. Assim, pedi que um dos nossos pregadores
pregasse em nossa pequena casa, e deixamos Belfast logo cedo.
4. Observem, que aqui não existe disputa a respeito do direito das casas. Não
tenho direito a qualquer casa de pregação na Inglaterra. O que reivindico é o
direito de estabelecer os pregadores. Isto esses curadores roubaram de mim,
no presente exemplo. Portanto, apenas um desses dois caminhos pode ser
tomado: entrar com um processo por causa desta casa, ou construir outra.
Preferimos a última, porque é o caminho mais amigável.
Eu peço, portanto, meus irmãos, pelo amor de Deus; por amor a mim, seu
velho e quase fatigado servo; por amor ao metodismo primitivo, que, se a
itinerância for interrompida rapidamente virá o nada. Por amor à justiça, à
misericórdia, e à verdade, que são todos tão gravemente violados pela
detenção desta casa; quem vocês colocarão em seus ombros para a obra
necessária? Não se limitem aos seus próprios interesses. Nunca tivemos tal
motivo antes. Não permitam, então, que homens indelicados, injustos e
fraudulentos tenham motivo para regozijarem-se do seu mau trabalho. Esta é
uma causa comum. Empenhem-se ao máximo. Subscrevi cinquenta libras.
Assim fez Dr. Coke. Os pregadores fizeram tudo que puderam. Que aqueles
que têm muito deem abundantemente! Talvez, esta seja a última obra de amor
que eu possa ter oportunidade de recomendar a vocês.
7/10 – quarta-feira. Estou agora tão bem, pela boa providência de Deus,
quanto me é possível estar. Minhas vistas estão tão deficientes que não posso
ler à luz de velas, mas ainda posso escrever tão bem quanto antes. Minhas
forças estão mais diminuídas, de modo que não posso pregar duas vezes ao
dia facilmente. Mas dou graças a Deus, minha memória não está muito pior, e
meu discernimento está tão claro como esteve nesses cinquenta anos.
26/10 – segunda-feira. Parti logo cedo, jantei em Wallingford, exatamente
cinquenta milhas da nova capela, e preguei à tarde para um povo muito maior
do que a casa de pregação poderia conter. Foi um dia do poder de Deus, e
acredito a maioria dos corações resolutos tremeu diante de sua palavra.
29/10 – quinta-feira. Retornei para Oxford e, como aviso tinha sido dado,
embora sem meu conhecimento, de minha pregação ao meio-dia, assim fiz
sobre “Existe único Deus”, para uma congregação muito séria; mas, à tarde,
tal multidão de pessoas pressionou para entrar, de maneira que eles
impediram outros de ouvirem. Eu não sei quando tivemos tanto barulho na
congregação; e na ânsia de ouvirem eles frustraram seu próprio propósito.
16/12 – quarta-feira. Quase rouco, não poderia cantar, nem falar, no entanto,
determinei mostrar-me, por fim, onde havia designado pregar.
Preguei novamente em Margate, à tarde, até que minha voz estava quase tão
clara quanto esteve antes que começasse. O Espírito de Deus esteve conosco.
27/12 – domingo. Preguei na Igreja de St. Luke, nossa paróquia, à tarde, para
uma congregação numerosa sobre: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele
que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de
graça a água
1789 - 1790
da vida!”315 De tal modo a mesa virou que agora tenho mais convites para
pregar em igrejas do que posso aceitar.
31/12 – quinta-feira. Preguei na nova capela, mas para evitar a câimbra fui
para cama às dez horas da noite. Fui bem servido. Não sei quando sofri tanto
disso em uma só noite.
1/01 – sexta-feira
1790
. Sou agora um homem idoso; decaído da cabeça aos pés. Meus olhos estão
embaçados; minha mão direita treme muito; minha boca é quente e seca toda
manhã; tenho uma febre vagarosa quase todos os dias; meu movimento é
fraco e lento. Entretanto, graças sejam dadas a Deus, não diminui meu
trabalho; ainda posso pregar e escrever.
5/01 – terça-feira. Fiz uma visita ao meu velho amigo Mark Davis e, à tarde,
preguei para uma pequena audiência em Leytonstone.
17/01 – domingo. À tarde, preguei em Great St. Helen, para uma grande
congregação. Eu acredito que faz cinquenta anos, desde que preguei aqui pela
última vez. O que Deus tem feito desde então!
24/01 – domingo. Tivemos uma festa do amor para toda a sociedade, na qual
muitos falaram da sua experiência com muita simplicidade.
16/02 – terça-feira. Retirei-me para Balham por alguns poucos dias, com o
objetivo de terminar meus sermões e colocar todas as minhas pequenas coisas
em ordem.
18/02 – quinta-feira.
Preguei uma vez mais na pobre
Wandsworth. A casa estava mais cheia do que esteve por vários anos; e eu
não posso deixar de esperar que Deus, uma vez mais, reconstruirá os lugares
debilitados.
21/02 – domingo. Preguei para as crianças na nova capela e acredito que não
em vão.
Me submeti à importunidade e, mais uma vez, posei para meu retrato. Mal
pude acreditar em mim mesmo: o retrato de alguém em seus oitenta e sete
anos!
À tarde, tive tal congregação em Snowfields como não tem havido ali por
muitos anos. Mais tarde, encontrei os penitentes pela ultima vez. Eles quase
lotaram a sala, e Deus estava entre eles.
“Sua senhoria sabe quem são os metodistas? Que muitos milhares deles são
membros zelosos da Igreja da Inglaterra, e fortemente ligados não apenas à
Sua Majestade, mas ao seu presente ministro? Por que o senhor Lorde
(coloque a religião fora de questão) expulsaria tal corpo de amigos
respeitáveis? Por causa dos sentimentos religiosos deles? Ai de mim, meu
senhor! É este um tempo de perseguir algum homem por causa de sua
consciência?”
“Eu imploro, meu senhor, faça como você gostaria que fosse feito. Você é
um homem sensato; você é um homem culto; mais do que isto, eu
verdadeiramente acredito (o que é infinitamente mais valioso) você é um
homem piedoso”.
“Então, pense, e deixe pensar. Eu oro a Deus para que abençoe com as mais
selecionadas de suas bênçãos”.
Eu sou, meu senhor,
J. Wesley
15/03 – segunda-feira. Parti logo cedo e jantei em Stroud, mas, à tarde, não
sabíamos o que fazer. A casa de pregação era muito pequena para conter a
congregação, de maneira que várias centenas (supôs-se) foram obrigadas a ir
embora. Mas o poder de Deus permaneceu conosco e grande foi nosso
regozijo nele.
19/03 – sexta-feira. Por volta das onze horas, indo em direção a Quinton,
encontrei uma congregação esperando por mim. Então, para que não os
desapontasse, preguei imediatamente sobre “Nós amamos a ele, porque ele
primeiro nos amou”,320 e, então, fomos para Birmingham, que, penso, está
três vezes maior de quando a vi, cinquenta anos atrás.
21/03 – domingo. As orações começaram na nova casa por volta das dez e
meia. Ela era um pouco maior que a nova casa em Brompton e
admiravelmente bem construída. Mas várias centenas, eu suponho, não
puderam entrar. Penso que todos que puderam certificaram-se que Deus
estava ali. A grande casa igualmente, à tarde, era completamente insuficiente
para conter a congregação. Mas Deus é capaz de suprir esta necessidade
também, e seu tempo é o melhor.
23/03 – terça-feira. Por volta da uma hora da tarde preguei na nova casa em
Dudley, uma das mais asseadas na Inglaterra. Foi uma ocasião proveitosa,
onde duas pessoas, me informaram, encontraram paz com Deus. Tivemos
uma prazerosa cavalgada até Wolverhampton. Durante a tarde a chuva
começou, e continuou por cerca de vinte horas, depois de mais de vinte e
quatro semanas de tempo bom; tal inverno nunca vi antes.
28/03 – domingo. Preguei logo depois da uma da tarde no pátio do Sr. Myat,
em Lane-End. A casa não podia conter um quarto das pessoas. Em Burslem,
também fui obrigado a pregar nos arredores, tais eram as multidões.
Certamente o povo deste lugar foi altamente favorecido. A misericórdia os
abraçou de todos os lados.
10/04 – sábado. À noite preguei em uma agradável casa em Bolton, para uma
das mais amáveis congregações na Inglaterra; que, pela perseverança em
fazer o bem, transformou o desprezo e ódio em estima geral e boa vontade.
“Há alguns dias você tem estado em meus pensamentos. Sofro por sua causa,
e temo que você possa sentir, quando for muito tarde, que tenho faltado em
minha afeição por você. Por que deveria vê-lo necessitando de alguma coisa e
não me esforçaria para suprir sua necessidade? Do que você precisa? Não
devem ser roupas, ou livros, ou dinheiro. Se for isto, posso logo supri-lo. Mas
eu temo que você necessite (do que você afinal menos suspeita) daquilo que é
o importante
– de religião. Eu não quero dizer a religião externa, mas a religião do
coração; a religião que Kempis, Pascal e Fénelon desfrutaram; aquela vida de
Deus na alma do homem, o caminhar com Deus e ter amizade com o Pai e o
Filho”.
“Oh, Sammy, você é chamado para alguma coisa melhor do que isto. Você é
chamado para conhecer e amar ao Deus da glória, para viver na eternidade,
caminhar na eternidade e viver a vida que está oculta com Cristo, em Deus.
Escute atentamente ao conselho de alguém que se encontra à beira da
eternidade. A despeito do preconceito, vá e ouça a palavra que é capaz de
salvar sua alma. Dê a Deus seu coração. Considere essas, meu querido
Sammy, como provavelmente as palavras moribundas de seu afetuoso tio”.
J. Wesley
Passei uma agradável tarde com uma família amorosa, e preguei para uma
congregação séria.
27/05 – quinta-feira. Seguimos por Forfar (agora uma bela e quase nova
cidade) e Cupar até Auchterarder. Aqui esperávamos acomodações pobres,
mas fomos agradavelmente desapontados. Alimento, camas e tudo o mais
eram tão asseados e limpos como em Aberdeen ou Edimburgo.
1/06 –terça-feira . O Sr. Mather teve uma boa reunião às cinco horas.
Durante o dia conversei com muitas das pessoas; um povo cândido, humano e
bem comportado, diferente da maioria que encontrei na Escócia. À tarde, a
casa estava cheia; e verdadeiramente Deus pregou aos seus corações.
Certamente Deus terá um povo considerável aqui.
Note bem: Nenhum de nossos mestres e mestras ensina por pagamento: eles
buscam uma recompensa que o homem não pode dar.
11/06 – sexta-feira. Por volta das sete horas da noite preguei em Stanhope;
mas nenhuma casa conteria a congregação. Assim, fiquei do lado de fora,
perto da igreja, e reforcei: “Se algum homem tiver sede, que venha a mim e
beba”.330
12/06 – sábado. Seguimos, por uma agradável região, para Sunderland, onde
preguei, à tarde, para uma numerosa congregação.
Preguei às cinco horas da tarde, perto de Pens, para vários milhares. Aqui
está claro que nosso trabalho não tem sido em vão.
15/06 – terça-feira. Recebi um relato adicional da Sra. B., e de duas pessoas
que viveram com ela por um ano e três meses; fiquei totalmente convencido
de que ela desistiu da forte ilusão (se natural ou diabólica, não sei) de
acreditar em uma mentira. Uma prova pode ser suficiente. Algum tempo atrás
ela disse à comunidade, como se fosse de Deus, que o dia do julgamento
aconteceria naquela tarde.
De uma maneira adequadamente fácil: “Moisés”, ela disse, “não pôde ver a
face de Deus até que jejuasse por quarenta dias e quarenta noites. Devemos
todos fazer o mesmo”. Assim, por três semanas ela não ingeriu alimento,
apenas três goles de água por dia; e três semanas mais, tomou três punhados
de mingau diariamente. Foi pela misericórdia que a metade deles não morreu
ao fazer o experimento.
17/06 – quinta-feira. Por volta do meio-dia preguei em Potto, para uma
congregação profundamente séria; e outra tal, à tarde, em Hutton-Rudby. Há
vinte anos esta sociedade era um padrão para toda a região, por sua seriedade
e profunda devoção. Penso que dezessete deles foram aperfeiçoados no amor,
mas apenas três permaneceram, e a maioria abandonou ou tornou-se fria e
morta.
2/07 – sexta-feira. Por volta das sete horas preguei em Newton, mas a casa
não conteve metade das pessoas. Não choveu durante o tempo da pregação,
mas havia chovido antes, e choveu depois.
4/07 – domingo. Fui para Misterton, onde igualmente a obra de Deus estava
excessivamente decaída. A casa era muito pequena para conter a multidão,
fiquei debaixo de uma árvore e exortei fortemente a “fortaleceram as coisas
que restam” e que estavam “prontas para morrer”.331
De lá, apressei-me de volta para Epworth mas não pude alcançá-la até que o
culto da igreja começasse. Constatou-se que o Sr. Gibson leu as orações com
solenidade incomum; e eu acredito que ele não ficou descontente em ver
cinco vezes mais gente na igreja, na Ceia do Senhor, do que era usual.
Tão logo o culto vespertino terminou, fiz aquela terrível pergunta na praça do
mercado: “Como poderemos escapar, se negligenciarmos tão grande
salvação?”,332 para tal congregação como nunca vi antes em Epworth.
29/08 – domingo. O Sr. Baddiley seguiu para o norte e o Sr. Collins engajou-
se em algum outro lugar, de maneira que não tive alguém para me assistir no
culto, e não poderia ler as orações, o sermão e a Ceia do Senhor em um
período de três horas. Preguei, à tarde, perto da Praça Real, e os corações se
prostraram diante do Senhor.
Mais tarde visitei seu profundamente aflito marido, que passou algumas horas
conosco no dia seguinte. Espero que ele não sofra como alguém que não tem
esperança, mas confie em encontrá-la em um lugar melhor.
A casa estava lotada com ouvintes sinceros, e creio que a Palavra não caiu no
chão.
Nos dois dias seguintes corrigi e resumi um relato sobre a excelente mulher,
Sra. Scudamore; uma luz ardente e brilhante até que os místicos a
persuadiram a esconder seus talentos. Assim, por mais de dois anos ela
renunciou a toda convivência, até mesmo com seus piedosos amigos! Quanto
disto está de acordo com a Escritura? “Todo meu deleite está nos santos que
existem na terra, e com aqueles que excedem em virtude!”. Quão distante
estava a experiência de Jane Cooper, ou Elizabeth Harper, preferível a da tal
solitária!
Certamente, Deus está retornando para esta sociedade! Eles agora querem
sinceramente tornar seu chamado e eleição certos.
6/09 – segunda-feira. Esta tarde a congregação era quase tão grande quanto
foi na noite anterior; e o poder de Deus estava poderosamente presente. E
assim foi na terça e quarta-feira à tarde, em Bristol.
Isto confunde todos os médicos, e nenhum dos seus medicamentos altera isto.
19/09 – domingo. Sr. Collins assistiu-me de manhã, assim tive um dia de
trabalho confortável.
27/09 – segunda-feira. Deixei Bristol por volta das onze horas, preguei em
Devizes e, à tarde, em Sarum. Não soube de alguma vez ter visto a casa tão
lotada antes, com pessoas de todos os níveis sociais, ricos e pobres: De
maneira que espero que possamos ver fruto aqui também.
14/10 – quinta-feira. Fui para Yarmouth e, por fim, encontrei uma sociedade
em paz e muito unida. À noite a congregação estava bem numerosa para
entrar na casa de pregação, ainda assim eles fizeram muito menos barulho
que o usual. Depois da Ceia, uma pequena companhia veio para orar e o
poder de Deus caiu sobre nós, especialmente quando uma jovem irrompeu
em oração, para a surpresa e conforto de todos.
15/10 – sexta-feira. Fui para Lowestoft, até uma sociedade firme, amorosa e
unida. O mais estranho é que eles não aumentaram, nem diminuíram em
número.
17/10 – domingo. Às sete horas, ministrei a Ceia do Senhor para umas cento
e cinquenta pessoas, cerca de duas vezes mais do que tivemos no ano
passado. Soube que os últimos pregadores eram sérios. Logo depois fomos
para nossa própria igreja, embora não houvesse sermão aqui, nem em
qualquer das trinta e seis igrejas na cidade, salvo na Catedral e Igreja de St.
Peter. Preguei às duas horas. Quando terminei, Mr. Horne, que pregou na
catedral de manhã, veio visitar-me; um homem agradável, quanto ao
temperamento e pessoa; e, acredito, muito vivo para Deus. Às cinco e meia
preguei novamente, e mesmo aqueles que não puderam entrar permaneceram
mais quietos e silenciosos do que já os havia visto anteriormente. Deus estava
ali; e eu não tenho dúvida de que ele reviverá sua obra aqui também.
Os últimos apontamentos
Wesley em seu leito de morte: “O melhor de tudo é que Deus está conosco”
Últimas horas por alguém 1791
que esteve presente
Balaan, 24 de fevereiro, 1791.
A William Wilberforce
[No dia 22 de fevereiro, a Srta. Ritchie leu para ele, antes do café da manhã, a
vida de um escravo negro, Gustavus Vassa. Em 20 de abril, os Comuns
rejeitaram a moção de Wilberforce, por 163 votos a 88; e não foi até 1807
que a grande vitória foi conseguida].
Prezado Senhor,
“Que aquele que tem guiado você desde sua juventude, possa continuar a
fortalecê-lo nesta e em todas as coisas, é a oração, querido senhor, de seu
afetuoso servo”.
J. Wesley
Por volta das onze horas, a Sra. Wolff o trouxe para casa, e fiquei comovido
com a maneira como ele saiu da carruagem e foi para dentro da casa; mais
ainda quando ele subiu as escadas e se sentou em uma cadeira. Me esforcei
para buscar algum refresco, mas antes que pudesse conseguir alguma coisa
ele mandou o Sr. Rogers para fora de seu quarto, e pediu para não ser
interrompido por meia-hora, acrescentando: “nem mesmo se Joseph Bradford
vier!”
Alguns minutos depois o Sr. Bradford chegou e, tão logo o tempo estipulado
se esgotou, ele entrou no quarto. Logo em seguida saiu e me pediu para
preparar uma bebida quente, feita com vinho, açúcar e condimentos, e levar
para o Sr. Wesley, que bebeu um pouco e pareceu dormir. Alguns minutos
depois, no entanto, ele foi tomado pela doença, jogou o copo para o alto e
disse: “Eu devo me deitar”. Imediatamente mandamos chamar o Dr.
Whitehead; quando de sua chegada o Sr. Wesley sorriu e disse: “Doutor, eles
estão mais apavorados do que afligidos”. Depois, deitou-se a maior parte do
dia, com seu pulso rápido, queimando de febre e extremamente sonolento.
Após pronunciar dois versos, suas forças falharam; mas, depois de se deitar,
por algum tempo, ele pediu ao Sr. Bradford que providenciasse tinta e caneta,
mas sua mão direta tinha se esquecido de sua astúcia, e aqueles dedos ativos,
que têm sido os instrumentos abençoados da consolação espiritual e instrução
prazerosa de milhares, não puderam mais realizar seu trabalho.
Algum tempo depois ele me disse: “Eu quero escrever!”, e lhe trouxe
novamente a caneta e a tinta; coloquei a caneta na sua mão, e o papel diante
dele, que murmurou: “Não posso!” E respondi: “Deixe-me escrever para o
senhor; diga-me o que gostaria de falar”. “Nada!”, retornou ele, “a não ser
que Deus está conosco”.
De manhã ele disse: “Vou me levantar”. Enquanto suas coisas estavam sendo
preparadas, ele irrompeu de uma maneira que, considerando sua extrema
fraqueza, surpreendeu-nos a todos, nessas abençoadas palavras:
Que foram também as últimas palavras que nosso Reverendo e querido pai
anunciou na Capela da City Road; e, na terça-feira à noite, antes da
pregação: “Através do Espírito esperamos”, e, assim por diante. Quando ele
se sentou em sua cadeira, o vimos transformar-se para a morte, mas,
indiferente a esse quadro e com sua voz enfraquecida, disse: “Senhor, dá
forças àqueles que podem falar, e àqueles que não podem. Fala, Senhor, aos
nossos corações, e deixa com que eles saibam que tu libertas as línguas”. E,
então, cantou: “Ao Pai, Filho e Espírito Santo. Que docemente todos
concordam”.
Aqui sua voz falhou e, depois de tomar o fôlego, disse: “Agora que
terminamos, deixe-nos ir”. E fomos obrigados a deitá-lo na cama, de onde
não se levantou mais, mas antes de se deitar e dormir um pouco, ele me
chamou e disse: “Betsy, você, o Sr. Bradford e os outros orem e louvem”.
Nos ajoelhamos e verdadeiramente nos enchemos da presença divina. Logo
depois disse ao Sr. Bradford sobre a chave e os conteúdos da escrivaninha e,
enquanto este atendia à direção dada, o Sr. Wesley me chamou e disse: “Eu
tenho todas as coisas prontas para meu testamenteiro. Sr. Wolff, Sr. Horton e
Sr, Marriott”, aqui sua voz falhou novamente, mas tomando fôlego
continuou: “Não me deixe ser enterrado em coisa alguma a não ser em lã, e
permita que meu corpo seja carregado, em meu caixão, para dentro da
Capela”. Então, como se tudo tivesse sido feito, pediu novamente que
orássemos e louvássemos.
Outro momento tremendo foi o grande esforço que ele fez para que o Sr. B
(que não havia deixado o quarto) compreendesse que desejava ardentemente
que o sermão que tinha escrito sobre o amor de Deus pudesse ser distribuído
nos arredores e dado a todos. Alguma coisa mais ele tentou dizer, mas não foi
possível! Pouco depois, o Sr. Horton entrou; esperamos que, se houvesse
alguma coisa em mente, que ele desejasse comunicar, ele tentasse novamente
visto que tanto o Sr. Horton quanto alguns dos que estavam acostumados a
ouvir a voz de nosso querido pai, poderiam ser capazes de interpretar seu
significado, mas, embora tentasse falar, não tivemos sucesso.
Inscrição sobre o ataúde JOHANNES WESLEY, A.M Olim. Soc. Coll. Lin.
Oxon.
1. Quando o homem saiu pela primeira vez das mãos do grande Criador,
vestido tanto no corpo como na alma com imortalidade e integridade, não
havia lugar para a medicina ou a arte de curar. A habitação em que a mente
angelical, a divina partícula áurea, habitava, embora originalmente formada
do pó da terra, não estava inclinada à queda. Não tinha sementes de
corrupção e de dissolução dentro dela. Não havia coisa alguma exterior que
pudesse feri-la: paraíso e terra e todos os seus hóspedes eram brandos,
benignos e amistosos para com a natureza humana. A completa criação esteve
em paz com o homem por quanto tempo o homem esteve em paz com seu
Criador. De maneira que “as estrelas da manhã” poderiam “cantar juntas e
todos os filhos de Deus gritar de alegria”. 2. Mas, desde que o homem
rebelou-se contra o Soberano do céu e terra, quão completamente a cena está
mudada! Da incorruptível estrutura, para a enganosa corrupção; do imortal,
para o mortal. As sementes da fraqueza e dor, da doença e morte, habitam
agora nossa essência interior; de onde milhares de desordens continuamente
brotam, mesmo sem a interferência de qualquer violência externa. E como o
número dessas aumentou através de todas as coisas ao nosso redor! Os céus,
a terra e todas as coisas contidas neles conspiram para punir os rebeldes
contra o seu Criador. O sol e a lua espalham influências insalubres do alto; a
terra exala gases venenosos abaixo; os animais do campo, os pássaros, os
peixes estão em um estado de hostilidade; sim, o alimento que comemos
diariamente enfraquece o alicerce da vida que não pode ser sustentada sem
ele. Assim, tem o Senhor de todos assegurado a execução de seus decretos:
“Pó, tu és, e ao pó, voltarás”.* 3. Porém, será que nada pode ser encontrado
para diminuir essas inconveniências, que já não podem ser totalmente
removidas? Algo que minimize os males da vida e previna, em parte, a
doença e a dor, às quais estamos continuamente sujeitos? É certo que pode
existir. E um grande preventivo da dor e doença dos vários tipos parece
sugerido pelo grande Autor da natureza, na própria sentença que acarretam a
morte sobre nós: “Do suor
* Gênesis 3.19. ... pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.
de tua face comerás o pão, até que retornes ao solo”.* O poder do exercício,
tanto para preservar quanto restaurar a saúde, é maior do que se pode
conceber; especialmente naqueles que acrescentam temperança a ele; de
maneira que, se eles não se confinarem completamente a comer, seja o “pão
ou a erva do campo” (o que Deus não requer que eles façam), observem
atentamente que tipo ou medida de alimento a experiência mostra ser mais
benévolo à saúde e força.
** Onça. Trata-se de uma unidade de medida inglesa de massa, com dois valores diferentes,
dependendo do sistema que é utilizado. No sistema avoirdupois(usado para pesar objetos em geral) uma
onça equivale a 28,349523125 gramas. No sistema troy(relativo a metais preciosos e gemas, assim
como medicamentos) a onça equivale a 31,103478 gramas. N.E
* Esse comentário tem sido interpretado, recentemente, por alguns estudiosos, como sendo uma
antecipação feita por Wesley de conceitos que a psicanálise desenvolveria posteriormente.É possível
encontrar alguns trabalhos e pesquisas sobre o tema. N.E
Que ele era um bom filósofo, e um lógico perturbador, seus amigos íntimos
admitiam, mas por que ele não tomava café com eles, ou participava da
tagarelice e contava piadas intelectuais? Ou permitia seu cabelo curto como
todos os outros? Comungar todo domingo, como ele fazia, era levar a religião
de alguém, ou de si mesmo, muito seriamente. Eles começaram a rir de
Wesley, uma desaprovação que ele odiava.
No início do ano de 1729, ele começa não apenas a ler, mas a estudar a Bíblia
como único padrão de verdade e o único modelo da religião pura. Assim, ele
acreditava ver uma luz cada vez mais clara, a indispensável necessidade de
ter a mente que havia em Cristo; não apenas parte, mas toda ela, e de
caminhar como Cristo caminhou.
Eles não tinham em vista escapar da penúria (Deus dera a eles grande
quantidade de bênçãos temporais), nem ganharem riquezas ou honra, mas
simplesmente salvarem suas almas e viverem totalmente para a glória de
Deus.
Sophy Hopley
Mas existia uma paroquiana a quem ele pensou que traria conforto; uma que
esteve muito sob seu cuidado pessoal por algum tempo, Sophy Hopley,
sobrinha da esposa de Causton, magistrado chefe de Savannah, a quem
Wesley rendera-se incondicionalmente.
Mas o desejo de Wesley de salvar sua alma era mais forte que seu desejo de
desposar a Srta. Hopley; ele ignorou a oportunidade oferecida.
Sophy ficou muito grata por tudo que ele fez, e os proclamas anunciaram seu
casamento com o Sr. Williamson, um jovem pretendente, no domingo
seguinte!
Tempestades emocionais
Wesley recusa o sacramento a Sra. Williamson, por considerar que não estava
de acordo com as regras que estabelecera para este evento. Houve um
imediato alvoroço. O Sr. Williamson, sem hesitação, preparou um mandado
para levar Wesley preso por difamação do caráter de sua esposa, e por se
recusar a administrar-lhe o sacramento, pelo que a própria Sra. Willlianson
declarou-se prejudicada no montante de mil libras.
Wesley estava em uma forte posição; nove em dez acusações contra ele
diziam respeito puramente aos fundamentos eclesiásticos – ele não oficiou
enterros, batizou, conduziu cultos propriamente, e outros mais. Esses, ele
ignorou. Quanto ao décimo, difamar a Sra. Williamson, ele estava preparado
para responder.
Mas estava muito claro para Wesley que ele não estava fazendo o bem aos
seus paroquianos; as pessoas não se preocupavam com suas ministrações. Ele
dera seu coração, sua mente, seu corpo, pela redenção deles; eles
responderam que ele era alguma espécie de papista; que eles eram felizes, até
que ele veio, mas que, desde então, nada a não ser disputas aconteceram; que
suas visitações eram inquisições – eles, afinal, não gostavam deste tipo de
cristianismo.
Mas escreve, “Às quatro horas da tarde, me submeti a ser mais desprezível, e
proclamei nas estradas as boas-novas da salvação, falando de uma pequena
elevação do terreno, junto à cidade, para aproximadamente três mil pessoas.
A Palavra sobre a qual eu falei foi essa (é possível que qualquer um deva ser
ignorante para que seja cumprida, em toda a verdade, a ministração de
Cristo?).
O “gelo fora quebrado”. Tendo superado sua relutância inicial em pregar nas
colinas, Wesley começa a evangelizar e a organizar as pessoas, dentro e nos
arredores de Bristol, com sua energia infatigável. De abril a junho de 1739,
Wesley passou dez semanas ininterruptas pregando, evangelizando e
“expulsando espíritos demoníacos” no distrito de Bristol e Bath. E se formos
aceitar as próprias estimativas de Wesley, as conversões ao evangelho
passavam de vinte mil pessoas. Ele agora aceitava completamente a
necessidade das pregações ao ar livre, quer a igreja aprovasse ou não.
Assim autorizado, ele implorou a Wesley, cujos pés, ele repetidamente disse,
estaria pronto a lavar, para ler e pensar, e livrar-se de suas noções perniciosas
da “redenção universal”, da “graça livre”, da possível “perfeição sem pecado”
nesta vida.
Mas Wesley alcançara o estágio onde uma diferença doutrinária, dentro dos
limites, não poderia separá-lo de um homem de quem gostasse, e que tivesse
o espírito de regeneração nele. Os dissidentes, mesmos os quacres, eram
admitidos na sociedade. Ele estava adquirindo misericórdia. Embora
Whitefield, por algum tempo, o atacasse, Wesley nunca revidou e, quando
perguntado por que não respondia a um dos primeiros panfletos de seu
discípulo, ele dizia: “Você pode ler Whitefield contra Wesley, mas nunca lerá
Wesley contra Whitefield”. Não foi apenas porque sentiu a controvérsia fútil,
mas porque viu que a diferença pública colocaria uma arma nas mãos de seus
inimigos comuns. Em dois anos os líderes tornaram-se amigos novamente.
Lady Huntingdon
Nascido de novo
Depois que seu marido morreu no mar, em 1742, Grace Murray retornou para
Newcastle, onde, mais tarde, cuidou da Casa de Órfãos. Sua boa vontade em
se colocar à disposição de centenas de membros em suas classes, encontrando
um “grupo” todos os dias da semana e viajando para os vilarejos próximos
para ler e orar com as pessoas, inspirou as mais elevadas orações de John
Wesley: “Ela era incansavelmente paciente e inexprimivelmente terna; sagaz,
e hábil; de um comportamento atraente; e de um temperamento brando, vivaz
e alegre, no entanto, sério; enquanto, por fim, seus dons para ser útil eram tais
que ele nunca vira igual”.
Mas este não seria o único empecilho. Charles Wesley perturbou-se ao pensar
que seu irmão pudesse desposar alguém que tinha sido uma criada; ele
primeiro se apressou para persuadir John desse propósito, o qual ele disse
faria que seus pregadores os deixassem e as sociedades se dispersassem. John
assegurou-lhe que não estava se casando com Grace por causa de seu berço,
mas devido ao seu próprio mérito. Malsucedido em mudar a mente de seu
irmão, Charles determinou persuadir a jovem. Encontrando-a na Colina
Hineley, ele a saudou com “Grace Murray, você partiu meu coração!” Ele a
convenceu a cavalgar consigo para Newcastle, lá ela caiu aos pés de Bennet e
implorou que a perdoasse por tê-lo tratado tão mal. Em uma semana eles se
casaram.
Wesley não a viu novamente até 1788. Bennet separou-se dele logo depois de
seu casamento, falando asperamente a seu respeito e até mesmo acusando-o
de papismo. Ele se tornou pastor em uma igreja calvinista em Warburton,
onde morreu, com a idade de 45 anos.
Susannah Wesley
A mãe de Wesley era uma mulher notável, embora de uma natureza não
ajustada às nossas mentes hoje em dia. Ela teve dezenove filhos, e muito
orgulhosa de tê-los ensinado, um após outro, por meio dos frequentes
castigos a “chorarem mansamente”.
Pregadores leigos
Pode-se dizer que a obra, começada no tempo de Wesley, não foi uma obra
nova. Sua obra foi a do avivamento. Ele não criou coisa alguma. Ele não
tinha verdade nova para proclamar, mas uma antiga verdade. Ele visualizava
todos os homens sob a luz de sua experiência. Ele sentiu a necessidade do
evangelho; ele o buscou e encontrou. Ele tentou fazer de si mesmo justo,
pelas regras e desempenho, e fracassou. Pelo mesmo método, tentou mudar o
outro, com resultados similares. Ainda assim, com todas as medidas
corretivas, com todos os rigores de uma autodisciplina, que trouxe para
testemunhar sua própria vida, ele ainda sentia uma grande falta, um desejo
insatisfeito. A necessidade foi suprida em seu pequeno santuário em
Aldersgate. Ele foi, desde então, não mais um teorista. Ele provou
experimentalmente a eficácia desses meios de renovação. Ele o testou pelos
testes mais severos possíveis seu poder para satisfazer as mais profundas
demandas de sua vida. Ele sentiu o poder de uma nova vida, concedida a ele
em resposta da fé.
Depois de sua mudança, quando ele foi capaz de apreciar sua cegueira e
pecaminosidade anterior, e sua necessidade, ele foi capaz também de avaliar
as necessidades, a cegueira e a pecaminosidade do próximo. Abrir os olhos
dos homens cegos como ele mesmo; conduzi-los às fontes onde ele mesmo se
lavou, era a obra para a qual sua vida doravante foi consagrada, como essas
páginas mostraram. Ele teve uma ideia distinta e clara do que cada homem
necessitava. Não foi uma mudança de opinião, mas uma mudança de vida –
uma nova vida.
1735
era capaz de recebê-la; e era obrigação de cada um aceitá-la. Essas eram suas
verdades fundamentais. Sobre essas, ele empregou força até o fim; e o mundo
viu e se regozijou no seu fruto. Dessas mesmas verdades o mundo precisa
hoje, e precisará sempre, a cada sucessiva geração de homens sobre a face da
terra.
NOTAS
1 1Timóteo 4.12. Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na
palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.
2 - 1Pedro 3.15. Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.
3 - Atos 24.16. Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos
homens.
4 - Região no condado de Kent, Inglaterra. N.R.
5 - Provável menção ao Salmo 7.6. Levanta-te, Senhor, na tua indignação, mostra a tua grandeza contra
a fúria dos meus adversários e desperta-te em meu favor, segundo o juízo que designaste. N.E.
6 - 2Coríntios 1.3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e
Deus de toda consolação!
7 - 1Coríntios 16.9. Porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos
adversários.
8 - Marcos 6.
9 - Mateus 14.27. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!
10 - Zacarias 8.20-22.
11 - Wesley escreve este nome indígena da seguinte forma: Tomo-Chachi. No entanto, a grafia
moderna sofre pequena mudança, para Tomochichi. N.E.
12 - Sérios. Wesley faz uso da expressão, não para indicar um sujeito sisudo. A expressão é
característica do seu vocabulário e diz respeito a alguém com indícios de comprometimento com a
doutrina cristã, que tem dado sinais evidentes de conversão. N.E.
13 - Efésios 4.1. Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a
que fostes chamados.
14 - Romanos 4.17. Aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas
que não existem.
15 - 1Coríntios 13.
16 - Lucas 18.
17 - 2Timóteo 2.12. Se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará.
18 - Mateus 5.8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
19 - Possível referência a Zacarias 4.10. Pois quem despreza o dia dos humildes começos, esse alegrar-
se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel. Aqueles sete olhos são os olhos do SENHOR, que percorrem
toda a terra. N.E.
20 - Parte superior na popa de um navio usado para alojamento. N.E. 21 - Mateus 12.26. Se Satanás
expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino?
22 - Choctaws são nativos originários do sudeste dos Estados Unidos (Mississipi, Alabama e
Louisiana). N.E.
23 - Uma chalupa é uma embarcação de pequeno porte a remo ou a vela. N.E.
24 - Publicado em Londres, 1678. William Beveridge (1637–1708), bispo de St. Asaph. N.E.
25 - 1João 4.4. Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele
que está em vós do que aquele que está no mundo. 26 - Firelighter: instrumento, ou substância
inflamável, para atear fogo. N.R.
27 - A libra esterlina (em inglês, pound, plural pounds) é a moeda oficial do Reino Unido. Desde 15 de
fevereiro de 1971 e da adoção do sistema decimal, ela é dividida em 100 pence (singular: penny). Antes
dessa data, uma libra esterlina valia 20 shillings (que valiam por sua vez 12 pence cada um), ou 240
pence. Penny, pence e shilling já foram traduzidos em português como dinheiro, dinheiros e xelim,
respectivamente.
29 - 1João 5.4. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo: a nossa fé.
30 - Corruptela de choctaws.
31 - Provável menção a 1Coríntios 10.20. Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios
que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. N.E.
32 - Hebreus 10.32-36. Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados,
sustentastes grande luta e sofrimentos; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto de
tribulações, ora tornando-vos coparticipantes com aqueles que desse modo foram tratados. Porque não
somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos
vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável. Não abandoneis,
portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança,
para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.
33 - Hebreus 11.26. Porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros
do Egito, porque contemplava o galardão.
34 - Hebreus 12.1,2. Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos,
com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da
fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da
ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.
35 - Hebreus 13.5,6. Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele
tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos
confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?
36 - Tiago 2.1. Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em
acepção de pessoas.
37 - 1Reis 21.9,10. E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum e trazei Nabote para a frente do
povo. Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo:
Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra.
38 - Condestável parece advir de condestabre, que por sua vez deriva de um cargo palatino do Império
Romano, comes stabuli, que correspondia ao que depois se chamou estribeiro-mor, o superintendente
nas cavalariças, mas que se tornara um importante cargo militar. Oficiais de paz, subordinados aos
condestáveis. N.E.
39 - Valdoius, provável ser uma variante do francês valdois, valdenses (port.). Os valdenses são um
grupo cristão de seguidores de Pedro Valdo (?–1217). Os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de
ter a Bíblia em sua própria língua. Eles reuniam-se em casas de família ou mesmo em grutas,
clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica. Celebravam a Santa Ceia uma vez por ano.
São considerados como uma igreja pré-reformada. Negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto
às imagens como idolatria. Foram duramente perseguidos na França e na Itália, instalando-se com
maior concentração nos vales alpinos de Piemonte, norte da Itália. N.E.
40 - Isaías 40.31. Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias,
correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.
41 - Romanos 8.28. Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
42 - Tiago 5.7. Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com
paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas.
43 - Romanos 12.1,2. Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso
corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis
com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
44 - 1Coríntios 15.58. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.
45 - Eclesiastes 2.24. Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o
bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus.
47 - Tiago 2.18. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e
eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.
48 - 2Pedro 1.16. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo
seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua
majestade.
49 - Mateus 10.25. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se
chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?
50 - Os morávios são os habitantes eslavos da moderna Morávia, a parte mais oriental da República
Tcheca. No entanto, no contexto do cristianismo, a expressão remete ao movimento morávio. Iniciado
em Hernhut, Alemanha, no século XVII, o movimento de oração contínua (24 horas) chamado
Moravianos durou por quase 100 anos. Os moravianos (ou morávios) eram muito dedicados ao Senhor.
Mais de 2150 membros de sua igreja foram enviados como missionários numa ação missionária que
utilizou pessoas simples e comuns. Marcaram o recomeço de um mutirão missionário a todas as nações.
Leia excelente artigo produzido pelo Dr. Alderi Souza de Matos em: http://www.ultimato.com.br/?
pg=show_artigos&secMestre=752&sec=769&num_edicao=287 N.E.
51 - Mateus 5.14. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte.
52 - Efésios 1.11. Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito
daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.
53 - Uma referência ao batismo e a Santa Ceia do Senhor, as duas ordenanças mantidas após a Reforma
Protestante do século XVI. N.E.
54 - Marcos 9.48. ... onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. 55 - Jeremias 17.9. Enganoso
é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
56 - Filipenses 3.9. E ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é
mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.
57 - Gálatas 2.20. Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora,
tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
58 - Romanos 8.16. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
59 - Provérbios 3.6. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.
60 - Mateus 10.22. Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até
ao fim, esse será salvo.
61 - Mesa dos Depositários. Como Wesley passou algum tempo nas Treze Colônias (futuros Estados
Unidos), possivelmente, o informe “imperdoável” fosse algo sobre a rebelião das colônias contra a
Inglaterra, o que resultou na independência dos EUA. N.E.
62 - 2Timóteo 3.16. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça.
63 - Gálatas 6.12. Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos
circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
65 - A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’, de 11 de
agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no
domingo depois de Pentecostes. A citação de Wesley é incerta no que se refere “a um membro do
Corpus Christi”, uma vez que entendemos ser uma festa, e não uma organização. N.E.
67 - 2Coríntios 5.17. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram;
eis que se fizeram novas.
68 - Romanos 8.16. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
69 - 1João 5.10. Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele que não dá crédito
a Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho.
70 - 1João 5.18. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele
que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.
71 - Marcos 9.24. E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na
minha falta de fé!
72 - Tiago 5.16. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
73 - Mateus 8.22. Replicou-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios
mortos.
74 - 1Coríntios 12.31. Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda
um caminho sobremodo excelente.
75 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
76 - Romanos 7.14. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à
escravidão do pecado.
77 - Romanos 7.19. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
78 - Salmo 130. Das profundezas clamo a ti, Senhor. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os
teus ouvidos às minhas súplicas. Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?
Contigo, porém, está o perdão, para que te temam. Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu
espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã.
Mais do que os guardas pelo romper da manhã, espere Israel no Senhor, pois no Senhor há
misericórdia; nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniquidades.
79 - Mateus 26.42. Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de
mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
80 - Romanos 1.17. Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
O justo viverá por fé.
81 - Mates 5.29. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se
perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
82 - Atos 10.45. E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque
também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo.
85 - Romanos 14.17. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo.
86 - Mateus 24.27. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim
há de ser a vinda do Filho do Homem.
87 - Isaías 55.8. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.
88 - Isaías 11.9. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se
encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.
89 - Deuteronômio 32.49,50. Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de
Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que aos filhos de Israel dou em possessão. E morrerás
no monte, ao qual terás subido, e te recolherás ao teu povo, como Arão, teu irmão, morreu no monte
Hor e se recolheu ao seu povo.
90 - Deuteronômio 34.8. Os filhos de Israel prantearam Moisés por trinta dias, nas campinas de Moabe;
então, se cumpriram os dias do pranto no luto por Moisés.
91 - Atos 9.16. Pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome.
92 - Atos 8.2. Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
93 - 2Samuel 6.22. Ainda mais desprezível me farei e me humilharei aos meus olhos; quanto às servas,
de quem falaste, delas serei honrado.
94 - Lucas 4.18,19. O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.
95 - Lucas 7.42. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles,
portanto, o amará mais?
96 - Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
97 - 1João 5.12. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida.
98 - Salmo 24.1. Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele
habitam.
99 - Salmo 46.10. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na
terra.
100 - Atos 16.30. Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo?
101 - Isaías 41.10. Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu
te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.
102 - Atos 20.26,27. Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos;
porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus.
103 - 1Coríntios 13.3. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue
o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
104 - 1Coríntios 3.4. Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente
que andais segundo os homens?
105 - Lucas 22.31. Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!
106 - Jeremias 14.14. Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os
enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo
são o que eles vos profetizam.
107 - 1João 4.1. Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de
Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.
108 - 1Coríntios 10.31. Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo
para a glória de Deus.
109 - Mateus 5.3. Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
110 - Press-gang. Grupo de homens destinados a forçar outros a entrarem para a marinha ou exército.
111 - Atos 28.22. Contudo, gostaríamos de ouvir o que pensas; porque, na verdade, é corrente a
respeito desta seita que, por toda parte, é ela impugnada.
112 - Atos 16.30. Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo?
113 - Mateus 5.3. Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
114 - Atos 16.31. Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
115 - Romanos 14.17. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria
no Espírito Santo.
116 - Jó 32.16. Acaso, devo esperar, pois não falam, estão parados e nada mais respondem? Também
eu concorrerei com a minha resposta; declararei a minha opinião. Não farei acepção de pessoas, nem
usarei de lisonjas com o homem. Porque não sei lisonjear; em caso contrário, em breve me levaria o
meu Criador.
117 - 1João 5.4. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo: a nossa fé.
118 - Filipenses 4.7. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a
vossa mente em Cristo Jesus.
119 - Lucas 14.23. Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para
que fique cheia a minha casa.
120 - Mateus 25.40. O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a
um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
121 - Salmo 46.10. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na
terra.
122 - Lucas 13.3. Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente
perecereis.
123 - Romanos 3.24. Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em
Cristo Jesus.
124 - Provável citação de Romanos 15.1. Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades
dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. 125 - Mateus 14.31. E, prontamente, Jesus, estendendo a
mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
126 - Lucas 22.32. Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te
converteres, fortalece os teus irmãos.
127 - João 15.3. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
128 - 1Timóteo 5.21. Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes
conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade.
129 - Oséias 11.8. Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como a
Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as minhas compaixões,
à uma, se acendem.
130 - Tiago 1.4. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em
nada deficientes.
131 - Penny. Ver nota 27.
132 - Provável citação de Romanos 9.20. Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!
Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?
133 - Atos 26.28. Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.
134 - Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700–1760), alemão, foi um nobre cristão, reformador social e
bispo da igreja morávia. Exerceu grande influência na história das missões.
135 - Josué 10.12. Então, Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus nas
mãos dos filhos de Israel; e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale
de Aijalom.
136 - Gálatas 5.6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum,
mas a fé que atua pelo amor.
137 - Eclesiastes 12.6. Antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o
cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço.
138 - Salmo 116.12,13. Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o
cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor.
139 - Isaías 26.4. Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.
140 - Romanos 11.33. Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!
Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!
141 - Isaías 53.5. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
142 - Oséias 14.4. Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se
apartou deles.
143 - Jeanne-Marie Bouvier de la Motte-Guyon nasceu na França, em 1648, e foi educada em
conventos e desde pequena demonstrou desejo de ser fiel ao Senhor. N.E.
144 - Disponível em http://espaco-de-paz.awardspace.com/ metodOracaoMGuyon.pdf [18.08.09]. N.E.
145 - Lucas 5.24. Mas, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para
perdoar pecados – disse ao paralítico: eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.
146 - Efésios 2.8. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.
147 - Apocalipse 20.11,12. Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença
fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos,
postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E
os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.
148 - Inácio de Loyola. Nascido possivelmente a 24 de dezembro de 1491, recebeu o nome de Íñigo
López na localidade de Loiola (em castelhano Loyola), no atual município de Azpeitia, a cerca de vinte
quilômetros a sudoeste de São Sebastião, no País Basco. Inácio foi o mais novo de treze irmãos e irmãs.
Em 1517, tornou-se militar. Gravemente ferido na batalha de Pamplona (20 de maio de 1521), passou
meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação, Inácio procurou ler
livros para passar o tempo, e começou a ler a Vita Christi, de Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea,
sobre a vida dos santos, de Jacopo de Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus
com uma ordem cavalheiresca. A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma vida
dedicada a Deus. Foi o fundador da Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como os
jesuítas, uma ordem religiosa católica romana, que teve grande importância na Reforma Católica.
Atualmente a Companhia de Jesus é a maior ordem religiosa católica no mundo.
149 - Marcos 1.15. ... dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos
e crede no evangelho.
150 - João 3.8. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde
vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
151 - Hebreus 8.11. E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.
152 - 2Coríntios 4.2. Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não
andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de
todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.
153 - Provável citação de Mateus 11.5. Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os
surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. N.E.
154 - Isaías 53.5. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
155 - Marcos 1.15. ... dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos
e crede no evangelho.
156 - A Cornualha ou Cornuália (ing. Cornwall) é um condado que fica no sudoeste de uma península
da Inglaterra, Reino Unido. Tem fronteiras com o Oceano Atlântico a norte, ao sul com o Canal da
Mancha e a este com o condado de Devon, depois do rio Tamar.
157 - 2Pedro 1.5,6. Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a
virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio
próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade.
158 - Atos 16.31. Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
159 - Hebreus 13.8. Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.
160 - Salmo 32.1. Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
161 - Lucas 21.36. Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas
que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem.
162 - Atos 3.6. Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou:
em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!
163 - Mateus 25.34. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai!
Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
164 - Mateus 6.19. Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem
corroem e onde ladrões escavam e roubam. 165 - Mateus 10.30. E, quanto a vós outros, até os cabelos
todos da cabeça estão contados.
166 - Romanos 3.22. Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que
creem; porque não há distinção.
167 - Mateus 28.5. Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais
Jesus, que foi crucificado.
168 - 1Coríntios 16.13. Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-
vos .
169 - Cargo do prelado, título honorífico de alguns eclesiásticos; duração do exercício desse cargo.
N.E.
170 - 1Pedro 3.15. Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre
preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.
171 - Guinéis. O guinéu (ing. guinea), cunhado a partir de 1663 e extinto em 1813, foi a primeira
moeda de ouro britânica feita à máquina. Originalmente, a moeda valia uma libra, equivalente a 20
shillings; mas, o aumento no preço do ouro fez com que o valor do guinéu se elevasse para 21 shillings,
tendo atingido picos de até trinta shillings. O nome, não oficial, veio de Guiné, África, de onde se
originava boa parte do ouro usado para cunhar as moedas. N.E.
172 - Romanos 12.1. Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso
corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
173 - A Ipecacuanha é uma planta da família Rubiaceae, muito comum no Brasil. As suas raízes
contém um poderoso emético (estimulante do reflexo do vômito) também denominado ipecacuanha.
Foi introduzida na Europa em 1672 por Legros, um viajante na América do Sul. Foi usada no
tratamento da disenteria e vendida pelo médico francês Claude Adrien Helvétius sob licença de Luis
XIV. Hoje em dia os fármacos purificados, cefaleína e emetina ainda são usados como antieméticos.
Eles estimulam o centro neuronal vomitivo (área postrema medular). N.E.
174 - Pé (ou pés no plural). Unidade de medida de comprimento. Um pé corresponde a doze polegadas,
e três pés são uma jarda. Esse sistema de medida é utilizado atualmente no Reino Unido e nos Estados
Unidos, e em menor escala no Canadá. Esta medida é amplamente usada na aviação, e atualmente
equivale a 30,48 centímetros. N.E.
175 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
176 - Isaías 55.7. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao
Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.
178 - Mateus 22.4. Enviou ainda outros servos, com esta ordem: Dizei aos convidados: Eis que já
preparei o meu banquete; os meus bois e cevados já foram abatidos, e tudo está pronto; vinde para as
bodas.
179 - Abbe Paris. Provável referência a Westminster Abbey, como informalmente é referida a The
Collegiate Church of St Peter at Westminster. Igreja gótica, em Westminster, Londres, na região oeste
do Palácio de Westminster. Ainda hoje é o tradicional local de coroação e sepultamento de monarcas da
Commonwealth Realms, Estados sobreranos. N.E.
181 - Opiatos. Os opiatos são uma larga coleção de substâncias encontradas numa goma extraída do
pericarpo da semente da papoula asiática, Papaver somniferum. O ópio é produzido dessa goma. Do
ópio se separam a codeína e a morfina. Como o nome científico sugere, a substância deveria ser
empregada como sonífero, calmante ou algo assim. N.E.
182 - Salmo 23.1. O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. 183 - Mateus 16.26. Pois que aproveitará
o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?
184 - Tiago 4.7. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
185 - Lucas 15.7. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do
que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
186 - Certamente uma alusão à mudança no calendário, agora, Calendário Gregoriano. Um historiador
encontra dificuldades em acertar as datas corretamente. No século XVIII, na Inglaterra, esta dificuldade
tem uma peculiaridade que afeta muitas datas da vida de Wesley. Em 1582, o calendário foi reformado
pelo papa Gregório XIII, para corrigir um problema inerente ao calendário Juliano. Este último, não
responde de maneira correta o suficiente para o montante de tempo que a Terra leva para dar a volta em
torno do sol, de modo que, por todo o século XVI, um erro de dez dias foi acumulado. Para corrigir
isso, foi instituído o ano bissexto, e o Papa ordenou que, dia 4 de outubro de 1582, fosse recontado
como 15 de outubro aquele ano. Os países protestantes foram relutantes em adotar o plano. A Inglaterra
não o adotou até 1752. N.T.
187 - Benjamim Franklin, “Experimentos e Observações sobre a Eletricidade”, publicada pela primeira
vez no Gentleman’s Magazine.
188 - Thomas Prince, o jovem (1722–48). Editou o primeiro Periódico Americano, “A História Cristã,”
contém relatos sobre a religião avivada na Grã-Bretanha e na América em 1743. Boston, 1744-5; 2
volumes publicados.
189 - Ruibarbo. Planta comestível utilizada como fitoterápico. Digestivo, estimulante do fígado,
estomáquico, laxante (raízes). Indicado para atonia gástrica acompanhada de prisão de ventre. N.E.
191 - Tyerman nos dá um relato interessante desse inteligente, embora excêntrico, médico quaker, que
muito ajudou Wesley em suas crises. Ele prescreveu “ar do campo, com descanso, leite de asno, e
cavalgadas diariamente”, antecipando o mais moderno tratamento para tuberculose, do que todos os
seus amigos acreditavam que Wesley estava morrendo.
192 - Ele ordenou que, se houvesse alguma inscrição, essa fosse colocada em sua tumba.
193 - Casca de quina. A casca da quina passou a ser usada como medida profiláctica para a prevenção
da malária. A indústria de bebidas aproveitou a oportunidade e passou a oferecer produtos contendo
quina. Criaram-se assim o vinho quinado e a água tônica de quinino. As partes usadas são o talo e a
casca da raiz. As cascas podem ser raspadas das plantas no local ou descascada de ramos podados. É
uma erva amarga, adstringente, que abaixa a febre, relaxa espasmos, é antimalárica (quinina), e reduz o
batimento cardíaco (quinidina). A erva é usada medicinalmente, uso oral, para malária, neuralgia,
espasmos musculares, fibrilação cardíaca; é um ingrediente de remédios proprietários para resfriados e
gripes. O seu uso em excesso causa cinchonismo: enxaqueca, brotoeja, dor abdominal, surdez e
cegueira e não deve ser dado às mulheres grávidas, exceto às que sofram de malária. N.E.
194 - Preleções Teológicas na Abadia de Westminster, pelo Dr. John Heylyn, reitor de St. Mary-le-
Strand.
199 - Cipriano de Cartago. Uma das grandes figuras do século III, de família rica de Cartago, capital
romana na África do Norte. Converteu-se ao cristianismo quando contava trinta e cinco anos de idade.
No ano 249, foi escolhido bispo de sua cidade e empenhou-se na organização da Igreja da África.
Revelou-se extraordinário mestre de moral cristã. Deixou diversos escritos, sobretudo cartas, que
constituem preciosa coleção documental sobre fé e culto. Contribuiu para a criação do latim cristão. No
ano 258, foi denunciado, preso, processado e morto. N.E.
200 - 1João 2.15. Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele.
201 - Terçã ou febre terçã. Febre intermitente, típica de quadro de malária, cujos acessos se repetem de
três em três dias. N.E.
202 - Mateus 16.26. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou
que dará o homem em troca da sua alma?
204 - Tiago 1.20. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.
205 - Eclesiastes 11.1. Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.
206 - É provável que, neste item 2 de sua argumentação, Wesley tenha em mente o espírito de
2Corinrios 5.12. Não nos recomendamos novamente a vós outros; pelo contrário, damo-vos ensejo de
vos gloriardes por nossa causa, para que tenhais o que responder aos que se gloriam na aparência e não
no coração. N.E.
207 - 2Timóteo 3.7. que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade.
208 - Mateus 12.35. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau
tesouro tira coisas más.
209 - Salmo 19.1. Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas
mãos.
210 - Mateus 6.22. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será
luminoso.
211 - 1Coríntios 13.11. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava
como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
212 - Gênesis 1.3. Disse Deus: Haja luz; e houve luz. 2Coríntios 5.17. E, assim, se alguém está em
Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
213 - Hebreus 2.10. Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem,
conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
214 - Deístas. Os deístas assumem uma postura filosófico religiosa que admite a existência de um Deus
criador, mas questiona a ideia de revelação divina. Sua doutrina considera a razão como uma via capaz
de nos assegurar da existência de Deus, desconsiderando, para tal fim, a prática de alguma religião
denominacional. Um de seus grandes expoentes é o filósofo francês Voltaire (1694–1778). N.E.
215 - Arianos. No transcorrer da história, o arianismo assumiu contornos distintos. Após a Reforma, o
nome arianos foi usado na Polônia para referir a seita Cristã Unitária, a irmandade polaca (Frater
Polonorum). Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do Iluminismo. Arianismo
tem sido um nome aplicado a outros grupos não trinitários, desde então, como as Testemunhas de
Jeová. N.E.
216 - Socinianos. Seguidores de Fausto Socino (falecido na Polônia, em 1604). Desenvolveu sua
teologia inspirada em seu tio Lélio Socino (morto em 1562, em Zurique). A doutrina sociniana é
antitrinitária e considera que em Deus há uma única pessoa e que Jesus de Nazaré é um homem. Suas
crenças, resumida no Catecismo Racoviano, são: 1. a Bíblia era a única autoridade, mas tem que ser
interpretada pela razão; 2. rejeição de mistérios; 3. unidade, eternidade, onipotência, justiça e sabedoria
de Deus; 4. a razão é capaz de compreender Deus para a salvação humana, mas sua imensidão,
onipresença e ser infinito são além da compreensão humana, portanto desnecessárias à salvação; 5.
rejeição da doutrina do pecado original; 6. celebração do batismo e da santa ceia como símbolos
memorativos, sem serem eficazes meios de graça. N.E.
217 - Hebreus 13.8. Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.
218 - Filipenses 3.14. prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus.
219 - Lucas 24.49. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade [de
Jerusalém], até que do alto sejais revestidos de poder.
220 - Lucas 9.23. Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a
sua cruz e siga-me.
221 - Blind Quay. Não sabemos ao certo o que significa esta expressão. O que apuramos é que parece
tratar-se de uma rua em Dublim (Irlanda), onde funcionavam duas tabacarias geridas por huguenotes
(calvinistas franceses). No entanto, admitimos que esta informação não é precisa. N.E.
222 - Não se trata nem de Charles nem de John Wesley. Provavelmente um paroquiano. N.T.
223 Ele foi para Londres com a intenção de imprimir uma nota edição de suas Notas.
224 - Antinomianismo. Expressão de origem grega. Uma vez que Wesley é metódico, disciplinado, a
expressão assume um caráter importante, pois se refere àqueles que são contrários às regras, às normas
(anti+nomos). N.E.
228 - Provavelmente Sr. Bindon, defronte de cuja casa ele pregou em 27 de maio de 1762.
229 - Provável menção de Mateus 24.33. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei
que está próximo, às portas.
230 - Este estudo foi publicado em inglês, em dois volumes, mais tarde expandido para três e,
finalmente, para cinco.
231 - Gálatas 3.10,11. Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está
escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las. E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela
fé.
232 - Circuitos. Os primeiros pregadores supervisionados por John Wesley eram itinerantes, e
pregavam em uma paróquia ou distrito, a partir de uma sede. Distritais ou Paroquiais, como
primeiramente eles foram chamados, era o nome natural para a área que eles cobriam. A princípio, eles
eram chamados, depois de seu fundador, de pregador itinerante principal. Por exemplo, ‘Paróquia de
John Bennet’, ou ‘Distrito das Sociedades de William Darney’.
A primeira lista oficial destes circuitos data de 1746, e inclui: 1. Londres (incluindo Surrey, Kent,
Essex, Brentford, Egham, Windsor, Wycombe); 2. Bristol (incluindo Somerset, Portland, Wiltshire,
Oxfordshire, Gloucester); 3. Cornualha 4. Evesham (incluindo Shrewsbury, Leominster, Hereford e, a
partir de Stroud Wednesbury); 5. Yorkshire (incluindo o Cheshire, Lancashire, Derbyshire,
Nottinghamshire, Rutland, Lincolnshire); 6. Newcastle 7. Gales.
Esses circuitos comportavam uma série de “sociedades”. John Wesley não tinha a intenção de constituir
uma nova igreja ou uma nova denominação. Sua visão era de um reavivamento, um movimento dentro
da Igreja da Inglaterra. As sociedades seriam, então, um ajuntamento de pessoas que se reuniriam para
estudo bíblico, oração, encorajamento mútuo, e pregação. Os primeiros circuitos cobriam uma área
muito extensa, mas diminuíram progressivamente, à medida que o número de sociedades aumentou.
233 - Malaquias 2.1-3. Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes e se
não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei
sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não
propondes isso no coração. Eis que vos reprovarei a descendência, atirarei excremento ao vosso rosto,
excremento dos vossos sacrifícios, e para junto deste sereis levados.
234 - Filipenses 4.7. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a
vossa mente em Cristo Jesus.
235 - 1João 5.12. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida.
236 - Êxodo 23.9. Também não oprimirás o forasteiro; pois vós conheceis o coração do forasteiro, visto
que fostes forasteiros na terra do Egito.
237 - John Walsh tinha estado ali no ano anterior, e se certificado de que “muitos tinham partido
porque os porcos ficavam debaixo do cômodo”. A sala, em George Street, Walsall, ficava em cima de
um mercado de porcos.
238 - Gálatas 5.6. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum,
mas a fé que atua pelo amor.
239 - Ver nota 174.
240 - 2Coríntios 5.19. a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
241 - 1Coríntios 1.30. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus,
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção. 242 - Capitão Caulder.
243 - Provérbios 3.17. Os seus caminhos são caminhos deliciosos, e todas as suas veredas, paz.
244 - O Messias (The Messiah). É um oratório de Georg Friedrich Händel (1685–1759). É sua mais
famosa criação e está entre as mais populares obras corais da literatura ocidental. Narra a vida de Jesus
Cristo. N.E.
245 - Pessoas santificadas e pessoas justificadas. No pensamento teológico de John Wesley, a graça é o
elemento central para a Soteriologia ou Doutrina da Salvação. Entretanto, diferente dos
predestinacionistas, a graça não anula a resposta humana, que deve ser manifestada pela fé. Nesta
perspectiva, Wesley elabora seu raciocínio no qual a salvação acontece em estágios diferentes,
dependendo da manifestação da graça divina e da resposta humana. Assim sendo, ele apresenta sua
compreensão de graça preveniente, graça justificadora e graça santificadora. Os “justificados” são
aqueles que já aceitaram o sacrifício de Cristo na cruz pelos seus pecados. Os “santificados” são
aqueles que permanecem em busca da renovação da imagem de Deus em suas vidas. Sobre este tema,
há inúmeros trabalhos sobre o modo de pensar de John Wesley. N.R.
246 - Mateus 18.3. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes
como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
247 - Em 23 de dezembro, ele escreveu a seu irmão. Como aconteceu com as outras séries, a carta
parece ser apenas parte do original. A preocupação em Maxfield é ainda um mistério insolúvel e um
obstáculo para o sucesso perfeito. Referindo-se aos convertidos imaginários no Avivamento, ele diz,
“Alguns desses, dois ou três outros, são ainda selvagens. Mas o assunto não vai além daqui. Eu poderia
agir com todos esses se Thomas Maxfield estivesse certo. Ele é o cabeça e fonte do mal. Assim,
obstinado e tão absolutamente não convincente, e mesmo assim (o que é excessivamente estranho)
Deus continua a abençoar seus trabalhos”. N.T.
248 - João 10.11. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.
249 - John Knox (1514–1572). Reformador escocês que liderou uma reforma protestante na Escócia
segundo a linha calvinista. N.E.
250 - No artigo sobre “O Metodismo em York”, por Daniel M’Allum, na Methodist Magazine, julho de
1827, ele diz: “Naquele tempo, o Rev. Cordeux estava incumbido do benefício eclesiástico da Igreja de
St.Saviour; e ele advertiu a congregação contra ouvir ‘aquele velhaco do Wesley pregar’. O Sr. Wesley
chegou na cidade no sábado, pregou na Capela de Peaseholme Green, e novamente no domingo de
manhã; na manhã daquele dia, ele foi para a Igreja de St. Saviour, vestido de seus paramentos
sacerdotais. O clérigo, no decorrer da leitura das orações, viu um clérigo desconhecido, e enviou um
oficial para convidá-lo a vir até o púlpito. Ele aceitou o convite e pregou seu texto do Evangelho do dia
(Mt 7.21). Depois do culto, o vigário perguntou ao clérigo se ele sabia quem era o estranho, ‘senhor’,
ele respondeu, ‘ele é o velhaco Wesley, sobre quem o senhor nos advertiu’”. Informação sem indicação
de fonte (N.E.).
252 - Lucas 16.31. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se
deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.
253 - Isaías 55.6. Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
254 - Eclesiastes 11.1. Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.
265 - Romanos 4.3 Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
266 - Colosso de Rodes. Foi uma estátua de Hélios, deus grego do sol, construída entre 292 a.C. e 280
a.C. por Carés de Lindos. A estátua tinha trinta metros de altura, 70 toneladas e era feita de bronze.
Tornou-se uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. N.E.
269 - Salmo 91.11. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os
teus caminhos.
270 - Cerca de 56 kg.
271 - Colossenses 1.27. aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério
entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória.
272 - Hebreus 12.14. Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
273 Fogo purgatório. Outra expressão com importância no pensamento de Wesley. Diz respeito a fase
da vida de alguém, quando “arde” a dúvida e a incerteza na busca pelo Caminho. No escopo da
doutrina metodista, esta é a fase coberta pela graça preveniente, anterior ao momento da conversão.
N.E.
274 - João 3.5. Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no reino de Deus.
275 - Lucas 13.19. É semelhante a um grão de mostarda que um homem plantou na sua horta; e cresceu
e fez-se árvore; e as aves do céu aninharam-se nos seus ramos.
276 - João 4.23. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.
277 - “O socorro que é dado junto a terra, Deus mesmo o realiza” [da tradutora]. Na Almeida Revista e
Atualizada, temos: “Ora, Deus, meu Rei, é desde a antiguidade; ele é quem opera feitos salvadores no
meio da terra” (Salmo 74.12). É possível que Wesley tivesse adotado em seus sermões a, hoje
mundialmente conhecida, King James Version, por entender que a nova tradução foi uma contribuição
bastante oportuna e “maravilhosa”. N.E.
278 - Mateus 7.24,25. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a
um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a
rocha.
279 - Talvez uma referência à passagem de Gênesis 28.11. Tendo chegado a certo lugar, ali passou a
noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo
para dormir.
280 - Lucas 15.7. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do
que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
281 - Filho de Siraque (ou Eclesiástico, também denominado Sabedoria de Jesus). É obra apócrifa,
comparativamente grande. Escrito em hebraico, o livro tem sido datado entre 290 ou 280 a.C. O seu
autor, Jesus, filho de Siraque de Jerusalém, era avô, ou, tomando a palavra em sentido mais lato,
antecessor remoto do tradutor. A tradução foi feita no Egito no ano 38, quando Evergeto era rei. O
grande tema da obra é a sabedoria. É também um valioso tratado de ética. N.E.
282 - Isaías 38.1. Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com ele o
profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque
morrerás e não viverás.
283 - Daniel 6.
284 - Ezequiel 37.
285 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
286 - Hebreus 4.12. Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada
de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração.
287 - Estrutura costeira, em madeira ou pedra, que avança mar ou oceano adentro, e serve para atracar
embarcações ou mesmo para pescadores. N.E.
288 - 2Coríntios 6.2. Porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da
salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação.
289 - Romanos 3.22,23. Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os
que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.
290 - 1Coríntios 2.2. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.
291 Mateus 7.24,25. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a
um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a
rocha.
292 - Efésios 2.8. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.
293 - Gênesis 9.27. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo .
294 - Nascido em 18 de dezembro de 1707, em Epworth, Lincolnshire, Inglaterra, Charles Wesley foi o
décimo oitavo e o último filho de Samuel e Susannah Wesley. Eles tiveram três filhos que
sobreviveram, o mais velho, John Wesley, nasceu em 1703. Aos 15 meses, a velha Reitoria em
Epworth foi totalmente destruída pelo fogo e, Charles, assim como John, teve de ser resgatado do
inferno. Ele foi rapidamente carregado por uma criada e colocado a salvo nos braços de sua mãe.
Charles morreu em Marylebone, Londres, em 29 de março de 1788, e enterrado no pátio da Paróquia
em Marylebone, contra a vontade de seu irmão, com oito clérigos da Igreja da Inglaterra carregando seu
caixão. Ele se considerava ter vivido e morrido como membro da Igreja da Inglaterra. N.T.
295 - Mateus 21.16. Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da
boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?
296 - Mateus 8.3. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente
ele ficou limpo da sua lepra.
297 - 1Coríntios 13.13. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior
destes é o amor.
298 - Isaías 55.6.
299 - Jó 22.2,3.
300 - João 4.35. Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os
olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.
301 - Gálatas 6.14. Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo,
pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.
302 - Salmo 90.12. Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.
303 - Atos 13.40, 41. Notai, pois, que não vos sobrevenha o que está dito nos profetas. Vede, ó
desprezadores, maravilhai-vos e desvanecei, porque eu realizo, em vossos dias, obra tal que não crereis
se alguém vo-la contar.
304 - Jeremias 8.20. Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.
305 - Romanos 6.23. ... porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
307 - John Milton (1608–1674), político britânico, dramaturgo, poeta e estudioso das religiões.
308 - 1Timóteo 6.20. E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e
profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam.
309 - Mateus 12.50. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e
mãe.
310 - Referência a George III, do Reino Unido (George William Frederick, 1738–1820). Recebeu o
cognome de o Louco devido à instabilidade mental causada pela doença crônica que sofria (porfiria).
311 - 2Coríntios 5.19. ...a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
312 - Ibid.
313 - Lucas 15.32. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu
irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.
314 - Oséias 8.11. Porquanto Efraim multiplicou altares para pecar, estes lhe foram para pecar.
315 - Apocalipse 22.17. O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que
tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.
316 - Romanos 1.16. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
317 - Salmo 34.11. Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR.
318 - Efésios 5.1,2. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como
também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma
suave.
319 - Apocalipse 20.12. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono.
Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados,
segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.
320 - 1João 4.19. Nós amamos porque ele nos amou primeiro.
321 - Hebreus 7.25. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles.
322 - Mateus 22.
323 - 1 Coríntios 6.19. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em
vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?
324 - Hebreus 4.14. Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou
os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
325 - 1Pedro 1.3. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos.
326 - Hebreus 11.1. 1 Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não
veem.
327 - Marcos 1.41. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero,
fica limpo!
328 - Mateus 12.50. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e
mãe.
329 - Isaías 35.8. E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não
passará por ele, pois será somente para o seu povo; quem quer que por ele caminhe não errará, nem
mesmo o louco.
330 - João 3.37. No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem
sede, venha a mim e beba.
331 - Apocalipse 3.2. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado
íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.
332 - Hebreus 2.3. ...como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo
sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram.
333 Eclesiastes 9.10. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no
além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
334 - Mateus 3.2. Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. 335 - Efésios 6.10-20.
336 - Lucas 10.42. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa
parte, e esta não lhe será tirada.
337 - O falecido Rev. Sr. Richardson, que agora está enterrado juntamente com o Sr. Wesley, no
mesmo ataúde, leu o serviço funeral de uma maneira que o tornou peculiarmente emocionante, quando
chegou naquela parte que diz: “Visto que agradou ao Altíssimo Deus tomar para si mesmo a alma de
nosso querido irmão”, etc., substituindo o epíteto “Irmão”, por “Pai”, o que causou tão poderoso efeito
na congregação, que as lágrimas silenciosas pareceram irromper em pranto.