Você está na página 1de 17

Os 3 Estágios de Cristo

Encarnação,
Inclusão e
Intensificação
Witness Lee

Título do original inglês:


lncarnation, Inclusion, and Intensification

© 1996 Living Stream Ministry

PREFÁCIO

Este livro é constituído de mensagens dadas pelo irmão Witness Lee em


Anaheim, Califórnia em Abril e Junho de 1996.
Capítulo 1
ENCARNAÇÃO, INCLUSÃO E INTENSIFICAÇÃO (1)
Leitura da Bíblia: Jo 1:14; 1 Co 15:45b; Êx 30:23-25; Ap 5:6
Neste capítulo, refletiremos a respeito dos três estágios de Cristo, isto é, os três períodos da história
que se referem ao que Cristo é: o da encarnação, o da inclusão e o da intensificação. Muitos crentes
em Cristo sabem algo acerca do primeiro estágio da história de Cristo, o da encarnação, mas sabem
pouco ou nada, sobre o segundo e o terceiro estágios, o da inclusão e o da intensificação.

ENCARNAÇÃO

Os cristãos têm dado bastante atenção à encarnação. Todos os anos, no Natal, muitíssimos crentes
celebram a encarnação do Senhor; entretanto, poucos percebem qual é o significado intrínseco da
encarnação: por meio dela, Cristo, como Deus, fez-se carne. João 1:14 (NVI) diz-nos que a Palavra,
que é o próprio Deus, fez-se carne.

INCLUSÃO

Na Sua ressurreição, o Cristo que se fez carne mediante a encarnação tornou-se o Espírito que dá
vida (1 Co 15:45b - BJ). Cristo, portanto, passou por dois processos de tornar-se: o primeiro é visto
em João 1:14 (a Palavra tornou-se carne), e o segundo é visto em 1 Coríntios 15:45b (o último Adão,
que é Cristo em carne, tornou-se o Espírito que dá vida). Ao estudarmos a Bíblia, descobrimos que o
segundo tornar-se de Cristo, em ressurreição, não é menos importante do que o primeiro, em
encarnação. Como veremos, o fato de Ele tornar-se o Espírito que dá vida em ressurreição envolve
algo que podemos designar de inclusão.

Ungido com o Espírito que Dá Vida

O fato de Cristo tornar-se carne mediante a encarnação foi bastante simples, pois envolvia somente
duas partes: o Espírito Santo e uma virgem humana (Lc 1:26,27,3032,35). Já o fato de tornar-se o
Espírito que dá vida não foi simples, pois envolveu e incluiu a divindade, a humanidade, a morte de
Cristo com sua efícácia e a ressurreição de Cristo com seu poder. Na ressurreição de Cristo, e por ela,
seis elementos foram reunidos para compor o Espírito que dá vida, que é o divino ungüento da unção
(1 Jo 2:20, 27).

A Bíblia nos diz que Deus nos ungiu com o Seu Espírito (2 Co 1:21; Lc 4:18). Entretanto, Deus não
nos ungiu meramente com o Espírito de Deus (Gn 1:2), nem com o Espírito de Jeová (do SENHOR-
Jz 3:10; 6:34) nem com o Espírito Santo (Mt 1:18,20); antes, Ele nos ungiu com o Espírito que dá
vida, que concede a vida divina à humanidade caída. Louvamos ao Senhor, pois todos nós, cristãos,
fomos ungidos por esse Espírito composto que dá vida e com Ele.

O Espírito Composto Tipificado pelo Ungüento da Unção

O Espírito composto que dá vida é tipificado pelo ungüento da unção em Êxodo 30:23-25. Sem esses
versículos, seria difícil entender como o Espírito que dá vida foi composto com Deus, o homem, a
morte de Cristo, a Sua redenção, a eficácia da Sua morte e o poder da Sua ressurreição.

Sou muito grato ao Senhor por ter desvendado os detalhes de Êxodo 30:23-25 para nós na Sua
restauração. Quando eu me reunia com os Irmãos Unidos, aprendi que o ungüento sagrado da unção
em Êxodo 30 refere-se ao Espírito. Essa foi a única ajuda que recebi deles com relação a esses
versículos. Ao longo dos anos, despendi muito tempo estudando esse pequeno trecho, considerando
cada ponto, até mesmo cada palavra. Cada detalhe era como uma peça de um quebra-cabeça. Por fim,
pude juntar todas as peças e vi um quadro maravilhoso do Espírito composto.

O ungüento da unção em Êxodo compunha-se de um item principal (um him de azeite) misturado
com quatro especiarias: mirra, cinamomo, cálamo e cássia. Certamente, o him de azeite representa
Deus. O número um representa Deus e o número quatro (das especiarias) representa o homem como
criatura de Deus. Em particular, aqui o número quatro representa o Cristo encarnado como ser
2
humano. A mirra representa a morte de Cristo, e o cinamomo, a doce eficácia dessa morte. O cálamo
é um caniço que nasce em pântanos ou lugares alagadiços, crescendo ereto em direção ao céu; assim,
ele representa a ressurreição de Cristo. A cássia é uma espécie de casca de árvore usada como
repelente de cobras e insetos. Portanto, ela representa o poder, especialmente o poder repelente, da
ressurreição de Cristo.

No óleo da unção (Êx 30), temos também o número três, que representa o Deus Triúno, visto no fato
de que a quantidade de especiarias envolvia três unidades, cada uma de quinhentos siclos:
quinhentos siclos de mirra, duzentos e cinqüenta siclos de cinamomo e duzentos e cinqüenta siclos
de cálamo, e quinhentos siclos de cássia. A segunda unidade de quinhentos siclos foi dividida em
duas partes, de duzentos e cinqüenta siclos cada. Essas duas partes tipificam Cristo, o segundo da
Trindade divina, que foi "dividido", ferido, na cruz. Aqui vemos não apenas a Trindade (representada
pelas três unidades de quinhentos siclos), mas também o Cristo ferido na cruz (representado pela
segunda unidade de quinhentos siclos dividida em duas partes de duzentos e cinqüenta). Quão
maravilhosa é essa prefiguração!

Além disso, nesse ungüento composto, vemos também o número cinco, formado de duas maneiras:
um him de azeite mais quatro especiarias, e nas cinco centenas de siclos. Na Bíblia, o número cinco
representa responsabilidade. Por exemplo, os Dez Mandamentos foram escritos em duas tábuas, com
cinco mandamentos em cada uma, e as dez virgens em Mateus 25 são divididas em dois grupos de
cinco. Cinco compõe-se de quatro mais um: o número quatro representa o homem como criatura de
Deus, e o número um representa Deus. A partir disso, podemos ver que o número cinco representa
Deus acrescentado ao homem a fim de nos tornar capazes de arcar com a responsabilidade. No
Espírito composto temos a capacidade de arcar com a responsabilidade.

A Composição do Espírito é Questão de Inclusão

O que temos em Êxodo 30 é o ungüento composto, como prefiguração do Espírito composto que dá
vida. A verdadeira composição do Espírito ocorreu na ressurreição de Cristo. Foi em ressurreição que
o próprio Deus corporificado em Cristo e mesclado com a Sua humanidade foi composto com a morte
de Cristo, a eficácia dessa morte, a Sua ressurreição e a eficácia dela, para produzir o Espírito
composto. Essa composição foi uma inclusão, pois ao compor-se o Espírito que dá vida, seis itens
foram incluídos. Por isso, o Espírito que dá vida pode ser chamado de o Espírito todo-inclusivo, o
Espírito que inclui a divindade, a humanidade, a morte de Cristo, a eficácia da Sua morte, a
ressurreição de Cristo e o poder da Sua ressurreição.

O Espírito Soprado nos Discípulos

Enquanto a encarnação era objetiva, essa inclusão é subjetiva para nós e aplicável em nossa
experiência. De acordo com João 20:22, na noite do dia em que ressuscitou, o Senhor Jesus apareceu
aos discípulos como o Espírito composto e soprou neles dizendo: "Recebei o Espírito Santo". Visto
que eles eram representantes do Corpo, todos nós estávamos presentes quando o Espírito soprado
entrou neles. Nessa hora, o Espírito foi soprado e entrou no Corpo todo. Assim como o braço pode
receber uma injeção para o benefício do corpo físico, assim também os discípulos em João 20
receberam o Espírito para todo o Corpo de Cristo. Como parte do Corpo, aqueles discípulos
representavam todo o Corpo ao receber a inclusão, ao receber o Espírito composto. No estágio da
inclusão, Cristo é mais aplicável a nós do que no estágio da encarnação, uma vez que naquele estágio
podemos experimentá-Lo de modo muito subjetivo.

INTENSIFICAÇÃO

Logo após ter sido formada, a igreja tornou-se degradada. Ela deveria resultar no Corpo de Cristo,
mas lamentavelmente, como revelam as epístolas no Novo Testamento, ela gradualmente degradou-
se, mesmo na época de Paulo. Por causa dessa degradação, o Espírito composto que dá vida
intensificou-se sete vezes a fim de se tornar o Espírito sete vezes intensificado (Ap 1:4; 5:6). Esse
Espírito sete vezes intensificado visa vencer a degradação da igreja e produzir os vencedores de
maneira que o Corpo de Cristo possa ser edificado de modo prático para consumar a Nova Jerusalém,
que é a meta única e eterna do desejo do coração de Deus.

3
Pelo que abordamos até agora, vemos a história de Cristo em três estágios: encarnação, inclusão e
intensificação. No primeiro estágio, o da encarnação, Cristo era o Cristo em carne. No segundo
estágio, o da inclusão, Ele é o Cristo pneumático, o Espírito que dá vida. Agora, no terceiro estágio, o
da intensificação, Ele é o Espírito sete vezes intensificado. Precisamos conhecer a Cristo em todos os
três estágios. Se conhecermos os três estágios encarnação, inclusão e intensificação -, realmente
vamos conhecer a Bíblia.

Capítulo Dois
ENCARNAÇÃO, INCLUSÃO E INTENSIFICAÇÃO (2)
Leitura da Bíblia: Jo 1:14; 1 Co 15:45b; Jo 20:22; Ap 1:4;5:6
No capítulo anterior, começamos a considerar os estágios de Cristo; neste, tenho o encargo de falar
detalhada e atualizadamente a respeito de Cristo nos três estágios: encarnação, inclusão e
intensificação.

UMA PESSOA MARAVILHOSA EM TRÊS ESTÁGIOS

Se quisermos conhecer a Cristo nesses três estágios, precisamos considerar a Bíblia toda. O Antigo
Testamento contém muitas prefigurações e profecias acerca de Cristo, o Messias, Aquele que viria.
No Novo Testamento, temos o cumprimento das prefigurações e profecias com relação a Cristo no
Antigo Testamento (isso é apresentado em detalhes em The Conclusion of the New Testament [A
Conclusão do Novo Testamento], mensagens 34 e 45). O Novo Testamento claramente revela que,
como cumprimento das prefigurações e profecias do Velho Testamento, Cristo é uma pessoa
maravilhosa em três estágios. Como Alguém maravilhoso, Ele é profundo, misterioso e muito
complexo.

Primeiro Estágio - Encarnação O Estágio de Cristo em Carne

Através dos séculos, o Novo Testamento tem sido lido, estudado e investigado por milhões de
pessoas. Eu mesmo o tenho lido e estudado por setenta anos. Meu estudo teve três estágios: o
primeiro foi na China, o segundo em Taiwan e o terceiro nos Estados Unidos. Quando estava na
China, fui grandemente ajudado, e até tutorado, pelo irmão Watchman Nee. Estudei cada livro do
Novo Testamento e também muitas interpretações diferentes das Escrituras. Embora tenha sido
ajudado pelo irmão Nee ao máximo, enquanto estava na China, meu estudo limitava-se
principalmente ao primeiro estágio de Cristo, isto é, ao estágio de Cristo em carne, Cristo em Sua
encarnação.

Como indica o registro dos quatro Evangelhos, esse estágio durou apenas trinta e três anos e meio.
Esse foi o tempo no qual o Senhor Jesus realizou a redenção de Deus judicialmente. Os quatro
Evangelhos revelam Cristo em carne como Aquele que teve um viver humano na terra e que foi
depois crucificado, morrendo pelos nossos pecados para redimir-nos de volta para Deus.
Rigorosamente falando, a questão aqui não é salvação, mas redenção judicial.

A redenção judicial de Deus inclui o perdão dos pecados (Lc 24:47), o lavar dos pecados (Hb 1:3), a
justificação (Rm 3:24, 25), a reconciliação com Deus (5:10a) e a santificação posicional (1 Co 1:2; Hb
13:12). No sentido judicial, quem quer que tenha sido perdoado, lavado, justificado por Deus,
reconciliado com Deus e santificado para Deus é alguém salvo. A redenção judicial não é a plena
salvação de Deus; antes, é simplesmente o início, o fundamento dela; é a base na qual a salvação
completa, orgânica, de Deus é edificada.

Segundo Estágio - Inclusão - O Estágio de Cristo como


como o Espírito que Dá Vida

A esta altura, precisamos considerar a conclusão dos quatro Evangelhos. Eles terminam com um
registro a respeito do Cristo ressurreto que se tornou o Espírito todo-inclusivo, composto, que dá
vida. Na noite do dia da ressurreição, Ele voltou aos discípulos de modo totalmente místico (Jo
20:19-22). Não podemos dizer que lhes tenha aparecido de modo apenas espiritual, pois ainda tinha
corpo de carne e ossos. Ele disse: "Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-
me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho". E tendo dito
4
isso, mostrou-lhes as mãos e os pés (Lc 24:39, 40). Os discípulos podiam ver a marca dos pregos nas
mãos Dele e tocar-Lhe o corpo. Embora o Cristo ressurreto tivesse um corpo físico que podia ser visto
e tocado, Ele de repente apareceu aos discípulos sem entrar pela porta (Jo 20:19). Ele não bateu à
porta, e ninguém a abriu para Ele, contudo Ele veio e pôs-se no meio deles. A vinda Dele desse modo
era na verdade Sua aparição, Sua manifestação (21:1,14). Ele apareceu repentinamente aos discípulos
e depois desapareceu do mesmo modo. Embora tivesse corpo físico, Jesus, de um momento para o
outro, apareceu no cômodo cujas portas estavam trancadas. O fato de aparecer e desaparecer no final
dos quatro Evangelhos não é meramente espiritual; é místico, algo que ninguém pode explicar.

O Cristo Pneumático

João 20:22 diz: "Soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo". Essas palavras indicam
que Cristo estava ali com os discípulos não apenas de modo físico, mas também como o Espírito que
dá vida (1 Co 15:45b - BJ), como o Cristo pneumático. Se estivesse ali apenas fisicamente e não como
o Espírito, os discípulos não poderiam tê-Lo recebido como o "pneuma"2 santo, o fôlego santo. Se o
Senhor não tivesse ido a eles como o Espírito, eles poderiam ter tocado o Seu corpo físico de carne e
ossos e poderiam tê-Lo abraçado, mas não poderiam tê- Lo recebido inalando-O. Em João 20, o
Cristo ressuscitado exalou a Si mesmo e os discípulos O inalaram. Isso indica enfaticamente que em
ressurreição Ele se tornou o Cristo pneumático, o Cristo que é o Espírito que dá vida.

Em ressurreição, Cristo, como o último Adão em carne, tornou-se o Espírito que dá vida. Esse
Espírito que dá vida não é simples, pois inclui divindade, humanidade, morte e ressurreição. O Cristo
que apareceu aos discípulos em João 20 tinha quatro elementos como quatro fatores e quatro
qualificações. Ele era Deus com o elemento da divindade e era homem com os elementos da
humanidade, morte e ressurreição. Como Aquele que se tornara o Espírito que dá vida em
ressurreição, Ele possuía esses quatro fatores.

O Espírito Composto

O Espírito que dá vida é o Espírito todo-inclusivo, composto, tipificado pelo ungüento composto da
unção em Êxodo 30:23-25. Agora o Espírito já não é apenas o Espírito de Deus tipificado pelo azeite,
mas é o Espírito composto tipificado pelo ungüento formado pela composição de um him de azeite
mais quatro especiarias: mirra e cinamomo (que representam respectivamente a morte de Cristo e a
sua eficácia) e o cálamo e a cássia (que simbolizam respectivamente a ressurreição de Cristo e o
poder dela). Como o Espírito composto, todo-inclusivo, que dá vida, Ele é agora um ungüento
composto com quatro fatores: Deus, o homem, a morte de Cristo e a Sua ressurreição.

Os Dois Tornar-
Tornar-se de Cristo

A composição do Espírito ocorreu quando Cristo, como o último Adão, tornou-se o Espírito que dá
vida. Esse tornar-se não foi algo simples. Como já assinalamos no capítulo anterior, Cristo passou por
dois processos de tornar-se. O primeiro foi Sua encarnação: "O Verbo se fez carne" João 1:14. Esse
tornar-se foi seguramente mais simples, pois envolvia o entrar da divindade na humanidade e o
mesclar da divindade com a humanidade, mas não incluía nem morte nem ressurreição. O segundo
tornar-se de Cristo foi em ressurreição: "O último Adão, porém, tornou-se Espírito que dá vida" (1 Co
15:45b - BJ.). Esse tornar-se foi bem complexo, pois incluía a divindade, a humanidade, a morte de
Cristo e a Sua ressurreição.

As Complicações Envolvidas na Morte de Cristo

A morte de Cristo em si foi bastante complexa. Foi uma morte todo-inclusiva. Nela, Cristo crucificou
a carne do pecado (Gl 5:24; Rm 8:3b); condenou o pecado e tirou o pecado e os pecados pelo
derramamento do Seu sangue (Rm 8:3b; Jo 1:29; Hb 9:26b, 28a; Jo 19:34b); destruiu o diabo, que
tem o poder da morte (Hb 2:14; Jo 12:31b); julgou o mundo e expulsou o seu príncipe (Jo 12:31; Gl
6:14b); crucificou o velho homem (Rm 6:6; Gl 2:19b; 6: 14b); pôs fim à velha criação, crucificando o
velho homem (Rm 6:6); aboliu a lei dos mandamentos na forma de ordenanças (Ef 2:15a) e liberou a
vida divina (Jo 12:24; 19:34b). Por um lado, a morte de Cristo eliminou todas as coisas negativas; por
outro, ela liberou a vida divina. Quanto mais refletirmos sobre isso, mais perceberemos as complica-
ções envolvidas na morte todo-inclusiva do Senhor.

5
As Complicações Envolvidas na Ressurreição de Cristo

A ressurreição de Cristo também foi muito complexa. Ela produziu o Primogênito de Deus, elevando
a humanidade de Cristo e introduzindo-a na Sua divindade e fazendo-O nascer de Deus (At 13:33; Sl
2:7), isto é, designando o descendente de Davi (a natureza humana de Cristo) corno o Primogênito de
Deus (Rm 1:3-4) pelo Espírito de santidade (a divindade de Cristo) no poder de ressurreição. Na
ressurreição de Cristo, todos os escolhidos de Deus foram regenerados corno muitos filhos de Deus e
muitos irmãos do Primogênito de Deus (1 Pe 1:3; Hb 2:10; Rm 8:29). Na ressurreição de Cristo, o
Espírito de Deus foi consumado corno o Espírito que dá vida (1 Co 15:45b): o Espírito de Cristo - o
Cristo pneumático, o Cristo "pneumatizado" (Rm 8:9); a consumação final e máxima do Deus Triúno
processado e consumado, que é corporificado no Cristo "pneumatizado" corno o Espírito que dá vida;
e a realidade da ressurreição, que é o próprio Cristo e o Deus Triúno processado e consumado (Jo
11:25; 1 Jo 5:6). Por meio disso podemos ver que a ressurreição de Cristo é muito complexa.

Visto que tantas complicações estão envolvidas no segundo tornar-se de Cristo, o tornar-se o Espírito
todo-inclusivo que dá vida em ressurreição, podemos usar a palavra inclusão ao falar desse segundo
estágio de Cristo. O resultado desse tornar-se não foi algo simples, porém algo composto, isto é,
resultou não apenas no azeite representando o Espírito de Deus, mas no ungüento simbolizando o
Espírito que dá vida. Esse Espírito é o Cristo pneumático, o Cristo no segundo estágio: o estágio da
inclusão.

É comum os cristãos ensinarem acerca da edificação, ao passo que bem poucos, ou quase ninguém,
ensinam acerca da inclusão. A encarnação resultou no Cristo que se tornou o Espírito composto,
todo-inclusivo, que dá vida. Vemos esse Espírito composto no livro de Atos e nas vinte e urna
epístolas, de Romanos a Judas.

Cristo, no Primeiro Estágio,


Produz um Grupo de Redimidos e, no Segundo, Produz a Igreja

No primeiro estágio, o de Cristo em carne, Ele produziu um grupo de redimidos, corno Pedro e os
outros discípulos. Embora tenham sido produzidos alguns redimidos, a igreja ainda não havia sido
produzida. Ela foi produzida por Cristo no segundo estágio. Nesse estágio Ele é o Cristo pneumático,
o Espírito composto que dá vida, que produziu a igreja no dia de Pentecoste. Os santos redimidos,
produzidos por Cristo em carne, tornaram-se a igreja produzida por Cristo corno o Espírito que dá
vida.

Terceiro Estágio - Intensificação O Estágio de Cristo


como o Espírito Sete Vezes Intensificado
Intensificado Para Tratar com a Degradação da Igreja

Logo após ter sido produzida, a igreja começou a degradar-se. Isso é claramente visto em Atos. No
capítulo 5, Ananias e Safira mentiram para o Espírito Santo; no capítulo 6, houve murmuração dos
helenistas contra os hebreus com relação à distribuição diária de provisões, e no capítulo 15, houve o
problema relativo à circuncisão. A separação de Barnabé e Paulo (15:35-39) também deve ser
considerada parte da degradação. Por fim, a igreja degradou-se a tal ponto que o Senhor já não a
podia tolerar, e reagiu intensificando-se sete vezes a fim de ser o Espírito sete vezes intensificado (Ap
1:4; 5:6). Ele tornou-se sete vezes intensificado para tratar com a degradação da igreja.

Para Produzir o Corpo de Cristo a fim de Consumar a Nova Jerusalém

Em suas epístolas, Paulo falou acerca do Corpo (Rm 12:5; 1 Co 12: 12,27; Ef 1:23; 4:4,16; Cl 2:19), mas
não creio que Paulo tenha visto a real edificação do Corpo. Ele podia ver a igreja expressa em várias
cidades, mas não podia ver, em realidade, a igreja como o Corpo de modo perfeito e completo. Para o
Corpo ser produzido de modo pleno e completo, há a necessidade do terceiro estágio de Cristo, o da
intensificação, no qual Cristo se torna o Espírito sete vezes intensificado.

Após a morte de Paulo, o Senhor esperou mais de vinte anos até que João escrevesse o livro de
Apocalipse. Esse livro é uma epístola, mas, no seu caráter, difere bastante de todas as outras epístolas
do Novo Testamento. Nesse livro, Cristo, que se tornara o Espírito composto, todo-inclusivo, que dá

6
vida, tornou-se o Espírito sete vezes intensificado. Em Apocalipse 1 :4, o terceiro da Trindade divina,
o Espírito, torna-se os sete Espíritos e tem a posição do segundo da Trindade divina (vs. 4, 5).

Já assinalamos que, no segundo estágio, quando se tornou o Espírito composto, todo-inclusivo, que
dá vida, Cristo produziu as igrejas, mas que não muito do Corpo foi produzido e edificado de modo
real e prático. Por essa razão, Ele se tornou o Espírito sete vezes intensificado para vencer a
degradação da igreja, de modo que os vencedores sejam produzidos a fim de gerar o Corpo.

O resultado de Cristo na carne foi um grupo de redimidos, e o resultado de Cristo como o Espírito
composto, todo-inclusivo, que dá vida foram as igrejas. Para o Corpo ser produzido há a necessidade
de o Espírito composto, todo-inclusivo, que dá vida ser intensificado sete vezes. Essa intensificação
sétupla trata com a situação sétupla das sete igrejas de Apocalipse 2 e 3.

Os Irmãos Unidos e os que seguiram os ensinamentos deles viram algo acerca do significado
profético das sete igrejas de Apocalipse 2 e 3. A partir do estudo que fizeram desses capítulos,
descobriram que a igreja está em sete condições, em sete estágios e em sete períodos. Entretanto, não
estudaram a questão de vencer. Jessie Penn - Lewis viu essa questão e publicou um artigo intitulado
O Vencedor. Embora a Sra. Penn-Lewis tenha escrito algo acerca das sete igrejas produzindo os
vencedores, a luz que recebeu não foi plena e, assim, não viu que os vencedores são para a edificação
do Corpo a fim de consumar a Nova Jerusalém. O estágio da encarnação produziu um grupo de
redimidos, e o estágio da inclusão produziu a igreja. O estágio da intensificação irá edificar o Corpo
para consumar a Nova Jerusalém .

REALIZAR UMA OBRA DE TRÊS SEÇÕES

Tenho o encargo de que todos os cooperadores na restauração do Senhor percebam que precisam
realizar uma obra de três seções. Não devemos apenas ser capazes de realizar a obra da primeira
seção, a da encarnação, para produzir redimidos, mas também devemos ser capazes de realizar uma
obra que possa servir ao propósito da segunda seção, a da inclusão, a fim de produzir o testemunho
da igreja em muitas cidades. Além do mais, devemos ser capazes de realizar uma obra de edificação
do Corpo de Cristo consumando a Nova Jerusalém. Essa é a obra do estágio da intensificação.

O primeiro estágio, o da encarnação, é na esfera física a fim de realizar a redenção judicial, que é algo
físico. O segundo estágio, o da inclusão, é divino e místico. No terceiro estágio, o da intensificação,
haverá um amadurecimento e uma colheita na esfera divina e mística, e o Corpo será edificado para
consumar a Nova Jerusalém.

Ao liberar esta mensagem, fico preocupado que os cooperadores não estejam levando a cabo uma
obra tripla: a obra do estágio da encarnação, a do estágio da inclusão e a do estágio da intensificação.
Se estamos levando a cabo essa obra tripla, trabalharemos não apenas para produzir redimidos e
estabelecer igrejas, mas também para edificar o Corpo, consumando a Nova Jerusalém.

Quero pedir aos cooperadores que considerem que tipo de obra têm realizado no passado e
perguntem a si mesmos se têm feito uma obra em três seções. Com relação à minha própria obra,
posso dizer que a que fiz na China era principalmente a de produzir redimidos. Somente uma
pequena parte da minha obra ali foi para produzir igrejas. Isso indica que a minha obra na China foi
principalmente no primeiro estágio. Entretanto, quando fui para Taiwan, comecei a realizar uma
obra no estágio da inclusão, e muitas igrejas foram levantadas. Agora tenho o encargo de levar a cabo
uma obra no estágio da intensificação. Portanto, oro ao Senhor, dizendo: "Senhor, esforço-me ao
máximo para ser um vencedor com vistas à edificação do Teu Corpo para consumar a Nova
Jerusalém".

Espero que todos os cooperadores vejam os três estágios, as três seções de Cristo: encarnação (o
estágio de Cristo em carne), inclusão (o estágio de Cristo como o Espíri to que dá vida) e a
intensificação (o estágio de Cristo como o Espírito sete vezes intensificado que dá vida). Esses três
estágios são as três seções da história de Cristo. Isso quer dizer que a história de Cristo é dividida em:
aseção da Sua encarnação, a seção da Sua inclusão e a seção da Sua intensificação. Por isso,
enfatizamos essas três palavras (encarnação, inclusão e intensificação) e enfatizamos o fato de a
encarnação produzir os redimidos, de a inclusão produzir as igrejas e de a intensificação produzir os

7
vencedores para edificar o Corpo, que se consuma na Nova Jerusalém como meta única da economia
de Deus. Essa é a revelação do Novo Testamento.

Que espécie de obra estamos executando hoje? Devemos estar executando uma obra de três seções.
Preocupo-me que muitos cooperadores ainda estejam trabalhando apenas na primeira seção, a da
encarnação. Se for esse o seu caso, você precisa melhorar e avançar; o que você aprendeu e o que fez
no passado não é adequado. Naturalmente, não deve descartar as coisas do primeiro estágio, pois são
o fundamento. Agora precisa começar a edificar nesse fundamento e por fim ter a completação da
edificação. O fundamento é a obra no estágio da encarnação; a edificação é a obra no estágio da
inclusão, e a completação da edificação é a obra no estágio da intensificação.

AVANÇAR DA INCLUSÃO PARA A INTENSIFICAÇÃO

Quando uso o vocábulo inclusão, baseio-me no uso da palavra inclusivo. O fato de o último Adão
tornar-se o Espírito que dá vida foi o fato de tornar-se o Espírito todo- inclusivo. Tornar-se todo-
inclusivo é um assunto relacionado não apenas à encarnação mas também à inclusão. Como já
assinalamos, a inclusão envolve muitas complicações. No estágio da inclusão, muitas coisas são
incluídas no Cristo pneumático, no Cristo que é o Espírito que dá vida. Agora precisamos ver que o
Espírito todo-inclusivo, que dá vida, intensificou-se sete vezes.

Insisto que você considere essa questão da intensificação e ore desesperadamente, dizendo: "Senhor,
tenho de avançar. Preciso da Tua graça para me levar adiante. Não quero permanecer na obra da
encarnação, nem mesmo da inclusão. Quero avançar da inclusão para a intensificação. Senhor, Tu
foste intensificado sete vezes, e oro que eu também o seja para vencer a degradação da igreja de modo
que o Corpo seja edificado a fim de consumar a Nova Jerusalém".

Capítulo 3
Extrato da Revelação Divina Básica na Bíblia Sagrada
Neste capítulo, gostaria de apresentar um extrato da revelação divina básica na Bíblia Sagrada. Os
sete pontos deste extrato podem ser considerados como um extrato da nossa teologia. Se você estudar
todos esses pontos, verá que a teologia na restauração do Senhor é muito diferente de todas as
teologias do cristianismo de hoje.

I. CONHECER O DEUS TRIÚNO PROCESSADO E CONSUMADO

Primeiramente, precisamos conhecer o Deus Triúno processado e consumado (Mt 28:19).

A. Encarnado

O Deus Triúno encarnou-se (Jo 1:14). Mediante a encarnação, Ele se tornou o primeiro homem-Deus,
o Senhor Jesus, e na Sua humanidade expressou Deus.

B. Ungido para Ser o Cristo

Deus encarnou-se para ser um homem-Deus, e esse homem-Deus foi ungido para ser o Cristo, o
Ungido de Deus, a fim de levar a cabo o plano de Deus na Sua economia eterna (Lc 4:18). Na verdade,
foi o próprio Deus quem veio realizar o que planejara na eternidade, segundo a Sua economia eterna.

C. Consumado para Ser o Espírito que Dá Vida

O Deus Triúno consumou-se para ser o Espírito que dá vida a fim de aplicar o que Cristo realizou (1
Co 15:45b - BJ). O Deus Pai planejou, o Deus Filho realizou o que o Deus Pai planejou e o Deus
Espírito aplica o que o Deus Filho realizou segundo o plano do Deus Pai.

8
II. CONHECER O CRISTO TODO-INCLUSIVO

A seguir, precisamos conhecer o Cristo todo-inclusivo em muitos aspectos diferentes.

A. O Mistério de Deus

Precisamos conhecer o Cristo todo-inclusivo como o mistério de Deus para ser a realidade do Deus
Triúno (Cl 2:2). Cristo é tanto o mistério de Deus como a Sua realidade. Corporificado em Cristo está
tudo o que Deus é e possui. Tudo o que Deus tenciona fazer relaciona-se a Cristo. Se não conhecemos
esse Cristo, não conhecemos a Deus. Podemos dizer que Cristo é a chave que abre o caminho para
entrar em Deus. Quando temos Cristo, Deus está aberto para nós. Por meio Dele conhecemos a Deus
e até mesmo somos introduzidos em Deus.

Em Colossenses 2:2, Paulo fala do "mistério de Deus, Cristo". O fato de Cristo ser o mistério de Deus
indica que Ele não é simples. Pelo contrário, é imensurável e misterioso. Sem dúvida, Deus não é
simples. Ele é ilimitado, infinito, eterno. Como, então, Cristo, o mistério de Deus, poderia ser
simples? Como mistério de Deus, Cristo é o Deus imensurável, infinito e eterno.

B. A Palavra de Deus

Deus é misterioso, e precisa da Palavra para defini-Lo. O Cristo todo-inclusivo é a Palavra de Deus
que O define (Jo 1:1-NVI). Como a Palavra de Deus, Ele fala Deus, e é assim a definição, explicação e
expressão de Deus. Como a Palavra, Cristo é Deus definido, explicado e expresso. A Palavra,
portanto, é na verdade o próprio Deus, não oculto, encoberto e misterioso, mas definido, explicado e
expresso.

C. A Corporificação de Deus

O Cristo todo-inclusivo é a corporificação de Deus para expressá-Lo. "Nele habita corporalmente toda
a plenitude da Divindade" (Cl 2:9). Antes da encarnação de Cristo, a plenitude da Deidade habitava
Nele como a Palavra eterna, mas não corporalmente. A partir do momento em que Cristo encarnou-
se, revestiu-se de corpo humano, a plenitude da Deidade passou a habitar Nele de modo corpóreo, e
agora e para sempre habita no Seu corpo glorificado (Fp 3:21). O Cristo que é a corporificação de
Deus não apenas fala Deus e O define: Ele também O expressa. Visto que é a sólida corporificação de
Deus, Ele apresenta Deus para nós, expressando-O.

D. A Centralidade e Universalidade

O Cristo, que é o mistério de Deus, a realidade de Deus, a definição de Deus e a expressão de Deus é
também a universalidade e centralidade da economia eterna de Deus (Cl 1:13-19). Na economia de
Deus, Cristo é o centro e a circunferência.

A economia de Deus pode ser comparada a uma grande roda, tendo Cristo como todas as suas partes.
Cristo é o eixo dessa roda. "Nele tudo subsiste" (v. 17). Isso quer dizer que assim como os raios de
uma roda são presos pelo eixo, assim também todas as coisas existem juntas por causa de Cristo que
é o eixo da roda, o centro mantenedor. Na roda da economia de Deus, Cristo é também os raios (o
sustento) e o aro (a circunferência).

E. A Parte da Herança de Deus

Precisamos conhecer o Cristo todo-inclusivo como a parte da herança de Deus para desfrute dos Seus
crentes. Colossenses 1:12 fala de Cristo como a "parte que vos cabe da herança dos santos". Isso se
refere à fração da herança, como ilustra a divisão da boa terra de Canaã entre os filhos de Israel como
herança deles (Js 14:1). A herança dos crentes do Novo Testamento, a parte que lhes cabe da herança
de Deus, é o Cristo todo-inclusivo.

9
F. A Vida dos Seus Crentes

Cristo é a vida dos Seus crentes a fim de que O vivam. Colossenses 3:4 fala de "Cristo, que é nossa
vida". A vida que é Deus, a vida que Deus é, está em Cristo (Jo 1:4). O próprio Senhor Jesus disse que
Ele é vida (11:25) e que veio para que tenhamos vida (10:10). Portanto, quem tem Cristo tem vida (1
Jo 5:12), e Cristo agora habita nos crentes como a vida deles. Não apenas o Cristo todo-inclusivo é a
nossa porção de modo que O desfrutemos; Ele é também vida de modo que O vivamos.

G. A Cabeça do Seu Corpo

Precisamos conhecer a Cristo como a Cabeça do Seu Corpo, a fim de expressá-Lo. Colossenses 1:18
diz: "Ele é a cabeça do corpo, da igreja." Cristo precisa de expressão. Por um lado, Ele expressa Deus;
por outro, é expresso pelo Corpo. A Cabeça expressa Deus, e o Corpo expressa a Cabeça. Visto que
Cristo é a Cabeça do Corpo, precisamos reter a Cabeça para que o Corpo possa crescer com o
crescimento de Deus (2:19). Reter a Cabeça quer dizer não se permitir separar-se dela. Se verdadeira-
mente retivermos a Cristo como a Cabeça do Corpo, não nos separaremos Dele por nada.

III. CONHECER O ESPÍRITO CONSUMADO

A seguir, precisamos conhecer o Espírito consumado.

A. A Transfiguração de Cristo

O Espírito consumado é a transfiguração de Cristo em ressurreição (1 Co 15:45b- BJ). Cristo é a


corporificação de Deus, e o Espírito é a transfiguração de Cristo. Em ressurreição, Cristo, o último
Adão em carne, tornou-se o Espírito que dá vida. A ressurreição de Cristo foi a Sua transfiguração no
Espírito que dá vida. Ele era o Cristo em carne, mas mediante a ressurreição foi transfigurado no
Cristo que é o Espírito que dá vida.

B. O Espírito Composto

O Espírito composto é aquele que é formado da divindade de Cristo, a Sua humanidade, a Sua morte
e a eficácia dela, e a Sua ressurreição e o poder dela, todos tipificados pelos elementos do sagrado
ungüento da unção em Êxodo 30:23-25. De acordo com a prefiguração em Êxodo 30, o ungüento da
unção compunha-se de um item principal (um him de azeite) misturado com quatro especiarias:
mirra, cinamomo, cálamo e cássia. Em prefiguração, o azeite representa o Espírito de Deus; a mirra
fluida simboliza a morte de Cristo; o cinamomo tipifica a doçura e eficácia dessa morte; o cálamo
tipifica a Sua ressurreição, e a cássia, o poder dela, especialmente o poder repelente dessa
ressurreição. A prefiguração do ungüento da unção foi completamente cumprida no Espírito que dá
vida, contendo a divindade de Cristo, Sua humanidade, a doçura e eficácia da Sua morte e o poder e
eficácia da Sua ressurreição. O Espírito que dá vida, portanto, é o Espírito composto.

C. O Espírito da Vida

O Espírito não é apenas o Espírito que dá vida, mas também o Espírito da vida (Rm 8:2), que é a
realidade da vida, pois contém o elemento da vida divina. Na verdade, Ele próprio é a vida. Portanto,
com o Espírito da vida temos as riquezas da vida divina.

O modo de ter a vida é o Espírito. A vida pertence ao Espírito, e o Espírito é da vida. Os dois na
verdade são um só. Não podemos separar a vida do Espírito nem o Espírito da vida. Se temos o
Espírito, temos a vida. Se não temos o Espírito, não temos a vida. A maneira de experimentar a vida
divina, eterna, incriada, é o Espírito da vida.

D. O Espírito de Deus

Em Romanos 8:9, Paulo fala do Espírito de Deus habitando em nós, e no versículo 14, dos filhos de
Deus sendo guiados pelo Espírito de Deus. Não devemos entender o título o Espírito de Deus como se o
Espírito fosse algo vindo de Deus. No Novo Testamento, expressões como o amor de Deus e a vida de

10
Deus querem dizer que o amor e a vida são o próprio Deus. No mesmo princípio, o termo o Espírito de
Deus quer dizer que o Espírito é Deus. Por isso, o fato de que o Espírito de Deus habita em nós e nos
guia quer dizer que o próprio Deus habita em nós e nos guia.

E. O Espírito de Jesus

O Espírito de Jesus (At 16:7) é uma expressão peculiar com relação ao Espírito de Deus e refere-se ao
Espírito do Salvador encarnado que, como Jesus na Sua humanidade, passou pelo viver humano e
morte na cruz. Isso indica que o Espírito de Jesus contém não apenas o elemento divino, mas
também o humano e os elementos do viver humano de Jesus e Seu sofrimento de morte.

F. O Espírito de Cristo

Em Romanos 8:9, Paulo fala do Espírito de Cristo, o qual se relaciona à morte e ressurreição do
Senhor. O Espírito de Cristo é o Espírito Daquele que passou pela morte e entrou em ressurreição. O
Espírito de Cristo é a totalidade, o agregado, do Cristo todo-inclusivo com Sua morte todo-inclusiva e
ressurreição.

G. O Espírito de Jesus Cristo

O Espírito de Jesus Cristo (Fp 1:19) é "o Espírito" mencionado em João 7:39. Esse não é meramente o
Espírito de Deus antes da encarnação do Senhor, mas o Espírito de Deus, o Espírito Santo com a
divindade, após a ressurreição do Senhor, composto com a humanidade do Senhor, com Seu viver
humano sob o operar da cruz, da crucificação e da ressurreição.

Visto que o Espírito de Jesus refere-se particularmente ao sofrimento do Senhor e o Espírito de


Cristo à Sua ressurreição, então o Espírito de Jesus Cristo relaciona-se tanto ao Seu sofrimento como
à Sua ressurreição. O Espírito de Jesus Cristo é o Espírito do Jesus que teve um viver de sofrimento
na terra e do Cristo que agora está em ressurreição. A realidade de tal Jesus e de tal Cristo é o
Espírito de Jesus Cristo.

H. O Espírito que Habita Interiormente

O Espírito consumado é também o Espírito que habita interiormente. Em Romanos 8:9,11, Paulo
falado Espírito que habita nos crentes. O versículo 9 fala do Espírito de Deus que habita em nós, e o
versículo 11 diz: "Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse
mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também os vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que em vós habita". Como o Espírito que habita em nós, Ele é ativo em
infundir-nos vida. O Espírito que habita interiormente infunde a vida divina ao nosso ser tripartido
(vs. 10, 6, 11). O propósito Dele é infundir, dispensar vida, que, na verdade, é o próprio Deus, às três
partes do nosso ser.

I. O Cristo Pneumático

Finalmente, precisamos conhecer o Espírito consumado como o Cristo pneumático (Rm 8:10), que é
o Cristo como o Espírito que dá vida. O Cristo que estava em carne passou pela morte e ressurreição
para tornar-se o Espírito que dá vida, o Cristo pneumático. Não apenas tornou-se o Espírito, o Cristo
pneumático, mas quando vem a nós, Ele o faz como o Cristo pneumático. Assim, quando O
recebemos hoje, recebemo- Lo como o Cristo pneumático, como o Espírito que dá vida.

IV. CONHECER A IGREJA

A questão seguinte que devemos conhecer é a igreja.

A. A Casa de Deus

A igreja é a casa universal de Deus, para ser a manifestação de Deus na humanidade (l Tm 3:15, 16).
Em 1 Timóteo 3:15, Paulo fala da "casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo". Como habitação de
Deus, a igreja é tanto a casa como a família de Deus. No Velho Testamento, o templo e o povo de

11
Deus eram duas coisas separadas, mas no cumprimento do Novo Testamento, a habitação de Deus e
a Sua família são a mesma coisa. Os versículos 15 e 16 indicam que a igreja como a casa de Deus é
também a manifestação de Deus na carne: o mistério da piedade. Deus se manifesta na igreja, no
Corpo de Cristo e na casa do Deus vivo, como a expressão aumentada e corporativa na carne, isto é,
na humanidade.

B. A Igreja nas Cidades

É importante conhecer o testemunho da igreja nas cidades a fim de expressar a igreja única de Deus
(Ap 1:11; 1 Co 10:32). A igreja tem tanto o aspecto universal como o local. No aspecto local, a igreja se
expressa em muitas cidades como muitas igrejas. A igreja única, universal, expressa em muitas
cidades na terra torna-se as muitas igrejas. A expressão da igreja numa cidade é a igreja nessa cidade
em especial.

A igreja universal como o Corpo de Cristo se expressa mediante as igrejas. Elas, como as expressões
do Corpo único de Cristo, são localmente uma só. Sem o testemunho da igreja nas cidades não
haveria maneira prática e real para a igreja universal. A igreja universal torna-se real nas Igrejas.

C. O Corpo de Cristo

No aspecto universal, a igreja é o Corpo universal de Cristo para ser a Sua plenitude. Em Efésios 1
:22, 23, Paulo fala da "igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as
coisas". Essa é a igreja no aspecto universal, pois Cristo tem apenas um Corpo, que é único no
universo. O Corpo universal de Cristo é Sua plenitude, Sua expressão.

V. CONHECER O CORPO DE CRISTO

Além de conhecer a igreja, precisamos conhecer o Corpo de Cristo.

A. O Mistério de Cristo

O Corpo de Cristo é o mistério de Cristo (Ef 3:4). O mistério de Deus em Colossenses 2:2 é Cristo; o
mistério de Cristo em Efésios 3:4 é a igreja. Deus é um mistério, e Cristo, como corporificação de
Deus para expressá-Lo, é o mistério de Deus. Cristo também é um mistério, e a igreja, como Seu
Corpo, é o Seu mistério. Esse mistério é a economia de Deus, que é dispensar Cristo, como a
corporificação de Deus, aos escolhidos de Deus a fim de produzir o Corpo como aumento da
corporificação de Deus em Cristo de modo que Deus tenha uma expressão corporativa.

B. A Plenitude
Plenitude Daquele que a Tudo Enche em Todas as Coisas

O Corpo de Cristo é a plenitude Daquele que a tudo enche em todas as coisas (Ef 1:23). É a expressão
universal do Cristo todo-inclusivo e todo-extensivo. A plenitude do Corpo de Cristo é a plenitude
Daquele que enche tudo em todos. Cristo, que é o Deus infinito sem limitação, é tão grandioso que
pode encher tudo em todos. Tal Cristo grandioso precisa do Corpo para ser Sua plenitude com vistas
à Sua expressão completa.

C. O Organismo do Deus Triúno

O Corpo de Cristo é o organismo do Deus Triúno, constituído do Deus Triúno e os crentes (Ef 4:4-6).
A vida divina é a substância, é o Deus Triúno, e o Seu organismo é a expressão visível dessa
substância. Por isso, como o Seu organismo, o Corpo de Cristo é totalmente orgânico e
absolutamente de vida. Como ilustração desse organismo, temos João 15: a videira e seus ramos. A
videira desenvolve-se e aumenta através dos ramos. Esse é um quadro do Corpo de Cristo como
organismo do Deus Triúno, um organismo que cresce com as riquezas do Deus Triúno e expressa a
vida divina.

O organismo do Deus Triúno, o Corpo de Cristo, é resultado da Trindade Divina; é resultado do Pai
como o manancial, do Filho como a fonte e do Espírito como o fluir. Além do mais, o Corpo constitui-
se do Deus Triúno e dos crentes. Nessa constituição, o Pai é a origem, o Filho é o elemento, o Espírito

12
é a essência e os crentes, os redimidos e regenerados de Deus, são a estrutura exterior. O Pai como a
fonte, o Filho como o elemento e o Espírito como a essência estão todos na estrutura exterior desse
Corpo.

D. Os Elementos Constituintes do Novo Homem

O Corpo de Cristo é o que constitui o Novo Homem. Colossenses 3:10, 11 diz-nos que no novo homem
"Cristo é tudo e em todos". No novo homem há espaço apenas para Cristo. Ele é todos os membros do
novo homem e em todos os membros. Ele é tudo no novo homem. Na verdade, Ele é o novo homem,
o Seu Corpo (1 Co 12:12). No novo homem, Ele é a centralidade e universalidade. É o que constitui o
novo homem, e é tudo em todos no novo homem.

E. Para Ser Edificado

O Corpo de Cristo precisa ser edificado pelos santos aperfeiçoados na igreja em cada cidade (Ef 4:11,
12). Efésios 4: 11 fala das pessoas dotadas: apóstolos, profetas, evangelistas e pastores e mestres.
Essas pessoas dotadas têm apenas um ministério: ministrar Cristo para a edificação do Seu Corpo, a
igreja. O que quer que façam deve ser para a edificação do Corpo de Cristo. Entretanto, essa
edificação não é levada a cabo diretamente por elas, e, sim, pelos santos por elas aperfeiçoados.

F. Não Dividido

O Corpo de Cristo não é dividido nem divisível. Isso é claramente indicado pela palavra de Paulo em 1
Coríntios 1:10-13.

G. Para Consumar a Nova Jerusalém

A edificação do Corpo de Cristo consuma a Nova Jerusalém. Hoje estamos edificando o Corpo de
Cristo com vistas à edificação da Nova Jerusalém. Estamos edificando algo nesta era (o Corpo de
Cristo) que visa a algo na próxima era (a Nova Jerusalém).

VI. CONHECER A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA: A NOVA JERUSALÉM

Precisamos avançar. Depois de conhecer o Corpo de Cristo, temos de conhecer a consumação final e
máxima: a Nova Jerusalém (Ap 21).

A. Uma Constituição Mística

A Nova Jerusalém é uma constituição mística formada do Deus Triúno processado e consumado, com
Seus escolhidos, redimidos, regenerados, santificados, renovados, transformados, edificados,
conformados e glorificados.

B. A Noiva

Tal constituição mística e orgânica, a Nova Jerusalém, é a noiva ( a esposa) do Cordeiro ( Ap 21:2,9).
Isso quer dizer que ela será o complemento de Cristo, a corporificação do Deus Triúno processado e
consumado. Nas bodas de mil anos (19:7-9), a Nova Jerusalém será apenas a noiva do Cordeiro, mas
na eternidade será Sua esposa.

C. O Tabernáculo

A Nova Jerusalém é também o tabernáculo como habitação eterna de Deus. Apocalipse 21:3 diz
claramente que a Nova Jerusalém, a cidade santa, é o tabernáculo de Deus. Isso indica que ela é a
habitação de Deus. A habitação de Deus visa ao Seu descanso em expressão. Na Nova Jerusalém,
Deus terá o descanso final em expressão pela eternidade.

O tabernáculo feito por Moisés era uma prefiguração da Nova Jerusalém como tabernáculo eterno de
Deus (Êx 25:8,9; Lv 26:11). Essa prefiguração foi primeiramente cumprida em Cristo como o
tabernáculo de Deus entre os homens (J0 1:14 -lit.). Ele mesmo era o tabernáculo de Deus. Por fim, a

13
prefiguração do tabernáculo será cumprida plenamente na Nova Jerusalém, que será a ampliação de
Cristo como habitação de Deus.

D. O Templo

A Nova Jerusalém é o templo como habitação eterna dos santos glorificados. Apocalipse 21:22b diz:
"o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-poderoso e o Cordeiro." Visto que Deus e o Cordeiro são o
templo, não podem habitar nele e ele não pode ser a habitação Deles. Pelo contrário, é a habitação
dos santos glorificados, que servirão ao Deus Triúno habitando Nele.

Por um lado, a Nova Jerusalém, composta dos santos glorificados como habitação de Deus, é o
tabernáculo. Por outro, a Nova Jerusalém, constituída com o Deus Triúno processado e consumado
como habitação dos santos glorificados, é o templo. Portanto, a Nova Jerusalém, que é tanto o
tabernáculo como o templo, é a habitação mútua do Deus Triúno e os santos glorificados. Tal
constituição mística e orgânica, a Nova Jerusalém, é a noiva (a esposa) do Cordeiro (Ap 21:2,9). Isso
quer dizer que ela será o complemento de Cristo, a corporificação do Deus Triúno processado e
consumado. Nas bodas de mil anos (19:7-9), a Nova Jerusalém será apenas a noiva do Cordeiro, mas
na eternidade será Sua esposa.

E. A Expansão e Expressão Eternas

A Nova Jerusalém é também a expansão e expressão eternas do Deus Triúno processado e


consumado na humanidade regenerada, transformada e glorificada. É o espalhar do Deus Triúno nos
Seus santos glorificados como Seu aumento, com vistas ao Seu propósito eterno. Esse espalhar-se é
ilustrado pela videira e seus ramos em João 15. A multiplicação dos ramos da videira é a expansão
dela. Isso é uma ilustração da Nova Jerusalém como expansão, o espalhar-se, do Deus Triúno nos
santos glorificados.

VII. CONHECER O EGO

Além de conhecer os seis itens anteriores, precisamos conhecer o ego.

A. O Velho Homem, o Homem Natural

Em Romanos 6: 6, o velho homem refere-se à vida natural em nossa alma. O velho homem é o nosso
próprio ser criado por Deus mas que se tornou caído por causa do pecado. É o mesmo que o "eu" de
Gálatas 2:19b, 20. Nosso velho homem foi crucificado com Cristo (Rm 6:6; Gl 2:19b, 20) e sepultado
com Ele no batismo (Rm 6:4). Não é a alma propriamente dita, e, sim, a vida da alma considerada
por Deus sem esperança e posta na cruz e crucificada com Cristo.

B. Negar o Ego

O ego precisa ser negado, condenado e rejeitado todo o tempo. Em Mateus 16:24, o Senhor Jesus
disse: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." Nós, os
crentes em Cristo, fomos crucificados com Ele, e agora precisamos tomar a cruz. Para nós, tomar a
cruz quer dizer permanecer sob o aniquilar da morte de Cristo a fim de pôr fim ao nosso ego, nossa
vida natural e nosso velho homem. Assim fazendo, negamos a nós mesmos de modo que podemos
seguir ao Senhor.

Nesta mensagem abordamos sete itens principais, como extrato da revelação básica das santas
Escrituras: o Deus Triúno, o Cristo todo-inclusivo, o Espírito consumado, a igreja, o Corpo, a
consumação final e máxima (a Nova Jerusalém) e o ego. Precisamos despender muito tempo para
estudar todas essas questões.

14
Capítulo Quatro
O DIREITO DIVINO DOS HOMENS-
HOMENS-DEUS
DE PARTICIPAR
PARTICIPAR DA DIVINDADE DE DEUS
Leitura da Bíblia: Jo 3: 15; Cl3:4; Ef1:4; 2 Pe 1:4; Ef 4:23; Fp 2:5; 2 Co 3:18b; Ef 3:8;
2 Co 3:18a; Rm 8:29, 30; Hb 2:10; Ef 1:5; Rm 8:23,19; 1J03:2;Jo :12;Rm8:14, 16

SINOPSE

I. Participar da vida de Deus -Jo 3:15; Cl 3:4.


II. Participar da natureza de Deus - Ef 1 :4; 2 Pe 1:4.
III. Participar da mente de Deus- Ef 4:23; Fp 2:5.
IV. Participar do ser de Deus - 2 Co 3:18b; Ef 3:8.
Participar da imagem de Deus - 2 Co 3:18a; Rm 8:29.
VI. Participar da glória de Deus - Rm 8:30; Hb 2:10.
VII. Participar da filiação de Deus - Ef 1:5; Rm 8:23.
VIII. Participar da manifestação de Deus - Rm 8:19.
IX. Ter a semelhança de Deus - 1 Jo 3:2.
X. Ser da raça de Deus (da espécie de Deus) -Jo 1:12; Rm 8:14, 16.

Atualmente, tenho tido o encargo de liberar as verdades elevadas da Palavra, e prezo cada
oportunidade de fazê-l0. Uma dessas verdades elevadas é a questão da participação na divindade de
Deus. Neste capítulo, gostaria de dar uma breve palavra com relação ao direito dos homens-Deus de
participar da divindade de Deus.

O hino 214 do Hinos começa apresentando-nos um nível bem básico de experiência espiritual,
encorajando-nos a ser absolutamente por Deus. Isso é bom, mas é apenas básico. Entretanto, esse
hino avança a um nível bem mais elevado com um verso na terceira estrofe que diz: "És um com teu
Senhor". Que maravilhoso que nós, seres humanos caídos, podemos ser um com o Senhor! Tal
pensamento é certamente muito elevado. Agora precisamos ver algo ainda mais elevado: que, como
homens-Deus, temos o direito divino de participar da divindade de Deus.

A expressão participar de quer dizer não apenas partilhar, mas partilhar para desfrutar. Isso indica que
possuímos algo e desfrutamos o que possuímos. Nós, os homens-Deus, temos o direito de participar
não do céu, mas da divindade de Deus. Todos precisamos perceber que podemos participar da
divindade de Deus, isto é, participar de Deus.

Como seres humanos fomos criados por Deus para esse propósito. a homem foi criado à imagem de
Deus e segundo a Sua semelhança (Gn 1:26). Fomos criados não à imagem do homem nem segundo a
semelhança humana, e, sim, à imagem de Deus e segundo a Sua semelhança. Assim, os seres
humanos têm a imagem e semelhança de Deus. Entretanto, na época da criação o homem não tinha a
vida de Deus. Agora, porém, como homens-Deus, os que nascemos de Deus para ser Seus filhos (Jo
1:13), temos o direito de participar do que Deus é e até nos tornar Deus em vida, natureza e
expressão, mas não na Deidade.

I. PARTICIPAR DA VIDA DE DEUS

Primeiro, como homens- Deus, temos o direito divino de participar da vida de Deus. João 3: 15 diz-
nos que todo o que crê no Senhor Jesus terá a vida eterna. A vida eterna é a vida divina, a vida de
Deus. Somos seres humanos, mas podemos ter a vida de Deus. Fomos criados à imagem e
semelhança de Deus, mas sem Sua vida. Mediante a regeneração, fomos agraciados por Deus com
Sua vida divina. Mediante a regeneração, Ele colocou Sua vida em nosso ser, dispensou-a a nós.

Colossenses 3:4 fala de "Cristo, que é nossa vida". Visto que Cristo é a corporificação de Deus, Cristo
ser nossa vida quer dizer que Deus é nossa vida.

15
II. PARTICIPAR DA NATUREZA DE DEUS

Como homens-Deus, também temos o direito divino de participar da natureza de Deus. Efésios 1:4
diz: "Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos". Aqui vemos
que Deus nos escolheu em Cristo com um propósito peculiar: fazer-nos santos. Santos quer dizer não
apenas santificados, separados para Deus, mas também diferentes, distintos, de tudo que é comum.
Deus é santo, mas nós somos comuns. Somente Deus é diferente, distinto, de tudo. Por isso, Ele é
santo; santidade é Sua natureza. Deus tenciona fazer-nos santos como Ele é santo (1 Pe 1:15, 16). Ser
santo é participar da natureza santa de Deus. Uma vez que nos escolheu para sermos santos, Deus
nos torna santos infundindo a Si mesmo, Aquele que é santo, em nosso ser, de modo que todo o
nosso ser seja saturado e permeado com Sua natureza santa. Sermos santos, nós que somos os eleitos
de Deus, é participarmos da natureza divina de Deus (2 Pe 1:4). Assim, podemos participar não
apenas da vida de Deus, mas também da Sua natureza.

III. PARTICIPAR DA MENTE DE DEUS

Visto que nos tornamos homens- Deus mediante a regeneração, também temos o direito de participar
da mente de Deus. Isso quer dizer que nós, que somos humanos, podemos ter mente divina.
Filipenses 2:5 diz: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus."
Precisamos permitir que a mente de Cristo seja a nossa mente. Desse modo, podemos ter a mente de
Cristo.

Efésios 4:23 diz: "E vos renoveis no espírito do vosso entendimento." O espírito aqui é o espírito
regenerado dos crentes, mesclado com o Espírito de Deus que habita interiormente. Tal espírito
mesclado espalha-se para a nossa mente, tornando-se assim o espírito da nossa mente. Quanto mais
o espírito mesclado penetra, satura e possui a nossa mente, mais ela se torna semelhante à mente de
Cristo. Isso é fazer da mente Dele a nossa mente, e isso é participar da mente de Deus.

IV. PARTICIPAR DO SER DE DEUS.

A seguir, os homens-Deus têm o direito divino de participar do ser de Deus. Nossa base para afirmar
isso é a palavra de Paulo em 2 Coríntios 3: 18 acerca de sermos transformados na imagem do Senhor
"como pelo Senhor, o Espírito" [ou "como do Senhor Espírito" -lit.]. Isso indica que a obra de
transformação é feita não por algo do Senhor Espírito, mas pelo próprio Senhor Espírito. Por isso,
estamos sendo transformados com o próprio ser de Deus.

Em Efésios 3:8, Paulo fala das riquezas insondáveis de Cristo, indicando que essas riquezas foram
dispensadas a nós. As riquezas insondáveis de Cristo são as riquezas do ser de Cristo, as riquezas do
que Cristo é. O fato de as riquezas insondáveis de Cristo serem dispensadas a nós quer dizer que
participamos não apenas da vida, natureza e mente de Deus, mas também do Seu ser.

V. PARTICIPAR DA IMAGEM DE DEUS

Como homens-Deus, também temos o direito divino de participar da imagem de Deus. Segunda
Coríntios 3:18 diz que estamos sendo "transformados (...) na sua própria imagem". Essa é a imagem
do Cristo ressuscitado e glorificado. Na criação de Deus, o homem foi feito à imagem de Deus de
modo exterior, mas a imagem na qual estamos sendo transformados é algo interior. Ser transformado
na imagem é ser conformado ao Cristo ressurreto e glorificado como Primogênito de Deus, é ser feito
o mesmo que Ele é (Rm 8:29).

A transformação é um metabolismo. O metabolismo envolvido na transformação é comparável ao


que ocorre em nosso corpo físico após comermos, digerirmos e assimilarmos os alimentos. A
transformação é a função metabólica da vida divina nos crentes. Como cristãos, como homens- Deus,
todos temos o Senhor Espírito em nós, e Ele está no processo de levar a cabo uma mudança metabó-
lica em nosso ser, transformando-nos na imagem de Cristo. Ser metabolicamente transformado na
imagem do Cristo ressurreto e glorificado é participar da imagem de Deus.

16
VI. PARTICIPAR DA GLÓRIA DE DEUS

Por fim, seremos introduzidos na glória de Deus para participar dela. Hebreus 2: 10 diz que Deus está
conduzindo muitos filhos à glória. Paulo refere-se a isso em Romanos 8:30: "E aos que predestinou, a
esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses
também glorificou". A glorificação é a etapa da salvação completa de Deus em que Ele irá saturar
completamente nosso corpo com a glória da Sua vida e natureza. Desse modo, irá transfigurar o
nosso corpo, conformando-o ao corpo ressuscitado e glorioso de Seu Filho (Fp 3:21). Esse é o passo
final da salvação orgânica de Deus, na qual Ele obtém plena expressão, que se manifestará por fim na
Nova Jerusalém.

VII. PARTICIPAR DA FILIAÇÃO DE DEUS

Outro aspecto do direito divino dos homens- Deus de participar da divindade de Deus é o direito de
participar da filiação de Deus (Ef 1:5; Rm 8:25). Podemos ter a vida de Deus, Sua natureza, mente,
ser, imagem e glória porque somos Seus filhos. Assim como um filho humano tem a vida, natureza,
mente, ser e imagem do pai humano, do mesmo modo os filhos de Deus têm a vida, natureza, mente,
ser e imagem do Pai divino. Além do mais, assim como um filho humano partilha a glória e prestígio
do pai humano, os filhos de Deus partilham a glória do Pai divino.

Efésios 1:5 diz-nos que Deus nos predestinou "para a filiação" . A palavra grega traduzi da para
predestinar nesse versículo pode também ser traduzi da por "marcar de antemão". Antes da fundação
do mundo, isto é, na eternidade passada, Deus nos predestinou, marcou-nos, para a filiação. Antes de
o tempo começar, Deus teve a intenção e determinou que fôssemos participantes da Sua filiação.

VIII. PARTICIPAR DA MANIFESTAÇÃO DE DEUS

Como homens- Deus, participaremos também da manifestação de Deus (Rm 8:19). Quando Cristo,
que é nossa vida, se manifestar, então nós também seremos manifestados com Ele em glória (Cl 3:4).
Hoje Deus está oculto, mas um dia será manifestado a todo o universo. Romanos 8:19 indica que
quando Ele se manifestar, se revelar, nós, os Seus filhos, participaremos dessa revelação, dessa
manifestação. Deus irá manifestar-se com os Seus filhos, que serão o mesmo que Ele em vida,
natureza, mente, ser, imagem e glória.

IX. TER A SEMELHANÇA DE DEUS

O direito divino dos homens-Deus de participar da divindade de Deus inclui o direito de ter a
semelhança de Deus. Primeira João 3:2 diz: "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se
manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque havemos de vê-lo como ele é". Isso revela claramente que teremos a semelhança de Deus.
Não apenas participaremos da vida e natureza de Deus, mas também teremos Sua semelhança. Ter a
semelhança de Deus será uma grandiosa bênção e desfrute.

X. SER DA RAÇA DE DEUS (DA ESPÉCIE DE DEUS)

Finalmente, os homens-Deus têm o direito divino de ser da raça de Deus, da espécie de Deus (Jo 1:12;
Rm 8:14, 16). Fomos regenerados para ser da raça de Deus. Como filhos de Deus somos da Sua raça,
da Sua espécie.

João 1:12 diz: "A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus".
Recebemos o Senhor Jesus crendo Nele, e Deus nos deu o poder, o direito, de ser Seus filhos. "O
próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8: 16). Esse testificar
nos assegura que somos filhos de Deus, que possuímos Sua vida. Precisamos ter isso como nossa
realidade e nos lembrar disso. Onde quer que estejamos, precisamos nos lembrar de que somos
homens-Deus com o direito divino de participar da divindade de Deus.

17

Você também pode gostar