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CREIO NO ESPÍRITO SANTO

Não há duvida de que o Espírito Santo é a pessoa de Deus mais


desconhecida. Não raro é confundido com um grande santo. Na religiosidade
popular, falar do “Divino Espírito Santo” ou na “Festa do Divino” é muitas
vezes alusão a um dos santos prediletos do povo.
Até mesmo Cristãos bem atuantes, que iniciam todas as orações com o sinal
da cruz, invocando as três Pessoas da Trindade, dirigem suas preces ao Pai
ou a Cristo, seu Filho.
E só em movimentos muito especiais se lembram do Espírito Santo. É verdade que
hoje, em muitos movimentos de Igreja, iniciam-se as atividades com a oração ao
Espírito Santo. Mas, em geral, o Espírito Santo fica esquecido.

Hoje, o Movimento da Renovação Carismática também na Igreja Católica, está


recuperando a devoção ao Espírito Santo. É um dos grandes méritos desses grupos,
espalhados por toda parte.
Estudando o Catecismo da Igreja Católica, percebe-se imediatamente que o
cristianismo, desde os primeiros séculos, nos apresenta o Espírito Santo com a
força de Deus que nos faz entender os próprios mistérios divinos. É interessante
observar isso num dos textos de Santo Irineu escrito no final do segundo século:
“O Batismo nos concede a graça do novo nascimento em
Deus Pai, por meio de seu filho, no Espírito Santo. Pois, os
que tem o Espírito de Deus são conduzidos ao Filho; mas o
filho os apresenta ao Pai, e o Pai lhes concede a
incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito Santo não é
possível chegar ao Filho de Deus e sem o Filho ninguém
consegue aproximar-se do Pai, pois o conhecimento do Pai é
o Filho, e o conhecimento do filho de Deus se faz pelo
Espírito Santo”.
Demonstratio Apostolica, 7
A mesma ideia de Santo Irineu já está presente no Novo Testamento:
“Ninguém pode dizer Jesus é o Senhor a não ser por inspiração do
Espírito Santo” (1Cor 12, 3).

O conhecimento da fé só é possível pelas luzes do Espírito Santo.


Portanto, quem nos ensina que Jesus é o Senhor e quem nos faz
compreender que Deus é Pai é o Espírito Santo. O Espírito Santo é
imprescindível para a catequese e para a Teologia. O tempo da Igreja é
o tempo do Espírito Santo. É ele que torna a Igreja Santa e a assiste
para preservá-la na unidade, na verdade e na caridade.
São Gregório Nazianzeno, no século IV, explica a progressiva
revelação de deus:
“No Antigo Testamento, se apresenta o Pai, com alguns sinais,
apontando para o filho; no Novo Testamento, através da Encarnação
de Jesus Cristo, é o Filho de Deus que se apresenta, já acenando para
o Espírito Santo; agora, o Espírito tem direito de cidadania entre nós
e se manifesta de modo mais claro”.
Podemos dizer que Deus faz uso de um método pedagógico
progressivo: foi se manifestando aos poucos, e na ordem, primeiro o
Pai, depois o Filho e, por último, o Espírito Santo.
Crer no Espírito Santo é professar que Ele é uma das
pessoas da Santíssima Trindade, igual ao Pai e ao
Filho, na divindade, na onipotência e na eternidade.
Nomes do Espírito Santo
Na pregação dos padres da Igreja primitiva, está muito claro: “Espírito
Santo” é o nome próprio daquele que adoramos e glorificamos, com o
Pai e o filho. A Igreja o recebeu do Senhor e o professa no batismo dos
seus novos filhos.
O termo Espírito Traduz a palavra hebraica ruah, muito frequente no
Antigo Testamento, significando sopro, ar, vento. No encontro com
Nicodemos (Jo 3, 5-8), Jesus usa a imagem do vento, que sopra onde
quer e não se sabe de onde vem nem para onde vai, para explicar o que
significa nascer do Espírito.
Quando Jesus prometeu a vinda do Espírito Santo, Ele o denominou
Paráclito. É um termo mais difícil ainda. Pode ser traduzido por
advogado, isto é, aquele que é chamado para perto, aquele que dá
coragem e anima. Por isso mesmo, é também traduzido por
consolador, já que essa seria a função do Espírito Santo, junto aos
apóstolos, outrora tímidos e medrosos. O próprio Jesus o chama ainda
de Espírito da Verdade, isto é , aquele que ensina toda a verdade e
instrui sobre a verdade plena, revelada por Jesus Cristo.
São Paulo, o grande apóstolo do Espírito Santo, dá-lhe ainda outros
nomes: Espírito da Promessa, Espírito de adoção, o Espírito de
Cristo, o Espírito do Senhor e, em São Pedro, aparece o nome Espírito
da Glória.

Nas comunidades da Igreja primitiva, todos esse nomes eram


perfeitamente conhecidos; por isso São Paulo não se preocupa com o
nome que utiliza. Ele sabe que será compreendido pelos seu leitores.
Os Símbolos do Espírito Santo
Como o Espírito Santo não tem corpo e não é visível aos nossos olhos, a
teologia, a partir de inúmeros textos da Sagrada Escritura, usa símbolos
diferentes para designar o Espírito Santo. Os mais conhecidos são o fogo
e a pomba; um pouco menos conhecidos são a nuvem e a luz; às vezes
também o vento.

O fogo – O fogo é o símbolo da energia transformadora dos atos do


Espírito Santo. É um símbolo frequente ainda no Antigo Testamento
quando Elias atrai o fogo sobre o Monte Carmelo (1Rs 18, 38-39). Jesus
diz: “Vim trazer fogo á terra...”. Em pentecostes aparece como “línguas
de fogo, pousando sobre os apóstolos.
A pomba – Foi usada no final do dilúvio para anunciar que as águas
haviam baixado e a terra estava novamente habitável e no batismo de
Jesus, o Espírito Santo aparece em forma de pomba.
A nuvem e a luz – São dois símbolos inseparáveis nas manifestações do
Espírito Santo. No Antigo Testamento, a nuvem, ora escura, ora
luminosa, revela o Deus vivo e Salvador, com Moisés sobre a
montanha do Sinai (Ex 24, 15-18), na tenda da reunião (Ex 33, 9-10) e
durante a caminhada no deserto (Ex 40, 36-40). No NT é a nuvem que
paira sobre Maria e a coloca debaixo de sua sombra(Lc 1, 35); Na
transfiguração “uma nuvem desceu e os cobriu com sua sombra(Lc 9,
34-35); e na ascensão, “uma nuvem o ocultou aos seus olhos”(At 1, 9).
Importante – nos ritos litúrgicos, quando se invoca o Espírito Santo, a
Igreja conserva e repete os gestos dos Apóstolos que, por sua vez,
repetiam os gestos de Jesus e a prática do AT: a imposição das mãos, a
unção com óleo e água.
Imposição das Mãos – Jesus curava os doentes e abençoava as
crianças. Os apóstolos faziam o mesmo. A carta aos hebreus (6,2)
coloca a imposição da mãos entre os artigos fundamentais. Ao longo
da história, a Igreja conservou esse sinal da Efusão do Espírito Santo,
tanto que na missa o sacerdote impõe as mãos sobre os dons, quando
invoca o Espírito Santo.
A Unção – O próprio temo Cristo significa ungido do Espírito de Deus.
Assim como Davi foi ungido com óleo e transformado pelo Espírito
Santo, todos os batizados são ungidos já no batismo e, pela unção,
recebem o sinal sacramental da crisma.

A água – É a invocação do espírito Santo que a torna sinal sacramental


eficaz do novo nascimento. E o Espírito Santo que, por meio da água
batismal, realiza o nosso novo nascimento para a vida divina.
Na liturgia da Igreja, a água e o óleo são duas substancias que se
tornam sinais sacramentais pela invocação do Espírito Santo. A água
do batismo é consagrada na vigília de Páscoa, pelo sacerdote, e o óleo
na quinta-feira santa, pelo Bispo. Água e óleo são parte dos rituais do
batismo, da crisma, da unção dos enfermos, da ordenação e da
aspersão, nas bênçãos.
O Espírito Santo é dom de Deus
São João nos revelou que “Deus é Amor” e o Amor é o primeiro dom. Ele
contém todos os demais. Esse amor, “Deus o derramou em nossos
corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5, 5).
É esse dom, que na Igreja, é restituído aos batizados a semelhança divina
perdida pelo pecado.
Se nós que recebemos o Espírito Santo no batismo, ainda não produzimos
tais frutos, é porque não o invocamos suficientemente e não o levamos a
sério.
Em uma palavra, podemos afirmar que o Espírito Santo é a pessoa de Deus
hoje presente na Igreja, atuando na vida dos Cristãos.

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