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Tema: O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos

foi dado (Rm 5, 5)

I Meditação: O grande Desconhecido

Meus irmãos e irmãs, essa nossa primeira meditação do dia tem como finalidade nos
colocar diante do mistério do Espírito Santo. Nos nossos dias, muito se fala do Espírito.
Em algumas das várias formas de se fazer oração, parece-nos que a oração que “mais
contém” a “unção do Espírito” é aquela que se faz de modo espontâneo e de alta voz. Eu
não sei se em nossa “cabeça cristã” concebemos o Espírito Santo como Deus e também
como Pessoa e se nossos corações se inclinam a uma relação para com Ele.

A doutrina da Igreja, apoiada na revelação, nos ensina que o Espírito é a terceira pessoa
da Trindade. É Deus com o Pai e o Filho e com o Eles adorado e glorificado, como se
expressa no credo. Os relatos bíblicos nos dão os testemunhos da Pessoa do Espírito.
Comecemos pelo Antigo Testamento. Aqui não aparece com claridade e distinção a
pessoa divina do Espírito, mas, à luz do Novo Testamento, existe vários indícios que
aparecem como alusões ao Espírito de Amor.

Um termo que vamos meditar é a Ruah de Deus. Ele aparece no Antigo Testamento
com vários sentidos. Este termo é um dos indícios bíblicos que se relacionam ao
Espírito. Há quatro sentidos principais:

a) Em primeiro lugar significa o vento, pelo qual Deus dá a conhecer sua presença,
força ou ira. É também, desde o princípio, o sopro de vida que Deus sopra sobre a
humanidade e também sobre os animais. Se Deus o tira, vem a morte. E se dá aos que
morrem, ressuscitam. É um sopro criador, que faz sair o mundo do nada.

b) Às vezes aparece como uma dependência dos ofícios religiosos à Ruah. Como o
poder de governar o povo dado a Moisés e transmitido por ele aos anciãos e a Josué e a
inspiração profética, de modo especial.

c) A Ruah se apresenta também como sopro de santidade. No salmo 50 (51), aparece o


termo Espírito de santidade. Seus efeitos são humildade, contrição, firmeza, boa
vontade, submissão à vontade de Deus e etc.
d) Finalmente, o termo Ruah se apresenta como um fenômeno essencialmente
messiânico, pois o Messias será possuído plenamente pelo Espírito de Deus e no tempo
do Messias se produzirá uma intensa efusão do Espírito do Senhor.

Chegamos ao Novo testamento. Na pessoa de Jesus vemos o Espírito sobre ele. Jesus é
movido pelo Espírito. Jesus começa seu ministério cheio do Espírito. Depois da
ascensão, Jesus envia a plenitude do Espírito para os seus apóstolos para comunicar-lhes
o ardor e dinamismo necessários para levar seu testemunho aos confins da terra.

No Novo Testamento vemos passagens que nos apresentam o Espírito com dom de
Deus e nas imagens associadas a Ele temos o fogo e o vento como em pentecostes, o
defensor. São Paulo afirma que o Espírito é dom Deus e do Filho. É o Espírito que ora,
que clama Abá. É pelo Espírito que somos Filhos. É Ele quem inspira a Igreja. É o amor
de Deus derramado em nossos corações.

Meditação II: O Espírito, a unção e nós.

Nesta meditação, iremos falar de três coisas importantes para o sacramento da crisma: O
Espírito, a unção e nós.

O Espírito Santo é o autor do sacramento. A crisma nos torna convictos em Cristo. Essa
convicção só nos pode vir por Ele que nos confirma na fé.

A unção com óleo é o que dá nome ao sacramento. Crisma ou Myron significa unção. A
matéria desse sacramento é o óleo na fronte pelo qual o crismando recebe o Espírito
Santo.

E nós fazemos parte do corpo de Cristo. Em Cristo somos ungidos. Participamos de sua
unção. Abaixo segue um texto de São Cirilo de Jerusalém, ele escreveu algumas
catequeses de grande beleza sobre os sacramentos da iniciação cristã, cujo a crisma está
inserida.

Crisma

Batizados em Cristo e dele revestidos, vos tornastes conforme ao filho de Deus. Em


verdade, Deus, predestinando nos à adoção de filhos, nos fez conformes ao corpo
glorioso de Cristo. Feitos, pois, partícipes de Cristo, não sem razão, sois chamados
cristos e é de vós que Deus disse: “Não toqueis os meus cristos”. Ora, vós vos tornastes
cristos, recebendo o sinal do Espírito Santo, e tudo se cumpriu em vós em imagem, pois
sois imagens de Cristo.

Também a vós, ao sairdes das águas sagradas da piscina, se concede a unção, figura
daquele com que Cristo foi ungido. Refiro-me ao Espírito Santo, do qual o bem-
aventurado Isaías, na profecia a respeito dele, na pessoa do Senhor: “O Espírito do
Senhor repousa sobre mim, pelo que me ungiu; enviou-me para levar a boa-nova aos
pobres”.

Na verdade, Cristo não foi ungido com óleo ou unguento material por um homem. Mas
foi o Pai que, estabelecendo-o com antecedência como Salvador de todo o universo, o
ungiu com Espírito Santo, conforme diz Pedro: “Jesus de Nazaré, a quem Deus ungiu
com o Espírito Santo”. E o profeta Davi exclamou: “Teu trono, ó Deus, é para os
séculos dos séculos; centro de retidão, o centro de tua beleza. Amaste a justiça e por isso
te ungiu Deus, teu Deus, com o óleo da alegria, mais que teus companheiros”. Ele foi
ungido com óleo espiritual da alegria, isto é, com o Espírito Santo, chamando óleo de
alegria, por ser causa da alegria espiritual. Vós fostes ungidos com o óleo, feitos
partícipes e companheiros de Cristo

E primeiro sois ungidos na frente, para serdes libertados da vergonha que o primeiro
homem transgressor levou por toda parte e para que, de face descoberta, contempleis a
glória do Senhor. Depois nos ouvidos, para terdes ouvidos conforme disse Isaías: “E o
Senhor me deu um ouvido para ouvir”, e o Senhor no Evangelho: “Quem tem ouvidos
para ouvir que ouça”. Em seguida nas narinas, para que, ao receberdes este divino
unguento, possais dizer: “Somos para Deus, entre os que se salvam, o bom odor de
Cristo”. Depois no peito, a fim de que, “tendo revestido a couraça da justiça, resistais
aos artifícios do diabo”. Como na verdade o Salvador, após seu batismo e a descida do
Espírito Santo, saiu a combater o adversário, assim também vós, depois do santo
batismo e da mística unção, revestidos da armadura do Espírito Santo, resistis à força
inimiga e a venceis dizendo: “Tudo posso naquele que me conforta, Cristo”.
PISTAS PARA O DESERTO

Para a meditação I:

Textos:

Gênesis 2, 7

Gênesis 7, 14-15

Jó 12, 10

Ezequiel 37, 1-14

Para a meditação II:

Textos:

II Coríntios 3, 17

Gálatas 5, 22-25

Atos dos Apóstolos 2, 1-4

O DESERTO
Disse o Senhor: “Vou conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração’ (Os 2,16). O retiro
espiritual no deserto é uma modalidade específica a certas pessoas que o Senhor Deus
direciona para uma intimidade abissal e uma missão grandiosa em prol da restauração
individual e coletiva. Moisés (Ex 3,1-12); Elias (1 Rs 19, 4-8); João Batista Lc 1,80;
3,2); Jesus (Mt 4,1); Paulo (Gl 1,17.21; 2,1; (2 Cor 11,26). Os Padres do deserto, os
eremitas, os monges, e os místicos.
Deserto é fator de solidão e silêncio. Solidão aqui é o todo ser da pessoa com a
Santíssima Trindade e os anjos. Na solidão tomamos distância de toda materialidade e
do contexto geográfico. É a dimensão absoluta do espírito, ou seja, liberdade da sua
autêntica imaterialidade. O lugar, o tempo e a missão são por conta de Deus.
O silêncio é o colóquio da alma é a comunicação mais profunda comigo, com Deus e
com o próximo. Capacidade profunda de escuta que flui em nossa consciência a nossa
realidade. O silêncio interior é o espaço total para a nossa alma e o silêncio exterior é a
ausência total do barulho e de todo atrapalho. Aproveite o incômodo do silêncio para
pensar, sentir e falar unicamente com Deus. Essa é a hora de Deus em tua vida!

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