Você está na página 1de 30

A vinda e o Batismo com o Espírito Santo

Na obra Lucana o pneuma caracteriza o tempo


da Igreja, tempo da irradiação em todo o mundo
do anúncio salvífico e da realização plena do
desígnio de Deus na história.

A vida da Igreja nascente é extensão da


presença do Ressuscitado na história.
Pela presença efetiva do Espírito de Deus,
graças a ressurreição de Jesus dentre os
mortos, todos os crentes podem atingir a
profissão de fé no Cristo Senhor, este é o
fundamento da pneumatologia primitiva.

O Espírito derramado em Pentecostes é um


Espírito pascal, sopro do ressuscitado.
Pentecostes, a shavuot era a festa da colheita. Era a festa
para celebrar a ocasião em que Deus constituiu seu povo
dando-lhes a lei no Monte Sinai O que unia Páscoa e
Pentecostes era o do dom da Lei.

As tábuas da Lei tinham sido escritas pelo dedo de Deus


(Ex 31,18): que relacionamos ao Espírito Santo (Lc 11,20).

O Novo Santuário não é outro senão Jesus Cristo, aberto a


todas as nações, do mesmo modo a nova Lei não é senão o
Espírito dando testemunho de Jesus para e em todos os
povos.
A Igreja, o novo Israel, novo povo constituído por
Judeus e pagãos nasce em Pentecostes, como
o primeiro Israel nasceu no Sinai.

As nações -- realidades terrestres "carnais" -- se


tornaram um povo, realidade da ordem da
economia de salvação. Para tanto, ele fez
irrupção no dia de Pentecostes.
São Lucas constrói sua própria narrativa
assumindo uma tradição que havia interpretado o
evento em referência a valores vividos na festa
judaica de Pentecostes.

Os apóstolos conduzidos pelo Espírito reuniram


Israel
O sinal das línguas profetiza a catolicidade do testemunho.
Pentecostes foi celebrada, no começo, pelos cristãos
simplesmente como o termo de uma Páscoa de cinquenta
dias.

Tratava-se do mistério pascal como um todo: ressurreição,


glorificação (ascensão), vida de filhos de Deus comunicada
pelo Senhor que envia o seu Espírito. É apenas no final do
século IV que os momentos desse único mistério foram
celebrados cada um à parte.
Pentecostes não se tornou por isso uma festa (da
Páscoa) do Espírito Santo. Não existe festa das
Pessoas da Santíssima Trindade.

Pentecostes continua sendo uma festa pascal. Há


um único ciclo litúrgico e ele é cristológico e pascal.

Pela fé e pelo sacramento, celebra-se, isto é,


atualiza-se, no louvor, o mistério de Cristo.
Os Doze e os cento e vinte discípulos mencionados
por Lucas parece que nunca receberam o batismo
de água, exceto talvez o de João Batista. Eles
foram como que mergulhados no Espírito, que veio
sobre eles.

Os Atos dos Apóstolos narram a intervenção do


Espírito no desenvolvimento da Igreja para fora,
enquanto Paulo o considera no tocante a cada
membro interiormente.
Para Lucas a unção que capacitou Jesus ao seu ministério
messiânico é a mesma recebida pela Igreja, por ocasião de
Pentecostes quando foi batizada no Espírito Santo. A vinda
do Espírito sobre a Igreja apostólica, nos Atos, equivale ao
Batismo de Jesus no Jordão.

Nos Atos, geralmente as pessoas recebem o Espírito


quando são batizados como cristãs, mas no início do
cristianismo vemos Deus dando o Espírito aos apóstolos e
aos pagãos (At 10—11) antes que alguém pudesse lhes dar
o batismo cristão com água e o Espírito.
Ser batizado no Espírito Santo para Lucas está
relacionado a maneira como o poder de Deus é
dados aos seres humanos.

Este Espírito é força unificante e força de


expansão da Igreja.
As 70 vezes que os os Atos dos Apóstolos
mencionam a presença e a ação do pneuma
entre os fiéis podem ser um claro referencial no
que concerne a importância que a Igreja
primitiva atribuía a pneumatologia como
experiência de fé e de vida; tanto em nível de
eclesialidade como de pessoalidade.
O dom do Espírito proporcionado pelo Cristo
glorioso caracteriza o tempo da Igreja como os
últimos dias até a Parusia e este dom é recebido
no batismo pelos que se convertem.

O Espírito recebido manifesta-se no milagre das


línguas, em falas de profecia e glossolalia no
fortalecimento da comunidade oprimida para o
anúncio corajoso da palavra de Deus.
No ápice da missão messianica de Jesus, o
Espírito Santo aparece-nos, no mistério pascal, em
toda sua subjetividade divina, com aquele que
deve continuar agora a obra salvífica, radicada no
sacrifício da cruz.
Para Lucas a unção que capacitou Jesus ao seu
ministério messiânico (At 10, 37-38) é a mesma
recebida pela Igreja, por ocasião de Pentecostes
quando foi batizada no Espírito Santo.

A vinda do Espírito sobre a Igreja Apostólica, nos


Atos equivale ao Batismo de Jesus no Jordão.
Podemos falar do batismo messiânico o povo novo
reunido pelo Espírito em nome de Jesus.
Para Santo Irineu onde está o Espírito, ali está a
Igreja, o que nos leva a ver um Pentecostes
perpétuo sobre a mesma.
Pentecostes inaugura a presença pneumática de
Cristo ou a Economia do Espírito, após a ascensão
que encerra a fase histórica de Jesus.

São Leão se refere ainda a um ciclo


pneumatológico, a era do Espírito, na medida em
que é no próprio Espírito que Cristo continua a
estar presente e a agir na Igreja até o seu retorno
glorioso.
Os padres viram no acontecimento de Pentecostes
a descida do Espírito Santo, uma nova
consagração sacerdotal dos Apóstolos, uma unção
do Espírito Santo que os ordenava apóstolos para
um sacerdócio.

Da mesma forma que o Espírito Santo fez o Verbo


se tornar carne, fez a Igreja, um pequeno resto ser
constituída como corpo de Cristo.
A Igreja nasceu como fruto do Dom do Espírito
de Pentecostes. Constituindo a Igreja em
Pentecostes, o Espírito Santo permanece nela
para sempre, gerando e formando o Cristo em
seus membros.

A Igreja é o corpo pneumatizado do


Ressuscitado, o lugar no qual cada crente é
chamado a experimentar e testemunhar o Cristo
transfigurado na fulgurante luz do Espírito.
A presença atuante do Espírito é percebida na
medida em que o próprio Espírito se revela
como Aquele que guia a Igreja em cada
discernimento a ser tomado, ilumina as decisões
dos missionários e corrobora o testemunhos dos
evangelizadores com sinais.

.
Nos Atos não há oposição entre a Igreja
hierárquica e a Igreja carismática. O Espírito por
vezes intervém em decisões carismáticas, bem
como está sobre a hierarquia que também age
de maneira carismática.
O acontecimento de Pentecostes, clímax de
todo o Mistério Pascal, ao mesmo tempo que
manifesta a Igreja, torna-se a chave
hermenêutica que possibilita à Igreja
primitiva compreender, no Espírito, o
mistério de Jesus e de seu corpo que
acabara de nascer.
A vinda do Espírito gera o ressuscitado nos seus
e os faz participar da plenitude da sua unção,
uma vez que a unção de Cristo é comunicada
aos cristãos; Isso equivale dizer que a
experiência que Jesus sempre fizera do Espírito
no mistério de sua Pessoa e na sua missão
messiânica passa, doravante, a ser base
fundante da experiência cristã da Igreja das
origens na sua autocompreensão e na sua
missão.
Para Muhlen a Igreja deve ser vista como a
encarnação continuada, um prolongamento da
unidade de Cristo.

O evento de Pentecostes, além de ser eclesial,


tem também um caráter profundamente pessoal,
no qual cada batizado é chamado a fazer a sua
experiência do ressuscitado através do Espírito
que fora derramado em cada coração.
A experiência feita pelo cristão é a de uma
humanidade cristificada, procedente da união
com o Cristo Pascal pela participação efetiva no
seu Espírito de ressurreição.
Para Suenens ao tratar do Espírito Santo como
o animador da Igreja primitiva, afirma que, desde
a primeira página do livros do Atos, o Espírito
manifesta-se de maneira surpreendente e
inesperada; Ele intervém como força que impele
a Igreja para as extremidades do mundo, dando-
lhe sua dimensão missionária, sua catolicidade.
Primeiro kerygma

No primeiro kerygma de Pedro pronunciado no


dia de Pentecostes, a profecia escatológica de
Joel recebe uma interpretação original, uma vez
que está se cumprindo.

Pentecostes inaugura a economia do Espírito


Santo, tempo da Igreja voltada em direção a
Parusia a caminho.
A pregação apostólica sempre se encontra ligada ao
culto divino; a pregação querigmática dos apóstolos era
ordenada e estava em função da celebração dos
Sacramentos, que constituiam o cume do culto e da vida
da comunidade primitiva.

Para a Igreja primitiva, a assembleia litúrgica por


excelência é eucarística, pois para os primeiros cristãos
reunir-se em assembléia significava celebrar a
eucaristia.
A guisa de conclusão

DeV 25. «Consumada a obra que o Pai tinha confiado ao


Filho sobre a terra» (cf. Jo 17, 4), no dia do Pentecostes
foi enviado o Espírito Santo para santificar
continuamente a Igreja, e, assim, os que viessem a
acreditar tivessem, mediante Cristo, acesso ao Pai num
só Espírito» (cf. Ef 2, 18).
«Sem dúvida que o Espírito Santo estava já a operar no
mundo, antes ainda que Cristo fosse glorificado.
Contudo, foi no dia de Pentecostes que ele desceu sobre
os discípulos, para permanecer com eles eternamente
(cf. Jo 14, 16); e a Igreja apareceu publicamente diante
da multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho
entre os pagãos, através da pregação»
O tempo da Igreja teve início com a «vinda», isto é, com a descida do
Espírito Santo sobre os Apóstolos, reunidos no Cenáculo de Jerusalém
juntamente com Maria, a Mãe do Senhor. [95] O tempo da Igreja teve início
no momento em que as promessas e os anúncios, que tão explicitamente
se referiam ao Consolador, ao Espírito da verdade, começaram a verificar-
se sobre os Apóstolos, com potência e com toda a evidência, determinando
assim o nascimento da Igreja. Disto falam em muitas passagens e
amplamente os Actos dos Apóstolos, dos quais nos resulta que, segundo a
consciência da primitiva comunidade — da qual São Lucas refere as
certezas — o Espírito Santo assumiu a orientação invisível — mas de algum
modo «perceptível» — daqueles que, depois da partida do Senhor Jesus,
sentiam profundamente o terem ficado órfãos. Com a vinda do Espírito eles
sentiram-se capazes de cumprir a missão que lhes fora confiada. Sentiram-
se cheios de fortaleza. Foi isto precisamente que o Espírito Santo operou
neles; e é isto que Ele continua a operar na Igreja, mediante os seus
sucessores.

Você também pode gostar