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PNEUMA NOS ATOS DOS APÓSTOLOS

Nos Atos, pneuma encontra-se 70 vezes, 10 das


quais falam de demônios (5,16; 8,7: espíritos
imundos; 16,16.18: espírito de adivinhação;
19,12.13.15.16: espíritos maus) e seres
espirituais (23,8.9) e três do espírito humano
(7,39; 17,16; 19,21).
Nos demais lugares fala-se do Espírito de Deus,
sendo 41 vezes com a expressão "Espírito
Santo".
A teologia Lucana oferece um dos modelos
pneumatológicos mais importantes de todo o
Novo Testamento.

Típico desta pneumatologia lucana é a ênfase


dada aos efeitos visíveis da presença e da ação
do Espírito na história da salvação.
Após a sua exaltação à direita do Pai, Jesus
recebe o Espírito Santo, objeto da promessa e o
efunde sobre sua Igreja.

Dessa forma o pneuma caracteriza o tempo da


Igreja, tempo da irradiação em todo o mundo do
anúncio salvífico e da realização plena do
desígnio de Deus na história.
Na Teologia de Lucas a pneumatologia está a
serviço da Cristologia e da eclesiologia, isso se
comprova quando verificamos a atuação do
Pneuma na comunidade primitiva.

A vida da Igreja nascente é extensão da


presença do ressuscitado na história, gravita a
todo instante em torno e sob a influência do
Espírito de Cristo.
O pneuma aparece de maneira destacada nos
Atos dos Apóstolos.

Quando ele desce sobre os apóstolos, eles


recebem um poder e se tornam testemunhas de
Jesus até os confins da terra (At 1, 8).

A transformação dos discípulos quando recebem


o espírito (At 2, 3ss) marca o nascimento da
Igreja.
Pentecostes é para Lucas o cumprimento do
batismo com o Espírito, anunciado já pelo
Batista.

A existência de Jesus e a existência da Igreja


são frutos do espírito; em ambos os casos, o
espírito anuncia não só a nova época, mas a
traz poderosamente presente.
Os discípulos e todos os ouvintes em Jerusalém são
capacitados pelo Espírito para o anúncio, de modo que
Pentecostes se torna a prefiguração daquilo que
acontece depois: sob a atuação do Espírito, o anúncio
do Jesus Cristo ressuscitado é entendido e aceito por
pessoas de círculos culturais totalmente distintos.
Os apóstolos cheios do Espírito Santo, e a Igreja
possuem o espírito e tem o poder de dá-los aos
seus membros (At 2, 38; 4, 8.31; 6, 8; 7, 55; 9,
17; 11, 24; 13, 52; 19, 2).

A presença do Espírito se manifesta em


fenômenos como o dom das línguas e de
profecia; estas manifestações testemunham a
presença ativa de Deus na Igreja (At 2, 3ss; 10,
47; 11, 17; 15, 8).
O Espírito ensina aos discípulos o que deve ser
dito e é compreendido como força do alto, como
aquele que revela os mistérios de Deus (At 11,
28; 13, 9) e inspira a profecia realizando as
palavras de Joel (At 2, 18).

É espírito de sabedoria (At 6, 3), de fé (At 6, 5),


de consolação (At 9, 31), de alegria (At 13, 52).
No primeiro kerygma de Pedro pronunciado no dia
de Pentecostes, a profecia escatológica de Joel
recebe uma interpretação original ao ponto de que
ali ela se cumpre.

Pela presença efetiva do Espírito de Deus, graças


a Ressurreição de Jesus dentre os mortos, todos
os crentes podem atingir a profissão de fé no Cristo
Senhor (origem e fundamento da pneumatologia
primitiva).
O Espírito é aquele que dirige os ministros da
Igreja nas decisões importantes (At 13, 2; 15,
28; 20, 28).

O Pai dá o Espírito aqueles que pedem (Lc 11,


13) e o mesmo Espírito é dado no batismo a
todos aqueles que crêem (At 19, 2.6; 2, 38; 15,
8; 8, 16-18; 9, 17; 10, 44; 11, 16).
O Espírito era conferido pelo rito da imposição
das mãos (At 8, 14-17; 19, 6).

Nos Atos o Espírito é uma força dinâmica divina,


o espírito carismático dos Atos dos Apóstolos
impele os apóstolos a pregarem e
testemunharem Jesus e os capacita para atos
de coragem e de eloqüência, que superam
totalmente as capacidades pessoais dos
homens.
O espírito não é reservado aos líderes
carismáticos, mas é dado a todos os fiéis na
plenitude messiânica.

O dom do espírito do Ressuscitado e exaltado é


o fundamento para a missão universal e para a
reunião da comunidade salvífica.
A missão na Samaria também é selada pelo
recebimento do espírito (At 8, 15). Também a
missão na Etiópia se realiza pela intervenção
ativa do Espírito, uma vez que é ele que opera o
contato entre Filipe e o etíope.

Na casa de Cornélio o Espírito é derramado


também sobre pessoas provenientes da nações
e confirma assim visivelmente essa nova
dimensão da atuação salvífica.
É o Espírito que escolhe Paulo e Barnabé para a
primeira viagem missionária e realiza dessa
maneira o programa da missão isenta da
circuncisão (At 13).

Opera no acordo no Concílio de Jerusalém e a


passagem da missão para a Europa. Dessa
forma toda a atuação de Paulo na Grécia está
sob o signo da atuação do Espírito.
Assim como ele impulsionou Jesus em seu ministério após
a unção do seu batismo, ele anima o apostolado "a partir de
Jerusalém até os confins da terra".

O centro dessa história é a entrada dos pagãos na Igreja


sancionada pela reunião conciliar de Jerusalém: com
Cornélio e sua família, em seguida as missões de São
Paulo, os gentios se tornaram povo de Deus, as ethne se
tornaram laos (At 15,14).
A função do Espírito segundo os Atos dos
Apóstolos é, de fato, atualizar e propagar a
salvação, adquirida por e em Cristo, através do
testemunho. A salvação sempre é atribuída a
Cristo. Ela é comunicada "em nome" de Cristo, isto
é, por sua virtude ele é que age. Cristo transmite
aos seus apóstolos a assistência do Espírito que
ele recebeu no Jordão.
São Lucas coloca vários Pentecostes sucessivos
em Jerusalém (At 2; 4,25-31), na Samaria (At 8,14-
17), e aquela que inicia a aventura missionária com
Cornélio e o evento de Cesaréia (At 10,44-48;
11,15-17), e até o episódio de Éfeso (At 19, 1-6).

A cada um desses grandes momentos é dado um


sinal de intervenção do Espírito: expressar em
línguas um louvor a Deus e "profetizar".
Nos Atos dos Apóstolos, a ação do Espírito é
constatável, carismática: é uma experiência normal
de qualquer cristão; Para Paulo, a ação do Espírito
é objeto de fé ao menos enquanto experiência.

Nos Atos dos Apóstolos, Cristo envia o Espírito aos


discípulos para realizar em cada cristão o ser deles
em Cristo.
Abrir-se para os outros, possibilitar comunicação e juntar
as pessoas para a unidade, para a comunhão isso
constitui a essência do Espírito, em outras palavras, é o
Espírito que colabora para que a pessoa (eu) se abra
para realizar a comunidade (nós).

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