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A Noite Pascal tem, como toda celebração litúrgica, duas partes centrais:
A Palavra: nesta celebração as leituras são mais numerosas (nove, ao invés das duas
ou três habituais).
Os textos, orações, cantos apontam para essa gozosa experiência da Igreja unida ao
seu Senhor, centralizada nos sacramentos pascais. Essa é a melhor chave para a
espiritualidade cristã que deve centralizar-se mais que na contemplação das dores
de Jesus (a espiritualidade da Sexta-feira Santa é a mais fácil de assimilar), na
comunhão com o Ressuscitado dentre o os mortos.
Cristo, ressuscitando, venceu a morte. Esse é, na verdade, ‘o dia que o Senhor fez
para nós’. O fundamento de nossa fé. A experiência decisiva de que a Igreja, como
Esposa unida ao Esposo, recorda e vive cada ano renovando sua comunhão com Ele, na
Palavra e nos Sacramentos desta noite.
Luz de Cristo
O fogo novo é abençoado em silêncio, depois, se toma parte do carvão abençoado e
colocado no turíbulo, então, se coloca o incenso e se incensa o fogo três vezes.
Mediante esse rito singelo, a Igreja reconhece a dignidade da criação que o Senhor
resgata.
A cera, à sua vez, resulta agora uma criatura renovada. Devolver-se-á, ao círio, o
sagrado papel de significar ante os olhos do mundo a glória de Cristo Ressuscitado.
Por isso, em primeiro lugar, se grava a cruz no círio. A cruz de Cristo devolve à
cada coisa seu sentido. Por isso, o Canon Romano diz: ‘Por Ele (Cristo) segues
criando todos os bens, os santificas, os enche de vida, os abençoa e reparte entre
nós’.
O Círio é decorado com grãos de Incenso que, segundo uma tradição muito antiga,
passaram a significar simbolicamente as cinco chagas de Cristo: ‘Por tuas chagas
santas e gloriosas nos proteja e nos guarde Jesus Cristo nosso Senhor’. Termina o
celebrante acendendo o fogo novo, dizendo: ‘A luz de Cristo, que ressuscita
glorioso, dissipe as trevas do coração do e do espírito’. Após acender o círio que
representa a Cristo, a coluna de fogo e de luz que nos guia a través das trevas e
nos indica o caminho à terra prometida, avança a procissão dos ministros. Enquanto
a comunidade acende as suas velas no Círio recém aceso, se escuta cantar três
vezes: ‘Luz de Cristo’.
Essas experiências devem ser vividas com uma alma de criança, singela porém
vibrante, para estarem em condições de entrar na mentalidade da Igreja, neste
momento de júbilo. O mundo conhece demasiadamente bem as trevas que envolvem a sua
terra em desgraça e tormento. Porém, nesta hora, pode-se dizer que sua desventura
atraiu a misericórdia, e que o Senhor quer invadir a toda realidade com torrentes
de sua luz.
Leia mais:
.: O que viver na Páscoa?
.: Páscoa pessoal, uma celebração proposta pela Igreja a seus fiéis
.: A Vigília Pascal faz do Sábado Santo uma noite de luz
.: Sábado Santo: esperança da Ressurreição
A Liturgia da Palavra
Nessa noite, a comunidade cristã se detém mais que o usual na proclamação da
Palavra. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de Cristo e iluminam a
História da Salvação e o sentido dos sacramentos pascais. Há um diálogo entre Deus
que se dirige ao seu Povo (as leituras) e o Povo que Lhe responde (Salmos e
orações). A leituras da Vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor
chave é a que nos deu o próprio Cristo: ‘… e começando por Moisés e por todos os
profetas, os interpretou (aos discípulos de Emaús) em todas as Escrituras o que a
ele dizia respeito’ (Lc 24, 27).
A Liturgia Batismal
A noite de Páscoa é o momento no qual tem mais sentido celebrar os sacramentos da
iniciação cristã. Depois de um caminho pelo catecumenado (pessoal, se é que se
trata de adultos e da família, para as crianças e sempre diz respeito à comunidade
cristã inteira), o símbolo da água -a imersão, o banho- busca ser a expressão
sacramental de como uma pessoa se incorpora a Cristo na sua passagem da morte à
vida.
Como diz o Missal, se é que se trata de adultos, essa noite é quando tem pleno
sentido que, além do Batismo também se celebre a Confirmação, para que o neófito se
integre plenamente à comunidade eucarística. O sacerdote que preside nesta noite,
tem a faculdade de conferir também a Confirmação, para fazer visível a unidade dos
sacramentos da iniciação.
A Eucaristia
A celebração Eucarística é o ápice da Noite Pascoal. É a Eucaristia central de todo
o ano, mais importante do que a do Natal ou da Quinta-feira Santa. Cristo, o Senhor
Ressuscitado, nos faz participar do Seu Corpo e do Seu sangue, como memorial da Sua
Páscoa. É o ponto mais importante da celebração.
Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também
licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em
Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção
(SP). Doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma/Itália. O sacerdote
é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da
Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP). Membro da Sociedade Brasileira de Teologia
Moral e da Sociedade Brasileira de Bioética. Membro do grupo Interdisciplinar de
Peritos (GIP) da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Autor de livros publicados pela Editora
Canção Nova.
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