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Formação Litúrgica

Apresentação

QUERIDO, ACÓLITO, PAZ E BEM!

presento-lhes a FORMAÇÃO LITÚRGICA, este que estará lhe auxiliando

A perante o caminhar de suas atividades na Comunidade, Paróquia e


Diocese. Fazendo com que aprendas com mais profundidade o
verdadeiro amor pela Liturgia da Santa Igreja Católica, dos seus ritos e
de sua história. Aprofundando mais centralmente no serviço ao altar, com
artigos específicos e especialmente preparados liturgicamente e
espiritualmente. Uma comunhão entre os irmãos, para assim ⁸dedicar-se com
mais esmero a este serviço tão belo e tão preciso em uma Celebração Litúrgica,
você que vai acompanhar o Sacerdote “In persona Christi”, nos diversos atos
Celebrativo, especialmente na Santa Missa, deve de imediato entregar-se
totalmente a Jesus Cristo, deixar que Ele age através de ti. Caríssimo, que
possas aproveitar totalmente e com dedicação esta oportunidade singular de
aprendizado e que assim haja uma Liturgia bem preparada, sendo esta a
melhor catequese. Dá-se totalmente, colocando em todos os seus atos um
verdadeiro amor por Jesus Cristo, pela Santa Igreja, e pela sua riquíssima
tradição apostólica.

Desde já agradeço, juntos somos mais! Santo Menino


Jesus de Praga, tende piedade de nós!

Paulo Henrique Costa Campos


Mestre de Cerimonias Litúrgicas

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1º Encontro
Liturgia
O que é Liturgia?
O vocábulo "Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de "laós",
povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Para os
cristãos, Liturgia, é, pois, a atualização da entrega de Cristo para a salvação.
Cristo entregou-se duma vez por todas, na Cruz. O que a liturgia faz é o
memorial de Cristo e da salvação, ou seja, torna presente, através da
celebração, o acontecimento definitivo do Mistério Pascal. Através da
celebração litúrgica, o crente é inserido nas realidades da sua salvação.
Liturgia é antes de tudo "serviço do povo", essa experiência é fruto de uma
vivencia fraterna, ou seja, é o culto, é uma representação simbólica (que não
se trata de uma encenação uma vez que o mistério é contemplado em
"espírito e verdade" da vida cotidiana do crente em comunhão com sua
comunidade. A Liturgia tem raízes absolutamente cristológicas. Cristo rompe
com o ritualismo e torna a liturgia um "culto agradável a Deus", conforme
preceitua o apóstolo Paulo em Romanos 12,1-2.

Por que a Liturgia?


No Símbolo da Fé, a Igreja confessa o mistério da Santíssima Trindade
e o seu "desígnio admirável" (Ef 1, 9) sobre toda a criação: o Pai realiza o
"mistério da sua vontade", dando o seu Filho muito amado e o seu Espírito
Santo para a salvação do mundo e para a glória do seu nome. Tal é o mistério
de Cristo, revelado e realizado na história segundo um plano, uma "disposição"
sabiamente ordenada, a que São Paulo chama "a economia do mistério" (Ef 3,
9) e a que a tradição patrística chamará "a economia do Verbo encarnado" ou
"economia da salvação".
"Esta obra da redenção humana e da glorificação perfeita de Deus, cujo
prelúdio foram as magníficas obras divinas operadas no povo do Antigo

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Testamento, realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da
sua bem-aventurada paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão, em
que, "morrendo, destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida".
Efetivamente, foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu "o
sacramento admirável de toda a Igreja"". É por isso que, na liturgia, a Igreja
celebra principalmente o mistério pascal, pelo qual Cristo realizou a obra da
nossa salvação.
É este mistério de Cristo que a Igreja proclama e celebra na sua liturgia, para
que os fiéis dele vivam e dele deem testemunho no mundo.
"A liturgia, com efeito, pela qual, sobretudo no sacrifício eucarístico, "se atua a
obra da nossa redenção", contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam
na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da
verdadeira Igreja".

Qual o significado da palavra Liturgia?


Originariamente, a palavra "liturgia" significa "obra pública", "serviço
por parte dele em favor do povo". Na tradição cristã, quer dizer que o povo de
Deus toma parte na "obra de Deus". Pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e
Sumo-Sacerdote, continua na sua Igreja, com ela e por ela, a obra da nossa
redenção.
No Novo Testamento, a palavra "liturgia" é empregada para designar,
não somente a celebração do culto divino, mas também o anúncio do
Evangelho e a caridade em ato. Em todas estas situações, trata-se do serviço
de Deus e dos homens. Na celebração litúrgica, a Igreja é serva, à imagem do
seu Senhor, o único " Liturgo", participando no seu sacerdócio (culto) profético
(anúncio) e real (serviço da caridade):
"Com razão se considera a liturgia como o exercício da função sacerdotal
de Jesus Cristo. Nela, mediante sinais sensíveis e no modo próprio de cada
qual, significa-se e realiza-se a santificação dos homens e é exercido o culto
público integral pelo corpo Místico de Jesus Cristo, isto é, pela cabeça e pelos
membros. Portanto, qualquer celebração litúrgica, enquanto obra de Cristo
Sacerdote e do seu corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência e
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nenhuma outra ação da Igreja a iguala em eficácia com o mesmo título e no
mesmo grau".

A liturgia como fonte de Vida


Obra de Cristo, a Liturgia é também uma ação da sua Igreja. Ela realiza
e manifesta a Igreja como sinal visível da comunhão de Deus e dos homens
por Cristo; empenha os fiéis na vida nova da comunidade, e implica uma
participação "consciente, ativa e frutuosa" de todos.
"A liturgia não esgota toda a ação da Igreja". Deve ser precedida pela
evangelização, pela fé e pela conversão, e só então pode produzir os seus
frutos na vida dos fiéis: a vida nova segundo o Espírito, o empenhamento na
missão da Igreja e o serviço da sua unidade.

Oração e Liturgia
A liturgia é também participação na oração de Cristo, dirigida ao Pai no
Espírito Santo. Nela, toda a oração cristã encontra a sua fonte e o seu termo.
Pela liturgia, o homem interior lança raízes e alicerça-se no "grande amor com
que o Pai nos amou" (Ef 2, 4), em seu Filho bem-amado. É a mesma "maravilha
de Deus" que é vivida e interiorizada por toda a oração, "em todo o tempo, no
Espírito" (Ef 6, 18).

DOCUMENTO 43 DA CNBB
(alguns tópicos)
O projeto de comunhão de Deus conosco, que chamamos de obra da
salvação, foi prenunciado pelo próprio Deus no Antigo Testamento e realizado
em Cristo. Hoje a Liturgia o celebra, isto é, o rememora e o torna presente na
Igreja.
O mistério pascal de Cristo é o centro da História da salvação e por
isso o encontramos na Liturgia como seu objeto e conteúdo principal. Esse

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mistério envolve toda a vida de Cristo e a vida de todos os cristãos. "Por sua
obediência perfeita na cruz e pela glória da sua ressurreição, o Cordeiro de
Deus tirou o pecado do mundo e abriu-nos o caminho da libertação definitiva.
Por nosso serviço e nosso amor, mas também pelo oferecimento de nossas
provações e sofrimentos, nós participamos do único sacrifício redentor de
Cristo, completando em nós o que falta às tribulações de Cristo pelo seu corpo
que é a Igreja".
Assim se entende como e por que sem a ação do Espírito Santo não
pode haver Liturgia. A Páscoa de Cristo que celebramos é fruto do Espírito
Santo que impulsionou o Filho de Deus a realizar a vontade do Pai até as
últimas consequências (cf. Hb 9,14). E quem envolve no mistério pascal a vida,
as lutas e as esperanças de todas as pessoas é o mesmo Espírito, que na
Liturgia é invocado para a santificação do pão e do vinho e a união dos fiéis. O
Espírito continua exortando-nos a que ofereçamos nossa vida e nosso
compromisso de servir aos irmãos na construção do Reino, como hóstias vivas,
santas e agradáveis a Deus. Aliás, é este o nosso culto espiritual (cf. Rm 12,1).
Nesta perspectiva, acolhemos com alegria o atual anseio de, nas ações
litúrgicas, celebrar os acontecimentos da vida inseridos no Mistério Pascal de
Cristo. De fato, na Liturgia sempre se celebra a totalidade do Mistério de Cristo
e da Igreja, com todas as suas dimensões. A vida se manifesta não apenas nos
momentos fortes do culto, mas também no esforço por crescente comunhão
participativa; na consciência de sua vocação missionária; no empenho pela
acolhida e animação catequética da Palavra; no espírito de amplo diálogo
ecumênico e na séria, corajosa e profética ação transformadora do mundo.
O Povo de Deus, sobretudo na Assembleia litúrgica se expressa como
um povo sacerdotal e organizado, no qual a diversidade de ministérios e
serviços concorrem para o enriquecimento de todos. Sua unidade e harmonia
é um serviço do ministério da presidência. Convocada por Deus, a assembleia
litúrgica, expressão sacramental da Igreja, unida a Jesus Cristo, é o sujeito da
celebração.
O Povo de Deus convocado para o culto é o mesmo povo que
trabalha, faz festa, sofre, espera e luta na História. Por isso, as nossas
assembleias são diversificadas. É mister abrir espaços de esperança à
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manifestação das ricas expressões religiosas das comunidades, dos grupos
étnicos e das grandes massas empobrecidas. Porque não é possível celebrar
um ato litúrgico alheio ao contexto da vida real do povo, em sua dimensão
pascal.
É essa diversificada assembleia, que é servida por ministérios e serviços
multiformes, que o Espírito suscita em sua Igreja. Entre os ministérios
distinguem-se os ordenados, do bispo, do presbítero e do diácono,
participação específica no múnus dos apóstolos, múnus este, instituído por
Jesus Cristo. Hoje temos os ministérios instituídos do acólito e do leitor; e
chamamos "de credenciados" os serviços que o cristão leigo exerce em virtude
de seu batismo sob a coordenação de seu Bispo: são assim, o ministério
extraordinário do Batismo, da Comunhão Eucarística e da assistência ao
Matrimônio. Há também determinados serviços litúrgicos que, de modo
estável, desempenham leitores, comentaristas, recepcionistas, componentes do
coral e, sobretudo, as Equipes de Pastoral Litúrgica. Esta diversidade de
ministérios fortalece a Igreja como comunidade e realça a dimensão
comunitária da ação litúrgica.
A Liturgia é fonte de vida e expressão celebrativa da comunidade
eclesial. Nela, homens e mulheres chegam ao mais alto patamar da comunhão
com Deus, quando a criatura amada e redimida por seu Senhor, dilata seu
coração numa perene ação de graças, que se torna, por sua vez, bendita escola
de gratuidade. Por outro lado, os leigos encontram fundamento para sua
espiritualidade no Evangelho vivido por tantos cristãos leigos ao longo da
história da Igreja.

LIVROS LITÚRGICOS
Missal Romano
Livro que contém as orações próprias da Missa e assinala os ritos que se devem
seguir para celebrar. Este livro é usado pelo sacerdote que preside e também

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pelos concelebrantes na Oração Eucarística (a grande oração de ação de graças
da Eucaristia). Primeiro, coloca-se próximo da presidência e, depois, no altar;

Lecionário
Livro que contém as leituras proferidas nas missas durante o ano litúrgico.
Dividem-se em:
Dominical, ano A B e C – Contendo as leituras de Domingos e festas de
acordo com o ano litúrgico

Ferial ou Semanal – Contendo as leituras das semanas, classificadas em


anos pares e ímpares, sendo o Evangelho sempre o mesmo.

Santoral – Para as festas dos santos e para a administração dos


sacramentos

Evangeliário
Contém os evangelhos para os domingos e festas do Ano Litúrgico, ou seja,
contém trechos do evangelho de S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e de S. João;

Liturgia das Horas


Contém a oração pública da Igreja, chamada liturgia das horas, para as diversas
horas do dia, a fim de alcançar a santificação do cristão a glorificação de Deus.
A edição é normalmente dividida em quatro volumes.

Cerimonial dos Bispos


Contém as rubricas e indicações para a condução das cerimônias realizadas por
um bispo. Algumas destas rubricas, apesar de serem indicadas para bispos,
podem também ser utilizadas para clarificar a ambiguidade em outros textos
litúrgicos.

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Pontifical Romano
Contém as cerimônias episcopais. No Brasil, foi publicado em vários livros, que
são ordenados conforme apresentação: Rito de Confirmação, Rito das
ordenações, Rito da Consagração das virgens, Benção dos óleos e o Ritual da
dedicação da Igreja e altar;

Ritual Romano
Compreende os seguintes ritos e celebrações: Rito para batismo das crianças,
Rito de iniciação cristã dos adultos, Rito da penitência, a Sagrada Comunhão e
o culto do mistério eucarístico fora da Missa, Rito do Matrimônio, Rito da unção
dos enfermos, Rito da profissão religiosa, Rito de exéquias.

ANO LITÚRGICO

Visão Geral

A
Liturgia com sua linguagem própria, ao longo de um ano, relata de novo
tais fatos dando -lhes novo sentido dentro das circunstâncias
concretas de cada comunidade celebrante, possibilitando-lhe a
transformação pascal pela força do Espírito que nela realiza o que
significa, mediante o sinal visível.

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Infográfico

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Ano A, B e C
As leituras Bíblicas que ocorrem nas celebrações caracterizam-se com o chamado
Ano
Litúrgico, criado para acompanharmos através das leituras dos textos bíblicos
(evangelho e outros livros) a vida de Jesus em ordem cronológica do nascimento até a
ascensão aos céus. Assim, ouvimos nas celebrações textos que falam do anúncio do
Messias, da encarnação, de seu ministério público com milagres, do chamado ao
discipulado,
discursos, parábolas até culminarmos com morte e ressurreição nos preparando para a
Parusia, ou seja, do Cristo Rei do Universo no final do Ano Litúrgico. A ideia desta
distribuição de textos bíblicos ao longo de 3 anos tem como objetivo se ter uma visão e
leitura de toda a Bíblia.

Significado
O rito romano, utilizado nas celebrações da Igreja católica possui um
conjunto de leituras bíblicas que se repetem a cada três anos perpassando os
domingos e as solenidades. A cada ano, a liturgia das celebrações segue uma
sequência de leituras próprias, divididas em anos A, B e C.

- No ano “A” a leitura principal do evangelho na celebração segue o


Evangelho de São Mateus;

- No ano “B”, a leitura principal do evangelho segue o Evangelho de São

Marcos; - No ano “C”, a leitura principal do evangelho segue o Evangelho de São

Lucas.

Já o Evangelho de São João é reservado para as ocasiões especiais, principalmente


as grandes FESTAS E SOLENIDADES, para este evangelho não existe um ano
litúrgico específico.

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Os Quatro Evangelistas

Na tradição cristã os Quatro Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João são os


autores atribuídos à criação dos quatro evangelhos do Novo Testamento, os quais
são: Evangelho segundo Mateus, Evangelho segundo Marcos, Evangelho
segundo Lucas, Evangelho segundo João.

Eles são chamados de EVANGELISTAS, uma palavra que significa "aquele que
proclama boas notícias", porque seus livros contam a "boa nova" ("evangelho") de
Jesus.

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Os Quatros Seres Vivos

Como foram atribuídos os símbolos dos quatro Evangelhos? A arte cristã sempre
representou cada evangelista por um ser vivente: São Mateus é simbolizado por um
HOMEM; São Marcos, por um LEÃO; São Lucas, por um TOURO; e São João, por uma
ÁGUIA.

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O fundamento desses ícones é bíblico. O livro do Apocalipse de São João, por
exemplo, traz a visão de quatro seres viventes que rendiam glória a Deus:

“O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o


terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma
águia em pleno voo. (...). Não cessavam de clamar dia e noite: Santo, Santo, Santo é
o Senhor Deus, o Dominador, o que é, o que era e o que deve voltar. ” Os mesmos
quatro animais estão em outra visão do profeta Ezequiel:
“Distinguia-se no centro a imagem de quatro seres que aparentavam possuir forma
humana. (...). Quanto ao aspecto de seus rostos tinham todos eles, figura humana,
todos os quatro uma face de leão pela direita, todos os quatro uma face de touro
pela esquerda, e todos os quatro uma face de águia. ”

Mas, afinal, por que esses quatro animais foram identificados com os evangelistas?
O primeiro autor cristão a utilizar essa analogia foi Santo Irineu de Lião, seguido por
Santo Agostinho. Os dois, no entanto, associaram os animais aos evangelistas de
forma diferente da que se usa hoje, posto que a ordem dos Evangelhos, no começo
da Igreja, ainda não estava bem definida.

Foi São Jerônimo quem começou a tratar os evangelistas da forma como são
tratados hoje. São Gregório Magno explica com clareza por que referenda a sua
atribuição:

“Que na verdade estes quatro animais alados simbolizam os quatro santos


evangelistas, é o que demonstra o próprio início de cada um destes livros dos
evangelhos. Mateus é corretamente simbolizado pelo homem porque ele inicia com a
geração humana; Marcos é corretamente simbolizado pelo leão, porque inicia com o
clamor no deserto; Lucas é bem simbolizado pelo bezerro, porque começa com o
sacrifício; João é simbolizado adequadamente pela águia, porque começa com a
divindade do Verbo, dizendo: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de
Deus, e o Verbo era Deus’ (Jo 1, 1), e assim tem em vista a substância divina, fixando
o olhar no sol à maneira de uma águia.”

O PRIMEIRO EVANGELHO segundo a ordem do Novo Testamento (de maior


divulgação) é de Mateus e tem como o símbolo: Um homem alado (com asas).

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De fato, Mateus inicia seu evangelho com a genealogia de Jesus, isto é, com o
nascimento humano de Cristo (Mt 1,1). Mateus quer conferir a linhagem hebreia
para Jesus diante da comunidade nascente de hebreus-cristãos de Jerusalém.

O SEGUNDO EVANGELHO que temos é o de Marcos, tendo como o símbolo: Um


leão alado (com asas). Isto em consideração que Marcos inicia o evangelho com a
pregação de João Batista no deserto. O deserto é o lugar dos leões e o Messias
esperado viria da tribo considerada como o Leão de Judá, com força e poder para
defender Israel no confronto com as outras nações. (cf Mc 1,1-8).

O TERCEIRO EVANGELHO é de Lucas, traz como símbolo um touro alado (com


asas), tudo começa no Templo de Jerusalém, lugar do sacrifício dos bois e carneiros.
É anunciado o nascimento de João Batista no templo, onde os touros eram
oferecidos em sacrifício ao Senhor. (cf Lc 1,8-23). João o precursor que anuncia a
chegada do messias o salvador.

O QUARTO EVANGELHO de João, o mais recente na ordem cronológica de redação


tem como símbolo a águia. Este é um evangelho espiritual, usa termos difíceis de
compreensão usa uma linguagem que vai aos céus, por exemplo, vida eterna,
verdade, amor, Espírito, nascer pelo Espírito, água viva, etc. Que voa para o alto,
porque nele o Espírito Santo fala de forma mais vigorosa e contundente, porque ele
paira nas regiões sublimes e elevadas da consciência assim como a águia que vive
nas alturas. (cf Jo 1,1-18).

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O Tempo Litúrgico
Os tempos litúrgicos são as divisões existentes no Ano Litúrgico da Igreja Católica.
Estes tempos existem em toda a Igreja Católica, apenas há algumas diferenças entre
os vários ritos. Os tempos constantes abaixo são referentes ao rito romano.

Tempo do Advento
INÍCIO: Primeiro Domingo do Avento

TÉRMINO: 24 de dezembro, à tarde

Esse tempo é dividido em duas partes: do início até o dia 16 de dezembro, a


Igreja se volta para a segunda vinda do Salvador, que vai acontecer no fim dos
tempos. A partir do dia 17 até o final, a Igreja se volta para a primeira vinda do
Salvador, que se encarnou no ventre de Maria e nasceu na pobre gruta de Belém.

DURAÇÃO DO TEMPO: Quatro semanas

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ESPIRITUALIDADE: Esperança
ENSINAMENTO: Anúncio da vinda do Messias

COR: Roxa

O terceiro Domingo é chamado Domingo "GAUDETE", ou seja,


Domingo da alegria. Essa alegria é por causa do Natal que se aproxima. Nesse
dia, pode-se usar cor-de-rosa. É uma cor mais suave. Personagens bíblicos mais
lembrados nesse tempo: Isaías, João Batista e Maria.
O Símbolo mais comum desse Tempo é a Coroa do Advento, com quatro velas
a serem acesas a cada Domingo. Outras anotações: usa-se instrumentos
musicais e ornamenta-se o altar com flores; porém, com moderação. A recitação
do Hino de Louvor ("Glória a Deus nas alturas") é omitida.

Tempo do Natal
INÍCIO: 25 de dezembro

Toda semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias
tão solenes quanto o dia 25.
No primeiro Domingo após o dia 25 de dezembro, celebra-se a Festa da
Sagrada Família; porém, quando o Natal do Senhor ocorrer no Domingo, a Festa
da Sagrada Família se celebra no dia 30 de dezembro.

No dia 01 de janeiro, celebra-se a Solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus.

No segundo domingo depois do Natal (entre 2 e 8 de janeiro), celebra-se a


Solenidade da Epifania do Senhor.

No domingo seguinte à Epifania ocorrer no Domingo 7 ou 8 de janeiro, a Festa


do Batismo do Senhor é celebrada na segunda-feira seguinte.

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O Tempo do Natal termina com a Festa do Batismo do Senhor.

COR: Branco
ESPIRITUALIDADE: Fé, alegria, acolhimento ENSINAMENTO:

O Filho de Deus se fez Homem SÍMBOLOS:

Presépio; luzes.

Tempo Comum (Primeira Parte)


INÍCIO: primeiro dia logo após a Festa do Batismo do Senhor

O Tempo Comum é interrompido pela Quaresma. Com isso, essa primeira parte
vai até a Terça-feira de Carnaval, pois na Quarta-feira de Cinzas já começa o
Tempo da Quaresma.

COR: Verde

ESPIRITUALIDADE: Escuta da Palavra de Deus.

ENSINAMENTO: Anúncio do Reino de Deus

Tempo da Quaresma
INÍCIO: Quarta-feira de Cinzas

TÉRMINO: Quinta-feira Santa de manhã

ESPIRITUALIDADE: Penitência e conversão

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ENSINAMENTO: A Misericórdia de Deus

COR: Roxa

O quarto Domingo é chamado "LAETARE", ou seja, Domingo da Alegria.


Semelhante ao terceiro Domingo do Advento, o quarto da Quaresma também é
caracterizado pela alegria da Páscoa que se aproxima. Nesse dia, também pode-
se usar paramento cor-de-rosa, que é uma cor mais suave.

O sexto Domingo da Quaresma é Domingo de Ramos na Paixão do Senhor.


Nesse dia, a cor Vermelha. Também nesse dia, inicia-se a Semana Santa.

Observações para o Tempo da Quaresma: excetuando o Domingo "LAETARE"


(Alegria), não se ornamenta o altar com flores e o toque de instrumentos
musicais é só para sustentar o canto. Durante todo o Tempo, omite-se o Aleluia,
bem como também o Hino de Louvor.

Tríduo Pascal
Terminado a Quaresma na Quinta-feira Santa de manhã, a partir da tarde desse
dia, começa o Tríduo Pascal: Quinta-feira Santa; Sexta-feira Santa e Sábado
Santo.

Na Quinta-feira, à tarde, celebra-se a Missa da Ceia do Senhor e Lava-pés. A cor


do paramento é Branca. Trata-se de uma Missa solene e deve-se ornamentar o
altar com flores.

Ao final da Celebração é feito o translado do Santíssimo Sacramento.


Na Sexta-feira Santa, celebra-se a Ação Litúrgica da Paixão e Morte de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Essa celebração não é Missa. A cor é vermelha.

No Sábado Santo, à noite, celebra-se a Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias.

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Tempo Pascal
INÍCIO: Primeiro Domingo da Páscoa

Toda a semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias tão
solenes quanto àquele primeiro Domingo.
No sétimo Domingo da Páscoa, celebra-se a Solenidade da Ascensão do Senhor.

O Tempo Pascal termina com a Solenidade de Pentecostes ESPIRITUALIDADE:

Alegria em Cristo Ressuscitado.

ENSINAMENTO: Ressurreição e vida.

COR: Branca

Tempo Comum (Segunda Parte)


O Tempo Comum que havia sido interrompido pela Quaresma, reinicia na
Segunda-feira após a solenidade de Pentecostes. No Domingo seguinte,
celebra-se a Solenidade da Santíssima Trindade. Nesse dia, a cor é Branca.

Na Quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade, celebra-se a


Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (“Corpus Christi").

A duração do Tempo Comum, contanto desde a primeira parte, é de 34 semanas.


Na 34ª semana, mais especificamente na véspera do Primeiro Domingo do
Tempo do Advento, termina o Tempo Comum e, consequentemente termina
aquele Ano Litúrgico, devendo, portanto, iniciar o outro como primeiro Domingo
do Tempo do Advento.
O Tempo Comum também é chamado "Tempo Durante o Ano".

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As Solenidades, as Festas e as Memórias
As celebrações, segundo a importância que lhes é atribuída, distinguem-se e são
denominadas desta forma: solenidade, festa, memória. As solenidades são os
dias principais. A sua celebração inicia-se com as Vésperas I no dia anterior.
Algumas solenidades têm também Missa própria da vigília, que se utiliza na
tarde do dia anterior, se a Missa se celebra nas horas vespertinas. As festas
celebram-se dentro do limite do dia natural; não têm, portanto, Vésperas I, a não
ser que se trate de festas do Senhor que coincidem com um domingo do Tempo
Comum ou do Tempo do Natal; neste caso substituem o Ofício do domingo. As
memórias são obrigatórias ou facultativas; a sua celebração ordena-se com a
das férias ocorrentes, segundo as normas descritas nas Instruções gerais do
Missal Romano e da Liturgia das Horas. As memórias obrigatórias que coincidem
com as férias da Quaresma só podem ser celebradas como memórias
facultativas. Quando ocorrem no mesmo dia várias memórias facultativas, só
uma delas pode ser celebrada, omitindo as outras. Nos sábados do Tempo
Comum, em que não ocorre uma memória obrigatória, pode celebrar-se a
memória facultativa de Nossa Senhora.

As férias
Os dias da semana que se seguem ao domingo chamam-se férias; a sua
celebração difere segundo a importância de cada uma.

O Domingo
O domingo deve considerar-se como o dia de festa primordial. Pela sua peculiar
importância, o domingo cede a sua celebração somente às solenidades e às
festas do Senhor. Mas os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa têm
a precedência sobre todas as festas do Senhor e sobre todas as solenidades. As
solenidades que coincidem com estes domingos são transferidas para a

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segunda-feira seguinte, exceto quando se trata de ocorrência no Domingo de
Ramos ou no Domingo da Ressurreição do Senhor.

Ocorrência de Celebrações Litúrgicas


Quando no mesmo dia coincidem várias celebrações, faz-se aquela que na
tabela dos dias litúrgicos tem precedência. Se em determinado ano uma
solenidade for impedida por um dia litúrgico que tenha precedência sobre ela,
transfere-se para o dia mais próximo que esteja livre das celebrações
enumeradas nos nn. 1-8 da referida tabela. As outras celebrações omitem-se
nesse ano. As solenidades que coincidem com os domingos do Advento, da
Quaresma e da Páscoa são transferidas para a segunda-feira seguinte, exceto
quando se trata de ocorrência no Domingo de Ramos ou no Domingo da
Ressurreição do Senhor. Quando no mesmo dia coincidem as Vésperas do Ofício
corrente com as Vésperas I do dia seguinte, celebram-se as Vésperas da
celebração que, na tabela dos dias litúrgicos, tem precedência; em caso de
igualdade, celebram-se as Vésperas do dia corrente.

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2º Encontro
Símbolos Litúrgicos
O símbolo (objeto) nos transporta para outra realidade que está além
do símbolo e tem relação com o símbolo. Vamos dar um exemplo,
tirado do mundo cristão: o crucifixo. Todo cristão reconhece no
crucificado a pessoa de Jesus Cristo, que nos redimiu do pecado e nos
salvou. Portanto, aquele objeto de metal, madeira, ou outro material,
simboliza nosso Redentor, Jesus Cristo. Por isso tratamos com respeito
o crucifixo.
.

AΩ: São a primeira e a última letra do


alfabeto grego (Alfa e Ômega) São
aplicadas a Cristo, princípio e fim de todas
as coisas. Em Geral aparecem no círio
pascal, mas também nos paramentos
litúrgicos, no ambão e no tabernáculo.

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Este sinal é formado por duas letras do alfabeto
grego (X+P) e correspondem ao C e R da língua
portuguesa. Juntando as duas, formavam-se as
iniciais da palavra CRISTÓS: Cristo. Com
frequência este sinal aparece nos paramentos dos
padres, no ambão, na porta do sacrário e na
hóstia.

IHS: São as iniciais das palavras latinas Iesus


Hominum Salvator, que significam: Jesus Salvador
dos Homens. Geralmente são empregadas nas
portas dos tabernáculos e nas hóstias.

Peixe: Símbolo de Cristo. No início do


cristianismo, em tempos de perseguição, o peixe era
o sinal que os cristãos usavam para representar o
Salvador. É que as iniciais da palavra peixe na língua
grega - IXTYS - explicavam quem era Jesus: IESÚS
CRISTÓS TEÓS YÓS SÓTER: Jesus Cristo, Filho de Deus
Salvador.

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As letras INRI são as iniciais das palavras
Latinas Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum, que
significam:Jesus Nazareno Rei do Judeus. O
Evangelho de João nos informa que essas
palavras estavam escritas em três línguas
(hebraico, latim e grego) sobre a cruz de
Jesus (João, 19,19).

Triângulo: com três ângulos


iguais (equilátero) representa a
Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito
Santo).

POSTURAS E GESTOS

Visão Geral

A
Igreja se utiliza de símbolos, cores e cerimônias para reforçar e conduzir
os fiéis a uma correta meditação dos Santos Mistérios. Para isto,
estabeleceu algumas posições litúrgicas. Não há dúvida que a atitude
exterior do corpo influencia a atitude interior e, mais do que isto, é a
mostra desta. Sendo o homem constituído de corpo e alma, Deus merece ser
adorado com nosso interior, isto é, com nossa fé, nosso amor e nossa piedade, e
também com o nosso exterior, isto é, com nossas posturas, nosso
comportamento e nossas atitudes.

25
Posições Litúrgicas
Disse o Sacrossanto Concílio de Trento: “A Igreja, piedosa Mãe que é, instituiu
certos ritos para se recitarem na missa […] como bênçãos, luzes, vestimentas e
outras coisas congêneres da Tradição apostólica, para que se fizesse perceptível a
majestade de tão grande sacrifício, e para que o entendimento dos fiéis se excitasse,
por meio destes sinais visíveis da religião e da piedade, à contemplação das coisas
altíssimas que se ocultam neste sacrifício. ”

As Posições Litúrgicas são: Em pé, sentado e de joelhos.

EM PÉ
A posição “em pé” consiste em
reverência, vigilância, respeito e
oração.

MOMENTOS

Acólito deve estar em pé durante a


Missa, sempre que o sacerdote
estiver em pé, exceto:

 Durante a homilia.
 Durante o ofertório, para os acólitos/coroinhas que não forem servir a
credência.

MODO

Coluna ereta, sobre as duas pernas igualmente. Pés direitos, cabeça levemente
erguida. Olhos levemente baixos, jamais olhando para a assembleia. Mãos
unidas, exceto se ocupadas.

26
SENTADO
A posição “sentado” consiste em escuta e meditação.

MOMENTOS

O acólito deve estar sentado durante a Missa:

 Durante as leituras da Missa, exceto o


Evangelho.
 Durante a homilia.
 Durante o ofertório, para os
acólitos/coroinhas que não forem servir a
credência.
MODO

Corpo ereto, sola do pé todo no chão, joelhos levemente unidos, mãos sobre as
pernas.

IMPORTANTE

Não custa lembrar: O acólito/coroinha deve-se manter em silêncio sempre


durante a Liturgia

27
DE JOELHOS
A posição “ajoelhado” consiste em oração, adoração e
humildade, e, às vezes, também de penitência

MOMENTOS

O acólito deve estar de joelhos durante a Missa:

 A partir da Epíclese (Invocação do Espírito Santo


sobre as oferendas) até a Doxologia maior (Por
Cristo, com Cristo, em Cristo…).

MODO

Ereto, sem cruzar ou balançar as pernas. Jamais “sentar sobre a perna”. Cabeça
levemente baixa. Mãos unidas, exceto se ocupadas.

Gestos Litúrgicos
Os gestos litúrgicos são: Genuflexão, Sinal da Cruz, reverência (vênia ou
inclinação), bater no peito e o andar.

28
GENUFLEXÃO
A posição “genuflexão” consiste em
reverência e adoração. É um gesto
próprio da Tradição Latina.

Deve ser feito, portanto, somente a


Deus.

MOMENTOS

Faz-se genuflexão simples para o


Sacrário, sempre que estiver com
Reserva Eucarística, para o Santíssimo
Sacramento, na menção da Encarnação nas missas do Natal e da Anunciação e
à Cruz, desde a adoração da Cruz na Sexta-Feira Santa até o início da Vigília
Pascal.

MODO

Estando em pé, encostar o joelho direito no chão e levantar novamente, sem


muito demorar. Isto se faz com a coluna e a cabeça retas, olhando para o que se
refere a genuflexão (sacrário, ostensório, etc.) ou com olhar baixo. Ou seja, não
se inclina a cabeça ou o corpo para genuflectir. As mãos ou ficam juntas ou
apoiadas, dependendo da capacidade do acólito de desenvolver o gesto.

IMPORTANTE

 Não se faça genuflexão e sinal da Cruz ao mesmo tempo.


 Acólitos façam genuflexão sempre no chão, jamais em degraus ou
genuflexórios.
 Nenhum acólito faça genuflexão se apoiando no altar, isto é
tradicionalmente reservado ao sacerdote.
29
SINAL DA CRUZ
O Sinal da Cruz bem feito é riquíssimo em significado e uma arma poderosíssima
do Cristão. Por Ele se expressam três dogmas fundamentais da nossa fé: O
dogma da Santíssima Trindade, o dogma da Encarnação de Cristo e o dogma de
sua morte – a Cruz.

MODO

O sinal da Cruz se faz com a palma da mão direita aberta, tocando a testa (“Em
nome do Pai”), um pouco acima do umbigo (“e do Filho”), no ombro esquerdo
(“E do Espírito”) e no ombro direito (“Santo”). A mão esquerda fica no peito.
Quando em serviço, o sinal da Cruz para o acólito deve ser feito sem nada dizer,
uma vez que isto – dentro de celebrações – compete ao sacerdote, e o acólito
junta as mãos ao acabar.

IMPORTANTE

Caso se cante alguma música anti-litúrgica para o “Sinal da Cruz”, o acólito não
deveria fazê-lo mais de uma vez, nem ritmado. Este gesto exige solenidade, algo
inexistente nestas músicas.

30
INCLINAÇÃO
O gesto consiste em VENERAÇÃO, RESPEITO, HUMILDADE e SOLICITUDE.

MOMENTOS

 A DE CABEÇA – Ao nome de Jesus, Maria, quando se cita a Santíssima


Trindade conjuntamente, santo do dia, padroeiro, etc.
 A PROFUNDA – Ao sacerdote antes da incensação, ao altar e ao
Santíssimo, quando não se pode fazer genuflexão. Ao fazer reverência
para o padre e antes das incensações dos objetos e do povo.

MODO

Existem dois tipos de inclinação:

 A DE CABEÇA – Consiste em, estando em pé, baixar um pouco a cabeça,


movimentando o tronco o mínimo possível.
 A PROFUNDA – Consiste em, estando em pé, inclinar o tronco até formar
um ângulo de mais ou menos 90°.

IMPORTANTE

Caso haja a ocasião de se fazer a reverência várias vezes seguidas, em curto


espaço de tempo, o acólito deve fazer uma vez só e levantar a cabeça após o fim
destas ocasiões.

31
As rubricas e regras existem, na Liturgia, para serem obedecidas. Não
simplesmente por serem regras, mas porque a Liturgia é algo recebido da Igreja:
Não é nosso. Não é algo que o homem pode inventar, é um dom de Deus. Não
podemos chamar o que foi colocado neste artigo como “rubricas” ou “regras”
para coroinhas e acólitos, pois isto simplesmente não existe. No entanto, estas
recomendações fazem parte da venerável tradição litúrgica, mantida e querida
pelos acólitos de todas as épocas do Rito Romano.

Posturas na Santa Missa


É necessário dizer que não existem “rubricas” para o acólito, mas sim uma longa
tradição que diz como ele deve se comportar.

REGRAS GERAIS
 Nunca deixar o padre esperando.
 Nunca olhar para o povo, rir, conversar sem necessidade ou se deixar
distrair durante o serviço.

32
 Não se abane, não balance as mãos ou os pés, não dê as mãos aos
demais, em nenhum momento.
 Não saia do presbitério sem motivo.
 Manter as posturas durante toda a Missa. Lembre-se que você, ali,
representa os anjos e os santos.
 Sincronia e Simetria, sempre.

ANTES DE CHEGAR NA IGREJA


 Prepare-se bem espiritualmente para a Missa.
 Não coma com pelo menos 1h de antecedência.
 Vista-se com modéstia.
 Rapazes, com calças compridas, sapatos fechados e camisa com
mangas, de preferência camisa social.
 Saia cedo, para chegar com pelo menos 30 minutos de antecedência.

AO CHEGAR NA IGREJA
 Faça genuflexão ao sacrário.
 Faça o sinal da Cruz, com água benta, se houver.
 Reze um pouco antes de ir para a sacristia.
 Ajude a arrumar as coisas para a Missa.
 Reze antes da Missa começar, preferencialmente com o grupo.

RITOS INICIAIS
 Participe da procissão de entrada com devoção. Olhos baixos, mãos
juntas – exceto se estiver segurando algo – passo ordenado. Sem olhar
para o povo.
 Ao chegar ao altar, faça vênia profunda.
 Suba e vá para o seu lugar.
33
 Faça o sinal da Cruz junto com o padre, apenas uma vez, dizendo apenas
“Amém” após. Depois volte a juntar as mãos.
 Quando iniciar o Ato Penitencial, curve um pouco a sua cabeça e fique
desta maneira durante até o “Deus todo poderoso, tenha compaixão de
nós […]” e responda “Amém” após.

34

Se for o Confiteor rezado, bata no peito três vezes ao “Por minha culpa,
minha tão grande culpa “.
 Se houver aspersão, fazer o sinal da cruz ao ser aspergido.
 No Glória, fazer inclinação de cabeça às palavras “Jesus Cristo “.
 Participar do demais momentos dos ritos iniciais de pé, com as mãos
juntas. Sem palmas. Sem levantar folhetos os as mãos.

LITURGIA DA PALAVRA
 Depois que o celebrante sentar, os coroinhas se sentam todos juntos e
assim permanecem até o Aleluia.
 Quando o sacerdote se dirigir ao Ambão, voltar-se para ele, ficando de
frente para o ambão.
 Quando o sacerdote ou diácono disser “Proclamação do Evangelho “,
traçar o sinal da cruz com o polegar na cabeça, nos lábios e no peito às
palavras “Jesus Cristo“.
 Quando acabar o Evangelho, dizer “Glória a vós, Senhor” e sentar-se
junto a todos para a homilia (se for o caso). Não há necessidade de
esperar qualquer outra coisa.
 No Credo, fazer inclinação de cabeça às palavras “Jesus Cristo” e
inclinação profunda às palavras “E se encarnou pelo poder do Espírito
Santo” (Credo Niceno-Constantinopolitano) ou “Foi concebido pelo
poder do Espírito Santo” (Credo Apostólico).

LITURGIA EUCARÍSTICA
 Se você não for servir na Credência, sente imediatamente após a Oração
dos Fiéis
 Se for servir, dirija-se à Credência e, de maneira ordenada, execute seu
serviço:

35

 Leve o cálice segurando abaixo do “nó” (a separação que tem na base
do cálice) com a mão direita, e apoie sua mão sobre a pala – sem fazer
muita força. Após entregar, faça uma vênia simples ao padre ou diácono.
Se houver âmbulas, leve imediatamente após levar o cálice,
destampadas. Após entregar, faça uma vênia simples ao padre ou
diácono.
 Leve as galhetas quando o padre colocar a patena sobre o corporal.
Vinho na mão direita, água na esquerda. Após finalizar, faça uma vênia
simples.
 Se a Missa tiver incenso, leve após o padre colocar o cálice sobre o
corporal. Ofereça para colocar incenso antes, depois o acompanhe nas
incensações. Se houver algum coroinha sentado, levanta-se quando o
turiferário for incensar o povo.
 Leve o lavabo. Após finalizar, faça uma vênia simples ao padre ou
diácono.
 Retorne os objetos à credência e depois volte ao seu lugar,
permanecendo de pé.
 Se houver algum Acólito/Coroinha sentado, levantar-se às palavras
“Orai, irmãos” e assim permanecer, em pé e de mãos juntas.
 No prefácio, responder as invocações iniciais de mãos juntas. Nada de
fazer “gestos teatrais” nas respostas “Ele está no meio de nós” ou “o
nosso coração etc“. Na frase “Demos graças ao Senhor etc“, não fazer
vênia, mas permanecer normalmente.
 Quando o padre realizar a Epíclese (Impor as mãos), toca-se o sino e
todos ajoelham.
 No momento da elevação, adorar o Senhor em silêncio.
 Quando o padre fizer genuflexão, não há a necessidade de fazer vênia.
Permaneça ereto, com olhar baixo e mãos postas, de joelhos.
 Levantar-se na hora acertada:
36

 Ou logo após o sacerdote dizer “Eis o Mistério da Fé“.
 Continuar de pé em postura recolhida durante o resto da Oração
Eucarística.
 Na hora do Pai Nosso, não dar as mãos nem levantá-las em postura de
oração, mas mantê-las juntas.
Se houver o sinal da paz, saudar as pessoas ao lado dizendo “A paz
esteja contigo” ou “Paz de Cristo “. Não se movimentar muito para
saudar ninguém.
 Acompanhar o sacerdote ou ministros para na distribuição da
comunhão.
 Comungar em pé.
 Ao retornar para o altar, manter-se de pé. Não se deve sentar.

RITOS FINAIS
 Permanecer de pé para os ritos finais.
 Se houver avisos, parabéns ou qualquer outra coisa, manter-se com
boa postura, sentado.
 Inclinar-se na hora da benção, após o sacerdote dizer “O senhor esteja
convosco! ”
 Fazer o sinal da cruz durante a benção.
 Retornar à sacristia da mesma maneira e ordem que veio.

APÓS A MISSA
 Ajudar a arrumar tudo.
 Rezar em grupo após o serviço.
 Tirar as vestes e guardá-las com cuidado.
 Voltar aos bancos para breve oração de Ação de Graças.

37

 Fazer genuflexão antes de sair da Igreja. Fazer também o sinal da Cruz.

38
3º Encontro
Espaço da Celebração
Presbitério: Espaço ao redor do altar, geralmente um pouco elevado,
onde se realizam os ritos sagrados.

Altar: Mesa fixa ou móvel destinada à celebração Eucarística.

Ambão: estante de onde se proclama a palavra de Deus.

Credência: mesinha onde se colocam os objetos litúrgicos que serão


utilizados na celebração.

Púlpito: Nas igrejas mais antigas, lugar de onde o sacerdote dirige a


pregação

Sacrário ou tabernáculo: espécie de pequena urna onde se guarda


o Santíssimo Sacramento.

Batistério: lugar reservado para a celebração do batismo. Em


substituição ao verdadeiro batistério, usa-se a pia batismal.

Sacristia: Sala anexa à igreja onde se guardam as vestes dos ministros


e os objetos destinados às celebrações; é também o lugar onde os
ministros se paramentam.

Nave da igreja: espaço reservado aos fiéis.

39
Paramentos

Amito
Pequeno tecido branco com o qual o sacerdote cobre o pescoço e os ombros.
Representa a fortaleza. Simboliza o “capacete da salvação” contra os maus
pensamentos e recorda o véu com que vendaram a Sagrada Face.

Alva
Túnica branca que o padre coloca sobre a batina. Representa a pureza da alma.
Simboliza a “couraça da justiça” e recorda o vestido branco “dos loucos” com o
qual escarneceram de Nosso Senhor.

Cíngulo
É um cordão usado para ajustar a alva à cintura. Representa a castidade, e
recorda as cordas com que O amarraram. A cor do mesmo de acordo com o
temo litúrgico.

40
Manípulo
É uma espécie de faixa que o padre usa no braço esquerdo. Representa a
contrição e lembra a corda que atou as mãos do Senhor. Está em desuso. A cor
do mesmo de acordo com o temo litúrgico.

Estola
É uma longa faixa de pano que o sacerdote coloca sobre os ombros para a Missa
e para os sacramentos. Há também outro modelo, sendo a estola diaconal, usada
de um modo transversal. Representa as três virtudes teologais, simboliza o poder
sacerdotal. A cor do mesmo de acordo com o temo litúrgico.

Casula
É o paramento que o padre põe sobre a alva e estola para a Missa. Representa a
caridade, simboliza o jugo do Senhor e lembra a Cruz que Nosso Senhor foi

41
obrigado a carregar para nossa salvação. A cor do mesmo de acordo com o temo
litúrgico.

Dalmática
É o paramento próprio do diácono. É uma túnica comprida com mangas longas e
largas, adornadas de duas bandes de cor verticais na parte da frente e de trás. A
cor do mesmo de acordo com o temo litúrgico.

Pluvial ou Capa de Asperges


É uma veste sacerdotal, dedicada da capa clerical e monástica do primeiro
milênio. É um manto aberto com capuz, para se proteger contra o frio e a chuva.
Desde o século XI o capuz é apenas um ornamento.

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Véu umeral
O véu umeral, ou véu de ombros, não é na prática um paramento. É usado pelo
clérigo ao redor dos ombros, para tocar na custódia com o Santíssimo
Sacramento e dar a benção.

Batina
Conhecido como hábito talar, usado comumente pelo Papa, Bispo, Padre,
Diácono e Seminaristas, também é a veste do acólito (homem) apenas nos atos
litúrgicos.

Cores:
Preta – Padres, Seminaristas e Acólitos;
Preta (com filetes e botões violáceos) – Bispos e Monsenhores, pode ser usada
em ocasiões não litúrgicas;
Preta (com filetes e botões vermelhos) – Cardeais, pode ser usada em ocasiões
não litúrgicas;
Coral Episcopal ou litúrgica (violácea com botões, filetes, abotoaduras, punhos e
forro vermelhos) – Bispos e Monsenhores, usada somente em ocasiões litúrgicas;
Coral Cardinalício (vermelha-carmesim) – Cardeais, somente em ocasiões
litúrgicas;
Branca – Papa. Obs.: Pode ser usada por clérigos de regiões tropicais, mas com
filetes e botões com as cores variantes de seu grau clerical.

Sobrepeliz
A sobrepeliz é uma túnica talar, comprida de uso clerical, com mangas longas,
usada sobre a batina.

43
Barrete
É uma espécie de chapéu que os clérigos usam em certas circunstâncias,
simboliza a autoridade sacerdotal. O barrete não é um paramento litúrgico, mas
secular, e está majoritariamente em desuso. É proibida para não-cléricos. O Papa
não faz o uso do barrete.

Cores:
Seminarista - barrete preto sem o floco;
Padre - barrete preto com floco da cor preta;
Bispo - barrete violáceo com floco da cor violácea;
Monsenhor - barrete preto com floco da cor violácea; Cardeal
- barrete vermelho-carmesim sem o floco.

Capelo
Chapéu negro sem ornamento usado pelos clérigos no dia-a-dia.

Insígnias episcopais
Visão Geral

Na celebração litúrgica, as vestes do Bispo são as mesmas que as do


presbítero; mas, na celebração solene, convém que, segundo costume que
vem já de tempos antigos, revista a dalmática, que pode ser sempre branca,
por baixo da casula, sobretudo nas ordenações, na benção de Abade e de
Abadessa, bem como na dedicação da Igreja e do Altar. As insígnias pontificais
do Bispo são: o anel, o báculo pastoral, a mitra, a cruz peitoral, e ainda o pálio
se lhe for concedido o direito. – Cerimonial dos Bispos.

44
Introdução
O Decreto Christus Dominus do
Concílio Vaticano II inicia
recordando a dignidade própria
do ministério episcopal:

“Os Bispos, constituídos pelo


Espírito Santo, sucedem aos
Apóstolos como pastores das
almas, e, juntamente com o Sumo
Pontífice e sob a sua autoridade,
foram enviados a perpetuar a
obra de Cristo, pastor eterno. Na
verdade, Cristo deu aos Apóstolos
e aos seus sucessores o mandato
e o poder de ensinar todas as
gentes, de santificar os homens na
verdade e de os apascentar. Por
isso, foram os Bispos constituídos,
pelo Espírito Santo que lhes foi
dado, verdadeiros e autênticos
mestres, pontífices e pastores” (Christus Dominus, n. 2).

Com efeito, o TRÍPLICE MÚNUS dos bispos (ensinar, governar e santificar),


que na verdade é participação na missão do próprio Cristo, é exercido
“principalmente na celebração da Sagrada Liturgia” (Cerimonial dos Bispos, n.
11).

Neste sentido, a Constituição Sacrosanctum Concilium recorda a importância


que deve ser dada à Liturgia Episcopal:

45
“O Bispo deve ser considerado como o sumo-sacerdote do seu rebanho, de
quem deriva e depende, de algum modo, a vida de seus fiéis em Cristo. Por
isso, todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que
gravita em redor do Bispo, sobretudo na igreja catedral, convencidos de que
a principal manifestação da Igreja se faz numa participação perfeita e ativa de
todo o Povo santo de Deus na mesma celebração litúrgica, especialmente na
mesma Eucaristia, numa única oração, ao redor do único altar a que preside o
Bispo rodeado pelo presbitério e pelos ministros” (Sacrosanctum Concilium,
n. 41).

A fim de manifestar esta dignidade própria do ministério episcopal, a Igreja


estabeleceu certas insígnias que o Bispo deve portar nas celebrações litúrgicas,
a fim de manifestar externamente a sua função de Sumo Sacerdote, investido da
plenitude do sacramento da Ordem.

O Cerimonial dos Bispos descreve como insígnias episcopais: “o anel, o báculo


pastoral, a mitra, a cruz peitoral, e ainda o pálio se lhe for concedido pelo
direito” (Cerimonial dos Bispos, n. 57).

O anel e a cruz devem ser usados sempre pelo Bispo, mesmo fora das
celebrações, enquanto que a mitra e o báculo são usados apenas nas
celebrações litúrgicas. O pálio é usado nas celebrações litúrgicas apenas
pelos Arcebispos Metropolitanos, como falaremos em postagem própria.

Os abades, ainda que não sejam bispos, gozam do direito às insígnias


episcopais. Isto se dá porque, à semelhança do Bispo em sua diocese, “o
abade, que faz no mosteiro as vezes de Cristo, deve apresentar-se como pai,
mestre e modelo de vida cristã e monástica” (Cerimonial dos Bispos, n. 667).
Da mesma forma, em alguns casos, o Papa concede a algum presbítero o
privilégio de usar as insígnias episcopais.

46
O Anel Episcopal
“O anel, insígnia da fidelidade e da união nupcial com a Igreja, sua esposa, deve o
Bispo usá-lo sempre” (Cerimonial dos Bispos, n. 58).
O simbolismo do anel é antiquíssimo: no Egito Antigo, por sua forma
circular, era símbolo da ETERNIDADE E DA FIDELIDADE; na Grécia e em Roma,
usado para selar documentos importantes, era sinal da DIGNIDADE DE QUEM
O PORTAVA.
No cristianismo, foi mantida esta
dupla dimensão em relação ao anel.
Assim, no caso do Bispo, o anel recorda
primeiramente sua união à Igreja, à qual o
bispo é chamado a ser fiel, como indica a
oração que acompanha a imposição do
anel na Ordenação Episcopal: “Recebe
este anel, símbolo da fidelidade; e com
fidelidade invencível guarda sem mancha
a Igreja, esposa de Deus” (Pontifical
Romano, Rito de Ordenação de um Bispo,
p. 79).
Por expressar igualmente a dignidade do Bispo como Sumo Sacerdote, o
anel é, por venerável costume, beijado pelos fiéis ao saudar o Bispo. Este gesto
não se dirige à pessoa do Bispo, mas à pessoa de Cristo, que ele representa. O
Papa São João Paulo II, em seu livro “Levantai-vos! Vamos! ” Dá mais um
significado a esta insígnia: “O anel me lembra igualmente a necessidade de ser
um ‘elo’ firme na cadeia de sucessão que me une aos Apóstolos” (p. 49).
O anel passa a ser considerado como insígnia episcopal a partir do
século VII. Seu uso, porém, provavelmente originou-se antes, dado seu caráter
funcional como selo, autenticando documentos importantes.
O Papa Inocêncio III (1.198-1.216) determinou que os anéis episcopais deveriam
ser de ouro, com uma pedra preciosa incrustrada. Atualmente isto não é

47
obrigatório, sendo mais comum o anel com algum símbolo sacro (como uma
cruz, por exemplo).
O anel é imposto no dedo anular da mão direita do Bispo em sua Ordenação,
pelo SAGRANTE principal. É a primeira das insígnias entregues ao Bispo, logo
após a entrega do Livro dos Evangelhos.
O Bispo não necessita usar sempre o anel que recebeu na Ordenação: pode usar
outros. Contudo, só deve estar sem o anel na Ação Litúrgica da Paixão do
Senhor, na Sexta-feira Santa (Cerimonial dos Bispos, n. 315). Além disso, se o
desejar, pode retirar o anel para lavar as mãos na Missa (n. 150) e, analogamente,
em todas as vezes que tiver de lavar as mãos (após o Lava Pés, após a imposição
das cinzas ou após as unções sacramentais), mas repondo-o logo em seguida.
Os Cardeais, durante o CONSISTÓRIO, em que são elevados a tal
dignidade, recebem do Papa um novo anel, como expressão da unidade do
Colégio Cardinalício. Da mesma forma, o Papa recebe um novo anel, que lhe é
imposto pelo Decano do Colégio Cardinalício, na Missa de início do Ministério
Petrino. É o chamado Anel do Pescador (Anulus Piscatoris), que possui gravado
algum símbolo ligado a São Pedro e o nome do Pontífice.
O Papa, porém, não está obrigado a usá-lo sempre, podendo substituílo por
outro anel episcopal (o Papa Bento optou por usar apenas o Anel do Pescador,
enquanto Francisco o usa apenas nas grandes solenidades). Por fim, cumpre
dizer que o Anel do Pescador é destruído quando da morte ou renúncia do
Papa (Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, n. 13).

A Cruz Peitoral
A segunda insígnia episcopal é a cruz peitoral, uma cruz de metal, com a
imagem do Crucificado ou não, munida de cordão que o Bispo usa sempre ao
pescoço.
O sentido da cruz peitoral é recordar que, aonde o Bispo for ele é
representante de Jesus Cristo. Da mesma forma, a cruz recorda ao Bispo sua

48
missão de anunciar o mistério da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, nela
representado.

É muito difícil precisar


quando a cruz se tornou uma
insígnia episcopal. Sabe-se que
desde o século IV os cristãos
levavam ao pescoço pequenos
relicários em formato de cruz
contendo trechos do
Evangelho, relíquias de mártires
ou mesmo relíquias da Santa
Cruz. Com o tempo, esta
insígnia foi passando a ser de
uso exclusivo dos bispos. O uso da cruz pelo Bispo nas celebrações
litúrgicas é assim determinado pelo Cerimonial: “A cruz peitoral usa-se por
baixo da casula ou da dalmática, ou por baixo do pluvial, mas por cima da
mozeta” (Cerimonial dos Bispos, n. 61). Ou seja, na Missa, o Bispo usa a cruz
por baixo da casula; se usa também a dalmática, por baixo desta; em
celebrações solenes fora da Missa, por baixo do pluvial; e quando usa suas
vestes corais, sobre a mozeta. Sobre a questão do uso da cruz sob a casula,
vemos que a prática mais comum é a contrária: a grande maioria dos Bispos
usa a cruz por cima da casula. Por isso, em 16 de julho de 1997, a
Congregação para o Culto Divino emitiu uma nota permitindo aos
Bispos que usem a cruz tanto por baixo quanto por cima da casula.
Quando se usa a cruz com as vestes corais, o Cerimonial dos
Bispos prescreve o uso de um cordão verde com dourado para os
Bispos (n. 1199) e vermelho e dourado para os Cardeais (n. 1205). O
Papa, se o desejar, pode usar um cordão inteiramente dourado. O uso
deste cordão, porém, só é obrigatório com as vestes corais: sem elas,
pode-se usar um cordão mais simples.
A cruz é a única insígnia que não é entregue ao Bispo durante
o rito de sua Ordenação. Ele a reveste antes da Missa, sob a casula.
49
A Mitra
A mitra é a insígnia utilizada pelo
Bispo sobre a cabeça nas celebrações
litúrgicas. Consiste em dois pentágonos de
pano rígido costurados (formato bicúspide)
e com a ponta voltada para cima. Da parte
de trás pendem duas tiras de pano (ínfulas).

O sentido da mitra é expresso por


seu próprio formato, que “aponta para o
alto”, indicando que o poder do Bispo vem
de Deus, o qual lhe concede está “coroa da
justiça” (2Tm 4,8). A mitra simboliza
também a santidade à qual o Bispo é
chamado a viver, como indica a oração que acompanha sua entrega na
Ordenação Episcopal: “Recebe a mitra e brilhe em ti o esplendor da santidade,
para que, quando vier o Príncipe dos pastores, mereças receber a imarcescível
coroa da glória” (Pontifical Romano, Rito da Ordenação de um
Bispo, p. 79).
Nesta mesma linha está a reflexão do Papa São João Paulo II, que em
seu livro “Levantai-vos! Vamos! ” Enfatiza a função da mitra como exortação à
santidade: “o Bispo é chamado à santidade pessoal para contribuir para o
crescimento da santidade na comunidade eclesial que lhe foi confiada” (p.
56).
As ínfulas têm igualmente uma dupla significação: simbolizam tanto o
poder sacerdotal, que o Bispo possui em plenitude, quanto seu dever de
possuir o conhecimento da Sagrada Escritura (Antigo e Novo Testamento)
para bem exercer seu múnus de ensinar.
Os primeiros cristãos sempre rezavam com a cabeça descoberta
durante as celebrações, exceto as mulheres, que usavam um véu. O primeiro
registro de uma cobertura de cabeça na Liturgia é do século VIII, que fala do
uso do camelauco (espécie de gorro) branco por parte do Papa. Somente no
50
século XI o camelauco toma o nome de mitra e passa a ser insígnia de todos
os bispos.
Atualmente, as normas gerais para o uso da mitra estão
determinadas pelo número 60 do Cerimonial dos Bispos. Recorda-se
primeiramente que a mitra é uma só dentro da celebração (na Forma
Extraordinária do Rito Romano usa-se duas) e que seu tipo é determinado
conforme a celebração:

Mitra simples
Não possui nenhum ornato,
sendo inteiramente branca (exceto a
mitra simples do Papa, que possui leves
contornos em dourado). É utilizada na
Quarta-feira de Cinzas, na Celebração da
Paixão do Senhor, na Comemoração dos
Fieis Defuntos, no rito da Inscrição do
Nome dos Catecúmenos, nas
celebrações penitenciais e nas exéquias
(inclusive nas do próprio bispo, que é
sepultado com a mitra simples).

Mitra ornada
Possui algum ornamento, geralmente um titulus (galão na forma de um
“T” invertido), que pode ser da cor litúrgica ou não. É utilizada em todas as
celebrações em que não se pede expressamente a mitra simples. Há um
costume que nas concelebrações apenas o celebrante principal use a mitra
ornada e todos os demais usem a mitra simples. Isto é observado
principalmente nas celebrações presididas pelo Papa, nas quais os bispos
devem usar mitra simples. Nestas celebrações, há também o costume de os
Cardeais usarem um tipo específico de mitra, a “damascata”, também

51
chamada de “mitra pinha”. Esta possui os contornos de uma pinha,
simbolizando a união dos Cardeais em torno do Romano Pontífice.

O Bispo USA a mitra apenas dentro das celebrações litúrgicas, ao menos nas
mais solenes, podendo dispensá-la nas celebrações mais simples. Geralmente o
Bispo a usa nos seguintes momentos (cf. Cerimonial dos Bispos, n. 60):

 Nas procissões (exceto quando se leva o Santíssimo Sacramento ou


relíquias da Cruz);
 Quando está sentado;
 Para fazer a homilia;
 Para dar a bênção;
 Nos gestos sacramentais (infusão da água no Batismo, imposição das
mãos nas Ordenações, etc);
 Para as monições ou avisos.

O Bispo NÃO usa a mitra:

 Diante do Santíssimo Sacramento exposto;


 Durante as orações (Ritos iniciais, Preces, Oração Eucarística, etc);
 Durante o Evangelho;
 Durante os hinos e cânticos evangélicos da Liturgia das Horas.

Para tornar claro como se dá o uso da Mitra, o Cerimonial remete às rubricas


específicas das diversas celebrações. Como fora dito anteriormente, a mitra é
entregue ao Bispo em sua Ordenação, sendo-lhe imposta na cabeça pelo
ORDENANTE principal, logo após a entrega do anel. Nas demais celebrações, é
costume que a mitra lhe seja imposta ou retirada pelo cerimoniário (em uma
concelebração, tal gesto destina-se apenas ao celebrante principal).

52
O Báculo
O báculo (do latim
baculus, cajado) é um cajado de
metal ou madeira com a ponta
curva que o Bispo leva nas
celebrações litúrgicas como
símbolo de sua missão de pastor.
O simbolismo do báculo é
expresso de maneira muito clara
na oração que acompanha sua
entrega na Ordenação Episcopal:
“Recebe o báculo, símbolo do
serviço pastoral, e cuida de todo o rebanho, no qual o Espírito Santo te
constituiu Bispo a fim de apascentares a Igreja de Deus” (Pontifical Romano,
Rito da Ordenação de um Bispo, p. 79).
O Papa São João Paulo II relaciona o báculo à missão do Bispo de zelar
pela santidade do rebanho: “É o sinal da autoridade que compete ao Bispo no
cumprimento do dever de cuidar do rebanho. Também este sinal se insere na
perspectiva da solicitude pela santidade do Povo de Deus” (Levantai-vos!
Vamos! p. 57).
Uma antiga tradição afirma que a função do pastor é TRÍPLICE:
“congregar os que dispersam, sustentar os que fraquejam e incentivar os que se
atrasam”. Isto é expresso nas três partes que compõem o báculo: a parte
superior, com a ponta curva, recorda o dever de congregar; a haste central, o
dever de sustentar; e a parte inferior, que anteriormente terminava em uma
ponta aguçada, o dever de incentivar.

O uso do báculo como insígnia episcopal começa a consolidar-se no século VII,


na Espanha e na Gália, difundindo-se pouco depois para toda a Igreja. Porém,
pode-se presumir que seu uso esporádico seja mais antigo. Na Liturgia romana,
o uso do báculo é atualmente definido de modo geral no n. 59 do Cerimonial

53
dos Bispos. Primeiramente, pela própria natureza desta insígnia, afirma-se que
seu uso é restrito ao Bispo diocesano dentro de seu próprio território. Outro
Bispo só pode fazer uso do báculo com a permissão do
Ordinário do local.
Em uma concelebração, o único Bispo a usar o báculo é o celebrante principal,
mesmo que este não seja o Ordinário local. O único caso do uso de mais de um
báculo na mesma celebração é a Ordenação Episcopal, na qual portam o báculo
o Sagrante principal e o novo Bispo.
Nas celebrações litúrgicas (e jamais fora delas) o báculo é usado nos seguintes
momentos:

 Nas procissões (exceto se o Bispo deve levar alguma coisa; vela,


ramo...);
 Durante a proclamação do Evangelho;
 Para fazer a homilia, se desejar;
 Para receber votos, promessas e a profissão de fé;  Para abençoar
(exceto quando tiver de impor as mãos).
A única celebração na qual se proíbe o uso do báculo é a Celebração da
Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa.
O bispo sempre leva o báculo com a curva voltada para frente,
símbolo de seu múnus de pastor daquele rebanho. Por tradição, aqueles que
sustentam o báculo o mantêm com a curva voltada para si, recordando que
são ovelhas do rebanho.

Os abades podem, igualmente por tradição, levar o báculo com uma tira de
pano pendente, chamada de sudarium. Este gesto serve para indicar que, ainda
que possuam o direito às insígnias episcopais, não são bispos.

O báculo é a única insígnia episcopal que não se põe junto ao corpo do Bispo
falecido nas exéquias. Isto para indicar que, com a morte, cessa o múnus de
pastor, do qual agora o Bispo é chamado a prestar contas a Deus.
54
O Papa não faz uso do báculo, mas sim da férula.

O Pálio
O pálio (do latim pallium,
manto) é uma tira de lã branca com
seis cruzes negras que o Papa
entrega aos Arcebispos
Metropolitanos (também chamados
Metropolitas).
Esta é a única insígnia
episcopal que não é utilizada por
todos os Bispos, mas apenas por
aqueles que governam uma
Arquidiocese Metropolitana, que
unida às dioceses próximas,
denominadas sufragâneas, forma
uma Província Eclesiástica.
Os Arcebispos não
Metropolitanos (chamados TITULARES) não possuem direito ao pálio, pois
tratam-se de Bispos que não governam Arquidioceses, mas que possuem
funções de grande dignidade dentro da Igreja (Prefeitos de Dicastérios da
Cúria Romana, Núncios Apostólicos), sendo-lhes, portanto, conferido o título
de uma Arquidiocese extinta.
Os únicos dois não metropolitas que, por antiquíssima tradição,
gozam do direito ao pálio são o Decano do Colégio Cardinalício e o Patriarca
Latino de
Jerusalém.
O Metropolita, uma vez recebido o pálio, pode usá-lo em toda a
Província Eclesiástica, mas apenas dentro da celebração da Missa, quando

55
preside ou concelebra, ao menos nos dias mais solenes. Não se usa o pálio
sobre o pluvial, nem sobre as vestes corais.

A entrega do pálio, segundo o Cerimonial dos Bispos e o Pontifical Romano,


deveria ser feita na Ordenação Episcopal ou na tomada de posse do
Arcebispo. Contudo, desde o pontificado de São João Paulo II, o Papa tomou
para si a atribuição de entregar pessoalmente os pálios na Missa da
Solenidade dos Santos Pedro e Paulo (29 de junho) na Basílica de São Pedro.
Esta será a única vez que o Metropolita usará o pálio fora de sua jurisdição.
Em 2015, o Papa Francisco modificou o Rito de entrega do Pálio
Arquiepiscopal aos novos Metropolitas: A partir de agora a faixa de lã branca
será entregue e não colocada pelo Santo Padre. Como manda a tradição a 29
de junho, na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, o Papa entrega o pálio a
cada um dos novos arcebispos metropolitas, mas a imposição do Pálio aos
novos arcebispos será realizada nas respetivas dioceses de origem pela mão
dos Núncios Apostólicos locais.

A preparação dos pálios começa na verdade no dia 21 de janeiro, memória de


Santa Inês, Virgem e Mártir, quando o Papa abençoa a lã de duas ovelhas.
Desta lã, as monjas beneditinas do mosteiro de Santa Cecília in
Trastevere tecem os pálios para os Metropolitas nomeados naquele ano.

No dia 24 de junho, Solenidade da Natividade de São João Batista, os pálios já


prontos são depositados junto ao túmulo de São Pedro na Basílica Vaticana.
De lá são trazidos no início da Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo,
para que o Papa os imponha aos Metropolitas, recitando a seguinte fórmula:

“Para glória de Deus Onipotente e louvor da Bem-aventurada sempre Virgem


Maria e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, para decoro das Sés a
vós confiadas, como sinal do poder de metropolitas, vos entregamos o pálio
tomado da Confissão do Bem-aventurado Pedro, para que o uses dentro dos
limites de vossa província eclesiástica. Que este pálio seja para vós símbolo de

56
unidade e sinal de comunhão com a Sé Apostólica; seja vínculo de caridade e
estímulo à fortaleza, a fim de que no dia da vinda e da revelação do grande
Deus e do príncipe dos pastores, Jesus Cristo, possam obter, com o rebanho a
vós confiado, a veste da imortalidade e da glória. Em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo”.
Esta oração evidencia, pois, as duas realidades fundamentais que o pálio
simboliza: a união dos Metropolitas ao Papa e a sua missão de pastores do
rebanho de Cristo. Este segundo simbolismo é ainda mais eloquente quando
se considera a forma e a matéria do pálio, que indicam claramente a ovelha que
o pastor carrega aos ombros.
Um outro elemento que pode fazer-se presente no pálio são três cravos, fixados
sobre as cruzes no peito, nas costas e no ombro esquerdo. Estes cravos
recordam os pregos da Paixão de Cristo e também a própria cruz do Senhor,
que o arcebispo é chamado a carregar sobre o ombro.
Por fim, o Papa, como Metropolita da Província Romana, faz igualmente uso
do pálio, que lhe é imposto na Missa de Início do Ministério Petrino pelo
Cardeal Proto-Diácono. Desde o início de seu pontificado, o Papa Bento XVI
havia adotado um modelo de pálio distinto dos demais Bispos Metropolitas,
com cruzes vermelhas ao invés de negras, para evidenciar a dignidade
própria do Romano Pontífice. Porém, desde junho de 2014, o Papa Francisco
voltou a usar um pálio igual ao dos demais Arcebispos, este com cruzes
negras.

57
Cores Litúrgicas
Quando vamos à igreja, notamos que o altar, o ambão, e até mesmo a estola e
a casula usadas pelo sacerdote, combinam todos com uma mesma cor.
Percebemos também que, a cada semana que passa, essa cor pode permanecer
a mesma ou variar. Se acontecer de no mesmo dia irmos a duas igrejas
diferentes, comprovaremos que ambas usam a mesma cor, com exceção, é claro,
da igreja que celebra o seu padroeiro. Na verdade, a cor usada um certo dia é
válida para a Igreja em todo o mundo, que obedece a um mesmo calendário
litúrgico. Conforme a missa do dia, indicada pelo calendário, fica estabelecida
uma determinada cor.

Estas diferentes cores possuem algum significado para a Igreja: elas visam
manifestar externamente o caráter dos Mistérios celebrados e também a
consciência de uma vida cristã que progride com o desenrolar do Ano Litúrgico.
Manifesta também, de maneira admirável, a unidade da Igreja. No início havia
uma certa preferência pelo branco. Não existiam ainda as chamadas cores
litúrgicas. Estas só foram fixadas em Roma no século XII. Em pouco tempo,
58
devido ao seu alto valor teológico e explicativo, os cristãos do mundo inteiro
aderiram a esse costume, que tomou assim, caráter universal.

Branco
O branco é usado nos Ofícios e Missas do Tempo Pascal e do Natal do Senhor,
bem como nas suas festas e memórias, exceto as da Paixão; nas festas e
memórias da Bem-av. Virgem Maria, dos Santos Anjos, dos Santos não Mártires,
na festa de Todos os Santos (1 de novembro), na Natividade de São João Baptista
(24 de Junho), na festa de São João Evangelista (27 de Dezembro), da Cátedra
de São Pedro (22 de Fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de Janeiro). O
branco é símbolo da luz, tipificando a inocência e a pureza, a alegria e a glória.

Vermelho
O vermelho é usado no Domingo de ramos e na Sexta-feira Santa; no domingo
de Pentecostes, nas celebrações da Paixão do Senhor, nas festas dos Apóstolos
e Evangelistas (com exceção de São João), e nas celebrações dos Santos Mártires.
Simboliza as línguas de fogo em Pentecostes e o sangue derramado por Cristo
e pelos mártires, além de indicar a caridade inflamante.

Verde
O verde se usa nos Ofícios e Missas do Tempo Comum. Simboliza a cor das
plantas e árvores, prenunciando a esperança da vida eterna.

Roxo
O roxo é usado no tempo do Advento e da Quaresma. Pode também ser usado
nos Ofícios e Missas pelos mortos. Significa penitência, aflição e melancolia.

Preto
O preto pode ser usado, onde for o costume, nas Missas pelos mortos. Denota
um símbolo de luto, significando a tristeza da morte e a escuridão do sepulcro.

59
Ao contrário do que pensam muitos clérigos e leigos, a cor preta não foi abolida
nem pela IGMR anterior nem pelo atual. Segue sendo uma opção para a missa
pelos mortos, onde for costume utilizá-la. No Brasil, contudo, o uso do preto nas
celebrações pelos fiéis defuntos foi, na prática, abolido, havendo sido substituído
pelo uso do roxo, uso este facultado pela própria IGMR. Isto não constitui óbice,
contudo, para que um clérigo venha a utilizar paramentos negros.

Rosa
A cor rosa pode ser usada nos domingos GAUDETE (III DO ADVENTO) e
LÆTARE (IV DA QUARESMA), ocasiões em que também poderá ser utilizado o
roxo.

Azul
Utilizado nos ofícios e solenidades de Nossa Senhora.

Obs.: A cor azul não é uma cor litúrgica própria do Rito Romano. Contudo, em
1864 o Papa Pio IX concedeu à Espanha o privilégio de usar paramentos azuis
na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, devido à contribuição
desse país na definição do dogma. Este privilégio é aplicável não só à Espanha,
mas também a todos os países que foram colônias espanholas. Posteriormente,
tal privilégio foi concedido também à Áustria, aos carmelitas e a alguns
santuários marianos, sendo também estendido para todas as festas marianas.
Cumpre notar que o Brasil não possui este privilégio. Para adquiri-lo, é
necessário que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faça um
pedido formal à Santa Sé e receba resposta favorável. Nem a CNBB, nem um
bispo e muito menos um sacerdote têm autoridade para alterar as cores
litúrgicas. Em suma, a menos que a Santa Sé autorize, usar paramentos azuis no
Brasil constitui abuso litúrgico. Não obstante, nada impede que nas festas
marianas se use um paramento branco com detalhes azuis, desde que o branco
predomine.

60
Com base também em uma explicação dada pelo Mestre de Cerimônias
Pontifícias, Monsenhor Guido Marini (sendo Mestre de Cerimônias o Papa Bento
XVI e Papa Francisco), que não existindo documentos recentes sobre o privilégio
do azul às situações e locais conhecidos (Espanha, Portugal, Instituto Cristo Rei,
entre outros), deve ser observado o direito consuetudinário, ou seja, a
continuidade da lei segundo os usos e costumes pautados na legislação mais
recente. Sendo eu o azul continua configurando-se um privilégio papal.
Resumindo, o azul nos paramentos litúrgicos ainda é um privilégio papal. Com
a confirmação dada por Monsenhor Guido Marini, o contrário só será
considerado mediante uma alteração pelo Papa nas rubricas litúrgicas.

61
4º Encontro
OBJETOS LITÚRGICOS
Visão Geral
Este artigo trata de uma visão geral dos objetos litúrgicos: Vasos Sagrados,
Alfaias, Insígnias Episcopais e demais objetos litúrgicos.

ALFAIAS LITÚRGICAS
Alfaias são pequenos panos usados para a liturgia. São eles:

Corporal
É o pano sagrado sobre o qual o sacerdote deposita
a hóstia e o cálice na Missa. Simboliza o Santo
Sudário.

Sanguíneo
É uma peça de linho que o padre usa depois da comunhão
para purificar o cálice, a patena, os lábios e os dedos.
Representa os panos sepulcrais de Nosso Senhor.

62
Pala
É um cartão quadrado, revestido de pano,
que o padre usa para cobrir o cálice na
Missa. Simboliza a pedra sobre a qual Nosso
Senhor repousou a cabeça no sepulcro.

Manustérgio
O manustérgio, na prática, não é uma alfaia, mas um pano litúrgico. É uma
pequena toalha que o padre utiliza para enxugar a mão após o lavabo.

Bolsa do Corporal
Está em desuso no Rito Moderno. É uma bolsa feita com dois cartões, usada para
guardar o corporal.

Véu do Cálice
Está em desuso no
Rito Moderno. É um pano que
o padre usa para cobrir cálice,
nas partes da Missa em que
este não é usado.

Conopeu
É o véu que se coloca na frente do sacrário para indicar a presença da hóstia
consagrada.

63
Toalha de altar
Não é uma alfaia, mas um pano litúrgico. Deve ser obrigatoriamente branca e
deve cobrir todo o altar – não se pode ter altar desnudado.

VASOS SAGRADOS
Os vasos sagrados são vasos de metal usados na Liturgia. São os seguintes:

Cálice
É o mais sagrado e mais antigo dos vasos. É o usado para a consagração do
vinho que se torna o sangue de Cristo. Deve ser de metal, ou material idôneo, e
possuir ao menos a parte de dentro dourada. Seu significado reside na sabedoria
escondida em Nosso Senhor. A abertura do cálice representa a chaga aberta no
Divino Coração de Nosso Senhor, da qual sai o sangue que se bebe para a vida
eterna.

Patena
A patena é um pratinho redondo em forma de disco sobre a qual o sacerdote
deposita a hóstia. Ela representa a cruz no Calvário, na qual repousou o corpo
de Nosso Senhor em sua paixão.

Âmbula / Píxide / Cibório


A âmbula é um vaso obrigatoriamente de metal não quebrável que contém as
hóstias consagradas para serem distribuídas para os fiéis.

64
Ostensório
É um objeto próprio para se expor e fazer a adoração do Santíssimo Sacramento.
Foi introduzida por volta do século XIV – antigamente se faziam procissões com
o santíssimo encerrado em âmbulas. Todo ostensório possui uma luneta, que é
na prática o objeto que segura a hóstia dentro do ostensório .

Teca
É um pequeno estojo usado para se depositar as hóstias que serão levadas aos
doentes.

OUTROS OBJETOS LITÚRGICOS


Há vários objetos, mas por questão prática iremos falar apenas dos principais.

Credência
65
Mesinha ao lado do altar, utilizada para colocar os objetos litúrgicos.

Galhetas
São pequenos recipientes onde se coloca água e vinho, destinados ao Santo
Sacrifício da Missa.

Incenso
É uma resina que quando queimada solta um aroma agradável destilada em
lágrimas por uma árvore das terebintáceas. Seu uso na Missa constitui um ato
de adoração a Deus, diretamente (no Santíssimo Sacramento) e indiretamente
(no altar, na cruz, no Evangeliário, etc). Um ato de veneração às imagens e
relíquias dos santos. De reverência às pessoas que são incensadas. De
purificação e santificação e simboliza, sobretudo, a oração que sobe à presença
de Deus, conforme o salmo: “Suba até vós, Senhor, minha oração, como incenso
à vossa presença”.

Turíbulo
É um pequeno fogareiro suspenso por correntes, no qual se queima incenso. É
constituído de diversas partes, e é importante que o acólito as conheça.

Naveta
É um pequeno vaso alongado, em forma de nave, na qual se guarda o incenso.

Lavabo
É um conjunto de bacia e jarro usado para lavar as mãos do sacerdote durante
cerimônia homônima no ofertório.

66
Carrilhão / Sineta
O carrilhão é um conjunto de sinos ligados entre si usados durante a santa missa
para chamar a atenção dos fiéis e anunciar os momentos mais importantes da
missa, como a consagração. Sineta normalmente é um sino pequeno usado na
mesma função.

Sacrário
É uma espécie de armário, colocado no altar, no qual se conservam as âmbulas
com o Santíssimo Corpo de Nosso Deus Sacramentado. Coberto, normalmente,
com o conopéu.

Caldeirinha
É um vaso portátil em que se põe água benta para as aspersões do povo.

Hissopo / aspersório

É o instrumento com o qual se fazem as aspersões. Castiçal


Suportes para as velas.

Bursa
Bolsa quadrangular onde se coloca a Teca para se levar aos doentes.

Círio Pascal
É uma grande vela de cera, símbolo de Cristo Ressuscitado, onde se pode ler
ALFA e ÔMEGA (Cristo: começo e fim) e o ano em curso. Tem grãos de incenso
que representam as cinco chagas de Cristo. Usado na Vigília Pascal, durante o

67
Tempo Pascal, e durante o ano nos batizados. Simboliza o Cristo, luz do mundo.

Cruz de altar
Uma cruz que fica sobre o altar ou próximo a ele, trazendo sempre à memória o
sacrifício, normalmente voltada para o celebrante.

Cruz Processional
Cruz com um cabo maior utilizada nas procissões.

Genuflexório
Móvel que permite se ajoelhar em cima.

Lamparina do Santíssimo
É a lâmpada do Santíssimo que fica ligada constantemente mostrando a

presença do Santíssimo Sacramento. Relicário

Onde são guardadas as relíquias dos santos.

Pálio
Cobertura com franja, apoiada em quatro varas, que cobre o ministro que leva o
ostensório com a hóstia consagrada. Existe também a Umbella, que é como um
pálio, mas em forma de guarda-chuva, para ser usado em interiores. Também
possui esse nome uma insígnia episcopal feita de lã, usada ao redor do pescoço
por arcebispos dentro de celebrações litúrgicos de sua arquidiocese.

Pedra D’Ara
Pedra colocada nos altares onde se depositam as relíquias dos santos.

68
Tocha
Suporte para vela/fogo usado em procissão.

Patena de Comunhão
Patena utilizada pelos acólitos durante a comunhão para evitar que caia algum
fragmento da Eucaristia no chão.

Estauroteca
Relicário em formato cruciforme para portar as relíquias da Santa Cruz. Para
carrega-lo com a relíquia, usa-se véu umeral vermelho. .

Matraca
Objeto de madeira que produz um som menos estridente que os sinos e
carrilhões e os substituem na Quinta-Feira Santa.

Relicário
Objeto parecido com o ostensório, mas utilizado para expor à veneração as
relíquias de santos.

Outros Objetos
Alamar
Feixe usado para fechar a frente do pluvial, também pode ser chamado de
“Razionale”. Por vezes encontra-se o alamar no véu umeral, vimpas ou
sobrepelizes.

69
Cáligas
Sapatilhas usadas pelos Bispos na forma extraordinária do rito romano.

Capa Magna
Grande capa usada pelos Bispos e Cardeais com vestes corais em sinal de
solenidade. É violeta para os Bispos e vermelha para os Cardeais.

Chirotecoe
Luvas usadas pelos Bispos. Seguem a cor do tempo, como os demais
paramentos.

Gremial
Paramento quadrado usado pelos Bispos. Na forma ordinária, apenas para
unções, imposição das cinzas e algumas outras ocasiões.

Manícoto
Pequeno paramento usado junto ao punho durante as unções. Múleos
Sapatos vermelhos do Sumo Pontífice.

Murça
Pequena sobrecapa usada nas vestes corais sobre a sobrepeliz ou o roquete e
sob a cruz peitoral. Sua cor varia de acordo com o grau hierárquico do clérigo.

Vimpas
Paramento semelhante ao véu umeral, quadrado e posto nas costas. São usadas
para portar as insígnias episcopais (mitra e báculo)

70
5º Encontro
Santa Missa
Visão Geral
Durante a Santa Missa, por mais que se tenha um sacerdote ou uma
assembleia indigna, Jesus está oferecendo a mesma adoração perfeita que
ofereceu no madeiro da Cruz. Ainda que todos os seres humanos e todos os
anjos juntos cultuassem a Deus, não conseguiriam jamais superar o valor desta
oferta do próprio Deus. Por esse motivo, é impossível comparar o augusto
Sacrifício do altar com as chamadas "celebrações da Palavra". Se por um lado
estas celebrações comunitárias são importantes em lugares com carência de
padres, por outro, é realmente muito triste que a sua frequência indevida
acabe por obscurecer as diferenças substanciais entre a Missa e uma simples
"reunião fraterna". Na Missa, o padre age in persona Christi; na celebração da
Palavra, ao invés, ainda que a comunidade faça parte do Corpo Místico de
Cristo, não há como ocorrer a consagração do pão e do vinho, uma vez que "o
povo (...) não pode de nenhum modo gozar dos poderes sacerdotais".

O que é a Santa Missa?


A Santa Missa é a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário, e constitui “a fonte
e o ápice de toda a vida cristã” É o mesmo e único sacrifício infinito de Cristo na
Cruz, que foi solenemente instituído na Última Ceia. Nesta cerimônia ímpar, Cristo é
ao mesmo tempo vítima e sacerdote, se oferecendo a Deus para pagamento dos
pecados, e aplicando a cada fiel seus méritos infinitos.

71
O que quer dizer “Renovação incruenta
do Sacrifício do Calvário”?
A palavra incruenta significa “sem sangue”. Isto porque na Missa Cristo se imola
novamente para nossa salvação, como Ele fez na Cruz, embora na Missa seja sem
sofrimento físico.

Não é a Missa uma “ceia” ou


“banquete”? Ou uma festa?
A Missa até pode ser considerada como uma “ceia” ou “banquete”, mas não uma
ceia ou banquete qualquer. É ceia, mas é ceia sacrificial. É banquete, mas banquete
sacrificial, no qual se redime o gênero humano. “O banquete e o sacrifício pertencem
de tal modo ao mesmo mistério que um está ligado ao outro, no mais estreito
vínculo”. De todas as coisas que se possa dizer sobre a Missa, a mais importante e
essencial é que ela é sacrifício. Desta compreensão sacrificial deriva toda a teologia
que estudamos.

Mas o Sacrifício da Cruz não foi o


suficiente uma só vez?
Diz o Concílio de Trento:

“Ainda que bastasse Nosso Senhor se oferecer uma só vez ao seu Pai, unindo-se no
altar da Cruz para realizar a redenção eterna, Ele quis deixar à sua Igreja um
sacrifício visível, tal como requer a natureza dos homens, pelo qual se aplicasse, de
geração em geração, para a remissão dos pecados, a virtude deste sangrento
sacrifício, que devia cumprir-se somente uma vez na Cruz; na última ceia, na mesma
noite em que foi entregue, declarando-se sacerdote eterno, conforme a ordem de
Melquisedeque, Ele ofereceu, a Deus Pai, seu corpo e seu sangue, sob as espécies de
pão e de vinho, os deu aos seus apóstolos, a quem os tornou, então, sacerdotes do
72
Novo Testamento, com estas palavras: Fazei isto em memória de mim, investindo-os,
assim, e aos seus sucessores, no sacerdócio, para que oferecessem a mesma hóstia”

(Sessão XXII, I).”

Por que a Santa Missa é um Sacrifício?


Todo o sacrifício é um dom oferecido a Deus, a fim de reconhecer a Sua soberania e
prestar a Ele um ato de adoração e submissão. Quando Cristo morre no Calvário, a
Sua morte realizou um VERDADEIRO SACRIFÍCIO, puro e perfeito, no qual Jesus
prestou ao Pai um ato de adoração, louvor e entrega total, a fim de que essa Oferta
santíssima servisse para o perdão dos nossos pecados, e assim recuperássemos a
vida da graça e a felicidade eterna.

A morte de Jesus na cruz é única e suficiente, pois o Seu Sacrifício possui mérito
infinito, capaz de salvar toda a humanidade. Entretanto, é necessário não só que
Cristo morra pelos pecadores, mas também que os frutos da Sua Paixão sejam
aplicados nas almas, para que a salvação se realize em todos os homens. Por esta
razão, a morte de Cristo se torna o Sacrifício da Nova e Eterna Aliança, porque
participando dela que os homens usufruem da Redenção.

Se o Sacrifício do Calvário possui mérito infinito, bastaria que Jesus morresse uma
única vez para salvar todos os homens. No entanto, ainda resta a necessidade de se
aplicar pessoalmente os frutos da Sua Paixão, e para isso Cristo institui a Santa Missa,
que é a atualização mística e incruenta do Seu Sacrifício. Na Santa Missa, Jesus torna
presente no tempo e no espaço o mesmo Sacrifício do Calvário, sem que Ele venha
a morrer novamente. É o mesmo e único Sacrifício, tornado presente e atual a cada
Missa celebrada.

Dizemos que a Santa Missa é a renovação do Sacrifício do Calvário porque idêntica


é a Oferta e o Oferente, isto é, é o mesmo Jesus que se oferece e é oferecido, tanto
na Cruz quanto na Missa. Na Missa, a Consagração põe separadamente o Corpo e o
Sangue de Senhor tal qual ocorrera no instante da morte de Jesus, renovando no

73
altar o Sacrifício da Cruz, de forma indolor e invisível, através do Sacramento da
Eucaristia.

A Missa também é idêntica ao Calvário porque é Jesus mesmo que Se oferece, mas
usando do sacerdote celebrante, através da sua voz e de seus atos. Quando o
sacerdote reza a Missa, é o próprio Jesus a agir através do Padre, para que o Seu
divino Sacrifício se torne presente misticamente no altar, e assim todos aqueles que
dele participam possam se unir ao próprio Jesus em imolação à glória da Trindade
Santíssima.

Antes de chegar na Igreja


Nosso querido pároco sempre diz que a Santa Missa começa em casa, quando a
pessoa começa a se preparar para ir à igreja. Embora não seja liturgicamente correta,
esta noção é indispensável para participarmos bem da Missa. Hoje, infelizmente, a
maioria das pessoas vão à Missa como se fossem a um evento social qualquer, como
um shopping ou uma praça. E ao chegar, ainda se comportam como se estivessem
num lugar qualquer destes. Conosco não pode ser assim.

Preparação Remota: O interior


Quando recebemos uma visita em casa, sempre nos preocupamos em deixar nossa
casa limpa e arrumada. E arrumamos as coisas com mais cuidado quanto mais
importante for a pessoa. Agora imagine como seria receber Nosso Senhor Jesus
Cristo em sua casa: Certamente a casa nunca teria estado tão limpa. Infelizmente,
muitas vezes não cuidamos da mesma maneira do nosso interior quando vamos
receber Jesus Eucarístico. Pelo contrário, deixamos a casa uma bagunça e recebemos
de qualquer jeito.

São Domingos Sávio, um grande modelo para nós, preparava-se para a Santa Missa
de uma maneira impressionante:

Para preparar-se melhor para a comunhão, no dia anterior punha-se de joelhos ao pé


da cama. Pedia demoradamente a Nosso Senhor a graça de fazer uma boa
comunhão. Na manhã seguinte, conservava-se em perfeito silêncio e continuava a

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sua preparação, rezando. Para agradar a Jesus, marcava em seu caderno uma
intenção para cada dia:

 Domingo: Em honra da Santíssima Trindade.


 Segunda: Pelos benfeitores espirituais e temporais.
 Terça: Pelo santo do nome e o Anjo da Guarda.
 Quarta: Pela conversão dos pecadores.
 Quinta: Pelas almas do purgatório.
 Sexta: Em honra da Paixão de Nosso Senhor.  Sábado: Em honra de Nossa
Senhora.

Desta maneira, São Domingos Sávio nos dá um grande exemplo. A preparação


interior é a preparação mais importante para a boa participação na Missa. Fazemos
isso rezando, sobretudo atos de fé, esperança e caridade, conservando o silêncio,
realizando propósitos para nossas comunhões e preparando nossa alma para
receber o Senhor. Claramente, isto passa por estar em estado de graça, e buscar a
confissão caso a consciência acuse de algum pecado.

Preparação Remota: O exterior


O ser humano é constituído de corpo e alma. Desta maneira, deve prestar culto a
Deus com seu corpo e com sua alma. Já vimos como nos prepararmos interiormente,
mas… Como fazer para esta preparação exterior? Esta preparação se dá de três
maneiras: O comportamento, a higiene e a veste.

O Comportamento
Não é possível se concentrar e participar bem da Missa logo após sair de uma festa
do arromba. É necessário manter-se em um estado de calma, silêncio, piedade. Se
nosso corpo está perturbado, nossa alma também estará.

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A Higiene
Quantas vezes já não encontramos coroinhas indo servir com aquele cheiro de
macaco? Quantas vezes aquelas unhas gigantes e sujas? Quantas vezes aquele
cabelo ou barba que implora cuidados? Quantas vezes aquele bafo de onça? Antes
de irmos para a Igreja, precisamos cuidar da higiene do nosso corpo – assim como
temos que cuidar como a da nossa alma.

A Veste
Sempre ouvimos dos mais velhos sobre a roupa de missa. Esta seria a melhor roupa
do armário de cada católico, reservada para ir à Santa Missa. Para muitos isto pode
parecer estranho. Pensam: “Por que os católicos do passado reservavam suas
melhores roupas para a Missa? ”. A resposta é simples: Porque eles tinham plena
consciência que a Missa é a coisa mais importante da Terra, o melhor momento da
vida de cada católico. Por isto guardavam sua melhor roupa. Nos nossos tempos,
temos visto cada vez mais católicos se vestindo de maneira completamente
inadequada para a Santa Missa, como se aquele fosse um momento qualquer. Pelo
contrário, é nosso dever nos prepararmos para a Missa considerando sua
importância e nos vestindo como se fossemos encontrar a pessoa mais importante
do mundo, porque de fato vamos encontrar.

Meninos
Use sempre uma calça comprida, camisa de manga, preferencialmente social e bons
sapatos. Isto é suficiente e vai lhe ajudar a se comportar com a seriedade necessária
para a Santa Missa. Não só vai lhe ajudar, como também vai ajudar a assembleia!

Meninas
A modéstia feminina é mais delicada. Algumas máximas devem ser claras: Camisas
fechadas, com manga, sem decotes escandalosos. Cuidado com a maquiagem e
nunca, absolutamente nunca, salto alto. Preparando-nos desta maneira, certamente
serviremos de maneira muito melhor, e estaremos muito mais aptos a receber as
graças que Nosso Senhor nos dá na Eucaristia.

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Ao chegar na Igreja
Como deve ser nossa postura ao chegar na Igreja? Na infância de muitos de nós,
fomos ensinados que a Igreja é “a casa de Deus”. Ainda me recordo de pensar nisso
antes de sair de casa e me preparar todo para ir “visitar Deus”… O tempo passou. E
para muitos de nós, essa imagem inocente de “visitar Deus” se perdeu no tempo. E
o santo ensinamento de nossos pais sobre a igreja ser a “casa de Deus” foi esquecida.

Mas a igreja é exatamente isto. A casa de Deus. Templum Dei, onde, de maneira
completamente real, encontramos a Ele verdadeiramente. Podemos rezar em
qualquer lugar, e não há lugar na Terra onde não estejamos na presença de Deus,
de modo espiritual; mas somente na igreja temos sua presença física e real, no
augusto Sacramento da Eucaristia, escondido na solidão do Sacrário.

Uma grande tristeza dos nossos tempos é que, hoje, quase mais ninguém lembra
disso. E tratam a igreja como um lugar qualquer, entrando e saindo sem saudar o
dono da casa, indo direto para suas responsabilidades sem sequer rezar por alguns
minutos diante do prisioneiro do tabernáculo. Nós, servidores do altar, devemos
mais que todos ter especial cuidado em entrarmos dignamente na casa de Deus.

Ao chegar na Igreja
Assim que chegar, mantenha o silêncio e faça uma boa genuflexão. Olhe para o
sacrário, contemple-o. Ali está o seu Deus. E mesmo que tenha várias
responsabilidades e várias atividades a fazer, vá primeiro rezar um pouco. Ajoelhese
e reze por alguns minutos, ainda que alguma breve oração ou jaculatória, como
“Daime, São José, a graça de vencer as paixões e ter horror ao pecado”, “Sagrado

Coração de Jesus, que tanto me amais, fazei que eu vos ame cada vez mais! ” Ou ainda
“Pela vossa Imaculada Conceição, ó Virgem, dai-me um corpo santo e uma alma
pura”.

Saia cedo de casa. Se chegar à igreja correndo, é certeza que não vai aproveitar bem
as graças da Missa. Saia cedo, e se possível, reze o terço em honra à Nossa Senhora.
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Ela, mais do que ninguém, pode lhe ajudar a adorar a Deus como ele deve ser
adorado.

Todas as vezes que eu passar


em frente ao Sacrário
Ao passar na frente do sacrário, sempre faça uma boa genuflexão. Você está
passando diante do seu Deus. Pense na gravidade disto. Quando tiver que subir ao
presbitério fora da Missa, ajoelhe-se no degrau por um instante e reze um pouco. O
presbitério não é um lugar comum, afinal é ali que se operam tantos e tantos
mistérios. Bem como as pedras de Jerusalém, ali no presbitério pisou Nosso Senhor
e como no Calvário, foi ali sacrificado por amor a nós.

Nesse instante ajoelhado, reze uma Ave Maria em reparação a Deus pelas pessoas
que por ali já passaram sem preocupação a Ele. Ou reze a oração: “Meu Deus, eu
creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão por aqueles que não creem, não
adoram, não esperam e não Vos amam”. Olhe para o sacrário, lá dentro está o Deus
Infinito de todo o poder, que por amor a você vive ali a solidão escura da prisão do
Sacrário, onde cada vez menos pessoas desejam adora-Lo.

Lembre-se que você é exemplo!


Jamais esqueça que o servidor do altar é sempre o exemplo. Mesmo que não lhe
pareça assim, você está sempre em evidência e é exemplo para as pessoas, em suas
posturas e comportamentos, em sua piedade ou falta dela. Seja sempre esse bom
exemplo, dentro e fora da Igreja, não apenas para que as pessoas lhe imitem, mas
para a maior glória de Deus.

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Na sacristia, antes da Missa começar
Está chegando a hora. A Missa vai começar em alguns minutos e você vai servir. Você
já rezou e se preparou, e está pronto para começar o seu serviço. E agora?

Antes de tudo, se paramente


A sua veste é a sua roupa de trabalho. Quando você está exercendo seu serviço, seja
arrumar a credência ou transitar pelo presbitério para resolver qualquer coisa antes
da Missa, você não está no altar como um simples fiel, mas como um servo. E, como
servidor do altar, você deve se comportar como tal. A sua veste é a sua insígnia. E o
presbitério é um lugar sagrado, então garanta que, se tiver que andar por lá, faça-o
como servidor do altar. Não esqueça de fazer isso rezando as orações de
paramentação.

Silêncio, Recolhimento e Piedade


Mantenha o silêncio sempre. A Sacristia é um local de silêncio e de preparação. A
maioria das nossas sacristias parecem uma feira, e muitas vezes o coroinha ajuda a
piorar a situação. Enquanto você se prepara para a Santa Missa, lembre-se que você
está indo para o Calvário com Cristo. Não são meras palavras. Risinhos e
brincadeirinhas antes de começar o serviço são exemplos de atitudes de moleques,
não de servos.

As funções de cada um e os conflitos


Por conta da confusão que se instaurou na liturgia nos últimos tempos, as funções
são muitas vezes disputadas entre vários leigos, às vezes parecendo uma
competição…. Isto acontece em particular com os MESCs. Falaremos sobre o papel
dos ministros extraordinários num futuro, mas por ora é importante lembrar que o
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papel do MESC durante a celebração é unicamente distribuir a comunhão. Portanto
todo o preparo anterior à Missa com a credência, arrumação e altar, na ausência do
sacristão, cabe a você.

Mas infelizmente está nem sempre é a realidade. Então caso os serviços sejam
disputados em sua comunidade, espere com humildade até que acabem de arrumar
tudo e vá verificar se está tudo certo. A responsabilidade de cuidar e garantir que
tudo está preparado para a Santa Missa é sua! Portanto, os serviços que já foram
desenvolvidos por outros passem por caridosa verificação.

O que preparar:
Vamos agora a uma breve listagem de tudo o que deve ser preparado, e como: Na

Sacristia

 Verificar se o Missal está marcado corretamente;


 Verificar se o Lecionário está marcado corretamente;
 Verificar as velas e os castiçais com antecedência;
 Se for usado incenso, verificar carvão e incenso, e designar um membro
para acender o turíbulo;
 Se a celebração for possuir asperges, verificar a água na caldeirinha e
marcar o Ritual de Benção e Aspersão da água no Missal (pág. 1001).

Presbitério e Altar
 Verificar se o altar está limpo. Se não estiver, limpá-lo ou pedir que
alguém o faça;
 Microfone;
 Verificar se o número correto de velas está sobre o altar (ou junto dele);
 Se houver arranjo de altar, certificar que a cruz processional está na
sacristia;

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 Se não houver arranjo de altar, certificar que a cruz processional está
junto a ele;

 Verificar se as velas estão acesas e simétricas. O modo de acender as


velas, quando em arranjo, é 3 2 1 + 4 5 6.

Credência e objetos
 Verificar se há na credência os objetos necessários para Santa Missa:
Cálice (verificar se há hóstia magna sobre a patena), galhetas com água
e vinho em quantidade suficiente, lavabo com água suficiente e
manustérgio. Patenas de comunhão com seus devidos sanguíneos, se
for o caso;
 Se houver véu do cálice, este deve ser organizado de modo a cobrir
todo o cálice, e a bolsa com o corporal deve ficar acima do véu, com a
abertura para o lado direito.
 Verificar se o sino está posto perto da credência ou sobre ela;
 Se o padre beber água durante a Missa – o que já é quase um rito
paralelo na Missa, colocar o copo com água antes do início, para não
ter que buscar posteriormente;
 Organizar a credência de tal modo que dê senso de ordem.

Por último...
Quando tudo já estiver arrumado, restará apenas uma coisa, que é, na verdade, uma
das mais importantes: Juntem todos os que vão servir e rezem. Rezem pedindo a
graça da seriedade e da concentração, a graça de bem participarem da Missa e de
servirem dignamente a Nosso Senhor.

Depois de rezarem, tudo estará pronto. Então iniciaremos, de fato, a Santa Missa.

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6º Encontro
Santa Missa
A Procissão de Entrada
Inicia-se a Santa Missa. Forma-se a procissão para a entrada ao altar. Esta procissão
não é uma simples ida ao altar, mas uma via riquíssima em significados. Os servidores
do altar e o sacerdote caminham ao altar, onde se renovará o sacrifício da Cruz.

À frente vai a Cruz Processional, precedida pelo turíbulo: É o estandarte da


Cristandade. Após a cruz, vão dois coroinhas portando velas; estes ecoam a palavra
do Senhor: “Vós sois a Luz do Mundo! ” E anunciam a presença de Deus na história
da humanidade. Após as velas, seguem os demais coroinhas, que caminham à frente
do sacerdote. Estes coroinhas representam os profetas que precederam a Nosso
Senhor e o anunciaram. Atrás de todos, vem o sacerdote, paramentado com a casula,
símbolo da Cruz: É Cristo que caminha em direção ao Calvário.

Este simples rito, riquíssimo, dá o tom da celebração. Os coroinhas caminham sérios,


sabendo para onde estão indo. Aonde a Cruz vai, eles vão atrás: É a Via Crucis
novamente.

Como é de se lamentar o desleixo com que tem sido feita muitas de nossas
procissões de entrada! Certamente se soubessem o que ela significa, jamais a
tratariam desta maneira, como uma simples “entrada”, como se a Missa fosse um
show. Este é um momento grave. Quando você estiver entrando, não olhe para
ninguém, não fale com ninguém. Você está sendo levado misticamente ao Calvário.

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Instruções e Dicas
 Na procissão de entrada, mantenha um passo lento e sério. Mantenha uma
boa distância com o que vai à frente de você, para que quando este chegar
ao altar para fazer sua reverência, a fila não pare;
 Evite ir na procissão de entrada portando folhetos ou qualquer outro objeto
estranho à liturgia. Vá com as mãos livres, unidas uma a outra em oração;
 Mantenha a solenidade e a seriedade: Postura solene, coluna ereta, passo
firme. Sem olhar para a assembleia, sem conversar com quem quer que seja,
sem risinhos. Olhe para baixo ou olhe para o sacrário. Ponto final!

 Ao chegar ao altar, fazer reverência profunda ao altar, e vá direto para o seu


lugar.

Modo
Existem basicamente dois tipos de procissão de entrada. A simples e a solene.

Procissão Simples
A procissão simples faz-se vindo diretamente da sacristia (Ou outro lugar
conveniente) diretamente para o altar. Sem cruz, velas, incenso nem qualquer objeto.
Os coroinhas vão à frente e se organizam do menor para o maior. Atrás os demais,
e o sacerdote. Todos fazem a genuflexão juntos e cada um vai ao seu lugar. Este tipo
de procissão é feito normalmente sem solenidade alguma, enquanto se canta o
cântico de entrada ou a antífona do dia.

Procissão Solene
Faz-se da porta da igreja ou outro lugar conveniente. Traz velas, cruz e,
normalmente, incenso.

Segue esquema modelo abaixo:

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Obs.: Há um Padrão Paroquial de Serviço ao Altar, nele consta o modo que
devemos exercer, conforme práticas aprovadas pelo Pároco.

A incensação do Altar
Após chegarem ao altar, o turiferário e o naveculário devem ficar em aguardo
próximo ao altar. Depois que o celebrante o oscula, devem se aproximar. Se for
necessário, o celebrante impõe incenso no turíbulo e o abençoa sem nada dizer.
Então, toma o turíbulo pelas mãos do diácono ou do cerimoniário e incensa o altar.
Um Cerimoniário acompanha o Celebrante, pelo lado direito, segurando levemente
a sua casula, se for casula gótica, para que não queime, caso conveniente. Se for
conveniente, também, acompanhado pelo lado esquerdo outro assistente.

A incensação deve ocorrer da seguinte forma:


I. Se a cruz do altar estiver sobre ele, incensa-a com três ductos antes de
tudo. Se a cruz estiver ao lado do altar, incensa-a quando se passa por ela.
Faz-se reverência antes e depois;
II. Incensa-se o altar com ictus simples, andando ao redor dele, sem reverência
alguma;
III. Se houver a imagem de um santo ou alguma relíquia no altar, cujo santo
se comemora naquele tempo, ao chegar à frente do altar, faz-se uma
reverência ao altar e vai incensar a imagem ou a relíquia, com dois ductos,
exceto se for uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Faz-se reverência
antes e depois;
IV. Retorna-se à frente do altar, faz-se uma reverência e se continua a
incensação com ictus simples;
V. Terminada a incensação, retorna-se o turíbulo ao turiferário, que faz
reverência ao sacerdote e se retira.

Segue, então, os Ritos Iniciais, a começar pelo Sinal da Cruz.

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Ritos Iniciais
Quando os fiéis estiveram reunidos, uma pessoa devidamente
preparada (comentarista) acolhe os participantes, dá-lhes as
boasvindas e diz, em breves palavras o motivo da celebração.

Procissão e Canto de Entrada: o canto deve expressar a alegria de


quem vai participar da Eucaristia, e precisa levar em conta as
características do tempo litúrgico (advento, natal, quaresma, etc.), e o
tipo de assembleia (há significativa diferença entre uma missa com
adultos, às 7:00 horas da manhã, e uma missa com crianças às 10:00
horas!). De preferência se faça a procissão pelo corredor central da
igreja. Os coroinhas vão à frente do presidente da celebração. Quando
se utiliza o incenso, o padre incensa o altar e a cruz.

Saudação do Presidente da Celebração: o presidente da


celebração começa a fazendo o sinal-da-cruz, pronunciando (ou
cantando) as palavras Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. É
importante que quem preside de ênfase a esta saudação a fim de que
as palavras expressem, o que na realidade contêm, ou seja, que todos
estão ali reunidos em nome da Trindade.

Ato Penitencial: os membros da assembleia, pelo ato penitencial,


expressam sua franqueza, fazem um ato de humildade e invocam o
perdão e a ajuda de Deus, a fim de poder ouvir com maior proveito sua
Palavra e comungar mais dignamente o Corpo e Sangue de Cristo.

Glória: é um antiguíssimo e venerável hino com que a Igreja, congrega


no Espírito Santo, glorifica a Deus Pai e o Cordeiro e lhes apresenta
suas súplicas. E um cântico completo, no qual há louvor, entusiasmo.
Por isso, os novos tempos para ser cantados devem respeitar seu
85
conteúdo original, ou seja, o aspecto trinitário. Não é porque um canto
contém a palavra “Glória” que serve para o Hino de Louvor!

Oração Inicial: é a primeira oração, que se recolhe, sintetiza, reúne


(coleta) as motivações, os sentimentos da assembleia. Sua função é dar
sentido a celebração do dia.

Terminada a oração da coleta, o (a) comentarista convida a assembleia a


sentar-se para ouvir para ouvir a Palavra de Deus.

Liturgia da Palavra
As Leituras: as leituras previstas para a celebração dominical são três
(exceto missas com crianças), mais o salmo responsorial. A leitura do
Evangelho constitui o ponto culminante da liturgia da Palavra, por isso
sua proclamação é cercada de gestos de apreço, como a aclamação, e
nas celebrações solenes, a procissão com o evangeliário, o uso de velas
acesas e o incenso.

Algumas Observações Práticas

1. As pessoas convidadas a proclamar as leituras tenham o


cuidado de preparar bem a leitura (treinar antes), para evitar o
inconveniente de palavras mal pronunciadas ou trocadas, prejudicando
assim o sentido do texto. Os leitores saibam que são porta vozes de
Deus, daí a necessidade de aplicar todo o empenho a fim de caprichar
na proclamação. Deus expressa seus sentimentos através dos nossos.

2. Os leitores apresentam-se com roupas convenientes e, durante


a proclamação, mantenham postura normal, nem rígido, nem relaxado.
Leiam devagar, em tom suficiente alto, pronunciando bem as palavras.

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3. No final da primeira e da segunda leitura, quem lê conclui,
dizendo simplesmente Palavra do Senhor (no singular e não no plural
“Palavras do Senhor” ou “Está é a palavra do Senhor”). A mesma
observação vale para o final da proclamação do Evangelho: Palavra da
Salvação.

4. Por vezes aparecem membros da equipe da liturgia


perguntando se podem substituir alguma leitura (ou o salmo
responsorial) por outro texto que não seja da Bíblia. Os textos oficiais
da Igreja e o bom senso pedem que a palavra de Deus não seja
substituída por outras leituras, nem por textos de concílios, sínodos ou
assembleias episcopais.

5. Pra a proclamação da Palavra seja utilizados os livros litúrgicos


apropriados: Lecionários, Evangeliário ou a Bíblia.

Homilia: é uma conversa familiar com a finalidade de aplicar a


mensagem de Deus à realidade da assembleia. Ao mesmo tempo que
mostra Deus agindo em nossa vida, oferecendo sua salvação, a homilia,
nos convida a converter-nos, a voltar-nos cada vez mais para os
caminhos de Deus.

Profissão de Fé: é a adesão dos fiéis à Palavra de Deus ouvida nas


leituras e na homilia. O Creio é um conjunto estruturado de artigos de
fé, uma espécie de resumo da fé cristã. Existem dois textos: um, mais
longo chamado niceno-constatinonopolitano, porque foi fruto dos
concílios de Nicéia (ano 325) e Constantinopla (ano 381). O outro, mais
breve e mais utilizado de redação simples e popular, é conhecido como
Símbolo dos Apóstolos.

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Oração dos Fiéis: (ou oração universal), assim é chamada por incluir
os grandes temas da oração cristã de pedido: pelas necessidades da
igreja, pelos governantes e a salvação do mundo; pelos oprimidos, pela
comunidade local.

Com a oração dos fieis termina a liturgia da palavra e começa a liturgia


eucarística.

Liturgia Eucarística
Há um vínculo muito estreito entre a Liturgia da palavra e a Liturgia
eucarística: as duas partes, ou melhor, as duas mesas formam uma
unidade, que é a celebração eucarística.

Santo Agostinho afirmava: “Bebe-se o Cristo do cálice das Escrituras


como o cálice da Eucaristia”. É O Cristo-palavra que se faz Eucaristia.

Preparação e apresentação das oferendas: os dons apresentados,


pão, vinho e água são: “frutos da terra e do trabalho humano”, que vão
se tornar o corpo e o sangue de Cristo.
Desde os primeiros tempos da Igreja se costumava misturar um pouco
de água com o vinho. Simboliza a incorporação (união) da humanidade
a Jesus.

Nesse momento, a assembleia normalmente realiza a coleta do


dinheiro e outros donativos e os leva em procissão até o altar,
juntamente com o pão e o vinho. Esse gesto deve ser a expressão
sincera de comunhão e solidariedade das pessoas que põem em
comum o que possuem para partilhar, conforme a necessidade dos
irmãos e para atender as necessidades da própria comunidade.

O presidente da celebração, após a apresentação das oferendas


(incensação, quando houver) lava as mãos. A esse rito dá-se o nome de
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lavabo e tem finalidade simbólica. Exprime, para o sacerdote, o desejo
de estar totalmente purificado antes de iniciar a oração eucarística, que
é o ponto culminante de toda a celebração.
Recomenda-se utilizar um belo recipiente e água abundante na qual o
sacerdote mergulha as mãos, e uma toalha decente. Afinal, é
importante salientar os sinais.

Oração Eucarística: É o ponto central e parte culminante de toda a


celebração. Destacam-se os seguintes pontos:

Prefácio: é um canto de agradecimento e louvor a Deus por toda a


obra da salvação ou por um de seus aspectos. Conclui-se com o canto
do Santo.

Invocação do Espírito Santo: (epiclese). O padre estende as mãos


sobre os dons e pede ao Pai que santifique as ofertas “derramando sobre
elas o vosso Espírito a fim de que tornem para nós o Corpo e Sangue de
Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso” (2 ª Oração Eucarística).
Narrativa da Instituição: o padre repete as palavras que Jesus
pronunciou na última ceia, ao instituir a Eucaristia (“Estando para ser
entregue, e abraçando livremente a paixão, ele tomou o pão, deu
graças e o partiu e deu a seus discípulos...”) Depois consagra o vinho.
Ao dizer o pão, o padre não deve partir o pão (a hóstia), que é um
gesto próprio da fração do pão, reservado, portanto para
imediatamente antes da comunhão.

Observação: Quando o padre ergue, a Eucaristia e depois o cálice, não está


prevista nenhuma aclamação: os fiéis acompanham em silêncio. Só após a
consagração, quando o padre diz: “Eis o mistério da fé”, e que a

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assembleia aclama (ou canta), utilizando uma das formulas do Missal
Romano.

Oferecimento da Igreja e inovação do Espírito Santo: a Igreja


oferece ao Pai, em ação de graças “o pão da vida e o cálice da salvação”
(2ª Oração Eucarística) e pede que “sejamos repletos do Espírito Santo e
nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito” (3ª Oração
Eucarística).

Intercessões: por meio delas se exprimem que a Eucaristia é


celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto celeste como a
terrestre (os santos, a Virgem Maria, os apóstolos e mártires..., o papa,
o bispo diocesano, e os demais bispos, ministros e todo o povo de
Deus), e se recordam os irmãos e irmãs falecidos.

Doxologia: (louvor final), o sacerdote eleva o pão e o vinho


consagrados, corpo e o sangue do Senhor, por quem sobe ao Pai, na
unidade do Espírito Santo, o louvor de toda a humanidade, enquanto
pronuncia as palavras Por Cristo, com Cristo e em Cristo... A assembleia
aclama com solene Amém, de preferência cantado.

Pai-nosso: é uma oração de passagem parara a comunhão. Ensinada


por Jesus, esta oração resume os anseios mais profundos do ser
humano, tanto em sua dimensão espiritual, quanto material. Quando se
canta, tenha-se o cuidado de conservar a letra desta oração bíblica.

Gesto de Paz: mediante um aperto de mão, ou abraço ou beijo,


expressamos nosso desejo da comunhão com os irmãos e irmãs e ao
mesmo tempo incluímos um compromisso de lutar pela paz e a
unidade no mundo inteiro. Cada um cumprimente os que estão ao seu
redor.
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Fração do pão: o sacerdote, reproduzindo a ação de Cristo na última
ceia, partiu o pão em vários pedaços. Este gesto significa que nós,
sendo muitos, ela comunhão do único pão da vida, que é Cristo,
formando um único corpo. Durante a fração do pão, a assembleia
canta ou recita Cordeiro de Deus. Ao partir o pão, o sacerdote coloca
um pedacinho no cálice. A explicação mais simples para esse gesto é as
duas espécies – pão e vinho (corpo e sangue de Cristo) – Forma uma
unidade e fazem parte da mesma realidade: a pessoa de Jesus.

Comunhão: é o momento em que cada membro da assembleia


estabelece intima união com Jesus. Alimenta-se do corpo e do sangue
do Senhor. Vejo com alegria aumentar o número de comunidades que
distribuem a Eucaristia sob as espécies do pão e do vinho. Desse modo,
fica mais claro o sinal do banquete eucarístico. Após a comunhão, haja
um instante de silêncio, a fim de que cada comungante se entretenha
no diálogo com Jesus e pende nos compromissos que brotam da
celebração.

Oração após a comunhão: o sacerdote implora os frutos da


celebração eucarística e o povo confirma, respondendo amém.

Com esta oração, conclui-se a liturgia eucarística e se passa para os ritos

finais. Ritos Finais


Avisos: são importantes para alimentar a vida da comunidade. Evitase,
porém, a leitura de longa lista de comunicados: as pessoas se cansam e
se desligam. Também é conveniente que somente uma pessoa (em
geral o comentarista) se encarrega de dar os avisos. Se houver
homenagens (aniversários, bodas matrimoniais, dia das mães, etc.) é
bom que sejam prestadas nesse momento.

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Compromisso: o documento da CNBB. Animação da vida litúrgica no
Brasil, vê utilidade em uma mensagem “na qual se exorta a
comunidade a testemunhar no dia-a-dia a realidade celebrada”. Para
isso, pode-se utilizar algum cartaz ilustrativo, ou uma frase resumindo a
mensagem central da celebração, ou breve leitura de algum trecho
com o tema do dia... (cf.n. 43)

Bênção: simples ou solene. O Missal Romano traz muitas bênçãos


solenes para os vários tempos litúrgicos e festas dos santos.

Despedida: é conveniente que as pessoas saiam da celebração cheias


de esperança, animadas e decididas a dar testemunho do amor de
Deus no meio da sociedade.

Após a despedida o presidente da celebração, não deveria haver


preocupação em segurar as pessoas para o “canto final”. Considere
interessante que os instrumentais e o grupo de cantores sustentem o
canto, enquanto a assembleia se reúne cantando.

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