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BERNARDO DE CLARAVAL
Bernardo de Claraval (1090 – 1153)
“não se deva esquecer que a Ordem já exis a durante vários anos e desenvolvido as suas
próprias tradições e costumes antes da aparição de Hugues de Payens no Concílio de
Troyes. Portanto, até certo ponto, a Regra Primi va é baseada em prá cas já existentes”.
(Upton-Ward, p.11)
AQUI COMEÇA O PRÓLOGO À REGRA DO TEMPLO
2 – Sobre todas as coisas, quem quer ser um cavaleiro de Cristo escolhendo essas
sagradas ordens na sua profissão de fé, deve unir simples diligência e firme
perseverança, que é tão valiosa e sagrada e se revela tão nobre, que se se mantém
impoluta para sempre, merecerá acompanhar os mártires que deram as suas almas
por Cristo Jesus. Nesta ordem religiosa floresceu e se revitaliza a ordem de
cavalaria. A cavalaria, apesar do amor pela justiça que constitui o seu dever, não
cumpriu com os seus deveres para com os pobres, viúvas, órfãos e igrejas
defendendo-os, antes se aparelharam para destruir, despojar e matar. Deus, que
actua conforme para connosco, e o nosso salvador Cristo Jesus, enviou os seus
seguidores, desde a cidade Santa de Jerusalém aos quartéis da França e Borgonha,
para nossa salvação e exemplo da verdadeira fé, pois não cessam de oferecer as
suas vidas por Deus em piedoso sacrifício.
4– E tudo o que aconteceu naquele Conselho não pode ser contado nem
recontado e para que não seja tomado por precipitação nossa, senão considerado
com sábia prudência, desejamos a discrição de ambos, o nosso honorável padre o
Senhor Honório e do nobre Patriarca de Jerusalém, Esteban, que conhece os
problemas do Leste e dos Pobres Cavaleiros de Cristo; por conselho do concilio
comum o aprovamos unanimemente. Embora um grande número de padres
religiosos reunidos em capítulo aprovou a veracidade das nossas palavras, não
obstante não devemos silenciar os verdadeiros pronunciamentos e juízos que
emitiram.
5 – Portanto, eu, Jean Michel, a quem foi encomendado e confiado tão divino
serviço, pela graça de Deus, servi de humilde escriba do presente documento por
ordem do conselho e do venerável padre Bernardo, abade de Clairvaux.
O NOME DOS PADRES QUE COMPARECERAM AO CONCÍLIO
6 – Primeiro foi Mateo, bispo de Albano, pela graça de Deus, legado da Santa
Igreja de Roma; R[enaud], arcebispo de Reims; H[enri}, arcebispo de Sens; e os
seus clérigos: G[ocelin], bispo de Soissons; o bispo de Paris; o bispo de Troyes; o
bispo de Orlèans; o bispo de Auxerre; o bispo de Meaux; o bispo de Chalons; o
bispo de Laon; o bispo de Beauvais; o abade de Vèzelay, que posteriormente foi
arcebispo de Lyon e legado da Igreja de Roma; o abade Citeaux; o abade de
Pontigny; o abade de Trois-Fontaines; o abade de St. Denis de Reims; o abade de
St-Etienne de Dijon; o abade de Molesmes; ao anteriormente mencionado
B[ernard], abade de Clairvaux: cujas palavras o anteriormente citado elogiou
abertamente. Também estiveram presentes o mestre Aubri de Reims; mestre
Fulcher e vários outros que seria tedioso mencionar. E dos outros que não se
mencionaram, é importante assentar, neste assunto, de que são amantes da
verdade: eles são o conde Theobald; o conde de Nevers; André de Baudemant.
Estiveram no concílio e actuaram com perfeito e cuidadoso estudo seleccionando
o correcto e descartando o que não lhes parecia justo.
17 – Dispomos que todos os hábitos dos irmãos sejam de uma só cor, quer seja
branco, negro ou marrom. E sugerimos que tanto no Inverno como no Verão, se
for possível, usem capas brancas; e a ninguém que não pertença à mencionada
cavalaria de Cristo lhe será permitido ter uma capa branca para que aqueles que
hajam abandonado a vida em obscuridade se reconheçam uns aos outros como
seres reconciliados com o seu criador pelo símbolo dos seus hábitos brancos: que
significa pureza e completa castidade. A Castidade é certeza no coração e saúde
no corpo. Porque se um irmão não toma votos de castidade não pode aceder ao
eterno descanso nem ver a Deus, pela promessa do apóstolo que disse: ‘sectamini
cum omnibus et castimoniam sine qua nemo Deum videbit’. Que significa: “Luta para
levar a paz a todos, mantem-te casto, sem o qual ninguém pode ver a Deus”.
18 – Mas essas vestimentas dever-se-ão manter sem riquezas e sem nenhum
símbolo de orgulho. E assim, nós exigimos que nenhum irmão use pele nas suas
vestimentas, nem qualquer outra coisa que não pertença ao uso do corpo, nem
tão sequer uma manta que não seja de lã ou cordeiro. Concordamos em que todos
tenham o mesmo, de tal forma que possam se vestir e se despir, e por e tirar as
botas com facilidade. E o alfaiate, ou quem faça as suas funções, deverá se mostrar
minucioso e cuidar que se mantenha a aprovação de Deus em todas as coisas
mencionadas, para que os olhos dos invejosos e mal intencionados não possam
observar que as vestimentas sejam demasiado compridas ou curtas; deverá
distribuí-las de tal maneira que sejam da medida de quem as há de usar, segundo
a corpulência de cada um.
19 – E se algum por orgulho ou arrogância deseja ter para ele um melhor e mais
fino hábito, dai-lhe o pior. E aqueles que recebam vestimentas novas deverão
imediatamente devolver as velhas para que sejam entregues a escudeiros e
sargentos, e com frequência aos pobres, segundo o que considere conveniente o
encarregado desse mister.
SOBRE AS CAMISAS
26 – Deverá ser suficiente comer carne três vezes por semana, excepto no Natal,
Todos os Santos, Assunção e na festividade dos doze apóstolos. Porque se
entende que o costume de comer carne corrompe o corpo. Porém, se num jejum
em que se deve suprimir a carne cair numa terça-feira, no dia seguinte será dada
uma grande porção aos irmãos. E nos Domingos todos os irmãos do Templo, os
capelães e clérigos receberão dois ágapes de carne em honra à santa ressurreição
de Cristo Jesus. E os demais da casa, que inclui os escudeiros e sargentos, dever-
se-ão contentar com uma refeição e ser agradecidos ao Senhor por ela.
29 – Sempre depois de cada refeição ou ceia todos os irmãos deverão dar graças
a Deus na igreja e em silêncio se essa se encontra no lugar onde fazem a refeição,
e se não estiver no mesmo lugar onde hajam tomado a refeição, com humildade
deverão dar graças a Cristo Jesus, que é o Senhor que Provê. Deixai que os
pedaços de pão rompido sejam dados aos pobres, e os que estejam em rodelas
inteiras sejam guardados. Embora a recompensa dos pobres seja o reino dos céus,
oferecer-se-á aos pobres sem qualquer dúvida, e a fé Cristã os reconhecerá entre
os seus; portanto, concordemos que uma décima parte do pão seja entregue a
vosso Esmoleiro.
SOBRE A MERENDA
32 – Porque está escrito: ‘In multiloquio non effugies peccatum’. Que quer dizer:
“O falar em demasia não está livre de pecado”. E em algum outro lugar: ‘Mors et
vita in manibus lingue’. Que significa: “A vida e a morte estão sob o poder da
língua”. E dentro deste entendimento nós conjuntamente proibimos palavras vãs
e ataques estrondosos de riso. E se algo se disse durante essa conversa que não
deveria ter sido dito, ordenamos que ao recostar-vos rezeis um pai-nosso com
bastante humildade e sincera devoção.
34 – Lemos nas Sagradas Escrituras: ‘Dividebatur singulis prout cuique opus erat’.
Que significa: “A cada um lhe será dado segundo a sua necessidade”. Por essa
razão nós decidimos que nenhum estará acima de vós, senão que todos cuidareis
dos enfermos; e aquele que está menos enfermo dará graças a Deus e não se
preocupará; e permitireis que aquele que estiver pior se humilhe mediante a sua
debilidade e não se orgulhe pela piedade. Desse modo todos os membros viverão
em paz. E proibimos a todos que abracem a excessiva abstinência, antes que
firmemente mantenham a vida em comunidade.
SOBRE O MESTRE
36 – Permitir só àqueles irmãos que o Mestre reconhece que darão sábios e bons
conselhos sejam chamados para a reunião; e assim os ordenamos, e que de
nenhuma outra forma alguém possa ser escolhido. Porque quando ocorrer que se
deseje tratar de matérias serias como a entrega de terra comunal, ou falar dos
assuntos da casa, ou receber a um irmão, então, se o Mestre o desejar, ser
apropriado reunir a congregação inteira para escutar o conselho de todo o
capítulo; e o que considere o Mestre melhor e mais benéfico, deixar que assim se
faça.
SOBRE OS IRMÃOS ENVIADOS AO ULTRAMAR
40 – Por esta razão rezamos e firmemente damos como ditame aos irmãos
cavaleiros que abandonaram a sua ambição pessoal e a todos aqueles que servem
por um período determinado, a não sair por povoados ou cidades sem a permissão
do Mestre ou de quem o haja delegado, excepto pela noite ao Sepulcro e outros
lugares de oração dentro dos muros da cidade de Jerusalém.
41 – Lá, os irmãos irão aos pares, e de outra forma não poderão sair nem de dia
nem de noite; e quando se detiverem numa pousada, nenhum irmão, escudeiro ou
sargento pode acudir aos aposentos de outro para vê-lo ou falar com ele sem
permissão, tal como foi dito. Ordenamos, por unânime consentimento, que nesta
Ordem regida por Deus, nenhum irmão deverá lutar ou descansar segundo a sua
vontade, senão seguindo as ordens do Mestre, a quem todos se devem submeter,
para que sigam as indicações de Cristo Jesus, que disse: ‘Non veni facere voluntatem
meam, sed ejus qui meset me Patris’. Que significa: “Eu não vim para fazer a minha
própria vontade, senão a vontade de meu pai, quem me enviou”.
COMO DEVEM POSSUIR E INTERCAMBIAR
SOBRE FECHOS
SOBRE FALTAS
47 – E mais, o Mestre, que deve levar nas suas mãos o báculo – e bastão de
mando que sustenta as debilidades e fortaleza dos demais, dever-se-á ocupar
disso. Mas também, como meu senhor St. Máxime disse: “Que a misericórdia não
seja maior que a falta, nem que o excessivo castigo conduza o pecador a regressar
às suas más acções”.
SOBRE A MALEDICÊNCIA
51 – Cada irmão pode ter três cavalos e nenhum mais sem a permissão do Mestre
devido a grande pobreza que existe na actualidade na casa de Deus e no Templo
de Salomão. A cada irmão permitimos três cavalos e um escudeiro; e se este último
serve por caridade, o irmão não deveria castigá-lo pelos pecados que cometa.
53 – Que nenhum irmão traga uma aljava nem para a sua lança nem para seu o
escudo, pois não traz nenhum benefício, ao contrário, pode ser muito prejudicial.
54 – Este mandato que estabelecemos é conveniente para todos e por esta razão
exigimos seja observado de agora em diante, e que nenhum irmão possa portar
uma bolsa para comida de linho ou lã, ou de qualquer outro material que não seja
de “profinel”.
SOBRE A CAÇA
55 – Proibimos colectivamente. Que nenhum irmão cace uma ave com outra.
Não é adequado para um religioso sucumbir aos prazeres, senão escutar
voluntariamente os mandamentos de Deus, estar frequentemente orando e
confessar diariamente implorando a Deus nas suas orações o perdão dos pecados
que haja cometido. Nenhum irmão pode ter a presunção de ser um homem que
caça uma ave com outra. Ao contrário, é apropriado para um religioso agir de
modo simples e humildemente, sem rir e falar em demasia, com ponderação e sem
levantar a voz. E por esta razão dispomos especialmente a todos os irmãos que
não adentrem os bosques com lanças nem arcos para caçar animais, nem que o
façam em companhia de caçadores, excepto movidos pelo amor de preservá-los
dos pagãos infiéis. Nem devereis ir com cachorros, nem gritar, nem conversar, nem
esporear vosso cavalo só pelo desejo de capturar um animal selvagem.
SOBRE O LEÃO
56 – É verdade que haveis entregue vossas almas por vossos irmãos, tal como o
fez Cristo Jesus, e defender a terra dos incrédulos pagãos, inimigos do filho da
Virgem Maria. Esta célebre proibição de caça não inclui de forma alguma o leão.
Dado que vem sorrateiro e envolvente para capturar a sua presa com as suas
garras contra o homem, ide com as vossas mãos contra ele.
SOBRE OS DÍZIMOS
Sobre Irmãs
Sobre os Mandatos
Estes são os Dias de Jejum que deverão ser observados na Casa do Templo
Bernardo de Claraval