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Os Templários

Por João Vitor Prianti Gomes


Os Templários
A ORDEM DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS
A origem da Ordem
A origem dos Templários só pode ser entendida a partir da história das Cruzadas – as investidas militares realizadas para
salvar o Oriente, em especial os Lugares Santos, das mãos dos muçulmanos. Tudo começou com o Concílio de Clermont,
em 1095, quando o Papa Urbano II convocou a cristandade à retomada de Jerusalém. O empreendimento foi um sucesso,
mas, ao invés de devolver o território de Outremer ("Ultramar") ao Império Bizantino, os cruzados – que se consideravam
traídos pelo Imperador Aleixo – fundaram para si o Condado de Edessa (1095), o Principado de Antioquia (1098), o
Condado de Trípoli (1102) e, principalmente, o Reino de Jerusalém, em 1099. Toda a faixa do mar do chamado Crescente
Fértil ficou sob domínio latino.

O fato é que esses territórios impediam a comunicação entre os povos muçulmanos: os turcos otomanos, ao norte, o
Califado de Bagdá, na Arábia, e o Califado Fatímida, no Egito. A princípio, como não havia fortes alianças entre eles, isso
não representou um perigo eminente aos territórios latinos. No entanto, os constantes assaltos sofridos por peregrinos no
caminho da Terra Santa indignavam os cristãos do Ocidente. Em um episódio que ganhou grande repercussão na época,
300 peregrinos, em sua maior parte de origem germânica, foram brutalmente assassinados, enquanto se aproximavam de
Jericó, às margens do Rio Jordão.

Em 1120, em resposta ao pedido de ajuda do Rei Balduíno II de Jerusalém, um grupo de cavaleiros, disposto a uma vida
de sacrifícios, se ofereceu para proteger os cristãos na Terra Santa. Os Pauperes commilitones Christi ("Pobres Cavaleiros
de Cristo"), como eram chamados, encarnavam duas realidades aparentemente contraditórias: a vida militar, com suas
batalhas e desafios físicos, e a vida religiosa, com suas austeridades e muitas orações. Hugo de Payens (ou Payns, como
preferem os franceses de hoje), seu primeiro líder, viveu com os primeiros cavaleiros uma vida de extrema pobreza. Por
concessão de Balduíno, passaram a morar na Mesquita de Al-Aqsa, onde fora construído o Templo de Jerusalém.
A origem da Ordem
Dos primeiros anos de sua fundação, porém, é preciso ser honesto e reconhecer que muito pouco se sabe. Teorias
mirabolantes, que associam os Templários a um "arquivo secreto", com uma "sabedoria escondida" no antigo Templo de
Salomão, não passam, pois, de invenções fantasiosas de grupos gnósticos e esotéricos. Não se tem notícia dos primórdios
da Ordem justamente porque, durante os seus dez primeiros anos, os Templários não fizeram nada de extraordinário.

Hugo de Payens {1070-1136}


A origem da Ordem
Nove anos depois, os Templários viajaram a Europa financiados pelo rei Balduíno II. Passaram por Roma para uma
entrevista com o papa Honório II (1124-1130) seguindo para Troyes onde Hugo de Payns participou do Concílio que ali se
realizava. No Concílio de Troyes (1128), os Templários obtiveram o reconhecimento oficial da ordem e receberam o apoio
do influente São Bernardo de Claraval que redigiu as regras dos Templários.

Na Idade Média, a palavra “ordem” tinha um sentido sagrado: os cavaleiros não eram mais uma simples organização,
tinham, agora, uma função especial no universo divino, estavam inseridos na cosmologia da sociedade cristã. O apoio do
papa fora, portanto, fundamental. Reconhecidos como “ordem”, os Templários viajaram pela França, Flandres, Inglaterra e
Escócia e receberam doações valiosas em ouro, prata e terras de reis e nobres. A ordem começava a enriquecer.

Dez anos depois, os Templários foram agraciados pelo papa Inocêncio II com privilégios dentre os quais o direito de se
submeter somente à autoridade do papa e de se dirigir diretamente a ele. Papas seguintes lhes concederam outros
privilégios e isenções como o direito de construir seus próprios mosteiros e serem enterrados neles, a isenção do
pagamento de dízimos sob a justificativa que os Templários sustentavam uma guerra contínua contra os infiéis, arriscando
a vida e seus bens pela fé e amor a Cristo.

A ordem cresceu e expandiu em pouco tempo. Em 1150, eles tinham 29 monastérios (chamados commanderies) somente
na região de Provence, na França. No final do século XIII, já existiam 9.000 commanderies no Ocidente em terras que hoje
pertencem à França, Inglaterra, Espanha, Portugal, Escócia, Irlanda. Polônia, Hungria, Alemanha, Itália, Bélgica e Países
Baixos. Os Cavaleiros Templários viviam em monastérios onde praticavam os votos de pobreza, castidade e oração.
O papel de São Bernardo de Claraval
Foi só a partir da ação e pregação de São Bernardo de Claraval que a Ordem começou a ganhar força e prestígio. Não se pode
ignorar a grande influência que este doutor exerceu na Igreja medieval. Suas pregações reuniam multidões e o abade era aclamado
como santo ainda em vida. Convencido por Hugo de Payens da importância dos cavaleiros de Cristo, Bernardo apresentou a causa
dos Templários ao Papa Honório II, que, no Concílio de Troyes, em 1129, aprovou oficialmente a Ordo Pauperum Commilitonum
Christi Templique Salominici ("Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão").

Em seu escrito De Laude Novae Militiae, Bernardo ainda colocou os fundamentos espirituais da Ordem. Além de ressaltar a vocação
específica a que foram chamados os cavaleiros do Templo, mostrou teologicamente que as funções do guerreiro e do religioso não
são incompatíveis: enquanto este luta espiritualmente contra os seus vícios internos, aquele trava uma guerra externa contra os
inimigos de Cristo.

Então, a Ordem começou a receber numerosas doações e vários combatentes – em grande parte nobres, já que o aparato militar era
de alto custo – passaram a integrar as suas fileiras. Embora algumas pessoas não aceitassem os Templários, eles foram um grande
sucesso, já que a sociedade da Idade Média, assiduamente religiosa, dava grande incentivo – moral e material – à ação de proteção e
defesa dos Lugares Santos.

Bernardo era parente de Hugues de Payns e de Andrés de Montbard (de quem era sobrinho), fundadores da Ordem do Templo.
Payns, após fundar a nova Ordem com a aprovação do Patriarca de Jerusalém, buscou o reconhecimento oficial da Igreja Católica e
para isso, viajou a Roma, em 1127 levando uma carta do regente de Jerusalém, Balduíno II, para o abade Bernardo de Claraval,
pedindo que este desse seu apoio ao Mestre da Ordem. Bernardo, vendo que a nova Ordem vinha de encontro às suas próprias
idéias de sacralização da milícia, como meio para defender a fé, a moralidade da religião e aqueles considerados mais frágeis, como
os idosos, crianças e viúvas, recebeu o pedido com entusiasmo e passou a ser o principal defensor dos Templários.
O papel de São Bernardo de Claraval
Com sua influência, Bernardo conseguiu que o Mestre da Ordem fosse recebido pelo Papa Honório II e que fosse celebrado um
concílio em 1128, em Troyes, presidido pelo representante do Papa, o cardeal Mateo de Albano.

Convocado pelo Papa Honório II, Bernardo participa do referido Concílio, onde, mesmo contra contestações veementes de parte do
clero descontente com a presença do monge, é nomeado secretário do Concílio. Durante o Concílio de Troyes, São Bernardo expôs
os princípios e primeiros serviços da nova Ordem do Templo e mesmo surgindo alguns questionamentos, consegue atender os
questionamentos com sabedoria e prudência. Após várias semanas de interrogatórios, a Ordem foi aprovada e foi definido que
Bernardo de Claraval redigiria uma regra original aos Templários, visto que eles já possuíam uma regra, que era a mesma de Santo
Agostinho, mas São Bernardo considerou que seus protegidos deveriam seguir sua própria regra.

A nova Regra Monástica, que depois de aprovada apresentou os princípios e serviços da Ordem Templária, rapidamente tornou-se o
ideal de nobreza utilizado no mundo cristão. De acordo com a qual os Cavaleiros deviam observar os votos de pobreza, castidade e
obediência, bem como devotar-se à defesa e custódia dos Lugares Santos, mesmo que com a própria vida, se necessário fosse. Essa
nova Regra era restrita ao alto escalão da Ordem, os outros tinham de saber de cor. Era uma forma de preservá-la, caso caísse em
mãos erradas.

São Bernardo apoiou o Mestre Hugues de Payns na busca de novos membros, redigiu os estatutos da Ordem e conforme já exposto,
conseguiu que o Papa convocasse o concílio de Troyes para a sua aprovação e reconhecimento.
As Regras do Templo
Não a nós, Senhor, nenhuma glória para nós, mas sim ao teu nome” (Non nobis Domine, non nobis sed nomini tuo ad
gloriam) era a divisa dos Templários, extraída da Bíblia (Salmos 115, 1).

Após o Concílio de Troyes, foi confiado a São Bernardo de Claraval a tarefa de redigir as regras da Ordem do Templo. Ele
se inspirou nas regras de Santo Agostinho e amplamente nas de São Benedito. Elas foram, contudo, adaptadas ao tipo de
vida ativa, especialmente militar, dos Templários. Por exemplos, jejuns menos severos dos que os praticados pelos
beneditinos para que os Templários estivessem sempre fortalecidos quando chamados a combater.

A regra escrita em 1128 continha 72 artigos. Posteriormente, em datas diferentes, ela foi ampliada chegando a 709 artigos.
Entre eles, estavam os critérios de recrutamento de irmãos. Eles podiam ser nobres ou camponeses pobres (desde que
livres) pois a entrada na ordem era gratuita e voluntária mas tinha condições: o candidato deveria ter mais de 18 anos, não
ser casado, não ter dívidas, estar em perfeita saúde mental e não ter deficiência física. A mentira era uma falta grave: o
candidato era imediatamente excluído.

Mais tarde permitiu-se a entrada de irmãos casados (os fratres conjugati), desde quepermanecessem distantes da esposa
por um determinado período. Eles usavam o manto preto ou marrom com a cruz vermelha para distingui-los dos irmãos
que escolheram o celibato. O maior superior hierárquico era o Mestre do Templo (e não grão-mestre como lhe é referido
nos dias atuais).
As Atividades Financeiras dos Templários
Para custear as despesas militares e da ordem, os Templários realizaram atividades econômicas, comerciais e,
sobretudo, financeiras. Elas, porém, não devem ser comparadas às dos banqueiros italianos na mesma época. A usura,
isto é, a cobrança de juros, era proibida pela Igreja aos cristãos e sobretudo aos religiosos. Conforme o Antigo Testamento:
“Nada emprestarás a juros a teu irmão, quer seja dinheiro, quer sejam víveres, quer seja qualquer coisa” (Deuteronônimo:
23, 19).
Os Templários emprestavam dinheiro a peregrinos, cruzados, comerciantes, congregações monásticas, clero, reis e
príncipes. O reembolso era, quase sempre, maior do que o valor emprestado por conta da conversão da moeda – uma
maneira comum de contornar a proibição da usura estabelecida pela Igreja.

A ordem emitia também cartas de crédito e letras de câmbio: para realizar a peregrinação a Jerusalém, Roma ou Santiago
de Compostela, o peregrino confiava aos Templários a quantia necessária à viagem. O irmão tesoureiro entregava-lhe um
recibo autenticado pela Ordem onde estava inscrito o montante depositado. O peregrino podia viajar sem dinheiro, em
segurança e, chegando ao seu destino, resgatava, de outros Templários, todo seu dinheiro em moeda local. Os Templários
desenvolveram e institucionalizaram o serviço de câmbio para os peregrinos. A Ordem do Templo foi, assim, a precursora
dos bancos de muitos países.

Muitos reis confiaram seus tesouros à Ordem do Templo. Essa prática iniciada em 1146, com o rei Luís VII, manteve-se até
a extinção da ordem em 1307. Em muitas ocasiões, a Ordem ajudou reis em dificuldades financeiras (como ocorreu na
cruzada de Luís VII), ou pagou os resgates de reis feitos prisioneiros (cruzada de Luís IX).

Acredita-se que o sistema bancário da Suíça foi implantado pelos Templários que ali buscaram refúgio quando a Ordem foi
extinta em 1312.
Templários
Ao ingressar na Ordem do Templo, os recém-admitidos costumavam deixar todos os bens de sua família para a Ordem,
prática que contribuiu para aumentar a riqueza dos Templários.

Com o tempo, a Ordem do Templo acumulou uma enorme patrimônio constituído de mosteiros, fortalezas, terras aráveis,
moinhos além de inúmeras peças de ouro e prata que eram guardadas nos cofres das sedes templárias espalhadas pela
Europa. Entre as doações fabulosas estão o castelo de Soure e todas as terras entre Coimbra e Leiria, em Portugal,
cedido pela condessa Teresa de Leão (1128). O rei Afonso I, de Aragão, foi ainda mais generoso: deixou todos seus bens
às ordens de cavalaria entre as quais a dos Templários (1134).

Os Templários aproveitaram suas muitas viagens entre Oriente e o Ocidente para comercializar seda e especiarias com
reis, príncipes e o alto clero europeu. Desenvolveram um lucrativo comércio de artigos de luxo em toda a Europa. Tinham
seus próprios navios para transportar as mercadorias, economizavam os fretes e também podiam ter ganhos com o
aluguel das embarcações para mercadores europeus. Disciplinados e cuidadosos com a contabilidade, os Templários
sabiam administrar seus negócios com eficiência. Exploravam atividades diversas: cultivo de trigo, cevada e vinhedos,
criação de carneiros e bovinos vendendo os produtos nas feiras e cidades europeias.
Os
Templários e
Portugal
Os Templários da Palestina e do Chipre vão para a Península Ibérica
Enquanto viveram na Palestina, houve sempre uma rivalidade entre os Templários e os Hospitalários, que não poucas vezes se
traduziu em lutas armadas que muito enfraqueceram as posições cristãs na Terra Santa. Após a queda de S. João de Acra em
1291 ambas as Ordens transferiram-se para Chipre que Ricardo Coração de Leão tinha dado ao rei de Jerusalém.

Essa rivalidade prolongou-se até à extinção da Ordem dos Templários pelo Papa Clemente V a instâncias do rei de França Filipe o
belo. Mas enquanto os Cavaleiros do Hospital se conservavam no Mediterrâneo Oriental, os Templários, na linha da sua missão
universal expandiram as suas implantações no Ocidente da Europa. Os seus templos constituíam verdadeiras fortalezas,
inexpugnáveis, que subsistem ainda hoje em Portugal.

Penha Garcia

Castelo de Amourol
Portugal: país Templário
Foi principalmente na Península Hispânica, e em particular em Portugal, nas campanhas de reconquista contra os mouros,
que os Templários mantiveram a sua acção de luta pela propagação da fé cristã.

Como em França e na Inglaterra não tinham as mesmas condições dedicaram-se sobretudo à actividade financeira, o que
os tornou odiosamente vítimas da inveja dos grandes senhores feudais e mesmo de Reis. Para tal, contornavam as
disposições da igreja que proibiam os cristãos de exercer tal actividade.

Foram até banqueiros do Papa, de Reis, de príncipes e de particulares. O seu grande poderio financeiro colocou-os mais

tarde em conflito com a maioria dos soberanos, ao pretenderem estes defender os seus interesses e dos seus vassalos,

que com jactância cobiçavam as suas riquezas, denunciavam publicamente às mais altas instâncias eclesiásticas, a

duvidosa origem lícita dos bens dos Templários. Por assim dizer, eram um estado dentro doutro estado, que originavam

muitas vezes graves perturbações de prosperidade económica no entender dos ditos soberanos.

Os Templários na Península Ibérica tiveram uma actuação benemérita que foi reconhecida e recompensada pelos Reis com

benefícios importantes. Estavam isentos de impostos e da jurisdição episcopal como os censos eclesiásticos gerais.

Na Península Ibérica os Reis concediam-lhes privilégios e doações de territórios muitos dos quais situados nas fronteiras,

de preferência em zona de combate e de vanguarda cristã contra os mouros.


Portugal: país Templário
Na saga de dom Afonso Henriques pela conquista das terras que formariam o reino de Portugal, os Templários ajudaram com os

seus conhecimentos militares e com a força dos seus sacerdotes soldados. Em 1147, estão ao lado do primeiro rei português nos

combates intensos que culminaram nas conquistas de Santarém e Lisboa aos mouros, que assegurariam a extensão das fronteiras

portucalenses nas áreas da linha do Tejo. Como recompensa pela ajuda à vitória aos mouros, dom Afonso Henriques fez-lhes

doações do eclesiástico das terras libertadas.

Em 1159, dom Gualdim Pais era o mestre da ordem em terras portucalenses. É nesta época que os Templários recebem o castelo

de Ceras e todas as terras a ele adjacentes, num vasto território que ia do rio Mondego ao rio Tejo, correndo pela linha do rio

Zêzere. São instalados na região por doação hereditario jure daquele ano, concedida por dom Afonso Henriques.

O castelo de Ceras foi entregue aos Templários em ruínas, o que levou dom Gualdim Pais a decidir edificar uma nova fortaleza em

um morro sobranceiro às margens do rio Nabão. A edificação da fortaleza foi iniciada em 1 de Março de 1160, no morro situado do

lado direito das margens do Nabão.

Após, deu-se o princípio da vila de Tomar, que se desenvolveu ao redor do morro. Mediante a grandes doações régias, os

Templários passaram a ser donos de uma grande fortuna no jovem reino de Portugal. Sua expansão prosseguia, em 1165 recebiam

os territórios de Idanha e de Monsanto.


Portugal: país Templário
A partir de 1169, passaram a receber como doação, a terça parte de tudo que viessem a conquistar além do Tejo. Ainda

naquele ano, foram confirmadas a posse da ordem aos castelos da Cardiga (na foz do Zêzere) e de Tomar.

Por esta ocasião, o castelo de Almourol, uma fortaleza situada numa ilha escarpada no meio do Tejo, e conquistado aos

mouros em 1129, foi entregue aos Templários, que o reedificou, fazendo com que assumisse a beleza arquitectónica que se

vê até os dias de hoje.

No reinado de dom Sancho I, o emir do Magrebe, Ibne Iuçufe, empreende um grande cerco ao castelo de Tomar. O cerco

aconteceu a 13 de Julho de 1190, mas foi malogrado pela habilidade belicosa dos Templários, que defenderam com eficácia o

reino. Desde então, a presença dos cavaleiros da ordem tornou-se indispensável em todo território português, formado na

sua maior parte, por terras conquistadas aos mouros.

Os cavaleiros garantiam a conquista desde a linha do Mondego ao Tejo. Em agradecimento a esta protecção, aumentavam as

doações à ordem, vindas de particulares ou de cartas régias. Além de garantir a posse das terras, os cavaleiros ajudavam na

fomentação dos povoamentos das regiões que defendiam.


As
Cruzadas
Por João Vitor Prianti Gomes
As Cruzadas
A PRIMEIRA CRUZADA OFICIAL
A Primeira Cruzada foi organizada a partir da convocação do papa Urbano II em 1095 e iniciou a série de expedições
militares dos países cristãos da Europa Ocidental. Essas expedições tinham como objetivo central fazer a defesa dos
locais considerados sagrados da Palestina, contra os muçulmanos, taxados como infiéis. A Primeira Cruzada, conhecida
como Cruzada dos Nobres, realizou a conquista de Jerusalém.

Convocação da Primeira Cruzada

A convocação da Primeira Cruzada inaugurou a série de expedições militares dos europeus cristãos contra os
muçulmanos que dominavam posições no Oriente, ao longo de quase dois séculos. A Primeira Cruzada foi convocada pelo
papa Urbano II em 1095, durante o Concílio de Clermont que ocorreu na França.

Durante o discurso que oficializou a convocação da Cruzada, o papa Urbano II intimou os cristãos para fazer a defesa dos
locais sagrados existentes no Oriente, como o Santo Sepulcro, localizado em Jerusalém. Esse discurso do papa prometeu
riquezas a todos os que aceitassem a jornada e, além disso, dava o perdão de todos os pecados e a garantia de salvação.

O discurso de Urbano II foi realizado com grande fervor e foi recebido com grande comoção pela comunidade cristã da
Europa. Após essa fala, as pessoas que a estavam assistindo começaram a gritar “Deus vult”, que significa “Deus o quer”,
o que ressaltava que a convocação era “vontade de Deus”.
As Cruzadas
A PRIMEIRA CRUZADA OFICIAL
Esse episódio deu início a um grande fervor entre a população e resultou em movimentos espontâneos que caminharam
em direção a Jerusalém, antes mesmo de a Cruzada começar oficialmente. Em 1096, Pedro, o Eremita, liderou a Cruzada
dos Mendigos, um movimento popular em que pessoas espontaneamente marcharam para Jerusalém.

A convocação da Cruzada, realizada por Urbano II, havia acontecido após um pedido de ajuda do imperador bizantino
Aleixo I, que estava lutando – e sendo derrotado – contra os turcos seljúcidas. Urbano II também convocou as Cruzadas
pelos seguintes motivos:

1- Canalizar a violência da nobreza europeia para fora da Europa e contra um inimigo em comum. Essa violência
era consequência da disputa por terras entre os nobres.

2- Reunificar as igrejas ocidental e oriental, oficialmente rompidas desde o Grande Cisma de 1054. Naturalmente,
essa reunificação deveria acontecer sob a autoridade da Igreja de Roma.
As Cruzadas
A PRIMEIRA CRUZADA OFICIAL
A convocação da Primeira Cruzada, conforme dito, teve uma recepção extremamente positiva e mobilizou milhares de pessoas. Por
volta de 35 mil pessoas fizeram parte da Primeira Cruzada, das quais, muitas pertenciam à nobreza europeia. Essa grande adesão
da nobreza, inclusive, fez com que essa cruzada também ficasse conhecida como a Cruzada dos Nobres.

A Primeira Cruzada também ficou marcada pela quantidade de êxitos que foram obtidos pelos cristãos. Os exércitos cruzados saíram
da Europa, em meados de 1096, em direção a Constantinopla. Nessa cidade, reuniram-se os cristãos vindos da Europa, mais as
tropas bizantinas, e iniciaram as ações contra os turcos ao atacar Niceia, capital do reino desse povo.

Além disso, era importante, para efetuar a conquista Jerusalém, que a região da Ásia Menor fosse retomada dos turcos para facilitar o
contato com Constantinopla. Durante a sequência dos acontecimentos, os cruzados conquistaram locais importantes como Niceia, em
1097, e a cidade de Antioquia no ano seguinte, em 1098.

A grande conquista da Primeira Cruzada, no entanto, foi a cidade de Jerusalém em 1099. Mais de 10 mil soldados cruzadas
cercaram essa cidade e realizaram o ataque contra os dominadores conhecidos como fatímidas. Essa ofensiva levou à conquista de
Jerusalém em julho de 1099, em um ataque extremamente violento conduzido pelos cristãos. Os relatos contam que um grande
massacre aconteceu contra a população nas ruas dessa cidade.

Após a conquista de Jerusalém e de outros locais no Oriente, os europeus fundaram uma série de reinos, que existiram até
aproximadamente o século XIII. No caso de Jerusalém, o reino instalado foi chamado de Reino Latino de Jerusalém. Essa cidade
manteve-se sob posse dos cristãos até 1187, quando foi reconquistada pelos muçulmanos liderados por Saladino.
As Cruzadas
A PRIMEIRA CRUZADA OFICIAL
As Cruzadas
A SEGUNDA CRUZADA OFICIAL
A Segunda Cruzada não obteve o sucesso esperado. A expedição acabou por complicar a relação entre os
reinos cruzados, bizantinos e governantes muçulmanos. A única vitória cristã foi a reconquista de Lisboa em
1147 sob a solicitação de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Nenhuma nova cruzada foi lançada
até a conquista de Jerusalém pelos muçulmanos em 1187. O condado de Edessa estava definitivamente
perdido e o principado de Antioquia ficou reduzida à metade do seu antigo território.
As Cruzadas
A SEGUNDA CRUZADA OFICIAL
A Segunda Cruzada foi uma expedição dos cristãos europeus, proclamada pelo papa Eugénio III e pregada por São Bernardo de
Claraval em resposta à conquista de Edessa em 1144 pelos muçulmanos. A cruzada liderada pelos monarcas Luís VII de França e
Conrado III da Germânia ocorreu entre 1147 e 1149 e foi um fracasso: Os cruzados não reconquistaram Edessa e deixaram o
Reino de Jerusalém politicamente mais fraco na região. O único ponto positivo da campanha foi a recuperação de Lisboa em
1147.
Após a primeira cruzada, quatro reinos foram criados na região da Palestina: o Condado de Edessa, o Principado de Antióquia, o
Condado de Trípoli e o Reino de Jerusalém. Em oposição à presença cristã nas Terra Santas, despontaram lideranças muçulmanas
como Zengi, senhor de Alepo e Mossul. Em 1144, Zengi iniciou o processo de reconquista de Edessa. Depois de sua morte, o
herdeiro Nur ad-Din arrebatou definitivamente Edessa das mãos cristãs a 3 de Novembro de 1146.

Em resposta, o papa Eugênio III lançou em 1145 o apelo por uma nova cruzada. Conrado III, da Alemanha, e Luís VII, da França,
assumiram a liderança da empreitada cristã e partiram para o Oriente. Conrado foi quem primeiro atravessou o estreito e passou
para a Ásia Menor onde foi atacado pelos turcos seljúcidas na região de Dorileia, em outubro de 1147. Tendo sofrido muitas
perdas recuou para Niceia. Luís VII seguiu pelo litoral da Anatólia, mas em janeiro de 1148 acabou cercado pelos turcos nos
desfiladeiros de Pisidia e perdeu muitos homens. Conseguiu chegar ao porto de Adalia, e embarcou em direção a Antioquia com a
cavalaria. A infantaria, que tentou continuar por terra, foi massacrada pelos turcos em fevereiro.

Enfraquecidos após as primeiras derrotas, os monarcas se uniram e convenceram a regente do Reino de Jerusalém Melisanda de
Bolonha, mãe de Balduíno III, sobre a necessidade de uma ataque à Damasco, cidade árabe até então aliada dos cristãos. A
tática se mostrou mal sucedida e apenas acelerou a unificação da Síria nas mãos de Nur ad-Din, filho de Zengi. O atabaque de
Alepo capturou, no ano seguinte, o castelo de Artésia ao príncipe de Antioquia e, assimilou terrras até o Egito. Seu sucessor,
Saladino continuou a reconquistar territórios e a expulsar cristãos da região, deixando-os limitados a algumas cidades costeiras.
As Cruzadas
A TERCEIRA CRUZADA OFICIAL
A Terceira Cruzada pode ser compreendida como uma reação cristã à conquista de Jerusalém pelo líder muçulmano
Saladino em 1187. A expedição teve como principais condutores os reis da Inglaterra e da França, respectivamente
Ricardo I (Ricardo Coração de Leão) e Filipe Augusto, além do imperador do Sacro Império Romano-Germânico,
Federico Barba Ruiva (traduzido por alguns como Barbarossa ou Barba-Roxa), o que a levou a ser popularmente
conhecida como a Cruzada dos Reis. Embora tenha reunido inicialmente um grande exército, ela se revelou um
fracasso no seu objetivo principal.

Assim como as anteriores, a expedição foi organizada a pedido de um papa, na ocasião Gregório VIII, e buscou
construir e consolidar a supremacia européia durante a Idade Média. Além da participação ativa de monarcas
cruzados, a Terceira Cruzada, ocorrida entre 1189 e 1192, tem como característica uma maior tolerância entre
líderes cristãos e muçulmanos. O período marcou também o surgimento e a participação dos Cavaleiros
Teutônicos.
Após o apelo de Gregório VIII, Frederico Barba Ruiva deu início à campanha, seguindo por terra à margem do Rio
Danúbio. Durante o percurso conquistou Konya, capital do sultanato turco da Ásia Menor, mas no decorrer da
expedição acabou morrendo afogado ao atravessar um rio na região da Cilícia. Com a perda de seu líder, boa parte
dos cruzados germânicos desistiu da empreitada. Aqueles que não retornaram ao Império Romano-Germânico
decidiram avançar até São João de Acre, agora sob liderança de Frederico da Suábia, filho de Frederico.
As Cruzadas
A TERCEIRA CRUZADA OFICIAL
Ricardo I e Filipe Augusto iniciaram a expedição pela Sicília em 1190, onde saquearam algumas cidades e seguiram
até a Terra Santa pelo mar. O líder britânico teve alguns problemas com as embarcações e levou dois meses a mais
que o rei francês para chegar à Palestina. Nesse meio tempo, conquistou a Ilha de Chipre aos Bizantinos,
encorporando-a ao chamado Reino Latino.
Com a chegada dos britânicos ao Acre, os cruzados conseguiram sitiar a cidade e, em Julho de 1191, obtiveram a
primeira vitória ao reconquistar a região. Apesar do sucesso até então, Filipe Augusto desistiu da cruzada devido às
más condições de saúde e retornou à França prometendo não atacar as terras de Ricardo.

O rei inglês permaneceu na Palestina onde venceu as batalhas de Arsuf e de Jaffa diante de Saladino, porém suas
tropas, agora sem o apoio de Filipe e de grande parte do exército alemão, não contavam com homens suficientes
para sitiar a Cidade Santa. Com o exército enfraquecido, Ricardo firma um acordo diplomático com o líder sarraceno:
Jerusalém permaneceria sob domínio muçulmano em troca da garantia da abertura da Terra Santa aos peregrinos
cristãos, desde que desarmados. Os cruzados mantiveram a área conquistada, uma faixa costeira contínua de Tiro a
Jafa, consolidando os estados cristãos no Oriente.

Apesar de não conseguir o principal objetivo da Terceira Cruzada que era a reconquista de Jerusalém, Ricardo ganhou
prestígio e respeito dos povos cristão e muçulmano, o mesmo acontecendo com Saladino, transformado em herói no
Oriente e em exemplo de cavalaria medieval na Europa.
As Cruzadas
A TERCEIRA CRUZADA OFICIAL
As Cruzadas
A QUARTA CRUZADA OFICIAL
Com o intuito de recuperar o domínio cristão em Jerusalém, que estava sob hegemonia dos turcos otomanos, a Igreja
Católica empreendeu as Cruzadas para fortalecer sua doutrina religiosa no mundo.

Entretanto, com a Quarta Cruzada pregada pelo papa Inocêncio III entre 1202 e 1204, os interesses da Igreja
Católica seriam desviados pelo duque de Veneza Enrico Dandolo. A comitiva para a Quarta Cruzada era liderada por
Balduíno IX, Conde de Flandres e o Marquês de Montferrant. Eles estavam com algumas dificuldades de pagar a
extrema quantia exigida por Veneza para a travessia dos barcos e locomoção do Exército para o Egito.

Aproveitando-se da situação, Dandolo propôs uma incursão até a cidade de Zara, onde hoje fica a Croácia, para
tomá-la dos húngaros. Os mercadores de Veneza tinham grande interesse pelo território porque facilitava as
transições comerciais com outras nações através da liberação do Mar Mediterrâneo.

Além de Zara, os venezianos invadiram Constantinopla em 1203, que na época estava sob domínio do Império
Bizantino. Lá, o Imperador Isaac II fora destituído do poder por seu irmão Aleixo III, fazendo com que o príncipe peça
auxílio aos cruzados para dominarem o território.
As Cruzadas
A QUARTA CRUZADA OFICIAL
Com o aval de Inocêncio III, os venezianos dominam Constantinopla e criam novos impostos. Apesar de
mostrar-se contrário às invasões em Zara, o papa apoia a tomada de Constantinopla para tentar uma
reaproximação com a Igreja Ortodoxa, que de fato não se concretizou.

Veneza também mantinha relações conflituosas com Constantinopla. Em 1182, os mercadores venezianos
foram massacrados graças a interesses comerciais regionais. A invasão liderada por Dandolo, de certa
forma, também era um ato de vingança patrocinado pela Cruzada.

A tomada de Constantinopla marcou a presença do Império Latino, servindo de ponte entre o Mar
Mediterrâneo e o Mar Morto. A região também era dominada pelos Impérios de Nicéia, Trizonda e Épiro.
As Cruzadas
ROTA DA QUARTA E DA QUINTA CRUZADAS OFICIAIS
As Cruzadas
QUINTA, SEXTA, SÉTIMA E OITAVA CRUZADAS (1218-1270)
Secundárias sob todos os aspectos, não tiveram sucesso.
As Cruzadas
AS ROTAS DAS TRÊS ÚLTIMAS CRUZADAS
Grandes
Mestres
Notórios
Por João Vitor Prianti Gomes
Grandes Mestres Notórios
HUGO DE PAYENS (1118-1136)
Grandes Mestres Notórios
HUGO DE PAYENS (1118-1136)
Hugo de Payens (1070 - 1136), um fidalgo francês da região de Champanhe, foi o primeiro mestre e fundador da Ordem dos Templários.
Ele era de uma família que, segundo cartas que pertenciam à Abadia de Molesmes, tinha parentesco com os Montbard (família a qual pertencia
São Bernardo de Claraval e André de Montbard) e era originalmente um vassalo do conde Hugo de Champanhe. Com ele visitou Jerusalém uma
vez e ficou por lá depois de o conde voltar para a Condado de Champanhe. Foi aí que organizou um grupo de nove cavaleiros para proteger os
peregrinos que se dirigiam para a Terra Santa no seguimento das iniciativas propostas pelo Papa Urbano II.
De Payens aproximou-se do rei Balduíno II com oito cavaleiros, dos quais dois eram irmãos e todos eram seus parentes, de Hugo de Payens,
alguns de sangue e outros de casamento, para formar a Ordem do Templo de Jerusalém.
Os outros cavaleiros eram: Godofredo de Saint-Omer, Arcambaldo de Saint-Aignan, Payan de Montdidier, Godofredo Bissot, Hugo Rigaldo, e dois
homens registrados apenas com os nomes de Rossal ou possivelmente Rolando e Gondemaro. O nono cavaleiro permanece desconhecido, apesar
de se especular que ele era o próprio Conde de Champanhe.
Hugo de Payens terá nascido provavelmente em Château Payns, a aproximadamente 10 km de Troyes, em Champanhe, na França. Ele também
foi um veterano da Primeira Cruzada (em 1099) tendo passado 22 anos de sua vida no leste da Europa.
É provável que Hugo de Payens tenha servido no exército de Godofredo de Bulhão durante essa Cruzada. Como grão-mestre, ele liderou a Ordem
dos Templários por quase vinte anos até a sua morte, ajudando a estabelecer a fundação da Ordem como uma importante e influente instituição
internacional militar e financeira.
Na sua visita a Londres em 1128, ele conseguiu homens e dinheiro para a Ordem, e também fundou a sua primeira sede lá, iniciando a história dos
Templários na Inglaterra. Ele morreu na Palestina em 1136 tendo sido sucedido, como mestre, por Roberto de Craon.
Grandes Mestres Notórios
JACQUES DEMOLAY (1293-1314)
Grandes Mestres Notórios
JACQUES DEMOLAY (1293-1314)
Nascido em Molay, comuna francesa atualmente localizada no departamento de Alto Sona, França, embora à época o
vilarejo pertencesse ao Condado da Borgonha. Muito pouco se sabe sobre sua infância e adolescência; aos seus 21 anos
de idade, como muitos filhos da nobreza europeia, de Molay entrou para a Ordem dos Cavaleiros Templários (organização
sancionada pela Igreja Católica para proteger as estradas entre Jerusalém e Acre - importante porto no mar Mediterrâneo).
Nobres de toda a Europa enviavam os filhos para serem cavaleiros templários, e isso fez com que a Ordem passasse a ser
muito rica e popular em todo o continente europeu e Oriente Médio.
Em 1293, Jacques de Molay foi nomeado grão-mestre dos templários (assumiu o cargo após a morte de seu antecessor,
Teobaldo Galdino), uma posição de poder e prestígio. Mas passou por uma difícil situação: as Cruzadas não estavam
atingindo seus objetivos. O anticristianismo sarraceno derrotou as Cruzadas em batalhas, capturando algumas cidades e
portos vitais dos cavaleiros templários e dos hospitalários (outra ordem de cavalaria). Restou apenas um único grupo do
confronto contra os sarracenos.
Os templários resolveram, então, se reorganizar e readquirir sua força. Viajaram para a ilha de Chipre, esperando que a
população se levantasse em apoio à outra Cruzada. Em vez de apoio público, os cavaleiros atraíram a atenção dos
poderosos senhores feudais, muito deles seus parentes, pois para se entrar na ordem teria de se pertencer à nobreza.
Grandes Mestres Notórios
JACQUES DEMOLAY (1293-1314)
Em 1305, o rei da França Filipe IV, o Belo (r. 1285–1314) resolveu obter o controle dos templários para impedir a ascensão da ordem no
poder da Igreja Católica. O rei era amigo de Jacques de Molay devido ao parentesco deles; o delfim Carlos, mais tarde Carlos IV (r.
1322–1328), afilhado de Jacques. Mesmo sendo seu amigo, o rei de França tentou juntar a ordem dos Templários e a dos Hospitalários, pois
sentiu que as duas formavam uma grande potência econômica e sabia que a Ordem dos Templários possuía várias propriedades e outros
tipos de riqueza.
Sem obter o sucesso desejado, de juntar as duas ordens e se tornar um líder absoluto, o então rei de França armou um plano para acabar
com a Ordem dos Templários. Chamou o nobre francês Esquino de Floyran com a missão de denegrir a imagem dos templários e de seu
grão-mestre, e como recompensa receberia terras pertencentes aos templários logo após derrubá-los. O ano de 1307 marcou o começo da
perseguição aos cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 000 homens, Jacques foi a França para o funeral de um
membro feminino da realeza francesa e levou consigo alguns cavaleiros. Onde foram capturados na madrugada de 13 de outubro por
Guilherme de Nogaret, homem de confiança do rei Filipe IV.
Durante sete anos, Jacques de Molay e os cavaleiros aprisionados na masmorra sofreram torturas e viveram em condições subumanas.
Enquanto isso, Filipe IV gerenciava as forças do papa Clemente V (1305–1314) para condenar os templários e suas riquezas e propriedades
foram confiscadas e dadas a proteção do rei. Mesmo após três julgamentos Jacques continuou sendo leal com seus amigos e cavaleiros,
recusando-se a revelar o local das riquezas da Ordem e denunciar seus companheiros.
Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay foi levado à Corte Especial. Como evidências, a corte dependia de confissões forjadas,
supostamente assinadas pelo grão-mestre. Desmentiu as confissões, sob as leis da época a pena por desmentir era a morte.
Foi julgado pelo Papa Clemente V, e assim como Jacques de Molay o cavaleiro Guido de Auvérnia desmentiu sua confissão e ambos foram
condenados. Filipe IV ordenou que ambos fossem queimados naquele mesmo dia. Durante sua morte na fogueira intimou aos seus três
algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do então rei de França.
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JACQUES DEMOLAY (1293-1314)
GRÃO-MESTRADO
Jacques de Molay assume o grão-mestrado da ordem em 1293, não se sabendo no entanto a data exata da sua eleição. Eleito em
detrimento de outra figura de peso dentro da ordem, Hugo de Pairaud, sobrinho do visitador do templo em França.
O inicio do seu mestrado é marcado pela ação a favor de uma nova cruzada, desenvolvendo uma campanha diplomática na França,
Catalunha, Inglaterra, nos estados da península Itálica e nos Estados Pontifícios. Esta campanha visou não só resolver problemas internos
da ordem, problemas locais, como disputas entre a ordem e bispos, e também pressionar as coroas e a igreja a uma nova cruzada.
Organizou a partir da ilha de Chipre ataques contra as costas egípcias e síria para enfraquecer os mamelucos, providenciando apoio
logístico e armado ao Reino Arménio da Cilícia, e também intentou uma aliança com o Canato da Pérsia, sem resultados visíveis.
Outro assunto discutido durante o seu mestrado foi a fusão entre as duas maiores ordens militares, a dos Templários e a dos Hospitalários.
A Ordem do Templo com a perda de Acre começava a ser questionada quanto à razão da sua existência. As suas funções de proteger os
peregrinos e de defender a Terra Santa tinham cessado quando se retiraram para a ilha de Chipre. Em maio de 1307 em Poitiers, Jacques
de Molay junto do papa Clemente V apresentou uma defesa contra a fusão e ela não se realiza.
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JACQUES DEMOLAY (1293-1314)
Dia 13 de outubro de 1307 no Reino da França, os templários foram presos em massa por ordem de Filipe IV, o rei de França. O grão-mestre
Jacques de Molay é capturado em Paris. Imediatamente após a prisão, Guilherme de Nogaret proclama publicamente nos jardins do palácio real
em Paris as acusações contra a ordem.
Esta manobra régia impedira o inquérito pontifício pedido pelo próprio grão-mestre, o qual interno à Igreja, discreto e desenvolvido com base no
direito canônico, emendaria a ordem das suas faltas promovendo a sua reforma interna.
A prisão, as torturas, as confissões do grão-mestre (De Molay nunca confessou as acusações como menciona anteriormente), criam um conflito
diplomático com a Santa Sé, sendo o papa o único com autoridade para efetuar esta ação. Depois de uma guerra diplomática face ao processo
instaurado contra a ordem entre Filipe, o Belo e Clemente V, chegam a um impasse, pois estando o grão-mestre e o preceptor da Normandia,
Godofredo de Charnay sob custódia dos agentes do rei, estão no entanto protegidos pela imunidade sancionada pelo papa e absolvidos não
podendo ser considerados heréticos.
Em 1314, o rei pressiona para uma decisão relativa à sorte dos prisioneiros. Já num estado terminal da sua doença, com violentas hemorragias
internas que o impedem de sair do leito, Clemente V ordena que uma comissão de bispos trate da questão. As suas ordens seriam a salvação dos
prisioneiros ficando estes num regime de prisão perpétua sob custódia apostólicae assegurando ao rei que a temida recuperação da ordem não
será efetuada. Perante a comissão, Jacques de Molay e Godofredo de Charnay proclamam a inocência de toda a ordem face às acusações
dirigidas a ela, a comissão para o processo e decide consultar a vontade do papa neste assunto.
Ao ver que o processo estava ficando fora do seu controle e estando a absolvição da ordem ainda pendente, Filipe IV, o Belo, decide um golpe de
mão para que a questão templária fosse terminada. Ordena o rapto de Jacques de Molay e de Godofredo de Charnay, então sob a custódia da
comissão de bispos, e ordena que sejam queimados numa fogueira na Ilha da Cidade, pouco depois das vésperas, em 18 de março de 1314.
Com isso Jacques de Molay passou a ser conhecido como um símbolo de lealdade e companheirismo, pois preferiu morrer a entregar seus
companheiros ou faltar com seu juramento.
O Julgamento
dos Templários
Por João Vitor Prianti Gomes
O fim do mundo medieval
A queda do Acre (Israel), em 1291, foi uma das batalhas que definiram o fim da era medieval. Nela, assim que os
mamelucos destruíram os portões da cidade, os 195 anos de cruzadas do cristianismo também chegaram ao fim. Quando
as forças do sultão al-Ashraf Khalil sitiaram o local, a maioria dos nobres fugiu pelo mar, deixando apenas os templários e
os civis para trás.

O grão-mestre dos templários foi morto em combate, obrigando Peter de Savery, um sênior da ordem, a se render ao
sultão. Uma das condições era que os civis ganhassem passe livre para Cipre. Khalil concordou, mas, assim que os
portões da cidade foram abertos, ela foi saqueada enquanto as mulheres e crianças acabaram sendo dizimadas.

Percebendo a situação, os templários fecharam a passagem e levaram os cidadãos restantes para os poucos barcos que
sobraram depois do ataque. Após a partida, eles voltaram para enfrentar o inimigo. Se fazendo de arrependido, o sultão
convocou de Severy para se desculpar, mas em vez disso o aprisionou.

Os templários tentaram resistir, mas foram derrotados. A cidade caiu, e a Terra Sagrada só aceitou as regras cristãs em
1917, quando a Grã-Bretanha e os impérios aliados conquistaram o local.

Não houve muitos sobreviventes após o ataque da cidade-fortaleza do Acre, porém Jacques de Molay estava entre eles.
Depois de algum tempo, ele foi nomeado grão-mestre da Ordem. Para os cristãos latinos, os templários eram grandes
heróis, mas a história mudou quando eles retornaram para a Europa.
A caça aos Templários
Ao voltar para o Velho Mundo, Jacques encontrou o lugar transformado. O continente havia seguido em frente e as
batalhas pelas quais seus amigos haviam morrido não faziam mais sentido. Além disso, os poderosos não se importavam
com a causa dos templários, muito menos com os soldados.

Em 12 de outubro de 1307, em Paris, de Molay recebeu a honra de carregar o manto no funeral da imperatriz da
Constantinopla, cunhada do rei Filipe IV de França. Mas, na noite seguinte – uma sexta-feira 13 –, o próprio monarca
mandou capturar todos os templários do país, sendo que apenas alguns poucos escaparam. Algumas pessoas acreditam
que esse é o principal motivo para que a sexta-feira 13 seja sinônimo de azar.

Filipe acusou os cavaleiros de ofensas perversas, visando assim denegrir a ordem perante o público. Entre os perjúrios,
estavam cuspir no crucifixo, negar Cristo, idolatrar falsos deuses, blasfêmia e obscenidades.

Óbvio que Filipe havia inventado grande parte das acusações. Além disso, ele incentivou a população ao ataque e
conseguiu chamar a atenção da igreja. Quando o papa Clemente V soube das prisões, ficou furioso, mas não pôde fazer
nada. Portanto, em vez de enfrentar o rei, ele optou por manter o orgulho e tomar conta da situação com as próprias
mãos.
Tortura e cativeiro
Durante um mês, os templários foram torturados impiedosamente. Muitos deles (incluindo de Molay) acabaram
confessando as acusações feitas pela coroa. Levado pelo poder, Filipe escreveu para os outros monarcas da Europa e os
incentivou a fazer o mesmo que ele.

Entretanto, o rei Edward II da Inglaterra não ficou nada feliz com a proposta, pois gostava de Jacques e reconhecia que os
templários haviam prestado um bom serviço para o seu país. Portanto, ele atacou da mesma maneira: escreveu para que
eles ignorassem o pedido de Filipe.

Enquanto isso, em sua tentativa de controlar a situação, Clemente criou a bula papal Pastoralis praeeminentiae. Ela exigia
que todos os reis da Europa prendessem os cavaleiros em nome do papa.

No início, Edward tentou resistir, mas acabou cedendo à igreja. Porém, antes de cumprir a ordem, ele deu um aviso prévio
de duas semanas aos templários. Todavia, os presos na Inglaterra foram alocados em celas mais confortáveis do que as
francesas.

Na época, Clemente enviou dois cardeais para interrogarem de Molay e outro tenente importante. As acusações de Filipe
terminaram sendo refutadas, os templários inocentados e as prisões interrompidas. Contrariado, o rei ameaçou o papa,
reabriu os inquéritos e anunciou que o último julgamento seria feito em Vienne, em outubro de 1310.
Os Templários reagem
Depois de uma série de tramoias, o rei da França conseguiu subjugar a igreja, fazendo com que a corte papal mudasse
para Avinhão. Na Inglaterra, Edward ainda não levava as acusações a sério e conseguiu evitar que os templários fossem
torturados pelas forças francesas.

Na França, Clemente ainda queria questionar Molay, mas o grão-mestre estava muito fraco e não suportaria a viagem até
a cidade. Logo, o papa mandou cardeais em seu nome, produzindo assim o Pergaminho de Chinon – um documento
histórico descoberto entre os arquivos secretos do Vaticano em 2001.

Nele, os templários admitiram parte da culpa e confessaram um estranho ritual em que os novos membros da ordem
deviam cuspir em uma cruz. Não é possível saber o quanto desse escrito é real ou forjado, porém é obvio que não foi
visto com bons olhos pela igreja.

No ano seguinte, o grão-mestre negou todas as acusações, porém um dos membros da Ordem disse ter visto o ídolo
Baphomet – uma divindade supostamente ligada aos templários na cidade de Montpellier. Até o fim de 1309, os
templários revidaram, retiraram o que haviam sido obrigados a confessar e reagiram aos ataques, o que adiou o
julgamento do caso.
O Plano do Rei
Em Paris, Filipe viu que a situação estava saindo de seu controle, logo, precisava fazer algo decisivo. Pensando nisso, ele convocou
os bispos e os obrigou a reexaminar os templários. Depois que 54 deles persistiram na inocência, os cardeais os acusaram de serem
hereges. O plano de difamação do rei deu certo, conseguindo assim queimar todos eles vivos no dia 12 de maio de 1310.
Em outubro de 1311, o conselho de Vienne realizou o julgamento final dos templários. Todos os que confessaram algo foram aqueles
que estavam presos e sofreram torturas nas masmorras de Filipe. Dessa maneira, ele exigiu que Clemente desfizesse o grupo,
mesmo com os protestos de que os cavaleiros não receberam chances de se defender.

Por fim, em março de 1312, o papa cedeu às vontades da coroa e proclamou a bula Vox in excelso, que dissolvia a ordem dos
templários, removia o apoio da igreja e revogava os mandatos cedidos aos cavaleiros.

O fim dos templários
Após o abandono da igreja, os templários que confessaram se viram presos; já os que não disseram nada acabaram sendo enviados
para outras ordens. Em 18 de março de 1312, para bater o martelo sobre o caso, os quatro maiores representantes do movimento
foram levados para Paris. Em um tribunal montado em frente à Catedral de Notre-Dame, eles terminaram condenados à prisão
perpétua.

Hugues de Pairaud e Geoffroy de Gonneville aceitaram a sentença em silêncio. Porém, Jacques de Molay e Geoffroy de Charney
enfrentaram a multidão e insistiram na inocência perante os cardeais. O rei não ficou nada satisfeito com a afronta e ordenou que os
dois cavaleiros fossem queimados sem demora.
A maldição de Jacques DeMolay
Sem alternativas, DeMolay e Charney se viram presos e foram queimados vivos. Dizem que em suas últimas palavras Jaques lançou
uma terrível maldição em seus algozes, convocando Filipe e Clement para encontrá-lo dentro de um ano e um dia perante Deus, para
serem julgados por seus crimes.

Não demorou muito tempo para que os dois últimos maiores templários fossem vistos como mártires. Além disso, seja a lenda
verdadeira ou não, quarenta e dois dias depois, morreu o papa Clemente V (20 de abril de 1314). O rei Filipe IV, teve um derrame
cerebral fulminante em novembro daquele ano, seis meses depois da morte do mestre templário (29 de novembro de 1314). Nos
quatorze anos seguintes, os três filhos do rei, seus sucessores no trono, vieram a falecer, encerrando a linhagem direta de três
séculos da Dinastia Capetíngia.

Mesmo que Filipe tenha brigado durante sete anos para provar seu poderio e mostrar que conseguia acabar com uma das
organizações mais poderosas da igreja, ele não viveu muito tempo para aproveitar a vitória.
Os erros de DeMolay
A morte de DeMolay não foi apenas a mera execução de um soldado de 72 anos. Na verdade, foi o resultado de um ato
cínico, politicamente orquestrado por um rei impiedoso e um papa omisso. Se o templário entendesse um pouco mais
sobre o sistema de governo e os jogos de poder, talvez ele pudesse salvar sua ordem.

No entanto, ele era apenas um monge e um soldado que confiava nas autoridades e na cadeia de comando cegamente –
acreditando até o fim que o papa e a igreja viriam em seu auxílio. Assim como a maioria dos soldados, ele confiou que, ao
voltar para casa, seus chefes o reconheceriam e respeitariam suas contribuições para a sociedade.
Depois do Fim
da Ordem
Por João Vitor Prianti Gomes
A Ordem de
Cristo
Antecedentes e criação
Nos séculos XII e XIII, a Ordem dos Templários ajudou os portugueses nas batalhas contra os muçulmanos, recebendo como
recompensa extensos domínios e poder político. Os castelos, igrejas e povoados prosperaram sob a sua protecção. Em 1314, o papa
Clemente V de origem francesa e Felipe IV de França, tentaram destruir completamente esta rica e poderosa ordem, tendo D. Dinis
logrado transferir para a Ordem de Cristo as propriedades e privilégios dos Templários.
A Ordem de Cristo foi assim criada em Portugal como Ordo Militiae Jesu Christo pela bula Ad ae exquibus de 15 de março de 1319 pelo
papa João XXII, sendo rei D. Dinis, pouco depois da extinção da Ordem do Templo. Tratava-se de refundar a Ordem do Templo que
anterior bula papal de Clemente V havia condenado à extinção.

Diz a mesma obra: Em Portugal, os bens dos Templários ficaram «reservados» por iniciativa do rei, transitando para a coroa entre 1309 e
1310, enquanto decorria o «processo», não sem que o monarca rejeitasse o administrador nomeado por Clemente V - Estêvão de Lisboa.
Esses mesmos bens passaram indemnes para a nova congregação em 26 de novembro de 1319, sendo que o papa concedeu a excepção
aos reis de Castela e Leão, Aragão e Portugal, que se coligaram para contrariar a execução da medida que ordenava a sua transferência
para a Ordem do Hospital. Por Carta Régia feita em Santarém, a 26 de Novembro da era de 1357 (15 de Novembro de 1319), se mandou
fazer a entrega a D. Gil Martins, 1º Mestre da Ordem de Cristo, de todos os bens, rendas e direitos que foram da Ordem do Templo, tanto
Espirituais, Temporais, e dívidas.

A nova Ordem surgia, assim como uma reforma dos Templários. Tudo mudou, para ficar mais ou menos na mesma. O hábito era o
mesmo, a insígnia também, com uma ligeira alteração, e os bens, transmitidos pelo monarca, correspondiam aos bens templários.
«Foi-lhe dada a regra cisterciense», continua a mesma Enciclopédia, «e nomeado mestre D. Gil Martins, igualmente mestre da Ordem de
Avis, que adoptara a regra cisterciense, com a determinação de que os novos monges elegessem seu próprio mestre, depois da morte
daquele. O superior espiritual da Ordem de Cristo era o abade de Alcobaça.»
A 11 de junho de 1421, um capítulo reunido em Tomar adotou como regra da Ordem de Cristo a da Ordem de Calatrava, o que resolvia
quaisquer pendências de natureza espiritual e de obediência, mantendo-se na esfera da cavalaria.
As viagens marítimas
O cargo de mestre passou após 1417 a ser exercido por membros da Casa Real, que se passaram a nomear administradores e
governadores por nomeação papal.
O primeiro foi o infante D. Henrique, «que a encaminhou para o que parecia ser sua «missão» inicial, a de conquista da Ásia,
através das viagens marítimas, que a própria ordem financiou.
Os ideais da expansão cristã reacenderam-se no século XV quando seu Grão-Mestre, Infante D. Henrique, investiu os rendimentos
da Ordem na exploração marítima. O emblema da ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas que
exploravam os mares desconhecidos.
O resultado disso é que em 1454 e 1456, através de bulas do Papa Nicolau V e do Papa Calisto III respectivamente, é concedido ou
dada obrigação à Ordem de Cristo de estabelecer o direito espiritual sobre todas as terras descobertas, como territórios nullius
diocesis, sendo sua sede diocesana a Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar.

(A Cruz da Ordem de Cristo marcava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos)
Os
Templários e
a Pirataria
TEORIAS E MITOS
Vale ressaltar que, por volta do ano de 1307, o último grão-mestre templário, Jacques DeMolay, foi imolado em uma
fogueira pelo rei Felipe IV, fazendo com que muitos Cavaleiros Templários (que depois de muitos anos iriam pregar uma
nova doutrina na época, que hoje conhecemos como maçonaria) se dispersassem pelo globo. Detalhe: o tesouro e a frota
dos Templários nunca foram achados…

Devido aos altos conhecimentos cartográfico, marítimo e comercial, é constantemente especulado que após o fim da
Ordem do Templo as frotas de navios tenham sido a origem do grande “upgrade’’ da pirataria no final da Idade Média.

A lenda fala de três Templários que pesquisaram o sitio da queima de Jacques DeMolay, e encontram apenas um
crânio e dois fêmur. Estes levaram com eles e supostamente foram utilizados como o impulso para criar a primeira
bandeira de Jolly Roger da pirataria, de modo que eles nunca esqueceriam. Esse mesmo símbolo é usado hoje
pela sociedade da Universidade de Yale, a Skull and Bones.
O Selo Da Ordem
O Selo Da Ordem
O primeiro selo da Ordem dos Templários traz a imagem de dois cavaleiros sentados no mesmo cavalo. Muito se especula acerca
do significado dessa figura. Já foi dito que fazia uma referência à pobreza dos cavaleiros, que, não tendo animais suficientes,
tinham que partilhar o mesmo cavalo. Até a acusações de homossexualismo este símbolo foi associado. Porém, para a
historiadora Barbara Frale, que trabalha no Arquivo Secreto do Vaticano, o selo alude às personagens Rolando e Olivier, do
famoso poema épico La Chanson de Roland ("A Canção de Rolando"). Na história, Rolando – parente de Carlos Magno – e Olivier
partem para combater os sarracenos na Península Ibérica. Os dois são um misto de coragem e prudência, bravura e sabedoria –
virtudes necessárias para um bom cavaleiro templário. Ao mesmo tempo, suas características se encaixam precisamente no
programa de São Bernardo para a Ordem: a ousadia e o destemor de Roland e a capacidade de Olivier de controlar as próprias
paixões.
O selo era uma marca que autenticava um documento e sua assinatura. Existem cerca de vinte selos templários conhecidos. Eles
pertenciam a mestres, altos dignatários, comandantes ou cavaleiros da ordem. O mais famoso selo templário tinha a imagem de
dois cavaleiros montados no mesmo cavalo. Há muita discussão a respeito de seu significado. Após a Ordem conseguir
estabilidade financeira, esse símbolo deixou de ser uma representação do ideal de pobreza, uma vez que a Ordem fornecia pelos
menos três cavalos para cada cavaleiro. Para alguns especialistas, a figura expressava a dualidade da Ordem – o monge-soldado
que realiza uma só luta mas com diferentes meios, o espiritual e o temporal. Para Alain Demurger, a figura simbolizava a vida
comum, a união e a devoção.
A Cruz do Templo
A Cruz do Templo
Primeiramente, vamos nos concentrar na espada cristã medieval chamada "espada de uma mão e meia" cujo
comprimento vai até 1,20 metros e pesa até 2 quilos, fazendo com que o guerreiro pudesse empunha-la com uma
só mão se assim desejasse, que é a espada que utilizamos.

Notem no formato da espada, sabem ao que ela se remete? A espada tem como base simbólica a Cruz, e no caso
da espada que estamos tratando, se refere a cruz latina.

A Cruz não é um símbolo cristão, foi adotado também pelo cristianismo devido a sua importância e função. A Cruz
simboliza os quatro elementos (terra, água, ar e fogo) dos quais, segundo a tradição hermética, tudo que existe foi
criado a partir desses quatro princípios, e também corresponde aos compostos do homem, sendo o elemento
terra o corpo, o elemento água simboliza o emocional, o ar o racional, e o fogo o espiritual.
A Cruz do Templo
A Cruz Patriarcal
A Cruz do Templo
A CRUZ PATRIARCAL
A Cruz em questão é do tipo conhecido como Cruz Patriarcal. Sua lenda diz que, no ano 326, um ermitão
acompanhou Santa Helena, “A Santa Imperatriz” (que era mãe do Imperador Constantino) ao lugar onde se deu a
crucificação de Jesus Cristo, no Gólgota.
Ali, a Santa Imperatriz localizou cinco partes de madeira pertencentes ao madeiro sagrado. Esta afirmação se apoia
no fato de que estas tinham curado um doente que se tombou sobre elas.
Santa Helena deu de presente essa cruz ao Patriarca de Jerusalém, que mandou colocar em uma capela da Igreja
do Santo Sepulcro.
Passaram os séculos e tudo seguiu mais ou menos igual no que á Cruz de refere, até que em 1192, quando o
Imperador Frederico II Stauffen ia autoproclamar-se rei de Jerusalém e lhe apareceram dois anjos e lhe arrebataram
a Cruz ao Patriarca (que consentiu aquele fato) levando-a ao céu em sinal de protesto.
Quatro anos depois essa cruz apareceu em Caravaca (quando a respectiva população pertencia à Ordem dos
Cavaleiros Templários), santificando a cidade e lhe dando intrinsecamente a categoria de “Centro do Mundo”.
Por último, recordaremos que, conforme parece, a primeira cruz que levaram os Cavaleiros da Ordem do Templo no
ano 1118 (nove anos antes de sua oficialização) foi uma Cruz Patriarcal de cor “vermelha” sobre o ombro esquerdo
do manto branco que levavam, já que embora se hospedassem no Templo de Salomão na Terra Santa, devemos ter
em conta que dito Templo estava situado junto à igreja do Santo Sepulcro e que a relação com os monges que
viviam na igreja era muito boa, pois até lhes cederam uma parte dos terrenos pertencentes ao local.
A relação com o Patriarca de Jerusalém era também muito boa. Assim era, pois a primeira Cruz que levaram foi a
Cruz Patriarcal, embora depois levassem outras como a das Oito Beatitudes, a Tau ou a Patada.
A Cruz do Templo
A CRUZ DAS OITO BONDADES (BEATITUDES)
A Cruz do Templo
A CRUZ DAS OITO BONDADES (BEATITUDES)
É uma cruz de “meditação” em seu aspecto geométrico.
Serve como chave para a construção e decifração do alfabeto secreto dos Templários. (Manuscrito do século XIII-
Biblioteca Nacional de Paris.)
A chave está montada, por sua vez, sobre outra chave de origem hebraica, que deu nascimento a um alfabeto secreto
utilizado pelos cabalistas.
É uma cruz a qual também levaram e levam os Cavaleiros da Ordem do Hospital ou de Malta, como é conhecida hoje em
dia.
O significado de suas Oito Beatitudes:

- 1° Beatitude: possuir o contente espiritual


- 2° Beatitude: viver sem malícia
- 3° Beatitude: chorar os pecados
- 4° Beatitude: humilhar-se ao ser ultrajado
- 5° Beatitude: amar a justiça
- 6° Beatitude: ser misericordioso
- 7° Beatitude: ser sincero e limpo de coração
- 8°Beatitude: sofrer com paciência as perseguições

Depois de ler seus significados, entenderemos a importância que teve esta cruz para estas duas Grandes Ordens
Militares, foi símbolo de espiritualidade, humildade, honra, amor ao próximo, etc...
A Cruz do Templo
A CRUZ DAS OITO BONDADES (BEATITUDES)
A Cruz do Templo
A CRUZ DAS OITO BONDADES (BEATITUDES)
A Cruz do Templo
A CRUZ DAS OITO BONDADES (BEATITUDES)
A Cruz do Templo
A CRUZ TAU
A Cruz do Templo
A CRUZ TAU
A Cruz Tau é um símbolo representativo da Ordem do Templo.
A Tau, como símbolo equivalente a nossa letra “T”, pôde ser simplesmente a inicial da palavra tempere.
Mas também pode significar o princípio do feminino, ligado às Deusas Mães. Terei que recordar a relação entre os
Templários e numerosas igrejas dedicadas às Virgens, entre elas as enigmáticas negras.
Alguns quiseram ver o Templo como continuador de antigas e tradicionais sabedorias mágicas relacionadas com os
primitivos cultos do princípio feminino, origem dos deuses, por não nomear os que nos recordaram o ardor Templário
ao culto mariano.
Também é de recordar que no antigo Egito o som da letra “T” acrescentado a uma palavra indica sua pertença ao
gênero feminino o que de novo volta a nos ligar ao Templo com os conhecimentos das antigas civilizações.
A Cruz Tau é conhecida também como “Cruz Commisa” ou “Patibulata”; costumava encontrar-se nos sepulcros dos
mártires.
Seu significado simbólico é “Eleito de Deus”. Normalmente, a Tau era chamada de atenção e uma proclamação do
secretismo ocultista dos Templários. Além disso, tem sua correspondência com ele o número 9 e a “Teth” Hebreia,
fazendo alusão à fundação (recordemos que precisamente nove Cavaleiros fundaram a Ordem do Templo). Por isso
representa a árvore da ciência e a serpente.
Além disso, na Cabala Cristã é um símbolo de resistência e de amparo. Ao que parece, se colocava sobre a custódia de
uma ermida ou na parte superior do altar da igreja ou paróquia, significando: “Iniciação Superior”.
É um símbolo muito antigo, misterioso e vital. O braço horizontal e vertical simboliza céu e terra. Na Bíblia, o Tau é
mencionado em Ezequiel 9, 4: “Passa pela cidade de Jerusalém e marca com um Tau a fronte dos homens que gemem
e choram por causa das coisas abomináveis que se praticam no meio delas”. O Tau foi o sinal que salvou os hebreus
do extermínio.
A Cruz do Templo
A CRUZ PATÉ
A Cruz do Templo
A CRUZ PATÉ
É uma cruz que abre seus extremos aos quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste. Abre-se ao mundo e ao
universo.
A Cruz Paté com seus quatro braços iguais evoca os quatro evangelistas, as quatro estações e os quatro
elementos: Ar, Terra, Fogo e Água.
Deriva diretamente da cruz celta, que representa os três planos:

O Caos(Keugant)
O Mundo Terrestre / Experiência Humana (Abred)
A Luz / O Círculo Final (Gwenwed)

A tradição dos Operários mostra que a Cruz Paté deriva da velha roda druídica, o Crismón de Oito Rádios. Este
símbolo, o Crismón, evoca o início, os ciclos (a serpente que se remói a cauda) e é também um símbolo solar que
tem sua máxima expressão nos resplandecentes rosetões das catedrais e igrejas de origem Templária; acredita-se
que esta foi a primeira Cruz (Ancorada ou Paté) que receberam em 24 de abril do ano 1147, das mãos do Papa
Eugênio III.
A Cruz do Templo
A CRUZ PATÉ
Curiosamente, o Sétimo Pantáculo do Sol (que representa a prosperidade) presente na Clavícula de Salomão possui a
Cruz Pat

Curiosamente, o Sétimo Pantáculo do Sol presente na Clavícula de Salomão


possui a Cruz Paté em seu interior… Teriam os Templários aderido tal símbolo por
conta de seu significado?
A Cruz do Templo
A CRUZ GREGA

A cruz grega era a mais usada pela Ordem do Templo. Tem braços iguais que
representam o equilíbrio entre o divino e o terreno, o espírito e a matéria, a união
e harmonia dos opostos. Ela aparece em selos, nas tumbas dos cavaleiros, em
estelas e pinturas nas igrejas.
A Cruz do Templo
A CRUZ GREGA

Novamente vemos mais uma cruz usada pelos templários presente na Clavícula
de Salomão… Dessa vez, é o Sexto Pantáculo de Júpiter. Teriam novamente os
Templários escolhido tal símbolo por conta de seu significado?
As Outras
Ordens
Por João Vitor Prianti Gomes
As Outras Ordens
As Outras Ordens
A ORDEM DE SÃO JOÃO DE JERUSALÉM (HOSPITALARES)
As Outras Ordens
A ORDEM DOS CAVALEIROS TEUTÔNICOS
A Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém (em latim: Ordo Domus Sanctæ Mariæ
Theutonicorum), conhecida apenas como Ordem Teutónica ou Teutônica (em alemão: Deutscher Orden) foi uma
ordem militar cruzada vinculada à Igreja Católica por votos religiosos pelo Papa Clemente III. Foi formada em São João de
Acre, em Israel, no ano de 1190, para auxiliar os germânicos feridos nas Cruzadas.
Os seus membros usavam sobrevestes brancas com uma cruz negra e tinham por norte o lema: Ajudar, defender, curar.
Tiveram a sua sede em Acre, uma fortaleza construída nos tempos do Reino de Jerusalém (1099-1291), durante as
Cruzadas, cujos vestígios se conservam no norte de Israel.
A Ordem Teutónica, ao lado da Ordem dos Templários e da Ordem dos Hospitalários, foi uma das mais poderosas e
influentes da Europa. A maioria dos seus membros pertencia à nobreza, inclusive a família real prussiana e, quando
necessário, contratavam-se mercenários. Os soberanos e a nobreza dos estados antecessores à atual Alemanha, inclusive a
família soberana do Império Alemão (1871-1918) e do Reino da Prússia (1525-1947), os Hohenzollern, eram membros da
ordem.

Atualmente, a ordem atua como uma organização de caridade na Europa Central .


1.
FONTES
BARBER, Malcolm. The new knigthood: a history of the Order of the Temple. Cambridge: University Press, 1995.
2. BORDONOVE, Georges. La vie quotidienne des Templiers au XIIIe. siècle. Paris: Librairie Hachette, 1988.
3. BURMAN, Edward. Templários, os Cavaleiros de Deus. Rio de Janeiro: Record / Nova Era, 2005.
4. DA COSTA, Ricardo. Los inicios de la Orden del Temple según Guillermo de Tiro (c.1127-1190) y Jacobo de Vitry (1240). Site Idade Média.
5. DEMURGER, Alain. Auge y caída de los Templarios (1118-1314). Barcelona: Ed. Martínez Roca, 1990.
6. DEMURGER, Alain. Os Templários, uma cavalaria cristã na idade Média. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007.
7. LE GOFF, Jacques. Mercadores e banqueiros da Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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11. PERNOUD, Regine. Os Templários. Lisboa: Publicações Europa-América. 1974.
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Paulo: Imago. 2006
13. www.templiers.org
14. J.M, Nicolau. Os Templários no Reino de Jaime I. 2017
15. A Clavícula de Salomão
16. A Chave Menor de Salomão
17. LEVI, Eliphas. Dogma e Ritual da Alta Magia
18. LEVI, Eliphas. As Chaves do Templo
19. LEVI, Eliphas. História da Magia
20. BUCKLAND, Raymond. Complete Book of Witchcraft
21. RALLS, Karen. Os Templários e o Graal. 2004
22. O Caibalion
23. William of Tire: the foudation of Order of Knights Templar.
24. Reglas de los caballeros templarios
25. Grandes Julgamentos da História: Cavaleiros Templários

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