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A gente crê do jeito que a gente celebra, e a gente celebra do jeito que
a gente crê.
A liturgia não é uma cerimônia ou espetáculo teatral, mas um meio
especial de encontro com a Trindade.
Do seu lado aberto pela lança nasce a Igreja como sacramento admirável.
Cristo, enviado pelo Pai, envia os apóstolos para pregarem o evangelho e para anunciarem a libertação e o
Reino de Deus.
Para que estas coisas tão importantes se realizem é que Cristo está presente.
Nos sacramentos: pela sua força, de tal forma que, quando alguém batiza, é Cristo mesmo que batiza.
Quando a Igreja reza ou canta o Oficio Divino: onde dois ou mais estiverem reunidos, aí estou no meio
deles. (Cf. Mateus 18, 20).
A liturgia é, portanto, o exercício do sacerdócio de Cristo através de sinais sensíveis que, de acordo com
a especificidade de cada sinal, se realiza a santificação da humanidade.
Toda ação litúrgica é ação de Cristo sacerdote e do seu corpo, que é a Igreja.
É a ação mais sagrada e a mais eficaz; nenhuma outra ação da Igreja se iguala a ação litúrgica em eficácia.
Porque, para se celebrar eficazmente a liturgia, o cristão precisa primeiro ser evangelizado, precisa crer e
precisa mudar de vida (conversão).
Aos que já crêem faz-se necessário um contínuo processo de evangelização e de conversão, precisa prepará-
los para bem celebrar os sacramentos e precisa ensiná-los e incentivá-los a observar tudo quanto Cristo
mandou. (Cf. Mateus 28, 20).
A própria liturgia nos incentiva a sermos concordes na piedade, isto é, que compartilhemos a mesma atitude
filial para com o Pai e a mesma atitude fraternal para com os irmãos e irmãs.
A liturgia também pede a Deus que conservem em nossas vidas o que recebemos pela fé, isto é, que
assimilemos e traduzamos em atitudes de vida, jeito de ser e vivência prática todo o mistério celebrado.
A liturgia deve levar o cristão a cultivar uma vida espiritual, que não se limita somente a participação na
celebração, mas a uma vivência comunitária.
O Povo cristão, por força do batismo e pela própria natureza da liturgia, tem o direito e o dever de participar
plena, consciente e ativamente das celebrações litúrgicas.
Para que haja essa participação é necessária uma adequada formação do povo e do clero.
Cuide-se, então, de cumprir sua função com aquela piedade e ordem que convém a tão importante
ministério.
Cuide-se cada um, no exercício do seu ministério, de fazer tudo e só aquilo que lhe compete (SC 28).
As aclamações, as respostas, as salmodias, as antífonas ou refrões, os cantos, bem como as ações, os gestos,
o porte do corpo e sem esquecer-se dos momentos do sagrado silêncio são oportunidades de se incentivar a
participação ativa dos fiéis.
Nos cantos, nas orações e nos sinais sensíveis usados na liturgia os fiéis encontram uma grande
oportunidade de aprendizado e ensinamento.
Quando a Igreja reza, canta ou age na liturgia a fé dos participantes se alimenta, suas mentes são despertadas
para Deus, presta-se a Ele um culto racional e recebe-se com mais abundância a sua graça.
É dela também que as ações, os gestos e os sinais litúrgicos tiram sua significação.
Na Última Ceia nosso Salvador institui o Sacrifício Eucarístico do seu corpo e do seu sangue. E confiou à
Comunidade Cristã o Memorial (Cf. I Cor. 11,24-25), isto é, a lembrança viva, capaz de tornar presente em
todos os tempos e lugares o Sacrifício (“Ação Sagrada”) da cruz, isto é, o Mistério da sua morte e
ressurreição.
Santo Agostinho já o chamava de sacramento de piedade, sinal da unidade e vinculo de caridade, isto é, sinal
privilegiado da comunhão entre nós e Deus, em Jesus Cristo.
Que os fiéis não se comportem nessa celebração como estranhos e nem como mudos espectadores.
Pelo contrário, bem motivados pelos ritos e orações, participem consciente, piedosa e ativamente dessa ação
sagrada.
Sejam instruídos pela Palavra de Deus e alimentados pela Mesa do Corpo do Senhor, dando graças a Deus.
Que a mesa da Palavra de Deus seja mais generosamente bem preparada e assim os tesouros da bíblia sejam
abertos com mais largueza para os fiéis.
Insista-se no valor da homilia, pois a partir dela os fiéis adquirem um conhecimento mais atualizado das
leituras bíblicas, dos Mistérios da fé e de orientações práticas para a vida cristã.
Os fiéis sejam vivamente incentivados a participar da Missa de maneira perfeita, isto é, comungando o
Corpo do Senhor.
As duas partes da Missa, a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, estão interligadas de maneira tão
estreita que ambas formam um só e mesmo ato de culto, ou seja, uma só celebração.
Sacramentum: É o ato de consagração com que o soldado, por meio de um ‘sinal-selo’ impresso no seu
corpo, se compromete a total fidelidade ao seu imperador.
Os sinais sacramentais alimentam, fortalecem e exprimem a fé, por isso são chamados de Sacramentos da fé.
Os bens materiais, santificados, se tornam meio de santificação das pessoas e expressão do louvor a Deus.
Tanto os sacramentos como os sacramentais existem para a santificação do ser humano, para a edificação do
Corpo de Cristo e para o culto a Deus.
- Seguem-se uma série de pedidos de revisão dos ritos, das fórmulas e das rubricas para que os sacramentos
e os sacramentais exprimam mais claramente sua natureza e seu efeito (Cf. SC 60-82)
Por antiga tradição cristã, o Oficio Divino está organizado de tal maneira que todas as horas do dia e da
noite são consagradas ao louvor de Deus.
-Matinas (Oficio das leituras), Laudes (Oração da manhã), Terça (9 horas), Sexta (meio dia), Noa (15 horas),
Vésperas (Oração da tarde) e Completas (Oração da noite). Prioridade para as Laudes e a Vésperas, os dois
esteios do Oficio de cada dia.
A voz da Esposa (Igreja) ressoa para o Esposo (Cristo) quando este admirável Oficio é religiosamente
executado pelos sacerdotes, por outras pessoas especialmente delegadas e pelos fiéis unidos aos sacerdotes.
Ao recitar ou cantar o Oficio Divino a Igreja louva ao Pai, santifica os vários momentos do dia e intercede
pela salvação do mundo inteiro.
Põe-se em pratica o que Paulo disse: “Orai sem cessar” (I Tess 5, 17) e o que Jesus disse: “Sem mim nada
podeis fazer” (João 15, 5).
Celebrando todo domingo a ressurreição do Senhor e ao longo do ano os Mistérios da Redenção (desde a
Encarnação até a Ascenção), a Igreja torna presente os tesouros do poder santificador do seu Senhor. Para
que assim os fiéis possam entrar em contato com esses tesouros e se abastecer da graça libertadora.
O objetivo maior do Ano Litúrgico é alimentar uma espiritualidade enraizada no Mistério Pascal (SC 107).
A Igreja recorda ao longo do Ano litúrgico a bem-aventurada Mãe de Deus porque ela esteve
indissoluvelmente associada à ação libertadora do Filho.
Como o fruto mais excelente da Redenção ela é a perfeita imagem daquilo que a Igreja deseja ser.
A Igreja propõe seu exemplo aos fiéis, pois, pela graça de Deus, eles chegaram à perfeição e foram
recompensados com a salvação eterna.
Suas festas proclamam as maravilhas que Cristo opera em seus servos e servas.
Ao longo do ano a Igreja cuida do crescimento espiritual de seus filhos e filhas retomando praticas
consagradas pela Tradição como, exercícios piedosos tantos espirituais como corporais, reflexões, orações,
praticas penitenciais e praticas de solidariedade e fraternidade.
Segue o costume de se celebrar, a cada oitavo dia, o Mistério Pascal, pelo que, justamente, esse dia passou a
chamar-se “Dia do Senhor” ou “Domingo”.
Neste dia os cristãos devem reunir-se para ouvir a Palavra de Deus, participar da Eucaristia, recordar a
paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus e dar graças a Deus.
Como fundamento e núcleo do Ano litúrgico o Domingo tem primazia sobre todas as demais celebrações.
Deve ser incentivado à devoção dos fiéis como um dia de festa, de alegria e de descanso do trabalho.
Quando conta com a participação ativa do povo o canto dá uma maior relevância à celebração dos ritos
sagrados.
Os pastores cuidem que nas celebrações toda a comunidade dos fiéis participe cantando.
Seja inteligentemente incentivado, sobretudo nos momentos de reza, de devoção e nas próprias celebrações
litúrgicas.
Realmente favoreçam a edificação dos fiéis, acrescentem esplendor aos ritos e elevem as mentes a Deus e às
coisas divinas.
Os textos destinados aos cantos litúrgicos estejam de acordo com a doutrina católica e sejam tirados das
fontes litúrgicas e, principalmente, da Sagrada Escritura.
O artista sacro, através de sua obra, quer expressar a infinita beleza de Deus.
As obras de arte devem estar a favor da liturgia católica, da devoção, da edificação e também da instrução
religiosa do povo cristão.
A Igreja sempre recorreu à arte para que os objetos utilizados nas celebrações fossem dignos, decentes e
belos; pois, são sinais e símbolos das coisas do alto.
A arte sacra não deve ser ostentação de riqueza e vaidade, ela deve visar à nobre beleza, mais que à mera
suntuosidade.
Que a arte aplicada nas vestes, nos objetos e na construção dos templos, seja, sobretudo, funcional.
Levando-se em conta as exigências específicas das ações litúrgicas e o incentivo à participação ativa dos
fiéis.
A veneração das sagradas imagens pelos fiéis é costume que deve ser mantido.
Que haja moderação quanto ao número e respeito à hierarquia que deve haver entre elas.
Fonte: A Sagrada Liturgia – Constituição Sacrosanctum Concilium. Edição didática popular comemorativa
dos 40 anos do 1º documento do Concílio Vaticano II. CNBB.