Você está na página 1de 49

15

Sumário
Apresentação – 3

Epígrafe – 4

O que é Liturgia – 5

Características e dimensões da Liturgia – 5

A Liturgia é ação sagrada e simbólica - 6

As Diversas Funções Na Liturgia – 6

Um Exemplo Ritual e Celebrativo: A Procissão de Entrada - 10

GESTOS E POSIÇÕES DO CORPO – 11

Posições Do Corpo Na Stª Missa – 12

O silêncio na liturgia – 13

Santa Missa Parte-a-Parte – 15

 Ritos Iniciais - 17
 Rito Da Palavra - 18
 Rito Sacramental - 21
 Rito Da Comunhão - 24
 Ritos Finais – 25

Uso do Incenso na Missa – 26

Missa Crismal Com Bispo Diocesano – 26

Comunhão nas mãos – 30

Ano Litúrgico – 32

O Sacrifício da Santa Missa – 39

A Celebração Do Mistério Cristão – 40

Liturgia e Teologia da Stª Missa – 42

Você sabe quem é o Cerimoniário? – 46

Referências Bibliográficas - 48

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

Apresentação:

Manual de Liturgia

Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


Este “Manual de Liturgia” é para formação do Ministério dos
Cerimoniários da Paróquia Santo Antônio de Miracema.

Durante o aprofundamento deste iremos meditar não simplesmente a


Liturgia, mas a essência dela. Pois podemos compreender que a Comunidade,
principalmente o Cerimoniário, não pode e nem deve viver a Liturgia como
algo meramente metódico, um rito que deve ser seguido e nada mais. A
Liturgia Católica é um grande tesouro da Igreja, os Mistérios Celebrados
são de fato os Sagrados Mistérios Instituídos por Nosso Senhor Jesus
Cristo.

Não tenho como propósito ao apresentar este manual para que ele seja
um instrumento de alienação, ou seja, ao lê-lo você se torne “manualístico”,
“está no manual, é fato e ninguém nega”. É preciso que a Liturgia seja
seguida, que as rubricas do Missal sejam respeitadas, que o Cerimonial dos
Bispos seja levado a sério, mas o principal alvo da Celebração da Liturgia e
no caso dos Cerimoniários, estudar para organizar a Liturgia, não é fazer
de nós loucos e fanáticos, mas sim, criar em nós um Coração Adorador.

O Mestre de Cerimônias tem na primazia do seu ser, ou seja, a sua


essência é Eucarística. Cerimoniário que vive preocupado em organizar uma
bela Cerimônia, não estou dizendo que essa preocupação é inútil, de fato
ela é necessária; Mas antes de preparar uma Liturgia, devemos preparar o
nosso coração para participarmos dignamente da Mistagogia Cristã e assim
colhermos os bons frutos do exercício eficaz de nosso Ministério, que é tão
importante no Coração da Igreja.

Confio a Virgem Santíssima, Maria Mater et Magistra e a São Pio de


Pitrelcina a eficácia deste manual em seu ministério Litúrgico.

Valdeci Silva I. Junior [Org.]

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

Epígrafe
Santo Inácio de Antioquia (†102), bispo e mártir:

“Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para


celebrar a Eucaristia de Deus e o seu louvor. Pois quando realizais
frequentes reuniões, são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz
seu malefício por vossa união na fé. Nada há melhor do que a paz, pela
qual cessa a guerra das potências celestes e terrestres.”

(Carta aos Efésios)

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

1. O que é Liturgia?
A palavra Liturgia (do grego “Laos”, que significa povo e, “ergon”, que significa
obra, trabalho) é algo que se faz. Etimologicamente, e em sentido primitivo, liturgia
significa, pois, serviço do povo, e no vocabulário teológico da Igreja significa sempre
celebração do povo de Deus, louvor que se eleva à Trindade Santa, em assembleia por
Deus mesmo convocada, encontro que, dada a sua natureza e para a sua plena
manifestação eclesial, exige a participação de todos. Portanto, trata-se de uma ação
que é, ao mesmo tempo, humana e divina, terrestre e celeste, temporal, mas voltada
para o Eterno.

Compreendemos que a Liturgia é Ação de Deus (Divina) e do Povo (Humana), Algo


que a Igreja Peregrina nesse mundo celebra (Terrestre), mas que também é celebrado
no Céu e, como eu disse antes, de uma forma Perfeita (Celeste), Celebramo-la no
espaço de tempo, chamado “cronos”, em grego, cronologia (Temporal), mas dentro do
“Kairos”, em grego, Tempo de Deus (Eterno).

Características e dimensões da Liturgia:


A Liturgia é ao mesmo tempo, comunitária, bíblica, hierárquica, trinitária,
laudatória, mistérica e escatológica.

Comunitária: Porque é a ação da Igreja, do Povo de Deus;

Bíblica: Porque a Palavra de Deus, sobretudo na Liturgia, é Palavra de Salvação,


Sacramental, mesa também que alimenta nossa vida, irradiação sim da graça divina,
como ainda fonte da espiritualidade cristã e da verdadeira oração;

Hierárquica: Porque a Liturgia é constituída de graus, de importância maior ou menor,


no que diz respeito aos ministérios, às celebrações, aos próprios ritos, cantos e
orações;

Trinitária: Enquanto é obra da Trindade Santa, que gravita em torno desse mistério
insondável, tendo o Pai como fonte e fim e o Filho, como centro e o Espírito Santo
como sopro dinâmico, santificador e animador;

Laudatória: Porque é “Louvor de Deus na Linguagem de uma comunidade orante” e visa,


antes de tudo, a glorificação de Deus e a santificação dos homens.

Mistérica: Porque contém o Mistério de Deus e o Celebra, mesmo nas limitações do


tempo e do espaço;

Escatológica: Porque antecipa, no tempo, a Glória futura dos filhos de Deus e a ela se
ordena. “Na Liturgia Terrena, antegozando, participamos da liturgia Celeste, que se
celebra na Jerusalém Celeste à qual peregrino nos encaminhamos” (cf. SC. n. 8)

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

A Liturgia é ação sagrada e simbólica


A Liturgia não é discurso, oratória, mas prática, atividade, ação. Não tem
preocupações catequéticas, embora seja, por natureza, catequética. Em documentos
de Liturgia, é definida, com acerto, como ação sagrada e ação simbólica. O conceito
de ação no que diz respeito a adjetivos “Eclesial”, “Sagrada”, “Pastoral” ou
“Apostólica”, destacando-se a ênfase dada à liturgia como “Ação Sagrada por
Excelência”, onde nenhuma outra ação da Igreja se encontra no mesmo nível (cf. SC.
n. 7 d). E toda Liturgia é ação simbólica que, servindo se de sinais sensíveis e
visíveis, aponta para o mistério insondável de Deus, na riqueza e na harmonia dos
símbolos litúrgicos.

2. As Diversas Funções Na Liturgia

A) - Funções Do Ministro Extraordinário Da Comunhão

Na ausência de acólito instituído, o ministro extraordinário da Comunhão pode


exercer todas as suas funções, entendendo-se que, naquelas situações em que há a
presença tanto do acólito como dos demais ministros extraordinários, as funções do
altar devem ser assumidas em primeiro lugar pelo acólito ou acólitos instituídos. Na
síntese das funções, eles são equiparados, mas só por ordem prática, dada a distinção
entre ministério instituído (acólito) e ministério por mandato (ministro extraordinário
da Comunhão).

Se na igreja, casa de oração, já se pede aos fiéis respeito, reverência e atitude


piedosa, muito mais se espera dos diferentes ministros. Que todos saibam, pois,
portar-se com dignidade e estejam atentos às suas responsabilidades. Evitem
deslocamentos desnecessários, no presbitério ou no altar, e não chamem atenção para
si. Em deslocamento, às vezes necessário, sejam discretos e simples, sem desviar a
atenção da assembléia.

É desejável que tantos os acólitos como os ministros extraordinários da Comunhão


cultivem uma espiritualidade eucarística mais plena, e a eles seja lembrado o que o
bispo diz no rito da instituição: “Designados de modo especial para este ministério,
esforçai-vos por viver mais intensamente do sacrifício do Senhor, conformando-vos
mais plenamente a ele.
Procurai entender o sentido profundo e espiritual daquilo que fazeis, oferecendo-vos
todos os dias como oblações espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. E mais:
“Servi, portanto, com sincero amor, o corpo místico de Cristo, que é o povo de Deus,
especialmente os fracos e os enfermos...”

Síntese das funções dos acólitos (extensivas aos ministros extraordinários da


Comunhão, quando ausentes os acólitos instituídos)

Ajudar na distribuição da Comunhão, buscando antes as reservas eucarísticas no


Sacrário. Aqui, depois de abri-lo, e na volta, antes de fechá-lo, o ministro faz a
genuflexão. Na celebração da Palavra com Comunhão, ajudar também na distribuição;

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Na Comunhão sob as duas espécies, ministrar o cálice, tarefa que é do diácono,
quando presente;

Ajudar na purificação dos vasos sagrados. Comumente se faz no altar, mas é


aconselhável fazê-lo na credência ou na sacristia, como já foi dito;

Levar a Comunhão aos doentes;

B) - Funções do salmista (IGMR n. 61 e 102)

“Compete ao salmista proclamar o salmo ou outro cântico bíblico colocado entre as


leituras. Para bem exercer sua função, é necessário que o salmista saiba salmodiar e
tenha boa pronúncia e dicção” (IGMR n. 102).

Embora a Instrução Geral fale de “proclamar”, e que é correta, dada a natureza


poética do salmo, contudo, liturgicamente, é melhor falar de canto ou recitação,
principalmente na modalidade “responsorial”, que é a mais antiga. O salmo é a
resposta da assembléia à palavra ouvida, portanto tem dimensão ascendente e, na
modalidade proposta, o salmista canta ou recita a antífona, que a assembléia responde
no mesmo tom, continuando o salmista a cantar ou recitar as estrofes entre as quais
a assembléia repete a antífona. Aqui deve, pois, o salmista entender a dinâmica da
salmodiar e deixar que a assembléia responda sem querer com ela responder também,
o que às vezes muito se vê, mas impropriamente.

A Instrução Geral fala apenas de “saber salmodiar e ter boa pronúncia e dicção”,
mas recomenda-se ao salmista cultivar também a espiritualidade bíblica e sálmica,
identificando-se com o autor sagrado nos diferentes gêneros sálmicos. Aqui, é
desejável, pois, a formação bíblica, especialmente aquela ligada à salmodiar.

C) Funções dos cantores, coral, animador do canto, músicos e


organistas (IGMR n. 39,40, 103 e 104)

“Entre os fiéis, exerce sua função litúrgica o grupo dos cantores ou coral. Cabe-lhe
executar as partes que lhe são próprias, conforme os diversos gêneros de cantos, e
promover a ativa participação dos fiéis no canto” (IGMR n. 103). Portanto, trata-se
de verdadeiro ministério, a serviço da Liturgia, pois o canto nela constitui um sinal de
alegria do coração (cf. At. 2,46), e São Paulo aconselha os fiéis, que se reúnem em
assembléia, a cantarem juntos “salmos, hinos e cânticos espirituais” (cf. Cl 3,16).
Também Santo Agostinho já dizia que “Cantar é próprio de quem ama” (cf. Sermão
336), e todos nós conhecemos o provérbio antigo, segundo o qual “Quem canta bem,
reza duas vezes”.

Vê-se, pois, pela Instrução que não é função dos cantores substituir os fiéis na
execução do canto litúrgico, mas favorecer e ajudar a sua participação. Mas isso, às
vezes, não acontece. Muitos cantam sozinhos, em tom exageradamente alto,
dificultando a participação de todos.

Outras vezes são os instrumentos que acabam abafando a voz dos fiéis. Ouve-se a
música, mas não se ouve a mensagem, a letra, e esta é mais importante. Também, às
vezes, canta-se algo que é apenas do gosto dos cantores, sem nenhuma fidelidade ao

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
tempo litúrgico ou à festa que se celebra. Tudo isso precisa ser avaliado e repensado,
para que o canto litúrgico recupere a sua importância no âmbito da Liturgia. Portanto:

Procurem os responsáveis pelo canto cantar com a assembléia, e não para a


assembléia. Devem cantar a liturgia, e não na liturgia. Quer dizer: os cantos devem
estar identificados com a festa ou com o tempo litúrgico, como também com o rito que
eles acompanham, ou com o rito que eles próprios são. Evitem os cantores com suas
vozes abafar a voz do povo;

A equipe de cantores precisa conhecer a função dos cantos na liturgia. Uns


acompanham o rito, como os cantos processionais de entrada, das oferendas e da
comunhão, e também o “Cordeiro de Deus”, este acompanha o rito da fração do pão.
Assim, estes cantos devem começar quando se inicia o rito, e encerrar quando o rito
se encerra. Continuar o canto depois que o rito terminou não tem sentido. Outros
cantos são o próprio rito, como o Ato penitencial (quando cantado), o Glória, o
“Creio”, o Santo, estes constitutivos das partes fixas da Missa. A Instrução Geral
fala de “diversos gêneros de cantos”;

Devem ainda os cantores participar vivamente da liturgia, voltados para o altar, não
ficando apenas no exercício ministerial do canto, como que participando da liturgia
apenas quando cantam. Que todos, pois, possam ter uma participação mais plena na
Missa. Para isso sejam colocados de tal forma no espaço da igreja que claramente se
manifeste a sua natureza, isto é, que fazem parte da assembléia dos fiéis, onde
exercem um papel particular (cf. IGMR n. 312). Evitem ainda, entre si, durante a
celebração, conversas desnecessárias, que acabam desviando a atenção do ato
litúrgico;

Os instrumentistas não devem afinar instrumentos na hora da celebração, e o tom


das notas não deve ser exageradamente alto, abafando a letra que, na liturgia, como
já se falou, é mais importante.

Conforme a Instrução Geral, “o que se diz do grupo de cantores vale também, com
as devidas ressalvas, para os outros músicos, sobretudo para o organista”. E conclui
dizendo que “mesmo não havendo um grupo de cantores, compete ao cantor dirigir os
diversos cantos, com a devida participação do povo”.

É desejável então, finalmente, que o canto litúrgico tenha nas celebrações o seu
devido apreço, visto ser ele parte integrante das ações litúrgicas, e não mero enfeite
festivo. Daí a necessária percepção da real função do canto na liturgia, isto é, da sua
ministerialidade na celebração. Na prática, muitas vezes, se vê um canto sem tanta
importância litúrgica elaborado, porém, com muito esmero, e outro, de maior
importância, como que não trabalhado devidamente, o que acaba por manifestar
desconhecimento por parte dos responsáveis pela equipe do canto.

Um exemplo para esclarecer o que aqui se diz: pode acontecer que o canto das
oferendas (que é de pouca importância litúrgica, classificado como suplementar) seja
bem trabalhado e executado, o mesmo não acontecendo com o Santo, este como canto
de primeiro grau, e que às vezes nem mesmo é cantado, mas apenas recitado. Fala-se
aqui dos graus de importância do canto na Liturgia, ou seja, da compreensão de sua
graduação.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

D) Funções do comentarista (IGMR n. 105b e 124)

Sobre o comentarista, devemos dizer que sua função, a serviço dos fiéis, deve
conter breves explicações e exortações, visando dispor a comunidade para uma
participação também mais plena e consciente. Sejam então suas explicações
cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Deve ele exercer a sua função em lugar
adequado, voltado para a assembléia, uma vez que está a serviço dela, mas não deve
fazê-lo do presbitério e, muito menos, do ambão.

Com relação ao ministério do comentarista, algumas orientações, de ordem também


pratica, talvez sejam valiosas. Assim, na Liturgia da Palavra,, por exemplo, em vez
de antecipar explicações de seu conteúdo ou de sua temática, o ideal é que ele
convide a assembléia simplesmente a ficar assentada, predispondo-a para a escuta
atenta da Palavra de Deus.

Entendamos: referindo-se a “primeira leitura”, “segunda leitura”, o comentarista


estará falando o óbvio, isto é, aquilo que toda a assembléia já sabe. Voltando ao
tema da Palavra de Deus, muitas vezes aquilo que ele diz não é o que a Liturgia de
fato está celebrando, dada a riqueza da revelação bíblica, com suas múltiplas
aplicações. Melhor, pois, é deixar que Deus fale. Cabe à assembléia ouvir. De acordo
então com o que aqui se propõe o comentarista poderia, quando muito, dizer, com
sobriedade: “Assentados. Vamos celebrar a Liturgia da Palavra. Atentos, ouçamos o
que Deus vai nos dizer. No Evangelho, diria simplesmente: “De pé, vamos aclamar e
ouvir o Evangelho, como Palavra de vida e de paz”.

E) Funções da equipe das oferendas (IGMR n. 73a, 105c, 140)

Como sabemos, nos primórdios da Igreja, os dons do pão e do vinho, como também
a ajuda para os mais necessitados, eram trazidos de casa pelos fiéis e apresentados
ao sacerdote neste momento (que nós chamamos de preparação e apresentação das
oferendas, não mais, portanto de ofertório, como se dizia antigamente).

O verdadeiro ofertório, como se sabe, só é celebrado após a consagração.


Portanto, esse momento, por causa de sua simbologia, deve, em nossas celebrações,
ser assumido pela assembléia, representada, por alguns de seus membros, que serão
previamente convidados para tal função, também na modalidade de equipe, se possível.
Evitar, pois, que ministros que estão no presbitério desçam para realizar ou preparar
a procissão das oferendas.

Cada comunidade pode ter aqui a sua criatividade e sua liberdade e, variando,
convidar, por exemplo, pessoas que tenham alguma identificação com o tema celebrado
ou comemorado (dia das mães, dos pais, dos catequistas, das crianças etc.). Os que
fazem a procissão das oferendas sejam instruídos para que, chegando ao altar, façam
inclinação simples, atendendo a orientação da Instrução Geral.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

F) Função Do Cerimoniário (IGMR 106) 1

Sobre o cerimoniário ou mestre de cerimônias, diz a Instrução Geral: “É


conveniente, ao menos nas igrejas catedrais e outras igrejas maiores, que haja algum
ministro competente ou mestre de cerimônias, a fim de que as ações sagradas sejam
devidamente organizadas e exercidas com decoro, ordem e piedade pelos ministros
sagrados e os fiéis leigos”.

I) Funções da equipe de acolhida (IGMR n. 105d)

É desejável que em todas as celebrações, principalmente as da Eucaristia, haja um


grupo de leigos que, no espírito da liturgia, acolham os fiéis, levando-os aos seus
lugares, principalmente quando se trata de pessoas idosas, de crianças e de
deficientes. Tal acolhida muito os ajudará na participação, na compreensão e na
descoberta do espírito fraterno, que sempre deve manifestar-se na Liturgia.

É claro que a equipe de acolhida deve ser constituída por pessoas comunicativas,
respeitosas e alegres. Um grupo de “cara fechada” ou “de rosto sombrio” poria tudo a
perder. Lembremo-nos de que, se a Igreja não sabe acolher os seus membros, muito
menos saberá acolher os de fora (aqui o mundo inteiro) para pregar-lhes o Evangelho
da salvação.

3. Um Exemplo Ritual e Celebrativo: A Procissão de


Entrada
Na procissão de entrada, início, pois, da celebração eucarística, verifica-se a
primeira atuação dos ministros leigos, em rito celebrativo. Já desde então devem
eles estar conscientes de sua função, de sua dignidade e de sua participação
litúrgica. Para este rito inicial, propõe a Instrução Geral (n. 120) que ele tenha a
seguinte ordem:

a) - O turiferário com o turíbulo aceso, [quando se usa incenso];

b) - Os ceroferários e entre eles, o cruciferário;

c) - Os acólitos e os outros ministros;

d) - O diácono que pode conduzir um o Evangeliário e ao seu lado esquerdo os


cerimoniários auxiliares.

f) Sacerdotes concelebrantes, quando presentes.

e) - O sacerdote que vai celebrar a Eucaristia.

O canto de inicial, que dá início à celebração, acompanha o rito processional do


sacerdote e dos ministros. Geralmente se encerra quando o sacerdote chega ao lugar
da presidência. Havendo incensação do altar, pode prolongar-se até o fim da

1
Não estudaremos aqui a função do Cerimoniário.
Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
incensação. O Canto Inicial não é para acolher o celebrante, mas sim para dar início a
celebração.

4. GESTOS E POSIÇÕES DO CORPO (IGMR n. 42 a 44)

Diz a IGMR: “Os gestos e posições do corpo, tanto do sacerdote, do diácono e dos
ministros, como do povo devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo
decoro e nobre simplicidade...” E ainda: “A posição comum do corpo, que todos os
participantes devem observar, é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã,
reunidos para a sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e os
sentimentos dos participantes”. Em seguida, a Instrução Geral nos fala das posições,
que são:

a) - De pé Nos ritos iniciais, na aclamação e proclamação do Evangelho, no


“Creio”, na Oração da Comunidade, depois do “Orai, irmãos” até antes da
Consagração, e nos ritos finais.

b) – Sentados Nas leituras antes do Evangelho, durante o salmo responsorial, na


homilia, durante a preparação e apresentação das oferendas e após a Comunhão, em
silêncio sagrado.

No momento em que o Sacerdote, o Diácono e os demais ministros leigos estão


sentados, lhes é conveniente que fiquem com as palmas das mãos postas sobre as
pernas e as costas eretas; não simplesmente por ser esteticamente belo, mas pelo
fato de expressar a importância do momento e também o estado de nossa alma,
atentos na Palavra de Deus que é proclamada e depois da Comunhão, expressa nossa
comunhão com o Coração de Deus.

c) - De joelhos Durante a Consagração, a não ser em circunstâncias especiais,


como: motivo de doença falta de espaço, grande número de presentes ou outras
causas razoáveis. Em tais circunstâncias, porém, a Instrução aponta para aqueles que
não se ajoelham fazer inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a
consagração. Deixa, no entanto a cargo das Conferências Episcopais adaptar, segundo
as normas do direito, tais posições, de acordo também com a índole e as legítimas
tradições dos povos.

É importantíssimo estar de joelhos na Consagração, pois esse gesto deve


representar o estado de nossa alma diante de Jesus Sacramento, prostrados ao seu
Altar

d) Genuflexão (IGMR n. 274) Faz-se a genuflexão dobrando o joelho direito até o


chão. É gesto litúrgico que significa adoração. Este gesto é reservado ao Santíssimo
Sacramento e à adoração da Cruz, desde a solene Ação Litúrgica da Sexta-Feira da
Paixão até o início da Vigília Pascal.

Faz-se genuflexão dupla, ou seja, dobrando primeiro o joelho direito, depois o


esquerdo, quando o sacrário fica no altar-mor, na procissão inicial, quando vai
comungar, se comunga de joelhos, o que é mais aconselhável, e quando o S.
Sacramento está exposto.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Na missa o sacerdote faz três genuflexões: depois da apresentação da hóstia, após
a apresentação do cálice e antes da Comunhão (IGMR n. 274b). Caso haja no
presbitério tabernáculo com o Santíssimo Sacramento, o sacerdote, o diácono e
demais ministros fazem a genuflexão quando chegam ao altar e quando dele se
retiram, não, porém, durante a celebração da missa (cf. IGMR n. 274c). Os ministros
que levam a cruz processional e as velas, em vez da genuflexão, fazem a inclinação
simples (IGMR n. 274e).

A genuflexão também é feita por todos os fiéis diante do tabernáculo com o


Santíssimo Sacramento e, como já se falou, pelo ministro extraordinário da Comunhão,
ao buscar as reservas eucarísticas para a Comunhão. Nesta hipótese, faz-se a
genuflexão depois de abrir o tabernáculo e, no fim, antes de fechá-lo.

e) - Inclinação (IGMR n. 49a, 173b e 275)

Pela inclinação se manifesta reverência e honra a pessoas ou a seus símbolos. Há


duas espécies de inclinação: inclinação profunda, que se faz com o corpo; e inclinação
simples, que se faz com a cabeça.

A inclinação profunda, ou seja, do corpo, se faz: ao altar, em algumas orações


privadas do presidente; no Creio, às palavras “E se encarnou”; no Cânon Romano
(Oração Eucarística I), às palavras “Nós vos suplicamos”. O diácono faz também esta
inclinação quando pede a bênção ao presidente antes de proclamar o Evangelho. Faz-
se a inclinação, também, quando passa diante do sacerdote, lhe entrega algo ou em
alguma ação, como no Lavabo. Da mesma maneira, é colocada pela Instrução Geral
também tal inclinação para aqueles que não podem ajoelhar-se durante a consagração.
A inclinação profunda ao altar, na missa, pelo sacerdote e ministros, só se faz
também no início e no fim da celebração.

Já a inclinação simples, isto é, da cabeça, se faz: quando se nomeiam as três


Pessoas Divinas e quando se pronuncia o nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo,
em cuja honra se celebra a Stª. Missa.

Fazem ainda inclinação simples, quando chegam ao altar: o cruciferário, levando a


cruz processional; os ministros levando as velas (ceroferários); como também, depois,
os fiéis que levam as ofertas (cf. IGMR n. 274e). Note-se que os demais ministros,
por nada levarem, fazem a inclinação profunda (IGMR n. 49a). Já o diácono ou o
leitor, quando leva o Evangeliário, não faz nenhum gesto, dispensado por causa da
dignidade e nobreza do Evangeliário (IGMR n. 173). Quanto ao diácono, em qualquer
circunstância, juntamente com o sacerdote ele faz a reverência ao altar, beijando-o,
no início e no fim da celebração.

Posições Do Corpo Na Stª Missa

Os gestos são importantes na liturgia. Nosso corpo também "fala" através dos
gestos e atitudes. Durante toda a celebração litúrgica nos gesticulamos, expressando
um louvor visível não só a Deus, mas também a todos os homens.

Quando estamos sentados, ficamos em uma posição confortável que favorece a


catequese, pois nos dá a satisfação de ouvir evitando o cansaço; também ajuda a
meditar sobre a Palavra que está sendo recebida.
Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
Quando ficamos de pé, demonstramos respeito e consideração, indicando prontidão e
disposição para obedecer.
Quando nos ajoelhamos ou inclinamos durante a missa, declaramos a nossa adoração
sincera a Deus todo-poderoso, indicando homenagem e, principalmente, total
submissão a Ele e à sua vontade.
Ao juntarmos as mãos, mostramos confiança e fé em Deus.

Na prática - é bom observar - nossas assembléias não estão atentas a esse dado
litúrgico, ou não são formadas no seu espírito, porque, quase sempre, vemos
indiferença quanto ao que acima foi dito. De fato, num mesmo momento da
celebração, podemos ver fiéis em diferentes posições: uns de pé, outros assentados e
outros ainda ajoelhados, muitos deles por simples devoção, sem perceberem que estão
em desarmonia com a Igreja celebrante.

5. O silêncio na liturgia
O silêncio na liturgia não é mera ausência de sons ou de vozes.
Não é pausa para descanso na celebração, ou momento de espera e
de passagem de um rito a outro. É, sim, convite para entrar no
coração da liturgia, no cerne do mistério pascal. O silêncio litúrgico
nos coloca disponíveis à ação do Espírito Santo.

Diz a Sagrada Escritura: “Há tempo de calar e tempo de falar” (Eclesiastes


3,5). A muitos cristãos se aplica essa advertência bíblica. Ao entrar em certos
templos, o modo como alguns procedem revela falta de Fé na presença eucarística e
desconhecimento das exigências de um lugar sagrado. Dentro, continuam o
entretenimento iniciado fora, na rua, como se tudo fosse banal. Outras vezes, a
palestra, mesmo a meia voz, serve de passatempo, enquanto aguardam o ato litúrgico.
A casa de oração é transformada em lugar de conversação. E isso acontece também
entre pessoas que deveriam servir de exemplo.

Mais grave ainda quando este comportamento ocorre durante celebrações


religiosas. Importa valorizar o silêncio nessas ocasiões e lugares. Ele também significa
nossa condição de pecador. É o que se deduz dessa passagem de São Paulo, na
Epístola aos Romanos (3, 19): “Toda a boca se cale e o mundo inteiro se reconheça
réu em face de Deus”.

O Senhor, no sacrário das igrejas, pede o recolhimento pessoal e da


comunidade. Há muitas outras oportunidades de os homens se encontrarem. No templo
o relacionamento é com Deus. Manifesta-se de vários modos, pela genuflexão bem
feita diante do Santíssimo, pela postura corporal, aproveitamento do tempo pela
oração e, em particular, com a homenagem que a criatura presta ao Criador,
guardando o silêncio respeitoso nos atos religiosos ou fora deles. Lemos no Evangelho
de São Lucas (9,36) que, ao ser revelada a divindade de Cristo na transfiguração do
Tabor, “os discípulos mantiveram silêncio”.

O profeta Habacuc (2,20) nos adverte: “O Senhor reside na sua santa


morada. Cale-se toda a terra diante dele”. Sofonias (1,7) insiste no mesmo sentido:
“Silêncio na presença do Senhor”. Em outras passagens a Sagrada Escritura retoma
esse tema.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Um fator que induz à infração de tal dever diante de Deus aos lugares
sagrados – e, principalmente, na ocasião das cerimônias – é o esforço por promover
uma vivência comunitária. Como a prática religiosa, antes do Concílio Vaticano II, se
ressentia de uma forte influência individualista, busca-se expandir uma visão mais
conforme a própria natureza da Igreja. Formamos um só corpo, cuja cabeça é Cristo.
Nossas ações devem repetir essa perspectiva, não ficando, assim, reduzidas a
atitudes isoladas. Para alcançar esse objetivo recomenda-se o que diz respeito ao
próximo. Não se exclui dessas atitudes o templo e o que nele ocorre. Com boa
vontade, embora mal disciplinada, foram sugeridas ruidosas manifestações estranhas
às justas aclamações, aliás, previstas pelas normas litúrgicas. Nesse campo é fácil
passar do correto ou razoável para o excesso. Este impede o clima de oração e
ofende a santidade do lugar, o que é bem diverso de uma entusiástica participação, no
júbilo coletivo, por razões pias. Essa matéria, evidentemente, não se mede pelo ruído,
mas pelos motivos que o provocam. A glória de Deus merece calorosos aplausos, como
exige a supressão até de murmúrios, quando profanos.

Essas considerações nos levam a especificar algumas circunstâncias para melhor


compreensão. Na Santa Missa, o momento da paz por vezes se converte em balbúrdia
inaceitável. Pelas diretrizes litúrgicas essa saudação é feita ao mais próximos. Em
algumas igrejas, os excessos levam a uma agitação generalizada entre os
participantes. O ambiente sagrado, imediatamente antes da Santa Comunhão, é
prejudicado.

Certos cânticos mesmo de índole religiosa, podem ser classificados como


oportunos em festejos e outros lugares, que não o templo sagrado. O Santo Sacrifício
não é ocasião para protestos político-ideológicos, através de canções. Igualmente, a
“Oração dos fiéis” não se destina a um momento de criticar ou de difundir
determinadas posições, à margem da sacralidade do ato que se celebra.

Os batizados e, principalmente, as celebrações do casamento são, não raras


vezes, uma real profanação do lugar sagrado. Qualquer pessoa que possua mediana
educação doméstica – nem direi religiosa – jamais terá um comportamento não
condizente com o ato e a Casa de Deus. Mesmo desprovido de Fé, possuindo bom
senso, assumirá uma atitude respeitosa ao lugar onde se encontra. Ninguém é obrigado
a ir, mas se, livremente, ali está, subentende-se que aceita as regras comezinhas de
boa convivência humana.

Esses exemplos e outras circunstâncias sugerem a necessidade de inculcar a


importância do sagrado, neste mundo que desconhece cada vez mais os valores
religiosos.

Qual a metodologia a ser utilizada na preservação de um ambiente


verdadeiramente adequado à santidade de nossos templos? A primeira medida será
fortalecer o espírito de Fé. A crença bem viva na infinita grandeza de Deus é que nos
leva a respeitá-Lo. E o silêncio é uma manifestação desses nossos sentimentos. Ao
penetrar nos umbrais da casa do Senhor, por mais humilde e pobre que seja,
tenhamos presente a dignidade espiritual do lugar.

Outro recurso é ter bem viva a responsabilidade de dar um exemplo cristão ao


próximo, principalmente às crianças e pessoas afastadas da Fé ou alheias a ela. Esse

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
trabalho educativo cabe, de modo especial, aos que se acham naturalmente vinculados
à Igreja. Esse comportamento é mais eloqüente que uma exortação ou apelo.

Muitos poderiam perguntar por que tratar desse assunto, quando há outros,
aparentemente de maior gravidade e importância. A resposta é simples: tudo o que se
refere a Deus é valioso e oportuno. Além disso, o cuidado com as necessidades
materiais do nosso próximo será mais eficaz quando elas estão vinculadas ao seu
progresso espiritual. Este é um alicerce sólido sobre o qual se possibilita a edificação
de uma obra social duradoura e eficaz.
Louvemos ao Senhor com lábios e também com o coração na Casa de Deus. Esta é
uma eloqüente manifestação de nossa Fé.

6. Santa Missa Parte-a-Parte


A missa é o culto mais sublime que oferecemos ao Senhor. Nós não vamos à missa
somente para pedir, mas também para louvar, agradecer e adorar a Deus. A desculpa
de que rezar em casa é a mesma coisa que ir à missa é por demais pretensiosa! É
querer fazer da reza particular algo melhor que a missa, que é celebrada por toda
uma comunidade! Assim, vamos à missa para ouvir a Palavra do Senhor e saber o que o
Pai fala e propõe para a sua família reunida. Não basta ouvir! Devemos pôr em prática
a Palavra de Deus e acertarmos nossas vidas (conversão). O fato de existir pessoas
que freqüentam a missa, mas não praticam a Palavra jamais deve ser motivo de
desculpa para nos esquivarmos de ir à missa; afinal, quem somos nós para julgarmos
alguém? Quem deve julgar é Deus! Ao invés de olharmos o que os outros fazem,
devemos olhar para o que Cristo faz! É com Ele que devemos nos comparar!

A Divisão Da Stª Missa

A missa está dividida em quatro partes bem distintas:

1. Ritos Iniciais Comentário Introdutório à missa do dia, Canto de Abertura,


Acolhida, Antífona de Entrada, Ato Penitencial, Hino de Louvor e Oração Coleta.

2. Rito da palavra Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura,


Aclamação ao Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Profissão de Fé e Oração
da Comunidade.

3. Rito Sacramental:

1ª Parte - Oferendas: Canto/Procissão das Oferendas/ Orai Irmãos e Irmãs, e


Oração Sobre as Oferendas;

2ª Parte - Oração Eucarística: Prefácio, Santo, Consagração e Louvor Final;

3ª Parte - Comunhão: Pai Nosso, Abraço da Paz, Cordeiro de Deus,


Canto/Distribuição da Comunhão, Interiorização, Antífona da Comunhão e Oração após
a Comunhão.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
4. Ritos Finais Mensagem, Comunicados da Comunidade, Canto de Ação de Graças
e Bênção Final.

1. A Stª Missa é Ação de Graças A missa também pode ser chamada de


eucaristia, ou seja, ação de graças. E a partir da passagem do servo de Abraão
pudemos ter uma noção do que é uma oração eucarística ou de ação de graças. Pois
bem, esta atitude de ação de graças recebe o nome de "berakah" em hebraico, que se
traduzindo para o grego originou três outras palavras: euloguia, que se traduz por
bendizer; eucharistia, que significa gratidão pelo dom recebido de graça; e
exomologuia, que significa reconhecimento ou confissão.

Diante da riqueza desses significados podemos nos perguntar: quem dá graças a


quem? Ou melhor, dizendo, quem dá dons, quem dá bênçãos a quem? Diante dessa
pergunta podemos perceber que Deus dá graças a si mesmo, uma vez que sendo uma
comunidade perfeita o Pai ama o Filho e se dá por ele e o Filho também se dá ao Pai,
e deste amor surge o Espírito Santo. Por sua vez, Deus dá graças ao homem, uma vez
que não se poupou nem de dar a si mesmo por nós e em resposta o homem dá graças a
Deus, reconhecendo-se criatura e entregando-se ao amor de Deus. Ora, o homem
também dá graças ao homem, através da doação ao próximo a exemplo de Deus.
Também o homem dá graças à natureza, respeitando-a e tratando-a como criatura do
mesmo Criador. O problema ecológico que atravessamos é, sobretudo, um problema
eucarístico. A natureza também dá graças ao homem, se respeitada e amada. A
natureza dá graças a Deus estando a serviço de seu criador a todo instante.

A partir desta visão da ação de graças começamos a perceber que a Missa não se
reduz apenas a uma cerimônia realizada nas Igrejas, ao contrário, a celebração da
Eucaristia é a vivência da ação de Deus em nós, sobretudo através da libertação que
Ele nos trouxe em seu Filho Jesus. Cristo é a verdadeira e definitiva libertação e
aliança, levando à plenitude a libertação do povo judeu do Egito e a aliança realizada
aos pés do monte Sinai.

2. A Stª Missa é sacrifício Sacrifício é uma palavra que possui a mesma raiz
grega da palavra sacerdócio, que do latim temos sacer-dos, o dom sagrado. O dom
sagrado do homem é a vida, pois esta vem de Deus. Por natureza o homem é um
sacerdote. Perdeu esta condição por causa do pecado. Sacrifício, então, significa o
que é feito sagrado. O homem torna sua vida sagrada quando reconhece que esta é
dom de Deus. Jesus Cristo faz justamente isso: na condição de homem reconhece-se
como criatura e se entrega totalmente ao Pai, não poupando nem sua própria vida.
Jesus nesse momento está representando toda a humanidade. Através de sua morte
na cruz dá a chance aos homens e às mulheres de novamente orientarem suas vidas ao
Pai assumindo assim sua condição de sacerdotes e sacerdotisas.

Com isso queremos tirar aquela visão negativa de que sacrifício é algo que
representa a morte e a dor. Estas coisas são necessárias dentro do mistério da
salvação, pois só assim o homem pode reconhecer sua fraqueza e sua condição de
criatura.

3. A Stª Missa também é Páscoa A Páscoa foi à passagem da escravidão do Egito


para a liberdade, bem como a aliança selada no monte Sinai entre Deus e o povo
hebreu. E diante desses fatos o povo hebreu sempre celebrou essa passagem, através
da Páscoa anual, das celebrações da Palavra aos sábados, na sinagoga e diariamente,
Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
antes de levantar-se e deitar-se, reconhecendo a experiência de Deus em suas vidas
e louvando a Deus pelas experiências pascais vividas ao longo do dia. O povo judeu
vivia em atitude de ação de graças, vivendo a todo instante a Páscoa em suas vidas.

RITOS INICIAIS

Instrução Geral ao Missal Romano, n°. 24.

“Os ritos iniciais ou as partes que precedem à liturgia da palavra, isto é,


cântico de entrada, saudação, ato penitencial, Senhor, Glória e oração da
coleta, têm o caráter de exórdio, introdução e preparação. Estes ritos têm
por finalidade fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam
uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a Palavra de Deus e
celebrar dignamente a Eucaristia”.

1. Comentário Inicial Este tem por fim introduzir os fiéis ao mistério celebrado.
Sua posição correta seria após a saudação do padre, pois ao nos encontrarmos com
uma pessoa, primeiro a saudamos para depois iniciarmos qualquer atividade com ela.

2. Canto de Entrada “Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com os


ministros, começa o canto de entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração,
promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa,
e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros” (IGMR n.25).

Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que compõem o início da


missa:

a) O canto Durante a missa, todas as músicas fazem parte de cada momento.


Através da música participamos da missa cantando. A música não é simplesmente
acompanhamento ou trilha musical da celebração: a música é também nossa forma de
louvarmos a Deus. Daí a importância da participação de toda assembléia durante os
cantos.

b) A procissão O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao coração


do Pai. Todas as procissões têm esse sentido: caminho a se percorrer e objetivo a que
se quer chegar.

c) O beijo no altarDurante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou


seja, é no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da celebração ao
chegar beija o altar, que representa Cristo, em sinal de carinho e reverência por tão
sublime lugar.

Por incrível que possa parecer o local mais importante de uma igreja é o altar, pois
ao contrário do que muita gente pensa, as hóstias guardadas no sacrário nunca
poderiam estar ali se não houvesse um altar para consagrá-las.

3. Saudação:

a) Sinal da CruzO presidente da celebração e a assembléia recordam-se por que


estão celebrando a missa. É, sobretudo pela graça de Deus, em resposta ao seu amor.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Nenhum motivo particular deve sobrepor-se à gratuidade. Pelo sinal da cruz nos
lembramos que pela cruz de Cristo nos aproximamos da Santíssima Trindade.

b) Saudação Retirada na sua maioria dos cumprimentos de Paulo, o presidente da


celebração e a assembléia se saúdam. O encontro eucarístico é movido unicamente
pelo amor de Deus, mas também é encontro com os irmãos.

4. Ato Penitencial Após saudar a assembléia presente, o sacerdote convida toda


assembléia a, em um momento de silêncio, reconhecer-se pecadora e necessitada da
misericórdia de Deus. Após o reconhecimento da necessidade da misericórdia divina, o
povo a pede em forma de ato de contrição: Confesso a Deus Todo-Poderoso... Em
forma de diálogo por versículos bíblicos: Tende compaixão de nós... Ou em forma de
ladainha: Senhor, que viestes salvar... Após, segue-se a absolvição do sacerdote. Tal
ato pode ser substituído pela aspersão da água, que nos convida a rememorar-nos o
nosso compromisso assumido pelo batismo e através do simbolismo da água pedimos
para sermos purificados.

Cabe aqui dizer, que o “Senhor, tende piedade” não pertence necessariamente ao
ato penitencial. Este se dá após a absolvição do padre e é um canto que clama pela
piedade de Deus. Daí ser um erro omiti-lo após o ato penitencial quando este é
cantando.

5. Hino de Louvor Espécie de salmo composto pela Igreja, o glória é uma mistura
de louvor e súplica, em que a assembléia congregada no Espírito Santo, dirige-se ao
Pai e ao Cordeiro. É proclamado nos domingos - exceto os do tempo da quaresma e do
advento - e em celebrações especiais, de caráter mais solene. Pode ser cantado,
desde que mantenha a letra original e na íntegra.

6. Oração da Coleta Encerra o rito de entrada e introduz a assembléia na


celebração do dia.

“Após o convite do celebrante, todos se conservam em silêncio por alguns instantes,


tomando consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente
seus pedidos. Depois o sacerdote diz à oração que se costuma chamar de ‘coleta’, a
qual a assembléia dá o seu assentimento com o ‘Amém’ final” (IGMR 32).

Dentro da oração da coleta podemos perceber os seguintes elementos: invocação,


pedido e finalidade.

RITO DA PALAVRA

O Rito da Palavra é a segunda parte da missa, e também a segunda mais


importante, ficando atrás, somente do Rito Sacramental, que é o auge de toda
celebração.

Iniciamos esta parte sentada, numa posição cômoda que facilita a instrução.
Normalmente são feitas três leituras extraídas da Bíblia: em geral um texto do
Antigo Testamento, um texto epistolar do Novo Testamento e um texto do Evangelho
de Jesus Cristo, respectivamente. Isto, porém, não significa que será sempre assim;
às vezes a 1ª leitura cede espaço para um outro texto do Novo Testamento, como o
Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído dos Atos dos Apóstolos; é raro

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
acontecer, mas acontece... Fixo mesmo, apenas o Evangelho, que será extraído do
livro de Mateus, Marcos, Lucas ou João.

1. Primeira Leitura Como já dissemos, a primeira leitura costuma a ser extraída


do Antigo Testamento. Isto é feito para demonstrar que já o Antigo Testamento
previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não
poucas vezes os evangelistas citam passagens do Antigo Testamento, principalmente
dos profetas, provando que Jesus era o Messias que estava para vir.

O leitor deve ler o texto com calma e de forma clara. Por esse motivo, não é
recomendável escolher os leitores poucos instantes antes do início da missa,
principalmente pessoas que não têm o costume de freqüentar aquela comunidade.
Quando isso acontece e o "leitor", na hora da leitura, começa a gaguejar, a cometer
erros de leitura e de português, podemos ter a certeza de que, quando ele disser:
"Palavra do Senhor", a resposta da comunidade, "Graças a Deus", não se referirá aos
frutos rendidos pela leitura, mas sim pelo alívio do término de tamanha catástrofe!

Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo, certamente o leitor deve
ser uma pessoa preparada para exercer esse ministério; assim, é interessante que a
Equipe de Celebração seja formada, também, por leitores "profissionais", ou seja,
especial e previamente selecionados.

2. Salmo Responsorial O Salmo Responsorial também é retirado da Bíblia, quase


sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos. Muitas comunidades recitam-no, mas
o correto mesmo é cantá-lo... Por isso uma ou outra comunidade possui, além do
cantor, um salmista, já que muitas vezes o salmo exige certa criatividade e
espontaneidade, uma vez que as traduções do hebraico (ou grego) para o português
nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original.

Assim, quando cantado, acaba lembrando um pouco o canto gregoriano e, em virtude


da dificuldade que exige para sua execução, acaba sendo simplesmente - como já
dissemos - recitado (perdendo mais ainda sua beleza).

3. Segunda Leitura Da mesma forma como a primeira leitura tem como costume
usar textos do Antigo Testamento, a segunda leitura tem como característica extrair
textos do Novo Testamento, das cartas escritas pelos apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro,
João e Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo.

Esta leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos
Apóstolos dirigido às comunidades cristãs.

A segunda leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da primeira leitura, com
o leitor exclamando: "Palavra do Senhor!" e a comunidade respondendo com: "Graças a
Deus!".

4. Canto De Aclamação Ao Evangelho Feito o comentário ao Evangelho, à


assembléia a se põe de pé, para aclamar as palavras de Jesus. O Canto de Aclamação
tem como característica distintiva a palavra "Aleluia", um termo hebraico que significa
"louvai o Senhor". Na verdade, estamos felizes em poder ouvir as palavras de Jesus e
estamos saudando-O como fizeram as multidões quando Ele adentrou Jerusalém no
domingo de Ramos.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Percebemos assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma que o Hino de
Louvor, não pode ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se não confiássemos
Naquele que dá a vida e que vem até nós para pregar a palavra da Salvação. O Canto
deve ser tirado do Lecionário, pois se identifica com a leitura do dia, por isso não se
pode colocar qualquer música como aclamação, não basta que tenha a palavra aleluia.

Comprovando este nosso ponto de vista está o fato de que durante o tempo da
Quaresma e do Advento, tempos de preparação para a alegria maior, também a
palavra "Aleluia" não aparece no Canto de Aclamação ao Evangelho.

5. Evangelho Antes de iniciar a leitura do Evangelho, se estiver sendo feito uso


de incenso, o sacerdote ou o diácono (depende de quem for ler o texto), incensará a
Bíblia e, logo a seguir, iniciará a leitura do texto.

O texto do Evangelho é sempre retirado dos livros canônicos de Mateus, Marcos,


Lucas e João, e jamais pode ser omitido. É falta gravíssima não proceder à leitura do
Evangelho ou substituí-lo pela leitura de qualquer outro texto, inclusive bíblico.

Ao encerrar a leitura do Evangelho, o sacerdote ou diácono profere a expressão:


"Palavra da Salvação!" e toda a comunidade glorifica ao Senhor, dizendo: "Glória a
vós, Senhor!". Neste momento, o sacerdote ou diácono, em sinal de veneração à
Palavra de Deus, beija a Bíblia (rezando em silêncio: "Pelas palavras do santo
Evangelho sejam perdoados os nossos pecados") e todo o povo pode voltar a se sentar.

6. Homilia A homilia nos recorda o Sermão da Montanha, quando Jesus subiu o


Monte das Oliveiras para ensinar todo o povo reunido. Observe-se que o altar já se
encontra, em relação aos bancos onde estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo
claramente a esse episódio.

Da mesma forma como Jesus ensinava com autoridade, após sua ascensão, a Igreja
recebeu a incumbência de pregar a todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo
àquilo que Cristo pregou. A autoridade de Cristo foi, portanto, passada à Igreja.

A homilia é o momento em que o sacerdote, como homem de Deus, traz para o


presente aquela palavra pregada por Cristo há dois mil anos. Neste momento, devemos
dar ouvidos aos ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos de
Cristo, pois foi o próprio Cristo que disse: "Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos
rejeita, a mim rejeita" (Lc 10,16). Logo, toda a comunidade deve prestar atenção às
palavras do sacerdote.

A homilia é obrigatória aos domingos e nas solenidades da Igreja. Nos demais dias,
ela também é recomendável, mas não obrigatória.

7. Profissão De Fé (Credo) Encerrada a homilia, todos ficam de pé para recitar o


Credo. Este nada mais é do que um resumo da fé católica, que nos distingue das
demais religiões. É como que um juramento público, como nos lembra o PE Luiz
Cechinatto.

Embora existam outros Credos católicos, expressando uma única e mesma verdade
de fé, durante a missa costuma-se a recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc.
I, ou o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais curto, mais

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
simples; o segundo redigido para eliminar certas heresias a respeito da divindade de
Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática, usa-se o segundo nas grandes
solenidades da Igreja.

8. Oração Da Comunidade A Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis, como


também é conhecida, marca o último ato do Rito da Palavra. Nela toda a comunidade
apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede por todos os homens.

Alguns pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:

 As necessidades da Igreja.
 As autoridades públicas.

 Os doentes abandonados e desempregados.

 A paz e a salvação do mundo inteiro.

 As necessidades da Comunidade Local

A introdução e o encerramento da Oração da Comunidade devem ser feitos pelo


sacerdote. Quando possível, devem ser feitos espontaneamente. As preces podem ser
feitas pelo comentarista, mas o ideal é que sejam feitas pela equipe de Liturgia, ou
ainda pelos próprios fiéis. Cada prece deve terminar com expressões como: "Rezemos
ao Senhor", entre outras, para que a comunidade possa responder com: "Senhor,
escutai a nossa prece" ou "Ouvi-nos, Senhor”.

Quando o sacerdote conclui a Oração da Comunidade, dizendo, por exemplo:


"Atendei-nos, ó Deus, em vosso amor de Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus
Cristo, vosso Filho e Senhor nosso”. A assembléia encerra com um: "Amém!".

RITO SACRAMENTAL

Na liturgia eucarística atingimos o ponto alto da celebração. Durante ela a Igreja


irá tornar presente o sacrifício que Cristo fez para nossa salvação. Não se trata de
outro sacrifício, mas sim de trazer à nossa realidade a salvação que Deus nos deu.
Durante esta parte a Igreja eleva ao Pai, por Cristo, sua oferta e Cristo dá-se como
oferta por nós ao Pai, trazendo-nos graças e bênçãos para nossas vidas.

É durante a liturgia eucarística que podemos entender a missa como uma ceia, pois
afinal de contas nela podemos enxergar todos os elementos que compõem uma: temos
a mesa - mais propriamente a mesa da Palavra e a mesa do pão. Temos o pão e o
vinho, ou seja, o alimento sólido e líquido presentes em qualquer ceia. Tudo conforme
o espírito da ceia pascal judaica, em que Cristo instituiu a eucaristia.

E de fato, a Eucaristia no início da Igreja era celebrada em uma ceia fraterna.


Porém foram ocorrendo alguns abusos, como Paulo os sinaliza na Primeira Carta aos
Coríntios. Aos poucos foi sendo inserida a celebração da palavra de Deus antes da
ceia fraterna e da consagração. Já no século II a liturgia da Missa apresentava o
esquema que possui hoje em dia.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Após essa lembrança de que a Missa também é uma ceia, podemos nos questionar
sobre o sentido de uma ceia, desde o cafezinho oferecido ao visitante até o mais
requintado jantar diplomático. Uma ceia significa, entre outros: festa, encontro,
união, amor, comunhão, comemoração, homenagem, amizade, presença,
confraternização, diálogo, ou seja, vida. Aplicando esses aspectos a Missa,
entenderemos o seu significado, principalmente quando vemos que é o próprio Deus que
se dá em alimento. Vemos que a Missa também é um convívio no Senhor.

A liturgia Eucarística divide-se em:

Apresentação Das Oferendas, Oração Eucarística E Rito Da Comunhão

1. Apresentação das Oferendas

Apesar de conhecida como ofertório, esta parte da Missa é apenas uma


apresentação dos dons que serão ofertados junto com o Cristo durante a consagração.
Devido ao fato de maioria das Missas essa parte ser cantada não podemos ver o que
acontece durante esse momento. Conhecendo esses aspectos poderemos dar mais
sentido à celebração.

Analisemos inicialmente os elementos do ofertório: o pão o vinho e a água. O que


significam? De fato foram os elementos utilizados por Cristo na última ceia, mas eles
possuem todo um significado especial:
1) o pão e o vinho representam a vida do homem, o que ele é, uma vez que ninguém
vive sem comer nem beber;
2) representam também o que o homem faz, pois ninguém vai à roça colher pão nem na
fonte buscar vinho;
3) em Cristo o pão e o vinho adquirem um novo significado, tornando-se o Corpo e o
Sangue de Cristo. Como podemos ver o que o homem é, e o que o homem faz adquirem
um novo sentido em Jesus Cristo.

E a água? Durante a apresentação das oferendas, o sacerdote mergulha algumas


gotas de água no vinho. E o porquê disso? Sabemos que no tempo de Jesus os judeus
bebiam vinho diluído em um pouco de água, e certamente Cristo também devia fazê-lo,
pois era verdadeiramente homem. Por outro lado, a água quando misturada ao vinho
adquire a cor e o sabor deste. Ora, as gotas de água representam à humanidade que
se transforma quando diluída em Cristo.

Os tempos da preparação das oferendas:

a) Preparação do altar  “Em primeiro lugar prepara-se o altar ou a mesa do


Senhor, que é o centro de toda liturgia eucarística, colocando-se nele o corporal, o
purificatório, o cálice e o missal, a não ser que se prepare na credência” (IGMR 49).

b) Procissão das oferendas Neste momento trazem-se os dons em forma de


procissão. Lembrando que o pão e o vinho representam o que é o homem e o que ele
faz, esta procissão deve revestir-se do sentimento de doação, ao invés de ser apenas
uma entrega da água e do vinho ao sacerdote.

c) Apresentação das oferendas a Deus O sacerdote apresenta a Deus as


oferendas através da fórmula: Bendito sejais... E o povo aclama: Bendito seja Deus
Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
para sempre! Este momento passa despercebido da maioria das pessoas devido ao
canto do ofertório. O ideal seria que todo o povo participasse desse momento, sendo o
canto usado apenas durante a procissão e a coleta fosse feita sem as pessoas saírem
de seus locais. O canto não é proibido, mas deve procurar durar exatamente o tempo
da apresentação das oferendas, para que o sacerdote não fique esperando para dar
prosseguimento à celebração.

d) A coleta do ofertório Já nas sinagogas hebraicas, após a celebração da


Palavra de Deus, as pessoas costumavam deixar alguma oferta para auxiliar as
pessoas pobres. E de fato, este momento do ofertório só tem sentido se reflete
nossa atitude interior de dispormos os nossos dons em favor do próximo. Aqui, o que
importa não é a quantidade, mas sim o nosso desejo de assim como Cristo, nos darmos
pelo próximo. Representa o nosso desejo de aos poucos, deixarmos de celebrar a
eucaristia para nos tornarmos eucaristia.

e) O lavar as mãos Após o sacerdote apresentar as oferendas ele lava suas mãos.
Antigamente, quando as pessoas traziam os elementos da celebração de suas casas,
este gesto tinha caráter utilitário, pois após pegar os produtos do campo era
necessário que lavasse as mãos. Hoje em dia este gesto representa a atitude, por
parte do sacerdote, de tornar-se puro para celebrar dignamente a eucaristia.

f) O Orai Irmãos... Agora o sacerdote convida toda assembléia a unir suas


orações à ação de graças do sacerdote.

g) Oração sobre as Oferendas Esta oração coleta os motivos da ação de graças e


lança no que segue, ou seja, a oração eucarística. Sempre muito rica, deve ser
acompanhada com muita atenção e confirmada com o nosso amém!

2. A Oração Eucarística

É na oração eucarística em que atingimos o ponto alto da celebração. Nela,


através de Cristo que se dá por nós, mergulhamos no mistério da Santíssima Trindade,
mistério da nossa salvação:

“A oração eucarística é o centro e ápice de toda celebração, é prece de ação de


graças e santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na
oração e na ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai por Jesus Cristo
em nome de toda comunidade. O sentido desta oração é que toda a assembléia se una
com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício” (IGMR
54).

a) Prefácio Após o diálogo introdutório, o prefácio possui a função de introduzir a


assembléia na grande ação de graças que se dá a partir deste ponto. Existem
inúmeros prefácios, abordando sobre os mais diversos temas: a vida dos santos, Nossa
Senhora, Páscoa etc.

b) O Santo É a primeira grande aclamação da assembléia a Deus Pai em Jesus


Cristo. O correto é que seja sempre cantado, levando-se em conta a maior fidelidade
possível à letra da oração original.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
c) A invocação do Espírito Santo Através dele Cristo realizou sua ação quando
presente na história e á realiza nos tempos atuais. A Igreja nasce do espírito Santo,
que transforma o pão e o vinho. A Igreja tem sua força na Eucaristia. Esse momento
chama-se Epíclese.

d) A consagração Deve ser toda acompanhada por nós. É reprovável o hábito de


permanecer-se de cabeça baixa durante esse momento. Reprovável ainda é qualquer
tipo de manifestação quando o sacerdote ergue a hóstia, pois este é um momento
sublime e de profunda adoração. Nesse momento o mistério do amor do Pai é renovado
em nós. Cristo dá-se por nós ao Pai trazendo graças para nossos corações. Daí ser
esse um momento de profundo silêncio.

e) Preces e intercessões Reconhecendo a ação de Cristo pelo Espírito Santo em


nós, a Igreja pede a graça de abrir-se a ela, tornando-se uma só unidade. Pede para
que o papa e seus auxiliares sejam capazes de levar o Espírito Santo a todos. Pede
pelos fiéis que já se foram e pede a graça de, a exemplo de Nossa Senhora e dos
santos, os fiéis possam chegar ao Reino para todos preparados pelo Pai.

f) Doxologia Final É uma espécie de resumo de toda a oração eucarística, em que


o sacerdote tendo o Corpo e Sangue de Cristo em suas mãos louva ao Pai e toda
assembléia responde com um grande “amém”, que confirma tudo aquilo que ela viveu. O
sacerdote a diz sozinho.

RITO DA COMUNHÃO

A oração eucarística representa a dimensão vertical da Missa, em que nos unimos


plenamente a Deus em Cristo. Após alcançarmos a comunhão com Deus Pai, o
desencadeamento natural dos fatos é o encontro com os irmãos, uma vez que Cristo é
único e é tudo em todos. Este é o momento horizontal da Missa. Tem também esse
momento o intuito de preparar-nos ao banquete eucarístico.

a) O Pai-Nosso É o desfecho natural da oração eucarística. Uma vez que unidos a


Cristo e por ele reconciliados com Deus, nada mais oportuno do que dizer: Pai nosso...
Esta oração deve ser rezada em grande exaltação, se for cantada, deve seguir
exatamente as palavras ditas por Cristo, quando as ensinou aos discípulos. Após o Pai
Nosso segue o seu embolismo, ou seja, a continuação do último pensamento da oração.
Segue aqui uma observação: o único local em que não dizemos “amém” ao final do Pai
Nosso é na Missa, dada a continuidade da oração expressa no embolismo.

b) Oração pela paz Uma vez reconciliados em Cristo, pedimos que a paz se
estenda a todas as pessoas, presentes ou não, para que possam viver em plenitude o
mistério de Cristo. Pede-se também a Paz para a Igreja, para que, desse modo,
possa continuar sua missão. Esta oração é rezada somente pelo sacerdote.

c) O cumprimento da Paz É um gesto simbólico, uma saudação pascal. Por ser um


gesto simbólico não há a necessidade em sair do local para cumprimentar a todos na
Igreja. Se todos tivessem em mente o simbolismo expresso nesse momento não seria
necessária à dispersão que o caracteriza na maioria dos casos. Também não é
permitido que se cante durante esse momento, uma vez que deveria durar pouco
tempo.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
d) O Cordeiro de Deus O sacerdote e a assembléia se preparam em silêncio para
a comunhão. Neste momento o padre mergulha um pedaço do pão no vinho,
representando a união de Cristo presente por inteiro nas duas espécies. A seguir
todos reconhecem sua pequenez diante de Cristo e como o Centurião exclamam:
Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e
serei salvo. Cristo não nos dá apenas sua palavra, mas dá-se por amor a cada um de
nós.

e) A comunhão Durante esse momento a assembléia dirige-se à mesa eucarística.


O canto deve procurar ser um canto de louvor moderado, salientando a doação de
Cristo por nós. A comunhão pode ser recebida nas mãos ou na boca, tendo o cuidado
de, no primeiro caso, a mão que recebe a hóstia não ser a mesma que a leva a boca.
É um gesto de amor e adoração a Jesus Sacramentado neste momento comungarmos
de joelho e na boca. Aqueles que por um motivo ou outro não comungam, por não se
encontrarem devidamente preparados (estado de graça santificante) é importante que
façam desse momento também um momento de encontro com o Cristo, no que
chamamos de Comunhão Espiritual. Após a comunhão segue-se a ação de graças, que
pode ser feita em forma de um canto ou pelo silêncio, que dentro da liturgia possui
sua linguagem importantíssima. O que não pode é esse momento ser esquecido ou
utilizado para conversar com quem está ao nosso lado.

f) Oração após a comunhão Infelizmente criou-se o mau costume em nossas


assembléias de se fazer essa oração após os avisos, como uma espécie de convite
apressado para se ir embora. Esta oração liga-se ainda a liturgia eucarística, e é o
seu fechamento, pedindo a Deus as graças necessárias para se viver no dia-a-dia
tudo que se manifestou perante a assembléia durante a celebração.

RITOS FINAIS

“O rito de encerramento da Missa consta fundamentalmente de três


elementos: a saudação do sacerdote, a bênção, que em certos dias e ocasiões
é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo, ou por outra forma mais
solene, e a própria despedida, em que se despede à assembléia, afim de que
todos voltem ás suas atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas
obras” (IGMR 57).

a)Saudação Para muitos, este momento é um alívio, está cumprido o preceito


dominical. Mas para outros, esta parte é o envio, é o início da transformação do
compromisso assumido na Missa em gestos e atitudes concretas. Ouvimos a Palavra de
Deus e a aceitamos em nossas vidas. Revivemos a Páscoa de Cristo, assumindo também
nós esta passagem da morte para a vida e unimo-nos ao sacrifício de Cristo ao
reconhecer nossa vida como dom de Deus e orientando-a em sua direção.

b)Avisos Sem demais delongas, este momento é o oportuno para se dar avisos à
comunidade, bem como para as últimas orientações do presidente da celebração.

c)Benção Final Após, segue-se a bênção do sacerdote e a despedida. Para alguns


liturgistas, esse momento é um momento de envio, pois o sacerdote abençoa os fiéis
para que estes saiam pelo mundo louvando a Deus com palavras e gestos, contribuindo
assim para sua transformação. Vejamos o porquê disso.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
d)Despedida Passando a despedida para o latim ela soa da seguinte forma: “Ite,
Missa est”. Traduzindo-se para o português, soa algo como “Ide, tendes uma bênção
e uma missão a cumprir”, pois em latim, missa significa missão ou demissão, como
também pode significar bênção. Nesse sentido, eucaristia significa bênção, o que não
deixa de ser uma realidade, já que através da doação de seu Filho, Deus abençoa
toda a humanidade. De posse desta boa-graça dada pelo Pai, os cristãos são re-
enviados ao mundo para que se tornem eucaristia, fonte de bênçãos para o próximo.
Desse modo a Missa reassume todo seu significado.

O USO DO INCENSO NA STª MISSA

A incensação pode ter os seguintes significados:

1. Sagração das oblatas à imitação dos sacrifícios do AT;

2. Uma oferta simbólica das orações da Igreja;

3. Na Incensação das pessoas, vê-se uma participação coletiva nos dons;

4. Símbolo de respeito e de veneração para com os dons;

5. Símbolo da Graça, o bom odor de Cristo, que d’Ele chega aos fiéis pelo
ministério do Sacerdote;

Usa-se o incenso na Liturgia da Missa nos seguintes momentos:

1. Ritos Iniciais: Na entrada à frente da Cruz processional e para a incensação do


Altar e da Cruz;

2. Rito da Palavra: À frente na procissão do Evangelho e na proclamação do


mesmo;

3. Rito Sacramental: Na incensação das Oferendas e do Altar e da Cruz, na


incensação da Igreja (Celebrante e Povo), e na Consagração;

7. Missa Crismal Com Bispo Diocesano


Na Sacristia permanece somente o cerimoniário, o Mitrífero e o Baculífero. Na
chegada do Bispo o Cerimoniário se necessário ajuda o Bispo com a Paramentação e
faz todas as combinações necessárias referente à homilia, rito do crisma, Oração
Eucarística, avisos e benção.

Na porta da igreja o outro Cerimoniário junto com os demais Acólitos prepara a


procissão de entrada e faz se o comentário inicial, a procissão faz-se da seguinte
forma: Cerimoniário e o Turiferário - Vela, Cruz e Vela – Naveteiro – Coroinhas –
Acólitos –Leitores – Ministros – Diáconos – Padres – Bispo - Mitra e Báculo – Missal –
Cerimoniário.

Chegando o Bispo ao pé da escada ele depõe a Mitra e entrega o Báculo

No Altar já se preparam o Turiferário e o Naveteiro


Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
Após o Bispo beijar o Altar o Turiferário e o Naveteiro se apresentam para a
incensação o Bispo deita incenso e recebendo o Turíbulo incensa todo o Altar

Terminando a incensação o Bispo entrega o turíbulo e vai para a cátedra

O padre da às Boas Vindas ao Bispo; Nisto entra o Ambão ou se combinado só o


Acólito com o Missal e dá inicio aos rito iniciais.

Ato Penitencial normal

Glória (s for tempo de quaresma ou advento omite-se o glória)

Se não foi usado o Missal conforme combinado com o Bispo o Missal entra logo no
fim do Glória ou se não for cantado o Glória no fim do Ato Penitencial

Após a oração da coleta o Bispo se senta e recebe a Mitra.

Primeira Leitura, Salmo; Neste momento o Turiferário e o Naveteiro vão preparar o


Turíbulo

Segunda Leitura; neste momento saem os ceroferários para se prepararem em oração


e as velas concentrando-se para sua função.

Terminando a segunda Leitura o responsável pelos livros retira o Lecionário da mesa


da palavra.

Aclamação ao Evangelho terminando o Comentário entra o Turiferário pelo lado


esquerdo do Altar e o Naveteiro pelo lado Direito. Ajoelham-se os dois a frente do
Bispo e o Bispo benze o incenso; Logo após a entrada do Naveteiro se não houver a
presença do círio Pascal, os Ceroferários se encaminham para a mesa da palavra junto
com o Cerimoniário que ficará com o Microfone se for necessário. Mais se o círio
estiver lá apenas entra o Cerimoniário

O bispo depõe a Mitra e fica de pé assim que o diácono começa a incensar o


Evangeliário, o bispo recebe o báculo

Após a proclamação do Evangelho entra o Ambão se for ser usado pelo Bispo ai o
Bispo entrega o Báculo e põe a Mitra se não for usar o Ambão ele provavelmente fará
a homilia com o Báculo então ele só colocara a Mitra, pois o Báculo já estará com ele

Terminada a homilia o Acólito responsável Retira o Evangeliário da mesa da Palavra.

Após a homilia o Bispo dará inicio ao rito do Crisma aproxima-se dele o Cerimoniário
com o ritual da iniciação Cristã e o Bispo dará inicio a renovação das promessas
batismais e o Símbolo (Renuncio e Creio)

O Bispo depõe a mitra e de mãos estendidas faz a oração (isso é opcional de cada
Bispo alguns fazem com a Mitra)

Se o Bispo depôs a Mitra anteriormente ele a coloca e junto do Diácono se aproxima


dos Crismandos para a Unção com o Óleo do crisma

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Crisma-se os candidatos.

Quase no fim dos Crismandos já se prepara os acólitos com o Lavabo para o Bispo um
com o jarro de Água, outro com a bacia e a toalha e outro com o sabonete o limão.

Depois o Bispo depõe a Mitra

Faz-se a Oração da Comunidade

Já se preparam na credencia os coroinhas com as ofertas e os acólitos que ficaram


com o Missal e o Ambão se o mesmo foi usado pelo Bispo. Também o Turiferário
prepara o Turíbulo e o Naveteiro aguarda em silêncio se concentrando para realizar
sua função

Começando o ofertório entram as ofertas e o missal. Após a entrada das galhetas já


se preparam o Turiferário e o Naveteiro para o rito da incensação. Tendo o Bispo
feita toda à incensação ele se apresenta diante do Diácono para ser incensado se não
houver diácono o Cerimoniário deve fazer a incensação do Bispo o Reverenciando antes
e depois da incensação. Feito isso Vai e incensa o povo com 1 ducto no centro e 1 a
cada lado.

Feita a incensação do Bispo entra o lavabo com 2 coroinhas um com a bacia e o


manustérgio e outro com o jarro de água.

Após a Oração sobre as Oferendas o cerimoniário retira o solidéu do Bispo

Na sacristia permanece o Naveteiro esperando o Turiferário para entrar na


consagração

Quase no fim do canto do Santo entra o Turiferário do Lado Esquerdo e o Naveteiro


do lado Direito ficando em pé em a frente do presbitério após o toque do sino da
santificação faz-se a reverencia e ajoelham-se os dois a consagração segue normal
fazendo-se os três ductos de cada lado ou todos no centro para o Pão e também para
o vinho que se tornam Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Assim que o Bispo dizer Eis o
mistério da fé, os Acólitos levantam-se e após a resposta eles fazem novamente a
reverencia e saem do altar.

Segue normal todo o resto da Oração até a comunhão; o Bispo tendo saído para
distribuir a comunhão o Acólito responsável pelo Missal já retira tudo do Altar. Missal
acrílico e demais pertences que devem ser retirados do altar

O Bispo terminando de servir a Comunhão retorna ao altar onde já se Prepara o


acólito com o Purificatório para o Bispo

O bispo retorna a Cátedra e recebe o solidéu.

Tendo em vista que o canto da comunhão está terminando entra o Acolito com o
missal com ou sem o Ambão para a oração pós comunhão. O Bispo faz a oração e o
Acólito com o Ambão e o Missal se retira o Bispo se senta para ouvir os Avisos que o
Padre direciona a assembléia após os avisos segue homenagens e também o

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Agradecimento ao Bispo se houver a entrega de presentes ao Bispo o Cerimoniário se
aproxima dele e recebe o presente.

Terminando o Avisos o Bispo recebe a Mitra e dá inicio a Benção Final

Atrás do Altar já se prepara a Procissão de Saída que devera sair na mesma ordem
em que entrou.

No momento das palavras abençoe o Deus.... O Bispo recebe o Báculo e termina a


benção; Depois beija o Altar reverencia a cruz ou não e sai à procissão da mesma
forma que entrou.

Escala

Cerimoniário 1-(responsável pelo Bispo e seus pertences)

Cerimoniário 2-(responsável pelos demais Acólitos e o Ambão)

Cerimoniário 3-(Mitrífero)

Cerimoniário 4-(Baculífero)

Acólito 1-(Turiferário e pegar o Presente do Bispo das mãos do Cerimoniário)

Acólito 2-(Naveteiro e pegar o Presente do Bispo das mãos do Cerimoniário)

Acólito 3-(Cruz Processional, Lecionário e Sabonete c/ Limão)

Acólito 4-(Vela, Evangeliário, Lavabo e Missal)

Acólito 5-(Vela, Bacia, Coroinhas e Purificatório)

Objetos

- Turíbulo: Se utiliza na entrada, para incensar o altar no inicio da missa, no


evangelho, no ofertório e na consagração.

-Naveta: Se utiliza na entrada, para incensar o altar no inicio da missa, no


evangelho, no ofertório e na consagração.

- Velas: Se utiliza na entrada e no evangelho se no estiver o círio no presbitério.

- Cruz Processional: Se utiliza na entrada e na saída.

- Mitra: Se utiliza na entrada, na liturgia da palavra (durante as leituras), homilia,


no rito do crisma (durante a unção dos crismandos) e na Benção final.

- Báculo: Se utiliza na entrada, no evangelho, na homilia (se for de preferência do


Bispo) e na benção final.

- Solidéu: Se utiliza antes de subir ao presbitério, durante os ritos iniciais da


missa, no evangelho, na renovação das promessas batismais e o símbolo (renuncio e
Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
creio), ofertório, oração sobre as ofertas e depois que terminar de distribuir
comunhão.

- Lavabo, bacia, sabonete e limão: apenas depois que o Bispo terminar de fazer a
unção com o óleo do crisma

Obs.: A única parte da celebração em que o bispo permanece sem mitra, solidéu e

báculo é desde a oração eucarística até ação de graças, onde ele coloca a solidéu.

7.1 Comunhão nas mãos

A Comunhão foi ministrada nas mãos dos fiéis até o século IX. Por causa de abusos
e profanações, a partir daí a Igreja preferiu ministrar a Comunhão na boca. Depois
do Concílio Vaticano II a prática antiga da Comunhão nas mãos foi restaurada, sob
certas condições. No dia 3 de abril de 1985 a Sagrada Congregação Para o Culto
Divino, publicou a seguinte Notificação:
Protocolo 720/85
A Santa Sé, a partir de 1969, mantendo sempre em toda a Igreja o uso de distribuir
a Comunhão, concede às Conferências Episcopais que o peçam, e em condições
determinadas, a faculdade de distribuir a Comunhão na mão dos fiéis. Esta faculdade
é regida pelas Instruções Memoriale Domini e Immensae Caritatis (29 de maio de
1969, AAS 61, 1969, 541´546; 29/1/1973, AAS 65, 1973; 264´271) assim como
pelo Ritual De Sacra Communione publicado aos 21/6/1973, n.21. Todavia parece útil
chamar a atenção para os seguintes pontos: 1. A Comunhão na mão deve manifestar,
tanto quanto a Comunhão recebida na boca, o respeito para com a real presença de
Cristo na Eucaristia. Por isso será preciso insistir, como faziam os Padres da Igreja,
sobre a nobreza dos gestos dos fiéis. Assim, os recém batizados do fim do século IV
recebiam a norma de estender as duas mãos fazendo “com a esquerda um trono para a
Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
direita, pois esta devia receber o Rei” (5ª Catequese Mistagógica de Jerusalém, n.21;
PG 33, Col. 1125; São João Crisóstomo, homilia 47, PG 63, Col. 898, etc.). 2.
Seguindo ainda os Padres, será preciso insistir sobre o Amém que o fiel diz em
resposta às palavras do ministro: “O Corpo de Cristo”. Este Amém deve ser a
afirmação da fé: “Quando pedes a Comunhão, o sacerdote te diz “O Corpo de Cristo”,
e tu dizes “Amém”, “é isto mesmo”; o que a língua confessa, conserve-o o afeto” (S.
Ambrósio, De Sacramentis 4,25).

3. O fiel que recebe a Eucaristia na mão levá-la-á à boca antes de voltar ao seu
lugar; apenas se afastará, ficando voltado para o altar, a fim de permitir que se
aproxime aquele que o segue.

4. É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, que é a Comunhão com o Corpo de


Cristo e com a Igreja. Eis porque o fiel não deve ele mesmo retirar a partícula de
uma bandeja ou de uma cesta, como o faria se tratasse de pão comum ou mesmo de
pão bento, mas ele estende as mãos para receber a partícula do ministro da
Comunhão.

5. Recomendar-se-á a todos, especialmente às crianças, a limpeza das mãos, em


respeito à Eucaristia.

6. Será preciso previamente ministrar aos fiéis, uma catequese do rito, insistir sobre
os sentimentos de adoração e a atitude de respeito que se exige (cf. Dominicae
coenae n.11). Recomedar-se-lhes-á que cuidem de que não se percam fragmentos de
pão consagrado (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, 2/5/1972, prot.n. 89/71,
em Notitiae 1972, p. 227).

7. Os fiéis jamais serão obrigados a adotar a prática da comunhão na mão; ao


contrário, ficarão plenamente livres para comungar de um ou de outro modo. Essas
normas e as que foram recomendadas pelos documentos da Sé Apostólica atrás
citados, têm por finalidade lembrar o dever do respeito para com a Eucaristia
independentemente do modo como se recebe a Comunhão. Insistam os pastores de
almas não só sobre as disposições necessárias para a recepção frutuosa da Comunhão,
que, em certos casos, exige o recurso ao Sacramento da Penitência; recomendem
também a atitude exterior de respeito que, em seu conjunto, deve exprimir a fé do
cristão na Eucaristia. Da sede da Congregação para o Culto Divino, aos 3 de abril de
1985. († Agostinho Mayer Pró-Prefeito; † Virgílio Noé - Secretário). (Transcrito da
Revista Pergunte e Responderemos n º 283, 1985, p.512). Observação: Em nota
publicada no número de março-abril de 1999, no boletim Notitiae, a Congregação Para
o Culto Divino reafirmou o que prescreve o n.7 na Notificação acima, respondendo
sobre a obrigatoriedade de receber a Comunhão nas mãos: “Dos documentos da Santa
Sé depreende-se claramente que nas dioceses em que o pão eucarístico é depositado
nas mãos dos fiéis, a estes fica absolutamente garantido o direito de recebê-lo sobre
a língua. Aqueles que obrigam os comungantes a receber a santa Comunhão unicamente
nas mãos como também aqueles que recusam aos fiéis a Comunhão nas mãos nas
dioceses que utilizam tal indulto, procedem contrariamente às normas estabelecidas.
Segundo as normas referentes à distribuição da Santa Comunhão, estejam os
ministros ordinários e extraordinários particularmente atentos a que os fiéis consumam
imediatamente a partícula consagrada, de modo que ninguém se afaste com as
espécies eucarísticas nas mãos. Em todo caso é para desejar que todos tenham

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
presente que a tradição secular consiste em receber a Comunhão sobre a língua. O
sacerdote celebrante, caso exista perigo de sacrilégio, não dê a Comunhão nas mãos
dos fiéis e exponha-lhes as razões porque assim procede.” (Notitiae nº
392.393/1999, transcrito de Pergunte e Responderemos nº 457, junho de 2000

8. Ano Litúrgico
Objetivo: Conhecer a formação e a atual
constituição do período ou da unidade onde são
celebrados todos os mistérios cristãos.

Ano Litúrgico é o complexo das


celebrações através das quais são refletidos,
orados e celebrados todos os mistérios cristãos.
Nele se considera um Deus prometido que é
esperado, esse mesmo Deus feito homem e que
depois morre numa cruz e ressuscita, assim como
ensinamentos e exemplos que nos deixou:
caridade, perdão, oração.

O Ano Litúrgico segue uma ordem lógica: encarnação, nascimento de Jesus, seu
ministério, paixão, morte, ressurreição etc. Por meio dele se reflete a ação da
Santíssima Trindade na vida dos homens. Mas há ainda espaço para que se celebre a
colaboração dada ao plano de Deus por parte de tantas criaturas: Maria, José, João
Batista, os apóstolos. Trata-se de uma caminhada catequética, teológica, espiritual,
tendo em vista a parusia ou a liturgia na vida eterna: (Apoc 21-22).

É interessante que se considere, embora brevemente, a formação do Ano


Litúrgico e seu estado atual.

FORMAÇÃO DO ANO LITÚRGICO

A formação foi lenta, mas contínua. O ponto de partida foi a Páscoa que era
celebrada todos os domingos, isto é, o "primeiro dia da semana": (At 20,7ss.). Uma
vez fixada sua data pascal para celebrá-la com mais solenidade, automaticamente
foram surgindo os dias das festas a ela relacionadas: Ascensão (40 dias após a
ressurreição. At 1,5); Pentecostes (50 dias depois da comemoração pascal - Lev
23, 15-16; At 2, 1ss.). Do mesmo modo foram escolhidos os dias para Ramos,
Última Ceia Paixão e Morte de Jesus. A Quaresma surgiu para dar oportunidade
aos catecúmenos de melhor se prepararem para o batismo, na Páscoa.

Mas existem outros mistérios difíceis de ser precisados no calendário, ligados à


vida do Senhor. Por exemplo: a comunidade cristã estava interessada em celebrar o
nascimento de Jesus, e os evangelistas não disseram uma palavra a respeito do dia
e do ano. Tinham consciência de que não escreviam a biografia do Mestre; então,
mais que dados cronológicos, se interessaram pelo mistério do Deus-conosco.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Circunstâncias históricas levaram a escolher o dia 25 de dezembro como a data
natalícia de Jesus. Na ocasião, os romanos celebravam o solstício do inverno. Para
eles, aquela noite começava a ser menos longa. Era a vitória da luz sobre as trevas.
Havia, então, uma festa pagã de Natalis invicti, isto é, do Deus-menino-sol que
nascia e crescia para impor o domínio da luz. O significado se prestava para a
mensagem do Natal: Jesus, o sol da justiça (Mal 4,2 ou 3,20), Jesus, a luz do
mundo: Jo 8, 12. Deste modo, a festa pagã foi cristianizada e se passou a
celebrar o nascimento do Senhor no dia 25 de dezembro.

As primeiras notícias que temos dessa celebração estão no Cronógrafo de 354.

Como conseqüência lógica, é escolhido o dia 25 de março para a Anunciação de


Nossa Senhora (Lc 1,26ss.) e outros dias, perto do Natal, para celebrações como:
a Maternidade de Maria no primeiro dia do ano, Magos (Mt 2,1ss.) no dia 6 de
janeiro, Sagrada Família. Mais ou menos da mesma maneira foram sendo escolhidos
dias especiais para se comemorar São José, São João Batista e outros Santos.

Assim foi se formando o atual Ano Litúrgico.

ANO LITÚRGICO, HOJE

A natureza repete anualmente as quatro estações e, repetindo, parece renovar-


se. É uma caminhada cíclica onde se sente a retomada de forças e de energias. Por
meio destas estações se penetra mais no mistério da vida e de suas manifestações.
A vida se repete anualmente, mas não de maneira idêntica: ela traz sempre algo
novo. É como repassar num mesmo lugar, porém num plano mais elevado e sempre a
caminho do infinito.

Assim acontece com o Ano Litúrgico. Ele volta sempre ao ponto de partida.
Anualmente é apresentado o mesmo mistério; por exemplo, o Natal. Só que cada
vez ele é iluminado diferentemente pelos diversos evangelistas: Ano A = Mateus;
Ano B = Marcos; Ano C = Lucas. João preenche determinados espaços vazios
deixados pelos Sinóticos. Exemplo: só o IV Evangelho fala do Lava-pés, passagem
proclamada na Quinta-feira Santa: Jo 13, 1ss.).

Além disso, o cristão que hoje medita deverá


estar mais enriquecido do que quando o fez no ano
anterior, pois a Palavra de Deus não deixa de
produzir o seu fruto: (Is 55, 10-11). Com isto,
de celebração em celebração, de ano em ano, se
encaminha para a concretização, no encontro com
Cristo, para a liturgia sem fim: (Apoc 21-22).

O desenho, ao lado, pode ilustrar o que se está


dizendo. Como não poderia deixar de ser, o Ano
Litúrgico começa com o Advento, que é a
preparação para o Natal, e termina com a

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
solenidade de Cristo Rei. A partir daí, começa outro Ano Litúrgico, então iluminado
por outro evangelista.

Advento são as quatro semanas que antecedem o Natal e prepara os corações


para melhor penetrar seus mistérios. A seguir vem o Natal e festas a ele
relacionadas: Sagrada Família, Maternidade de Maria, Magos.

A Semana Santa é precedida pela Quaresma. São cinco semanas preparatórias


para as grandes celebrações do cristianismo: Paixão, Morte e Ressurreição de
Jesus. Começa na Quarta-feira de Cinzas. Na Semana Santa, além de Ramos, se
celebram a Última Ceia, a Morte do Senhor e a Ressurreição.

Após a Ressurreição, seguem seis semanas nas quais se rememora a vitória da


vida sobre a morte, o triunfo de Cristo, o triunfo da humanidade. Na Quinta-feira
após o 6º Domingo de Páscoa é a 5º solenidade da Ascensão. No Brasil, por não ser
feriado, a Ascensão é celebrada no domingo seguinte, que seria o 7º de Páscoa.
Também as solenidades de Pentecostes e Santíssima Trindade ocupam domingos de
Tempo Comum, sendo que com a primeira festa se encerra o ciclo pascal.

As restantes 34 semanas do ano constituem o Tempo Comum. Ele está entre o


ciclo natalino e a Quaresma, assim como entre o ciclo pascal e o Advento posterior.
Estas duas partes, a saber, a que intermedeia o ciclo natalino e a Quaresma, e a
que intermedeia o ciclo pascal e o Advento posterior, variam de tamanho, de ano
para ano, conforme a Páscoa, que é festa móvel, isto é, que não tem data fixa,
está mais próxima ou mais distante do Natal. Exemplo:

1991 - Páscoa: dia 31 de março;

1992 - Páscoa: dia 19 de abril.

Com isso, em 1991, entre o ciclo natalino e a Quaresma foram colocados cinco
domingos do Tempo Comum. Entre o ciclo pascal e o Advento, os restantes 29
domingos. O mesmo não se dá em 1992, pois a Páscoa está mais perto do Natal do
mesmo ano. Portanto, sobrará mais espaço entre o ciclo do Natal e a Quaresma.
Justamente por esta razão, entre ambos foram colocados oito domingos do Tempo
Comum. Os restantes 26 ficaram entre o ciclo pascal e o Advento.

Nessas alturas é de se recordar que o 1º Domingo do Tempo Comum é


substituído pela celebração do Batismo de Jesus, assim como o 34º é pela
solenidade de Cristo Rei. Durante o Tempo Comum acontecem solenidades como
Santíssima Trindade, Corpo de Deus.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
A evolução do Ano Litúrgico pode ser ilustrada pelo seguinte gráfico:

a) início do Advento e do Ano Litúrgico que não coincide com o ano civil.
Durante quatro semanas (Advento) a Igreja se prepara para o mistério natalício
do Senhor. Tem início o ciclo natalino.

b) Natal. Até a solenidade do Batismo do Senhor, a liturgia respira o ambiente


da gruta de Belém, mesmo nas celebrações da maternidade de Maria, Sagrada
Família, Epifania.

c) Batismo do Senhor. Com esta celebração se encerra o ciclo natalino. A partir


daí, tem início o Tempo Comum.

d) Tempo Comum. O espaço entre o Batismo do Senhor e a Quaresma é


preenchido por um determinado número de domingos. A quantidade varia conforme a
localização da Páscoa no ano em curso, como se falou acima. É a primeira parte do
Tempo Comum.

e) Com a Quarta-feira de Cinzas começa a Quaresma. São cinco semanas que


culminam na Semana Santa.

f) Páscoa. A ela segue uma série de sete domingos, chamados domingos de


Páscoa.

g) Pentecostes. Termina o ciclo pascal que começou com a Quaresma.

h) Tempo Comum. Continua a partir da interrupção acontecida por ocasião da


Quaresma, como se vê na letra d.

i) Festa de Cristo Rei. Último domingo do Ano Litúrgico. Seria o 34º Domingo
do Tempo Comum. Depois desta solenidade começa outro Ano Litúrgico, começa o
Advento.

Numa leitura apressada e superficial uma Missa é cópia da outra. Não é o que
acontece; cada uma está localizada num determinado ponto do Ano Litúrgico.
Portanto cada uma é portadora de mensagens próprias. Além do mistério pascal
celebrado por todas elas, são enriquecidas pela memória própria da festa, própria
do tempo.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
O exemplo, embora singelo, pode ilustrar o que afirmamos: é possível comer
arroz todos os dias; a variação do tempero deixará a impressão de se estar
comendo alimento diferente. O tempero ou o modo diferente de se preparar o arroz
dão o toque especial, deixando a impressão de se comer algo completamente novo.
Ignorar o momento litúrgico que se vive é empobrecer sobremaneira a riqueza dos
mistérios celebrados. O ideal é saber integrar o mistério pascal de cada Missa com
a memória própria do tempo, da festa.

As memórias próprias das festas ou do tempo litúrgico são melhor detectadas e


evidenciadas pelas chamadas partes móveis da Missa: orações, leituras, cânticos.
São como o tempero que dá o sabor especial à comida.

Conhecer o Ano Litúrgico é condição fundamental para melhor se penetrar na


alma das celebrações.

OS MISTÉRIOS DO ANO LITÚRGICO

Objetivo: Penetrar mais aprofundadamente a alma das diversas celebrações que


acontecem no decurso do Ano Litúrgico.

Seria uma gafe verdadeiramente desastrosa, no convívio social, confundir um


aniversário ou um casamento com um funeral. Para cada ocasião existe uma
celebração e é importante que se saiba qual é o mistério celebrado. E é
precisamente o mistério que faz com que uma celebração seja diferente da outra.
Então, o conhecimento do mistério celebrado faz com que se assuma este ou aquele
rito.

Se na vida social existem tantos mistérios, o mesmo se dá no Ano Litúrgico. É


perfeitamente compreensível que ele comece com o Natal. Com esta solenidade
meditamos, para viver, o grande dom do Pai para a humanidade, Cristo vem a nós,
para que por meio dele possamos ir ao Pai: Jo 14,6. A celebração deste mistério
cria condições para se viver o Natal eterno.

Sendo uma solenidade tão marcante no Ano Litúrgico, é antecedida pelo Advento,
que é o período de preparação. Advento significa chegada. Tudo conclama pela
especial vinda do Senhor: cânticos, orações, leituras. Assim a Igreja se prepara
igualmente para a vinda definitiva de Cristo. Há uma conotação de penitência, no
Advento, pois é como se sentisse ainda a falta de alguém. A cor litúrgica é o roxo.

Ao lado da ausência daquele pelo qual se clama, há uma certeza: ele vem, ele
está cada vez mais próximo, não se espera em vão. Então se faz presente também
um clima de alegria. Por isso é comum o uso do paramento rosa no 3º Domingo do
Advento, também conhecido como Domingo Gaudete = alegrai-vos. Do início do
Advento até o dia 16 de Dezembro, o clima é de preparação remota, enquanto que
a partir do dia 17, respira-se a proximidade do Natal com textos e antífonas
especiais.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
O Natal é o ponto alto do ciclo natalino que começa com o Advento. Nele se
celebra o mistério do "Deus-conosco", o qual será vivido um dia plenamente na
separação entre o Pai e a humanidade, levantado pelo pecado: Gên. 3, 23-24. É a
manifestação da predileção divina para com o povo judaico, e a Epifania mostra que
este amor se abre a todos os povos. Outras solenidades como Maternidade de
Maria, Sagrada Família, celebradas na ocasião, de maneira alguma rompem o clima
amoroso da gruta de Belém.

A partir do Natal, a cor é festiva: branco.

Após a Epifania seguem-se uns domingos do Tempo Comum. Quanto ao número


destes domingos, como já se falou, depende da maior ou menor proximidade da
Páscoa. A cor do Tempo Comum é o verde.

O que é o Tempo Comum? Antes de se responder, é importante distinguir o


mistério Cristo do mistério de Cristo.

Por mistério Cristo se celebra alguém que se tornou o único em nossa vida:
Cristo. No Ano Litúrgico o Senhor é diferentemente celebrado: ora como criança,
ora como alguém torturado e morto na cruz, ora como ressuscitado, ora como
exaltado junto do Pai. Tudo é feito nas diversas solenidades, nos ciclos dos quais se
falou: pascal...

Todavia, o Ano Litúrgico reflete também o que Jesus fez e ensinou. Por exemplo,
o mandamento do amor, o perdão, a preocupação com os sofredores, com os
pecadores.

Então, se o mistério Cristo se celebra Jesus, no mistério de Cristo se celebram


os ensinamentos de Jesus, o que fez e como viveu.

Durante o Tempo Comum não celebramos os mistérios de Cristo. Este período da


liturgia é bastante rico e variado, completando as celebrações dos ciclos e dos
tempos especiais.

A Páscoa, como o Natal, é precedida por um período dilatado de preparação: a


Quaresma. São cinco semanas que antecedem a Semana Maior (Semana Santa) a
partir da Quarta-feira de Cinzas. O espírito deste período é marcadamente
penitencial. No passado a Quaresma se reduzia a uns dias de oração, de jejum e
abstinência antes da Páscoa. Recordando o prolongado período de recolhimento feito
por Jesus (Mt 4,2), a Quaresma passou há ter 40 dias. A cor é o roxo.

As orações e as leituras quaresmais insistem no tema da redenção onerosa do


Filho de Deus.

Depois do 5º Domingo da Quaresma começa a Semana Santa. O ponto alto é o


Tríduo Pascal: Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Páscoa, com grande
destaque para a Vigília Páscoa.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Na Vida do Cristão-Católico o ponto mais Alto é a Santa Missa, na Semana o
Domingo e no Ano é a Solene Vigília Pascal.

Na Quinta-feira Santa (paramentos brancos) se celebram: a Última Ceia, o


Lava-pés, a Instituição da Eucaristia. É um dia carregado de sentido e de
mistérios.

Sexta-feira Santa: paramentos


vermelhos. Toda a atenção da
Igreja se volta para o drama de
amor do Filho de Deus que é
injustiçado, torturado, assassinado,
levado à pior das mortes (cruz), num
esforço de ser apresentado como
maldito de Deus: Deut 21,22-23.

No Sábado Santo, os paramento são


brancos. Á noite tem início a Vigília
Pascal. É reconhecida como a mãe
das vigílias. A cada momento cresce
o clima de esperança, de alegria e
de festa. A celebração é movimentada e carregada de sentido. Lamentavelmente a
maioria dos cristãos, incluindo tantos que se consideram engajados e mais
esclarecidos, não descobriu a solenidade e a riqueza desta noite das noites, que
com suas trevas é capaz de iluminar o mais claro dos dias. Vem a seguir a Missa da
Ressurreição ou Missa da Aleluia. Celebra-se não só o triunfo de Jesus, como o da
humanidade, em Cristo. Sabe-se que não vivemos em vão.

Por muitos anos e para aliviar o período rigoroso de jejum, passou-se a celebrar
a Vigília Pascal no Sábado Santo pela manhã. Tanto que era conhecido como Sábado
de Aleluia. Reformas litúrgicas restituíram o antigo horário noturno, evocando os
cristãos que passavam a noite em vigília, rezando, cantando, proclamando a Palavra,
iluminados e aquecidos pela fogueira. Até o raiar da aurora, quando celebravam com
júbilo a ressurreição do Senhor.

Atualmente a celebração da Páscoa é antes da meia-noite. É que para os judeus


o dia não começa com a zero horas e sim com o surgimento da primeira estrela.
Então, ao escurecer do Sábado Santo, para todos os efeitos, começam os primeiros
momentos do Domingo.

Com a Páscoa, maior solenidade cristã, tem início o período pascal. São sete
domingos, por sinal, chamados de Páscoa: 2º, 3º Domingo de Páscoa etc. A cor é a
branca. O ciclo pascal, que inclui a Quaresma, termina com a solenidade de
Pentecostes celebrada com paramentos vermelhos. Ascensão e Pentecostes ocupam
os últimos domingos de Páscoa.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
O Tempo Comum, que foi interrompido pelo início da Quaresma, recomeça a
partir do Ciclo Pascal. Esta segunda parte termina com a solenidade de Cristo Rei,
que é celebrada com paramentos brancos. E como já se falou, com esta festa
termina o Ano Litúrgico.

A ilustração ao lado em forma de círculo do Ano Litúrgico pode dar uma idéia
mais completa do que se falou até agora.

Por brevidade não se fala de outras festas que enriquecem o Ano Litúrgico, como
as de Nossa Senhora, São José, etc.

9. Sacrifício da Santa Missa

O Sacrifício da Santa Missa é o mesmo


Sacrifício do Calvário, atualizado pela
Liturgia de maneira Sacramental, com toda sua
eficácia redentora.
Como sacrifício cruento, ou seja, com
derramamento de sangue, o sacrifício da cruz
não é repetível, pois Cristo morreu uma só vez
pelos nossos pecados, oferecendo-se a si mesmo
(cf. Hb7,27; 9,28a; 10,12; 1Pd 3,18) e, na
véspera de sua paixão, quis o Divino Mestre tornar
perene tal Sacrifício, de louvor
principalmente, ao Deus Altíssimo (cf. Ml 1,11).
Celebrada, pois, em memória de Cristo, (cf. Lc
22,19; 1Cor 11,23-24), a Missa não é, porém,
simples lembrança ou memorial do Sacrifício de
Cristo, mas o sacrifício como tal, presente no
mistério maior da Eucaristia.
No princípio, a Missa chamava-se também “Ceia do Senhor” (cf. 1cor 11,20) e,
“Fração de Pão” (cf. At 2,42). Por vontade do Senhor, nas espécies do pão e do
vinho, transubstanciados, Ele se faz presente, de maneira viva, para ser alimento
salutar de seu povo, em feliz peregrinação à Casa do Pai, Presença Real, como
sabemos.
Compreendemos que, Jesus Cristo ao instituir a Eucaristia não quis
simplesmente deixar um memorial da Sua Paixão, mas que renovássemos este
Sacrifício, agora de uma forma incruenta, ou seja, sem derramamento de sangue,
mas com toda sua eficácia redentora. Cremos que Jesus está realmente presente na

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Eucaristia que celebramos, mesmo que com os nossos olhos não podemos ver, com o
nosso paladar não podemos sentir Cristo está espiritualmente presente, “Ele está no
meio de nós”.
Cristo é, ao mesmo tempo, sacerdote, altar, cordeiro (vítima) e Deus.
Sacerdote, por quem somos reconciliados, Ele é quem oferece o Sacrifício; Altar,
onde somos reconciliados, Altar é o lugar onde é oferecida a vítima em sacrifício;
Cordeiro, pelo qual somos reconciliados, o Cordeiro é a vítima oferecida no Altar
pelo Sacerdote em reparação pelos nossos pecados; e Deus, com quem somos
reconciliados. E na verticalidade dessa reconciliação, acontece também a
reconciliação em dimensão horizontal, isto é, com a natureza e conosco. A Cruz nos
apresenta a dupla dimensão da reconciliação cristã: vertical e horizontal.
Na Santa Missa somos reconciliados com Deus, pelo eficácia redentora do
Mistério Celebrado na Liturgia, como também, somos reconciliados conosco mesmo e
com o nosso próximo, pois a vivência sincera do Evangelho e de todo o Rito Litúrgico
deve nos impulsionar a uma “Metanóia”, ou seja, uma Conversão sincera.
Cristo, na Santa Missa, ora ao Pai por nós, por nós se oferece real e
misticamente, obtendo de Deus Pai todos os favores espirituais de que precisamos.
Ele se faz presente na pessoa do Ministro Ordenado, ou seja, Presbíteros,
Bispos...; que preside na assembleia cristã reunida, na Palavra de Deus que se
proclama e nos gestos de pura realidade litúrgica. Sua Presença é ainda mais viva
nas espécies eucarísticas, Mistério Sublime de Nossa Fé.
A Santa Missa é, ao mesmo tempo, profunda Ação de Graças, Sacrifício de
Louvor, de expiação e de propiação. É a maior de todas as Celebrações Litúrgicas,
contendo em si mesma o Mistério Pascal de Cristo, em toda sua plenitude e
santidade.
A Santa Missa é também Celebração de Fraternidade e, ao mesmo tempo, sua
fonte viva, pois sendo pura Ação de Graças, leva-nos não somente à comunhão com
Deus, mas também, como exigência do próprio Deus, à comunhão com os nossos
irmãos. Constrói-se, pois, a fraternidade a partir da Celebração Eucarística, a
oração do Pai Nosso, antes da comunhão, quer nos despertar para esse compromisso
da Eucaristia.
A Eucaristia nos leva à Comunhão com Deus, primeiramente e também com os
irmãos, pois não há como dizermos que estamos em comunhão com Deus se não
estamos em comunhão com nossos irmãos.

10. A Celebração Do Mistério Cristão

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
UMA PEQUENA INTRODUÇÃO

1 - O Catecismo da Igreja Católica (CIC), na parte alusiva à liturgia, nos traz


uma rica exposição, tanto de natureza doutrinária, como de pastoral litúrgica.
Neste estudo, visando um aprofundamento do tema proposto, vamos nos servir, em
parte, do valioso subsídio do Catecismo, tentando uma síntese dos aspectos
primordiais da liturgia, naquilo que para nós é mais objetivo e prático, sobretudo
para a nossa prática pastoral e celebrativa.
2 - Pela liturgia, Cristo manifesta, comunica e torna presente a sua obra de
redenção, através da Igreja, até que, novamente, ele venha (1Cor 11,26). Durante
este tempo novo, e na dinâmica escatológica, Cristo vive e age na Igreja,
santificando-a pela ação de seu Espírito, e fazendo com que também ela seja sinal
referencial de salvação para o mundo, em sua índole missionária, sobretudo quando
celebra os sacramentos. A Tradição do Oriente e do Ocidente chama a esse agir de
Cristo economia sacramental, que consiste na dispensação ou comunicação dos frutos
de seu Mistério Pascal, o que se dá, pois, de modo mais pleno e eficaz, na
celebração da liturgia.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
3 - Como se sabe, a liturgia é, antes de tudo, obra da Santíssima Trindade.
Portanto, a Trindade é sua essência e seu fundamento. No âmago do mistério
trinitário, o Pai é fonte e fim da liturgia; o Filho, plenamente glorificado, está
presente nas celebrações litúrgicas (Cf. Mt 18,20; SC 7), e constitui sua
centralidade. Já o Espírito Santo é a alma da liturgia, o sopro animador de Deus,
que prepara os fiéis, no fervor, para o acolhimento de Cristo, recordando e
atualizando o seu Mistério Pascal e, assim, promovendo a
verdadeira comunhão no Corpo visível de Cristo.
4 - A catequese da liturgia deve firmar-se então, segundo o
CIC, primeiramente na compreensão da economia sacramental, o
que, certamente, revelará a novidade das celebrações, não
reduzindo estas a meros ritos, às vezes estranhos, sem vida e
descomprometidos. Aqui, se enfatiza então tudo aquilo que, na
diversidade das tradições litúrgicas, é comum à celebração dos
sacramentos, o que se dá, podemos dizer, num tríplice aspecto:
cristológico, enquanto ação de Cristo e de seu sacerdócio;
pneumatológico, visto que é pelo Espírito Santo que a obra de
Cristo se realiza plenamente; e eclesiológico, dado que a obra da
redenção acontece com a mediação da Igreja, na participação da
tríplice dignidade de Cristo: profética, régia e sacerdotal.

11. Liturgia e Teologia da Stª Missa

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
Uma Breve Introdução

"Liturgia é uma ação sagrada, através da qual, com ritos, na Igreja e pela Igreja,
se exerce e prolonga a obra sacerdotal de Cristo, que tem por objetivos a
santificação dos homens e a glorificação de Deus" (SC 7).

Introdução: ”Liturgia não é somente a “Festa do Rei Jesus...”

Um dos nossos maiores pecados hoje em dia é reduzirmos o assunto liturgia à


celebração da missa e defini-la apenas como um conjunto de rituais e orações que nos
levam ao céu. E tudo isso fruto de uma crescente automação religiosa, que podemos
perceber a cada domingo em nossas assembléias litúrgicas. As pessoas vão à missa
sem saber o porquê de estarem ali e nem o que está acontecendo perante elas. São
meros espectadores do preceito dominical ensinado por seus pais. Talvez seja por isso
que nós católicos sejamos tão criticados.

Destinados àqueles que querem assumir em plenitude o mistério que Cristo confiou à
sua Igreja, e romper com “tradicionalismos”, este manual, de maneira simples e
objetiva, abordará de um modo geral a liturgia em si, dedicando, a seguir, uma
atenção especial ao rito da missa, que é muito mais que “a festa do Rei Jesus...”

Uma breve palavra sobre história da salvação

O gráfico acima é uma representação do plano de salvação de Deus para a


humanidade. Vale aqui recordar que o sentido da palavra “salvar” em Teologia significa
“unir com Deus”. O gráfico mostra como Deus, após a queda original, age na história
da humanidade, até que esta assuma sua plenitude, conforme os planos originais do Pai
(I Jo 3,2).

E como se dá a ação do Pai na história? Ela é essencialmente Cristológica. Cristo é


o nosso intercessor ao longo de toda história (Ef 1), por ele somos salvos. De fato,
Cristo esteve presente no início da história, pois todas as coisas foram criadas nele
(Jo 1,3). Está presente junto ao povo da antiga aliança, através da promessa,
manifestada através dos patriarcas e profetas. Encarna-se na plenitude dos tempos,
salvando-nos definitivamente através de sua paixão, morte e ressurreição. Ascende
aos céus, prometendo permanecer conosco até o fim dos tempos (Mt 28,20). Presença
essa mística, manifesta em sua Igreja e em seus sacramentos - a liturgia. No final
dos tempos Cristo retornará para levar toda criação à plenitude.

Definição

Após considerarmos estes aspectos, podemos apropriar-nos da definição que a


Igreja faz da liturgia:

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
“Liturgia é uma ação sagrada, através da qual, com ritos, na Igreja e pela Igreja,
se exerce e prolonga a obra sacerdotal de Cristo, que tem por objetivos a
santificação dos homens e a glorificação de Deus” (SC 7).

Em outras palavras, a liturgia é a continuidade do plano de salvação do Pai, através


da presença mística de Cristo nos sacramentos, que são administrados e perpetuados
pela Igreja. Note-se, à Igreja cabe a missão de continuar a obra de Cristo, que se
dá, sobretudo, através da liturgia. Sem liturgia, não há Igreja e sem Igreja não há
liturgia. E sem liturgia não há continuidade no mistério da salvação da humanidade.

A Liturgia da Missa

Sentido, valor e utilidade

Certa ocasião, numa cidade do interior, o bispo da diocese fora visitar as obras de
construção de uma Igreja. Ele então viu vários operários carregando tijolos de um
lado para outro e resolveu conversar com alguns deles:

- O que você está fazendo?

E o primeiro responde-lhe:

- Carrego tijolos.

O segundo, feita a mesma pergunta, responde:

- Estou garantindo o leite de meus filhos.

Fazendo a mesma pergunta a um terceiro operário, este responde ao bispo:

- Estou ajudando a construir uma igreja, aonde as pessoas virão agradecer a Deus
por tudo que ele faz em suas vidas.

Três pessoas, a mesma ação. E para cada uma delas a ação tinha um sentido
diferente. É o mesmo que ocorre com a missa. Para alguns, não há sentido, pois
fazem seus atos sem ter consciência deles. Outros têm uma visão muito individualista
do que fazem, e por fim há os que enxergam o todo da realidade em que participam,
fazendo seus atos terem um sentido total. E nós, em qual grupo nos encaixamos?

Antes de respondermos, analisemos o sentido da missa. A missa é uma celebração.


E celebrar, “é tornar presente uma realidade através de um rito”. Na celebração,
temos sempre presentes o passado, o presente e o futuro, que em breves momentos
unem-se num tempo só, a eternidade. E qual a finalidade de uma celebração?
Nenhuma. A celebração possui valor. Aliás, as coisas mais importantes do homem como
o lazer, o amor, a arte, a oração não tem uma finalidade produtiva, mas sim valor. E
o valor da missa é tornarmos presente a paixão-morte-ressurreição de Cristo através
da celebração, e assim participarmos mais ainda do mistério de salvação da
humanidade.

Vale a pena ainda lembrar que, ao tornarmos presente o sacrifício de Cristo não
quer dizer que estejamos novamente sacrificando o Cristo. Partindo do princípio que a

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15
salvação de Cristo não se prende à nossa visão de presente, passado e futuro, mas
coloca-se no nível da eternidade, podemos afirmar que Cristo ao morrer na cruz salva
todos os homens em todos os tempos, e a cada instante. É como se em cada missa,
você estivesse aos pés da cruz contemplando o mistério da redenção da humanidade. E
é o que acontece em cada missa, em cada eucaristia celebrada. E aí está o amor de
Cristo ao dar-se na Eucaristia, em forma de alimento.

“Receita” de Missa

Para realizarmos uma missa precisamos de alguns ingredientes, assim como uma
receita de bolo:

a) A palavra de Deus

b) Altar

c) Assembleia (no mínimo uma pessoa);

d) Intenção do que se faz da parte de quem Celebra;

e) Ministro ordenado (padre ou bispo);

f) Pão, água e vinho.

Estes são os ingredientes indispensáveis a qualquer celebração eucarística. Sobre


cada um deles, explicaremos no decorrer de cada parte da missa.

Uma mudança de palavras

Outrora, a missa não possuía este nome, mas era chamada de ceia do Senhor ou
eucaristia. De fato, a missa é uma ceia onde nos encontramos com os irmãos para
juntos alimentarmo-nos do próprio Deus, que se dá em alimento por sua Palavra e pelo
pão e o vinho. E a missa também é eucaristia. O que vem a ser isso?

Eucaristia significa ação de graças. No capítulo 24 do livro do Gênesis, vemos um


exemplo de ação de graças. Após a morte de sua esposa Sara, Abraão pede ao seu
servo mais antigo que procure uma esposa para seu filho Isaac. O servo parte em
busca desta mulher, mas como iria reconhecê-la? Pede a Deus um sinal e o servo a
reconhece quando uma bela jovem dá de beber de seu cântaro ao servo e seus
camelos. E qual sua reação após este fato? “O servo inclinou-se diante do Senhor.
Bendito seja, exclamou ele, o Deus de Abraão, meu senhor, que não faltou à sua
bondade e à sua fidelidade. Ele conduziu-me diretamente à casa dos parentes de meu
Senhor” (Gn 24,26-27). Eis aqui uma ação de graças.

Quais os seus elementos? Temos antes de tudo um fato maravilhoso, uma bênção,
um benefício, uma graça alcançada, manifestação da bondade de Deus. Depois, a
admiração. O servo inclina-se diante do Senhor. Esta admiração manifesta-se pela
exclamação e aclamação. Ele não faltou à sua bondade e à sua fidelidade. Proclama,
então, o fato, narra o acontecimento, o benefício, a Bênção recebida. Todos estes
elementos encontram-se no contexto da Missa, como vimos no “ Santa Missa Parte-a-
Parte”.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

O Santo Sacrifício da Missa é o Mistério da Paixão de Jesus Cristo perpetuado, é a


Ação Sagrada, Mistérica, celebrada pela Ação Simbólica, nos Ritos.

12. Você sabe quem é o Cerimoniário?

O leigo pode livremente, uma vez que foi escolhido pelo pároco, exercer a função
de Cerimoniário. Quando o Cerimoniário é um leigo deve vestir a batina simples e
sobrepeliz e orientar as cerimônias presididas pelo Bispo ou pelo Padre. Nas Normas
litúrgicas não existem critérios sobre a escolha do Mestre de cerimônias.

Para que uma celebração principalmente quando envolve solenidade ou a presença do


Bispo ocorra “sem atropelos” chamamos a atenção para uma pessoa muito importante:
o mestre de cerimônias ou cerimoniário. O mestre de cerimônia apresenta-se
revestido de túnica ou veste talar (batina) com sobrepeliz. No caso de ser um
diácono, pode dentro da celebração vestir a dalmática e as restantes vestes próprias
da sua ordem.Ele deve ser um perfeito conhecedor da Sagrada Liturgia, e também o
que esta relacionado com a área pastoral, para saber como deve ser organizada cada
celebração, para promover a participação do povo de forma ativa.
Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias
15
Ele prepara e dirige em intima colaboração com o Bispo e as demais pessoas que
também a função de coordenar as diferentes partes da celebração, principalmente no
aspecto pastoral. Antes da Missa deve combinar com os cantores, assistentes,
ministros tudo o que cada um tem a fazer. Porém, dentro da própria celebração, deve
agir com suma descrição, não falar sem necessidades, não ocupar o lugar dos diáconos
ou dos assistentes.

Com isso concluímos que o cerimoniário deve executar o que lhe foi confiado com
piedade, paciência e diligencia.

De acordo com as orientações da igreja, “para que uma celebração maior, ou


celebração solene, brilhe pelo decoro, simplicidade, ordem e nobreza, é preciso um
mestre de cerimônias (cerimoniário), que a prepare e dirija, em íntima colaboração
com o presidente da celebração e demais pessoas que têm por ofício coordenar as
diferentes partes da mesma celebração (entradas, apresentações, etc), sobretudo no
aspecto pastoral.

O cerimoniário dever conhecer a sagrada liturgia, sua história e natureza, suas leis
e preceitos. Mas deve ao mesmo tempo ser versado em matéria pastoral (conhecer a
realidade da comunidade local), para saber como devem ser organizadas as
celebrações, quer no sentido de fomentar a participação frutuosa do povo, quer no de
promover o decoro das mesmas. Deve observar as leis das celebrações sagradas, de
acordo com o seu verdadeiro espírito, bem como as legítimas tradições da Igreja
particular (Igreja local – diocese local) que forem de utilidade pastoral.
É ele quem combina com os cantores, coroinhas, ministros, Diáconos e Presidente da
celebração (presbítero ou bispo), tudo o que cada um tem que fazer e a dizer, porém
dentro da celebração, deve agir com discrição” (cerimonial dos Bispos – p. 26). Em
suma, é ele quem cuida para que tudo o que está previsto e prescrito para a
celebração, seja realizado de forma organizada.

Cerimoniário é o ministro, ordenado ou não, responsável pela organização das


celebrações litúrgicas, entre elas a missa, na Igreja Católica. Para tal pode haver um,
dois ou mesmo uma equipe de cerimoniários, sendo um deles o cerimoniário-mor e os
demais cuidam de partes específicas da celebração. Não existe nenhuma necessidade
de o cerimoniário, estar em preparação para o sacramento da ordem.

Funções
São funções do cerimoniário organizar as procissões sejam elas de entrada de saída,
ou ainda procissões externas à Igreja. Também por e depor as insígnias episcopais
(báculo e mitra), bem como o solidéu. Também segurar a casula do sacerdote
celebrante nas incensações do altar, das oblatas, da cruz, círio pascal e imagens. É
também dever do cerimoniário organizar coroinhas e acólitos. Durante a procissão do
sanctus em direção ao altar, conduz o turiferário, o naveteiro e os ciroferários. E
organiza-os de modo que o turiferário fique ao centro, de um lado o naveteiro e ele
deve ficar do outro. Aos lados destes situam-se os ceroferários.

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

Veste
O cerimonial dos bispos recomenda que o cerimoniário se
vista com batina e sobrepeliz. Para os cerimoniários
pontifícios oficiais usa-se batina violácea, para os demais
batina
234

13. Referências Bibliográficas


 IGMR - Instrução Geral sobre o Missal Romano

 Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas

 Missal Romano

 Cerimoniaele Episcoporum – Cerimonial dos Bispos


(Cerimonial da Igreja)

 Didaqué (Catecismo dos primeiros cristãos)

 Catecismo da Igreja Católica (CIC)

 Documentos do Concílio Vaticano II (PO, SC, LG, GS)

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias


15

 A Sagrada Liturgia - Documentos Pontifícios - Nº 144

 Rito das Ordenações

 Góis, João de Deus. Breve Curso de Liturgia. São


Paulo, Ed. Loyola, 1987

 Beckhäuser, Alberto. A Liturgia da Missa. Teologia e


Espiritualidade da Eucaristia. Petropólis, Ed. Vozes,
1993.

 Bíblia de Jerusalém. Paulus, 1996.

 Bíblia da CNBB, 2008

 Documentos da Congregação para o Culto Divino

 Documentos da Congregação para a Doutrina da Fé

 Documentos da Congregação para o Clero

Manual de Liturgia - Mysterium Fidei – Mestres de Cerimônias

Você também pode gostar