Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Índice
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................4
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................14
I – INSTRUMENTOS DE TRABALHO...............................................................................................14
INTRODUÇÃO
verbo “Crer” no início de cada artigo, finalizado pelo Ámen. O Credo cristão desenrola-se na
É desta estrutura (trinitária) que o Credo católico toma quatro secções importantes:
“Uma primeira parte de teor dogmático (…). A segunda secção é de cariz eclesiológico (…).
respetivamente, a afirmação da fé em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, sendo a
parte de Jesus a mais trabalhada, estudando a pessoa de Jesus e a sua obra; a Igreja nas suas
dimensões (una, santa, católica e apostólica); o baptismo e o impacto que têm na vida dos
crentes; e, por fim, a ressurreição da mansão dos mortos e a restauração permanente da vida
divina.
1
LAMELAS, I., Sim, cremos: o credo explicado pelos padres da Igreja, Universidade Católica Editora, Lisboa,
2013, p. 128.
2
Cf. Ibidem, p. 129.
3
Ibidem, p.129.
Confissão Teológica
Como já referimos, a fé cristã confessa um só Deus que, por sua vez, é três Pessoas
que participam simultaneamente de todos os atributos divinos pela substância. De reparar que
o vocábulo “Deus” só aparece uma vez depois do verbo “Crer”. Isto para salvaguardar o
reconhecemos que Deus é Pai e atribuímos-lhe a Omnipotência e o facto de ser Criador “…do
céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”. No entanto, crer em Deus não é, puri
simplesmente, acreditar que Ele existe (credere Deum), mas também na sua essência, naquilo
que faz e nos diz (credere Deo). Esta afirmação é originária, pois desta partem todas as outras
afirmações ao longo do Credo, na medida em que revelam como Deus se revelou único e
verdadeiro. O primeiro adjetivo atribuído a Deus é, então, o de Pai, porque através do Espírito
é gerado o Filho que já existia antes da Criação, e também porque para além de Criador, é
Confissão Cristológica
4
Ibidem, p. 141.
Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor.
A afirmação acima citada é a mais central da fé cristã. Este artigo, pela sua
importância, tem várias formulações nem sempre coincidentes. Confessar que Jesus é,
verdadeiramente, Filho de Deus é das afirmações mais seguras que podemos fazer no que diz
demonstrando uma relação de paternidade real e natural. Porém radica, igualmente, do Pai em
relativas a Cristo5.
de confessar a Fé, isto porque está bem assegurado no Novo Testamento: “E o Verbo fez-se
carne e habitou entre nós; E vimos a sua glória, que recebe do Pai, como unigénito, cheio de
graça e de verdade.”7
A Igreja quis com isto garantir o sentido da Encarnação, obra do Espírito e papel da
de Jesus, bem como a sua condição divina. Com a afirmação destas dimensões (divina e
humana) que são, por sua vez, inseparáveis, a Igreja pretende precaver-se de debates
descrentes no que diz respeito à Encarnação. Santo Inácio de Antioquia, afirma até que totus
homo e totus Deus para mostrar a dimensão humana e divina de Jesus, e também: “Jesus
descida do Verbo de Deus ao mundo temporal e das criaturas por Deus criadas, sem perdendo
nenhum dos seus atributos que antes era, tornou-se no que ainda não era, “temporal e
homem”9 Esta descida do Lógos divino de tornar-se homem, assumiu também a fragilidade
humana, excetuando o pecado10. Deus encarnou para que a carne se eleva-se à condição divina
e para que, com a sua encarnação salvar os que n’Ele cressem, aceitando assim “ser
da Vida. A Patrística afirma e reafirma, inúmeras vezes, que o Verbo encarnou para que o
homem atingisse a condição divina, estabelecendo uma Nova Aliança, uma reconciliação do
pelo Espírito Santo. Há aqui uma preocupação em assegurar a humanidade de Jesus: “nasceu
virgindade e que Ele é fruto do Espírito Santo. Sempre que se fala de Maria e do que a ela diz
verdade, os atributos a Maria são causa da Confissão Cristológica, isto é, o atributo de Virgem
é-lhe atribuído por Jesus ter sido gerado pela Espírito Santo, passando para outro nível de
metafísica).
Irineu em Adversus Haereses, expõe que só temos salvação pela carne porque Deus se
fez carne, na Pessoa de Jesus, gerado pelo Espírito Santo na Virgem Maria, resgatando-nos
9
LAMELAS, I., Sim, cremos: o credo explicado pelos padres da Igreja, Universidade Católica Editora, Lisboa,
2013, p. 172.
10
Hb 2, 17; 4, 15.
11
JUSTINO, I Apol., 63, 16.
12
Ibidem, 46, 5.
pelo seu Sangue. 13
Assim, Santo Atanásio diz que “Se foi a partir dos homens que a morte
dominou… foi então por meio da Incarnação do Verbo de Deus, que se produziu a destruição
Como sabemos pelos Evangelhos, Deus encarnou num ambiente pobre. Podia, decerto,
ter nascido em Roma, como refere Teódoto de Ancira, mas “…escolheu tudo o que é pobre e
referência a este visa esclarecer a realidade da paixão e morte de Cristo. Isto quer transmitir a
mensagem que o Reino de Deus anunciado manou na história de forma definitiva com a Sua
Paixão. A história redentora já não é uma ideologia, mas sim um acontecimento que teve
lugar no tempo. Assim, também a confissão da fé e o anúncio da mesma devem ser feitos
publicamente, individualmente.
No que diz respeito à sua sepultura, também integra as primeiras confissões de fé. Esta
é entendida como iniciação para a Ressurreição, que é a afirmação seguinte. No entanto, está
também ligada à afirmação da “descida à mansão dos mortos”. Sobre esta, apesar de não ser
referida explicitamente no Novo Testamento, teve uma fácil aceitação. As fontes afirmam que
ele foi sepultado, mas S. Paulo afirma a soberania do Filho de Deus sobre os mortos16.
Cristo, libertando-o dos grilhões da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o
domínio da morte”17 No entanto, as passagens bíblicas que mais sobre isto se referem são as
convicção que se tornou artigo da Fé cristã. Ao longo da História, esta afirmação foi aceite,
atestada e, em alguns Credos, omitida. Na Tradição cristã do Oriente, por exemplo, não se faz
13
Cf. IRINEU, Adversus Haereses, V, 2, 2-3.
14
ATANÁSIO, Sobre a Encarnação do Verbo, 9, 1.
15
TEÓDOTO DE ANCIRA, Sermão para o Natal do Senhor: Ele fez-se pobre para nos enriquecer a todos.
16
Cf. Cl 1, 18; Fl 2, 10.
17
Act 2, 24.
referência à descida aos infernos, no entanto, professa-se a sepultura. Foi a partir de
Alexandria, no século III, que esta tese começou a ser definida. Assim, a descida do Verbo
não termina na terra, mas mais fundo, isto é, ao “mundo subterrâneo” que, cosmologicamente,
Logo, com esta descida, demostra-se a kenosis e a solidariedade do Filho de Deus para
com todos os que haviam morrido, crentes e não crentes. Com esta argumentação afirma-se a
soberania absoluta de Cristo e a sua universal intervenção no mundo para salvar os homens.
Na antiga Tradição, acreditava-se que a salvação dizia respeito aos homens justos do Antigo
Testamento. Verificou-se, então, que a descida à mansão dos mortos por parte de Cristo foi de
querigma.
Após a Ressurreição, Jesus Cristo “subiu ao céu, onde está sentado à direita de Deus
Pai”. A ascensão e o facto de se ter sentado no trono à direita de Deus só vêm sublinhar a
ascensão do Crucificado.
O vocábulo céu toma duas definições: enquanto homo religiosus, exprime o para além
homem se move. Daí a nossa necessidade de usar termos espácio-temporais para nos
referirmos ao que tudo transcende. Assim, como crentes, assumimos que há algo para além da
nossa vida na terra, isto é, o céu é a próxima morada e, desde sempre, a morada de Deus (“Pai
nosso, que estais no céu…”). Todas as expressões que atribuímos a Deus têm um caráter
simbólico porque são sempre inadequadas e limitadas à nossa razão. Por isso, a ideia de céu é
como a dignidade superior que lhe diz respeito. Ao voltar a sentar-se à direita, Jesus volta
também a toda a glória, honra, potestade que lhe pertencem e nunca renunciou.
O juízo final dos vivos e dos mortos é outra afirmação que já vem desde a Tradição
mais antiga. Esta a Igreja sempre professou e integrou nas suas fórmulas de fé. A esperança
cristã. Uma vez que ascendeu, voltará nos últimos dias para julgar definitivamente. Por isso, é
denominado como dia do juízo, mas também como salvífico de todos que creem em Jesus,
como um desejo! Não é objeto especulativo da teologia, mas é um fator importante da fé, do
Confissão Pneumatológica
Deus-Espírito Santo: Santa Igreja, Comunhão dos Santos, Perdão dos Pecados,
Santo que cabe a obra santificante e salvífica da Igreja, no que diz respeito ao perdão dos
18
PSEUDO-BARNABÉ, 1-6.
Quando professamos “creio no Espírito Santo” estamos a confessar a divindade e
dizer que “Jesus é o Senhor”19; do mesmo modo, só podemos chamar a Deus de pai, porque
nós, através do Espírito do seu Filho, clamamos: “Abbá! Pai!” 20 É o Espírito que nos dá a
conhecer o Pai e Cristo, primeiramente pelos profetas, mas mais claramente na Encarnação do
Verbo.
Santo, que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, que falou pelos
profetas”.
Santo na profissão de fé, alegando que este é o Dom comum do Pai e do Filho. É através do
O Espírito paráclito ensina-nos verdades que são demasiado para serem reveladas com
a voz, verdades essas inefáveis e que o homem não consegue proferir.21 Ao desacreditarmos
nele no que diz respeito à sua natureza, diferenciando-o do Pai e do Filho, estamos a difundir
também na santa Igreja. A Igreja é objeto de fé, porém não do mesmo modo que o é Deus
Trindade. Ao afirmar a nossa crença na Igreja não estamos a coloca-la no mesmo plano da
Trindade. Assim, a Igreja não é objeto de fé, mas é onde o objeto da fé age. E isso distingue-
se na fórmula de fé latina. Se no que diz respeito a Deus se diz “creio em…”, para a Igreja a
preposição é diferente, “creio a Igreja…”. A Igreja é o lugar onde o Espírito atua, não fazendo
19
Cf. 1Cor 12, 3.
20
Cf. Gl 4, 6.
21
Cf. ATANÁSIO, Cartas a Serapião, I, 4,
A Igreja foi qualificada como santa desde cedo, pois era a “nação santa” 22, da qual
fazem parte os santos. Ela distingue-se da congregação dos santificados pelo Espírito,
subsistindo “com a união da fé e da caridade num corpo unido e coeso” 23 Isto não é obra do
homem, mas sim de Deus, e é isto que faz com que a Igreja seja santa. É também chamada
Por outro lado, tem-se também mal interpretado a expressão “casta e pecadora”. Esta
quer dizer, em primeiro lugar, que é sempre santa, mas é formada por muitos povos que,
antigamente, por não fazerem parte do “povo eleito”, eram pecadores. O adjetivo de
“meretriz” explica-se com a missão da Igreja de se dar a todos, pois é universal e a todos leva
Mais tarde, alguns Padres da Igreja acham por bem acrescentar a fé na comunhão dos santos.
Espírito Santo na Igreja. Esta remissão dos pecados seria, então, paenitentia secunda, pois a
primeira é no Baptismo, isto porque Deus sabe que podíamos cair nas seduções do diabo,
dos cristãos é a ressurreição de Cristo” 26 Este acontecimento é central na vida dos cristãos,
Esta questão é das mais difíceis de explicar no Credo. Os Padre da Igreja sentem
22
1Pe 2, 9.
23
AMBRÓSIO, De officiis, III, 3.
24
Cf. TEODORO DE MOPSUESTIA, Homilias, X, 19.
25
Cf. TERTULIANO, De penitentia, 7, 10.
26
AGOSTINHO, Enarrationes in Psalmos, 120, 6.
metáforas naturais, percetíveis à nossa experiência humana. Esta dificuldade levou, então, a
que se escrevesse bastante sobre este tema como resposta ao dualismo gnóstico.
O Símbolo finda com a vida eterna. O Credo começa com a confissão de Deus,
culminando na vida eterna. Esta crença está bastante presente no Novo Testamento, e a vida
da fé é eterna por causa da Ressurreição, que anteriormente falamos. A vida eterna é dom de
Deus, concedido por Jesus na sua Paixão, tornando-nos herdeiros com Ele.
ÁMEN
Este “Ámen” final é como um sim sincero a Deus. “Ámen é uma palavra hebraica que
confiadamente a Deus.
Professamos um único Deus que é trino, que age hoje e nos sustenta.
BIBLIOGRAFIA
I – INSTRUMENTOS DE TRABALHO
LAMELAS, I., Sim cremos: o credo explicado pelos padres da Igreja, Universidade