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Credo ou profissão de Fé

O Concílio Vaticano I ensina-nos com toda clareza que é necessário crer com fé
divina e católica em tudo aquilo que está contido na palavra de Deus, escrita ou
transmitida pela Tradição, e em tudo o que a Igreja, seja por definição solene, seja
por seu Magistério ordinário e universal, propõe aos fiéis como divinamente
revelado (cf. Constituição Dogmática “Dei Filius”, c. 3, de 24 abr. 1870).
Em seus doze artigos, o ‘Creio’ sintetiza tudo aquilo que o católico crê
Desde o início de sua vida apostólica, a Igreja elaborou o que passou a ser
chamado de “Símbolo dos Apóstolos”, cujo nome é o resumo fiel da fé dos
apóstolos de Jesus. Foi uma maneira simples e eficaz de a Igreja exprimir e
transmitir a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos. Em seus doze
artigos, o ‘Creio’ sintetiza tudo aquilo que o católico crê. É como “o mais antigo
Catecismo romano”. É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma.
Os grandes santos doutores da Igreja falaram muito do ‘Credo’. Santo Irineu
(140-202), na sua obra contra os hereges gnósticos, escreveu: “A Igreja, espalhada
hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos apóstolos e de seus discípulos a fé num só
Deus, Pai e Onipotente, que fez o céu e a terra (…). Essa é a doutrina que a Igreja
recebeu; e essa é a fé que, mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com
zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa. E todos são unânimes
em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração. Essa fé anuncia,
ensina, transmite como se falasse uma só língua.  (Adv. Haer.1,9)
Elaborado segundo as escrituras
São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, disse: “Este
símbolo da fé não foi elaborado segundo as opiniões humanas, mas da Escritura
inteira, de onde se recolheu o que existe de mais importante para dar, na sua
totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém, em
um pequeníssimo grão, um grande número de ramos, da mesma forma este resumo
da fé encerra, em algumas palavras, todo o conhecimento da verdadeira piedade
contida no Antigo e no Novo Testamento (Catech. ill. 5,12)
Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja que batizou Santo
Agostinho, mostra de onde vem a autoridade do ‘Símbolo dos Apóstolos’ e sua
importância:
“Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro
dos apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão da fé” (CIC
§194). “Este símbolo é o selo espiritual, a mediação do nosso coração e o guardião
sempre presente; ele é seguramente o tesouro da nossa alma” (CIC §197).  Os seus
doze artigos, segundo uma tradição atestada por Santo Ambrósio, simbolizam com
o número dos apóstolos o conjunto da fé apostólica (cf. CIC §191).
O símbolo da fé, o ‘Credo’, é a identificação do católico. Assim, ele é
professado solenemente no dia do Senhor, no batismo e em outras oportunidades.
Todo católico precisa conhecê-lo com profundidade.
O credo contra as heresias
Por causa das heresias trinitárias e cristológicas, que agitaram a Igreja nos
séculos II, III e IV, ela foi obrigada a realizar concílios ecumênicos (universais)
para dissipar os erros dos hereges. Os mais importantes para definir os dogmas
básicos da fé cristã foram os Concílios de Niceia (325) e Constantinopla I (381). O
primeiro condenou o arianismo, de Ario, sacerdote de Alexandria que negava a
divindade de Jesus; o segundo condenou o macedonismo, de Macedônio, patriarca
de Constantinopla que negava a divindade do Espírito Santo.
Desses dois importantes Concílios originou-se o ‘Credo’, chamado “Niceno-
constantinopolitano”, o qual traz os mesmos artigos da fé do ‘Símbolo dos
Apóstolos’, porém de maneira mais explícita e detalhada, especialmente no que se
refere às Pessoas divinas de Jesus e do Espírito Santo.
Além desses dois símbolos da fé mais importantes, outros ‘Credos’ foram
elaborados ao longo dos séculos, sempre em resposta a determinadas dificuldades
ou dúvidas vividas nas Igrejas Apostólicas antigas. Um exemplo é o símbolo
“Quicumque”, dito de Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria; as profissões
de fé dos Concílios de Toledo, Latão, Lião, Trento e também de certos Pontífices
como a do Papa Dâmaso e do Papa Paulo VI (1968).
 
Nenhum dos símbolos é ultrapassado e inútil
O Catecismo da Igreja nos diz que “nenhum dos símbolos das diferentes etapas
da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam
a tocar e a aprofundar, hoje, a fé de sempre por meio dos diversos resumos que dela
têm sido feitos” (CIC § 193).
O Papa Paulo VI achou oportuno fazer uma solene Profissão de Fé no
encerramento do “Ano da Fé” de 1968. O Papa Paulo VI quis colocá-lo como um
farol e uma âncora para a Igreja caminhar nos tempos difíceis que vivemos, por
entre tantas falsas doutrinas e falsos profetas, que se misturam sorrateiramente
como o joio no meio do trigo, mesmo dentro da Igreja.
Paulo VI falou, na época, daqueles que atentam “contra os ensinamentos da
doutrina cristã”, causando “perturbação e perplexidade em muitas almas fiéis”.
Preocupava o Papa as “hipóteses arbitrárias” e subjetivas que são usadas por alguns,
mesmo teólogos, para uma interpretação da revelação divina, em discordância da
autêntica interpretação dada pelo Magistério da Igreja.
Sabemos que a Verdade nos leva à salvação (cf. CIC §851). São Paulo fala da
“sã doutrina da salvação” (2 Tm 4,7) e afirma que “Deus quer que todos se salvem e
cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4); e “a Igreja é a coluna e o
fundamento da verdade” (1Tm 3,15).

12 artigos do SÍMBOLO dos APÓSTOLOS ou CREIO


1.Creio em Deus Pai todo-poderoso Criador do céu e da terra.
2.E em Jesus Cristo, seu Único Filho, Nosso Senhor;
3.que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria;
4.padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.
5.Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia;
6.subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai; todo-poderoso;
7.donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
8.Creio no Espírito Santo;
9.na Santa Igreja Católica; na Comunhão dos Santos;
10.na Remissão dos pecados;
11.na Ressurreição da carne;
12.na Vida Eterna. Amém.
O Creio não é uma oração! É uma profissão de fé, por resumir a fé professada pelos
cristãos. É proclamado todos os domingos nas Missas. O Símbolo dos Apóstolos
(Creio) é tão importante que o Catecismo da Igreja Católica inicia com ele. É o resumo
de nossa fé. Todo cristão deve professar o Creio (Credo) todos os dias. Os catecúmenos
devem conhece-lo de cor antes do batismo É divido em 12 partes (artigos), por que é
chamado de símbolo? A palavra grega “Symbolon” que significava a metade de um
objeto quebrado, ao ter as partes juntadas, confirmavam a identidade do portador que
trazia o complemento do Symbolon.
Quais são, na Sagrada Escritura, as principais testemunhas da nossa Fé?
Há muitas testemunhas, em particular duas: Abraão, que, posto à prova, “creu em
Deus” (Rm 4,3) e sempre obedeceu a seu chamado, tornando-se “pai de todos os
crentes” (Rm 4,11.18); e a Virgem Maria, que realizou do modo mais perfeito, durante
toda a sua vida, a obediência da fé: “Fiat mihi secundam Verbum tuum – faça-se em
mim segundo a tua palavra” (Lc1,38). A obediência da fé • 144. Obedecer na fé é
submeter-se livremente à palavra escutada, por a sua verdade ser garantida por Deus,
que é a própria verdade. Desta obediência, o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe
é Abraão. A sua realização mais perfeita é a da Virgem Maria.
- Na prática, o que significa para o homem crer em Deus?
Significa aderir ao próprio Deus, confiando Nele e dando assentimento a todas as
verdades por Ele reveladas, porque Deus é a verdade. Significa crer num só em Três
Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
A fé é um ato pessoal
A fé é um ato pessoal, como livre resposta do homem a Deus que se revela. Mas é
ao mesmo tempo um ato eclesial, que se exprime na confissão: “Nós cremos”. Com
efeito, é a Igreja que crê. Desse modo, com a graça do Espírito Santo, ela precede, gera
e alimenta a fé de cada um. Por isso à Igreja é Mãe e Educadora.
“A fé é a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao
mesmo tempo uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último de sua
vida.” (CIC 26)
“Pela fé, o homem submete completamente sua inteligência e sua vontade a Deus.
Com todo seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escritura
denomina “obediência da fé” esta resposta do homem ao Deus que se revela.” (CIC
143)
“Um cristão que não se deixa atrair pelo Pai é um cristão que vive como um órfão”
Papa Francisco

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