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Equipando lideranças para o serviço do Reino

PANORAMA DO
ANTIGO TESTAMENTO
MATERIAL ADAPTADO POR
REV. ADILSON MACIEL DE ARAÚJO
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A SINGULARIDADE DA BÍBLIA
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I) CÂNON BÍBLICO
“1 Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas
mãos.
2 Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.
3 Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som;
4 no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos
confins do mundo...” (Salmos 19:1-4 RA)

1) INTRODUÇÃO
A maioria de nós manuseia e estuda diariamente a Bíblia, dando a ela enorme
importância, nela buscando resposta, alívio, soluções e crendo ser ela a Palavra de
Deus, sem que paremos para nos questionar com perguntas que afligem alguns como:

Por que surgiu a Bíblia?


Quando a Bíblia foi escrita?
Como a Bíblia foi escrita?
Quem determinou quais livros eram sagrados?
Como surgiram livros apócrifos?

No entanto, vamos tentar responder a estas perguntas, ainda que você até hoje
não tenha se preocupado em fazê-las.
O nosso Deus é um Deus que fala. Ele não se esconde. Os grandes
propósitos que Deus sempre teve para o homem desde sua criação, só poderiam e
podem ser alcançados e experimentados pelo homem por meio da revelação que
Deus o criador, faz à sua criatura humana, da sua divina vontade de seu caráter e
desses mesmos propósitos.
Ele começou falando no Éden diretamente ao homem:
 Andando com este pelo jardim (Gn. 3: 8 - 9);
 Por meio da consciência (Rm. 2: 14 - 15);
 E por meio da própria criação, (Sl.19: 1 - 4; Rm. 1: 19 - 20).
A princípio o homem não precisava de palavra escrita para ouvir Deus.
Ao invadir a história humana, o pecado tornou esta revelação insuficiente – pela
necessidade de ser revelado um Deus também Salvador. O homem afastou de Deus
que falava e teve sua consciência cauterizada (I Tm. 4:2).
Deus então providenciou uma revelação especial ao longo da história e por meio
de homens escolhidos diretamente orientados a registrarem o que lhes era revelado
(II Pe. 1: 21), a fim de que esta revelação permanecesse para todas as futuras
gerações (I Pd. 1: 23). Esta coletânea de livros ou de material revelados e registrados
chama-se Cânon Bíblico.
A Bíblia possui 66 livros escritos por cerca de 40 autores, durante um período
aproximado de 1.600 anos. (1500 a. C. – 95 A.D).
O primeiro autor sagrado foi Moisés e o primeiro registro da 1ª ordem a este
respeito encontramos em Êxodo 17:14.
Mas, como foram agrupados e escolhidos os escritos sagrados a partir de
Moisés?
Como chegamos aos nossos atuais 66 livros do Cânon?
Estes 40 autores sagrados foram reunidos e comissionados por Deus num
solene encontro a escreverem a futura Bíblia?
Como, se viveram em épocas tão diferentes quanto os 1.600 anos que vão de
Moisés a João?
E por que a Bíblia com Cânones diferentes?
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2) COMO FOI ESCRITA A BÍBLIA


O MATERIAL USADO:
 Papiro:

 Pergaminho:

 Velino:

 OUTROS MATERIAIS:
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b) INSTRUMENTOS:
 Cinzel:

 Estiletes:

 A p en a:

c) TINTA:
Geralmente era uma mistura de carvão, goma (cola) e água.

d) FORMA:

e) LINGUA
 Hebraico era a língua do povo de Israel – alguns trechos em aramaico – Esdras,
Jeremias e Daniel.
 Grego é a língua do Novo Testamento.
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f) TIPOS DE ESCRITAS

g) DIVISÃO DOS CAPÍTULOS E VERSÍCULOS


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3) DE QUE TRATA A BÍBLIA


A Bíblia tem cerca de 40 autores, mas na verdade, acima deles há um só autor:
DEUS, por sua PALAVRA, Ele revela Seu caráter, Seu querer, Sus atributos, Suas
promessas, mas sobre tudo o caminho da reconciliação com Ele mesmo. O caminho da
Salvação. Em suma CRISTO.
JESUS é a revelação encarnada de Deus. Cl. 1:15 - O capítulo 2 de Hebreus é
a Bíblia em resumo. O centro do A. T é a história de Israel. O centro do N.T é a Igreja.
Onde está Cristo? Em todas as páginas da Bílbia:
 Na história de Israel Jesus aparece tipificado, prometido e profetizado Is. 7: 14;
 Nos evangelhos está vivo;
 Na Igreja (epístolas) no NT Ele está sendo ensinado, vivido e aplicado.

4) OS TÍTULOS DADOS À BÍBLIA


 Escritura Sagrada
É o nome com o qual o NT se refere ao AT - Mt. 21: 42 - Lc 4: 21.
 Bíblia
O significado desta palavra no grego é livro. Isto nos fala da unidade que há nela,
pois é um livro composto de 66 livros. Deriva-se de Bibloj que era, ou o nome da
entre-casca do papiro ou derivado do nome do Porto Círio de onde os papiros eram
embarcados para todo mundo que os usavam. A palavra Bíblia aparece em Mc. 12:
26 traduzida como livro.
 Testamento
Este nome nos leva a considerar não os livros propriamente, mas o seu principal
assunto. Pois Testamentum é o termo latino correspondente ao grego, Diateke
que significa aliança, pacto, testamento, vontade. Aparece em Jr 31:31 – 34 - Lc
22:20.

O Antigo Testamento e o Novo Testamento referindo-se à Bíblia só começam a ser


usados no III século da era cristã.
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II) CONSIDERAÇÕES PRELIMIRES À HISTÓRIA DA


FORMAÇÃO DO CÂNON.

Como foram escolhidos os trinta e nove livros que compõem o


Antigo Testamento?

a) Os autores Sagrados ao receberem as revelações da parte de Deus, as


comunicaram verbalmente, contudo foram também orientados a registrarem de forma
escrita algumas – daquelas mensagens, para que ficassem para a posteridade. Ex. 34:
27-28; Is. 30:8.
Muitos homens usados por Deus no tempo do VT nada escreveram, por outro
lado muitos outros homens escreveram literatura religiosa nesta época, embora não
tivessem recebido orientação divina para isto.

b) O Cânon, ou seja o grupo de Livros Sagrados, não foi meramente o produto de


uma decisão conciliar, em um determinado momento histórico, mas sim um gradual
reconhecimento pelos Judeus da Autoridade Divina presente em alguns livros, então
escritos.
Esta coleção de livros acabou sendo posteriormente aprovada, agrupada e
fixada pelo concílio da Igreja.

c) Alguns princípios serviram de guia para determinação da CANONICIDADE de um


livro pela igreja primitiva.

 Tem autoridade divina? (É um assim diz o Senhor?)


 Foi escrito por um homem de Deus? É autentico?
 Tem poder para transformar vidas?
 Foi aceito pelo povo de Deus, lido e usado como regra de vida de fé?
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4 - Com certeza o mais preciso e verdadeiro teste de canonicidade é o testemunho


que o Espírito Santo dá à autoridade de sua própria palavra, provocando uma resposta
de reconhecimento, fé e submissão no coração do servo de Deus.

1) A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DO CÂNON DO VELHO TESTAMENTO


Os primeiros livros reconhecidos como Sagrados foram os que compõem a Lei:
(Ne. 8: 1; Sl. 119; Js. 1:7 - 8). Perceba quão cedo foi esta aprovação e uso.
A lei, entretanto foi esquecida com o passar do tempo, levando o povo a idolatria e
ao pecado em Israel, até que foi novamente encontrada durante o reinado de Josias
(620 a. C. - II Cr. 34:14 – 33).
No seguir da história, muitas das profecias registradas, provaram ser divinas pelo
seu fiel cumprimento e então foram aceitas como inspiradas e canônicas (Zc. 1: 4 - 6).
O terceiro grupo de livros aceitos como Sagrados foram os escritos compostos e
aceitos em tempos diversos (Lc. 24 – 44). Na época do silêncio profético (400 a. C
até o início da era Cristã) muitos livros históricos e poéticos circularam entre os
judeus. Entre estes alguns eram reconhecidamente sagrados, outros
reconhecidamente espúrios. E uns poucos duvidosos quanto a sua natureza. Para
este julgamento os judeus usaram alguns critérios:
1º) O conteúdo deste livro está em conformidade doutrinária com a lei?
2º) É fiel historicamente
3º) Foi escrito até o profeta Malaquias?

Foi neste tempo, por volta do ano 250 a.C. que um grupo de 70 estudiosos judeus,
na cidade de Alexandria, ao traduzir o Cânon Hebraico para o Grego, adicionou à Lei,
aos Profetas e aos Escritos já reconhecidos como sagrados, mais alguns livros sobre
os quais não se tinha ainda chegado a uma definitiva conclusão com respeito a
canonicidade. Esta versão chamou-se SEPTUAGINTA. Só mais tarde aqueles
livros de caráter duvidoso foram considerados espúrios pelos judeus, mas o Cânon da
Septuaginta já era considerado e usado por muitos grupos religiosos.
No ano 90 A.D. no Concílio de Jâmnia, os judeus definitivamente rejeitaram a
canonicidade dos livros Apócrifos e fixam o seu Cânon.
Aqui no entanto já claramente reconhecidos dois CANONES espalhados pelo
mundo. O judeu e o grego – (Septuaginta)
Entre os anos 385 e 405 A.D. Jerônimo traduziu a Septuaginta para o Latim
(Vulgata latina) e esta sempre foi a versão universal Católica Romana. Na reforma
Protestante, Lutero foi ao Hebraico, e surpreendeu-se não encontrando ali os
apócrifos; fazendo então uma nova versão para o idioma alemão, do Cânon judaico.
Em 1546, no Concílio de Trento, como contra-reforma, a Igreja Católica confirmou
o Cânon da Vulgata Latina e emitiu anátema contra sua rejeição.

2) O SIGNIFICADO DOS TERMOS CANÔNICOS, APÓCRIFOS E


PSEUDO-EPÍFRAGOS
a) Cânon – kka
annoonn - É uma palavra grega cujo significado primário é cana, vara de
medir. Secundariamente tomou o significado pretendido para definir os livros sagrados:
regra, padrão de aferimento. Cânon, neste sentido então, refere-se aos livros que
conformam com as regras ou padrões da inspiração e autoridade Divinos.

b) Apócrifos - a
appóókkrriiffoojj - Literalmente significa ocultos ou espúrios.
Secundariamente o sentido é aquilo que possui caráter duvidoso. São os 07 livros e
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mais 07 adições aos livros canônicos que fazem parte do Cânon Católico mas não são
aceitos como sagrados pelos judeus e protestantes, tendo contudo alto valor histórico.
São eles:
 Tobias;
 Judite;
 Sabedoria de Salomão;
 Eclesiastico;
 Baruque;
 I Macabeus;
 II Macabeus

As adições:
 Adções ao livro de Daniel (os 3 jovens na fornalha, Bel e o dragão, a história de
Suzana; oração de Manasés);
 Ester 10:4 – 16:24;
 III e IV Esdras.

c) Os Antilegomenas "os livros contra os quais se fala" ou Pseudo-Epígrafos.


São literaturas religiosos e apocalípticos, escritos com a pretensão de serem sagrados,
no entanto, nem discutidos como tal o foram, sendo por todos – Judeus, Católicos e
Protestantes rejeitados.
Ex.: Apocalipse de Sofonias, de Zacarias, de Esdras, Enoque e os doze Patriarcas.

3) CÂNON HEBRAICO, CATÓLICO E PROTESTANTE


Não parece ser dispensável dizer que a ordem de disposição dos livros só
tornou-se necessária, possível e clara à medida que um Cânon estabelecido substituiu
os rolos isoladamente estudados.
a) O Cânon hebraico é composto de 24 livros, divididos em três grupos: A Lei-
Torah, o profetas Nebhim e os escritos Kethubhim
 Torah (lei) – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
 Nebhim (profetas): Josué, Juizes, Samuel, Reis, Isaias, Jeremias, Ezequiel
e os Doze menores. Neste grupo ainda se inclui Daniel, Esdras, Neemias e
Crônicas, que para os judeus são históricos.
 Kethubim (escritos) – Os cinco rolos: Salmos, Provérbios, Jó, Cantares,
Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Cada um foi escrito em um rolo para ser
lido nas festividades judaicas.

b) O Cânon Católico é o mesmo da Septuaginta. Divide os livros do AT em quatro


grupos: Lei , História, Poesia e Profecia. Acrescenta ao conteúdo canônico hebraico os
livros apócrifos, sendo ao todo 46 livros.
Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio
História: Josué, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias,
Tobias, Judite, Ester, I e II Macabeus.
Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria e Eclesiásticos.
Proféticos: Isaias, Jeremias, Lamentações, Baruque Ezequiel, Daniel, Amós,
Oseias, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias.
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c) O Cânon Protestante possui o mesmo conteúdo do cânon hebraico, porém


distribuídos em 39 livros diferentes. Seguindo no entanto classificação identica ao
Cânon Católico

4) OS LIVROS APÓCRIFOS - SUAS HERESIAS


4.1) Tobias (200 aC)
É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres
preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta:
 Justificação pelas obras capitulo 4 do versículo 7 a 11 - capitulo 12 versículo 8.
Mediação dos santos Capítulo 12 versículos. 12;
 Superstições: capitulo 6 do versículo 5, capitulo 7 do versículo 9 a 19;
 Um anjo engana a Tobias e o ensina a mentir capitulo 5 do versículos 16 a 19.

Ø Justificação pelas obras - 4: 7 a 11:


7 faze esmola dos teus bens, e não voltes a tua cara a nenhum pobre: porque desta sorte
sucederá que não se afaste de ti a face do Senhor;
8 Da maneira que puderes; sê caritativo.
9 Se tiveres muito, dá muito; se tiveres pouco, procura dar de boa mente também esse
pouco.
10 Porque assim entesouras uma grande recompensa para o dia da necessidade:
11 Porque a esmola livra de todo o pecado e da morte, e não deixará cair a alma nas trevas.
12 A esmola servirá duma grande confiança diante do Sumo Deus para todos os que a
fazem.
Ø Justificação pelas obras - 12: 8
“É boa a oração acompanhada de jejum, e da esmola mais do que ajuntar tesouros de ouro.”

Ø Mediação dos santos – 12: 12


“Quando tu oravas com lágrimas, e enterravas os mortos, e deixavas o teu jantar, e
ocultavas os mortos em tua casa de dia, e os enterrava de noite, apresentei eu as tuas
orações ao Senhor.” Aqui é o anjo Rafael (um dos 7 que assistia a Tobias) quem fala.

Ø Superstições: 6: 5; 7
“Então disse-lhe o anjo: tira as entranhas a esse peixe, e toma para ti o coração, e o fel, e o
fígado: porque te serão necessárias essas coisas para remédios úteis."
Ø Superstições: 7: 9 a 8:5
9 E depois que falaram, mandou Raguel matar um carneiro e preparar um banquete, e
quando ele os rogava que se pusesse a mesa;
10 Disse Tobias: eu não comerei nem beberei aqui hoje a menos que tu me não despaches a
minha petição, e prometas dar-me Sara, tua filha;
11 Ouvindo isso, Raguel se assustou sabendo o que tinha acontecido aos sete maridos que se
tinham chegado a ela e começou a temer não suceder o mesmo também a este: e como
vacilasse, e não desse resposta alguma à petição que lhe fazia.
12 O anjo lhe disse: não temas dar tua filha a este moço, porque a este, que é temente a
Deus, lhe é devida tua filha por esposa: e por isso, nenhum outro a pode ter.
13 Então Raguel respondeu: não duvido que Deus aceitasse em sua presença as minhas
orações e as minhas lágrimas.
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14 E creio que por isso ele permitiu que vós viésseis, para que esta filha se desposasse com
um da sua parentela segundo a lei de Moisés: assim não duvides que eu ta não haja de
dar.
15 e pegando na mão direita de sua filha, a pôs na mão direita de Tobias dizendo: O Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó seja convosco, e Ele mesmo vos ajunte e
cumpra sua benção em vós.
16 E tomando papel, fizeram a escritura de casamento.
17 E depois fizeram um banquete bendizendo a Deus
18 E Raguel chamou a Ana, sua mulher e ordenou que preparasse outro aposento.
19 E introduziu Ana no tal aposento a Sara e se pôs a chorar.

Um anjo engana a Tobias e o ensina a mentir capitulo 5 do versículos 16 a 19:


1. Então Tobias respondeu a seu pai: Tudo o que me ordenaste, eu o farei, meu pai.
2. Mas estou realmente sem saber como ir buscar esse dinheiro. Gabael não me conhece, e
eu tampouco o conheço; que sinal lhe hei de dar? Não conheço nem mesmo o caminho por
onde ir a essa terra.
3. Seu pai disse-lhe: Tenho comigo o seu recibo; bastará que lho mostres, para que ele te
devolva imediatamente o dinheiro.
4 recebas esse dinheiro enquanto ainda estou vivo.
5. Apenas saíra, Tobias encontrou um jovem de belo aspecto, equipado como para uma
viagem.
6. Sem saber que se tratava de um anjo de Deus, ele o saudou e disse-lhe: De onde és tu, ó
bom jovem?
7. Ele respondeu: Sou israelita. Tobias perguntou-lhe: Conheces porventura o caminho para
a Média?
8. Oh, muito!, respondeu ele. Tenho percorrido freqüentemente esse caminho. Hospedei-me
em casa de Gabael, nosso compatriota que habita em Ragés, na Média, cidade que está
situada na montanha de Ecbátana.
9. Tobias disse-lhe: Rogo-te que esperes por mim, enquanto vou anunciar isto a meu pai.
10. Tendo Tobias entrado e contado o sucedido ao seu pai, este ficou muito admirado e
pediu que fizesse entrar o jovem.
11. Ele entrou e saudou a Tobit: A felicidade esteja contigo para sempre!
12. Ao que Tobit respondeu: Que felicidade posso eu ter ainda? Estou nas trevas, sem
poder ver a luz do céu.
13. O jovem replicou-lhe: Tem ânimo, porque é fácil a Deus curar-te!
14. Tobit disse-lhe: É verdade que poderás conduzir meu filho à casa de Gabael, em Ragés,
na Média? Quando voltares, eu te retribuirei por isso.
15. Então o anjo disse-lhe: Eu o levarei até lá e to reconduzirei.
16. Tobit então perguntou-lhe: Rogo-te que me digas de que família e de que tribo és tu?
17. O anjo respondeu: Que é que procuras: a raça do servo, ou o próprio servo para
acompanhar teu filho?
18. Mas, para tranqüilizar-te: eu sou Azarias, filho do grande Ananias.
19. És de família distinta, respondeu Tobit. Rogo-te que não me queiras mal por ter querido
conhecer tua origem.
20. O anjo então disse: Conduzirei o teu filho são e salvo, e to trarei de novo são e salvo.
21. Tobit respondeu: Boa viagem! Que Deus esteja em vosso caminho, e que o seu anjo
vos acompanhe.
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22. Fizeram em seguida suas bagagens, Tobias despediu-se de seu pai e de sua mãe e os
dois viajantes partiram.
23. Depois que partiram, sua mãe pôs-se a chorar: Tiraste-nos, disse ela, o bordão de nossa
velhice, e o apartaste de nós.
24. Prouvera a Deus que nunca tivesse havido esse dinheiro pelo qual o enviaste.
25. O pouco que temos nos bastava; a nossa riqueza era a vista de nosso filho.
26. Tobit respondeu-lhe: Não chores; nosso filho chegará são e salvo, e voltará também são
e salvo para a nossa companhia; tu o verás com os teus olhos.
27. Estou certo de que um bom anjo de Deus o acompanhará e disporá solicitamente tudo o
que lhe diz respeito, de modo que ele tenha a alegria de voltar para nós.
28. Ouvindo isso, sua mãe cessou de chorar e calou-se.

4.2) Judite (150 aC )


História de uma heroínas viúva e formosa que salva a sua cidade enganando um
general inimigo e decapitando-o. Sua grande heresia é a própria história onde os fins
justificam os meios.

4.3) Baruque (100 AD)


Apresenta-se com sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa
exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém é de data muito
posterior, quando da Segunda destruição de Jerusalém no pós – Cristo. Trás entre
outras coisas a intercessão pelos mortos. capitulo 3 versículo 4: “Senhor, todo poderoso,
Deus de Israel, ouve presentemente a oração dos mortos de Israel e dos filhos daqueles
que pecaram diante de ti e que não ouviram a voz do Senhor seu Deus, e se tem nos pegado
todos estes males.”

4.4) Eclesiástico (180 aC)


É muito semelhante ao livro de Provérbios. Não fosse as tantas heresias:
 justificação pelas obras - capitulo 3 versículos 33 e 34:
33 A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados.
34 Deus contempla aquele que exerce caridade, e lembra-se dele para o futuro, e no
tempo da desgraça encontrará um apoio.

 Trato cruel aos escravos -


capitulo 33 versículos 26 - 30:
26 Ele trabalha quando o castigam, doutra sorte não cuida senão de descansar;
afrouxa-lhes as mãos e buscará a liberdade.
27 o jugo e as correias fazem curvar o pescoço duro, assim as tarefas contínuas
amansam o escravo.
28 Ao escravo malévolo, tortura e ferros; manda-o para o trabalho afim de que não
esteja ocioso;
29 porque a ociosidade ensina muita malícia.
30 Põe-no ao trabalho, porque assim lhe convém. Mas se ele não te obedecer,
arrepia-lhe com grilhões; porém não cometas excessos, seja com quem for, e não
faças coisa alguma grave sem ter refletido.

 Incentivo do ódio aos Samaritanos - capitulo 50 versículos 27 e 28:


27 Dois povos aborrecem a minha alma, o terceiro que eu aborreço, nem sequer é um
povo.
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28, Os que habitam no monte Seir e os filisteus, e o povo estúpido que habida em
Siquém.
4.5) Sabedoria de Salomão: (40 AD)
Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra incredulidade e idolatria do
Epicurismo (filosofia grega na era Cristã).
Apresenta:
 O corpo como prisão da alma - capítulo 9 versículo 15:
Porque o corpo, que se corrompe, torna pesada a alma, e esta morada terrestre
abate o espírito que pensa muitas coisas.

 Doutrina estranha sobre a origem e destino da alma - capítulo 8 versículos 19 e


20:
19 Eu, porém, era um menino de bom natural, e coube-me por sorte, uma boa alma.
20 ou antes, como era bom, entrei num corpo incontaminado.

4.6) I Macabeus
Descreve a história de três irmãos da família Macabeus que no chamado período
interbíblico (400 a.C a 03 A.D). Lutam contra inimigos dos judeus visando a
preservação do seu povo e terra.

4.7) II Macabeus: (100 a.C.)


Não é a continuação do I Macabeus; mas um relato paralelo, cheio de lendas e
prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta:
 Culto e missa pelos mortos - capítulo 12 versículo 43:
43 Tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se
oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa inspirada pela crença na
ressurreição.

 Oração pelos mortos - capítulo 12 versículos 44 - 46:


44 Porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria uma coisa
supérflua e vã orar pelos defuntos.
45 Considerava que, os que falecem na piedade, está reservada uma grandíssima
recompensa.
46 Santo e salutar esse pensamento de orar pelos mortos. Eis porque ofereceu um
sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres dos seus pecados.

 O próprio autor não se julga inspirado -


capítulo 2 versículos 25 a 27:
25 Considerando a multidão de livros e a dificuldade que encontram os que querem
aplica-se às narrações das histórias, por causa da multidão dos sucessos,
26 procuramos, ao escrever esta, dar agradado aos que a queiram ler, fazer com que
os estudiosos a retenham com mais facilidade na memória e torná-la geralmente útil
a todos que a lerem.
27 Para nós que empreendemos esse resumo, não é pequeno o trabalho, antes,
empresa cheia de vigílias e de suores.

Capítulo 15 versículo 38 e 40:


25

38 Passadas essas coisas acerca de Nicanor, e ficando os hebreus, desde aquele


tempo de posse da cidade, eu também porei aqui fim à minha narração.
39 Se está bem, e como convém a história, isso é o que eu desejo; mas, se pelo
contrário, é vulgar e medíocre, não pude fazer melhor.
40 Porque assim como beber somente vinho ou somente água é coisa prejudicial, ao
passo que é proveitoso fazer uso dessas bebidas misturadas, do mesmo modo se
deve dispor a narração, para encantar os ouvidos do leitor. E com isso termino.

 Intercessão dos santos. Capitulo 15 versículos 12 a 14:


12 Eis a visão que teve: Parecia-lhe, que Onias, sumo sacerdote, que tinha sido
homem de bem e afável, de feitio retraído, mas de modos delicados, distinto no
falar, desde menino exercitado nas virtudes, orava de mãos estendidas por todo
povo judaico;
13 depois disto apareceu-lhe outro varão respeitável pelos seus cabelos todos
brancos e pela sua glória, de aspecto majestoso.
14 Onias, apontando para ele disse: Este é o amigo de seus irmãos e do povo de
Israel, é Jeremias, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda cidade
santa.

Adições a Daniel
 Capítulo 3, versículos 24 a 90. Os versos 24 a 30 da Bíblia Protestante são os
versos 91 a 100 da bíblia católica.

O Cântico dos três jovens na fornalha.


24. Ora, estes passeavam dentro das chamas, louvando a Deus e bendizendo o Senhor.
25. Azarias, em pé bem no meio do fogo, fez a seguinte oração:
26. Sede bendito e louvado, Senhor, Deus de nossos pais! Que vosso nome seja glorioso pelos
séculos!
27. Vós vois justo em todo o vosso proceder; vossas obras são justas, vossos caminhos são retos,
vossos julgamentos são eqüitativos.
28. Exercestes um julgamento eqüitativo em tudo aquilo que nos infligistes e em tudo aquilo que
infligistes à cidade santa de nossos pais, Jerusalém; foi em conseqüência de um julgamento
eqüitativo que vós nos infligistes tudo isso por causa de nossos pecados.
29. Pecamos, erramos afastando-nos de vós; em tudo agimos mal. 30. Não obedecemos a vossos
preceitos, não os pusemos em prática, não observamos as leis que nos destes para nossa
felicidade.
31. Em todos os males que enviastes sobre nós, em tudo que nos infligistes, foi um justo julgamento
que exercestes,
32. (mesmo) entregando-nos nas mãos de inimigos injustos, de ímpios enfurecidos, às mãos de um rei,
o mais iníquo e o mais perverso de toda a terra.
33. Agora não ousamos nem mesmo abrir a boca: vergonha e ignomínia para vossos servos e a nós que
vos adoramos.
34. Pelo amor de vosso nome, não nos abandoneis para sempre; não destruais de modo algum vossa
aliança.
35. Não nos retireis vossa misericórdia em consideração a Abraão, vosso amigo, Isaac, vosso servo,
Israel, vosso santo,
36. aos quais prometestes multiplicar sua descendência como as estrelas do céu e a areia que se
encontra à beira do mar.
37. Senhor, fomos reduzidos a nada diante das nações, fomos humilhados diante de toda a terra:
tudo, devido a nossos pecados!
26

38. Hoje, já não há príncipe, nem profeta, nem chefe, nem holocausto, nem sacrifício, nem oblação,
nemincenso, nem mesmo um lugar para vos oferecer nossas primícias e encontrar misericórdia.
39. Entretanto, que a contrição de nosso coração e a humilhação de nosso espírito nos permita achar
bom acolhimento junto a vós, Senhor,
40. como (se nós nos apresentássemos) com um holocausto de carneiros, de touros e milhares de
gordos cordeiros! Que assim possa ser hoje o nosso sacrifício em vossa presença! Que possa
(reconciliar-nos) convosco, porque nenhuma confusão existe para aqueles que põem em vós sua
confiança.
41. É de todo nosso coração que nós vos seguimos agora, que nós vos reverenciamos, que buscamos
vossa face.
42. Não nos confundais; tratai-nos com vossa habitual doçura e com todas as riquezas de vossa
misericórdia.
43. Ponde em execução vossos prodígios para nos salvar, Senhor, e cobri vosso nome de glória.
44. Que sejam então confundidos aqueles que maltratam vossos servos, que eles sofram a vergonha
de ver a ruína de seu poderio e o aniquilamento de sua força.
45. Assim saberão que sois o Senhor, o Deus único e glorioso sobre toda a superfície da terra.
46. Enquanto isso, os homens do rei, que os haviam lá jogado, não cessavam de alimentar a fornalha
com nafta, estopa, resina e lenha seca.
47. Então, as chamas, subindo a quarenta e nove côvados acima da fornalha,
48. ultrapassaram a grade e queimaram os caldeus que se achavam perto.
49. Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus companheiros à fornalha e afastava o
fogo.
50. Fez do centro da fogueira como um lugar onde soprasse uma brisa matinal: o fogo nem mesmo os
tocava, nem lhes fazia mal algum, nem lhes causava a menor dor.
51. Então os três jovens elevaram suas vozes em uníssono para louvar, glorificar e bendizer a Deus
dentro da fornalha, neste cântico:
52. Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais, digno de louvor e de eterna glória! Que seja bendito
o vosso santo nome glorioso, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!
53. Sede bendito no templo de vossa glória santa, digno do mais alto louvor e de eterna glória!
54. Sede bendito por penetrardes com o olhar os abismos, e por estardes sentado sobre os
querubins, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!
55. Sede bendito sobre vosso régio trono, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!
56. Sede bendito no firmamento dos céus, digno do mais alto louvor e de eterna glória!
57. Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
58. Céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
59. Anjos do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
60. Águas e tudo o que está sobre os céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
61. Todos os poderes do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
62. Sol e lua, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
63. Estrelas dos céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
64. Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
65. Ó vós, todos os ventos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
66. Fogo e calor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
67. Frio e geada, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
68. Orvalhos e gelos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
69. Frios e aragens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
70. Gelos e neves, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
71. Noites e dias, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
72. Luz e trevas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
73. Raios e nuvens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
74. Que a terra bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!
75. Montes e colinas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
27

76. Tudo o que germina na terra, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
77. Mares e rios, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
78. Fontes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
79. Monstros e animais que vivem nas águas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
80. Pássaros todos do céu, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
81. Animais e rebanhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
82. E vós, homens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
83. Que Israel bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!
84. Sacerdotes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
85. Vós que estais a serviço do templo, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
86. Espíritos e almas dos justos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
87. Santos e humildes de coração, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
88. Ananias, Azarias e Misael, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente, porque ele nos
livrou da permanência nas trevas, salvou-nos da mão da morte; tirou-nos da fornalha ardente, e
arrancou-nos do meio das chamas.
89. Glorificai o Senhor porque ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia.
90. Homens piedosos, bendizei o Senhor, Deus dos deuses, louvai-o, glorificai-o, porque é eterna a
sua misericórdia!

 Capítulo 13: A história de Suzana. Segundo esta lenda, Daniel salva Suzana
num julgamento fictício baseando em falsos testemunhos.
1 Havia um homem chamado Joaquim, que habitava em Babilônia.
2 Tinha desposado uma mulher chamada Suzana, filha de Helcias, de grande beleza, e piedosa,
3 porque havia sido educada segundo a lei de Moisés por pais honestos.
4 Joaquim era sumamente rico. Junto à sua casa havia um pomar. Os judeus reuniam-se
freqüentemente em casa dele, porque gozava de uma particular consideração entre seus
compatriotas.
5 Haviam sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo, aos quais se aplicava bem a
palavra do Senhor: A iniqüidade surgiu, em Babilônia, de anciãos juízes que passavam por
dirigentes do povo.
6 Esses dois personagens freqüentavam a casa de Joaquim, aonde vinham consultá-los todos aqueles
que tinham litígio.
7 Lá pelo meio-dia, quando toda essa gente tinha ido embora, Suzana vinha passear no jardim de seu
marido.
8 Os dois anciãos viam-na portanto todos os dias durante seu passeio, tanto que se apaixonaram por
ela e,
9 perdendo a justa noção das coisas, desviaram os olhos para não ver mais o céu e não ter mais
presente no espírito a verdadeira regra de comportamento.
10 Ambos foram atingidos pelo amor a Suzana, mas sem se confiarem mutuamente sua emoção.
11 Tinham vergonha de declarar um ao outro o desejo que sentiam de possuí-la.
12 Todos os dias, inquietos, procuravam avistá-la.
13 Uma vez disseram um ao outro: Vamos para casa; está na hora do almoço. Saíram cada um para
seu lado.
14 Mas, havendo ambos retrocedido, encontraram-se novamente no mesmo lugar. Perguntando um ao
outro qual o motivo de sua volta, confessaram-se sua concupiscência. Combinaram então um
encontro onde a pudessem surpreender sozinha.
15Enquanto calculavam qual seria o momento propício, eis que Suzana chegou como de costume, com
duas empregadas, e tomou a resolução de banhar-se, pois fazia calor.
16 Lá não havia ninguém, salvo os dois anciãos escondidos, que a espreitavam.
17 Trazei-me, disse ela às duas empregadas, óleo e ungüentos, e fechai as portas do jardim, para eu
me banhar.
28

18 O que elas fizeram por sua ordem. As portas do jardim estando fechadas, saíram pela porta do
fundo para ir buscar os objetos pedidos, ignorando que os anciãos lá se achavam escondidos.
19 Apenas saíram, os dois homens precipitaram-se em direção de Suzana.
20 As portas do jardim estão fechadas, disseram-lhe, ninguém nos vê. Ardemos de amor por ti.
Aceita, e entrega-te a nós.
21Se recusares, iremos denunciar-te: diremos que havia um jovem contigo, e que foi por isso que
fizeste sair tuas servas.
22 Suzana exclamou tristemente: Que angústias me envolvem por todos os lados! Consentir? Eu
seria condenada à morte! Recusar? Nem assim eu escaparia de vossas mãos!
23 Não! Prefiro cair, sem culpa alguma, em vossas mãos, do que pecar contra o Senhor.
24 Suzana soltou grandes gritos, e os dois anciãos gritavam também contra ela.
25 E um deles, correndo às portas do jardim, abriu-as.
26 Com essa balbúrdia, os criados precipitaram-se pela porta do fundo para ver o que havia
acontecido.
27 Os anciãos se puseram a falar, e os criados enrubesceram, pois jamais nada de semelhante fora
dito de Suzana.
28 No dia seguinte, os dois anciãos, cheios de criminosas intenções contra a vida de Suzana, vieram
à reunião que se realizava em casa de Joaquim, marido dela.
29 Disseram, diante da assembléia: Mandem buscar Suzana, filha de Helcias, a mulher de Joaquim!
Foram-na buscar,
30 e ela chegou com seus pais, seus filhos e os membros de sua família.
31 Era delicada e bela de rosto.
32 Aqueles homens perversos exigiam que ela retirasse seu véu - pois estava velada -, a fim de
poderem (pelo menos) fartar-se de sua beleza.
33 Os seus choravam, assim como seus amigos.
34 Os dois anciãos levantaram-se à vista de todos, e pousaram a mão sobre sua cabeça,
35 enquanto ela, debulhada em lágrimas, mas com o coração cheio de confiança no Senhor, olhava
para o céu.
36Os anciãos disseram então: Quando passeávamos pelo jardim, ela entrou com duas servas; depois
fechou a porta e mandou embora suas acompanhantes.
37 Então, um jovem que se achava escondido ali, aproximou-se e pecou com ela.
38 Nós nos encontrávamos num recanto do jardim. Diante de tal desvergonhamento, corremos para
eles e os surpreendemos em flagrante delito.
39 Não pudemos agarrar o homem, porque era mais forte do que nós, e fugiu pela porta aberta.
40 Ela, nós a apanhamos; mas quando a interrogamos para saber quem era o jovem, recusou-se a
responder. Somos testemunhas do fato.
41 Confiando nesses homens, que eram anciãos e juízes do povo, condenaram Suzana à morte.
42 Então ela exclamou bem alto: Deus eterno, vós que penetrais os segredos, que conheceis os
acontecimentos antes que aconteçam,
43 sabeis que isso é um falso testemunho que levantaram contra mim. Vou morrer, sem nada ter
feito do que maldosamente inventaram de mim.
44 Deus ouviu sua oração.
45 Como a levassem para a morte, o Senhor suscitou o espírito íntegro de um adolescente chamado
Daniel,
46 que proclamou com vigor: Sou inocente da morte dessa mulher!
47 Todo mundo virou-se para ele: O que significa isso?, perguntaram-lhe.
48 Então, no meio de um círculo que se formava, disse: Israelitas, estais loucos! Eis que condenais
uma israelita sem interrogatório, sem conhecer a verdade!
49 Recomeçai o julgamento, porque é um falso testemunho a declaração desses dois homens contra
ela.
50 O povo apressou-se em voltar. Os anciãos disseram a Daniel: Vem sentar conosco e esclarece-
nos, pois Deus te deu o privilégio da velhice!
29

51 Separai-os um do outro, exclamou Daniel, e eu os julgarei. Foram separados.


52 Então Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: Velho perverso! Eis que agora aparecem os pecados
que cometeste outrora em julgamentos injustos,
53 condenando os inocentes e absolvendo os culpados; no entanto, é Deus quem diz: não farás
morrer o inocente e o íntegro.
54 Vamos! Se realmente a viste, dize-nos debaixo de qual árvore os viste juntos. -"Debaixo de um
lentisco", respondeu.
55 "Ótimo!, continuou Daniel, eis a mentira, que pagarás com tua cabeça. Eis aqui o anjo do Senhor
que, segundo a sentença divina, vai dividir teu corpo pelo meio".
56 Afastaram o homem. Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: Filho de Canaã! Tu não és judeu: foi a
beleza que te seduziu, e a concupiscência que te perverteu.
57 Foi assim que sempre fizeste com as filhas de Israel, as quais, por medo, entravam em relação
convosco. Mas eis uma filha de Judá que não consentiu no vosso crime.
58 Vamos, dize-me sob qual árvore os surpreendeste em intimidade. Sob um carvalho.
59 Ótimo!, respondeu Daniel, tu também proferiste uma mentira que vai te custar a vida. Eis aqui o
anjo do Senhor, que empunha a espada, prestes a serrar-te pelo meio para te fazer perecer.
60 Logo a assembléia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a Deus por salvar aqueles que nele
põem sua esperança.
61Toda a multidão revoltou-se então contra os dois anciãos os quais, por suas próprias declarações,
Daniel provou terem dado falso testemunho.
62 De acordo com a lei de Moisés, aplicaram o tratamento que tinham querido infligir ao seu
próximo: foram mortos. Assim, naquele dia, foi poupada uma vida inocente.
63 Helcias e sua mulher louvaram a Deus por sua filha Suzana, com Joaquim, seu marido, e todos os
seus parentes, pois nada de desonesto havia sido encontrado em seu proceder.
64 E Daniel gozou, desde então, de uma alta consideração entre seus concidadãos.
65 Tendo-se reunido o rei Astíages a seus antepassados, Ciro, o persa, subiu ao trono.

 Capítulo 14: Bel e o Dragão.


A história narrada afirma a necessidade da idolatria
1 Daniel era conviva do rei e o mais honrado de todos os seus íntimos.
2 Ora, os babilônios tinham um ídolo chamado Bel, cuja despesa diária era de doze artabes de
farinha, quarenta carneiros e seis medidas de vinho.
3 O rei prestava culto ao ídolo e diariamente ia adorá-lo. Daniel, porém, adorava seu Deus. O rei
disse-lhe (um dia): Por que não adoras Bel?
4 Porque, respondeu Daniel, não venero ídolo feito pela mão do homem, mas sim o Deus vivo que criou
o céu e a terra e que exerce seu poder sobre todo homem.
5 Assim sendo, continou o rei, Bel não te parece ser um deus vivo! Não vês o que ele come e o que ele
bebe todos os dias?
6 Daniel pôs-se a rir: Desengana-te, ó rei, disse ele, este deus é de barro por dentro e de bronze
por fora, e ele nunca comeu coisa alguma.
7 Irritado, o rei mandou vir seus sacerdotes e lhes disse: Se não me disserdes quem come essas
oferendas, morrereis.
8 Mas se me provardes que é Bel quem as absorve, será Daniel quem morrerá, pois terá blasfemado
contra ele. Daniel respondeu ao rei: Que se faça segundo tu o dizes!
9 Os sacerdotes de Bel eram setenta em número, sem contar suas mulheres e filhos. O rei foi com
Daniel ao templo de Bel.
10 Os sacerdotes disseram: Nós saímos. Manda trazer, ó rei, os alimentos e o vinho misturado;
depois fecha a porta e lacra-a com teu sinete.
11 Se amanhã cedo, quando vieres ao templo, verificares que tudo não foi comido por Bel, nós
morreremos; do contrário será Daniel quem nos terá caluniado.
12 Tinham completa confiança, porque debaixo da mesa haviam feito uma abertura secreta, pela
qual penetravam habitualmente para consumir as oferendas.
30

13 Mas, após a saída deles, quando o rei acabava de depor as oferendas diante de Bel, Daniel
ordenou aos criados trazerem cinza, a qual espalhou pelo templo todo na presença do rei. A seguir
saíram, fecharam a porta e, depois de tê-la lacrado com o sinete real, retiraram-se.
14 Durante a noite, os sacerdotes introduziram-se como de costume (no templo) com suas mulheres
e filhos, comeram e beberam tudo.
15 Ao amanhecer, o rei veio com Daniel.
16 Os selos, disse, estão intactos, Daniel Intactos, ó rei.
17 Logo que a porta foi aberta, o rei olhou para a mesa e exclamou: Tu és grande, ó Bel! Tu não nos
enganaste.
18Mas Daniel pôs-se a rir e impediu o rei de entrar mais adiante. Olha o chão, disse-lhe. De quem
são estes passos?
19 Vejo de fato, respondeu o rei, passos de homens, de mulheres e de crianças. E uma cólera
violenta apoderou-se dele.
20 Então mandou prender os sacerdotes com suas mulheres e filhos, os quais lhe mostraram as
entradas secretas por onde se introduziam para vir consumir o que havia na mesa.
21 O rei mandou matá-los e pôs Bel à disposição de Daniel que o destruiu, assim como seu templo.
22 Lá havia também um grande dragão, que os babilônios veneravam.
23 O rei disse a Daniel: Pretenderás também dizer que aquele é de bronze? Vive, come, bebe. Tu
não podes negar que seja um deus vivo.
24 Adora-o então. Eu adoro, replicou Daniel, unicamente o Senhor meu Deus, porque ele é um Deus
vivo.
25 Ó rei, dá-me licença para fazê-lo, e, sem espada nem bastão, matarei o dragão. Eu ta concedo,
disse o rei.
26 Então Daniel tomou breu, gordura e pêlos, cozinhou tudo junto, e com isso fez umas bolas e
meteu-as na boca do dragão, que estourou e morreu. Daniel exclamou: Eis aí o que adoráveis!
27Quando os babilônios souberam, ficaram sumamente indignados, e amotinaram-se contra o rei aos
gritos de O rei tornou-se judeu! Destruiu Bel; e (agora) fez perecer o dragão e matar os
sacerdotes.
28 Vieram à presença do rei e disseram-lhe: Entrega-nos Daniel; do contrário, nós te mataremos,
bem como toda a tua família.
29 Diante da violência com que o ameaçavam, o rei viu-se forçado a entregar-lhes Daniel,
30 que eles jogaram à cova dos leões, onde permaneceu seis dias.
31 Na cova havia sete leões, aos quais davam cotidianamente dois corpos (humanos) e dois carneiros.
Porém, daquela vez, nada lhes foi distribuído, a fim de que devorassem Daniel.
32 Ora, o profeta Habacuc vivia naquele tempo na Judéia. Acabava de cozinhar um caldo e picava
pão dentro dele numa panela, para levá-lo aos ceifadores no campo.
33 Mas um anjo do Senhor disse-lhe: Leva esta refeição à Babilônia, a Daniel, que se encontra na
cova dos leões. 34 Senhor, disse Habacuc, nunca vi Babilônia, e não conheço essa cova.
35 Então o anjo, segurando-o pelo alto da cabeça, transportou-o pelos cabelos, num fôlego, até
Babilônia, em cima da cova. 36 Daniel, Daniel (chamou), toma a refeição que Deus te envia.
37 E Daniel respondeu: Ó Deus, vós pensastes em mim! Vós não abandonastes os que vos amam!
38 Depois disso pôs-se a comer, enquanto o anjo do Senhor transportava de volta Habacuc a seu
domicílio.
39 Ao sétimo dia veio o rei chorar Daniel. Ao acercar-se da cova, porém, olhou para dentro e aí
avistou Daniel sentado.
40E bem alto exclamou: Vós sois grande, Senhor, Deus de Daniel. Não existe outro Deus além de
vós!
41 Mandou retirá-lo da cova dos leões e lá jogou todos aqueles que haviam tentado eliminá-lo, os
quais foram imediatamente devorados, sob seus olhos.
42 Então disse o rei: Que todos os habitantes da terra reverenciem o Deus de Daniel, porque é um
salvador que opera sinais e prodígios em toda a terra, e salvou Daniel da cova dos leões.
31

5) TERMOS USADOS NO ESTUDO DO CÂNON DO ANTIGO


TESTAMENTO
3.1) SOFHERINS – (Séc. V a III A. C. ) –
Grupo pó ordem de escribas responsáveis pela padronização do texto bíblico
(texto consonantal). Desenvolveram um artifício de contar todos os versículos, palavras
e letras de cada livro do Antigo Testamento colocando as respectivas quantidades no
final de cada livro.

3.2) ZUGOTH – “pares” de estudiosos. É um grupo posterior aos SOFHERINS que


faziam o mesmo trabalho deles.
3.3) TANAINS - (200 A.C.) – Repetidores ou professores – Grupo sucessor dos
ZUGOTHS.
Os judeus preservavam os relatos da revelação divina transmitidos pela tradição
oral e depois pela escrita. Essa preservação, antes da formação do Cânon era
composta pelo texto inspirado mais os acréscimos folclóricos, as anedotas e os vários
tipos de homilias.

Essa massa de tradição foram conservados nos:


3.4) MIDRAXE – (100 a .C a 300 d. C.) – lit. estudo textual ou interpretação textual
(comentários) –
Trata-se de uma coletânea maior do Antigo Testamento escrito em hebraico e
aramaico. O MIDRAXE ofereceu um comentário inteiro do Pentateuco.
O MIDRAXE era composto de:
3.4.1) O HALACÁ – “procedimento”-
É um comentário apenas da TOHAH – Lei (Pentateuco).
3.4.2) O HAGADÁ – “declaração” ou “explicação” –
Trata-se de um comentário de todo o Antigo Testamento incluindo algumas
parábolas, estórias e provérbios.

3.5) TOSEFTÁ – (100 – 300 d. C) – lit. adição ou suplemento –


Trata-se de uma coletânea de ensinamentos dos TANAINS que estava
estritamente ligado ao MISHNÁ.

3.6) TALMUDE – (100 – 500 d.C) – lit. instrução – heb. limmed – ensinar –
O TALMUDE consiste em duas divisões:

3.6.1 – O MISHNÁ – repetição ou ensinamento –


Escrito em hebraico, era uma seleção harmonizada de todas as leis orais,
tradições e explicações dos livros do Antigo Testamento (segundo a tradição –
essas leis orais são as leis que foram comunicadas por Moisés aos 70 anciãos).
O MISHNÁ se divide em 6 SEDARINS ou 6 ordens:
1 – Agricultura
2 – Festas
3 – Mulheres
4 – Leis civis e penais
5 – Sacrifícios ou coisas sagradas
6 – Coisas impuras

Esses SEDARINS, ou ordens eram divididos em 63 tratados .


32

OS estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento do MISHNÁ foram os


TANAINS
3.6.2) O GUEMARÁ – 200 – 500 d. C. – hb . g’mar – completar, galgar ou
aprender - Matéria apreendida.
O GUEMARÁ consiste num suplemento a ser acrescentado a cada um
dos 63 tratados dos 6 SEDARINS do MISHNÁ na forma de comentários
mais desenvolvidos sobre o MISHNÁ.
Surgiram o GUEMARÁ da Palestina e o GUEMARÁ da Babilônia. .
Os estudiosos que contribuíram para o surgimento do GUEMARÁ são
chamados de AMORAIM – de a’mar – faladores, os que explicam.

3.7) OS MASSORETAS – (500 – 950 d. C.) –


Foram os estudiosos que deram ao texto do Antigo Testamento a sua forma final
. Foram chamados assim porque receberam por escrito a MASSORA (tradição oral)
para nela colocar a vocalização (vogais) e a acentuação certa do texto.
Os MASSORETAS receberam dos SOFHERINS o texto consonantal do Antigo
Testamento sem vocalização e então intercalaram os pontos vocálicos que deram a
cada palavra sua pronúncia e forma gramatical exatas.

3.7.1) A MASSORA MARGINAL – Era o texto do Antigo Testamento em


hebraico vocalizado e acentuado colocado nas margens laterais dos manuscritos
originais (texto consonantal). Incluía não apenas as consoantes das leituras,
mas também as estatísticas descrevendo quantas vezes certas palavras
ocorridas naquela linha era citada em outras partes da Escritura.

3.7.2) A MASSORA MAIOR – Informações complementares colocadas na


margem inferior dos manuscritos massoréticos.

3.7.3) A MASSORA FINAL – Contém estatísticas quanto ao número de


versículos, palavras e letras que ocorre no livro e indica também qual a palavra e qual
letra central central de cada livro do Antigo Testamento.

C
COON
NCCLLU
USSÃ
ÃOO
Uma vez formado o Cânon, havia uma grande quantidade de rolos de vários
tamanhos (7 – 12 metros) o que dificultava a consulta às Escrituras. Com a invenção
da imprensa no século XV, a pequena biblioteca sagrada foi arrumada num livro com
páginas contendo os 66 livros sagrados.

Em 1.227 Estive Langton, professor da Universidade de Paris e posteriormente


arcebispo de Cantuária, dividiu o conteúdo bíblico em capítulos. Em 1.551, Robert
Stephens dividiu os capítulos em versículos.

A primeira edição da Bíblia em português data de 1.753, e apenas o Antigo


Testamento na versão de João Ferreira de Almeida.

A Bíblia completa traduzida em português só apareceu em 1.819.


33

IIIIII)) A
A HHIIS
STTÓÓR
RIIA
A D
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ANNTTIIG
GOO TTE
ESSTTA
AMME
ENNTTO
O C
COON
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A N
NAA
B
BÍÍB
BLLIIA
A
1) INTRODUÇÃO
O Velho Testamento foi escrito em sua maior parte em hebraico, em algumas
poucas passagens no aramaico.
Possui 39 livros, que podem ser classificados didaticamente desta forma:
Livros da Lei - O Pentateuco (5): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Livros Históricos (12): Josué, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas,
Esdras, Neemias e Ester.
Livros Poéticos (5): Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.
Livros Proféticos – Profetas Maiores (5): Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e
Daniel.
Livros Proféticos – Profetas Menores (12): Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias.

2) A QUESTÃO CRONOLÓGICA
Moisés é o escritor dos primeiros livros da Bíblia. E esta vivendo entre os anos
1500 – 1400 a.C. João é o autor do último livro da Bíblia e o escreve por volta do ano
95 A.D. A conclusão é a de que a Bíblia foi escrita durante um período aproximado de
1.600 anos, por cerca de 40 escritores, e compreende o período histórico de 1.500 a.C.
a 95 A.D.
Entretanto a conclusão acima não é totalmente exata por algumas razões:
 Embora Moisés esteja vivendo entre 1.500 – 1400 a. C. seu primeiro livro, o
Gênesis, faz um flash-back retornando à criação do mundo e do homem (sem datas
precisas).
 Daí rapidamente ele chega à Abraão (2.200 a.C.) e então percorre os fatos
principais da história dos primeiros patriarcas até alcançar os seus dias em Êxodo 2.
 Malaquias (450 – 400 a.C.) é o último autor do Antigo Testamento e o Novo
Testamento abre suas páginas falando de Jesus. Há portanto um intervalo histórico
de 400 anos de grande ebulição político social, mas de silêncio profético e silêncio
escriturístico.

3) A QUESTÃO HISTÓRICA
A Bíblia é o que podemos chamar de um livro que possui principio, meio e fim.
Ela vai do Éden (Gn. 2: 8 e 9) ao Éden (Ap. 22: 1 e 2) começa no princípio do
mundo e termina contando o fim de todas as coisas criadas, acenando-nos contudo
com a esperança da vida nova em novos céus. São sobretudo páginas de vida e
esperança.
É um livro universal em sua mensagem e objetivos, trata de questões de
abrangência e interesse geral como são a criação do mundo e da humanidade o
evangelho do ide por todo mundo a todas as criaturas e o destino futuro do mundo.
Deus serve-se de recursos especiais para alcançar seus objetivos. Toda a história e
enredo vivido apresentado na Bíblia poderia ser sintetizada em três palavras: Israel,
Cristo e Igreja.
A Bíblia é a palavra de Deus para os homens, é a revelação de Deus, sua
vontade seu querer, seu caráter, seus atributos e qualidades, tendo como objetivo
34

primeiro e maior restaurar e facilitar um relacionamento completo amplo sadio e


verdadeiro Dele conosco.
Através da história de Israel Deus prepara o mundo para o ponto máximo e
culminante de sua revelação, a vinda pessoal de Deus entre os homens, Jesus. Jo. 1:
29 – Gl. 4: 4 – Fl. 1: 15.

4) TEMÁTICA PRINCIPAL

O principal tema de toda a Bíblia é o amor de Deus pelos homens manifestado


através de Cristo como caminho de reconciliação e salvação. Cristo está no Velho
Testamento preparado, prefigurado e profetizado. Cristo está na criação como o por
quem e para quem tudo foi criado. (Cl. 1: 16 e Jo. 1: 1-3).
Cristo está na lei revelando seu caráter santo e apontando-nos o único caminho
possível de obediência para nós pela graça. A lei nos conduz a Cristo. Gl. 3: 24 – Rm.
10: 4.
Cristo está sendo revelado nos sacrifícios, tipos, ritos e festas de Israel. I Co. 5: 7.
Cristo é o Messias prometido pelos profetas, a esperança da restauração de
Israel.

5) A HISTÓRIA DO VELHO TESTAMENTO


a) Teorias da Criação
1 – TEORIA DO CAOS –
Gênesis 1 narra dois atos criativos de Deus. O Verso 1 é o relato da criação
acabada e concluída e o Verso 2 em diante é o relato da reconstrução.
A queda de Satanás (Is. 14. 7-15, Ez; 28. 12-19) ocasionou este caos à criação
acabada de Deus que precisou ser reconstruída. (para maiores detalhes, ver Baxter –
Examinai as Escrituras, pg. 35-38, nota do verso 2 de Gn 1 na Bíblia de Genebra).
PROBLEMAS DESSA TEORIA:
 A análise gramatical do texto hebraico não permite uma leitura de dois
atos criativos de Deus em Gn. 1.
 Os textos citados como base para queda de Satanás são interpretados
alegoricamente e fora de seus contextos.

2 – TEORIA DO DIA ERA OU DO DIA CRIATIVO –


A partir do significado da palavra da palavra y’on (hb) – dia – que pode
significar dia literal de 24h, era, ou espaço indefinido de tempo; os dois atos da criação
de Deus representam eras geológicas de duração indeterminada.
PROBLEMAS DESSA TEORIA:
 Como na teoria anterior, a análise gramatical do texto hebraico não
permite uma leitura de dois atos criativos de Deus.
 A análise do texto de Gn 1, considerando o método histórico-gramatical
de interpretação não permite uma interpretação da palavra y’on (hb) –
dia como espaço indefinido de tempo.
 A teoria não explica a repetida menção da expressão “tarde e manhã” ao
longo de todos os dias da criação. Como eras geológicas seriam
explicadas com a expressão “tarde e manhã” e não “tardes e manhãs”?
35

3 – TEORIA DO INTERVALO OU DO LAPSO –


Os dias da criação são literais, de 24 horas. Entretanto, há um intervalo, um
lapso, um espaço indefinido de tempo entre eles. (ver nota do verso 5 de Gn 1 na Bíblia
de Genebra).
PROBLEMAS DESSA TEORIA:
 Como na teoria anterior, a análise do texto de Gn 1, considerando o
método histórico-gramatical de interpretação não permite uma
interpretação com intervalos de tempo entre os dias da criação. O
pensamento judaico é de sucessão consecutiva dos dias da Criação. É
isto que é atestado pela cultura religiosa hebraica.

4 - TEORIA DA HIPÓTESE ESTRUTURAL OU DA ESTRUTURA LITERÁRIA


Os dias da criação constituem uma estrutura literária. A criação progride em
duas tríades de dias relembrando, respectivamente o sem forma e vazia do verso 2.

Primeira Tríade Segunda Tríade


Dia 1 – luz – verso 3 Dia 4 – luzeiros – verso
14
Dia 2 – céu, água – verso 6 Dia 5 – peixes e aves – verso
21
Dia 3 – terra, vegetação – versos 9- Dia 6 – animais e seres humanos –verso
11 24-30

Na primeira tríade, Deus dá forma à terra ao separar a luz do dia da escuridão da noite,
o mar abaixo das nuvens e a terra seca da vegetação do mar.
Na segunda tríade, movendo-se do céu para a terra, progride de um ato criativo
simples (vs. 3, 5, 14, 19) para um ato criativo com dois aspectos (vs. 6, 8 , 20, 23) para
dois atos criativos separados, cada um culminado na produção da terra (vs. 9, 13, 24,
31). O padrão de cada dia é semelhante:
 Uma declaração: “disse Deus” e uma ordem: “e assim se fez”.
 Uma avaliação: “e viu Deus que isso era bom” e uma estrutura cronológica: “o
primeiro, o segundo, o terceiro .... dia”
Os estudiosos que sustentam que os dias da criação constituem uma estrutura
literária visam ensinar o princípio da narrativa: Somente Deus é o criador do
universo ordenado.
A hipótese estrutural considera os dois dias da criação como uma acomodação
graciosa de Deus às limitações do conhecimento humano – uma expressão do infinito
trabalho do Criador em termos compreensíveis aos frágeis e finitos seres humanos.
Para os defensores dessa teoria, pelo fato de o universo ter a aparência de uma
grande antiguidade (e a ciência comprova isso), a expressão “tarde e manhã) parece
incoerente com a teoria do dia era e a noção de eras intervenientes entre os dias
isolados de 24 horas não é claro no texto.
PROBLEMAS DESSA TEORIA:
 Sendo um produto da teologia Liberal, essa teoria tenta reduzir a narrativa
da Escritura a apenas uma explicação com argumentos meramente
literários que desrespeitam os métodos ortodoxos de interpretação.
 Nega completamente a autoridade das Escrituras, a despeito de sua
argumentação bem arranjada e quase convincente.

5 - TEORIA DA CRONOLOGIA PÓS-QUEDA.


Os dias da criação são literais, de 24 horas e são consecutivos. O primeiro ato
criativo de Deus em Gn 1.1 é o primeiro ato acorrido no primeiro dia. Toda a criação é
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concluída no sexto dia. O sétimo dia – o SHABATH – dia de descanso – é de duração


ilimitada – compreende incontáveis dias em que a criação viveu em completa
harmonia, dada a ausência do pecado, uma vez que ao terminar a Sua criação “viu
Deus que tudo era muito bom”.
Não é possível determinar quanto tempo Adão viveu antes de pecar, uma vez
que sem os efeitos nefastos do pecado nem a criação, nem o homem sentia os efeitos
do tempo. A contagem de tempo, com os danosos efeitos do pecado sobre a criação
somente se dá após a queda.

5 – A HISTÓRIA DO VELHO TESTAMENTO


B) A História da Criação
Por volta do ano 1500 a.C. Moisés é chamado por Deus e orientado a escrever o
que Deus haveria de lhe revelar (Ex. 17: 14).
Além de possuir formação nobre e culta, e ter acesso á história mundial nos
registros palacianos egípcios (Ex. 2), era ele um homem de profunda comunhão com
Deus.
Em seu relato Moisés começa pela gênese do mundo e da humanidade. A
pergunta que se poderia fazer de como conheceria ele tantos detalhes, pode ser
respondida da seguinte formas:
1º) Deus através do Espirito Santo era o criador e condutor da história ao mesmo
tempo inspirador do registro e o maior interessado na fidelidade deste revela-se a
Moisés por vias naturais (fontes orais e escritas) e sobrenaturais (sonhos, visões e
comunicação direta) At. 7: 38.
2º) Enquanto Deus não ditava sua palavra para ser escrita, fez de homens, livros
vivos, assim chamada tradição oral.
Adão viveu 930 anos e trouxe toda história da criação e queda até Lameque, pai
de Noé, de quem foi contemporâneo por 56 anos.
Lameque foi contemporâneo de seu neto Sem, por mais de 90 anos e por sua vez
Noé e família foram contemporâneos de sete gerações antediluvianas e onze pós
diluvianas. Noé viveu até os primeiros 58 anos de vida de Abraão.
Não podemos afirmar com certeza mas é provável que num tempo sem livros,
todos os fatos importantes da história preservada por Deus tenham sidos contados por
Abraão ao seu neto Jacó. Jacó deve Ter relatado ao seu neto Coate as historias
emocionantes da criação, Babel, do diluvio e suas próprias.
Coate as reproduziria ao seu filho Anrão e este por sua vez a Moisés.
Por sete homens de Deus (Adão, Lameque, Noé, Abraão, Jacó, Coate, Anrão)
não seria difícil preservar a historia registrada no Gênesis.
O mundo é criado em 6 dias e é no 6º dia que o homem e a mulher foram feitos.
Junto a benção e a ordem de procriação foi entregue a Adão e Eva o domínio sobre
toda criatura.
Um pacto foi feito. A promessa foi vida eterna, a condição era obediência sob a
pena de morte, em caso de falha.
O pecado da desobediência, materializado na fruta da arvore do bem e do mal,
afastou o homem de Deus, trazendo-nos decadência física, moral e espiritual. É nesta
condição que toda humanidade foi gerada. (Gn. 3: 1-5).
Em relação ao pacto quebrado criou-se um grave problema jurídico. Deus é um
Juiz Santo, Justo e Amoroso. Sua santidade o impede de viver e comungar com o
pecado. Sua justiça o impele a punir a falha cobrando a pena de morte, mas seu amor
e compaixão produzem um plano de redenção. Seu projeto para humanidade era (fé)
maravilhoso e Deus não abriu mão dele, da vida, plena, comunhão real, do paraíso
edênico. O plano de redenção necessitava de alguém que:
37

1º - Cumprisse o pacto, obedecendo a Deus sem falhas, como Adão não


conseguira.
2º - Pagasse a dívida (pena de morte) que todo homem tem para com Deus.
3º - Reaproximasse a humanidade de Deus, restabelecendo a comunhão e
ensinando-os o querer de Deus.
4º - Destruísse o inimigo de Deus, mentor da rebelião e queda.
Este alguém obviamente precisava ser muito especial, necessitando cumprir
alguns requisitos como:
1º) Ser forte o suficiente para realizar todos os objetivos listados acima.
2º) Ser humano, para identificar-se conosco, sofrer nossas lutas, dificuldades,
vencendo-as e superando a falha de Adão.
3º) Não herdar a imagem e semelhança decaída de Adão como todo ser gerado
humano.
4º) Ao final de um ministério impecável, morrer inocente, pagando como fiador a
culpa que pesava sobre toda humanidade e satisfazendo legalmente a justiça de Deus.
Jesus é o Deus que se fez homem na concepção virginal de Maria pelo Espirito
Santo, sendo o caminho encontrado pelo Pai para solucionar tudo isto, e sua vinda e
vitória foi prometida e preparada desde de Adão por todo Velho Testamento (Gn. 3:15)
(Rm. 5: 18-19) (Ap. 13: 8).
O cumprimento da promessa inicia-se na descendência de Adão. São dois filhos
Caim e Abel. Abel é o escolhido, porém assassinado, é substituído por Sete a aqui
encontramos a origem da árvore genealógica de onde Jesus virá na plenitude dos
tempos.
Os homens vivendo muitos anos e multiplicando-se povoaram grande parte da
terra, no entanto o pecado e a corrupção cada vez mais os distanciava de Deus (Gn. 6:
5, 11 e 12) até que Deus decidiu limpar a terra desta geração má e encontrou apenas
uma família a Ele temente, a de Noé descendente de Sete. (Gn. 5) Sendo preservado
Noé, preservaria seus planos. A humanidade, as promessas e a linhagem escolhida. O
Diluvio é a manifestação do juízo de Deus.
Noé tem 3 filhos, mas Sem é o abençoado (Gn. 9: 20-27) de Cão descendem os
cananitas, babilônios, egípcios e fenícios de Jafé os medos, persas e gregos; e de Sem
os hebreus, assírios e sírios.
Todos falavam a mesma língua e viviam juntos até que na presunçosa e soberba
tentativa de se igualarem a Deus e alcançarem o Céu numa alta torre foram
confundidos em variadas línguas e separaram-se espalhando-se pela terra.

5 – A HISTÓRIA DO VELHO TESTAMENTO


C) A História dos Patriarcas

Em torno do ano 2.200 a.C. um semita da cidade de Ur na Caldéia é chamado


pelo Deus a quem temia, para sair de casa na companhia de sua esposa e dirigir-se
pela fé ao desconhecido a uma terra que lhe era prometida. São Abrão e Sarai, e
Canaã é esta terra.
Deles Deus suscitaria uma descendência incontável e abençoada, um povo que
lhe seria particular (Gn. 12: 1-3).
Abrão e Sarai obedecem e na ansiedade da esterilidade dela, Abrão quer cumprir
a promessa de Deus através de uma escrava vindo a gerar Ismael.
O milagre da promessa de Deus no entanto cumprir-se-ia aos 100 anos de Abrão,
através do filho Isaque – Esaú e Jacó – 12 tribos.
Jacó já casado e com filhos tem um encontro definitivo e transformador com Deus
no vale do Jaboque, ali seu nome é mudado para Israel e seus filhos dão inicio a
história das 12 tribos de Israel. Embora José o 11º filho de Jacó seja precioso
38

instrumento nas mãos de Deus, é de Judá o quarto filho que Deus dará continuidade a
linhagem escolhida de Jesus. Por causa da fome que reinava em todo o mundo, a
família de José (agora povo de Israel) desse ao Egito, onde José já era vice rei, para
buscar alimentos. Deixa para trás sua terra acomoda-se em terra Egípcias, porém
permanece ali mais do que convinha, até que após sucessivas mudanças em dinastias
faraônicas (1805 – 1446 aC) torna-se escravo Gn. 15:13.
O povo de Deus não nasceu para escravidão, e numa bela tipologia Bíblica,
Deus lhes suscita um libertador, Moisés que os levaria de volta de Canaã. Esta
libertação é marcada pelas 10 pragas e pela páscoa onde o sangue inocente tingido as
ombreiras das portas, salvaria o povo da morte.
São 600 mil homens com suas famílias que voltam a Canaã após peregrinarem
430 anos em terra estranha, e antes de retomarem a terra prometida precisavam
tornar-se verdadeiramente uma nação. Eram um povo e tinham uma terra, mas faltava-
lhes a noção de governo e obediência, a organização política, social e espiritual.
Deus faz com eles um pacto baseado em obediência, vida santa e muitas
promessas. O pacto inclui:
 O DECÁLOGO,
 AS LEIS SOCIAIS,
 RITUAIS, CIVIS,
 O SACERDÓCIO,
 A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO
 E A INSTITUIÇÃO DAS FESTAS. (Exodo, Leviticos e Números).
Aquela geração adulta de judeus que ali estava foi caracterizada por desanimo e
saudosismo do Egito, o que os levou a caminhar durante 40 anos no deserto sem
tomar posse da promessa de reentrada. E só seus filhos em número de 600 mil
homens sobreviveram chegando a Canaã. (êxodo e Números). Há um detalhe, a nova
geração se distanciara cerca de 40 anos do pacto, das leis e das festas que Deus
fizera a seus pais e é fundamental que sejam relembradas antes que pisem a nova
terra (Deuteronômio).
O libertador Moisés (1406 aC) e o jovem conquistador Josué é quem dirige a
retomada de Canaã e a luta contra os povos inimigos os quais vieram a possuir a terra
que fora abandonada nestes 430 anos. A terra reconquistada é dividida em 12 tribos.
Por mais de 20 anos Josué lidera o povo, porém, ao aproximar-se a sua morte, reúne
todo o Israel e exorta-os a perseverar na fidelidade e obediência a teocracia. (Josué 23
e 24). Nesta ocasião nem todos os inimigos havia sido desalojados de Canaã e a
ordem de Deus era que tal fato ocorresse. Entretanto a ausência de liderança e da
fidelidade recém reafirmada a Deus, levou o povo de Israel a acomodar-se na
proximidade dos inimigos, com a perspectiva de que eles seriam submetidos e
escravizados e assim não precisariam ser expulsos (Juizes 1:28).
Não se pode desobedecer a Deus sem que haja serias conseqüências. Não se
pode conviver pacificamente com inimigos de Deus como se tive sobre eles eterno
domínio, e Israel desobedeceu e falhou. (Juizes 2:2 – 3 e 20:23). Tal perigosa
vizinhança induziu o povo a costumes pagãos, a enfraquecimento moral, espiritual,
político e consequentemente a cativeiros, ainda que habitando sua própria terra.
(Juizes 17:6 ). São 410 anos onde alternam-se sete cativeiros (111 anos) e sete
libertações (299 anos) sempre que havia arrependimento e contrição do povo, Deus
promovia-lhes libertação através de homens e mulheres piedosas. Estas histórias estão
registradas nos livros de Juizes, e dentre estes conhecemos bem Gideão e Sanção.
Rute está vivendo no tempo dos Juizes (Rute 1:1) e sua história é destacada em
um livro do Cânon, dentre outros motivos porque Deus está revelando que há graça no
VT. Alcançando e fazendo de uma moabita alguém participante do pacto, e
antecessora de Davi e Jesus (Mt 1:5)
39

Samuel e seus filhos, são os últimos Juizes de Israel, pois o povo distante de
Deus invejava as nações ao redor, as quais, possuíam, reis, exércitos etc. Assim
pedem a Samuel a indicação de um rei, trocando a teocracia pela monarquia (1Sm 8:4-
9 e 19:22)

5 – A HISTÓRIA DO VELHO TESTAMENTO


D) A HISTÓRIA DOS REIS – A MONARQUIA
A história sício-política de Israel começou durante o período patriarcal,
atravessou a época dos Juizes e chega ao penúltimo período, o qual ocupara a maior
parte do registro do VT é o tempo dos reis (Samuel, Reis e Crônicas – Poéticos e
Proféticos). Saul é primeiro rei vem da tribo de Benjamim (1 Sm 9:12) vem da
descendência de Jessé da tribo de Judá sem aparência ou formosura o sucessor de
Saul, levantado por Deus. Davi é o segundo rei, um homem segundo o coração de
Deus. (Escritor de quase todos os Salmos, músico compositor).
A Davi Deus promete manter eternamente seu trono (2Sm 7:16) e isto nada mais
é do que a confirmação da promessa feita a Adão e Jacó (Gn 2:15 e 49:10) é a
antevisão do Ministério do Rei Jesus.
Salomão filho de Davi e Bate-Seba é o terceiro rei de Israel. Piedoso e sábio
constrói o Templo em Jerusalém. É o escritor de Cantares, Provérbios e Eclesiastes,
este último numa reflexão ao final da vida depois de um tempo de queda espiritual.
Até a morte de Salomão, Israel reunia 12 tribos, mas como temos visto na
história desta relação entre deus e os homens, aqui também acontece afastamento,
cisão, separação e escolha. Ao morrer Salomão seu filho Roboão é quem o sucede,
porém Jeroboão, um servo efrateu de Salomão, levanta-se contra Roboão sendo
seguido nesta rebelião por 10 tribos de Israel. Ainda que Roboão fosse um mal rei o
povo rejeitando-o, rejeitava a direção que Deus indicara para o governo de seu povo.
(1Reis 11: 26-40 e 12: 16 – 20)
O trono de Davi (Judá) foi mantido em Roboão, governando sobre Judá e
Benjamim, na cidade de Jerusalém chamando-se reino do Sul ou reino de Judá. O
trono rebelde de Jeroboão governou sobre as demais dez tribos, com a capital em
Siquém e mais tarde Samaria, sobre o nome de reino do norte ou reino de Israel. Esta
divisão acontece no ano 931 a. C.
O reino do norte sobreviveu de 931 - 722 a. C até que foi invadido e dizimado
pelo império assírio, como forma de juízo ao obstinado comportamento pecaminoso.
Foram 19 reis de 04 dinastias diferentes e são seus profetas mais conhecidos Elias
(875 – 850 aC) Elizeu (850 – 800aC) Jonas (790 – 770 aC) e Oseias (760 – 720aC).
O reino do Sul alternou bons e maus reis, de 931 - 586 aC intensivamente
advertidos pelos profetas a respeito do pecado e da idolatria. São seus profetas: Joel,
Amós, Miquéias, Isaias, Sofonias, Naum, Jeremias, Habacuque, Daniel, Ezequiel e
Obadias 2 Rs 25.
A Babilônia havia assumido a supremacia mundial no ano 612 aC destruindo
Nínive a capital da Assíria. O Juízo veio por mãos do rei Nabucodonosor, mas não foi
de extinção do reino do sul como faria o império Assírio. Já que isto destruiria todo o
plano desenvolvido por Deus durante milênios. Judá é preservado e levado cativo na
tentativa de serem induzidos ao arrependimento e a conversão, neste sentido o
babilônio Nabucodonosor é servo de Deus (Jr. 25:9)
O profeta Jeremias previu 70 anos para este cativeiro (Jr. 25) e próximo de
cumprir-se este tempo, a Babilônia é invadida e tomada pelo novo império emergente,
o medo- persa, fruto da aliança entre Ciro e Dario (Dn. 5 ). Estes acontecimentos
também foram profetizados por Jeremias (Jr 50: 51 e Is. 44:45).
40

Numa releitura da profecia de Jeremias (Dn. 9:1 – 2) Daniel descobre que o


tempo de cativeiro havia-se cumprido e começa a implorar a Deus seu perdão (Dn. 9)
ao final de 537 aC, Ciro decreta a libertação dos judeus e estes começam a retornar
em levas a Jerusalém, dando início a reconstrução da cidade, do templo, de um novo
período sócio-político. O qual ocupará as últimas páginas do A. T. O registro desta
história de retorno e reconstrução aparece em Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e
Malaquias.
A primeira leva de judeus volta sobre o comando de Zorobabel e começa a
reconstruir o templo de Jerusalém (Ed. 1: 4). Os Samaritanos impedem o
prosseguimento da obra por um tempo, até que Dario o grande, em 520 a. C, permite o
final da obra (Ed. 4:6). Em 486 aC, morre Dario e persa Xerxes ( ou Assuero) assume
o trono sendo durante seu reinado que se dá a história de Ester ( 485 – 465 a. C).
A Segunda leva de judeus só retorna 80 anos depois, em 457 a. C sob a
liderança do escriba Esdras (Ed. 7:10) mas com Neemias o copeiro do rei Artaxerxes
(sucessor de Xerxes) em 444 a. C que a terceira e última leva de judeus volta à sua
terra natal.
O templo já estava pronto, mas os muros da cidade ainda não, e assim em 52
dias sob a liderança de Neemias, esta obra viria a ser concluída ( ver Neemias). O A. T.
encerra-se aqui com a palavra profética de Malaquias (450 – 400 aC) prenunciando o
nascimento do sol da justiça o Messias esperado (Ml. 3: 1 e 4: 2).

E) UM RESUMO DA HISTÓRIA DO POVO HEBREU

OS PATRIARCAS
 Adão – o primeiro criado – o representante da raça humana – pacto das obras
 Abel – o filho de Adão – ofereceu sacrifício mais excelente que Caim - Hb. 11:4
 Sete – o filho de Adão gerado depois da morte de Abel – GN. 4: 25
 Enos – o filho de Sete – daí se começou a invocar o nome d Senhor – Gn. 4: 26
 Noé – da descendência de Sete e Enos - Gn. 5 - o instrumento de salvação e
preservação da raça - Gn. 6, 7 e 8 – pacto da graça - Gn. 9
 Sem – a raiz genealógica dos hebreus – Gn. 10:21 (Héber – raiz do nome hebreu)
 Abraão – pacto da graça – Gn.15: 12-20 – uma grande nação - a promessa da terra
ao seu povo
 Isaque – o fruto do pacto da graça
 Jacó - (Israel = príncipe) – pai das 12 tribos
 José- Tipo de Cristo - vendido pelos próprios irmãos – veio a ser o salvador deles.

O CATIVEIRO NO EGITO E O ÊXODO


 Moises – outro tipo de Cristo – o grande profeta levantado por Deus para libertar o
seu povo da escravidão do Egito
 Canaã – a terra prometida no pacto da graça – a terra que mana leite e mel.

A POSSE DA TERRA
 Josué – homem através de quem o povo toma posse da terra prometida (Livro de
Josué)
 Período tribal – tempo em que o povo viveu na terra, que fora distribuída às 11 tribos
(a tribo de Levi não herdou terra pois eram separados para o serviço religioso e
deveriam viver dos dízimos das demais) – foram governados pelos juizes (Livro de
Juizes)
41

A MONARQUIA

MONARQUIA UNIDA
 Saul – o primeiro rei de Israel – I Sm cap 8 e 10:17-24
 Davi- o segundo e maior rei de Israel – unificação e fortalecimento do reino - +/-
1.000 a.C.
 Salomão – filho de Davi e Bate Seba – o rei que construiu o templo - I Rs. Cap. 3 a
11

A MONARQUIA DIVIDIDA
 Roboão – filho de Salomão – reino do Sul: Judá e Benjamim – capital: Jerusalém
(IRs. 12)
 Jeroboão – alto oficial do exército – reino do Norte: Israel – as outras 10 tribos –
capital: Samaria ( I Rs. 12:16-20)

Reino do Norte – total de 19 reis


Reino do sul – total de 20 reis

QUEDA DA MONARQUIA
 722 a.C. - o reino do Norte (Israel) é invadido e dominado pelo império Assírio
 586 a.C. – o reino do Sul (Judá) é invadido pelo império babilônico.

A RESTAURAÇÃO DO POVO JUDEU APÓS O EXÍLIO BABILÔNICO


 536 a.C. – o retorno da 1ª leva com Zorobabel
 515 a.C- o templo de Jerusalém restaurado (Ed. 1-6)
 483 a. C. – Ester Reina (Et. 1-10)
 457 a.C. – Esdras, sacerdote – o reformador (Ed. 7-10)
 444 a 431 a. C. – Neemias, o governador repara os muros e a reconstroi a cidade
(Ne. 1-7).
42

F) UMA LINHA HISTÓRICA DOS EVENTOS, PERSONAGENS


E DATAS MAIS IMPORTANTES DO ANTIGO TESTAMENTO
43

G) QUADRO CRONOLÓGICO DA MONARQUIA DE ISRAEL


44
45

INTRODUÇÃO AO PENTATEUCO
1) INTRODUÇÃO
No grego, a palavra Pentateuco significa “cinco volumes”. Porém, os judeus
chamavam esta primeira porção da Bíblia, TORAH ou a LEI. Compreende os livros de:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Foi este o primeiro grupo de livros da Bíblia a ser canonizado e está presente em
todas traduções da Bíblia ou seja, aquelas dos mais diversos Cânones (Hebreu, Grego,
Samaritano, etc.) No Cânon Judaico, o Pentateuco era provavelmente um livro com
cinco grades volumes; cada volume iniciava com um título o qual nada mais era que a
sua primeira ou primeiras palavras. Assim o primeiro volume “Bereshit” (No princípio).
Segundo volume “Welleh Shemoth” (e estes são os nomes) etc.
Os nomes que possuímos hoje como: Pentateuco, Gênesis, Êxodo, e outros são
de origem grega, dados quando da tradução de Septuaginta a mais disseminada
tradução da antigüidade.

2) AUTORIA:
Até o século XVIII A.D. a Igreja acatou fielmente as declarações bíblicas de ser
Moisés o autor do Pentateuco, porém um grupo de céticos estudiosos, por volta dos
séculos XIX, baseando-se na chamada alta crítica (critica e análise da autoria e da
integridade dos textos), afirmou não ser Moisés o autor e sim alguém vivendo em torno
do oitavo século antes de Cristo.
Entretanto, tal crítica não foi aceita pela imensa maioria da Igreja por algumas
razões que comprovam e evidenciam a autoria mosaica.
O Pentateuco testemunha que seu autor é Moisés – Êx. 24:04; Nm. 33:02; Dt; 31:09.
O NT dá o mesmo testemunho – Mt. 19:08; Jo 1:17 – 5:46 e 47 – 7:19; At 3:22 Rm.
10:05 e 19.
A unidade de estilo, de lingüística e de arrumação entre os cinco livros, apontam
para um único autor, o qual além de ser hebreu conhecendo bem os costumes judeus,
também possuía alta cultura egípcia.
O autor fora participante direto dos eventos, tal a riqueza de detalhes em seus relatos.
O estilo de cada livro do Pentateuco corresponde as circunstância ocasionais da vida
de Moisés relatados nestes mesmos livros. Assim em Êxodo e Números, o estilo é
irregular e rápido como um diário de notas de alguém em trânsito, enquanto
Deuteronômio é pausado exortativo, como alguém parado e reflexivo da forma como
Moisés o fez em Moabe.

3) CONTEÚDO, AMBIENTE e HISTÓRIA

O Pentateuco contém a história de milhares de anos, mais do que todos os anos


de história dos demais livros da Bíblia juntos, se considerarmos que trata da criação em
seus primeiros capítulos então seu conteúdo alcança milhões de anos.
Trata a princípio dos temas de interesse universal: Criação do Mundo, Criação do
Homem, a Queda, o Dilúvio, a Disseminação de Homens, Raças e Línguas pelas
terras. Isto em seus primeiros 11 capítulos, até que a partir do 12º capítulo do livro de
Gênesis, trata do surgimento do povo de Israel, história esta que tomará todo o resto
do VT. É seu conteúdo ainda: os patriarcas, o cativeiro egípcio e sua libertação, a
caminhada de 40 anos no deserto, terminando com a chegada às portas de Canaã
onde as Leis do Senhor são relembradas e Moisés é levado por Deus.
O ambiente do Pentateuco é sempre o Oriente Médio, pois há viagens constantes
dos personagens da Mesopotâmia à Palestina e vice-versa, com uma estada de 430
anos no Egito.
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V) INTRODUÇÃO AS LIVROS DO PENTATEUCO


1) GÊNESIS
a) Autoria e datação
NOME: No hebraico seu nome é Bereshit (no princípio) e no Grego Gênesis que dizer
origem.
AUTOR: Moisés
Data da Escrita: Aproximadamente 1445 aC. – provavelmente na primeira fase da
caminhada pelo deserto do Sinai.
Tempo de Ação: Abrange desde a criação do mundo ...? até a morte de José (1805
a.C.
Verso-Chave: É o Capitulo 1 Verso 1 - “No princípio criou Deus os céus e a terra”.
Tema: Os princípios
Seu nome em grego e hebraico, bem como seu verso-chave, antecipam o tema de
Gn. Princípio dos cens da terra, do homem, do pecado, do evangelho, ( Gn.3:15), dos
povos, línguas, nações, Israel e etc.

b) Conteúdo:
Como já dissemos, Gênesis é o livro que relata o princípio de todas as coisas.
Moisés, faz uma retrospectiva conduzindo-nos as origens de tudo e concentrando-se
uma verdade absoluta: Deus criou.
Não é portanto um livro que tenha preocupação científicas, até porque se as
tivesse não poderia ser um livro transtemporal, sua preocupação é afirmar o poder e a
soberania criativa de Deus. Gênesis é também um livro de Genealogias onde a
expressão “filho de” ... garante a historicidade dos fatos ali relatados.
Em seus primeiros 11 capítulos, Gênesis trata de temas universais tendo como
pano de fundo o Oriente Médio (antiga Mesopotâmia) quase sempre as histórias
deste trecho resumem-se na seqüência: Rebeldia – Soberba – Condenação. A partir
do capítulo 12 o foco central da história volta-se para Israel, tendo como palco a
Palestina. Israel começa em um homem (Abrão) cresce em uma família (Isaque) e
recebe seu nome Jacó.
A terceira e última parte do livro nos mostra como a providência de Deus
intervém na história para fazer cumprir seus propósitos, levando-nos sempre aos
melhores fins propostos por Ele. A história da maldade dos irmãos de José,
vendendo-o ao Egito, será usada para preservação do povo de Deus, em meio a
grave fome reinante na terra.

c) DIVISÃO
O livro de Gênesis pode ser dividido em três grandes blocos de assuntos. Todos
mnemônicamente iniciados pela letra P.
– Os primórdios de tudo capítulos 1 a 11.
– Os patriarcas capítulos 12 a 35.
– A providência manifestada na descida ao Egito e na preservação do povo
durante o período da fome capítulos 35 a 50.
Portanto: Primórdios - 1 a 11
Patriarcas : - 12 a 35
Providência:- 36 a 50
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d) ESBOÇO DO LIVRO
Gênesis possui 50 capítulos com 1.533 versículos que contam:
1 e 2 – Criação do mundo
3 a 5 – Adão Caim e Abel – A corrupção do homem
7 e 8 – Dilúvio
9 e 10 – Noé – Babel
12 – A chamada de Abrão
13 a 17 – Abrão Ló e Ismael.
18 e 19 – Sodoma e Gomorra.
20 a 23 – Abraão, Sara e Isaque.
24 a 27 – Isaque
28 a 34 – Jacó
25 a 36 – Descendentes de Esaú e Jacó
37 a 47 – José
48 a 50 – A morte de Jacó.

e) COMENTÁRIOS
 Há em Gênesis alguns textos que são fundamentais para entendermos todo o VT,
bem como a Bíblia inteira. São os seguintes: Gn. 12: 1-3 Deus faz uma promessa a
Abraão como respostas e solução para todo o caos da humanidade, contada de Gn.
1 a 11; dar-lhe-ia uma terra, dele faria uma nação, e de sua descendência suscitaria
aquele que abençoaria todas as nações. Esta promessa foi reafirmada a Isaque
Gn.26:2-5, e confirmada a Jacó Gn. 28:13-15. São, portanto, os pais da aliança:
Abraão, Isaque e Jacó.
 A Bíblia é o desenvolvimento e o comprimento desta aliança de salvação, de
resposta, de remédio ao caos da humanidade. Cristo está abundantemente presente
no livro de Gênesis.
 É o dizer criativo de Deus é a Palavra de Deus, por quem e para quem todas a
coisas foram criadas. “Disse Deus Haja ... João 1 de 1 a 3; Provérbios 8 de 22 a 30.
 É o descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente Gn. 3:15
 É o descendente de Abraão que abençoará todas as nações Gn.12:1-3 Gl 3:7-9
 Foi tipificado: em Adão I Co. 15:21-22 – em Abel Hb 11:4 – em Melquisedeque (Hb.
7:1-3) – * * Isaque - um sacrifício inocente – em José - Santidade, sendo traído em
sofrimento inocente redimindo seus irmãos, assumindo o trono.
O Livro de Gênesis termina com as palavras: Num caixão no Egito. E
simbolicamente é assim que vamos encontrar o povo ao encerrarmos o livro de
Gênesis e iniciarmos o Êxodo.
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2 - ÊXODO
a) Autoria e datação
Nome - No hebraico é We’elleh Shemoth (e este são os nomes) enquanto que no
grego, êxodo quer dizer “saída”. A primeira palavra do livro de êxodo em Hebraico é um
conectivo que revela ser este livro a continuidade do livro de gênesis.
Autor - Moisés, neste livro ele é o protagonista de tudo, o personagem principal do
relato.
Data da escrita: Aproximadamente 1445 AC. Provavelmente na 1ª fase da caminhada
pelo deserto do Sinai.
Tempo de ação – Relata desde o nascimento de Moisés – 1526 AC. Até o início da
caminhada no deserto do Sinai – 1445 AC.
Verso Chave – É 3: “10”vem agora e eu te enviarei a faraó para que tireis o meu povo,
os filhos de Israel, do Egito.
Tema – Libertação pelo sangue. É um livro de libertação, de redenção, e o caminho, o
meio sempre apontado aqui é o Sangue. Neste Êxodo, libertação virá sempre através
do sangue. É seu tema o anuncio profético da obra de Jesus.

b) Conteúdo
A família de Jacó descera ao Egito para fugir da fome reinante na terra, e isto foi
providência divina através de José.
Após saciarem sua fome, contudo, não voltaram à sua terra, fruto da promessa de
Deus. Acomodaram-se em terra alheia por terem sido bem tratados pelo faraó egípcio
cuja dinastia era contemporânea a José.
Estar no lugar errado no tempo errado, fora dos propósitos de Deus sempre traz
conseqüências difíceis aos servos de Deus.
As dinastias que se sucederam no trono egípcio não eram tão simpáticas ao povo
de Israel e os subjugaram, os escravizaram ali no Egito.
Foram 400 anos de cativeiro conforme a palavra de Deus a Abraão – GN. 15.13.
Deus não os abandonara, embora desobedientes, Deus é misericordioso e tem um
plano para a humanidade através de seu povo Israel.
Entraram no Egito 70 homens da família de Jacó, mas já não eram apenas 70 e
sim 600.000 homens de Deus no cativeiro Egípcio.
Deus levanta um libertador, com sinais e prodígios, com poder e através do sinal
do sangue os salva do cativeiro.
Para regressaram do Egito à terra de Canaã era preciso atravesasar o deserto do
Sinai. E Deus usa esse tempo de caminhada para algo novo no meio desse povo.
Este povo precisava ser transformado em nação, escravos tinham que ser
preparados para a liberdade de iniciativa.
Careciam de uma linha básica sobre a vontade de Deus e da importância de se
submeterem a esta regra Deus tinha que ser visto como rei e governador daquele
povo. Por isso vem a lei no monte Sinai.
Através desta história real, Deus nos fala da libertação do cativeiro em que o
homem se encontra, quando longe do querer de Deus e de sua vontade.
Nos fala da libertação por meio do sangue; da necessidade de submissão e
obediência, enquanto faz a caminhada entre o cativeiro (do qual fora liberto) até chegar
a Canaã prometida. Nos fala também de sustento, proteção e amparo que Ele nos
proporciona enquanto vivemos neste mundo como peregrinos até chegar a Canaã
celestial.
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c) Divisão
Tal como Gênesis, o livro de Êxodo pode também ser devido em três grandes
blocos de assuntos, todos mnemônicamente iniciados pela letra L .
Libertação do povo de seu cativeiro - 1-12
Locomoção através do deserto – Caps. 13 -18
Legislação recebida ao pé de Sinai – 19-40

Portanto:
 Libertação – 1-12.
 Locomoção: 13-18.
 Legislação: 19-40.

Esboço do livro –
Êxodo possui 40 capítulos com 1.213 versículos e nos conta:
1: O cativeiro
2: O nascimento de Moisés
3 e 4: A vocação de Moisés
5-11: A controvérsia e as pragas
12: A páscoa
13: Os primogênitos
14: O mar vermelho
15: O cântico do povo
16: O maná
17: A água da rocha
18: Jetro
19: Moisés sobe o Sinai
20: Os dez mandamentos
21-31: A complementação da lei
24: A aliança com o povo
25-31: O tabernáculo o sacerdócio e o culto
32: O bezerro de ouro
33-34: As segundas tábuas da lei
35-40: O tabernáculo

d) Comentários
A vida de Moisés pode ser dividida em três períodos iguais de 40 anos AT. 7:23-30
- Hb. 11:-29.
Na primeira fase até completar 40 anos ele estava na corte egípcia preparando-se
e sendo educado como um príncipe. Segundo Moody, neste templo ele pensava que
era alguém.
Na Segunda fase dos 40 aos 80 anos de idade. Após matar um egípcio precisou
refugiar no deserto apascentando ovelhas seu ímpeto de ira.
Foi conhecer o deserto por onde iria a peregrinar – Moody diz ele aprendeu que
não era ninguém.
A terceira e ultima fase dos 80 aos 120 anos de idade e o tempo que volta ao Egito,
liberta o povo e peregrina no deserto. É o tempo de seu ministério Naody afirma que
ele descobriu o que Deus pode fazer com um ninguém.
Deus o preparou por 80 anos para usa-lo 40 anos. Os seus primeiros 80 anos
ocupam apenas 2 capítulos do êxodo, enquanto seus últimos 40 anos ocupam todo
Pentateuco.
50

Poderíamos dizer que três grandes eventos marcam o livro do êxodo, como
resposta de Deus ás necessidades do povo de Israel.
1ª) A Libertação do Egito – Através do sangue derramado, de um cordeiro
inocente e sem macula, passado sobre a verga da porta. Deus o libertará do cativeiro
do Egito.
2ª) A entrega da lei – Após serem libertos, precisavam conhecer melhor o seu
Deus a fim de obedece-lo e servi-lo assim no Sinai Deus lhes provê sua lei.
3ª) A construção do tabernáculo – Conhecida a lei, tornava-se necessário um
local para adoração e purificação aos pecados – Deus lhe dá o tabernáculo.

As pragas são os primeiros sinais e prodígios, afim de confirmarem sua autorização


de divino ministério.
 As pragas foram especial mensagem anti-divindades egípcias.
 O rio Nilo era divindade cultuada bem como as rãs, os animais e as moscas.
 As cinzas espalhadas pelos sacerdotes egípcios simbolizavam suas benções, agora
geravam úlceras.
 Isis e Osires, deuses da água e do fogo não conseguem proteger a nação das
pragas dos gafanhotos e das trevas. A morte dos seus primogênitos os pune pela
morte dos primogênitos Hebreus, Ex. 1:15-16. – 11:5-7.
Nada é mais importante no livro do Êxodo do que a páscoa, ela tornou-se festa
anual. Ela comemora a libertação do cativeiro, a preservação dos primogênitos.
Lembrava a necessidade do sacrifício de sangue par remissão de pecado e
antecipadamente tipificava o sacrifício de Cristo. Nosso cordeiro pascal Jo.1: 29 –
1Co.5:7.
Há uma grande carência de compreensão da ordem divina da páscoa conforme
Êxodo. 12:3:
 Tomem um cordeiro (Hb.9:28, Is.53:6, Jo.19:14). Não era o fato de o cordeiro ser
maculado que os salvava. Não é a vida sem pecado de Cristo que nos salva, mas
sua morte na cruz.
 O sangue na verga da porta (12:7). Não é bastante que o cordeiro seja morto. O
sangue tem valor se for aplicado.
 Coma o cordeiro: (12:8). Depois que o sangue era vertido a aspergido, vinha a
orientação sobre o modo de comer o cordeiro. Assim acontece conosco a salvação
vem primeiro, depois a comunhão, adoração, vida cristã e serviço.
 Retirem o fermento (12:15) "Sonda-me ó Deus, vê se há em mim algum caminho
mau". (Sl.139:23). Fermento é um tipo de pecado. O fermento da injustiça precisa
ser eliminada da nossa vida, se desejamos comer com Deus.

Muitos pensam que com a vinda de Cristo, com o novo testamento, deixa de fazer
sentido a lei do velho testamento. É preciso que aclarearmos esta questão.

A lei teve pelo menos três adjetivos fundamentais:


 1º) Revelar aos homens o caráter e a vontade de Deus, e não um caminho de
salvação Deus espera que seu povo assim como ele, seja santo, Mt.5:17.
 2º) Ser um teste de obediência pois além de motiva-los à santidade. Deus saberia se
eles estavam dispostos a tê-lo como Senhor e rei, através da obediência a sua lei.
 3º) Revelar nosso caráter decaído e nossa impossibilidade de obedecer á lei por nós
mesmo, desta forma sermos conduzidos ao reconhecimento da absoluta
necessidade da graça de Deus. Gl.3:24.
A lei possuía aspectos universais e eternos quanto ao seu conteúdo moral e
espiritual mas também possuía aspectos temporais e nacionais quanto ao seu
conteúdo cerimonial.
51

O tabernáculo é a provisão de Deus para um meio de culto, adoração, comunhão,


e remissão de pecados pelo sacrifício de sangue.
Ele é um tipo de Cristo, e cada parte, elemento ou na mobília simbolizam aspectos
da vida, obra e morte do Senhor Jesus.
Cristo também está abundantemente presente no livro do Êxodo nos seguintes
tipos:
 Em Moisés como libertador, rejeitado pelos seus a princípio, exerceu ministério de
profeta, sacerdote e rei durante a peregrinação.
 Em Arão o sumo sacerdote Hb.5 e 7.
 No cordeiro pascal, o maior tipo de Cristo do velho testamento – Jo.1:29 e Cor.5:7.
 No maná, alimento para sustento de suas vidas, graciosamente providenciado dos
céus.

e ) O significado espiritual do tabernáculo


 A bacia para purificação na qual os sacerdotes tinham que lavar as mãos e os pés
antes de estar no santuário – provavelmente tipificava o poder purificador do sangue
de Cristo, simbolizado e aplicado aos crentes através ao batismo.
 Havia a mesa dos pães da proposição na qual se colocava 12 pães frescos de
farinha fina aos sábados. Sem dúvida simbolizava Cristo, o pão da vida, e
igualmente as doze tribos de Israel.
 Havia o candeeiro com suas 7 lâmpadas de azeite simbolizando Cristo a luz do
mundo. Zc.4.
 O Altar de ouro ou altar do incenso este altar provavelmente tipificava a oração
eficaz de Jesus o intercessor.
 A ARCA: Propiciatório – palavra propiciar no dia da expiação – tipificando a expiação
operada por Cristo. A ARCA representava a presença de Deus no meio ao povo.

TABERNÁCULO

iiioo dede
po
porp

As Instituições Sagradas de Adoração

1. O Altar. Há aqui diferentes pontos para estudo. (1 ) A primeira menção direta do


altar (Gn 8:20). (2) As várias pessoas que são mencionadas erigindo altares (Gn 1 –
Ex. 20). (3) 0 material usado na construção de altares (Ex. 20:24-251. (4) O
propósito do erguimento dos altares, incluindo aquele de Josué (Js 22: 10, 22-29).
2. O Tabernáculo. A descrição é dada com Êxodo caps. 25 a 29. (1 ) As instruções
para a construção incluindo ofertas e artigos a serem doados. 12) Seu erguimento e
a mobília que deveria haver dentro dele. (3) Seu propósito (Ex. 29:42-45; Hb. caps.
9-10). (4) Sua história - onde foi primeiramente levantado, quanto tempo foi usado,
etc.
52

3. O Templo. Em volta do templo aglomeravam-se muito das esperanças e aspirações


da nação. Existiram três templos ao todo. (1) 0 Templo de Salomão. Em conexão
com este templo há vários campos de estudo: (a) O desejo que Davi possuía de
construí-lo e sua preparação para isso l2 Sm 7:1-2; 1 Cr caps. 28-29). (b) Seu
material, construção e dedicação (1 Rs. 5:8, 2 Cr 2:6). (c) Sua destruição pelo
general de Nabucodonosor em 587 a.C. (2) 0 Templo de Zorobabel. Neste ponto
devemos estudar o decreto de Ciro, o retorno dos judeus, a reconstrução e
dedicação do templo ( Esdras Caps. 1.1), sua destruição por Pompeu em 63 a.C. e
por Herodes, o Grande em 37 a.C. (3) O Templo de Herodes. Este templo iniciou-se
em 20 ou 21 a.C. (Jo.. 2: 201, e foi destruído por Tito em 70 d.C.
4. A Sinagoga. A palavra grega de onde é derivada significa "uma assembléia".
Originou-se bem mais tarde na história da nação, mas logo veio a ter um lugar de
muita importância na vida religiosa. Sinagogas eram levantadas em todos os
lugares para onde judeus fiéis iam. No tempo de Cristo ou não muito antes, havia
cerca de 1.500 delas na Palestina com, talvez, 480 em Jerusalém. Parece que
havia três oficiais: (1) O Chefe (Lc 8:49; 13: 14; Mc 5: 22, etc.). (2) Os Anciãos (Lc
7:3; Mt 15:2, etc.). (3) 0 Assistente (Lc 4:20). O culto era muito simples e consistia
de orações e leitura com a exposição da Escritura. As sinagogas e seu culto foram
de grande proveito para os apóstolos na sua obra, fornecendo-Ihes oportunidades
para pregarem o Cristianismo onde quer que fossem.
5. A Igreja. Este é um termo neo testamentário. Até o tempo de Cristo não existiu
nada semelhante a uma igreja. A palavra significa "uma assembléia" e é mais
comumente usada para designar uma congregação local de obreiros cristãos. As
vezes são usados os termos a "Igreja de Cristo", a "Igreja de Deus" ou os "Santos".
As igrejas foram estabelecidas em várias cidades e freqüentemente reuniam-se nos
lares. Não é apropriado chamar de igreja aos cristãos de uma denominação
particular. Também seria errado chamar de igreja aos cristãos de qualquer
denominação num dado território. Por exemplo: a Bíblia geralmente usa o termo a
igreja em Corínto, e se fala de igreja de outra forma, refere-se a um conceito mais
amplo. Através de um estudo das principais igrejas e líderes de movimentos
cristãos depois da ascensão de Jesus, poderemos obter uma melhor compreensão
da idéia de igreja no Novo Testamento.
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3) LEVÍTICO
a) Autoria e datação
Nome – No Hebraico seu nome é WAYYIQRA ( e chamou o Senhor) são as primeiras
palavras desde livro. No grego Leviticos significa “Leis dos Levitas”.
Autor – Moisés
Data da escrita – aproximadamente 1445 a.C. provavelmente na 1ª fase da
caminhada pelo deserto do Sinai.
Tempo da ação – Em 1445 a.C. nas ultimas semanas do povo ao pé do monte Sinai,
enquanto recebiam as leis.
Verso chave – 19:2 ou 20:26 – Ser-me-eis santos, porque eu o Senhor sou santo.
Tema: Santidade
Este livro é um manual de Leis para os levitas e sacerdotes regerem suas vidas e
ministrarem ao povo, com princípios morais, espirituais, éticos, litúrgicos e cerimoniais,
visando a santidade do povo.

b) Conteúdo –
Após caminharem três messes pelo deserto do Sinai, o povo de Israel chega ao
pé do monte Sinai. Depois de experimentarem a libertação, eles precisavam conhecer
o caráter, a vontade, as leis do seu Deus, seu Senhor, a fim de segui-lo, obedece-lo e
agrada-lo.
Permanecem 11 messes parados recebendo estas orientações. Desde Êxodo 19,
e por todo livro do Levítico, encontramos Deus comunicando-se com eles, através de
Moisés.
São leis morais, espirituais, comportamentais, cerimoniais, etc. Deus quer se
envolver com tudo o que nos diz respeito como pessoas, como indivíduos.
Em Gênesis conhecemos o Deus todo poderoso, criador, soberano: Em êxodo
descobrimos o Deus libertador e salvador; agora em Levítico conhecemos o Deus
santificador.
O Deus que deseja conduzir-nos ao que há de melhor e mais aceitável no culto,
na saúde, no relacionamento interpessoal, alem disto tudo, há significados típicos
messiânicos nos costumes, festas, ritos e leis, os quais encontramos completo
cumprimento e compreensão em Cristo. HB-10:1
Deus separa a tribo de Leví para o serviço no tabernáculo, e
Arão e sua descendência para o sacerdócio. É o pacto Levítico em L.v.8 e 9 = Nm.8

c- Divisão –
Podemos dividir o livro em cinco blocos de assuntos, todos mnemônicamente iniciados
com a letra S.
A – Sacrifício – capítulos 1 ao 7.
B – Sacerdócio – capítulos 8 a 10.
C – Saúde – capítulos 11 ao 15.
D – Separação – capítulos 16 ao 22.
E – Solenidades – capítulos 23 ao 27.

d- Esboço do Livro
Levítico possui 27 capítulos com 859 versículos tratando de:
1-7 – Diferentes tipos de sacrifícios, holocaustos, manjares, pacíficos, pecados por
ignorância, pecados ocultos, voluntários, culpa.
8 – Arão e seus filhos consagrados.
9 – Arão oferece sacrifícios.
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10 – O fogo estranho de Nadabe e Abiú.


11 – Alimentos Santos.
12-15 – Corpos Santos.
16 – Proibição de comer Sangue.
18 – Casamentos ilícitos.
23-25 – Festas solenes.
26 – Obediência  Desobediência.
27 – Votos solenes.

e- Comentários
No último capítulo de Êxodo, Moisés terminou a construção do tabernáculo e
Deus está presente ali.
No primeiro capítulo de Levítico, Deus está chamando Moisés e começando a
ditar-lhe dali, leis para o povo.
Após os dez mandamentos e o tabernáculo, o povo precisava aprender a forma
correta de cultuar, adorar e consagrar-se.
Também em nossas vidas esta é a ordem dos acontecimentos. “À libertação do
cativeiro do pecado e do mundo, seguem-se: o conhecimento da vontade de Deus,
encontrar-se o seu lugar de culto e seu povo, então a adoração, o louvor, o serviço e a
consagração”.
As palavras ou expressões que mais, aparecem neste livro são bem sugestivas.
Disse o Senhor a Moisés – 56 vezes – enfatiza a autoria mosaica e o fato de ser o
próprio Deus aquele que ditava as leis.
Expiação – 51vezes – A expiação do pecado é o pagamento do preço e o
cumprimento do rito sacrificial, é a substituição do pecado pela oferta que paga em seu
lugar.
A expiação é a provisão do Deus justo e misericordioso. Um Deus santo que não
pode conviver com o pecado.
Sangue – 93 vezes – É o sangue que fará expiação Lv-17.11 – HB-9:12. Vida
pagando por vida, sangue inocente substituindo sangue culpado.
Só quem entende esta mensagem enfática de Levítico, entenderá o sacrifício de
Jesus no calvário. Seu sangue derramado reúne o significado de todas as ofertas do
velho testamento.
Santo – 93 vezes – Santo significa “separado”. Levítico fala de leis para
adoração, vida e serviço de um homem separado para Deus. A ênfase de palavra,
revela-nos antecipadamente a mensagem de toda Bíblia: O Deus santo só espera
santidade daqueles que o adoram e servem.
As instruções quanto à santidade, dadas pelo Senhor em Levítico, não foram
dadas como se apontado um caminho de salvação, mas de aproximação de Deus.

e- Os tipos de sacrifícios prescritos na Lei


Há cinco tipos de ofertas apresentadas no livro de Leviticos e eles ocupam os seis
primeiros capítulos do livro.
A)- Holocaustos – Eram sacrifícios de consagração, oferecidos diariamente. Pela
manhã e à tarde, o animal macho sem sua pele, era completamente queimado Lv. 1.
B)- Oferta de manjares – É uma oferta de comunhão e ações de graça – Feita com
farinha e azeite – Lv.2.
C)- Oferta pacífica – É também uma oferta de comunhão com Deus e de ações de
graça, esta, contudo, era realizada com um animal macho ou fêmea sacrificado e
queimado. Lv.3.
D)- Oferta pelos pecados – Lv.4 e 5. É oferta para expiação de pecados. Se nas
primeiras ofertas, o ofertante apresentava-se como um adorador, agora ele é um
55

convicto pecador em falta com Deus. O sangue do animal derramado reconhece que
sua vida, a do ofertante, é que deveria estar sendo entregue, mas Deus em sua
misericórdia propôs este sacrifício substitutivo, o qual prenuncia o sacrifício de Cristo.
E)- Oferta pela culpa – Lv. 5:14 – 6:7 e Lv. 7: 1-10. É uma oferta pela expiação de
pecados contra Deus ou homens, que admitiam compensação, também compreendia
derramamento de sangue animal inocente e mais restituição do que fora extorquido ou
furtado mais um quinto, ao ofendido. (Lv.6: 4 e 5).

f- As festas do hebreus
(Lv.23) com suas datas, ritos e significados típicos são:
Semanais
O Sábado - O Dia do SENHOR. O Sétimo dia da semana era separado para o
descanso e todo homem devia abster-se de qualquer trabalho. Os sacerdotes faziam
oferta em dobro e traziam novos pães da proposição ao tabernáculo. Tipificava o crente
descansando na obra concluída, por Jesus.
Por isso, na Nova Aliança, o Dia do SENHOR é o primeiro dia da semana e é observa-
do em comemoração da ressurreição de Jesus que ocorreu naquele dia. Uma vez que
foi a ressurreição que comemorou a consumação da obra de redenção; assim como o
Sábado era guardado em comemoração da consumação da obra de criação na antiga
Aliança; agora, na Nova Aliança ele é guardado no 1º dia da semana.

Mensais
A Lua nova – realizava-se no dia da lua nova e era anunciada ao som de trombetas.
Não era proibido ao trabalho mas sacrifícios em dobro eram oferecidos. A lua nova do
sétimo mês (tisri) em Outubro, indicava o começo do ano civil e a festa do ano novo
Judaico recebia o nome de festas das trombetas. Esta era de completo descanso e as
trombetas tocavam bem mais forte e demoradamente – tipificava a reunião do povo de
Israel.
Eram festas especiais realizadas no primeiro dia de cada mês (Nm. 10: 10), celebradas
com a oferenda de sacrifícios (Nm. 28: 11-15). Entre as tribos do norte a festa de Lua
Nova era considerada ocasião propícia para se ir ao profeta receber instrução (2 Rs. 4:
23).

Anuais

 Páscoa e Pães Asmos – A páscoa era comemorada no dia 14 de Abril ( mês de
Abibe) e lembrava a libertação do cativeiro egípcio. Tipificava a crucificação de Cristo e
nossa conseqüente libertação do pecado. 1 Co.5:7. As festas dos Pães Asmos ia de
15 a 22 de Abril, como continuação da páscoa, comemorando as dificuldades da fuga
apressada e tipificando a necessidade de uma vida limpa do fermento do pecado.

 A festa das primícias era o 2º dia da festa dos Pães Asmos (16 de Abril), onde
eram dedicados ao Senhor todas as primícias das colheitas feitas tipificava a
ressurreição de Cristo, como as primícias da ressurreição dos crentes, ao 3º dia após a
crucificação (páscoa) 1 Cor. 15: 20 e 23.

 Pentecoste – também chamada festa das semanas, era comemorada 49 dias
(7 semanas) após a oferta das primícias – tinha como objetivo agradecer pela colheita
da cevada e dedicar a próxima colheita de trigo – tipificava a descida do Espírito Santo.

 Festas dos Tabernáculos – de 15 a 22 de tisri (Outubro) comemorava a
peregrinação de Israel pelo deserto e o cuidado de Deus por eles. Regozijava-se pela
complementação das colheitas. Enquanto celebravam a festa, moravam em tendas de
ramos.

 Dia Nacional da expiação – (Yon Kuphur) - Em 10 de tisri (Outubro) expiavam
todos os pecados do ano, que não haviam ainda sido expiados. Neste dia o Sumo-
56

sacerdote oferecia um novilho por si mesmo e então entrava no santo dos santos.
Apenas nesta dada ele assim fazia. Dois bodes eram levados a cerimônia, a sorte era
lançada sobre eles. Um era sacrificado e o outro era enviado para o deserto (bode
emissário), carregando toda culpa que sobre ele o sumo-sacerdote colocava.
Era o bode emissário ou expiatório ambos os bodes tiveram significado em Cristo,
que foi sacrificado na cruz, assim como morreu fora da porta carregando nossas
culpas. HB.13:12.

 A Festa da Dedicação - celebrada em 25 de Dezembro (1 Rs. 8:2; 2 Cr 5:3).
Comemorava a dedicação do templo. Parece ter tido origem após a reconstrução do
tempo mas, provavelmente, também incluía o pensamento da dedicação do templo de
Salomão.

 A Festa do Purim - Relembrava a libertação dos judeus através de Ester (Et 9:
20: 32) e era observada em 14 e 15 de Março.

Ano Sabático.
Vinha a cada sete anos e toda a terra de Israel deveria descansar assim como o povo
de Israel descansava no sétimo dia. Nenhuma semente deveria ser plantada e tudo 0
que crescia era de propriedade pública e poderia ser tomada pelo pobre se ele
quisesse. Durante aquele ano todas as dívidas deveriam ser perdoadas exceto aquelas
contra estrangeiros (Ex. 23: 1011 ; Lv 25: 2-7; Dt 15: 1-1 1 ).

O Ano do Jubileu
Todo qüinquagésimo ano era conhecido como o Ano do Jubileu (Lv 25: 8-55).
Começava no décimo dia do sétimo mês e durante essa época o solo permanecia sem
cultivo exatamente como no ano sabático. Toda terra que tivesse sido vendida ou
arrendada voltava para seu dono original, e todo escravo hebreu era libertado se assim
o quisesse.
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4 – NÚMEROS
a) AUTORIA E DATAÇÃO
Nome – No Hebraico chama-se Bemidbarth – “Pois no deserto” são suas primeiras
palavras.
No grego, “Números” é o seu nome pois há dois censos registrados nos capítulos 1 e
26.
Autor – Moisés (Nm.33:2)
Data da escrita – em torno de 1.406 A.C ao final de sua caminhada pelo deserto.
Tempo da ação – O conteúdo deste livro refere-se a aproximadamente 39 anos, que é
o período da caminhada do povo de Israel desde o pé do monte Sinai até a chegada
definitiva á entrada de Canaã – compreende de 1445 a 1406 A.C.
Tema: Peregrinação
O Povo esteve parado aos pés do Sinai por 11 meses recebendo as leis (o relato
deste período está desde Êxodo 20 até o final do livro de Levítico) o povo agora se
levanta para caminhar e o faz durante 39 anos. Seus acontecimentos, sucessos e
fracassos, são descritos no livro de Números.

b- Conteúdo –
Este livro começa com o povo preparando-se para a jornada á terra prometida. O plano
de Deus era que em poucas semanas eles chegassem á Canaã.
Por ordem de Deus Moisés os conta e os organiza – 600 mil homens.
Espias são mandados á terra prometida e em 40 dias retornam. Com o relatório.
Havia gigantes na terra, o povo que ali proliferaram (multiplicar) durante aqueles 400
anos que Israel permaneceu no Egito.
O povo se esqueceu do poder e do cuidado de Deus, não deu ouvidos á Calebe e
Josué e murmuram contra Deus. Incredulidade!
Como castigo, Deus os faz peregrinar em torno de Cades, por mais 39 anos,
caminhando sem chegar a lugar nenhum ( Nm.33)até que aquela geração adulta,
incrédula, morresse, e seus filhos, numa nova geração, entrassem na posse da terra de
Canaã.
Aí então um novo censo é feito. Mantinha-se o número de 600 mil homens
(Nm.26:63-66).
Os censos são mais do que lições de ordem e disciplina de Deus, são
demonstração de sua fidelidade e cuidado, pois mesmo castigando com a morte a
primeira geração incrédula, Deus preservou o número de homens que tomariam posse
da promessa.
Números é um livro de peregrinação de números, mas é também um livro de
murmuração e rebeliões, veja quantas nele há! Como Deus se cansou deles. Sl.95:10-
11.
Paulo nos chamou a atenção quanto aos ensinos deste livro dizendo serem eles,
exemplo para nós.1Co.10:1-6.

c- Divisão
O relato das caminhadas do povo de Israel pelo deserto pode ser feito, dividindo-se
segundo três marcadas etapas:
No Sinai – Capítulo 1 a 10:10. É a preparação para saída. Há um censo, purificação e
consagração. Aqui são gastos 20 dias.
De Sinai a Cades – Capítulo 10:11 a 20. Inicia-se com o envio dos espias à Canaã,
cuja viagem de ida e volta leva 40 dias. Por causa da incredulidade, peregrinam mais
39 anos em torno de Cades até chegarem novamente a entrada de Canaã.
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De Cades a Moabe – Capítulo 21-36. Os cinco últimos meses do deserto, e a chegada


à entrada de Canaã.
Assim temos então: Sinai – 1 a 10:10
Sinai a Cades – 10:11 a 20
Cades a Moabe – 21 a 36.

d- Esboço do livro
Números possuí 36 capítulos com 1288 versículos. Trazendo os seguintes relatos.
1-4 – censo de organização.
5-10 – purificação e consagração.
11 e 12 – sedição e murmuração.
13 – os espias.
14 – incredulidade e castigo.
15 – novas leis.
16 – rebelião.
17 – a vara de Arão floresce.
18 e 19 – ordenação.
20 – o pecado de Moisés.
21 – a serpente de bronze.
22-24 – Balaão.
25 – Fineias e a apostasia.
26-32 – nomeações e distribuição.
33 – Sumário da viagem (recapitulação).
34-36 – outras leis.

e- Comentários
Os títulos dos livros do Pentateuco, em muito nos ajudam à lembrança de seu
conteúdo. Gênesis: os princípios – Êxodo: libertação – Levítico: santificação –
Números: É um livro de peregrinação, pois o povo aqui ( ao contrário do Levítico onde
o povo está parado) está sempre andando, mas é sobretudo um livro de números pois
* Há dois censos realizados um ao início da caminhada ( Nm.1) e outro ao final, 38
anos depois. (Nm.26).
* A palavra “Números” aparece cerca de 125 vezes no livro.
Deus os guiava e cuidava com todo amor e poder: De dia eram guiados por uma
nuvem, e a noite por uma coluna de fogo. Não sabiam para onde e nem por onde iam,
apenas seguiam a nuvem. Onde ela parava, eles paravam.(Nm.9:15-23).
Seus sapatos nunca se gastavam e as roupas não envelheciam – Dt.29:5.
O maná caia do céu diariamente, porção suficiente para um dia apenas.

Eles estavam no deserto, sem estradas, sem parâmetros, sem fontes, sem
armazéns; e no dia a dia, passo a passo, eram guardados e guiados por Deus, uma
lição cotidiana de confiança, entrega e descanso.
O povo contudo deixou que a beleza e a sublimidade de toda aquela sobre-
naturalidade se transformasse em algo comum e monótono. Bocejou, resmungou,
rebelou-se e murmurou, tendo saudades dos alhos e cebolas do tempo do cativeiro
egípcio.
Nós também algumas vezes agimos assim. Acostumamo-nos com o sublime, com
o sobrenatural de Deus, banalizando-o monotonizamos a graça multiforme de Deus.
Sempre que assim o fazemos, vem a saudade dos alhos que comíamos quando
escravos do mundo!
59

Houve ciúmes e competição por liderança, por fama e reconhecimento, no


coração de Miriã e Arão, em relação a Moisés, Deus irou-se com isto (Nm.12:9) Deus
só teve complacência dos invejosos pela intercessão de Moisés (Nm.12:13).
O medo e a incredulidade fazem coisas fantásticas!
Quando os espias chegaram á Canaã e encontraram ali os gigantes filhos de
Enaque, esqueceram-se do Deus das pragas do Egito, do Deus do mar vermelho, do
Deus do monte Sinai, etc.
O medo fez com que eles vissem os gigantes maiores do que já eram e a si
mesmo tão pequenos insignificantes quanto gafanhotos. (Nm.13:32 e 33).
Como entristecemos a Deus quanto além da incredulidade nos deixamos ser
apossados pelo medo a ponto de que imagem e semelhança de Deus em nós, torna-se
como gafanhotos.
Moisés não entrou na terra prometida porque em sua ira contra o povo, que
murmurava mais uma vez, desobedeceu a Deus. Feriu a rocha pela Segunda vez,
quando apenas deveria falar a ela, para que a água jorrasse. Nm.20.
Veja que na primeira vez, Deus mandou ferir a rocha e esta deu água
(Êxodo.17:6) agora devia apenas falar a ela, mas ele desobedeceu.
Em Números 20:11 Deus lhes deu água, mas castigou Moisés. Cristo era a rocha,
simbolicamente (1Co.10:4) e para que a água da vida fluísse em nossa direção ele
precisava ser ferido na cruz apenas uma vez, por todas. Hb.9:28 – 10:12 e14.
Balaão era um profeta independente. Deus usou uma jumenta para dirigir sua
vida, e depois usou o próprio Balaão para revelar ao rei Balaque a aos moabitas, que
tinha planos de abençoar seu povo Israel. (Nm.22 a 24).
O novo testamento nos admoesta quanto ao cuidado contra o chamado pecado
de Balaão – (Jo.11 e II Pedro 2:15) o qual seduziu o povo de Deus com lascívia e
prostituição – Nm.25-31:8.
São tipos de Cristo:
A rocha que não poderia ser ferida duas vezes.
A vara florescida de Arão – Nm.17.
A autoridade sacerdotal de Arão foi confirmada quando a sua única vara que, das
mão dos outros pretensos lideres, da morte floresceu.
Jesus é o único líder que ressuscitou. Entre todos os pretensos sacerdotes do
mundo, ele é o único em que brotou vida, da morte.
C) As serpentes abrasadoras – N:21, o povo murmurador era mordido e
envenenado por serpentes. A única saída, o único caminho de salvação era
contemplarem com fé a serpente de bronze levantada numa haste.
Da mesma forma Cristo ( Jo.3:14) identificou-se conosco, fazendo se culpado por
nós, e sendo levantado na cruz, para que ao olharmos seu sacrifício com fé, nele nos
vendo, sejamos salvos.
60

5 - DEUTERONÔMIO
a - Autoria e datação
NOME – As primeiras palavras do livro em hebraico são: “estas são as palavras”, por
isto seu título é “Elleh haddebharim”.
No grego, “DEUTERONÔMIO” significa “Segunda lei”.
AUTOR – Moisés, o qual refere-se a si mesmo 38 vezes neste livro. (Dt.31:9 e 24-26)
DATA DA ESCRITA – 1406 a.C., nos últimos dias de vida de Moisés.
TEMPO DA AÇÃO – É o registro de discursos e cânticos de Moisés durante seus dois
últimos meses de vida, talvez fevereiro e março de 1406 a.C. (ver Dt.1:3).
VERSO-CHAVE: É o 12:1 – “São estes os estatutos e os juízos que cuidareis de
cumprir na terra que vos deu o Senhor, Deus de vossos pais, para a possuirdes todos
os dias que viverdes sobre a terra”.
TEMA: OBEDIÊNCIA
Moisés, à entrada de Canaã, faz uma retrospectiva de toda história do povo no
deserto, sob um apelo à nova etapa a ser vivida enfim na terra prometida, obedeçam!

b- CONTEÚDO
Após 40 anos de caminhada no deserto enfim aproximava-se o momento de
entrarem novamente na posse da terra de Canaã.
Chegam às campinas de Moabe e de lá avistam a terra que mana leite e mel. Já
estiveram ali os doze espias, e por causa de seu relatório infamante, aliado à
incredulidade do povo, tiveram que andar mais 39 anos pelos deserto.
Morreu a primeira geração, a geração incrédula, a geração que atravessou o Mar
Vermelho, que recebeu os dez mandamentos e as demais leis do Sinai, que viu muitos
sinais e prodígios. Chega às portas de Canaã uma nova geração e é por isto, antes de
entrarem na posse e gozo desta terra prometida, que Moisés gasta com eles longo
tempo em lembranças, especialmente das leis do Senhor, para que tudo na nova terra,
“te vá bem”.
Deuteronômio é um livro de cânticos e de discursos, de recordações da lei e das
peregrinações, de advertências, de benções (se obedecerem) e de maldições (se
desobedecerem).
c- DIVISÃO –
Moisés faz quatro discursos em Deuteronômio, e poderíamos dividir o livro,
didaticamente desta forma:

Recorda! – 1º discurso – caps. 1 ao 4


Obedece! – 2ºdiscurso – caps. 5 ao 26
Cuidado! – 3º e 4º discursos – caps.27 ao 34

Ou ainda como sugere Henrietta Mears, em seu livro “Estudo Panorâmico da Bíblia”
– Ed. VIDA:
Olhando para trás – 1ºdiscurso – caps.1 ao 4
Olhando para o alto – 2ºdiscurso – caps.5 ao 26
Olhando para frente – 3º e 4º discursos – caps. 27 ao 34

d- ESBOÇO DO LIVRO
Deuteronômio possui 34 capítulos e 959 versículos, com os seguintes relatos:
1-4 - O 1ºdiscurso de Moisé
5-26 - O 2ºdiscurso de Moisés
27-28 - O 3ºdiscurso de Moisés
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29-30 - O 4ºdiscurso de Moisés


31 - Josué, o sucessor de Moisés
32 - O cântico de Moisés
33 - A bênção de Moisés
34 - A morte de Moisés

e- COMENTÁRIOS
1 – Os títulos dos livros do Pentateuco, no hebraico, são as suas primeiras palavras, e
no grego são a idéia predominante no livro, ajudando-nos assim a memorizar seus
conteúdos.

Gênesis – trata dos princípios, origens


Êxodo – trata da saída, caminhada
Levítico – trata das leis
Números – trata da contagem do povo, dos censos, das jornadas
Deuteronômio – trata da Segunda lei, repetida ao povo.

2 – Deuteronômio é considerado por muitos estudiosos o livro mais importante do


Velho Testamento pois:
a- É o livro preferido e mais citado por Jesus , inclusive no diálogo com Satanás. Dt.
8:3; 6:16; 6:13 e 10:20; Lc.4:4, 8, 12
b) Contém 259 referências aos demais livros do Pentateuco, é citado 356 vezes pelos
outros livros do Velho Testamento e mais de 190 vezes no Novo Testamento.
c) Contém toda súmula da teologia do Velho Testamento e é o livro que mais trata de
questões do relacionamento humano em toda a Bíblia.

3 – Porque repetir muitos dos textos de Êxodo e Números em Deuteronômio?


a- Porque o objetivo de Deuteronômio era preparar a nova geração de Israel para a
posse da terra de Canaã, através da recordação de muitos fatos aos quais eles não
estiveram presentes e eram fundamentais ao seu aprendizado.
b- Porque há pequenas diferenças entre as leis do Êxodo e as mesmas leis quando
aparecem no Deuteronômio?
c- Porque as circunstâncias no deserto eram diferentes das circunstâncias e condições
de Canaã. Moisés que fora o mesmo instrumento de Deus nas duas ocasiões, agora
representava as leis numa perspectiva nova.
d- Há mais ênfase no amor de Deus e ao próximo, há mais ênfase no relacionamento
humano, fala mais ao coração e à consciência que ao intelecto, enfatiza de forma
inevitável a relação que há entre obediência – bênção, desobediência – maldição.

4 – As orientações de Deus ao povo de Israel quanto à necessidade de matarem todo


ser vivo dos povos inimigos, quando se reapossassem da terra de Canaã, precisa ser
bem compreendida:
a- Deus é o Deus da vida e do amor, e nunca se arredou um centímetro disto, para a
direita ou para a esquerda.
b- Deus detestava a morte e o assassínio, tanto que ordenou a punição máxima para
aquele que tirasse a vida de um irmão inocente.
c- O Deus imutável no entanto relaciona-se com homens que são mutáveis em seus
princípios, regras e leis ao longo da história. Neste tempo do Velho Testamento a
questão era de impossível convivência, havia o perigo da imoralidade, da idolatria, do
cativeiro, da servidão e da morte.
d- Era um tempo de matar ou morrer, e assim para que seu povo existisse, seus
propósitos no tempo e espaço se cumprissem era dolorosamente necessário matar.
62

5 – É bom lembrar que a terra de Canaã, prometida de Abraão e sua descendência já


fora posse de família de Abraão e até de toda a família de Jacó. Enquanto Jacó desceu
ao Egito, durante o período de grande fome no mundo, e lá contra a vontade de Deus
permaneceu (até que caiu cativo por 430 anos), neste intervalo de tempo outros povos
alojaram-se ali e a ocuparam. Estes povos pagãos e idólatras é que precisam ser
exterminados, para a retomada da terra, o que foi sob o comando de Josué.

6 – Há uma profecia messiânica em Deuteronômio 18:18 e 19. O povo passou a


esperar um profeta semelhante a Moisés. Veja Lc.9:19; At.3:22; At.7:37; Jo.1:20 e 21

7 – Moisés morre aos 120 anos e seu corpo nunca foi encontrado pois foi enterrado por
Deus.
Ele entoa um cântico antes de morrer Dt.32 (já havia entoado outro na libertação do
cativeiro Êxodo.15, e o conhecido Sal.90).
63

INTRODUÇÃO AOS LIVROS HISTÓRICOS


a) NOME
Em nosso cânon, os livros históricos são doze: Josué, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e
II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.
Para os hebreus contudo, Josué, Juizes, I e II Samuel, I e II Reis eram reunidos
num grupo de livros chamados “os primeiros profetas”, já que Isaias, Jeremias,
Ezequiel e Os doze (os profetas menores) eram chamados “os últimos profetas”.
Para eles ainda, Esdras, Neemias, Ester e Crônicas, faziam parte dos grupos dos
“escritos”.
Estes doze livros são chamados históricos embora o Pentateuco também seja
história. Diferem quanto à ênfase, pois o Pentateuco enfatiza as origens, as alianças,
as leis, enquanto os Históricos enfatizam a história propriamente dita da nação do
Israel.
O nome dos livros históricos, na maioria das vezes apresenta seu personagem
principal, e não exatamente seu autor.

b) AUTORIA -
Os doze livros históricos são anônimos, mas quase certamente foram escritos ou
compilados por: Josué, Samuel, Jeremias e Esdras.
Devemos nos Lembrar ainda dos cronistas que oficialmente eram encarregados
de relatar os fatos históricos para registro oficial.
A história de Davi foi escrita por Samuel, Natã e Gade, I Cr. 29:29; de Salomão,
por Natã, Aías e Ido, II Crônicas - 9:29; a de Roboão por Semaías e Ido, II Cr.12:15.
Baruque era o escrivão de Jeremias Jr.36:1.6.
As próprias Escrituras testemunham além disto, da existência de outros
documentos históricos, não inspirados, não canonizados, mas que serviam como fonte
de dados para alguns registros inspirados por Deus.

c) DATA DA ESCRITA E TEMPO DE AÇÃO


Estes livros contém a história do povo de Israel desde a entrada em Canaã sob a
liderança de Josué (1.406 aC) até a época de Neemias e Malaquias (400 aC.) portanto
cerca de 1000 anos de História.

d) DIVISÃO –
Esta história contada durante o período de 1000 anos pode ser assim dividida entre os
doze livros:
1º período – Da entrada em Canaã (1406 aC.) até o estabelecimento da monarquia
1044 aC narram este período : Josué, Juizes, Rute, I Samuel dos
capítulos 1 ao 8. Poderíamos chamar a este o período dos Juizes.
2º período – Do estabelecimento da monarquia (1.044 aC.) à divisão de Israel em dois
reinos (931 – aC). Chamaríamos a este, o período do Reino Unido.
Neles estão sendo escrito os livros Poéticos.
3º período – Da divisão dos dois Reinos (931 Ac.) ao cativeiro Babilônico (536 aC.)
narram este período: I Reis dos capítulos 12 ao 22 – II Reis e II Crônicas
dos capítulos 10 ao 36. É o período pré-exílico, o mais rico período
profético.
4º período – Da volta do cativeiro e restauração judaica (536 aC.) ao silêncio profético
(400 aC).
Narram este período, também chamado pós - exílico: Esdras, Neemias e Ester.
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e) CONTEUDO
A história contada nestes livros é obviamente uma seleção de fatos, pois todo o
registro histórico seria por demais extenso e cansativo ao leitor.
Deus, através dos autores inspirados, escolheu os fatos mais importantes da
história para que nos revelassem seu amor, poder, caráter, e propósitos. Os textos que
O servem desta forma compõe o cânon histórico.
Há ênfase nas bênçãos da obediência e nos castigos e juízos sobre a
desobediência ( neste sentido os livros históricos são clara continuação e ilustração
dos últimos capítulos do Deuteronômio), na busca da santidade prática, no
relacionamento interpessoal, na preparação histórica da vinda de Jesus Cristo.
Os livros históricos são o pano de fundo da mensagem dos profetas e o cotidiano
dos livros poéticos.

f) COMENTÁRIOS:
 Os doze livros históricos estão em seqüência cronológica, exceto os livros de
Rute e Ester.
 Rute é contemporânea dos juizes, em seus primeiros capítulos, e Ester está
vivendo aproximadamente ao tempo do relato de Esdras entre os capítulos 6 e
7.
 Toda a história do velho testamento após a chegada a Canaã, está nestes 12
livros, eles formam o arcabouço, a estrutura, o esqueleto do Velho Testamento.
 Os livros poéticos e os proféticos são os “músculos”, “tendões”, “órgãos” e
“pele”, que compõem, repletam e revestem os livros históricos.
 - A Palestina é o cenário geográfico dos livros históricos, e as demais nações só
aparecem aí, quando relacionam-se com Israel.
 Há pequenos cativeiros e opressões vividas pelo povo durante o período dos
juizes e assim aparecem: Moabe, Midiã, Filístia, Amom.
 Assíria e Babilônia ganham destaque maior pelo papel fundamental que
exerceram na história de Israel, como efetuadores do juízo de Deus em 722 aC.
e 605 aC. respectivamente.
65

1 – JOSUÉ
a) Autoria e datação
NOME – Josué, no hebraico, quer dizer Deus é salvação, e no grego, Josué toma a
forma de IESOUS ou Jesus.
AUTOR – A tradição judaica afirma que Josué escreveu todo o livro, com exceção dos
últimos versículos, atribuídos á fineias, neto de Arão. (Js. 24:26,33) e (Nm. 25:7)
DATA DA ESCRITA – Aproximadamente 1380 aC.
TEMPO DA AÇÃO – Da morte de Moisés (1.406 aC.) à morte de Josué (1380 aC.)
portanto abrange um período de 24 anos.
VERSO CHAVE – 1:2. Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te agora, passa este
Jordão, tu e todo povo, à terra que dou aos filhos de Israel.
TEMA – A conquista e a divisão da terra de Canaã. A fidelidade de Deus dando posse
da herança prometida a Abraão cerca de 700 anos após ter feito a promessa.

b) CONTEÚDO
Após a morte de Moisés, Josué assume a liderança do povo e entram na posse
de Canaã através de muitas lutas.
Os habitantes de Canaã, são inimigos hostis, idolatras, pervertidos, os quais
ocuparam a terra enquanto o povo esteve no Egito e no deserto.
A terra lhes for dada por Deus, mas os inimigos deviam ser desalojados e
destruídos.
O livro de Josué nos conta o cumprimento das promessas de Deus (Js.21:45.).
Enfim o povo liberto do Egito chegara à terra de Canaã, agora tomava posse e
instalava-se.
Josué é um tipo de Cristo, e até o nome é o mesmo, Josué – Jesus.
É ele quem nos leva á terra prometida celestial, dando-nos posse nela ele e o
nosso general conquistador.

c) DIVISÃO
O livro de Josué pode didaticamente ser dividido em :
1- A preparação para a entrada na terra – caps. 1 a 5.
2- A conquista da terra – caps. 06 a 12.
3- A divisão da terra – caps. 13 a 22.
4- A despedida de Josué – caps. 23 e 24

d) ESBOÇO DO LIVRO
Josué possuí 24 caps. Com 658 versículos, tratando de :
1 – A chamada de Josué
2 – A escolha de Raabe
3 – A passagem do Jordão
4 e 5 – O monumento em Gilgal.
6 – A conquista de Jericó
7 – O pecado de Acã
8 – A conquista de Aí
9 - 12 – Batalhas e vitórias
13 - 19 – A divisão da terra
20 – As cidades- refúgio
21 – As cidades dos levitas
22 – A desmobilização dos Exércitos
23 – Últimos conselhos de Josué
24 – Despedida e morte de Josué.
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e) COMENTÁRIOS:
A partir deste livro de Josué, Deus introduz um novo método de ensino ao seu povo.
Até aqui ele falava através de sonhos, visões, teofanias, de seus lideres, mas agora
também aponta o Livro da Lei ( o Pentateuco) o qual fora escrito por Moisés, sob
orientação de Deus, e estava nas mãos do povo. Js.1:7:8 e 23:6
Assusta-nos a forma como Deus mandou que judeus exterminassem os inimigos
cananeus sem lhes dar chances ou oportunidades de conversão. Isto pode ser melhor
compreendido com os seguintes adendos.
Deus é um Deus de vida, de paz, de amor, mas também de santidade e de justiça. Ele
é imutável
Os cananeus eram um povo idolatra, cujas divindades eram deuses sanguinários,
cruéis, de sensualidade e promiscuidade desenfreados, para os quais os sacerdotes eram
homossexuais, sodomitas e prostitutas, e em cujos os cultos crianças eram sacrificadas.
Tornam-se semelhantes aos seus deuses que cultuam, aqueles que assim o fazem. (Sl.
115:8)
Aquela terra que pertencia a Deus já havia sido dada a Abraão e sua descendência, e
agora estava inapropriadamente ocupada pelos cananeus. Os Judeus retomando a terra e
destruindo os cananeus eram a manifestação do Juízo de Deus contra um povo ímpio,
promiscuo, idolatra, regidos por um sistema inspirado e dirigido por Satanás.
A travessia do Rio Jordão para entrada na terra de Canaã, em muito se pareceu
com a passagem pelo mar vermelho. (compare Ex. 14:12 – 25 com Js. 3). Isto:
confirmava o poder de Deus num momento tão importante para o povo quanto o da
libertação do cativeiro egípcio. Lembre-se que esta geração não esteve no evento do mar!
Confirmava a liderança de Josué.
Demonstrava o poder da arca do Senhor, que significava a presença do Senhor entre
eles.
Raabe a prostituta, embora com um passado condenável, aceitou a mensagem da
presença do Senhor Jeová, e acolheu os espias, fazendo parte do plano de tomada de
Jericó por Israel. Gentia e prostituta, contudo tornou-se ancestral direta do Messias. Js.2
Hb. 11:31 e Mt. 1:5.

Há belos simbolismos neste trecho de Josué 2:


a) Os espias, mensageiros do senhor, ocultam-se do inimigo sobre as canas do linho vs.6.
Jesus não foi destruído pelo seu inimigo Satanás porque sem pecado esteve
inacessível sob o linho da justiça (Ap. 19:8).
b) A vida dos espias respondeu pela vida de Raabe ( v-14). Jesus se identificou conosco,
sua vida respondeu pela nossa, e sua morte respondeu pela nossa eternidade.
c) Por fim, os espias estiveram no monte escondidos por três dias, proclamando a vitória
final sobre os inimigos (vs.16 e 22). Jesus após a sua morte na cruz, esteve oculto no
túmulo por três dias até que ao terceiro dia ressurgiu decretando sua vitória completa e
definitiva.
d) O sinal de que Raabe estava comprometida com Deus, com os espias, com todo o
plano, e sob a proteção deles era o cordão de fio escarlate preso a janela. É pelo
sangue escarlate de Jesus, vertido na cruz, que temos a garantia da salvação.
O povo de Israel não entrou logo em luta contra todos os povos que habitavam Canaã.
Primeiro fizeram a divisão da terra, crendo pela fé que tomariam de toda ela. Então as
tribos de Israel, uniram-se para que passo a passo, guerra a guerra, fossem desalojando
os inimigos e assenhorando-se das terras (Js. 13:1).
Só no período do reinado de Davi, 400 anos depois, eles retomaram a posse completa
da terra.
A exortação de Josué em 23:11-13, foi profética e cumpriu-se logo depois no
período dos Juizes.
67

2 - JUIZES
a) Autoria e datação
NOME – No hebraico é Sophetim que significa “Juizes ou lideres executivos”.
No grego e kritai que tem o mesmo significado.
O livro tem este nome pois foi o tipo de governo que Israel experimentou durante
o período nele descrito. (Jz.2:7 e 16 e Js.24:31).
AUTOR – É desconhecido, porem a maioria dos estudiosos creditam a Samuel sua
autoria.
DATA DA ESCRITA – provavelmente em torno 1.000 anos a.C.
TEMPO DA AÇÃO – Abrange desde a morte de Josué (1.380 a.C.) ao início da
magistratura de Samuel (1.060 a.C. )um período aproximado de 300 – 350 anos.
VERSO CHAVE – 17:6 ou 21:25 – naqueles dias não havia rei em Israel: cada um fazia
o que achava mais reto.
TEMA – Opressão e livramento. O livro relata sete apostasias, sete opressões e sete
libertações.

b) CONTEÚDO
O relato do livro de Juizes começa depois da morte do líder Josué e alcança seus
primeiros 300 – 350 anos em Canaã sem um outro líder que sucedesse Josué.
O povo além da falta de liderança e total independência, tribal e individual,
esqueceu-se de duas mensagens fundamentais do Senhor para eles:
1º Que eles eram um povo peculiar ao Senhor, que Deus lhe tinha um propósito:
Anunciar ao mundo através deles a existência do Deus único e verdadeiro;
2º Que eles deviam exterminar os inimigos que habitavam aquela terra (Dt.7:2-8).
Ao contrário, o povo de Israel, misturou-se e contaminou-se com os idólatras, e o
resultado da desobediência foram opressões dos inimigo, seguidos cativeiros, que se
intercalavam com períodos de arrependimento e clamor quando então o Senhor lhes
suscitava um Juiz, libertador militar e magistrado civil, para reconduzi-los aos
caminhos corretos.
O capítulo 2 de Juizes é uma súmula de todo livro, e explica porque o Senhor
mesmo não expulsou os inimigos por eles.
Santidade, não por extermínio do mal, mas por separação voluntária dele.
Fundamental é a mensagem do livro: maior do que a persistente rebeldia do homem,
são a graça e misericórdia de Deus.

c) DIVISÃO
Podemos dividir o livro de Juizes em três partes:
A – Período Pós- morte de Josué – caps.1 e 2.
B – Período das apostasias, opressões e libertações – caps.3 a 16.
C – Período de confusão e anarquia – caps.17 a 21.

Este período não é cronologicamente sucessivo aos anteriores, mas como


apêndice, que apresentado após o capítulo 16, relata o estado de caos e anarquia em
que a nação vivia.
Seus fatos descritos podem ser concomitantes aos descritos nos capítulos
anteriores. Note as instruções repetitivas em 17:6; 18:1; 19:1 e 21:25

d) ESBOÇO DO LIVRO –
O livro possui 21 capítulos com 619 versículos relatando:
1– Vitorias parciais das tribos de Israel.
68

2– A repreensão do Senhor e o resumo de todo livro.


3– Servidão à Mesopotâmia e à Moabe; Juizes: Otiniel, Eude e Sangar.
4– Servidão a Jabim e Sísera; Juizes: Débora e Baraque.
5– O cântico de Débora.
6– Servidão aos midianitas; Juiz: Gideão.
7– Gideão e os seus 300 homens.
8– A estola sacerdotal e morte de Gideão.
9– A conspiração e morte de Abimeleque.
10– A servidão aos filisteus e amonitas; Juizes: Tola e Jair.
11 e 12– A história de Jefté.
13 a 16– A história de Sansão.
17 e 18– Anarquia religiosa.
19– Anarquia moral.
20 e 21– Anarquia social.

e) COMENTARIOS
1 – O caráter moral e espiritual dos israelitas decaíra muito desde os últimos dias
da liderança de Josué. Js. 23 e 24.
Talvez a grande extensão de terra e a separação das tribos, onde cada um lutava
por isoladamente estabelecer-se e prosperam, tenha agravado a situação.
O sentimento nacional perdeu-se assim como zelo religioso.
Decidiram que era mais vantajoso escravizar os inimigos que expulsá-los, e neste
convívio adquiriram costumes, hábitos e ritos indesejáveis, vieram os casamentos
mistos e alianças espúrias – Js.16:10 Jz.3:5-6.
Fortaleceram-se os antigos habitantes da terra e num descuida ou franqueza,
aconteceram os cativeiros e opressões.
Esta é a lista de opressões e livramento:
Primeira opressão – Jz.3:7-11 – Mesopotâmia – a causa: idolatria – 8 anos de
opressão – Juiz libertador: Otiniel 40 anos de paz.
Segunda opressão – Jz.3:12-31 – moabitas e filisteus – a causa: imoralidade e
idolatria – 18 anos de opressão – Juizes libertadores: Eúde e
Sangar 80 anos de paz.
Terceira opressão – Jz.4 e 5 – cananeus – a causa: abandonaram o Senhor – 20
anos de opressão – Juiz: Débora 40 anos de paz.
Quarta opressão – Jz.6 a 8 – midianitas a causa: abandonaram o Senhor 7 anos de
opressão – Juiz Gideão: 40 anos de paz.
Quinta opressão – Jz.8 a 10 – rei usurpador – a causa: abandonaram o Senhor 3
anos de opressão e uma guerra civil – Juizes: Tola e Jair 45
anos de paz.
Sexta opressão – Jz.10-12. Filisteus e Amonitas – a causa: idolatria 18 anos de
opressão – Juizes: Jefté, Ibsã, Elom e Abdom, 31 anos de paz.
Sétima opressão – Jz.13 a 16. Filisteus, a causa: abandonaram o Senhor 40 anos de
opressão – Juiz Sansão 20 anos de paz.
Se somarmos todos estes anos de cativeiros e livramento, alcançaremos um
numero de anos maior do que 300-350 anos de período estimado para o período dos
Juizes.
A explicação é que muitos cativeiros eram localizados, e alguns juizes julgaram
simultaneamente em regiões deferentes de Canaã.
O livro de Juizes termina com as histórias tristes das tribos de Dã e Benjamim,
porém elas são contemporâneas aos mandatos dos primeiros Juizes.
Estão relatados após o capítulo 16 apenas por uma arrumação do autor, o qual a
tradição acredita ser Samuel.
69

3 - RUTE
NOME – O nome Rute é moabita e sua tradução não é precisa. Pode significar
“amizade”, “rosa” ou “vistosa”.
AUTOR – A tradição judaica afirma ter sido Samuel.
DATA DA ESCRITA – Se olharmos os últimos versos do livro, descobriremos que o
autor já conhecia Davi e este era um personagem importante a ponto de ser citado, por
tanto a data da escrita aproxima-se do início do reinado de Davi, por volta do ano 1.010
aC.
TEMPO DA AÇÃO – O primeiro versículo do livro nos situa a história de Rute no
período dos Juizes. O período de fome em Belém, segundo alguns estudiosos, deve ter
sido no tempo de Jafté ou Gideão, 1.100 aC. Para outros contudo a história se da logo
no início do tempo em que os Juizes julgaram Israel, em torno de 1.300 aC. Portanto
em 1300 aC. ou 1.100 Ac.
VERSO CHAVE – 1:16. “... aonde que fores, irei eu, onde quer que pousares, ali
pousarei eu: o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”.
TEMA – Redenção

b- CONTEÚDO
É a história de uma família, que vivia no tempo dos Juizes de Israel, e onde a
desgraça foi transformada em graça familiar e universal.
Elimeleque e Noemi, (“delícia”), num período de fome em Belém, mudam-se com
seus filhos, Malon e Quilion, para Moabe.
Morre Elimeleque e Noemi, viúva, casa seus dois filhos com mulheres moabitas, Orfa
e Rute. Após 10 anos, seus dois filhos também morrem e Noemi decide retornar para
sua terra (1-20) – oferecendo liberdade às noras.
Orfa com tristeza se despede e fica em Moabe, mas Rute havia adotado Noemi
como sua Família e o Deus de Noemi como seu Deus. Conversão pelo amor..
Retornam á Israel.
Em Israel Rute conhece Boaz , familiar de Noemi, rico e possível resgatador, pela
lei do levirato.
Casam-se e são geradores de Obede, Jessé e Davi. Por conseguinte também de
Jesus –ver 4-21.22 Mt.1:5, 6:16.
Graça familiar pelo resgate de Boaz, graça universal pois Boaz é neto da
prostituta cananita Raabe, Rute é moabita. Deus não é Deus apenas de Israel, a
salvação veio também pelos e para os gentios.

c- DIVISÃO
Dividimos o livro como a maioria dos estudiosos o faz, em seus próprios quatro
capítulos:
 Rute decidindo – cap.1. Ela decide voltar com a sogra para Belém.
 Rute servindo – cap.2. Ele serve Noemi, colhendo nos campos de Boaz.
 Rute descasando – cap.3. Aos pés de Boaz ela o escolhe para seu resgatador.
 Rute se casando – cap.4. É resgatada, casa-se com Boaz.

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 4 capítulos com 85 versículos, seus assuntos, capítulo a capítulo, foram
listados na divisão do livro.
70

e- COMENTÁRIOS
O livro de Rute, embora seja uma continuação do livro dos Juizes, é um Rolo separado
e compõe num grupo de 5 livros chamado “os cinco Rolos”, que os judeus usam ler
regularmente por ocasião de suas cinco festas mais importantes.
Como a história do resgate se dá no período das colheitas de Boaz, o livro é lido
anualmente na festa do Pentecostes, como agradecimento pela colheita da cevada
e dedicação da colheita do trigo (aproximadamente 5 de junho).
É útil explicar-se a lei do levirato:
Levirato é o casamento de uma viúva com parente mais próximo de seu marido
(geralmente o irmão deste), para preservar a linhagem familiar suscitando-lhe
descendência, e também prover sustento para a viúva.
Tem as seguintes responsabilidades: deve ser o parente legítimo mais próximo. Deve
Ter posses para resgatar débitos do morto. Deve casar-se com aquela que
resgatou.
Noemi e Rute eram viúvas e pobres, Boaz era o parente capaz embora houvesse outro
parente mais próximo. este outro parente negou-se a resgatá-las, cedendo o direito
a Boaz que prazerosamente casou-se com a “vistosa” “rosa” Rute.
Boaz é um tipo de Cristo Pois:
Cristo tornou-se nosso “parente próximo”, ao nascer de uma mulher.
Era capaz de resgatar-nos.
Tornou-se noivo da igreja, seu povo a quem acolheu, sustenta e defende.
71

4 - I SAMUEL
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Os livros de Samuel, I e II, formam um só livro no Cânon hebraico, e foram
divididos desta forma pelos tradutores gregos da Septuaginta. Tomam o nome de
personagem de destaque nos livros. “Samuel” quer dizer “pedido a Deus”.

AUTOR – Os livros de Samuel são anônimos, mas a tradição judaica considera Samuel
o autor de I Samuel 1 a 24 e, Natã e Gade, autores do restante. Veja I Cr.29:29
DATA DA ESCRITA – Por volta do ano 1000 a.C.
TEMPO DA AÇÃO – Os acontecimentos relatados vão desde o nascimento de Samuel
(1.100 a.C.), até a morte de Saul. (1.011 a. C.).
VERSO-CHAVE – É o 12:13 –“Agora, pois, eis aí o rei que elegestes e que pedistes; e
eis que o Senhor vos deu um rei.”
TEMA – A HISTÓRIA DE SAMUEL, SAUL E DAVI
A teocracia foi trocada pela monarquia.

b- CONTEÚDO
I Samuel é um livro de biografias que conta o período de transição vivido pelo
povo de Israel: da direção do último Juiz (Samuel) o qual também foi sacerdote e
profeta (I Sm.7:15 e Atos 3:24) até a escolha de seu primeiro rei (Saul). Além da
história destes dois homens, o livro começa falando de um fracassado pai, o sacerdote
e Juiz Eli, e termina contando a vocação, unção e preparação divinas na vida do jovem
Davi. Num tempo de frieza e abandono de Deus, experimentado pelo povo de Israel,
Samuel vem como resposta de oração, onde Deus atende os pedidos de sua mãe Ana
(I Sm.3:1; 7:3 e 4; 1). Os filisteus haviam invadido a terra, guerreado e tomado a arca
do Senhor, levando-a cativa (I Sm.4:6).
Samuel assume a liderança do povo, cumpre seu ministério com devoção e
fidelidade (I Sm.12), convida o povo a um arrependimento nacional (I Sm.7:2-4) e os
conduz a uma vitoriosa batalha contra os filisteus (a arca contudo só é trazida de volta
por Davi, bem mais tarde – ver II Sm.6)
Com Samuel tem início a preeminência dos profetas sobre os sacerdotes.
Israel decide trocar o Divino Rei invisível por um humano rei visível, e escolhe a
monarquia (I Sm.8:7 e 20; Dt.17:14 a 20).
Saul é o escolhido, um rei “alto” em lugar de um rei “do alto”. Benjamita (I Sm.9:1),
não fazia parte da linhagem real escolhida por Deus (Gn.49:8-10).
Posteriormente é rejeitado por Deus devido a três grandes pecados:
Oferece sacrifícios indevidamente – cap.13 (ver. Nm.3:10 e 38)
Faz votos precipitados – cap.14
Desobedece as ordens de Deus – cap.15

Davi é escolhido seu sucessor, um “homem segundo o coração de Deus” (I Sm.13:14;


16:7; At.13:22). Pertencente á tribo de Judá, da linhagem real messiânica. Passa
então a ser invejado, odiado e perseguido por Saul, mas pacientemente espera a hora
de assumir o trono com a morte deste. É neste tempo que compõe vários Salmos. (I
Sm.21:12 e Sl.56; I Sm.21:13 e Sl.34; Sl.54, 58 e 59).

c- DIVISÃO
Podemos dividir o livro em três grandes blocos , segundo seus temas principais:
* A história de Samuel – caps.1 a 7
* A história de Saul – caps.8 a 15
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* A história de Davi – caps.16 a 31

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 31 capítulos com 811 versículos, tratando de:
1 e 2- Samuel é resposta de oração
3- Deus fala com Samuel
4-6 - A caminhada da arca
7- Guerra com os filisteus
8- Israel pede um rei
9-11 - A escolha de Saul
12 - A despedida de Samuel
13-15- A rejeição de Saul: seus três grandes pecados
16 - A escolha de Davi
17 - Davi e Golias
18-23 - Perseguição de Saul a Davi
24 - Davi poupa a Saul
25 - A morte de Samuel
26 - Davi poupa novamente Saul
27 - Davi e Gate
28 - A médium de En-Dor
29-30 - Algumas vitórias de Davi
31- A morte de Saul

d- COMENTÁRIOS
1 – Mesmo os mais dedicados, fiéis e ocupados servos de Deus não devem olvidar a
responsabilidade que têm no ministério de pais. Vejam os resultados em I Samuel:
2:12-17 e 22-25; 3:12 e 13; 4:17 e 18; 8:1-5.

2 – A oração é um elemento dominante na vida de Samuel:


Ele é filho de uma mulher de oração – 1
Ele é nascido em resposta à oração – 1:10-28
Seu nome significa “pedido a Deus”- 1:20
Sua oração traz livramento – 7:2-3
Orava constantemente intercedendo pelo povo – 8:6 e 21 e 12:23

3 – A expressão: “Um espírito da parte do Senhor atormentava Saul” que aparece em I


Sm.16:14 e 15 e 19:9, deve ser compreendido como o abandono do Espírito Santo de
sua vida por causa dos seus freqüentes pecados, e sob a permissão de Deus, um
espírito maligno veio atormentá-lo.
Veja ainda: Jó.1:12 e 2:6; Tiago 1:13

4 – Lemos em I Sm.17 que Golias foi morto por Davi, mas em II Sm.21:19 o matador é
apresentado como Elanã.
Como conciliar isto? Ao lermos I Cr.20:5 percebemos que o copista hebreu
provavelmente ao copiar o texto de II Sm. 21:19 trocou Lami por Belemita.

5 – Samuel teve um ministério riquíssimo:


* Julgou, profetizou e serviu com sacerdote.
* Ungiu os dois primeiros reis de Israel.
* Provavelmente escreveu três livros de cânon: Juizes, Rute e I Samuel.
* Morava em Ramá e ali fundou uma escola de profetas.
73

6 – I Samuel dá a um novo período da história da Israel, o período dos reis, que tem a
duração de 540 anos. Já passamos pelo período dos Patriarcas, e dos Juizes.

7 – No seu capítulo 28, a médium de En-Dor não apresenta a Saul, o verdadeiro


Samuel pois:
a) Samuel considerava a feitiçaria pecado (I Sm.15:23), bem como este é todo o
ensino bíblico (Lv.20:27; Dt.18:10 e 11; Ap.21:8)
b) A visão foi relatada pela mulher e interpretada por Saul (I Sm.28:12-14)
c) Deus não queria falar com Saul (I Sm.28:6 e 7), não sendo portanto a parte d’Ele a
visão.
d) Cremos que Samuel foi para o céu e referencialmente falando a Bíblia nunca
apresenta o céu embaixo (I Sm.28:14 e Tiago 1:17), além disto, lá no céu ninguém
pode ser importunado (I Sm.28:15).
e) As profecias daquele pseudo-Samuel falharam (I Sm.28:19; 30:1; 31:1-6).
f) Saul e seus filhos não foram certamente para o céu, onde está o verdadeiro Samuel
(I Sm.28:19)

8 – É belíssima a inspiradora a amizade entre Davi e Jônatas apesar da incessante


perseguição que Saul, pai de Jônatas, movia contra Davi: I Sm.18 a 20.

9 – Os relatos de I Samuel têm correspondência em I Crônicas caps.1 a 10.


74

5 - II SAMUEL
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Os livros de Samuel, I e II, formam um só livro no cânon hebraico, e foram
divididos desta forma pelos tradutores gregos da Septuaginta. Tomam o nome do
personagem de destaque nos livros.
Samuel quer dizer “pedido a Deus”.

AUTOR – Os livros de Samuel são anônimos, mas a tradição judaica considera Natã e
Gade autores desta Segunda parte do livro. Ver: I Cr.29:29; II Sm.12:1 e 24:11.

DATA DA ESCRITA – Aproximadamente 950 a.C.


TEMPO DA AÇÃO – Os acontecimentos aqui relatados compreendem todo o reinado
do Davi, desde a morte de Saul (1011 a.C.) até a compra do local onde seria
construído o templo (971 a.C.). Portanto, 40 anos.
VERSO-CHAVE – São 7:8 e 9: “Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz
o Senhor dos Exércitos: tomei-te da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses
príncipe sobre o meu povo, sobre Israel. E fui contigo por onde quer que andaste,
eliminei os teus inimigos diante de ti, e fiz grande o teu nome”...

TEMA – O REINADO DE DAVI

b- CONTEÚDO
II Samuel é o livro que conta a história de Davi, seus sucessos e fracassos. Ele é
o personagem central de todo relato.
Com a morte de Saul (I Sm 31 e II Sm.1), Davi aos 30 anos de idade é aclamado
rei apenas sobre a sua tribo de Judá, enquanto Is-Bosete , filho de Saul reina sobre as
demais tribos de Israel. Após sete anos e meio, enfim Davi foi clamado rei sobre todo
Israel. ( II Sm.5:4 e 5).
Os primeiros dez capítulos deste livro contam suas vitórias contra seus inimigos
onde destacamos: a conquista de Jerusalém, estabelecendo-a como capital de seu
reino, e a retomada da arca do Senhor que ainda permanecia em poder dos filisteus.
Logo pensou em construir um majestoso templo para o Senhor, mas este projeto
de Deus não era para ele executar. (II Sm.7). Este mesmo capítulo sete é profético
quanto à estabilidade de seu trono para sempre (7:16), profecia esta que se cumpre:
 Na preservação do trono de Judá no reino do Sul;
 Na preservação do reino do sul através do cativeiro babilônico;
 Na linhagem messiânica de Jesus;
 Nas verdades escatológicas do reinado do Cristo (ver Sl.89).

O capítulo 11 nos conta o maior pecado de Davi, e tudo o mais que a seguir virá
relatado em II Samuel, será conseqüência direta ou indireta deste pecado – “Da tua
casa suscitarei o mal sobre ti” (II Sm.12:11). Satanás aproveitou-se daquele que era o
momento de maior glória, honra e poder de Davi.
A punição foi dolorosa, a criança de Bate-Seba que morreu, e a traição e morte de
seu filho Absalão, sem falar em Amnon e Tamar.
O rei Davi era um homem “segundo o coração de Deus” e diferentemente de
Saul, quando à paciência (16:5-14), dependência de Deus (2:1; 5:19), espírito de louvor
e ações de graças (6:1-5; 13-15; 7:18-29; 22; 23), encontrou um lugar e momento de
arrependimento (Sl.51).
75

Ao final de seu reinado que dura 40 anos, pecou novamente por orgulho e
soberba recenseando seu povo e exército sem ordem de Deus para isto (II Sm.25:1-9),
vindo a escolher então o seu próprio castigo (24:10-17).
Acumulou recursos para que seu filho e sucessor, Salomão, construísse o templo.
A Bíblia não esconde a humanidade de Davi, e seus pecados.
Neste tempo todo, de sucessos, e alguns fracassos, o rei-poeta Davi compôs
seus cânticos devocionais, históricos, proféticos, para a liturgia do culto no templo, e
para nosso deleite e edificação.

c- DIVISÃO
II Samuel pode ser dividido em três blocos de capítulos.
 A ascensão de Davi – caps.1 a 10
 A queda moral de Davi – caps.11 a 20
 Os últimos anos de Davi – caps.21 a 24

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 24 capítulos com 695 versículos, tratando de:
1- A morte de Saul
2-4- Davi sobre Judá
5- Davi ungido rei
6- A arca de volta
7- O pacto com o Senhor
8-10- As vitórias de Davi
11 e 12- O adultério de Davi
13-18- As conseqüências em sua família
19-21- A restauração de seu trono
22 e 23- Louvores
24- O pecado derradeiro de censo

e- COMENTÁRIOS
1. Saul provavelmente começou a reinar em 1044 a.C. e morreu em 1011 a.C.. O texto de
Atos 13:21, que afirma ter durado seu reino por 40 anos deve estar incluindo os sete anos
e meio em que, após sua morte, seu filho Is-bosete e seu capitão Abner, ocupam o trono
até 1004 a.C. (II Sm.1 a 4). Davi sobre ao trono de Jerusalém em 1011 a.C. reinando só
sobre Judá, mas em 1004 a. C. é então aclamado rei sobre todo Israel, reinando até 971
a.C..
2. A respeito da morte de Saul, há aparente discordância entre os relatos de I Sm.31:4 e 5
( suicídio) e II Sm.1:6-10 ( morto pelo amalequita). O relato de I Cr.10:4 e 5 confirma o
suicídio e os estudiosos do assunto crêem que o amalequita violou o cadáver, furtando-
lhes os bens, indo depois mentir a Davi sobre ter sido ele o autor da morte, julgando que
seria felicitado pelo rei Davi, o que não ocorreu.
3. O pecado do censo ( II Sm.24) se deveu a duas coisas:
a. Não foi feito com a orientação do Senhor
b. Foi motivado por orgulho e vaidade.
4. II Samuel possui correspondência com I Crônicas 11 a 29.
5. Os capítulos 22 e 23 de II Samuel não estão cronologicamente na mesma seqüência
dos demais capítulos e dos eventos históricos relatados no livro.
6. Embora só haja uma profecia messiânica nos livros do Samuel (II Sm.7:16 e Lc.1:32 e
33), Davi é tipo de Cristo como Rei.
7. A visão que Davi possuí a respeito dos sacrifícios dedicados ao Senhor foi muitas vezes
( e ainda hoje é ) esquecida pelo povo de Israel ( compare II Sm.24:24 com Ml.1:7 e 8, 12-
14).
76

6 - I REIS
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Este nome foi dado no hebraico devido às suas primeiras palavras.
“Wehammelek” em hebraico é “sendo o rei”.
No cânon hebraico os livros de Samuel, Reis e Crônicas são sempre um só livro, e
foram separados em I e II pela tradução grega, já que este idioma possui maior número
de letras e necessitava dois rolos para cada um deste livros.
O título foi mantido no grego por resumir bem o assunto de que o livro trata.
AUTOR – É desconhecido. Certamente alguém que teve acesso a escritos de cronistas
( I Rs.4:3) tais com: “O livro das histórias de Salomão”(I Rs.11:41), “O livro das histórias
dos reis de Judá”( I Rs.14:29), “O livro das histórias dos reis de Israel”( I Rs.14:19).
A tradição judaica acredita ter sido Jeremias o autor, pela visão profética que tem o
livro e pelo intenso enfoque dado à relação dos reis com a aliança entre Deus e Davi.
DATA DA ESCRITA – Quem quer que tenha escrito era profeta e vivia nos dias de
Jeremias pois descreve o início do exílio no livro II Reis. A data portando da escrita
deste livro e sua continuação, II Reis, é o 6º século alcançando os primeiros dias de
exílio, aproximadamente 586 a.C.
TEMPO DE AÇÃO – Da morte de Davi (964 a.C.) até o fim do reinado de Josafá (848
a.C.).
VERSOS-CHAVE – 9:4-7 – “Se andares perante mim como andou Davi teu pai... então
confirmarei o trono do teu reino sobre Israel... Porém se vós e vossos folhos de
qualquer maneira vos apartardes de mim ... então eliminareis a Israel da terra que lhe
dei ...”

TEMA – OS PRIMEIROS SUCESSORES DE DAVI: GLÓRIA E DECLÍNIO DE ISRAEL

b- CONTEÚDO
Os dois livros de Samuel e os dois livros de Reis formam na Bíblia um conjunto de
livros o reino de Israel e, na verdade, devem ser lidos juntos. I e II Reis são uma
compilação de crônicas sobre os reis de Israel onde, provavelmente o profeta Jeremias
tinha o objetivo de mostrar que o bem estar do povo dependia de sua fidelidade ao
Senhor, e que o sucesso político dos reis estava diretamente ligado à observância da
lei mosaica e à obediência à aliança entre Davi e Jeová. Salomão substitui seu pai no
trono (971 a .C.) cumprindo-se a promessa de Deus (II Sm 7: 12) e mantendo a
linhagem davídica.
Torna-se o homem sábio e rico que já se conheceu ( I Rs.3:12 e 13; 4:29-31),
tudo porque fez escolha certa diante de Deus ( I Rs.3:5 e 9). Compôs Cânticos e
Provérbios. O maior empreendimento do reinado de Salomão foi a construção do
templo; era o que o seu pai empreendera fazer. Era a mais bela e luxuosa construção
da antigüidade, uma das sete maravilhas do mundo.
A Salomão Deus repete a aliança feita com seu pai Davi ( I Rs.9:4-9), tornando a
adverti-lo quanto ao nefasto futuro e Israel, previsto por Moisés na entrada da terra de
Canaã, caso houvesse desobediência do povo ao Senhor (Dt.28:36-42).
Salomão, assim com Saul e Davi, reinou por 40 anos, e a princípio tudo foi bem
até que o poder, o luxo, a riqueza, a sabedoria, parece terem lhe subido à cabeça e daí
sugiram sérios problemas. Aumentou em muito a carga de impostos, para fazer frente
aos seus gastos, e sufocou o povo. Para agradar suas 1000 mulheres estrangeiras,
construiu altares pagãos e entregou-se à idolatria ( I Rs.11), pelo que Deus se indignou
contra ele. Talvez tenha sido neste tempo de declínio, juízo e reflexão que escreve
Eclesiastes.
77

Havia rixas e ciúmes entre as tribos, em especial Efraim contra Judá, pois de
Efraim vieram grandes líderes como José e Josué e agora Judá estava no trono com
um momentâneo mau rei.
Ao morrer Salomão, seu filho Roboão assume o trono e por aumentar ainda mais
os impostos, num clima já de rixa e revolta, as doze tribos separam-se cindindo o reino
em dois. O reino do Norte, sob a liderança de Efraim, entrega seu trono a Jeroboão e o
reino do sul, com Judá e Benjamim, mantém o trono com Roboão, da linhagem
davídica ( 931 a.C. –I Rs.12).
Daqui em diante todo o relato dos livros de Reis, Crônicas e mesmo dos profetas,
apresentará os reis e reinos no Norte ( Israel) e do Sul ( Judá) bem como seu caráter,
decadência moral e espiritual. A fidelidade dos reis ao Senhor sempre será comparada
a Davi ou Jeroboão (I Rs.15:2 e 3,9-11,33 e 34). Vinte reis da mesma família de Davi
sucedem-se no trono de Judá, dos quais somente oito foram justos (destaquem-se Asa
e Josafá em I Reis, e Ezequias e Josias em II Reis); enquanto dezenove reis, de
diversas dinastias, todos eles maus, sucedem-se no trono de Israel.
Este período de reis é o período mais rico do ministério profético, e Elias aparece
como o mais ilustre deles, em especial ministrando no período descrito em I Reis.

c- DIVISÃO
O I Reis pode ser dividido didaticamente em três blocos de capítulos:
 O reinado de Salomão – caps.1 a 11.
 A divisão dos reinos – caps.12 a 16.
 O ministério de Elias – caps.17 a 22.

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 22 capítulos em 817 versículos, tratando de:
1– Salomão é constituído rei.
2– Salomão faz um expurgo dos inimigos.
3e4– As virtudes de Salomão.
5-8 – A construção e consagração do templo.
9 e 10 – Glória e fama de Salomão.
11 – Pecado, declínio e morte de Salomão.
12 – Divisão de Israel em dois reinos.
13 e 14 – Profecias contra Jeroboão.
15 e 16 – Os primeiros reis do Israel dividido.
17 – Elias e a viúva de Sarepta.
18 – Elias e os profetas de Baal.
19 – Elias no monte Horebe, a vocação de Eliseu.
20-22 – O reinado do Acabe.
23 – Morte do rei Acabe.

e- COMENTÁRIOS
No cânon hebraico, os livros de Reis são considerados proféticos e crê-se que
Jeremias foi seu autor. A visão destes livros é mais espiritual do que biográfica pois
pouco tempo é gasto como relato das vidas de reis com Onri, Azarias etc., enfatizando-
se por outro lado, os reinados de Acabe, Ezequias os quais são ricos em lições
espirituais.

Há algumas dificuldades cronológicas quando somamos todos os anos descritos na


Bíblia da duração dos Reis em Judá e comparamos esta soma com o tempo histórico
decorrido entre a morte de Salomão e a queda de Jerusalém. Isto, contudo, se explica
78

pelo fato de se ter coroado algumas vezes o filho antes da morte de seu pai. Vide o
próprio Salomão e Davi (I Rs.1:32-39 e 2:11 e 12).
O rei Acabe não gostava de consultar o profeta Micaías, o único em seu reino que
permanecia fiel ao Senhor.
Qual a razão disto? “Ele nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o
que é mau”(I Rs22:8). Ainda hoje há muitos “Acabes”, que só gostam de ouvir o que a
eles é agradável e aprovação.
O conteúdo relatado em I Reis 1 a 10 está correlacionado com o conteúdo de II
Crônica 1 a 9, assim como I Reis 11 a 22 e todo II Reis, aparecem correlacionados com
o conteúdo de II Crônicas 10 a 36.
A Bíblia nos dá conta de três templos:
 O de Salomão, que levou sete anos para ser construído, e era o mais belo e luxuoso
(966-959 a.C.). Foi destruído pelos babilônios em 586 a.C.
 O de Zorobabel, reconstrução feita na volta do cativeiro babilônico, (536-516 a.C.)
não tinha nem de perto a mesma beleza do 1º templo. (Ed.3, 4, 5 e 6:15).
 O de Herodes, erigido entre 20 a.D. e 64 a.D., era maior que os dois primeiros, mas
não tão belo. Foi destruído por Tito em 70 a.D.
Hoje a mesquita de Omar, centro religioso dos maometanos, ergue-se nesse local.
A luxuosa, majestosa construção do templo de ouro de Salomão, bem como a
organizadíssima e linda cerimônia de culto, não foram por sí só suficientes para impedir
a idolatria entre o povo de Israel. O mal vem do coração do homem que se afasta de
seu Deus.
Quando houve a divisão a divisão dos reinos (931 a.C.- I Reis 12), Jeroboão
visando impedir que o povo descesse para cultuar Jeová em Jerusalém, no templo,
levantou altares e cultos alternativos em Betel e Dã, com bezerros do ouro. Infringiu o
1º e 2º mandamentos do Senhor, bem como a sucessão do trono fugindo da linhagem
davídica. As conseqüências foram terríveis, bem como a destruição total do reino em
722 a.C. sob mão dos assírios.
Elias aparece em Israel durante o reinado de Acabe e sua mulher Jezabel
adoradora de Baal, deus da chuva e da agricultura. Todo Israel,(ou quase todo) já
adorava e servia a Baal, assim seu primeiro milagre foi fechar o céu para chuvas por 3
anos e depois desafiar Baal no monte Carmelo (I Rs.17 e 18).
Há algumas semelhanças entre o ministério de João Batista e Elias (Lc.1:17 e
Mt.1:10-13):
Ambos profetizam a um Israel decaído moral e espiritualmente.
Ambos assemelham-se na aparência. (II Rs.1:8 e Mt.3:4)
Ambos pregavam o arrependimento. (I Rs.18:21 e Mt.3:2)
Ambos repreenderam reis malvados. (I Rs.18:18 e Mt.14:3 e 4)
Ambos foram perseguidos por rainhas perversas. (I Rs.19:1 e Mt.14:8)
Os sucessores de Elias (Eliseu) e de João (Jesus) receberam unção do Espírito no rio
Jordão.
Ambos tiveram um período de desânimo. (I Rs.19:4 e Mt.11:2-6)
Ambos foram cheios do mesmo Espírito Santo. (Ml.4:5; Mt.11:14; Mt.17:10-13)
79

7 - II REIS
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – No cânon hebraico os dois livros de Reis, são um só livro e tomam este nome
“Wehammelek” porque suas primeiras palavras são “sendo o rei”. O título foi mantido
no grego por resumir bem o assunto de que o livro trata.
AUTOR - É desconhecido. Certamente alguém que teve acesso a escritos de cronistas
(I Rs.4:3) tais como: “O livro da história do Salomão” (I Rs.11:41), “O livro das histórias
dos reis de Judá” (I Rs.14:29), “O livro das histórias dos reis de Israel” (I Rs.14:19).
A tradição judaica acredita Ter sido Jeremias o autor, pela visão profética que tem o
livro e pelo intenso enfoque dado à relação dos reis com a aliança entre Deus e Davi.
DATA DA ESCRITA – Quem quer que o tenha escrito era profeta e vivia nos dias de
Jeremias pois descreve o início do exílio neste livro. A data portanto é o 6º século
alcançado os primeiros dias de exílio, aproximadamente 586 a.C.
TEMPO DA AÇÃO – Da morte do rei Acazias (em torno de 840 a.C.) até o cativeiro
Babilônico (586 a.C.)
VERSOS CHAVES – 17:9, 13 e 20 – “Os filhos de Israel fizeram contra o Senhor seu
Deus o que não era reto ... O Senhor advertiu a Israel e a Judá por intermédio do todos
os profetas ... Pelo que o Senhor rejeitou a toda descendência de Israel, e os afligiu e
os entregou nas mãos de despojadores, até que os expulsou da sua presença”.
TEMA – OS ÚLTIMOS REIS E OS CATIVEIROS DE ISRAEL E JUDÁ

b- CONTEÚDO
II Reis é a continuação de I Reis formando com este um só livro na Bíblia Hebraica.
Os reis vão se sucedendo ao Norte e ao Sul, na maioria das vezes distantes de Deus
e cujos súditos, o povo de Israel, permanecem esquecidos dos pactos e alianças
feitas com Deus. Tudo segue assim até que o juízo vem a seu tempo para o Norte e
para o Sul, com os cativeiros Assírio e Babilônico respectivamente (II Rs.17 e 25).
II Reis começa seu relato com os últimos dias do profeta Elias e com o início do
ministério do seu sucessor, Eliseu.
Eliseu recebeu porção dobrada do Espírito que estava sobre Elias (II Rs.2:9) e
realizou o dobro dos milagres realizados por Elias, até mesmo em sua morte revela
grande poder (II Rs.13:20 e 21).
Os reis do Norte foram todos maus e idólatras, e mesmo advertidos pelos profetas
como Elias ( 875-850 a.C.), Eliseu (850-800 a.C.), Jonas (790-770 a.C.), Oséias (760-
720 a.C.) e Amós ( 780-740 a.C.), eles não se desviaram de seus maus caminhos.
Como advertência, foram cercados pelo poderoso e cruel exército Assírio em 743 a.C.
(II Rs.15:17), mais tarde houve um segundo cerco assírio em 734 a.C. (II Rs.15:27),
mas nada mudou, até que o cativeiro definitivo chegou pelas mesmas mãos assírias no
ano 722 a.C.
O Capítulo 17 de II Reis detalha-nos a causa deste cativeiro Assírio no reino do
Norte, a forma de executá-lo foi pelo “caldeamento sucessivo” como era costume do
exército assírio. Os assírios espalharam por todas as suas colônias, grupos de Judeus
de Israel, e trouxeram para Canaã colonos de várias outras terras por eles dominadas,
isto em levas sucessivas... Visava minar a resistência e a unidade nacional, de língua,
ritos, cultos, costumes, etc. Assim destruiu as dez tribos de Israel; Samaria tornou-se
habitada por uma mistura de povos idólatras que mais tarde aceitou apenas a Lei
Mosaica com Cânon Sagrado, e construíram um templo em Gerizim para adorar a
Deus. Estas são as principais causas do chamado “cisma samaritano” e da
incompatibilidade entre judeus e samaritanos (Jo.4:4, 9, 20).
Algo semelhante a Israel, no que se refere à degradação moral e espiritual,
acontecia no reino do Sul, Judá. Poucos reis ali conseguiram imprimir reformas
80

religiosas, mas incompletas e sem continuidade. O autor de II Reis destaca isto: II Reis
14:4; 15:4; 15:35 etc. ...
Profetas não lhes faltaram, para lembrar o acontecido ao Norte no reino de Israel,
as profecias do Moisés (Dt.28:15-68) e suas próprias recentes advertências do Senhor.
Citamos entre eles:
Joel (840-830 a.C.), Amós (780-740 a.C.), Miquéias (740-700 a.C.), Isaías (740-
695 a.C.), Sofonias (639-608 a.C.), Naum(630-610 a.C.) e Jeremias (626-586) o qual
não somente contemplou a ida do povo de Judá para o cativeiro babilônico como
provavelmente fez toda a retrospectiva da história de Israel (I e II Reis).
O Senhor não destruiu o reino do Sul como fez com o Norte, porque precisava
preservar a tribo de Judá, a linhagem messiânica de Davi, de onde viria a Messias
prometido (II Rs.8:19).
No ano 701 a.C., os assírios ameaçam invadir o reino de Judá, durante o reinado
do Ezequias (II Rs.18) mas a hora do castigo ainda não chegara, e nem o seria por
mãos assírias. Ezequias os vence com a ajuda de Deus.
Ezequias tropeça diante de Deus ao final de seu reinado (II Rs.20), Deus anuncia
sua morte e ele mais tempo de vida, tempo este em que gera seu filho Manassés, o
pior rei que já subira ao trono de Judá.
No ano 605 a.C., a Babilônia que já era o grande império mundial, vem e cerca
Judá (II Rs.24:1) levando um grupo de jovens sábios cativos (entre eles Daniel). No
ano 597 a.C. a Babilônia faz um segundo cerco (II Reis 24.10-12) e o castigo final
chega com a transferência de todo o povo de Judá para a Babilônia, no ano 586 a.C..

c- DIVISÃO
Podemos dividir didaticamente o livro em três blocos de capítulos:
O ministério de Eliseu – caps.1 a 8
Declínio e cativeiro de Israel – caps.9 a 17
Declínio e cativeiro de Judá – caps.18 a 25

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 25 capítulos com 719 versículos, tratando de:
1 - Fim do ministério de Elias
2 - Eliseu sucede Elias
3 - Eliseu prediz vitória sobre Moabe
4 - O azeite da viúva; a sunamita
5 - Naamã
6e7 - Eliseu e a guerra contra os siros
8 - Eliseu e o rei da Síria
9-16 - Reis do Norte e do Sul
17 - A queda de Samaria
18 - Senaqueribe afronta Ezequias
19 - A oração de Ezequias
20 - Doença e cura de Ezequias
21-24 - Os últimos reis de Judá
25 - O cativeiro de Judá

e- COMENTÁRIOS
Para a reconstrução histórica do período dos reis, além das fontes citadas no item
“AUTOR”, Jeremias também se serviu de parte do registro profético de seu antecessor,
o profeta Isaías. Ver. Is.36 a 39 e II Rs.18 a 20.
Assim com Elias em muito se assemelhou a João Batista, seus sucessores ( Eliseu
e Jesus) também muito se assemelharam:
81

Eliseu é profeta, e de uma certa forma todo profeta tipifica Cristo, o “Grande Profeta
de Deus”.
Eliseu foi antecedido por Elias, o “João Batista” do V.T., enquanto Jesus o foi pelo
“Elias do N.T.”.
Ambos foram ungidos pelo Espírito Santo no Jordão. (II Rs.2:9-14 e Mt.3:13-17)
Ambos ressuscitaram mortos, preservaram vidas, multiplicaram alimentos e com suas
mortes, salvaram vidas. (II Rs.13:20 e 21
O relato de II Rs.2:23 e 24 que a princípio nos choca, é melhor compreendido com as
seguintes explicações:
A palavra aí traduzida “rapazinhos” não se refere a criança indefesas, mas a jovens
já maduros, idólatras, da cidade de Betel.
O apelido “calvo” era altamente ofensivo naquele tempo.
Ao convidarem-no a subir: “Sobe! Sobe!”, chamavam-no de idólatra pois eram nos
altos os sacrifícios idólatras. (I Rs.13:1 e 2; II Rs.14:4)
Eliseu os amaldiçoou e foi Deus quem os determinou castigar através dos animais.
Louvor e atuação do Espírito Santo, mais uma vez aparecem juntos: I Samuel
16:14-23 e II Reis 3:15.
Os capítulos de II Reis 17, 24 e 25 são os capítulos mais importantes do livro, e
estão entre os capítulos – chave da história de Israel no Velho Testamento.
O capítulo muito importante é o que marca a divisão dos reinos de Israel, em I Reis
12.
Os capítulos de II Reis 23, 24 e 25 são o pano de fundo histórico para os profetas
Jeremias, Sofonias, Naum, Habacuque e Obadias, e devem sempre ser lidos durante o
estudo destes profetas.
Os setenta anos do cativeiro babilônico começam a ser contados no ano do 1º
cerco, 605 a.C. (Dn.1:1 e II Rs.24:1), depois veio o 2º cerco em 597 a.C. (II Rs.24:11 e
12) e o cativeiro final em 586 (II Rs.24:8-11).
No ano 536 a.C. completaram-se ao 70 anos.
O reino do Sul teve alguns reis bons, oito entre os vinte reis, cinco destes
realizaram reformas religiosas, mas seus filhos e sucessores foram idólatras e
destruíram tudo o que seus pais fizeram.
Esta história de filhos  pais nós já vimos anteriormente com Samuel, Eli e Davi.
Parece ser uma advertência importante para nós, pais, mesmo estando envolvidos
em grandes projetos com Deus, e possuirmos ministérios muito abençoados, não
podemos descuidar de nossos primeiros projetos e ministérios que são nossas próprias
vidas e as nossas famílias.
82

8 - I CRÔNICAS
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – I e II Crônicas compõem um só livro no cânon hebraico, e lá chama-se
“dibhrey hayamin” que significa “acontecimentos dos dias”. Está colocado no final do
seu cânon. No grego chama-se “Paralipomenon” ou “as coisas omitidas” e são
considerados um suplemento a Reis e Samuel. O nome que temos, “CRÔNICAS”, foi
dado por Jerônimo ao fazer a tradução da Vulgata Latina.
AUTOR – Não sabemos com certeza quem é o autor deste livro, mas a tradição judaica
afirma que foi Esdras, o sacerdote e escriba ( compare II Cr.36:22 e 23 com Ed. 1:1-3).
Ele teria selecionado dentre vários registros inspirados de Samuel, Gade, Natã e
outros, os dados relativos à história do povo judeu, em especial à tribo de Judá.
Suas fontes, entre outras foram:
Livro das Crônicas do rei Davi (I Cr.27:24), Livro das Crônicas de Samuel (I Cr.29:29),
Livro das Crônicas do Natã (I Cr.29:29), Livro das Crônicas de Gade (I Cr.29:29),
Livro das Profecias de Aías (II Cr.9:29) e Livro das Visões do Ido (II Cr.9:29).
DATA DA ESCRITA – O livro foi escrito logo após a volta do exílio, com a finalidade de
relembrar, animar e exortar o povo, que após 70 anos de cativeiro voltara à sua terra,
reconstruíra o templo e agora vivia um grande marasmo espiritual.
Até mesmo as razões daquele castigo, os acontecimentos que antecederam o exílio,
estavam esquecidas.
Por volta de 450 a.C. parece ser uma data bem provável.
TEMPO DA AÇÃO – Faz um rápido “flash-back” genealógico e sumariza, da morte de
Saul (1011 a.C.) até a morte de Davi (971 a.C.).
VERSO-CHAVE – É o 29:26 – “Ora Davi, filho de Jessé, reinou sobre todo o Israel”.
TEMA: AS COISAS OMITIDAS DO REINADO DO DAVI
O centro do relato de I Crônicas é o reinado de Davi.

b- CONTEÚDO
Judá já era mais uma monarquia, mas um grupo de ex-exilados, que viviam
estagnação espiritual e, complexos de inferioridade e abandono. As promessas de
Deus, quando lembradas, não pareciam nada mais do que fantasias de algum velho
esclerosado.
Precisavam de uma sacudida, de que algumas poeiras da memória fossem
retiradas. Esdras compilou estes livros tentando fazer isto, mostrar-lhes que Deus, o
Deus deles é o Senhor soberano da história, está interessado na nação, e, a adoração
e obediência, proporcionariam a concretização das promessas.
Começa o livro por uma retrospectiva genealógica provando que Deus escolheu,
separou e os guardou, à linhagem levítica e messiânica. Começa em Adão, passando
por Noé, Sem, Abraão, Jacó, Judá, Davi, Salomão, Levi, etc.
Ao começar a história, fala rapidamente sobre Saul, um rei benjamita que
fracassou, porém logo destaca a escolha de Davi, da tribo de Judá, sobre quem
discorrerá em todo o livro.
Em I Crônicas 10 a 29 encontramos o relato dos mesmos fatos descritos em II
Samuel ou seja, a vida do rei Davi, mas não concentra-se nos seus sucessos políticos
e econômicos e sim em sua vida espiritual, sua devoção, louvores e liturgia ( ver
caps.15-17 e 22-29).
Esdras é sacerdote e como tal tem seus olhares voltados aos aspectos
eclesiásticos e espirituais da vida de Davi, como também tudo o que nela se relaciona
com o 1º templo, embora já estivessem vivendo a realidade do 2º templo recém-
reconstruído.
83

c- DIVISÃO
Dividimos I Crônicas em dois blocos de capítulos:
As genealogias – caps.1 a 9
A história de Davi – caps.10 a 29

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 29 capítulos com 942 versículos, tratando dos seguintes assuntos:
1- Descendentes de Adão, Noé, Sem, Abraão, Ismael e Isaque.
2- Descendentes de Jacó e Judá.
3- Descendentes de Davi e Salomão.
4-8- Descendentes de outros filhos de Jacó.
9- Habitantes de Jerusalém depois do cativeiro
10- Morte de Saul
11- Início do reinado de Davi
12- Os exércitos de Davi
13-16- Davi, a arca e o culto
17- Aliança do Senhor com Davi
18-20- Vitórias de Davi
21- O pecado do censo
22-27- A preparação para a construção do templo, a liturgia.
28-29- Davi aponta Salomão como seu sucessor.

e- COMENTÁRIOS
1. O conteúdo histórico de I Crônicas é semelhante ao de I e II Samuel, e o de II
Crônicas é semelhante ao de I e II Reis, no entanto os objetivos e ênfases são
distintos.
Jeremias escreveu os livros de Reis no início do cativeiro babilônico, ainda meio
perplexo com tudo que estava acontecendo, além disto registrava suas profecias em
seu livro que leva seu nome. Ele enfatizava como o pecado dos reis e do povo
redundaram em fracasso político, moral, espiritual, e por fim nos cativeiros.
Esdras está votando com o povo judeu do cativeiro para a terra de Canaã após 70
anos e objetiva animá-los a reconstruírem a nação, crendo no cumprimento das
promessas de Deus, não os deixando estagnados no desânimo. Concentra-se apenas
em Judá, nos levitas, na adoração do templo, e foge de detalhes políticos e de guerra,
bem como das histórias do reino do Norte.

2. É Esdras quem organiza o cânon hebraico de V.T. tendo já em mãos as últimas


profecias de Ageu, Zacarias, e Malaquias, arruma o cânon posicionando este livro da
crônicas no final, como uma síntese de toda a história sagrada.

3. Na genealogia dos capítulos 1 a 9, Esdras lança da várias fontes como o


Pentateuco, História de Semaías (II Cr.12:15), obras de Ido (II Cr.12:15), História de Ido
(II Cr.13:22), Crônicas de Jeú (II Cr.20:34), Atos de Uzias (II Cr. 26:22), História dos
reis (II Cr.24:27), História de Hozai (II Cr.33:19).

Esdras dá importância especial:


a) Às genealogias de Davi e Judá – ênfase ao trono.
b) Às genealogias de Levi e Arão – ênfase ao sacerdócio.

4. Talvez por esta abundância de fontes usadas por Esdras, encontramos algumas
diferenças nos nomes e nos números do relatos comparados com Samuel e Reis.
Freqüentemente os erros são de pequena monta, e devem-se ao tipo de anotação
84

usado antigamente pois os números altos eram sempre arredondados e às vezes


simbolizados por letras alfabéticas passíveis de serem trocadas pelos copistas.

5. A morre de Uzá (I Cr.13:7-10) nos traz perplexidade quanto à gravidade de seu


castigo.

Podemos entender melhor se nos lembrarmos que:


A arca significa a própria presença de Deus e deveria ser transportada por meio de
varas e argolas ( Êx.25:13 e 14) não podendo ser tocada por mãos humanas
(Nm.4:15).
Uzá era descendente de Abinadabe em cuja casa a arca permaneceu por 78 anos e
sobre ela certamente ele conhecia todas as leis divinas.
A arca estava sendo transportada com negligência e sem obediência às várias
prescrições (Nm.4:5, 19 e 20).
O castigo sobre Uzá foi uma demonstração pública do zelo de Deus por suas leis e
santidade.
85

9 - II CRÔNICAS
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – I e II Crônicas compõem um só livro no cânon hebraico e lá chama-se
“dibhrey hayamin” que significa “acontecimentos dos dias”. Está colocado no final do
seu cânon.
No grego chama-se “Paralipomenon” ou “as coisas omitidas” e são consideradas
um suplemento a Reis e Samuel. O nome que temos, “CRÔNICAS”, foi dado por
Jerônimo ao fazer a tradução da Vulgata Latina.
AUTOR – Não sabemos com certeza que é o autor deste livro mas a tradição judaica
afirma que foi Esdras, o sacerdote e escriba ( compare II Cr.36:22 e 23 com Ed.1:1-3).
Ele teria selecionado dentre vários registro inspirados de Samuel, Gade, Natã e outros,
os dados relativos à história do povo judeu, em especial a tribo de Judá.
Suas fontes entres outros foram: Livros de Crônicas do Rei Davi ( I Cr.27:24), livro
das Crônicas de Samuel (I Cr.29:29), Livro das Crônicas de Natã ( I Cr.29:29), Livro
das Crônicas de Gade (I Cr.29:29), Livro das profecias de Aías (II Cr.9:29), Livro das
Visões de Ido (II Cr.9:29).
DATA DA ESCRITA – O livro foi escrito logo após a volta do exílio, com finalidade de
relembrar, animar e exortar o povo, que após 70 anos de cativeiro voltara à sua terra,
reconstruíra o templo e agora vivia um marasmo espiritual. A data mais provável
parece ser 450 a.C.
TEMPO DA AÇÃO – Relata desde o reinado de Salomão ( 971 A.C.) até o retorno do
cativeiro (537 a.C.).
VERSO-CHAVE – É o 7:14 “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei
dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
TEMA – AS COISAS OMITIDAS DO REINO DE JUDÁ
O foco central deste livro está sobre os sucessores de Davi.

b- CONTEÚDO
Assim como I Crônicas apresenta o mesmo relato histórico de I e II Samuel e algo
de I Reis, acrescido e de ricos detalhes, também II Crônicas apenas no que diz respeito
ao reino de Judá. Não aparecem em II Crônicas, os reis do Reino do Norte, o povo do
reino de Israel ou mesmo seus profetas ilustres como Elias e Eliseu, e a razão disto já
foi por nós explicada quando tratamos do CONTEÚDO de I Crônicas, o qual deve ser
lido neste momento também.
Mesmo ao tratar apenas dos reis de Judá, Esdras concentra-se nas obras de
restauração espiritual com ricos detalhes que não aparecem em II Reis.
Infelizmente o mau exemplo do Norte foi seguido pelo reino do Sul, no abandono
a Deus e na decadência moral e espiritual, apesar das tentativas de Asa (caps.14-16),
Josafá (caps.17-20), Joás (caps.23 e 24), Ezequias (caps.29-32) e Josias (caps.34 e
35), os quais não foram completos nas reformas que empreenderam ou então
prevaricaram ao final dos seus reinados.
Os profetas foram renegados e então o cativeiro chegou.
A princípio foram cercados em 605 a.C. e aqui perderam a liberdade, o 2º cerco
babilônico foi em 597 a.C., até que em 586 a.C. foram levados para Babilônia. Lá
permaneceram até o edito de libertação promulgado pelo rei persa Ciro (537 a.C.) o
qual recentemente invadira e dominara a Babilônia.
Cumpre-se a profecia de Jeremias (Jr.25:11) e no início do ano de 536 a.C. eles
voltam à Palestina.

c- DIVISÃO
86

Divididos II Crônicas em três blocos de capítulos:


A história de Salomão – caps.1 a 9
A história dos reis de Judá – caps. 10 a 35
A história do cativeiro – caps.36

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 36 capítulos em 808 versículos, tratando dos seguintes assuntos:

1- Salomão pede sabedoria a Deus


2- Salomão se prepara para edificar o templo
3-7 - Salomão e o templo
8- Outras atividade de Salomão
9- Salomão e a rainha de Sabá
10 - A divisão do reino
11 e 12 - O reinado de Roboão
13 - O reinado de Abias
14-16 - O reinado de Asa
17-20- O reinado de Josafá
21- O reinado de Jeorão
22 - O reinado de Acazias, Jeú e Atalia
23 e 24 - O reinado de Joás
25 - O reinado de Amazias
26 - O reinado de Uzias
27 - O reinado de Jotão
28 - O reinado de Acaz
29-32 - O reinado de Ezequias
33 - O reinado de Manassés e Amon
34 e 35- O reinado de Josias
36 - Os últimos reis de Judá e o cativeiro

e- COMENTÁRIOS
1. Myer Pearlman e “Através da Bíblia livro por livro” – Ed. VIDA e Stanley Ellisen em
“Conheça melhor o Antigo Testamento” – Ed. VIDA comparam Reis e Crônicas de
seguinte forma:
Reis foi escrito no início do cativeiro, e Crônicas pouco depois da volta ao cativeiro.
Reis foi compilado pelo profeta Jeremias e Crônicas pelo sacerdote Esdras.
Reis possui uma visão terrena ( I Rs.14:20) relevando o trono terreno de reis terrenos.
Crônicas
tem uma visão celestial (II Cr.13:20) relevando o trono terreno ( o templo) do rei
celestial.
Reis falam de Israel e Judá, as Crônicas só falam de Judá.
Reis são livros políticos, Crônicas são eclesiásticos.
Crônicas é mais estatístico do que biográfico.
Crônicas encoraja mais do que castiga, estimula mais a lealdade do que indicia a
culpa.
Crônicas não enfatiza a idolatria mas sim a indiferença espiritual.

2. Deus foi arquiteto do templo construído por Salomão, o qual seguiu o mesmo modelo
do tabernáculo, em dimensões dobradas.
Foram sete anos de trabalho (I Rs.6:38) onde todo material era trabalho e preparado do
lado de fora e apenas montado dentro do templo, assim não se ouviu sons de martelos
na casa do Senhor.
87

3. Veja uma súmula dos sucessos e fracassos dos grandes reis de Judá:
a) Asa- sucessos-cap.15
derrotas-cap.16:1-10

b) Josafá- sucessos- cap.17:3-13 e 20:1-30


derrotas- cap.18:1-30 e 19:2;35-37.

c) Joás- sucessos- cap.24:1-16


derrotas- cap.24:17-24

d) Ezequias- sucessos- cap.29, 30 e 32;1-23


derrotas- cap.32:24-33

e) Josias- sucessos- cap.34:3-33


derrotas- cap.35:20-27

II Cr.26 a 32, são o pano de fundo histórico do profeta Isaías, assim como II Cr.34 a 36
o são de Jeremias.
88

10 - ESDRAS
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Em hebraico Esdras quer dizer “ajuda”.
No antigo cânon hebraico, Esdras e Neemias eram um só livro.
A Septuaginta trazia os dois também como um só livro, mas chamando-o de Esdras II,
em seqüência ao apócrifo Esdras I.
A Vulgata Latina é quem primeiro os divide, chamando Esdras, de Esdras I, e
Neemias, de Esdras II.
Só a Bíblia evangélica e o moderno cânon hebraico, mantiveram a divisão, dando aos
livros, os nomes de seus personagens centrais, Esdras e Neemias.
AUTOR – Esdras, sacerdote e escriba, é considerado pela tradição judaica, o autor de I
e II Crônicas, Esdras e Neemias.
Esdras era um dos cativos em Babilônia, onde provavelmente nasceu, filho ( ou neto)
do sumo sacerdote Seraías assassinado por Nabucodonosor em 586 a.C. (Ed.7:1 e II
Rs.25:18-22), sendo assim descendente de Arão. Hábil instrutor da lei, é comparado a
Moisés, ambos levitas. Moisés escreveu os primeiros 5 livros e Esdras os últimos 4
livros históricos do Velho Testamento.
DATA DA ESCRITA – Em torno de 430 a.C., um pouco depois de Malaquias encerrar
sua profecia.
TEMPO DE AÇÃO – Compreende desde o edito libertador do rei Ciro e a volta da
primeira leva de judeus sob a liderança Zorobabel (536 a.C.), até a volta da Segunda
leva de judeus sob a liderança de Esdras (457 a.C.).
VERSO-CHAVE – É o 7:10 – “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a
lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus
juízos.”
TEMA – A VOLTA DO EXÍLIO.

b- CONTEÚDO
Ao findar o tempo do cativeiro Babilônico como profetizara Jeremias 29:10-14,
Daniel entendeu que era tempo de voltar para casa.
O império medo - persa vencera a dominara o babilônico e agora Ciro era o
imperador. Duzentos anos antes, Deus anunciara por boca de seu profeta Isaías, que
Ciro nasceria e seria Seu instrumento de libertação do povo (Is.44:28 e 45:1-4).
Ao saber disto, e decidido pela libertação do povo judeu, Ciro os envia de volta
junto com seus objetos de culto to templo (537 a.C.). 42.360 é o total dos que
retornaram na 1ª leva, sob a liderança de Zorobabel (Ed.2.64). A maioria já havia se
estabelecido em Babilônia e não queria trocar esta segurança por uma jornada longa, e
perigosa, ao seu país desolado necessitando de ser reconstruído.
Chegando à Jerusalém, erigiram o altar e depois começaram a obra de
reconstrução do templo, lançando seus alicerces (Ed.3); logo são molestados pelos
inimigos (Ed.4). As obras de reconstrução do templo são interrompidas no ano 534 a.C.
a pedido dos samaritanos e sob ordem do imperador Cambises que sucedera Ciro no
trono persa. A reconstrução do templo é retomada em 520 a.C., já sob o período do
reinado de Dario o grande, o qual sucedera Cambises, após consulta feita ao rei pelos
inimigos samaritanos (Ed.5). Ao desanimarem, foi muito importante a mensagem dos
seus profetas contemporâneos, Ageu e Zacarias (Ed.5).
Após 4 anos de obra, o templo foi terminado (Ed.6 - 516 a.C.).
Há um intervalo de aproximadamente 60 anos entre Esdras 6 e 7, pois só após
este período é que Esdras resolve viajar à Palestina, com uma Segunda leva de judeus
89

(457 a.C.), É durante este intervalo de tempo (485-465 a.C.), que se dá o reinado de
Assuero (Xerxes) e a história de Ester.
Esdras era sacerdote, que amava a Palavra de Deus, e que fundara as sinagogas
na Babilônia. O rei Artaxerxes, marido da rainha judia Ester, o envia (Ed.7:11-8:14) com
a incumbência de avaliar o estado na nação (Ed.7:14) e levar mais recursos
financeiros. (Após mais 13 anos, o mesmo Artaxerxes enviaria o preocupado Neemias).
Esdras se entristece profundamente ao chegar a Jerusalém pois encontrou o povo
desanimado, voltando à idolatria e casando-se com mulheres pagãs.
Esdras realiza profundas reformas religiosas, com a ajuda do profeta Malaquias
(veja o texto de sua mensagem). Orou, chorou e mandou que se despedissem as
mulheres hetéias, voltando às mulheres dos casamentos de suas mocidades (Compare
Ed.9 e 10 com Ml.2:10-16).

c- DIVISÃO
O livro de Esdras pode ser dividido em duas partes:
A volta dos judeus – caps.1 a 6. - Incluindo desde o edito libertador até a
construção do templo.
A jornada de Esdras – caps.7 a 10 - Tratando das reformas que realizou.

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 10 capítulos, com 280 versículos, os quais tratam de:=
1 e 2- O decreto e a volta à Palestina.
3-5- O início da reconstrução do templo e os problemas.
6- O templo acaba de ser reconstruído.
7 e 8- A viagem de Esdras.
9 e 10- Reformas religiosas.

e- COMENTÁRIOS
1 - A volta do cativeiro se dá em 4 levas:
a) com Zorobabel em 537 a.C.
b) com Esdras em 457 a.C.
c) com Neemias em 444 a.C.
d) novamente com Neemias em 432 a.C.

2 - Em 539 a.C. o império medo- persa invadiu a Babilônia e assumiu a supremacia


mundial. (Jr.50 e 51; Is.44 e 45). A Pérsia tinha uma política diferente de tratar seus
cativos. Libertava-os para volta à terra de origem, e ainda os ajudava financeiramente
para reinstalarem-se nela, desta forma angariando a simpatia de seus dominados.

3 - O edito libertador de Ciro era válido para os judeus localizados em todos os


domínios do novo império persa, portanto alcançava até mesmo os judeus das 10
tribos despesas e cativas na Assíria, embora pouquíssimos destes parecem ter voltado.
O nome Israel é por isto novamente muito mais usado em Esdras e Neemias que
o nome Judá. Paradoxalmente contudo, o termo “judeus” referindo-se ao povo de
Israel, aparece pela primeira vez em Esdras 4:12, já que os de Israel eram em sua
maioria, da tribo de Judá.

4 - A recusa de Israel em aceitar a ajuda samaritana na reconstrução do templo se


deve algumas razões:
* O “cisma samaritano” veja o COMENTÁRIO 7 do livro de I Reis, e o CONTEÚDO de II
Reis para sua melhor compreensão.
* A motivação samaritana era atrapalhá-los e prejudicá-los, e não propriamente ajudá-
los.
90

Poderia ser que ao ajudarem na reconstrução exigissem posteriormente o direito à


participação no culto dos judeus.

5 - O templo reconstruído por Zorobabel era maior do que o de Salomão (27 metros de
altura, 27metros de largura e 45 metros de comprimento); mas ,muito inferior em luxo e
beleza. (por isto as pessoas que tinham visto o primeiro templo, choravam ao ver o
segundo templo – Ed. 3:12 e 13).

6 - Algumas parte do livro de Esdras, estão em aramaico (4:8 a 6:18 e 7:12-26), pois
Esdras usou várias fontes para a composição deste livro ( assim como fez com
Crônicas): Memórias suas, memórias de Neemias e registros oficiais na língua
internacional que era o aramaico.

7 - A tradição atribui a Esdras ao autoria do Salmo 119 e a liderança de uma grande


reunião, chamada “a grande sinagoga” para arrumar e fechar o cânon hebraico.

8 - O trecho de Esdras 4:6 –23, é uma informação que o autor está dando aos seus
leitores, de oposições desencadeadas pelos Samaritanos contra os judeus à
semelhança daquela descrita em Esdras 4:1-5, porém em datas posteriores.

Esdras 4:6-23 não está em seqüência cronológica imediata, e nem faz parte dos
mesmos acontecimentos descritos nos primeiros cinco versículos. Quem está no trono
persa, durante a primeira oposição samaritana (Esdras 4:1-5), contra a reconstrução do
templo, é Ciro e posteriormente seu sucessor Cambises. A reconstrução do templo fica
interrompida entre 534 – 520 a.C., sendo então liberada sob o governo de Dario - o
Grande em 520 a.C. (Esdras 5 e 6).
Novas oposições se dão contra os judeus bem posteriormente (embora descritas
neste mesmo capítulo quatro de Esdras), e o autor faz questão de diferenciá-las
datando os eventos, nos reinados de Assuero (Esdras 4:6) e de Artaxerxes ( Esdras
4:7-23), entre 486-424 a.C.. Tratava-se da reconstrução dos muros da cidade de
Jerusalém e o próprio rei Artaxerxes, volta atrás desta sua decisão em Neemias 2.
91

11 - NEEMIAS
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Neemias quer dizer “consolo do Senhor”.
No antigo cânon hebraico, Esdras e Neemias eram um só livro.
A Septuaginta trazia os dois também como um só livro, mas chamando-o Esdras II, em
seqüência ao apócrifo Esdras I.
A Vulgata Latina é quem primeiro os divide chamando Esdras, de Esdras I, e Neemias,
de Esdras II.
Só a Bíblia evangélica e o moderno cânon hebraico mantiveram a divisão, dando
aos livros os nomes de seus personagens centrais, Esdras e Neemias.
AUTOR – Esdras o sacerdote e escriba, é considerado pela tradição judaica, o autor de
I e II Crônicas, Esdras e Neemias.
Certamente serviu-se de anotações suas e de Neemias para escrever este livro já que
algumas vezes Neemias aparece falando na 1ª pessoa (1:4) e outras vezes aparece
na 3ª pessoa (8:9).
DATA DA ESCRITA – Em torno de 430 a.C., um pouco depois de Malaquias encerrar
sua profecia.
TEMPO DA AÇÃO – Desde a viagem primeira de Neemias à Jerusalém (444 a.C.) até
a restauração completa do culto no templo (432 a.C.).
VERSO-CHAVE – É o 2:5 – “e disse ao rei: se é do agrado do rei e se o teu servo acha
mercê em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de
meus pais, para que eu a reedifique”.
TEMA – ORAÇÃO E PERSEVERANÇA – ou poderia ser: A RECONSTRUÇÃO DE
JERUSALÉM.

b- CONTEÚDO
Neemias era copeiro do rei Artaxerxes. Este era um cargo de honra e confiança.
Honra e confiança adquiridos certamente em parte por ser um homem admirável e em
parte porque Ester, a judia, era madrasta do rei.
Neemias recebera notícias do estado calamitoso da cidade de Jerusalém, Esdras
já lá estava há 13 anos, o templo fora reconstruído, mas os muros e a cidade ainda
estavam desolados. Ele se entristeceu bastante e o rei leu isto em seu rosto.
Artaxerxes não somente permite sua ida à Jerusalém como o nomeia o
governador da cidade, e lhe autoriza levar madeira para a reconstrução (Ne.2:8).
Chegando lá, à noite, faz vistoria na cidade a fim de avaliar o estado das muralhas.
Logo incentivou o povo a reconstruí-las e mesmo sob severa oposição externa (
Sambalá e Tobias) e interna (cansaço e desânimo do povo), em 52 dias terminou sua
obra.
Finda a obra de reconstrução dos muros, era hora de reorganizar a cidade.
Neemias nomeia vários funcionários para o bem público (Ne.7).
Reorganizar os princípios morais e espirituais foi o passo seguinte e final da obra
de Neemias. Todo o povo foi reunido diante da Palavra de Deus ministrada por Esdras
(Ne.8), e a leitura e explicação dos textos produziu quebramento, arrependimento e
conversão. (Ne.9)
Cerca de doze anos depois, Neemias volta à Babilônia, mas não sabemos ao
certo quanto tempo permaneceu ali; e, durante este tempo, Tobias, moabitas e
amonitas introduzem-se no templo (Ne.13:4 -6).
Neemias retorna (+ ou – 432 a.C.), com a Quarta e última leva de judeus e
expulsa Tobias do templo, bem como definitivamente reorganiza o culto no templo.
92

c- DIVISÃO
Podemos dividir o livro em dois grupos de capítulos por assuntos:
A reconstrução dos muros – caps.1 a 6.
A reconstrução moral e espiritual – caps.7 a 13.

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro de Neemias possui 13 capítulos com 506 versículos, tratando de:
1 e 2- Neemias volta a Jerusalém com a 3ª leva de judeus (444 a.C.)
3-6- A reconstrução dos muros
7- Relação dos que voltaram à Jerusalém.
8-10- Quebrantamento, confissão e arrependimento.
11 e 12- Relação dos que habitaram em Jerusalém.
13- Tobias expulso do templo.

e- COMENTÁRIOS
1 - A cidade de Jerusalém estava desolada, era grande mas desabitada e em ruínas
(Ne.7:4). Neemias resolveu povoá-la determinando que um em cada dez habitantes
das demais cidades fosse morar em Jerusalém. Os que aceitavam tal “sacrifício” eram
abençoados e bem vistos pelos demais (Ne.11:1 e 2).

2 - Neemias era um copeiro, e não um engenheiro, arquiteto ou administrador, no


entanto a obra que realizou e a direção segura em tudo, fazem deste livro e de seu
testemunho, um verdadeiro tratado sobre os assuntos de liderança e administração.

3 - As oposições e os desafios tão constantes que enfrentou fizeram do Neemias um


homem de oração e perseverança.

a) Orou quando recebeu as más notícias de Jerusalém (1:4)


b) Orou quando estava diante do rei Artaxerxes (2:4)
c) Orou quando perseguido durante as obras (4:4 e 9)
d) Orava cotidianamente, em meio aos acontecimentos, bem informalmente (5:19;
6:14; 13:14, 22, 29 e 31).
4 - As Escrituras não nos falam sobre o final da história de Neemias, se retornou ao
seu serviço na Babilônia como copeiro do rei, ou se permaneceu em Jerusalém, ou
ainda como morreu.
93

12 - ESTER
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – O nome Ester é derivado da palavra persa que quer dizer “estrela”. O nome
hebraica era “Hadassah” que quer dizer “murta”.
AUTOR – Não se sabe ao certo quem é o autor de Ester. Cogita-se ao nomes de
Mordecai, mas o último capítulo, da forma como se refere a ele, parece desqualificá-lo
como autor. Ainda são lembrados pela tradição judaica, Esdras e Neemias.
DATA DA ESCRITA – Aproximadamente 460 a.C., após a morte do rei Assuero
(Xerxes) quando seus relatórios foram completados.
TEMPO DA AÇÃO – A história de Ester se dá ao tempo entre Esdras 6 e 7, no reinado
do rei Assuero (Xerxes), entre 483 – 473 a.C. (Assuero reinou entre 486 – 465 a.C.)
VERSO-CHAVE – É o 4:14 – “Porque se de todo te calares agora, de outra parte se
levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai
perecereis; e quem sabe se para tal conjuntura como esta é que foste elevada à
rainha?”
TEMA – A PROVIDÊNCIA DE DEUS
O livro é uma ilustração de providência de Deus, soberano que preserva seu
povo das mais irremovíveis perseguições humanas.

b- CONTEÚDO
Foram poucos os judeus que aproveitaram o edito libertador de Ciro, e voltaram para
Jerusalém. A maior parte deles, pelo menos à princípio, permaneceu na Babilônia e
posteriormente na Pérsia. Se todos houvessem voltado à sua terra, a história de Ester
não teria acontecido.
A história do livro de Ester começa com um grande banquete organizado pelo rei
Assuero (Xerxes). Pelo que os estudiosos concluem, era o basquete no palácio de
Susã onde o rei e seus aliados comemoravam os planos e projetos de invasão que a
Pérsia faria à Grécia por volta de 480 a.C. Nesta grande festa todos se embebedaram
e o rei mandou chamar a bela rainha Vasti para alegrar a festa com sua beleza (Et.
1:10-12), porém a rainha negou-se a tal atitude. Este fato o humilhou ante os príncipes
e autoridades presentes, pelo que o rei a depôs (Et.1:16-21).
Entre o capítulo 1 e 2 do livro, dá-se o tempo em que o rei Assuero da Pérsia sai
à luta, invade a queima Atenas, mas é fragorosamente derrotado em Salamina, numa
das batalhas mais famosas do mundo. Ele retorna à Pérsia, e chegara o momento de
conhecer a beleza da judia Ester, e coroá-la rainha (Et.2).
Neste tempo de coroação, seu primo Mordecai descobre uma conspiração contra
o rei e levando isto ao conhecimento dele, muito sobe em seu conceito (Et.2:21-23).
Hamã, um agagita, foi escolhido por Assuero como o vice-rei, e ordenou que todo
o povo ao encontrar-se com ele se prostrasse e o adorasse, o que Mordecai como
judeu não fazia. Tal atitude despertou ódio de Hamã contra Mordecai e contra os
judeus, tendo planejado destruí-los da face da terra (Et.3).
Hamã engana Assuero e consegue que este decrete a morte de todos os judeus
em seu reino (Et.3:7-15). Era o fim aparente do povo, e dos projetos de Deus para a
vinda do Messias.
Ester é convidada pelo primo Mordecai, a conseguir diante do rei, uma mudança
em tudo isto, e ela corre o risco de, apresentando-se diante do rei sem ser chamada,
sofrer pena semelhante a de Vasti (Et.4).
Ester arma uma boa estratégia para entregar o mau Hamã nas mãos do rei
Assuero (Et.5), Mordecai é honrado pelo rei que foi incomodado por Deus para fazê-lo
(E.6), e Hamã foi enforcado (Et.7).
94

Os judeus foram salvos (Et.8 e 9) pela providência de Deus, que usou uma
humildade judia, em terra estranha, fazendo-a chegar a lugar de honra para que no
momento oportuno salvasse seu povo. Lembra-se da história de José, como é
semelhante?
Os judeus alegres, instituíram a “Festa do Purim” (sortes) porque por sorteio
Hamã havia escolhido aquele dia para a destruição deles, e no entanto, pelo Senhor
através de Ester foram salvos.
Anualmente, até hoje, os judeus comemoram a “Festa do Purim”, e neste dia
lêem, na cerimônia, o livro de Ester.
O autor de livro ( Esdras ?), ao compilar esta história e entregá-la aos judeus que
retornaram do exílio e encontravam-se abatidos e desanimados, além de explicar-lhes
a origem da Festa do Purim, revelava-lhes, o amor, o interesse, o poder e a providência
de Deus em favor deles.

c- DIVISÃO
Podemos didaticamente dividir o livro de Ester em três blocos de assuntos:
A festa de Assuero – caps.1 e 2
A festa de Ester – caps.3 a 7
A festa do Purim – caps.8 a 10

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro tem 10 capítulos com 167 versículos, que tratam de:
1- A festa de Assuero
2- Ester rainha
3-6- Hamã Mordecai
7- A morte de Hamã
8-10- A preservação dos judeus e a festa do Purim.

e- COMENTÁRIOS:
1 - No ano 483 a.C. a rainha Vasti foi deposta e só em 479 a.C., Ester foi coroada.
Em 473 a.C., deu-se a história de Hamã e a “Festa do Purim”.

2 - As capitais da Pérsia eram: Susã, Babilônia e Persépolis. Como vingança à


destruição de Atenas, Alexandre O Grande em 331 a.C., invadiu e destruiu Persépolis,
quando a Grécia assumiu a supremacia mundial, desbancando o império Persa.

3 - O anti-semitismo (preconceito contra os judeus) que começou aqui com Hamã,


atingiu seu auge na figura de Hitler, que teve para com os judeus os mesmos intentos.

4 - Como vimos no COMENTÁRIOS 1 do livro de Rute, há 5 livros ou rolos, lidos nas


festas sagradas dos judeus. Até agora já conhecemos dois deles: Rute é lido na festa
de Pentecostes e Ester é lido na festa de Purim (um mês antes da Páscoa).

5 - Curiosamente no livro de Ester não aparece o nome de Deus. Uma das explicações
é a de que seu relato foi retirado das crônicas e registros dos persas, e tal nome não
teria lugar ali (Et.2:23 e 6:1).
A verdade no entanto é que embora o nome aí não esteja, contudo a mão e o poder de
Deus são abundantes em Ester.

6 - Foi o casamento de Ester com Xerxes que deu à Esdras e Neemias o prestígio que
tiveram ante o rei Artaxerxes, filho de Xerxes.

7 - Apenas como curiosidade, Et.8:9 é o maior versículo da Bíblia.


95

OS LIVROS POÉTICOS
a- INTRODUÇÃO
Os livros Hagiógrafos do Velhos Testamento são para os judeus o que nós
chamamos de Livros Poéticos e compreendem: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, e
Cantares, alguns dos nossos estudiosos incluem neste grupo as Lamentações de
Jeremias.
No cânon hebraico tradicional contudo, apenas Jó, Salmos, e Provérbios são
chamados de “poesias”. Eclesiastes e Cantares fazem parte do grupo de livros
chamados “os 5 rolos”, lidos anualmente por ocasião das 5 festas sagradas do judeus.
Estes livros não são chamados poéticos por romancearem seus relatos ou por
tratarem de assuntos imaginários ou irreais, mas este nome se deve à forma literária
em que foram escritos, à elegância do estilo e das expressões usadas e ao
PARALELISMO DE IDÉIAS.

b- PARALELISMO
O Paralelismo é o nome dado à principal característica da poesia hebraica, onde
há correspondência ou no pensamento ou na linguagem de uma frase com a outra.
Esta correspondência pode ser por repetição, ênfase ou contraste de idéias, assim o
ritmo não se obtém pela repetição de sons semelhantes ( rima) e nem pela métrica.
“A poesia hebraica enfatiza o ritmo da idéia e não o ritmo do som, pois a mente
oriental está mais interessada no conteúdo da idéia do que nos meros artifícios
literários”. Stanley Ellisen

c- TIPOS DE PARALELISMO
Eles são de muitos tipos:
a) Sinônimo:
Uma frase encontra expressão sinônima na frase seguinte.
Ex.: Sl.24:1 – “Ao Senhor pertence a terra, e tudo o que nela se contém; o mundo e os que nele
habitam”.
Sl.19:1 – “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de Suas mãos”.
Sl.19:2 – “Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite”.

b) Antitético:
Uma frase expressa idéias contrárias à outra frase. O realce é pelo contraste.
Ex.:Sl.1:6 – “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá”.

c) Sintético ou Construtivo:
As frases vão se completando e correspondendo, como uma construção.
Ex.:Pv.15:17 – “Melhor é um prato de hortaliças onde há amor, do que o boi cevado e com ele ódio”.
Sl.19:7 – “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma, o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria
aos simples”.
Pv.10:22 – “A benção do Senhor enriquece, e com ela não traz desgosto”.

d) Há certos tipos de paralelismo menos importantes como:


analítico ( Sl.23:1)
climático (Sl.29.3)
emblemático (Sl.103:1)
quiasmo (51:1).

O valor do PARALELISMO está em que:


96

a- A correspondência de uma frase do período com outra, quer pelo sinônimo ou pela
antítese, muitas vezes ajuda o leitor na interpretação de uma idéia difícil ou
ambígua do texto.
b- Ele realça e amplia o brilho do texto.
c- Como independe de métrica ou rima, a beleza do texto e da mensagem não se
perde nas traduções e versões para outros idiomas, como acontece com a Bíblia.

d- ACRÓSTICOS
Por vezes os versos hebraicos estão escritos em ordem alfabética, sendo a
primeira letra de cada linha ou verso, as letras do alfabeto hebraico na devida ordem.
Ex.: Salmos 9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119, 145. (Veja também as Lamentações de
Jeremias)
Isto tinha com finalidade para eles facilitar a memorização, mas para nós este
valor se perde na tradução.

Os livros são escritos por homens de Deus, inspirados pelo Espírito Santo, os
quais vivem um variedade de experiência do cotidiano, semelhantes às nossas, e que
nos são úteis na medida em que apareceram no texto sagrado interpretadas. São
aplicadas a nós pelo mesmo Espírito Santo que produziu estas experiências e inspirou
os autores sagrados e registrarem-nas.
97

1 - JÓ
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Assim como Ester, o nome do livro não é o nome do seu autor, mas do seu
personagem principal.
No hebraico Jó é “IYYOB” que pode significar “o perseguido”, enquanto no árabe quer
dizer “arrependimento”. Como a história parece se dar parte norte da Arábia, o
significado mais plausível é o segundo.
AUTOR – O livro é anônimo, e vários são os cogitados como autores: Jó, Eliú (Jó
32:6), Jeremias, e mais fortemente, Moisés ou Salomão. A tradição hebraica crê ser
Moisés, o qual conheceu a história durante o período de sua vida que esteve em Midiã.
Outros estudiosos, comparando o estilo e o conteúdo de Eclesiastes com Jó, afirmam
ser Salomão e seu autor.
DATA DA ESCRITA – Como não se conhece com precisão seu autor, não se conhece
por conseguinte sua data de escrita. Se foi Eliú a data é o XXII século a.C.; se Moisés,
em torno de 1450 a.C.; se Salomão, em torno de 950 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Embora não se saiba ao certo quando este livro foi escrito,
parece haver no entanto poucas dúvidas de que Jó foi realmente um personagem
histórico e não alguém fictício criado para fins de lições morais e espirituais (Ez.14:14;
Tg.5:11), habitou a cidade de Uz (Jó 1:1), cidade à sudeste da Palestina, norte da
Arábia, vizinha de Edom; e que esta história verídica se deu no período patriarcal antes
de Moisés e Abraão, mas após o dilúvio (portanto entre Gênesis 11 e 12). As razões
para que se creia nisto são:
 Jó vive com sua família numa organização de clãs, no estilo patriarcal.
 Jó não faz nenhuma referência ao povo de Israel ou à lei Mosaica.
 Jó cumpre as funções de pai e sacerdote (Jó 1:5).
 Jó teve longa vida, como era comum aos homens do antigo patriarcado (Jó
42:16).
Alguns poucos questionam se este Jó era o mesmo 3º filho de Issacar (Gn.46:13).

VERSO-CHAVE – É o 23:10 – “Mas Ele sabe o meu caminho; se Ele me provasse, sairia eu como
o ouro.” Mas também poderia ser o 1:21 – “Nu sai do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o
Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor !”

TEMA: “POR QUÊ O JUSTO SOFRE ?”

b- CONTEÚDO
Este livro nos mostra as diferenças facetas interpretativas, humanas e teológicas,
que compõem a discussão do problema do sofrimento humano, em especial, do
sofrimento do justo.
Aqui aparecem a perspectiva satânica, a do piedoso sofredor, a de seus amigos
de fora do problema, e a Deus.
Dentre muitos objetivos, o livro destaca como a soberania de Deus está acima do
poder de Satanás, e pode usá-lo para que através do sofrimento, amadureça, purifique
e estimule a fé de seu povo.
A história começa com a apresentação de Jó com um homem íntegro e temente a
Deus (Jó 1:1), próspero e feliz (Jó1:2-3).
Satanás aparece diante de Deus entre os seus anjos, e claramente é descrito não
como “uma força impessoal” ou um “espírito mau”, mas uma pessoa angelical,
poderosa, inimiga de Deus e do homem, que observa atentamente o se humano
98

procurando um brecha para derrotá-lo (compare: Jó 1:6-11 e 2: 1-5 com II Co 2.11 ;


11:14 ; Ef.2:2 ; I Pe.5:8).
Satanás acusa ( Ap. 12:10) Jó de ser interesseiro e mercenário, pois sendo rico e feliz
não podia servir de exemplo de amor e temor a Deus. Deus permite a Satanás tirar-
lhe os seus bens materiais e a saúde sem contudo tirar-lhe a vida ( compare: Jó 1:12
e 2:6 com I Co.10:13).
Ao lhe sobrevir tais terríveis sofrimentos, Jó é incentivado por sua néscia esposa
a maldizer a abandonar Deus (Jó 2:9), porém Jó permanece fiel ao Senhor crendo que
Deus era o Senhor de todas as coisas (Jó 2:10).
É neste ponto que surgem três amigos (Elifaz, Zofar e Bildade) os quais possuem
a virtude de não abandoná-lo na dor, de condoerem-se, de chorarem com ele, e de
uma forma ou outra tentarem ajuda-lo (Jó 2:11-13).
Em que seus amigos foram maus conselheiros? Na aplicação de sua “teologia
insensível da prosperidade” ou “lei da causa e efeito do Deus que retribui o bem com o
bem e o ma com o mal.”
Eles criam, como muitos ainda em nossos dias, que por serem ricos e saudáveis,
eram justos, e que doença e pobreza eram sinais de impiedade castigada. Era um
legalismo insensível. Deus estaria sempre disposto a abençoar o homem com
bênçãos materiais, espirituais e de saúde, desde que o homem merecesse, não
havendo outra forma de Deus revelar sua graça.
Transmitiram isto a Jó, concluindo que ele estava em pecado, portando
merecedor de castigo, e o não reconhecer isto, além de ser blasfêmia contra Deus, o
impediria de ser abençoado.
Jó reage a esta teologia, e o livro todo é uma resposta a esta terrível “teologia
insensível da prosperidade”, de um Deus “toma-lá-dá-cá”, de um “Deus monótono” em
sua ação abençoadora. Jó buscou a verdadeira teologia que pudesse firmar-lhe a fé,
vendo a graça de Deus em meio ao sofrimento.
Há justos que sofrem e são pobres, enquanto há ímpios prósperos e felizes (ver
Sl.37 e 73).
Quando lemos os discursos dos três amigos de Jó, devemos nos lembrar que a
Palavra de Deus ali é o registro inspirado dos discursos, servindo-nos como ilustrações
e não propriamente o conteúdo de suas argumentações (o mesmo princípio se aplica
às palavras de Satanás que aparecem na Bíblia).
Em meio a estes debates surge o jovem Eliú, o qual é citado no prólogo (Jó 2:11)
porque aparece quando os discursos já iam adiantados. É ele quem mais se aproxima
da verdade, enaltecendo a perfeita justiça de Deus e o caráter educacional do
sofrimento na vida do justo (Jó 32 a 37). No entanto também Eliú não traz a verdade
completa e não apresenta soluções concretas.
O fim dos debates é marcado por dois grandes discursos do Senhor, o qual antes
de discutir com Jó as razões do sofrimento e as respostas às questões e Ele feitas,
discorre sobre Seu grande poder criador e controlador do todo o Universo, visando
propósitos bem definidos seus, e incalculáveis pela limitada mente de Jó (Jó 38 a 41).
O Senhor condena a auto-piedade e justiça-própria, reclamados por Jó (Jó 29).
Na conclusão do livro, Jó alcança os propósitos de Deus para a sua provação. Jó
reconhece a soberania, o poder e a sabedoria de Deus. Vendo mais realmente Deus,
Jó viu-se melhor. É como a experiência de Isaías 6:1-5. Jó viu suas limitações e
fraquezas, sua total dependência de Deus. Este atual, experiencial e profundo
conhecimento de Deus, contrasta-se com o anterior teórico conhecimento quando em
meio á prosperidade (Jó 42:1-6).
Deus então lhe restaura em dobro tudo o que ele tinha ante das provações (Jó
42:10).
99

c- DIVISÃO
Há duas formas distintas de dividirmos didaticamente o livro de Jó:
1ª) Jó é um poema com duas prosas no prólogo e epílogo, intermediados por um
diálogo. Dividiríamos o livro então:
Prólogo – caps.1 a 2:10 - A vida de Jó e os ataques satânicos contra ele.
Diálogo – caps.2:11 a 42:6 - Jó com seus amigos e Deus.
Epílogo – caps.42:7 a 17 - Deus restaura a vida e os bens de Jó.

2ª) Poderíamos dividi-lo também, segundo a presença dos personagens que surgem
na história:

Jó – cap.1:1-6
Deus e Satanás – cap.1:6-2:10
Jó e seus amigos – cap.2:11-37
Deus e Jó – caps.38 a 42

d- ESBOÇO DO LIVRO
Jó possui 42 capítulos com 1060 versículos, tratando de:
1- Jó: seu caráter, vida familiar e os ataques satânicos.
2- Os amigos de Jó
3-14 - O primeiro ciclo de discursos
15-21 - O segundo ciclo de discursos
22-31 - O terceiro ciclo de discursos
32-37  A palavra de Eliú
38-40:2 - O primeiro discurso do Senhor
40:3-5 - A primeira resposta de Jó
40:6-41:34 - O segundo discurso do Senhor
42:1-6 - A segunda resposta de Jó
42:7-9 - Deus repreende os amigos de Jó
42:10-17 - Deus restaura Jó

E - COMENTÁRIOS
1 “As perspectivas para o sofrimento dos justos que aparecem no livro de Jó, são as
seguintes:
a- a de Satanás: ele usa o sofrimento para a forçar o justo a abandonar Deus ( 1:11 e
2:4 e 5).
b- a de Bildade, Zofar e Elifaz – o sofrimento é a recompensa do pecado ( 4:7-9; 8:3-6;
11:13-15).
c- a de Eliú: o sofrimento tem fins disciplinares ( 33:13-17 e 29).
d- a de Jó:- o sofrimento é para o iníquo e não para o justo (6:24 e 7:20).
- o sofrimento é um processo refinador com se produz ouro (23:10).
e- a de Deus: - o sofrimento é um privilégio que Deus dá ao seu povo, para ajudá-Lo a
cumprir algum propósito, tal como refutar Satanás (1:8 a 12).
* O sofrimento é um apelo para confirmar, mesmo quando não entendemos o propósito
(13:15).
* O sofrimento pode ser um meio de Deus trazer alguém a um ponto em que ele já não
saiba mais o que fazer, e de tal forma indefeso, faça de Deus seu único possível
defensor (42:3-7). Stanley Ellisen

2  As causas do sofrimento humano são basicamente quatro:


100

1 - O mundo, decaído junto com o homem, tornou-se imperfeito e foi condenado a


produzir cardos, abrolhos, suor e tristezas até o dia de sua transformação (Gn.3:17-
19; Rm.8:19-23; Jo.16:33).
2 - Nossa desobediência às leis naturais e espirituais que regem a terra. Deus criou
este mundo e
o faz existir sob leis naturais. Da mesma forma, relaciona-se com o homem sob leis
espirituais. infringir tais leis, trará sobre nós inevitavelmente sofrimentos.
3 - Satanás – Ele é o príncipe deste mundo que alimenta o ódio contra Deus e contra o
homem, em especial contra aqueles que buscam aproximar-se de Deus (I Pe.5:8; II
Tm.3:12; Lc.22:31).
4 - Os propósitos de Deus – Na vida do homem, Deus é quem permite e controla a
ação do que podem produzir Satanás e o mundo como agentes de sofrimento, e o
faz sempre visando propósitos gloriosos para o homem e para próprio Deus (I
Co.10:13; II Co.12:7-10; II Co.4:16-18; II Co.4:7-10; II Co.1:6-7; Rm.8:18; Rm.5:3-5;
Hb.12:3-13; Tg.1:2-4; I Pe.1:5-9; I Pe.2:19-21; I Pe.4:12-19).

3 Em oposição clara aos argumentos dos amigos de Jó, de que sofrimento sempre
significa pecado ou distanciamento de Deus temos:
Os textos listados acima que revelam os propósitos de Deus na vida dos seus
servos, através do sofrimento.
Os ímpios que, em contrapartida, prosperam.
O testemunho de Jó, Estêvão (At.7:59), Paulo (II Co.12:7) e Jesus (I Pe.2:21;
Hb.5:8).

4 Jó é o livro mais antigo da Bíblia junto com o Gênesis, no entanto fala de
conhecimentos modernos da ciência, como a pressão barométrica (Jó 28:24 e 25), a
evaporação e hidrometria (Jó 36:27 e 28).
Traz ainda uma série de revelações teológicas como: atividades angelicais
(Hb.1:14), o caráter satânico (Ap.12:10; Lc.22:31; I Pe.5:8) o ministério do Messias ( Jó
16:19), a ressurreição dos mortos (Jó 19:26 e 27), a ressurreição de Jesus (Jó 19:25),
e o combate à reencarnação (Jó 7:9 e 10; 10:19-22; 14:7-14).

5  O nome de Deus mais citado em Jó é “Shaddai” que significa “Onipotente”, “Todo-


poderoso”, aparecendo neste livro 32 vezes, ou seja, duas vezes mais que em todos os
outros livros da Bíblia juntos.
6  Este é o terceiro livro do cânon, que embora apareça em seqüência aos demais,
no entanto contém fatos concomitantes a outros livros precedentes.
Veja: Rute é concomitante aos Juizes, Ester é concomitante ao relato de Esdras e
Jó está situado cronologicamente entre Gênesis 11 e 12.
A seguir veremos os livros de Salmos, Provérbios, Cantares e Eclesiastes que
são contemporâneos a Davi e Salomão ( Samuel e Reis), e por fim os profetas que são
contemporâneos aos Reis de Israel.
7 Stanley Ellisen em seu livro “Conheça melhor o Antigo Testamento” – Ed. VIDA, faz
as seguintes e interessantes comparações entre Jó e Ester:
Ambas as histórias são dramas – Em Ester o herói passa da pobreza à riqueza de
servir a Deus e ao seu povo.
Em Jó, o herói passa da riqueza à pobreza para servir a Deus e ao seu povo.
Ambas ressaltam a maneira sutil do diabo procurar a destruição do povo de Deus:
Em Ester o povo é preservado dos ataques satânicos.
Em Jó o herói é preservado durante os ataques satânicos.
Ambos descrevem a derrota de Satanás.
8 Apenas como curiosidade, Jó 3:2, é o menor versículo da Bíblia.
101

2 - SALMOS
a) AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – O nome que usamos é derivado do grego “PSALMOI” que significa “poemas
cantados com instrumentos musicais”, e no hebraico o título do livro é Sefer Tehillim ou
“livro de louvores”.
É uma característica do livro de Salmos, dar nomes ou títulos também a muitos de seus
capítulos, títulos estes, que parece terem sido dados não originalmente, antes da
versão da Septuaginta.
Exemplos:
Mizmor (canção para ser acompanhada com instrumentos de corda) –Sl.76
Shiggayon – ( Salmo penitencial) –Sl.7
Ao mestre de canto (instrução musical) –Sl.75
Estes títulos na Bíblia hebraica foram incorporados ao texto, tornando-se os
primeiros versos destes capítulos.

AUTOR – São muitos os autores, os quais são conhecidos pelos títulos apostos aos
salmos, já que em si mesmos os salmos não declaram sua autoria.
Os salmos são muitas vezes chamados de “Salmos de Davi” porque ele foi o
autor da maioria deles, mas há entre títulos apostos e informações da tradição judaica,
cerca de 12 autores:
Davi compôs 73 salmos.
Asafe (I Cr.6:39, I Cr.16:4 e 5 e II Cr.29:30) era diretor de louvor no templo e também
profeta, compôs12 salmos – o 50 e os de 73 a 83.
Os filhos de Coré (I Cr.26:1 e I Cr.9:19) eram cantores e porteiros do templo,
compuseram 12 salmos – os de 42-49, 84, 85, 87 e 88.
Salomão, compôs os 72 e 127.
Hemã (I Cr.6:33 e I Rs.4:31), o 88.
Etã ( I Cr.15:19), o 89.
Moisés, o 90.
Jeremias, o 137.
Ageu, o 146.
Zacarias, o 147.
Esdras, o 119.
E há cerca de 48 salmos anônimos.

DATA DA ESCRITA – A data da composição é diferente da data da organização do


livro, pois a maioria dos autores não pensava estar compondo para uma futura
coletânea que serviria à liturgia do templo.
As datas de composição são tão distantes quanto, Moisés em torno de 1440 a.C. (o
Sl.90) e (talvez) Esdras em torno de 450 a.C. ( o Sl.119), ou ainda os de nº126 e 137.

A história da organização final do saltério poderia ser resumida da seguinte maneira:


Era comum ao povo judeu, manifestar-se em ocasiões especiais de grande gozo, com
poemas
cantados em adoração ao Senhor. Exemplo – Êx.15, Jz.5, I Sm.2 e o Sl.90;
Davi, o rei poeta e músico, dedicou-se à organização do serviço litúrgico para o 1º
templo, ele
compôs73 salmos, alguns de caráter muito íntimo (51) e outros para louvor público (67,
115),
102

mas quase sempre retratando nos livros alguns acontecimentos de sua vida (3, 18, 34,
etc.).
Certamente ele foi o primeiro a arrumar um hinário para ser usado nos cultos, é o que
nos revela o texto de Sl.72:20.
Salomão constrói o templo, compõe seus salmos assim como Asafe, os filhos de Coré,
Etã e Hemã.
4000 cantores entoavam os Salmos sob a direção dos diretores de música Asafe,
Hemã e Jedutum (I Cr.23:5 e 25:1).
Alguns salmos foram compostos no período do cativeiro e pós-cativeiro, quando seria
reerguido o 2º templo. ( Já que o 1º de Salomão fora destruído por Nabucodonosor).
Parece ter sido Esdras o colecionador, o organizador final do saltério com os 150
salmos que hoje temos.

TEMPO DA AÇÃO – Os Salmos são sempre expressões de acontecimentos


vivenciados pelos seus próprios autores, e assim o tempo da ação do livro de Salmos
percorre cerca de 1000 anos, indo de Moisés no ano 1440 a.C. a Esdras em torno de
450 a.C..

VERSOS-CHAVE – São 150:1 e 2.


“Aleluia! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder.
Louvai-o pelos seus poderosos feitos;
Louvai-o consoante a sua muita grandeza!”

TEMA – LOUVOR A DEUS EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA.


b- CONTEÚDO
Este é o livro da Bíblia mais lido, conhecido e citado, por homens e pelos próprios
outros livros das Escrituras Sagradas. Isto se deve sem dúvida alguma à abrangência,
utilidade, pragmatismo, beleza e profundidade que há em seu conteúdo.
São todas as nossas situações cotidianas encontrando explicações, soluções e
curas. São expressões de ações de graça, adoração, quebrantamento, perplexidade,
dúvidas, clamor por libertação, lágrimas e júbilo, traduzidos sob forma de louvor diante
do Senhor.
Traz-nos, em seu conteúdo, confissão de pecados, a recordação da atuação
divina na história de Israel com poder e misericórdia, profecias sobre o Messias em seu
poder, obras, vida, morte e ressurreição, e ainda teologia a respeito do caráter, vontade
e atributos de Deus.

c- DIVISÃO
Há uma divisão existente no próprio livro que divide os Salmos em cindo livros. Na
opinião de muitos estudiosos eles foram assim divididos para corresponderem ao
Pentateuco, terminando sempre cada um dos livros com uma doxologia, desta forma
teríamos:
Livro I – Sl.1 ao 41 – Corresponde ao Gênesis, e seu tema principal é o homem, seu
estado de bem aventurança, queda e restauração. Exemplo: Salmo 8. Quase a
totalidade destes salmos pertence a Davi.
Livro II – Sl.42 a 72 – Corresponde ao Êxodo, e seu tema principal é o cativeiro de
Israel, sua redenção e o Redentor. Exemplo: Sl.42 e 68. Alguns destes salmos são
dos filhos de Coré, mas a maior parte é de Davi.
Livro III – Sl.73 a 89 – Corresponde ao Levítico, e seu tema principal é o santuário.
Exemplos: Sl.73 e 84. Alguns destes salmos são dos filhos de Coré, porém a maioria
é de Asafe.
Livro IV – Sl.90 a 106 – Corresponde a Números, e seu tema principal é a peregrinação
na terra, o deserto. Exemplos: Sl.106 e 90. A maioria destes salmos é anônima.
103

Livro V – Sl.107 a 150 – Corresponde a Deuteronômio e seu tema principal é a palavra


de Deus. Exemplo: Sl.119. Muitos deles são de Davi, mas a maioria é anônima.

d- ESBOÇO DO LIVRO
É o maior livro da Bíblia, possuindo 150 capítulos e 3451 versículos. Não pode ser
esboçado com facilidade tal a sua variedade de temas e assuntos abordados.
Entretanto várias classificações são feitas tomando-se por base diferentes critérios.
Relacionamos a seguir algumas classificações para ilustração:
a) SALMOS DE INSTRUÇÃO – usados para louvor ao Senhor e concomitante
instrução do povo. Ex.: 1, 6, 19, 82, 90, 119 e 131.
b) SALMOS DE LOUVOR E ADORAÇÃO
Ex.: 8, 23, 24, 91, 103, 136 e 148.
c) SALMOS DE AÇÕES DE GRAÇA
Ex.: 18, 34, 81, 85 e 116.
d) SALMOS DEVOCIONAIS – os que louvavam exprimindo arrependimento e
confiança em Deus, orações. Ex.: 3; 27; 32; 38; 44; 51; 120.
e) SALMOS HISTÓRICOS – aqueles que recordam grandes feitos do Senhor na
história do povo. Ex.: 78; 105; 106.
f) SALMOS MESSIÂNICOS – São proféticos a respeito de Cristo.
Ex.: 2; 16; 22; 40; 45; 72; 110; 118.
g) SALMOS ACRÓSTICOS – (ver introdução dos livros poéticos). Para facilitar a
memorização, iniciavam seus versos com seqüência do alfabeto hebraico. Ex.: 9;
10; 25; 34; 37; 111; 112; 119; 145.
h) SALMOS IMPRECATÓRIOS – Eles impetravam a maldição do Senhor sobre os
inimigos do salmista, do povo e do Senhor. Ex.: 52; 58; 59; 69; 109; 140.
i) SALMOS DE ROMAGEM OU DOS DEGRAUS – Eram cantados quando o povo
voltara do cativeiro e quando anualmente subiam ao templo em Sião para as
Festas. Ex.: 120; 134.

e- COMENTÁRIOS
1 – Os autores sagrados citam os salmos 112 vezes em seus escritos, abrangendo 97
dos 150 Salmos. Damos aqui alguns poucos exemplos: Ef.4:26 e Sl.4:4; I Pe.2:3 e
Sl.34:8; Lc.1:53 e Sl.107:9; Ap.5:9 e Sl.144:9; Sl.14:1-3 e Rm.3:10-18.
2 – A palavra “Selá” (Sl.66:15) que aparece cerca de 70 vezes nos salmos pode ter
vários significados:
Mudança na melodia do acompanhamento.
Pausa musical com descanso para as vozes.
Uma exclamação de louvor, como: Glória a Deus!
Início de uma nova estrofe.
Sinal para elevação da voz.

3 – A palavra “Aleluia” deve ser traduzida com “Louvai ao Senhor”. Ela é uma palavra
composta de duas outras: hallel (louvar) e Yah (abreviatura de Yahweh-Senhor).

4 – Muitos encontram dificuldades no entendimento dos Salmos imprecatórios, onde o


salmista pede a Deus que derrame sua ira sobre os seus inimigos, chegando mesmo a
usar expressões violentas. Alguns estudiosos do assunto nos dizem que:
* Na maioria das vezes o inimigo focalizado no Salmo não deve ser visto com um
indivíduo pessoal que guerreia com outro indivíduo, mas o simbolismo de inimigos do
próprio Deus, como sejam Satanás ou sistemas sobre os quais realmente recaem
terríveis maldições.
104

* Nem sempre é possível distinguir no hebraico o significado das expressões “que isto
aconteça” e “isto acontecerá”. Desta forma o que é expressado como um desejo do
salmista, pode ser na verdade um anúncio profético.
* Os salmistas não estão vivendo sob o espírito do evangelho, mas sob a antiga lei da
retribuição de Lv.24:17-20.

5 – Stanley Elissen, em seu livro “Conheça melhor o Antigo Testamento” – Ed. VIDA,
nos diz que os cinco salmos finais (146-150) dão ao livro de Salmos seu clímax de
encerramento e síntese. Cada um desses capítulos começa e termina com “Aleluia” ou
“Louvai ao Senhor”.
Sl.146 – Quando louvar ao Senhor? – “Enquanto eu viver”.
Sl.147 – Por quê? – “Porque é bom e amável cantar louvores ao nosso Deus”.
Sl.148 – Quem? – “Toda a criação, todos os povos”.
Sl.149 – Onde? – “No santuário, nas festas, nos leitos, nas guerras”.
Sl.150 – É o resumo: quem, onde, por quê, como e por quem será dado o louvor.

6 – Uma outra divisão do livro dos Salmos, citada por Henrietta Mears em seu livro
“Estudo Panorâmico da Bíblia”- Ed. VIDA, é:
Livro I – Sl. 1 a 41 – o Homem, sua bem-aventurança, queda e restauração.
Livro II – Sl.42 a 72 – Israel.
Livro III – Sl.73 a 89 – o santuário.
Livro IV – Sl.90 a 106 – a terra.
Livro V – Sl.107 a 150 – a Palavra de Deus.

7 – Há algumas diferenças de correspondência entre os números dos Salmos de nossa


Bíblia protestante e a Bíblia Católica. Isto se deve a :
a) Na Septuaginta, versão grega, de onde procedem a Vulgata Latina a Bíblia Católica,
os Salmos 9 e 10 foram reunidos em um só, e desta forma até o Salmo 114, o
número dos Salmos da Bíblia Católica é inferior em um números aos nossos
Salmos.
b) Na Septuaginta, o Salmo 114 foi unido com o 115 formando um só, tendo na Bíblia
católica portanto esta união o salmo do número 113.
A diferença numérica é portanto agora de dois números, mas...
c) Nosso Salmo 116 é dividido em dois Salmos na Septuaginta, correspondendo então
aos de número 114 e 115 da Bíblia católica.
d) Da mesma forma o nosso Salmo 147 foi desmembrado nos Salmos 146 e 147 da
Bíblia católica, encerrando os dois saltérios, o protestante e o católico com 150
salmos.

BÍBLIA PROTESTANTE BÍBLIA CATÓLICA


Salmos 9 e 10 9

Salmos 114 e 115 113

Salmos 116 114 e 115

Salmos 147 146 e 147

Nº total 150 150


105

3 - PROVÉRBIOS
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – No hebraico é “Mishle Shelomoh” ou “Provérbios de Salomão”.
Provérbios são expressões curtas e concisas contendo lições morais. São
princípios de vida por analogias, máximas que expressam uma verdade de forma
sucinta, sentenças curtas extraídas de longas experiências de vida. Esta era uma
forma de ensino muito comum no antigo Oriente por chamar a atenção, despertar a
reflexão no ouvinte, e facilitar a memorização.
AUTOR – Salomão foi o autor e compilador da maioria dos provérbios (Pv.1:1; I Reis
4:32), apresentados entre os capítulos 1 a 24. Foi também o autor dos provérbios que
estão contidos nos capítulos 25 ao 29 (Pv.25:1), os quais foram no entanto, compilados
pelos escribas do rei Ezequias ( profetas Isaías e Miquéias?). Agur e o rei Lemuel
foram os autores dos capítulos 30 e 31, mas são pessoas desconhecidas para nós.
Quando analisamos a disposição do livro, ele parece apresentar uma conclusão
no capítulo 24, provérbios estes que precedem o período do reinado de Ezequias. Este
rei provavelmente reuniu então provérbios adicionais, durante o período de avivamento
espiritual experimentado em seu reino.
DATA DA ESCRITA – Segundo o relato de I Rs.4:32, Salomão durante o seu reinado
(971-931 a.C.) compôs cerca de 3000 provérbios, porém o livro só apresenta 400
destes.
Quando e como, estes foram selecionados? Quando foram acrescentadas as
composições de outros sábios (Pv.22:17), Agur e Lemuel?
Uma resposta precisa não se tem, mas o próprio livro de Provérbios declara ter
havido uma seleção de provérbios feita pelos sábios do tempo do rei Ezequias (+ ou –
700 a.C.), crendo-se então girar em torno desta data a compilação final do livro de
Provérbios. Coincide este fato com o período de reformas implantadas pelo rei
Ezequias. (II Cr.29:25-30)
TEMPO DE AÇÃO – Como já vimos, este livro cobre vários séculos de produção
literária. São quase 300 anos, pois há composições de Salomão (971 a.C.), seleção
dos sábios de Ezequias (700 a.C.) e obras de prováveis contemporâneos de Ezequias
como Agur e Lemuel.

VERSO-CHAVE – É o 1:7 ou 9:10 – “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”.

TEMA – A SABEDORIA PRÁTICA FUNDAMENTA-SE NO TEMOR DO SENHOR.

b- CONTEÚDO
Salomão foi o homem mais sábio que já viveu sobre a terra (I Rs.4:29-32), e esta
sabedoria foi recebida de Deus, a qual também está ao nosso alcance (Tg.1:5 e 6).
O tema central deste livro é a sabedoria de forma prática, não apenas para viver
uma “boa vida”, mas para viver no temor do Senhor. Deus é a sua fonte, e o princípio
dela é o próprio temor do Senhor. Todas as máximas apresentadas no livro objetivam
gerar homens saudáveis e redimidos, bem sucedidos na vida, segundo o projeto de
Deus para nós.
Os princípios de vida são divinamente inspirados e apresentados sob a forma de
ditados, que por contraste ou comparação retratam as experiências, características e o
caminhar do sábio e do tolo, do justo, do preguiçoso, do bom e do mau, do insensato,
da mulher virtuosa, etc.
Esta sabedoria atravessa gerações e deve ser a base para nosso viver diário,
bem como parâmetro para avaliação de nossa conduta.
106

Os provérbios não são princípios infalíveis de sucesso, mas normas gerais de


Deus trabalhar. As exceções, por exemplo, um justo que não goza paz, felicidade ou
longevidade, devem-se a projetos e propósitos particulares de Deus para aquelas
vidas.
É ampla a gama de assuntos no livro abordado: o uso das riquezas, o tratamento
para com os pobres, amigos e vizinhos, o controle da língua, honestidade, a justiça, a
obediência aos pais, etc.
Poderíamos dizer de forma prática, que o Provérbios no V.T. corresponde ou
eqüivale ao Tiago no N.T..

c- DIVISÃO
Adotamos para dividir o livro, didaticamente, aquela divisão que é aceita pela maioria
dos estudiosos:
a) Exortação aos jovens – caps. 1 a 9.
O valor da sabedoria e como adquiri-la.
b) Provérbios variados de Salomão – caps.10-24.
c) Provérbios de Salomão colecionados pelos sábios de Ezequias – caps.25-29.
d) Palavras de Agur e Lemuel – caps.30 e 31.

c- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 31 capítulos com 887 versículos, destes, os nove primeiros capítulos e
os dois últimos são discursos extensos, enquanto que os capítulos intermediários
contém breves parelhas de versos onde sobressaem os paralelismos poéticos,
predominando as antíteses (ver introdução aos livros poéticos).
Pode ser assim esboçado:
1:1-6 – Título e propósito do livro.
1:7-9:18 – Quinze lições de sabedoria:

1ª - 1:7-19 9ª - 6:1-5
2ª - 1:20-23 10ª - 6:6-11
3ª - 2:1-22 11ª - 6:12-19
4ª - 3:1-18 12ª - 6:20-25
5ª - 3:19-26 13ª - 7:1-27
6ª - 3:27-35 14ª - 8:1-36
7ª - 4:1-5:6 15ª - 9:1-18
8ª - 5:7-23

10:1-22:16 – Provérbios curtos de Salomão


22:17-24:34 – Provérbios de sábios
25:1-29:27 – Provérbios de Salomão compilados pelos sábios do rei
Ezequias
30 – Provérbios de Agur
31:1-9 – Provérbios de Lemuel
31:10-31 – A mulher virtuosa.

d- COMENTÁRIOS
1 – Sugerimos dois cuidados na leitura do livro de Provérbios:
a) “A leitura dos capítulos que contêm muitos Provérbios, na maioria das vezes
tratando de assunto variados, assemelha-se a contemplarmos uma galeria repleta
de pequenos quadros. Cada quadro merece atenção particular e especial, não
107

extraindo o leitor apressado as verdadeiras belezas e lições de cada um dos belos


quadros proverbiais”. (W.T. Davidson – The Wisdon literature of the old Testament).
b) Embora esta reflexão acima seja necessária, no entanto os provérbios não devem
ser “retirados” individualmente e aplicados sem a cuidadosa observação de seu
contexto.

2 – Jesus muito amava o livro de Provérbios, é o que demonstram suas aplicações


parabólicas.
Veja: Jo.3:13 e Pv.30:8; Lc.14:8-10 e Pv.25:6 e 7; Mt.7:24-27 e Pv.14:11; Lc.16:19-31 e
Pv.27:1.
Talvez tenha sido com o Mestre amado, que Pedro os aprendeu a amar também: I
Pe.2:17 e Pv.24:21; I Pe.3:13 e Pv.16:7; I Pe.4:8 e Pv.10:12; I Pe.4:18 e Pv.11:31; II
Pe.2:22 e Pv.26:11.

3 – Stanley Ellisen, em seu livro “Conheça melhor o Antigo Testamento”- Ed. VIDA, diz
que Provérbios nos apresenta três níveis de insensatez:
a) O simples ou néscio – É o ingênuo, o inocente, que se deixa levar facilmente.
b) O louco ou insensato – os que rejeitam a verdade, desprezam a sabedoria, odeiam
o conhecimento.
c) O escarnecedor – O desordeiro que deliberadamente zomba da integridade e
ridiculariza qualquer tipo de correção.

4 – O objetivo do livro de Provérbios é apresentar-nos a Sabedoria, suas vantagens e


origem, cremos que faz referência a Jesus em seus textos: cap.1:20-23; cap.8; cap.9:1-
6. Jesus é a palavra eterna de Deus, o “como” e “para quem” tudo foi criado. Veja I
Co.1:24 e 30; Cl.2:3; Jo.1:2 e 3; Hb.1:2; Cl.1:16 e 17.

5 – O belíssimo texto da mulher virtuosa está descrito em acróstico (Pv.31:10-31).

6 – Entendemos melhor o paralelismo contrastante de Pv.26:4 e 5 da seguinte forma:


No verso 4 o texto significa: “Não converse com o insensato com semelhante estultícia,
fazendo-se do seu mesmo nível”.
No verso 5 a abordagem é diferente: “Responda ao insensato de acordo com a
estultícia de sua pergunta, ou seja, reprovando-o por meio da sabedoria”.
108

4 - ECLESIASTES
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – No hebraico é “Qoheleth” que significa “o pregador” (em uma assembléia). No
grego é Eclesiastes ou “palavras do pregador”. Talvez este material tenha sido
discursado publicamente, com finalidades instrutivas, aos seus ouvintes.
AUTOR – Como o próprio livro, a autoria é enigmática. Alguns crêem ser Salomão,
baseando-se para isto nos versos 1:1, 12 e 16 e 12:9. Mas outros contestam
questionando: Como ser Salomão se ele afirma em 1:12, “Fui rei” (no hebraico), e “a
sabedoria estava longe de mim” em 7:23 ?
Os argumentos a favor e contra a autoria de Salomão, são os seguintes:
A FAVOR
O autor ao identificar-se como o sábio rei de Israel, filho de Davi (1:1,12 e 16;2:9).
Compôs e reuniu muitos provérbios (12:9).
A tradição judaica afirma ser Salomão o autor.
O autor do livro é sábio, rico, vitorioso, que passou por momentos de queda espiritual e
ao final se levanta novamente. Como a história de Salomão.
CONTRA
O nome de Salomão não aparece neste livro, tal com aparece em Cantares e
Provérbios.
A linguagem, o estilo, algumas palavras não se adequam ao tempo contemporâneo a
Salomão, e sim ao período pós - exílico.
Muitos dos estudiosos de hoje descrêem da autoria de Salomão.
DATA DA ESCRITA – Aceitando Salomão como autor do Eclesiastes, a data da escrita
deve Ter sido ao final de seu reinado, aproximadamente 935 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Este livro seria um discurso reflexivo de arrependimento ao final
de sua vida, o que solucionaria a questão deixada em I Reis 11 sobre a apostasia de
Salomão.

VERSO-CHAVE – É o 2:11 – “Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como
também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento e
nenhum proveito havia debaixo do sol”.

TEMA – A FUTILIDADE DA VIDA HUMANA SEM DEUS.

b- CONTEÚDO
O livro de Eclesiastes é sem dúvida nenhuma um dos mais difíceis de análise e
interpretação em toda Bíblia. Sua construção é complexa, onde intercala testemunhos
pessimistas, apáticos, quase pagãos (1:13; 1:16-18; 2:3; 2:8-11; 2:24; 4:2 e 3) com
confissões de fé piedosa (12:1, 13 e 14).
É um sermão dialético onde dois pontos de vista intercalam-se sucessivamente
até o fim.
Ao final de sua vida, depois de grandes obras de usar santamente a sabedoria e os
recursos materiais dados por Deus, Salomão desviou-se do Senhor (I Rs.11:1-8)
passando a viver na idolatria e no pecado (Ec.2:1-11) e aí aplicando sua sabedoria na
busca do significado da vida humana, agora sem a perspectiva de Deus.
Há 4 frases- chave no livro e elas nos ajudam, por sua freqüência de repetições,
a compreender o estado de Salomão e seus propósitos.
“Eu vi” “debaixo do Sol”, retratam a limitação em que ele se encontrava sem a
presença de Deus e a perspectiva que tinha da vida e de tudo sem olhar para cima,
descrendo dos propósitos e da intervenção de Deus na existência humana. Como
109

resultado desta situação, deste estado, ele conclui que “tudo era vaidade” e “correr
atrás do vento”, tudo era futilidade, vazio.
As conclusões apresentadas no livro, deste tempo distante de Deus, não são
inspiradas por Deus, porém o registro delas sim, servem-nos para nossa reflexão
quanto à visão da vida, e a interpretação dos fatos, para um homem sem Deus.
Eclesiastes é um discurso de Salomão ante uma assembléia, após novamente
cair em si e arrepender-se, e em meio às suas perplexas lembranças do seu tempo de
pecado, ele acaba concluindo suas palavras e compartilhamento a seus ouvintes,
fortes afirmações piedosas. (caps.11 e 12)

c- DIVISÃO
O livro pode ser dividido em três partes:
a) A experiência do pregador – caps.1 a 4.
A vaidade das coisas terrenas.
b) Exortação à luz desta experiência – caps.5 a 10
c) Conclusão do pregador – caps.11 e 12.

c- ESBOÇO DO LIVRO
O livro de Eclesiastes possui 12 capítulos com 222 versos.
Excetuando-se os trechos de 3:2-8; 7:1-14; 11:17 e 12:7, o livro está todo escrito
em prosa, sendo esta a razão principal para que o livro não esteja incluído entre os
livros poéticos na classificação tradicional dos judeus.
Dentre muitíssimos esboços deste livro, adotamos o de Samuel Schultz em seu
livro, “A história de Israel” – Ed. VIDA NOVA.
1:1-3 – O tema e propósito do livro
1:4-11 – O ciclo contínuo da vida e das coisas
1:12-18 – A sabedoria como alvo da vida
2:1-11 – O prazer como um objetivo
2:12-23 – O paradoxo da sabedoria
2:24 –3:15 – A sabedoria de Deus e o propósito da criação
3:16-22 – A responsabilidade do homem perante Deus
4:1-16 – A vida dos oprimidos
5:1-17 – A vaidade da religião e das riquezas
5:18 –6:12 – A capacidade de desfrutar é dada por Deus
7:1-19 – Temperança prática em tudo
7:20-29 – O homem caiu de seu estado original
8:1-17 – A análise do homem se limita a esta vida
9:1-12 – A vida existe para aprazimento do homem
9:13 –10:20 – A sabedoria é prática e benéfica
11:1 –12:7 – Conselhos aos jovens
12:8-14 – O temor a Deus como conclusão

d- COMENTÁRIOS
1 – Neste livro o nome de Deus, Jeová, aquele com o qual o Senhor se apresenta e
trata com o homem em missão redentora, não aparece.
Entretanto a sabedoria de Deus e seu poder criador são enfatizados pelo nome de Deus,
Elohim, que aparece mais de 40 vezes.

2 – Eclesiastes também enfatiza a eternidade da vida e o juízo de Deus através dos


textos (3:11 e 17; 11:9; 12:5, 7 e 14).
110

3 – Henrietta Mears, em seu livro “Estudo Panorâmico da Bíblia” – Ed. VIDA, nos diz
que o problema de Salomão era: como achar felicidade e satisfação longe de Deus?
(Ec.1:1-3).
Ele busca na ciência (1:4-11), e na filosofia (1:12-18) mas em vão.
Descobre que o prazer (2:1-11), a alegria (2:1), a bebida (2:3), a construção (2:4),
as possessões (2:5-7), a riqueza e a música (2:8), são todos vazios.
Em termos de correntes filosóficas, ele experimentou o materialismo (2:12-26)j, o
fatalismo (3:1-15), o deísmo (3:1-4:16), mas também eram vãos. A religião (5:1-18), a
riqueza (5:9 – 6:12) e até a moralidade (7:1-12:12), são igualmente inúteis.
Sua conclusão é 12:13 : “teme a Deus e guarda seus mandamentos”.

4 – O livro de Eclesiastes é lido anualmente na Festa dos Tabernáculos.

5 – Se compararmos os dois livros da sabedoria de Salomão, Provérbios e Eclesiastes


concluiremos que Provérbios foi escrito no período em que ele estava próximo de Deus
e fala da sabedoria humana aliada ao temor do Senhor, enquanto Eclesiastes reflete o
período de sua distância de Deus, tratando da sabedoria humana sem a perspectiva de
Deus.
111

5 - CANTARES DE SALOMÃO
a – AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – No hebraico o nome do livro é “Cântico dos Cânticos” pois as primeiras
palavras do livro são: Cântico dos Cânticos de Salomão, representam o principal dos
1005 cânticos compostos por Salomão (I Rs.4:32).
AUTOR – Salomão é o autor.(Ct.1:1)
Alguns estudiosos modernos tentam negar esta autoria afirmando haver no livro,
palavras persas, aramaicas e gregas. Porém a autoria de Salomão é confirmada pois:
Salomão era um rei com intensa relação exterior em seu reino e comércio, além de ter-
se casado com várias esposas estrangeiras, explicando seu rico vocabulário.
Salomão era profundo conhecedor de plantas e animais (I Rs.4:33) e menciona em
Cantares, vinte e uma espécies diferentes de plantas (rosa de Sarom, lírios,
macieiras, canela, etc...) e quinze espécies de animais (cervos, gazelas, pombas,
etc...).
A tradição judaica afirma ser Salomão.
Semelhanças terminológicas com Provérbios e Eclesiastes.
Faz referências geográficas ao Sul e ao Norte de Israel, como uma nação ainda unida,
já que após sua morte o reino foi dividido.
DATA DA ESCRITA – Provavelmente no início do reinado de Salomão – 965 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Salomão já era rei, e já tinha expandido seu reino até Jezreel,
porém seu harém ainda era relativamente pequeno ( Ct.6:8 e 9). Cantares parece
corresponder ao início do reinado de Salomão, assim como Provérbios ao meio de seu
reinado e Eclesiastes ao final. Em torno de 965 a.C..

VERSO-CHAVE – 6:3 – “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele pastoreia entre os
lírios”.

TEMA – A EXALTAÇÃO DO MATRIMÔNIO / AS DELÍCIAS DO AMOR CONJUGAL.

b- CONTEÚDO
Este é talvez o principal cântico, dos cânticos de Salomão, contando a história do
conhecimento, noivado e casamento de dois personagens: o rei Salomão ( “Príncipe da
paz”) e a Sunamita ( “a pretendente da paz”). O poema não tem pausas, é entrecortado
subitamente por um coro de jovens, e traz a fala dos dois personagens passando da
voz de um para a voz do outro de uma forma repentina.
Na história do poema (idílio lírico), uma camponesa da cidade de Suném, na
encosta do monte Hermon, apascentava cordeiros e lavrava a vinha da família, que na
verdade pertencia ao rei Salomão. Um dia, estando a cuidar do rebanho, encontrou-se
com um formoso entranho ( era Salomão disfarçado de pastor) ao qual se afeiçoou.
Eles convivem durante um tempo, prometem-se em casamento até que um dia este
estranho parte prometendo voltar. Ela esperou muito tempo crendo na promessa e
sonhando com este dia.
Certo dia ele volta, e vem com grande séquito proclamando-a sua esposa,
levando-a então para o palácio. É aí no palácio que o poema é cantado, fazendo-se
recordações do passado.
O livro de Cantares em primeiro lugar, enaltece a beleza e pureza do casamento,
por meio da história de Salomão e sua esposa; em segundo lugar, traz na história uma
revelação figurada do amor de Deus para com Israel, o povo de sua aliança (Is.54:5 e
6; 62:4 e 5; Os. 2:16-23); e em terceiro lugar, aqui os cristãos podem encontrar uma
interpretação alegórica do relacionamento entre Cristo e sua noiva celestial, a Igreja (II
Co.11:1 e 2; Ef.5:25; Ap.19:7 e 8; 21:2 e 9).
112

c- DIVISÃO
É preciso conhecer bem o estilo de escrita de Cantares para que o possamos
entender e dividir. As falas parecem por vezes confundirem os personagens e o
desenvolvimento da história não é simples de se compreender.
Além das muitas metáforas na linguagem poética este poema é um idílio lírico, ou
seja, uma história campestre, contada sob a forma de um poema onde o relato não
segue uma seqüência lógica cronológica, mas há “flash-backs” e coros entrecortando o
relato.
Dividiremos o livro em cinco cenas:
A noiva nos jardins de Salomão – cap.1:1 a 2:7.
As recordações da noiva – cap.2:8 a 3:5.
As núpcias – cap3:6 a 5:1.
Os dois no palácio – cap.5:2 a 8:4.
O lar da esposa – cap.8:5 a 14.

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui oito capítulos com 117 versículos .
Cena 1 > 1:1 a 4 – A noiva e as donzelas louvam o noivo.
1:5 a 8 – A noiva desculpa-se de sua origem humilde e pergunta pelo noivo.
1:9 a 2:7 – Há um afetuoso diálogo entre os noivos na chegada de Salomão.
Cena 2 > 2:8 a 17 – A noiva, agora sozinha, lembra-se da primeira visita do seu
noivo.
3:1 a 5 – A noiva recorda de um sonho onde o perdera e depois o encontrara.
Cena 3 > 3:6 a 11 – Os habitantes de Jerusalém descrevem a chegada do rei e
sua noiva para as núpcias.
4:1 a 5:1 – Há uma troca de palavras afetuosas entre os noivos.
Cena 4 > 5:2 a 8 – A sunamita relata um sonho onde perdera o seu amado.
5:2 a 6:3 – No sonho, as donzelas perguntam pelas características do amado e
ela descreve sua formosura, bem como o encontro desagradável com os guardas.
6:4 a 9 – Salomão entra e elogia sua esposa.
6:10 a 7:5 – Há um diálogo entre o coro de donzelas e a sunamita.
7:6 a 9 – Novamente Salomão a elogia.
7:10 a 8:4 – A esposa convida o esposo a visitar seu lar paterno.
Cena 5 > 8:5 – Os habitantes de Suném de longe vêem a comitiva.
8:6 a 14 – Diálogo entre Salomão e a esposa, com um coro dos irmãos da
esposa.

e- COMENTÁRIOS
1 – Alguns estudiosos modernos analisam o texto não como um idílio lírico mas como
um drama onde a Sunamita seria noiva de um pastor como ela, em sua terra. Salomão
a encontra em sua vinha e a leva para seu palácio em Jerusalém fazendo todo esforço
para convencê-la a desposá-lo, ela contudo permanece fiel ao seu noivo. Até que por
fim, com a aprovação do rei, ela retorna à sua terra para desposar seu noivo,
enaltecendo a fidelidade do amor.
Esta hipótese é rejeitada pela maioria porque:
O estilo da narrativa não é de um drama com um conflito, onde haveria uma seqüência
lógica e cronológica de narrativa.
Este é o cântico mais belo e importante de Salomão, e não um triste relato de um
fracasso amoroso,
Considerar o belo amor de Salomão pela Sunamita justifica sua presença no Cânon
Sagrado e a leitura anual do livro na festa da Páscoa dos Judeus.
113

É um lindo conto de amor conjugal, trazendo simbolismo para o relacionamento entre


Deus e Israel, Cristo e a Igreja.

2 – O livro, tal como Ester, não traz uma vez sequer o nome de Deus. Não é um conto
religioso, ou um estímulo à fé. Mas é tão belo, tão verdadeiro, tão sincero, que foi
considerado sagrado pelos judeus porque este relacionamento amoroso é perfeita
alegoria para o amor entre Deus e seu povo Israel.
Por este motivo, o livro é lido anualmente por ocasião da festa da Páscoa, a
comemoração mais importante para os judeus.

3 – Podemos afirmar sem sombra de dúvida, que Cantares é o livro menos lido e
menos pregado em nossas igrejas. É o livro mais deturpado pelos ascetas e pelos
sensuais, sendo contudo de grande importância nos dias que vivemos.
A má interpretação dada ao livro divide os cristãos em dois grandes grupos:
Aqueles que acham o livro dispensável, vendo nele um conto erótico, que faz
enrubescer, pela mera leitura.
Aqueles que o espiritualizam completamente, transcendentalizam-no, tornam seu relato
sobrenatural. Crêem que é uma história alegórica e tentam encontrar significados
espirituais para cada detalhe da história, das palavras e dos acontecimentos.

Gostaríamos, no entanto, de destacar o seguinte:

O livro é um belo poema, cantado na comemoração do casamento de Salomão com


sua bela e apaixonada noiva (talvez a Abisaque de I Rs.1:3).
Casamento real, entre duas pessoas reais e históricas, motivado por amor e paixão, e
não por interesses políticos como era comum ao próprio Salomão. Este foi um amor
diferenciado, puro.
Salomão expressa sua alegria, seu prazer, vendo a beleza de sua esposa e as delícias
do casamento como uma dádiva alegre de Deus.
Enaltece a união conjugal e adverte quanto à necessidade de manter a castidade e a
pureza sexual até o seu momento devido.
Só a visão da historicidade deste relato o pode tornar útil a uma interpretação típica ou
alegórica.
Os judeus vieram nesta história real uma bela figura alegórica para o relacionamento
amoroso entre Deus e seu povo Israel.
A igreja primitiva entretanto relaciona a história de Cantares com Cristo e sua noiva, a
Igreja.
A alegorização, no entanto, total do texto é absurda, difícil e por incrível quanto pareça,
quase pagã.
Como a história é uma verdadeira história, pode servir-nos para alegorizar ou
tipificar o relacionamento entre Deus e Israel, Cristo e a Igreja, nos seus pontos
centrais, mas não em todos os detalhes como querem aqueles que vêem no poema,
uma mera e total alegoria. Torna-se difícil e requer “mágica” encontrar significados
espirituais para cada palavra do noivo, da noiva, ou detalhe físico destacado e
enaltecido por um dos noivos por exemplo.
É a visão grega do ascetismo, que condena o que é físico, carnal, material, a algo
inferior, considerando sublima apenas o que é espiritual, que, foi assumida por grande
parte dos cristãos ainda hoje. É pagã esta visão! O físico, criado por Deus também é
belo, inspirador e deve ser cuidado, embelezado e enaltecido, sem pecaminosa
vaidade. O corpo é tão importante que seremos eternamente espíritos com corpos
glorificados, não corruptíveis, tal como Cristo é hoje.
114

OS LIVROS PROFÉTICOS
a- INTRODUÇÃO

“O Senhor advertiu a Israel e Judá por intermédio de todos os profetas e de todos os


videntes dizendo: Voltai-vos dos vossos maus caminhos e guardai os meus mandamentos e os
meus estatutos, segundo toda a lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermédio
dos meus servos os profetas”. II Rs.7:13.
“Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo
aos servos, os profetas”. Am.3:7.

b- NOME – Os nomes de todos os livros proféticos são sempre os nomes de seus


autores e mensageiros, os quais identificam-se no primeiro versículo (exceto Daniel).
Além disto, o significado de seus nomes expressa quase sempre de maneira
magnífica o conteúdo de suas mensagens.
Deus a princípio falava diretamente ao homem. Seu plano de comunicação não
contava com intermediários, mas o pecado afastou o homem, de Deus. Este decidiu
usar os Patriarcas como seus porta vozes e falar às famílias através de seus líderes
comprometidos com Ele.
Com a organização da nação de Israel o ofício profético passa aos levitas os
quais tinham a responsabilidade de representar Deus na terra. Ensinar e aplicar a lei
aos assuntos do cotidiano. À medida que os sacerdotes e levitas foram tornando-se
“profissionais”, “técnicos”, distantes do compromisso de santidade e envolvidos com o
pecado e com o decadente sistema secular, a fim de que a verdadeira mensagem de
Deus se mantivesse íntegra, Deus decidiu mudar de porta-vozes e chamar homens de
outras tribos de Israel, em diferentes tempos e lugares, fazendo-os seus confiáveis
porta-vozes.
Estes homens, de vida santa, consagrada de Deus, foram enviados com mensageiros
aos sacerdotes, aos reis e autoridades, ao povo de Israel e às nações pagãs.
Entendemos um pouco mais do que representa o ministério profético a partir do
significado dos nomes atribuídos aos profetas de forma geral nas Escrituras Sagradas.

Há cinco palavras ou expressões usadas na descrição ou denominação dos profetas:

Nabhi (hebraico)- Êx.7:1 e Jr.7:25.


Significa “alguém que fala em nome de alguém” ao “em lugar de alguém”-
Intérprete, arauto, mensageiro, porta-voz.
Os profetas (nabis) sempre diziam: “Assim diz o Senhor...”

Vidente- I Sm.9:9
Eram assim chamados porque viam o que os olhos humanos comuns não
podiam ver.
Não era uma questão de possuíram psicologia profunda, inteligência
incomparável ou uma manifestação de ocultismo. É verdade que Deus revelava
sua mensagem muitas vezes sob forma de visões (Am.1:1), mas esse nome
vinha sobretudo pelo fato deles receberem o ponto de vista de Deus. Eles viam
as coisas como Deus as via e não iludidos pela aparência externa delas.

Homem de Deus- I Rs.13:4 e II Rs.4:9 Esta expressão evidencia uma ligação intensa
com Deus, um compromisso profundo e total com Ele. Pertencimento, dedicação ,
consagração, caráter santo, justo e reto.
115

Servo de Deus- II Rs.17:23


Homens a serviço de Deus e com uma missão a cumprir, chamados para uma
tarefa, um ministério específico. Muitas vezes suas vontades pessoais se
contrapunham à vocação.
Ex.: Jonas; Is.6:5-8; Ez.2 e 3:4-7

Homem do Espírito – Os 9:7


Relacionamento íntimo e domínio pelo Espírito Santo, que lhes conferia poder e
autoridade.

c- AUTOR – Didaticamente chamamos Profetas canônicos, aqueles que registraram


por escrito suas profecias e suas mensagens compõem nosso Cânon Bíblico. Nós os
classificamos em maiores ou menores segundo a extensão do seu registro profético.
Para Deus contudo não havia profetas maiores nem menores, todos da mesma
forma eram instrumentos úteis ao tempo e local em que eram vocacionados.
Há na Bíblia ainda os profetas anônimos e os profetas orais.
Profetas anônimos são aqueles que foram usados por Deus com ministérios
específicos cujos nomes desconhecemos. Ex. II Rs 9. 1-10 e I Rs.18.13.
Chamamos de Profetas orais aqueles cujos ministérios são conhecidos, mas que
nada deixaram escrito compondo o Cânon Sagrado. Suas mensagens e missões foram
aplicadas apenas a crises contemporâneas.
Ex.: Natã, Gade, Aías, Micaías.

d- DATA DA ESCRITA E TEMPO DA AÇÃO: Os profetas eram levantados em


primeiro lugar para trazer mensagens aos seus próprios contemporâneos, assim o seu
contexto histórico e geográfico, social, político e espiritual, não eram somente o pano
de fundo mas a razão e o alvo primeiro dos seus ministérios.

e- OCASIÃO E CIRCUNSTÂNCIAS - Eles falavam:


Ao seu próprio reino
O reino do Norte e do Sul em muito se assemelhavam. Progressiva
decadência, sincretismo religioso que envolvia o povo e a própria liderança
religiosa, idolatria, prostituição, injustiças sociais e etc. Deus levantou homens
no reino no Norte (Oséias) e no Sul (Joel) para advertirem seu próprio povo e
seus líderes.
Ao reino vizinho
Diante da semelhança do contexto, Deus muitas vezes ao falar através de um
profeta ao seu próprio reino, o conduzia (ou às suas mensagens) ao reino
vizinho também.
Exemplo disto são Miquéias e Amós.
Aos inimigos circunvizinhos
Freqüentemente a história do povo de Israel é marcada pela presença de
povos circunvizinhos quase sempre em situações adversas. Filístia, Edom,
Moabe, Síria, Egito, são inimigos constantes.
Contra eles também muitas vezes Deus levantou seus profetas, anunciando-
lhes juízo.
Exemplo: Isaías capítulo 7, 15, 17, 18, 19, 21 e 23.
Aos grandes impérios mundiais
Os profetas canônicos viveram e ministraram durante quase 500 anos, entre os
anos 850-400 a.C., tempo este de soberania mundial sucessiva dos impérios
Assírio, Babilônico e Persa. Algumas vezes Deus se serviu destes impérios para
executar juízo sobre o seu povo, e algumas vezes enviou-lhes sua mensagem de
juízo.
116

Exemplo: Jonas e Naum contra Assíria.


Jeremias contra a Babilônia

f- TEMPO DE AÇÃO - O tempo em que os profetas ministraram e escreveram suas


mensagens, é aproximadamente o que se segue:
931 a.C. – Israel divide-se em dois reinos, Judá ao sul de Israel ao Norte.
Joel (840 – 830 a.C.)- em Judá
Jonas (790 – 770 a.C.)- em Israel
Amós (780 – 740 a.C.)- em Israel
Oséias (760 – 720 a.C.)- em Israel
Miquéias (740 – 700 a.C.)- em Judá
Isaías (740 – 695 a.C.)- em Judá

722 a.C.- A Assíria invade e destrói o reino do Norte.


Sofonias (639 – 608 a.C.)- em Judá
Naum (630 – 610 a.C.)- em Judá
Jeremias (626 – 586 a.C.)- em Judá
Habacuque (606 – 586 a.C.)- em Judá

605 a.C.- A Babilônia cerca pela primeira vez o reino do sul.


Daniel (605 – 584 a.C.)- durante o cativeiro
Ezequiel (592 – 570 a.C.)- durante o cativeiro

586 a.C.- A Babilônia leva Judá para o cativeiro.


Obadias (586 a.C.)- Em Judá, quando é cativo

537 a.C.- Judá retorna do cativeiro.


Ageu (520 – 516 a.C.)- Em Judá, após o cativeiro
Zacarias (520 – 516 a.C.)- Em Judá, após o cativeiro
Malaquias (450 – 400 a.C.)- Em Judá, após o cativeiro

Em relação ao cativeiro Babilônico, classificamos os profetas em:

EXÍLICOS – Daniel e Ezequiel


PRÉ-EXÍLICOS – Todos os demais profetas
PÓS-EXÍLICOS – Ageu, Zacarias e Malaquias

Após Malaquias, Deus faz um silêncio profético, só voltando a falar através de João
Batista.

g- TEMA E CONTEÚDO

Algumas vezes as mensagens dos profetas eram simples, diretas e objetivas,


voltadas às nações pagãs:

Jonas vai a Nínive pregar arrependimento.


Naum prega juízo contra Nínive.
Obadias prega juízo contra Edom.

Exceto isto, na grande maioria das vezes encontramos três elementos na mensagem
dos profetas:
117

Os profetas sempre revelam o notório estado de decadência e pecado do povo de


Deus, idólatra, com liderança corrupta, sacerdotes pervertidos, imoralidade, fazendo-
lhes advertências contra os pecados e anunciando juízo.
No entanto, o Deus misericordioso tem um plano para o seu povo, ainda que não possa
aceitar o pecado, oferece uma oportunidade, fazendo convites ao arrependimento e
à conversão sincera.
Sempre está presente também, na mensagem profética em maior ou menor extensão,
uma revelação Messiânica ou escatológica, alertando o povo quanto aos propósitos
de Deus para seu povo, revelando que o amor de Deus, ainda que agora os julgue
e condene, não se apartou deles. O Senhor do Universo e da História a tudo
restaurará através do Messias, o Rei da paz, que inaugurará um novo e diferente
reino, diferente de tudo o que até então eles experimentaram.

h- COMENTÁRIOS
1 – Podemos avaliar a importância do estudo destes livros e o papel que eles possuem
no Cânon Sagrado segundo alguns parâmetros:

Pelo espaço que ocupam no Cânon.


Toda a Bíblia é Palavra de Deus para nossas vidas, nada nela é vão ou
desprezível. Em toda ela Deus nos fala revelando seu caráter, sua vontade, seu querer,
etc. Ela expõe-nos a nós mesmos como um espelho. Esta Palavra é eterna pois foi
para ontem, é para hoje e será para amanhã.
Ao estudarmos a Bíblia, descobrimos que 25% do Velho Testamento é profecia,
isto significa quase 20% de toda Bíblia.
Se não atentarmos para os livros proféticos do Velho Testamento sob o pretexto
de serem difíceis de entendimento ou algo semelhante, estaremos desprezando 1/5 do
que Deus disse no passado e ordenou que fosse preservado para nos falar hoje.

Pela importância do ministério profético.


Os profetas foram homens chamados por Deus, para falarem em seu nome ao
povo. Possuíram papel fundamental na história de Israel. Ao lado dos reis e sacerdotes
dividiram a direção e orientação que o povo recebia.
Enquanto os reis representavam o poder político, material e temporal, os
sacerdotes e profetas representavam o poder religioso, espiritual e eterno.
Só que com algumas diferenças entre os sacerdotes e os profetas:
Os sacerdotes ministravam por ofício, por descendência familiar (a de Arão), quase
quer por obrigação, no santuário, preocupados com os ritos e devoção, conduziam
os homens a Deus.
Os profetas ministravam por vocação direta de Deus; pelo temor e amor ao Senhor (e
ao povo); nas ruas, praças e palácios; advertindo, exortando, convidando ao
arrependimento, fazendo revelações messiânicas ou escatológicas; preocupados
com vida espiritual, moral e material do povo; falando-lhes em nome de Deus.

Pela abrangência e estrutura de suas palavras.


As profecias não eram apenas predições de eventos que se cumpririam num
futuro imediato, esgotando logo seus efeitos e propósitos. Também não eram
prognósticos escatológicos que só se cumpririam num juízo final, fazendo de todos,
meros espectadores, mas eram palavras que estavam se cumprindo e se cumpririam
ao longo dos tempos, contando efetiva e transformadora participação.
As profecias em sua estrutura e conteúdo possuem história (Mq.6:4 e 5), pois em
primeiro lugar falam ao seu próprio povo em seu tempo, lugar e contexto; possuem
doutrina (Mq.7:18 e 19) revelando sempre algo sobre Deus, seu caráter, vontade ou
118

atributos; possuem poesia (Hc.3:1-19), pois muitas vezes com grande riqueza poética
Deus usou seus mensageiros.

Por sua contemporaneidade.


Quando estudamos e conhecemos o contexto social, político, e religioso onde os
profetas estavam inseridos, e no qual foram levantados, entendendo que mais do que
um pano de fundo este foi na verdade a causa principal de suas vocações e
ministérios, somos obrigados a comparar tudo isto com nosso próprio tempo e
contexto, anotando as semelhanças e concluindo que eles nos falam ainda hoje da
mesma forma e com a mesma importância.

2 – Quando Deus se revelava aos seus profetas sob a forma de visões e seu conteúdo
alcançava gerações futuras, dava-lhes uma visão completa e complexa, onde incluía
ao mesmo tempo elementos do presente, de um futuro próximo e de um futuro distante
ou remoto, tudo ao mesmo tempo, sem que fosse dado ao profeta, discernimento
completo sobre o que pertencia a que tempo, e quanto tempo demoraria entre um
evento e outro.
É algo que se assemelha a contemplarmos uma serra montanhosa à distância.
Aparentemente uma montanha se justapõe à outra, parecendo estarem intimamente ou
continuamente ligadas. À medida no entanto que nos aproximamos, percebemos que
há enormes distância como vales, rios, cascatas, etc.
Na mensagem profética, proveniente de semelhante revelação, há eventos por
vezes descritos como se fossem contemporâneos, mas que estão na verdade
separados por milhares de anos (Is.9:6). Há profecias sobre a vinda do Messias, que
contém elementos de sua primeira e da segunda vinda.
Veja Joel 1:4 a 6 – Há a praga contemporânea, o juízo num futuro imediato
através dos Assírios e o juízo final.
3 – Os profetas falavam de coisas espirituais e seres humanos, falavam de revelações,
que trazendo conteúdo transtemporal, atravessariam a história e, precisariam ser
entendidos por todos os homens em todos os tempos, épocas e lugares. Isto tornou
necessário o uso de uma linguagem poética e simbólica.

Freqüentemente os profetas usam hipérboles, figura de linguagem que parece


exagerar, aumentar, realçar o fato descrito (Jl.2:3).
Eles usaram metáforas, valendo-se sempre das imagens às quais mais estavam
familiarizados.
Por exemplo usavam:
Israel e Judá, para falarem do povo de Deus.
Babilônia, Assíria e Moabe, para falarem dos ímpios.
Davi, como figura de Jesus.
Jerusalém, ou o tabernáculo, como figura do céu.
119

OS PROFETAS MAIORES
1 – ISAÍAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Isaías quer dizer “Salvação de Jeová”.
AUTOR – O autor é Isaías, filho de Amós, marido de uma profetiza e pai de dois filhos
(1:1 e 8:3). Membro da família real, do rei Joás, primo do rei Uzias, foi profeta no
palácio por cerca de 50 anos, durante os reinados de Uzias Jotão, Acaz e Ezequias.
Morreu, segundo a tradição judaica, serrado ao meio, após ser enterrado vivo
dentro de um tronco ôco, sob as ordens do terrível rei Manassés (ver Hb.11:37).
Sua autoria única de todo o livro é contestada por muitos estudiosos da alta
crítica, porque o livro nitidamente possui duas partes (caps.1 a 39 e caps.40 a 66)
diferentes quanto à abordagem teológica, temática e conteúdo.
A Segunda parte do livro teria sido escrita por outro autor durante o período pós-
exílico, pois nesta 2ª parte:

Jerusalém está em ruínas, Babilônia os aflige, e Ciro é apresentado como o libertador.


Enquanto Isaías está vivendo mais de um século antes disto tudo.
O estilo literário é bem diferente da 1ª parte.
A ênfase teológica sobre a pessoa de Deus e seus atributos é diferente.

No entanto os argumentos pela autoria única de Isaías são:


O cap.1:1 apresenta o autor Isaías como único autor.
Os profetas seus contemporâneos, fazem citações a trechos da chamada Segunda
parte do livro (Na.1:15 e Is.52:7; Sf.2:15 e Is.47:8; Jr.31:35 e Is.51:15).
Os evangelistas atribuem a Isaías trechos da Segunda parte do livro (Mt.3:3 e Is.40:3;
Jo.12:38-41 e Is.53;1).
A temática da 2ª parte do livro é enfática quanto à condenação da idolatria e este é um
problema grave antes do exílio.
A tradição judaica afirma ser Isaías o único autor.
As profecias de Isaías já cumpridas, em especial as da 2ª parte do livro, evidenciam
autenticidade do autor. (Is.41:21-26; 44:28 com Dt.18:21 e 22).
DATA DA ESCRITA – Por volta do ano 700 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Seu ministério profético durou cerca de 50 anos correspondendo
aos últimos dias do reino do Norte. Isaías profetiza no reino do Sul, entre 740-695 a.C.
e são seus contemporâneos Amós, Oséias e Miquéias.
Um pouco antes e durante a primeira parte de seu ministério, por volta de 740 a.C.,
Amós e a seguir Oséias, profetizavam no reino do Norte, enquanto Miquéias era
conterrâneo e contemporâneo de Isaías no reino do Sul, falando ao povo do interior,
já que Isaías era profeta palaciano.
VERSO-CHAVE – 53:6 – “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um
se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.”
Muitos são versos-chaves deste livro, segundo cada autor diferente, mas parecer-me
que este exprime melhor a dupla intenção e os objetivos do autor do livro, denunciar o
pecado de Israel, e apontar o Messias e sua graça.

TEMA – A GRAÇA E O LIVRAMENTO DE DEUS PARA COM ISRAEL.


120

b- CONTEÚDO
Isaías é considerado o maior dos profetas do V.T., sendo ao mesmo tempo
profeta, poeta, estadista e grande orador. Deus o usa, assim como usou Amós o
boiadeiro agricultor, revelando com isto não fazer acepção de pessoas e sua
disposição de usar homens independentemente de suas qualidades ou atributos
pessoais. Seu livro contém variadíssimo material profético, pois ele denunciou o mal
em Israel e Judá, ameaçou os inimigos circunvizinhos como Egito, Assíria, Moabe,
Filístia, Síria e Edom (cap.13 a 23), aconselhou reis como Ezequias (caps.36 a 39),
anunciou o Messias com tal riqueza de detalhes que é chamado de “o profeta
evangélico”, anunciou a queda do reino do Norte pela Assíria (8:4) e presenciou o
cumprimento de sua profecia, quase 200 anos antes predisse o cativeiro babilônico e
até o nome do futuro libertador (41:25; 44:28 e 45:1). Seu estilo literário é belíssimo,
usando em sua mensagem inúmeras figuras de linguagem (3:16-24; 5:1-7; 26) e figuras
dramáticas (7:3; 8:3 e 4; 20:2 e 3).
Começa seu ministério sob os reinados de Uzias e Jotão (caps.1 a 6, ver 6:1),
falando contra a ganância de alianças com povos pagãos e idolatras. Prosseguiu
falando quando o mau rei Acaz subiu ao trono ( caps.7 a 14, ver.7:1), este era um rei
idólatra declarado e por isto sofreu castigos de Deus como invasões freqüentes em seu
reino. É um tempo de profetizar juízo (cap.8) e anunciar a esperança messiânica (
caps.7 e 9, 10 e 11). Babilônia, futura inimiga, também seria destruída (caps.13 e 14).
Morre Acaz, mas segundo Isaías, não morreram as opressões sobre um povo distante
de Deus (14:28-32).
O rei Ezequias assume o trono, é um período fundamental na história do povo de
Deus e ocupa a maior parte das mensagens proféticas de Isaías (caps.15 a 66). Um rei
piedoso, que começou bem seu reinado, mas terminou mal. Durante o 6º ano de seu
reinado a Assíria invadiu o Norte e destruiu Israel, vindo após oito anos a invadir
também o reino de Judá, Ezequias adoeceu mortalmente. Isaías foi forte apoio ao rei
neste período crítico (caps.36 a 39; II Rs.18 a 20).
Isaías freqüentemente neste período condena a idolatria e as alianças espúrias,
tal como a que Ezequias fez com o Egito para livrar-se da Assíria.
Os capítulos 40 a 66 trazem principalmente uma mensagem de consolação e
restauração, enfatizando a graça de Deus e vinda do Messias, o “servo sofredor”. O
capítulo 53 é o central não só numericamente quanto temáticamente.

c- DIVISÃO –
Há formas diversas de dividir o rico livro de Isaías. Uma delas é a que
apresentamos no conteúdo do livro, correspondendo ao período dos reis:
Sob Jotão e Uzias – caps.1 a 6
Sob Acaz – caps.7 a 14
Sob Ezequias – caps.15 a 66
Alguns questionam se o trecho do “servo sofredor” (caps.40 a 66) não poderia
pertencer ao período de sofrimento do profeta Isaías sob o governo do rei
Manassés.
Uma Segunda forma de dividir o livro é aquela que o faz em três partes, quanto ao
seu objetivo e conteúdo profético:
Denúncias, julgamentos e condenação para Israel, Judá e circunvizinhos – caps.1 a
35
A história do rei Ezequias – caps.36 a 39
Libertação, redenção e consolo – caps.40 a 66.

Entretanto, a maioria dos autores, contudo, adota uma divisão mais simples e
concisa:
Denúncia e condenação – caps.1 a 39
121

Confronto e consolação – caps.40 a 66

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 66 capítulos com 1292 versículos tratando de:
1a6- Juízo contra Israel e Judá
7 a 12 - Alianças políticas condenadas
13 a 23 - Dez predições de castigos aos inimigos circunvizinhos.
24 a 27, 32 e 35 - O apocalipse de Isaías.
28 a 31, 33 e 34 - Mais juízo contra Israel, Judá e inimigos.
36 a 39 - O rei Ezequias
40 a 48 - A grandeza de Jeová contrastando com as nações gentias.
49 a 57 - A redenção através do sofrimento
58 a 66 - A implantação do reino universal de Deus

d- COMENTÁRIOS

1 – Isaías é “o profeta evangélico” ou “o profeta messiânico” porque é rico nas


predições e em seus detalhes a respeito de Jesus. Ele trata:
Do nome e forma de nascimento-( 7:14)
De seus atributos-( 9:6 e 7; 11:1,2 e 5; 32:1; 40:11; 41:14; 42:1-3; 49:26; 51:12;
53:2-7).
Do seu ministério-(11:2-4; 25:8; 35:4-6; 40:3; 44:6; 53:1, 5, 6 e 9; 63:1-6)
Do seu sofrimento-(53)

2 – Isaías apresenta um servo sofredor de Jeová, entre os capítulos 42 a 53. Jesus


veio a serviço do Senhor, cumprindo sua vontade e trazendo redenção a Israel e ao
mundo pelo caminho do sofrimento. Ele foi o último sacrifício derramado pelo pecado
de todos nós.

3 – Isaías 14:12-23 e Ezequiel 28:12-19, são os dois textos mais ricos da Bíblia sobre a
beleza e perfeição original de Satanás, e os motivos de sua queda. Os profetas o
apresentam como o “rei da Babilônia” e o “rei de Tiro”, na verdade tomando numa
figura de linguagem, as figuras pelo figurado ( Satanás) que estava por trás de seus
reinados satânicos.
Daniel usa a mesma figura em Dn.10:20.
4 – Quase todos os estudiosos de Isaías apresentam seu livro como uma Mini-Bíblia,
diante de tantas “coincidências”. Vejamos:
A Bíblia tem 66 livros, Isaías tem 66 capítulos.
A Bíblia se divide em duas partes: V.T. com 39 livros e N.T. 27 livros; e Isaías tem duas
partes, a primeira fala de julgamento e condenação (caps.1 a 39) e a Segunda fala
de graça e redenção (cap.40 a 66).
A primeira parte da Bíblia (V.T.), se encerra com profecias messiânicas e é assim que
termina a primeira parte de Isaías (cap.34 e 35). A Segunda parte da Bíblia (N.T.) se
abre com o precursor do Messias ( João Batista) e trata da pessoa e obra de Jesus.
A Segunda parte de Isaías ( cap.40) começa falando de João Batista e anuncia a
graça salvadora do Messias.
A Bíblia termina com o Apocalipse e Isaías termina com a visão de um novo céu e uma
nova terra (cap.65:17)
Entre a primeira (V.T.) e a Segunda (N.T.) partes da Bíblia há um interlúdio histórico,
onde Israel é ameaçado pelos dois grandes impérios mundiais o Grego e o Romano.
Entre a primeira (cap. 1 - 36) e a segunda parte de Isaias, há um interlúdio histórico
onde Israel é ameaçado pelos dois grandes impérios mundiais de então, o Assírio e
Babilônico (Cap.36 – 39)
122

2 - JEREMIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME: Jeremias quer dizer “Jeová estabelece”.
AUTOR: O autor é o profeta Jeremias, com seu escrivão Baruque fazendo as
anotações (36:4).
É o livro profético que mais nos apresenta seu próprio autor. Era filhe de Hilquias,
o sumo-sacerdote que achou o livro da Lei no tempo da reforma do rei Josias (II
Rs.22:8-20). Hilquias foi bisavô de Esdras (Ed.7:1).
Jeremias foi vocacionado ainda jovem, e tentou fugir do duríssimo ministério que
se vislumbrava. Mas Deus o havia vocacionado ainda no ventre de sua mãe, e tocou-
lhe os lábios, pondo-lhe na boca suas santas palavras (1:4-10).
Profetizou durante 40 anos, pelo reinado de cinco reis e um governador de Judá,
sendo sempre desprezado, perseguido e castigado.
Só sobreviveu porque realmente “Jeová o estabeleceu”.
Era Jovem, tímido e sensível. Chorava com facilidade. (9:1 e 13:17). Só teve
reconhecido seu valor, depois de morto, pelo povo que voltou do exílio, segundo
cumprimento de suas profecias.
Foi contemporâneo de: Habacuque, Sofonias, Naum, Obadias, Ezequiel e Daniel.
DATA DA ESCRITA – Jeremias recebe ordens de Deus, no meio do seu ministério,
para escrever as suas profecias. (36:1 e 2)-605 a.C.
Seu escrivão Baruque registra suas profecias, e Jeremias é preso. Baruque lê as
profecias no templo e no palácio (36:6-19), e enraivecido, o rei Jeoaquim rasga o rolo e
o lança ao fogo.
Jeremias reescreve as profecias e acrescenta ainda mais novas palavras.
Registra até próximo ao final do seu ministério. Cerca de 586 a.C.
TEMPO DE AÇÃO – Jeremias foi chamado a profetizar com 20 anos de idade, durante
o reinado de Josias (626 a.C.) e ministrou até pouco antes de sua morte no Egito (586
a.C.).
VERSO-CHAVE – 1:18- “Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna e ferro, e
por muros de bronze, contra todo o país, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes,
contra os seus sacerdotes e contra o seu povo”.

TEMA – ADVERTÊNCIAS QUANTO A JULGAMENTOS IMINENTES.

b- CONTEÚDO
Jeremias era um jovem tímido e sensível e foi chamado por Deus com uma
missão duríssima ( vide o verso-chave), anunciar o juízo de Deus contra Judá, diante
da severa oposição do povo, dos líderes políticos, reis e sacerdotes. Ninguém a seu
favor, ninguém a lhe reconhecer méritos, ninguém a se converter, durante as décadas
que seu ministério duraria.
Começa a profetizar durante o reinado do também jovem rei Josias e o a ajuda
em suas reformas e avivamento religioso (II Cr.34 e 35). As profecias do reinado de
Josias as dos capítulos 2 a 12, e em sua maioria são um apelo à conversão de Judá.
As lutas contra ele começam e seus próprios conterrâneos querem matá-lo (cap.11).
No ano 609 a.C. o rei Josias é morto na batalha de Megido contra o Egito, e isto
traz intensa comoção em Judá (II Cr.35:20-27).
Jeoacaz, filho de Josias só reina por 3 meses, pois é preso pelo rei Neco do Egito
e vem a morrer cativo. Neco nomeia Jeoaquim como rei de sua confiança em Judá (II
Rs.23:28-37).
Durante o reinado de Jeoaquim, Jeremias profetiza o que aparece registrado nos
capítulos 13 a 20; 25 a 27:1; 35 e 36. Intensamente anuncia o juízo de Deus, combate
123

ferrenhamente os falsos profetas e também anuncia o cativeiro babilônico (25). Foi um


péssimo reinado de Jeoaquim, subserviente ao rei egípcio, massacrava o povo de Judá
(II Rs.22:35).
No ano 605 a.C. Nabucodonosor, rei da Babilônia, na batalha de Carquemis, derrota o
Egito (poucos anos depois de ter também derrotado a Assíria ) assumindo a
soberania mundial. Cerca a Palestina, faz cativo o rei Jeoaquim, e leva para a
Babilônia os melhores jovens e líderes de Judá, entre eles Daniel (II Rs.24:1-7).
É por este tempo que Deus ordena a Jeremias que escreva suas profecias
(Jr.36).
Cerca de onze anos depois, Jeoaquim morre e seu filho Joaquim assume o trono;
inicia-se uma pequena rebelião em Judá contra o domínio babilônico.
O profeta Jeremias queria conduzir o povo ao arrependimento, e a Deus. Neste
tempo de início de resistência, ele anunciava que o cativeiro era inevitável e a
resistência era inútil. O povo ainda mais o odiou, bem como os líderes, e ele foi
acusado de antipatriota (Jr.26:8-15). Joaquim só reinou por 3 meses e Nabucodonosor
cerca novamente o reino de Judá, (597 a.C.), leva os objetos do templo e mais líderes
e gente importante do povo, entre eles o profeta Ezequiel (II Rs.24:10-17). Joaquim é
preso e Nabucodonosor nomeia Zedequias filho de Josias e irmão de Jeoaquim, rei em
Judá, homem de sua confiança (II Rs.24:17).
São profecias de Jeremias, durante o reinado de Zedequias os capítulos 21 a 24,
27:12 ao cap.39. Jeremias diz que só a escória, só os imprestáveis ficaram em
Jerusalém, o que ali havia de melhor em termos de gente, fora levado para o cativeiro
(cap.24).
Jeremias previra um cativeiro de 70 anos contra as profecias de rápida libertação
anunciadas pelos falsos profetas de seu tempo, assim agravavam-se ainda mais contra
ele as oposições (cap.29).
Conselheiros de Zedequias o aconselhavam a aliar-se ao Egito e batalharem
contra a Babilônia, porém Jeremias insistiu na inutilidade disto (37:3-10). Lançaram
Jeremias no cárcere, uma cisterna lamacenta, mas de lá o Senhor o tirou com vida (37
e 38). Zedequias rebela-se contra Nabucodonosor, e este cerca Jerusalém pela
terceira e última vez. Após 18 meses de cerco, a invade e destrói ( a cidade e o templo)
levando cativo todo o povo que restara, deixando apenas os doentes, loucos, fracos, e
por respeito, o profeta Jeremias. Era o ano 586 a.C. (cap.39 e 52). Jeremias vê toda a
desgraça que anunciara e chora, compondo suas Lamentações. Jeremias profetiza que
também a própria Babilônia seria arrasada (51:37-43).
Gedalias é nomeado governador em Judá, por Nabucodonosor (cap.40), mas o
restante do povo que ali ficara, resolve fugir para o Egito pensando lá encontrar abrigo
e acolhida. Jeremias novamente se opõe a isto, mas é levado a contragosto (cap.40-
44).
O livro se encerra com profecias diversas a respeito dos povos circunvizinhos,
escritas em tempos variados.
O estilo do livro é tão político e choroso quanto o temperamento do seu autor e
não apresenta as profecias em ordem cronológica, como podemos ver em todo este
relato.

c- DIVISÃO – As profecias de Jeremias não estão arrumadas cronologicamente,


tornando difícil a sua divisão didática e memorização.
É bom lembrarmos que suas profecias foram escritas em um rolo, já no meio de
seu ministério, o que tornou necessário buscar muita coisa de memória, em meio a
acontecimentos atuais para ele, que as registrava. Além disto, seu rolo profético foi
queimado, e tudo precisou ser reescrito, num trabalho que deve ter durado anos. Isto
explica a desarrumação cronológica.
124

A maioria dos autores rearranja os capítulos de acordo com o período dos reis de
Judá, ao tempo em que Jeremias profetiza:
No reinado de Josias – caps. 1 a 12.
No reinado de Jeoaquim – caps. 13 a 20; 25 a 27:11; 35 e 36.
No reinado de Zedequias – caps.21 a 24; 27 a 34; 37 a 39.
Durante o cativeiro – caps.40 a 44.
Em tempos diversos aos povos circunvizinhos – caps.45 a 52.

d- ESBOÇO DO LIVRO
Com seus 52 capítulos e 1364 versículos, é o segundo maior livro da Bíblia,
somente menor que os Salmos.
1 a 12 – Profecias no reinado de Josias.
13 a 20 – Profecias no reinado de Jeoaquim.
21 a 27 – No reinado de Zedequias, aconselha submissão à Babilônia.
22 – O destino do rei Jeoaquim.
25 e 26 – No reinado de Jeoaquim, conspiração contra Jeremias.
28 – No reinado de Zedequias, o falso profeta Hananias.
29 – No reinado de Zedequias, uma carta aos cativos da Babilônia.
30 a 33 – No reinado de Zedequias, confiança na restauração de
Jerusalém.
34 – O destino do rei Zedequias.
35 – No reinado de Jeoaquim, constância e obediência dos recabitas.
36 – No reinado de Jeoaquim o livro é queimado.
37 e 38 – No reinado de Zedequias, prisão de Jeremias.
39 – No reinado de Zedequias, a tomada de Jerusalém.
40 a 43 – História final de Jeremias.
44 – Protesto contra a idolatria dos judeus no Egito.
45 – Mensagem ao escritor Baruque.
46 a 52 – Profecia contra nações inimigas em tempos diversos.
52 – No reinado de Zedequias, repetição da tomada de Jerusalém.

e- COMENTÁRIOS
1 – Jeremias dramatizava freqüentemente suas profecias para torná-las mais
inteligíveis e memorizáveis.
Vejam alguns exemplos:
A vara de amendoeira e a panela ao fogo – no capítulo 1.
O cinto de linho e o jarro quebrado – no capítulo 13.
O vaso do oleiro – no capítulo 18.
A botija quebrada – no capítulo 19.
Os canzis – no capítulo 27.
A compra de um campo – no capítulo 32.
As grandes pedras – em 43: 9-13
O livro lançado no Eufrates – em 51:63 e 64.
2 – A Palavra de Deus é apresentada por Jeremias como o martelo que esmiuça a
penha em 23:29. Outros textos belíssimos e muito conhecidos são: 9:23 e 24; 10:10-13
e 23; 17:5 a 10; 20:9 e 12; 22:13 a 16; 23:1,5 e 6,23 e 24,31 e 32; 29:7 e 11-14;
31:21,34 e 37; cap.33.
3 – É Jeremias quem anuncia o tempo de duração do cativeiro Babilônico – 25:1-15, e
Daniel ao estudar esta profecia acorda para o fato de que o tempo chegara ao fim –
(Dn.9:2).

4 – As perseguições e sofrimentos prenunciados por Deus (1:18-19) foram constantes


em seu ministério (11:21; 12:6; 20:2 e 7; 26:8; 28; 37; 43).
125

5 – O período de Jeremias é de intensa importância histórica para Israel e para o


mundo.
É o tempo de guerras entre a Babilônia, a Assíria e o Egito, dando à Babilônia a
supremacia mundial, e é tempo do cativeiro Babilônico para Judá.

6 – Jeremias foi o mais perseguido e impopular profeta que a Bíblia apresenta. Pregou
mais de 40 anos sem que aparentemente fosse ouvido.
Contudo após a sua morte, suas palavras foram fonte de esperança e alegria para os
milhares de judeus que estavam cativos.

7 – Isaías pregou o arrependimento e a condenação ao desânimo, pedindo que o povo


de Deus confiasse no poder libertador do Senhor.
Jeremias veio pregando juízo, e que o povo devia submeter-se ao castigo do
Senhor por mãos dos Babilônicos. A sentença já era irrevogável (Jr.7:16;
11:14; 14:11; 15:1).
Ênfases diversas, em tempo diversos, ao mesmo povo com os mesmos pecados.

8 – Há poucos textos messiânicos e anunciadores da graça do Senhor em Jeremias


(23:5 e 6; 33:14-26), mas destaca-se em todo o Velho Testamento, o trecho de
31:31-40, com a profecia do novo pacto, a nova aliança, o Novo Testamento.
As leis impressas pelo Espírito, no coração.

9 – Alguns afirmam que os 70 anos de cativeiro devem ser contados entre 586 a.C.
(destruição do templo) e 516 a.C. (a reconstrução do templo) segundo a
interpretação de Zacarias 1:12.
126

3 – LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – No grego o livro chama-se “threnoi” que quer dizer, “alto choro”, “lamentação”.
Os hebreus o chamavam “Ekah” ou “Como!”... que é a primeira palavra do livro no
hebraico. Posteriormente os rabinos passaram a entitulá-lo “qunoth” que significa
“pranto”, “alto choro”, lamentação”.
AUTOR – O livro não fala quem é o seu autor, mas não há dúvidas de que foi
Jeremias.
Esta é a crença tanto das tradições judaicas quanto cristãs, inclusive este livro
fazia parte da profecia de Jeremias, de onde foi separado.
Ninguém melhor que o profeta Jeremias podia escrever este livro, como sua
própria profecia, através do seu escrivão Baruque.
Ninguém amava tanto Jerusalém, ninguém anunciou tanto este doloroso fim,
ninguém tão presente ao quadro podia revelar tão íntima dor, como este sentimental
profeta.
DATA DA ESCRITA – 586 a.C., durante a invasão Babilônica e cativeiro de Judá, na
destruição completa da cidade e do templo.
TEMPO DA AÇÃO – A data da invasão e destruição foi 7 de agosto de 586 a.C. É este
o tempo da ação a que se refere o livro.
No ano 70 A.D., em 9 de agosto, o general romano Tito, destrói Jerusalém pela
segunda vez. A data 9 de agosto é celebrada anualmente pelos Judeus, por causa
das duas destruições do templo e, por ocasião deste dia, o livro de Lamentações é
lido nas sinagogas.
VERSO-CHAVE – 2:5 e 6 –“Tornou-se o Senhor como inimigo, devorou Israel, devorou
todos os seus palácios, destruiu as suas fortalezas, e multiplicou, na filha de Judá, o pranto e a
lamentação. Demoliu com violência o tabernáculo, como se fosse um horta; destruiu o lugar de
sua congregação, o Senhor em Sião pôs em esquecimento e as festas e o sábado, e na
indignação da sua ira, rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote”.

TEMA – LAMENTAÇÕES SOBRE A CIDADE DE JERUSALÉM.

b- CONTEÚDO
Após os dois primeiros cercos a Jerusalém promovidos por Nabucodonosor, rei
da Babilônia, em 605 a.C. e 597 a.C., o rei Zedequias foi colocado no trono de Judá
como homem de confiança de Nabucodonosor. Zedequias contudo traiu esta confiança
e aliou-se ao rei do Egito contra a Babilônia.
Durante 40 anos o profeta Jeremias advertiu contra o pecado e anunciou este
provável castigo por mãos Babilônicas. Condenou Zedequias e aconselhou-o e, ao
povo, que se entregassem ao juízo de Deus. Agora no ano 586 a.C., Nabucodonosor,
invade Jerusalém leva cativo o povo e o rei Zedequias, a quem fura os olhos (Jr.39:6 e
7), arrasa a cidade, queima e destrói tudo, inclusive o templo do Senhor, bela,
imponente, majestosa, sagrada obra, inestimávelmente amada pelo povo.
Era o fim de tudo quanto o povo considerava inviolável e invencível, a cidade e o
templo. Quem sabe o povo até continuava pecando, apesar das advertências
proféticas, porque julgava impossível Deus abandonar seu povo, sua cidade e seu
templo. Mas como prometera, cumprira. Deus é de palavra.
O juízo veio, como Jeremias advertira em sua mensagem.
E, ele, que sabia com certeza que tudo isto ia acontecer, é contudo o mais
surpreso, ou melhor, estupefato; há tristeza, dor, lamento.
127

Suas lamentações expressam a dor de quem vê tudo em cinzas, de que vê a


glória de Deus afastar-se dali, de que vê Deus cumprir sua palavra, castigando o
pecado (2:17).
Esta ação foi divina e não Babilônica, é a mensagem de Jeremias neste livro. Os
nomes de Nabucodonosor e da Babilônia não aparecem em meio a todo o caos, em
suas lamentações (3:1).
É o cumprimento da Palavra de Deus, e da consciência de ter sido Ele o autor de
tudo, que traz ainda, em meio à dor, alento e esperança. “Ele fez a ferida, e a atará”
(Os.6:1).
Jeremias traz à memória o que lhe pode dar esperança (Lm.3:21): Deus é justo,
fiel, bom e misericordioso. “O Senhor não nos rejeitará para sempre” (Lm.3:31),
arrependam-se dos seus pecados, voltemo-nos para Deus, é a conclusão e exortação
do profeta ao povo que foi para o cativeiro (Lm.3:22-42).

c- DIVISÃO – O livro pode ser dividido em seus próprios cinco capítulos que são cinco
poesias, ou cinco hinos fúnebres, e onde, em cada capítulo, a cidade é representada
por uma figura metafórica.
Capítulo 1 – A cidade é uma viúva chorando.
Capítulo 2 – A cidade é uma mulher com véu, chorando entre as ruínas.
Capítulo 3 – A cidade é o profeta chorando ante um juiz que é Jeová.
Capítulo 4 – A cidade é como ouro embaçado, degradado.
Capítulo 5 – A cidade é um suplicante diante de Deus.

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui capítulos com 154 versículos.
A forma poética de escrita é artística e simétrica. Vejamos as razões disso:
Todos os capítulos, exceto o quinto, estão escritos em acróstico, ou seja iniciam com
cada uma das 22 letras, do alfabeto hebraico
O capítulo 3, que possui 66 versículos, faz o acróstico com 22 grupos de 3 versículos
para cada letra.
Desta forma todos os capítulos possuem 22 versículos ou múltiplo de 22 como o
terceiro capítulo.
No hebraico, os capítulos 1 e 2, usam três linhas para cada versículo, os capítulos 3 e
4, usam duas linhas para cada versículo e o capítulo 5, uma apenas uma linha para
cada versículo.
Obs. O esboço do livro, capítulo por capítulo, foi apresentado no item DIVISÃO.

e- COMENTÁRIOS
É de Lamentações um dos trechos bíblicos mais belos e conhecidos da Bíblia, o
capítulo 3:21 a 42.
A Bíblia hebraica só possui três livros poéticos (Salmos, Provérbios e Jó) e são
chamados Hagiógrafos.
O livro de Lamentações faz parte de um grupo chamado Megilloth, ou “os cinco
rolos”, onde cada um dos rolos é lido uma das cinco festas mais importantes dos
judeus. São eles:
Cantares – lido na Páscoa
Rute – lido no Pentecostes
Eclesiastes – lido na festa dos Tabernáculos
Ester – lido no Purim
Lamentações – lido no aniversário da destruição de Jerusalém. todo 9 de agosto, e por
muitas sinagogas de Israel, em toda sexta-feira, diante do “muro das Lamentações”.
Jerusalém foi destruída novamente no ano 70 A.D. pelo general romano Tito,
cumprindo a profecia de Jesus em Lc.19:41-44.
128

4 - EZEQUIEL
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Ezequiel significa “Deus fortalece”.
Como já tivemos oportunidade de dizer, o significado dos nomes dos profetas,
ajuda-nos a entender muito o tipo de mensagem e ministério que tiveram. Veja: Ez..2:1-
7 e 3:4-11.
AUTOR – A autoria de Ezequiel é universalmente aceita.
Ele é um profeta que fala ao povo de Deus durante o exílio, sendo
contemporâneo de Daniel, o qual tinha aproximadamente sua mesma idade. Enquanto
Daniel tinha acesso ao palácio babilônico, Ezequiel falava ao povo nas ruas e nas
casas, na Babilônia.
Ambos, Daniel e Ezequiel, foram também contemporâneos do final do ministério
profético de Jeremias, o qual falava ao povo que restou lá em Judá, quando a maior
parte foi trazida para o cativeiro babilônico.
Ezequiel além de profeta era também sacerdote (Ez..1:3), embora sem templo e
sem sacrifícios. Nascera durante o reinado de Josias e aos trinta anos, quando deveria
assumir o sacerdócio, em 597 a.C., foi trazido cativo para a Babilônia, no segundo
cerco a Jerusalém, de Nabucodonosor. Na Babilônia, vivia numa casa junto ao rio
Quebar, na colônia judia chamada Tel-Abibe. (Ez..1:1 e 3:15).
DATA DA ESCRITA – Ezequiel datou todas as suas mensagens, e as escrevia à
medida em que profetizava.
Escreveu-as entre 592 a 570 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Seu livro, e ministério, começa no quinto ano do cativeiro do rei
Joaquim (II Rs.25:10-16), em 5 de julho de 592 a.C. (Ez..1:2), e suas últimas profecias
são: ( Ez:40:1) que é uma visão ocupando os últimos capítulos do livro, e que está
datada de 10 de abril de 572 a.C., e ainda Ez.29:17, onde há uma profecia contra o
Egito, em 1 de abril de 570 a.C.
VERSOS-CHAVE – 1:1 e 3:17
“... estando eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar, se abriram os céus e eu tive visões
de Deus”
“Filho do homem eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra
e os avisarás de minha parte.”

TEMA – JULGAMENTO E GLÓRIA

A frase “a glória de Deus” aparece doze vezes nos primeiros onze capítulos. Ela
se retira do templo de Jerusalém por causa do pecado de idolatria do povo. Vem a
destruição de Jerusalém e do templo, pelo julgamento e juízo divinos.
A glória contudo retorna, na restauração de Israel, nos capítulos 43 e 44.

b- CONTEÚDO
Ezequiel era sacerdote. Antes que iniciasse ministério sacerdotal em Judá, foi
levado cativo aos 30 anos, para a Babilônia, na 2ª leva de exilados, em 597 a.C..
Um grupo de importantes pessoas, entre elas Daniel, já estava no exílio desde
605 a.C..
Ele para cinco anos em Tel-Abibe quando então, é vocacionado para o ministério
profético através de uma visão (592 a.C.).
Seu ministério era específico, devia admoestar o povo no cativeiro a lembrar-se
constantemente do porquê de estarem ali, anunciar o juízo iminente sobre Jerusalém
(fato que se deu no ano de 586 a.C.), anunciar ainda o juízo de Deus sobre as nações
129

poderosas, inimigas de Judá, e por fim, estimular a esperança e confiança do povo na


reunião dos judeus e na restauração da cidade e do templo.
Suas profecias estão cronologicamente arrumadas e datadas. Ezequiel é um
profeta de visões, sinais, parábolas e símbolos, assemelhando-se em muito a João e
seu Apocalipse.
A primeira parte do ministério de Ezequiel (caps. 1-24), vai do ano 592 a.C. ao
ano da queda de Jerusalém 586 a.C.. Durante estes sei anos ele fala contra
“obstinados” e “surdos” exilados e sua mensagem procura mostrar-lhes seus pecados
como causa de estarem ali na Babilônia (caps.11-24), fazendo-os esquecer da idéia
pregada por alguns de que logo estariam de volta à Jerusalém. Preparava-lhes para a
breve destruição da cidade e do templo, que viria como manifestação final do juízo de
Deus.
O fato de que se contemporâneo Daniel, nesta altura, já ter galgado posições de
honra no palácio babilônico, dava certo conforto e bom tratamento àqueles milhares de
cativos exilados.
Isaías (39:6) e Miquéias (4:10) já haviam, dezenas de anos antes, anunciados o
cativeiro, Jeremias (25) recentemente revelara a sua duração, mas o povo ainda não
cria no que estava vendo e vivendo. Ainda não haviam se voltado arrependidos ao
Senhor. Era isto que ocupava o ministério de Ezequiel. Era seu povo, mas gente de
dura cerviz e duro coração (Ez..3:4-11 e 16 - 22).
Ezequiel fala da glória de Deus, que significava a presença de Deus, a qual
ocupava o Santo dos Santos no templo, sobre o propiciatório entre os querubins
(Êx.25:17-22). Em suas profecias deste período, nos onze primeiros capítulos, ele
descreve esta glória gradativamente retirando-se do templo, como sinal de juízo e
condenação ao pecado. (8:3 e 4; 9:3; 10: 4, 18, 19; 11:22 - 24). Esta glória só retornará
ao templo e à profecia de Ezequiel em sua última parte ministerial, quando anuncia a
restauração de Israel.
Ainda nesta primeira parte de seu ministério anuncia o cerco final a Jerusalém,
sua destruição e o destino dos sitiados. (Ez..4:1-3; 4 - 8; 9 -17 e 5:1-17). Roga pela
manutenção de um remanescente a ser restaurado (Ez..11:13-21).
Quando Jerusalém é sitiada e invadida (586 a.C.), Ezequiel passa à segunda
etapa de seu ministério e anuncia o juízo de Deus, vindo também sobre os inimigos de
Judá (caps. 25 a 32).
A queda anunciada por ele, da cidade e do templo, dá também início a uma
palavra de consolo e esperança: “Deus julgará nossos inimigos”, e “Israel será
restaurado”.
Sua terceira e última etapa ministerial tem a ênfase sobre o futuro de Israel. Ele
apresenta-se como um atalaia (cap.33), anuncia o Messias como o Pastor descendente
de Davi, que contrasta com os pastores infiéis que Israel conhecera até ali (cap.34).
Virá um tempo de ressurreição para Israel (cap.37), o Espírito vivificará a nação,
não só daqueles cativos ali após 70 anos, mas num futuro longínquo, judeus de todas
as nações. É uma palavra também escatológica (cap.38 e 39).
Sua última visão é a do templo restaurado (caps.40-46), onde a glória do Senhor
tornará a habitar. Este templo tem cumprimento profético em parte, no templo
reconstruído e visitado por Jesus, e em parte, na igreja do Novo Testamento como
templo e santuário do Altíssimo, e por fim no templo escatológico do milênio.

c- DIVISÃO
Podemos, como vimos acima, dividir a profecia de Ezequiel em 3 fases:
Profecias antes do cerco final a Jerusalém – caps.1 a 24
Profecias durante o cerco a Jerusalém – caps.25 a 32 referem-se às nações gentias.
Profecias após o cerco e tomada de Jerusalém – caps.33 a 48 referem-se à
restauração de Israel.
130

d- ESBOÇO DO LIVRO
São 48 capítulos com 1272 versículos, tratando de :
1a3 O chamado e vocação do profeta
4 a 24 Juízo sobre Jerusalém
25 a 32  Juízo sobre as nações gentias
33  O Atalaia
34  Profecia contra os chefes de Israel
35  Profecia contra Edom
36 e 37  Profecia quando ao retorno de Israel à sua terra.
38 e 39  Profecia contra Gogue
40 a 48  Profecia sobre a restauração do templo e o reino milenar do
Messias.

e- COMENTÁRIOS
1 – Expressões que aparecem muitas vezes neste livro são:
A Glória de Deus – sobre esta já falamos no CONTEÚDO.
“Veio a mim a palavra do Senhor” – aparece 49 vezes.
É o profeta comprometendo sua mensagem com sua origem genuína.
As palavras eram duras, mas autênticas.
“Filho do homem” – Por 93 vezes, Deus se dirige a Ezequiel tratando-o desta forma.
Só Daniel (Dn.8:17) uma vez, e Jesus por 80 vezes, recebem esta denominação.
A expressão nos assegura a identificação que o profeta cativo tinha para com os
seus contemporâneos também cativos. Era um profeta cativo, falando para seu
próprio povo cativo, não alguém de fora da dor ou da tragédia, mas dentro do
mesmo quadro.

2 – O ministério de Ezequiel começou nas casas dos Judeus no exílio (1:3 e 3:15).
Provavelmente este foi o embrião das sinagogas.
No cativeiro não havia templo, altar ou sacrifícios. Ezequiel era sacerdote, e no
tempo que iniciaria sua missão sacerdotal foi levado cativo.

3 – O maior número de citações do livro de Ezequiel no Novo Testamento, está no


Apocalipse.
Compare: Ez..1:5, 6, 10 e 18 com Ap.4:6, 8
Ez..1:23 com Ap.4:3
Ez..2:9 e 10 com Ap.5:1
Ez..3:1 e 3 com Ap.10:8-10
Ez. 6:11 com Ap. 6:8
Ez..26:13 com Ap.18:22
Ez..37:10 com Ap.11:11, etc.

4 – O texto de Ex.37, é um dos capítulos mais ricos da Bíblia, em lições sobre


reavivamento.
a) Deus mostra a Ezequiel que aquele vale de ossos secos não era a reunião
simbólica dos ímpios, mas o quadro em que o “povo de Deus” se encontrava
(37:11).
Israel havia desprezado a Palavra de Deus (II Cr.33:10; 34:14-21; 36:15 e 16).
b) Deus fez de Ezequiel um instrumento útil (Ez..2; 3:1-3; 37:1-3, 7 e 10), humilde,
quebrantado, comprometido, alimentando-se da Palavra, obediente, cheiro do
Espírito Santo.
c) O reavivamento começa pelo “ouvir” da Palavra de Deus (Ez..37; 4; Mt.11:15; Ap.2
e 3).
131

Ouvir no sentido completo da palavra (Mt.7:24-27 e Tg.1:22-25).


d) O reavivamento é produzido pelo sopro de vida do Espírito Santo (Ez.37:5 e 9).
e) Quando o reavivamento chega a uma Igreja:
- restaura-se a vida e a saúde da comunidade (Ez.37:5 e 11).
- restaura-se o sentido de corpo (Ez..37:6 - 8).
- restaura-se a consciência da vocação de povo (Ez..37:12 e 13).
- restaura-se a missão de exército (Ez..37:10).
132

5 - DANIEL
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Daniel significa no hebraico, “Deus é meu juiz”.
Isto já sugere o tema e conteúdo do livro, a soberania do Senhor sobre todas as
nações.
AUTOR – O profeta Daniel é o autor do livro.
Ele nascera durante o governo do rei Josias em Judá, era de nobre família (1:3) e
foi levado por Nabucodonosor junto com outros jovens, no primeiro cerco a Jerusalém
(605 a.C.). Lá foi separado com seus amigos para uma alimentação especial e estudos
de preparação. Ganhou um novo nome: Beltessazar – “Que Bel proteja sua vida”.
Após dois anos interpretou um sonho de Nabucodonosor (cap.2), sendo por isto
declarado governador da província, chefe dos sábios do reino e conselheiro do rei.
(2:48)
Permaneceu no palácio por quase 70 anos, servindo a cinco governadores
babilônicos e a dois persas. ( Nabucodonosor, Evil-Merodaque, Neriglizar, Nabonido,
Belsazar, Dario e Ciro).
A autoria de Daniel não é universalmente aceita, alguns afirmam ser alguém
vivendo no período pós exílico, talvez no período interbíblico (+ ou – 165 a.C.).
Entretanto Ezequiel, seu contemporâneo, reconhece sua historicidade, sua
notável sabedoria e integridade de caráter (Ez..14:14, 20; 28:3).
Jesus (Mt.24:15), as tradições judaicas e cristãs, reconhecem a autoria de Daniel.
Ressalta-se que a septuaginta, escrita em torno de 250 a.C., já apresentava seu
cânon o livro de Daniel. O historiador Josefo relata que Alexandre o Grande, ao entrar
em Jerusalém ( 332 a.C.) impressionou-se e muito com as profecias de Daniel a ele
apresentadas pelo sacerdote Jádua.
DATA DA ESCRITA – Em torno de 535 a.C., após 70 anos na Babilônia, quando
recebe e registra sua última visão.(10:1)
TEMPO DA AÇÃO – O ministério profético de Daniel se deu durante todo o período do
exílio, ou seja entre 605 e 535 a.C.
VERSOS-CHAVE – 4:34 e 35 – “... eu Nabucodonosor levantei os olhos ao céu, ... eu
bendisse o Altíssimo e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno
e cujo reino é de geração em geração.
Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e segundo a sua vontade ele
opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão,
nem lhe dizer: Que fazes?”

TEMA – A SOBERANIA DO SENHOR SOBRE TODAS AS NAÇÕES

b- CONTEÚDO
O livro de Daniel, embora pequeno, abrange um período histórico de 70 anos, que
é o tempo do cativeiro.
Daniel foi levado com alguns jovens importantes e nobres de Judá, para a
Babilônia, na Ocasião do primeiro cerco de Nabucodonosor ao reino de Judá, no ano
605 a.C..
Toda sua vida praticamente é vivida lá na Babilônia, pois com aproximadamente
90 anos, ele assiste a última leva de judeus voltar do exílio, mas ele, já muito idoso,
permanece por lá.
Nestes 70 anos de cativeiro para os judeus, e vida profética para Daniel, ele
assistiu a ascensão e a queda de grandes impérios, sendo este o tema de muitas
mensagens, as quais revelam a soberania de Deus sobre as nações e antecipam muito
do calendário histórico de reinos gentios, que Deus através de visões, lhe mostrou.
133

Daniel assiste a queda da Assíria (612 a.C.), participa do 1º cerco Babilônico a


Judá (605 a.C.) onde é feito cativo, assiste a queda de Jerusalém (586 a.C.) e a queda
da própria Babilônia ante o exército persa (539 a.C.).
Sua história começa aos 16 anos de idade, chegando cativo na Babilônia, foi
instalado no palácio com seus amigos, e naquele meio de liberdade moral e idolatria
espiritual, recebem treinamento e preparação para ocuparem altos postos no governo
como assessores de Nabucodonosor.
A primeira decisão que tomam é de não se contaminarem com as finas iguarias
da mesa real, pois eram deliciosos manjares antes oferecidos e sacrificados aos
deuses Babilônicos. Gozavam do carinho do chefe dos eunucos, Aspenaz, que além de
lhes mudar os nomes (1:6 e 7) aceita lhes servir apenas água e legumes. (1:8-20)
No ano seguinte, Nabucodonosor tem um sonho e ninguém, se não Daniel, consegue
interpretá-lo (cap.2).
A grande estátua feita de vários metais era a sucessão de reinos e impérios
mundiais, chamados pela Bíblia “o tempo dos gentios”, pois referem-se ao governo não
exercido pelo Judeus.
Quatro grandes impérios mundiais se sucederiam no governo do mundo, desde
Nabucodonosor até o fim de tudo.
A Babilônia era a cabeça de ouro; o peito e os braços de prata, seriam o império
sucessor medo-persa. O ventre e os quadris de bronze, eram a Grécia que sucedeu a
Pérsia, sob o governo de Alexandre - o Grande. O quarto e último reino é uma mistura
de ferro e barro, numa liga que não se une. Este último reino começa sendo
representado pelas de ferro, o império romano, mas sua continuidade histórica nos pés
de ferro e barro, são uma confederação de dez nações cujos governos são
inconciliáveis, marcando o fim de tudo e a chegada do reino messiânico.
O interessante é que, à medida que o tempo passar, e os reinos se sucederem (
representados na estátua pela ordem da cabeça para os pés),os reinos serão cada vez
mais fracos (metais de menor valor) e divididos ( até a desunião e desarmonia dos 10
dedos dos pés de ferro e barro). Não é este o tempo em que temos vivido, no esforço
da reunião de reinos tão diversos quanto são o ferro e o barro, e a evidente fraqueza
destas pretensas ligações?
Daniel acrescenta ainda que um outro reino invencível e indestrutível será
levantado por Deus (2:44) e como uma pedra esmiuçará todos os demais reinos,
quando a estátua for “apedrejada” (2:34 e 35). Esta pedra é o reino eterno e final de
Cristo sobre a Terra (Sl.118:2; Is.8:14; 28:16; e Zc.3:9).
Por causa desta interpretação, é alçado à posição de governador da província da
Babilônia (2:47-49).
Alguns anos se passaram, e não sabemos quantos, quando se dá o
acontecimento da estátua de ouro e dos companheiros de Daniel lançados na fornalha
(cap.3). O livramento dado a eles fez com que Nabucodonosor incluísse “o Deus deles”
na galeria dos deuses adorados na Babilônia, com muito realce e importância, mas
sem conversão.
O capítulo quatro nos conta de um novo sonho dado a Nabucodonosor, o da
grande árvore, que significava ele mesmo, e revelava a mão de Deus pesando sobre
ele até que glorificasse e bendissesse o Senhor, como o verdadeiro Deus. É o fim do
reinado de Nabucodonosor, e Daniel tem cerca de 60 anos.
Quando iniciamos a leitura do capítulo cinco, já é Belsazar quem está no trono.
Portanto os capítulos 1 a 4 referem-se ao tempo do reinado de Nabucodonosor (607 –
562 a.C.)
Belsazar é neto de Nabucodonosor e reina com seu pai Nabonido após o anos de
556 a.C..
Há uma grande festa, onde os utensílios usados eram os do templo do Senhor
carregados quando Jerusalém foi invadida (597 a.C. – II Rs.24:13). Nesta festa o
134

Senhor escreve na parede, e Daniel com 82 anos é chamado para interpretar,


anunciando o fim do império Babilônico e sua derrota para os medos e persas, fato
este que se cumpriu naquela mesma noite.
Esta festa foi no ano 539 a.C.. Belsazar reinou entre 556 e 539 a.C..
Dario, o medo, é deixado no trono Babilônico enquanto Ciro, o persa, prossegue
em suas conquistas. Daniel logo lhe foi querido, e o evento narrado no capítulo seis,
surge como manifestação de ciúme dos demais governadores e Sátrapas (homens de
confiança de Dario). Dario se entristeceu (6:14) mas por decreto foi obrigado a lançar
Daniel aos 83 anos na cova dos leões. O livramento dado pelo Senhor alegrou Dario, e
o “Deus de Daniel” foi engrandecido novamente em toda a Babilônia.
Daniel continuava a gozar de prestígio entre os reis na Babilônia (6:2-8).
Os capítulos 7 e 8 de Daniel estão fora da ordem cronológica pois referem-se a visões
tidas no início do reinado de Belsazar, datados de 553 a.C. (a visão do capítulo 7) e
551 a.C. (a visão do capítulo 8).
Os quatro animais selvagens vistos no capítulo sete são figuras divinas para os
quatro grandes reinos do sonho de Nabucodonosor interpretado no capítulo 2.
Daniel os interpreta (7:17-23) como: a Babilônia era o leão com as asas de águia
(a cabeça de ouro da estátua em 2:37 e 38), a Pérsia era urso (o peito e os braços de
prata da estátua em 2:32, 39), um leopardo com asas e quatro cabeças era a Grécia (o
ventre e os quadris de bronze da estátua em 2:32 e 39), o quarto animal era terrível e
sobremodo forte, tinha dez chifres (como os dez dedos que compunham os pés da
estátua em 2:33,40-44). O pequeno chifre, do último reino, é o anticristo (Ap.13:1). Veja
Dn.7:25, cujo governo será encerrado pelo eterno reino do Altíssimo (Dn.7:27 e 2:44).
A visão do capítulo oito, com o carneiro e o bode, referem-se aos reinos da Pérsia
e Grécia (Dn.8:20 e 21) que imediatamente sucederiam o reino da Babilônia. O rei
Antíoco Epifânio era o pequeno chifre de 8:9-13, que no ano 175 a.C. invade Jerusalém
e profana o templo e o altar do Senhor.
No capítulo nove voltamos ao período do governo de Dario (tal como o capítulo
6). Ele está orando e lendo as profecias de Jeremias quando descobre que os 70 anos
do cativeiro já se haviam findado (605 – 536 a.C.), intercedendo então ao Senhor em
favor do seu povo.
Deus lhe responde com a visão das setenta semanas.
Se as visões anteriores referiam-se aos governos gentios, estas 70 semanas
referiam-se ao povo de Israel.
As setenta semanas, são setenta períodos de sete anos, portanto 490 anos. As
primeiras 69 semanas incluíram a reconstrução da cidade, dos muros e do templo, sob
tempos angustiosos (vide Esdras e Neemias), e este período se encerraria com a
morte de Cristo (9:26, no ano 30 A.D.).
Antes da história entrar na última semana para os judeus há um espaço de
tempo, um parênteses, onde nós nos encontramos agora. É o tempo da Igreja, no
tempo dos gentios.
Na última semana, Deus vai tratar exclusivamente com os judeus, é o tempo que
inclui a presença do anticristo.
Os Capítulos 10 a 12 são o registro da última visão de Daniel, sob o governo de
Ciro, no ano 536 a.C., quando o povo preparava-se para retornar à Jerusalém, voltando
do cativeiro. São revelações mais detalhadas sobre os reinos da Pérsia e da Grécia,
encerrando-se com o capítulo 12 que fala do tempo do fim e da grande tribulação.

c- DIVISÃO
A maioria dos autores divide o livro de Daniel em duas partes:
História – caps.1 a 6
Profecias – caps.7 a 12 (cronológicamente concomitantes aos caps.1 a 6)
135

Há também uma forma de dividi-lo segundo os acontecimentos referentes ao


período de cada rei, ou seja:
Sob o reinado de Nabucodonosor – caps.1 a 4
Sob o reinado de Belsazar – caps.5, 7 e 8
Sob o reinado de Dario – caps.6 e 9
Sob o reinado de Ciro – caps.10 a 12

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 12 capítulos com 357 versículos contando o seguinte:
1 Daniel chega à corte Babilônica
2 A visão de Nabucodonosor da estátua
3 Os jovens na fornalha
4 A visão e humilhação de Nabucodonosor
5 A escrita na parede
6 Daniel na cova dos leões
7 O sonho de Daniel sobre os quatro animais
8 A visão de Daniel sobre o carneiro e o bode.
9 A oração de Daniel e as setenta semanas.
10-12 A última visão de Daniel

e- COMENTÁRIOS
1 – Daniel foi primeiro ministro no governo de 3 reis, Nabucodonosor, Belsazar e Dario.
Esta sua posição em muito foi favorável aos cativos em terras babilônicas, e ao
decreto de libertação, já que certamente Daniel foi o responsável por Ciro saber-se
profetizado como libertador do povo (Is.44 e 45) cerca de 150 anos antes.

2 – Daniel é junto com Isaías, o autor de V.T. mais discutido como verdadeiro.
Os argumentos para isto usados são:
“Ele não é incluído entre os “profetas” no cânon hebraico, mas sim entre os “escritos”,
último grupo de livros a serem aceitos como canônicos entre os judeus.”
Este argumento é rebatido pelo fato de que outros livros que foram incluídos
entre os escritos, foram escritos bem antes de Daniel como Salmos, Provérbios, Jó,
etc.
“A presença de termos medos e persas, bem como gregos no livro, apontam para um
escritor do período interbíblico.”
Daniel no entanto viveu o tempo persa, e os gregos eram já bem conhecidos, em
especial para um nobre que viveu 70 anos na corte babilônica.
“Profecias do capítulo 11 são detalhadamente cumpridas no período Macabeu
(interbíblico)”.
Só que descrê da revelação divina, pode duvidar que Deus tenha dado estes
detalhes a Daniel.
3 – Aspenaz, o chefe dos eunucos, muda o nome de Daniel e seus três amigos,
segundo os deuses adorados na Babilônia.
Hananias, “agraciado do Senhor” para Sadraque, que significa: “o servo de AKU”,
deus da lua.
Misael, “quem é como Deus? Para Mesaque, que siguinifica: Quem é igual a
AKU”.
Azarias, “meu socorro é o Senhor” para Abede-nego, que significa: “servo de
Nego” – deus da sabedoria e da astrologia.
Daniel, para Beltessazar, que significa: “Que Bel proteja sua vida”, o deus
poderoso da Babilônia.
136

Entre tantos deuses, Nabucodonosor resolveu incluir o Deus de Daniel, depois da


interpretação dos sonhos (2:47) e do livramento de seus amigos da fornalha (3:28),
sem contudo experimentar verdadeiramente conversão.
Lembramo-nos de Paulo no Areópago (At.17:18-31).
4 – O livro de Daniel tem enfoque nas profecias sobre a soberania de Deus em relação
a história dos reinos gentios. Foi fortemente influenciado por sua formação nobre e
política, pela vida toda no palácio, e por presenciar ascensão e queda de impérios.
Seu livro é na maior parte escrita em aramaico (2:4 a 7:28), a língua que falava na
Babilônia.
5 – Daniel é um profeta apocalíptico, e muitos dos eventos descritos no livro de João só
são bem entendidos após o estudo das profecias de Daniel.
Entretanto não podemos nos esquecer que as ênfases da vida piedosa do profeta,
são extremamente práticas e imutáveis: vida pura e santa, estudo da palavra de
Deus, intensa oração.

6 – Contado, pesado, dividido, são as traduções literais das palavras escritas na


parede. Parsim é o plural de Peres. Embora na própria língua dos caldeus só Daniel as
pode ler e interpretar (5:5, 8, 25-28).

7 – Porque Daniel orava voltado para as bandas de Jerusalém (6:10)? É o


cumprimento às prescrições de I Rs.8:46-50.
137

OS PROFETAS MENORES
1 - OSÉIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Oséias que dizer “salvação”.
AUTOR – É o próprio profeta Oséias, filho de Beeri, contemporâneo dos profetas
Amós, Miquéias e Isaías (1:1).
DATA DA ESCRITA – Em torno do ano 740 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – O primeiro verso no livro nos informa que Oséias profetizou
durante o tempo do reinado do rei Jeroboão II em Israel (794 – 753 a.C.) ,
contemporaneamente ao reis Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (791 – 696 a.C.) em Judá.
Ao conciliarmos as datas, e observarmos que sua profecia advertia principalmente
Israel quanto à sua infidelidade e ao seu iminente castigo, o qual veio pelos Assírios
em 722 a.C., concluímos que seu ministério profético deu-se entre 760 – 720 a.C.,
portanto alcançando todos os reis citados.
VERSO-CHAVE - 1:2 – “... vai toma uma mulher de prostituições, e terás filhos de
prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor.”

TEMA – ISRAEL, A ESPOSA INFIEL

b- CONTEÚDO
Oséias é vocacionado no reino de Norte, ao tempo em que o rei Jeroboão II
reinava.
Politicamente era um tempo áureo, pois Israel se expandira bastante (II Rs.14:23-
29 a II Rs.17), mas espiritualmente vivia um tempo negro.
Os profetas Elias, Eliseu e recentemente Amós, advertiram Israel de seus maus
caminhos, mas nada mudara. Pecado disseminado, idolatria tal que prostitutas cultuais
e sacrifícios infantis ali eram realizados, sacerdotes corrompidos e ladrões, cultos
vazios e hipócritas, graves injustiças sociais, eram o terrível retrato deste que se
chamava povo de Deus ( Os.4:2, 9, 12, 13, 17, 18). Povo infiel, adúltero e traidor.
O juízo em breve viria, se não houvesse conversão sincera (Os.6:1-7). Deus
então usa a mensagem do profeta através de sua história familiar. Oséias casa-se com
uma mulher prostituta por orientação de Deus (se o profeta já sabia ser ela prostituta
antes de casar-se ou não, a Bíblia não nos diz). Ele a ama intensamente, mas ela o
trai, foge, prostitui-se e se torna escrava (Os.1 e 2). Oséias contudo continua a amá-la
e a perdoa, compra-a (Os.3).
Todo este quadro representava o casamento de Deus com Israel e sua traição
(Os.2:19).
Oséias revela ao povo a sua infidelidade para com o Senhor, e o juízo que adviria
disto (Os.4-10), porém como seu nome o diz, aponta ao final da mensagem, um
caminho de arrependimento, graça e salvação (Os.11:14). “Volta ó Israel para o
Senhor” (Os.14:1). O amor de Deus era um amor antigo: “Quando Israel era menino, eu
o amei, e do Egito chamei o meu filho” (Os.11:1). Promete cura e restauração: “curarei
a sua infidelidade ... serei para Israel como orvalho” (Os.14:4 e 5).
Israel, contudo, ouviu esta mensagem e foi destruído no ano 722 a.C., pelos
Assírios.
138

c- DIVISÃO
O livro de Oséias é tradicionalmente dividido, segundo esta figura de casamento, em:
Separação: Israel, a esposa infiel- caps.1 a 3
 Condenação: Israel, a nação pecaminosa – caps.4 a 13:8
Reconciliação: Israel, a nação restaurada – caps.13:9- 14:9
No entanto podemos dividi-lo também segundo os três elementos contidos na
mensagem profética (vide introdução aos livros proféticos).
Advertências contra o pecado – Juízo: caps.1 a 3, 4 a 10 e 13 “Eu castigarei a todos
eles”.
Convite ao arrependimento: caps.11, 12, 14:1-3; 6:4-6 e 2:19.
Revelações escatológicas: caps.14:4-9 “Israel florescerá como o lírio”.

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 14 capítulos com 196 versículos, tratando de:
1-3 Israel é infiel como Gômer
3-10 Há corrupção geral
11 O amor de Deus a ingratidão do povo
12 Jacó é um castigo para Israel
13 O castigo definitivo
14 A Israel celestial

e- COMENTÁRIOS
1) Oséias dirige profecia a Israel, ou seja às 10 tribos do reino do Norte após a divisão
ocorrida no ano 931 a.C. (I Rs.12). Algumas vezes ele chama Israel de Efraim,
porque esta era a mais importante tribo entre as 10 que compunham o Reino de
Norte (Os.3:1; 4 e 5; 5:3 e 11-14). Anuncia com toda clareza, o destino em breve
do povo a ser submetido aos assírios (Os.11:5).
2) A imagem de esposa e marido, noivo e noiva, é comumente usada por Deus em Sua
Palavra, é uma figura rica que fala entre outras coisas de: complementação, ajuda,
proteção, sustento, carinho, amor, fidelidade, dependência, relação prazeirosa
etc...
Veja: Is.62:5; Jr.3:14; Ef.5:31-33; Ap.19:6-8; Ap.21:2, 9 e 10; Jo.3:28 e 29; Lc.5:34 e
35; Mt.25:1-13.

3) Oséias é contemporâneo de Miquéias e Isaías. Enquanto Oséias falava ao reino do


Norte (Israel), Miquéias e Isaías falavam ao reino do Sul (Judá). Os três profetas
eram sucessores imediatos de Amós, profeta ainda vivo na ocasião, que fora
chamado por Deus para falar ao reino do Sul e reino do Norte.
Mais de 100 anos depois, Jeremias é levantado no reino do Sul com o mesmo
significado profético que Oséias teve para o Norte. Ambos falaram a um povo
reincidentemente pecador, distante de Deus, ouvidos fechados corruptos moral,
social e espiritualmente, alertando-os para iminente juízo de Deus, que se deu para
o Norte (Assíria 722 a.C.) e para o Sul (Babilônia 586 a.C.) nos últimos dias de vida
desses profetas.
4) A palavra profética “do Egito chamei meu filho” (Os.11:1) históricamente testemunha
a libertação de Israel do cativeiro egípcio, por mão de Moisés, mas também revela
que o Messias, filho de Deus, passaria um tempo pelo Egito e de lá seria trazido
pelo Senhor (Mt.2:13-15).
5) Textos de Oséias muito conhecidos são:
4:6 e 6:3-6: A importância do conhecimento de Deus, não apenas intelectual, mas
experimental e verdadeiro, com conseqüente transformação das vidas.
13:14: Falando da vitória de Jesus sobre a morte, texto lembrado por Paulo em I
Co.15:55.
139

2 - JOEL
a- AUTORIA E DATAÇÃO

NOME – Joel significa “Jeová é Deus”.


AUTOR – É o profeta Joel, filho de Petuel, falando ao reino do Sul, Judá (1:1 e 3:1).
Provavelmente tenha sido criança no tempo dos ministérios de Elias e Eliseu.
DATA DA ESCRITA – O tempo em que profetizou e escreveu, não aparece revelado
em seu livro, mas acredita-se estar em torno do ano 830 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Como dissemos, o tempo preciso de sua palavra e ministério é
desconhecido, sabe-se pelo texto que foi logo após uma praga de gafanhotos que
assolou a terra. Presume-se que tenha sido durante o reinado de Joás (II Rs.11:4 a
12:19; II Cr.23 e 24) porque:
 Joás subiu ao trono com seis anos de idade, e neste tempo, na prática, o povo foi
governado pelo sumo-sacerdote Joiada. Joel não fala de nenhum rei em Judá.
 Neste tempo os impérios Assírio, Babilônico e Persa, não existiam como tal, e não
aparecem citados como inimigos no texto de Joel.
 Faz referência ao vale de Josafá (3:2), recente rei bom, morto próximo àquela
época.
Seu ministério profético deve tem se dado entre 840-825 a.C..
VERSO-CHAVE – 1:15 – “Ah! Que dia! Porque o dia do Senhor está perto, e vem como
assolação do Todo Poderoso”.

TEMA – O DIA DO SENHOR SERÁ TERRÍVEL COMO A PRAGA DOS GAFANHOTOS.

b- CONTEÚDO
A terra acabara de ser assolada por uma praga de gafanhotos que devorara toda
a plantação, promovendo fome, seca e desemprego. Morriam o povo e os animais. O
desespero era incomparável. Esta é a ocasião em que o profeta se levanta em nome
do Senhor anunciando-lhes que a praga era juízo imediato ao estado de pecado e
indiferença do povo para com Deus; era também símbolo de juízo final, do “dia do
Senhor”.
Joel é detalhado em sua mensagem descrevendo vivamente o que acontecera.
Nós, seus leitores, acompanhamos seu relato como se contemplando o evento.
Nada antes assim havia acontecido (1:2) e até mesmo os alienados bêbados
sentiriam os efeitos da desgraça (1:5).
Não havia o que colher, o que plantar, o que comer ou mesmo oferecer no templo
(1:9-12).
Os gafanhotos foram comparados a “um povo com dentes de leoa” (1:6). Isto é,
na visão profética, mais do que a constatação do juízo imediato pela praga, é o anúncio
do um juízo em futuro breve, por mãos dos Assírios cujo símbolo de seus exércitos era
o leão.
O “dia do Senhor está perto” (1:15), vamos nos arrepender e jejuar (1:13 e 14).
Novamente há aqui uma visão completa e complexa pois o dia do Senhor é
proféticamente um dia escatológico, o dia do juízo final, mas era naquela hora também
o dia da praga de gafanhotos e o dia da invasão dos Assírios, dias estes onde o
Senhor, em escala menor, manifestara e manifestaria o seu juízo.
Há um convite de Deus à conversão (2:12 e 13).
Deus lhes promete então a restauração (2:21-27) incluindo aqui a promessa
futura do Pentecoste (2:28-32). Veja Atos 2:16. Haverá também juízo para as nações
que cercavam e ameaçavam o povo de Deus, pois Deus é o Senhor do Universo e não
somente de Judá ( cap.3).
140

c- DIVISÃO
O livro de Joel pode didaticamente ser dividido em três partes:
 A praga de gafanhotos, o dia do Senhor hoje – cap.1
 A invasão Assíria, o dia do Senhor em breve – cap.2:1-27
 O juízo final, o dia do Senhor escatológico – cap.2:28-3:21
Segundo o conteúdo da mensagem dos profetas ( vide capítulo 18- introdução aos
livros proféticos) poderíamos ainda dividir o livro da seguinte forma:
 Advertência contra o pecado- Juízo – cap.1 a 2:11 “virá o terrível dia do Senhor”
 Convite ao arrependimento – cap.2:12-27 “Rasgai o vosso coração”
 Revelação escatológica – cap.2:28-3:21 Pentecostes, Graças a Salvadora, Juízo
final e Jerusalém Celestial.
d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui 3 capítulos com 73 versículos que tratam de:
1 A praga de gafanhotos
2:1-11 O dia do Senhor vem.
2:12-27 A misericórdia do Senhor.
2:28-32 O pentecostes
3:1-17 O juízo do Senhor sobre as nações.
3:18-21 A Israel celestial
e- COMENTÁRIOS
1 – As revelações messiânicas e escatológicas de Joel são: (Ap.9:3, 7 e 8).
 O Pentecostes – 2:28 e 29 – At.2:16-21
 Sinais do fim – 20:30 e 31 – Ap.6:12-17 – Mt.24:29
 A Salvação pela graça – 2:32 – Rm.10:13
 Juízo final – 3:1-17 – Ap.20:11-15
 A Jerusalém celestial – 3:18-21 – Ap.21
2 – Tal como dissemos no item – COMENTÉRIOS 2 – da Introdução aos Livros
Proféticos, Joel recebe uma visão transtemporal, complexa, a qual nos transmite em
seu livro.
Vejamos:
 Ele vê a praga dos gafanhotos, e sua devastação é enorme, patente aos seus olhos
(1:4).
 Imediatamente ele vê a praga como “um povo” poderoso e inumerável que tem
destes de leão (1:6).
 Mais à frente ainda descrevendo a desgraça, fala de cavalos e cavaleiros, carros,
fogo e combate (2:4-9).
 Deus ao lhe consolar, fala que vai remover o “exército” que vem no Norte (2:20).
 Toda esta descrição encaixa-se perfeitamente na destruição iminente, que em breve
(alguns anos) sobreviria ao Reino do Norte por mão do terrível e poderoso exército
Assírio, o qual viria do Norte e possuía como símbolo o leão.
 Na mesma visão ainda ele chora e lamenta pelo terrível “dia do Senhor”(1:15; 2:1;
2:11; 2:31; 3:14).
 O “dia do Senhor”, dia do juízo do Senhor, de uma certa forma era mesmo o dia da
praga dos gafanhotos e o dos do juízo Assírio, alguns anos depois. Porém isto numa
forma bem restrita.
 O profeta ao descrever este dia, o faz como um evento futuro e tão tremendamente
grande, que não se cumpria apenas com a invasão Assíria, pois inclui
acontecimentos universais (2:2; 2:10 e 11; 2:28-32).
 O “dia do Senhor” em sua versão completa e final, envolverá todas as nações (3:1 e
2), e mudará a história do mundo (3:18-21).
141

 É uma visão só, com elementos do presente (a praga de futuro próximo (a invasão
Assíria), de um futuro distante (o Pentecostes) e de um futuro escatológico ( o Juízo
Final).
 Tudo porém visto a um só tempo, sem que o profeta discernisse espaços de tempo
entre os eventos.
3 – A expressão “o dia do Senhor” tão freqüente na profecia de Joel, não é
exclusividade de sua mensagem, pois cerca de nove profetas falaram deste dia.
O dia do Senhor, num sentido mais restrito é todo qualquer dia, na história, onde
o Senhor faça uso de sue poder, soberania, glória e majestade, para executar justiça e
juízo sobre os homens. Por isto, desta forma, a praga de gafanhotos e a invasão
assíria, foram expressões locais do dia do Senhor.
No sentido mais amplo e completo contudo, refere-se ao evento final onde o
Senhor julgará todas as nações, segundo aos suas obras. Alguns autores contudo
crêem que esta expressão refere-se ao juízo pré-milenário de Cristo.
Falam deste dia:
 Isaías- 2:12; 13:6 e 9 – Dia de assolação contra os soberbos.
 Jeremias- 46:10 – Como um dia de vingança contra seus adversários.
 Ezequiel- 13:5 e 30:3 – Como um dia de luta e espada, em especial contra os
gentios.
 Joel – Como um terrível dia de destruição.
 Amós- 5:18 e 20 – Como um dia de trevas.
 Obadias-15 – Como um dia de juízo e retribuição.
 Sofonias-1:7 e14 – Como um dia amargo.
 Zacarias-14:1 – Como um dia de vingança de Deus contra os inimigos.
 Malaquias-4:5 – Como um dia histórico, que será precedido da vinda do “profeta
Elias”, na verdade João Batista.
142

3 - AMÓS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Seu nome significa fardos ou quem carrega fardos
AUTOR - O autor é próprio Amós, que se apresenta como pastor, boiadeiro e colhedor
de sicômoros (1:1 e 7:14). Até ser vocacionado não fazia parte do grupo de religiosos
de Israel, já que não era profeta, filho de profeta, aluno da escola de profetas e nem
mesmo sacerdote.
Ainda que com um linguajar rude, rural, direto, objetivo, seu estilo de escrita é
belo e seu livro bem coordenado, com seções de mensagens marcadas pela repetição
periódica de expressões tais como: “Assim diz o Senhor”, “Ouvi a palavra do Senhor” e
“O senhor Jeová assim me fez ver”.
Natural de Tecoa, aldeia que ficava 20 Km ao sul de Jerusalém, e, embora
morasse em Judá (Reino do Sul), é enviado a pregar em Betel, centro religioso de
Israel (Reino do Norte).
É contemporâneo de Oséias, falando ao mesmo povo, quase ao mesmo tempo e
sob o mesmo contexto. É interessante ler estes dois livros em conjunto.
Quando menino, deve ter conhecido Jonas, Eliseu, e Joel. O final de seu
ministério, coincide com o início do ministério, no reino do Sul, dos profetas Isaías e
Miquéias.
DATA DA ESCRITA – Provavelmente foi escrito entre 760-750 a.C., pouco tempo
depois do terremoto que ele descreve em 1:1.
O terremoto aconteceu em 763 a.C., suas visões proféticas começaram dois anos
antes, mas sua escrita deu-se logo após isto.
TEMPO DA AÇÃO – Amós declara que profetizou durante os reinados de Uzias em
Judá, e Jeroboão II em Israel, isto significa entre 790-752 a.C.
O terremoto que marca o início de seu ministério aconteceu em 763 a.C., e foi tão
importante que até Zacarias refere-se a ele, quase 300 anos depois (Zc.14:5).
VERSO-CHAVE – Há dois versos muito conhecidos neste livro e que sintetizam a
ênfase do livro: 4:12 – “Portanto assim te farei, ó Israel! E porque isto te farei, prepara-te, ó
Israel para te encontrares com teu Deus” e o verso 5: 24 – “Antes corra o juízo como as
águas e a justiça como ribeiro perene”.

TEMA – DEUS CONTRA O INJUSTIÇA SOCIAL

b- CONTEÚDO
O tempo do reinado de Jeroboão II é um tempo áureo no campo político e
expansionista.
Israel está em paz, próspero, com seus pequenos inimigos circunvizinhos
subjugados e sem ameaças de qualquer grande império mundial.
O contrário dá em sua vida moral, espiritual e social. É um dos períodos negros
de sua história. Ainda adoravam ao bezerro de ouro dedicado a Baal, desde o tempo
de Jeroboão I quando houve a divisão dos dois reinos – 931 a.C. (ver. I Rs.12:25-33),
seus sacerdotes eram escolhidos políticamente (tal como atual Amazias – Am.7:10-17),
corruptos, ladrões e hipócritas, os cultos eram mecânicos e vazios, os juízes eram
subornáveis, os pobres eram oprimidos pelos ricos, havia adultério e promiscuidade,
tudo realizado por um povo que se chamava “Povo de Deus”.
Como havia paz e prosperidade econômica, eles se achavam protegidos do
Senhor e isentos de qualquer juízo condenatório. Deus então levanta um insuspeito
não profeta, não religioso, no reino de Sul, com visões simbólicas, e o envia a Israel.
Amós vai parar no centro religioso corrupto do reino do Norte, Betel ( I Rs.12:25-
33), e ali começa a entregar sua mensagens.
143

Sabiamente reúne auditório em torno de si mesmo, ao iniciar suas palavras da


juízo contra as nações inimigas ( cap.1 e 2:1-3). O auditório aumentava e vibrava. Logo
depois invocou juízo de Deus contra o vizinho reino do Sul, Judá (cap.2:4 e 5), até que
inesperadamente dirige-se ante o grande e boquiaberto auditório, contra o próprio povo
de Israel (2:6-16).
Amós é firme, objetivo e claro. De nada adiantou Deus ter sido bom para com Israel,
pois agora o juízo viria de forma dura e eles não resistiriam: “o mais corajoso entre os
valentes fugirá nu”.
Israel é sim nação escolhida (3:2) mas não para prevalecer-se disto e exercer
idolatria, impiedade e injustiça, pelo contrário, Deus os responsabiliza ante o mundo
para serem modelo e exemplo. O juízo virá (e veio pelos Assírios cerca de 40 anos
depois) e de nada adiantará esconderem-se em seus palácios de verão ou fazendas de
inverno, construídas com o dinheiro de roubo e exploração dos pobres (3:15).
As mulheres de Samaria estavam belas, fortes, gordas tais como as vacas
tratadas no monte Basã (4:1), mas tão irracionais quanto elas.
Preparem-se para o juízo, no encontro com seu Deus! (4:12)
Vós que praticais a injustiça social, buscai a Deus, em verdade e sinceridade para
que vivais (5:4-14), Deus estava enojado de cultos hipócritas de um povo que era
idólatra e opressor do pobre. De que vale um culto sem respectiva vida que cultua no
cotidiano? (5:21-27)
O juízo virá inevitávelmente (cap.6).
Deus dá a Amós uma sucessão de cinco visões a respeito do iminente juízo que
lhes traria por mão dos Assírios. Cada visão a ser relatada é iniciada pela expressão “O
Senhor me fez ver”. São as visões de 7:1-3 (os gafanhotos); 7:4-6 (o fogo); 7:7-11 (o
prumo); 8:1-3 (o cesto de frutos) e 9:1-10 ( o Senhor junto ao altar).
Ao findar suas mensagens, o sacerdote e falso profeta Amazias com autorização
do rei Jeroboão II, expulsa Amós de Israel, mandando-o de volta à sua terra, Judá
(7:10-17).
Mas Amós encerra sei ministério ali, anunciando um tempo de restauração ao
final de tudo, é a mensagem messiânica de esperança (9:11-15). O dispersos de Israel
serão reunidos, Jerusalém será capital poderosa, haverá paz e prosperidade entre o
povo de Deus.
Oséias e Amós falam quase ao mesmo tempo, ao mesmo povo, mas com ênfases
distintas.
Oséias enfatiza o amor de Deus que foi traído pela idolatria, Amós enfatiza a
justiça de Deus que se fará sobre seu povo, o qual em nome de Deus, oprimia os
pobres.

c- DIVISÃO
O livro pode didáticamente se dividido em:
 Juízo contra as nações – cap.1 e 2
 Juízo contra Israel – cap.3-9:10
 A restauração de Israel – cap.9:11-15
Mas também de acordo com os três elementos que aparecem na mensagem
profética, segundo os apresentamos na introdução aos livros proféticos, podemos
dividir Amós em:
 Advertências contra o pecado – Juízo – cap.1; 4:11; 5:16 e 9:10 “Oprimis os
pobres e esmagais os necessitados”. “Levantarei contra vós uma nação que os
oprimirá.”
 Convite ao arrependimento – cap.4:12 e 5:15. “Buscai a Deus e vivei”.
 Revelação messiânica e escatológica – cap.9:11-15 “A Israel celestial”.
144

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro possui nove capítulos com 146 versículos tratando de:
1:1-2:3 Os pecados das nações inimigas
2:4 e 5 O pecado de Judá
2:5-16 Os pecados discurso contra Israel
3 O primeiro discurso contra Israel
4 O segundo discurso contra Israel
5:1-6:14 O terceiro discurso contra Israel
7-9:10 As cinco visões de Juízo
9:11-15 A restauração de Israel

d- COMENTÁRIOS
1 – O tempo histórico de Jeroboão de Uzias aparece relatado em II Rs.14:23-29 e II
Cr.26. Este tempo de paz prosperidade fez parecer loucura aos olhos do povo a
mensagem de juízo iminente trazida por Amós. A Assíria, em 722 a.C., entretanto fez
cumprir-se o juízo anunciado.

2 – A grande ênfase de Amós era contra a injustiça social, a exploração do pobre,


efetuada por um povo que trazia o nome de Deus: 2:6 e 7; 3:15; 5:11 e 12; 5:24; 6:3-7;
8:4-7. Ser povo de Deus não atenua responsabilidades, pelo contrário, as aumenta, e
não nos isenta de prestarmos conta de nossos erros (5:21-24 e 6:3-6).

3 – As visões de juízo de Amós são esclarecedoras:


 Não virá pela fome (7:3).
 Não virá pelo fogo (7:6).
 O juízo é inevitável contudo (7:8 e 9).
 O tempo do juízo é chegado, a nação está madura para ele, como os frutos
(8:2).
 O povo será disperso por toda a terra (9:9).

4 – Amós fala do “dia do Senhor” (5:18), como um dia de trevas. Para melhor
conhecimento desta expressão tão usada por alguns dos profetas, sugerimos a leitura
do COMENTÁRIO 3 no Profeta Joel.
145

4 - OBADIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Obadias, significa “servo de Jeová”
AUTOR – O autor é o profeta Obadias, contemporâneo de Jeremias.
DATA DA ESCRITA – Em torno de 586 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – A profecia é uma visão dada ao profeta, a respeito do futuro
reservado ao vizinho reino de Edom, nos dias da invasão e destruição de Jerusalém
através dos caldeus liderados por Nabucodonosor.
VERSO-CHAVE – 21 – “Salvadores hão de subir no monte Sião para julgarem o monte de
Esaú; e o reino será do Senhor”.

TEMA – O FIM DE EDOM

b- CONTEÚDO
Este livro é uma profecia de um só capítulo, é o menor livro do Velho Testamento.
Estamos no ano 586 a.C., o povo de Deus agora resumia-se ao reino de Judá,
pois o reino de Israel ao Norte havia sido dispersado pela Assíria em 722 a.C.. Apesar
das recentes advertências de Jeremias, o povo de Judá não muda seus maus
cominhos e é cercado e invadido pelos babilônicos, exército de Nabucodonosor.
Derrubam as muralhas, invadem as casas, saqueiam e seqüestram famílias, pisoteiam
crianças, matam pessoas, arrasam plantações, pilham bens, destroem o sagrado
templo do Senhor. Levam tudo e todos cativos para a Babilônia, deixando apenas
naquela terra desolada os aleijados, os loucos e os velhos. Jeremias fica entre eles
compondo suas Lamentações.
Nesta terrível invasão, os babilônicos contam com a inesperada ajuda do
pequeno vizinho de Judá, o inimigo reino de Edom.
Edom presenciou o cerco e ajudou a invasão (v.11), alegrando-se com isso (v.12),
colaborando na pilhagem (v.13 e 14) e na entrega dos fugitivos (Sl.137:7 e Lm.4:21).
Judá desolado, angustiado, triste, arruinado, enquanto em Edom havia alegria,
júbilo, orgulho, festa, sensação de vitória.
Neste contexto Deus levanta Obadias com um visão sobre o juízo de Deus vindo
contra Edom. Aquele comportamento enchera a taça da ira de Deus vindo contra
Edom. Aquele comportamento enchera a taça da ira do Senhor. “Assim diz o Senhor
Deus a respeito de Edom: Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és mui desprezado ...tu
serás exterminado para sempre ...” (2,10).
A rixa entre Edom e Judá era bem antiga e remonta e às origens dos povos, já que
Edom é descendência Esaú, e Judá é descendência de Jacó. Obadias tem em mente
esta história dos antepassados pois freqüentemente chama Esaú a Edom, e Jacó a
Judá (6, 8, 10, 17-19). Antes do evento de 586 a.C., muitas outras intrigas e guerras
entre eles já houvera: 1406 a.C. (Nm.20:14-21); 992 a.C. (II Sm.8:13); 860 a.C. (II Cr.20);
847 a.C. (II Cr.21:8); 845 a.C. (II Cr.21:16 e 17); 785 a.C. (II Cr.25:11 e 12); 735 a.C.
(II Cr.28:17).
Deus não suportava mais nada e Edom, em especial por causa da traição desta
hora. Edom era pequeno mas aparentemente inexpugnável, pois estava localizava
numa cadeia de montanhas e sua capital Sela (ou Petra) era inacessível como um
ninho de águia, sua única entrada era um desfiladeiro de dois quilômetros entre
penhascos de 200 metros de altura. Orgulhava-se de seus homens, eram valentes e
sábios.
Pois a mensagem de juízo do Senhor começa por desprezar toda esta arrogância
geográfica e humana (veja os versos 3, 4, 8 e 9), anunciando-lhes o juízo por mãos dos
seus próprios aliados (7) que lhe saqueariam mais do que necessitariam (5 e 6). Tal
146

ocorreu inicialmente pelos babilônicos cerca de cinco anos depois desta profecia, e
pelos árabes em torno de 70 A.D., a quem aliaram-se na destruição que os romanos
efetuaram sobre Jerusalém no mesmo ano 70 A.D..
O profeta termina fazendo um comparação surpreendentemente, diante do
contexto daquela hora, favorável à Judá e desfavorável a Edom.
O dia do Senhor virá e será dia de retribuição (15). O monte Sião, monte sagrado
de Judá, será monte de vitória, de libertação, e o monte Seir, monte de Edom, será
destruído.
A casa de Jacó será chama, fogo, e a casa de Esaú será cinzas, restolho (18).
Os agora desalojados terão suas terras, mas os atuais alegres edomitas deixarão
de existir e então o reino será de Senhor (19 a 21).

c- DIVISÃO
Podemos dividir o livro em duas partes:
 Juízo sobre Edom – vs.1-16
 Livramento de Sião – vs.17-21
Mas é possivel ainda, segundo os elementos contidos na mensagem profética,
dividir Obadias assim:
 Juízo – vs.1-16
 Revelação escatológica – vs.17-21
Obadias, assim como Habacuque, Jonas e Naum, são profecias dirigidas a povos
pagãos.

d- ESBOÇO DO LIVRO
Há um só capítulo com 21versículos, tratando de:
Vs.1-9 – Juízo contra o orgulho de Edom.
Vs.10-14 – Juízo pela violência contra Judá.
Vs.15 e 16 – O desaparecimento de Edom.
Vs.17-20 – A confirmação eterna de Israel.
Vs.21 – O reino universal do Senhor.

e- COMENTÁRIOS
1 – Não há unanimidade quanto à data de 586 a.C. para a profecia de Obadias. Grande
parte dos estudiosos acredita que esta invasão e pilhagem de Edom, é datada de 845
a.C., junto a invasão pelos filisteus, segundo descrição de II Cr.21:16 e 17.
Argumentam a este favor:
O livro está colocado no cânon, junto aos profetas mais antigos, dentre os profetas
menores.
Obadias não fala de um destruição completa e exílio.
Obadias é citado em Jr.49:7-22, o que o faz necessariamente anterior a Jeremias.
Nós contudo, nos posicionamos ao lado da maior parte dos estudiosos que situa
Obadias em 586 a.C..
2 – O início de toda esta rixa e desgraça foi um problema familiar na casa de servos de
Deus.
Jacó era o filho preferido de sua mãe Rebeca e Esaú o preferido do pai Isaque.
Além das preferências, há o agravante de que os pais deixam isto ser percebido e
tramaram em favor dos seus filhos. Leia com atenção os textos de Gn.25. 19-34 e
Gn.27
A ira e amargura fizeram morada no coração de Esaú, de tal forma que
contaminou toda a sua descendência. Leia Hb.12:15-17.
Até Herodes que era edomita ou idumeu, descendente portanto de Esaú,
perseguiu Jesus, ao tornar-se rei da Judéia, imposto ali pelo Império Romano.
Ódio não tratado enraíza-se, envenena, contamina e mata.
147

3 – Os fatos, a aparência visível das coisas, não são a única realidade para os que
crêem no Senhor.
Em 586 a.C. os fatos apontaram a desgraça, a destruição total, o desterro, o
cativeiro de Judá, e a vitória, o júbilo de Edom. Mas aquela não era a última palavra,
Deus anunciou por Obadias que Judá teria seu monte Sião de volta e possuiria suas
herdades, quanto a Edom seria banido da história eternamente.
Naquela hora tudo isto parecia loucura, mais era a palavra de Deus.
Tal se cumpriu e hoje nada mais de Edom se conhece.
A última palavra vem da boca de Senhor, pois os fatos espirituais (invisíveis) são tão
reais quanto os de concretude material (visíveis).

4 – Contemplar a desgraça era terrível para Obadias, porém mais terrível ainda era
contatar a aparente vitória do ímpio.
Deus contudo não é amoral ou omisso e vem anunciando a justiça. Veja Sl.73 e o
Sl.37.
Deus por vezes usa um temporária vitória do ímpio e fracasso do justo, com fins
didáticos e disciplinares. Veja: II Co.4:8-11, 17 e 18; Tg.1:2-4; Hb.12:11-23 e I Pe.1:6 e
7.
148

5 - JONAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Seu nome significa “pombo” e este é na verdade o melhor símbolo para o seu
ministério, levando uma mensagem de paz à Nínive, capital da Assíria.
AUTOR – O autor é próprio Jonas embora o livro esteja escrito na terceira pessoa.
 É um personagem verdadeiramente histórico, e não fictício ou simbólico.
 É filho de Amitai (1:1 e II Rs.14:25-27), morador de Gate-hefer, aldeia situada mais
ou menos a três quilômetros à nordeste de Nazaré, em Israel, reino do Norte.
DATA DA ESCRITA – Em torno de 770 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Jonas viveu e ministrou no tempo do rei Jeroboão II entre 790-
770, de acordo com II Rs.14:25. Falou-lhes da misericórdia de Deus para com eles e
que o Senhor lhes concederia prosperidade. Além de profetizar estas coisas ao povo
de Deus em Israel, Deus o levou a entregar uma mensagem de arrependimento e paz
à Nínive.
Provavelmente no seu retorno, ao final de seu ministério, ele escreveu este livro
como uma lição a Israel. É bom destacarmos que este livro foi escrito para o povo de
Deus, embora o seu conteúdo relate o ministério de Jonas em Nínive. Foi pensando em
seu povo, e nas lições que aqueles acontecimentos podiam lhes trazer que Jonas, pela
ordenança de Deus, escreveu sua história.
VERSO-CHAVE – 3:2 - “Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive, e proclama contra ela a
mensagem que eu te digo.”

TEMA – A MISERICÓRDIA DE DEUS


É uma rica ilustração no Velho Testamento ao texto de Atos 11:18.

b- CONTEÚDO
Nos dias do rei Jeroboão II havia paz e prosperidade política em Israel. Israel se
expandia e não se sentia ainda ameaçado pela Assíria, que era o grande império
mundial, e um inimigo potencial de todas as pequenas nações.
Jonas era profeta de Deus em Israel e falava bastante da misericórdia de Deus (II
Rs.14:25-27).
Chegou o momento de Deus testar a visão que Jonas tinha desta misericórdia, e
o envia a pregar arrependimento em Nínive, capital da Assíria, pois se eles não se
arrependessem Deus os destruiria. Jonas bem consciente da vontade de Deus,
objetiva e claramente apresentada, foge, provavelmente desejando que o juízo logo se
manifestasse contra o grande e terrível império Assírio. Uma visão estreita e
preconceituosa, de um Deus local e particular, que não ama e não tem planos para
mais ninguém que não Israel.
“Que me importa eles”? Deus se importa.
Fora da vontade de Deus o homem só desce, à Jope (1:3), ao navio, ao porão do
navio (1:5), ao fundo do mar (1:15) e ao ventre do grande peixe (1:17).
Lá, ele após 3 dias de reflexão, descobriu-se fugitivo de Deus e portanto
desgraçado. Clama por socorro e o peixe o devolveu à praia.
Deus não mudara de planos e o vocaciona com a mesma mensagem (3:2);
Jonas levantou-se e foi.
Sua mensagem era curta e simples, atravessando a enorme, bela, importante e
cosmopolita Nínive, com a frase: “Ainda quarenta dias e Nínive será subvertida”.
Era mesmo uma palavra de Deus, pois imediatamente toda a cidade converteu-se
desde o povo até as mais altas autoridades (cap.3). Deus não os destruiria mais.
Que bênção! Que milagre! Que sucesso! Era tudo o que um servo de Deus
gostaria um dia de ver acontecer através de sua vida!
149

Mas Jonas desgostou-se e ficou irado (4:1). “Eu sabia que és Deus clemente e
misericordioso!”. Só não sabia que Deus não era preconceituoso e de visão tão curta
quanto ele.
Enquanto ele resmungava, Deus fez subir uma planta que o abrigou com sua
sombra, e o alegrou sobremaneira (4:5 e 6), mas no dia seguinte mandou um verme
destruir toda a planta (4:7).
Novamente Jonas desgostou-se, porque a agradável plantinha que tanto lhe
servia, morreu precocemente. Deus completa sua lição, comparando seu sentimento
humano e imperfeito por uma plantinha, com a compaixão e misericórdia divinos por
todas as suas criaturas (4:8-11).
Um servo de Deus dever ter como objetivo de vida, alcançar os perdidos com a
mensagem da graça salvadora de Deus, mediante o arrependimento sincero.
Quaisquer que sejam os nomes, endereços ou aparências destes perdidos. A graça e o
juízo de Deus são para todos.

c- DIVISÃO
O livro é classicamente dividido segundo seus próprios quatro capítulos.
 Jonas fugindo – cap.1
 Jonas no peixe – cap.2
 Jonas pregando – cap.3
 Jonas exortado – cap.4

d- ESBOÇO DO LIVRO
O livro tem quatro capítulos com 48 versículos e seu esboço foi apresentado no item
anterior.

e- COMENTÁRIOS
1 – Jonas e Adão são os dois personagens bíblicos mais inverossímeis aos olhos
humanos naturais. Parecem ser alegorias e não história.
O que traz esta visão humana sobre o profeta Jonas é a riqueza de milagres
sobrenaturais que seu curto livro apresenta:

 A tempestade súbita por estar ele no navio fugindo de Deus.


 A tempestade que cessa ao ser ele arremetido ao mar.
 O grande peixe que o engole vivo.
 Sua permanência vivo no ventre do peixe por três dias.
 O grande peixe obedecendo às ordens de Deus.
 Ser devolvido vivo pelo peixe, e pronto a profetizar.
 A conversão da idólatra Nínive, em sua totalidade, mediante a palavra de um
desconhecido, de outra terra, com uma curta mensagem. Sua pregação não contou
com solos de hino ao fundo, músicas comoventes, e nem rica e convincente oratória.
 A planta cresce em um dia.
 O verme obediente que providencialmente come aquela planta em um dia.
No entanto Jonas é verdade histórica, personagem real da história de Israel (Jn.1:1
e II Rs.14:25). Deus é pródigo neste livro em milagres, porém isto apenas consulta a
sua vontade e seus propósitos, como Senhor dos céus e da terra.

2 - Jesus Cristo confirma a realidade histórica e a importância de Jonas, ao responder


aos escribas e fariseus que lhe pediram um sinal que avalisasse suas afirmações.
(Mt.12:38-40)
Aponta Jonas, figura reconhecida pelos sábios da lei de Israel, como um tipo seu,
dizendo que assim com Jonas esteve oculto três noites no ventre do peixe e de lá saiu
150

vivo, com mensagem de vida, assim também aconteceria com Ele após sua morte.
(Mt.16:4). Jonas é tão histórico quanto Salomão (Mt.12:41 e 42).

3 - Nínive era Capital do império Assírio, ficava a quase 1000 Km de Israel,


necessitando de uma viagem longa até lá, talvez cerca de três meses naquele tempo.
Era uma cidade rica, bela, idólatra, mantendo relações políticas e culturais com
muitas outras nações.
Estava cercada e protegida por várias muralhas, cujas alturas chegavam a 30
metros e cujas larguras permitiam que três carros, lado-a-lado andassem sobre elas.
Sua gente era sensual, promíscua e adúltera; seus exércitos, cruéis e
sanguinários.
Dizem alguns autores, que ajudou a conversão de Nínive o fato de que um dos
deuses adorados naquela cidade era o deus Dagom, meio homem meio peixe, e que
provavelmente acompanhava Jonas a informação de ter ele sido entregue àquela
terra, vivo de dentro de um grande peixe.

4 –É interessante o contraste entre os ministérios de Jonas e Jeremias.


Jonas, contra a sua própria vontade, pregou durante pouco tempo, uma
curtíssima mensagem, e toda a cidade ímpia de Nínive imediatamente se converteu.
Jeremias amando intensamente seu povo e ministério pregou, durante décadas,
uma insistente mensagem de arrependimento, e Israel não o escutou.

5 – a afirmação de 3:10, onde diz o texto que “Deus se arrependeu”, deve ser
entendida como uma figura de linguagem chamada “antropopatia”. É a atribuição a
Deus de sentimentos humanos.
Deus contudo é imutável em sua essência e em sua vontade, planos e propósitos
(Nm.23:19 e I Sm.15:29).
Deus julga com eqüidade e não os condenaria, tal como afirmou a Jonas.
É Jonas quem, ao verificar a misericórdia de Deus, afirma que o Senhor “mudaria
de idéia”, arrependendo-se de seus intentos.

6 – A tradição judaica afirma que Jonas era o filho da viúva de Sarepta, ressuscitado
por Elias. (I Rs.17:8-24). Não há provas bíblias disto, mas cronologicamente isto seria
possível.
151

6- MIQUÉIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Miquéias significa “Quem é semelhante a Jeová ?” – expressão que
curiosamente aparece em Mq.7:18
AUTOR – O profeta Miquéias o seu autor, morador da cidadela interiorana de
Morastite, a 320 Km sudoeste de Jerusalém, na fronteira com a Filístia.
Era contemporâneo de Oséias e Isaías.
Isaías pregava em Jerusalém, capital de Judá, entre os nobres e palacianos.
Oséias pregava ao Norte, em Israel e Miquéias entre o povo do Sul, porém sua
mensagem dirigia-se tanto ao Norte (Israel) quanto ao sul (Judá).
DATA DA ESCRITA – Provavelmente entre 730 – 725 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – No verso um primeiro capítulo, o profeta informa que seu
ministério se deu durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, reino
onde morava. Este período compreende aproximadamente 750-700 a.C..
Com certeza ele, assim como Isaías, presenciou a invasão Assíria e a destruição
do reino do Norte em 722 a.C., mas nada sobre isto é dito em sua profecia, pelo
contrário, ele ainda está advertindo o povo, e Samaria (capital do reino de Israel) a
respeito de seus pecados. Por esta causa cremos que sua profecia neste livro situa-se
um pouco antes do ano 722 a.C..
Por ser contemporâneo de Oséias e Isaías, e ter recentemente findado o
ministério profético de Amós, sugerimos a leitura dos conteúdos referentes a estes
livros, para melhor compreensão do contexto em que Miquéias profetiza.
VERSO-CHAVE – 6:8 – “Ele te declarou ó homem, o que é bom; e que é que o Senhor pede
de ti, senão que pratiques a justiça e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu
Deus?”

TEMA – O JULGAMENTO DE UMA LIDERANÇA CORROMPIDA

b- CONTEÚDO
Miquéias vive e profetiza no reino do sul, em Judá, mas sua mensagem se dirige
a ambos os reinos que viviam momentos semelhantes, Samaria capital de Israel e
Jerusalém capital de Judá.
Idolatria, prostituição, religiosidade hipócrita, e sobretudo opressão aos pobres
por graves injustiças sociais promovidas pelos líderes políticos e religiosos (2:1).
Deus não admite pecado de ninguém, sobretudo dos poderosos que oprimem os
pobres, daqueles que receberam autoridade e poder, para dirigir e decidir, no entanto
prevaricam em seus ministérios.
Miquéias é homem humilde, do povo, de formação não tão nobre, culta e
palaciana quanto Isaías, e talvez por isto, embora contemporâneos, notemos
diferenças em suas mensagens.
Isaías fala sobre os inimigos externos de Judá, estendendo a eles a palavra de
juízo e condenando alianças políticas que contrariam o Senhor. Miquéias no entanto
desenvolve com obstinada objetividade uma palavra direta aos líderes de Judá e
Israel, condenando as injustiças sociais e os pecados pessoais que trariam iminentes
juízos sobre ambos os reinos.
Miquéias e Isaías, ao lado de suas palavras de juízo, anunciaram a vinda futura
do Messias, o qual, no dizer de Miquéias, trará paz (5:5).
A lista de pecados condenados por Deus, segundo Miquéias era longa (2:1-3; 2:9
e 11; 3:1-3; 3:9-11; 7:2-7). O reino do Norte já estava condenado e sem possibilidade
de cura (1:9), seu juízo, poucos anos depois, veio por mãos assírias. Esta
152

contaminação atingira Judá (1:9), a qual seria levada para a Babilônia (4:10). A profecia
é dada mais de 140 anos antes de que tal fato viesse a acontecer.
Os falsos profetas recriminavam Miquéias, dizendo:
“Não fale bobagens Miquéias” (2:6), mas ele respondia: “eu estou cheio do poder do
Espírito do Senhor” (3:8). “Tanto Samaria quanto Jerusalém serão destruídas e
reduzidas a um montão de pedras” (1:6 e 7 e 3:12).
Miquéias chamava o povo a um diálogo com Deus. Se eles não aceitavam que
eram pescadores, que se apresentassem ante Deus, o Juiz, e defendessem a causa
(1:2; 5:1; 6:1-8).
Deus é misericordioso, um justo juiz, e os convida a uma sincera e verdadeira
conversão (6:8; 7:18 e 19). Completa sua mensagem com o anúncio da vinda do
Messias (5:2-5) o qual implantará um reino de paz e justiça sobre aqueles de Israel que
permanecessem fiéis ao Senhor (2:12; 4:7; 5:7; 7:20).

c- DIVISÃO –
Podemos dividir a profecia de Miquéias em três partes, seguindo suas naturais
três seções, todas iniciadas pela conclamação: ouvi!, e encerradas por promessas:
 Ouvi, todos os povos – 1:2-2:13. Trata-se dos pecados de Israel e Judá e anuncia
por fim a promessa de livramento – 2:12 e 13
 Ouvi, líderes – 3:1-5:15 Trata dos pecados sobretudo da liderança corrupta; anuncia
o Messias.
 Ouvi, montes – 6:1 e 2-7:20 Chama o povo para um confronto judicial, onde o fórum
seria a própria criação e anuncia por fim a restauração ao remanescente fiel.
Outra forma de dividirmos o livro, como temos feito com todos os livros proféticos, é
segundo os elementos contidos na mensagem profética.
 Advertências quanto ao pecado – Juízo-caps.1 a 3 “Injustiças Sociais”
 Revelações messiânicas e escatológicas – caps.4 e 5 “De ti me sairá o que há de
reinar”
 Convite ao arrependimento – caps.6 e 7 “Um tribunal divino”

D- ESBOÇO DO LIVRO –
O livro possui sete capítulos em 115 versículos, tratando de:
1 Ameaças contra Israel e Judá.
2:1-11 Condenação aos poderosos e falsos profetas.
2:12 e 13 Promessas para o remanescente fiel.
3 Condenação aos líderes
4 O chamamento dos gentios
5 A vinda do Messias
6-7:7 Juízo contra Israel
7:8-20 A misericórdia do Senhor

E- COMENTÁRIOS
1 – Certa vez, uma profecia de Miquéias salva o profeta Jeremias (Jr.26:10-19).

2 – É linda a verdade de que Deus bane de sua presença para sempre os nossos
pecados confessados e deixados, lançando-os no fundo do mar (7:18 e 19).

3 – Miquéias nos ensina que Deus não se deixa enganar por uma religiosidade de
aparências, e nem requer de nós algo complexo e misterioso, mas:
 Vida prática, justa, coerente com a justiça Dele.
 Coração amoroso, compassivo e misericordioso no trato com o semelhante.
 Convivência e relacionamento, em humildade, diário com Deus. É a explicação do
texto 6:8.
153

4 – É Miquéias que anuncia a cidade natal do Messias, servindo de bússola aos magos
do Oriente para encontrarem e adorarem o Senhor Jesus (5:2 e Mt.2:6).

5 – Aproveitar-se do poder, em qualquer uma de suas formas, para subjugar, injustiçar


e oprimir o pobre é trazer sobre si a ira do Senhor. É a síntese mais objetiva da
profecia de Miquéias.
É interessante o reforço desta lição com o anúncio Messiânico de que viria Ele de
Belém, cidade pequena e aparentemente fraca (5:2).
154

7 - NAUM
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Naum significa “alívio”, “conforto”.
Como entender isto se a ênfase de sua mensagem é de juízo e destruição para
Nínive?
Veja: 1 :12 e 13. A destruição da Assíria, traria alívio e conforto para Judá.
AUTOR – É o próprio Naum, chamado “o elcosíta”. Contemporâneo de Jeremias,
Sofonias e talvez de Habacuque.
Naum devia ser natural de Galiléia, de uma cidadela posteriormente chamada
“Cafarnaum” (cidade de Naum ), e de lá fugido para Elcós que fica no sul de Judá, isto
por ocasião da invasão e destruição Assíria ao Reino de Norte. (722 a.C.).
DATA DA ESCRITA – Como não há datas marcadas na profecia de Naum, há grande
dificuldade de precisarmos a data de sua escrita. Cada autor traz uma informação
diferente sobre a data da escrita de Naum.
Podemos no entanto estimá-la da seguinte forma:
A profecia fala da futura destruição de Nínive, que se deu o ano 612 a.C., pelos medos
e babilônicos.
Cita como exemplo o saque de Tebas, ou Nô-Amon, pelos próprios assírios (3:8-10),
acontecidos entre 661-663 a.C..
Há na profecia um espírito de animação e festa, aparentemente verificado também em
Judá. Talvez isto se deva ao avivamento produzido pelo rei Josias quando o livro da
lei foi encontrado (621 a.C.)
Veja Na.1:15 e II Rs.22 e 23. Concluímos que a data deve estar entre 663 a.C. e 612
a.C., talvez próxima a 620 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Como vimos acima a profecia, provavelmente está se dando em
torno de 620 a.C., e seu cumprimento, ou seja, a destruição da cidade de Ninive, se
deu por mãos dos medos e babilônios em 612 a.C., após uma enchente que destruiu
as muralhas que a cercavam. (1:8 e 2:6 e 8)

VERSO-CHAVE – 3:7 – “Há de ser que todos os que te virem fugirão de ti e dirão:
Nínive está destruída; quem terá compaixão dela? De onde buscarei os que te consolem ?”

TEMA – A REVELAÇÃO DA JUSTIÇA DE DEUS.


Nínive nos dá na Bíblia a oportunidade de conhecermos dois maravilhosos
atributos de Deus. Jonas é uma revelação da Sua Misericórdia, e Naum, da Sua
Justiça.

B- CONTEÚDO
A Assíria era o grande império mundial, expansão esta realizada através de
invasões, saques destruição cruel e sanguinário, corrupção e exploração das terras
ocupadas.
Pelo seu poderio militar, pela sua história e pela fortaleza quase e inexpugnável
de sua capital Nínive, a Assíria julgava-se invencível e indestrutível. Desafiava,
enfrentava e vencia todos os pequenos povos que queria.
Após destruir o reino do Norte em 722 a.C., rumava para o sul, e significava
constante ameaça para o povo de Judá.
A Assíria e Nínive eram sinônimos de poderio, violência, crueldade, corrupção,
luxúria, auto-suficiência, impiedade e paganismo.
Naum então é levantada por Deus com uma mensagem clara e objetiva que
anunciava o fim de Nínive, e o fazia de uma forma tão viva, tão bela, tão dinâmica, tão
155

descritiva, tão detalhada, que seus ouvintes e nós seus leitores parecemos estar
presenciando os eventos.
Há poucos ensinos teológicos, morais ou religiosos em Naum, não há mensagens
exortando Judá, mas é o anúncio de um grande momento onde a justiça de Deus se
revela intervindo na história, e este é um dos tributos mais belos e fundamentais (se é
que podemos dizer assim) do Senhor.
Fica claro que há dois pecados condenados: o violento uso do seu poderio militar
(2:8-13); a corrupção e o comércio sem escrúpulos (3:1-5).
Naum dirige-se a Nínive inicialmente e apresenta a sentença proveniente do
tribunal do Senhor, Deus de Israel e Senhor do Universo. (1:1)
O Juiz é apresentado em todo o primeiro capítulo, como um Deus soberano,
zeloso, vingador, reto, longânimo e misericordioso (Nínive já provara isto com o
ministério de Jonas), mas que não inocenta o culpado.
A seguir, após apresentar o juiz, Naum apresenta a sentença e descreve o seu
cumprimento. O juízo viria por mãos dos medos (exércitos vermelho, 2:3) e babilônicos,
após inundação que destruiria parte das inexpugnáveis muralhas (2:6). O Leão feroz
(símbolo dos Assírios), fugiria atônito e apavorado. (2:11-13; 2:4, 5, 7-10). Há ironia em
Naum, o que agrava a própria dor do juízo (2:1 e 3:5, 12-15), mas este era definitivo
(3:19).
Uma fama, um império, com terror construído ao longo de séculos, dava à Assíria,
ante o mundo, a imagem de alguém que simbolizava onipotência, injustiça, maldade e
invencibilidade, até que o único e verdadeiro Senhor dos céus e terra, o Santo e Justo
Juiz, Soberano Deus, bate o martelo em seu tribunal e decreta a chegada de seu
tempo do fim.

C- DIVISÃO –
Didaticamente poderíamos dividir o livro em duas partes:
 O Senhor é Justo Juiz – cap.1
 O Justo Juízo do Senhor – caps.2 e 3.

D- ESBOÇO DO LIVRO –
O possui três capítulos com 47 versículos tratando de:
 Deus é o Juiz.
 O cerco e a tomada de Nínive.
 A completa ruína de Nínive.

-E COMENTÁRIOS
1 – A Assíria foi por cerca de 500 anos um dos maiores impérios do mundo antigo, e
um terrível flagelo para as pequenas nações. É considerado por muitos, o mais
poderoso e implacável inimigo que o povo de Deus já teve.
Ela aparece citada em dez dos livros dos profetas do V.T., sempre advertida ou
condenada por impiedade.
Nínive era cidade fortaleza, cercada por muralhas de 100 Km de circunferência e
30 metros de altura com largura suficiente para três carros andassem lado a lado sobre
elas.
Havia ainda um fosso de 40 metros de largura por 30 metros de profundidade
guarnecendo as muralhas.

2 – Os últimos três reis conhecidos da Assíria foram:


 Senaqueribe – o qual afirmou após chegar de uma de suas cruéis jornadas: “Varri
esta terra como um furacão, devastei 34 cidades queimando-as com fogo, a fumaça
delas obscureceu o céu”. É o personagem de graves momentos de cerco e opressão
ao povo de Judá em I Rs.18:13-37 e 19:1-20.
156

 Esar – Hadom – Deus refere-se a ele em Is.19:4, com “um senhor duro, um rei
feroz”.
 Assurbanipal – declarou que rasgou os lábios e as mãos dos reis inimigos, pondo
arreios em três reis capturados, obrigando-os a puxar seu carro de guerra.

3 – A alegria e o júbilo de Naum ante a destruição de Nínive não eram apenas fruto da
contemplação da derrota de um aterrorizante inimigo, mas sobretudo fruto de vitória da
Santidade de Deus Todo-poderoso.
O profeta não era apenas um nacionalista vingativo, mas alguém comprometido
com causa do seu Senhor cuja santidade e justiça ansiava ver vitoriosa sobre a tirania
desumana de um reino pagão que pisoteava brutalmente as nações súbitas e se
ufanava de sua crueldade.
Naum podia, pelo Espírito Santo, discernir que aquele castigo era operação da
justiça de Deus.

4 – O profeta Joel, ao contemplar a devastação produzido pela praga de gafanhotos na


terra de Judá, anuncia profeticamente a invasão Assíria ao Reino do Norte, fato que
efetivamente aconteceu no ano 722 a.C..
Há uma correlação de figuras entre os gafanhotos, insetos reais, e o exército de
homens assírios, tão devastadores quanto os gafanhotos.
Contudo, Joel os apresenta também com leões, simbolizando o exército Assírio.
Veja Joel 1:4-7; 2:4-8 e 20.
Agora Naum ao dirigir-se ao povo Assírio novamente usa a linguagem figurada,
chamando-os de gafanhotos (3:15-17), embora sabendo-os representados pelo leão
(2:11-13).

5 – Ainda que a conversão tivesse vindo sobre Nínive quando Jonas ali esteve
(Jn.3:10), ela não permaneceu, e cerca de 150 anos depois chega esta palavra de
juízo.
Deus lhes assegura que não haverá deles descendência (Na.1:14), e a verdade é
que Nínive hoje é só ruínas.
Quando Alexandre o Grande esteve ali perto em 331 a.C., nem sabia que houvera
ali um cidade, tal a ausência de vestígios.

6 – Naum e Obadias são dois livros proféticos, cujas mensagens exclusivamente


dirigem juízo a povos pagãos.
157

8 - HABACUQUE
a- AUTORIA E DATAÇÃO

NOME – Habacuque significa “abraçar” ou “abraçado”.

AUTOR – É o profeta Habacuque (1:1 e 3:1), contemporâneo de Jeremias e Obadias


(talvez também de Naum).

DATA DA ESCRITA – Aproximadamente 607 a.C..

TEMPO DA AÇÃO – Habacuque está assustado com a proximidade dos caldeus e


suas ascensão militar (1:6). É um tempo de violência e graves pecados em Judá. (1:2-
4). Não há nenhuma referência aos Assírios, mas juízo também é anunciado contra os
caldeus (2:6-20). Historicamente falando, os caldeus (Babilônicos ) haviam destruídos
Nínive, a capital da Assíria em 612 a.C.. Por volta do ano 609 a.C., o rei Josias, de
Judá, é morto e grave conturbação política, social e espiritual isto causou em Judá.
No ano 605a.C. a Babilônia marchou sobre Jerusalém e cercou o reino de Judá.
Habacuque deve estar presenciando tudo isto e sua profecia, está certamente entre
605 e 609 a.C., ou talvez no tempo de próprio cerco.

VERSO-CHAVE – 2:4 “...mas o justo viverá pela fé.”

TEMA – O “OUT-DOOR” DIVINO: O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ.

B- CONTEÚDO
A Assíria caíra ante a Babilônia em 612 a.C., o Egito fora derrotado pela mesma
Babilônia em 605 a.C., e agora o rei Nabucodonosor marchava para cercar o povo de
Deus em Judá.
Internamente, os problemas não eram menores, Josias morrera, suas reformas e
avivamento não atingiram efeitos profundos e prolongados, e o iníquo rei, Jeoaquim
assumira o trono (II Rs.23:31-24:9). Judá estava às voltas com graves pecados sociais
e espirituais.
Jeremias profetizava sem ser ouvido. A derrota do reino do Norte, subjugado pela
Assíria (também por causa de pecados)120 anos antes, em nada convencera o reino
do Sul a rever seu comportamento.
Em meio a tudo isto o profeta Habacuque ergue-se orando e dialogando com o
Senhor. Faz perguntas difíceis e espera respostas.
Não conseguia conciliar sua fé com os fatos que presenciava.
Por que Deus não ouvia aos seus clamores? (1:2)
Violência, injustiça, idolatria em Judá, sem intervenção divina?
Deus lhe respondeu dizendo que agia e agiria de uma forma tão maravilhosa, que
eles não creriam ao lhes ser contado (1:5). Deus estava trazendo os caldeus sobre eles
como manifestação de juízo (1:6). Esta resposta perturba ainda mais o profeta.
Por que Deus, santo, usa instrumentos iníquos? (1:12 e 13)
Pôs-se a guardar respostas. (2:1)
Deus é o Senhor do universo, e dispõe, e usa, quem quer, como quer, para o fim
que desejar. Os caldeus também teriam o seu juízo. O ímpio não prosperará para
sempre, e quanto ao justo, este viverá pela fé. (2:2-20)
O justo não vive pelo que vê, não se pauta pela aparência das coisas, não tem
também em suas mãos o poder de decidir e solucionar seus problemas, sobretudo
precisa andar e viver pela fé no Senhor, seu criador, mantenedor e salvador.
158

Habacuque entende as respostas e ora contando, (ou conta orando?). Deus é o


Senhor do Universo e faz cumprir os seus propósitos. O justo confia, espera, pela fé,
na salvação do Senhor (3:13). A passageira luta, a momentânea dificuldade, não
podem abater aquele que faz do Senhor sua fortaleza (3:17-19).

C- DIVISÃO
Podemos dividir a profecia de Habacuque em cinco partes:
 A primeira pergunta do profeta –1:1-4
 A primeira resposta de Deus –1:5-11
 A segunda pergunta do profeta 1:12-17
 A segunda resposta de Deus –capítulo 2
 A oração de Habacuque. –capítulo 3.

D- ESBOÇO DO LIVRO
O livro tem três capítulos com 56 versículos, e os assuntos tratados aparecem
esboçados no item DIVISÃO.

E- COMENTÁRIOS
1 – O juízo sobre os caldeus, anunciado por Habacuque cumpre-se aproximadamente
70 anos depois, através dos medos e persas (539 a.C.).

2 – Naum e Habacuque são seqüenciados em nosso cânon; anunciam juízo final para
os dois maiores impérios mundiais de então os quais foram executores do juízo de
Deus sobre o seu próprio povo.
A Assíria trouxe sobre Israel, o reino do Norte, em 722 a.C. e Naum anuncia o seu
fim.
A Babilônia trouxe juízo sobre Judá, o reino do sul, em 605 a.C., 597 a.C., e por
fim 586 a.C.
Habacuque profetiza juízo sobre eles.

3 – O verso chave deste livro, 2:4, é “o justo viverá pela fé”. Ele foi citado por Paulo em
sua doutrina de justificação nas cartas aos Romanos (1:17), aos Gálatas (3:11); e pelo
autor da carta aos Hebreus (10:38). Neste texto também, Lutero encontrou inspiração
para a Reforma Protestante.

4 – Textos belíssimos de Habacuque são: 1:5; 1:12 e 13; 2:1,2 e 4; 2:14; 2:20; 3:2;
3:17-19.
159

9 - SOFONIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Sofonias que dizer “Jeová guardou” ou “Jeová escondeu”, e em meio a
palavras fortíssimas de juízo e condenação, Deus anuncia ter guardado para si um
remanescente fiel (3:12, 13 e 15).
AUTOR – É o profeta Sofonias, trineto do rei Ezequias, vivendo e ministrando ao tempo
do bom rei Josias (1:1).
É contemporâneo de Jeremias e Naum.
DATA DA ESCRITA – Entre 630 – 625 a.C..
TEMPO DA AÇÃO – Sofonias é profeta durante o reinado de Josias, que reinou entre
639-609 a.C.. Dois fatos nos ajudam a estimar aproximadamente a data de sua
mensagem:
Anuncia um futuro juízo contra Nínive, tal como Naum (2:13-15). Este juízo aconteceu
em 612 a.C..
Faz ameaças contra os pecados de Judá, e sabemos que houve um reavivamento
durante o reinado de Josias, logo após ser reencontrado o livro da lei do Senhor, na
reforma do templo (II Rs.22 e 23-621 a.C.).
Assim Sofonias deve estar profetizando logo no início do reinado de Josias, em
seqüência aos péssimos e pecaminosos reinados dos antecessores Manassés e
Amom.
VERSO-CHAVE – 1:14 – “Está perto o grande dia do Senhor, está perto e muito se apressa .
Atenção o dia do Senhor é amargo e nele clama até o homem poderoso.”

TEMA – JUÍZO CONTRA A APOSTASIA: ESTÁ PERTO O DIA DO SENHOR

B- CONTEÚDO
Sofonias se levanta num dos períodos mais negros da história de Judá.
Israel, ao Norte, havia sido dizimado pela Assíria por causa de seus pecados, há
quase 100 anos.
Isaías e Miquéias já haviam se calado há 70. Mas nada fizera o reino de Judá
demover-se de seus maus caminhos estes precipitados ainda mais pelos seus maus
caminhos, caminhos estes precipitados ainda mais pelos seus dois últimos reis, os
piores reis de Judá, Manassés e Amom.
Idolatria, sincretismo religioso, sacrifícios infantis a Moloque, prostituição,
opressão aos pobres, falsos profetas, sacerdotes ladrões, e tudo o de pior que se
possa pensar.
Tudo isso se reflete na mais dura e objetiva profecia de juízo dos profetas
menores, a de Sofonias. Veja o capítulo 1 e o 3:1-7.
Sofonias anuncia, tal como Joel, a vinda do “dia do Senhor” (1:7, 14; 2:2). Dia de
juízo, de angústia e desolação. De uma certa forma seria o dia da invasão babilônica,
será o dia da grande tribulação, será o dia do juízo final.
O juízo de Senhor não virá apenas sobre o seu povo, mas entender-se-á aos
vizinhos pagãos também (cap.2).
No que se refere à Nínive, suas palavras assemelham-se à profecias de Naum
(2:13-15 e Na.2:10; 3:19).
Faz um convite ao concerto com Deus, valendo-se do recurso do significado de
seu nome “Jeová escondeu” (2:3).
Conclui sua mensagem profetizando a restauração futura de Israel. O
remanescente voltará a Sião, e a beleza das palavras parece não limitá-las aos
sobreviventes do cativeiro babilônico, à Israel final que terá Cristo sobre seu trono
160

reinando em grande glória (3:8-20). Leia este trecho e veja a beleza das suas palavras
e promessas.
Veja também Romanos 11:15 e Isaías 1:9.

C- DIVISÃO –
Podemos didaticamente dividir o livro de Sofonias em três partes, segundo os três
elementos que aparecem na mensagem dos profetas menores:
 Advertência quanto ao pecado – Juízo- cap.1-3:7 “Contra Judá e seus inimigos”
 Convite ao arrependimento –2:1-3 “Buscai o Senhor”
 Revelação escatológica –3:8-20 “A Israel eterna”

D- ESBOÇO DO LIVRO –
O livro possui três capítulos, com 53 versículos tratando de:
1 Ameaças contra Judá e Jerusalém.
2 Ameaças contra os inimigos de Judá.
3:1-7 Novas ameaças contra Jerusalém
3:8-20 A salvação final de Jerusalém

E- COMENTÁRIOS
1 – Sofonias é como Joel, o profeta do “dia do Senhor”. Esta expressão aparece
algumas vezes também em outros profetas e refere-se a um tempo especial na
economia divina, em que Ele mais nitidamente assume o governo do mundo e faz
revelar sua glória, seu poder, sua soberania e seu juízo.
É contemporaneamente, o dia em que o Senhor manifesta seu juízo local como
foi o da Assíria sobre o Reino de Israel, e o da Babilônia sobre o Reino de Judá.
Mas escatologicamente é, segundo alguns estudiosos, o dia da Grande
Tribulação e do reinado milenar de Cristo. Para outros, será o dia do Juízo final.
Veja o COMENTÁRIO 3 do Profeta Joel.

2 – Sofonias revela a ira do Senhor contra os pecados daS falsas expressões de culto
e religiosidade.
 Adoradores de Baal (1:4)
 Adoradores de astros e estrelas (1:5)
 Sincretistas (1:5)
 Indiferentes, embora chamem-se povo de Deus (1:6)
 Os que julgam Deus fraco ou indiferente (1:12)

3 – Sofonias e Jeremias certamente foram inspiradores, com suas mensagens, às


grandes reformas religiosas e avivamento promovidos pelo jovem rei Josias, que
violenta, e decididamente arremeteu contra a idolatria em seu reino (II Rs.23:4-27).

4 – Sofonias profetizou a conversão dos gentios e a possibilidade de Deus


ser adorado em qualquer lugar, e não semente em Jerusalém, como criam
os judeus (2:11 e 3:9).
161

10 - AGEU
a- AUTORIA E DATAÇÃO

NOME – Ageu significa “festivo” ou “minha festa”.


Seu nome deve estar ligado ao fato de ter nascido no dia de alguma festa dos judeus,
ou ao seu ministério que constou de estimular o povo a terminar a reconstrução do
templo e reiniciar a celebração das festividades dos judeus.

AUTOR – É o profeta Ageu (1:1).


Aparece várias vezes em seu próprio livro como o mensageiro de Deus (1:1, 3, 12
13; 2:1, 10, 13, 14 e 20), também em Esdras 5:1 e 6:14.
A tradição afirma ter ele nascido na Babilônia durante o cativeiro, e veio para
Jerusalém após o retorno da primeira leva de judeus (537 a.C.), pois seu nome não
aparece na lista de Esdras 2.
Era contemporâneo de Zacarias.

DATA DA ESCRITA – Sua mensagem aparece bem datada (1:1, 2:1, 2:10 e 20), e seu
ministério se dá no segundo ano do rei Dario Histaspes, rei da Pérsia.
Portanto no ano 520 a.C..

TEMPO DA AÇÃO – Após o decreto de libertação promulgado por Ciro em 537 a.C., a
primeira leva de judeus retorna sob a liderança de Zorobabel, governador nomeado
para Jerusalém (Esdras 2 e 3). Eles então iniciam a reconstrução do templo.
Esta reconstrução é interrompida (534 a.C.) pela ação ameaçadora dos
samaritanos, os quais conseguem a chancela oficial para este impedimento, com o rei
Cambises (529-522 a.C.).
Dario Histaspes sobe ao trono em 521 a.C., e só então o templo recomeça a ser
reconstruído, com a interveniência de Ageu e Zacarias (Esdras 5:1 e 2, e Ageu 1:14 e
15)
A ação profética de Ageu vai de 1 de Setembro a 24 de Dezembro de 520 a.C..

VERSO-CHAVE – 1:4 –“Acaso é tempo de habitardes vós em casa apaineladas, enquanto


esta casa permanece em ruínas?”

TEMA – A RECONTRUÇÃO DO TEMPLO

B- CONTEÚDO
A primeira leva do povo de Deus que volta do cativeiro, sob o comando do
governador Zorobabel e do sumo-sacerdote Josué, contava apenas com cerca de 42
mil homens. Eram pobres e logo após iniciarem a reconstrução do templo com o
lançamento de seus alicerces, sofreram oposição dos samaritanos. A resistência a esta
oposição foi pequena, e seguiu-se a esta parada um desânimo completo, diante de
toda sorte de dificuldades que encontravam.
Voltaram-se imediatamente então para seus interesses pessoais, em plantar,
colher e construir suas próprias casas. Nisto investindo cerca de 14 anos (534-520
a.C.).
A princípio Deus os advertiu do pecado da negligência para com sua casa através
de secas, más colheitas e toda sorte de dificuldades econômicas (Ag.1:2-11), mas eles
não entenderam a mensagem, necessitando que o profeta fosse levantado com uma
palavra de advertência, exortação e estímulo (Ag.1:12).
Era tempo de reconstruir totalmente o templo do Senhor.
162

Cerca de um mês e meio depois (1:1 e 2:1), o Senhor vota a falar ao povo e aos
líderes através do profeta Ageu. A causa desta nova mensagem era o fato de que a
reconstrução pobre do segundo templo chocava, entristecia, desanimava aqueles que
conheceram a majestade, riqueza, beleza e glória do primeiro templo erguido por
Salomão. (ver. Ed.3:8-13).
O estímulo que o Senhor lhes dava era que não somente Ele estava entre eles
(Ag.2:5), como a glória do Senhor, o “desejado das nações” estaria naquela casa,
proféticamente anunciado o Messias, o Senhor Jesus, como um dos freqüentadores
daquele segundo templo.(Ag.2:7-9)
Após três meses e meio de reinicio da reconstrução do templo o Senhor volta a
falar-lhe, e a mostrar-lhes que a impureza do povo e o pecado do abandono da casa do
Senhor, eram causadores de juízo de Deus sobre eles (Ag.2:10-19). Mas a partir da
retomada, do novo ânimo, da priorização às coisas do Senhor, então o Senhor estava
com eles. (Ag.2:19).
Neste mesmo dia, Ageu entrega um mensagem ao governador Zorobabel,
príncipe de Judá, pois era neto do rei Joaquim (ou Jeconias) que fora levado cativo por
Nabucodonosor (II Rs.24:10-12). Deus abalará os tronos dos reinos gentios (Ag.2:21 e
22), e faz-lhe uma promessa: “Serás como um anel de selar”. Sinal de autoridade e
reconhecimento. Seu avô, descendente de Davi, o rei Joaquim (Jeconias) havia sido
amaldiçoado por Deus, mas agora, na preservação da linhagem davídica, para a vinda
do Messias, Zorobabel estava sendo restaurado e abençoado por Deus. Veja: Jeremias
22:24-30, Mt.1:11 e 12.

C- DIVISÃO –
Há duas mensagens de exortação e advertência e três mensagens de ânimo e
fortalecimento, poderíamos portanto dividir didaticamente o livro assim:
 A primeira mensagem de exortação – cap.1:1-11
 A primeira mensagem de fortalecimento – cap.1:12-15
 A segunda mensagem de fortalecimento – cap.2:1-9
 A segunda mensagem de exortação – cap.2:10-19
 A terceira mensagem de fortalecimento – cap.2:20-23.

D- ESBOÇO DO LIVRO –
O livro possui dois capítulos com 38 versículos, e aparece esboçado segundo
seus assuntos no item anterior.

E- COMENTÁRIOS
1 – Ageu é o segundo menor livro do Velho Testamento, só maior que Obadias.

2 – Ageu e seu contemporâneo Zacarias profetizam logo após o retorno do cativeiro.


Ageu tem seu ministério bem curto, só quatro meses, enquanto Zacarias profetiza por
cerca de três anos.
As mensagens de Ageu são curtas mas poderosas, freqüentemente reforçados pela
esclarecedora confissão de que suas palavras eram um “assim diz o Senhor” (26 vezes
nos seus 38 versículos).

3 – Embora a prata e o ouro pertençam ao Senhor (Ag.2:8), este segundo templo era,
materialmente, infinitamente mais pobre que o primeiro templo construído por Salomão.
No entanto a glória desta segunda casa seria maior porque “as coisas preciosas”
ou numa melhor tradução, “o desejado das nações” (Ag.2:7) estaria dentro
daquele templo.
163

11 - ZACARIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Zacarias significa “Jeová se lembra”. Sua mensagem para um povo
desanimado ante tantas dificuldades é a de que o Senhor se lembra de seu povo e das
promessas maravilhosas que fez para Israel.
AUTOR – Zacarias é o autor de seu livro profético. É sacerdote, filho do sacerdote
Baraquias e neto do sacerdote Ido. Eles foram como sacerdotes, os maiores
incentivadores da primeira leva que retornou à Jerusalém, do cativeiro babilônico, sob a
liderança do governador Zorobabel. (Ne.12:4 e 16).
Era jovem, nascido na Babilônia, e contemporâneo do velho profeta Ageu.

DATA DA ESCRITA – A maioria dos capítulos proféticos aparece datada, exceto os


seis últimos, e assim podemos estimar a data da escrita entre 520 e 480 a.C..
Veja: 1:1 – 1º de Novembro de 520 a.C.
1:7 – 24 de Fevereiro de 519 a.C.
7:1 – 4 de Dezembro de 518 a.C.
9:13 – aproximadamente 480 a.C. quando a Grécia tornou-se o grande império
mundial.
TEMPO DA AÇÃO – Zacarias é contemporâneo de heróis bíblicos pós exílios como
Ageu, Esdras, Neemias, o governador Zorobabel e o sumo sacerdote Josué.
Seu ministério é mais longo que o de Ageu, mas inicialmente profetizam
concomitantemente, estimulando o povo a enfrentar as dificuldades que os
desanimavam na obra de reconstrução do templo. (Ed.4:24 e 5:1; 6:14)
O templo foi terminado em 3 de março de 516 a.C. (Ed.6:14 e 15).
Este ministério junto ao templo, nitidamente termina no capítulo oito de Zacarias.
A partir do capítulo nove, Zacarias não data mais suas profecias mas elas tem como
pano de fundo a expansão grega trazendo derrota aos persas e aos povos vizinhos de
Jerusalém. Historicamente isto se dá entre 490-480 a.C..

VERSO-CHAVE – 9:9 – “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta ó filha de Jerusalém: eis aí te
vem o teu Rei, justo e salvador, montado me jumento, num jumentinho cria de jumento”.
Confira esta palavra com Mt.21:1-11.

TEMA – RESTAURAÇÃO - O profeta começa tratando da restauração do templo e


conclui com a restauração a nação.

B- CONTEÚDO
Zacarias vota na primeira leva do povo que vem do exílio babilônico e chega à
Jerusalém em ruínas. O povo além das dificuldades próprias de uma reconstrução
penosa e cansativa encontra oposição dos samaritanos (Ed.4). Há desânimo e uma
parada de cerca de 14 anos nas obras. Deus os adverte através de seca, calor,
colheitas estéreis, e levanta os profetas Ageu e Zacarias (Ed.5:1 e 6:14 ).
Os primeiros capítulos de Zacarias tratam deste objetivo, a reconstrução do templo.
Ele os está advertindo mas ao mesmo tempo restaurando confiança própria e
esperança. O povo se sentia fraco, impotente, desamparado. Zacarias investe aí quase
quatro anos de ministério, de 520-516 a.C.. “Nem por força, e nem por poder, mas pelo
Espírito” (4:6)
Numa só noite (1:8) ele recebe oito visões, e as compartilha, sendo elas
referentes a assuntos diversos. (1:7 e 8; 1:18; 2:1; 3:1; 4:1; 5:1; 5:5 e 9; 6:1)
164

Estas visões falam dos pecados de Israel, de suas derrotas, mas também da
esperança de restauração da nação, de seu papel mundial, do Messias que haveria de
vir, da justiça de Deus que seria sobre todas as nações.
Este trecho da profecia se encerra com um ato simbólico muito lindo e
significativo.
Deus ordena a Zacarias que faça uma coroa com prata e ouro e a coloque sobre
a cabeça do sacerdote Josué (6:11). Neste ato Deus estava anunciando que o
Messias, o Renovo, Jesus ( o mesmo Josué no grego), reuniria em si mesmo o
ministério de sacerdote e Rei, ministrando a Deus em nome dos homens, sendo
caminho para o Pai, e ao mesmo tempo reinando em glória, assentado sobre o trono
eterno de Deus. (6:12-13). Desde que o pecado entrou na história humana, o poder
humano, político e o poder espiritual, de representação divina, não puderam conciliar-
se, até que Cristo pode reunir em si não somente estes dois, mas também o ministério
profético. Jesus foi Profeta, Sacerdote e Rei, projeto de Deus para todo o homem,
projeto frustrado pelo pecado.
Dois anos depois destas visões (7:1) o profeta recebe uma comitiva (7:2 e 3) que
vem consultar os sacerdotes sobre a necessidade e oportunidade de manterem a
prática de jejuns por ocasião de suas festas comemorativas. Deus os surpreende
perguntando se realmente foi para Ele aqueles jejuns (7:5 e 6).Também lhes fala
novamente das razões de seu cativeiro, exortando-os à prática sincera de justiça e vida
santa em lugar de ritos de pausa alimentar (Veja I Sm.15:22; Mq.6:8; Am.5:4; Os.6:6;
Is.1:11-17).
Que lindo este capítulo oito! Deus lhes anuncia a restauração futura de Israel, é
maravilhoso o futuro de Israel. (8:23)
Deus ainda os exorta à obediência, apresentando-lhes promessas de futuras
bênçãos. Os planos do Senhor para Sião que esta seja uma cidade de paz, verdade e
justiça (8:16-19). Os fatos neste capítulos descrito são de cumprimento escatológico,
no reino milenial. Compare Is.65:20 e 22 com os versos 8:4 e 5, 10-12. Estas palavras
ainda são respostas de Deus através de Zacarias ao povo, naquele momento de
consulta (7:1-3), quando o povo carecia de estímulos em meio às obras de
reconstrução do templo. Os jejuns deviam transformar-se em festas (8:18 e 19).
Nesta primeira parte da profecia de Zacarias, entre os capítulos um ao oito, o
tempo enfocado é o próprio tempo do profeta, incentivando o povo à reconstrução do
templo, porém na segunda parte que se inicia no capítulo nove e vai até o quatorze, o
foco está sobre o futuro e deve ter sido escrito muito tempo depois dos primeiros oito
capítulos.
Nos capítulos 9 e 10, Israel aparece sob o domínio grego (9:13), no capítulo 11
sob o Domínio romano, enquanto nos capítulos 12 a 14, Israel vive seus últimos dias
de história nacional.
O capítulo nove apresenta um contraste belíssimo, descreve nos versos 1-8 a
futura caminhada vitoriosa de Alexandre Magno, imperador grego, e a preservação de
Judá dos exércitos gregos introduzindo a humilde, porém invencível, caminhada do
Messias (versos 9-17), em sua primeira (v.9) e segunda (v.10) vinda. Neste capítulo os
versos 13 a 17, parecem descrever a vitória dos irmãos Macabeus contra os gregos,
por volta do século II antes de Cristo.
O capítulo 10 é de uma forma o prosseguimento do 9, onde Zacarias continua a
descrever as bênçãos de Deus sobre Judá, através da obediência do povo, não se
limitando ao tempo dos Macabeus, mas ao tempo do reinado do Messias sobre Israel
(10:4), o qual tornar-se-á então invencível.
Zacarias está antevendo no capítulo 11, a rejeição do bom pastor Jesus, quando
Israel esteve sob domínio romano, pois O vendeu por 30 moedas de prata (11:12 e 13
e Mt.27:9 e 10), preço de um escravo doente.
165

O juízo sobre eles veio no ano 70 A.D. quando por mãos dos exércitos romanos,
um milhão e meio de judeus foram mortos, como também o templo foi definitivamente
destruído (11:6 e 9). O pastor inútil e insensato que virá, por certo será o Anticristo,
sobre que também virá juízo ao final (11:17).
Assim como os capítulos 9 a 11 estão interligados, o mesmo acontece com os
capítulos 12 a 14, onde se trata da consumação histórica de Israel.
No capítulo 12, Zacarias profetiza o cerco final dos inimigos contra Jerusalém e
sua vitória pelo braço do Senhor com a conseqüente conversão de Israel (12:10), em
um pranto de arrependimento nacional (12:11-14).
O capítulo 13 continua a tratar da conversão de Israel, onde os versos de 7 a 9
falam de Jesus, o pastor ferido, aquele que é homem e ao mesmo tempo companheiro
(“um com”) de Deus (13:7).
O tempo e a descrição dos eventos no capítulo 14 são os mesmos do capítulo 12,
trata-se da guerra do Armagedom. É o “dia do Senhor”, tão falado por Joel, Sofonias,
etc. ...
Compare 14:4 com Atos 1:11 e 12; 14:5 com I Ts.3:13 e 4:14; 14:8 com Ap.22:1;
14:9 com Ap.11:15 e 19:16.
Enfim a santidade será universal e permeará todos os aspectos da vida dos
homens (14:20 e 21). As panelas das casas, serão tão sagradas quanto às que
serviram como utensílios no templo. Não haverá mais mercador (ou “cananeu”) todos
serão santos, do povo de Deus. Aleluia!

C- DIVISÃO –
Podemos didaticamente dividir o livro de Zacarias, como a maioria dos autores o
faz, em duas partes:
 O povo e o templo – o presente para Zacarias – cap.1 a 8
 O Messias e a Israel eterna – o futuro para Zacarias – cap.9 a 14

D- ESBOÇO DO LIVRO –
O livro possui 14 capítulos com 211 versículos, tratando de:

1:1-6 Introdução: exortação ao arrependimento


1:7-17 A 1ª visão: Os cavalos
1:18-21 A 2ª visão: Os chifres e os ferreiros
2 A 3ª visão: Jerusalém é medida
3 A 4ª visão: O sumo sacerdote Josué
4 A 5ª visão: O candelabro
5:1-4 A 6ª visão: O rolo volante
5:5-11 A7ª visão: A mulher e o efa
7e8 Exortação à piedade e à obediência
9 e 10 Israel sob o governo grego
11 Israel sob o governo romano – rejeitam Jesus
12 a 14 A história final da nação Israel, o Armagedom, e a Israel eterna.

E- COMENTÁRIOS
1 – Há duas expressões que aparecem muito freqüentemente nesta profecia:
 “Assim diz o Senhor”-89 vezes
 “O Senhor dos exércitos”-36 vezes

2 – Zacarias parece ter sido morto no templo – Mt.23:35.


166

3 – Tal como Isaías, alguns estudiosos da alta crítica contestam ser o livro de Zacarias
um unidade escrita por ele. Afirmam que a segunda parte do livro, dos caps.9 a 14
deve ser contemporânea do período interbíblico escrita por outro autor.
Contudo em nossa maneira de ver a questão, concordamos com a tradição judaica e
cristã, bem como com a maioria dos estudiosos que asseguram a unidade do livro e a
fiel autoria de Zacarias.

4 – Zacarias é considerado um livro messiânico e apocalíptico, tal a riqueza de


revelações do fim, em tão poucas páginas.
Anuncia a volta de Cristo sobre o monte das Oliveiras, entre outras belas e
detalhadas revelações messiânicas. (14:3 e 4 e At.1:11 e 12, Ap.16:18-20).
167

12 - MALAQUIAS
a- AUTORIA E DATAÇÃO
NOME – Malaquias significa “mensageiro de Jeová”.
AUTOR – Nada se conhece sobre o autor Malaquias (1:1).
Alguns poucos estudiosos crêem que “Malaquias” é mais a referência a um
atributo de um anônimo que um nome próprio, mas isto é rejeitado pela maioria.
Ele é contemporâneo de Esdras e Neemias.
DATA DA ESCRITA – Provavelmente em torno de 430 a.C..
Os temas da mensagem profética equivalem assuntos tratados
contemporaneamente entre Esdras 7 e Neemias 13, o que nos ajuda a situar o livro
próximo à volta de Neemias da Pérsia, 430 a.C. (Ne. 13:6-31).
Compare: Ne.13:10-12 com Ml.3:8-10
Ne.13:23-28 com Ml.2:10-16
Ne.13:29 com Ml.2:8
TEMPO DA AÇÃO – Cerca de 100 anos já haviam se passado desde a volta do povo
do cativeiro babilônico. O tempo fora reconstruído (516 a.C.) sob o incentivo de Ageu e
Zacarias, o culto restaurado por Esdras (457 a.C.), e os muros reerguidos com
Neemias (444 a.C.). Mas as grandes esperanças, o reavivamento espiritual e a
fidelidade a Deus começavam a desaparecer ante a vida duríssima que
experimentavam. Deixaram de dizimar e sofriam desemprego, baixas colheitas, fome,
seca, etc.
Tudo os levava a duvidar do amor de Deus (Ml.1:20) e a invejar a prosperidade
dos ímpios (Ml.3:14 e 15).
Divorciavam-se de suas mulheres judias por motivos fúteis (Ml.2:10-16) e
cumpriam uma religião fria e formal, inclusive com a colaboração de sacerdotes
corrompidos. Renasciam a feitiçaria, o adultério, a desonestidade e a opressão aos
pobres (Ml.3:5).
Neste contexto todo, entre 445-400 a.C., Malaquias é levantado com um
ministério bastante claro e objetivo.

VERSO-CHAVE – 3:1 –“Eis que eu envio o meu mensageiro que preparará o caminho
diante de mim, de repente virá ao seu tempo o Senhor a quem vós buscais, o Anjo da aliança a
quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos”.

TEMA – A ÚLTIMA MENSAGEM DE JEOVÁ.

B - CONTEÚDO
Malaquias é levantado e põe-se ao lado de Neemias naqueles momento terrível
do povo de povo, mas é questionado provocante e freqüentemente (1:2, 6, 12; 2:14, 17;
3:7 e 13).
Começa sua mensagem atacando a irreverência do povo contra Deus, o que no
fim explicava em grande parte tudo o que acontecia. Um contraste entre o amor de
Deus e a incredulidade deles nisto (1:1-5).
A seguir os sacerdotes são duramente reprovados por sua falta de reverência
(1:6), pelas ofertas defeituosas do Senhor que havia entre os povos pagãos, tal
comportamento era visto (1:11 e 14). O sacerdócio era relaxado, e esquecido da
aliança de Levi (2:1-9).
Suas exortações então dirigem-se à nação como um todo, em especial por causa
dos divórcios fáceis e casamentos como estrangeiras (2:10-16). Profanação e traição
para com Deus (2:10-11) e para com suas esposas (2:14).
168

O povo não cria mais no justo juízo de Deus e em seu caráter santo e reto,
afrouxando na vida moral e invejando os idólatras que prosperavam. (2:17; 3:5, 13-15).
Deus lhes responde assegurando-lhes sua presença, poder e ação.
O Messias virá em breve, precedido por um mensageiro (3:1), e quando este dia
chegar quem poderá resistir à sua purificadora justiça? (3:2-4)
Quanto ao aparente sucesso dos ímpios, Deus possui uma memória inapagável,
e fará justiça (3:16-18).
Suas advertências quanto à sonegação dos dízimos, e por isto são chamados de
ladrões (3:6-9). A bênção da fartura e prosperidade vem como conseqüência à
fidelidade na entrega do que pertence ao Senhor (3:10-12).
O V.T. se encerra com a reafirmação de Malaquias quanto à chegada do “dia do
Senhor”. Dia de glória e vitória, de governo completo, justo e definitivo do Senhor. Este
dia nascerá com o levantar do Sol da Justiça. Sol que promoverá luz, vida, alegria aos
justos, tal como os bezerros soltos num campo, em um belo dia claro e ensolarado;
mas este mesmo sol será causticante, fogo consumidor a abrasar os ímpios que, como
reles ervas daninhas, serão destruídos sem deixar marcas ou raízes (4:1-3).
O apelo é para que voltem à obediência, à observância da lei de Moisés! (4:4)
Não é este verso um síntese de todo o V.T.?
O sinal mais breve de que tudo isto se cumprirá será o envio de um mensageiro, um
preparador de caminhos, um anunciador profético, o qual chegará com o mesmo
poder, autoridade, sinais, prodígios e mensagem (arrependimento) com que Elias veio
a Israel centenas de anos antes. (4:5 e 6).
Seguem-se 400 anos de silêncio profético.
Tudo estava dito e anunciado. Era tempo agora de meditarem, arrependerem-se e
aguardarem o Messias.

C- DIVISÃO –
Podemos didaticamente dividir o livro de Malaquias em quatro partes:
 O amor de Deus por Israel – cap.1:1-5
 Mensagens contra os sacerdotes – cap.1:6-2:9
 Mensagens contra o povo – cap.2:10-3:18
 O dia do Senhor e o Sol da Justiça – cap.4

D- ESBOÇO DO LIVRO –
O livro possui quatro capítulos em 55 versículos, e os assuntos aparecem
esboçados em sua divisão, no item anterior.

E - COMENTÁRIOS
1 – A primeira palavra de Deus para aquele calamitoso Israel é : “Eu vos tenho amado”.
A consciência completa, total do amor de Deus por nós, é o remédio, o bálsamo, a
resposta a todos os nossos males e dores. Quanto temos absoluta certeza de que
Deus nos ama, tudo o mais, mesmo os mais graves problemas, tornam-se sem
importância.

2 – “O Senhor dos exércitos” é um nome referente a Deus que aparece mais de 20


vezes nesta profecia.

3 – Quem, como aqueles sacerdotes, traz oferendas defeituosas ao Senhor:


Não ama verdadeiramente a Deus.
Despreza o culto e o altar do Senhor.
É mesquinho, guardando para seu uso próprio o que possui de melhor, ofertando a
Deus o que lhe é dispensável, sobra, desprezível.
Não vê Deus como o Senhor de todas as coisas.
169

Julga Deus alguém pequeno, tolo e inepto. Como se Deus não soubesse reconhecer o
que é bom, vindo a conformar-se, distrair-se, alegrar-se em receber o que é
defeituoso.
Cultua por formalidade, com enfado e canseira, não motivado espiritualmente.

4 – Deus não aceita este tipo de culto, vazio, formal, hipócrita, fraudulento, com ofertas
que procedem de um coração distante. Tal mensagem aparece em : Ml.1:10; Is.1:10-
17; Am.5:21-24; Mq.6:6-8 etc.

5 – Deus condena os sacerdotes pelos exercício relaxado do seu ministério,


amaldiçoando-os por isso. (Ml.2:1 e 2)
A aliança sacerdotal feita entre Deus e Levi (Nm.13:6-13) envolvia da parte de
Deus, concessão de vida e paz (Ml.2:5), unção e revelação da verdade (Ml.2:6), e da
parte dos sacerdotes, retidão, santidade e dedicação (Ml.2:7).
Em Cristo, todos os seus verdadeiros discípulos são investidos do ministério
sacerdotal (I Pe.2:5 e 9; Rm.12:1; Hb.13:15-16), requerendo de nós os mesmos
compromissos.

6 – Malaquias, como Joel e Sofonias, anuncia o “dia do Senhor”. Leia os comentários


destes dois profetas a respeito do tema.

7 – João Batista não é a reencarnação de Elias (Ml.3:5) pois esta doutrina não faz parte
das Escrituras, pelo contrário é claramente oposta às suas revelações (Hb.9:27;
Lc.16:22-31; Jó 7:9 e 10; Jó 14:14).
João e Elias assemelhavam-se fisicamente, em suas vestimentas e hábitos, em
seus ministérios, em suas mensagens, no contexto de opressão e apostasia que
viveram, no poder e força do Espírito que os vocacionou.
Leia também o COMENTÁRIO 9 do livro de I Reis.

8 – O Velho Testamento termina com a palavra “maldição”, pois quem vivia em pecado
e sob o domínio da lei, assim realmente se encontrava.
Cristo surge nos evangelhos, e em todo o Novo Testamento, com a mensagem de
Salvação, da graça redentora e abençoadora de Deus. (Gl.3:13 e 14)

NOTA - Nas Bíblias hebraicas, o verso cinco é repetido após o verso seis, para
que as Escrituras não se encerrem com esta palavra de condenação. A mesma coisa
acontece nos livros de Isaías, Lamentações e Eclesiastes.
170

PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO

1- A HISTÓRIA DO POVO HEBREU


1.1 – OS PATRIARCAS
 Adão – o primeiro criado – o representante da raça humana – pacto das obras
 Abel – o filho de Adão – ofereceu sacrifício mais excelente que Caim (Hb. 11:4)
 Sete – o filho de Adão gerado depois da morte de Abel – G. 4: 25
 Enos – o filho de Sete – daí se começou a invocar o nome d Senhor – G. 4: 26
 Noé – da descendência de Sete e Enos, Gn. 5 – o instrumento de salvação e
preservação da raça, Gn. 6, 7 e 8 – pacto da graça comum, Gn. 9
 Sem – a raiz genealógica dos hebreus – Gn. 10:21 (Héber – raiz do nome hebreu)
 Abraão – pacto da graça – Gn.15: 12-20 – uma grande nação - a promessa da terra
ao seu povo
 Isaque – o fruto do pacto da graça
 Jacó - (Israel = príncipe) – pai das 12 tribos
 José- Tipo de Cristo - vendido pelos próprios irmãos – veio a ser o salvador deles.

1.2 – O CATIVEIRO NO EGITO E O ÊXODO


 Moises – outro tipo de Cristo – o grande profeta levantado por Deus para libertar o
seu povo da escravidão do Egito
 Canaã – a terra prometida no pacto da graça – a terra que mana leite e mel.

1.3 – A POSSE DA TERRA


 Josué – homem através de quem o povo toma posse da terra prometida (Livro de
Josué)
 Período tribal – tempo em que o povo viveu na terra, que fora distribuída às 11 tribos
( a tribo de Levi não tinha terra pois eram separados para o serviço religioso e
deveriam viver dos dízimos das demais) – foram governados pelos juizes (Livro de
Juizes)

1.4 - A MONARQUIA
1.4.1 – MONARQUIA UNIDA
 Saul – o primeiro rei de Israel – I Sm cap 8 e 10:17-24
 Davi- o segundo e maior rei de Israel – unificação e fortalecimento do reino - +/-
1000 a.C.
 Salomão – filho de Davi e Bate Seba – o rei que construiu o templo - I Rs. Cap. 3 a
11

1.4.2 A MONARQUIA DIVIDIDA


 Roboão – filho de Salomão – reino do Sul: Judá e Benjamim – capital: Jerusalém ( I
Rs. 12)
 Jeroboão – alto oficial do exército – reino do Norte: Israel – as outras 10 tribos –
capital: Samaria ( I Rs. 12:16-20)
Reino do Norte – total de 19 reis
Reino do sul – total de 20 reis

1.5 – QUEDA DA MONARQUIA


 722 a.C. - o reino do Norte (Israel) é invadido e dominado pelo império Assírio
 586 a.C. – o reino do Sul (Judá) é invadido pelo império babilônico.
171

1.6 - A RESTAURAÇÃO DO POVO JUDEU APÓS O EXÍLIO BABILÔNICO


 536 a.C. – o retorno da 1ª leva com Zorobabel
 515 a.C- o templo de Jerusalém restaurado (Ed. 1-6)
 483 a. C. – Ester Reina (Et. 1-10)
 457 a.C. – Esdras, sacerdote – o reformador (Ed. 7-10)
 444 a 431 a. C. – Neemias, o governador repara os muros e a reconstrui a cidade
(Ne. 1-7).

1.7 - PERÍODOS DE GOVERNOS E DOMÍNIO DURANTE E PÓS EXÍLIO:


1- Período Assírio - 722-606 A.C
2- Período Babilônico – 606 – 536 A.C.
3- Período Medo- Persa – 536- 333 A. C.
4- Período Grego-Macedônio – 333- 167 – A. C.
5- Período Macabeu – 167 – 63 A. C.
6- Período Romano - 63 A. C – 1100 D. C
172

PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO

O PERÍODO DO SILENCIO DE DEUS (?)


600
 609-538- O exílio na Babilônia

500
Zorobabel e Esdras reconstroem o novo templo
P
Esdras e Neemias reedificam a cidade e reerguem os muros de Jerusalém
400
 331 - conquistas gregas
(Alexandre - o grande)
300
 Conflito entre a casa dos Selêucidas e Ptolomeus
G
200
 175 – 165 - Antíoco Epífanes
 167 - 165 – A revolta dos Macabeus
 146 – Os romanos dominam o império grego

100
INDEPENDÊNCIA
R
 63 - Os judeus conquistados pelos Romanos
 37-04 – Herodes - O Grande
 06 a. C. (?) Nascimento de Jesus
173

3 - A PLENITUDE DO TEMPO
“ vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei,” (Gálatas 4:4 RA)

Deus enviou o Seu Filho unigênito a este mundo para resgata-lo na Plenitude do
Tempo - Gl 4:4
Jesus vir na plenitude do tempo implica em o mundo estar totalmente preparado
para recebê-lo. Todas as circunstâncias foram tornadas favoráveis para que o mundo
estivesse preparado para receber a mensagem de boas novas anunciadas pelo Rei de
um novo reino que estava sendo inaugurado.
Deus agiu silenciosamente na história durante cerca de 400 anos, desde o fim
do ministério do profeta Malaquias. Nesta ação silenciosa de Deus, os eventos
históricos envolvendo todo o mundo então conhecido são altamente significativos.
Nenhuma esfera da vivência humana deixou de ser afetada pelos acontecimentos
históricos, todos regidos pela mão maestral de Deus, o Senhor da história. Tanto a
cultura, quanto a política em suas implicações econômicas, sociais, militares, bem
como a religião foram todas moldadas e usadas por Deus para tornar o momento da
vinda do Seu Filho apropriado, para que vindo, fosse reconhecido e recebido por
aqueles que desde a fundação do mundo foram destinados a recebê-Lo.
Assim, os eventos históricos envolvendo a cultura a política e a religião
corroboraram para que a vinda de Jesus acontecesse exatamente na plenitude do
tempo, e o momento era exatamente aquele, o momento de Cristo vir e se insurgir na
história de forma absolutamente impactante.
Tanto a cultura grega, quanto a política Romana e a religião judaica contribuíram
para a plenitude do tempo. Vejamos as principais contribuições dadas por estas
esferas da vida cultural, política e religiosa:

1 – A Cultura grega:
 Difusão do conhecimento – o helenismo
 Língua universal – grego coinê
 A Septuaginta – a tradução da Escritura Sagrada do hebraico para o grego
 As religiões e as filosofias

2 – O Poder político Romano –


 O domínio mundial de Roma
 Os povos unificados
 Pax Romana
 Intercâmbio entre os povos
 Abertura de estradas
 Segurança militar

3 - A Religião dos Judeus


 O Monoteísmo judaico - judaísmo
 O Nacionalismo dos judeus
 O Diáspora (dispersão)
 O Templo e a Sinagoga
 A Toráh
 A Expectativa Messiânica
174

BIBLIOGRAFIA
GAGLIARD, Ângelo JR. Panorama do Velho Testamento. 2 ed. Niterói–RJ: Editora
Vinde, 1995.
ARCHER, Gleason L. Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento? 3 ed. São Paulo–
SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1984.
SHULTZ, Samuel. A História de Israel. São Paulo-SP: Edições Vida Nova, 1985.
MEARS, Henrieta. Estudo Panorâmico da Bíblia. São Paulo-SP: Editora Vida, 1983.
MCDOWELL, Josh. Evidência que exige um veredito: Evidências históricas da fé cristã.
2 ed. São Paulo: Editora Candeiam, 1996.
GONZALES, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo. Vol. I - A Era dos
Mártires. São Paulo-SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1982.

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