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Será que podemos falar de missão em Gênesis 1 e 2 antes mesmo da queda do homem e
a entrada do pecado no mundo?
A pergunta em si pode causar estranhamento porque para muitos, a missão é definida
exclusivamente como soteriológica, isto é para salvação. Em outras palavras, quando se
fala de missão, logo vem a ideia de que a única tarefa é de pregar as boas novas de
salvação da condenação eterna. Sim, pregar a salvação de Cristo é fundamental na obra
missionária da igreja, mas há um outro aspecto ainda mais importante. É uma questão
de foco, onde o homem deixa de estar no centro e se volta para Deus.
É dentro do contexto de adoração que Adão recebe uma ordem direta de Deus: Sede
fecundos, multiplicai e, enchei a terra, sujeitai e dominai (Gn 1:28). Esse texto é
comumente conhecido como o mandato cultural. Alguns elevam essa ordem apenas ao
cuidado com a criação e outros ao nosso chamado na família e no trabalho. Devemos
cuidar sim da criação, mas tanto quanto como devemos ser bons profissionais no
trabalho, boas donas de casa ou bons alunos na escola. A missão não pode ser definida
fundamentalmente como ações de justiça social ou preservação da criação que buscam
remediar todos os problemas e males existentes no mundo. O mandato de Gn 1:28 não
deveria ser isolado do seu contexto cúltico, uma de cada elemento da criação, inclusive
o homem, são chamados para a adoração.
A narrativa de Gênesis cap. 1 não trata apenas do surgimento de todas as coisas como
ato criador, mas também como atribuição de funcionalidades para cada elemento criado.
Com o ser humano não é diferente. No sexto–dia, além de ser criado, ele recebe pelo
menos funções a serem desempenhadas na qualidade de imagem de Deus:
O Pr. Chun Chung comenta que o deve histórico do homem de sujeitar a terra seria
desempenhado de forma gloriosa também por seus descendentes reais que se
espalhariam por toda terra. A missão dada ao homem em Gn 1:28 é portanto
essencialmente doxológica, ou seja, manifestar a Glória de Deus.
O clímax da criação
O sétimo dia não é um mero apêndice no final da obra da criação o ensinamento para
guardá-lo cerimonialmente, mas é de fato, o grand finale onde Deus completa a sua
obra. Em Gênesis 2:3 está escrito que Deus “descansou de toda obra como criador
fizera.” A ideia de descanso não é o sentido principal de palavra hebraica sabat, mas de
“parar” ou “cessar” a obra da criação.
Aqui a Escritura “evita toda a possibilidade do uso das expressões antropomórficas para
nos ensinar, particularmente na descrição da criação, com grande é a distância entre o
criador e a criatura.” Tentar imaginar que o processo de criação foi tão trabalhoso que
Deus presenciou precisou recobrar o fôlego e as suas forças do descanso é justamente o
que o texto não nos permite.
No relato dos sete dias da criação vemos três verbos principais sendo usados: criou
(barah), haja, fez (hayah) e separação, separar (badal) de maneira formar um padrão
onde Deus cria e atribui uma função.
Dia 1- Haja luz . E, e ouve luz. Viu Deus que a luz era boa e fez separação entre a luz e
as trevas
Dia 2 - Haja firmamento no meio das águas de separação entre águas e águas.
Dia 3 - Ajunte-se as águas debaixo do céu em um só lugar, e apareça porção seca e
assim se fez. Após um seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento das águas, Mares.
Dia 4 - Haja luzeiros no firmamento dos céus para fazer de separação entre dia e noite.
Dia 5 - Criou pois Deus os grandes animais marinhos de todos os seres viventes que
rastejam os quais povoaram as águas, segundo as suas espécies e todas as aves segundo
as suas espécies.
Dia 6 - E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, Criou Deus, pois o
homem a sua imagem; homem e mulher os criou
Dia 7 - E, havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra que fizera descansou nesse
dia de toda a sua obra que eu tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou
(separou)
Olhando para todos os verbos usados dessa passagem podemos notar claramente o
padrão de trazer à existência os elementos e na sequência atribuir a sua devida função e
finalidade ao fazer a separação. Mas além de atribuição de função pela separação dos
elementos, o povoamento também traz este mesmo efeito para a criação dos dias 4, 5 e
6.
A glória de Deus na adoração é o fim de todas as coisas criadas e a missão é o meio para
que isso aconteça.
O Proto-Evangelho
Sobre este último é dito: o cetro não se afastará de Judá... e a ele obedecerão os povos
(Gn 49:10). E outra genealogia no livro de 1 Crônicas, Adão é o primeiro até chegar em
Davi, da tribo de Judá. Depois Davi há uma grande expectativa numa futura semente de
quem Deus diz: “farei surgir depois de você o seu descendente, um dos seus filhos, e
estabelecerei o seu reino. Este edificará um templo para mim e eu estabelecerei para
sempre meu seu trono. Eu lhe serei por Pai e ele me será por filho” (1Cr 17:11-13).
Noé e seus filhos aparece no final da lista, introduzindo o tema do dilúvio e as suas
causas. (Gn 6:1-8), neste que é um trecho de transição para a próxima seção.
Assim como as consequências do pecado original foram trágicas, também se deu com o
dilúvio que também foi ocasionado pelo ver, desejar e tomar.
Quanto ao pecado específico que levou Deus a destruição de sua própria criação,
existem três interpretações principais.
A primeira interpretação é que os filhos de Deus eram reis cruéis que tomaram para seu
harém as filhas dos homens e de forma forçada cometiam todo tipo de abuso e violência
sexual. No entanto, a Bíblia não menciona estrupo ou lascívia como o problema, pois é
dito que tomaram para si esposas (Gn 6:2).
A segunda aponta para o casamento de anjos com seres humanos. Essa é uma posição
plausível e que não pode ser facilmente desconsiderada importante teólogos na
atualidade defesa a posição assim como os judeus antigos e os pais da igreja entenderam
no passado a base disso é a frase filhos de Deus usados para anjos em salmo 29, Jó 1:6 e
o texto de Judas 6 no NT. “E os anjos __ guardaram o seu estado original, mas
abandonaram o seu próprio lugar__ele tem guardado sob trevas em algemas eternas,
para o juízo do grande Dia”
A decisão difícil e drástica de destruir toda a vida se deu porque toda a criação havia
perdido o propósito para qual for a criada: a adoração. OS missionários da linhagem
santa apostataram com o passar das gerações caindo na tentação da serpente. Não havia
mais esperança para o mundo, a não ser a única família (Noé) de adoradores que
cumpriu sua missão pregando durante 120 anos.
Pastor Chung apresenta tese de que a confusão da linguagem Babel não pode ser
considerada o marco do surgimento de novas línguas como é popularmente empregada,
por uma questão arqueológica (no que se refere a tijolos queimados usados para a
construção) e também por uma questão semântica ao que se refere ao termo usado para
traduzir idioma. A interferência divina ao confundir os construtores não foi um ato de
juízo punitivo, mas uma intervenção de preservação das nações preparando-as para
serem alcançadas e abençoadas por uma personagem e seus descendentes: Abraão.