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SEMINÁRIO EVANGÉLICO AVIVAMENTO BÍBLICO

ALESSANDRA GROSSI MOURA

OS MANDATOS DE DEUS PARA O HOMEM

RIBEIRÃO PIRES - SP
2017
ALESSANDRA GROSSI MOURA

OS MANDATOS DE DEUS PARA O HOMEM

Pesquisa apresentado ao Seminário


Evangélico Avivamento Bíblico, como
requisito parcial para aprovação na
disciplina de Antropologia Teológica,
lecionada pelo professor Elmer Bento
Barbosa.

RIBEIRÃO PIRES - SP
2017

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Sumário

Introdução.............................................................................................................4

I. A Criação........................................................................................................5

II. Os Mandatos pactuais...................................................................................7

2.1. Mandato Cultural.....................................................................................7

2.2. Mandato Social........................................................................................8

2.3. Mandato Espiritual...................................................................................9

Conclusão...........................................................................................................11

Referencia Bibliográfica......................................................................................12

3
Introdução
A noção de como o mundo deve exercer suas funções parece clara,
aparentemente ele esta seguindo seu curso, mas se analisarmos pela lente das
Escrituras Sagradas é possível perceber um grande desvio do plano original.

Ao criar, Deus não fez nada de forma incompleta, para que com o tempo
viesse a se desenvolver, mas a fez completa com suas funções e deveres
definidos, prontos para serem cumpridos, e por conta do pecado essa
programação foi corrompida. A definição original de Deus para a sua criação é
firmada com um Pacto, o qual mesmo tendo sido quebrado, é restaurado mais
a frente.

Nesta composição será exposto os aspectos da criação (natureza e


homem), e os pormenores do Pacto feito por Deus, que são divididos em três
mandatos, os quais explicitam o plano original da criação, nas particularidades
cultural, social e espiritual.

4
I. A Criação
De acordo com a revelação das escrituras o cosmos foi criado por Deus,
ele é criação de suas mãos, a fez conforme Sua vontade. Está descrito em
Gênesis 1-2, são narrados os acontecimentos sem muita explicação de Sua
motivação inicial. Por conta disto há o questionamento do por quê Deus fez o
mundo e tudo nele, isso não fica claro em Gênesis, mas há como extrair uma
resposta perante à quem Deus é.

“Deus criou pelo seu poder e também pela sua vontade. Deus não
está preso por qualquer obrigação quando Ele cria. Por conseguinte,
‘temos de defender com plena convicção que Deus traz as criaturas à
existência pelo seu livre-arbítrio, e não como preso por necessidade
natural’(Aquino, OPG, 3.15)” (Norman Geisler, 2010, p.928).

Conclui-se que Ele não teve necessidade alguma de criar, mas o fez por
sua vontade, e ama aquilo que criou. Mesmo tendo uma resposta do por quê, a
pergunta mais relevante seria para quê.

Deus é infinitamente bom, e teve como propósito compartilhar sua


bondade, criando assim coisas boas (cf. Gn 1:31). Deus traz as coisas a
existência para que a sua bondade seja comunicada, Sua criação deve então
dar valor à essa ação de bondade, e esse valor é dado com adoração. Tal
propósito tem se cumprido por parte desta criação, denominada natureza, a
que não recebeu semelhança da parte de Deus. A natureza declara a Sua
bondade por meio de Suas obras “Os céus declaram a glória de Deus e o
firmamento anuncia a obra das suas mãos” (cf. Sl 19:1).

A outra parte da criação é o Homem, esta foi criada a semelhança de


seu Criador, ela não é igual a Ele, pois nada pode igualar-se a Deus, que é um
ser único. A Imago Dei1 é referente à sua formação, ele é possuidor de uma
natureza triúna constituída de Espírito, Alma e Corpo (cf 1 Ts 5:23), que
administram a Comunhão do Homem com Deus, a mente do Homem e a
matéria física do Homem. De forma ilustrativa “uma imagem (ou estátua) de um
herói nacional morto é essencialmente diferente do herói real: a imagem de

1
Imagem de Deus.

5
pedra, ao passo que o herói consiste de carne e sangue.” 2 Entre o Homem e
Deus existe o aspecto da adoração, mas ela se abrange mais para um
relacionamento pessoal, a comunhão por meio do espírito. “Somente a
humanidade é criada numa relação de amor, vital, e que estabelece laços com
Deus. Os próprios conceitos de “imagem” e “semelhança” expressam essa
relação única”3 essa relação é vista de forma mais abrangente no mandato
espiritual.

2
Groningen, Gerard Van. Revelação messiânica no Velho testamento, p.94
3
IBID.

6
II. Os Mandatos pactuais
Ao criar o cosmos Ele colocou o Homem como seu representante e
agente na terra, para tomar conta e dominar sobre ela, sendo o ser humano o
mais importante de todas as criaturas que saíram da mão de Deus, sua Imago
Dei. Como já dito, a forma como foi criado estabelece uma relação vital com
seu Criador, essa relação é um aspecto essencial do pacto de Deus.

“Deus ligou-se a si mesmo ao homem assim como ligou a


humanidade a si mesmo. Foi um laço de vida e amor. Foi um a
ligação que deveria ser expressa de vários modos. Se a ligação
funcionasse como foi planejada, isto é, como uma comunhão íntima
com Deus e os demais seres humanos e como um serviço obediente
e devotado em referência a roda a criação, a humanidade seria
abençoada... Num sentido real, a humanidade, vivendo e servindo
dentro de uma relação pactual, agiria como a mediadora daquele
pacto. Isto quer dizer que por meio da humanidade o laço do pacto
seria mantido, as bênçãos que Deus designou para toda a criação
continuariam a fluir e a resposta da criação seria climaticamente
expressa no louvor e na glória de Deus, o Criador. Adão foi o primeiro
homem do pacto de Deus e o seu primeiro mediador. À humanidade
real, ao mediador do pacto, foram dados três mandatos específicos,
que delineiam os deveres pactuais e sublinham o caráter e a posição
real da humanidade”4

Os três mandato são: Cultural, Social e Espiritual.

II.1. Mandato Cultural


Este mandato é referente ao relacionamento do Homem com a criação.
Ao criar o Adão e Eva, ordena a eles: “domine ele sobre os peixes do mar,
sobre as aves dos céus, animais domésticos, sobre a terra e sobre todos os
répteis que se arrastam sobre a terra” (Gn 1:26).

Seu relacionamento é de domínio sobre o cosmos, o subjugando. Como


vice-gerentes de Deus na terra o homem está com a responsabilidade de
supervisioná-lo, mas essa expressão não deve ser interpretada como uma
licença para que a humanidade abuse das ordens da criação, pois inclui-se

4
Groningen, Gerard Van. Revelação messiânica no Velho testamento, p.96

7
também neste mandato a passagem onde relata o Senhor alocando o homem
no Jardim do Éden.

“O Senhor Deus tomou o homem e o pôs no jardim do éden para o


lavrar e cuidar... trouxe-os (os animais) ao homem, para ver como
lhes chamaria; e o nome que o homem deu a todo ser vivente, esse
foi o seu nome” (Gênesis 2:15,19).

Destacando as palavras lavrar e cuidar, que conjuntas à palavra domínio


usado no texto de Gênesis 1:26, mostra Deus chamando o ser humano como
um cooperador na tarefa de colocar ordem na sua Criação. Ele a fez e agora
deixa que homem à desenvolva, trabalhando nela, das mais e diversas formas
possíveis, como fazer colheitas, construir pontes, projetar computadores,
compor músicas, assim será possível a construção das civilizações e o domínio
das áreas do saber. E tudo isso converge para a glória somente Dele.

II.2. Mandato Social

O mandato social é referente ao relacionamento entre os Homens, e sua


responsabilidade com os deveres de macho e fêmea. Está fundamentado em
Gênesis 1-2, onde se forma a estrutura familiar e fala da relação entre o
Homem.

“Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai, multiplicai-vos” (Gn 1:28a).


Tem sentido de distender o mundo social, formando famílias, escolas, cidades,
igrejas, governos e leis.

“Formou a mulher e a trouxe ao homem. Disse o homem: Esta é


agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será
chamada mulher, pois do homem foi tomada. Portanto, deixará o
homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e serão os
dois uma só carne.” (Gênesis 2:21-24).

Aqui é estabelecido o relacionamento fundamental para o funcionamento


da família, e consequentemente da sociedade, com cada uma das partes
envolvidas cumprindo seus deveres postos pelo Criador.

Interessante observar este ser chamado “mandato social” e não familiar,


pois a família é onde se inicia a sociedade, esta é uma pequena sociedade,

8
que vai crescendo para fora, e as relações se estendendo até formar esta vasta
ramificação de relações que se tem hoje. Se um indivíduo não cumprir seu
papel fundamental dentro de casa, provável que fora dele também não
cumprirá.

Dentro da família o homem e a mulher recebem de Deus seus deveres.


O homem deixa sua família, e agora recebe o dever de marido que:

“... tinha que cumprir seus papéis reconhecendo a fêmea como carne
de sua carne e osso de seu osso. Ele tinha que trabalhar com ela
como agente real, mas também tinha que servir como cabeça,
deixando seus pais, tomando a mulher e se unindo a ela; e assim eles
5
poderiam ser frutíferos como parceiros casados equivalentes.”

A mulher tem também seus deveres “a fêmea tinha que cumprir seus
papéis decretados como ajudadora apropriada, parturiente e mãe cuidadora” 6.
Envolve então a liderança dos pais para guiar suas famílias, e a sociedade,
segundo as ordenanças de Deus.

“Esse mandato provê a base divinamente ordenada para o casamento,


para a família restrita e a família extensa, os clãs, as nações e a comunidade
da humanidade de todo o mundo.” 7

II.3. Mandato Espiritual

Este mandato envolve um relacionamento com o Deus, que nos deu a Sua
imagem, uma estado de comunhão de obediência à Deus, exercida no andar
com Ele. E elas esta muito ligada ao fato de Deus ter criado a sua Imago Dei,
por conta disso

“...o homem e a mulher eram tudo que Deus pretendia que fossem.
Eles tinham que ser o que tinham sido feitos para ser; tinham que
fazer o que Deus os tinha feito para fazer. Eles não tinham nada a
ganhar; já tinham todos os direitos, privilégios e bênçãos da família
real de Deus. Foram feitos para ser filhos e filhas do Rei Soberano;
deveriam cumprir suas tarefas reais para as quais foram equipados.

5
Groningen, Gerard Van. Criação e consumação, p.91
6
IBID.
7
IBID.

9
Assim, não existia nada para o qual tornar-se merecedor. Existia tudo
para eles manterem e conservarem.”8

Viviam de acordo com o que Deus havia designado que eles fossem, tendo
sido colocados na terra com vice-gerentes. E Ele pretendeu esse envolvimento
de comunhão, é possível notar isso em três aspectos:

“Deus veio caminhar no jardim com o homem e a mulher; Deus se fez


imediata, direta, pessoal e intimamente disponível; Deus estabeleceu
o sétimo dia como um dia de descanso, no qual ele e a humanidade
não iriam dirigir a atenção para os desafios do cosmos, e sim, cada
um para o outro.” 9

Esses três aspectos podem ser encontrados em Gênesis 3:8 “Então


ouvindo a voz do Senhor, que passeava no jardim pela viração do dia”; Quando
Deus percebe que o homem estava só (cf Gn 2:18) mostra-se envolvido com
os sentimentos do homem, e também ao estabelecer o sétimo dia como
descanso (cf Gn 2:3), estava colocando importância à dedicação de um dia
apenas para o relacionamento entre homem, mulher e Criador, sem a
interferência de exercer serviços que eram necessários no cotidiano de vice-
gerentes.

8
IBID.
9
IBID.

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Conclusão
Estes mandatos hoje vigoram de forma deficiente, pois o pacto que foi
feito entre Deus e os homens, quebrado por conta do pecado.

Hoje as ordenanças do Criador são invertidas, graças á corrupção do


coração do homem. O homem exerce domínio sobre a terra, mas de forma
inconseqüente, dominando como um mal senhor que maltrata seu criado,
exigindo dele o máximo e o açoitando por isso, e os animais não o respeitam
como deveriam.

A relação entre os homens é de competição, sempre um tentando estar


acima do outro, isso infiltrou o casamento, pois dentro dele não há igualdade
entre os conjugues, e estes não exercem o dever que lhes foi definido de
acordo com seu gênero, macho ou fêmea, mas cada qual escolhe a forma que
quer agir dentro das relações, isto traz desastre na sociedade, pois esta foi
montada para funcionar da forma que Deus planejou, indo contra esta
programação o sistema falha e pode cair a qualquer momento.

E a relação do Homem com Deus, se dissolveu pelo tempo, e foi


esquecida pelo homem, mas não por Deus. Ele afirmou um pacto com Abraão,
Moisés e Davi, as quais foram específicos para um povo e temporários, mas
que construíram o caminho até a plenitude determinada por Deus, onde Ele em
sua infinita misericórdia refez o pacto com sua criação, por meio do segundo
Adão, o Cristo (1Co 15:22) E todo aquele que confessar a Cristo como Senhor
e Salvador, pode voltar a ter a relação que Deus sempre idealizou para o
Homem.

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Referencia Bibliográfica
Sola Scriptura.
<http://solascripturatt.org/AntropologiaEHamartologia/ImagemDeDeus-
Barauna.htm>. Acesso: 6 abr de 2017

Bereianos, apologética e teologia reformada.


<http://bereianos.blogspot.com.br/2014/04/o-mandato-espiritual-social-e-
cultural.html>. Acesso 6 abr de 2017

1ª Igreja Presbiteriana de Piripiri <http://ipdepiripiri.blogspot.com.br/2014/12/os-


mandatos-criacionais.html>. Acesso: 11 abr de 2017

Criação e Pacto.
<http://www.monergismo.com/textos/teologia_pacto/pacto_meister.htm>.
Acesso: 11 abr de 2017.

Groningen, Gerard Van. Criação e consumação. São Paulo: Editora Cultura


Cristã, 2002.

Groningen, Gerard Van. Revelação messiânica no Velho testamento.


Campinas: Luz para o caminho, 1995.

(Norman Geisler, 2010, p.928).

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