22/08/2023, 10:40 A identidade e as obras do Verbo (logos)

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A identidade e as obras do Verbo (logos)

A identidade do Verbo (Quem é o verbo?)

João já de início em seu Evangelho começa falando a respeito de Deus e o

Verbo. A palavra Verbo no grego é "logos", que pode ser traduzida como
"palavra". O tradutor preferiu o termo "verbo" porque se refere a Deus em
ação, criando, se revelando e salvando. Mas algumas traduções trazem o
termo "palavra".

No verso 14 diz que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós". O termo "se
fez carne" significa que Jesus assumiu uma natureza humana, veio em
corpo humano, como João afirma em 2 Jo 1.7: " (...) Jesus Cristo veio em
corpo". Nos demais versos que se seguem podemos claramente concluir
que o Verbo é Jesus Cristo. Portanto, Jesus é Deus e estava com Deus no
princípio (antes da fundação do mundo). O reformador João Calvino diz
que o termo "logos" ou "palavra" foi utilizado por ser a eterna Sabedoria e
Vontade de Deus, que é Jesus.

Ele se fez carne, ou seja, se encarnou, portanto se fez homem de carne e

osso. Não podemos dizer que na encarnação Jesus deixou de ser divino,
porque João diz no verso 14 "e vimos a sua glória, glória como do unigênito
do Pai". Unigênito significa "filho único", o quer dizer que ele foi gerado do
Pai, como reafirma a Confissão de Fé de Westminster. No verso 34 usa
expressão "o Filho de Deus", mas não filho de Deus do verso 12. Jesus é
"Filho" da mesma essência (natureza) do Pai, enquanto nós nos tornamos
filhos por adoção. No verso 18, João usa a expressão "Deus unigênito" se
referindo a Jesus. Vejamos essas verdades: Jesus é gerado do Pai, Jesus é
Deus e estava com Deus no princípio. Jesus é homem e divino!

Os milagres que Jesus realizou claramente mostram sua divindade. No

passado alguns poucos alegaram que Jesus poderia ser um semi-deus.
Essa ideia não existe nas Escrituras, está mais presente em religiões pagãs,
especialmente na mitologia grega. As expressões utilizadas nas Escrituras
claramente mostram que Jesus é Deus. Paulo diz "porquanto, nele, habita,
corporalmente, toda a plenitude da Divindade" Colossenses 2:9. Paulo diz

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"toda a plenitude" e não "parte" ou "um pouco". Em João 20:25, Tomé diz a
Jesus: "Senhor meu e Deus meu!".

As obras do Verbo (O que faz o Verbo?)

No verso 13, João diz que "Todas as coisas foram feitas por intermédio dele;
sem ele, nada do que existe teria sido feito". Em João 1:10 diz que "o mundo
foi feito por intermédio dele". Esses trechos retratam claramente a existência
de Jesus antes da criação e a sua participação nela. Jesus não é passivo
na obra criação, pelo contrário, sem ele, não haveria criação. Paulo diz Rm
11.36: "Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas". Portanto, a criação é
também obra do Verbo.

Do verso 4 ao verso 9, João mostra que Jesus é luz que ilumina o homem.
Cristo é "a verdadeira luz, que ilumina todos os homens" (verso 9b). Esta é a
segunda obra do Verbo: iluminar o homem.

É em Cristo que Deus se revela ao homem. Embora Deus se revele através

da natureza (Rm 1:20), essa revelação não é suficiente para a salvação do
homem. Deus se revela através de Cristo ao homem para que este venha a
crer e ser salvo (2 Co 4.6; Ef 1.18). É importante dizer que o homem não
pode conhecer a Deus, pois, é Deus quem se revela ao homem. Perceba
que, em toda Escritura, Deus é o agente ativo, pois, tudo parte dele primeiro.
Ele não apenas se revelou ao homem, mas também providenciou a
salvação por intermédio de Jesus Cristo. Todos os pronunciamentos dos
profetas apontavam para um salvador, que é Cristo. Ele veio não apenas
para pagar a dívida pelo nosso pecado, mas também para nos regenerar e
nos dar uma nova vida. O verso 12 diz que todos os que nele creram foram
feitos filhos de Deus. Conforme a Doutrina da Adoção, o homem perdeu
sua filiação na queda, mas, por ato gracioso de Deus, o homem é "adotado",
voltando a ter os privilégios de ser filho de Deus. Estas são as demais obra
do Verbo: revelar e regenerar.

Embora Cristo tenha revelado Deus aos homens (Jo 12.46), muitos não
creram nele. O verso 5 diz que as trevas não compreenderam a luz.
Conforme o verso 12, aqueles que não o receberam se refere ao povo de
Israel (Rm 10.22) que não creu na palavra de Jesus. Foi a incredulidade o
motivo pelo qual não receberam a Cristo (Jo 12:35-43; Rm 11.20). Mas
Deus, na sua misericórdia e seu plano divino, tinha os seus escolhidos,
aqueles que foram regenerados.

Regeneração pode ser entendido como nascer de novo. É um ato do

Espírito Santo em que o homem é transformado. Sem a regeneração, o
homem não é capaz de crer. O Deus gracioso, por seu poder e sua vontade
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soberana, nos regenera e nos torna seus filhos. O homem caído, está morto
em seus delitos e pecados, não é capaz de fazer nada. É preciso uma ação
de Deus para que venha a nascer de novo e crer, é o que chamamos de
regeneração. Embora a regeneração seja um ato do Espírito Santo, a
regeneração seria incompleta sem Cristo, pois, foi ele quem nos anunciou o
evangelho e pagou a dívida pelos nossos pecados na cruz.

Em tudo isso vemos a graça de Deus (verso 17) atuando sobre os homens,
uma vez que a lei dada por Moisés não tinha essa função redentora. Como
Paulo diz em Rm 10.4-11, o fim da lei é Cristo, mas o que crer será salvo.

Veja que toda obra é feita em mútua conformidade na Trindade. Tudo

Cristo, o Espírito Santo e o Pai fizeram, foi em mútua colaboração.

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