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[1] Missa Lecta é uma missa falada ou uma missa sem música, celebrada por um sacerdote e um acólito. Também chamada Missa Privata. Existiam também outras missas: a Missa
Cantata e a Missa Solemnis. A primeira é uma forma simplificada da Missa Solemnis, sem diácono ou sub-diácono. Na Missa Solemnis, o diácono cantava o Evangelho, e um sub-
diácono a epístola. Lutheran Cyclopedia, Concordia Publishing House, St. Louis, 1975, p.549.
[2] Douglas D. Fusselmann é pastor da Igreja Luterana Nosso Salvador em Valentine, Nebraska, EUA. Seu artigo “Only Playing Church? - The Lay Minister and The Lord’s Supper,
originalmente foi apresentado como um tópico de abertura no Segundo Simpósio Anual de Teologia no Concordia Seminary de St. Louis, Missouri, em 6 de maio de 1992.
Posteriormente foi publicado em LOGIA - A Journal of Lutheran Theology. Vol. III, N0 1, 1994. pp.43-49. (Esse artigo foi traduzido para o português pelo Rev. Horst Kuchenbecker).
[3]Observamos que Fusselman em seu artigo está discutindo a situação na LCMS, que reconhece leigos atuando em funções pastorais de forma continuada em congregações não
servidas por pastores ordenados.
CULTO PRINCIPAL I
CULTO PRINCIPAL II
Hino de Invocação
Hino de Invocação
Invocação
Invocação
Exortação e ou Alocução Confessional
Alocução Confessional
Confissão e Absolvição
Confissão e Absolvição
Introito: Antifona, Salmo, Gloria Patri, Antifona
Introito
Gloria Patri
Kyrie
Kyrie
Gloria in Excelsis
Gloria in Excelsis
Saudação
Saudação
Oração do Dia
Coleta
Leitura do Antigo Testamento
Leitura da Epístola
Epístola
Gradual ou Hino do Gradual
Hino
Leitura do Evangelho
Evangelho
Ofertório
Oração Geral da Igreja
Oração Geral
Obs.: Não havendo Ceia,
segue: Pai Nosso, Hino,
Oração e Bênção
Obs.: Não havendo Ceia,
segue: Pai Nosso, Hino,
Oração e Bênção
Ofertório ou Hino de Santa Ceia
Hino
Prefácio
Prefácio
Sanctus
Sanctus
Pai Nosso: Oficiante, Coro ou Congregação
Pai Nosso
Oficiante
As Palavras da Instituição
As Palavras da Instituição
Pax Domini
Pax Domini
Agnus Dei
Agnus Dei
Distribuição da Santa Ceia
A Distribuição
Ação de Graças, ou Nunc Dimittis ou Hino apropriado
Nunc Dimittis
Ação de Graças
Saudação
Benedicamus
Bênção
Bênção
1. Preparação
A preparação pode iniciar com um hino de invocação. Este hino opcional pode ser omitido se a extensão do culto for um ponto
a considerar. As partes liberadas, para serem omitidas, estarão assinaladas nas rubricas com a expressão “pode”.
Como pode ser observado, o Culto Principal I e II são muito semelhantes. Ambos iniciam com a Invocação do Deus Triúno.
Convém salientar que esta é uma Invocação. Não estamos apenas sendo lembrados de que o Deus que adoramos é Pai, Filho e Espírito
Santo. Estamos pedindo para que o único Deus verdadeiro esteja em nosso meio, esteja em nossos corações, ao lhe oferecermos o nosso
culto e o nosso louvor.
Ambos os cultos convidam os penitentes a examinarem cuidadosamente as suas consciências, para então, chamá-los a uma
Confissão geral dos pecados. As duas ordens apresentam duas formas de Confissão e Absolvição. Uma mais direta e pessoal, outra mais
genérica e declaratória.
É interessante observar uma evolução nas ordens de culto do antigo para o novo Hinário Luterano. No antigo Hinário tínhamos
uma ordem para cultos sem Santa Ceia e outra para cultos com Santa Ceia. No novo Hinário temos duas ordens completas com Santa
Ceia, apenas prevendo a eventualidade de cultos sem Santa Ceia. Fica evidente que a intenção no novo Hinário é a de estimular cultos
regulares com Santa Ceia.
Não existe nada do ponto de vista teológico e litúrgico que apontem para a necessidade de uma Confissão precedente à Santa
Ceia.[5]Mesmo que o costume e o discernimento pastoral apontem para o valor de uma Confissão e Absolvição na maioria das vezes, as
circunstâncias podem demandar que o culto inicie com o Introito, ou Salmo de Entrada ou Hino de Entrada.
A ordem do Culto Principal I aponta para o fato de que a Confissão e Absolviçãoé um ato de preparação. Essa preparação pode
apropriadamente ser conduzida da entrada da igreja, antes do processional de entrada. Neste caso, a congregação volta a sua face para o
ministro presidente. Ela também pode ser conduzida da fonte batismal, caso esta esteja localizada à entrada da nave (mais comum em
igrejas luteranas europeias e norte-americanas e, principalmente, em igrejas Católico-Romanas), devido à íntima relação existente entre
o Batismo e a Absolvição.
2. Ofício da Palavra
O Ofício da Palavra inicia com um Introito, que consiste de versos de Salmos selecionados para o dia, o Salmo do dia, ou de um
Hino de Entrada. Originalmente, o Introito consistia de um Salmo de Entrada, que por decreto papal (432 A.D.) era cantado
antifonicamente (responsivamente), por um coro duplo, por ocasião da entrada do ministro presidente e seus assistentes. Por volta do
ano 600 A.D., Gregório Magno abreviou este Salmo, dando origem à forma reduzida que encontramos até hoje em uso. Lutero preservou
esses introitos, mas sempre mostrou preferência por Salmos completos.[6]
É interessante observar que existem várias opções. Se a congregação tiver um coro disponível, seria apropriado que o Salmo ou
o Introito fosse cantado pelo coro. Por desconhecimento, a maioria das congregações da IELB tem utilizado quase exclusivamente Salmos
responsivos. Raramente se utilizam do Hino de Entrada e quase nunca do Salmo cantado pelo coro. Há uma tendência ao retorno de
Salmos cantados pelo coro ou pela congregação na Igreja Luterana.
Na medida em que entramos na parte principal do culto, convém rever a diferença entre Rito e Cerimônia e sua aplicação nas
diferentes partes. O Ritoé o texto do culto. O Rito é salientado nas rubricas obrigatórias do culto. Elas definem o que deve ser feito cada
vez que cristãos se reúnem em nome do Senhor. Tais rubricas não foram escritas por mero capricho, mas foram cuidadosamente
planejadas, levando em conta as normas históricas e teológicas do culto. Quando cristãos se reúnem, eles oram, leem as Escrituras,
ouvem a explanação da Palavra de Deus, apresentam suas ofertas e celebram o Sacramento do Altar. As rubricas existem para indicar
claramente que tais coisas devem ou podem fazer parte do nosso culto luterano.
O Ritopode ser enriquecido ou ampliado, de acordo com o caráter festivo do dia ou do período. As Cerimônias (as ações
recomendadas) que estão sendo sugeridas a seguir, levam em consideração os princípios teológicos e históricos apresentados
anteriormente.
Considerando que o Ofício da Palavra está centrado na leitura, na pregação e nas orações do povo de Deus, estas partes poderiam
apropriadamente serem feitas fora do altar, em um púlpito de leitura (ambão), reservando o altar exclusivamente para a celebração da
Ceia do Senhor. Desta forma, se criaria dois focos de concentração maiores, um para a Palavra e outro para o Sacramento, visivelmente
evidenciados no altar e nos púlpitos — o de leitura e o de pregação.
As rubricas deveriam antecipar todas as ações do culto, indicando as partes do ministro presidente, dos assistentes e da
congregação, quando algo deve ser cantado ou falado. No caso de haver a indicação para o canto por parte do ministro presidente, isso
não significa que o mesmo deveria fazê-lo como se fosse um cantor de ópera e sim, falar cantando. Por outro lado, se ministros cantam,
a congregação deve responder cantando. Se ministros falam, a congregação responde falando.
Existem ordens que seguem a Formula Missae e que invariavelmente recomendam o uso do Kyrie e do Gloria in Excelsis. Outras
ordens alternativas, porém, indicam o Kyriee o Gloria in Excelsis como formas opcionais e recomendam que durante os períodos comuns,
ou períodos verdes (Epifania e Pentecostes), sejam omitidos, reservando o seu uso para os períodos festivos. O uso
do Kyrie recomendado para o Advento e a Quaresma, enquanto o Grande Hino de Louvor deve ser usado durante o Natal e a Páscoa.
A Oração do Dia é a primeira grande oração variável do culto, também chamada de Coleta por reunir todos os nossos pensamentos
num parágrafo simples e objetivo. Existem as coletas históricas que têm acompanhado a igreja ao longo dos séculos, mas que carecem
de uma atualização na linguagem. A Comissão de Liturgia está concluindo a elaboração de uma nova série de coletas que levam em
consideração as leituras da Série Trienal[7]. São duas orações por Domingo, uma considerando a segunda leitura e a outra, a primeira
leitura e o Evangelho. A Oração do Dia é precedida pela saudação e o seu responso. Essa é uma bênção mútua entre pastor e congregação,
congregação e pastor. As rubricas luteranas reservam essa oração exclusivamente ao ministro presidente.
As leituras bíblicas[8]e sua exposição são os elementos fundamentais do Ofício da Palavra. A Primeira e a Segunda Leitura podem
ser feitas por um ministro assistente, esta era a função do diácono e do sub-diácono na Missa Solemnis. As leituras indicadas para uso no
culto são em número de três. A Primeira Leitura é normalmente do Antigo Testamento, as únicas exceções são: o Batismo de Jesus (1º
Domingo após Epifania) e o período da Páscoa, quando na Série Trienal as leituras são extraídas de Atos dos Apóstolos. A Segunda
Leitura, normalmente um trecho de uma Epístola, excepcionalmente no período da Páscoa, na Série C, é substituída por trechos do
Apocalipse, e no dia de Pentecostes, nas três Séries, é substituída por Atos dos Apóstolos.
O Santo Evangelho é cercado com grande dignidade e honra, pois reporta às palavras de nosso Senhor Jesus. Ouvir o Evangelho
é ouvir a Cristo. Marcamos a dignidade do Evangelho com responsos antes e depois da sua leitura. Um costume muito antigo, mas muito
apropriado, é a procissão do Evangelho, carregando o livro em meio a “tochas de fogo” até o centro da igreja, particularmente nos dias
de grande festa do Ano da Igreja. Ordinariamente, a Leitura do Evangelho é feita pelo ministro presidente, visto constituir-se
frequentemente no texto da pregação.
A ordem do Culto Principal II aponta a recitação do Credo logo após a Leitura do Evangelho. O Credo sumariza a fé cristã
ouvida nas Escrituras. O Credo Niceno deve ser usado em cultos com celebração da Santa Ceia. O Credo Apostólico pode ser usado
em outras ocasiões, especialmente em celebrações batismais e confirmações. Caso o Credo tenha sido usado por ocasião do Batismo, ele
não precisa ser repetido mais tarde.
O Hino antes do sermão não é considerado opcional pelas rubricas luteranas. Este é o Hino do Dia. Na Igreja Luterana ele tem
sido considerado o Hino Principal (Hauptlied), e tem como função preparar a congregação para o sermão e por esta razão, sempre foi
selecionado com o maior dos cuidados. Em muitas ordens de culto do século XVI, tais hinos eram selecionados e prescritos para cada
Domingo e Dia Festivo do Ano Eclesiástico. Muitos desses hinos foram traduzidos e preservados nos Hinários Luteranos
contemporâneos.
O sermão nunca é opcional, mesmo um simples culto de dia de semana demanda que a Palavra de Deus seja lida e explicada ao
povo. A pregação na teologia luterana é a viva voz do Evangelho. Jamais deve ser omitida. O ministro presidente geralmente prega o
sermão. Exceções podem ser feitas em ocasiões especiais, quando há pregadores convidados.
A Ordem do Culto Principal I indica o uso do Credo após o sermão. [9]A colocação do Credo após o Sermão, visa salientar o
uso da compreensão teológica do Credo como sumário da Palavra de Deus. Ouvimos a Palavra de Deus nas Leituras. A Palavra de Deus
foi proclamada na pregação, a viva voz do Evangelho. O Credo se torna o sumário desta fé bíblica, lida e exposta. O Credo Niceno é
indicado para uso em celebrações do Sacramento do Altar. O Credo Apostólico em todas demais ocasiões.
O culto continua com o ofertar das orações. Este é um papel específico dos ministros assistentes. Na igreja antiga, o diácono
saindo do meio da congregação, como representante da congregação, trazia todas as necessidades, louvores, ações de graças, diante do
trono de Deus. Não existiam formas de orações pré-elaboradas, mas eram feitas sugestões para petições. Após cada petição, a
congregação recebia a oportunidade de responder. A oração era concluída pelo pastor no seu papel de ministro presidente. É apropriado,
segundo as rubricas, oferecer essas orações do púlpito de leitura.
O Culto Principal I, ao inverter a Oração Geral da Igreja e o recolhimento das ofertas, procura introduzir uma inovação que traz
de volta uma antiga prática da igreja cristã de, entre as ofertas que são trazidas até o altar, incluir o pão e o vinho a serem utilizados na
Santa Ceia. Também as ofertas em dinheiro são recebidas neste momento e, preferencialmente, depositadas numa credência, ao lado do
altar, pois esta é a hora de preparar a Ceia do Senhor.
Não havendo celebração da Santa Ceia o culto conclui com Pai Nosso, Hino, Oração e Bênção.
V - Palavras Finais
Mudanças ligadas ao culto muitas vezes provocam resistências. A igreja precisa tratar com seriedade as ansiedades daqueles que
se sentem ameaçados pelas mudanças litúrgicas. A mudança é especialmente ameaçadora para a igreja porque a religião e a liturgia falam
de nossos valores básicos. A mudança pode implicar a alteração desses valores e gerar dúvidas sobre os mesmos. É preciso enfatizar que
mudanças na ordem de culto não procuram mudar ou alterar nosso verdadeiro culto ao Triúno Deus.
Precisamos lembrar que o culto, como todas as ações humanas, está sujeito a distorções e deterioração. A liturgia necessita de
constante clarificação, para que não se torne presa do cerimonialismo. Nem sempre convém falar a cristãos sobre práticas litúrgicas
como sendo corretas ou incorretas. O que precisamos fazer é perguntar-nos se nossas práticas litúrgicas estão servindo de apoio ou de
distorção para a nossa compreensão da fé cristã e de ministério. Nosso culto precisa estar em harmonia com a nossa teologia e vice-
versa.
Não se deve pensar que mudanças em nossas práticas de culto resolverão todos os problemas da igreja. Também não devemos
dar a entender que formas antigas de culto estão incorretas. Não se ganha nada em criticar formas antigas de culto. A introdução de
novas formas de culto deve ser vista como recurso adicional ao culto congregacional.
Por último, precisamos todos lembrar que culto não é uma técnica. É a obra do Espírito. Nossa tarefa como líderes de culto é a
de criar uma situação em que Palavra e Sacramento possam ser poderosamente oferecidos e recebidos pelo povo de Deus. A oração é a
primeira exigência ao se começar a trabalhar em mudanças na liturgia. Todos precisamos ser lembrados que isto é obra de Deus e não
nossa.