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Educação a Distância
História e Teologia do
Ministério Pastoral
2018
1ª Edição
Faculdade Refidim Ficha Técnica
[ Coordenador de TI ]
Everton de Borba
[ Tutor Interno ]
Bel. Orlando Afonso Gunlanda
[ Coordenadora de Extensão ]
Ma. Andrea Nogueira dos Santos
[ Secretária Acadêmica ]
Ma. Andrea Nogueira dos Santos
[ Gestão Financeira ]
Stela Rubiana Maccari
[ Equipe de Pesquisa ]
Dr. Fernando Albano
Dr. Osiel Lourenço de Carvalho
Bel. Orlando Afonso Camutue Gunlanda
Bel. Paulo André Ribas Corrêa
História e Teologia do Ministério Pastoral
Sumário
Equipe de Pesquisa.
6 | História e Teologia do Ministério Pastoral
Unidade I
FUNDAMENTOS DA
TEOLOGIA PASTORAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Tópico 01
Unidade I
Introdução à Teologia Pastoral
Introdução
NOTA IMPORTANTE
O trabalho do pastor é essa ação de serviço, seja ela oração, seja
TEOLOGIA PASTORAL estudo, seja pregação, visitação, administração, entre outros. O
[IMAGEM] termo serviço nos lembra do fato de que a palavra neotestamentária
“A Teologia pastoral é acima de diakonos originalmente designava um serviçal que atende à mesa. O
tudo uma teologia que se ocupa
pastor é o serviçal da sublime Palavra de Deus. Mesmo que o trabalho
do serviço do pastor”.
Imagem disponível em:
pastoral seja um serviço específico, parecendo ter mais destaque na
<https://www.wreducacional.com.br/>. igreja, também ele não deverá tencionar ser nada mais, a não ser
Acesso em: 21 mar. 18. apenas serviço, diaconia.
Deve ficar claro para todos nós: servir a Deus e aos seres humanos
é o sentido e o fim do trabalho do pastor. Deste modo, precisamos
destacar um segundo aspecto: já que o ofício pastoral é servir a Deus
e a comunidade, então o ministro não deverá ser um dominador.
A modéstia cabe ao pastor, na verdade é imprescindível, pois seu
trabalho é servir. Tal postura evidentemente não “tira” a consciência
3. O MINISTÉRIO PASTORAL
Hefner disse:
O ministério ordenado é monitor, arauto, pregador e proclamador
da identidade da Igreja. A dignidade e a necessidade de tal
ministério são inquestionáveis, mesmo que ele não possa existir
por sua própria causa, mas sirva o propósito de capacitar todos
os fiéis a executarem o ministério de Deus no mundo (HEFNER,
1995, p. 234).
NOTA IMPORTANTE
Sobre sua função como sinais e representantes do envio de Cristo e
da unidade da igreja, nele fundamentada repousa a autoridade dos
ministros em cada congregação, e eles terão autoridade na proporção
em que exercerem essa função com credibilidade. Isso, porém, não
acontece simplesmente pela existência de pastores como “ponto de
referência” e sinal para a unidade da congregação, porém através
da proclamação do Evangelho, para a qual eles são chamados, bem
como através da prática de seu ministério pastoral (PANNENBERG, p.
525).
LEITURA COMPLEMENTAR
RESUMO DO TÓPICO
Tópico 02
Unidade I
Bases Para a Teologia Pastoral
nas Tradições de Israel
Introdução
Esses fatores fazem dos livros dos salmos uma das bases para
se pensar a prática pastoral. O Supremo Pastor de Israel ouve o seu
povo em meio as suas necessidades subjetivas mais profundas,
dá acolhida à oração de dor, de alegria, de revolta e até mesmo
de desejo de vingança causado pelo sofrimento e humilhação
de outros povos. Nos salmos, o povo israelita se achega a Deus a
partir de sua humanidade, de seu estado subjetivo e então emite
sons de oração, louvor, pranto e sabedoria sobre a experiência
vivida. Nesse sentido, os salmistas apresentam uma relação entre
o povo e o seu Supremo Pastor: uma relação sincera, de partilha
e de cuidado.
NOTA IMPORTANTE
A igreja primitiva em Jerusalém era dirigida pelos apóstolos e
presbíteros (presbyteroi). Nas novas igrejas constituídas na Palestina
e na Síria, instituíam-se presbíteros como líderes das igrejas. A 1ª
carta do apóstolo Paulo a Timóteo faz referência aos presbíteros
como responsáveis pelo desenvolvimento das igrejas (HÖRSTER,
2009. p. 255-56).
LEITURA COMPLEMENTAR
Edwina Ward
RESUMO:
RESUMO DO TÓPICO
Tópico 03
Unidade I
O ministério pastoral na
história da igreja cristã
Introdução
LEITURA COMPLEMENTAR
Franklin Ferreira
RESUMO:
RESUMO DO TÓPICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e, no final de
cada um deles, você terá um resumo do tópico e um conjunto
de questões que servirão de suporte para o seu aprendizado e
memorização dos conteúdos da unidade.
Tópico 1
O Paradigma Cristológico do ministério pastoral
Tópico 2
O Paradigma Pneumatológico do ministério pastoral
Tópico 3
O Sacerdócio Universal e a Teologia Pastoral da Reforma
34 | História e Teologia do Ministério Pastoral
História e Teologia do Ministério Pastoral | 35
Tópico 01
Unidade II
O Paradigma Cristológico do
Ministério Pastoral
Introdução
Bons estudos.
36 | História e Teologia do Ministério Pastoral
1. O QUE É UM PARADIGMA?
A ideia de “paradigma” como conceito que possibilita organizar
certo campo do saber/fazer, ganhou espaço nas discussões
acadêmicas a partir dos estudos do físico e historiador da ciência
Thomas Kuhn (1922-1996), que ao desenvolver uma espécie de
historiografia da ciência moderna, verificou a movimentação
dos aspectos históricos do desenvolvimento do conhecimento
científico através de paradigmas, possibilitando a produção de
conhecimento e de pesquisas laboratoriais.
Kuhn (1998) compreendeu que alguns exemplos aceitos na
prática científica real – exemplos que incluem ao mesmo tempo
lei, aplicação, instrumentalização – proporcionam modelos dos
quais brotam as tradições coerentes e específicas da pesquisa
científica. São nessas tradições que o pesquisador se baseia para
fazer suas pesquisas e são adotadas por novos estudantes.
Na perspectiva de Kuhn (1998), para que se produza um
determinado saber é necessário que as gerações novas de
pesquisadores possam reunir-se aos pesquisadores mais
antigos, conheçam os procedimentos por eles desenvolvidos e,
por conseguinte, construam novos conhecimentos a partir dos
paradigmas produzidos pelos pesquisadores anteriores. Assim,
existe um conjunto próprio de regras e instrumentos padronizados,
produzidos por cada paradigma para fazer os experimentos
laboratoriais, a fim de se construir conceitos e aplicações conforme
o objetivo de uma determinada pesquisa.
Desse modo, Kuhn (1998, p. 30) entende que, para “conhecermos
a evolução histórica da ciência, não podemos partir de uma
perspectiva cumulativa, mas sim entender os paradigmas de cada
momento científico específico”. A investigação histórica cuidadosa
de uma determinada especialidade, em um determinado
momento, revela um conjunto de ilustrações recorrentes e quase
padronizadas nas suas aplicações conceituais, instrumentais e na
observação. Esses são os paradigmas da comunidade revelados
nos seus manuais, conferências e exercícios de laboratórios.
Em outras palavras, diríamos que os paradigmas são formas
pelas quais um determinado campo do saber/fazer desenvolve
e articula teoria e prática com o intuito de produzir um conjunto
possível de conhecimentos específicos. Nesse sentido, os
paradigmas são os princípios que organizam a forma de produzir
saberes/práticas aceitas por um determinado grupo, produzindo
uma espécie de modelo a ser seguido.
Apesar de Kuhn realizar sua análise a partir da história da
ciência, seu método é válido para outras análises, na medida em
que possibilita perceber o mover da história, a partir de algumas
categorias que condicionam o modo de viver e agir do ser humano
no mundo. Ao mesmo tempo, os paradigmas nos ajudam a
perceber o modo como algumas práticas são realizadas, quais os
princípios que as acompanham e como se estruturam os saberes
de uma tradição, grupo ou comunidade.
LEITURA COMPLEMENTAR
RESUMO DO TÓPICO
Tópico 02
Unidade II
O Paradigma Pneumatológico
Do Ministério Pastoral
Introdução
LEITURA COMPLEMENTAR
Resumo
RESUMO DO TÓPICO
Tópico 03
Unidade II
O Sacerdócio Universal e a
Teologia pastoral da Reforma
Introdução
LEITURA COMPLEMENTAR
Resumo
RESUMO DO TÓPICO
PRÁTICAS PASTORAIS
E SUA RELAÇÃO COM
O CUIDADO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e, no final de cada um
deles, você terá um resumo do tópico e um conjunto de questões
que servirão de suporte para o seu aprendizado e memorização
dos conteúdos da unidade.
Tópico 1
Aconselhamento Pastoral, Acompanhamento e
Assessoramento.
Tópico 2
Cuidado e Escuta Sensível no Ministério Pastoral.
Tópico 3
Discipulado e Ensino no Ministério Pastoral.
64 | História e Teologia do Ministério Pastoral
História e Teologia do Ministério Pastoral | 65
Tópico 01
Unidade III
Aconselhamento Pastoral,
Acompanhamento e
Assessoramento
Introdução
1. ACONSELHAMENTO PASTORAL
A cultura do aconselhamento é uma prática muito mais difundida
em nossa sociedade do que imaginamos. O aconselhamento é um
saber e, ao mesmo tempo, uma prática que ultrapassa as fronteiras
do campo religioso. Do ponto de vista histórico, encontramos desde
as civilizações mais antigas às novas configurações sociais de nosso
tempo, diferentes práticas de aconselhamento objetivando dar conta
das dificuldades enfrentadas pelas pessoas em suas vidas cotidianas.
Quer seja pela perspectiva religiosa ou secular, a função de orientar as
problemáticas próprias de suas épocas é uma prática comum nos círculos
familiares, nos grupos sociais e nas elites governantes, como o caso das
cortes reais constituídas por vários conselheiros e sábios que orientam
o oficio real. Cabia a estes opinar nas decisões políticas, econômicas ou
religiosas a serem tomadas pela casa real (CLINEBELL, 1987).
Além dos sábios e as pessoas que desempenhavam o papel
de conselheiros oficiais, as comunidades antigas desenvolveram
aquilo que hoje chamamos de sabedoria popular, ditos e
provérbios com a função de apresentar orientações práticas
para questões cotidianas da vida. Uma sabedoria resultante
dos encontros diários e dos acontecimentos humanos que
perpassavam a história. Dessa maneira, além de ser uma prática
oficial e desenvolvida, por exemplo, na corte real, ela sempre foi
uma prática comum da vida social (BESSA, 2013).
Na tradição judaica, por exemplo, encontramos a figura dos
anciãos, pais e pessoas com considerável experiência de vida
sendo considerados responsáveis em aconselhar e direcionar a
vida dos mais jovens. Estas características perpassam os sumérios,
egípcios, assírios, babilônios, medo-persas, gregos, romanos,
civilizações ocidentais e orientais.
Ao longo da história do cristianismo, o aconselhamento
tornou-se uma prática eclesiástico-pastoral, associado à ideia
de ensino, exortação, direção e orientação pessoal no estilo
catequético e, posteriormente, médico-clínico, isto é, realizado
em gabinetes privados na lógica do sigilo e da orientação pessoal.
Nas comunidades cristãs, em geral, o aconselhamento passou a
ser uma tarefa pastoral-sacerdotal específica daqueles que eram
convocados ao santo ministério (GONZALEZ, 2005).
A apropriação e aprimoramento da prática do aconselhamento
dentro da tradição cristã possibilitou o surgimento daquilo que
podemos chamar de Aconselhamento Pastoral ou Cristão. No entanto, o
aconselhamento não se resume à experiência cristã, pois outros espaços
POIMINÊNCIA tanto religiosos como não religiosos desenvolvem práticas que visam o
[SAIBA MAIS]
Poimênica é um termo grego que traz
aconselhamento, orientação e suporte para pessoas.
a ideia de cuidado, serviço ao outro, Na tradição cristã, o aconselhamento se tornou a manifestação
dedicação ao outro ou até em outras
palavras pastoral humana.
da poimênica eclesiástica. A poimênica é compreendida como o
CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento ministério amplo e inclusivo de cura e crescimento mútuo dentro
pastoral: modelo centrado em de uma comunidade durante todo o ciclo de vida (CLINEBELL, 1987).
libertação e crescimento. São Por esse viés, o aconselhamento é uma dimensão da poimênica
Leopoldo: Sinodal, 1987, p. 25. cristã ao constituir-se como suporte durante as situações de
4. ACOMPANHAMENTO E ASSESSORAMENTO
A tese desse subtítulo é que o Assessoramento e o Acompanhamento
de pessoas ou grupos são práticas relacionadas ao Aconselhamento
Pastoral. Na verdade, a proposta de estratégias em aconselhamento
pastoral que esboçaremos, coloca o aconselhar entre o assessorar e o
acompanhar. Sendo assim, podemos falar em três princípios estratégicos
de cuidado pastoral, ou seja, os três “As”.
Antes de desdobrarmos um pouco sobre cada um destes conceitos
e princípios de atuação, é preciso dizer que as igrejas e as organizações
que pretendem empreender ações e estratégias de cuidado com suas
comunidades precisam ir além do protótipo convencional que circula no
meio evangélico, ou seja, o aconselhamento pastoral como uma atividade
apenas de gabinete. Para tal, dois aspectos devem ser considerados:
1. Aconselhamento não é restrito à atividade pastoral; isso
implica que cada ser humano pode aconselhar, assessorar
e acompanhar dependendo da situação;
2. O gabinete pastoral é um espaço valioso de diálogo,
orientação e ajuda em tempos de crise pessoal ou familiar.
Entretanto, a perspectiva de cuidado que abordamos não
pode ficar restrita ao escritório pastoral.
Não será demais dizer que o gabinete é um modelo de cuidado
pastoral com inspiração médica e de cunho curativo. O que estamos
propondo como perspectiva de cuidado (três As) não deixará de
contar com a mobilização e com o trabalho dos líderes das igrejas
e comunidades e, nem deixará de oferecer um espaço de escuta e
compreensão para as pessoas que se sentem “doentes da alma”.
Quando pensamos o aconselhamento para além do gabinete e
das respostas certas para os problemas difíceis, estamos pensando
serem imprescindíveis novas estratégias de cuidado – especialmente,
aquelas com perspectivas preventivas e de promoção da saúde
mental, física e espiritual.
É humanamente impossível que os líderes religiosos abracem
[conheçam e intervenham] em todas as situações que circulam no
cotidiano das igrejas e organização que presidem. Os demais membros
de uma comunidade religiosa são assim chamados para assumir os
desafios restantes tanto no espaço religioso como no espaço social.
Contemporaneamente, a necessidade de relações mais significativas
diante do individualismo vivido por todos nós, demanda às comunidades
religiosas o desejo que a maioria de nós nutre por encontros e por
sentidos que não se limitam à esfera do sagrado e do religioso.
Ou seja, estamos afirmando que o aconselhamento pastoral não se
destina unicamente àqueles que apresentam crises e conflitos pessoais.
Neste sentido, preferimos falar em relações de cuidado porque nos permite
pensar que em uma igreja as pessoas, por meio das relações vivenciadas,
combinam lógicas de cuidado e possibilidades de aconselhamento. Isto
implica dizer que as relações de cuidado e aconselhamento são recíprocas,
pois, o sujeito que oferece conselhos alimenta não somente quem precisa,
mas ele também se alimenta da satisfação de ter aconselhado alguém.
3.1. Assessoramento
Falar em assessoramento implica fazer uma opção por novos
conceitos no âmbito do aconselhamento pastoral. Assessorar não
é uma atividade passiva de quem espera pelos problemas baterem
à porta clamando por ajuda. Assessorar é pensar estratégias
de intervenção na dimensão macro das relações de cuidado e,
portanto, o conceito emergente é gestão do cuidado, ou seja, o
assessoramento de grupos ou de pessoas possibilita uma prática
de gestão do cuidado.
Podemos dizer que a Gestão do Cuidado se iniciou no campo da
Psicologia Pastoral quando alguém ousou promover cuidado aos
cuidadores. Falar em Gestão do Cuidado significa observar, planejar
e implantar ações que primeiramente promovam uma cultura do
cuidado. Colocar as relações de cuidado em cena e as implicações
que demandam estas relações também faz parte deste pensamento
que gesta o cuidado como condição do viver (HEIDEGGER, 2008).
Então, o assessoramento é o conjunto de estratégias que compõem
o trabalho daqueles que compreendem que o cuidado passa pela
educação para uma cultura do cuidado, contando que ser humano é
demandar cuidados – desde a primeira infância até a velhice.
Sob esse prisma, pensa-se que o assessoramento adquire seu
aspecto macro, isto é, ele possibilita que as práticas de cuidado
sejam planejadas, organizadas, estrategicamente pensadas e
aplicadas, para gerar cultura de cuidado tanto no espaço religioso
como no espaço social. Deste modo, podemos resumir a prática
do assessoramento da seguinte maneira:
3.1. Acompanhamento
Acompanhar alguém é estabelecer uma relação de suporte. Se
existe uma possibilidade de pensar o acompanhamento pessoal
dentro do cuidado, essa possibilidade se dá nas relações. Logo, *NOTA 1
fica claro que acompanhamento é sempre uma forma de suporte [SAIBA MAIS]
Fez-se neste tópico o intercâmbio
de relacionamentos. Em outras palavras, poderíamos dizer que o de significados, fazendo com que
acompanhamento é similar ao aconselhamento de apoio. os conceitos de acompanhamento
e aconselhamento de apoio se
No acompanhamento, o conselheiro usa métodos que
atravessassem no aspecto em que
estabilizam, alicerçam, alimentam, motivam ou orientam pessoas, os dois conceitos não se propõem
capacitando-as a manejar seus problemas e relacionamentos a mudanças na personalidade dos
mais construtivamente dentro dos limites que lhes são impostos sujeitos, nem são psicoterapias
pelos recursos de sua personalidade e pelas circunstâncias. pastorais (conceito que será explicado
na próxima aula), eles são propostas
A proposta do acompanhamento não é estabelecer uma de suporte para as relações com
psicoterapia pastoral, nem tão pouco percorrer caminhos pessoas que, de alguma forma,
atravessam situações difíceis. As
de mudança de personalidade das pessoas envolvidas. O principais características dos dois
acompanhamento não emprega métodos de descoberta e não visa conceitos é que se concentram nos
insights profundos ou transformações radicais da personalidade. problemas do dia-a-dia. É neste
Seu objetivo é ajudar as pessoas a obterem forças e perspectivas sentido que foi possível estabelecer
atravessamentos dos dois conceitos na
com o intuito de usarem seus recursos psicológicos e interpessoais
proposta de pensar a participação do
(por mais limitados que sejam) com mais eficácia ao enfrentarem acompanhamento durante as relações
criativamente sua situação de vida. *Nota 1. Caracteriza-se por de cuidado e aconselhamento.
ACONSELHAMENTO PASTORAL ocupar-se com as questões do dia a dia das pessoas, fornecendo
DA FAMÍLIA: UMA PROPOSTA a elas a possibilidade de criação de caminhos favoráveis de
SISTÊMICA enfrentamento das situações cotidianas.
[DICA DE LEITURA]
Fez-se neste tópico o intercâmbio Portanto, o acompanhamento é um percurso de suporte.
de significados, fazendo com que Suporte para pessoas com dificuldades afetivas, emocionais,
os conceitos de acompanhamento espirituais, sociais, familiares e de ordem religiosa. Utilizando
e aconselhamento de apoio se uma linguagem bíblica, podemos dizer que acompanhamento
atravessassem no aspecto em que
os dois conceitos não se propõem
é levar a cruz do outro durante o caminho da sua crucificação,
a mudanças na personalidade dos partilhar da dor do outro, mas muito mais que partilhar, entrar
sujeitos, nem são psicoterapias nela e de alguma forma aliviar o peso de sua cruz. Isso significa
pastorais (conceito que será explicado que o acompanhamento não tem como caráter primordial retirar
na próxima aula), eles são propostas a cruz nem o caminho da crucificação, no entanto, ele propõe um
de suporte para as relações com
pessoas que, de alguma forma, suporte durante a peregrinação. Esta é uma das possibilidades da
atravessam situações difíceis. As atividade do conselheiro. É neste sentido ser possível pensar o
principais características dos dois acompanhamento enquanto uma forma de suporte nas relações
conceitos é que se concentram nos de cuidado e de aconselhamento pastoral. Para saber mais a
problemas do dia-a-dia. É neste
sentido que foi possível estabelecer
respeito, siga a dica de leitura ao lado.
atravessamentos dos dois conceitos na
proposta de pensar a participação do
acompanhamento durante as relações
de cuidado e aconselhamento.
LEITURA COMPLEMENTAR
Wilhelm Wachholz
Resumo
RESUMO DO TÓPICO
Tópico 02
Unidade III
Cuidado e Escuta Sensível no
Ministério Pastoral
Introdução
Bons estudos!
78 | História e Teologia do Ministério Pastoral
2.1. Alteridade
A ideia de alteridade está relacionada àquilo que a presença
do outro, em convivência, altera em mim. Interação cultural e por
interdependência com outras pessoas; para alguns antropólogos,
a existência do eu-individual só se realiza em presença do outro
e que, de maneira expandida se torna o outro: [...] a própria
sociedade diferente do indivíduo. Por conseguinte, eu apenas
existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite
também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado,
partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado
que estou pela experiência do contato.
Sendo assim, a diferença é, simultaneamente, a base da vida
social e fonte permanente de tensão e conflito (VELHO, 1996, p.
10). A alteridade nos leva a experienciar aquilo que é do lugar do
outro, aquilo que é da vivência do outro e, então, sair do nosso
lugar comum para ver o lugar comum do outro.
Aos poucos, notamos que ao conhecermos os outros passamos
a conhecer a nós mesmos, a dar parte daquilo que somos e temos
de modo a sermos menos egoístas e mais entregues ao cuidado/
relação com o outro. Não podemos pensar qualquer outra
possibilidade de realizar a prática de cuidado pastoral sem ter em
conta a perspectiva da alteridade como lugar inicial de atividade.
2.2. Convivialidade
A presença do outro, como pessoa integrante da Convivialidade
e sujeito da experiência, acena-nos a reconhecê-lo como outro-
relação, um território de passagem que, ao mesmo tempo, registra
no encontro as marcas afetivas de sua distinção. Ou seja, quando
entre eu e tu se realiza um encontro mutuamente afetivo, sem
PASTOR CUIDADOR exigências a priori, o qual será estilizado por aquilo que cada um
[PARA REFLETIR] traz, pelo que cada um é e pelo que juntos podem tecer.
“O pastor que cuida se sabe pela
receptividade, pela disponibilidade e, Quando no pastor-cuidador se abrem espaços de habitação do
principalmente, pela sua abertura à outro com sua carga cultural, existe a implicação de que haverá uma
hospitalidade do outro.” modificação no território da relação entre cuidador e cuidado. O
LEITURA COMPLEMENTAR
Leonardo Boff
Resumo
RESUMO DO TÓPICO
Tópico 03
Unidade III
O Discipulado e o Ensino no
Ministério Pastoral
Introdução
LEITURA COMPLEMENTAR
Resumo:
O presente artigo aborda o tema do discipulado sob a perspectiva
bíblica e reformada. Seu pressuposto básico é que a dinâmica do
discipulado, tão negligenciada em nossos dias, não deve ser vista
como uma opção na prática do ministério pastoral, mas como uma
exigência para um ministério fiel e bem-sucedido. Mas o que é
ser discípulo? O que é discipulado? E qual é a responsabilidade
do pastor nesse aspecto da vida cristã? O artigo, de maneira
bem objetiva, procura responder essas questões. Inicialmente,
oferece uma definição do termo discípulo à luz de algumas
passagens bíblicas. A seguir, esclarece o conceito da prática do
discipulado, mostrando também algumas doutrinas bíblicas que
estão intimamente relacionadas ao tema. Assim, o artigo visa dar
uma pequena contribuição para orientar os pastores a resgatar
uma prática que muito os ajudará no ministério pastoral e na
edificação do rebanho.
RESUMO DO TÓPICO
CARISMA E ÉTICA
NO MINISTÉRIO PASTORAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos e, no final de cada um
deles, você terá um resumo do tópico e um conjunto de questões
que servirão de suporte para o seu aprendizado e memorização
dos conteúdos da unidade.
Tópico 1
A Vivência dos carismas no ministério pastoral
Tópico 2
Aspectos Éticos no Exercício Ministerial
96 | História e Teologia do Ministério Pastoral
História e Teologia do Ministério Pastoral | 97
Tópico 01
Unidade IV
A Vivência dos Carismas no
Ministério Pastoral
Introdução
1.1 APóstolos
No vocabulário grego, o termo apóstolos significa mais do
que mensageiro. Remete a alguém enviado com um propósito
particular; ou àquele que é portador de autoridade, que é
comissionado. Em algumas narrativas bíblicas, a palavra é
aplicada tanto para descrever a pessoa de Jesus (cf.: Hb 3.1), como
àqueles que foram enviados para pregar a Israel e às igrejas (cf.:
Lc 11.49; 2Co 8.23). Porém, o termo é aplicado aos homens, os quais
foram responsáveis por organizar e estruturar as comunidades
primitivas (WALLS, 1995).
A função primária dos apóstolos era servirem de testemunhas
das ações de Jesus. Esse testemunho era fundamentado em
conhecimento íntimo, sendo essa intimidade superior à missão.
Ou seja, a conexão do enviado com o remetente é mais importante
do que o conteúdo da mensagem a ser entregue, pois o enviado
fala em nome daquele que o enviou (WALLS, 1995). Os apóstolos,
juntamente com os demais membros das comunidades, foram
os responsáveis por lançar os fundamentos das comunidades
primitivas. Foram os primeiros pregadores; estavam entre os
primeiros a serem batizados com o Espírito Santo.
1.2 Profetas
Todo crente é potencialmente um profeta, pois todos são
convocados a serem vozes de Deus contra a injustiça. Afinal,
conforme nos narra Atos 2.18, o Espírito foi derramado sobre
todas e todos. No entanto, desde o início da comunidade em
Atos, encontramos pessoas chamadas especialmente para o
ministério da profecia (MOTYER, 1995). Suas funções consistiam na
profecia de proclamação e na predição. Em Atos 11.27-28, lemos a
respeito do profeta Ágabo – um dos poucos profetas cujo nome
nos é fornecido: “Naqueles dias alguns profetas desceram de
Jerusalém para Antioquia. Um deles, Ágabo, levantou-se e pelo
Espírito predisse que uma grande fome sobreviria a todo o mundo
romano, o que aconteceu durante o reinado de Cláudio” (NVI).
Através dessa profecia, a comunidade recebeu orientação e pode
dar o devido suporte aos seus membros.
Não resta dúvida de que os profetas desempenharam um
papel importante na proclamação do evangelho nas comunidades
primitivas. Motyer afirma:
Em sua capacidade como pregadores da igreja, o
trabalho dos profetas é descrito como exortação (At
15:32), edificação e consolação (1Co 14:3). A reação
do indivíduo que não é crente para com o ministério
dos profetas (1Co 14:24) demonstra que eles eram
pregadores da mensagem completa sobre o pecado
e salvação, sobre a ira e a graça de Deus (MOTYER,
1995, p. 1328).
Foram dignos sucessores de João Batista e dos profetas do
Antigo Testamento, visto que a autoridade deles era reconhecida
pela comunidade de fé. Kaldeway corrobora: “Os profetas do Antigo
Testamento eram profundamente tocados pelos pensamentos de
TÓPICO 01 - A Vivência dos Carismas no Ministério Pastoral
100 | História e Teologia do Ministério Pastoral
1.3 Evangelista
O termo evangelista ocorre apenas três vezes no Novo
Testamento. O termo remete à pessoa que leva o evangelho a
quem não conhece. Literalmente, é o portador das Boas Novas.
Mesmo sendo tarefa de todos testemunharem as ações de Jesus, a
descrição de Efésios 4.11 nos leva a entender que os “[...] evangelistas
constituíam na igreja primitiva uma ordem de ministério distinto e
bem caracterizado, separada da dos apóstolos, profetas, pastores
e mestres” (GEE, 1987, p. 41).
Ainda assim, devemos ter em mente que o evangelista não é
um perito a realizar algo que ninguém mais consegue fazer. Portar
as Boas Novas é tarefa de todos os membros da comunidade de
ESCRITURAS fé. Porém, o contato com os oprimidos, com os necessitados, pode
[SAIBA MAIS] ser compreendido como uma tarefa tipicamente evangelística –
Na época das comunidades primitivas, entendendo o termo evangelístico como ação da comunidade de
ainda não havia um cânon (Bíblia) fé no mundo. É comum, ao falar de evangelistas, lembrarmo-nos
definido. Muitos dos livros do Novo de grandes pregadores, como Billy Graham, os quais ministravam
Testamento que temos em mãos
atualmente em nossas Bíblias, ainda
para grandes multidões. Todavia, é preciso lembrar que eles
estavam em vias de formação. Desta representam apenas um exemplo dessa vocação e não o todo.
forma, quando no Novo Testamento
aparece o termo Escrituras, se está
fazendo referência à Bíblia Hebraica 1.3 Mestres
(Antigo Testamento) – a qual também
não estava finalizada –, especialmente O ministério do mestre é tão importante no Novo Testamento,
à Septuaginta (LXX). sendo listado nas três listas paulinas dos ministérios (Rm 12.6-
8; 1Co 12.28 e Ef 4.11). Gee defende a ideia de que em Efésios o
texto indica que o ministério de mestre muitas vezes se unia ao
do pastor. Ele contribui: “Aos anciãos, que eram chamados para a
DONS MINISTERIAIS supervisão pastoral das igrejas, exortava-se a que pastoreassem
[COMENTÁRIO DO AUTOR] o ‘rebanho de Deus’ (1Pe 5:2); e desejava-se que tais homens
Não refletiremos a partir de todos fossem aptos ‘para ensinar’ (1Timóteo 3:2)” (GEE, 1987, p. 56). De
os dons ministeriais narrados em
forma geral, o mestre era encarregado de preservar, transmitir e
Efésios. Selecionamos apenas dois.
Fizemos isso, pois queremos que você interpretar as Escrituras e preservar a tradição apostólica.
faça também um exercício crítico
de contextualização dessa narrativa
bíblica. 2. O EXERCÍCIO DO MINISTÉRIO PASTORAL EM DIÁLOGO COM OS
CARISMAS
Tente desenvolver, a partir das
narrativas bíblicas e em diálogo com A partir do que expomos anteriormente, podemos agora
sua realidade vivencial, uma reflexão traçar possíveis caminhos para contextualizarmos os conteúdos
sobre os dons e ministérios na igreja da narrativa de Efésios para nossa realidade vivencial. A nosso
local. Isso lhe ajudará a desenvolver ver, para que o exercício pastoral seja efetivo, e que esteja em
competências para a reflexão
crítica. Além, de auxiliá-lo(a) no
constante diálogo com o seu contexto, o pastor necessita ter duas
desenvolvimento da escrita teológica. características: 1) a característica profética; e 2) a característica
instrucional.
Vamos lá, faça esse exercício.
LEITURA COMPLEMENTAR
Resumo:
RESUMO DO TÓPICO
Tópico 02
Unidade IV
Aspectos Éticos no
exercício ministerial
Introdução
4. ÉTICA E SEXUALIDADE
Outro pecado que tem derrubado muitos pastores – e às
vezes comunidades inteiras – é o da imoralidade sexual (grego
porneia). Na ética paulina, a porneia ocupa um lugar de destaque
nas preocupações do apóstolo para com os membros da igreja e
ministros. Isso se atesta no fato de que, das sete listas de vícios que
aparecem nos escritos de Paulo, a imoralidade sexual aparece em
cinco, figurando o primeiro lugar (1Co 5.10; Gl 5.19-21; etc.).
No entanto, o que é imoralidade sexual? O termo porneia e seus
cognatos, abarcam muitos conceitos no âmbito da sexualidade.
Porneia pode ser impureza, imoralidade sexual, qualquer tipo de
relação sexual ilícita; é também sinônimo de adultério. Conforme
Van den Born, porneia estigmatiza a decadência sexual do mundo
helenístico (BORN, 1985). James Dunn, por sua vez, atesta que porneia
cobre em seu campo semântico “[...] toda faixa de relações sexuais
ilegais” (DUNN, 2003, p. 159). Muitas vezes, o termo em análise é
traduzido por prostituição, contudo porneia é mais do que o sexo
comercializado, é todo e qualquer desvio sexual.
A inabilidade de lidar saudavelmente com a sexualidade (porneia)
acompanha a história da humanidade, por isso, tanto no Antigo
Testamento como no Novo Testamento, encontramos Deus exortando
seu povo a uma vida sexual íntegra e sadia. A sexualidade é mais uma
bênção de Deus. Todavia, podemos dizer que na atualidade vivemos
em um mundo pornificado, banhado pela pornografia, nesse caso,
ganhando o mesmo sentido de imoralidade sexual. Os meios de
comunicação têm sido utilizados para transpor barreiras, inclusive
a da privacidade. Isso gera patologias, em especial, na esfera da
sexualidade, com a proliferação de sites pornográficos (LISBOA,
2001). Diante dos meios de comunicação de massa, não se pode
tomar uma postura ingênua, pois esses, aos poucos, vão moldando
os conceitos sobre sexualidade, tanto de adultos quanto de crianças.
Pode-se dizer que a porneia penetra nas diversas camadas sociais
através dos meios de comunicação de massa, transformando o sexo
em uma prática extremamente egocêntrica e utilitarista, e não mais
uma expressão de carinho e compromisso (GRZYBOWSKI, 1998).
É nesse cenário que o pastor é chamado a ser um importante
conscientizador dos membros da comunidade de fé sobre uma
compreensão sexual sadia. Ele, como um ser humano inserido em
uma dada realidade, também precisa tomar cuidados para não gerar
escândalos sexuais e entrar para a triste estatística de pastores
adúlteros e viciados em pornografia. Obviamente, que o pastor, como
qualquer cristão (cristã), não está imune às tentações. Afinal, elas
sobrevêm sobre qualquer pessoa. O que faz a diferença é o estado
de vigilância em que esses se encontram.
Para não ser engodado pela imoralidade sexual, o pastor deve
estar sempre em vigilante oração e ser alguém resolvido em sua
vida sexual. Muitos acabam cometendo algum tipo de ato imoral,
porque o próprio casamento está mal fundamentado nessa esfera.
O próprio Paulo já falava ser o casamento a melhor maneira de se
lutar contra a imoralidade sexual. Inclusive, suas afirmações das
5. O PASTOR E O CUIDADO DE SI
Diante das muitas atividades do ministério pastoral, o cuidado
de si apresenta-se como uma necessidade constante para que haja
saúde emocional, espiritual e física do ministro vocacionado à vida
pastoral. Nesse sentido, existem três atividades essenciais para o
cuidado de si, são elas: oração, leitura da Bíblia e orientação espiritual.
São tarefas que não chamam a atenção por serem silenciosas e, por
isso mesmo, por vezes, passíveis de serem negligenciadas.
A oração, leitura da Bíblia e orientação espiritual são atividades em
que a atenção do pastor é centralizada em Deus; espaço/momento
em que sua vida está entregue diante de Deus e/ou do orientador
espiritual para ser cuidado e orientado. Nessas atividades, o pastor
se coloca diante de Deus por causa de seus relacionamentos: com
Deus, com sua Família e com a Igreja.
Peterson observa:
Sem esses três elementos não pode haver
crescimento substancial no pastorado. Sem uma
“devoção” adequada, nem mesmo os melhores
talentos e as melhores intenções poderão evitar
o enfraquecimento, que levará a uma vida, em
sua maior parte, de representação. [...] Muitos
descobriram que a prática deles é difícil (e um
pouco entediante) e, por isso, deixaram de executá-
los, substituindo-os por atividades que se encaixam
melhor na agenda dos pastores. É comum ouvirmos
colegas menosprezarem esses três exercícios da
comunhão prática com Deus, dizendo que não
têm queda para esse tipo de atividade ou que se
interessam por outros campos de ação. O fato é
que ninguém tem uma “queda” para essas práticas,
porque elas demandam esforço e são destituídas de
glamour (PETERSON, 2000. p. 14-15,16).
Construir uma base sólida sobre estes três fundamentos:
oração, leitura da Bíblia e orientação espiritual, fará com que
a pregação, o ensino e a administração da igreja surjam como
resultado. Todo trabalho pastoral desenvolvido alheio a esses
fundamentos carece de integridade (PETERSON, 2000).
a) A Oração
De todas as disciplinas espirituais, a oração é a principal, porque
conduz a uma comunhão permanente com Deus. Quanto mais próximo
o pastor procurar estar de Deus, mais enxergará a necessidade de ser
conformado a Cristo. A oração é a principal via usada por Deus para
nos transformar. Se o pastor não estiver disposto a mudar, ele deixará
a oração de lado, e ela não será uma característica perceptível em
sua vida. A oração está na raiz de toda santidade pessoal.
Não se pode ignorar que todo trabalho pastoral começa com
oração. Tudo aquilo que tem a participação do pastor, o que for criativo,
poderoso e bíblico, tem origem na oração. As Escrituras esclarecem
que a devida associação da Palavra à oração é a abordagem mais
estratégica do ministério. Uma discussão das palavras de Jesus em
João 15.7,8 e de Paulo em Efésios 6.10-20 demonstra a importância de
juntar a Palavra e a oração no ministério pastoral.
Em João 15.7,8, Jesus destaca uma vida de oração e conquistas
através das respostas do Senhor, o que resulta em glória a Deus,
multiplicação de frutos e autenticação da vida de oração. Já no texto
de Efésios 6.10-20, Paulo segue a liderança de Jesus, enfatizando a
importância da oração. Ele realça o poder da armadura de Deus e,
depois de detalhá-las, refere-se à oração que deve acompanhá-las.
Porém, antes de exortar os crentes de efésios a orar, Paulo lhes dá
um exemplo de oração.
“O pastor não deve ter a ousadia de negligenciar essas verdades,
pois elas destacam que, um ministério centrado em Deus,
profundamente moldado por sua Palavra e pela oração, produz frutos
aprovados” (ROSSCUP, 1998, p. 189-196). Os resultados da oração
devem transparecer na vida pessoal e familiar do pastor, nos seus
encontros cotidianos, nas reuniões de oração, de líderes, de grupos
pequenos, de obreiros, nas escolas dominicais. Os membros da
congregação devem ter como exemplos pastores que demonstrem a
importância da oração em suas vidas.
b) A Leitura Bíblica
Paulo escreveu a Timóteo: “[...] aplica-te à leitura” (1 Tm 4.13). É
dever do pastor aplicar-se à leitura bíblica. A Bíblia é o grande
recurso do pastor, ela não somente deve estar à sua mão como,
também, em seu coração; deve ter diligência ao estudá-la (2 Tm 2.15),
trazendo à memória as coisas estudadas. Como manual do pastor,
a Bíblia descreve aquilo que lhe é indispensável para servir bem a
Deus, como também ao rebanho sobre o qual Deus o constituiu (At
20.28) (KESSLER, 1988).
Todavia, em pesquisa realizada pelo editor e jornalista da Abba
Press & Sociedade Bíblica Ibero-Americana, Oswaldo Paião, revela
uma triste verdade: cerca de 50,68% dos pastores e líderes nunca
leram a Bíblia Sagrada por inteira pelo menos uma vez. Segundo o
autor da pesquisa, a falta de tempo e ênfase na pregação expositiva
são os principais impedimentos.
A falta de uma disciplina pessoal para determinar uma leitura
sistemática, reflexiva e contínua das escrituras sagradas e pressão
por parte do povo, atualmente cobra por respostas rápidas, positivas
e soluções instantâneas para problemas urgentes, sobretudo os
ligados a finanças, saúde e vida sentimental.
Vivemos em uma época de ativismo religioso, no entanto é
inadmissível que o pastor alegue falta de tempo como desculpa
para sua omissão na leitura bíblica. Diante desse quadro, Paião
adverte: “muitos pastores precisam rever seus conceitos teológicos
c) Orientação Espiritual
A Orientação Espiritual é um diálogo entre pessoas com o único
intuito de que a vontade de Deus se manifeste na vida do orientado
e também do orientador, pelo Poder da Palavra de Deus, da vivência
do amor, da compaixão e pela unção do Espírito Santo de Deus.
Muitas atividades no ministério pastoral exigem que o pastor
use de autoridade enquanto as exerce, entretanto, ele não deve
esquecer que a identidade cristã consiste em servir. A prática da fé
envolve o exercício da obediência; uma atitude exatamente oposta
à autoridade. A fé é o ato de submissão ao senhorio de Cristo, a
reação voluntária a seus mandamentos. Não obstante, se o pastor
está o tempo todo exercendo autoridade, quando é que ele tem a
oportunidade de praticar a obediência? Enquanto a sua posição
requer atos de autoridade, a sua fé, em contrapartida, exige que viva
em submissão. Por isso, se faz necessário que o pastor tenha um
orientador espiritual, ou seja,
[...] Quem representa a autoridade de Deus para
nós, enquanto passamos os mandamentos dEle
para nossas congregações e comunidades? Nossa
já grande propensão para o orgulho é estimulada
dezenas de vezes por dia, sem que ninguém esteja
presente para nos alertar. Não é só agradável para um
pastor ter um orientador espiritual, é indispensável
(PETERSON, 2000, p. 152).
O pastor é visto frequentemente de modo distorcido pela
comunidade, isto é, concebido de modo idealizado, como não sujeito
a dores e tristezas, quase um super-homem! Segundo Oliveira (2007),
muitos pastores são culpados por essa idealização, pois não apenas
aceitam ser tratados como um ser mais que humano, como também
incentivam o povo para assim os ver. Por isso, é necessário construir
um paradigma de ministério pastoral que é baseado na humanidade
dos pastores, aceitando suas ambiguidades como normais, para que
se desenvolva a cultura de mentoria espiritual, onde cada pastor terá
um outro parceiro ministerial para cuidar de sua vida e ministério.
Se Jesus Cristo apesar de sua condição divina, não fez alarde de
ser igual a Deus, mas se esvaziou de si e tomou a condição de escravo,
porque os pastores em sua condição humana, fariam alarde de ser
algo mais do que humanos? Os pastores precisam de orientadores
espirituais. A sanidade espiritual assim o exige. Viver em sujeição à
cruz é a única maneira de ficarmos livres do perigo de andar sozinhos
e levar os “fardos” do ministério na solidão e desamparo de outros
colegas ministeriais.
LEITURA COMPLEMENTAR
Resumo
A intenção deste curto ensaio é esboçar o desenvolvimento da
ética sexual cristã a fim de discutir alguns dos desafios atuais a
respeito da sexualidade e do sexo nas vidas de indivíduos e famílias
dentro das Igrejas Protestantes Históricas. As diferenças entre os
termos sexo e sexualidade estão apresentadas. A discussão está
marcada por uma abordagem pastoral, baseada em questões e
problemas históricos e as tensões entre éticas, moralidades e
tradições das Igrejas Protestantes Históricas e novas informações
oferecidas pelas ciências humanas.
RESUMO DO TÓPICO
Referências
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