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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR TEOLÓGICO CRISTÃO

EDVANIO SILVEIRA LIMA

PERSPECTIVAS BÍBLICAS DO MINISTÉRIO PASTORAL


Diretrizes Bíblicas para um Ministério Pastoral Bíblico

FORTALEZA-CE
2019
1

EDVANIO SILVEIRA LIMA

PERSPECTIVA BÍBLICA DO MINISTÉRIO PASTORAL


Diretrizes Bíblicas para um Ministério Pastoral Bíblico

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao curso de teologia, INSTITUTO DE ENSINO
SUPERIOR TEOLOGICO CRISTAO
(IESTEC), como requisito parcial para a
obtenção do grau de graduação em teologia.

Orientador: Prof. Helyannai Herysson Baptista


dos Santos

FORTALEZA - CE 2019
2

EDVANIO SILVEIRA LIMA

PERSPECTIVA BÍBLICA DO MINISTÉRIO PASTORAL


DIRETRIZES BIBLICAS PARA UM MINISTERIO PASTORAL BIBLICO

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao curso de teologia, INSTITUTO DE ENSINO
SUPERIOR TEOLOGICO CRISTAO
(IESTEC), como requisito parcial para a
obtenção do grau de graduação em teologia.

Local, ____ de _____________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. HELYANNAI HERYSSON
Afiliações ORIENTADOR

________________________________________
Prof. MS HERMANO MOURA CAMPOS PRESIDENTE
Afiliações

________________________________________
Prof.HUMBERTO DUARTE DE MEDEIROS
MEMBRO EXTERNO
Afiliações
RESUMO
3

Por mais que encontremos na bíblia os maiores exemplos de homens que puseram
suas vidas a serviço do cuidado com os outros e da partilha da palavra, liderar o
povo de Deus não é uma tarefa fácil. Assim é diante dessa problemática que o
presente estudo tem como temática uma perspectiva bíblica para um ministério
pastoral eficiente conforme as Sagradas Escrituras. No primeiro momento
partiremos dos exemplos bíblicos da igreja primitiva, veremos os conselhos do
apóstolo Paulo aos jovens pastores que adentravam ao ministério e os conselhos de
Jesus dados ao apóstolo João no livro de Apocalipse. No segundo momento,
examinaremos os desafios da atualidade àqueles que se dispõem a conduzir o povo
de Deus. A mera reprodução, a busca por uma identidade própria e o
profissionalismo serão tratados nesse capítulo. Por fim, o terceiro capítulo abordará
os pontos necessários para o resgate de um ministério bíblico, a compreensão do
ministério como chamada divina e o serviço como principal ferramenta na vida do
pastor. Cristo andou e ensinou, por isso, temos a necessidade de vivenciar uma
liderança comprometida com a ação e a atuação como apascentadores de ovelhas.

Palavras-chave: Ministério Pastoral. Serviço. Atualidade.

ABSTRACT

As much as we find in the Bible the greatest examples of men who have put their
lives at the service for others and sharing the word, leading God's people is no easy
work. Thus, in face of this problem, the present study has as its theme a biblical
perspective for an efficient pastoral ministry according to the Holy Scriptures. In the
first moment, we will start from the biblical examples of the early church. We will see
the Apostle Paul's counsel to the young pastors who entered the ministry and the
advice of Jesus given to the Apostle John in the Revelation´s book. In the second
moment, we will analyze today's challenges for those who are willing to lead God's
people. Mere reproduction, the search for one's own identity and professionalism will
be note with in this chapter. Finally, the third chapter will address the points needed
for the rescue of a biblical ministry, the understanding of ministry as the divine
calling, and service as the primary tool in the pastor's life. Christ walked and taught,
4

so we need to experience leadership committed to action and working as sheep


shepherds.

Key words: Pastoral Ministry. Service. Present.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………….06

2 VISÃO BÍBLICA SOBRE A ATIVIDADE PASTORAL ..................................07

2.1 O pastor na Igreja primitiva.............................................................................08

2.2 Conselhos Paulinos........................................................................................14

2.3 Os conselhos de Cristo através de João às igrejas do Apocalipse................19

3 OS DESAFIOS DO PASTOR NA ATUALIDADE...........................................27

3.1 O desafio da reprodução.................................................................................28

3.2 O desafio da identidade própria......................................................................32

3.3 O desafio do profissionalismo ........................................................................37

4 DIRETRIZES PARA O RESGATE DE UM MINISTÉRIO PASTORAL


BÍBLICO....................................................................................................................41

4.1 A compreensão do ministério pastoral como chamada..................................42

4.2 O serviço como “espirito” na vida pastoral......................................................47

4.3 O ministério pastoral e o cuidado com a família ............................................51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………...............................................58

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................59
5

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa se originou na necessidade de se estudar sobre o ministério


pastoral e suas dificuldades. Existem deficiências na liderança da igreja como um
todo. A igreja clama por pastores segundo o coração de Deus, homens que estejam
prontos para usar o cajado e o púlpito, ministros de Deus que usem o conhecimento
teológico e bíblico, que não seja apenas teorias, mas atitudes visíveis no dia a dia.

Justifica-se essa pesquisa pela relevância de se estabelecer marcos e


referencias bíblicas para um exercício eficiente do ministério. Destina-se de
sobremaneira a pastores e liderem envolvidos com o trabalho de cuidar das
pessoas, bem como para aqueles que se sentirem diligentes na problemática da
qual destinamos nossa investigação teológica.

O presente texto monográfico será desenvolvido através de pesquisas


bibliográficas, utilizando-se, mormente de livros, revista, comentários bíblicos e
artigos acadêmicos referentes ao assunto. Para o desenvolvimento dos capítulos
que se seguem, partimos do ponto de vista que o manual do pastor para um
ministério vitorioso é a bíblia sagrada, não existe outra ferramenta para a igreja se
fundamentar, apesar de muitos aparatos e técnicas nos dias atuais o maior exemplo
de vida pastoral está contido nas Sagradas Escrituras. Estaremos dirigindo esses
escritos com o objetivo de mostrar diretrizes para o resgate de um ministério
pastoral bíblico, mostrando a visão das escrituras para as dificuldades e desafios do
pastor na atualidade.

Para seguir a direção proposta pelas questões norteadas supracitadas, nosso


texto monográfico se dividirá em três principais partes. No capítulo primeiro
analisaremos a visão bíblica sobre a atividade pastoral nas Escrituras, observando
qual modelo deixado para o líder seguir no oficio desse excelente serviço. No
segundo capítulo verificaremos quais os desafios enfrentados pela liderança
pastoral e, por fim, no terceiro capítulo encerraremos com as diretrizes acerca da
busca por um verdadeiro ministério pastoral segundo a vontade de Deus.

2 VISÃO BÍBLICA SOBRE A ATIVIDADE PASTORAL


6

A atividade pastoral é de suma importância para o andamento do povo de


Deus na terra, a bíblia relata pela primeira vez a palavra “pastor” no antigo
testamento, onde Deus é chamado de pastor de Israel, também Moisés e até Ciro
que executa os projetos de Deus, no livro do profeta Ezequiel 34.23 existe uma
promessa da qual ele faria vir um pastor (ALMEIDA, 2010, p. 783), sendo o único
pastor, Jesus no evangelho de João, capítulo 10, diz que se realiza nele essa
promessa (ALMEIDA, 2010, p.971).

Diante disso, estudar sobre a atividade pastoral é um importante tema a ser


pesquisado, buscando os parâmetros ideais a luz das Escrituras, para exercer a
função pastoral em nossos dias, verificamos que nem sempre a igreja tem um
ministério pastoral Bíblico, abordamos a problemática em um contexto amplo, para
buscar fontes para abordar uma perspectiva bíblica. Adverte Eugene Peterson
(PETERSON, 2001: p.1):

Existem em nossa cultura forças poderosas determinadas [...] a transformar-nos,


os pastores e líderes da igreja, em figuras religiosas simpáticas, homens e
mulheres que orientam em momentos de dificuldade, que distribuem inspiração
e bom ânimo semanalmente, que asseguram, sorridentes, que Deus está no
céu, e mantêm as congregações ocupadas em tarefas que sustentam sua
autoestima. Às vezes, reduzem-nos a profissionais simpáticos, transformam-nos
em réplicas de nossos líderes culturais, aqueles que procuram poder, a
influência e o prestígio. Essas vozes insistentes ressoam em nossos ouvidos,
dizendo a nós, pastores, que devemos competir com os executivos bem-
sucedidos e os artistas que obtiveram o maior sucesso, para que possamos
colocar nossas igrejas no mapa e fazer com que elas sejam grandes perante o
mundo.

Durante a história da igreja vemos alguns conselhos e advertências para se


exercer a função pastoral. Temos o exemplo da igreja primitiva que nos padrões de
comportamento em meio ao grande crescimento no número de pessoas que se
convertiam ao cristianismo, os líderes se dispuseram a organizar e dar
funcionalidade para a comunidade que vinha se formando. Paulo por sua vez deixou
grandes ensinamentos e conselhos para aqueles que são vocacionados ao
ministério. Hernandes D. Lopes ao se referir a esse grande líder e ao ministério
pastoral, diz que (LOPES, 2008, p.109):

Paulo foi a maior expressão do cristianismo de todos os tempos. Viveu uma vida
superlativa, homem de oração e jejum, pregador incomum, teólogo
7

incomparável, plantador de igrejas sem paralelos. Viveu perto do trono, mas ao


mesmo tempo foi açoitado, preso algemado e degolado. Tombou como mártir na
terra, levantou-se como príncipe no céu. Sua vida muito nos ensina. Seu
exemplo nos inspira. Aprendemos com ele que a graça de Deus nos capacita a
enfrentar vitoriosamente os sofrimentos da lida pastoral.

Da mesma forma João adverte os líderes das sete igrejas na Ásia, nos
deixando ricos ensinamentos para pastorear o povo de Deus de forma verdadeira. A
fim de cumprirmos nosso objetivo, examinaremos através dos ensinos bíblicos os
exemplos e conselhos da liderança neotestamentária.

2.1 O pastor da igreja primitiva

A igreja primitiva era formada por cristãos que se reuniam para ter comunhão
e propagar o Evangelho para aqueles que ainda não conheciam. A igreja não era
conhecida por um lugar fixo, após a ascensão de Jesus aos céus, os discípulos
foram orientados a permanecer em Jerusalém até que do céu recebessem poder
Atos 1.4, “E, certa ocasião, estando comendo com eles, ordenou-lhes: Não vos
ausentei de Jerusalém, mas esperai a promessa do Pai, a qual, de mim ouvistes”
(ALMEIDA, 2010, p. 985).
No dia de pentecostes foram cheios do Espírito Santo, assim como tinha dito
Jesus, e naquele dia estando em Jerusalém, pessoas de várias nações, ao ouvirem
os discípulos falarem em outras línguas, se assustaram com aquele episódio ao
ponto de ridicularizarem dizendo que estavam embriagados. Pedro então assume a
liderança e ali começa a pregar Jesus, ensinando que o que ali acontecia era um
cumprimento da profecia de Joel, Atos 2.16 e 17 (ALMEIDA, 2010, p. 986):

Isto porém, é o que foi dito pelo profeta Joel: Nos últimos dias, diz Deus, do
meu Espirito derramarei sobre toda a carne. Os vossos filhos e as vossas
filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos
sonharão.

A igreja rapidamente se espalhou por vários lugares. A palavra igreja aqui


significa assembleia, ou seja, um conjunto de pessoas que se reuniam com um
propósito, em nosso caso, a crença em Jesus Cristo. Ela não estava relacionada a
8

um edifício ou a qualquer lugar físico fixo. A igreja tinha como liderança os apóstolos
que se dedicavam ao ensino da palavra e ao partir do pão, mais tarde foram
escolhidas pessoas para funções administrativas, tais como distribuir alimentos para
os grupos menos favorecidos. (ALMEIDA, 2010, p.990):

Então os doze, convocando os discípulos, disseram: não é aceito que nós


deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, irmãos, dentre
vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espirito Santo e de
sabedoria, aos quais constituamos sobre essa tarefa. Nós, porém,
continuaremos na oração e no ministério da palavra. Atos 6.2-4.

A igreja se enxergava como uma família, pois repartiam seus bens, sempre
se reuniam e encorajavam uns aos outros, tendo como objetivo fazer com que a
família de Deus crescesse. Muitos dentre os cristãos se destacavam por sua
liderança e coragem em pregar o evangelho em meio às grandes perseguições,
dentre eles Estevão e Felipe que eram diáconos, porém são lembrados por sua
intrepidez em pregar o evangelho. Esses dois, são grandes exemplos de dedicação
em pregar a mensagem de Jesus, não deixando de lado as responsabilidades que
tinham recebido dos apóstolos que era servir as mesas. Pregar é uma das grandes
missões do pastor, contribuindo para o nosso entendimento de forma ampla. John
A. James assim afere (JAMES, 2013, p.272):

Não devemos relaxar em relação à pregação, mas ser avivados na


devoção; não devemos extinguir um raio de inteligência, mas somar a ele o
calor da devoção; devemos trabalhar como se a salvação das almas
dependesse de nossas energias, sem ajuda, e então devemos nos sentir
como o apóstolo, quando disse: “ainda que nada sou.“ O destino eterno dos
nossos ouvintes depende não apenas dos nossos sermões, mas também
das nossas orações; nós realizamos os propósitos de nossa missão não
apenas no púlpito, mas também em nossa câmara de oração, em nosso
quarto; e jamais podemos esperar ser ministros bem sucedidos do Novo
Concerto, excerto por este duplo esforço de, primeiramente, implorar aos
pecadores que se reconciliem com Deus, e, depois, implorar a Deus que
derrame sobre eles o seu precioso Espirito: assim honramos a sua
sabedoria, usando os meios que Ele indicou, e o seu poder, confessando a
nossa dependência da sua graça .
9

A palavra pastor é carregada de significado. Na atualidade, tem o título de


liderança de maior importância no sistema eclesiástico de grande parte das igrejas
evangélicas brasileiras, com algumas exceções. No novo testamento o equivalente
em grego para pastor é “poimen” pastor ou “poimano” pastorear. Deus através de
seu filho Jesus é o supremo Pastor (ALMEIDA, 2010, p 972).

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. O


mercenário, a quem não pertencem as ovelhas, não é o pastor. De modo
que quando vê vindo o lobo, deixa as ovelhas e foge. Então o lobo ataca o
rebanho e dispersa as ovelhas. O mercenário foge porque é mercenário e
não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; eu conheço as
minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem. João 10.11-14.

Na Bíblia, o pastor é uma pessoa que cuida dos outros membros da igreja,
exercendo a liderança. O pastor ajuda os outros membros a crescer, exortando,
corrigindo, aconselhando e ensinando a viver de acordo com a Palavra de Deus. Na
bíblia encontramos muitos ministérios que Cristo deu a igreja, como por exemplo na
primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo nos diz: “há diversidade de
ministérios, mas o Senhor é o mesmo” (ALMEIDA 2010, p 1040). No sentido de
liderança, em Efésios 4.11 (ALMEIDA, 2010, p. 1061), estão listados os seguintes
ofícios: “apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores.” Quanto à liderança
da igreja, o termo pastor é usado com maior frequência.

A missão de cuidar, reunir, acompanhar as pessoas foi dada ao pastor. Jesus


disse a Pedro: “apascente as minhas ovelhas,” no evangelho de João 21.17b
(ALMEIDA, 2010, p.984) e o próprio Pedro ensina aos pastores: “Apascentai o
rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mais
voluntariamente, não por torpe ganância, mas de boa vontade” 1Pe 5.2 (ALMEIDA,
2010, p. 1104), com isso entendemos que os pastores da igreja primitiva não eram e
nem tentavam aparentar ser super-homens ou pessoas melhores que as outras.
Também eram ovelhas que precisavam de amparo, acolhimento e cuidado. O pastor
é uma ovelha da igreja de Jesus. Everett Stenhouse elucida (STENHOUSE, 2006, p.
484):
10

Efésios 4.11 é a única passagem do Novo testamento onde o termo grego


“poimen” é traduzido com sentido de pastor de igreja. Em todas as outras
ocorrências a palavra é traduzida com acepção de pastor de ovelhas. O
pastor de ovelhas sempre foi um escravo do rebanho. O rebanho recebe
atenção indivisa e afetuosa de um bom pastor de ovelhas. Ainda que
pastores, a modo de pastores de ovelhas, sejam servos, não devem ser
considerados ou considerar-se inferiores à congregação. [...] Pastores são
designados por Deus empenharão todas as energias em amar, cuidar e
alimentar o rebanho.

O ministério pastoral, seguindo o exemplo do pastor da igreja primitiva, tem


como alvo o crescimento quantitativo e qualitativo do rebanho. Os apóstolos
levavam o mesmo amor e cuidado que Cristo tinha passado para eles. Em Atos 1.1
(ALMEIDA, 2010 p.985) “Fiz o primeiro relato, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus
começou, não só a fazer, mas também a ensinar”, Lucas escrevendo a Teófilo deixa
claro que Cristo ensinou tanto com atitudes como através de palavras aos apóstolos
que o cuidado com a igreja reflete o cuidado de Cristo por eles. Paulo toma para si a
responsabilidade de refletir a Cristo e diz aos coríntios na primeira carta que eles
fossem imitadores dele, assim como ele era de Cristo, 1Coríntios 11.1, “Sede meus
imitadores, como eu sou de Cristo” (ALMEIDA, 2010, p. 1039).

Pedro ensina aos líderes de igreja, também conhecidos como presbíteros,


que os tais não deviam se considerar acima das ovelhas, mas como uma delas.
Eles deviam liderar pelo exemplo, não como ditadores. Jesus deixou o maior
exemplo de liderança quando se despiu de suas vestes e cingindo-se de uma toalha
lavou os pés dos seus discípulos. Essa atitude demonstra a liderança que Cristo
passou aos discípulos, uma liderança que serve, Jesus serviu aqueles que deveriam
servi-lo. A marca do ministério de Cristo foi o serviço, a humildade o amor, o cuidado
verdadeiro, não como dominador, mais como exemplo de servo. O evangelho de
João (ALMEIDA, 2010, p.975) narra o episódio:

Levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima, pegou uma toalha e a


colocou em volta de cintura. Depois colocou água numa bacia e começou a
lavar os pés dos discípulos, enxugando com a toalha que estava em sua
cintura. Aproximou-se de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu vais lavar
meus pés? Respondeu Jesus: O que eu faço não o sabeis agora, mas o
compreenderás depois. João 13.4-7.
11

Examinando o novo testamento, vemos que o perfil do pastor da igreja


primitiva era de uma pessoa chamada por Deus, que tinha a responsabilidade de
cuidar, alimentar, ir à frente do rebanho, mostrando o caminho, sendo exemplo,
dedicado ao ensino e a devoção ao seu Senhor. O pastor bíblico não é aquele que
manipula mas um influenciador. Hernandes D. Lopes diz que (LOPES, 2008, p.124):

O pastor precisa ensinar com fidelidade a palavra (Atos 20.20). Paulo não
somente evangelizava, ele também ensinava, não apenas gerava filhos
espirituais, mas também os nutria, com o alimento. O pastor é um
discipulador, ele deve mentorear as ovelhas de Cristo [...] A palavra do
conhecimento deve estar em seus lábios para instruir o povo. Ele precisa
ser um homem de alma sedenta para aprender e ter um coração ardente
para ensinar.

Alimentar o rebanho é uma tarefa obvia do pastor, aquele que não alimenta
as ovelhas não as terá por muito tempo. Ou elas fugirão ou morrerão de fome. A
pregação e o ensino da palavra são responsabilidades únicas do pastor, daquele
que lidera a igreja. Essa tão sublime tarefa está sobre o líder, isso é o que nos
mostra a bíblia em relação ao pastor no novo testamento. Vemos que pastorear é
cuidar, cuidar daqueles que estão sob seus cuidados, que já conhecem a Cristo,
estando sempre preparado para pregar a palavra como está escrito em 2Timóteo
4.2, “prega a palavra, insista a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta,
com toda a longanimidade e ensino” (ALMEIDA, 2010, p 1082). Mas também vemos
essa preocupação nos líderes da igreja primitiva quanto aos que ainda não estão na
luz, ou seja, aqueles que ainda não creram. Paulo em Romanos 10.14-17 expressa
muito bem essa responsabilidade, aqui ele nos leva a uma boa reflexão quando faz
duas perguntas de impacto: “como invocarão aquele que não creram? Como crerão
naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue?”
(ALMEIDA, 2010, p 1026). Essa é uma responsabilidade de todos os cristãos e não
apenas dos pastores. John Angell James diz sobre os ministros (JAMES, 2013, p.
60):

O ministro cristão sustenta uma dupla relação, e tem uma dupla tarefa a
realizar; é um pregador para o mundo, e um pastor para a Igreja, e é
12

impossível que possa cumprir, ou ter o zelo de cumprir as obrigações que


tem com as duas coisas, sem uma grande medida de consagração pessoal.
No que se diz respeito a igreja que está sob os seus cuidados e da qual ele
foi feito, pelo Espirito Santo, o supervisor espiritual, ele tem não apenas que
aumentar o seu conhecimento mas a sua santidade, o seu amor e a sua
espiritualidade.

Vendo esses exemplos de como era o pastor da igreja primitiva, aprendemos


que ser pastor é ser espiritual. Não apenas pregar ou administrar, mas ser, não
apenas falar e sim viver. Não é apenas crer em Cristo, porém é andar como Ele,
pensar como Ele, viver como ele viveu. Ser pastor é ser um verdadeiro cristão,
exalar o cheiro de Cristo. John A. James diz (JAMES, 2013, p. 40):

O desígnio do púlpito está em harmonia com o da cruz; e o pregador deve


realizar o desígnio do Salvador, vindo buscar e salvar aqueles que estavam
perdidos. Pregar e ensinar são atividades que consiste do mesmo método
que Jesus Cristo emprega para salvar aquelas almas pelas quais Ele
morreu no Calvário. Se as almas não são salvas, quaisquer que sejam os
outros desígnios realizados, o grande propósito do ministério é derrotado.

Assim viviam os pastores da igreja primitiva, com um só propósito: viver


Cristo e transmiti-lo com palavras e atitudes. Esse era o alvo da vida de cada líder e
pastor da igreja, seguindo sempre o exemplo do mestre, que se dedicou
inteiramente no propósito que o Pai tinha lhe dado. Cristo nos deixou um grande
legado de vida de oração, mesmo sendo Deus, Jesus costumava passar noites
orando. Hernandes Dias Lopes expõe (LOPES, 2008, p. 83):

Precisamos aprender com Jesus. Ele nos ensina a dar prioridade a nossa
relação com Deus, a busca intima com o Pai. Ele nos ensina que o caminho
da obediência, mesmo que passe pela cruz é o único que pode dá sentido
a nossa vida. Aqueles que oram e obedecem a Deus são revestidos com
poder para vencer o diabo.
13

Diante do que já vimos, percebemos que o pastor bíblico tem como missão,
refletir os ensinamentos do mestre Jesus, sendo modelo de vida para todos ao seu
redor, exercendo um ministério alinhado com a palavra, sendo um exemplo de bom
testemunho e dedicação, tanto na vida devocional, manejando bem a palavra de
Deus como um obreiro que não tem de que se envergonhar, orando em todo tempo,
como também no cuidado com os membros da sua igreja. O verdadeiro pastor
conhece as ovelhas que estão sob o seu cuidado, busca aqueles que se perdem e
sempre está à disposição de Deus e do Evangelho que lhe foi confiado. Pastorear é
mais que uma função ou cargo recebido por alguém, é dar sua vida por um
propósito maior, ou seja, a causa de Cristo, entendendo que terá que prestar conta
do seu serviço. Esse é um trabalho que requer grande responsabilidade, disposição
e amor, pois cuida dos mistérios de Deus e Ele requer fidelidade, assim quem serve
ao Senhor da seara não deve buscar holofotes, mas se dedicar inteiramente ao
cuidado do rebanho do Senhor e cumprir a ordem que recebeu, consciente de que
exerce uma excelente obra, pois cuida, alimenta e protege o rebanho do Senhor
Jesus.

2.2 Conselhos Paulinos

Paulo é um dos grandes nomes da igreja primitiva. Podemos encontrar


alguns eventos importantes da sua vida no livro de Atos dos Apóstolos, como por
exemplo, quem era ele antes do encontro com Cristo e em quem se tornou no
caminho de Damasco. A narrativa de Atos nos apresenta esse grande homem que
de perseguidor da igreja se tornou um dos maiores nomes do cristianismo. Sem
dúvida, Paulo é um dos maiores exemplos de liderança, pois depois do encontro
com Jesus ele vive para a gloria de Deus, tendo como fundamento a mensagem da
cruz de Cristo. Tinha uma consciência elevada sobre suas responsabilidades ao
ponto de sofrer dores de parto para ver o Evangelho crescer na vida daqueles que
eram alcançados pela Palavra. Ele relata isso aos Gálatas no capítulo 4.19 “Meus
filhinhos, por quem de novo sinto dores de parto, até que Cristo seja formado em
vós” (ALMEIDA, 2010, p 1056). Ele estava convicto que o evangelho tinha que ser
pregado, por isso se alegrava no real poder de Deus para todos que acreditavam.
Paulo nos mostra uma vida totalmente dedicada ao cumprimento da missão que
14

tinha recebido de Cristo, como nos mostra Hernandes D. Lopes (LOPES, 2008,
p.17).

Paulo diz que aqueles que aspiram ao episcopado, excelente obra


almejam. O pastorado é uma obra, e uma obra excelente. Não é uma obra
para gente preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo esforço,
todo empenho e todo zelo. Há pastores que dormem muito, trabalham
pouco, e querem todas as recompensas. Estão atrás do bônus, mas não
querem o ônus. Querem os lauréis jamais a fadiga. Querem as vantagens
jamais o sacrifício. É triste perceber que muitos pastores não suam a
camisa, não arregaçam as mangas, não trabalham ao ponto de exaustão.
São obreiros relaxados pastores de si mesmos, que apascentam a si
mesmos em vez de pastorear o rebanho. Estão à procura de facilidade e de
vantagens pessoais, sem jamais investir a vida na vida das ovelhas.

Assim viveu Paulo, doando sua vida pela causa do Evangelho, se entregando
ao trabalho, ou seja, ao exemplo de Cristo, entregando sua vida, por amor as
pessoas. Podemos observar que em Paulo havia muito amor e disciplina para o
cumprimento da missão, além de muito zelo e árduo esforço para replicar nos novos
discípulos o caráter de Jesus. O apóstolo Paulo nos deixou treze cartas que são de
riquíssimo valor literário, ou seja, a maior parte dos ensinos bíblicos
neotestamentários vem dos ensinos desse grande líder. Paulo deixou também
grandes conselhos para aqueles que lideravam a igreja do Senhor. Temos as cartas
chamadas de pastorais que são as duas cartas encaminhadas a Timóteo e a carta a
Tito.

Timóteo é um dos obreiros mais conhecidos e destacados no exercício do


ministério pastoral na igreja primitiva, não apenas por sua juventude, mas por seu
empenho nas realizações das suas atividades. As informações sobre Tito são mais
escassas, mas ele também desfrutou da confiança do apóstolo. Ambos foram
incumbidos de cuidar da igreja em determinada cidade, vemos isso na primeira
carta, Paulo deixou bastante claro onde Timóteo estava desempenhando essa
tarefa, ele estava em Éfeso por solicitação do próprio apóstolo. De igual maneira
vemos na carta a Tito, Paulo expressa que o deixou em Creta com uma missão
bastante clara: pôr em ordem e constituir presbíteros conforme sua orientação.
15

Vemos que são vários os conselhos dados por Paulo aos jovens pastores,
como, por exemplo, combater o bom combate, exercitar-se na piedade, fortificar-se
na graça, pregar a palavra, ser moderado, em suma, Paulo ensina seus
companheiros a serem dedicados na obra que lhes foi confiada: a pregação do
evangelho, que consistia em ganhar e cuidar de vidas rendidas a palavra de Deus.
Paulo requer o melhor de cada um de seus companheiros na causa de Cristo.
(JAMES, 2013, p.193)

Em tal situação, que tipo de ministério é necessário? A resposta é fácil –


homens de zelo; de intelectos zelosos, corações zelosos, pregação zelosa;
homens cujo entendimento exige respeito, cujos modos conciliem o afeto e
cujas pregações sejam atraentes, por sua beleza, e exigentes por seu
poder.

John Angell James continua (JAMES, 2013, p. 249):

Estabeleçam para si mesmo qual é o seu maior objetivo, isto é, salvar


pecadores, levando-os a se arrependerem de seus pecados, crerem em
Cristo, e viverem uma vida santa; e então vocês dificilmente falharão em
perceber que isso jamais foi realizado e, na verdade, normalmente nunca
pode ser, senão implorando e orando por eles, para que tenham um
encontro com Cristo e sejam reconciliados com Deus Pai.

Ao concluir a primeira carta ao jovem pastor, Paulo expressa uma grande


preocupação. Ele começa o capítulo quatro da carta a Timóteo falando sobre os
falsos mestres que se entregaram a mentira e a doutrina de demônios. Então,
recomenda ao jovem que lute e trabalhe contra o pecado e que seja exemplo para
os irmãos, dedicando-se a leitura das escrituras, a pregação do Evangelho e ao
ensino. Por fim, admoesta-o a não desprezar o dom que tinha recebido de Deus.
Timóteo deveria manter acesa a chama do amor pelo ministério que tinha recebido
por imposição das mãos dos presbíteros. O jovem deveria entender que o ministério
era uma dádiva de Deus em sua vida e que era uma grande honra servir ao Senhor.
Não devendo portanto, desprezar o seu chamado. Precisamos compreender que
pastorear é uma vocação, um chamado feito por Deus, um presente dado a quem
ele escolheu. Hernandes Dias Lopes nos diz que:
16

O pastor não é um voluntario, mas uma pessoa chamada por Deus. Seu
ministério não é procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, mas
celestial. Suas motivações não estão em vantagens humanas, mas em
cumprir o propósito divino. Entrar no ministério com outros propósitos ou
motivações é um grande perigo. O ministério não é um palco de sucesso,
mas uma arena de morte. O ministério não é um camarim onde colocamos
máscaras e assumimos um papel diferente daquele que, na realidade,
somos, mas é um campo de trabalho cuja essência é a integridade. A vida
do ministro é a vida do seu ministério. O pastorado não é uma plataforma
de privilégios, mas um campo de serviço; não é uma feira de vaidades, mas
lugar de trabalho humilde e abnegado (2008, p 36).

Esse é um dos principais conselhos que Paulo dá a Timóteo, o ministério é


vocação. É certo que grande parte dos obreiros do Senhor já indagou sua chamada,
já teve dúvida quanto a ela, mas Deus sempre usou homens em seus propósitos,
ser chamado é está dentro do propósito do criador, não é por escolha humana e sim
divina. Grande é o perigo de se lançar no ministério sem a indicação do Senhor da
obra, isso traz um grande problema, pois muitos estão vendo o ministério como uma
forma de ganho de vida, com isso querem a lã das ovelhas, são verdadeiros
mercenários e não dão a mínima para a verdadeira causa de Cristo.
Vemos em Paulo uma grande convicção da chamada divina, na maioria das
cartas ele declara ser apóstolo segundo a vontade de Cristo e isso ele esclarece ao
seu jovem filho na fé que tivesse convicção da chamada, da escolha de Deus para
executar o serviço de apascentar pessoas, ser convicto disso nos conduz ao centro
da vontade do Pai. Ser convicto do que Deus requer de nós é de suma importância
para o bom desenvolvimento da obra. Hansen afirma (HANSEN, 2001, p.34):

Saber que fui feito por Deus para ser um pastor é meu chamado. Depois do
meu conhecimento pessoal com Jesus Cristo como meu Senhor e
Salvador, é minha maior posse. Conservar-me firme na rota do meu
ministério. Impede-me de ficar louco através de todos os altos e baixos da
vida pastoral. É minha autorização para pregar a palavra de Deus e
ministrar os sacramentos. É minha autorização para ouvir a confissão de
pecado e assegurar perdão. É minha certeza de que Deus é minha força,
enquanto executo minhas tarefas. É minha Gloria é minha cruz. É minha
eleição e minha maldição.

Ser pastor é ser enviado por Deus, escolhido para uma missão. Encontramos
nossa chamada quando vivemos por essa causa e razão de vida, amando a Deus e
17

as pessoas, preocupando-se com elas. Sobre isso Fisher diz que (FISCHER, 1999,
p.81):

Sentia-me compelido ao ministério cristão por duas questões sobrepostas e


profundas. De um lado, estava convencido de que o evangelho era o poder
de Deus; e, de outro, sentia uma profunda preocupação pelas pessoas,
para que conhecessem essa verdade transformadora. Desconfio que a
vocação do Senhor para qualquer tipo de ministério vocacional é uma
combinação de convicção a respeito da verdade de Deus e uma
preocupação pelas pessoas. O grande evangelista XIX, Charles Finney, era
advogado antes de entrar no ministério. Ele explicou sua vocação desta
maneira; “eu tinha um pagamento adiantado de Cristo para defender a
causa dele”.

Paulo declara a Timóteo que aquele que deseja o episcopado, de fato deseja
uma excelente obra, e nos dá um parâmetro de como devem ser os bispos, ele cita
uma longa lista de como deveriam ser os lideres, começando dentro da sua própria
casa, sendo marido de uma só mulher, governar bem sua família vemos a grande
importância do pastor ser exemplo dentro de sua própria casa e em toda sociedade,
não sendo iracundo arrogante nem violento, sendo um exemplo para todos a sua
volta.

O que um pastor bíblico, ligado aos paramentos da palavra se preocupa é em


ser um obreiro aprovado que não tem do que se envergonhar. Assim viveu Paulo e
deu conselhos e ainda mais com sua vida ensinou aos vocacionados a pastores que
estava com ele, como se dedicar ao evangelho a ele confiado. Hernandes D. Lopes
afirma (LOPES, 2008, p. 95):

Paulo foi aprovado por Deus, por isso Deus lhe confiou o evangelho. O
verbo aqui está no aspecto contínuo que sugere que o escrutínio de Deus
não é, por assim dizer, um vestibular único, de uma vez para sempre, para
seus servos; e, sim, um processo continuamente operativo daquilo que hoje
em dia poderia ser chamado de “controle de qualidade.” A palavra grega
dedokimasmetha, empregada por Paulo para “aprovado”, era usado no
grego clássico com sentido técnico de descrever a pessoa aprovada como
alguém passível de eleição para um cargo público. Paulo tinha não só a
revelação, mas também a aprovação. Ele tinha o conteúdo glorioso do
evangelho de Deus e uma vida reta diante de Deus. Sua pregação era
respaldada por sua vida piedosa. Vida com Deus precede ministérios para
Deus. A vida é a base do ministério e precede o ministério. A maior
prioridade do obreiro não é fazer a obra de Deus, mas ter comunhão com o
Deus da obra. Vida com Deus é a base do trabalho para Deus. Na verdade,
Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que nós
fazemos.
18

Temos Paulo como grande exemplo com sua vida dedicada ao ensino da
palavra e em ser exemplo para todos de seu tempo, na carta aos Coríntios ele
exorta aquela igreja a serem seus imitadores assim como ele era de Cristo, vemos
então tamanha responsabilidade da qual ele mesmo chama pra si, enquanto muitos
no nosso tempo discursam que não devemos olhar pra sua vida pro seu exemplo e
sim somente pra Cristo, Paulo chama a responsabilidade e diz pra igreja olhar pra
seu exemplo, será que nós, obreiros do século 21 tempos essa ousadia e dizer
olhem para nosso exemplo, pois imitamos a Cristo? De perseguidor tornou-se um
dos maiores representantes da causa de Cristo, e grande exemplo de obreiro
voltado completamente para desempenhar a obra, que possamos seguir o exemplo
de fé e coragem desse apóstolo (FERGUSON, 2000, p.55):

Paulo tinha consciência de sua dívida. Por isso, em profunda agonia,


confessava repetidamente o seu pecado ao Senhor por haver perseguido a
igreja. Mas Jesus falou-lhe novamente em uma visão: “Vai por que hei de
enviar-te aos gentios de longe” (Atos 22.21). A visão desapareceu com a
mesma rapidez com que surgira. Paulo volta a si. Embora sua mente
estivesse tomada pelo ministério, de uma coisa tinha certeza: Deus o
guiava e tinha um grande propósito para si, não entre seu povo, mas em
terras distantes.

Os conselhos de Paulo são riquíssimos para andarmos de forma


irrepreensível, buscando ser luz para os mais fracos e não motivo de escândalo, o
conhecimento da qual temos produz vida, pois nosso conhecimento é regido pelo
amor a Deus e amor ao próximo, o exemplo do apóstolo Paulo marcou a vida dos
indivíduos de seu tempo, devido sua fé e sua fidelidade, não tendo sua vida como
valiosa, é importante destacar a total abnegação de sua vida em detrimento do
crescimento das comunidades cristãs de seu tempo, em Paulo encontramos as
qualidades de verdadeiro pastor, um modelo autêntico de vida dedicada no serviço
do evangelho.
19

2.3 Os conselhos de Cristo através de João às Igrejas do Apocalipse

João apóstolo do Senhor Jesus, esse discípulo foi o mais próximo do Senhor,
a bíblia nos informa que era filho de Zebedeu, tinha como irmão Tiago que também
era um dos doze discípulos de Jesus, os dois eram pescadores de profissão.
Estavam com seu pai no barco quando foram chamados por Cristo para serem
discípulos. Deixaram tudo para seguir a Cristo e se tornarem pescadores de
Homens. Está escrito no evangelho de Marcos (ALMEIDA, 2010, p. 904):

Passando dali um pouco mais adiante, viu Tiago filho de Zebedeu, e João,
seu irmão, que estavam no barco consertando as redes. E logo os chamou.
Eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os empregados, foram
após Jesus. Marcos 1.19-20.

O apóstolo João é citado como um dos principais líderes da igreja em


Jerusalém por Paulo, Almeida (2010, p. 1055):

Quando conheceram a graça que me fora dada, Tiago, Cefas e João, que
eram considerados as colunas, estenderam-nos a mão direita em sinal de
comunhão, a mim e a Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles
fossem à circuncisão. Gálatas 2.9

João escreveu o quarto evangelho, três epístolas e o apocalipse. O


apocalipse tem como destinatários, as sete igrejas da Ásia o apóstolo nos dá
informações importantes sobre ele e sobre a revelação da qual ele escrevera no
primeiro capítulo do livro, ele informa o destino, seu nome, quem ele era e onde ele
estava, na ilha chamada de Patmos. João também nos diz que recebeu de Jesus a
ordem de escrever e enviar as sete igrejas. Os conselhos contidos em Apocalipse
para as igrejas na verdade, não são de João, são de Jesus, conselhos,
reprovações, elogios e promessas. Almeida (ALMEIDA, 2010, p. 1116) descreve:

João as sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz a vós outros, da parte
daquele que é, que era e que há de vir, e da parte dos sete espíritos que
estão diante do seu trono, e da parte de Jesus Cristo que é a fiel
testemunha, o primogênito dos mortos e o soberano dos reis da terra.
Àquele que nos ama, em seu sangue nos lavou dos nossos pecados e nos
fez reino e sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele seja a gloria e poder
para todo sempre. Amém. Vede, ele vem com as nuvens, e todo olho o
20

verá, até mesmo os que p trespassaram; e todas as tribos da terra se


lamentarão sobre ele. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ômega, o principio e o
fim, diz o Senhor, aquele que é que era e que há de vir, o todo-poderoso.
Apocalipse 1.4-8

Jesus através de João fala as igrejas, primeiramente ao responsável por elas,


vemos Cristo se referindo ao Anjo da igreja, e o apóstolo escreve de uma forma que
nos deixa a entender que realmente ele foi só um copista do que Cristo estava
falando.

Para o anjo da igreja de Éfeso, Jesus aconselha a voltar ao primeiro amor,


voltar a fazer o que fazia no início, pois o amor por Cristo não era mais fervoroso.
Quantos pastores começam bem seus ministérios mais acabam fracassando no
caminho. Isso acontece por múltiplos motivos, seja falta de vocação, homens que
entram no ministério por motivações erradas, se iludem com os status que a função
pode levar, ou pelo lucro que acreditam que o ministério pode dar, estes até
começam bem pois desejam mostrar trabalho, porém sem a vocação acabam
fracassando, pois Deus acompanha aqueles da qual ele chamou e capacita para a
tarefa aqueles da qual chamou, mesmo eles se sentindo incapazes de cumprir.
Sobre vocação o Pe. Geraldo Pennock diz no livro “Vem e vê” (PENNOCK, 1974,
p.127):

Parece a nós, homens, que Deus chama muitas vezes o menos indicado
para tarefas sobre-humanas! Para ser pai de um grande povo escolheu a
Abraão, um homem velho, casado como uma mulher estéril que ainda o
deixa esperar 25 anos! Para libertar os judeus do Egito, escolheu Moises,
que praticamente se esquiva de qualquer responsabilidade por sua fuga
para outra terra, onde pudesse viver a vida pacata dos nômades! Para
predizer desgraças a Eli e sua família chamou um menino, Samuel. Para
ser profeta de desgraças perante os judeus, escolheu Jeremias, homem
acanhado e introvertido que só queria bem ao seu povo. Para serem
continuadores da missão de seu Filho, escolheu como apóstolos homens
simples, sem destaque social; uns pescadores sem muita formação; um
outro publicano desprezado; todos com bastante defeitos humanos! E de
Paulo vimos como ele mesmo não cansou de confessar que de todos ele
era o menos digno de sua vocação, um abortivo!

Estou certo que da escolha de Deus para seus propósitos não há fuga, diz
Hernandes D.Lopes (LOPES, 2008, p. 16):
21

Você não pode fugir permanentemente desse chamado. O profeta Jeremias


tentou desistir do seu ministério, mas isso foi como fogo em seus ossos.

Isso seria um dos motivos do fracasso, poderíamos citar outros como o


pecado não confessado, instabilidade emocional, Cristo orienta a voltar as primeiras
obras, muitos pastores têm deixado de amar a Deus como no início de sua
caminhada, se perderam no caminho, continuam pregando nos púlpitos, porem a
chama do amor a Cristo tem se apagado. Quantos ministram contra o pecado
enquanto eles mesmos precisam ser ministrados, é perigoso se acostumar com o
sagrado. Richard Baxter diz (BAXTER, 2016, p. 6):

Primeiro tem cuidado de ti mesmo. Assegura-te de que hás sido


verdadeiramente convertido. Toma cuidado de não estar pregando acerca
de Cristo a outros, enquanto que tu mesmo estejas sem Cristo.

E continua no assunto informando e instruindo que (BAXTER, 2016, p.18):

Sê diligente em manter-te numa boa e saudável condição espiritual.


Primeiro prega os teus sermões a ti mesmo. O teu povo observará se tu
tens passando muito tempo com Deus e eles serão beneficiados o que
mais ocupa o teu coração ser-lhe-á comunicado mais eficazmente a eles.
Confesso que quando meu coração está frio, então a minha pregação é
fria. Se o nosso amor, a nossa fé, ou a nossa reverência diminuem logo se
manifestará na nossa pregação, quiçá nem tanto no que pregamos, mas na
maneira como fazemos. E o nosso povo sofrerá. Se por outro lado,
estivermos cheios de amor, de fé e de zelo, então o nosso ministério trará
refrigério e alento.

O obreiro precisa sempre ter em mente esta advertência, Levar em conta


sempre as instruções bíblicas, pois muitas são as tentações na vida de um ministro,
a tentação de pregar outro evangelho, de olhar para o dinheiro das ovelhas e não
pensar na salvação delas. O pastor nunca pode perder seu real propósito,
permanecer firme em sua chamada e comunhão com aquele que o chamou, e se
caso encontrar-se frio ou perdido nesse caminho, imediatamente procurar voltar ao
proposito inicial, voltar aos braços do pai, pois como disse o apóstolo Paulo, aquele
que milita em um proposito não pode se embaraça com assuntos dessa vida, a fim
de agradar aquele que o alistou para guerra como disse Paulo em 2°Timóteo 2.4
22

”nenhum soldado em serviço se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar
aquele que o alistou para a guerra.” (ALMEIDA, 2010, p 1080).

A segunda igreja a receber os conselhos de Cristo foi a igreja de Esmirna,


nela nós vemos elogios, mais nenhuma crítica, uma igreja exemplar, o conselho pro
anjo daquela igreja foi: ser fiel até a morte, assim como em Éfeso e em todas as
demais, a mensagem se estende para toda igreja, porém em primeiro lugar a
instrução vai ao líder, ao pastor, esse conselho vem depois de uma advertência
quanto ao que iriam passar, uma tribulação que tinha prazo pra acabar, seriam dez
dias da qual eles deveriam se manter fieis em meio as dificuldades que se
levantariam. Muitas são as lutas, desafios e oposições que um líder enfrenta. Os
sofrimentos fazem parte da vida pastoral. Pedroso afirma (PEDROSO, 2013, p.141)

Deus pode ser encontrado no altar da igreja. Deus pode encontrado nas
escrituras. Deus pode ser encontrado na oração, nos serviços de adoração,
na escola dominical, e nos retiros espirituais; mas ele pode ser também
encontrado nos lugares inesperados do estresse, do sofrimento, e do
desapontamento. Na verdade, Deus está também nesses lugares – e
podemos ter certeza disso; e até nesses lugares podemos pedir a força de
Deus.

O pastor da igreja em Esmirna deveria ser fiel nos sofrimentos que viriam
sobre aquela igreja, sabemos que estamos vivendo dias difíceis, dias onde vemos
as profecias bíblicas se cumprindo, e convictos de que estamos nos últimos dias da
igreja na terra, a igreja não pode esperar dias fáceis, em Éfeso Paulo advertiu aos
presbíteros da igreja que lobos devoradores entrariam no meio da igreja, os
pastores precisam estar atentos aos perigos que querem devorar a igreja. Nesses
dias o ministro não pode se mostrar fraco, precisa se fortalecer no Senhor e passar
pela prova sabendo que não está sozinho em meio aos desafios, tantos aqueles que
assolam a igreja em um todo, como aqueles que sobrevêm sobre seu ministério, sua
família e sua vida particular. Afere Hernandes D. Lopes (LOPES, 2008, p.27):

O ministério não é um mar de rosas, mas um campo de lutas renhidas. O


ministério não é uma sala vip nem uma estrada coberta por um tapete
vermelho. O ministério não é um parque de diversão nem uma colônia de
férias, o ministério é enfrentamento, é luta sem trégua. Quem entra no
ministério precisa estar consciente de que há oposições de fora e pressão
por dentro. Há batalhas externas e internas. Há conflitos suscitados pelo
23

inimigo, e guerras travadas pelos irmãos. O apóstolo Paulo enfrentou a


oposição dos inimigos e também de membros das igrejas. Ser ministro é
viver constantemente sob preção. O ministério é uma arena de lutas com
poder das trevas e com o poder da carne. Não há ministério indolor. Não há
ministério sem lagrimas. Ser pastor é cruzar um deserto escaldante, em vez
de pisar os tapetes aveludados da fama. Ser pastor é a arte de engolir
sapos e vomitar diamantes. Ser pastor é está disposto a investir a vida na
vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar
sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor
é saber que o nosso galardão não nos é dado aqui, mas no céu.

Para o anjo da igreja que está em Pérgamo, Cristo elogia a fé que eles
mantinham, pois permaneciam com fé mesmo no meio de uma sociedade onde
estava o trono de Satanás, aquela igreja porém estava tolerando a imoralidade, a
idolatria e heresias, o conselho de Cristo foi para que se arrependessem disso, se
arrepender de tolerar ensinos de Balaão e dos nicolaitas.( ALMEIDA, 2010, p.
1117):

Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás. Contudo, reténs o
meu nome e não negaste a sua fé em mim mesmo nos dias de Antipas,
que fiel testemunha em mim, foi morto entre vós onde Satanás habita.
Todavia tenho algumas coisas contra ti: Tens ai os que seguem a doutrina
de Balaão, que ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de
Israel, levando-os a comer coisas sacrificadas a ídolos e praticar a
prostituição. Assim tens também alguns que seguem a doutrina dos
nicolaítas. Arrepende-te, pois! Se não em breve virei a ti contra eles
batalharei com a espada da minha boca. Apocalipse 2.13-16.

Não se sabe o porquê desta igreja ter aceitado pessoas que praticavam os
ensinos de Balaão e dos nicolaítas. A pergunta é, porque essa igreja tolerava essas
práticas? Essa pergunta vai diretamente ao pastor daquela igreja, pois o povo é
reflexo de seu líder, talvez esses ensinos e práticas eram aceitáveis na sociedade,
esses membros passaram a adotá-los objetivando serem aceitos e a não sofrerem
nenhum tipo de perseguição perante a sociedade. Isso parece com nossos dias,
muitas vezes pastores abrem mão do verdadeiro evangelho para não ser
perseguido ou para que suas igrejas tenham números maiores de pessoas,
mensagens contra o pecado muitas vezes são renunciadas pois não são tidas como
populares, com isso praticas que são condenadas pela bíblia entram dentro de
igrejas da qual os pastores são omissos com a mensagem bíblica. Arrependimento
24

é o conselho de Cristo para o anjo da igreja, para o pastor que tem aceitado praticas
condenadas pela palavra do Senhor.

Tiatira recebe elogio pois o amor que tinha, o serviço, a fé e a paciência eram
melhores que no início, porém toleravam o culto idolatra e a imoralidade, Jesus
aconselhou que fossem fiéis, ao exemplo de Pérgamo, Tiatira tolerava praticas não
aceitável a Cristo! (ALMEIDA, 2010, p. 1117)

Conheço tuas obras, o teu amor, o teu serviço, a tua fé, e a tua
perseverança: sei que as tuas ultimas obras são mais numerosas do que as
primeiras. Tenho porém contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz
profetiza. Com seu ensino ela engana os meus servos, seduzindo-os a se
prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos. Apocalipse
2.1920.

A Sárdes Cristo diz que ainda existem ali pessoas fiéis, porém era uma igreja
morta, tinha nome que estava viva, mas estava morta, o conselho a essa igreja
também foi arrependimento e que fortalecessem aqueles que ainda restavam, Creio
que legitimamente essa instrução vai aos líderes, que investissem naqueles que
ainda estavam vivos para que não morressem com os demais, como pastores
precisamos nos preocupar com aqueles que estão fora, mais também com aqueles
que estão dentro da igreja mortos, levando a esses uma palavra de vida, Crendo
que Jesus pode ressuscitar, e aqueles que estão vivos não podem ser deixados de
lado, precisam ser fortalecidos pela palavra! Filadélfia recebeu só elogios, era uma
igreja perseverante na fé, obedeciam a Cristo e honravam seu nome. O conselho foi
ser fiel! Muitos estão sucumbindo ao apelo da modernidade e deixando o zelo pela
sã doutrina de lado, aceitando o pecado com os dizeres “tem nada a ver” para
ganhar públicos maiores, infelizmente isso tem deixado a igreja doente, pois por
falta de zelo de muitos, a igreja vem perdendo sua essência. Não que não
possamos nos atualizar, sim isso é valido, porém não podemos deixar de lado as
instruções da palavra. Assim John Angell James afirma (ANGEL, 2013, p.206):

Da mesma maneira como não devemos sacrificar o amor pela verdade,


também não devemos sacrificar a verdade pelo amor, nem deixar de lado
um pequeno diamante de verdade para buscar um maior. Toda verdade
deve ser defendida, bem como todo amor.
25

Por último, temos a igreja de Laodicéia que não recebeu do Senhor nenhum
elogio, essa igreja não era nem quente nem fria, eram mornos, achavam que eram
autossuficientes, diziam não faltar nada, porém Cristo mostra uma outra realidade,
eram pobres, cegos e nus, pra mim o conselho a essa igreja resume todas as
demais cartas, o conselho para que fossem zelosos, o zelo é bastante importante na
vida de um pastor. Que possamos ser zelosos quanto a mensagem que Cristo nos
chamou para propagarmos. John Angell James salienta:

Certamente, não é necessário dizer mais nada para mostrar e provar que
tipos de homens desejamos para tal época, e indicar que, para ocasiões de
tal excitação, devemos ter pessoas de forte inteligência, fé simples e
completa devoção. Qualquer que seja a maneira que a consideremos, é
uma era de fervor, e apenas os homens fervorosos podem, em tal era,
fazer qualquer coisa, em qualquer lugar, e principalmente no púlpito. Os
eventos, com um toque de trombeta, nos convocam à nossa posição, com
todas as nossas faculdades despertas e com toda a nossa energia
engajada. Em meio ao ruído dos negócios, da política, da ciência e da
moda, em meio aos gracejos dos riem, da eloquência dos oradores e do
clamor dos partidos, a voz do pregador não será ouvida, a menos que ele
fale muito alto; não será ouvida, a menos que ele fale com fervor; não
obteremos atenção para a nossa santa religião, a menos que dediquemos a
ela toda a nossa força; ela será deixada de lado, reprimida, pisada pela
multidão, se não dedicarmos as nossas mais vigorosas energias para
sustenta-la e abrir caminho para ela, em meio à luta e à teoria das
abundantes secularidades. Não devemos nos enganar, adotando qualquer
outra coisa como substituto. Será muito bom e apropriado acompanhar os
tempos em que vivemos, com relação a outras coisas; na literatura
clássica, matemática e filosofia, nos diplomas acadêmicos, na arquitetura
de bom gosto; mas serão apenas como sepultura, ou como a escultura que
decora o nosso túmulo.

Que possamos nos posicionar em meio aos grandes desafios desse tempo,
com todo fervor e com toda força nos dedicarmos na mensagem do evangelho,
como Paulo que não teve como importante mostrar sabedoria humana aos coríntios
e sim o poder de Deus. Quando nosso relacionamento com Deus está fraco,
fracassamos na missão dada por ele, que os pastores se empenhem numa vida
devocional ativa e constante só assim anunciaremos com vigor e o mundo nos
escutara com atenção a mensagem da palavra. No evangelho de João os discípulos
recordam de uma mensagem profética em sentido ao zelo de Cristo pelo templo,
onde ele expulsa os cambistas que estavam ali, essa passagem nos ensina o zelo
que precisamos ter pelo lugar onde nos reunimos para buscar a Deus, com Respeito
26

e honra, não de qualquer jeito, como se fosse um lugar qualquer, mais com
entendimento que aquela comunidade foi consagrada a Deus e aquele lugar é lugar
de adoração. Assim o ministro de Cristo tem em seu coração o grande desejo pela
palavra a exposição desta e com isso as vidas serem libertas e aperfeiçoadas pelo
poder que contem nessa arma da qual Cristo nos deu contra o sistema maligno,
esta deve ser a ambição do verdadeiro ministro, exercer com zelo sua chamada,
cuidando e libertando as almas das correntes do inimigo. Spurgeon, afirma
(SPURGEON, 2002, p.39,40):

Se um homem perceber, depois do mais severo exame de si próprio,


qualquer outro motivo que a gloria de Deus e o bem das almas em sua
busca do episcopado, melhor será que se afaste dele de uma vez, pois o
Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores em seu templo.
A introdução de qualquer coisa que cheire a mercenário, mesmo no menor
grau, será como um inseto no unguento, estragando-o de todo.

?????

3 OS DESAFIOS DO PASTOR NA ATUALIDADE

O pastor Cristão deve ser uma pessoa conhecida pelo seu pode espiritual,
com a sua autoridade vinda diretamente da palavra de Deus. Para isso, o pastor
deve ser uma pessoa fervorosa em oração, que vive na Palavra e através disso
desafiam seus liderados a seguirem o seu exemplo. O seu modo de vida, de agir e
de falar deve ser inteiramente guiado pelo Espirito Santo. O pastor é alguém que
deixa uma marca positiva no coração das pessoas. É também o seu proceder que
fará com que alguém sinta o desejo de fazer a vontade do Senhor revelado na
Palavra. Ele deve procurar causar um impacto na vida daqueles que estão ao seu
redor, principalmente na vida de suas ovelhas, não para receber gloria ou aparecer,
mais para que o povo seja um fruto divino, para toda eternidade.

Em uma época em que o mundo passa por transformações, os desafios de


cumprir um ministério pastoral bíblico são os mais diversos possíveis. Pastorear é
construir pontes que possibilitem que a igreja possa enfrentar as prerrogativas
próprias da contemporaneidade. Muzio desenvolve as transformações que ocorrem
27

no decorrer dos tempos e sinaliza as problemáticas que envolvem tais mudanças


(MUZIO, 2013, p.15):

A sociedade está rompendo com os princípios tão caros ao iluminismo, que


contribuíram para o projeto da modernidade e, a partir do fim da idade
Média, alteraram a cosmovisão europeia nos campos da religião, da
economia e da filosofia. Foram mudanças sociais que resultaram no
desenvolvimento das ciências exatas, como a física e a matemática, da
lógica, do empirismo e da observação. Nesse cenário cultural racionalista e
cientifico, predominou a influência de Newton e Descartes na produção de
uma visão analítica e desagregadora da vida.

Com essas transformações, o mundo passou a adotar outras prerrogativas,


diferente daquelas que vigoraram devido à tradição. Por essa razão, muitos
paradigmas foram absorvidos para que a cultura não ficasse limitada a uma redução
de pressupostos antigos, que não mais respondiam aos imperativos atuais. Por
conseguinte o pastor atual enfrenta todas as exigências de questões externas para
conduzir um modelo de liderança responsável e eficaz.

De fato, não se pode utilizar mais os padrões antigos no exercício pastoral,


pois com essa mudança de arquétipos a nível mundial muita coisa ficou
ultrapassada. Todavia, mesmo nesse cenário de transformação, um dos padrões
basilares para o exercício do ministério pastoral é a Bíblia. Nela se apresentam
valores e princípios que, quando exercidos com objetividade, podem conduzir a
igreja a uma compreensão de que ela é sobremaneira um instrumento do Reino de
Deus. O ministério pastoral é, acima de tudo, uma grande responsabilidade diante
da sociedade para responder questões culturais. Bosh nos explicita algo
extremamente relevante (BOSH, 2002, p. 95):

Isso significa que mesmo uma sociedade pluralista ou secularista


permanecerá dependente do testemunho e da existência dos crentes,
daqueles com integridade e boa conduta. Somente uma visão moral
compartilhada poderá manter a sociedade unida. Se continuarmos a
contribuir com essa visão, nossa será uma benção para todos. Sabedores
da realidade do pecado no indivíduo e na vida comunitária
permaneceremos antiutópicos, sóbrios, vigilantes, e não nos enganamos
com crença de que construiremos uma sociedade perfeita aqui na terra.
Agindo assim nos desesperaremos quando permanecer frágil e sob
pressão. Desta forma, faremos a melhor paz da cidade quando
convidarmos as pessoas à verdadeira conversão - uma conversão que
inclui responsabilidade social e visão moral da sociedade.
28

3.1 O Desafio da Reprodução

O paradigma da reprodução é responsável por tornar vários líderes e


pastores das mais diversas denominações figuras apenas de repetição, clones de
imitação de conceitos que foram trazidos externamente. Muitos estão caminhando
por um caminho de facilidade, encontrando meios para dirigir suas congregações
em contextos completamente diferentes do que vivem. Vemos que existe uma
enorme influência do exterior em nossas literaturas, em nossos louvores, na
maneira de se vestir dos líderes, na aparência do templo. Não podemos desprezar a
importância norte-americana em nosso meio, porém é necessário analisar o
contexto em que as obras estrangeiras foram escritas.

Ao examinar os aspectos que envolvem a liderança cristã e os ministérios


exercidos pela igreja, notam-se as influências externas que condicionam os atuais
estilos brasileiros. Muzio faz referências a algumas interferências que são copiados
por líderes atuais e sobre o desafio de fazer algo novo (MUZIO, 2013, p.20):

Em se tratando de ministério, a clonagem é fácil. Basta entrar na internet


para que o pastor tenha acesso a centenas de modelos importados com
instruções de “como fazer”. São inúmeras ferramentas ministeriais em kits,
autênticos pacotes bolados para serem reproduzidos. Milhares de pastores
importam ou reproduzem modelos eclesiásticos de igrejas como a Willow
Creek, liderado por Bill Hybels; a Saddleback Church, dirigida Rick Warren:
e o G-12 de César Castellanos, líder da missão Carismática Internacional,
com sede na Colômbia. Uma das características dessa postura em relação
aos modelos importados é a tolerância a certo paternalismo exercidos pelas
igrejas de origem, o qual desestimula e marginaliza iniciativas autóctones.
Somos uma igreja que importa teologia, seminários e até currículos, como
já disse o pastor e teólogo Valdir Steuernagel: “vivemos a produzimos
traduções. Poucas coisas são traduzidas aqui. E destas, pouco existe de
autêntico”. Grande parte da literatura teológica brasileira não passa de
publicações de sermões estrangeiros e estudos bíblicos traduzidos.

A liderança da igreja brasileira tem entrado em um grande comodismo, existe


uma grande dificuldade de produzir alguma coisa, muitos ainda adotam costumes
transmitidos por seus fundadores, e copiam aquilo que vem do exterior, os
missionários que foram incumbidos de trazer o evangelho ao Brasil iam implantando
suas culturas e aquilo que era de seus países de origem. Muitos rejeitam a cultura
29

brasileira, pois aquilo que é nosso parece não ser tão atrativo, como é o que vem de
fora. Vemos um grande choque cultural, pois muitos pastores se adequam a
costumes estrangeiros, mesmo na sua maneira de vestir, em várias igrejas inseridas
em ambientes de clima quente se exigia terno e gravata nos cultos.

Apesar da igreja protestante já está no Brasil a mais de um século, continua


reproduzindo aquilo que veio de fora, de seus pioneiros, usos e costumes muitas
vezes. Muzio afere (MUZIO, 2013, p.19):

Um primeiro paradigma que afeta os diversos estilos de liderança é a


repetição. Ela produz o pastor-clone ou pastor-repetidor. A despeito do fato
de protestantismo ter sido trazido ao Brasil há mais de um século e meio,
produzindo uma igreja autóctone e vigorosa, a liderança continua
reproduzindo as culturas trazidas pelos missionários e os valores
implantados pelas missões estrangeiras. A maioria das igrejas na América
Latina adota teologias importadas e estilos de ministério transmitido por
seus fundadores, ou mesmo copiados.

O emaranhado de modelos culturais, paulatinamente, fomentou o sério


problema do choque cultural. Muzio continua (MUZIO, 2013, p.21)

De acordo com Emilio Castro, isso produzia (e ainda produz) uma espécie
de ruptura entre o novo convertido e seu contexto cultural. Ser cristão
exige, com frequência rejeição à cultura brasileira, à música, à linguagem,
às roupas, à comida, às festas e até mesmo às pessoas. Apesar de o Brasil
e a América Latina produzirem consultas, conferências e textos de
conteúdo teológico com abordagem local e legítima, predomina a inclinação
por assimilar tendências e teologias estrangeiras, o que Orlando Costas
chama de “transplantes teológicos.” Um nome estrangeiro num folder ou
filipeta de propaganda parece garantir mais audiência em conferências e
congressos.

O que tem acontecido infelizmente, é que estamos vendo pastores perdendo


o foco de Glorificarem a Deus, estão perdendo a confiança em Deus, a convicção
que é o Senhor que dá o crescimento, como disse Paulo em 1Coríntios 3.6 ”Eu
plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento” ( ALMEIDA, 2010 p 1033). Em
vez de confiarem, reproduzem aquilo que acham que estão dando certo, muitas
vezes sem nenhuma direção divina. Hoje em dia virou oportunidade comercial o
30

crescimento da igreja, muitos sonham em construir templos gigantescos, catedrais,


nessa busca de ser controlada pelo crescimento numérico, vemos igrejas cheias de
pessoas vazias, pecadores que não serão confrontados a deixarem seus pecados.

Muitos pastores estão se preocupando mais com a multiplicação de pessoas


em seus templos, do que com a maturidade de suas ovelhas. Tudo o que dá certo
lá, dará certo aqui. Estamos perdendo o foco do ministério nos voltando a táticas e
planejamentos meramente humanos, quando o verdadeiro ideal e “segredo” de um
ministério vitorioso está na Bíblia. Paulo aconselha Timóteo na segunda carta
endereçada ao jovem ministro (ALMEIDA, 2010, p 1081):

Quanto a ti, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que estás


convicto, sabendo de quem o tens aprendido. Pois desde a infância
conheces as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação,
pela fé que há em Cristo Jesus. Toda Escritura é divinamente inspirada e
proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em
justiça; a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
preparado para toda boa obra.

O ministério pastoral não consiste em ser um mero reprodutor de dogmas ou


conceitos humanos, o pastor tem responsabilidade em reproduzir o evangelho, o
pastor tem consigo o ministério da reconciliação, levar o pecador ao seu supremo
Pastor. O amor pelas almas perdidas norteia sua conduta e seu constante trabalho
em vê pecadores se voltando para o Criador, para receber desde a verdadeira vida
contida em seu Filho Jesus Cristo. John Angell James afere (JAMES, 2013, p. 30):

Nunca houve uma expressão e uma concepção de algo mais belo:


nenhuma outra coisa que seja concebida pode dar ao ministério um
fascínio maior de amabilidade. Se por um lado o pregador do evangelho
carrega a espada do Espirito, ela tem a função exclusiva de matar o
pecado; por outro ele segura o ramo da oliveira na mão, como sinal de paz
e vida ao pecador. Ele entra na cena de luta e discórdia para harmonizar os
elementos dissonantes e vai para o campo de conflito para reconciliar as
partes litigantes. É sua função proclamar o tratado de paz de Deus com os
homens, explicar seus termos, exortar à sua aceitação, e trazer o pecador a
um relacionamento de amizade com seu legislador ofendido; levar a paz ao
seio problemático do homem, e reconciliá-lo com sua própria consciência;
expulsar as inimizades e os preconceitos de seu coração egoísta e
depravado, e uni-lo aos seus semelhantes através do amor; acalmar a
violência de seu temperamento, e dar-lhe paz de espirito; e, em seguida,
conduzi-lo aos reinos da tranquilidade imperturbável no mundo celestial.
Este é o seu trabalho.
31

A vida na igreja não deve ser guiada por nada mais do que o serviço a Cristo
e suas ordens, observando sempre seus mandamentos, nunca se desviando do real
proposito pautada plenamente na Palavra revelada. O maior compromisso é com a
verdade das escrituras, aquele que matem seu ministério com zelo, não tarda, nem
recua diante da verdade, com amor ele ministra aos corações sedentos, o
verdadeiro e genuíno alimento.

O mundo está em caos, nosso tempo é dirigido pelo dinheiro, os pastores da


atual época não podem se curvar a isso, precisam se manter firmes, são muitas as
tentações que cercam a vida de um pastor, e uma delas é manipular a verdade e
não pregar determinados temas por medo muitas vezes de perder um membro
financeiramente abastardo. David Fisher salienta (FISCHER, 1999, p.54):

Tragicamente, a crise moral ataca o coração da igreja. O colapso moral dos


pastores e líderes evangélicos é assustador. Enquanto ficamos
devidamente chocados pela má conduta dos ministros, uma erosão moral
mais insidiosas destrói o caráter dos membros da igreja. O próprio
pragmatismo que torna vibrante o cristianismo evangélico ao mesmo tempo
tende para uma perda de integridade. Alguns leigos aconselharam-me a
brincar com a verdade, pois acham que dizer toda a verdade pode afetar
negativamente toda congregação ou algumas das pessoas (geralmente as
que tem dinheiro ou influência). Ironicamente, um dos melhores membros
da igreja me disse que sou honesto demais para liderar uma comunidade
evangélica. Se ao menos ele soubesse o profundo desejo que me tenta a
ser brando, quando prego, e de manipular a verdade e as pessoas, quando
lidero!

3.2 O Desafio da Identidade Própria

É muito comum no Brasil ainda existir igrejas com culturas distintas, nas quais
se usam terno e gravata, mesmo em clima tropical, por exemplo. Cultos
estabelecidos nos moldes de outras culturas, bem como o estilo de evangelização,
isso acontece porque a igreja brasileira ainda está na construção de sua própria
identidade, quando se pensa nos aspectos gerais da globalização, constata-se que
32

muitos paradigmas são mudados, enquanto outros são estabelecidos. Entretanto,


para muitas pessoas, tal questão relaciona-se diretamente a uma “americanização”
dos padrões vigentes. (MUZIO, 2013, p. 22)

As ferramentas da internet e o poder econômico possibilitam a


disseminação de modelos ministeriais estrangeiros, principalmente
originários dos Estados Unidos, por meio da literatura e cursos. Dentro e
fora da igreja se consomem e copiam músicas, filmes, e moda. O preço que
o Brasil e a América Latina pagam, com frequência, é a recusa em
desenvolver recursos que reflitam mais adequadamente a identidade
cultural da igreja local.

Os pastores para conseguirem sua identidade própria, precisam antes de


qualquer outra coisa, conhecerem suas ovelhas, saber a real necessidade de cada
uma individualmente, a preocupação do pastor precisa ser em cuidar, dá a real
resposta a suas ovelhas, entender o contexto da qual vivem, suas dores, suas
crises, infelizmente muitos pastores estão preocupados com número e pouco com o
individual, Muzio expõe, já que “muitos pastores são atraídos por movimentos
ministeriais que alardeiam a promoção do crescimento da igreja” (2013, p 23). Tudo
tem se tornado muito mecânico por falta de identificação do pastor e suas ovelhas,
deixar de se preocupar com seu povo, tanto coletivo, como individual é se distanciar
do exemplo de Cristo. Michael Youssef afirma (YOUSSEF, 1987, p.32):

Líderes que só se preocupam com estatísticas nem chegam perto do estilo


de liderança de Jesus. Ele conhece intimamente suas ovelhas. Seu amor
por elas é um conceito abstrato nem pode ser substituído por clichês do
tipo “eu amo meu povo”. Seu amor por ovelhas, embora coletivo, é,
também, individualizado; ele conhece seu rebanho porque conhece cada
membro individualmente. Como é que as ovelhas de Jesus o conhecem?
Não é através de um encontro casual, não é apenas intelectualmente, nem
é por entenderem algumas verdades sobre algumas lideranças – mas por
sentirem o amor que o Bom Pastor tem por elas. Na qualidade de ovelhas,
posso ter dúvidas e sentir medo; mas quando vejo o Líder, o Pastor,
minhas dúvidas e receios se dissipam. Correspondo ao amor e ao cuidado
que o Pastor tem por mim. Vejamos como eram os pastores e as ovelhas
do tempo de Jesus. Os pastores da Palestina punham a segurança de suas
ovelhas acima da sua. No velho testamento, por exemplo, Davi matou um
leão com suas próprias mãos quando esse predador tentou atacar suas
ovelhas. Conhecendo esse cuidado e esse compromisso dos pastores com
seus rebanhos, podemos compreender melhor a metáfora que Jesus usou
ao chamar-se de o Bom Pastor. O Bom Pastor colocou as necessidades
das ovelhas em primeiro lugar, chegando ao extremo de dar sua vida por
elas. Jesus citou Zacarias 13.7 quando predisse sua morte a seus
33

discípulos. “Esta noite todos vós vos escandalizareis comigo; porque está
escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas“ (Mt
26.31). Mas, contraditoriamente, foi a morte do Bom Pastor que garantiu a
segurança de suas ovelhas.

Sheed, em seu livro “O líder que Deus usa”, faz uma análise que corrobora com
a busca pelo paradigma da identidade, que consiste na necessidade dos valores que
o líder ideal deve ter (SHEED, 2000, p.37):

O homem de Deus precisa liderar seus seguidores para elevar a estima dos
valores do grupo. A vida de Moisés é um exemplo de tal liderança. Ele
acreditou, de todo o seu coração, que a liberdade era melhor do que a
escravidão. Paulo, clara e ruidosamente, proclamou a liberdade dos gálatas
(Gl 5.1,13). A perda da importância da liberdade na vida cristã significa a
perda de tudo. Significa estar escravizado aos pobres elementares espíritos
do mundo, em vez do poderoso e glorioso Espirito de Deus (Gl 4.8,9). Os
pastores e os professores de seminários necessitam diariamente lembrar a
igreja aos valores cristãos que fazem dos crentes pessoas diferentes dos
mundanos. Uma comunhão de amor não cresce automaticamente na igreja.
É por isso que o Novo Testamento repetidamente exorta aos seus leitores
aos atos mútuos de amor, de encorajamento e de perdão. Esses são
apenas alguns dos valores mais altos que precisam ser continuamente
afirmados pelos líderes na família de Deus.

Algumas igrejas seguem a visão de liderança de Rick Warren que, por sua
vez, tem como fundamento a igreja baseada no propósito, e estas, juntamente com
seus líderes tencionam seus esforços para que sua missão e os seus objetivos
deem certo. Quando não exercem uma repetição dos valores culturais estrangeiros,
boa parte das igrejas na atualidade, bem como os seus modelos eclesiásticos,
utilizam técnicas comerciais, para tornar o “mercado da fé” mais interessante para
os congregados. O Pr. Carlos Queiros, em seu livro “Em busca de espiritualidade”,
faz a relação entre o líder, o pastor e o sacerdote, em detrimento do cliente, e o
ídolo (QUEIROZ, 2013, p. 31):

O sacerdote, agente intermediário ou empreendedor religioso assume total


controle sobre as tarefas e os favores a serem “executados” pelo ídolo. O
cliente é animado pelo sacerdote a determinar, decretar, ordenar, ofertar,
pressupondo que assim poderá manipular seu ídolo com promessas,
oferendas, frases mágicas etc. O cliente, dono do desejo, determina o que
a divindade é se manter em silêncio inanimado, enquanto o cliente espera a
consumação da magia pelo suposto poder de seu agente intermediário
34

A busca exacerbada em como se dará o crescimento das igrejas gera


ferramentas que não são legítimas e nem auxiliam na busca por uma identidade
própria. Muzio afirma que “O perigo, porém, está na tentativa de importar técnicas e
clonar modelos. Cada igreja tem a sua impressão digital” (2013, p.23), por
conseguinte, a liderança clone de repetição, a cada dia vai se distanciando da
finalidade de se ter uma condução pessoal, baseado na própria cultura e não em
compelir a obtenção de culturas estrangeiras, sem nenhum esforço e desprovida de
uma personalidade singular. Existe uma grande necessidade de se ter um ministério
bíblico, o desvio desse propósito tem gerado grandes problemas, muitos pastores
têm surgido, homens que não se sabe por certo de onde são, e sem nenhuma
liderança para se submeter ou prestar contas, homens que se dizem pastor, porém
não se preocupam com as suas ovelhas, e a falta de preocupação com as pessoas
tem sido um grande obstáculo pra o desenvolvimento de um ministério plenamente
bíblico. Michael Youssef afere (YOUSSEF, 1987, p. 30):

Pelo menos umas doze vezes o pastor disse: “ah, muito bem”, antes que a
pessoa tivesse tido tempo sequer de responder. Imediatamente sua mão
era estendida para a pessoa seguinte da fila, sempre com o mesmo sorriso
e a mesma saudação. Quando chegou a vez de uma senhora de idade, o
pastor disse: “Espero esteja passando bem hoje”. A senhora, baixinha e de
fisionomia bastante triste, respondeu rapidamente: “Meu marido ficou
doente durante a noite de quinta-feira e eu tive que chamar a ambulância.
Ele ainda está na UTI...” “Sim é muito bom vê-la aqui esta manhã”, disse o
pastor alegremente. “É sempre uma satisfação tê-la aqui para o culto.” E
imediatamente estendeu a mão para a pessoa seguinte. Quase não pude
acreditar no que tinha ouvido. Senti-me constrangido porque o pastor não
tinha sequer ouvido o que ela havia dito; fiquei chocado com tanta
insensibilidade, e magoado com o que havia sido feito àquela senhora.
Meio desajeitadamente, tentei remediar a situação, embora, sendo um
visitante, não desejasse me envolver demais. “Como se chama seu
marido?” perguntei. Gostaria de incluí-lo em minhas orações todos os dias
dessa semana.” Não é minha intenção julgar o pastor. Posso compreender
que, com uma congregação de mais de 2000 pessoas, assistentes e
auxiliares sobrecarregados, e levando sobre os ombros o peso de tamanho
fardo, provavelmente o pastor não tem como conhecer cada pessoa da fila.
Pode acontecer, também, que ele estivesse com problemas pessoas
naquele dia, ou ansioso a respeito de algum evento que estava para
acontecer. Mas, mesmo assim saí da igreja com uma impressão totalmente
diferente de que me fora deixado pelo banqueiro. Este conhecia suas
ovelhas. O pastor não conhecia as suas. Pior ainda, senti que ele não fazia
questão de conhecê-las. Quando Jesus falou sobre seu relacionamento
com suas ovelhas, deu a impressão de saber muito mais do que os seus
nomes. Para Jesus, conhecê-las significa amá-las.
35

O verdadeiro pastor procura formar um povo que esteja dentro dos padrões
bíblicos. O seu caráter se dá principalmente através do conhecimento de sua
identidade. Muzio relata que “a certa insegurança quanto à definição de uma
identidade pastoral” (2013, p.131). Atualmente tem ocorrido um grande crescimento
quantitativo dos evangélicos no Brasil e, com isso, muitas igrejas precisam de uma
transformação radical no que diz respeito ao seu discipulado, em Cristo Jesus. Sem
amor não tem como vivenciar um ministério pastoral bíblico, aqueles pastores sem
amor, as suas ovelhas não passam de números em uma tabela, apenas estatísticas
da qual se orgulham. Vivemos em um tempo onde a ênfase está nos números. A
igreja é julgada pelo tamanho do prédio, pela quantidade de pessoas que se
ajuntam ali aos domingos, enquanto os ensinos bíblicos, a comunhão entre os
irmãos e a espiritualidade, muitas vezes são colocadas de lado.

Ter uma Identidade própria não está relacionado a alguém independente,


pelo contrário, o pastor bíblico é um homem ensinável, com um caráter
completamente transformado por Deus, o caráter do pastor bíblico envolve suas
práticas e ações, sempre está claro em suas atitudes a disposição para exercer o
chamado divino. Assim, o pastor bíblico faz com que as pessoas lhe sigam pelo o
que ele é. Vemos no exemplo de José que teve seu caráter transformado, de
maneira que os relatos bíblicos nos mostram alguém de confiança, ao chegar na
casa de Potifar, tomou de conta de tudo o que era de seu senhor, e por causa de
José, diz a bíblia que Deus abençoou a casa do egípcio em consideração a José,
tudo o que era do egípcio foi abençoado. (ALMEIDA, 2008, p. 47):

Desde que o pôs por mordomo de sua casa e de tudo o que tinha, o Senhor
abençoou a casa do egípcio por amor de José, a benção do Senhor estava
sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo. Assim Potifar deixou
tudo o que tinha nas mãos de José, de modo que de nada sabia do que
estava com ele, a não ser do pão que comia. Ora José era atraente e de
boa aparência. Genesis 37.5-6

José demostrou ter uma vida transformada por Deus, seu pai Jacó tinha
recebido esta transformação em Peniel, o nome do patriarca foi mudado para Israel,
José apesar de não existir nenhum relato bíblico de um encontro sobrenatural com
Deus, ele tinha uma vida e um caráter ligado no Deus de seu pai, mesmo sendo
tentado pela esposa de Potifar não cedeu a tentação, mais demostrou uma vida de
36

integridade com tudo que lhe foi confiado diante do Senhor. Sheed sobre a vida de
José destaca (SHEED, 2000, p.15):

Quando seus irmãos venderam-no como escravo, em vez de nutrir um


espirito de autocomiseração, José manteve sua atitude positiva. Deus
duramente testou seus princípios, mas ele não vacilou. Embora a esposa
de Potifar tenha tentado repetidamente seduzi-lo, José resistiu às suas
investidas por causa de seu caráter bem desenvolvido. Mesmo sendo
inocente, seu aprisionamento falhou na indução da ira escondida ou de um
espirito vingativo. Enquanto o copeiro do Faraó tinha se esquecido de
apelar por sua vida causa justa diante do rei, José continuou servindo a
Deus, abnegado, na prisão. O desapontamento grosseiro diante da terrível
injustiça não provocou nenhuma ferida destrutiva em seu espírito. O
sofrimento desmerecido não produziu uma falta de confiança na
providência divina.

Essa análise desperta a liderança atual para a disciplina pessoal de se


manter blindada contra qualquer motivo que faça com que o líder se afaste dos
fundamentos bíblicos, inerente à sua responsabilidade. Para isso, é necessária uma
profunda intimidade com o Pai. A base de todo pastor está enraizada em Deus, é do
Senhor que nasce todo o princípio verdadeiro.

3.3 O Desafio do Profissionalismo

O profissionalismo está vinculado a quase todas áreas humanas. Porém, um


dado desconhecido de muitos teólogos e religiosos é o pastor profissional. Ele toma
verdadeiramente a legitimidade do profissionalismo, geralmente é um especialista
capacitado para lidar com diferentes questões administrativas e técnicas. Quando se
pensa no exercício pastoral, se pensa no cuidado pela igreja na capacidade humana
que o indivíduo precisa ter para exercer o ministério, o pastor é visto em termos
profissionais, o exercício pastoral está condicionado a esses desdobramentos,
muitas vezes o pastor é visto como um funcionário que está a serviço da igreja.

O pastor é alguém vocacionado para um ofício especifico, a vocação é,


entretanto, uma adequação das habilidades humanas que um indivíduo tem para
produzir um trabalho com espirito de renúncia. Porém afirmar que o pastor é um
profissional no sentido especifico da palavra não é correto. Ser pastor não é um
37

mero oficio, não é almejar, ou se preparar para desenvolver o trabalho, muitos são
excelentes oradores, capacitados intelectualmente, são bons conhecedores da
bíblia e da teologia, porém não são vocacionados, bacharel em teologia, mas sem
qualidades para ser pastor.

O pastor precisa ser um profissional no sentido de saber exercer bem sua


função, porém a maior capacidade provém de Cristo, a nomenclatura “profissional”,
da qual o foco é lucro, produtividade, despersonaliza o pastor, e este, se torna um
gerente da fé, os aspectos pastorais, no entanto, não se reduzem a obtenção de
exercícios de responsabilidades especificas. Steuernagel afere (STEUERNAGEL,
1978, p.182):

Ao longo da história, as igrejas se institucionalizaram e, com isso, a


liderança e a ação missionária se concentraram gradativamente nas mãos
do pastor. Ele passou a ser uma pessoa indispensável. Começou a ser
exigida dele uma formação teológica elevada, e com isso tornou o
profissional do verbo divino, claramente diferenciado do leigo.

Surge a figura do pastor profissional. Tudo se baseia nas descobertas


científicas, se nota uma necessidade de fundamentar tudo e todos na razão. Muzio
afirma (MUZIO, 2013, p 26):

Em vez de focar o místico, o pedagogo, o piedoso e o profeta como


parâmetros, os modelos de liderança se baseiam nas descobertas
cientificas. Para conseguir espaço e identidade na sociedade atual, é
necessário que o líder religioso seja extremamente profissional em tudo o
que faz.

O ofício do pastor profissional é paralelo a qualquer outro especialista


capacitado. Ele tem a compreensão da necessidade das titulações e dos
reconhecimentos acadêmicos. Existe uma busca desenfreada por títulos para se ter
um certo reconhecimento entre os homens na sociedade, o título pastor já não é
mais suficiente para suprir o ego de determinados lideres, muitos buscam o
conhecimento não por amor ao oficio, ou pelas pessoas que possa ajudar, mas para
preencher o ego e se ter o tal “respeito” entre os homens. (MUZIO, 2013, p. 27):

O pastor-profissional, por sua vez acredita que ter diploma reconhecido


pelo Ministério da Educação, terminar um mestrado ou usar o título de
“doutor” antes do nome pode significar um tipo de reconhecimento que o
38

simples sacerdócio parece não suprir mais. Ser o “reverendo” é, em sua


opinião uma referência de liderança ultrapassada.

O que o pastor mais precisa é compreender sua chamada, e ser um homem


que ama a Cristo por completo, a Pedro ele deu essa incumbência de cuidar de
Suas ovelhas depois de perguntar por três vezes se este o amava, o amor não é
uma característica isolada, porém acompanha a vocação do pastor. Baxter ressalta
(BAXTER, 1989, p.35):

A obra do ministério deve ser realizada exclusivamente para Deus e pela


salvação do Seu povo, Jamais poderá ser realizada visando a algum lucro
particular nosso. Um motivo errado que visa um objetivo errado pode muito
bem arruinar todo o ministério, por melhor que seja em si mesmo. Sim pois,
neste caso estará servindo a nós mesmos, e não a Deus. Sem abnegação,
nem por uma hora ele poderá servir a Deus. Sem abnegação, nem por uma
hora ele poderá servir a Deus. O interesse próprio é uma escolha infeliz e
contraproducente. Assim a abnegação, a autonegação, é absolutamente
necessária ao ministro do evangelho, porque é seu dever ter redobrada
santificação e dedicação a Deus. Sem abnegação, nem por uma hora ele
poderá servir a Deus. Árduos estudos, muito conhecimento e pregações
excelentes são mais gloriosos, mas também são pecados de hipocrisia
quando feitos para a nossa própria gloria. A assertiva de Bernardo de
Claraval é de conhecimento geral: “Há os que adquirem conhecimento pelo
valor do conhecimento – e isto é vaidade de baixo nível. Mas há os que
desejam tê-lo para edificar outros – e isto é amor. E há outros que o
desejam para que eles mesmos sejam edificados – e isto é sabedoria”.

A alegria que está no coração do pastor não é seu salário, por mais
gratificante que seja o honorário que recebe, a maior alegria daquele que é
verdadeiramente pastor, é saber que está no lugar certo, servindo seu Pai,
obedecendo as ordens daquele que o capacitou, não existe alegria maior que vê
uma pessoa se lançando aos pés de Cristo em um arrependimento verdadeiro,
entregando sua vida ao Senhor, é muito grato ser um instrumento nas mãos de
Deus, esse é o verdadeiro salário do pastor, poder ajudar as vidas a crescerem em
comunhão com Cristo, a amarem a Deus acima de tudo. Não há reconhecimento
maior que vê o fruto de seu trabalho, sabendo que não é merecedor e nada provém
de si, mais do Senhor!

Muitos entram no ministério com motivações erradas, pensam em um


possível lucro, a verdade é que o ministério não é uma profissão de sucesso no
mundo do empreendedorismo, o ministério requer que o indivíduo seja destemido,
39

tenha coragem e se esforce no exercício da chamada. Não se pode relaxar no


trabalho pastoral, o objetivo não é encontrar facilidade econômica ou vantagens
pessoais, é necessário investimento na vida das ovelhas.

Os pastores precisam demostrar concretamente suas vidas transformadas por


Deus, está no púlpito não é uma performance profissional, aquilo que é expresso
em público é o resultado de uma vida em secreto com Deus, de uma comunhão
concreta com Cristo. Jesus convidou homens simples para acompanhar em seu
ministério terreno. Nesse ponto podemos analisar a diferença entre um pastor
bíblico e uma liderança convencional: Jesus olha para o ser, em quem de fato são
seus seguidores. Somente aqueles que desejam aprender com Jesus devem ser
candidatos para pastorear no Reino de Deus, os ensinos de Jesus ainda são mais
modernos e eficazes do que qualquer nova formula humana de crescimento. Jesus
prometeu transformar seus discípulos em pescadores de homens em Mateus 4.19
Almeida (2010, p.873), “vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”.
Homens simples voltados para a pescaria e o mercado, foram moldados com o
Reino, e fizeram verdadeiramente a diferença em seu tempo. Um dos grandes
desafios para a liderança na atualidade é a integridade.
Ser um homem de caráter, ter uma visão clara da palavra e transmitir toda
verdade sabendo que essa é sua missão, vivemos em dias que a verdade é
relativizada pelo povo, cada um anda conforme suas vontades, cada um faz o que é
correto aos seus próprios olhos sem examinar as escrituras, o que na verdade
querem é satisfazer seus desejos, quantos nos dias atuais estão indo a igreja
apenas pra se sentir melhor, não pra ouvir a verdade, mais pra massagear o ego, a
verdade da palavra de Deus precisa confrontar e isso, pastores não podem se
esquivar de pregar a verdade da palavra para confrontar o pecado e o relativismo.

O pastor é muito mais do que alguém que recebe uma função, ultrapassa
toda concepção comum de liderança relacionada às questões meramente
corporativas. Shedd assim resume o que vem a ser um líder bíblico e em que
consiste a capacidade de liderança em essência (SHEED, 2000, p. 67):

Liderança faz a diferença, por sinal uma grande diferença, pois ela oferece
direção, molda o caráter e cria oportunidades. Os efeitos da liderança
começam no nascimento, mas não deixam de existir com a morte. Os pais
40

nutrem uma pequena vida em direção a um destino, embutindo valores,


alvos e objetivos. Mesmo ainda jovem em maturidade, uma forma especial
de potencial é despertada em alguns. Juntamente com os genes, paternos
e maternos, e as formações vêm as escolhas de Deus: alguns homens e
mulheres são destinados a liderar e influenciar outros. Aqueles que Deus
separa para liderar desfrutam tanto os privilégios quanto as
responsabilidades. Suas influências, extensivas e efetivas, sobre outras
pessoas os distinguem dos seguidores. A liderança de alta qualidade será
encontrada entre os mais valiosos tesouros que qualquer comunidade ou
organização possui. A liderança de baixa qualidade, ao contrário, produz
um desperdício trágico e uma frustração caótica. Líderes de Deus estão
sempre em falta. Liderança cristã, mais do que outra qualquer, precisa
escolher objetivos que são coerentes com a vontade e lei de Deus. A
liderança positiva precisa ser exercida por um homem ou uma mulher que
conheça a Deus e inclua os alvos dele. As prioridades do líder precisam ser
prioridades bíblicas. Suas qualidades precisam ser aquelas que lhe deem o
nome de amigo de Deus (Jo 15.15) e de cooperador com ele (1Co 3.9).
Como Paulo sua ambição única será agradar a Deus (2Co 5.9). O apóstolo
sabia que tinha sido escolhido por Deus para liderar outros, mesmo antes
de seu nascimento (Gl 1.15). Deus lhe deu a responsabilidades de
influenciar permanentemente outras pessoas para a glória dele

A igreja de Cristo não é uma empresa, não é um negócio lucrativo, não é


assim que se deve enxergar a noiva de Cristo, o evangelho não é um produto,
muitos ministérios estão sendo criados, os homens estão se desviando do propósito
verdadeiro, buscam o lucro, vidas luxuosas, é preciso ter cuidado pois o evangelho
continua sendo poder de Deus.

??????

4. DIRETRIZES PARA O RESGATE DE UM MINISTÉRIO PASTORAL


BÍBLICO

Os parâmetros para o oficio pastoral sempre será as sagradas escrituras, o


maior exemplo é o Senhor Jesus Cristo. O homem chamado para o ministério tem
plena convicção de sua chamada, sem a qual não tem as devidas qualificações para
exercer a função. A igreja tem uma missão a cumprir em toda e qualquer
circunstância. A igreja existe para o cumprimento de uma missão, tudo o que ela é e
aquilo que exerce deve ter presente à ordem de Cristo, estabelecida na Bíblia. O
pastor diante desse dever, deve estar disposto a cumprir a incumbência eclesial,
dada por Deus para o ministério, para que verdadeiramente a igreja seja uma
41

proclamadora do Reino de Deus e de seu Evangelho. Muzio afirma (MUZIO,


????,???):

Da mesma forma que uma casa recebe energia elétrica por meio de cabos
e fios ligados a rede, os princípios bíblicos estão conectados à mente de
Deus. Pastores e lideres devem ser capazes de conectar sua vida e
experiência à bíblia, de onde flui a energia para acender a luz que permite
enxergar a realidade. Para que o ministério seja eficaz e frutífero, o líder
precisa compreender a arte da liderança a partir das Escrituras.

O pastor é um reflexo da revelação de Jesus Cristo, um líder para a


comunidade em que está inserido, e é testemunha viva do que aconteceu a
humanidade, pela causa da encarnação de Cristo. O ponto central do ministério
pastoral, portanto, deve ter como base o Evangelho. Jesus é o maior referencial, o
modelo para qualquer liderança. As pessoas relacionam liderar, como exercer
domínio sobre os outros, visando a obtenção de vantagens pessoas, porém as
ordens de Jesus foram outras, “Quem quiser ser importante entre vós deverá ser
servo”. O serviço rege o ministério pastoral, ele está na comunidade para servir,
assim como Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir.

A Bíblia mostra a direção certa para ter êxito no oficio da qual foi chamado, o
homem de Deus não segue diretrizes humanas, ou formulas milagrosas, mas tem
como sua bússola para cumprir sua missão, a palavra de Deus revelada. São muitas
as dificuldades que um pastor enfrenta em sua caminhada, saber conciliar e
governar bem sua casa, é uma delas, biblicamente o pastor é um exemplar pai de
família, e isso precisa ser levado em conta, pois sua vida, seu exemplo e sua
conduta são seguidos por muitas testemunhas, tantos os de dentro da igreja, como
os de fora. Outro dos grandes desafios também é sua vida secular, muitas vezes a
igreja não dispõe de condições financeiras suficientes para sustentar o pastor e sua
família, muitos precisam além de cuidar da igreja, precisam trabalhar em outras
funções fora, em empresas, o pastor precisa então saber conciliar essas funções, o
que é muito difícil, muitos homens trabalham o dia todo, as vezes em trabalhos
pesados, e precisam estar bem para ministrar a noite para suas ovelhas. São
grandes os desafios, porém aquele que deseja o episcopado excelente obra almeja,
por isso as diretrizes para um ministério eficiente sempre vai ser a Bíblia.
42

4.1 A Compreensão do Ministério Pastoral como Chamada

É necessário ter a compreensão, o ministério pastoral é uma chamada divina,


ou seja, Deus quem escolhe, ainda nos dias de hoje é assim, Deus toma a iniciativa,
é o Senhor quem delega funções, e capacita para designar o trabalho. Foi assim no
antigo testamento, Deus chamou Abraão, Moisés, de maneira muito clara, assim
como os juízes, profetas e reis como no caso de Saul e Davi, e no Novo testamento
temos o exemplo dos apóstolos, nem todos os apóstolos foram chamados da
mesma forma, eles tiveram, por mais que parecidas, foram experiências singulares
que cada um teve com o mestre. Paulo foi chamado no caminho da cidade de
Damasco, ainda respirando ameaças de morte contra os discípulos.
Compreendesse que o pastor carrega em seu coração a convicção do chamado de
Deus, a voz do Senhor é bem conhecida pelos seus filhos. Deus ainda continua
chamando homens que se dispõe para o serviço, a voz do Senhor traz uma forte
convicção, e isso fortalece as mãos do pastor e reanima-o em tempos de aflição.
Pennock afere (PENNOCK, 1974, p.127):

De suma importância pra nós é ver como Deus tomou a iniciativa divina na
vocação dos apóstolos: foi por um simples chamado de Cristo, mas
carregado de força interna que o tornava irresistível. Os apóstolos só aos
poucos descobriram o sentido. Só aos poucos reconheceram a presença
de Deus em Cristo e em sua vocação. Mais tarde tiveram a certeza de que
foi a presença divina, que desde o começo os ativara para seguir a Cristo.
Não o seguiram por própria iniciativa. Jesus chamou quem quis: “Não fortes
vós quem me escolhestes, mas eu vos escolhi a vós” (Jo 15,16). Para
Saulo a iniciativa de Deus veio de modo fulminante, por uma visão
extraordinária, na qual ouviu a voz do Cristo glorioso. Ela de fato iniciou o
processo de sua conversão que havia de cristalizar-se na grande missão
entre os pagãos. Para Saulo este choque foi necessário, para que saísse
da cegueira em que vinha perseguindo não apenas os cristãos mas o
próprio Cristo.

Aferimos que ser pastor não é ser um voluntario, e sim ser convocado para
uma guerra. Deus tem seus propósitos em tudo que ele faz, e em todos seus
projetos ele chama e capacita homens para cumprir aquilo que antes de estar no
coração humano, nasceu no coração do Senhor. A Bíblia relata a história de vários
homens que foram escolhidos para cumprir a missão designada por Deus, isso
43

vemos em diferentes datas e ocasiões, Samuel foi chamado ainda menino (1Sm
3.1), Jeremias no ventre da mãe (Jr 1.5).

O homem chamado para o ministério compreende que não é por mérito


humano que desempenha a função, e sim absolutamente pela graça de Deus,
quantas desculpas e empecilhos poderia se colocar diante do Senhor, foi assim com
Moisés que apresentou a Deus sua impossibilidade, afirmando que era pesado de
língua, Jeremias ao dizer a Deus que não passava de uma criança, observa-se o
profeta Jonas que carregava uma grande dificuldade em perdoar, todos esses
relatos nos evidenciam, o Deus soberano não olha para as limitações, mais em
cumprir seus propósitos.

O ser humano é complexo, quantos homens de Deus já se perguntaram se


realmente são chamados, o questionamento é comum, porém ter convicção da
chamada é compreender o propósito da vida. O caminho ministerial requer ousadia
e determinação, são muitos os desafios que cercam a vida de um vocacionado, por
essa razão a grande importância de ter certeza da escolha divina para o ofício
pastoral. Ser pastor é viver constantemente sob pressão, é saber conviver com as
lagrimas em uma arena de luta contra principados e potestades. O ministério não é
sinônimo de fama e luxo e sim de sacrifícios, amar e investir em pessoas sem
receber o justo reconhecimento, por conta de inúmeros desafios, o pastor carrega
em seu coração a certeza da chamada, e sempre estará disposto a morrer pela
causa de Cristo, se necessário for. A compreensão do ministério como chamada é o
combustível que faz o pastor não desistir da missão. Hansen depõe (HANSEN,
2001, p. 34):

Saber que fui feito por Deus para ser um pastor é meu chamado. Depois do
meu conhecimento pessoal de Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador,
é minha maior posse. Conservar-me firme na rota do meu ministério.
Impede-me de ficar louco através de todos os autos e baixos da vida
pastoral. É minha autorização para pregar a Palavra de Deus e ministrar
sacramentos. É minha autorização para ouvir a confissão de pecado e
assegurar perdão. É minha certeza de que Deus é minha força, enquanto
executo minhas tarefas. É minha gloria, é minha cruz. É minha eleição e
minha maldição. [...] o chamado é seu próprio tipo de conhecimento. Um
chamado exige que seja conhecido. É a espécie de informação que contém
dentro de si o imperativo de que seja buscada e compreendida, como se
fosse matéria de vida e morte.
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Compreende-se que chamada é a escolha de Deus, a manifestação do seu


amor na criação, Deus outorgou ao homem a capacidade de trabalhar em seu
Reino, esse é o propósito original para o homem, ao criar Adão, Deus o capacitou
para o serviço, porém o homem se desviou do plano, Deus então separou uma
família, na pessoa de Abraão para abençoar todas as famílias da terra. No novo
testamento vemos a chamada de Deus para a salvação, a separação do cristão do
mundo, o homem é chamado para pertencer ao Reino ativamente, ocupando seu
lugar no corpo de Cristo. A escolha de Deus para o homem é apresentar Cristo, ou
seja, ser um cristão, e isso significa trabalhar na obra de Jesus Cristo.

Cada pessoa que foi vocacionado por Cristo para a salvação, agora é
chamada a encontrar seu lugar, a exercer uma atividade no corpo, várias são as
tarefas no Reino de Deus, nem todos são chamados para serem pastores, nem
todos são chamados para uma tarefa dentro da igreja, ou seja, existem chamados
que são feitos para serem exercidas dentro do ambiente de trabalho, médicos,
advogados, dentre outros que são chamados para glorificarem a Deus em suas
profissões.

O ministério pastoral requer do pastor uma total dedicação para a realização


da função, o que se nota é que há muitos obreiros perdidos no ministério, sem saber
de fato a finalidade de pastorear, o que evidência o fato de não desenvolverem uma
visão bíblica. A vida ministerial pública requer uma vida privada ou particular ilibada,
dedicada ao chamado. Diz Hernandes Dias Lopes em seu livro de pastor para
pastor (LOPES, 2008, p.38)

Deus trabalha em nós, antes de trabalhar através de nós, Deus tira o


profeta do palco, debaixo dos holofotes, debaixo das luzes da ribalta, e o
envia para o deserto, para a solidão do deserto a fim de nos desmamar do
mundo. O deserto não é um acidente, mas uma agenda de Deus. É Deus
que nos manda para o deserto. O deserto é a escola superior do Espirito
Santo, onde Deus treina os seus líderes mais importantes. No deserto Deus
treina seus obreiros para a sua obra. No deserto Deus trabalha em nós,
antes de trabalhar através de nós.

O ministério pastoral é amplo, cheio de tarefas, tais como; aperfeiçoar os


crentes, capacitar os cristãos para o serviço, preservar a unidade da igreja, para isto
o pastor precisa se dedicar em apascentar as ovelhas do rebanho do Senhor, isto
se refere em pastor conviver com as ovelhas, é o pastor que atravessa vales
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escuros, caminhos perigosos sempre a frente conduzindo a pastos verdes, às águas


tranquilas. Está sobre a responsabilidade do pastor, disciplinar aquela ovelha que
colocou em risco todo o rebanho, levantar aquela que está fraca, alimentá-la,
colocar em seus ombros se necessário for e carregá-la até se fortalecer. O pastor
precisa estar disposto a entregar sua vida pelas ovelhas.

Por vários motivos o ministério pastoral deve ser entendido como chamada,
ninguém pode querer se aventurar nesse trabalho. A obra pastoral é uma tarefa
difícil em todos os aspectos, sem muitos reconhecimentos, a motivação que estar no
coração daquele que foi separado para pastorear é satisfazer a quem o chamou.

Outro fator importantíssimo da chamada é o reconhecimento da igreja. O


povo e os companheiros de ministério são meios dos quais se identifica a chamada,
além da convicção do indivíduo. O texto bíblico nos deixa claro que um dos fatores
de Paulo levar com ele o jovem, foi o reconhecimento da igreja local, Vemos em
Atos 16.1-3 (ALMEIDA, 2010, p. 1002):

Chegou a Derbe e Listra. Estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho
de uma judia crente, mas de pai grego. Os irmãos que estavam em Listra e
em Icônio davam bom testemunho dele. Paulo quis que esse fosse com ele
e, tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles
lugares, porque todos sabiam que seu pai era grego.

O desejo do indivíduo acompanhado da convicção pessoal, depois do


reconhecimento da igreja, é necessário também passar pela aprovação do tempo,
Paulo na carta a Timóteo, diz que o obreiro não deve ser “neófito”. Ou seja, novo
convertido. Para que uma pessoa entre no ministério, é necessária uma
considerável caminhada, deve ser experimentado em várias situações para que
saiba como conduzi-las com sabedoria. Um pastor deve ser um profundo
conhecedor da palavra, tanto acadêmico como um conhecimento de vida ativa com
Deus e com os irmãos.
O escolhido por Deus para pastorear deve ter uma devida preocupação com
sua preparação para conduzir o rebanho, tendo em vista ser uma grande
responsabilidade diante do criador. Assim se entende que pastorear é coisa séria,
não se pode fazer de qualquer maneira, precisa-se de companheiros para o
exercício do ministério, pastores mais experientes que possam mentoriar no
46

exercício do ministério. É importante buscar conhecimento em literaturas, cursos


teológicos para cada dia crescer e se aperfeiçoar, pois só se pode dar aquilo que
tem, se o exercício pastoral requer aperfeiçoar os santos e levá-los ao
conhecimento de Cristo, o ministro precisa se dedicar em conhecer o Senhor.

O preparo precisa ser tanto intelectual como espiritual, desde a igreja


primitiva se tinha essa preocupação, os apóstolos separaram separam sete irmãos
de índole reconhecida, para cuidarem de aspectos materiais e administrativos da
igreja, e quanto aos apóstolos se dedicaram em a consagração e ao ministério da
palavra. Se o pastor não tiver preocupação em beber da agua da intelectualidade
pode ficar seco e repetitivo. O preparo espiritual é bem mais importante, se exige do
pastor horas de dedicação em oração, leitura bíblica, meditação, ter plena
comunhão com Deus é um grande “segredo” para uma vida pastoral vitoriosa.
Hernandes Dias Lopes fala sobre a vida de oração do pastor (LOPES, 2008, p. 48):

O pastor deve ser primariamente um homem de oração e jejum. o


relacionamento do pastor com Deus é a insígnia e a credencial do seu
ministério público. “Os pregadores que prevalecem com Deus na vida
pessoal de oração são os mais eficazes em seus púlpitos quando falam aos
homens”. A oração precisa ser prioridade tanto na vida do pastor como na
agenda da igreja. Mede-se a profundidade de um ministério não pelo
sucesso diante dos homens, mas pela intimidade com Deus. Mede-se a
grandeza de uma igreja não pela beleza de seu edifício ou pela pujança de
seu orçamento, mas pelo seu poder espiritual através da oração.

Afere-se que Deus dá pastores a sua igreja, Deus escolhe e capacita, a


escolha é plenamente divina, então convicto desta escolha soberana, e com o
reconhecimento da igreja, esperando o dia e local de exercer sua chamada, se
dedica ao máximo em promover o Reino de Deus, em oração e uma plena vida de
comunhão com o Senhor.

4.2 O Serviço como “Espírito” na Vida Pastoral

Servir a Deus e a comunidade, servir essa é a palavra e a atitude que deve


estar na mente do pastor, cuidar é servir, sempre pronto para servir a igreja e não
ser servido por ela, afinal o pastor é um mordomo, o servo que está
responsabilizado em cuidar das ovelhas de seu Senhor. Jesus é sumo pastor, ele é
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o maior exemplo de pastor, uma fonte inesgotável de instrução, jamais existiu um


líder entre os homens que carregasse em sua própria vida, todas as exigências de
liderança como Cristo.

A história da igreja demonstra o quanto o modelo de Jesus e suas instruções


têm sido com frequência esquecidos e descartados. Pastores e líderes que não
atentam para os seus ensinamentos ou que não seguem os princípios de liderança
de Jesus, cortejam o juízo e a condenação de Deus. Eles podem estar condenados
diante de Deus, mesmo que na aparência estejam com ministério prospero, de
acordo com a avaliação dos padrões do mundo.

A base do pastor precisa está enraizada em Deus, é do Senhor que procedem


aos princípios e o sucesso do ministério. Por isso que encontramos o ministério mais
perfeito em seu filho Jesus. O treinamento para um líder conforme Jesus envolve
ensinamento teórico verbal e a atividade pratica. Jesus deixou claro que não poderia
ser mero ouvinte de suas palavras, e ser assim seria um grave problema, Jesus
advertiu isso contanto uma parábola, fazendo um paralelo daqueles que só ouvem as
palavras e não colocam em pratica com aqueles que ouvem e praticam. Quem
descreve essa comparação é o evangelista Mateus no capítulo 7.24-27 (ALMEIDA
2010, p 877):

Portanto, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será
semelhante ao homem prudente, que construiu a sua casa sobre a rocha.
Desceu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram
contra aquela casa; contudo ela não caiu, porque estava edificada sobre a
rocha. Aquele que ouve estas minhas palavras, mas não pratica será
comparado ao homem insensato, que construiu a sua casa sobre a areia.
Desceu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram
contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua queda.

Deus em sua maravilhosa graça e soberania concedem dons aos homens.


Em meio a vários talentos e ministérios compartilhados pelo corpo de Cristo, os
verdadeiros pastores são chamados para influenciar e para liderar seu rebanho na
terra. Prover alimento forte, cuidar dos ferimentos e proteger as ovelhas dos lobos
são algumas das responsabilidades do pastor. No entanto a liderança da igreja tem
grandes desafios, principalmente a igreja brasileira, que está vivendo uma grande
crise de identidade quanto as suas atribuições. Pouco a pouco, nossos pastores têm
deixado de observar e de imitar o exemplo daquele que, em sua encarnação nos
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ensinou um modelo de liderança servidora. Atualmente, abandonamos a missão de


lavar os pés uns dos outros. Entretanto, são várias as causas que levaram os
pastores a se distanciar de seu papel fundamental, que é servir.

A mentalidade atual sobre o conceito de pastorear, todavia, parece desviar


dos ensinamentos legados pelo filho de Deus. O pai ama seus filhos, e não deixa
jamais como ovelhas que não tem pastor, e não há dúvidas que levanta pastores
segundo o seu coração, com profundo desejo de cuidar e de guiar o rebanho,
conduzindo-os a pessoa do Filho, daquele que é o modelo para um ministério
pastoral bíblico. Um pastor tem a responsabilidade e o desafio de mudar a vida das
pessoas, encorajando as ovelhas a quebrar paradigmas e romper as dimensões dos
serviços, pois toda ovelha de Cristo, não apenas o pastor é chamado para servir os
homens com a palavra do evangelho.

Pastorear é uma tarefa para quem gosta de servir. A sua virtude não está em
uma possível facilidade de articulação, de elaborar estratégias ou de eficácia em
gestão, mas na sua capacidade de conduzir o rebanho até Cristo, o verdadeiro e
sumo Pastor das ovelhas. O pastor fica na retaguarda, apresentando a pessoa de
Cristo para as ovelhas, através de seu próprio exemplo, mas principalmente munido
pela Palavra. A sua relevância está na sua disposição para servir ao próximo,
expressando e sendo expressão do amor de Cristo, em atitude de misericórdia e de
justiça, como fez o maior exemplo de pastor de todos os tempos.

Não se pode abraçar o ministério de qualquer maneira, relaxadamente, sem


comprometimento verdadeiro e genuíno com a missão outorgada por Cristo.
Pastorear é uma das mais extraordinárias das tarefas, ser vocacionado para
pastorear, é ser alistado para um importantíssimo trabalho que requer do indivíduo
uma dedicação máxima, não se pode apenas “deixar acontecer” é necessário ser
ágil e ativo no cumprimento das ordens de Cristo no ministério pastoral. Embora o
ministério seja um trabalho sublime é difícil de fazer. O exercício do ministério pede
muito esforço e que o obreiro se dedique na palavra em busca de alimento nutritivo
para as ovelhas.

O ministério pede do obreiro investimento em vidas, esforço total em


cumprimento do chamado, Paulo se esforçou ao máximo para expor a mensagem
da cruz para aqueles que estavam distante do caminho. O que se vê em nossos
49

dias são obreiros esmorecidos, relaxados, que na verdade estão longe de pastorear
o rebanho, na verdade são pastores de si mesmos, procuram vantagens pessoais e
não estão dispostos a se doar pelas ovelhas do rebanho de Cristo.

O tempo presente é um tempo onde os relacionamentos estão se


extinguindo, as pessoas são carentes de atenção, ao pastor é confiada à
responsabilidade de cuidar, e ele que precisa se preocupar visitar aqueles que estão
distantes, passar o bálsamo naquele que está ferido, servir está no coração do
pastor aprovado, que busca agradar a Deus através de seu trabalho.

Vemos o serviço no coração de todos aqueles que se entregam ao propósito


de Deus, o ministério não é ter regalias e sim renuncias, se dedicar no proposito e
nos sonhos do Senhor. A chamada vem acompanhada de responsabilidades, a
resposta sempre é com atitudes, atitudes de fé e obediência, Deus sempre começou
diálogos para convencer o escolhido para a função entender que quem ia executar
os propósitos era o Senhor, eles seriam instrumentos em suas mãos para execução
do projeto. Aqueles que foram chamados, também capacitados, e desempenharam
grandes coisas através da poderosa mão de Deus.

Moises e Jeremias são grandes exemplos de Homens que se entregaram ao


serviço e venceram todo medo que declaram ter ao serem chamados, venceram
também toda resistência que se levantou contra o ministério que Deus tinha dado a
eles, renunciaram o que tinham, foram ameaçados, perseguidos, porém não abriram
mão de servir a Deus e a seu povo.

O homem de Deus vocacionado para o ministério pastoral entende que ser


pastor é servir, servir a todos, não somente sua igreja, mais toda comunidade, essa
é a função pastoral bíblica, que se resume em estar disposto a ser como Cristo, que
não veio para ser servido e sim servir. O pastor não pode cair na tentação de achar
que é autossuficiente, é necessário ser pastoreado e isso implica em servir seus
superiores.

Pastorear hoje tem sido confundido com posição social elevada, fama,
riqueza, e o alvo do serviço têm sido ofuscados por buscas banais, geralmente
homens estão buscando o ministério pela posição que o cargo eleva, muitos são os
casos de rebelião nas igrejas, os homens estão buscando independência financeira
50

e pessoal no ministério pastoral. Está claro em muitas igrejas, que esse é o foco do
ministro, as igrejas giram ao redor das finanças, pregar sobre dinheiro é principal,
pregar sobre finanças é importante, mais não pode ser o principal. Judas buscou
riquezas e deu as costas para Cristo e as mensagens do evangelho. PE. Geraldo
Pennock afere (PENNOCK, 1074, p. 135):

Tao difícil era tal obediência que encontrarmos também duas pessoas que
depois de chamadas e empossadas, fracassaram: Saul e Judas. Saul quis
tornar-se independente de Samuel, levado pelo orgulho, e com isso se
expôs ao grande perigo, tão combatido por este, de tornar-se um rei
absoluto, que chegava a trair o próprio Deus. Judas fechou o coração à
graça da fé, porque ele se aproveitara de sua vocação para enriquecer-se.
Não conseguiu despojar-se de seu egoísmo. Não fez o que Jesus
apresentara como condição imprescindível para ser discípulo: se alguém
quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.

Não se pode parar o trabalho, é preciso se esforçar, o Reino de Deus está em


movimento, vidas estão perdidas sem Cristo, não existe tempo para descanso ou
descaso na obra do Senhor. O pastor bíblico que tem o serviço em seu coração,
entende que não pode parar, uma de suas missões é preparar líderes para o
serviço, não basta servir, precisa colocar nos corações de seus liderados essa
grande missão. O preparo de um líder é demorado, demanda bastante tempo, o
pastor não pode ser neófito, inexperiente, o pastor precisa ser experiente, e levar
seus liderados a experiência, para isso, o serviço requer bastante paciência do
pastor, para que Cristo seja gerado em suas ovelhas.

O pastor serve aos homens servindo a Cristo, e serve a Cristo em oculto, em


seu secreto, se santificando, buscando a face de seu Senhor todos os dias, não se
pode ser fraco nesse assunto, um pastor fraco em intimidade com Deus, será fraco
em todas as áreas da vida e de seu ministério, o sucesso está em Cristo, e esse
sucesso se busca em oração. Orando se santifica, o caráter do pastor precisa estar
alinhado com o de Jesus.

Aquele que é escolhido por Deus na bíblia, retém grandes responsabilidades,


não apenas posição diante dos homens, mas sim grandes tarefas a serem
executadas, ao exemplo dos grandes homens de Deus descritos na bíblia, assim
nos dias de hoje, são chamados para trabalhar, ser embaixador de Cristo, cuidar
dos interesses do Senhor. O pastor é também uma ovelha do aprisco de Deus,
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como ovelha está sob os cuidados do supremo Pastor Jesus Cristo, assim também
deve a Deus devida obediência, e essa é o cuidado que precisa ter com o restante
das ovelhas que ficam aos seus cuidados, pois assim o pastor demostra amor a
Jesus, pastoreando suas ovelhas.

4.3 O Ministério Pastoral e o Cuidado com a Família

Na ordem de prioridade na vida do pastor, a família vem em segundo lugar,


logo depois de Deus, o pastor como líder e orientador na comunidade cristã, deve
ser o exemplo em sua casa sendo aquilo que a bíblia orienta a ser, a cabeça de sua
família. Nos dias atuais muitos ministros do evangelho estão displicentes e
negligentes quanto ao seu oficio no lar. Muitos são grandes executando a tarefa da
pregação, ganhando almas, porém estão perdendo suas famílias, gastam tempo
com eventos, detalhes da igreja, e deixam esposas e filhos sem o tempo necessário
que precisam. Não se pode negligenciar a família por nenhum outro assunto, seja
igreja, ou ministério, a família sempre deve ser prioridade na vida pastoral. O pastor
com um ministério bíblico sabe que precisa da família para crescer e ser tanto um
líder completo como também uma pessoa completa. Paulo aconselha Timóteo na
primeira carta a este obreiro (ALMEIDA, 2003, p 1704):

Convém, pois que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher,


vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao
vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganancia, mas moderado,
não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo
seus filhos em sujeição, com toda modéstia (porque, se alguém não sabe
governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?

O pastor prioriza a Deus em seu relacionamento, o Senhor é o primeiro


contato do dia, o primeiro comprimento é dado a Ele, o pastor prioriza a Deus em
oculto, com tempo e dedicado a oração, também é dado prioridade a Deus em
santificação e comunhão com o altíssimo lendo e se dedicando na leitura da
palavra, logo depois vem o cuidado por sua família pois disse Paulo: “Mas se
alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e
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é pior do que o infiel” (ALMEIDA,1995, p 1707), assim o ministro cumpre sua missão
sendo exemplo para os fiéis.. Luciano Subirá diz em seu livro O Propósito da
Família: (SUBIRÁ, 2013, p.37):

Observe que o homem de Deus deve ser exemplo quanto a sua família. Fiel
à sua esposa, e governando bem sua casa e seus filhos; caso contrário,
não poderá cuidar de igreja e ministério. A palavra de Deus não deixa a
menor sombra de dúvida quanto ao lugar que nossa família deve ter na
nossa escala de valores. Mais muitos cristãos têm negligenciado sua
família. Muitos pais que não dão tempo e atenção aos seus filhos se
queixam de vê-los desviados, mas não se apercebem que estão andando
em desordem. Há esposas perdendo seus maridos e vice-versa, porque
não os colocam no lugar certo na sua escala de valores. É hora de
ordenarmos nossos passos e darmos atenção, honra e dedicação devidas
à família.

Está claro que o pastor não pode negligenciar seu cuidado com a família em
nome de nenhuma instituição, evento ou qualquer outra responsabilidade, o pastor
deve demostrar grande apreço por seus filhos, dando a devida atenção e tempo,
buscando não falhar nessa área, assim como Davi que foi um grande Rei de Israel,
porém falhou com seus filhos, os ministros não podem cair no mesmo erro, os pais
cristãos tem um dever muitíssimo importante, ensinar seus filhos no caminho do
Senhor e prepara-los para serem cristãos maduros e responsáveis com capacidade
de levarem o evangelho e ensinarem a outros. Não são poucos os filhos de pastores
que são completamente frustrados com o ministério, não que necessariamente um
filho de pastor tenha que ser pastor, porém os filhos dos ministros precisam levar o
ministério e entender como uma dádiva de Deus ser filho de um homem que foi
chamado para cumprir a missão de Cristo, e incentivar outros que muitos novos
identificam o chamado. O pastor precisa ser pai, não apenas um líder, mais um
referencial em sua casa, que brinca com os filhos quando criança, que conversa e
está sempre pronto para responder os conflitos da juventude. Thomas E. Trask
apresenta o valor da paternidade (TRASK, 2006, p.17):

Alguns ministros ficam tão ocupados, que negligenciam as necessidades


emocionais, alimentares e outras carências da família. Esposas e filhos
podem ficar ressentidos contra o ministério, e mesmo até contra Deus, tudo
porque o chefe de família falhou em suprir-lhes as necessidades básicas.
Isso é trágico. Já faz tempo que determinei que não vou ganhar para o
Senhor os filhos dos outros e perder os meus.
53

Luciano Subirá também fala sobre a criação e a importância das atitudes dos
pais para com seus filhos (SUBIRÁ, 2013, p. 298):

Um valente atira suas flechas com força, para atingir o alvo de longe. Se
quisesse atingir o inimigo de perto, um guerreiro daquela época
provavelmente usaria uma espada. Precisamos aprender a lançar nossos
filhos para a vida, e desejar lançá-los longe. Isso não significa que nós
vamos nos afastar ou que queremos distância, mas que precisamos pensar
grande a respeito deles. Nossa criação não deve ser egoísta, centrada em
nós mesmos. Não podemos querer que nossos filhos fiquem somente por
perto. Talvez uma vida melhor só será provada por eles em outra cidade,
estado ou mesmo país. O valente atira suas flechas visando acertar o alvo.
Como pais, precisamos ajudar nossos filhos a entenderem suas vocações e
aptidões profissionais. Meu pai dizia desde que eu era criança que eu seria
um filósofo. Sempre que me via pensativo, ele declarava isto. E de fato,
sempre gostei de pensar e questionar tudo. Meu pai reconheceu depois de
muitos anos que o palpite dele estava correto, e me encorajou a ser um
pensador e questionador do comportamento cristão em meu ministério de
ensino. Os pais devem ajudar seus filhos a entender seu alvo a ser
alcançado, e, em acordo com eles, lançá-los em direção a este alvo!

A família é uma instituição criada pelo próprio Deus, infelizmente muitas


famílias pastorais estão enfraquecendo, embora a pressão do ministério seja
grande, uma relação familiar saudável e bem estruturada pode mudar esse quadro,
os problemas do ministério não podem entrar para destruir a comunhão familiar. O
pastor com uma família bem estruturada estará preparado para os desafios
ministeriais. Assim como aos filhos, o pastor tem responsabilidades com a esposa, o
esposo é a expressão de Cristo para a esposa, ele a ama assim como Cristo amou
a igreja e se entregou por ela, a liderança do marido é exercida não de uma forma
dominadora ou ditadora, mas exercer a liderança de Cristo, servindo sua esposa,
isto é, mostrar a direção, tomar decisões, guiar por meio de respeito e amor.

O pastor e sua esposa formam uma equipe de uma só carne, juntos podem
vencer as guerras que se levantam, no casamento não pode existir competição, e
sim um conceito mútuo entre os cônjuges, no casamento o homem não é maior que
sua esposa, nem a esposa maior que o marido, na vida matrimonial existe papeis
definidos para cada um, o homem como cabeça, liderando bem a sua casa, e a
esposa sob a missão de seu esposo, exercendo também a liderança em seu lar
juntamente com seu marido, o casal entende que orando juntos podem vencer,
buscando a Deus juntos, são uma grande potência contra principados e potestades.
Diz Raymond T. Brock (BROCK, 2006, p 37):
54

No casamento, nosso próximo mais chegado é o cônjuge. Depois de nosso


relacionamento pessoal com Deus, nosso cônjuge deve receber a
prioridade máxima de nossas vidas. Então vêm os filhos, seguidos de
outros familiares. [...] Deus nunca pretendeu que nosso trabalho na igreja
viesse antes de andar com Ele, o que inclui o nosso amor a Deus, assim
como o amor ao nosso cônjuge e família.

O pastor, com todas as responsabilidades outorgadas a ele, compreende que


vencerá juntamente com sua família, e principalmente com sua esposa, dedicando
sempre uma vida de oração juntos e vivendo em plena unidade, isso não quer dizer
que o pastor tenha um casamento perfeito, que brigas não aconteçam isso não é
possível, afinal são duas pessoas com defeitos e que cometem erros, porém
entendem que não podem se afastar por muito tempo, ou supervalorizar as
discursões para que as suas orações não sejam impedidas. Assim como está
escrito em 1 Pedro 3.7 ( ALMEIDA, 1995, p 1768):

Igualmente vós, maridos coabitai com ela com entendimento, dando honra
a mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da
graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações

Luciano Subirá contribui de forma satisfatória com relação a esse assunto


(SUBIRÁ, 2013, p.254)

Os desentendimentos ocorrem, mesmo entre os crentes mais dedicados,


mais devem ser tratados logo. Lemos que alguém pode se irar e não pecar,
pois é uma reação emocional espontânea. Mas o que cada um faz com o
sentimento que teve pode se tornar pecado. Paulo aconselhou os irmãos
de Éfeso a que não deixassem o sol se pôr sobre sua ira (Ef 4.26, 27). Em
outras palavras, que deveria haver acerto, perdão, e que nem uma
pendência ficasse para trás. Precisamos aprender a tratar com os
desentendimentos no lar. Preservar a unidade não significa nunca se
desentender, mas saber dar a manutenção devida no relacionamento
quando isto ocorrer. O tempo não apaga as ofensas. Deve haver
reconciliação.

O pastor vive uma vida de unidade com sua esposa, entendendo que um
ambiente de desarmonia, pode impedir o agir de Deus, pois na unidade e
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concordância de duas pessoas Deus deixou uma promessa (ALMEIDA, 2003, p


1256):

Também voa digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de


qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos
céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ai estou
no meio deles.

O pastor deve manter sua família blindada contra qualquer ataque e investida
maligna, assim então começa seu pastoreio dentro de seu lar, amando sua esposa,
e sendo exemplo para seus filhos, assim toda congregação é abençoada pela vida e
família do ministro, uma família forte um ministério forte. É porque tem um bom lar
que o pastor deve governar a igreja, se o homem não cumpre requisitos básicos de
uma vida com Cristo, não deve estar à frente de uma igreja, tudo depende de sua
conduta em casa.

O pastor lidera sua casa nos caminhos do Senhor, levando todo seu lar a
uma vida de santidade, quando se refere a família não se pode ter a ideia de cada
um por si, o dever é individual diante de Deus, porém é preciso lutar pela família,
principalmente quando se trata do cabeça do lar. É possível aferir na palavra de
Deus que os planos do Senhor não são apenas a um indivíduo, mais com toda a
casa, nos dias de Noé em Genesis 6.18, Deus providenciou salvação para toda sua
família. “Mas contigo estabelecerei o meu pacto; e entrarás na arca, tu e os teus
filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus filhos contigo” (ALMEIDA, 2003, p.16).

O hábito de cultuar a Deus com a família deve ser desenvolvido, infelizmente


é realidade em nossa geração muita pais cultuando a Deus, mais sem se importar
em implantar isso nos corações de seus filhos, hoje muitos filhos exercem
autoridade sobre seus pais, dizem o que querem ou não fazer e os pais se
submetem. Os pais não levam seus filhos a igreja com o pressuposto de que
levando eles, não ouvirão a palavra, ou que seus filhos vão atrapalhar, assim as
crianças crescem longe da igreja, suas mentes não são marcadas pelas lembranças
de seus pais insistindo na vida cristã para com eles. Na bíblia lemos o exemplo da
família de Jesus que sempre o levara ao templo, em Lucas 2. 22 – 24 (ALMEIDA,
2003, p. 1346) vemos:
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E, cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moises, o levaram


a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor (segundo o que está escrito
na lei do Senhor: todo macho primogênito será consagrado ao Senhor) e
para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas
ou dois pombinhos

Também existe registro da família de Jesus na ocasião da festa da páscoa


levando o menino ao templo, quando este tinha doze anos em Lucas 2.41 – 43
(ALMEIDA, 2003, p. 1348):

Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém, a festa da páscoa. E, tendo ele
já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa. E,
regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em
Jerusalém, e não souberam seus pais.

O pastor não pode negligenciar a liderança espiritual em sua casa, cultuar a


Deus em família não envolve somente em ir à igreja, mas também um culto familiar
em sua casa. A negligência da liderança espiritual em seu lar pode acarretar juízo
divino à cabeça do lar, além de evidente rebeldia e frieza espiritual na vida dos
filhos. Temos o exemplo do sacerdote Eli que não deu ouvido a palavra de Deus
proferida pelo profeta Samuel. Embora Eli conhecesse o pecado dos filhos, o
sacerdote não os repreendeu. A omissão na vida espiritual do lar sempre trará
consequências. Se o ministro não quer problema futuros com os filhos muito menos
o relacionamento deles com Deus comprometido, precisa ser sacerdote no lar,
dedicado em ministrar e cobrir suas vidas em oração.

O Pastor bíblico tem sua família em alto estima, com cuidado e amor, não é
relapso quanto ao relacionamento com seus filhos, e com sua esposa, dedica-lhes
tempo, e exemplo em seu lar para suas ovelhas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os desafios e dificuldades nos últimos dias são grandes, muitos têm se


enveredado em filosofias e módulos humanos para encher os templos, e se perdido
das orientações divinas contidas nas Sagradas Escrituras. Encontramos na palavra
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de Deus vários exemplos de homens que conseguiram guiar o povo no caminho


indicado pelo Senhor. Os povos receberam de Deus um grande modelo de entrega
e serviço, Jesus Cristo o maior exemplo de vivencia profunda da vontade do Pai.
Cristo nos indica o caminho a ser seguido, com suas palavras e atitudes descritas
nos Evangelhos, ele dedicou-se a cuidar das ovelhas que lhes foram entregues pelo
Pai.

Foi tomada como tema principal a visão bíblica para o ministério pastoral,
bem como os desafios que o pastor enfrenta em nossos dias, para alcançar êxito
dividimos em três partes basilares.

No primeiro momento buscamos na Bíblia exemplos da igreja primitiva, dos


homens que foram chamados por Deus para liderar essa comunidade chamada
para ser um povo adquirido pelo nome de Cristo. Homens que abraçaram a missão
de consolidar e edificar, bem como o serviço a igreja. Analisamos a formação da
igreja como comunidade e as lideranças que foram surgindo com o tempo,
buscamos explicar a função pastoral na vida dos apóstolos que tiveram sempre
como maior exemplo o Senhor Jesus, e buscaram refletir os ensinos do mestre, com
as atitudes e palavras, cuidando do povo e ensinando o evangelho de Jesus.
Também tivemos o cuidado de expor os conselhos do apóstolo Paulo, que escreveu
cartas a jovens pastores dando a eles grandes ensinos para liderar o povo com
sabedoria. Assim também como os conselhos de Jesus dado aos líderes das igrejas
no período que João recebeu as revelações do apocalipse. Essa igreja nos ensina
muito como seguir propagando a palavra sem deixar de seguir o exemplo do
Senhor, em cuidar das ovelhas.

No segundo momento nos aplicamos sobre os desafios que a liderança


pastoral enfrenta na atualidade. O desafio de reproduzir métodos, outro desafio é a
necessidade de se buscar identidade própria, para finalizar, examinamos a
tendência de se profissionalizar, se por um lado traria benefícios, por outro não se
deve esquecer que a missão do cuidado pelo rebanho se trata de chamada divina,
esquecendo-se disso pode pôr em risco o caráter da missão pastoral.

No último capítulo trouxemos as diretrizes bíblicas para o regate de um


ministério plenamente bíblico, trazendo a luz da importância de se entender que é
preciso ser chamado por Deus para o exercício da função, sem ela não se pode ter
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êxito, assim então o chamado e capacitado entende que foi escolhido para servir e
não para ser servido, seguindo sempre o maior exemplo do mestre Jesus.
Concluímos que o pastor não pode se esquecer ou tratar como último plano a sua
família, esta precisa ser sua prioridade depois da busca por Deus e só depois
destes dois vem o cuidado pela igreja, pois o sucesso no ministério não pode levar
consigo o preço de uma família falida.

Entendemos que seguindo o exemplo de Jesus, a igreja conseguirá seguir


em frente e enfrentar os desafios que sobrevém sobre ela. Compreendemos que a
fonte de parâmetro sempre será a Bíblia sagrada, palavra de Deus inspirada, o
pastor será um exemplo a ser seguido quando aplicar em sua vida os conselhos
contidos na Palavra.

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