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SUMÁRIO

Prefácio da série Entendendo a igreja


Livros da série Entendendo a igreja
Apresentação à edição em português
Introdução
Capítulo 1 | Quem são os diáconos?
Capítulo 2 | O que os diáconos fazem?
Capítulo 3 | Quem são os presbíteros?
Capítulo 4 | O que os presbíteros fazem?
Capítulo 5 | Como os presbíteros se relacionam com a equipe, com os diáconos
e com “o pastor”?
Capítulo 6 | Como os presbíteros se relacionam com a congregação?
Capítulo 7 | Quem são os membros?
Conclusão | Uma manifestação da glória de Deus
Apêndice
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PREFÁCIO DA SÉRIE ENTENDENDO A
IGREJA
A vida cristã é vivida no contexto da igreja. Essa convicção
bíblica fundamental caracteriza todos os livros da série
Entendendo a igreja.
Essa convicção, por sua vez, afeta a forma como cada
autor trata o seu tópico. Por exemplo, Entendendo a ceia do
Senhor afirma que a Santa Ceia não é um ato privado e
místico entre você e Jesus. É uma refeição familiar em
torno da mesa na qual você tem comunhão com Cristo e
com o povo de Cristo. Entendendo a Grande Comissão
afirma que a Grande Comissão não é uma licença para que
alguém, de forma totalmente autônoma, se dirija às nações
com o testemunho de Jesus. Trata-se de uma
responsabilidade dada a toda a igreja para ser cumprida
por toda a igreja. Entendendo a autoridade da congregação
observa que a autoridade da igreja não repousa apenas
sobre os líderes, mas sobre toda a congregação. Cada
membro tem um trabalho a fazer, incluindo você.
Cada livro foi escrito para o membro comum da igreja, e
esse é um ponto crucial. Se a vida cristã é vivida no
contexto da igreja, então você, crente batizado e membro
de igreja, tem a responsabilidade de entender esses tópicos
fundamentais. Assim como Jesus o responsabiliza pela
promoção e proteção da mensagem do evangelho, ele
também o responsabiliza pela promoção e proteção do povo
do evangelho, a igreja. Estes livros explicarão como.
Você é semelhante a um acionista na corporação do
ministério do evangelho de Cristo. E o que os bons
acionistas fazem? Estudam a sua empresa, o mercado e a
concorrência. Eles querem tirar o máximo proveito de seu
investimento. Você, cristão, investiu sua vida inteira no
evangelho. O propósito desta série, então, é ajudá-lo a
maximizar a saúde e a rentabilidade do Reino de sua
congregação local para os fins gloriosos do evangelho de
Deus.
Você está pronto para começar a trabalhar?
Jonathan Leeman

Editor de Série
LIVROS DA SÉRIE ENTENDENDO A IGREJA

Entendendo a Grande Comissão,


Mark Dever
Entendendo o batismo,
Bobby Jamieson
Entendendo a ceia do Senhor,
Bobby Jamieson
Entendendo a autoridade da congregação,
Jonathan Leeman
Entendendo a disciplina na igreja,
Jonathan Leeman
Entendendo a liderança da igreja,
Mark Dever
APRESENTAÇÃO À EDIÇÃO EM PORTUGUÊS
Compreender o que a Bíblia fala sobre liderança é
compreender o que ela chama de autoridade. E
compreender esta autoridade só é possível desde que
compreendamos a seriedade do servir ao próximo, do doar-
se, do comprometer-se em servir com amor àqueles que
convivem com você numa comunidade local.
A igreja é um corpo guiado por sua cabeça, Cristo. E
nosso Senhor Jesus nos deixou alguns líderes, os quais a
Bíblia chama de dons de Deus para a igreja (Efésios 4.11-
16). Presbíteros e diáconos são dons de Deus para a igreja
local, dons que são dados com o objetivo de aperfeiçoar os
santos em sua vida, quer ministerial, quer familiar.
Um livro que trate deste tema não é importante apenas
para aqueles que aspiram pelo oficialato na comunidade
local, mas para todos que compreendam-se membros do
Corpo de Cristo. Este livro é importante para todos que
compreendem que estão ligados uns aos outros e que a
liderança da igreja não é uma instituição separada e
distante da vida da igreja ou que tem a sua vida distinta da
comunidade. Não, ela vive pela comunidade. Ela é
composta por pessoas da comunidade.
Por muito tempo tem-se confundido na igreja os papeis
dos diáconos e dos presbíteros, e sua relação com a
membresia. Não é incomum encontrarmos em diversas
tradições evangélicas diáconos exercendo papel de
presbíteros e presbíteros não exercendo função nenhuma;
membros que não sabem da importância da membresia na
igreja local; e uma igreja que desconhece o valor de um
relacionamento saudável com seus presbíteros.
Estes fatores acabam por gerar problemas na saúde da
igreja local. Diáconos que passam a exercer a função de
disciplinadores, presbíteros que não pregam, mas passam a
exercer a função de prestadores de serviços sociais na
igreja e em comunidade locais. Estas são apenas algumas
das distorções que ocorrem em nosso país por causa de
uma má compreensão sobre o papel da liderança da igreja
local.
Este problema só tende a agravar o distanciamento da
comunidade das Escrituras e o distanciamento da vida uns
dos outros. A solução, obviamente, seria um retorno às
Escrituras no que tange a este assunto, algo que este livro
faz de forma brilhante.
Entendendo a liderança da igreja, de Mark Dever, bem
como toda a séria editada por Jonathan Leeman, nos traz
excelentes reflexões a respeito dos fundamentos da igreja
que precisam ser novamente buscados. Sem estes
fundamentos, corre-se o risco de estar-se construindo sobre
um fundamento que não é o Cristo.
As Escrituras possuem muitas instruções que servem para
reformarmos nossas práticas ministeriais. Precisamos estar
atentos a elas a fim de que fique-se cada vez mais clara as
distinções entre os ofícios de presbíteros e diáconos e sua
relação com uma membresia dentro de uma visão saudável
e bíblica.
Este livro nos ajudará a ter tudo isto em mente, a
entender a liderança da igreja local de forma madura,
inteligente, bíblica e saudável. Louvo a Deus e saúdo a
chegada deste livro à comunidade de fala portuguesa com
alegria no coração.
Wilson Porte Jr.,
pastor da Igreja Batista Liberdade
(Araraquara/SP)
INTRODUÇÃO
A questão da liderança na igreja local é um tópico crucial.
Considere, sobretudo, o amor de Cristo pela igreja. Ele
entregou a si mesmo pela igreja. Ele se identifica com a
igreja como o seu próprio corpo. Ele continua cuidando da
igreja e provendo para ela por meio da sua Palavra, de seu
Espírito e de seus ministros. E ele promete apresentar a
igreja no último dia como a sua noiva resplandecente. Se
tudo isso é verdade, aqueles que lideram a igreja têm uma
responsabilidade grande e santa. Pense em quão
cuidadosas são as ajudantes de uma noiva enquanto a
preparam para caminhar em direção ao seu noivo.
Cristo deseja que seus líderes não sejam menos
cuidadosos enquanto preparam a sua noiva. Por essa razão,
vale a pena separar um tempo para estudar, refletir e orar
a respeito do que a Palavra de Deus diz sobre a liderança
da igreja.

A PRÓXIMA GRANDE NOVIDADE


Com certeza, a liderança da igreja pode ser uma questão
que causa divisão. Você pode imaginar bem os tipos de
reações que um jovem pastor de uma igreja antiga recebe
quando ele recomenda mudar as estruturas da liderança.
Há alguns anos, o pastor aposentado da Houston’s First
Baptist Church, John Bisagno, observou que o tema do
governo da igreja é uma das questões que mais causam
divisões nas igrejas batistas atuais.
Parte do problema é que, quase a cada ano, as
conferências para pastores e as editoras deixam todos
entusiasmados com a próxima grande novidade. E
frequentemente a próxima grande novidade vem do mundo
corporativo. Aqui está um pastor — da década de 1950 —
descrevendo sua própria estrutura de liderança. Ele está
descrevendo uma igreja ou um banco?
O primeiro passo que realizei quando me tornei pastor da Igreja Druid
Hills foi organizar o Gabinete do Pastor, composto pelos chefes de todos
os departamentos da vida da igreja: presidente e vice-presidente do
Conselho de Diáconos, presidente e vice-presidente da Comissão de
Finanças, presidente do Conselho de Administradores, presidente do
Conselho de Obreiros, secretário, tesoureiro, presidente do Comitê de
Auxílio, superintendente da Escola Dominical, diretor da União de
Treinamento, presidente da Sociedade Missionária da Mulher,
presidente da Irmandade, ministro de louvor, presidente do Comitê de
louvor, presidente do Comitê do Livro de Visitas, presidente do
Conselho da Juventude, bibliotecário e equipe da igreja.1

Que confiança podemos ter em nossas estruturas


organizacionais corporativas!
Os cristãos de épocas anteriores aprovariam a
multiplicidade de ofícios não-bíblicos em nossas igrejas?
Bem, eles certamente reconheceram que alguns assuntos
da liderança e da governança devem ser deixados à
prudência. A Confissão Batista de Filadélfia de 1742
observa que as Escrituras “declaram expressamente” tudo
o que é necessário para a fé e a vida, o que inclui o modo
como as igrejas devem ser organizadas. Mas, em seguida, a
Confissão continua a reconhecer que “há algumas
circunstâncias, quanto ao culto a Deus e ao governo da
igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais
devem ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência
cristã, segundo as regras gerais da Palavra, que devem
sempre ser observadas”. Em outras palavras, o governo da
igreja é uma questão em que alguma liberdade é
apropriada. Os cristãos sempre reconheceram isso.
Ao mesmo tempo, os cristãos também reconheceram que
a Escritura contém instruções específicas sobre o governo
da igreja local. E antes de gastarmos muito tempo
pensando nas maneiras pelas quais a liderança muda entre
um contexto e outro, devemos começar considerando o que
a Bíblia diz para todos.

O PROPÓSITO DESTE LIVRO


Qual é o modelo de liderança que a Bíblia recomenda?
Há alguns anos, fui convidado a contribuir para um livro
de “múltiplas perspectivas” sobre o tema do governo da
igreja. O propósito do livro de “múltiplas perspectivas” é
solicitar a representantes de diferentes tradições que
apresentem seus pontos de vista. Tais livros podem ser
úteis, mas recusei. A dificuldade foi que o editor perguntou
se eu ofereceria a visão de “pastor sênior”, ou a visão
“congregacional”, ou a visão da “pluralidade de
presbíteros”. Na verdade, eu creio que a Bíblia recomenda
tudo isso! As congregações se beneficiam em ter um pastor
sênior ou líder e uma pluralidade de presbíteros liderando
no contexto do congregacionalismo. Precisamos de uma
feliz ajuda de cada um, coexistindo e fortalecendo uns aos
outros na vida da igreja local.
Em seu livro Entendendo a autoridade da congregação,
que pertence à esta mesma série, Jonathan Leeman dedica
a maior parte do seu tempo discutindo a autoridade
congregacional. Mas ele conclui colocando a discussão no
contexto da liderança plural de presbíteros. Neste livro, eu
farei o oposto. Passarei a maior parte do meu tempo
discutindo a liderança plural de presbíteros (juntamente
com o serviço diaconal), mas concluirei colocando essa
discussão no contexto do congregacionalismo. Quem são os
diáconos e os presbíteros? O que eles fazem? Como eles se
relacionam um com o outro, e como os presbíteros se
relacionam com a congregação como um todo? No caso de
você ter lido o meu livro anterior Refletindo a glória de
Deus2, você encontrará muito desse material aqui, ainda
que reformulado em torno do tema da liderança.
Falando pessoalmente como um pastor batista por um
momento, tenho visto que a pluralidade de presbíteros é
imensamente útil em capacitar os membros da congregação
para cumprirem a sua autoridade e a sua responsabilidade
congregacional. Por que ter um mestre e pastor quando
você pode ter muitos deles? Mais dons! Mais capacitação
sendo feita! Mais santos sendo capacitados para cumprirem
a obra do ministério!
As contribuições da nossa igreja para a nossa
denominação batista (a Convenção Batista do Sul) não
diminuíram, elas aumentaram. Minha liderança pastoral
não foi comprometida ao servir juntamente com aqueles
outros homens, ela foi aprimorada. Nunca fomos tentados a
batizar bebês! E nossa congregação não se tornou mais
passiva no ministério, porém mais ativa. Cada presbítero é
um dom de Cristo para sua igreja.

SOBRE O DOM DA AUTORIDADE


Naturalmente, nem sempre é fácil ver aqueles que estão
em posição de autoridade como um dom. Desde a Queda, os
abusos de autoridade se tornaram frequentes, e é salutar
reconhecer o quanto eles acontecem. O poder quando fora
dos propósitos de Deus é sempre demoníaco.
Ao mesmo tempo, não é bom suspeitar de toda
autoridade. Se quisermos viver como Deus deseja que
vivamos, devemos ser capazes de confiar nele, e isso inclui
confiar nos que foram feitos à sua imagem, os quais ele
colocou em posições de autoridade. Todos na Bíblia, de
Adão e Eva até os falsos governantes no livro de
Apocalipse, mostram sua maldade basicamente negando a
autoridade de Deus e usurpando-a para si mesmos.
É um grande privilégio ser servido por líderes piedosos. E
a liderança piedosa é um dom. Rejeitar a autoridade, como
muitos o fazem em nossos dias, é algo imprudente e
autodestrutivo. Um mundo sem autoridade seria como
desejos sem restrições, um carro sem controle, um
cruzamento sem semáforos, um jogo sem regras, um lar
sem pais, um mundo sem Deus. Poderia durar por pouco
tempo, mas em breve pareceria sem sentido, depois cruel e,
finalmente, trágico.
Apesar da nossa tendência a ignorá-la, a liderança piedosa
e bíblica é crucial para a construção de uma igreja que
glorifique a Deus. Nosso exercício de liderança na igreja se
relaciona com a natureza e com o caráter de Deus. Quando
exercemos autoridade apropriada através da lei, em torno
da mesa da família, em nossos empregos, no grupo de
escoteiros, em nossas casas e, especialmente, na igreja,
ajudamos a refletir a imagem de Deus para a criação. Esse
é o chamado aos líderes de uma igreja. Que privilégio é
liderar, e que privilégio é apoiar o trabalho dos líderes!
Louie D. Newton, Why I Am a Baptist (Boston: Beacon Press, 1957), 202.
Mark Dever, Refletindo a glória de Deus: Elementos Básicos da Estrutura da
Igreja: Diáconos, presbíteros, congregacionalismo & membresia (São José dos
Campos, SP: Fiel, 2008).
CAPÍTULO 1 | QUEM SÃO OS DIÁCONOS?
Vamos começar com um dos ofícios mais familiares em
muitas igrejas de hoje: o ofício de diácono. Dependendo do
tipo de igreja a que você pertence, o “diácono” pode evocar
imagens de banqueiros de cabelos grisalhos, sentados ao
redor de longas mesas altamente envernizadas em salões
de igreja opulentamente nomeados. Ou talvez a palavra
traga à mente os servos sérios da igreja, coordenando os
ministérios de acordo com as necessidades, com a
evangelização ou com o cuidado pastoral.
O que a Bíblia diz que os diáconos são?

DEFINIÇÃO DE “DIÁCONO”
Em nossas traduções modernas do Novo Testamento, a
palavra grega diakonos é geralmente traduzida como
“servo” e, às vezes, como “ministro”. Às vezes, é apenas
transliterada como “diácono”. Pode se referir ao serviço em
geral,3 aos governantes em particular4 ou ao ato de cuidar
de necessidades físicas.5 É claro no Novo Testamento que
as mulheres podem fazer, pelo menos, uma parte desse
serviço.6 Os anjos servem dessa maneira.7 E esse termo, às
vezes, faz referência àqueles que servem à mesa.8
O mundo do Novo Testamento era semelhante ao nosso na
maneira como ele via a servidão. O serviço aos outros não
era admirado pelos gregos. Em vez disso, eles admiravam
desenvolver seu próprio caráter e sua própria
personalidade, sempre visando manter o autorrespeito. O
serviço diaconal a outros seria considerado
pejorativamente como “servil”.
A Bíblia e Jesus, porém, apresentam o serviço de maneira
bastante diferente. Se fôssemos transliterar (e não
traduzir) as palavras-chave em João 12.26, ouviríamos
Jesus dizendo: “Se alguém me diaconiza, siga-me, e, onde
eu estou, ali estará também o meu diácono. E, se alguém
me diaconizar, o Pai o honrará”. Em Mateus 20.26, nós o
ouviríamos dizendo: “Quem quiser tornar-se grande entre
vós, será esse o que vos diaconize”. E em Mateus 23.11:
“Mas o maior dentre vós será vosso diácono”.
De fato, Jesus se apresentou como um tipo de diácono.9 E
a Bíblia apresenta os cristãos como diáconos de Cristo ou
do seu evangelho. Assim, os apóstolos são representados
como diáconos, e Paulo regularmente se refere a si mesmo
e aos que trabalham com ele como diáconos.10 Ele se refere
a si mesmo como um diácono entre os gentios.11 Paulo
chama Timóteo de diácono de Cristo,12 e Pedro diz que os
profetas do Antigo Testamento eram diáconos para nós,
cristãos.13 A Bíblia também chama os anjos de diáconos.
Satanás também tem seus diáconos.14
Devemos sempre ter cuidado em manter uma distinção
entre o ministério dos diáconos e o ministério dos
presbíteros. Em um sentido, tanto os presbíteros quanto os
diáconos estão envolvidos no “diaconato”, mas esse serviço
assume duas formas muito diferentes, as quais vemos em
Atos 6. Lá, os apóstolos dizem que não devem “servir às
mesas” porque são responsáveis pelo “ministério da
palavra” (vv. 2–4). As palavras traduzidas como “servir” e
“ministério” são formas diferentes da mesma raiz grega.
Você consegue adivinhar qual é? Diácono! Assim, você tem
o tradicional diaconato (servir à mesa, serviço físico), e
você tem o tipo de “diaconato” da Palavra para o qual Deus
chamou os apóstolos (e, mais tarde, os presbíteros).
Vamos tratar mais cuidadosamente dessa passagem no
próximo capítulo. Mas os homens descritos em Atos 6 são
muito semelhantes aos servos da igreja, pelo menos em um
sentido administrativo. Eles devem cuidar das necessidades
físicas da igreja. E uma igreja precisa de ambos os tipos de
diaconato — da Palavra (presbíteros) e das mesas
(diáconos) — para que um não se confunda com o outro e
para que nenhum dos dois seja esquecido. As igrejas não
devem negligenciar nem a pregação da Palavra nem o
cuidado prático com os membros, pois isso ajuda a
promover a unidade. Ambos os aspectos da vida de uma
igreja e do ministério são importantes. A fim de assegurar
que ambos os tipos de diaconato ocorram em nossas
igrejas, devemos distinguir o ministério dos diáconos do
ministério dos presbíteros.

QUALIFICAÇÕES DOS DIÁCONOS


A partir de Atos 6, podemos dizer que aqueles que servem
como diáconos devem ser conhecidos por serem “cheios do
Espírito e de sabedoria” (v. 3).

Eles podem estar ocupados com questões físicas, mas o seu


ministério é espiritual. Tal sabedoria espiritual os capacita
a supervisionarem os recursos da igreja de uma maneira
que serve a unidade do rebanho. Eles devem ser escolhidos
pela congregação e devem possuir a confiança da mesma. E
eles devem assumir, voluntária e diligentemente, a
responsabilidade pelas necessidades particulares de seu
ministério.
Em 1Timóteo 3.8–13, Paulo explica mais detalhadamente
o que os diáconos devem ser. Eles devem ser respeitáveis,
de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não
cobiçosos de sórdida ganância, conservando as verdades da
fé com a consciência limpa. Servos experimentados; e que
se mostrem irrepreensíveis, maridos de uma só mulher e
que governem bem seus filhos e a própria casa.
O mandamento para ser o “marido de uma só mulher” não
impede que as mulheres sirvam em posições diaconais. O
exemplo de Febe, a “diaconisa” em Romanos 16.1, o uso da
palavra “diácono” para se referir a mulheres nas Escrituras
e, em menor grau, a longa história das diaconisas nas
igrejas batistas levaram minha própria igreja a abraçar o
ministério de mulheres como diaconisas. Dito isso,
1Timóteo 2 proíbe as mulheres de servirem como
presbíteros. Então, se uma igreja confunde o papel de
presbíteros com o de diáconos (como acontece em muitas
igrejas batistas hoje), nós a desencorajaríamos a
reconhecer mulheres como diaconisas. Podemos encorajar
livremente nossas irmãs a serem reconhecidas como
diaconisas quando a distinção entre os ofícios de presbítero
e de diácono é clara.

CONTEXTO HISTÓRICO
Os eruditos discordam sobre como as estruturas das igrejas
foram formadas nas primeiras décadas após o Pentecostes.
Mas igrejas muito antigas possuíam uma pluralidade de
presbíteros e uma pluralidade de diáconos. Pense em como
Paulo cumprimenta a igreja em Filipos: “A todos os santos
em Cristo Jesus, inclusive bispos [ou presbíteros] e
diáconos que vivem em Filipos” (Fp 1.1).
Imediatamente após os tempos do Novo Testamento,
esses ofícios distintos de presbíteros e diáconos
continuaram. O papel dos presbíteros começou a ser
distinguido do papel de bispos e sacerdotes, mas os
diáconos continuaram a ser listados em documentos
primitivos após os bispos e os sacerdotes. Geralmente,
eram encarregados de ajudar os bispos ou presbíteros. Na
igreja primitiva, o ofício geralmente parece ter sido
mantido durante toda a vida. As funções do ofício,
entretanto, variavam de um lugar para outro.
Os deveres diaconais podem incluir:
• ler ou cantar as Escrituras na igreja;
• receber as ofertas e manter registros de quem ofertou;
• distribuir as ofertas aos bispos, presbíteros e a si
mesmos; às mulheres que não se casaram e às viúvas; e
aos pobres;
• distribuir os elementos da ceia do Senhor;
• liderar orações durante as reuniões e sinalizar aos que
não irão participar da ceia do Senhor para que eles
saiam antes da ordenança ser administrada.
Isso resume os deveres dos diáconos do segundo ao sexto
séculos.
À medida que o episcopado monárquico se desenvolveu, o
mesmo ocorreu com uma espécie de diaconato monárquico.
À medida que o papel de bispo se desenvolveu, o mesmo
aconteceu com o papel de arquidiácono. O arquidiácono era
o principal diácono de um lugar particular e poderia ser
descrito como alguém que é delegado para se preocupar
com assuntos materiais. Não surpreende que o
arquidiácono de Roma se tornasse particularmente
importante. Os abusos eventualmente se introduziram no
ofício de diácono, e os diáconos — especialmente os
arquidiáconos — tornaram-se muito ricos. Quão irônico é
que aqueles que foram designados para servir os outros
tenham, em vez disso, usado os outros para servirem os
seus próprios desejos!
Por uma série de razões, a influência dos diáconos
diminuiu na Idade Média. Cuidar dos pobres tornou-se mais
um meio para aqueles que contribuíam ganharem crédito
com Deus, a fim de diminuírem o seu tempo no purgatório.
A Igreja Ortodoxa Oriental sempre manteve diáconos
separados — leigos que serviam nessa qualidade. No
Ocidente, porém, no final da Idade Média, ser diácono
havia se tornado um passo no caminho para ser ordenado
sacerdote. Os diáconos nas igrejas Católica e Episcopal
ainda são apenas os ministros que trabalham como
diáconos por um ano antes de se tornarem sacerdotes de
pleno direito. No entanto, o Concílio Vaticano II reabriu a
possibilidade de um tipo diferente, permanente e mais
bíblico, de diácono na Igreja Católica Romana.
Martinho Lutero recuperou a responsabilidade da igreja
de cuidar fisicamente de seus membros, especialmente dos
seus membros pobres; contudo, as igrejas luteranas não
recuperaram a ideia do diácono do Novo Testamento. Nas
igrejas luteranas de hoje, a prática varia. Em alguns
lugares, os diáconos não são ordenados, mas, em outros
lugares, qualquer ministro auxiliar ordenado seria chamado
de diácono, particularmente aqueles que possuem
responsabilidades de cuidado pastoral e de evangelismo.
Em muitas das mais evangélicas igrejas protestantes
durante a Reforma, a prática bíblica de distinguir diáconos
de presbíteros ou pastores cresceu. Alguns protestantes,
como Martin Bucer em Cambridge, pediram que os deveres
dos diáconos fossem restabelecidos. Os diáconos, alguns
disseram, deveriam trabalhar para distinguir entre os
pobres que mereciam ajuda e os que não mereciam. Eles
devem investigar prudentemente e cuidar discretamente
das necessidades de um, enquanto recusam fazê-lo ao
outro. Eles também devem manter registros escritos, de
acordo com sua capacidade, dos recursos doados pelos
membros da igreja.
Nas igrejas presbiterianas, os diáconos administram as
esmolas e cuidam dos pobres e dos doentes (embora
recentemente possamos argumentar que essas funções
foram, em grande parte, assumidas pelo estado secular). Os
diáconos são um corpo separado dos presbíteros e são
responsáveis perante eles.
Muitas igrejas batistas e congregacionais também fizeram
distinção entre os dois ofícios de presbíteros e diáconos, e,
cada vez mais, estão recuperando essa visão bíblica. Mas
em algumas outras igrejas, o trabalho dos presbíteros é
atribuído aos diáconos. Eles ajudam o pastor de várias
maneiras, especialmente na distribuição dos elementos na
ceia do Senhor, e evoluíram para uma espécie de conselho
executivo e financeiro para a igreja, particularmente em
congregações que não têm conselhos de presbíteros. Os
diáconos geralmente servem ativamente por períodos
limitados de tempo, embora seu reconhecimento como um
“diácono” seja geralmente considerado permanente.
É assim que algumas igrejas o fizeram. As Escrituras têm
algumas instruções que sirvam para reformarmos as nossas
práticas?
Por exemplo, At 1.17, 25; 19.22; Rm 12.7; 1Co 12.5; 16.15; Ef 4.12; Cl 4.17;
2Tm 1.18; Fl 13; Hb 6.10; 1Pe 4.10–11; Ap 2.19.
Por exemplo, Rm 13.4.
Por exemplo, Mt 25.44; At 11.29; 12.25; Rm 15.25, 31; 2Co 8.4, 19–20; 9.1, 12–
13; 11.8.
Por exemplo, Mt 8.15; Mc 1.31; Lc 4.39; Mt 27.55; Mc 15.41; cap. Lc 8.3; Lc
10.40; Jo 12.2; Rm 16.1.
Por exemplo, Mt 4.11; Mc 1.13.
Por exemplo, Mt 22.13; Lc 10.40; 17.8; Jo 2.5, 9; 12.2.
Por exemplo, Mt 20.28; Mc 10.45; Lc 22.26–27; cap. Jo 13; Lc 12.37; Rm 15.8.
Por exemplo, At 6.1–7; At 20.24; 1Co 3.5; 2Co 3.3, 6–9; 4.1; 5.18; 6.3–4; 11.23;
Ef 3.7; Cl 1.23; 1Tm 1.12; 2Tm 4.11.
At 21.19; Rm 11.13.
Por exemplo, 1Tm 4.6; 2Tm 4.5.
1Pe 1.12.
Hb 1.14; 2Co 3.6–9; 11.15; Gl 2.17.
CAPÍTULO 2 | O QUE OS DIÁCONOS
FAZEM?
Como vimos, o trabalho de diácono aparece muitas vezes
no Novo Testamento. Porém, possivelmente a imagem mais
clara do trabalho de um diácono vem de Atos 6.
Naqueles dias, à medida que o número dos discípulos se multiplicava,
surgiu uma denúncia pelos judeus helenistas contra os judeus hebraicos
que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária.
Então, os Doze convocaram toda a comunidade dos discípulos e
disseram: “Não é razoável que abandonemos a pregação da palavra de
Deus para servir [diaconizar] às mesas. Portanto, irmãos, escolhei
dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de
sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos
consagraremos à oração e ao ministério [diaconizar] da palavra”. A
proposta agradou a toda a comunidade. E eles escolheram Estêvão, um
homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, Prócoro, Nicanor,
Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos
perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.

Assim, crescia a palavra de Deus, o número dos discípulos em Jerusalém


se multiplicou muito, e também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé
(At 6.1–7).

O ofício de diácono não é nomeado, mas a palavra diácono


é usada como um verbo para descrever o que esses sete
indivíduos farão (traduzido como “serviço” no versículo 3).
E mesmo que os sete homens nomeados aqui não sejam
diáconos oficiais, a passagem nos ajuda a observar três
aspectos do ministério de um diácono.15

CUIDAR DAS NECESSIDADES FÍSICAS DA IGREJA


Primeiro, os diáconos cuidam das necessidades físicas da
igreja. Algumas das viúvas estavam sendo negligenciadas
na distribuição diária de alimentos. Eu já disse que a
palavra diácono significa ministro ou servo, e foi usada
especialmente para se referir aos que serviam às mesas na
época ou outros tipos de serviços, geralmente físicos ou
financeiros. Os apóstolos caracterizaram esse serviço como
“lidar com assuntos financeiros” (HCSB) ou “servir às
mesas” — literalmente “diaconizar mesas”.
Provavelmente, nem todos os diáconos em Atos 6 se
engajaram diretamente no diaconato. Em vez disso, esses
poucos diáconos provavelmente organizaram e facilitaram
o trabalho de outros membros da igreja para garantir que
essas viúvas fossem atendidas. Afinal, a igreja de Jerusalém
tinha milhares de membros.
Cuidar das pessoas, especialmente de outros membros de
nossas igrejas, é importante por três razões: 1) serve ao
seu bem-estar físico; 2) serve ao seu bem-estar espiritual;
3) e serve como testemunho para o mundo fora da igreja.
Lembre-se das palavras de Jesus: “Nisto conhecerão todos
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”
(Jo 13.35). O cuidado físico apresentado em Atos 6
demonstra esse amor semelhante ao de Cristo.

TRABALHAR PELA UNIDADE NO CORPO


Por trás desse primeiro propósito em favor das pessoas
necessitadas, vemos em Atos 6 um propósito maior em
favor do corpo como um todo: os diáconos trabalham pela
unidade do corpo da igreja.
Considere novamente o que esses sete indivíduos foram
encarregados de fazer. Eles deveriam fazer a distribuição
de alimentos entre as viúvas de forma mais igualitária. Mas
por que isso era importante? Porque essa negligência física
estava causando desunião espiritual no corpo. Observe que
a passagem começa com o relatório de uma queixa de um
grupo contra outro dentro da igreja. E isso atraiu a atenção
dos apóstolos. Eles não estavam apenas resolvendo um
problema de ministério de caridade na igreja. Eles queriam
impedir que a unidade da igreja fosse rompida, e de uma
maneira particularmente perigosa: com base nas divisões
étnicas tradicionais. Os diáconos foram nomeados para
impedir a desunião na igreja.
Realmente, esse é o objetivo de todos os dons que o
Espírito de Deus dá à sua igreja: edificar uns aos outros e
encorajar uns aos outros (por exemplo, Rm 1.11–12). Paulo
diz aos Coríntios que seus dons devem ser exercidos
“visando ao bem comum” (1Co 12.4–7, 12, NVI). Ele
novamente os exorta: “Visto que estão ansiosos por terem
dons espirituais, procurem crescer naqueles que trazem a
edificação para a igreja” (1Co 14.12, NVI). Um pouco mais
tarde, ele acrescenta: “tudo deve ser feito para
fortalecimento” (14.26, tradução livre do autor). João
Calvino, comentando o capítulo 14, sugeriu: “Quanto mais
ansiosa uma pessoa for para se dedicar à edificação, mais
Paulo deseja que ela seja considerada”. Pedro ordena:
“Cada um deve usar qualquer dom que tenha recebido para
servir aos outros ministrando a graça de Deus” (1Pe 4.10,
paráfrase do autor). Da mesma forma, o ministério dos
diáconos em Atos 6 é edificar o corpo trabalhando pela sua
unidade.
Aqui está uma aplicação para as nossas igrejas: Você não
quer que as pessoas que servem como diáconos estejam
infelizes com sua igreja. Os diáconos nunca devem ser os
que mais reclamam e tumultuam a igreja com suas ações
ou atitudes. Muito pelo contrário! Os diáconos devem ser
prudentes no falar e pacificadores.
Aqui está uma outra aplicação: Você não quer pessoas
despreparadas ou mesquinhas servindo como diáconos,
nem pessoas que, silenciosamente, se ressentem de
intrusos em sua esfera. Você quer pessoas que se
preocupam com toda a igreja, e não apenas com a sua área
de ministério e suas prerrogativas nessa área. Sim, eles
atendem às necessidades da sua área, mas o fazem em
nome do todo e de uma forma que contribui para a saúde
do todo. Eles não defendem sua causa como lobistas que
não se preocupam com os custos que podem ser impostos
aos outros. Na verdade, eles ajudam as pessoas com quem
trabalham a ver esse trabalho como parte do esforço para
unir e edificar o todo.
Os diáconos ajudam a unir a igreja com cordas de
bondade e de serviço amoroso. Eles são edificadores de
igrejas.

APOIAR O MINISTÉRIO DA PALAVRA


Em terceiro lugar, os sete indivíduos nomeados em Atos 6
trabalharam para apoiar o ministério da Palavra. Os
apóstolos reconheceram que cuidar de necessidades físicas
era uma responsabilidade de toda a igreja e, portanto, em
algum sentido, sua responsabilidade também. Mas eles
delegaram essa responsabilidade a outro grupo dentro da
igreja para que pudessem se dedicar ao ministério da
Palavra e à oração.
Eles eram servos que serviam a igreja como um todo,
ajudando com as responsabilidades que os mestres
principais não poderiam realizar. E, ao fazê-lo, apoiaram e
encorajaram os mestres da Palavra em seu ministério.
Outra aplicação: você não quer nomear diáconos que não
reconhecem a importância do ministério de pregar e
ensinar, mas pessoas que estão ansiosas para protegê-lo.
De modo mais geral, você quer que as pessoas mais
solidárias na igreja sirvam como diáconos. Então, quando
você estiver pensando em quem pode servir como diácono,
procure pessoas com dons de encorajamento.
Na minha igreja em Washington, D.C., reconhecemos
nossos diáconos não como um corpo deliberativo, mas sim
como aquelas pessoas que coordenam os ministérios
necessários na igreja. Em nenhum lugar, o Novo
Testamento prescreve dois corpos deliberativos, e tê-los
apresenta muitas dificuldades práticas. Em vez disso,
temos um diácono que supervisiona nosso ministério de
hospitalidade; outro que coordena nosso ministério através
do website; outro que cuida do nosso sistema de som; outro
que cuida do estacionamento, e assim por diante. Até o
presente momento em que escrevo, temos vinte e dois
diáconos que nos servem em posições diaconais.
Regularmente, retiramos posições que não precisam mais
de coordenação ou dividimos as que crescem tornando-se
em duas ou até três posições, como fizemos com os
diáconos que coordenavam o departamento de cuidados
infantis e o sistema de som. Quando uma nova necessidade
ou oportunidade se torna evidente na igreja, criamos uma
nova posição diaconal para atender a essa necessidade.
Veja o apêndice para obter um modelo de várias descrições
de funções de diácono usadas em minha igreja.
Esperamos também que esses diáconos sejam alguns dos
principais utilizadores dos recursos humanos da igreja. Um
de seus objetivos é conhecer o corpo inteiro para que eles
possam trabalhar para coordenar e fazer progredir o
ministério da igreja como um todo. Esse serviço que eles
executam para nós é valioso. Eles devem considerar seu
diaconato como seu principal ministério na igreja enquanto
servem nessa posição. Mas que bênção esses servos são
para a igreja enquanto trabalham para desenvolver em
outros irmãos e irmãs corações dispostos a servir! Através
de sua atividade e criatividade, nossos diáconos
abençoarão a nossa igreja por muito mais tempo do que o
período em que ocupam o cargo.
Em resumo, o Novo Testamento reúne os três aspectos do
ministério do diácono que observamos em Atos 6: cuidar
das necessidades físicas com o objetivo de unir o corpo sob
os ministros da Palavra. Eles devem ser encorajadores,
pacificadores e servos. Na minha igreja, os presbíteros
nomeiam um homem ou uma mulher quando uma
necessidade está presente e quando encontram alguém que
exemplifica essas virtudes. A congregação então vota para
confirmar essas nomeações. Como disse Dietrich
Bonhoeffer: “A igreja não precisa de personalidades
brilhantes, mas de fiéis servos de Jesus e dos irmãos”.16
Agradeço ao pastor Buddy Gray que me ajudou a perceber essas descrições.
Dietrich Bonhoeffer, Life Together: The Classic Exploration of Christian in
Community (New York: Harper & Row, 1954), 109 [edição em português: Vida
em comunhão (São Leopoldo/RS: Sinodal, 2009).
CAPÍTULO 3 | QUEM SÃO OS
PRESBÍTEROS?
Por mais importantes que sejam os diáconos, ainda mais
fundamentais para a nossa vida juntos como cristãos nas
igrejas é o ministério de outro grupo: os presbíteros. No
Novo Testamento, as palavras para presbítero, bispo e
pastor são usadas indistintamente, o que significa que eu
também as usarei de forma intercambiável (veja At 20.17,
28; 1Pe 5.1–2; veja também Ef 4.11).

PLURALIDADE DE PRESBÍTEROS
A primeira coisa a se notar sobre os pastores ou presbíteros
de uma igreja local é que eles são plurais. O Novo
Testamento nunca menciona um número específico de
presbíteros para uma congregação, mas se refere
regularmente a “presbíteros”, no plural:
• “E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de
presbíteros, depois de orar com jejuns, os
encomendaram ao Senhor” (At 14.23, ver também 11.30,
15.2, 4, 6, 22–23);
• “Ao passar pelas cidades, entregavam aos irmãos, para
que as observassem, as decisões tomadas pelos apóstolos
e presbíteros de Jerusalém” (At 16.4);
• “De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da
igreja” (At 20.17);
• “No dia seguinte, Paulo foi conosco encontrar-se com
Tiago, e todos os presbíteros se reuniram” (At 21.18);
• “Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o
qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição
das mãos do presbitério” (1Tm 4.14; ver também 5.17);
• “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses
em ordem as coisas restantes, bem como, em cada
cidade, constituísses presbíteros” (Tt 1.5);
• “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da
igreja, e estes façam oração sobre ele” (Tg 5.14);
• “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós” (1Pe 5.1).
O padrão é quase uniforme e a evidência é grande. De
fato, a única referência singular a um presbítero ocorre em
2 e 3  João, onde o escritor simplesmente se refere a si
mesmo como “o presbítero”, e em 1Timóteo 5, onde Paulo
oferece instrução para o caso em que for necessário fazer
uma acusação contra “um presbítero”. Essencialmente, o
Novo Testamento apresenta uniformemente igrejas
lideradas por um corpo de presbíteros, e não simplesmente
por um presbítero.

QUALIFICAÇÕES PARA PRESBÍTEROS


Quem deve ser um presbítero e quais devem ser as suas
qualificações? Paulo nos diz em 1Timóteo 2 e 3 e Tito 1.
Paulo ensina em 1Timóteo 2.12: “E não permito que a
mulher ensine, nem exerça autoridade de homem”.
Qualquer que fosse o tipo exato de autoridade que Paulo
tinha em mente aqui, ele não queria que as mulheres
ensinassem aos homens na igreja, o que significa que o
ofício de presbítero está reservado somente para os
homens. Em outras palavras, a igreja primitiva refletia em
sua prática a ordem da criação da autoridade do marido
sobre a esposa.
E quanto a Gálatas 3.28, que observa maravilhosamente
que não há homem nem mulher em Cristo? O ponto aqui é
afirmar nosso igual valor e posição diante do trono de Deus
como aqueles que foram salvos somente pela graça. Isso
não pretende eliminar todas as distinções entre os gêneros,
assim como não elimina os papéis distintos desempenhados
por homens e por mulheres na geração de filhos.
Paulo, então, oferece uma lista mais completa de
qualificações em 1Timóteo 3 (veja também Tt 1.5–9):
“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra
almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo
de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para
ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de
contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os
filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe
governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja
neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação
do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho
dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (1Tm 3.1–
7).

Refletindo sobre essa lista, o estudioso do Novo


Testamento, D.A. Carson, observou quão notável é que as
características sejam tão simples. Paulo não exige homens
que possam pregar a milhares, evangelizar milhões e salvar
órfãos de edifícios em chamas. Em vez disso, ele cita
características que são recomendadas a todos os cristãos —
exceto quanto a “apto para ensinar” e a “não seja neófito”.
Por que isso é assim? Porque um presbítero deve ser o
padrão de uma vida que é exemplar para outros cristãos.
Você não gostaria que o padrão da vida de um presbítero
fosse algo inacessível, mas algo que pudesse ser seguido.
Observe também que as características são virtudes que
recomendariam um presbítero às pessoas de fora, ou que
fariam um homem ser reconhecido como virtuoso, mesmo
pela cultura da época. Afinal, existem outras virtudes que
gostaríamos de ver em um presbítero, como a leitura da
Bíblia e a vida de oração regulares. Mas Paulo não
mencionou nenhum destes. Isso nos mostra que não
devemos considerar essa lista como exaustiva, mas também
nos mostra que Paulo está enfatizando coisas que até os
pagãos reconheceriam como boas. Contraste isso com a
evidente impiedade de alguns dos falsos mestres na igreja
de Éfeso que puseram em risco todas as formas pelas quais
Deus poderia ser glorificado através da igreja.
Como podemos encontrar esses líderes em nossas igrejas?
Oramos por sabedoria de Deus; estudamos a sua Palavra,
particularmente essas passagens em 1Timóteo e Tito; e
buscamos confirmar tais dons de Cristo enquanto ele os
concede. Não devemos ser mais lentos para reconhecê-los
do que Cristo os concede.
Nós também não devemos assumir que, porque um
homem é um líder aprovado no mundo, ele está apto a
liderar uma igreja. Muitas igrejas caem na armadilha de
nomear homens que foram bem-sucedidos na comunidade
empresarial ou profissional. Quão triste, então, é ouvir o
que Os Guinness ouviu de um empresário japonês: “Sempre
que encontro um líder budista, encontro um homem santo.
Sempre que encontro um líder cristão, encontro um
gerente”.17
As igrejas devem buscar homens de caráter, reputação,
capacidade de lidar com a Palavra e que sejam frutíferos.
Essas qualidades devem caracterizar os líderes da nossa
igreja. Eles não vivem para si mesmos, mas para os outros.
Assim, eles não são amantes do dinheiro, mas amantes dos
estrangeiros, isso é o que “hospitaleiro” significa
literalmente.

PANORAMA HISTÓRICO
Todas as igrejas têm tido indivíduos que desempenharam
as funções de presbíteros, mesmo que fossem chamados
por outros nomes. Os dois nomes mais comuns do Novo
Testamento para esse ofício eram episcopos (bispo) e
presbuteros (presbítero).
Quando os evangélicos de hoje ouvem a palavra
presbítero, muitas vezes pensam em “presbiteriano”.
Embora seja historicamente exato associar presbíteros com
presbiterianos, não é preciso associá-los exclusivamente
aos presbiterianos. Os primeiros congregacionais no século
XVI ensinaram que “presbítero” era um ofício na igreja do
Novo Testamento. E os presbíteros podiam ser encontrados
em igrejas batistas na América durante todo o século XVIII
e no século XIX.18 Por exemplo, W.B. Johnson, o primeiro
presidente da Convenção das Igrejas Batistas do Sul,
escreveu um livro sobre a vida da igreja em que defendia
fortemente a ideia de uma pluralidade de presbíteros em
uma igreja local.
Quer por desatenção à Escritura, quer pela pressão da
vida na fronteira (onde as igrejas cresceram em um ritmo
incrível), a prática de cultivar essa estrutura de liderança
declinou nas igrejas batistas. Mas os escritos batistas
continuaram a clamar por um reestabelecimento desse
ofício bíblico. Até o início do século XX, as publicações
batistas se referiam aos líderes pelo título de “presbítero”.
Embora essa prática fosse um tanto incomum entre
igrejas batistas no século XX, há agora uma tendência
crescente para retornar a ela, e isso por uma razão boa.
Essa prática era necessária nas igrejas do Novo
Testamento, e é necessária agora.
Os Guinness, Dining with the Devil (Grand Rapids, MI: Baker, 1983), 49.
Por exemplo, veja A.T. Robertson, Life and Letters of John Albert Broadus
(Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1902), 34; O. L. Hailey,
The Preaching of J.R. Graves (1929), 40.
CAPÍTULO 4 | O QUE OS PRESBÍTEROS
FAZEM?
Nós vimos quem são os presbíteros. O que eles fazem?

OS PRESBÍTEROS ORAM
Os presbíteros da igreja devem orar pelos membros da
igreja (veja Tg 5.14; At 6.4). Deus dá aos presbíteros a
responsabilidade por um rebanho, e assim eles devem orar
por seus rebanhos de modo individual, coletivo e na
congregação.
Individualmente, eu amo os membros da igreja local que
sirvo. Todas as manhãs, eu oro nome por nome escrito em
algumas páginas do diretório de membresia da igreja.
Juntos, nas reuniões dos presbíteros em minha igreja,
nossos presbíteros dedicam um tempo significativo —
talvez até uma hora em uma reunião de três horas — para
orar por nossos membros. Oramos pelos nomes em uma
porção do diretório de membresia. Depois, oramos pelas
ovelhas que estão enfrentando dificuldades específicas.
Nos encontros da minha igreja, os presbíteros lideram
adorando a Deus por quem ele é em si mesmo através de
orações de louvor.
Eles estabelecem um padrão de destacar a fidelidade de
Deus através de orações de ações de graças, especialmente
porque os presbíteros estão em uma boa posição para ver a
obra de Deus. Os presbíteros devem atentar para as
respostas à oração e apontá-las à congregação.
Eles também estabelecem um padrão por meio das
orações corporativas de confissão. Eles ajudam a igreja a
reconhecer a santidade de Deus ao confessar pecados. Em
privado e em público, eles devem se examinar para ver se
estão na fé (2Co 13.5). Esse sondar de seus próprios
corações deve fazer com que a congregação tenha uma
maior apreciação da misericórdia e da graça de Deus, e
também encorajar outros enquanto eles conduzem a
congregação à confissão de pecados a Deus.
A oração de intercessão é talvez o ministério mais
fundamental do presbítero. Para que falem aos homens
sobre Deus, os presbíteros devem falar a Deus sobre os
homens. Eles devem estar cientes da inutilidade de todas as
suas ações separadas da obra vivificadora do Espírito de
Deus. Os presbíteros oram e devem orar.

OS PRESBÍTEROS PREGAM E ENSINAM


A outra atividade fundamental dos presbíteros é pregar e
ensinar a Palavra de Deus à congregação.19 Uma
qualificação dos presbíteros é que eles devem ser aptos
para ensinar porque muito do que eles fazem é ensinar
(veja 1Tm 3.2). Os presbíteros ensinam liderando os
encontros da igreja. Eles ensinam pelo modo como dão
anúncios ou leem as Escrituras. Eles ensinam enquanto
oram em público. Certamente, eles ensinam quando
conduzem uma aula de escola dominical, seja para crianças
ou para adultos.
Os presbíteros ensinam a Palavra de Deus quando
pregam. Os presbíteros separados para a realização desse
trabalho em tempo integral são dádivas maravilhosas para
a igreja local. Mas um presbítero não precisa ser separado
em tempo integral ou ser o principal pastor e pregador
para que o seu ministério fundamental seja ensinar. Os
presbíteros ensinam em suas conversas individuais e pelo
que escrevem. Eles ensinam nos pequenos grupos de
estudos bíblicos e nos esforços evangelísticos.
É por isso que os presbíteros devem ser homens que se
dedicam a conhecer a Palavra de Deus. Os Salmos 1, 19 e
119 são bons salmos para que os presbíteros estudem
individualmente e em grupo. Os presbíteros devem também
se dedicar especialmente a descobrir e a compreender
temas importantes na Bíblia e na vida para que os membros
da congregação sejam protegidos, preparados e
capacitados.
Enquanto os presbíteros ensinam, eles refletem o modo
pelo qual a Boa Nova veio aos seus ouvidos e aos seus
corações e os salvou. Os presbíteros também falam a
verdade de Deus aos ouvidos da congregação e oram para
que o Espírito de Deus conduza essa verdade ao coração
dos homens e das mulheres que estão sob a sua
responsabilidade.
Os presbíteros ensinam e pregam a Palavra de Deus.

OS PRESBÍTEROS PASTOREIAM
A palavra mais abrangente para o que os presbíteros fazem
é “pastorear” (At 20.28; 1Pe 5.2). No grego do Novo
Testamento, como no português, existe uma forma
substantiva e uma forma verbal da palavra pastor. Um
pastor (substantivo) é alguém que pastoreia (verbo). E, nas
Escrituras, isso se refere a atividades como conhecer,
alimentar, liderar e proteger.20 De algum modo, todo
cristão participa do pastoreio (veja Rm 15.14). No entanto,
alguns homens são especialmente reconhecidos e
separados para o trabalho de pastorear uma congregação.
Esses são os presbíteros na congregação.
Pastorear é cuidar daqueles que não pertencem a você,
mas por quem você tem responsabilidade (veja Lc 12.35–
48). Pense sobre o que isso significa quando alguém se une
a uma igreja. Se você é um presbítero, sabe que essa
pessoa foi comprada por Deus, mas que ele ou ela é sua
responsabilidade especial. Hebreus 13.17 diz que você
prestará contas a Deus por tais pessoas.
Os presbíteros, portanto, lideram o caminho ao se alegrar
e ao chorar com esses membros. Os presbíteros
estabelecem para os membros um padrão de cuidado
quando alguém perde um emprego ou quando alguém está
frustrado em seus relacionamentos. Os presbíteros ficam
descontentes quando um membro compreende mal a Deus
ou a sua Palavra, e eles se doam para cuidar desses
indivíduos.
Pastorear, assim como a paternidade, requer paciência.
Esse tipo de trabalho não é feito em um único sermão ou
em um só dia. Às vezes, é claro, Deus realiza progressos em
um único sermão ou em uma conversa crucial.
Mas, geralmente, o trabalho de pastorear é tão repetitivo
e diário como fazer o rebanho andar em um campo fresco
para pastar. É como fazer as refeições diárias ou levar as
crianças para a escola.
Parece que alguns dos trabalhos mais importantes na
formação do caráter de uma congregação são os pequenos,
lentos e repetitivos atos de amor e de serviço que os
presbíteros fazem. Ensinando a lição da escola dominical
novamente; conduzindo em oração novamente e
respondendo àquela pergunta pela décima vez, ou
centésima!
O trabalho de pastorear também requer iniciativa. Um
presbítero não pode ser passivo, apenas esperando que as
pessoas venham com perguntas a serem respondidas ou
problemas a serem resolvidos. Os presbíteros precisam
perguntar: “Como foi o sermão para você?”; “Você quer
almoçar?”; “Você sabe como fazer isso e aquilo?”; “Você
entende o que a Bíblia ensina sobre a obra do Espírito
Santo?”; “Você já leu isso?”; “Você quer vir conversar
enquanto eu trabalho neste estudo bíblico?”; “Você quer
revisar minhas anotações comigo aqui para ver se fazem
sentido, e para me ajudar a melhorar?”; “Como está o seu
pai, sua esposa, seu colega não-cristão?”. Essas e outras
mil iniciativas podem ser usadas por Deus para moldar,
encorajar, consolar, corrigir ou conduzir uma ovelha
comprometida com os cuidados de um presbítero.

OS PRESBÍTEROS VIGIAM A SI MESMOS E SUAS FAMÍLIAS


Um dever que mesmo os melhores presbíteros podem, às
vezes, negligenciar é o cuidado das suas próprias almas.
Mas Paulo instrui os presbíteros de Éfeso: “Atendei por
vós” (At 20.28).
Irmão presbítero, isso significa que o tempo que você
gasta diariamente na Palavra de Deus e na oração é,
certamente, para si mesmo, mas também faz parte do papel
que Deus lhe deu na vida da sua igreja local. É como o
comissário de bordo em um avião que o instrui, em caso de
emergência, a colocar a máscara de oxigênio primeiro
sobre o seu próprio rosto e, depois, ajudar alguém que
esteja viajando com você. Assim é com o presbítero.
Certifique-se de que você esteja respirando! Depois, ajude
outros a respirar.
Às vezes, eu brinco que não tenho certeza se sou um
cristão bom o suficiente para não ser um pastor. O que
quero dizer é que o ritmo regular de ensinar, de preparar-
me e de assumir a responsabilidade de orar e amar esse
grupo de pessoas são todas expectativas úteis para mim. Eu
gosto de carregar esse fardo. Isso me ajuda a fazer não
apenas o que é útil para os outros, mas para mim também.
Por outro lado, o que me é útil me ajuda a continuar sendo
útil aos outros.
Isso significa, entre outras coisas, que minha família
precisa entender que haverá custos para eles por causa da
minha função, mas que eu também sei que tenho uma
responsabilidade única para com eles. Essa congregação
pode ter outro pastor e outros presbíteros. Meus filhos não
podem ter outro pai nem minha esposa um outro marido.
Ao longo da vida, eu tenho um papel único em relação a
eles. Embora, muitas vezes, eu tenha falhado em cumprir
essa responsabilidade, nunca a neguei. Sempre reconheci
isso, o que significa que tenho trabalhado arduamente para
ter certeza de que minha esposa entenda que os sacrifícios
que ela ou a família fazem para a nossa igreja são
sacrifícios que eu estou levando a minha família a fazer —
eu, que na teoria e na prática valorizo a minha família. Eu
me esforço para construir essa confiança na minha
liderança amorosa no lar.

OS PRESBÍTEROS EXERCEM SUPERVISÃO


À medida que cuidam de si mesmos, os presbíteros podem
cuidar dos outros exercendo supervisão. As palavras de
Paulo aos presbíteros de Éfeso são instrutivas: “Atendei por
vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a
qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28).
Os presbíteros exercem supervisão de várias formas. Eles
o fazem ao se preocuparem com a obra do evangelho que a
congregação apoia. Eles se reúnem com missionários e,
talvez, até mesmo viajem para onde os missionários vivem e
trabalham.
Os presbíteros exercem supervisão reunindo-se com os
membros da congregação em suas casas e, talvez, até
mesmo em seus locais de trabalho.
Eles zelam pela vida e pela doutrina dos seus membros.
Afinal, eles têm uma autoridade dada por Deus a ser
exercida para o bem dos membros.
Os presbíteros exercem supervisão examinando os
indivíduos para a membresia e, em seguida, recomendando-
os à congregação. Às vezes, isso significa desacelerar a
solicitação de alguém para se unir à igreja, porque eles
querem ajudar o indivíduo a entender melhor sobre algo,
resolver questões ou ajustar alguma área de sua vida.
Os presbíteros exercem supervisão quando levam a
congregação a excluir da membresia alguém que decidiu
que ama mais o seu pecado do que a Cristo.
Os presbíteros podem exercer supervisão ao organizar e
submeter um orçamento anualmente à congregação.
Eles se aconselham mutuamente sobre situações pastorais
difíceis na vida dos membros.
Eles oram juntos.
Eles, continuamente, buscam por aqueles que Deus está
levantando como presbíteros ou diáconos.
Eles convidam as ovelhas feridas ou em sofrimento para
se encontrarem com eles para orar por elas em sua aflição
ou doença, para ouvir sobre suas lutas contra o pecado ou
para aconselhá-las em seu desejo de levar o evangelho para
o exterior.
De todas essas formas e de outras, os presbíteros buscam
cumprir a exortação de Pedro: “Pastoreai o rebanho de
Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas
espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade” (1Pe 5.2).

PRESBÍTEROS DÃO UM BOM EXEMPLO


Uma das melhores maneiras de um homem ser um bom
presbítero é sendo um bom exemplo para o rebanho. Pense
na descrição que Paulo dá a Tito sobre um presbítero e
considere como eles devem ser modelos para outros:
Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho,
nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro,
amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, apegado
à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto
para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o
contradizem” (Tt 1.7–9).

Por que os presbíteros ou pastores devem ter todas essas


características? Porque parte da supervisão é mostrar o
caminho certo a ser seguido. Eles lideram o caminho como
discípulos. Quando instruem, eles mostram como instruir.
Por serem fiéis, eles demonstram com o que se parece ser
fiel. Eles obedecem às instruções de Pedro de serem
exemplos para o rebanho (1Pe 5.3).

OS PRESBÍTEROS LEVANTAM PRESBÍTEROS


Finalmente, os presbíteros trabalham continuamente para
levantar outros presbíteros. Em certo sentido, isso é apenas
uma parte do mandato de “fazer discípulos”. Eles ensinam
e treinam para que outros cresçam em maturidade e
possam, por sua vez, ensinar e treinar.
Observe como Paulo instrui Timóteo: “E o que de minha
parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a
outros” (2Tm 2.2). Paulo (1ª geração) ensinou Timóteo (2ª
geração). Paulo deseja que Timóteo transmita esses ensinos
a homens fiéis (3ª geração), e ele quer que esses homens
fiéis também ensinem outros (4ª geração). Quantos de nós
temos em mente nossos bisnetos espirituais, como Paulo!?
Uma congregação onde cada vez mais homens estão sendo
cultivados para se tornarem presbíteros é uma
congregação saudável e poderosa.
Em resumo, os presbíteros devem conhecer as suas
ovelhas e servi-las. Os presbíteros de Deus guiam as suas
ovelhas e as alimentam. Eles se dedicam a governar bem e
a guardá-las cuidadosamente. Eles buscam as humildes e
as desprezadas. Eles treinam aquelas que têm dons para
ensinar outras. Em tudo isso, eles seguem o exemplo de
Cristo, o Bom Pastor que não perde nenhuma das suas
ovelhas.
Veja 1Tm 5.17; Tt 1.8–9; cap. At 6.2, 4.
Veja Timóteo Z. Witmer, The Shepherd Leader: Achieving Effective Shepherding
in Your Church (Phillipsburg, NJ: P & R: 2010); também, Phil Newton and Matt
Schmucker, Elders in the Life of the Church (Wheaton, IL: Crossway, 2014).
CAPÍTULO 5 | COMO OS PRESBÍTEROS SE
RELACIONAM COM A EQUIPE, COM OS
DIÁCONOS E COM “O PASTOR”?
Se os presbíteros são os principais responsáveis pelo
ensino e pela supervisão, como os presbíteros devem se
relacionar com a equipe da igreja, com diáconos e com
qualquer pastor sênior ou líder? Acho que é importante
distinguirmos cada um desses papéis e saber quem é
responsável pelo quê. Que trabalho e que decisões
pertencem aos presbíteros? E quanto à equipe? E aos
diáconos? E quanto a toda a igreja?

O RELACIONAMENTO DOS PRESBÍTEROS COM A EQUIPE DA


IGREJA
Muitas igrejas contemporâneas confundem os presbíteros
com a equipe da igreja. Alguns da equipe são pastores,
alguns não são. De qualquer forma, a equipe é formada por
pessoas que a igreja reservou para trabalhar em tempo
integral ou parcial para a igreja. Muitas vezes, são as
pessoas mais diretamente familiarizadas com o que está
acontecendo no dia a dia. Elas devem ter um certo grau de
piedade e de maturidade ou jamais deveriam ter sido
admitidas. Aqueles que são pastores podem ter frequentado
seminário, mas talvez não.
Se um homem na equipe tem o título de “pastor”, ele
também é um presbítero. Todo pastor é um presbítero,
porque as palavras nas Escrituras são intercambiáveis,
como eu mencionei antes. Assim, minha própria igreja não
daria o título, digamos, de “pastor de jovens” a alguém que
também não fosse um presbítero. Dos vinte e quatro
presbíteros atualmente reconhecidos pela nossa igreja,
apenas seis são empregados pela igreja.
Dito isso, temos alguns homens — normalmente mais
jovens — que estão fazendo o trabalho pastoral, mas eles
ainda não foram confirmados como presbíteros. Esses
“assistentes pastorais” proporcionam maravilhoso cuidado
para nós em tudo, desde ensinar até fazer visitas. Nós
também temos uma mulher piedosa que conduz o
ministério de crianças, bem como a equipe administrativa
em geral.
Como, então, os presbíteros e a equipe se relacionam?
Uma vez que os presbíteros como um todo supervisionam a
congregação, as maiores decisões de supervisão devem
permanecer com eles. A equipe, então, é responsável pela
execução dessas decisões. Com certeza, os presbíteros
como um todo confiam muitas vezes nos presbíteros da
equipe para obter alguma orientação sobre as decisões que
pertencem a todos eles. Afinal, os presbíteros da equipe
têm a semana toda para exercer esse trabalho.

O RELACIONAMENTO DE PRESBÍTEROS COM DIÁCONOS


Se não na doutrina, muitas igrejas também confundem os
papéis neotestamentários de diácono e de presbítero na
prática.
Se você compara as listas de qualificações de presbítero e
de diácono em 1 Timóteo 3, não são as diferenças que são
mais notáveis, mas as semelhanças. Tanto os presbíteros
quanto os diáconos precisam ser pessoas respeitáveis,
irrepreensíveis, confiáveis, maridos de uma só esposa,
sóbrios, equilibrados e generosos. Na verdade, essas duas
listas são tão semelhantes que é impressionante que os
primeiros cristãos tenham reconhecido tão claramente dois
grupos distintos de líderes. A principal diferença entre as
duas listas é que um presbítero deve ser “apto para
ensinar”.
Vimos a raiz dessa distinção em Atos 6. Os apóstolos
observaram que não seria certo que eles “abandonassem a
palavra de Deus para servir às mesas” (v. 2). Eles queriam
se dedicar “à oração e ao ministério da palavra” (v. 4). Os
sete escolhidos, entretanto, foram reservados para servir às
mesas. Da mesma forma, o ministério da Palavra de Deus é
central para a responsabilidade dos presbíteros, tanto no
seu manuseio público da Palavra como em suas vidas. Os
diáconos, entretanto, devem se preocupar com os detalhes
práticos da vida da igreja: administração, manutenção e
cuidado dos membros da igreja com necessidades físicas —
tudo para promover a unidade da igreja e o ministério da
Palavra.
Os presbíteros são diáconos da palavra e da oração. Os
diáconos são diáconos dos aspectos práticos e físicos.
Os diáconos, portanto, não devem agir como um grupo de
poder separado ou como uma segunda casa do legislativo
através da qual as contas precisam ser aprovadas. Se os
presbíteros disserem: “Vamos para São Paulo”, não cabe
aos diáconos responderem: “Não, vamos para o Rio de
Janeiro”. Eles podem legitimamente responder: “Nosso
motor não conseguirá nos levar até São Paulo. Talvez
devêssemos reconsiderar”. Isso é muito útil. Mas, em geral,
seu trabalho é apoiar o destino estabelecido pelos
presbíteros.
Seria muito benéfico para muitas igrejas distinguirem
novamente a função de presbítero da função de diácono.

O RELACIONAMENTO DOS PRESBÍTEROS COM “O PASTOR”


A Bíblia ensina que deve haver um pastor sênior entre os
presbíteros? A resposta a essa pergunta é: “Não, não
exatamente”. Dito isso, eu penso que podemos discernir
nas Escrituras um papel distinto entre os presbíteros e
aquele que é o principal mestre de ensino público. Permita-
me lhe dar quatro vislumbres do Novo Testamento a
respeito desse tipo de papel:
1. Alguns tipos de presbíteros iam de um lugar para outro
(como Timóteo e Tito), enquanto outros não. Então,
Timóteo veio de fora, enquanto outros foram nomeados
dentro de sua congregação local.
2. Alguns presbíteros eram apoiados em tempo integral
pelo rebanho (veja 1Tm 5.17–18; Fl 4.15–18), enquanto
outros trabalhavam em outro emprego. Parece
improvável que todos os nomeados por Tito para as
igrejas em Creta fossem pagos em tempo integral.
3. Paulo escreveu somente a Timóteo com instruções para
a igreja, mesmo que saibamos a partir de Atos que havia
outros presbíteros na igreja de Éfeso. Timóteo parece ter
possuído uma função única entre eles.
4. Finalmente, as cartas de Jesus às sete igrejas em
Apocalipse 2 e 3 são dirigidas ao mensageiro (singular)
de cada uma dessas igrejas.
Nenhum desses é um comando hermético para as igrejas
atuais. Mas são descrições consistentes com a nossa
prática de separar um presbítero, apoiá-lo financeiramente
e dar-lhe a responsabilidade primária do ensino na igreja.
Enquanto ele ensina fielmente, acumulará naturalmente
autoridade para si, o que por sua vez lhe dará um papel
“primário entre iguais” em meio aos presbíteros para
estabelecer a direção da igreja. E uma vez que os
presbíteros o separaram para este trabalho em tempo
integral, eles deveriam buscar tal liderança.
Dito isso, o pregador ou pastor é fundamentalmente
apenas um dos presbíteros. E todos eles possuem a
supervisão atribuída pelo Espírito Santo, de modo que ele
possui apenas um voto junto com cada um dos demais
presbíteros.
Tal pluralidade torna a liderança mais enraizada e
permanente e, além disso, permite a continuidade na
liderança quando o pastor sênior deixa a função. Isso
encoraja a igreja a assumir mais responsabilidade por
levantar os seus próprios membros e ajuda a tornar a igreja
menos dependente de seus funcionários. Em outras
palavras, o modelo de pluralidade de presbíteros não passa
de um chamado para discipular e levantar líderes.
Como pastor sênior, provavelmente a única coisa mais útil
para o meu ministério pastoral foi o reconhecimento dos
outros presbíteros. O serviço deles tem tido imensos
benefícios. Eles completam os meus dons, compensam
algumas das minhas deficiências, complementam meu
julgamento e criam apoio na congregação para tomar
decisões, deixando-me menos exposto a críticas injustas.
Minha igreja também tem se beneficiado imensamente
desses homens enquanto eles têm pastoreado as suas
almas.
CAPÍTULO 6 | COMO OS PRESBÍTEROS SE
RELACIONAM COM A CONGREGAÇÃO?
Até agora, consideramos o trabalho dos presbíteros e dos
diáconos e como os presbíteros se relacionam com as
diferentes partes do corpo. Mas o que exatamente significa
liderança dos presbíteros no contexto do
21
congregacionalismo?

O QUE É CONGREGACIONALISMO?
Deixe-me começar respondendo: O que é
congregacionalismo? Congregacionalismo é simplesmente
o entendimento de que o último e decisivo tribunal de
apelação na igreja local não é o bispo de Roma,
Constantinopla ou Brasília. Não é algum órgão
internacional ou alguma assembleia nacional, conferência
ou convenção. Não é o presidente de uma denominação ou
o presidente de um conselho de administradores. Não é um
sínodo regional ou associação ministerial. Não é um grupo
de presbíteros dentro da igreja local ou o pastor. A última e
decisiva corte de apelação em uma questão da vida da
igreja local é a própria congregação local.
Isso parece ser evidenciado pelo Novo Testamento em
questões de doutrina e de disciplina, bem como em
questões de admissão de membros e da resolução de
diferenças entre eles.
Conflitos. Em Mateus 18.15–17, Jesus falou sobre uma
contenda entre irmãos. Observe em que corte ocorre o
julgamento final. Não é um bispo, um presbitério ou os
pastores. É “a igreja” (v. 17). Toda a congregação local
deve ser a última corte de apelação.
Doutrina. Em Gálatas 1.6–9, Paulo convoca congregações
de cristãos relativamente jovens a julgarem pregadores,
mesmo que fossem anjos ou apóstolos (até mesmo ele
próprio!), para saberem se eles estavam pregando um
outro evangelho além daquele que os gálatas já haviam
recebido. Ele pontua isso novamente em 2  Timóteo 4.3
quando aconselha Timóteo e a igreja em Éfeso sobre a
melhor maneira de lidar com falsos mestres.
Disciplina. Em 1  Coríntios 5, Paulo solicita a toda a
congregação de Corinto (e não apenas aos presbíteros) que
aja para excluir um homem que está vivendo de forma
contrária à sua profissão de fé. Em matéria de disciplina
eclesiástica, a congregação como um todo é a corte final
apresentada na Escritura.
Membresia. Em 2 Coríntios 2.6–8, Paulo apela à ação da
maioria quanto à exclusão de um homem da condição de
membro e agora requer que eles o restabeleçam: “Basta-
lhe a punição pela maioria.  De modo que deveis, pelo
contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o
mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo
que confirmeis para com ele o vosso amor”. Nas questões
de membresia da igreja, a congregação como um todo deve
ser a corte final.
O quanto uma congregação deve se envolver
corporativamente nas decisões — sobre a liderança, sobre a
equipe e sobre o orçamento — é uma questão de prudência
e de discrição. Nem comitês de nomeação nem
administradores são encontrados nas páginas do Novo
Testamento. Você procurará em vão pelos comitês de
finanças ou pelas equipes de liderança de pequenos grupos.
Contudo, a crença na suficiência da Escritura não proíbe
essas estruturas; ela apenas relativiza a sua autoridade.
Tenha em mente também que a congregação nem sempre
está certa. Quando Paulo escreveu a Timóteo, seu discípulo
e pastor da igreja em Éfeso, ele descreveu os dias maus
que estavam por vir “em que não suportarão a sã doutrina;
mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis,
ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios
desejos” (2Tm 4.3). O congregacionalismo é bíblico, mas a
congregação não é inerrante. Na história, podemos
considerar a congregação que demitiu Jonathan Edwards. A
congregação tinha todos os direitos bíblicos para ter esse
tipo de autoridade, mas acho que estava errada ao usá-la
para demitir Edwards. Mesmo a autoridade legítima
estabelecida por Deus nesse mundo caído irá errar alguma
vez.

CONFIANDO NOS LIDERES E OBEDECENDO A ELES


Portanto, se o congregacionalismo afirma que a igreja é a
corte de apelação final, como harmonizamos isso com
versículos como Hebreus 13.17? “Obedecei aos vossos
guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa
alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto
com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a
vós outros”. Não estamos acostumados ao uso de palavras
como “obedecei” e “submissos”, mas o Novo Testamento as
aplica às pessoas na sociedade e no trabalho, no lar, em
nossos casamentos e na igreja. Confiar em nossos líderes e
obedecer-lhes exige, de nossa parte, certa confiança.
Tem sido dito que a confiança deve ser conquistada. Eu
entendo o que isso quer dizer. Mas essa atitude é, na
melhor das hipóteses, apenas parcialmente verdadeira. O
tipo de confiança que somos chamados a conceder aos
nossos companheiros humanos imperfeitos nesta vida,
sejam eles familiares ou amigos, patrões ou oficiais do
governo, ou até mesmo líderes na igreja, nunca pode ser
conquistado. A confiança deve ser dada como um dom —
um dom em fé, mais em confiar no Deus que concede do
que naqueles que vemos como dons de Deus para nós. A
igreja que possui líderes que não são confiáveis ou
membros que são incapazes de confiar tem uma séria
deficiência espiritual.
Você, como membro da igreja, precisa confiar em seus
líderes ou substituí-los. Mas não diga que você os
reconhece e depois não os segue. Se você discordar dos
presbíteros em uma recomendação, tenha uma boa razão.
Vá e fale com eles sobre isso. Além da Bíblia, você é a
principal fonte de informação dos presbíteros sobre você!
Em vez de desconfiar dos líderes da igreja, permita-me
encorajá-lo a falar com os seus presbíteros: reúna-se em
secreto e planeje encorajar os seus líderes. Tenha uma
estratégia para tornar o trabalho dos líderes da igreja não
um fardo, mas uma alegria. O escritor aos hebreus afirma
que isso fará dos seus líderes uma bênção para você.

CINCO CARACTERÍSTICAS DO RELACIONAMENTO


Os presbíteros e os membros servem uns aos outros e
dependem de Deus. Resumirei essa relação com cinco
características.
1. Reconhecimento claro. A congregação deve
reconhecer os presbíteros como dons de Deus para o seu
bem. A congregação revoga os seus deveres de ensinar e
conduzir somente quando os presbíteros agem
contrariamente às Escrituras. Por sua vez, os presbíteros
devem reconhecer a autoridade da congregação, a qual foi
dada por Deus.
2. Confiança cordial. A igreja deve proteger, respeitar e
honrar os seus presbíteros, bem como confiar neles.
“Devem ser considerados merecedores de dobrados
honorários os presbíteros que presidem bem”, diz Paulo
(1Tm 5.17). E os membros devem ter os seus líderes “com
amor em máxima consideração, por causa do trabalho que
realizam” (1Ts 5.13). Os presbíteros devem conduzir os
assuntos da igreja, e a igreja deve se submeter à sua
liderança.
3. Piedade evidente. Vimos a ênfase nas cartas de Paulo
a Timóteo e a Tito sobre os presbíteros serem
“irrepreensíveis” (veja Tt 1.6). O presbítero, então, deve
estar disposto a que sua vida seja aberta à inspeção e a que
sua casa seja ativamente aberta aos de fora, concedendo
hospitalidade e envolvendo outros na vida de sua família.
4. Cuidado sincero. O uso da autoridade pelos
presbíteros deve demonstrar a sua compreensão de que a
igreja não pertence a eles, mas a Cristo, que comprou a
igreja com o seu próprio sangue. Portanto, os presbíteros
devem cuidar da igreja, tratá-la zelosa e gentilmente e
conduzi-la de modo fiel e puro para a glória de Deus. Os
presbíteros prestarão contas a Cristo por sua mordomia.
5. Resultados benéficos. A autoridade bem utilizada
beneficia aqueles que são liderados por ela. Assim é em um
lar e em nosso relacionamento com Deus. E assim é na
congregação. A congregação se beneficiará enquanto Deus
a edifica através dos mestres que ele concede. A mentira de
Satanás — que essa autoridade nunca pode ser confiável
porque é sempre tirânica e opressiva — será destruída pelo
exercício benevolente da autoridade pelos presbíteros.
Hebreus 13.17, citado anteriormente, promete que os
líderes prestarão contas de como lideram e promete aos
membros que não seguirem os seus líderes que isso “não
será proveitoso” para eles. A Escritura convoca os líderes e
os membros a prestarem contas.
Quando Edward Griffin (1770–1837) estava se
aposentando da igreja que havia servido muito bem por
vários anos, ele exortou a congregação sobre como
considerar não apenas o pastor. As suas palavras também
nos ensinam como amar todos aqueles que Deus nos deu
como presbíteros:
Por amor de vós, e por causa dos vossos filhos, amai e reverenciai
aquele a quem escolhestes para ser vosso pastor. Ele já vos ama; e ele
em breve vos amará como “osso de seu osso e carne de sua carne”. Será
igualmente vosso dever e interesse tornar os labores dele tão
agradáveis quanto possível. Não exijais muito. Não exijais visitas muito
frequentes. Se ele gastar dessa maneira metade do tempo que alguns
exigem, precisará negligenciar completamente os seus estudos, se não
afundar logo sob o fardo. Não relateis a ele todas as coisas maliciosas
que podem ser ditas contra ele; nem frequentemente, em sua presença,
citeis a oposição, se ela surgir. Embora ele seja um ministro de Cristo,
considerai que ele tem os sentimentos de um homem.22

CONGREGACIONALISMO — POR QUE ELE É IMPORTANTE


Por que isso tudo importa? Primeiro, devemos confiar nas
estruturas que Deus criou e em sua sabedoria ao fazê-lo.
Segundo, isso possui o veredito da história. Nenhuma
política de governo impede as igrejas de todos os erros, do
declínio e da esterilidade, mas as políticas mais
centralizadas parecem ter um pior histórico em manter um
testemunho evangélico fiel e vital do que as igrejas
congregacionais. O papado tem causado estragos em
pessoas que se autodeclaram cristãs. Bispos dificilmente
têm agido melhor. Mesmo as assembleias, conferências,
presbitérios, sínodos e sessões, quando passaram de
conselheiros para serem os únicos tomadores de decisões,
ultrapassaram sua autoridade bíblica justificada e
trouxeram mais problemas do que ajuda.
Será que o próprio evangelho é tão simples e claro, e a
relação que temos com Deus pela ação do Espírito Santo no
novo nascimento tão real, que o conjunto daqueles que
creem no evangelho e que conhecem a Deus é
simplesmente o melhor dos guardiões desse evangelho?
Não é isso o que vemos nas Escrituras?23
O congregacionalismo liderado pelos presbíteros, conclui
Jonathan Leeman, é um “centro de poder evangélico”. Ele
“protege o evangelho, amadurece o discípulo cristão,
fortalece toda a igreja, fortifica a sua santa integridade e
testemunho e prepara a congregação para amar melhor os
seus próximos em palavras e obras”.24
Jonathan Leeman discute esse assunto detalhadamente em Don’t Fire Your
Church Members: A Case for Congregationalism (Nashville: B & H Academic,
2016), cap. 5, e em um nível mais popular Entendendo a autoridade da
congregação (São José dos Campos, SP: Fiel, 2019), cap. 6.
Edward Griffin, “A Tearful Farewell from a Faithful Pastor” (1809).
Jr 31.34; 1Co 2.10–16; 1Jo 2.20, 27
Jonathan Leeman, Entendendo a autoridade da congregação (São José dos
Campos, SP: Fiel, 2019), introdução.
CAPÍTULO 7 | QUEM SÃO OS MEMBROS?
Uma vez que os presbíteros lideram no contexto do
congregacionalismo, precisamos finalmente perguntar
quem são os membros.
Toda a ideia de membresia da igreja parece
contraproducente para muitos hoje. Não é hostil, e, talvez,
até mesmo elitista, dizer que alguns estão dentro e outros
fora? Na verdade, estou convencido de que exercer esse
direito é um passo fundamental para revitalizar as nossas
igrejas, evangelizar a nossa nação, promover a causa de
Cristo em todo o mundo e, assim, glorificar a Deus!
Os evangélicos americanos estão precisando
desesperadamente reconsiderar esse tema, especialmente
a minha própria comunhão de igrejas, a Convenção Batista
do Sul. De acordo com um estudo Batista do Sul há alguns
anos, a típica igreja Batista do Sul possui 233 membros,
mas conta com apenas 70 presentes no culto de adoração
do domingo de manhã. A minha pergunta é esta: onde estão
os outros 163 membros? O que isso comunica sobre o
cristianismo ao mundo que nos rodeia?

O QUE É UMA IGREJA?


Começamos com a pergunta: “O que é uma igreja?”. Uma
igreja não é um edifício. Fundamentalmente, uma igreja
são os seus membros. É uma assembleia regular de pessoas
que professam e dão evidência de que foram salvas
somente pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo
somente, para a glória de Deus somente. Os primeiros
cristãos não tiveram quaisquer edifícios por quase
trezentos anos após a igreja ter iniciado. Contudo, desde os
tempos mais antigos, as igrejas locais eram congregações
de pessoas específicas. Certas pessoas seriam conhecidas
por comporem essa assembleia, e outras seriam conhecidas
por estarem fora dela. Assim, as censuras ensinadas por
Jesus em Mateus 18 e por Paulo em 1 Coríntios 5 preveem
um indivíduo sendo excluído.
A ideia de uma comunidade definida de pessoas é central
para a ação de Deus tanto no Antigo como no Novo
Testamento. Deus separou e distinguiu Noé e sua família;
depois Abraão e seus descendentes; depois a nação de
Israel; e agora a igreja no Novo Testamento. Deus sempre
manteve um povo distinto e separado para mostrar o seu
caráter. Portanto, Deus intenciona que uma linha afiada e
reluzente faça a distinção entre aqueles que pertencem a
ele de modo especial e aqueles outros que não pertencem.
Esse conceito da igreja como uma comunidade reunida é
algo que tem distinguido os cristãos batistas de muitos
outros. Na época da Reforma, a relação entre o estado e a
igreja era próxima e complicada. Era suposto que todos os
nascidos dentro dos limites de uma determinada jurisdição
política deveriam ser capazes de ser membros da igreja
estatal. Os batistas, então, ajudaram a recuperar o batismo
de crentes e a ideia da igreja como uma congregação
daqueles que professavam e evidenciavam a regeneração.
Finalmente, a igreja não é algo para pessoas com direito
familiar por descendência natural ou em virtude de sua
cidadania em uma nação. Não, o Novo Testamento ensina
que a igreja é para os crentes. Portanto, defendemos leis
que nesta terra proporcionam o tipo de independência para
que a igreja possa agir em liberdade. Os batistas, portanto,
não defendem uma nova igreja estatal na América; na
verdade, somos os inimigos mais firmes da ideia de união
entre a igreja e o estado. Nosso próprio entendimento da
igreja não permitirá isso. Em vez disso, defendemos a
evangelização da nação e do mundo através de igrejas que
cooperam livremente no evangelho de Jesus Cristo.

MARCAS DOS MEMBROS DA IGREJA


Como podemos saber quem é e quem não é membro de
uma determinada igreja?
Em primeiro lugar, para ser membro de uma igreja, você
deve ser batizado como um crente. Em Mateus 28, Jesus
ordena que todos que desejam segui-lo devem professar a
sua fé publicamente através do batismo. Através do
batismo, identificamo-nos formalmente com o seu nome.
Então, em todo o livro de Atos, vemos que os discípulos
entenderam esse mandamento e obedeceram a ele. Logo,
quando Paulo escreveu à igreja em Roma, ele simplesmente
assumiu que estava escrevendo a um grupo de pessoas
batizadas (Rm 6.3–4).
Em segundo lugar, para ser membro de uma igreja, você
deve receber regularmente a ceia do Senhor. Por meio da
ceia, compartilhamos o único corpo de Cristo e declaramos
a sua morte (1Co 10.16–17). Se o batismo é o sinal da nova
aliança, a ceia do Senhor é a sua refeição memorial.
Comemos e bebemos “em memória” dele. Para mais
informações sobre o batismo e a ceia do Senhor, veja os
dois livros de Bobby Jamieson sobre esses tópicos, os quais
fazem parte da série Entendendo a igreja.
Em terceiro lugar, para ser membro de uma igreja, você
deve regularmente se reunir com a igreja. Esse é talvez
nosso ministério mais básico de uns para com os outros. O
autor de Hebreus ordena: “Consideremo-nos também uns
aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de
alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto
vedes que o Dia se aproxima” (10.24–25).
O Novo Testamento chama a igreja de “casa espiritual” e
cada um de nós de “pedras” (1Pe 2.5). Ele chama a igreja
de “corpo” e cada um de nós de “membros” (1Co 12).
Também diz que somos “ovelhas” em um “rebanho” e que
somos “ramos” em uma “videira” (Jo 10.16; 15.5).
Biblicamente, um cristão deve ser membro de uma igreja. E
a membresia não é simplesmente um nome em um pedaço
de papel ou a nossa declaração de afeição em relação ao
lugar onde crescemos. A membresia deve refletir um
compromisso vivo e um comparecimento regular ou ela é
vã. Na verdade, é pior do que vã; é perigosa.
Os “membros” que não se envolvem confundem tanto os
membros reais como os não-cristãos sobre o que significa
ser cristão. E nós, membros “ativos”, não ajudamos os
membros voluntariamente “inativos” quando deixamos que
eles permaneçam como membros da igreja, já que a
membresia fornece o endosso corporativo da igreja à
salvação de uma pessoa. Por favor, entenda: a membresia à
igreja é um testemunho corporativo da igreja sobre a
salvação de um indivíduo. Então, como uma congregação
pode, honestamente, testemunhar que alguém que ela
nunca vê está fielmente correndo a corrida?
Na minha própria igreja, constantemente tentamos
observar quem deixou de participar. Se tais pessoas são
capazes de participar, as encorajamos a voltarem ou a se
unirem a outra igreja. Se recusarem, procedemos em
direção à disciplina; o que nos leva ao nosso próximo ponto.
Em quarto lugar, ser um membro da igreja significa
submeter-se à prestação de contas e à disciplina de uma
igreja. Os professores ensinam e corrigem erros. Os
médicos prescrevem uma vida saudável e lutam contra
doenças. O discipulado cristão também envolve disciplina
formativa (ensino) e disciplina corretiva. Disciplinamos uns
aos outros informalmente em privado com palavras de
correção. Fazemos isso formal e publicamente quando uma
pessoa se recusa a se arrepender. Jesus ordenou isso. Paulo
ordenou isso. E as igrejas dos tempos mais antigos
praticavam isso. Veja o livro de Jonathan Leeman sobre
esse tópico na série Entendendo a igreja.
Em quinto e último lugar, o amor é uma marca da
membresia da igreja. Jesus disse aos seus discípulos: “Novo
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim
como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.34–35). Você não pode
se chamar “cristão” sem estar em relacionamentos
amorosos e comprometidos com outros cristãos. João
adverte: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu
irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a
quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20).
Dada a nossa propensão para enganarmos a nós mesmos e
para superestimarmos nossa própria bondade, temos
motivos para darmos graças a Deus por ele nos ter
concedido outros santos para verificarem nosso próprio
orgulho e cegueira!
Muitas outras coisas fluem do compromisso amoroso que
fazemos uns aos outros em uma igreja local. Por exemplo,
pedimos aos membros de nossa igreja que assinem uma
declaração de fé e um pacto da igreja. Esperamos que os
membros orem pela igreja, que deem apoio financeiro à
igreja e que estejam envolvidos nos ministérios da igreja.
Mas tudo começa com o batismo, a ceia do Senhor, a
participação, a disciplina e o amor.

POR QUE UNIR-SE A UMA IGREJA?


A membresia à igreja é uma parte crucial do ato de seguir a
Cristo como discípulo. A membresia não vai salvá-lo, como
também não irão salvá-lo as suas boas obras, sua educação,
sua cultura, suas amizades, suas contribuições ou seu
batismo.

Porém, unir-se a uma igreja é o que os membros do corpo


de Cristo fazem. Não diga que você pertence à igreja se
não se unir a uma igreja.
Permita-me dar-lhe seis razões para se unir a uma igreja
que prega o evangelho e exemplifica a vida cristã.

1. Para que você assegure a si mesmo


Você não deve se unir a uma igreja para ser salvo, mas
para ajudá-lo a ter certeza de que você está salvo. Lembre-
se do que Jesus disse: “Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele
que me ama será amado por meu Pai, e eu também o
amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14.21).
Ao nos unirmos à igreja, nos colocamos numa posição em
que pedimos aos nossos irmãos e irmãs para nos
responsabilizar por viver segundo o que falamos. Pedimos-
lhes que nos encorajem com a maneira como veem Deus
operando em nossas vidas e nos desafiem quando,
porventura, nos afastarmos da obediência a Deus. Sua
participação em uma igreja local é o testemunho público da
congregação de que a sua vida dá evidência de
regeneração. Isso não salva, mas reflete a salvação. E se
não há esse reflexo, como podemos ter certeza sobre as
nossas reivindicações de salvação?
Ao nos tornarmos membros de uma igreja, damos as mãos
uns aos outros para nos conhecermos e sermos conhecidos
uns pelos outros.

2. Para ser capacitado para o ministério


Paulo diz: “E ele mesmo [Cristo] concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11–12).
Observe duas coisas aqui. Primeiro, os líderes da igreja nos
capacitam. Segundo, eles nos capacitam para a obra do
ministério de edificação do corpo de Cristo.
Em outras palavras, nos unimos às igrejas para que
sejamos capacitados a fazer a obra do ministério para a
qual todos somos chamados. Que dádivas são os líderes da
igreja! Una-se a uma igreja para o bem dos seus líderes.
Apoiem os líderes enquanto eles o capacitam e preparam.

3. Para edificar a igreja


Se nos unimos para sermos capacitados, também nos
unimos a fim de sermos capacitados para edificar a igreja.
Logo, uma terceira razão para se unir à igreja é a
edificação da igreja. O fato de nos unirmos a uma igreja nos
ajudará a contrariar nosso individualismo equivocado e a
descobrir a natureza corporativa do cristianismo. O Novo
Testamento ensina que uma vida cristã envolve cuidado e
preocupação uns com os outros. Isso é parte do que
significa ser cristão.

E, embora o façamos imperfeitamente, devemos nos


comprometer a fazê-lo. Pretendemos encorajar mesmo os
pequenos passos em justiça, amor, altruísmo e semelhança
a Cristo.
Na classe de membresia da minha igreja, costumo contar
a história de um amigo que trabalhava para um ministério
cristão na universidade, enquanto frequentava uma igreja
na qual eu era membro. Ele sempre chegava logo após os
hinos, sentava-se ali para o sermão e depois ia embora.
Perguntei-lhe um dia por que ele não vinha para todo o
culto. Ele disse: “Bem, não vejo proveito em nada além do
que já faço”.
“Você já pensou em se unir à igreja?”, eu respondi.
Ele pensou que essa era apenas uma pergunta absurda:
“Por que eu me uniria à igreja? Se eu me unir a eles, acho
que eles apenas me atrasariam espiritualmente”. Quando
ele disse isso, eu me perguntava o que ele entendia sobre o
significado de ser um cristão.
Respondi: “Você já considerou que talvez Deus queira que
você ande de braços dados com outras pessoas? Claro, eles
podem atrasá-lo, mas você pode ajudar a acelerá-los. Talvez
isso seja parte do plano de Deus para nós enquanto
vivemos juntos como cristãos!”.

4. Para evangelizar o mundo


Você também deve se unir a uma igreja local por causa da
evangelização do mundo. Uma igreja local é, por natureza,
uma organização missionária. Juntos, podemos difundir
melhor o evangelho a nível local e no exterior. Fazemos
isso com nossas palavras, enquanto compartilhamos a
mensagem da Boa Nova e ajudamos uns aos outros a
compartilhar. E fazemos isso através de nossas vidas
juntos. Unidos, apresentamos um testemunho corporativo
do poder transformador de vidas de nossas palavras. Esse
testemunho corporativo inclui tudo, desde a nossa
hospitalidade compartilhada de uns para com os outros até
a nossa assistência às necessidades físicas dos órfãos, dos
doentes, das crianças e dos mais desfavorecidos.
Através da comunhão de várias igrejas, ajudamos a
propagar o evangelho em todo o mundo e fornecemos
milhões de dólares e milhares de voluntários para ajudar
aqueles estão em necessidades físicas imediatas, como
alívio de desastres, educação e inúmeros outros
ministérios. Nós somos imperfeitos, mas se o Espírito de
Deus estiver genuinamente trabalhando em nós, ele usará
nossas vidas e nossas palavras para ajudar a demonstrar a
verdade do seu evangelho. Este é o privilégio especial da
igreja agora: fazer parte do plano de Deus para levar o seu
evangelho ao mundo.

5. Para expor falsos evangelhos


Deus pretende que estejamos unidos dessa maneira para
expor falsos evangelhos. É através da nossa união como
cristãos que mostramos ao mundo o que o cristianismo
realmente é. Em nossas igrejas, desmascaramos
mensagens e imagens que alegam ser cristianismo bíblico,
mas não são.
Há muitas testemunhas ruins, confusas e distorcidas que
se ergueram como “igrejas” cristãs. Parte da missão da
igreja é defender o verdadeiro evangelho, além de prevenir
e desmantelar as perversões dele.

6. Para glorificar a Deus


Finalmente, um cristão deve unir-se a uma igreja para a
glória de Deus. Pedro escreveu a alguns cristãos primitivos:
“Mantenham exemplar o vosso procedimento no meio dos
gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros
como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras,
glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1Pe 2.12).
Maravilhoso, não é? Deus receberá glória pelas nossas boas
obras! Pode-se dizer que Pedro ouviu os ensinamentos de
seu Mestre, que disse no Sermão do Monte: “Assim brilhe
também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos
céus” (Mt 5.16).
Se isso é verdadeiro em nossas vidas individualmente, não
deveria ser surpreendente descobrir que a Palavra de Deus
diz o mesmo sobre as nossas vidas unidas nas igrejas. O
mundo nos identificará como cristãos pelo nosso amor uns
pelos outros: “Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).
Nossas vidas em união nos caracterizam como pertencendo
a Deus, trazendo-lhe louvor e glória.
Portanto, meu amigo cristão, não apenas participe de uma
igreja, mas una-se a uma igreja. Ande de braços dados com
outros cristãos. Encontre uma igreja à qual possa se unir e
faça isso de modo que os não-cristãos ouçam e vejam o
evangelho, os cristãos fracos sejam cuidados, os cristãos
fortes usem a sua força de uma boa maneira, os líderes da
igreja sejam encorajados e ajudados, e de modo que Deus
seja glorificado.
CONCLUSÃO | UMA MANIFESTAÇÃO DA
GLÓRIA DE DEUS
É maravilhoso meditar na primeira epístola de Paulo aos
Coríntios se você quiser entender as implicações de se
viver junto como igreja. Você verá que as igrejas devem ser
marcadas especialmente pela santidade, pela unidade e
pelo amor. Por que as igrejas deveriam ser assim? Porque o
caráter da igreja deve refletir o caráter de Deus. Devemos
ser santos, unidos e amorosos porque Deus é santo, uno e
amoroso.

SANTO, UNO E AMOROSO


Primeiro, devemos ser santos no sentido de sermos
estrangeiros no mundo, mas especiais para Deus,
separados para ele e puros. Santidade deve ser um atributo
que marca a igreja — uma marca registrada, que é comum
e típica entre nós. Quando alguém considera a nossa igreja
em específico, ele deveria pensar: “Essa é uma comunidade
santa — não significando um grupo de pessoas prudentes e
justas em si mesmas, mas uma comunidade de pessoas cujo
coração está singularmente posto em Cristo e em sua
glória, o que resulta em uma maneira de viver melhor, mais
humana e mais honrosa a Deus. Essa é uma razão pela qual
o trabalho do líder da igreja de pastorear e de ensinar é
importante. Devemos ser santos porque Deus é santo.
Segundo, devemos ser unidos porque Deus é uno. Depois
de ouvir sobre as divisões e as facções da igreja de Corinto,
Paulo pergunta: “Cristo está dividido?” (1Co 1.13). Que
pergunta fascinante! O poderoso pressuposto teológico por
trás disso é que a igreja é o corpo de Cristo: “Ora, vós sois
corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo”
(1Co 12.27). De onde você pensa que Paulo extraiu essa
ideia? Acho que ele teve essa compreensão no momento em
que se converteu. Lembra de como Jesus parou Paulo no
caminho de Damasco? Jesus não disse: “Saulo, Saulo, por
que tu persegues os cristãos?” ou “Saulo, Saulo, por que tu
persegues a igreja?”, não. Ele disse: “Saulo, Saulo, por que
tu me persegues?” (At 9.4). É assim que Jesus se relaciona
com a sua igreja. Ele a vê como o seu corpo. E assim
devemos ser um. Nossa desunião mente sobre Jesus e sobre
o que ele é.
Assim como a santidade, a unidade deve ser uma marca
da igreja. Nossa unidade deve transcender as velhas
divisões entre judeus e gentios (1Co 7.19), juntamente com
todas as outras divisões mundanas. Quão trágico, então, é
quando as nossas igrejas encontram a sua identidade em
outras coisas. Nós nos tornamos a igreja deste pastor, ou
deste estilo de música, ou de pais que educam em casa, ou
de democratas, ou do tapete azul. É por isso que Paulo
estava tão triste com o relato de divisões na igreja. Mesmo
na festa da sua unidade — a ceia do Senhor — eles estavam
divididos. Os líderes da igreja, no entanto, devem nos
conduzir a essa unidade. A igreja deve ser unida.
Finalmente, devemos ser amorosos porque Deus é
amoroso. As noivas gostam de ter 1  Coríntios 13 lido em
seus casamentos, mas, fundamentalmente, o grande
capítulo de amor da Bíblia é sobre Deus e sobre a igreja. O
amor de Deus é paciente, amável, longânimo, não se alegra
com o mal, mas se deleita com a verdade. Assim deve ser o
nosso. A maturidade espiritual, diz Paulo, é demonstrada
no amor. E esse é o maior dom. Por isso, Paulo escreveu no
capítulo 8: “reconhecemos que todos somos senhores do
saber. O saber ensoberbece, mas o amor edifica” (8.1). Os
capítulos 8 a 14, então, fornecem um longo discurso sobre
deixar o amor governar o que devemos fazer. E todos os
nossos dons, ministérios e trabalho juntos devem ser feitos
“para edificação” (14.26). Paulo, então, resume no capítulo
16: “Todos os vossos atos sejam feitos com amor” (v. 14).
Considere, afinal, o amor que Cristo demonstrou
derramando o seu sangue e oferecendo o seu corpo por nós
(11.23–26). A igreja deve ser amorosa porque Deus é
amoroso, o que é mais maravilhosamente demonstrado no
evangelho.
A igreja deve ser uma demonstração da santidade, da
unidade e do amor de Deus no meio deste mundo corrupto,
pecaminoso e egoísta. Nós somos assim? Sua igreja
manifesta o caráter de Deus? Muitas igrejas hoje
apresentam uma versão do cristianismo em que todos os
sofrimentos são contabilizados, todos os sacrifícios
recompensados e todos os mistérios explicados nesta vida.
Mas esse não é o evangelho que Paulo ensinou. De fato,
esse não é o evangelho do nosso Senhor Cristo. E esse não
deve ser o evangelho de nossas igrejas. Se você avaliar a
vida de um cristão deste lado da eternidade, verá que
aquelas coisas não estarão acrescentadas. Aquilo não
ocorreu na vida de Cristo nem na vida de Paulo. Tampouco
deve ocorrer em nossas vidas (veja 1Co 15.17–19).

UMA DAS PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS DE DEUS


Você vê o que Deus está fazendo na igreja? Deus está
escolhendo “as coisas humildes do mundo, e as
desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as
que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de
Deus” (1Co 1.28–29). Deus escolhe pessoas fracas e
pecaminosas como você e eu, porque ele, de modo algum,
quer obscurecer a si mesmo!
Numa conferência a que assisti há vários anos, ouvi o
Pastor Mark Ross dizer: “Somos uma das principais
evidências de Deus”. Ele continuou: “A grande preocupação
de Paulo com a igreja é que a igreja manifeste e exiba a
glória de Deus, vindicando assim o caráter de Deus contra
toda calúnia dos reinos demoníacos, a calúnia de que não é
digno viver por Deus. Deus confiou à sua igreja a glória de
seu próprio nome. As circunstâncias da sua vida são a
ocasião dada por Deus para mostrar e manifestar os seus
atributos”.
Se não tivermos cuidado, nosso individualismo pode ser
usado para abrigar uma “santidade subcristã” que tolera o
pecado. Nosso egoísmo pode nos levar a uma “unidade
subcristã” que dissimula nossa desunião em relação ao
evangelho e que se une em torno de outras coisas menores.
Até a nossa carne pode conhecer um “amor subcristão” que
é mero sentimento, imbuído de uma sensação familiar
porque todos nós estamos juntos há muito tempo. Mas
nenhuma dessas coisas deve caracterizar as nossas igrejas,
principalmente porque todas elas mentem sobre Deus. Elas
deturpam o seu caráter. A santidade verdadeira incluirá
disciplina. A verdadeira unidade será somente em torno de
Cristo, e a diversidade da igreja dará evidência disso. E o
amor verdadeiro é mais profundo do que o sentimento, vai
além dos limites naturais. O amor verdadeiro se
manifestará aos de fora por causa de Cristo. É assim que a
glória de Deus é manifestada na igreja. Essa é a única
forma de uma igreja realmente prosperar.
Então, como podemos demonstrar a glória de Deus?
Organizando as nossas igrejas segundo o padrão que ele
nos mostrou em sua Palavra e vivendo para Deus em
santidade, unidade e amor. É a isso que a igreja deve ser
devotada. É assim com vocês?
PRESBÍTEROS: LIDERANDO E ESTABELECENDO O PADRÃO
Nos dias de hoje, enquanto a cultura ocidental se posiciona
cada vez mais contra o cristianismo, os cristãos precisam
de algo mais do que sermões excepcionais e denúncias
trovejantes. Eles precisam de verdadeiras testemunhas
para a glória de Cristo. Eles precisam de homens que
estabeleçam o padrão de santidade, de unidade e de amor.
Eles precisam de homens que lideram o caminho para
nadar contra a maré, não no mesmo sentido da cultura.
Não apenas isso, eles se beneficiam de não ter apenas um
exemplo de tal homem em suas igrejas. Eles se beneficiam
da provisão de Deus de vários presbíteros, cada um dos
quais, de acordo com seus próprios dons, exercendo
liderança cuidadosa, fiel, corajosa e servil. “Lembrai-vos
dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus;
e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé
que tiveram” (Hb13.7).
Eu visitei nossa congregação pela primeira vez em Capitol
Hill no verão de 1993. Eu falei abertamente ao comitê de
pesquisa de púlpito sobre a minha crença no ensino da
Bíblia a respeito da pluralidade de presbíteros. Eles ficaram
surpresos e, eu acho, um pouco desanimados. Depois de
ensinar sobre o assunto periodicamente por alguns anos,
finalmente adotamos uma nova constituição e nosso
primeiro grupo de presbíteros em 1998.
Durante os últimos dezessete anos, os irmãos com quem
tenho tido o privilégio de servir dedicaram milhares de
horas de seu tempo à oração, à discussão, ao discipulado,
ao ensino e ao pastoreio do rebanho junto comigo. Eles
compensaram algumas das minhas deficiências. Eles me
encorajaram e me corrigiram. Eles tornaram em alegria e
prazer o que poderia ser um trabalho muito solitário. E
nossa congregação floresceu em grande parte, sob Deus,
devido ao trabalho deles. Graças a Deus, eu não sou o único
chamado a liderar e a estabelecer o padrão de santidade,
de unidade e de amor. Quão limitada seria a representação
dessas coisas pela igreja!

O TRABALHO A SER FEITO


Há muito mais trabalho que precisa ser feito nas igrejas
batistas em todo o mundo. A prática da membresia em
várias igrejas fica muito aquém da descrição bíblica. Isso,
por sua vez, mancha o nosso testemunho do evangelho e
impede a nossa evangelização e nosso discipulado. As listas
de membresia inchadas, a diminuição da idade para o
batismo, o comparecimento irregular e a ausência de
disciplina na igreja caracterizam muitas de nossas igrejas.
As mudanças necessárias para que possamos ter um
testemunho singular de vida e luz para o nosso tempo
moribundo e obscuro são grandes.
Uma das maiores ajudas que podemos dar aos pastores
fiéis e às igrejas são grupos de homens qualificados —
homens que são membros da igreja, mas, em grande parte,
não empregados por ela — para servir como presbíteros.
Na verdade, eles realmente não são nossos próprios dons a
serem concedidos. Nós apenas podemos reconhecê-los.
Jesus é quem concede tais dons:
“E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom
de Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o
cativeiro e concedeu dons aos homens [...] E ele mesmo concedeu uns
para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros
para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para
o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo” (Ef 4:7–8, 11–13).
Se você é um líder ou membro de igreja, o que você está
fazendo para reconhecer e honrar esses dons maravilhosos
e se beneficiar deles?
APÊNDICE

DESCRIÇÕES DO TRABALHO DE DIACONATO


Aqui está um modelo de várias posições de
diácono/diaconisa na Capitol Hill Baptist Church (CHBC) e
suas várias responsabilidades:

DIÁCONO DA LIVRARIA
Esse diácono mantém um banco de dados dos títulos da
livraria, recruta e treina voluntários para a equipe da
livraria e lida com questões relativas às transações da
mesma.

Deveres:
• Supervisionar os títulos da livraria.
• Recrutar e treinar voluntários para atender os clientes
após os cultos da manhã e da noite de domingo, após o
estudo da noite de quarta-feira e após Fóruns Henry das
seguintes maneiras:
◊ Conhecer e receber os visitantes na área da livraria.
◊ Receber os pedidos de livros à venda na livraria.
◊ Receber pedidos especiais de CDs.
◊ Registrar e guardar os registros de vendas.
◊ Enviar lembretes para que os clientes peguem os itens
encomendados.
◊ Reabastecer as prateleiras com literatura gratuita do
ministério 9 Marcas.
◊ Enviar os resumos das vendas e o dinheiro para
determinado membro da equipe da igreja no
fechamento da livraria.
◊ Notificar o Ministério de CD sobre os pedidos de
encomendas especiais.
◊ Recrutar e treinar voluntários para fazer o inventário
semanal.
◊ Precificar e arquivar novo inventário conforme
necessário.
◊ Manter registros de pedidos, trabalhar dentro de um
orçamento anual.
◊ Interagir com o Ministério de CD em relação às
encomendas de CDs.
◊ Solicitar livros para reabastecer os itens vendidos.

DIÁCONO DE ORÇAMENTO
Esse diácono é responsável pela coordenação do processo
orçamentário anual através da elaboração de um
orçamento proposto com a assistência dos presbíteros, dos
outros diáconos e do administrador da igreja.
O processo de orçamento começa em maio, quando os
presbíteros propõem um montante para os gastos da igreja
em missões para o ano seguinte. O administrador da igreja
fornece ao diácono de orçamento as despesas da igreja
designadas para instalações e administração.

Deveres:
• Consultar os outros diáconos e os membros da igreja
apropriados para determinar as despesas solicitadas
para cada ministério para o ano seguinte.
• Entrevistar a equipe da igreja para determinar um valor
proposto para os salários da equipe da igreja e para
outras despesas da equipe.
• Determinar se a igreja é capaz de cumprir o orçamento
proposto através de projeções de renda e de despesa. Se
ele determinar que as despesas excederão a renda,
deverá informar aos presbíteros e devolver o orçamento
proposto para eles com as revisões sugeridas.
• Responder a qualquer pergunta da congregação quando
os presbíteros aprovarem e propuserem o orçamento.
DIÁCONO DO MINISTÉRIO DE CRIANÇAS
Esses diáconos são responsáveis por assegurar a limpeza e
a ordem das áreas do ministério de crianças; supervisionar
administrativamente o cumprimento das políticas da CHBC;
realizar treinamento, registrar e programar o trabalho dos
voluntários do ministério de crianças.

Deveres:
• Assegurar a segurança e a limpeza das salas antes de
cada culto. Isso inclui, mas não se limita a assegurar que
os brinquedos sejam adequados à idade em cada seção,
que as vigas do chão ao teto estejam bloqueadas, que as
cordas das janelas estejam levantadas e as saídas
estejam cobertas.
• Devolver os brinquedos limpos às caixas de brinquedos
antes de cada culto.
• Supervisionar a entrada e a saída de todas as crianças
das salas do berçário antes e depois de cada culto.
• Assegurar o cumprimento da política de proteção da
criança em relação às proporções de membros da equipe
por criança em cada culto.
• Manter um amplo suprimento de fraldas, toalhas,
lanches, etc. nas salas do berçário.
• Manter registros precisos de quais voluntários
participaram das salas do berçário durante cada culto.
• Enviar os relatórios de acidentes aos pais para
assinaturas e, depois, ao administrador do ministério de
crianças após cada culto.
• Conduzir o treinamento do berçário.
• Servir como “primeira linha de apoio” aos voluntários do
berçário.
• Recrutar novos voluntários para servir no ministério de
crianças.
DIÁCONO DE EVANGELIZAÇÃO À COMUNIDADE
Esse diácono facilita o envolvimento dos membros da igreja
em seus esforços para ministrar à comunidade local,
divulga as oportunidades ministeriais potenciais e auxilia
os presbíteros em seu trabalho para incentivar os membros
da igreja a evangelizarem a comunidade.

Deveres:
• Coordenar com a equipe da igreja o uso das instalações
da igreja para os esforços de evangelização da
comunidade, conforme aprovado pelos presbíteros.
• Ajudar os presbíteros a encorajar os membros da igreja
a serem fiéis em cuidar dos pobres e dos necessitados
em suas comunidades como uma consequência de seu
próprio discipulado individual de Jesus Cristo.
• Ajudar os membros da igreja de maneira prática a se
envolverem mais no serviço e no cuidado de membros
carentes das suas próprias comunidades.
• Servir como um ponto de contato para os membros da
igreja que buscam aconselhamento ou assistência para
se tornarem mais engajados no serviço e no cuidado de
pessoas carentes em suas comunidades.
• Rever, avaliar e manter relações com várias
organizações evangélicas que ministram aos pobres na
área metropolitana próxima à igreja, a fim de fornecer
informações e conselhos aos membros individuais da
igreja que buscam ser parceiros de tais organizações
para o serviço voluntário.

DIÁCONO DE ASSISTÊNCIA AO MEMBRO


Esses diáconos têm dois deveres principais: administrar o
fundo de benevolência e coordenar o ministério aos
membros idosos da congregação. Além disso, o diácono é
ocasionalmente solicitado a coordenar a assistência aos
membros.
O fundo de benevolência é usado para atender às
necessidades financeiras dos membros da igreja, membros
da comunidade ou para outras causas dignas. O fundo é
administrado pelo diácono de assistência ao membro com a
supervisão dos presbíteros. Para retirar algum valor do
fundo, o diácono e um presbítero devem concordar com a
quantidade e com o propósito. Nesse ponto, o
administrador da igreja desconta um cheque do fundo. As
retiradas do fundo podem ser acompanhadas de
determinadas condições e/ou aconselhamento contínuo.
A segunda responsabilidade principal do(s) diácono(s) de
assistência ao membro é coordenar o ministério com os
membros idosos da congregação. Primeiro, o diácono deve
estabelecer relações com os membros idosos, a fim de
melhor compreender e antecipar as suas necessidades.
Exemplos de serviços incluem a coordenação de locomoção
de ida e volta para a igreja, a coordenação de idas e voltas
para consultas médicas, a coordenação de assistência com
jardinagem, a coordenação de cantatas de Natal para as
casas de idosos e outras atividades.

DIÁCONO DE ORDENANÇAS
O diácono das ordenanças é responsável pela boa execução
de todos os batismos e da ceia do Senhor.

Deveres:
• Para o batismo, o diácono auxilia, nos bastidores, os
envolvidos com o batismo para garantir que as coisas
ocorram sem problemas e de modo eficiente.
• Para a ceia do Senhor, o diácono assegura que os
elementos sejam separados, preparados e dispostos
antes da comunhão; seleciona os membros que
distribuirão a ceia do Senhor e auxilia na realização da
ceia.

DIÁCONO DE SOM
Esse diácono é responsável por atender às necessidades de
gravação e de áudio da igreja. O diácono deve assegurar
que o som para todos os cultos esteja sem ruídos ou
perturbações. Ele ou ela deve perceber a si mesmo como
servindo (1) a congregação para minimizar as distrações da
adoração; (2) os dirigentes de culto e pregadores para
minimizar inconvenientes; (3) o mundo para anunciar-lhe a
Palavra registrada.

Deveres:
• Treinar voluntários.
• Cuidar dos horários dos voluntários e enviar lembretes
conforme necessário.
• Preparar e manter materiais de treinamento e de
referência.
• Retreinar periodicamente os voluntários para assegurar
solidez.
• Gerenciar os profissionais técnicos ou voluntários para
manter, ajustar e atualizar os sistemas de som e de
gravação.
• Estabelecer contatos com outras igrejas buscando ideias
sobre o ministério de som.
• Desenvolver métodos e padrões de qualidade de áudio.
• Apresentar um orçamento anual para as necessidades
do sistema de som.
• Garantir a qualidade de som, semanalmente, antes do
culto de domingo de manhã.

DIÁCONO DE PORTARIA
Esse diácono é responsável por toda acolhida e recepção
durante a manhã e a noite de domingo e em atividades
especiais da igreja, tais como os Fóruns Henry.

Deveres:
• Recrutar, agendar e gerir porteiros e recepcionistas,
garantindo que eles compreendam as suas funções e as
estejam realizando.
• Gerenciar ofertas e coleta. Assegurar que a oferta seja
coletada, reunida e armazenada em um local seguro.
• Estabelecer contato com os presbíteros da igreja.
• Recomendar formas de melhorar as boas-vindas e a
recepção.

Deveres dos porteiros:


• Saudar os membros e os visitantes.
• Prover assentos para membros e para visitantes.
• Distribuir boletins.
• Assegurar o uso eficiente dos assentos da igreja.
• Responder perguntas, especialmente dos visitantes.
• Ajudar aqueles que precisam de ajuda, especialmente
idosos.
• Assegurar a prestação de contas no processo de oferta e
de coleta.
• Assegurar a devida reverência a Deus e à sua Palavra,
desencorajando que as pessoas tomem assento e façam
interrupções durante a oração e a leitura das Escrituras.

Deveres dos recepcionistas:


• Saudar os membros e os visitantes.
• Distribuir boletins.
• Responder perguntas, especialmente dos visitantes.
• Ajudar aqueles que precisam de ajuda, especialmente
idosos.
• Assegurar a devida reverência a Deus e à sua Palavra,
desencorajando que as pessoas tomem assento e façam
interrupções durante a oração e a leitura das Escrituras.

DIÁCONO DE HOSPITALIDADE
Esse diácono deve proporcionar um ambiente para os
visitantes/membros e crentes/não-crentes compartilharem
lanches e construírem relacionamentos através da
comunhão.

Deveres:
• Fornecer desenvolvimento de liderança e de supervisão
para o ministério de hospitalidade.
• Recrutar, treinar e capacitar líderes servos nesse
ministério.
• Ajudar a desenvolver os talentos de outros ao mesmo
tempo que os encoraja a usar os seus dons no culto.
• Proporcionar avaliação e desenvolvimento contínuos.
• Gerenciar o orçamento que influencia esse ministério.
• Controlar o estoque de produtos, suprimentos e
equipamentos necessários para manter esse ministério.
• Estabelecer contato com os presbíteros.

Funções pelas quais ele é diretamente responsável:


• Comunhão de domingo pela manhã no West Hall,
• Comunhão do Fórum Henry,
• Corais da Capitol Hill,
• Festa de membros,
• Refeições para novas mamães,
• Refeições para famílias que enfrentam períodos de
enfermidade ou de hospitalização,
• Necessidades referentes a funerais,
• Almoço de novos membros.
O Ministério Fiel visa apoiar a igreja de Deus, fornecendo
conteúdo fiel às Escrituras através de conferências, cursos
teológicos, literatura, ministério Adote um Pastor e
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