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Outro dia eu folheava um jornal, quando vi uma caricatura do Snoopy na qual ele dizia:
"Gosto da humanidade. O que não agüento são as pessoas!"
É mais ou menos isso que percebemos hoje em dia. Amamos a instituição chamada Igreja,
contudo não conseguimos suportar as pessoas que dela fazem parte.
Lendo um livro de Carlos G.Vallés - Viver em Comunidade, lembrei-me de certo membro de
uma igreja que eu pastoreava. Ele dizia assim:
"...Se existe alguém que ama a Igreja de Jesus, essa pessoa sou eu. Amo tanto a igreja que sou
capaz de fazer qualquer coisa por ela. Esse meu zelo e amor são tão grandes que não admito a presença
de certas pessoas dentro da igreja as quais se comportam de maneira diferente das tradições
eclesiásticas que nos foram legadas. Odeio essas pessoas. Se dependesse de mim eu as colocaria para
fora da igreja..."
Aí está alguém com uma visão deturpada da igreja como comunidade. Tal pessoa consegue
amar a Igreja Ideal, a igreja de seus sonhos. Entretanto odeia a Igreja Real, aquela igreja do seu dia-a-
dia. Ele ama a instituição, suas regras, estatutos e regimentos, porém... sente aversão pelos membros,
pelas pessoas que fazem parte da igreja.
Tal pessoa se esqueceu de que a melhor maneira de amar a igreja é amar os que dela fazem
parte. Jesus amou tanto a Igreja que acabou dando sua vida por ela. Ele deu sua vida por homens, por
pessoas e não apenas pela instituição.
Dietrich Bonhoeffer, um discípulo de Jesus que me impressionou por sua vida de compromisso
e sofrimento, escreveu em um de seus livros a respeito do perigo de sonhar com uma relação pessoal,
ou uma comunidade ideal e o efeito desastroso que isso pode ter:
"Quem ama seu sonho de comunidade mais do que às pessoas que fazem parte dessa
comunidade, tal pessoa acaba por destruí-la".
Quem adota essa postura acaba acusando, julgando e condenando. Exige, em nome de Deus
que seu sonho seja realizado. E por fim acaba queixando-se de Deus. Pessoas que só contemplam o
ideal não conseguem conviver com o real.
Muitas e muitas comunidades cristãs desfizeram-se porque haviam perseguido apenas um puro
sonho ideal. Pecaram por não serem flexíveis para admitir falhas de percurso. Esqueceram-se de que
estavam lidando com homens, - e homens . . falham.
Portanto, é bom salientar que o primeiro grande inimigo de um bom relacionamento é o sonho
da relação ideal.
O segundo grande inimigo vem da direção oposta: é a atitude de pessimismo, de desalento, de
desespero, que alega ser impossível criar uma verdadeira união de mentes e corações. Tal atitude cínica
ri com desdém de todo esforço por promover uma relação significativa entre pessoas. Nos lábios de tais
pessoas só se ouvem frases como:
"Não vai dar certo."
"Já tentamos isso antes."
"Não vai funcionar."
"É pura perda de tempo."
"É dinheiro jogado fora."
"É tempo perdido."
A realidade funcional de uma relação significativa entre pessoas, está a meio caminho entre o
sonho ideal e o pessimismo paralisante.
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Reconhecer e aceitar tal realidade funcional é condição básica para levar avante qualquer
esforço de entendimento mútuo e de prática de uma vida em comum.
No livro Viver em comunidade, Carlos Vallésdiz:
"O ideal sonhado tem uma idéia muito alta da vida comunitária, ao passo que o pessimismo tem uma
idéia muito baixa de seus membros, e ambas as atitudes conseguem o mesmo lamentável resultado de
tornar impossível, na prática, a vida compartilhada de grupo".
O membro de uma comunidade de discípulos que conhece suas próprias dificuldades aceita
suas limitações, não esquece suas frustrações e fracassos passados e, ao mesmo tempo, tem consciência
serena de seu próprio valor, têm a melhor garantia de viver a mutualidade e a unidade pregada no Novo
Testamento. Se eles se dedicarem a reconhecer as qualidades inegáveis de cada um, valorizando
positivamente cada esforço, seguramente estarão avançando em direção a uma nova comunidade de
pensamento, de trabalho e de vida.
Não são nossas preferências sociais que nos unem. É o próprio Senhor Deus quem nos coloca lado a
lado.
O mundo de hoje é caracterizado por ser uma sociedade ferida, dividida e dispersa. É aí que
Deus estabelece, na múltipla maravilha de seu poder, células de graça para unir, reconciliar e curar
como sinal de Sua presença atual em nosso meio. Igreja é isso. Nossos lares deviam ser isto: uma
imagem, uma amostra daquilo que há de ser a vida na eternidade, na casa do Pai. Nossas igrejas deviam
ser isso. Um prenúncio do céu.
Somos um sinal, uma garantia, uma parábola, uma promessa. E essa promessa é nossa vida. Por
menor que seja o nosso relacionamento e por mais frágil que seja nossa união, somos sacerdotes de
Deus. Representamos a Palavra de Deus, encarnamos Sua providência, instrumentalizamos sua ação.
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Capitulo 1
Por Que Cultivar e Desenvolver Relacionamentos?
1. O EXEMPLO DE DEUS
Deus é um ser que sempre priorizou relacionamentos. Em Gênesis 1.26 lemos: Façamos o
homem... Logo no primeiro capítulo da Bíblia surge a revelação de um Deus que não se contenta em ser
apenas uma pessoa. Em Sua infinita sabedoria, Ele se apresenta como um Deus trino: Pai, Filho e
Espírito Santo.
Em Gênesis 2.18, lemos: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora. Nota-se
aí um Deus que conclui não ser bom o homem viver sozinho. Deus não projetara o homem para viver
isolado e solitário: um homem desacompanhado não satisfazia a mente do Criador.
Gênesis 3.8-10 fala que Deus andava pelo jardim do Éden e conversava com Adão e sua esposa.
O texto diz ainda que Deus estava preocupado com o homem e chamava por ele dizendo: Onde estás?
Em Gênesis 9. 8-9, está descrita a aliança que Deus estabeleceu com Noé.
Repararam? Um Deus que sente necessidade de fazer aliança com um mortal. Um Deus que
estabeleceu outras alianças como a que fez com Abraão. No livro de Isaías, capítulos 54 e 55, está
descrita a aliança de Deus com o povo de Israel.
Creio que essas evidências já bastam para provar que o Deus da Bíblia é um Deus de
relacionamentos, de alianças, um Deus que gosta de comunicação. Agora pense nisto: Deus nos fez
imagem e semelhança dEle. Portanto, quem quiser dar um passo significativo em direção ao resgate da
imagem e semelhança de Deus em sua vida... tal pessoa deve entender, e viver intensamente seus
relacionamentos.
A igreja de nossos dias está perdendo o seu sabor porque, entre outras coisas, desaprendeu de
viver com qualidade seus relacionamentos. A Igreja de Jesus foi planejada para ser uma comunidade de
relações profundas.
Uma das características mais marcantes da Igreja Cristã primitiva foi o amor intenso que seus
membros demonstravam um para com o outro. O apóstolo João escreveu que ninguém pode ter a
pretensão de amar ao Deus invisível, se ainda não conseguiu amar seu irmão de fé que é visível.
A meu ver aí está a solução para aqueles cristãos que não conseguem sentir amor genuíno por
Deus: primeiro é preciso aprender a amar aqueles que estão à nossa volta.
Em João 14.21 lemos a palavra de Jesus: Aquele que me ama guardará a minha palavra e o Pai o
amará e viremos a ele nele faremos morada.
Amar meu irmão de Fé é amar o Deus que vive nele. Relacionar-me com meu irmão de Fé é
relacionar-me com o Deus que está dentro dele. Isso também significa que negar-me a me relacionar
com meu irmão é negar-me a manter um relacionamento com o Espírito Santo que nele habita.
Jesus chegou a explicar isso um pouco melhor: Quando deres um copo de água a um destes meus
pequeninos, a mim o fizestes. Quando negastes água para um deles, a mim o negastes.
Por essa razão, julgo ser tremendamente importante conscientizar os membros das igrejas a darem
valor a essa disciplina da vida Cristã.
Em Gênesis 2.24 está escrito: Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher,
tornando-se os dois uma só carne. O ideal de relação de Deus é elevado. O relacionamento de um
homem com sua esposa deveria chegar a um nível tão alto que se pudesse viver uma unidade física:
corpo com corpo, uma só carne. Uma só mente e um só coração.
A tentativa de suprimir ou evitar o relacionamento com o próximo é um pecado que irrita a Deus.
O primeiro a cair nesse erro foi Caim que executou um plano de assassinar seu irmão por não suporta-
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lo. Ele se livrou de alguém que o fazia sentir-se desprezado. Livrou-se de um irmão do qual tinha
inveja. Ao matá-lo, Caim provoca a repulsa de Deus a ponto de o Senhor amaldiçoá-lo. (Gênesis 4.11)
Deus quer que eu e você tenhamos bons relacionamentos com os nossos semelhantes.
Em Ec1esiastes 4.9 está escrito: Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu
trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; a porém, do que estiver só; pois, caindo, não
haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se
aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não
se rebenta com facilidade.
Em Provérbios 18.1 está escrito: O solitário busca o seu próprio interesse, e insurge-se contra
a verdadeira sabedoria. Insistir na solidão é rebelar-se contra a mais pura sabedoria. É falta de bom
senso. A solidão só é válida quando nos determinamos temporariamente a buscar o Senhor. Entretanto
esses momentos de solidão devem servir apenas de recursos para podermos voltar para uma vida de
relacionamentos intensos e cordiais com os demais seres humanos.
A Bíblia, em momento algum, defende a vida monástica. O desenvolvimento de uma
espiritualidade apenas vertical, do homem com seu Deus, é incompleto. Ficar curtindo um êxtase
pessoal e tentar permanecer ali exclusivamente é egoísmo espiritual.
Quando Jesus levou Pedro, João e Tiago para o monte, a fim de transfigurar-se diante deles, ele
não queria que Seus discípulos ali permanecessem por muito tempo. Era necessário voltar para cumprir
a missão que tinham junto à agitação das massas pecadoras. Bem que Pedro tentou. Sugeriu que se
fizessem três tendas e emendou: É bom estarmos aqui! (Mateus 17.4)
Sim, é muito bom estar na solidão, em particular com Deus. É ótimo passar por um
arrebatamento íntimo e permitir à alma experimentar um enlevo espiritual. É muito bom ficar sozinho
na presença de Deus e ficar embevecido e admirado com as coisas sobrenaturais.
Nesses momentos ficamos pasmados, assombrados. Quem não quer uma experiência mística
particular, isolada? Quem não quer experimentar sentimentos profundos acompanhados de uma enorme
alegria? Momentos assim nos fazem ficar quase de todo imobilizados, parecendo haver perdido
qualquer contato com o mundo exterior!
Muitos de nós estamos assim. Vivemos correndo atrás de experiências místicas isoladas. Elas
são lícitas e recomendáveis, desde que produzam uma meditação que nos leve a nos refazer e a nos
conscientizar de que aquilo que estamos vivendo é apenas uma dose de vitaminas que devem
capacitarnos a voltar para onde os homens estão. Voltar para onde o pecado está dizimando suas
vítimas.
E isso não é possível sem a disposição de viver relacionamentos, de se expor aos homens, e de
ter contato pessoal.
Neste último ano ouvi duas palestras proferidas por dois amados amigos e colegas de ministério.
Uma delas, proferida pelo Pr. Marcelo Gualberto, em Florianópolis, e a outra pelo Pr. Ed René Kivitz
no Encontro da Sepal em Lindóia.
Sem que tivessem tido qualquer contato anterior, esses dois pastores pregaram a mesma
mensagem, a partir de textos diferentes. Vou tentar passar os principais pontos em comum.
O texto 2 Reis 4.8-37
A narrativa bíblica conta que Eliseu costumava passar por um lugar conhecido como Suném.
Uma certa mulher, muito rica sempre o convidava para uma refeição em sua casa. A personalidade do
profeta impressionou tanto a sunamita que ela resolveu convencer seu marido a construir um pequeno
quarto para o profeta. Nele colocou uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro.
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Hospedando-se ali, o profeta percebeu que a sunamita não tinha filhos. Decidiu, então,
interceder a Deus e ela ganhou um filho. O tempo passou. O menino cresceu e certo dia, quando
ajudava sua família no campo, sentiu forte dor de cabeça. Foi levado para sua mãe, mas não
sobreviveu. Morreu em seu colo.
A sunamita então imaginou que colocando seu filho na cama onde o profeta dormia, esse
poderia voltar à vida. Isso ela fez, pensando que a cama poderia estar cheia de poder, já que nela
dormia o grande profeta, o homem cheio do Espírito de Deus. Entretanto esse método falhou. E ela
resolveu ir até onde se encontrava o profeta Eliseu e contar a ele sobre a morte de seu amado filho.
Eliseu manda Geazi, seu ajudante, até onde o menino estava, com a ordem de, assim que
chegasse, colocar seu bordão sobre o corpo do menino. Geazi fez exatamente,como o profeta mandara.
Entretanto, a estratégia não deu certo. O menino continuava sem vida. O profeta então compreendeu
que aquela era uma situação em que ele precisava intervir pessoalmente. Era um problema que exigia
sua presença.
Foi até a casa da sunamita e subiu ao quarto onde o filho estava e orou ao Senhor. Depois
deitou-se sobre o menino, pondo sua boca na boca do menino, seus olhos sobre os olhos dele, suas
mãos sobre as mãos dele, e se estendeu sobre ele.
A Bíblia fala que então a carne do menino se aqueceu. Entretanto o milagre ainda não havia se
completado. Ele anda no quarto de um lado para o outro e depois se estende novamente sobre o corpo
do menino. O menino dá sete espirros e ressuscita.
Assim como a sunamita, muitos de nós temos tentado d volver a vida para algumas das pessoas
que nos rodeiam, usando certos métodos impessoais. Igrejas hoje têm tentado dar vida àqueles que
morreram na fé, atraindo-os com programações diversificadas, filmes, palestras, shows de música
gospel.
Entretanto isso não tem dado bons resultados. Quando o profeta Eliseu é acionado, ele também
tenta usar um método impessoal. Ele manda seu ajudante colocar seu cajado sobre o corpo do menino.
Ele imaginava que aquele pedaço de madeira poderia ter poder para ressuscitar o filho da
sunamita.
Entretanto, mais uma vez, o método impessoal não funcionou. A solução foi ele ir pessoalmente
até onde o menino jazia morto. Mas nem sua presença resolveu. Foi preciso que o profeta tivesse
contato com o corpo do menino.
A Bíblia relata em detalhes: Eliseu teve de colocar sua boca na boca do menino, seus olhos, nos
olhos do menino, suas mãos nas mãos do menino e finalmente teve de deitar-se sobre o menino.
A narrativa diz que aí, então, o corpo do menino se aquece. Em nossos dias está faltando esse
calor humano.
É preciso que a igreja de Jesus se equipe com mais pessoas dispostas a aquecer outras vidas,
priorizando os contatos pessoais. Gente que esteja disposta a interromper o que vinha fazendo e a
deslocar-se até onde for preciso a fim de aquecer aqueles que se esfriaram na fé.
O texto ainda conta que aquilo que o profeta fizera não fora suficiente. Foi preciso repetir a
dose. Muitos de nós desistimos ao nos depararmos com os primeiros resultados adversos. É preciso
perseverar. É preciso não desistir, tentar tudo de novo: novos contatos, aquecer outra vez e um pouco
mais. Finalmente vem a vitória.
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O outro texto Atos 20.7-14:
O texto diz que Paulo chega a Trôade e resolve celebrar a ceia do Senhor com os discípulos
daquele lugar. Após a ceia, Paulo começa a pregar. Sua pregação se prolonga muito.
Um jovem, de nome Êutico, assistia ao sermão sentado em uma janela. Entretanto ele adormece,
cai do terceiro andar e morre. Paulo interrompe o estudo bíblico, desce e, inclinando-se sobre ele dá-lhe
um profundo abraço. Êutico ressuscita e o culto continua até o amanhecer.
Que lições podemos tirar desse acontecimento?
Novamente notamos a importância que a Bíblia dá ao relacionamento, ao contato entre as
pessoas.
Como no incidente do apóstolo Paulo, muitos de nós estamos ocupados na causa do Senhor.
Estamos nos desgastando em atividades profissionais e programações de nossa igreja.
Entretanto não nos apercebemos ainda de que nossos filhos, nossas filhas já podem estar
dormindo nas janelas de nossa casa ou de nossas igrejas.
Entendemos janela como um limite entre dois espaços, entre dois mundos, entre dois ambientes: o
interno e o externo. Quem está na janela tanto pode estar olhando para dentro como pode estar olhando
para fora.
Muitos de nossos filhos podem estar nessa condição. Nas janelas do nosso lar, quem sabe nas
janelas da igreja. De vez em quando estão atentos às coisas que acontecem dentro dela. Outras vezes
estão olhando lá para o mundo com suas múltiplas atrações. O que é pior, alguns já adormeceram na fé.
Outros adormeceram e caíram mortos. Isso nos alerta para o fato de que podemos estar usando
métodos enfadonhos, rotineiros e cansativos. O resultado é o sono existencial de muitos, acompanhado
de queda e morte espiritual.
Precisamos estar atentos à realidade que nos cerca. Precisamos admitir que estamos ficando para
trás. Precisamos reconhecer que nossos filhos estão perdendo o interesse pelas coisas do lar. Muitos
deles já não vibram pelas coisas de Deus. A apatia já os contaminou.
Eles estão nas janelas de nossa casa. Estão nas janelas de nossas igrejas e começam a olhar para o
mundão lá fora. Como fala o salmista Asafe, no Salmos 73: Pois eu invejava os arrogantes ao ver o
progresso dos ímpios.
Alguns já estão se comportando como o filho pródigo antes de sair de casa: começaram a se
enjoar do lar e do jeito como ali as coisas são. Filhos que já começaram a questionar os valores até
então aceitos.
Eles já estão nas janelas...
Os primeiros sinais dessa atração fatal já despontam: seu filho repentinamente muda de hábitos,
começa a se vestir num estilo diferente, a ouvir músicas que incitam à rebeldia e incentivam a prática
do pecado e os prazeres da carne.
Há pai e mãe que ainda não se deu conta de que seu filho já não prefere os programas da igreja,
mesmo aqueles produzidos para jovens,
Há pai e mãe que ainda não se deu conta de que seu filho, ou sua filha, já prefere as amizades dos
colegas de escola, de trabalho, do prédio, ou do bairro.
Alguns já perderam a motivação da vida espiritual. Já trocaram a Bíblia, por Play Boy, Capricho,
Marie Claire, Trocaram a Palavra de Deus por Paulo Coelho. Sabem muito sobre Brida, O Alquimista
e já não se sentem atraídos à leitura da Palavra do Senhor.
Alguns de nossos filhos já trocaram a meditação da Palavra de Deus, pelo "medita-som", Muitos
deles passam horas e horas a fio com um par de fones enfiados nos ouvidos, ouvindo músicas profanas.
Enquanto estou escrevendo este livro, uma das músicas de maior sucesso é a tal "boquinha da
garrafa". Música maliciosa, de duplo sentido e que incita ao sexo. Fiquei chocado quando há alguns
dias presenciei uma garotinha de quatro anos dançando a tal música na frente de um grupo de irmãos,
no pátio de uma igreja. Todos riam e davam boas gargalhadas, inclusive os pais.
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Tais pessoas não perceberam ainda que é assim que começa a caminhada em direção às janelas
do mundo.
Alguns de nossos filhos já não suportam uma hora e meia de culto, entretanto são capazes de
enfrentar horas numa fila para comprar ingresso para o show de sua banda preferida e depois
conseguem ficar de três a quatro horas em pé, pulando e vibrando, quase em êxtase.
Alguns de nossos filhos estão nas janelas. Olhando para o mundo com vontade de mergulhar de
cabeça. Há pai que ainda não sabe, ainda não descobriu que seu filho já experimentou drogas, e o que é
pior... gostou da experiência.
Há pai e mãe que ainda não se deu conta de que seu filho e sua filha, embora solteiros, filhos de
evangélicos, batizados, membros de uma igreja ...apesar disso tudo, já têm uma vida sexual ativa. Estão
transando com regularidade. Já não carregam mais um exemplar da Bíblia, entretanto não dispensam a
cartelinha de anticoncepcionais e, na bolsa ou na carteira, uma camisinha.
Estou me lembrando da cena constrangedora que vivi, juntamente com um grupinho de jovens
recém-saídos de um "encontrão". O culto tinha sido vibrante: os cânticos, a banda, o estudo bíblico.
Casualmente, um jovem segurava uma Bíblia nas mãos. Alguém lhe pediu um número telefônico. Ele
prontamente pegou sua carteira e, ao abri-Ia, deixou cair um envelope de preservativos. O
constrangimento foi geral. Nem o jovem, nem mesmo eu sabíamos onde pôr a cara. Todos ficamos
embaraçados. Entretanto essa é a realidade em muitas igrejas. É a realidade de muito jovem. Pode ser a
realidade de seu filho neste momento. Se você não ficar atento, de repente sua filha solteira aparecerá
grávida e complicará todo um projeto de uma vida caracterizada pela normalidade recomendada pela
Palavra de Deus e pelo "bom senso".
Há pai e mãe inocentes acreditando que seu filho é um bom menino, que sua filha é uma filha
exemplar e recatada. Há pai que ainda não descobriu que os trabalhos escolares realizados em equipe,
podem ser apenas um álibi para programas nada recomendáveis, onde rola de tudo: bebida, orgias
sexuais e droga.
Há algum tempo, uma de nossas filhas apareceu em casa com presentinhos que uma de suas
amigas de colégio havia lhe dado. Posteriormente ela nos mostrou alguns bilhetes, aparentemente
exaltando o amor entre as pessoas. Até aí, tudo bem. Entretanto nossa filha começou a ficar
incomodada, pois sua colega não desgrudava dela. Como sabíamos que elas faziam parte da mesma
equipe de pesquisa e de trabalhos, resolvemos conhecer melhor a tal amiga. Convidamos a colega para
um almoço. Qual não foi o nosso susto, ao descobrir que era uma lésbica com larga experiência com
outras parceiras de aula. Hoje, sabe-se aqui em nossa cidade da fama que ela goza entre os jovens: um
"sapatão". Sua opção de vida foi o homossexualismo. Hoje ela tem uma banca de revistas, livros e
vídeos pornográficos e vive "maritalmente" com uma outra mulher.
Graças a Deus nossa filha escapou ilesa dessa experiência que poderia ter comprometido todo o
resto de sua vida. Percebemos em tempo. Sugerimos que ela falasse de Jesus à sua colega e a
convidasse para vir às reuniões dos jovens. Entretanto ela nunca apareceu e nunca quis saber de Jesus
em sua vida; pelo contrário, resolveu assumir sua condição de lésbica.
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"Tem algum beócio (curto de inteligência; ignorante, boçal) que acredita que a tal Bíblia foi
mesmo inspirada por Deus?"
Alguns pais ainda não se deram conta de que seus filhos já não acreditam que a Bíblia é a Palavra
de Deus. E o pior... alguns já duvidam da existência de Deus ou de Jesus ser de fato filho de Deus.
Alguns já foram convencidos de que Jesus foi um profeta a mais, nascido da relação sexual entre
Maria e José e que Jesus acabou tendo casos amorosos com diversas "Marias" e que morreu de velho
numa das montanhas da Índia.
Alguns de nossos filhos já começam a concordar com a deputada que propõe a regularização das
relações entre lésbicas e homossexuais. Ou já aceitam com naturalidade a proposta do Fernando
Gabeira de liberar o uso da maconha. Eles já estão nas janelas e já começaram a dormir espiritualmente
e, estão prestes a cair.
Há muito marido que ainda não se deu conta de que sua mulher também está na janela. Esposas
que começaram a ficar cansadas da rotina e monotonia do lar e já começaram a olhar para fora. Estão
começando a invejar outras mulheres, suas amigas ou vizinhas que estão se libertando da escravidão do
casamento.
Algumas esposas já estão questionando esse negócio de submissão ao marido, liderança ou
sacerdócio do marido... Algumas delas já foram atacadas pelo vírus das novelas que têm ensinado e
incentivado, de modo sutil, a rebeldia, a infidelidade, o desrespeito, a prática escancarada do pecado.
Há esposa por aí, apaixonada por outro homem. Por enquanto ê só na cabeça, mas... se pintar um
clima... não se sabe o que ela ê capaz de fazer.
Há marido que ainda não percebeu que a esposa está trocando a educação dos filhos por uma
atividade profissional, mesmo que, financeiramente, eles não estejam precisando, mas ê uma questão
de autonomia, de independência financeira, enfim, de liberdade.
Essas mulheres ainda não perceberam que pouco estão influenciando o caráter de seu filho. Não
se deram conta de que seus filhos estão sendo educados e influenciados pela empregada domestica, a
babá.
Influenciados pelos comunicadores da programação, pretensamente infantil, da televisão e pelos
coleguinhas do prédio, ou da rua.
Há marido que ainda não se deu conta de que sua esposa já não lê tanto a Bíblia, mas não passa
sem comprar e ler Capricho, Marie Claire, Claudia que vivem defendendo padrões contrários aos da
Palavra de Deus.
Há marido que ainda não percebeu que a esposa já não estranha tanto, até já está aceitando esse
negócio de partir para um novo relacionamento' caso o marido seja um chato.
Há marido que ainda não se deu conta das ameaças de separação que sua mulher já fez...
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Há marido na janela...
A solução para esse problema foi apresentada por Paulo. É preciso interromper o que se está
fazendo. É preciso parar de trabalhar tanto e começar a dar mais atenção aos nossos filhos É preciso
descer para o nível onde nossos filhos estão.
Falar sobre os assuntos que lhe são pertinentes. É preciso "perder tempo com eles", inclinar-se
sobre eles. É preciso abraçá-los. Só assim tornarão a viver.
É preciso resgatar a qualidade dos nossos relacionamentos dentro do lar. Muito marido coopera
para que sua esposa caminhe para a janela. É preciso gastar tempo com ela. Conversar, perguntar como
foi seu dia. Perguntar como está se sentindo. É preciso conversar sobre seus temores, ansiedades,
sonhos e frustrações. Esposas precisam sentir-se mais do que "donas de casa". Elas querem ser tratadas
como companheiras, parceiras. Elas precisam ser valorizadas.
Do mesmo modo as esposas precisam redescobrir a tremenda ferramenta que ê o diálogo e tirar
dele todo o proveito. Mais adiante reservamos um capítulo especial para tratar desse tão importante
assunto.
Se você não priorizar suas relações pessoais, se você ficar aí parado, vendo a banda passar, então
não se espante se um dia desses você perceber que seu filho dormiu e caiu. Não se espante se sua
esposa cair. Não se espante se seu marido morrer para você, e de repente você se vir sozinha.
A Bíblia está repleta de exemplos de relacionamentos significativos. Veja estes:
O relacionamento entre essas duas mulheres era tremendamente significativo. Os laços que as
uniam eram muito fortes. Rute deixa bem claro a Noemi que nada poderia separá-las. Somente a morte
seria motivo para cessar o relacionamento entre as duas.
Jônatas e Davi. J Samuel 20.17 Jônatas fez jurar a Davi de novo, pelo amor que este lhe tinha,
porque Jônatas o amava com todo o amor da sua alma.
Se você tiver tempo, tome sua Bíblia e dê uma boa lida nos primeiros capítulos do segundo livro
de Reis. Seguramente você perceberá a belíssima relação entre o profeta Elias e seu discípulo Eliseu. O
texto citado acima é parte de um diálogo muito interessante no qual Elias tenta dissuadir Eliseu de
acompanhá-lo numa viagem de Samaria a Betel, depois Jericó, e finalmente às margens do Rio Jordão.
A narrativa mostra a grande fidelidade e a profunda ligação que Eliseu tinha com Elias. Após três
tentativas de dissuadir Eliseu de continuar a viagem, o profeta Elias recompensa seu discípulo com uma
pergunta: "Pede-me o que queres que eu te faça, antes que eu seja tomado de ti." Eliseu então pede que
ele lhe dê porção dobrada do seu espírito e isso lhe é concedido.
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Ao estudar a vida desses dois grandes profetas, percebe-se o companheirismo. Eliseu acaba por
adotar um estilo quase idêntico ao de Eliseu, isso por causa da intimidade que os caracterizava. O
modelo foi reproduzido.
Provérbios 15.30
O olhar do amigo alegra o coração; as boas novas fortalecem até os ossos.
É verdade. O olhar de um amigo, ou de uma amiga, é capaz de nos estimular, encorajar. Muitas e
muitas vezes fui influenciado a continuar no ministério em que me encontro, pelo apoio de meus
amigos e irmãos de fé. Vários deles não precisaram dizer muitas palavras. Entretanto no seu olhar havia
um brilho de amor, de estímulo e de esperança.
A igreja de Jesus precisa redescobrir as bênçãos do "olhar amigo" e da força que as palavras de
vida podem ter sobre o espírito dos homens.
Provérbios 27.9
Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim o amigo encontra doçura no conselho cordial.
Ninguém se sente bem em locais que exalam mau cheiro. Ninguém se sente bem quando está
impregnado de odores estranhos. Contudo, como é gostoso estar ao lado de pessoas perfumadas. É isso
que o escritor de Provérbios quer dizer. Amigos nos fazem sentir bem, mesmo quando nos advertem
através de conselhos.
Uma vez, cerca de 15 anos atrás, ouvi o Pr. Caio Fábio pregar sobre Romanos 16. Quando
começou a ler o texto eu me perguntei: o que é que este homem vai tirar de uma saudação de final de
livro? Que sermão ele vai tirar da manga?
De fato, aparentemente, esse texto Bíblico não passa de uma saudação. Entretanto está cheio de
afirmações e insinuações que apontam para a vida fantástica dos relacionamentos do apóstolo Paulo.
Veja Romanos cap. 16:
Nos v.1 e 2: - Paulo chama Febe de irmã.
- Paulo recomenda Febe.
- Paulo reconhece que ela serve à Igreja de Jesus em Cencréia.
- Paulo solicita que os irmãos da igreja em Roma a recebam, como convém a santos, e a ajudem
em tudo de que ela vier a precisar. - Paulo afirma que Febe foi sua protetora.
Nos v.3 e 4: - Paulo se refere a seus amigos Áquila e Priscila como cooperadores que arriscaram
sua vida por ele.
No v.5: - Paulo se refere a Epêneto, como "querido". Numa outra tradução temos o termo
"amado".
No v.6: - Paulo reconhece que Maria trabalhou muito pelos irmãos.
No v.7: - Paulo se refere a seus amigos Andrônico e Junias como "notáveis".
No v.8: - Paulo chama Amplíato de "dileto amigo". Em outras versões aparece a expressão
"Amado no Senhor".
E assim por diante. Se continuar estudando esse último capítulo de Romanos, você vai perceber
como a vida de Paulo era rica de amizades e de relacionamentos significativos.
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Filipenses 1.8
Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de
Cristo Jesus.
Note como Paulo estava envolvido com as pessoas. Ele levava seus relacionamentos a sério. O
texto bíblico acima mostra Paulo sentindo saudades de seus discípulos. Você há de convir que só
sentimos saudades, quando estamos envolvidos intensamente com as pessoas a quem amamos. O
cristianismo de nossos dias está emperrado porque não se deu conta de que um dos segredos da vida
cristã é esse envolvimento genuíno com o próximo, fruto do amor do Senhor em nossas vidas.
Capitulo 2
A Importância da Amizade na Vida do Discípulo de Jesus
Passei algum tempo observando algumas pessoas que eram profundamente amadas.
Constatei que todas elas acreditavam que as pessoas eram uma dádiva de Deus e que constituía
uma fonte básica de felicidade. Davam importância às suas amizades. Por mais ocupadas que sejam,
tais pessoas sempre arranjam um jeito para dar tempo a seus amigos.
Há um velho ditado que diz: "Deus pôs à nossa disposição coisas para usar e pessoas para com
elas nos alegrarmos."
É preciso priorizar nossos relacionamentos e amizades. Amizades não acontecem por acaso. Elas
podem ser iniciadas por um acaso, entretanto não se desenvolvem por acaso. Amizades profundas têm
de ser cultivadas por anos a fio: noites curtas, passeios e muito tempo para se conversar. Exige-se que o
televisor, muitas vezes, seja desligado. Que o jornal ou revista sejam postos de lado. Que os afazeres do
lar ou profissionais sejam interrompidos.
Por estranho que pareça, algumas pessoas têm medo de começar amizades por temerem a dor de
perdê-las mais tarde. Entretanto, pessoas que souberam fazer grandes amizades e amaram intensamente
a seus amigos, mas que por alguma circunstância vieram a perdê-las, testificam que, assim mesmo,
valeu a pena. Tennyson, homem de grande personalidade, afirmou após a morte de um de seus
melhores amigos: "É melhor ter amado e perdido do que jamais ter amado."
Bernard Shaw, disse certa vez sobre o assunto:
"O caminho mais seguro para sentir-se miserável é arranjar tempo suficiente para ficar pensando
se somos felizes ou não." Não se descobre a felicidade perseguindo-a. Na maior parte das vezes, ela é
um subproduto que nos é dado quando estamos nos entregando a outros."
Jesus afirmou diversas vezes, em situações distintas, que o homem se encontra a si mesmo
quando a si mesmo se perde.
Deus ama através dos homens. Jesus, meu melhor amigo, faz-me sentir e viver seu amor através
dos homens e das mulheres que colocou em torno de mim, em minha família, em minha igreja, no meu
trabalho, em meu grupo de discipulado.
Jesus é meu melhor amigo, mas preciso de outros amigos a meu lado que me façam sentir,
exprimir e viver com eles essa amizade suprema que dá sentido a todas as outras coisas.
Preciso de amigos, antes de tudo, para conhecer a mim mesmo. Preciso de um espelho para ver o
meu rosto. Preciso de um amigo para ver a minha alma: preciso de sua presença, de sua paciência, de
sua intuição, de suas reações, de seu amor, para que reflitam os traços de minha alma.
- 11 -
Uma comunidade, uma igreja, ou um lar começam a formar-se e a estender suas raízes, quando se
faz um esforço para acolher e amar cada um, tal como é. (Romanos 15.7).
TESTE
1. Quando as coisas ficam difíceis e você se sente péssimo, você tem um amigo a quem pode
contar o que está acontecendo?
( ) SIM ( ) NÃO
2.Você tem um amigo(a) a quem possa expressar qualquer pensamento honesto, sem medo de
parecer tolo?
( ) SIM ( ) NÃO
3.Você tem um amigo que lhe permite contar todo um problema sem lhe dar conselhos? Que
esteja disposto a apenas ouvi-lo ?
( ) SIM ( ) NÃO
4.Você tem um amigo que tem liberdade de dizer que você está em pecado? Ou que não está
raciocinando bem?
( ) SIM ( ) NÃO
5.Você tem um amigo que ficaria a seu lado mesmo depois de você fracassar moralmente?
( ) SIM ( ) NÃO
6.Você tem um amigo com quem você sente que juntos enfrentam a vida?
( ) SIM ( ) NÃO
7.Você tem um amigo a quem realmente pode confidenciar os mais profundos segredos e
pensamentos do coração e ficar tranqüilo que ele não passará adiante?
( ) SIM ( ) NÃO
8.Quando você é autêntico e transparente para com seu amigo, sente-se convencido de que ele
não o rejeitará?
( ) SIM ( ) NÃO
08S: Se você não marcou mais do que 7 itens positivamente, eu o aconselho a fazer uma pequena
revisão nessa área de sua vida.
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NOSSA REAÇÃO DIANTE DA PRESENÇA DE OUTRAS PESSOAS QUE CRUZAM O
CAMINHO DE NOSSA VIDA
SIMPATIA
Em qualquer grupo ou comunidade, é quase certo que pessoas parecidas atraiam-se e aproximem-
se. É muito gostoso estar ao lado de alguém que me agrada, que tem as mesmas idéias, o mesmo estilo
de vida, o mesmo tipo de humor, a mesma linguagem, os mesmos gostos, a mesma cultura, o mesmo
padrão de vida.
Nesse caso, as pessoas são alimento uma para o outro. Há elogios mútuos como: "Você é
maravilhoso." - O outro então responde: "Você também..." Nesse nível as amizades tendem a cair
rapidamente num clube de mediocridade. Um clube fechado extremamente elitizante.
Tais amizades podem tornar-se sufocantes e passam a constituir-se numa barreira que impede de
se caminhar em direção aos outros, e suprir as suas necessidades.
Com o passar do tempo, certas amizades tornam-se uma dependência afetiva altamente nociva e
escravizadora.
ANTIPATIA
É muito comum surgirem no meio da comunidade a que pertencemos as pessoas antipáticas.
Nossa tendência é afastar-nos delas. Entretanto elas são pessoas preciosas por cuja a salvação Jesus
também morreu.
O que Jesus espera de mim é que eu venha a amá-las independente do seu jeito de ser. Vamos
considerar quem são os antipáticos. São:
1.Aqueles com quem não me entendo.
2.Aqueles que me bloqueiam.
3.Aqueles que me exortam freqüentemente.
4.Aqueles que abafam o progresso da minha vida.
5.Aqueles que se opõem às minhas idéias e propostas.
6.Aqueles que me questionam.
7.Aqueles que fazem nascer em mim sentimentos de inveja e de ciúmes. Eles são o que eu
gostaria de ser. Sua presença lembra-me o que não sou.
8.Aqueles que me incomodam porque exigem muito de mim. Não posso responder à sua
incessante carência afetiva. Sinto-me na obrigação de afastá-los.
9.Aqueles que me irritam por causa de seu comportamento.
Tais pessoas despertam em mim, aquilo que chamamos de antipatia. Tenho dificuldade em aceitá-
las como são, se comportam e não rara às vezes, elas se tornam minhas inimigas. Alimento em relação
a elas um certo tipo de "ódio psicológico", não moral. Ás vezes gostaria de livrar-me delas e desejaria
que não existissem.
Esses pensamentos levam-me a concluir e optar pelas chamadas "panelinhas", que são um perigo
para o desenvolvimento da unidade em nossa comunidade. Na verdade, o brotar da antipatia, revela
uma vida espiritualmente imatura.
Uma comunidade só é comunidade quando a maioria de seus membros decidiu conscientemente
quebrar essas barreiras e sair do aconchego das amizades convenientes para estender a mão a todos
indistintamente, inclusive aqueles que nos parecem "chatos". antipáticos.
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Capitulo 3
Tipos Possíveis de Relacionamento
1. DEPENDÊNCIA
Essencial na infância, podendo, em certos casos manifestar-se na idade adulta. Quando não é
essencial, gera uma espécie de escravidão mental, física, emocional, social e espiritual, que não permite
as relações de comunhão. Para que se estabeleça a dependência, a pessoa dependente tem de renunciar
a uma parte de seu pensamento, sentimento, e vontade.
A dependência pode ter a forma de uma simbiose (simbiose significa convivência de dois
organismos distintos: "sim" = junto e "bios" = vida). A simbiose pode ser completa, ou seja, de
dependência mútua; ou parcial, em que um dos membros é o dependente, enquanto o outro mantêm sua
individualidade intacta.
Isso pode ser explicado porque na cabeça de tal pessoa só existem duas opções: agüentar a
angústia e a dor da solidão ou vender parte, ou toda a sua vontade para conseguir a segurança da
aceitação. Por outro lado o indivíduo que aceita o jogo do dependente, o faz para sentir-se valioso e
acaba tornando-se um escravo dessa relação pois passa a se responsabilizar pelos pensamentos,
sentimentos ou ações do outro.
2. ANTIDEPENDÊNCIA
É uma forma especial de dependência, na qual um indivíduo, em lugar de submeter-se aos desejos
ou critérios do outro, passa a adotar uma atitude sistemática de rebeldia e oposição. Tal comportamento
é tão escravizante quanto a submissão cega, já que ambas dependem de um padrão de conduta imposto
por outra pessoa, ante o qual ou se submete, ou se rebela.
Esta postura nasce quase sempre num coração amargurado e rancoroso que pode gerar
sentimentos concomitantes de ódio ou inveja. Os adolescentes, que não foram educados e mentoreados
por seus pais de modo saudável - podem desenvolver essa postura. Eles se rebelam e passam a fazer
oposição sistemática aos seus pais ou qualquer outra pessoa que adquira o papel de autoridade ou
liderança.
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3.A INDEPENDÊNCIA
Acontece quando, nas relações, são eliminados os problemas anteriores, e os indivíduos mantêm
sua individualidade e seu direito de autodeterminação, numa relação sem compromisso, como numa
espécie de negócio relaciona!, em que o "eu "se sobrepõe ao "nós". Cada um vive seu projeto de vida
sem se importar ou dar satisfação aos outros.
É uma relação perigosa, pois gera e nutre uma postura egoísta e contrária aos ensinos de nosso
Mestre Jesus. Seus ensinos sempre nos incentivam a viver uma vida "outrocêntrica" onde o próximo é
muito importante e faz parte da nossa realidade. Além do mais, pessoas que adotam este tipo de atitude,
dificilmente podem experimentar a prática do amor, da compaixão, da misericórdia e outros
sentimentos tão importantes para o estabelecimento de um caráter maduro e saudável.
4. INTERDEPENDÊNCIA
É um estilo de relações caracterizado pelas atitudes mutuamente comprometidas entre os
membros de um grupo (célula de discipulado, casal, família, equipe de líderes, comunidade), nas quais
se tende a aprofundar as relações de comunhão, colocando, cada um, o melhor de si a serviço de um
projeto histórico comum que os faz sujeitos, e, não objetos, da História, guardando cada qual a sua
autonomia.
É a única relação que permite o maior aprofundamento da comunhão: transcende e vai mais além
da simples soma das pessoas. Ela permite que vivamos uma comunidade de relações especiais na qual
se requer que todas as pessoas participem e contribuam a partir de sua individualidade, mas a caminho
do enriquecimento da comunidade.
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ETAPAS DO PROCESSO DE INTER-RELAÇÃO
1. ETAPA DA ILUSÃO
Essa é uma etapa onde cada uma das pessoas tem uma imagem ideal das outras pessoas e do
grupo. Vemos as pessoas e o grupo, como gostaríamos de vê-tos e não como elas são na realidade. É a
etapa "cor-de-rosa".
É aqui que as pessoas fazem uso de diversas máscaras e assumem papéis que lhe são
convenientes. As relações são superficiais e de fachada. As pessoas consomem boa dose de energia
emocional preocupadas em criar, desenvolver e manter uma imagem quase sempre fictícia.
Qualquer que seja a representação ou papel desempenhado, geralmente isto se tornará um
obstáculo à nossa autenticidade e à boa comunicação. Isto porque passamos a ensaiar nosso papel todos
os dias e fazendo assim - perdemos gradualmente o contato com quem realmente somos.
Não sabemos discernir onde termina nossa fantasia e nossa mascara e onde começa nosso
verdadeiro "eu".
Dificilmente, nesta etapa, (ilusão) as pessoas se abrem de fato um para o outro. Da mesma forma
tentam se ocultar, bem com seus mais sérios problemas pessoais.
Em outras palavras as pessoas brincam de faz de contas. Cada um cria a sua fantasia sobre si
mesmo e sobre os outros e passam um bom tempo tentando construir relacionamentos que visam a
satisfação de seu "ego".
EXERCÍCIO
Tente identificar-se com alguns desses nomes que se encontram na próxima página. Quais seriam
os nomes dos personagens desempenhados por você ultimamente?
Faça um circulo ao redor do nome que mais se aproxima de Seu papel no teatro da Vida. Se não
encontrar um, crie o seu, você mesmo.
Mãos à obra.
1. Relações Públicas
2. Formiguinha
3. Cigarra
4. Batalhador (a)
5. Valentão
6. Sedutor (a)
7. Pavio Curto
8. Desanimado (a)
9. Capaz
10. Pateta
11. Porco-espinho
12. Tímido (a)
13. Macho
14. Esperto (a)
15. Decepcionado (a)
16. Incrédulo (a)
17. Conformado (a)
18. Desesperado (a)
19. Desastrado (a)
20. Boa Forma
21. Tagarelo (a)
22. Sorriso
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23. Agarra Tudo
24. Esperança
25. Bagunça
26. "o (a) terrível"
27. "o (a) Lutador (a)"
28. Maridão
29. Cansado (a)
30. Deprimido (a)
31. Amargura
32. Sonhador (a)
33. Gangorra
34. Mulher de Verdade
35. Conformado (a)
36. Espectador
37. Prisioneiro (a)
38. Ciumento (a)
39. Complicado (a)
40. Brincalhão (ona)
41. Enigmático (a)
42. Confuso (a)
43. Indeciso (a)
44. Correria
45. Doentinho
46. Manequim
Normalmente as pessoas deixam de ser autênticas para representar algum papel conveniente que,
de alguma forma, possa satisfazer as necessidades do seu ego. Por exemplo:
... Doentinho (a) - adota esse papel para atrair a atenção e carinho dos outros.
... Brincalhão (ona) - vive fazendo gracinhas como maneira de desviar a atenção dos outros;
assim restam poucas chances de se revelarem os reais problemas que o afligem.
... Maridão - exagera seu carinho e cuidado com a esposa, muitas vezes para compensar ou
disfarçar uma outra paixão, paralela.
... Cigarra - procura, através dos prazeres da vida e especialmente da carne, abafar as crises
internas que tanto a deprimem.
É nessa fase (da ilusão) que se trata de:
- fazer coisas e mais coisas (ativismo).
- fazer rir.
- fazer de conta que não se viu o erro.
- exercer ao máximo a diplomacia.
- abafar a autenticidade em favor da paz. - sonhar.
- fazer promessas.
- contar vantagens.
- exagerar possibilidades.
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RECOMENDAÇÕES ÚTEIS
1..Tente ser honesto consigo mesmo.
2.Tente descobrir por que você age desse modo.
3.Procure aprender a ser você mesmo e não aquilo que os outros gostam que você seja.
4.Lembre-se: a viagem mais longa de uma pessoa é aquela que ela faz para dentro de si.
5.Nesse processo, você sempre corre alguns riscos, como:
- escandalizar as pessoas.
- não ser compreendido
- perder amigos que só gostavam da sua máscara.
- conhecer quem você realmente é.
RECOMPENSA
Se você estiver disposto a correr esses riscos, como afirma Loretta Brady em seu livro "Arrancar
Máscaras - Abandonar Papéis":
"...então sua coragem colherá magníficas recompensas: a estátua ganhará vida; a Bela
Adormecida acordará. Você ficará conhecendo quem você realmente é".
Talvez, pela primeira vez você perceba com clareza onde termina um papel e onde começa o
verdadeiro "eu". Sua verdadeira identidade sairá por detrás da máscara, do fingimento, da hipocrisia.
Seus relacionamentos serão mais autênticos e genuínos.
- formação,
- gostos,
- culturas,
- poder aquisitivo, - reação,
- habilidades,
- temperamentos.
Descobrem que são maiores os problemas que as separam do que o vínculo que as une. Os
acontecimentos podem ser insignificantes ou sérios, de muita ou pouca importância; tudo é
dramatizado. O incômodo surge, o silêncio se espalha, cresce a apatia, mostram-se os olhos desligados,
a angústia... enfim... a crise.
Essa crise pode descambar para o divórcio comunitário.
1. DIVÓRCIO COMUNITÁRIO
Se a etapa da desilusão não for superada, então corre-se o risco de caminhar para um processo
gradual de separação e de desintegração das relações.
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SINTOMAS DO DIVÓRCIO COMUNITÁRIO
1. Tristeza coletiva.
2. Desilusão e vazio.
3. Falta de interesse pelas coisas do outro.
4. Falta de diálogo.
5. Falta de comunicação efetiva.
6. Desinteresse pelas atividades do grupo.
7. Freqüente mau humor e tensão.
8. Sentimento de solidão e de incompreensão.
9. Ridicularizações e sarcasmos generalizados.
10. Falta de entusiasmo.
11. Falta de fé nos ideais do grupo.
12. Desinteresse pelos estudos, leituras e tarefas.
13. Vida espiritual individualizada.
14. Insultos e grosserias.
15. Atividades paralelas e concomitantes.
16. Freqüentes discussões.
17. Ausências sem justificativas.
18. Vida de egoísmo e individualismo.
19. Não compartilhamento da vida.
20. Falta de atenção.
21. Esquecimento de compromissos do grupo.
22. Questionamento da autoridade do líder.
23. Murmuração sobre atividades e programas.
24. Falta de continuidade no programa.
25. Ausência de comunicação e relação pessoal informal (extra programa).
26. Mais confiança em outros que não são da comunidade ou grupo.
27. Prioridades profissionais ou de lazer acima da comunidade.
28. Comparações a respeito de outros grupos.
Capitulo 4
Qualidade de Nossos Relacionamentos
1. DECISÃO DE CULTIVAR OS RELACIONAMENTOS
Relacionamentos não acontecem automaticamente, ou casualmente. Eles envolvem uma
determinação consciente de querer dar o primeiro passo. É uma questão de vontade e de decidir andar
pela fé, uma fé que crê ser a Palavra de Deus mais verdadeira do que qualquer sentimento humano.
"É preciso cultivar amizade, mais do que esforçar-se por projetar uma imagem de líder, ou de
autoridade." (Larry Cor).
A amizade baseia-se num intercâmbio entre pessoas que dão e que recebem. O grau de amizade
entre duas pessoas varia de acordo com a capacidade que cada uma tem de liberta-se do "ego" e dar, e
depende também da capacidade de se aceitar o que está sendo dado.
A Bíblia dá muita ênfase à camaradagem entre os filhos de Deus que devem viver em
interdependência (mutualidade) e um interesse pelos problemas uns dos outros.
Em I João 1.7 está escrito: Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos
comunhão uns com os outros...
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Pv 17.17 diz: Em todo o tempo ama o amigo e na angústia se faz o irmão.
No livro "Arrancar Máscaras! Abandonar Papéis! - de John Powell e Loretta Brady -
encontramos as seguintes afirmações sobre decidir-se por melhorar nossos relacionamentos:
"...o início de toda comunicação bem sucedida é o desejo - desejo de se comunicar. Esse desejo
não pode ser vago e transferível. Tem de ser um firme estado de espírito, uma resolução interior, uma
promessa concreta feita a nós mesmos e àqueles com quem estamos tratando de nos relacionar..."
Tudo isso nos dá a impressão de que o compromisso da comunicação exige uma vontade de ferro.
A verdade é que não existe essa coisa de "vontade forte". O que é forte ou fraco em nós é a motivação.
Quando alguém está altamente motivado parece ter vontade forte e determinada.
O segredo da força de vontade está na força da motivação.
A vontade reage em proporção direta aos motivos propostos e compreendidos. Podemos fazer
coisas incríveis se estivermos suficientemente motivados.
Empenhar-se é, claramente, uma questão de prioridades. Todos conhecemos a importância das
prioridades, por experiência pessoal. Se temos cinco coisas a fazer no mesmo dia, de alguma forma
conseguiremos realizar aquelas às quais dermos prioridade. Na verdade fazemos aquilo que julgamos
ser importante.
BLOQUEIOS NA COMUNICAÇÃO
Quase todos nós usamos, de modo conveniente, certos bloqueios para, deliberadamente, deixar de
ouvir outra pessoa. Esses bloqueios são verdadeiros empecilhos e inimigos de uma boa comunicação.
Quais as razões que me levam a erguer tais bloqueios?
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l. Muita preocupação com a minha agenda e o meu próprio programa de atividades.
2. Receio de que venha a me concentrar em outra pessoa e deixe de pensar em mim.
3. Receio de que se o rio de sua dor correr para o meu mundo, ficarei alagado.
4. Medo de pagar caro por escutar alguém.
5. Medo das conseqüências da intimidade.
6. Preconceito.
7. Impaciência.
8. Insensibilidade.
9. Prioridades mal formuladas.
lO. Falta de amor.
11. Falta de perdão.
12. Orgulho, soberba.
13. Falta de humildade.
14. Traumas do passado não resolvidos.
15. Pessimismo.
16. Desinformação.
17. Falta de interesse.
18. Falta de atenção.
19. Antipatia.
20. Independência.
21. Antidependência.
22. Falsidade
23. Aspereza.
24. Julgamentos precipitados.
- 21 -
O PERFIL DO IMPACIENTE
-irrequieto.
-explosivo.
-grosseiro.
-não consegue raciocinar.
-não tem calma.
-amargurado.
-semblante carregado.
- irritadiço.
-propenso a dizer palavras duras e maldosas.
-Desrespeita facilmente os outros.
-Machuca com freqüência as pessoas.
-Torna-se um murmurador.
-Levanta contendas com facilidade.
-Tem dificuldades em ter amizades estáveis e profundas.
-Corre o risco de cometer "loucuras".
CONHECER-SE A SI MESMO
Se quisermos defrontar-nos de maneira eficaz com a realidade quotidiana, é preciso conhecermos
a fundo nossa própria identidade. O conhecimento do outro nasce do conhecimento que tenho de mim.
Uma máxima de Goete afirma: "Se quiseres conhecer-te a ti mesmo, observa o que fazem teus
vizinhos. Se quiseres conhecer teus semelhantes, penetra em ti mesmo."
A maioria das pessoas faz exatamente o contrário, isso porque, de maneira habitual, somos
objetivos ao observar a nossos semelhantes e, subjetivos, ao observar a nós mesmos, pois não é fácil
sermos objetivos ao julgarmos nossa própria situação.
A integração entre pessoas é adquirida com o tempo e pressupõe a combinação de metas
alcançáveis, trabalho duro e uma boa dose de sacrifício, além da disposição de correr riscos.
Quando me compreendo melhor e quando passo a compreender o outro, acabo por entender como
a individualidade se desenvolve num contexto social e interpessoal e isto me proporciona um estilo de
vida rico e com menos possibilidades de conflitos interpessoais.
Outra consideração interessante refere-se ao fato de se observar a conduta do "eu" quando se
envolve numa experiência social. Em outras palavras, quando eu estou vivendo a minha
individualidade, eu me comporto de um determinado modo.
Entretanto, quando estou me relacionando com outras pessoas, passo a viver um outro
comportamento, afetado pela presença de outras "individualidades". Deveríamos nos disciplinar para
continuarmos a viver nossas relações sociais sem perder a autonomia.
- 22 -
Conhecer-se a si mesmo significa integrar a personalidade com seus sentimentos simultâneos de
adequação, capacidade, dignidade pessoal, segurança, valor. Veja o exemplo na vida de Paulo:
d) Valor. 2 Tm 1.6
Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus, que há em ti pela imposição de
minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado um espírito de covardia, mas de poder, de amor e de
moderação.
Tudo isso pode ser experimentado, vivido. Na verdade, trata-se de uma atitude, ou conjunto de
atitudes que devem ser aprendidas e adquiridas. O que significa que, ás vezes, as atitudes "más" devem
ser substituídas por outras mais positivas.
Não podemos duvidar de que as experiências do passado exercem enorme influência sobre a
conduta do presente. É impossível modificar aquilo que ocorreu. Mas sempre é possível mudar o que
pensamos a respeito.
As experiências passadas são imutáveis, mas podemos modificar os sentimentos a seu respeito, e
esse, sem dúvida, é um grande passo em direção à formação de unia sólida personalidade integrada.
Do mesmo modo como podemos aprender uma orientação positiva ante uma realidade, também
podemos aprender a pensar de modo construtivo a respeito de nós mesmos.
O desenvolvimento de um conceito satisfatório do "eu" é o primeiro dos requisitos essenciais para
desenvolver uma boa imagem de si. Como conseqüência, estaremos muito mais preparados para
entender os outros.
- 23 -
Capitulo 5
Níveis de Identidade
Todo ser humano tem a necessidade fundamental de ter um conceito correto sobre si mesmo. Em
outras palavras, é preciso conhecer o seu próprio "eu". É horrível e frustrante conviver com pessoas que
têm uma imagem negativa ou distorcida de sua própria identidade.
O QUE É AUTO-IDENTIDADE?
1. NÍVEL FÍSICO
É o nível onde a auto-identidade se estabelece em termos físicos, do próprio corpo. É aí que as
habilidades físicas e as qualidades estéticas adquirem uma grande importância para a pessoa que se
determina a auto-avaliar-se por esse nível.
Se não forem tomadas certas precauções, nesse nível a pessoa pode ser levada a uma preocupação
exagerada com seu corpo. Tudo será feito para que ele seja mantido sadio, bonito, forte, juvenil. É
nesse nível que brotam os "narcisistas", que vivem se embevecendo com seu próprio corpo.
Mais do que nunca, hoje estamos vivendo um verdadeiro culto ao corpo. Há toda uma indústria e
comércio voltados para esse nível. Academias, clínicas do tipo SPA - para manutenção ou rejuve-
nescimento, ou então medicina especializada em regimes e dietas de emagrecimento, saunas,
massagens, ginásticas aeróbicas, coopers, tratamentos de pele, cirurgia plástica, cabeleireiros,
esteticistas, modistas, estilistas, costureiros etc... todos esses são subprodutos do consumismo
exagerado, criados para atender à enorme demanda daqueles que vivem nesse nível de auto-identidade,
o do corpo.
É nesse nível que se situam os que vivem dando excessiva atenção à sua aparência, quanto ao
vestir, quanto à estética, ou viverem com a preocupação um tanto ingênua, às vezes até ridícula, de
esconder os sinais de envelhecimento.
Tais pessoas correm o risco de acabar como Narciso que, de tanto contemplar e curtir nas águas
sua beleza, morreu afogado dentro de sua própria imagem.
Pessoas assim, tornam-se escravas dessa auto-imposição de estar sempre em forma, sempre
bonitas, sempre jovens, sempre com boas roupas e assim por diante. O espelho passa ser um cruel algoz
que sempre está pronto a denunciar a realidade.
Quando uma doença bate à porta dessas pessoas, seu mundo desaba. Quando não conseguem
fazer determinado regime, ou quando não podem comprar certo tipo de roupa... deprimem-se e sofrem
terrivelmente.
Outros são escravos dos paradigmas impostos pelos meios de comunicação. Em outras palavras, o
conceito de beleza passa a ser aquele fornecido pelos esteticistas, pelos costureiros, pelas agências de
propaganda, pelas novelas.
As vítimas desse estilo de vida nunca estão satisfeitas com a sua beleza, suas roupas, suas formas,
seu peso e assim por diante...
- 24 -
2. NÍVEL PSÍQUICO
Este nível é superior ao anterior. É uma outra possibilidade de nos definirmos: a que nos é
oferecida pela referência aos nossos talentos, habilidades, dotes pessoais e qualidades. Por exemplo:
- um QI elevado;
- capacidade de sair-se bem em provas ou concursos;
- certa habilidade nas artes plásticas;
- certas habilidades esportivas;
- um bom desempenho no trabalho ou na escola;
- um bom caráter, um bom comportamento, retidão moral.
Nesse nível a pessoa enfatiza tudo o que sabe fazer e espera conquistar o reconhecimento dos
outros através de um elevado nível de desempenho. Esse nível proporciona uma sensação de valor e dá
um certo sentido positivo à pessoa, entretanto, pode gerar certos riscos evidentes como:
- uma visão parcial da humanidade;
- menosprezo por aqueles que não conseguem o mesmo desempenho;
- orgulho de suas capacidades pessoais;
- impaciência e irritação com outras pessoas que não tenham um bom desempenho ou não valorizem
essas coisas.
Nesse nível psíquico, algumas pessoas podem, perfeitamente estabelece-se dando ênfase a
determinados aspectos, aos quais associam sua identidade. Veja:
- 25 -
Lembro-me do funcionário que trabalhava no Palácio da Alvorada e posteriormente foi
transferido para um outro setor do governo que funcionava numa dependência bem mais simples e sem
luxo. Embora tivesse os mesmos privilégios e um salário melhor que o anterior, ficava deprimido.
É próprio desses indivíduos o viver se preocupando com sua imagem social e com seu desem-
penho. Pouco a pouco a imagem social torna-se fonte de identidade. Como conseqüência a pessoa que
assume essa postura não consegue ficar longe da "badalação", ou seja não consegue viver sem a
bajulação dos outros, pois se determinou a fazer disso o alimento para sua identidade.
- 26 -
Seguramente Jesus sabia que Seu Reino não se efetivaria por meio de campanhas triunfalistas e
faraônicas e nem por shows espetaculares de música e oratória. Entretanto, deveria acontecer por um
processo seguro de ensino, treinamento e transferência de vida espiritual - o discipulado.
Reforçando esse conceito de olhar para as pessoas não como elas eram ou são, mas como poderão
vir a ser, vamos citar alguns exemplos de pessoas que não acreditaram nessa verdade fundamental da
vida.
O pai de Woodrow Wilson vivia dizendo: "Receio que meu filho nunca chegue a ser grande coisa
na vida." Entretanto o tempo passou e Woodrow cai nas mãos de pessoas que viram valor nele e a ele
se dedicaram. Resultado: Wilson veio a ser um dos mais importantes presidentes dos Estados Unidos
da América.
Outro exemplo é o daqueles líderes eclesiásticos da Igreja Anglicana que hesitaram em dar apoio
a Dwight Moody como evangelista. Que gafe tremenda cometeram! Moody veio a ser um dos maiores
pregadores e avivalistas que o mundo evangélico conheceu. Tenho comigo uma enciclopédia que assim
se refere a Moody:
"Seus sermões não tinham nada de novo. Eram simples, sinceros, francos, mas altamente
convincentes. Moody era homem de pouca educação. Sua gramática era horrível, entretanto, foi um
notável exemplo de como uma pessoa pode se transformar num instrumento do poder divino, e assim.
transcender a si mesma."
CONTATO PESSOAL
Lamentavelmente, hoje vivemos uma época em que se dá muito mais importância às multidões
que ao indivíduo.
Nosso modelo, o Mestre Jesus Cristo, enfatizou sempre o contato pessoal. Grande parte de Seu
ministério público, durante cerca de 32 anos, Jesus dedicou-se a indivíduos ou a pequenos grupos.
Nossos dias caracterizam-se pela impessoalidade. Entretanto, é exatamente isso que mais as
pessoas detestam.
O progresso no campo da informática tem afastado as pessoas uma das outras. As grandes
fábricas estão demitindo cada dia mais operário e substituindo-os por máquinas computadorizadas.
Cinemas, teatros são substituídos pelas fitas de vídeo-cassete e DVD. Agora você não precisa ir
tantas vezes ao banco. Você pode perfeitamente fazer suas operações financeiras a partir de seu
telefone, fax, ou computador.
As pessoas querem sair do seu isolamento. Elas querem contatos, convívio. Precisam de pessoas
para lhes ouvirem os desabafos, não querem ser tratadas como números mas como gente, como
pessoas. A população está cansada dos meios de massificação.
É por aí que a Igreja deve se impor. Aliás, sempre foi por esse caminho que ela deixou suas
marcas na História.
A unidade é algo maior que uma mera aproximação física ou geográfica. A unidade é obra do
Espírito Santo e ultrapassa os efeitos de gestos, sorrisos, palavras e atitudes.
A Unidade é algo muito mais profundo e que se vive inicialmente no círculo mais chegado, aliás,
antes disso com Deus, Jesus e o Espírito.
O que caracteriza uma unidade?
O dicionário fala em:
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-grupamento de seres individuais, considerados pelas relações mútuas que existem entre si, por seus
caracteres comuns, pela mútua dependência etc...;
-ação simultânea de diversos agentes que tendem ao mesmo fim;
-aquilo que forma um todo completo na sua espécie;
-união, concórdia de vontades;
-uniformidade, que tem a mesma forma;
-conformidade;
-identidade comum, ligação, reunião, comunhão.
Efésios 4.3-6
...esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vinculo da paz. Há somente
um corpo, e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um
só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de
todos e está em todos.
Reflita:
1. um só corpo – pertinência
2. um só Espírito - possessão
3. uma só esperança da vocação - alvos comuns
4. um só Senhor - um só comando - submissão
5. uma só fé - doutrina - crença nos mesmos princípios
6. um só batismo morte para o passado - morte para velhas diferenças
7. um só Deus e pai - filiação e irmandade
Esse texto bíblico é fantástico. Ele nos faz entender que temos que nos esforçar ativamente, com
zelo, com aplicação para poder preservar a unidade. Em outras palavras, a unidade não se consegue
apenas com estudos bíblicos e oração. É preciso se esforçar. Unidade exige dedicação, trabalho.
Nós os discípulos de Jesus, fomos chamados para viver e agir na unidade. O grande desejo de
Jesus foi a unidade de seus discípulos. Em João 17.20-23, ficaram registradas as palavras de Jesus:
Não rogo somente por estes, mas também por todos aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra; afim de que todos sejam um; e como és tu , ó Pai, em mim e eu em ti,
também sejam eles em nós; para que o mundo creia que me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a
glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, afim de que
sejam apeifeiçoados na unidade para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como
também amaste a mim.
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QUE TAL SER AMOROSO?
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Deus. Para que isso ocorra é preciso desenvolver uma liberdade interna para que me fará chegar ao meu
irmão tal como ele é.
Dia após dia, tenho de me libertar de toda uma série de preconceitos, exigências, etiquetas, e
modelos que obscurecem a imagem que formei dele e dificultam minha relação com ele.
Só posso ser gentil e polido com os outros quando sou livre por dentro. Se estou atado, preso,
fixo, condicionado, se me guio apenas por experiências passadas e recordações fixas, não posso encon-
trar-me com meu irmão tal como ele é, não posso vê-lo, entendê-lo, conhecê-lo tal como é hoje; não
posso reagir de novo diante dele; não posso ser-lhe fiel. Ao deixar meu irmão ser ele mesmo, eu mesmo
me faço mais eu. Isso é maturidade.
Ser amoroso para com aqueles com quem convivo é estar atento a pequenos detalhes de suas
vidas. Às vezes basta um olhar, um sorriso, um elogio, uma palavra oportuna, a palavra certa na hora
certa.
Ser amoroso é uma arte. Arte de sentir a falta dos outros e dar-lhes a entender isso quando
voltam. É a solicitude de descobrir o sofrimento do outro e torná-lo nosso próprio sofrimento. É a
vontade de estar sempre por perto.
Ser amoroso é:
- importar-se com o bem-estar dos outros,
- saber se estão sentindo-se bem, ou se estão à vontade,
- ajustar o volume do som na preferência do outro ou assistir ao mesmo canal ou programa do outro,
- deixar de falar de seus assuntos e conversar sobre os assuntos do interesse do outro.
Ser amoroso é :
- não monopolizar a conversa sobre si e seus assuntos,
- não intrometer-se em assuntos alheios,
- saber esperar a vez. É ter paciência,
- olhar no rosto, nos olhos.
Isso nos dá a possibilidade de descobrir estados de ânimo, de ler emoções. Ao ser amoroso com
meu próximo, ou meu irmão de fé, ou meu cônjuge, começo a desenvolver uma percepção que me leva
a identificar as alterações emocionais do outro e a saber tirar proveito e subsídios para conhecê-lo
melhor.
Um dos primeiros passos que uma pessoa pode dar no sentido de desenvolver uma relação
significativa é procurar estabelecer e desenvolver um bom e rico diálogo. Numa comunidade de
discípulos, ou dentro de um lar, se existir um bom diálogo, não haverá problemas sem solução.
O diálogo autêntico, quando realmente existe, é sempre fecundo, porque proporciona o encontro
de duas almas na claridade.
O diálogo deveria ser mais normal e natural entre pessoas que vivem juntas; contudo, é estranho
que pessoas compartilhem os mesmos espaços físicos, os mesmos projetos de vida, ou os mesmos
empreendimentos, sem contudo conseguir comunicação efetiva através do diálogo.
A maior parte dos problemas que tem afetado a vida de certas igrejas e famílias cristãs, está asso-
ciada direta ou indiretamente ao diálogo. Um pai que não sabe se relacionar corretamente com seus
filhos, corre o risco de conviver com sérios problemas familiares. Se uma mulher e seu marido não
conseguem dialogar, quase sempre estarão envolvidos em conflitos tremendamente desgastantes. As-
sim também, igrejas que não descobrem caminhos criativos de diálogo entre pastor e rebanho, ou de
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pastor e sua liderança, sofrem por causa da péssima qualidade de relacionamento que acaba resultando
dessa inabilidade de dialogar corretamente.
Marcos 6.34
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Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ove-
lhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas.
Quando conversava com o jovem rico e avarento, Jesus foi tomado de uma profunda simpatia por
aquele pecador. O Evangelho nos conta que Jesus, contemplando-o, amou-o (Mc 10.21).
Noutra ocasião, encheu-se de compaixão por um leproso. Jesus, estendendo a mão, tocou-o.
SUGESTÕES:
A. Procure memorizar o nome da pessoa.
B. Guarde às referências que ela faz sobre si mesma.
C. Descubra suas preferências nas diversas áreas:
1. esportes
2. lazer
3. cultura
4. literatura
5. música
6. trabalho
7. vestuário
8. família
9. saúde
10. hobbies
11. religião
12. política
13. economia
14. ecologia
15. culinária e gastronomia
16. automobilismo
17. trabalhos manuais
D. Procure dar seqüência a suas demonstrações de interesse. Em outras palavras, numa próxima
oportunidade, faça menção de assuntos abordados anteriormente, citando nomes, épocas, lugares,
situações e detalhes dos assuntos anteriormente tratados.
E. Interessar-se pelo próximo implica, muitas vezes, em ação. Interessar-se pode levá-lo a fazer alguma
coisa prática pelo próximo. Por exemplo: se a pessoa compartilhou estar desempregada, uma evidência
de seu interesse por ela seria ajudá-la a procurar um emprego. Outro exemplo: se a pessoa compartilha
que está com dificuldades nos estudos, interessar-se por ela poderia se dispor-se a dar algumas aulas
particulares de reforço nas matérias criticas.
F. Interessar-se pelo próximo pode acontecer quando você coloca o nome da pessoa em sua lista de
oração e intercessão.
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Capitulo 6
E Preciso Praticar o Reconhecimento
Felipenses 1.3-11
Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre, em todas as minhas
orações, súplicas por todos vós com alegria pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o
primeiro dia até agora; tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a
aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus, como tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque
vos retenho em meu coração, pois todos vós sais participantes comigo da graça, tanto nas minhas
prisões como na defesa e confirmação do evangelho. Pois Deus me é testemunha de que tenho
saudades de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus. E isto peço em oração: que o vosso
amor aumente mais e mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento, para que aproveis as
coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e sem ofensa até o dia de Cristo; cheios do .fruto de
justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
TIPOS DE RECONHECIMENTO
Segundo Elkin Arango, teólogo espanhol são quatro os tipos de reconhecimento:
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3. Reconhecimento negativo incondicional
É o reconhecimento que generaliza o negativo da pessoa. Convida-o a sentir-se muito mal.
Exemplos:
"Você não serve para nada."
"Você nunca faz as coisas direito."
APLICAÇÃO PRÁTICA
Quando você quiser encorajar e estimular positivamente uma pessoa, é melhor reconhecer a
pessoa (reconhecimento positivo Incondicional) em lugar de reconhecer sua conduta (reconhecimento
positivo condicional) é uma postura que resulta em relações pessoais significativas. Exemplo:
"Você é muito inteligente." Em vez de "Desta vez você se saiu bem na prova".
"Realmente vejo que você é meu amigo." Em vez de "Grato por este favor que me fez".
Quando você quiser corrigir ou criticar autenticamente uma pessoa, faça-o mencionando a
conduta, não a pessoa. Exemplo:
"Você está respondendo asperamente." Em vez de "Você está sendo grosseiro".
"Sinto-me triste por você dar prioridade a seu trabalho e não a nossos filhos." Em vez de "Você ê um
materialista, um egoísta."
CONCLUSÕES
Quando usa adequadamente o reconhecimento, você dá passos concretos em direção ao
aprofundamento da comunhão em qualquer nível.
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"Pois eu o vejo assim...".
"Mesmo que você não concorde, eu continuo achando que...".
4. Auto-reconhecimento
Há dois tipos de auto-reconhecimento: positivo e negativo.
1. O reconhecimento positivo for sincero e espontâneo. Se não for assim, ele poderá ser interpretado
como adulação ou manipulação e nos levaria ao risco de sermos tachados de hipócritas.
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2. Estejamos dispostos a converter o reconhecimento positivo em atitude prática. Isso requer um
aprendizado e um exercício consciente.
3. Não nos preocupemos com a possibilidade de o nosso reconhecimento positivo gerar uma per-
sonalidade vaidosa. Isso não está sob nosso controle. A experiência tem mostrado que o
reconhecimento positivo beneficia quase sempre, e ajuda as pessoas a terem uma imagem saudável de
si mesmas.
EXERCÍCIO
2. De que maneira você acredita que os reconhecimentos acima poderão ser obtidos? Merecendo-os,
aceitando-os, pedindo-os?
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4. Faça um projeto pessoal para os próximos dias, envolvendo a prática do reconhecimento positivo.
Como será? Quem será o beneficiado? Quando poderá acontecer?
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Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.
Mateus 4.4:
Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. As minhas palavras são
Espírito e vida.
Jesus disse em Lucas 9.44: "Fixai os vossos ouvidos às palavras” Em Lc 10.5: Ao entrardes
numa casa, dizei antes de tudo: paz seja nesta casa, e a paz repousará sobre as pessoas. "
Deus, o Pai, usou o poder da Sua palavra para criar o universo. Hb 11.3
Tiago descobriu o poder tremendo da palavra e recomendou cuidado no seu uso. Leia o texto de
Tg 3.3 e observe nas comparações, com a língua, que ele faz:
1) Freio na boca dos animais...................Subjuga.
2) Leme nos navios...................................Dirige.
3) Fagulha que cai na selva......................Destrói.
4) A língua é fogo....................................Queima.
Jesus recomenda em Mt 12.36-37, que tenhamos muito cuidado com nossas palavras:
Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo;
porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.
Algumas poucas palavras proferidas podem levar o mundo à destruição. Com suas palavras,
Hitler inflamou o mundo de sua época, e levou o planeta a uma grande guerra de conseqüências
funestas.
Ouvi recentemente a notícia de que o Congresso dos EUA encontrava-se reunido e tratando de
revisar uma lei sobre a guerra. Até aquele momento, o presidente tinha poder para declarar guerra a
quem quisesse.
Entretanto, eles perceberam o grande perigo que a nação pode correr por permitir que uma guerra
seja iniciada apenas pela palavra de um presidente. Eles querem que o congresso tenha esse poder e não
um só homem. Por que toda essa preocupação? É porque eles já aprenderam que as palavras têm muito
poder.
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Eu me lembro de um triste acontecimento ocorrido na minha infância. Alguém, num circo repleto
de pessoas, gritou apenas uma palavrinha: "fogo". Por causa disso dezenas de pessoas puseram-se a
correr.
Muitas caíram, foram pisoteadas e morreram. Era uma mentira. Uma brincadeira de mau gosto,
porém... dezenas de famílias ficaram enlutadas pela perda de seus entes queridos, mortos por um falso
alarme de incêndio que nunca aconteceu.
A palavra é tão poderosa que é capaz de mobilizar um povo inteiro, como aconteceu na Rússia
com Lenine e a revolução comunista. O proferir certas palavras pode mudar o curso da História. Veja
estes exemplos:
"Independência ou morte"....................D.Pedro 11
"Glasnost e Perestroica"................Gorbachov
"Solidariedade"..............................Valessa
"Die Karpen"..........(filme)...........Soc.Poetas Mortos
Em quase todas seitas onde a magia e o ocultismo predominam, podemos notar o poderio da
manipulação das palavras (Umbanda, Candomblé, Quimbanda, Esoterismo, Teosofia, Rosa-cruz, Hare
Krishna, Seicho-no-iê).
As palavras fazem parte de rituais macabros e são responsáveis pela condução dos fenômenos
proporcionados pelas entidades por elas invocados.
Palavras podem trazer bênção como também maldição. O mau uso das palavras pode estar
determinando o deserto, o caos, a desgraça, a confusão e a tragédia de muitas vidas. Precisamos
urgentemente refletir, considerar, repensar, e converter nossas palavras.
1. MENTIRA.
Mentir é enganar, ludibriar, iludir, faltar com a verdade. A Palavra de Deus ordena em CL 3.9:
"Não mintais uns aos outros".
Provérbios 19.5
A testemunha falsa não ficará sem castigo e aquele que despeja mentiras não sairá livre. ( NVI)
Efésios 4.25
Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns
dos outros.
2. MURMURAÇÃO.
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Deus sempre condenou a murmuração no meio de seu povo.
2.1.A murmuração não deve ter lugar na vida do cristão.
Lamentações 3.39
Quem quer ter relações significativas deve viver um amor que ultrapasse os limites de uma mera
emoção passageira. Pelo contrário, no seu desenvolvimento o amor deve passar por uma atenção
especial que vai se tornando pouco a pouco um compromisso, o reconhecimento de uma aliança e de
um sentimento de pertencer-se mutuamente.
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O CONHECIMENTO DO OUTRO
Base Bíblica: João 4.
Como discípulos de Jesus, temos que imitar Seu temperamento. Jesus foi um homem que sempre
se interessou pelas pessoas. Sua intenção era conhecê-las melhor. O diálogo que Jesus teve com a
samaritana revela esse desejo de conhecer quem era, de fato, aquela mulher.
Jesus procurou compreender o que ia por dentro de Zaqueu. Para tanto, interrompeu uma viagem,
para visitar Zaqueu em sua própria casa. Jesus não levou em conta que ele era um homem odiado pelo
povo por causa de sua vida corrupta.
Os resultados dessa postura de vida adotada por Jesus são inegáveis.
Zaqueu arrependeu-se de ter lesado seu povo com impostos super faturados e restituiu o dinheiro,
com juros e correção monetária, a seus irmãos. A samaritana tornou-se numa excelente evangelista.
Creio que a igreja de Jesus não tem conseguido melhores resultados por não valorizar e não se
dispor a compreender as pessoas.
"... Que é mesmo a comunhão? Para alguns, essa palavra significa uma conversa entre amigos,
acompanhada de um refresco, cafezinho, bolachas. Para outros, um churrasco ou piquenique das
famílias da igreja. Outros diriam que a comunhão consiste em nos reunirmos para cantar, compartilhar
os acontecimentos dos últimos dias e orar. Outros, a Ceia do Senhor. É evidente que há diversas defini-
ções para essa palavra. Primeiramente, vamos estudar o significado bíblico do termo.
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necessidades de outros ou Rm 15.26
donativos. Hb 13.16
Participação mútua na obra At 2.42
do evangelho, ou no 1Co 10.16
sofrimento, ou participação 2Co 6.14
em Fp 1.5
diversas atividades, inclusive Fp 3.10
na Ceia do Senhor Fm 1.6
DEFINIÇÃO
De acordo com o N.T., comunhão tem a ver com aquela relação pessoal que os cristãos gozam
com Deus e uns com os outros, em virtude de sua união com Jesus Cristo. Essa relação é estabelecida
pelo Espírito Santo, que habita em todo cristão, unindo-o a Cristo e a todos os outros cristãos. A
relação se expressa através do compartilhamento de bens materiais, da cooperação na obra do
Evangelho, da manutenção da unidade e do amor, quando os cristãos se reúnem.
Exemplo:
"Então os que lhe aceitavam a palavra foram batizados; havendo um acréscimo naquele dia de
quase três mil pessoas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e
nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos
apóstolos. Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as suas proprieda-
des e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente
perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa, e tomavam as suas refeições com
alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto
isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Atos 2.41-47
Características da Comunhão:
A comunhão tem certas características. Algumas, você já observou no trecho de Atos 2 que
examinamos. Outras, aparecem em diversos trechos do N.T. Podemos afirmar que a igreja que está
demonstrando essas características está experimentando a comunhão, no sentido bíblico da Palavra. Se
faltarem tais características a determinada igreja, pode ser que ela esteja passando por uma "crise de
comunhão". Veja agora as características da comunhão:
1. De bom grado os cristãos dedicam tempo a estar juntos para estudar a Palavra de Deus,
compartilhar experiências, tomar a Ceia do Senhor. (At 2.42).
2. Os cristãos têm prazer em compartilhar seus bens materiais com irmãos necessitados. (At 2.45;
2Co 8.3).
3. Os cristãos são unidos pelo Espírito Santo (2Co 13.13).
4. Os cristãos cooperam na obra do Evangelho (Fp 1.5; Hb 13.16).
5. Os cristãos compartilham as alegrias e os aspectos cotidianos da vida, como verdadeiros
amigos (At 2.46).
6. Os cristãos são unânimes quanto aos seus propósitos e alvos (At 2.46).
7. Os cristãos sentem alegria e expressam louvor, quando se reúnem (At 2.46-47).
8. Todos os cristãos participam igualmente da vida e das atividades da igreja (At 2.44).
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9. Os cristãos confessam os pecados e recebem a purificação do sangue de Jesus Cristo, para
manterem a unidade e o amor (1 Jo 1.3, 6,7).
MUTUALlDADE E COMUNHÃO
A comunhão se baseia nas relações entre pessoas, e tem diversas maneiras de se manifestar. Já
que as relações são experimentadas, não vistas apenas com os olhos, elas serão um tanto difíceis de se
definir ou descrever.
Nossa união com Cristo, por exemplo, é uma verdade mística e difícil de se explicar, mas nem
por isso deixa de ser verdadeira; tanto assim que somos co-herdeiros com Cristo. Nossa união com
Cristo faz que sejamos membros de seu Corpo, a Igreja, e membros uns dos outros (Rm 12.5). Nin-
guém pode ver os laços que nos unem. O que se pode enxergar são as manifestações externas dessa
relação. Aí se nos apresenta a mutualidade, como meio prático para expressar a comunhão cristã.
AS EXPRESSÕES RECÍPROCAS
Empregamos o termo mutualidade referindo-nos às expressões recíprocas, descrevendo situações
em que uma pessoa faz, por uma outra, aquilo que, por sua vez, a outra faz pela primeira. As
expressões recíprocas do N.T. indicam as obrigações e as oportunidades de se expressar a vida em
comum; ou, em outras palavras, de se praticar a mutualidade.
DEFINIÇÃO DE MUTUALIDADE
Mutualidade se refere a um estilo de vida baseado nos mandamentos do N.T., a respeito das
coisas que os cristãos fazem uns aos outros e uns em favor dos outros, para externar seu mútuo amor e
unidade; e também a respeito das coisas que eles evitam fazer uns aos outros, a fim de preservarem
esse amor e unidade.
EXEMPLO:
Procure cada referência abaixo e copie o trecho que represente um mandamento recíproco.
a. Jo I5.17
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b. Rm 15.7
c. Rm 15.14
d. 1Co 12.25
e. Ef 4.32
f. Ef 5.21
g. Tg 5.16
Na lista de exemplos que você acaba de completar, quantos mandamentos recíprocos são iguais
àqueles que você tinha tirado da memória, no exercício anterior? E quantos você mencionou em sua
lista de memória e não encontrou nas referências que demos aqui? E há outros!
Seguramente vai ser fascinante poder estudar cada um deles.
CONCLUSÕES:
1. A relação entre comunhão e mutualidade é de simples causa e efeito. Onde existe a comunhão, ela se
exterioriza através da mutualidade.
2. Uma igreja, congregação, comunidade ou grupo de discipulado que não esteja manifestando a
comunhão através da mutualidade, precisa examinar a si mesma, para verificar se está, ou não, em
comunhão com o Senhor Jesus.
OBSERVAÇÃO
A mutualidade constitui uma parte tão importante da vida da igreja, que não deve ser deixada ao
acaso. Mesmo sem saber muito sobre o assunto, ou sobre sua importância, alguns membros podem
estar praticando a mutualidade. Mas essa vida recíproca, para ser verdadeiramente bíblica, precisa ser
praticada por todos os cristãos. Além disso, ela precisa ser, de modo consciente, desenvolvida e
aperfeiçoada. Para que se obedeça aos mandamentos de Deus (no caso, os recíprocos), é preciso que se
conheçam esses mandamentos e o que eles significam para a vida, quanto:
1. aos bens
Tudo em comum. Isso leva-me a permitir que as "minhas coisas" sejam partilhadas por outros.
Minha casa passa a ser a casa do Senhor. Minha casa passa a ser casa dos meus irmãos.
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Até o meu dinheiro deixa de ser uma exclusividade minha. Ele não é usado apenas para satisfação
do meu ego, pelo contrário, há uma satisfação muito grande quando posso usá-lo para ajudar meu
próximo. Romanos 12.13
2. ao tempo
O meu tempo passa a ser gasto, não somente comigo mesmo, mas também com meus irmãos de
fé e amigos.
3. às minhas habilidades
Meus talentos, meus dons, minha profissão, meus conhecimentos são colocados à disposição dos
meus irmãos.
4. ao ombro
Uma comunidade autêntica se caracteriza por ser constituída de discípulos que sabem com-
partilhar de si mesmos. Há uma verdadeira multidão à procura de um ombro amigo. Ombro que possa
suportar o peso de uma cabeça cansada de lutar, de esperar por mudanças, de procurar por alguém que
lhe ouça os desabafos e lhe dê conforto e encorajamento.
A comunidade dos discípulos de Jesus tem uma arma poderosa: a comunhão. 'Até o povo que
vive no mundo sem Cristo já aprendeu que "unido, jamais será vencido". A comunhão cristã é algo
sobrenatural (Atos 2.5-11).
Quando se estabeleceu a primeira comunidade cristã ela se caracterizava pela multiplicidade de
pessoas, oriundas das mais diferentes nações da terra. Se já houve uma igreja que tinha tudo para dar
errado, era aquela. Eles vinham de diferentes raças, culturas, costumes, línguas, entretanto... havia algo
de sobrenatural naquela gente: era a "Koinonia".
Atos 2.42
Tenho certeza de que os primeiros discípulos, antes de Pentecostes, colidiam-se como bolas de
bilhar. Contudo, quando o Espírito Santo veio sobre cada um deles e quando começaram a aprender a
doutrina dos apóstolos... então suas vidas passaram por transformações radicais que os levaram a
transpor suas diferenças e viver em comunhão. Esse texto de Atos ainda nos faz entender que essa era
também uma comunhão de: ouvir, aprender, ensinar, compartilhar a Palavra, diariamente.
Peço permissão para confrontar você que está lendo e estudando este material. Por favor,
responda: Fora dos domingos, onde, quando e com quem você compartilha a Palavra de Deus? A Igreja
Primitiva era forte e dinâmica. O poder de Deus manifestava-se e operava a seu favor. Um dos
segredos desses fenômenos era a intensa comunhão da Palavra - exercitada entre seus membros.
Hoje em dia, temos muita facilidade em compartilhar nossas opiniões sobre inflação, política,
economia: novelas, futebol, compras, lazer, mas... dificilmente compartilhamos os princípios da Pala-
vra de Deus com nossos amigos, parentes, colegas de trabalho, colegas de escola e vizinhos.
Capitulo 7
É Preciso Aprender a Comunicar-se com o seu Próximo
Relacionamentos profundos são alicerçados e desenvolvidos sobre a comunicação. Esta por sua
vez tem que ser efetiva, honesta e sensível.
Nenhum homem se basta a si mesmo, pois sua plena realização deverá ser: com, para, e através
dos outros.
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Para que isso ocorra é preciso que o homem vá adquirindo, a cada dia, mais consciência da
necessidade de sua incorporação na sociedade e, ao mesmo tempo, de sua importância como protago-
nista da vida dessa sociedade.
Podemos definir o homem como um ser em relação - relação consigo mesmo, com a natureza,
com os outros e com o Criador.
A qualidade de um grupo de discipulado (família ou casal) depende em grande parte da qualidade
individual de cada um de seus membros. Numa pequena comunidade requer-se que seja preservada a
individualidade e o direito de autodeterminação de cada um de seus membros, aceitando-se
simultaneamente o outro com suas qualidades e defeitos, potencialidades e limitações.
Todo grupo de discipulado, casal ou família deve previamente acertar entre seus participantes
essa regra áurea de convivência e unidade. Dessa forma será preservada a liberdade de crescimento e
enriquecimento através das experiências que daí podem ocorrer.
Cada participante do grupo deve se conscientizar de que fomos feitos por Deus de modo peculiar.
Somos feitura singular do Criador. Deus não nos faz em "linha de montagem" ou em série. Salmo
139.13-16
1 Coríntios 12.12-14
"Pelo menos quatro quintos de todos os casamentos poderiam melhorar significativamente se os
parceiros aprendessem a se comunicar mais eficazmente".
De fato, Cecil Osborn tem razão nessas palavras do seu livro, A Arte de conhecer-se a si mesmo.
A grande maioria dos problemas humanos reside na falta de habilidade em comunicar-se. Costumo
dizer às esposas que participam dos nossos retiros para casais que, se souberem usar seu jeitinho de
mulher, sua feminilidade - elas podem conseguir o que quiserem de seus maridos.
Qualquer vendedor sabe que suas chances efetivas de vender um produto estão em sua habilidade
de comunicar-se com seu cliente. Às vezes, o produto é muito bom, mas o vendedor falha na hora de
apresentar as vantagens do produto que deseja vender.
Outros decoram tudo sobre o produto, entretanto se embaraçam na hora de responder a outras
perguntas mais particulares do cliente. Há outros que deixam de vender simplesmente porque não
tiveram tato na hora decisiva de fechar o negócio.
Fiz uma análise dos problemas que enfrentei como pastor nesses últimos vinte e oito anos de
ministério. Percebi claramente que a grande maioria dos desgastes e estresse que enfrentei tinha sua
origem nos conflitos pessoais entre os membros da igreja. Por essa razão é de suma importância
dedicar tempo a aprender a se comunicar. Ninguém nasce sabendo comunicar-se. Na verdade a
comunicação é uma arte que se aprende e se desenvolve com o tempo.
Comunicar-se bem não é obra do acaso. É resultado de dedicação, motivação, e sobretudo de uma
perspectiva correta do valor que o ser humano deve ter.
Precisamos aprender a nos comunicar de forma efetiva, concreta e profunda. Precisamos
desenvolver a comunicação nos níveis mais intensos. Comunicação do tipo "de alma para alma".
A página 148 do livro Honestidade, Moralidade e Consciência, do Pr. Jerry White, encontrei uma
pequena tabela indicando cinco níveis de comunicação. Depois de avaliar, resolvi acrescentar mais um
nível como segue:
1. Níveis de Comunicação:
Nível 6 - "Silêncio”
Esse nível é caracterizado pela ausência total de comunicação. Quem funciona nesse nível não faz
questão alguma de promover ou viver qualquer tipo de relacionamento interpessoal. A pessoa planeja
sua vida de tal forma que quase beira o isolamento. Para ela, relacionamento com pessoas é sinônimo
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de problemas. O silêncio só é válido como oportunidade para promover um encontro consigo mesmo,
ou para meditação e oração. Se não for assim, o silêncio e o isolamento podem conduzir uma apatia
funesta. Nesse caso a pessoa será presa fácil de nostalgia e depressão. O silêncio entre pessoas é uma
forte evidência de divórcio comunitário.
Nível 5 - "Trivial"
As pessoas se limitam a comunicar o estritamente necessário. Normalmente isso acontece por
frases feitas, fórmulas consagradas de saudação. Elas se prendem aos formalismos e procuram
relacionar-se apenas dentro das normas recomendadas pela etiqueta ou pelo protocolo.
Frases típicas:
"Oi como vai".
"Bom dia !" ou "Olá!"
Nesse nível não há comunicação significativa, mas oferece um ponto de partida para outros níveis
mais altos.
Nível 4 – “Noticias”
Nesse nível as pessoas costumam falar de terceiros ou das circunstâncias e acontecimentos. Esse
tipo de comunicação é muito semelhante a um rápido noticiário: fala-se um pouco de tudo e de todos.
Superficialidades. Aqui as pessoas estão mais preocupadas com a impressão que podem causar-nos
demais do que com o conteúdo de sua comunicação. Aqui se fala de inflação, corrupção dos políticos,
acidentes, catástrofes, esportes, filmes e outros assuntos do gênero. É aqui nesse nível que os
contadores de piadas consagradas se dão bem. Esse nível de comunicação é saudável quando isso se dá
em meio a refeições, ou conversas informais quando se está esperando por uma consulta, numa
rodoviária ou aeroporto. É normal também quando serve apenas de introdução ou transição para
momentos mais profundos.
Frases típicas:
"Você ficou sabendo que os deputados aumentaram seus próprios salários ?"
"Você viu o noticiário sobre a inundação em São Paulo ?"
Esse nível passa a ser maléfico quando estaciona aqui e não consegue ser ponte para aprofundar a
comunicação. É triste também quando é usado para maledicência, murmuração e piadas de mau gosto
ou fora de hora.
Nível 3 - "Idéias”
Aqui nesse nível as pessoas conseguem expressar seus pontos de vista e seus conceitos. Já há uma
certa dose de afinidade pessoal e companheirismo. Aqui as pessoas já estão dispostas a correr certos
riscos de confronto, desaprovação ou questionamentos.
Frases típicas:
Eu penso que...
Minha opinião é que...
Acho que...
Meu plano para a próxima semana é... Carros a gasolina gastam menos.
Creio que a infância é a fase mais bela da vida.
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Nível 2 - "Sentimentos”
É o nível mais próximo do ideal. Aqui as pessoas já se arriscam a falar de seus sentimentos. Elas
se dispõem a abrir-se emocionalmente para os demais. Isso exige um certo grau de confiança. Este é o
nível dos "amigos de verdade". É o nível que conduz à intimidade. Aqui se compartilham experiências
positivas e negativas, revelam-se medos, ansiedades e estados de espírito. Tudo isso é altamente
positivo para o surgimento de relações maduras e sólidas. Este nível só será perigoso se houver
manipulação ou se a pessoa perder o controle e exagerar em suas manifestações emocionais, como:
ódio, dependência emocional etc...
Frases típicas:
"Ando chateado com o meu chefe."
"O jogo desta tarde foi desgastante."
"Estou me sentindo culpado por esta situação."
"Você me magoou."
"Estou apaixonado!"
Frases típicas:
Este nível inclui todos os outros níveis.
Comunicar consiste tanto em ouvir quanto em reagir expondo seus sentimentos e pensamentos.
Podemos nos comunicar falando, assim como expressando-nos através de gestos, movimentos e
expressões faciais. A base da comunicação é a mutualidade.
1.Reflita antes de falar. Deixe as afirmações ou perguntas atravessarem sua mente enquanto você revisa
para verificar se está tudo bem.
Pv 12.18
____________________________________________________________________
Pv 13.3
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Pv 17.27
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____________________________________________________________________
Pv 19.20
____________________________________________________________________
1. Procure fazer a outra pessoa sentir-se a mais importante do mundo enquanto estiver falando.
2. Não interrompa a conversação. Deixe a pessoa expressar-se. Tenha cuidado com suas próprias
expressões faciais ou gestos de impaciência ou de desinteresse - eles podem funcionar como
instrumentos de interrupção ou bloqueio.
3. Olhe, sempre que possível, nos olhos da pessoa. Dê atenção total.
4. Concentre-se não só nas palavras mas também nos gestos e nas expressões faciais. Você poderá
captar outras mensagens de bastidores e nas entrelinhas.
5. Valorize os pensamentos e os sentimentos dos outros evitando comentários do tipo: "Isso não é
nada". Ouvindo atentamente, você poderá ser de grande ajuda na restauração do seu interlocutor.
6. Quando não puder ouvir imediatamente uma pessoa, marque uma outra hora. Assegure-lhe seu
interesse em ouvi-lo.
7. Quando a pessoa com a qual você está conversando for conhecida de bom tempo, não se deixe
levar por recordações de seu passado. Concentre-se na mensagem atual. Evite adivinhações.
8. Seja coerente. Vibre quando necessário. Aprenda a entristecer-se ao ouvir assuntos pesarosos.
9. Tente memorizar a conversa. Preste atenção a nomes de pessoas, localidades, datas e outras
referências mencionadas. Vez ou outra refira-se a essas informações. Isso pode demonstrar o quanto
você está levando a sério a conversa.
10. Cuidado para não ficar olhando para lugares inconvenientes durante a conversa. Não se
detenha nas partes eróticas do corpo. Evite conversar olhando para outras pessoas.
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11. Nem sempre estamos ouvindo com intenção de ajudar os outros. Haverá ocasiões em que o
ajudado será você. Quando for exortado por alguém, sua tendência será imediatamente defender-se ou
tentar racionalizar. Evite isso. Saiba ouvir as admoestações, exortações e criticas com atenção.
TRANSPARÊNCIA E AUTENTICIDADE
Para que nossos relacionamentos sejam sólidos e duradouros é preciso que sejam construídos
sobre alicerces fortes e resistentes ao tempo. A transparência e a autenticidade são dois desses
ingredientes de um bom alicerce relaciona! Veja estes conselhos que consegui com pessoas que
conseguiram desenvolver uma vida pontilhada de bons relacionamentos:
1. Expresse seus pensamentos e sentimentos sendo transparente diante de Deus, perante si mesmo
e diante de outros, tendo como objetivo buscar uma solução bíblica.
2. Quando oportuno, tenha coragem de ser autêntico, quebrando a máscara da perfeição e
admitindo honestamente suas próprias limitações, lutas, derrotas e fracassos. Dessa forma você terá
oportunidade para compartilhar as respostas bíblicas que já encontrou, e motivar outros a buscar
soluções e mudanças.
3. Seja criterioso.
4. Verifique se a pessoa com a qual você vai "desnudar-se" é de confiança.
5. Evite envolver referências pessoais a terceiros (revelar pecados dos outros).
6. Assegure-se de que suas confissões venham a edificar o outro. Muitas vezes algumas
confissões causam escândalo, decepções e traumas.
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- engano,
- manipulação,
- mentira,
- expressão de desgosto quando ela não existe,
- elogio falso,
- simulação de certas características de personalidade que, de fato, não se tem.
Ser autêntico é ter a liberdade de poder comentar com outra pessoa nossos sentimentos negativos,
sem atribuir a ela a responsabilidade pelo que sentimos (o que seria impossível, já que ninguém pode
causar diretamente um determinado sentimento em outra pessoa, e, sim, apenas provocá-la. A
responsabilidade da reação é com a pessoa). Considere estas três afirmações:
"Você me desprezou ontem na festa." "Você me fez sentir-me desprezado ontem na festa."
"Ontem me senti desprezado, quando você me deixou sozinho na festa."
Qual dessas três afirmações é a mais autêntica e sensata?
1.Se você, por ter sido autêntico, perder um amigo ou irmão na fé, será que você perdeu muita
coisa?
Resposta: É muito melhor conscientizar-se de que não é possível manter um relacionamento
autêntico com esse amigo ou irmão, do que viver frustrado numa relação fictícia, com bases falsas, que
cedo ou tarde vão desmoronar.
2. Você tem medo de que a sua autenticidade venha a lhe custar caro?
Resposta: Tem razão. Ser autêntico pode ter um alto preço. Entretanto, nada é mais custoso do
que manter diferentes máscaras. Isso resulta num grande desgaste psíquico.
3. Se alguém se escandaliza, ou se aborrece e se deprime por causa de sua autenticidade, quem é
que está realmente com problemas?
Resposta: Somos responsáveis por nosso impacto sobre os demais, não, porém, por suas reações.
Além do mais, usar máscaras pode escandalizar, deprimir e aborrecer os outros, muito mais do que o
ser autêntico.
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Eclesiastes 4.9-12
Veja alguns dos princípios bíblicos que nos incentivam à prática da solidariedade:
1. Acolhei-vos uns aos outros. Romanos 15.7
2. Tende igual cuidado uns pelos os outros. 1 Coríntios 12.24b-25
3. Edificai-vos uns aos outros. 1Tessalonicenses 5.11
4. Instruí-vos uns aos outros. Colossenses 3.16
5. Sede servos uns dos outros. Gálatas 5.13-14
6. Levai as cargas uns dos outros. Gálatas 6.2
7. Sede mutuamente hospitaleiros. I Pedro 4.7-10
8. Orai uns pelos outros. Tiago 5.16
Capitulo 8
Lidando Cuidadosamente Com o Poder
Muitos relacionamentos são afetados e às vezes destruídos porque as pessoas não sabem lidar
com a questão do poder. A vida em grupo, um lar, a célula de discipulado, a igreja em si, exigem
alguém com determinada dose de poder para organizar e dirigir o grupo. A autoridade é legítima,
necessária e benéfica. Todo grupo necessita de um chefe. Toda comunidade ou igreja local necessita de
um líder. Todo corpo precisa de uma cabeça.
É inevitável que surja no discipulado a figura do discipulador e a do discípulo. E, é lógico, surgirá
também uma relação onde haverá uma diferenciação entre poder e autoridade.
Não podemos fugir a isso. Aliás, desejamos a isso. Entretanto é preciso ter cautela com nossa
posição de discipuladores. É preciso saber lidar com a autoridade, que nos foi conferida, de ministrar
sobre outras vidas. Analise estas frases:
"Quem ama menos, quer dominar mais; e, ao dominar mais, ama menos"
"A ambição elimina amigos."
"O poder não conhece amizade."
"O ditador não tem amigos, só liderados, ou... inimigos "
Todo homem, em virtude de sua natureza pecaminosa, é atraído pela fama e pelo poder. A
simples distinção entre discipulador e discípulo pode fomentar um sentimento sutil de superioridade.
Planejar e dirigir um grupo de discipulado pode criar atitudes de soberba por parte de quem discipula.
Numa igreja, cargos e títulos podem ser uma tremenda barreira para o desenvolvimento da
qualidade das relações.
Veja algumas formas de poder que podem desencadear soberba, orgulho, arrogância e
superioridade:
1. Saber falar bem.
2. Saber orar com eloqüência, ou fervor.
3. Denunciar pecados.
4. Expulsar demônios.
5. Ter orações respondidas.
6. Saber aconselhar.
7. Ser mais velho na fé.
8. Ter cursos teológicos reconhecidos.
9. Ter sido discipulado por alguém de renome.
10. Possuir um cargo ou um título na igreja local ou denominação.
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Líderes de igrejas correm o risco de serem tentados a abusar dos poderes que lhes são conferidos.
Muitos líderes não conseguem desenvolver relacionamentos saudáveis porque têm medo de perder sua
autoridade e poder. Isso é um engano. Lideranças estáveis, duradouras e produtivas são caracterizadas
pelas amizades que seus integrantes desenvolvem entre si.
Devemos ter cuidado com os números, as estatísticas e as avaliações. Os números têm poder.
Números comparam. Números estabelecem concorrência. No lar, alguns maridos podem usar de sua
função de liderança como ferramenta de poder escuso. Pode ocorrer, também, que uma mulher que
tenha um salário ou rendimento maior que seu marido e use dessa situação como uma forma velada de
poder.
O poder em si mesmo, não é mau. É até necessário para dirigir um grupo de discípulos, uma
igreja, ou mesmo um lar. O poder torna-se maléfico e perigoso:
l. Quando vem de uma necessidade pessoal de ter primazia ou superioridade, e não da
necessidade real de uma comunidade que quer ser dirigida.
2. Quando o impulso para o poder é substituto oculto de outros impulsos não satisfeitos na pessoa
que manda.
3. Quando fere.
4. Quando divide.
5. Quando passa por cima dos direitos alheios.
6. Quando desrespeita.
7. Quando desonra.
8. Quando visa interesses pessoais ou escusos.
O uso inadequado do poder pode ser o maior inimigo das relações significativas, das amizades
profundas, da harmonia, da união, da unidade, da vida em grupo. Isso porque o poder mal usado
suprime a sensibilidade, fecha a porta da comunicação, evita o diálogo e tolhe a liberdade. Pessoas
movidas pelo poder não se preocupam com os outros, pisam-nos sem piedade, desprezam com
facilidade sentimentos e promessas, tornam-se insensíveis.
A comunicação verdadeira só pode desenvolver-se num clima de confiança mútua. O poder
doentio acaba com esse clima. É muito comum perceber-se a triste realidade do mau causado pelo
poder na vida de pessoas que antes eram amáveis, cordiais e amigas. O poder desenfreado sobe à
cabeça e altera valores, pactos, alianças e amizades. Você, por acaso, já não perdeu um amigo quando
este foi contemplado com uma promoção, ou um cargo de chefia ou liderança?
É preciso usar do poder com legitimidade, com honestidade, com sabedoria. Entretanto, muitas
vezes, mesmo sendo usado com cautela, ele pode gerar conflitos, desunião e barreiras nas
comunicações e nos relacionamentos. Isso acontece muitas vezes sem que a pessoa perceba.
Resumindo, o poder, mesmo quando conseguido de maneira legitima e usado com prudência, cria
obstáculos à comunicação entre quem o tem e quem não o tem. Basicamente, existem quatro tipos de
poder entre nós:
1 - O poder do dinheiro.
2 - O poder das instituições.
3 - O poder dos grupos.
4 - O poder das idéias.
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manifesta-se de modo imperceptível e sutil. O perigo peculiar de tal poder é o de não ser reconhecido
conscientemente ou não ser considerado oficialmente como tal.
Algumas pessoas que têm poder, dizem que não o têm, que o dinheiro que passa por suas mãos
não lhes pertence, que elas são apenas um canal entre quem tem o dinheiro e quem o recebe. Entretanto
o fato de administrarem o dinheiro, principalmente quando se tem autonomia para designar a quem e a
que servirá, isso lhes confere um certo poder velado.
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A ideologia pode ser excelente em si mesma e, de fato, quanto mais elevada e mais nobre, quanto
mais moderna e atual e urgente, tanto mais perigosa, quando se converte em instrumento de poder, em
plataforma para um líder, ou interesse de um grupo.
Muitas vezes a propaganda de uma idéia não passa de uma propaganda pessoal daquele que a
desenvolveu. Outras vezes uma idéia serve de veículo a interesses escusos. Um exemplo disso é como a
ecologia tem sido explorada pelos políticos. É lamentável, mas dentro da Igreja existe política espúria.
E ela tem-se utilizado de boas idéias e transformado-as em plataforma de interesses particulares.
Como discipuladores, temos que tomar cuidado para que discursos e sermões acalorados de certos
"pensadores e teólogos" não roubem a primazia da Palavra de Deus. Temos que peneirar as idéias no
crivo dos princípios fundamentais da Palavra.
Finalizando, podemos sintetizar dizendo que o poder é, e continua sendo, hoje mais do que nunca,
a grande tentação para o discipulador, o líder.
Creio que o poder, quando mal usado é grande obstáculo para um bom relacionamento, a grande
ameaça para a vida do grupo.
Uma das mais importantes bases de um relacionamento é a lealdade. O amigo leal, honesto e
sensível contra o mal, não se alegra com a queda ou fraqueza do outro. Ele não sente prazer quando
este é atingido por terceiros, nem desaparece ao primeiro sinal de problemas ou dificuldades.
Como posso ser leal com alguém?
1. Agindo contra a difamação e calúnia.
2. Não espalhando acusações sem fundamento ou dizendo mentiras. Provérbios 11. 13,
Provérbios 24.28
3. Buscando comunicação direta.
Quando temos um problema com alguém, somos responsáveis por tomar a iniciativa de resolvê-lo
diretamente com a pessoa envolvida. Mateus 18.15, Mateus 5.23-24
4. Protegendo e defendendo o amigo. 2 Timóteo 4.16
5. Apoiando o amigo em todo o tempo. Provérbios 17. 17
6. Guardando segredos e confidências. Provérbios 25.9-10
ENCORAJAMENTO
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Capitulo 9
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Divergir não é a mesma coisa que rejeitar, rechaçar. Divergir é ter uma opinião diferente da
opinião de outra pessoa. Entre nós aqui existe muita divergência. Por exemplo: se eu perguntar aqui -
quem é mais complicado: homem ou mulher? Ou se eu perguntar aqui, qual a melhor idade para se
casar? Teremos uma divergência de opiniões. Mas nem por isso, deixamos de conviver, ou mesmo de
nos relacionar, ou de nos amar.
Confrontar é oferecer o máximo de informação sobre seu papel no relacionamento, sem fazer
ameaças. Confrontar é uma habilidade que vai se aprendendo pouco a pouco.
Precisamos criar ambientes propícios à prática do confronto. Ambientes cheios de aceitação,
mansidão, amor e apoio. É muito difícil tirar proveito do confronto num ambiente de insensibilidade,
hostilidade e ausência de apoio. O confronto é uma das características de pessoas autênticas.
Ser confrontado por uma outra pessoa não é problema quando essa pessoa o respeita, valoriza e o
ama apesar das diferenças. Entretanto, se não existir respeito, compromisso e amor... então corre-se o
risco de se ficar irritado com as perguntas ou respostas que as pessoas nos dão.
Por essa razão é preciso trabalhar a questão do "importa-se” com a pessoa, antes de querer ir para
o confronto. Quando uma pessoa está se importando com outra? Resposta:
Quando ela se preocupa com a outra. Quando ela se interessa pela outra. Quando dá importância e
valor à outra. Quando tem consideração pela outra. Quando a outra pessoa tem significado para ela.
Importar-se com o outro é oferecer condições e estímulo para que o outro cresça e se torne aquilo
que é ou aquilo que pode vir a ser. Importar-se é ajudar o outro a se aproximar mais e mais da
maturidade.
Aquele que está preocupado em aprender a se importar com o outro deve sempre fazer estas
perguntas:
1. Minha atitude, ou minha reação, ou resposta favorece o crescimento da outra?
2. O que vou fazer libera o outro para que ele seja o que realmente é?
Confronto sem amor é perigoso. A crítica sempre deve vir antecedida por uma estrutura de apoio.
Exemplos:
Você e as notas de seu filho:
Ex. A - Isso é nota que se tire? Você não tem vergonha da nota que tirou?
Ex. B - Vejo que você tirou boas notas, com exceção de... matemática.
Ex. C - Você, com este vestido, está parecendo uma bruxa.
Ex. D - Você já experimentou aquele outro vestido azul com bolinhas? Ele fica tão bem em você.
Agora, observe o exemplo de apóstolo Paulo no Areópago.
Uma avaliação tem que vir precedida de empatia. Uma consciência de amor sempre nos libera
para falarmos com o outro com franqueza. Nunca estaremos autorizados a discordar enquanto não
estivermos dispostos a compreender. Por ex. quando nosso cônjuge nos decepciona ou nos frustra ou
mesmo quando nos ofende, não precisamos aceitar a ofensa pacificamente. Entretanto antes disso
precisamos tentar compreender: por que ele fez isso? O que o teria levado a agir assim?
Para se tirar proveito do confronto é preciso construir primeiro um bom alicerce nos nossos re-
lacionamentos. Quais seriam os ingredientes desse alicerce? Carinho, amor, compreensão, apoio, em-
patia, valorização.
Quando nos preocupamos com esses fundamentos, então isso nos autoriza a atitudes mais
vigorosas como o confronto, a crítica, a avaliação, o conselho e a discussão aberta um com o outro.
Liderar um lar com força viola o amor. Liderar com amor, humaniza o poder. O poder sem amor
é cruel. Amor sem força é incapaz de agir. Quando a força é trabalhada e moldada pelo amor, ela
fortifica tanto o doador, como quem recebe. O poder com amor é a essência do relacionamento
autêntico.
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O confronto estimula uma mudança no outro, mas não a exige.
Deixem - me ilustrar uma cena típica de confronto e como podem surgir reações negativas que
pouco ou nada contribuem para que haja mudança.
Vamos supor que você esteja no meio de uma reunião de discipulado. Um dos participantes
começa a interromper o estudo da lição com observações fora de hora. Depois da quarta ou quinta
interrupção, você começa a esquentar e ficar irritado. Você diz consigo mesmo: Será que esse cara não
se toca?
Quando é que vai parar de falar e de interromper? Entretanto o quadro não muda, e o líder não
toma nenhuma providência. O assunto a essa altura já foi desviado e está longe do propósito inicial.
Você então começa a dizer: Eu já não agüento mais! Não quero mais esta célula de discipulado! Aí lhe
passa a idéia de dizer que precisa se retirar porque tem um compromisso muito cedo no dia de amanhã.
Na verdade você está enjoado e não agüenta mais aquele papo. Aí, surge o impulso de você tomar
uma providência particular de franqueza. Você pensa em levantar sua voz e interromper aquela
conversa fiada e dizer: "... Olha aqui, ô cara. Será que você não se toca? Não percebe que já inter-
rompeu oito vezes o estudo com suas picuinhas e perguntas bobas?
Entretanto, que bom que foi só uma intenção e um impulso. Aí você se lembra desta palestra e se
recompõe, e se controla e propõe: "...Eu percebo que o irmão fulano gosta muito desses outros assuntos
e, me parece, tem muitas dúvidas, que não estão sendo estudadas hoje aqui e me parece que ele está
realmente interessado em esclarecê-las. Proponho que nosso líder dedique um tempo extra, nesta
semana, para ajudá-lo. Como o horário de hoje está bem avançado, sugiro que retornemos a nosso
estudo para que nosso líder possa concluí-lo."
Percebeu? Houve um confronto, entretanto a maneira como ele se desenvolveu foi cercada de
atitude e de palavras que não tinham o ranço de irritação e de ridicularizar o "irmão tagarela". A
estratégia desse confronto, propôs soluções e apontou um caminho para mudança.
Outro aspecto interessante no lidar com o confronto: aquele que confronta não deve passar a idéia
de que a amizade entre eles depende de uma mudança de vida do que está sendo confrontado.
Muitos de nós adotamos uma atitude soberba, e destituída de qualquer matiz de amor, quando nos
afastamos de outro irmão de fé só porque ele não quis mudar de opinião ou mesmo de atitude. Isso é
meninice, imaturidade muito grande.
Quando Pedro envergonhou Jesus ao negá-lo três vezes, Jesus não se afastou dele. Depois que
Jesus foi crucificado e sepultado, Pedro voltou a sua profissão de pescador. Jesus poderia ter ficado
decepcionado mais uma vez. Entretanto, mandou dizer a Pedro que queria ter um encontro com ele na
Galiléia.
E quando teve esse encontro, Jesus não veio cheio de sermões e exortações. Não deu nenhum
"sabão". Não exigiu explicações e tampouco usou de retaliação ou castigo. A atitude de Jesus se baseou
somente em lembrar que o importante era amá-lo. Tu me amas? O interessante de tudo isso é que logo
em seguida Jesus atribui a Pedro uma missão tremendamente importante: "... Apascenta as minhas
ovelhas!"
Jesus confrontou Pedro mas foi num clima de amor, de restauração e de proposta de mudança.
Você já pensou como seria a história de Pedro, dos discípulos e da Igreja de Jesus Cristo, se Jesus
o tratasse assim:
"Mandem chamar aquele cretino do Pedro. Diga a esse verme que estou indo para a Galiléia para
esfregar o meu rosto na sua cara e lhe dizer umas boas."
E quando acontece o encontro Jesus diria:
"Vem cá seu miserável! Olha aqui nos meus olhos! Não tem vergonha, não? Três anos gastando
tempo com você. Durante todo esse tempo eu lhe ensinei coisas preciosas. Você não podia ter duvidado
de mim. Você não tinha o direito de me negar. Eu lhe dei várias oportunidades para você não duvidar
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de minhas palavras. Você viu com esses olhos centenas de milagres que eu fiz. Você presenciou as
curas que realizei.
Você me viu acalmando a tempestade no mar, multiplicando os pães e peixes. Você bebeu o
melhor vinho de sua vida. Vinho esse que transformei a partir da água. Seu miserável... Você me
envergonha... E eu que o fiz andar sobre as águas...
Eu... que o levei para o monte e me transfigurei diante de apenas três pessoas e uma dessas foi
você... E olha o que você me faz... Olha que resposta você me dá! Será que eu mereço isso? Será que
valeu a pena eu ter deixado o céu, e a minha glória, me humilhar, e me deixar esbofetear por esses
homens nojentos?
Será que valeu a pena, Pedro? Você me faz sentir falido! Você me faz sentir derrotado. O que é
que você fez com tudo que lhe ensinei? Hei... Fala! O que é que você fez com os meus ensinos?
Seu inútil... seu traste! E eu que pensei que você pudesse continuar a pastorear os meus dis-
cípulos. Que ingênuo fui! Saia daqui agora, vamos ... saia... Cale a boca e saia. Não quero vê-lo nunca
mais, seu indigno, ingrato. A partir de agora você não faz parte deste grupo de discípulos."
O que seria da história de Pedro O que seria da vida dos discípulos? O que seria da Igreja se essa
fosse a atitude de Jesus? Quanta coisa temos que aprender com Jesus no que se refere a conviver com
os conflitos em nossos relacionamentos!!! Aceitação de uma pessoa nada tem a ver com acordo ou
desacordo. A aceitação não exclui divergências, ela nos libera para divergirmos de uma maneira mais
franca, efetiva e plena.
Vale a pena ressaltar que temos que tomar cuidado em não adotar uma postura de aceitação
indiscriminada. Aceitação que sugere não haver total preocupação ou envolvimento com a outra
pessoa. Não podemos baratear nossa aprovação.
Importar-se com o outro requer que nos interessemos pela direção que o outro está dando a sua
vida. Interessar-se pelo outro é oferecer um envolvimento real que possa servir de luz para aquela vida.
Importar-se com o outro significa que vou deixar a atitude mesquinha de crítica e de murmuração
e vou me dedicar a ser instrumento para aquela vida. Vou sair do meu afastamento egoísta de não
contaminação e vou me aproximar do outro de modo genuíno, com amor. Amor que está acima do
sentimento. Amor baseado no desejo de obedecer a Jesus. Amor que deseja ser imitador, ser
semelhante a Jesus.
Se você ama, você é franco. Se você dá valor ao outro, você apresenta a verdade.
Saber confrontar não é questão de diplomacia, tato, ou educação. Saber confrontar o outro é
basicamente deixar que o Espírito Santo libere o Seu fruto em você.
Em Gálatas 5.22 está escrito:
' ...mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. "
O Espírito está pronto para lhe fornecer tudo de que você precisa para saber tirar proveito do
confronto. Você tem que fazer a sua parte.
Algumas sugestões:
1. Durante o confronto focalize, suas reações não no personagem, mas na ação. Faça comentários
não em relação à pessoa, mas ao comportamento. Por exemplo:
"Você ê malvado e sujo!" x "O que você fez foi mau e me fez sentir suja".
"Você ê um mentiroso" x "Aquilo que você disse foi uma mentira".
"Você ê um burro" x "Suas notas não estão muito boas".
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Criticar a pessoa que está se comportando de maneira indesejável, estimula os sentimentos de
rejeição. Criticar o comportamento, afirma a liberdade de mudar e encoraja a pessoa a se desligar do
mau comportamento em questão.
2. Durante o confronto, baseie as suas reações não em suas conclusões, mas em suas observações.
Evite comentar aquilo que você acha, imagina ou deduz, mas o que realmente você viu ou ouviu. Por
exemplo "Pra variar, você está atrasa do outra vez. Imagino que estava aconselhando e consolando sua
secretária."
3. Durante o confronto, baseie as suas reações não em julgamentos, mas em descrições. Não
comente como você classificaria o comportamento do outro, como sendo mal, errado, mas dê uma
descrição clara e correta numa linguagem que seja a mais neutra possível. Por exemplo, em vez de di-
zer: "Você ofendeu de maneira desleal o nosso filho", diga: "Nosso filho ficou ofendido e triste pela
maneira com que você se dirigiu a ele".
4. Durante o conflito, baseie suas reações não em qualidade, mas em quantidade. Não faça
comentários sobre o caráter da outra pessoa. Faça comentários sobre a quantidade e o grau de senti-
mento . Por exemplo, em vez de dizer: "Você ê um tagarela", diga: "Você se expressou com muitas
palavras".
5. Durante o confronto, baseie suas reações não em conselhos e respostas, mas em idéias, infor-
mações e opções. Evite dizer: "Sabe o que você tem que fazer? Eu acho que você tem que fazer isto e
aquilo". Em vez disso diga: "Você já pensou na possibilidade de fazer isto ou aquilo?" ou: "Que tal
você tentar deste jeito?"
6. Durante o confronto, baseie suas reações não no potencial existente dentro de você como o
homem que tem todas as respostas do mundo. Baseie-se em vez disso no potencial que será útil à outra
pessoa. Deixe que a pessoa tire suas próprias conclusões. Permita que ela chegue sozinha à decisão que
precisa tomar. Por exemplo: "Deixe que eu vou falar com a fulana. Vou lhe dizer umas boas. Eu sei
como tratar de gente como ela."
Ofereça suas observações, comentários e prováveis opções. Evite dizer: "Você vai ficar aí pa-
rado? Vai lá e peça desculpas". "Vai lá e diga que você optou por mim. Mexa-se."
Fazendo isso você estará sobrecarregando os canais abertos e estará impondo uma decisão ao
outro. Desse jeito você acaba bloqueando e frustrando a solução.
7. Durante o confronto, baseie suas reações não na melhor hora para você, mas na melhor hora e
situação favorável ao outro. Algumas pessoas são hábeis em desenvolver sistemas de confrontação
repressores. Estão muito mais ligadas às intenções de fazer o outro passar por vexame, ridículo ou
vergonha, do que à intenção de restaurar ou solucionar o conflito de modo saudável. Por exemplo, ir ao
local de trabalho, no horário de expediente, para expressar, em voz alta e na frente dos outros, seus
gritos de dor e decepção. Ou, então, na frente de amigos, familiares ou mesmo na frente dos filhos.
Alguns mais infelizes, usam o horário das refeições para tentar resolver seus conflitos. Não seja
precipitado. Procure a pessoa e diga: "Gostaria muito de resolver este problema que está havendo entre
nós. Qual seria a melhor hora para fazer isso?"
8. Durante o confronto baseie suas reações não no "por quê" mas no "o quê "e "como". O "por
quê" critica valores, motivos e intenções. Em vez de dizer: "Por que você fez isso comigo?" diga: "O
que aconteceu para que você chegasse a fazer isso?" ou então: "Como isso foi acontecer com você?"
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Diretrizes para um bom confronto:
1. Confronte com amor. É preciso disciplinar-se para só partir para o confronto com os óculos do
amor. É preciso aprender a importar-se com o outro.
2. Confronte com cuidado.
3. Confronte construtivamente. Evite o jogo sujo. Evite causar humilhação. Cuidado para não
afogar o outro na sua culpa. Evite retaliações, represálias, vingança ou desforra.
4. Confronte com aceitação. Um dos maiores inimigos da solução de conflitos é o bloqueio que se
levanta antes mesmo do início das negociações. Muitos de nós partimos para o conflito, armados com
nossas pedras e isso nos impede de ouvir o outro e suas razões, motivos ou justificativas.
5. Confronte com clareza. Saiba separar o que é fato (observação), do que é sentimento. Nunca
relate uma interpretação como se fosse um fato.
Confrontar é permitir discordar. Discordar não é atacar.
Há várias maneiras de uma pessoa encarar ao conflito:
1. O conflito é péssimo e desgastante.
Nós simplesmente não nos entendemos, somos incompatíveis, nunca vamos nos entender.
Portanto a melhor coisa a fazer é evitar o conflito. Você segue o seu caminho e eu o meu. Assim
estaremos protegidos e seguros contra os desgastes do conflito.
2. O conflito é esmagador.
Se houver conflito, ele acabará com o nosso relacionamento. Serei rejeitado e passarei apuros.
Diante disso, então, vou adotar o papel de bom camarada. Vou ceder facilmente para manter a nossa
amizade.
3. O conflito é uma sina.
É inevitável. Foi Deus quem me colocou no seu caminho. Eu serei a sua consciência. Defenderei
sempre a minha verdade diante de Deus e dos homens. Por essa razão eu terei de ser perfeccionista, juiz
e fiscal de sua vida.
4. O conflito é nosso.
Temos que resolve-lo juntos. Vou andar meio caminho. Espero que você ande a sua metade.
Vamos cooperar, vamos ceder e chegar a um ponto comum. Se for assim, então o meu papel será de um
mediador. Cada um cede metade. Eu só cedo até aí. Nenhum centímetro a mais.
5. O conflito existe e é natural.
Ele revela as dificuldades e diferenças que temos. Vou aproveitar isso para poder confrontar em
amor e assim crescer.
Resumindo: podemos adotar diante do conflito uma destas posturas:
1. Eu ainda o pego.
2. Vou cair fora dessa situação.
3. Vou ceder, para não perder a amizade
4. Vou até a metade do caminho.
5. Eu o amo e me importo com você, a ponto de poder confrontá-lo.
Capitulo 10
Sugestões Para Ajudar a Resolver Conflitos
1. Encontre o momento e o local oportuno.
2. Não dê voltas. Vá direto ao assunto.
3. Evite envolver terceiros.
4. Use um vocabulário simples, claro, objetivo.
5. Não dê "golpes baixos" (apontar defeitos).
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6. Evite os absolutos (nunca... sempre...), em relação às circunstâncias e fatos.
7. Não abra o baú do passado.
8. Evite zombarias, ironias, sarcasmos, apelidos ofensivos e insultos.
9. Procure solucionar os conflitos à medida que vão surgindo. Não adie.
10. Saiba ouvir.
11. Seja paciente.
12. Olhe nos olhos da pessoa.
13. Procure chegar a compromissos, estabeleça metas.
14. Perdoe.
15. Se não chegaram a algum acordo, marque outra hora para outra tentativa.
16. Se o conflito não for solucionado, busque auxílio.
Antes de fazermos qualquer consideração sobre o assunto, abra sua Bíblia e transcreva os
seguintes textos:
Efésios 4.31-32
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Mateus 6.14-15
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Colossenses 3.12-13
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Para entender o que é perdão temos que entender primeiro o que é ofensa.
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34. Quando somos inflexíveis.
35. Quando somos insensíveis.
36. Quando negamos um empréstimo.
37. Quando não ajudamos (negando ajuda ou acolhida).
38. Quando criticamos.
39. Quando não perdoamos.
O QUE É PERDÃO?
O dicionário diz que: Perdão é remissão de culpa, dívida, ou ofensa. É indulgência, desculpa por
erro cometido.
IMPLICAÇÕES DO PERDOAR
1. Ter disposição em aceitar o reconhecimento de uma ofensa por parte do ofensor, acompanhada
ou não de seu arrependimento.
2. É reconciliar, religar e reatar relacionamentos afetados.
3. É estender a mão no sentido da recuperação do ofensor.
4. É devolver a confiança perdida.
5. É restabelecer a harmonia comprometida e prejudicada pela ofensa.
6. É ser autêntico no expressar suas reações diante dos fatos e circunstâncias relacionadas com a
ofensa.
7. É assumir o compromisso de:
- Não levantar mais o assunto com o ofensor.
- Não levantar mais o assunto com outros.
- Não levantar mais o assunto consigo mesmo.
8. É estar disposto a viver um novo relacionamento.
9. É ouvir uma confissão sem diminuir o peso da ofensa.
10. É aproveitar a ocasião para ministrar uma boa palavra ao ofensor, exortando-o em amor.
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8. Só seremos beneficiados com o perdão das faltas e pecados cometidos contra Deus, quando
conseguirmos perdoar as ofensas dos homens. Mt 6.14-15
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9.Quando perdoamos um irmão, nós o liberamos diante de Deus e cooperamos com, sua
reabilitação. Além disso bloqueamos a atuação de Satanás. 2 Coríntios 2.7-11
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11. Quando alguém não corresponde ao nosso perdão, não devemos anulá-lo.
12. Lembremo-nos de que, em hipótese alguma, devemos nos vingar. A vingança pertence ao
Senhor. Romanos 12.14-21
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13.Não perdoar é pecado tanto quanto a ofensa.
14.Não perdoar pode ter conseqüências tristes como:
a) envelhecimento precoce. Salmos 32.3
b) dores generalizadas no corpo. Salmos 32.3
c) sentimentos de culpa. Salmos 32.4
d) falta de força para viver. Salmos 32.4
e) tratamento da parte de Deus, como o tratamento dado a um animal. Salmos 32.9
f) sofrimentos indesejáveis. Salmos 32.10
g) convivência com raízes de amargura que afetam e prejudicam o corpo. Salmos 73.21
h) embrutecimento e irracionalidade. Salmos 73.22
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O discipulado é rico de oportunidades para o surgimento e o desenvolvimento de relações
intensas, isso porque discipulado pressupõe andar com a pessoa, deixar-se conhecer. Jesus mesmo
designou doze para estarem com Ele. (Mc 3.14)
Quem discipula sabe que é relativamente fácil ensinar uma pessoa a obter conhecimentos. Mas
como podemos ensiná-la a viver? Uma coisa é fornecer técnicas sobre retenção de informações bíblicas
ou da própria vida. Outra coisa é edificar a personalidade de alguém.
Uma coisa é preocupar-se em fazer que as pessoas saibam o que nós sabemos. Outra coisa é fazer
que elas sejam o que somos.
Esta é a tarefa do discipulado: ajudar as pessoas a crescerem gradativamente em direção à
semelhança com Jesus. Em outras palavras, ajudá-las a ficarem parecidas com Jesus. Isso não se con-
segue lendo livros e ouvindo sermões. Isso se consegue através da vivência de relacionamentos profun-
dos, amorosos e cheios de compromisso.
Se você é um discípulo de Jesus, você é seu imitador. Jesus é seu modelo, seu referencia!. É
preciso olhar para Sua pessoa e descobrir como ele pensa, como reage diante das circunstâncias.
É preciso analisar como Jesus lidava com suas emoções. Amar como Jesus é amar como Deus
ama o ser humano.
A melhor maneira de se entender o que é amar, é compreender como Deus ama. Aprender a
perdoar como Deus perdoa. Colossenses 3.13:
Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa
contra outrem... Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós.
Porém, tu, Ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar- se, e grande em
bondade, tu não os desamparaste...
Salmos 86.5
Pois tu, Senhor, és bom e compassivo; abundante em benignidade para com todos os que te
invocam. "
Isaías 43.22-25
Contudo não me tens invocado, ó Jacó, mas de mim te cansaste, ó Israel. ... mas me deste traba-
lho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas iniqüidades. Eu, eu mesmo, sou o que apago as
tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro.
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Romanos 5.6-8
Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios... mas Deus
prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores.
Efésios 2.4- 7
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando
nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo - pela graça sais salvos...
Colossenses 2.13-14
E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões, e pela incircuncisão da vossa
carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos. Tendo cancelando o
escrito de divida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial
removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz.
Romanos 8.33-34
Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os conde-
nará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e
também intercede por nós.
Quando concede Seu perdão, Deus não nos trata mais segundo o nosso pecado. Salmo 32.1
Isaías 43.25
Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não
me lembro.
Isaías 44.22
Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para
mim, porque eu te remi.
Ao conceder Seu perdão, Deus não continua atribuindo culpa pelo pecado.
2 Corintios 5.19
Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
Uma vez dado o perdão, Deus promete não levantar a acusação novamente, contra você. Isaías
38.17; Miquéias 7.19
Deus nunca nega o perdão, quando os pecados são confessados com sinceridade. 1João 1.9
Baseado no modelo de Deus, você, como discípulo de Jesus, deve:
1. Perdoar voluntariamente a todo aquele que pecar contra você.
2. Perdoar todo e qualquer tipo de pecado, por mais cruel que seja.
3. Perdoar mesmo que a pessoa não mereça. Perdoar como exercício de misericórdia.
4. Perdoar integralmente, sem condições ou restrições.
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5. Uma vez concedido perdão, você deve se esforçar por tratar o ofensor como se ele estivesse
restaurado. Tratá-lo sem olhar para o passado. Tratá-lo sem amargura, ou ressentimentos. Procure a
restauração sempre que ela estiver a seu alcance. Rm 12.18, 2 Co 2.6-8
6. Ao perdoar, não fique culpando a pessoa e lembrando-a das conseqüências de seu pecado,
aumentando-lhe a culpa. Filipenses 4.8
7. Não use os pecados e ofensas perdoadas como pedras para futuros conflitos. Não fique abrindo
seu velho baú e atacando velhas ofensas. 1 Co 13.5
8. Esteja sempre disposto a perdoar novas ofensas ou injustiças. Evite dizer: "Se acontecer de
novo, ou se você fizer isso outra vez... eu não o perdoo.”
Você deve perdoar qualquer pessoa que o ofender, assim como Deus, em Cristo, o perdoou.
Efésios 4.32, Colossenses 3.13
Discipline-se a perdoar antes mesmo que as pessoas venham a pedir-lhe perdão. Marcos 11.25
O perdão está acima dos sentimentos. É um ato de obediência ao Senhor Jesus. Mateus 18.35
O perdão dá ao ofensor aquilo de que ele está precisando e não aquilo que ele está merecendo.
Salmos 103.10
Ao perdoar, evite fazer comentários ou fofocas com terceiros.
Efésios 4.29
Ao conceder perdão, não exija restituições ou condições, Seja misericordioso e busque a
reconciliação. 1 Coríntios 6.5-7. A restituição ou reparação do erro é desejável e coopera de modo
significativo na restauração. Entretanto, isso deve ser colocado como um desafio ao ofensor e nunca
como condição para obtenção do perdão.
Advertências:
Porque perdoar é um mandamento, todas as vezes que não perdoar alguém que o ofendeu, você
incorre também no pecado. Tiago 4.17
Ao negar seu perdão, você está demonstrando uma tremenda ingratidão a Deus. Ele lhe perdoou
todos os seus pecados e espera que você faça o mesmo com seus ofensores. Mateus 18.21-35
PACTO
Estou disposto a trabalhar para melhorar meu relacionamento pessoal com você. Desejo dedicar-
me ao máximo. Este meu compromisso é incondicional Trabalharei nisso quando for fácil e mesmo
quando difícil Tentarei revelar-lhe quem sou e ouvirei, para aprender, quem é você. Farei isso quando
estiver disposto e quando não estiver. Prometo continuar ali com você, mesmo quando a criança que
existe em mim prefira fingir, ficar amuada ou maltratá-lo. Prometo continuar ali, mesmo quando estiver
com vontade de desistir. Juntos nos esforçaremos para partilhar a vida! até que tenhamos construído
fortes linhas de comunicação.
Assinatura
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