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Atibaia
2008
SUMÁRIO
Páginas
3 A JUVENTUDE E A IGREJA..................................................................................... 13
3.1.1 Submissão..................................................................................................................... 14
3.2.3 Amor............................................................................................................................. 24
3.2.4 Fé .................................................................................................................................. 25
1
4.3 O ministério das mulheres com as jovens .................................................................... 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................................... 59
2
1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O mercado mundial está saturado de livros e “kits” cheios de idéias,
métodos e filosofias para o ministério de adolescentes e jovens. Uma pesquisa rápida em um
site popular de venda de livros produz 4.536 títulos.1 Já no Brasil, muitos desses livros estão
sendo traduzidos e forjando um movimento voltado para a juventude evangélica. Muitas
idéias estão sendo ventiladas e filosofias debatidas, enquanto mais e mais organizações para-
eclesiásticas apresentam novos métodos e currículos. A atenção crescente para esse ministério
é muito positiva. A juventude precisa ser ensinada, discipulada e treinada para exercer seu
papel no corpo de Cristo hoje e no futuro.
1
www.amazon.com. 7 de Outubro de 2007.
2
SENTER, Mark H. III (edit.). Four views of youth ministry and the church. Grand Rapids : Zondervan, 2001. p.
X da introdução.
3
O ponto de partida é a crença que a Bíblia tem as respostas sobre as ênfases
e filosofia do ministério com jovens. 2 Timóteo 3.16-17 deixa bem claro que as Escrituras são
suficientes para o ensino, correção e instrução na justiça, para que os homens sejam
preparados para a obra de Deus. Essa declaração abrange a juventude das nossas igrejas. A
Palavra de Deus é suficiente para o ensino e preparação dos jovens. Logo, ela deve ser o
ponto de partida para a busca da maneira correta de ministrarmos a esse grupo. Para isso, a
primeira coisa a ser estudada é a definição de jovem na Bíblia. Quais as palavras no grego e
hebraico e o que significavam no contexto cultural em que a Bíblia foi escrita? Depois é
preciso buscar todas as passagens em que essas palavras são utilizadas e verificar a
implicação delas para um ministério de jovens. Essas implicações devem ser o ponto de
partida para a formação de uma filosofia bíblica de ministério. Claro, não podemos negar as
passagens que se aplicam para todos os ministérios eclesiásticos, mas se vamos ministrar
especificamente aos jovens, vamos ensinar pelo menos o que a Bíblia diz especificamente
para e sobre eles.
Minha tristeza no preparo desta monografia tem sido perceber a grande falta
de recursos que se utilizam dessas passagens. Mesmo os livros e filosofias que procuram ser
mais bíblicos omitem as passagens específicas aos jovens. Creio que essa omissão é em parte
responsável pela confusão quanto a esse ministério. Esses versículos são parte da razão por
que podem existir ministérios específicos com jovens. Se forem negligenciados, se torna
difícil defender biblicamente qualquer distinção de ministério entre eles e adultos. Porém,
uma vez que reconhecemos que existem assuntos na Bíblia a serem tratados diretamente com
a juventude, temos prerrogativa para um ministério que faça isso. Isso não significa que
podemos levar isso ao extremo e completamente segregar os jovens do restante da igreja. Isso
seria uma aplicação contrária as Escrituras uma vez que Efésios 4.3-6 ensina a união do corpo
de Cristo.
4
Cristo. Também foram escolhidos por incluírem várias dicas práticas e específicas em relação
aos jovens. Porém, algumas dessas epístolas não serão abordadas por não falarem
especificamente sobre o jovem. É importante salientar que o objetivo desse trabalho não é
picotar a Bíblia para tirar apenas o que achamos que é pertinente aos jovens. Isso seria uma
negação gritante de 2 Timóteo 3.16. O objetivo é apenas de estudar as implicações dos textos
que falam aos jovens como ponto de partida para um ministério bíblico de ensino à
juventude.
3
BLACK, Wesley. An introduction to youth ministry. Nashville: Broadman, 1991. p. 44
5
de jovens com os demais ministérios da igreja sob essa liderança. Em seguida, 1 Timóteo 4.12
mostrará que o jovem deve ser ativo no corpo de Cristo com uma vida exemplar. Essa vida é
chave para se ganhar respeito, mesmo lhe faltando experiência. Depois, veremos, com base
em Tito 2.7-8, as qualificações do pastor de jovens ou qualquer líder diante deles. O capítulo
4 então se voltará para as áreas de ensino aos jovens. Veremos Tito 2 que fala da importância
da prudência. Em seguida 1 João 2.12-14 mostrará a vitória que o jovem tem em Cristo. Tito
2.3-5 revela as áreas em que as senhoras mais experientes devem se envolver no ensino das
moças. E por último veremos a relevância de 2 Timóteo 2.22 para o ensino à juventude com
sua ordem explícita de fugir do pecado e seguir a justiça.
Em todo esse estudo uma questão será notória. Todas essas passagens de
alguma forma têm por base o ensino da Palavra de Deus. Nenhuma área de ensino aos jovens
pode ser divorciada do ensino do restante da Bíblia. Ela é nosso guia, que nos aponta para
Cristo. Ela é a ferramenta usada por Deus para transformar os corações mais duros.
Segurança, esperança e verdadeiro sucesso em qualquer ministério só serão reais uma vez que
este estiver saturado com o ensino claro das Escrituras, centrado em Cristo, para a glória de
Deus.
6
2 O “JOVEM” NAS EPÍSTOLAS PASTORAIS E GERAIS
O primeiro assunto a ser discutido é o perfil do jovem nas Epístolas
Pastorais e Gerais. Já nos deparamos com vários textos que em português falam acerca dos
jovens. Porém, o termo para jovem tinha o mesmo significado no primeiro século que tem
hoje? Veremos claramente que não. Não existiam os parâmetros de faixa etária tão claramente
definidos como temos hoje. Mas isso não significa que não devemos valorizar essas passagens
por falarem de um grupo mais abrangente. Pelo contrario, devemos rever nossos conceitos
atuais de divisões por idade e adequá-los à realidade bíblica. Se pretendermos ensinar os
adolescentes de 13 a 18 anos, ou os jovens de 19 a 30, precisamos pelo menos entender as
implicações dos textos que falam dos jovens em geral.
Para isso, nesse capítulo estudaremos as palavras gregas que são usadas nas
epístolas pastorais e gerais para entender o campo semântico dessas palavras e a relevância
dos textos em que aparecem para o nosso estudo. Assim estudaremos as palavras νέος,
νεωτερικός, νεότης, νεανίσκος e seus cognitivos. Essas palavras são as que abrangem o que é
atualmente considerado como juventude (13 anos para cima).4 É claro que existem várias
outras palavras na Bíblia que abrangem essa idade. Porém, também não serão abordadas
devido à limitação dessa monografia em estudar as epístolas pastorais e gerais. Mesmo assim,
as palavras que ocorrem nesses livros são uma boa amostra dos principais termos para
juventude no Novo Testamento, e o estudo desses poderá lançar luz sobre as demais.
A palavra νέος, quando usada para idade nos escritos helenistas, geralmente
significa uma criança ou jovem de até 30 anos no máximo.5 Esta palavra ocorre 127 vezes na
LXX e 24 vezes no Novo Testamento. Nos Evangelhos, 8 dos 12 usos falam do vinho novo
versus o vinho velho. Das demais ocorrências, duas se encontram na parábola do filho
pródigo em Lucas 15 onde distinguem entre o filho mais novo que é insensato e impetuoso, e
4
Não estudaremos a palavra βρέφος que aparece em 2 Timóteo 3.15 e 1 Pedro 2.2 porque não abrange essa
idade (acima dos 13 anos). Ela descreve crianças muito novas, recém-nascidas e às vezes ainda não
desmamadas, conforme LOUW, J. P., NIDA, E. A. Greek-English lexicon of the New Testament: Based
on semantic domains. New York: United Bible societies, 1996. p. 648.
5
KITTEL G., BROMILEY, G. W., e FRIEDRICH, G. (edit.). Theological dictionary of the New Testament.
Grand Rapids: Eerdmans, 1976. v. 4, p. 897
7
o filho mais velho. Em Lucas 22.26 Jesus declara que quem quiser ser o maior entre os Seus
discípulos terá que ser como o mais novo, e o líder como o servo. Isso indica que
culturalmente pessoas consideradas mais novas não tinham tanto status como os idosos e
experientes. Isso pode explicar um pouco por que Timóteo estava tendo dificuldades em
Éfeso por ser considerado νεότης (cognitivo de νέος) e precisou que Paulo o encorajasse a
não se deixar ser desprezado (1 Tm. 4.12).
6
DU TOIT, A. The New Testament Milieu. Halfway House: Orion, 1998. s.p.
8
experiência (cf. neófito em 1 Tm. 3.6) e idade dentro da igreja. O peso da liderança está sobre
esses e não sobre os jovens, cujo papel é de serem submissos. Isso não significa que um
jovem não possa ser considerado um πρεσβύτερος, pois é muito provável que Timóteo e Tito
faziam parte desta liderança, porém para isso acontecer é necessário que o jovem demonstre
algumas características como exemplo (1 Tm. 4.12).
7
LOUW, J. P., op. cit. p. 648
8
WALVOORD, J. F., ZUCK, R. B., et. al. The Bible knowledge commentary: An exposition of the scriptures.
Wheaton, IL: Victor Books, 1983. v. 2, p. 150
9
criança (παιδάριον). Então, parece que νεότης também significa a idade de um jovem que
está no início ou logo antes de sua carreira militar. “Porém, o foco do significado em seus
respectivos contextos parece ser mais sobre o período de tempo em particular do que sobre
um estado ou condição fisiológico.” 9
Fora da Bíblia este termo e seus cognitivos aparecem nos escritos helenistas
e dos pais da igreja. Geralmente inclui idades de trinta a no máximo quarenta anos. Pensando
que Timóteo já havia ministrado com Paulo durante cerca de treze anos, é provável que ele
tivesse entre 25 e 35 anos de idade.10
Porém, isso não significa que devamos descartar a relevância de tais textos
para as necessidades específicas das diferentes faixas etárias. Devemos, sim, considerar que
os versículos que tratam deste grande grupo de idades estão nos dando diretrizes e traços
específicos a todos de mais ou menos 12 anos aos 30. É difícil conceber isso numa sociedade
onde todos são divididos em tantas faixas e “sub-faixas” de idades. A tendência seria negar
diretrizes e traços que não “respeitam” as necessidades de cada idade, como determinados
pela psicopedagogia. Porém, não negando a realidade de existiram diferenças entre rapazes de
14 anos e jovens de 28, as dificuldades de cada um não são tão distintas e a ordem de Paulo a
Timóteo em 2 Timóteo 2.22 é relevante e relevante a ambos, mesmo que as aplicações sejam
bastante diferentes..
9
LOUW, J. P. op. cit. p. 648
10
MOUNCE, William D. Word biblical commentary: pastoral epistles. Nashville: Thomas Nelson, 2000. p. 258
10
forma relativa qualquer “jovem” desde criança até a meia-idade.11 Entretanto, νεανίσκος
muitas vezes revela um sentido mais específico: um jovem depois da puberdade, porém
normalmente antes de se casar.12 Esse significado, então sugere fortemente a idade que hoje
reconhecemos como “adolescência”.
Em Atos 23.18 e 22, esta palavra descreve o sobrinho de Paulo que levou
informações ao comandante acerca de uma emboscada. Note no versículo 19 que o
comandante o toma pela mão. Isso pode sugerir que o rapaz era mais novo. Em Mateus 19.20
e 22 νεανίσκος descreve o jovem rico que pergunta a Jesus como chegar ao Reino dos Céus.
Nesse caso, parece que temos um exemplo de um νεανίσκος que é mais velho, pois ele tem
muita propriedade, é alguém de destaque na sociedade (cf. texto paralelo de Lc. 18.18), e
afirma ter guardado a Lei desde a sua juventude (νεότητος, Lc. 18.21).13
Os usos que mais nos interessam para esse estudo são os dois que se
encontram em 1 João 2.12-14. Nessa passagem existem duas tríades que afirmam as razões de
João em escrever para crianças (τεκνία no v. 12 e παιδία no v. 14), pais (πατέρες nos vv. 13 e
14) e jovens (νεανίσκοι, nos vv. 13 e 14). Existe muita discussão se João aqui está se
direcionando para três grupos de pessoas diferentes ou se está se referindo sempre a todos os
seus ouvintes.
O Dr. Carlos Osvaldo Pinto diz que são encorajamentos para todos os
crentes, com essas distinções sendo figuras de linguagem.14 Hiebert afirma que não é provável
que as distinções sejam apenas diferenças de idade, pois τεκνία é usada em outros lugares em
1 João como uma forma carinhosa de se dirigir a todos os seus leitores. Ele acredita que os
três grupos se referem ao tempo de conversão de seus leitores.15 Porém, mais adiante, ao tratar
especificamente do versículo 13 ele concede que “Os ‘jovens’(νεανίσκοι)... são
11
WUEST, K. S. Wuest's word studies from the Greek New Testament: For the English reader. Grand Rapids:
Eerdmans, 1984. p. 200
12
LOUW, J. P. op. Cit. p. 107
13
Cf. discussão acima acerca do uso de νεότητος nesse caso para descrever o Bar-Mitzvah do jovem rico aos 12
anos.
14
PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. O argumento de 1 João. In: ________. New Testament arguments. Dallas:
Dallas Theological Seminary. (Trabalho apresentado para curso de Philosophy Doctor). p. 87
15
HIEBERT, D. Edmond. An exposition of 1 John 2.7-17. Bibliotheca Sacra. Dallas: Dallas Theological
Seminary, Out-Dez 1988. p. 428
11
16
caracterizados como mais novos na fé, bem como em idade.” Me parece estranho todo o
trabalho de descrever seus leitores com quatro palavras diferentes apenas para dizer que são
todos o mesmo grupo. Concordo que os princípios da vida cristã que são próprios dos três
grupos podem ser verdades de qualquer crente de qualquer idade. Porém, tendo a concordar
com Hiebert que são diferentes tempos de conversão que possivelmente podem ser
relacionados também a idade. De qualquer forma, essa passagem pode ser aplicada a jovens,
pois esses são novos na fé e novos de idade.
16
HIEBERT, D. Edmond. Op. Cit. p. 430
12
3 A JUVENTUDE E A IGREJA
Um dos fundamentos do ministério de jovens precisa ser o envolvimento
deles na vida e nos demais ministérios da igreja.17 Não deve ser uma “sub-igreja” que vive
competindo acerca de regras, datas, agendas, etc. A juventude deve se engajar ativamente no
propósito e na direção geral de sua igreja local. Portanto, o propósito do ministério com
jovens não difere do propósito da igreja, que pode ser definido como três ministérios:
ministério a Deus, ministério aos crentes e ministério ao mundo.18 É claro que a primeira, a
glória de Deus, é a principal e mais abrangente. Os ministérios aos crentes e ao mundo estão
inclusos nela.
Senter enfatiza que “para ser uma parte saudável da igreja, o ministério de
jovens precisa facilitar todos os três propósitos da igreja entre os jovens do corpo de Cristo.”19
No passado muitos ministérios não tem tido uma visão equilibrada desses propósitos. Aqueles
que são mais focados na igreja local têm enfatizado mais o ensino e a comunhão. Os
ministérios com tendências mais para-eclesiásticas têm enfatizado o evangelismo e também a
comunhão.20 Porém, um ministério equilibrado abraçará todos esses, como parte de seu
propósito no Corpo de Cristo.
Para que haja essa interação integral na igreja local, é preciso ter uma boa
definição dos papéis de cada um. Esse capítulo visa estudar as implicações de 1 Pedro 5.5-7, 1
Timóteo 4.12 e Tito 2.6-8 para o relacionamento dos jovens com o ministério e com os seus
líderes. Também procura identificar as qualidades que esses líderes devem demonstrar perante
a juventude. Assim teremos uma concepção mais correta do papel do ministério de jovens
dentro da vida da igreja local.
17
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 18
18
GRUDEM, Wayne. Systematic Theology. Grand Rapids: Zondervan, 1994. p. 867-868
19
SENTER, Mark H. III (edit). op. cit. p. xi
20
Idem., Ibid.
13
sua epístola Pedro encoraja seus leitores perante perseguição e sofrimento iminente. Ele
queria que soubessem como suportar esse sofrimento e como manter a santidade e bom
testemunho da igreja em meio a ela. Portanto, essa epístola é bastante prática e enfatiza como
os cristãos devem se portar uns com os outros dentro da igreja.21 Chegando ao capítulo 5,
Pedro dá uma série de recomendações aos presbíteros de como pastorearem bem a igreja.
Logo em seguida, ele ensina aos jovens a se submeterem a esses líderes.
Há uma tensão interessante nessa passagem muito parecida com a que existe
em muitas igrejas de hoje. Muitas vezes a juventude tem dificuldade em seguir as orientações
do pastor titular, dos diáconos e demais líderes da igreja. Essa tensão pode existir por causa
do mau uso da autoridade por parte dos líderes, mas esse não é o foco do nosso estudo. A
tensão também é causada (talvez na maioria das vezes) pelo orgulho e arrogância dos jovens.
Pedro previu esse conflito resultante de dar autoridade aos presbíteros. Por isso escreveu as
recomendações aos jovens nos versículos 5 a 7. O ministério de juventude não tem direito de
negar essas instruções em seu ministério de ensino. Portanto veremos as duas ordens de Paulo
aos jovens: de serem submissos e humildes.
3.1.1 Submissão
Pedro ordena aos jovens que se submetam (ὑποτάγητε) aos presbíteros. Essa
palavra é um imperativo do aoristo, que implica numa instrução específica, não um
mandamento a ser cumprido apenas uma vez.22 O verbo ὑποτάσσομαι ocorre 38 vezes no
Novo Testamento, seis das quais estão em 1 Pedro. Essa palavra significa “ser obediente, se
submeter, estar sob o controle”. Como termo militar, descrevia uma tropa que se organizava
para se apresentar sob o comando de seu líder. Fora do contexto militar era uma atitude
voluntária de se entregar, submeter, cooperar ou levar algum fardo com responsabilidade.23
21
WALVOORD, J. F., Op. cit. p. 837
22
CHAPMAN, B. Greek New Testament Insert. Quakertown, PA: Stylus Publishing, 1994. s.p.
23
STRONG, J. The exhaustive concordance of the Bible. Ontario: Woodside Bible Fellowship, 1996. s.p.
14
outros.24 Essas novas responsabilidades em seus relacionamentos envolvem essa submissão.
Todos devem se submeter ao rei, aos governantes e a outras instituições governamentais como
sendo estabelecidas por Deus (1 Pe. 2.13-14). Os servos devem se submeter aos seus mestres -
quer sejam eles bons ou maus (v. 18). As esposas se submetam aos seus maridos crentes ou
incrédulos, mostrando vidas piedosas que podem ser instrumentais na conversão de seus
maridos (3.1, 5). Num outro aspecto, todos os anjos e até os demônios foram submetidos a
Cristo (v. 22). Portanto, a vitória de Cristo pelo Seu grande sofrimento, nos motiva a
perseverarmos e vivermos vidas organizadas (4.1-2, 7-9).
24
WALVOORD, J. F. op. cit. p. 838
25
STIBBS, Alan M. The first epistle general of Peter. Grand Rapids: Eerdmans, 1959. p. 169
26
HENRY, M. Matthew Henry's commentary on the whole Bible. Peabody: Hendrickson, 1996. s.p.
15
idosos como se fossem pais e mães. Nesse texto a mesma palavra, Πρεσβυτέρῳ, é usada, mas
pelo contexto vemos que Paulo usa para significar homens mais velhos em geral.
A razão desta discussão não é defender a submissão dos jovens aos líderes
em detrimento de sua humildade perante os demais idosos, mas perceber que essa submissão
aos líderes era de suma importância para o apóstolo. Ele entendia que essa ordem aos jovens
era necessária para o bom andamento da igreja. Não era suficiente ensinar os presbíteros
como pastorearem, mas também ensinar os jovens a serem submissos.
Porém, não devemos apenas dar mais liberdade, entendendo que isso
solucionará a rebeldia entre jovens. Pelo contrário, isso só esconde o pecado e insubmissão
que existe nos corações dos jovens. Eles precisam entender, especialmente nessa fase de suas
vidas, que existem absolutos e autoridades em suas vidas. Também querem verificar se as
cercas em volta de suas vidas são seguras e firmes. Essas cercas são princípios, não apenas
regras, que pais e líderes devem ensinar e insistir com amor, mostrando que os mesmos não
são flexíveis. Isso pode trazer conflito com os jovens, mas também trará segurança à medida
que aprendem a liberdade que têm dentro desses princípios.28
27
JOHNSON, Lin. Como ensinar adolescentes. Rio de Janeiro: CPAD, 2003. p. 48
28
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 95
16
unidade básica de ministério.29 Deus escolheu alcançar o mundo através dela. Os jovens
fazem parte desse corpo. Logo, existe uma ligação estreita e essencial entre a igreja e o
ministério dos jovens. Isso significa que a igreja não deve relegar sua responsabilidade para
organizações e ministérios para-eclesiásticos. Também significa que os líderes dos jovens não
devem construir um programa completamente paralelo e alheio à vida da igreja. Precisam
existir elos e envolvimento forte dos jovens na vida da igreja, e da igreja nas vidas dos jovens.
Aquilo que a liderança da igreja decidir como ênfases, necessidades ou projetos para a igreja,
devem ser abraçados pelo ministério de jovens. Se a igreja lançar um projeto missionário, por
exemplo, os líderes dos jovens têm a tarefa de pensar em formas práticas de envolver os
jovens no seio desse projeto.
3.1.2 Humildade
29
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 15
17
2.3). A segunda, ἐγκομβώσασθε, é um imperativo aoristo plural e, portanto, o verbo que
carrega a oração. Ela significa se vestir, geralmente se referindo a um avental que se vestia
por cima da roupa, amarrando com um barbante. Strong observa que a forma substantiva
dessa palavra era especificamente o avental dos escravos que era vestido para manter a roupa
limpa durante o seu trabalho e para mostrar a sua posição de escravo.30 Portanto, era uma
roupa muito humilhante. Lembra-nos a figura de Jesus se cingindo com uma toalha para lavar
os pés de seus discípulos em João 13. Jesus se humilhou para servir, tratando os demais como
superiores ao cuidar de suas necessidades.
A humildade é uma virtude que precisa ser ensinada aos jovens, pois nessa
idade a arrogância aflora. J. C. Ryle usa termos bastante fortes para descrever esse orgulho no
coração do jovem:
30
STRONG, J. Idem. s.p.
31
KITTEL G., Op. cit. p. 23
32
RYLE, J. C. Thoughts for young men. Amityville: Calgary, 1996 (primeira ed. 1886). p. 22
18
nós. Esse orgulho se manifesta criativamente e em muitas áreas na vida do jovem. Por isso, o
ministério de ensino deve ajudar a juventude a enxergar a realidade deste orgulho e o que
Deus pensa acerca disso. O restante do versículo de 1 Pedro 5.5 diz que Deus se opõem
(literalmente, “é hostil”) ao orgulhoso, mas dá graça ao humilde. A ira e disciplina de Deus
são ferozes contra a arrogância. Se não alertarmos os jovens desse fato, somos infiéis com
eles e com o recado que Deus quer que transmitamos.
Por outro lado, a graça de Deus também está disponível para a juventude das
nossas igrejas. A mão de Deus é poderosa (v. 6) para resistir devastadoramente ao orgulhoso,
mas também para exaltar o humilde de coração e ação. Aceitar uma posição inferior e tratar
outros como mais importantes e merecedores do nosso serviço será reconhecido por Deus e
Ele nos erguerá no tempo que Ele achar melhor. Isso encoraja os jovens a terem fé e
esperança na promessa de Deus.
19
tempo certo, seja colocando-as em posições de liderança, destacando-os na igreja ou dando a
elas novas oportunidades de ministério. Por isso, toda e qualquer ansiedade pode e deve ser
renegada aos cuidados de Cristo.
33
MOUNCE, William D. Op. cit. p. 245
34
CHAPMAN, B. Op. cit. s.p.
35
LOUW, J. P. Op. cit. p. 762
20
fosse lida perante a igreja que reconheceria que o apóstolo estava transferindo sua autoridade
a esse jovem pastor.36
Essa mesma verdade precisa ser ensinada aos jovens de nossas igrejas. A
relevância deles na vida da igreja e no ministério é diretamente proporcional ao caráter deles.
Muitos jovens podem se sentir ameaçados e intimidados diante de tantos homens e mulheres
de Deus no corpo de Cristo. Ao mesmo tempo, muitos dos adultos mais velhos não valorizam
o envolvimento da juventude na vida da igreja. O resultado dessas visões equivocadas é um
ministério de juventude distante da igreja, aparentando mais um tumor do que um membro do
corpo de Cristo. A juventude passa a fazer todas as suas próprias atividades e programas e o
restante da igreja pensa que está apoiando ao dar dinheiro e espaço. Mas essa não é uma
descrição de uma igreja bíblica.
36
MOUNCE, William D. Op. cit. p. 258
37
SWANSON, J. Dictionary of biblical languages with semantic domains: greek. Oak Harbor: Logos Research
Systems, Inc., 1997. s.p.
38
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 16
21
ministério com jovens deve... constantemente buscar maneiras de incorporar o ministério de
juventude no ministério total do corpo da igreja. Os jovens não são um grupo separado no
mundo ministerial. São integralmente ligados ao corpo de Cristo – a igreja.”39
3.2.1 Palavra
Pelo contexto, então, vemos descrições claras de algumas coisas que são
maus usos das palavras e também descrições de bons usos das palavras. O jovem que se
envolve no ministério deve tomar muito cuidado com sua língua. Precisa se lembrar das
palavras de Jesus em Mateus 15.18: que tudo que falamos é resultado da nossa condição
interior. Portanto, para transformar a fala, é preciso primeiro transformar o coração. Essa
primeira qualidade do jovem exemplar é uma qualidade interna e externa.
39
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 16
40
CARSON, D. A. New Bible commentary. Downers Grove: Inter-Varsity Press, 1994. s.p.
22
Outra implicação importante do contexto é o papel do ensino. Todas as
palavras do jovem ministro devem ser temperadas com a Palavra de Deus e a sã doutrina (v.
13). O ministério não se baseia em idéias humanas ou experiências, nem em modelos e
sistemas de ministério. O jovem se dedica a ensinar a Palavra em todo seu falar, sejam em
pregações, aulas, estudos, aconselhamentos, discipulados ou conversas informais. Porém, por
ser mais novo ele deve ser bastante sensível e amável ao exortar e ensinar. 1 Timóteo 5.1-2 dá
a dica de tratar os diferentes grupos de cristãos como membros da família. Da mesma forma
que o jovem falaria ao seu pai, mãe, irmã ou irmão, ele deve falar aos homens mais velhos, às
mulheres mais velhas, moças e rapazes, respectivamente. Esse bom uso de suas palavras para
falar da Palavra dará credibilidade e autoridade ao jovem.
3.2.2 Procedimento
41
LOUW, J. P. Op. cit. p. 503
23
vidas um compromisso sério com Deus. Os jovens devem aprender a serem testemunhos
claros da graça de Deus que transformou suas vidas da antiga conduta para a santidade (Ef.
4.22-24). Esse testemunho não deve ser apenas dentro da igreja, mas também em todo lugar,
tendo um bom testemunho perante os incrédulos.
3.2.3 Amor
O amor é um dos temas centrais das epístolas pastorais. 1 Timóteo 1.5 diz
que a razão das instruções de Paulo a esse jovem ministro é o “amor, que procede de um
coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera.” Em 2 Timóteo 1.7, Deus é quem
nos dá um espírito de amor. O amor é resultado da obra de Deus em nossas vidas e procede de
42
TRIPP, Paul David. O que é ‘sucesso’ para os pais de um adolescente. In: Coletâneas de aconselhamento
bíblico. Atibaia: SBPV, v. 6, 2007. p. 126
43
FITZPATRICK, Elyse, NEWHEISER, Jim, HENDRICKSON, Laura. When good kids make bad choices.
Eugene: Harvest House, 2005. p. 164
24
vidas que têm um relacionamento íntimo com Ele e Sua Palavra. O amor é o resultado de uma
vida vivida dentro dos mandamentos de Deus. Não é apenas um sentimento como no conceito
popular, mas uma “escolha de serviço sacrificial para o benefício de outros, apesar dos
sentimentos”.44
Mais será dito a esse respeito adiante, mas é importante nos lembrarmos da
importância dessa qualidade especialmente nas vidas dos jovens que servem na igreja. Muitas
vezes jovens são conhecidos como insensíveis às outras pessoas da igreja. Isso pode ser
resultado de um ministério que segrega a juventude do restante do corpo. Assim, eles
aprendem que não precisam dos demais adultos e que são auto-suficientes. Porém, os jovens
devem ser conhecidos pelo amor que têm pelos demais grupos da igreja. Para isso, precisamos
envolvê-los na vida da igreja e proporcionar oportunidades de servir e mostrar esse amor
prático. Isso pode acontecer na prática num programa para as crianças da igreja, num
piquenique com a terceira idade ou de tantas outras formas. Devemos encorajá-los a se
envolverem nos ministérios de culto infantil, berçário e grupos de oração dos homens ou
mulheres. Isso pode ajudar muito no desenvolver desse amor pelo restante da igreja.
3.2.4 Fé
A quarta forma em que o jovem ministro deve ser exemplo é na fé, que
segue naturalmente o amor. É interessante que quase todas as vezes nas Epístolas Pastorais
que Paulo fala da amor, ele a relaciona com a fé.45 Ambos dependem um do outro pois o amor
de Deus só pode ser produzido na vida de quem confia nEle. Conforme 1 Timóteo 1.5 essa fé
deve ser sincera, genuína e sem hipocrisia. Ela produz fidelidade que é essencial para o bom
ministério. Aquele que tem fé em Deus e naquilo que Deus requer de um bom ministro
raramente será influenciado pelos modismos doutrinários e eclesiológicos. Muitos ministérios
44
MACARTHUR, John. The MacArthur New Testament commentary: 1 Timothy. Chicago: Moody, 1995. p. 174
45
MOUNCE, William D. Op. cit. p. 23
25
de juventude e muitos jovens ministros estão desesperados atrás dos recursos mais recentes ou
modelos de ministério mais eficazes. Esses modelos muitas vezes podem até ser bons. Mas a
confiança demasiada neles demonstra uma falta de fé em Deus e em Sua Palavra. Transmite
uma incerteza sobre o poder de Deus para transformar vidas. O pensamento que programas e
atividades criativas vão segurar os jovens no ministério também demonstra essa falta de fé na
suficiência das Escrituras.
Estudaremos essa fé com mais proximidade mais a frente. Porém, por agora
lembremos que os jovens precisam desenvolver essa fé inabalável nos princípios elementares
da Palavra de Deus. Eles serão enfrentados por muitos desafios e idéias novas. Precisam
demonstrar uma firmeza doutrinária e fé naquilo que Deus falou. Essa fidelidade não será
apenas uma qualidade interior, mais demonstrável na constância e seriedade demonstrada por
esses jovens. Isso também será um grande encorajamento e exemplo para o restante do corpo
de Cristo.
3.2.5 Pureza
26
que se conseguir entrar cedo em sua vida, poderá causar muito dano ao Reino de Deus.46 Por
isso a batalha é intensa.
Precisamos ajudar os jovens nessa batalha a verem que “os prazeres que
satisfazem plenamente a alma, pelos quais os jovens anseiam, só podem ser encontrados
quando conhecemos e amamos a Deus.”47 Isso requer fé, e mentes transformadas pelas
verdades da Palavra. Eles precisam ver que o padrão de Deus não é chatice, mas liberdade e
vida plena. A alegria duradoura de ter corações puros diante de Deus é infinitamente maior
que o prazer momentâneo da promiscuidade. Não deixemos que a imoralidade sexual destrua
mais uma geração. Precisamos treinar os jovens para serem ministros no Reino de Deus,
envolvidos na obra da Igreja. Precisamos focar o coração, o padrão da Palavra e o poder
transformador da cruz e ressurreição de Cristo.
46
RYLE, J. C. Op. cit. p. 16
47
TRIPP, Tedd. Dê ao seu adolescente uma visão da glória de Deus. In: Coletâneas de aconselhamento bíblico.
Atibaia: SBPV, v. 6, 2007. p. 87
27
demais grupos. Porém, não se pode negar a ênfase do texto ao mostrar a importância dessas
características ao lidar com os jovens.
Isso pode ser provado olhando para alguns detalhes do próprio texto. As
recomendações acerca dos jovens estão no meio da lista de grupos diferentes. Antes vêm as
recomendações aos homens mais velhos, às mulheres mais velhas e às moças jovens. Depois
de falar aos rapazes jovens, Paulo ainda fala dos escravos (v. 9-10). Aquelas instruções gerais
que Paulo pretendia para todos podem ser vistas no início e no fim da lista, formando uma
espécie de moldura. No versículo 1 ele fala que o conteúdo do ensino deve ser a sã doutrina.
Nos versículos 11 a 15 ele fala da graça de Deus que possibilita a transformação de todos (v.
11). Portanto, as instruções no meio da lista são específicas para aqueles grupos e não devem
ser entendidas como generalizações. Paulo está falando pessoalmente a Tito sobre áreas em
sua vida em que deve ser exemplo para todos, mas especialmente para os jovens.
Precisamos permitir que Paulo nos mostre como deve ser o pastor de jovens.
Assim veremos um pouco de sua principal tarefa e principais características. Essas
características não são exaustivas e não estou defendendo que Paulo escreveu Tito 2.7-8 como
uma descrição do pastor de jovens. Estamos dizendo apenas que essas devem ser as
características de qualquer pastor perante os jovens. E se for assim, então o pastor que
48
CLARK, Chap. The misional approach to youth ministry. In: SENTER, Mark H III (edit.). Op. cit. p. 79
28
trabalha especificamente com os jovens deve ter pelo menos essas qualidades. É nesse sentido
que essas características devem ser normativas no ministério com juventude.
A primeira área em que o pastor de jovens deve ser exemplo é nas boas
obras. As boas obras são um tema comum em todas as Epístolas Pastorais e especialmente em
Tito.50 Em Tito 2.14 as boas obras são praticadas zelosamente por aqueles que foram
regenerados por Cristo. Estas são as marcas do povo particular de Deus, enquanto aguarda seu
retorno (v. 13). Em Tito 1.16 os homens perversos, mesmo que dizem ser crentes e
conhecerem a Deus, demonstram pelas suas vidas desobedientes que são incapazes de
produzir boas obras. Então, essas obras vêm de um verdadeiro conhecimento de Deus que
leva a obediência e pureza. No capítulo 3, nos versículos 8 e 14, os santos devem se empenhar
em boas obras. Nesses versículos são descritos como obras excelentes, úteis aos homens e que
se preocupam com as necessidades dos outros. Parece, então, que boas obras têm um aspecto
de pureza e andar reto, mas também de amor prático que serve e é produtivo.
49
LOUW, J. P. Op. cit. p. 151
50
MOUNCE, William D. Op. cit. p. 413
29
e prática da santificação com a graça de Deus manifesta na salvação e no glorioso retorno de
Cristo. A entrega de Cristo por nós nos libertou das influências do pecado e possibilitou as
boas obras. Cristo quer que pratiquemos essas coisas por causa de tudo que já recebemos e
somos nEle.
Esse ensino é muito relevante para o pastor de jovens. Fazer boas obras
geralmente não é um problema. O ministério está cheio de programas e atividades e o pastor
de jovens está sempre bastante atarefado com as muitas “boas obras” que tem para realizar
para manter todas as atividades no ar. Porém, muitas vezes nos esquecemos da razão pela qual
fazemos essas boas obras. Muitas vezes queremos ser reconhecidos como bons ministros,
como aqueles que revolucionam os corações dos jovens. Às vezes queremos mostrar pelas
muitas atividades que de fato estamos fazendo algo de bom e louvável. Tito nos ensina que
este não deve ser o caso. Nossas boas obras são resultado das gloriosas manifestações
(ἐπιφάνειαν, que ocorre três vezes nesses textos) de Deus a favor de nós. Trabalhamos com a
certeza do ministério que Deus já fez e está fazendo por nós e pelos jovens. As nossas obras
são resultados da suprema obra, que é dEle.
30
não podem tomar o lugar da nossa própria adoração, crescimento e estudo pessoal da Palavra
de Deus.51
Doug Fields começa o seu livro Um ministério com propósitos para líderes
de jovens contando de seu testemunho pessoal. Ele conta como ele trabalhava duro para ser
reconhecido pela sua igreja e como Deus o quebrou e o lembrou que o ministério é dEle.
Como pastor, ele havia se esquecido de seu relacionamento com Deus ao se preocupar
principalmente com o trabalho de Deus. Passou a depender do poder de Deus para realizar o
ministério e valorizar mais o ser do que o fazer.52 Pastores de jovens podem aprender muito
com isso. Devemos nos empenhar em toda boa obra e sermos exemplos disso. Mas essas boas
obras devem surgir de relacionamentos íntimos com Deus e gratidão pelas manifestações de
Seu poder, amor e bondade.
3.3.2 Ensino
Um pastor de jovens com cerca de 25 anos pode ter todo zelo e amor, e em alguns
casos, personalidade que alcançará audiências. Enquanto podem ser bons veículos,
tem que vir da Palavra de Deus. Qualquer ministério, seja jovens, solteiros, ou
terceira idade, que não está baseado na Palavra de Deus será, no melhor das
hipóteses, limitado.53
51
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 170-171
52
FIELDS, Doug. Um ministério com propósitos para líderes de jovens. São Paulo: Vida, 1999. p. 31-36
53
BANCROFT, Eric. Apud. DEMING, Melissa. How vital is theological training for youth pastors?
www.sbtexas.com. 29 de Janeiro 2007.
31
pregar a Palavra de Deus. Isso pode ser feito de muitas formas: discipulado, aconselhamento,
estudos bíblicos, Escola Dominical e pregações, entre outras. Precisamos resgatar esse foco ao
ministério de jovens.
Uma área que tem sido muito negligenciada devido a esse desvio da
centralidade do ensino puro é o lugar da exposição bíblica e pregação no ministério de jovens.
É raríssimo encontrar ministérios que aderem a isso. Com pregação expositiva não quero
dizer estudos compridos e chatos que só falam de grego e hebraico. Quero dizer mensagens
(muitas vezes em série) que explicam um texto, extraindo o princípio principal e aplicando de
forma relevante às vidas de seus ouvintes. Bancroft insiste que a maioria do que se ensina aos
jovens nas igrejas são apenas lições sobre moralidade que não se baseiam nas verdades do
evangelho. Ele enfatiza a necessidade de exposição bíblica e pregação para os jovens. O
ministério de jovens é essencialmente pastoral, focado em ensinar a Bíblia e ajudar os jovens
a crescerem nas verdades de Deus.54
54
BANCROFT, Eric. Apud. DEMING, Melissa. Op. Cit.
55
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 235
32
ensino. Ambas devem demonstrar dignidade e seriedade, causando respeito especialmente
diante os que são de fora.56 Essa qualidade de dignidade também deve ser característica dos
homens mais velhos (Tt. 2.2), dos reis (1 Tm. 2.2) e dos diáconos (1 Tm. 3.8). Portanto, Tito
deveria também mostrar essa mesma seriedade que é própria da idade avançada e dos cargos
de liderança. O ensino sério e digno é aquele que mostra o verdadeiro perigo do pecado e da
condenação eterna e que mostra com muita reverência o evangelho de Deus. Entende que o
que está em jogo é o destino eterno de almas criadas por Deus.
Geralmente, aqueles que trabalham com jovens são animados e lideram atividades,
viagens missionárias para lugares distantes ou estudos bíblicos dinâmicos. A idéia
de que um pastor de jovens poderia também lidar com os problemas mais profundos
de [um adolescente] parece inconcebível. E por que não? Não há motivo para
duvidar. A sabedoria bíblica pode fazer a mais profunda diferença.58
Se os jovens não forem levados a entender que a Bíblia tem respostas sérias
para suas dúvidas e problemas sérios, nunca sentirão a necessidade de abri-la. Se o ensino das
56
KITTEL G. Op. cit. p. 196
57
RYLE, J. C. Op. cit. p. 33-34
58
POWLISON, David. Apenas um adolescente. In: Coletâneas de aconselhamento bíblico. Atibaia: SBPV, v. 6,
2007. p. 80
33
Escrituras se resume a entretenimento, com apenas uma “moral da história”, só encontrarão
respostas de mesmo valor que as respostas dos programas de televisão. Eles precisam de uma
direção concreta, objetiva e profunda. Precisam ver o dinamismo da Bíblia e que estudá-la
não é como comer feno seco. Por isso devemos aguçar o interesse e imaginação deles no
nosso ensino. Mas isso jamais deve substituir o peso, dignidade e respeito pela Bíblia.
No versículo 8, Paulo fala de mais uma forma em que Tito deve ser exemplo
no seu ensino aos jovens. Ele deve ensinar com palavras sadias que não podem ser justamente
criticadas (λόγον ὑγιῆ ἀκατάγνωστον). O foco aqui é no conteúdo e na forma da transmissão.
A linguagem de Tito deve ser sadia, pura, conversando de forma edificante, apropriada e
saudável.59
Mais uma vez, isso vale de alerta para todos que ministram aos jovens. A
tentação é de nos envolvermos com eles de tal modo que acabamos usando a mesma
linguagem que eles. Com os devidos cuidados isso pode até ajudar na comunicação. Não
queremos nos distanciar deles com palavras difíceis e “evangelicalês”. Por outro lado,
precisamos também elevar o nível das conversas e não só nos abaixar ao nível deles. Muitas
vezes líderes da juventude se apropriam da “gíria teen” para serem aceitos e às vezes até para
chocar os seus ouvintes. Ao fazerem isso, porém, muitas vezes passam dos limites e pecam ao
usar linguagem que não é sadia e que é muito susceptível à crítica.
59
MACARTHUR, John. Op. cit. p. 95
60
BLACK, Wesley. Op. cit. p. 181
34
Pastores mais novos podem aprender com isso. Ser considerados como
iguais aos jovens não é tão essencial como muitas vezes imaginamos. Devemos ser relevantes,
mas devemos nos focar mais no conteúdo e em demonstrar amor e seriedade nos
relacionamentos. Porém, mais importante ainda, nunca devemos comprometer a linguagem
sadia de forma que alguém possa nos acusar de palavras torpes. Nesse sentido, Tedd Tripp
nos lembra:
A Palavra de Deus desafia-nos a pensar nas palavras que pronunciamos. O seu falar
refletiu a sabedoria do alto, que é pacífica, gentil, submissa, cheia de misericórdia e
bom fruto, imparcial e sincera? Ou foi sabedoria terrena cheia de inveja, ambição
egoísta, confusão e toda prática do mal?61
São essas perguntas que devem dirigir nossa conversa e ensino aos jovens.
Portanto, devemos como ministros à juventude, tomar muito cuidado com nossa conduta e
ensino. Tito 2.7-8 é um texto que serve de padrão para nossos ministérios. Devem ser
comprovados pelo exemplo de seus líderes. Esse exemplo deve ser nas boas obras e no ensino
puro, sério, com linguagem sadia. Essas qualidades na vida do pastor de jovens darão vida e
profundidade ao seu ministério.
61
TRIPP, Tedd. Comunique-se com os adolescentes. In: Coletâneas de aconselhamento bíblico. Atibaia: SBPV,
v. 6, 2007. p. 94
35
4 O ENSINO AOS JOVENS
O papel mais importante do ministério de jovens é o ensino da Palavra de
Deus. Isso pode acontecer de diversas formas. Pode envolver pregação, discipulado individual
ou em grupos, classes de Escola Dominical, evangelismo pessoal ou em massa,
aconselhamento etc. Seja qual for o meio ou o ambiente, o conteúdo precisa ser o ensino
bíblico, focado na pessoa e obra de Cristo. Não apenas isso, mas precisamos permitir que a
Bíblia direcione todo o nosso ministério.
Muitas vezes não fazemos as perguntas certas sobre o que devemos ensinar
à juventude. Geralmente avaliamos a cultura pós-moderna e então buscamos na Bíblia as
respostas para aquilo que o mundo está perguntando. Isso tem o seu lugar e pode ser válido,
porém muitas vezes o mundo não faz as perguntas certas. Proponho que precisamos ser ainda
mais bíblicos e saturar o nosso ensino com aquilo que a Bíblia diz que eles precisam ouvir.
Vamos deixar que a Bíblia faça as perguntas certas e também as responda.
36
aos ministros de ensinarem prudência aos jovens.62 E de fato, seu livro faz justamente isso em
suas 86 páginas.
Todo o capítulo 2 de Tito foi escrito para ensinar esse pastor (talvez jovem
como Timóteo) como lidar com os diversos grupos na igreja. Paulo inclui instruções acerca
dos homens mais velhos, das mulheres mais velhas, das jovens moças, dos jovens rapazes, e
dos escravos. O capítulo 1 mostra que a razão de lidar com esses grupos era: levá-los à
piedade através da fé e conhecimento da verdade (v.1, 9), colocar em ordem a igreja com sua
liderança (v. 5), silenciar os insubordinados que ensinavam heresias (v. 11-12) e repreendê-los
para que todos crescessem com uma fé saudável (v. 13).
62
RYLE, J. C. Op. cit. p. 1
37
a Bíblia e aprender a sua relevância para as vidas deles.63 Somos chamados em Tito 2.1 a
sermos diferentes no nosso ensino, falando o que está de acordo com a sã doutrina.
Paulo então prossegue e fala dos homens mais velhos, das mulheres mais
velhas e das moças mais jovens. Chegando ao versículo 6, ele dá um único tema para Tito
tratar com os rapazes. Ele deve encorajá-los (παρακάλει) a serem prudentes (σωφρονεῖν) em
tudo. Παρακαλέω ocorre 8 vezes nas epístolas pastorais. Ela transmite a idéia de exortar,
encorajar, rogar, clamar.64 Em Tito as outras duas ocorrências desta palavra são no contexto
geral desta passagem. Tito 1.9 fala de se apegar firmemente à palavra fiel, de acordo com a
boa doutrina, para que o ministro seja apto para encorajar ou exortar (παρακαλεῖν) os que
estão na doutrina sadia e refutar os oponentes dela. Em Tito 2.15, Paulo resume todas as
instruções que deu para os diversos grupos, lembrando Tito que deve falar tudo isso com
exortações (παρακάλει) e advertências com toda a autoridade. Nesses contextos, Παρακαλέω
tem um aspecto mais positivo, de encorajar a fazer algo que deveria. Porém, não podemos
deixar de notar a ênfase que Paulo dá de que todo ensino, exortação, refutação, autoridade,
vem da boa doutrina da Palavra de Deus.
Em Tito 2.6, παρακάλει está no imperativo, para que Tito rogue aos jovens
a serem prudentes (σωφρονεῖν). Esta palavra (σωφρονεῖν) e seus cognitivos são muito raros
no Novo Testamento, ocorrendo apenas 14 vezes. Nas Epístolas Pastorais estas palavras são
usadas para ensinar como um cristão deve interagir e viver no mundo. Consiste numa atitude
correta acerca do mundo e seus bens que resulta em domínio próprio, contentamento,
moderação e prudência. Estas palavras são usadas justamente para combater a idéia de um
cristianismo dualista ou gnóstico que separa a relevância do físico para o espiritual, resultando
em ascetismo ou libertinagem. Também combate a idéia de uma fé de êxtase como as crenças
pagãs.65
63
BOLINDER, G., MCKEE, T., CIONCA, J. R. What every pastor needs to know about music, youth, and
education. Waco: Word Books, 1986. p. 102
64
LOUW, J. P. Op. cit. p. 407
65
KITTEL G. Op. cit. p. 1103
38
precisam deixar a mente guiar o corpo, refreando esses desejos e se lembrarem das verdades
de Deus. Precisamos dar recursos na nossa pregação para que saibam escolher a vontade de
Deus em suas vidas. “Um ministério bem-sucedido com jovens é aquele que desafia
teologicamente os alunos, para que possam... se manter firmes em meio a cultura, entender a
fé que tem e falar dela claramente.”66
66
DEROUEN, Johnny. Apud. DEMING, Melissa. Op. cit.
39
diferenças de idade, e concluímos que os princípios são válidos a todos os crentes, mas que as
distinções se referem a diferenças de tempo de convertido e idade. Essa passagem, portanto,
traz implicações valiosas para o ministério da juventude.
Na sua tentativa de levar seus leitores para longe dos falsos ensinos dos hereges
(2.12-19), João achou apropriado encorajá-los, expressando sua confiança nas
possibilidades deles na vida espiritual (2.12-14). Certos fatos haviam se tornado
verdades sobre os crentes (aqui figuradamente descritos como crianças, homens
maduros e jovens) e continuavam verdades (seis das sete descrições usam o tempo
perfeito) e que deixavam João certo que seu ensino seria apropriado e que produziria
fruto (cf. 2.21).67
67
PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Op. cit. p. 90
40
precisa da graça de Deus e a lembrança do amor, do sacrifício, da ressurreição e do perdão de
Cristo.
68
HIEBERT, D. Edmond. Op. cit. p. 430
69
Idem. Ibid.
70
MARSHALL, I. Howard. The epistles of John. Grand Rapids: Eerdmans, 1978. p. 141
41
muito prevalente nos escritos de João (a palavra ocorre 68 vezes em seus escritos). Ele
combate as religiões helenistas e pagãs de sua época que valorizavam apenas a experiência
mística e mostra o cristianismo como acima de todas elas, pois a realidade da fé em Cristo e a
vida de Cristo são permanentes.71 1 João 3.24 relaciona a nossa permanência em Deus com
obediência aos Seus mandamentos. Em João 8.31 Jesus ensina Seus discípulos de verdade são
somente aqueles que permanecem em Sua palavra. Em João 5.38, Jesus acusa seus inimigos
de não terem a Palavra de Deus permanecendo neles, pois não têm fé em Jesus que foi
enviado por Deus. Baseado nesses versículos, e em muitos outros, concluímos que ter a
Palavra de Deus permanecendo nos jovens (1 Jo. 2.14) depende da fé que têm em Cristo, e da
obediência aos mandamentos de Deus. Não se limita a um conhecer ou memorizar a Palavra,
e nem mesmo a uma experiência mística, mas praticar e obedecer aos mandamentos de Deus.
Por isso, o nosso ensino aos jovens deve ser expositivo e exortativo. Eles
precisam conhecer plenamente as Escrituras (At. 20.27), as implicações das Escrituras e as
aplicações práticas para as suas vidas. Nossa pregação e ensino aos jovens têm que visar
mudança espiritual e prática, de dentro para fora. Não pode ser apenas mudança externa, pois
isso não tem valor permanente (Cl. 2.23). Também não pode ser apenas mudança interior,
pois isso não existe sem mudança externa (1 Jo. 3.24).
71
KITTEL, G. Op. Cit. p. 576
42
ser feita no capítulo anterior sobre o jovem e a igreja, mas preferimos incluir aqui ao tratar do
ensino aos jovens, pois fala de algumas áreas muito importantes para a vida das jovens moças
em seus futuros lares. Entretanto, é um assunto que requer especial cooperação do corpo de
Cristo. Nessa passagem Paulo fala às mulheres idosas e às jovens. Tito deve se preocupar em
ensinar as mais velhas a serem reverentes, não caluniadoras, nem dadas ao vinho, mas boas no
ensinar (v. 3). A razão disso é que elas, por sua vez, ensinem as moças como cuidar de seus
lares. Todo esse processo visa o bom testemunho e para que ninguém difame a Palavra de
Deus (v. 4). Agora, dos cinco grupos a quem Tito deve ensinar (homens mais velhos,
mulheres mais velhas, moças, rapazes, escravos), as moças são o único grupo a quem Tito não
tem nada a falar diretamente. Uma possível explicação é que Paulo temia a tentação que
poderia ser causada pelo envolvimento próximo de Tito com as moças. Outra razão pode ser
que as necessidades específicas de uma jovem moça são melhores ensinadas por senhoras
mais experientes do que um jovem pastor.
Ao olhar para as áreas que devem ser ensinadas pelas mulheres, percebemos
que as ênfases são com respeito ao lar. As moças devem amar seus maridos e filhos, serem
prudentes (veja acima), puras e bondosas, estarem ocupadas em casa e sujeitas a seus maridos.
Fica claro que as jovens sobre as quais Paulo está falando são casadas, possivelmente já com
filhos. Esse perfil é bem diferente das jovens e adolescentes que geralmente se encontram em
ministérios de juventude. Porém, como foi defendido anteriormente, νέας pode descrever
idades até os 35 ou 40 anos, logo inclui senhoras muito mais velhas que comumente abordada
pelos ministérios de juventude. Por outro lado, como também afirmado acima, no primeiro
século as moças se casavam muito mais cedo. Este texto tem implicações muito importantes
para todo o ministério das mulheres da igreja, mas não é a intenção desse trabalho se
aprofundar nisso, pois escolhemos limitar o tratamento de ministério com juventude aos
jovens solteiros.
43
também são ensinadas nesses valores pela cultura e pelo exemplo de mulheres assim. Até na
igreja, muitas vezes mais se fala para as jovens sobre escolha de carreira do que preparo para
o lar.
72
MACARTHUR, John. Different by design. Wheaton, Ill.: Victor Books, 1997. s.p.
44
muitos conselhos e exortações quanto a sua vida pessoal e ministério, e fortalecendo-o contra
os ataques de falsos ministros. Como Timóteo era considerado relativamente jovem (1 Tm.
4.12), é importante notar os textos onde Paulo adverte especificamente sobre alguma área
relativa a essa juventude. 2 Timóteo 2.22 é um dos melhores exemplos disso.
73
SWANSON, J. Op. cit. s.p.
45
pecaminosos e Romanos 13.13-14 fala da necessidade do crente de se revestir com a vida de
Jesus Cristo para a vitória sobre eles. Logo, o conhecimento do sacrifício de Cristo, sua
ressurreição e as implicações dEle ter crucificado a nossa carne com Ele na cruz são chaves
para fugirmos dessas paixões.
Como visto, essas paixões são bastante abrangentes e esses pecados na vida
do jovem não diferem em muito dos pecados enfrentados pelos adultos. Lutamos contra as
paixões que guerreiam em nós (Tg. 4.1) e adorando ídolos em nossos corações que substituem
o lugar de Deus. Alguns dos ídolos mais comuns em jovens são: orgulho e desempenho,
prazer e sensualidade, posses e temor aos homens. Esses ídolos, ou paixões, se manifestam na
forte competitividade, na vaidade, na pornografia e masturbação, na preocupação com a
aprovação dos amigos, etc.74 Temos o trabalho de ajudá-los a colocarem Deus em primeiro
lugar em suas vidas e fugirem dessas paixões desenfreadas.
O bispo anglicano J.C. Ryle em seu livro clássico Thoughts for Young Men
(Pensamentos para Jovens) do século retrasado, adverte severamente contra qualquer forma,
vestígio ou ocasião de pecado. Os maiores pecadores raramente chegam a cometer atrocidades
de um dia para o outro. Eles começam devagar, concedendo espaço em suas vidas para
pequenos males, que viciam e crescem até derrubar a pessoa por inteiro. Por isso é essencial,
especialmente para os jovens, fugirem até de situações (especialmente no entretenimento) que
em si não tem nada de errado, mas que oferecem ocasião para o Diabo agir.75
74
TRIPP, Tedd. Dê ao seu Adolescente uma Visão da Glória de Deus. Op. cit. p. 84
75
RYLE, J. C. Op. cit. p. 66
46
Deus e da obra de Cristo, para que as grandes verdades do amor e promessas de Cristo atraem
o jovem para a santidade. 76
Nesse sentido, Paulo não fala apenas de fugir do pecado, porque nenhuma
fuga é eficiente sem uma direção certa. É preciso fugir, numa busca intensa pela justiça, fé,
amor, e paz! A idéia da palavra δίωκε é de perseguir, de correr atrás com o propósito de
alcançar, com um esforço intenso. Com o mesmo vigor que o jovem foge do pecado, deve
seguir, buscar, perseguir o bem. Os desejos que puxam seus corações são tão intensos que
devem ser substituídos por algo ainda mais forte. Precisam ser afunilados para um novo
propósito: a justiça, fé, amor e paz. Essa é a vida de Cristo! Não ensinamos apenas um parar,
mas um prosseguir, um objetivo! Mostramos aos jovens que a justiça, fé, amor e paz, não são
virtudes que nos iludem, mas um alvo que Cristo nos concede condições de alcançar. Agora,
isso não significa que ensinamos piedade pela força deles mesmos, pelos seus próprios
méritos. Não! É Cristo quem faz, pelo Santo Espírito. Porém, a vida de Cristo nos jovens faz
com que fujam do pecado e fujam para a piedade. Isso não é uma vida estática, mas uma vida
dinâmica e abundante!
Agora, quais são as coisas que o jovem deve buscar? São a justiça, fé, amor
e paz. Nessa passagem, essas quatro virtudes são apresentadas numa seqüência metralhadora,
pois não são interligadas por qualquer conjunção. Assim, apresentam um retrato de como a
vida cristã deve ser vivida na prática, negando as paixões carnais.
A busca intensa pela justiça está em forte contraste com os desejos malignos
da juventude. Esses não demonstram justiça alguma. Os desejos da carne não se importam em
76
TRIPP, Tedd. Dê ao seu Adolescente uma Visão da Glória de Deus. Op. cit. p. 88
77
MACARTHUR, John. Rediscovering expository preaching. Dallas: Word, 1997. p. 88
47
mostrar a santidade ou o caráter de Deus em suas vidas, pois para essas pessoas o pecado não
é importante, o que importa é o que elas querem - como, quanto e quando querem. A justiça é
descartada para dar lugar aos desejos da carne. Na vida do jovem, o ardor desses desejos
impulsiona à satisfação imediata e completa, sem consideração pelo valor moral dessas ações.
Por isso, a justiça precisa ser alvo da busca intensa por parte dos jovens.
78
TRIPP, Tedd. Dê ao seu Adolescente uma Visão da Glória de Deus. Op. cit. p. 83
48
precisa ser estabelecido. Precisam pensar em como Deus quer que O glorifiquem com suas
carreiras e casamentos. Esse é o valor de mostrarmos uma visão da coroa da justiça que
receberão.
4.4.2 Siga a fé
Por isso, quando Paulo ordena Timóteo a fugir das paixões do pecado,
também manda buscar intensamente a fé. Timóteo precisava confiar plenamente em Deus
para tudo em sua vida. Se ele pensasse que tudo em sua vida e ministério dependesse dele,
entraria em desespero. Precisava lembrar-se do poder e da soberania de Deus para direcioná-
lo e consolá-lo.
Essa mesma ênfase precisa ser dada á juventude. Eles enfrentam pressões e
desafios terríveis. São perseguidos na escola e no trabalho por serem crentes. Na faculdade se
deparam com professores muito bem preparados para desmantelar o cristianismo. Em casa
lidam com familiares incrédulos e situações que parecem não ter solução. Por isso a fase da
juventude deve ser aproveitada para ensiná-los e firmá-los na fé. São nessas idades que eles
são levados a questionar a fé dos pais. Eles não querem apenas crer no evangelho porque
79
MACARTHUR, J. Rediscovering expository preaching. Op. cit. p. 94
49
foram ensinados assim quando crianças. Eles precisam experimentar e ver que Cristo é real e
relevante para suas vidas. Precisam aprender verdades teológicas bem fundamentadas na
Palavra sobre as quais podem alicerçar essa fé. Como diz Tripp, “Queremos ver os nossos
jovens internalizarem o evangelho de Jesus Cristo como sua fé pessoal e viva... Para tanto,
precisamos cultivar sua interação com a verdade da Palavra de Deus.”80
80
TRIPP, Tedd. Comunique-se com os Adolescentes. Op. cit. p. 93
81
MACARTHUR, John. Rediscovering expository preaching. Op. cit. p. 95
50
O resultado disso no mundo é notório. O sexo livre e o divórcio são
resultados diretos disso. Entre os jovens, isso é muito claro nos relacionamentos entre rapazes
e moças. Mesmo dentro das igrejas, jovens avaliam se um relacionamento tem futuro com
determinado rapaz ou moça baseado naquilo que pode receber dele ou dela. Em primeiro
lugar, isso significa o contato físico. Se um “gostar” do beijo e abraço do outro, então o
relacionamento poderá prosseguir. Se não, então o relacionamento acaba ali mesmo. É
verdade que a juventude também consideram outras áreas, mas hoje em dia o mais importante
não deixa de ser o físico. Isso tem dado lugar ao “ficar” sem compromisso na comunidade
jovem. Esse é o ápice da falta de amor num relacionamento! O casal mal precisa saber o nome
do outro para aproveitar fisicamente do corpo do outro, e muitas vezes o objetivo não é nem
satisfação sensual, mas poder contar aos amigos com quem e com quantas “ficou”.
51
ser o amor de Deus e o amor a Deus, pois esse amor é infinitamente maior que o “amor”
barato do mundo. Ensinamos os jovens a fugirem do pecado e buscarem o amor. Precisam
lembrar que só “amamos porque ele nos amou primeiro.” (1 Jo. 4.19).
52
Deus, que não é mal em si, mas se esqueçam da água viva que vem de um relacionamento
vivo através da pessoa, da obra e da Palavra de Cristo.
Uma verdadeira busca por Deus é o contraste dessa vida agitada e ansiosa,
pois Ele oferece vida abundante e verdadeira paz. Essa paz se fundamenta novamente na
grandeza, soberania e amor de Deus. O trabalho para estarmos retos diante de Deus e com
plena paz com Ele foi feito por Cristo na cruz. Nós vivemos agora por gratidão. Nossa corrida
e luta continua contra o pecado, mas temos certeza da vitória. Em João 14.27 Jesus promete
essa verdadeira paz que tantos jovens precisam. Eles precisam entender justamente nesse
momento de suas vidas em que o mundo oferece todo tipo de “paz” que a única paz
permanente se consegue descansando na obra de Cristo que nos proporciona acesso a Deus.
Não podemos deixar de ensinar isso aos nossos jovens. Precisam ter experiências íntimas com
Cristo, mas firmados nas Escrituras e numa doutrina correta. Por isso precisamos sempre
voltar à Bíblia em nosso ensino e pregação aos jovens.
82
MOUNCE, William D. Op. cit. p. 533
83
KITTEL, G. Op. cit. p. 500
53
falando sobre o processo de salvação. Portanto, devemos entender que o uso em 2 Timóteo
2.22 descreve a comunhão com outros salvos no processo de fuga do pecado e busca da
santidade.
Porém não são todos os salvos de quem Paulo está falando. São
especificamente aqueles que invocam ao Senhor, “de coração puro” (καθαρᾶς καρδίας). Essa
idéia de puro precisa ser entendida a luz do contexto imediato do argumento de Paulo. No
versículo 21 ele fala que Timóteo seria útil para Deus se ele se purificar (ἐκκαθάρῃ) dos
vasos desonrosos (v. 20) que são os que caem em conversas inúteis e profanas (v. 16), na
heresia (v. 17), e também nas paixões pecaminosas do versículo 22. Conforme o versículo 19,
essa purificação é separação desses crentes perversos. Chave para isso é o versículo 15 onde
mais uma vez ressalta que para ser um ministro útil para Deus é preciso “manejar
corretamente a palavra da verdade.” Portanto, o coração puro nesse contexto está intimamente
ligado a aplicação da boa doutrina na vida e no ministério de Timóteo; e ele não pode
comprometer esse ministério se misturando com esses crentes maléficos. Então, no versículo
22, Paulo deixa claro mais uma vez que o jovem deve fugir do pecado e buscar a justiça com
aqueles crentes que buscam a Deus com corações puros, submissos e obedientes à Palavra de
Deus.
Isso é de extrema relevância aos jovens. Muitos deles não sabem distinguir
entre amizades sadias e perigosas. Ouvimos histórias e mais histórias de jovens que se
desviaram do Senhor por causa de más companhias. Os jovens precisam saber como escolher
suas amizades e as influências sobre suas vidas. Muitas das amizades que fizerem nessa idade
permanecerão para o resto de suas vidas. Isso não significa que não devem ter contato com
incrédulos, mas que suas amizades mais íntimas sejam com aqueles que os auxiliarão em sua
84
MACARTHUR, John. The MacArthur New Testament commentary: 2 Timothy. Chicago: Moody, 1995. p. 89
54
busca de Deus e na fuga do pecado. J. C. Ryle comenta que mesmo toda a armadura que o
jovem tiver para se proteger contra o Diabo não será suficiente se tiver um amigo perverso.
Por isso, Ryle considera que saber escolher suas amizades dentre aqueles que amam a Palavra
e não tem vergonha de exortar, é uma das habilidades mais valiosas a serem buscadas pelos
jovens.85
Uma das preocupações que muitos pais têm com seus filhos jovens é a
escolha de amigos. Precisamos orientar os pais e ajudar os seus filhos a encontrarem amigos
que estão caminhando na direção certa, que estão clamando a Deus de um coração puro. Não
devem investir seu tempo com pessoas que vão desviá-los desse caminho, que não estão
fugindo das paixões da juventude. E isso não é apenas na escola ou na vizinhança. Mesmo
dentro da igreja existem muitas pessoas que não buscam esse coração puro. Precisam tomar
cuidado, pois a Bíblia é muito clara sobre evitar envolvimento com essas pessoas. Uma forma
de ajudá-los a ter amizades sadias é em grupos pequenos ou grupos de discipulado. Esses
grupos de amigos podem ser ensinados a encorajar e orar uns pelos outros e também se
cobrarem no seu crescimento espiritual. Uma das coisas mais marcantes no ministério é
quando um grupo de jovens por si só combina de se encontrar para prestar contas e estudar a
Palavra.
85
RYLE, J. C. Op. cit. p. 58
55
Paulo queria que Timóteo fugisse do pecado e buscasse a justiça, a fé, o
amor e a pureza. Muitas vezes jovens acham que conseguem fazer isso por conta própria.
Precisam reconhecer sua fraqueza e clamar pelo Senhor. E isso não é um exercício solitário. A
igreja, o corpo de Cristo é o lugar onde todos nós precisamos carregar os fardos uns dos
outros, onde reconhecemos nossas fraquezas e prosseguimos juntos. É o lugar de clamarmos
ao Senhor de corações puros!
56
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Bíblia é rica e cheia de orientações valiosíssimas para todo e qualquer
ministério. O objetivo desse trabalho foi mostrar a riqueza dela apenas no que ela ensina sobre
a juventude nas epístolas pastorais e gerais. Se apenas buscarmos nas Escrituras, nunca
esgotaremos os assuntos a serem expostas para eles. A Bíblia é o nosso currículo. Ela dita
nossa filosofia. É suficiente para resolver qualquer problema ministerial e para preparar
jovens maduros e aptos para toda boa obra (2 Tm. 3.16). Baseado nas implicações bíblicas
que foram estudadas para a área de ensino, podemos fazer algumas sugestões de como aplicá-
las.
86
NEL, Malan. The inclusive congregational approach to youth ministry. In: SENTER, Mark H. III (edit.) Op.
cit. p. 8
57
mais parte da igreja, se envolvendo nos diversos ministérios, e desenvolvendo
relacionamentos com outros adultos.
Uma observação deve ser feita nesse sentido sobre o papel da família na
formação do jovem. Mesmo que esse tema não foi abordado nos versículos estudados desse
trabalho, não podemos concluir sem afirmar que uma das chaves principais para a criação de
jovens tementes a Deus são os pais. Na verdade, a responsabilidade em primeiro lugar é deles
(Ef. 6.4). Todo ministério com jovens precisa estar completamente ciente disto e buscar
apoiar e auxiliar os pais em sua tarefa. Existem muitos textos no restante da Bíblia que
ensinam claramente isso e uma filosofia de ministério completa lidará com eles. Esse tema é
muito abrangente e existe muito material bom (especialmente em inglês) nesse sentido. Em
português, existem alguns artigos muito bons no Volume 6 de Coletâneas de Aconselhamento
Bíblico publicado pelo SBPV.
Outra observação é que devemos encarar a liderança dos jovens com mais
seriedade. O pastor de jovens deve receber preparação teológica como qualquer outro pastor.
Ele precisa ter todas as ferramentas disponíveis para fazer o que é mais importante no seu
ministério: expor a Palavra de Deus. Creio que isso deve incluir o estudo das línguas
originais, que são indispensáveis para a boa exposição. Ele também precisa cuidar de sua vida
espiritual. Seu crescimento com Deus não pode parar, mas se aprofundar cada vez mais.
Oração, meditação e estudo pessoal da Bíblia são essenciais para tal.
Também não creio que o pastor de jovens deva encarar esse ministério como
apenas uma ponte para um ministério maior. Muitos não se dedicam completamente aos
jovens, pois aguardam a oportunidade de ser o pastor titular de alguma igreja. Isso reflete uma
desvalorização do ministério dos jovens. Ela é tão importante como qualquer outra, e
devemos nos dedicar a ela com todo nosso esforço, como se fossemos trabalhar nesse
ministério para o resto da vida. E talvez Deus nos conceda esse privilégio.
Cristo está ativamente preparando uma nova geração para a liderança de Sua
Igreja. Ele nos deu o privilégio e responsabilidade de treiná-los, discipulá-los e ensiná-los a
guardarem a Sua Palavra. Devemos encarar essa missão com seriedade e reavaliarmos a nossa
filosofia de ministério e ensino. O propósito é a glória de Deus. O centro é a Pessoa de Cristo.
O meio é a exposição das Escrituras. Sejamos bons despenseiros dessa fonte de vida à
juventude (1 Co. 4.1-2).
58
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