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1. Os caminhos de Chandler e seus O presente' artigo versa sobre estratégia empresarial (E 1)'
sucessores; A sua principal-tese afirma que a escolha da estratégia
2. A colocação do problema; deve partir da avaliação do ambiente (A), ou seja:
3. Implicações da tese; E 1 = f (A ). Como corolário desta tese procurarei de-
4. Conceitos e suas aplicações; , monstrar que uma escolha ''infeliz'' de E 1 - isto é, que
5. Atitudes como base da adaptação conflita com A - inevitavelmente conduz a um baixo
ambiental; grau de eficácia empresarial (E3), não importa quão
6. Instrumentos de adaptação ambiental; oportuno e hábil tenha sido o esforço da empresa de
7. A política de adaptação e seus prêmios; adaptar a sua estrutura (E2) à estratégia. Portanto, a hoje
8. Resumo. famosa equação E 1 + E 2 = E 3 é ambígua e incompleta
sem a variável independente A .
Adernais, tentarei justificar por que a gama das
opções estratégicas se amplia consideravelmente quando
a empresa decide mudar o seu enfoque estratégico de
uma atitude voltada à organização interna para uma vi-
são que abrange também o mundo externo. Em decor-
rência desta ampliação, a estrutura passa a ser apenas
uma de um mínimo de sete variáveis com que a empresa
pode "jogar" para atingir uma estratégia condizente com
as variações ambientais das quais ela depende.
Finalmente, pretendo oferecer argumentos convin-
centes de que a abordagem A + E 1 + E 2 = E 3 não é de
interesse apenas teórico, mas conduz também a implica-
Raimar Richers·· ções de caráter eminentemente pragmático. Portanto, o
artigo se dirige tanto ao pesquisador do fenômeno E 1 e
de suas relações para com Ele A quanto ao planejador e
ao executivo que deseja aumentar a taxa de E 3 graças à
adoção de uma filosofia estratégica abrangente.
21
1. OS CAMINHOS DE CHANDLER E SEUS
SUCESSORES
- ---- ---------'---
em cores. Para atingir o seu objetivo, a Colorado tomou porém.. convém precisar os principais conceitos que in-
algumas providências bastante drásticas, como a de ofe- fluem direta ou indiretamente na equação
recer descontos inusitados no ramo. Conseguiu o que A +E'2 =E3•
almejava: a sua participação cresceu rapidamente,mas
cresceram também as suas dívidas até que ela veio a
quebrar. O principal erro da empresa não foi o de optar . 4. CONCEITOS E SUAS APLICAÇOES
por formas inadequadas de adaptação estrutural, mas o
de ter escolhido um objetivo estratégico extremamente Os conceitos que nos interessam para a execução de um
infeliz, pois, com o crescimento da oferta de TVs em processo estratégico são, pelaordem de seu tratamento a
cores, era previsível que o mercado de TVs em preto e seguir: eficácia (E 3), estrutura (E'2),. estratégia (E d e
branco se encolhesse rapidamente. ambiente (A).
A idéia central que pretendemos transmitir através Conceituaremos estes quatro parâmetros à luz da
destas considerações pode ser assim resumida: As empre- nossa tese sobre o duplo fit e dos seguintes três pré-re-
sas que sobrevivem e crescem num mercado qualquer são quisitos operacionais que devem orientar um processo de
aquelas que administram com habilidade as duas facetas ação estratégica:
do fit: a adaptação de sua estratégia às condições am-
bientais que mais lhe favorecem, bem como o ajuste es- 1. A estratégia proposta (por um plano ou outro ins-
trutural necessário para poder implementar a sua estra- trumento) deve ser aceitável para a cúpula administrativa
tégia com um mínimo de conflitos e custos. em termos de "filosofia" de ação, das expectativas quan-
to aos destinos da empresa e do vulto dos riscos que ela
está disposta acorrer.
3. IMPLICAÇOES DA TESE 2. Acima e além da conveniência de ser uma manifes-
tação das ambições e dos desejos da alta administração, a
Se válida, esta tese tem pelo menos duas implicações. estratégia deve ser implementável em termos dos recur-
Uma delas afirma que a função de atingir uma maior sos à disposição e de uma avaliação realística do meio
eficácia empresarial não se esgota na compreensão dos ambiente.
fenômenos que. conduzem a uma melhor adaptação da 3. Ao esboçá-la e desenvolvê-la, o executivo deve sem-
estrutura organizacional à estratégia, mas se estende à pre ter em mente a empresa na sua totalidade, não ape-
análise e escolha da pr6pria estratégia que deve se ade- nas alguns dos seus setores operacionais.
quar ao meio ambiente em que opera ou pretende operar 23
a empresa. À luz destas normas podemos conceituar as quatro
varíáveis como segue.
A outra constatação é que a eficácia (E3) implica
bem mais que uma adaptação organizacional que envolva
a) Eficácia. Entendemos por eficácia o confronto entre
apenas pessoas. Ela tem que ser estendida a toda e 'qual-
as metas e os resultados de uma dada ação estratégica
quer área operacional da empresa que se presta para con-
aplicada ao longo de um determinado período.
tribuir ao processo de adaptação conjugada de
A eficácia é algo mensurável, não necessariamente
A + E 1 + E 2' Quais são estas áreas? é a pergunta que
através de dados precisos ou matemáticos, mas, no míni-
devemos formular, não só para identificá-las, como tam-
mo, em. termos de confrontos bastante palpáveis entre
bém para separá-las daquelas variáveis que também in-
aplicações de recursos e seus resultados. Por exemplo,
fluem na escolha da estratégia, mas que niio devem fazer
uma vez que a empresa tenha estabelecido que pretende
parte da relação dos fatores de adaptação por escaparem
aumentar a sua participação, para uma dada linha de
ao controle da empresa. A diferença entre estas variáveis
produtos, de, digamos, 15 a 20% ao longo de um triênio,
controláveis e incontroláveis é, por vezes, bastante sutil
ela cria condições de avaliar se e até que ponto ela atin-
na prática, o que leva facilmente a conflitos na formula-
giu esta meta mensurável ap6s o terceiro ano. Igualmente
ção estratégica. Por exemplo, a intenção de segmentar o
mensurável seria o confronto entre a intenção e a reali-
mercado (de uma dada empresa) pertence 'ao rol das va-
zação quanto à substituição do número e tipos de pro-
riáveis controláveis, mas a existência ou não de segmen-
dutos que teria que ser realizada para alcançar a meta
tos acessíveis é incontrolável. No entanto, ambas as face-
preestabelecida. Não diretamente quantificável, mas ao
tas da segmentação constituem elementos para a escolha
menos parcialmente mensurável, seria uma terceira pré-
da estratégia.
condição como, digamos, o intuito e a realização de
Em síntese, vale constatar que uma das condições mudanças estruturais introduzidas no corpo de vendas.
indeléveis para se obter sucesso na formulação e aplica- Em suma, para que se possa falar em eficácia é pre-
ção estratégica consiste na separação clara entre a~ va- ciso que a empresa estabeleça objetivos e metas que,
riáveis incontroláveis e controláveis deste processo. Por- quando aplicados ao longo de um determinado período
tanto, convém perguntar: Quais são as principais áreas de de tempo, sirvam de padrões de comparação entre a in-
decisão que estão sujeitas a interferências e controles na tenção de agir e os resultados da ação. Os desvios acima
formulação estratégica? As últimas sessões do presente ou abaixo entre os padrões e os resultados medem, ou ao
artigo serão dedicadas à discussão desta pergunta. Antes, menos qualificam, o grau de eficácia atingida.
Estratégia
b) Estrutura. Quanto ao segundo conceito (E2), satis- de pessoal e equipamento a ser levado na campanha. O
faz plenamente a defínição que Chandler (1962) utilizou planejamento era, portanto, uma parte integrante da sua
na sua obra ao chamá-la de molde (design) da organiza- estratégia de conquista, mas esta apenas se concretizou a
ção através da qual uma empresa é administrada e que, partir do momento em que ele iniciou a sua marcha em
para ele, abrange dois aspectos, um sendo "as linhas de direção a Moscou.
autoridade e comunicação entre os diferentes órgãos Essa distinção entre estratégia e planejamento não é
administrativos e seus executivos, o segundo das infor- apenas um jogo de semântica ..Ela tem várias implicações
mações e dos dados que acompanham estas linhas de dignas de observação. Em primeiro lugar, nem toda estra-
comunicação e autoridade" (p. 14). tégia é precedida por um planejamento estratégico. Não
No presente contexto, estrutura refere-se exclusiva- há empresa sem ação estratégica. Para se comportar es-
mente â organização interna da empresa, e não, como na trategicamente, basta que se tenha objetivos (bem ou
interpretação de alguns autores, também a aspectos da mal definidos) ou visões quanto a um futuro posiciona-
organização externa. Essencial ao conceito é a possibili- mento da empresa e agir de acordo com estas visões. o
dade de se exercer controles e modificações à luz das planejamento pode ser extremamente útil para tornar
conveniências surgidas em função das mudanças estraté- estas ações mais racionais e para reduzir os seus riscos,
gicas que, por sua vez, resultam ou não de uma mudança mas .ele não é indispensável. Se Napoleão tivesse dedi-
ambiental. cado mais tempo e recursos ao planejamento de sua mal-
Em síntese, estrutura é uma variável inteiramente fadada campanha russa, possivelmente teria desistido da
dependente na qual podemos "mexer" â vontade, mas idéia. Mas, sem ou com o planejamento adequado, ele
sempre com o intuito de adaptá-la melhor à estratégia e procedeu estrategicamente ao perseguir o alvo de subju-
às condições ambientais com o intuito de aumentar a gar o Império Russo pela conquista territorial direta.
eficácia. Em segundo lugar, um bom planejamento não asse-
gura uma estratégia bem-sucedida, como se pensava
c) Estratégia. Se os conceítosê', eE2 são de fácil qua- quando surgiram os primeiros "planos integrados" no
lificação e identificação, o mesmo não se pode dizer a mundo empresarial. Hoje, sabemos que a realidade cor-
respeito de E 1 e A. Não que não existam definições a responde muito mais a seguinte descrição de J. B. Quinn:
respeito destas duas variáveis, mas porque a maioria delas "Quando organizações maiores bem administradas reali-
não atende bem aos objetivos aqui propostos. zam mudanças substanciais na sua estratégia, a maneira
Vejamos, primeiro, a estratégia. Ao longo dos últi- de proceder freqüentemente mantém uma semelhança
24 mos decênios este conceito evoluiu de uma noção talvez' apenas superficial aos sistemas racionais e analíticos que
algo vaga, mas abrangente, de ação de ataques e defesas tão freqüentemente se promulga na literatura sobre pla-
de uma émpresa (derivada de sua origem militar), para nejamento. A íntegra da estratégia raras vezes é descrita
algo mais rígido e operacional ao relacioná-la diretamen- em algum lugar. específico. Os processos utilizados para
te ao planejamento, como por exemplo na seguinte defi- se chegar a estratégia total são tipicamente fragmen-
nição: "Uma estratégia é um plano unificado, amplo e tados, revolucionários e largamente intuitivos" (Quinn,
integrado que se destina a assegurar que os. objetivos da 1978, p.7). Quinn batizou o conjunto desses processos
empresa sejam atingidos" (Glueck, 1976, p. 3). de "íncrementalísmo lógico" e 00 caracteriza como "a
Certamente, o grau de sucesso de uma ação estraté- combinação artística de análises formais, técnicas com-
gica depende em boa parte da qualidade do planejamen- portamentais e· políticas de poder, a fim de criar um
to que a precede. Todavia, isto não justifica que os dois movimento coeso, realizado passo a passo, em direção a
conceitos sejam tratados como sinônimos. Onde está a finalidades que são inicialmente concebidas de maneira
diferença? Ackoff (1970) qualifica: "O planejamento é muito ampla, mas que, depois, são constantemente refi-
claramente um processo de tomada de decisões; mas nadas e' reformuladas à medida que surgem novas infor-
igualmente claro é o fato de que nem toda a tomada de mações" (Quinn, 1980, p. 3).
decisões é planejamento" (p. 2). Ademais, " ... o plane- Uma última dúvida quanto à contestada identifica-
jamento não é um ato, mas um processo, um processo ção estratégica = planejamento vai diretamente ao âmago
que não tem uma conclusão ou um ponto final natural" da questão inicial: Afinal, o que é estratégia empre-
(p.3). Estratégia também é um processo, mas é, acima sarial? . Para fins 'taato didáticos quanto pragmáticos te-
de tudo, um ato, ou melhor uma série de atos destinados mos usado uma definição bastante simples, qual seja:
a atingir objetivos de médio e longo alcance. Esses atos estratégia é a escolha de um caminho de ação para a
sempre implicam a utilização de processos (como o de empresa como um todo.
planejamento), mas estes não constituem a sua essência. Dentro deste conceito, não convém separar respon-
Esta envolve sempre a tomada de decisões voltadas a sabilidades específicas das áreas operacionais e deno-
afetar a empresa em toda a su,aextensão. O planejamen- miná-las estratégias, como por exemplo, "estratégia de
to não necessariamente conduz a decisões, ele apenas produção", "estratégia salarial", "estratégia de lan-
procura nortear a ação com o.íntuito de detectar oportu- çamento de produtos novos", etc, etc., como fazem
nidades e de evitar ameaças. Assim, para poder invadir o muitos livros-textos. A estratégia é uma só e vale para a
Império Russo, Napoleão tinha que. planejar ou prepa- organização como um todo. Isto não impede, evidente-
rar-se em termos da melhor rota aser seguida e do tipo mente, que, nas .suas fases de planejamento e/ou de
E stratégia
5. ATITUDES COMO BASE DA ADAPTAÇÃO • Uma outra maneira de encarar as atitudes defensivas
AMBIENTAL versus as combativas pode ser derivadà da nomenclatura
desenvolvida por Ansoff (1973) e seus colaboradores
Se a variável A for a mais rígida da equação, a tarefa (1976). Eles distinguem entre duas modalidades de com-
precípua da formulação estratégica consiste obrigato- portamento estratégico. Uma delas é o comportamento
riamente na busca de caminhos de adaptação de E 1 e E 2 "competitivo" voltado primordialmente ao instrumental
às forças comandadas por A. Daí, a pergunta: Como a de marketing com vistas a aumentar a lucratividade da
empresa pode (ou deve): proceder para encontrar meios empresa através do combate da concorrência. Em contra-
.eficazes de adaptação ambiental? partida, o comportamento "empresarial" seria mais ousa-
do e dinâmico ao "identificar áreas-de oportunidade,
Ao que se pode inferir da prática, a resposta a esta desenvolver produto/serviços, avaliar potenciais de mer-
pergunta escapa a um tratamento rigidamente racional. cado, testar mercados, introduzir novos produtos a clien-
Ao que parece, depende muito das atitudes com que o tes e abandonar produtos obsoletos" (Ansoff et alii,
empresário enfrenta o risco. O empresário é, por índole e 1978, p. 44). Como demonstram os autores desta tese,
formação, mais ou menos ousado na tomada de suas não só os desafios empresariais são bem distintos, como
decisões, o que faz com que duas pessoas, que enfrentam também os perfis dos administradores e as medidas que
uma mesma situação, dificilmente a encarem e a ela são tomadas variam de conformidade com as duas moda-
reajam de maneira igual. Portanto, o primeiro passo, em lidades comportamentais.
direção à resposta sobre as modalidades de adaptação
ambiental, deve ser dirigido a uma melhor compreensão • Cada um dos nove verbos citados no quadro 1 não só
da gama de atitudes com que os executivos enfrentam caracteriza uma dada atitude, mas também um dado "es-
quaisquer opções estratégicas que se abrem à sua frente e . tilo empresarial". t óbvio que uma cúpula adminis-
que orientam o seu estilo de tomada de decisões. trativa, que procura isolar-se do meio ambiente, adota
'O quadro 1 é uma tentativa de qualificar e coorde- um estilo totalmente distinto de um grupo empresarial
nar esta gama de maneira sumária e reconhecidamente que tende a voltar as suas atenções à exploração ou a
;simplificada. De acordo com o quadro, há uma escala de tentativas de influenciar o meio ambiente. É claro tam-
atitudes que parte de um posicionamento altamente de- bém que os comportamentos combativos expõem a em-
fensivo e se movimenta para posições que podem tor- presa a um ~aior número de tentativas e, por conse-
nar-se altamente combativas e finalmente também proje- guinte, de empreendimentos malfadados, o que não sig-
tivas. Especificamos nove "estações" ao longo desta esca- nifica, todavia, que os riscos totais da empresa tenham au-
26 mentado devido a esta atitude. Comportamentos defen-
la. Sem nos preocupar em detalhar ou ilustrar cada uma
destas estações, procuraremos delas derivar algumas con- sivos podem ser bem mais arriscados, por exemplo por-
siderações de ordem mais genérica, ou seja: que permitem que a concorrência tome a vanguarda no
aproveitamento das oportunidades. Mesmo assim, seria
• As quatro posições primordialmente defensivas são as demasiadamente simplório afirmar-se que as atitudes pre-
que tipicamente conduzem à formulação de estratégias dominantemente defensivas seriam as menos recomendá-
com objetivos conservadores e voltadas à estabilidade. As veis sob qualquer situação ambiental. Assim, por exem-
outras cinco posições visam antes ao crescimento e/ou à plo, a atitude de "recolher" pode ser de longe a mais
diversificação como meio predileto para atingir osobje- racional quando as ameaças tendem a superar as oportu-
tivos estratégicos da empresa. riidades do ambiente, mas muito pouco lúcida quando
Quadro 1
Possíveis atitudes empresariais frente ao ambiente
Escala Caracterização
I Descrição
Defensivo Ignorar Mantenha-se passivo, até indiferente, aos acontecimentos do mundo externo
Isolar Construa um muro em tomo da empresa. para evitar contatos.com o ambiente
1
Resistir Não avence, mas se defenda se alguém invade o seu território
Recolher Reduza as suas forças de ataque mediante as ameaças do ambiente
Combativo Ajustar Observe as tendências do ambiente e procure acompanhá-Ias quanto a sua ação
Explorar Tire o máximo proveito das forças externas que lhe são mais favoráveis
1
Influenciar "Procure submeter as forças externas a sua vontade e ao seu controle
Atacar ,Seja agressivo, antecipando-se aos movimentos de concorrentes e adversários
Projetivo Antecipar Tome decisões hoje que, no seu entender, fortalecerão a sua.posição amanhã
Quadro 2
As principais áreas instrumentais para implementar a adaptação empresa/ambiente
s/fontes de suprimentos
s/novos processos e métodos tecnológicos
s/mudanças na composíção da demanda
Informações s/niChos de mercado inexplorados
s/fortes, fracos e planos de concorrentes
s/fluxos financeiros internacionais '
s/planos do Governo
s/leis em mudança
Pesquisa e desenvolvimento
Processos e métodos
Diferenciação de produtos Tecnologia mais avançada
, Apresentação (design, marca, embalagem, cores)
Custos e preços
Serviços
Imagem de marcas
s/fornecedores
s/intermediários
Poder de influência s/sindicatos
s/<;oncorrentes
s/órgãos governamentais '
s/meios de comunicação .
./
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sas mais bem-sucedidas, dentro de uma amostra de 64 poder exercer um controle total sobre cada uma destas
organizações que ele analisou, do que a preocupação em áreas, a implantação de mudanças estruturais é freqüen-
manter seus custos abaixo da média dos concorrentes e a temente bem mais demorada e conflitiva do que sugerem
tentativa de conquistar posições de liderança através da as técnicas de adaptação, porque quase sempre "mexem"
diferenciação de produtos. De acordo com este autor, as com os sistemas de poder e/ou com hábitos arraigados
empresas que conseguiram atingir uma posição domi- que oferecem resistência à modífícação.
nante graças à diferenciação caracterizam-se por "um
crescimento mais rápido, com preços e margens opera- • Poder de influência. Esta é uma outra variável sur-
cionais mais elevados para cobrir seus custos promo- preendentemente pouco discutida na literatura sobre a
cionais, de pesquisa e outros custos da relação produto/ estratégia nas empresas. No entanto, ela pode ser vital
serviço" (p. 80). Atingir diferenciações de produtos que em algumas situações, como, por exemplo, no setor de
convençam os consumidores não é uma tarefa fácil, par- construção civil, onde uma parcela considerável dos pro-
ticularmente num mercado altamente competitivo onde jetos é realizada através de órgãos governamentais. Por-
todo mundo pratica as técnicas de diferenciação para tanto, através da adoção de uma política consciente e
sobressair. Mas ela gera retornos elevados sobretudo organizada de relações públicas junto aos principais
quando a empresa consegue criar uma imagem de inova- públicos-alvo da empresa, conjugada talvez a um esforço
dora que fortalece as suas marcas e, com isto, facilita a de lobby regular junto ao governo, a empresa pode não
introdução. de novos produtos. A ênfase que se dá, por- só aumentar o seu poder de barganha como também
tanto, a esta variável do composto estratégico se justifica fortalecer a sua posição de mando junto aos setores de
pelo seu alto retorno potencial. decisão externa que exercem influências diretas ou indi-
retas nos seus principais mercados.
• Distribuição e comunicação. Mencionamos estas duas
áreas em conjunto face ao seu elevado grau de interde- Uma das inferências que podemos derivar da discus-
pendência e de substitutibilidade. Substanciais eco- são destas sete variáveis instrumentais é a certeza de que
nomias de escalas podem ser derivadas de uma feliz com- a empresa sempre dispõe de, pelo menos, alguns meios
binação entre os elementos do "Composto de Ativação" para transpor os obstáculos que o ambiente lhe impõe.
(Richers, 1981), cujas principais variáveis são a distri- Ou seja: mesmo num ambiente hostil, a empresa dispõe
buição, a logística, a venda pessoal, a publicidade e a de meios de autodefesa, se bem que o preço de aplicação
promoção de vendas. Assim, por exemplo, por vezes um destes meios pode não ser compensatório. Certo é tam-
aumento no esforço de promoção pode, ao dar maior bém o fato de que a empresa que sabe manejar o instru- 29
apoio às equipes de venda, contribuir para que haja uma mental de adaptação ambiental será, de alguma maneira,
redução nas verbas de publicidade, possivelmente supe- "premiada" .
rior aos gastos adicionais alocados à promoção e sem que
isto implique um sacrifício no volume de vendas. Outro
aspecto digno de destaque dentro deste contexto é o 7. A POLfTICA DE ADAPTAÇÃO E SEUS PR~MIOS
potencial sinergético, que sobretudo a distribuição ofe-
rece quando do lançamento de novos produtos e/ou mo- Em que consistem estes "prêmios"? É esta a última per-
delos que são levados aos pontos de vendas pela mesma gunta a ser discutida dentro do presente contexto. É
força de vendas que representa outras linhas da empresa. evidente que os caminhos que conduzem à premiação
Contanto que a empresa planeje a sua política de lança- não são apenas múltiplos e variados, como dependem
mento de produtos novos sob o aspecto do aproveita- também dos recursos à disposição da empresa, do ramo
mento de investimentos já realizados, não só nos sub se- em que ela opera, das linhas de produto que ela pode
tores de produção mas também nos de distribuição e de oferecer ao mercado e talvez, acima de tudo, das condi-
vendas, ela pode auferir vantagens competitivas por vezes ções ambientais em que ela opera. Mas, apesar desta
consideráveis através do aproveitamento sinergético de complexidade, é possível traçar algumas diretrizes que
seus recursos. servem de orientação para as empresas em geral.
O diagrama 1 ilustra o que temos em mente quanto a
• Estrutura. Dos instrumentos de adaptação, a estrutura essas políticas de adaptação. Partimos das sete áreas ins-
organizacional é o mais diretamente controlável pela em- trumentais acima mencionadas para analisar que tipos de
presa e, por conseguinte, costuma ser o setor ao qual se potenciais internos e externos cada uma delas pode atin-
atribui a maior importância e dedicação. Os métodos de gir através de que formas de elos ou "pontes" entre a
ajuste giram em torno de algumas áreas primordiais, que ação empresarial e seus. resultados. A cada área instru-
incluem: a simplificação de processos e métodos de tra- mental corresponde um elo próprio e que, em larga esca-
balhos para cortar despesas; estímulos motivacionais pa- la, determina os tipos de prêmios e resultados potenciais
ra aumentar a eficácia do pessoal; o desenvolvimento de a serem atingidos através da adaptação do instrumento.
sistemas de informação para a simplificação e economia Por exemplo, por meio do instrumental da coleta e inter-
de tempo nas comunicações intra e interdepartamentais; pretação de informações, a empresa pode construir uma
e a reorganização administrativa para facilitar decisões e ponte de conhecimentos entre a estrutura interna e o seu
'sobretudo a execução de medidas. Apesar de a empresa ambiente externo, o que lhe facilita, em tese, a aumentar
Diagrama 1
Inter-relação entre instrumentos e elos da adaptação ao ambiente e seus prêmios potenciais
Prêmios potenciais
I I + Eflcácía de plane].
~ + Acertos nas previsões
\. Informações + Conhecimentos
+ controle r
r--
2. Diferenciação de produtos
·1 + Inovação
.-
3. Estrutura + Adaptabilidade e flexibilidade 1 + Rapidez e acertos de
+
decisão
I 1 I
Com-
4. Dístríbuiçâo e comunicação I + Direcionamento físico, de I rrusoma~racionru {~ petí-
pessoas e mensagens de recursos ex ternos
tivi-
+ Aproveitamento dos investimentos 1 ~ CUstos -
5. Capacidade instalada dade
fIXOS e
6. Fontes de recursos
I + Meio,s de produção
econômicos
mais
I •. - Preços
J-- +
'--y---
Recepti-
7. Poder de influência I + Persuasão I vidade
I I
~
I + Volume de vendas
I I + RSI
I
I + Participação
I I + Lucros
I
I +hnaucm
I
a sua eficácia de planejamento e de controle operacional, ciar o processo de compra, por exemplo através da publi-
além de tornar as suas previsões mais precisas e con- cidade; 3. o uso mais racional de recursos externos ou o
fiáveis. Assim, a empresa pode criar uma série de fluxos melhor aproveitamento econômico de sistemas de co-
que partem dos seus objetivos estratégicos, atravessam a municação e logística, de matérias-primas, de talentos
30 "peneira" das atitudes empresariais anteriormente dis- humanos disponíveis no mercado de trabalho etc.;
cutidas, são operacionalizadas através da aplicação dos 4. maiores acertos nas previsões que decorrem de uma
instrumentos citados no diagrama 1, geram resultados melhor avaliação das principais tendências do ambiente e
antecipados pelo processo e conduzem, finalmente, ao também das oportunidades de mercado, ainda embrioná-
atingimento de objetivos, como os indicados no quadro rias, talvez, mas com excelentes potenciais de cresci-
da direita inferior do diagrama. mento.
Evidentemente, a aplicação deste esquema não só Além dos prêmios potenciais externos, menciona-
custa dinheiro e requer tempo, como pode também criar mos três áreas de prêmios internos, ou seja: 1. a redução
conflitos entre os próprios instrumentos e/ou as pessoas de custos operacionais, decorrentes de economias de es-
que os manejam. Portanto, é preciso que a empresa seja cala ou outras formas de racionalização, e que permitam
seletiva e ordenada quanto à formulação e aplicação de reduções reais de preços para tornar a empresa mais com-
sua política de adaptação ambiental. Para tal, formula- petitiva no mercado; 2. maior rapidez e acertos nas deci-
mos as duas normas comportamentais seguintes: sões administrativas graças a reestruturações; 3. maior
eficácia no planejamento e no controle em decorrência
a) Convém arrolar a polttica de adaptação a partir dos de melhores conhecimentos a respeito das variáveis am-
prêmios a serem atingidos. Por exemplo, a empresa po- bientais que afetam a empresa.
derá, no infeio do processo, querer lançar luz sobre as A "arte" do processo de escolha dos prêmios poten-
seguintes questões: Para atingir os meus objetivos cen- ciais consiste em alcançar um consenso na cúpula admi-
trais (como maior participação ou maior retorno sobre nistrativa da empresa quanto às prioridades dos alvos
os investimentos), o que será mais importante em termos estratégicos a serem atingidos no futuro. As bases obje-
de alvos externos: aumentar a minha competitividade ou tivas para esta escolha reúnem fatores como a avaliação
promover a receptividade dos meus produtos no mer- dos fortes e fracos da empresa, oportunidades identi-
cado, ou mesmo uma combinação destas duas 'variáveis? ficadas no mercado, diferenciais tecnológicos à sua dis-
No diagrama 1 distinguimos entre quatro prêmios exter- posição, orçamentos financeiros, bem como possibili-
nos, a saber: l. a competitividade ou a maneira como a dades concretas de crescimento, da aquisição de instala-
empresa apresenta e distribui os seus produtos no mer- ções ou de know-how - enfun todos os elementos obje-
cado em relação aos dos seus principais concorrentes; tivos que contribuem para esclarecer e fortalecer posi-
2. a receptividade ou o que a empresa espera quanto à ções que constituem os ingredientes racionais ao cal-
reação dos seus compradores potenciais ao adaptar seus deirão político em que se misturam os elementos subje-
produtos aos desejos do comprador e de tentar influen- tivos das ambições e expectativas pessoais.
1. em nada adiantaria aumentar a diferenciação de pro- 3_ Uma política de adaptação ambiental não implica
dutos através da inovação tecnológica, pois, além de' ser atitudes meramente reflexivas, como a de imitar a ação
dispendiosa e demorada, os produtos existentes não es- de concorrentes e/ou de seguir cegamente as tendências
tão explorando o seu potencial adequadamente; do mercado. Ela oferece, ao contrário, uma ampla mar-
gem para inovações que serão tão mais bem-sucedídas
2. também as áreas de capacidade instalada e de fontes quanto mais elas se ajustem a demandas consolidadas ou
produtivas de recurso não necessitavam ser modificadas, mesmo latentes e quanto mais elas se antecipem a movi-
basicamente pela mesma razão; mentos intrínsecos do ambiente. Por vezes; a empresa
pode contribuir a acelerar o ritmo destes movimentos -
3. a área de informações teria que ser ativada 'com o e disto tirar proveito econômico. Há casos também em
intuito de qualificar melhor os nichos mercadológicos que ela pode provocar uma mudança no rumo de um
abertos aos produtos da empresa e quanto às melhores dado movimento - e disto se beneficiar, contanto que o
formas de atingir o público-alvo nestes nichos; mercado responda favoravelmente à sua tentativa de re-
direcionamento - por exemplo, porque a nova tendência
4. algo teria que ser feito para aumentar o poder de corresponde mais às mudanças de hábitos de consumo
influência da empresa junto a "autoridades" que mais se que o mercado deseja. Finalmente, é concebível imagi-
destacavam nos segmentos de mercados visados, por nar-se que uma empresa muito poderosa consiga implan-
exemplo, através de visitas, realização de eventos promo- tar um tipo inteiramente inédito de demanda no mer-
cionais e melhores relações com a imprensa; cado, mas jamais compensa ir à busca consciente desta
Elltratégia
política por ser altamente arriscada e, se viável, quase Glueck, W. F. Business policy, strategy formation and
sempre proibitiva quanto aos seus "investimentos. e management action. 2. ed. New York, McGraw-Hill,
custos. 1976.
4. Não há política de adaptação ambiental que não Hall, W.· K. Survival strategies in a hostile environment.
implique a conveniência ou até necessidade de reestru- Harvard Businéss Review, 50 (5): 75-85, Sept./Oct ..
turação, não só no sentido da mudança organizacional, 1980.
Como também quanto à reformulação da oferta dos pro-
Hutchinson, J. G., coord. Readings in management strat-
dutos e serviços da empresa. A reestruturação, contudo,
egy and tactics. New York, Holt, Rinehart & Winston,
deve ser derivada da estratégia e sempre estar voltada ao
1971.
ambiente, não só devido ao poder que este exerce sobre
a empresa, mas também por estar normalmente aberto a Lawrence, P. R. & Lorsch, J. W. Organization and envi-
ações opcionais plenamente controláveis pela empresa. ronment, managing differentiation and integration: Bos-
ton, Harvard Business School, 1967. A Editora Vozes
Procuramos, neste trabalho, justificar as razões que lançou uma tradução deste livro, em 1973, sob o título:
conduzem a estas quatro conclusões e formulamos algu- As empresas e o ambiente, diferenciação e integração
mas normas e diretrizes para orientar uma política de administrativas, Petrópolis.
adaptação ambiental na prática administrativa.
Leone, R. A. & Meyer, J. R. Capacity strategies for the
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