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ENCONTRO 1 - FUNDAMENTANDO A PLANTAÇÃO DE IGREJAS

TEMA CENTRAL: A Natureza Missionária de Deus e de Sua Igreja

A palavra missão (do latim missio), significa "envio". Este é o tema bíblico central que descreve
a atividade de Deus na história, restaurando e curando a sua criação. A missão não é
primariamente uma atividade da igreja, mas um atributo de Deus. Ele é um Deus missionário e
enviado, que envia uma igreja missionária.

LECTIO: Isaías 6.1-8 / Isaías 61.1-2 / Lucas 4.18-19 / João 20.21

O LUGAR DA TEOLOGIA NA VIDA DA IGREJA

INTRODUÇÃO

Quando pensamos em teologia há dois extremos que muitas vezes vêm à tona. Um deles é a
ideia de que a teologia é algo completamente descartável, que não precisamos nos
preocupar com isso, porque a tarefa que Jesus Cristo nos deu é a da proclamação do
evangelho e não de ficarmos discutindo questões teológicas.

O outro é o pensamento de que a teologia é central e devemos dedicar o nosso tempo para
ensinar teologia para as pessoas de nossa igreja, ou as pessoas que estamos alcançando na
plantação de igrejas. Os dois extremos devem ser evitados.

O primeiro deve ser evitado porque o próprio evangelho nos impõe uma série de temas
teológicos que precisamos compreender para que o apresentemos com clareza. O segundo
deve ser evitado porque podemos transformar a teologia no centro daquilo que estamos
fazendo, quando o centro do que estamos fazendo é sempre o evangelho.

Outra questão importante para pensarmos é o fato de que estamos inseridos em um


contexto cultural religioso onde há muitos pontos de vistas diferentes e muitas práticas feitas
em nome de Deus ou de Jesus Cristo, para justificar as mais esdrúxulas atitudes.

Assim, é de suma importância compreendermos qual é o lugar da teologia dentro do


processo de plantação de igrejas. Como a teologia deve nortear nossa prática missional e
como o contexto da missão deve ser a plataforma para nossa reflexão teológica.

Como podemos fazer isso?

I. A MISSÃO COMO CONTEXTO DA TEOLOGIA

Há duas maneiras de abordarmos o contexto na forma que usamos a teologia. Uma é


adequada e a outra inadequada missionalmente.

1. A forma inadequada é aquela que olha a teologia como um produto que é fruto do próprio
contexto da igreja.
Neste sentido, podemos dizer que temos a igreja, e a cultura em que ela está inserida e a
teologia, lida com o evangelho como um produto interno da própria igreja, completamente
desconexo do contexto em que está.

Nesta dimensão, tendemos a olhar a teologia como um fim em si mesmo e com o objetivo de
preservar uma tradição que determinada igreja tenha. A abordagem às Escrituras e ao
Evangelho é sempre feita a partir do enquadramento teológico de uma dada tradição e o
objetivo da teologia é preservar o que seria considerado como sendo a verdadeira doutrina.
Neste aspecto, a teologia se torna em uma espécie de “marco de fronteira”, que serve para
julgar se uma determinada pessoa está ou não adequada para ser parte do grupo. Por esta
perspectiva, a teologia olha para as Escrituras Sagradas como uma realidade que já está
limitada a seus moldes e não considera nada que seja contrário ao que já foi estabelecido
pelos postulados teológicos.

2. A forma adequada é aquela que olha a teologia como um elemento que é parte da
comunidade de fé e dominado pelo evangelho, interagindo com a igreja e a cultura, que é o
contexto onde a igreja está inserida.

Essa é a dinâmica que vemos acontecendo ao longo da narrativa bíblica!

A teologia nas Escrituras é um produto do evangelho e se dá no contexto da missão, à


medida que os primeiros discípulos vão avançando em obediência ao mandamento de Jesus
Cristo de fazer discípulos de todas as nações.

As cartas do Novo Testamento nos mostram isso. Elas são o fundamento da maioria do que
chamamos de teologia hoje, mas todas essas cartas foram escritas sob a inspiração do
Espírito Santo, dentro de um contexto específico da missão.
II. A TEOLOGIA A SERVIÇO DA MISSÃO.
Randy Pope diz algo muito interessante sobre a questão da maneira de lidarmos com a
teologia. Ele diz que o que atrai as pessoas a Jesus Cristo é o evangelho. E que muitas
vezes, ao passar do tempo, a igreja passa a tratar de uma série de assuntos, por entender
que são importantes, mas à parte do evangelho.

A observação de Pope é que devemos tratar dos assuntos da igreja, dos temas gerais, das
perspectivas teológicas, sempre à luz do evangelho, ou próximos do evangelho. De fato
precisamos de clareza em nossa teologia, pois, como já dito, vivemos em um contexto de
confusões e de muitas coisas esdrúxulas sendo feitas em nome de Deus, mas Ele não tem
nada a ver com isso.

Precisamos pensar, refletir e apresentar com grande clareza aquilo que será o fundamento
de nossa teologia, mas fazer isso em submissão ao evangelho. Uma boa decisão é
reconhecermos que a igreja que estamos plantando não é fruto de si mesma. Todos nós
precisamos reconhecer que há uma tradição que nos é legada, que fazemos parte de uma
história maior, que Deus vem conduzindo.

Os credos históricos da igreja (apostólico, niceno e atanasiano) e confissões (como a própria


Declaração de Fé da ICNV) formam uma base sólida para nos ajudar a pensar a teologia
dentro do contexto da missão. Devemos ter uma lista de alguns pontos teológicos que sejam
importantes para nós, como uma espécie de sumário que norteia a igreja teologicamente.

CONCLUSÃO

A palavra de Deus nos diz em 2 Timóteo 4.1-5:


Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua
manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a palavra, esteja preparado
a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois
virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos
ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se
recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja sóbrio em
tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu
ministério.

Na tarefa de plantarmos novas igrejas não podemos desconsiderar a importância da


preservação da sã doutrina, de proclamarmos o evangelho com toda paciência e doutrina.

Nosso alvo não é meramente ver pessoas se reunindo, mas vermos pessoas sendo
transformadas pelo poder do evangelho e aprendendo a conhecer a Deus a partir da
revelação que ele mesmo faz de si.

A Bíblia não é um livro “privativo de nossa religião”. Ela é a revelação de Deus para o mundo.

E a maneira de ajudar as pessoas a compreenderem a vida e a história a partir do ponto de


vista de Deus, enquanto plantamos igrejas, passa justamente por uma boa e consistente
elaboração teológica. Que a teologia seja feita no contexto da missão e que a missão sempre
nos conduza às pautas de nossa teologia.

Mt 28.19 -- cf. 1Ts 1.6,7 - ref.: Ética - Dietrich Bonhoeffer.

Eleição - Charles Spurgeon

O que é o Evangelho - Greg Gilbert

O discípulo radical - John Stotf

Esperança Abençoada - George E. Ladd

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