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APOSTILA
TEOLOGIA REFORMADA
SUMÁRIO
01 O QUE É A FÉ REFORMADA?
I Definindo a questão
II Existem fontes de autoridade?
III Diferenças de opiniões sobre definições
IV É possível identificar características da fé reformada?
V Os temas dominantes da fé reformada
http://www.monergismo.com/textos/teologia_reformada/
identidadereformada.htm
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I Definindo a questão
Definindo a questão. Sempre temos de nos relembrar, a nós mesmos, que não
fazemos teologia num vácuo; que a ciência da teologia não começou com a nossa
entrada no mundo. Às vezes tem-se a impressão, pela forma como alguns pregam e
escrevem, que toda a cristandade esperava pelo advento dos seus ministérios, e que é
somente por meio deles, e pelo que têm a dizer, que a fé cristã começou a fazer
sentido e a ser entendida em todas as suas implicações. Mas tal abordagem é
totalmente inaceitável; aqueles que falam dessa maneira introduzem, ao mesmo
tempo, seus próprios absurdos como se eles fossem o próprio evangelho de nosso
Senhor Jesus Cristo. Devem, assim, ser repreendidos e seu ensino deve ser repudiado.
Deveríamos dizer de uma vez por todas que, mesmo a partir de uma perspectiva
histórica, não é fácil chegar a uma definição breve e satisfatória do que significa ser
Reformado. Essa é sem dúvida a questão.
Existem Fontes de Autoridade? Em primeiro lugar porque não existe uma única fonte
à qual poderíamos recorrer em busca de uma expressão que defina com autoridade a
fé Reformada. Certamente devemos muito a João Calvino. Mas também devemos
grandemente a muitos outros: a Agostinho por exemplo, bem como a Anselmo, e a
Martinho Lutero. Além do mais, esses homens, não importa quão grandes possam ter
sido, eles não tinham a pretensão de estar falando com uma autoridade equivalente à
autoridade da revelação divina, ou de forma tal que toda a igreja fosse constrangida a
lhes obedecer. No Cristianismo evangélico não existe papa que pode falar ex catedra,
e assim impor pronunciamentos infalíveis aos fiéis.
É muito injusto àquela fé quando alguém restringe seu conteúdo a uma única área de
doutrina, por mais essencial que seja.
Na tradição Reformada no entanto, em sua melhor e mais elevada forma, a ênfase não
caiu na maneira de inspiração, ou numa definição técnica do significado dos vários
atributos da Escritura tomados por eles mesmos (sua perfeição, clareza, suficiência e
necessidade), mas na sua autoridade. É quando abordamos as Escrituras desta
perspectiva, eu creio, que somos capazes de compreender o significado dos vários
adjetivos que usamos para descrever a Bíblia.
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Qual é a base para a nossa aceitação da autoridade das Escrituras? Como é que
sabemos o que afirmamos ser verdade? Nós sustentamos que a Bíblia é um livro
singular: vemos a sua singularidade e somos por ela afetados. Sua unidade
extraordinária, apesar de ter sido escrita ao longo de vários séculos, seu estilo
majestoso, seu conteúdo glorioso, sua consistência maravilhosa, seu registro marcante
de profecia e do seu cumprimento — todas estas coisas nos movem a uma piedosa
exclamação. Mas não se trata de nenhuma dessas coisas, nem todas elas tomadas
juntas, sendo citadas, que nos convencem, nos persuadem e nos movem a obedecê-la.
Antes, a base de autoridade indispensável, bíblica e singularmente convincente, é,
como Calvino jamais se cansou em insistir, o testemunho do Espírito Santo. Nós
cremos na Bíblia porque ela é a Palavra de Deus: mas nós sabemos que é a Palavra de
Deus por causa do testemunho do Espírito Santo.
Por que insistimos que aqueles por quem nosso Senhor sofreu e morreu, são também
aqueles que serão levantados e exaltados com Ele e se assentarão nos lugares
celestiais, com Ele? Certamente a resposta só pode ser que o que está em jogo aqui é a
invencibilidade da graça de Deus. O nome do nosso Senhor é Jesus, porque Ele salva o
seu povo dos Seus pecados.
Mas cristãos reformados creem enfaticamente que a “Ao Senhor pertence a terra e
tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24:1), e que Ele
não abandonou nem por um momento os poderes fora dEle mesmo. É por isso que
não podemos ser indiferentes aos males sociais, e à violações da lei de Deus na
sociedade como um todo; é por isso que devemos nos opor ao terrível mal do aborto,
à horrível aliciação da corrupção moral perceptível em todo canto, e também ao
massacre opressor dos pobres e destituídos que estão sob os poderosos, à opressão
dos fracos e desamparados qualquer que seja a forma como se manifeste. Certamente
a transformação social não pode, em nenhum sentido, estar divorciada da pregação do
Evangelho e da regeneração de indivíduos.
É pela pregação que Deus confronta as pessoas e as traz para si, conformando-as ao
padrão do Seu Filho; de fato, é pela pregação que Jesus Cristo se apresenta aos
corações e às consciências dos homens (Rm 10:14). Mas nós prosseguimos e fazemos a
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c) Proclamação: Mas não podemos parar por aí. Pois a pregação é a exposição e a
aplicação da Palavra der Deus; mas, além disso ela é proclamação. A própria palavra
“pregar” no Novo Testamento significa isso. Nós somos expositores e aplicadores;
porém somos expositores e aplicadores da Verdade de tal forma que o que nós
fazemos vem a ser proclamação. Nós somos arautos, com uma mensagem, que nos foi
legada para ser entregue às pessoas. Isso nos tira para fora de nós mesmos, nos eleva,
tirando-nos da esfera da comunicação ordinária. O que nossa geração precisa não é de
um grupo de comunicadores, ou de oradores muito espertos, oradores eficazes, ou
professores interessantes, mas sim de um grupo de proclamadores do Evangelho que
permanece para sempre em toda sua riqueza e compreensibilidade.
No culto não vamos para ouvir uma boa palavra, ou para ouvir uma palestra sobre um
assunto interessante, mas, sim, para nos humilhar, humilhar nosso pensamento, nosso
estilo de vida, nossas práticas sob a Palavra de Deus, e obedecer à Sua Palavra como
nossa lei. É com esta atitude que vivemos toda nossa vida. Ele não é apenas o Rei da
Igreja, ou do nosso compartimento de oração; mas, sim, do mundo todo e de todo
aspecto a Ele relacionado. A vida é um render-se contínuo de nós mesmos como
sacrifícios vivos, para o louvor do grande e glorioso Deus a quem servimos (Romanos
12: 1,2).