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APRESENTAÇÃO
Nesta aula você conhecerá a história de Martinho Lutero e seu papel na grande Reforma, além
de outros nomes que contribuíram fortemente para este momento da história da igreja. Você as
compreenderá as principais bases doutrinárias da reforma.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
• Compreender o papel e trajetória de Martinho Lutero na Reforma Protestante;
• Descrever e compreender as bases doutrinárias da Grande Reforma.
META
Apresentar a biografia de Martinho Lutero e as sínteses doutrinárias da reforma luterana.
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I 2
1 A REFORMA LUTERANA
A data fixada pelos historiadores como sendo o início da grande Reforma é apontada
como 31 de outubro de 1517, dia em que Martinho Lutero fixou suas 95 teses na porta da
Catedral de Wittenberg. Na verdade, todo o século XVI é marcado por uma série de movimentos
religiosos associados à Reforma Protestante. Cabe frisar que a Reforma e movimentos
associados não surgem de forma abrupta ou em um vácuo, mas foram “gerados no decorrer de
um longo processo de transição”. Dessa forma, com relação ao início da Reforma na Alemanha,
assunto que passaremos a estudar neste tópico, houve alguns fatores que a impulsionaram e
ajudaram a promover seu progresso.
dos Agostinianos, em Erfurt, no ano de 1505, para decepção e descontentamento de sua família
e amigos. Segundo Gonzáles:
As causas que o levaram a dar esse passo foram muitas. Duas semanas antes,
quando se achava no meio de uma tormenta elétrica, sentiu sobremaneira o
temor da morte e do inferno e prometeu a Santa Ana que se tornaria um monge.
Algum tempo depois, ele mesmo diria que os rigores do seu lar o levaram ao
mosteiro. Por outro lado, seu pai havia decidido que seu filho se tornasse
advogado e fazia grandes esforços para lhe dar uma educação adequada a essa
carreira. Lutero não queria ser advogado e, portanto, é muito possível que, ainda
sem saber, havia interposto a vocação monástica entre seus próprios desejos e
os projetos de seu pai (GONZALEZ, 1993, p. 46).
Lutero nega que Pedro tenha sido o chefe dos apóstolos; declara que a
obediência eclesiástica não se baseia no direito divino, mas que foi introduzida
Neste debate ardoroso, Lutero mostrou-se um polemista capaz. Quando percebeu que
todos ficariam contra ele, afirmou que: (...) ficaria sozinho contra mil, embora não fosse apoiado
por ninguém, porque somente Cristo é o fundamento da Igreja, pois nenhum homem pode por
outro fundamento (BETTENSON, 1983, p. 239).
Estas declarações levaram seu oponente, Johann Eck, a nomeálo com o título “herege”
da Boêmia do século XV. Porém, segundo alguns comentaristas, Lutero tornou-se bem mais
franco após este debate e passou a expressar com maior convicção aquilo em que acreditava.
E como era de se esperar, denunciaram-no em Roma. Champlin declara: “A tempestade rugia,
com Lutero no centro da tormenta” (CHAMPLIN, 1991, p. 927). Em 1520 Lutero redigiu três
panfletos de grande relevância:
a) O primeiro destes folhetos é intitulado “Oração à Nobreza Cristã da Nação Alemã”. Nele,
Lutero conclama os alemães a reformarem a nação e a sociedade;
b) O segundo intitulado “O Cativeiro Babilônico da Igreja”. Neste panfleto, Lutero atacou
firmemente a totalidade do sistema sacramental e isto resultou em seu nome figurando
entre as fileiras dos heterodoxos;
c) O terceiro panfleto, denominado “A Liberdade do Cristão”, foi redigido exclusivamente
para o papa. Não tinha caráter polêmico e abordava a justificação unicamente pela fé.
Mas, independentemente da publicação destes três panfletos, já havia sido expedido
uma bula papal de excomunhão com data marcada para vigorar, janeiro de 1521. Nesta bula
denominada “Exsurge Domine”, Lutero foi excomungado por Leão X. Embora recebesse
oportunidade de se retratar, repudiou o Papa e publicamente queimou a bula. Em 18 de abril de
1521, Lutero deu a sua resposta final. Eck, que era o oficial do Arcebispo de Trévis, questiona
Lutero: “Desejas defender os livros que foram reconhecidos como sendo obra tua? Ou retratar
tudo o que está contido neles?” (BETTENSON, 1967, p. 248). A resposta de Lutero discorreu
sobre a natureza de suas obras; a primeira que trata da fé e dos costumes, a segunda, dirigida
contra o papado e as doutrinas dos papistas, isto é, “contra aqueles que por suas más doutrinas
e maus precedentes devastaram a cristandade arruinando as almas e os corpos dos homens”.
A terceira foi dirigida, como afirma Lutero: “(...) contra aqueles que se entregaram à defesa da
tirania romana e para derrubar a piedade que eu ensino”. Segundo Gonzáles (1993, p. 64), Eck
movimento protestante, quando fracassou um esforço para resolver as diferenças numa reunião
em Marburg.
Durante toda sua vida Lutero esteve envolvido com grandes fardos de trabalho, ora
escrevendo, ora ensinando ou organizando a nova igreja e liderando a Reforma alemã. Lutero
morreu em Eisleben, em 18 de fevereiro de 1546, aos 63 anos de idade. Foi sepultado na Igreja
do Castelo, em Wittemberg.
ampla circulação, em 1560 foram lançadas mais de sessenta edições, devido seu estilo claro e
tom conciliador, características peculiares a Melanchton. Foi considerado o principal teólogo da
Reforma. Em 1528 a obra “Artigos de Visitação” foi implantada nas Escolas da Saxônia.
Schnucker faz ainda a seguinte observação:
(...) sua obra como educador público passou a ser uma dimensão adicional na
sua vida. Pelo menos cinqüenta e seis cidades procuraram a sua ajuda na
reforma de suas escolas. Ele ajudou a reformar oito universidades e a fundar
outras quatro. Escreveu numerosos livros didáticos para uso nas escolas e mais
tarde foi chamado o “Instrutor da Alemanha” (SCHNUCKER, 1990, p. 494).
A filosofia educacional de Melanchthon era admirável, para ele, a piedade erudita deveria
ser encorajada. A sua própria vida e obra expressavam esta filosofia. Em 1529 no Colóquio de
Marburgo, Melanchthon e Zwínglio se enfrentaram a respeito da questão da presença real na
Ceia do Senhor.
Em 1530 escreveu a Confissão de Augsburgo, base da confissão luterana, e sua apologia
em 1531. Além destes dois documentos, inclui-se a Concórdia de Wittemberg redigida em 1536
como as principais declarações da fé luterana. Por este motivo, Schnucker ( 1990, p. 495)
apropriadamente observa: “suas contribuições ao movimento luterano, ao protestantismo e à
nação alemã são monumentais”. Entretanto, Melanchthon mudou sua opinião em relação à Ceia
do Senhor e passou a adotar uma posição que mais se aproximava a de Calvino, possivelmente
resultado de seu humanismo cristão, uma vez que, estava aberto a novas ideias.
Em 1547 houve a derrota das forças protestantes em Muhlberg, e com isto, houveram
também investidas a fim de se restaurar o catolicismo romano na Alemanha. Conforme salienta
Lindberg:
2 CONFISSÃO DE AUGSBURGO
As boas obras como resultado e não causa da salvação, motivadas pelas boas novas de
que a salvação foi obtida por Cristo para nós.
É a importância dessas doutrinas, conhecidas por sua designação latina “Sola Scriptura”,
“Solus Christus”, “Sola Gratia”, “Sola Fide” e “Soli Deo Gloria”, que queremos apresentar neste
estudo, ainda que de forma breve.
a) Sola Scriptura: “Somente a Escritura”, ou a autoridade e suficiência das Escrituras.” Para
os reformadores, somente a Escritura Sagrada tem a palavra final em matéria de fé e
prática. É o que ficou consubstanciado nas Confissões de Fé de origem reformada.
b) Solus Christus: “Somente Cristo”, ou a suficiência e exclusividade de Cristo”. O
Catolicismo Romano proclamou Maria a “Mãe de Deus” em 431 d.C., o culto às imagens
em 789 d.C. e a canonização dos santos em 880. Instituiu também a figura do sacerdote
como vigário de Cristo, a quem devem ser confessados os pecados e a quem
supostamente foi conferido poder para perdoá-los, mediante a prescrição de penitências.
Um dos pontos centrais das teses de Lutero tinha a ver exatamente com o poder do Papa
e dos sacerdotes de perdoar pecados, que ele questionava, pelo menos no que diz
respeito aos mortos. Neste particular, Lutero assim se pronunciou:
Ao Papa não compete remir, nem pode remir outras penas que as que ele mesmo
tem posto, seja por sua própria autoridade, ou pela autoridade dos cânones. O
Papa não pode remir nenhuma culpa, senão somente declarar que tem sido
remida por Deus e afirmar a remissão divina, se bem é certo que pode conceder
remissão em casos reservados a seu critério. Se fosse menosprezado o seu
direito a conceder remissão em tais casos, a culpa permaneceria inteiramente
sem perdão. (...) Os cânones penitenciais somente podem ser aplicados aos
vivos e não aos mortos (ALMEIDA, 1983, p. 78).
De acordo com o entendimento reformado, o ser humano vendido ao pecado, não tem
mais a habilidade para escolher o bem, pois sua vontade está presa ou escravizada pelo
pecado. Só pode e só quer escolher o pecado.
A salvação é segundo Lutero, exclusivamente ato da livre e soberana graça de Deus.
Não só Calvino, como geralmente se pensa, mas também Lutero e os demais reformadores
deram grande ênfase na necessidade da graça soberana de Deus para a salvação do homem.
Sendo assim, o homem nada pode e tem para oferecer a Deus por sua salvação. A única
ucoisa que lhe cabe, é aceitar humildemente o dom da salvação pela fé na obra redentora de
Cristo, que lhe é imputada (Rm 3.24-26). É por isso, também, que os reformadores chamavam
o crente de “simul justus et peccator” - ao mesmo tempo, justo e pecador. A salvação não é
produzida pelas obras, mas pela graça, mediante a fé (Cf. Rm 3.20,28).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta aula você pôde conhecer os aspectos da vida de Martinho Lutero e as vivências no
monastério que o levaram a uma crise espiritual. Além de sua visão inicial de Deus como um
deus tirano, decepcionou-se com a decadência pecaminosa e indiferença espiritual dos clérigos
em Roma. Neste cenário, Lutero dedica-se aos estudos das epistolas paulinas aos Romanos,
Gálatas e Hebreus, encontrando aí respostas para os seus questionamento e marcando o início
da Reforma. Vimos também os principais legados deste movimento que, além de romper com
a soberania do catolicismo na Alemanha, deixa bases fundamentais para a doutrina cristã.
REFERÊNCIAS
ALBERIONE, Tiago (org.). A Reforma, foi uma reforma ou uma revolta? coleção “ut
unum sint”. São Paulo: Paulinas, 1960.
GONZÁLES, Justo L. História ilustrada do cristianismo: a era dos mártires até a era dos
sonhos frustrados. São Paulo: Vida Nova, 2011.
NICHOLS, Robert Hastings. História da igreja cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
NICHOLS, Robert Hastings. História da igreja cristã. 8. ed. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1990.