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NOME DO ALUNO: Allan Dias Velasque

RESENHA DO CURSO: O pensamento reformado

CIDADE: CUIABÁ/MT
ANO: 2023

Resenha crítica apresentada em cumprimento às exigências da


Credos e Confissões Reformadas do Curso Médio em Teologia
do Instituto Bíblico Rev. Augusto Araújo-IBAA, ministrada
pelo prof. Manoel Delgado Jr.
Nome: Allan Dias Velaque
Curso: Médio em Teologia
Data: 19/11/2023
Disciplina: Credos e Confissões Reformadas
Professor: Manoel Delgado Jr

1. REFERÊNCIA:

Tema: O pensamento reformado


Professores: Hermisten Maia e Heber Campos Jr
Fonte: Editora Fiel e Artigos da Fides Reformata

2. APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES:

Hermisten Maia é ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, integrando a Equipe de


Pastores da Primeira IP de São Bernardo do Campo, SP. É formado em Teologia, Filosofia
e Pedagogia. É Mestre e Doutor em Ciências da Religião. Leciona em diversos Seminários
ininterruptamente desde 1980. Tem experiência na área de Teologia Sistemática,
lecionando há 40 anos, e História da Reforma Protestante, atuando principalmente nos
seguintes temas: João Calvino e Teologia Reformada e Cosmovisão Reformada. Faz parte
de diversos Conselhos Editoriais de Revistas de Teologia e de Ciências da Religião. Tem
40 livros escritos e mais de 1.500 artigos publicados. Leciona em diversas Instituições de
Ensino Superior no Brasil. Publica diariamente em suas redes sociais um artigo e um vídeo.

Heber Campos Jr. É bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano JMC.
Mestre em História da Igreja pelo CPAJ – Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew
Jumper e Doutor em Teologia Histórica pelo Calvin Theological Seminary.

3. PERSPECTIVA TEÓRICA DOS PROFESSORES:

Os professores falam sobre como entender a igreja reformada de um jeito novo e mais
aprofundado. Em vez de só olhar para as ideias de cada pessoa ou o que é popular hoje
em dia, ele sugere estudar os documentos antigos da igreja, como as confissões e os
credos que muitas igrejas seguem juntas. O curso destaca que a igreja não é só um grupo
de pessoas ou uma organização com regras e estruturas. É mais do que isso: é uma
comunidade espiritual, onde todos estão conectados pela fé e pela partilha de crenças e
experiências. Isso é chamado de "comunhão dos santos", que significa que todos os que
acreditam estão unidos de uma maneira especial, mesmo que não se vejam ou se
conheçam pessoalmente.
Perspectivas Desenvolvidas:

Natureza da Igreja na Tradição Reformada: A igreja é vista não apenas como uma
instituição organizada, mas também como um organismo vivo, caracterizado pela
comunhão dos santos.

Atributos da Igreja: Unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade são considerados


fundamentais para compreender a igreja na tradição reformada.

Distinções Cruciais: A importância das distinções entre organismo e organização e entre


igreja visível e invisível é enfatizada para uma compreensão abrangente da eclesiologia
reformada.

Relevância Histórica e Confessional: A análise da igreja é baseada em um entendimento


histórico e confessional, contrapondo-se a interpretações baseadas em experiências
individuais ou teólogos individuais.

Relacionamento entre Fé, Esperança e Amor: Um correto entendimento da eclesiologia


reformada fomenta um aumento na fé, esperança e amor pela igreja, apesar de suas
imperfeições e estado inacabado.

4. BREVE SÍNTESE DO CURSO

Os professores apresentam uma visão equilibrada da eclesiologia reformada,


reconhecendo a complexidade em definir a natureza da igreja. Argumentam que a essência
da igreja reformada é encapsulada na expressão "comunhão dos santos", refletindo a união
espiritual dos crentes. Além disso, destacam os quatro atributos clássicos da igreja - una,
santa, católica e apostólica - e as distinções entre organismo e organização, e igreja visível
e invisível.
5. PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NOS CURSOS

Fé Calvinista e Vida Cristã Prática: Enfatiza-se que ser reformado implica uma fé vivida
ativamente, alicerçada na Palavra de Deus e visando a glória de Deus.

Imagem de Deus no Homem: Destaca-se a importância do fato de os seres humanos


serem criados à imagem de Deus.

Fundamentos da Teologia Reformada: Ressalta-se a importância do retorno às


Escrituras como base da teologia reformada.

Influências de Calvino e Lutero: Discute-se o impacto da Reforma no pensamento e na


cultura.

Relevância Contemporânea da Teologia Reformada: Aponta-se a vitalidade e influência


contínua da teologia reformada.

Antropologia Teocêntrica: Oferece-se uma visão teocêntrica do ser humano.

Calvino e a Transformação Cultural: Examina-se o impacto de Calvino na cultura e no


pensamento.

Erudição e Piedade: Observa-se a necessidade de combinar conhecimento teológico com


piedade verdadeira.

Calvino no Brasil: Considera-se a difusão recente do calvinismo no Brasil.

O Reformado como um Novo Tipo de Homem: Conclui-se que Calvino contribuiu para a
criação de um novo tipo de homem, o "reformado".

Problema de Identidade na Eclesiologia Reformada:

• Desafio da Definição: Questiona-se o que constitui uma eclesiologia reformada.


• Diversidade de Governança: Observa-se a variedade no governo eclesiástico
dentro do protestantismo reformado.
• Elementos do Culto: Discute-se a diversidade nas práticas litúrgicas entre igrejas
reformadas.

Retorno à Essência:

• Contraste com Catolicismo Romano: Destaca-se a diferença entre a ênfase


católica romana e a concepção protestante da igreja.
• Comunhão dos Santos: Foca-se na igreja como organismo espiritual.

Características da Igreja na Perspectiva Protestante:

• Atributos da Igreja: Reconhecem-se os atributos essenciais da igreja.


• Organismo vs. Organização: Enfatiza-se o equilíbrio entre a compreensão da
igreja como organismo espiritual e instituição.
• Igreja Visível e Invisível: Destaca-se a importância da distinção entre igreja visível
e invisível.

Aplicações Práticas e Conclusões:

• Importância da Comunhão: Enfatiza-se a necessidade de igualdade entre crentes


e líderes.
• Relevância dos Atributos: Aponta-se a necessidade dos atributos se tornarem
visíveis na organização eclesiástica.
• Amor e Esperança pela Igreja: Inspira-se amor pelo que Deus fez e esperança
pelo que Deus fará na igreja.
6. REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE O CURSO E IMPLICAÇÕES PARA O MINISTÉRIO

O maior desafio para qualquer crente é, sem dúvidas, ser um bom receptor. Na
comunicação social, estudamos que toda comunicação é um processo composto por, pelo
menos, três partes: emissor, meio e receptor. Quantas vezes somos mal compreendidos e
julgados por falhas no nosso processo de comunicação. Nossa inteligência, cosmovisão,
criatividade e todas as características que contribuem para um bom processo de
comunicação, infelizmente, são como Isaías escreveu: "Mas todos nós somos como o
imundo, e todas as nossas justiças como trapo de imundícia; e todos nós murchamos como
a folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam." (Isaías 64:6). Ou seja, até
nossa boa intenção de nos comunicar ou de construir um bom processo de comunicação
são como “trapo de imundícia”. Deus esmagou e continua esmagando a sabedoria dos
cultos e entendidos, dando conhecimento aos fracos e desprezados. Isto reforça o fato de
que não é um desafio fácil ser um bom receptor da mensagem do Evangelho, porque nossa
sabedoria primeiro precisa ser humilhada.

Se fosse um processo fácil, o Senhor Jesus não teria nos enviado Seu Espírito para
testemunhar, revelar, iluminar, nos dar sabedoria e ser nosso ajudador (João 14:26), e o
Espírito não usaria a tribulação enfraquecer nossa confiança em nosso próprio
entendimento e, com isto, nos aperfeiçoar. Bastariam homens cultos escrevendo com
clareza e nosso cérebro captaria imediatamente a mensagem na essência, ou seja, sem
qualquer tipo de interpretação errada. O meio definido por Deus foram homens fracos,
cheios de dilemas, mas inspirados pelo Seu Espírito falando primeiro pelos pais, depois
pelos profetas, até que nos últimos tempos falou pelo Filho. O Filho falou com seus
apóstolos, que, cheios do Espírito e inspirados por Ele, repassaram o Evangelho como
receberam (Hebreus 1:1-2). Os emissores foram homens transformados, o meio foram os
textos sagrados, os destinatários o povo de Deus. Não é tão difícil entender o processo, a
dificuldade está em entender o conteúdo. Não porque seja confuso ou falacioso, mas
porque a verdadeira questão é a nossa interpretação, como destinatários.

Nosso problema é que nossa alma governa nossa mente e nosso coração; na verdade,
essas coisas são indissociáveis. O que quero dizer é que nossa alma se esconde atrás de
um complexo, denso e inexplicável labirinto, com muitas camadas, com o objetivo único de
proteger nossa própria escuridão da luz. Desde que escolhemos andar segundo nosso
próprio entendimento e comemos da fruta que o Senhor disse para não comermos,
trocamos o governo de Deus pela nossa própria capacidade de julgar as coisas. Nesse
sentido, nossa alma está em densas trevas, tão densas que são palpáveis. Jesus disse
que o problema dos fariseus não era a falta de conhecimento ou inteligência, mas que eles
preferiam andar nas trevas porque suas obras eram más (João 3:19-20).

Preferimos andar nas trevas porque é justamente isso que conhecemos quando comemos
da árvore do conhecimento do bem e do mal. Portanto, nosso conhecimento, por maior ou
menor que seja, é como esterco e deve ser, antes de tudo, reputado como perda diante do
tesouro de conhecer a Cristo (Filipenses 3:7-8), se quisermos ser bons intérpretes das
Escrituras. Somos como tesouros escondidos para o louvor da glória de Deus, não porque
haja em nós algum valor, mas porque, mesmo sem valor algum, como vasos ruins, Deus
depositou em nós um tesouro valioso, mais valioso que qualquer outra coisa (2 Coríntios
4:7). Contudo, nossos labirintos mentais e emocionais colocam a Palavra do Senhor numa
teia de percepções pessoais com o objetivo de matar nossa fome de pão, não de vida
eterna.

O ponto é exatamente esse no final do capítulo 6 de João. As pessoas queriam tornar


Jesus rei porque sabiam que, se conseguissem, não teriam mais fome, nem perderiam
mais guerras, não seriam escravas e teriam felicidade para suas vidas transitórias. Mas o
Senhor declara que Ele mataria outro tipo de fome, e que para isso precisamos comer da
sua carne e beber do seu sangue, pois o maná dado aos pais não foi suficiente para livrá-
los da morte; eles comeram, se saciaram e morreram (João 6:26-58). Diante de tal ensino,
muitos o abandonaram. Mas Jesus disse: ninguém consegue entender essas coisas
mesmo, a menos que o Pai me dê. Logo depois de dizer isso, Ele prova seu ponto e
pergunta aos demais: querem me abandonar também? A resposta é característica de
homens enviados pelo Pai: “Senhor, para onde iremos se só o Senhor tem as palavras de
vida eterna?” (João 6:67-68).

Sem que, primeiro, o Pai dê seus eleitos ao Filho, não teríamos condições de desejar
palavras de vida eterna, porque nossas almas amam as trevas. Aqui destaco o ponto que
comecei meu texto e quero tentar amarrar com o curso: o problema no processo de
comunicação não é a mensagem, não é o conteúdo da Palavra de Deus, o problema
também não é o emissor; o problema é e sempre será quem a recebe, os destinatários
geralmente querem comer pão e viver os prazeres do mundo, para isso, não medirão
esforços físicos, emocionais ou intelectuais. Sendo assim, construirão para si doutrinas
fruto de uma mente cauterizada, como Paulo diz a Timóteo (1 Timóteo 1:4-5). Nosso
coração puro, nossa consciência limpa e a fé não fingida só acontecem se entendermos a
Palavra de Deus com a clareza que ela requer, sem adulterá-la para dar conforto ao nosso
pecado. Isso só é possível se o Espírito Santo nos iluminar; caso contrário, teremos uma
infinidade de homens inteligentes e eruditos substituindo o conhecimento de Deus pelo seu
próprio esterco, e muitos outros ajuntarão para si tais mestres, que ensinam o que querem
ouvir, sentindo coceira nos ouvidos ao ouvir a sã doutrina.

Essa análise é assustadora sem a fé de que aquele que começou a boa obra vai completá-
la (Filipenses 1:6). O Senhor Deus está completando sua obra através de servos que o
amam e não resistem ao Espírito Santo, homens que dedicam suas vidas para dar
argumentos que nos ajudam a “estar sempre preparados para responder a qualquer que
lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1 Pedro 3:15). Homens como João
Calvino e outros reformadores importantes, inclusive estudiosos modernos como Heber ou
Hermisten, são membros do corpo de Cristo que ajudam outros membros doentes a serem
destinatários melhores, não andando em tropeço.
Nesse contexto, os estudos sobre os teólogos reformados e as confissões da fé reformada
se mostram essenciais. Ao se aprofundarem na "comunhão dos santos" e nos atributos
essenciais da igreja, adquirimos uma compreensão completa da natureza da igreja, tanto
em seu aspecto espiritual quanto organizacional. Esse conhecimento enriquece tanto o
entendimento teológico quanto prático, fornecendo ferramentas necessárias para
interpretar e aplicar a Palavra de Deus de forma eficaz em nossas vidas e ministérios. Aulas,
livros, vídeos e todo o ensino produzido por tais homens são para nós como o “clube de
esgrima” onde os “mestres das armas” nos treinam para sermos obreiros que manejam
bem a Palavra.

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