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Servos

O governo
Supervisores
Apascentadores
Presbiteriano
Educadores
Defensores da Fé
Da igreja
Administradores
Líderes
Autoridades
Auxiliadores
Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki
Representantes
Treinadores
Facilitadores
Modelos
Testemunhas
Pacificadores

Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho


Porto Velho – RO
06 de Novembro de 2012
2

Introdução

Reconheço que pessoas mais capacitadas poderiam ter escrito um texto versando
acerca do ofício de presbítero. Todavia, a necessidade, e mais especificamente, a minha
urgência como pastor de uma igreja local, exigiu-me prepará-lo. O Senhor tem-me dado a
oportunidade de usar este texto para aplicar um curso de treinamento de oficiais em igrejas
locais, e com as atentas observações dos colegas de ministério e magistério, ele está
passando por várias revisões, sendo ampliado e enriquecido, e de um simples texto visando
oferecer um curso para os presbíteros, ele está se configurando num projeto de livro. Mas,
por enquanto, este texto se limita a estudar apenas o ofício dos presbíteros regentes, tenho
preparado outro material para o treinamento de diáconos, mas, creio seja mais proveitoso a
sua aplicação à parte deste. É necessário que tenhamos com suficiente clareza, à luz das
Escrituras, quem somos, para que saibamos o que devemos fazer em nosso chamado
dentro do corpo de Cristo.
Os nossos presbíteros, em geral, têm aprendido o como ser e fazer com a
experiência, ou com a maturidade dos mais antigos, ou ainda dos anos no exercício pessoal
no ofício. Este processo é longo, e cercado de dolorosas incertezas, e erros desnecessários.
É verdade que os pastores [presbíteros docentes] têm se esforçado em oferecer uma
preparação e orientação básica como introdução ao ofício, mas também não há material
adequado para esta solene tarefa.1O meu propósito com este estudo é oferecer um livro que
expresse com fidelidade confessional, de modo prático e objetivo, um recurso para a
formação dos presbíteros, segundo o ensino bíblico.
Este texto tem o propósito de esclarecer os princípios que modelam a formação e
exercício do ofício de presbítero no sistema presbiteriano. Observe bem, neste parágrafo eu
disse modelam e não limitam a sua função. Ele é meramente um texto introdutório aos
principais assuntos que envolvem a nossa herança reformada, bem como a natureza,
propósito e prática do presbiterato, não tenho a ingênua pretensão de esgotar o assunto.
Tenho lutado contra a acusação de que este escrito seja algo apenas teórico, e de que ele
seja impraticável! Estou convencido de que toda verdade espiritual é aplicável à experiência
comum dos filhos de Deus, e, assim, os ensinos aqui presentes são apresentados de modo
que o leitor saiba quem ele é, como presbítero, e o que deve fazer, todavia, não quero
limitar toda a potencialidade do ofício, que é segundo a providência de Deus, usado pela
sua multiforme graça e a diversidade dos dons do Espírito Santo concedidos a cada um.
Tentei seguir a sugestão de não ser prolixo em cada tema abordado no texto, embora,
olhe para algumas partes e perceba que algo mais poderia ser escrito. Esta é uma tentação
que venci em alguns casos. Talvez, alguns dos leitores tenham a mesma sensação de

1
A Casa Editora Presbiteriana publicou o livro do presbítero F. Martin, O Ofício de Presbítero (São Paulo, 1959). Mas, este
encontra-se esgotado. Outro livro valioso, e deveria ser lido por todos os pastores e presbíteros, é de John Sittema, Coração
de Pastor (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004).
3

insatisfação, mas é possível que com as novas sugestões seja o livro revisado e ampliado
naquilo que for essencial e realmente necessário. A limitação do texto procura ser coerente
com a proposta de oferecer um curso breve de eclesiologia presbiteriana, focalizando o
ofício de presbítero. Assim, caso alguém tenha interesse em desenvolver e aprofundar no
estudo destes assuntos, no fim do texto há uma bibliografia recomendada para estudos
posteriores.
Não tenho pretensão de originalidade. Embora procure usar uma linguagem e
terminologia mais contemporânea, sem desprezar alguns termos consagrados na teologia,
não abandono a tradição reformada e mais especificamente a presbiteriana escocesa da qual
somos herdeiros. Os presbiterianos têm o seu nome forjado na Escócia com John Knox,
embora a sua teologia surgisse na Suíça com João Calvino, e posteriormente fosse
documentada na Inglaterra pelos teólogos da Assembleia de Westminster. Estes
presbiterianos britânicos que viveram no período áureo do puritanismo, migraram para os
Estados Unidos da América e anos depois, enviaram o jovem pastor Ashbel G. Simonton2
como missionário para implantar o presbiterianismo no Brasil, ainda no período do
império. Preservando esta tradição eclesiástica sigo os manuais de eclesiologia dos escoceses
James M. Porteous, James Bannerman, William Cunningham e de americanos como Samuel
Miller, Charles Hodge, James H. Thornwell, Thomas Witherow, Robert L. Dabney,
preservando a identidade configurada pelos teólogos de Westminster.3 Entretanto, a nossa
tradição não glorifica a si mesma, senão que se põe debaixo da absoluta autoridade da
Escritura Sagrada. Por isso, você encontrará aqui uma contínua busca no texto sagrado, ou
seja, a procura do ensino unificado desde a antiga até a nova aliança, apresentando o
modelo divino de liderança estabelecido pelo próprio Deus para o seu povo, em todas as
épocas da história da salvação.
A metodologia adotada envolve o uso da linguagem comum, unida ao rigor
acadêmico. Todas as citações nas línguas originais estão transliteradas, a fim de que, a
clareza do conceito fique em evidência, e não nos percamos em meticulosidades linguísticas
desnecessárias. Quando se recorrer a algum livro ou site será citado nas notas de rodapé, de
modo que possibilite a verificação das fontes. Quanto ao nome de personagens históricos
procurei manter o original e não a forma aportuguesada, senão em casos consagrados em
nosso idioma, como por exemplo, o nome de João Calvino.
Espero que esta obra possa atingir o seu alvo: “... com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12).
Compartilhar o estudo sistematizado do que a Escritura Sagrada ensina acerca da natureza e
dos deveres da liderança é um chamado que Deus tem me ordenado pelos recursos que Ele
me dispôs. Estudar este assunto tem alegrado o meu coração, bem como fortalecido as
minhas convicções e ampliado a minha percepção ministerial. Conhecer o ofício de

2
Ashbel G. Simonton chegou ao Brasil em 12 de Agosto de 1859 e fixou residência na capital do império, na época a
cidade do Rio de Janeiro.
3
O livro texto que orienta o sistema de governo presbiteriano na Assembléia de Westminster foi, The Divine Right of
Church Government. Recentemente foi publicada uma versão em inglês moderno por David Hall (Dallas, Naphtali Press,
1995).
4

presbítero deve ter o objetivo de melhorar o desempenho no serviço do reino de Deus,


visto que somos graciosamente chamados para participar da edificação da Igreja de Deus.
Não poderia encerrar esta introdução sem expressar a minha gratidão a algumas
pessoas que tornaram possível este projeto. Sou grato ao Pb. José Rufino de Souza que, na
prática e com muitos exemplos, mostrou-me como ser pastor, exercendo o seu dom
pastoral, com quem entendi que presbíteros regentes também são pastores! O meu muito
obrigado aos colegas de ministério que convidaram-me para estudarmos juntos este texto, e
o sujeitarmos à críticas e questionamentos relevantes, que foram proveitosos para o seu
aperfeiçoamento. Também sou devedor aos presbíteros da Igreja Presbiteriana de Cerejeiras
e da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho, amados irmãos, com quem a minha
percepção acerca do seu ofício tornou-se vigorada. Agradeço a minha amada Vanessa,
alegria dos meus olhos, e aos meus filhos, que são herança do Senhor, por sofrerem a
minha ausência durante o meu trabalho, mas sempre manifestando a alegria de estarmos
unidos nesta família da Aliança. E, finalmente, com todo regozijo do meu coração e
convicta dependência da sua supremacia, dou graças ao Senhor que governa a sua noiva e
que um dia, a tornará perfeita, imaculada e gloriosa.
Embora este texto, ainda não possua copyright espero que seja utilizado na sua
inteireza sem cortes, nem acréscimos. Ofereço este estudo visando o aperfeiçoamento da
liderança dos herdeiros da Reforma e, somente espero que aqueles que vierem a aplicar o
curso possam eticamente respeitar o conteúdo, quando reproduzi-lo, solicitando-me
autorização para isto, como também, não fazendo alterações sem o meu consentimento.
Toda crítica será sempre bem vinda para melhorar o texto. Aceitarei toda sincera
observação como uma proveitosa sugestão para que o conteúdo deste curso seja
enriquecido. As sugestões e correções podem ser feitas pessoalmente, ou por e-mail
(prtokashiki@gmail.com).
5

Por que estudar este assunto?

O óbvio nem sempre é óbvio!


Deus determinou um modelo de governo para a sua Igreja? Seria no mínimo leviano
pensar que o Senhor da Igreja planejou o número dos eleitos, o modo como seriam
redimidos, o tempo em que eles experimentariam a sua graça, e o propósito para o qual
seriam salvos, e que não prescrevesse como eles seriam organizados sob a autoridade de
Cristo.
A escolha dos presbíteros se dá por meio da assembleia da igreja local. Se os
membros foram desconhecedores da natureza, função e tarefas dos presbíteros e diáconos
possivelmente correrão o risco de escolherem mal os seus líderes. Samuel Miller observa
que
não há vantagem nenhuma em eleger homens inadequados para esse ofício apenas com o
propósito de se aumentar o número de indivíduos do conselho da igreja. É muito melhor se
acompanhar de três ou quatro presbíteros piedosos, sábios e prudentes, do que acrescentar de
homens de perfil contrário que, pela sua falta de piedade e sabedoria, podem ser fontes de
aborrecimento e não de consolação – de maldição e não de benção. Então, seria melhor que os
pastores e as suas igrejas ao invés de se precipitarem em abarrotar as fileiras de seus
conselheiros congregacionais com homens não aptos à função, esperassem pacientemente até
o Cabeça da igreja lhes provesse candidatos, de algum modo, segundo o Seu próprio coração.4

Assim, saber eleger a partir da convicção de que eles estarão cumprindo a sua função, e
obedecendo-se fielmente o seu chamado produzirá frutos de alegria.
Este assunto deve esclarecer o quais são as tarefas dos supervisores. Kevin Reed
reclama que “há uma gritante necessidade de que os elementos constituintes do sistema
presbiteriano de governo eclesiástico sejam tratados de modo prático.”5 Não queremos
apenas expor o ensino, mas demonstrar como ele é prático e indispensavelmente relevante
para a saúde da igreja local.

4
Samuel Miller, An Essay on the Warrant, Nature and Duties of the Office of the Ruling Elder (New York, 1831), págs.
272-273 citado por Kevin Reed, “Palavra do editor norte-americano” in: O Presbítero Regente (São Paulo, Editora Os
Puritanos, 2001), págs. 8-9.
5
Kevin Reed, “Palavra do editor norte-americano” in: O Presbítero Regente, págs. 11.
6

O sistema de governo presbiteriano

Os fundamentos teológicos do presbiterianismo6


O sistema de governo presbiteriano significa que somos regidos pelos presbíteros.
Não somos congregacionais (onde todos decidem pelo voto direto), nem episcopais (onde
apenas um superior decide sobre os demais), mas somos uma igreja democrática que é
representada pelos presbíteros escolhidos pela igreja local e, que a governa. Segue abaixo os
princípios do nosso sistema de governo:
1. Cristo é a cabeça da sua Igreja e a fonte de toda a sua autoridade. Esta autoridade
encontra-se escrita na Escritura, de modo que, todos têm acesso ao seu
conhecimento.
2. Todos os crentes devem estar unidos entre si e ligados diretamente a Cristo, assim
como os diversos membros de um corpo, que se subordinam à direção da cabeça.
3. Cristo exerce a sua autoridade em sua Igreja, por meio da Palavra de Deus e do seu
Espírito.
4. O próprio Cristo determinou a natureza do governo de sua Igreja.
5. Cristo dotou tanto a membros comuns como aos oficiais da sua Igreja com
autoridade, sendo que os oficiais receberam adicional autoridade, como é requisito
para realização dos seus respectivos deveres.
6. Cristo estabeleceu apóstolos como os seus substitutos, entretanto, eram de caráter
transitório. O ofício de apóstolo cessou, mas a sua autoridade é preservada pelos seus
escritos, isto é, o Novo Testamento.
7. Cristo providenciou para o específico exercício da autoridade por meio de
representantes (os presbíteros), a quem separou para a preservação da doutrina,
adoração e disciplina na Igreja. Os presbíteros têm a responsabilidade permanente de
pastorear a Igreja de Cristo.
8. A pluralidade de presbíteros numa igreja local é a liderança permanente até a segunda
vinda de Cristo.

O nosso sistema de governo é plural


Isto significa que a igreja deve governada por uma pluralidade de presbíteros, e não
por um homem ou por toda a comunidade.

O nosso sistema de governo é conciliar


Todos os presbíteros têm a mesma autoridade em reunião de concílio. Os pastores,
que são presbíteros docentes, em discussão e voto, possuem igual poder de decisão que os
6
Adaptado de Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith, (Nashville, Thomas Nelson
Publishers, 2ªed.rev., 1997) pp. 902-903.
7

demais presbíteros regentes. Esta igualdade de decisão ocorre em qualquer estância


conciliar, desde o Conselho da igreja local estendendo-se até o Supremo Concílio.
Turretin, Institutes, vol. 3, pp. 306

O nosso sistema de governo é representativo


Os concílios são representativos. Em outras palavras, o concílio deve representar os
anseios, as necessidades e projetos a quem lidera.
A assembleia escolhe os seus presbíteros reconhecendo a sua autoridade.
A igreja reconhece o dom de liderança e de pastor que o candidato manifesta.
A autoridade é sempre outorgada a concílios representativos.
Não pode haver o monopólio do poder e autoridade dos pastores.

O nosso sistema de governo é corporativo


Cada igreja local está ligada a outra comunidade presbiteriana por sua subordinação
ao presbitério. Os presbitérios estão conectados entre si com um sínodo e todos os sínodos
formam a denominação presbiteriana.
A igreja local é governada democraticamente por um conselho, constituído da
pluralidade de presbíteros, os ministros do governo, eleitos pela própria congregação (At
14:23; Tt 1:5) e de um pastor, o ministro da Palavra, especialmente preparado para estudar,
pregar e ensinar a Palavra de Deus (1 Tm 5:17).
Há outros níveis de governo que são formados por representantes do nível precedente. No
quadro abaixo vemos uma síntese dos níveis de governo da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Supremo
concílio

Sínodos Sínodos Sínodos

Presbitérios Presbitérios Presbitérios

Conselho da
igreja local

Conselho da
igreja local

Conselho da
igreja local

Conselho da
igreja local
8

O ofício de presbítero
A origem dos presbíteros
Robert D. Culver, Systematic Theology, págs. 941-954
A palavra presbítero é uma transliteração aportuguesada do grego presbyterós, que
significa literalmente ancião. No sentido do Novo Testamento, quando se refere à liderança
da Igreja Cristã, indica uma pessoa que possuí um ofício de autoridade, mas, em outros
contextos do grego coinê7pode-se referir simplesmente a um homem idoso. A palavra
presbyterion encontrado em Lc 22:66, At 22:5 e 1 Tm 4:14 significa “concílio de anciãos”.
Herman Ridderbos observa que o ofício de presbítero “certamente possuí antecedentes
patriarcais e se originou no judaísmo, onde é a designação de uma classe social.” 8 Então,
não era necessariamente a liderança realizada somente por homens idosos, mas idôneos. O
que concedia o direito de participar na liderança era a sua sensatez, sabedoria e capacidade
de influência. A palavra indica no Novo Testamento não a maturidade biológica, mas a
espiritual, ou seja, não especificamente a sua idade, mas a transformação que o discípulo de
Cristo alcançou sobressaindo aos demais, deixando de ser considerado neófito (1 Tm 3:6).
Desde o Antigo Testamento o sistema de governo é exercido através de anciãos, ou
seja, dos presbíteros. Tanto Moisés, como os sacerdotes e levitas, os juízes e os reis de
Israel, eram auxiliados pelos “anciãos de Israel” (Êx 3:16-18; 4:39; 12:21; 17:5-6; 18:13-17;
19:7; 24:1, 9-11; Lv 4:15; 9:1-2; Nm 11:14-25; Dt 5:23; 22:15-17; 27:1; Js 7:6; 8:33; Jz 21:16;
2 Sm 5:3; 1 Rs 8:1-3; 2 Rs 19:2; 1 Cr 21:16; Ed 5:5 e 9; 6:7-8 e 14; Sl 107:32; Is 37:2; Jr 19:1;
Ez 8:1). Este era o exercício comum de governo do povo de Deus na antiga Aliança, eles
estavam presentes em cada momento decisivo na história da redenção. Algumas de suas
funções eram proteger o povo, exercer disciplina e governo, fazer cumprir a Lei, e
administrar a justiça, por isso, nalguns casos também eram chamados juízes, ou
testemunhas (Rt 4:2 e 9-11).
A prática do povo de Israel de ser governado pelos anciãos (presbyteroi) continuou no
Novo Testamento (Mt 21:23). O julgamento de Jesus foi realizado no amanhecer, quando
“reuniu-se a assembleia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os
escribas, e o conduziram ao Sinédrio...” (Lc 22:66, e veja também At 22:5). O Sinédrio era
formado pelos sacerdotes, escribas, fariseus e anciãos. Este concílio também era
conhecimento como a “assembleia dos anciãos do povo” (Lc 22:66), ou o senado9 dos
filhos de Israel (At 5:21). A sua menção nos evangelhos, em geral, é negativa por se
comprometerem com as demais lideranças dos judeus para condenar Jesus à morte.
As comunidades judaicas espalhadas em vários lugares do mundo antigo eram
lideradas pelos anciãos. Os judeus da Dispersão criaram as Sinagogas, que eram lideradas
7
Este era o grego usual no século I, todos os livros do Novo Testamento foram escritos em grego coinê, ou seja, o grego
comum. Assim, chamado por ser o grego falado e escrito em comum por políticos, comerciantes, militares, escravos e etc..
William D. Mounce, The Analyitical Lexicon to the Greeek New Testament (Zondervan Publishing House, 1992), p. 389.
8
Herman Ridderbos, El Pensamiento del Apóstol Pablo (Grand Rapids, Libros Desafio, 2000), p. 592.
9
A palavra “senado” é a tradução do grego presbyterion.
9

pelos anciãos. Daniel–Rops descreve a sinagoga como sendo “um conselho de dez anciões
[...] elegia um homem como 'administrador da sinagoga'[...]. A igreja primitiva adotou este
sistema. O líder e o conselho decidiam quanto à admissão de prosélitos, cuidavam da
administração financeira da comunidade[...]”.10
O sistema de governo pelos anciãos (presbyteroi) foi mantido num processo natural de
continuidade da antiga para a nova Aliança na Igreja Cristã. Alfred Edersheim sugere que o
governo da igreja primitiva tenha dado continuidade ao modelo recebido das comunidades
judaicas.
A comunidade cristã de Antioquia foi a segunda igreja local a se organizar. Ela
adotou o mesmo governo de igreja, e isto fica evidente quando entrega a sua oferta à
liderança da igreja de Jerusalém para que administre o donativo (At 11:29-30).11 Concluí-se
com isto que a pluralidade de presbíteros era a liderança representante da igreja local.
Também se sabe que eles eram responsáveis de julgar questões doutrinárias (At 15:1-29;
16:4). Eles exercem a autoridade em decidir conflitos teológicos e protegem a Igreja de
heresias e assumem a responsabilidade, ao lado dos apóstolos, do ensino das doutrinas.
Kevin Reed concorda que
estas referências da Escrituras são importantes pois estabelecem uma continuidade de governo
dentro da Igreja tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamentos. O Antigo
Testamento e o Evangelho suprem informações cruciais quanto à formação do governo
eclesiástico elaborado pelos apóstolos. Estes não criaram nada de radicalmente novo; mas
construíram sobre o alicerce de revelação bíblica prévia. Quando os apóstolos descreveram os
oficiais da Igreja, seus ouvintes reconheceram muito da estrutura governamental conhecida
desde o Antigo Testamento. Portanto, um governo presbiteriano (governo de anciãos) não é
apenas um governo da Igreja neotestamentária, é um governo eclesiástico bíblico.12

Paulo não inventou um novo sistema de governo para as igrejas que implantou,
apenas deu continuidade. A pluralidade de anciãos (presbyteroi) em cada igreja local era o
padrão estipulado pelos apóstolos para que aquela comunidade pudesse ser governada. Esta
também era a prática comum de Paulo (At 14:23), e foi assim que ele instruiu os pastores
que lhe sucederam (2 Tm 2:2; Tt 1:5). Em sua despedida aos presbíteros em Éfeso, Paulo
discursa aos presbíteros quem eles eram e o que deveriam fazer após a sua partida (At
20:17-38). Rudolf Bultmann conclui que
um conselho dos “presbíteros” é por excelência uma instituição na qual se unem a validade de
autoridade ex officio; e justamente por meio dele a autoridade de lideranças pôde ser fortalecida.
A formação de um colégio de presbíteros também não foi algo extraordinário, porque a
comunidade cristã procedeu também neste ponto conforme o modelo das comunidades
sinagogais judaicas; quanto à sua forma, a comunidade primitiva apresentava-se inicialmente
como uma sinagoga dentro do judaísmo.13

10
Daniel-Rops, A vida diária nos tempos de Jesus, pág. 421.
11
Esta é a primeira referência aos “presbíteros” ou anciãos cristãos, como liderança da Igreja. Este evento ocorreu cerca de
47 d.C., durante o reinado do imperador Claúdio.
12
Kevin Reed, Governo Bíblico de Igreja (São Paulo, Editora Os Puritanos, 2002), págs. 14-15.
13
Rudolf Bultmann, Teologia do Novo Testamento (São Paulo, Editora Teológica, 2004), p. 540-541.
10

Quando o apóstolo retorna da viagem missionária ele presta relatório de seu trabalho aos
presbíteros de Jerusalém (At 21:18-25). Eles oferecem conselho e resolvem conflitos.

Os apóstolos e os presbíteros
Victor Budgen, The charismatic and word of God, pp. 91-111.
Robert D. Culver, Systematic Theology, págs. 842-847
Bannerman, Church of Christ, vol. 2, p. 214
Os apóstolos formavam um grupo único com as seguintes características:14
1. Eles foram pessoalmente escolhidos, chamados, instruídos e designados por Cristo, e
não por qualquer outra instituição humana.
2. Eles foram testemunhas oculares de Jesus desde o seu batismo, e posteriormente da
sua morte, ressurreição e ascensão (Mc 3:14; Jo 15:27; At 1:21,22; 1 Co 9:1; 15:8-9).
3. Foi-lhes prometido uma inspiração especial do Espírito Santo, que iria tanto lembra-
los de tudo o que Jesus lhes ensinou, guiando-os a toda verdade (Jo 14:25-26; 16:12-
15).
4. Saulo de Tarso foi à exceção as regras anteriores. Saulo não havia participado do
convívio entre os primeiros doze apóstolos, mas, mesmo assim, Jesus o chamou para
o apostolado mediante uma aparição especial, em seu corpo ressuscitado (1 Co 15:3-
8); e, ainda lhe acrescentou três anos de revelação especial no deserto da Arábia (Gl
1:11-19), e uma comissão particular para que fosse o apóstolo dos gentios (Gl 1:1; At
22:17-21; 26:16-18; 1 Co 9:1; 15:8).
5. Além destes quatorze, não há outros na história da igreja que tenham recebido este
título, nem esta distinção tão particular de terem sido chamados por Jesus Cristo.
6. Os presbiterianos não aceitam a doutrina da sucessão apostólica. Como sugere F.F.
Bruce um especialista em Novo Testamento, podemos concordar que “a sucessão
apostólica não foi prevista”.15

Os presbíteros sucederam aos apóstolos como liderança da Igreja. Enquanto os apóstolos


ainda eram vivos, os presbíteros simultaneamente exerciam o governo ao seu lado (At
11:30; 15:2; 20:17-35; Tg 5:14; 1 Pe 5:1-4). Quando o apostolado cessou, os presbíteros
continuaram, e são estes que devem governar a Igreja, como substitutos dos apóstolos e
representantes da autoridade de Cristo. Como já foi observado o apostolado foi um ofício
transitório, não há apóstolos hoje. Assim, com a cessação dos apóstolos permanecem os
presbíteros com autoridade apostólica. Samuel Miller comenta que
a verdade é que, se o ofício do qual tratamos é de autoridade apostólica, estamos obrigados a
sustentar, honrar e obedecer aos indivíduos que o ocupam e cumprem os seus deveres
conforme as Escrituras, tanto quanto a qualquer outro oficial ou ordenança instituída por
nosso Divino Redentor.16

14
John R.W. Sott, O chamado para líderes cristãos (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2005), p. 16.
15
F.F. Bruce, New Testament History (New York, Doubleday Publishing, 1996), p. 210.
16
Samuel Miller, O Presbítero Regente, pág. 15.
11

Reunidos em concílio apóstolos e presbíteros tem a mesma autoridade. Por causa dos
judaizantes um concílio foi convocado para resolver o problema, Lucas registra que “tendo
havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles,
resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e
presbíteros, com respeito a esta questão” (At 15:2; veja também 15:6, 22-23). A convocação
desta reunião e as decisões que nela ocorreram foi do consenso dos apóstolos e presbíteros,
evidenciando que não somente a unidade doutrinária da igreja em seus primeiros dias, como
também a coigualdade no exercício da liderança destes dois grupos.
Os apóstolos participaram cônscios desta transição de autoridade. (1 Pe 5:1; 2 Jo
vs.1; 3 Jo vs.1). Houve uma transferência de autoridade dos apóstolos para os presbíteros.
Quando o ofício apostólico desapareceu permaneceram apenas os presbíteros que foram
instituídos, ordenados e estabelecidos em todas as igrejas. Esta transição pode ser verificada
através de documentos nos primeiros séculos da Igreja. Clemente de Roma, entre 95 a 98
d.C., afirma que os apóstolos
pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a
fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há
muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está
escrito: “estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé.”17

Bispos ou presbíteros?
A palavra bispo vem do grego episkopos que ocorre cinco vezes no Novo Testamento.
Há alguma diferença quantos aos termos bispo18 e presbítero? O Novo Testamento ou
os pais da Igreja nos primeiros séculos do Cristianismo faziam uma distinção hierárquica,
ou entendiam estes dois termos como sendo intercambiáveis? A evidência bíblica e histórica
apontam para o fato de que estas palavras são consideradas sinônimas no período
neotestamentário, apresentando diferente nuança de função, mas não em grau de
autoridade. O historiador T.M. Lindsay observa que o termo bispo “não é, durante o
primeiro século, o termo técnico de um oficial; antes, ela é a palavra que descreve o ofício,
isto é, o que o ancião realiza.”19
Podemos iniciar com a evidência bíblica de que bispos e presbíteros são ofícios
idênticos.
Clemente de Roma menciona os termos episcopado, geralmente traduzido por bispo
ou supervisor, e presbíteros, como sendo sinônimos. Ele afirma que
os nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por
causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles
de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens
provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros
17
Clemente de Roma in: Padres Apostólicos (São Paulo, Ed. Paulus, 1995), vol. 1, p. 53. Clemente cita o livro de Is 60:17
na versão grega do AT conhecida como Septuaginta.
18
Um rico estudo etimológico é oferecido por Hermann W. Beyer, “Bispo” in: A Igreja no Novo Testamento, Gerhard
Kittel, ed. (São Paulo, ASTE, 1965), pp. 193-212.
19
T.M. Lindsay, The Church and Ministry in the Early Centuries (London, Hodder and Stoughton Publishing, 1903), p.
155.
12

homens eminentes, com a aprovação de toda a igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao


rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o
testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de suas funções. Para nós, não seria
culpa leve se exonerássemos do episcopado aqueles que apresentaram os dons de maneira
irrepreensível e santa. Felizes os presbíteros que percorreram seu caminho e cuja vida terminou
de modo fecundo e perfeito. Eles não precisam temer que alguém os afaste do lugar que lhes
foi designado.20

O mais antigo manual de catecúmenos, conhecido como Didaquê, instrui que


“escolham para vocês bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens
mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles também exercem para
vocês o ministério de profetas e mestres.”21Novamente, usa-se o título de bispo em lugar de
presbíteros para se referir ao mesmo oficial. Não é ao sistema episcopal que os autores da
Didaquê fazem menção, pois estes bispos eram eleitos pela igreja, e não por um colégio
episcopal. Podemos aceitar a conclusão do anglicano J.B. Lightfoot ao reconhecer que “na
linguagem do Novo Testamento o mesmo ofício na Igreja é chamada indistintamente tanto
por ‘bispo’ (episkopos) e ‘ancião’ ou ‘presbítero’ (presbyteros).”22 É possível comparar as
evidências em algumas passagens bíblicas (At 14:23; 20:17, 28; Fp 1:1; Tt 1:5-7; 1 Pe 1-2).

A natureza do ofício de presbítero

Há quatro diferentes aspectos, mas que são complementares na natureza do


presbiterato que necessitam ser considerados separadamente: os dons, o chamado, o ofício
e a classificação.

Os dons necessários
Sabemos que todos os dons são concedidos pelo Espírito de Deus. Todos os dons
necessários para o exercício do ofício são concedidos àqueles que chamados para o governo
da Igreja de Cristo. Não significa que todos os presbíteros terão os mesmos dons, ou em
igual proporção, mas que estes dons devem ser identificados nos que Deus tem preparado
para serem líderes da igreja local. Não existe o “dom de presbítero”, mas existem dons que
identificam um futuro presbítero.

20
Clemente de Roma in: Padres Apostólicos, vol. 1, p. 54-55.
21
Didaquê in: Padres Apostólicos, vol. 1, p. 358.
22
J.B. Lightfoot, Saint Paul’s Epistle to the Philippians (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1956), p. 95.
13

dom de liderança
[para governar]

dom de discernimento
dom de pastor dom de mestre dom de administração
[para resolver
[para cuidar] [para instruir] [para organizar]
conflitos da igreja]

Ninguém é vocacionado sem antes ser capacitado a obedecer, por isso, os dons
antecedem ao chamado. Herman Ridderbos observa que
o carisma [dom] tende a conduzir ao ofício, e o ofício não pode existir sem o carisma. Não se
deve negar, ao mesmo tempo, que havia um desenvolvimento para assumir a posição de oficial,
o que é completamente natural, tanto que se pode ver o assunto a partir da perspectiva do
carisma como do ofício. Da perspectiva do carisma, pode-se dizer que certas qualidades
outorgadas pelo Espírito qualificam as pessoas para destacar-se em determinada área. Estas
pessoas eram reconhecidas e designadas como funcionários oficiais presbíteros-bispos.23

Não existem dons superiores dentre aqueles que nos são concedidos pelo Espírito
Santo para os ministérios. Todavia, cada dom recebe a sua relevância diante de cada
necessidade. Quando Paulo instrui ao jovem pastor Timóteo, ele disse que “não desprezes o
dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbitério” (1 Tm 4:14), a sua exortação se baseava na convicção de que não se pode
abandonar o exercício de algo espiritual, que foi implantado em nós na regeneração pelo
Espírito Santo.
Os dons dos presbíteros regentes não são superiores ou inferiores aos dos
presbíteros docentes. Pelo contrário as capacitações são as mesmas, apenas diferem em grau
e chamado quanto ao propósito.

1. O dom de liderança
Todos os presbíteros devem presidir.

2. O dom de pastor
O dom de pastor é o mesmo que o dom de exortação. Este dom significa encorajar,
animar ou fortalecer. A motivação do pastoreio está vinculada ao grau de amor por Jesus, o
supremo Pastor, e em segundo lugar pelas ovelhas.

3. O dom de mestre
Apto para ensinar. Visa amadurecer a igreja no conhecimento e na prática. Treinar
homens fiéis para liderar, evangelizar e aperfeiçoarem os seus dons. A responsabilidade
doutrinária da igreja não é restrita ao presbítero docente, mas do Conselho [vide

23
Herman Ridderbos, El Pensamiento del Apóstol Pablo, p. 594.
14

Constituição da IPB]. E a responsabilidade de pregar e pastorear recai prioritariamente ao


docente, podendo o regente também pregar se dotado e preparado para isto.
Um comprometido defensor da sã doutrina. Para tanto, ele carece estudar, entender e
saber argumentar em favor do que crê. Refutar as heresias que se aproximam da igreja local.

4. O dom de administrar

5. O dom de discernimento

O chamado para este ministério


O chamado é confirmado com os dons que foram concedidos para a realização da
tarefa de supervisionar. Todo aquele que é chamado é anteriormente capacitado para
responder ao chamado. Homens que são eleitos presbíteros sem serem capacitados por
Deus para este ofício, são um desastre para o desenvolvimento da igreja.
O apóstolo Paulo expressa que “se alguém aspira ao episcopado, excelente obra
almeja” (1 Tm 3:1). Quando Deus capacita e chama, o seu Espírito testemunha e produz
desejos, pensamentos e uma vontade quebrantada pela santidade do Senhor, de que ele
pode servir na liderança. É uma enorme responsabilidade lidar com vidas, mas é uma
excelente obra, por causa do valor que Cristo atribui a ela procedente da Sua obra
redentora.
O chamado para o exercício do ofício na igreja é subjetivo, ou seja, ele é interno.
Como escreveu Herman Hoeksema “o aspecto interno da vocação pertence à consciência
de um determinado número de dons, tanto naturais como espirituais.”24 Ela é subjetiva por
ter o seu nascedouro no temor do Senhor. Pode-se ter a certeza da vocação para o ofício
através de indicações providenciais dadas por Deus agindo no indivíduo. Louis Berkhof
sugere três evidências de alguém que é vocacionado:25
1. A consciência de estar sendo impelido à alguma tarefa especial no reino de Deus, por
amor a Deus e Sua causa.
2. A convicção que o indivíduo de que está, pelo menos em certa medida, intelectual e
espiritualmente qualificado para o ofício em vista.
3. A experiência de que, evidentemente, Deus está pavimentando o caminho que leva à
meta.

A vocação para o ofício não ocorre através de uma nova revelação especial. 26Embora
o Espírito Santo conceda os dons necessários, testemunhe subjetivamente, e ilumine a
convicção deste chamado, Ele não o faz em desprezo da Escritura Sagrada. Pelo contrário,
à luz desta santa instrução a igreja e a sua liderança podem discernir quem é capacitado e
chamado para o exercício do ofício. Hoje não há novas revelações que assegurem de modo

24
Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics (Grandville, Reformed Free Publishing Association, 2005), vol. 2, p. 277
25
Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 591.
26
John Murray, Collected Writings: The Claims of Truth (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 1989), vol.1, p. 263.
15

imediato e que indiquem quem deva ser presbítero. Se houvesse, então, não haveria a
necessidade de que a igreja local, com discernimento bíblico, elegesse os seus líderes, nem a
necessidade de orar pela sua escolha. Não há orientação bíblica, nem qualquer outra
evidência segura quanto à prática de novas revelações, muito menos de que através delas se
deva escolher a liderança.
O presbítero necessita da convicção pessoal desta vocação para realizar o seu
ministério. O ofício é uma honra dentro da igreja, todavia, há o peso da responsabilidade
contido nela. Herman Hoeksema observa que “a consciência deste chamado é necessário
para se manter firme contra toda oposição tanto dos que estão dentro, quanto dos de fora,
tanto na congregação como no mundo.”27Se os crentes são perseguidos, de algum modo,
pelos incrédulos, muito mais o são aqueles de dentre o povo de Deus são chamados para
liderar. Tornam-se alvo de observação e ataque por serem modelo para o rebanho de Deus;
e, por este mesmo motivo os que congregam na igreja local, olham criticamente para o
comportamento, a família, os negócios e os relacionamentos do presbítero, esperando que
eles sejam referência, especialmente para os novos na fé. Os erros cometidos pelos líderes
possuem uma ressonância maior por causa da influência que possuem no meio da igreja.
Assim, para exercerem o seu ofício devem ter convicção para não se escandalizarem das
provocações dos ímpios, bem como das críticas dos irmãos.

O chamado é reconhecido pela Igreja


O chamado é interno, pois Deus age preparando o indivíduo para o ofício, mas ele
também é externo por causa do reconhecimento por parte da igreja. Herman Hoeksema
explica que “o chamado pertence ao fato de que o próprio Senhor abre o caminho para a
realização do seu desejo de servir em algum ofício. Mas, acima de tudo, a oportunidade
precisa ser selada pelo chamado feito pela igreja. Sem o chamado da igreja não há como ser
um oficial.”28 Neste aspecto levamos a escolha dos oficiais para ser decidida pela
assembleia, e não definitivamente pelo conselho; em outras palavras, não é a pluralidade de
presbíteros que decide quem deve ser presbítero, mas a igreja discerne quem Deus preparou
para sê-lo. Mas, neste processo há uma interação entre os presbíteros em exercício e a igreja
local, de modo que um depende da participação do outro para que executem a vontade de
Deus.
A Igreja Católica Romana corrompeu a doutrina e prática dos ofícios eclesiásticos,
formando um ritualismo e hierarquia episcopal forjado pelos longos séculos de tradição.
Apesar deste desvio bíblico não podemos pensar que a igreja primitiva não tenha exercido o
conceito de ofício na sua origem, de modo que, todos os crentes fossem iguais em
autoridade e não devessem submeter-se a uma liderança instituída. Pelo contrário, sabemos
pelo Novo Testamento e pela história da igreja que, desde cedo a Igreja possuía um ato
público de escolher os seus oficiais, e isto acontecia através do consentimento da
comunidade local e a confirmação das mãos dos demais líderes da Igreja, ou seja, dos

27
Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol. 2, pp. 276-277.
28
Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol. 2, p. 277.
16

apóstolos e posteriormente dos presbíteros, investindo-os no exercício autorizado entre o


povo de Deus.
O que caracteriza o ofício é o ministério [serviço] da liderança masculina dentro da
igreja, no desempenho de um mandato aos que dotados e chamados pelo Espírito, são
separados para governar os demais membros do corpo de Cristo. É importante lembrarmos
que os oficiais “não recebem o seu poder e autoridade dos membros da igreja, quando são
votados neste ofício por eles, mas eles recebem a sua autoridade para exercer o seu ofício
somente de Cristo.”29 A igreja não transfere autoridade aos presbíteros, nem determina
aqueles que serão, apenas reconhece neles os dons necessários e a vocação para o exercício do
ofício. Estes homens recebem a sua autoridade exclusivamente da Escritura Sagrada, do
Espírito Santo e de Cristo Jesus, como o Senhor da Igreja.

A classificação do ofício
Aceitamos um ofício e duas classes de presbíteros. Todavia, existe a discussão e
prática entre as igrejas presbiterianas e reformadas, se há dois, ou três ofícios? A questão é
se o pastor é um ofício distinto do ofício de presbítero. (vide* Kuiper, El Cuerpo de Cristo).
Desde o início da Reforma calvinista há teólogos quem defendem que o ofício de
presbítero é distinto do ofício de pastor. Entretanto, esta não é a opinião das igrejas
presbiterianas.
O Novo Testamento menciona duas funções dos presbíteros. Ronald Hanko observa
que
a Escritura faz a distinção entre presbíteros regentes (1 Tm 3:4-5; 1 Tm 5:17) e presbíteros
docentes (1 Pe 5:1). Todavia, isto não significa que um seja superior ao outro. Como estas
passagens demonstram, não há uma distinção absoluta entre estes ofícios. Presbíteros regentes
também devem ser capazes de ensinar (1 Tm 3:2), e presbíteros docentes “que se afadigam na
palavra e no ensino” também governam (1 Tm 5:17).30

Assim, se a distinção é apenas entre de função, devemos concluir que estamos cometendo
uma incoerência na prática da ordenação. Se crermos que o presbiterato é um só ofício
divergindo apenas em função entre docente e regente, então, porque realizar a
[re]ordenação de pastores [presbíteros docentes] que foram ordenados presbíteros regentes?
Certamente a consagração do presbítero ao ministério da pregação da Palavra é um
momento de singular importância, mas não podemos agir inconsistentemente
[re]ordenando-o.

Todos os presbíteros são pastores

29
Nicholas L. Greendyk, A Specimen of Divine truths (Grand Rapids, Netherlands Reformed Book & Publishing
Committee, 1998), p. 486.
30
Ronald Hanko, Doctrine according to Godliness – A Primer of Reformed Doctrine (Grandville, Reformed Free
Publishing, 2004), p. 240.
17

Os presbíteros são pastores no meio do povo de Deus. Não há ofício de pastor,


entretanto, no Novo Testamento o pastoreio é uma função dos presbíteros que na
multiforme manifestação de seus dons podem apascentar o rebanho de modos diferentes.
O apóstolo Pedro nos exorta “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós” (1 Pe 5:1,
ARA). F.L. Godet num apêndice do seu comentário analisa os ofícios eclesiásticos e conclui
que acerca do ofício de presbítero
podemos perceber que as suas funções não eram puramente administrativas, mas que também
possuíam um aspecto espiritual, o cuidado de cada alma. Finalmente, como mestres eles eram
pela forma da expressão (um artigo definido para dois substantivos), mais ou menos
identificados com os pastores.31

Não devemos ser ditadores, mas líderes chamados por Deus para servir os servos de
Cristo. O texto é claro ao declarar que não estamos sobre as ovelhas, mas entre elas. De
igual modo, afirma o apóstolo Paulo “atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos [supervisores], para pastoreardes a Igreja de Deus, a
qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20:28). J.I. Packer comenta que “o papel
pastoral dos presbíteros requer caráter cristão amadurecido e estável e uma vida pessoal
bem ordenada (1 Tm 3:1-7; Tt 1:5-9). Sinceridade e fidelidade no ministério do presbiterato
serão recompensadas (Hb 13:17; 1 Pe 5:4; 1 Tm 4:7-8).”32
Visamos à edificação de famílias estruturadas pela Palavra de Deus. Famílias fortes
formam uma igreja forte.
John R.W. Stott afirma que
se a igreja é central no propósito de Deus, conforme se percebe tanto na História como no
evangelho, certamente também de ser central para as nossas vidas. Como podemos tratar
levianamente aquilo que Deus leva tão a sério? Como ousamos empurrar para a periferia aquilo
que Deus colocou no centro? Não, procuraremos tornar-nos membros responsáveis da igreja,
ativos em alguma manifestação local da igreja universal.33

O princípio da representatividade
A Bíblia é repleta de relatos que confirmam que Deus se relacionou com pessoas,
com o seu povo e com toda a raça humana baseado no princípio de solidariedade na qual a
responsabilidade individual nunca é diferente do grupo. Segundo as Escrituras, um é
suficiente para representar o todo, e a decisão correta ou errada do representante trás
conseqüências aos representados; em outras palavras, o que o representante faz envolve
todo o corpo do qual ele é membro.34 Este é um ensino que se estende por toda a Escritura
Sagrada, desde a Queda até a nossa redenção em Cristo Jesus.

1. A representatividade no Antigo Testamento

31
F.L. Godet, Commentary on the First Epistle to the Corinthians (Grand Rapids, Zondervan Publishing, 1957), pág. 482.
32
J.I. Packer, Teologia Concisa (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 1999), p. 193.
33
John R.W. Stott, A Mensagem de Efésios (São Paulo, Editora ABUB, 6ªed., 2001), p. 91.
34
Russel P. Shedd, A solidariedade da raça (São Paulo, Edições Vida Nova, 1995).
18

Adão foi o representante de toda a raça humana (Rm 5:12-21; 1 Co 15:22). O pecado
do nosso primeiro pai não foi um ato isolado, mas teve implicações e abrangência universal
(Gn 3:17-19; Rm 8:20). O seu pecado não foi uma culpa individual, mas coletiva. O
Catecismo Maior de Westminster quanto ao princípio da representatividade aplicado a Adão
declara que “como o pacto foi feito com Adão como representante oficial não apenas de si
mesmo, mas da sua posteridade, todo o gênero humano que descende dele por geração
ordinária pecou nele e com ele caiu na primeira transgressão.”35
Num período posterior ao desdobramento da antiga aliança aprendemos que Abraão
foi outro representante. Abraão como representante da aliança de Deus poderia ser o
mediador das bênçãos do Senhor de que “em ti serão benditas todas as famílias” (Gn 12:3).
C.F. Keil comenta que
Abrão não se tornou meramente um mediador, mas a fonte da benção para todos. A expressão
“todas as famílias da terra” indica a separação de uma família dentre muitas (Gn 10:5, 20, 31) e a
palavra âádamah para a maldição pronunciada sobre a terra (Gn 3:17). A benção de Abraão foi
muito mais do que unir as famílias divididas e a mudança da maldição pronunciada sobre a terra
como conseqüência do pecado numa benção para toda a raça humana.36

Igualmente Moisés exerceu funções de líder, administrador, educador e porta-voz de


Deus em Israel (Êx 20:18-21). Durante a antiga aliança, Moisés foi o mediador entre Deus e
os homens, todavia, a sua representatividade foi limitada. Ele podia falar com Deus em
nome do povo, e proclamar ao povo em nome de Deus. Quando Deus anunciou que todo
povo morreria no deserto, ele interpôs-se diante do povo de Israel e suplicou que Deus o
fizesse morrer com o povo no deserto, caso aquele fosse a decisão definitiva do Senhor.
Os sacerdotes representam o povo diante de Deus (Zc 3).
Os reis como representantes do governo de Deus. A Escritura declara que “não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas” (Rm 13:1b).
O pecado de Acã trouxe consequência sobre um grande grupo (Js 7:24-25).
Primeiramente todo o Israel padeceu sob o seu pecado, e posteriormente toda a sua família
foi morta por sua causa.

2. A representatividade no Novo Testamento


O tríplice ofício de Cristo indica a sua obra de representante e mediador.
A obra expiatória de Cristo somente é substitutiva porque Ele se fez um de nós,
tornando-se o nosso representante (Rm 5:12-21). O nosso redentor levou sobre Si os
nossos pecados e a nossa punição foi lançada sobre o nosso redentor (Is 53). J. Oliver
35
Catecismo Maior de Westminster Perg./Resp. 22. Talvez surja a dúvida se devemos nos arrepender do pecado que Adão
cometeu? Robert L. Dabney observa que “o cristão, de fato, lastimará a culpa do primeiro pecado de Adão, mas não se
arrependerá dele. Todavia, da corrupção da natureza, dos vícios e dos desejos desordenados do nosso coração é nosso dever
nos arrependermos, sentirmos vergonha por eles, entristecermos e indispormos contra eles, assim como de toda transgressão
atual; porque isto é culpa somente nossa, mas também o nosso próprio pecado” in: Robert L. Dabney, Lectures on
Systematic Theology, pág. 654.
36
C.F. Keil & F. Delitzsch, Biblical Comentary The Old Testament – The Pentateuch (Grand Rapids, Wm.B. Eerdmans
Publishing Co., 1956), vol. 1, pág. 193.
19

Buswell Jr. concluí que “morri por causa dos meus pecados no ano 30 d.C. fora dos muros
de Jerusalém. Eu não estive ali, mas o meu representante esteve. Ele morreu em meu lugar,
consequentemente eu morri.”37
A autoridade dos apóstolos era outorgada por Jesus (At 2:42-43). Como enviados de
Cristo, eles o representavam, e falavam com a Sua autoridade.
A liderança dos presbíteros (At 20:17-35).

A representatividade do presbítero
O oficial deve representar nas decisões do Conselho as preocupações, os anseios e as
necessidades da igreja que o elegeu. Isto não significa que o presbítero deva se rebaixar a
excessos que desfigurem o seu cargo e a dignidade do seu ofício, fazendo-se mero
partidário da situação, ou tornando-se característica oposição ao pastor, ou dentro do
Conselho. Os membros têm o direito de participar da escolha, e ao eleger os presbíteros a
igreja submete-se àqueles que estarão em todos os concílios da nossa denominação, bem
como na sociedade representando toda a comunidade.
Como representantes os presbíteros têm que agir em nome de outros. Certamente,
nem todo cristão e membro de uma igreja local está qualificado para resolver casos judiciais
complexos e controvérsias doutrinárias. Entretanto, homens qualificados são reconhecidos
pela comunidade para exercer a autoridade de Cristo por toda a igreja.
O presbítero quando escolhido pelo Conselho, e enviado para participar das reuniões
do presbitério, torna-se representante da sua igreja no concílio superior.

As qualificações do presbítero

A igreja corre o risco de escolher a sua liderança com base nos modelos de liderança
seculares. Se não estiver atenta aos princípios bíblicos, ela se permite influenciar pelo
modelo do mundo, que embora possuindo virtudes, não são necessariamente o padrão de
Deus. Por exemplo, formação escolar, simpatia, posição social, etc., e estas são
características consideradas classificatórias para alguns. Deve-se observar que qualquer
outra instituição, mesmo que ímpia, seleciona os seus líderes com estes critérios.
Deus dota homens comuns com dons para se tornarem modelos do Seu rebanho.
A Escritura exige uma vigilância pessoal que cada presbítero deve ter. Aos
presbíteros, Paulo exorta que “atendei por vós” (At 20:28). O Senhor Jesus diz “acautelai-
vos por vós mesmos” (Lc 21:34), Paulo “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1 Tm
4:16)

37
J. Oliver Buswell Jr., A Systematic Theology of the Christian Religion, vol. 1, 296.
20

Por que exigir qualificação moral dos presbíteros? As Escrituras expressam com
firme clareza que a santidade e maturidade não é algo opcional. Samuel Miller chama a
nossa atenção de que
o propósito de se indicar alguém para o ofício de presbítero regente não consiste em lhe
prestar homenagem, nem em lhe dar a oportunidade de figurar como orador nos concílios,
nem em criar o teatro da cerimônia eclesiástica; consiste, no entanto, em levantar conselheiros
e governantes da igreja verdadeiramente consagrados, capazes e fiéis; guias sábios e eficazes,
que não sigam apenas ao lado do rebanho na sua jornada, mas VÃO ADIANTE DELES em
tudo aquilo que diga respeito ao dever cristão.38

Por isso, estas qualificações são exigidas sem minimizar a sua importância. São pecados e
deficiências morais que não podem ser toleradas para quem é cristão, especialmente se
ocupa liderança.
O presbítero deve ser alguém que sincera e ardorosamente ama a igreja. Em outro
lugar Samuel Miller afirma que
a menos que estejam animados com esse amoroso interesse pelo seu trabalho, a menos que
sejam constantemente movidos pelo fervoroso e visionário apego à grande causa com que
estão comprometidos, logo se cansarão de seus labores árduos e abnegados. Cedo descobrirão
que servir ao rebanho, visitar e orar com os enfermos, instruir o sério e inquiridor, corrigir os
turbulentos, zelar pelo proveito espiritual de todos, e tomar parte nos vários concílios da igreja
é uma tarefa aborrecida.39

A qualificação pessoal
1. Homem40: liderança masculina como princípio de autoridade.
2. Boa reputação: exerce bom testemunho.
3. Sábio: toma decisões com discernimento e conhecimento de causa.
4. Respeitável: usufrui do respeito da sua família, da igreja e na sociedade.
5. Honrado de palavra: não mentiroso, mas responsável no que fala.
6. Experiente: possuí maturidade e bom senso. Alguns homens não amadurecem
proporcionalmente como deveriam. Alguns crescem, mas as suas emoções continuam na
puberdade, outros têm predileções infantis, e outros ainda não descobriram o que é ter
responsabilidade.

A qualificação doutrinária41
1. Maneja bem a Palavra da verdade: convicto conhecedor no que crê.
2. Conserva o mistério da fé: sustém e apega-se a doutrina firmemente.

38
Samuel Miller, O Presbítero Regente, pág. 37. Ênfase acrescida pelo próprio autor.
39
Samuel Miller, O Presbítero Regente, págs. 39-40.
40
A IPB não pratica a ordenação feminina. Cremos que as Escrituras, corretamente interpretadas, não nos autorizam a
ordenar nossas irmãs ao ofício de presbítero. 1) A autoridade de governo é uma função ordenada somente aos homens; 2)
Não há exemplos, nem prescrição de presbíteras na Bíblia.
41
A Constituição da IPB faz a seguinte declaração no cap. VIII. Seção 3ª. Art. 114 do Manual Presbiteriano. “Só poderá ser
ordenado e instalado quem, depois de instruído, aceitar a doutrina, o governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil,
devendo a Igreja prometer tributar-lhe honra e obediência no Senhor, segundo a Palavra de Deus e esta Constituição.”
21

3. Defensor da sã doutrina: expõe a razão da sua fé.


A liderança da igreja local carece engajar na proteção os seus membros, e em especial
os adolescentes e jovens, dos ataques do secularismo intelectual. Nos colégios e faculdades
a fé cristã é questionada a sua credibilidade com argumentação inteligente e, ao mesmo
tempo as instituições de ensino, quer estatais ou privadas, estão comprometidas com
filosofias anticristãs altamente hostis ao Cristianismo. William L. Graig constata que
adolescentes cristãos são atacados intelectualmente por todas as formas de filosofias não
cristãs, unidas com um relativismo avassalador. Sempre que falo em igrejas ao redor do país,
constantemente me encontro com pais cujos filhos perderam a sua fé porque não havia
ninguém na igreja para responder às suas perguntas.42

Os presbíteros docentes como regentes são responsáveis de preparar a igreja para dar razão
da sua fé. Obviamente este dever pode ser realizado pela pregação ou pelo ensino exercido
por eles, ou em realizar conferências especiais, trazendo especialistas para que possam
instruir a igreja local. Entretanto, eles não podem negligenciar o estudo pessoal e precisam
equipar-se de conhecimento apologético para assegurar aos membros a veracidade da fé
cristã. Não se pode ignorar que a dúvida tem o seu papel saudável no crescimento de
qualquer pessoa, entretanto, a partir do momento que ela é erroneamente respondida, ela
corre o risco em converter-se em incredulidade. William L. Graig observa que “podemos
desafiar as pessoas a pensarem a fé de forma mais profunda e rigorosa sem encorajá-los a
duvidar de sua fé.”43 Duvidar enquanto processo de pensar e entender a fé pode ser algo até
necessário e salutar, entretanto, questionar a veracidade e desprezar a sua procedência
divina é o caminho para o ateísmo. Enquanto que a intelectualidade não cristã desafia o
conteúdo, a historicidade e a validade da fé, os presbíteros precisam desafiar a reflexão e
edificação a fé (At 20:28-30).
Ser presbítero não é um trabalho para covardes. Aqueles que são chamados para
expor o Evangelho encontrarão diante de si lobos travestidos de ovelhas, assassinos da
verdade, hipócritas, falsos mestres, profetas da mentira, gananciosos mercenários, homens
que distorcem o Evangelho com a finalidade de tirar proveito pessoal dele. Não devemos
temê-los, mas denunciá-los com o antigo Evangelho de Cristo, proteger as verdadeiras
ovelhas e conduzi-las sob a autoridade do Bom Pastor, o Senhor Jesus.

A qualificação espiritual
1. Cheio do Espírito Santo: dominado pela Palavra do Espírito, ou seja, Escritura Sagrada.
2. Irrepreensível: inculpável, sem motivo para ser acusado.
O presbítero é um episcopos, isto é, um supervisor do rebanho de Deus. Ele tem a
responsabilidade de supervisionar interna e externamente a comunidade que está sob os
seus cuidados. A sua supervisão tem uma natureza interna porque ele precisa olhar entre as
ovelhas como elas estão, e como se comportam, e se estão saudáveis espiritual, moral e

42
William L. Graig, Apologética para questões difíceis da vida, pág. 29.
43
William L. Graig, Apologética para questões difíceis da vida, pág. 37.
22

doutrinariamente. Ele deve se informar se as famílias sob o seu pastoreio estão vivendo de
acordo com a Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, ele tem o dever de supervisionar
externamente contra os lobos, os falsos mestres e alertar o rebanho contra todo falso
profeta, bem como os ventos de doutrina que se aproximam do seu redil. Para exercer o seu
chamado, o presbítero necessita de autoridade, senão, as ovelhas sob o seu cuidado não lhe
darão ouvidos e correrão o risco de dispersar ou de serem dissipadas pelo perigo externo.
Por não terem uma referência saudável, elas tenderão ao mundanismo.
Esta sublime tarefa exige que o supervisor seja de caráter irrepreensível, ele precisa
ser livre de acusações dos seus adversários. A palavra no grego é anepílémptos que significa
não exposto ao ataque, ou seja, ele não pode ser merecedor de censura. Samuel Miller alerta
que “talvez não exista na sociedade humana situação que reclame mais imperiosamente por
delicadeza, precaução, reserva, e a mais vigilante discrição, do que a de um governante
eclesiástico.”44 O presbítero não pode armar os seus inimigos com argumentos que venham
usar contra ele. Como supervisor, ele deve primeiramente ser vigilante com os seus
impulsos pecaminosos, para que não seja reprovado, no que precisa ser referência.
Isto não significa que ele seja perfeito, ou infalível, ou que não peque mais. Ele ainda
luta contra a sua velha natureza, e é consciente de suas limitações. Mas o que está em
evidência em sua vida é o seu compromisso com Cristo, a sua maturidade, uma vida de
transformação, o seu amor pelo Redentor está em relevo. Ele é padrão para os jovens e
novos convertidos, de modo que todo o rebanho o tenha como referência ética e firmeza
doutrinária. A sua vida não pode de modo algum ser caracterizada pela necessidade de
contínuas repreensões, de modo que todos percebam que ele não pode ser exemplo, nem
representante do rebanho de Cristo. Se nele não está em evidência as virtudes de Cristo,
então, ele não pode conduzir, nem supervisionar as ovelhas do Senhor, pois o seu
comportamento é vazio de autoridade para exortar, confrontar e liderar. Em outras
palavras, ele simplesmente não tem autoridade.

3. Sensibilidade pastoral: atento observador das necessidades dos membros da igreja.

4. Piedoso: vida de oração e intimidade com Deus. Devem ser homens que antes que o seu
coração se mova para tomar qualquer decisão, estão convencidos que devem se inclinar
diante de Deus para pedir a sua permissão.

A qualificação familiar
A igreja é uma família formada por famílias. Assim, para que seja uma igreja forte, ela
precisa ter famílias vigorosamente bem estruturadas.

1. Marido de uma só mulher: um modelo de singular afeição e fidelidade à sua esposa.

44
Samuel Miller, O Presbítero Regente, pág. 44.
23

2. Governe bem os seus próprios filhos: recebe o respeito e obediência dos filhos.
Ele não está desqualificado se não tiver filhos, mas estará se não os tiver debaixo de
sua autoridade. Os seus filhos não podem ser insubordinados, por exemplo, como os filhos
de Eli.

3. Governe bem a própria casa: administra as finanças, e o relacionamento familiar harmonicamente.


A liderança da igreja local deve sempre lembrar que o primeiro rebanho é o seu lar.
Antes de se preocupar com a solenidade devida do culto público, carecem de zelar pela
assiduidade do culto doméstico. O discipulado precisa começar com os seus filhos, porque
de que adiantaria ganhar o mundo e não ter os seus filhos como crentes vivendo a aliança
do Senhor? O coração que merece mais a sua atenção é o da sua esposa e filhos, pois eles
lutam contra os seus pecados pessoais, os meus deles e os pecados da igreja. Se
conseguirem pastorear a sua família, estarão prontos para sair e pastorear todo o rebanho
que o Senhor lhes confiou, estarão aptos para subir ao púlpito e ensinar, exortar e
repreender as famílias que estão sob o seu cuidado.

Qualificação social
1. Bom testemunho dos de fora
Se os ímpios desprezam um cristão pelos seus defeitos morais, isto significa que o
seu testemunho é vergonhosamente reprovável. É inaceitável que um cristão, especialmente
aquele carrega sobre a responsabilidade de liderar e representa a sua igreja tenha uma ética
que possa ser reprovada por alguém que não aceita a autoridade da Escritura Sagrada.

2. Bom testemunho dos membros

Defeitos a evitar45
1.Não dado ao vinho: não viciado em bebidas alcoólicas.
A bebida evidencia as associações de uma pessoa. Ele não pode ser identificado
como alguém que é um frequentador de bares, ou lugares de má fama, onde o álcool
predomina. Ele não ser alguém afamado por ser um consumidor de bebida alcoólica (Pv
31:4). A sobriedade é requerida como prova de domínio próprio. O líder deve evitar
excessos, ou a associação com a aparência do mal. A moderação é um requisito para se
manter o discernimento no julgar e governar.

2. Irascível: rápido em irar-se, explosivamente furioso, facilmente irritável.

3. Espancador: violento fisicamente.

4. Cobiçoso: ambicioso, ou materialista.

45
John MacArthur, Jr., Pense Biblicamente (São Paulo, Editora Hagnos, 2005), p. 244.
24

Ele deve ser livre do amor ao dinheiro. Não pode ver o rebanho de Deus como um
meio de se conseguir riquezas.
(vide* mercenário).
“não por sórdida ganância” (1 Pe 5).
As riquezas devem ser dominadas pela sua convicção de servir o reino de Deus, e não o
contrário.

5. Soberbo: orgulhoso, pedante, auto-suficiente.


6. Inimigo de contendas: provocador de discussões, inclinado à polêmica.

7. Neófito: inexperiente na vida e na doutrina.


Ele precisa ser um homem experimentado, forjado pela maturidade cristã.
Ordenar um neófito ao presbiterato seria uma contradição de termos.

A escolha dos presbíteros

Antes da ordenação deve-se verificar a vocação divina, a eleição da assembleia e o


exame doutrinário. Todavia, o candidato ao presbiterato deve ter outras características que
tornarão vigoroso o exercício do seu ofício.
A piedade é requisito indispensável para o exercício do ofício de presbítero. Os
líderes da igreja devem saber administrá-la, porque ela é uma instituição, mas devem saber
nutrir e liderá-la para um crescimento saudável, que ocorre não apenas com decisões
tomadas na sala do Conselho, mas com a piedade. Uma igreja saudável cresce com
santidade. John Murray observa que “antes de tudo, a piedade é o primeiro requisito, mas
nem todo homem piedoso é dotado com os dons requeridos para o ofício na igreja.”46
O aspirante ao ofício de presbítero deve ser alguém que tenha experiência
administrativa. Embora não tenha que ser uma pessoa madura de idade, é indispensável que
tenha maturidade na sua liderança. A igreja é uma sociedade, e com todos os seus comuns
problemas, como os de manutenção, de ordem, de disciplina, de relacionamentos e de
expansão, por isso, o presbítero necessita ter visão administrativa.
O presbítero F. Martins afirma que os presbíteros devem possuir habilidades
especiais para o convívio com o rebanho. Estas habilidades devem ser verificadas pelo
Conselho e pela igreja na indicação do candidato ao ofício, pois, não adiantará exigir do
46
John Murray, Collected Writings: The Claims of Truth, vol.1, p. 263.
25

individuo após eleito, se ele não os tem. Será apresentado abaixo um resumo destas
virtudes:47
1. Ser trabalhador. O presbítero não pode ser alguém conhecido pela preguiça, ou
negligência com o seu sustento familiar.
2. Ser acessível. “É preciso entrar nas recamaras das almas para conhecê-las, consolá-las, e
alimentá-las. É preciso conversar, para ouvir, compreender e corrigir. É preciso
confraternizar, para amar e servir.”48
3. Ter habilidade no trato. A diplomacia e ternura no modo de tratar as pessoas são
indispensáveis na área das relações públicas, sendo o convívio da comunidade cristã
um ambiente onde o amor de Cristo impera.
4. Atitudes precisas. O presbítero tem de ser preciso no falar, no fazer, no defender, no
denunciar, no prometer, e no cumprir.
5. Ser fiel. “O presbítero não pode oscilar no depoimento (Pv 14:15), nas contas (Mt
25:31), na contribuição (Sl 66:13), no lar (1 Co 7:1-5), nas mínimas coisas (Lc 16:10).
Quem não é fiel, frauda e defrauda; como ser bom, assim, no ministério do Senhor?
Que confiança pode merecer da parte dos membros de uma comunidade quem vive
torcendo os caminhos?”49
6. Ser ativo. Frequente na participação das reuniões da igreja, ativo nos deveres dos
cargos, e prática das qualidades pessoais e familiares e, produtivo nas funções do seu
ofício (vide* As funções do presbítero).
7. Ser prudente. A prudência evita que se decida sem o devido conhecimento prévio e
confirmado da causa discutida. Sabemos que o prudente é um homem que esmaga os seus
impulsos e consegue agir preventivamente não somente com que o ocorre ao se redor,
mas dentro de si (Pv 16:21).

As funções dos presbíteros

As funções atribuídas aos presbíteros aqui descritas não são exaustivas. Elas
mencionam o que o presbítero deve ser e fazer, mas ele não pode se limitar a elas. Todos os
presbíteros devem exercer o seu ofício em conformidade com a diversidade dos dons de
cada um, e discernindo segundo a necessidade da Igreja. A vitalidade da igreja depende
muito da operosidade dos presbíteros.
Uma palavra grega usada para se referir ao ofício de presbítero é episcopos. Sabemos
que “o uso no N.T., em referência aos líderes, parece ser menos técnica do que uma
tradução como ‘bispo’ sugeriria; daí, superintendente, ou supervisor At 20:28; Fp 1:1; 1 Tm 3:2;

47
F. Martins, O ofício de presbítero, p. 109-113.
48
F. Martins, op.cit., p. 110.
49
F. Martins, p. 111.
26

Tt 1:7.”50 O presbítero tem a responsabilidade de supervisionar a igreja que o escolheu para


ser o seu líder. Louis Berkhof afirma que “claramente se vê que estes oficiais detinham a
superintendência do rebanho que fora entregue aos seus cuidados. Eles tinham que
abastecê-lo, governá-lo e protegê-lo, como sendo a própria família de Deus.”51 Em
momento algum o presbiterato foi uma atividade fácil dentro da Igreja de Cristo.

A autoridade do presbítero
A autoridade dos governadores é puramente ministerial e declarativa. Cada função do
Conselho, como o ensino, a admoestação, governo e o exercício da disciplina, devem
fundamentar-se na Palavra de Deus. Os presbíteros não possuem autoridade inerente. Não
possuem o direito de impor as suas opiniões e preferências pessoais, estranhas filosofias
sobre o culto, a doutrina, ou o governo da igreja, antes, devem examinar e extrair das
Escrituras os padrões e princípios estabelecidos por Deus.
A autoridade do presbítero procede de:
1. A autoridade de Cristo como cabeça da Igreja.
2. Submissão à Cristo como o Senhor da Igreja.
3. A obediência e fidelidade à Escritura Sagrada como única regra de fé e prática.
4. Uma vida de santidade pessoal e familiar.
5. O exercício responsável da sua vocação e dos seus dons segundo o seu chamado.
6. A autoridade é confirmada publicamente pela ordenação ao oficialato.

As funções pastorais
1. Visitar os membros menos assíduos às reuniões da igreja.
2. Resolver os desentendimentos entre os membros.
3. Instar aos disciplinados ao sincero arrependimento.
4. Orar por/com todas as famílias da igreja.
5. Consolar os aflitos e necessitados.
6. Supervisionar o bom andamento das atividades da igreja.
7. Exortar aos pais que tragam os seus filhos ao batismo.
8. Ser um pacificador em assuntos controversos.
9. Lembrar aos membros da sua fidelidade com os dízimos e ofertas.
10. Dar assistência, liderar ou supervisionar as congregações, os pequenos grupos e os
ministérios da igreja local.
11. Auxiliar na distribuição da Ceia do Senhor.

As funções doutrinárias
Os presbíteros em nosso sistema de governo têm a responsabilidade de preservar a
doutrina de possível corrupção. (1 Tm 3:16; Tt 2:7-8).
1. Conhecer o sistema e doutrinas presbiterianas.

50
F. Wilbur Gingrich & F.W. Danker, Léxico do N.T. Grego/Português (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1993), p. 83.
51
Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 590.
27

2. Zelar pela fidelidade e pureza doutrinária da igreja.


3. Avaliar a qualificação doutrinária do pastor.
4. Examinar os candidatos ao rol de membros da igreja.
5. Discernir os novos “movimentos” que os membros estejam se envolvendo.

As funções administrativas (indivíduo)


1. Representar as necessidades dos membros nas reuniões do Conselho.
2. Zelar para que as decisões do Conselho sejam cumpridas pela igreja.
3. Lembrar os membros dos seus deveres e privilégios.
4. Acompanhar o funcionamento das sociedades e ministérios da igreja.
5. Elaborar propostas e projetos para a edificação da igreja.

As funções administrativas (concílio)


1. Reunir periodicamente para decidir sobre o bem estar da igreja.
2. Divulgar na igreja local as decisões dos concílios superiores (presbitérios, sínodo, SC).
3. Avaliar candidatos ao batismo e profissão de fé.
4. Participar na aplicação da disciplina bíblica para que atinja a sua finalidade.
5. Analisar se a Junta Diaconal está realizando as suas atribuições.
6. Acompanhar o bom andamento das sociedades internas e ministérios da igreja.
7. Examinar os candidatos ao sagrado ministério pastoral, assim como de presbíteros e
diáconos.
8. Participar da ordenação e instalação de novos pastores e presbíteros.
9. Representar a igreja local nos concílios superiores.

A relação presbíteros regentes e docentes

Na posição administrativa o pastor, ou presbítero docente, sempre será o presidente


do Conselho. Os presbíteros regentes são auxiliadores do pastor.
A responsabilidade dos presbíteros de supervisão não se limita aos membros da
igreja. Os presbíteros devem supervisionar o seu pastor. R.B. Kuiper observa que
um dos seus mais solenes deveres é vigiar a vida e o trabalho do pastor. Se o pastor não leva
uma vida exemplar os presbíteros regentes da igreja devem chamar-lhe a atenção, e corrigi-lo.
Se não é tão diligente em sua obra pastoral como deveria sê-lo, devem estimulá-lo para que
tenha maior zelo. Se a falta de paixão que deve caracterizar a pregação da Palavra de Deus, os
presbíteros regentes devem dar os passos necessários para ajudá-lo a superar tal defeito. E, se a
pregação do pastor, em qualquer assunto de maior ou menor importância, não está de acordo
com a Escritura, os presbíteros não devem descansar até que o mal tenha sido resolvido.52

52
R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo (Michigan, T.E.L.L., 1985), p. 132.
28

Lembrar que o presbítero docente tem a responsabilidade de pregar com zelo,


competência e fidelidade, e esta é a sua principal função. William L. Graig denuncia que
muitos ministros “abandonaram o papel tradicional do pastor como um proclamador da
verdade para a sua congregação, e substituíram-no por um novo modelo gerencial que
enfatiza as habilidades de liderança, marketing e administração.”53Por isso, ao escolher um
pastor, bem como no desenvolvimento do pastorado na igreja local, os presbíteros regentes
devem atentar em que o ministro da pregação está acentuando a sua identidade e filosofia
pastoral.
Os presbíteros devem oferecer liberdade e recursos para que o seu pastor
desenvolva-se e possa oferecer mais ao rebanho. Neste sentido, o conselho necessita
incentivar financeiramente cursos, bem como a participação de congressos, ou compra de
bons livros, a fim de que o pastor se mantenha atualizado, alimentado e revitalizado para
que possa equipar-se melhor na sua liderança, e possa comunicar aos demais. Devem
observar se houve uma negligência no crescimento do pastor, ou uma estagnação no seu
crescimento, o que poderá comprometer a qualidade do trabalho pastoral.
Os presbíteros devem proteger o seu pastor quanto for fiel ao exercício do
ministério. Samuel Miller explica que os presbíteros são
os conselheiros e companheiros do pastor para todas as questões relativas ao governo
espiritual da congregação; assim, pois, lhes é dever de ofício encorajá-lo, sustentá-lo e defendê-
lo no fiel cumprimento da sua responsabilidade. É deplorável quando o ministro, devido à sua
fidelidade, ao ser atacado por heréticos ou mundanos tenha qualquer parcela do presbiterato
contra si ou que se retraia na sua defesa ativa e deliberadamente. Isso não quer dizer,
obviamente, que se devam considerar obrigados a apoiá-lo em tudo que possa dizer e fazer,
esteja ele certo ou errado; mas que, tendo-o realmente como fiel à verdade e ao dever, eles
devem compreender que têm por obrigação permanecer ao seu lado, escudá-lo das setas dos
perversos e encorajá-lo enquanto for obediente a Cristo.54

Presbíteros não trabalham contra o pastor. Mas, se o pastor não trabalha segundo a
confessionalidade da nossa IPB e não tem uma ética aprovada pela Escritura, daí eles
devem agir corrigindo-o.

A importância dos presbíteros

Dean Allen, importância dos presbíteros, Fé para hoje, nº 22, 2004.


Quando um pastor contaminado com doutrina estranha, se torna líder da igreja local,
é dever dos presbíteros protegê-la deste perigo. Primeiramente, devem repreender o
ministro de sua infidelidade doutrinária, e quebra dos votos da sua ordenação, quanto à sua
fidelidade aos padrões de Westminster. Caso permaneça no erro, os presbíteros devem

53
William L. Graig, Apologética para questões difíceis da vida (São Paulo, Edições Vida Nova, 2010), pág. 26.
54
Samuel Miller, O Presbítero Regente, págs. 19-20.
29

comunicar ao presbitério, encaminhando para que o caso seja resolvido no concílio


superior.
Os presbíteros regentes que desconhecem a teologia reformada, e relaxam no
exercício da disciplina dos seus membros, comprometem a pureza da igreja local. A
congregação consequentemente seguirá o caminho do pragmatismo, e estará aberta aos
movimentos de estranhas doutrinas. São estes oficiais responsáveis de supervisionar a saúde
moral e doutrinária, sob os seus cuidados estão famílias que confiam na sua liderança.
Porque mesmo se o pastor for omisso, ou possua a sua convicção sobre a prática da
disciplina contaminada por um entendimento não bíblico, os presbíteros devem manter-se
firmes no claro ensino da Escritura Sagrada.
Os presbíteros precisam ser melhor treinados para o exercício do seu ofício. Devem
ser cônscios da autoridade, dever de pastorear e responsabilidade de supervisionar a saúde
espiritual da igreja e da fidelidade doutrinária do seu pastor. Quando presbíteros se omitem
ou falham, a igreja está fadada a ser dominada por ventos de doutrinas e, e eles se tornam
peças obsoletas na liderança da igreja local.

Exegese em
5º mandamento “liderança”
Hb 13:7, 17

A honra do presbítero
Paulo instrui o jovem pastor Timóteo que “os presbíteros que lideram bem a igreja
são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1
Tm 5:17, NVI).

O presbítero emérito
A Igreja Presbiteriana do Brasil adota a prática de oferecer para alguns de seus
presbíteros o título de emérito. Entretanto, esta é uma prática não encontram respaldo
bíblico. Por que uma vez ordenado, ele será um oficial para sempre, tendo o direito de
exercer a sua liderança no meio da comunidade. Entretanto, a praxe da IPB segue o
princípio de mandato eletivo, ou seja, o presbítero é escolhido pela igreja local para exercer
um mandato tendo no máximo o período de 5 anos.
30

O ofício de diácono

Quem é o diácono? Entre os diferentes grupos do Cristianismo há um esforço em


definir o seu significado e relevância dentro da igreja. Não poucas vezes, por causa da
ausência do referencial bíblico do ofício de diácono, as igrejas tendem cair em extremos
concedendo-lhes uma autoridade indevida, ou tornando-os apenas administradores dos
bens da igreja local, ou ainda, impondo sobre eles funções múltiplas em todas as áreas e
necessidades.
Há quem defenda que o ofício de diácono tem um papel de governante da igreja
local, caso seja necessário, no processo de transição pastoral. Richard L. Dresselhaus afirma
que “uma das responsabilidades mais respeitosas da junta de diáconos é proporcionar um
ministério pastoral contínuo na igreja. Quando um pastor renuncia é responsabilidade da
junta realizar a indicação de um nome, ou nomes, para ocupar o cargo de pastor.”55
Todavia, esta não é uma função atribuída aos diáconos no Novo Testamento. Eles não
podem assumir o pastorado da igreja local, nem promover o processo de transição pastoral.
É possível que num contexto como este os diáconos deixem de ser ministros da
misericórdia e assumam um papel que não lhes pertence.
Alexander Strauch adverte-nos acerca da segunda concepção errônea: o risco de
limitar a atuação dos diáconos apenas a zeladores do patrimônio. Ele questiona
por quê Deus exigiria que os diáconos reunissem certos requisitos morais e espirituais
específicos e que se submetessem a aprovação pública, como se faz com os pastores da igreja
(1 Tm 3:10), se tudo o que fazem os diáconos é encerar o piso ou aparar a grama. Qualquer
pessoa da igreja e até outros que não pertençam à igreja poderia realizar este tipo de tarefa.56

Um último desvio de função seria atribuir aos diáconos uma responsabilidade


múltipla na igreja local. A opinião de Charles W. Deweese expressa bem o que é esta
situação
as áreas potenciais do serviço do diácono são ilimitadas. Os diáconos podem se comprometer
com tal diversidade de ministérios tais como: o ensino, a pregação, a visitação, a ação social,
aconselhamento, a liderança de atividades benéficas, organização, administração, distribuir a
Santa Ceia e suprir as necessidades básicas do pastor.57

Em geral, este é o efeito colateral de grupos que não reconhecem o governo da pluralidade
de presbíteros numa igreja local. Ao anular a figura dos supervisores que deveriam
apascentar e administrar, necessariamente é transferida a sua função aos diáconos, que
acabam por exercer funções além da sua responsabilidade. Novamente Alexander Strauch
contribui ao observar que

55
Richard L. Dresselhaus, The Deacon and His Ministry (Springfield, Gospel Publishing House, 1977), p. 10.
56
Alexander Strauch, El diacono del Nuevo Testamento (Cupertino, DIME, 2003), p. 12.
57
Charles W. Deweese, The Emerging Role of Deacons (Nashville, Broadman Press, 1979), p. 62.
31

em seu entusiasmo por renovar o diaconato muitas igrejas vão demasiadamente longe, ou além
dos limites das Escrituras. Depositam excessiva autoridade e diversas responsabilidades nas
mãos dos diáconos. De fato, alguns dos mesmos erros que cometeram as igrejas na metade do
segundo século, repetem-se agora: colocar os diáconos em diferentes posições de autoridade,
que Deus não autorizou.58

O resultado de se abandonar o ensino bíblico poderá ser frustração no exercício do


diaconato e insatisfação por parte da igreja. No entanto, a pior consequência é o risco de
distorção do padrão estabelecido por Deus.
A Escritura Sagrada prescreve o diácono como o ministro da misericórdia, sendo esta a
sua essencial função. O estudo que segue aponta para esta concepção recorrendo ao
significado original da palavra, a sua origem histórica dentro de uma necessidade específica,
e como posteriormente houve o desvio de sua função na Igreja cristã no decorrer da
história.

O uso da palavra diácono

O substantivo diácono procede da palavra grega diakonós. W.E. Vine observa que o
termo diácono “denota um servo, que realiza qualquer obra servil, ou como um atendente
retribuindo um livre serviço, sem possuir uma particular referência ao seu caráter.”59 Esta
palavra ocorre 29 vezes no Novo Testamento, podendo significar servo (Mt 20:26; 22:13;
Mc 9:35); mordomo que servem a comida e a bebida (Jo 2:5, 9); ministro (Rm 13:4); auxiliar
(2 Co 6:4; Ef 6:21; Cl 1:23,25; 1 Tm 4:6); e, somente em 3 ocorrências indica um oficial (Fp
1:1; 1 Tm 3:8,12).60
J.H. Thayer define esta palavra como “aquele que executa as ordens de outro como
um servo, atendente, ou ministro.”61 Noutro lugar ele nos fornece outra definição mais
completa como sendo “aquele que em virtude do ofício designado pela igreja, auxilia aos
pobres, recebendo e distribuindo o dinheiro, que para este fim é coletado.”62 Todavia, esta
definição segue a prática da Igreja em seus primeiros séculos. A estrutura da nossa
denominação embora não negue a responsabilidade do diaconato de exercer a assistência
social, não recomenda nem estimula o seu manuseio financeiro deixando este para o
Conselho. A definição de Thayer demonstra alguma deficiência e limitação do ofício do
diácono.
Notemos ainda que, segundo William D. Mounce o verbo grego diakonéo significa
“atender, cuidar, servir Mt 8:15; Mc 1:31; Lc 4:39; [...] ministrar, ajudar, dar assistência ou
suplicar pelo indispensável à vida, providenciar os meios para se viver Mt 4:11; Mt 27:55;

58
Alexander Strauch, El diacono del Nuevo Testamento, p. 13.
59
W.E. Vine, An Expository Dictionary of New Testament Words (Olt Tappan, Fleming H. Revell Co., 1966), p. 272.
60
F.W. Gingrich & F.W. Danker, Léxico do N.T. Grego/Português (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1993), p. 53.
61
J.H. Thayer, Thayer’s Greek-English Lexicon of the New Testament (Grand Rapids, Associated Publishers and Authors
Inc., 1889), p. 138.
62
Ibidem.
32

Mc 1:13; Mc 15:41; Lc 8:3.”63 Esta definição é preferível por mostrar-se mais satisfatória as
necessidades da Igreja.

A origem dos diáconos

Os comentaristas bíblicos geralmente aceitam At 6:1-6 como sendo a narrativa


histórica da origem do diaconato. Alguns estudiosos, entretanto, negam que esta passagem
se refira à origem do ofício, alegando o fato de não haver menção da palavra “diácono” no
texto. Veja também
onde declara que “de nada adianta um apelo a Atos 6:1-6, uma vez que aqui esses homens não
são chamados diáconos. Com efeito, eles são claramente ministros da Palavra entre os judeus
de fala grega, que no fim recebem o título de ‘os sete’ (Atos 21:8), o que os caracteriza de
maneira semelhante a ‘os doze’. Ficamos, assim, com a quase certa realidade de que episkopoi e
diakonoi são funções distinguíveis na igreja, mas sem saber quais.” 64
Todavia, podemos crer que esta passagem seja a narrativa da instituição do diaconato
levando em consideração os seguintes argumentos que Louis Berkhof apresenta:
1. O nome diakonoi que, antes do evento narrado em Atos 6, era sempre empregado no
sentido geral de servo ou servidor, subsequentemente começou a ser empregado
como designativo daqueles que se dedicavam às obras de misericórdia e caridade, e,
com o tempo, veio a ser usado exclusivamente neste sentido. A única razão que se
pode atribuir a isto acha-se em Atos 6.
2. Os sete homens ali mencionados foram encarregados da tarefa de distribuir bem as
dádivas trazidas para as agapae (festas de amor cristão), ministério que noutras partes
é particularmente descrito pela palavra diakonia, At 11:29; m 12:7; 2 Co 8:4; 9:1,12-13;
Ap 2:19.
3. Os requisitos para o ofício, como são mencionados em Atos 6, são muitos exigentes,
e nesse aspecto, concordam com as exigências mencionadas em 1 Tm 3:8-10. (4)
Muito pouco se pode dizer em favor da acariciada ideia de alguns críticos de que o
diaconato só foi desenvolvido mais tarde, mais ou menos na época do aparecimento
do ofício episcopal.65

A tradição cristã reconheceu nesta decisão apostólica a origem do diaconato:


1. Irineu de Lião (130-200 d.C.) em seu livro “Contra as Heresias” 1:26; 3:12; 4:15.
2. Cipriano (200-258 d.C.) em suas “Epístolas” 3:3.

63
William D. Mounce, The Analytical Lexicon to the Greek New Testament (Grand Rapids, Zondervan Publishing House,
1992), p. 138.
64
Gordon D. Fee, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo – 1&2 Timóteo, Tito (São Paulo, Editora Vida, 1994), p. 97.
Veja também A.F. Walls, “Diácono” in: J.D. Douglas, ed., O Novo Dicionário da Bíblia (São Paulo, Edições Vida Nova,
2ª.ed., 1995), pp. 418-419.
65
Louis Berkhof, Teologia Sistemática (Campinas, LPC, 1990), p. 591.
33

3. Eusébio de Cesaréia (260-340 d.C.) declara em sua “História Eclesiástica” que ali
“foram igualmente destacados pelos apóstolos, com oração e imposição de mãos,
homens aprovados para o ofício de diáconos, para o serviço público”.66

Mesmo numa leitura artificial da passagem de At 6:1-6 é possível verificar um


problema de omissão na “mesa das viúvas dos gentios”. Esta omissão certamente não era
proposital, pois os apóstolos sendo apenas “os doze” não podiam suprir todos os novos
convertidos no ministério de ensino da Palavra de Deus, e ao mesmo tempo “servindo as
mesas”. Há pelo menos quatro motivos que podemos enumerar para a instituição do
diaconato:
1. Para evitar a desordem nos relacionamentos da Igreja. Surgia o grave problema da
murmuração.
2. Para evitar que houvesse partidos dentro da Igreja. A omissão às mesas das viúvas
enfatizava as diferenças entre o grupo dos judeus helênicos e judeus palestinos.
3. Para evitar a injustiça na distribuição de alimentos e donativos aos necessitados.
4. Para que os mestres da Palavra sejam dedicados no ensino da mesma. É importante
observarmos que os apóstolos não estavam rejeitando o “servir às mesas das viúvas”.
John R. W. Stott faz uma importante contribuição ao entendimento deste assunto ao
dizer que “não há aqui nenhuma sugestão de que os apóstolos considerassem a obra
social inferior à obra pastoral, ou de que a achassem pouco digna para eles. Era
apenas uma questão de chamado. Eles não poderiam ser desviados de sua tarefa
prioritária”.67

Charles R. Erdman sugere algumas ideias sobre a necessidade do diaconato na Igreja


Cristã. Vejamos que
(1) É dever óbvio da Igreja, em toda parte, provar às necessidades dos seus membros. (2) Essa
provisão exige clarividência e cautela, para que os que mais precisam não sejam omitidos. (3) A
administração de tais socorros precisa incluir contato e simpatia pessoais. Não é coisa que se
deva fazer mecanicamente, ou porque seja praxe. São socorros que devem resultar em conforto
espiritual e, se possível, devem levar as pessoas a ficar em condições de poder dispensá-los
mais adiante. (4) Esse trabalho requer a designação de oficiais especializados. “O ministro”
deve ser desembaraçado das particularidades que cercam o levantamento e a aplicação de
dinheiro entre os membros de sua Igreja. (5) Ao ministro se deve permitir que se empregue seu
tempo no estudo, na prédica e na oração. (6) O socorro dos pobres, ou seja a assistência social,
de qualquer que seja a natureza, jamais deve tomar o lugar do esforço evangelístico. (7) Na
Igreja todos os seus oficiais são “ministros” ou “servos”, na verdadeira acepção do termo; não
são dominadores. E qualquer que seja a forma do serviço, devem procurar fazer dele um meio
de testemunhar de Cristo, o que aliás vem sugerido nos episódios de Estevão e Filipe, dois
diáconos cujo testemunho constitui uma parte significativa da história que se segue
imediatamente.68

66
Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica (Rio de Janeiro, CPAD, 1999), Livro 2. Cap. 1, p. 47.
67
John W.R. Stott, A Mensagem de Atos (São Paulo, Ed. ABU, 1994), p. 134.
68
Charles R. Erdman, Atos dos Apóstolos (São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1960), pp. 58-59.
34

o diaconato na história da igreja

1 Clemente 42.1
Hermas, Visões 3, 5:1; Similitudes 9, 26.2
Inácio Efesios 2:1, Mag 6:1; 13:1; Tral 2:3; 3:1; 7:2; Pol 6:1
Eusébio Cesaréia

Vaticano II no documento Lumen Gentilium 29.


Papa Paulo VI (1972)
O Novo Catecismo da Igreja Católica (1992). A novidade quanto ao diaconato é que ele pode ser
ocupado por homens casados, sem o interesse de prosseguir o processo de ordenação
sacerdotal.

As qualificações para o diaconato

Qualificação pessoal
1. Homens At 6:3
2. Boa reputação At 6:3
3. Sábios At 6:3
4. Respeitáveis 1 Tm 3:8
5. Honrados de palavra 1 Tm 3:8
6. Sem vícios 1 Tm 3:8
7. Não cobiçosos 1 Tm 3:8
8. Experientes 1 Tm 3:10

Qualificação doutrinária69
O candidato ao ofício de diácono deve concordar com o sistema doutrinário.
1. Conserva o mistério da fé 1 Tm 3:9

Qualificação espiritual
1. Cheios do Espírito Santo At 6:3
2. Irrepreensíveis 1 Tm 3:10

Qualificação familiar
69
A Constituição da IPB faz a seguinte declaração no Cap. VIII. Seção 3 ª. Art. 114 do Manual Presbiteriano. “Só poderá ser
ordenado e instalado quem, depois de instruído, aceitar a doutrina, o governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil,
devendo a Igreja prometer tributar-lhe honra e obediência no Senhor, segundo a Palavra de Deus e esta Constituição”.
35

1. Marido de uma só mulher 1 Tm 3:12


2. Governe bem os seus próprios filhos 1 Tm 3:12
3. Governe bem a própria casa 1 Tm 3:12

Quanto ao número de diáconos

Eusébio de Cesaréia afirma serem sete.


G.M. Bruce constata que “no século III, Roma tinha quarenta e seis presbíteros mas
somente sete diáconos – e esta tradição persistiu durante o século V. No início do século
IV, o Concílio Grego de Neocesaréia determinou que qualquer cidade poderia ter somente
sete diáconos.”70
Podemos concluir que o relato de At 6 não estabelece preceptivamente o número
sete, mas simbolicamente aponta para o fato de que eles cumpriram o perfeito propósito de
Deus em resolver o início de uma contenda e suprir reais necessidades no seio da igreja.

As funções do diaconato71

Os diáconos não detêm em seu ofício uma autoridade multifuncional dentro da igreja
local. Em geral, esta é uma opinião aceita pelas igrejas batistas, que adotam um sistema de
governo congregacional. Charles W. Deweese faz da figura do diácono alguém que atua em
todas as responsabilidades administrativas, ele afirma que
as áreas potenciais

Função para as reuniões de culto


1. Antes das reuniões da igreja
- verificar se tudo está em ordem no templo
- púlpito e cadeiras atrás do púlpito em número suficiente
- água potável para o pregador ou palestrante
- bancos em ordem e em número suficiente
- preparar os elementos para o Batismo e Santa Ceia
- Bíblias e hinários para os visitantes
- berçário disponível
- receber os visitantes e indicar-lhes lugares
- convidar para entrar os que tem costume de ficar esperando fora do templo.
70
G.M. Bruce, “Diácono, Diaconisa” in: Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol. 1, p. 464.
71
Pedro Gilhuis, Servos Fiéis (Patrocínio, CEIBEL, 1976), pp. 55-56.
36

2. Durante as reuniões da igreja


- observar a ventilação e o ar condicionado
- atender à qualquer necessidade no púlpito
- ficar atento à porta, atento à todos os acontecimentos
- conduzir ao berçário mães com bebês chorando
- ajudar os membros que chegam atrasados para entrar com o mínimo de
perturbação possível
- levar os visitantes à um banco desocupado
- evitar que crianças fiquem andando dentro do templo
- resolver qualquer inconveniência fora ou dentro do templo
- estar atento aos veículos na área e interna e externa da igreja

3. Depois das reuniões da igreja


- agradecer aos visitantes pela sua presença
- guardar os objetos do Batismo e Santa Ceia
- entregar as ofertas ao tesoureiro
- fechar o templo

Função de assistência social


1. Visitas aos carentes e enfermos, especialmente os membros da igreja;
2. Cuidar, em especial, das viúvas e dos órfãos da igreja;
3. Levar alimento, remédio, roupa, etc. aos necessitados;
4. Oração com/pelos enfermos e necessitados;
5. Aconselhamento quando necessário e possível.

Função administrativa
1. Levantar ofertas especiais para causas e necessidades específicas (cesta básica, oferta,
roupas).
2. Verificar a limpeza realizada das dependências do templo.
3. Cuidar pela manutenção dos utensílios do templo:
- bancos quebrados
- fechaduras que não funcionam
- goteiras do telhado
- qualidade do forro
- vidraças quebradas
- funcionamento da instalação elétrica: lâmpadas em reserva

Os diáconos após o vencimento do seu mandato devem omitir-se de seu


exercício?
37

A importância dos diáconos na Igreja

O problema da pobreza e a igreja local.


T.D. Alexander, Dicionário de Teologia Bíblica, pág. 1028
Biéler, Pensamento econômico e social de Calvino, p. 478
Carl F.H. Henry, Dicionário ética cristã, p. 549

Eles coordenam o serviço de misericórdia na igreja local.


T.D. Alexander, Dicionário de Teologia Bíblica, pág. 944

A organização da Junta Diaconal

Qual o número mínimo de diáconos que uma igreja local deve ter?
A supervisão do Conselho na organização da Junta Diaconal.
A Junta Diaconal é composta de todos os diáconos em exercício de mandato da
igreja local deverão ter uma diretoria própria.
A Junta Diaconal deverá ter um “Regimento Interno”. A Constituição da IPB, no
Cap.IV. seção 3ª, art.58 declara “A junta diaconal dirigi-se-á por um regimento aprovado
pelo Conselho.”

Os perigos que cercam os oficiais

É possível que homens sejam eleitos pela igreja local para exercerem o ofício, no
entanto, não sejam aptos. A aptidão não depende das suas capacidades naturais, mas da sua
qualificação moral e espiritual. Líderes doentes adoecerão os liderados. A contaminação se
dispersa com rapidez, causando um prejuízo doloroso e, às vezes, irreparável. Por isso, é
necessário observar diligentemente alguns perigos que podem afetar a liderança do rebanho
de Deus.

Orgulho: pecado fatal


A Escritura nos adverte que o candidato ao ofício de presbítero e diáconos não deve
ser novo na fé para que não se ensoberbeça (1 Tm 3:6). O fato de sermos supervisores
(episcopos) do rebanho de Deus, não significa que estamos acima deles, como que numa
posição de superioridade e de privilégios, que poderia ser identificado como sendo um “alto
clero”. O orgulho é a disposição de mostrarmos uma condição superior àquilo que
38

realmente somos. Por mais capazes que sejamos nunca poderemos nos esquecer que Deus
nos faz servos. Por isso, no Antigo Testamento a palavra hebraica para orgulho realça a
altivez ilusória do pecador, e no Novo Testamento, a palavra grega refere-se ao engano de
olhar por cima dos demais, considerando-se superior aos outros.
A liderança deve estar acima dos demais irmãos em maturidade e discernimento. O
seu ofício pressupõe que ele alcançou uma transformação sobressaindo aos demais,
deixando de ser considerado neófito. Eles não podem se considerar superiores, ou
melhores, mas sim, reconhecer que o seu chamado é para servir conduzindo e estimulando
a fidelidade bíblica e auxiliando os demais irmãos em sua santificação. Naquilo que eles
estão acima dos demais, devem se colocar como sustentadores para elevá-los, ou levantá-los
quando caírem, pois, eles foram chamados para serem confiável referência para o rebanho.
Esta disposição de altivez se transforma em pensamentos, motivações, sentimentos e
finalmente concretiza-se em comportamento. É interessante como este pecado é tão
comum em todo ser humano, e ao mesmo tempo prazeiroso, e tão difícil de ser
reconhecido em si mesmo. Mas, é precisamente por causa do próprio orgulho, é que ele se
esconde, somos motivados pelo sentimento de auto-preservação. O orgulho é sujo demais para
aparecer manchando a nossa tão ilustre imagem! C.S. Lewis observa que “o orgulho é um
câncer espiritual: devora toda possibilidade de amor, de contentamento ou até mesmo de
senso comum.”72 Estas três virtudes, isto é, o amor, o contentamento e o senso comum, são
indispensáveis para a liderança cristã.
O resultado final do pecado que ostenta e que nos ilude com altivez será uma
vergonhosa queda. Os efeitos do orgulho são: engano do coração (Jr 49:16); endurecimento
da mente para a verdade (Dn 5:20); produção da inimizade (Pv 13:10); leva à autodestruição
(Pv 16:18; 2 Sm 17:23); esgota as energias, porque o esforço de manter o orgulho é
demasiado difícil para ostentá-lo de forma permanente (Sl 131). A Palavra de Deus diz que
ele resiste ao soberbo (Tg 4:6).
A cura para o orgulho não está na maturidade obtida com os anos. Não é
recomendado que o neófito se torne presbítero, para que não corra o perigo de tornar-se
soberbo (1 Tm 3:6), mas, a altivez não é vencida pelo acúmulo do conhecimento, ou das
experiências, mas, somente com o quebrantamento produzido pelo Espírito do Senhor. A
Escritura Sagrada ordena-nos humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará (Tg 4:10).
Noutro lugar, Tiago disse: “meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo
que receberemos maior condenação” (Tg 3:1), e Jesus declarou que: “a todo aquele que
muito é dado, muito lhe será cobrado; e ao que muito se lhe confia, mais ainda se lhe
exigirá” (Lc 12:48).
Aquele que é identificado como ostentando uma soberba visível deve ser rejeitado
para o exercício de presbítero. O princípio é muito simples: quem não sabe ser liderado não pode
liderar (Jo 13:1-11). Não importa quanto tempo de membro tenha, se o orgulho é uma
característica dominadora em seu caráter, ele está desqualificado para ser servo dos servos
do Senhor.

72
C.S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples (São Paulo, Ed. ABU, 1997), 70.
39

Agindo como donos da igreja: autoritarismo


O apóstolo João instruindo a Gaio, adverte que “escrevi alguma cousa à igreja; mas
Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu
for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras
maliciosas. E, não satisfeito com estas cousas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como
impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja” (3 Jo vs. 9-10).
Infelizmente é possível que existam alguns presbíteros que
tirando proveito do ofício, os regentes da igreja têm perpetrado horrores indizíveis,
escravizando as almas dos homens. Há aqueles que têm lutado mais para dominar a igreja do
que os ditadores desejariam governar sobre os corpos e as fortunas dos homens; contudo, estes
líderes de igreja desejam governar do mesmo modo as almas dos homens.73

Somos todos passíveis de sermos corrompidos pelo poder. John R.W. Stott observa
que “foi Lord Acton, um político inglês do século 19, amigo e conselheiro do primeiro-
ministro William Gladstone, que compôs a máxima: ‘o poder tende a corromper; o poder
absoluto corrompe absolutamente.’”74 Ninguém está livre desta sutil, porém corrosiva
tentação, a não ser que tenhamos sempre em mente que somos servos dos servos de Cristo
(Jo 13:12-20).

Quando se esquece do propósito da lei: Legalismo


A estrutura da instituição é necessária para exista ordem, todavia, não podemos fazer
dela um fim em si mesmo. Abandonar o espírito da lei e preservar apenas a sua letra é algo
fatalmente perigoso.

Ativismo ou produtividade?
Nunca abandonar a ordem de valores [Deus, família, igreja, trabalho].
Produtivo não é o mesmo que ser agitado.
Prioridade da sua própria família.

Uma sensibilidade desnecessária


É inevitável que nos escandalizemos com o pecado dentro da igreja. Mas não
podemos ter uma sensibilidade que nos fragilize a fé.
Decepção com o lado feio da igreja local. (vide* Yancey).
O nosso trabalho não significa maquiar os defeitos da igreja, mas de tratá-los.

A prática devocional: homens de Deus ou executivos?


É indispensável pensarmos neste tema tão importante para a liderança da nossa
igreja. Embora a igreja local tenha uma organização estrutural, e exija burocracias, nunca
poderemos esquecer que ela é antes de tudo o corpo de Cristo. O que mantém a igreja local

73
Donald G. Barnhouse, Romans (Grand Rapids, Wm. Eerdmans Publishing Co., 1994), vol. 4, p. 57.
74
John R.W. Stott, O chamado para líderes cristãos, p. 32.
40

viva e saudável não é a sua administração impecável e eficaz, mas a qualidade de


relacionamentos entre os membros e a sua servil obediência à Cristo.
Devemos temer ser confundidos com meros executivos. Administramos o
patrimônio da igreja, decidimos acerca das aplicações financeiras, planejamos a aquisição,
construções e reformas de imóveis, mas estas são tarefas periféricas do nosso real chamado
de servos. Servimos o povo e ao reino de Deus, somos servos ordenados com este sublime
propósito. Nunca devemos nos esquecer que: pessoas são mais importantes do que coisas.
Cuidando do próprio coração (Lucas 5:15-16). Necessitamos da oração e o diligente
estudo da Palavra de Deus.
Devemos planejar todas as atividades mirando a glória de Deus e a produção de um
ambiente no amor de Cristo onde o evangelho é pregado com fidelidade.

A disciplina de oficiais
O Senhor Jesus afirma que a quem maior autoridade é dada, maior será o grau de
responsabilidade diante dele. Na parábola do servo vigilante lemos que “àquele, porém, que
não soube a vontade do seu senhor e fez cousas dignas de reprovação levará poucos
açoites. Mas aquele quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito se
confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12:48, ARA). Os presbíteros e diáconos são capacitados
com dons específicos, e recebem o reconhecimento da igreja e são revestidos de autoridade
por Cristo para liderarem o rebanho. Por estes motivos, não podem ser relapsos, nem
irresponsáveis com os seus deveres cristãos em todas as áreas da sua vida. Eles prestarão
contas, de um modo especial. Se fiéis em seu dever a sua honra será maior, entretanto,
também será proporcional o escândalo se houver queda.
A sábia orientação do apóstolo deve ser observada diligentemente. Escrevendo ao
jovem pastor Timóteo adverte que “não aceites denúncia contra presbítero, senão
exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no
pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam (1 Tm
5:19-20, ARA). Não se deve aceitar qualquer acusação contra um presbítero, a não ser que
seja endossado pelo testemunho verbal de duas ou três pessoas, e que sejam fidedignas.
William Hendriksen comenta que “não se deve prejudicar desnecessariamente a reputação
de um presbítero, e sua obra não deve sofrer uma interrupção desnecessária.”75 O mesmo
poderia ser concluído acerca dos diáconos. O livro de Provérbios observa que “mais vale o
bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro”
(Pv 22:1).
Uma vez comprovado que um presbítero tenha realmente cometido pecado que exija
disciplina pública os demais não podem se omitir de repreendê-lo. Hendriksen esclarece
que
os presbíteros quem andam por vias pecaminosas não devem ser poupados. Aliás, seus
pecados devem ser punidos ainda com mais severidade do que os demais. A lei fazia a mesma
distinção (Lv 4:22, 27). Timóteo devia não só fazer com que seu pecado ferisse sua consciência, mas

75
William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (São Paulo, Editora Cultura Cristã,
2001), p. 228.
41

que, no caso deles, isso fosse feito não privativamente, nem na presença de apenas uns poucos
(Mt 18:15-17), mas publicamente, ou seja, na presença de todo o consistório, para que os demais
presbíteros também viessem a sentir-se cheios de um piedoso temor de praticar o mal (cf. Gn
39:9; Sl 19:13).76

Porque Paulo evoca a indispensável presença de testemunhas para se acusar um


presbítero? Este não é um direito de todo crente, tanto na antiga como na nova Aliança
(Nm 35:30; Dt 17:6; Mt 18:16; Jo 5:31; 8:14)? Comentando este verso, João Calvino sugere
que
ninguém é mais exposto a calúnias e insultos do que os mestres piedosos. E isso provém não
só das dificuldades de seus deveres, os quais são às vezes tão volumosos que, ou vão a pique,
ou cambaleiam, ou param hesitantes, ou dão um passo em falso, de maneira que os perversos
encontram muitas ocasiões de deparar-se com algum defeito deles; mas também que, mesmo
quando executam corretamente todos os seus deveres, e não cometem nem sequer um erro
mínimo, jamais conseguem evitar mil e uma críticas. (...) Satanás faz com muitas pessoas, na
verdade quase todas, sejam tão crédulas que, sem qualquer investigação, pressurosamente
condenam seus pastores, cujo bom nome deveriam esforçar-se a defender.77

O reformador genebrino sabia pessoalmente o que era ser acusado, e ter o nome caluniado
na boca de pessoas perversas. É inevitável a falsas acusações, o próprio Senhor Jesus as
sofreu, mas, elas não devem encontrar provas.
Em seu ofício de governo os presbíteros não podem se iludir pensando que se
tornaram intocáveis. O Conselho não possui imunidade diante da justiça de Deus. John
Murray comenta que
é na igreja que a supervisão é exercida. Existe aqui uma sutil e necessária distinção. Enquanto a
supervisão é sobre a igreja, ela não está acima de algo da qual os presbíteros se isentam. Os
presbíteros não são senhores sobre a herança do Senhor; eles mesmos fazem parte do rebanho
e devem ser exemplos para ele. A Escritura tem um modo singular de enfatizar a unidade e
diversidade, e neste caso, a diversidade que reside no exercício do governo é mantida na mesma
proporção em que lembramos que os presbíteros também são sujeitos ao governo que eles
exercem sobre outros. Presbíteros são membros do corpo de Cristo e estão sujeitos à mesma
espécie de governo da qual eles são administradores.78

Os pecados dos presbíteros são como os de qualquer outro crente. Mas, por causa da sua
posição dentro do corpo de Cristo e a sua responsabilidade de ser exemplo dos fiéis, o seu
escândalo tem maior repercussão.

76
William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito, p. 228, grifos do autor.
77
João Calvino, Comentário do Novo Testamento das Pastorais – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (São Paulo, Edições
Parácletos, 1998), p. 150, 151.
78
John Murray, Collected Writings: The Claims of Truth, vol.1, p. 262.
42

A doutrina da ordenação
A doutrina da ordenação
A ordenação não é um sacramento. Ela não confere nenhuma graça invisível ao
ordenado, mas é uma nomeação e consagração de um indivíduo comum no meio da igreja
separando e investindo-o de responsabilidades e honras para o exercício de um cargo de
liderança. Charles Hodge declara que “a ordenação é a solene expressão do julgamento da
igreja, mediante daqueles que foram designados para comunicar tal julgamento, de que o
candidato é verdadeiramente vocacionado por Deus para tomar parte neste ministério, com
isso autenticando para o chamamento divino.”79
A Comissão dos teólogos da Assembleia de Westminster definiu ordenação como sendo “o
ato solene de chamar publicamente um oficial, em que os presbíteros da igreja, em nome de
Cristo, e para a igreja, por um sinal visível, designam a pessoa, e ratificam a sua dedicação
para o seu ofício; com oração e abençoando os seus dons para a ministração.” 80Alguns
elementos caracterizam a ordenação como um ato espiritual: primeiro, é um ato solene. Isto
implica a seriedade deste chamado. Segundo, há uma continuidade na ordenação, ou seja,
não é alguém que se levanta do nada e se auto-ordena, mas, são presbíteros que ordenam
presbíteros, e isto retrocede ao tempo dos apóstolos. Terceiro, a sua autoridade é
confirmada por Cristo. Quarto, os presbíteros apenas confirmam os dons e o chamado do
candidato, evidenciados no convívio da igreja.
A ordenação não é um ato de promover um sobre os demais. Por não reconhecermos
um sistema hierárquico de governo, mas, sendo conciliares, entendemos que o presbítero é
um entre iguais (1 Pe 5:1-4). Ele é separado para servir, e não para ser servido. O seu serviço é
liderar (Jo 13).
O sistema presbiteriano não reconhece nenhum tipo de ordem sacra. O ofício de
presbítero não é um clero especial, ou um sacramento que possa ser considerado um meio
de graça. O fato de alguém ser ordenado presbítero não lhe garante salvação, ou um nível
superior de santificação. De modo contrário, a Igreja Católica Apostólica Romana adota a
ordenação como um dos seus sete sacramentos.81 O teólogo católico Franz-Josef Nocke
declara que
a imposição das mãos e oração são realizadas na convicção de que nessa atuação da Igreja atua
o próprio Cristo: ele próprio toma o candidato à consagração a seu serviço, ele próprio lhe
concede seu Espírito. Por isso, visto que no sinal realizador da Igreja o próprio Cristo realiza
sua efetiva presença, a ordenação é chamada de sacramento. A consagração sacerdotal é o sacramento
do comissionamento e da concessão do Espírito para esse serviço.82
79
Charles Hodge, Church Polity citado em Louis Berkhof, Teologia Sistemática (Campinas, LPC, 1994), p. 592.
80
John Lightfoot, Journal of the Proceedings of the Assembly of Divines (London, 1824), p. 115 citado por Brian
Schwetley, A Historical and Biblical Examination of Woman Deacons (texto não publicado) consultado:
www.reformedonline.com/view/reformedonline/deacon.htm em 07/03/2007.
81
Veja Francis S. Fiorenza & John P. Galvin, orgs., Teologia Sistemática Perspectivas Católico-Romanas, vol 2, pp. 374-
390.
82
Franz-Josef Nocke, Doutrina Específica dos Sacramentos in: Theodor Schneider, org., Manual de Dogmática (Petrópolis,
Editora Vozes, 2002), vol. 2, p. 318.
43

Em nosso entendimento doutrinário a consagração ao ofício não é um ato sacerdotal,


porque em nenhum lugar das Escrituras encontramos a indicação, ou sugestão de que o
ancião, ou presbítero seja equivalente a sacerdote. Também não cremos que ao ordenado
seja concedido tanto a pessoa do Espírito Santo como quaisquer dons especiais no ato da
sua ordenação. Lemos nas páginas do Novo Testamento que tanto a presença pactual,
como os dons espirituais são concedidos na regeneração, e não num ato posterior. A
Escritura corretamente interpretada evidencia que todas estas doutrinas católicas são
estranhas ao seu ensino.
Ainda contrariando o sistema católico romano, a Escritura não estabelece que seja
necessário que o candidato ao ofício de presbítero seja antes ordenado diácono, como se o
diaconato fosse uma ordem inferior. O ofício de diácono não é pré-requisito para o
presbiterato, embora algumas igrejas presbiterianas coloquem esta prática como exigência.
A ordenação não era um ato da congregação, mas dos apóstolos.
Bannerman, Church of Christ, vol.1, p. 467

O uso da unção na antiga Aliança


Na antiga Aliança os oficiais, sacerdotes, profetas e reis, tinham a sua credencial pela
pública unção simbólica.
Cristo é o ungido de Deus (Sl 45:7).

A imposição das mãos na nova Aliança


Na nova Aliança a imposição de mãos substitui o uso tipológico da unção.

1. A imposição de mãos no Antigo Testamento


A “mão” na Escritura tem um símbolo de poder ou autoridade. Quando a Bíblia fala
da “mão do Senhor” ela se refere ao seu poder de abençoar ou amaldiçoar (Gn 48:13-14;
Ex 9:33; 1 Rs 11:2; Sl 28:2).
A imposição de mãos no Antigo Testamento também indicava a transferência de
liderança (Nm 8:10). Depois que Moisés soube que não entraria na terra prometida com os
filhos de Israel, ele seguiu a orientação do Senhor para que preparasse Josué para sucedê-lo.
E, assim disse a Moisés “toma Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e
impõe-lhe as mãos; apresenta-o perante toda a congregação; e dá-lhe, à vista deles, as tuas
ordens. Põe sobre ele da tua autoridade, para que lhe obedeça toda a congregação dos filhos
de Israel” (Nm 27:18-20).
A Escritura menciona que a prática de se ungir com óleo era um ritual de ordenação
para o exercício de um ofício durante a antiga Aliança. Quando o Senhor ordenou a Moisés
a consagração dos levitas para o exercício do sacerdócio ele disse
também ungirás Arão e seus filhos e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes.
Dirás aos filhos de Israel: Este me será sagrado da unção nas vossas gerações. Não se ungirá
com ele o corpo do homem que não seja sacerdote, nem fareis outro semelhante, da mesma
44

composição; é santo e será santo para vós outros. Qualquer que compuser óleo igual a este ou
dele puser sobre um estranho será eliminado do seu povo (Ex 30:30-33).

2. A imposição de mãos no Novo Testamento


No Novo Testamento encontramos o registro de quatro modos diferentes de impor as
mãos: 1) Cristo expressando a sua benção sobre alguém (Mt 19:15; Mc 10:16); 2) na cura de
enfermos (Mc 16:18; At 28:8); 3) conferindo miraculosas dádivas do Espírito Santo (At
8:17; 19:6); e, 4) em solenemente separar homens para exercer um ofício específico (At 6:6;
13:3).
A imposição de mãos no ato da ordenação é tão simbólico quanto a água do batismo,
e o pão com o vinho da Ceia do Senhor. No ritual da ordenação não há transmissão de
dons, mas a consagração do dom, ou dons do ordenando para o serviço. Quando é
mencionada a imposição das mãos do presbitério alguns conceitos estão implícitos:83
1. As mãos do presbitério representam as mãos de Deus.
2. As mãos do presbitério podem ser consideradas como sendo as mãos da Igreja.
3. As mãos do presbitério separam num ato simbólico de dedicação o ordenado para
um serviço específico para Deus.
4. As mãos do presbitério reconhecem a autoridade para o serviço público de liderança
na igreja.

Somente aqueles que sucedem por ordenação podem ordenar outro ao ofício de
presbítero. Não existe “auto-ordenação”, porque somente um oficial pode ratificar a
autoridade recebida a outro num ato público e por decisão conciliar.
Bannerman, Church of Christ, vol. 2, p. 421

A orientação constitucional da IPB


Os concílios da Igreja Presbiteriana do Brasil seguem a seguinte prática da ordenação,
baseada nos princípios abaixo:

1. Deve ter a vocação para o ofício (Rm 12:8)


A Constituição da IPB, no cap. VII. Seção 1ª, art.109 declara
Art.109 - Ninguém poderá exercer ofício na Igreja sem que seja regularmente eleito, ordenado
e instalado no cargo por um concílio competente.
$1º - Ordenar é admitir uma pessoa vocacionada ao desempenho do ofício na Igreja de Deus,
por imposição das mãos, segundo o exemplo apostólico e oração pelo concílio competente.
$2º - Instalar é investir a pessoa no cargo para que foi eleita e ordenada.
$3º - Sendo vários os ofícios eclesiásticos, ninguém poderá ser ordenado e instalado senão para
o desempenho de um cargo definido.

83
Richard Bacon & W. Gary Crampton, Built upon the Rock: A Study of the Doctrine of the Church (Blue Banner Books,
First Presbyterian Church of Rowlett, 1999, texto não publicado) disponível em:
http://www.fpcr.org/blue_banner_articles/Built%20Upon%20the%20Rock.htm consultado 19/03/2007.
45

2. Deve ser eleito pela assembleia da igreja local


A Constituição da IPB, no cap. VII. Seção 2ª, art.110-112 declara
Art.110 – Cabe à assembleia da Igreja local, quando o respectivo conselho julgar oportuno,
eleger pastor efetivo, presbíteros e diáconos.

Art.111 – O Conselho convocará a assembleia da Igreja e determinará o número de oficiais


que deverão ser eleitos, podendo sugerir nomes dos que lhe pareçam aptos para os cargos e
baixará instruções para o bom andamento do pleito, com ordem e decência.

Art.112 – Só poderão votar e ser votados nas assembleias da Igreja local os membros em plena
comunhão, cujos nomes estiverem no rol organizado pelo Conselho, observado o que
estabelece o Art.13 e seus parágrafos.

3. Deve ser ordenado pelo Conselho da igreja local


A Constituição da IPB, no cap. VII. Seção 3ª, Art.113-114 declara
Art.113 – Eleito alguém que aceite o cargo e, não havendo objeção do Conselho, designará
este o lugar, dia e hora da ordenação e instalação, que serão realizadas perante a Igreja.

Art.114 – Só poderá ser ordenado e instalado quem, depois instruído, aceitar a doutrina, o
governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil, devendo a Igreja prometer tributar-lhe
honra e obediência no Senhor, segundo a Palavra de Deus e esta Constituição.

O cuidado na ordenação
A Palavra de Deus nos declara que a ordenação é realizada por oficiais autorizados
por Deus e representantes da autoridade de Cristo (1 Tm 4:14). Por isso, o nosso Senhor
exige que sejamos cuidadosos na ordenação dos oficiais. A Escritura nos adverte que “a
ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (1 Tm 5:22, ARA). Acerca desta passagem
J.N.D. Kelly comenta que
o reconhecimento que os presbíteros são passíveis de cair na má conduta, e do julgamento
terrível que os aguarda caso assim fizerem, sublinha a importância de usar cuidado e
deliberação extremos quando se nomeia tais oficiais. Além disto, está de acordo com a
preocupação de Paulo nas [epístolas] Pastorais o fato de ser muito desejável obter para o
ministério homens de caráter firme e comprovado. (...) Uma razão sadia porque um pastor
principal deve exercer prudência em ordenar é evitar a associação de si mesmo com os pecados de
outrem. Ele poderia, com toda justiça, ser considerado até certo ponto responsável se o homem
a quem ordenara com pressa imprópria se tornasse ocasião de escândalo. Longe de permitir que
isto acontecesse, o líder cristão que é conclamado a julgar, e também a castigar outros, deve
(conforme Paulo admoesta a Timóteo) conservar-se a si mesmo puro, i.é., sua própria vida deve estar
absolutamente acima de repreensão.84

[fazer exegese] “e, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois


de orar com jejuns, os encomendaram [ordenaram] ao Senhor em quem haviam crido” (At
14:23).
84
J.N.D. Kelly, I eII Timóteo e Tito – introdução e comentário (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1986), p. 122.
46

O candidato necessita receber um treinamento antes da eleição. É indispensável o


conhecimento do sistema de governo, da Constituição da IPB e dos documentos
doutrinários para que se subscreva, submeta, ensine, defenda e viva a nossa herança
reformada com consciência e coerência. O candidato obrigatoriamente deverá ler e estudar:
1. A Constituição da IPB
2. Os Símbolos de Westminster
a. A Confissão de Fé de Westminster
b. O Catecismo Maior de Westminster
c. O Breve Catecismo de Westminster

A fidelidade aos votos feitos na ordenação


A.A. Hodge, Confissão Fé Comentada, pp. 389-397.
O direito que a Igreja Presbiteriana tem de determinar as qualificações dos
candidatos a cargos eclesiásticos e de requerer-lhes compromissos de fidelidade é
constitucional, moral e bíblico. A Confissão de Fé de Westminster declara que
Quem vai prestar um juramento deve considerar refletidamente a gravidade de ato tão solene,
e nada afirmar senão do que esteja plenamente persuadido ser a verdade, obrigando-se tão-
somente por aquilo que é justo e bom, e que tem como tal, e por aquilo que pode e está
resolvido a cumprir. É, porém, pecado recusar prestar juramento concernente a qualquer coisa
justa e boa, que seja exigido pela autoridade legal.85

[fazer exegese do 9º mandamento “não darás falso testemunho”].


O pecado da reserva mental é uma prática comum em muitas situações onde o
juramento é exigido. Reserva mental é o ato em que o indivíduo voluntariamente se limita a
aceitar ou concordar, sem que seja por completo, mantendo algumas reservas, sem revelá-
las aos seus inquiridores. Não é necessário dizer que esta atitude é pecaminosa, faltando
com a transparência, e divorciando a palavra da disposição do coração. Noutro lugar a
Confissão de Fé de Westminster declara que
O juramento deve ser prestado conforme o sentido comum e claro das palavras, sem equívoco
ou reserva mental. Não pode obrigar a pecar; mas, sendo prestado com referência a qualquer
coisa não pecaminosa, obriga ao cumprimento, mesmo com prejuízo de quem jura. Não deve
ser violado, ainda que feito a hereges ou infiéis.86

A outra situação onde o que jura também falha em seu juramento.87 É possível que
embora seja sincero em sua disposição em concordar com o que está declarando, mas esteja
mentindo por não conhecer ou não entender as implicações de seu juramento. Esta prática
não é menos pecado do que a desonesta reserva mental. Pois, como posso dizer que creio
num sistema doutrinário que ignoro, ou não entendo? Ao participar de um grupo é
indispensável que eu saiba o que ele crê.

85
Confissão de Fé de Westminster XXII.3
86
Confissão de Fé de Westminster XXII.4
87
Lewis B. Smedes, Moralidad y Nada Más (Grand Rapids, Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1997), p. 232.
47

Os votos da ordenação
O Manual de Culto da Igreja Presbiteriana do Brasil orienta quais as perguntas
constitucionais devem ser feitas para a ordenação e investidura do aspirante ao ofício de
presbítero. Segue a citação:88
1. Crê que as Escrituras do Antigo e Novo Testamento são a Palavra de Deus, e que esta Palavra é a única
regra de fé e prática?
2. Recebe e adota sinceramente a Confissão de Fé e os Catecismos [de Westminster] desta Igreja, como fiel
exposição do sistema de doutrina nas Escrituras Sagradas?
3. Sustenta e aprova o Governo e Disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil?
4. Aceita o ofício de Presbítero Regente desta Igreja, e promete desempenhar fielmente todos os deveres
deste cargo?
5. Promete procurar manter e promover a paz, a unidade, a edificação e a pureza da Igreja?

O tempo de exercício do ofício


O exercício do mandato do ofício de presbítero é temporário. A ordenação é
permanente, ou seja, uma vez ordenado presbítero, ele será sempre oficial. Todavia, o
exercício somente é válido caso o presbítero seja reeleito e instalado pelo Conselho da
igreja. Vejamos o que a Constituição diz no cap. IV. Seção 3ª, art.54, 56 e 57, declara que:
Art.54 – O exercício do presbiterato e do diaconato limitar-se-á ao período de cinco anos, que poderá
ser renovado.

Art.56 – As funções de presbítero ou de diácono cessam quando:


a)terminar o mandato, não sendo reeleito;
b)mudar-se para lugar que o impossibilite de exercer o cargo
c)for deposto;
d)ausentar-se sem justo motivo, durante seis meses, das reuniões do Conselho, se for
presbítero e da Junta Diaconal, se for diácono;
e)for exonerado administrativamente ou a pedido, ouvida a Igreja.

Art.57 – Aos presbíteros e aos diáconos que tenham servido à Igreja por mais de 25 anos, poderá esta,
pelo voto da Assembleia, oferecer o título de Presbítero ou diácono Emérito, respectivamente, sem
prejuízo do exercício do seu cargo, se eles forem reeleitos.

O mandato do oficial está restrito à igreja que o elegeu. Assim, caso ele se transfira
para outra igreja o exercício do seu mandato termina.
Por que, em geral, os presbíteros em disponibilidade e eméritos assumem uma
atitude passiva, e às vezes omissa, no exercício do seu ofício? Este é um assunto que os
nossos amados presbíteros em disponibilidade deveriam refletir com carinho quanto ao seu
permanente chamado

88
Manual de Culto (São Paulo, Casa Editora Presbiteriana do Brasil, s./d.), pp. 60. Fiz algumas adaptações para atualizar o
português numa linguagem mais simples.
48

O treinamento administrativo
O Manual Presbiteriano
O Manual Presbiteriano é o documento de ordem que rege as questões legais
internas das igrejas locais, bem como em todos os concílios da IPB. Ele também é o
documento que em assuntos legais estabelece o vínculo entre a igreja local e a denominação.

A submissão aos concílios superiores


Somos uma denominação com estrutura conciliar ascendente.

As prerrogativas do Conselho
O Conselho tem a autoridade e responsabilidade de governar a igreja local. CIPB –
cap.V, art. 83.

A importância da Ata do Conselho


A Ata do Conselho é um documento de valor ímpar dentro da nossa denominação.
A Ata do Conselho tem valor jurídico. As decisões tomadas em Conselho devem ser
registradas com clareza e objetividade evitando ambiguidades, de modo que seja distorcida a
sua interpretação. Contrato de funcionários. Recepção de novo pastor e demais obreiros no
campo. O Presbitério nas reuniões ordinárias exige a Ata como registro do
desenvolvimento administrativo, financeiro e espiritual para ser avaliada alguma
irregularidade.
Ela é um documento histórico. É o registro de admissão e demissão dos membros.

A confecção de documentos
Todo documento somente terá validade e será aceito se for assinado pelo
interessado. Quanto à forma de confecção poderá ser escrito à mão, datilografado ou
digitado no computador.

O acompanhamento contábil da igreja


A igreja local é uma instituição sob leis brasileiras e está sujeita a impostos e
prestação de contas não somente aos seus membros, mas ao governo.

Os documentos e arquivos da igreja local


A documentação jurídica da igreja local deve ser guardada com diligência, de modo
que, o manuseio não prejudique a sua preservação, nem se extravie. Os documentos da
igreja local são:
1. Estatuto da igreja.
2. Escritura do patrimônio da igreja.
3. Rol de membros atualizado anualmente.
4. Registro de contrato em cartório, ou carteira de trabalho do(s) funcionário(s) da igreja.
49

5. Atualização dos impostos pagos ou isentos.


6. Arquivo de contas pagas de prestação de serviços (água, luz, telefone, etc.).
7. Arquivo de correspondência das decisões dos concílios superiores.
8. Arquivo de documentos do patrimônio da igreja.
9. Regimento da Junta Diaconal.
10. Relatório anual das sociedades internas.

A eleição de oficiais
O Conselho no processo de eleição de oficiais deve zelar por:
1. Seguir a instrução da Constituição da IPB quanto ao processo de eleição.
2. Estipular os critérios de indicação de candidatos.
3. Verificar a constitucionalidade do candidato para o ofício.
4. Organizar os critérios de indicação de candidatos e instruir a igreja para que participe.
5. Avaliar a reputação do candidato na família, igreja e sociedade.
6. Examinar as suas convicções e compromisso doutrinário com a IPB.
7. Inibir toda manifestação de partidarismo dentro da igreja, que venha prejudicar a
comunhão.
8. Conduzir todo processo em disposição de comunhão e oração, buscando a orientação do
Espírito de Deus.

A eleição de pastores
Na eleição de pastores embora o processo se assemelhe a dos presbíteros, há algumas
alterações significativas, pelo fato, dos candidatos serem membros do presbitério, e não da
igreja local. Assim o Conselho deve:
1. Seguir a instrução da Constituição da IPB quanto ao processo de eleição.
2. Encaminhar o processo de eleição de pastor ao presbitério para avaliação.
3. Organizar os critérios de indicação de candidatos e instruir a igreja para que participe.
4. Verificar a constitucionalidade do candidato para o ofício.
5. Avaliar a reputação do candidato na família, igreja e sociedade.
7. Examinar as suas convicções e compromisso doutrinário com a IPB.
8. Estipular qual será a duração de tempo do mandato do pastor eleito.
9. Inibir toda manifestação de partidarismo dentro da igreja, que venha prejudicar a unidade
e andamento do processo de eleição e transição pastoral.
10. Conduzir todo processo em disposição de comunhão e oração, buscando nos princípios
da Escritura a necessária orientação do Espírito de Deus.

A revisão de estatuto da igreja


1. Para atualizar gramática e a legislação vigente quanto à entidade religiosa.
2. Em caso de mudança de nome.
3. Se ocorrer o extravio ou dano ao documento. O cartório não disponibiliza uma 2ª via e,
isto gera um problema, pois havendo necessidade de reproduzir xérox, a igreja terá que
recorrer ao cartório e solicitar fotocópia reconhecida, demandará tempo e custos.
50

O treinamento de líderes
Quando se deseja criar, ou aperfeiçoar um grupo, deve-se dar especial atenção
àqueles que governam. Se escolhermos pessoas que não têm aptidão para liderar, estaremos
condenando os liderados. Este cuidado deve ser observado não somente na escolha do
líder, mas também, na sua preparação para que exerça eficazmente o seu dom de liderança.
O líder é o indivíduo que planeja, organiza, comanda, coordena e conduz para um alvo um
grupo. É alguém que sem fazer tudo em lugar de todos (porque não é centralizador), leva
cada um a realizar-se dentro do grupo, através da ação coordenada.
A liderança é a direção na qual se preocupa concentrar toda a atenção sobre as
atitudes e interesses dos subordinados que na realidade, não são tratados como simples
auxiliares, mas, sim, como colaboradores. O líder é a pessoa que procura dirigir com
cooperação, participação espontânea e boa vontade das pessoas que dirige. James C. Hunter
nos providencia a seguinte definição: é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem
entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum.89

A liderança cristã

John R.W. Stott comenta que “‘liderança’ é uma palavra comum a cristãos e não-
cristãos, mas isso não significa que tenha o mesmo conceito para ambos. Ao contrário,
Jesus introduziu no mundo um novo estilo de liderança servil.”90 O evangelista Marcos
registrou que
Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados
governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem
autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós,
será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos (Mc 10:42-
44).

O que lidera tem que ser referencial de humildade. Se liderarmos com arrogância,
formaremos discípulos orgulhosos. Toda ação possui uma reação, e, esta reação pode ser de
repúdio, ou de contaminação. Por isso, John R.W. Stott conclui que o líder tem que ser
humildade diante de Cristo, de quem somos servos; humildade diante das Escrituras, de quem
somos despenseiros; humildade diante do mundo, cuja oposição somos obrigados a encarar e
diante da congregação, cujos membros devemos amar e servir.91

Os líderes cristãos devem ter cuidado, respeito e responsabilidade com as pessoas


que lideram. Apaixone-se pelo nosso povo. Quando realizamos qualquer tarefa
89
James C. Hunter, O Monge e o Executivo – uma história sobre a essência da liderança (Rio de Janeiro, Editora Sextante,
2004), p. 25.
90
John R.W. Stott, O chamado para líderes cristãos, p. 9.
91
John R.W. Stott, O chamado para líderes cristãos, p. 102.
51

apaixonados, não percebemos o seu peso, nem as dificuldades inerentes. Temos uma
enorme responsabilidade, porque cuidamos da noiva do Cordeiro. Ele ama a sua noiva, a
Igreja, o seu coração foi-lhe entregue. É perigoso menosprezar a amada do Senhor Jesus!

T.D. Alexander, Novo Dicionário de Teologia Bíblica, pág. 923

Princípios gerais de liderança

Existem atitudes que colaboram para o contínuo crescimento do líder:92


1. Está sempre aprendendo. Aprende com todos e em qualquer situação, porque aprendeu à
aprender. Procura ler e/ou fazer cursos para atualização ministerial.
2. A sua compreensão de que a sua liderança é um chamado de Deus, e não uma carreira.
3. A habilidade de equilibrar realismo com o otimismo. Sem negar nem fugir das crises,
encontra nelas um desafio e uma oportunidade para crescer.
4. Acredita na potencialidade das pessoas que lidera. Todos os membros do Corpo de
Cristo têm dons. As pessoas amadurecem pela experiência dos erros e acertos.
5. Reconhece e agradece àqueles que o precederam. O líder constrói sobre os alicerces
lançados por outros (1 Co 3:1-9).
6. Propõe uma concepção que explica a razão da existência da Igreja. Visando atingir aos
objetivos identificados dentro desta visão.
7. Planeja e cria a estratégia para atingir-se a visão e o propósito.
8. Organiza proporcionando a estrutura que ajudará a atingir a visão.
9. Acompanha os padrões de desempenho dentro do planejamento.
10. Edifica a equipe produzindo a oportunidade para o desenvolvimento pessoal e a mútua
cooperação.
11. Influenciar e estimular as pessoas em suas dúvidas e frustrações.
12. Trabalhar entusiasticamente.
13. Coopera para o bem comum.

A necessidade da liderança

Algumas igrejas têm resgatado o princípio “sacerdócio de todos os santos” e por


causa da consciência de que cada crente é responsável per si mesmo diante de Deus,
algumas questões têm surgido: se cada um obedecendo a Escritura, pode cuidar do seu
próprio relacionamento com Deus, a liderança não é supérflua? A igreja não seria mais
saudável e mais dinâmica sem ela? Esta é a conclusão de algumas seitas.

92
Algumas ideias foram adaptadas de Roberto A. Orr, Liderança (Anápolis, Asas de Socorro, texto não publicado, revisado
2003), p.46.
52

Os questionamentos sobre a necessidade e relevância da liderança surgem quando as


suas funções estão omissas. Algo, ou alguém que nos faça bem, quando é retirado sentimos
a sua falta.
Algumas palavras podem esclarecer o que é uma liderança que cuida:
1. Informação através do diálogo com todo o corpo.
2. Formação oferecendo um crescimento saudável.
3. Transformação com mudanças necessárias para melhorar (ex., casulo).
4. Nutrição para que não haja necessidades insatisfeitas.

A liderança planejando

Os líderes conduzem a um alvo com planejamento. Há um ditado que diz: planeje o seu
trabalho, e depois trabalhe o seu plano. A igreja tem que ter propósitos definidos.
Algumas perguntas devem ser feitas constantemente para que a resposta seja clara na
mente dos liderados:
1. Quem somos?
2. Onde estamos?
3. Onde desejamos chegar?
4. Como chegaremos lá?
5. O que estamos fazendo?
6. Como deve ser feito?
7. Quem deve fazer?

Por que precisamos planejar?


1. É um mandamento bíblico (Pv 15:22; 20:18; Lc 14:28-33).
2. O planejamento esclarece os métodos para alcançarmos com eficácia o objetivo.
3. As tarefas designadas serão cumpridas com maior eficiência, melhorando os
relacionamentos da equipe.
4. É possível avaliar o cumprimento do propósito.
5. Facilita a avaliação do desempenho dos cooperadores e liderados.
6. Alvos esclarecidos são geradores de motivação.

Os dez mandamentos do líder

1. Respeite cada pessoa liderada do seu grupo. Respeito nunca é em excesso.


2. Evite críticas a qualquer pessoa em público, procurando sempre elogiar, diante do grupo,
os aspectos positivos de cada um.
3. Confie no grupo.
4. Seja exemplo pessoal, em vez de criticar.
53

5. Dê a cada um o seu lugar, levando em consideração os seus dons, interesses e aptidões


pessoais.
6. Evite dar ordens impositivas. Procure a cooperação de cada um.
7. Evite tomar, mesmo que de maneira provisória, a iniciativa de uma responsabilidade que
pertença a outrem, mesmo pensando que você poderia fazer melhor.
8. Consulte os membros da igreja, antes de tomar uma resolução importante que envolva
interesses comuns.
9. Antes de agir, explique aos membros do grupo o que vai fazer e o motivo.
10. Evite tomar partido nas discussões, quando presidir uma reunião, guardando a posição
mais neutra possível.

Os dez erros comuns que os líderes cometem93

1. Possuir sentimento de superioridade (pirâmide de autoridade).


2. Falhar em supervisionar o agora e não discernir o futuro.
3. Recusar em ser exemplo no que lidera.
4. Gerenciar a todos do mesmo modo, não entendendo a cultura da organização e dos
liderados.
5. Preferir um partido e desprezar os outros grupos.
6. Desejar reconhecimento dos méritos pessoais.
7. Não avaliar realisticamente o seu desempenho.
8. Não aceitar as críticas construtivas.
9. Não treinar o seu grupo.
10. Não delegar tarefas centralizando em si a execução.

As dez maneiras de matar a sua liderança

1. Não compareça às reuniões, nem justifique, e quando vier chegue sempre atrasado.
2. Quando solicitado a colaborar, diga que o trabalho deve ser feito pelos liderados.
3. Se não participar às reuniões, critique as decisões daqueles que compareceram.
4. Nunca aceite um cargo de responsabilidade.
5. Fique irado se não lhe colocarem para participar de uma comissão de destaque.
6. Quando solicitarem a opinar sobre algum assunto importante, seja omisso.
7. Depois de decidido uma questão, volte atrás e posicione-se contra, demonstrando
publicamente a sua discordância após a reunião.
8. Ignore as necessidades dos liderados.
9. Seja agressivo ao comunicar uma decisão do Conselho aos membros.
10. Seja arrogante por causa da posição que ocupa dentro da igreja.

93
Adaptado de Roberto A. Orr, Liderança, p.46.
54

Apêndice 1
Marido de uma só mulher

A prescrição de que o bispo [gr. episcopos, i.é., supervisor] seja “esposo de uma só
mulher” (1 Tm 3:2) é um assunto de acalorada discussão há muito tempo. A opinião dos
intérpretes está dividida em direções diferentes.

A exclusividade matrimonial
O entendimento deste preceito seria de que o presbítero deve ser marido de uma só
esposa durante toda a sua vida, e que se mantivesse viúvo, sem contrair segundas núpcias. A
argumentação recorre a interpretação errônea do pensamento de Paulo. J.N.D. Kelly é um
defensor deste ponto de vista, ele argumenta pressupondo que o apóstolo era influenciado
pela mentalidade cultura de sua época a respeito da castidade. Segundo Kelly “a atitude da
antiguidade era marcante diferente daquilo que prevalece na maioria dos círculos hoje,

A proibição da poligamia
A prática da monogamia foi uma virtude que o Cristianismo trouxe para o mundo
antigo. Mesmo entre os judeus era tolerado a poligamia. Pode-se constatar nos escritos de
Josefo onde ele testemunha que “devido os costumes antigos um homem pode viver com
mais de uma esposa”.94 Ainda lemos outro caso em que Justino, o mártir, declara que “ainda
hoje é possível que um judeu tenha quatro ou cinco esposas”.95

A prescrição da fidelidade conjugal


Há quem aceite que este preceito se refira somente que o marido deve ser fiel à sua
esposa não se envolvendo com amantes, ou situações de adultério.

A exclusão dos divorciados do exercício do ministério


Esta perspectiva ainda se subdivide em duas posições. Entre aqueles que entendem
que se o divórcio aconteceu antes da conversão, daqueles que se divorciam após a
conversão. E ainda levantando em conta, as questões da parte inocente, no caso de
adultério.

Apêndice 2
Sugestão de perguntas para a avaliação

1. Como é o seu relacionamento com a sua esposa?


94
Flávio Josefo, Antiguidades, 17:1,2.
95
Justino, o mártir, Diálogo com Trifo 134.
55

2. Você se preocupa com a conduta moral e a saúde espiritual dos seus filhos?
3. Por que motivo você deseja ser um oficial da IPB?
4. Quais outros ministérios e cargos você ocupa atualmente na igreja local?
5. Você procura conscientemente melhorar a sua liderança através de cursos, leituras e
conversas com lideranças e com os seus liderados?
6. Você tem dificuldade com alguma doutrina da IPB?
7. Você é fiel dizimista? Como você poderá administrar o dinheiro dos outros se você
não contribui?
8. Você é a favor da ordenação de mulheres como diaconisa, presbítera ou pastora?
9. Qual a sua opinião sobre pastores e oficiais que após a ordenação se divorciam, e
continuam no exercício do seu ministério?

Apêndice 3
Perguntas constitucionais de ordenação

1º. Vocês confessam crer que as Escrituras do Velho e Novo Testamento são a Palavra
de Deus, e que esta palavra é a única regra infalível de fé e prática?

2º. Vocês recebem e adotam a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja como fiel
exposição do sistema de doutrina ensinado nas Santas Escrituras?

3º. Vocês sustentam e aprovam o Governo e a Disciplina da Igreja Presbiteriana do


Brasil?

4º. Vocês aceitam o ofício [presbíteros regentes e diáconos] desta Igreja, e prometem
desempenhar fielmente todos os deveres deste cargo?

5º. Prometem, ainda, procurar manter e promover a paz, a unidade, a edificação e a


pureza da Igreja?

Livros recomendados para leitura posterior

Os livros selecionados aqui são indicações de leitura para o contínuo crescimento dos
oficiais em seu exercício. Como os demais eles são discípulos de Cristo, e nunca podem
56

deixar de serem aprendizes. O hábito da leitura é saudável como um recurso deste


amadurecimento na fé cristã.

. A Bíblia de Estudo de Genebra (Editora Cultura Cristã).


. Manual Presbiteriano (Editora Cultura Cristã).
. A Confissão de Fé de Westminster (Editora Cultura Cristã).
. O Breve Catecismo de Westminster (Editora Cultura Cristã).
. O Catecismo Maior de Westminster (Editora Cultura Cristã).

. ANGLADA, Paulo, Calvinismo: As Antigas Doutrinas da Graça (Editora Os Puritanos).


. ASCOL, Thomas K., ed., Amado Timóteo (Editora Fiel).
. BAXTER, Richard, O Pastor Aprovado (PES).
. BENTON, John e John Peet, As Doutrinas da Graça (Editora Cultura Cristã).
. HODGE, A.A., Confissão de Fé Westminster Comentada (Editora Puritanos).
. HORTON, Michel, As Doutrinas da Maravilhosa Graça (Editora Cultura Cristã).
. JOHNSON, Terry, A Doutrina da Graça na Vida Prática (Editora Cultura Cristã).
. KUYPER, Abraham, Calvinismo (Editora Cultura Cristã).
. MACARTHUR, Jr., John, Pense Biblicamente (Editora Hagnos).
. MACARTHUR, John, Jr., Redescobrindo o Ministério Pastoral (CPAD).
. MILLER, Samuel, O Presbítero Regente (Editora Os Puritanos).
. OAK, John Han Hum, Chamado para acordar o leigo (Editora Cultura Cristã).
. PACKER, J.I., Teologia Concisa (Editora Cultura Cristã).
. PORTELA, F. Solano, et al., Disciplina na Igreja – uma marca em extinção (Editora Os Puritanos).
. REED, Kevin, Governo Bíblico de Igreja (Editora Os Puritanos).
. ROBERTS, W.H., O Sistema Presbiteriano (Editora Cultura Cristã).
. SPENCER, Duane E., TULIP: Os Cinco Pontos do Calvinismo (Editora Parácletos).
. VOS, Johannes G., Catecismo Maior de Westminster Comentado (Editora Os Puritanos).
. WHITE, Peter, O Pastor Mestre (Editora Cultura Cristã).
. WHITEROW, Thomas, A Igreja Apostólica – Que significa isto? (Editora Os Puritanos).

Referência bibliográfica
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2007), vol. 2.
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2010).
. BANNERMAN, James, The Church of Christ – a treatise on the nature, powers, ordinances, discipline and government
of the Christian Church (Edmonton, Still Waters Revival Books, 1991), 2 vols.
. BEARDSLEE II, John W., org., Reformed Dogmatics (Grand Rapids, Baker Books, 1977).
. BERKHOF, Louis, Teologia Sistemática (Campinas, LPC, 1994).
. BROWN, Michael, ed., Called to serve – essays for elders and deacons (Grandville, Reformed Fellowship, 2006).
57

. BRUCE, F.F., Paulo – o apóstolo da graça (São Paulo, Shedd Publicações, 2003).
. BUSWELL, James O., Jr., A Systematic Theology of the Christian Religion (Grand Rapids, Zondervan
Publishing House, 1974) vol. 2.
. CALDAS, Carlos, Fundamentos da Teologia da Igreja (São Paulo, Editora Vida, 2007).
. CLOWNEY, Edmund, A Igreja – Série Teologia Cristã (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2007).
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