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Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki
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Modelos
Testemunhas
Pacificadores
Introdução
Reconheço que pessoas mais capacitadas poderiam ter escrito um texto versando
acerca do ofício de presbítero. Todavia, a necessidade, e mais especificamente, a minha
urgência como pastor de uma igreja local, exigiu-me prepará-lo. O Senhor tem-me dado a
oportunidade de usar este texto para aplicar um curso de treinamento de oficiais em igrejas
locais, e com as atentas observações dos colegas de ministério e magistério, ele está
passando por várias revisões, sendo ampliado e enriquecido, e de um simples texto visando
oferecer um curso para os presbíteros, ele está se configurando num projeto de livro. Mas,
por enquanto, este texto se limita a estudar apenas o ofício dos presbíteros regentes, tenho
preparado outro material para o treinamento de diáconos, mas, creio seja mais proveitoso a
sua aplicação à parte deste. É necessário que tenhamos com suficiente clareza, à luz das
Escrituras, quem somos, para que saibamos o que devemos fazer em nosso chamado
dentro do corpo de Cristo.
Os nossos presbíteros, em geral, têm aprendido o como ser e fazer com a
experiência, ou com a maturidade dos mais antigos, ou ainda dos anos no exercício pessoal
no ofício. Este processo é longo, e cercado de dolorosas incertezas, e erros desnecessários.
É verdade que os pastores [presbíteros docentes] têm se esforçado em oferecer uma
preparação e orientação básica como introdução ao ofício, mas também não há material
adequado para esta solene tarefa.1O meu propósito com este estudo é oferecer um livro que
expresse com fidelidade confessional, de modo prático e objetivo, um recurso para a
formação dos presbíteros, segundo o ensino bíblico.
Este texto tem o propósito de esclarecer os princípios que modelam a formação e
exercício do ofício de presbítero no sistema presbiteriano. Observe bem, neste parágrafo eu
disse modelam e não limitam a sua função. Ele é meramente um texto introdutório aos
principais assuntos que envolvem a nossa herança reformada, bem como a natureza,
propósito e prática do presbiterato, não tenho a ingênua pretensão de esgotar o assunto.
Tenho lutado contra a acusação de que este escrito seja algo apenas teórico, e de que ele
seja impraticável! Estou convencido de que toda verdade espiritual é aplicável à experiência
comum dos filhos de Deus, e, assim, os ensinos aqui presentes são apresentados de modo
que o leitor saiba quem ele é, como presbítero, e o que deve fazer, todavia, não quero
limitar toda a potencialidade do ofício, que é segundo a providência de Deus, usado pela
sua multiforme graça e a diversidade dos dons do Espírito Santo concedidos a cada um.
Tentei seguir a sugestão de não ser prolixo em cada tema abordado no texto, embora,
olhe para algumas partes e perceba que algo mais poderia ser escrito. Esta é uma tentação
que venci em alguns casos. Talvez, alguns dos leitores tenham a mesma sensação de
1
A Casa Editora Presbiteriana publicou o livro do presbítero F. Martin, O Ofício de Presbítero (São Paulo, 1959). Mas, este
encontra-se esgotado. Outro livro valioso, e deveria ser lido por todos os pastores e presbíteros, é de John Sittema, Coração
de Pastor (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004).
3
insatisfação, mas é possível que com as novas sugestões seja o livro revisado e ampliado
naquilo que for essencial e realmente necessário. A limitação do texto procura ser coerente
com a proposta de oferecer um curso breve de eclesiologia presbiteriana, focalizando o
ofício de presbítero. Assim, caso alguém tenha interesse em desenvolver e aprofundar no
estudo destes assuntos, no fim do texto há uma bibliografia recomendada para estudos
posteriores.
Não tenho pretensão de originalidade. Embora procure usar uma linguagem e
terminologia mais contemporânea, sem desprezar alguns termos consagrados na teologia,
não abandono a tradição reformada e mais especificamente a presbiteriana escocesa da qual
somos herdeiros. Os presbiterianos têm o seu nome forjado na Escócia com John Knox,
embora a sua teologia surgisse na Suíça com João Calvino, e posteriormente fosse
documentada na Inglaterra pelos teólogos da Assembleia de Westminster. Estes
presbiterianos britânicos que viveram no período áureo do puritanismo, migraram para os
Estados Unidos da América e anos depois, enviaram o jovem pastor Ashbel G. Simonton2
como missionário para implantar o presbiterianismo no Brasil, ainda no período do
império. Preservando esta tradição eclesiástica sigo os manuais de eclesiologia dos escoceses
James M. Porteous, James Bannerman, William Cunningham e de americanos como Samuel
Miller, Charles Hodge, James H. Thornwell, Thomas Witherow, Robert L. Dabney,
preservando a identidade configurada pelos teólogos de Westminster.3 Entretanto, a nossa
tradição não glorifica a si mesma, senão que se põe debaixo da absoluta autoridade da
Escritura Sagrada. Por isso, você encontrará aqui uma contínua busca no texto sagrado, ou
seja, a procura do ensino unificado desde a antiga até a nova aliança, apresentando o
modelo divino de liderança estabelecido pelo próprio Deus para o seu povo, em todas as
épocas da história da salvação.
A metodologia adotada envolve o uso da linguagem comum, unida ao rigor
acadêmico. Todas as citações nas línguas originais estão transliteradas, a fim de que, a
clareza do conceito fique em evidência, e não nos percamos em meticulosidades linguísticas
desnecessárias. Quando se recorrer a algum livro ou site será citado nas notas de rodapé, de
modo que possibilite a verificação das fontes. Quanto ao nome de personagens históricos
procurei manter o original e não a forma aportuguesada, senão em casos consagrados em
nosso idioma, como por exemplo, o nome de João Calvino.
Espero que esta obra possa atingir o seu alvo: “... com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12).
Compartilhar o estudo sistematizado do que a Escritura Sagrada ensina acerca da natureza e
dos deveres da liderança é um chamado que Deus tem me ordenado pelos recursos que Ele
me dispôs. Estudar este assunto tem alegrado o meu coração, bem como fortalecido as
minhas convicções e ampliado a minha percepção ministerial. Conhecer o ofício de
2
Ashbel G. Simonton chegou ao Brasil em 12 de Agosto de 1859 e fixou residência na capital do império, na época a
cidade do Rio de Janeiro.
3
O livro texto que orienta o sistema de governo presbiteriano na Assembléia de Westminster foi, The Divine Right of
Church Government. Recentemente foi publicada uma versão em inglês moderno por David Hall (Dallas, Naphtali Press,
1995).
4
Assim, saber eleger a partir da convicção de que eles estarão cumprindo a sua função, e
obedecendo-se fielmente o seu chamado produzirá frutos de alegria.
Este assunto deve esclarecer o quais são as tarefas dos supervisores. Kevin Reed
reclama que “há uma gritante necessidade de que os elementos constituintes do sistema
presbiteriano de governo eclesiástico sejam tratados de modo prático.”5 Não queremos
apenas expor o ensino, mas demonstrar como ele é prático e indispensavelmente relevante
para a saúde da igreja local.
4
Samuel Miller, An Essay on the Warrant, Nature and Duties of the Office of the Ruling Elder (New York, 1831), págs.
272-273 citado por Kevin Reed, “Palavra do editor norte-americano” in: O Presbítero Regente (São Paulo, Editora Os
Puritanos, 2001), págs. 8-9.
5
Kevin Reed, “Palavra do editor norte-americano” in: O Presbítero Regente, págs. 11.
6
Supremo
concílio
Conselho da
igreja local
Conselho da
igreja local
Conselho da
igreja local
Conselho da
igreja local
8
O ofício de presbítero
A origem dos presbíteros
Robert D. Culver, Systematic Theology, págs. 941-954
A palavra presbítero é uma transliteração aportuguesada do grego presbyterós, que
significa literalmente ancião. No sentido do Novo Testamento, quando se refere à liderança
da Igreja Cristã, indica uma pessoa que possuí um ofício de autoridade, mas, em outros
contextos do grego coinê7pode-se referir simplesmente a um homem idoso. A palavra
presbyterion encontrado em Lc 22:66, At 22:5 e 1 Tm 4:14 significa “concílio de anciãos”.
Herman Ridderbos observa que o ofício de presbítero “certamente possuí antecedentes
patriarcais e se originou no judaísmo, onde é a designação de uma classe social.” 8 Então,
não era necessariamente a liderança realizada somente por homens idosos, mas idôneos. O
que concedia o direito de participar na liderança era a sua sensatez, sabedoria e capacidade
de influência. A palavra indica no Novo Testamento não a maturidade biológica, mas a
espiritual, ou seja, não especificamente a sua idade, mas a transformação que o discípulo de
Cristo alcançou sobressaindo aos demais, deixando de ser considerado neófito (1 Tm 3:6).
Desde o Antigo Testamento o sistema de governo é exercido através de anciãos, ou
seja, dos presbíteros. Tanto Moisés, como os sacerdotes e levitas, os juízes e os reis de
Israel, eram auxiliados pelos “anciãos de Israel” (Êx 3:16-18; 4:39; 12:21; 17:5-6; 18:13-17;
19:7; 24:1, 9-11; Lv 4:15; 9:1-2; Nm 11:14-25; Dt 5:23; 22:15-17; 27:1; Js 7:6; 8:33; Jz 21:16;
2 Sm 5:3; 1 Rs 8:1-3; 2 Rs 19:2; 1 Cr 21:16; Ed 5:5 e 9; 6:7-8 e 14; Sl 107:32; Is 37:2; Jr 19:1;
Ez 8:1). Este era o exercício comum de governo do povo de Deus na antiga Aliança, eles
estavam presentes em cada momento decisivo na história da redenção. Algumas de suas
funções eram proteger o povo, exercer disciplina e governo, fazer cumprir a Lei, e
administrar a justiça, por isso, nalguns casos também eram chamados juízes, ou
testemunhas (Rt 4:2 e 9-11).
A prática do povo de Israel de ser governado pelos anciãos (presbyteroi) continuou no
Novo Testamento (Mt 21:23). O julgamento de Jesus foi realizado no amanhecer, quando
“reuniu-se a assembleia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os
escribas, e o conduziram ao Sinédrio...” (Lc 22:66, e veja também At 22:5). O Sinédrio era
formado pelos sacerdotes, escribas, fariseus e anciãos. Este concílio também era
conhecimento como a “assembleia dos anciãos do povo” (Lc 22:66), ou o senado9 dos
filhos de Israel (At 5:21). A sua menção nos evangelhos, em geral, é negativa por se
comprometerem com as demais lideranças dos judeus para condenar Jesus à morte.
As comunidades judaicas espalhadas em vários lugares do mundo antigo eram
lideradas pelos anciãos. Os judeus da Dispersão criaram as Sinagogas, que eram lideradas
7
Este era o grego usual no século I, todos os livros do Novo Testamento foram escritos em grego coinê, ou seja, o grego
comum. Assim, chamado por ser o grego falado e escrito em comum por políticos, comerciantes, militares, escravos e etc..
William D. Mounce, The Analyitical Lexicon to the Greeek New Testament (Zondervan Publishing House, 1992), p. 389.
8
Herman Ridderbos, El Pensamiento del Apóstol Pablo (Grand Rapids, Libros Desafio, 2000), p. 592.
9
A palavra “senado” é a tradução do grego presbyterion.
9
pelos anciãos. Daniel–Rops descreve a sinagoga como sendo “um conselho de dez anciões
[...] elegia um homem como 'administrador da sinagoga'[...]. A igreja primitiva adotou este
sistema. O líder e o conselho decidiam quanto à admissão de prosélitos, cuidavam da
administração financeira da comunidade[...]”.10
O sistema de governo pelos anciãos (presbyteroi) foi mantido num processo natural de
continuidade da antiga para a nova Aliança na Igreja Cristã. Alfred Edersheim sugere que o
governo da igreja primitiva tenha dado continuidade ao modelo recebido das comunidades
judaicas.
A comunidade cristã de Antioquia foi a segunda igreja local a se organizar. Ela
adotou o mesmo governo de igreja, e isto fica evidente quando entrega a sua oferta à
liderança da igreja de Jerusalém para que administre o donativo (At 11:29-30).11 Concluí-se
com isto que a pluralidade de presbíteros era a liderança representante da igreja local.
Também se sabe que eles eram responsáveis de julgar questões doutrinárias (At 15:1-29;
16:4). Eles exercem a autoridade em decidir conflitos teológicos e protegem a Igreja de
heresias e assumem a responsabilidade, ao lado dos apóstolos, do ensino das doutrinas.
Kevin Reed concorda que
estas referências da Escrituras são importantes pois estabelecem uma continuidade de governo
dentro da Igreja tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamentos. O Antigo
Testamento e o Evangelho suprem informações cruciais quanto à formação do governo
eclesiástico elaborado pelos apóstolos. Estes não criaram nada de radicalmente novo; mas
construíram sobre o alicerce de revelação bíblica prévia. Quando os apóstolos descreveram os
oficiais da Igreja, seus ouvintes reconheceram muito da estrutura governamental conhecida
desde o Antigo Testamento. Portanto, um governo presbiteriano (governo de anciãos) não é
apenas um governo da Igreja neotestamentária, é um governo eclesiástico bíblico.12
Paulo não inventou um novo sistema de governo para as igrejas que implantou,
apenas deu continuidade. A pluralidade de anciãos (presbyteroi) em cada igreja local era o
padrão estipulado pelos apóstolos para que aquela comunidade pudesse ser governada. Esta
também era a prática comum de Paulo (At 14:23), e foi assim que ele instruiu os pastores
que lhe sucederam (2 Tm 2:2; Tt 1:5). Em sua despedida aos presbíteros em Éfeso, Paulo
discursa aos presbíteros quem eles eram e o que deveriam fazer após a sua partida (At
20:17-38). Rudolf Bultmann conclui que
um conselho dos “presbíteros” é por excelência uma instituição na qual se unem a validade de
autoridade ex officio; e justamente por meio dele a autoridade de lideranças pôde ser fortalecida.
A formação de um colégio de presbíteros também não foi algo extraordinário, porque a
comunidade cristã procedeu também neste ponto conforme o modelo das comunidades
sinagogais judaicas; quanto à sua forma, a comunidade primitiva apresentava-se inicialmente
como uma sinagoga dentro do judaísmo.13
10
Daniel-Rops, A vida diária nos tempos de Jesus, pág. 421.
11
Esta é a primeira referência aos “presbíteros” ou anciãos cristãos, como liderança da Igreja. Este evento ocorreu cerca de
47 d.C., durante o reinado do imperador Claúdio.
12
Kevin Reed, Governo Bíblico de Igreja (São Paulo, Editora Os Puritanos, 2002), págs. 14-15.
13
Rudolf Bultmann, Teologia do Novo Testamento (São Paulo, Editora Teológica, 2004), p. 540-541.
10
Quando o apóstolo retorna da viagem missionária ele presta relatório de seu trabalho aos
presbíteros de Jerusalém (At 21:18-25). Eles oferecem conselho e resolvem conflitos.
Os apóstolos e os presbíteros
Victor Budgen, The charismatic and word of God, pp. 91-111.
Robert D. Culver, Systematic Theology, págs. 842-847
Bannerman, Church of Christ, vol. 2, p. 214
Os apóstolos formavam um grupo único com as seguintes características:14
1. Eles foram pessoalmente escolhidos, chamados, instruídos e designados por Cristo, e
não por qualquer outra instituição humana.
2. Eles foram testemunhas oculares de Jesus desde o seu batismo, e posteriormente da
sua morte, ressurreição e ascensão (Mc 3:14; Jo 15:27; At 1:21,22; 1 Co 9:1; 15:8-9).
3. Foi-lhes prometido uma inspiração especial do Espírito Santo, que iria tanto lembra-
los de tudo o que Jesus lhes ensinou, guiando-os a toda verdade (Jo 14:25-26; 16:12-
15).
4. Saulo de Tarso foi à exceção as regras anteriores. Saulo não havia participado do
convívio entre os primeiros doze apóstolos, mas, mesmo assim, Jesus o chamou para
o apostolado mediante uma aparição especial, em seu corpo ressuscitado (1 Co 15:3-
8); e, ainda lhe acrescentou três anos de revelação especial no deserto da Arábia (Gl
1:11-19), e uma comissão particular para que fosse o apóstolo dos gentios (Gl 1:1; At
22:17-21; 26:16-18; 1 Co 9:1; 15:8).
5. Além destes quatorze, não há outros na história da igreja que tenham recebido este
título, nem esta distinção tão particular de terem sido chamados por Jesus Cristo.
6. Os presbiterianos não aceitam a doutrina da sucessão apostólica. Como sugere F.F.
Bruce um especialista em Novo Testamento, podemos concordar que “a sucessão
apostólica não foi prevista”.15
14
John R.W. Sott, O chamado para líderes cristãos (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2005), p. 16.
15
F.F. Bruce, New Testament History (New York, Doubleday Publishing, 1996), p. 210.
16
Samuel Miller, O Presbítero Regente, pág. 15.
11
Reunidos em concílio apóstolos e presbíteros tem a mesma autoridade. Por causa dos
judaizantes um concílio foi convocado para resolver o problema, Lucas registra que “tendo
havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles,
resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e
presbíteros, com respeito a esta questão” (At 15:2; veja também 15:6, 22-23). A convocação
desta reunião e as decisões que nela ocorreram foi do consenso dos apóstolos e presbíteros,
evidenciando que não somente a unidade doutrinária da igreja em seus primeiros dias, como
também a coigualdade no exercício da liderança destes dois grupos.
Os apóstolos participaram cônscios desta transição de autoridade. (1 Pe 5:1; 2 Jo
vs.1; 3 Jo vs.1). Houve uma transferência de autoridade dos apóstolos para os presbíteros.
Quando o ofício apostólico desapareceu permaneceram apenas os presbíteros que foram
instituídos, ordenados e estabelecidos em todas as igrejas. Esta transição pode ser verificada
através de documentos nos primeiros séculos da Igreja. Clemente de Roma, entre 95 a 98
d.C., afirma que os apóstolos
pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a
fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há
muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está
escrito: “estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé.”17
Bispos ou presbíteros?
A palavra bispo vem do grego episkopos que ocorre cinco vezes no Novo Testamento.
Há alguma diferença quantos aos termos bispo18 e presbítero? O Novo Testamento ou
os pais da Igreja nos primeiros séculos do Cristianismo faziam uma distinção hierárquica,
ou entendiam estes dois termos como sendo intercambiáveis? A evidência bíblica e histórica
apontam para o fato de que estas palavras são consideradas sinônimas no período
neotestamentário, apresentando diferente nuança de função, mas não em grau de
autoridade. O historiador T.M. Lindsay observa que o termo bispo “não é, durante o
primeiro século, o termo técnico de um oficial; antes, ela é a palavra que descreve o ofício,
isto é, o que o ancião realiza.”19
Podemos iniciar com a evidência bíblica de que bispos e presbíteros são ofícios
idênticos.
Clemente de Roma menciona os termos episcopado, geralmente traduzido por bispo
ou supervisor, e presbíteros, como sendo sinônimos. Ele afirma que
os nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por
causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles
de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens
provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros
17
Clemente de Roma in: Padres Apostólicos (São Paulo, Ed. Paulus, 1995), vol. 1, p. 53. Clemente cita o livro de Is 60:17
na versão grega do AT conhecida como Septuaginta.
18
Um rico estudo etimológico é oferecido por Hermann W. Beyer, “Bispo” in: A Igreja no Novo Testamento, Gerhard
Kittel, ed. (São Paulo, ASTE, 1965), pp. 193-212.
19
T.M. Lindsay, The Church and Ministry in the Early Centuries (London, Hodder and Stoughton Publishing, 1903), p.
155.
12
Os dons necessários
Sabemos que todos os dons são concedidos pelo Espírito de Deus. Todos os dons
necessários para o exercício do ofício são concedidos àqueles que chamados para o governo
da Igreja de Cristo. Não significa que todos os presbíteros terão os mesmos dons, ou em
igual proporção, mas que estes dons devem ser identificados nos que Deus tem preparado
para serem líderes da igreja local. Não existe o “dom de presbítero”, mas existem dons que
identificam um futuro presbítero.
20
Clemente de Roma in: Padres Apostólicos, vol. 1, p. 54-55.
21
Didaquê in: Padres Apostólicos, vol. 1, p. 358.
22
J.B. Lightfoot, Saint Paul’s Epistle to the Philippians (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1956), p. 95.
13
dom de liderança
[para governar]
dom de discernimento
dom de pastor dom de mestre dom de administração
[para resolver
[para cuidar] [para instruir] [para organizar]
conflitos da igreja]
Ninguém é vocacionado sem antes ser capacitado a obedecer, por isso, os dons
antecedem ao chamado. Herman Ridderbos observa que
o carisma [dom] tende a conduzir ao ofício, e o ofício não pode existir sem o carisma. Não se
deve negar, ao mesmo tempo, que havia um desenvolvimento para assumir a posição de oficial,
o que é completamente natural, tanto que se pode ver o assunto a partir da perspectiva do
carisma como do ofício. Da perspectiva do carisma, pode-se dizer que certas qualidades
outorgadas pelo Espírito qualificam as pessoas para destacar-se em determinada área. Estas
pessoas eram reconhecidas e designadas como funcionários oficiais presbíteros-bispos.23
Não existem dons superiores dentre aqueles que nos são concedidos pelo Espírito
Santo para os ministérios. Todavia, cada dom recebe a sua relevância diante de cada
necessidade. Quando Paulo instrui ao jovem pastor Timóteo, ele disse que “não desprezes o
dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbitério” (1 Tm 4:14), a sua exortação se baseava na convicção de que não se pode
abandonar o exercício de algo espiritual, que foi implantado em nós na regeneração pelo
Espírito Santo.
Os dons dos presbíteros regentes não são superiores ou inferiores aos dos
presbíteros docentes. Pelo contrário as capacitações são as mesmas, apenas diferem em grau
e chamado quanto ao propósito.
1. O dom de liderança
Todos os presbíteros devem presidir.
2. O dom de pastor
O dom de pastor é o mesmo que o dom de exortação. Este dom significa encorajar,
animar ou fortalecer. A motivação do pastoreio está vinculada ao grau de amor por Jesus, o
supremo Pastor, e em segundo lugar pelas ovelhas.
3. O dom de mestre
Apto para ensinar. Visa amadurecer a igreja no conhecimento e na prática. Treinar
homens fiéis para liderar, evangelizar e aperfeiçoarem os seus dons. A responsabilidade
doutrinária da igreja não é restrita ao presbítero docente, mas do Conselho [vide
23
Herman Ridderbos, El Pensamiento del Apóstol Pablo, p. 594.
14
4. O dom de administrar
5. O dom de discernimento
A vocação para o ofício não ocorre através de uma nova revelação especial. 26Embora
o Espírito Santo conceda os dons necessários, testemunhe subjetivamente, e ilumine a
convicção deste chamado, Ele não o faz em desprezo da Escritura Sagrada. Pelo contrário,
à luz desta santa instrução a igreja e a sua liderança podem discernir quem é capacitado e
chamado para o exercício do ofício. Hoje não há novas revelações que assegurem de modo
24
Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics (Grandville, Reformed Free Publishing Association, 2005), vol. 2, p. 277
25
Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 591.
26
John Murray, Collected Writings: The Claims of Truth (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 1989), vol.1, p. 263.
15
imediato e que indiquem quem deva ser presbítero. Se houvesse, então, não haveria a
necessidade de que a igreja local, com discernimento bíblico, elegesse os seus líderes, nem a
necessidade de orar pela sua escolha. Não há orientação bíblica, nem qualquer outra
evidência segura quanto à prática de novas revelações, muito menos de que através delas se
deva escolher a liderança.
O presbítero necessita da convicção pessoal desta vocação para realizar o seu
ministério. O ofício é uma honra dentro da igreja, todavia, há o peso da responsabilidade
contido nela. Herman Hoeksema observa que “a consciência deste chamado é necessário
para se manter firme contra toda oposição tanto dos que estão dentro, quanto dos de fora,
tanto na congregação como no mundo.”27Se os crentes são perseguidos, de algum modo,
pelos incrédulos, muito mais o são aqueles de dentre o povo de Deus são chamados para
liderar. Tornam-se alvo de observação e ataque por serem modelo para o rebanho de Deus;
e, por este mesmo motivo os que congregam na igreja local, olham criticamente para o
comportamento, a família, os negócios e os relacionamentos do presbítero, esperando que
eles sejam referência, especialmente para os novos na fé. Os erros cometidos pelos líderes
possuem uma ressonância maior por causa da influência que possuem no meio da igreja.
Assim, para exercerem o seu ofício devem ter convicção para não se escandalizarem das
provocações dos ímpios, bem como das críticas dos irmãos.
27
Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol. 2, pp. 276-277.
28
Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol. 2, p. 277.
16
A classificação do ofício
Aceitamos um ofício e duas classes de presbíteros. Todavia, existe a discussão e
prática entre as igrejas presbiterianas e reformadas, se há dois, ou três ofícios? A questão é
se o pastor é um ofício distinto do ofício de presbítero. (vide* Kuiper, El Cuerpo de Cristo).
Desde o início da Reforma calvinista há teólogos quem defendem que o ofício de
presbítero é distinto do ofício de pastor. Entretanto, esta não é a opinião das igrejas
presbiterianas.
O Novo Testamento menciona duas funções dos presbíteros. Ronald Hanko observa
que
a Escritura faz a distinção entre presbíteros regentes (1 Tm 3:4-5; 1 Tm 5:17) e presbíteros
docentes (1 Pe 5:1). Todavia, isto não significa que um seja superior ao outro. Como estas
passagens demonstram, não há uma distinção absoluta entre estes ofícios. Presbíteros regentes
também devem ser capazes de ensinar (1 Tm 3:2), e presbíteros docentes “que se afadigam na
palavra e no ensino” também governam (1 Tm 5:17).30
Assim, se a distinção é apenas entre de função, devemos concluir que estamos cometendo
uma incoerência na prática da ordenação. Se crermos que o presbiterato é um só ofício
divergindo apenas em função entre docente e regente, então, porque realizar a
[re]ordenação de pastores [presbíteros docentes] que foram ordenados presbíteros regentes?
Certamente a consagração do presbítero ao ministério da pregação da Palavra é um
momento de singular importância, mas não podemos agir inconsistentemente
[re]ordenando-o.
29
Nicholas L. Greendyk, A Specimen of Divine truths (Grand Rapids, Netherlands Reformed Book & Publishing
Committee, 1998), p. 486.
30
Ronald Hanko, Doctrine according to Godliness – A Primer of Reformed Doctrine (Grandville, Reformed Free
Publishing, 2004), p. 240.
17
Não devemos ser ditadores, mas líderes chamados por Deus para servir os servos de
Cristo. O texto é claro ao declarar que não estamos sobre as ovelhas, mas entre elas. De
igual modo, afirma o apóstolo Paulo “atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos [supervisores], para pastoreardes a Igreja de Deus, a
qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20:28). J.I. Packer comenta que “o papel
pastoral dos presbíteros requer caráter cristão amadurecido e estável e uma vida pessoal
bem ordenada (1 Tm 3:1-7; Tt 1:5-9). Sinceridade e fidelidade no ministério do presbiterato
serão recompensadas (Hb 13:17; 1 Pe 5:4; 1 Tm 4:7-8).”32
Visamos à edificação de famílias estruturadas pela Palavra de Deus. Famílias fortes
formam uma igreja forte.
John R.W. Stott afirma que
se a igreja é central no propósito de Deus, conforme se percebe tanto na História como no
evangelho, certamente também de ser central para as nossas vidas. Como podemos tratar
levianamente aquilo que Deus leva tão a sério? Como ousamos empurrar para a periferia aquilo
que Deus colocou no centro? Não, procuraremos tornar-nos membros responsáveis da igreja,
ativos em alguma manifestação local da igreja universal.33
O princípio da representatividade
A Bíblia é repleta de relatos que confirmam que Deus se relacionou com pessoas,
com o seu povo e com toda a raça humana baseado no princípio de solidariedade na qual a
responsabilidade individual nunca é diferente do grupo. Segundo as Escrituras, um é
suficiente para representar o todo, e a decisão correta ou errada do representante trás
conseqüências aos representados; em outras palavras, o que o representante faz envolve
todo o corpo do qual ele é membro.34 Este é um ensino que se estende por toda a Escritura
Sagrada, desde a Queda até a nossa redenção em Cristo Jesus.
31
F.L. Godet, Commentary on the First Epistle to the Corinthians (Grand Rapids, Zondervan Publishing, 1957), pág. 482.
32
J.I. Packer, Teologia Concisa (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 1999), p. 193.
33
John R.W. Stott, A Mensagem de Efésios (São Paulo, Editora ABUB, 6ªed., 2001), p. 91.
34
Russel P. Shedd, A solidariedade da raça (São Paulo, Edições Vida Nova, 1995).
18
Adão foi o representante de toda a raça humana (Rm 5:12-21; 1 Co 15:22). O pecado
do nosso primeiro pai não foi um ato isolado, mas teve implicações e abrangência universal
(Gn 3:17-19; Rm 8:20). O seu pecado não foi uma culpa individual, mas coletiva. O
Catecismo Maior de Westminster quanto ao princípio da representatividade aplicado a Adão
declara que “como o pacto foi feito com Adão como representante oficial não apenas de si
mesmo, mas da sua posteridade, todo o gênero humano que descende dele por geração
ordinária pecou nele e com ele caiu na primeira transgressão.”35
Num período posterior ao desdobramento da antiga aliança aprendemos que Abraão
foi outro representante. Abraão como representante da aliança de Deus poderia ser o
mediador das bênçãos do Senhor de que “em ti serão benditas todas as famílias” (Gn 12:3).
C.F. Keil comenta que
Abrão não se tornou meramente um mediador, mas a fonte da benção para todos. A expressão
“todas as famílias da terra” indica a separação de uma família dentre muitas (Gn 10:5, 20, 31) e a
palavra âádamah para a maldição pronunciada sobre a terra (Gn 3:17). A benção de Abraão foi
muito mais do que unir as famílias divididas e a mudança da maldição pronunciada sobre a terra
como conseqüência do pecado numa benção para toda a raça humana.36
Buswell Jr. concluí que “morri por causa dos meus pecados no ano 30 d.C. fora dos muros
de Jerusalém. Eu não estive ali, mas o meu representante esteve. Ele morreu em meu lugar,
consequentemente eu morri.”37
A autoridade dos apóstolos era outorgada por Jesus (At 2:42-43). Como enviados de
Cristo, eles o representavam, e falavam com a Sua autoridade.
A liderança dos presbíteros (At 20:17-35).
A representatividade do presbítero
O oficial deve representar nas decisões do Conselho as preocupações, os anseios e as
necessidades da igreja que o elegeu. Isto não significa que o presbítero deva se rebaixar a
excessos que desfigurem o seu cargo e a dignidade do seu ofício, fazendo-se mero
partidário da situação, ou tornando-se característica oposição ao pastor, ou dentro do
Conselho. Os membros têm o direito de participar da escolha, e ao eleger os presbíteros a
igreja submete-se àqueles que estarão em todos os concílios da nossa denominação, bem
como na sociedade representando toda a comunidade.
Como representantes os presbíteros têm que agir em nome de outros. Certamente,
nem todo cristão e membro de uma igreja local está qualificado para resolver casos judiciais
complexos e controvérsias doutrinárias. Entretanto, homens qualificados são reconhecidos
pela comunidade para exercer a autoridade de Cristo por toda a igreja.
O presbítero quando escolhido pelo Conselho, e enviado para participar das reuniões
do presbitério, torna-se representante da sua igreja no concílio superior.
As qualificações do presbítero
A igreja corre o risco de escolher a sua liderança com base nos modelos de liderança
seculares. Se não estiver atenta aos princípios bíblicos, ela se permite influenciar pelo
modelo do mundo, que embora possuindo virtudes, não são necessariamente o padrão de
Deus. Por exemplo, formação escolar, simpatia, posição social, etc., e estas são
características consideradas classificatórias para alguns. Deve-se observar que qualquer
outra instituição, mesmo que ímpia, seleciona os seus líderes com estes critérios.
Deus dota homens comuns com dons para se tornarem modelos do Seu rebanho.
A Escritura exige uma vigilância pessoal que cada presbítero deve ter. Aos
presbíteros, Paulo exorta que “atendei por vós” (At 20:28). O Senhor Jesus diz “acautelai-
vos por vós mesmos” (Lc 21:34), Paulo “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1 Tm
4:16)
37
J. Oliver Buswell Jr., A Systematic Theology of the Christian Religion, vol. 1, 296.
20
Por que exigir qualificação moral dos presbíteros? As Escrituras expressam com
firme clareza que a santidade e maturidade não é algo opcional. Samuel Miller chama a
nossa atenção de que
o propósito de se indicar alguém para o ofício de presbítero regente não consiste em lhe
prestar homenagem, nem em lhe dar a oportunidade de figurar como orador nos concílios,
nem em criar o teatro da cerimônia eclesiástica; consiste, no entanto, em levantar conselheiros
e governantes da igreja verdadeiramente consagrados, capazes e fiéis; guias sábios e eficazes,
que não sigam apenas ao lado do rebanho na sua jornada, mas VÃO ADIANTE DELES em
tudo aquilo que diga respeito ao dever cristão.38
Por isso, estas qualificações são exigidas sem minimizar a sua importância. São pecados e
deficiências morais que não podem ser toleradas para quem é cristão, especialmente se
ocupa liderança.
O presbítero deve ser alguém que sincera e ardorosamente ama a igreja. Em outro
lugar Samuel Miller afirma que
a menos que estejam animados com esse amoroso interesse pelo seu trabalho, a menos que
sejam constantemente movidos pelo fervoroso e visionário apego à grande causa com que
estão comprometidos, logo se cansarão de seus labores árduos e abnegados. Cedo descobrirão
que servir ao rebanho, visitar e orar com os enfermos, instruir o sério e inquiridor, corrigir os
turbulentos, zelar pelo proveito espiritual de todos, e tomar parte nos vários concílios da igreja
é uma tarefa aborrecida.39
A qualificação pessoal
1. Homem40: liderança masculina como princípio de autoridade.
2. Boa reputação: exerce bom testemunho.
3. Sábio: toma decisões com discernimento e conhecimento de causa.
4. Respeitável: usufrui do respeito da sua família, da igreja e na sociedade.
5. Honrado de palavra: não mentiroso, mas responsável no que fala.
6. Experiente: possuí maturidade e bom senso. Alguns homens não amadurecem
proporcionalmente como deveriam. Alguns crescem, mas as suas emoções continuam na
puberdade, outros têm predileções infantis, e outros ainda não descobriram o que é ter
responsabilidade.
A qualificação doutrinária41
1. Maneja bem a Palavra da verdade: convicto conhecedor no que crê.
2. Conserva o mistério da fé: sustém e apega-se a doutrina firmemente.
38
Samuel Miller, O Presbítero Regente, pág. 37. Ênfase acrescida pelo próprio autor.
39
Samuel Miller, O Presbítero Regente, págs. 39-40.
40
A IPB não pratica a ordenação feminina. Cremos que as Escrituras, corretamente interpretadas, não nos autorizam a
ordenar nossas irmãs ao ofício de presbítero. 1) A autoridade de governo é uma função ordenada somente aos homens; 2)
Não há exemplos, nem prescrição de presbíteras na Bíblia.
41
A Constituição da IPB faz a seguinte declaração no cap. VIII. Seção 3ª. Art. 114 do Manual Presbiteriano. “Só poderá ser
ordenado e instalado quem, depois de instruído, aceitar a doutrina, o governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil,
devendo a Igreja prometer tributar-lhe honra e obediência no Senhor, segundo a Palavra de Deus e esta Constituição.”
21
Os presbíteros docentes como regentes são responsáveis de preparar a igreja para dar razão
da sua fé. Obviamente este dever pode ser realizado pela pregação ou pelo ensino exercido
por eles, ou em realizar conferências especiais, trazendo especialistas para que possam
instruir a igreja local. Entretanto, eles não podem negligenciar o estudo pessoal e precisam
equipar-se de conhecimento apologético para assegurar aos membros a veracidade da fé
cristã. Não se pode ignorar que a dúvida tem o seu papel saudável no crescimento de
qualquer pessoa, entretanto, a partir do momento que ela é erroneamente respondida, ela
corre o risco em converter-se em incredulidade. William L. Graig observa que “podemos
desafiar as pessoas a pensarem a fé de forma mais profunda e rigorosa sem encorajá-los a
duvidar de sua fé.”43 Duvidar enquanto processo de pensar e entender a fé pode ser algo até
necessário e salutar, entretanto, questionar a veracidade e desprezar a sua procedência
divina é o caminho para o ateísmo. Enquanto que a intelectualidade não cristã desafia o
conteúdo, a historicidade e a validade da fé, os presbíteros precisam desafiar a reflexão e
edificação a fé (At 20:28-30).
Ser presbítero não é um trabalho para covardes. Aqueles que são chamados para
expor o Evangelho encontrarão diante de si lobos travestidos de ovelhas, assassinos da
verdade, hipócritas, falsos mestres, profetas da mentira, gananciosos mercenários, homens
que distorcem o Evangelho com a finalidade de tirar proveito pessoal dele. Não devemos
temê-los, mas denunciá-los com o antigo Evangelho de Cristo, proteger as verdadeiras
ovelhas e conduzi-las sob a autoridade do Bom Pastor, o Senhor Jesus.
A qualificação espiritual
1. Cheio do Espírito Santo: dominado pela Palavra do Espírito, ou seja, Escritura Sagrada.
2. Irrepreensível: inculpável, sem motivo para ser acusado.
O presbítero é um episcopos, isto é, um supervisor do rebanho de Deus. Ele tem a
responsabilidade de supervisionar interna e externamente a comunidade que está sob os
seus cuidados. A sua supervisão tem uma natureza interna porque ele precisa olhar entre as
ovelhas como elas estão, e como se comportam, e se estão saudáveis espiritual, moral e
42
William L. Graig, Apologética para questões difíceis da vida, pág. 29.
43
William L. Graig, Apologética para questões difíceis da vida, pág. 37.
22
doutrinariamente. Ele deve se informar se as famílias sob o seu pastoreio estão vivendo de
acordo com a Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, ele tem o dever de supervisionar
externamente contra os lobos, os falsos mestres e alertar o rebanho contra todo falso
profeta, bem como os ventos de doutrina que se aproximam do seu redil. Para exercer o seu
chamado, o presbítero necessita de autoridade, senão, as ovelhas sob o seu cuidado não lhe
darão ouvidos e correrão o risco de dispersar ou de serem dissipadas pelo perigo externo.
Por não terem uma referência saudável, elas tenderão ao mundanismo.
Esta sublime tarefa exige que o supervisor seja de caráter irrepreensível, ele precisa
ser livre de acusações dos seus adversários. A palavra no grego é anepílémptos que significa
não exposto ao ataque, ou seja, ele não pode ser merecedor de censura. Samuel Miller alerta
que “talvez não exista na sociedade humana situação que reclame mais imperiosamente por
delicadeza, precaução, reserva, e a mais vigilante discrição, do que a de um governante
eclesiástico.”44 O presbítero não pode armar os seus inimigos com argumentos que venham
usar contra ele. Como supervisor, ele deve primeiramente ser vigilante com os seus
impulsos pecaminosos, para que não seja reprovado, no que precisa ser referência.
Isto não significa que ele seja perfeito, ou infalível, ou que não peque mais. Ele ainda
luta contra a sua velha natureza, e é consciente de suas limitações. Mas o que está em
evidência em sua vida é o seu compromisso com Cristo, a sua maturidade, uma vida de
transformação, o seu amor pelo Redentor está em relevo. Ele é padrão para os jovens e
novos convertidos, de modo que todo o rebanho o tenha como referência ética e firmeza
doutrinária. A sua vida não pode de modo algum ser caracterizada pela necessidade de
contínuas repreensões, de modo que todos percebam que ele não pode ser exemplo, nem
representante do rebanho de Cristo. Se nele não está em evidência as virtudes de Cristo,
então, ele não pode conduzir, nem supervisionar as ovelhas do Senhor, pois o seu
comportamento é vazio de autoridade para exortar, confrontar e liderar. Em outras
palavras, ele simplesmente não tem autoridade.
4. Piedoso: vida de oração e intimidade com Deus. Devem ser homens que antes que o seu
coração se mova para tomar qualquer decisão, estão convencidos que devem se inclinar
diante de Deus para pedir a sua permissão.
A qualificação familiar
A igreja é uma família formada por famílias. Assim, para que seja uma igreja forte, ela
precisa ter famílias vigorosamente bem estruturadas.
44
Samuel Miller, O Presbítero Regente, pág. 44.
23
2. Governe bem os seus próprios filhos: recebe o respeito e obediência dos filhos.
Ele não está desqualificado se não tiver filhos, mas estará se não os tiver debaixo de
sua autoridade. Os seus filhos não podem ser insubordinados, por exemplo, como os filhos
de Eli.
Qualificação social
1. Bom testemunho dos de fora
Se os ímpios desprezam um cristão pelos seus defeitos morais, isto significa que o
seu testemunho é vergonhosamente reprovável. É inaceitável que um cristão, especialmente
aquele carrega sobre a responsabilidade de liderar e representa a sua igreja tenha uma ética
que possa ser reprovada por alguém que não aceita a autoridade da Escritura Sagrada.
Defeitos a evitar45
1.Não dado ao vinho: não viciado em bebidas alcoólicas.
A bebida evidencia as associações de uma pessoa. Ele não pode ser identificado
como alguém que é um frequentador de bares, ou lugares de má fama, onde o álcool
predomina. Ele não ser alguém afamado por ser um consumidor de bebida alcoólica (Pv
31:4). A sobriedade é requerida como prova de domínio próprio. O líder deve evitar
excessos, ou a associação com a aparência do mal. A moderação é um requisito para se
manter o discernimento no julgar e governar.
45
John MacArthur, Jr., Pense Biblicamente (São Paulo, Editora Hagnos, 2005), p. 244.
24
Ele deve ser livre do amor ao dinheiro. Não pode ver o rebanho de Deus como um
meio de se conseguir riquezas.
(vide* mercenário).
“não por sórdida ganância” (1 Pe 5).
As riquezas devem ser dominadas pela sua convicção de servir o reino de Deus, e não o
contrário.
individuo após eleito, se ele não os tem. Será apresentado abaixo um resumo destas
virtudes:47
1. Ser trabalhador. O presbítero não pode ser alguém conhecido pela preguiça, ou
negligência com o seu sustento familiar.
2. Ser acessível. “É preciso entrar nas recamaras das almas para conhecê-las, consolá-las, e
alimentá-las. É preciso conversar, para ouvir, compreender e corrigir. É preciso
confraternizar, para amar e servir.”48
3. Ter habilidade no trato. A diplomacia e ternura no modo de tratar as pessoas são
indispensáveis na área das relações públicas, sendo o convívio da comunidade cristã
um ambiente onde o amor de Cristo impera.
4. Atitudes precisas. O presbítero tem de ser preciso no falar, no fazer, no defender, no
denunciar, no prometer, e no cumprir.
5. Ser fiel. “O presbítero não pode oscilar no depoimento (Pv 14:15), nas contas (Mt
25:31), na contribuição (Sl 66:13), no lar (1 Co 7:1-5), nas mínimas coisas (Lc 16:10).
Quem não é fiel, frauda e defrauda; como ser bom, assim, no ministério do Senhor?
Que confiança pode merecer da parte dos membros de uma comunidade quem vive
torcendo os caminhos?”49
6. Ser ativo. Frequente na participação das reuniões da igreja, ativo nos deveres dos
cargos, e prática das qualidades pessoais e familiares e, produtivo nas funções do seu
ofício (vide* As funções do presbítero).
7. Ser prudente. A prudência evita que se decida sem o devido conhecimento prévio e
confirmado da causa discutida. Sabemos que o prudente é um homem que esmaga os seus
impulsos e consegue agir preventivamente não somente com que o ocorre ao se redor,
mas dentro de si (Pv 16:21).
As funções atribuídas aos presbíteros aqui descritas não são exaustivas. Elas
mencionam o que o presbítero deve ser e fazer, mas ele não pode se limitar a elas. Todos os
presbíteros devem exercer o seu ofício em conformidade com a diversidade dos dons de
cada um, e discernindo segundo a necessidade da Igreja. A vitalidade da igreja depende
muito da operosidade dos presbíteros.
Uma palavra grega usada para se referir ao ofício de presbítero é episcopos. Sabemos
que “o uso no N.T., em referência aos líderes, parece ser menos técnica do que uma
tradução como ‘bispo’ sugeriria; daí, superintendente, ou supervisor At 20:28; Fp 1:1; 1 Tm 3:2;
47
F. Martins, O ofício de presbítero, p. 109-113.
48
F. Martins, op.cit., p. 110.
49
F. Martins, p. 111.
26
A autoridade do presbítero
A autoridade dos governadores é puramente ministerial e declarativa. Cada função do
Conselho, como o ensino, a admoestação, governo e o exercício da disciplina, devem
fundamentar-se na Palavra de Deus. Os presbíteros não possuem autoridade inerente. Não
possuem o direito de impor as suas opiniões e preferências pessoais, estranhas filosofias
sobre o culto, a doutrina, ou o governo da igreja, antes, devem examinar e extrair das
Escrituras os padrões e princípios estabelecidos por Deus.
A autoridade do presbítero procede de:
1. A autoridade de Cristo como cabeça da Igreja.
2. Submissão à Cristo como o Senhor da Igreja.
3. A obediência e fidelidade à Escritura Sagrada como única regra de fé e prática.
4. Uma vida de santidade pessoal e familiar.
5. O exercício responsável da sua vocação e dos seus dons segundo o seu chamado.
6. A autoridade é confirmada publicamente pela ordenação ao oficialato.
As funções pastorais
1. Visitar os membros menos assíduos às reuniões da igreja.
2. Resolver os desentendimentos entre os membros.
3. Instar aos disciplinados ao sincero arrependimento.
4. Orar por/com todas as famílias da igreja.
5. Consolar os aflitos e necessitados.
6. Supervisionar o bom andamento das atividades da igreja.
7. Exortar aos pais que tragam os seus filhos ao batismo.
8. Ser um pacificador em assuntos controversos.
9. Lembrar aos membros da sua fidelidade com os dízimos e ofertas.
10. Dar assistência, liderar ou supervisionar as congregações, os pequenos grupos e os
ministérios da igreja local.
11. Auxiliar na distribuição da Ceia do Senhor.
As funções doutrinárias
Os presbíteros em nosso sistema de governo têm a responsabilidade de preservar a
doutrina de possível corrupção. (1 Tm 3:16; Tt 2:7-8).
1. Conhecer o sistema e doutrinas presbiterianas.
50
F. Wilbur Gingrich & F.W. Danker, Léxico do N.T. Grego/Português (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1993), p. 83.
51
Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 590.
27
52
R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo (Michigan, T.E.L.L., 1985), p. 132.
28
Presbíteros não trabalham contra o pastor. Mas, se o pastor não trabalha segundo a
confessionalidade da nossa IPB e não tem uma ética aprovada pela Escritura, daí eles
devem agir corrigindo-o.
53
William L. Graig, Apologética para questões difíceis da vida (São Paulo, Edições Vida Nova, 2010), pág. 26.
54
Samuel Miller, O Presbítero Regente, págs. 19-20.
29
Exegese em
5º mandamento “liderança”
Hb 13:7, 17
A honra do presbítero
Paulo instrui o jovem pastor Timóteo que “os presbíteros que lideram bem a igreja
são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1
Tm 5:17, NVI).
O presbítero emérito
A Igreja Presbiteriana do Brasil adota a prática de oferecer para alguns de seus
presbíteros o título de emérito. Entretanto, esta é uma prática não encontram respaldo
bíblico. Por que uma vez ordenado, ele será um oficial para sempre, tendo o direito de
exercer a sua liderança no meio da comunidade. Entretanto, a praxe da IPB segue o
princípio de mandato eletivo, ou seja, o presbítero é escolhido pela igreja local para exercer
um mandato tendo no máximo o período de 5 anos.
30
O ofício de diácono
Em geral, este é o efeito colateral de grupos que não reconhecem o governo da pluralidade
de presbíteros numa igreja local. Ao anular a figura dos supervisores que deveriam
apascentar e administrar, necessariamente é transferida a sua função aos diáconos, que
acabam por exercer funções além da sua responsabilidade. Novamente Alexander Strauch
contribui ao observar que
55
Richard L. Dresselhaus, The Deacon and His Ministry (Springfield, Gospel Publishing House, 1977), p. 10.
56
Alexander Strauch, El diacono del Nuevo Testamento (Cupertino, DIME, 2003), p. 12.
57
Charles W. Deweese, The Emerging Role of Deacons (Nashville, Broadman Press, 1979), p. 62.
31
em seu entusiasmo por renovar o diaconato muitas igrejas vão demasiadamente longe, ou além
dos limites das Escrituras. Depositam excessiva autoridade e diversas responsabilidades nas
mãos dos diáconos. De fato, alguns dos mesmos erros que cometeram as igrejas na metade do
segundo século, repetem-se agora: colocar os diáconos em diferentes posições de autoridade,
que Deus não autorizou.58
O substantivo diácono procede da palavra grega diakonós. W.E. Vine observa que o
termo diácono “denota um servo, que realiza qualquer obra servil, ou como um atendente
retribuindo um livre serviço, sem possuir uma particular referência ao seu caráter.”59 Esta
palavra ocorre 29 vezes no Novo Testamento, podendo significar servo (Mt 20:26; 22:13;
Mc 9:35); mordomo que servem a comida e a bebida (Jo 2:5, 9); ministro (Rm 13:4); auxiliar
(2 Co 6:4; Ef 6:21; Cl 1:23,25; 1 Tm 4:6); e, somente em 3 ocorrências indica um oficial (Fp
1:1; 1 Tm 3:8,12).60
J.H. Thayer define esta palavra como “aquele que executa as ordens de outro como
um servo, atendente, ou ministro.”61 Noutro lugar ele nos fornece outra definição mais
completa como sendo “aquele que em virtude do ofício designado pela igreja, auxilia aos
pobres, recebendo e distribuindo o dinheiro, que para este fim é coletado.”62 Todavia, esta
definição segue a prática da Igreja em seus primeiros séculos. A estrutura da nossa
denominação embora não negue a responsabilidade do diaconato de exercer a assistência
social, não recomenda nem estimula o seu manuseio financeiro deixando este para o
Conselho. A definição de Thayer demonstra alguma deficiência e limitação do ofício do
diácono.
Notemos ainda que, segundo William D. Mounce o verbo grego diakonéo significa
“atender, cuidar, servir Mt 8:15; Mc 1:31; Lc 4:39; [...] ministrar, ajudar, dar assistência ou
suplicar pelo indispensável à vida, providenciar os meios para se viver Mt 4:11; Mt 27:55;
58
Alexander Strauch, El diacono del Nuevo Testamento, p. 13.
59
W.E. Vine, An Expository Dictionary of New Testament Words (Olt Tappan, Fleming H. Revell Co., 1966), p. 272.
60
F.W. Gingrich & F.W. Danker, Léxico do N.T. Grego/Português (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1993), p. 53.
61
J.H. Thayer, Thayer’s Greek-English Lexicon of the New Testament (Grand Rapids, Associated Publishers and Authors
Inc., 1889), p. 138.
62
Ibidem.
32
Mc 1:13; Mc 15:41; Lc 8:3.”63 Esta definição é preferível por mostrar-se mais satisfatória as
necessidades da Igreja.
63
William D. Mounce, The Analytical Lexicon to the Greek New Testament (Grand Rapids, Zondervan Publishing House,
1992), p. 138.
64
Gordon D. Fee, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo – 1&2 Timóteo, Tito (São Paulo, Editora Vida, 1994), p. 97.
Veja também A.F. Walls, “Diácono” in: J.D. Douglas, ed., O Novo Dicionário da Bíblia (São Paulo, Edições Vida Nova,
2ª.ed., 1995), pp. 418-419.
65
Louis Berkhof, Teologia Sistemática (Campinas, LPC, 1990), p. 591.
33
3. Eusébio de Cesaréia (260-340 d.C.) declara em sua “História Eclesiástica” que ali
“foram igualmente destacados pelos apóstolos, com oração e imposição de mãos,
homens aprovados para o ofício de diáconos, para o serviço público”.66
66
Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica (Rio de Janeiro, CPAD, 1999), Livro 2. Cap. 1, p. 47.
67
John W.R. Stott, A Mensagem de Atos (São Paulo, Ed. ABU, 1994), p. 134.
68
Charles R. Erdman, Atos dos Apóstolos (São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1960), pp. 58-59.
34
1 Clemente 42.1
Hermas, Visões 3, 5:1; Similitudes 9, 26.2
Inácio Efesios 2:1, Mag 6:1; 13:1; Tral 2:3; 3:1; 7:2; Pol 6:1
Eusébio Cesaréia
Qualificação pessoal
1. Homens At 6:3
2. Boa reputação At 6:3
3. Sábios At 6:3
4. Respeitáveis 1 Tm 3:8
5. Honrados de palavra 1 Tm 3:8
6. Sem vícios 1 Tm 3:8
7. Não cobiçosos 1 Tm 3:8
8. Experientes 1 Tm 3:10
Qualificação doutrinária69
O candidato ao ofício de diácono deve concordar com o sistema doutrinário.
1. Conserva o mistério da fé 1 Tm 3:9
Qualificação espiritual
1. Cheios do Espírito Santo At 6:3
2. Irrepreensíveis 1 Tm 3:10
Qualificação familiar
69
A Constituição da IPB faz a seguinte declaração no Cap. VIII. Seção 3 ª. Art. 114 do Manual Presbiteriano. “Só poderá ser
ordenado e instalado quem, depois de instruído, aceitar a doutrina, o governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil,
devendo a Igreja prometer tributar-lhe honra e obediência no Senhor, segundo a Palavra de Deus e esta Constituição”.
35
As funções do diaconato71
Os diáconos não detêm em seu ofício uma autoridade multifuncional dentro da igreja
local. Em geral, esta é uma opinião aceita pelas igrejas batistas, que adotam um sistema de
governo congregacional. Charles W. Deweese faz da figura do diácono alguém que atua em
todas as responsabilidades administrativas, ele afirma que
as áreas potenciais
Função administrativa
1. Levantar ofertas especiais para causas e necessidades específicas (cesta básica, oferta,
roupas).
2. Verificar a limpeza realizada das dependências do templo.
3. Cuidar pela manutenção dos utensílios do templo:
- bancos quebrados
- fechaduras que não funcionam
- goteiras do telhado
- qualidade do forro
- vidraças quebradas
- funcionamento da instalação elétrica: lâmpadas em reserva
Qual o número mínimo de diáconos que uma igreja local deve ter?
A supervisão do Conselho na organização da Junta Diaconal.
A Junta Diaconal é composta de todos os diáconos em exercício de mandato da
igreja local deverão ter uma diretoria própria.
A Junta Diaconal deverá ter um “Regimento Interno”. A Constituição da IPB, no
Cap.IV. seção 3ª, art.58 declara “A junta diaconal dirigi-se-á por um regimento aprovado
pelo Conselho.”
É possível que homens sejam eleitos pela igreja local para exercerem o ofício, no
entanto, não sejam aptos. A aptidão não depende das suas capacidades naturais, mas da sua
qualificação moral e espiritual. Líderes doentes adoecerão os liderados. A contaminação se
dispersa com rapidez, causando um prejuízo doloroso e, às vezes, irreparável. Por isso, é
necessário observar diligentemente alguns perigos que podem afetar a liderança do rebanho
de Deus.
realmente somos. Por mais capazes que sejamos nunca poderemos nos esquecer que Deus
nos faz servos. Por isso, no Antigo Testamento a palavra hebraica para orgulho realça a
altivez ilusória do pecador, e no Novo Testamento, a palavra grega refere-se ao engano de
olhar por cima dos demais, considerando-se superior aos outros.
A liderança deve estar acima dos demais irmãos em maturidade e discernimento. O
seu ofício pressupõe que ele alcançou uma transformação sobressaindo aos demais,
deixando de ser considerado neófito. Eles não podem se considerar superiores, ou
melhores, mas sim, reconhecer que o seu chamado é para servir conduzindo e estimulando
a fidelidade bíblica e auxiliando os demais irmãos em sua santificação. Naquilo que eles
estão acima dos demais, devem se colocar como sustentadores para elevá-los, ou levantá-los
quando caírem, pois, eles foram chamados para serem confiável referência para o rebanho.
Esta disposição de altivez se transforma em pensamentos, motivações, sentimentos e
finalmente concretiza-se em comportamento. É interessante como este pecado é tão
comum em todo ser humano, e ao mesmo tempo prazeiroso, e tão difícil de ser
reconhecido em si mesmo. Mas, é precisamente por causa do próprio orgulho, é que ele se
esconde, somos motivados pelo sentimento de auto-preservação. O orgulho é sujo demais para
aparecer manchando a nossa tão ilustre imagem! C.S. Lewis observa que “o orgulho é um
câncer espiritual: devora toda possibilidade de amor, de contentamento ou até mesmo de
senso comum.”72 Estas três virtudes, isto é, o amor, o contentamento e o senso comum, são
indispensáveis para a liderança cristã.
O resultado final do pecado que ostenta e que nos ilude com altivez será uma
vergonhosa queda. Os efeitos do orgulho são: engano do coração (Jr 49:16); endurecimento
da mente para a verdade (Dn 5:20); produção da inimizade (Pv 13:10); leva à autodestruição
(Pv 16:18; 2 Sm 17:23); esgota as energias, porque o esforço de manter o orgulho é
demasiado difícil para ostentá-lo de forma permanente (Sl 131). A Palavra de Deus diz que
ele resiste ao soberbo (Tg 4:6).
A cura para o orgulho não está na maturidade obtida com os anos. Não é
recomendado que o neófito se torne presbítero, para que não corra o perigo de tornar-se
soberbo (1 Tm 3:6), mas, a altivez não é vencida pelo acúmulo do conhecimento, ou das
experiências, mas, somente com o quebrantamento produzido pelo Espírito do Senhor. A
Escritura Sagrada ordena-nos humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará (Tg 4:10).
Noutro lugar, Tiago disse: “meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo
que receberemos maior condenação” (Tg 3:1), e Jesus declarou que: “a todo aquele que
muito é dado, muito lhe será cobrado; e ao que muito se lhe confia, mais ainda se lhe
exigirá” (Lc 12:48).
Aquele que é identificado como ostentando uma soberba visível deve ser rejeitado
para o exercício de presbítero. O princípio é muito simples: quem não sabe ser liderado não pode
liderar (Jo 13:1-11). Não importa quanto tempo de membro tenha, se o orgulho é uma
característica dominadora em seu caráter, ele está desqualificado para ser servo dos servos
do Senhor.
72
C.S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples (São Paulo, Ed. ABU, 1997), 70.
39
Somos todos passíveis de sermos corrompidos pelo poder. John R.W. Stott observa
que “foi Lord Acton, um político inglês do século 19, amigo e conselheiro do primeiro-
ministro William Gladstone, que compôs a máxima: ‘o poder tende a corromper; o poder
absoluto corrompe absolutamente.’”74 Ninguém está livre desta sutil, porém corrosiva
tentação, a não ser que tenhamos sempre em mente que somos servos dos servos de Cristo
(Jo 13:12-20).
Ativismo ou produtividade?
Nunca abandonar a ordem de valores [Deus, família, igreja, trabalho].
Produtivo não é o mesmo que ser agitado.
Prioridade da sua própria família.
73
Donald G. Barnhouse, Romans (Grand Rapids, Wm. Eerdmans Publishing Co., 1994), vol. 4, p. 57.
74
John R.W. Stott, O chamado para líderes cristãos, p. 32.
40
A disciplina de oficiais
O Senhor Jesus afirma que a quem maior autoridade é dada, maior será o grau de
responsabilidade diante dele. Na parábola do servo vigilante lemos que “àquele, porém, que
não soube a vontade do seu senhor e fez cousas dignas de reprovação levará poucos
açoites. Mas aquele quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito se
confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12:48, ARA). Os presbíteros e diáconos são capacitados
com dons específicos, e recebem o reconhecimento da igreja e são revestidos de autoridade
por Cristo para liderarem o rebanho. Por estes motivos, não podem ser relapsos, nem
irresponsáveis com os seus deveres cristãos em todas as áreas da sua vida. Eles prestarão
contas, de um modo especial. Se fiéis em seu dever a sua honra será maior, entretanto,
também será proporcional o escândalo se houver queda.
A sábia orientação do apóstolo deve ser observada diligentemente. Escrevendo ao
jovem pastor Timóteo adverte que “não aceites denúncia contra presbítero, senão
exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no
pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam (1 Tm
5:19-20, ARA). Não se deve aceitar qualquer acusação contra um presbítero, a não ser que
seja endossado pelo testemunho verbal de duas ou três pessoas, e que sejam fidedignas.
William Hendriksen comenta que “não se deve prejudicar desnecessariamente a reputação
de um presbítero, e sua obra não deve sofrer uma interrupção desnecessária.”75 O mesmo
poderia ser concluído acerca dos diáconos. O livro de Provérbios observa que “mais vale o
bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro”
(Pv 22:1).
Uma vez comprovado que um presbítero tenha realmente cometido pecado que exija
disciplina pública os demais não podem se omitir de repreendê-lo. Hendriksen esclarece
que
os presbíteros quem andam por vias pecaminosas não devem ser poupados. Aliás, seus
pecados devem ser punidos ainda com mais severidade do que os demais. A lei fazia a mesma
distinção (Lv 4:22, 27). Timóteo devia não só fazer com que seu pecado ferisse sua consciência, mas
75
William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (São Paulo, Editora Cultura Cristã,
2001), p. 228.
41
que, no caso deles, isso fosse feito não privativamente, nem na presença de apenas uns poucos
(Mt 18:15-17), mas publicamente, ou seja, na presença de todo o consistório, para que os demais
presbíteros também viessem a sentir-se cheios de um piedoso temor de praticar o mal (cf. Gn
39:9; Sl 19:13).76
O reformador genebrino sabia pessoalmente o que era ser acusado, e ter o nome caluniado
na boca de pessoas perversas. É inevitável a falsas acusações, o próprio Senhor Jesus as
sofreu, mas, elas não devem encontrar provas.
Em seu ofício de governo os presbíteros não podem se iludir pensando que se
tornaram intocáveis. O Conselho não possui imunidade diante da justiça de Deus. John
Murray comenta que
é na igreja que a supervisão é exercida. Existe aqui uma sutil e necessária distinção. Enquanto a
supervisão é sobre a igreja, ela não está acima de algo da qual os presbíteros se isentam. Os
presbíteros não são senhores sobre a herança do Senhor; eles mesmos fazem parte do rebanho
e devem ser exemplos para ele. A Escritura tem um modo singular de enfatizar a unidade e
diversidade, e neste caso, a diversidade que reside no exercício do governo é mantida na mesma
proporção em que lembramos que os presbíteros também são sujeitos ao governo que eles
exercem sobre outros. Presbíteros são membros do corpo de Cristo e estão sujeitos à mesma
espécie de governo da qual eles são administradores.78
Os pecados dos presbíteros são como os de qualquer outro crente. Mas, por causa da sua
posição dentro do corpo de Cristo e a sua responsabilidade de ser exemplo dos fiéis, o seu
escândalo tem maior repercussão.
76
William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito, p. 228, grifos do autor.
77
João Calvino, Comentário do Novo Testamento das Pastorais – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (São Paulo, Edições
Parácletos, 1998), p. 150, 151.
78
John Murray, Collected Writings: The Claims of Truth, vol.1, p. 262.
42
A doutrina da ordenação
A doutrina da ordenação
A ordenação não é um sacramento. Ela não confere nenhuma graça invisível ao
ordenado, mas é uma nomeação e consagração de um indivíduo comum no meio da igreja
separando e investindo-o de responsabilidades e honras para o exercício de um cargo de
liderança. Charles Hodge declara que “a ordenação é a solene expressão do julgamento da
igreja, mediante daqueles que foram designados para comunicar tal julgamento, de que o
candidato é verdadeiramente vocacionado por Deus para tomar parte neste ministério, com
isso autenticando para o chamamento divino.”79
A Comissão dos teólogos da Assembleia de Westminster definiu ordenação como sendo “o
ato solene de chamar publicamente um oficial, em que os presbíteros da igreja, em nome de
Cristo, e para a igreja, por um sinal visível, designam a pessoa, e ratificam a sua dedicação
para o seu ofício; com oração e abençoando os seus dons para a ministração.” 80Alguns
elementos caracterizam a ordenação como um ato espiritual: primeiro, é um ato solene. Isto
implica a seriedade deste chamado. Segundo, há uma continuidade na ordenação, ou seja,
não é alguém que se levanta do nada e se auto-ordena, mas, são presbíteros que ordenam
presbíteros, e isto retrocede ao tempo dos apóstolos. Terceiro, a sua autoridade é
confirmada por Cristo. Quarto, os presbíteros apenas confirmam os dons e o chamado do
candidato, evidenciados no convívio da igreja.
A ordenação não é um ato de promover um sobre os demais. Por não reconhecermos
um sistema hierárquico de governo, mas, sendo conciliares, entendemos que o presbítero é
um entre iguais (1 Pe 5:1-4). Ele é separado para servir, e não para ser servido. O seu serviço é
liderar (Jo 13).
O sistema presbiteriano não reconhece nenhum tipo de ordem sacra. O ofício de
presbítero não é um clero especial, ou um sacramento que possa ser considerado um meio
de graça. O fato de alguém ser ordenado presbítero não lhe garante salvação, ou um nível
superior de santificação. De modo contrário, a Igreja Católica Apostólica Romana adota a
ordenação como um dos seus sete sacramentos.81 O teólogo católico Franz-Josef Nocke
declara que
a imposição das mãos e oração são realizadas na convicção de que nessa atuação da Igreja atua
o próprio Cristo: ele próprio toma o candidato à consagração a seu serviço, ele próprio lhe
concede seu Espírito. Por isso, visto que no sinal realizador da Igreja o próprio Cristo realiza
sua efetiva presença, a ordenação é chamada de sacramento. A consagração sacerdotal é o sacramento
do comissionamento e da concessão do Espírito para esse serviço.82
79
Charles Hodge, Church Polity citado em Louis Berkhof, Teologia Sistemática (Campinas, LPC, 1994), p. 592.
80
John Lightfoot, Journal of the Proceedings of the Assembly of Divines (London, 1824), p. 115 citado por Brian
Schwetley, A Historical and Biblical Examination of Woman Deacons (texto não publicado) consultado:
www.reformedonline.com/view/reformedonline/deacon.htm em 07/03/2007.
81
Veja Francis S. Fiorenza & John P. Galvin, orgs., Teologia Sistemática Perspectivas Católico-Romanas, vol 2, pp. 374-
390.
82
Franz-Josef Nocke, Doutrina Específica dos Sacramentos in: Theodor Schneider, org., Manual de Dogmática (Petrópolis,
Editora Vozes, 2002), vol. 2, p. 318.
43
composição; é santo e será santo para vós outros. Qualquer que compuser óleo igual a este ou
dele puser sobre um estranho será eliminado do seu povo (Ex 30:30-33).
Somente aqueles que sucedem por ordenação podem ordenar outro ao ofício de
presbítero. Não existe “auto-ordenação”, porque somente um oficial pode ratificar a
autoridade recebida a outro num ato público e por decisão conciliar.
Bannerman, Church of Christ, vol. 2, p. 421
83
Richard Bacon & W. Gary Crampton, Built upon the Rock: A Study of the Doctrine of the Church (Blue Banner Books,
First Presbyterian Church of Rowlett, 1999, texto não publicado) disponível em:
http://www.fpcr.org/blue_banner_articles/Built%20Upon%20the%20Rock.htm consultado 19/03/2007.
45
Art.112 – Só poderão votar e ser votados nas assembleias da Igreja local os membros em plena
comunhão, cujos nomes estiverem no rol organizado pelo Conselho, observado o que
estabelece o Art.13 e seus parágrafos.
Art.114 – Só poderá ser ordenado e instalado quem, depois instruído, aceitar a doutrina, o
governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil, devendo a Igreja prometer tributar-lhe
honra e obediência no Senhor, segundo a Palavra de Deus e esta Constituição.
O cuidado na ordenação
A Palavra de Deus nos declara que a ordenação é realizada por oficiais autorizados
por Deus e representantes da autoridade de Cristo (1 Tm 4:14). Por isso, o nosso Senhor
exige que sejamos cuidadosos na ordenação dos oficiais. A Escritura nos adverte que “a
ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (1 Tm 5:22, ARA). Acerca desta passagem
J.N.D. Kelly comenta que
o reconhecimento que os presbíteros são passíveis de cair na má conduta, e do julgamento
terrível que os aguarda caso assim fizerem, sublinha a importância de usar cuidado e
deliberação extremos quando se nomeia tais oficiais. Além disto, está de acordo com a
preocupação de Paulo nas [epístolas] Pastorais o fato de ser muito desejável obter para o
ministério homens de caráter firme e comprovado. (...) Uma razão sadia porque um pastor
principal deve exercer prudência em ordenar é evitar a associação de si mesmo com os pecados de
outrem. Ele poderia, com toda justiça, ser considerado até certo ponto responsável se o homem
a quem ordenara com pressa imprópria se tornasse ocasião de escândalo. Longe de permitir que
isto acontecesse, o líder cristão que é conclamado a julgar, e também a castigar outros, deve
(conforme Paulo admoesta a Timóteo) conservar-se a si mesmo puro, i.é., sua própria vida deve estar
absolutamente acima de repreensão.84
A outra situação onde o que jura também falha em seu juramento.87 É possível que
embora seja sincero em sua disposição em concordar com o que está declarando, mas esteja
mentindo por não conhecer ou não entender as implicações de seu juramento. Esta prática
não é menos pecado do que a desonesta reserva mental. Pois, como posso dizer que creio
num sistema doutrinário que ignoro, ou não entendo? Ao participar de um grupo é
indispensável que eu saiba o que ele crê.
85
Confissão de Fé de Westminster XXII.3
86
Confissão de Fé de Westminster XXII.4
87
Lewis B. Smedes, Moralidad y Nada Más (Grand Rapids, Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1997), p. 232.
47
Os votos da ordenação
O Manual de Culto da Igreja Presbiteriana do Brasil orienta quais as perguntas
constitucionais devem ser feitas para a ordenação e investidura do aspirante ao ofício de
presbítero. Segue a citação:88
1. Crê que as Escrituras do Antigo e Novo Testamento são a Palavra de Deus, e que esta Palavra é a única
regra de fé e prática?
2. Recebe e adota sinceramente a Confissão de Fé e os Catecismos [de Westminster] desta Igreja, como fiel
exposição do sistema de doutrina nas Escrituras Sagradas?
3. Sustenta e aprova o Governo e Disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil?
4. Aceita o ofício de Presbítero Regente desta Igreja, e promete desempenhar fielmente todos os deveres
deste cargo?
5. Promete procurar manter e promover a paz, a unidade, a edificação e a pureza da Igreja?
Art.57 – Aos presbíteros e aos diáconos que tenham servido à Igreja por mais de 25 anos, poderá esta,
pelo voto da Assembleia, oferecer o título de Presbítero ou diácono Emérito, respectivamente, sem
prejuízo do exercício do seu cargo, se eles forem reeleitos.
O mandato do oficial está restrito à igreja que o elegeu. Assim, caso ele se transfira
para outra igreja o exercício do seu mandato termina.
Por que, em geral, os presbíteros em disponibilidade e eméritos assumem uma
atitude passiva, e às vezes omissa, no exercício do seu ofício? Este é um assunto que os
nossos amados presbíteros em disponibilidade deveriam refletir com carinho quanto ao seu
permanente chamado
88
Manual de Culto (São Paulo, Casa Editora Presbiteriana do Brasil, s./d.), pp. 60. Fiz algumas adaptações para atualizar o
português numa linguagem mais simples.
48
O treinamento administrativo
O Manual Presbiteriano
O Manual Presbiteriano é o documento de ordem que rege as questões legais
internas das igrejas locais, bem como em todos os concílios da IPB. Ele também é o
documento que em assuntos legais estabelece o vínculo entre a igreja local e a denominação.
As prerrogativas do Conselho
O Conselho tem a autoridade e responsabilidade de governar a igreja local. CIPB –
cap.V, art. 83.
A confecção de documentos
Todo documento somente terá validade e será aceito se for assinado pelo
interessado. Quanto à forma de confecção poderá ser escrito à mão, datilografado ou
digitado no computador.
A eleição de oficiais
O Conselho no processo de eleição de oficiais deve zelar por:
1. Seguir a instrução da Constituição da IPB quanto ao processo de eleição.
2. Estipular os critérios de indicação de candidatos.
3. Verificar a constitucionalidade do candidato para o ofício.
4. Organizar os critérios de indicação de candidatos e instruir a igreja para que participe.
5. Avaliar a reputação do candidato na família, igreja e sociedade.
6. Examinar as suas convicções e compromisso doutrinário com a IPB.
7. Inibir toda manifestação de partidarismo dentro da igreja, que venha prejudicar a
comunhão.
8. Conduzir todo processo em disposição de comunhão e oração, buscando a orientação do
Espírito de Deus.
A eleição de pastores
Na eleição de pastores embora o processo se assemelhe a dos presbíteros, há algumas
alterações significativas, pelo fato, dos candidatos serem membros do presbitério, e não da
igreja local. Assim o Conselho deve:
1. Seguir a instrução da Constituição da IPB quanto ao processo de eleição.
2. Encaminhar o processo de eleição de pastor ao presbitério para avaliação.
3. Organizar os critérios de indicação de candidatos e instruir a igreja para que participe.
4. Verificar a constitucionalidade do candidato para o ofício.
5. Avaliar a reputação do candidato na família, igreja e sociedade.
7. Examinar as suas convicções e compromisso doutrinário com a IPB.
8. Estipular qual será a duração de tempo do mandato do pastor eleito.
9. Inibir toda manifestação de partidarismo dentro da igreja, que venha prejudicar a unidade
e andamento do processo de eleição e transição pastoral.
10. Conduzir todo processo em disposição de comunhão e oração, buscando nos princípios
da Escritura a necessária orientação do Espírito de Deus.
O treinamento de líderes
Quando se deseja criar, ou aperfeiçoar um grupo, deve-se dar especial atenção
àqueles que governam. Se escolhermos pessoas que não têm aptidão para liderar, estaremos
condenando os liderados. Este cuidado deve ser observado não somente na escolha do
líder, mas também, na sua preparação para que exerça eficazmente o seu dom de liderança.
O líder é o indivíduo que planeja, organiza, comanda, coordena e conduz para um alvo um
grupo. É alguém que sem fazer tudo em lugar de todos (porque não é centralizador), leva
cada um a realizar-se dentro do grupo, através da ação coordenada.
A liderança é a direção na qual se preocupa concentrar toda a atenção sobre as
atitudes e interesses dos subordinados que na realidade, não são tratados como simples
auxiliares, mas, sim, como colaboradores. O líder é a pessoa que procura dirigir com
cooperação, participação espontânea e boa vontade das pessoas que dirige. James C. Hunter
nos providencia a seguinte definição: é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem
entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum.89
A liderança cristã
John R.W. Stott comenta que “‘liderança’ é uma palavra comum a cristãos e não-
cristãos, mas isso não significa que tenha o mesmo conceito para ambos. Ao contrário,
Jesus introduziu no mundo um novo estilo de liderança servil.”90 O evangelista Marcos
registrou que
Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados
governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem
autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós,
será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos (Mc 10:42-
44).
O que lidera tem que ser referencial de humildade. Se liderarmos com arrogância,
formaremos discípulos orgulhosos. Toda ação possui uma reação, e, esta reação pode ser de
repúdio, ou de contaminação. Por isso, John R.W. Stott conclui que o líder tem que ser
humildade diante de Cristo, de quem somos servos; humildade diante das Escrituras, de quem
somos despenseiros; humildade diante do mundo, cuja oposição somos obrigados a encarar e
diante da congregação, cujos membros devemos amar e servir.91
apaixonados, não percebemos o seu peso, nem as dificuldades inerentes. Temos uma
enorme responsabilidade, porque cuidamos da noiva do Cordeiro. Ele ama a sua noiva, a
Igreja, o seu coração foi-lhe entregue. É perigoso menosprezar a amada do Senhor Jesus!
A necessidade da liderança
92
Algumas ideias foram adaptadas de Roberto A. Orr, Liderança (Anápolis, Asas de Socorro, texto não publicado, revisado
2003), p.46.
52
A liderança planejando
Os líderes conduzem a um alvo com planejamento. Há um ditado que diz: planeje o seu
trabalho, e depois trabalhe o seu plano. A igreja tem que ter propósitos definidos.
Algumas perguntas devem ser feitas constantemente para que a resposta seja clara na
mente dos liderados:
1. Quem somos?
2. Onde estamos?
3. Onde desejamos chegar?
4. Como chegaremos lá?
5. O que estamos fazendo?
6. Como deve ser feito?
7. Quem deve fazer?
1. Não compareça às reuniões, nem justifique, e quando vier chegue sempre atrasado.
2. Quando solicitado a colaborar, diga que o trabalho deve ser feito pelos liderados.
3. Se não participar às reuniões, critique as decisões daqueles que compareceram.
4. Nunca aceite um cargo de responsabilidade.
5. Fique irado se não lhe colocarem para participar de uma comissão de destaque.
6. Quando solicitarem a opinar sobre algum assunto importante, seja omisso.
7. Depois de decidido uma questão, volte atrás e posicione-se contra, demonstrando
publicamente a sua discordância após a reunião.
8. Ignore as necessidades dos liderados.
9. Seja agressivo ao comunicar uma decisão do Conselho aos membros.
10. Seja arrogante por causa da posição que ocupa dentro da igreja.
93
Adaptado de Roberto A. Orr, Liderança, p.46.
54
Apêndice 1
Marido de uma só mulher
A prescrição de que o bispo [gr. episcopos, i.é., supervisor] seja “esposo de uma só
mulher” (1 Tm 3:2) é um assunto de acalorada discussão há muito tempo. A opinião dos
intérpretes está dividida em direções diferentes.
A exclusividade matrimonial
O entendimento deste preceito seria de que o presbítero deve ser marido de uma só
esposa durante toda a sua vida, e que se mantivesse viúvo, sem contrair segundas núpcias. A
argumentação recorre a interpretação errônea do pensamento de Paulo. J.N.D. Kelly é um
defensor deste ponto de vista, ele argumenta pressupondo que o apóstolo era influenciado
pela mentalidade cultura de sua época a respeito da castidade. Segundo Kelly “a atitude da
antiguidade era marcante diferente daquilo que prevalece na maioria dos círculos hoje,
A proibição da poligamia
A prática da monogamia foi uma virtude que o Cristianismo trouxe para o mundo
antigo. Mesmo entre os judeus era tolerado a poligamia. Pode-se constatar nos escritos de
Josefo onde ele testemunha que “devido os costumes antigos um homem pode viver com
mais de uma esposa”.94 Ainda lemos outro caso em que Justino, o mártir, declara que “ainda
hoje é possível que um judeu tenha quatro ou cinco esposas”.95
Apêndice 2
Sugestão de perguntas para a avaliação
2. Você se preocupa com a conduta moral e a saúde espiritual dos seus filhos?
3. Por que motivo você deseja ser um oficial da IPB?
4. Quais outros ministérios e cargos você ocupa atualmente na igreja local?
5. Você procura conscientemente melhorar a sua liderança através de cursos, leituras e
conversas com lideranças e com os seus liderados?
6. Você tem dificuldade com alguma doutrina da IPB?
7. Você é fiel dizimista? Como você poderá administrar o dinheiro dos outros se você
não contribui?
8. Você é a favor da ordenação de mulheres como diaconisa, presbítera ou pastora?
9. Qual a sua opinião sobre pastores e oficiais que após a ordenação se divorciam, e
continuam no exercício do seu ministério?
Apêndice 3
Perguntas constitucionais de ordenação
1º. Vocês confessam crer que as Escrituras do Velho e Novo Testamento são a Palavra
de Deus, e que esta palavra é a única regra infalível de fé e prática?
2º. Vocês recebem e adotam a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja como fiel
exposição do sistema de doutrina ensinado nas Santas Escrituras?
4º. Vocês aceitam o ofício [presbíteros regentes e diáconos] desta Igreja, e prometem
desempenhar fielmente todos os deveres deste cargo?
Os livros selecionados aqui são indicações de leitura para o contínuo crescimento dos
oficiais em seu exercício. Como os demais eles são discípulos de Cristo, e nunca podem
56
Referência bibliográfica
Doutrina
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