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CENTRO EDUCACIONAL TEOLÓGICO DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ABREU

E LIMA PERNAMBUCO (CETEADALPE)

LUAN DAVID DA SILVA TIMÓTEO

A IGREJA E A TEOLOGIA: Uma análise do comportamento da igreja quanto ao


ensino teológico

ABREU E LIMA-PE
2023
LUAN DAVID DA SILVA TIMÓTEO1

A IGREJA E A TEOLOGIA: Uma análise do comportamento da igreja quanto ao


ensino teológico

Trabalho de Pesquisa apresentado à disciplina de


Metodologia Científica, para obtenção da 2ª nota,
sob a orientação da profª. Rebeca Sales

ABREU E LIMA-PE
2023

1 Aluno do curso Bacharel Livre em Teologia pelo Centro Educacional Teológico da Assembleia de
Deus em Abreu e Lima (CETEADALPE) aos sábados; e-mail: jablownsk@gmail.com
RESUMO

Desde o princípio o conhecimento de Deus era valioso, para o homem e para


a criação. Por ele somos levamos às mais extraordinárias reflexões, é claro, se trata
do exercício da criatura em conhecer ao seu criador. Isso não é uma tarefa para
muitos, já que muitos não se dedicam a tal ação. Toda a criação e ação divina em
relacionamento direto com o ser humano foi registrada em um sublime esboço, a
Bíblia, o esboço de Deus.
Essa fonte de conhecimento eterno foi confiada aos santos que se chama
Igreja, e, através do exercício de seu conhecimento, podem se aproximar do divino
autor. Esse conhecimento chama-se Teologia, a mãe das ciências. Tal ciência não
esfria nem afasta o homem de Deus, mas, por meio dela, o homem chega a razão
de sua fé, e disso ninguém pode duvidar. A presente obra aborda o comportamento
da igreja quanto ao ensino teológico, e ratifica que essa relação é inseparável.

Palavras-chave: Igreja; teologia; conhecimento.

ABSTRACT

From the God's ministry was, for man and for creation. For him we are leading
to the most extraordinary reflections, of course, it is the principle of towards his
creator. This is not an option for many, since many do not dedicate themselves to
such action. All divine creation and action in direct relationship with the human being
was recorded in a sublime outline, the Bible, the outline of God.
This source of true repentance was entrusted to the saints who are called the
Church, and through the knowledge of their ministry they can benefit from the divine
author. This guy's name is theology, the mother of science. Such a does not cool or
separate the man from God, but through it man comes the reason for his faith, and
no one can doubt it. The present work the behavior of the church regarding the
theological teaching, and ratifies that this relationship is inseparable.

Keywords: church; theology; knowledge.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………5
1. CONCEITOS GERAIS DE IGREJA E TEOLOGIA………………………6
2. O RELACIONAMENTO DA IGREJA E A TEOLOGIA ATRAVÉS DOS
SÉCULOS……………………………………………………………………..7
2.1 Período primitivo…………………………………………………………8
2.2 Período medieval…………………………………………………………8
2.3 Período da reforma……………………………………………………….9
3. A VISÃO DISTORCIDA DA IGREJA ATUAL SOBRE TEOLOGIA……..10
4. A VISÃO DISTORCIDA DA IGREJA ATUAL SOBRE O TEÓLOGO……11
5. O TEÓLOGO E SUA ATUAÇÃO NA IGREJA………………………………12
CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………………….13
REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………14
INTRODUÇÃO

A ideia de escrever sobre o comportamento da igreja quanto ao estudo


teológico surgiu em meio a uma breve reflexão, baseada em pequenas experiências
desagradáveis no ambiente eclesiástico, sob o contexto da educação teológica e os
seus impactos na vida cristã. Diante desses fatos, entendemos ser de suma
importância, esclarecer aos irmãos em Cristo, a proposta da Teologia dentro das
igrejas. Destrinchamos conteúdos de grandes teólogos como: Altair Germano;
Reginaldo Cruz; João Antônio Martins; Fernando Batista; e Esdras Cabral de Melo.
Debruçamo-nos nas obras literárias que abrangem esse tema, bem como nas
reflexões acerca dos comentários de alguns crentes a respeito dos resultados que a
Teologia trouxe a muitos, afim de compreender o porquê da resistência iminente da
igreja ao estudo teológico.
Afinal, por que a igreja ou alguns membros dela, desprezam tanto essa área
do saber, julgando ser ela a causa da frieza espiritual de muitos crentes?
Infelizmente, muitas pessoas, principalmente no meio pentecostal (do qual nós
fazemos parte), não sabem o conceito de Teologia, não conhecem a história da
igreja e seus teólogos, e têm uma falsa perspectiva sobre quem mergulha no
conhecimento teológico, por isso a resistem.
O presbítero Fernando Batista, citando o professor Roberto L. Renner, diz que
ele faz uma observação interessante, ele diz: Roberto (apud, Grenz e Olson, 2001,
p.10) considera que “Nos dias atuais, a teologia não está em alta, pois as pessoas
estão abertas para conhecer a Deus, mas têm certa resistência ao estudo dessa
área”. Ou seja, há um receio da parte desses indivíduos e esse receio, demonstrado
no endurecimento do coração no tocante ao “saber teológico”, os priva de enxergar
a Teologia como um instrumento que, por meio do qual, nos aprofundamos na fé
revelada nas Sagradas Escrituras.
A Teologia é inevitável para o cristão que procura saber a respeito de Deus. E
não somente inevitável e universal, como também valiosa e necessária (BATISTA,
2021). Oremos, pois, para que a Igreja acorde e, com o rompimento do receio que
existe, entenda, que uma igreja consolidada biblicamente e espiritualmente na
verdade, são frutos de uma boa, saudável e prática teologia. Amemos a estratégia
que Jesus nos confiou: “Examinai as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida
eterna, e são elas que de mim testificam.” (Jo 5.39).
1. CONCEITOS GERAIS DE IGREJA E TEOLOGIA

O estudo do comportamento da igreja quanto ao ensino teológico nos faz


voltar os olhos para dentro da congregação e refletir a respeito do tipo de ensino e
pregação que as ovelhas estão recebendo, apartir dessa reflexão, é possível ter
uma noção dos interesses ocultos, existentes nos corações dos pregadores e
doutrinadores da Casa do Senhor, pois, os mesmos têm a capacidade de refletir sua
postura bíblico-teológica nos seus ouvintes. A influência entre o que ensina e o
recebedor do ensino é gigantesca, não por acaso Paulo recomenda seu modelo
(1Co 11.1).
Antes de iniciarmos nossa análise afim de compreender a resistência da
igreja quanto ao “labor teológico”, é possível entender o que é Igreja e Teologia
propriamente ditas através de suas definições e conceitos. Em primeiro lugar temos
o vocábulo “igreja”, do grego ekklesia, cujo significado é “chamados para fora” para
formar um grupo de pessoas compromissadas com Cristo e a proclamação do seu
evangelho por toda a terra. Esta definição é a mais objetiva possível, visto que, o
foco primário de ekklesia é o fazer missões.
Há semelhança desse agrupamento de pessoas, o termo no hebraico é kaal,
reportando-se à congregação do povo de Israel, constituído por Deus para a sua
adoração em meio às nações pagãs. A própria palavra indica o propósito pelo qual
Deus a estabeleceu, “igreja” remete a todo o povo de Deus espalhadas por toda a
terra desde a sua fundação, no Pentecostes (At 2.1). A igreja foi projetada por Deus
em detalhes desde a eternidade, sua singularidade e firmeza apontam para o seu
perfeito autor.
Em segundo lugar, temos a Teologia, esse vocábulo é o resultado da junção
de duas palavras gregas, a saber: theos, “Deus”; e logos, “palavra”, “discurso”. Sua
fonte está na Palavra de Deus, logo, a fé não é irracional, o próprio Jesus ensinou
que devemos amar a Deus com todo o nosso “entendimento” (Mt 12.30). Ezequias
Soares, citando Karl Rahner, diz: Soares (apud, MCGRATH, p.177) “Karl Rahner
definiu teologia como “a ciência fé (…) a explanação e a explicação consciente e
metódica da revelação divina, recebida e compreendida pela fé”.
A Teologia cristã são os dados da revelação postos em ordem sistemática e
organizada ao longo dos séculos; isso implica o uso da razão. (SOARES, 2022,
p.52). Esses são alguns conceitos gerais das palavras-chave dessa pesquisa,
poderíamos investir tempo para o registro de muitos outros em inúmeras páginas,
pois são diversos, mas, esse não é o objetivo de nossa análise, e, também, tendo
em vista a mínima distinção de ambas, decreto estão mais ligadas do que
pensamos.

2. O RELACIONAMENTO DA IGREJA E A TEOLOGIA ATRAVÉS DOS


SÉCULOS

Porque estamos falando de igreja e teologia, se faz necessário a explanação


do percurso eclesiástico através dos séculos, e então veremos seu relacionamento
com o ser e o fazer teológico. Isto será nada menos do que um deleite numa grande
história. Em partida dos registros que se seguirão, nossas mentes se abrirão ao
entendimento de que igreja e teologia são intimamente ligadas.
A inclusão da teologia, ou melhor, do termo “teologia” no contexto cristão,
veio, primariamente, por uma questão apologética, ou seja, a necessidade de
defender a fé cristã por um meio consistente. Partindo desse princípio, vemos então
que, a teologia sempre esteve presente entre os cristãos, como também, em nossos
antepassados, pois os mesmos lidaram com situações adversas em que sua fé foi
posta à prova, através de ataques no campo da racionalidade.
Os evangelhos já iniciam defendendo a Jesus, como sendo o Cristo que viria.
Mateus, sabendo que os principais judeus não creram no Messias, escreveu,
inspirado pelo Espírito Santo, a densa genealogia do mestre desde Abraão,
provando que este era da linhagem da promessa. Marcos e Lucas descreveram-o
como o homem de dores, reportando-se à sua humanidade, de acordo com Isaías
53.3. João, conhecendo bem o ataque teológico iminente daquela época, a saber, o
gnosticismo2, escreveu, com a autoridade de Deus, o único evangelho não sinótico,
em defesa exclusiva acerca da divindade de Jesus.
Desse modo, ratificamos que, desde cedo, a igreja foi desafiada a se
posicionar em defesa da sua fé, diante de vários ataques, e estes não físicos, mas
intelectuais, cujo objetivo era “transformar a verdade de Deus em mentira” (Rm

2 “O gnosticismo foi uma das principais heresias a ameaçar a igreja em seu início. Era um movimento
sincretista, que se caracterizava por professar o dualismo entre o mundo material e espiritual. Um
pensamento principal entre os gnósticos é que só o espírito é bom e que a matéria é má. Assim, eles
desprezam a doutrina bíblica da criação, pois segundo sua crença só um "deus inferior" criaria o
mundo, porque o mundo é matéria, e todas as coisas criadas do mundo são naturalmente más
segundo ensinam.” (BATISTA, 2021, p. 49).
1.25a), desconstruir a sã doutrina e perverter o caráter divino das Escrituras. Os
apóstolos lutaram veemente contra os falsos mestres, como Pedro, Paulo, João e
Judas, em sua epístola. Não podemos negar que, verdadeiramente eram todos
genuínos teólogos, pois anunciavam as boas novas do evangelho e, com maestria,
defendiam a fé, manejando bem a Palavra da Verdade (2Tm 2.15).
“A teologia nasceu à medida que os herdeiros dos apóstolos começaram a
refletir sobre os ensinamentos de Jesus e deles, a fim de explicá-los em novos
contextos e situações e resolver controvérsias quanto à crença e conduta cristãs.
Nasce em um período onde nem havia o N.T como canônico; este só foi realizado
no concílio de Cartago, em 397.” (CABRAL, 2023, p. 98). Os teólogos que se
seguiram são conhecidos como Pais Apostólicos.

2.1 Período primitivo


Devido as perseguições sofridas pela igreja, os teólogos pós-apóstolos não
se empenharam a compilar uma sistemática a respeito de Teologia Cristã e se
ocuparam na apologia dos cristãos ante as autoridades romanas e auxiliar a igreja
no combate das seitas e heresias3, nomes como Tertuliano e Justino, o mártir, mas,
também, produziram excelentes obras como Apologeticus 197, d.C. e Apologia 155-
157 d.C. O início da sistematização teológica se deu com Orígenes (185-254) em
seus princípios introdutórios.
Depois, veio Agostinho de Hipona (354-430). Ambos eram homens
importantes, mas o sistema mais completo do período foi erigido por João
Damasceno (700-760), temos então, a primeira teologia sistemática propriamente
dita, a saber, seu sumário de fé ortodoxa “De Fide Orthodoxus).

2.2 Período medieval


A tarefa de sistematizar a teologia cristã foi prosseguida pelos escolásticos,
ou seja, a metodologia do pensamento filosófico Aristotélico em junção com a fé
cristã, para um melhor entendimento dos elementos teológicos. Aos poucos foram
erguendo os pilares da dogmática cristã. Tais nomes foram Anselmo, Abelardo,
Pedro Lombardo e Thomás de Aquino.

3 “Do ponto de vista cristão, heresia é o ato de um indivíduo ou de um grupo afastar-se do ensino da
Palavra de Deus e adotar e divulgar suas próprias ideias, ou as ideias de outrem, em matéria de
religião. Em resumo, é o abandono da verdade.” (OLIVEIRA, 2021, p. 7).
2.3 Período da reforma
“A educação teológica está diretamente associada com a Reforma
Protestante, quer em razão da formação acadêmica dos reformadores, quer pelas
ações que eles realizaram em prol da mesma.” (GERMANO, 2021, p. 19). Este
evento foi um ponto norteador para o futuro da igreja e da teologia em si, pois, visou
o retorno ao fundamento da própria. Caso não tenha ocorrido tal acontecimento,
poderíamos estar, agora, em um turbilhão de falsos ensinos empregados pelo
catolicismo romano e outras tais seitas4.
“Lutero, junto com outros pensadores, tais como Calvino e Zuínglio,
promoveram um trabalho de resgate dos princípios do evangelho de Jesus, com
retorno à centralidade de Cristo, ao conceito da salvação somente pela graça e
mediante a fé, ao entendimento de que a Escritura é a única e suficiente regra de fé
e prática do cristianismo, e a compreensão de que a glória deve ser dada somente a
Deus.” (BATISTA, 2021, p. 60). A partir deste evento sobremaneira importante e
decerto cirúrgico, a “rainha das ciências” avança significativamente. Desde então, a
teologia está ligada à igreja no que tange ao posicionamento racional de sua fé e
prática, afinal, o ser e o fazer teológico baseia-se primária e unicamente na Palavra
de Deus, sob a qual, também está fundamentada a igreja.

Fonte da imagem: https://www.deutschland.de/pt-br/topic/vida/sociedade-integracao/martinho-


lutero-e-as-consequencias-500-anos-da-reforma-protestante

4 Grupos que professam doutrina, ideologia, sistema filosófico ou religioso, divergentes da


correspondente doutrina dominante.
3. A VISÃO DISTORCIDA DA IGREJA ATUAL SOBRE TEOLOGIA

Como havíamos dito na introdução, esta pesquisa veio após uma reflexão
sobre experiências desagradáveis no ambiente eclesiástico, com relação à Teologia.
É assustador a forma como vários membros da igreja local falam do ensino
teológico, para eles, a teologia é desnecessária para a pregação, evangelismo,
doutrina e, pasmem, é desnecessária para o auxílio do professor de Escola Bíblica
Dominical (EBD), resumindo, suas falas apontam que a mãe das ciências pode ser
estudada, contanto que não cruzem as portas da congregação.
Sinceramente falando, essas pessoas desconhecem o real sentimento dos
mestres da antiguidade, ao exultar, no êxtase das Letras, como Esdras, “E Esdras
abriu o livro perante à vista de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e,
abrindo-o ele, todo o povo se pôs de pé. E Esdras louvou ao Senhor, o grande
Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! Levantando as suas mãos”; e
inclinaram suas cabeças, e adoraram ao SENHOR, com os rostos em terra.” (Ne
8.5-6, AFC). O mesmo escreveu o maior compêndio teológico do Antigo
Testamento, o salmo 119.
De igual modo, desconhecem ou não leram 2ª Reis 2.3,5,7,15; 4.1,38; 9.1,2;
onde está descrito, a existência de uma comunidade de profetas, a saber, a escola
de profetas, instituída inicialmente por Samuel (1Sm 10.5; 19.20), e, continuada por
Eliseu. Esse fato reafirma a necessidade de uma formação teológica para os
profetas de Deus (ministros e mestres da sua Palavra), é claro que, a oração e a
intimidade com Deus, são indispensáveis, como vemos em Moisés e Elias, mas,
uma necessidade não anula a outra, pelo contrário, equilibra a vida e ministério de
homens e mulheres de Deus.
Por que não mencionar o apostolo Paulo? O maior plantador e doutrinador de
igrejas do Novo Testamento escrevendo mais da metade do mesmo. Suas treze
cartas são uma evidência incontestável de que a igreja precisa de um ensino sólido
e sistêmico da Palavra de Deus. Sua própria narrativa carece de elementos como
exegese e hermenêutica para sua correta interpretação. Talvez, pela falta delas,
muitos líderes de hoje negligenciam a teologia, ao citar a seguinte expressão do
apóstolo: “A letra mata”, extraída do texto de 2ª Coríntios 3.6, como em um contexto
de desprezo à educação teológica formal, aplicada nas instituições religiosas.
Altair Germano, citando o comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal a
respeito deste texto, diz:

Na Biblia de Estudo Pentecostal, a nota de rodapé que comenta o presente texto diz que não
é a lei nem a Palavra de Deus escrita, em si mesmas, que destroem, mas sim as exigências
da lei, que, destituídas da vida e do poder do Espirito, trazem condenação. [...] Através da
salvação em Cristo, o Espirito Santo concede vida e poder espiritual ao crente para que este
faça a vontade de Deus. Mediante o Espírito Santo, a letra da lei já não mata.5

É, portando, de suma importância que se mantenha a integridade das


Escrituras em detrimento de especulações que visam reprimir a boa e saudável
teologia. Afinal, o apóstolo Paulo deixa a receita para o seu sucessor (Timóteo):
“Persiste em ler, exortar e ensinar até que eu vá” (1Tm 4.13); também “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). E, por fim, Pedro, cheio de
Deus, declara: “Crescei na graça e no conhecimento de Deus” (2Pe 3.18).

4. A VISÃO DISTORCIDA DA IGREJA ATUAL SOBRE O TEÓLOGO

É notório que a característica clara do teólogo, na visão da igreja, seja que ele
sabe sobre a Bíblia, podendo tirar dúvidas, é alguém que pesquisa bastante, sabe
montar um bom esboço para ensinar a qualquer pessoas no campo da Palavra de
Deus, com base nos seus estudos. Mas, além disso, ressoa o pensamento intrigante
no meio de muitos irmãos, que, com uma perspectiva errônea no que diz respeito ao
teólogo, afirmam ser frio, o estudante de Teologia.
Essa é a nossa triste realidade em muitos lugares, nós, os teólogos, que com
veemência lutamos contra os falsos ensinos e reagimos com maestria nos debates
teológicos, afirmando o real sentido das Sagradas Escrituras, por meio da razão,
pois a fé é racional e a mesma é alcançada através do conhecimento da verdade “A
fé vem pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Deus” (Rm 10.17), mediante a graça que
nos têm concedido o Senhor Jesus Cristo.
“Esta mesma linha de pensamento contribui para que cheguemos a
conclusão de que o estudante de Teologia sem a fé não elabora Teologia, pois a
verdadeira Teologia nasce dentro verdadeira intimidade com a fé.” (CRUZ;
ANTÔNIO, 2020, p. 82).

5 GERMANO (apud, BEP, 1995, p. 2123)


Para finalizarmos este tópico, gostaríamos de enfatizar a fala de Reginaldo
Cruz e João Antônio Martins, em resposta da segunda e última errônea afirmação
que permeia na mente de muitos, que é a seguinte: “Teologia nos afasta do
Espírito”, será? Os mestres afirmam em sua obra Aprendiz de Teologia: um guia
para iniciantes no estudo teológico,:

A Teologia pode nos afastar da presença de Deus? Não, pelo contrário, a Teologia nos faz
entender através das Escrituras entendemos que ela não nos afastará de Deus, antes, ela
nos aproximará do conhecimento que devemos ter dEle (como devemos adorá-lo, valorizá-lo
quem Ele é, e enaltecermos a sua grandeza e a realização das suas maravilhas).
A Teologia pode nos afastar da presença de Cristo? Não, pelo contrário, a Teologia através
das Escrituras nos faz entender a pré-existência de Cristo, sua encarnação, sua vida,
ministério, morte, ressurreição e ascensão. A Teologia nos aproxima de Cristo, pois o centro
da Teologia é o Cristo crucificado. A Teologia pode nos afastar da presença do Espírito
Santo? Não, pelo contrário, através das Escrituras a Teologia busca compreender a
Divindade, poder, e obra do Espírito Santo no Antigo e no Novo Testamento. Através das
Escrituras a Teologia nos leva a compreender o empoderamento do Espirito Santo sobre nós,
daí descobrimos que temos maior necessidade de estabelecer uma relação íntima com Ele.6

5. O TEÓLOGO E SUA ATUAÇÃO NA IGREJA

Postas as nossas refutações quanto às falsas afirmações de muitos crentes,


temos, agora, a liberdade de expor as responsabilidades do teólogo na igreja, assim
como um pastor, o teólogo é um portador de uma vocação que é tríplice: servir a
igreja, interpretar e ensinar as Escrituras, pregar e anunciar a Cristo. O melhor, é
que tudo isso têm uma linda e singular finalidade, segundo Paulo, é para “o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo
de Cristo” (Ef 4.11,12).
Não desprezemos esses servos, que receberam a chamada para tal missão.
Finalizamos mais um tópico com as palavras de Wicks, segundo Fernando Batista,
que diz: BATISTA (apud WICKS, 2021, p. 65) quando "os teólogos estão a serviço
dos crentes, como investigadores da revelação de Deus que culmina em Jesus
Cristo e, ao mesmo tempo, como comunicadores do sentido e do significado da nova
vida que a palavra de Deus produz".

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6 CRUZ, ANTÔNIO, 2020, p. 85


O labor teológico foi desenvolvido à medida que a fé começou a ser
ameaçada, tendo em vista as grandes perseguições que a igreja primitiva sofreu, e
que até hoje rodeiam a noiva de Cristo. Tal labor foi experimentado, primariamente,
pelos grandes homens de Deus do Antigo Testamento, tais como Esdras, Samuel,
Eliseu, os filhos dos profetas, etc. Esse labor perdurou por muito tempo em
harmonia com a prática da oração pelos filhos de Deus, os homens.
Com a chegada de Jesus, o próprio verbo encarnado, a Lei foi esclarecida, e
o labor teológico passou a ser um gosto de todos os crentes em Cristo, visto que,
todos paravam para ouvi-lo pregar e expor o que dele se achava nas Sagradas
Letras (Lc 24.44). Com o esclarecimento da Lei, o pensamento teológico ardia no
coração dos apóstolos, a descida do Espírito Santo em Atos 2 os proporcionou uma
experiência com fogo, pondo eles, então, a lógica em fogo, pregaram a Palavra de
Deus com poder e graça.
Esta feita é mais que suficiente para provar aos nossos amados irmãos em
Cristo, que, teologia não esfria crente, pois, o que tal tragédia o causa, é uma vida
de pecados. A Teologia não nos afasta de Deus, pelo contrário, nos aproxima mais e
mais do ser divino que habita acima do sol, conforme Salomão contrasta no capítulo
2 do livro de Eclesiastes. A Teologia nos aproxima de de Cristo, pois o centro dela é
o Cristo crucificado. A Teologia não nos afasta do Espírito Santo, pois ele é o
sublime professor.
A Teologia não nos afasta da Santa Trindade, pelo contrário, através das
Escrituras nós compreendemos a necessidade de termos uma relação com a
divindade de três pessoas. A fé nunca será abalada pelo conhecimento teológico,
pois o verdadeiro conhecimento teológico é aquele que penso crendo. No decorrer
da história, muitos irmãos lutaram em defesa da fé que professavam, e
pavimentaram as ruas para que, hoje, pudéssemos andar.
As nossas palavras para os queridos leitores desta análise é que, a Bíblia é a
fonte do ser e o fazer teológico, a única base sólida, sob a qual todos os que
anseiam conhecer fielmente a Deus podem se firmar, e, por consequência desse ato
de fé, vivenciaremos e seremos uma igreja saudável e consolidada nas verdades de
Deus, pois, uma igreja saudável é o resultado de uma teologia saudável. Enfim,
Igreja e Teologia jamais podem ser separadas, pois uma carece da outra.
REFERÊNCIAS

BATISTA, Fernando. Introdução ao pensamento teológico: reflexões sobre a


prática teológica. I. ed. Joinville, SC: Editora Santorini, 2021.

Bíblia sagrada ACF. I. ed. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020.

CRUZ, R; MARTINS, J. A. Aprendiz de teologia: um guia para iniciantes no estudo


teológico. I. ed. Goiânia: Editora Cruz, 2020.

GERMANO, Altair. A educação teológica nas assembleias de Deus no Brasil: os


antecedentes históricos de uma grande conquista. I. de. Joinville, SC: Editora
Santorini, 2021.

GILBERTO, Antônio. et al. Teologia sistemática pentecostal. 17. ed. Rio de


Janeiro: CPAD, 2022.

HORVATH, Miguel. Eliseu e a escola de profetas. Disponível em:


https://ibvm.org.br/eliseu-e-a-escola-de-profetas-ii-reis-4-38-44/. Acesso em:
22/09/2023.

MELO, Esdras Cabral de. O essencial da teologia: 2000 anos de produção


teológica. 2. ed. Recife: Café com literatura, 2023.

OLIVEIRA, Raimundo de. Seitas e heresias: um sinal do fim dos tempos. 55. ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

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