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ESTATUTO DOS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS

DA SAGRADA COMUNHÃO.

Introdução
 
Sabemos que Jesus passou a vida fazendo o bem a todos. Revelou
pelos gestos e atitudes que a vida é dom e serviço. Foi, portanto, incansável no
serviço ao povo, especialmente aos mais pobres. “Quem quiser ser o maior
entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós,
seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mt 20,26-28).
Na vivência comunitária da fé, Jesus nos mostra que o fundamental é o
serviço, colocando nossos dons e capacidades a serviço do Reino (cf. 1Pd
4,10). Numa Igreja ministerial a caminhada é em conjunto, na colaboração e
corresponsabilidade, com os pastores, cuja característica é o serviço. Temos
que participar mais e servir mais que os outros. Esta é a verdadeira autoridade.
“aquele que serve...”, como diz o Mestre Jesus.
O serviço é a exigência primeira da Evangelização; é testemunho do
amor gratuito de Deus para com cada pessoa. Ele se expressa em todas as
pastorais e atividades. É, principalmente, na acolhida que se constrói a
comunidade. Existem serviços que são contínuos e serviços que são
temporários. A Igreja reconhece alguns serviços como tão importantes que os
chama de ministérios.
 
Ministérios

O ministério é um serviço prestado a toda a Igreja, instituído por Jesus


para que esteja a serviço do povo de Deus. É um carisma que o amor de Deus
concede à sua Igreja para desempenhar determinadas ações e serviços. Os
carismas, serviços e ministérios na Igreja se complementam e cooperam  uns
com os outros  em vista da missão de evangelizar. O exercício dos ministérios
tem  pleno sentido quando exercidos em comunhão, na construção da unidade
e no testemunho do amor cristão.
A vivência do ministério é mais completa quando o ministro está
convencido de que o discipulado e a missionariedade fazem  parte integrante
de sua participação na vida da Igreja na qual foram inseridos pelo sacramento
do Batismo. Portanto, “o ministério é um carisma, ou seja, um dom do alto, do
Pai, pelo Filho, no Espírito, que torna seu portador apto a desempenhar
determinadas atividades, serviços em ordem à salvação”(Documentos da
CNBB 62).
O exercício do ministério enriquece a vida comunitária e favorece a ação
evangelizadora da Igreja, pois, “o envolvimento da comunidade na indicação de
seus ministros recupera a dinâmica da igreja primitiva, de participação da
comunidade nas responsabilidades do ministério apostólico; cria-se assim a
perspectiva da “comunidade toda missionária” (Documento de Aparecida 168).
Por outro lado, a instituição de ministros faz com que a comunidade reconheça
que eles são parte da igreja, favorecendo a compreensão de que todos os
cristãos participam da missão da Igreja; a valorização dos leigos propicia “a
comunhão na missão e a missão  na comunhão” (Documento de Aparecida
163). Supera-se, assim, a “disputa” para “entrega generosa” na comunidade
eclesial (Documento de Aparecida nº. 505, 178).
Dentre os ministérios destacamos os ministérios não ordenados que
não são recebidos mediante um sacramento (sacramento da ordem), mas que
exercem uma função específica para o crescimento do Povo de Deus. Estes
ministérios são instituídos pelo bispo diocesano ou por pessoa delegada por
ele.
Estes ministérios podem ser:
 Da administração (conselho administrativo, pastoral do dízimo, comissão
de eventos e promoções, etc.);
 Da coordenação ou animação (de comunidades, pastorais, movimentos,
grupos de rua, etc.);
 Litúrgicos (leitores, acólitos, animadores, cantores, equipe de
liturgia, salmistas, etc.);
 Da Palavra (catequese, pregação, esperança, bênçãos, etc.);
 Pastorais (familiar, juventude, criança, saúde, educação, carcerária,
moradores de rua, vicentinos, etc.);
 Dos Sacramentos (extraordinários do Batismo, Sagrada Comunhão,
testemunhas qualificadas do Matrimônio).
 
Estes ministérios podem ser conferidos a pessoas idôneas por um tempo
determinado pois não imprimem caráter sacramental.
Dentro dos ministérios não ordenados, a Igreja reconhece 3 tipos:
Ministérios reconhecidos, que estão ligados a um serviço significativo, mas que
não são permanentes e podem ser extintos de acordo com as circunstâncias;
ministérios confiados que são conferidos mediante um ato litúrgico simples ou
alguma forma canônica; e por fim os ministérios instituídos, que são destinados
a um serviço preciso e permanente, conferido por via de um rito litúrgico ao
qual chamamos de instituição (Documentos da CNBB 62).

MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA SAGRADA COMUNHÃO.

1. A Eucaristia, maior de todos os dons deixado pelo Cristo Senhor à sua


Igreja, exige uma consciência sempre mais profunda e uma participação
sempre mais viva para a eficácia da Salvação. Para favorecer e facilitar a
possibilidade de aproximar-se da Santa Comunhão, foram instituídos os
Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão. Já em 30 de Abril de 1969 a
Instrução “Fidei Custos” do Papa Paulo VI, “constituiu Ministros Extraordinários,
para administrar a Sagrada Comunhão conforme o rito latino” (Fidei Custos § 5)
e estabeleceu as primeiras normas. Em 29 Janeiro de 1973, a Santa Sé
promulga a Instrução Immensae caritatis, onde vem apresentado de modo
específico a identidade do Ministro Extraordinário da Santa Comunhão1 e em
1983 é aprovada no Código de Direito Canônico (cân. 230 §3)2.

2. "Este ofício [de distribuir a comunhão extraordinariamente] seja entendido


em sentido estrito conforme sua denominação de Ministro Extraordinário da

1
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, Instrução
Immensae caritatis, 1973.
2
“Onde a necessidade da Igreja o aconselhar, podem também os leigos, na falta de ministros,
mesmo não sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios, a saber, exercer o
ministério da palavra, presidir às orações litúrgicas, administrar o batismo e distribuir a sagrada
Comunhão, de acordo com as prescrições do direito.” CDC, cân. 230 §3.
Sagrada Comunhão, e não "ministro especial da santa Comunhão" ou
"ministro extraordinário da Eucaristia" ou "ministro especial da Eucaristia"
definições que ampliam indevidamente e impropriamente o alcance dessa
denominação".3

3. A instituição desses ministros “extraordinários” tem como objetivo prover as


circunstâncias nas quais faltam um número suficiente de ministros ordenados
(bispos, presbíteros, diáconos) ou extraordinários instituídos (acólitos) para a
distribuição da Santa Comunhão.

4. Os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão são fiéis leigos,


delegados pelo bispo diocesano, ad actum ou ad tempus (para aquele
momento ou por um tempo determinado).4

5. Portanto, a fim de que os fiéis que estão em estado de graça e, retamente e


devotamente, desejem participar do Banquete Sagrado não fiquem privados
desse conforto e remédio sacramental, o Papa Paulo VI decidiu ser oportuno
autorizar ministros extraordinários, que serão designados para dar a
Comunhão a si mesmos e aos outros fiéis, sob as exatas e específicas
condições aqui listadas:
- quando não houver padre, diácono ou acólito disponível;
- quando os mesmos ministros estiverem impossibilitados de administrar
a Comunhão, por causa de outra atividade pastoral, ou em caso de doença ou
idade avançada;
- quando o número de fiéis desejosos de receber a Comunhão for tão
grande que a celebração da Missa ou a distribuição da Comunhão fora da
Missa demoraria excessivamente(...).

6. Já que essas faculdades foram concedidas exclusivamente em favor do bem


espiritual dos fiéis, e para casos de genuína necessidade, lembrem-se os
sacerdotes que tais faculdades não os isentam da obrigação de distribuir a

3
REDEMPTIONIS SACRAMENTUM, 156.
4
Idem, 155.
Eucaristia aos fiéis que legitimamente o solicitarem, e especialmente de levá-la
e administrá-la aos doentes.5

7. Como acontece com qualquer ministério na Igreja, também os Ministros


Extraordinários da Sagrada Comunhão “têm obrigação de adquirir a formação
requerida para o conveniente desempenho do seu múnus, e de o desempenhar
consciente, cuidadosa e diligentemente”.6

8. As tarefas atribuídas ao Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão são:


- distribuição da Comunhão durante a missa com grande participação de
fiéis na falta de presbíteros, diáconos e acólitos instituídos, na paróquia onde
exerce seu mandato;
- levar a Santa Comunhão aos doentes e anciãos especialmente no “Dia
do Senhor”;
- expor, na ausência do presbítero ou diácono, para a adoração dos
fiéis, a Santíssima Eucaristia e recolocá-la no sacrário, sem dar a bênção com
o Santíssimo;
- levar o Viático aos doentes só na falta de outro ministro. É importante
avisar o pároco sobre a gravidade do enfermo afim de que seja preparado para
receber o Sacramento da Unção dos Enfermos e o Sacramento da Penitência;
- presidir a celebração da Palavra de Deus onde faltam presbíteros e
diáconos.7

5
Cf. Instrução Immensae caritatis, 1, I e VI.
6
Código de Direito Canônico. Cân. 231 § 1.

7
CONSTITUIÇÃO CONCILIAR SACROSANCTUM CONCILIUM SOBRE A SAGRADA
LITURGIA 35.4 - “Promova-se a celebração da Palavra de Deus nas vigílias das festas mais
solenes, em alguns dias feriais do Advento e da Quaresma e nos domingos e dias de festa,
especialmente onde não houver sacerdote; neste caso, será um diácono, ou outra pessoa
delegada pelo Bispo, a dirigir a celebração.”
9. Pede-se ao Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão que tenha
algumas disposições espirituais tais como:
- o firme desejo de imitar Cristo, Bom Samaritano;
- a consciência de que é enviado pela Igreja e por isso nunca age por
conta própria;
- um espírito de sacrifício (tempo, zelo, responsabilidade,
disponibilidade);
- amor pelos enfermos e anciãos;
- amor pela Eucaristia através de uma vida de oração, vida sacramental
e adoração;
- atenção pastoral que às vezes pode ir além de somente levar a
Comunhão (visitas quando o enfermo ou ancião não for capaz de
entendimento);
- seja disponível para fazer encontros de formação e retiros espirituais
quando propostos.

10. Os fiéis que são Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão devem


ser pessoas cujas boas qualidades de vida cristã, de fé e de moral os
recomende. Que se esforcem para serem dignos desse importante serviço, que
fomentem a própria devoção à Eucaristia, e mostrem ser um exemplo para o
resto dos fiéis, pela sua própria devoção e reverência com relação ao mais
augusto sacramento do altar. Não deve ser escolhido ninguém cuja nomeação
possa ser causa de inquietação para os fiéis.

11. Podem ser escolhidos para o Ministério Extraordinário os maiores de 21


anos, fora casos excepcionais, homens ou mulheres, e que tenham as
qualidades e as disponibilidades necessárias para o exercício do ministério tais
como:
- que cultivem uma profunda vida de fé, esperança e caridade,
alicerçada na Palavra e vivida na comunidade e no serviço aos pobres e ser
testemunha de vida cristã;
- que tenha recebido os sacramentos de iniciação cristã;
- que dê testemunho de amor e respeito à Eucaristia;
- que tenham maturidade humana, com destaque para as atitudes
necessárias para o serviço;
- que seja um construtor de comunhão na comunidade;
- que esteja participando com perseverança das atividades pastorais da
comunidade, por um tempo mínimo de dois anos;
- que seja aceito pela comunidade à qual é destinado a servir;
- que tenha o consentimento do cônjuge (se for casado/a);
- que, se for solteiro (a), tenha um comportamento respeitoso e
maturidade suficiente para assumir este serviço;
- que tenha a disponibilidade para exercer o ministério e participar dos
encontros de formação oferecidos pela comunidade, pela paróquia e pela
diocese;
- que seja humilde e obediente às orientações da Igreja;
- que sejam fiéis comprometidos com às necessidades materiais da
Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades (seja dizimista);8

12. Casais em segunda união estável – Em razão da sua situação objetiva, os


casais em segunda união estável, “não podem exercer certas
responsabilidades eclesiais” (CIC 1650) como a de Ministros Extraordinários da
Sagrada Comunhão.9

13. Novas comunidades (Aliança e de Vida) – as novas comunidades que


estão surgindo, fruto do Espírito Santo, acolhidas e aprovadas pela Igreja
Diocesana, no que diz respeito à admissão, de alguns de seus membros
como Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, devem estar em
comunhão com o pároco que a acolhe e a acompanha em seu território. É ele,
o pároco, a referência mais próxima do bispo, e é o pároco, juntamente com o
fundador (ou responsável) da “Nova Comunidade”, quem decidirá se aceita (ou

8
Código de Direito Canônico. Cân. 222.
9
Também outras responsabilidades eclesiais, que pressupõe um testemunho de vida cristã
pessoal, não podem ser confiados a divorciados que se casam civilmente (ou em segunda
união estável) como: serviços litúrgicos (leitor, ministros extraordinários da Santa Comunhão),
serviços catequéticos (professor de religião, catequista para primeira comunhão ou para
crisma), paticipação como membro do Concelho Pastoral diocesano ou paroquial(...) (Código
de Direito Canônico, can. 512 § 3). CONGREGAZIONE PER LA DOTTRINA DELLA FEDE,
Sulla pastorale dei divorziati risposati. Documenti, commenti e studi, Libreria editrice vaticana,
Città del Vaticano 1998, 7-29
se afasta) e qual a área de atuação bem como a sua função dentro do território
paroquial, afim de que se crie cada vez mais laços de comunhão e participação
entre as “Novas Comunidades” e a Paróquia que a acolhe em seu território.

14. A área de atuação do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão é a


Paróquia para qual ele foi instituído. Caso seja necessário o exercício do seu
ministério em outras Paróquia, o Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão
deve ter a autorização dos párocos das respectivas Paróquias.

15. Com relação a identificação dos Ministros Extraordinários da Sagrada


Comunhão – A identificação será feita através de uma carteirinha válida
somente no território diocesano e pelo prazo nela mencionado.

16. Recomenda-se que os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão


usem uma veste que expresse seu serviço ministerial.

17. Segundo a orientação do Colegiado de Pastoral, a duração do


mandato de Ministros Extraordinário da Sagrada Comunhão será de dois anos,
podendo ou não ser renovado por mais dois anos, sempre após um diálogo
entre o padre e cada ministro, para avaliar as condições de exercício do
ministério, a espiritualidade, a aceitação da comunidade e outros assuntos. Em
casos excepcionais ou de necessidade pastoral, o pároco poderá suspender de
imediato esse mandato ou estendê-lo por quanto tempo for necessário.

18. A instituição ou renovação do mandato de Ministros Extraordinários da


Sagrada Comunhão pode ser feita pelo pároco em sua paróquia, ou pelo
vigário forânio na sua Forania, na data que julgarem mais oportuno.

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