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Seminário Teológico Evangélico Betel

Brasileiro (STEBB)

Teologia Sistemática I
Bibliologia e Teontologia

Produzida por Mateus Soares

2022

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INTRODUÇÃO A TEOLOGIA
"QUANDO TROCAMOS A MENSAGEM DE DEUS, MUDAMOS O DEUS DA MENSAGEM."
WARREN W. WIERSBE

O QUE VAMOS ESTUDAR NESTA DISCIPLINA?


Introdução à Teologia - Introdução e áreas da Teologia Sistemática e métodos
Bibliologia: A Bíblia: revelação, inspiração, autoridade, iluminação, canonicidade, inerrância,
Palavra de Deus ao homem.
Teontologia: Análise dos aspectos histórico e sistemático das concepções da ontologia divina. Estudos
da doutrina bíblica concernente à pessoa, às obras, aos atributos e aos decretos de Deus – Trindade

A CIÊNCIA TEOLÓGICA - CONCEITOS


O que é Teologia?
a. Conceito Etimológico O vocábulo teologia vem dois outros do língua grega, a saber: θεος
(teos = Deus) + λογος (logos = palavra, discurso). Sendo assim, etimologicamente, teologia é
um discurso a respeito de Deus.

b. Conceito Técnico É a ciência dos fatos da revelação divina até onde esses fatos dizem respeito
à natureza de Deus e à nossa relação com Ele, como suas criaturas, como pecadores e como
sujeitos da redenção.

CIÊNCIA TEOLÓGICA - DEUS SE REVELA


“Deve ser observado que na teologia ela (a revelação) nunca indica algo meramente passivo, talvez
inconsciente, tornando-se manifesto, mas sempre um ato consciente, voluntário e intencional de Deus,
pelo qual ele revela ou comunica a verdade divina”. Louis Berkhof
Em outras palavras, os seres humanos não descobrem Deus; é Deus que se revela. Deus nunca é o
objeto revelado sem ser o sujeito revelador.
No acontecimento de revelação, aquele que é comissionado por Deus geralmente expressa um senso
de indignidade, tensão e hesitação em vez de um senso de dependência absoluta, serenidade e deleite
piedoso.
O que é Teologia Sistemática?
A teologia sistemática é uma elaboração da cosmovisão cristã baseada na Bíblia. O estudo da teologia
é diferente do estudo da religião, que inclui todas as religiões mundiais e seitas, e usa várias
metodologias: sociologia, antropologia, história, psicologia, etc.
A teologia é estuda as doutrinas ou temas que os adeptos de uma determinada religião crêem. Antes
de definir a teologia sistemática, precisamos olhar as demais áreas da teologia. Estas áreas podem ser
definidas em três contextos:

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Contexto histórico: O teólogo emprega o método da teologia histórica, ou seja, o estudo das doutrinas
durante os séculos. Este método é um ponto de partida importante porque em dois mil anos um grande
número das possibilidades foi examinado. Pelo estudo da formulação das doutrinas e do pensamento
de teólogos importantes podemos aprender quais são as perguntas importantes a serem abordadas.
O contexto atual: Pode ser estudado de várias maneiras, A teologia filosófica lida com a questão de
Deus a partir da ótica da filosofia, Buscando responder a essas perguntas, a partir da fé cristã histórica,
mas sempre com um alvo prático.
O contexto atual também exige familiaridade com disciplinas tais como sociologia, psicologia e
antropologia, visando interpretação e compreensão da sociedade e na identificação das necessidades
das pessoas, elaborando com êxito uma teologia prática, homilética, o aconselhamento pastoral, a
educação religiosa e outras.
Contexto Bíblico: Elaborado através de teologia bíblica. A Bíblia é a fonte maior da teologia
sistemática e é sempre a autoridade final.
A Bíblia deve ser estudada para verificarmos qual é a posição verdadeira entre as escolhas possíveis.
A Bíblia terá a resposta certa. As ferramentas de hermenêutica, as línguas originais, etc. devem ser
usadas para chegarmos às conclusões corretas. O teólogo sistemático depende do fruto do trabalho dos
especialistas do Antigo e do Novo Testamento.

Como estudar Teologia Sistemática?


Devemos estudar teologia sistemática com oração. Estudar teologia é, portanto, uma atividade
espiritual em que precisamos da ajuda do Espírito Santo.
Devemos estudar teologia sistemática com humildade. Devidamente estudado teologia sistemática não
levar a conhecimento de que "incha" (1 Coríntios 8:1), mas a humildade e amor pelos outros.
Devemos estudar teologia sistemática com razão. Razão com base na passagem bíblica.

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A CIÊNCIA TEOLÓGICA E SUAS DIVISÕES
a. A Teologia Propriamente Dita: Inclui todo o ensino referente ao ser e os atributos de
Deus; a tríplice personalidade da Deidade; a relação de Deus com o mundo, ou os decretos
e suas obras da criação e da providência.

b. A Antropologia: Inclui a origem e a natureza do homem; seu estado original e prova; sua
queda; a natureza do pecado; o efeito do primeiro pecado de Adão sobre si e sobre sua
posteridade.

c. A Soteriologia: Inclui o propósito ou plano de Deus em referência a salvação do homem;


a pessoa e obra do redentor; a aplicação da redenção de Cristo ao povo de Deus, sua
regeneração, justificação e santificação; e os meios de graça.

d. A Escatologia: O estudo das doutrinas que dizem respeito ao estado da alma após a morte;
a ressurreição; o segundo advento de Cristo; o juízo geral o fim do mundo; o céu e o inferno.

e. A Eclesiologia: inclui a idéia, ou natureza da igreja; seus atributos; suas prerrogativas e


sua organização.

f. Hamartologia: Estuda a natureza do pecado; sua extensão na vida dos homens etc.

g. Cristologia: Faz referência a pessoa de Cristo, sua encarnação; seus atributos como ser
divino, estados de exaltação e humilhação etc.

h. Pneumatologia: diz respeito a pessoa do Espírito santo como terceira pessoa da Trindade;
sua personalidade; seu ministério; seus dons concedidos aos homens, atributos divinos etc.

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Apostila de Bibliologia
BIBLIOLOGIA - CONCEITO E SEÇÕES
É a parte da teologia que estuda a Bíblia como Palavra de Deus; suas divisões, conceitos como
revelação, inspiração e iluminação; o processo e provas da inspiração das Escrituras Sagradas e o
processo de canonicidade.
O vocábulo “Bíblia” vem do grego, língua original do Novo testamento. Deriva do vocábulo grego
“Biblos”. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “Biblion”, e vários destes eram uma
“Bíblia”. Portanto, literalmente, a palavra Bíblia quer dizer “coleção de livros pequenos”.

MATERIAIS DE ESCRITA
Os livros sagrados não estavam unidos como os que temos hoje. Isso só foi possível com a invenção
do papel no século II pelos chineses, bem como a invenção do prelo em 1450 pelo alemão Gutenberg.
Os livros antigos tinham forma de rolo (Jr 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho.
O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados no oriente, cuja entrecasca
servia para escrever. Essa planta ainda existe no Sudão, na Galiléia superior e no vale de Sharom. Seu
uso na escrita vem de 3.000 a.C.
O pergaminho é de pele de animais geralmente cabra ou carneiro e seu uso e mais recente; vem dos
primórdios da era cristã. É um material gráfico superior ao papiro. Ainda hoje, devido aos ritos
tradicionais, os rolos sagrados das escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas judaicas.

PERGAMINHO PAPIRO
IDIOMAS
A Bíblia começou a ser escrita há milhares de anos por pessoas que viviam na região que hoje
conhecemos como Oriente Médio.
Hebraico - A maior parte do antigo Testamento foi escrita em hebraico.
Aramaico - Alguns trechos da Bíblia foram escritos numa língua parecida com o hebraico, chamada
aramaico. Um desses trechos em aramaico se encontra no Livro de Daniel.

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Grego - O Novo Testamento foi escrito na língua grega. Essa língua era compreendida em todo o
Império romano.

A BÍBLIA E SUA ESTRUTURA


A Bíblia contem 66 livros e divide-se em duas partes principais: o Antigo Testamento, 39 livros e o
Novo Testamento, 27. Os 66 livros foram escritos num período de aproximadamente 1.600 anos por
mais de 40 pessoas diferentes, inclusive reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas,
estudiosos, etc
Os escritores pertenceram as mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em
continentes, regiões e países distantes uns dos outros e em épocas diversas e formam uma harmonia
perfeita.

DIVISÃO EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS


Estêvão Langton, professor de Paris e depois arcebispo de Cantuária, fez a divisão em capítulos, em
1214.
Hugo de Santa Clara dividiu os capítulos em parágrafos de a - q, em 1263.
Sante Pagnini dividiu o AT em versículos, 1528, levando em consideração a antiga divisão dos judeus.
Na Bíblia Hebraica já existia uma divisão em versetos, já que escribas judeus (soferim e massoretas)
colocavam o número de versículos no final de cada livro do AT.
Roberto Etienne dividiu o NT em versículos, em 1551.

INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E ILUMINAÇÃO

a. Revelação: ato pelo qual Deus se manifestou ao homem e deu a este o conhecimento de
qual era a sua vontade (sonhos, visões, profecias, teofanias, etc).

b. Inspiração: Ato pelo qual o Espírito Santo capacitou santos homens de Deus a escreverem
fielmente tudo quanto Deus quis que fosse registrado de suas revelações.

c. Iluminação: Ato pelo qual o espírito santo capacita os homens a compreenderem a verdade
de Deus nas Sagradas Escrituras.
Falaremos detalhadamente dos três, iniciando por Inspiração.

INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
A característica mais importante da Bíblia não é sua estrutura e sua forma, mas o fato de ter sido
inspirada por Deus.
Definição Etimológica de Inspiração - Embora a palavra inspiração seja usada apenas uma vez no
Novo testamento (II Tm 3:16) e outra no Velho Testamento (Jó 32:8), o processo pelo qual Deus

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transmite sua mensagem autorizada ao homem é apresentada de muitas maneiras. Assim escreveu
Paulo a Timóteo: “Toda Escritura é divinamente inspirada [θεοπνευστος] e proveitosa para ensinar...”
(II Tm 3:16). Cf. I Co 2:13; II Pe 1:21; Hb 1:1; I Pe 1:11.

DEFINIÇÃO TEOLÓGICA DA INSPIRAÇÃO


Processo pelo qual alguns homens movidos pelo Espírito Santo, anunciaram e escreveram palavras
emanadas da boca de Deus; e, por isso mesmo, palavras dotadas de autoridade divina. Esse processo
total de inspiração contém três elementos essenciais, a saber:
a. Causalidade Divina: Deus é a causa e a fonte primordial da inspiração da Bíblia. O
elemento divino estimulou o elemento humano, revelou-lhe certas verdades da fé, e esses
homens de Deus as registraram.

b. Mediação Profética: Os profetas escreveram segundo a intenção total do coração, segundo


a consciência que os movia no exercício normal de sua tarefa, com seus estilos literários e
seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não foram violentadas; Deus
utilizou personalidades humanas para comunicar proposições divinas.

c. Autoridade Escrita: A Bíblia é a última palavra no que concerne a assuntos doutrinários


e éticos. Todas as controvérsias teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da
Palavra Escrita de Deus, pois ela recebeu sua autoridade do próprio Deus.

A NATUREZA DA INSPIRAÇÃO
Conceitos atribuídos a Bíblia em sua relação com a doutrina da inspiração e sua extenção.

a. A Ortodoxia: Pensamento teológico compreendido entre o I século até o século XVIII da


era cristã. Para a ortodoxia a Bíblia é a palavra de Deus. Em todas as suas partes e palavras
ela o registro fiel da revelação divina.

Ditado verbal: afirmando que os autores humanos da Bíblia registraram apenas o que Deus lhes havia
ditado, palavra por palavra.

Conceito inspirado: Deus só concedeu aos autores pensamentos inspirados, e os autores tiveram
liberdade de revesti-los com palavras próprias.

Inspiração conceitual: Deus teria inspirado apenas os conceitos, não as expressões literárias
particulares com que cada autor concebeu seus textos. Deus teria dado seus pensamentos aos profetas,
que tiveram toda a liberdade de exprimi-los em seus termos humanos.

b. Modernismo: Corrente teológica do século XIX que afirma que a Bíblia contém a palavra
de Deus; e, por este prisma, assevera que certas partes dela são divinas, expressão a
verdade, mas outras são obviamente humanas e apresentam erros.

Surgimento dessa visão da inspiração bíblica, a par do modernismo ou liberalismo teológico. Tais
autores acham que a Bíblia foi vítima de sua época, exatamente como acontece a quaisquer outros

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livros. Afirmam que ela teria incorporado muito das lendas, dos mitos e das falsas crenças relacionadas
à ciência.

O Conceito de intuição na visão Modernista

Na outra extremidade da visão modernista estão os estudiosos que negam totalmente a existência de
algum elemento divinos na composição da Bíblia. O que alguns denominam inspiração divina não
seria, para os modernistas, outra coisa senão intensa intuição humana.

c. A Neo-Ordodoxia: Corrente teológica do século XX. No início deste século a reviravolta


nos acontecimentos mundiais e a influência do pai dinamarquês do existencialismo, SØrem
Kierkeggard, deram origem a uma nova reforma na teologia européia. Muitos estudiosos
começaram a voltar-se de novo para as Escrituras, a fim de ouvir nelas a voz de Deus.
Criando, assim, um novo tipo de ortodoxia, afirmavam que Deus fala aos homens mediante
a Bíblia; as Escrituras tornam-se a Palavra de Deus num encontro pessoal entre Deus e o
homem.
Duas correntes na Neo-Ortodoxia
Demitizadores - Principais expoentes desta visão são Rudolf Bultmann e Shubert Ogden.
Dentro da visão demitizante, a Bíblia foi escrita em uma linguagem mitológica, fruto da sua
época, o que para os nossos dias a torna obsoleta. A tarefa do cristão moderno é despir a Bíblia
de seus trajes lendários, mitológicos.
Encontro pessoal: Expoentes são Karl Barth e Emil Brunner. a Bíblia não seria um registro
inspirado. mas imperfeito. Quando Deus surge no registro escrito, de maneira pessoal, a fim de
falar ao leitor, a Bíblia nesse momento torna-se a palavra de Deus

ELEMENTOS SOBRE A INSPIRAÇÃO


a. A Inspiração é Verbal: é verbal no sentido em que todas as palavras contidas no Livro Sagrado
são exatamente aquelas que o Espírito Santo queria que estivessem lá (cf. II Tm 3:16, II Sm
23:2, Mt 4:4,7; Lc 24:27,44, I Co 2:13, Ap 22:19. Diante destes fatos, fica bem claro que a
Bíblia reivindica para si mesma toda a autoridade verbal ou escrita. Diz a Bíblia que suas
palavras vieram da parte de Deus.
O Consenso de que a Escritura é inspirada em suas palavras bem como em seu significado é resumido
de modo adequado pela expressão inspiração verbal-plena. Essa doutrina afirma que a Escritura é
"inspirada por Deus" (II Timóteo 3:16) .
No entanto, isso de modo algum implica (muito menos de requer) uma "teoria do ditado" de inspiração.
De acordo com a interpretação comum dessa visão, a inspiração ocorreu organicamente - isto é, por
meio das personalidades e dos conceitos distintos dos autores humanos nos contextos histórico-sociais
deles.

b. A Inspiração é Plenária: A Bíblia reivindica a inspiração divina de todas as suas partes. É a


inspiração plena, total, absoluta. Nenhuma parte das Escrituras deixou de receber total
autoridade doutrinária. Jesus e todos os autores do Novo Testamento exemplificam sua crença

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firme na inspiração integral e completa do Antigo Testamento, citando trechos de todas as
escrituras que eram para eles autoridade, até mesmo o que apresentam ensinos fortemente
polêmicos como a criação de Adão e Eva, a destruição do mundo pelo dilúvio, o milagre de
Jonas, etc.

c. A Inspiração Atribui Autoridade: Todas as suas palavras, conceitos e partes a Bíblia é a


inspirada e perfeita revelação de Deus, portanto, ela também é autoritativa, única regra de fé e
prática. Esta sua autoridade é, também, decorrente de sua suficiência, ou seja, do fato de que
tudo quanto necessitamos para sermos salvos, conhecermos a Deus e servi-lo está claramente
exposto nos seus escritos. A inspiração significa fidelidade na escrituração da revelação e o
propósito de Deus ao nos conceder uma revelação escrita mostrar o caminho da salvação

A INSPIRAÇÃO E O DOCETISMO
Semelhante a heresia cristológica docetismo que negava realidade da total humanidade de Cristo uma
tendência histórica bem estabelecida e pode ser definida na história da igreja de diminuir a humanidade
da Escritura.
Alguns teólogos antigos falaram dos escritores bíblicos como meras "flautas" nas quais o espírito
tocava ou "secretários" por meio dos quais ele ditava a sua revelação. Essas analogias
tornaram-se teorias literais no fundamentalismo.

A INSPIRAÇÃO MECÂNICA E ORGÂNICA


O fundamentalismo enquanto crê na inspiração mecânica, a teologia evangélica acredita na inspiração
orgânica.
A inspiração mecânica é a crença de que os escritores bíblicos foram meramente passivos no processo
de inspiração. Com frequência, esse conceito representa a Bíblia como tendo sido ditada inteiramente
e diretamente pelo Espírito.
Em contraste a inspiração mecânica, a teologia evangélica adota a teoria da inspiração orgânica. Ou
seja, Deus santifica os dons, personalidades, história, língua e herança cultural naturais dos escritores
bíblicos.
Essas não são manchas ou obstáculos à inspiração divina, mas os próprios que Deus emprega para
acomodar sua revelação à nossa capacidade de criaturas.
A Bíblia é um livro Teantrópico – veio à luz através do homem, mas ele escreveu aquilo que estava na
mente de Deus. Deus moveu o homem a fazê-lo.

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REVELAÇÃO DE DEUS NA CRIAÇÃO
Revelação natural ou geral
Há uma ordem divinamente apontada na criação que pode ser invocada até mesmo na revelação
especial: “Observai os corvos. [...] Observai os lírios” (Lc 12.24,27). É dito que Deus revela-se por
meio dos trovões e dos raios (SI 18.9-15; 77.16-18; Êx 19.16-20), bem como no plantar e colher, no
seu comando sobre os ventos e os mares (Êx 14; SI 93.3-4) – Esse parágrafo não se encontra nos slides
de aula
Na teologia cristã, a revelação se refere ao ato de comunicação de Deus com o homem ou ao conteúdo
dessa comunicação. Há dois tipos de revelação, A revelação natural é comunicada por Deus através
dos chamados fenômenos “naturais” (Suas obras criadas), enquanto a revelação sobrenatural é
comunicada por Deus através de uma intervenção especial divina (sonhos, visões, etc.). A distinção
mais comum entre os teólogos reformados é a distinção entre revelação geral (ou revelação natural) e
revelação especial.
Como o efeito criado do discurso de Deus, a lei natural escrita na consciência na aliança da criação
permanece mesmo depois da queda. No entanto, não há revelação dos propósitos salvíficos de Deus
em Cristo que possa ser derivada nessa revelação original.

Revelação Geral mediada e Imediata


A distinção que deve ser feita é a distinção entre a revelação geral imediata e a mediata.
A revelação geral imediata ocorre sem um agente intermediário (por meio da Natureza vemos que
há um Deus) e a revelação geral mediada, através de um agente re revela a nós (por meio da nossa
consciência)
Revelação geral mediada é a expressão usada para descrever outra maneira pela qual Deus revela-se
a si mesmo para nós. Em Romanos 2.14 e 15, Paulo diz que a lei de Deus foi escrita e, nosso coração,
algo que João Calvino chamou de sensus divinitatis ou o senso divino.

Revelação Especial
A revelação especial mostra o plano de Deus para a redenção. Ela nos fala da encarnação, da cruz e da
ressurreição - coisas que não podem ser aprendidas por meio de um estudo da natureza. Acha-se
primariamente (ainda que não exclusivamente) na Escritura Sagrada. A Bíblia dá testemunho de como
Deus se revelou a si mesmo de uma maneira especial: Hb 1.1-3.
Para uma teologia verdadeira (mesmo da natureza), a humanidade precisa de outra palavra, uma
revelação diferente do sensus divinitatis (revelação natural ou geral) para anunciar a livre graça de
Deus e a reconciliação por meio da mediação de Cristo. “Apenas” essa revelação “vivifica almas
mortas”. Este parágrafo não está nos slides
Segundo Calvino: “Pois há dois modos de operação diferentes do Filho de Deus; o primeiro, que se
torna visível na arquitetura do mundo e na ordem natural; o outro, por meio do qual a natureza
arruinada é renovada e restaurada”. revelação geral é uma revelação legal. Ela coloca as pessoas
cara a cara com seu criador, legislador e juiz, mas não com um salvador.

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Nos tempos do Antigo Testamento, Deus falou diretamente ao seu povo em várias ocasiões. Houve
ocasiões em que ele se revelou por sonhos, sinais, sacerdotes e por teofanias.

Revelação Especial: Apóstolos e Profetas


Teofanias - vem das palavras gregas theos, que significa “Deus”, e phaneros, que significa
“manifestação”. Portanto, uma teofania era apenas uma manifestação visível do Deus invisível.
A maneira primária pela qual Deus se comunicou com o povo de Israel foi por meio dos profetas, que
chamamos “agentes de revelação”. Eles recebiam informação da parte de Deus, suas palavras
funcionavam como instrumentos e canais da revelação divina. Essa razão por que começavam suas
profecias com as palavras “Assim diz o Senhor”.

Os agentes de Revelação: Profetas


Havia também maneiras de distinguir um verdadeiro de um falso profeta. Os israelitas deviam aplicar
três testes para determinar quem era um verdadeiro instrumento na revelação divina.
1o Teste: Chamado Divina
2o Teste: Presença de Milagres
3o Teste: Cumprimento da Profecia
Os agentes de Revelação: Apóstolos
No Novo Testamento, os apóstolos eram a contraparte dos profetas. Os profetas e os apóstolos
formavam juntos o fundamento da igreja (Ef 2-20). O vocábulo apóstolo se refere a alguém que é
enviado ou comissionado com autoridade daquele que envia.
Por intermédio tanto dos profetas do Antigo Testamento quanto dos apóstolos do Novo Testamento,
recebemos um relato escrito de revelação especial. Veio até por meio dos agentes de Cristo, seus
agentes autorizados de revelação.

RESUMO SOBRE INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E ILUMINAÇÃO


Quando a Palavra é lida e pregada hoje, é Cristo quem fala. No entanto, a dádiva daquele cânon original
pertence à revelação; a obra subsequente do Espírito na igreja pertence à iluminação. As Escrituras são
inspiradas a despeito da resposta humana, mas para receber seu ensino, os corações precisam ser
iluminados pelo Espírito que inspirou o texto (ICo 2.10-16).
Assim, a inspiração é uma característica do texto bíblico, enquanto a iluminação é a obra subsequente
do Espírito de levar-nos a uma compreensão e aceitação do seu significado. esse testemunho do
Espírito não acrescenta uma sílaba sequer à Escritura; em vez disso, ele nos convence da verdade da
Escritura – Esta parte não está nos slides

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INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS
O termo inerrância tem significados diferentes para pessoas diferentes. É, pois importante sintetizar
brevemente algumas das posições correntes sobre a questão da inerrância.
A inerrância absoluta Sustenta que os escritores bíblicos tinham a intenção de fornecer uma
quantidade considerável de dados científicos e históricos exatos. Assim, as aparentes discrepâncias
podem e devem ser explicadas.
A inerrância plena também sustenta que a Bíblia é completamente verdadeira. Apesar de o objetivo
principal da Bíblia não ser prestar informações científicas e históricas, as declarações científicas e
históricas que ela fornece são completamente verdadeiras.
Não há diferença essencial entre essa posição e a da inerrância absoluta quanto à maneira de ver a
mensagem religiosa/teológica/espiritual.
A inerrância limitada também considera a Bíblia tanto inerrante como infalível em suas referências
doutrinárias à salvação. Faz-se, porém, uma distinção precisa entre assuntos não-empíricos, revelados,
de um lado, e referências empíricas, naturais, de outro. As referências científicas e históricas
contidas na Bíblia refletem o entendimento corrente na época em que a Bíblia foi escrita.
Sobre a inerrância limitada Erickson (p. 80)
A revelação e a inspiração não colocaram os escritores acima do conhecimento habitual. Deus não
lhes revelou a ciência ou a história. Por conseguinte, nessas áreas, a Bíblia bem pode conter o que
poderíamos chamar de erros. Isso, porém, não tem grandes consequências.

CANONICIDADE BÍBLICA
O significado da palavra “Cânon” tem raiz na palavra "cana", "junco" (do hebraico geneh, através do
grego kanon). O "junco" era usado como uma vara para medir e, por fim, veio a significar "padrão".
No sentido religioso, Cânon não significa vara de medir, mas aquilo que serve de norma ou regra, etc.
Os escritores pertenceram as mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em
continentes, regiões e países distantes uns dos outros e em épocas diversas e formam uma harmonia
perfeita.
Estabelecer o cânon foi um processo que aconteceu durante um período de tempo; mas isso não
significa que a igreja esteve sem um NT até ao fim do séc. IV. Desde o próprio início da igreja, os
livros básicos do NT, aqueles que lemos e observamos hoje, estavam em uso e funcionam como um
cânon por causa de sua autoridade apostólica.
O problema que causou o estabelecimento do cânon foi o aparecimento de um herege chamado
Marcião, que publicou seu próprio canon.
Marcião acreditava que o Deus apresentado no AT não era o Deus supremo do universo e sim uma
deidade menor chamada um “demiurgo” que tinha uma disposição caprichosa, e que Cristo viera para
revelar o verdadeiro Deus e libertar-nos espírito inferior. Como resultado, Marcião exclui tudo no NT
que poderia ligar Cristo de uma maneira positiva a Javé, o Deus do AT. O evangelho foi removido,
bem como qualquer referência que Cristo fez a respeito como seu Pai. Esta heresia impulsionou a
igreja a apresentar uma lista formal e autoritária d os livros bíblicos.

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CANONICIDADE BÍBLICA – CRITÉRIOS
A fim de determinar a autoridade canônica, a igreja aplicou um teste de 3 critérios. Estes critérios
foram estabelecidos para trazer tranquilidade a igreja.
1º Averiguar se o livro é de origem apostólica;
2° Averiguar a recepção da igreja primitiva;
3º Averiguar a compatibilidade doutrinária do livro com os demais livros estabelecidos.

CANONICIDADE: CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO


No século XVI, surgiu uma disputa entre a Igreja Católica Romana e os protestantes sobre o escopo e
a extensão das Escrituras do AT, especificamente sobre os apócrifos. Enquanto a Igreja Católica
Romana adotou os apócrifos, as igrejas protestantes, quase em sua totalidade, não os abraçou.
Os protestantes entendem que cada livro foi providencialmente guiado por Deus para estarem no
cânon, que cada livro é infalível pela ação divina, pois Deus, através do Santo Espírito (Ruah/Pneuma),
soprou no ouvido de homens para que transmitisse o recado de Deus.
Entretanto, não acreditamos na infalibilidade da igreja. Então, basicamente, a disputa está na visão
romanista que crê na infalibilidade da igreja, pois a formação do cânon se fundamenta na autoridade
da igreja, enquanto no outro escopo, os protestante não crê que a igreja crê na infalibilidade da igreja.
A aceitação dos 24 livros que compõem o cânon hebraico não resolveu a questão de uma vez por todas.
Alguns estudiosos de eras posteriores nem sempre estavam conscientes dos fatos da aceitação original,
e destas dúvidas nasceram alguns conceitos técnicos sobre a aceitação dos livros. Veremos quatro
classificações que os livros receberam de acordo com sua aceitação ou rejeição.
Homologoumena – São os livros aceitos por todos.
Pseudepígrafos – São os livros rejeitados por todos.
Antilegomena– São os livros questionados por alguns.
Apócrifos – são livros aceitos por alguns. AT - HOMOLOGOUME

HOMOLOGOUMENA NO AT – São os livros aceitos por todos. São os livros que nunca foram
questionados por nenhum dos grandes rabis. Todos reconheceram ser detentores da inspiração divina.
Trinta e quatro dos 39 livros que formam o Velho Testamento são pertencentes a esta classificação.
Os cinco excluíveis seriam: Cântico dos cânticos, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios.
PSEUDEPÍGRAFOS NO AT - São os livros rejeitados por todos. Os documentos tidos como não
inspirados que circulavam entre a comunidade hebraica no Velho Testamento são conhecidos como
pseudepígrafos. Nem tudo o que está escrito nestes livros são mentiras, porém alguns conceitos
apresentados chegam a ser heréticos, pois apresentam algumas palavras com suposta autoridade divina,
isso num contexto de fantasia religiosa. O Novo Testamento chega a mencionar algumas coisas destes
livros
COLOCAR IMAGEM DOS LIVROS NO AT LENDARIOS ETC

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ANTILEGOUMENA NO AT - São os livros questionados por alguns. Durante os séculos seguintes
houve uma nova posição entre o povo judeu e alguns rabis resolveram pôr à prova alguns dos livros
que anteriormente haviam tido sua autoridade reconhecida. Então, em vista destes livros uma vez na
história tendo seu reconhecimento divino posto em dúvida, estes escritos recebem o nome de
Antilegomena.
APÓCRIFOS NO AT - São livros aceitos por alguns
PROTOCANÔNICOS – São os primeiros livros que tiveram sua canonicidade estabelecida;
DEUTEROCANÔNICOS – São os livros que foram disputados por alguns autores e sua
canonicidade foi estabelecida mais tarde que o restante

CRITÉRIOS PARA CANONICIDADE DO ANTGO TESTAMENTO


Geisler e Nix registram esses cinco princípios:
1. Revela autoridade? - Veio da parte de Deus? (Esse livro veio com o autentico "assim diz o Senhor"?)
2. É profético? — Foi escrito por um homem de Deus?
3. É autêntico? (Os pais da igreja tinham a pratica de "em caso de duvida, jogue fora". Isso acent ua a
validade do discernimento que tinham sobre os livros canônicos.")
4. É dinâmico? — Veio acompanhado do poder divino de transformação de vidas?
5. Foi aceito, guardado, lido e usado? — Foi recebido pelo povo de Deus?

DIVISÃO E FECHAMENTO DO CÂNON DO AT


A divisão do Antigo Testamento que conhecemos vem da Septuaginta. A Septuaginta foi a primeira
tradução das escrituras, feita do hebraico para outra língua, nesse caso o grego, em 285 a.C. Também
a ordem por assuntos como conhecemos vem dessa tradução. A disposição dos livros no cânon
hebraico são: Lei, escritos e profetas. Consiste em apenas 24 livros ao invés dos nossos 39.
Data de reconhecimento e fixação do cânon do Antigo Testamento Em 90 D.C. em Jamia, uma cidade
próxima a Jope, em Israel. Os rabinos num concilio presidido por Johanan Ben Zakai reconheceram e
fixaram o cânon do A. T.

A FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO


A formação dos livros do Novo Testamento não levou mais que 100 anos. Em 100 d.C. estavam todos
escritos. A ordem dos 27 livros como conhecemos vem da Vulgata e não leva em conta a sequencia
cronológica dos livros (a ordem em que foram escritos).
Data de fixação e reconhecimento do cânon do Novo Testamento Foi no concilio de Cartago em 397
d.C. Nessa ocasião foi definitivamente reconhecido e fixado o cânon do N.T. O fator básico para
determinar a canonicidade do Novo Testamento foi a inspiação divina, e o principal teste da inspiração
foi a apostolicidade.

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HOMOLOGOUMENA NO NT - São os livros aceitos por todos Assim como no Antigo Testamento
a maioria dos livros foi aceita pela Igreja logo no início. Em geral, 20 dos 27 livros do Novo
Testamento pertencem a esta classificação. Incluem-se todos exceto: Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3
João, Judas e Apocalipse.
Os outros três foram omitidos em algumas épocas. Como os livros desta classe foram aceitos por todos
não trataremos mais deles e concentraremos nossos estudos nas outras classes de livros
PSEUDEPÍGRAFOS NO NT - São os livros rejeitados por todos Entre os séculos II e III surgiram
numerosos livros heréticos, que receberam o nome de pseudepígrafos, ou escritos falsos. Eusébio os
classificou de “totalmente absurdos e ímpios”. Praticamente nenhum pai da Igreja, nenhum cânon ou
concílio declarou apoio a estes escritos, pois em sua maioria eram gnósticos, heréticos e registravam
supostos fatos misteriosos não narrados nos evangelhos canônicos (por exemplo a infância de Jesus).
Tinham uma desmedida fantasia religiosa.
As seitas que mais adotaram este livros foram os:
Gnósticos – Ensinavam que a matéria era má e negavam a encarnação de Jesus.
Docetas – Ensinavam a divindade de Jesus e negavam sua humanidade; diziam que era apenas uma
aparência de humano.
Monofisistas – Ensinavam que Jesus tinha uma única natureza, uma fusão da humana e divina. Até o
século XIX haviam sido achados 280 obras desta natureza. Eis a relação das principais e as mais
tradicionais neste quesito
ANTILEGOUMENA NO NT - São os livros questionados por alguns O fato também de que houve
algum questionamento sobre estes livros não quer dizer que sua canonicidade esteja diminuída, de
forma alguma!
O problema principal do questionamento de alguns livros se referia muito mais à dificuldade de
comunicação entre as comunidades cristãs do Oriente e Ocidente. A partir do momento que todos os
fatos envolvidos no reconhecimento destes livros ficaram evidentes para ambas as comunidades, o
total dos 27 livros foi imediatamente reconhecida como tendo autoridade divina
APÓCRIFOS NO NT - São livros aceitos por alguns Tiveram grande estima entre os pais da igreja
primitiva, porém nunca ninguém os considerou canônico.
Podemos resumir dizendo que os escritos do novo Testamento jamais sofreu polêmicas quanto à sua
inspiração. O que houve sim, foi a dificuldade de comunicação e distância entre as comunidades do
Oriente e Ocidente no sentido de estudarem em conjunto e dar um parecer favorável aos escritos do
Novo Testamento, os quais temos até os dias de hoje.

CÂNON DO NOVO TESTAMENTO - RAZÕES


1. Um herege, Marcião (cerca de 140 A.D.), desenvolveu seu próprio cânon e começou a divulgá-lo.
A igreja precisava contrabalançar essa influência decidindo qual era o verdadeiro cânon das Escrituras
do Novo Testamento.
2. Muitas igrejas orientais estavam empregando nos cultos livros que eram claramente espúrios. Isso
requeria uma decisão concernente ao cânon

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3. O edito de Diocleciano (303 A. D.) determinou a destruição dos livros sagrados dos cristãos. Quem
desejava morrer por um simples livro religioso? Eles precisavam saber quais eram os verdadeiros
livros

POR QUE OS APÓCRIFOS NÃO SÃO CANÔNICOS?


Os apócrifos são os livros acrescentados ao Antigo Testamento pela Igreja Católica, os quais os
protestantes afirmam não serem canônicos. Segundo Norman Geisler: “Que os apócrifos, seja qual for
o valor devocional ou eclesiástico que tiveram não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos”:
a) A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
b) Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
c) A maior parte dos primeiros grandes Pais da Igreja rejeitou a sua canonicidade.
d) Nenhum concilio da Igreja os considerou canônicos, senão no final do quarto século.
e) Jerônimo, o grande especialista e tradutor da “Vulgata”, rejeitou fortemente os livros apócrifos.
f) Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma rejeitaram os livros apócrifos.
g) Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, ate presente data, reconheceu os apócrifos
como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.

CANONICIDADE - PASSOS IMPORTANTES


Inspiração de Deus - Foi Deus quem deu o primeiro passo no processo de canonização.
Reconhecimento por parte do povo de Deus - Uma vez que Deus houvesse autorizado e autenticado
um documento, os homens de Deus o reconheceriam. Esse conhecimento ocorria de imediato, por
parte da comunidade que o documento foi destinado.
Coleção e preservação pelo povo de Deus - O povo de Deus entesoura a palavra de Deus (Dt 31.26;
I Sm 10.25; II Rs 23.24; Dn 9.2,6,13; Ne 9.14; 26-30)
IMPORTÂNCIA DOS TEXTOS DE QUMRAN As descobertas ocorridas em Qumran, a noroeste
do mar Morto, nos anos que se seguiram a 1947, aumentaram grandemente nosso conhecimento da
história das Escrituras hebraicas durante os dois séculos ou mais anteriores a 70 d.C. Os textos
descobertos e estudados parecem representar cerca de quinhentos documentos distintos, dos quais
cerca de cem são cópias de livros da Bíblia hebraica (alguns livros em particular representados por
várias cópias).

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Apostila de Teontologia
"SANTO E GRACIOSO DEUS E PAI, DÁ-NOS SABEDORIA QUE TE PROCURE CONHECER.
DÁ-NOS JUÍZO PARA COMPREENDER-TE, ZELO PARA PROCURAR-TE, PACIÊNCIA PARA
ESPERAR POR TI. DÁ UM CORAÇÃO QUE MEDITE EM TI; DÁ UMA VIDA QUE ANUNCIE O
TEU NOME - NO PODER DO ESPÍRITO SANTO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
BENEDITO DE NÚRSIA, 480-547”
ASSUNTOS A SEREM ESTUDADOS:

• A EXISTÊNCIA DE DEUS E SUAS NEGAÇÕES


• AS CHAMADAS PROVAS RACIONAIS
• O LUGAR DE DEUS NA DOGMÁTICA
• O SER DE DEUS E SEUS ATRIBUTOS
• AS OBRAS E OS DECRETOS DE DEUS
• A TRINDADE

O QUE É TEONTOLOGIA?
Theos (Deus), Onto (Ser) e Logia (Estudo, teoria, discurso, palavra). Portanto, a Teontologia é o
Estudo acerca do ser de Deus.
As obras de dogmática ou de teologia sistemática geralmente começam com a Doutrina de Deus.
Precisamos começar o estudo de teologia com duas pressuposições a saber:
Que Deus existe; (2) Que Ele se revelou em Sua Palavra divina. E por esta razão não nos é impossível
começar com o estudo de Deus.

O LUGAR DE DEUS NA DOGMÁTICA


As obras de dogmática ou de teologia sistemática geralmente começam com a Doutrina de Deus.
A dogmática geralmente se inicia com a Doutrina de Deus, visto que a teologia sistemática é
completamente um estudo de Deus, em todas as suas ramificações, do começo ao fim. Podemos
dirigir-nos a Sua revelação para aprender o que Ele revelou a respeito de Si mesmo e a respeito de
Sua relação para com as Suas criaturas.

A IMPORTÂNCIA DA TEONTOLOGIA
Ao entrar no estudo da natureza de Deus, estamos começando a abordar a questão maior da
natureza da realidade derradeira. Na linguagem filosófica, estamos entrando na questão da
ontologia.
Existe Deus? Se existe Deus, que tipo de ente ele é?

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Deve ser óbvio que a questão de Deus ocupa um lugar fundamental na construção de uma
cosmovisão. Sua interpretação do universo será essencialmente uma nota de rodapé que virá depois
de seu conceito de Deus.
TEONTOLOGIA E TRINDADE SANTA
Quando vamos estudar a questão da natureza de Deus é inseparável da discussão da Trindade.
Todos os atributos de Deus são vinculados com sua natureza trinitária. Mais especificamente, a
Trindade de Deus é intrínseca à questão da sua pessoalidade.
Apesar desta interdependência entre os assuntos quanto a definição de Deus a Trindade santa,
falaremos inicialmente sobre Deus e seus atributos para, posteriormente falarmos da Trindade.
EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO - Defina Teontologia e fale sobre sua importância. Diga a
importância da Cosmovisão no estudo da Teontologia.

A EXISTÊNCIA DE DEUS E SUAS NEGAÇÕES A EXISTÊNCIA DE DEUS


Como sabemos que Deus existe?
A resposta pode ser dada em duas partes: primeiro, todo ser humano tem um senso interior de
Deus. Em segundo lugar, acreditamos na evidência encontrada na Bíblia e na natureza.
Todo mundo, em todos os lugares, tem um sentido profundo e interior que Deus existe, que é a sua
criatura, e ele é o seu Criador. Paulo diz que até mesmo os gentios que não acreditam que "conhecer
Deus", mas não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças (Romanos 1:21).
A EXISTÊNCIA DE DEUS - ARGUMENTOS
A maioria dos testes tradicionais para a existência de Deus podem ser classificados em quatro tipos
principais de argumentos (GRUDEM, p. 186):
1. O argumento cosmológico: Considera o fato de que tudo conhecido no universo tem uma causa.
Portanto, o próprio universo também deve ter uma causa, e a causa de tão grande universo só pode
ser Deus.
2. O argumento teleológico: É realmente uma subcategoria do argumento cosmológico. Centra-
se na evidência de ordem, harmonia e design no universo, argumentando que seu projeto dá
evidências de um propósito inteligente (da palavra grega telos significa "fim", ou "objetivo").
Desde que o universo parece ter sido projetado com um propósito, deve haver um Deus inteligente
e determinado que o criou para trabalhar dessa forma.
3. O argumento ontológico: Começa com a idéia de Deus, que é definido como "maior do que
você pode imaginar." Em seguida, a característica da existência deve corresponder a um ser, uma
vez que é maior do que não existir.
4. O argumento moral: inicia-se com o sentido do bem e do mal que os seres humanos têm, e a
necessidade de justiça, e argumenta que deve haver um Deus que é a fonte do conceito do bem e
do mal e que um dia a justiça vai para todos.

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EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO Fale de ao menos um dos argumentos a favor da existência de
Deus e explique.

O QUE NÃO É DEUS


Há tendência das religiões primitivas é identificar o divino com a criação. A criação engloba tudo,
e as coisas “sobrenaturais” não estão “sobre” a natureza, mas sim dentro dela. O conceito da
natureza de Deus não pode fugir da influência de tal pressuposto, que nega a distinção entre Deus
e criação.
Não há uma distinção última entre o criador e a criação. Ambos compartilham igualmente do ser
impessoal que é a realidade última.
O ANIMISMO E AS RELIGIÕES ANTIGAS
Como nas demais religiões baseadas no animismo, os deuses antigos eram identificados com os
elementos da natureza. O sol, o mar, os rios, o vento, a chuva e outros elementos importantes no
dia-dia.
O animismo das religiões africanas é a fonte das religiões afro-brasileiras. O candomblé propõe a
existência de dois níveis de existência no universo: o Aiye e o Orum. Todo ser existe nesses níveis:
o mundo da matéria, inclusive o ser humano, pertencem ao Ayie e o imaterial e o sobrenatural
existem no Orum. Os eguns (os mortos) e os orixás existem nesse segundo nível.
O PANTEÍSMO “TUDO É DIVINO”
O panteísmo é a noção de que a divindade é a totalidade das coisas que existem. Ela é considerada
igual à energia e à matéria do universo. Deus é o ser supremo e impessoal, embora possam existir
divindades e espíritos menores que são pessoais. O ser humano também é divinizado nesse sistema,
porque tudo, inclusive o ser humano, é permeado por uma energia divina.
Enfim, tudo que existe é reduzido a uma unidade completa. O hinduísmo filosófico, a Nova Era e
o espiritismo kardecista são religiões com fortes elementos de panteísmo.
O PANENTEÍSMO
O panenteísmo frenquentemente identificada como (“tudo-dentro-de-Deus”), essa visão afirma
que “Deus” ou o princípio divino transcendente o mundo, embora Deus e o mundo existam em
dependência mútua. Alguns panenteísmo vêem o mundo como o corpo de Deus.
O POLITEÍSMO
A crença de que existem muitos deuses é conhecida como politeísmo. O hinduísmo, por exemplo,
tem vários deuses que são manifestações do deus absoluto e impessoal. O mormonismo também é
uma religião politeísta, pois crê que o deus de nossa terra tem um pai que é deus de outro planeta.
A diferença principal entre panteísmo e politeísmo é que o panteísmo enfatiza a unidade de todas
as coisas (o uno) e o politeísmo destaca a diversidade do ser (o múltiplo).

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MONOTEÍSMO NÃO TRINITÁRIO
Na teologia do islamismo e das testemunhas de Jeová, encontramos exemplos de formas diferentes
de monoteísmo que não aceitam a doutrina da Trindade.
O islamismo aceita Jesus como profeta, mas a natureza de Alá não permite que encarne, na forma
de um ser humano. A natureza divina, segundo Maomé, nunca poderia se unir com a natureza
humana.
As testemunhas de Jeová também negam a possibilidade de Deus existir na forma de três pessoas.
Deus é um, e todas as afirmações bíblicas a favor disto são interpretadas como incompatíveis com
a diversidade de pessoas na Trindade. Jesus é uma criação distinta e, apesar de ser chamado “um
deus”, ele é apenas um anjo, um ser criado e finito. Além disso, o Espírito Santo não tem o caráter
de uma pessoa, mas sim de uma força impessoal, uma força controlada que Deus emprega para
realizar seus propósitos.
ATEÍSMO E DEÍSMO
O ateísmo ocidental rejeita qualquer realidade transcende além do mundo da experiência sensorial.
Com Ludwig Feuerbach, Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud, o ateísmo moderno
vêem a religião como tendo surgido de uma necessidade psicológica tragédias de um universo
randômico (aleatório) e caótico.
O deísmo afirma a existência de um Deus Criador, mas geralmente nega que esse Arquiteto do
Universo intervenha miraculosamente na natureza ou na História. No panteísmo, tudo é
“milagroso”; o divino é indistinguível da natureza ou do progresso histórico ou, no mínimo, da
alma humana.
UM RESUMO DAS COSMOVISÕES

CONHECENDO O SER DE DEUS


Será que podemos realmente conhecer a Deus? Como podemos conhecer a Deus?

UMA DEFINIÇÃO POSSÍVEL – O TEÍSMO


Não faz sentido falar da Bíblia com o Palavra de Deus (como vimos em bibliologia), se esse Deus não
existe. Semelhantemente, não faz sentido falar de Cristo como o Filho de Deus, sem que haja um Deus
que possa ter gerado um Filho. Da mesma forma, os milagres, como atos especiais de Deus, não são

20
possíveis sem que exista um Deus capaz de realizar estes atos especiais. De fato, toda a Teologia
evangélica está baseada neste alicerce metafísico chamado Teísmo.
A Teologia evangélica implica uma compreensão específica da realidade, e existem muitas
cosmovisões incompatíveis com do pensamento evangélico.

MAS O QUE É O TEÍSMO?


O Evangelicalismo crê que Deus existe além deste mundo (“ mundo”, neste caso, significando “todo
o universo criado”) e que foi Ele que trouxe esse universo à existência. Ela também abarca a crença de
que este Deus é um ser eterno, infinito, absolutamente perfeito, e pessoal. O nome dado a esta
visão, de que Deus criou tudo que existe, é “Teísmo” (Deus criou tudo).
Para o “Ateísmo” (Deus não existe em absoluto) e ao “Panteísmo” (Deus é tudo). Todas as outras
cosmovisões (incluindo o Panteísmo, o Deísmo e o Politeísmo) são incompatíveis com o Teísmo. Se
o Teísmo
é verdadeiro, todos os não-Teísmos são falsos.

ENTENDENDO A PROBLEMÁTICA
Portanto, Deus e o mundo são distintos – Criador e criação. O mundo é dependente de Deus, mas Deus
é independente do mundo. Porém, da perspectiva bíblica, Deus é um estranho em dois sentidos.
Primeiro, Deus é um estranho num sentido positivo.
Intrinsecamente santo, Deus é qualitativamente distinto da criação – não apenas mais do que suas
criaturas, mas diferente delas. Deus não é apenas qualitativamente diferente de nós, mas moralmente
oposto a nós. Estamos afastados de Deus por causa do pecado (Ef 2.3).
Segundo, esse Deus pessoal é a Trindade em vez de “o Um”.
O Deus da Bíblia não é apenas um em essência, mas é também três pessoas. Entre outras implicações,
isso desafia radicalmente a busca da filosofia. o Logos é uma pessoa em vez de um princípio, e não é
semidivino, mas é o eternamente gerado Filho do Pai, por meio de quem todas as coisas foram feitas
(Jo 1.1-5; Cl 1.15-17). O Pai criou o mundo com suas “duas mãos”: o Filho e o Espírito. Mas veremos
sobre Trindade ao fim da apostila.

ATRIBUTOS DE DEUS - O QUE SE ENTENDE COMO ATRIBUTOS


Comumente se diz em teologia que os atributos de Deus são o próprio Deus, como Ele se revelou a
nós. Os escolásticos (produção filosófica dos Sécs 9 e 13 d.C, vertente da filosofia medieval)
acentuavam o fato de que Deus é tudo quanto Ele tem. Ele tem vida, luz, sabedoria, amor, justiça, e se
pode dizer com base na Escritura que Ele é vida, luz, sabedoria, amor, justiça.
Na teologia da revelação procuramos aprender da palavra de Deus quais são os atributos do Ser
Divino. O homem não pode extrair conhecimento de Si ao homem, conhecimento que o homem pode

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somente aceitar e assimilar. Naturalmente, para a apropriação e entendimento deste conhecimento
revelado. Berkhof (p.45)

OS ATRIBUTOS DE DEUS
Após a Reforma, os teólogos começaram a classificar os atributos de Deus de diferentes formas, para
relacioná-los entre si e facilitar a memorização.
Os católicos falaram em atributos negativos e atributos positivos; Os luteranos, em atributos inativos
e atributos operativos; Os reformados, em atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis.
No século xx, Herman Bavinck, Louis Berkhof, J. I. Packer e Bruce Milne fizeram distinção entre
atributos incomunicáveis e comunicáveis, Este será o termo que usaremos, apesar de outros trazerem
com outras palavras, p.ex. Millard Erickson os distinguiu entre morais e naturais.
Exemplo dos atributos incomunicáveis de Deus seriam sua eternidade (Deus existe desde toda a
eternidade, mas não temos), imutabilidade (Deus não muda, mas o que fazemos), ou onipresença
(Deus está presente em todos os lugares, mas nós estamos presentes apenas em uma sala de cada vez).
Exemplos de atributos transmissíveis ou comunicáveis (Deus é amor, e podemos também amar),
conhecimento (Deus tem conhecimento, e nós também podemos ter conhecimento), a misericórdia
(Deus é misericordioso, e assim podemos ser misericordioso), ou a justiça (Deus é justo e nós,
também, pode ser justo).
IMPORTANTE! Para refletir um pouco mais percebemos que esta distinção (comunicáveis e
incomunicáveis), embora útil, não é perfeito.

"Isso porque não há nenhum atributo de Deus que é totalmente transmissíveis, e não há nenhum
atributo de Deus que está completamente incomunicável! Isso será evidente se pensarmos um pouco
sobre algumas coisas que sabemos de Deus." GRUDEM (p. 202)

APONTAMENTOS sobre a divisão didática dos atributos


1 - dividir os atributos nestes dois grupos é feita para nos ajudar a entender o assunto, e não representa
uma divisão ontológica na natureza de Deus.
Todos os atributos são essenciais ao ser de Deus, e cada um existe em plena harmonia com os demais.
Deus, portanto, é totalmente justo, santo, bondoso, etc. O amor de Deus é amor justo. A justiça de
Deus é justiça santa, etc.
2 - todos os atributos de Deus são compartilhados por todas as pessoas da Santa Trindade, o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, e são a própria essência e natureza de Deus, não podendo ser divididos ou
separados.
Deus da Bíblia vem a nós em Linguagem, termos, eventos ou coisas comuns à experiência humana.
Podemos dizer que tudo o que a Bíblia diz que Deus usa uma linguagem antropomórfica, isto é,
linguagem que fala de Deus em termos humanos. (Antropopatia é atribuição de sentimentos humanos
a Deus).

22
Então o que Bíblia diz sobre Deus é "antropomórfico" em um sentido amplo (falando de Deus em
termos humanos ou em termos de criação). Isso não significa que a Bíblia dá ou enganosas equívocos
sobre Deus, porque esta é a maneira que Deus escolheu para nos revelar, É a verdade e precisão
divulgados.
EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO - Explique o que são os Atributos de Deus.

ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS
(Independência, Imutabilidade, Eternidade, Onipresença, Unidade)

INDEPENDÊNCIA OU AUTO-EXISTÊNCIA
Deus não precisa de nós nem do restante da criação para nada; Porém, tanto nós quanto o restante da
criação podemos glorificá-lo e dar-lhe alegria. Este atributo de Deus é às vezes chamado de
existência autônoma. (Gn 1.1; Êx 3.14; Is 40.13s; At 17.25). A Bíblia ensina que Deus não precisa
de parte nenhuma da criação para existir, ou para qualquer outra coisa. Deus é absolutamente
independente e auto-suficiente. (At 17.20; Rm 11.36).
Esta auto-existência de Deus acha no nome Jeová. É somente como o Ser auto-existente e
independente que Deus pode dar a certeza de que permanecerá eternamente o mesmo, com relação
ao Seu povo. E
Deus é autoexistente e independente em relação:

• Em relação a todas as coisas e que todas as coisas só existem por meio dele Sl 94.8; Is 40.18;
At 7.25;
• É independente em relação a seu pensamento Rm 11.33, 34
• Em relação a sua vontade Dn 4.35; Rm 9.19; Ef 1.5; Ap. 4.11,
• Em seu Poder Sl 115.3
• Em seu conselho, Sl 33.11.

A IMUTABILIDADE DE DEUS
A imutabilidade de Deus é necessariamente concomitante com a Sua asseidade (auto-originado).
É a perfeição pela qual não há mudança nele, não somente em Seu Ser, mas também em Suas
perfeições, em Seus propósitos e em suas promessas. mas Deus age e sente emoções e age e sente de
forma diferente em resposta a diferentes situações.
Seu conhecimento e Seus planos, Seus princípios morais e Suas Volições permanecem sempre os
mesmos.
A imutabilidade divina não deve ser entendida como imobilidade, como se não houvesse movimento
em Deus. Mas Deus está sempre em ação (actus purus).
A imutabilidade de Deus é claramente ensinada em passagens da Escritura como Êx. 3.14; Sl 102.26-
28; Is 41.4; 48.12; Ml 3.6; Rm 1.23; Hb 1.11, 12; Tg 1.17.

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ETERNIDADE DE DEUS
Deus não tem começo e fim, ou sucessão de momentos em seu próprio ser, e vão o tempo todo com a
lucidez mesmo, mas Deus vê os acontecimentos no tempo e age no tempo.
Esta doutrina também está relacionado com a imutabilidade de Deus. Se é verdade que Deus não
muda, devemos dizer que o tempo não muda Deus, não muda seu ser, perfeições, propósitos e
promessas. Mas isso significa que o tempo não altera o conhecimento de Deus, por exemplo.
"EU SOU O QUE EU SOU" (Êx 3:14), o nome também sugere uma contínua existência presente:
Deus é o eterno "Eu Sou", que existe eternamente.
Deus é eterno em seu ser - O fato de que Deus não tem começo nem fim é visto no Salmo 90:2; (Ap
1:8, cf. 4:8; Como Jesus diz "Antes que Abraão existisse, eu sou!"(Jo 8:58). O fato de que Deus nunca
veio à existência também pode ser concluído a partir do fato de que Deus criou todas as coisas, e que
ele mesmo é o espírito imaterial. Antes que Deus fez o universo não importa, mas então ele criou tudo
(Gênesis 1:1, João 1:3, 1 Coríntios 8:6, Col 1:16, Hb 1:2).
Deus vê sempre tudo com a mesma clareza. Em certo sentido, é mais fácil para nós entendermos
que Deus vê sempre tudo com a mesma clareza. Sl 90:4.

ONIPRESENÇA DE DEUS
Como Deus é ilimitado ou infinito em relação ao tempo, Deus é ilimitado em relação ao espaço. Esta
característica da natureza de Deus é chamada onipresença (do latim prefixo omni significa "tudo"). A
onipresença de Deus pode ser definido da seguinte forma: Deus não tem tamanho ou dimensões
espaciais e está presente em cada ponto do espaço com todo o seu ser, todavia Deus age diferentemente
em lugares diferentes.
Deus está presente em todos os lugares. (Jr 23:23- 24). Parece mais apropriado dizer que Deus está
presente com todo o seu ser em qualquer parte do espaço.
SE DEUS ESTÁ EM TODOS OS LUGARES, ELE ESTÁ TAMBÉM NO INFERNO?
Deus pode estar lá para punir, apoiar ou abençoar. A idéia da onipresença de Deus tem sido um
problema para alguns que me pergunto como Deus pode estar presente, por exemplo, no inferno.
Esta dificuldade pode ser resolvida quando percebemos que Deus está presente em diferentes formas
em diferentes lugares e funciona de maneira diferente em diferentes partes da criação. Às vezes,
Deus está presente para punir. (Amós 9:1-4)
Deus pode estar presente não para punir ou para abençoar, mas apenas apresentar para apoiar ou para
manter o universo a existir e funcionar do jeito que ele queria trabalhar.

A UNIDADE OU SIMPLICIDADE DE DEUS

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Deus não é dividido em partes, e ainda vemos que em momentos diferentes, a ênfase é sobre
diferentes atributos de Deus. a isto podemos chamar de Unidade de Deus. Este atributo de Deus é
chamado também a simplicidade de Deus.
A unidade se Distingue (segundo berkhof, p. 53) entre as unitas singularitatis (unidade quanto a
singularidade) e a unitas simplicitatis (unidade quanto a simplicidade).
UNIDADE QUANTO A SINGULARIDADE ou UNITAS SINGULARITATIS.
Este atributo salienta a unidade e a unicidade de Deus, o fato de que Ele é numericamente um e que,
como tal, Ele é único. Implica que existe somente um Ser Divino, que, pela natureza do caso, só
pode existir apenas um, e que todos os outros seres têm sua existência dele, por meio dele e para Ele.
(1. Rs 8:60; 1 Co 8.6, 1 Tm 2.5. Zc 14.9; Êx 15.11.)
A singularidade se refere a questão Numérica: ele é um e por isso é único e só ele é Deus.
UNIDADE QUANTO A SIMPLICIDADE ou UNITAS SIMPLICITATIS.
Quando falamos da simplicidade de Deus, empregamos o termo para descrever o estado ou qualidade
que consiste em ser simples, a condição de estar livre de divisão em partes e, portanto, de
composição. Quer dizer que Deus não é composto e não é suscetível de divisão em nenhum sentido da
palavra. Isto implica, entre outras coisas, que as três pessoas da Divindade não são outras tantas
partes das quais se compõe a essência divina, que não há distinção entre a essência e as perfeições
de Deus, e que os atributos não são adicionados à Sua essência.
A unidade se refere a questão de não ser divisível.

IMANÊNCIA E TRANSCENDÊNCIA
Jr. 23.24; At 17.23, Is 6.1-5; 55.8,9;
IMANÊNCIA - Deus está presente e ativo dentro de sua criação e dentro da raça humana, mesmo
naqueles membros que não crêem nele ou não lhe obedecem. Sua influência está em toda a parte. Ele
age nos processos naturais e por meio deles.
TRANSCENDÊNCIA - Deus não é mera qualidade da natureza ou da humanidade; ele não é
limitado á nossa capacidade de compreendê-lo. Sua Santidade e bondade vão além, infinitamente
além das nossas, e isso também é verdade em relação oa seu conhecimento e poder.

OS TRIBUTOS COMUNICÁVIS DE DEUS


ESPIRITUALIDADE (Invisibilidade), ATRIBUTOS INTELECTUAIS (Onisciência, Sabedoria,
veracidade), ATRIBUTOS MORAIS (Bondade, Santidade, Justiça), ATRIBUTOS DE
SOBERANIA (Vontade, poder e liberdade)

O QUE SÃO ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS?


É nos atributos comunicáveis que Deus se posiciona como Ser moral, consciente, inteligente livre,
como Ser pessoal no mais elevado sentido da palavra.

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Wayne Grudem define que os atributos (comunicáveis) que descrevem o ser de Deus são a
Espiritualidade e a Invisibilidade.

ESPIRITUALIDADE
"Deus é espírito" (Jo 4:24). Assim, não devemos pensar que Deus tem mesmo tamanho ou as
dimensões são infinitas, como já falado, anteriormente.
Não pense que a existência de Deus como espírito significa que Deus é infinitamente grande (se não
nós seríamos panteístas), por exemplo, porque é uma parte de Deus, mas a totalidade de Deus que está
em cada ponto do espaço (Salmo 139:7-10).
Porém, não devemos pensar que a existência de Deus como espírito significa que Deus é infinitamente
pequeno, porque em nenhum lugar do universo pode cercar ou contê-lo (1 Reis 8:27).
Deus não tem corpo físico, nem é feito de matéria, como o resto da criação. Ainda mais, Deus não é
apenas energia, pensamento, ou qualquer outro elemento de criação. Ele não é como o vapor, nevoa,
ar ou espaço, que são todas as coisas criadas, o ser de Deus não é como nada disso.
Podemos definir a espiritualidade de Deus:
Dizer que Deus tem como atributo a espiritualidade é dizer que ele existe como ser que não é feito
de matéria, que não tem partes nem dimensões, incapaz de ser percebido pelos nossos sentidos
corpóreos e mais excelente do que qualquer outro tipo de existência (Grudem, p.134)

INVISIBILIDADE
Ex 33:20; João 1.18; 6:46, 1 Tm 1:17, 6:16, 1 Jo 4:12
A invisibilidade de Deus significa que nunca podemos ver toda a essência de Deus, todo o seu ser
espiritual, mas Deus é revelada por coisas visíveis e criado.
teofania é uma aparição de Deus. Nestas teofanias Deus tomou várias formas visíveis para se revelar
as pessoas. Deus apareceu a Abraão (Gênesis 18:1-33), Jacó (Gn 32:28-30), o povo de Israel ( Ex
13:21-22), a os anciãos de Israel (Êxodo 24:9-11), Manoá e sua mulher (Juízes 13:21-22), Isaías (Is
6:1) e outros. Maior do que estas teofanias do AT foi a própria pessoa de Jesus (Jo 14:9; Cl 1:15, Hb
1:3)
Diga o que são atributos comunicáveis e explique ao menos dois deles EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO

ATRIBUTOS INTELECTUAIS

(Conhecimento, Sabedoria e veracidade de Deus)

CONHECIMENTO OU ONISCIÊNCIA DE DEUS

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Pode ser definido da seguinte forma: Deus conhece plenamente a si mesmo e todas as coisas reais e
possíveis num ato simples e eterno.
A qualidade de saber tudo o que é chamado de onisciência, e porque Deus sabe tudo, é dito ser
onisciente (ou seja, "sabe tudo"). Ele conhece todas as coisas simultaneamente.
Ele primeiro diz que Deus é plenamente conhecido por ele próprio. Este é um fato surpreendente
uma vez que o próprio ser de Deus é infinito e ilimitado. Claro, só ele que é infinito conhece a si
mesmo plenamente em cada detalhe. (SL 90:4, 2 PE 3:8)

SABEDORIA
Sabedoria de Deus significa que Deus sempre escolhe os melhores golos e os melhores meios para
atingir esses objetivos.
Esta definição vai além da idéia de que Deus sabe todas as coisas e especifica que as decisões de Deus
sobre o que ele sempre vai tomar decisões sábias, que é, sempre produzem os melhores resultados
(de um Deus supremo), e produzir esses resultados com os melhores meios possíveis.
A sabedoria de Deus também é visto em seu grande plano de redenção. Cristo é "sabedoria de Deus"
(1 Coríntios 1:24, 30), embora a palavra da cruz é "loucura" (1 Coríntios 1:18-20).

VERACIDADE
Veracidade de Deus significa que ele é o Verdadeiro Deus, e que todo o seu conhecimento e as
palavras são verdadeiras e com a norma suprema da verdade. (Grudem, p. 290)
É a perfeição de Deus em virtude da qual Ele responde plenamente à idéia da Divindade, é
perfeitamente confiável em sua revelação, e vê as coisas como realmente são. (Berkhof p. 61)
O Deus revelado na Bíblia é verdadeiro Deus e que todos os outros chamados deuses são ídolos. As
palavras de Deus são verdadeiras e norma suprema da verdade. Deus é fiel e sempre faz o que
promete fazer, nunca será infiel.
Berkhof define que Ele é a verdade por três argumentos:
Metafísico - Ele é tudo que como Deus deveria ser.
Ético - revela-se como realmente é, de modo que a Sua revelação é absolutamente confiável.
Lógico - Ele conhece as coisas como realmente são, e constitui de tal modo a mente do homem que
este pode conhecer não apenas a aparência, mas também a realidade das coisas.
EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO - Fale de ao menos dois Atributos intelectuais

ATRIBUTOS MORAIS
(Bondade, Santidade, Justiça)
O QUE SÃO ATRIBUTOS MORAIS?

27
Os atributos morais de Deus são geralmente considerados como as perfeições divinas mais gloriosas.
Não que um atributo de Deus seja em si mesmo mais perfeito e mais glorioso que outro, mas,
relativamente ao homem, as perfeições morais de Deus refulgem com um esplendor todo seu.
Geralmente são discutidos sob três títulos: (1) a bondade de Deus; (2) a santidade de Deus; e (3) a
justiça de Deus.

BONDADE DE DEUS
A bondade de Deus significa que Deus é o bem supremo.
Ele é bom na acepção metafísica da palavra, é perfeição absoluta e felicidade perfeita em Si mesmo.
Jesus disse “Ninguém é bom senão um só, que é Deus”, Mc 10.18; Lc 18.18, 19.
Mas, desde que Deus é bom em Si mesmo, é também bom para as Suas criaturas e, portanto, pode
ser chamado a fons omnium bonorum (Ele é a fonte de todo bem), e assim é apresentado de várias
maneiras na Bíblia toda.
Deus é também o summum bonum (o sumo bem), para todas as Suas criaturas, embora em diferentes
graus e na medida em que correspondem ao propósito da sua existência.
A bondade de Deus está intimamente relacionado com vários outros recursos da natureza, incluindo
amor, misericórdia, paciência e graça.
Portanto, a misericórdia de Deus é a sua bondade para os aflitos, sua graça é a sua bondade para
com aqueles que merecem punição apenas, e paciência é a sua bondade para com aqueles que
continuam a pecar em um período de tempo
O amor é a perfeição de Deus pela qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele
ama as Suas criaturas racionais por amor a Si mesmo, ou, para expressá-lo doutra forma, neles Ele se
ama a Si mesmo, Suas virtudes, Sua obra e Seus dons.
Ele nem mesmo retira completamente o Seu amor do pecador em seu estado pecaminoso atual, apesar
de que o pecado deste é uma abominação para Ele, visto que, mesmo no pecador, Ele reconhece um
portador da Sua imagem. Jo 3.16; Mt 5.44, 45.
Misericórdia, Graça e Longanimidade (paciência)
Essas três características da natureza de Deus são muitas vezes mencionados juntos, especialmente no
Antigo Testamento. Quando Deus diz a Moisés, seu nome (Ex 34:6). Davi no Salmo 103:8... Como
essas características de Deus são muitas vezes mencionados juntos, pode parecer difícil de distinguir.
MISERICÓRDIA - Em tempos de luto e sofrimento. 2 Sm 24.14, 2 Co 1.3; Em tempos de necessidade
devemos nos aproximar a Deus por misericórdia e graça (Hb 4:16, Tg 5:11). Devemos imitar a
misericórdia para com os outros: (Mt 5:7; 2 Co 1:3-4).
GRAÇA - É a concessão de bondade a alguém que não tem nenhum direito a ela. É este
particularmente o caso em que a graça a que se faz referência é a graça de Deus.
Seu amor ao ser humano é sempre imerecido e, quando mostrado a pecadores, estes são até privados
dele.

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A Bíblia geralmente emprega apalavra para indicar a imerecida bondade ou amor de Deus aos que
perderam o direito a ela e, por natureza, estão sob a sentença de condenação. A graça de Deus é a fonte
de todas as bênçãos espirituais concedidas aos pecadores. (Ef 1. 6.7; 2.7-9; Tt 2.11; 3.4-7.)
Graça em um sentido mais amplo - Menção dela num sentido mais amplo, como em Is 26.10; Jr
16.13.
Resultado da graça para os pecadores:
• É pela graça que o caminho da redenção foi aberto para pecadores: Rm 3.24; 2 Co 8.9
• Pela Graça os pecadores recebem o dom de Deus em Jesus Cristo, At 18.27; Ef 2.8.
• Pela graça pecadores são justificados, Rm 3.24; 4.16; Tt 3.7, e enriquecidos de bênçãos
espirituais, Jo 1,16; 2 Co 8.9; 2 Ts 2.16.
• Pela graça herdam a salvação, Ef 2.8; Tt 2.11.

A MISERICÓRDIA DE DEUS
A misericórdia de Deus a misericórdia de Deus o vê como um ser que está suportando as consequências
do pecado, que se acha em lastimável condição, e que, portanto, necessita do socorro divino. Pode-
se definir a misericórdia divina como a bondade ou amor de Deus demonstrado para com os que se
acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos.
• A misericórdia é generosa, Dt 5.10; Sl 57.10; 86.5,
• É duradoura e eterna, 1 Cr 16.34; 2 Cr 7.6; Sl 136;
• No NT falado junto a graça 1 Tm 1.2; 2 Tm 1.1; Tt 1.4.
• As misericórdias estão sobre todas as Suas obras, Sl 145.9,

A LONGANIMIDADE DE DEUS
A longanimidade é o aspecto da bondade ou amor de Deus em virtude do qual Ele tolera os rebeldes e
maus, a despeito da sua prolongada desobediência.
A Escritura fala da longanimidade de Deus em Êx 34.6; Sl 86.15; Rm 2.4; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15. Um
termo sinônimo, com uma conotação ligeiramente diversa, é a palavra “paciência”.
No Antigo Testamento frequentemente fala de Deus como "lento para a ira" (Ex. 34:6; Nm 14:18,
Salmo 86:15). Paulo fala da "bondade de Deus, sua tolerância e paciência" (Rm 2:4). devemos imitar
a paciência de Deus e ser lento para se irar Tiago 1:19), Devemos levar a vida "com paciência" (Ef
4:2), e em Gálatas 5:22.

SANTIDADE
Para Grudem (p.301) A santidade de Deus significa que ele é separado do pecado e dedica-se a
defender sua honra.
Esta definição contém uma qualidade relacional (separação) e uma qualidade moral (separação é
pecado ou mal, e devoção é para o bem da honra ou glória de Deus).

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Santidade é a de uma posição ou relação existente entre Deus e uma pessoa ou coisa. Ela se destingue
quanto a natureza e a manifestação.
Santidade Quanto a natureza
Ele é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas, e é exaltado acima delas em majestade infinita.
A idéia fundamental da santidade ética de Deus também é a de separação, mas, neste caso, a separação
é do mal moral, isto é, do pecado. Em virtude da sua santidade, Deus não pode ter comunhão com o
pecado, Jô 34.10; Hc 1.13.
Mas a idéia de santidade não é meramente negativa (separação do pecado); tem igualmente um
conteúdo positivo, a saber, o de excelência moral, ou perfeição ética.
A santidade ética de Deus pode ser definida como
A perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a Sua excelência
moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em Suas criaturas.

A Santidade quanto a manifestação


A santidade de Deus é revelada na lei moral implantada no coração do homem e que fala por meio da
consciência e, mais particularmente, na revelação especial de Deus. Essa lei, em todos os seus aspectos,
foi planejada para imprimir em Israel a idéia da santidade de Deus, e para leva-lo a sentir fortemente
a necessidade de levar vida santa.
A suprema revelação da santidade de Deus foi dada em Jesus Cristo, que é chamado “O Santo e o
Justo”, At 3.14.
Finalmente, a santidade de Deus é também revelada na Igreja como o corpo de Cristo.

JUSTIÇA DE DEUS
A justiça de Deus significa que Deus sempre age de acordo com o que é certo e ele é o padrão final
do que é certo.
Se Deus é o padrão final da justiça, não pode haver fora de padrão de Deus para medir a justiça ou a
justiça. Ele próprio é o padrão final.
Justiça rectoral de Deus - é a retidão que Deus manifesta como o Governador que exerce domínio
tanto sobre o bem como sobre o mal. Em virtude de Sua justiça rectoral, Deus instituiu um governo
moral no mundo, e impôs ao homem uma lei justa, com promessas de recompensa ao obediente e
ameaças de punição ao transgressor.
Justiça distributiva de Deus - Busca designar a retidão de Deus na execução da lei, e se relaciona
com a distribuição de recompensas e punições, Is 3.10, 11; Rm 2.6; 1 Pe 1.17. Ela se divide em Justiça
remunerativa e Justiça retributiva.
Justiça remunerativa: distribuição de recompensas a homens e anjos, Dt 7.9, 12, 13; 2 Cr 6.16; Sl
58.11; Mq 7.20; Mt 25.21, 34; Rm 2.7; Hb 11.26. As recompensas de Deus são fruto da sua graça e
decorrem de uma relação pactual estabelecida por ele.

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Justiça retributiva: Se relaciona com a imposição de castigos. É uma expressão da ira divina. O
propósito primordial da punição do pecado é a manutenção do direito e da justiça.

EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO - Fale de ao menos dois Atributos Morais

ATRIBUTOS DE SOBERANIA
(Vontade, Onipotência e Liberdade)

VONTADE
Todas as coisas foram criadas pela vontade de Deus: "Você criou todas as coisas por sua vontade elas
foram criadas" (Ap 4:11). Porém há uma distinção útil entre a vontade de Deus e o livre-arbítrio de
Deus.
A vontade de Deus - deve incluir tudo o que ele deve determinar de acordo com sua natureza.
(Deus não pode determinar coisas contrárias a sua natureza)
O livre-arbítrio de Deus - inclui tudo o que Deus determinou, mas não precisa determinar de acordo
com sua natureza. Aqui nós colocamos a decisão de Deus para criar o universo, e todas as decisões
relativas aos detalhes dessa criação.
A vontade decretatória de Deus é a vontade de Deus pela qual ele projeta ou decreta tudo que virá
a acontecer, quer pretenda realizá-lo efetivamente (causativamente), quer permita que venha a ocorrer
por meio da livre ação das Suas criaturas racionais.
A vontade Preceptiva é a regra de vida que Deus firmou para as Suas criaturas morais, indicando
os deveres que lhes impõe. A primeira é realizada sempre, ao passo que a segunda é desobedecida com
frequência.
A vontade secreta é a vontade do decreto de Deus, em grande medida oculta em Deus. Pertence a
todas as coisas que Ele quer efetuar ou permitir, e que, portanto, São absolutamente fixas. (Sl 115.3;
Dn 4.17, 25, 32, 35; Rm 9.18, 19; 11.33, 34; Ef 1.5, 9, 11;)
A vontade revelada é a vontade do preceito, revelada na Lei e no Evangelho. A distinção baseia-se
em Dt 29.29. A vontade revelada prescreve os deveres do homem e apresenta o modo pelo qual ele
pode fruir as bênçãos de Deus. (Mt 7.21; 12.50; Jo 4.34; 7.17; Rm 12.2.)

VONTADE DE DEUS - QUESTÕES


Se a vontade decretatória de Deus determinou também a entrada do pecado no mundo, com isso Deus
é o autor do pecado. SERÁ?
Os arminianos dizem que a vontade de Deus, permitindo o pecado, depende do Seu pré-conhecimento
do curso que o homem escolheria.

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Os teólogos reformados (calvinistas), afirmam que a vontade decretatória de Deus inclui também os
atos pecaminosos do homem, e deve-se conceber isto de modo que não se faça de Deus o autor do
pecado.
A vontade de Deus de permitir o pecado não implica necessariamente que Ele tem deleite ou
prazer no pecado.

O PODER SOBERANO - ONIPOTÊNCIA


Pode-se denominar o poder de Deus
a eficaz energia da Sua natureza, ou a perfeição do seu ser no qual ele é a causalidade absoluta e
suprema. (Berkhof, p. 72)
A ONIPOTÊNCIA DE DEUS
A onipotência de Deus significa, para Grudem (p. 323)
Deus pode fazer tudo o que tiver de acordo com sua vontade santa. A onipotência deriva de duas
palavras latinas omni, "todo" e potens e "poderoso".
Enquanto a liberdade de Deus se refere ao fato de que não há restrição externa sobre as decisões de
Deus, a onipotência de Deus refere-se ao poder que tem de fazer tudo o que você decidir fazer.
EXISTE ALGO QUE DEUS NÃO PODE FAZER?
Porém, há algumas coisas que Deus não pode fazer. Deus não pode desejar nem fazer nada que
negue seu caráter.
Deus não é capaz de fazer absolutamente tudo, mas tudo o que é compatível com seu caráter. Embora
o poder de Deus seja infinito, o uso desse poder é limitado, pelos seus outros atributos.
O exercício do poder sobre a criação de Deus é também chamado de soberania de Deus. Deus é
soberano no exercício de seu governo (como "soberano" ou "rei") em sua criação.
Embora não tenhamos onipotência, Deus nos deu poder para gerar resultados, poder físico e também
de outros tipos: poder mental, espiritual, de persuasão e ainda poder sobre diversas outras esferas de
autoridade (família, igreja, governo civil e assim por diante).
Em todos os campos, o uso do poder de maneira que agradem a Deus e que sejam compatíveis com
sua vontade é algo que traz a glória de Deus por espelhar o caráter divino.

A LIBERDADE
Liberdade de Deus é o atributo por meio do qual ele faz o que lhe apraz.
Esta definição implica que nada em toda a criação pode impedir que Deus faça a Sua vontade. Este
atributo de Deus é, portanto, intimamente relacionado com a sua vontade e poder. Não há nenhuma
pessoa ou força jamais poderá ditar a Deus o que fazer. Ele não está sob qualquer autoridade ou
restrições externas. Salmo 115, Pv 21.2, Dn 4:35.
Fale de ao menos dois Atributos Morais EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO

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OBRAS OU DECRETOS DIVINOS

OS DECRETOS DIVINOS
Passando do estudo do ser de Deus para as obras de Deus, deve-se começar com um estudo dos
decretos divinos. Grudem (p. 32, 262) sobre os decretos de Deus:
Às vezes as palavras de Deus tomam a forma de decretos poderosos que causam eventos ou até
mesmo trazem coisas á existência. Os divinos desígnios eternos por meio dos quais, antes da criação
do mundo, ele determinou realizar tudo o que acontece. (Gn 1.1, 24; Slm 33.6; Hb 1.3)
Desde a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem
violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias,
antes estabelecidas. (Ef. 1.11; Rm 11.33; Is 45.6-7; Hb 6.17; I Jo 1.5; Sl 5.4.)
• O que Davi diz em Salmos 139.16
• Atos 2.23
• Estava designada por Deus a morte de Jesus At 4.28
CARACTEÍSTICAS DO DECRETO DIVINO:
• É fundado na sabedoria Divina: Há a intercomunhão entre as três pessoas da Divindade.
Deus compôs a Sua determinação com sábio discernimento e conhecimento. (Sl 104.24, Jr
10.12; 51.15., Sl 104.24,)
• É Eterno: O decreto divino é eterno no sentido de que esta internamente na eternidade. Num
certo sentido, pode-se dizer que todos os atos de Deus são eternos, desde que não há sucessão
de momentos no Ser divino. Mas alguns deles terminam no tempo, como, por exemplo, a
criação e a justificação
• É Imutável: Deus não tem deficiência em conhecimento, veracidade e poder. Portanto, não
tem necessidade de mudar o Seu decreto devido a algum engano ou à ignorância, nem por
falta de capacidade de executa-lo. E não o mudará, porque Ele é o Deus imutável e porque é
fiel e verdadeiro. Jó 23.13, 14; Sl 33.11; Is 46.10; Lc 22.22; At 2.23.7.
• É Incondicional: Quer dizer que o decreto não depende, em nenhuma das suas
particularidades, de nada que não esteja nele. Deus não decretou simplesmente salvar os
pecadores sem determinar os meios para efetuar o decreto. At 2.23; Ef 2.8; 1 Pe 1.2.
• É Universal: O decreto inclui tudo que se passa no mundo, quer na esfera do físico ou na do
moral, quer seja bom ou mau, Ef 1.11. Ele inclui:
(a) as boas ações dos homens, Ef 2.10;
(b) seus atos iníquos, Pv 16.4; At 2.23; 4.27, 28;
(c) eventos contingentes, Gn 45.8; 50.20; Pv 16.33;
(d) os meios bem como o respectivo fim, Sl 119.89-91; 2 Ts 2.13; Ef 1.4;
(e) a duração da vida do homem. Jó 14.5; Sl 39.4, e o lugar da sua habitação, At 17.26.

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A TRINDADE SANTA
A doutrina da Trindade é uma das mais importantes doutrinas da fé cristã. Podemos definir a
doutrina da Trindade do seguinte modo, Grudem (p. 338)
Deus existe eternamente como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, e cada pessoa é
plenamente Deus, e não há um só Deus.
Tertuliano foi o primeiro a empregar o termo “Trindade” e a formular a doutrina, mas a sua
formulação foi deficiente, desde que envolvia uma infundada subordinação do Filho ao Pai.
Orígenes foi mais longe nesta direção, ensinando explicitamente que o Filho é subord inado ao
Pai quanto à essência, e que o Espírito Santo é subordinado até mesmo ao Filho. Ele desacreditou
a divindade essencial destas duas pessoas do Ser Divino e forneceu um ponto de partida aos
arianos, que negavam a divindade do Filho e do espírito Santo, apresentando o Filho como a
primeira criatura do Pai, e o Espírito Santo como a primeira criatura do Filho.
veremos algumas heresias a respeito da trindade.

O QUE NÃO É A TRINDADE SANTA


As primeiras heresias acerca da doutrina de Deus, e que hoje são muito populares, foram o
modalismo e o sabelianismo.
SABELIANISMO
O sabelianismo é a noção de que só existe uma pessoa divina, Deus o Pai, que se manifesta
nas três formas, Pai, Filho e Espírito Santo — no entendimento de Sabélio de Pentápolis, Deus
é uma pessoa que se transformou no transcorrer da história.
MODALISMO
Outra heresia, parecida com essa, é o modalismo. Paulo de Samosata ensinava que Deus
apresentou-se de três modos, mas não existe eternamente como três pessoas, pois Deus é somente
uma pessoa.

SUBORDINACIONISMO
O subordinacionismo, a noção de que na essência de Deus há três pessoas divinas que coexistem
num relacionamento hierárquico, foi ensinado por Orígenes. Nesse sistema, a essência do Filho é
subordinada e dependente ao Pai. O Espírito Santo é subordinado aos dois. Então, a divindade do
Filho e do Espírito é derivada do Pai e não é essencial. A relação hierárquica implica que o Filho
e o Espírito são inferiores ao Pai.
ARIANISMO
Outro perigo é arianismo, ensinava que Cristo era apenas uma criatura, não o Deus eterno.
Segundo ele, Cristo foi o primeiro ser criado, testemunhas de Jeová continuam até hoje
propagando a doutrina de Ário. Ele é um ser criado e criou as demais coisas. Sua doutrina ensina
que Jesus é o arcanjo Miguel. Sendo assim, é apenas um anjo, eternamente subordinado a Deus o

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Pai. O arianismo também negou a divindade do Espírito Santo. As testemunhas de Jeová entendem
o Espírito Santo como a força impessoal do poder de Deus.
TRITEÍSMO
O triteísmo é a noção de que a Trindade consiste em três deuses separados (os muçulmanos têm
acusado os cristãos disso).
Os mórmons ensinam que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas distintas quanto à
essência e à personalidade. Eles existem como três deuses distintos. Eles explicitamente rejeitam
as formulações dos concílios da igreja primitiva, como Nicéia e Calcedônia.
Para eles, Deus é um ser de carne e osso, que tem corpo físico. Assim, não existe uma essência
espiritual da qual as três pessoas participam. As três são seres distintos.

O CREDO NICENO
No primeiro concílio doutrinal da igreja, realizado na cidade de Nicéia (na atual Turquia), em 325,
foi elaborado o Credo de Nicéia, em resposta à heresia ariana, que vimos anteriormente. Esse
credo expressa mais precisamente a doutrina da Trindade contra o arianismo. O credo Niceno
estará no fim da apostila.

A IMPORTÂNCIA DA TRINDADE
Esse ensino tem implicações para o próprio coração da fé cristã.
1- A expiação está em jogo. Se Jesus é apenas um ser criado, e não totalmente de Deus, é difícil
ver como ele, uma criatura poderia suportar a ira plena de Deus contra os nossos pecados.

2- Justificação somente pela fé é ameaçada se negamos a plena divindade do Filho.


(Testemunhas de Jeová, que não acreditam na justificação pela fé).

3- Se Jesus não é um Deus infinito, não podemos orar a ele ou adorá-lo. somente um Deus
infinito e onisciente é capaz de ouvir e responder orações.

4- A unidade do universo está em jogo, se não há pluralidade perfeita e unidade perfeita em


Deus, não temos base para pensar que pode haver alguma unidade última entre os vários
elementos do universo.
Em certo sentido, a doutrina da Trindade é um mistério que nunca conseguiremos entender
completamente. No entanto, podemos compreender algo dessa verdade resumindo os
ensinamentos da Bíblia em três afirmações:
1. Deus é três pessoas
2. Cada pessoa é plenamente Deus
3. Há um só Deus

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A realidade derradeira não é o “ser” ou a “ existência” abstrata, mas sim a Trindade, o uno e múltiplo
divino, dinâmico, vivo e pessoal. Argumenta Shedd que Deus não poderia contemplar-se a Si mesmo,
conhecer-se e comunicar-se Consigo mesmo, se não fosse trino em sua constituição.
A igreja definiu a Trindade no Concílio de Constantinopla (381) como uma essência (ousía) divina
revelada em três pessoas (hypostasis) distintas.
A formulação da doutrina tem de tratar de dois aspectos do ser de Deus. Entre os mais profundos
tratamentos da Trindade em toda a história da igreja, está a obra de Agostinho.
Aqui seguiremos a exposição da doutrina trinitária em Agostinho, como meio proveitoso de
sistematizar o ensino bíblico sobre a Trindade, desenvolveremos os seguintes assuntos:
• Unidade de Deus
• Diversidade de Deus
• Trindade econômica

A UNIDADE DE DEUS
Tudo o que a Escritura afirma de Deus, afirma igualmente de cada uma das três pessoas: “o Deus único
e verdadeiro não é somente o Pai, mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo”. Diversas consequências se
seguem dessa ênfase na unidade da natureza divina.
1.tudo que pertence à natureza divina como tal deve, numa linguagem exata, ser expresso no
singular, já que essa natureza é única. "um só Deus"
Embora cada uma das três pessoas seja incriada, infinita, onipotente, eterna, não há três incriados,
infinitos, onipotentes e eternos, mas apenas um.
2. Trindade possui uma única e indivisível ação e uma única vontade. Sua operação é
“inseparável”
As três pessoas atuam como “ um único princípio” e como as pessoas são inseparáveis, “assim
também operam inseparavelmente”.

A DIVERSIDADE DE DEUS
A teologia tradicional diz que o Filho é gerado eternamente pelo Pai, e o Espírito procede do Pai
e do Filho. Os conceitos de geração (filiação) e processão não são bem explícitos na Bíblia, mas são
derivados da noção de que o Filho é o Unigênito do Pai (Jo 3.16) e que o Espírito procede do Pai e do
Filho (Jo 15.26).
Embora considerada uma única essência divina, o Pai se distingue como Pai por gerar o Filho, e o
Filho se distingue como Filho por ser gerado. O Espírito Santo, semelhantemente, distingue-se do Pai
e do Filho enquanto “dom comum” de ambos.
Vejamos outras considerações a respeito da trindade:
1) O Pai não é o Filho: durante sua vida na terra, Jesus demonstrou um relacionamento pessoal com
Deus, o Pai. Como vimos em João 17, Jesus orou ao Pai e falou sobre a glória que eles compartilharam

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antes da criação. Duas pessoas são necessárias para compartilhar algo, portanto, o Filho é uma pessoa
distinta do Pai. Jesus também tem os atributos de uma pessoa e experimentou esses atributos como
pessoa distinta. Jesus tem conhecimento, inteligência (Jo 2.24; 16.30; 18.37) e vontade (Lc 22.42; Jo
5.30; 6.38).
2) O Filho não é o Espírito Santo: em João 15.26, Jesus disse que enviaria o Espírito para ajudai- os
discípulos e que o Espírito daria testemunho de Jesus. Como vimos anteriormente em João 14.16, Jesus
disse que o Espírito é outro Ajudador. O discurso de Jesus sobre o Espírito pressupõe que ele é uma
pessoa distinta de Jesus.
3) O Espírito Santo não é o Pai: O Espírito Santo vem do Pai (Jo 15.26) e, portanto, não pode ser o
Pai. Imediatamente depois do batismo de Jesus, o Espírito Santo desceu na forma de uma pomba,
enquanto o Pai falou dos céus. Nesse momento os três foram revelados juntos, cada qual distinto do
outro.
Então, nenhum deles pode ser identificado como sendo um dos outros. Um aspecto importante no
estudo sobre o Espírito Santo é o fato de ele ser pessoal, e a Escritura usar pronomes pessoais para
descrevê-lo, apesar de, no grego, a palavra “espírito” ser neutra.
O Pai, o Filho e o Espírito Santo são assim relações, no sentido de que o que quer que cada um deles
seja, sempre o é em relação a um ou a ambos dos demais. Portanto, as seis proposições, a seguir
expressam a doutrina bíblica da Trindade:

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TRINDADE ECONÔMICA
A Trindade tem sido muitas vezes resumido na frase "igualdade ontológica, mas subordinação
econômica", onde a ontologia palavra significa "ser". Igual em ser mas subordinado em papel.
A Trindade econômica é a Trindade considerada em termos de sua auto-revelação na história
da humanidade e de sua ação com vistas à nossa participação na comunhão trinitária.
Na redenção da humanidade cada pessoa da trindade faz parte de um plano perfeito para salvar o
homem. Cada pessoa faz obras distintas para tomar possível essa salvação.

• O Pai elege os salvos e envia o Filho;


• O Filho paga o preço do pecado, compra a salvação pelos eleitos e intercede por eles;
E o Espírito aplica a salvação aos eleitos, regenerando-os e santificando-os.

A PLURALIDADE NA TRINDADE
Pessoas da Trindade têm diferentes funções primárias, interagindo com o mundo, como falado.
Quando a Bíblia fala de como Deus se relaciona com o mundo, tanto na criação e na redenção, diz-se
que pessoas da Trindade têm funções diferentes ou diferentes atividades primárias.
Pluralidade na Criação
Nós vemos estas diferentes funções na obra da criação. Deus, o Pai falou palavras criativas para fazer
o universo existir. Mas era Deus o Filho, o Verbo eterno de Deus, que fez esses decretos criativo. O
Espírito Santo estava ativo também de uma maneira diferente, porque "pairava" sobre a face das águas
(Gn 1:2), aparentemente segurando e expressando a presença imediata de Deus na criação (cf. Salmo
33:6, onde "respiração" talvez deveria ser traduzida como "Espírito" (Salmos 139:7).
Pluralidade na Redenção
Deus o Pai planejou a redenção e enviou o seu Filho ao mundo (Jo 3:16, Gálatas 4:4, Ef 1:9-10). O
Filho obedeceu ao Pai e fez a redenção por nós (Jo 6:38, Hb 10:5-7), Esse foi o trabalho especial do
Filho. Então, depois que Jesus subiu ao céu, o Pai e o Filho enviou o Espírito Santo para nos aplicar
a redenção. Espírito nos dá nova vida espiritual (João 3:5-8), santifica (Rm 8:13; 15:16, 1 Pedro 1:2),
e capacita para o serviço (Atos 1:8 , 1 Co 12:7- 11). No geral, o Espírito Santo parece trazer um fim
ao trabalho que foi planejado por Deus.
Essas diferenças em função não são temporárias, mas vai durar para sempre, as Pessoas da Trindade
existe eternamente como Pai, Filho e Espírito Santo.

A ETERNIDADE NA PLURALIDADE
Antes do Filho vir ao mundo, e mesmo antes do mundo ser criado, por toda a eternidade, o Pai era
o Pai, o Filho era o Filho e o Espírito Santo foi o Espírito Santo. O amor de Deus é demonstrado
no fato de havia uma relação entre o Pai e o Filho antes de Cristo vir a terra (Jo 3: 16, Gl 4:4). Quando
a Bíblia fala da criação, mais uma vez fala do Pai e do Filho, indicando uma relação antes que ele
começasse a criação (cf. João 1:3, 1, Coríntios 8:6, Hb 1:12).

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Portanto, os diferentes papéis que vemos fazendo o Pai, Filho e Espírito Santo são apenas o resultado
de um relacionamento eterno entre as três pessoas que sempre existiu e existirá por toda a eternidade.
Deus sempre existiu como três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo.

DEUS PAI
Deus, o Pai: Normalmente as referências a Deus no Antigo Testamento são consideradas como
referências ao Pai, mas o conceito de Deus Pai é bem claro no Novo Testamento. (Rm 15.6) identifica
uma pessoa, Deus, e acrescenta o nome do Pai. Paulo também usa o nome Pai em I Coríntios 8.6, no
meio de um argumento que prova que só há um Deus.
Ao Pai são atribuídos os nomes divinos: o evangelho de João utiliza muito o nome “Pai” (Jo 5.19-
12) e Jesus utilizou a expressão “Pai” para se referir a Deus (Mt 5.45,6-6-15, Mc 14.36).
Ao Pai são atribuídos os atributos divinos: O Pai é santo (Jo 17.11), soberano (Mt 11.25), eterno.
(Gn 21.33, Jr 10.10), onipotente (Mc 14.36).
Ao Pai são atribuídas as obras de Deus: Ele é o Criador (ICo 8.6), Salvador (IPe 1.3) e aquele que
envia o Filho (Jo 5.37). O Pai é digno de louvor, em Espírito e em verdade (Jo 4.23).

DEUS FILHO
Deus, o Filho: A Escritura afirma que Yahweh é manifestado também na forma do Filho, Jesus Cristo.
A identidade do Filho como Yahweh fica bem clara nas citações do Antigo Testamento pelos
apóstolos, que colocam o nome de Jesus no lugar de Yahweh e que atribuem os atributos de Deus a
ele. A citação de Isaías 45.23 por Paulo, em Filipenses 2.10, é impressionante, se considerarmos que
Paulo que era fariseu, e provavelmente conhecia Isaías de cor. Paulo diz que o nome sobre todos os
nomes (logicamente o nome de Yahweh) também foi dado a Jesus (v. 9).
Ao Filho são atribuídos os nomes divinos: Deus (Mt 1.23; Jo 1.1; Rm 9.5; Tt 1.3; 2.13), Senhor (Mt
12.8; Mc 2.28; Rm 14.9), “Senhor meu, e Deus meu” (João 20.28), Filho de Deus, Deus verdadeiro
(lJo 5.20), Alfa e Ômega (Ap 1.8).
Ao Filho são atribuídos os atributos divinos: eterno (Mt 28.20; Hb 1.8; 13.8), auto-existente (Jo
5.26; Cl 1.17), onisciente (Jo 1.48; 16.30), onipresente (Mt 18.20), imutável (Hb 13.8), onipotente (ICo
1.24; Ef 1.22, Mt 28.18), sábio (ICo 1.24), glorioso (Hb 1.3), verdadeiro (Jo 8.46), sem pecado (IPe
1.19).
Ao Filho são atribuídas as obras de Deus: Criador (Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.10), governador da criação
(Jo 5.17; Hb 1.3) Salvador que perdoa pecado (Mc 2.7; Mt 1.21), ressuscita os mortos (Jo 6.39). O
O Filho é digno de louvor: aceitou o louvor dos discípulos (Mt 14.33), digno de honra igual ao Pai
(Jo 5.23). A conclusão é que Jesus Cristo é Yahweh.

DEUS ESPÍRITO SANTO


Deus, o Espírito Santo: A divindade do Espírito Santo é afirmada em Hebreus 3.7-9.

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O Espírito Santo diz que foi tentado pelo povo de Israel e por isso não permitiu que o povo entrasse
na terra. O texto de Êxodo 17 diz que foi Yahweh quem foi tentado. Assim, o Espírito Santo é Yahweh.
Paulo também ensinou que o Espírito é Yahweh ao substituir o nome do Espírito Santo pelo de
Yahweh, ao citar Isaías 6.8-10, no sermão que pregou aos judeus em Roma (At 28.25-27).
Ao Espírito Santo são atribuídos os nomes divinos: Santo (At 1.8), verdade (Jo 15.26), Deus (Rm
8.14).
O Espírito Santo tem os atributos divinos: onisciente (SI 139.7-10, ICo 2.10-12), onipotente (Lc
1.35, 37; 11.20), fonte de verdade (Jo 14.26, 16.13), aquele que liberta o pecador do pecado e da morte
(Rm 8.2), eterno (Hb 9.14).
Ao Espírito Santo são atribuídas as obras de Deus: fonte da Palavra de Deus (At 28.25; 2Pe 1.21),
regenera pecadores (Jo 3.5), santifica crentes (2Te 2.13; IPe 1.2), faz milagres (Mt 12.28).
O Espírito Santo é digno de louvor. “‘Vós sois o templo de Deus... o Espírito de Deus habita em
vós’ [ICo 3.16] - aquele que habita no templo é objeto de adoração nele”

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CREDO NICENO
Creio em um só Deus, o Pai onipotente, criador do céu da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo, filho unigénito de Deus e nascido do Pai antes de todos os séculos.
Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstanciai ao
Pai, por quem foram feitas todas as coisas; o qual por amor de nós homens e por nossa salvação, desceu
dos céus, e encarnou, pelo Espírito Santo, na virgem Maria, e se fez homem; foi também crucificado
em nosso favor sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou, segundo as
Escrituras; e subiu aos céus; está sentado à destra do Pai, e virá pela segunda vez, em glória, para julgar
os vivos e os mortos; e seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, o qual proced e
do Pai e do Filho; que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas.
E a igreja, una, santa, católica [cristã] e apostólica. Confesso um só batismo, para a remissão dos
pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.

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Referência Bibliográfica
GRUDEM, W. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva.
FERREIRA, F. MAYTT, A. Teologia Sistemática.
BERKHOF, L. Teologia Sistemática.
GEISLER, N. Teologia Sistemática.

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