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Centro Educacional ETIP

Resumos de Filosofia 1º Trimestre 2023 Data: 05/03/2023


Professor: Elio Augusto Lazzerini Ensino Médio 2º MA e 2º MB

Aula 1. Religião e religiosidade.

 Religião: É um sistema de crenças, doutrinas e rituais que são próprios de uma sociedade
ou de um grupo social.

 A palavra “religião” vem do latim:


o Re – outra vez, de novo.
o ligare – ligar, unir.

 Ou seja, religião é reunir o que foi separado: o mundo profano e o mundo sagrado.

 Sagrado: É uma experiência da presença de algo sobrenatural, da diferença simbólica


entre seres, opera o encantamento do mundo, envolve mistérios e sentimentos.

 Profano: É tudo o que não é sagrado.

 Elementos essenciais:
o Crença em níveis de existência superiores à vida material.
o Nesses níveis elevados se encontra a causa e o sentido da vida.
o Este mundo transcendente regula a vida pessoal e coletiva, organizando rituais.

 Finalidades da religião:
o Proteger os seres humanos contra o medo da natureza.
o Dar aos humanos um acesso à verdade do mundo, com explicações para a origem,
forma e destino.
o Oferecer a esperança de vida após a morte.
o Oferecer consolo aos aflitos, dando-lhes uma explicação para as dores e males da
vida.
o Garantir o respeito às normas, regras e valores da moral estabelecida pela
sociedade. (mandamentos divinos).
o Definir o que é certo e errado, o que é o bem e o mal.

Aula 2. Introdução à Filosofia medieval.

 Durante o período medieval a filosofia sofre a influência direta do pensamento religioso,


cristãos, judeus e árabes muçulmanos elaboram sistemas e doutrinas que buscam explicar
as relações entre os homens e Deus, Jeová ou Alá.

 A mentalidade de um povo é formada por seus valores, seus comportamentos e suas


crenças, de forma que esses elementos atuam no imaginário e na vida real desses povos.

 A mentalidade medieval era povoada de significados, a Bíblia era a principal referência,


tudo era percebido como manifestação divina, tanto a realidade objetiva, quanto a
realidade subjetiva.
 Na mente das pessoas da Idade Média, a própria identidade dependia da memória social
construída simbolicamente num processo comandado pela Igreja Católica, formando um
quadro mental com que eles imaginavam o mundo humano e o mundo divino.

 As cerimônias religiosas se configuravam como verdadeiros ritos de passagem, toda a


história representada era sagrada, representando uma celebração da tradição, inserindo
os indivíduos na História sagrada, dando uma importância superior, um sentido superior a
mera vida humana.

 O indivíduo medieval estava dividido entre duas dimensões da vida, os excessos e as


alegrias da vida corporal mundana e as virtudes da alma na vida eterna. A maior
preocupação das pessoas era com certeza a salvação da alma.

 Tanto o tempo quanto o espaço eram âmbitos controlados, havia o tempo natural, de
plantio e colheita e o tempo sagrado, definido pela Igreja, e isso possuía enorme influência
no modo de vida e nas ações das pessoas.

 A substituição do culto politeísta do paganismo pelo monoteísmo cristão alterou


profundamente a mentalidade popular na Europa, fundando uma nova cultura, um novo
modo de vida denominado medieval.

A filosofia cristã

 Tem início com as epístolas (cartas) de São Paulo e o evangelho de João, no século I.

 Objetivo da Filosofia cristã: Conduzir a humanidade à compreensão da verdade revelada


por Cristo, buscando seu autêntico significado.

 Divide-se em duas fases: Patrística – Do século I ao século VII

Escolástica – Do século VIII ao século XIV

 Patrística – Teve por finalidade organizar a doutrina cristã para garantir a unidade da
comunidade de fiéis e defender o Cristianismo dos adversários pagãos.

 Principais nomes: Justino, Orígenes, Gregório de Nisa e Santo Agostinho.

 Grandes momentos históricos do Cristianismo:

o 313 – Edito de Milão – O imperador romano Constantino decreta liberdade de culto


aos cristãos.

o 325 – Concílio de Nicéia – Reunião para discutir a natureza do pai e do filho e a


celebração da páscoa.

o 381 – Concílio de Constantinopla I – Discussão sobre a divindade do Espírito santo.

o 391 – Edito de Tessalônica – O imperador Teodósio decreta o Cristianismo a


religião oficial do Império romano.
 Os filósofos cristãos reconheciam nos maiores filósofos gregos os legítimos precursores
do Cristianismo.

Que grande mudança ocorre na filosofia com o surgimento do Cristianismo?

o Com o Cristianismo a filosofia deixa de ser uma busca racional pela verdade, afinal
já temos em mãos a verdade revelada, cabe à filosofia apenas entendê-la.

Aula 3. As traduções da Bíblia cristã.

 Bíblia, palavra grega que quer dizer “os livros”, refere-se à coleção de textos religiosos de
valor sagrado para o cristianismo.

 O Antigo testamento ou bíblia judaica começou a ser escrito por vários autores a partir do
século VI a.C., durante o cativeiro dos hebreus na Babilônia, foi escrito em hebraico e
aramaico.

 Por volta do século III a.C. foi feita uma tradução da bíblia judaica para o grego, tarefa
encomendada a 72 sábios em Alexandria, no Egito. Esta tradução ficou conhecida como
“Septuaginta”.

 O novo testamento ou evangelho (que em grego significa: boas novas) começou a ser
escrito no século I da era cristã na antiga Palestina, então parte do Império romano. A
primeira versão foi escrita em latim antigo, foi a “Vetus latina”, embora houvesse também
textos em grego.

 A primeira grande organização sistemática dos textos bíblicos ocorreu com S. Jerônimo no
século IV, ele leu, analisou e meditou sobre os textos anteriores e criou a tradução latina
chamada “Vulgata”, aprovada pelo Sínodo de Hipona em 393. Foi considerada a versão
oficial da Bíblia católica, passou por uma revisão na década de 70 e aprovada em 1979
pelo papa João Paulo II a “Nova vulgata”.

 O número de livros da Bíblia nas várias versões:

HEBRAICA CATÓLICA PROTESTANTE ORTODOXA

Antigo 37 46 39 51
Testamento

Novo _ 27 27 27
Testamento

TOTAL 37 73 66 78
O concílio de Nicéia em 325 rejeitou os chamados evangelhos apócrifos, textos
anônimos escritos nos primeiros anos do Cristianismo, não reconhecidos como
inspirados e portanto fora da lista oficial de livros da Bíblia.

Os apócrifos mais famosos são: Evangelho de Tomé, Evangelho de Maria Madalena,
Evangelho de Tiago, Evangelho de Pedro e Evangelho de Filipe, e até um
Evangelho árabe da infância de Jesus, muitos deles tem importância histórica, pois
contam como surgiu o cristianismo primitivo e fatos da infância e juventude de
Jesus, além de profecias, lendas e mitos do Cristianismo primitivo.

Calcula-se que existam pelo menos 112 evangelhos apócrifos, sendo 52 do antigo
testamento e 60 do novo testamento, incluindo 20 atos dos apóstolos e 11
apocalipses.

Aula 4. A Patrística medieval: Santo Agostinho (Numídia,354 – 430).

 Aurélio Agostinho, professor de retórica em Cartago, converteu-se ao cristianismo aos 32


anos, tornando-se o bispo de Hipona e um dos maiores teólogos da Igreja Católica, suas
principais obras foram: Confissões (400), Sobre a Trindade (422), A cidade de Deus (426).

 Agostinho cristianizou a filosofia de Platão , usando suas teorias para melhor explicar os
dogmas da fé católica, ele racionalizou a fé cristã.

 O homem não tem razão para filosofar, exceto para atingir a felicidade, que é fruto da
intuição e da fé. É necessário “compreender para crer e crer para compreender”, ou seja, a
razão está a serviço da fé.

 Deus é a verdade, é o ser que ilumina a razão e lhe fornece a norma e a medida de todos
os juízos. Esta ideia é a base da Teoria da iluminação, que diz que sempre que alguém for
ler algum texto sagrado, é preciso orar sinceramente a Deus pedindo que ele derrame
sobre si a luz do entendimento.

 Questão teológica: Se Deus é o autor de tudo e também do homem, se ele é a bondade


absoluta, então da onde vem o mal?

 Resposta: A realidade do mal contradiz a bondade perfeita de Deus, tudo o que é, é o


bem, mas as coisas e as pessoas se corrompem, perdem o seu ser, se afastam do bem. O
mal é o nada, é a ausência total do bem.

 Suas ideias foram por muito tempo a doutrina fundamental da Igreja Católica, até hoje em
dia alguns setores da Igreja e algumas escolas seguem seus ensinamentos.

Aula 5. A Escolástica cristã.

 É o período em que a Igreja Romana dominava a Europa, coroava reis, organizava as


cruzadas e criava as primeiras universidades.

Universidade de Bologna (Itália) em 1088,


Universidade de Paris (França) em 1170,
Universidade de Padova (Itália) em 1222,
Univ. de Napoli (1224), Siena (1242) e Pisa (1243), todas na Itália.
Univ. de Oxford (1249) e Cambridge (1284), ambas na Inglaterra.
Universidade de Coimbra (Portugal), em 1308.
 A origem e o desenvolvimento da Escolástica estão intimamente ligadas à atuação dos
professores universitários de filosofia e de teologia, com eles ocorre a sistematização do
ensino destas disciplinas. Este processo se desenvolvia com duas formas básicas de
ensino:

o Lectio – Leitura e comentário de um texto consagrado.


o Disputatio – Debates acalorados sobre um tema específico, e consistia no exame
de todos os argumentos possíveis a favor e contra uma tese, eram verdadeiras
disputas retóricas.

 O princípio de autoridade era o principal critério para definir se uma tese era verdadeira ou
falsa. As principais autoridades eram:
o A Bíblia, Platão, Aristóteles, um Papa, um santo, os grandes teólogos da Igreja.

* Cristãos: Abelardo, Santo Anselmo, São Tomás de Aquino,…


 Nomes: * Árabes: Avicena, Averróis, Al-Gazali,…
* Judeus: Maimônides, Bem-Levi, Ibn-Gebirol (ou Avicebron),…

 O problema central da Escolástica era conciliar Fé e razão, buscando a compreensão


plena da verdade revelada, o que levaria os homens à salvação.

Aula 6. A Escolástica: São Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225-1274)

 Monge dominicano, doutor em Teologia e professor na Universidade de Paris, teve uma


vida inteiramente dedicada à meditação e ao estudo, autor de vasta erudição, suas
principais obras foram:

 Comentários sobre as sentenças (1253), O ente e a essência (1256), Súmula contra os


gentios (1259), Questões sobre a alma (1264) e a Summa Theológica (1273).

 Tomás via na filosofia aristotélica um alimento intelectual superior e se esforçava para


adaptá-la à revelação bíblica.

 A cristianização da filosofia aristotélica só veio a se tornar possível graças ao espírito


analítico, à capacidade de ordenação metódica e à habilidade dialética de Tomás de
Aquino, que ele aliava a um profundo sentimento da fé cristã.

 Deus é o puro ato de existir, é o ser pleno, a perfeição pura, criador de tudo o que existe.

 Segundo Aristóteles, o conhecimento humano começa com os sentidos, porém os sentidos


não são suficientes para conhecer plenamente Deus, logo, é necessário demonstrar
racionalmente sua existência.

 As provas da existência de Deus (as cinco vias para Deus):

1. A prova do movimento: Tudo o que se move é movido por outra coisa, e este por outra, e
assim por diante. Mas, é impossível continuar até o infinito, logo, deve haver um primeiro
motor, causa de todo o movimento, que é Deus.

2. A prova da causa: Na série de causas das coisas, uma é causa da outra, também não
podemos chegar ao infinito, logo, deve haver algo que é causa de tudo: Deus.

3. A prova da necessidade: Todos os seres são contingentes, ou seja, não são necessários,
podem ou não existir. Se nada é necessário, como explicar a existência de tudo? Logo,
deve haver um ser necessário que criou tudo: Deus.
4. A prova dos graus de perfeição: As coisas e as pessoas são mais ou menos perfeitas, há
graus de perfeição nos seres, deve haver um ser que contenha em si o grau máximo de
perfeição: Deus.

5. A prova do sentido: As coisas naturais devem ter algum sentido, alguma ordem, nada
existe por acaso, por acidente, logo deve haver alguma inteligência superior responsável
pela ordem do mundo: Deus.

 Lei de Deus e lei humana – Para Tomás de Aquino, a lei é a orientação racional das
ações humanas, evitando os excessos, as leis formam a base da harmonia das
sociedades e o fundamento da felicidade. Toda lei, além de racional, precisa ser justa,
essa justiça deve ser universal, dotada de princípios absolutos estabelecidos por Deus.
Existe uma lei eterna, superior às outras, que deve orientar as outras leis.
 LEI ETERNA (Plano Racional de Deus) – Ordem existente no Universo.
 LEI NATURAL – Lei eterna revelada na natureza inteligente do Homem, razão.
 LEI DIVINA – A palavra de Deus, a Bíblia.
 LEI HUMANA – Lei jurídica, positiva, moral reguladora da vida humana.

Aula 7. A Summa Theológica de Tomás de Aquino.

 Gigantesca obra teológica, levou 8 anos para ser escrita (de 1265 à 1273). Consta de 611
questões explicadas em mais de 3.400 artigos, todos seguindo a mesma estrutura lógica.
Foi considerada a maior sistematização teológico-filosófica da Idade média.

 A obra tem a seguinte estrutura lógica:

1. Questão segundo o senso comum.


2. Argumentos a favor da questão.
3. Argumentos contrários.
4. Solução da questão.
5. Resposta às objeções.

 Reprodução de um artigo da 1ª parte da Summa:

 Summa Theológica – parte I – De Deus em si mesmo.

o Questão II – Se Deus existe.

 Artigo I – Se a existência de Deus é evidente.


Parece que a existência de Deus é evidente.

a) Temos alguns conhecimentos naturais, Deus é natural.


b) Ao inteligir o nome de Deus, se entende o que é Deus.
c) Se algo é verdadeiro, sua existência também o é.
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (João:14,6)

Mas, em contrário: não se pode pensar o contrário do que é evidente, podemos


pensar que Deus não exista, logo, não é evidente.

Solução: A frase “Deus existe” é evidente, pois o predicado se identifica com o


sujeito; mas, como não sabemos exatamente o que é Deus, sua existência
necessita ser demonstrada.

Resposta às objeções:
1. Deus é a felicidade do homem, e o que naturalmente se deseja, se
conhece. Mas, esta relação não é válida, pois as pessoas tem visões
diferentes do que seja a felicidade.
2. Quem ouve o nome de Deus não o identifica como o ser real, só podemos
entender o significado de seu nome no intelecto. Se a existência de Deus
fosse evidente, não existiriam ateus.
3. A existência da verdade é evidente por si, mas não é evidente para nós,
pois cada um pode ter a sua verdade.

FIM

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