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Mensagem 03/12/2023

Texto: 2 Tm 2.8
Tema: O evangelho de Paulo

A expiação se refere àquele aspecto da obra de Cristo, particularmente sua morte, que cancela os
nossos pecados e torna possível a salvação. Mas o que realmente significa a morte de Cristo na
cruz. Ela foi necessária? O que representa?

1. A Necessidade da Expiação
Uma vez que Deus escolheu salvar o homem, a expiação tornou-se absolutamente necessária,
porque não havia outro meio de salvar os perdidos. Esta concepção é às vezes chamada de
“absoluta necessidade consequente” da expiação. Portanto, não era possível Jesus evitar a morte
na cruz (Mt 26.39; Lc 24.25-27; Hb 2.17).
Mas, por que Deus não perdoa simplesmente os pecados, se nós, por um ato de boa vontade,
somos
capazes de fazer assim? A resposta é porque Deus não é apenas uma pessoa que foi prejudicada,
mas também o administrador da justiça no universo. Se Deus não levasse em conta a culpa do
pecado sem exigir pagamento seria “destruir a própria fibra moral do universo, a distinção entre o
certo e o errado”. Outra consideração é que quando alguém peca contra nós, temos a consciência
de que a falta pode ser nossa, pelo menos em parte. Mas em Deus não há falta alguma.

2. Há três fatos que tornam a expiação absolutamente necessária.


2.1. A natureza de Deus.
A natureza de Deus é caracterizada pela santidade perfeita e completa. O pecado é contrário à
natureza de Deus, e, portanto, repulsivo a ele. Deus é impelido a afastar-se do pecado.
2.2. A Lei. A lei é a expressão da natureza e da vontade de Deus. Ela é como uma transcrição da
natureza divina. Portanto, desobedecer à lei é atacar a própria natureza de Deus. Quem deixa de
cumprir à lei está sujeito à punição da lei, em especial, à morte (Gn 2.15-17; Rm 6.23; Gl 6.7,8). A
punição é inevitável, e não uma possibilidade apenas.
2.3. A condição humana. A natureza depravada do homem torna-o totalmente incapaz de fazer
alguma coisa para salvar a si mesmo ou para se livrar de sua condição de pecado. Assim, a
expiação pelos nossos pecados deveria ser feita por outra pessoa, em nosso favor (cf. Is 64.6,7 e
Rm 3.10-12).

3. A expiação de Cristo
31. Sacrifício.
A morte de Jesus Cristo foi um sacrifício que ele ofereceu a Deus pelos nossos pecados, a fim de
restaurar a nossa comunhão com o divino. Ele cumpriu e substituiu o sistema de sacrifícios pelos
pecados do Antigo Testamento.
O livro de Hebreus descreve Jesus Cristo como nosso sumo sacerdote perfeito (Hb 7.26-28), que
ofereceu a si mesmo como sacrifício pelos nossos pecados (Hb 9.26,28; 10.5-14; 13.11,12). Diz que
Cristo, “tendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de
Deus”
(Hb 10.12). A ideia do sacrifico feito por Cristo em favor dos pecadores é enfática em Hebreus. Isto
está de acordo com o ensino geral das Escrituras. Após o seu sacrifício consumado na cruz, Cristo
continua no seu sacerdócio, intercedendo por nós no céu (Hb 7.25; 9.24).

3.2. Substituição.
A morte de Cristo foi substitutiva. Cristo não morreu por causa ou pelos seus pecados, uma vez que
ele não os tinha (Jo 8.46; 1Pe 2.22; Hb 4.15). Ele morreu pelos nossos pecados (Is 53.5,6; 2Co
5.14,15,21; 1Pe 2.24). Portanto, sua morte foi substitutiva ou vicária. Assim como os sacrifícios do
Antigo Testamento tinham um caráter substitutivo, assim também Cristo, que cumpriu e substituiu
aqueles sacrifícios antigos, ofereceu-se como o “cordeiro de Deus” no lugar dos pecadores.
Há algumas objeções à doutrina da morte substitutiva de Cristo. Uma delas é de ordem léxica. Diz-
se
que a preposição anti pode significar “no lugar de”, mas huper, que é frequentemente usada quando
se fala do sofrimento de Cristo, significa “em favor de”, “com vistas ao benefício de”, mas nunca “no
lugar de”.
Quanto à preposição anti, não há dúvida que significa “no lugar de” ou “ao invés de” (Mt 20.28; Lc
11.11; Rm 12.17; 1Ts 5.15; Hb 12.16). Mas também huper pode ser empregado com o sentido de “ao
invés de”, dependendo do contexto, como é o caso em 2 Coríntios 4.14,15,21 e Gálatas 3.13.
Portanto,
Cristo morreu não somente em nosso favor, mas em nosso lugar.
Outra objeção é de ordem moral. Como Deus poderia punir um inocente no lugar dos culpados? A
resposta é que aquele que sofreu foi o próprio Deus que puniu, isto é, Jesus Cristo divino. Isto é
possível, moralmente falando. Outra observação que se faz é que se Deus já teve satisfação pelos
pecados dos homens, então perdão não é perdão, mas dever. A resposta é que quem perdoa é o
mesmo que sofreu a penalidade, e o perdão é condicionado para quem se arrepende e crê.
3.3. Propiciação.
A Bíblia diz que Cristo morreu como propiciação pelos nossos pecados para nos livrar da ira de
Deus (1Jo 4.10; 2.2). O tema da ira divina contra o pecado é proeminente no Novo Testamento (Jo
3.36; Rm 1.18; 5.9; Ef 2.3b; 1Ts 1.10; Ap 6.17). O termo “propiciação” faz referência à ideia de que a
morte de Cristo afasta a ira de Deus. Ela foi aplacada com a morte de Cristo.
Alguns questionam este ponto. Mas, conforme Millard J. Erickson ressaltou, “há passagens que não
podem ser interpretadas de maneira satisfatória se negarmos que a ira de Deus precisava ser
aplacada”. Exemplo disto é Romanos 3.25,26, que prova que Deus é justo (sua ira exige o sacrifício)
e também que ele é justificador dos que creem em Jesus (seu amor providenciou o sacrifício em
favor
deles).

3.4. Reconciliação.
O sacrifício de Cristo é também revelado como um meio de reconciliação entre Deus e os homens
(Rm 5.10; 2 Co 5.18,19; Cl 1.20). Pela morte de Cristo, a ira é desviada do homem e estabelece-se
a paz (Jo 3.36; Rm 5.1). Nossa hostilidade contra Deus é removida. A ênfase na Escritura é que
Deus nos reconciliou com ele; ele é o agente. Por mais importante que seja para nós voltar-nos para
Deus, o processo de reconciliação é, basicamente, Deus se voltando para nós com seu favor.

3.5. Redenção.
Uma vez que estávamos escravizados ao pecado, à morte e a Satanás, precisávamos de alguém
que
nos proporcionasse redenção. Quando falamos em redenção vem à mente a ideia de “resgate”.
Resgate é o preço pago para redimir alguém da escravidão ou cativeiro. Assim, a morte de Cristo foi
um preço pago para a nossa redenção do pecado, de Satanás e da morte (cf. Mc 10.45; Gl 3.13; Cl
1.13; Hb 2.15; Rm 6.11,14).
O preço do resgate, providenciado por Deus, foi oferecido para satisfazer as exigências da justiça
divina refletida na lei, e assim poder justificar o pecador dos seus pecados e livrá-los da
condenação,
mediante a fé somente. Foi Deus que, pela sua justiça e santidade, sujeitou o pecador ao domínio e
às consequências do pecado (Rm 1.24-28; 8.20), de cujo cativeiro ele nos resgatou por meio de
Cristo (Rm 3.24-26).

CONCLUSÃO

Em conclusão, podemos afirmar que a morte de Cristo foi um sacrifício oferecido a Deus em favor
dos pecadores, substituindo-os na condenação da lei; ela afastou a ira divina e possibilitou a
reconciliação do pecador com Deus; ela libertou o homem do seu pecado, de Satanás e da morte. O
resultado é vida eterna com Deus no seu Reino.

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