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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
APRESENTAÇÃO
Recordo também com carinho que minhas primeiras noções de fé devo muito
à minha mãe. Todos os dias ela se sentava para ler a Sagrada Escritura em voz alta e
assim passava horas. Curioso como eu era (e ainda sou), me aproximava para escutar.
Foi durante essas leituras que conheci as histórias de Abraão, Moisés, Davi e tantos
outros personagens fascinantes da Sagrada Escritura. Com um tempo, deixei de ser
mero ouvinte e passei a mergulhar no estudo da Palavra.
Essa apostila que você tem em mãos é fruto de minhas reflexões pessoais,
estudos e leituras que empreendi ao longo de todo esse tempo de caminhada cristã.
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
Procurei ser o mais didático possível. Aqui você encontra sínteses dos principais temas
introdutórios sobre a Sagrada Escritura. O objetivo é fornecer uma explanação desde os
temas mais simples aos mais complexos relacionados às Bíblia e os modos de
interpretação.
Não poderia também deixar de ser grato à Nossa Senhora, ela que como
ninguém foi verdadeira ouvinte da Palavra e ―guardava tudo em seu coração‖.
Aprendamos dela o dom da escuta atenciosa daquilo que o Mestre da Vida pronuncia e
percebamos que não existe lugar para onde podemos fugir, visto que só Ele tem
palavras de Vida.
Sumário
1 Informações introdutórias sobre a Bíblia.................................................................. 5
1.1 O nome ............................................................................................................... 5
1.2 Os Livros ............................................................................................................ 6
1.3 Divisão dos Livros ............................................................................................. 8
1.4 Como encontrar uma passagem na Bíblia? ........................................................ 9
2 Transmissão da Palavra .......................................................................................... 10
2.1 Alguns Documentos da Igreja importantes para o estudo bíblico ................... 10
2.2 Como a Bíblia chegou até nós? ........................................................................ 10
2.3 Como se escreveu os originais ......................................................................... 14
2.4 O acesso ao texto bíblico ................................................................................. 16
2.4.1 Testemunhas diretas do Antigo Testamento ............................................. 16
2.4.2 Testemunhas indiretas do Antigo Testamento.......................................... 17
2.4.3 Testemunhas diretas do Novo Testamento ............................................... 19
2.4.4 Testemunhas indiretas do Novo Testamento ............................................ 19
3 As línguas bíblicas .................................................................................................. 20
3.1 Hebraico ........................................................................................................... 20
3.2 Aramaico .......................................................................................................... 21
3.3 Grego ............................................................................................................... 22
3.4 Grego e hebraico: duas mentalidades distintas ................................................ 23
3.5 As traduções bíblicas ....................................................................................... 24
4 A História da Salvação ........................................................................................... 28
5 Apêndice I: Como Ler & Estudar ........................................................................... 34
6 Apêndice II: modelos de leitura.............................................................................. 37
7 Algumas palavras sobre mim... .............................................................................. 41
A palavra Bíblia veio do latim, através do grego biblia, plural de biblion que é
o diminutivo de biblos, termo que designa uma planta conhecida por nós como papiro,
utilizada na época, dentre outras coisas, na fabricação de papel. Era também o nome de
uma grande cidade portuária do século II a.C. de origem fenícia, um grande centro
comercial desse produto. Com o tempo, o termo passou a designar livro e, a partir do
século IV, o conjunto de Livros da fé cristã, seus Livros Sagrados.
Mas, sem dúvidas, a forma mais freqüente de se referir a Bíblia é como Palavra
de Deus (Hb 4,12). Em 242 casos nos quais o Antigo Testamento usa a expressão a
Palavra de Deus, ao menos, 214 isto significa uma comunicação feita por Deus a um
profeta ou dirigida por meio de um profeta, geralmente, uma transmissão oral.
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Por fim, devemos destacar que o termo Palavra, no Novo Testamento, ganha
um sentido todo especial: refere-se ao próprio Jesus, ―o Verbo divino que se fez carne e
habitou entre nós‖ (Jo 1,14).
1.2 Os Livros
OBSERVAÇÃO:
A ordem em que se encontram os escritos não é a mesma ordem em que
foram compostos, encontram-se ordenados segundo o tema e os gêneros literários.
Originalmente, nenhum escrito trazia um título como o que tem hoje. Os
títulos foram colocados mais tarde por razões práticas.
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―aliança‖, pacto, um compromisso bilateral, tal qual feita com Moisés no Monte Sinai
ou aquela selada com a Morte de Jesus (Lc 22,20). No grego, traduziu-se a expressão
hebraica com o termo para ―diatheke‖: última disposição dos bens próprios, vontade
legalmente expressa, testamento, um compromisso unilateral (leia: Gl 3,15; Hb 9,15-
17).
Originalmente, nenhum escrito trazia um título como o que tem hoje. Os títulos
foram colocados mais tarde por razões práticas.
O A.T. é dividido em quatro grupos: o Pentateuco ou Torah (Gn, Ex, Lv, Nm,
Dt), os Livros históricos (Js, Jz, Rt, 1 e 2Sm, 1 e 2Rs, 1 e 2Cr, Esd, Ne, Tb, Jt, Est, 1 e
2Mc), os Livros sapienciais (Jó, Sl, Pr, Ecl ou Coélet, Ct, Sb, Eclo ou Sirácida) e os
Livros proféticos. O escrito mais recente do A.T. é o Livro da Sabedoria escrito no séc.
I a.C. O N.T. se subdivide em evangelho, onde se narra os feitos e ensinamentos de
Jesus (Mt, Mc, Lc, Jo), os Atos dos Apóstolos, as cartas paulinas (Rm, 1 e 2Cor, Gl, Ef,
Fl, Cl, 1 e 2Ts, 1 e 2Tm, Fm, Hb), as cartas católicas ou universais (Tg, 1 e 2Pd, 1, 2 e
3Jo) e o Apocalipse. Os primeiros escritos do N.T. foram as cartas de Tessalonicenses
redigidas nos anos 50 d.C. Mas, podemos dizer que o ―coração da Sagrada Escritura‖ é
o Evangelho.
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Cada Livro é dividido em capítulos, são cerca de 1328, sendo que 260
pertencem ao N.T. Esta divisão não é original dos textos bíblicos, foi feita por Stephen
Langton, em 1214. O maior Livro bíblico é o Livro dos Salmos, possui 150 capítulos.
Existe uma diferença entre a numeração dos capítulos no Livro dos Salmos,
devido uma questão de tradução e interpretação:
BÍBLIA BÍBLIA
HEBRAICA GREGA
1-8 1-8
9 (9A)
10 (9B)
11 (10)
113 (112)
114 (113A)
115 (113B)
116 (114 e 115)
117 (116)
156 (145)
147 (146 e 147)
148 148
149 149
150 150
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O Livro de Ester possui versículos divididos em várias letras, chegando até ―z‖,
na Bíblia Edição Pastoral, da Paulus (ver, por exemplo, o capítulo 4, versículo 17). Na
Bíblia Ave-Maria, não existe essa divisão. Já, na Bíblia do Peregrino, o capítulo 4 segue
ininterrupto até o versículo 8, onde é separado pelo capítulo 15, versículos do 1 ao 3 e
depois continua no capítulo 4, versículo 9 até o 17, mas sem as subdivisões. Essas
diferenças se referem a forma como os editores e estudioso compreenderam como o
livro teria sido formado e, posteriormente, organizado.
Nos tempos de Jesus, as citações bíblicas eram muito vagas (ainda não existia os
capítulos e versículos). Um exemplo claro de como se fazia é a passagem de Mc 12,26,
quando Jesus fala aos saduceus: ―não leram no Livro de Moisés (= Êxodo), no da sarça
ardente (= capítulo terceiro) como Deus lhe disse...‖ (segue a citação textual de Ex 3,6).
Cada Livro tem uma abreviação (veja quadro abaixo), p.ex., o Evangelho
segundo São Mateus se abrevia com Mt.
O número que segue o nome do Livro se refere ao capítulo (os números
grandes escritos nos textos), p.ex, Mt 16 significa Evangelho segundo São Mateus,
capítulo 16 (completo);
A vírgula separa capítulo de versículo (os número pequenos no interior dos
textos), p.ex., Mt 16,1 = Evangelho segundo São Mateus, capítulo 16, versículo 1
(somente);
O hífen apresenta uma seqüência de capítulos ou de versículos, p.ex., Mt 16-
18 = Evangelho segundo São Mateus do capítulo 16 ao 18 (completo); ou Mt 16,1-10 =
Evangelho segundo São Mateus, capítulo 16, do versículo 1 ao versículo 10;
O ponto apresenta capítulos e/ou versículos citados isoladamente (representa
um salto na leitura), p.ex., Mt 16,1.10 = Evangelho segundo São Mateus, capítulo 16,
versículo 1 e o versículo 10 (sem os outros);
O ponto e vírgula serve para fazer citações de várias passagens de um mesmo
Livro (quando não se cita a abreviação) ou de Livros diferentes (quando apresenta mais
de uma abreviação), p.ex., Mt 16,1-10; 20,1-5; Lc 2,1-3 = Evangelho segundo São
Mateus, capítulo 16, do versículo 1 ao versículo 10, mais o capítulo 20, do versículo 1
ao 5; e ainda o Evangelho segundo São Lucas, capítulo 2, do versículo 1 ao versículo 3;
Algumas vezes, pode se o utilizar ―s‖ (seguinte) e ―ss‖ (os dois seguintes), para
se referir a capítulos e versículos em seqüência, p.ex., Mt 16ss = Evangelho segundo
São Mateus do capítulo 16 ao 18 (completo) ou capítulo 16 e os dois seguintes; Lc 2,1s
= Evangelho segundo São Lucas, capítulo 2, do versículo 1 ao versículo 2 ou versículo
um e o seguinte;
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2 Transmissão da Palavra
Uma grande proporção dos escritos da Bíblia foi redigida depois de mais ou
menos longa transmissão oral que ocupa o tempo que transcorre entre o fato acontecido
do qual se fala (o ―tema‖) e a comunicação escrita que narra esse fato acontecido. As
histórias dos patriarcas (Abraão, Issaac e Jacó), de Davi, de Jesus, foram narradas
oralmente durante algum tempo, às vezes séculos, antes de serem fixadas por escrito.
Com poucas exceções (por exemplo, as cartas e o apocalipse), os escritos da Bíblia não
se originaram com aquele que escreveu, mas se devem a tradições orais. Além do mais,
muitos escritos passaram por mais de uma redação.
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Ilustrando o que se disse, temos que o Novo Testamento é o fruto de uma árvore,
cujo tronco é Jesus e cujas raízes afundam no Antigo Testamento, os ramos são
as comunidades cristãs, edificadas pelos apóstolos
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Nem tudo foi relatado, nem tudo o que foi relatado foi escrito. Preservou-se
somente aquilo que tinha importância para eles. O escritor escolheu as tradições que lhe
pareceram mais importantes e colocou-as em certa ordem, até retocou-as para que
fossem mais uniformes e expressassem melhor a mensagem que ele queria comunicar.
Isso se observa facilmente quando se compara um Evangelho com outro. Além disso,
não poucas vezes as obras escritas foram revisadas, e foram-lhes acrescentados
esclarecimentos ou, ainda, outras tradições. Assim, o Evangelho original segundo João
foi enriquecido logo com a introdução do Prólogo (1,1-18), com a cena da mulher
colhida em adultério (7,53-8,11) e com o capítulo 21. No Prólogo, é fácil observar
inserções posteriores (Jo 1,6-8,15).
Os gêneros carta e apocalipse, e algumas composições poéticas longas e
elaboradas (por exemplo, Jó), não passaram por uma tradição oral, mas foram
comunicados diretamente em forma escrita. Mas tiveram sua origem em algum
acontecimento ou experiência sobre o qual seus autores trataram.
Cada livro foi composto independente dos outros. Nenhum autor escreveu
pensando que seria lido milênios mais tarde, em outros continentes, e que sua obra faria
parte de uma coleção de ―livros sagrados‖. Alguns, certamente, utilizaram obras escritas
como parte de suas fontes. Mateus e Lucas usaram o Evangelho segundo Marcos; o
autor da carta aos Efésios usou a carta aos Colossenses.
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Quando a Bíblia começou a ser escrita, há mais de 3 mil anos atrás, o papel ainda
não existia. Porém, havia muitas outras maneiras de registrar os acontecimentos.
Jó 19,23s faz referência de escrever com buril (―pena de ferro‖) inscrições sobre
as pedras. As ―tábuas da Lei‖ eram dois blocos de pedra escritas frente e verso (Ex
32,15). Em Roma e entre os judeus, os tabletes e tabuinhas recebiam uma fina camada
de cera, Zacarias, pai de João Batista, provavelmente usou uma dessas para escrever o
nome do recém-nascido (Lc 1,63). Escrevia-se com uma caneta de aço, de ouro ou de
outro material duro.
Foi por volta de 2200 a.C. que os egípcios desenvolveram a técnica do papiro para
a escrita (ver figura na página seguinte).
O papiro era caro, mas depois de lavado e raspado, podia ser reutilisado, chama-se
palimpsesto (uma página manuscrita, cujo conteúdo foi apagado e escrito novamente,
normalmente nas linhas intermediárias ao primeiro texto ou em sentido transversal). O
termo deriva do grego antigo παλίμψηστος, ou seja, "riscar de novo" (πάλιν, "de novo"
e ψάω, "riscar")
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O nome lembra ainda a cidade grega de Pérgamo, na Ásia Menor, onde se acredita
que possa ter se originado ou distribuído esse tipo de material.
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Inicialmente, os livros bíblicos tinham forma de rolos que podiam chegar até dez
metros de comprimento. Cada extremidade era enrolada em volta de uma vara de
madeira que o leitor desenrolava. Ainda hoje, nas sinagogas judaicas os textos sagrados
para leitura têm esse formato. Quando não estavam em uso, os rolos eram embrulhados
em panos e armazenados em jarros altos para serem preservados.
O texto era disposto em várias colunas verticais. É a elas que se refere Jr 36,23.
A primeira cópia completa do Novo Testamento foi escrita por volta do século IV.
É chamada de Códice Sinaítico porque foi encontrada ao pé do Monte Sinai, no
mosteiro de Santa Catarina, em 1844, pelo estudioso alemão Constantine Tischendorf
em uma de suas visitas ao lugar. Hoje, esse documento encontra-se no Museu Britânico
em Londres.
Podemos ter acesso ao texto bíblico por intermédio dos manuscritos, dos quais se
diz serem testemunhas diretas quando escritos na língua original ou indiretas quando se
trata de traduções.
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Os textos bíblicos foram bem cedo traduzidos em várias línguas, mas nem todas
as traduções basearam-se no Texto Massorético.
a) As traduções gregas
Septuaginta ou Versão dos Setenta (LXX). Realizada entre os séc. III e II a.C.,
em Alexandria. Não foi obra de um único autor, por isso a qualidade das traduções pode
variar de um texto para outro. Para o Cristianismo, a LXX foi considerada, por quase
oitocentos anos, como texto normativo e inspirado do Antigo Testamento.
Áquila. É uma versão que data aproximadamente do ano 125 d.C. é a mais literal
de todas. Conhecida apenas através do escritor cristão Orígenes e pelos fragmentos de
Gueniza do Cairo.
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Símaco. Data do final do séc. II. Chegou até nós também por intermédio de
Orígenes e citações de outros Padres da Igreja e autores judeus.
Héxapla. Texto redigido no séc. II d.C. Orígenes fez uma edição em seis colunas
paralelas do Antigo Testamento, apresentando diferentes traduções na seguinte ordem:
texto hebraico, transliteração do texto hebraico em caracteres gregos, Áquila, Símaco,
Septuaginta e Teodocião.
d) Traduções latinas.
Vetus latina. Feita a partir da LXX, séc. II, no norte da África. É um testemunho
importante, pois parece aparece antes das diferentes recessões da LXX, mas do ponto de
vista da crítica textual seu valor é limitado porque só uma parte dele foi conservada.
e) Outras traduções.
Cóptica. A língua copta (egípcio antigo) comporta vários dialetos, dentre os mais
importantes são o saídico e o boárico. As traduções cópticas foram feitas a partir da
LXX.
Góticas. Datam do séc. IV, feitas pelos godos a partir da LXX. Dela só temos
fragmentos.
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3 As línguas bíblicas
A terra de Israel onde se formou grande parte dos livros bíblicos faz parte do
Oriente Médio, na Ásia. Essa região foi dominada por diversos povos, culturas e
civilizações, desde as épocas mais remotas. Por isso, muitas línguas foram faladas e
usadas na escrita, no decorrer da história, entre elas se destacam o grupo das línguas
semíticas. Desse grupo fazem parte o acádio, o assírio, o cananeu, o fenício, o hebraico,
o aramaico, o árabe dentre outras. Essas línguas possuem semelhança na fala, na escrita
e no modo de construir o pensamento e as frases. São como a língua portuguesa que tem
semelhança com o espanhol, o italiano e o francês.
Existe outro grupo lingüístico, o indo-europeu que abrange outras áreas da Ásia
e da Europa, do qual faz parte o grego e do qual, deriva também o português.
O Antigo Testamento foi composto sob duas formas. A mais antiga, escrita em
hebraico – com raras exceções em aramaico (Est 4,8-6,18; 7,12-26; Dn 2,46-7,28; Jr
10,11) e a mais recente, escrita em grego: além da tradução dos 39 livros da Bíblia
Hebraica, contém mais sete escritos originalmente em grego (Tobias, Judite,
Eclesiástico, Sabedoria, Baruc e os dois Livros dos Macabeus), chamados de
deuterocanônicos no meio católico e apócrifos no ambiente protestante, em cuja bíblia
eles não se encontra.
3.1 Hebraico
A língua hebraica faz parte das línguas semíticas. Ela nasceu no Oriente
Próximo e Médio. O primeiro documento conhecido nessa língua é o calendário de
Gazer, escrito por volta do séc. X a.C., encontrado em 1928, próximo a Jerusalém. Esse
calendário surgiu na época em que o hebraico ainda estava em fase de formação. A
língua sofreu mudanças gradativas que se refletiram no texto da Bíblia Hebraica.
A 1ª fase vai aproximadamente de 1000 a.C ao ano 100 a.C. As palavras eram
escritas só com consoantes. E estas eram escritas do mesmo jeito em todos os lugares.
Depois do exílio da Babilônia (538 a.C.) a escrita das consoantes começou a tomar
forma quadrática, como é até hoje o hebraico bíblico.
A 2ª fase vai do ano 100 a.C. ao 500 d.C., na qual é fixada uma forma única de
escrever as consoantes.
A 3ª e última fase, do ano 500 d.C. ao 900 d.C., o hebraico chega a adquirir sua
estabilidade com o acréscimo das vogais. O trabalho de unificar as consoantes e
acrescentar as vogais foi definitivamente realizado no séc. IX por um grupo de judeus
de Tiberíades, estudiosos da Bíblia. Eles são chamados de massoretas (que significa
―tradicionalistas‖) porque colocaram por escrito todas as tradições orais que diziam
respeito ao texto bíblico e, em particular, ao modo de lê-lo e escrevê-lo.
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3.2 Aramaico
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3.3 Grego
O grego bíblico não é o grego clássico dos filósofos, mas o popular chamado
koiné.
Nas terras bíblicas, havia uma mistura de línguas por causa das sucessivas
dominações ocorridas na região. Por isso, o povo falava o aramaico em casa, usava o
hebraico na liturgia e o grego no comércio e na política.
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Existem diferenças entre o hebraico e o grego na forma como cada uma dessas
culturas interpretam o mundo a sua volta e como o expressam na linguagem escrita.
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Não raro encontramos nos textos bíblico escritos em grego, expressões que são
semíticas (semitismo), tais como "fazer a verdade", "filho da mentira" (da perdição, do
homem), "ter acepção de pessoas", e até vocábulos hebraicos (ou aramaicos)
transliterados, como "amém", "satanás", "geena" dentre outros.
Uma outra tradução importante é a Vulgata. Foi o papa São Dâmaso I (séc.IV)
que ordenou a São Jerônimo que elaborasse uma versão padrão, em latim, esta feita a
partir do hebraico (exceto, é claro, para os textos gregos da LXX).
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Bíblias católicas
Bíblias Protestantes
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Em geral, todas as traduções que hoje estão ao nosso alcance são boas. Haverá
diferentes razões pelas quais se escolhe uma em lugar de outra. A qualidade e
compreensividade é maior em uma do que em outras. Uma tradução literal (para o
estudo) será geralmente menos compreensível para o comum das pessoas do que uma
tradução popular.
Os católicos tendem a pensar que somente as traduções feitas por católicos são
boas e que não devem usar aquelas feitas por protestantes porque são ―malfeitas‖. É um
preconceito sem fundamento, exceto para o caso de traduções abertamente sectárias,
sendo o único caso notório a tradução dos Testemunhas de Jeová. O problema não é
tanto a tradução da Bíblia que se usa, mas a interpretação do texto. Cabe, porém, o
alerta: as bíblias protestantes não possuem os sete livros deuterocanônicos do Antigo
Testamento.
Primeiro porque a língua não é fixa, ela muda segundo a época, e o grupo
sociológico ou cultural. Não falamos, hoje, do mesmo modo que na época de nossos
bisavôs. A linguagem jurídica ou da informática, para os não iniciados nessas ciências,
é quase incompreensível. Um jovem da cidade fala de forma diferente de um jovem do
campo. Um cearense usa expressões que para alguém do sul podem ter outro sentido.
O hebraico é um idioma do qual não temos outro meio que a Bíblia mesma
para conhecer o significado de muitos vocábulos, pois é escassa a literatura da época.
Quando certos vocábulos aparecem uma ou poucas vezes, se o contexto não é claro, é
necessário determinar o sentido exato, como é freqüente no Livro de Jó.
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
Temos também que toda tradução já é uma interpretação, pois o tradutor faz
escolhas de acordo com seus conhecimento do idioma, da cultura, do pensamento do
escritor e de sua época, ao mesmo tempo que corre o risco de projetar suas crenças e
valores pessoas no texto. Por exemplo, no séc. XV, os monges espanhóis trocaram o
termo ―babilônico‖ por ―infiéis‖, no Antigo Testamento – um artifício que remetia aos
muçulmanos durante a disputa com os espanhóis pela Península Ibérica.
• Almeida Revista e Atualizada. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar
sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e
aquele que casar com a repudiada comete adultério.
• Almeida Revista e Corrigida. Eu, porém, vos digo que qualquer que
repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e
qualquer que casar com a repudiada comete adultério.
• Nova Tradução da Linguagem de Hoje. Mas eu lhes digo: todo homem
que mandar a sua esposa embora, a não ser em caso de adultério, será culpado de fazer
com que ela se torne adúltera, se ela casar de novo. E o homem que casar com ela
também cometerá adultério.
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4 A História da Salvação
Quando vivemos uma experiência que julgamos importante, tentamos registrá-
la de alguma forma: tiramos uma foto, filmamos ou, simplesmente, escrevemos. É mais
ou menos isso que aconteceu com a Sagrada Escritura, as pessoas vivenciaram algo
importante e sentiram a necessidade de transmiti-lo para as gerações futuras. Porém, a
dificuldade que eles tinham de registrar tais eventos era bem maior que a nossa.
Imagine: como você faria para registrar determinados acontecimentos de sua vida se não
soubesse escrever e não conhecesse os recursos da tecnologia? Difícil, né?
Mas, não pensemos que na Bíblia não haja história propriamente dita. Para
compor a História dos Hebreus, o Povo da Bíblia fez uma pesquisa, relativamente,
minuciosa sobre os acontecimentos. Lucas, por exemplo, para escrever seu Evangelho
afirma ter feito ―um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu‖ (Lc 1,3). Muitos
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
documentos mais antigos foram pesquisados pelos escritores para redigir os Textos
Sagrados: o Livro da História de Salomão (1Rs 11,41), os Anais dos Reis de Israel (1Rs
14,19; 16,5) e de Judá (1Rs 14,29; 15,7), a obra de Jasão de Cirene em cinco volumes
(2Mc 2,19-32) entre outros. Se esses documentos não chegaram até nós é porque não
fazia parte do que a comunidade julgava essencial conservar para as gerações vindouras.
Temos também outros documentos das épocas bíblicas que fazem menção a alguns
eventos narrados na Escritura.
Enquanto escrita podemos dizer que a história do Povo hebreu começa durante
a monarquia, mas enquanto evento se inicia com Abraão, pois é o primeiro personagem
sobre o qual podemos identificar um ―fundo histórico‖.
Observação:
A menção às idades dos patriarcas deve ser lidos não como quantitativos, mas
como simbólico, indicando uma vida longa e abençoada, visto que a expectativa de
vida na época era muito curta. Portanto, ter uma vida centenária, como
Matusalém, Noé, Abraão e outros é indício que Deus estava ao lado desses
personagens.
Certa vez, Deus aparece a Abraão e pede para que ele ofereça em sacrifício o
seu filho Isaac. Abraão, com o coração aflito, obedece e no momento em que ia matar
Isaac aparece um anjo que lhe diz que isso não será necessário porque ele havia provado
que amava a Deus acima de tudo (Gn 22). Na época em que foi escrita essa história,
pretendia-se criticar os sacrifícios humanos (principalmente, de crianças) feitos pelas
nações rivais de Israel: Deus não quer esse tipo de sacrifício (Lv 20,1-5). Em uma
dimensão profética, lida sob a ótica cristã, essa passagem remota ao sacrifício definitivo
de Jesus.
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Tempos mais tarde Isaac se casa com Rebeca, com quem tem dois filhos
gêmeos: Esaú (também chamado de Edom), o primogênito, e Jacó (mais tarde Deus o
chamará de Israel, que significa ―aquele que lutou com Deus‖, cf. Gn 32,23-33). Esaú
transfere para Jacó o direito de primogenitura (Gn 25,29-34) e, quando Isaac estava no
leito de morte, o abençoa no lugar de seu primogênito (Gn 27). Esaú fica com tanto ódio
que deseja matar o irmão que acaba fugindo para a casa de seu tio Labão. Lá se
apaixona por Raquel e, para pagar o dote, trabalha sete anos a fim de se casar com ela.
Mas, na noite de núpcias, Labão manda sua filha mais velha, Lia; Jacó dorme com ela,
mas só percebe no outro dia que não era a pessoa que ele amava. Então, trabalha mais
sete anos por Raquel até que eles se casam (Gn 29,1-30).
Jacó tem 13 filhos: Rúben, seu primogênito com Lia, Simeão, Levi, Judá (para
quem a bênção é transferida); Dã e Nefiteli (com a escrava de Raquel, Bala); Gad e
Aser (com Zelfa, escrava de Lia); Isacar, Zabulon, Dina (filhos de Lia); José e Benjamin
(os únicos filhos de Raquel). Os filhos homens vão dá origem mais tarde as Doze Tribos
de Israel, cada qual corresponderá a uma região da Terra Prometida - a excessão de Levi
e José.
Acontece que um deles, José, é vendido como escravo pelos irmãos (Gn 37,12-
36) e vai parar no Egito, onde acaba sendo preso e depois se torna administrador do
Egito, uma espécie de vice-rei (Gn 39ss). É através dele que o povo de Israel, entra
nessa terra. Muitos estudiosos relacionam a entrada dos hebreus no Egito à invasão dos
hicsos (1730 a.C. – 1550 a.C.), momento em que facilmente um não egípcio poderia
ganhar um cargo importante como o de José.
Durante essa perseguição, uma mulher coloca seu filho em uma cesta à
margem do rio e a criança vai ser cuidada pela filha do faraó, o nome do menino era
Moisés (Ex 2,1-10). Verdade que não existem provas concretas da existência de Moisés,
mas a narrativa do Êxodo é tão cheia de detalhes que certamente nos levam a acreditar
na existência de algum um núcleo histórico.
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
Alguns cientistas têm observado que existe a possibilidade desse evento ter
ocorrido realmente, pois há um fenômeno no qual o vento sopra sobre as águas do mar
fazendo com que elas recuem e formem uma espécie de barreira d‘água, permitindo a
travessia. Devido à imediaticidade desse fenômeno natural em atender a ordem de
Moisés, podemos ver nele a ação providencial de Deus.
É no monte Sinai que o Povo de Deus recebe as tábuas da Lei que contêm os
Dez Mandamentos (Ex 19s), aí Deus sela com o Povo uma Aliança. Após a morte de
Moisés, depois de quarenta anos vagando no deserto, o Povo de Deus chega a Terra
Prometida (acredita-se que por volta de 1200 a.C.) conduzido por Josué. O Povo
atravessa o Jordão a pé enxuto (Js 4) – fato varias vezes observado, inclusive em época
recente – depois derrubam de forma miraculosa as muralhas de Jericó (Js 6) e vencem a
batalha em Gabaon, onde o sol parou por um dia até que o Povo pudesse vencer (Js 10).
Se não existem indícios históricos e/ou arqueológicos dessa conquista violenta da Terra
Prometida, podemos interpretá-los como símbolos de que Deus está ao lado do Povo: no
período em que essas narrativas foram escritas, durante a monarquia, tentava-se
construir uma identidade nacional, daí o épico das origens.
Depois disso, Josué distribui a terra para cada tribo, exceto para tribo de Levi,
cujos membros tinham função sacerdotal. Verdade também que não existiu um território
chamado José, mas sim dois territórios com os nomes de seus filhos: Efraim e Manasés.
No período seguinte, o Povo tinha que defender seu território das nações que o
cercavam, foi aí que Deus suscita chefes carismáticos que unem o Povo nas lutas, eles
passaram a ser conhecidos como Juízes. Dentre eles os mais conhecidos estão Gedão (Jz
6-8) e Sansão (Jz 13-15), o primeiro luta contra os madianitas e o outro contra os
filisteus. Essas histórias são espécies de lendas sobre os heróis nacionais com a
finalidade de mostrar que Deus está sempre ao lado do Povo e que, se permanecerem
fiéis, as bênçãos de Deus estarão com eles.
Davi era pastor de ovelhas, era o mais jovem dos filhos de Jessé e natural da
cidade de Belém. Ficou famoso por derrotar o gigante Golias (1Sm 17) – símbolo da
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
grande opressão filistéia – e isso faz com que ele entre em contato com a coorte. Pouco
a pouco, se torna chefe militar e sua fama se torna tão grande que Saul passa a persegui-
lo. Após a morte de Saul, é Davi que lhe sucede ao trono. É Davi quem conquista a
cidade de Jerusalém e faz dela a capital do reino (2Sm 5,6-16). A ele, Deus promete que
sua descendência reinará para sempre (2Sm 7,1-16), uma profecia, interpretada pelos
cristãos como se referindo ao reino messiânico de Jesus.
Seu filho Salomão lhe sucede ao trono, este é conhecido pela sua grande
sabedoria e pela construção do Templo de Jerusalém (1Rs 6), o qual era o lugar da
presença física de Deus, Sua Morada e centro da religião. É época de paz e
prosperidade, de construções, evolução política, econômica, administrativa e tributária,
período de busca da construção de uma ―identidade nacional‖: seleção de memória,
costumes, lendas de nascimento de povos e nações, tradições de santuários, sagas de
heróis etc., é provável que os primeiros escritos da Bíblia tenham sido compostos nessa
época.
Após a morte de Salomão, começa uma disputa pela sucessão do trono (1Rs
12-14): Jeroboão tenta tomar o poder e divide o reino, levando consigo dez tribos,
fundando o reino de Israel (reino do Norte) e que é destruído pelos assírios em 722 a.C.;
já o reino do Sul (chamado de Judá) era governado por Roboão, filho de Salomão. Este
reino só conhecerá uma dinastia – a davídica – e uma capital – Jerusalém – e só será
destruído em 586 a.C. pelos babilônicos, quando a população é exilada. Época em que o
povo se sente abandonado por Deus e se perguntavam se os deuses estrangeiros eram
mais fortes que o Deus de Israel. É no Exílio que acontece uma grande mudança de
perspectiva teológica: não é que Javé tenha abandonado o Povo e revogado sua Aliança,
foi o Povo que pecou e se afastou de Deus, mas se eles se arrependerem então voltaram
para a Terra da Promessa.
Em 333 a.C., Alexandre Magno derrota os persas, um ano depois ele morre e
seu império é dividido entre seus generais: Ptolomeu Lagos (e seu general, Seleuco)
ficam com o Egito e sul da Síria, em 302 a.C., a Palestina se encontra em poder dos
ptolomeus, então Seleuco IV tenta se apoderar dos fundos depositados no Templo (2Mc
3). Mas é com Antíoco IV Epifanes (175-163 a.C.) que se inicia a política de
helenização dos judeus: saqueia o tesouro do Templo (1Mc1,16-28; 2Mc 5,15-21),
proibiu o culto, os sacrifícios, a circuncisão, a observância do sábado, as dietas
alimentares, decretou sentenças de morte para quem os praticasse; mandou oferecer
sacrifício aos deuses no Templo (1Mc 1,59; 2Mc 10,5;6,2); ergueu um altar dedicado a
Zeus no Templo. Todos esses fatos desencadeiam uma luta armada contra os helenistas,
que ficou conhecida como ―Revolta dos Macabeus‖. Então, os judeus conseguem sua
independência, mas por um curto período de tempo, pois os romanos logo sucedem os
gregos em 63 a.C.
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
É sob o domínio romano que Jesus nasce e que se desenrola toda a história do
Novo Testamento. Não há certeza quanto a data exata de seu nascimento: Lucas (Lc
2,1s) nos informa que o imperador Augusto (31 a.C. – 14 d.C) havia ordenado um
recenseamento quando Quirino era governador da Síria (6 – 9 a.C.), porém o citado
recenseamento ocorreu nove anos antes de Quirino na região. E para que Jesus tenha
sido perseguido por Herodes (Mt 2), Ele deveria ter nascido até o ano 4 a.C., quando o
rei morre. O ministério e a Morte de Jesus se deram durante o governo do imperador
Tibério (14-37 a.C.). Porém, nenhum historiador sério, hoje, parece negar a existência
de um Jesus histórico. É através de Jesus que Deus estabelece a Nova Aliança (Lc
22,19-20), uma aliança eucarística selada na Cruz.
Após Sua Morte, seus discípulos deram continuidade ao seu trabalho e se inicia
a expansão da Igreja, foi em Antioquia que eles receberam pela primeira vez o nome de
cristãos (At 11,26).
No ano 65 de nossa era, Nero põe fogo em Roma e acusa aos cristãos, o que
serve de pretexto para persegui-los, essa é a primeira grande perseguição. É nessa época
que Pedro e Paulo são executados em Roma. Mais ou menos nesse período é que o
Evangelho de Marcos recebe sua forma final – compilando e ordenando tradições orais
antigas contemporâneas a Jesus.
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
1ª etapa: compreensão
Vocabulário: o que cada uma das palavras significa?
Para isso, você pode verificar nas notas de roda pé (algumas Bíblias trazem esse
recurso) ou adquirir um dicionário bíblico.
*
Esse breve resumo foi extraído dos livros: ABIB, Jonas. A Bíblia foi escrita para você. São Paulo:
Loyola/ Canção Nova, 2007 (36ª ed.); LAHAYE, Tim. Como estudar a Bíblia sozinho. Minas Gerais:
Ed. Betânia,1984 (5ª ed.); SILVA, Sérgio Luiz e. A Bíblia em 365 Dias – Guia Prático de Leitura. São
Paulo: Ed. Santuário,2001; VV.AA. O mundo da Bíblia. São Paulo: Ed. Paulinas,1985 p.58-59.
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
Para isso, você pode começar lendo a introdução à cada Livro já contida em sua
própria Bíblia, o que já dá uma pequena noção. Algumas perguntas podem também
ajudar na identificação do ambiente em que o Livro ou passagem surgiu:
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
Geralmente, nas próprias Bíblias já se traz notas introdutórias sobre isso. Você
pode também procurar uma literatura mais especializada sobre o assunto. Há muitas
coleções populares no mercado.
Há muitos livros populares no mercado sobre o assunto, uns do que indicaria seria
os livrinhos do Serviço de Animação Bíblica (SAB), da Paulinas, da coleção Bíblia em
Comunidade – visão global. São 15 pequenos volumes, com preços bastante acessíveis.
E, sempre, ao final de cada um, traz uma tabela que contextualiza os Livros e a história
da época em que surgiram.
2ª etapa: explicação
Para essa fase, você pode utilizar um livro mais especializado no assunto. Há pela
Paulus a coleção ―Como ler a Bíblia‖ que tem um livro para cada Escrito bíblico, em
vários preços e de linguagem bem acessível.
Mas, as perguntas abaixo podem ser úteis:
Que se deduz do confronto com outros textos bíblicos talvez mais claros?
Uma dica interessante seria você pegar palavras ou frases importantes do texto
bíblico e comparar com outras passagens. Algumas Bíblias trazem esse recurso. Você
pode utilizar também uma ―chave-bíblica‖. Mas se preferir, pode utilizar um site de
busca de passagens bíblicas, como por exemplo, o Bíblia católica on-line:
http://www.bibliacatolica.com.br ou o da Bíblia Pastoral on-line
http://www.paulus.com.br/BP/_INDEX.HTM (a vantagem deste site é que mostra
quantas vezes determinada palavra aparece na Bíblia)
3ª etapa: aplicação
A mensagem bíblica não foi algo ―congelado‖ no tempo escrita apenas para o
momento em que ela surgiu, mas é sempre atual, ―viva e eficaz‖ como diria São Paulo.
Por tanto, a etapa seguinte seria, justamente, trazer essa mensagem para os dias atuais.
Há muitos livros populares que trabalham nessa perspectiva.
As perguntas abaixo podem ajudar você nessa atualização da Palavra de Deus:
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
Do mesmo modo, se você ler um capítulo por dia, em, aproximadamente, três anos
e meio conseguirá terminar a Bíblia toda.
Você é quem deve ditar seu próprio ritmo, mas o importante é nunca desistir ou
deixar de ler.
Leitura Diária (15 min) + Estudo Bíblico (15 min diários ou 30 min, 3 vezes por
semana) + Memorização (30 min por semana e depois nos momentos de folga) = 35
minutos (Por dia ou 4 horas e 5 min por semana).
Primeiro ano: 1Jo (leia sete vezes); Jo (leia duas vezes) Mc (duas vezes) Gl Ef
Filipenses; Cl;1Ts; 2Ts; 1Tm; 2Tm; Tt; Filemon; Lc; At; Rm; Todo o Novo Testamento
(duas vezes
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Apostila de Estudo Sobre a Bíblia
Segundo ano: Um capítulo de Provérbios por dia, durante quatro meses; Dois
capítulos de outro livro de sabedoria diariamente (Jó, Sl, Ecl, Ct, Sb, Eclo); Ler várias
vezes durante um mês: 1Jo, Ef, Filipenses, Cl, 1Ts, Tg, Rm 5-8; Jo 14-17.
Terceiro ano:
De segunda a sábado: um capítulo do Novo Testamento e dois do Antigo;
Aos domingos: cinco capítulos do Antigo Testamento.
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