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A Teologia como ciência.

Via de regra, nas listas das ciências modernas, a Teologia não faz mais parte dos campos da
ciência. Até a chegada dos tempos modernos, quando a cosmovisão estava mais próxima do
cristianismo, a Teologia era considerada a rainha das ciências. Entretanto, nos tempos atuais,
depois das revoluções industrial e filosófica, bem como do cientificismo, a Teologia ficou fora da
lista.

A coisas da religião não entram nas coisas das ciências, porque Deus está fora da investigação
científica, pois está na esfera daquilo que Kant chamou de mundo numênico, e não na esfera do
mundo fenomênico. As coisas do mundo fenomênico são verificáveis, mas não as do mundo
numênico. Logo, a Teologia não pode ser uma ciência. Essa visão, pois, permite o estudo da
religiosidade, mas não de Deus.

Entretanto, se tomarmos como verdadeira a ideia de ciência fornecida por Harold Brown, e
rapidamente analisá-la, podemos ver a Teologia como uma ciência. Se a Teologia é uma ciência,
teremos de aplicar os mesmos princípios adotados para a verificação de outras ciências a ela.
Como ciência, portanto, apliquemos mais demoradamente à Teologia os mesmos quatro
princípios já analisados brevemente:

O objeto real de estudo da Teologia

A Teologia é uma ciência somente se tiver um objeto real de estudo. Podemos saber muitas
coisas a respeito de Zeus, a famosa divindade grega, porque os gregos creram nele. Ele existiu
na mente e na subjetividade de muitos gregos, mas não pode ser objeto de investigação
científica porque, na verdade, não existe como uma personalidade real, como um objeto
concreto.

Se o objeto de estudo tem de ser algo real, disponível para ser fisicamente medido, alguma coisa
que exista concretamente, algo que possa ser pesquisado e objetivamente verificável, então
Deus, o Deus verdadeiro, em si mesmo, também não pode ser objeto de investigação científica.
Embora Deus esteja fora do pesquisador e de sua subjetividade, existindo de forma
independente de seu pensamento, não pode ser verificável, observável, mensurável, como os
outros objetos da investigação científica o são. Deus está além da verificação científica. Ele não
pode ser provado, embora exista objetivamente, ou seja, existe fora da subjetividade do
pesquisador. Mesmo que o pesquisador não creia nele, ele existe.

Deus só pode ser observável e conhecível em seus próprios termos, de acordo com suas próprias
regras estabelecidas, mas ele, em si mesmo, não é objeto de estudo.

Qual é, então, o objeto da investigação científica na Teologia? Deus? Não! A definição mais
comum de Teologia é “a ciência de Deus”. Muitas definições tendem a interpretar literalmente
o termo “Teologia” e chegam à conclusão de que Deus deve ser objeto do estudo científico do
homem. Essa ideia é, de fato, insatisfatória, porque Deus não é passível de investigação por um
ser inferior, pois ele chamou à existência todas as coisas. Ele é a realidade última de tudo, e é
aquele que põe em ordem e sistematiza todas as coisas.

Abraham Kuyper desafiou essa definição de Teologia como “o estudo de Deus”, argumentando
que Deus não pode ficar debaixo de investigação, ou seja, debaixo de um microscópio, como os
outros campos da investigação ficam. Numa ciência, o pesquisador está sempre debruçado
sobre o objeto investigado. Mas isso não acontece com Deus. Ele está sobre e além da
capacidade do homem de investigá-lo. O homem não tem condições de investigar Deus porque
ele está muito acima de seu alcance, pelo fato de sua natureza ser infinitamente superior e
inatingível pelo homem. Se é assim, como se pode saber alguma coisa sobre Deus? Por meio de
sua autorrevelação. Deus é autoexistente, não verificável em si mesmo, mas é um ser pessoal
que se comunica e se torna acessível, deixando marcas na história, sendo conhecível através de
proposições revelacionais que estão registradas na Escritura. Essa, sim, é o objeto da
investigação do homem. O homem estuda Deus mediante aquilo que Deus revela de si mesmo.
Portanto, a Teologia deve ser entendida como a “ciência da revelação” ou a “ciência da
Escritura”. De modo inverso, dentro do estudo científico da Teologia, o pesquisador está debaixo
do “objeto” investigado, porque depende dele para obter as informações necessárias. Nas
outras ciências, o pesquisador trabalha com elementos que não têm resposta voluntária,
somente reagindo a estímulos que são governados pelas leis naturais. Mas não é assim na
pesquisa científica da Teologia. Nela, o pesquisador não tem controle sobre o “objeto”
pesquisado, como acontece nas outras ciências. Nesse sentido, a Teologia é uma ciência
singular. O pesquisador tem de estar submisso às informações que Deus dá de si mesmo em sua
revelação, ficando dependente e sob a autoridade das Escrituras.

A Teologia está muito preocupada com o “aspecto místico”, que, via de regra, deve estar
vinculado à única fonte de revelação e autoridade, a qual, para os reformados, é a Escritura,
conforme se afirma em seus símbolos confessionais.

O meio apropriado para o estudo da Teologia

O estudo científico de qualquer matéria exige que se disponha dos meios adequados. Não se
estuda cientificamente a Teologia como se estuda física ou Química. Os meios devem estar em
consonância com a natureza dos “objetos” estudados.

O Deus da Escritura Sagrada não é um ser impessoal, ou o “Primeiro Motor” ou a “Primeira


Causa”, ou uma “Força Cósmica” para todas as coisas, como, em geral, as filosofias ensinam,
mas é um Deus excelentemente pessoal.

Porque Deus é pessoal, devemos procurar conhecê-lo através de modos apropriados para
pessoas. As coisas podem ser estudadas por observação, por medidas e por computação. As
pessoas podem ser conhecidas somente quando duas condições são preenchidas: primeiro, a
pessoa deve comunicar-se, geralmente em linguagem inteligível, e, segundo aquele que recebe
a comunicação deve responder com uma medida de confiança. Neste ponto é da maior
importância enfatizar que a confiança não é um substituto para um conhecimento pessoal,
embora tenhamos de confiar porque não conhecemos. Confiar é o meio apropriado para se
obter conhecimento das pessoas; sem essa confiança, não podemos conhecer outra pessoa de
modo íntimo, e sem o equivalente teológico, que usualmente chamamos fé — simplesmente
outra palavra para a mesma coisa —, não podemos conhecer Deus.

O elemento místico (elemento de fé) é extremamente importante para o conhecimento de


Deus. Não há possibilidade de se ter qualquer conhecimento real dele sem que se creia no que
ele diz. Isso é assim em relação a todos os seres pessoais. Se não confiarmos no que as pessoas
dizem, não saberemos nada a respeito delas ou da verdade. No estudo dos seres pessoais, tem
de haver um elemento de comunicação e um elemento de confiança naquilo que é dito. Se não
houver tal comunicação, não haverá conhecimento, e, se não houver um elemento de confiança
naquilo que foi comunicado, o conhecimento não se subjetivará. E, quando não se subjetiva,
não é conhecimento verdadeiro para quem pesquisa. O elemento de confiança nas informações
de um paciente no estudo da Psicologia, por exemplo, é fundamental. Então, podemos afirmar,
com certeza, que o elemento confiança na comunicação é algo que deve ser considerado
científico. Seria não científico desprezar esse tipo de conduta. Se isso é verdade no estudo das
Ciências Humanas, também o é no estudo do Ser Divino da maneira como se revela e como
reagimos em resposta à sua revelação.

O Deus que não é crido não é verdadeiramente conhecido. Os incrédulos podem conhecer coisas
sobre Deus ao ouvirem falar dele, mas isso não implica que o conheçam verdadeiramente. O
conhecimento real implica comunicação e fé reflexa. Brown diz:

Se um teólogo cientista não traz nenhuma confiança ou fé à sua obra, não está se comportando
cientificamente, porque está privando a si mesmo do meio necessário e apropriado para se
obter conhecimento, e por essa razão não tem nada a sistematizar.

Portanto, só pode fazer Teologia cientificamente aquele que realmente confia na comunicação
recebida. Isso quer dizer que um teólogo não apresentará uma pesquisa válida se não confiar
pessoalmente em Cristo, que é o revelador de Deus. Este se comunica, como ser pessoal que é,
e o teólogo científico trabalha, de forma confiante, com as informações recebidas,
sistematizando-as.

Quando os pesquisadores não confiam na revelação divina, podemos dizer com certeza que seu
conhecimento é falho, pois terá faltado o elemento místico – fundamental para a ciência
teológica.

O método da Teologia

Não há como sistematizar se não houver dados para a sistematização. Em outras palavras, não
podemos usar qualquer método para uma ciência se não tivermos o “objeto” a ser estudado,
nem os meios apropriados para estudá-lo.

Se tivermos os dois primeiros critérios, poderemos começar a aplicar o terceiro, ou seja, a


sistematização dos dados recebidos. Não existe ciência sem sistematização das informações.
“Mas o método não produzirá os resultados que valham a pena, a menos que o meio esteja
disponível e seja colocado em uso.”

O pesquisador tem de usar todas as fontes de informação para a elaboração de seus conceitos.
Em Teologia, isso não é muito diferente. O teólogo cientista tem de usar todos os recursos para
a elaboração sistemática de seu trabalho.

A verdade como meta

O objetivo de todo cientista é chegar a conclusões justas e verdadeiras. Mas, nessa busca da
verdade, o cientista deve ser honesto e não permitir que suas pressuposições controlem o
resultado da pesquisa. Embora o teólogo cientista vá às fontes com pressuposições, porque é
impossível ser cientista sem algum tipo de pressuposição, não deve permitir que a busca da
verdade seja prejudicada por seus próprios sentimentos no que diz respeito ao “objeto”
pesquisado. A meta de seu trabalho é o alcance da verdade. Nessa busca, ele deve contar com
alguns elementos importantes e fundamentais: a revelação divina e a fé para trabalhar
corretamente com as informações de que dispõe.

É ponto pacífico entre os cristãos evangélicos que a revelação divina é o ponto focal de estudo
dos teólogos. Sem ela, não há qualquer material para o estudo de Teologia. Não há verdade,
objetivamente falando, sem a autorrevelação de Deus. Contudo, não podemos olvidar que a
Teologia é uma ciência e, como tal, tem de trabalhar cientificamente com dados.

A Teologia é uma disciplina intelectual, uma ciência, e deve, diferentemente das outras ciências,
começar com a fé. Sem a fé, é impossível fazer Teologia. Entendida desse modo, a fé precede a
Teologia, porque a Teologia é elaborada com a fé nos dados que o cientista possui. A submissão
em fé à revelação produz Teologia. Quanto mais fidelidade à revelação de Deus, mais próxima
da verdade estará a Teologia. “Nesse sentido, um teólogo deve ser algo parecido com um
cientista físico, um químico, um biólogo, porque cada um deles deve lidar com a realidade como
é, e não como ele gostaria que fosse.”

A busca da verdade deve ser o alvo final e principal do teólogo que trata cientificamente da
revelação de Deus. E ele deve fazer isso crendo no que Deus diz de si mesmo, dos homens e de
suas relações com o mundo, crendo em algo que, de fato, é digno de confiança.

INTRODUÇÃO BÍBLICA – BIBLIOLOGIA

I - CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Antes de nos lançarmos no conteúdo da matéria, é bastante prudente compreendermos as


raízes da necessidade de se estudar a Bíblia dentro de uma perspectiva acadêmica. Alguns fatos
históricos contribuíram grandemente para esta nova perspectiva de investigação do texto
sagrado. As mais determinantes, sem dúvida, foram a renascença e o iluminismo.

Podemos asseverar que o estudo das Escrituras estava, basicamente, circunscrito ao ambiente
sacerdotal e religioso. O fiel, de maneira geral, se contentava com a prédica dos sacerdotes e
ministros, não tendo acesso ao estudo devocional das Escrituras, em face da escassez do livro
sagrado, bem como, da manipulação religiosa que a igreja cristã romana praticava.

Analisando ao longo da história bíblica, e, particularmente o Velho Testamento, percebemos


que desde Moisés, havia a prática da leitura e do estudo bíblico, sendo que tal hábito é
incentivado ao longo das Escrituras (Js. 1. 8, Salmo 1. 2). Entretanto, a partir da oficialização do
cristianismo como religião do Império (século IV), a igreja institucional assumiu para si a
interpretação das escrituras, considerando o fiel, desqualificado para a tarefa.

Ao longo da idade média (Sec. V ao XV), temos então um cristianismo que se desenvolve a mercê
do papado romano, confinando sua fé à obediência aos ditames da religião católica. Neste
contexto surgem grupos religiosos (como os Anabatistas) e pré-reformadores (Jhon Huss e
outros) que lutam para que o povo tenha acesso as Escrituras sagradas, que agora, tem como
única versão autorizada, a Vulgata Latina.

Qualquer tentativa no sentido de produzir Escrituras para o “povão” era reprimida com
perseguição, excomunhão e até morte. Então, durante muitos séculos, as escrituras foram
amordaçadas pelo clero, fornecendo lhes uma interpretação e aplicação de acordo com os
interesses da religião institucional.

Neste contexto, movimentos religiosos e filosóficos “pipocavam”, sobretudo na Europa, no


sentido de libertar se do domínio da opressão da religião, que não permitia a reflexão e o
pensamento, e que apenas impunha seus dogmas. Estudaremos, com as reservas necessárias,
dois movimentos significativos para entender o nascedouro do estudo reflexivo, sistemático e
catedrático da Bíblia (Bibliologia). O primeiro destes movimentos foi a Renascença, seguida de
imediato do Iluminismo,

Havemos de entender, como servos do Senhor Jesus, que os dois movimentos têm aspectos
revolucionários e arrogantes que, em nada, combinam com a postura do cristão, entretanto,
precisamos entender o fenômeno histórico e sociologicamente para que percebamos o pano de
fundo do estudo sistemático e acadêmico das Escrituras Sagradas.

1 – RENASCENÇA

Renovação em todos os setores de atividades. A renascença corresponde ao período de


"renascimento" das letras e das artes como um todo, movimento este iniciado na Itália no Século
14, tendo alcançado seu auge no Século 16, influenciando todos os demais países da Europa.

Os termos Renascença ou Renascimento passaram a ser utilizados a partir do Século 15 para


designar o retorno da cultura aos padrões clássicos. Tal movimento se iniciou com os estudos
dos cânones artísticos da antiguidade clássica.

O estudo da cultura clássica já constituía elemento de erudição entre os mais cultos homens da
Idade Média e até entre a classe sacerdotal. Por exemplo, as figuras mitológicas pagãs eram
utilizadas como elemento estético para finalidades morais e filosóficas.

Gradualmente, tal conhecimento dos padrões clássicos passou a exercer influência sobre os
mais variados campos de atividade humana no período posterior à Idade Média.

Portanto, não se pode dizer que a exclusividade do retorno aos padrões da Antiguidade é de
propriedade do período renascentista.

O homem passou a ser o parâmetro do mundo

A história passou por grandes revoluções no período renascentista. A visão do homem sobre si
mesmo modificou-se radicalmente pois, no período anterior, todos os campos do saber humano
tendiam a voltar-se para as explicações teocêntricas.

Em outras palavras, a visão do homem, basicamente, tinha Deus como ponto de partida para
todas as discussões acerca do universo, suas origens e seus mecanismos. Na Renascença, o
homem voltou seu olhar sobre si mesmo, isto é, houve o ressurgimento dos estudos nos campos
das ciências humanas, em que o próprio homem toma-se como objeto de observação, ao
mesmo tempo em que é o observador.

As grandes descobertas e invenções

No campo da ciência, o período foi um dos mais férteis na história da humanidade. Galileu
Galilei, mesmo perseguido pela Igreja, afirmava não ser a Terra o centro de todo o universo.

Pela constatação do movimento da Terra em torno do Sol, as teorias de Galileu seguiam em rota
de colisão com os próprios conceitos religiosos vigentes: tal fato, por si mesmo, já era
considerado um desafio às autoridades religiosas.

A invenção da bússola, assim como o aprimoramento das técnicas de navegação, facilitou a


expansão marítima européia, resultando na nova rota marítima para as Índias, realizada por
Vasco da Gama.
Os avanços da tecnologia de navegação da época foram notáveis, não tardando assim o
descobrimento da "nova terra", a América, realizado por Cristóvão Colombo.

Por outro lado, a pólvora, outrora utilizada meramente para a fabricação de fogos de artifício,
passou a ser utilizada para fins militares. Desta forma, os colonizadores europeus passaram a
obter vantagem bélica esmagadora sobre os povos dos territórios conquistados.

Leonardo da Vinci, o gênio da Renascença

Leonardo da Vinci foi aquele que melhor personificou os padrões do homem renascentista,
tendo sido pintor, escultor, arquiteto, cientista e músico. Da Vinci deixou contribuições nas
artes, entre elas, uma das mais populares pinturas na história das artes, La Gioconda, a Mona
Lisa. Paralelamente, realizou inúmeros experimentos científicos, entre eles os seus projetos de
engenharia, que assombraram sua época. No desenho, era um mestre da perspectiva: este
constitui um efeito pictórico que "insere" o observador no espaço representado no desenho, ao
contrário das obras produzidas anteriormente, em que a idéia da onisciência de Deus fornecia
parâmetros como ponto de vista. A representação do ponto de vista da onisciência resultava em
figuras planas, sem profundidade espacial.

Declínio do feudalismo

A sociedade feudal, a partir da Renascença, teve seus mercados alterados através do nascimento
de uma burguesia urbana, que revolucionava os padrões então vigentes na produção. Os centros
urbanos se multiplicaram a partir do desenvolvimento das atividades comerciais, substituindo
paulatinamente os antigos feudos. Em suma, os fatos ocorridos no período renascentista eram
formados a partir das bases da posterior instalação do mundo contemporâneo na história.

2 - O iluminismo

Introdução: Este movimento surgiu na frança do século XVII e defendia o domínio da razão sobre
a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a idade média. Segundo os filósofos
iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se
encontrava a sociedade.

Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser
levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam
a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as
questões que, até então, eram justificadas somente pela fé.

O apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o
Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução
Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em
outros movimentos sociais como na independência das colônias inglesas na América do Norte e
na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil.

Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela
sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma
sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão,
eles eram contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários
ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e ao clero.

Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que
possuíam, eles não tinham poder em questões políticas devido a sua forma participação
limitada. Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava na França, e, nesta forma de

governo, o rei detinha todos os poderes. Uma outra forma de impedimento aos burgueses eram
as práticas mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas questões econômicas.

No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: Em primeiro lugar vinha o clero,
em segundo a nobreza, em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo. Com
o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar significativamente
seus negócios, uma vez que, com o fim do absolutismo, foram tirados não só os privilégios de
poucos (clero e nobreza), como também, as práticas mercantilistas que impediam a expansão
comercial para a classe burguesa.

Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke (1632-1704), ele acreditava que o
homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do empirismo; Voltaire (1694-
1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a intolerância religiosa;
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a idéia de um estado democrático que garanta
igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder político em
Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-
1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos
filosóficos da época

A Bíblia: sua natureza, funções e finalidade A formação do cânon A transmissão do texto bíblico
Traduções da Bíblia: história, princípios e influência Interpretação da Bíblia para o homem de
hoje A função da Bíblia na igreja local. Que este Manual leve os seus leitores a uma apreciação
ainda mais intensa das Escrituras Sagradas como a "viva e eterna palavra de Deus" (1Pedro 1.23).

A bíblia, a teologia e a dialética Hegeliana


Dialética é uma palavra com origem no termo em grego dialektiké e significa a arte
do diálogo, a arte de debater, de persuadir ou raciocinar.
Dialética é um debate onde há ideias diferentes, onde um posicionamento é defendido
e contradito logo depois. Para os gregos, dialética era separar fatos, dividir as ideias para
poder debatê-las com mais clareza.
A dialética também é uma maneira de filosofar, e seu conceito foi debatido ao longo de
décadas por diversos filósofos, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Hegel, Marx e outros.
Dialética é o poder de argumentação.
Pretende-se chegar à verdade através da contraposição e reconciliação de contradições.
A dialética propõe um método de pensamento que é baseado nas contradições entre a
unidade e multiplicidade; o singular e o universal; o movimento da imobilidade.
Dialética de Platão
Para Platão, a dialética é o movimento do espírito, é sinônimo de filosofia, é um método
eficaz para aproximar as ideias individuais às ideias universais. Platão disse que dialética
é a arte e técnica de questionar e responder algo.
Dialética hegeliana
Segundo o filósofo alemão Hegel, a dialética é a lei que determina e estabelece a auto -
manifestação da ideia absoluta.
Para Hegel, a dialética é responsável pelo movimento em que:
• uma ideia sai de si própria (tese);
• para ser uma outra coisa (antítese);
• depois regressa à sua identidade, se tornando mais concreta (síntese).
Apesar disso, Hegel também afirma que a dialética não é apenas um método, mas
consiste no sistema filosófico em si. Segundo o filósofo, não é possível separar o método
do objeto, porque o método é o objeto em movimento.
A dialética hegeliana é muito importante na filosofia existencial e outras áreas como a
teologia evangélica.
Dialética Marxista
Segundo Marx e Engels, dialética é o pensamento e a realidade em simultâneo, ou seja,
a realidade é compreendida através de suas contradições.
Para a dialética marxista, o mundo só pode ser compreendido em um todo, a partir de
um pensamento dialético que considere as contradições existentes.
Marx e Engels mudaram o conceito de Hegel, e introduziram um novo conceito, a
dialética materialista. Segundo a teoria, os movimentos históricos ocorrem de acordo
com as condições materiais da vida, os modos de produção e a luta de classes.
Dialética de Sócrates
Sócrates criou um método dialético dividido em duas partes: ironia e maiêutica. Sócrates
dizia que seu método dialético era como um parto, que dialética era “parir” ideias,
auxiliar ao surgimento de novos conhecimentos.
Dialética de Aristóteles
Para Aristóteles, dialética era um processo racional, a probabilidade lógica das coisas,
algo que é aceitável por todos, ou pelo menos pela maioria.
Kant continuou com a teoria de Aristóteles, dizendo que dialética é, na verdade, uma
lógica de aparências, pois se baseia em princípios subjetivos.
Dialética erística
A dialética erística é um sistema filosófico do filósofo alemão Arthur Schopenhauer que
difere da dialética de Marx e Hegel.
Esta expressão também descreve uma obra não concluída por Schopenhauer, mas que
foi publicada em 1831 por um amigo do filósofo.
Nesta obra, que ficou conhecida como "A Arte de Ter Razão" ou "Como Vencer um
Debate Sem Ter Razão", são abordadas 38 estratégias para ganhar uma discussão.

Teologia contemporânea
A teologia contemporânea é geralmente definida como um estudo da teologia e
tendências teológicas de logo após a Primeira Guerra Mundial até o presente.
Abrangendo aproximadamente do século XX até hoje, as principais categorias
tipicamente abordadas pela teologia contemporânea incluem o fundamentalismo, a
neo-ortodoxia, o pentecostalismo, o evangelicalismo, o neoliberalismo, o catolicismo
pós-Vaticano II, a teologia ortodoxa oriental do século XX e o movimento carismático.

Além dessas categorias maiores, a teologia contemporânea também trata de áreas


especializadas, como a teologia da libertação, a teologia feminista e várias teologias
étnicas. Com a grande variedade de credos envolvidos, poucos estudiosos pretendem
servir como "especialistas" na teologia contemporânea. Em vez disso, a tendência é se
especializar em uma ou mais de suas áreas.

Um ramo mais recente da teologia contemporânea é o estudo do diálogo inter-religioso.


A teologia cristã histórica é comparada com as cosmovisões dos sistemas de crenças
não-cristãs como base para o diálogo entre as diferentes religiões. Pesquisas recentes
se concentraram nos valores compartilhados entre duas ou mais religiões, como as "Fés
Abraâmicas" (judaísmo, cristianismo e islamismo) ou religiões orientais (incluindo
hinduísmo, budismo e movimentos cristãos, como a Igreja chinesa subterrânea).

A teologia contemporânea é, em primeiro lugar, um campo de estudos acadêmicos.


Como tal, aborda os desafios intelectuais enfrentados pela teologia, inclusive a ciência,
questões sociais e práticas religiosas. Enquanto muitos teólogos contemporâneos
compartilham uma herança cristã, nem todos os fazem. Na verdade, muitos estudiosos
agnósticos, ou mesmo ateus, entraram no campo e estão ensinando seus pontos de vista
sobre fé e crença na sociedade contemporânea.

Para o cristão que acredita na Bíblia, a teologia contemporânea é importante, pois traça
o desenvolvimento das crenças na história recente. No entanto, é fundamental perceber
que a teologia contemporânea geralmente se afasta da teologia cristã tradicional
quando avalia a fé no contexto de vários movimentos sociais ou em comparação com
outros sistemas de crenças. Aderir a uma cosmovisão bíblica geralmente não é o
objetivo.

Aqueles que querem entender o que a Palavra de Deus ensina sobre os tópicos
importantes de hoje podem encontrar informações úteis em uma ampla variedade de
materiais teológicos contemporâneos. No entanto, a própria Bíblia não muda. É o
padrão da verdade para o crente, agora e para sempre (2 Timóteo 3:16-17).

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