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Discente: Jonathan Baltazar Bernardes Da Silva

Resumo cap.6,7. Tornar-se pessoa, (pontos de destaque).

Quando uma pessoa me procura, perturbada por sua combinação única de dificuldades,
constatei ser muito válido tentar criar uma relação com ela na qual esteja segura e livre.
É meu propósito compreender a maneira como se sente em seu próprio mundo interior,
aceitá-la como ela é, criar uma atmosfera de liberdade na qual ela possa se mover, ao pensar,
sentir e ser, em qualquer direção que desejar.
Uma jovem estudante descreve em uma entrevista de aconselhamento uma das máscaras que
vinha usando, e como não tinha certeza se, embaixo desta frente pacífica, agradável, haveria
algum eu real com convicções.
De alguma forma desenvolvi um tipo de jeito, acho, de – bem – um hábito – de tentar fazer
com que as pessoas se sintam à vontade ao meu redor, ou fazer com que as coisas corram
tranqüilamente.
Em uma pequena reunião, ou uma festinha, ou algo – eu poderia ajudar para que as coisas
decorressem de maneira agradável e parecer estar me divertindo.
E, algumas vezes, me surpreenderia atacando uma idéia em que realmente acreditava quando
via que a pessoa envolvida ficaria bastante insatisfeita se eu não o fizesse.
Em outras palavras, eu simplesmente não era nunca – quero dizer, eu não me via nunca sendo
clara e definida a respeito das coisas.
Pode-se, neste excerto, vê-la examinando a máscara que vinha utilizando, reconhecendo sua
insatisfação com a mesma, e procurando saber como chegar ao verdadeiro eu que se encontra
embaixo, se tal eu existe.
Aprende quanto do seu comportamento, até mesmo dos sentimentos que vivencia, não é real,
não sendo algo que flui das reações genuínas de seu organismo, mas sim constitui uma
fachada, uma frente, atrás da qual está se escondendo.
Freqüentemente descobre que ele só existe em resposta às exigências dos outros, que parece
não ter nenhum eu próprio, e que está somente tentando pensar, e sentir e se comportar de
acordo com a maneira que os outros acreditam que deva pensar, e sentir e se comportar.
Quanto a esse assunto, fico admirado em constatar quão acuradamente o filósofo
dinamarquês, Soren Kierkegaard, ilustrou o dilema do indivíduo há mais de um século, com um
insight psicológico aguçado.
Por outro lado “desejar ser aquele eu que realmente se é, constitui na verdade o oposto do
desespero”, e esta escolha constitui a mais profunda responsabilidade do homem.
À medida que leio alguns de seus escritos, quase que sinto que ele esteve escutando algumas
das afirmações feitas por nossos clientes ao buscarem e explorarem a realidade do eu –
freqüentemente uma busca dolorosa e inquietante.
Remover uma máscara que se acreditava constituir parte de seu verdadeiro eu pode ser uma
experiência profundamente perturbadora, porém quando há liberdade para pensar, sentir e
ser, o indivíduo se volta para tal meta.
Após essa experiência, senti como se houvesse saltado uma margem e me encontrasse a salvo
do outro lado, embora ainda cambaleasse um pouco em sua beira.
Acredito que isto representa muito bem a sensação de muitos indivíduos de que se a frente
falsa, a parede, a represa, não forem mantidas, então tudo será arrastado na violência dos
sentimentos que ele descobre estarem enclausurados em seu mundo particular.
Isso também começa a indicar a maneira pela qual o indivíduo determina a realidade em si
mesmo – quando ele vivencia plenamente os sentimentos que ele é num nível orgânico, da
mesma forma que esta cliente sentiu autopiedade, ódio e amor, então ele tem certeza de que
está sendo uma parte de seu eu real.
O objetivo da viagem, a meta da investigação, é procurar obter informações sobre o processo
da psicoterapia, ou seja, o processo através do qual a personalidade se altera.
No entanto, se me quiserem acompanhar, talvez sejam tentados a descobrir novas vias de
acesso que nos permitam avançar nas nossas investigações.
Da mesma maneira que muitos psicólogos se interessaram pelos aspectos constantes da
personalidade – os aspectos invariáveis da inteligência, do temperamento, da estrutura da
personalidade –, também eu me interessei, desde há muito tempo, pelas constantes que
intervêm na modificação da personalidade.
Ao debruçar-me sobre esse problema, pude compreender como é restrito na investigação
objetiva o estudo do processo, seja em que campo for.
A investigação objetiva, para nos fornecer uma representação exata das interrelações que
ocorrem num determinado momento, oferece-nos, em partes, momentos cristalizados do
tratamento.
Mas nossa compreensão de um movimento permanente – quer se trate do processo de
fermentação, da circulação do sangue ou da fissão atômica – é de um modo geral fornecida
por uma formulação teórica, muitas vezes acompanhada, quando isso é possível, de uma
observação clínica do processo.
Um método rejeitado Quando resolvi, há mais de um ano, fazer nova tentativa para
compreender o modo como se dão essas modificações, comecei por considerar as diversas
maneiras de descrever a experiência terapêutica em termos de um outro quadro de referência
qualquer.
Há muito me sentia atraído pela teoria da comunicação, com os seus conceitos de feedback ,
com os sinais “de entrada e de saída”, e assim por diante.
possibilidade de descrever o processo terapêutico em termos da teoria da aprendizagem ou
em termos da teoria geral dos sistemas.
Quando estudei essas diferentes vias de compreensão, ganhei a convicção de que seria
possível transpor o processo psicoterapêutico para qualquer desses quadros de referência
teórica.
Cheguei à conclusão, que outros antes de mim já tinham atingido, de que um novo domínio
talvez exija em primeiro lugar que nos fixemos nos acontecimentos , que nos aproximemos
dos fenômenos com o mínimo de preconceitos possível, que assumamos a atitude
observadora e descritiva do naturalista, extraindo inferências elementares que parecem ser
mais próprias ao material estudado.
modo de abordagem Por isso, desde o ano passado, empreguei o método que muitos de nós
utilizamos para levantar hipóteses, um método que os psicólogos do nosso país parecem
relutantes em expor ou comentar.
Assim, durante este último ano, passei muitas horas a ouvir gravações de entrevistas
terapêuticas – tentando ouvi-las tão ingenuamente quanto possível.
Procurei absorver todos os indícios que fosse capaz de apreender referentes ao processo e aos
elementos significativos nas alterações verificadas.
auxiliado pelos trabalhos de alguns dos meus colegas, mas gostaria de citar de modo
particular, com o meu maior reconhecimento, Eugene Gendlin, William Kirtner e Fred Zimring,
cuja capacidade manifesta para abrir novos caminhos nessas matérias me foi particularmente
útil, a eles recorrendo constantemente.
Se a experiência passada for de algum modo um guia, posso ter certeza de que as hipóteses
que apresentar, se forem de alguma maneira conformes à experiência subjetiva de outros
terapeutas, contribuirão para estimular a investigação em grande escala e, dentro de alguns
anos, será possível determinar com clareza o grau de verdade e de falsidade das afirmações
que se seguem.
As dificuldades e o caráter instigante da investigação Pode parecer-lhes estranho que vá
descrever tão pormenorizadamente o caminho pessoal que percorri à procura de algumas
fórmulas simples e sem dúvida inadequadas.
Procedi deste modo porque estou convencido de que nove décimos da investigação nos
escapam completamente e que o estudo da fração que podemos ver conduz-nos a falsas
conclusões.
O cliente está falando sobre um tema importante quando, subitamente, é “tocado” por um
sentimento – nada que tenha um nome ou uma classificação, mas a experiência de algo
desconhecido que deve ser cuidadosamente explorado, mesmo antes que se lhe possa
apontar uma designação.
Queria igualmente mencionar o profundo sentimento de desespero que por vezes sinto,
ingenuamente perdido na inacreditável complexidade da relação terapêutica.
Uma condição básica Se estudássemos o mecanismo do crescimento das plantas, teríamos de
aceitar algumas condições constantes de temperatura, de umidade e de iluminação, ao
elaborar a nossa teoria sobre o processo a que assistimos.
Do mesmo modo, ao teorizar sobre o processo da modificação da personalidade em
psicoterapia, tenho de aceitar um conjunto ótimo de condições constantes que facilitem essa
modificação.
Com isso pretendo significar que, sejam quais forem os seus sentimentos – temor, desespero,
insegurança, angústia –, seja qual for o seu modo de expressão – silêncio, gestos, lágrimas ou
palavras –, seja qual for a impressão sobre a sua situação nesse momento, ele sente que está
sendo psicologicamente aceito tal qual é, pelo terapeuta.
Comecei a entender que os indivíduos não se movem a partir de um ponto fixo ou uma
homeostase para um novo ponto fixo, embora um processo desse gênero seja possível.
Emiti a hipótese provisória de que talvez as qualidades da expressão do cliente pudessem, em
qualquer momento, indicar a sua posição nesse contínuo, indicar onde se encontra no
processo de mudança.
Desenvolvi progressivamente esse conceito de processo, distinguindo nele sete fases, mas
insisto em que se trata de um contínuo e que todos os pontos intermediários persistem, quer
se distingam três ou cinqüenta fases.
Contudo, o processo que pretendo descrever relaciona-se mais propriamente com
determinados domínios das significações pessoais – onde levanto a hipótese de que o cliente
se acha neste domínio num estágio completamente definido e não apresenta nenhuma
característica dos outros estágios.

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