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Técnicas básicas no Aconselhamento Psicoterapêutico:

– A audição activa que é ouvir como um todo


e em vários níveis, ou seja: com o eu, com os
olhos, com a atenção focada e com o
coração: ouvir as palavras, as frases feitas, a
entoação, os sentimentos por detrás das
palavras, os gestos, as expressões e a
linguagem corporal.

Ao construir a relação com empatia que é (a habilidade ou sensibilidade de ver o


mundo do cliente na perspectiva do próprio cliente e comunicar essa visão com
precisão) temos:

– O contacto visual que é o espelho da alma.

– As perguntas abertas que servem para seguir em frente e continuar a desenvolver a


conversação: clarificar, explorar, compreender e avaliar sentimentos.

– O encorajamento mínimo que são gestos tais como acenar a cabeça, assim como
fazer alguns sons tipo: mmm, a-ha, sim, etc.

– Parafrasear que é comunicar o significado e a compreensão do que o cliente acaba


de dizer, para minimizar distorções, comunicar respeito e construir confiança.

– Reflectir sentimentos que é demonstrar que estamos a perceber, o que o cliente está
a sentir e porque está a sentir-se assim, para aceitação e compreensão do mundo
sentimental do cliente, para clarificar, preparar compreensão profunda e construir a
relação.
– O sumário que é um resumo das preocupações e sentimentos do cliente na
perspectiva do cliente. Para ter a certeza que o cliente quando está bloqueado,
confuso ou com demasiada informação, compreende a complexidade dos problemas.
Isto, para que o cliente escolha o tema mais importante a ser explorado. O sumário é
sempre necessário no fim de uma sessão com o objectivo da próxima.

– O silêncio que é de ouro para o cliente desabafar, processar ou reflectir.

– Immediacy que é reconhecer o que se passa aqui e agora e onde o conselheiro


revela os seus sentimentos, para que venha ao de cima, o que se está a passar no
momento presente.

– A auto-revelação que é o conselheiro usar uma pequena e breve identificação


pessoal de uma situação específica, para ajudar o cliente a ver mais claramente.

– O desafio que é uma prenda e não um ataque, onde o conselheiro desafia mitos,
crenças e preconceitos, corrige informação errada, desafia distorções e projecções, a
discrepância entre a forma como vemos o cliente e ele se vê a si mesmo, o que ele diz
e faz, a visão dele mesmo e dos outros, como ele é e como ele quer ser, atitudes e
padrões de pensamento, comportamento viciosos e de auto derrota, jogos, desculpas,
complacência, racionalizações, procrastinação, etc. Tudo isto para trazermos ao de
cima forças interiores não usadas, para encorajar a acção, para ajudar o cliente a
encontrar recursos para lidar com os seus problemas e auto desafiar-se.

– A fenomenologia que é observar e descrever sem teorias, preconceitos ou


explicações, para percebermos e interpretarmos o mundo interior da existência
humana.

(Nas suas diversas fontes, (a Fenomenologia é a visão Humanística da Personalidade,


e as abordagens "Centrada na Pessoa" e "Gestalt" aparecem por baixo deste título. A
perspectiva humanística/fenomenológica é a forma de cada pessoa perceber e interpretar
o mundo como única).
Modelos Teóricos e Abordagens Práticas:

As 3 Abordagens/modelos principais:

No espaço terapêutico, o técnico usa o respeito para com o


paciente para o ajudar a sentir-se valorizado, e se usa a sua
autenticidade como pessoa, irá permitir com que o paciente sinta
aceitação. O terapeuta, ao usar a sua empatia, ajuda a que o
paciente sinta que está preparado para confiar no terapeuta e
assim, habilita o paciente a permitir explorar-se a si mesmo,
assim como também, a compreender e agir de acordo com o
plano elaborado para atingir determinado resultado. Desta forma,
o terapeuta já está a usar as 3 principais correntes teóricas em
abordagens práticas, ou seja: ao explorar-se inicialmente algo,
está a usar-se a Psicodinâmica, que permite regressar ao
passado e se necessário trazer algo para o presente. Ao
compreender o que se passa, usa-se a Humanística que se
baseia nos sentimentos presentes aqui e agora. E por último, ao
avaliar-se e escolher-se um caminho a seguir durante o processo,
para alcançar determinado objectivo futuro, usa-se a Cognitiva
Comportamental.
Num acordo privado e confidencial, existe um verdadeiro
compromisso com a relação terapêutica e com todo o processo. E
com paciência, o terapeuta capta as dificuldades do ponto de
vista do paciente e ajuda-o a clarificar e a ver de um outro ponto
de vista, isto é, de um ângulo diferente. Com sensibilidade,
percepção, Imaginação e intuição, o terapeuta facilita escolhas ou
mudanças e reduz qualquer confusão existente.
A chamada janela de Johari, que como os tradicionais caixilhos
de uma janela tem uma divisão de 4 quadradinhos, é uma
imagem que serve de exemplo para explicar o que se passa no
processo terapêutico com o paciente: um dos 4 quadradinhos da
janela, é a área aberta que todos conhecem, ou seja, o que uma
pessoa conhece de si e que simultaneamente todos nós vemos
nela. O outro quadradinho é uma área que é cega, pois a pessoa
não a identifica em si, porém é uma parte dela que nós
conseguimos ver. Outro quadradinho é a chamada área
escondida, pois a pessoa sabe da sua existência mas esconde, e
por isso nós não a vemos. E por último, o 4º quadradinho, é
aquela área que é totalmente desconhecida para ambos. Então,
para aumentar a auto-consciência num processo de auto-
revelação, o paciente é levado a arriscar a sua área que esconde
dos outros e a estar receptivo aos feedbacks sobre a sua área
cega, aquela que ele desconhece mas que nós vemos nele. E é
este duplo processo, que possibilita através de insights e
memórias, a descoberta de situações mais profundas que existem
na tal área que é desconhecida para ambos, o inconsciente. O
resultado é que neste duplo processo, de arriscar o que esconde
de si e estar receptivo ao feefbacks do que outros vêm de si, o
quadradinho ou a área aberta que simultaneamente todos
conhecem e têm consciência vai crescendo, e a última área, a
fechada, a desconhecida, vai desaparecendo, revelando-se.

Importante e a ter em conta, é que ao aconselhar, o terapeuta


deve explorar e ter sempre várias alternativas. Não discutir, mas
antes estar muito preparado para ouvir e focar comportamentos
específicos que o cliente seja capas de mudar. Contudo, deve ter
cuidado com os conselhos, pois as directivas são apenas
aconselhadas em caso de doenças aditivas específicas. Quanto a
atitudes comportamentais, valores, princípios ou dificuldades
interpessoais, quanto mais os sentimentos forem compreendidos
mais será alcançado, pois se sentir é uma coisa, ter conhecimento
do sentimento é uma demonstração de grande desenvolvimento
pessoal.

E sendo que o terapeuta tem poder e autoridade em virtude do


seu papel, este não os deve usar para persuadir o paciente a
tomar uma decisão que ele prefira não tomar. Não deve também
permitir, desfocar para fora do contexto o objectivo da consulta
através da discussão sobre outras pessoas, a não ser que o
comportamento delas tenha uma relação directa com o tema.
Quanto às experiências pessoais do terapeuta, que podem ser
usadas para que o paciente entenda que sabemos sobre o que ele
está a dizer, devemos usá-las apenas, quando o paciente
desesperadamente procura uma situação específica e não o
consegue fazer.

Freud 1856/1939 foi o pioneiro da Psicodinâmica. Criou esta


abordagem com o intuito de investigar o inconsciente,
convencido de que nele poderia encontrar a origem dos
problemas. Iniciou os seus estudos pela utilização
da Hipnoterapia. Através da auto-análise que fez a ele
mesmo, desenvolveu a Psicanálise que terá sido o começo
da Psicoterapia, que mais tarde foi desenvolvida, alterada e
adaptada por outros teóricos. Mas essencialmente todos
afirmam, que um verdadeiro conhecimento das pessoas e dos
seus problemas é possível através de uma compreensão de todas
as áreas da psique humana.

Freud estruturou a personalidade em 3 elementos:

O Id, que é a área primitiva da personalidade, que representa o


verdadeiro inconsciente, ilógico e cheio de energia instintiva, que
constantemente exige reconhecimento e libertação.
O Ego, que se torna mais lógico ao ser refinado, modificado e
desenvolvido através do contacto com o mundo exterior, numa
real consciência (ou self) do próprio e do mundo que nos rodeia,
determinada através da própria experiência individual.
O Super Ego, que se desenvolve a partir dos 3 anos e que se
preocupa com a consciência e princípios morais, que são
absorvidos através da influência parental.
É através da tensão e conflito que todos nós experimentamos
entre estes 3 elementos, que são gerados no indivíduo, as
ansiedades e mecanismos de defesa. Na psicodinâmica o
objectivo é ajudar o paciente a encontrar um balanço razoável
entre os 3 elementos. A ansiedade e os mecanismos de defesa do
“ego”, são estratégias que as pessoas usam, em vez de tentarem
lidar com os conflitos psico-interiores e reduzirem a ansiedade. O
mecanismo de defesa é usado pela pessoa de acordo com o seu
conflito particular, distorcendo assim a realidade.

Existe a sublimação, (usada especialmente pelos artistas) existe


também a repressão e resistência de memórias dolorosas e
traumáticas, e a vergonha associada. Existem também as
chamadas associações livres que podem ocorrer no espaço
terapêutico durante o processo, tais como cheiros que remetem
ao passado, etc. As transferências do passado para o presente, de
sentimentos ou atitudes de pessoas significativas para o paciente.
As contra transferências, que acontecem ao contrário, sendo o
paciente que provoca algo no próprio material do terapeuta. A
negação, a projecção, a deslocação, a racionalização, a
compensação, a introspecção, etc.

Nesta corrente temos as interpretações de sonhos assim como as


regressões, muito utilizadas hoje em dia por exemplo na hipnose
ou hipnoterapia.

Freud ao interessar-se pelos sintomas em pacientes de abuso


sexual na infância, criou também os estágios de desenvolvimento
sexual: O Oral, o Anal, o Fálico, o Latente e o Genital.

Posteriormente a teoria de Freud foi desenvolvida por dois de


seus discípulos, Carl Jung 1875/1961 e
Alfred Adler 1870/1937. Em Jung, a psicologia analítica, o
inconsciente colectivo e os arquétipos. Em Adler, o facto de que
na identificação/interpretação do problema, é a maneira como
interpretamos os acontecimentos do passado e o significado que
damos a essas experiencias que é mais importante. Adler desliga-
se de Freud por considerar que este superestima o factor sexual e
funda a psicologia do desenvolvimento individual.

Na psicodinâmica a tarefa principal é trazer processos


inconscientes para o consciente e identificar as transferências em
termos de relacionamentos entre passado e presente.

Erik Erikson 1902/1994 que começou a sua vida como artista


plástico, criou a teoria do desenvolvimento psicossocial.
Em 1927, depois de estudar arte e viajar pela Europa, passou a
leccionar em Viena a convite de Anna Freud, filha de Sigmund
Freud e sob orientação dela, submeteu-se à psicanálise e tornou-
se, ele próprio, psicanalista, embora tenha tecido criticas à
psicanálise por esta não ter em conta as interacções entre o
individuo e o meio, assim como por privilegiar os aspectos
patológicos e defensivos da personalidade. No início da carreira, o
interesse de Erikson esteve na adolescência. A si se deve a
expressão "crise da adolescência".

Mais tarde, Erik Erikson criou a teoria do desenvolvimento


psicossocial, onde o ciclo de vida do indivíduo e seu
desenvolvimento divide-se em 8 estágios:
O 1º estágio vai desde o nascimento até aos 18 meses e a 1ª crise
associada a este estágio, é a confiança básica versus desconfiança
básica, onde se desenvolve a força básica da esperança.
O 2º estágio e a 2ª crise, vai dos 18 meses aos 3 anos, é a
autonomia versus dúvida/vergonha e o objectivo/resultado é o
desenvolvimento da vontade.
O 3º estágio, que é a idade de brincar, vai dos 3 aos 6 anos e a
crise ou conflito associado é a iniciativa versus culpa e o
resultado, o desenvolvimento do propósito.
O 4º estágio ou a idade escolar dos 6 aos 12 anos, tem como crise
a diligência versus inferioridade, onde se desenvolve a força ou
virtude da competência.
O 5º é a adolescência dos 12 aos 18 anos, onde a crise ou conflito
é a identidade versus confusão de identidade e a virtude
desenvolvida, a da fidelidade (a si mesmo).
O 6º estágio da idade adulto jovem, vem depois dos 18 e o
conflito é a intimidade versus isolamento e a força ou a virtude, é
a do amor.
O 7º é o da idade adulta ou meia-idade, que acontece por volta
dos 40 anos e a crise é a da generatividade (produtividade) versus
estagnação e a virtude é a do cuidado.
O 8º estágio ou a crise final, a partir do 60, é a da integridade
versus desespero e a virtude da sabedoria.

Cada crise é um ponto de viragem para lidar com um assunto que


é particularmente importante na altura. Estas crises surgem de
acordo com o grau de maturação de cada pessoa. Se a pessoa se
ajustar às demandas de cada crise, o ego desenvolver-se-á na
direcção do próximo estágio. Se alguma crise não se desenvolver
satisfatoriamente, uma luta constante, fruto dessa crise, irá
afectar o desenvolvimento do ego. A resolução satisfatória de
cada crise requer um equilíbrio entre um traço positivo e um
negativo correspondente. Embora a qualidade positiva deva
sempre predominar, é necessário também desenvolver a
qualidade negativa, como por exemplo aprender a confiar e a
desconfiar para nos protegermos do perigo.

Em Piaget 1896/1980, como o conhecimento é abordado numa


perspectiva psicológica e encarado como um processo, um devir,
ele afirma que existe uma interacção entre o sujeito e o objecto. E
tendo o sujeito um papel activo na construção do conhecimento,
a sua inteligência vai evoluindo em confronto com as experiências
do meio.
Nesta Teoria Cognitiva, Piaget apresenta uma
teoria construtivista, a psicologia do desenvolvimento da
inteligência como adaptação do sujeito ao meio e o
desenvolvimento intelectual está relacionado com a génese do
conhecimento.

Segundo Piaget, a inteligência, constrói-se progressivamente ao


longo do tempo, por estádios e a cada um, correspondem
estruturas mentais organizadas, que envolvem diferentes
mecanismos. E é graças a este conjunto de diferentes
mecanismos, que a inteligência se desenvolve.

Os conceitos fundamentais destes mecanismos são:


a inteligência, que encarada como uma adaptação,
assegura o equilíbrio entre o organismo e o meio, através
da assimilação e da acomodação.

Através da assimilação, o sujeito incorpora os elementos do meio


aos esquemas já existentes, integra os dados, as informações que
provêm do ambiente, nas suas estruturas cognitivas.

Porém, as estruturas mentais modificam-se em função das


situações novas, gerando a acomodação: processo através do
qual as estruturas do sujeito, sofrem alterações resultantes da
integração dos dados ou informações que provêm do meio. O
organismo, ao acomodar-se, submete-se ao meio.

O sujeito assimila do meio e como consequência desta


incorporação transforma os seus esquemas mentais, assim, não
há acomodação sem assimilação. E para que continuem a
processar-se novas assimilações, são necessárias novas estruturas
de acomodação.

A equilibração é o mecanismo que regula os dois processos:


prepara ou adequada a assimilação à acomodação e vice-versa,
permitindo a adaptação do indivíduo ao meio, numa
compensação entre as novas aquisições e as anteriores. Piaget
dirá que a equilibração é mesmo o factor fundamental no
desenvolvimento cognitivo.

A adaptação será o resultado do equilíbrio entre a assimilação e a


acomodação, é o processo de equilíbrio interno entre o
organismo e o meio, através das actividades ou mecanismos da
assimilação e da acomodação.

É através destes conceitos que Piaget vai abordar todo o


desenvolvimento cognitivo. Da assimilação e da acomodação
resulta sempre um novo equilíbrio, que nunca é idêntico ao
anterior, mas que integrou o desconhecido no conhecido,
ampliando as capacidades cognitivas. Todo o conhecimento se
processa, na perspectiva de Piaget, na busca de novos equilíbrios,
os quais resultam de sucessivas assimilações e acomodações. O
ser humano possui estruturas que evoluem, amadurecem e dão
origem a outras novas, qualitativamente diferentes, que
correspondem a novas capacidades intelectuais e a novas
possibilidades de operar.

E segundo Piaget, este desenvolvimento intelectual, constrói-se e


processa-se ao longo do tempo em 4 estádios sucessivos e que
seguem uma determinada ordem, em que cada estádio se
distingue qualitativamente das fases anteriores e posteriores.

A cada estádio corresponde um esquema ou um conjunto de


estruturas mentais subjacentes aos comportamentos, que
organizam a interacção do sujeito com o meio, e uma estruturas
cognitivas ou formas de organização mental, que dotam o sujeito
de determinadas capacidades intelectuais.

Cada um dos 4 estádios tem características próprias:

1º No estádio sensório-motor dos 0/2 anos: a inteligência é


fundamentalmente sensorial e motora. É uma inteligência prática
que vai dar lugar à inteligência representativa do estádio
seguinte.

2º No estádio pré-operatório dos 2/7 anos: emerge a função


simbólica, a capacidade de representar mentalmente objectos ou
acontecimentos através de símbolos, palavras, objectos, gestos. A
linguagem torna-se uma das mais importantes manifestações. As
palavras, as frases representam pessoas, situações, objectos,
acções. A imagem mental e o desenho são também
manifestações da função simbólica. Outra característica é o
egocentrismo, uma visão unilateral e superficial do real. A
realidade encarada por um pensamento mágico é o que a criança
sonha e imagina no jogo simbólico.

No 3º estádio das operações concretas dos 7/11: as


crianças começam a ultrapassar o egocentrismo. O pensamento é
lógico, desenvolve conceitos e é capaz de realizar operações
mentais concretamente, se estiver na presença dos objectos, das
situações. A capacidade de operar, assegura que já há a
reversibilidade de voltar ao seu ponto de origem. É neste estádio
que a criança desenvolve a noção de conservação da matéria
sólida e líquida e de seguida de peso e volume. Assim como, os
conceitos de espaço, tempo, número e lógica. Compreende a
relação parte-todo e já é capaz de fazer classificações e
seriações.

No 4º estádio das operações formais dos 11/16: aparece


um novo tipo de pensamento abstracto, lógico e formal. A criança
já resolve problemas sem o suporte concreto, realiza operações
formais. Com raciocínio hipotético-dedutivo, coloca mentalmente
as hipóteses deduzindo as consequências. Pensa abstractamente,
formula e verifica hipóteses. Esta capacidade, abre caminho à
reflexão filosófica e científica. Compreende posições diferentes da
sua, porém, surge o egocentrismo intelectual, em que o
adolescente considera que através do seu pensamento pode
resolver todos os problemas e que as suas ideias e convicções são
as melhores.

A abordagem Cognitiva Comportamental, é composta


pela junção de dois modelos, a racional emotiva e a
comportamental.

Albert Ellis 1913/2007, cria e desenvolve a teoria da


terapia Racional Emotiva. Gradualmente apercebeu-se que
não eram apenas as condições dos distúrbios e experiencias
traumáticas que condicionam o processo de crescimento e
amadurecimento, mas também a própria negatividade e reforço
da auto-destruição. Mais tarde, apercebeu-se que o pensamento
negativo é resultado directo da linguagem interna e externa, ou
seja, os nossos monólogos e o que ouvimos dos outros.
Ellis define o terapeuta como um professor ou emocional
reeducador, preocupado em ajudar os pacientes a mudar os seus
padrões de pensamentos irracionais e a mostrar como essa
disfunção pode levar a distúrbios emocionais e de
comportamento. A base da teoria é que ao adoptar padrões
racionais, lógicos ou claros de pensamento, as experiencias
emocionais serão positivas.

Ellis cria o modelo A B C: A é o acontecimento. B é o pensamento


racional ou irracional, (nosso ou do exterior) ou seja: ”as crenças
sobre o acontecimento”. E o C são as consequências emocionais
e comportamentais, positivas ou negativas de acordo com as
crenças. Nesta teoria, podemos dizer que se desenvolve a
filosofia do hedonismo (a procura do prazer e do bem estar).
Sendo este modelo directivo, usa bastante o desafio. Exige acção
e um plano específico de comportamento, pois situa o paciente
entre o presente e o futuro. A linguagem interna é muito
importante, ou seja, as crenças irracionais, as superstições e os
preconceitos, podem ser modificados através do uso de uma
persuasão firme sustentando a mudança. O terapeuta investe
também em trabalhos de casa para o paciente. O humor
(utilizado de uma forma positiva) é usado no relacionamento
terapêutico. Usa-se a visualização criativa projectando imagens
no futuro e muito role-play, quer em privado quer em grupo.

O modelo Comportamental, é baseado na observação de


acções e reacções, entre o paciente e o espaço que o rodeia, pois
os estímulos condicionam e provocam respostas. Este modelo é
baseado em experiências com princípios científicos,
desenvolvidas por Pavlov 1849/1936 e Watson 1878/1958,
este último como puro comportamentalista.

Skiner 1904/1990, comportamentalista radical, é outro teórico


que desenvolve os reforços positivos e negativos nos padrões de
resposta, procurando a sua extinção, através de uma nova
formação de um processo gradual de reforços e tentativas.

Albert Bandura 1925... comportamentalista com noções


cognitivas, suporta a ideia de que quando crianças, aprendemos
com as experiências dos outros através da observação e imitação
e funda a teoria Social Cognitiva.
E dada a importância do aspecto cognitivo nas experiências
humanas, logo, passa a ser usado o termo: terapia Cognitiva
Comportamental.
Neste modelo cognitivo comportamental, os pacientes são
encorajados a observar os seus problemas como resultado de
comportamentos aprendidos e que podem ser desaprendidos,
sem prolongar análises motivos ou razões. Nesta visão, desordem
de comportamento é um evidente pensamento, e a acção
disfuncional pode ser clarificada e resolvida através da
aprendizagem de novas experiências.

Na relação técnico paciente, as experiências do passado são


apenas importantes se influenciam o comportamento presente.
Ambos trabalham em conjunto e observam o significado que o
paciente dá a emoções e situações, que podem ser pensamentos
automáticos negativos ou distorcidos no âmago do pensamento:
os conceitos, as crenças, as suposições ou regras, os gatilhos ou
ratoeiras do pensamento, assim como os comportamentos que
interferem num círculo vicioso.

Como cada paciente é único e tem necessidades únicas, pesquisa-


se e não se usa diagnósticos, muda-se emoções, pensamentos e
comportamentos num processo dinâmico e progressivo. E a
habilidade do paciente exercer controlo sobre o espaço que o
rodeia e obter satisfação através de métodos e técnicas, é o
objectivo básico deste modelo de comportamento.

Na fase inicial, o terapeuta desenvolve uma fotografia dos


problemas do paciente e formula um plano de acção. De seguida,
os objectivos específicos são considerados e desenvolvem-se
estratégias. A negociação e compromisso entre o Conselheiro e o
paciente, é muito importante. Treina-se a assertividade para
ensinar o paciente a focar-se nos seus direitos, a afirmar-se e a
lidar com os desafios da vida. Pode usar-se a terapia da aversão
ou inundação. E por último, este modelo é muito usado
em terapia de grupo e especialmente
nas adições ou dependências.
A Análise Transacional, também conhecida por TA é
inserida na corrente Humanística, no entanto tem também em si
uma tendência Cognitiva-Comportamental e até Psicodinâmica. A
TA foi inicialmente desenvolvida por Eric Berne 1910/1970 e
descrita por ele em 1961. É uma teoria da personalidade assim
como também uma análise das várias formas de as pessoas
comunicarem e interagirem umas com as outras.

Eric Berne nasceu no Canadá em 1910. Em 1935 estudou


psiquiatria, e em 1940 treinou em psicanálise. Mas quando em
1956, já com 46 anos, exerceu para os membros do instituto de
psicanálise de New York as suas práticas foram rejeitadas,
possivelmente porque Berne tornou-se também demasiado
crítico da tradicional psicanálise freudiana. Mas ao terminar o seu
serviço militar como psiquiatra, deram-lhe a oportunidade de
continuar a trabalhar no desenvolvimento das suas próprias
teorias. Ao mesmo tempo, começou a trabalhar com soldados e
civis e começou a interessar-se por terapia
de grupo. Em
1961 publicou a TA “Análise transaccional” e em 1964
publicou o best-seller “Os jogos que as pessoas fazem”.

No passado, a terapia era acessível e disponibilizada apenas para


pessoas que podiam ou doentes institucionalizados. E uma das
suas maiores contribuições, foi a sua apresentação da terapia
como algo que podia ser claramente entendido não apenas por
terapeutas, mas por pacientes e/ou clientes. Ao despir a
linguagem terapêutica do seu espaço técnico, ele demonstrou
que a terapia não precisava de ser elitista ou inacessível, mas pelo
contrário disponível para aqueles que precisavam ou quisessem
avaliar-se a si próprios. Logo, a influência da Análise Transaccional
foi difundida internacionalmente nas áreas da educação, gestão,
industria, cuidados de saúde e comunicação. Eric Berne morreu
em 1970 com 60 anos e a sua influência nestas áreas está em
constante progresso.

A ideia dos Estados do Ego, é central nesta teoria da TA. Eric


Berne desenvolveu 3 estados do ego ou “self”: o estado de Pai,
o estado de Adulto e o estado de Criança. Estes estados são
comuns a todos nós e governam os nossos sentimentos,
pensamentos e comportamentos.

Os princípios dos estados do ego é de que cada pessoa carrega


consigo no interior da sua personalidade individual 3 formas
separadas de pensar sobre, e reagir ao mundo exterior. Os
estados de pensar, sentir e reagir, não são apenas papeis que
podem ser adoptados em diferentes situações, mas são de facto,
estados psicológicos actuais que foram formados no indivíduo
desde a infância.

O estado Pai, é como uma recordação de todas as instruções,


socialização e nutrição afectiva que foi passada pelos pais e
figuras parentais durante os primeiros 5 ou 6 anos de vida. Muita
desta informação é absorvida sem a criança questionar, pois
todas as declarações e acções dadas como exemplo, são gravadas
neste estado de ego de Pai. Sendo que o processo de
sociabilização é uma parte importante da aprendizagem na
infância, as crianças são (sem necessidade) frequentemente
restritas com comentários tipo: “não faças isto” “para com isso”
ou mesmo apenas um “não”. E estas instruções são acumuladas e
gravadas pela criança e provavelmente por isto, estas instruções
interiorizam-se como parte da sua personalidade. Quando
existem divergências entre os Pais, as influências negativas irão
dominar na formação do estado individual do ego Pai. Os
problemas aparecem porque as pessoas normalmente funcionam
com o seu estado de ego Pai, quando este não é apropriado e até
mesmo contra produtivo para eles. Se um homem de 50 anos tem
problemas no trabalho por ser dominador e ditador com os
membros mais novos do staff, provavelmente está a funcionar
com o seu ego Pai, o que não será a melhor conduta para obter
harmonia com os seus colegas. O estado ego Pai é dividido em
Crítico/Controle de Pai versus Nutrição de Pai e representa os
dois aspectos das influências dos pais no indivíduo.

Assim como no ego Pai, o significado do estado


ego Criança deriva do passado. É como uma segunda gravação
que foi feita ao lado do Pai. A diferença é que o ego Criança
representa as reacções actuais da criança pequena às pessoas e
eventos da sua vida. Estas respostas emocionais são carregadas
para dentro da vida adulta e podem ser evocadas a qualquer
momento. O ego Criança permanece connosco toda a vida e
abrange não só respostas emocionais mas também liberdade e
criatividade. Neste estado existem também duas partes, duas
maneiras de expressão. A Criança Adaptada e a Criança Livre.
Cedo na vida as crianças aprendem rapidamente a adaptar-se às
expectativas dos pais e figuras parentais. Sentem muito cedo
quando os pais estão agradados ou não, então, ajustam o seu
comportamento de acordo e na esperança de que vão conseguir
ter aprovação e aceitação. Mas como o que funciona com um pai
não funciona com o outro, então respostas diferentes são
desenvolvidas para adaptar o relacionamento com cada um dos
pais. Uma pequena rapariga pode aprender que o seu pai fica
agradado com ela quando ela é silenciosa e passiva, quando a sua
mãe, prefere que ela seja mais expressiva e activa. Anos mais
tarde, quando adulta, a mulher é capaz de responder da forma
que o pai preferia mesmo quando a sua resposta já não é
apropriada, e talvez até, disfuncional. Numa reunião, onde os
outros membros presentes são predominantemente homens, ela
talvez se torne novamente silenciosa, calada e passiva. Neste
caso, ela está a responder com o seu estado ego Criança. Se
estiver num ambiente feminino, então será mais activa,
expressiva e mais participativa, embora também com o estado
ego Criança Adaptado. A criança Adaptada continua sobre o
controle dos pais ou figuras parentais, no entanto, os sentimentos
e comportamentos da criança Livre são diferentes, no sentido em
que são espontâneos, escapando à influência inibitória dos pais.
No seu estado livre, as pessoas re-experimentam os fortes
sentimentos que tiveram na infância, a rebeldia, a raiva, a alegria
e o sentido do engraçado. A repressão desta criança Livre na
idade e vida adulta, pode diminuir o sentido da diversão, a
ausência de criatividade, a curiosidade e a dificuldade de exprimir
emoções. No entanto, a expressão inadequada da criança Livre na
altura errada e no sítio errado, pode causar problemas.
Quando uma pessoa pensa, sente e comporta-se de uma forma
que representa uma resposta realista aos outros e ao ambiente,
esta pessoa está no estado de ego Adulto. O Adulto é capaz de
uma avaliação objectiva do ambiente e pode fazer julgamentos e
tomar decisões como consequência. Pensa e age de uma forma
lógica e natural e não será esmagado por emoções fortes do
estado de ego da Criança, ou nem esmagado, por informações e
regras fora da data ou do tempo, emanadas pelo estado ego Pai.
Se a mulher que já foi dada como exemplo, estiver no estado do
ego Adulto, ela seria capaz de participar como uma igual, apesar
de estarem presentes pessoas de outro sexo. A função do Adulto
não é para obstruir a Criança ou o Pai, mas para que tenha um
olhar crítico sobre a informação contida em ambos, e então
tomar decisões claras baseadas na sua apropriada resposta às
circunstâncias presentes.
O modelo de Aconselhamento TA começa por ter uma visão de
que a maior parte das pessoas têm todos os recursos, energia,
inteligência e responsabilidade necessárias para resolver os seus
próprios problemas. E a este respeito, é semelhante à abordagem
terapêutica “Centrada na pessoa” e à “Gestalt” que irei abordar
de seguida. Porém, muitas das teorias e técnicas da TA são um
pouco diferentes destas outras duas. Em
TA existe a teoria
da personalidade dos “estados” e a análise
transaccional como teoria da “comunicação”
com os seus significados ou motivos na análise
dos “jogos que as pessoas fazem”.

A TA usa-se em 1-1 e em terapia de grupo, mas é muito


mais efectiva em grupos, sendo que existe por definição mais
comunicação, interacção e mais estímulos com os outros. Existe
uma maior preocupação em enfatizar a parte social assim como
também o desenvolvimento psicológico pessoal.

A primeira parte da teoria da personalidade dos estadosdo


ego refere-se ao indivíduo, e a segunda parte, a análise
transaccional, refere-se ao comportamento social da
pessoa. Para uma maior e total compreensão, em terapia, deve-se
começar sempre pelos estados do ego e de seguida pela análise
transaccional e identificar o “jogo que a pessoa faz”.

Berne usa a palavra “lance” para descrever as mudanças que


acontecem entre as pessoas, ou seja, o “lance” como a unidade
fundamental das acções sociais, e uma mudança de “lances”
como sendo uma transacção, pois as pessoas mudam de
“lance” de várias maneiras. Através de um simples beijo, um
abraço, um sorriso, um franzir a testa, etc.

Quando a transacção é feita nos estados Adulto/Adulto, é


uma transacção “complementar”. Quando estou no meu
Adulto e o outro responde-me no Criança ou Pai, ou
seja, Adulto/Criança ou Adulto/Pai é uma transacção
“cruzada”. Mas se inicio conversa como Criança e recebo
resposta como Pai, também é uma complementar, no entanto
não é a um nível social, mas a um nível psicológico, de criança
para pai ou de pai para criança. Se a conversa, mesmo que
complementar, tenha 2 diferentes níveis de estado de transacção,
tipo Criança para Pai e de seguida Adulto para Adulto, esta é uma
transacção “oculta ou motivada” com segundas intenções.

As pessoas muito normalmente fazem jogos


psicológicos que são extensões de transacções “ocultas” e
estes jogos são normalmente repetidos de uma forma
reconhecida, e na superfície parece ser uma transacção simples e
honesta. No entanto o que é expresso, não é o que é sentido na
realidade, especialmente na pessoa que inicia a transacção.

As pessoas, por vezes têm os seus jogos favoritos que jogam vezes
sem conta, para confirmar a sua posição OK ou não OK, ou as
posições que ficaram nos outros.

Um exemplo de um jogo que é muito usado por pessoas que vão


a um amigo pedir ajuda e conselhos é o jogo do “sim, mas…” seja
qual for a sugestão, “sim, mas…” o amigo continua a tentar ajudar
e diz algo, mas outra vez ”sim, mas…”em primeiro lugar, esta é
uma das razões pelo qual a sugestão dada nunca vai funcionar,
mas por ultimo, o amigo sente-se frustrado, incapaz e sem
utilidade e esta é a razão ou o propósito do jogo.

Muito interessante também, e semelhante ao livro de Eric Berne


“os jogos que as pessoas fazem” é um outro livro de Jonh
Powell “porque tenho medo de te dizer quem
sou” que também apresenta jogos, papeis e ou
as máscaras que as pessoas usam.

Muitos dos problemas de comunicação que aparecem entre as


pessoas podem ser explicados através do uso do modelo dos
estados do ego e análise transaccional, pois a maior parte dos
problemas diários estão directamente relacionados com a falta de
eficiência e de significado na comunicação.

E por isto, nesta abordagem, os pacientes são encorajados a


aprender sobre o modelo e a lerem sobre análise transaccional. E
para assim encorajar o progresso do paciente na sua recuperação
ou mudança, ambos devem fazer um contrato que especifique
todos os métodos a serem usados nas sessões de terapia, sendo
este contrato um pouco diferente e mais detalhado do usado
noutras abordagens.

O paciente é encorajado a dizer o que espera alcançar na terapia


e confirma que irá trabalhar com o terapeuta até conseguir os
objectivos. E através de todo o processo, é dada uma maior
ênfase no tipo de mudança positiva que capacitará o paciente a
desenvolver uma grande autonomia no futuro. Os objectivos que
ele deseja alcançar são evidenciados de uma forma positiva, de
maneira que a atenção é desviada do problema para uma
solução, através de uma abordagem mais construtiva ao seu
desenvolvimento pessoal.

Este modelo vê as pessoas em geral numa aura positiva e um dos


seus princípios básicos, é de que as pessoas são OK. O que
significa que todas as pessoas têm mérito, valor, dignidade e
importância. Felizmente, existem pessoas ao qual a sua infância
lhes deu uma confirmação qualificada do seu próprio valor
próprio, que é consistente e suficiente para os capacitar a reter a
sua posição na vida: “eu sou OK – tu és OK”.

Mas muitas crianças tiveram uma abordagem oposta de seus


pais, e os seus defeitos ou erros são habitualmente apontados de
várias maneiras: “ tu és muito lento” “tu és estúpido” “tu és feio”
“és um porco”. E as crianças, naturalmente aceitam literalmente
as acusações e desenvolvem sentimentos negativos sobre eles
próprios. Então, a posição muda para “eu não sou Ok” “tu és OK”.
E isto, não porque a maioria dos pais sejam negativos ou
destrutivos, mas porque a total experiencia de infância e
crescimento é feita com estas dificuldades, desilusões e
contratempos que são impossíveis de evitar. As crianças são
rebaixadas e pouco ajudadas, vivem da misericórdia dos adultos,
e estes, que são grandes e podem fazer tudo, são por definição
OK. Nalguns casos, os pais são ausentes ou incapazes de serem
amorosos, e quando isto acontece, então a posição é: “eu não sou
OK” “tu não és OK”. Estas crianças, aprendem muito rapidamente
a tomarem conta e a dependerem delas mesmas, assim como a
suspeitar e a desconfiar das outras pessoas. As crianças crescem e
a posição que escolhem cedo na vida, permanece com eles.

Todas as posições não OK, são disfuncionais em maior ou menor


grau na vida adulta, porque exclui alguma aproximação real ou
verdadeira com outras pessoas. Já a posição “eu sou Ok tu és OK”
indica auto aceitação e aceitação dos outros. Uma decisão
consciente que pode ser feita na vida, é trabalhar na posição “eu
sou Ok tu és OK” e esta pode ser alcançada com sucesso por
qualquer um que esteja interessado no processo de auto
actualização e no desenvolvimento de verdadeira autonomia, e
que queira também, examinar de uma forma crítica as
circunstâncias do início da sua infância, pois é possível
dependendo das circunstâncias, as pessoas mudarem de uma
posição para outra, porém, a tendência é as pessoas aderirem a
uma principal posição. Contudo, posição OK que as pessoas
adoptaram cedo na vida, pode ser mudada quando as pessoas
conscientemente decidem mudar.

Berne descreve o “roteiro” da vida, como um pré-consciente


plano de vida, de acordo com o que as pessoas vivem nas suas
vidas diárias, estruturando os seus relacionamentos e actividades
para atender a estas exigências. Ou seja, cada um decide muito
cedo na vida como é que irão viver e como é que irão morrer. E
este plano, que é o “roteiro” de vida, é como uma profecia dada à
criança pelos pais ou figuras parentais e é tão definitivo que ela
subsequentemente sente-se obrigada a honra-lo. Mesmo quando
as pessoas acreditam que estão a comportar-se com autonomia,
elas muito frequente continuam, a agirem de acordo com os seus
ditados do “roteiro”.

Exemplos de previsões parentais que governam a vida das


pessoas são: “tu nunca serás bom em nada””tu terás sempre uma
pobre saúde””tu irás acabar sempre com problemas”, etc. Berne
refere-se a isto como o “pagamento ou castigo” do roteiro, assim
como outros tipo: ”cala-te” ”desaparece” e por aí. Estas previsões
e comentários são os responsáveis pela fase inicial da
programação do “roteiro”. Todas estas mensagens podem ter sido
verbalizadas ou não verbalizadas, ou mesmo indirectas tipo “tu és
tal e qual o teu pai” o que pode querer dizer “ele nunca foi bom e
nunca chegou a lado nenhum”.

Mais tarde, quando a criança é maior, outro tipo de mensagens,


as “contra-roteiro” são utilizadas pela criança e
frequentemente incluem slogans familiares tipo ”trabalha muito”
“sê bem-educado” “tem algum orgulho em ti próprio” e por ai.
Estas mensagens “contra-roteiro” que vêm do estado de ego Pai
que “nutre” e não do Pai “crítico”, estão numa direcção oposta ao
programa de roteiro. Assim, os “contra-roteiros” determinam o
estilo de vida de cada um, ao mesmo tempo que o “roteiro
programado” irá determinar o seu estilo como um ultimato.

Em todos os roteiros de vida, existe também o quebrar do


feitiço, que representa uma altura ou um evento, que
efectivamente negará o roteiro. E assim, consequentemente, uma
pessoa pode ver-se livre do seu roteiro, depois de um certo longo
período de tempo, ou então, ao encontro de um evento
específico tipo a morte dos pais, ou ainda mais trágico, a sua
própria morte.
Berne acreditava que a maioria das crianças recebem
programações negativas, mas também, frequentemente, os pais
dão aos seus filhos “permissões” positivas. Desde que não
exista nenhum elemento de coerção preso a eles, estas
permissões representam áreas de livre escolha para a criança.
Quem recebeu permissões frequentes na infância irá desenvolver
mais autonomia, pois aqui o dar permissões não tem nada a ver
com ser demasiado permissivo e ter atitudes indulgentes,
condescendentes ou mesmo de total negligência. No modelo TA,
este conceito pode ser usado quando o terapeuta dá permissão
ao paciente para abandonar o seu comportamento auto
destrutivo e encoraja-o a ser bom consigo próprio, pois não tem
que seguir uma particular acção que foi passada para ele e que
está agora no seu estado ego Pai. Berne acredita que é possível,
importante e necessário, ajudar as pessoas desta forma para que
as instruções que receberam durante a infância sejam revertidas
durante a terapia.

A palavra “potência” é usada para descrever o vigor do


terapeuta e a auto-confiança, quando lida com o estado ego Pai
do paciente que é normalmente muito forte. E para um terapeuta
dar permissão ao paciente para desobedecer ao seu “Pai”, ele
deve estar também numa posição de poder dar-lhe protecção,
(pelas consequências do paciente exercer uma nova autonomia
estabelecida) e então dizer ao paciente que pode contar com o
terapeuta quando e sempre que necessite.

Podemos ver que o modelo TA é de alguma forma diferente dos


outros modelos. Em primeiro lugar o terapeuta deve estar
preparado para dizer ao paciente o que fazer quando necessário.
Em segundo lugar, não é a relação entre o paciente e o terapeuta
que é o mais importante, (ao contrário da abordagem centrada
na pessoa). Aqui, o mais importante, é a tarefa do terapeuta de
“curar” o paciente como um doutor deve curar o doente. A
palavra “curar” é usada neste contexto, como referencia ao
desenvolvimento e à profunda realização da autonomia do
paciente.

Berne acreditava, que o terapeuta tinha que ser treinado a


observar e a diagnosticar os estados do ego, e para fazer isto,
precisa de ter treino apropriado com supervisão e ter feito ele
mesmo terapia como paciente/cliente. E este treino, deve incluir
teoria psicodinâmica e prática de terapia de grupo. E a todo o
momento, o terapeuta deve recordar que ele e o paciente são
diferentes, ele funciona como um profissional e o paciente está
ali para receber ajuda.

De acordo com as definições da psicodinâmica, aqui as


transferências referem-se ao fenómeno de transferir para
relacionamentos novos, muitos dos comportamentos ou atitudes
e sentimentos que a pessoa teve na infância. Uma criança que
teve uma severa e punitiva mãe, por exemplo, pode mais tarde na
sua vida, ver outras mulheres em posições de autoridade com
receio ou com suspeita. Digamos que a reacção daquilo que é
uma “transferência” na psicodinâmica, é aqui na TA uma
“transacção cruzada” pois se por exemplo, uma questão é feita
pelo terapeuta Adulto ao paciente Adulto, mas este, responde
com o seu estado ego Criança ao estado ego Pai do terapeuta, ou
seja, está a ver o terapeuta como um pai ou uma figura parental.

Mas o mesmo pode acontecer ao terapeuta, uma contra-


transferência, que se refere aos sentimentos que são transferidos
do passado do terapeuta para a situação presente com o
paciente. O paciente pôr uma questão Adulta e o terapeuta
responder por exemplo como Pai.

Na Abordagem Humanística, o Aconselhamento “Centrado


na Pessoa” foi criado e desenvolvido por Carl
Rogers 1902/1987, pela primeira vez usa o nome de cliente em
vez de paciente. A infância de Rogers foi solitária e repressiva. Os
seus Pais eram de crenças rígidas e fundamentalistas. Não existia
uma atmosfera emocional de espontaneidade e liberdade de
expressão. Rogers desenvolveu hobbys e buscas solitárias, mas
não desenvolveu as habilidades sociais. Mais tarde, tudo isto teve
um profundo impacto na sua vida ao associar a sua pobre auto
confiança e inadequação social. Numa viagem religiosa de visita
de estudo à China, para participar numa conferência, com 20
anos de idade, Rogers tem um forte despertar espiritual de
independência, sendo o ponto inicial do desenvolvimento da sua
carreira. Porém, desiste da religião e formou-se em Psicologia.
Veio a ser professor de Psicologia, director da universidade
central de Aconselhamento e ao mesmo tempo abriu um centro
de Aconselhamento onde os professores e estudantes
trabalhavam numa base de igualdade. Desenvolveu uma grande
experiencia como terapeuta e escreveu muitos livros
importantes, como por exemplo “Tornar-se pessoa”, onde o
tema central é sempre a importância da individualidade como
sendo um competente arquitecto do próprio destino. Como
Rogers não desenvolveu algum tipo de comunicação na sua
infância e adolescência, quando adulto ele torna-se um expoente
em comunicação, não só verbalmente mas na sua totalidade,
especialmente na relação terapêutica, que devia ser baseada na
aceitação, respeito e confiança. E isto, torna imperativo para o
terapeuta “Centrado na Pessoa”, estar em contacto com os seus
próprios sentimentos interiores, para então monitorizar e
identificar.

Na opinião de Rogers, só através de uma apropriada apreciação a


verdadeira aceitação e respeito pelo Cliente pode ser
desenvolvida. Numa atmosfera também rodeada de calor
humano, as palavras-chave são a congruência, ou a
habilidade do terapeuta ser real, genuíno, transparente,
com incondicional consideração positiva, ou seja, com
uma total aceitação pela pessoa única que o cliente é. Neste
modelo empático, a personalidade do terapeuta é de extrema
importância, pois de acordo com Rogers, é impossível separar a
personalidade do Conselheiro do trabalho que ele faz. De acordo
com Rogers, é impossível qualquer pessoa estimar outra, a não
ser que esta pessoa esteja pronta para se estimar e cuidar das
suas próprias necessidades idênticas. Aqui neste modelo, o
Conselheiro não está interessado em avaliar, diagnosticar nem
conduzir o Cliente/Paciente. Está sim mais interessado em ouvir
na totalidade e responder de acordo com uma profunda
compreensão e aceitação. E como estas atitudes têm que ser
sinceramente sentidas pelo próprio Conselheiro, este tem
que providenciar a sua própria terapia pessoal, desenvolvendo
uma maior e profunda compreensão dos seus próprios
sentimentos, crenças e atitudes, para então facilitar o
desenvolvimento no Cliente. Neste modelo a qualidade do
relacionamento terapêutico é do mais importante. Aqui a razão
fundamental é a ideia e a crença de que as pessoas têm um
percurso de crescimento em direcção a um total preenchimento,
por isto, temos pois de as aceitar como seres intrinsecamente
bons e merecedores do nosso profundo respeito.

Uma compreensão do auto conceito é muito importante, porque


este é desenvolvido através das primeiras experiências, que
frequentemente para quem procura aconselhamento são más. E
porque normalmente são julgadas e direccionadas por outras
pessoas, então vêm à procura de conselhos e perícia como faziam
no passado. E isto é um resultado directo das suas negativas
convicções. O organismo ou o “self”, que é a real vida interior da
pessoa e que está presente desde a nascença e que é a força
básica que regula o crescimento fisiológico e psicológico de cada
pessoa, tem como objectivo central mais importante crescer,
amadurecer e alcançar a auto realização numa auto-actualização.
Este instinto está presente em todos nós, mas devido a
imposições impostas cedo na vida pelo mundo, o organismo self
torna-se obscurecido e até mesmo perdido. Porque cada criança
necessita de sentir-se amada aceite e de receber atenção positiva
dos pais e dos outros, o organismo self é negligenciado pela
construção de um auto conceito que é baseado nas regras
internas que as outras pessoas criaram. E se esta atitude de
agradar os outros continua através da vida, então o indivíduo não
vive de acordo com as suas próprias crenças interiores,
necessidades e inclinações.

Aqui, a relação conselheiro cliente não é directiva. Não existe


uma grande ênfase nas transferências, pois o conselheiro parte
do princípio que aceita e compreende na totalidade o cliente. Os
termos usados pelos próprios clientes, para este tipo de relação é
de impessoalidade e segurança. Impessoal porque o Conselheiro
não é sentido como intruso em todo o processo, o que torna
possível para os clientes olhar para sentimentos e experiências
que foram negadas ou postas de lado.

Abrham Maslow 1908/1970, contribuiu para a


Abordagem Centrada na Pessoa, concepção que se integra
na corrente Humanística que pretendia ser alternativa ao
comportamentalismo e à psicanálise, correntes consideradas
muito deterministas. Maslow partilha de uma concepção que
evidencia as potencialidades e as capacidades positivas dos seres
humanos, enfatizando o papel da liberdade.

O seu ponto de vista é positivo, optimista e foca-se nas


tendências saudáveis presentes em todas as pessoas. Inclui a
procura do conhecimento e compreensão, assim como a procura
de relacionamentos satisfatórios e o desenvolvimento de
experiências emocionais enriquecedoras e únicas.

Maslow criou a Hierarquia das Necessidades


Humanas que ele acredita serem responsáveis pela motivação
humana:

As necessidades Fisiológicas, as de Segurança, as de Afecto e de


Pertença, as de Estima e as de Auto-realização ou Auto-
actualização.

As necessidades fundamentais na base da pirâmide seriam as


primeiras a serem satisfeitas, e à medida que estas fossem
satisfeitas o ser humano ascende na hierarquia para satisfazer
outras necessidades mais completas e mais elevadas. Há
excepção de certas circunstâncias ou obstáculos, no decurso da
sua existência o ser humano progredia na hierarquia até ao topo.

Porém, a salientar o facto de que nem todos os seres humanos


organizam as suas necessidades do mesmo modo. A organização
das motivações ou das necessidades depende de factores
individuais, dos grupos em que a pessoa se integra, das situações
que se vivem, das experiências anteriores. E uma necessidade
não desaparece apenas por que foi satisfeita.

Os 5 níveis da hierarquia:
As necessidades básicas fisiológicas visam evitar a dor e a
morte, são o alimento, a água, o oxigénio, o sono e o calor, são
essenciais para a manutenção do estado interno do organismo.
As necessidades de segurança surgem quando estas estão
satisfeitas.

As necessidades de segurança, física e psicológica,


manifestam-se na procura de protecção de doenças e de violência
no nosso espaço. Quando estas são ameaçadas, normalmente
ocorrem distúrbios emocionais, especialmente problemas
familiares e dificuldades financeiras. Uma pessoa com medo
prescinde da relação com os outros. Os motivos da auto-estima
surgirão de seguida mas apenas quando a pessoa se sente
segura.

As necessidades de afecto e de pertença manifestam-se


nos relacionamentos íntimos e nos relacionamentos de grupo, no
desejo de associação, participação e aceitação por parte dos
outros. O indivíduo procura dar e receber atenção, afeição,
aprovação e confiança. A negligência destas necessidades ou falta
de equilíbrio necessário, também resulta em distúrbios
emocionais ou traumas. Num contexto mais amplo, as
necessidades quando são interrompidas ou não encontradas,
resultam em desorientação e falta de auto-confiança. Em
situações extremas o resultado é a depressão. Do ponto de vista
terapêutico, na abordagem humanista centrada na pessoa de
Maslow ou Carl Rogers, baseada na aceitação, respeito e
confiança, com uma crescente compreensão ou empatia, com
congruência, autenticidade e com incondicional consideração
positiva pela pessoa única, a pessoa normalmente ganha acesso e
entra em contacto com o seu verdadeiro potencial e assim, é
capaz de lidar com sucesso com os problemas que inicialmente
pareciam insuperáveis.

As necessidades de auto-estima (eu prefiro dizer de valor-


próprio ou amor-próprio, pois estas vêm de dentro, ao contrário
da auto-estima que vem mais de fora) assumem-se no desejo de
nos sentirmos competentes e confiantes na nossa habilidade para
resolver problemas e no desejo ou necessidade de estatuto
social, reconhecimento e apreciação, de sermos através da
prática e da actuação, respeitados e reconhecidos por nós e pelos
outros. A motivação na participação em actividades sociais. A
inseparável estima por nós e pelos outros. Estas necessidades,
estão também ligadas à necessidade de realização na procura de
sucesso e de prestígio. A frustração desta necessidade gera
sentimentos de inferioridade e diminui a auto-confiança.

As necessidades de auto-realização/auto-
actualização está no tope da hierarquia de Maslow, estando
satisfeitas todas as necessidades, manifesta-se a necessidade de
desenvolver o crescimento pessoal e realizar o potencial máximo
de cada um na concretização das capacidades pessoais.
Este nível ou estado do Ser, apresenta algumas características
comuns de personalidade: a procura individual de significado e
desenvolvimento do nosso potencial máximo, na habilidade de
tolerar a incerteza ou a dúvida, de ser objectivo e perceber
claramente a realidade. Ser espontâneo na expressão,
pensamento e acção, assim como ter senso de humor e grande
abertura, aceitação, incluindo força e fraqueza, a habilidade de
observar para fora do eu os problemas do mundo na sua
amplitude, a habilidade de resistir á pressão sem ser
deliberadamente inconveniente, de ser mais autónomo e auto
confiante do que as outras pessoas se necessário, a habilidade de
estabelecer profundas e satisfatórias relações interpessoais.
Originalidade e criatividade. A capacidade para elevar ou
transcender experiências. Desenvolver a boa vontade,
experimentar novas experiências e mudar. Desenvolver a
capacidade de ouvir e confiar nos nossos próprios sentimentos.
Esforçar-se por ser honesto, evitar fazer jogos e pretensões.
Assumir responsabilidade e trabalhar arduamente. Arriscar não
ser popular quando o nosso ponto de vista não é igual ao da
maioria. Identificar defesas pessoais e ter a coragem de as deitar
fora. Experimentar a vida tão intensamente como uma criança,
com concentração e interesse. Estes são apenas alguns exemplos.
O desenvolvimento de algumas destas características, é algo que
alguns indivíduos inicialmente têm relutância em fazer. Excessiva
confiança na opinião dos outros, especialmente em pessoas com
autoridade, é algo que é típico nas pessoas com baixa auto
estima. O Aconselhamento Psicoterapêutico, pode ser a primeira
experiencia em que o cliente observa as coisas de uma nova
maneira e saudável ponto de vista. E às vezes, acontece que esta
primeira experiência é o catalisador para uma grande
mudança. Rogers e Maslow, identificaram um grande défice
na sociedade contemporânea e relacionam isto à fundamental e
contínua necessidade Humana de crescimento emocional,
intelectual e espiritual.

A Gestalt terapia, é também um ramo que vem da


corrente Humanística. No princípio do século, um grupo de
terapeutas Alemães formaram este ramo e definiram o
significado de Gestal como um padrão, uma forma, um molde ou
configuração.
O subjecto que mais lhes interessava, era a organização do
processo mental e em particular a importância da percepção em
determinar a própria visão individual de cada um da realidade.
Criaram várias teorias e uma das mais importantes baseia-se na
ideia de que a parte total da experiencia sensorial de uma pessoa,
é mais importante do que as partes individuais da experiência, no
sentido decisivo. Ou seja, o todo é mais importante do que a
soma das partes. Então, quando percebemos as coisas, estamos
conscientes da estrutura, forma, configuração ou padrão, que é
interpretado como um todo e não como um grupo aleatório de
assuntos separados.

Esta corrente, tornou-se como que uma reacção, contra o que


muitos consideravam ser as limitações de outras escolas,
incluindo o Comportamentalismo, que se baseia no reduzir do
complexo comportamento humano em simples reflexos
condicionados.

Outra influencia importante na Gestalt foi a Filosofia do


Existencialismo, que afirma que os seres humanos, não
podem fugir à necessidade de lidarem com o sentido da
existência e que apenas quando nos focamos neste importante
tema, podemos nos sentir livres para tomar decisões e organizar
o nosso mundo na maneira que melhor se adapte e convenha à
nossa individualidade. A palavra Fenomenologia também
está relacionada com a origem da Gestal terapia. Ambas são
originárias da filosofia e referem-se à maneira como os indivíduos
experimentam a realidade e o ambiente que os rodeia.

Outra importante suposição é a crença de que os seres humanos


são motivados por um forte processo inato para o crescimento,
para a auto-actualização e para um total preenchimento do seu
potencial. Carl Rogers na terapia centrada na pessoa também foi
bastante influenciado pela Fenomenologia.

Desenvolvida nos anos 40 por Fritz Perls 1893/1970 e sua


mulher Laura, a Gestal também está em dívida com a tradição
psicanalítica de onde veio Perls. No entanto, eles posicionaram-se
contra a tendência intelectual da escola psicanalítica, mas pela
qual foram influenciados em certos aspectos pela teoria de Freud,
pois a estrutura da personalidade que Freud definiu, foi mais
tarde transformada por Perls na sua
descrição topdpg/underdog dos conflitos psíquicos
interiores, pelo qual as pessoas sofrem quando tentam agradar
continuamente aos outros, às custas das suas próprias
necessidades.

Perls no inicio da sua vida profissional também treinou


psicanálise e analisou-se a si próprio como parte do seu treino.
Perls conheceu Goldstein 11878/1965, que tinha desenvolvido
o que ficou conhecido como a abordagem orgânica em terapia,
a abordagem que evidencia o processo individual
inato em direcção à totalidade. A associação com Goldstein e o
seu trabalho, teve um profundo efeito no desenvolvimento de
Perls como terapeuta.

Foi também durante este período que conheceu a mulher Laura,


uma psicóloga da Gestalt e uma talentosa música. Nesta altura,
ambos, Laura e Perls, trocaram a tradicional teoria médica da
personalidade, que tende a ver os problemas como
consequências de patologias, pela ou a favor de uma
compreensão mais positiva baseada na suposição de que as
pessoas têm dentro de si próprias todos os recursos para se
modificarem.

Após a segunda guerra mudaram-se para os USA e foi durante os


anos 60 que a Gestalt foi bastante reconhecida. Perls treinou
meditação no Japão e não há dúvida de que as suas ideias e o seu
trabalho, foi influenciado por todas as tendências
contemporâneas. Foi uma figura controvérsia e usualmente
chocava as pessoas com a sua linguagem, o seu estilo ou imagem
pessoal. Chegou a usar drogas nesta conhecida altura do flower-
power.

Perls considerava-se um importante inovador e um líder. E na sua


auto-biografia, é evidente, os problemas familiares que este teve
ao longo da sua vida. Estas experiencias, estão relacionadas com
o seu envolvimento na psicanálise e mais tarde com a sua própria
escola de Gestalt, onde o seu objectivo central é acima de tudo,
encorajar as pessoas a experimentar no total a sua totalidade, o
seu todo inteiro e a integração de todos os aspectos do seu ser.
Fritz Perls, alemão, morreu em Chicago em 1970 com 78 anos.

As palavras-chave desta corrente são o aqui e agora, o todo,


e a figura.

De acordo com a teoria, a vida e a mudança encontra-se


no Presente. O princípio deste modelo foca-se no que o
paciente sente e pensa, e o que faz neste particular momento da
sua existência, Aqui e Agora. Não há nenhuma ênfase nas
experiências do passado ou infância do paciente, à excepção da
experiencia se manifestar no presente em terapia. É possível
antecipar o que pode acontecer no futuro, mas contra esta
antecipação, ela é com firmeza enraizada no presente.

O Todo, refere que a participação total do paciente, quer física,


emocional, intelectual ou espiritual é relevante e acentuada na
terapia. A necessidade de integrar todas as diferentes dimensões
de um individuo, com o objectivo de alcançar o todo inteiro e
saudável. O terapeuta dá atenção não só ao que o paciente diz,
mas também à sua aparência, linguagem corporal, tom de voz e
seus hábitos. O paciente é encorajado a tornar-se mais consciente
do seu eu orgânico e a esforçar-se na sua integração. É
encorajado a ser mais ele próprio de uma maneira que talvez
nunca tenha sido antes. A aceitar reconhecer e integrar todos os
aspectos da sua natureza, incluindo a raiva e o ódio, o ciúme e a
irracionalidade que está presente em todos nós.

A palavra Figura, refere-se às necessidades individuais em


qualquer momento particular e que precisam de ser satisfeitas.
Quando a pessoa funciona bem em relação ao seu ambiente, as
suas necessidades são mais claramente entendidas na sua
consciência pessoal, em contraste com o seu pano de fundo ou
antecedentes. A tarefa para cada pessoa é seleccionar a “figura”
(necessidade) mais importante, consoante elas aparecem (no
pano de fundo) e satisfazer essas necessidades para que estas
(figuras) se desvaneçam no seu pano de fundo. Quando isto é
alcançado com sucesso, então a pessoa é libertada para lidar com
a próxima figura. Juntas, a figura e o pano de fundo, formam um
todo, padrão ou forma, que é a Gestalt. O processo em que cada
figura emerge e de seguida é trabalhada ou lidada, é referida,
como a formação e a destruição da Gestal.

O que distingue a Gestalt de outros modelos é o grau no qual o


terapeuta está preparado para ser ele próprio, a abertura que
tem em relação aos seus sentimentos e experiencias, sendo capaz
de os partilhar com o paciente quando necessário. A relação é
aberta e baseada num diálogo livre entre ambos, o que quer dizer
que o terapeuta pode ser um pouco desafiador no que diz ao
paciente, obviamente com adequação e sem pressão. O
terapeuta usa o desafio de uma forma positiva, por exemplo
quando observa a discrepância entre o que o paciente diz e como
ele aparenta quando o diz. Se o paciente aparenta estar
aborrecido mas insiste em dizer que está a gostar da sessão de
terapia, não está consciente de que a sua aparência física é uma
clara indicação do verdadeiro estado dos seus sentimentos e será
beneficiado se esta incongruência lhe for apontada. Se por
exemplo, o terapeuta se sentir aborrecido pela transmissão
desses sentimentos, neste modelo, ele deve partilhar o facto com
o paciente, para sublinhar o que está a acontecer no actual e
particular momento.
O terapeuta precisa de ser um pessoa criativa e inovadora,
preparada para improvisar, investir e experimentar uma grande
energia e compromisso pessoal com cada sessão. Cada paciente é
visto como único, o que requer uma correspondente abordagem
única do técnico, semelhante à abordagem de aconselhamento
centrado na pessoa, mas aqui ainda mais activa. O que é bom e
adequado para um paciente não é necessariamente bom para
outro.

Nas suas diversas fontes, a


Fenomenologia é a visão
Humanística da Personalidade, e as
abordagens Centrada na Pessoa e Gestalt aparecem por
baixo deste título. A perspectiva humanística/fenomenológica é a
forma de cada pessoa perceber e interpretar o mundo como
única.
A mais importante motivação humana, é o processo inato de
crescimento, que se desimpedido, levará a pessoa a preencher na
totalidade o seu potencial. Os pacientes são vistos como capazes
de auto improvisarem quando o terapeuta cria as condições
certas para que isto aconteça. E as condições ideais para facilitar
o paciente são as que promovem a atenção e auto consciência, a
expressão de sentimentos e percepções, especialmente quando
estas foram escondidas da consciência e inibidoras do
crescimento.

Na Gestalt, o terapeuta direcciona a atenção do paciente para os


seus aspectos ou comportamentos que o próprio paciente
ignorou, dispersou ou rejeitou. E frequentemente a linguagem
corporal é sublinhada. Outra técnica usada, é envolver o paciente
num tipo de drama pessoal, usando um diálogo imaginário que
pode ser com diferentes partes dele próprio, ou com outras
pessoas, sejam pessoas vivas ou mortas. O propósito é dar ao
paciente a oportunidade de entrar em contacto com sentimentos
que tenham sido reprimidos ou ignorados por um longo período
de tempo e possam ser expressados. Fritz Perls acredita que
quando os pacientes vagueiam entre as experiencias do passado
e do futuro, estão a evitar o presente e a escapar á realidade. Às
vezes pede-se ao paciente para fazer de conta, interpretando o
seu sonho, para que este simbolismo seja mais forte e a imagem
tenha mais significado e assim, o seu mundo de sonho torna-se
numa forma potente e imediata para nos focarmos no que
poderá ter sido previamente escondido ou disfarçado. Porém
aqui, a interpretação é definitivamente inadequada, sendo que o
sonho pertence somente ao sonhador, assim como também,
quais os elementos que têm para ele significado. A forma como o
paciente expressa esse significado pode ser facilitada ou ajudado
pelo terapeuta, mas sempre com muita sensibilidade, habilidade
e competência.

A Gestalt terapia, por último, é simplesmente um reportório de


técnicas a serem seleccionadas e aplicadas quando necessário. De
facto não existem técnicas prescritas neste modelo. Cada
terapeuta é livre de poder utilizar qualquer processo que possa
ajudar o paciente a aumentar a sua consciência.

Um foco fundamental é a exploração das formas, onde as pessoas


deixaram elas próprias de funcionar apropriadamente, e para ir
mais longe ou promover essa exploração, as transferências e as
associações livres (que falei atrás na psicodinâmica) também é
aqui usada, pois ajuda o paciente a trazer à sua consciência
qualquer informação que ajude a clarificar a situação presente.

Fritz Perls acredita que muitas pessoas, compensam a


incapacidade de sentirem profundamente ou expressarem
emoções, através de uma forte intelectualização, uma tendência
que ele observa como um obstáculo à auto-consciência. No
entanto, a experiência intelectual foi integrada na Gestalt, com o
intuito de preservar o Holismo, a noção do todo a que tanta
importância dá.

Tenho particularmente focado a experiencia deste modelo em 1-1


(terapia individual) no entanto, desde o início, Fritz foi sempre a
favor da terapia de grupo.

A técnica de uma cadeira vazia, por exemplo, pode ser usada para
conduzir um diálogo com uma pessoa ausente, assim como um
diálogo com dois lados ou aspectos da mesma pessoa. Um
paciente tímido por exemplo, pode assim entrar em contacto com
a outra parte da sua natureza mais sociável, da qual pode ter-se
separado.
As técnicas da Gestal são potentes e efectivas, mas não podem
ser praticadas sem uma grande dose de reflexão e perícia por
parte do técnico. Ter a habilidade de ouvir atentamente, observar
e responder sempre quando apropriado.

Os termos usados por Fritz Perls para se referir às partes


conflituosas de um indivíduo que estão em constante luta por
controle e supremacia, são os
termos topdog/underdog semelhantes ao ego e superego
de Freud, que também aqui representa o conflito psíquico
interior.

O Topdog, representa a parte da psique de um indivíduo, a qual


tem sempre razão e/ou justificação, e que está preocupada com o
controle e a ordem. O topdog alcança isto através da intimidação
ou valentia e a sua mania do “devia” que está constantemente a
recordar ao indivíduo de que “devia” fazer melhor, “devia ser
inteligente, nunca “devia” estar zangado e por ai fora. Estes
“devias” foram interiorizados vindo dos Pais (semelhante à teoria
de Eric Berne da Análise Transacional) e do próprio backgroud
cultural da pessoa, e agora, estão interiorizados e aceites como
verdades absolutas, que para serem ajustadas, exercem uma
enorme pressão moral no indivíduo.

Do outro lado, o Underdog, é inseguro e sem convicções,


incapaz do tipo de agressividade que o topdog tem. Em vez de
usar de uma confrontação firme com o seu topdog intimidador, o
underdog prefere adiar, desculpar-se e usar racionalizações, em
vez de reconhecer o sentimento de culpa que aparece como
resultado da sua incapacidade de ir ao encontro das exigências da
sua parte topdog.
As pessoas podem despender montanhas de energia a tentarem
agradar o seu topdog, ao mesmo tempo, com a esperança de
escapar ao rigor através de tácticas underdog.

Um principal foco da Gestalt é a integração destes dois opostos


no interior do individuo, o que significa encorajar o paciente a
aceitar que elas são ambas, partes válidas dele mesmo, e que
podem coexistir confortavelmente lado a lado. Desta forma, a
pressão do conflito é reduzida e a lição da divisão
topdog/underdog é aprendida.

Um aspecto importante a considerar na Gestalt é o uso


da linguagem. Alguns pacientes manifestam uma certa
alienação deles próprios na forma como falam, por exemplo
através de referências a “isto” em vez de “eu” ou “a mim”.
Acontece que assim, eles distanciam-se dos sentimentos
traumáticos que desejavam exprimir. Assim como também, por
vezes, as palavras são usadas sem uma prévia reflexão suficiente.
Na Arterapia, por exemplo, que é um ramo da Gestalt, são
usadas formas de arte incluindo o desenho e a pintura, para
facilitar os pacientes que têm dificuldade em se expressarem
verbalmente. E outra técnica focada na linguagem, é pedir ao
paciente para repetir mais devagar, mais alto ou mais
cuidadosamente, consoante o caso, pois esta forma, tem o efeito
de concentrar a atenção do paciente nele próprio, facilitando-o a
entrar em contacto com os seus profundos sentimentos e
emoções.

Os princípios da Gestalt, que são centrais a esta corrente, são pois


a formação e a destruição. Esta teoria, diz-nos que as
pessoas estão constantemente a experimentar necessidades que
têm que ser enfrentadas para que a saúde psicológica e fisiológica
se mantenha. As necessidades físicas, de relacionamento, assim
como as de auto satisfação e auto realização. E é mesmo quando
uma pessoa está em estado equilibrado em relação ao seu
ambiente, que necessidades ou “figuras” emergem
continuamente e são claramente percebidas, em contraste com o
seu pano de fundo ou background da sua consciência.

Estas figuras emergentes são a formação da Gestalt,


e o processo em que elas aparecem e são lidadas ou resolvidas, é
conhecido como a destruição da Gestalt. É um processo
que vai e vem, que se não for impedido, assegura de que o
indivíduo está a funcionar bem, é saudável e normalmente feliz.
Mas se as necessidades não forem enfrentadas e destruídas,
então elas enchem desordenadamente o campo de percepção e
novas necessidades emergentes tornam-se confusas e difíceis de
identificar. Isto significa que uma pessoa que tenha sido incapaz
de resolver um problema conflito ou trauma, irá ter dificuldade
em lidar com a pressão de outras necessidades consoante elas
inevitavelmente se apresentem. Nestas situações, o terapeuta
preocupa-se em encorajar o paciente a identificar com clareza e a
lidar com os temas que foram deixados por resolver. Sendo que é
uma experiencia emocional intensa, o terapeuta necessita de ser
bastante competente e cheio de ferramentas, assim como
bastante sensível na abordagem que usa.
A Terapia ou Aconselhamento de Grupo tem vindo a
ser usado desde 1940. Após a segunda grande guerra, Carl Rogers
(terapia centrada na pessoa) elabora um programa para treino de
técnicos, que seriam habilitados para ajudar soldados que
regressavam da guerra. Os participantes desta experiencia,
estavam em primeiro lugar preocupados em desenvolver uma
profunda auto-consciência deles próprios, na crença de que assim
estariam mais habilitados para melhor compreender os outros. A
experiência foi bem sucedida não apenas nesta área de
desenvolvimento e crescimento mas também na área
interpessoal de habilidades de comunicação. Como resultado, o
trabalho de grupo com estas duas ênfases, tornou-se uma forma
potente e reconhecida para o aconselhamento e psicoterapia em
geral. Em comum com outros movimentos que tiveram a sua
força de crescimento nos EUA, o trabalho de grupo rapidamente
tornou-se um foco de interesse em Inglaterra e de seguida,
muitas das figuras chave no desenvolvimento do trabalho de
grupo imigraram para a Europa, especialmente para Inglaterra,
onde desenvolveram novas ideias e práticas.

Muito antes do Aconselhamento ou Psicoterapia se tornar


popular, pessoas com doenças ou problemas comuns,
apareceram juntas a oferecer e a receber apoio e compreensão.
Em 1935, o primeiro encontro de alcoólicos anónimos foi
feito em Ohio, e a organização que foi formada como resultado
deste encontro, provou ser uma das iniciativas mais duradouras e
bem sucedidas no mundo inteiro. Em comum com outros
movimentos de grupo, os alcoólicos anónimos começaram com
pessoas em crise que se juntaram devido as suas mútuas
necessidades, e também, porque elas já não podiam sozinhas
lidar com as suas condições. Exactamente o mesmo pode ser dito
sobre outros grupos de auto ajuda que apareceram e continuam
a aparecer quando uma necessidade é por eles identificada.
Existem agora incontáveis milhares de grupos de auto ajuda
espalhados e em crescimento pelo mundo, e este facto, serve
para sublinhar a sua eficiência para as pessoas que se juntam a
eles.

Alcoólicos e narcóticos anónimos, são talvez o maior


exemplo dos efeitos terapêuticos destes grupos e suas
comunidades, assim como outras, incluindo desordens
alimentares, esquizofrenia, depressões, diabetes, sexo, jogo ou
qualquer adição ou dependência.
Existindo um problema de adição ou dependência, com esta
semelhança, muitos grupos integram várias dependências com o
mesmo propósito. Os membros sabem que estão no grupo para
se apoiarem uns aos outros e a oportunidade de dar e receber
apoio é um confidente estímulo para todos. A habilidade de
progredir sem ajuda de um especialista acaba por ser uma prova
para os elementos, de que eles próprios são capazes de governar
a sua própria vida. Aqui, ambas as expressões, a de ter emoções e
dar apoio emocional são facilitadas dentro do grupo, onde há
grande ênfase na partilha de informação e de formas práticas de
efectuar mudanças e alcançar objectivos. Todas as suas práticas e
filosofia de vida baseiam-se nos tão conhecidos 12 passos. O
sentimento de impotência que as pessoas experimentam quando
estão doentes, no meio da adição, dependência ou da
condenação social, normalmente vem ao de cima como resultado
do efeito terapêutico dos membros dos grupos. Esta é uma das
razoes pelo tão drástico aumento durante os últimos 40 anos
destes grupos de auto ajuda.
Nas Terapias de Grupo, existem também os grupos de
treino focados na educação e no desenvolvimento para a vida,
para pessoas que querem aumentar a qualidade da sua
comunicação e outras ferramentas. O treino na assertividade,
grupos para gerentes, para relacionamentos, grupos de retiro,
etc. Existem também os grupos de encontro referidos também
como grupos de crescimento, iniciados por Carl Rogers em 1946,
que promovem o crescimento pessoal e as habilidades sociais e
interpessoais. Os praticantes aprendem a ser mais abertos,
expressivos e espontâneos. Pessoas normalmente preocupadas
em desenvolver uma profunda consciência de si, que como
retorno leva a um grande grau de auto actualização.

Os Terapeutas neste modelo de terapia de grupo, têm uma


abordagem não directiva, e as suas funções exigem uma grande
dose de compromisso, habilidades, ferramentas e muitas
qualidades. Ouvir cuidadosamente e comunicar empatia,
compreensão e respeito pelos outros. Têm que ser confidentes
com o seu trabalho e terem completado adequadamente treino
teórico e prático. Requer sensibilidade, tacto, honestidade e as
ferramentas de comunicação verbal e não verbal. Os
participantes do grupo beneficiam de feedback que recebem dos
outros membros do grupo e de aceitação que sentem receber
como resultado da experiencia de grupo. Existem também os
grupos de tarefa que são feitos com um propósito ou tema
específico para um problema particular, uma mudança ou
necessidade. Assim como palestras de variados tópicos.

Os Grupos de Psicoterapia, são compostos por pessoas


emocionalmente perturbadas, ou pelo menos, incapazes de lidar
com a pressão da vida no seu dia-a-dia. Os membros destes
grupos, são também vistos por Terapia Individual. Por vezes, os
grupos terapêuticos têm uma orientação psicodinâmica e o
terapeuta pode concentrar-se num membro particular do grupo,
trabalhar no seu problema e sublinhar formas como ele funciona
dentro do grupo.

O terapeuta pode concentrar-se na dinâmica do grupo todo e


examinar as transferências de sentimentos e o relacionamento
entre os participantes, assim como também as transferências com
o terapeuta. Desta forma, pensamentos, sentimentos, fantasias e
comportamentos, experimentados antes em relacionamentos, na
infância ou adolescência, ou outras experiencias mais recentes,
são trazidas ao de cima, identificadas exploradas discutidas e
trabalhadas. Então os membros do grupo são encorajados a
olharem para as semelhanças dos problemas entre o passado e o
presente. O terapeuta usa a importante função de figura central
de transferências e os membros têm a possibilidade de trabalhar
a dependência inicial no terapeuta e consequentemente
desenvolver a sensação de autonomia e maturidade. Nestes
momentos, o terapeuta tem que ter a capacidade de ser o mais
neutro possível e ao mesmo tempo estar atento e concentrar-se
em tudo o que possa acontecer na vida do grupo.

O principal propósito dos grupos de terapia é ajudar os membros


a ultrapassar os seus problemas emocionais, psicológicos e
comportamentais. E sendo que a maior parte destes problemas
são inseparáveis da família ou dos relacionamentos sociais, o
grupo é o ideal para os examinar, trabalhar neles e encontrar a
atitude mais saudável para com os outros.

Os membros destes grupos terapêuticos, podem ser severamente


incapazes na sua vida diária e como resultado serem muito
defensivos, agressivos e sem qualquer auto estima. Isto significa
que o terapeuta tem que ser muito competente e bem treinado
se quiser ser bem sucedido em encorajar a mudança e o
crescimento, onde tão pouco potencial é encontrado, pelo menos
à superfície. Os grupos terapêuticos, concentram-se
intensivamente em geral durante um longo período de tempo, ao
contrário dos grupos de encontro.

Os insigths são obviamente mais valiosos quando os participantes


os alcançam através dos seus próprios esforços, o que é um dos
princípios no trabalho de Grupos Terapêuticos. No entanto,
alcançar um insigth pode ser um processo lento especialmente
para aqueles que lutam com problemas emocionais fortes. Por
isto e por várias razões, existe sempre a terapia individual.

O Psicodrama é uma abordagem que inicialmente foi


desenvolvida por Moreno nos anos 30. Este método de terapia
de grupo usa o role-play e muita criatividade para ajudar os
participantes a expressarem-se mais totalmente. Moreno mudou-
se de Viena para os EUA em 1925. Interessava-se particularmente
por arte e teatro e adaptou muitas ideias e técnicas destas fontes.

A Terapia Familiar é muito chegada e associada à terapia de


casal, e ambas preocupam-se com as necessidades de mais do
que um indivíduo. Quando cada membro da família tem uma
melhor compreensão das características e dinâmicas da família,
os problemas familiares tendem a ser aliviados e uma profunda
harmonia é estabelecida.

A Teoria dos Sistemas, refere-se à visão na terapia familiar


e noutros modelos de trabalho de grupo, de que as necessidades
individuais podem ser adequadamente dirigidas num contexto de
comunicação e interacção de grupo. Sendo que os
relacionamentos disfuncionais são originados dentro de um
sistema, então para improvisar a situação, todas as áreas sociais
necessitam de ser consideradas.
Os objectivos básicos de Aconselhamento Individual ou de Grupo
são semelhantes na procura de ajudar os pacientes a alcançarem
uma grande auto consciência e autonomia, o controle e direcção
nas suas próprias vidas e a promoção da auto-estima, amor-
próprio ou valor próprio. Ambas as abordagens são usadas para
se complementarem uma à outra, mas no entanto existem
vantagens e desvantagens numa e noutra.

A Terapia de Grupo possibilita os pacientes a entenderem e


desenvolverem a suas habilidades sociais e as experiências
podem ser partilhadas com os outros membros e como resultado,
uma profunda sensação de comunidade e pertença è cultivado.
Os pacientes aprendem das duas maneiras, directa e
indirectamente, participando no processo de grupo. Por norma o
problema de base é semelhante, por exemplos as dependências.
A partilha das experiencias e a identificação é uma das dimensões
mais importantes da Terapia de Grupo. Os pacientes aprendem
também de cada um dos outros através da observação que serve
de modelo para novas ideias e atitudes. O feedback directo pode
ser dado pelo Terapeuta aos pacientes como na Terapia
individual. No entanto, o feedback também pode ser dado pelos
pacientes entre si. Os pacientes que costumam ser mais
defensivos, podem ser encorajados a partilhar os seus
sentimentos com os outros e ao fazerem-no integram-se,
aceitam-se e tornam-se mais confiantes. Tornam-se mais
sensíveis aos sentimentos e necessidades dos outros,
desenvolvendo a confiança, o respeito e a compreensão mútua
fora e dentro do grupo. Pessoas que tenham experimentado no
passado dificuldades em estabelecer ou manter relações pessoais
próximas, são encorajadas a tentar novas formas de se
relacionarem com os outros. Importantes temas por vezes
traumáticos, tipo lutos e perdas, são explorados e discutidos, o
que pode ser uma nova e libertadora experiencia num ambiente
de tanto apoio. Os pacientes vêm de backgrounds variados e
trazem vários problemas, ansiedades e dificuldades pessoais, no
entanto uma grande parte deles, tendem a estar interessados em
crescimento pessoal, auto conhecimento e desenvolvimento, o
que consequentemente, vem a acontecer com muitos no
desenrolar do processo. No entanto, muitos pacientes, mesmo de
início, funcionam adequadamente na sua vida diária e por isso
não estão tão incapazes, ao ponto de necessitarem de ajuda
medicamentosa ou psiquiátrica. Estritamente falando, esta é uma
das diferenças entre os grupos de Aconselhamento Terapêutico e
os Grupos Psicoterapêuticos, no entanto o termo Grupos
Psicoterapêuticos é agora usado para descrever um amplo e justo
leque de práticas de grupo.

A auto-revelação que é dolorosa para os pacientes, pode também


ter um efeito profundo e benéfico quando tem como resultado a
aceitação de um grupo e não de apenas uma só pessoa. O efeito
catártico de confiar e ser aceite por um grupo de pessoas que
defendem a confidencialidade, pode ser “curativo”, quando
sentimentos de vergonha e culpa são compreendidos por todos
os presentes. Mais tarde, através da partilha de informação
alcançam-se novas perspectivas e insigths, que podem levar a
profundas mudanças terapêuticas para alguns ou para todo o
grupo.

O Aconselhamento Individual, 1-1, também tem as suas


vantagens. Em primeiro lugar, promove um ambiente seguro para
algumas pessoas que possam ter mais dificuldades em baixar as
suas defesas. Pois para alguns, pode ser um pouco ameaçador
iniciar a terapia de grupo e por isso, podem beneficiar ao terem
uma série de sessões individuais. Assim, eles podem desenvolver
uma relação de confiança com o terapeuta, para depois poderem
participar numa atmosfera mais elevada. A ênfase na livre
expressão dos grupos pode ser demasiado desafiador ou até
prejudicial para pessoas com uma muito baixa auto estima.
Podem ser incapazes de suportar qualquer crítica que lhes seja
dirigida (mesmo sendo no entanto construtiva). Muitos
problemas emocionais envolvem dificuldades individuais
relacionadas com os outros e esta tensão, pode ser mais
intensificada do que diminuída como resultado dos desafios do
grupo. Nas dependências por exemplo, existe o importante tema
da confidencialidade, que embora fácil de manter no 1-1 ou
terapia individual, pode ser mais difícil assegurar quando estão
envolvidas várias pessoas.

Outra desvantagem da terapia de grupo é que os participantes


podem experimentar alguns níveis de catarse emocional sem o
tempo adequado, ou oportunidade para trabalhar a fundo, o
significado da experiência em termos mais cognitivos ou
intelectuais. Mas este défice pode de certa maneira ser
remediado e trabalhado quando os pacientes recebem ao mesmo
tempo terapia individual.

A capacidade de lidar com o que acontece nas sessões de


grupos terapêuticos, depende muito dos níveis de qualidade na
utilização de técnicas que o terapeuta possa ter adquirido e
do adequado treino que possa ter tido. No treino deve incluir
uma extensa experiencia de ter já participado em grupos, assim
como ter também os conhecimentos teóricos. Sem esta
experiencia ou background, será impossível para qualquer
terapeuta fornecer a necessária atenção individual aos pacientes
em terapia de grupo e simultaneamente prestar atenção ao
processo que envolve todo o grupo como um todo. A
possibilidade de o paciente escapar mesmo que dentro do grupo
pode acontecer, mas pode ser identificada e desfeita quando é
abordada com competência pelo terapeuta. Chama-se a esta
atitude do paciente, tentar passar de fininho. Isto por vezes
acontece quando um participante é apertado por outro membro
de forma inadequada, com hostilidade ou de forma a ridicularizá-
lo. Pode ser por várias razões, mas normalmente é devido a uma
raiva pessoal e legítima mas que é projectada e desmissada num
membro que pode ser mais fraco ou vulnerável. E neste caso, o
terapeuta deve ajudar os membros a expressarem-se
adequadamente, sublinhando a situação e encorajando uma
discussão mais honesta e aberta sobre o que está a acontecer.
Quanto à confidencialidade, esta nunca deve ser violada fora do
grupo, tudo deve ser feito para proteger este direito e por isso é
necessário mencionar este princípio constantemente.

Para liderar um grupo, o terapeuta tem a necessidade de


trabalhar no seu próprio desenvolvimento pessoal, praticar e
adquirir experiencia com supervisão, para quando aparecerem
problemas no grupo, como aparecem normalmente. Por vezes os
grupos têm mais do que um líder e existem certas vantagens
quando os terapeutas trabalham em pares. O menos experiente
tem a oportunidade de aprender e ao mesmo tempo os pacientes
estão protegidos contra uma possível inaptidão através da
presença de um mais experiente. Os terapeutas podem-se apoiar
um ao outro e assim, cada um deles tem mais tempo para
observar o processo do grupo, e entre as sessões, podem dar
feedback um ao outro. As desvantagens é que podem existir
ciúmes ou ressentimentos entre os terapeutas. Alguns
desacordos podem aparecer sobre regras ou a responsabilidade
dentro do grupo e mesmo que se tente disfarçar, os terapeutas
são normalmente picados pelos membros do grupo que tentam
rapidamente explorar. Logo, os terapeutas precisam de estar
totalmente de acordo sobre o propósito do grupo e as técnicas
que se propõem a utilizar, para lidarem com várias situações que
podem aparecer durante a sessão. Qualquer sentimento de raiva,
incerteza ou frustração, deve ser discutido abertamente entre os
terapeutas para que uma atmosfera de confiança e respeito seja
promovido entre ambos.

Os terapeutas divergem em termos de características


pessoais. Alguns são autoritários e directivos, firmes na sua
abordagem, o que de certa forma é semelhante a um
benevolente mas severo Pai. Podem ter um forte visão de como
as coisas devem ser feitas e ao mesmo tempo ter em
consideração a visão dos membros do grupo.

Um líder democrático, preocupa-se mais em incluir todos nas


tomadas de decisão e está preparado para ser flexível e adaptar-
se de acordo com as necessidades do grupo, no entanto não é
fácil manter este estilo, especialmente se defrontar alguma
oposição, pois existe sempre a tentação de tirar a linha á menor
resistência e tornar-se autoritário.

Um terceiro estilo de líder é o Justo/descontraído, que


semelhante ao democrático promove ainda mais ênfase na
exploração e experimentação pelos membros do grupo.

Em muitos grupos terapêuticos, o líder desenvolve o seu próprio


estilo para se adaptar a diferentes situações, e mais importante
ainda, como resposta às necessidades dos pacientes. De alguma
forma o estilo do terapeuta também depende da sua própria
personalidade, mas a maioria usa uma variedade de estilos que
são flexíveis e capazes de se modificarem, assim como também
sensíveis às necessidades dos pacientes. A principal meta do
conselheiro apesar da sua orientação teórica deve ser facilitar e
maximizar o potencial de todos os participantes do grupo. Os
membros do grupo precisam de sentir que estão num ambiente
que é seguro e onde podem expressar-se de formas que podem
não ser aceites fora do grupo, pois as suas partilhas normalmente
incluem catarse emocional e outras fortes reacções, como raiva e
outros sentimentos negativos. Obviamente, os mais vulneráveis
precisam de ser protegidos dentro do grupo, e para este
propósito, o terapeuta deve ser sensível às necessidades de todos
e capaz de intervir com eficácia quando e da forma que for
exigida. Os participantes devem estar conscientes de que o grupo
não é livre para tudo, nem é uma licença para abandonar os
comportamentos razoáveis e civilizados.

Antes de conduzir um grupo terapêutico, existem vários temas


importantes a delinear. O tamanho do grupo ideal é 8 a 10
pessoas. É necessário estabelecer a composição do grupo, idades,
tipo de problemas e semelhanças, tipos de dependências, etc. O
número, a duração e a frequência dos encontros. Se é um grupo
fechado desde o seu início, ou se é um grupo aberto a outros
novos membros.

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